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DIREITO EMPRESARIAL – HOMERO

26/02/2023

Registro (art.1150 a 1154 CC/02) e Nome Empresarial (art.1155 a 1168 do CC/02).

Empresário (PF ou PJ) >>> Junta comercial

Sociedade simples (não empresária) >>> Cartório de registro civil de pessoas jurídicas

Nome e denominação

NOME: NÚCLEO é o nome civil do empresário ou sócios (por extenso ou abreviado).

DENOMINAÇÃO: NÚCLEO é uma expressão linguística qualquer.

I desnecessidade da indicação do objeto social no nome; [antinomia => CC/02, arts. 1.158, §2°:(indicação do objeto
social na denominação é obrigatória) x L. 8.934/94, art.35, inciso III. (Indicação do objeto social na denominação é
facultativa)

Art. 35. Não podem ser arquivados:

III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das cláusulas exigidas em lei, não designarem o respectivo
capital e a declaração de seu objeto, cuja indicação no nome empresarial é facultativa;

Na firma, sempre foi uma faculdade. O problema está na denominação, em que o CC/02considerava como obrigatória
a indicação do objeto social na denominação e a Lei de Registro Empresarial como facultativa.

Prevaleceu a lei especial (Lei n° 8.934/94) para qualquer espécie de sociedade => interpretação do DREI.

ii) utilização de quaisquer palavras na língua nacional ou estrangeira, inclusive parte do nome civil(não confundir com a
firma);iii) utilização do número do CNPJ como nome. [Art.35-A, da L. 8.934/94]

DREI – DEPARTAMENTO DE REGISTRO EMPRESARIAL E INTEGRAÇÃO.

O DREI é um órgão eminentemente técnico, sem personalidade jurídica. Administrativamente, o DREI é atualmente
integrante do Ministério da Economia, fazendo parte da estrutura da Secretaria de Inovação e Micro e Pequenas
Empresas (SIMPE) da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (SEPEC).

As Juntas Comerciais e o DREI.

As JUNTAS COMERCIAIS integram o REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS.

CADA UNIDADE DA FEDERAÇÃO POSSUI A SUA PRÓPRIA JUNTA COMERCIAL (JUCESP - SP, JUCERJA - RJ,
JUCEMG - MG, JUCEPAR – PR, JUCEB - BA ...)

https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/drei/juntas-comerciaisMAS

TECNICAMENTE ESTÃO SUBORDINADASAO (DEPTO. DE REGISTRO DE EMPRESARIAL E INTEGRAÇÃO).

A JUCESP é um AUTARQUIA ESPECIAL (Lei Complementar Estadual n° 1.187/2012), com a finalidade:

I. MATRÍCULA DE LEILOIROS, TRADUTORES PÚBLICOS e INTÉRPRETES e ADMINIST. DE ARMAGÉNS


GERAIS;
II. ARQUIVAMENETO DE DOCUMENTOS E ATOS DE DE EMPRESÁRIOS, SOC. EMPRESÁRIAS e
COOPERATIVAS;
III. AUTENTICAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE EMPRESAS e AUXILIARES DO COMÉRCIO.

E O QUE FAZ O DREI...

1. Apoia a articulação entre os órgãos e entidades envolvidos no registro e legalização de empresas, inclusive
estaduais, distritais e municipais, visando à integração de seus serviços;
2. Participa ativamente da formulação e implementação de políticas públicas em matéria de registro e
legalização de empresas, seja enquanto membro do Poder Executivo ou por meio de contribuições ao
Legislativo e ao Judiciário;
3. Empodera os usuários dos serviços de registro e legalização de empresas por meio de Consultas Públicas e
do canal de comunicação proponha ao DREI
4. Edita atos normativos, na forma de Instruções Normativas;
5. Provê orientações às Juntas Comerciais, na forma de Ofícios Circulares;
6. Fiscaliza as Juntas Comerciais, de ofício ou a requerimento dos usuários de seus serviços por meio do
Reclame ao Drei;
7. Julga, em grau recursal, os processos interpostos pelos empreendedores perante as Juntas Comerciais, na
forma de Decisões Recursais.

O que é sociedade?
Conjugação de recursos de pessoas para uma finalidade comum, o lucro.

O que é junta comercial?

A Junta Comercial tem como principal função armazenar, organizar e realizar registros de companhias para que
possam exercer as suas atividades sem infringir a lei. Além disso, esse órgão também fica responsável pela
abertura de empresas.

ADI e ADCOM

EMPRESARIO (A) é UMA ATIVIDADE, NÃO UMA PESSOA!!!!

O art. 966 do CC/02 define quem é o EMPRESÁRIO:

Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou
circulação de bens ou de serviços.

A atividade que for profissional (não eventual), organizada (que conjuga recursos materiais e humanos) de caráter
econômico para a produção ou circulação de bens ou serviços, será considerada uma empresa.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa.

ESTATUTO DA ADVOCACIA: Sociedade simples, feito na OAB.

SIMPLES NACIONAL – LC 123/06 = Estatuto das ME’s e EPP’s =

SIMPLES NACIONAL é uma regra de enquadramento fiscal prevista para o Microempreendedor Individual – MEI, para
as Microempresas - ME’s e para as Empresas de Pequeno Porte - EPP’s, contida na Lei Complementar n° 123/06, o
“Estatuto das Micro e Pequenas Empresas”.
Dentre outros benefícios do SIMPLES NACIONAL, o que mais destaque é a possibilidade do recolhimento unificado de
tributos como IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, INSS, ICMS e ISS a partir de Tabelas (para segmentos específicos como
indústria, comércio e serviços) que contém alíquotas de recolhimento progressivas substancialmente menores em
relação à tributação ordinária.

Ou seja, o chamado “SIMPLES NACIONAL”, que é um regime diferenciado de tributação para as Micro e Pequenas
Empresas não deve ser confundido com um tipo ou espécie de sociedade.

Nada obstante, o enquadramento no SIMPLES NACIONAL, que se dá pela declaração dos sócios em contrato social
ou em ato apartado, traz importantes repercussões às sociedades (empresárias ou não) no que diz respeito à dispensa
para convocação e realização de reuniões ou assembleias de sócios e estabelece quórum diferenciado para as
deliberações e dispensa de publicações, como estabelecem os arts.70 e 71 do LC nº123/06.

Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte são desobrigadas da realização de reuniões e
assembleias em qualquer das situações previstas na legislação civil, as quais serão substituídas por deliberação
representativa do primeiro número inteiro superior à metade do capital social.

§ 1oO disposto no caput deste artigo não se aplica caso haja disposição contratual em contrário, caso ocorra hipótese
de justa causa que enseje a exclusão de sócio ou caso um ou mais sócios ponham em risco a continuidade da
empresa em virtude de atos de inegável gravidade.

§ 2oNos casos referidos no § 1odeste artigo, realizar-se-á reunião ou assembleia de acordo com a legislação civil.

Art. 71. Os empresários e as sociedades de que trata esta Lei Complementar, nos termos da legislação civil, ficam
dispensados da publicação de qualquer ato societário.

