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12/06/2015

Michel Foucault – Noções Gerais

Michel FOUCAULT
Poitiers, 15 de outubro de 1926
Paris, 25 de junho de 1984

Filósofo e professor da
cátedra de História dos
Sistemas de Pensamento no
Collège de France desde
1970 a 1984

Michel Foucault – Noções Gerais

Foucault se gradua em Filosofia na


Sorbonne (1948).
Em 1949, Foucault se diploma em
Psicologia e conclui seus Estudos
Superiores de Filosofia , com uma tese
sobre Hegel, sob a orientação de Jean
Hyppolite.

* Em meio a angústias e descaminhos


que levaram Foucault a algumas
tentativas de suicídio, o pensador adere
ao Partido Comunista Francês em 1950,
ao qual fica ligado pouco tempo em
função de desavenças políticas e de
"intromissões" pessoais que o partido faz
na vida de seus participantes.

Michel Foucault – Noções Gerais

* Em 1951, Foucault torna-se


professor de psicologia na
Escola Normal Superior, onde
tem como alunos Derrida e Paul
Veyne, entre outros. Neste
mesmo ano ele trabalha junto
ao Hospital Psiquiátrico de
Saint-Anne.

* Também na década de 1950,


evidencia-se a afinidade de
Foucault pelas artes. Podemos
observá-lo estudando o
surrealismo, por exemplo, em
1952 e René Char em 1953.

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Michel Foucault – Noções Gerais

* Mais ou menos nesse período, Foucault se aproxima


de Nietzsche, ao mesmo tempo em que ele recebe seu
diploma em Psicologia Experimental (fase em que
Foucault se aplica a Freud). Começa, então, a fase
mais produtiva, no sentido acadêmico, na vida de
Foucault. Fase esta que vai até o final da década de
1970.

Michel Foucault – Noções Gerais

* Aos 28 anos Publicou Maladie Mentale et


Psychologie (1954; Doença Mental e Psicologia), mas
foi com Histoire de la Folie à l’âge Classique (1961;
História da Loucura), sua tese de doutorado na
Sorbone, que firmou-se como Filósofo.

* Neste livro, analisou as práticas dos séculos XVII e


XVIII que levaram à exclusão do convívio social dos
"desprovidos de razão".

Michel Foucault – Noções Gerais

* Foucault preferia ser chamado de "arqueólogo",


dedicado à reconstituição do que mais profundo
existe numa cultura - arqueólogo do silêncio imposto
ao louco, da visão médica (Naissance de la clinique,
1963; Nascimento da Clínica), das ciências humanas
(Les Mots et les choses,1966; As Palavras e as
Coisas), do saber em geral (L’Archeologie du Savoir,
1969; A Arqueologia do Saber).

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* Em 1971, Foucault assume a cadeira de Jean


Hyppolite na disciplina História dos Sistemas de
Pensamento. A aula inaugural de Foucault nessa
cadeira foi a famosa "Ordem do discurso".

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* Surveiller et punir (1975; Vigiar e Punir) é um


amplo estudo sobre a disciplina na sociedade
moderna, para ele, "uma técnica de produção de
corpos dóceis".

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* Deixou inacabado seu mais ambicioso projeto,


Historie de la Sexualité (História da Sexualidade)
primeiro dos seis volumes anunciados foi publicado
em 1976 sob o título La Volonté de Savoir (1976; A
Vontade de Saber) e despertou duras críticas. Em
1984, pouco antes de morrer, publicou outros dois
volumes, rompendo um silêncio de oito anos: L’Usage
des plaisirs (O uso dos prazeres), que analisa a
sexualidade na Grécia Antiga e Le souci de soi (O
cuidado de Si), que trata da Roma Antiga.

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* Foucault teve vários contatos com diversos


movimentos políticos. Engajou-se nas disputas
políticas nas Guerras do Irã e da Turquia. O Japão é
também um local de discussão para Foucault. Várias
vezes esteve no Brasil, onde realizou conferências e
firmou amizades como a de Roberto Machado. Foi no
Brasil que pronunciou as importantes conferências
sobre A verdade e as formas jurídicas, na PUC do Rio
de Janeiro. Os Estados Unidos atraem Foucault em
função do apoio à liberdade intelectual e em função
de São Francisco, cidade onde Foucault pode
vivenciar algumas experiências marcantes em sua
vida pessoal no que diz respeito à sua sexualidade.
Berkeley torna-se um pólo de contato entre Foucault
e os Estados Unidos. Definitivamente, Foucault
sentia-se em casa nos EUA.

