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SOCIEDADE ANÔNIMA

Surgimento: As sociedades anônimas surgiram em decorrência de grandes


empreendimentos destinados à exploração colonial. A primeira das sociedades anônimas
conhecidas foi a Companhia Holandesa das Índias Orientais que data de 1602. No Brasil, a
primeira sociedade anônima que se tem conhecimento é a Cia. de Comércio do Brasil (1636), e
a segunda, o Banco do Brasil (1808).
Generalidades
Regida por lei especial - Lei 6404/76, com alterações das Leis nºs 9457/97, 10303/2001,
11638/2007 e 12431/2011 e outras/atualizações. Nos casos omissos, se aplica as disposições do
Código Civil.
Constituída por contrato social com norma estatutária. Será sempre empresária (art. 982,
§ único do C. Civil) e deverá estar inscrita no Registro Público de Empresas Mercantis (art. 984
do C. Civil). Possui capital dividido em ações. Ações são os títulos representativos da
participação societária no capital da companhia e livremente negociáveis.
Conceito: Sociedade anônima ou companhia é uma sociedade do tipo empresária, cujo
capital social está dividido em ações nominativas, respondendo cada acionista, limitadamente,
pelo preço de emissão das ações por ele subscritas ou adquiridas. É um tipo societário bastante
atrativo para os grandes empreendimentos.
Formado pela soma das contribuições dos sócios, em dinheiro ou em qualquer outra
espécie de bem móvel, imóvel, desde que suscetível de avaliação em dinheiro, com que a
sociedade inicia suas atividades.
Dividido em Ações: são frações ideais negociáveis do capital social subscrito. As ações
investem o seu titular na qualidade de acionista e delimitam seus direitos e obrigações.
Características Especiais
Deverá possuir no mínimo dois acionistas. A responsabilidade do acionista vai até o
preço da emissão das ações que subscrever ou adquirir. O herdeiro ou legatário de uma ação,
transforma-se em acionista.
Nome empresarial - designado por denominação, acompanhada das expressões
“companhia” ou “s/a”, sendo que a primeira expressão só poderá ser colocada no início ou no
meio do nome empresarial. Exemplos: Cia. Brasileira de Artefatos de Aço; Metalúrgica
Brasileira S/A
Espécies de Companhia
De Capital Aberto e de Capital Fechado:
1- Capital Aberto – aquela em que os valores mobiliários, de sua emissão (ações, debêntures,
partes beneficiárias, etc.) depois de registrados na CVM – Comissão de Valores Mobiliários,
poderão ser negociados na Bolsa de Valores ou no mercado de balcão.
2- Capital Fechado – aquela em que seu estatuto pode estabelecer limites à livre circulação das
ações representativas de seu capital social. Seus valores não são negociáveis em Bolsa de
Valores ou no mercado de balcão.
Capital Aberto: Esse tipo de S.A se caracteriza pela permissão de negociação de suas
ações junto ao mercado de valores mobiliários. Exemplo:- Bolsa de Valores. Para negociação
em Bolsa é preciso ter autorização do governo, a qual é cedida pelo CVM, Conselho de Valores
Mobiliários, que é um órgão federal relacionado ao Ministério da Economia.
Outra característica da S/A é a possibilidade de captar recursos de investidores por meio
da oferta de valores mobiliários, que podem ser as próprias ações, debêntures, entre outros
títulos de crédito. Essas S.As estão sujeitas à fiscalização pelos órgãos do governo e devem
assumir uma série de responsabilidades a fim de proteger o mercado de valores.
Funcionamento
O funcionamento da S/A diz respeito à divisão do seu capital social, aos direitos dos
acionistas e às suas participações.
1- Quanto ao capital social: as ações são divididas entre ordinárias e preferenciais. Acionistas
com ações ordinárias têm o direito a voto quanto a questões relativas às decisões do negócio.
Acionistas que têm ações preferenciais não.
2- Direito dos Acionistas: Todos os direitos previstos na Lei das S/As, por exemplo: fazer a
fiscalização da gestão da empresa; participar dos lucros; participar da divisão de bens, caso seja
vendida; adquirir outros valores mobiliários de forma preferencial; retirar-se da empresa a
qualquer tempo.
O funcionamento da S/A diz respeito à divisão do seu capital social, aos direitos dos
acionistas e às suas participações.
3- Quanto à participação dos acionistas: Há diferentes tipos de acionistas, que são:
- acionista majoritário: detentor da maior parte das ações ordinárias (ao menos, 50%)
- acionista minoritário: detentor de menos ações
- acionista controlador: pessoa, grupo de pessoas ou empresa, definida por votação, que tem
como responsabilidade o controle do negócio.
Órgãos
A lei 6404/76 que regulamenta a S/A, determinada que tenha alguns órgãos específicos,
que são:
-Assembleia Geral
-Conselho de Administração
-Diretoria
-Conselho Fiscal
São necessários para, por exemplo, evitar favorecimento de um ou mais acionistas e,
consequentemente, o prejuízo dos demais.
1.Assembleia Geral: Responsável por reunir os acionistas para tomadas de decisões importantes
para o futuro do negócio, a Assembleia Geral é o órgão com maior poder dentro de uma S.A. É
órgão máximo deliberativo.
2.Conselho de Administração: Formado por, pelo menos, 3 membros escolhidos pela
Assembleia Geral, o Conselho de Administração tem a função de aconselhar a diretoria em
tomadas de decisões.
- os membros escolhidos têm prazo de gestão pré-estabelecido e, caso a empresa não tenha
acionistas suficientes para essa formação, o conselho se torna opcional.
3.Diretoria: Composta por, no mínimo, dois diretores escolhidos pelo Conselho de
Administração, caso tenha, ou pela Assembleia Geral. Sua função é administrar e representar a
empresa legalmente. Os diretores não precisam, obrigatoriamente, ser acionistas da empresa que
vão administrar.
4.Conselho Fiscal: Pode ser formado por 3 a 5 membros, acionistas ou não, eleitos pela
Assembleia Geral, a função do Conselho Fiscal é assessorar esse órgão. Seu papel consiste em
analisar as contas apresentadas, fiscalizar as atividades dos administradores, fazer o
acompanhamento da gestão do negócio e votar em assuntos pertinentes à administração da
empresa.
ORGÃOS SOCIAIS DAS S/A
Assembleia Geral é o órgão máximo, soberano, exclusivamente deliberativo. (LSA 121
a 131). Ela poderá ser de duas espécies:
- Assembleia Geral Ordinária - AGO
- Assembleia Geral Extraordinária – AGE
Assembléia Geral Ordinária – AGO (art. 132 a 134 Lei S/As). Convocada
obrigatoriamente pela diretoria de uma sociedade anônima para verificação dos resultados,
leitura, discussão e votação dos relatórios de diretoria e eleição do conselho fiscal da diretoria.
Deve ser realizada até quatro meses após o encerramento do exercício social.
-Periodicidade: anual (dentro dos 04 primeiros meses)
-Competência: aprovação das contas e destinação dos lucros, eleição de C.A. e C.F. e outros
assuntos
Assembléia Geral Extraordinária – AGE (art. 135 a 137 Lei S/As). Reunião dos
acionistas, convocada e instalada na forma da lei e dos estatutos, a fim de deliberar sobre
qualquer matéria de interesse social. Sua convocação não é obrigatória, dependendo das
necessidades específicas da empresa.
-Periodicidade – tantas vezes quantas se fizerem necessárias
-Competência: reforma de estatuto social, criação de ações e outros valores mobiliários, fusão,
cisão, incorporação, mudança de objeto, e outros exigidos por lei.
ASSEMBLÉIA GERAL
Participantes: todos os acionistas, com ou sem direito a voto (LSA 125, § único).
Quórum de instalação:
-¼ do capital votante em primeira convocação (LSA 125).
-2/3 do capital votante em primeira convocação – reforma dos estatutos (LSA 135).
-Qualquer número em segunda convocação (LSA 125).
Deliberações: Quorum simples (regra geral) – maioria absoluta = maioria ações com
direito a voto presente à AG, descontados os votos em branco (LSA 129). Quorum qualificado –
2/3 (LSA 135), metade no mínimo do capital votante (LSA 136). Estatuto pode aumentar o
quorum simples ou qualificado somente na companhia fechada.
Ação para anulação de deliberação assembleiar – prescrição = 2 anos da deliberação
(LSA 286).
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de
administração e à diretoria, ou somente à diretoria. O conselho de administração é órgão de
deliberação colegiada, sendo a representação da companhia privativa dos diretores.
-Composição: mínimo de 03 conselheiros . Mandato máximo de conselheiros = 3 anos .
Somente acionistas (LSA 146).
-Eleição e destituição (a qualquer tempo) – AG (LSA 140, caput)
-Reelegíveis (LSA 140, III)
-Delibera por maioria de votos, salvo quorum qualificado previsto no estatuto (LSA 140, IV).
Órgão colegiado (LSA 138 a 142), exclusivamente deliberativo Objetivo – agilidade na
administração.
Órgão facultativo na companhia fechada
Órgão obrigatório (LSA 138, § 2º e 239):
-Companhias abertas
-Companhias de capital autorizado
-Sociedades de economia mista.
DIRETORIA
A Diretoria representará a companhia e executará as deliberações do Conselho de
Administração e da Assembléia Geral, sendo composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e
destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela
assembléia-geral.
Poderão ser eleitos para membros dos órgãos de administração pessoas naturais,
devendo os membros do conselho de administração ser acionistas e os diretores residentes no
país, acionistas ou não.
-Órgão de representação legal da companhia (LSA 143 e 144)
-Executa deliberações da AG ou do CA.
-Composição: mínimo de 02 diretores . Não necessariamente acionistas, mas residentes no
Brasil . Mandato máximo de diretor = 3 anos
-Modo de substituição, atribuições, remuneração e poderes – estatuto (LSA 143).
-Eleição e destituição (a qualquer tempo) pelo CA ou, se este não existir, pela AG.
-Reelegíveis (LSA 143, III)
-Até 1/3 dos membros do CA pode integrar a diretoria
CONSELHO FISCAL
A companhia terá, obrigatoriamente, um conselho fiscal, e o estatuto disporá sobre seu
funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de
acionistas.
O conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco)
membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembleia-geral.
Existência obrigatória e funcionamento facultativo.
Órgão fiscalizador da administração (LSA 161 a 165).
-Funcionamento: instalação a pedido de acionistas que representem, no mínimo: 10% das ações
com direito a voto, ou 5% das ações sem direito a voto.
-na companhia aberta – percentuais fixados pela CVM em função do capital social.
Inelegíveis (LSA 162, § 2º):
-Membro de órgãos da administração.
-Empregado da companhia, de sociedade por ela controlada ou do mesmo grupo.
-Cônjuge ou parente
-Cônjuge ou parente até terceiro grau de administrador da companhia.
Eleição em separado – um conselheiro + suplente:
-Acionistas minoritários com mínimo de 10% das ações com direito a voto.
-Ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito.
ADMINISTRAÇÃO DA COMPANHIA
São considerados administradores: Membros do CA e da Diretoria (LSA 145 a 160).
Deveres legais:
-Diligência – cuidado na condução dos negócios.
-Lealdade – não usar informação privilegiada.
-Informação – fatos relevantes aos investidores.
-Responde (civil e criminalmente) por ato ilícito de gestão (violação da lei ou estatuto), com
culpa ou dolo (LSA 158).
ACIONISTA - OBRIGAÇÕES
Dever principal – pagar preço de emissão das ações que subscrever (LSA 106).
Acionista remisso:
-Perda das ações não integralizadas
-Constituído em mora independentemente de qualquer interpelação.
-Cobrança: Acréscimo legais: juros + correção + multa (máximo 10%), se previstos no estatuto.
ACIONISTA: DIREITOS ESSENCIAIS
Participar nos resultados sociais: dividendos ou acervo social (exceto se devedora do
INSS – Lei n. 8.212/91, art. 52).
Fiscalização da administração:
-Direta: exibição dos livros. Pode ser exigida por acionistas que representem + 5% do capital
social no caso de violação da lei, estatuto ou fundada suspeita de grave irregularidade (LSA
105).
-Indireta: pelo Conselho Nacional (CVM).
Preferência na subscrição (LSA 171, § 1º):
-Ações.
-Valores mobiliários conversíveis.
-Direito cedível.
Direito de Retirada:
-Dissidente de determinadas deliberações da AG (LSA 136, I a VI e X, 221, 230 e 252).
-Desapropriação de controle por PJ Direito Público (LSA 236, § único)
-Reembolso – pelo valor patrimonial das ações – em principio, último balanço aprovado (LSA
45)
Obs: Direito de voto na S/A não é essencial
PODER DE CONTROLE
Art. 116 LSA dispõe: Está nas mãos do acionista ou grupo de acionistas vinculados por
acordo de voto, que detêm votos que lhes assegurem, de modo permanente, eleger os
administradores, definir estratégia geral da empresa, reestruturar a sociedade, aumentar o capital
social, estabelecer a destinação dos resultados e outros.
Responsabilidade legal do controlador : Dívidas previdenciárias Lei 8620/91 art. 13 e
outros atos considerados ilícitos.
Acionista controlador:
-É pessoa natural ou jurídica que tem o poder de voto e o exerce, definindo as diretrizes da
empresa.
-O controlador tem de ser titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a
maioria dos votos nas deliberações da assembléia e o poder de eleger a maioria dos
administradores da cia;
-Uso efetivo do poder pelo controlador para dirigir as atividades sociais e orientar o
funcionamento dos órgãos da companhia.
-A lei exige a permanência no controle.
-O acionista controlador responde pelo danos que causar por abuso de poder. Art.117 LSA
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DAS S/As
Ao final de cada exercício social (LSA 175) a Companhia deverá apresentar um
conjunto de demonstrações contábeis que será disponibilizado aos acionistas e submetido à
deliberação da A.G.O.(LSA 132, I) Composição: Balanço Patrimonial, Demonstração de Lucros
ou Prejuízos Acumulados, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos.
DESTINAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
2. Distribuição aos acionistas (dividendos).
-Dividendos prioritários oriundos de ações preferenciais: Fixo – valor pré-determinado (certo).
-Dividendos obrigatórios (LSA 202) – a lei determina distribuição de % definido pelo estatuto,
na omissão: 50% do lucro líquido ajustado (LSA 202).
-Mínimo: não inferior a certa importância ou percentual.
-Distribuição de dividendos adicionais.
AÇÕES
As ações são valores mobiliários que representam frações do capital social, que
concedem ao seu titular a qualidade de acionista da companhia, além de um conjunto de direitos
e deveres (LSA art. 11/45).
Valores
Valor nominal: é o valor obtido pela simples divisão do capital social pelo número de
ações. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se
as ações terão, ou não, valor nominal.
-É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal.
Valor patrimonial: resulta da divisão do patrimônio líquido da companhia pelo número
de ações. É o valor a que tem direito o acionista na liquidação da sociedade ou amortização da
ação.
Valor de negociação: é o valor obtido na sua venda, que pode variar em razão de uma
série de fatores, tais como comportamento do mercado, desempenho da companhia e outros.
Valor econômico: é obtido por meio de avaliação com técnicas específicas (fluxo de
caixa descontado) e diz respeito ao valor que poderá ser pago por uma ação em razão da
rentabilidade da companhia
Preço de emissão: é fixado pelos fundadores da companhia, sendo o preço pago por
quem subscreve a ação.
-É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal.
-A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal (ágio) constituirá reserva de
capital.
ESPÉCIES DE AÇÕES
As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares,
são:
-ordinárias;
-preferenciais;
-de fruição.
AÇÕES ORDINÁRIAS: Também chamadas de comuns, pois conferem aos seus
titulares os direitos comuns de acionistas, ou seja, direito de voto, de participação nos lucros e
perdas da sociedade, sem privilégios ou limitações. São ações de emissão obrigatória.
AÇÕES ORDINÁRIAS (LSA art. 16):
-Direitos Comuns – previstos em lei.
-Estatuto não precisa disciplinar
-Emissão obrigatória.
-Direito ao voto nas Assembléias Gerais.
Não se dividem em classes nas companhias abertas (LSA art. 15, § 1º).
As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes diversas, em razão de:
I - conversibilidade em ações preferenciais;
II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou
III - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos
administrativos.
AÇÕES PREFERENCIAIS Concedem aos seus titulares certas vantagens que podem
ser:
I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;
II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou
III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os itens I e II.
As ações preferenciais poderão ser divididas em classes, e o estatuto da companhia com
ações preferenciais declarará as vantagens ou preferências atribuídas a cada classe dessas ações
e as restrições a que ficarão sujeitas, e poderá prever o resgate ou a amortização, a conversão de
ações de uma classe em ações de outra e em ações ordinárias, e destas em preferenciais, fixando
as respectivas condições.
AÇÕES DE FRUIÇÃO: Também chamadas de ações de gozo, são aquelas atribuídas ao
acionista que amortizou suas ações ordinárias ou preferenciais. São mantidos todos os direitos
da ação amortizada. São as ações ordinárias ou preferenciais que foram pagas (amortizadas)
pela companhia ao acionista, nos termos do art. 44 da LSA
Amortização significa a distribuição ao acionista, sem redução do capital social e a
título de antecipação, o valor a que teria direito em caso de liquidação da sociedade. A
amortização pode ser integral ou parcial e abranger todas as classes de ações ou só uma delas.
AÇÕES DE FRUIÇÃO (LSA art. 44, § 5º):
-Atribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente amortizadas.
-Vantagens iguais às das ações amortizadas, salvo disposição contrária no Estatuto ou na AG
que autorizar.
-Não conferem direitos patrimoniais ao seus titulares, no caso de dissolução da sociedade.
AÇÕES
Classificação quanto à forma:
-Nominativas (LSA art. 31)
-Titularidade transferida mediante registro no livro próprio da companhia.
-Documentadas por certificado (LSA 24) emitido pela companhia.
Escriturais (LSA art. 34) (sem certificado)
-Titularidade transferida mediante débito e crédito em conta corrente de instituição financeira
depositária.
VALORES MOBILIÁRIOS
As sociedades anônimas podem emitir títulos de investimento ou valores mobiliários,
para a captação de recursos para a realização da atividade empresarial. São títulos de
investimento não integrantes do Capital Social, emitidos pela S/A para obtenção de recursos:
1- Partes beneficiárias,
2- Debêntures,
3- Bônus de Subscrição e
4- Comercial Paper.
Partes beneficiárias (LSA art. 46): conferem ao seu titular direito de crédito eventual
(participação nos lucros) e podem ser conversíveis em ações, desde que a S/A constitua reserva
especial para capitalização. Não podem ser emitidas por S/A de capital aberto.
A companhia fechada pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor
nominal e estranhos ao capital social, denominados “partes beneficiárias”. As partes
beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a companhia,
consistente na participação nos lucros anuais.
As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas condições
determinadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores, acionistas ou
terceiros, como remuneração de serviços prestados à companhia. É vedado às companhias
abertas emitir partes beneficiárias. O estatuto poderá prever a conversão das partes beneficiárias
em ações, mediante capitalização de reserva criada para esse fim.
Debêntures: A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares
direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do
certificado, ou seja, assemelha-se a um empréstimo feito pela companhia, sendo o credor o
debenturista.
A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures, e cada emissão pode
ser dividida em séries. A debênture poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis,
participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso, e poderá ser conversível em ações
nas condições constantes da escritura de emissão.
Debêntures: valores comercializados na Bolsa de Valores
-São os títulos mais emitidos pelas S/A e de grande atrativo no mercado investidor (contrato de
mútuo em condomínio)
-Conferem privilégio geral sobre os bens sociais ou garantia real sobre determinados bens,
conforme documento chamado “escritura de emissão”) LSA art. 59
-Espécies: simples e conversíveis em ações (LSA art.57)
-Representante dos debenturistas – Agente Fiduciário, PF ou Instituição Financeira, nomeada na
escritura de emissão(LSA art. 66 a 70), é obrigatório na operação de mercado.
Debêntures: 04 espécies de garantia:
a) Garantia real, em um bem, pertencente ou não à companhia, mediante oneração. Ex.hipoteca
de um imóvel;
b) Garantia flutuante, privilégio geral sobre o ativo, preferência sobre credores quirografários,
em caso de falência;
c) Quirografária, titular concorre com demais credores sem garantia, na massa falida;
d) Subordinada, titular tem preferência apenas sobre acionistas, no caso de falência. Assembléia
Especial de Debenturistas – direito dos titulares se reunirem-se para deliberarem sobre matéria
de interesse do condomínio.
Bônus de subscrição (LSA arts. 171 e 172): conferem ao seu titular o direito de
preferência na subscrição de ações, mas não o dispensa do pagamento do respectivo preço de
emissão.
Os Bônus de Subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do
certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante
apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações.
-Esses bônus serão alienados pela companhia ou por ela atribuídos, como vantagem adicional,
aos subscritores de emissões de suas ações ou debêntures.
-Os acionistas da companhia gozarão de preferência para subscrever a emissão de bônus.
Comercial Paper: Criado pela Instrução nº. 134/90 da Comissão de Valores Mobiliários,
é uma espécie de nota promissória destinada à captação de recursos com o público em geral,
devendo ser restituído no prazo de 30 a 180 dias
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS NAS EMPRESAS
TRANSFORMAÇÃO: Sociedade limitada => Sociedade anônima
É a alteração de tipo societário, com obediência das normas reguladoras para
constituição e inscrição do novo tipo societário, não havendo necessidade de liquidação ou
dissolução da sociedade anterior
1- Independe de dissolução ou liquidação da sociedade – art. 1113
2- Depende do consentimento de todos os sócios. O dissidente poderá retirar-se da sociedade -
art. 1114
3- Não modifica e nem prejudica os direitos dos credores

