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A Participação Social: Direitos e

Obrigações dos Sócios


22/09/2017
Nesta cadeira vamos nos centrar em 1º nos Direitos dos Sócios e em 2º Obrigações dos
Sócios.

Avaliação:

Exame final + avaliação contínua (dois testes, um deles na última aula- 16 de dezembro).
Particularidade do 1º teste (teste de grupo). Ainda há possibilidade de fazer uma espécie de
mini -trabalho (10 páginas). O trabalho sobe a média da avaliação contínua (2 valores ou 1
valor), tem de ser entregue até ao último dia de aulas. Os testes são de consulta já o exame
não.

Bibliografia: quanto à parte dos direitos não existe em nenhum livro, quanto à parte das
obrigações dos sócios recomenda-se a obra A obrigação de entrada de Armando Triunfante

Noções introdutórias (classificações doutrinais):

DISTINÇÃO ENTRE OS DIREITOS INDIVIDUAIS E OUTRAS FIGURAS QUE LHE SÃO APARENTADAS
(DIREITOS DE MINORIA E DIREITOS DE NATUREZA MISTA):

Direitos individuais- aquele para ser exercido basta com a qualidade de sócio não implica a
detenção de uma determinada percentagem do capital (ex: direito de voto)

Direitos de minoria- estes direitos para serem exercidos não basta a qualidade de sócio, é
uma condição necessária, no entanto não basta. É necessário que se seja titular de uma
determinada percentagem de capital social, no entanto não é necessário que o sócio sozinho
detenha essa percentagem, na medida que estes direitos podem ser exercidos em conjunto.

Ex: O direito desinformação exige que o sócio detenha 10% de capital social.

No entanto, o mesmo direito pode ser um direito individual ou um de minoria dependendo


da sociedade.

Ex: direito à convocação da assembleia este direito exige que o sócio detenha 5% do
capital numa sociedade anónima (direito de minoria), enquanto que se tratar de uma
sociedade por quotas basta que o sujeito seja sócio (direito individual).

Um direito de minoria pode, por definição, ser exercido por um único socio se este detiver
o capital mínimo exigido ou também tem a hipótese de reunir/coligar com os restantes sócios
de forma a obter a percentagem de capital exigida.

Direitos de natureza/estrutura mista (figura que se encontra a meio caminho dos direitos
anteriormente referidos) exemplo (este exemplo não é pacifico doutrinalmente, mas o
professor defendo-o): artigo 288º do CSC Qualquer accionista que possua acções
correspondentes a, pelo menos, 1% do capital social pode consultar, desde que alegue motivo
justificado, na sede da sociedade Por um lado, trata-se de um direito de minoria porque o
sócio precisa de possuir um por cento do capital da sociedade, por outro lado não se trata de
um direito de minoria, aproximando-se da figura de direito individual, na medida em que o

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sócio não se pode reunir com os restantes sócios para adquirir a percentagem exigida. (1% do
capital neste caso).

É parecido com o direito individual porque pode ser exercido por qualquer sócio é parecido
com o direito de minoria porque pode ser qualquer sócio, mas tem necessariamente de ter
determinada percentagem de capital.

DIREITOS INDIVIDUAIS LEGAIS E ESTATUTÁRIOS

Legais: resultam diretamente da lei, têm fonte legal

Estatutários: têm fonte contratual, nascem do consentimento das partes. A violação de um


direito legal e estatutário acarreta sanções diferentes, legal = anulação; estatutária =
anulabilidade;

DIREITOS INDIVIDUAIS E DIREITOS ESPECIAIS

Direito individual - estes direitos dependem única e exclusivamente da qualidade dos


sócios.

Direito especial - direito que visa favorecer um certo número de sócios (tem que se
encontrar expressamente previsto no contrato de sociedade, ao abrigo do artigo 24º CSC).

Nas Sociedades Anónimas (doravante SA) não é permitido a concessão de direitos especiais
com conteúdo administrativo, só é permitido se se tratar de direitos de natureza patrimonial,
fora os casos expressos na lei.

Quanto aos direitos especiais:

porque são especiais, significa uns sócios são favorecidos em relação a outros, se é previsto
na formação do contrato da sociedade não levanta problemas, se for criado já na vida da
sociedade, é necessário a alteração do contrato.

Para a extinção de direitos especiais, é necessário a alteração do contrato da sociedade e o


consentimento do sócio. As questões relacionadas com os direitos especiais são decididas em
Assembleia Especial de Categoria, aqui reúnem-se os titulares das ações do mesmo tipo, da
.

Temos que ter em conta um dos princípios basilares do direito comercial, o princípio da
paridade de tratamento, ou seja, apesar dos direitos especiais favorecerem certos sócios em
relação a outros, há igualdade de acesso de direitos especiais (exemplo: sorteio)

Dentro dos direitos individuais:


Os direitos patrimoniais podem ser
avaliados pecuniariamente, têm conteúdo
Direitos administrativos/políticos patrimonial (ex: direito ao lucro), enquanto
que os administrativos visam exprimir
controlo sob a vida sociedade (ex: direito à
Direitos patrimoniais informação). O direito de subscrição
preferente de aumento do capital é de
natureza mista (componente administrativa e
patrimonial).

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Distinção da dimensão abstrata e da dimensão concreta dos direitos:

- A dimensão concreta dos direitos refere-se a cada um dos exercícios individuais desse
direito (aplicação do direito no caso concreto) mediante justificação pode ser afastada.

- A dimensão abstrata não se pretende com nenhum caso concreto, mas sim de toda e
qualquer possibilidade de exercíciodesse direito no futuro (irrenunciável e irrevogável)
Exemplo: num contrato de sociedade define-se que nenhum dos sócios tem direito a voto. Isto
é impossível, na medida em que a dimensão abstrata do direito de voto é irrevogável.

DIREITOS SOCIAIS E DIREITOS EXTRACORPORATIVOS:

Direito social é um direito que é titulado por um sócio e exercido no contexto da sociedade,
ou seja,

O direito na sociedade tal como o direito social, nasce da


qualidade de sócio, mas a partir de determinado momento autonomiza-se da esfera social. Ex:
direito ao lucro (o sócio tem direito ao lucro, mas a partir do momento em que é estipulado
em Assembleia Geralo direito dos sócios ao lucro da sociedade, estes passam a ser credores da
sociedade podendo até ceder o seu lucro a terceiros).

Art.º 21º CSC: Direitos dos sócios - preceito mais negativo do que positivo, transmite a ideia
que só há 4 direitos, apesar de ser mentira, encontramos vários direitos nos restantes artigos
do código. A única relevância deste artigo é a ordem estabelecida dos direitos que vai ser a
mesma ordem que vamos seguir no estudoda cadeira.

29/09/2017

Direito ao Lucro
- Por excelência é um direito patrimonial, sempre que pensamos em direitos especiais
pensamos no direito ao lucro;

- Direito extracorporativo;

- Tem características particulares.

- Quando falamos em lucro, podemos falar de conceitos diferentes, mas para esta cadeira
será fundamental dois conceitos em concreto:

Lucro de exercício traduz-se no resultado de descontar o ativo ao passivo


durante um determinado período de atividade social, normalmente, um ano.
Lucro distribuível corresponde a uma parcela do lucro de exercício. Este lucro
é distribuível aos sócios se assim for decidido em Assembleia Geral (31º).

Entre estes dois lucros de uma sociedade, a sociedade tem que proceder a diversas
operações:

- tem que ter primeiro em conta os prejuízos transitados;

- em segundo lugar temos que ter em conta o cumprimento da reserva legal (no
mínimo 5%);

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- em terceiro lugar o cumprimento das reservas estatutárias, se estas existirem;

Por vezes, na constituição de uma sociedade a reserva legal já pode estar cumprida através
de ágios/prémios de emissão/emissão acima do pacto.

A reserva legal só pode ser usada para:

Incorporar o capital;
Cobrir prejuízos;

217º ou 294º: 1 -Salvo diferente cláusula contratual ou deliberação tomada por maioria
de três quartos dos votos correspondentes ao capital social em assembleia geral para o efeito
convocada, não pode deixar de ser distribuído aos sócios metade do lucro do exercício que, nos
termos desta lei, seja distribuível. - estamos a por em causa a principal razão de alguém
participar a sociedade o lucro.

Em termos do direito do lucro, há um artigo fundamental, 31º/1, que explicita que em


regra não pode haver distribuição de lucros/bens aos sócios sem deliberação dos sócios.

A partir do momento em que há deliberação forma-se o direito extracorporativo (direito


de lucro), cujo o prazo para ser satisfeito é de 30 dias quer para as Sociedades Anónimas
(doravante SA) e para as Sociedades por Quotas (doravante SQ), e só em condições
excecionais o prazo pode ser alargado para 90 dias (60+30).

A sociedade, em regra tem então 30 dias para pagar, do ponto de vista do professor,
decorrendo os 30 dias não é preciso fazer nenhuma interpelação para a sociedade entrar em
mora, visto nos encontrarmos perante uma obrigação de prazo certo. Raul Ventura tem uma
posição diferente, advogando que para a sociedade entrar em mora é necessária a
interpelação.

Quer para as SA e as SQ, o sócio em causa tem que dar o consentimento, é um direito
extracorporativo, logo não basta o consentimento da sociedade. A sociedade tem que
deliberar nas Sociedades por Quotas a deliberação cabe aos sócios e nas Sociedades
Anónimas a maioria da doutrina entende que a deliberação cabe ao Conselho da
Administração, além da decisão da sociedade, o sócio tem que dar, também, o
consentimento.

Conclusão: A regra é que a sociedade tem 30 dias para pagar, no entanto tem exceções:

1). Perante situações excecionais é possível adiar o pagamento por mais 60 dias (órgão que
difere entre as duas sociedades, Conselho de Administração nas SA art.294º CSC; na SQ
Assembleia Geral);

2) A segunda exceção está no art.31º e ss CSC que acontece quando não está verificado o
princípio da intangibilidade.

O que também se discute se a ata da AG é ou não título executivo, durante muito tempo
entendeu-se que esta era, simplificando-se a tarefa, acontece com o art.703ºCPC deixou de
considerar este título como título executivo isto faz com que a posição do sócio esteja
fragilizada.

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Se distribuirmos mais de metade dos lucros o quórum deliberativo é, supletivamente,
50%+1, no caso de quererem distribuir menos de metade do lucro de exercício, ou seja,
menos do que está estabelecido na lei, o quórum deliberativo necessário é ¾, pois não se
cumpre a principal finalidade da participação social: a distribuição do lucro.

Se a proposta de Administração for de distribuir menos de 50% de lucro é necessário, além


de ¾ de quórum deliberativo, na convocatória é necessário a referência expressa da vontade
de distribuir menos de 50% do lucro, se não referir trata-se de uma invalidade de deliberação.

297º - Adiantamentos sobre lucros no decurso do -trata-se de uma situação


excecional, que exige determinados requisitos: como a autorização de pacto social, a decisão
do Conselho de Administração, o consentimento do órgão de fiscalização, um balanço
intercalar para saber se a distribuição sempre será possível e o máximo que se pode distribuir
é metade, entre outros explícitos no artigo.

Este artigo pode ser aplicado nas Sociedades por Quotas por analogia?

A maioria da doutrina (praticamente a totalidade), afirma que se pode aplicar este artigo
às Sociedades por Quotas em analogia, na medida em que se trata de uma lacuna logo é
suprida por analogia.

