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Universidade do Sul de Santa Catarina

Mercado de
Capitais e Bolsa
de Valores
Universidade do Sul de Santa Catarina

Mercado de
Capitais e Bolsa
de Valores

UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Créditos

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul


Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt

Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão


Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Luciano Rodrigues Marcelino
Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos
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Diretor do Campus Universitário de Tubarão


Heitor Wensing Júnior
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Hércules Nunes de Araújo
Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual
Fabiano Ceretta

Campus Universitário UnisulVirtual


Diretor
Fabiano Ceretta

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços


Amanda Pizzolo (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e Artes
Felipe Felisbino (coordenador)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria
Anelise Leal Vieira Cubas (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social
Aureo dos Santos (coordenador)

Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos


Moacir Heerdt
Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica
Eliza Bianchini Dallanhol
Elmo Tambosi Filho
Claudio Alvin Zanini Pinter

Mercado de
Capitais e Bolsa
de Valores

Livro didático

Revisão e ampliação de conteúdo


Claudio Alvin Zanini Pinter

Designer instrucional
Carmelita Schulze

2ª edição revista e ampliada

UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2015 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Livro Didático

Professores conteudistas Diagramador(a)


Elmo Tambosi Filho Caroline Casassola
Claudio Alvin Zanini Pinter (1ª ed. rev. ) Pedro Teixeira
Claudio Alvin Zanini Pinter (2ª ed. rev. e amp.)
Revisor(a)
Designer instrucional Jaqueline Tartari
Carmelita Schulze
ISBN
Projeto gráfico e capa
978-85-7817-769-0
Equipe UnisulVirtual

332.6
T16 Tambosi Filho, Elmo
Mercado de capitais e bolsa de valores : livro didático / Elma
Tambosi Filho, Claudio Alvin Zanini Pinter ; design instrucional
Carmelita Schulze. - 2.ed.rev. e ampl. – Palhoça : UnisulVirtual, 2015.
177 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-769-0

1. Mercado de capitais. 2. Bolsa de valores. 3. Política monetária.


I. Pinter, Claudio Alvim Zanini. II. Schulze, Carmelita. III. Titulo.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Introdução | 7

Capítulo 1
Introdução ao Mercado de Capitais | 9

Capítulo 2
Estrutura do Sistema Financeiro Nacional | 27

Capítulo 3
Títulos e valores mobiliários | 55

Capítulo 4
Mercado Acionário | 63

Capítulo 5
Derivativos - Mercados Futuros | 85

Capítulo 6
Teoria das Carteiras | 99

Capítulo 7
Análise de Ações | 143

Considerações Finais | 173

Referências | 175

Sobre o Professor Conteudista | 177


Introdução

Prezado(a) estudante,

Bem-vindo à Unidade de Aprendizagem de Mercado de Capitais e Bolsa de Valores!

Com o avanço da tecnologia, o mundo dos negócios exige dos profissionais


o conhecimento de teorias e técnicas reconhecidas no mundo científico para
tomarem decisões em tempo real e que atendam às demandas do mercado, seja
individualmente ou em equipe.

Na área do mercado de Capitais, não é diferente. A começar pelo jargão


técnico, que deve ser dominado para o profissional saber atuar nesse mercado
de modo claro e eficiente.

As certificações profissionais (CPA-10, CPA-20, Certificado Nacional do


Profissional de Investimento, (CNPI)), dentre outras, que são obtidas através
de provas aplicadas por instituições autorizadas pela Comissão de Valores
Mobiliários, também obrigam a manutenção e a atualização constante do
conhecimento neste mundo fascinante que envolve os negócios em bolsa de
valores. Negócios que, portanto, envolvem preço dos ativos ou commodities, os
quais oscilam minuto a minuto, e que os investidores acompanham atentamente
através dos principais índices das bolsas do mundo.

Por meio desse livro didático você ficará conhecendo as características gerais
do Mercado de Capitais e Bolsa de Valores, pois dá subsídios para o domínio
dos principais conceitos que pertencem a esse mundo de negócios. E faz isso ao
apresentar a estrutura e o funcionamento de instituições financeiras, técnicas de
minimização de riscos e maximização de retornos, modelos de seleção de ativos,
dentre outros assuntos. Todo esse conteúdo é apresentado visando a qualificar
competências e habilidades indispensáveis para a sua formação profissional para
atuar em mercado de capitais e bolsa de valores.

Logo, esse livro busca contribuir para formar profissionais capazes de atuar em
empresas públicas ou privadas, embasados em conhecimento técnico na área de
gestão econômica e financeira capazes de tomar decisões eficazes no mercado de
capitais. Nesse sentido, esse livro foi estruturado em sete capítulos. Acompanhe
um resumo do que se pretende realizar em cada um desses capítulos.
No capítulo 1, intitulado de “Introdução ao Mercado de Capitais”, você
compreenderá a importância e a função do Mercado de Capitais e Bolsa de
Valores no que ser refere ao desenvolvimento econômico e social de um país.
Também saberá calcular os custos inerentes às aplicações no mercado acionário.

No capítulo 2, “Estrutura do Sistema Financeiro Nacional”, lhe serão


apresentados, em termos gerais, a estrutura e o funcionamento das instituições
que fazem parte do Sistema Financeiro, quer bancárias ou não bancárias.

No capítulo 3, “Títulos e Valores Mobiliários”, visa-se a compreensão conceitual


de títulos e valores mobiliários, bem como a estrutura e o funcionamento da
Comissão de Valores Mobiliários.

O capítulo 4, “Mercado Acionário”, contempla conceitos, tipos e formas de


Ação, mercado primário e secundário, bem como os cálculos de retorno de
investimentos, ajustes de cotações através de bonificações, distribuições de
dividendos ou subscrições de novas ações.

O capítulo 5, “Mercados Futuros”, trata-se do conhecimento sobre os


mercados futuros, sua função, modalidades operacionais e relação entre os
preços à vista e preços futuros, bem como o cálculo de ajustes diários e as
garantias básicas de negociação.

No capítulo 6, “Teoria das Carteiras”, você conhecerá e aplicará o Modelo da


Teoria de Markowitz e a Teoria de Sharpe, conceitos de risco sistemático e não
sistemático, indispensáveis na seleção de carteiras de investimentos, visando
minimizar os riscos e maximizar os retornos.

No capítulo 7, “Análise de Ações”, último capítulo, apresenta-se o estudo e a


aplicabilidade das teorias das Escolas de Análises Fundamentalista e Técnica,
seus principais objetivos e indicadores. Também trata da Análise do Modelo
CAPM (Capital Asset Price Model).

Desejamos um ótimo aprendizado!

Prof. Claudio Alvim Zanini Pinter


Capítulo 1

Introdução ao Mercado de
Capitais

Habilidades O conteúdo deste capítulo, organizado em sete seções,


visa propiciar: conhecimento básico sobre Poupança
e Investimento; entendimento sobre a importância do
Mercado de Capitais no cenário econômico; conhecimento
das regras gerais do funcionamento desse mercado;
identificação e aprendizagem de cálculo das taxas e
impostos envolvidos nas negociações do mercado
acionário, o qual é parte do mercado de capitais.

Seções de estudo Seção 1:  Poupança e Investimento


Seção 2:  Por que estudar Mercado de Capitais?
Seção 3:  Qual a principal função do Mercado de Capitais?
Seção 4:  Por que investir na Bolsa de Valores?
Seção 5:  Como investir em Ações?
Seção 6:  Custos para investir no Mercado de Ações
Seção 7:  Principais participantes do Mercado Acionário

9
Capítulo 1

Seção 1
Poupança e Investimento
Título é um Em economia, poupança é a “parte da renda nacional ou
documento individual que não é utilizada em despesas, sendo guardada
que certifica a
e aplicada depois de deduzidos os impostos” (SANDRONI,
propriedade de um
bem ou de um valor. 1999). Portanto, poupar significa economizar, não gastar. Já
Pode ser qualquer investimento é “aplicação de recursos (dinheiro ou títulos)
papel ou certificado em empreendimentos que renderão juros ou lucros, em
representativo de
valor mobiliário
geral a longo prazo” (SANDRONI, 1999).
(Ação, letras de
câmbio, dentre O ato de poupar é diferente do ato de investir. Poupar é
outras). não gastar, abster-se do consumo. Por meio de um bom
planejamento financeiro, você poderá decidir pelos gastos
do dia a dia de forma consciente, tais como alimentação,
vestuário, energia elétrica, conta de telefone, combustível, remédio, uso do cartão
de crédito, cheque especial, dentre outro). Recomenda-se poupar, no mínimo,
10% de sua receita. Diferentemente, o ato de investir é aplicar o dinheiro que
você economizou, visando retorno do capital investido para aumentar a riqueza,
que poderá ser a curto, médio ou longo prazo.

A velha e tradicional Caderneta de Poupança é o tipo de investimento mais


tradicional e difundido. Se o indivíduo pretende comprar uma televisão e no
momento não dispõe de recursos suficientes, ao invés de fazer um crediário
e pagar juros por essa operação, ele pode optar por colocar o dinheiro na
caderneta de poupança por um determinado período (alguns meses) e depois
resgatar esse dinheiro e negociar um bom desconto na compra do televisor à
vista. Isto é, ele poupou durante algum período para usufruir posteriormente.

Ainda, se o indivíduo não necessita efetuar nenhum gasto e simplesmente aplica


o dinheiro na caderneta de poupança ou em outras aplicações financeiras, sem
necessidade de resgatar esse montante, ele está investindo, pois aproveitará os
juros, dividendos, para aumentar o seu patrimônio. Futuramente, ele poderá decidir
por outros tipos de investimento, como, por exemplo, compra de um imóvel, de
ouro, títulos do tesouro, letras de câmbio, ações, obras de arte, dentre outros.

Conceitualmente, a distinção pode parecer muito simples, no entanto, o ato de


poupar requer conhecimento, renúncia e atitude.

Conhecimento – Por que poupar? Inicialmente, o ato de poupar requer um esforço


para se abster do consumo, guardando parte de sua renda. Muitas vezes, o
indivíduo não sabe o porquê está poupando. Outros já possuem algo previamente
definido: juntar dinheiro para trocar de carro, viajar, efetuar um curso, casar, comprar

10
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

um imóvel, dentre outros. É necessário o conhecimento de que se está abstendo do


consumo imediato em prol de um projeto de aumento de capital, do seu capital.

Renúncia – somos bombardeados diariamente com propagandas no rádio, na


TV, nos outdoors, jornais e revistas, criando desejos para o consumo imediato
e nem sempre necessário, tais como trocas de produtos em razão do avanço
tecnológico, última tendência da moda, lançamento de novos produtos e assim
por diante. Com tanta oferta, essa renúncia exige um esforço maior para não
se iludir e gastar além do que se ganha, caindo na armadilha do crédito fácil do
cheque especial ou do cartão de crédito.

Atitude – adotar uma planilha, rascunho ou caderno para as anotações das


receitas e despesas. O diálogo em família é fundamental para criar o hábito
de poupar, bem como estabelecer metas de poupança. Essa atitude terá
mais chance de sucesso se você e sua família refletirem sobre as seguintes
questões: A compra é necessária? Tenho recursos para isso? Posso adiar esta
compra? Conheço as vantagens da compra à vista ou a prazo? Sei negociar?
Tenho o hábito de poupar?

Logo, depois do conhecimento dos benefícios do hábito de poupar, é


necessária a atitude de tê-lo.

Durante um treinamento sobre Poupança e Investimento em uma turma com


trinta alunos de Pós-Graduação, entreguei uma bala para cada aluno e após
trinta minutos perguntei quem tinha a bala. Para a minha surpresa, apenas três
alunos ainda tinham a bala.

Como prêmio a esses, entreguei um bombom. Essa premiação pode ser


comparada aos rendimentos de uma aplicação financeira; afinal, esses alunos
que guardaram a bala poderiam ter a investido em algum empreendimento que
tivesse lhes dado como retorno o bombom que lhes entreguei.

De acordo com Oliveira (1979), os fatores que afetam as decisões de poupar são:
capacidade de poupar, desejo de poupar, e as oportunidades para poupar.

A capacidade de poupar depende fundamentalmente da renda. Portanto, quanto


maior a renda maior deveria ser a capacidade de poupar. No entanto, nem sempre
isso ocorre, pois muitos aumentam o seu padrão de vida quando passam a ter
maior renda, por exemplo, passam a comprar roupas mais caras, a trocar seus
automóveis por outros de categoria superior, etc. É preciso ter desejo de poupar,
não importando a razão para isso.

Mas, além disso, é necessário conhecer as oportunidades para investir o resultado do


seu ato de poupar, isto é, ter respostas para a pergunta:onde aplicar minhas economias?

11
Capítulo 1

Caderneta de Atualmente, temos diversas oportunidades para aplicar as


Poupança: requer nossas economias, tais como Caderneta de Poupança,
pouco conhecimento
do mercado
renda fixa, renda variável, câmbio, imóveis, obras de arte,
financeiro e possui ouro, ações, dentre outros.
as garantias do
Fundo Garantidor de A Caderneta de Poupança é um dos depósitos que são
Crédito. assegurados pelo Fundo Garantidor de Crédito. Este é
uma associação civil sem fins lucrativos, que administra
a proteção aos correntistas, poupadores e investidores,
de forma a garantir que esses possam recuperar seu
investimento em caso de falência ou liquidação da
instituição em que têm sua poupança.

As regras para a remuneração dos depósitos de poupança são estabelecidas no


artigo 12 da Lei 8.177, de 1991, alterada pela Lei 12.703, de 2012. Os valores
depositados e mantidos em depósito por prazo inferior a um mês não recebem
nenhuma remuneração.

De acordo com o Banco Central do Brasil, a remuneração dos depósitos de


poupança é composta de duas parcelas:

I. a remuneração básica, dada pela Taxa Referencial - TR, e


II. a remuneração adicional, correspondente a:
a. 0,5% ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior
a 8,5%; ou
b. 70% da meta da taxa Selic ao ano, mensalizada, vigente na data
de início do período de rendimento, enquanto a meta da taxa
Selic ao ano for igual ou inferior a 8,5%.

A remuneração dos depósitos de poupança é calculada sobre o menor saldo de


cada período de rendimento. O período de rendimento é o mês corrido, a partir
da data de aniversário da conta de depósito de poupança, para os depósitos de
pessoas físicas e de entidades sem fins lucrativos. Para os demais depósitos, o
período de rendimento é trimestral.

A data de aniversário da conta de depósito de poupança é o dia do mês de sua


abertura. Considera-se a data de aniversário das contas abertas nos dias 29, 30 e
31 como o dia 1° do mês seguinte.

Em nossos estudos, vamos focar nos investimentos no Mercado Acionário.


Aproveite e faça bons investimentos!

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Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 2
Por que estudar Mercado de Capitais?
Com o processo de globalização da economia, que resultou em um incremento
no intercâmbio entre os países, cada vez mais o Mercado de Capitais vem
conquistando uma crescente importância no cenário financeiro internacional.

De acordo com essa tendência mundial, os países em desenvolvimento


procuram abrir suas fronteiras para poder receber investimentos externos. Como
consequência desse fato, quanto mais desenvolvida é uma economia mais ativo é
o seu Mercado de Capitais.Esse Mercado é um canal de fundamental importância
na captação de recursos a custos baixos, o que permite o desenvolvimento das
empresas por meio da emissão de Ações.

Você sabe o que é ação no mercado acionário?


Ação é um título negociável em mercados organizados, é valor mobiliário,
emitido pelas companhias, representativo de parcela do seu capital.
Representa a menor parcela em que se divide o capital da companhia.

Com esse tipo de captação de recursos, as empresas têm a possibilidade de


expandir a produção, gerando novos empregos e contribuindo para o progresso
do país. Isso resulta em maior democratização do capital, pois qualquer cidadão
poderá adquirir ações.

Assim, o Mercado Acionário se constitui em uma importante opção de


investimento para pessoas e instituições. Você precisa ter claro que investimento
é a aplicação de recursos com a finalidade de obter aumento no produto e, com
isso, gerar emprego e renda.

Ainda, as aplicações mais comuns no mercado financeiro são a Poupança, o


Certificado de Depósito Bancário (CDB), o Recibo de Depósito Bancário (RDB)
e os Fundos de Investimento. Esses tipos de investimento não caracterizam o
investidor como acionista de uma empresa.

E o que são transações financeiras?


De acordo com o Banco Central do Brasil, as transações financeiras
ocorrem entre os bancos centrais e as instituições financeiras participantes
do SML (um sistema de pagamentos informatizado).

13
Capítulo 1

Exemplo da realização de transações financeiras

Os agentes importadores e exportadores, por exemplo, requerem que seus


pagamentos sejam efetuados nas respectivas moedas locais, seja para fins de
pagamento das exportações ou para fins da cobrança das importações, seja em
pagamentos referentes a transações de outra natureza, sendo que o escopo
das transações permitidas é estabelecido por meio de acordos bilaterais entre os
países participantes do sistema. O ciclo de SML é iniciado pelo remetente que deve
registrar sua operação e efetivar a ordem de pagamento em sua própria moeda em
uma instituição financeira autorizada.

Você precisa compreender que o investidor busca sempre uma melhor rentabilidade
para o seu investimento. Portanto, o Mercado trabalha na possibilidade de uma
maior ou menor rentabilidade, o que vai determinar a sua oscilação. Por exemplo,
quanto mais rentável se mostrar uma empresa com ações mais caro serão suas
ações, e, consequentemente, mais investimentos ela terá e vice-versa.

Sendo assim, você precisa saber que a atuação das variáveis macroeconômicas
é importante para a tomada de decisão por parte dos investidores. O equilíbrio
macroeconômico dará sustentação para todo tipo de investimento, já que essas
variáveis atingem as empresas e outros investimentos.

O equilíbrio macroeconômico é dado pela interação entre a oferta e a


demanda agregada. A oferta agregada pode ser expressa pelo Produto
Interno Bruto,e a demanda agregada, pela renda disponível. A partir dessa
relação, será gerada a renda pela qual todo sistema será ativado.

Portanto, a economia é dinamizada através de um fluxo circular tanto de renda


como de bens e serviços. As famílias consomem bens e serviços, que, por sua
vez, são oferecidos pelas empresas que os comercializam no Mercado de bens e
serviços. Já as empresas produzem todos esses bens com a finalidade de suprir
essa demanda. Esse equilíbrio macroeconômico é influenciado pela atuação do
Governo na esfera fiscal e monetária.

Entretanto, nosso objetivo não é o estudo do ciclo econômico, mas sim


demonstrar a importância desse ciclo para o Mercado de Capitais.

O Mercado de Capitais é responsável por canalizar recursos de poupança para


o sistema produtivo, e, com isso, proporcionar o crescimento econômico.

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Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 3
Qual a principal função do Mercado de Capitais?
Como você acabou de acompanhar, o Mercado de Capitais é um importante
instrumento para o crescimento econômico e financeiro do país. Esse Mercado tem
a finalidade de dar liquidez, ou seja, garantias na distribuição de valores mobiliários
(Ações), com o propósito de viabilizar o processo de capitalização das empresas.

No Mercado de Capitais, os principais títulos negociados são os que representam


o capital social das empresas, denominados Ações, que permitem que essas se
financiem. Tais financiamentos são o motor do crescimento econômico, e esse,
por sua vez, gera aumento da poupança e do investimento, que se traduz em
desenvolvimento econômico para o país.

Onde está inserido esse Mercado?


O Mercado de Capitais está inserido no Sistema Financeiro Nacional, que é
composto de instituições responsáveis pela captação de recursos financeiros e
pela distribuição e circulação desses valores.

O Conselho Monetário Nacional é seu órgão representativo, presidido pelo


ministro da Fazenda. Diretamente interligado a ele estão o Banco Central do
Brasil, que tem o poder executivo, e a Comissão de Valores Mobiliários, que é
responsável pela normatização e regulamentação do Mercado de Bolsa e Balcão.
É importante você notar que o Mercado de Capitais é altamente disciplinado,
supervisionado, fiscalizado e com regras rígidas.

Qual a principal diferença entre o Mercado de Bolsa e o Mercado de Balcão?

Mercado de Bolsa

Mercado de bolsa é um mercado mais dinâmico e as operações realizadas têm as


garantias da Bolsa de Valores. Que garantias são essas? Quem compra recebe o
produto ou ações e quem vende recebe o dinheiro. Essa garantia não se refere ao
lucro na operação realizada, uma vez que o mercado de Bolsa é de risco.

As empresas que desejarem ter suas ações negociadas na Bolsa devem solicitar
aval junto à Comissão de Valores Mobiliários, e, para obter o registro na Bolsa,
devem submeter-se aos critérios exigidos.

15
Capítulo 1

Mercado de Balcão

No mercado de balcão não existem as garantias oferecidas pela Bolsa. O Mercado


de Balcão Organizado é um segmento de negociação de ativos administrado pela
BM&FBOVESPA, em que há a presença da entidade autorreguladora exercendo a
supervisão dos negócios. Entretanto, os parâmetros de negociação e as regras de
listagem são menos exigentes do que os do Mercado de Bolsa.

O mercado de balcão é chamado de organizado quando se estrutura como um


sistema de negociação de títulos e valores mobiliários, podendo estar organizado
como um sistema eletrônico de negociação por terminais, que interliga as
instituições credenciadas em todo o Brasil, processando suas ordens de compra
e venda e fechando os negócios eletronicamente. Oferece oportunidade para
empresas de menor porte. A Soma (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos
S.A) se constitui numa instituição autorreguladora, responsável pela administração
do mercado de balcão organizado.

O mercado de balcão não organizado não tem lugar físico determinado e nele
qualquer título poderá ser negociado. Os negócios são executados diretamente entre
as partes sem a interveniência de qualquer órgão controlador ou regulador do mercado.

Seção 4
Por que investir na Bolsa de Valores?
Você precisa entender que quando investimos na compra de Ações, nos
tornamos sócios da empresa, e, com esses recursos, as empresas têm condições
de investir em novos equipamentos, contribuindo, assim, para um aumento
na produção de bens, que, por sua vez, pode gerar aumento na renda do
trabalhador, proporcionando também possibilidade de crescimento econômico.

É interessante compreender que o acionista é sócio da empresa e recebe


dividendos sempre que a empresa obtiver lucros. Neste segmento, ocorre maior
democratização do capital, na qual, independentemente da renda e classe social,
o indivíduo pode se tornar sócio de uma empresa. Exemplo: a dona de casa,
a empregada doméstica, a faxineira, o engraxate, o advogado, o professor, o
médico e demais profissionais.

Exemplo:

Com investimentos na área petrolífera, a empresa Petrol obteve lucros


significativos no ano de 2013. Como consequência, seus acionistas participaram
da distribuição desses lucros por meio do recebimento de dividendos na
proporção do lucro obtido pela empresa Petrol.

16
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Dicas do professor

A melhor maneira de aprimorar os conhecimentos em Mercados de Capitais é por meio


da leitura de jornais especializados em economia e acessando o site da BM&FBOVESPA.
Nesse site, você poderá aprofundar-se no fascinante mundo do Mercado.

Aprenda a se conhecer: quando investir na compra de Ações, você precisa ser


altamente cauteloso no planejamento e ter condições de cumprir o planejado.

Fique de olho: a tendência de Ativos com preços muito elevados é que desçam.

Seção 5
Como investir em Ações?
Investir em ações implica realizar pesquisas preliminares que permitam ao
investidor uma maior confiabilidade na aplicação que pretende fazer, mesmo sem
a garantia de retorno esperado.

A figura a seguir nos permite observar que as negociações em ações passam


obrigatoriamente por uma Corretora de Títulos e Valores Mobiliários e exigem
passos que devem ser seguidos, conforme veremos no texto posterior.

Figura 1.1 Como investir em ações?

NEGOCIAÇÃO
Compra e Venda de Ações

CORRETORA BOLSA DE CORRETORA


VALORES

OPERADORES
CLIENTES CLIENTES

VENDA COMPRA

Fonte: Adaptado de Equipe Design Visual – UnisulVirtual (2010).

17
Capítulo 1

Home Broker é um Conforme nos mostra a figura, para comprar ações,


sistema que permite primeiramente, você deverá efetuar um cadastro
negociação de ações
e opções via internet,
numa corretora de sua confiança (preferencialmente
permitindo ao investidor que tenha o registro na Bolsa e na CVM). Consulte
enviar ordens de os sites da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e
compra e venda de
BM&FBOVESPA e certifique-se disso.
ações e opções para
a bolsa de valores, por
Algumas corretoras operam através do Home Broker,
meio do site de sua
corretora. assim, você poderá investir diretamente do seu
computador, ou seja, até de casa.

Eis alguns passos operacionais para o investimento em ações:

1. Abrir um cadastro numa corretora após enviar os documentos


exigidos (cópia de identidade, CPF, comprovante de renda e de
residência autenticados etc). Você receberá uma senha e um limite
de crédito para iniciar seus investimentos em ações.
2. Possuir uma conta-corrente bancária. Toda a negociação de
compra ou venda de ações, os registro (lançamentos),
obrigatoriamente passarão pela conta corrente da seguinte forma:
se o investidor estiver comprando uma Ação, o valor será debitado
de sua conta corrente e ao mesmo tempo será creditado na conta
corrente do vendedor; se o investidor estiver vendendo, será
creditado o valor na sua conta corrente e ao mesmo tempo será
debitado na conta corrente do comprador.
3. Selecionar empresas para investir, estudando o setor da economia,
perspectivas de crescimento, acompanhando as notícias do dia a dia e
fatos relevantes sobre essas empresas e sobre a economia de modo
Afinal, para geral. As EscolasFundamentalistas e Técnicas oportunizam
você investir em vários indicadores para análise de tomada de decisão.
empresas, por
meio da compra de 4. Conhecer o perfil do investidor. Vários sites oferecem
ações, você deve gratuitamente ao investidor a opção de conhecer o seu perfil:
ter bons indícios de
conservador, moderado ou agressivo. Conhecer a si próprio
que elas obterão
lucros, pois só é fundamental para evitar problemas futuros, ou seja, para
assim você obterá evitar prejuízos. Afinal, fazer investimento em algo que traz
lucros por meio prejuízo, lhe trará prejuízos também.
delas.
É o que já dizia Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás o universo e os deuses”.

5. Lembre-se de que neste mercado não há garantias de


retorno. Os investimentos na Bolsa de Valores normalmente
são de médio e longo prazo.

18
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

6. Evite empenhar todas as suas economias na Bolsa. Invista apenas o


que você não irá precisar em curto prazo.
7. Fuja das promessas milagrosas. O mercado é o que é e não o que
você gostaria que fosse.
8. Em toda operação de compra e venda de ações incidem algumas
taxas, tais como corretagem, emolumentos, custódia e imposto de
renda sobre ganhos de capital.

Figura 2. Fluxograma da compra de ações

Como comprar Ações

Faz o
Procura uma cadastro Déposito em
corretora Bovespa conta corrente
Informações
Escritório pessoais e Transferências de recursos
Telefone documentos por DOC ou TED
Internet

Avisos de negociação Administrado


Decide sobre remetidos pela pela bolsa
investimentos BOVESPA Liquida
operações
Recebe informações
sobre as melhores
Autoriza a compra Valor da compra é debitado
alternativas
ou a venda em conta corrente
As ações são creditadas em
conta (d+3)

Fonte: BM&FBOVESPA,2012.

Seção 6
Custos para investir no Mercado de Ações
O investidor deverá conhecer e calcular os principais custos operacionais devidos
à manutenção de contas e à realização de negócios no mercado de ações da
BM&FBOVESPA.

A tabela a seguir permite uma visualização da incidência das taxas nas operações
de ações, fornecendo informações relevantes sobre o custo das operações.
É importante ressaltar que toda a compra e toda e venda de ações implica

19
Capítulo 1

pagamento de taxas. Um exemplo é a taxa de corretagem, a qual corresponde à


taxa cobrada pela corretora para que o investidor execute suas ordens de compra
e venda de ações na Bovespa.

Tabela 1– Exemplo de Tabela de Corretagem

Se você investir Irá pagar

De R$ Até R$ Percentual ( %) Valor Fixo (+R$)

0,01 135,07 -- 2,70

135,08 498,62 2,0 0,00

498,63 1.514,69 1,5 2,49

1.514,70 3.029,38 1,0 10,06

3.029,39 Acima 0,5 25,21

Optamos por esta tabela para facilitar a compreensão do cálculo das corretagens
que incidem sobre o total do volume das negociações com ações. Mas ela é
só um exemplo com dados fictícios, para compreensão didática do assunto. É
necessário estar em constante consulta nos sites da Bolsa e da Receita Federal
para obter as taxas sempre atualizadas. Além disso, algumas corretoras oferecem
taxas de corretagem e custódia diferenciadas aos seus investidores.

A taxa de corretagem é destinada à corretora para executar junto à bolsa de valores


as ordens de compra e venda de ações. Já a taxa de Custódia é a taxa mensal
cobrada para a manutenção e guarda das ações. Para efeito de cobrança dessa taxa,
será considerado o valor das ações mantidas em carteira pelo cliente no último dia do
mês. No entanto, a corretora poderá optar em não repassar esse custo ao cliente.

Recomenda-se, antes de investir, pesquisar e selecionar as taxas praticadas pelas


instituições em relação aos serviços prestados.

Já a taxa de emolumentos refere-se ao serviço de negociação ou registro


de operações cobrada pela Bolsa.

Importante, então, ressaltar que toda a compra e toda e venda de ações implica
em pagamento de taxas de emolumentos, destinadas à Bolsa. Acompanhe:

Operações normais: 0,035% - compra e venda de ações em dias alternados.

Operações Day trade: 0,025% - compra e venda da mesma ação, pela mesma
corretora, na mesma quantidade e no mesmo dia.

20
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Taxa de custódia: é uma taxa mensal cobrada do intermediário (Corretora),


que pode ou não repassá-la ao investidor. Corresponde ao serviço prestado aos
investidores para a guarda de títulos e exercícios de direitos destes.

Imposto de Renda: incide sobre os ganhos líquidos das operações. Consulte o site
da Receita Federal e mantenha-se atualizado das taxas para cada tipo de operação.

Imposto de Renda Retido na Fonte: é de responsabilidade da instituição


intermediadora que recebeu a ordem do cliente (Corretora). O Recolhimento do
Imposto de Renda sobre ganhos de capital é de responsabilidade do investidor.

Exemplo:

Cálculo dos valores das corretagens, taxas de emolumentos e os valores líquidos,


referentes à compra e à venda de ações.

Tabela 2. Exemplo para cálculo de taxas de emolumentos e os valores líquidos, referentes à compra e
à venda de ações

C/V Quantidade Ativo/Tipo Preço Histórico Valor

C 100 NATURA NATU3 43,81 Subtotal - 4.381.00

Corretagem (D) - 47,12

Emolum (D) 0,035% - 1,53

Custódia - 10,80

Líquido (D/C) - 4.440,45

Considerando a tabela apresentada, temos que o investidor comprou 100 ações


da Natura (NATU3) por R$ 43,81 cada ação. Como resolver este exercício?

1. Você deverá multiplicar a quantidade de ações, no caso 100, pelo


preço, R$ 43,81, que será igual a –R$ 4.381,00. O registro desta
movimentação como negativo deve-se ao fato que este valor será
debitado na conta-corrente do comprador.
2. De acordo com a tabela 1, exemplo de corretagem, vamos calcular que:
O valor da compra R$ 4.381,00 vezes (ver tabela de corretagem),
que será 0,5% + R$ 25,21 = R$ 47,12. Esse valor será debitado na
conta-corrente do comprador.

21
Capítulo 1

3. Emolumento: Considerando a compra de R$ 4.381,00 vezes, o


percentual que será cobrado de emolumento, 0,035% , corresponde
a R$ 1,53. Esse valor será debitado na conta-corrente do comprador.
4. A taxa de custódia é indicada no exercício, no valor de R$ 10,80.
Esse valor também será debitado na cont- corrente do comprador.

Para obter o resultado líquido, serão debitados todos esses valores na conta-
corrente do investidor, aquela informada por este no momento do seu cadastro
na corretora de ações, no terceiro dia útil após a efetivação do negócio, o que no
jargão dos investidores é representado por: – D+3.

Portanto, o resultado líquido será: - R$ 4.381,00 – valor da corretagem R$ 47,12


– valor de emolumento R$ 1,53 – valor da custódia R$ 10,80 = valor líquido –R$
4.440,45 negativo.

Veja outro exemplo:

C/V Quantidade Ativo/Tipo Preço Histórico Valor

C 100 PETROBRÁS/ 28,55 - 2.855,00


PETR4

V 100 VALE/VALE5 47,57 +4.757,00

Subtotal <7.612,00>

Corretagem (D) - 63,27

Emolum (D) 0,035% - 2,66

Custódia - 10,80

Líquido (D/C) - + 1.825,27

Lembre-se: quando você efetuar uma operação de compra, o valor é debitado em


sua conta-corrente, e quando você efetuar uma operação de venda, é creditado
em sua conta-corrente. O subtotal corresponde ao total do volume negociado
no dia. Através desse valor (veja a tabela de corretagem para calcular a taxa de
corretagem), a taxa de emolumento também é calculada sobre o item subtotal, cujo
percentual será sempre indicado. A taxa de custódia é fixa, e o valor é cobrado uma
vez por mês (sendo debitado em sua conta-corrente como serviço de ações).

