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Sociedades Anônimas

A Sociedade Anônima ou Companhia tem seu capital fracionado em ações, que


correspondem a uma parcela do capital da companhia. A responsabilidade dos
sócios ou acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou
adquiridas (Art. 1, Lei 6.404/76).

Por isso, no que se refere à responsabilidade dos sócios, não há


solidariedade entre eles, sendo essa LIMITADA ao preço de emissão das
respectivas ações.

As Sociedades Anônimas, assim como em Comandita por Ações, são sempre


EMPRESÁRIAS, independentemente do objeto social.

Objeto Social – Sociedade Anônima

De acordo com o Artigo 2 da Lei 6.404/76, o objeto social pode ser de qualquer
atividade com fim lucrativo, desde que não contrário a lei, à ordem pública e aos
bons costumes, e observará o seguinte:

§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege


pelas leis e usos do comércio.

O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo, que poderá ser
a participação em outras sociedades. Ainda que não prevista no estatuto, a
participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-
se de incentivos fiscais (Art. 2, § 2º e 3º, Lei 6.404/76).

Nome Empresarial – Sociedade Anônima

O nome empresarial será sempre por DENOMINAÇÃO, acrescida das


expressões “companhia” ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou
abreviadamente (Cia ou S/A), mas vedada a utilização da “companhia” ou “Cia”
ao final, pois poderia ser confundido com a Sociedade em Nome Coletivo:

Art. 3º A sociedade será designada por denominação


acompanhada das expressões “companhia” ou “sociedade
anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada
a utilização da primeira ao final.

O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha
concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação (Art. 3, § 1º,
Lei 6.404/76).

Na hipótese de denominação semelhante ou idêntica a de Companhia já


existente, há direito pela parte prejudicada de requerer a alteração
administrativamente ou ajuizar perdas e danos:
§ 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia
já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a
modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e
demandar as perdas e danos resultantes.

Companhia Aberta e Fechada

As Sociedades Anônimas são classificadas em abertas ou fechadas.

As Companhias ABERTAS são aquelas em que os valores mobiliários de sua


emissão são admitidos à negociação no mercado de capitais (bolsa de valores
ou mercado de balcão), independentemente de os ativos serem efetivamente
negociados. Enquanto as FECHADAS são aquelas em que tais
valores não estejam admitidos à negociação no mercado:

Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os


valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no
mercado de valores mobiliários.

SOMENTE os valores mobiliários de emissão de companhia registrada


na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) podem ser negociados no mercado
de valores mobiliários (Art. 1, § 1o, Lei 6.404/76).

Constituição – Sociedade Anônima

A constituição de uma sociedade anônima depende do cumprimento dos


seguintes requisitos preliminares (Art. 80, Lei 6.404/76):

 Subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de TODAS as ações em


que se divide o capital social fixado no estatuto;
 Realização, como entrada, de 10% (dez por cento), NO MÍNIMO, do
preço de emissão das ações subscritas EM DINHEIRO;
 Depósito, no BANCO DO BRASIL S/A., ou em outro estabelecimento
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do
capital realizado em dinheiro.

Atenção! É possível que a Companhia seja constituída por um único acionista,


desde que este seja Sociedade brasileira, mediante escritura pública,
denominada Subsidiária Integral:

Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura


pública, tendo como único acionista sociedade brasileira.

Para a abertura do capital de uma Sociedade Anônima é necessário protocolar


um pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que
regula e fiscaliza o mercado de capitais.
Enquanto que para o fechamento do capital da Companhia, é preciso solicitar
o cancelamento do registro na CVM, além disso, a companhia emissora de
ações, o acionista controlador ou a sociedade que a controle, direta ou
indiretamente, deve formular oferta pública para adquirir a TOTALIDADE das
ações em circulação no mercado, por preço justo, ao menos igual ao valor de
avaliação da companhia (art. 4, §4º, Lei nº 6.404/1976).

Subscrição – Sociedade Anônima

A partir do cumprimento dos requisitos preliminares, a constituição pode ser


realizada por subscrição pública ou particular, exigindo-se no primeiro caso, do
prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários.

Para a sociedade de capital aberto, no qual as ações são oferecidas ao público,


a constituição se dá através de subscrição pública; ao passo que para a
sociedade de capital fechado, onde as ações são divididas entre os fundadores
da Companhia, a constituição se processa por subscrição particular.