O professor não concorda com a maioria da doutrina porque:

1. Para se recorrer à analogia tem de haver uma lacuna, que na opinião do


professor acha que não se trata de uma lacuna, o legislador ao não legislar este caso
especifico para as Sociedades por Quotas não significa que se trate de uma lacuna;
2. As normas excecionais não são suscetíveis de aplicação analógica e esta é uma
norma excecional porque o 31º/1 afirma que a distribuição do lucro depende da
deliberação de Assembleia Geral, logo é uma regra excecional ao regime regra;
3. A aplicação às Sociedades por Quotas não faz sentido, na medida em que o 31º
exige o consentimento do órgão de fiscalização que é um órgão que não há sempre
nas Sociedades por Quotas, logo este artigo não é compatível com a estrutura das
Sociedades por Quotas.
Há quatro tipos de reservas:

Reservas legais;
Reservas Estatutárias: reservas que dependem do regime estabelecido nos
estatutos;
Reservas Livres: reservas que não são impostas nem por lei nem por estatutos,
têm origem na vontade dos sócios. Têm um regime livre.
Reservas Ocultas: é uma parcela de património de uma sociedade, mas não
resulta da análise dos documentos financeiros da sociedade. Ex: valorização de
um imóvel
Princípio da intangibilidade do capital: art.º 32 nenhuma distribuição de lucros ou
reservas legais podem afetar o capital líquido da sociedade. Se a distribuição dos lucros afetar

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o capital líquido de uma sociedade, ao abrigo do art.º 34 os sócios têm de devolver os lucros,
salvo se estiverem de boa-fé, cabendo à sociedade e aos seus credores (os interessados) o
ónus da prova da má-fé dos sócios.
22º articipação nos lucros :tem um critério geral de distribuição de acordo
com a respetiva participação social. Nº3
esteja no contrato de sociedade quer acordo parasocial é nos termos deste artigo sempre nula
quando afastar a possibilidade de um sócio participar num lucro ou numa cláusula em que não
tenha este conteúdo, mas no final venha a dizer o mesmo indiretamente. Nº4 também é nula
quando a distribuição de perdas é dada ao critério de terceiro.
Caso Prático nº 1: Direito dos lucros
a) O caso é, praticamente, irresolúvel:
1- Não é correto dizer que o valor do capital social é igual à soma das entradas, o
capital é a soma do valor nominal das participações sociais.
Mas se nada dizer presumimos que o valor do capital social equivale à soma das
entradas.
Capital Social: 100.000 e o Lucro de Exercício de 100.000.
2- Quando no caso prático referem-

especial de quê?

concreto. Esta realidade torna o contrato de sociedade ambíguo podendo levar a


litígios futuros.
3-

(o professor realizou os cálculos recorrendo sempre ao valor inicial do lucro de


exercício, ou seja, recorreu sempre aos 100.000 para calcular a reserva legal, a reserva
estatutária e os direitos especiais de lucro)
100.000
5.000 Reserva Legal
95.000
10.000 Reserva Estatutária
85.000
10.000 Direito especial
75.000
Art.º 24/4: Os direitos especiais nas SA são atribuídos às ações. Portanto, a priori D e E
terão 5.000 euros de lucro cada derivado do direito especial atribuído às suas ações.
E agora?
341º: ações preferenciais de voto o sócio, neste caso, C, não tem direito a voto mas
tem um privilegio em termos de lucro, normalmente os sócios atribuem estas ações a
novos sócios sem perderem o poder de administração da Sociedade.

341º/6 e 386º/5: o sócio com ações preferenciais de voto, não contam para o quórum,
por maioria de

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três quartos dos votos correspondentes ao capital social em assembleia geral para o
efeito convocada ferir ao capital social votante (só conta quem pode votar).
Portanto, 75.000-
Até agora concluímos, que D e E têm 5000
A proposta de distribuição de lucro foi aceite, na medida em que C não conta para
efeitos de deliberações, logo a maioria exigida no art.º 294/1 está preenchida, logo:
74.800 x 0.4 e depois temos que dividir por quatro (A, B, D, E)
b) Pode adiar durante 60 dias, desde que as circunstâncias assim o exijam, nas
sociedades anónimas art.294º CSC. Já nas sociedades por quotas esta possibilidade
também é possível, mas não pela administração, mas sim pela gerência. Para impedir é
possível nos casos do art.31º quando seja necessário, tanto para as sociedades por
quotas e anónimas, se houver.
Para além de requer o impedimento da distribuição de lucros deve ser querida
inquérito à sociedade art.31º/2 e nº3 CSC.
c) A Administração pode deliberar em relação à distribuição antecipada de lucros ao
abrigo do art.º 297, no caso de se tratar de uma Sociedade por Quotas a maioria da
doutrina, afirma que também se pode deliberar sobre a distribuição antecipada dos
lucros aplicando por analogia o 297º, o professor rejeita esta hipótese como
anteriormente foi referido.
2º parte:
- Aumentar a obrigação de reserva legal para 50% do capital:
294º+295º/1 parte final: este artigo permite esta alteração do contrato.
- Eliminar o direito especial ao lucro de D e E:
Temos sempre dois momentos:
É necessário o consentimento de D e E dado na Assembleia Especial de
Categoria.
É necessário, também, a alteração do contrato em Assembleia Geral.
Mas pode haver consentimento expresso e tácito, por exemplo, eles podiam
estar presentes em Assembleia Geral e votar a favor.
O consentimento dos sócios pode ser dado antes ou depois da alteração de
contrato em Assembleia Geral.
Se os sócios não derem o seu consentimento, a deliberação é ineficaz (é valida,
mas não produz efeitos 55º)
- Prever um novo direito especial ao lucro que apenas beneficiaria as ações de A e
B.
Exige a alteração do contrato de sociedade;
Mas o mais importante aqui é respeitar o princípio de paridade/igualdade de
tratamento entre os sócios, este principio não obriga que todos os sócios sejam
tratados da mesma maneira, tem que se garantir que todos têm igual acesso a essas
ações (ex: através de candidaturas).

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Pode-se por em causa este princípio se os sócios prejudicados votarem a favor do
direito.

Todas estas propostas levam à alteração do contrato, logo exigem um quórum de


1/3 de capital votante (C não conta) 383º e um quórum deliberativo de 2/3 dos
votos emitidos. Sendo que A e B foram os únicos presentes e votaram favor, os dois
quóruns estão preenchidos, logo a alteração do contrato foi aprovada.
Conclusão:
- A primeira alteração (aumentar a obrigação de reserva legal para 50% do
capital) foi aprovada, quanto à segunda alteração (eliminar o direito especial ao
lucro de D e E) o contrato de sociedade foi alterado, mas é necessário o
consentimento de D e E) e, por fim, quanto à terceira alteração (prever um novo
direito especial ao lucro que apenas beneficiaria as ações de A e B) a não ser que se
prove que o princípio da paridade de tratamento está a ser respeitado, a alteração
é anulável (a lei não prevê esta realidade, mas consideramos a alteração anulável
por analogia ao regime das deliberações abusivas)
06/10/2017
Após falarmos do direito ao lucro, vamos concentrarmo-nos, seguindo a ordem
do 21º CSC no:

Direito a participar nas deliberações dos sócios, sem prejuízo de exceções


previstas na lei
Este direito embarca um conjunto de direitos: o direito a pedir a convocação da
Assembleia Geral, o direito de participaçãonas deliberações dos sócios: estar
presente na AG e o direito de intervir nesta, claro, o direito de solicitar informações
em AG, o direito de voto e se quiséssemos ser rigorosos, o direito de impugnar
decisões que resultam da AG

1. Direito a requerer a convocação da AG ou direito a requerer novos assuntos


na ordem do dia da Assembleia Geral já convocada;

No caso das Sociedades Anónimaseste direito encontra-se previsto no 375º/2


e 378º.
375º/2: 2 A assembleia geral deve ser convocada quando o requererem um ou
mais acionistas que possuam ações correspondentes a, pelo menos, 5% do capital
- trata-se de um direito de minoria, pode ser exercido sozinho ou em
conjunto com os sócios, no entanto isto aplica-se às sociedades sujeitas ao
regime do Código das Sociedades Comerciais, no caso das Sociedades
Abertas(com ações cotadas na bolsa) exige-se, segundo o 23º a) do Código dos
Valores Mobiliários, que as ações correspondam a 2% do capital social para a
convocação da AG.
Este direito é praticamente potestativo:ou seja,em princípio não é admissível
à apreciação do Presidente da Mesa, ou seja, ele não tem competência para
avaliar o mérito do pedido, em bom rigor, o Presidente da Mesa só (375º/6) pode
recusar o pedido, justificando por escrito por 3 motivos:

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o falta de pressupostos formais, este motivo não está na lei, mas não
precisa de estar porque se trata de um princípio geral de direito;

o quando o direito estiver a ser exercido abusivamente, ou seja,


quando achar que está em causa o abuso do direito, o abuso tem de
ser manifesto, não pode haver margem para dúvidas (ex1: accionista
pede pela décima vez para discutir o assunto em Assembleia Geral,
esta já se tinha pronunciado, aliás o assunto foi discutido nas três
últimas assembleias, estamos claramente perante um
comportamento abusivo (chicana);ex2: alguns sócios queriam
destituir um administrador, o fundamento que apresentaram no
requerimento era que o administrador tinha entrado na FNAC e tinha
tido uma altercação com uma das funcionárias, este nunca seria um
fundamento para destituir um administrador, o único objetivo era
denegrir a sua imagem;

o a terceira hipótese está dentro da primeira (375º/3), o sócio quando


faz o requerimento para convocar a assembleia, ele não tem que
justificar o motivo, ou seja, não tem que explicar porque acha que
aquele tema tem de ser discutido, no entanto o sócio tem que
fundamentar porque é que é preciso convocar uma nova Assembleia
Geral, ou seja, tem que fundamentar que a importância do assunto é
tal que não há tempo para esperar por uma Assembleia Geral normal
é necessárioconvocar já uma Assembleia Geral para discutir o
assunto. Trata-se de uma situação diferente da expressa no 378º
neste caso, trata-se de
uma situação em que se apresenta um requerimento ao Presidente
da Mesa para se colocar o assunto na ordem do dia, não se apresenta
um requerimento para convocar já uma Assembleia Geral para
discutir o assunto.

375º/2 e 378º: o pedido se for rejeitado há possibilidade de requerer


judicialmente a convocação da Assembleia Geral: 1057º CPC- é um processo
especial. Este processo permite também que o tribunal designe um novo
Presidente de Mesa para dirigir aquela AG.
No caso das Sociedades por Quotas: não há nenhum artigo especifico, logo vale
remissão para as Sociedades Anónimas. Duas diferenças:
(1) não é preciso nenhuma quota minoritária como é exigido no 375º/2;
(2)nas SA há sempre um Presidente da Mesa nas Assembleias Gerais, nas
Sociedades por Quotas, esse órgão não existe, quem assume o papel de receber
o requerimento e dar continuidade ao processo é um dos gerentes-248º

2. Direito de assistir à Assembleia Geral


Normalmente não depende do direito de voto,o que não significa que o
accionista não tenha direito de voto e, não obstante tenha direito de estar
presente- 379º/2 Sociedades Anónimas

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O mesmo artigo permite concluir que apesar este ser o ponto de partida,
esse direito pode ser afastado pelo contrato social, nas Sociedades por Quotasa
única diferença é que o sócio quotista nunca pode ser afastado-248º/5.
É também necessário saber se é uma Sociedade Anónima Aberta, logo se
está sujeita ao Código dos Valores Mobiliários, enquanto que uma Sociedade
Anónima está sujeita ao regime do CSC logo ao abrigo do379º/2, está assegurado
o direito de estar presente na AG, no caso das Abertas o direito a participar na
AG tem de o declarar ao Presidente de Mesa pelo menos 5 dias antes da
realização do Assembleia 23º-C do Código dos Valores Mobiliários
Dentro deste esta o direito podemos falar do Direito de se fazer representar
na Assembleia:
Sociedades Anónimas: 380º- é um direito irrenunciável- exercido através da
Carta Mandadeira explicita as instruções como é que essa representação deve
ser exercida. Não há qualquer limitação, posso me fazer representar por quem
quer que seja, desde que se passe a Carta.
Aqui é um mandato por representação art.1161º e ss CC e o principal problema é
saber se o representante pode afastar-se das decisões/instruções do
representado. A lei permite afastar-se se tiver acesso a informações que o
representado não tinha e que poderia fazer com que mudasse o seu
entendimento se tivesse tido acesso; se isso não acontecer temos um abuso de
direito art.268 e 269º CC, o ato seria ineficaz perante terceiros, desde que a
sociedade conhecesse do abuso.
Sociedades por Quotas:249/5: este artigo apresenta a lista dos representantes
possíveis. Um advogado pode me fazer representar? Quem olhar para o Código,
diz que não, mas o Estatuto da Ordem dos Advogados diz que é possível, o
professor está inclinado para que seja possível, isto é importante porque a
validade da deliberação está em causa. O contrato pode permitir outras pessoas.
Na procuração basta uma carta dirigida ao presidente da mesa, se for uma
deliberação normal basta uma carta normal; mas se for outro tipo de deliberação
tem de ter poderes especiais

3. Direito de intervir na AG
Normalmente o direito de assistência e intervenção estão associados, logo a
priori têm o mesmo regime, mas não é obrigatório que seja assim, pode haver
situações em que se permite a assistência, mas afasta-se a intervenção.
Nas Sociedades Anónimasnão há nenhum imperativo lógico que imponha o
contrário e se analisarmos o 379º/6 parece admitir hipóteses em que é permitido
deixar assistir, mas não deixar intervir -se
tervenção. Nas
Sociedades por Quotasnão é possível afastar este direito segundo 248º/5.

