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3º Ano - Curso de Licenciatura em Direito

Cadeira - Direito das Sociedades Comerciais


7˚ Cessão
Docente: Dra. Eunícia Alves

Direito das Sociedades Comerciais Continuação

A PERSONALIDADE JURIDICA DAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Formado o substrato societário, ou seja, preenchido todos os requisitos legalmente


exigidos para a constituição da sociedade, a lei lhe atribui personalidade jurídica.

Todos os tipos societários gozam de personalidade jurídica, e existem como tais a


partir da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, (artigo 6º
CSC), e, é a partir desse momento que gozam de personalidade jurídica tanto em
relação a terceiros, como em relação aos próprios sócios.

É dessa forma, que a sociedade adquire a qualidade de comerciante em


consequência do exercício da atividade social e não os sócios.

Sendo assim, a sociedade fica desde logo vinculado as obrigações impostas aos
comerciantes, e não os seus sócios,

A partir do registo definitivo a sociedade pode ter direitos contra os próprios sócios e
ganha direito de exclusividade em todo o território nacional.

Com a constituição da sociedade, os bens com que os sócios entram para esta
(sociedade), revertem para o seu património, assim a sociedade pessoa é titular do
respetivo património, não os sócios, estes são sim titulares das participações sociais
genericamente ligadas as entradas na sociedade que consistem em transmissões ou
aquisições e os credores pessoais dos sócios apenas poderão penhorar as respetivas
participações sociais a partir do momento em que a sociedade adquire personalidade
jurídica.

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Em suma pode-se dizer que, pelas dívidas da sociedade, apenas responde em princípio
o património social. Essa personalidade pressupõe a existência de interesses comuns ou
coletivos: estes interesses são condições pelo menos necessária para a personalização (a
pessoa coletiva é um meio simples e eficaz para prover aos interesses coletivos dos
sócios).

CAPACIDADE JURIDICA DAS SOCIEDADES COMERCIAIS

Para Coutinho de Abreu, ao falar da capacidade jurídica das sociedades comerciais há


que ter em conta: “A Delimitação dessa Capacidade pelo seu fim Social”.

O problema da capacidade jurídica ou capacidade de gozo das sociedades


comerciais relativamente aos direitos e obrigações que estes são titulares, podem, e
tem recebido respostas variadas:

Durante o séc. XIX, (enquanto dominou o “sistema da concessão”), prevaleceu a ideia


de circunscrever a capacidade das sociedades aos atos previstos nos estatutos.

Nalguns países nomeadamente, Alemanha e Itália dominava muito a ideia da


capacidade jurídica geral das sociedades: em que estes podem ser titulares de todos
os direitos e obrigações que não sejam incompatíveis com a sua natureza não humana e
que não sejam expressamente proibidos por lei.

No direito anglo-saxónico impôs-se a “ultra vires doctrine”, segundo essa doutrina,


um ato praticado por uma companhia fora do objeto estatutário é nulo, não podendo
sequer ser ratificado pelos sócios, mesmos que por vontade unanimemente.

Uma outra possibilidade, é, a capacidade das sociedades ser balizada pelo escopo
lucrativo que às mesmas se reconheça. E é esta a solução atual do nosso sistema.

Logo, não é difícil verificar que o sistema da capacidade jurídica geral, protege mais a
segurança e a rapidez do comércio jurídico. Assim, os terceiros que queiram negociar
com as sociedades não têm de investigar se os negócios serão ou não compatíveis com o
objeto ou com o fim social (ou com outros limites fixados estatutariamente).

Por sua vez, os sistemas da capacidade específica, limitada ou funcional tutelam mais os
interesses dos sócios (sobretudo dos minoritários) e quando os limites sejam fixados

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pelo fim lucrativo dos credores sociais, (estes podem pôr em causa atos das sociedades
que provoquem a diminuição dos patrimónios que garantem os seus créditos.

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