Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autor 1
Autor 2
RESUMO
ABSTRACT
The studies presented resulted from the reading of Michel Foucault's work entitled “The
history of sexuality – the will to know”. This is an incipient essay with a view to discussing
the device of sexuality as a scientific discourse, as well as the history of sex based on
power relations. The paths proposed by this author's investigations still lead to new
rethinking in the field of human sciences. His works not only caused an impact, but also
reoriented analyzes and issues about modernity, supporting us to understand the issues of
2
the present. Foucault's differentiated look meant that, in his studies, he was sometimes an
archaeologist, sometimes a genealogist, in the sense of deconstructing and rebuilding ideas,
in an intense and constant search for the truth. We can consider the study of sexuality as
something broad, involving numerous instances, but which, at the same time, seems to us
something particular, unique and intimate in each individual. Thus, it is interesting to
observe the concepts about this theme, in order to visualize the influences left to its current
conception. It is based on this assumption that the study of the aforementioned work by
Foucault will be taken as a reference here. We will make use of his philosophical and
critical gaze on the discourse of human sexuality. Foucault begins his writings by
highlighting the concept of Western sexuality, emphasizing the 19th century, a period
marked by the intense production of theories about sexuality, in which the author makes a
counterpoint to the hypothesis of repression.
RESUMEN
INTRODUÇÃO
1
Sigsmund Schlomo Freud, nascido em 1856, mais conhecido como Sigmund Freud, foi um médico
neurológica, é considerado pela literatura o “pai” da Psicanálise.
2
Wilhelm Reich nascido em 1987 foi um médico e cientista natural, discípulo dissidente de Freud.
4
filósofo, propõe uma análise que abarcam, além dos aspectos da arqueologia, as
instituições, as práticas, dando aqui maior destaque, às relações de poder. Tal categoria se
faz importante no exame do autor, haja vista que o mesmo compreende que o discurso da
sexualidade, bem como sua formulação, perpassa intrinsecamente pelo filtro poder. Implica
dizer, que o poder, e as relações que dele germinam é que constituem, legitima e determina
o saber sobre o sexo e sobre a nossa sexualidade. A genealogia desta obra é justamente esse
olhar peculiar de Foucault acerca dos discursos, das práticas e dos enunciados presentes no
contexto histórico do sexo.
Uma das principais contribuições de Foucault foi evidenciar, a partir de seus
métodos de análise, que os saberes, que até então, concebemos e julgamos como verdades,
são advindas das relações de poder, atestando que não há conhecimento sem intenção ou
despretensiosos. Assim, o saber sobre a sexualidade também não se encontra isento dessas
relações de interesse e poder, podendo este ser tomado como exemplo de um saber
constituído e legitimado por mecanismos de poder. Por isso, a defesa de Foucault em
relação à construção do discurso da sexualidade.
Quando Foucault apresenta, de forma peculiar, a relação entre poder e saber,
inclusive no campo da sexualidade, o mesmo tende a provocar nos leitores um sentimento
de desconstrução de verdades outrora tomadas como eternas, reporta-nos para uma análise
crítica e questionadora face ao conhecimento concebido como padrão, legítimo, científico.
As análises de Foucault apontam que a ciência moderna é fomentada e financiada pelos
que detêm o poder, moldando os interesses e necessidades das massas que não estão no
poder. Nessa perspectiva, Foucault propõe uma análise que ultrapasse a linha do
convencional, daquilo que é aceito como verdade científica, inclusive sobre o assunto da
sexualidade. Em virtude de tal pretensão é que Foucault utiliza a genealogia enquanto
instrumento de investigação. Para esse filósofo, a genealogia é:
O DISCURSO DA SEXUALIDADE
6
Foucault pretende com seus estudos realizar uma análise questionadora sobre o
que se conhece e se relata historicamente sobre sexualidade. Busca nesse sentido, pensar a
sexualidade com outra perspectiva, além das teorias já existentes, que advogam a favor da
ideia de que a repressão paira sobre o sexo, impedindo-o de circular, tornando-o o
indivíduo distante de uma liberdade sexual.
O autor propõe pensar o discurso da sexualidade em interface com as relações
de poder, sendo a primeira constituída pela segunda, respectivamente.
dominador. Aqui se revela um dos pontos chaves dos estudos de Foucault: a assertiva de
que a história da sexualidade tem se moldado pelos discursos advindos das relações de
poder, em que se tem a vontade de saber como força motriz.
Durante a Idade Média, o discurso sobre sexo ganha valor e espaço. O homem
ocidental passa a declarar suas preferências sexuais, bem como seus desejos e prazeres.
Nesse sentido, a sexualidade é construída com base no que proferimos acerca de nossas
vontades, preferências, e, sobretudo, sobre o que enunciamos sobre nós mesmos. É dentro
dessa perspectiva que se dá a crítica de Foucault, em que não existe somente a repressão
sexual, mas também, e de maneira significativa, uma vontade de afirmar o que nos
provoca, aguça e motiva prazer.