4. Direito de voto
Qual a forma do voto? Há total liberdade, pode ser definida no contrato, pelo
presidente ou por deliberação dos sócios art.384º nº8 CSC, o voto pode ser

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mas tem de ser igual para todos, não podemos mudar a meio o processo.
As regras gerais:
o Nas Sociedades Anónimas os sócios têm tantos votos quantas ações
tiverem, cada ação dá um voto(este regime é supletivo, pode ser
revogado), nas Sociedades por Quotas tenho tantos votos como
cêntimos tiver a minha quota.
Alterações de Regime:
o Nas Sociedades Anónimasé proibido o voto plural (o voto plural
abrange várias formas: duplo, udo isto é proibido) -384º/5,
nas Sociedades por Quotasé permitido apenas o voto duplo e esse
não pode representar mais que 20% do capital, ou seja, esses 20%
podem passar 40%. Esta limitação serve para impedir que o voto
duplo por si só permita o controlo da sociedade. 250º/2

384º/2 a) e b) Há duas hipóteses de exceção da regra geral das Sociedades


Anónimas:
Primeira Limitação: A alínea a) permite elevar o mínimo exigido para poder
votar, isto não equivale a uma expropriação do direito de voto, porque o sócio
pode agrupar-se a outro tendo assim a percentagem exigida para exercer o
direito a voto. Esta limitação torna a Assembleia mais exequível, mais uma vez,
nas grandes sociedades que tenham milhares de acionistascada vez que se
realiza uma AG, se todos pudessem ir a AG não seria exequível pode colocar-se
nos estatutos uma limitação, exige-se / revoga-se a regra geral de cada ação um
voto, no entanto há um limite que resulta da lei (o máximo do sacrifício que

limitar o direito ao voto apenas, logo o que o legislador devia ter feito era limitar
o direito de participação e não o direito a voto, em bom rigor, deve estar
estabelecido no contrato de sociedade que quem não tivesse o direito a voto,
não terá o direito a participar, em Espanha isto está assegurado.

Segunda Limitação: é o que se chama de Defesa anti-OPA (Oferta Pública de


Aquisição). Exemplo: se quisermos todos constituir uma sociedade, o professor
fica com 30% e o resto é dividido por todos os alunos. Será que o professor
consegue dominar a sociedade? Depende, normalmente sim pois o restante dos
titulares de direito ao voto nunca/dificilmente se unem de forma a obter uma
posição dominante, exceto no caso de as ações concentrarem-se gradualmente
na mesma pessoa. Para prevenir isso podemos incluir uma cláusula que diga que
se estas ações estiverem em pessoas distintas vale a regra de por cada ação um
voto, mas se algum dia estas ações ficam concentrados diretamente ou por
representação no poder da mesma pessoa, esses votos estão limitados
(EXEMPLO: podem mesmo juntos apenas valer até 40% e não o valor que
individualmente distribuídas por vários titulares têm, se assim ficar expresso no
contrato de sociedade) É UMA DEFESA ANTI-OPA
Críticas:

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1- A lei proíbe o voto duplo, no entanto permite esta opção que leva ao
mesmo resultado
2- Se se tratar de várias sociedades esta cláusula já não se aplica, mas as
várias sociedades que aparentemente não têm nenhuma ligação podem ter um
acordo parassocial (não é necessário ser do conhecimento do Mercado, mas nos
casos das sociedades abertas é necessário ser conhecido em Mercado, segundo o
Código dos Valores Mobiliários).

Situações de Impedimento de Voto:


1º O sócio que esteja em mora na obrigação da entrada-384º/6, apesar de ser
um artigo que está no regime legal das SA, aplica-se às sociedades por quotas.
2º Situação de conflito de interesses 251º e 384º/6. Há UMA diferença
sensível nos dois preceitos, ambos têm alíneas, mas o elenco da sociedade
anónimaé taxativo, ou seja, ou a situação enquadra-se numa das hipóteses
apresentadas ou não se trata de uma situação de conflito, nas sociedades por
quotas o artigo é uma cláusula geral, pode haver em abstrato outro motivo que
subsista uma situação de conflito de interesses e que impeça o sócio de votar.
3ºAções preferências sem voto: 341º
4ºAções próprias e quotas próprias: enquanto a ação ou quota estiver na
própria sociedade estão suspensos todos os direitos, 220º e 324º/1 al a).
5ºSituação de participações reciprocas, simples e qualificadas: a primeira
sociedade é titular do capital de uma segunda, esta última é titular do capital da
segunda: 485º/3 e 325º-B/1.

A lei acabou com esta distinção, no entanto esta distinção é essencial para
percebermos o regime das deliberações nas sociedades:
Assembleia Extraordinária: implica uma alteração do contrato, requer um
regime mais exigente;

Assembleia Ordinária: assembleias em que não esta em causa nenhuma


matéria que exija um regime mais rigoroso.

Sociedade Anónima

1) AssembleiaOrdinária: não há quórum constitutivo eo quórum deliberativo é


sempre a maioria absoluta simples- 50%+1 (igual para as Sociedades por
Quotas e para as Anónimas)

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2) Assembleia Extraordinária:
A 1ª convocatória e 2ª convocatória são diferentes de 1ª data e 2ª data, na
medida em que a 1ª convocatória já pode abranger as duas datas.
Se o quórum constitutivo não tiver preenchido na 1ª data passasse para 2ª data.

Sociedades Quórum Quórum Quórum Deliberativo


Anónimas Constitutivo Deliberativo Facultativo
383º 386º

1ª Data 1/3 do capital 2/3 dos votos


emitidos
Não há, temos que 386º/4: este quórum só
ter pelo menos um funciona em 2ª data- o
sócio para objetivo do legislador foi
2ª Data conseguirmos que 2/3 dos votos aumentar a exigência do
emitidos quórum constitutivo (50% do
haja uma
capital) diminuído a exigência
deliberação, mas a do quórum deliberativo
lei não exige (50%+1 dos votos emitidos)
nenhum mínimo.

Situações que não estão previstas na lei:


1º: quando a lei se refere a capital social total quer dizer capital social votante, ou
seja, quem se encontre numa situação em que não tenha o direito de voto, não conta
para efeitos de quórum.
2º: tudo o que não seja voto a favor ou contra não contam, ou seja, as abstenções
não contam para efeito dos votos emitidos;
3º: se a proposta for rejeitada temos na mesma uma deliberação, uma deliberação
de rejeição da proposta, mas é uma deliberação por isso mesmo pode ser impugnada
como qualquer outra deliberação, não é possível passar para uma 2ª data, pois a
deliberação já ocorreu;
4º: imaginemos que estamos em 1ª data e o quórum constitutivo encontra-se
preenchido, no entanto antes da votação 20% do capital levanta-se e vai-se embora,
passando o capital a ser inferior ao exigido por lei, poderá haver deliberação? A
doutrina encontra-se dividida, mas segundo o professor a deliberação deve ser
suspensa pelo Presidente da mesa, na medida em que o quórum constitutivo não é só
um requisito de constituição da assembleia, como também é um requisito de
capacidade de deliberação da Assembleia Geral. Segundo o professor, (1) eles não são
obrigados a estarem presentes na Assembleia Geral e (2) em 2ª data não se exige

13
quórum constitutivo, portanto o legislador preveniu um mecanismo para proibir a
paralisação da sociedade por esses sócios.
O art.383º/2 2 - Para que a assembleia geral possa deliberar, em primeira
convocação, sobre a alteração do contrato de sociedade, fusão, cisão, transformação,
dissolução da sociedade ou outros assuntos para os quais a lei exija maioria qualificada,
sem a especificar, devem estar presentes ou representados acionistas que detenham,
pelo menos, ações correspondentes a um terço do capital social. -se este quórum não
estiver preenchido tal não significa que não se possa continuar a deliberar sobre
assuntos normais;

5º: Todos estes quóruns são supletivos, logo são suscetíveis de serem alterados:
383º/1: O quórum constitutivo da Assembleia Ordinária é 0 podendo ser
aumentado, mas só até ao quórum constitutivo da Assembleia
Extraordinária, ou seja, só até 1/3 do capital social;
383º/2: O quórum constitutivo da Assembleia Extraordinária em 1ªdata
pode ser aumentado até ao máximo (exigir a presença de todo o capital
social), no entanto a regra referente ao quórum constitutivo na segunda
data é imperativa de forma a garantir que a sociedade possa tomar decisões
e não seja paralisada, logo é imperativo que não haja quórum constitutivo
na 2ª data da Assembleia Extraordinária;
386º: o quórum deliberativo supletivo numa Assembleia Ordinária não pode
ser diminuído art.386º/2- mas pode ser aumentado para 2/3 dos votos
emitidos, ou seja, pode ser aumentado até ao quórum deliberativo da
Assembleia Extraordinária, quanto ao quórum deliberativo da Assembleia
Extraordinária este último não pode ser alterado.

Sociedade por Quotas


1) Assembleia Ordinária: os quóruns para assembleia ordinária são os mesmos
que os para as Sociedades Anónimas-não há quórum constitutivo e o quórum
deliberativo é sempre a maioria absoluta simples- 50%+1

2) Assembleia Extraordinária: 1 - As deliberações de alteração do


contrato só podem ser tomadas por maioria de três quartos dos votos
correspondentes ao capital social ou por número ainda mais elevado de votos
exigido pelo contrato de sociedade

quórum deliberativo especial trata-se de ¾ do capital: sempre que que o quórum


deliberativo se refere ao capital, trata-se de um quórum deliberativo misto, porque
também e quórum constitutivo.

14
Voto por Correspondência- 384º/9: e hoje em dia qualquer contrato de uma
Sociedade Anónima, que seja feito de novo, tem que ter algo a referir-se ao voto de
correspondência:
- diz que não é permitido ou;
- que é permitido por duas vias:

a alínea a) do 384º/9 refere-se aos votos emitidos antes da assembleia:


esta via levanta um problema - nada impede que a proposta seja
alterada na assembleia, a lei diz que sempre que isso aconteça, ou seja,
sempre que a proposta apresentada em Assembleia Geral sofra
alteração, o voto por correspondência vale um não mesmo que o voto
seja a favor da proposta inicial (o professor considera que isto é uma
adulteração do voto);
a alínea b) do 384º/9refere-seaosvotos emitidos após assembleia.
Vantagem: já não se vota mediante uma proposta de proposta, mas sim
uma proposta verdadeira. Desvantagem: em vez do que acontece
normalmente temos que esperar que o voto chegue por
correspondência para saber se a proposta foi aprovada ou não.