INCORPORAÇÃO
sociedade A + Sociedade B = Sociedade B
A incorporação ocorre quando uma ou mais sociedades são absorvidas por outra
sociedade, denominada incorporadora, que lhes sucede em direitos e obrigações (art. 1116, C.
Civil).
1- A sociedade incorporada deixa de existir, depois da incorporação;
2- A sociedade incorporadora, já existia antes da incorporação e, após continua a existir, sem
perder sua personalidade jurídica.
3- Os sócios da sociedade incorporada deverão deliberar e aprovar as bases da operação e o
projeto de reforma do ato constitutivo – art. 1117;
4- Os sócios da sociedade incorporadora deverão deliberar para nomeação de peritos para
avaliação do patrimônio líquido da sociedade que será incorporada.
5- Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e
promoverá a respectiva averbação no registro próprio.
6- A incorporadora sucede a incorporada em todos os direitos e obrigações,
FUSÃO
Sociedade A + Sociedade B = Sociedade C
Efeitos:
1- Extinção das sociedades fusionadas;
2- Surgimento de uma nova sociedade como resultado das anteriores;
3- A nova sociedade adquire os direitos e contrai as obrigações das sociedades extintas.
Art. 1120 – a fusão será decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas
sociedades que pretendam unir-se
Cada sociedade deliberará em assembleia de sócios, a fusão e o projeto do ato
constitutivo da nova sociedade, assim como o plano de distribuição do capital social e serão
nomeados peritos para avaliação do patrimônio da sociedade.
Apresentados os laudos, será convocada assembleia de sócios para deles tomar
conhecimento e decidir sobre a constituição definitiva da nova sociedade. Os sócios ficam
impedidos de votar o laudo de avaliação da respectiva sociedade.
Após a constituição da nova sociedade, será incumbência dos administradores a
inscrição, no registro próprio, dos atos relativos à fusão. Até 90 dias após a fusão, credores
prejudicados, poderão promover judicialmente a anulação de tais atos.
CISÃO
TOTAL OU PARCIAL
Total: Sociedade A = Sociedade X e Sociedade Y
Total: Sociedade A = Sociedade A e Sociedade Y
Cisão é a transferência de parcelas do patrimônio social de uma empresa para outra ou
outras, já existentes ou constituídas para esse fim.
TOTAL:
1. Há a extinção da sociedade cindida;
2. As sociedades que absorveram parcelas do patrimônio da cindida responderão solidariamente
pelas obrigações da empresa extinta.
PARCIAL:
1- A empresa cindida que subsistir e as que absorverem parcelas de seu patrimônio responderão
solidariamente pelas obrigações da primeira, anteriores a cisão.
2- O ato da cisão parcial poderá estipular que as sociedades resultantes da cindida responderão
apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a
empresa cindida. Poderá haver oposição de credores, desde que notifique a sociedade no prazo
de 90 dias contados da data da publicação dos atos da cisão.
TÍTULOS DE CRÉDITO
Origem: Criado a princípio como forma de contrato de câmbio trajetício, uma forma
segura para evitar que mercadores fossem roubados.
Representa valores – implicitamente a obrigação de realizar esses valores nos prazos
convencionados.
Legislação Aplicável
São as mais diversas, cada título, praticamente, tem sua própria legislação. Lei
Uniforme de Genebra (LUG) ou Anexo I da Convenção de Genebra de 1930;
-Reservas à LUG ou Anexo II da Convenção de Genebra de 1930
-Decreto 2044, de 31.12.1908
-Outras normas – ex. Lei do Cheque, etc.
-Código Civil
-Lei Uniforme de Genebra (LUG) ou Anexo I da Convenção de Genebra de 1930 e Reservas à
LUG ou Anexo II da foram introduzidas no direito brasileiro pelo Decreto 57663/66.
-Erros de tradução da LUG e de suas Reservas.
-Código Civil aplicado subsidiariamente à legislação especial.
Ordem:

Aspecto Jurídico do Crédito


“Direito de exigir o que se deve sob qualquer causa” (Carvalho de Mendonça).
Crédito representa um direito.
Conceito: Clássico: “Documento necessário para o exercício do direito literal e
autônomo nele mencionado” (Cesare Vivante).
Código Civil: Art. 887 - “Documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”.
Título de crédito é documento representativo do direito de crédito pecuniário que nele
se contém e que pode ser executado por si mesmo, de forma literal e autônoma,
independentemente de qualquer outro negócio jurídico subjacente ou subentendido, bastando
que preencha os requisitos legais.
Expressões Cambiárias: Sacador – o emitente – aquele que cria o título – que dá a
ordem para o sacado pagar.
- Sacado – o devedor – o aceitante – aquele que deverá pagar.
- Tomador – o beneficiário – o credor
- Tomador – o beneficiário – o credor
São documentos formais, com força executiva, representativo de dívida líquida e certa,
de circulação desvinculada do negócio que o originou. Possuem negociabilidade e
executividade
Negociabilidade: Permite a circulação de forma simplificada e ágil. Ex. Endosso.
Executividade: Maior eficiência e celeridade na cobrança, são considerados títulos
executivos – ação de execução.
São documentos que materializam o direito de haver um pagamento. Títulos de crédito
usuais:
a- Cheque
b- Duplicata
c- Nota promissória
d- Letra de Câmbio
e- Warrant
f- Cédulas de crédito..
Virtuais ou Eletrônicos: Art. 889, § 3º - Código Civil - Permite a emissão de títulos de
crédito “a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que
constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previsto no artigo”.
- Boleto bancário: não é titulo de crédito, mas documento compensável e destinado a servir
como meio de cobrança de valores líquidos e certos, contratados e aceitos
Características: São três, de modo geral, os atributos comuns:
-Literalidade
-Autonomia
-Cartularidade (incorporação)
1. Literalidade Carrega em si a formalidade e o rigor do que deve estar expresso no
título, pois representa o conteúdo escrito no próprio documento. Só tem valor jurídico-cambial o
efetivo escrito no título de crédito original, explicitando assim, de forma literal, a obrigação por
ele representada.
O título de crédito vale pelo que nele está contido ou escrito, não se podendo alegar
coisa não escrita. etc..
2. Autonomia: Não depende dos negócios de que resultaram. É a desvinculação da
causa do título em relação a todos os coobrigados.
3- Cartularidade ou Incorporação: Corresponde a materialização do direito no
documento (cártula), de forma que o direito (direito cartular) não poderá ser exercido sem a
exibição do documento. O título de crédito é sempre um documento (cártula), necessário para o
exercício do direito que representa.
Circulação Cambial
Os títulos de crédito representam valores mobiliários transmissíveis por via do endosso
Endosso: Ato unilateral do proprietário de um título de crédito, que o passa a outrem,
através de sua assinatura no verso da cártula
- Partes no endosso: Endossante: signatário do endosso (quem endossa). Endossatário: o
beneficiário do endosso dado
- Modalidades de Endosso: regular e irregular

Endosso regular (próprio):  transfere a propriedade a outra pessoa. Em branco - ao


portador. Em preto ou completo – com o nome do beneficiário

Endosso irregular (impróprio):  não transfere a propriedade do título (endosso-


mandato; póstumo e caução)
a- Endosso-mandato: Endosso pelo qual se faz a transferência do título sem que haja cessão do
crédito. Ex:- cobrança bancária
b- Endosso-póstumo: Endosso posterior ao protesto do título ou posterior ao decurso do prazo
respectivo. Efeito de mera cessão ordinária de crédito.
c- Endosso-caução: Endosso-garantia é aquele que se faz para transferir o título para que esse
garanta o pagamento de uma outra obrigação.
Cadeia de endossos: Como em sua natureza o título de crédito nasce para circular é
natural que exista cadeia de endossos, que é uma serie ininterrupta de endossos lançados em um
título.
AVAL: É forma de garantia do pagamento do título de crédito. É garantia pessoal,
plena e solidária, que se dá a qualquer obrigado ou coobrigado em título cambial
- Avalizado - o devedor em favor de quem foi garantido o pagamento do título.
- Avalista - É a pessoa que assume a obrigação de pagar o título, colocando-se no lugar do
avalizado. É terceiro desinteressado que se responsabiliza pelo valor do débito.
- Espécies: Aval em branco - o que não traz o nome da pessoa em favor do qual é dado (não
nominativo). Aval em preto - o que traz o nome da pessoa a favor do qual é dado (nominativo).
- Avalista Casado: Não se considera nulo o aval de pessoa casada sem o consentimento do outro
cônjuge, mas poderá ser invalidado pelo cônjuge que não deu o consentimento (art.1642, IV e
1647, III – CC). Exceção – casamento pelo regime de separação de bens (art. 1647, III – CC)
Aval e Fiança: São garantias ofertadas em títulos e contratos.
Para títulos = AVAL / Para contratos = FIANÇA
Títulos mais utilizados: 1. Cheque 2. Nota promissória 3. Duplicata 4. Letra de Câmbio
1. Cheque: É um saque à vista contra um banco. É uma ordem de pagamento à vista.
Intervenientes:
a- emitente ou emissor: pessoa que tem fundos disponíveis em poder de um banco, que saca o
documento e dá a ordem para que seja efetuado o pagamento
b- beneficiário ou tomador: aquele em favor do qual é expedido o cheque.
c- sacado: O beneficiário pode ser o próprio emitente. Portador – para cheques inferiores a R$
100,00. é o banco ou instituição que retém os fundos do emitente do cheque.
REQUISITOS LEGAIS
1. Denominação cheque;
2. Ordem incondicional de pagar;
3. Nome do banco sacado;
4. Indicação do lugar de pagamento;
5. Indicação da data e lugar de emissão;
6. Deve ser nominal – há exceção;
7. Assinatura do emitente
APRESENTAÇÃO DO CHEQUE
1. Quando emitido na praça de pagamento – prazo de 30 dias
2. Quando emitido em praça que não a do pagamento – prazo de 60 dias
PRESCRIÇÃO: Prazo de 6 meses, contados da expiração do prazo de apresentação.
Endosso:
1. Ato do beneficiário do cheque que coloca sua assinatura no verso, quando o cheque for a
ordem.
2. Não é possível em folha em apartado;
3. Poderá ser feito em folha de alongamento
Aval – possível
Espécies de Cheques:
1. Cheque ao portador;
2. Cheque nominativo
a- a ordem – transmissível por endosso;
b- não a ordem – não pode ser transmitido por endosso
3. Cheque especial;
4. Cheque de viagem;
5. Cheque administrativo;
6. Cheque visado;
7. Cheque cruzado
a- cruzamento geral
b- cruzamento especial
DUPLICATA
1. Duplicata é um título de crédito em que sua emissão depende de uma causa anterior.
2. Determina a Lei 5.474 de 18/07/1968 em seu artigo 1º que em todo o contrato de compra e
venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30
(trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a
respectiva fatura para apresentação ao comprador.
A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, indicará
somente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos
ou entregas das mercadorias. A fatura é dispensável quando a nota fiscal é do tipo "nota fiscal-
fatura", na qual já constam os elementos da fatura, necessários à emissão da duplicata. A
duplicata somente pode ser emitida após a emissão da fatura.
Artigo 2º. da Lei das Duplicatas estabelece que: no ato da emissão da fatura, dela
poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida
qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela
importância faturada ao comprador (não se admite cheques, notas promissórias, etc).
1. Saque da empresa contra o comprador de mercadorias ou serviços.
2. Título baseado na emissão de nota fiscal e fatura.
3. Espécies: a- de venda à prazo b- de prestação de serviços à prazo
Duplicata como título de crédito 1. Após o recebimento do aceite.
Aceite – declaração pela qual o comprador assume a obrigação de pagar a quantia
indicada no título, na data do vencimento.
Aceite:
1. Expresso – com a aposição da assinatura no título, pelo devedor.
2. Tácito – transcorrido 10 dias da apresentação do título, sem a manifestação do devedor,
entende-se que ela foi aceita.
Prescrição: Prazo de 3 anos, após o vencimento, contra o sacado e respectivo avalista
Protesto:
1. Prazo – 30 dias após o vencimento
2. Na praça de pagamento do título
NOTA PROMISSÓRIA
é um título de crédito emitido pelo devedor, sob a forma de promessa de pagamento, a
determinada pessoa, de certa quantia em certa data. A nota promissória, portanto, é uma
promessa direta e unilateral de pagamento, à vista ou a prazo, efetuada, em caráter solene, pelo
promitente-devedor ao promissário credor.
É uma promessa de pagamento que o devedor faz ao credor. Intervenientes:
1. Emitente ou devedor
2. Beneficiário ou credor
3. Avalista e endossatário
REQUISITOS:
1. Denominação nota promissória;
2. A importância a ser paga por extenso;
3. O nome a quem deve ser paga;
4. Assinatura de próprio punho do emitente ou mandatário especial.
VEDAÇÃO: Não pode ser emitida ao portador.
Formas de Vencimento:
1. À vista;
2. Em dia certo;
3. A tempo certo da data da emissão.
Prescrição:
1. 3 anos do credor contra o emitente e avalista
2. 1 ano do portador contra o endossante.
LETRA DE CÂMBIO
É saque de uma pessoa contra outra, em favor de terceiro. É ordem de pagamento que o
sacador (emitente) dirige ao sacado (devedor), seu devedor, para que pague a uma terceira
pessoa (beneficiário) certo valor

FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS


Aula de 20/10/2022
Legislação Aplicável
Lei 11.101/2005 (09.02.2005) – Lei de Recuperação de Empresas, com as alterações
introduzidas pela Lei 14.112/2020 (24.12.2020).
LRE modificou a disciplina jurídica aplicável às empresas em dificuldade, ou seja, veio
substituir o Dec. Lei 7661/45 – Lei de Falências e Concordatas, que foi revogado.
Alterações produzidas pela Lei 14.112/2020: A Lei 14112/2020, introduziu inúmeras
alterações no texto da Lei 11101/2005, modificando 46 artigos e introduziu 58 novos artigos.
Entre as mudanças estão a ampliação do financiamento a empresas em recuperação judicial, o
parcelamento e o desconto para pagamento de dívidas tributárias e a possibilidade de os
credores apresentarem planos de recuperação da empresa. A nova lei cria procedimentos que
podem acelerar para seis meses o processo de falência, contra o prazo médio de dois a sete anos
observado atualmente.
A LRE tem por objetivos:

 a manutenção do estabelecimento e da atividade empresarial sempre que possível e


viável ao bom funcionamento do mercado.
 a recuperação dos empresários recuperáveis e a retirada do mercado daqueles não
recuperáveis, com a devida punição.
O princípio da preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica
estão previstos no art. 47 da LRE.
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação
de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.
Regime falimentar: é aplicável ao “empresário” (empresário individual e sociedade
empresária) insolvente, sem possibilidade de recuperação. Processo falimentar (falência) é
aplicável ao empresário não recuperável.
Não se aplica a LRE: Sociedades Simples; Cooperativas; Sociedades de economia mista;
Empresas regidas por normas especiais (instituições financeiras, instituições de previdência
complementar e assemelhadas – sujeitas a intervenção e liquidação extrajudicial).
Modalidades de Procedimentos da LRE

