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SOCIEDADE ANÔNIMA

As sociedades anônimas ou companhias são regidas por lei especial, qual seja, a lei n. 6.404/76. Suas
características gerais são:

a) São sempre sociedades empresárias, independente de seu objeto;


b) São registradas na Junta Comercial para adquirir personalidade jurídica;
c) São sociedades de capitais, não de pessoas;
d) São sociedades institucionais, pois seu ato constitutivo é um estatuto social;
e) Adota denominação como espécie de nome empresarial;
f) O capital é dividido em ações e
g) Os acionistas sempre têm responsabilidade limitada pelo valor de emissão das suas ações.

CONSTITUIÇÃO DA CIA

A formação do capital social tem 2 fases: subscrição e integralização.

O ato de subscrição garante ao indivíduo o direito de adquirir ações, através da integralização, que é
o ato de efetiva disposição patrimonial. A subscrição pode ser:

a) Particular — Também é conhecida como constituição simultânea. Aqui, os próprios


fundadores já têm o capital necessário.

b) Pública — Também é conhecida como constituição sucessiva. Aqui, os fundadores não


dispõe de todo o capital desejado, necessitando, para completá-lo buscar a captação de
investidores. Nesta hipótese, é necessário um prévio registro na CVM (Comissãode Valores
Mobiliários). Essa venda de ações deverá, obrigatoriamente, ser intermediada por uma
instituição financeira. Neste momento, a expressão “em organização” deverá ser acrescentada
ao nome empresarial para que os investidores saibam o que estão adquirindo.

Quadro Esquemático da Constituição da Companhia:

Subscrição Particular Subscrição Pública


A companhia já tem todo o capital social do qual A companhia ainda não detém todo o capital do
precisa para desenvolver o objeto social. Os pró- qual necessita para desenvolver o objeto social. Há
prios fundadores são os subscritores. necessidade de captação de investidores.

Assembleia de constituição Registro prévio na CVM

Intermediação de instituição financeira (autorizada pela


Registro na Junta Comercial CVM)

Assembleia de constituição

Registro na Junta comercial


A segunda etapa de formação do capital social é a integralização das respectivas ações
subscritas. É possível integralizar as ações com dinheiro ou bens suscetíveis de avaliação
econômica.

Ao contrário do que ocorre nas sociedades limitadas, nas sociedades anônimas há um rigoroso
processo de avaliação de bens, previsto no art. 8° da LSA.

Em primeiro lugar, cabe esclarecer o seguinte: quando se fala em companhia aberta, leia-se
companhia de capital aberto. Isso significa que as ações e demais valores mobiliários emitidos
pela SA poderão ser distribuídos no mercado. As companhias abertas geralmente garantem maior
liquidez às ações, pois no mercado, há imensa quantidade de investidores e é mais fácil comprá-las
e vendê-las.

Para se tornar uma companhia aberta é necessário fazer um registro na CVM. Repare: o
primeiro registro, na Junta Comercial, é obrigatório para todas as empresas, pois só assim elas
adquirem personalidade jurídica; já o segundo registro, na CVM, é facultativo, somente para
aquelas sociedades que desejarem abrir seu capital.

Quando abrem seu capital, estas sociedades anônimas passam a ser fiscalizadas pela CVM,
sujeitando-se a maior rigor do que as companhias fechadas. Já a companhia de capital fechado
assemelha-se à estrutura de uma limitada, pois suas ações e demais valores mobiliários não são
negociados no mercado. A consequência disso é que nas companhias fechadas há uma quantidade
menor de acionistas e suas ações têm menos liquidez, pois são mais difíceis de serem vendidas.

Toda a atividade envolvendo valores mobiliários requer a participação de intermediários165,


que podem ser instituições financeiras ou sociedades corretoras de valores mobiliários. A esta
atividade de intermediação dá-se o nome de underwriting.

VALORES MOBILIÁRIOS

Segundo Fabio Ulhoa Coelho, valores mobiliários são instrumentos de captação de recursos pelas
sociedades anônimas emissoras e representam, para quem os subscreve ou adquire uma alternativa
de investimento.