Art.384º nº10 CSC: se os estatutos não disserem a forma do voto por


correspondência aplica-se o art.384º nº9 alínea a) CSC.

Numa Sociedade Anónima Normal pode-se escolher se pode ou não haver voto
por correspondência, nas Sociedades Abertas se o contrato não disser nada é
permitido o voto por correspondência logo que expresso, mas o contrato pode
afastar o voto de correspondência com exceção de duas matérias que nunca podem
afastar esta modalidade de voto: alteração do contrato ou eleição para os órgãos
sociais art.º 22 do Código de Valores Mobiliários
Qual é a relação entre o voto por correspondência e o quórum constitutivo?
- Quando o voto é emitido antes: conta para o quórum constitutivo
- Quando o voto é emitido depois: não pode contar para o quórum constitutivo
Isto resulta de uma recomendação da CMVM em relação ao voto de
correspondência:
- Critica o Código das Sociedades Comerciais, na medida em que o voto de
correspondência antes da assembleia não devia valer como negativo, mas como não
voto ou abstenção, nos casos em que a proposta seja alterada na Assembleia Geral.
- Um sócio vota por correspondência antes da AG, e resolve aparecer na AG e
quer votar? O que fazemos? Que voto é que conta? Aquela recomendação da
CMVM diz que se decide lá ir lá fisicamente o voto por correspondência fica
anulado, o Professor não concorda este diz que não devemos ir tão longe se ele
quiser votar na AG o voto deve prevalecer sobre o voto por correspondência, no
caso de ele ir e não voltar a votar não é motivo para anulação do seu voto de
correspondência pois este apenas está lá a assistir.

15
09/10/2017
A semana passada falamos sobre quóruns, o que falta dar é a panorâmica global. Na lei
societária há varias quóruns deliberativos e é preciso saber como funcionam e quando são
usados:
A. Maioria relativa ganha a proposta que tenha a maioria dos votos mesmo com maioria
relativa, exemplo disso é a designação ou eleição dos corpos sociais art.386º nº2 CSC.
B. Maioria absoluta simples 50% mais 1 o mais usual, utilizado nas deliberações comuns,
ordinárias.
C. Maioria absoluta simples, mas a proposta só se considera aprovada se não tiver sido votado
contra uma determinada % prevista na lei art.74º nº2 (verifica-se no caso de renúncia à
responsabilidade civil direito da sociedade contra os administradores, 50% + 1, mas não pode
haver voto contrário de uma minoria de pelo menos 10% de capital; a figura desta limitação
está relacionada com o direito de minoria); 403º nº2
D. Maioria dos votos qualificados dos votos admitidos no caso de alteração dos estatutos da
SA são precisos 2/3 dos votos emitidos
E. Maioria qualificada de uma % do capital social alteração do contrato nas sociedades por
quotas art.265º CSC
F. Maioria absoluta simples com o consentimento dos prejudicados eliminação dos direitos
especiais art.24, 86º nº2 e existe um entendimento doutrinal que existe esta minoria sempre
que esteja em causa a violação do princípio da paridade de tratamento
G. Unanimidade apesar de serem raros os casos art.37º nº2 (deliberações antes do registo),
assembleias universais, deliberações unânimes por escrito art.54º e sempre que queiramos
atribuir eficácia retroativa à alteração do contrato art.86º nº1 CSC.

Caso Prático: Direito a Participar nas Deliberações dos Sócios


I
a)
Primeiro, temos que verificar se o gerente tem competência para convocar uma
Assembleia Geral, a competência é do gerente ao abrigo do 248º/3.
Depois o titular da quota, que neste caso era de 4% do capital, tem o direito do pedido
de convocação da assembleia independentemente da sua participação social porque se
trata de uma Sociedade por Quotas - 248º/2. Se o sócio não apresentar
fundamentação para a necessidade de convocar uma assembleia extraordinária, o
gerente pode recusar o pedido, se por contrário, não apresentar fundamentação do
mérito do pedido, como parece o caso, o gerente não tem razão para rejeitar o pedido,
pois este não tem capacidade para julgar o mérito do pedido (375º).
b)
Se o caso se referisse a uma Sociedade Anónima e não a uma Sociedade por Quotas, o
pedido teria que se dirigir ao Presidente de Mesa e não ao gerente segundo o 377º/1.

16
Além disso, o sócio para ter direito a pedir a convocação da Assembleia Geral precisa
de 5% de capital social ao abrigo do 375º/2, o que não é o caso porque o sócio só
detém 4% do capital da sociedade, logo o Presidente da Mesa perante a falta de um
requisito formal, podia rejeitar o pedido. Para o sócio ter direito a pedir a convocação
da AG seria necessário juntar-se a outros sócios de forma a juntos, terem 5% ou mais
do capital da sociedade.
Se se tratasse de uma sociedade anónima aberta bastaria ter 2% do capital social,
logo neste caso concreto o sócio teria o direito a requerer a Assembleia Geral e o PM
não poderia recusar 23º a) CVM.
II
a) 1ª Hipótese: mesmo que chegássemos à conclusão que o quórum
constitutivo em 1ª data não estava preenchido, pois segundo o 383º, exige-
se 1/3 do capital votante, se estivermos em 2ª data o legislador não exige
quórum constitutivo, logo poderíamos considerar que o quórum constitutivo
estava preenchido. Quanto ao o quórum deliberativo é igual nas duas datas e
está preenchido- 2/3 dos votos emitidos segundo o 383º/2 e o 386º/3 (A e D
votam a favor, portanto a proposta foi aprovada por unanimidade na medida
em que só A estava presente e votou a favor e D, por sua vez, também votou
a favor através do voto por correspondência). A proposta foi aprovada por
unanimidade.
2ª Hipótese: o quórum constitutivo está verificado quer se trate de 1ª ou 2ª
data e quórum deliberativo também (383º e 386º). No entanto a proposta foi
alterada, logo o voto por correspondência de D vale como não, há deliberação,
mas a proposta é rejeitada. (384º/9al a)).
3ª Hipótese: em 1ª data o quórum constitutivo está preenchido, no entanto a
meio da assembleia saem 3 sócios, em termos de quórum constitutivo passamos
a ter só 20%, ou seja, o quórum constitutivo em 1ª data deixa de estar
preenchido, segundoo professor considera que o Presidente de Mesa deve
suspender a deliberação, porque o quórum constitutivo é também requisito de
capacidade deliberativa da assembleia. Em segunda data, a proposta é aprovada
porque não há nenhuma exigência de quórum constitutivo e há unanimidade.
b) O contrato pode afastar o voto por correspondência nas Sociedades
Anónimas só reguladas pelo CSC 384º/9, numa Sociedade Anónima Aberta
posso afastar, mas não neste caso concreto, porque se tratava de alteração
do contrato de sociedade. (art.º 22 CVM).

c) Art.º 23 do CSC remete para o CC (1466º e 1467º): o Código Civil esclarece


que quem vota é o usufrutuário, exceto em algumas matérias que os votos
têm de ser de ambos, porque são matérias que podem pôr em causa a
própria participação social: alteração do contrato da sociedade e dissolução
da sociedade. Nestes casos o voto tem que ser exercido por ambos, o voto é
só um, mas ambos têm que chegar a acordo sobre o sentido do voto.

d) Não pode, em primeira data é duvidoso porque pode haver 2ª data (o


professor não concorda com um aumento na 1ª data), quanto há 2ª data é
um quórum imperativo, na medida em que quando o quórum deliberativo

17
remete para o capital, refere-se a um quórum constitutivo como também
para um deliberativo e o legislador ao não exigir quórum constitutivo, trata-
se de uma regra imperativa, logo estas disposições não podiam ser
introduzidas nos estatutos.
III
Nas Sociedades por Quotas, o Presidente de Mesa é designado ad hoc, em cada
Assembleia Geral.
A regra é que cada sócio tem uma quota, no entanto é possível acontecer que
um sócio tenha duas, três ou quatro quotas nos casos em que há divisão de
quotas, quando se adquire a quota de outro sócio, ou também pode herdar outra
quota. Mas o ideal nestes casos é fazer união de quotas que a lei prevê. Há uma
remissão genérica do regime de deliberações das SA para as SQ 248º/1 385º-
principio da unidade de voto, seja qualquer a conduta que queira assumir tenho
que votar no mesmo sentido com todas as minhas quotas.
Quanto à representação, o sócio pode representar outro sócio ao abrigo do
249/5º, é feito através da Carta Mandadeira em que não é obrigatório que
esclareça o sentido do voto, mas neste caso a carta esclarece-o (o sócio, no
exercício da representação, pode votar numa direção diferente do voto referente
às suas quotas porque tratam-se de quotas de diferentes pessoas).
O Presidente da Mesa conhece o conteúdo da Carta Mandadeira, conhecendo
assim o sentido de voto, este pode desconsiderar o voto, ou seja, não o contar,
se eventualmente não rejeitaro voto, esta deliberação pode ser atacada por este
voto. A única forma de legitimar este voto - contempla esta hipótese 268º e
269ª CC que vai no sentido diferente da representação é se o representante
tiver conhecimento de certas informações essenciais que o representado não
tem, mas que se tivesse alteraria o sentido do seu voto (teria de se levar isto a
tribunal). Quanto ao voto triplo, não pode haver voto triplo pelo 250/2º, nas
sociedades por quotas é permitido o voto plural, mas duplo, não triplo.

Tipos de deliberações

1. Deliberação tomada em Assembleia Geral regularmente convocada (o que estamos


a fazer)
2. Assembleias universais 54º: não há convocatória, mas estão todos os sócios
presentes e em acordo em discutir o assunto e formar a assembleia.
3. Deliberação unânime por escrito-que resulta também do 54º é uma deliberação
em que também não há assembleia, não há reunião, a proposta de deliberação
está num documento escrito que substitui a ata da assembleia e circula por todos
os sócios e quando o último assinar, a deliberação está tomada.
4. Deliberações por voto escrito reservada para as Sociedades por Quotas: primeiro
manda-se uma carta a todos os sócios se estão de acordo em votar por escrito,
passado alguns dias respondem que estão de acordo tendo de ser unânime, depois
vai outra carta para os sócios e os sócios têm de enviar uma carta à sociedade com
o seu voto. É um método não muito utilizado, pois não é um método prático.

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b) Para a deliberação unânime por escrito tem de ser uma procuração com poderes
especiais (tem de dizer qual a modalidade de deliberação), se a procuração não disser
nada só pode ser usada no tipo normal de assembleia geral, nos restantes casos tem de
ser uma procuração com poderes especiais art.54º nº3 e a contrário o art.249º nº2
se nada for dito ela só vale para uma Assembleia normal.

c) Não, porque numa situação destas estão suspensos todos os direitos art.220º nº4 CSC
exceto num caso (aumento do capital devido ao excesso reservas). Neste caso concreto
não havia direito de voto

d) O sócio em conflitos de interesses não tem direito a voto, mas o conflito de interesses
apenas se aplica a este direito de votar, logo tem direito claramente de intervir na
discussão anterior à votação, 248º/5, a sua intervenção não pode ser afastada, o direito
a participar é irrenunciável, já no caso de ser uma SA pode haver uma cláusula que
afasta esse sócio de votar.

