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Questão 1

Após a leitura do poema abaixo, ilustrativo da noção de sociedade leonina, identifique

os elementos caracterizadores do conceito de sociedade comercial que poderiam ser

ali identificados de forma analógica. A seguir, liste os elementos essenciais e

necessários do referido conceito presentes no poema. Por fim, explique porquê se

distinguem os elementos quanto à sua essencialidade ou necessidade na composição

do conceito.

Fábulas de Esopo: A parte do leão


Foi o leão em caçada
C’ o lobo e outros que tal, Sujeitos
à sua alçada.
A raposa e o chacal Detiveram
na empresa
Comprometimento igual.
Procurando com destreza,
Um veado encontraram
Que logo se tornou presa.
Comprazidos, argumentaram
Como o iriam cindir,
Mas pouco mais conversaram
Ao ouvirem proferir
Estas ordens do leão:
“Há que em quatro dividir a
carcaça em rectidão.”
Fizeram-no de bom grado,
Procedendo à divisão
Depois do bicho esfolado.
O leão que tudo vira,
Tudo deu por aprovado.
Autoridade transpira
Enquanto se pronuncia:
“O quarto que aqui se estira,
Convém-me por regalia,
Que sou rei dos animais.
O segundo, todavia…
Também me cabe, ademais,
P’la responsabilidade Do
poder dos tribunais.
O terceiro, na verdade,
Tendo em conta o meu trabalho Meu
é, sem perplexidade.
O quarto quarto não falho
Nestas minhas pretensões:
Transformarei num frangalho
Quem ignorar as razões
- que me isento de ditar – Que
unem as quatro porções
Em meu exclusivo jantar.”
Baixando o focinho ao chão,
Sem queixas apresentar,
Permitiram ao leão Consolar
o apetite.
A zorra sem pretensão
De esperar outro convite
Sai dali envergonhada
E entre dentes se permite À
sentença confirmada:
“Hão-de os grandes te pedir
Os esforços da caçada,
Que nunca irão dividir,
Em equidade e justiça,
O despojo que acudir
Frente à sua vil cobiça.”
(versão de Manuel Anastácio)

Resposta:

Artigo 980º do Código Civil - 3 elementos caracterizadores do conceito de sociedade

comercial:

 Contribuição dos sócios

 Exercício em comum de certa atividade económica

 Repartição dos lucros.

Pacto Leonino: convenção pela qual se exclui um sócio da comunhão dos lucros ou se

isenta o mesmo de participar nas perdas da sociedade.

A sociedade tem sempre por objeto a repartição dos lucros, não bastando que o sócio

beneficie diretamente através da atividade em comum.

É este o requisito que determina a proibição do pacto leonino, na modalidade de um

sócio ser excluído dos lucros, artigo 994º Código Civil.

Definição de contrato de sociedade: este é um contrato consensual bilateral ou

plurilateral, consoante tenha duas ou mais partes, atenta a importância que reveste a

pessoa dos sócios, com laços, de confiança mútuos a justificarem uma responsabilidade

ilimitada e solidária pelas dívidas da sociedade, 997º Código Civil, aleatório, pois faz

parte da sua natureza desconhecer-se no momento da celebração as vantagens que

eventualmente dele podem resultar, e oneroso, devido à inderrogabilidade das

obrigações de entrada, 983º Código Civil.


Ligação Analógica do poema com a Matéria:

Uma vaca, uma cabra e uma ovelha acompanhavam um leão num passeio pela serra,

tendo aprisionado um veado. Partindo-o em quatro partes, e porque cada um queria a

sua, o leão disse: "a primeira parte é minha, pois sou o leão; a segunda pertence-me,

porque sou mais forte do que vocês; fico com a terceira, uma vez que trabalhei mais que

todos; e quem tocar na quarta, ter-me-á por seu inimigo". Deste modo, o leão ficou com

o veado todo para si.

Em conformidade com os elementos caracterizadores do conceito de sociedade

comercial dispostos no artigo 980º do Código Civil:

Contribuição dos sócios

“Há que em quatro dividir a

carcaça em rectidão.

Fizeram-no de bom grado,

Procedendo à divisão

Depois do bicho esfolado”

Exercício em comum de certa atividade económica

“Foi o leão em caçada

C’ o lobo e outros que tal, Sujeitos

à sua alçada.