ME (MICROEMPRESA)

É aquele que exerce sua atividade empresarial podendo ser um Empresário Individual ou Firma Individual, sociedades
do tipo simples, sociedades do tipo empresárias (exceto S/A) ou a extinta EIRELI, cujo faturamento bruto não exceda a
R$360.000,00.

EPP’s (Empresas de Pequeno Porte), porém o limite de faturamento será de atéR$360.000,01 até R$4.800.000,00(se
ultrapassar, está desenquadrado!!)

MEI - Microempreendedor individual:

É somente aquele que opera na forma de Firma Individual (FI) cujo faturamento máximo é de R$ 81.000,00 no ano (ou
proporcional mensal de R$6.750,00) e atende às demais exigências dos arts.18-A, 18-B e 18-C.

QUEM NÃO PODE SER ME ou EPP? LISTA NO ART.3°, §4° DA LC 123/06.

§ 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o
regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica:

I - De cujo capital participe outra pessoa jurídica;

II - Que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior;

III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa
que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global
ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;

IV - Cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não
beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II
do caput deste artigo;

V - Cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde
que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;

VI - Constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;

VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;

VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica,
de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de
títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização
ou de previdência complementar;

IX - Resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica


que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;

X - Constituída sob a forma de sociedade por ações.


XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de
pessoalidade, subordinação e habitualidade.

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ou FIRMA INDIVIDUAL

Trata-se de pessoa física que exerce atividade empresarial em nome próprio, mediante inscrição na Junta do
Comercio, respondendo pessoalmente com todo seu patrimônio (ressalva a meação de cônjuge) de forma ilimitada
pelas dívidas que contraiu no exercício de sua atividade empresarial, sujeitando-se ao regime de falências e também
de recuperação judicial ou extrajudicial (Lei n° 11.101/05).

Isso é assim porque existe uma confusão entre o patrimônio desta pessoa física (CPF) com o patrimônio do empresário
(CNPJ). Alegoricamente pode-se imaginar que se trata de uma pessoa com apenas um bolso (patrimônio), mas nesse
bolso constam dois rótulos: um CPF e um CNPJ. Portanto, as dívidas contraídas com o número do CNPJ relativas ao
desenvolvimento da atividade empresarial irão recair nos bens particulares indicados no CPF, e vice-versa.

Cabimento do benefício de ordem, a teor do Enunciado n° 5 da I Jornada de Direito Comercial, que prevê:

“Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário individual tipificado no art.966 do Código Civil
responderá primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos termos do art. 1.024
do Código Civil. ”

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de
executados os bens sociais.

Aspectos relevantes do Empresário Individual:

A. Se o empresário individual for casado, responderá com os bens comuns até o limite da meação (50% do
patrimônio do casal) e (b) não necessita de outorga conjugal (da mulher) para alienar ou onerar (gravar) bens
imóveis que integrem o patrimônio da empresa (Enunciado n. 58, da II Jornada de Direito Comercial).
B. É necessária inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (ex.: JUCESP, JUCERJ e etc.) para a sua
regularidade;
C. A firma individual (FI) não confere personalidade jurídica distinta da pessoa física que opera. (O CNPJ não é
prova da personalidade jurídica).
D. O nome empresarial será o nome completo do empresário, ou abreviado, sendo vedada a exclusão de
componentes do nome, bem como é vedado a abreviação do último sobrenome e das expressões que
indiquem parentesco. (Ver a IN nº 104, DE 30/04/2007 do antigo DNRC). Exemplos de nome empresarial
para Empresário Individual: (a) José Carlos da Silva Filho, ou (b) J. Carlos da Silva Filho, ou (c) José C. da
Silva Filho, ou (d) José Carlos da Silva Filho Mercearia.
Não é necessária a indicação de pontos nas abreviaturas, o uso, entretanto, não invalida a informação. Ex.:
H J N Fornari ou H. J. N. Fornari
E. Capacidade: O menor emancipado não responde criminalmente por crimes falimentares, exceto quando agir
de má-fé (fazendo se passar por maior), neste caso fica sujeito às medidas socioeducativas à reparação do
dano causado regidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
F. Interdito e Incapaz: (a) somente podem exercer empresa mediante autorização judicial para CONTINUIDADE
desta; (b) os bens anteriores à sucessão ou interdição, desde que não façam mais parte do acervo da
empresa, não respondem pelas obrigações contraídas; (c) os representantes ou assistentes respondem
pessoalmente; e (d) caso o representante ou assistente for legalmente impedido de exercer empresa, este
deverá nomear, com autorização judicial, um ou mais gerentes.
G. Obrigações do empresário individual: a) Inscrição - Registro Público de empresas Mercantis (art. 968,
CC/02). b) A escrituração contábil deve seguir um sistema de contabilidade com base no livro de escrituração
(art. 1.194, CC/02.), conforme RESOLUÇÃO CFC nº 1.255, de10/12/2009, que aprovou a NBC-T 19.41 –
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, e determina como escrituração mínima a elaboração do
Balanço Patrimonial (BP), Demonstração de Resultado (DRE), Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC),
Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) e Notas Explicativas (NE). O CC/02, art.1.188
e1.189 também determina a elaboração do BP e da DRE.
H. Sujeita-se à lei de falências e recuperação de empresas – Lei n° 11.101/2005.

EIRELI

A figura da EIRELI foi extinta pela Medida Provisória n° 1085/2021, convertida na Lei da Liberdade Econômica, Lei n°
14.195, de 20/08/2021. De fato, o art.41 converteu todas as EIRELI em “sociedade limitada unipessoal”.

Art. 41. As empresas individuais de responsabilidade limitada existentes na datada entrada em vigor desta Lei serão
transformadas em sociedades limitadas unipessoais independentemente de qualquer alteração em seu ato constitutivo.

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS:

Sociedade em comum (art.986 a 990 do CC/02: conceito e aplicabilidade, responsabilidade dos sócios, efeitos
jurídicos, benefício de ordem).

Sociedade em conta de participação (art.991 a 996 do CC/02: conceito, sócio participante e seus direitos e
responsabilidades, sócio oculto e seus direitos e responsabilidades. Prestação de contas. Existência de CNPJ e
obrigações fiscais.)

SOCIEDADES EM COMUM:

Artigos 986 a 990 do CC/02

Antes do Código Civil de 2002, quando uma sociedade não tinha registro, quando seus atos constitutivos não eram
levados à registro na Junta Comercial ou CRCPJ, a sociedade era considera irregular ou sociedade de fato. Essa
terminologia mudou e a partir do CC/02. Tais sociedades “irregulares” ou “de fato” passaram a se chamar

SOCIEDADE EM COMUM

Porém, em se tratando de uma “sociedade irregular” ou “de fato”, o legislador impôs consequências desfavoráveis aos
sócios, de modo a se sentirem estimulados a fazer o registro regularizar a situação da sociedade. Justamente por isso,
o Código Civil determina que na sociedade em comum, a responsabilidade do sócio será ILIMITADA e não importa o
tipo societário pretendido.

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de
ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.

O credor pode cobrar a dívida inteira de qualquer dos sócios. Mas existe um detalhe previsto na parte final do art.990
que trata do benefício de ordem disciplinado no art.1024 do CC/02.