Direito à informação
A notas principais e gerais:
Um bocadinho à semelhança do direito anterior é um direito em sentido amplo, tem 3
dimensões:
Informação em sentido strictu;
Direito a consultar determinados documentos internos da sociedade;
Direito de inspecionar os bens da sociedade;
Ao contrário do direito anterior previsto no 21º b) que só se refere aos termos da lei, o art.º 21
c) (direito à informação) refere-se aos termos da lei e ao contrato, se eu tivesse que abordar a
importância do contrato na regulamentação dos direitos é muito mais importante no direito à
informação do que no direito do 21º b)
Sociedade Anónima
Vamos referirmo-nos a cada uma das sociedades, nas Anónimas temos 4 modalidades cada
uma delas com um artigo próprio 288º, 289º, 290º, 291º (não há direito à inspeção dos bens
sociais nas Sociedades por Quotas só se o contrato o prever)
288º Direito Mínimo à Informação
Quanto à segunda palavra do artigo- é a primeira querela doutrinal, quem é
este accionista? O accionista que não tenha 1% sozinho não tem este direito, mas se se reunir
com outro sócio pode? Se puder tratar-se-ia de um direito de minoria senão puder é um
direito de natureza mista (o professor concorda com esta última posição argumento literal-,
que se trata de um direito de natureza mista,em que o sócio não se pode juntar com alguém
para exercer o direito, segundo o professor a lei indica este sentido, em principio parece que à
uma diferença lexical entre o 288º com o 291 º istas cujas ações atinjam 10% do
.
Se repararem a legitimidade está no accionista, mas se for alguém que seja sócio
administrador (este problema também se coloca no sócio/gerente nas SQ)? Seria quase um

19
negócio consigo mesmo, é claramente uma questão doutrinal com uma forte influência
jurisprudencial?

Tribunais de Comércio de Lisboa + Dr. Pinheiro Torres: defendem a conceção que não
parece à vista do professor a mais correta.
Alguns autores consideram que os sócios administradores/gerentes não têm legitimidade
porque eles devem ter a informação na qualidade de gerente não na qualidade de sócio, se
por ventura o gerente esteja impedido de ter acesso essas informações a corrente doutrinal
remete para o processo de investidura é um processo especial previsto noCPC, se qualquer
motivo estão a negar o acesso as minhas funções eu posso recorrer ao tribunal para impedir
isto neste caso eles não vão conseguir aceder às informações como sócios, através deste
processo- - 1070º e 1071º NCPC.

Para quem serve a posição oposta (defendida por todos menos pelo Tribunal do
Comércio de Lisboa), usa como:

primeiro argumento,baseia-
,o facto de ele ser gerente não faz com
que perca a qualidade de sócio, não há nada que diga que quem assume a qualidade
de gerente perde os seus direitos enquanto sócio,
segundo argumento, acontece que se certa informação lhe for recusada depois de a
ter pedido, segundoa lei, o sócio administrador/gerente na qualidade de sócio tem
uma coisa que se chamada direito de requerer inquérito judicial à sociedade (são
direitos que os sócios têm em geral). Este inquérito judicial permite pedir o acesso à
informação que foi recusada, mas ainda permite pedir coisas piores, além da
informação pode haver destituição dos administradores e até a dissolução da
sociedade, por isso na prática se queremos assustar a sociedade ameaçamos com um
inquérito judicial e a sociedade dá a informação logo. Assim, quando está em causa
um pedido de informação e a recusa deste pedido não tutelamos só a informação
pedida, mas também os interesses dos sócios. Com o pedido de informação e o
inquérito judicial conseguimos muito mais do que uma investidura, os tribunais são
sensíveis à economia processual daí ser mais fácil optar pelo inquérito e não pela
investidura visto que para conseguirmos atingir o que o inquérito nos fornece teremos
de fazer mais do que uma investidura e até mais processos. Portantoserá que
podemos dizer que tudo o que está em causa é satisfeito pelo processo investidura?
Não, ou seja, negar ao gerente o direito mínimo à informação e o direito a requerer o
inquérito não se pode fazer porque não tem os mesmos efeitos que o processo de
investidura,
terceiro argumento:o direito à informação é instrumental,num duplo sentido, no
sentido de exercer outros direitos, por exemplo para impugnarmos ou para
aumentarmos capital precisamos de ter acesso a determinada informação, mas é
instrumental também no sentido em que um sócio pede informação à sociedade, a
partir do momento em que a sociedade disponibiliza a informação tem que
disponibilizar para todos os sócios a mesma informação, o legislador pretende que
uma vez a informação solicitada ela tenha de estar disponível para todos os sócios, ao
contrário da investidura que só abre portas para o sócio, não serve apenas para
satisfazer o interesse pessoal do sócio. Parece não dever ser rejeitada ao sócio

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gerente ou administradoro direito mínimo a informação e depois como consequência
ser rejeitado o direito de pedir o inquérito judicial.

20/10/2017
288º/1:
Segundo o Prof. Paulo Olavo Cunha para exercer este direito basta indicar que tem um
motivo, não é necessário haver fundamentação/explicação. O professor discorda deste
ponto de vista, ele defende que é necessário haver fundamentação, não basta dizer que
há motivo, é necessário fundamentação.
a) Estranho: 70º. Aparentemente podemos pedir estas informações com 1% de
capital, mas nos termos do art.70º do CSC a sociedade tem de divulgar estas
informações, primeiro registar, se a sociedade tiver sítio na internet tem de as
divulgar aí, e tem que ter essas informações na sede da sociedade. Se podemos
aceder na internet, porque é que outro sítio da lei diz que precisamos de 1%? Não
faz sentido!
b) Isto serve para por exemplo os sócios quando quiserem puderem impugnar as
decisões das deliberações;
c) Não tem direito a saber montantes individuais, por exemplo, só pode saber
quanto ganha a totalidade do Conselho de Administração;

Este artigo parece taxativo, mas existem outros artigos.

288º/3: 3 - A consulta pode ser feita pessoalmente pelo accionista ou por pessoa que possa
representá-lo na assembleia geral, sendo-lhe permitido fazer-se assistir de um revisor oficial de
contas ou de outro perito, bem como usar da faculdade reconhecida pelo artigo 576.º do
Código Civil.
Quem pode consultar? O próprio sócio que requereu a consulta, havendo uma representação
- refere-se ao sócio e ao seu representante, logo a informação pode ser
feita pessoalmente ou por pessoa que o possa representar na AG).
Pode fazer-se acompanhar por um ROC e um perito (advogado é um perito para efeitos
legais). A sociedade pode pedir certificado da qualidade do ROC, se nem o sócio nem o perito
conseguirem provar essa qualidade, o perito não pode consultar
É também possível usar a faculdade reconhecida no 576º - direito ao sócio de tirar
fotografias/cópias, a sociedade tem de permitir exceto se alegar um motivo grave.

288º/4: - Se não for proibido pelos estatutos, os elementos referidos nas alíneas a) e d) do
n.º 1 são enviados, por correio eletrónico, aos acionistas nas condições ali previstas que o

O legislador vem acrescentar alternativas ao sócio, o sócio com 1% de capital ou mais pode
requerer a informação pessoalmente ou via eletrónica.

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A parte final é estranha, pois exige-se como requisito que o sócio tenha 1% ou mais de
capital social, mas depois a informação é disponibilizada online, logo os sócios que não tenham
direito a exercer este direito podem ter acesso às informações via internet, não há coerência.

289º/1: Informações preparatórias da assembleia geral


Relaciona-se com a preparação da assembleia geral, pela própria natureza tem de ser exercido
no período anterior de uma própria assembleia.
Oaspeto geral deste artigo é que os sócios podem consultar determinados documentos
relacionados com a AG.:
(1) prazo: 15 dias antes - o legislador pensou nos casos em que a assembleia dura só um dia,
no entanto pode demorar mais,portanto a informação tem de estar disponível até a
assembleia encerrar;
(2) aqui não tem que haver nenhum requerimento, muito menos se apresentar o motivo os
documentos têm de estar disponíveis e se assim o entendermos deslocamo-nos lá para a ver;
(3) no que diz respeito à legitimidade é discutido na doutrina se um sócio que não tenha
direito de voto porventura terá direito a consulta destes documentos. Segundo o professor
mesmo sem direito de voto,o sócio tem direito a ter acesso a esta informação, porque mesmo
que os estatutos afastem o seu direito de assistir à assembleia, não podendo assim o sócio
participar nem votar, pode fazer algo relativamente às decisões posteriormente tomadas,
pode impugnar as deliberações, tem essa legitimidade, logo é necessário o acesso a estes
documentos.
Estes documentos têm de ser facultados, a doutrina defende a aplicação por analogia do
288º/3, ou seja, ele pode consultar, o seu representante também e pode se fazer acompanhar
pelo seu ROC.
Quanto os documentos suscetíveis de consulta estão identificados da al. A.) à e.).
A alínea b) relaciona-se com a possibilidade de os sócios apreciarem os membros dos órgãos
sociais estão em alguma incompatibilidade com as suas funções ou conflito de interesses.
A alínea c) demonstra que quando a convocatória é enviada as propostas já tem que estar
presentes.
289º/2: Não esquecer que a convocatória é feita 1 mês antes, mas os sócios têm o direito
de incluir novos assuntos na ordem do dia, este artigo refere-se a estas hipóteses, mais uma
vez, esses documentos têm que estar disponíveis para consulta e tem que ser feito o respetivo
envio aos sócios, dado que a convocatória já foi enviada.
289º/3: se for enviada a convocatória, tem de se enviar de uma segunda com a inclusão dos
novos assuntos do dia. A interpretação do prazo de 8 dias é para o Presidente de Mesa, ele
não tem que enviar automaticamente, ou seja, o pedido para acrescentar novos assuntos tem
de ser feito 8 dias antes da assembleia geral se iniciar.
Violação deste direito: art.58º nº1 alínea c) e art.58º nº4 CSC: as deliberações que venham a
ser tomadas na AG são anuláveis; Responsabilidade penal art.518º nº1 e nº3 CSC;
Responsabilidade Civil se com essa conduta provocarem danos; Justa causa de destituição;

22
290º - Informações em assembleia geral (no seio da própria AG):
290º/1: Princípio geral para todo o direito à informação, ou seja,todas as informações têm que
ter estascaraterísticas:
- Verdadeiras: não podem conter informações falsas,
- Completas: não pode haver omissão de nenhum facto essencial,
-Elucidativas: têm que ser claras.
Sobre que assuntos se pode pedir informações em assembleia geral?Há uma divergência
doutrinal quanto a este ponto:
-Há quem considere que os assuntos sujeitos à deliberação são os assuntos que estejam na
ordem do dia (o Professor discorda totalmente),
- Depois temos o outro extremo defendida pelo Professor Raul Ventura, que diz que estes
assuntos devem ser interpretados como assuntos em que já exista proposta de deliberação, ou
seja, que será votada em breve. Nem tudo o que está na ordem do dia é discutido.
Estas duas perspetivas não fazem muito sentido, quanto à primeira posição nem tudo o que
está na ordem do dia é discutido em Assembleia Geral, logo faz sentido discutir assuntos que
não sejam deliberados naquela Assembleia Geral? Não, porque o sócio pode pedir aquela
informação fora da AG e esta perspetiva acaba por complicar o trabalho da AG. Quanto à
segunda posição, estas informações são úteis antes de haver uma proposta na assembleia,
antes de haver deliberação, ou seja, exigir que haja uma proposta é um extremo.

- A última posição defendida pelo Soveral Martins que defende que mais que estar na ordem
do dia, tem de se tratar de assuntos em que já se tenha iniciado a discussão, o debate, mas
não tem de haver proposta.
Se o Presidente de Mesa ou a Sociedade recusarem o fornecimentoda informação quando
deviam ter fornecido têm como consequências a anulabilidade da deliberação e até
mesmoconsequências penais, igualmente se não se cumprir as características exigidas neste
artigo.Quem tem legitimidade para requerer? Não é apenas o sócio a quem a informação foi
rejeitada, mas qualquer sócio tem legitimidade art.58º CSC

290º/1 1ª parte- - Na assembleia geral o accionista pode requerer que lhe sejam prestadas
informações verdadeiras, completas e elucidativas que lhe permitam formar opinião
fundamentada sobre os assuntos suje - Mais uma vez coloca-se a questão da
legitimidade: o sócio não tem que ter um mínimo de capital social e não é necessário ter
direito a votar, porque a informação pedida não aproveita só o sócio que vai votar, mas
também os outros sócios (caráter instrumental do direito de informação - nunca poderíamos
negar o pedido a alguém que não tem direito de voto se os restantes sócios aproveitem).
Salvo se nos estatutos o sócio esteja impedido de estar na Assembleia, ou que possa estar na
Assembleia, mas não possa intervir. O sócio que não tem direito de intervenção parece que
não tem direito a pedir informação, pois a pedir já está a intervir.