Cálculo do Imposto de Renda – IR


O IR incide apenas sobre o ganho líquido, sendo: Ganho Líquido = Valor da Venda –
Custo da Compra. Demonstração do Cálculo do Custo da Compra e Valor de Venda:

22
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Exemplo: Compra e Venda de ações Petrobrás em 30 dias

Compra Venda

Ação PETR4 Ação PETR4

Quantidade 1.000 Quantidade 1.000

Preço 30,00 Preço 40,00

Compra 30.000,00 Compra 40.000,00

Corretagem(*) 175,21 Corretagem 225,21

Emolumentos (0,035%) 10,50 Emolumentos (0,035%) 14,00

Custo Compra 30.185,71 Valor Venda 39.760,79

* Ver tabela de corretagem IR na Fonte 1,99

Imposto de Renda

Valor Venda Líq. = Venda Bruta (40.000,00) – Desp. Oper. ( 225,21 + 14,00) 39.760,79

Valor Compra Total = Compra Bruta (30.000,00) + Desp. Oper. (175,21 + 10,50) = 185,71 30.185,71

Ganho Líquido = Valor Venda Líquida (39.760,79) – Valor Compra Total (30.185,71) 9.575,08

Imp. de Renda = 15% sobre o Ganho Líquido (9.575,08) 1.436,26

IR retido na fonte = 0,005% sobre o Valor Venda Líq. (39.760,79) 1,99

IR a recolher via Darf = IR (15%) 1436,26 – IR Fonte (0,005) 1,99 1.434,27

Fonte: Adaptado do site da BM&FBOVESPA.

Para efeito didático do cálculo do imposto de renda sobre ganhos de capital,


estamos considerando a tabela de corretagem disponível na apostila mais o
valor fixo durante a compra e também durante a venda. Na prática, poderá
haver divergência de acordo com a corretora que você negocia.

Curiosidades: “Por maior que seja o talento ou esforço, algumas coisas exigem
tempo: não dá para produzir um bebê em um mês engravidando nove mulheres”.
(Warren Buffett - grande investidor do mundo de ações e milionário).

Considera-se day trade a operação ou a conjugação de operações iniciadas


e encerradas em um mesmo dia, com o mesmo ativo, em uma mesma

23
Capítulo 1

instituição intermediadora, em que a quantidade negociada tenha sido


liquidada, total ou parcialmente.

Nas operações day trade. não há isenção de imposto de renda sobre ganhos de
capital. Recomenda-se consultar o site da Receita Federal para obter as taxas
atualizadas desta operação.

Tabela 3. Exemplo de Compra e Venda de ações Petrobrás – Operação Day Trade

Compra Venda

Ação PETR4 Ação PETR4

Quantidade 1.000 Quantidade 1.000

Preço 30,00 Preço 40,00

Compra 30.000,00 Compra 40.000,00

Corretagem(*) 175,21 Corretagem 225,21

Emolumentos (0,025%) 7,50 Emolumentos (0,025%) 10,00

Custo Compra 30.182,71 Valor Venda 39.764,79

* Ver tabela de corretagem IR na Fonte(1%) 397,65

Imposto de Renda

Valor Venda Líq. = Venda Bruta (40.000,00) – Desp. Oper. ( 225,21 + 10,00) 39.764,79

Valor Compra Total = Compra Bruta (30.000,00) + Desp. Oper. (175,21 + 7,50) = 182,71 30.182,71

Ganho Líquido = Valor Venda Líquida (39.764,79) – Valor Compra Total (30.182,71) 9.582,08

Imp. de Renda = 20% sobre o Ganho Líquido (9.582,08) 1.916,42

IR retido na fonte = 1 % sobre o Valor Venda Líq. (39.764,79) 397,65

IR a recolher via Darf = IR (20%) 1916,42 – IR Fonte (1%) 397,65 1.518,55

Fonte: Adaptado do site da BM&FBOVESPA.

Observe que as taxas para as operações normais (período superior a um dia) e


operações day trade são diferentes e possuem regulamentações especiais da
Receita Federal.

Para efeito didático, estamos utilizando a tabela de corretagem deste material


didático, apresentada na tabela 1. Está sendo cobrado a taxa de corretagem
mais R$ 25,21 na compra e a taxa de corretagem, mais R$ 25,21 na venda.
Lembre-se que cada corretora poderá praticar taxas diferenciadas de acordo
com a movimentação do cliente.

24
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 7
Principais participantes do Mercado Acionário
Entre os principais participantes do Mercado Acionário, que é regulamentado
pela Comissão Valores Mobiliários, temos:

Especulador – são clientes do Mercado Futuro, os quais podem ser pessoas


físicas ou jurídicas, que buscam ganhos nesses mercados voláteis. Enquanto
os hedgers têm interesse comercial pelo ativo ou commodity, o especulador
não tem nenhum interesse nisso, e sua intenção é apenas lucrar com as
diferenças entre o preço de compra e o de venda.

O que é hedge?
São operações com a finalidade de proteção. A palavra hedge vem do
inglês que significa cerca, ou seja, proteção.
É uma posição oposta àquela que se possui no mercado físico, ou seja,
um produtor de café precisa se proteger da queda nos preços, sendo
assim, assume posição vendida no mercado futuro, como se assim
estivesse vendendo sua safra antecipadamente.
Normalmente, hedges são operações realizadas com derivativos que têm
por objetivo proteger posições de carteiras ou aplicações contra risco de
perdas de valor causados por variações nos preços, câmbio, taxa de juros
etc. Esta operação caracteriza-se por assumir uma posição no mercado de
derivativos inversa a do mercado à vista.

O que é commodity?
Mercadoria física com valor econômico, negociada em bolsas de
mercadorias. Exemplo: cereal, metal, petróleo etc.

Investidor – Tem um horizonte de investimento a médio e longo prazo.


Acredita no potencial do ativo e espera receber dividendos ou juros sobre o
capital do lucro da empresa.

Arbitrador – procura tirar proveito da diferença das oscilações de preços entre


dois mercados. Tem vasta opção de atuação entre os principais produtos
ofertados na Bolsa de Valores.

Manipulador – força uma alta ou baixa de preço de uma Ação na Bolsa sem
que tenha ocorrido nenhum fato relevante na empresa a que pertence essa
Ação ou na economia do país de modo geral. Utiliza “laranjas” para forçar
essa alta ou queda de preços de ações negociadas na Bolsa. Este indivíduo é
nocivo ao mercado. É considerado crime, estando sujeito a punições severas.

25
Capítulo 1

Insider – utiliza informação privilegiada para obter vantagens nas operações no


mercado acionário. É considerado crime, pois este tipo de comportamento e
atitude é nocivo ao mercado e está sujeito a punições severas.

A atuação dos agentes envolvidos fora dos parâmetros legais está sujeita a
punições previstas pela legislação vigente.

Neste capítulo você pôde tomar conhecimento de que o Mercado de Capitais


é importante porque proporciona o crescimento do setor produtivo e, como
consequência, o desenvolvimento econômico do país. E que, no caráter de
investidor, você pode obter lucros e contribuir para esse desenvolvimento,
desde que você tome decisões certas nesse mercado.

26
Capítulo 2

Estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

Habilidades Este capítulo focará em apresentar a estrutura e


funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, para
contemplar as seguintes habilidades: entender o que é
o Sistema Financeiro Nacional; conhecer seu modo de
funcionamento e sua relação com as Bolsas de Valores;
e compreender a importância do Fundo Garantidor,
do Coaf e do Acordo da Basiléia no mercado. Tais
conhecimentos são considerados indispensáveis para
se operar no mercado de capitais.

Seções de estudo Seção 1:  O que é o Sistema Financeiro Nacional?


Seção 2:  Quais os principais órgãos que compõem
o Sistema Financeiro Nacional, sua estrutura e
funcionamento?
Seção 3:  Fundo Garantidor de Crédito
Seção 4:  Coaf
Seção 5:  Acordo da Basiléia

27
Capítulo 2

Seção 1
O que é o Sistema Financeiro Nacional?
O Sistema Financeiro Nacional é composto de instituições responsáveis pela
captação de recursos financeiros, pela distribuição e circulação desses recursos e
também pela regulação de todo o processo envolvido nisso.

É segmentando em quatro grandes mercados:

•• Monetário – controla a liquidez monetária através do controle da


oferta da moeda e das taxas de juros no curto prazo, regulando
o seu funcionamento, bem como os fluxos monetários, para as
atividades de produção e consumo.
•• Crédito – destina-se ao financiamento do consumo e do capital de
giro das empresas no curto e médio prazo.
•• Câmbio – controla a troca das moedas estrangeiras por reais,
definindo o valor da nossa moeda.
•• Capitais – destina-se principalmente ao financiamento de investimentos
de médio e longo prazo, através da negociação dos títulos de valores
mobiliários, em especial, das empresas de capital aberto.

Acompanhe no quadro a seguir as principais características desses mercados.

Quadro 2.1: Mercados de capitais e algumas de suas características

Segmentos Prazos Finalidade Intermediação

Monetário Curtíssimo Controle da liquidez monetária da Bancária e não-


economia em tempo real bancária

Crédito Curto, médio Financiamento do consumo e do Bancária e não-


capital de giro das empresas bancária

Câmbio À vista, curto Conversão de valores em moeda Bancária e auxiliar


estrangeiras e nacional (Corretoras)

Capitais Médio, longo Financiamento de investimentos Não-bancária

Fonte: Adaptado de Cavalcante (2009).

28
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Agora que você estudou e compreendeu os segmentos do dinheiro, vamos


descrever as quatro principais políticas do Governo quanto ao mercado
financeiro, que são: monetária, de crédito, cambial e fiscal.

Política Monetária: é responsável pela gestão da moeda e do crédito. Operações


de emissão e controle de moeda, dentre outros.

Política Fiscal: Define e aplica impostos e taxas sobre agentes econômicos, bem
como sobre os gastos do Governo. Além disso, influi na política monetária, no fluxo
de caixa e na concessão de crédito.

Você conhece o impostômetro? Acesse o site www.impostometro.com.br e


conheça a carga tributária sobre os produtos.

Política Cambial: Define o valor externo da moeda e controla os fluxos de


moeda estrangeira.

Política de renda: Controla os fatores de produção, como salários, encargos,


distribuição de resultados da atividade econômica, sistemas de preços etc.

Fonte: CAVALCANTE, 2009.

A partir do exposto, é importante registar que o futuro profissional do


mercado de capitais deverá manter-se atualizado sobre as principais
políticas defendidas pelo Governo, para orientar e facilitar seu processo de
tomada de decisão sobre investimentos.

Para quem deseja aprofundar-se mais sobre este tema, recomendamos


a seguinte obra: SECURATO, José Roberto & SECURATO, José Cláudio.
Mercado Financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 2. ed. São
Paulo: Saint Paul, 2007.

O Sistema Financeiro Nacional visa a aproximar os agentes detentores de


recursos (denominados superavitários) dos agentes que necessitam ou desejam
de recursos chamados (deficitários). Por isso, o Sistema Financeiro de cada
nação é sempre relacionado com o seu nível de desenvolvimento. O Sistema visa
o equilíbrio entre os ofertadores e tomadores de recursos.

29
Capítulo 2

Figura 2.1: Relação entre ofertados e tomadores de recursos e o Sistema Financeiro

Sistema Financeiro Tomadores de recursos


Ofertadores de recursos

Fonte: Elaborado pelo autor (2014).

O mau funcionamento do Sistema Financeiro gera problemas nos fluxos


monetários, cujas consequências, quando não solucionados, são de difícil solução,
levando a uma briga intensa pelos recursos financeiros, e, como consequência,
transferindo as atividades econômicas do setor privado para o setor público. Pois,
quando, por medo ou precaução, o setor privado se afasta da atividade produtiva,
prejudica a renda, e, consequentemente, a geração de empregos. Nesse caso,
para manter a economia equilibrada, o Governo então será obrigado a promover
políticas públicas para estimular o desenvolvimento econômico e social, como a
redução na taxa de juros e facilidade na concessão do crédito.

Você precisa concluir, então, que entre as principais funções desse sistema, estão
a de incentivar a poupança, a de transformar a poupança em créditos especiais
visando às atividades produtivas, e a de administrar essas aplicações, criando um
Mercado para elas de modo a levar o desenvolvimento da economia com um todo.

Seção 2
Instrumentos da Política Monetária

Emissão de moeda
A autoridade monetária intervém diretamente no Mercado monetário, contraindo
ou expandindo o volume de moeda na economia.

O poder dos bancos de criar moeda (escritural) deve-se em razão dos depósitos
e das retiradas não serem iguais. Assim, o banco poderá ficar por algum tempo
com o dinheiro que possui a mais que o dinheiro retirado para empréstimos.

Depósito Compulsório
São depósitos bancários que as instituições financeiras são obrigadas a depositar
no Banco Central. O objetivo é evitar que o volume de dinheiro em circulação no
país seja alto, o que poderia pressionar a inflação para cima.

30
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Para que serve o Depósito Compulsório?

O Banco Central utiliza a alíquota de recolhimento compulsório para


controlar a inflação, mas já usou para limitar a capacidade dos bancos de
usar o dinheiro para comprar dólares.

Quando o Banco Central eleva a alíquota dos depósitos compulsórios,


ele tira recursos de circulação, reduzindo o consumo, encarecendo os
empréstimos e, consequentemente, reduzindo a inflação. Pode utilizar
também para evitar o aumento da inadimplência.

Quando o BC reduz essa alíquota, ele permite injetar recursos no mercado,


ampliando o crédito, estimulando a produção, o consumo e a geração
novos empregos.

De acordo com o Banco Central do Brasil (2014), os recolhimentos compulsórios


e encaixes obrigatórios são utilizados como instrumento de política monetária e
creditícia, visando tanto ao controle do multiplicador da base monetária como à
seletividade das aplicações de recursos financeiros, isolada ou conjuntamente.

A atual política para o Recolhimento Compulsório contempla cinco modalidades


de recolhimentos compulsórios e encaixes obrigatórios e está definida nas
seguintes normas e alterações posteriores:

•• recolhimento compulsório e encaixe obrigatório sobre recursos à


vista: Circulares 3.274, de 2005, e 3.323, de 2006;
•• recolhimento compulsório e encaixe obrigatório sobre recursos a
prazo: Circulares 3.091, de 2002, e 3.468, de 2009;
•• recolhimento compulsório e encaixe obrigatório sobre depósitos de
poupança: Resolução CMN 3.932, de 2010;
•• Circulares 3.093, 3.094, 3.128, 3.130, de 2002;
•• exigibilidade adicional sobre depósitos: Circulares 3.144, de 2002, e
3.486, de 2010.

Existem os depósitos à vista, depósitos a prazo, caderneta de


Poupança e outros. Para cada tipo de depósito, são praticadas taxas
de compulsórios diferenciadas.

Efeito Multiplicador da Moeda


Veja como se multiplicam R$100,00 de depósito à vista em banco, supondo
encaixe (alíquota do depósito compulsório) de 10%.

31
Capítulo 2

Tabela 2.1 - Efeito Multiplicador da Moeda

EFEITO NOVO NOVO


COMPULSÓRIO
MULTIPLICADOR DEPÓSITO EMPRÉSTIMO

Depósito inicial 100 10 90

Depósito 1 90 9 81

Depósito 2 81 8,1 72,9

Depósito 3 72,9 7,29 65,61

Depósito 4 65,61 6,561 59,05

............................... ............. .................. ...................

Efeito total 1.000 100 900

Fonte: Cavalcante (2005).

Considerando a tabela apresentada, se você efetuou um depósito de R$ 100,00 no


Banco X, o Banco Central do Brasil retém 10% (referente à taxa de recolhimento do
depósito compulsório) desse empréstimo. Isso permite ao Banco X emprestar R$
90,00 para outro cliente. Quando o Banco X conceder este empréstimo de R$ 90,00
a outro cliente, gerará um depósito de R$90,00 e, portanto, novamente, o Banco
Central irá reter 10% desse depósito, permitindo o Banco X emprestar R$ 81,00
para um terceiro cliente. E assim por diante, até zerar.

Como se vê, um depósito de R$100,00 gera R$ 900,00 de empréstimos (o que


só seria conseguido com um depósito de R$1.000,00). O ciclo se encerra quando
o encaixe se iguala ao depósito inicial. Assim, quanto maior for o percentual do
compulsório menor será o efeito multiplicador.

Fórmula: 1
% Imposto compulsório

1/10% = 1/0,10 = 10

Para obter o resultado do efeito total da moeda da tabela 2.1, observe:

Multiplique o resultado encontrado do efeito multiplicador da moeda que, neste


exemplo, é 10, pelo valor do depósito inicial, que é R$ 100,00, ou seja R$ 100,00
x 10 = R$ 1000,00. Acompanhe a ilustração disso na tabela a seguir.

32
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

EFEITO NOVO NOVO


COMPULSÓRIO
MULTIPLICADOR DEPÓSITO EMPRÉSTIMO

Depósito inicial 100 10 90

Efeito total 1.000 100 900

Fonte: Adaptado de Cavalcante (2005).

Multiplique o resultado encontrado do efeito multiplicador da moeda que, neste


exemplo, é 10, pelo valor do depósito compulsório que, neste caso, é R$ 10,00.
Ou seja: 10 x R$ 10,00 = R$ 100,00.

Multiplique o resultado encontrado do efeito multiplicador da moeda, que, neste


exemplo, é 10, pelo valor do novo empréstimo, que é R$ 90,00. Ou seja: 10 x R$
90,00 = R$ 900,00. Dessa forma, um depósito inicial de R$100,00 gerou um total
de depósitos de R$ 1.000,00, ou seja, foi multiplicado por 10.

Redesconto

É outro instrumento da política monetária que o Banco Central do Brasil poderá


utilizar para a concessão de assistência Financeira a instituições do sistema
financeiro que apresentem problemas de liquidez.

A política para o Redesconto em vigor está definida nos artigos 4º, inciso XVII e
10, inciso V, da Lei 4.595, de 1964, na Resolução CMN 2.949, de 4.4.2002, e na
Circular 3.105, de 5.4.2002, com as respectivas atualizações.

Open Market – Mercado Aberto

É um dos instrumentos da política monetária que objetiva adequar o volume de


meios de pagamento às necessidades do Mercado.

De acordo com o Banco Central do Brasil, Meios de pagamento é um conceito


restrito de moeda - M, em que:

M1 Papel moeda em poder do público + depósitos à vista.

M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos


M2
por instituições depositárias.

M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas registradas no


M3
Selic.

M4 M3 + títulos públicos de alta liquidez.

33
Capítulo 2

Figura 2.2: Esquema representativo do funcionamento do Open Market

Esquema de operações Liquidez Liquidez Liquidez


de open market demasiada insuficiente eficaz

Liquidez eficaz

2 0
0
1
Banco Central Banco Central Liquidez volta
vende títulos compra títulos a ser eficaz
compra reais vende reais

Fonte: Cavalcante (2009).

Para compreender esse esquema, considere que:

•• No primeiro momento, o Sistema está com ótima liquidez.


•• No segundo momento, uma empresa aeroespacial exporta 10
aviões, no valor de 39 milhões de dólares cada. Troca os 390
milhões de dólares por reais, e deposita em seu banco. O Sistema
fica com liquidez em excesso.

Para manter o Sistema em equilíbrio, enxugando o excesso de dinheiro, o Banco


Central compra os reais do referido banco, vendendo a este títulos públicos federais.

•• No terceiro momento, uma empresa importa 100 milhões de dólares em


equipamentos industriais. Para isso, a empresa compra dólares com os
reais que tinha depositado no Banco. O banco sacado ficou com sua
liquidez comprometida. Para manter a liquidez deste, o Banco Central
vende os reais em falta no Banco, comprando deste títulos públicos
federais (os quais este banco havia comprado em outro momento).

Os próprios bancos poderão operar entre si, com a finalidade de manter o


Sistema em equilíbrio.

Funções do open Market

O Banco Central do Brasil compra e vende títulos públicos federais dando a estes
o efeito de quase-moeda, para otimizar a liquidez do Sistema financeiro. Com
isso, regula a taxa de juros e antecipa ações para controle de liquidez.

34
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Para os Bancos, as operações de open market são reserva secundária de alta


liquidez, ajustando em tempo real sua própria liquidez, permitindo remunerar as
disponibilidades de curtíssimo prazo.

Para as pessoas físicas ou jurídicas, o open market induz à aplicação de recursos


ociosos de curtíssimo prazo, otimizando a administração do caixa.

O open market funciona com base em uma rede nacional de negociadores de


títulos federais, chamados dealers.

O que é Spread Bancário?

É a diferença entre a taxa de aplicação e a taxa de captação dos bancos, O


spread, no Brasil, é um dos mais elevados do mundo.

Seção 3
Quais os principais órgãos que compõem o
SFN, sua estrutura e funcionamento?
De acordo com a obra TOP – Mercado de Valores Mobiliário Brasileiro, da Comissão
de Valores Mobiliários (2014), o atual Sistema Financeiro Brasileiro baseia-se,
principalmente, nas reformas bancária e do Mercado de Capitais (lei nº 4.595, de 31-
12-1964, e lei nº 4.728, de 14-7-1965), quando foram constituídos como autoridades
monetárias o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil.

Adicionalmente, em 1976, incorporou-se ao sistema a Comissão de Valores


Mobiliários, voltada à regulamentação do Mercado de Títulos Mobiliários não
emitidos pelo Sistema Financeiro.

Você precisa saber que, na teoria, essas autoridades monetárias citadas acima não
deveriam ser confundidas com instituições do Governo, tal como o Banco do Brasil.
Historicamente, o Banco do Brasil funcionou como emissor de moeda, auxiliando
no fechamento de contas entre as autoridades monetárias e o Tesouro Nacional.

Desde 1986, o Banco do Brasil vem gradativamente perdendo sua posição de


autoridade monetária, tendendo a tornar-se um banco com características comerciais.

As instituições que integram o Sistema Financeiro Nacional podem dividir-se em


três segmentos: Normativo, Supervisor e o Operativo.

•• Normativo – estabelece as normas.


•• Supervisor - supervisiona o cumprimento das normas estabelecidas.

35
Capítulo 2

•• Operativo – é constituído pelas instituições financeiras públicas ou


privadas que atuam no mercado financeiro (execução da prestação
de serviços dentro das diretrizes previamente definidas).

Já o Conselho Monetário Nacional é órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional


e não exerce função executiva. É composto, atualmente, por três membros:

•• Ministro da Fazenda (presidente);


•• Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão; e
•• Presidente do Banco Central do Brasil.

No CMN, funciona:

Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc), composta pelo Presidente


do Bacen, na qualidade de Coordenador, pelo Presidente da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), pelo Secretário Executivo do Ministério do Planejamento e

Orçamento, pelo Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, pelo Secretário de


Política Econômica do Ministério da Fazenda, pelo Secretário do Tesouro Nacional do
Ministério da Fazenda e por quatro diretores do Bacen, indicados por seu Presidente.

Está previsto o funcionamento também no CMN de comissões consultivas de


Normas e Organização do Sistema Financeiro, de Mercado de Valores Mobiliários
e de Futuros, de Crédito Rural, de Crédito Industrial, de Crédito Habitacional e
para Saneamento e Infraestrutura Urbana, de Endividamento Público e de Política
Monetária e Cambial.

Observe a composição dos órgãos normativos, das entidades supervisoras e dos operadores.

Quadro 2.1 – Composição dos órgãos normativos, das entidades supervisoras e dos operadores do SFN

Órgãos Entidades Operadores


Normativos Supervisoras

Instituições Demais
financeiras instituições
Banco Central do financeiras
captadoras de
Conselho Brasil - Bacen Outros intermediários
depósitos à
Bancos de
Monetário vista financeiros e
Câmbio
Nacional – administradores de
CMN Comissão recursos de terceiros
Bolsas
de Valores Bolsas de
demercadorias
Mobiliários - valores
e futuros
CVM
continua

36
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Órgãos Entidades Operadores


Normativos Supervisoras

Conselho Superintendência Entidades


Naciona de de Seguros Sociedades Sociedades de abertas de
Resseguradores
Seguros Privados - seguradoras capitalização previdência
Privados- CNSP Susep complementar

Conselho Superintendência
Nacional de Nacional de
Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de
Previdência Previdência
pensão)
Complementar - Complementar -
CNPC PREVIC

Fonte: Banco Central do Brasil (2014).

De acordo com o quadro 2.1, segue a descrição da composição dos órgãos


normativos, das entidades supervisoras e dos operadores do SFN.

Orgãos normativos do SFN


Os principais órgãos normativos são: Conselho Monetário Nacional - CMN,
Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP e Conselho Nacional
de Previdência Complementar – CNPC. Acompanhe, na sequência, a
apresentação de cada um desses.

1. Conselho Monetário Nacional - CMN


»» Quais as principais funções do Conselho Monetário Nacional?
Entre as funções do Conselho Monetário Nacional, estão: adaptar o volume
dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor
interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a
aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento
das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das
instituições financeiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária
e da dívida pública interna e externa. Não lhe cabe função executiva.

Essa função é delegada ao Banco Central do Brasil, que atua como órgão
executivo, e à Comissão de Valores Mobiliários, que tem a função de normatizar e
regulamentar o Mercado Acionário e de Balcão.

Com base no exposto acima, o Conselho Monetário Nacional estabelece


diretrizes e normas para o Sistema Financeiro, tendo como principal executor o
Banco Central do Brasil.

37
Capítulo 2

2. Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP


Responsável pelas diretrizes dos segmentos de seguros, capitalização e
previdência complementar aberta.

3. Conselho Nacional de Previdência Complementar – CNPC


Responsável pelas políticas dos fundos de previdência complementar fechados
(fundos de pensão).

Entidades supervisionadas pelo SFN


As entidades supervisionadas pelo SFN são: Banco Central do Brasil – BACEN,
Comissão de Valores Mobiliário - CVM, Superintendência de Seguros Privados
– SUSEP e Superintendência de Previdência Complementar – PREVIC. Na
sequência, a apresentação de cada uma delas.

1. Banco Central do Brasil – BACEN


Agora você talvez esteja imaginando a importância do Banco Central do Brasil
para o Mercado Financeiro, não é mesmo?

O BACEN é uma autarquia Federal com funções normativas e executivas


que constitui o ápice do Sistema Financeiro Nacional. Sua função é a de
operacionalizar as decisões adotadas no âmbito do Conselho Monetário Nacional,
principalmente, as relativas à execução da política monetária creditícia e cambial
dos Mercados Financeiros e de Capitais e de controle da dívida pública.

Entre as principais funções do BACEN, estão:

a. emitir papel-moeda e moeda-metálica, nas condições e limites


autorizados pelo Conselho Monetário Nacional e aprovados pelo
Congresso Nacional;
b. receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os
depósitos voluntários das instituições financeiras, bancárias e não
bancárias que operam no país;
c. realizar as operações de redesconto e empréstimo às instituições
financeiras que operam no país;
d. emitir títulos de responsabilidade própria, de acordo com condições
estabelecidas pelo CMN;
e. formular, executar e acompanhar a política monetária;
f. controlar as operações de crédito em todas as suas formas, no
âmbito do sistema financeiro;

38
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

g. formular, executar e acompanhar a política cambial e de relações


financeiras com o exterior;
h. organizar, disciplinar e fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional,
o Sistema de Pagamentos Brasileiro e o Sistema Nacional de
Habitação, e ordenar o mercado financeiro;
i. formular normas aplicáveis ao Sistema Financeiro Nacional;
j. conceder autorização para o funcionamento das instituições
financeiras e de outras entidades, conforme legislação em vigor;
k. fiscalizar e regular as atividades das instituições financeiras e
demais entidades por ele autorizadas a funcionar;
l. regulamentar, autorizar e fiscalizar as atividades das sociedades
administradoras de consórcios para a aquisição de bens;
m. normatizar, autorizar e fiscalizar as sociedades de arrendamento
mercantil, as sociedades de crédito imobiliário e as associações
de poupança e empréstimo, bem como regular todas as suas
operações;
n. normatizar as operações do Sistema Nacional de Crédito Rural
(SNCR), consolidar suas informações por meio do Registro Comum
das Operações Rurais (Recor) e administrar o Programa de Garantia
da Atividade Agropecuária (Proagro);
o. desenvolver trabalho de comunicação social, tanto de caráter
técnico – por meio de publicações, como o “Boletim Mensal”,
o “Relatório Anual”, as “Notas à Imprensa” e página da Internet
–, como de orientação, por meio de serviços de atendimento ao
público, instalados em todas as gerências administrativas regionais.

Agora você já conhece quais são as principais funções do Banco dos Bancos.

Para saber mais

A Secretaria do Tesouro Nacional realiza a gestão da dívida pública interna


e externa do Governo Federal. Você pode ter acesso a dados e relatórios
através do site da instituição.

2. Comissão de Valores Mobiliários – CVM


De acordo com a lei nº 6385, que a criou a Comissão de Valores Mobiliários, este
órgão exercerá suas funções a fim de:

39
Capítulo 2

•• assegurar o funcionamento eficiente e regular dos Mercados de


Bolsa e de Balcão;
•• proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões
irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas
controladores de companhias ou de administradores de carteira de
valores mobiliários;
•• evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas
a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores
mobiliários negociados no mercado;
•• assegurar o acesso do público a informações sobre valores
mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido;
•• assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no
Mercado de Valores Mobiliários;
•• estimular a formação de poupança e sua aplicação;
•• estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores
mobiliários;
•• promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do
Mercado de Ações e estimular as aplicações permanentes em Ações
do capital social das companhias abertas.

Embora a CVM tenha aperfeiçoado os mecanismos de acompanhamento,


controle e punições aos que cometem infrações no mercado, ainda está
distante da SEC americana.

Compare:

Duas realidades

Compare a CVM com sua congênere americana, a SEC(1)...

Orçamento anual (em dólares) Número de funcionários

CVM 60 milhões 500

SEC 1 bilhão 3 700

...e o tamanho dos mercados que cada uma tem de vigiar

Empresas listadas na bolsa Valor total das empresas (em dólares)

Bovespa 420 1 trilhão

Bolsa de Nova York 2 782 18,2 trilhões


(1) Securities and Exchange Commission

Fonte: Revista Exame. Ed. 0897, jul. 2007.

40
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Lá fora o cerco é mais fechado

O controle da SEC (órgão que regula o mercado de capitais americano) é mais rígido que o
da CVM (que rege o mercado brasileiro)

SEC CVM

Busca de dados

Um sistema armazena
dados sobre operações
realizadas por insiders, Não há sistema eletrônico de coleta e cruzamento de
que rapidamente informações. Os funcionários perdem tempo manipulando dados
são cruzados com a dispersos.
variação anormal do
valor das ações.

Transparência

Os dados de operações
realizadas por insiders
estão disponíveis na As informações de operações individuais de insiders deixaram de
internet - o que pode ser públicas em 2005 - sob a alegação de que os dados serviriam
dar a investidores e a ações de sequestradores.
analistas pistas de
atuações irregulares.

Quebra de sigilo

A instituição consegue
obter em até dois dias
A Justiça pode demorar até um ano para autorizar a quebra de
na Justiça autorização
sigilo bancário e telefônico - o que pode levar ao arquivamento de
para quebrar sigilo
casos por falta de prova.
bancário e telefônico do
investigado.

Punição

A comprovação de
uso de informação
A CVM pode demorar em média dois anos para concluir as
privilegiada pode levar
investigações e a Justiça outros dez anos para decidir pela prisão
um insider à cadeia em
do acusado.
até seis meses após o
início das investigações.

Fonte: EXAME, 2014.

Os dados explicitados mostram que, no Brasil, há uma morosidade na atuação


por parte dos órgãos reguladores, permitindo que, por falta de punição imediata,
os problemas de infração ética se propaguem e se agravem. O Brasil, atualmente,

41
Capítulo 2

encontra-se no 73º lugar no ranking dos países mais corruptos, de acordo com o
índice de transparência internacional. Isso precisa ser mudado. Acredita-se que a
escola seja fundamental no direcionamento da construção da ética de valores.

3. Superintendência de Seguros Privados – SUSEP


A Susep foi criada em 1966 pelo Decreto-Lei 73/66, que também instituiu o
Sistema Nacional de Seguros Privados, como órgão responsável pelo controle e
fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e
resseguro. É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda.

4. Superintendência de Previdência Complementar – PREVIC


A Previc atua como entidade de fiscalização e de supervisão das atividades
das entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) e de
execução das políticas para o regime de previdência complementar operado por
essas entidades. É uma autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social.

Operadores do SFN
Banco do Brasil

O Banco do Brasil é o mais antigo banco comercial do Brasil. Fundado em


1808, pelo príncipe regente Dom João VI, é uma sociedade de economia mista
de capital público e privado. É também uma empresa aberta que possui ações
cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA). O Banco do Brasil
opera como agente financeiro do Governo Federal e é o principal executor das
políticas de crédito rural e industrial.

Caixa Econômica Federal

É uma instituição Financeira pública, vinculada ao Ministério da Fazenda, criada


em 1861, por Dom Pedro II, com o propósito de incentivar a poupança e conceder
empréstimos sob penhor. É responsável pela operacionalização das políticas do
Governo Federal para habitação popular e saneamento básico, infraestrutura
e prestação de serviços. Além disso, a CEF também atende aos trabalhadores
formais, por meio do pagamento do FGTS, PIS e seguro-desemprego, e aos
beneficiários de programas sociais e apostadores das loterias.

Instituições Financeiras Monetárias

As instituições financeiras monetárias, ou bancárias, são aquelas autorizadas a


captar depósitos à vista do público.