Lembrando que a subscrição do capital é o valor no qual os sócios se


comprometem a contribuir na sociedade, enquanto que o capital integralizado é
o valor que os sócios efetivamente contribuíram.

Constituição por Subscrição Pública

A constituição por subscrição pública é aquela em que a sociedade busca


captação de recursos junto a investidores, o processo para constituir uma
sociedade anônima ABERTA depende do prévio registro da emissão na
Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição apenas será possível através
da intermediação de uma instituição financeira:

Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública


depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores
Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a
intermediação de instituição financeira.

O pedido de Registro na CVM deve ser instruído com:

 Estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento;


 Projeto do estatuto social;
 Prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição
financeira intermediária.

A partir do registro, as ações são colocadas no mercado pela instituição


financeira intermediária, o serviço se destina à captação de recursos no
mercado, através da colocação de títulos de emissão da Companhia no mercado
de capitais. A operação é conhecida como UNDERWRITING.

Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o capital social, os


fundadores convocarão a assembleia-geral que deverá promover a avaliação
dos bens, se for o caso, e deliberar sobre a constituição da companhia (Art. 86,
Lei nº 6.404/1976).

Através da Assembleia de Constituição é discutido e votado o projeto de


estatuto, sendo instalada em primeira convocação, com a presença de
subscritores que representem, no mínimo, METADE do capital social, e,
em segunda convocação, com qualquer número (Art. 87, Lei nº 6.404/1976).

Verificando-se que foram observadas as formalidades legais e não havendo


oposição de subscritores que representem MAIS da METADE do capital social,
o presidente declarará constituída a companhia, procedendo-se, a seguir, à
eleição dos administradores e fiscais (art. 87, §3º, Lei nº 6.404/1976).

Constituição por Subscrição Particular

O processo de constituição da Companhia por subscrição particular é mais


simples quando se comparado com a subscrição pública. NÃO há necessidade
de registro na Comissão de Valores Mobiliários ou de intermediação de uma
instituição financeira, visto que não há oferta pública para captação de recursos
externos.

A constituição por subscrição PARTICULAR pode ser feita


mediante ASSEMBLEIA GERAL ou por ESCRITURA PÚBLICA em cartório:

Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particular do


capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em
assembleia geral ou por escritura pública, considerando-se
fundadores todos os subscritores.

Constituição da Sociedade Anônima – Disposições Complementares

Os documentos relativos à constituição da companhia devem ser arquivados na


Junta Comercial em 30 dias contados da lavratura do estatuto ou de sua
assinatura.

Arquivados os documentos relativos à constituição da companhia, os seus


administradores providenciarão, nos 30 DIAS SUBSEQUENTES, a publicação
deles, bem como a de certidão do arquivamento, em órgão oficial do local de sua
sede (Art. 98, Lei nº 6.404/1976).

Atenção! Para a incorporação de bens imóveis na formação do capital das


Sociedades Anônimas NÃO é exigido escritura pública, sendo suficiente a
certidão dos atos constitutivos da companhia para a transferência dos
respectivos bens por transcrição no registro público competente, é o que se
depreende da conjugação dos artigos abaixo (Arts. 89 e 98, Lei nº 6.404/1976):

Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital social


não exige escritura pública.
Art. 98. § 2º A certidão dos atos constitutivos da companhia,
passada pelo registro do comércio em que foram arquivados, será
o documento hábil para a transferência, por transcrição no registro
público competente, dos bens com que o subscritor tiver
contribuído para a formação do capital social.

O subscritor pode fazer-se representar na assembleia-geral ou na escritura


pública por procurador com poderes especiais (Art. 90, Lei nº 6.404/1976).

Os fundadores e as instituições financeiras que participarem da constituição


por subscrição pública responderão, no âmbito das respectivas
atribuições, pelos prejuízos resultantes da inobservância de preceitos
legais (Art. 92, Lei nº 6.404/1976).

Os fundadores responderão ainda, solidariamente, pelo prejuízo decorrente de


culpa ou dolo em atos ou operações ANTERIORES à constituição (Art. 92,
Parágrafo único, Lei nº 6.404/1976).

Capital Social – Sociedade Anônima

O capital social é dividido em ações e formado pelos recursos que os


sócios subscrevem e integralizam para formação do capital da sociedade,
quando de sua constituição.