Michel Foucault – Noções Gerais

Em junho de 1984, em função de complicadores


provocados pela AIDS, Foucault tem septicemia
(doença sistêmica) e isso provoca sua morte por
supuração cerebral no dia 25/06.
Discutido e estudado por várias áreas do saber,
Foucault mostra-se como um pensador arrojado, um
intelectual que, preocupado com o presente em que
se encontra inserido, percorre os saberes em busca de
uma crítica que subverta os esquemas de saberes e
práticas que nos subjugam.

Michel Foucault – Noções Gerais

Qual Escola?
"Não me pergunte
quem sou e não me diga
para permanecer o mesmo“
Primeiros trabalhos sobre o conhecimento
são denominados estruturalistas (História da
Loucura, As palavras e as coisas, etc.)
Já os trabalhos posteriores são chamados de
pós-estruturalistas (Vigiar e Punir, Hist. Da
Sexualidade)
Considerado Pós-moderno

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1ª) FASE – Discursos e Saberes


(Arqueologia) de conhecimento (ser-
saber)

2ª) FASE – Práticas e Poderes


(Genealogia) de ação (ser-poder)

3ª) FASE – Si – sujeito (Ética)


constituídos pela moral (ser-
consigo)

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1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE

Discursos e Práticas e Si – sujeito


Saberes Poderes
(Arqueologia) (Genealogia) (Ética)
conhecimento ação moral

(ser-saber) (ser-poder) (ser-consigo)

A ordem do Vol. 3 da His.


Discurso Sexualidade
(1971) Prox. morte
(1984)

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Discurso
1) * Não tem origem.
*Não está relacionado
aos sujeitos.
* Não sai de um sujeito
para outro!
2) Tem uma materialidade – opera proibições,
exclusões ele acaba delimitando áreas de
privilégio (locais específicos)
ONDE? COMO? QUEM? ESPECIALIDADE?
Regras da ABNT
Autor – Quando foi criado a idéia de autor –
quem tem o direito de dizer que é dono de
uma idéia?

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Michel Foucault – Noções Gerais

O termo discurso, em Foucault, tem valor


diferente do que lhe atribuem teorias
linguísticas: discurso, no quadro teórico do
pensamento do autor, faz referência ao
conjunto de regras e práticas que constroem
uma versão da realidade ao produzirem
representações sobre certos objetos e
conceitos e definirem aquilo que se pode dizer
sobre aqueles objetos e conceitos, num
momento histórico específico (FOUCAULT,
Arqueologia do Saber, 1987).

Michel Foucault – Noções Gerais

“O discurso não é simplesmente aquilo que


traduz as lutas ou os sistemas de dominação,
mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder
do qual nos queremos apoderar". (A Ordem do
Discurso, p.10) – Ex. Disputatio

Michel Foucault – Noções Gerais

“Meu objetivo será mostrar-lhes como as


práticas sociais podem chegar a
engendrar domínios de saber que não
somente fazem aparecer novos objetos,
novos conceitos, novas técnicas, mas
também fazem nascer formas totalmente
novas de sujeitos e de sujeitos de
conhecimento. O próprio sujeito de
conhecimento tem uma história, a
relação do sujeito com o objeto, ou, mais
claramente, a própria verdade tem uma
história.". (A verdade e as formas
jurídicas, p.8)

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2ª FASE
Práticas e Poderes (Genealogia)ação
(ser-poder)

Vigiar e Punir
A verdade e as formas jurídicas
Microfísica do Poder
História da Sexualidade 1 e 2
Em defesa da sociedade
Outros cursos

Michel Foucault – Noções Gerais

VIGIAR E PUNIR
MICROFÍSICA DO
PODER
HISTÓRIA DA
LOUCURA
OS ANORMAIS

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Poderes e Práticas
Poder  feixe de força (comparado a física)
Está em todas as partes.
Família Emprego
 