A raposa e o chacal”
Repartição dos lucros

“O quarto que aqui se estira,

Convém-me por regalia,

Que sou rei dos animais.

O segundo, todavia…

Também me cabe, ademais,

P’la responsabilidade Do

poder dos tribunais.

O terceiro, na verdade, Tendo

em conta o meu trabalho Meu

é, sem perplexidade.

O quarto quarto não falho

Nestas minhas pretensões:

Transformarei num frangalho

Quem ignorar as razões

- que me isento de ditar – Que

unem as quatro porções

Em meu exclusivo jantar.”

O contrato entre o leão e os seus parceiros era um comum contrato de sociedade,

tendo os intervenientes combinado previamente que o produto da caça seria


dividido entre todos, o que, aliás, a fábula não diz. Posteriormente, o leão quebrou o

contrato firmado, ficando os seus sócios com as expectativas de ganho frustradas.

Daí a necessidade de o Direito intervir, interessando mais à vaca, à cabra e à ovelha o

cumprimento do contrato do que a sua nulidade.

Saliente-se o aspeto de se partir sempre do pressuposto de que os sócios do leão

quiseram partilhar dos lucros.

Nos casos de exclusão de um sócio da participação nos lucros, falta um elemento

essencial do contrato de sociedade.

No artigo 22º do Código das Sociedades Comerciais vemos disposto no número 3

desse mesmo artigo que «É nula a cláusula que exclui um sócio da comunhão nos lucros

ou que o isente de participar nas perdas da sociedade, salvo o disposto quanto a sócios

de indústria.» este normativo, na parte em que declara nulo o pacto que exclui um ou

mais sócios de qualquer participação nos lucros, assim, a participação de todos os

sócios nos resultados da gestão social é pressuposto indispensável à existência da

sociedade, uma vez que, não havendo divisão dos lucros entre os sócios, falta um

elemento essencial e inderrogável deste tipo contratual.

A exclusão da partilha nos lucros e nas perdas vai contra a essencência da

sociedade, em que é natural o risco do resultado, positivo ou negativo.

Neste caso em apreço, como não existiu qualquer acordo prévio quanto à divisão dos

benefícios e perdas, presumia-se que as partes os assumiriam em partes iguais.


Por sociedade leonina, entendia-se aquele em que cada um dos sócios participava

apenas nas perdas, sendo excluído por completo dos lucros, tal como retiramos dos

ensinamentos da fábula do leão, na qual os outros animais participaram tão-só das

perdas, suportando os riscos da caçada, sem partilharem da presa (lucros). Em rigor, não

houve qualquer distribuição, ainda que injusta, pelo que tal sociedade seria

inadmissível.

Elementos da sociedade

Elemento pessoal: nele compreendem-se, quer o empresário e outros investidores de

capitais, quer os trabalhadores.

Qualquer destas entidades, de uma forma ou de outra, tem interesse no desenvolvimento

e êxito da empresa, seja para rentabilização dos capitais investidos, seja para promoção

pessoal, estabilidade e retribuição do trabalho.

Em princípio, e porque a lei o define como um contrato, o ato gerador da sociedade

deve ser celebrado por pelo menos duas partes, dois sujeitos de direito. É o que

expressamente refere o art. 7º, nº 2, 1ª parte CSC.

Analogicamente: tanto a vaca, a cabra, a ovelha e o leão têm interesse no

desenvolvimento da sociedade, vão juntos caçar, aprisionam o veado e partem-no em

quatro partes, uma vez que com isto visavam retribuição do trabalho feito.
Elemento patrimonial: 980º CC consagra um segundo elemento do conceito de

sociedade, consiste na chamada obrigação de entrada, através da qual os sócios

efetuam contribuições que irão formar o património inicial da sociedade.

Esta norma limita-se a exigir, para que surja a sociedade, que os sócios se obriguem a

contribuir com bens ou serviços, mas não exige a efetivação dessas contribuições logo

no momento inicial, podendo ser deixada para mais tarde, ao menos em parte.

Analogicamente: o elemento patrimonial é exposto no poema no sentido em que cada

um dos sócios entra com uma contribuição, neste caso a vaca, a cabra, ovelha e o leão

contribuem com um serviço, neste caso a caça.

