O Pensamento de Michel Foucault e sua relação com o estruturalismo e a
História Aluno-autor: Raphael Cesar Lino. Orientador: Hélio Rebello Cardoso Júnior. UNESP/FCL-Assis - História. E-mail: rph_lino@yahoo.com.br Bolsa CNPq/PIBIC.
Introdução denomina arqueologia do saber, Foucault O presente trabalho é a parte final do plano de efetivamente tenta mostrar que as ciências atividades financiado pelo CNPQ, iniciado em humanas poderiam ser analisadas como tendo uma agosto de 2011. Na primeira parte foram abordados regulação interna própria e autônoma. Foucault alguns aspectos teóricos da filosofia de Michel busca analisar os discursos tidos como oficiais, dos Foucault e do historiador marxista Edward Palmer especialistas. É fundamental para essa fase a noção Thompson, estabelecendo uma comparação entre de práticas discursivas, ou seja, os discursos como esses dois autores. Nessa segunda etapa, que entidades que engendrariam certas práticas e corresponde aos últimos seis meses de pesquisa, modelos sociais. Foucault propõe tratar tudo o que é nosso objetivo foi de traçar um panorama geral da dito nas ciências humanas como discurso-objeto, e proximidade, ou recusa, da teoria de Foucault com o nesta fase partilha alguns pressupostos com a estruturalismo, tendo como base os estudos e abordagem estruturalista, com relação ao seu críticas realizados em obras do historiador François tratamento do discurso, porém, mais tarde ele recua Dosse. e recusa suas afirmações de cunho estruturalista. Segundo Dreyfus e Rabinow, o projeto arqueológico Material e Métodos fracassa e ele então busca uma reformulação teórica e conceitual, que fica conhecida como O método adotado para o desenvolvimento deste genealogia do poder, sua segunda fase. Dessa fase trabalho é a realização de leituras e fichamentos de podemos citar, Vigiar e Punir e O Nascimento da obras selecionadas, além de reuniões periódicas e Clinica. discussões com o professor orientador. Influenciado cada vez mais pelo pensamento Resultados e Discussão filosófico de Nietzsche, Foucault usa da genealogia como ponto de partida para o desenvolvimento de O pensamento do filósofo Michel Foucault (1926- um método que lhe permitiria tematizar a relação 1984) marcou o século XX com suas análises das entre a verdade, teoria e valores e as instituições e Ciências Humanas, das instituições e de nossa práticas sociais nas quais eles emergem. Seu sociedade ocidental de um modo geral. Em seu enfoque nessa fase é o corpo. primeiro livro, As palavras e as coisas, procurou Com relação aos estudos sobre Foucault realizado fazer uma “arqueologia” das ciências humanas e de por François Dosse, ele sempre buscou demonstrar seus discursos sobre os seres humanos. Segundo como Foucault teria sido um estruturalista. E ao Foucault, a partir do século XVIII o estudo sobre os encaixá-lo junto à corrente representada por Claude seres humanos apresentou-se de maneira Levi-Strauss, acaba por acusá-lo também junto com radicalmente diferente, pois o homem passa a ser intelectuais da terceira geração dos Annales, pela visto como sujeito e objeto de conhecimento. fragmentação da história. Portanto, para Foucault, o próprio homem teria um ponto histórico de nascimento, e, da mesma forma, Conclusões estaria condenado ao desaparecimento. Nesse sentido, ao nos depararmos com o seu Uma de suas críticas à incorporação de Foucault à pensamento somos levados a buscar suas história é justamente sua filiação filosófica. Assim influências intelectuais, e segundo os autores Paul 1 como suas críticas recaem sobre a “terceira geração Rabinow e Hubert Dreyfus , Foucault teria sido dos Annales”. Dessa forma, podemos identificar, influenciado pelas correntes de pensamento que se não apenas um pensamento que influenciou ocupavam em pensar os seres humanos, a diversas áreas do saber, mas também um dos femenologia, a hermenêutica e o estruturalismo. autores que veio a influenciar o meio historiográfico. Seus desdobramentos também se fazem sentir de 1 DREYFUS, Hubert e RABINOW, Paul. Foucault, uma trajetória forma substancial na historiografia brasileira. filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro, Forense universitária, 1995.