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SOCIEDADE
ANÔNIMA
O meu objetivo neste módulo e com este e-book é que vocês consigam ter uma visão
ampla sobre o tema e sobre as (i) legislações aplicáveis que estudaremos ao longo
deste e do próximo mês aqui no CNE.
Além disso, por acreditar que o modo comparativo seja o mais didático, apresentarei
as (iii) resumo das características gerais das Sociedade Anônima e, também, (iv)
principais diferenças entre uma sociedade LTDA e uma sociedade anônima, sem,
evidentemente, esgotar o tema:
Estrutura
Responsabilidade dos sócios
Retirada e exclusão dos sócios
Poder de Controle
Distribuição de lucros/dividendos
Investimento/financiamento
Publicações.
Por fim, abordaremos alguns detalhes sobre a (v) estrutura (espinha dorsal) de uma
Sociedade Anônima e sua constituição.
Bora começar?
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Mercado de Bolsa tem uma maior regulação e mais exigências (custo mais elevado) que
o mercado de balcão.
Retomando, o Mercado de Capitais nada mais é do que o espaço onde são realizadas
as operações financeiras envolvendo valores mobiliários emitidos pelas companhias
de capital aberto.
E por que eu preciso entender isso? Porque as companhias emitem títulos com o
objetivo de financiar a atividade empresarial, como as ações.
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Bora relembrar?
➔ Sociedade de Capital: Aqui, a relação pessoal entre os sócios não tem tanta
relevância. O único fator que interessa é alcançar o fim social.*
A sociedade será designada por denominação, de maneira que poderão ser utilizadas
quaisquer palavras na língua nacional ou estrangeira, acompanhada das expressões
“companhia” ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente (S/A)
– DREI.
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1. Estrutura
Nas sociedades limitadas com prazo de duração indeterminado, qualquer sócio pode
se retirar da sociedade a qualquer momento, desde que notifique os demais com 60
dias de antecedência, sem ter que justificar (retirada imotivada – art. 1.029 do CC).
• Exclusão extrajudicial por justa causa do sócio minoritário (art. 1.085 do CC);
• Exclusão do sócio remisso (art. 1.004 do CC);
• Falta grave no cumprimento de suas obrigações (judicial) (art. 1.030 do CC);
• Incapacidade superveniente - sócio se tornar incapaz após a constituição da
sociedade (exclusão judicial) (art. 1.030, “caput” do CC);
• Sócio falido – exclusão automática (art. 1.030, parágrafo único do CC);
Nas S/A, via de regra, não é possível a exclusão de um acionista pelos demais. Contudo,
a LSA prevê a responsabilização civil do acionista por atos que possam causar prejuízo
à sociedade, inclusive no caso de acionista remisso (art. 107 da LSA). Se um acionista
causar algum dano à companhia ou a outros acionistas, ele terá o dever de indenizá-
los, contudo não poderá ser simplesmente excluído por deliberação dos acionistas,
como pode ocorrer nas sociedades limitadas.
4. Poder de Controle
O que é controle?
Por mais que possamos incluir mecanismos de governança em uma sociedade limitada
para alocar o controle da empresa (poder de veto, unanimidade etc.), nas sociedades
limitadas, só detém de fato o controle quem for titular de quotas que juntas
correspondam a pelo menos três quartos (75%) do capital social. Neste caso, ocorre
o controle majoritário (sócio ou um grupo possui mais da metade do capital com
direito a voto).
Para estimular a fiscalização dos atos do controlador e a promoção das ações, o art.
246, § 2º, da LSA determina que “a sociedade controladora, se condenada, além de
Logo, entende-se pela própria legislação, que o controle não precisa ser totalitário ou
sequer majoritário nas sociedades anônimas. Controle totalitário é aquele exercido
com a totalidade ou quase totalidade dos votos e ocorre na hipótese de sociedade com
único acionista ou com um único grupo. Já o Majoritário é quando o controle é
exercido por aquele que detém a maioria das ações (mais da metade) com direito a
voto.