Elemento finalístico: no que diz respeito às sociedades em geral, a referência do artigo

980º CC, ao exercício de uma atividade económica visa abranger todas as atividades

destinadas à produção de bens ou utilidades de qualquer natureza, materiais ou

imateriais, enquadráveis em qualquer dos sectores da economia.

No que respeita às sociedades comerciais, é evidente que as atividades económicas a

que se dediquem terão se ser aquelas que se enquadrem no âmbito do comércio em

sentido jurídico-formal.
Por outro lado, o artigo 980º CC, exige que a atividade económica seja certa, o que

significa, obviamente, que ela deverá ser definida, determinada de forma concreta

e específica, de modo a não se adquirirem indicações tão vagas do escopo social que

acabem por se traduzir numa incerteza da atividade ou atividades a que a sociedade se

destine.

Analogicamente: existe o exercício de uma atividade, neste caso em apreço a caça em

conjunto, destinada à produção de bens, no caso a divisão em partes iguais do veado.

Elemento teológico: tem de consistir na obtenção de um enriquecimento patrimonial,

de um lucro, e não de outras vantagens ideais ou mesmo materiais.

A fórmula do art. 980º CC, parece incutir uma noção muito estrita de lucro: tratar-se-ia

de um aumento de património gerado na própria sociedade, para ser depois

repartido entre os sócios, seja periodicamente, seja no final da existência da sociedade.

O elemento teleológico não consiste apenas no intuito de que a sociedade reduza

lucros: é necessário que ela vise também a repartição destes pelos sócios (art. 980º

CC).

Analogicamente: através da morte do veado e da divisão em partes iguais, a caça

visava a obtenção de um lucro que no caso era uma parte do veado para cada sócio.
Questão 2

Quais são os três critérios diferenciadores dos tipos de sociedades comerciais ?

Como eles se materializam na diferenciação dos quatro tipos de sociedades

comerciais previstos no Código das Sociedades Comerciais?

4 tipos de Sociedades Comerciais previstos no CSC:

 Sociedade em nome coletivo (art. 175° e ss)

 Sociedade em comandita simples ou por ações (art. 465° e ss)

 Sociedade anónima (art. 271° e ss)

 Sociedade por quotas de responsabilidade limitada (art. 197° e ss).

Para que uma sociedade seja comercial é necessário que revista forma comercial,

abrangendo dois sentidos:

1) A sociedade deverá revestir um dos tipos caracterizados e regulados na lei

comercial.

2) Tem obrigatoriedade de respeitar a sociedade, na sua constituição, os requisitos

formais estabelecidos na lei comercial.

A primeira das aceções reporta-se ao princípio da tipicidade ou numerus clausus, que o

legislador adotou quanto às sociedades comerciais.

Por motivos de ordem pública, o legislador admite um número bastante restrito de tipos

sociais. Distinguindo-se, através de três características:


1. Responsabilidade dos sócios pela obrigação de entrada: trata-se de

característica fundamental, pois identifica a responsabilidade dos sócios para

com a sociedade no que toca à formação do património inicial desta.

2. Responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade: é outro aspeto com

elevada importância, pois por ele se fica a saber se os sócios são ou não

responsáveis, perante os credores da sociedade pelas dívidas desta.

3. Modalidades de composição e titulação das participações na sociedade:

tratase de um aspeto que, embora secundário, reveste muitas vezes importância

assinalável, já que permite caracterizar a natureza e a forma de cada parte do

sócio na sociedade.

Responsabilidade dos sócios para com a sociedade:

Sociedade em nome coletivo: cada sócio responde pelo cumprimento da entrada a que

se obrigou (dinheiro, espécie ou indústria) nos termos do art. 175º, nº1, tendo como

exceção a entrada de um sócio com bens em espécie não avaliados e verificados,

conforme o art. 28º, é assumida responsabilidade solidária pelo valor que atribuam aos

mesmos bens – 179º.

Sociedade em comandita simples: ( art. 465º, nº1; 474º.) e por ações (art. 465º, nº1;

478º.)