Atualmente, apenas os Bancos Comerciais, a Caixa Econômica Federal, as


Cooperativas de Crédito e os Bancos Múltiplos com carteira comercial possuem
essa autorização.

42
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Bancos Comerciais

De acordo com a Resolução CMN 2.099/94, os Bancos devem ser constituídos sob
a forma de sociedade anônima (sociedade por ações) e na sua denominação social
deve constar a expressão “Banco”. Os Bancos Comerciais são as instituições
financeiras mais tradicionais, que operam uma rede de agências, captam depósitos
à vista, de livre movimentação, depósitos a prazo, e disponibilizam recursos para
financiar, a curto e médio prazo, às pessoas físicas e às empresas. Podem ser
instituições públicas ou privadas.

Bancos Múltiplos com carteira comercial

Criados em 1988, pela Resolução 1.524 do BACEN, os bancos múltiplos são


instituições financeiras autorizadas a se constituir com, no mínimo, duas dentre as
carteiras comercial, de investimento ou desenvolvimento, de crédito imobiliário,
de crédito financiamento e investimento, e de arrendamento mercantil, sendo
que uma delas deve ser obrigatoriamente comercial ou de investimento. Uma das
vantagens é que o Banco Múltiplo pode emitir um único balanço, embora possa
operar com diversas carteiras comerciais.

Cooperativas de Crédito

As sociedades cooperativas são uma forma societária, conforme previsto na Lei


5.764/71, em que as pessoas que dela participam comprometem-se a contribuir
com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito
comum, sem objetivo de lucro. As cooperativas de crédito, portanto, exploram
serviços financeiros a elas permitidos.

Demais Instituições Financeiras

Incluem as instituições financeiras não autorizadas a receber depósitos à


vista. Desenvolvem as operações típicas de um intermediário financeiro, como
captação de recursos e empréstimos, além da prestação de serviços financeiros.
Dividem-se em categorias, a depender do foco principal de atuação, das formas
permitidas de captação e aplicação dos recursos e da composição e controle
societário. Entre elas, podemos citar:

Agências de Fomento

De acordo com a resolução CMN 2,828, de 2001, as Agências de fomento são


instituições criadas pela Unidade da Federação que têm como objeto social financiar
capital fixo e de giro associado a projetos na Unidade da Federação onde tenham sede.

Associações de Poupança e Empréstimos

As associações de poupança e empréstimo são instituições constituídas sob a


forma de sociedade civil e de propriedade comum de seus associados, restritas

43
Capítulo 2

por região. Suas operações ativas são, em geral, de financiamento imobiliário.


Elas captam recursos pela emissão de letras e cédulas hipotecárias, depósitos
de cadernetas de poupança, depósitos interfinanceiros e empréstimos externos.
Os depositantes adquirem vínculo societário, e, por isso, são remunerados pelos
resultados operacionais da APE e não por juros.

Bancos de Câmbio

Deve constar a expressão “Banco de Câmbio”. Os bancos de câmbio são


instituições financeiras especializadas na realização de operações de compra
e venda de moeda estrangeira, transferências de recursos do e para o exterior,
financiamento de exportação e importação.

Bancos de Desenvolvimento

Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras públicas não federais,


constituídas sob a forma de sociedade por ações, com sede na capital do Estado
da Federação que detiver seu controle acionário. As principais operações ativas
são empréstimos e financiamentos, investimentos e arrendamentos mercantis
direcionados prioritariamente ao setor privado. Podem captar recursos de
terceiros provenientes de depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão
ou endosso de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de
debêntures e de Títulos de Desenvolvimento Econômico.

Bancos de Investimento

Os bancos de investimento são instituições financeiras especializadas em operações


estruturadas para empresas. Tais operações podem envolver participação acionária
ou societária de caráter temporário em empresas ou financiamentos, a médio e
longo prazo, para suprimento de capital fixo ou de giro, mediante a aplicação de
recursos próprios ou captados junto ao público. Possuem natureza privada, devem
ser constituídos sob a forma de sociedade por ações e adotar, obrigatoriamente, em
sua denominação social, a expressão “Banco de Investimento”. Não possuem conta-
corrente e captam recursos via depósito a prazo, repasses de recursos externos e
internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados. Além
de instituírem, organizarem e administrarem fundos de investimentos, administram
carteiras de títulos e valores mobiliários, assessoram negócios, realizam lançamentos
de ações de empresas e prestam outros serviços do gênero.

Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento

As sociedades de crédito, financiamento e investimento, ou financeiras, como


são conhecidas, são instituições financeiras privadas com o objetivo de prover
financiamentos para a compra de bens e serviços, e para capital de giro. Foram
instituídas pela Portaria do Ministério da Fazenda 309, de 30 de novembro de 1959.

44
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Sociedades de crédito imobiliário

As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras especializadas


em operações de financiamento imobiliário. Foram criadas pela Lei 4.380, de 21
de agosto de 1964, no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Outros Intermediários Financeiros

Sociedades de Arrendamento Mercantil

As sociedades de arrendamento mercantil são instituições que têm como


objetivo a realização de operações de arrendamento mercantil (leasing).
Nessa operação, o arrendador coloca um determinado bem à disposição
do arrendatário, para uso, durante um prazo específico, tendo em troca
uma contraprestação financeira. É uma espécie de locação, em que
o arrendatário, ao final do contrato, pode adquirir o bem por um valor
residual, devolvê-lo ao arrendador ou ainda renovar o contrato.

Sociedades Corretoras de Câmbio

As sociedades corretoras de câmbio são instituições que têm como


objeto social exclusivo a intermediação em operações de câmbio e
a prática de operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes.
Deverá ser constituída sob a forma de sociedade por ações ou por
quotas de sociedade limitada e em sua denominação social deve
constar, obrigatoriamente, a expressão “corretora de câmbio”. São
supervisionadas pelo Banco Central do Brasil.

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários

São instituições financeiras com múltiplas funções e, até o início de


março de 2009, com a edição da Decisão-Conjunta BACEN/CMV N°
17 (conforme mencionado no item abaixo), eram as únicas autorizadas
a operar em Bolsas de Valores. Necessitam de autorização prévia do
Banco Central do Brasil para serem constituídas, estando sujeitas à
fiscalização da própria Bolsa de Valores, da CVM e do Banco Central.
Sua principal atividade é a execução de ordens de compra e de venda
de ativos para seus clientes. Podem auxiliar o investidor na medida
em que disponibilizam para seus clientes informações provenientes
de seus departamentos técnicos ou de análises de terceiros. Podem
também administrar Fundos de Investimentos. Em geral, cobram taxas

45
Capítulo 2

e comissões por seus serviços. As sociedades corretoras de títulos e


valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade por ações
ou por quotas de responsabilidade limitada.

Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários

São instituições financeiras também autorizadas a funcionar pelo Banco


Central do Brasil e pela CVM, atuando na intermediação de títulos e valores
mobiliários. Possuem diversas funções, em especial, atividades relacionadas
ao mercado de capitais.

Até o início de março de 2009, as Sociedades Distribuidoras de Títulos


e Valores Mobiliários não estavam autorizadas a operar em Bolsas de
Valores e, quando o faziam, operavam por meio de uma Corretora de
Valores. Contudo, em 02.03.2009, a Decisão-Conjunta BACEN/CVM N°
17 estabeleceu que as Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores
Mobiliários ficariam autorizadas a operar diretamente nos ambientes e
sistemas de negociação dos mercados organizados de Bolsa de Valores.

Da mesma forma que as Corretoras, as Distribuidoras de Valores cobram


taxas e comissões por seus serviços. São constituídas sob a forma
de sociedades por ações ou por quotas da sociedade limitada e, em
sua denominação social, deve constar obrigatoriamente a expressão
“Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários”.

Instituições Auxiliares

Também compõem o Sistema Financeiro Nacional, como operadores


auxiliares, as entidades administradoras de mercados organizados de
valores mobiliários, como Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, de
Balcão Organizado, assunto que será tratado em capítulo específico.

A Bolsa de Valores oferece um ambiente de negociação que facilita


o encontro entre compradores e vendedores de ativos, além de
oferecer transparência nos preços das ofertas e segurança no
processo de liquidação.

Instituições do Segmento de seguros, capitalização e previdência

Além das entidades relacionadas acima, também integram o SFN as


sociedades seguradoras, as sociedades de capitalização, as entidades
abertas de previdência complementar e os fundos de pensão.

46
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Sociedades Seguradoras

As sociedades seguradoras são especializadas nos contratos de seguros,


por meio dos quais assumem a obrigação de indenizar o contratante
(segurado), ou a quem este designar, caso o risco indicado no contrato
venha a ocorrer. Recebe, para isso, o prêmio estabelecido. São
constituídas sob a forma de sociedades por ações.

Sociedades de Capitalização

As sociedades de capitalização negociam os contratos ou títulos de


capitalização, em que os contratantes comprometem-se a depositar,
periodicamente e durante prazo estabelecido, prestações pecuniárias,
para, ao fim do prazo contratado, resgatar parte dos valores corrigidos por
uma taxa estabelecida contratualmente. Quando previsto, os contratantes
têm, ainda, o direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro. Essas
sociedades são constituídas sob a forma de sociedades por ações.

Entidades Abertas de Previdência Complementar

As Entidades Abertas de Previdência Complementar -EAPCs- têm


por objetivo instituir e operar planos de benefícios previdenciários,
direcionados a quaisquer pessoas físicas. Esses benefícios podem ser
concedidos na forma de renda continuada ou de pagamento único. As
EAPCs são constituídas sob a forma de sociedades por ações.

Fundos de Pensão

As entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)


também têm por objetivo operar planos previdenciários, porém são
acessíveis somente aos empregados de uma empresa ou grupo de
empresas ou aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de
caráter profissional, classista ou setorial. São organizados sob a forma
de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos. No que diz respeito
à aplicação dos recursos, as entidades de previdência fechada estão
sujeitas às regras estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, na
Resolução 3.121, de 25 de setembro de 2003. Também são regidas pela
Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001.

Fonte: TOP – Mercado de Valores Mobiliário Brasileiro, da Comissão de Valores Mobiliários (2014).

47
Capítulo 2

Seção 4
FGC - Fundo Garantidor de Crédito Origens
A partir da década de 90, as autoridades monetárias no mundo demonstram
preocupação com a estabilidade do Sistema Financeiro, implantando
mecanismos de controle e proteção ao Sistema visando oferecer aos
depositantes maior confiança e solidez.

O Brasil seguiu essa tendência.

Em agosto de 1995, através da Resolução 2.197, de 31.08.1995, o Conselho


Monetário Nacional – CMN - autoriza a "constituição de entidade privada, sem
fins lucrativos, destinada a administrar mecanismos de proteção a titulares de
créditos contra instituições financeiras".

Em novembro de 1995, o Estatuto e Regulamento da nova entidade são


aprovados. Cria-se, portanto, o Fundo Garantidor de Créditos - FGC,
associação civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica de direito
privado, através da Resolução 2.211, de 16.11.1995.

Objetos de garantias do FGC no Brasil

São objeto da garantia proporcionada pelo FGC os seguintes Créditos:

I Depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio;

II Depósitos de poupança;

Depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado - RDB (Recibo de Depósito


III
Bancário) e CDB (Certificado de Depósito Bancário);

Depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques destinadas ao


IV registro e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de serviços de
pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares;

V Letras de câmbio - LC;

VI Letras imobiliárias - LI;

VII Letras hipotecárias - LH;

VIII Letras de crédito imobiliário - LCI;

IX Letras de crédito do agronegócio - LCA;

Operações compromissadas que têm como objeto títulos emitidos após 8 de março
X
de 2012 por empresa ligada.

48
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Não são cobertos pela garantia ordinária os demais créditos, incluindo:

Os depósitos, empréstimos ou quaisquer outros recursos captados ou levantados no


I
exterior;

II As operações relacionadas a programas de interesse governamental instituídos por lei;

III Os depósitos judiciais;

Qualquer instrumento financeiro que contenha cláusula de subordinação, autorizado


ou não pelo Banco Central do Brasil a integrar o patrimônio de referência das
IV
instituições financeiras e das demais instituições autorizadas a funcionar pela referida
Autarquia.

Fonte: http://www.fgc.org.br/

Recomendamos consultar o site: http://www.fgc.org.br/ para manter-se atualizado


sobre os valores que são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito e os tipos de
investimentos que são assegurados.

Lembre-se: O investimento no mercado acionário não possui as garantias do


Fundo Garantidor de Crédito porque é um mercado de risco. O mesmo ocorre
com os fundos de renda variável. Consulte sempre o seu agente financeiro para
conhecer as garantias oferecidas ou não pelo Fundo Garantidor de Crédito para não
ter surpresas desagradáveis por falta de conhecimento.

Seção 5
O que é Coaf?
O Coaf, Conselho de controle de atividades financeiras, é um órgão de
deliberação coletiva com jurisdição em todo território nacional, criado pela Lei
nº 9.613, de 3 de março de 1998.

Tem como missão: Prevenir a utilização dos setores econômicos para


a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, promovendo a
cooperação e o intercâmbio de informações entre os Setores Público e Privado.

Principais funções do Coaf:

•• coordenar e propor mecanismos de cooperação e troca de informações que


viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à “lavagem” de dinheiro;

49
Capítulo 2

•• receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividade


ilícitas, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades;
•• disciplinar e aplicar penas administrativas;
•• comunicar às autoridades competentes a existência de crimes
previstos na Lei, para a instauração dos procedimentos cabíveis.

Lavagem de dinheiro

O que é lavagem de dinheiro?

Conceito legal: ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,


disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, de crime.

Conceito simples: transformar recursos ganhos por meio de atividades


ilegais em ativos de origem aparentemente legais.

Consequências econômicas e Sociais da lavagem de dinheiro:

•• Setor privado → competição desleal.


•• Mercado financeiro → dificuldades em gerenciar ativos, passivos e
operações; danos à reputação e problemas legais.
•• Política econômica → perda do controle da política econômica,
dependendo do montante envolvido na lavagem de dinheiro.
•• Política social → desordem, caos.

Fases da lavagem do dinheiro:

A primeira é a colocação, que consiste em:

•• O dinheiro em espécie gerado por atividades ilícitas é colocado no


sistema financeiro, na economia de varejo ou é contrabandeado
para fora do país de origem.
•• Visa remover o dinheiro do seu local de aquisição, dificultando a
detecção da atividade que o gerou pelas autoridades competentes.

50
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

A segunda é a ocultação, a qual:

•• Visa encobrir ou disfarçar todo o rastro que o dinheiro “sujo” possa


deixar, criando transações financeiras para estabelecer o anonimato
dos verdadeiros donos dos recursos.
•• Utilizam, preferencialmente, a movimentação de recursos por
meio eletrônico, transferindo-os para “contas de aluguel”, contas
anônimas ou contas “fantasmas”, principalmente em países
amparados por leis de sigilo bancário.

E a terceira e última fase da lavagem de dinheiro é a integração, em que:

•• O dinheiro é formalmente incorporado ao patrimônio dos criminosos,


sendo aplicado em investimentos que facilitem suas atividades.
•• Assim, o dinheiro “sujo” torna-se legítimo, pois terá sido incorporado
em transações legais.
•• Nesta etapa, é extremamente difícil distinguir riqueza legal e
riqueza ilegal.

Cada vez mais o Coaf tem agido para inibir este tipo de crime que é
totalmente nocivo a sociedade.

51
Capítulo 2

Seção 6
Acordo da Basiléia
O Acordo da Basiléia, denominado International Convergence of Capital
Measurement and Capital Standards, também designado por Acordo de Basilia ou
Basilia I, foi um acordo firmado em 1988, na cidade de Basilia (Suíça).

O acordo define o mínimo necessário de capital (patrimônio dos acionistas) que


os bancos têm que reservar para fazer frente às perdas inesperadas decorrentes
dos riscos de mercado e crédito.

Em 2004, o Comitê da Basiléia lançou um novo documento em substituição ao


acordo de 1988, o Basileia II.

Evolução dos acordos da Basiléia

Basileia I - introduziu a definição do capital regulamentar em dois níveis e


estabeleceu o requerimento de um valor mínimo de capital a ser alocado.

Basileia II - manteve a definição do capital e introduziu o conceito dos três pilares


(requerimento de capital, interação com a autoridade supervisora e disciplina
de mercado por meio da transparência), além de estender o requerimento de
capital aos riscos de mercado e operacional.

Comitê da Basileia

O Comitê é formado por representantes das autoridades de supervisão bancária


e de bancos centrais dos seguintes países: Argentina, África do Sul, Alemanha,
Arábia Saudita, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Coréia, Espanha,
Estados Unidos, França, Hong Kong, Índia, Holanda, Indonésia, Itália, Japão,
Luxemburgo, México, Reino Unido, Rússia, Singapura, Suécia, Suíça e Turquia. O
Comitê se reúne no Banco de Compensações Internacionais (BIS), na cidade de
Basileia, Suíça, onde seu secretariado está localizado.

Principais medidas da Basileia III

I. definição de capital mais rigorosa, visando fundamentalmente


ampliar a capacidade de absorver perdas;
II. harmonização internacional da definição do capital;
III. ampliação da transparência quanto à composição do capital;
IV. criação de duas modalidades de capital suplementar (buffers)
que incentivam as instituições financeiras a acumularem reservas
adicionais de capital em períodos de rápida expansão do ciclo
econômico para serem utilizadas em momentos de estresse;

52
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

V. ampliação do escopo dos riscos capturados pela estrutura de


capital;
VI. introdução do Índice de Alavancagem, a ser aplicado como medida
complementar ao requerimento mínimo de capital;
VII. adoção de requerimentos mínimos quantitativos para a liquidez (em
estudo e análise).

Impactos da Basileia III no Brasil

De acordo com o Banco Central do Brasil, as simulações realizadas mostram que


a grande maioria das instituições do SFN pode, mesmo mantendo crescimento
expressivo da carteira de crédito, se adaptar sem esforço significativo aos novos
padrões de Basileia III.

53
Capítulo 3

Títulos e valores mobiliários

Habilidades Nesta unidade serão apresentados os conceitos


relacionados a Títulos e Valores Mobiliários oportunizando
a compreensão deste tema, considerado essencial para
se operar no mercado financeiro. Por isso, por meio
deste capítulo, será possível: entender o que é um título;
compreender o que são valores mobiliários; entender o
que é um fundo de investimento e as taxas que incidem
sobre essas aplicações; conhecer as características
das debêntures e sua importância para a captação de
recursos para as empresas.

Seções de estudo Seção 1:  Definição de título e algumas classificações


Seção 2:  Caracterização de valores mobiliários
Seção 3:  O que são fundos de investimentos? E quais os
tipos?
Seção 4:  O que são debêntures?

55
Capítulo 3

Seção 1
Definição de título e algumas classificações
Você já estudou que títulos são papéis que pagam taxas de juros numa data
futura ao seu possuidor. E que título de renda fixa é um exemplo de como é
realizada uma operação de empréstimo em que o tomador do dinheiro oferece um
papel como comprovante da operação, fixando juro, prazos e condições para a
devolução do capital ao possuidor do título, não é mesmo?

Lembre-se de que os títulos podem ser públicos, quando emitidos por órgãos de
Governo, ou privados, se emitidos por empresas ou instituições financeiras privadas.

Em relação ao rendimento, podem ser pré-fixado, pós-fixado, misto ou atrelado ao dólar.

Pois bem, saiba que nos títulos pré-fixados a taxa de juro é conhecida. Ao comprar o
título, o investidor já sabe quanto vai receber no vencimento. No pós-fixado, o título é
corrigido pelo índice de inflação ou taxa de juro vigente na data do pagamento.

Outra diferença que você pode observar é entre título de renda fixa e título de
renda variável. Nos títulos de renda fixa, o valor dos rendimentos é estabelecido
por meio de contrato, enquanto nos títulos de renda variável, é incerto,
dependendo do comportamento do ativo escolhido.

Nesse caso, é importante ressaltar que os títulos de renda fixa embutem um risco
menor do que os títulos de renda variável para o seu possuidor.

Agora que você retomou alguns conceitos importantes sobre títulos, siga para o
estudo da caracterização de valores mobiliários.

Seção 2
Caracterização de valores mobiliários
Você sabia que valores mobiliários também são títulos ou contratos que dão
direito de participação, de parceria ou mesmo de remuneração a seu possuidor,
cujos rendimentos se originam do esforço de terceiros?

Pois é, as Ações e as debêntures são exemplos de renda variável que, quando


ofertadas publicamente, são regidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

O conceito de valor mobiliário é altamente relevante para o mercado. Se


determinado título for considerado um valor mobiliário, significa dizer que ele
deve se sujeitar às regras e à fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários.

56
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Isso implica uma mudança significativa na forma como esses títulos podem ser
ofertados e negociados no mercado.

Na Medida Provisória 1637, de 08 de janeiro de 1998, procurou-se


conceituar valor mobiliário de forma mais ampla, com o intuito de abranger
boa parte das modalidades de captação pública de recursos.

De acordo com essa definição, “são valores mobiliários, quando ofertados


publicamente, quaisquer títulos ou contratos de investimento coletivo
que gerem direito de participação, de parceria ou remuneração, inclusive
resultante da prestação de serviços, cujos rendimentos advém do esforço
do empreendedor ou de terceiros" (CVM, 2014).

A Lei 10303/2001 incorporou esse conceito ao artigo 2º da Lei 6385/76, que


atualmente vigora com a seguinte redação:

“Art. 2o São valores mobiliários sujeitos ao regime desta Lei:


I - as ações, debêntures e bônus de subscrição (quando a empresa
lança novas ações para serem comercializada no mercado);
II - os cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de
desdobramento relativos aos valores mobiliários referidos no inciso II;
III - os certificados de depósito de valores mobiliários;
IV - as cédulas de debêntures;
V - as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou
de clubes de investimento em quaisquer ativos;
VI - as notas comerciais;
VII - os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos
ativos subjacentes sejam valores mobiliários;
VIII - outros contratos derivativos, independentemente dos ativos
subjacentes; e
IX - quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos
ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de
participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante
de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço
do empreendedor ou de terceiros.”

§ 1o Excluem-se do regime desta Lei:


I - os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal;
II - os títulos cambiais de responsabilidade de instituição
financeira, exceto as debêntures. (grifo nosso)

57
Capítulo 3

De fato, em relação aos títulos que não são mobiliários e citados no texto dessa
lei, temos que, se a captação é feita por entes governamentais ou por instituições
financeiras (regulamentadas pelo Banco Central do Brasil), com a responsabilidade
destas, não há razões para se pleitear a tutela da Comissão de Valores Mobiliários.

Seção 3
O que são fundos de investimentos? E quais os
tipos?
Fundos de investimento são condomínios constituídos com o objetivo de realizar
a aplicação coletiva dos capitais de seus participantes. São regidos por um
regulamento e têm uma assembleia geral dos participantes para a análise do
investimento dos recursos.

Os fundos de investimento em títulos e valores mobiliários constituem-se numa


alternativa de aplicação por parte do pequeno investidor e têm a finalidade de
captar e investir recursos no Mercado de Capitais.

O investimento se dá por meio da emissão de cotas. Reúnem-se aplicações de


vários indivíduos para investimento em carteiras de títulos e valores mobiliários.

A gestão do fundo pode ser realizada pelo próprio administrador do fundo


ou pode ser terceirizada, isto é, realizada por uma pessoa física ou jurídica
contratada especialmente para essa finalidade. Esse é o gestor da carteira.

As informações relevantes de um fundo de investimento devem ser repassadas a


todos participantes do fundo.

Você precisa entender que existem dois tipos de fundos:

•• fundos de investimento financeiro (FIF): regulamentados e


fiscalizados pelo Banco Central do Brasil, estando direcionados
às áreas de commodities, taxas de juros interbancárias e outras
modalidades;
•• fundos de investimento em títulos e valores mobiliários, que sucederam
os fundos mútuos de Ações – carteira livre, regulamentados e
fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM.

De acordo com a CVM, eis os benefícios oferecidos pelos fundos de investimento


para o investidor:

58
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

1. Acesso a modalidades de investimento que, pelo volume de recursos


envolvidos, não estariam ao alcance de investidores individuais,
especialmente os de menor capacidade financeira, aumentando,
assim, a quantidade de alternativas de investimento disponíveis.
A formação de uma carteira diversificada de Ações e outros ativos
requer um volume de recursos que, na maioria das vezes, é superior
às disponibilidades do pequeno investidor;
2. Diluição, entre os participantes, dos custos de administração
da carteira, com destaque àqueles relacionados à seleção dos
ativos, que, normalmente, não são acessíveis aos investidores
individualmente.
3. Assegurar ao investidor a comodidade de ter os seus investimentos
administrados profissionalmente, sem que ele tenha que dominar a
utilização de sofisticado instrumental de análise e acessar diferentes
fontes de informação, requeridas para a administração profissional
de uma carteira de investimentos.

De acordo com o livro TOP – CVM (2014), a indústria de fundos de investimento no


Brasil possui um volume de investimento bastante significativo, com mais de dois
trilhões de reais distribuídos em um total de mais de 14.000 fundos de investimentos.

Vantagens e limitações nos fundos de investimentos


As vantagens de aplicar nos fundos de investimentos dizem respeito à seleção,
que congrega perfis semelhantes, possui uma gestão profissionalizada, permite
a diversificação da carteira, acesso a novos mercados com custos menores e
facilidade de resgate.

Já as limitações estão relacionadas ao fato de que o investidor está delegando


para terceiros a administração de seu investimento e submetendo-se às decisões
provenientes das assembleias dos cotistas.

Os fundos de investimentos têm algumas taxas, tais como:

a. Taxa de Administração – valor cobrado para remunerar o gestor


do fundo. Cada fundo possui uma taxa diferente. Cabe ao investidor
perguntar antes de investir e decidir se está disposto a pagar essa taxa.
b. Taxa de performance – é comum a cobrança de uma taxa de
performance em aplicações de fundo de renda variável ou de ativos
de maior risco, quando a rentabilidade do fundo supera o valor
do indicador utilizado como referência (benckmark) . Por exemplo,

59
Capítulo 3

suponha que o investidor tenha um retorno esperado de 10% de


sua aplicação, tendo como referência a taxa SELIC. Cada tipo de
aplicação tem o seu próprio benckmark. Caso o investidor obtenha um
retorno de 15%, será cobrado, pela instituição financeira, uma taxa de
performance porque o rendimento superou a expectativa prevista.
c. Taxa de entrada e taxa de saída – alguns fundos cobram uma taxa
no início da aplicação e outra no resgate. Vale conferir!
d. Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) - O imposto sobre
operações financeiras (IOF) incide apenas sobre os resgates
realizados em um período inferior a trinta dias à data da aplicação
dos recursos, ou seja, o investidor que deixar o dinheiro aplicado
em um fundo de investimento por menos de um mês terá que pagar
IOF. A alíquota de IOF varia de acordo com o número de dias que
o dinheiro do investidor permaneceu aplicado, variando de 96% a
0% sobre o total de rendimento do investimento. Os investimentos
com prazo superior a trinta dias são isentos da cobrança de IOF.
Consulte o seu gerente para esclarecer essa questão antes de sua
tomada de decisão.
e. Imposto de Renda (IR) - A alíquota de imposto de renda (IR) varia
de acordo com o tipo de fundo de investimento e incide sobre o
total de rendimento das aplicações.

O imposto de renda que incide sobre os fundos de investimento de ações


é cobrado sobre o rendimento bruto do fundo no momento do resgate.
Independente do prazo de aplicação, uma alíquota de IR de 15% incide sobre o
total da rentabilidade.

Os fundos de investimento de curto prazo estão sujeitos à incidência de imposto


de renda na fonte. A alíquota de IR que incide sobre os fundos de investimento de
curto prazo é de 22,5% sobre o lucro obtido em aplicações de até 180 dias e de
20% em aplicações acima de 180 dias. Para fins de tributação, são considerados
fundos de investimento de curto prazo aqueles cuja carteira de títulos tenha prazo
médio igual ou inferior a 365 dias.

Os fundos de investimento de longo prazo também estão sujeitos à incidência


de imposto de renda na fonte. A alíquota de IR que incide sobre os fundos de
investimento de longo prazo é de 22,5% sobre o lucro obtido em aplicações de
até 180 dias, de 20% em aplicações de 181 a 360 dias, de 17,5% em aplicações
de 361 a 720 dias, e de 15% em aplicações acima de 720 dias. Para fins de
tributação, são considerados fundos de investimento de longo prazo aqueles cuja
carteira de títulos tenha prazo médio igual ou superior a 365 dias.

60
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Consulte o site da Secretaria da Receita Federal para manter-se atualizado sobre


essas taxas.

Lembre-se: Os fundos de investimentos não possuem a garantia do Fundo


Garantidor de Crédito.

Seção 4
O que são debêntures?
Debêntures são títulos, com garantia própria, que conferem ao seu titular direito
de crédito contra o emitente, sobre o valor nominal e os juros nela estabelecidos.

Ressalta-se que, por ser um título com características de longo prazo, a


debênture geralmente apresenta custos de captação significativamente menores
em relação aos empréstimos bancários.

As debêntures podem ser conversíveis em ações (é permitido permutar por ações


da empresa), caso não tenha sido quitado “o empréstimo” no prazo estabelecido
e não conversíveis em ações. Nesse caso, a empresa deverá honrar seus
compromissos, respeitando o contrato de emissão das debêntures.

As debêntures são valores mobiliários de renda fixa que podem


ser emitidos por sociedades de capital aberto ou fechado.
Entretanto, para que sejam distribuídas publicamente, devem ser
emitidas por companhias de capital aberto, com prévio registro
na CVM – Comissão de Valores Mobiliários.

Em relação à forma, as debêntures podem ser denominadas:

•• nominativas – são aquelas que o crédito do possuidor do título pode


ser representado por um certificado, mas a propriedade se concretiza
pelo registro da transação no livro de registro da empresa emitente;
•• escriturais – são aquelas que a custódia e escrituração são
realizadas por uma instituição financeira autorizada pela Comissão
de Valores Mobiliários. A transferência dessa debênture é realizada
pelo lançamento realizado por uma instituição financeira.

É importante conhecer previamente as características de cada tipo de produto em


que se pretende investir, bem como taxas, expectativa de retorno e riscos envolvidos

61
Capítulo 4

Mercado Acionário

Habilidades Com o estudo desse capítulo você será capaz de:

•• Distinguir o que são Ações, seus tipos e formas;


•• Entender as modalidades operacionais dos Mercados;
•• Saber calcular e interpretar os índices da Bolsa de
Valores;
•• Compreender o funcionamento do Mercado primário
e secundário;
•• Entender a função do Mercado Acionário no
contexto macroeconômico;
•• Calcular o retorno e o retorno real (Modelo de Gordon);
•• Efetuar ajustes das cotações.

Seções de estudo Seção 1:  O que são ações, seus tipos e formas?
Seção 2:  Qual a função do Mercado primário e secundário
de ações?
Seção 3:  Como se dá o funcionamento das modalidades
operacionais à vista, a termo e opções?
Seção 4:  Ibovespa e demais índices setoriais
Seção 5:  Qual a influência do Mercado Acionário no
contexto macroeconômico?
Seção 6:  Considerações sobre a eficiência de Mercado.
Seção 7:  Modelo de Análise de Retorno (Modelo de Gordon)
Seção 8:  Cálculo do Ajuste de cotações: P ex/B; P ex/D e
P ex/S.

63
Capítulo 4

Seção 1
O que são Ações, seus tipos e formas?
Você sabe que ações são títulos de renda variável, emitidos por sociedades
anônimas e representam a menor fração de capital social de uma empresa?

Pois então, saiba que esse valor mobiliário dá direito de propriedade a seu
possuidor de parte de uma empresa. Já a sua rentabilidade, é variável e
determinada pelo lucro obtido pela empresa, que é em parte distribuído ao
acionista por meio dos dividendos. O restante é adicionado ao patrimônio
líquido da empresa, que terá mais capacidade de produção e, como
consequência, maiores chances de aumentar seus lucros.

Quais são os tipos de Ações?

Em relação aos tipos de Ações, existem as Ordinárias e as Preferenciais:

•• as Ordinárias proporcionam e conferem ao seu titular participação


nos resultados da empresa, e, ainda, o direito de voto nas
assembleias gerais dos acionistas;
•• as Preferenciais garantem e conferem ao acionista prioridade no
Prooridade no
recebimento de dividendos e no reembolso de capital,
recebomento no caso de dissolução da empresa. Entretanto, não dão
dos dividendos ao titular o direito de voto nas assembleias gerais de
correspondente a, no
acionistas. Além disso, dão o direito ao recebimento de
mínimo, 3% do valor
do patrimônio líquido dividendos, por ação preferencial, pelo menos 10% maior
da ação do que o atribuído a cada ação ordinária.
Exceção: no caso do não pagamento de dividendos
aos acionistas por três exercícios consecutivos, a ação
preferencial passa a conferir o direito de voto nas assembleias. Outra exceção:
no caso de constar no estatuto da empresa, confere-se ao titular da ação
preferencial o direito de voto.

E em relação à forma, como as Ações são denominadas?

Em relação à forma, as ações podem ser denominadas em:

•• nominativas – são certificadas contendo o nome do acionista, e a


transferência é realizada com a entrega e averbação do certificado
em livro próprio da empresa, reconhecendo o novo acionista;

64
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

•• escriturais – funcionam como uma conta-corrente, no qual as


transferências são realizadas a crédito ou a débito do acionista, não
havendo necessidade de tramitação física de documentos.