23
Argumento legal: art.21º: distingue o direito a participar nas deliberações dos sócios do
direito à informação, há algumas dúvidas se um sócio sem direito a intervenção na assembleia
poderá ou não ter direito a pedir informações em assembleia.
290º/1 última parte -
podemos pedir informações sobre a vida interna da
sociedade e também sobre as relações entre sociedades coligadas, no entanto não há dever de
informação sobre a vida interna das sociedades coligadas.

290º/2: 2
da sociedade que para tal esteja habilitado e só podem ser recusadas se a sua prestação puder
ocasionar grave prejuízo à sociedade ou a outra sociedade com ela coligada ou violação de

1º-Não está na lei, mas está subentendido que as informações devem ser prestadas na própria
assembleia geral (em tempo útil), pode-se suspender a Assembleia e, entretanto, vai ser
fornecida a informação, por exemplo.
2º-O órgão a que a lei se refere foi deixado propositadamente em sentido amplo, pode ser um
órgão de administração como de fiscalização.Quem presta informação é o órgão da sociedade
mais ambientado a prestar essas informações. Como coordenamos isto?379º nº4 CSC diz-nos
quem é que deve estar presente na AG (principais órgãos da sociedade têm de estar presentes
essencialmente para caso hajam pedidos de informações estes a puderem prestar)
3º-O professor acrescentaria às duas hipóteses expressas no artigo o abuso de direito, que tem
de ser manifesto, tem de ser claro que o pedido de informação tem um intuito abusivo.
290º/3: Legitimidade para esta anulabilidade: aplica-se a regra geral do artigo 58º e 59º -
qualquer outro sócio desde que tenha reconhecida a legitimidade na parte geral do código
pode impugnar a deliberação, logo que tenha votado contra, ou que não tivesse lá, que não
tivesse direito de voto, ou até mesmo que faça parte da abstenção, não é apenas o sócio a
quem a informação foi rejeitada.

291º - Direito coletivo a informação:


Este direito é o mais abrangente de todos: os outros são mais limitados. (é o direito à
informação mais forte/intenso que podemos ter na SA).
Direito de minoria qualificada: pode ser exercido pelo sócio sozinho ou por mais sócios. O
único requisito aqui é ter 10%, parece paradoxal ao 288º que exige vários requisitos, desde já
exige fundamentos e um requerimento para informações mais básicas da sociedade.
291º/1: O requerimento tem de ser por escrito, mas não tem de ser fundamentado, mas se
colocarmos um determinado tipo de motivo alguns tipos de argumentos de recusa pela
sociedade ficam diminuídos.
291º/2: o legislador só concede uma hipótese de recusa se o motivo for falso, no fundo o
Conselho de Administração está a responder em causa própria dai a não abranger as outras
possibilidades. Só há uma hipótese de fundamentação que está presente no291º/2.

24
291º/4: Hipóteses em que a informação pode ser recusada, são requisitos cumulativos:
Alínea
juízo de prognose objetivo segundo o professor
Coutinho de abreu, quando a alínea a.) se refere a refere-se a
informações que nada tenham a ver com a sua qualidade de sócio, sendo necessário que se
fundamentar porque acha que há receio.
O professor acrescentaria a estas hipóteses expressas nas alíneas o abuso do direito.
291º/5: prazo, o professor diz que este prazo pode não ser suficiente, os 15 dias pode não ser
um prazo razoável para a prestação de informações, logo poderá não ser considerado
recusado, se não se cumprir o prazo
291º/6: - O accionista que utilize as informações obtidas de modo a causar à sociedade ou a
: percebesse mal este
artigo porque se analisarmos o número 1 deste mesmo artigo, exige-se que o sócio para obter
as informações tenha 10% do capital social, a priori tratar-se-iam de informações restritas, no
entanto chegamos à conclusão que este requisito de 10% não serve para distinguir accionistas
de 1ª e 2ª classe, mas sim para limitar o exercício deste direito (caráter instrumental do direito
de informação a partir do momento em que se disponibiliza informação, todos os sócios
podem ter conhecimento desta). Não se percebe muito bem a alínea 6 em conjunto com a 7,
pois não se percebe quem é que utiliza as informações ilicitamente.
Consequências: Responsabilidade penal- 518º e 519º CP

292º - Inquérito judicial: não visa apenas obter a informação negada, porque o legislador
parte do principio que se há informação que está a ser sonegada algo não está bem na
sociedade, permitindo que o sócio possa pedir a substituição dos administradores e até
mesmo a dissolução da sociedade.
Legitimidade para pedir inquérito judicial da sociedade:
- Só os direitos previstos nos 288º e 291º.
- porque
só um acionista pode exercer esse direito, mas no caso do 291º o pedido pode ser exercido em
conjunto, logo segundo o professor qualquer dos acionistas pode proceder ao pedido de
inquérito judicial, o legislador quis abranger todos os casos desta hipótese, não sendo
necessário que todos os acionistas que exerçam o direito do 291º não precisam de pedir todos
o inquérito judicial, basta um deles que forme os 10% exigidos no 291º

NOTA: nas SA não há nenhum artigo sobre inspeção dos bens da sociedade. Pois as SA são
muito grandes, o que não significa que não possa ser previsto nos Estatutos.

o Sociedades por Quotas:

25
214º:
214º/1: 1- Os gerentes devem prestar qualquer sócio quando a lei se refere a qualquer
sócio refere inclusive aos sócios que são gerentes segundo o professor, aqui está duas das
dimensões do direito à informação - o direito à informação em sentido estrito e o direito à
consulta de documentos internos da sociedade. Aqui não está em causa um direito de minoria,
mas sim um direito individual; para efeitos de prova podemos pedir a informação por escrito.
214º/2: é uma novidade relativamente às Sociedades Anónimas há uma maior margem de
autonomia privada nas Sociedades por Quotas do que nas Anónimas, nas primeiras é
permitido regulamentaro direito à informação no contrato da sociedade. É necessário saber se
se trata de uma regulamentação, ou se se tratade limitação, esta última hipótese já não é
permitida, logo é necessário analisar o caso concreto.
214º/4: nas Sociedades Anónimas era possível o sócio obter a informação por via de um
representante, aqui é necessário que seja só pessoalmente feita pelo sócio, não há outra
hipótese diferentemente do que acontece nas SA; pode também ser acompanhado por um
ROC ou um perito., o sócio não se pode fazer representar para exercer este direito, mas isto é
o regime supletivo, portanto pode ser afastado.
214º/5: encontramos aqui a terceira dimensão do direito à informação - o direito de inspeção
dos bens sociais novidade em relação às Sociedade Anónimas, para as Sociedades Anónimas
não há direito de inspeção, mas a doutrina prevê que o contrato de sociedade possa prever
esse direito.
214º/6: o sócio está sujeito a exclusão - possibilidade a justa causa de exclusão do sócio, tal
não é possível nasSA.
214º/7: remissão específica não para todas as modalidades de direito à informação, mas para
o direito a informação das deliberações da assembleia, portanto, aplica-se o regime das
Sociedades Anónimas. (290º);

215º - situações em que o direito à informação pode ser recusado.


215º/1: os fundamentos são os mesmos o professor acrescentaria o abuso de direito, tal como
acrescentaria no regime das SA.
215º/2:nas Sociedades por Quotas a assembleia pode deliberar sobre matérias de gestão e
esta deve aqui obedecer à AG, tal não é possível nas Sociedades Anónimas porque há total
autonomia do conselho de administração. Este direito faz sentido e eu estiver a pedir
informações em sede de assembleia geral, mas é só nesses casos que se pode aplicar? Não
pode se aplicar a qualquer modalidade de direito à informação, mas não é muito praticável.
216º:mesmo moldes de que na Sociedade Anónima.

Caso prático: Direito à informação:


I
A primeira disposição os acionistas sem direito a voto não têm de intervir na AG é possível ao
abrigo do 379º/2.
Quanto à segunda disposição ão inspecionar os
não há direito à inspeção de bens sociais nas SA, mas é possível prever este

26
direito no contrato (21º), logo é possível a segunda disposição, aliás aqui estamos a seguir o
critério que o legislador utilizou para restringir o exercício do direito previsto no 291º que se
refere ao direito à informação relativa a aspetos mais profundos da vida da sociedade.
Por último temos a terceira cláusula isto é
possível ao abrigo do 384º/2 al a), este artigo serve para garantir a exequibilidade da
assembleia nas grandes sociedades pois pretende-se que os sócios não estejam todos
presentes.
a) (1) Ao abrigo do 288º/1 exige-se 1% do capital para obter a respetiva informação,
segundo o professor, não seria possível a coligação dos sócios para obter o um por
cento exigido no artigo, logo estará afastado para o exercício de direito.
(2) Podia-se representar pelo irmão ao abrigo do 288º/3, podendo este último fazer-se
acompanhar por um perito, mas sendo solicitado o documento da qualidade de
economista e ele não o tenha, o acompanhamento pode ser recusado.
(3) O professor Olavo Cunha interpreta a nível restrito a lei afirmando que só seria
necessário que o sócio alegasse que tinha um motivo para obter as informações, mas o
resto da doutrina, inclusive o professor rejeita esta perspetiva e defende que além de
alegar que tem um motivo eranecessária justificação/fundamentação.
b) As informações têm que estar disponíveis num prazo de 15 dias antes da AG ao abrigo
do 289º/1, não tendo direito de voto pode na mesma consultar as propostas de
deliberação. Não é preciso requerimento, os documentos têm de estar disponíveis na
sede da sociedade, não sendo preciso qualquer requerimento. Logo tinha direito a
consultar estes documentos.
c) O B não tem direito de voto e não tem direito de intervir nas Assembleias Gerais
devido à primeira e terceira cláusula integradas no contrato da sociedade. Poderá não
ter direito a pedir a informação na mesma, depende da defesa, da perspetiva da
doutrina. Há quem defenda que quem não pode intervir também não pode pedir
informação. Para o professor há uma diferença entre solicitar informação (art.21º
alínea c) e intervir na AG (art.21º alínea b), logo acha que são direitos diferentes. Uma
coisa é o direito de assistir, outra de intervir. Aqui há limitação do direito de intervir,
mas não o direito de assistir.
Neste caso ele não pode intervir, mas o direito de informação é independente e deve
ser e pode ser solicitado o direito à informação. Ele não poderia pedir informações
sobre o assunto por não estar na ordem do dia, mas neste caso como se trata de uma
AG anual podia falar-se deste assunto ao abrigo do 376º/1
Na AG anual é sempre possível discutir a possibilidade de destituição dos
administradores, a própria lei dá-lhes essa possibilidade.

II
A primeira cláusula
é possível se se tratar de regulamentação se for uma limitação já
não ao abrigo do 214º/2, neste caso como parece algo razoável consideramos uma
regulamentação.
A segunda cláusula
só pode ser requerido por sócios que repre já
se trata de uma limitação, especialmente por ser uma limitação referente a este tema ao
abrigo do 214º/2.