O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda


nacional, que poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer
espécie de bens suscetíveis de avaliação em
dinheiro (corpóreos ou incorpóreos), além do direito de créditos de acionistas
contra terceiros (Art. 7, Lei nº 6.404/1976).

A avaliação dos bens será feita por 3 peritos ou por empresa


especializada, nomeados em assembleia-geral dos subscritores, convocada
pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira
convocação com a presença de subscritores que representem METADE, pelo
menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número (Art.
8, Lei nº 6.404/1976).

Os bens NÃO poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por


valor ACIMA do que lhes tiver dado o subscritor (art. 8, §4º, Lei nº 6.404/1976).

Na falta de declaração expressa em contrário, os bens transferem-se à


companhia a título de propriedade (Art. 9, Lei nº 6.404/1976).

Obrigação de Realizar o Capital – Sociedade Anônima

Apesar de não haver solidariedade entre os sócios, estes são obrigados à


integralizar as ações adquiridas. Caso haja inadimplência, o acionista remisso
poderá sofrer por escolha da sociedade, processo de execução ou ter as suas
ações colocadas à venda em bolsa de valores:
Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua
escolha:

 Promover contra o acionista, e os que com ele forem


solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de
execução para cobrar as importâncias devidas, servindo o
boletim de subscrição e o aviso de chamada como título
extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou
 Mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco
do acionista.

O § 1° do artigo 107 ainda prevê que se o estatuto e o boletim forem omissos


quanto ao montante da prestação e ao prazo ou data do pagamento, caberá aos
órgãos da administração efetuar chamada mediante avisos publicados
na IMPRENSA, por no mínimo 3 VEZES, fixando prazo não inferior a 30
DIAS para o pagamento.

O § 2° do mesmo artigo determina que o acionista que não fizer o pagamento


nas condições previstas no estatuto ou boletim, ou na chamada, ficará de pleno
direito constituído em mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção
monetária e da multa que o estatuto determinar, esta não superior a 10% do
valor da prestação.

Principais Valores Mobiliários – Sociedade Anônima

Ações

A ação é o valor mobiliário emitido pela Companhia, correspondente a


uma unidade do capital social, o titular da ação é considerado sócio acionista.

O estatuto social determinará se as ações terão VALOR NOMINAL, sendo este


o resultado da divisão do valor do capital social pelo número de ações. Ações
sem valor nominal são aquelas em que não foram fixados valores de emissão,
prevalecendo o valor de mercado quando do lançamento.

Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o


capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor
nominal.

§ 1º Na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto


poderá criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor
nominal.

O valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia e não poderá
ser inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valores Mobiliários (Art. 11, § 2º
e 3º, Lei nº 6.404/1976).
Ações – Preço de Emissão

É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal, sob pena
de nulidade do ato e responsabilidade dos infratores, inclusive de ação penal
(Art. 13, Lei nº 6.404/1976):

§ 1º A infração do disposto neste artigo importará nulidade do ato


ou operação e responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da
ação penal que no caso couber.

A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá reserva


de capital (Art. 13, § 2º, Lei nº 6.404/1976).

Ações – Espécies e Classes

As ações podem ser classificadas segundo dois critérios, o primeiro deles


é QUANTO À NATUREZA DOS DIREITOS OU VANTAGENS que confiram a
seus titulares, dividindo-se em: ordinárias, preferenciais ou de fruição.

O segundo critério é QUANTO À FORMA DE TRANSFERÊNCIA das ações,


podendo ser nominativas ou escriturais.

As ações ordinárias da companhia FECHADA e as ações preferenciais da


companhia ABERTA e FECHADA poderão ser de uma ou mais classes (As
ações ordinárias da Companhia ABERTA NÃO podem) (Art. 15, § 1º, Lei nº
6.404/1976).

Ações – Quanto à natureza dos direitos ou vantagens

Ações Ordinárias

A ação ordinária é de emissão obrigatória e concede ao acionista os direitos


essenciais comuns a todos os sócios, sem privilégios ou restrições; além disso,
sempre dará direito a voto.

Cada ação ordinária corresponde a 1 voto nas deliberações da assembleia-geral,


sendo vedado o voto plural (Art. 110, Lei nº 6.404/1976):

§ 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de


cada acionista.

§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações.