Segundo a legislação brasileira, existem outros tipos de ações, denominada ação


de fruição ou de gozo e ação de gold ou de ouro.

•• Ação de fruição ou de gozo - são ações de posse e propriedade


dos fundadores da empresa, já amortizadas. Segundo Cavalcanti
(2005), não são objeto de negociação.
•• Ação de gold ou de ouro - Golden Share – é um tipo de ação
especial que pertence à República Federativa do Brasil. Possui os
mesmos direitos de voto dos detentores das Ações Ordinárias.

Exemplo: Consideranda uma empresa estratégica, a Embraer, após ser privatizada,


o Governo Federal ficou apenas com uma ação denominada de Golden Share, com
direito de veto em relação às seguintes ações sociais:

• Mudança de denominação da Companhia ou de seu objeto social;

• Alteração e/ou aplicação da logomarca da Companhia;

• Criação e/ou alteração de programas militares, que envolvam ou não a


República Federativa do Brasil;

• Capacitação de terceiros em tecnologia para programas militares;

• Interrupção de fornecimento de peças de manutenção e reposição de


aeronaves militares;

• Transferência do controle acionário da Companhia.

• Quaisquer alterações: (i) as disposições do artigo 9º, do art 4º, do caput do art.
10, dos arts. 11, 14 e 15, do inciso III do art. 18, dos parágrafos 1º e 2º do art.
27, do inciso X do art. 33, do inciso XII do art. 39 ou do Capítulo VII; ou ainda (ii)
de direitos atribuídos pelo Estatuto à ação de classe especial.

Fonte: Embraer (2011). (Relações com investidores).

Expectativas dos resultados das ações


Primeiro: Resultado da Empresa

a. Dividendos – são pagos em dinheiro e representam parte do


lucro da empresa, que são distribuídos aos acionistas. Segundo

65
Capítulo 4

a legislação brasileira, 25% do lucro deverá ser distribuídos aos


acionistas. É facultado distribuir um percentual maior. Em razão
do lucro da empresa já ter sido tributado, os dividendos são
isentos do imposto de renda.
Pesquise nos sites das empresas com ações listadas na Bolsa e descubra as
empresas que são ótimas pagadoras de dividendos.

b. Juros sobre o capital – equivalem ao pagamento dos dividendos,


porém, são dedutíveis do lucro tributável da empresa. Nesse caso,
os juros sobre o capital são tributados em 15% na fonte.
O acionista recebe da empresa juro quando esta divulga que irá distribuir Juros
sobre o capital. Cada acionista receberá esses “juros” creditado em sua corrente,
de acordo com a quantidade de ações que possui. Sobre os valores creditados
para os acionistas mediante a distribuição do Lucro da Empresa denominado
Juros sobre o Capital, incidem 15% do Imposto de Renda na Fonte que será
pago pelo acionista. Quando a empresa distribui o lucro através da distribuição de
dividendos, o acionista não paga imposto renda, uma vez que, nesta operação, o
Imposto de Renda é isento.

c. Bonificações – quando a empresa capitaliza suas reservas ou


aumenta o valor estatutário das ações. Significa dizer que são
ações emitidas e distribuídas aos acionistas, de forma proporcional
à quantidade possuída pelo acionista. Nesse caso, o aumento de
capital aprovado pela assembleia irá incorporar o montante de
ações que o acionista possui.
d. Subscrição – lançamento de ações novas, cujo acionista poderá
adquirir proporcionalmente a quantidade que já possui.

Segundo: Resultado do Mercado

•• Lucro na venda – denominado ganho de capital comparado à data


da compra e à data da venda.
Essa diferença poderá ser positiva ou negativa.

De acordo com Cavalcante (2009), as empresas apresentam valores monetários


diferentes, de acordo com o critérios utilizados.

1. Contábil – valor registrado no estatuto e nos livros da empresa.


2. Patrimonial – valor do patrimônio líquido do exercício, dividido pelo
número de ações emitidas.

66
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

3. Econômico – valor patrimonial apurado mediante avaliação pericial


para fins de reembolso. Neste cálculo ,considera-se a expectativa
da rentabilidade futura.
4. Intrínseco – valor calculado através da Análise Fundamentalista.
5. De liquidação – valor estimado no caso de encerramento das
atividades da empresa.
6. Valor Unitário – quociente entre o valor do capital social realizado de
uma empresa e o número de ações emitidas.
7. De subscrição – preço fixado de emissão de novas ações
(subscrições) para o aumento de capital. Este valor fixado no ato da
emissão não poderá ser inferior ao valor contábil.
8. De mercado – o valor de cotação ao ativo por ser negociado na
bolsa de valores.

Seção 2
Qual a função do Mercado primário e
secundário de ações?
Para termos de classificação, o Mercado Acionário é dividido em Mercado
primário e secundário. Acompanhe a seguir a função de cada Mercado.

Mercado primário
O Mercado primário é o local onde as empresas obtêm recursos para seu
crescimento através da subscrição de novas ações. A finalidade primordial desse
Mercado é de estimular o fluxo de poupança em direção aos investimentos
produtivos, promovendo, como consequência, o crescimento das empresas.

Você sabia que o lançamento de novas ações no Mercado, por meio


da subscrição, chama-se lançamentos públicos ou operações de
underwriting?
Antes de investir numa empresa por meio de compra de suas ações,
leia o prospecto que a empresa disponibiliza no site da CVM, contendo
informações relevantes para os investidores tomarem decisões.

Observe as formas do mercado primário (BM&Bovespa,2014):

67
Capítulo 4

Underwriting firme ou puro: é a operação na qual a intermediadora (o


underwriter) subscreve e integraliza todo o lote de ações emitidas pela empresa
para depois revender ao público. A instituição financeira intermediadora assume,
então, total risco da colocação das ações no mercado, já que se responsabiliza
pelo pagamento total das ações lançadas à companhia emitente. Representa,
portanto, um compromisso firme dos intermediários financeiros.

Stand-by underwriting ou compromisso firme de subscrição: a instituição


financeira intermediadora não se compromete pela integralização total das ações
lançadas. As ações não absorvidas pelo mercado podem ser devolvidas ao
emitente ou ter subscrição total por parte da instituição financeira intermediadora.

Best-efforts underwriting ou melhor esforço: a entidade financeira


intermediadora se compromete a colocar no mercado o maior número possível
de ações, devolvendo para a empresa, ao final, as que sobraram. Com isso, a
companhia emitente assume todo o risco do lançamento de suas ações.

Oferta em bolsa: as ações adquiridas no mercado primário podem ser


registradas em bolsa para sua negociação no mercado secundário.

Esse mecanismo envolve a participação de instituições financeiras e Bancos


de Investimentos atendendo os requisitos exigidos pela Comissão de Valores
Mobiliários para orientar as decisões dos investidores.

Você sabe o que é Bookbuilding?


O coordenador da oferta avalia previamente, junto a um grupo de
potenciais investidores institucionais, com o intuito de determinar o preço
de oferta de um determinado título que será ofertado por meio de leilão.
Os investidores são consultados sobre qual faixa de preço estariam
interessados em comprar o título, permitindo definir as características do
título em linhas com as condições de mercado.

Mercado secundário
O Mercado secundário é o segmento no qual são efetuadas as operações de
compra e venda de Ações e debêntures que são lançadas no Mercado primário.

O mercado secundário tem como principal função dar liquidez na comercialização


das ações emitidas no Mercado primário. A comercialização das ações pode ser
realizada na Bolsa de Valores ou no Mercado de Balcão.

O Mercado de Balcão tem por objetivo incentivar que empresas novas coloquem
suas ações para o público e que se realize o contato destas com o Mercado.

68
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Recursos para a Nesse segmento do mercado secundário, não ocorre


empresa
a entrada de recursos para a empresa. Mas é tão
Quem envia recursos
para as empresas é a importante quanto ao mercado primário de ações porque
instituição que realiza aquece o mercado, e oferece liquidez às operações dessas
a underwriting, uma ações. E, ainda, quando a empresa necessita captar mais
vez que no mercado
recursos no mercado primário, precisa torna-se mais
secundário ocorre a
comercialização dessas conhecida do público investidor, obtendo adicionais no
ações entre o público lançamento de novas ações. É indispensável que a empresa
investidor (ocorrendo possua uma excelente prática de Governança Corporativa e
a troca das ações pelo
dinheiro) sem a entrada
que apresente resultados positivos aos acionistas.
desses recursos para
a empresa, que havia Já na Bolsa de Valores, são permitidas somente empresas
ocorrido no mercado registradas na Comissão de Valores Mobiliários. As bolsas
primário. de valores são sociedades anônimas ou associações civis,
com o objetivo de manter local ou sistema adequado
ao encontro de seus membros e à realização entre eles
de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado
livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus membros e pela
Comissão de Valores Mobiliários. Possuem autonomia financeira, patrimonial e
administrativa. (RESOLUÇÃO CMN 2.690, de 2000).

Atualmente a BM&FBOVESPA é uma S. A. de capital aberto com negociações na


própria bolsa de valores.

Você sabia que pode ser sócio da Bolsa? Para isso, precisa comprar uma ação.

Seção 3
Como se dá o funcionamento das Modalidades
operacionais do mercado de ações à vista, a
termo, opções e contratos futuros?
Agora você já está preparado para entender as modalidades operacionais do
mercado de ações. Comecemos com a seguinte pergunta:

O que é Mercado à vista?

Nesse Mercado, a liquidação física (entrega de títulos vendidos) acontece no


segundo dia útil após a realização da transação na Bolsa, e a liquidação financeira
(resultado da negociação) acontece no terceiro dia útil posterior à negociação.

69
Capítulo 4

No Mercado à vista, o preço da ação é resultado da interação da lei de oferta


e procura, sendo observados principalmente o desempenho econômico da
empresa e as perspectivas para o setor onde está inserido.

Mercado Tipo da Operação Dia da Liquidação

Ações À Vista D+3

Exemplo da liquidação para operações no mercado à vista de ações:


Liquidação em D+3 significa que o negócio será liquidado três dias úteis
após a data da operação. Ou seja, se um investidor efetuou uma compra
numa segunda-feira dia 01, então, esse negócio será liquidado três dias
úteis após o dia da operação, nesse caso, quinta-feira, dia 04.

Agora vamos para outra modalidade operacional de ações: O Mercado a termo

Para operações com prazos de liquidação futura, os prazos permitidos para


negociação variam de, no mínimo, dezesseis dias e, no máximo, 999 dias corridos.

Limite mínimo Todas as ações que são negociadas na BM&FBOVESPA


Valor para operações na podem ser negociadas a termo. Para transações no Mercado
Bolsa deste mercado.
a termo, são exigidos, além do registro na BM&FBOVESPA,
Para manter-se
atualizado, recomenda- um limite mínimo para a transação, de acordo com
se consultar no site da uma tabela feita pela Bolsa, para o que são levadas em
bolsa o valor praticado. consideração a volatilidade e a liquidez da ação escolhida.

As margens de garantia são exigidas tanto para o


vendedor como para o comprador. O mercado a termo é considerado uma
operação a prazo, tendo em vista que não há o desembolso integral da operação.
De acordo com a corretora, são exigidas algumas garantias para a efetivação
desta operação, que poder ser: 10% do valor da transação em dinheiro, 10% em
títulos do governo, dentre outros.

O contrato a termo pode, ainda, ser liquidado antes de seu vencimento,


implicando na entrega dos títulos pelo vendedor e o pagamento do preço
acordado no contrato pelo comprador.

Vamos a outra modalidade operacional de ações presente na nossa Bovespa:


o Mercado de opções.

Opções são ativos que fornecem ao seu titular o direito de comprar ou vender as
ações a um preço de exercício preestabelecido. No caso de opções de compra, esse
direito pode ser exercido em qualquer data durante o seu período de negociação.

70
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Já o titular de uma opção de venda, paga um prêmio e pode exercer sua opção
de compra da ação apenas na data de vencimento, ou pode revendê-la no
Mercado durante o período de validade da opção.

Neste Mercado, alguns termos devem ser conhecidos:

•• ações objeto – ação referente à opção;


•• titular – o investidor que adquire o direito de exercer a opção
(compra opção) da ação;
•• lançador – o investidor que cede o direito a uma contraparte (vende
a opção);
•• prêmio – preço da opção;
•• data de vencimento – data em que terminam os direitos do titular de
exercer sua opção;
•• preço de exercício – preço pelo qual o titular deve pagar (direito de
comprar as ações) ou receber (direito de vender as ações);
•• séries de uma opção – opções de mesmo tipo para a mesma ação-
objeto, possuindo o mesmo preço de exercício e o mesmo mês de
vencimento.

Você deve saber que alguns fatores afetam o preço do prêmio como o valor
intrínseco da ação-objeto de negociação, pois, se a ação no Mercado à vista tem
um comportamento de alta ou de baixa, isso será refletido no preço do prêmio.

O risco é outro fator que está relacionado ao comportamento do preço do prêmio.


Quanto maior o risco, mais volatilidade terá o Mercado de opções.

Ressalta-se que em todas as modalidades operacionais, exigem-se garantias,


que podem ser:

•• carta fiança bancária;


•• títulos públicos federais;
•• em dinheiro;
•• certificados de ouro;
•• ações;
•• seguro de crédito;
•• outros ativos a critério da BM&FBOVESPA.

71
Capítulo 4

A responsabilidade em todas as modalidades operacionais cabe, primeiramente,


ao comitente (quem compra os títulos).

Havendo inadimplência por parte do comitente, a corretora assume as


responsabilidades, e, em última instância, temos a Bolsa de Valores que assume
qualquer responsabilidade para garantir a segurança do Mercado.

Finalmente, vamos conhecer sobre o Mercado Futuro.

Ajuste diário a Ao negociar um contrato futuro de ação, as partes


respeito do ajuste diário acordam sua compra e venda a um determinado preço
você irá estudar um na
para liquidação em certa data futura. Neste mercado,
Unidade 5.
verifica-se a existência do mecanismo de ajuste diário,
sendo esta uma importante diferença em relação às
operações a termo.

Você talvez esteja se perguntando: e o custo dessas operações no


Mercado Futuro?

Cabe ao comitente pagar a taxa de corretagem e a taxa de registro das operações.

O ganho líquido obtido pelo investidor no Mercado é tributado à alíquota de 15%,


como ganho de renda variável. O ganho de renda variável é calculado tomando-
se o preço de venda menos o preço de compra, menos custos de transação
(corretagem, taxa Aviso de Negociação de Ações - ANA e emolumentos).

Agora que você já estudou como se dá o funcionamento das modalidades


operacionais à vista, a termo e opções, na próxima seção, aprenda como é a
influência do Mercado Acionário no contexto macroeconômico.

Seção 4
Ibovespa e demais índices setoriais
Os índices do Mercado Financeiro avaliam a flutuação média do nível geral das
cotações instantaneamente, oportunizando aos investidores uma radiografia em
“tempo real” das tendências do Mercado, subsidiando a tomada de decisão.

Principais índices de ações


Os índices de ações são importantes indicadores, facilitando o entendimento de
como o mercado está se comportando. É um termômetro da economia.

72
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Índices de ações do mercado brasileiro:

•• Índice Bovespa - Ibovespa - implantado desde 1968,


tradicionalmente mantém sua metodologia. É o mais importante
indicador do desempenho médio das cotações do mercado de
ações brasileiro. Considera, para compor os índices, os principais
papéis negociados na BM&FBOVESPA.
•• Índice Brasil 50 - IBrX-50 - é um índice que mede o retorno total
de uma carteira teórica composta por cinquenta ações selecionadas
entre as mais negociadas na BM&FBOVESPA em termos de liquidez.
•• Índice Brasil - IBrX - é um índice de preços que mede o retorno de
uma carteira teórica composta por cem ações selecionadas entre as
mais negociadas na BOVESPA, em termos de número de negócios e
volume financeiro.
•• Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE - tem por objetivo
refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas
com reconhecido comprometimento, com a responsabilidade social
e a sustentabilidade empresarial.
•• Índice Carbono Eficiente - ICO2 - composto pelas ações das
companhias participantes do índice IBrX-50 que aceitaram participar
dessa iniciativa, adotando práticas transparentes em relação a suas
emissões de gases efeito estufa (GEE). Leva em consideração, para
ponderação das ações das empresas componentes, seu grau de
eficiência de emissões de GEE, além do free float (total de ações em
circulação) de cada uma delas.
•• Índice Setorial de Telecomunicações - ITEL - é um índice
representativo de um setor específico da economia brasileira.
•• Índice de Energia Elétrica - IEE - é um índice representativo de um
setor específico da economia brasileira.
•• Índice do Setor Industrial - INDX – é composto pelas ações de
emissão de empresas do setor industrial que são negociadas na
BM&FBOVESPA por meio de um convênio com a FIESP. Sua carteira
teórica é composta pelas ações mais representativas da indústria,
que são selecionadas entre as mais negociadas na BM&FBOVESPA
em termos de liquidez.
•• Índice de Consumo - ICON - representativas dos setores de
consumo cíclico e não cíclico. As ações componentes são
selecionadas por sua liquidez, e são ponderadas nas carteiras pelo
valor de mercado das ações disponíveis à negociação.

73
Capítulo 4

•• Índice Imobiliário - IMOB - mede o comportamento das ações


das empresas representativas dos setores da atividade imobiliária
compreendidos por construção civil, intermediação imobiliária e
exploração de imóveis. As ações componentes são selecionadas
por sua liquidez.
•• Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada -
IGC - mede o desempenho de uma carteira teórica composta por
ações de empresas que apresentem bons níveis de governança
corporativa. Tais empresas devem ser negociadas no Novo Mercado
ou estar classificadas nos Níveis 1 ou 2 da BM&FBOVESPA.
•• Índice de Governança Corporativa Trade - IGCT – é composto
pelas ações de empresas integrantes do IGC que atendam
simultaneamente aos critérios de liquidez indicados a seguir.
•• São incluídas na carteira do índice as ações integrantes do IGC
que atenderem aos seguintes critérios, com base nos doze meses
anteriores:
»» a) inclusão em uma relação de ações cujos índices de
negociabilidade somados representem 98% do valor acumulado
de todos os índices individuais;
»» b) participação em termos de presença em pregão igual ou
superior a 95% no período.
•• Índice de Ações com Tag Along Diferenciado - ITAG – o Índice
de Ações com Tag Along Diferenciado tem por objetivo medir
o desempenho de uma carteira teórica composta por ações
de empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas
minoritários, no caso de alienação do controle.
•• Índice Mid-Large Cap - MLCX - medirá o retorno de uma carteira
composta pelas empresas listadas de maior capitalização. As ações
componentes serão selecionadas por sua liquidez.
•• Índice Small Cap - SMLL - o índice Small Cap medirá o retorno de
uma carteira composta por empresas de menor capitalização. As
ações componentes serão selecionadas por sua liquidez.
•• Índice Valor BM&FBOVESPA - IVBX-2 - 2ª Linha (IVBX-2) foi
desenvolvido em conjunto, pela BM&FBOVESPA e pelo jornal
Valor Econômico, visando a mensurar o retorno de uma carteira
hipotética constituída exclusivamente por papéis emitidos
por empresas de excelente conceito diante dos investidores,
classificadas a partir da 11ª posição, tanto em termos de valor de
mercado como de liquidez de suas ações.

74
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Cálculo simplificado do Ibovespa

Tabela 4.1 - Cálculo simplificado do Ibovespa

D D+1

Ações Qtde. Preços Ponto do Índice I Preços Ponto do Índice II Osc %

ALFA 1000 3,00 3000 3,30 3300 +10

BETA 2000 2,50 5000 2,25 4500 -10

GAMA 4000 0,50 2000 0,60 2400 +20

10000 10200 +2

Fonte: BM&FBOVESPA, 2011.

Nota 1: Para calcular o ibovespa da tabela 4.1 – Cálculo simplificado do Ibovespa


você deverá:

•• Multiplicar a quantidade da Ação Alfa, no caso 1000, pelo preço


que é R$ 3,00. Você obterá o ponto do índice I, ou seja, 100 vezes
R$ 3,00 = 3000. Sabendo-se que na carteira teórica a quantidade
permanece inalterada, temos neste caso, apenas a oscilação no
momento seguinte do preço de cotação. Então, com a quantidade
da ação Alfa, 1000 vezes o novo preço R$ 3,30oêobterá o ponto
do índice II, que é igual a 3.300. A oscilação do ativo alfa é através
da divisão do ponto do índice II pelo ponto do índice I, ou seja,
3300/300 menos um, vezes 100 = 10%. O mesmo raciocínio deste
cálculo é aplicado nos demais ativos Beta e Gama.
•• Para encontrar o ibovepa, deve-se proceder do seguinte modo:
somar a coluna do ponto do índice II e dividir pela coluna do ponto
do índice I, menos um, vezes 100, você obterá a resposta. Portanto,
10.200/10000 – 1 x 100 = 2% A bolsa está operando em alta de 2%.
Nota 2: Consulte no site da Bolsa (BM&FBOVESPA) as empresas que compõem
a carteira teórica do Ibovespa. Observe a participação destas empresas na
composição deste índice.

Quanto maior a participação neste índice, maior será a oscilação deste ativo em
relação ao Ibovespa.

O mercado ainda subjetivamente divide as ações quanto à sua liquidez:

•• Ações de primeira linha: também chamadas de “blue chips”,


são ações de grande liquidez e demanda em bolsa, em geral de
empresas confiáveis, de grande porte e excelente reputação.

75
Capítulo 4

•• Ações de segunda linha: também chamadas de “small caps”, são


ações menos líquidas, de empresas de boa qualidade, mas de maior
risco geral. Em geral, são de empresas de grande e médio porte que
estão ganhando destaque no mercado, tanto por retorno financeiro
como por adoção de novas políticas internas e que, potencialmente,
podem se tornar ações de primeira linha.
•• Ações de terceira linha: ações com baixa liquidez. Em geral de
companhias porte médio e pequeno, porém, não necessariamente
de menor qualidade. Sua negociação caracteriza-se pela
descontinuidade por causa do baixo interesse pelo mercado.
•• ações chamadas “mico de mercado” - são as ações com baixa
liquidez. Além disso, estes ativos sofrem grandes oscilações
num curto espaço de tempo, bem como, um reduzido número
de negócios deste ativo em bolsa, em alguns casos, chegando
somente a um negócio por mês. Para saber mais, procure em sites
especializados e conheça os principais “micos de mercado”.

No "Bovespês", mico é uma empresa de baixa liquidez e com fortes oscilações (thinkstock).
Fonte: Infomoney,2013.

Conhecido de forma prática como ocorre o Mercado Acionário, agora será


introduzido para você como se dá o funcionamento das modalidades operacionais.

76
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 5
Qual a influência do Mercado Acionário no
contexto macroeconômico?
Agora você vai descobrir porque existe uma relação muito estreita entre as
variáveis macroeconômicas e o Mercado Acionário.

A taxa de câmbio é uma das variáveis que mais é correlacionada com o


Mercado Acionário.

Veja agora o que escrevem Krugman e Obstfeld (1999) em relação a essa variável.

Krugman e Obstfeld (1999) mostram que quando o rendimento esperado dos


depósitos em reais excede o rendimento esperado dos depósitos em dólares, por
exemplo, o dólar imediatamente é depreciado em relação ao real.

Uma depreciação do dólar hoje reduz o rendimento esperado do dólar sobre os


depósitos em reais, reduzindo a taxa de depreciação do dólar em relação ao real
esperado para o futuro.

Segundo Securato (2007), considera-se taxa de câmbio como sendo o preço de


uma moeda estrangeira em relação a uma unidade da moeda nacional.

Exemplo:

Imagine que, para você comprar U$ 1,00 (um dólar), tivesse que desembolsar R$
2,00 (dois reais).

Caso o governo decidisse por uma depreciação do dólar em relação a nossa


moeda (real), por exemplo:

Você necessita de R$ 1,00 (um real) para comprar U$ 1,00 (um dólar). O que
aconteceria? O dólar ficaria depreciado e o real apreciado. Certo?

Agora imagine que a empresa FRANGO BRÁS S. A., exportadora de frangos,


comercializou 1 tonelada deste produto em dólar, ao preço de U$ 1.000,00 (mil
dólares), isto é, R$ 2.000,00 (dois mil reais). Você iria receber no primeiro instante
R$ 2.000,00 (dois mil reais) [...] a partir da desvalorização do dólar ante o real,
a empresa passaria a receber somente R$ 1.000,00 (um mil reais), pois toda a
transação do Brasil com o exterior, mesmo sendo efetuada em moeda estrangeira,
neste exemplo, o dólar, será convertida para reais, no momento do depósito. E
isso afetará o rendimento esperado do dólar sobre os depósitos em reais. Como
já houve uma depreciação do dólar no presente, isto irá reduzir a expectativa de
depreciação do dólar esperado para o futuro.

77
Capítulo 4

Aproveitando as oscilações temporárias da moeda em diferentes mercados


financeiros, os arbitradores poderão obter vantagens comprando em um mercado
onde o preço está mais baixo e vendendo em outro, cujo preço está mais elevado
(SECURATO, 2007).

Ainda segundo Krugman (1999), todo o resto permanecendo constante, um


aumento permanente na oferta de moeda de um país provoca uma depreciação
de longo prazo da sua moeda em face da moeda estrangeira. Uma diminuição
permanente da oferta de moeda provoca uma apreciação de longo prazo
permanente em face da moeda estrangeira.

Similarmente, quando o rendimento esperado sobre os depósitos em real está


abaixo do rendimento esperado sobre os depósitos em dólares, o dólar deve
imediatamente ser apreciado em relação ao real.

Por isso, a troca da moeda doméstica pela externa em razão da apreciação do


dólar. Imagine quem tem dívidas em dólar procura aumentar suas reservas desta
moeda para não comprometer o seu fluxo futuro de caixa no futuro.

Enquanto isso, no mercado acionário, muitos investidores se desfazem de suas


ações (vendem), derrubando os preços das ações na bolsa, em razão também
desta apreciação do dólar.

Qual dos cenários é o melhor? A nossa moeda apreciada ou depreciada?

Isto dependerá das empresas, do ramo de atividade e dos bens, produtos ou


serviços que farão parte do centro de custo. Cabe ao Banco Central do Brasil
nortear estas decisões, através das políticas cambial e monetária, visando a
manter a harmonia entre os defensores da valorização da moeda nacional e os
defensores da desvalorização da moeda nacional ante a moeda estrangeira.

A taxa de juros é outra importante variável que é muito relacionada com o


Mercado Acionário, pois os juros elevados inibem o crescimento da economia e
diminuem o investimento das empresas. Isso influencia o Mercado de Ações.

Além disso, o investidor prefere colocar seu capital em renda fixa e garantir
ganhos elevados, sem o risco do Mercado de Ações. O resultado é uma
diminuição do volume de negócios na Bolsa de Valores.

Neste momento procure responder por que os juros são tão altos no Brasil.

78
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

O problema é que existem questões macroeconômicas estruturais que impedem


uma queda significativa nas taxas de juros. Esses juros permanecem elevados
porque o Brasil precisa atrair capital estrangeiro, já que necessita de capital
externo para financiar suas contas do balanço de pagamentos.

Outro problema está ligado à política monetária que é guiada pelo cumprimento
das metas de inflação, que faz com que os juros altos inibam o investimento no
setor produtivo.

O Brasil é ainda muito propenso às crises externas e isso faz com que as cotações
do dólar sejam pressionadas para cima sempre que há turbulência no exterior.

A alta do dólar influencia os índices de inflação e, com a necessidade do controle


da inflação, os juros não caem.

Além disso, taxas elevadas atraem o investidor interno, que coloca o seu capital em
renda fixa, reduzindo a procura por dólares, o que contribui para o controle da inflação.

Agora você já tem mais subsídios e pode entender essa complexa relação, não é mesmo?
Estude, na seção seguinte, algumas considerações sobre a eficiência de Mercado.

Seção 6
Considerações sobre a eficiência de Mercado
Alguns dos princípios da hipótese de eficiência do Mercado podem ser
encontrados em um trabalho desenvolvido pelo francês Louis Bachelier em 1900.

Bachelier analisou as oscilações de preços do Mercado de Ações, chegando à


conclusão de que tentativas de descobrir o valor futuro de um título, com base
em seu comportamento passado, seriam ineficazes.

Para tal autor, a probabilidade de aumento de preços das Ações a qualquer


momento seria igual à probabilidade de baixa.

Já em 1970, Eugene Fama, em seu célebre artigo Efficient Capi-tal Markets: A


Review of Theory and Empirical Work, argumentou que nos Mercados de Capitais
poderiam existir três níveis de eficiência, partindo do fato de que as informações
se refletiriam nos preços dos ativos.

Existe uma classificação de eficiência do Mercado de Capitais?

79
Capítulo 4

Fama (1970) desenvolveu uma classificação de eficiência do Mercado de Capitais,


levando em conta informações relevantes para a definição dos preços.

Para o autor, eficiência fraca não permite que um investidor obtenha ganhos
em excesso com base em dados históricos de preços e volumes de negociação.
Você deve entender por ganhos ou retornos em excesso a possibilidade de se
obter lucros extraordinários valendo-se de um conjunto de informações de uma
empresa sobre a qual compra-se ações, por exemplo.

Eficiência semiforte - não permite que um investidor obtenha ganhos em excesso


com base em informações publicamente disponíveis, como balanços de empresas.

Eficiência forte - não permite que um investidor obtenha ganhos em excesso


usando qualquer informação, seja ela pública ou não.

Você deve saber, ainda, que, em geral, os Mercados de Ações mais


desenvolvidos tendem para a eficiência fraca e semiforte.

Entretanto, Ceretta (2000) mostra que uma das implicações da presença do


caos no Mercado Financeiro é que seria possível justificar certas anomalias
que atormentam a hipótese de mercados eficientes (efeito mês do ano, dia da
semana, feriado, capitalização do mercado etc.).

Essas anomalias são vistas como padrões regulares que, sob a hipótese de
mercados eficientes, não deveriam existir, mas, por outro lado, sua existência não
possibilita que seus conhecedores vençam constantemente o Mercado.

Curiosidades
Cuidado com a massa no mercado acionário: a tendência da massa é errar.

Seção 7
Modelo de Análise de Retorno
(Modelo de Gordon)
Criado em 1956, o Modelo de Gordon e Shapiro objetiva a atualização do preço
de ações, considerando que o fluxo de dividendos seja contínuo e que o ganho
de capital não incida sobre a avaliação da ação. Esta análise de fluxo de caixa
descontado pressupõe o crescimento de dividendos a uma taxa constante.

80
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

De acordo com Assaf Neto (2000), O valor de um título é definido pelo valor presente
de seus fluxos de caixa esperados (futuro). Ao adquirir ações, o investidor tem a
expectativa de receber dividendos e uma valorização de seu preço de mercado.

Uma avaliação dessa situação é processada por meio do fluxo de caixa descontado,
o qual é complementado, para certas hipóteses de crescimento, pelo modelo de
Gordon. Em essência, o modelo admite que o valor de um ativo é determinado
pelo valor presente de seus fluxos de caixa futuros, descontados a uma taxa
que remunera o investidor no nível de risco assumido. Os fluxos de caixa são
representados no modelo pelos dividendos esperados, quantificados com base em
projeções dos percentuais de distribuição de lucros e em suas taxas de crescimento.

Exemplo

Para melhor compreender o modelo do fluxo de caixa descontado, admita que


determinada ação tenha sido adquirida, no início de certo ano, por $ 2,50, sendo
vendida ao final do mesmo período por $ 2,70, após ter o investidor recebido $
0,20/ação de dividendos.

O retorno (k) produzidos por esse investimento em ação atinge a 16,0 % no


período, ou seja:

Retorno:
2,50 = 0,20 + 2,70

1+K 1+K

2,50 = 2,90
1+K

K = 16,0%

Dessa maneira, pode-se enunciar a seguinte identidade para a avaliação de uma


ação admitindo-se um período determinado de investimento:

Po = Dn + Pn
(1 + K) n
(1 + K)n

onde: Po = valor de aquisição (intrínseco) da ação

Dn = dividendo previsto de receber ao final do período (na data da venda da ação)


Pn = preço de venda da ação ao final do período
K = taxa de desconto que representa o retorno requerido (esperado) pelo investidor
na aplicação.

81
Capítulo 4

RENDA MENSAL PERPÉTUA

Considere uma renda mensal perpétua de R$ 1.000,00. O valor presente à taxa de


desconto de 1% a.m. é:

PV = Valor presente

PV = 1.000,00 = R$ 100.000,00
0,01

Fonte: ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000, p. 228-230.

Para uma precificação mais intuitiva de ações, podemos também utilizar o


modelo desenvolvido por M. Gordon. Nesse modelo, supõe-se que o preço de
uma ação seja igual ao valor presente dos dividendos futuros esperados. Sua
fórmula básica vem a ser:

- Crescimento Constante:
Po = DR , Ks > g
Ks - g

- Crescimento Zero:
Po = DT
Ks

onde: Po = valor presente da ação


Dt = dividendo esperado por ano no final do ano t
KS = retorno exigido sobre ação ordinária
g = taxa de crescimento constante dos dividendos

Fonte: Modelo Básico de Desconto (Modelo de Gordon).