Recuperação
judicial
Não havendo
êxito Falência
Recuperação
extrajudicial

Recuperação Judicial: aquela processada integralmente no âmbito do Poder Judiciário, por


meio de uma ação judicial.
Recuperação Extrajudicial: é um procedimento alternativo ou extraordinário, que consiste na
convocação dos credores para contratar a dilação no prazo dos pagamentos ou diminuição dos
valores no âmbito privado, mas que necessitam de homologação judicial.
Falência: é o procedimento judicial cujo objeto é afastar o empresário da administração de suas
atividades, preservando o patrimônio da sociedade para que posteriormente seja utilizado para
garantir a satisfação de seus credores. Falência é um estado jurídico instaurado por uma
determinação judicial, que visa solucionar a situação que teve origem na insolvência do
empresário ou da sociedade empresária, de forma a tratar equitativamente os credores.
Insolvência é o estado em que uma empresa se encontra, quando possui mais obrigações a
cumprir do que os seus rendimentos possam cobrir.
Caracterização da falência
São 3 seus pressupostos:
1. Pressuposto material subjetivo – condição empresarial do devedor: diz respeito a
quem está sujeito à falência - Condição Empresarial do Devedor. Estará sujeito ao regime da
falência o devedor que exercer atividade econômica de forma empresarial, ou seja, o empresário
(art. 1º/LF), assim definido pelo art. 966/CC: “considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
serviços”.
2. Pressuposto material objetivo – insolvência: diz respeito ao estado que se encontra o
devedor - Condição de Insolvente. Ocorre quando o empresário devedor não tem patrimônio
suficiente para satisfazer às próprias obrigações. É fato que surge no meio jurídico por meio de
uma sentença falimentar na ocorrência de: a) Confissão pelo empresário; b) Presumida pela
impontualidade injustificada do empresário; c) Presumida por atos suspeitos praticados pelo
empresário, ainda que pontual;
Condição de Insolvente - Confissão pelo empresário: Modo de exterior a insolvência pelo
empresário é a confissão de sua própria insolvência, de acordo com o disposto no artigo 105 da
LRE. É conhecida como a "autofalência", para que ela ocorra, é suficiente a exteriorização do
crime econômico-financeiro do empresário. Para que seja pleiteada a autofalência, o empresário
deverá expor as razões da impossibilidade do prosseguimento da atividade empresarial,
acompanhada dos documentos mencionados nos incisos do próprio artigo 105 da LRE.
Condição de Insolvente - Impontualidade injustificada(I, art. 94/LF): A impontualidade
injustificada deve referir-se a obrigação líquida, representada em título executivo, judicial ou
extrajudicial protestado, ou seja, qualquer título que possibilite a execução individual, de acordo
com a legislação processual civil, cuja soma ultrapasse ao equivalente a 40 (quarenta) salários
mínimos na data do pedido da falência. A prova da impontualidade é o protesto do título por
falta de pagamento, a ser levado a efeito no cartório de protesto;
Condição de Insolvente - Insolvência Presumida pela Impontualidade: Resultante das seguintes
condições: a. Falta de pagamento no vencimento; b. Sem razão juridicamente escusável; c.
Materializada em título executivo; d. Devidamente protestado
3. Pressuposto formal – sentença declaratória de falência: Sentença declaratória da
falência: o terceiro pressuposto, para a instauração do processo de execução concursal, é da
prolação da sentença declaratória da falência, operando-se, assim, a dissolução da sociedade
empresária falida, ficando os seus bens, contratos e credores submetidos ao regime jurídico da
falência.
Sujeitos da falência
Sujeito ativo (aquele que pode requerer a falência do devedor) – art. 97 da LRE. 1. O próprio
devedor; 2. O cônjuge sobrevivente ou qualquer herdeiro ou o inventariante; 3. O cotista ou o
acionista do devedor na forma da lei; 4. Qualquer credor de quantia superior a 40 salários
mínimos ou o credor que não teve sucesso no processo de execução.
Sujeito passivo: (aquele que deve e se encontra em estado de insolvência) – art. 1º da LRE:
Empresário individual; Sociedade empresária.
Requerimento da falência - hipóteses legais
1) Impontualidade Injustificada (inc. I, art. 94) - com o título executivo e a certidão do
protesto e documentos legais da pessoa que está requerendo. Pessoas que podem requerer:
1. Credor com título de valor mínimo equivalente a 40 salários mínimos;
2. Grupo de credores cujos títulos somem valor equivalente mínimo a 40 salários mínimos;
3. O próprio devedor (autofalência);
4. Espólio (pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros ou inventariante);
5. Sócio (s) da empresa.
2- Execução Frustrada (inc. II, art. 94) - com a certidão judicial expedida pelo juízo em que se
processa a execução. Pessoas que podem requerer: 1. Credor (es) que promoveu (ram) execução
de título extrajudicial, de qualquer valor, mas não conseguiu (ram) obter êxito na ação.
3 – Atos de Falência (inc. III, art. 94) – com a descrição dos fatos que caracterizam a falência e
as devidas provas. Pessoas que podem requerer: 1. Credor (es) que tenham tomado
conhecimentos dos fatos e possua (m) provas dos atos cometidos.
Requerimento da falência: O credor ou interessado deverá contratar um advogado para
verificar se existe as condições legais para o requerimento, que deve estar conforme a hipótese
de falência.
Início do Processo
1. A petição inicial de quem irá requerer a falência do devedor, deverá apresentar
documentos comprobatórios, variando de acordo com a hipótese de falência (LRF – art. 94, §§
3º a 5º). Procuração ao advogado. Citação do devedor
Do juízo da falência: A falência e a recuperação judicial devem ser interpostas perante a justiça
comum, na figura do juiz de direito de uma Vara Cível, ou de uma Vara Especializada (Vara de
Falência). A Lei Falimentar elege o chamado “domicílio do empresário”. Para isso, leva em
consideração o lugar em que situa a sede das atividades.
Segundo a Lei Falimentar – Lei 11101/2005: Art. 3º É competente para homologar o plano de
recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local
do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
Principal Estabelecimento: Não tem relação com o porte da empresa, não faz referência com
as instalações, mas o local de onde o devedor comanda, dirige e administra os negócios
empresariais, ou seja, a sede da administração. Nem sempre a sede estatutária coincide com o
local da administração, prevalece o chamado domicílio real, ou seja, local onde o devedor, tem a
sede efetiva de seus negócios.
Empresário com sede fora do Brasil: Art. 75, § 2º do Código Civil: Se a administração, ou
diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às
obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no
Brasil, a que ela corresponder.
Unidade do juízo falimentar: significa o foro competente para ajuizamento do processo
falimentar. Somente um juízo (tribunal) é competente para conhecer as questões que envolvem
a crise econômica financeira de um empresário. A esse juízo devem concorrer todos os credores
do devedor, comerciais ou civis, alegando e provando seus direitos.
Indivisibilidade e universalidade do juízo falimentar: por indivisibilidade entende-se o
princípio de que se elege o juízo falimentar como único competente para conhecer todas as
ações sobre bens, interesses e negócios do falido. Por universalidade entende-se que há uma
única regra para todos os credores, submetendo-os a um mesmo juízo.
Exceções ao juízo falimentar: 1. Ações em que o falido figurar como autor – parte final do art.
76 da Lei 11101/2005; 2. Reclamações Trabalhistas; 3. Execuções Fiscais; 4. Ações que
demandem quantia ilíquida.
PROCESSAMENTO
Devedor: Prazo para contestar: O devedor terá o prazo de 10 dias para apresentar contestação –
art. 98 LRF. Contestação – peça processual de defesa do devedor.
Contestação - alegações do devedor: 1. Dívida já paga; 2. Título apresentado é falso; 3.
Crédito se encontra prescrito; 4. Nulidade de obrigação ou título; 5. Existência de fato que pode
extinguir a obrigação ou suspendê-la ou não legitimar a cobrança (novação, compensação, etc);
6- vício no protesto; 7- atividade empresarial encerrada há mais de 2 anos; 8-há pedido de
recuperação judicial; 9- depositou o valor no prazo da contestação, acrescido de CM, juros e
honorários advocatícios (Parágrafo único – art. 98 LRF).
Denegação – aceitação: Denegação pode ter por base 2 motivos: Improcedência – o juiz
acolheu alguma alegação da defesa; Realização do depósito elisivo. Aceitação: o pedido de
falência foi julgado procedente e não foi realizado o depósito elisivo.
Recursos Cabíveis: da decisão que decreta falência: agravo (instrumento): tal decisão não é
terminativa, mas possibilita uma nova fase processual. Da decisão que julga improcedente:
apelação. Nesse caso é uma sentença e diante dessa, caberá apelação, pois tal decisão finaliza o
processo (LRF art. 100).
Decretação da Falência – Determinações: suspensão de todas as ações e execuções contra o
falido, exceto trabalhistas e fiscais; apresentação pelo falido, em 5 dias, de relação nominal dos
credores devidamente qualificados e valores; explicitação do prazo de 15 dias para habilitação
de crédito; proibição de dispor ou onerar bens; diligências necessárias para resguardar interesses
dos envolvidos (busca e apreensão, etc); nomeação do administrador judicial; expedição de
ofícios a diversos órgãos para colher informações acerca de bens do falido; convocação de
assembleia-geral de credores para eleição dos membros do comitê de credores; lacração do
estabelecimento ou prosseguimento provisório da atividade sob supervisão do administrador
judicial; intimação do MP e das fazendas; termo legal da falência; inabilitação empresarial.
Termo Legal da Falência: é o denominado período suspeito. Os atos praticados nesse tempo
têm presunção legal de ilegitimidade, pois o devedor já tinha conhecimento de sua possível
quebra/falência. Atos são desconsiderados – ex. Venda de ativos. Fixação pelo juiz – até de 90
dias retroativo a data do pedido ou do primeiro protesto válido (LRF, art.99, II).
Inabilitação empresarial: sanção imposta ao empresário por ter quebrado. Importa em: ficar o
devedor inabilitado, a partir da decretação da falência até a extinção das obrigações pelo
empresário, podendo perdurar por até 5 anos após a decisão (LRF art. 102, caput c/c 181, § 1º).
Efeitos da falência: em relação à pessoa do devedor; em relação aos bens do devedor; em
relação às obrigações do devedor; em relação aos credores do falido; em relação aos atos do
falido.
Efeitos da Falência sobre a pessoa do devedor: falência dos sócios de responsabilidade
ilimitada (art. 81, LRF); apuração de eventual responsabilidade pessoal dos sócios de
responsabilidade limitada (ação prescreve em 2 anos); inabilitação empresarial; não pode
ausentar-se do lugar da falência sem autorização do juiz; obrigado a comparecer a todos os atos
da falência; suspensão do direito ao sigilo à correspondência e ao livre exercício da profissão;
dever de colaborar com o administrador judicial.
Formação da massa falida objetiva: consiste na arrecadação de todos os bens do devedor,
exceto os absolutamente impenhoráveis.
Efeitos da falência sobre as obrigações do devedor: suspensão do exercício do direito de
retenção de bens, de retirada ou recebimento do valor de quotas/ações por parte dos sócios;
vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente
responsáveis; limitação à compensação de dívidas do devedor até o dia da decretação da
falência; inexigibilidade de juros vencidos, previstos em lei ou contrato, se o ativo apurado não
bastar para o pagamento de credores subordinados; continuidade dos contratos que puderem ser
cumpridos e que possam reduzir ou evitar o aumento do passivo.
Efeitos da Falência:

 Sobre os credores do falido: formação da massa falida subjetiva (procedimento de


verificação e habilitação dos créditos – art. 7º e SS da LRF).
 Sobre os atos do falido: fixação do termo legal da falência (ineficácia dos atos)
Massa Falida: Massa falida é o conjunto de bens, direitos e deveres que antes estavam sob a
administração da sociedade empresária/empresário que teve sua falência decretada e foi
atribuída à responsabilidade de um administrador judicial. A massa falida pode ser analisada
sobre dois aspectos: massa falida subjetiva e massa falida objetiva.
Massa Falida Subjetiva e Objetiva
Subjetiva: é o conjunto dos credores, que, em regra, devem habilitar seus créditos perante o
juízo falimentar.
Objetiva: é o conjunto de bens pertencentes à massa falida, que integrarão o ativo apto a honrar
os compromissos e obrigações da massa.
Fase Falimentar: A sentença que decretou a falência do devedor, dará início a segunda fase do
processo falimentar, a da execução concursal do falido.
Art. 75 da LRE - A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas
atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e
recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa, como também, permitir a
liquidação célere das empresas inviáveis e fomentar o empreendedorismo.
Responsabilidade do Administrador Judicial – promoção de procedimentos para:

 Arrecadação dos bens do falido (massa falida objetiva)


 Verificação e habilitação dos créditos (massa falida subjetiva)
Procedimento para arrecadação dos bens do falido:

 Serão arrecadados todos os bens do falido (sociedade ou empresário individual) e dos


sócios com responsabilidade ilimitada (art. 103 da LRE).
 Bens arrecadados constituem a massa falida objetiva (ativo do devedor).
 Formalização da arrecadação – auto de arrecadação e depositário dos bens – art. 108,
§1º e 110 da LRE
 Bens arrecadados que são perecíveis – autorização para venda antecipada – art. 113 da
LRE.
 Locação dos bens do falido (art. 114 da LRE) – produção de renda para a massa falida.
Período Suspeito - Ação Revocatória - é o único caminho para considerar ineficazes os atos
praticados pelo falido, durante o “termo legal (período de 90 dias anteriores à decretação da
falência em que todos os atos do falido são considerados nulos).
Pedidos de Restituição – art. 85/87 da LRE • bens de terceiros que se encontravam em mãos do
falido; • bens vendidos a crédito e entregues em até 15 dias antes da decretação da falência; •
adiantamento a contrato de câmbio para exportação.
Procedimento para verificação e habilitação de créditos: Reunião dos credores (massa falida
subjetiva) para habilitação de seus créditos – art. 9º da LRE. A Verificação de créditos se aplica
à Falência e, também aos procedimentos de Recuperação. Consiste em 3 fases: Primeira - Inicial
– chamamento dos credores; Segunda – Tríplice encaminhamento; Terceira – Decisão Judicial.
A LRE considera três períodos distintos para a habilitação de créditos, perante o administrador
judicial: a- tempestiva – no prazo de 15 dias da publicação dos editais (art. 99 LRF); b-
retardatária – após o prazo de 15 dias, poderá ser promovida até a homologação do quadro geral
de credores; c- Após a homologação, o credor deverá promover ação de retificação de ato
judicial.
Primeira fase – Chamamento dos Credores: Na falência inicia-se com a publicação do edital
que a decretou (LRF art. 99, parágrafo único). Da data de publicação do edital, conta-se o prazo
de 15 dias para as habilitações tempestivas dos credores; Do dia seguinte, novo prazo, de 45
dias para que o administrador judicial publique edital contendo a relação dos credores
habilitados. Após, contam-se mais 10 dias para que os credores, Comitê, devedor ou seus sócios
e o Ministério Público apresentem impugnações (LRF, art. 8º).
Segunda fase - Dá-se após o prazo de impugnação: tríplice encaminhamento. a- ausência de
impugnação – o juiz homologa a relação (LFR art. 14); b- impugnação de alguns créditos – juiz
determina vista aos credores impugnados, no prazo de 5 dias (LRF, art. 11), seguindo-se vista
ao devedor, Comitê de Credores, também no prazo de 5 dias (LFR, art.12) e parecer do
administrador judicial em igual prazo, após o Ministério Público. C- créditos não impugnados,
os autos serão remetidos para decisão judicial.
Terceira fase – Decisão Judicial: Créditos não impugnados serão incluídos; Créditos
Impugnados – o juiz fixará os aspectos controvertidos, decidindo eventuais pendências (LRF,
art. 15, III), caso contrário, determinará provas a serem produzidas (LRF, art. 15, IV). Com a
sentença do julgamento da improcedência da impugnação, o crédito será incluído no quadro
geral de credores. Homologado e publicado no prazo de 5 dias. Inicia-se prazo para a
interposição de agravo pelos interessados (LRF, art. 17).
Habilitação de Créditos – Retardatária: O credor retardatário terá seu pedido processado
como impugnação de crédito e sofrerá restrições de 4 ordens: a- Direito a voto: até ser incluído
no quadro geral de credores, não poderá votar nas deliberações da assembleia geral de credores,
salvo se for titular de créditos oriundos das relações de trabalho (LRF, art. 10, §1º); b- Direito
ao quinhão em rateio: o retardatário não se beneficia de rateios aos credores da massa falida
(LRF, art. 10, §3º); c- Direito à integralidade do crédito: por ser retardatário, o crédito não será
incluído na totalidade, perde o titular o direito aos acessórios devidos entre a data do término do
prazo e a do pedido de habilitação retardatária (LRF, art. 10, §3º) d- direito a isenção de custas –
se habilitar no prazo não há custas.
Habilitação de Créditos Fiscais: As execuções fiscais não são suspensas em razão da
decretação da falência. A Fazenda Pública não precisa habilitar seu crédito perante o
administrador judicial. Compete ao juízo da execução fiscal comunicar ao juízo falimentar os
valores dos créditos, para que seja inscrito no quadro geral de credores.
Liquidação: Compreende a realização do ativo e a solução do passivo. Realizar o ativo – é a
conversão dos bens do devedor em dinheiro para pagar seu passivo. Solucionar o passivo – é a
realização de pagamento aos credores.
Realização do ativo: Art. 140 LRE – alternativas para realização do ativo: alienação em bloco
dos estabelecimentos do falido; alienação isolada das filiais ou unidades produtivas; alienação
em bloco dos bens de cada estabelecimento do falido; alienação dos bens individualmente
considerados. Outras formas de realização do ativo - Art. 145 LRE: Dependem de sua aceitação
pela assembleia geral de credores, caso não ocorra o juiz ouvirá o administrador judicial e o
Comitê e decidirá sobre a forma a ser adotada: a- formação de sociedade de credores; ou b-
constituição de sociedade cooperativa de empregados com ou sem participação dos sócios da
sociedade devedora.
Solução do passivo: Depende: a- que esteja consolidado o quadro geral de credores; b- estejam
definidos os créditos extra concursais. 1- Pagamento das restituições; 2- Pagamento dos créditos
extra concursais; 3- Pagamento dos credores, conforme classificação prevista no art. 83 e
observadas as eventuais reservas de valores determinadas por provimentos jurisdicionais. 4-
demais pagamentos.
Realização dos Pagamentos:
1- Administrador Judicial: deverá efetuar os pagamentos obedecendo à ordem de acordo com
a previsão legal, tão logo haja dinheiro em caixa. Os pagamentos serão realizados por
grupos/classe de credores. Ex: o pagamento do segundo grupo somente se dará após a quitação
do primeiro. Os credores de cada grupo receberão em conjunto, todo o crédito ou de forma
rateada. O pagamento será feito, desde que o credor esteja habilitado ou tenha requerido a
reserva de importância. Havendo reserva o valor ficará reservado até o deslinde da demanda
contra o falido, para pagamento do credor ou devolução à massa para pagamento dos demais
credores. O pagamento é disciplinado pelo art. 149: a- restituição de bens (art. 85); b- créditos
prioritários (arts. 151 e 150); c- restituição de dinheiro (art. 86 e incisos); d- credores extra
concursais (art. 84 e incisos); e- credores concursais (art. 83 e incisos); f- credores sub
concursais (arts. 124 e 153).
2 - Forma de pagamento: a- Não havendo possibilidade do pagamento integral de qualquer
categoria e não havendo ordem dentro da categoria, o pagamento será feito por rateio. b-
determinado o pagamento de uma classe, caso o credor não venha retirar o alvará de
levantamento, haverá fixação de prazo (60 dias) para tal. Não ocorrendo o levantamento o valor
será devolvido à massa e será utilizado para os demais pagamentos (art. 149, § 2º)
3 - Esgotamento de recursos para pagamento: Ocorrerá a interrupção dos pagamentos.
Ativo x Passivo: após a liquidação, se restar saldo, será entregue ao falido (empresário
individual ou sócios na proporção de sua participação).
Prestação de contas: Prestação de contas ao juízo pelo Administrador Judicial, no prazo de 30
dias após a liquidação (art. 154). Apresentação pelo Administrador Judicial do “relatório final”,
indicando os valores do ativo e o produto de sua realização, os do passivo e dos pagamentos
realizados aos credores, especificando as responsabilidades que continuarão com o falido (art.
155). Julgamento das contas do Administrador pelo Juízo – poderá ocorrer impugnações;
Sentença encerrando a falência.
Encerramento por sentença fundamentada: Hipóteses: a- Esvaziamento da massa falida
subjetiva – os credores receberam a totalidade de seus créditos. b- Esvaziamento da massa falida
objetiva – esgotamento dos bens, não há dinheiro para quitar todas as dívidas.
Extinção das obrigações do falido: pagamento integral dos créditos; pagamento de mais de 50%
dos créditos quirografários, facultando-se ao falido o depósito da quantia necessária para
completar esse percentual; decurso de 5 anos contados do encerramento da falência se o falido
não foi condenado por crime falimentar; decurso de 10 anos contados do encerramento da
falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime falimentar.
Aula de 27/10/2022
Recuperação de empresas: tentativa de solução para a crise econômica de uma pessoa jurídica,
enquanto uma atividade empresarial. É uma tentativa de saneamento ou reorganização da
pessoa jurídica em crise, afim de evitar o processo de falência. Tem por objetivo principal
proteger a atividade empresarial, não somente o empresário (empresário individual ou sociedade
empresária).
Tipos de recuperação
1- Recuperação Judicial: aquela processada integralmente no âmbito do Poder Judiciário, por
meio de uma ação judicial.
Modalidades: Ordinária – empresários e sociedades empresárias de médio e grande porte;
Especial – microempresário, empresário de pequeno porte, produtor rural (art. 48, §3º) limitado
valor do pedido a R$ 4.800.000,00.
2 - Recuperação Extrajudicial: é um procedimento alternativo ou extraordinário, que consiste
na convocação dos credores para contratar a dilação no prazo dos pagamentos ou diminuição
dos valores no âmbito privado, mas que necessitam de homologação judicial.
Modalidades:
Individualizado – restrito à adesão individual de credores a certos termos e condições. Art. 162.
O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial,
juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as
assinaturas dos credores que a ele aderiram.
Por classe de credores – obtido pela assinatura de credores que representem mais da m4etade de
todos os créditos constituídos até a data do pedido. Art. 163. O devedor poderá também requerer
a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga todos os credores por ele
abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais da metade dos créditos de
cada espécie abrangidos pelo plano de recuperação extrajudicial.
Objetivos: (art. 47 da LRF) possibilitar a superação do estado de crise econômico financeira do
devedor; manter a fonte produtora (de riquezas); manter os empregos e os interesses dos
credores; promover a preservação da empresa e sua função social, além de estimular a atividade
econômica.
Quem poderá requerer?