27
a) Primeiro eu solicito uma informação sobre um assunto constante da ordem do dia, o
que não faz sentido, não basta estar na ordem do dia, mas é necessário ser um
assunto em que o debate já se tenha iniciado. Esse pedido é dirigido ao ROC (nem
sempre há ROC nas Sociedades por Quotas, depende da dimensão da sociedade, mas
neste caso parece haver, se se atingir três requisitos previstos na lei em 2 anos
consecutivos, tem de ter ROC) é possível segundo 290º/2 é o órgão que tiver em
melhores condições, logo o ROC tem de estar presente na Assembleia, logo o pedido
pode ser dirigido a este, se se considerar que é o órgão mais adequado.
O ROC não pode recusar com este fundamento ao abrigo o 215º/1 e 290º/2, tem que
se provar que há um grave prejuízo ou que há uma violação de um segredo da
sociedade, o ónus da prova é da sociedade porque isto é um facto impeditivo de um
direito do sócio. O sócio pode recorrer ao inquérito judicial previsto no 216º e 215º/2
ou pode-se proceder à eventual anulabilidade da deliberação 290º/3 e 58 º/1 c).

b) Há direito de inspeção dos bens da sociedade porque se trata numa sociedade por
quotas, mas não se pode fazer representar ao abrigo do 214º/1/5.

27/10/2017
O teste é daqui a duas aulas, dia 17 de novembro.
Hoje antes de entrar na análise de um dos direitos direito principais para a nossa aula,
vamos acabar de analisar o 21º.

Direito de designação para os órgãos de administração e fiscalização:


21º/1 d): esta alínea não se refere ao direito de um sócio ser designado para os órgãos de
administração e fiscalização, pois nenhum sócio tem de ser designado, quanto muito refere-se
ao direito que os sócios têm para concorrer aos órgãos referidos.
NOTA: aqui só se fala em órgãos de fiscalização e administração, e não em AG, porque a AG
já está na alínea b).
A única exceção é na Sociedade em Nome coletivo:
Nas Sociedades em Nome Coletivo, basta ser sócio para se ter automaticamente a
qualidade de gerente, salvo se o contrato de sociedade apresentar restrições.
Logo, para estas sociedades há mesmo um direito a participar nos órgãos de administração
e fiscalização.
Além disto, tem de se entender este artigo de modo muito literal porque há sociedades que
não têm órgão de fiscalização, logo nem sequer há um direito a concorrer a esse órgão se este
não existe na sociedade.

Posto isto acabamos o 21º e percebemos que ele é insuficiente, que os direitos dos sócios
não se esgotam neste artigo, logo vamos analisar mais dois direitos:

Direito de preferência em aumentos de capital Direito de subscrição preferente;


Direito de impugnar as deliberações;

28
Direito da preferência (Direito de subscrição preferente):
Este direito tem 2 finalidades principais:
- Finalidade externa: o direito de preferência é exercido em relação a quem não é sócio da
sociedade, logo se os sócios demonstrarem interesse em subscrever a um aumento de capital,
esse aumento não vai ser subscrito por pessoas estranhas a sociedade;
- Finalidade interna:(ainda mais importante) o direito de preferência permite ao sócio
manter a sua posição em relação aos seus colegas, se eu não tiver direito de preferência eu
vejo a minha posição reduzida. Por exemplo,temos uma sociedade com 5 sócios cada um com

dobro 200.000- o direito de preferência diz que se temos 20% do capital da sociedade no

aumento da capita
metade do peso do capital da sociedade. Se não concorrer ao aumento da capital podemos no
caso de direito de minoria não ter capital suficiente para determinadas situações impor a sua
vontade. Tem um peso político.
Há diferentes modalidades de aumento de capital, o aumento mais frequente é aquele
realizado por novas entradas, ou seja, no caso de o capital ser 100.000 aumentamos
para 200.000, para tal a sociedade cria novas ações e os sócios dão capital para essas
ações, pode ser em espécie ou dinheiro, ou em industria nas Sociedades em Nome
Coletivo. Isto são os aumentos de capital por novas entradas.

Diferente é o aumento de capital por incorporação de reservas nesta segunda


modalidade os sócios não entram com nada, a própria sociedade tem em reserva esse
património. Este estava contabilisticamente livre e passa a ser parte do capital, as
ações que estou a dar aos sócios a contrapartida não é dinheiro dos sócios, mas sim

aos sócios, sem ser como dividendos.

Empréstimos obrigacionistas não vamos emitir ações, vamos emitir obrigações,


títulos, e essas obrigações valem x e o público em geral vai comprar essas obrigações,
mas esse público sabe que ao fim de determinado tempo a sociedade vai ter de
devolver ao particular o valor da obrigação mais a taxa de juro. A vantagem é que a
sociedade que precisa de dinheiro pode pedir ao banco, o problema é que os bancos
têm muita dificuldade em conceder crédito, daí que se oferece ao público uma taxa de
juro mais baixo do que teria de pagar ao banco. E qual a vantagem do particular? Pode
investir ou colocar no banco, no entanto a sociedade dá mais taxa do que aquela que
teria se colocasse no banco logo também lhe é mais vantajoso. Os empréstimos
obrigacionistas têm modalidades diferentes, as duas importantes são:

o obrigações convertíveis em ações (art.360º alínea c) CSC) o processo


faz-se uma oferta e quem quiser compra, o credor obrigacionista tem
a faculdade de poder converter a obrigação em ação,deixando de ser
credor obrigacionista e passar a ser sócio da sociedade. Há uma
primeira deliberação onde é aprovada o empréstimo obrigacionista,
depois tem que haver uma segunda deliberação em relação ao
aumento de capital que permita acolher estes credores
obrigacionistas que querem converter a obrigação em ação. Se os

29
títulos das sociedades valerem menos que as obrigações compensa
convertê-las em ações, no entanto se as obrigações valerem menos
que as ações, a conversão não, obrigação que é convertível numa
ação.
o obrigações que confiram o direito de subscrever uma ou mais ações
(art.360º alínea d) CSC) é a mesma coisa da anterior, no entanto
nesta nunca deixamos de ter obrigação, tem de fazer uma entrada,
nesta modalidade terá sempre de ser devolvida, passamos ao mesmo
tempo de ser credor obrigacionista e também acionista.

Não há direito de preferência no aumento de capital por incorporação de reservas, o sócio não
vai entrar com património nenhum, logo o exercício desse direito é automático. Não faz
sentido falar neste direito de preferência.
E nas obrigações? Onde fica o direito de preferência dos sócios? Quando lançamos as
obrigações damos preferência aos sócios, porque já sabemos que quando há deliberação de
aprovar a deliberação do empréstimo obrigacionista, tem de ser feita uma segunda
deliberação e aí é que é feita a proposta aos sócios para terem preferência, depois disto
deixam de ter direito se não o quiseram antes.

o Sociedade por Quotas;


266º:
266º/1: - Os sócios gozam de preferência nos aumentos de capital a realizar em

Este aumento de capital refere-se ao aumento de capital por entradas(em dinheiro), este é
o aumento de capital mais conhecido, mas existem outros como a incorporação de reservas ou
aumento por emissão de obrigações.
Quando falamos em direito de preferência é só quando os aumentos de capital se devem a
entradas e estas em dinheiro. Qual a lógica? Imaginemos que queremos aumentar o capital e
vai entrar um sócio com um prédio, aí não há direito porque os outros sócios não estão em
posição de oferecer o mesmo, não estão em posição de igualdade. A dificuldade em exercer o
direito de preferência, por razões técnicas e materiais, não permite que este seja exercido
através de entradas em espécie.

Como é que é depois de ser aprovada o aumento de capital se exerce o direito de


preferência?

266º/2: - Entre sócios, o cálculo do aumento de repartição do aumento de capital será

30
Há um duplo grau de preferência.
Alínea a): de que for titular
na referid :
Ficamos a perceber quando um sócio concorre a um determinado aumento de capital
pode:
- pode concorrer a percentagem proporcional à sua quota(tem 10% do capital social concorre
a 10% do aumento de capital;
-ou pede menos do que a quota que é titular (tem 10% do capital social e pede o valor
correspondente a 5% do aumento de capital);
- também é possível pedir mais que aquilo que teria direito se fosse apenas o cálculo
proporcional(tem 10% do capital social e pede o valor correspondente a 20% do aumento de
capital);
Se o sócio pedir maisque o proporcional à sua quota alguém vai ter que receber menos, ou
seja no primeiro grau de preferência esse pedido não pode ser satisfeito, porque o 266º/2 a)só
se refere às duas primeiras hipóteses.
Se todos pedirem menos uma parte do aumento de capital não vai ser subscrito.
A data da própria assembleia geral é que conta para saber qual será o seu capital social
para fazer o cálculo proporcional da quota, não interessa se ele adquire mais depois, a mesma
coisa para quem nem sequer era sócio, ou seja, só os sócios que tenham essa qualidade no dia
da assembleia geral é que podem exercer esse direito.

Este é o primeiro grau de preferência.

Alínea b):
alínea a), na medida que resultar de um ou mais rateios das importâncias sobrantes, em

Segundo esta alínea, os sócios que pediram mais podem ser satisfeitos na medida dos
sócios que pediram menos. Segue-se o critério da proporcionalidade.
Se por ventura estes graus de preferência não esgotarem o aumento de capital não há
destino obrigatório ao restante aumento que não foi subscrito, por exemplo: 5 sócios, 3 não
querem subscrever ao aumento e 2 deles pediram 40%, logo foi tudo atribuído aos outros dois,
temos 80 por cento do capital satisfeito, a lei não diz nada dos 20% mas a doutrina diz que não
há nenhum destino obrigatório, é decidido depois pela assembleia não há um terceiro grau de
subscrição, no entanto deve-se perguntar aos sócios que subscreveram se querem subscrever
mais.

266º/3: - A parte do aumento que, relativamente a cada sócio, não for bastante para
: é preciso que o
aumento que caiba a um sócio seja no mínimo um euro senão não terá uma quota nova, mas
esta situação nunca acontece

31
266º/4: - O direito de preferência conferido por este artigo só pode ser limitado ou
suprimido em conformidad : ficamos a saber que é possível
limitar e até afastar totalmente este direito nas sociedades por quotas, mas analisaremos
melhor este artigo quando analisarmos o regime das Sociedades Anónimas.

266º/5: - Os sócios devem exercer o direito referido no nº 1 até a assembleia que aprove
o aumento de capital, devendo para este efeito ser informados das condições desse aumento
na convocatória da assembleia ou em comunicação efetuada pelos gerentes com, pelo menos,

Há aqui várias questões que se levantam:


O prazo do exercício do direito de preferência pelos sócios, segundo a LEI diz é até
assembleia que vai aprovar o aumento, este até ou não a data da assembleia ou os
sócios podem manifestar a sua própria vontade na assembleia? Existem várias doutrinas:
- Segundo o Prof. Soveral Martins diz que tem que ser antes da assembleia que aprove o
aumento de capital, esta perspetiva defende que com mudança de capital social deve-se
recorrer a uma segunda assembleia com a nova proposta;

- A maior parte da doutrina (Prof. Paulo Tarso) até incluí o momento da


realização da assembleia, com um argumento irrefutável que é o de que nada impede que em
assembleia se altere as condições do aumento de capital, ou seja, isto gera uma
desatualização, ora faz sentido que perante novas informaçõesos sócios possam ou não dizer
se subscrevem o aumento ou não.
E para os sócios que não estão na Assembleia?
O facto de não estar na Assembleia não significa que não possa subscrever.