82
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 8
Cálculo de Ajuste de cotações: P ex/B; P ex/D e
P ex/S.
Para poder efetuar ajustes do preço das cotações, precisamos entender alguns
conceitos básicos:

Desdobramento de Ações – Split

O que significa split de ações?

Trata-se de uma operação na qual uma ação da empresa é dividida em novas ações.

Mediante aprovação na Assembleia dos Acionistas, desdobramento de


ações – Split significa que a empresa irá emitir novas ações em razão da
representatividade do capital social, em um número maior de ações.

Esta decisão tem como objetivo principal oferecer maior liquidez para as ações,
aproximando o seu valor de Mercado.

Exemplo
Imagine um ativo sendo cotado a R$ 136,00 cada ação. Se a empresa decidir efetuar
um desdobramento de ações onde cada acionista que possui 01 ativo passar a ter
mais três ações, ficando com um total de 04 ações. Logo o preço ajustado passará
a R$ 34,00 cada ação. É possível que os investidores “aceitem” este novo preço de
cotação como sendo mais barato e possam influenciar pela procura por este ativo e
consequentemente poderá influenciar uma tendência de alta.

Agrupamento de ações – Inplit

Inplit (Agrupamento)
O inplit pode ocorrer em casos que o valor de negociação seja muito baixo, de
maneira que o agrupamento destas ações seja o único modo de garantir a menor
unidade de valor (R$ 0,01).

Exemplo
Se o preço de uma ação é de R$ 0,01, após o inplit, 10 ações se agruparão em 1
única ação, onde o preço será de R$ 0,10.

83
Capítulo 4

Acompanhe no site da Bolsa ou na Comissão de Valores Mobiliário como


divulgação de Fato Relevante ou Comunicado ao Mercado, quando ocorre esta
prática de agrupamento (inplit) ou desdobramento de ações (split). Cabe lembrar
que causa uma certa ilusão momentânea ao investidor, uma vez que a quantidade
de ações são alteradas, mas o valor do patrimônio líquido permaneceu como está.

Após este fato, o Mercado poderá estar sobrevalorizando ou não este ativo. A
força dos compradores ou dos vendedores irá definir uma tendência neste dia
deste papel até o final do pregão.

84
Capítulo 5

Derivativos - Mercados Futuros

Habilidades Neste capítulo, será possível compreender a


relevância dos Mercados Futuros, quando se
visa a aproveitar principalmente o mecanismo
de proteção desse mercado contra as possíveis
oscilações do preços dos ativos ou commodities.
Para isso, é indispensável saber: identificar
a finalidade e a importância dos Derivativos;
entender as modalidades operacionais dos
Derivativos; saber calcular o ajuste diário dos
preços nas operações realizadas.

Seções de estudo Seção 1:  O que são Derivativos?


Seção 2:  Qual a função dos Mercados Futuros?
Seção 3:  Por que participar dos Mercados Futuros?
Seção 4:  Como se calcula o ajuste diário nas
operações no Mercado?
Seção 5:  Quais são as garantias básicas de
negociação dos Mercados futuros?
Seção 6:  Qual a relação entre o preço à vista e o
preço futuro?

85
Capítulo 5

Seção 1
O que são derivativos?
Derivativos são instrumentos financeiros que dependem do valor de outro ativo,
tido como ativo de referência. Portanto, um contrato derivativo não apresenta
valor próprio, derivando-se do valor de um bem básico (commodities, ações,
taxas de juros, dentre outros).

Entregas físicas Neste mercado, os investidores negociam os preços


futuras futuros de ativos por meio de contratos no qual assumem
Neste segmento, é
compromissos de pagamentos e entregas físicas futuras
mais comum negociar
papéis. Nada impede definidos no momento do contrato.
que no vencimento
o investidor solicite a A seguir estão os derivativos que são operados no mercado
entrega da mercadoria. financeiro com as respectivas finalidades principais.
E lógico que não fica
na bolsa, mas nos
Hedge (proteção)
armazéns credenciados
para a retirado do Proteger o participante do mercado físico contra variações
comprador. Lembrando adversas de taxas, moedas ou preços de um bem ou ativo.
que os produtos são
padronizados.
Equivale a ter uma posição em mercado de derivativos
oposta à posição assumida no mercado à vista, para
minimizar o risco de perda financeira decorrente de
alteração adversa de preços.

Os hedgers são clientes do Mercado Futuro que compram e vendem contratos.


A finalidade dos hedgers consiste em tentar proteger a produção, a distribuição e
a estocagem do produto para uma venda contra uma possível queda dos preços,

O exemplo a seguir disponível no site da BM&FBOVESPA (2014) trata de contrato


de um contrato futuro de café arábica, porém esta mesma estratégia aplica-se no
contrato futuro de soja, milho, boi gordo, dentre outros.

Para realizar a proteção de preço (hedge) do café, utiliza-se como estratégia a


negociação de contratos. O planejamento dessa estratégia de hedge proporciona
ao participante desse mercado:

• proteção contra valorização ou desvalorização do café, no momento de sua


efetiva comercialização.

86
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

A escolha de uma das operações abaixo depende da estratégia a ser adotada, de


acordo com as necessidades do participante. 

HEDGE DE COMPRA
Operação indicada para quem deseja proteger o preço de aquisição
do café (matéria-prima), estabelecendo, antecipadamente, o preço do
produto (torrefador).

HEDGE DE VENDA
Operação indicada para quem deseja proteger sua produção de uma
possível queda de preços até o momento de sua comercialização,
garantindo assim sua margem de lucro (produtor).

É importante notar que este exemplo trata de uma estratégia básica de hedge.

Conclusão:
O resultado obtido no mercado futuro irá compensar o resultado da comercialização
no mercado a vista. Isso é explicado pela convergência de preços no vencimento,
ou seja, ao se aproximar do vencimento do contrato futuro sua cotação se aproxima
do preço a vista. Dessa forma, quando o resultado no mercado futuro for positivo,
você terá uma receita menor na venda do café no mercado a vista. Se for negativo,
você terá uma perda no mercado futuro, que será compensada pelo aumento da
receita da venda do café. Você irá perceber que o preço final da saca de café será
aquele previsto no início da operação.

Alavancagem
Alavancagem é um instrumento que exige menos capital do que a compra do ativo
à vista. Assim, ao adicionar posições de derivativos a seus investimentos, você
pode aumentar a rentabilidade total destes a um custo mais barato, uma vez que
não é necessário desembolso de 100% no ato das operações deste Mercado.

Exemplo: A indústria de doces irá comprar algumas toneladas de açúcar no


mercado futuro que atenda ao seu planejamento de produção a um preço que
considere “justo” para o seu negócio, evitando possíveis oscilações de preços
na sua matéria-prima, que é o açúcar, essencial para o seu negócio. Porém, se
fosse a compra no mercado à vista teria que desembolsar 100% do total de sua
compra. Já no mercado de futuro, dependendo da corretora, com 10% do total é
permitido efetuar esta operação. Com isso, a indústria terá mais dinheiro para o
seu capital de giro, ficando mais alavancada de recursos. Contudo, estará sujeita
aos ajustes diários referente às possíveis oscilações do preço do açúcar.

87
Capítulo 5

Especulação
Tomar uma posição no mercado futuro ou de opções sem uma posição
correspondente no Mercado à vista. Nesse caso, o objetivo é operar a tendência de
preços do mercado. Os Especuladores são clientes do Mercado Futuro, podem
ser pessoas físicas ou jurídicas que buscam ganhos nesses mercados voláteis.

Enquanto os hedgers têm interesse comercial pelo ativo ou comomodity, o


especulador não tem esse interesse e sua intenção é apenas de lucrar com as
diferenças entre o preço de compra e o de venda.

Arbitragem
Tirar proveito da diferença de preços de um mesmo produto/ativo negociado
em mercados diferentes. O objetivo é aproveitar as discrepâncias no processo
de formação de preços dos diversos ativos e mercadorias e entre vencimentos.
Exemplo:

•• Arbitragem cambial: é uma operação de compra e venda de


uma moeda em duas praças financeiras diferentes, com o objetivo
de obter lucro derivado da diferença de preços que possa existir
durante pequenos intervalos de tempo.

Principais vantagens do uso de derivativos no Mercado financeiro

De acordo com Assaf Neto (2012), as principais vantagens do uso de derivativos


no Mercado financeiro são:

a. maior atração ao capital de risco, permitindo uma garantia de


preços futuros para os ativos;
b. criar estratégias contra as variações de preços;
c. estimular a liquidez do Mercado físico;
d. eficácia no gerenciamento do risco;
e. permite realizar operações de maior porte com um volume pequeno
de capital e nível conhecido de risco.
Os mercados derivativos principais são os seguintes:

Mercado a termo - é aquele em que as partes assumem compromisso de


compra e venda de quantidade e qualidade determinadas deum ativo dito real
(mercadoria). Exemplo: contratação de compra/venda de um lote padronizado de
ouro para entrega em trinta dias.

88
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

O prazo de vigência não é padronizado como no Mercado Futuro, sendo


estabelecido entre os envolvidos. O contrato a termo não tem obrigação de seguir
padrões impostos pelas bolsas de valores, pois constitui em contrato particular
entre o comprador e vendedor. A entrega física ocorrerá numa única data futura
acordada, não ocorrendo ajustes diários. As partes compradora e vendedora
ficam vinculadas uma a outra até a liquidação do contrato.

O preço a termo de uma Ação é obtido pela sua cotação no Mercado à vista,
acrescida de uma parcela de juros. Os juros são fixados livremente pelo Mercado
e determinados pelo prazo de contrato a termo. As garantias solicitadas nesta
operação são mais altas que no Mercado futuro.

Mercado Futuro – os investidores assumem compromisso de compra e venda


de determinadas quantidade e qualidade padronizadas de um ativo financeiro ou
dito real (mercadoria), representadas por contratos padronizados para liquidação
(física e/ou financeira) em data futura. Esta operação será mais detalhada nas
seções 2, 3 e 4 deste capítulo.

Mercado de opções - é aquele em que uma parte adquire de outra o direito


de comprar (opção de compra) ou de vender (opção de venda) o objeto
de negociação, até determinada data ou em determinada data, por preço
previamente estipulado. O objeto de negociação pode ser um ativo financeiro ou
uma mercadoria no mercado disponível ou no mercado futuro, negociados em
pregão, com ampla transparência.

Mercado de swaps: é aquele em que as partes trocam um índice de rentabilidade


por outro, com o intuito de:

•• fazer hedge para minimizar risco;


•• casar posições ativas com posições passivas;
•• equalizar preços;
•• arbitrar mercados;
•• alavancar a exposição ao risco.

89
Capítulo 5

Principais diferenças entre as modalidades de derivativos

Mercado a Mercado futuro Mercado de Mercado de


termo opções swap

Onde se Balcão ou Bolsa Somente Bolsa Balcão ou Bolsa Balcão ou Bolsa


negocia

O que se Compromisso Compromisso de Os compradores Compromisso


negocia de comprar ou comprar ou vender adquirem o direito de troca de um
vender um bem um bem por preço de comprar ou de bem por outro.
por preço fixado fixado em data futura. vender por preço Trocam-se fluxos
em data futura. fixo em data financeiros.
futura.

Posições Ausência de Intercambialidade Intercambialidade Ausência de


intercambialidade intercambialidade

Liquidação A estrutura Presença de Liquidam-se Somente no


mais comum ajuste diário. os prêmios na vencimento ou
é a liquidação Compradores e contratação da antecipadamente,
somente no vendedores tem suas operação. No com a
vencimento. Há posições ajustadas vencimento, concordância das
contratos em financeiramente apura-se o valor partes
que o comprador todos os dias, com da liquidação a
pode antecipar a base no preço de partir do exercício
liquidação. fechamento da bolsa. do direito dos
compradores.

Fonte: Série introdutória - Mercados Derivativos - BM&F.

As operações com derivativos poderão ser liquidadas de duas formas

Liquidação financeira: é feita por diferença financeira. Utilizando-se o preço


de referência no dia do vencimento do contrato, registram-se uma venda para o
comprador original e uma compra para o vendedor original. A diferença apurada é
liquidada entre as partes, sem que haja entrega física do ativo negociado.

Liquidação física: o negócio é liquidado mediante a entrega física do ativo


negociado.

Alguns tipos de contratos admitem as duas formas de liquidação, embora é mais


comum a prática da liquidação financeira das operações realizadas.

90
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 2
Qual a função dos Mercados Futuros?

A função primordial dos Mercados Futuros é permitir que pessoas físicas ou


jurídicas que tenham algum interesse comercial por qualquer ativo se protejam de
variações de preços que possam ocorrer no futuro.

Para você entender, pense que experiências de negociações de Ações no


Mercado Futuro proporcionam aos seus respectivos mercados à vista maiores
oportunidades de negociação e maior liquidez e transparência nos preços,
resultando em um Mercado mais eficiente para os investidores.

O Mercado Futuro de Ações dá condições de transparência e segurança, e, como


consequência, gera maiores possibilidades de maximizar o retorno das ações à vista.

O Mercado Futuro caracteriza-se por ser uma forma de aplicação bastante


eficiente, pois não requer o desembolso de um volume elevado de dinheiro na
abertura da posição a futuro, como ocorre quando da compra de Ações à vista.
Ao invés disso, apenas um depósito de margem é solicitado.

Elimina o custo do empréstimo de Ações para aqueles investidores que queiram


utilizar posições vendedoras a descoberto. O que são posições vendedoras a
descoberto? São as vendas de um ativo ou commodities no mercado de bolsa
que o investidor não possui, Essa operação depende da aprovação da corretora.

Operando no Mercado Futuro de Ações, é possível mudar a exposição de um ativo para


outro sem os custos de comprar as ações subjacentes no Mercado à vista, bastando
realizar uma operação de natureza oposta no próprio Mercado Futuro de Ações.

Abertura da posição Encerramento da posiçao

Compra Vende

Vende Compra

Fonte: Série introdutória - Mercados Derivativos - BM&F.

A abertura e encerramento da posição deve-se em função das estratégias do


investidor em relação ao seu negócio. A partir do momento em que o investidor
comprou no mercado futuro, inicia-se o processo de ajuste diário. Suponha que o

91
Capítulo 5

preço à vista está ficando mais barato que o preço no mercado futuro. Significa que
estará sendo debitado diariamente esta diferença na conta corrente do comprador.
Contudo, não precisa é necessário esperar o “futuro”. Basta efetuar uma operação
inversa e se encerrará esta operação. O contrário também procede.

O Mercado Futuro de Ações ainda pode ser utilizado simultaneamente com o


Mercado de Opções, permitindo que os investidores façam operações de hedge
de sua posição no Mercado de Opções.

Marcados a mercado Os contratos futuros negociados na BM&FBOVESPA são


significa atualizar o marcados a mercado pelos preços de ajustes diários
preço para o valor do
dia. Ou seja, mesmo
fornecidos pela Bolsa ao final do pregão. No caso dos
que sua debênture (ou limites diários de oscilação serem atingidos, também será
qualquer outro ativo utilizada a cotação divulgada pela BM&FBOVESPA. Caso
de renda fixa) tenha
não seja possível a utilização da fonte acima, o Comitê de
uma taxa determinada
(prefixada ou pós- Riscos determinará um método alternativo de precificação,
fixada), é necessário baseado no preço da última negociação, dentro outros.
que, diariamente, seu
valor seja atualizado. Conhecida as principais características do Mercado
Futuro, na próxima seção veja como são as modalidades
operacionais neste Mercado.

Seção 3
Por que participar dos Mercados Futuros?
Você sabia que os Mercados Futuros desempenham um importante papel, já que
têm sua história diretamente vinculada à necessidade de controle do risco e de
alterações nos preços dos Ativos.

De acordo com a BM&FBOVESPA (2014), o mecanismo de funcionamento do


mercado futuro imprimiu característica importante na negociação para liquidação
futura: a competitividade. A homogeneidade dos produtos, a transparência e
a velocidade das informações e a livre mobilidade de recursos permitem que
os preços se ajustem conforme as leis de mercado, ou seja, de acordo com as
pressões de oferta e procura.

Os participantes têm a liberdade de entrar e sair deste Mercado a qualquer


momento, oportunizando liquidez às operações. Para isso, terão que efetuar
uma operação inversa. Se estiverem comprando, deverão vender. Se estiverem
vendendo, deverão compar. Os contratos são regulamentados pela bolsa e
padronizados, tais como: características do produto negociado, cotação, data de
vencimento, tipo de liquidação e outras.

92
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

A padronização dos contratos é condição imprescindível para que a negociação


possa ser realizada em bolsa. Sem essa padronização, imagine como ficaria a
negociação do boi, café, dentre outros. Assim, por exemplo, na negociação do
ativo boi tem-se que ter resposta para questões como: Qual a raça do boi?. No
do café, qual o tipo do café?, etc.

Principais especificações dos contratos:

•• Objeto de negociação: é a descrição do ativo cuja oscilação de


preços está em negociação. Exemplo: café, dólar, boi. Além do tipo
desse ativo, quando isso é possível. Por exemplo, qual o tipo de boi.
•• Cotação: é a unidade de valor atribuída a cada unidade física da
mercadoria em negociação.
Exemplo: reais por saca, reais por dólares.
•• Unidade de negociação: é o tamanho do contrato. Exemplo: o
tamanho do contrato de café é de 100 sacas de 60kg, o do dólar é
de US$50.000,00.
•• Meses de vencimento: meses em que serão liquidados os contratos.
•• Liquidação: forma pela qual o contrato será liquidado.

Seção 4
Como se calcula o ajuste diário nas operações
de Mercado?
Mercado Futuro é o Mercado em que as partes assumem um compromisso de
compra ou venda para liquidação em data futura, tendo como característica
básica o sistema de gerenciamento de posições. Neste mercado, utilizase o
ajuste diário do valor dos contratos, o qual se transforma em ganho ou prejuízo
diário para as respectivas posições e as margens de garantia.

Você sabe como efetua-se o ajuste diário?

O Mercado Futuro de Ações da BM&Fbovespa enquadra-se na modalidade


“com ajuste diário de perdas e ganhos”. Diariamente, todas as posições em
aberto são avaliadas em relação ao preço de referência calculado para cada
papel, conhecido como o preço de ajuste do dia. Tem-se duas situações: a
primeira, refere-se a posições abertas no dia, e a segunda, para posições
abertas em pregões anteriores.

93
Capítulo 5

A – Posições abertas no dia


I - Se o preço do ajuste do dia for superior ao preço do negócio realizado no dia
pelo investidor, significa que:

a. a posição compradora a futuro foi adquirida por um preço inferior


ao preço de referência do dia significa que este comprador obteve
um ganho naquele dia com esta compra. Esse ganho foi o valor
equivalente a diferença entre o preço de ajuste do dia e o preço de
seu negócio, valor que será creditado em sua conta-corrente.
b. a situação da posição vendedora a futuro é inversa. Ele vendeu
a futuro por um preço inferior ao preço de referência do dia dessa
venda.Neste caso, obteve uma perda naquele dia em valores
equivalente à diferença entre o preço de ajuste do dia e o preço do
seu negócio, valor que será debitado de sua conta-corrente.
II – Se o preço do ajuste do dia for inferior ao preço do negócio realizado no dia
pelo investidor, significa que:

a. posição compradora a futuro foi adquirida por um preço superior


ao preço de referência do dia e, portanto, este comprador obteve
um perda naquele dia com esta compra em valor equivalente à
diferença entre o preço de ajuste do dia e o preço de seu negócio,
valor que será debitado de sua conta-corrente.
b. situação da posição vendedora a future é inversa. Ele vendeu a
futuro por um preço superior ao preço de referência. Neste caso,
obteve um ganho naquele dia em valor equivalente à diferença entre
o preço de ajuste do dia e o preço do seu negócio, valor que será
creditado de sua conta-corrente.

B – Posições abertas em pregões anteriores:


Para as posições abertas em pregões anteriores é realizada uma comparação
entre o preço de ajuste do dia e o preço de ajuste do dia útil imediatamente
anterior. Posições abertas significam que ainda não foram encerradas, ou seja,
está se aplicando os ajustes diários até a data do vencimento da negociação.
Para encerrar esta posição aberta, deve-se efetuar uma operação inversa.

Exemplificando:

Um investidor comprou hoje, D0, no Mercado Futuro de Ações, 10.000 ações PETR3,
a R$ 36,00 por Ação, com vencimento para o próximo mês. O preço de ajuste do dia,
calculado após o fechamento do pregão, foi de R$ 35,92. Neste caso, tem-se:

94
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Preço da Compra R$ 36,00

Preço do Ajuste do Dia R$ 35,92

Ajuste: (preço do ajuste do dia – preço do R$ 80,00


negócio) *quantidade de ações

Acompanhe: = ((R$ 35,92 – R$ 36) *


1.000)

Neste caso, o comprador a futuro no dia seguinte, em D+1, terádebitado R$ 80,00


de sua conta-corrente, uma vez que comprou por um preço superior ao preço
de referência do dia. Já o vendedor terá um crédito de R$ 80,00 em sua conta,
correspondente ao ganho que auferiu com sua operação.

Considerando que os investidores mantêm a mesma posição do dia anterior,


se o preço do ajuste for R$ 36,30 após o encerramento das negociações, D+1,
procede-se:

Preço de ajuste do dia

Preço do Ajuste do dia anterior

Ajuste: (preço do ajuste do dia – preço do dia anterior)


*quantidade de ações

Acompanhe: = ((R$ 36,30 – R$ 35,92) * 1.000)

Neste caso, o comprador será creditado em R$ 380,00 porque sua posição está
valorizada em relação ao dia anterior, e vendedor será debitado em R$ 380,00,
porque sua posição está desvalorizada.

Exercício:

O Sr. Ademar comprou dez contratos futuros de soja cotados a R$ 51,00 por
saca de 60 Kg no início do pregão do mercado futuro. No final do dia, a saca de
60 Kg de soja fechou cotada a R$ 52,00 (preço de ajuste). Cada contrato futuro
de soja envolve a negociação de 450 sacas de 60 Kg. Calcule o valor do ajuste
diário.

Cálculo do Ajuste Diário


Fórmula: AD = (PA – PC)
AD = Ajuste Diário
PA = Preço de Ajuste
PC = Preço do Contrato

95
Capítulo 5

Cálculo do ajuste diário: (51,00 x 450 x 10) - (52,00 x 450 x 10) = R$ 4.500,00
229500 - 234000
No dia seguinte à compra, será creditado em sua conta-corrente o valor R$ 1.350,00
referente ao valor de ajuste diário. Não é preciso vender o contrato para receber
esse ajuste. Se você decidir manter sua posição a futuro em aberto, não vendendo
seus seis contratos, a sua conta-corrente sofrerá um novo ajuste no dia seguinte.

Para o vendedor é realizado uma operação inversa, ou seja, será debitado o valor
de R$ 4.500,00.

A BM&FBOVESPA mantém a negociação de contratos nas modalidades físico,


futuro, opções e termo, Mercados de Balcão, eletrônico(GTS) e viva-voz,
referenciados nas seguintes commodities: taxas de juro, taxas de câmbio, índice
de ações, ouro, cupom cambial, títulos da dívida, soja, milho, açúcar, café, boi
gordo, álcool anidro e algodão.

Você sabia que os contratos futuros são padronizados e as únicas variáveis


livres são a quantidade de contratos a comprar e o preço?

O preço é formado por um procedimento competitivo entre compradores e


vendedores. Este Mercado tem como característica principal a alta volatilidade,
ou seja, o preço dos produtos pode variar muito de um dia para o outro. Portanto,
o resultado da operação é justamente a diferença entre os preços de compra e o
de venda dos contratos.

Além das modalidades citadas acima, encontramos neste Mercado a


possibilidade da realização de swaps, que são opções flexíveis, ou seja, contratos
negociados em balcão e registrados na BM&FBOVESPA, via sistema eletrônico.

Nesse caso, as partes trocam um índice de rentabilidade por outro, com o


propósito de fazer hedge, proteger posições ativas com posições passivas,
equalizar preços, arbitrar mercados ou até alavancar posições.

Para tanto, devem escolher a combinação de variáveis adequadas a sua


operação e definir preço, prazo e tamanho.

Na próxima seção, compreenda qual é a relação entre preço à vista e preço futuro.

96
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 5
Qual a relação entre preço à vista e preço futuro?
Um prêmio para cada Normalmente, os preços em Mercados Futuros são
tipo de operação, o cotados da mesma maneira que no Mercado Físico.
prêmio é calculado de
forma diferente. Isso Como já foi dito, os contratos futuros podem ser
rendeu para Black
negociados para muitos meses de vencimento. Esse
Sholes o Prêmio Nobel
de Economia, em 1997. mecanismo permite que a negociação varie em função
Com isso, o investidor da Bolsa e do contrato para períodos determinados
será capaz de autorizados pela Bolsa.
identificar se o prêmio
está supervalorizado É importante que você saiba que os preços futuros
ou subvalorizado no
mercado.
carregam um prêmio sobre os preços à vista e esse
prêmio reflete o custo de carregar uma posição física até a
data de liquidação do contrato.

No valor do prêmio também está embutido o custo de estocar, o


custo de armazenamento do produto negociado, o custo do seguro e,
principalmente, o custo de financiamento dos estoques.

Portanto, variações nos preços futuros refletirão apenas as variações em relação


a preços à vista. Na teoria, os preços à vista no longo prazo aumentariam numa
proporção suficiente para cobrir o custo de carregamento.

Em resumo, a diferença entre o preço futuro e o preço à vista deveria diminuir


à medida que se aproxima o período de liquidação do contrato, já que poderá
existir a entrega física.

Assim, os preços a futuro tendem a manter uma relação muito próxima com os
preços à vista no período de liquidação do contrato. Então, dá para concluir que
fatores que afetam os preços futuros, neste período, seriam os mesmos afetando
o Mercado Físico do produto negociado, e, como consequência, variações nos
preços à vista causariam reações correspondentes nos preços futuros.

Desse modo, a próxima pergunta que surge é a que segue como título de nossa
próxima seção.

97
Capítulo 5

Seção 6
Quais são as garantias básicas de negociação
do mercado futuro?
Todo sistema de compensação é administrado pela Clearing house, que é
responsável por fiscalizar a compensação financeira de todos os contratos
negociados na BM&FBOVESPA.

Estabelece também o limite de margem de garantia e contratos a serem


negociados em cada um dos Mercados.

Já os membros de compensação são responsáveis por garantir a liquidação de


todos os contratos negociados na BM&FBOVESPA. Os membros mantêm um
depósito de garantia para manutenção de um fundo de liquidação de operações,
que é uma garantia não operacional para cada membro de compensação.

De todos os clientes, é exigido um depósito que precisa ser efetuado na Bolsa e


que precisa ser mantido até o vencimento do contrato.

A critério da Bolsa, são aceitos alguns ativos como margem de garantia:

•• dinheiro;
•• ações;
•• carta fiança bancária;
•• títulos públicos ou privados.

A BM&FBOVESPA, por intermédio da Clearing House, controla as posições


de investidores, dos membros de compensação e das corretoras, por meio
de instrumentos como margem adicional, proporcionando uma segurança
adicional ao sistema.

98
Capítulo 6

Teoria das Carteiras

Habilidades Com os conhecimentos do conteúdo deste capítulo


é possível selecionar ativos no Mercado de capitais,
visando a minimizar o risco e maximizar o retorno dos
investimentos por meio da teoria de Markowitz e de
Sharpe. Também é possível elaborar carteiras teóricas
de investimento, de acordo com o perfil do investidor.

Seções de estudo Seção 1:  Qual a importância da Teoria de Carteiras


para o Mercado Acionário?

Seção 2:  Definição de risco sistemático e risco não


sistemático

Seção 3:  A Teoria de Carteiras de Markowitz

Seção 4:  Quais os objetivos da Teoria de Carteiras?

Seção 5:  Modelo de Sharpe

99
Capítulo 6

Seção 1
Qual a importância da Teoria de Carteiras para
o Mercado Acionário?
Um dos tópicos que vem merecendo muita atenção por parte dos estudiosos das
áreas acadêmicas e financeira é o ramo de gerenciamento de carteiras de Ativos
financeiros, uma vez que os agentes econômicos, em geral, procuram avaliar tais
carteiras, sempre observando aquela que lhes proporcione maior rentabilidade
esperada para um dado nível de risco.

O problema na seleção de uma carteira de investimentos consiste na


determinação da fração ou proporção que um dado capital deve ser
aplicado na aquisição de cada um dos Ativos financeiros ofertados no
Mercado Acionário.

Ao analisar detalhadamente os ativos que irão compor determinada carteira,


primeiro, é preciso estudar o comportamento dos dados passados das empresas
ou indústrias, além de diversos indicadores econômicos e financeiros, que darão
suporte sobre as perspectivas futuras de risco e retorno durante o processo de
escolha da carteira ótima.

Ao se trabalhar com problemas de otimização de carteiras, você terá que levar


em consideração não somente as características de incertezas inerentes à
determinado investimento, em razão da natureza aleatória dos retornos dos títulos
e Ações do Mercado, como, também, se faz necessário atentar para as inter-
relações entre tais ativos.

Para auxiliar o investidor na determinação de sua carteira, vamos, inicialmente,


ver os conceitos de risco sistemático e não sistemático.

Seção 2
Definição de risco sistemático e risco não
sistemático
No Mercado Financeiro, há dois tipos de riscos: risco não sistemático e risco sistemático.

O risco não sistemático é também denominado risco diversificável, em razão da


possibilidade de resolução dentro do sistema econômico, ou seja, em outros investimentos.

100
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

De acordo com Halpern (2006), esse tipo de risco é único de cada empresa,
independente da economia ou política. Veja alguns exemplos:

•• desempenho alcançado da empresa comparado às projeções;


•• disputas judiciais;
•• desempenho das concorrentes diretas;
•• ameaças de concordatas;
•• perspectivas do desempenho futuro da empresa e do setor;
•• novas tecnologias desenvolvidas pela concorrência;
•• acidentes envolvendo a empresa;
•• greves dos colaboradores da empresa;
•• negociação de dívidas, entre outros entraves.

Já o risco sistemático – que também é denominado de risco não diversificável,


afeta todo o sistema econômico, e é um risco relacionado às influências
macroeconômicas, afetando todos os setores da economia.

Para Halpern (2006), este tipo de risco é resultante de crises políticas, escândalos,
grande oscilações nas taxas de juros, guerras, alterações nas alíquotas de
imposto pelo Governo, revoluções, falta de credibilidade por parte do consumidor,
classificação do risco país, crises cambiais, crises financeiras nacionais ou
internacionais, entre outros.

Você precisa saber que esses riscos causam grande volatilidade dos Mercados
Financeiros, fazendo com que as empresas, os investidores e os indivíduos
busquem sempre maior proteção em relação ao risco, estimando modelos mais
consistentes estatisticamente e, como consequência, realizando previsões
financeiras mais acuradas.

O aprimoramento de modelos, dando origem a novos modelos dinâmicos, traz


maior segurança para o investidor ao longo do ciclo de negócios.

O modelo The Capital Asset Pricing Model – CAPM - (Modelo de Precificação de


Ativos Financeiros) mostra que o risco de um ativo financeiro é bem representado
pelo coeficiente beta, que mede o risco de um título em relação ao Mercado.

Esse coeficiente representa a influência dos fatores macroeconômicos nos


retornos dos Ativos, daí a importância de suas estimativas.

O coeficiente beta pode ser visto como uma medida de volatilidade relativa dos
retornos de um Ativo em relação aos retornos do Mercado.

101
Capítulo 6

Devem-se esperar mudanças nas características fundamentais de uma empresa,


bem como como no ambiente macroeconômico. Assim, não é possível supor
que o risco sistemático mantenha-se estável.

Curiosidades
Não seja teimoso: não imagine que o Mercado mudará sua trajetória
porque isso será bom para você. Procure Ações nas quais haja questões e
dúvidas levantadas sobre os seus lucros. Isso é o que nos diz Willian Gofen
– US$ 2.5 bilhões em fundos e seguradoras.

Perceba, com isso, a grande complexidade do Mercado Acionário.

A partir do entendimento conceitual dos riscos sistemático e não sistemático,


vamos estudar a Teoria das Carteiras.

Seção 3
O que diz a Teoria de Carteiras de Markowitz?
A Teoria de Carteiras de Markowitz (1952) observa que, de uma forma genérica,
os investidores individuais procuram diversificar as suas aplicações não
concentrando os seus recursos financeiros

em um único investimento, visando auferir uma significativa redução nos riscos,


bem como retornos esperados elevados.

Nesse contexto, Markowitz formulou o seu modelo de seleção de carteiras


baseado em dois parâmetros estatísticos: a média e a variância.

Segundo ele, “os investidores tomam as suas decisões baseadas em informações


assumidas pelo valor esperado ou pela média dos retornos E(RP) e pela variância
(σ2) e/ou desvio padrão, que é a medida de risco.” (MARKOWITZ, 1952)

Assim, ao construir uma carteira de ativos eficientes, você pode partir da


suposição de que o investidor individual seja avesso ao risco, ou seja, na
escolha entre dois investimentos entre ativos quaisquer, o investidor preferirá
aquele que lhe proporcione um maior retorno esperado para o mesmo nível de
risco em relação a outro ativo, ou, inversamente, o menor risco para o mesmo
retorno esperado (dominância).

Não obstante, a representação do retorno esperado de uma carteira pode ser


definida como a ponderação média das taxas de retorno esperado dos Ativos que

102
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

compõem tal carteira. As ponderações serão iguais às frações aplicadas em cada


ativo individual. Ou seja, tendo-se n ativos, o retorno esperado de uma carteira
pode ser descrito como segue.

