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Curso/Disciplina: Direito Empresarial

Aula: Direito Empresarial Extensivo – Aula 28


Professor(a): Priscilla Menezes
Monitor(a): Analia Freitas

Aula nº 28.

Direito Societário: Sociedade por Ações - Lei 6404/76

1. Breve Resumo e retomada do tema da última aula.

1.1. Registro de uma Cia. ou Sociedade Anônima.


Nas últimas aulas, vimos que toda Cia. ou S.A., aberta ou fechada, deve se registrar na
Junta Comercial, para obter CNPJ. E quanto ao registro na CVM, só a Cia. ou S.A. aberta.
Leve para a prova:

REGISTRO NA
JUNTA COMERCIAL REGISTRO NA CVM
(adquirir PJ)

somente
Cia. Abertas
Cia. Abertas

Cia. Fechadas

2. Constituição de uma Cia. ou Sociedade Anônima.

A Companhia ou Sociedade Anônima pode ser constituída por SUBSCRIÇÃO PÚBLICA


(quando dependerá de prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários e
haverá a intermediação obrigatória1 de instituição financeira – art. 82 da Lei 6.404/76) ou
por SUBSCRIÇÃO PARTICULAR (quando poderá fazer-se por deliberação dos subscritores em
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assembleia geral ou por escritura pública – art. 88 da Lei 6.404/76).


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Lei 6.404/76, Art. 82 - Art. 82 - A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores
Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira.

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2.1. Constituição de Cia. ou S.A. por SUBSCRIÇÃO PÚBLICA.

A constituição por SUBSCRIÇÃO PÚBLICA ocorre quando os fundadores fazem apelo ao


público para subscrição do capital social. Em razão da captação de recursos perante o público em
geral é evidente que o legislador tomou algumas precauções.
Assim, nesse tipo de constituição, é indispensável o prévio registro da emissão de ações na
Comissão de Valores Mobiliários, além de intermediação de instituição financeira. O objetivo desse
registro é dar ao investidor maior garantia em relação ao êxito do empreendimento. Por isso,
deverá ser instruído com o estatuto de viabilidade econômica e financeira do empreendimento
(feasibility study), projeto do Estatuto Social e o Prospecto, organizado e assinado pela instituição
financeira intermediária (art. 82, parágrafo primeiro, letras a, b e c da Lei2 6.404/76).
Consequentemente, a Comissão de Valores Mobiliários poderá negar o registro, por
inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores, bem como
condicioná-lo a modificações no Estatuto ou no Prospecto, quando for o caso (parágrafo segundo
do mesmo artigo3).
O estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento deverá ser feito por
especialistas e deve demonstrar que a S.A. a ser constituída reúne todos os requisitos
indispensáveis para ter sucesso e oferece a segurança desejada pelos investidores.
O Projeto de Estatuto além de preencher os requisitos legais, deverá conter todas as normas de
funcionamento da companhia.
O Prospecto é o instrumento através do qual os Fundadores devem demonstrar
objetivamente as bases da S.A. e os motivos que os levam a creditar no sucesso do
empreendimento. Por isso, deverá ser assinado pelos fundadores e a instituição financeira
intermediária.
Se o registro for deferido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), depois de publicados o
Projeto de Estatuto e o Prospecto, cujos originais ficam em poder da Comissão Financeira
Intermediária e à disposição do público, inicia-se a fase de subscrição.
Para as subscrições feitas em dinheiro deverão ser organizadas listas ou boletins individuais,
que serão assinados por cada subscritor, no ato da subscrição, depois do pagamento da entrada.
Tais listas ou boletins individuais serão autenticados pela Instituição Financeira autorizada e devem

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Lei 6.404/76, Art. 82, § 1º - O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído
com:
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a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento;


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b) o projeto do estatuto social;


c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária.
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Lei 6.404/76, Art. 82, § 2º - A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-
lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores.