 Devedor (art. 48 da LRF);


 Cônjuge sobrevivente, herdeiros (§1º, art. 48 da LRF)
Devedor: empresários individuais e sociedades empresárias (médio e grande porte.
Microempresa e EPP – tratamento diferenciado.) Produtor Rural.
Recuperação judicial
Requisitos

 Exerça a atividade por mais de 2 anos;


 Não ter obtido concessão de recuperação judicial há pelo menos 5 anos;
 Não ser falido (se foi no passado, já tenha sido reabilitado);
 Não ter sido condenado por crimes falimentares.
Meios de Recuperação: A Lei 11101/2005 traz várias formas, deixando aberta outras
possibilidades (art. 50, LRF): 1. Concessão de prazos e condições especiais para pagamento das
obrigações vencidas ou vincendas; 2. Transformação, cisão, fusão ou incorporação; 3. Trespasse
do estabelecimento; 4. Redução salarial (mediante acordo/convenção coletiva) 5. Administração
compartilhada; 6. Etc.
Créditos na Recuperação Judicial
Créditos abrangidos: Todos os créditos do devedor, que constam no art. 49 e art. 83 da Lei
11.101/2005, inclusive os não vencidos.
Créditos não abrangidos: De natureza tributária (art. 57 LRF); Arrendamento mercantil –
leasing; De venda com reserva de domínio, proprietário fiduciário e promitente vendedor de
imóvel; Decorrentes de importâncias entregues ao devedor como adiantamento em contrato de
câmbio para exportação (LRF, art. 49, §4º cc. Art. 86, II).
Pedido e processamento judicial: a recuperação judicial é uma ação promovida pelo devedor.
O pedido deverá ser feito através de uma petição inicial do devedor dirigida à justiça (vara de
falências, quando existir).
Documentos necessários: Petição inicial: exposição das causas da crise econômico-financeira;
relação completa dos credores; relação dos empregados e débitos pendentes; extratos bancários
atualizados; certidões de cartórios de protestos; relação dos bens particulares dos sócios
controladores e dos administradores; certidão de regularidade no registro público de empresas
mercantis; relação das ações judiciais em que for parte; demonstração contábeis dos 3 últimos
exercícios; balanço patrimonial e demonstração de resultados, etc. Para empresas de pequeno
porte e microempresas: livros e escrituração contábil simplificados, ao invés das demonstrações
contábeis.
Deferimento judicial: após a análise da documentação e se esta estiverem em ordem, o juiz
deferirá o processamento e no mesmo ato: nomeará o administrador judicial; ordenará a
suspensão das ações e execuções em curso contra o devedor; determinará a expedição de edital
com: a- resumo do pedido; b- relação de credores; c- prazo para habilitação dos créditos; e d-
prazo para os credores apresentarem objeção ao plano de recuperação judicial entregue pelo
devedor.
Plano de Recuperação: o plano de recuperação judicial, nada mais é que uma estratégia
traçada para se recuperar a empresa. Apresentação do plano: prazo – 60 dias contados do
deferimento (publicação da decisão judicial – LRF art. 53); não apresentação no prazo – a
recuperação será convertida em falência (LRF – art. 53 cc. Art. 73, II).
Plano de Recuperação Requisitos: 1- Meios detalhados de recuperação a ser utilizado; 2-
Demonstração de sua viabilidade econômica; 3- Laudo econômico-financeiro e de Avaliação
dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional Legalmente habilitado ou empresa
especializada.
Plano de Recuperação Objeção, Rejeição, Modificação e Aprovação: Publicação do Plano:
O ju iz determinará a publicação e fixará o prazo para eventuais objeções (LRF, art. 53,
parágrafo único). Objeções: se houver, deverá ser apresentada pelo credor no prazo máximo de
30 dias (LRF, art. 55). Deliberações sobre o plano: Transcorrido o prazo para objeções, o juiz
convocará assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano (art. 56, LRF).
Deliberações sobre o plano: Modificação – pela assembleia geral com a concordância do
devedor (LRF, art. 56, §3º), pois é ele quem está na administração e melhor conhece a atividade.
Rejeição – rejeitado o plano, o administrador o submeterá a assembleia geral para votação de
concessão de prazo de 30 dias para que os credores apresentem um plano (LRF. art. 56, §4º cc.).
Aprovação – se aprovado, o juiz proferirá decisão concedendo a recuperação judicial (LRF. Art.
58, caput).
Prazos na Recuperação:

 1 ano - Créditos trabalhistas (regra geral). Poderá ser estendido até 2 anos (art. 54, §2º).
 30 dias - Salários vencidos nos 3 meses anteriores ao pedido, até o limite de 5 salários
mínimos por trabalhador.
 2 anos – para créditos que vencerem até esse prazo, previstas no plano.
 Poderá haver créditos com prazos superiores a 2 anos, mas a recuperação judicial durará
até 2 anos.
 O descumprimento de qualquer obrigação, acarretará a convolação em falência.
Cumprimento do plano de recuperação: após 2 anos, se houver descumprimento das
obrigações superiores a 2 anos, qualquer credor poderá requerer a falência. Todos os
documentos firmados pelo devedor, deverão conter a expressão “em recuperação judicial”. O
juiz determinará a “junta comercial” a anotação da recuperação judicial.
Convolação da recuperação em falência: se os requisitos necessários para o cumprimento do
plano de recuperação não forem cumpridos ou se juiz e credores entenderem que não há
possibilidade de superação dos problemas enfrentados, pode ocorrer a convolação de
recuperação judicial em falência. Conforme prevê a LRF, a convolação em falência pode ser
motivada pelas seguintes hipóteses: quando a empresa não apresenta o plano de recuperação;
por deliberação dos credores; pela rejeição do plano de recuperação judicial; por
descumprimento das obrigações assumidas no plano.
Microempresa e EPP:
LRF. Art. 71:
I - abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados
os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49.
II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas,
acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC,
podendo conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas.
Primeira parcela deverá ser paga em até 180 dias, contados da data da distribuição da inicial.
Após a oitiva do administrador judicial e do comitê de credores, o devedor não poderá aumentar
suas despesas ou contratar empregados sem autorização judicial.
Se as exigências legais forem atendidas, o juiz concederá a recuperação judicial (art. 72, caput,
LRF). Objeção (impedimento, oposição ou contestação) Na ocorrência, por credores de mais da
metade de qualquer classe de créditos (art. 72, parágrafo único da LRF) o juiz decretará a
falência.
Produtor Rural: Poderá apresentar Plano Especial de Recuperação nos moldes das micro e
pequenas empresas. Art. 70-A. O produtor rural de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei poderá
apresentar plano especial de recuperação judicial, nos termos desta Seção, desde que o valor da
causa não exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).
Consolidação Processual: Trata-se da possibilidade de que sociedades ingressem,
conjuntamente, com um só pedido de recuperação judicial, desde que pertençam a um mesmo
grupo econômico. Os credores de cada devedor deliberarão em AGC independentes,
considerando que o plano de recuperação e as medidas a serem discutidas são específicas para
cada devedor, visto que cada um possui suas próprias demonstrações financeiras, créditos e
débitos, colaboradores e negócios jurídicos. Não implica na reunião de ativos e passivos das
empresas do grupo.
Consolidação substancial: Trata-se de uma medida que visa a unificação de ativos e passivos
das empresas de um grupo econômico, de modo que todas as sociedades em recuperação se
responsabilizem pelos credores, e consequente, todos os credores assumam os riscos do grupo
como um todo e não apenas da sua devedora direta.
Recuperação Extrajudicial: Denomina-se “extrajudicial”, pois as negociações são realizadas
em âmbito privado, e não em um processo judicial, mas deverá ser homologada pelo juiz.
Recuperação extrajudicial é a possibilidade de renegociação das dívidas da empresa devedora
com seus credores através do direito falimentar, sem acionar o Poder Judiciário. É uma tentativa
de solução para a crise econômica de um agente econômico. Tentativa de saneamento ou
reorganização da empresa em crise, para evitar o processo falimentar.
Quem pode requerer? O devedor empresário individual ou sociedade empresária). É a única
pessoa que pode requerer a homologação do plano de recuperação extrajudicial, após ter
negociado com seus credores os planos de recuperação.
Procedimento:
Legitimidade ativa: do devedor (sociedade empresária ou empresário). Requisitos: exercício
regular da atividade empresarial há mais de 2 (dois) anos; obter a adesão mínima dos credores
por ele escolhidos e sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.
Requisitos
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda
aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador,
pessoa • condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
(...).

Demais requisitos: o plano de recuperação não poderá estabelecer o pagamento antecipado de


dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos; o devedor não
poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de
recuperação judicial; se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de
recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos.

Recuperação Extrajudicial: Consiste na convocação dos credores para: Contratar dilação no


prazo dos pagamentos ou diminuição dos valores, em âmbito privado, mas necessita da
homologação judicial.
Objetivos: 1- possibilitar a superação do estado de crise econômico financeira do devedor; 2-
manter a fonte produtora (de riquezas); 3- manter os empregos e os interesses dos credores; 4-
promover a preservação da empresa e sua função social, bem como estimular a atividade
econômica.

A existência de normas sobre recuperação extrajudicial, não implica impossibilidade de


realização de outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores (Art. 167 da
Lei nº 11.101/2005).

Modalidades: O instituto da recuperação extrajudicial possui 2 (duas) modalidades diversas de


plano de recuperação, classificadas como:

Recuperação Extrajudicial Modalidade – Homologatória: Aquela feita ao critério do devedor


visando ratificar a manifestação de vontade unânime dos credores, bem como, formalizar o ato
junto ao Poder Judiciário. Essa formalização é o grande benefício dessa modalidade em relação
a outros acordos privados, pois a sentença homologatória constituirá título executivo judicial.
Homologado o acordo em juízo, restarão reduzidas as matérias passíveis de embargos em futura
execução, na hipótese de o plano não ser cumprido.

Recuperação Extrajudicial Modalidade – Impositiva: Ocorre a (homologação necessária)


quando o devedor não consegue a adesão unânime de todas as espécies e/ou grupos de credores
cujo plano de recuperação extrajudicial foi proposto. Nesta modalidade, uma vez homologado o
plano, ele obrigará a todos os credores atingidos, tenham ou não voluntariamente aderido a ele.
A modalidade exige a anuência de pelo menos 3/5 (percentual) dos credores de cada espécie ou
grupo de credores sujeitos ao plano, sendo que não serão considerados, para fins de apuração
desse percentual, os créditos não incluídos no plano de recuperação extrajudicial, os quais não
poderão ter seu valor ou condições originais de pagamento alteradas. Créditos para fins
exclusivos de apuração do percentual de 3/5 (três quintos): a. o crédito em moeda estrangeira
será convertido para moeda nacional pelo câmbio da véspera da data de assinatura do plano; b.
não serão computados os créditos detidos pelas pessoas relacionadas no artigo 43 da Lei de
Falências.

Participação no Plano: Se faz com os credores que podem ser de 2 categorias: a) aqueles que
querem aderir; b) todos os credores que representem 3/5 de todos os créditos de cada classe
atingida pelo plano. (Aqui a inclusão se faz obrigatória dos demais credores; c) O devedor deve
provar o envio de carta de convocação a todos os credores sujeitos ao plano.

Créditos Abrangidos: Regra Geral – todos os créditos conforme art. 83, II, IV, V, VI e VIII
estão sujeitos à recuperação extrajudicial. Exceção – art. 163, §1º: 1- trabalhistas e acidentários;
2- Tributários; 3- Decorrentes de arrendamento mercantil; 4- Decorrentes de importâncias
entregues ao devedor como adiantamento de contrato de câmbio para exportação.

Créditos não abrangidos: a. de natureza tributária; b. derivados da legislação do trabalho; c.


decorrentes de acidente de trabalho; d. decorrentes da posição de: d1. Proprietário fiduciário de
bens móveis ou imóveis (créditos garantidos com alienação fiduciária); d2. arrendador mercantil
(leasing); d3. proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações
imobiliárias; d4. proprietário em contrato de venda com reserva de domínio; e. decorrentes de
importâncias entregues ao devedor como adiantamento em contrato de câmbio para exportação

Obs: O crédito de natureza tributária pode ser parcelado na forma da legislação fiscal/tributária.
O crédito trabalhista pode ser objeto de negociação com a assistência sindical.

Homologação: o devedor após a elaboração do plano junto a seus credores faz ao juiz o pedido
de homologação e os credores após o pedido não poderão desistir da adesão ao plano. A
homologação judicial poderá ser facultativa quando o plano for aceito pela totalidade dos
credores, ou seja, todos os credores a quem o plano teve abrangência. A homologação também
poderá ser obrigatória quando o plano for aceito pelo menos por 3/5 de todos os créditos de cada
espécie (com aderência de 60% dos credores). Recebido o pedido de homologação do plano de
recuperação extrajudicial, o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial e em jornal de
grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor. Tal edital tem
por objetivo a convocação de todos os credores do devedor, sujeitos ou não ao plano de
recuperação extrajudicial, para apresentarem impugnações ao plano (LRF, art. 164, caput, §2º).