Os papéis que a companhia pode emitir são chamados de valores mobiliários e são de 4
espécies de acordo com a LSA:

Ações
Debêntures
Partes Beneficiárias
Bônus de Subscrição
AÇÕES:

As ações são valores mobiliários representativos de unidade do capital social de uma sociedade
anônima, que conferem aos seus titulares um complexo de direitos e deveres.

Classificam-se as ações segundo três critérios distintos:

1. Quanto à espécie:

- Ordinárias: aquelas que conferem aos seus titulares os direitos que a lei reserva ao acionista comum.
São ações de emissão obrigatória. O estatuto não precisará disciplinar esta espécie de ação, uma vez
que dela decorrem, apenas, os direitos normalmente concedidos ao sócio da sociedade anônima.

- Preferenciais: ações que conferem aos seus titulares um complexo de direitos diferenciado (como
por exemplo, a prioridade na distribuição de dividendos). As ações preferenciais podem ou não
conferir o direito de voto aos seus titulares. Para serem negociadas no mercado de capitais, os direitos
diferenciados das preferenciais devem ser pelo menos um de três definidos na LSA (art. 17, §1º).

O máximo de ações preferenciais sem direito a voto, ou com restrições a esse direito, tolerado por lei
é de 50% das ações emitidas (art. 15, §2º).

- De fruição: são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente amortizadas. O seu
titular estará sujeito às mesmas restrições ou desfrutará das mesmas vantagens da ação ordinária ou
preferencial amortizada, salvo se os estatutos ou a assembléia geral que autorizar a amortização
dispuserem em outro sentido.

1. Quanto à classe:

- As ações preferenciais se dividem em classes de acordo com o complexo de direitos ou restrições


que, nos termos dos estatutos, forem conferidos aos seus titulares.

- As ações ordinárias, em tese, não deveriam ser divisíveis em classes, na medida em que se
conceituam justamente por conferirem um mesmo conjunto de direitos aos seus titulares. No entanto,
a lei possibilita aos estatutos da companhia fechada a previsão de classes de ações ordinárias. As
ações ordinárias das companhias abertas não poderão ser divididas em classes (art. 15, §1º).

1. Quanto à forma (art. 20, LSA): leva em conta o ato jurídico que opera a transferência de titularidade:

- Nominativas: circulam mediante registro no livro próprio da sociedade emissora.

- Escriturais: são mantidas, por autorização ou determinação dos estatutos, em contas de depósito em
nome de seu titular. Essas ações são desprovidas de certificado e sua circulação se opera por
lançamento da operação nos registros próprios da instituição financeira depositária, a débito da conta
de depósito do alienante e a crédito da conta de depósito do adquirente.
Os estatutos da companhia fechada podem estabelecer limites à livre circulação das ações
representativas de seu capital social, desde que, dispõe a lei (art. 36), não impeçam a sua negociação
nem sujeitem o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração ou à maioria dos acionistas. O
exemplo mais corrente de aproveitamento dessa faculdade do legislador encontra-se na previsão do
direito de preferência para a compra de ações reconhecido aos demais acionistas da companhia. Nesse
caso, aquele que pretender alienar suas ações estará obrigado a oferecê-las, inicialmente, aos demais
integrantes do quadro associativo da sociedade anônima. A circulação das ações da companhia aberta,
no entanto, não poderá sofrer qualquer restrição por parte dos estatutos.

- Capital Social:

O capital social de uma SA pode ser integralizado pelo acionista em dinheiro, bens ou créditos.

Para a integralização do capital social em bens é necessário realizar-se a avaliação desses bens, que
deve ser feita com observância de determinadas regras fixadas em lei (art. 8º, LSA). Se o valor obtido
por laudo pericial for aprovado pelo órgão social e aceito elo subscritor, perfaz-se a integralização
do capital social pelo bem avaliado. Qualquer bem, corpóreo ou incorpóreo, móvel ou imóvel, pode
ser usado para a integralização do capital social da companhia. O bem transfere-se a título de
propriedade, salvo estipulação diversa, e a responsabilidade do subscritor equipara-se, outrossim, à
do vendedor.