Cada sócio responde pelas respetivas entradas podendo estas ser em dinheiro e

indústria no caso dos comanditados e em dinheiro e espécie no caso dos

comanditários.
Sociedades anónimas: cada sócio também responde pela sua entrada, em dinheiro ou

espécie, em conformidade com o artigo 271º, mas podem ainda ficar obrigados a

prestações acessórias – 287º.

Sociedade por quotas: cada sócio responde não apenas pela própria entrada (dinheiro

ou espécie) mas também, solidariamente, pelas entradas dos outros sócios, de acordo

com o art. 197º, nº1.

Podem ainda ficar obrigados a prestações acessórias e suplementares, consoante os art.

197º, nº2; 209º; 210º e ss.

Responsabilidade dos sócios para com os credores

Sociedades em nome coletivo: os sócios respondem pessoalmente, em relação à

sociedade, ilimitadamente, subsidiariamente (depois de excutido o património social, se

um sócio cumprir as obrigações da sociedade a fim de evitar que contra a sociedade seja

intentada execução, tem este o direito de regresso contra os outros sócios, nos termos do

art. 175º, nº4) e solidariamente entre si (os credores sociais têm o direito de exigir a

divida por inteiro), conforme o art. 175º, nº1

Sociedades em comandita simples e por ações: os sócios comanditados respondem

subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente entre si – 465º, nº1. Já os

sócios comanditários não se responsabilizam, de acordo com o art. 465º, nº1.


Sociedades anónimas: os sócios não respondem, só a sociedade se responsabiliza com

o seu património, perante os seus credores, pelas dívidas, nos termos do artigo 271.º.

Sociedades por quotas: os sócios não respondem pelas dividas da sociedade (só

responde ela, com o seu património), de acordo com o art. 197º, nº3, com exceção de

poder estabelecer-se no estatuto que um ou mais sócios respondem também

limitadamente (até um determinado montante), esta responsabilidade pode ser solidária,

tendo direito de regresso salvo disposição em contrário, ou subsidiária com a sociedade

– 198º.

Estrutura Organizatória

Órgão deliberativo-interno: onde tomam decisões expressando a vontade social, mas

quase nunca a manifestam para o exterior.

Órgão de administração e representação: onde gerem as atividades sociais e

representam as sociedades perante terceiros.

Órgão de fiscalização ou controlo: que fiscalizam sobretudo a atuação dos membros

do órgão de administração.

Sociedades em nome coletivo: é constituída pelo órgão deliberativo-interno (art. 53º e

ss.; 189º) e pelo órgão de administração e representação (art. 191º).


Sociedades em comandita simples: é organizado pelo Órgão deliberativo-interno

(art. 53º e ss.; 472º) e pelo órgão de administração e representação (art. 470°, n°2;

474°).

Sociedades em comandita por ações: também é constituído pelo Órgão

deliberativointerno, (art. 53º e ss.; 472º), pelo órgão de administração e representação,

(art. 470º, nº1; 478º), mas também pelo Órgão de fiscalização ou controlo – “conselho

fiscal” ou “fiscal único” (art. 478º; 413º e ss).

Sociedades anónimas: é formado pelo Órgão deliberativo-interno (art. 53º e ss.; 373º e

ss), pelo Órgão de administração e representação – “conselho de administração”,

“conselho de administração executivo” (art. 278º, nº1) ou “administrador único” (art.

278º, nº2; 390º, nº2; 424º, nº2) e pelo Órgão de fiscalização ou controlo (art. 278º).

Sociedades por quotas: é constituída pelo Órgão deliberativo-interno (art.53º e ss.;

246º; 270º ), pelo Órgão de administração e representação (art. 252º, nº1) e pelo Órgão

de fiscalização ou controlo, podem ter “conselho fiscal” ou um “fiscal único” (art. 262º,

nº1; 413º, nº1, a) e são obrigados a ter se for verificado o 262º, nº2 e 3, salvo se tiverem

ROC.
Transmissão das participações

A transmissão de participações sociais é caracterizada, no Código das Sociedades

Comerciais (CSC), a propósito de cada tipo societário e em função, ainda, de ter lugar

entre vivos ou por morte do titular.