Mídia Estado
 

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Poder soberano – Poder antigo (visto a


partir de um olhar tradicional)
Poder normalizador ou poder da norma –
disciplinar + biopoder + outros

Poder soberano
Poder +
Poder normalizador ou
poder da norma

disciplinar +
biopoder +
outros

Michel Foucault – Noções Gerais

“A lei não nasce da natureza,


junto das fontes frequentadas
pelos primeiros pastores; a lei
nasce das batalhas reais, das
vitórias, dos massacres, das
conquistas que têm sua data e
seus heróis de horror; a lei
nasce das cidades
incendiadas, das terras
devastadas; ela nasce com os
famosos inocentes que
agonizam no dia que está
amanhecendo” FOUCAULT, Em
defesa ... p. 58-9.

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Do Suplício Público a Prisão

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Decadência do Poder Soberano (Poder régio)


Não é mais a forma principal de poder na
sociedade contemporânea.

“(...) nas sociedades ocidentais, e isto desde a


Idade Média, a elaboração do pensamento
jurídico se fez essencialmente em torno do
poder régio. Foi a pedido do poder régio, foi
igualmente em seu proveito, foi para servir-
lhe de instrumento ou de justificação que se
elaborou o edifício jurídico de nossas
sociedades” FOUCAULT, Em defesa da
sociedade. p. 30.

Michel Foucault – Noções Gerais

Foucault aponta que o modelo jurídico não


consegue mais dar conta da sociedade pois os
“novos procedimentos de poder que
funcionam, não pelo direito, mas pela técnica,
não pela lei mas pela normalização, não pelo
castigo mas pelo controle, e que se exercem
em níveis e formas que extravazam do Estado
e de seus aparelhos. Entramos, já há séculos,
num tipo de sociedade em que o jurídico pode
codificar cada vez menos o poder ou servir-lhe
de sistema de representação” FOUCAULT,
Michel. História da Sexualidade Vol. 1...

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Poder

Panóptico

Disciplina

Controle

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A Força e a Justiça

“É justo que o que é justo seja seguido e é necessário que o


que é mais forte seja seguido. A justiça sem a força é
impotente; a força sem a justiça é tirânica. A justiça sem a
força é contestada, porque há sempre maus; a força sem a
justiça é acusada. É preciso portanto pôr em conjunto a
justiça e a força, e, por isso, fazer com que o que é justo seja
forte, e o que é forte seja justo.

A justiça está sujeita à disputa, a força é muito reconhecível


e sem disputa. Assim não se pode dar a força à justiça,
porque a força contradisse a justiça e disse que era injusta,
e disse que era ela que era justa. E assim, não podendo
fazer com que o que é justo fosse forte, fez-se com que o
que é forte fosse justo.”

Blaise Pascal, in "Pensamentos"

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SUPLÍCIO
CAPÍTULO I
O CORPO DOS CONDENADOS

[Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757], a pedir perdão publicamente diante


da principal Igreja de Paris [aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroça, nu,
de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita
carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos
mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com
que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será
atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre
derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro
cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas
cinzas lançadas ao vento.

(...) Este executor, ainda que forte e robusto, teve grande dificuldade em arrancar os
pedaços de carne que tirava em suas tenazes duas ou três vezes do mesmo lado ao
torcer, e o que ele arrancava formava em cada parte uma chaga do tamanho de um
escudo de seis libras.(...)

(...)Achegaram-se vários confessores e lhe falaram demoradamente; beijava


conformado o crucifixo que lhe apresentavam; estendia os lábios e dizia sempre:
“Perdão, Senhor”.(...)

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“(...) A pena de morte natural compreende todos os


tipos de morte: uns podem ser condenados à forca,
outros a ter a mão ou a língua cortada ou furada e
ser enforcados em seguida; outros, por crimes mais
graves, a ser arrebentados vivos e expirar na roda
depois de ter os membros arrebentados; outros a
ser arrebentados até a morte natural, outros a ser
estrangulados e em seguida arrebentados, outros a
ser queimados vivos, outros a ser queimados depois
de estrangulados(...)”