•• E(R) = Σ Φ E (R); com: j = 1, 2, 3, …, t.

Em que:

•• E(RP): retorno esperado da carteira;


•• Φ j : ponderações dos j ativos na carteira no tempo t;
•• E(Rj ): retorno esperado de cada ativo na carteira no tempo t.

Por outro lado, a soma das ponderações que compõem a carteira avaliada ( j )
deverá ser igual à unidade ou 100%, tal qual mostra a expressão a seguir.

•• Σnj Φ j= 100 %; com: j = 1, 2, 3, …, t.

Por sua vez, o risco de uma carteira funciona como uma importante regra no
desenvolvimento da escolha de uma carteira ótima.

Tal risco é mensurado por meio da variância ou do desvio padrão dos retornos
dos Ativos que fazem parte do portifólio. Nesse caso, a variância de uma carteira
pode ser calculada por meio da seguinte expressão:

•• σ 2r= X 12σ 12 + X 22σ 22 + X 32σ 32 + 2X 1X 2σ 12 + 2X 1X 3σ 13 + 2X 2X 2σ 23

Agora, você já tem informações suficientes para começar a construir sua própria carteira.

Seção 4
Quais os objetivos da Teoria de Carteiras?
Markowitz mostra que a análise de carteiras inicia-se com a análise de títulos
individuais e termina com a obtenção da carteira eficiente que melhor atenda
aos objetivos do investidor.

Partindo desse ponto, constrói-se a fronteira eficiente das carteiras e, entre


essas, seleciona-se aquela que satisfaz melhor o investidor em relação ao
retorno esperado e ao risco.

103
Capítulo 6

A aplicação dessa ferramenta para esses mercados permitirá um acréscimo de


informação para a tomada de decisão de investimento.

A ampla utilização da Teoria de Carteiras permitiu a elaboração do modelo


CAPM (Capital Asset Price Model), que foi desenvolvido baseado em uma série
de hipóteses simplificadoras, como, por exemplo, pela suposição de que os
indivíduos tomam suas decisões de investimento para um único período de
tempo, procurando sempre maximizar os retornos e minimizar os riscos.

Na busca desses objetivos, os investidores passaram a dar mais importância


ao gerenciamento de carteiras, juntamente ao comportamento dos fatores que
influenciam os riscos dessas carteiras, de modo que esses riscos pudessem ser
reduzidos significativamente, sem prejuízo da riqueza esperada do investidor.

I - Exercício com dois ativos da Teoria de Markowtiz:


A partir dos dados de retorno disponíveis a seguir, com dois ativos do ano de 2011,
observe atentamente os passos para calcular o percentual do risco e do retorno da
carteira em razão da proporção investida. O resultado final deverá ser apresentado
em 6 casas decimais após a vírgula. Então, considerando os dados a seguir,
suponha que o investidor decida aplicar 70% no primeiro ativo e 30% no segundo
ativo. Com base nisso: qual o risco e o retorno dessa Carteira de Investimentos?

Tabela 1 - Dados de Retorno do Ibovespa e de dois ativos do ano de 2011

2011 IBOV CRUZ3 EMBR4

Janeiro -4,842629 -13,644252 13,613445

Fevereiro -0,683892 -0,869565 2,712610

Março 3,538541 10,036873 -0,214111

Abril -4,527343 4,427391 -9,978150

Maio -1,286242 9,146006 0,481928

Junho -1,589630 3,847596 -3,639313

Julho -7,210462 -6,310550 -6,113903

Agosto -3,485094 8,931507 -9,009009

Setembro -9,969373 -3,147891 17,258315

Outubro 17,172334 14,673913 5,231037

Novembro -0,781550 8,720379 -3,084833

Dezembro -2,388938 -2,190614 3,248464

Fonte: Comdinheiro, 2014.

104
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Passo a passo para responder a pergunta apresentada por meio do Modelo da


Teoria de Markowitz:

Passo 1) Insira o símbolo do percentual nos dados de retorno dos ativos:

Tabela 2 - Dados de Retorno do Ibovespa e de dois ativos do ano de 2011

2011 CRUZ3 EMBR4

Janeiro -13,644252 13,613445

Fevereiro -0,869565 2,712610

Março 10,036873 -0,214111

Abril 4,427391 -9,978150

Maio 9,146006 0,481928

Junho 3,847596 -3,639313

Julho -6,310550 -6,113903

Agosto 8,931507 -9,009009

Setembro -3,147891 17,258315

Outubro 14,673913 5,231037

Novembro 8,720379 -3,084833

Dezembro -2,190614 3,248464

Fonte: Comdinheiro, 2014.

105
Capítulo 6

Passo 1.1) Para isso recomenda-se que você observe o seguinte modelo:

Figura 4.1: Processo para encontrar o percentual

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

Passo 1.2) Você deverá repetir este procedimento para cada retorno, isto é, para
cada mês de cada ativo, o que iremos demonstrar a seguir:

2011 CRUZ3 EMBR4 2011 CRUZ3 EMBR4

Janeiro -13,644252 13,613445 Janeiro -0,136443 0,136134

Fevereiro -0,869565 2,712610 Fevereiro -0,008696 0,027126

Março 10,036873 -0,214111 Março 0,100369 -0,002141

Abril 4,427391 -9,978150 Abril 0,044274 -0,099782

Maio 9,146006 0,481928 Maio 0,091460 0,004819

Junho 3,847596 -3,639313 Junho 0,038476 -0,036393

continua

106
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

2011 CRUZ3 EMBR4 2011 CRUZ3 EMBR4

Julho -6,310550 -6,113903 Julho -0,063105 -0,061139

Agosto 8,931507 -9,009009 Agosto 0,089315 -0,090090

Setembro -3,147891 17,258315 Setembro -0,031479 0,172583

Outubro 14,673913 5,231037 Outubro 0,146739 0,052310

Novembro 8,720379 -3,084833 Novembro 0,087204 -0,030848

Dezembro -2,190614 3,248464 Dezembro -0,021906 0,032485

Passo 1.3) Feito isso, com esta planilha aberta no excel, você deverá inserir o
símbolo do percentual da seguinte forma:

Vá na barra de ferramentas – página inicial - selecione as colunas com as taxas


de retorno dos ativos e clique no símbolo percentual, do ativo CRUZ3 do mês
de janeiro, e depois arraste para os demais meses. Proceda da mesma forma
para o segundo ativo, conforme segue:

2011 CRUZ3 EMBR4 2011 CRUZ3 EMBR4

Janeiro -13,644252 13,613445 Janeiro -14% 14%

Fevereiro -0,869565 2,712610 Fevereiro -1% 3%

Março 10,036873 -0,214111 Março 10% 0%

Abril 4,427391 -9,978150 Abril 4% -10%

Maio 9,146006 0,481928 Maio 9% 0%

Junho 3,847596 -3,639313 Junho 4% -4%

Julho -6,310550 -6,113903 Julho -6% -6%

Agosto 8,931507 -9,009009 Agosto 9% -9%

Setembro -3,147891 17,258315 Setembro -3% 17%

Outubro 14,673913 5,231037 Outubro 15% 5%

Novembro 8,720379 -3,084833 Novembro 9% -3%

Dezembro -2,190614 3,248464 Dezembro -2% 3%

Passo 1.4) Lembre-se de manter o mesmo número de casas decimais conforme a tabela 1.

Para isso, selecione os retornos dos ativos, clique com o botão direito do mouse
e, no ícone Formatar células, selecione Número na categoria Porcentagem, e
registre o número de casas decimais desejadas.

107
Capítulo 6

2011 CRUZ3 EMBR4 2011 CRUZ3 EMBR4

Janeiro -13,644252 13,613445 Janeiro -13,644252% 13,613445%

Fevereiro -0,869565 2,712610 Fevereiro -0,869565% 2,712610%

Março 10,036873 -0,214111 Março 10,036873% -0,214111%

Abril 4,427391 -9,978150 Abril 4,427391% -9,978150%

Maio 9,146006 0,481928 Maio 9,146006% 0,481928%

Junho 3,847596 -3,639313 Junho 3,847596% -3,639313%

Julho -6,310550 -6,113903 Julho -6,310550% -6,113903%

Agosto 8,931507 -9,009009 Agosto 8,931507% -9,009009%

Setembro -3,147891 17,258315 Setembro -3,147891% 17,258315%

Outubro 14,673913 5,231037 Outubro 14,673913% 5,231037%

Novembro 8,720379 -3,084833 Novembro 8,720379% -3,084833%

Dezembro -2,190614 3,248464 Dezembro -2,190614% 3,248464%

2) Calcule a média aritmética de cada ativo. Para calcular a média de cada


ativo você deverá digitar numa célula abaixo da tabela (na coluna do ativo
escolhido) a seguinte fórmula: =média (selecionar o retorno do ativo CRUZ3)
e repetir este raciocínio para o outro ativo. Observe a seguir a imagem com o
resultado das médias de cada ativo.

108
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

3) Calcule a variância da Carteira.

Passo 3.1) Para calcular a variância de uma carteira você deverá utilizar a
ferramenta do excel, ir em análise de dados – covariância e selecionar os ativos e
clicar em OK para apresentar o resultado, de acordo com o modelo sugerido:

Matriz de Covariância

CRUZ3 EMBR4

CRUZ3 0,006143

EMBR4 -0,002724 0,006337

Onde:

Variância do Ativo CRUZ3 e EMBR4

CRUZ3 0,006143

EMBR4 0,006337

Covariância entre os ativos = - 0,002724

4) Variância = (Primeira proporção elevada ao quadrado vezes a variância do


primeiro ativo) + (segunda proporção elevada ao quadrado vezes a variância do
segundo ativo) + (duas vezes a primeira proporção vezes a segunda proporção
vezes a covariância desses ativos). Observe:

Variância da carteira = (0,70 elevado ao quadrado vezes a variância do primeiro


ativo, que neste caso é 0,006143) + (0,30 elevado ao quadrado vezes a variância do
segundo ativo, que corresponde a 0,006337) + (2 vezes a primeira proporção 0,70
vezes a segunda proporção 0,30 vezes a covariância que é - 0,002724)

Variância da carteira = 0,0024362


Risco = Raiz quadrada da variância = 0,0493583

5) Retorno da carteira = (Primeira proporção vezes a média do primeiro ativo)


+ (segunda proporção vezes a média do segundo ativo). Ou seja, Retorno =
(0,70*(2,80173%) + (0,30*0,87554%) = 0,0222387

Observação: Encontrando o retorno da carteira, finalizamos o modelo da teoria


de Markowitz com dois ativos.

109
Capítulo 6

Proporção ideal da Carteira segundo a Teoria de Markowitz


Você já aprendeu a calcular o risco e o retorno de uma carteira com dois ativos,
com base na proporção indicada em cada ativo. Será que o resultado encontrado
seria a proporção ideal? Para responder esta questão você deverá calcular todas
as proporções possíveis para encontrar a proporção ideal.

Exemplo:

100% no primeiro ativo e 0% no segundo ativo


99 % no primeiro ativo e 1% no segundo ativo
98 % no primeiro ativo e 2% no segundo ativo
97 % no primeiro ativo e 3% no segundo ativo
E assim por diante... até chegar 0 % no primeiro ativo e 100% no segundo ativo.

Considere os valores da média dos ativos CRUZ3 e EMBR4 e a matriz de


covariância indicados a seguir:

A B C D E F G
1 CRUZ3 EMBR4 CRUZ3 EMBR4 VARIÂNCIA RISCO RETORNO
2 100 0 1 0 0,006143 0,078379 0,028017
3 99 1 0,99 0,01 0,005968 0,077251 0,027825
4 98 2 0,98 0,02 0,005796 0,076130 0,027632
5 97 3 0,97 0,03 0,005627 0,075016 0,027439
6 96 4 0,96 0,04 0,005463 0,073909 0,027247
7 95 5 0,95 0,05 0,005301 0,072810 0,027054
8 94 6 0,94 0,06 0,005144 0,071719 0,026862
9 93 7 0,93 0,07 0,004990 0,070637 0,026669
10 92 8 0,92 0,08 0,004839 0,069564 0,026476
11 91 9 0,91 0,09 0,004692 0,068500 0,026284
12 90 10 0,9 0,1 0,004549 0,067446 0,026091
13
14 CRUZ3 EMBR4 MATRIZ DE CONVARIÂNCIA
15 MÉDIA 2,801733% 0,875540% CRUZ3 EMBR4
16 CRUZ3 0,006143
17 EMBR4 -0,002724 0,006337
18

E o cálculo continua... até o valor da primeiro coluna chegar a zero e da segunda


coluna a 100.

Em cada proporção deve-se calcular a variância, o risco e o retorno. Leva um


tempinho... Após isso, é possível identificar a proporção ideal. Mas, se preferir,
com ajuda de uma ferramenta do excel denominada Solver, pode-se encontrar
a proporção ideal de cada ativo, de acordo com o Modelo de Markowitz,
minimizando o risco e maximizando o retorno, procedendo do seguinte modo:

110
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

1) Digitar no excel na linha decisão 0% no primeiro ativo e 0% no segundo


ativo. Na coluna total efetue a soma na linha de decisão dos dois ativos,
conforme imagem abaixo:

D3 : ƒx = SOMA (B3:C3)

A B C D
1
2 Ativo CRUZ3 EMBR4 TOTAL
3 Decisão 0% 0% 0%
4 Variância da Carteira
5 Retorno da Carteira
6 Desvio Padrão

Nota: Preencher manualmente o espaço vazio da Matriz de Covariância,


conforme o modelo:

Matriz de covariância obtida na ferramenta de Excel

Matriz de Covariância

CRUZ3 EMBR4

CRUZ3 0,006143

EMBR4 -0,002724 0,006337

Agora, segue a Matriz de Covariância preenchida manualmente que será utilizada


para os demais cálculos através da ferramenta solver.

Matriz de Covariância

CRUZ3 EMBR4

CRUZ3 0,006143 -0,002724

EMBR4 -0,002724 0,006337

111
Capítulo 6

2) Variância da carteira através do aplicativo do solver: digite na linha 4, coluna B


a fórmula apresentada na imagem abaixo e aparecerá o número zero.
B4 : ƒx = SOMARPRODUTO(MATRIZ.MULT(B3:C3;F2:G3);B3:C3)

A B C D E F G
1 Matriz Covariância CRUZ3 EMBR4
2 Ativo CRUZ3 EMBR4 TOTAL CRUZ3 0,006143257 -0,0027244
3 Decisão 0% 0% 0% EMBR4 -0,0027244 0,006336629
4 Variância da Carteira 0
5 Retorno da Carteira
6 Desvio Padrão

3) Retorno da carteira: Digite na linha 5, coluna B a fórmula apresentada na


imagem abaixo e aparecerá o número zero.

B5 : ƒx = SOMARPRODUTO(B3:C3;F5:G5)

A B C D E F G
1 Matriz Covariância CRUZ3 EMBR4
2 Ativo CRUZ3 EMBR4 TOTAL CRUZ3 0,006143257 -0,0027244
3 Decisão 0% 0% 0% EMBR4 -0,0027244 0,006336629
4 Variância da Carteira 0
5 Retorno da Carteira 0 Média 2,80173% 0,87554%
6 Desvio Padrão

4) Desvio Padrão: digite na linha 6, coluna B a fórmula apresentada na imagem


abaixo e aparecerá o número zero.
B6 : ƒx = B4ˆ0,5

A B C D E F G
1 Matriz Covariância CRUZ3 EMBR4
2 Ativo CRUZ3 EMBR4 TOTAL CRUZ3 0,006143257 -0,0027244
3 Decisão 0% 0% 0% EMBR4 -0,0027244 0,006336629
4 Variância da Carteira 0
5 Retorno da Carteira 0 Média 2,80173% 0,87554%
6 Desvio Padrão 0

5) Preencher os parâmetros do solver, conforme imagem, onde:

a. Definir Objetivo: no aplicativo solver do excel corresponde a linha


da variância da carteira, coluna B
b. Para: deve-se clicar e minimizar (Min)

112
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

c. Alterando Células Variáveis: clicar na linha de decisão do primeiro


ativo e arrastar o cursor até o segundo ativo, lembrando que consta
0% no primeiro ativo e 0% no segundo ativo.
d. Sujeito às Restrições: na linha 4 ( Decisão) , coluna D (Total)
determinar que o somatório do percentual dos ativos seja igual a
um ( = 1)
e. Clicar em Tornar Variáveis Irrestritas Não Negativas.
f. Clicar em Resolver: irá aparecer a resposta da proporção ideal em
cada ativo na planilha do excel que está sendo utilizada, conforme
imagem abaixo (item g

g. Eis a proporção ideal de cada ativo, com o cálculo do retorno da


carteira e o risco da carteira.
A B C D
1
2 Ativo CRUZ3 EMBR4 TOTAL
3 Decisão 50,54% 49,46% 100%
4 Variância da Carteira 0,0017573
5 Retorno da Carteira 0,0184903
6 Desvio Padrão 0,0419196

113
Capítulo 6

Modelo da Teoria de Markowitz com quatro ativos, com utilização da ferramenta


Solver do Excel
Consideremos os dados disponíveis na tabela abaixo para realizarmos esse
exercício com 4 ativos.

Tabela 3 – Dados de Retorno do Ibovespa e mais quatro ativos do ano X

Meses IBOVESPA VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4

Janeiro 0,839 2,515 2,432 10,93 0,117

Fevereiro 10,666 28,586 15,715 3,04 13,408

Março 8,026 5,47 7,499 16,277 22,653

Abril -3,539 -4,577 -1,454 -5,862 -0,168

Maio 1,397 -2,669 17,8 -8,55 22,95

Junho -6,881 -11,785 4,698 -8,74 -8,718

Julho 6,722 11,354 14,732 5,011 1,297

Agosto -3,971 1,861 -0,864 8,802 -9,158

Setembro 11,318 6,435 19,198 17,641 14,363

Outubro 6,961 1,437 8,922 13,67 16,114

Novembro -10,435 -12,252 -9,862 -17,711 -5,694

Dezembro -8,478 -14,361 -14,242 1,417 -22,311


Fonte: Comdinheiro, 2014.

Pede-se:

1.1) Calcule o retorno médio de cada ativo selecionado.

1.2) Obtenha a matriz de covariância dos ativos VALE5, CSNA3, NATU3 e PETR4.

1.3) De acordo com a teoria de Markowitz, use o solver da planilha excel e


identifique as proporções ideais a serem aplicadas em cada um dos ativos
financeiros VALE5, CSNA3, NATU3 e PETR4.

1.4) Qual é a taxa de retorno esperada e o risco da carteira construída?

1.5) Apresente em uma tabela os coeficientes Alfa, Beta, classificação do Beta e o Risco

Não sistemático dos ativos VALE5, CSNA3, NATU3 e PETR4.

114
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Solução para o item 1.1

A média aritmética é obtida somando cada coluna e dividindo pelo número de


informações, neste caso, 12, porque são doze meses. Para inserir o símbolo
percentual nos ativos, acompanhe o passo a passo do modelo anterior.

Ativos VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4

Média 1,001167% 5,381167% 2,993750% 3,737750%

Solução do item 1.2

Para a obtenção da matriz de covariância, use a ferramenta excel, análise de


dados – Covariância.

Para este cálculo, recomenda-se que você insira o símbolo do percentual nos
ativos citados acima conforme visto aqui anteriormente. Observe na tabela.

Meses VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4

Janeiro 2,515000% 2,432000% 10,930000% 0,117000%

Fevereiro 28,586000% 15,715000% 3,040000% 13,408000%

Março 5,470000% 7,499000% 16,277000% 22,653000%

Abril -4,577000% -1,454000% -5,862000% -0,168000%

Maio -2,669000% 17,800000% -8,550000% 22,950000%

Junho -11,785000% 4,698000% -8,740000% -8,718000%

Julho 11,354000% 14,732000% 5,011000% 1,297000%

Agosto 1,861000% -0,864000% 8,802000% -9,158000%

Setembro 6,435000% 19,198000% 17,641000% 14,363000%

Outubro 1,437000% 8,922000% 13,670000% 16,114000%

Novembro -12,252000% -9,862000% -17,711000% -5,694000%

Dezembro -14,361000% -14,242000% 1,417000% -22,311000%

Média 1,001167% 5,381167% 2,993750% 3,737750%

Agora, seguindo na ferramenta do Excel, vá na ferramenta Dados – Análise


de Dados – Covariância. Nesta célula da covariância você irá selecionar os
ativos. Lembre-se o Ibovespa não é ativo, portando não entrará neste cálculo.

115
Capítulo 6

Você irá obter a matriz de covariância dos ativos com o símbolo do percentual.

Matriz de Covariância

VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4

VALE5 0,01283781

CSNA3 0,00802395 0,0105724

NATU3 0,00602662 0,0041642 0,01155247

PETR4 0,00840229 0,0110645 0,005218494 0,018414515

Preencher manualmente os espaços vazios da matriz de covariância conforme o modelo abaixo:

Matriz de Covariância
VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4

VALE5 0,01283781 0,008024 0,006026621 0,008402291

CSNA3 0,00802395 0,0105724 0,00416424 0,011064493

NATU3 0,00602662 0,0041642 0,01155247 0,005218494

PETR4 0,00840229 0,0110645 0,005218494 0,018414515

116
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Solução para o tem 1.3

De acordo com a teoria de Markowitz, use o solver da planilha excel e identifique


as proporções ideais a serem aplicadas em cada um dos ativos financeiros
VALE5, CSNA3, NATU3 e PETR4, visando minimizar o risco:

a. Explicaremos o passo a passo. Digite no Excel, seguindo as


imagens abaixo:

ARQUIVO PÁGINA INICIAL INSERIR LAYOUT DE PÁGINA FÓMULAS

F2 : ƒx = SOMA (B2:C2)

A B C D E F
1 Ativos VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4 TOTAL
2 Decisão 0% 0% 0% 0% 0%
3 Variância da Carteira
4 Retorno Esperado
5 Desvio Padrão

b. Variância da Carteira:
B3 : ƒx = SOMARPRODUTO(MATRIZ.MULT(B2:E2;H2:K5);B2:E2)

A B C D E F G H I J K
1 Ativos VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4 TOTAL ATIVO VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4
2 Decisão 0% 0% 0% 0% 0% VALE5 0,012817 0,008024 0,006026621 0,008402291
3 Variância da Carteira 0 CSNA3 0,008024 0,010494 0,00416424 0,011064493
4 Retorno Esperado NATU3 0,006027 0,004164 0,010983864 0,005218494
5 Desvio Padrão PETR4 0,008402 0,011064 0,005218494 0,018296162
6
7 Meses VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4
8 Janeiro 2,5150% 2,4320% 10,9300% 0,1170%
9 Fevereiro 28,5860% 15,7150% 3,0400% 13,4080%
10 Março 5,4700% 7,4990% 16,2770% 22,6530%
11 Abril -4,5770% -1,4540% -5,8620% -0,1680%
12 Maio -2,6690% 17,8000% -8,5500% 22,9500%
13 Junho -11,7850% 4,6980% -8,7400% -8,7180%
14 Julho 11,3540% 14,7320% 5,0110% 1,2970%
15 Agosto 1,8610% -0,8640% 8,8020% -9,1580%
16 Setembro 6,4350% 19,1980% 17,6410% 14,3630%
17 Outubro 1,4370% 8,9220% 13,6700% 16,1140%
18 Novembro -12,2520% -9,8620% -17,7110% -5,6940%
19 Dezembro -14,3610% -14,2420% 1,4170% -22,3110%
20 MÉDIA 1,0012% 5,3812% 2,9938% 3,7378%
21

117
Capítulo 6

c. Retorno da Carteira:

B4 : ƒx = SOMARPRODUTO(B2:E2;B20:E20)

A B C D E F G H I J K
1 Ativos VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4 TOTAL ATIVO VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4
2 Decisão 0% 0% 0% 0% 0% VALE5 0,012817 0,008024 0,006026621 0,008402291
3 Variância da Carteira 0 CSNA3 0,008024 0,010494 0,00416424 0,011064493
4 Retorno Esperado 0 NATU3 0,006027 0,004164 0,010983864 0,005218494
5 Desvio Padrão PETR4 0,008402 0,011064 0,005218494 0,018296162
6
7 Meses VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4
8 Janeiro 2,5150% 2,4320% 10,9300% 0,1170%
9 Fevereiro 28,5860% 15,7150% 3,0400% 13,4080%
10 Março 5,4700% 7,4990% 16,2770% 22,6530%
11 Abril -4,5770% -1,4540% -5,8620% -0,1680%
12 Maio -2,6690% 17,8000% -8,5500% 22,9500%
13 Junho -11,7850% 4,6980% -8,7400% -8,7180%
14 Julho 11,3540% 14,7320% 5,0110% 1,2970%
15 Agosto 1,8610% -0,8640% 8,8020% -9,1580%
16 Setembro 6,4350% 19,1980% 17,6410% 14,3630%
17 Outubro 1,4370% 8,9220% 13,6700% 16,1140%
18 Novembro -12,2520% -9,8620% -17,7110% -5,6940%
19 Dezembro -14,3610% -14,2420% 1,4170% -22,3110%
20 MÉDIA 1,0012% 5,3812% 2,9938% 3,7378%
21

d. Desvio Padrão da Carteira:

B5 : ƒx =B3ˆ0,5

A B C D E F G H I J K
1 Ativos VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4 TOTAL ATIVO VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4
2 Decisão 0% 0% 0% 0% 0% VALE5 0,012817 0,008024 0,006026621 0,008402291
3 Variância da Carteira 0 CSNA3 0,008024 0,010494 0,00416424 0,011064493
4 Retorno Esperado 0 NATU3 0,006027 0,004164 0,010983864 0,005218494
5 Desvio Padrão 0 PETR4 0,008402 0,011064 0,005218494 0,018296162
6
7 Meses VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4
8 Janeiro 2,5150% 2,4320% 10,9300% 0,1170%
9 Fevereiro 28,5860% 15,7150% 3,0400% 13,4080%
10 Março 5,4700% 7,4990% 16,2770% 22,6530%
11 Abril -4,5770% -1,4540% -5,8620% -0,1680%
12 Maio -2,6690% 17,8000% -8,5500% 22,9500%
13 Junho -11,7850% 4,6980% -8,7400% -8,7180%
14 Julho 11,3540% 14,7320% 5,0110% 1,2970%
15 Agosto 1,8610% -0,8640% 8,8020% -9,1580%
16 Setembro 6,4350% 19,1980% 17,6410% 14,3630%
17 Outubro 1,4370% 8,9220% 13,6700% 16,1140%
18 Novembro -12,2520% -9,8620% -17,7110% -5,6940%
19 Dezembro -14,3610% -14,2420% 1,4170% -22,3110%
20 MÉDIA 1,0012% 5,3812% 2,9938% 3,7378%
21

118
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

e. Agora, passamos a inserir os dados no aplicativo do solver,


conforme imagem a sua direita:

A B C D E F G H I J K
1 Ativos VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4 TOTAL
2 Decisão 0% 0% 0% 0% 0%
3 Variância da Carteira 0
4 Retorno Esperado 0
5 Desvio Padrão 0
6
7 Meses VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4
8 Janeiro 2,5150% 2,4320% 10,9300% 0,1170%
9 Fevereiro 28,5860% 15,7150% 3,0400% 13,4080%
10 Março 5,4700% 7,4990% 16,2770% 22,6530%
11 Abril -4,5770% -1,4540% -5,8620% -0,1680%
12 Maio -2,6690% 17,8000% -8,5500% 22,9500%
13 Junho -11,7850% 4,6980% -8,7400% -8,7180%
14 Julho 11,3540% 14,7320% 5,0110% 1,2970%
15 Agosto 1,8610% -0,8640% 8,8020% -9,1580%
16 Setembro 6,4350% 19,1980% 17,6410% 14,3630%
17 Outubro 1,4370% 8,9220% 13,6700% 16,1140%
18 Novembro -12,2520% -9,8620% -17,7110% -5,6940%
19 Dezembro -14,3610% -14,2420% 1,4170% -22,3110%
20 MÉDIA 1,0012% 5,3812% 2,9938% 3,7378%
21

f. Clicar em Resolver:

Ativos VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4 TOTAL

Decisão 8,3954% 47,8405% 43,7641% 0,0000% 100,0000%

Variância da 0,007553984
Carteira

Retorno 0,039686159
Esperado.

Desvio Padrão 0,086913657

Solução do item 1.4

Qual é a taxa de retorno esperada e o risco da carteira construída? (esta resposta


é extraída do aplicativo solver)

Retorno Esperado. 0,039686159

Desvio Padrão 0,086913657

Solução do modelo apresentado 1.5

Lembrando que este modelo solicitava para apresentar uma tabela os coeficientes
Alfa, Beta, classificação do Beta e o Risco não sistemático dos ativos VALE5,
CSNA3, NATU3 e PETR4

119
Capítulo 6

Para obter estes dados, você deverá utilizar o excel, análise de dados –
ferramenta regressão. Deve-se calcular um ativo de cada vez e relacionar com o
Ibovespa. Os dados de retorno não devem conter o símbolo do percentual, ou
seja, são os mesmos dados informados na pergunta do modelo, ou seja tabela 2.

Passamos a resolver, observando os prints das imagens abaixo e o seguinte:

Ativo VALE5:

•• inserir os dados do ativo VALE5 no intervalo de entrada da


ferramenta regressão do Excel.
•• inserir os dados do Ibovespa, ambos no mesmo período de análise.
•• clicar em rótulos, determinar o intervalo de saída (para obter a
resposta) e assinalar no ícone resíduos.

120
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

•• Acompanhe a resposta do excel para o ativo VALE5.

Resumo dos resultados do VALE5

Estatística de regressão

R múltiplo 0,835408365

R-Quadrado (R2) – Medida da proporção da variância


da variável dependente em torno de sua média que é
explicada pelas variáveis independentes. O coeficiente
R-Quadrado 0,697907136
pode variar entre 0 e 1. Quanto maior o valor de R2, maior
o poder de explicação do modelo estimado e, portanto,
melhor a previsão da variável dependente.

R-quadrado
0,66769785
ajustado

Erro padrão 6,82191466

Observações 12

ANOVA

F de
gl SQ MQ F significação

Regressão 1 1075,15168 1075,1517 23,1024039 0,000716604

Resíduo 10 465,385196 46,53852

Total 11 1540,53688

95% 95% Inferior Superior


ALFA Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P
inferiores superiores 95,0% 95,0%

Interseção -0,35642813 1,98946927 -0,179157 0,86139205 -4,789241901 4,076386 -4,7892419 4,07638564

IBOVESPA 1,290387132 0,26846733 4,806496 0,0007166 0,692204653 1,88857 0,69220465 1,88856961


BETA

Resultados de resíduos

Observação Previsto(a) VALE5 Resíduos

1 0,726206675 1,78879332

2 13,40684102 15,179159

3 10,00021899 -4,530219

4 -4,92310819 0,34610819

5 1,446242695 -4,1152427

6 -9,23558198 -2,549418

7 8,317554172 3,03644583

continua

121
Capítulo 6

Observação Previsto(a) VALE5 Resíduos

8 -5,48055543 7,34155543

9 14,24817343 -7,8131734

10 8,625956696 -7,1889567

11 -13,8216178 1,56961785

12 -11,2963302 -3,0646698

=VAR(SELECIONE OS DADOS DA
RISCO NÃO SISTEMÁTICO 42,3077451
COLUNA RESÍDUOS)
Risco Não Sistemático Variância

O mesmo procedimento deve ser efetuado para os demais ativos.

•• Usemos então agora o ativo CSNA3, para realizar esse mesmo procedimento.

RESUMO DOS RESULTADOS

CSNA3

Estatística de regressão

R múltiplo 0,845321899

R-Quadrado 0,714569112

R-quadrado ajustado 0,686026024

Erro padrão 6,017668093

Observações 12

ANOVA

F de
gl SQ MQ F significação

Regressão 1 906,5666369 906,5666 25,03475 0,000535

Resíduo 10 362,1232928 36,21233

Total 11 1268,68993

95% 95% Inferior Superior


Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P
inferiores superiores 95,0% 95,0%

Interseção 4,134543591 1,754927515 2,355963 0,040229 0,224321 8,044766 0,224321 8,044766


ALFA

IBOVESPA 1,184909062 0,236817278 5,003474 0,000535 0,657247 1,712571 0,657247 1,712571


BETA

122
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

C114 : ƒx =VAR(C102:C113)

A B C
97
98
99 RESULTADOS DE RESÍDUOS
100
101 Observação Previsto(a) CSNA3 Resíduos
102 1 5,128682294 -2,696682294
103 2 16,77278364 -1,057783644
104 3 13,64462372 -6,145623721
105 4 -0,058849578 -1,395150422
106 5 5,789861551 12,01013845
107 6 -4,018815662 8,716815662
108 7 12,0995023 2,632497696
109 8 -0,570730293 -0,293269707
110 9 17,54534435 1,652655648
111 10 12,38269557 -3,46069557
112 11 -8,229982468 -1,632017532
113 12 -5,911115434 -8,330884566
114 Risco Não Sistemático 32,92029934

•• Agora é a vez de realizarmos essas operações com o ativo NATU3.