O benefício de ordem é uma regra que determina que, em primeiro lugar, devem ser cobrados (ou excutidos) os bens
da sociedade e depois os bens particulares dos sócios. Mas essa regra não vale para aquele sócio que criou a
obrigação e contratou em nome sociedade em comum. Ora, não existe vantagem nenhuma em manter uma sociedade
em comum. A existência dessa sociedade pode ser provada por qualquer meio em direito admitido pelos terceiros, nas
relações que com ela (sociedade) tiverem. Mas entre os sócios, prova-se somente por escrito.

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da
sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo
sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos
resultados correspondentes.

Trata-se de uma sociedade que não precisa de documento escrito, podendo ser provada por qualquer meio admitido
em direito. Portanto, não depende de registro, pois não é (e nunca será) uma Pessoa Jurídica. Aliás, mesmo que seja
levada a registro por engano, ainda assim (cf. art.993 do CC/02) não terá personalidade jurídica.

Nesse tipo de sociedade não personificada existem2 (dois) tipos de sócios bem distintos: o sócio ostensivo e o sócio
participante (ou oculto). O sócio ostensivo deve ser um empresário (ou sociedade empresária) e caberá a esse sócio
administrar a SCP com exclusividade. Logo, será o sócio ostensivo quem irá obrigar a SCP perante terceiros.

De outro lado existem os sócios participantes que, como o próprio nome deixa entrever, apenas participam com
recursos, jamais da administração da sociedade. Dessa forma, os participantes têm relações obrigacionais apenas com
o sócio ostensivo, podendo fiscalizar os negócios, mas nunca contratar diretamente com os terceiros.

Art.991, Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o
sócio participante, nos termos do contrato social.

Art.993, Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não
pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas
obrigações em que intervier.
Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta
de participação relativa aos negócios sociais.§ 1º A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos
sócios.§ 2º A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo
saldo constituirá crédito quirografário.§ 3º Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que
regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.

A sociedade em CONTA de participação é representada contabilmente por conta denominada “fundo social” nos
registros do sócio ostensivo. Por isso, os participantes injetam recursos na conta e formam um patrimônio especial, que
nos termos do art.994 do CC/02, será destinado a realizar um negócio específico, e o resultado desse empreendimento
é partilhado entre os sócios nos termos do contrato.

SOMENTE O SÓCIO OSTENSIVO PODE FALIR.

OS PARTICIPANTES, nessa hipótese, serão credores quirografários (art. 83, VI, ‘a’ da LF). A dissolução da sociedade
em conta de participação ocorre na forma de prestação de contas, seguindo os arts. 550 e sgs.

Do CPC/15, aplicando-se subsidiariamente à SCP as regras da sociedade simples (art.997 a 1038 do CC/02), como
prevê o art.996 do CC/02.

Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto
para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei
processual. Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e julgadas
no mesmo processo.

Sob a perspectiva fiscal, deve-se ter em mente que, apesar da SCP não constituir uma personalidade jurídica, para
efeitos fiscais ela é equiparada a uma pessoa jurídica, possuindo CNPJ e ser obrigada a cumprir todas as obrigações
tributárias acessórias (Escrituração contábil, envio de DCTF, apuração de lucro etc.), nos termos do art.4°, XVII da IN
RFB nº 1863, de 27 de dezembro de 2018.

Isso ocorre porque a intenção é que essa SCP tenha lucro e possa distribuir aos sócios (afinal, é característica
essencial de qualquer sociedade).

Portanto, para poder recolher os tributos sobre tais ganhos, obrigatoriamente deverá possuir um CNPJ e elaborar a
escrituração fiscal.

A responsabilidade pelas obrigações fiscais recai ao sócio ostensivo, nos termos do Decreto n°9.580, de 22/11/2018,
que regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de
Qualquer Natureza.

Adicionalmente, devemos pontuar que, conforme a solução da consulta Disit – n° 10.024, abaixo reproduzida, as ME’s
e as EPP's (Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte) regidas pela LC n° 123/06 estão vedadas de
participação em SCP como sócias, sob pena de exclusão do enquadramento.

UNIDADE IV
4. SOCIEDADES PERSONIFICADAS
4.1- Teoria Geral das Sociedades.

4.2- Características e elementos essenciais. Sócio de capital e sócio de serviço.


Nome. Registro. Capital social (subscrição e integralização). Responsabilidade dos
sócios pelos negócios sociais. Administradores (poderes e deveres).
4.3. Resolução da sociedade em relação a um sócio (Retirada, Morte, Recesso e
Exclusão). Ação de dissolução parcial de sociedade.

4.4. Alteração de contrato social. Dissolução, Liquidação e Extinção de


sociedades.

AS SOCIEDADES
A sociedade é um contrato geralmente plurilateral, mas existem sociedades com apenas um
sócio (Ltda unipessoal e a subsidiária integral) que constitui uma pessoa jurídica de direito
privado (CC/02, art.44, II) a partir do registro no órgão competente (Teoria da Realidade Técnica
– CC/02, art.45, 985 e 1.150).

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio
e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a


contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha,
entre si, dos resultados. (=> perseguir e dividir o LUCRO

Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios


determinados.
Retomando conceitos da UNIDADE II, as sociedades podem exercer ATIVIDADE SIMPLES (não
empresarial) ou ATIVIDADE EMPRESARIAL.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples [TIPO], as
demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por


ações; e, simples [TIPO], a cooperativa.

Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039
a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o
fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.

Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de


participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de
certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo.

11/03/2023

Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário
rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade
empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro
Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada,
para todos os efeitos, à sociedade empresária.

Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de


inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.

CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS ESSENCIAIS.

A sociedade simples foi ‘eleita’ pelo legislador como ‘regra geral’ de direito societário que deve
ser aplicada de forma subsidiária aos outros tipos de sociedade, desde que compatível.
É uma sociedade de pessoas, jamais de capital. Nessa forma de sociedade, a affectio societatis
é determinante, sendo extremamente relevante a figura e qualidade dos sócios.

Por essa razão, é a única espécie de sociedade que admite o sócio de serviço (ou indústria), ou
seja, um sócio que não integraliza recursos na sociedade, mas sim sua mão-de-obra (CC/02,
art.997, V).

Esta sociedade NUNCA SERÁ EMPRESARIAL e, portanto, NUNCA ESTARÁ REGISTRADA na JUNTA
COMERCIAL.

TODAS AS SOCIEDADE SIMPLES ESTÃO REGISTRADAS NO CARTÓRIO DE REGISTRO CIVIL DE PESSOAS


JURÍDICAS ou, em se tratando de sociedade de advogados, na OAB.

Regras de constituição – art.997 do CC/02, por instrumento público


ou particular:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a
denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de
bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;

VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.


Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no
instrumento do contrato.

Capital social (subscrição e integralização).

Capital social são os recursos que serão aportados pelos sócios na sociedade. Recursos de
qualquer natureza, desde que sejam economicamente apreciáveis (bens móveis, imóveis,
tangíveis, intangíveis etc.)

No ato de constituição de uma sociedade, ocorrem 2 (dois) fenômenos distintos:


subscrição (promessa de entregar os recursos) e a integralização (efetiva entrega dos
recursos).