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conter as qualificações dos subscritores, em caso de pessoa física, e seus dados, em caso de pessoa
jurídica, o número de ações subscritas, suas espécies e classes, e a importância da entrada.
As subscrições podem também ser feitas por CARTA dirigida à instituição financeira
encarregada de receber as entradas, mediante as mesmas informações citadas, o pagamento da
entrada e o cumprimento de todas as disposições contidas no Prospecto.
Terminada a subscrição de todo o capital, a instituição financeira deverá fazer o depósito da
entrada no Banco do Brasil ou em outro Banco Comercial.
Depois do preenchimento de todos os requisitos legais, deverão os fundadores convocar a
Assembleia Geral de Constituição, por anúncio publicado por três vezes nos jornais em que foram
publicados o projeto de Estatuto e o Prospecto. Entre o dia da primeira convocação e o da
Assembleia, deverá haver um interregno de 15 dias. Não havendo quórum, haverá uma segunda
convocação com antecedência mínima de 8 dias.
A Assembleia Geral de Constituição deverá ser realizada nos termos dos artigos 86 e 87 da Lei
6.404/76. Após a realização da Assembleia Geral de Constituição (posterior às formalidades legais –
aprovação do Estatuto, eleição dos administradores e fiscais, etc.), será, por fim, lavrada a
necessária Ata, em duplicata, que deverá ser assinada por todos os presentes ou por quantos
bastem à validade das deliberações tomadas.
Finalmente, uma vez que estabelece a lei da S.A. que “Nenhuma companhia poderá funcionar
sem que sejam arquivados e publicados seus atos constitutivos” (art. 94 da Lei 6.404/76), deverão
ser cumpridas as formalidades complementares da constituição.
No caso de Subscrição Pública, deverão ser arquivados na Junta Comercial do Local da sede
da S.A.:
a) os originais do Estatuto e do Prospecto (devidamente assinados pelos Fundadores) e do
Jornal em que tiverem sido publicados;
b) relação completa dos subscritores com a sua qualificação, números das ações e o total da
entrada de cada um;
c) o recibo do depósito da entrada;
d) duplicata das atas das Assembleias realizadas para avaliação de bens, quando for o caso;
e) duplicata da ata da Assembleia Geral dos subscritores que houver deliberado a constituição
da companhia.

2.2. Constituição de Cia. ou S.A. por Subscrição Particular.

O art. 88 da Lei 6.404/76 (que dispõe sobre as sociedades por ações) estabelece que “A
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constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos
subscritores em assembleia geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os
subscritores”.

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A Subscrição Particular se efetiva independentemente de qualquer apelo ao público, não se
exigindo, consequentemente, o prévio registro da Comissão de Valores Mobiliários, nem a
intermediação de instituição financeira, como no caso de Subscrição Pública. Os fundadores se
confundem com os subscritores, já que aqueles é que procuram estes, no âmbito de suas relações,
para que todas as ações emitidas sejam subscritas na forma da lei.
Assim sendo, duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas se unem para constituir uma S.A.,
pessoa jurídica futura, através de uma assembleia geral ou por escritura pública.
Antes da realização da Assembleia geral ou da lavratura da Escritura Pública, os fundadores terão
que elaborar o “Projeto de Estatuto” da companhia futura, que “deverá satisfazer a todos os
requisitos exigidos para os contratos das sociedades mercantis em geral e aos peculiares às
companhias, e conterá as normas pelas quais se regerá a companhia” (art. 83 da Lei 6.404/76).
Na lição do jurista WILSON DE SOLZA CAMPOS BATALHA “o estatuto social é o conjunto de
normas que, dentro do limite da cogência legal, definem a sociedade e os contornos de seu objeto,
indicando-lhe a estrutura básica e a sistemática de seu funcionamento, os órgão que a administram
e representem, a sua administração econômica e financeira, a apuração dos resultados, a partilha
dos lucros e a sua dissolução e liquidação” (in Comentários à Lei da S/A, Forense, 1987, p. 428).
Nota-se, portanto, que o Estatuto da S.A. é importantíssimo, pois é nele que estão previstas
todas as normas do seu funcionamento.
Se os fundadores optarem pela constituição da S.A. através de uma Assembleia Geral,
deverão ser observadas as normas previstas4 nos artigos 86 e 87 da Lei 6.404/76, devendo ser
entregue à Assembleia o Projeto do Estatuto5, assinado em duplicata por todos os subscritores do
capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações (art. 88, parágrafo primeiro, da Lei
das S.A.).
Assim sendo, depois de cumpridos os já mencionados “requisitos preliminares”, com o
encerramento da subscrição de todo o capital social, os fundadores convocarão a Assembleia Geral