Foucault Vigiar e Punir pg35

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Espada, Machado e Cepo

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O Garrote

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As Gaiolas Suspensas

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A Roda Para Despedaçar

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A Serra

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Empalamento

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Mesa de Evisceramento

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Aranha espanhola

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Pera

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Michel Foucault – Noções Gerais

“(...) a justiça não mais assume


publicamente a parte de
violência que está ligada a seu
exercício. O fato de ela matar ou
ferir já não é mais a glorificação
de sua força, mas um elemento
intrínseco a ela que ela é
obrigada a tolerar e muito lhe
custa ter que impor.(...)”
Foucault Vigiar e Punir pg 13

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A NOÇÃO DE PODER EM
MICHEL FOUCAULT

“(...) há quatro tipos de poder disseminados nas distintas instituições: o poder


econômico; o poder político; o poder judiciário; o poder epistemológico(...)”
GODINHO, 1995, p.67

“(...) o poder deve ser estudado a partir das técnicas e táticas de dominação,
pois, para Foucault (2005) o poder não existe, o que existe são as práticas
ou relações de poder que se estabelecem na sociedade. Dessa forma, ele é
próprio do funcionamento da sociedade(...)”

Na concepção foucaultiana de poder, existem poderes disseminados em


toda a estrutura social por intermédio de uma rede de dispositivos da qual
ninguém, nada escapa. O poder único não existe, mas, sim, práticas de
poder, (...) o poder não é algo que se possui, mas algo que se exerce, (...).

GODINHO, 1995, p.67

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DEFINIÇÃO DE PODER
O PODER É UMA RELAÇÃO DE FORÇAS,OU
MELHOR, TODA RELAÇÃO DE FORÇAS É UMA
“RELAÇÃO DE PODER” (P. 78).

A FORÇA NÃO TEM


OBJETO NEM SUJEITO A
NÃO SER A FORÇA (P.78).

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O PODER DISCIPLINAR
E SUAS PRÁTICAS
DISCIPLINARES

Michel Foucault – Noções Gerais

O poder disciplinar é fruto de transformações da


sociedade burguesa, do deslocamento do
poder soberano para o corpo social. A partir de
então, o poder se exerceria, na forma de
micropoderes ou de uma micropolítica. Tal poder se
exerce sobre os corpos individuais por
meio de exercícios especialmente direcionados
para a ampliação de suas forças. Estes
exercícios tinham como objetivo, o adestramento e
a docilização dos corpos. “É dócil um
corpo que pode ser submetido, que pode ser
utilizado, que pode ser transformado e
aperfeiçoado” (FOUCAULT, 2005, p.118).

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Para Foucault (2005), a punição e a


vigilância são mecanismos de poder
utilizados para docilizar e adestrar as
pessoas para que essas se adéquem
às normas estabelecidas nas
instituições. A vigilância é uma
tecnologia de poder que incide sobre
os corpos dos indivíduos, controlando
seus gestos, suas atividades, sua
aprendizagem, sua vida cotidiana.

Michel Foucault – Noções Gerais

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Na concepção foucaultiana, os
dispositivos do poder disciplinar
caracterizam-se pela
minúcia e pelo detalhe. Nesse sentido,
o corpo será submetido a uma forma de
poder que irá desarticulá-lo e corrigi-lo
através de uma nova mecânica do
poder.

Michel Foucault – Noções Gerais

Michel Foucault – Noções Gerais

1°) Dividir a duração em segmentos,


sucessivos ou paralelos,[...];2°)
Organizar essas sequências segundo
um esquema analítico [...]; 3°)
Finalizar esses segmentos temporais,
fixar-lhes um termo marcado por uma
prova,[...];4°) Estabelecer séries de
séries; prescrever a cada um,[...] os
exercícios que lhe convêm; [...]
(FOUCAULT, 2005, p.133-134).

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A Clausura

A “clausura” consiste em estabelecer a


organização no espaço físico. Na escola,
por exemplo, há salas determinadas para
cada tipo de atividade, uma ficha com a
matrícula do aluno, que indicará sua
entrada na escola, seu desempenho
escolar. Uma série de detalhes que
localiza o indivíduo e toda sua trajetória
no espaço escolar, fazendo-se uma forma
de
vigilância sem se olhar diretamente o
indivíduo.