A subscrição (valor) sempre existirá, mas a integralização pode ocorrer no ato, à prazo
(em parcelas ou no futuro) ou pode nem ocorrer (trazendo consequências para o sócio e
para a sociedade). As regras e o entendimento do conceito de subscrição e
integralização se aplicam às demais sociedades contratuais.

Apenas na sociedade simples (espécie), admite-se sócio de serviço.


Neste caso, esse sócio não irá subscrever e integralizar recursos, mas sua
mão-de-obra. E, por essa razão, deve trabalhar à sociedade (com
exclusividade ou não) e sua participação nos lucros (não nas perdas)
representará a média do valor das quotas dos outros sócios.

Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo convenção em contrário,
empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela excluído.
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das
respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na
proporção da média do valor das quotas.

Sócio remisso: Aquele que não integraliza sua participação no capital social.
Consequências: Após ser notificado para que no prazo de 30 dias purgue a mora, se não
o fizer, esse sócio remisso poderá: (a) cobrado pela sociedade, inclusive por perdas e
danos; ou (b) ser excluído da sociedade, sempre com a aprovação dos outros sócios.

Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas
no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo (REMISSO), nos trinta dias seguintes ao da
notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.
Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à
indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado,
aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1º do art. 1.031.

Nome ou denominação: Quanto ao nome, os arts. 997, II do CC/02 c/c Parágrafo único do
art. 1.155 do CC/02, fazem referência à denominação e equiparam ao ‘nome empresarial’.
A denominação pode ser constituída por um nome fantasia ou por alguma expressão
relevante ao seu objeto social. Apesar da regra ser o uso da denominação, nada impede
que a sociedade simples possua firma social, se a sociedade tiver sócios de
responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais, como previsto no art. 1.157 do CC.

A proteção ao nome da sociedade simples (pura) está circunscrito à base territorial do


município em que esta registrada.

As obrigações dos sócios têm início com a assinatura no contrato, desde que não se estipule outra
data para o início da sociedade e a responsabilidade termina com a liquidação da empresa.
Deve-se ter em mente que o contrato de sociedade cria obrigações internas (dentro da
sociedade e para com os outros sócios) e externas, com os terceiros que contratam com a
sociedade.
A propósito, consoante o entendimento estabelecido no Enunciado n° 10 da I Jornada de Direito
Comercial, “nas sociedades simples, os sócios podem limitar suas responsabilidades entre si, à
proporção da participação no capital social, ressalvadas as disposições específicas.”

Responsabilidade dos sócios

Ingressando na sociedade simples, o sócio que exercer função administrativa não poderá ser
removido de suas funções sem a expressa concordância dos demais sócios.

Veja que, se o sócio for nomeado administrador no contrato social, para sua alteração deverá ser
modificado o próprio contrato social, ou seja, haverá necessidade de que 100% do capital
aprove essa mudança. (art.997, VI).

10/03/2023

O mesmo raciocínio tem lugar em se tratando da cessão de quotas. Nesse sentido, para que
ocorram as modificações no contrato de sociedade (cessão de quotas), todos os demais sócios
deverão concordar (art.997, IV) e toda modificação na participação societária só valerá
(produzirá seus efeitos) se for devidamente registrada no órgão competente.
Saída da sociedade: O sócios pode deixar uma sociedade em 5 situações: cessão de quotas,
retirada, morte, recesso ou exclusão, a serem estudadas.
Mas as responsabilidades do ex-sócio pelos DÉBITOS DA SOCIEDADE enquanto foi SÓCIO está
previstas no art.1013, §único e art.1032 do CC/02.

Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a


correspondente modificação do contrato social com o
consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a
estes e à sociedade.
Parágrafo único.

Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato,


responde o cedente solidariamente com o cessionário,
perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha
como sócio.

Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o


exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas
obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a
resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas
posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a
averbação.

10/03/2023

Não havendo indicação expressa no contrato social, a administração será exercida por todos
isoladamente (art.1013 do CC/02), cabendo a todos os poderes ordinários de administração.

Administradores da sociedade

Os administradores podem ser nomeados e destituídos no próprio contrato de sociedade ou em


instrumento à parte (ata própria). A escolha desse meio de nomeação traz reflexos importantes e
podemos destacar os seguintes:

ADMINISTRADOR
NOMEADO NO CONTRATO

ADMINISTRADOR
NOMEADO EM ATO

SEPARADO

FUNDAMENTO
LEGAL

Exclusão do administrador
quórum de 100% do
Capitalpode-se determinar o
percentual do
Capital.

art.999 e 997, VI
do CC/02.

Poderes do sócio
administrador
irrevogáveis os poderes,
exceto por ordem judicial

São revogáveis a
qualquer tempo.

art.1.019, par. único

O disposto no art.1.011, §1° veda o exercício da administração para as pessoas


condenadas, conforme abaixo descrito:

§1°. Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a
pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o
sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

Em relação à extensão dos poderes de administração, inexistindo regra específica


contratada, considera-se que o administrador pode exercer a gestão normal (ou ordinária), no
qual não se inclui o poder para alienar (vender) bens imóveis, o que exige a decisão da maioria
dos sócios (art.1.015).

Ocorrendo impasses da administração, a maioria (50% +1 do capital) decide.

Havendo empate, prevalece a decisão tomada pelo maior número de sócios. Se, ainda assim
permanecer o empate, o Poder Judiciário decidirá.

Os administradores devem agir com LEALDADE e DILIGÊNCIA.


Não há necessidade de possuir formação específica, em nível superior.
Se o administrador, sem o consentimento dos sócios, que aplicar recursos em proveito
próprio, terá de restituí-los à sociedade, e responder por perdas e danos.

Havendo mais de um administrador estes responderão de forma solidária perante terceiros e à sociedade (art.1.016).

Procuradores

O administrador pode constituir procuradores para administrar a empresa, mas os poderes deverão
estar expressamente indicados no instrumento e não podem ser superiores aos daquele que os
detém. É importante que o administrador indique a validade (duração) da procuração, para não
criar um instrumento com poderes eternos

Resolução da sociedade em relação a um sócio.

Não se pode exigir que a sociedade dure eternamente. Na sociedade simples, há 4


(quatro) hipóteses que resultam na resolução da sociedade em relação a um dos sócios:
cessão de quotas, falecimento, retirada, exclusão. Isso porque não vislumbro a
possibilidade de recesso para esse tipo de sociedade, já que as deliberações que
podem ensejar o recesso dependem de modificação do contrato social e, portanto,
unanimidade de deliberação. Logo, nenhum sócio, ainda que minoritário, pode ser
prejudicado por ato de recesso. O recesso poderá ocorrer em outras espécies de
sociedade (Ltda, S.A.).

É fundamental ter em mente que as regras que disciplinam a resolução da sociedade em


relação a um sócio, previstas para a sociedade simples (CC/02, arts.1028 a 1032) é
aplicável também às sociedades limitadas (CC/02, art.1053), cujas particularidades serão
tratadas no capítulo próprio.

A cessão de quotas é o negócio jurídico consensual, bilateral, comutativo, normalmente oneroso


celebrado entre os sócios e, eventualmente, com a própria sociedade.