A ação de uma sociedade anônima vale diferentemente de acordo com os objetivos da avaliação.
Assim tem-se:

• Valor nominal: o resultante da operação matemática de divisão do valor do capital social pelo número
de ações é o valor nominal. O estatuto da sociedade pode expressar este valor ou não; no primeiro
caso, ter-se-á ação com valor nominal, no segundo, ação sem valor nominal.

• Valor patrimonial: o valor da participação do titular da ação no patrimônio líquido da companhia.


Resulta da operação matemática de divisão do patrimônio líquido pelo número de ações em que se
divide o capital social. É o valor devido ao acionista em caso de liquidação da sociedade ou
amortização da ação.

• Valor de negociação: é o preço que o titular da ação consegue obter na sua alienação. O valor pago
pelo adquirente é definido por uma série de fatores econômicos.

• Valor econômico: é o calculado, por avaliadores de ativos, através de técnicas específicas, e


representa o montante que é racional pagar por uma ação, tendo em vista as perspectivas de
rentabilidade da companhia emissora.

• Preço de emissão: é o preço pago por quem subscreve a ação, à vista ou parceladamente. Destina-se
a mensurar a contribuição que o acionista dá para o capital social da companhia, bem como o limite
de sua responsabilidade subsidiária.
O preço de emissão é fixado pelos fundadores, quando da constituição da companhia, e pela
assembléia geral ou pelo conselho de administração, quando do aumento do capital social com
emissão de novas ações. Se a companhia tem o seu capital social representado por ações com valor
nominal, o preço de emissão não poderá ser inferior ao seu valor nominal. E se for superior, a
diferença, chamada ágio, constituirá reserva de capital, que poderá, posteriormente, ser capitalizada
(arts. 13 e 200, IV, LSA).

Em razão da proibição de fixação do preço de emissão de novas ações abaixo do valor nominal, terá
aquele acionista uma relativa garantia contra a diluição do valor patrimonial de suas ações.

A sociedade anônima é sempre empresária, mesmo que seu objeto seja atividade econômica civil
(CC, art. 982, § único; LSA, art. 2º, §1º).

DEBÊNTURES:

As debêntures são títulos representativos de um contrato de mútuo, em que a companhia é a mutuária


e o debenturista o mutuante. Os titulares de debêntures têm direito de crédito, perante a companhia,
nas condições fixadas por um instrumento elaborado por esta, que se chama “escritura de emissão”.
Tal instrumento estabelece se o crédito é monetariamente corrigido ou não, as garantias desfrutadas
pelos debenturistas, as épocas de vencimento da obrigação e demais requisitos determinados por lei
(art. 59, LSA).

A comunidade de interesses dos debenturistas pode ser representada por um agente fiduciário,
nomeado pela escritura de emissão. Sempre que as debêntures forem distribuídas, ou admitidas no
mercado, a nomeação de agente fiduciário é obrigatória. Se a negociação das debêntures não se fizer
no mercado, será facultativa a sua intervenção. Pode exercer a função de agente fiduciário dos
debenturistas a pessoa física que preencher os requisitos que a lei estabelece para os administradores
e a instituição financeira especialmente autorizada pelo Banco Central do Brasil, observados os
impedimentos que a lei contempla no art. 66, §3º.

As debêntures, de acordo com a garantia oferecida aos seus titulares, podem ser de quatro espécies:

• Com garantia real: um bem, pertencente ou não à companhia, é onerado (hipoteca de um imóvel, por
exemplo);

• Com garantia flutuante: confere aos debenturistas um privilégio geral sobre o ativo da companhia,
pelo qual terão preferência sobre os credores quirografários, em caso de falência da companhia
emissora;

• Quirografária: cujo titular concorre com os demais credores sem garantia, na massa falida;

• Subordinada ou subquirografária: o titular tem preferência apenas sobre os acionistas, em caso de


falência da sociedade devedora.
As debêntures podem ter a cláusula de conversibilidade em ações e podem ser nominativas ou
escriturais.

PARTES BENEFICIÁRIAS:

As partes beneficiárias são títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que
conferem aos seus titulares direito de crédito eventual, consistente na participação nos lucros da
companhia emissora (art. 46, §1º, LSA).