As ações ordinárias de companhia FECHADA poderão ser de classes diversas,


em função de (Art. 16, Lei nº 6.404/1976):

 Conversibilidade em ações preferenciais;


 Exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou
 Direito de voto em separado para o preenchimento de determinados
cargos de órgãos administrativos.
Ações Preferenciais

A ação preferencial concede ao acionista algum privilégio diferenciado em


relação ao detentor da ação ordinária, de acordo com o artigo 17 da Lei
6.404/1976, podem consistir:

 Em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;


 Em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou
 Na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I
e II.

Por outro lado, o estatuto social poderá deixar de conferir alguns dos
direitos reconhecidos às ações ordinárias, como o direito de voto, contanto que
respeite os direitos essenciais elencados no artigo 109. Entretanto, não há nada
que impeça o estatuto de conceder esse direito.

De todo modo, o titular da ação preferencial terá direito a voto nas seguintes
situações:

 na assembleia de constituição (art. 87, § 2º, Lei 6.404/1976);


 para eleição de um membro e respectivo suplente do Conselho Fiscal (art.
161, § 4º, Lei 6.404/1976).
 Quando a Companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3
EXERCÍCIOS consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou
mínimos a que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se
tais dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os
cumulativos em atraso. (Art. 111, § 1º, Lei 6.404/1976).

O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais,


o direito de eleger, em votação em separado, um ou mais membros dos órgãos
de administração. (art. 18, Lei nº 6.404/1976).

A emissão de ações preferenciais é facultativa, contudo, para as ações


PREFERENCIAIS SEM DIREITO A VOTO, deve-se respeitar o limite máximo de
50% do total de ações emitidas, conforme artigo 15:

§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou


sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar
50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas.

Ações de Fruição

As ações de fruição são concedidas aos acionistas cujas ações ordinárias ou


preferenciais foram totalmente amortizadas, devolvendo-se antecipadamente o
valor que os acionistas receberiam na liquidação da Companhia. São ações
sujeitas às restrições do estatuto e não possuem valor econômico:

Art. 44, §5º As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por
ações de fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia –
geral que deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da
companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de
assegurado às ações não amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido
monetariamente.

A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e


sem redução do capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de
liquidação da companhia (Art. 44, § 2º, Lei nº 6.404/1976).

Ações – Quanto à forma de transferência

Ações Nominativas

Representadas por certificado, as ações nominativas são aquelas registradas


em nome do titular, através da inscrição no livro de “Registro das ações
nominativas” ou pelo extrato fornecido pela instituição custodiante, na qualidade
de proprietária fiduciária das ações:

Art. 31. A propriedade das ações nominativas presume-se pela


inscrição do nome do acionista no livro de “Registro de Ações
Nominativas” ou pelo extrato que seja fornecido pela instituição
custodiante, na qualidade de proprietária fiduciária das ações.

A transferência se processa por registro, através de termo lavrado no livro de


“Transferência de Ações Nominativas”, datado e assinado pelo cedente e
cessionário:

§ 1º A transferência das ações nominativas opera-se por termo


lavrado no livro de “Transferência de Ações Nominativas”, datado
e assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou seus legítimos
representantes.

Ações Escriturais

Não há emissão de certificado para as ações escriturais, estas são mantidas


em contas de depósito, em nome de seus titulares, sendo
transferidas por transferência bancária, através de instituição
financeira designada pela Companhia, desde que autorizada pela Comissão de
Valores Mobiliários:

Art. 34. O estatuto da companhia pode autorizar ou estabelecer que todas as


ações da companhia, ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas
de depósito, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem
emissão de certificados.

A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de


depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição
depositária (Art. 35, Lei nº 6.404/1976).
Partes Beneficiárias

As Partes Beneficiárias são títulos que podem ser negociados ou cedidos aos
acionistas ou terceiros, podem ser criadas pelas Sociedades Anônimas de
capital FECHADO (é vedado a emissão pelas sociedades de capital aberto), a
qualquer tempo. Não possuem valor nominal e não compõem o capital social e
atribuem ao seu detentor direito de crédito eventual, através da participação nos
lucros anuais:

Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos


negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social,
denominados “partes beneficiárias”.

§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito


de crédito eventual contra a companhia, consistente na
participação nos lucros anuais.

A participação nos lucros da companhia não poderá ser superior a 10% dos
respectivos lucros:

§ 2º A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para


formação de reserva para resgate, se houver, não ultrapassará 0,1
(um décimo) dos lucros.