Portanto, como regra, a sociedade não é parte neste negócio (admite-se a aquisição de quotas
pelas sociedades Ltdas ou S/A para serem mantidas em tesouraria).

As quotas, por serem bens intangíveis (imateriais) podem ser CEDIDAS, jamais vendidas. Não é
correto elaborar um contrato de compra e venda de quotas, mas um instrumento (público ou
particular) de cessão de quotas.
Admite-se que a cessão de quotas seja efetuada em instrumento próprio (contrato de cessão de
quotas ou contrato de promessa de cessão de quotas) ou, ainda, mediante Alteração de Contrato
Social, procedendo no mesmo ato o negócio jurídico da cessão (apontando os valores, condições
de pagamento etc.) e a alteração da titularidade das quotas para a retirada do cedente e ingresso
do cessionário na sociedade.

Cessão de quotas

Falecimento

No caso de falecimento de um dos sócios, a princípio e por força de lei, a participação societária
do falecido deve ser apurada, liquidada e paga aos seus sucessores.

É possível, contudo, fazer constar no contrato social regra diversa disciplinando a admissão no
quadro societário dos sucessores do falecido, casos estes aceitem integrar a sociedade, ou ainda
a possibilidade de dissolução total da sociedade.

Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo:

I - se o contrato dispuser diferentemente;


II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.

Data de resolução da sociedade: data do óbito


Critério de apuração dos haveres e pagamento: a contratada ou art.1031 do CC/02.

Retirada

Inúmeros são os motivos ou situações que levam um sócio a querer se desvincular da sociedade e,
dentre tais possibilidades, a mais recorrente é perda ou quebra da affectio societatis (afeição de
sócios), mas é sempre possível deixar a sociedade por se tratar de uma garantia constitucional e
legal.
Sendo a sociedade contratada por prazo determinado, a retirada só pode ser motivada (justa
causa) e por meio de ação judicial.
Se a sociedade for contratada por prazo indeterminado, o sócio retirante deverá notificar os
demais com antecedência mínima de 60 dias, ocasião em que os demais sócios poderão optar de
dissolução total da sociedade nos primeiros 30 dias, a contar do recebimento da notificação.

Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da
sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente
justa causa.

Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar
pela dissolução da sociedade.

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em


relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situaçãopatrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em
balanço especialmente levantado.

§ 1° O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se


os demais sócios suprirem o valor da quota.

§ 2° A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de


noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou
estipulação contratual em contrário.

Exclusão por falta grave

Em se tratando de sociedade simples (pura) ou de sociedade limitada sem regra específica em


contrato social (art.1085 do CC/02), a via deverá ser obrigatoriamente a judicial, com a comprovação da falta grave.

A falta grave é o elemento central e pode ocorrer (i) por previsão legal como nos casos de
falência do sócio ou incapacidade superveniente do sócio; (ii) previsão contratual,
estabelecendo as hipóteses de sua ocorrência (ex.: abandono de funções, concorrência contra a
sociedade, comportamento desleal, perda da habilitação profissional, prejuízo à imagem da
sociedade etc.); e também pelo (iii) inadimplemento de integralização no capital social (sócio
remisso - art. 1.004 do CC/02).

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído
judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no
cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou
aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.

Retirada / Exclusão

Via Extrajudicial

Retirada por cessão


de cotas - ACS

Exclusão de minoritário
em soc. LTDA (art.1085 CC/02)

Previsão contratual;Convocada Reunião / Assembleia;


(data de resolução da sociedade);
Assegurar o exercício do direito de defesa;
Haver prova do ato grave que resulte em prejuízo à sociedade;

Alteração de
Contrato Social (ACS)

Apuração de
Haveres Via judicial:
Ação de dissoluçãoparcial de sociedades

Retirada em sociedade contratada por prazo determinado (art.1029 CC/02)

Prova da Justa Causa

Decisão Judicial Transitada em Julgado e


que fixa a data da resolução da sociedade e o critério para apuração de
haveres (604 e 605 CPC (data de resolução da sociedade)

Apuração de Haveres Retirada em sociedade contratada por prazo indeterminado (art.1029 CC/02)

Notificação com prazo mínimo de 60 dias contendo:(data de resolução da


sociedade)

a) Proposta aos sócios


remanescentes à aquisição das cotas (valores e cond. de pagto.);

b) Objeção à cessão das cotas


para terceiros.

Havendo recusa dos sócios remanescentes, deverá ser proposta a Ação de Dissolução
Parcial de Sociedades (art.599, I do CPC)

Decisão judicial (cf. art.604 e 605 do CPC), fixando a data


de resolução e o critério de apuração dos haveres

Apuração de Haveres

Exclusão de sócio
(minoritário ou majoritário)
Prova da Justa Causa
Decisão Judicial Transitada em Julgado e
que fixa a data da resolução da sociedade
e o critério para apuração de haveres (604 e 605 CPC)(data de resolução da sociedade)

Apuração de Haveres

SOBRE A AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIALDE SOCIEDADES.ANÁLISE DOS ARTS. 599 a 609 DO CPC.

APLICAÇÃO DA REGRA ÀS SOCIEDADE EM GERAL, INCLUSIVE LIMITADAS e S/A’s FECHADAS

Ação de Dissolução Parcial de sociedadesArts. 599 a 609 do CPC

Legitimidade (art.600 do CPC)Atividade judicial (art.605 do CPC)

Data de resolução da sociedade

Critérios de Pagamento

• Transito em julgado
• Morte
• Reunião ou Assembleia
• Após prazo de 60 dias da notificação
• Notificação de recesso

• Regras do contrato social – critérios


contratados

• Regra do art.1031 do CC/02 c/c 606 CPC –


Balanço de determinação

• Sócio (excluído, retirou ou exerceu o recesso)


• Espólio / herdeiros / cônjuge do falecido;
• Sociedade

Dissolução, Liquidação e Extinção da sociedade.

Dissolução, Liquidação e Extinção da sociedade NÃO SÃO SINÔNIMOS.

A DISSOLUÇÃO é o ato jurídico pelo qual os sócios por vontade própria ou por determinação
judicial ou legal (falência ou dissolução total) resolvem terminar a sociedade.
A partir deste momento, os sócios estão DESOBRIGADOS de reciprocamente contribuírem, com
bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
(art.983 do CC/02)

A dissolução pode ser parcial ou total.


Parcial Apuração de Haveres
Total Liquidação da sociedade

HIPÓTESES DE DISSOLUÇÃO TOTAL: Art.1033 do CC/02: (i) falência; (ii) distrato social; (iii) término
do prazo, se determinado; (iv) exaurimento ou inexequibilidade do objeto social; (v) fim (ou
cessação) da autorização de funcionamento concedida por órgão ou entidade
governamental; (vi) por sentença de dissolução judicial.

É importante tem em mente que, sempre que possível, deve-se privilegiar a dissolução parcial
em detrimento da dissolução total da sociedade como forma de preservar a atividade, os
postos de trabalho, à arrecadação fiscal, os interesses dos consumidores e etc.