Michel Foucault – Noções Gerais

O CONTROLE DA ATIVIDADE

Para Michel Foucault, o controle da atividade implica em saber utilizar


corretamente o tempo, estabelecendo horários rígidos de trabalho,
sempre repetitivos e constantes. Trata-se de construir um tempo
integralmente útil, sem desperdícios. Sendo assim, o horário constitui-se
um importante mecanismo do poder disciplinar.

Foucault (2005) explica que o horário teve inicio em comunidades


monásticas, e que se disseminou rapidamente. Os processos de
regularização temporal, herdados das práticas religiosas, passaram a
especificar e dividir o tempo, contando os quartos de hora, os minutos
e segundos. Assim, associados à organização do espaço, é possível
observar o controle do tempo que além de determinar atividades,
regulamenta a rotina.

Michel Foucault – Noções Gerais

“[...] um edifício em forma de anel, no meio do qual havia um pátio


com uma torre no centro. O anel se dividia em pequenas celas que
davam tanto para o interior quanto para o exterior. Em cada uma
dessas pequenas celas, havia segundo o objetivo da instituição,
uma criança aprendendo a escrever, um operário trabalhando, um
prisioneiro se corrigindo, um louco atualizando sua loucura, etc. Na
torre central havia um vigilante. Como cada cela dava ao mesmo
tempo para o interior e para o exterior, o olhar do vigilante podia
atravessar toda a cela; não havia nela nenhum ponto de sombra e,
por conseguinte, tudo o que fazia o indivíduo estava exposto ao
olhar de um vigilante que observava através de venezianas, de
postigos semicerrados de modo a poder ver sem que ninguém ao
contrário pudesse vê-lo” (Idem: 87).

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PANOPTICO
[O PANOPTICO É DEFINIDO] PELA PURA FUNÇÃO DE IMPOR UMA TAREFA OU UM
COMPORTAMENTO QUALQUER A UMA MULTIPLICIDADE QUALQUER DE
INDIVÍDUOS, SOB A ÚNICA CONDIÇÃO DE QUE A MULTIPLICIDADE SEJA POUCO
NUMEROSA E O ESPAÇO LIMITADO, POUCO EXTENSO (P. 80).

Michel Foucault – Noções Gerais

A História da Loucura
A loucura ofendia a razão. Surge assim o moderno
manicômio ou hospital de alienados;

Hospício psiquiatras e enfermeiros se unem para


dominar os corpos dos pacientes a pretexto de
submetê-los a tratamentos;

Não existe boas intenções. Nada mais é senão que


uma questão de poder.

Michel Foucault – Noções Gerais

A loucura

A loucura, porém, não está somente ligada às assombrações e


aos mistérios do mundo, mas ao próprio homem, às suas
fraquezas, às suas ilusões e a seus sonhos, representando um
sutil relacionamento que o homem mantém consigo mesmo.
Aqui, portanto, a loucura não diz respeito à verdade do mundo,
mas ao homem e à verdade que ele distingue de si mesmo.

Foucault. in A História da Loucura

(...) ao poder do médico em tomar decisões fundamentais


sobre a vida do outro. É através do corpo que o poder em
estado de força age sobre as mentes. (...) corpo submetido a
um sistema de coerção moral onde o sujeitado revela um
sentido ontológico nulo e vazio (...).

Foucault.

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Michel Foucault – Noções Gerais


A loucura para Foucault:
Não fascina, mas sim atrai;

Surge para o homem como uma miragem, sem enigmas


ocultos;

É um relacionamento que o homem mantém consigo mesmo;

É capaz de conduzir tudo que existe de fácil, de alegre e de


ligeiro no mundo.

Prisão e manicômio Michel


espaços extremistas e Foucault – Noções Gerais
cruéis da opressão humana.

Instituições que Foucault considerava “intoleráveis”:


Tribunais
Policiais
Hospitais
Asilos
Serviço militar
Imprensa
Estado

Michel Foucault – Noções Gerais

Vara, palmatória, camisa-de-força , choque


elétrico, medicação, castigo corporal e rigores
da instrução militar

Instrumentos opressivos à disposição das


corporações dominantes e servem como afirmação
do poder delas na tarefa de contenção e
domesticação dos seres humanos.

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Michel Foucault – Noções Gerais

Até o século XVII, a imagem que se tinha da


loucura era sua representação medieval de algo
místico, desconhecido, considerado o lugar
imaginário da passagem da vida à morte. Ao
mesmo tempo, convivia-se com o chamado “nau
dos loucos”, navios que carregavam loucos para
outras cidades em busca da razão.