RESUMO DOS RESULTADOS - NATU3

Estatística de regressão

R múltiplo 0,707874502

R-Quadrado 0,50108631

R-quadrado ajustado 0,451194941

Erro padrão 8,316503243

Observações 12

ANOVA

F de
gl SQ MQ F significação

Regressão 1 694,654158 694,65416 10,043547 0,01000199

Resíduo 10 691,642262 69,164226

Total 11 1386,29642

95% 95% Inferior Superior


Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P
inferiores superiores 95,0% 95,0%

Interseção 1,902511662 2,42533489 0,7844326 0,45096847 -3,50147123 7,306495 -3,50147123 7,30649455


ALFA
IBOVESPA 1,037216638 0,32728486 3,1691556 0,01000199 0,307980525 1,766453 0,30798052 1,76645275
BETA

123
Capítulo 6

RESULTADOS DE RESÍDUOS

Previsto(a)

Observação NATU3 Resíduos

1 2,772736421 8,15726358

2 12,96546432 -9,9254643

3 10,2272124 6,0497876

4 -1,76819802 -4,093802

5 3,351503305 -11,901503

6 -5,23457602 -3,505424

7 8,874681901 -3,8636819

8 -2,21627561 11,0182756

9 13,64172957 3,99927043

10 9,122576677 4,54742332

11 -8,92084395 -8,790156

12 -6,89101099 8,30801099

62,8765693
Risco Não Sistemático

•• E, finalmente, realizarmos essas operações com o último ativo da


nossa lista, ao PETR4.

RESUMO DOS RESULTADOS - NATU3

Estatística de regressão

R múltiplo 0,785903388

R-Quadrado 0,617644135

R-quadrado ajustado 0,579408548

Erro padrão 9,19188631

Observações 12

124
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

ANOVA

F de
gl SQ MQ F significação

Regressão 1 1364,83406 1364,8341 16,1536461 0,002441752

Resíduo 10 844,907739 84,490774

Total 11 2209,7418

95% 95% Inferior Superior


Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P
inferiores superiores 95,0% 95,0%

Interseção 2,208159343 2,68062212 0,8237488 0,42929067 -3,764638949 8,180958 -3,76463895 8,18095764


ALFA

IBOVESPA 1,453868347 0,36173439 4,0191599 0,00244175 0,647873899 2,259863 0,6478739 2,2598628


BETA

C153 : ƒx =VAR(C141:C152)

A B C
136
137
138 RESULTADOS DE RESÍDUOS
139
140 Observação Previsto(a) PETR4 Resíduos
141 1 3,427954886 -3,310954886
142 2 17,71511913 -4,307119133
143 3 13,8769067 8,776093303
144 4 -2,937080737 2,769080737
145 5 4,239213424 18,71078658
146 6 -7,795908753 -0,922091247
147 7 11,98106237 -10,68406237
148 8 -3,565151863 -5,592848137
149 9 18,6630413 -4,300041296
150 10 12,32853691 3,785463093
151 11 -12,96295686 7,268956859
152 12 -10,1177365 -12,1932635
153 Risco Não Sistemático 76,80979449

Agora que você concluiu o estudo do modelo de Markowitz com quatro ativos,
basta preencher a tabela abaixo com os resultados obtidos, respondendo o item
1.5 da página 114.

125
Capítulo 6

Seção 5
Modelo Sharpe
O modelo foi desenvolvido por Willian Sharpe, em 1964. O estudioso ganhou
o Prêmio Nobel de Economia, em 1990, junto com Merton Miller y e Harry
Markowitz, por seus trabalhos na área Financeira.

O modelo, denominado de índice único, relaciona as taxas de retorno do índice


de Mercado. Este modelo demonstra que a relação risco e retorno, em um ativo,
é uma relação linear do ativo com o índice do Mercado.

De acordo com Assaf Neto (2012, p. 305), por retratar a relação de risco e retorno,
o índice Sharpe é um “indicador de eficiência dos investimentos”, em que
defende-se que as carteiras com maior risco devem apresentar um prêmio maior,
justamente pelo risco mais elevado.

Mas afinal, o que se entende por prêmio pelo risco?

Prêmio pelo risco é a diferença entre a taxa de juros de uma aplicação com risco
e de uma aplicação sem risco. Uma vez que exista essa diferença, quando o
investidor opta pelo risco, ele merece ser compensado.

Cálculo:

IS = ( Ri -Rf ) / (σi )

Em que:

•• IS = Índice Sharpe
•• Ri = Retorno do Ativo
•• Rf = Retorno Livre de Riso ( Risk-Free )
•• σi = Risco do Ativo ( a letra grega sigma representa volatilidade )

Exemplo 1

Caso I

Considere os seguintes dados de janeiro a dezembro de 2010:

Retorno Anual da média dos Fundos Imobiliários: 35,80%

126
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Retorno Anual do CDI: 13,89%

Volatilidade Anual da média dos Fundos Imobiliários: 8,95%

Logo:

IS = ( 0,3580 – 0,1389) / (0,0895)

IS = 2,4480

Caso II

Considere os seguintes dados de janeiro a dezembro de 2010:

Retorno Anual da média dos Fundos do Setor Elétrico: 31,80%

Retorno Anual do CDI: 13,89%

Volatilidade Anual da média dos Fundos do Setor Elétrico: 9,95%

Logo:

IS = ( 0,3180 – 0,1389) / (0,0995)

IS = 1,8

Interpretação: Quanto maior o índice Sharpe, melhor. Portanto, a carteira do


Fundo do Setor Imobiliário apresenta a melhor opção para investimento.

O resultado indica que o fundo com risco apura 1,8 % do prêmio de risco para
1% de risco adicional incorrido no período. Reforçando, o índice de Sharpe reflete
a relação direta entre o retorno (prêmio pelo risco) e o risco de um investimento.

Exemplo 2 – Índice Sharpe Generalizado

Considere os seguintes dados de janeiro a dezembro de 2010:

Retorno Anual da média dos Fundos Imobiliários: 35,80%

Retorno Anual do CDI: 13,89%

Volatilidade Anual da média dos Fundos Imobiliários: 8,95%

Volatilidade Anual CDI: 0,55%

127
Capítulo 6

Logo:

ISg = ( 0,3580 – 0,1389) / (0,0895 – 0,055)

ISg = 6,3507

Nota: Como o Índice Sharpe Generalizado desconta também a volatilidade do


ativo livre de risco, ele será sempre superior ao Índice Sharpe. Compare com o
exemplo 1, caso I, visto anteriormente.

Considere o desempenho do prêmio pelo risco de duas carteiras de investimentos.

Prêmio pelo risco


Data (RP – RF)
Carteira I Carteira II

D1 0,34% 0,61%

D2 -0,9% -1,4%

D3 0,29% 0,61%

D4 -0,07% -0,12%

D5 0,98% 1,94%

Média
0,128% 0,328%
(RP – RF)

Desvio Padrão
0,688% 1,219%
( σp)

Índice Sharpe 0,186 0,269

Fonte: Assaf Neto (2012).

Para obter o Índice Sharpe, foi calculado:

IS = (RP – RF) / Desvio Padrão

Em que:

IS = Índice Sharpe

(RP – RF) = média aritmética de retorno

Neste caso, pode-se concluir que a carteira II foi mais eficiente porque pagou
uma remuneração maior (prêmio de risco) por unidade de risco assumido. É
mais conveniente para um investidor que submete-se a um risco maior, ou
seja, um investidor agressivo.

128
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Referendando este mesmo autor, considere três fundos de investimentos com os


seguintes dados anuais.

Fundo I Fundo II Fundo III

Taxa de Retorno
(Prêmio pelo Risco) 3,9 % 6,5 % 8,7 %
(RP – RF)

Desvio Padrão
0,5 % 1,30% 1,30%
( σp)

Índice de Sharpe 7,8 5 6,6923

Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2012)

As carteiras II e III possuem o mesmo nível de risco, ou seja, o desvio padrão de


1,3%, no entanto, o fundo III apresenta uma taxa de retorno superior, confirmando
essa eficiência pelo índice de Sharpe, que é maior que o fundo II.

Cabe ressaltar que, de acordo com os dados encontrados, a carteira I representa a


melhor alternativa, cujo índice Sharpe de 7,8 é superior aos demais, representando
o fundo com maior prêmio médio por unidade de risco assumido. Portanto, a
opção do Fundo I seria ideal para o investidor que deseja correr um risco maior.

O perfil do investidor é fundamental para a decisão de investimentos. Logo, um


investidor que não pretenda assumir muito risco, optaria pelo fundo III, porque a
taxa anual de retorno, ou seja, 8,7%, é maior que do fundo I (ASSAF NETO, 2012).

Exemplo 3

Considere as seguintes informações para calcular o Índice de Sharpe no período


de janeiro a dezembro do ano de 2013.

Ativo sem risco = 6%

Ativo com risco = 18%

Desvio Padrão = 8%

Suponha risco da carteira = 6,4%

A carteira é composta com 80% de ativo com risco e 20% de ativo sem risco.

Determine:

a. Retorno médio esperado da carteira;


b. Índice de Sharpe

129
Capítulo 6

Desenvolvimento do exercício:

a. Retorno esperado da carteira – E(Rp)


•• E(Rp) = ((18% x 0,8) + ( 6% x 0,20)
•• E(Rp) = 14,40% + 1,2 %
•• E(Rp) = 15,6%

Logo, o retorno da carteira esperado é de 15,6 %.

b. Índice de Sharpe
•• IS = Rj - Rf
σRj

IS = 15,6 % - 6% = 1,5

6,4%

Salientamos que o resultado indica que o fundo com risco apura 1,5 % do
prêmio de risco para 1% de risco adicional incorrido no período. Reforçando, o
índice de Sharpe reflete a relação direta entre o retorno (prêmio pelo risco) e o
risco de um investimento.

Agora que você compreendeu a importância da utilização do índice de Sharpe


para a seleção de carteira de ativos, em especial Fundos de Investimentos,
passaremos a estudar a composição da proporção ideal de uma carteira de
investimentos através do Modelo de Sharpe.

Para obter a proporção ideal de um ativo, necessitamos das seguintes informações:

1. Retorno médio do ativo e do Ibovespa;


2. Média de retorno da carteira;
3. Coefiente Alfa;
4. Coeficinete Beta;
5. Risco Não sistemático;
6. Variância do índice de Mercado, no caso específico, o Ibovespa.

130
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Vamos praticar?

Considere as seguintes informações:

1 e 2) Média do retorno de cada ativo e do Ibovespa

CRUZ3 EMBR4 IBOVESPA

Média 2,801733% 0,875540% -1,33786%

3, 4 e 5) Valor do Alfa, Beta e Risco Não Sistemático de cada ativo

RISCO NÃO
ATIVO ALFA BETA SISTEMÁTICO

CRUZ3 3,877065433 0,803772821 37,39464571

EMBR4 0,83247564 -0,032189053 69,07934765

6) Variância do índice de Mercado – Ibovespa

Selecionar no Excel os retornos do Ibovespa, e inserir a fórmula apresentada na


imagem a seguir:

131
Capítulo 6

Passo a passo:

1) De posse das informações anteriores resolva através do Excel os seguintes itens:

a. Digite na planilha do Excel:

ATIVOS CRUZ3 EMBR4 TOTAL

DECISÃO

MÉDIA DA
CARTEIRA

VARIÂNCIA DA
CARTEIRA

DESVIO PADRÃO
DA CARTEIRA

b. Insira na linha de decisão 0% para o ativo CRUZ3, 0%, para o ativo


EMBR4, e acrescente a fórmula =(somar 0% do CRUZ3 e arrastar o
cursor até o ativo EMBR4)

132
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

c. Na linha da média da carteira, insira:

CRUZ3
EMBR4

Desafio 1: Demonstração do cálculo da média da carteira - Sharpe com dois ativos.

MÉDIA DA CARTEIRA: = (proporção do primeiro ativo vezes ALFA do primeiro


ativo mais proporção do segundo ativo vezes ALFA do segundo ativo) + (média
de retorno do IBOVESPA vezes (proporção do primeiro ativo vezes BETA do
primeiro ativo mais proporção do segundo ativo vezes BETA do segundo ativo).

133
Capítulo 6

d. Demonstração do cálculo da variância da Carteira

CRUZ3
EMBR4

VARIÂNCIA DA CARTEIRA: = Variância do IBOVESPA vezes ((proporção do primeiro


ativo elevado ao quadrado vezes BETA do primeiro ativo elevado ao quadrado) mais a
segunda proporção elevada ao quadrado vezes BETA do segundo ativo elevado ao
quadrado) + duas vezes (proporção do primeiro ativo vezes a proporção do segundo ativo
vezes BETA do primeiro ativo vezes BETA do segundo ativo) + (proporção do primeiro
ativo elevado ao quadrado vezes o risco não sistemático do primeiro ativo + a segunda
proporção elevada ao quadrado vezes o risco não sistemático do segundo ativo).

e. Demonstração do cálculo do desvio padrão da Carteira

134
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Desvio padrão da Carteira: = raiz quadrada variância da carteira

CRUZ3
EMBR4

f. Ainda no Excel, aplique a ferramenta solver para identificar a


proporção ideal em cada ativo, de acordo com o modelo de Sharpe.

135
Capítulo 6

g. Viu como ficou fácil?!… Agora, basta clicar em resolver.

h. Agora o resultado estará sendo apresentado na planilha do Excel,


na linha decisão que você havia inserido 0%, incluindo o cálculo da
média de retorno da Carteira, variância da carteira e o desvio padrão.

Ativo CRUZ3 EMBR4 TOTAL

Decisão 64,87% 35,13% 100%

Média da Carteira 2,125062342

Variância da 24,250758
Carteira

Desvio Padrão 4,9245059

Este modelo está sugerindo aplicar 64,87 % no ativo CRUZ3 e 35,13% no ativo EMBR4.

Desafio 2 – vamos tentar fazer com quarto ativos, utilizando a mesma base de
dados que foi calculado através do Modelo de Markowitz?

136
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

1. As taxas de retorno mensais (%) do IBOVESPA e de alguns ativos selecionados,


no período de janeiro a dezembro do ano X , encontram-se na tabela abaixo.
Você foi consultado para apresentar as proporções ideais para investimento
nestes ativos, de acordo com a Teoria de Sharpe.

Meses IBOVESPA VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4

Janeiro 0,839 2,515 2,432 10,93 0,117

Fevereiro 10,666 28,586 15,715 3,04 13,408

Março 8,026 5,47 7,499 16,277 22,653

Abril -3,539 -4,577 -1,454 -5,862 -0,168

Maio 1,397 -2,669 17,8 -8,55 22,95

Junho -6,881 -11,785 4,698 -8,74 -8,718

Julho 6,722 11,354 14,732 5,011 1,297

Agosto -3,971 1,861 -0,864 8,802 -9,158

Setembro 11,318 6,435 19,198 17,641 14,363

Outubro 6,961 1,437 8,922 13,67 16,114

Novembro -10,435 -12,252 -9,862 -17,711 -5,694

Dezembro -8,478 -14,361 -14,242 1,417 -22,311

Observação: Para o desenvolvimento deste modelo, aproveitaremos os dados já


calculados no Modelo de Markowitz.

Para obter as proporções ideais, de acordo com o Modelo Sharpe, necessitamos


das seguintes informações:

1. Retorno médio do Ibovespa e dos demais ativos


2. Coeficiente Alfa
3. Coeficiente Beta
4. Risco Não sistemático
5. Variância do índice de Mercado, no caso específico, o Ibovespa
6. Variância da Carteira
7. Desvio padrão da Carteira

137
Capítulo 6

Sharpe com quatro ativos:

1) Retorno médio do Ibovespa e dos demais ativos

IBOVESPA VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4

Média de 1,05208 1,00117 5,38117 2,99375 3,73775


Retorno

2, 3, e 4) Coeficiente Alfa, Coeficiente Beta e Risco Não Sistemático

RISCO NÃO
ATIVOS ALFA BETA CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICO

VALE5 -0,356428128 1,290387132 AGRESSIVO 42,30774512

CSNA3 4,134543591 1,184909062 AGRESSIVO 32,92029934

NATU3 1,902511662 1,037216638 AGRESSIVO 62,87656927

PETR4 2,208159343 1,453868347 AGRESSIVO 76,80979449

5) Variância do índice de Mercado, no caso específico, o Ibovespa

Média da Carteira ou retorno esperado da Carteira: = (proporção do primeiro


ativo vezes alfa do primeiro ativo mais proporção do segundo ativo vezes alfa
do segundo ativo + proporção do terceiro ativo vezes o alfa do terceiro ativo
+ proporção do quarto ativo vezes o alfa do quarto ativo) + (média de retorno
do IBOVESPA vezes (proporção do primeiro ativo vezes BETA do primeiro
ativo , mais proporção do segundo ativo vezes BETA do segundo ativo, mais a
proporção do terceiro ativo vezes o beta do terceiro ativo, mais a proporção do
quarto ativo vezes o beta do quarto ativo)).

138
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Variância da carteira: = Variância do IBOVESPA vezes ((proporção do primeiro


ativo elevado ao quadrado vezes BETA do primeiro ativo elevado ao quadrado mais
a segunda proporção elevado ao quadrado vezes BETA do segundo ativo elevado
ao quadrado mais a proporção do terceiro ativo elevado ao quadrado vezes o beta
do terceiro ativo elevado ao quadrado mais a proporção do quarto ativo elevado
ao quadrado vezes o beta do quarto ativo elevado ao quadrado) + duas vezes
(proporção do primeiro ativo vezes a proporção do segundo ativo vezes o beta do
primeiro ativo vezes o beta do segundo ativo mais a proporção do primeiro vezes
a proporção do terceiro vezes o beta do primeiro vezes o beta do terceiro mais a
proporção do primeiro vezes a proporção do quarto vezes o beta do primeiro vezes
o beta do quarto mais a proporção do segundo vezes a proporção do terceiro
vezes o beta do segundo vezes o beta do terceiro mais a proporção do segundo
vezes a proporção do quarto vezes o beta do segundo vezes o beta do quarto mais
proporção do terceiro vezes a proporção do quarto vezes o beta do terceiro vezes
o beta do quarto)) + ( proporção do primeiro ativo ao quadrado vezes o risco não
sistemático do primeiro mais a proporção do segundo ao quadrado vezes o risco
não sistemático do segundo, mais a proporção do terceiro ao quadrado vezes o
risco não sistemático do terceiro mais a proporção do quarto elevado ao quadrado
vezes o risco não sistemático do quarto).

Digite a seguinte planilha no Excel e siga as orientações através das imagens


disponíveis a seguir, passo a passo:

a. Na Linha de decisão deverá inserir 0% em cada ativo. Na coluna


total inserir a fórmula =Soma (clicando no primeiro ativo e
arrastando o cursos até o último ativo).

139
Capítulo 6

b. Na linha Média da Carteira, digite:

c. Na linha variância da Carteira. Inserir:

d. Desvio padrão da Carteira = raiz quadrada variância da carteira.

140
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

E.... finalmente, alimente o aplicativo Solver do Exel:

A seguir, eis a Carteira ideal proposta pelo modelo Sharpe:

ATIVOS VALE5 CSNA3 NATU3 PETR4 TOTAL

DECISÃO 28,50% 36,63% 19,18% 15,70% 100%

MÉDIA DA 3,417119775
CARTEIRA

VARIÂNCIA DA 12,06636583
CARTEIRA

DESVIO 3,473667489
PADRÃO

Agora, compare com o resultado obtido no mesmo período e com os


mesmos dados do modelo de Markowitz.

Lembre-se: todo investimento no mercado acionário é de risco. Os modelos


estudos auxiliam na seleção de carteiras de investimentos. Porém, nenhum
modelo elimina todos os riscos. O risco faz parte deste mercado. Parabéns por
mais este aprendizado!

141
Capítulo 7

Análise de Ações

Habilidades Com este capítulo, pretende-se dar subsídios


para análise, interpretação e cálculo dos principais
indicadores da Escola Fundamentalista - Beta, P/L,
P/VPA, Dividendo Yeld e Ebitda -, visando à tomada
de decisão para investimento em ações.
Além disso, será possível analisar, interpretar
e calcular os principais indicadores da Análise
Técnica, tais como IFR, suporte e resistência,
gráfico de velas, ou Candlesticks, também visando à
tomada de decisão para investimento em ações.

Seções de estudo Seção 1:  Por que estudar a análise fundamentalista


de Ações?
Seção 2:  Principais indicadores da Análise
Fundamentalista
Seção 3:  Por que estudar a Análise Gráfica ou
Técnica de Ações?
Seção 4:  Principais indicadores da Análise Gráfica
ou Técnica
Seção 5:  Análise do modelo CAPM (Capital Asset
Price Model)

143
Capítulo 7

Seção 1
Por que estudar a análise fundamentalista
de Ações?
Os analistas fundamentalistas preocupam-se com os dados reais da empresa,
como produtividade, modernidade da planta, Mercado de seus produtos, inserção
na economia internacional, nível de endividamento, capacidade de crescimento
dadas às expectativas macroeconômicas do país etc.

Todas essas avaliações precisam ser quantificadas, ou seja, avaliadas


em números, e devem refletir o crescimento esperado da empresa e o
comportamento das suas receitas e despesas.

A hipótese estudada pela análise fundamentalista se baseia na existência de um


valor real ou intrínseco para cada Ação.

Em muitas situações, o preço de Mercado para a Ação não coincide com seu
valor real em razão da ineficiência do Mercado na avaliação desse título.

As demonstrações financeiras e outras informações relevantes que ilustrem


o comportamento passado e presente da sociedade são instrumentos
importantes para se realizar a projeção da evolução futura da empresa.

A conjuntura econômica e considerações políticas monetárias e fiscais adotadas


pela autoridade monetária também precisam ser analisadas, pois exercem
influência no preço das Ações negociadas.

Assim, para os fundamentalistas, o preço de uma Ação depende do desempenho


da empresa no setor em que ela está inserida.

Mas é importante você compreender também que o preço justo de uma Ação se
fundamenta na expectativa de lucros no decorrer do período analisado.

Na teoria, o momento certo para a compra de uma Ação é quando o preço dessa
Ação estiver baixo para compra e alto para venda.

Entretanto, os preços das Ações tendem a se movimentar em torno do seu valor


intrínseco. Assim, de acordo com a teoria dos mercados eficientes no longo prazo, o
Mercado, apesar de suas imperfeições, avalia corretamente o preço de uma Ação.

144
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 2
Principais indicadores da Análise Fundamentalista
Para Cavalcanti (2005), a Análise Fundamentalista é uma metodologia para determinar
o preço justo de uma Ação nas expectativas dos resultados dos preços futuros.

Imagine a aquisição de um imóvel por R$ 100.000,00. Os indivíduos “avaliam”


um apartamento com valores diferentes. Para um investidor, o preço deste
imóvel poderá hipoteticamente estar supervalorizado, enquanto que, para outro
indivíduo, o preço está adequado em razão de outras perspectivas observadas(
localização, segurança, proximidade do trabalho, entre outros).

Principais fatores que determinam o preço justo de uma Ação:

•• liquidez da Ação – facilidade de comprar e vender esta Ação;


•• histórico do resultado apresentado – acompanhar o pagamento dos
dividendos e a evolução do preço da cotação em bolsa;
•• perspectivas de crescimento – a atividade principal da empresa está
sendo atrativa ao mercado consumidor?;
•• custo de oportunidade – o mercado acionário está sendo mais
atrativo em relação ao investimento em renda fixa?.

Indicadores
a) Preço/lucro – conhecido como PL

É um dos indicadores mais tradicionais do processo de análise de ações, sendo


muito utilizado pelos investidores. O cálculo compreende o preço do ativo atual
dividido pelo lucro por ação no exercício.

P/L = Preço de Mercado da Ação

Lucro por ação (LPA)

Representa o tempo de retorno sobre o capital investido.

Exemplo
Preço R$ 10,00
Lucro: R$ 5,00
Preço/lucro = 10/5 = 2 (dois anos para obter o retorno sobre o investimento, se
tudo permanecer como está). Dessa forma, 1/2 = 0,50 x 100 = obterá 50% de
retorno sobre o capital investido por ano.

145
Capítulo 7

Outro exemplo:

1. A Construtora Beta esperava obter R$ 3,00 de lucro por Ação no ano de 2010.
Essa expectativa baseava-se na análise da tendência dos lucros históricos da
empresa e nas condições esperadas na economia e na indústria. O índice médio
preço/lucro para empresas do mesmo setor é 6. Supondo que os investidores
aceitem essas informações como adequadas, o valor das ações da empresa, em
reais, é?

Solução:
Lucro: R$ 3,00
Índice médio Preço/Lucro, famoso P/L   = 6

Onde:
Preço  = 6
Lucro

Preço  = 6
   3

Preço da Ação   =  6 x 3 = R$ 18,00

Preço = R$ 18,00

Tirando a prova real: R$ 18,00 / 3 = 6.

Fonte: Questão do Provão em Administração do MEC adaptada.

b) Preço /Valor Patrimonial, conhecido por P/VPA

Indica o valor do mercado em relação ao valor patrimonial da empresa. Sugere-se


escolher empresas para investimento com menor relação do Preço/Valor Patrimonial.

Exemplo:

Empresa A
P/VPA = 1,8

Empresa B
P/VPA = 3,7

No exemplo apresentado, para aquisição de novas Ações, a empresa “A” está


mais atrativa para compra.

O P/VPA indica quanto o mercado paga para cada real que os acionistas
investiram na empresa.

146
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Imagine se o P/VPA de uma empresa for 3, entende-se que o mercado está


disposto a pagar R$ 3,00 por cada R$ 1,00 que os acionistas investiram na
companhia. Se for menor, significa que o mercado não está valorizando o capital
investido pelos acionistas, ou seja, está aplicando um desconto.

c) PAY-OUT (taxa de distribuição de lucros) - Dividendos pagos/Lucro líquido

Quanto maior, melhor. A afirmação determina o quanto da distribuição dos lucros


são distribuídos aos acionistas.

Cabe lembrar que a legislação exige que seja distribuído, no mínimo, 25% do
lucro líquido, após as deduções legais.

É comum, as empresas em fase de crescimento seguirem apenas a legislação, ou


seja, distribuir, no mínimo, 25% do lucro. Já as empresas consolidadas no mercado,
e/ou com menor necessidade de novos investimentos, podem distribuir um percentual
maior que o exigido pela legislação. Por isso, o investidor deverá ficar atento, se
desejar investir em empresas que são Excelentes pagadoras de dividendos.

Exemplo:

A empresa Sorriso S. A. tem lucro de R$ 1,00 por ação e distribui R$ 0,35 por ação
de dividendos. O Pay-Out é de 35%.

Veja: 0,35/1 x 100 = 35%

Este resultado representa que a empresa distribuiu aos acionistas 35% do lucro e
reinvestiu o restante, ou seja, 65% do seu lucro líquido no período.

d) DIVIDEND YELD (Taxa de Distribuição de lucros)

Dividendos pagos por ação / Preço da ação – Avalia o quanto isso representa em
relação ao preço da ação, ou seja, quanto que a ação rendeu em proventos para
os acionistas.

Normalmente, soma-se os dividendos pagos mais os juros sobre o capital próprio


durante os últimos doze meses.

147
Capítulo 7

Exemplo:

A empresa Sorriso S. A. tem seu preço cotado no mercado a R$ 10,00 por ação e
distribui dividendos de R$ 0,55 por ação. Vejamos:

R 0,55 / R$ 10,00 x 100= 5,50% (quanto maior, melhor)

Indica um retorno de dividendos de 5,50% aos acionistas.

e) Liquidez de uma ação em Bolsa

Liquidez de uma ação em Bolsa é um indicador que demonstra a facilidade


de comprar ou vender um ativo na quantidade desejada, no momento que
desejar. Para o investidor principiante, sugere-se a negociação de ativos que
compõe o Ibovespa. Já vimos anteriormente que a carteira do Ibovespa é
composta por ações que apresentam maior volume negociado, maior número
de negócios e maior presença nos “pregões” da Bolsa. Além disso, em seu
site, a Bolsa informa o peso que cada ativo tem na divulgação da composição
da carteira do Ibovespa a cada quadrimestre.

Consideram-se três indicadores para obter a liquidez de ações na bolsa:

N – índice de negociabilidade – é obtido pelo valor total negociado em bolsa,


dividido pelo total do valor negociado do ativo.

G – índice de negócios – é obtido pelo total do número de negócios na bolsa,


dividido pelo número de negócios do ativo.

P – índice de presença – é obtido pelo número total de pregões na bolsa,


dividido pelo número de pregões deste ativo na bolsa.

Daí, se extrai o índice de liquidez, igual a:

Px NxG X 100
É importante comparar a outros ativos. Quanto maior o índice maior será a
liquidez da ação.

148
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Liquidez de um ativo em bolsa nada mais é que a medida da quantidade


e frequência de um ativo negociado na bolsa em determinado período.
Cuidado, pois o investidor desinformado poderá comprar ações de um
ativo com baixa liquidez. Então, quando pretender rever seu dinheiro,
ou seja, vender as suas ações deste ativo, possivelmente encontrará
dificuldade de encontrar outro investidor que tenha interesse neste papel.
Mesmo ofertando este ativo por um preço inferior no Mercado, não
significa que irá conseguir se desfazer dele.

Vamos praticar esse conhecimento, calculando a liquidez de alguns ativos na Bolsa?

Exercício- Calcular a liquidez dos ativos no quadro abaixo:

Ações Volume Número de Presen- Negocia- N.º de Presença Liquidez


R$ Negócios ças bilidade Neg. (relativa)
(N) (relativo) (P)
Milhões (G)

1. 4.971.000 2.400 200


ETERNIT

2. 2.189.000 240 140


CELESC

3. 1.343.000 7.200 230


NATURA

TOTAL 8.503.000 9.840  

nota: No ano X foram realizados 250 pregões.

Resolução do exercício - Passo a passo:

1. Preferencialmente, o cálculos devem ser detalhados com seis casas


após a vírgula.
2. Para encontrar o índice de negociabilidade N, dividir o volume de
negócios em reais do ativo ETERNIT pelo volume total em reais.
Quando essa coluna não apresentar o volume total, deverá efetuar a
soma dos volume em reais de cada ativo. No caso deste exercício,
soma-se 4.971.000 + 2.189.000 + 1.343.000 = 8.503.000.
3. O mesmo raciocínio para este índice, aplica-se para os demais ativos;
4. Para encontrar o índice de negócios relativos G, dividir o número de
negócios do ativo ETERNIT pelo total do número de negócios no
período. Quando esta coluna não apresentar o total do número de
negócio, deve-se somar 2.400 + 240 + 7200 = 9.840.

149
Capítulo 7

5. O mesmo raciocínio para este índice, aplica-se para os demais


ativos; Nesse caso, você não deverá somar o número de pregões
de cada ativo, uma vez que será divulgado em forma de nota abaixo
do quadro do exercício;
6. Para encontrar o índice de Presença P, dividir o número de
presenças do ativo ETERNIT no pregão pelo número de pregões
realizados no período, informado abaixo do quadro do exercício no
item nota (No ano x, foram realizados 250 pregões).
Seguindo os passos acima, obtém-se a solução do exercício:

Presença
Volume Número de Negociabili- N.º de Neg.
Ações Presenças (relativa) Liquidez
R$ Negócios dade (N) (relativo) (G)
(P)
Milhões

1. ETERNIT 4971000 2400 200 0,58461719 0,24390244 0,800000 30,208826

2. CELESC 2189000 240 140 0,25743855 0,02439024 0,560000 4,437444

3. NATURA 1343000 7200 230 0,15794425 0,73170732 0,920000 31,275801

TOTAL 8503000 9840 - - - - -

Nota: NO ANO X FORAM REALIZADOS 250 PREGÕES.

f) EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreaciation and Amortization)

Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Conhecido no Brasil


como Lajida ou Geração Operacional de Caixa.

O Ebtida representa quanto a empresa gera de caixa apenas em sua atividade


principal, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos.

Já o Ebit, conhecido como lucro operacional próprio ou o lucro da atividade


no que se refere à depreciação e amortização. Este indicador não é
recomendo para empresas financeiras.

Este assunto é tratado na Instrução CVM nº 527, de 04 de outubro de 2012, que


dispõe sobre a divulgação voluntária de informações de natureza não contábil,
denominadas LAJIDA e LAJIR.

•• LAJIDA (EBITDA) – Lucro antes dos juros, impostos sobre renda, incluindo
contribuição social sobre o lucro líquido, depreciação e amotização.
•• JAJIR – (EBIT) – Lucro antes dos juros e impostos sobre renda,
incluindo contribuição social sobre o lucro líquido.

150
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

CPC significa Comitê


No art. 2º desta instrução, consta: “O cálculo do LAJIDA
de Pronunciamentos E do LAJIR deve ter como base os números apresentados
Contábeis. nas demonstrações contábeis de propósito geral previstas
no Pronunciamento Técnico – CPC 26 – Apresentação das
Demonstrações Contábeis”.

Assim, calculando-se o Ebitda a partir do Lucro Bruto, temos a seguinte sequência:

•• (+) Lucro Bruto


•• (-) Despesas de atividade (gerais/adm/vendas)
•• (=) Lucro operacional Próprio ou Lucro da Atividade = (Ebit)
•• (+) Depreciação e Amortização (valor correspondente ao período sob
análise, que pode ser encontrado no DOAR – Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos)
•• (=) EBITDA

Exemplo:

Empresa Beta
Empresa Alfa
(valores em
(valores em milhões de reais)
milhões de reais)

Receita Líquida de Vendas 150.000 1.249,9

(-) Custo dos Produtos


67.500 731,2
Vendidos

(=) Lucro Bruto 82.500 518,7

(-) Despesas com vendas 30.000 200

(-) Despesas gerais e


15.000 152,8
administrativas

(+) Outras receitas operacionais 750 0

(=) Resultado da atividade


38.250 165,9
(EBIT)

(+) Depreciação, exaustão e


4.500 25,6
amotização

(+)EBITDA 42.750 191,5

Margem EBITDA 28,5 15,32

151
Capítulo 7

Fórmula:

Margem Ebitda: Ebitda X 100 = 42.750 X 100 = 28,5 % Empresa Alfa


Receita Líquida 150.000

Margem Ebitda: Ebitda X 100 = 191,5 X 100 = 15,32 % Empresa Beta


Receita Líquida 1.249,9

Interpretação: Quanto maior, melhor a capacidade das vendas gerarem caixa.

O resultado do EBITDA indica que a geração de caixa operacional bruta da


empresa no exercício foi de R$ 42.750 para o ativo Alfa e R$ 191,5 para o ativo
Beta. Correspondendo, respectivamente, a 28,50% e 15,32% das receitas de
vendas.

g) Lucro por ação – LPA

O lucro por ação é calculado pela seguinte formula:

LPA = Lucro Líquido

Número de Ações Emitidas

Exemplo:

Lucro Líquido: R$ 100.000,00


Número de ações emitidas: 1.000.000
LPA = 100.000 = R$ 0,10 lucro por ação
1.000.000
O resultado deste cálculo representa o lucro líquido pertencente a cada ação.
Enquanto que a distribuição do lucro aos acionistas é definido pela política de
dividendos de cada empresa.

h) BETA – -

Representa a oscilação da ação negociada de uma empresa em relação ao


Ibovespa. Está associado ao risco do negócio. Portanto, quanto maior o Beta, a
ação está mais sujeita as oscilações do mercado. Por isso, antes de investir, é
importante conhecer o Perfil do Investidor.

152
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Classificação do Beta:

a. Beta neutro – ocorre quando o beta da carteira for igual a 1. Nesse


caso, existe uma relação perfeita entre as taxas de retorno do ativo
e as taxas de retorno do índice de mercado. Por exemplo, se o
mercado sobe 3%, o ativo também sobe 3%.
b. Beta agressivo – ocorre quando o beta da carteira for maior que
1. É quando o mercado está em alta e o ativo tem desempenho
superior ao desempenho do mercado.
Por exemplo, se o beta do ativo for igual a 1,8, conclui-se que quando o mercado
aumenta 1%, o retorno do ativo aumenta 1,8%.

No entanto, quando o mercado estiver em queda, esta ação da carteira com beta
maior que 1 terá uma queda mais significativa que a queda do índice do mercado.

c. Beta defensivo – ocorre quando o Beta for maior que zero e


menor que 1. O ativo tem desempenho inferior ao do mercado. Por
exemplo, se o beta do ativo for igual a 0,70, conclui-se que quando
o mercado aumenta 1%, o retorno do ativo aumenta 0,70%.
Quando o mercado cair 1%, a tendência desta ação com beta 0,70 é ter um
retorno negativo do ativo próximo aos 0,70%.

d. Beta negativo – ocorre quando o Beta for menor que zero. É


quando o mercado está em alta e o ativo está em baixa ou vice-
versa. Por exemplo, se o beta do ativo for igual a - 0,80, conclui-se
que quando o mercado aumenta 1%, o retorno do ativo cai 0,80%.
Representa que ação varia inversamente ao mercado. Se o mercado
sobe, o título tem a tendência de queda, e se o mercado cair, o
título tem a tendência de alta.

Como calcular o Beta?

Você poderá obter o beta de um ativo em relação ao Ibovespa através do


programa do Excel – ferramenta análise de dados – regressão.

Observe a tabela abaixo, do ativo hipotético PINT3 e Ibovespa, para obter o beta.

153
Capítulo 7

MESES/2013 PINT3 IBOV

JANEIRO 3,036437 10,66676

FEVEREIRO 16,28272 8,024477

MARÇO -5,87234 -3,53813

ABRIL -8,4991 1,396692

MAIO -8,79458 -6,88101

JUNHO 5,087638 6,722138

JULHO 8,786611 -3,97077

AGOSTO 17,57316 11,31741

SETEMBRO 13,67381 6,960571

OUTUBRO -17,6812 -10,435

NOVEMBRO 1,415217 -8,47778

DEZEMBRO -5,93886 -6,42803

Passo a passo deste exemplo:

1. Estando no Excel, verifique se o suplemento Análise de Dados está


instalado. Se não estiver, não se preocupe, pois é bem simples.
Estando conectado à internet, abra o arquivo do Excel, clique no
ícone arquivo e aparecerá:

154
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

2. Clique no ícone Opções.


3. Clique no ícone Suplementos.
4. Clique no canto inferir IR.
5. Clique nos suplementos desejados.

6. Clique em Ok.
7. No canto direito da planilha do Excel, quando você selecionar
Dados,aparecerá o ícone Análise de Dados...>Depois, selecione
Regressão.
8. Surgirá na tela a imagem abaixo, então observe as instruções para
inserção dos dados (contidas nos balões) e clique nos ícones:
Rótulos, Intervalo de saída (indique a linha do Excel na qual sairá a
resposta) e finalize com OK, no canto superior direito.

155
Capítulo 7

9. Após os passos acima, o Excel apresentará o resultado a seguir:

Estatística de regressão

R múltiplo 0,743053527

R-Quadrado 0,552128544
Tabela 1 - RESUMO DOS RESULTADOS
R-quadrado ajustado 0,507341398

Erro padrão 7,852805209

Observações 12

ANOVA

  gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1 760,2151 760,2151 12,32784 0,005621

Resíduo 10 616,6655 61,66655

Total 11 1376,881      

  Coeficientes Erro Stat t valor-P 95% 95% Inferior Superior


padrão inferiores superiores 95,0% 95,0%

Interseção 1,122937585 2,270795 0,494513 0,631627 -3,93671 6,182584 -3,93671 6,182584

IBOV 1,044238379 0,29741 3,511102 0,005621 0,381567 1,70691 0,381567 1,70691

Este é o famoso indicador Beta

Interpretação deste indicador beta: o Beta é 1,044238379

Significa que é um beta agressivo, pois é maior que 1.

Nota: Os indicadores fundamentalistas nunca devem ser utilizados


isoladamente para tomada de decisão.
Recomenda-se sempre analisar a empresa com outros indicadores
conjuntamente. Mesmo assim, não existe garantia de retorno, uma vez que
este mercado é de risco.

Agora que você aprendeu sobre os principais indicadores fundamentalistas,


vamos estudar sobre a Escola Técnica ou Gráfica.

156
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Seção 3
Por que estudar a Análise Gráfica ou Técnica de
Ações?
Os analistas gráficos avaliam o que se deve esperar de uma Ação com base em
seu desempenho passado, e por uma repetição do padrão de comportamento
que ocorre com o preço de alguma Ação.

Esses analistas tomam suas decisões de compra e venda de Ações apenas


analisando o comportamento dos gráficos.

A análise técnica parte do pressuposto de que os preços das Ações apresentam


tendência de movimento, que pode ser primária, secundária ou terciária,
condicionada a uma dependência significativa dos preços observados no passado.

Para os analistas gráficos, informações observadas no passado


influenciarão o comportamento futuro do preço das Ações.

Segundo os seguidores da escola técnica, a oscilação nos preços é determinada


pela interpretação dada pela maioria dos investidores a este, e que, a princípio,
influenciam a variação dos preços das Ações.

Para analisar o desempenho das Ações e do Mercado, a análise técnica utiliza a


análise de gráficos de forma que se observe o comportamento e a série histórica
dos preços dos ativos, permitindo a observação de tendências e formações
nos preços das Ações, traduzindo o comportamento do Mercado e avaliando a
participação da maioria dos investidores.

Os principais objetivos da escola técnica, conforme Cavalcanti (2005), são:

•• Identificar as tendências da Lei de Oferta e Procura;


•• Selecionar as oportunidades de operações atraentes;
•• Otimizar ingressos e saída do mercado;
•• Determinar limites de oscilação dos preços e a gestão do risco.
••

Recomenda-se utilizar os indicadores fundamentalistas em sintonia com


os indicadores técnicos. Lembre-se que o mercado é de risco. O resultado
dos indicadores não representa garantia de investimentos em Ações.

157
Capítulo 7

Teoria de Dow

Charles Henry Dow foi um dos pioneiros da Análise Técnica e fez importantes
contribuições para o estabelecimento de seus fundamentos. Para Dow, no
preço, está contido todas as informações relevantes, uma vez que as médias
descontam tudo.

O movimento dos preços pode ser dividido em três tendências, conforme Matsura
(2006):

•• Tendência Primária (longo prazo)


Movimento de longo prazo, porque poderá oscilar entre um a dois anos,
ocorrendo valorização ou desvalorização significativa dos ativos.

•• Tendência Secundária (médio prazo)


A tendência secundária dura alguns meses e pode corrigir até dois terços da
tendência primária, da qual faz parte.

•• Tendência Terciária (curto prazo)


As tendências terciárias, embora estejam relacionadas às secundárias e estas
em relação às primárias, tem o período de duração curto, compreendendo
algumas semanas.

Para quem desejar se aprofundar mais sobre a Teoria Gráfica, Matsura (2006, p.
121) registra, em forma de poema, que cada nome “estranho” merece estudo
do modelo para o investidor que pretende obter a certificação profissional nesta
área na condição de Analista Técnico. Isso é apenas um começo de uma grande
caminhada. Segue o poema.

Os Gráficos não Mentem


Estrela da Manhã, Estrela da Noite, Tempestade à Vista, Estrela Cadente,...
Martelo, Homem Enforcado, Mulher Grávida, Bebê Abandonado,...
O que há em um nome?
São apenas nomes? Lembranças do passado, expectativas sobre o futuro?
Tendência, Suporte, Resistência, Canais,...
Idéia de movimento, direção e força?
Dow, Elliott, Fibonacci, Bllinger, Candlestick,...
Nomes estranhos, difíceis de pronunciar?
Triângulos, Retângulos, Bandeiras, Flâmulas, Ombro-Cabeça-Ombro,...
Formas geométricas ou humanas?
Oportunidades para comprar ou vender ações?

158
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

O gráfico da Bolsa já não é o mesmo; adquiriu formas e nomes estranhos,


e deixou mais transparente, a disputa entre compradores e vendedores.
Análise Técnica é arte e ciência ao mesmo tempo; a análise é subjetiva
mas é possível construir modelos mecânicos de operação.
Dominar uma arte ou uma técnica demanda tempo; o tempo vai dar
sentido a todos os nomes, vai fazer todas as ligações se concretizarem.
O analista técnico ou grafista, precisa praticar a arte e a ciência de
interpretar os gráficos diariamente; durante meses, anos ... quem sabe?
Um dia ele vai observar o gráfico, e constatar que sabe separar os sinais falsos
dos verdadeiros; então vai concluir que os gráficos não mentem, jamais ...”

A seguir passamos a estudar alguns indicares da Escola Técnica ou Gráfica.

Seção 4
Alguns indicadores da Escola Técnica ou Gráfica
Índice de Força Relativa – IFR

O Índice de Força Relativa (Relative Strenght Index – RSI) é um oscilador


desenvolvido por Welles Wilder (1970). O IFR monitora a força de compradores e
vendedores, medindo o comportamento dos preços de fechamento.

Este índice varia de 0 a 100.

Fórmula:

IFR = 100 – (100/(1+FR) )

FR = Força Relativa

FR = Média das variações dos fechamentos em ALTA


Média das variações dos fechamentos em BAIXA

Como podemos deduzir pela fórmula acima, o que se mede é a força


relativa dos compradores (fechamentos em Alta) em relação aos vendedores
(fechamentos em Baixa).

159
Capítulo 7

Quanto maior for a força relativa dos compradores, mais o IFR se aproxima de 100;
e quanto maior for a força relativa dos vendedores, mais o IRF se aproxima de zero.

O IFR poderá ser calculado de nove, catorze, 21 dias ou de períodos mais longos.

A seguir, um exemplo do IFR de nove dias.

Tabela 6.1 – Índice de Força Relativa - IFR

Variação
de um dia Média das Méda das
Data Fechamento Altas Baixas
para o Altas Baixas
outro

13/6/2008 45,9

16/6/2008 45,8 -0,1 0 0,1

17/6/2008 46,25 0,45 0,45 0

18/6/2008 45,4 -0,85 0 0,85

19/6/2008 43,9 -1,5 0 1,5

20/6/2008 43,13 -0,77 0 0,77

23/6/2008 43,89 0,76 0,76 0

24/6/2008 43,77 -0,12 0 0,12

25/6/2008 44,95 1,18 1,18 0

26/6/2008 44,9 -0,05 0 0,265556 0,05 0,376667 41,35

Fonte: Economática (2008)

Observe que, no dia 26/06/2008, o IFR é 41,35, indicando para o investidor aguardar.

Abaixo de trinta, este representa uma tendência para o investidor comprar Ação.

Estando em setenta ou mais, indica uma tendência para o investidor vender a


ação, pois o preço poderá estar perto do topo.

Vamos demonstrar passo a passo como obter o Índice de Força Relativa – IFR.

1. Para obter o Índice de Força Relativa de nove dias, será necessário


um histórico de dez dias úteis do preço de fechamento ativo. Para
obter o Índice de Força Relativa de 21 dias, será necessário um
histórico de 22 úteis do preço de fechamento ativo.

160
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Para períodos maiores, seguir este mesmo raciocínio.

2. A partir dos históricos de cotações (preço de fechamento) que


você obtém através dos sites: www.comdinheiro.com.br ou www.
infomoney.com.br, procede-se assim: calcular a diferença entre o
dia 16/06/2008 em relação ao dia 13/06/2008. Então, R$ 45,80 – R$
45,90 = - R$ 0,10, que está sendo preenchido na coluna variação
de um dia para o outro.

No dia 17/06/2014, cujo valor é R$ 46,25, deverá deduzir do dia anterior, ou seja,
16/06/2014, que corresponde a R$ 45,80.

Então, R$ 46,25 – R$ 45,80 = R$ 0,45. E assim sucessivamente.

3. Para cada diferença obtida de uma data do preço de fechamento


do ativo em relação ao dia anterior, deverá ser preenchida uma
coluna para as diferenças positivas – denominada ALTAS - e uma
coluna para as diferenças negativas – denominadas BAIXAS.

4. Força Relativa
FR = Média das variações dos fechamentos em ALTA
Média das variações dos fechamentos em BAIXA

FR = 0 + 0,45 + 0 + 0 + 0 + 0,76 + 0 + 1,18 + 0____


0,1 + 0 + 0,85 + 1,5 + 0,77 + 0 + 0,12 + 0 +0,05

FR = 2,39/9 = 0,265556 = 0,705015

3,39/9 0,376667

IFR = 100 – (100/(1+FR) )

IFR = 100 – (100/(1+0,705015) )

IFR = 100 – (100/(1,705015) )

IFR = 100 – 58,650510

IFR = 41,35

161
Capítulo 7

Interpretação do resultado:

Significa que o investidor deverá aguardar! Caso o resultado obtido fosse trinta ou
inferior, seria uma indicação de compra, e setenta ou mais, uma indicação para
vender este ativo. Certamente, nenhum indicador deve ser usado isoladamente
para tomada de decisão nos investimentos acionários. A combinação com outros
indicadores, bem como com outra Escola de Análise, é sempre salutar.

Suporte e resistência

Suporte: Determinado nível de preço, onde o mercado considera um preço


interessante e há a entrada de força compradora, dando sustentação aos preços,
podendo ser oportunidade de compra. Veja o exemplo.

Veja no gráfico

Fonte: http://www.operefuturos.com.br/analise-grafica/figuras-graficas/suporte-e-resistencia/#.VJIszCvF8YQ

Resistência: Determinado nível de preço onde o mercado considera ”caro” e


começa a entrar a força vendedora, podendo ser uma oportunidade de venda.

Veja no gráfico.

Fonte: http://www.operefuturos.com.br/analise-grafica/figuras-graficas/suporte-e-resistencia/#.VJIszCvF8YQ

Quando os preços das ações estão próximos ao nível do suporte, as compras


feitas pelos investidores são fortes suficientes para interromper o processo de
queda durante algum tempo, e, possivelmente, até revertê-lo. É o ponto em

162
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

que as compras estão superando as vendas. Ou seja, indica que dificilmente os


preços vão cair abaixo daquele nível.

Já as resistências são os níveis de preços em que as vendas estão superando as


compras dos investidores, o que também pode interromper a tendência de alta
das ações e até revertê-la.

Suporte e Resistência: Identificar suportes e resistências facilitam na localização


de pontos de compra e pontos de venda, porém para ser realizar a operação
precisa-se definir dois pontos de saída, um de ganho (stop Gain) outro de prejuízo
(Stop Loss). Veja na figura abaixo como identificar estes pontos. Esse tipo de
operação, assim como em todas, é importante ter disciplina, assim que o suporte
ou resistência for corrompido, deve-se acionar o stop.

Fonte: http://www.operefuturos.com.br/analise-grafica/figuras-graficas/suporte-e-resistencia/#.VJIszCvF8YQ

163
Capítulo 7

Exemplo: Considere as cotações do ativo PETR3, do dia 05/12/2014.

Preço Máximo: R$ 11,61


Preço Mínimo: R$ 11,28
Preço de Fechamento: R$ 11,45

Para encontrar o PIVOT:

Pivot = ( Máx. + Fech. + Mín. ) / 3

PIVOT = (11,61+11,45+11,28)/3 = 34,34/3 = 11,4467

Res1= 2 * Pivot - Mín.


Res1= 2 * 11,4467 - 11,28
Res1= 2 * 11,4467 - 11,28
Res1= 11,6134
Sup1= 2 * Pivot - Máx.
Sup1= 2 * 11,4467 – 11,61
Sup1= 2 * 11,4467 – 11,61
Sup1= 11, 2834

164
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Res2= Pivot + (Res.1-Sup.1)


Res2= 11,4467 + (11,6133 – 11,2834)
Res2= 11,4467 + (11,6133 – 11,2834)
Res2= 11,4467 + 0,3299
Res2= 11,7766

Sup2= Pivot - (Res.1-Sup.1)


Sup2= 11,4467 - (11,6133 – 11,2833)
Sup2= 11,4467 - 0,3300
Sup2= 11,1167

Estocástico

Este indicador foi desenvolvido por George C. Lane, em meados de 1957. Tem
como objetivo principal demonstrar quando uma ação está com tendência de
alta e de baixa, alertando o investidor para tomada de decisão. Em virtude dos
movimentos de preços ser muito alto, sugere-se a utilização deste indicador a
curto prazo. É bom lembrar que não é bom a utilização de um único indicador
para investimento em ações, pois num Mercado de risco, quanto mais
informações você tiver, melhor. Este indicador flutua entre zero e cem.

Fórmula:

%k = (U – B) x 100
(A – B)

Em que:

U = última cotação

A = cotação mais alta do período

B = cotação mais baixa do período

Exemplo: Considere a cotação do ativo AMBEV, do dia 05/12/2014.

Última
Ação Nome Abertura Fechamento Máxima Mínima
negociação

ABEV3 AMBEV ON 15,95 15,8 15,71 16,03 15,65

%k = (U – B) x 100
(A – B)
%k = 15,95 - 15,65 x 100 = 0,30 = 0,79 x 100
16,03 - 15,65 0,38
%k = 79%

165
Capítulo 7

Interpretação:

Quando for %k maior que oitenta, sugere-se vender.

Quando for %k menor que vinte, sugere-se comprar.

Exemplo 2: Considere a cotação do ativo PETROBRAS, do dia 05/12/2014.

Última
Ação Nome Abertura Fechamento Máxima Mínima
negociação

PETR3 Petrobras ON 11,36 11,54 11,43 11,61 11,28

%k = (U – B) x 100
(A – B)

%k = (11,35 – 11,18) x 100


(11,61 – 11,28
%k = 0,17 x 100 = 51,52 %
0,33

Interpretação: Entre dezenove a 79, sugere-se aguardar!

Candlestick

O desenvolvimento desta técnica deve-se ao legado de Homma, um negociante


de arroz de Sakata, Japão. O Candlestick veio para o ocidente por meio de Steve
Nisson, da corretora Merril Lynch dos Estados Unidos, em meados de 1990.

O gráfico de candlestick é o preferido dos operadores de curto prazo. Ele fornece


as mesmas informações que o Gráfico de Barras, isto é, o comportamento do
ativo em determinado período de tempo. É formado pela representação dos
preços de Abertura, Máximo, Mínimo e Fechamento, com ênfase nos preços de
abertura e de fechamento, tornando a visualização gráfica da alta e da baixa mais
evidente, diferenciando-o do gráfico de barras.

A construção do gráfico contempla figuras específicas, tais como Homem


Enforcado, Martelo, Estrela da Manhã, Tempestade à Vista, dentre outras, a
maioria sinalizando reversões de tendência.

No gráfico Candlestick, a barra vertical representa a cotação máxima e mínima,


sendo que a abertura e o fechamento aparecem como um corpo, distinguindo a
coloração para o fechamento acima ou abaixo da abertura.

As “pontas dos pavios” de cada candle (vela) representam as mínimas e


máximas atingidas pelo ativo, enquanto os corpos representam o preço de
abertura e fechamento.

166
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Quando o corpo é vazado, o candle é de alta e o preço de fechamento está acima


do preço de abertura.

Quando o corpo do candle está preenchido, significa que o mercado fechou em


baixa, o preço de fechamento está abaixo do preço de abertura.

Exercício:

Construa o Gráfico de Candlestick a partir dos dados do ativo ETER3, do mês de


novembro de 2014.

Data Abertura Máximo Mínimo Fech.

05/12/2014 3,35 3,35 3,3 3,31

04/12/2014 3,37 3,37 3,31 3,34

03/12/2014 3,37 3,38 3,35 3,37

02/12/2014 3,34 3,38 3,33 3,37

01/12/2014 3,39 3,4 3,32 3,33

28/11/2014 3,39 3,4 3,36 3,38

27/11/2014 3,37 3,39 3,36 3,39

26/11/2014 3,35 3,42 3,35 3,37

25/11/2014 3,39 3,42 3,34 3,34

24/11/2014 3,4 3,41 3,36 3,38

21/11/2014 3,4 3,42 3,21 3,4

19/11/2014 3,44 3,44 3,38 3,38

18/11/2014 3,45 3,45 3,37 3,41

17/11/2014 3,33 3,5 3,33 3,46

167
Capítulo 7

14/11/2014 3,27 3,4 3,27 3,33

13/11/2014 3,34 3,35 3,26 3,26

12/11/2014 3,34 3,35 3,3 3,34

11/11/2014 3,27 3,34 3,27 3,31

10/11/2014 3,31 3,35 3,25 3,32

07/11/2014 3,33 3,39 3,29 3,29

Solução: Faça o gráfico na ferramenta Excel.

Seção 5
Análise do modelo CAPM
(Capital Asset Price Model)
O modelo CAPM foi desenvolvido com base em uma série de hipóteses simplificadoras
que parecem pouco realistas, como, por exemplo, a hipótese de que os indivíduos
tomam suas decisões de investimento para um único período de tempo.

Entretanto, verifica-se que o mundo real é dinâmico, e investidores aplicam em


muitos períodos, buscando sempre maior retorno e menor risco.

Sharpe (1963) mostra que a versão original e mais simples do CAPM é formulada
com base nas seguintes hipóteses:

168
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

a. os indivíduos tomam suas decisões de investimentos baseados no


valor esperado e variância das distribuições futuras das taxas de
rentabilidade;
b. o Mercado é perfeitamente competitivo, ou seja, não existe custo de
transação, não existe imposto e todos os ativos são infinitamente
divisíveis;
c. os indivíduos são racionais, avessos ao risco e maximizam sua
utilidade esperada;
d. os indivíduos têm expectativas homogêneas;
e. existe um Ativo sem risco, F, e todos os indivíduos podem
emprestar e tomar emprestado a mesma taxa, a RF;
f. todos os indivíduos têm o mesmo horizonte, de um período de
tempo, para tomar suas decisões de investimento.

Desse modo, pela busca de melhores resultados, os investidores passaram a dar mais
importância ao gerenciamento de carteiras, juntamente ao comportamento dos fatores
que influenciam os riscos dessas carteiras, de modo que esses riscos pudessem ser
reduzidos significativamente, sem prejuízo da riqueza esperada do investidor.

Contudo, Costa Jr. (1996) ressalta que o CAPM é um modelo simples e de


grande utilidade, mas que se baseia em suposições bastante restritivas sobre o
funcionamento do Mercado.

A principal pergunta que fazem os pesquisadores, desde sua formulação inicial


nos anos sessenta, é se ele é válido.

Pois saiba que o método para responder essa pergunta tem sido, nos últimos
trinta anos, a realização dos mais diversos testes empíricos, principalmente no
Mercado de Ações, para verificar se suas previsões são válidas.

Ao longo de todos esses anos, diversas respostas têm sido dadas e a grande
maioria delas dando suporte às suas previsões, mas com pequenas modificações
no modelo original.

169
Capítulo 7

Com essa breve introdução, você pôde ter uma ideia de como funciona o modelo
CAPM.

E, para praticar os novos conhecimentos desta unidade, realize a seguir as


atividades propostas.

Exercício

Considere o retorno do Ativo CRUZ3, CDI e IBOV no período de 03/11/2014 a


28/11/2014.

CRUZ3 CDI IBOV

Retorno no período 3,90% 0,80% 1,33%

Beta = 0,94419

Diferença entre o Ibovespa – CDI = 0,53% = Risco de mercado

Risco de mercado (Diferença entre o Ibovespa e CDI) X BETA = 0,53 X 0,94419


= 0,500421 = Prêmio pelo risco do mercado CAPM = 1,300421 % siginifica a
expectativa do investidor para o retorno futuro desta ação.

170
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores

Exercício 2

Observe a fórmula e faça o que se pede:

KI = RF + I (ERM – RF)

Onde:

RF = taxa aplicação em renda fixa


I = risco da empresa I
ERM = retorno do mercado

Considerando o risco da empresa Porto Feliz (BETA = 1,6, ERM = 21% A TAXA RF
= 13%), qual deve ser a taxa K para retorno da metalúrgica X?

KI = RF + I (ERM – RF)
KI = 0,13 + 1,6 (0,21 – 0,13)
kI = 0,13 + 1,6 (0,08)
KI = 0,13 + 0,0128
kI = 0,2580 x 100
KI = 25,80%

Exercício 3

Considere que uma ação apresenta um Beta = 2, ou seja, seu risco sistemático é
o dobro do mercado como um todo. A taxa livre de risco da economia é de 6% e
a expectativa dos investidores é que o prêmio pelo risco de mercado atinja 8%.

Determine a remuneração mínima exigida pelo investidor desta ação.

Solução:

B = 2,0
RF = 6%
RM – RF = 8%
RM = 14% (6% + 8%)

Logo, a taxa de retorno requerida (RJ) pelos investidores desta ação atinge a:

RJ = RF + B (RM - RF)
RJ = 6% + 2 (14% - 6%)
RJ = 6% + 2 (8%)
RJ = 6% + 16%
RJ = 22%

171
Capítulo 7

De acordo com Assaf Neto (2012, p. 300), o retorno esperado desta ação deve
ser, no mínimo, igual a 22%, que representa a taxa mínima de atratividade
para o investimento desta ação. Observe que, se a taxa de retorno da ação
for efetivamente igual aos 22% exigidos, o alfa é nulo, demonstrando um
desempenho igual ao indicado pelo CAPM.

Você sabe o que significa o Alfa de um ativo?


Alfa: O alfa de uma ação é a diferença entre o retorno esperado pelo
investidor e o retorno real.
Se o valor alfa for positivo, a ação está subavaliada.
Se o valor alfa for negativo, a ação está superavaliada.

ALFA DE JENSEM = (RA – RF) – B(RM – RF)


ALFA DE JENSEM = (22% - 6%) – 2(14% - 6%)
=
ALFA DE JENSE = 16% - 16% = 0

Para obter o alfa, você poderá efetuar, por meio do exce, a análise de dados –
Regressão –, e o mesmo procedimento para calcular o beta. O resultado do Alfa
fica numa linha acima do Beta, que você já aprendeu a calcular.

Esperamos que este capítulo possa contribuir para aprimorar as habilidades


citadas no início, bem como instigá-lo a pesquisas e novos estudos,
enriquecendo ainda mais seus conhecimentos teóricos e práticos.

172
Considerações Finais

Parabéns! Você conclui os estudos de muitos conteúdos inerentes ao mundo do


mercado de capitais e bolsa de valores!

Ao término desses estudos, esperamos que você tenha compreendido um pouco


mais sobre o jargão do mercado de capitais e bolsa de valores, técnicas de
seleção de carteiras de investimentos, compreensão e análise dos indicadores
das Escolas Fundamentalista e Técnica, dentre outros, indispensáveis para se ter
uma boa formação frente aos desafios do mundo dos negócios.

Assim, acreditamos que as técnicas disponibilizadas nesse livro lhe oportunizarão


uma maior inserção neste mercado, bem como estimularão as suas habilidades
e competências necessárias para a boa tomada de decisão através dos dados
disponíveis em relação a investimentos, que em suas mãos se transformarão
em conhecimento técnico especializado, através dos estudos e experiências
adquiridas nesta área.

Para você colher os bons frutos desta caminhada que se inicia, não pare por aí:
fique atento às ofertas dos cursos de especialização, mestrado e doutorado que a
UNISUL oferece e continue aprimorando-se constantemente através do ensino,
da pesquisa e da extensão.

Desejamos bons estudos hoje e sempre!

173
Referências

ACQWAR (2011). Informações relacionadas à Análise Técnica e Mercado


Financeiro. Disponível em: <http://www.acqwar.com/estrut/serv/calculadoras/
pivot/pivot.asp>. Acesso em: 01 jun. 2011.

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Normale Supérieure, tome 17, p. 21-86, Paris, Gauthier-Villars, 1900.

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com.br/shared/IframeHotSiteBarraCanal.aspx?altura=900&idioma=pt-
br&url=www.bmfbovespa.com.br/informe/default.asp>. Acesso em: 01 jun. 2011.

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Eletrônica de Administração, n. 29. Porto Alegre: UFRGS, 2000.

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Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 01 jun. 2011.

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www.cnb.org.br/CNBV/resolucoes/res2690-2000.htm>. Disponível em: Acesso
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COSTA JR., N. C. A. da. Será que beta ainda é válido para explicar as
variações nas rentabilidades médias das ações? 20º ENCONTRO ANUAL DA
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Curso de Administração realizado na Área de Mercado de Capitais. UNISUL, 2010.

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aberto. Disponível em:<http://www.infoinvest.com.br/index.asp> Acesso em 06
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TAMBOSI FILHO, E. Analisando o grau de integração entre variáveis


macroeconômicas e financeiras utilizando componentes principais. São
Paulo: BMF, 2004.

176
Sobre o Professor Conteudista

Claudio Alvim Zanini Pinter


Graduado em Administração pela Universidade do Sul de Santa Catarina -
UNISUL (1987), Pós-Graduado em Economia Empresarial - UNISUL (1989) e
Doutorado em Europa e América Latina - Crescimento e Desenvolvimento -
Universidad de Léon Espanha (2003). Professor da Universidade do Sul de Santa
Catarina. Experiência na área de Administração, com ênfase em Administração
Financeira, atuando principalmente nos seguintes temas: Mercado de Capitais
e Bolsa de Valores, Planejamento Estratégico, Empreendedorismo, História do
Pensamento Administrativo, Gestão de Micro e Pequenas Empresas, e Gestão
Estratégica. Professor do Ensino Virtual da UNISUL na área de Mercado de
Capitais e Bolsa de Valores, Modelagem Matemática na área Financeira e
Análise de Investimento. Atuou como Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em
Empreendedorismo de Micro e Pequena Empresa (NUPEM). É membro fundador
e líder do Grupo de Pesquisa em Administração Estratégica e Desenvolvimento
Sustentável. Professor Gestor da Empresa de Consultoria Júnior da UNISUL
(Focco). Profissional de Investimentos Certificado pela Associação dos Analistas
e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC). Ex- Delegado
do Conselho Regional de Administração de Santa Catarina desde (1998- 2009).
Avaliador de Cursos de Graduação (Banco de Avaliadores do Sinaes) - MEC.

177
Mercado de Capitais e Bolsa de Valores
Esse livro visa a apresentar as regras gerais do
funcionamento do mercado de capitais e a sua
importância para a economia. Nesse viés apresentará o
que são Ações, Títulos e Valores Mobiliários, e buscará
ensinar o cálculo das taxas e impostos envolvidos nas
negociações do mercado acionário, o qual é parte do
mercado de capitais. Apresenta também o que é o Sistema
Financeiro Nacional, seu modo de funcionamento e sua
relação com as Bolsas de Valores
Busca-se também ensinar a selecionar ativos no Mercado
de capitais, visando a minimizar o risco e maximizar o
retorno dos investimentos por meio da teoria de Markowitz
e de Sharpe. Pretende dar subsídios para análise,
interpretação e cálculo dos principais indicadores da
Escola Fundamentalista - Beta, P/L, P/VPA,
Dividendo Yeld e Ebitda -, e Análise
Técnica, visando à tomada de decisão
para investimento em ações.

w w w. u n i s u l . b r

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