Em todas essas situações, uma vez definida a dissolução do ente, passa-se à fase de liquidação
do patrimônio e, somente ao término da liquidação, é que ocorrerá efetivamente a extinção
da pessoa jurídica.
E será após o encerramento (ou conclusão) da fase de liquidação que ocorrerá a baixa dos
registros, matrículas e inscrições nos órgãos competentes, como prevê o arts.51 e 1.109 do
CC/02.

Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua
dissolução.
§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às
demais pessoas jurídicas de direito privado.
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa
jurídica.

Art. 1.109. Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação, e a sociedade se extingue, ao


ser averbada no registro próprio a ata da assembleia.

Dissolução Liquidação Extinção

LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE.

O processo (ou fase) de liquidação se inicia imediatamente a partir da determinação da


dissolução da sociedade que, sendo voluntária, por consenso dos sócios, é regida pelos art.1102
a 1.112 do CC/02.

Para tanto, é nomeado um liquidante, a quem competirá representar a sociedade e praticar


todos os atos necessários à sua liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir,
receber e dar quitação (CC/02, art.1105), cujos deveres estão bem delimitados no art.1103 do
CC/02.

A propósito, destacamos que conforme o Enunciado n° 87 da III Jornada de Direito Comercial. “O


cargo de liquidante pode ser ocupado tanto por pessoa natural, quanto por pessoa jurídica,
sendo obrigatória, neste último caso, a indicação do nome do profissional responsável pela
condução dos trabalhos, que deverá atender aos requisitos e impedimentos previstos em lei, e
sobre o qual recairão os deveres e as responsabilidades legais.”

O procedimento de liquidação se conclui com o pagamento do passivo, a partilha do saldo


remanescente e a prestação final de contas que, sendo acolhida pelos sócios por maioria simples
dos presentes à deliberação, nos termos do art.1071, VII e art.1076, III do CC/02, resultará na
extinção da sociedade após a averbação desta ata de reunião/assembleia no registro
competente.

E faz todo sentido e razão de ser assim, pois caso a dissolução acarretasse a imediata extinção da
sociedade, como ficariam os atos destinados à realização (venda) dos ativos para o pagamento
do passivo?
Como poderia a sociedade, por exemplo, lavrar uma escritura pública de venda de um imóvel
para, com esses recursos, pagar um passivo ou distribuir o remanescente aos sócios? Se, como
muitos acreditam, a sociedade estivesse extinta, não teria ente jurídico, nem mesmo registro de
CNPJ para concluir essa operação.

Não podemos deixar de mencionar que quando a dissolução da sociedade decorrer de


determinação judicial (ex.: ação de dissolução total ou pedido de falência) serão aplicadas as
normas processuais contidas no CPC/15 ou lei de falências (Lei n° 11.101/05) para a liquidação da sociedade.

UNIDADE V

5.1- Características. A limitação da responsabilidade. Sociedade limitada unipessoal. 5.2-


Nome. Registro empresarial. Capital social. Quotas. Aumento e redução de capital social.
Administração (deveres e responsabilidades). Conselho Fiscal.

5.2- Quórum para convocação e deliberações. Quórum e deliberações. Alteração de


Contrato Social. Legislação de regência: aplicação subsidiária da soc. simples e aplicação
supletiva da LSA. Da Resolução da Sociedade em Relação a Sócios Minoritários. Ação de
dissolução parcial de sociedade e apuração de haveres.

Legislação aplicável
As regras aplicáveis à sociedade limitada estão contidas no Código Civil (arts. 1052 a 1087) e
também pelo que for estipulado em contrato pelos sócios.
Adicionalmente, devem ser aplicadas às sociedades limitadas as normas gerais de direito
societário contidas no CC/02, nos artigos 997 a 1039 (Da Sociedade Simples), pois o legislador
elegeu as regras endereçadas à sociedade simples como sendo as ‘regras gerais de direito
societário’.
Justamente por essa razão o art.1053 e 1054, abaixo reproduzidos, invocam a adoção das
normas da sociedade simples.
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples.

Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da
sociedade anônima.

Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social.

Por fim, é muito comum, e até recomendável, que os sócios contratem a aplicação supletiva
da Lei das Sociedades Anônimas (Lei n° 6.404/76).

NOME x DENOMINAÇÃO => NOME: NÚCLEO é o nome civil do empresário ou sócios (por extenso ou
abreviado).

DENOMINAÇÃO: NÚCLEO é uma expressão linguística qualquer.


i) desnecessidade da indicação do objeto social no nome; [antinomia => CC/02, arts. 1.158, §2°:

(indicação do objeto social na denominação é obrigatória) x L. 8.934/94, art.35, inciso III.


(indicação do objeto social na denominação é facultativa)]

Art. 35. Não podem ser arquivados:


III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das cláusulas exigidas em lei, não designarem o respectivo
capital e a declaração de seu objeto, cuja indicação no nome empresarial é facultativa;

Na firma, sempre foi uma faculdade. O problema está na denominação, em que o CC/02
considerava como obrigatória a indicação do objeto social na denominação e a Lei de Registro
Empresarial como facultativa.
Prevaleceu a lei especial (Lei n° 8.934/94) para qualquer espécie de sociedade => interpretação
do DREI.
ii) utilização de quaisquer palavras na língua nacional ou estrangeira, inclusive parte do nome civil

(não confundir com a firma);


iii) utilização do número do CNPJ como nome. [Art.35-A, da L. 8.934/94]

A sociedade limitada é uma sociedade contratual e se constitui através


de CONTRATO SOCIAL a ser registrado na Junta Comercial, se for
sociedade empresária. Não sendo empresária, deverá ser registrada no
Cartório de Registro de Pessoa Jurídica [TIPO simples: não empresária].
É de fundamental importância que conste no contrato social de forma
expressa, a regra da limitação da responsabilidade dos sócios prevista no
art.1.052 do CC/02.

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições
sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Sociedade LTDA com 1 sócio apenas....


A partir da edição da Lei 13.874 (Lei da Liberdade Econômica), de 20 de setembro de 2019, a
sociedade limitada passou a admitir a existência de apenas 1 (um) sócio, que pode ser
pessoa física (PF) ou pessoa jurídica (PJ).

Importante: não existe um tipo societário denominada sociedade limitada


unipessoal (SLU) como muitos pretendem fazer constar nos contratos
sociais. Existem apenas uma ‘sociedade limitada’ que, em seu quadro
societário, contém um único sócio!

Capacidade para ser sócio


Podem ser sócios de uma sociedade LTDA., desde que não haja impedimento legal (ver arts. 11 a
17 da IN n° 81 do DREI)

I - o maior de dezoito anos, brasileiro(a) ou estrangeiro(a), que estiverem em pleno gozo da


capacidade civil;

II - o menor emancipado;
III - os relativamente incapazes desde que assistidos;

IV - os menores de dezesseis anos (absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da


vida civil), desde que representados;

V - pessoa jurídica nacional ou estrangeira; e

VI - o Fundo de Investimento em Participações (FIP), desde que devidamente representado por


seu administrador, nos termos da IN n° 578 da CVM.