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Lei 6.404/76, Art. 86 - Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a assembleia-geral que
deverá:
I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (artigo 8º);
II - deliberar sobre a constituição da companhia.
Parágrafo único. Os anúncios de convocação mencionarão hora, dia e local da reunião e serão inseridos nos jornais em que houver sido feita a
publicidade da oferta de subscrição.
Art. 87- A assembleia de constituição instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de subscritores que representem, no mínimo, metade
do capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número.
§ 1º Na assembleia, presidida por um dos fundadores e secretariada por subscritor, será lido o recibo de depósito de que trata o número III do artigo
80, bem como discutido e votado o projeto de estatuto.
§ 2º Cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, dá direito a um voto; a maioria não tem poder para alterar o projeto de estatuto.
§ 3º Verificando-se que foram observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do
capital social, o presidente declarará constituída a companhia, procedendo-se, a seguir, à eleição dos administradores e fiscais.
§ 4º A ata da reunião, lavrada em duplicata, depois de lida e aprovada pela assembleia, será assinada por todos os subscritores presentes, ou por
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quantos bastem à validade das deliberações; um exemplar ficará em poder da companhia e o outro será destinado ao registro do comércio.
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Lei 6.404/76, Art. 88 - A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em
assembleia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores.
§ 1º Se a forma escolhida for a de assembleia-geral, observar-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser entregues à assembleia o projeto do
estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações.

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de Constituição, através de anúncios nos quais constarão hora, dia e local da reunião e que deverão
ser publicados6 por três vezes, no mínimo (art. 124 da Lei 6.404/76). Entre o dia da primeira
convocação e o da assembleia devera haver o interregno7 de oito dias (art. 124, parágrafo 1º, I).
Não havendo quórum, deverá ser feita a segunda convocação, com antecedência mínima de
cinco dias. Esclareça-se que estas formalidades são facultativas, pois o parágrafo quarto do Art. 124
da lei das S.A. estabelece que será considerada regular a assembleia geral a que comparecerem
todos os acionistas, o que se aplica a de constituição.
Na Assembleia se deliberará sobre a avaliação dos bens, se for o caso, e a constituição da
companhia. A Assembleia se instalará, em primeira convocação, com a presença de pelo menos
metade dos subscritores, e em segunda convocação, com qualquer número. Será presidida por um
dos fundadores e secretariada por subscritor, ambos eleitos na ocasião pelos presentes.
Após lido, discutido e votado o estatuto, verificando-se que foram cumpridas todas as
formalidades legais e não havendo oposição dos subscritores que representem mais da metade do
capital social, o Presidente declarará finalmente constituída a S.A., procedendo-se, em seguida, a
eleição dos administradores e fiscais.
Por fim, deverá ser lavrada em duplicata, a ATA DA REUNIÃO, que depois de lida e aprovada
pela Assembleia e assinada por todos os subscritores presentes ou por quantos bastem para a
validade das deliberações, será levada a registro na Junta Comercial. (a S.A. fica com uma via).
Se os fundadores resolverem constituir a S/A por ESCRITURA PÚBLICA, depois de cumprirem
os “requisitos preliminares”, deverão eles procurar um dos Cartórios de Notas da localidade, onde
aquela será lavrada e assinada por todos os subscritores, contendo, obrigatoriamente: a
qualificação dos subscritores, o estatuto da companhia (cujo projeto deve ter sido objeto de análise
anterior), a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas, a
transcrição do recibo do depósito da entrada na instituição financeira respectiva, a transcrição do
laudo de avaliação dos peritos, caso haja subscrição do capital social em bens, e, finalmente, a
nomeação dos primeiros administradores e fiscais (quando for o caso). Após a lavratura da
Escritura pública, deverá ser arquivada na Junta Comercial a certidão do instrumento.
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Lei 6.404/76, Art. 124 - A convocação far-se-á mediante anúncio publicado por 3 (três) vezes, no mínimo, contendo, além do local, data e hora da
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assembleia, a ordem do dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicação da matéria.


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Lei 6.404/76, Art. 124, § 1º - A primeira convocação da assembleia-geral deverá ser feita: (Redação da pela Lei nº 10.303, de 2001)
I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de antecedência, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a
assembleia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias; (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

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Leve para a prova:

CONSTITUIÇÃO
DE CIA OU S.A.

Subscrição Subscrição
Pública Particular

Assembleia
Assembleia Assembleia Escritura
Geral de
Geral Preliminar Geral Pública
Constituição

Votação:

 Na assembleia geral de preliminar e avaliação dos bens  todos podem votar, exceto o
subscritor, por ocasião de conflito de interesse8;
 Na assembleia geral de constituição  todos os acionistas votam.

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Lei 6.404/76, Art. 115 - O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de
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causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar
prejuízo para a companhia ou para outros acionistas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 1º o acionista não poderá votar nas deliberações da assembleia-geral relativas ao laudo de avaliação de bens com que concorrer para a formação
do capital social e à aprovação de suas contas como administrador, nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em
que tiver interesse conflitante com o da companhia.

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