Impugnação: alegações (impugnações) possíveis:


1. não preenchimento do percentual mínimo (3/5);
2. prática de qualquer dos atos previstos no artigo 94, III da Lei de Falências (atos que dão
causa à decretação de falência) ou no artigo 130 (atos praticados com a intenção de prejudicar
credores), ou, ainda descumprimento de requisito previsto na Lei de Falências;
3. descumprimento de qualquer outra exigência legal.

Apreciação da Impugnação: Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo de 5 (cinco)


dias para que o devedor sobre ela se manifeste. Decorrido esse prazo, os autos serão conclusos
imediatamente ao juiz para apreciação de eventuais impugnações e decidirá, no prazo de 5
(cinco) dias, acerca do plano de recuperação extrajudicial. O plano será homologado por
sentença se o juiz entender que não implica prática de atos com a intenção de prejudicar
credores e que não há outras irregularidades que recomendem sua rejeição.

Acordo Homologado: Havendo descumprimento, o credor signatário poderá requerer a falência


do devedor, por ter em mãos a sentença homologatória, que é um título executivo judicial. A
homologação não impede o pedido de decretação de falência, por credor não signatário do
plano.

Vantagens: a maior vantagem é que a negociação se dá entre devedor e credores, que reunidos
em assembleias quantas sejam necessárias resolvem por si sem a interferência do judiciário. Isto
será melhor para a empresa em termos do pagamento do passivo, e o papel do juiz é de mero
homologador da decisão por eles proferida (devedor/credores).

FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS


Entendimentos Jurisprudenciais – Diversos e Crédito Trabalhista
É o resultado da aplicação da lei pelos tribunais ao caso concreto que, após julgamento,
surge no mundo jurídico para ser utilizado como fonte do Direito, muitas vezes alterando o
constante na própria lei.
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil (lei 11101/2005).
Entendimento jurisprudencial: Para fins do art. 3º da Lei n. 11.101/2005, principal
estabelecimento é o local do centro das atividades da empresa, não se confundindo com o
endereço da sede constante do estatuto social (Acórdãos do STJ: REsp 1006093/ DF,REsp
439965/RS, CC 116743/MG, SEC 001735/EX, SEC 001734).
O cômputo do período de dois anos de exercício da atividade econômica, para fins de
recuperação judicial, nos termos do art. 48 da Lei nº 11.101/2005, aplicável ao produtor rural,
inclui aquele anterior ao registro do empreendedor
Entendimentos Jurisprudenciais – Diversos
Direito Empresarial Falência e recuperação judicial Recuperação judicial - Origem: STJ -
Informativo: 664
Ementa Oficial
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E EMPRESARIAL. EMPRESÁRIO RURAL E
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REGULARIDADE DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE
RURAL ANTERIOR AO REGISTRO DO EMPREENDEDOR (CÓDIGO CIVIL, ARTS. 966,
967, 968, 970 E 971). EFEITOS EX TUNC DA INSCRIÇÃO DO PRODUTOR RURAL.
PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 11.101/2005, ART. 48). CÔMPUTO DO
PERÍODO DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL ANTERIOR AO REGISTRO.
POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. O produtor rural, por não ser empresário sujeito a registro, está em situação regular, mesmo
ao exercer atividade econômica agrícola antes de sua inscrição, por ser esta para ele facultativa.
2. Conforme os arts. 966, 967, 968, 970 e 971 do Código Civil, com a inscrição, fica o produtor
rural equiparado ao empresário comum, mas com direito a "tratamento favorecido, diferenciado
e simplificado (...), quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes".
3. Assim, os efeitos decorrentes da inscrição são distintos para as duas espécies de empresário: o
sujeito a registro e o não sujeito a registro. Para o empreendedor rural, o registro, por ser
facultativo, apenas o transfere do regime do Código Civil para o regime empresarial, com o
efeito constitutivo de "equipará-lo, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro", sendo
tal efeito constitutivo apto a retroagir (ex tunc), pois a condição regular de empresário já existia
antes mesmo do registro. Já para o empresário comum, o registro, por ser obrigatório, somente
pode operar efeitos prospectivos, ex nunc, pois apenas com o registro é que ingressa na
regularidade e se constitui efetivamente, validamente, empresário.
4. Após obter o registro e passar ao regime empresarial, fazendo jus a tratamento diferenciado,
simplificado e favorecido quanto à inscrição e aos efeitos desta decorrentes (CC, arts. 970 e
971), adquire o produtor rural a condição de procedibilidade para requerer recuperação judicial,
com base no art. 48 da Lei 11.101/2005 (LRF), bastando que comprove, no momento do pedido,
que explora regularmente a atividade rural há mais de 2 (dois) anos. Pode, portanto, para
perfazer o tempo exigido por lei, computar aquele período anterior ao registro, pois tratava-se,
mesmo então, de exercício regular da atividade empresarial.
5. Pelas mesmas razões, não se pode distinguir o regime jurídico aplicável às obrigações
anteriores ou posteriores à inscrição do empresário rural que vem a pedir recuperação judicial,
ficando também abrangidas na recuperação aquelas obrigações e dívidas anteriormente
contraídas e ainda não adimplidas.
6. Recurso especial provido, com deferimento do processamento da recuperação judicial dos
recorrentes. (REsp 1800032/MT, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministro
RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 10/02/2020)
Art. 2º, II diz que a Lei 11.101/2005 não se aplica à cooperativa de crédito.
Entendimento Jurisprudencial: É possível a submissão de cooperativa de crédito ao
processo de falência
Direito Empresarial Falência e recuperação judicial Falência - Origem: STJ - Informativo: 722
RECURSO ESPECIAL. DIREITO FALIMENTAR E PROCESSUAL CIVIL.
COOPERATIVA DE CRÉDITO. LIQUIDAÇÃO PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL.
SUBMISSÃO AO PROCESSO DE FALÊNCIA. CABIMENTO. ESPECIALIDADE DA LEI
6.024/1974 ANTE A LEI 11.101/2005. INVIABILIDADE DE REVISÃO DO
ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE ORIGEM ACERCA DA INSOLVÊNCIA DA
COOPERATIVA E DA EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE CRIME FALIMENTAR. ÓBICE
DA SÚMULA 7/STJ.
1. Controvérsia acerca da submissão de uma cooperativa de crédito rural ao processo de
falência.
2. Nos termos do art. 2º, inciso II, da Lei 11.101/2005, "esta Lei não se aplica a [...] instituição
financeira pública ou privada, cooperativa de crédito [...]".
3. Existência, porém, de hipótese normativa específica de falência das instituições financeiras e
equiparadas, após liquidação extrajudicial pelo Banco Central do Brasil, nos termos do art. 21,
alínea b, da Lei 6.024/1974.
4. Exegese da Lei 11.101/2005, em conjugação com a Lei 6.024/1974, de modo a se admitir a
decretação da falência da cooperativa de crédito na hipótese prevista na lei especial. Doutrina
sobre o tema.
5. Inviabilidade de se revisar, no âmbito desta Corte Superior, o estado de insolvência da
cooperativa e a conclusão pela existência de indícios de crime falimentar, em virtude do óbice
da Súmula 7/STJ.
6. Sentença de falência mantida.
7. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (REsp 1878653/RS, Rel. Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/12/2021, DJe 17/12/2021)
Crédito Trabalhista
Concursal e Extraconcursal
I - Concursal: aqueles adquiridos pelo devedor durante sua atividade antes da
decretação da falência ou do pedido de recuperação. Exemplo: (art. 83, I) - salários de
empregados que não foram pagos
II – Extraconcursal: os créditos contraídos pela Massa Falida durante o procedimento
concursal, seja como encargos aos seus próprios agentes para o desenvolvimento do processo,
seja por obrigações contraídas perante terceiros, ou ainda os créditos contraídos pelo devedor
durante o procedimento de recuperação judicial e que veio a se convolar em falência. Exemplo:
art. 84, I-D – créditos trabalhistas relativos a serviços prestados após a decretação da falência.
O pagamento do crédito trabalhista na Recuperação Judicial e na Falência é muito
discutível nos Tribunais. Há diversos enunciados, decisões e jurisprudências à respeito, tanto
para casos de falência como de recuperação judicial.
Considerações:
1- Salário mínimo = R$ 1.212,00 (ano de 2022)
2- Lei 11.101/2005 c/ inserções e alterações da Lei 14.112/2020. Art. 54, parágrafos e incisos;
Art. 83, I e VI Art. 84, I-D Art. 151
Entendimentos Jurisprudenciais
Honorários advocatícios:
1- Os créditos resultantes de honorários advocatícios têm natureza alimentar e, por isso,
equiparam-se aos trabalhistas para efeito de habilitação em falência e recuperação judicial,
como decidido pela Corte Especial ao analisar o REsp 1.152.218, julgado sob o rito dos
recursos repetitivos (Tema 637).
2- No REsp 1.539.429, a Terceira Turma entendeu que o crédito relativo a honorários
advocatícios sucumbenciais pode ser habilitado na recuperação judicial simultaneamente com o
crédito trabalhista reconhecido na Justiça do Trabalho, sem a necessidade de habilitação
autônoma pelo advogado, em razão da legitimidade concorrente da parte titular do crédito
trabalhista.
Os créditos derivados da prestação de serviços contábeis e afins podem ser classificados
como créditos trabalhistas no processo de recuperação judicial
Direito Empresarial Falência e recuperação judicial Recuperação judicial - Origem: STJ -
Informativo: 665
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. IMPUGNAÇÃO DE CRÉDITO. SOCIEDADE
SIMPLES. VALORES REFERENTES À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CONTÁBEIS E
AFINS. VERBA DE NATUREZA ANÁLOGA A SALÁRIOS. TRATAMENTO UNIFORME
EM PROCESSOS DE SOERGUIMENTO.
1. Impugnação à relação de credores protocolizada em 17/2/2017. Recurso especial interposto
em 22/7/2019. Autos conclusos à Relatora em 13/12/2019.
2. O propósito recursal, além de verificar se houve negativa de prestação jurisdicional, é definir
se créditos decorrentes da prestação de serviços contábeis e afins podem ser equiparados aos
trabalhistas para efeitos de sujeição ao processo de recuperação judicial da devedora.
3. Devidamente analisadas e discutidas as questões deduzidas pelas partes, não há que se cogitar
de negativa de prestação jurisdicional, ainda que o resultado do julgamento contrarie os
interesses da recorrente.
4. O tratamento dispensado aos honorários devidos a profissionais liberais - no que se refere à
sujeição ao plano de recuperação judicial - deve ser o mesmo conferido aos créditos de origem
trabalhista, em virtude de ambos ostentarem natureza alimentar.
5. Esse entendimento não é obstado pelo fato de o titular do crédito ser uma sociedade de
contadores, porquanto, mesmo nessa hipótese, a natureza alimentar da verba não é modificada.
RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. (REsp 1851770/SC, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/02/2020, DJe 20/02/2020)
Os créditos decorrentes do pensionamento fixado em sentença judicial podem ser
equiparados àqueles derivados da legislação trabalhista para fins de inclusão no quadro geral de
credores de sociedade em recuperação judicial
Direito Empresarial Falência e recuperação judicial Recuperação judicial - Origem: STJ -
Informativo: 645
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITOS.
ACIDENTE DE TRÂNSITO. INCAPACIDADE DEFINITIVA PARA O TRABALHO.
PENSIONAMENTO. NATUREZA ALIMENTAR. EQUIPARAÇÃO A CRÉDITO
DERIVADO DA LEGISLAÇÃO LABORAL.
1. Impugnação de crédito apresentada em 28/3/2016. Recurso especial interposto em 7/8/2017.
Autos conclusos à Relatora em 28/11/2018.
2. O propósito recursal é definir se créditos concernentes a pensionamento fixado em sentença
judicial podem ser equiparados àqueles derivados da legislação trabalhista para fins de inclusão
no quadro geral de credores de sociedade em recuperação judicial.
3. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que créditos de natureza alimentar, ainda que
não decorram especificamente de relação jurídica submetida aos ditames da legislação
trabalhista, devem receber tratamento análogo para fins de classificação em processos de
execução concursal.
4. Versando a hipótese sobre valores que ostentam indubitável natureza alimentar, pois se
referem à pensão fixada em decorrência de perda definitiva da capacidade laboral do recorrido,
deve ser observado, quanto a esses, o tratamento conferido aos créditos derivados da legislação
do trabalho. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. (REsp 1799041/PR, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe 04/04/2019)
Entendimentos Jurisprudenciais – Exemplos
Situação: Empresa entrou com pedido de Recuperação Judicial e possui os seguintes
débitos trabalhistas:
1. Empregado “A” – crédito trabalhista no valor de R$ 14.000,00 referentes aos 3 últimos meses
trabalhados; Receberá:
a. O valor de R$ 6.060,00 (5x1212,00) de acordo com a disponibilidade de caixa (art. 151 c/c
art. 54, parágrafo primeiro);
b. O restante – R$ 7.940,00 poderá ser parcelado em até 9 parcelas (art. 54), pois já recebeu as
parcelas referentes à três meses;
c. Se o empregado continuar exercendo a atividade deverá receber o salário acordado,
normalmente.
2. Empregado “B” – crédito trabalhista no valor de R$ 21.000,00 referentes aos 4 últimos meses
trabalhados; Receberá:
a. O valor de R$ 6.060,00 (5x1212,00) de acordo com a disponibilidade de caixa (art. 151 c/c
art. 54, parágrafo primeiro);
b. O restante – R$ 14.940,00 poderá ser parcelado em até 8 parcelas (art. 54), pois já recebeu
valor referente aos 4 últimos meses.
c. Se o empregado continuar exercendo a atividade deverá receber o salário acordado,
normalmente.
3. Empregado “C” – crédito trabalhista referente rescisão não paga no valor de R$ 9.000,00,
mas sem salário em atraso, na véspera do pedido de recuperação judicial Receberá:
a. O valor de R$ 9.000,00 em até um ano, o qual poderá ser parcelado em até 12 parcelas,
dentro do prazo de um ano após a homologação do plano (art. 54 c/c art.83, I).
b. Possibilidade de ser parcelado em até dois anos (art. 54, §2º)
4. Empregado “D” – crédito trabalhista rescisório no valor de R$ 195.000,00, sem salário em
atraso, até a véspera do pedido de recuperação judicial. Receberá:
a. R$ 181.800,00 (150SM) em até 12 parcelas (art. 54 c/c art. 83, I). Poderá ser estendido para
até 2 anos (art. 54, §2º).
b. O valor restante (R$ 13.200,00) será classificado como quirografário e pago juntamente com
tais créditos (art. 83, VI, “c”).
Exemplos - 3 e 4 Lei 14.112/2020 inseriu como inovação a possibilidade da extensão do
prazo de pagamento dos créditos trabalhistas em mais dois anos (artigo 54, §2°), mantendo a
regra geral do prazo de um ano, que agora poderá ser estendido, totalizando um prazo final de
pagamento de até três anos, desde que cumpridos os demais requisitos legais de forma
cumulativa, ou seja:
(i) apresentação de garantias que o juiz entenda serem suficientes;
(ii) aprovação dos credores trabalhistas no quórum determinado pelo artigo 45, §2°, da LRF
(maioria simples dos credores presentes); e
(iii) garantia da integralidade dos créditos trabalhistas.
Fonte dos entendimentos jurisprudenciais:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/120?
categoria=8&subcategoria=68
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS
Órgãos e Administração da Falência
São órgãos da falência as instituições designadas na lei 11101/2005, para atuarem no
processo falimentar, cada uma dentro de sua respectiva competência. A lei prevê a participação
de cinco órgãos que integram a estrutura administrativa da falência e recuperação judicial, quais
sejam: o Juiz, o Ministério Público, o Comitê de Credores, o Administrador Judicial e a
Assembleia de Credores.
Juiz: Na falência e na recuperação judicial de empresas, o Juiz tem ampla atuação,
presidindo e dirigindo o processo e, ao mesmo tempo, supervisionando a atuação do
Administrador Judicial.
As deliberações ocorridas na Assembleia Geral de Credores passam por seu crivo,
concede a recuperação judicial e decreta a falência. Ademais, efetua o controle da legalidade
durante todo o processo, a fim de resguardar os direitos das partes.
Ministério Público: Como guardião do fiel cumprimento da lei e velando pelos
interesses indisponíveis envolvidos, o Ministério Público deve atuar em prol dos interesses
públicos que refletem ou decorrem das atividades privadas, sendo fulminados de nulidade os
atos praticados nos referidos processos sem a intimação e, consequente de sua intervenção. Lei
11101/2005 – arts. 8º; 19º; 22º; 30º, §2º; 99, XIII; 104, VI; 154, §3º, etc...
Administrador Judicial: Pessoa nomeada pelo Juiz, o qual faz recair sua escolha sobre
advogado, economista, administrador de empresas, contador, ou até mesmo, em empresa
especializada, a qual, se nomeada, deverá indicar profissional para exercer as funções, sendo
vedada a substituição sem autorização judicial.
- É considerado um auxiliar qualificado do juiz.
- Ele não representa os credores e, tampouco, o devedor.
- Ele poderá contratar auxiliares para ajudá-lo em suas atribuições.
Falência Administrador Judicial – Impedimentos
Impedimentos (LRF, art. 30): Atos de desídia; Relação de parentesco; Dependência ou
amizade com o devedor; Administradores, controladores ou representantes legais da falida
ÓRGÃOS DA FALÊNCIA Administrador Judicial – Compromisso
O Administrador uma vez nomeado, deverá assinar o Termo de Compromisso em
cartório no prazo de 48 horas depois de sua intimação pessoal (LRF, art. 33). Caso, não o faça,
será imediatamente substituído pelo magistrado (LRF, arts. 33 e 34).
Falência Administrador Judicial – Funções/deveres
Art. 22 - Funções compreendem atos de ordem administrativa, contábil e processual.
Enviar correspondência aos credores comunicando sobre o processo; Fornecer
informações aos credores; Consolidar o quadro-geral de credores; Relacionar os processos em
que o devedor é parte (autor e réu), bem como assumir a representação judicial da massa falida
Apresentar o relatório sobre as causas (motivo) da falência; Arrecadar bens e documentos do
devedor; Contratar avaliadores para precificar os bens; Diligenciar cobranças de dívidas;
Praticar atos para realização do ativo e pagamento do passivo Prestar contas no término do
processo Etc...
LRF, art. 22, I e III – o II é aplicável a recuperação judicial somente
Falência Administrador Judicial – Destituição / Renúncia
Destituição: Caso não cumpra com suas atribuições, poderá ser destituído pelo juiz, que,
nomeará outro (LRF, art. 23, parágrafo único)
Renúncia: O administrador judicial poderá renunciar (LRF, art. 22, III, r). A renúncia
não ocorre por decisão judicial motivada, mas, sim, por ato de iniciativa do próprio
administrador.
Falência Administrador Judicial – Remuneração
O administrador judicial tem direito à remuneração, que será fixada pelo juiz, tanto o
valor quanto a periodicidade (LRF, art. 24). A remuneração não poderá exceder a 5% dos
valores do valor da venda dos bens da massa falida (LRF, art. 24, § 1º)
É de responsabilidade do devedor, ou da massa falida, o pagamento da remuneração do
administrador, assim como de seus auxiliares (LRF, art. 25)
No caso de destituição ou renúncia do administrador judicial, ele fará jus à remuneração
proporcional aos serviços prestados, excluindo-se caso de desídia, culpa, dolo ou
descumprimento das obrigações fixadas em lei, casos em que não terá direito à remuneração
(LRF, art. 24, § 3º)
Falência Administrador Judicial – Responsabilidade
Responderá pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por
atuar com dolo ou culpa.
COMITÊ DE CREDORES
A Lei de Falências (Lei nº 11.101/2005) instituiu no ordenamento jurídico brasileiro,
nos procedimentos falimentares e de recuperação de empresas, a figura do Comitê de Credores.
A mesma lei disciplinou, a instalação, composição, atribuições a e destituição do Comitê de
Credores, além de tratar de diversos outros aspectos referentes a esse órgão.
INSTALAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO COMITÊ DE CREDORES
A constituição do Comitê não é uma determinação do juízo da falência ou da
recuperação judicial, na verdade, é um ato deliberativo que parte dos próprios credores
interessados. Sua constituição não é obrigatória, mas caso haja opção pela sua instalação, deverá
ser observado à regra prevista no artigo 26 da Lei de Falências.
Em caso de não instalação do Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial, ou
ao juiz, quando houver algum impedimento daquele, exercer as atribuições inerentes ao Comitê
sob comento.
O art. 26 da LRF prevê que o Comitê será constituído por deliberação de qualquer das
classes de credores na Assembleia Geral de Credores e deverá ser composto por diversas classes
de credores. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores somente os
respectivos membros poderão votar.
CONSTITUIÇÃO DO COMITÊ DE CREDORES Classes de Credores
a. 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas e acidentários (empregados
que possuem créditos trabalhistas a receber ou em aberto), com 2 (dois) suplentes;
b. 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou
privilégios especiais (se houver os dois, fica o com garantia real), com 2 (dois) suplentes;
c. 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários (são aqueles que não têm
garantia) e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes;
d. 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de Microempresas (ME)
e Empresas de Pequeno Porte (EPP),com 2 (dois) suplentes.
A falta de indicação de representante por quaisquer das classes de credores não
prejudicará a constituição (ou formação) do Comitê. A Lei de Falências admite que ele funcione
com número inferior ao supramencionado.
O juiz determinará, mediante requerimento subscrito por credores que representem a
maioria dos créditos de uma classe, independentemente da realização de assembleia:
1. a nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não representada no
Comitê; ou
2. a substituição do representante ou dos suplentes da respectiva classe.
COMITÊ DE CREDORES Presidência do Comitê
O Presidente será indicado pelos próprios membros do comitê. A falta de indicação de
representante por quaisquer das classes de credores não prejudicará a constituição (ou
formação) do Comitê. A Lei de Falências admite que ele funcione com número inferior ao
supramencionado. O juiz determinará, mediante requerimento subscrito por credores que
representem a maioria dos créditos de uma classe, independentemente da realização de
assembleia:
a. a nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não representada no
Comitê; ou
b. a substituição do representante ou dos suplentes da respectiva classe.
COMITÊ DE CREDORES Impedimentos
Não poderá integrar o Comitê de Credores aquele que, nos últimos 5 (cinco) anos, no
exercício de cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê de Credores em falência
ou recuperação judicial anterior:
a. foi destituído;
b. deixou de prestar contas dentro dos prazos legais; ou
c. teve a prestação de contas desaprovada.
O impedimento atinge, ainda, quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3º
(terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou
deles for amigo, inimigo ou dependente. O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público
(MP) poderá requerer ao juiz a substituição dos membros do Comitê nomeados em
desobediência aos preceitos da Lei de Falências, devendo o juiz decidir, no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas, sobre referido requerimento.
Assembleia Geral de Credores
Assembleia é uma reunião de pessoas para determinado fim. Assembleia Geral de
Credores é um órgão colegiado, composto pelos credores do devedor, mas não em sua
totalidade.
Assembleia é composta pelos credores do devedor. Os credores que a constituem são:
trabalhistas, acidentários, privilegiados (geral e especial), com garantias reais, quirografários e
credores enquadrados como ME e EPP; Os credores por créditos tributários, de multas e
subordinados não fazem parte. São diversas suas funções, tais como: adoção de modalidades de
realização do ativo, aprovar, rejeitar ou modificar o plano de recuperação judicial, etc.
Atribuições Assembléia Geral de Credores
LRF – art. 35, I e II estabelece, entre outras: Adoção de outras modalidades de
realização do ativo (além das previstas no art. 142 e de acordo com o art. 145 LRF);
Constituição de comitê de credores e escolha de seus membros; Qualquer matéria de interesse
dos credores
Quorum de Instalação e de deliberação Assembléia Geral de Credores
Edital de convocação – 15 dias de antecedência (art. 36)
Instalação da Assembléia – art. 37, §2º:
1. Primeira convocação – deverão estar presentes mais da metade dos créditos de cada classe,
computados por seu valor;
2. Segunda convocação – com qualquer número de credores de cada classe, independentemente
dos valores de crédito de cada categoria.

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