Os sócios têm direitos e obrigações entre SÍ e destes para com a sociedade. Por essa razão que,
perante terceiros, todos os sócios são responsáveis de forma pessoal e solidária pela integralização
do capital social.

Mas, nas relações entre os sócios, cada um é responsável pela integralização de sua respectiva
quota.

Esse é o teor do art.1052 do CC/02 e aplicável a uma sociedade limitada com vários sócios.

Com efeito, é cláusula obrigatória no contrato social a indicação correta do Capital Social (em
quantidade de quotas, valor das quotas e o percentual de participação) bem como indicar se
esse capital social que foi subscrito está totalmente integralizado (ou não).

Quotas sociais

O capital social é distribuído em quotas, que podem ter valores iguais ou não, que devem ser
consideradas indivisíveis em relação à sociedade. Logo, não existe meia quota, mas podem
existir quotas em condomínio (ex.: 1 cota em condomínio) com mais de um titular, tal como
ocorre com um imóvel.

Art.1055, §1° Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios,
até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade

O §1° do art.1055 do CC/02 estabelece um prazo decadencial de 5 anos para a incidência


da responsabilidade solidária entre os sócios pelo valor estimado dos bens conferidos ao
capital social.

REGRA PARA A CESSÃO DE QUOTAS

As quotas compõem o patrimônio do sócio e, como tal, podem ser cedidas aos outros sócios
ou a terceiros, conforme as regras previstas no contrato (CC/02, art.1057 CAPUT).
Nesse sentido, se for omisso o contrato, o sócio pode ceder sua quota a qualquer dos outros
sócios independentemente de qualquer consentimento.

Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio,
independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um
quarto do capital social.

Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único
do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.

Mas, se pretender ceder suas quotas a terceiros, não poderá haver oposição de mais de ¼ (ou
25%) do capital social. Dito de outra forma, deve ter a aceitação de pelo menos ¾ (ou 75%) do
capital para que as quotas sejam cedidas a terceiros.

A regra de responsabilidade prevê que na cessão das quotas, o cedente (quem cede suas quotas
e, portanto, sai da sociedade) permanece solidariamente responsável com o cessionário (quem
ingressa na sociedade em seu lugar) pelas dívidas pré-existentes que o cedente tinha como sócio,
pelo prazo de 2 anos (CC/02, art.1003, §único).

Quotas em tesouraria. Possibilidade de aquisição. Limitações: (a) não possibilitam o exercício do


direito de voto, pois a sociedade - em relação às deliberações dos sócios - é o objeto do direito,
não o sujeito de direito; (b) não permitem o recebimento de dividendos ou qualquer outra
remuneração decorrente desta participação societária.
Quotas preferenciais. Não há qualquer restrição legal para que, numa sociedade LTDA., existam
quotas ordinárias e quotas preferenciais, tal como ocorre numa S/A, pois admite-se a adoção
supletiva da LSA às LTDAs. A partir da edição da Lei de Liberdade Econômica (Lei n° 13.874/2019)
que prestigiou a autonomia da vontade em seu art. 1º, §§ 1º e 2º c/ art. 3º, incisos V e VIII, maior
razão assiste ao particular.

Em linhas gerais, tudo o que discutimos sobre a CESSÃO DE QUOTAS na sociedade simples se aplica
às sociedades LTDAs.

Sócio remisso...
E o sócio que não integralizar sua quota parte será considerado como REMISSO, sujeitando-se a
sofrer 2 (duas) medidas a critério da sociedade:

(a)ser notificado para que no prazo de 30 dias aporte os recursos prometidos, acrescido de juros
e multa sob pena de sofrer ação de cobrança ou;

(b) ser notificado para que no prazo de 30 dias o remisso aporte os recursos prometidos sob
pena de exclusão (art.1004 do CC/02); ou de redução do capital social e/ou retomada da
participação societária pelos demais sócios (art. 1058 do CC/02), procedendo-se aos ajustes no
capital social com os abatimentos, multas, indenizações etc., conforme definido no contrato ou
por decisão judicial.

Direito de fiscalização.
A fiscalização é um direito essencial dos sócios, que podem examinar os livros, os documentos e
o caixa da empresa a qualquer tempo, exceto se existir regra que expressamente determine uma
data específica para tanto (CC/02, art.1.021).

Na prática, o momento ideal é o da tomada das contas dos administradores que têm o dever
de, pelo menos uma vez no ano, prestar contas dos atos da administração à assembleia ou
reunião de sócios na forma da escrituração contábil vigente (CC/02, art.1020 e 1.065) através
de balanço patrimonial, livro caixa, demonstração de resultado etc., ocasião em que as
contas deverão ser aprovadas ou rejeitas pelo voto da maioria simples (CC/02, art.1.071, I).

Conselho fiscal: É possível a contração (pelos sócios no contrato social) regrando a existência
e funcionamento do CF. Assim, os sócios minoritários que detenham pelo menos 20% do
capital têm o direito de eleger pelo menos 1 conselheiro fiscal em ato separado, visando
assegurar seus interesses (CC/02, art.1.066).

Administração da sociedade : adoção das regras gerais da sociedade simples.

O administrador, na limitada, pode ser sócio ou não sócio, desde que haja previsão para tanto no
contrato.

Os administradores podem ser nomeados no próprio contrato social ou designados em ato


separado, em livro atas da administração.

A partir da Lei n° 14.451/2022 houve uma simplificação no quórum para deliberar esse
tema:
(a) A regra geral é que a maioria simples do capital social (>50%) pode nomear ou

destituir administrador (sócio ou não-sócio) em contrato social ou em ato apartado.

(b) Porém, tratando-se de administrador não sócio e não estando o capital social
totalmente integralizado, o quórum para nomeação é de 2/3 do capital social.

Deliberações sociais

São direitos essenciais dos sócios deliberar e votar nas assembleias ou reuniões, também
chamados de ‘conclave’.

Para tanto, deve-se seguir rigorosamente os procedimentos previstos no contrato social e na lei a
respeito da convocação, instalação e deliberação.

Regra Especial – ME ou EPP (LC 123/06)

A primeira consideração extremamente relevante a apontar diz respeito ao fato de a sociedade


estar ou não enquadrada como ME ou EPP, nos termos da LC nº 123/06.

Isso porque, as sociedades que se enquadrarem como ME ou EPP estão sujeitas a um regime
diferenciado previsto no art.70 e 71 da LC nº 123/06.

Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte são desobrigadas da realização de reuniões e
assembleias em qualquer das situações previstas na legislação civil, as quais serão substituídas por
deliberação representativa do primeiro número inteiro superior à metade do capital social.
§ 1º O disposto no caput deste artigo não se aplica caso haja disposição contratual em contrário, caso ocorra
hipótese de justa causa que enseje a exclusão de sócio ou caso um ou mais sócios ponham em risco a
continuidade da empresa em virtude de atos de inegável gravidade.
§ 2º Nos casos referidos no § 1º deste artigo, realizar-se-á reunião ou assembleia de acordo com a
legislação civil.
Art. 71. Os empresários e as sociedades de que trata esta Lei Complementar, nos termos da legislação civil,
ficam dispensados da publicação de qualquer ato societário.

Reunião ou Assembleia – on line: A partir da edição do art.1.080-A do CC/02, inserido pela Lei n°
14.030/2020, admite-se que as reuniões sejam realizadas de forma digital e que os sócios
participem e votem à distância.

Reunião x Assembleia: O conclave dos sócios pode ocorrer em reunião, nas sociedades que
possuam até 10 sócios e, acima dessa quantidade, obrigatoriamente em assembleia, cuja
convocação deverá observar as regras do art.1.073 do CC/02.

Art. 1.073. A reunião ou a assembleia podem também ser convocadas:


I - por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de sessenta dias,
nos casos previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais de um quinto do capital,
quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com
indicação das matérias a serem tratadas;
II - pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se refere o inciso V do art. 1.069.

CONVOCAÇÃO:

É possível que conste no contrato social regras específicas para convocação, como por
exemplo: telegrama, carta com AR, e-mail etc. Contudo, inexistindo uma regra contratada, a
convocação exigirá a publicação de ‘anúncios de convocação’.

Nesta hipótese, o anúncio ou edital de convocação da assembleia de sócios será publicado por
três vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da
assembleia, o prazo mínimo de 8 (oito) dias, para a primeira convocação, e de 5 (cinco) dias,
para as posteriores. É o que estabelece o art.1.152, §3° do CC/02.

Isso significa que, se a 1ª inserção de convocação para o ato for publicada no dia “01”, a 1ª
chamada para instalar esse ato deverá ocorrer no dia “09”. As convocações para as próximas
chamadas (2ª, 3ª etc), caso o quórum de instalação não seja suficiente em 1ª convocação,
deverá respeitar o prazo de 5 dias.

O edital de convocação deverá conter obrigatoriamente o local, data e hora da realização da


reunião ou assembleia. Ordem do dia, apontando os assuntos que serão objeto de discussão e
deliberação entre os sócios.

Importante:
I. São necessárias apenas três publicações (e não seis), desde que veiculadas em órgão oficial e
em jornal de grande circulação, sendo necessária pelo menos uma publicação em cada um
deles.
II. Somente precisam ser publicadas as decisões do sócio único da sociedade limitada unipessoal
no caso de redução de capital, quando considerado excessivo em relação ao objeto da
sociedade (§ 1º do art. 1.084 do Código Civil).
Por fim, ficam dispensadas as formalidades de convocação, quando todos os sócios
comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia e,
possibilidade de voto à distância, se for o caso. (cf. art.1072, § 2º do CC/02)

INSTALAÇÃO:

Salvo disposição diversa em contrato social, a assembleia ou reunião de sócios se instala, em 1ª


convocação, com a presença de titulares de no mínimo ¾ (ou 75%) do capital social e, em
segunda convocação, com qualquer número de presentes, como estabelece o art.1.074 do
CC/02.
Se, na hora designada no edital, estiverem presentes sócios que titularizem, no mínimo, 75% do
capital social, o ato se instala em primeira chamada. Caso contrário, deverá ser instalado em 2ª
chamada.

Portanto, é praxe que a convocação para a 2ª chamada ocorra no mesmo dia da 1ª chamada,
separadas por algum intervale do horas. Isso dinamiza os trabalhos.

DELIBERAÇÃO

A deliberação é um ato colegial, o que implica em dizer que “os sujeitos não titularizam
poderes individuais, mas apenas um poder coletivo único, indivisível e atribuível a
todos, de participar da realização do ato final, que, pelas regras da maioria,
representará a coletividade.”

É muito importante compreender que, para os principais temas da vida societária


haverá ‘quórum legal’ para aprovação da deliberação, exceto se o contrato não
estipular de forma diversa.

Para facilitar, segue abaixo um esquema contendo o quórum legal, os temas e o


fundamento legal.

Quórum: 1/5 (20%) Quórum: MAIORIA SIMPLES Quórum: MAIORIA ABSOLUTA Quórum: 2/3 UNANIMIDADE

Transformação de
sociedade.

Nomear administrador
NÃO sócio, quando o

capital social NÃO


estiver integralizado.

Nomear administrador que


seja sócio ou não sócio,

desde que o capital esteja


integralizado;

Destituir administrador sócio


ou não sócio. Fixar
remuneração do

administrador (quando não


constar do contrato social).
Modificar o contrato social;

Proceder à incorporação, a
fusão e a dissolução da

sociedade, ou a cessação
do estado de liquidação;

Pedir Recuperação Judicial.

Exclusão de sócio (cf. art.1085


do CC/02)

Matérias sem quórum


definido; Aprovação de
contas da administração

(inc. I, art.1071);

Nomeação e destituição de
liquidantes e julgamento de
suas contas (inc. VII, art.1071);

Exclusão de sócio remisso


(maioria dos sócios

remanescentes – art.1004 do
CC/02)

nomear, em
separado, membro
do conselho fiscal.

Fund.
Legal:

art. 1.066, §2° do


CC/02

art.1.071, I e VII; 1.076, III e


art.1004 do CC/02

art.1.076, II, III, IV, V, VI e VIII


do CC/02 e art.1.063, §1°.

Art.1.061 do CC/02
Art. 1.114 do
CC/02.

RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS.

Como regra geral, a responsabilidade dos sócios é limitada nesta forma de sociedade, nos termos
do art.1052 do CC/02, tornando-se um meio de socialização e equalização das perdas na hipótese
de insucesso (quebra).

EXCEÇÕES:

1ª) A responsabilidade será ilimitada e solidária dos sócios pela integralização total do capital
subscrito.

2ª) IDPJ. Adoção da teoria da desconsideração da personalidade jurídica da sociedade quando


for comprovado o “abuso da personalidade jurídica”, com observância do disposto no art.50 do
CC/02 (Teoria Maior), tema já estudado em teoria geral do direito societário.

3ª) IDPJ. Teoria Menor (art.28, §5º do CDC e Lei n° 9.605/98, art. 4º). Existem credores em situação de
vulnerabilidade e hipossuficientes que se relacionam com a sociedade de forma objetiva e sem
qualquer condição de negociar tais riscos, como o Fisco, os Trabalhadores, os Consumidores e o
próprio meio Meio-ambiente.

4ª) Crédito Tributário – Redirecionamento da Exec. Fiscal. Nas relações com o fisco tributário e
previdenciário, a limitação da responsabilidade pode deixar existir se não forem observadas as
regras previstas nos arts. 134, VII e 135, III do Código Tributário Nacional (para os tributos).

Súmula 435 do STJ. Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio
fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente. (Súmula 435, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/04/2010, DJe 13/05/2010)

CTN, art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a


obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou
infração de lei, contrato social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;


II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

Súmula n. 430 do STJ. O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente. (SÚMULA 430, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, REPDJe
20/05/2010, DJe 13/05/2010)

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO A UM SÓCIO....

RETOMAR O SLIDE 55 – HIPÓTESES:

FALECIMENTO, RETIRADA, RECESSÕ, EXCLUSÃO ou CESSÃO DE QUOTAS

EXCLUSÃO DE SÓCIO PELA VIA EXTRAJUDICIAL – REGRA DO ART.1085 DO CC/02

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE SOCIEDADES

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