Logo, nas sociedades anônimas, basta o controle minoritário, que é o exercido por
acionista ou grupo que não precisa deter mais da metade do capital social com direito
a voto (comum nas sociedades com pulverização de capital) *
Pode ser instituído no estatuto espécies e classes de ações sem direito a voto, e com
direito a um ou mais votos, com o limite de até 10 (dez) votos por ação (voto plural -
Art. 110-A da LSA). Assim sendo, é possível que alguém tenha diretamente o poder de
controle (maioria total de votos) com até menos de 5% (cinco por cento) do total de
ações ordinárias.
Nas limitadas, a lei não estabelece uma proporção mínima do lucro da sociedade para
ser distribuída aos sócios. Em regra, todo o lucro pode ser distribuído entre os sócios,
proporcionalmente à participação de cada sócio. Contudo, o contrato social pode
prever de forma diferente (distribuição desproporcional). O que não pode ocorrer
é impedimento de algum sócio de receber lucros.
Já nas sociedades anônimas, a lei prevê um percentual mínimo dos lucros* que deve
ser distribuído aos sócios em cada exercício, o chamado dividendo obrigatório*.
Dividendo x Lucros
O conceito de Lucro líquido está previsto nos artigos 189 a 192 da LSA, já o dividendo
é o montante de lucros líquidos destinado ao pagamento dos acionistas, em
proporção ao montante por eles detido do capital social (art. 201 da LSA).
Além disso, o Marco Legal das Startups (LC 182/21) alterou a LSA, aplicando a
possibilidade da S/A de capital fechado, que tiver receita bruta anual de até R$
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), salvo se for controladora ou filiada de
grupo de sociedades:
6. Investimento/financiamento:
7. Publicações
Bom, a obrigatoriedade de publicações nas S/A é, sem dúvidas, uma das principais
razões para o encarecimento da manutenção deste tipo societário.
As limitadas são obrigadas por lei a publicar no órgão oficial e em jornal de grande
circulação da sede da sociedade os anúncios de convocação das assembleias de sócios,
balanço patrimonial;
demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (ou demonstração das
mutações do patrimônio líquido);
demonstração do resultado do exercício;
Quanto aos livros contábeis, as limitadas precisam ter um livro diário (registro das
operações relativas à atividade empresarial), livro de atas da administração, livro
de atas e pareceres do conselho fiscal (se houver) e o livro de atas da assembleia.
Há outros livros obrigatórios previstos na legislação tributária, além dos livros
facultativos.
Já as sociedades anônimas devem ter um número maior de livros sociais (art. 100 da
LSA):
Livro de Atas das Assembleias Gerais;
Livro de Registro de Ações Nominativas;
Livro de Transferência de Ações Nominativas;
Livro de Presença dos Acionistas (nas Assembleias);
Livro de Atas das Reuniões da Diretoria;
Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Administração
Livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal
Novidade legislativa: O Marco Legal das Startups (LC 182/21) trouxe novas exceções.
A companhia fechada que tiver receita bruta anual de até R$ 78.000.000,00 (setenta e
oito milhões de reais), salvo se for controladora ou filiada de grupo de sociedades,
poderá realizar as publicações ordenadas pela lei de forma eletrônica, na Central de
Balanços do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED e no site da companhia na
internet, não havendo necessidade de publicação em órgão oficial e em jornal de
Logo, todas essas publicações poderão ser realizadas eletronicamente, o que trará uma
imensa economia de custos relativos ao cumprimento das formalidades legais.
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denominação da sociedade;
objeto social;
endereço da sede;
prazo da sociedade;
capital da sociedade, expresso em moeda corrente, o número, espécies e classes
de ações em que se divide o capital, e se elas terão, ou não, valor nominal;
o número de diretores, prazo de gestão, modo de substituição, e os poderes e
atribuições da diretoria;
se o conselho fiscal funcionará de modo permanente ou apenas quando for
deliberado pelos acionistas;
a data do término do exercício social.
Subscrição
→ Depósito prévio $$ (art. 80 da LSA): Pelo menos 10% do capital social já deve ser
disponibilizado no momento da constituição (entrada). No caso das instituições
financeiras, este percentual mínimo é de 50%. O depósito destes valores deve ser feito
junto ao Banco do Brasil ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela CVM.