Foucault apresenta-nos um ponto que deve ser considerado quanto aos
discursos sobre sexo: quem analisa os discursos? O filósofo esclarece que quem,
inicialmente, analisa os discursos é o confessionário, que representa a penitência,
imbricada na instituição religiosa. Ora, o sexo é confessado para a igreja, que é uma
instituição de poder, e se tem detêm o poder é ela quem direciona e modifica os
comportamentos através do saber-poder. Visto assim, percebe-se que a sexualidade e seus
discursos são controlados pelas articulações de poder, ora pela igreja, ora pela mídia, ora
pelos políticos, ora pela ciência. Para Foucault, os discursos acerca da sexualidade estão
impregnados de moralidade e regras comportamentais. Trata-se de discursos, fomentados
pelas relações de poder, que modificam e interferem nas relações sociais, tornando-as um
instrumento para interesses políticos e econômicos. “ Não se fala menos do sexo, pelo
contrário. Fala-se dele de outra maneira; são outras pessoas que falam, a partir de outros pontos de
vista e para obter outros efeitos”. (FOUCAULT, 2001, p. 29-30).
Desde criança, estamos cercados de discursos sobre o sexo, discursos sobre o
que se incita e o que se inibe, implantados por pais, médicos, educadores e outros. Foucault
questiona a ciência sexual que se emerge, sobretudo, a partir das declarações proferidas
pelos indivíduos.
No século XIX, o sexo recebe cunho científico, tornando-se objeto de intensa
investigação. O conhecimento científico passa a determinar as verdades acerca do sexo. A
9
ciência que, em sua maioria, é tomada como o centro de certezas e verdades dos
indivíduos, tem seus créditos na fomentação dos discursos sobre o sexo, bem como nos
preconceitos construídos. Vale ressaltar que não somente a ciência, mas também as demais
instâncias de poder na sociedade sejam elas a igreja, a política, a família.
O que Foucault pretende nos esclarecer, é que ao longo da história, sempre
houve a busca pela verdade sobre o sexo, e para isso, houve uma série de aparelhos
meticulosamente elaborados para que se falasse de sexo, constantemente. A vontade de
saber sobre a sexualidade humana propiciou o nascer de vários conceitos, de orientações
comportamentais, formas de controle e de submissão.
Antes, o cenário para se falar de sexo era o confessionário, o consultório
médio, a sala de aula, a nossa casa, a partir do século XIX, a ciência também se faz um
desses cenários, tornando o sexo temática de destaque no campo da investigação científica.
Típico da ciência, a sexualidade passou a ser classificada, enumerada e enquadrada dentro
de técnicas disciplinares, com limites estabelecidos e tipologias do que seria normal e
anormal, do que é saudável e do que é patológico. De acordo com Foucault, a civilização
ocidental tratou a sexualidade através de práticas de ordenamento e controle, em que se
observa intensa articulação entre poder e saber, dada por uma “scientia sexualis”,
enquanto, que, nas demais civilizações, tais como o Japão e a Índia, o interesse estava no
prazer, não se limitando ao que era permitido ou não. O prazer, para tais civilizações,
aponta Foucault, é tratado como arte erótica, em que coloca o indivíduo em estado
sublime, por meio do ápice do prazer sexual, já as civilizações ocidentais, o prazer é
assumido como ciência, ou seja, como relação de poder-saber.
Observa-se que os discursos emergentes acerca da sexualidade são fabricados
no campo da ciência, ora, ciência é o lugar das verdades, e isso não seria diferente quanto
ao assunto do sexo. Por isso, a assertiva de Foucault de que a sexualidade é um discurso
construído através da ciência, ciência que possui forte influência sobre os indivíduos, com
grande capacidade de sujeitá-los às verdades que lhe são apresentadas. Nesse sentido, é
que tal filósofo nos remete para a necessidade de revisão quanto ao que se concebe sobre
sexualidade, haja vista que a mesma é um lócus em que se articulam diferentes poderes e
saberes. Ora, se o discurso do sexo nos é acessível, isso não é gratuitamente, trata-se de um
discurso oportuno, com vistas a garantir o poder e controle de quem o criou.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
sua sexualidade.
Visto assim, podemos concluir que Foucault pretende, ao historicizar a
sexualidade, refutar a teoria da sexualidade repressiva, revelando que o sexo não fora
unicamente reprimido pelas esferas de poder, mas que foram estas mesmas instâncias que
construíram a sexualidade enquanto saber-poder. A ideia do poder positivo tratado por
Foucault é esclarecida nesse ponto, pois o mesmo entente que o poder não só reprimia os
discursos sobre as práticas sexuais, mas, preponderantemente, era ele quem os produzia.
Implica dizer que as relações de poder criam as situações para o conhecimento, que por sua
vez, moldam os sujeitos, ao classificar e ditar comportamentos, diferindo-os entre normais
e patológicos, os indivíduos são assim influenciados em seu modo de pensar sobre si,
pensar sobre o outro, e, sobretudo, no modo de pensar a sexualidade.
Em suma, tentamos aqui investigar a prerrogativa de Foucault sobre a vontade
de saber sobre o sexo. O mesmo acredita que essa vontade de saber não é algo que nos
levaria a uma maior liberdade sobre o sexo, ou mesmo que seja algo gratuito ou ingênuo. A
vontade de saber, segundo Foucault, nos revela a pretensão de controle e dominação, e que
não existe uma sexualidade verdadeira ou natural, que nos tornará livres. Em linhas gerais,
Foucault quer nos dizer que a sexualidade é um discurso científico, que é substancialmente
construído pelas condições históricas e culturais, pelas relações de poder-saber, que
determinam as formas de como devemos nos portar e praticar o sexo. Por isso, devemos
pensar a sexualidade para além daquilo que nos é colocado como verdade, como normal,
como científico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
_____. A Arqueologia do Saber; tradução de Luiz Felipe B. Neto. 6. ed. – Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2002.