Sociedade em nome coletivo: só pode ter lugar com o consentimento expresso dos

restantes sócios, concedendo-se primazia ao interesse dos sócios em não passarem a ter,

sem o seu expresso consentimento, um novo consócio, sendo aqui discutível a natureza

imperativa (mortis causa: 184º; entre vivos: 182º, nº1).

Sociedade anónima: a regra geral é a da livre transmissibilidade das ações.

Deve existir uma maior facilidade de transmissão das ações, estimulando-se o interesse

de investidores e evitando vinculações definitivas. No entanto, podem ser impostos

limites a esta transmissão no que concerne às ações nominativas. (mortis causa: 271º;

465º, nº3; 2024º CC; entre vivos: 328º; 329º).

Sociedade por quotas: o regime legal pode ou não depender do consentimento da

sociedade. Quando a cessão de quotas não for livre, ou seja, exista a necessidade de

consentimento, este deve ser dado pela sociedade. O regime estabelecido no 228.o, nº2,

é bastante flexível, podendo ser amplamente derrogado no contrato de sociedade. No

caso de ao sócio ser recusada a cessão da sua quota, o 231º, nº 178, impõe à sociedade a

obrigação de apresentar uma proposta de amortização ou de aquisição da quota, sob

pena de a cessão se tornar livre 231.o, nº 2 a). (mortis causa: 225º: 226º; 2024º
CC; entre vivos: 228º, nº2; 229º; 230º).

Sociedades em comandita: no caso dos sócios comanditados, a transmissão das suas

partes, entre vivos, só é eficaz se for consentida por deliberação dos sócios, a menos que

o contrato de sociedade disponha de forma diversa. Por mortis causa, se o sucessor

prestar o seu consentimento expresso, este pode fazer parte da sociedade junto com os

sócios sobrevivos. Caso não prestar, os sócios sobrevivos devem satisfazer ao sucessor

o respetivo valor.

Relativamente aos sócios comanditários, a transmissão das suas partes, entre vivos,

deve ser reduzida a escrito, tornando-se eficaz para a sociedade logo que lhe for

comunicada por escrito ou por ela reconhecida expressa ou tacitamente. Por mortis

causa, é efetivada, no caso de não ser previsto no contrato de sociedade que a sociedade

possa amortizar, adquirir ou fazer adquirir por sócio ou terceiro essa parte ou caso não o

consiga fazer no prazo de 90 dias.

(Nas sociedades em comandita simples - mortis causa: 465º; 475º, entre vivos: 469º;

475º. Nas sociedades em comandita por ações - mortis causa:465º: 475º; 225º; 226º,

entre vivos: 469º; 478º.)

Número Mínimo de Sócios

O número mínimo de sócios das sociedades tem como regra o art. 7º, nº2 do CSC, que

estipula que o número mínimo de partes de um contrato de sociedade é dois, com

exceção de quando a lei exija um número superior ou permita que a sociedade seja

constituída só e apenas por uma pessoa.


Sociedades em nome coletivo e nas sociedades em comandita simples a lei estipula

dois sócios, nos termos do art. 7º, nas sociedades em comandita por ações é

determinado seis sócios, conforme o art. 465º, nº1; 479º (um comanditado e cinco

comanditários), nas sociedades anónimas é estabelecido cinco sócios, consoante o art.

273º, nº1 e 2, 488º nº1, 481º nº1 e por fim nas sociedades por quotas apenas se estipula

um socio, de acordo com o art. 7º e 270º A.

Capital Social

Representa a soma dos valores nominais das participações sociais fundadas em entradas,

em dinheiro ou em espécie.

Nas sociedades em nome coletivo (25º, nº1 e 2) não existe valor mínimo e podem não

ter capital social (entradas em indústria) nos termos do art. 9º, nº1, f); 178º, nº1. Já no

caso das sociedades em comandita simples, em aposição, têm de ter capital social, mas

sem valor mínimo.

Nas sociedades por ações (art.478º) e nas sociedades anónimas (276º, nº5) o valor

mínimo é de cinquenta mil euros. E por último nas sociedades por quotas o valor

mínimo é um euro por cada quota – 201º; 219º, nº3.

Questão 3

A sociedade por quotas de responsabilidade limitada poderia ser considerada uma

sociedade de natureza híbrida: de pessoas e de capital.