Após a subscrição (seja ela pública ou particular), deverá haver uma assembleia de
constituição da companhia, da qual fazem parte todos os subscritores. Seu objetivo é
deliberar pela constituição da companhia (elaboração do estatuto social) e avaliação
dos bens.
A companhia pode ser constituída por assembleia ou por escritura pública (art. 97 da
LSA). Após a assembleia de constituição é que se promoverá o registro da sociedade na
Junta Comercial.
Manual do DREI:
2) Uma segunda assembleia deverá ser instalada para conhecer o laudo. Os peritos
deverão estar presentes para sanar quaisquer dúvidas. Exemplo: O subscritor atribuiu
o valor de R$ 100.000,00 ao bem. O laudo pode chegar a 3 conclusões distintas:
A. Constatar que o bem realmente vale R$ 100.000,00;
B. Atribuir valor superior a R$ 100.000,00
C. Atribuir valor inferior a R$ 100.000,00.
As ações e demais valores mobiliários emitidos pela S/A poderão ser distribuídos
no mercado. As companhias abertas geralmente garantem maior liquidez às ações, pois
no mercado, há imensa quantidade de investidores e é mais fácil comprá-las e vendê-
las.
1) Ações:
As ações podem ainda ser divididas em classes, geralmente representadas por letras
(ex: Preferencial A, Preferencial B etc.).
As ações ordinárias das companhias abertas não podem ser divididas em
classes, mas as ordinárias das companhias fechadas podem.
Quanto à transmissão:
2) Debêntures
→ Qual é a vantagem? Quando a S/A emite debêntures, é ela própria, devedora, que
estabelece as condições de pagamento. A deliberação para emissão de debêntures é de
competência privativa da assembleia geral. As debêntures podem ser convertidas em
ações, conforme previsão na escritura de emissão.
Ações Debêntures
Títulos de participação Títulos de Crédito
O acionista participa do capital social O debenturista não participa do capital
social
O vínculo acionista – companhia é por O vínculo acionista – companhia é por
prazo indeterminado prazo determinado (até que a dívida seja
paga).
O acionista é participante da O debenturista é credor da companhia
companhia
Em regra, para que o acionista receba A percepção do direito de crédito do
dividendos, a companhia tem que ter debenturista independe da existência de
lucro. lucro.
3) Partes Beneficiárias:
Conforme leciona Fábio Ulhôa Coelho, partes beneficiárias são valores mobiliários que
asseguram ao seu titular direito de crédito eventual contra a sociedade anônima
emissora, consistente numa participação nos lucros desta.
4) Bônus de Subscrição
a) Assembleia Geral (AG) – Competência privativa - Art. 122 da Lei das S/A (cunho
administrativo) – Exemplo: autorizar emissão de debêntures, avaliar bens objeto de
contribuição dos acionistas, etc.).
Assembleia Geral Ordinária (AGO) – art. 132 a 134 (deverá haver 1 assembleia
geral nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social) Exemplo:
d) Conselho Fiscal (art. 161 e seguintes da LSA) - As companhias também devem ter
um Conselho Fiscal, composto por 3 a 5 membros e respectivos suplentes, sócios ou
não. Apesar de o seu funcionamento ser facultativo, a sua funcionalidade é de extrema
importância para a companhia.
As competências previstas na lei e que não podem ser excluídas do Estatuto Social são
(art. 163 da LSA):
Os membros do conselho fiscal e seus suplentes poderão ser reeleitos e exercerão seus
cargos até a primeira assembleia-geral ordinária após a sua eleição.
A dissolução deverá ser registrada na Junta Comercial para, então, a sociedade entrar
no processo de liquidação, com objetivo de realizar os ativos, pagar os passivos, e o
remanescente, se houver, será partilhado entre os acionistas proporcionalmente às
correspondentes participações. Após a liquidação, ocorrerá a extinção, resultando com
o cancelamento de sua inscrição no local do registro.
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Bibliografia recomendada: