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Alexandre Gialluca
Direito Empresarial
Aula 04
ROTEIRO DE AULA
- É sociedade despersonificada, sendo muito famosa pela abreviatura SCP. Ela é muito utilizada em
especial no Direito Imobiliário.
a) Estrutura
i) Ostensivo
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- O sócio ostensivo possui três características fundamentais:
ii) Participante (oculto): o sócio participante apenas participa dos resultados empresariais.
Exemplo¹: imagine que a construtora Alfa LTDA monte uma sociedade em conta de participação,
figurando como sócia ostensiva da SCP. Uma pessoa se interessa pelas unidades de um flat que está
sendo comercializado pela construtora e entra como sócia oculta do empreendimento. Neste caso,
é a construtora que exerce o objeto social levantando o prédio, além de ser responsável por tudo o
que acontece na obra (ex.: acidente de trabalho que origina ação de indenização). Todavia, a
sociedade em conta de participação é despersonificada. Logo, ela não tem nome empresarial (Art.
1162, CC). Assim, ainda que o edifício/obra empreendida tenha nome, a SCP não tem nome. Por
isso, as compras de materiais necessárias ao empreendimento estarão em nome do sócio ostensivo,
já que este age em nome próprio, mas no interesse na SCP. É o sócio ostensivo que aparece nas
relações comerciais. É ele também que deve figurar no polo passivo caso alguém deseje propor ação
em face da SCP.
b) Prova
- Para comprovar a existência e/ou a relação societária para com a SCP, é admissível qualquer tipo
de prova. A prova pode ser produzida tanto pelo sócio quanto pelo terceiro.
Art. 992, CC. A constituição da sociedade em conta de participação
independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios
de direito.
c) Responsabilidade
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- A responsabilidade é exclusiva do sócio ostensivo.
d) Se levada a Registro
a) Sociedade empresária (Art. 966, CC): tem como objeto a exploração de atividade típica de
empresário. A sociedade empresária DEVE se constituir de acordo com um dos tipos societários
previstos no Código Civil, quais sejam:
b) Sociedade Simples: a sociedade simples PODE adotar os mesmos tipos societários das sociedades
empresárias, com exceção da sociedade por ações que só podem ser empresariais. Além disso, as
sociedades simples também podem ser do tipo cooperativas. O termo “pode” é utilizado porque a
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sociedade simples pode ser também um tipo societário. Logo, os tipos societários adequados a
sociedade simples são:
- A sociedade simples pura é aquela que tem natureza simples e não sofreu interferência de nenhum
outro tipo societário.
- Muitos autores afirmam que o Capítulo que disciplina a sociedade simples traz as regras gerais do
direito societário, uma vez que vários tipos societários colocam as regras da sociedade simples como
aplicação subsidiária.
EXCEÇÕES:
✓ Cooperativa: em que pese ter natureza simples, ela deve ser registrada na Junta Comercial.
✓ Sociedade de Advogados: em que pese ter natureza simples, esse tipo de sociedade só
adquire personalidade jurídica quando ela é registrada na OAB.
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Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos
regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se
de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às
normas que lhe são próprias.
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Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto
separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.
14.2 Pluripessoalidade
- O tipo societário da sociedade simples tem como regra geral ser pluripessoal. Ou seja, a sociedade
sempre deve ser constituída por dois ou mais sócios.
EXCEÇÃO: o advogado que não quiser constituir uma sociedade de advogados pode constituir uma
sociedade unipessoal de advocacia, cuja natureza é de sociedade simples (Estatuto da OAB - Lei
8906/94).
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as
espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou
características de sociedade empresária, que adotem denominação de
fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam
como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não
inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. (Redação
dada pela Lei nº 13.247, de 2016)
A) Conceito: são frações do capital social, que conferem ao seu titular direito de sócio de uma
sociedade contratual.
B) Quem pode ser sócio: pode ser tanto Pessoa Natural quanto a Pessoa Jurídica (Art. 997, CC).
• E o incapaz?
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O incapaz pode ser sócio de uma sociedade natureza simples, desde que se observe a regra do Art.
974, §3 do CC que impõe requisitos para tanto. Trata-se de 03 requisitos cumulativos: (i) o incapaz
deve estar devidamente assistido ou representado; (ii) não pode exercer a administração e (iii) o
capital social deve estar totalmente integralizado. Ou seja, deve estar totalmente pago.
Nos termos do Art. 977 do CC, a sociedade entre os cônjuges é possível, desde que não tenham
casado no regime da comunhão universal ou no da separação obrigatória. Em se tratando do regime
da comunhão universal, objetivo da regra é evitar a chamada confusão patrimonial. Por outro lado,
a razão da regra no regime da separação total é evitar fraude ao regime de bens, realizada por meio
da integralização dos bens incomunicáveis.
- As quotas podem ser pagas em dinheiro, bens ou prestação de serviços. Todavia, neste último
caso, o sócio deve prestar seu serviço exclusivamente a sociedade, não tendo atividade estranha ou
sendo sócio de outra sociedade. Isso é o que dispõe o Art. 1006 do CC, que se constitui em regra de
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proteção da sociedade. Se a regra do Art. 1006 do CC não for observada o sócio pode vir a não ter
direito a lucro ou até mesmo ser excluído.
- A regra do Art. 1006, contudo, tem natureza dispositiva, admitindo convenção em contrário.
Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo
convenção em contrário, empregar-se em atividade estranha à sociedade,
sob pena de ser privado de seus lucros e dela excluído.
D) Sócio remisso
- É o sócio que não integralizou, total ou parcialmente, as suas quotas sociais. O sócio remisso está
sujeito a três tipos de providência:
(a) Indenização: cobra-se o sócio por meio de uma ação de execução, já que o contrato social
é título executivo extrajudicial.
(b) Exclusão do sócio remisso
(c) Redução de quotas sociais
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14.4. Cessão de quotas sociais
STJ: Sim. Uma vez que as quotas sociais são classificadas como bens móveis, elas integram o
patrimônio do sócio-devedor, sendo passíveis de penhora. As quotas sociais são, inclusive, citadas
no Art. 835, IX do CPC que trata da ordem de preferência da penhora.
- O problema da penhora de quotas é que muitas vezes a sua alienação judicial é difícil. Por isso, é
melhor pedir a penhora dos lucros decorrentes da quota.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas
em lei.
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I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira;
V - bens imóveis;
VII - semoventes;
III - não havendo interesse dos sócios na aquisição das ações, proceda à
liquidação das quotas ou das ações, depositando em juízo o valor apurado,
em dinheiro.
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Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor
requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma
do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no juízo da execução, até
noventa dias após aquela liquidação.
a) Limitada: o sócio não responde com seus bens particulares por dívidas da sociedade.
b) Ilimitada: o sócio responde com seus bens particulares por dívidas da sociedade. Muitas vezes, o
seguimento profissional exige a responsabilidade ilimitada, como acontece com os advogados em
relação as causas que eles assumem.
• Subsidiária:
• Solidária
• E na omissão do contrato?
O sócio responde pelo saldo, isto é a diferença. Logo, trata de responsabilidade subsidiária e
ilimitada.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
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dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais
(BENEFÍCIO DE ORDEM).
ENUNCIADO 479 da 5ª Jornada de Direito Civil: Art. 997, VII. Na sociedade simples pura (art. 983,
parte final, do CC/2002), a responsabilidade dos sócios depende de previsão contratual. Em caso de
omissão, será ilimitada e subsidiária, conforme o disposto nos arts. 1.023 e 1.024 do CC/2002.
- O sócio que contribuiu com a sociedade tem o direito de participar dos lucros, sendo nula a cláusula
que pretenda ceifar do sócio tal direito.
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Art. 1.029 do CC/02 - Além dos casos previstos na lei ou no contrato,
qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado,
mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de
sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa
causa.
I - Sócio Remisso
- O sócio remisso é aquele que está inadimplente no tocante a integralização do capital social
Exemplo (falta grave): sócio que desvia dinheiro; sócio que sai da sociedade e monta outra
sociedade com objeto semelhante e desvia a clientela da sociedade, etc...
- As deliberações que a lei ou o contrato coloca como atribuição dos sócios serão tomadas pela
maioria do capital social.
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• E se houver empate?
Art. 1.010 do CC/02 - Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos
sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão
tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de
cada um.
• Exceções
a) Modificação do contrato social (art. 999 CC/02 por unanimidade): o contrato social só pode ser
modificado por unanimidade (ex.: alteração de sede, alteração de objeto, etc...)
13.8. Administrador
a) Nomeação: o administrador pode ser nomeado (i) no contrato social ou em (ii) ato separado (ex.:
ata de assembleia).
- A Pessoa Jurídica não pode ser administradora, pois se assim quisesse o legislador ele a teria
inserido no inciso VI tal como acontece no inciso I quando a lei trata da qualificação dos sócios.
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Art. 997 do CC/02 - A sociedade constitui-se mediante contrato escrito,
particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes,
mencionará:
- Na omissão, TODOS os sócios irão administrar a sociedade e não apenas o sócio majoritário.
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Contrato social Ato em separado
Art. 1.018 e
1019 do
Sócio Irrevogáveis (é Revogáveis (não é CC/02.
necessário decisão necessário decisão
judicial!) judicial!)
Art. 1.018 do
Não-Sócio Revogáveis Revogáveis CC/02 - Ao
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13.10. Responsabilidade do administrador
Exceções?
a) (art. 1.016 CC/02) – quando o administrador agir com culpa no desempenho de suas funções ele
responderá solidariamente perante a sociedade e terceiros.
b) (art. 1.015 CC/02, parágrafo único) – somente o administrador responderá. Isso só ocorrerá
quando esse administrador agir com excesso:
Exemplo: é muito comum ter-se um contrato social com uma cláusula dizendo que o administrador
está proibido de prestar fiança ou aval em nome da sociedade. Assim, se o administrador resolve
alugar um imóvel, coloca a sociedade como fiadora do seu imóvel e deixa de pagar os aluguéis,
eventual ação de cobrança ajuizada em face da sociedade não poderá obrigar a Pessoa Jurídica,
visto que o administrador agiu com excesso. Era obrigação da imobiliária verificar se não havia
limitação no contrato social.
II – Provando-se que a limitação era conhecida de terceiro quando esta não tiver expressa no
contrato social;
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Exemplo: imagine que o administrador de uma sociedade precise vender o produto em grande
quantidade com o objetivo de bater a meta do mês. Diante disso, o administrador da empresa de
espuma envia vários e-mails para o seu cunhado, administrador de outra sociedade que comprava
esse tipo de matéria prima, pedindo que ele efetuasse a compra. O cunhado, porém, afirma não
poder comprar já que sua empresa permite que ele compre apenas das empresas que já constam
do cadastro, além de não poder efetuar pedidos acima do patamar mínimo de R$ 225.000,00 sem
a autorização da diretoria. Depois de muito insistir, o cunhado administrador da empresa
compradora de espuma realizou um pedido no valor de R$ 200.000,00 sem a autorização da
diretoria. Chegando no departamento financeiro, determinou-se que a mercadoria deveria ser
devolvida. Embora a fornecedora tenha se mostrado insatisfeita, a empresa que tinha adquirido o
material demonstrou que, durante a troca de e-mails, o seu administrador fez questão de ressaltar
que ele não tinha poderes para realizar aquela compra; logo a limitação era conhecida pelo
administrador da vendedora.
- É necessário examinar a compatibilidade da atividade com o objeto social da sociedade. Aqui situa-
se a aplicação da Teoria Ultra Vires.
• Teoria Ultra Vires (Inglaterra): por esta teoria, a pessoa jurídica só responde pelos atos
praticados em seu nome quando compatíveis com seu objeto. Se estranho as finalidades da pessoa
jurídica o ato deve ser imputado à pessoa física que agiu em nome da sociedade.
- A Teoria Ultra Vires foi adotada apenas com o Código Civil de 2002. Durante a vigência do Código
Civil de 1916, o Direito Brasileiro adotava a Teoria da Aparência.
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• Teoria da aparência: essa teoria afirma a validade dos atos praticados em nome da sociedade,
ainda que a possibilidade da prática desses atos não esteja prevista em contrato ou seja estranha
aos negócios da sociedade, desde que, perante terceiros que contratem com a sociedade, exista
uma aparência de que as pessoas que praticaram o ato em nome da sociedade detinham poderes
para tanto.
- Pela Teoria da Aparência, a sociedade era responsabilizada, tendo direito de regresso contra o
administrador.
- A regra do inciso III deve ser interpretada sob a ótica da boa-fé. Assim, se um restaurante deseja
comprar tintas para pintar o local após a reforma, a empresa de tintas não deve negar a venda por
achar que as tintas não tem relação com o objeto social do restaurante previsto no
contrato/estatuto.
- Ainda que se adote a Teoria Ultra Vires, o Art. 1015 do CC deve ser interpretado a luz da Teoria da
Aparência.
Enunciado 11 da 1 Jornada de Direito Comercial: “A regra do art. 1.015, parágrafo único, do Código
Civil deve ser aplicada à luz da teoria da aparência e do primado da boa-fé objetiva, de modo a
prestigiar a segurança do tráfego negocial. As sociedades se obrigam perante terceiros de boa-fé.”
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E) Segundo a teoria ultra vires, vigente no ordenamento jurídico brasileiro mesmo antes do advento
do atual Código Civil, a sociedade somente se vincula aos atos praticados por seus administradores
caso tenham pertinência com o seu objeto social, ou seja, se o ato praticado extrapolar os limites
contratuais, a sociedade não será obrigada a observá-lo
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