Dos lucros da sociedade anônima não poderá ser destinado às partes beneficiárias mais do que 10%.
Esses títulos poderão ser alienados ou atribuídos. A atribuição, por sua vez, poderá ser onerosa, em
pagamento a prestação de serviços, ou gratuita. A companhia Berta não poderá emitir partes
beneficiárias.

As partes beneficiárias terão a duração estabelecida pelos estatutos, nunca superior a 10 anos no caso
de títulos de atribuição gratuita, salvo se emitidos em favor de sociedade ou fundação beneficente de
empregados da companhia, hipótese em que os estatutos poderão fixar a duração do título livremente.

As partes beneficiárias podem conter, também, a cláusula de conversibilidade em ações, devendo,


neste caso, ser constituída uma reserva especial para capitalização.

A alteração dos estatutos que importe em modificação ou redução das vantagens conferidas aos
titulares das partes beneficiárias somente terá eficácia após sua aprovação pela metade, no mínimo,
dos titulares das partes beneficiárias, reunidos em assembléia.

BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO:

Os bônus de subscrição conferem aos seus titulares o direito de subscreverem ações da companhia
emissora, quando de futuro aumento de capital social desta. O titular de um bônus não estará
dispensado do pagamento do respectivo preço de emissão. São títulos criados pela sociedade anônima
para alienação onerosa ou atribuição como vantagem adicional aos subscritores de suas ações ou
debêntures.

ÓRGÃOS DA CIA

Assembleia Geral:

A assembleia geral é o órgão máximo, soberano da companhia. Tem exisência obrigatória.


Dela participam todos os acionistas, inclusive aqueles que não tem direito de voto, pois mesmo
estes têm o direito de se manifestar e tentar persuadir os demais.

A assembleia geral é única, mas sua forma de se manifestar varia, podendo ser ordinária ou
extraordinária. Na AGO cuidam-se de assuntos corriqueiros, como por exemplo, aprovação das
contas dos administradores, elegê-los e destituí-los, deliberar pela destinação do lucro líquido
etc. Ela acontece uma vez por ano no primeiro quadrimestre . O que define se uma assembléia é
ordinária ou extraordinária é o assunto nela tratado. Os assuntos que não estiverem contemplados no
art. 132 da LSA deverão ser deliberados em AGE.

Conselho de Administração

Convocar a assembleia geral tem um custo muito alto e leva tempo. É pre- ciso cumprir as
exigências do art. 124 da LSA, e, dependendo da quantidade de acionistas, alugar um local que os
comporte.

Para otimizar a administração da companhia, é facultada a criação do conselho de


administração, que receberá delegações da assembleia geral. Atenção, pois as atribuições
constantes do art. 122 da LSA são de competên- cia privativa da assembleia geral, ou seja, são
indelegáveis. As competências do conselho de administração constam do art. 142 da LSA.

O conselho de administração é composto de pelo menos 3 conselheiros,acionistas ou não


eleitos pela assembleia geral.196 Este órgão tem natureza deliberativa e administrativa.
Vale destacar que, em geral, o conselho de administração é órgão de exis- tência facultativa,
sendo obrigatório para companhias abertas, de capital autorizado197 e sociedades de
economia mista.

Diretoria

A diretoria é o órgão executivo da companhia. Executa as ordens e orientações do conselho de


administração, se houver, ou diretamente da assembleia geral.

A diretoria é órgão obrigatório, e seus conselheiros são escolhidos pelo conselho de


administração, ou, se inexistente, pela assembleia geral. Caso inexista conselho de administração
a gestão da companhia cabe à diretoria.

O mínimo de diretores é de 2, acionistas ou não. Cabe também à diretoria representar a


companhia judicialmente e extrajudicialmente.

Conselho Fiscal

O conselho fiscal também é órgão de existência obrigatória. Sua função é fiscalizar os órgãos
administrativos da companhia, ou seja, o conselho de administração e a diretoria. O conselho fiscal
não fiscaliza a assembleia geral, pois este órgão está acima de todos os demais.

O conselho fiscal terá no mínimo 3 e no máximo 5 membros, acionistas ou não. Funciona como
uma auditoria interna ou orgânica.

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