Michel Foucault – Noções Gerais

Foucault tenta demonstrar a criação do panoptismo como sistema de


vigilância e controle exercido sobre os presos, os operários das
fábricas, e também, nas escolas e nos conventos.

“O panoptismo é o princípio geral de uma nova ‘anatomia política’


cujo objeto e fim não são a relação de soberania, mas as relações
de disciplina” (FOUCAULT, 2005, p.172).

“o panoptismo constitui-se uma forma de poder que vai produzir o


exame, um saber de vigilância que regula a vida dos indivíduos e se
constitui a base do poder-saber que produzirá as ciências humanas.
Assim sendo, este dispositivo tornouse o protótipo dos sistemas
sociais de controle e vigilância total presentes na atualidade.”
Godinho (1995)

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Corpos Dóceis
“Houve, durante a época clássica, uma
descoberta do corpo como objeto e algo de
poder. Encontraríamos facilmente sinais dessa
grande atenção dedicada então ao corpo – ao
corpo que se manipula, se modela, se treina,
que obedece, responde, se torna hábil ou cujas
forças se multiplicam” (Vigiar e Punir)
Recruta  soldado a ser adestrado
Treinamento militar

Michel Foucault – Noções Gerais

Corpos Dóceis
Arte da Distribuição
1) Cerca (colégios, quartéis, conventos,
concentrações...)
2) Clausura (espaços individuais)
3) Localizações funcionais (no tabalho...)
4) Filas (organização e distribuição)

Controle de atividades
1) Horário
2) Elaboração temporal do ato
3) Articulação Corpo-objeto

Controle sobre os elementos do corpo...

Michel Foucault – Noções Gerais

Exigem certas técnicas de DISCIPLINA


Poder disciplinar – exerce sobre os corpos
disciplina
1)VIGILÂNCIA HIERÁRQUICA
Ex. Prédios, Prisões, Escolas,
Supermercados, etc.

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1) VIGILÂNCIA HIERÁRQUICA

Michel Foucault – Noções Gerais

1) VIGILÂNCIA HIERÁRQUICA

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PANOPTISMO

Sociedade do controle
– condenação ao
uso do corpo
– uso do corpo
– prisão sem grades
– fuga

Sociedade do controle
onde as pessoas são
adestradas...

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2) SANÇÃO NORMALIZADORA
(pena por descumprir um determinado
aspecto de controle)
- Pequenos sistemas penais
Tempo
Atividade
Maneira de ser
Discurso
Corpo
Sexualidade

Possibilidades
de sanções
positivas

Michel Foucault – Noções Gerais

3) EXAME
(hierarquia mais sanção que normaliza
através de um controle exterior)
Inverte a invisibilidade da economia do
poder
Individualidade num campo documentário
Indivíduo como “caso”
Exame criminiológico?

Michel Foucault – Noções Gerais

3ª FASE
Si – sujeito
(Ética) moral
(ser-consigo)

História da Sexualidade 3
Algumas aulas de Ditos e Escritos
Hermenêutica do Sujeito

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Michel Foucault – Noções Gerais

Resistência  força que o sujeito pode


tentar efetivar, mesmo que com maior
dificuldade, para evitar ser dominado.

Ética está pautada na resistência “Vida como


obra de arte”

Ética... Um contra-poder ressaltando a


independência a construção do si.

Michel Foucault – Noções Gerais

“Devemos não somente nos


defender, mas também nos
afirmar, e nos afirmar não somente
enquanto identidades, mas
enquanto força criativa”
- Michel Foucault

Michel Foucault – Noções Gerais

Bibliografia

FOUCAULT, M. História da loucura. Ed. Perspectiva - SP, 1978.

_______. Microfísica do poder. 15a Ed. Graal - RJ, 2000.

_______. Vigiar e punir. Nascimento da Prisão. Trad. Raquel Ramalhete. 23a Ed.
Vozes - RJ, 2000.

_______. Os anormais. Ed. Martins Fontes - SP, 2001.

GODINHO, Eunice Mª. Educação e Disciplina. Rio de Janeiro: Diadorim, 1995.

Imagens Google

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