Explique essa afirmação, comparando o regime de responsabilidade dos sócios e

sua participação na gestão da empresa entre os quatro tipos de sociedades

comerciais previstos no CSC.


As sociedades por quotas combinam elementos e características das sociedades de

pessoas e das sociedades de capitais, por este motivo poderá ser considerada uma

sociedade de natureza híbrida, de pessoas e capitais.

Há autores que qualificam a sociedade por quotas como uma sociedade de pessoas e há

autores que qualificam a sociedade por quotas como uma sociedade de capitais.

De facto, a lei confere ampla margem de liberdade aos sócios para fixarem o regime de

cada sociedade por quotas, estipulando cláusulas no respetivo contrato de sociedade,

pacto social ou estatutos, por exemplo:

- No sentido de liberalizar totalmente a cessão de quotas, tornando-a independente do

consentimento da sociedade, prestado através de deliberação dos sócios, 229º nº2 ou

inversamente,

- No sentido de proibir totalmente a cessão de quotas, tendo, contudo, nesse caso, os

sócios direito a exonerar-se da sociedade, uma vez decorridos dez anos a contar da data

em que nela ingressaram, 229º nº2.

Nas Sociedade de capitais importa a contribuição social que sócio veio trazer para a

sociedade, onde responde pela sua parte da sua entrada, aceitam determinada entrada

com base na participação dada, participam de forma menos intensa, exercem atividade

corrente, deliberam em maioria, direito á informação é mais limitado, está relacionada

com as “sociedades abertas” (aberta ao mercado de capitais e a negociações, substrato

pessoal em geral muito amplo. No caso das Sociedades de Pessoas importa o sócio

enquanto pessoa, aceitam determinado contrato com base na pessoa vai ser sócio, estes

respondem pelo seu património pessoal, onde participam mais intensamente, têm

obrigação de não concorrência, só deliberam se tiverem todos de acordo, o direito á


informação é mais vasto, está relacionada com as “sociedades fechadas” (não está aberta

a negociações, sócios em nº reduzido e envolvido na vida societária).

Sociedades qualificadas como sociedades de pessoas:

- Sociedades em nome coletivo

- Sociedades em comandita Simples

- Sociedades sob forma civil, reguladas exclusivamente nos artigos 980º a 1021º do CC.

- Sociedades sob forma civil especiais que correspondem a sociedades profissionais


sujeitas a associações públicas profissionais

Sociedades qualificadas como sociedades de capitais:

- Sociedades anónimas

- Sociedades em comandita por ações

- Para uma parte da doutrina, sociedades por quotas

Responsabilidade dos sócios e sua participação na gestão da empresa

1. Sociedade de quotas de responsabilidade limitada: Cada sócio responde

individualmente e exclusivamente pela sua entrada, mas todos são

solidariamente responsáveis por todas as entradas do capital social, e assim

proteger os credores. (art. 271º do CSC) Preserva-se as competências dos sócios

para assim influenciar diretamente a gerência (art. 259º e 260º do CSC).


2. Sociedades em nome coletivo: são chamadas as sociedades de responsabilidade

ilimitada, onde os sócios podem responder pessoalmente com todo o seu

património pelas dívidas da sociedade, depois de esgotar o património desta (art.

175º, nº1 do CSC).

3. Sociedades por quotas: é o tipo de sociedade mais utilizado na prática pois

corresponde à estrutura típica da pequena e média empresa. A característica

principal desta sociedade é a elasticidade do regime jurídico constituído por um

grande número de disposições supletivas, que podem ser afastadas pelos

estatutos, ajustando a sociedade às necessidades concretas de cada empresa,

nomeadamente aproximando-a das sociedades de pessoas, dificultando ou

mesmo impedindo a transmissão das quotas ou optando por um modelo mais

próximo das sociedades de capitais com livre transmissibilidade das quotas.

4. Sociedades anónimas: é característico da empresa de maior dimensão. O capital

mínimo é de 50.000€, deve ter pelo menos cinco acionistas, estes respondem

apenas pela realização das ações de que são titulares.

5. Sociedades em comandita: têm como uma sociedade de tipo misto, onde existe

os sócios de responsabilidade ilimitada (os comanditados) e os sócios de

responsabilidade limitada (os comanditários).

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