Salvo o direito de fiscalizar os atos dos ADMINISTRADORES, é proibido atribuir


qualquer direito privativo de acionista às Partes Beneficiárias, sendo
também vedado a criação de mais de uma classe ou série para tais títulos (Art.
46, § 3º e 4º, Lei nº 6.404/1976).

Os títulos podem ser alienados pela Companhia ou atribuídos como forma de


remuneração por serviços prestados:

Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela


companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou pela
assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores, acionistas ou
terceiros, como remuneração de serviços prestados à companhia.

O estatuto poderá prever a conversão das partes beneficiárias em ações,


mediante capitalização de reserva criada para esse fim (Art. 48, § 2º, Lei nº
6.404/1976).

Debêntures

A debênture é um título de dívida extrajudicial utilizado pelas Sociedades


Anônimas para captação de recursos. Os seus titulares se tornam credores da
Companhia, que passam a ter um direito de crédito como remuneração pelo
empréstimo, de acordo com o disposto na escritura de emissão e, se houver, do
certificado. Não são atribuídos direitos de acionista às debêntures, contudo, são
conversíveis em ações:
Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos
seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições
constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado.

A Companhia pode emitir debêntures mais de uma vez, podendo dividi-las em


séries, sendo que as debêntures de mesma série terão IGUAL VALOR
NOMINAL, além dos mesmos direitos:

Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de


debêntures, e cada emissão pode ser dividida em séries.

Parágrafo único. As debêntures da mesma série terão igual valor


nominal e conferirão a seus titulares os mesmos direitos.

As Companhias abertas e fechadas podem emitir debêntures, contudo, somente


as de capital ABERTO podem fazer ofertas públicas no mercado de capitais.

Para qualquer emissão de debêntures, a Companhia deve satisfazer os


seguintes requisitos (Art. 62, Lei nº 6.404/1976):

I – arquivamento, no registro do comércio, e publicação da ata da


assembléia-geral, ou do conselho de administração, que deliberou
sobre a emissão;

II – inscrição da escritura de emissão no registro do comércio;

III – constituição das garantias reais, se for o caso.

NÃO são atribuídos direitos de acionista às debêntures, contudo, podem conferir


ao titular o direito de auferir juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da
companhia e prêmio de reembolso (Art. 56, Lei nº 6.404/1976).

Debêntures – Espécies

Conforme dispuser a escritura de emissão, as espécies de debêntures, de


acordo com o artigo 58 da Lei das Sociedades por ações, são as seguintes:

 Garantia Real – Os bens do ativo da companhia ou de terceiros integram


a garantia, de acordo com a escritura de emissão.
 Garantia Flutuante – A garantia flutuante assegura à debênture privilégio
geral sobre o ativo da companhia, mas não impede a negociação dos
bens que compõem esse ativo (Art. 58, § 1º, Lei nº 6.404/1976).
 Sem garantia (Quirografária) – O titular concorre com os demais credores
quirografários, sem nenhum privilégio, em caso de falência.
 Subordinada – No caso de liquidação da companhia, confere preferência
de pagamento tão-somente em relação ao crédito dos acionistas.

O estatuto da Sociedade Anônima aberta pode autorizar que o Conselho de


Administração delibere sobre a emissão das debêntures conversíveis em ações,
de acordo com o limite do capital autorizado:
Art. 59, § 2o O estatuto da companhia aberta poderá autorizar o
conselho de administração a, dentro dos limites do capital
autorizado, deliberar sobre a emissão de debêntures conversíveis
em ações, especificando o limite do aumento de capital decorrente
da conversão das debêntures, em valor do capital social ou em
número de ações, e as espécies e classes das ações que poderão
ser emitidas.

Bônus de Subscrição

São títulos que atribuem ao detentor o direito de subscrever ações do capital


social da Companhia, a emissão deve observar o limite de capital autorizado no
estatuto. Assim, o Bônus de Subscrição assegura ao titular a preferência na
subscrição de novas ações que vierem a ser emitidas:

Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de


capital autorizado no estatuto (artigo 168), títulos negociáveis
denominados “Bônus de Subscrição”.

Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus


titulares, nas condições constantes do certificado, direito de
subscrever ações do capital social, que será exercido mediante
apresentação do título à companhia e pagamento do preço de
emissão das ações.

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