- Segundo o Prof. Armando Triunfante, o prazo deve ser prolongado para depois da data da
assembleia por identidade de soluções o prazo deve ser pelo menos 10 dias. Se virmos a parte
geral do código, o 87º/2 diz , ou seja, refere-se ao futuro, ou seja, a lei está a abrir a
porta para que os sócios exercem o direito de preferência apos a deliberação.
268º:
268º/1: O legislador tirou aqui conclusões de uma adesão tácita, o sócio sabe que se votar a
favor tem obrigação de subscrever o aumento de capital na proporção do capital social que
tem, esta norma parece excessiva e imperativa. Ele tem que votar contra mesmo pensando
que o aumento é favorável para a sociedade, atenção isto não é uma presunção, logo a priori
não poderá sem alterado no contrato da sociedade.
268º/2: O aumento por capital pode destinar-se a novos sócios, a terceiros que vão integrar
a sociedade.
268º/3/4: Só depois dos terceiros fazerem esta declaração, é que a sociedade pode fazer a
segunda declaração,
As entradas têm que ser realizadas até a celebração do contrato de sociedade, mas as
entradas em aumento de capital podem ser feitas no prazo de um ano, independentemente

32
dos indeferimentos, quando as entradas tiverem todas nas sociedades, a sociedade faz esta
segunda declaração a dizer que todas as entradas impostas por este aumento de capital já
foram realizadas, se isto não acontecer o aumento de capital caduca.

o Sociedades Anónimas:

458º/1: - Em cada aumento de capital por entradas em dinheiro, as pessoas que, à data
da deliberação de aumento de capital, forem acionistas podem subscrever as novas ações, com
.
O exercício do direito de preferência está reservado também para os aumentos de capital
através de entradas e exclusivamente em dinheiro.
Este direito pode ser exercido por todos os acionistas que têm esta qualidade na data da
deliberação da assembleia geral, podendo a sociedade ser acionista com quotas próprias, mas
a regra nas quotas próprias é de suspensão de todas os direitos associados a essa ação, as
quotas próprias da sociedade não contam para o direito de preferência, logo a ideia é reduzir
as quotas próprias.
458º/4: - Havendo numa sociedade várias categorias de ações, todos os acionistas têm
igual direito de preferência na subscrição das novas ações, quer ordinárias, quer de categoria
especial, mas se as novas ações forem iguais às de alguma categoria especial já existente, a
preferência pertence primeiro aos titulares de ações dessa categoria e só quanto as ações não
subscritas por estes gozam de preferência os ou
Este artigo é muito criticado para a doutrina, pode- se exercer o direito de preferência na
subscrição quer sejam ações ordinárias ou ações de categoria especial todos concorrem com
os mesmos direitos, mas o problema é se as novas ações se tratarem de ações de categoria
especial, ou seja, que atribuam direitos especiais, nesse caso a lei diz que só os sóciosque são
titulares das ações de categoria especial é que podem concorrer inicialmente.
459º:Modo de exercício deste direito de preferência. Estes são avisados por anúncio, ou se
todas as ações forem nominativas pode ser substituído por carta registada. Prazo para o
exercício do direito de preferência é maior que nas Sociedades por Quotas.
460º: aplica-se nas duas sociedades
Já percebemos que estas opções limitam ou até suprem o direito de preferência.
Se a AG referente ao exercício do direito de preferência for inválida deve proceder-se a
uma providência cautelar de forma a evitar os efeitos do 61º/2.

460º/2: - A assembleia geral que deliberar o aumento de capital pode, para esse
aumento, limitar ou suprimir o direito de preferência dos acionistas, desde que o interesse

Temos vários requisitos:


(1) a competência é da Assembleia Geral;
(2) a mesma AG que aprovar o aumento de capital;
(3) tem que haver um interesse da sociedade que justifique esta decisão, em termos
objetivos existe alguma coisa que com a vida da sociedade justifique. Isto altera de certa forma

33
o ónus da prova, pois é a própria sociedade que tem que provar que há um interesse social, e
não o sócio que impugna a decisão.
No entanto há um requisito que não está previsto na lei, a limitação que vier ser decidida
tem que respeitar(4) o princípio da paridade de tratamento, se por ventura não respeitar a
paridade do tratamento a deliberação tem que ter um requisito adicional não basta que
obedecer só as regras de alteração de contrato e é necessário o consentimento dos sócios
prejudicados,
460º/3: a limitação do direito de preferência passa sempre por Assembleia Geral, pois é
uma causa própria.
460º/4: requisitos da deliberação: (1)na mesma assembleia geral,(2)mas tem de ser
autónoma, (3) e a maioria exigida é a necessária para a alteração do contrato da sociedade se
ainda violar o principio da paridade de tratamento é necessário o consentimento dos sócios
prejudicados
460º/5: a proposta de supressão pode não partir do órgão de administração, os próprios
sócios reunindo a maioria necessária podem propor novos assuntos à ordem do dia, pode ser o
próprio sócio a propor a deliberação, tem de ser esse mesmo sócio a chegar a Assembleia
Geral e apresentar a proposta.
367º Aumentos de Capitais Convertidos: o exercício de preferência é exercido antes do
aumento de capital, na subscrição das obrigações, aí é que faz sentido, porque se fosse mais
tarde estaríamos a violar as expectativas. Estas obrigações são mais caras porque atribuem
também o direito de ser acionista, nesse caso faz-se remissão para o 468º nº1 deve ser
entendida como para todo o regime do direito de preferência.

Caso prático - Direito de preferência na subscrição de aumento de capital:


I
a) Hipótese 1: o sócio já subscreveu o aumento de capital na proporção do capital
social que tem ao abrigo do 268º/1, não é uma presunção.

Hipótese 2: se não tivesse havido nenhuma alteração, pode votar contra a proposta
de aumento de capital mesmo manifestando o exercício do direito de preferência. Mas
como um houve uma alteração do aumento de capital em AG o aumento que ele disse
que sim já não é o atual, para esse aumento votou contra, ele pode declarar até a
assembleia incluindo na assembleia, não precisando de prazo adicional porque já se
encontra na assembleia.
Hipótese 3: 87º/2 é permitido. Mas se o aumento não tivesse sido alterado? Ele já
teria oportunidade de se manifestar, a não ser que a própria deliberação dê prazo.
Para o professor é sempre legítimo que a deliberação estabeleça um prazo.

b) 1º passo: temos 10 sócios mais a sociedade, mas a sociedade não conta, como
tem quotas próprias estas não contam para o apuramento da subscrição do aumento
de capital.
A pede 2000 euros
B pede 1500 euros
C pede 550 euros
D pede 550 euros

34
Os sócios de E a J como nada disseram ficam com a percentagem proporcional à da
sua quota.
Ao abrigo do 266º/2 a) os sócios de C a J ficam satisfeitos, C e D ficam com 550
euros cada do aumento de capital (o que pediram) e os sócios de E a J ficam com 1000
euros cada do aumento (proporcional à sua quota).
O A e o B ficam com 1000 euros cada.
Logo o C, D, E, F, G, H, I, J ficam satisfeitos em primeiro grau.

A e B recebem logo 1000 euros.


Sobram 900 euros
Agora ao abrigo do 266º/2 b), A e B (que pediram mais do que o cálculo
proporcional à sua quota) recebem na proporção de excesso da importância pedida,
ou seja, naquilo que falta igualar, um pede 2000 outro 1500, mas recebem os dois
1000 euros, logo A vai ter que receber o dobro do B, A recebe 600 e B recebe 300
(2000-1000= 1000; 1500-1000=500, sendo que 1000 é o dobro de 500).

c) Primeira questão: os terceiros podementrar com capital através de entradas


em espécie não há nenhum impedimento, precisando da avaliação do ROC disponível
antes da assembleia. Tem de haver uma deliberação de eliminação do direito de
preferência? Não porque é um aumento de capital por entradas em espécie logo ele
não tem direito à preferência,logo não énecessária uma deliberação para o
afastamento do direito de preferência.

240º/1 al a). Este foi um pormenor que não foi referido anteriormente, mas é
importante: só no caso das Sociedades por Quotas é possível o sócio se exonerar
da sociedade se a sociedade deliberar sobre o aumento de capital a subscrever
totalmente ou parcialmente por terceiros contra o voto deste

II
a) Esta ação é diferente das obrigações convertíveis, não deixo de ter a obrigação,
mas tenho uma ação simultaneamente, nas convertíveis, comprei uma
obrigação, mais tarde quero converter essas obrigações em ações, o dinheiro
que eu entreguei passam a ser entradas em dinheiro por força do aumento de
capital. Neste caso, é diferente porque compram uma obrigação que já lhe dá
direito de subscrever uma ação.Aqui faz sentido aplicar o regime do direito de
preferência é uma entrada a dinheiro, aqui o direito de preferência dá-se no
momento de subscrição das obrigações (367º/1- 458º).

b) Ao abrigo do 460º/4 a deliberação da supressão do direito de preferência tem


de ser autónoma em relação à deliberação de emissão de obrigações, tem de
ser na mesma Assembleia Geral, mas tem de ser em deliberações diferentes,
além disso tem de se o interesse da sociedade que aparentemente respeita.
Esta deliberação é aprovada- quórum deliberativo facultativo 386º/4.

c) Esta deliberação viola o princípio da paridade de tratamento,as duas coisas são


possíveis limitar e suprimir, mas só quando tratamos os sócios todos da mesma

35
maneira, aqui não, para tal acontecer e a deliberação ser válida e não abusiva
tínhamos de ter consentimento do sócio que ficava sem direito de preferência,
ou seja, exige o consentimento dos 20% prejudicados.

d) Havia ações especiais, os titulares que já tinham ações desse direito especial
têm prioridade na preferência do aumento de capital, caso estes não queiram é
que passamos aos titulares de ações normais, ao abrigo do 458º/4 .

10/11/2017

Direito de Impugnar as Deliberações

Modalidade de Deliberações:
1. Deliberação tomada em assembleia geral regularmente convocada(mais conhecida);
2. Deliberação tomada por voto escrito aplicável só às Sociedade por Quotas(247º):o
respetivo regime torna-a inexequível, porque os gerentes enviam um comunicação por
carta registada aos sócios perguntando se estão de acordo em votar por escrito, os
sócios tem que responder dizendo que sim ou que não, se algum disser que não fica
logo excluída esta via (a lei coloca um prazo de 15 dias); comunicação posterior dos
gerentes aos sócios com a proposta com os elementos necessários, fixar prazo para o
voto; resposta dos sócios com o voto à proposta (em principio o voto é sim ou não);
quando algum sócio esteja impedido de votar não pode haver deliberação por voto
escrito, logo não são muito relevantes
3. Deliberação unânime por escrito: prescinde quer de convocatória quer de Assembleia
Geral. Se não há convocatória e não há Assembleia como garantimos que todos os
sócios sabem? Tem de ser uma deliberação por escrito, o que substitui a ata é um
documento escrito que tem a assinatura dos sócios e tem de ser unânime. (54º)
4. Assembleias Universais: ao contrário da anterior não prescinde de Assembleia, mas
prescinde de todo o procedimento exigido pela convocatória, e para que estarmos na
presença de uma Assembleia Geral é necessário 3 requisitos: (1) todos os sócios
presentes/representados,(2)todos os sócios têm de estar de acordo em constituir a
assembleia geral e(3)todos têm de estar de acordo em deliberar sobre determinado
assunto. A partir daqui é uma AG normal, não exigindo unanimidade aplicando-se os
quóruns normais para qualquer tipo de sociedade.

Invalidade das deliberações:


Temos três vícios diferentes nas deliberações:
1. Deliberações Nulas (Nulidade);
2. Deliberações Anuláveis (Anulabilidade);

36
3. Deliberações Ineficazes (Inexistentes as invalidades é que são inexistências em
sentido amplo);

o Deliberações Nulas (56º):

As duas primeiras alíneas (alínea a) e b)) deste artigo estão relacionadas com vícios
de forma e as outras duas alíneas (alínea c) e d)) têm haver com vícios de substância.
Não é uma classificação apenas teórica há diferençasnos regimes:
O código dá a possibilidade de renovar as deliberações anuláveis por vício de forma
(renovar tomar a mesma deliberação sem o vício, podendo dar eficácia retroativa à
deliberação anterior).
Todas as deliberações nulas devido a um vício formal (porque como o vício é
apenas formal tomamos outra deliberação em que esta não esteja viciada) e todas as
deliberações anuláveis podem ser renováveis.
Por vício substancial se repetirmos a mesma deliberação ela vai ser logo nula
porque tem os mesmos vícios, logo não há renovação;

Vícios de forma:

56º/1 a):
- só se aplica este artigo quando não
tenha havido nenhum procedimento relacionado com a convocação, se por ventura,
ouve convocação e estanão foi respeitada a lei, não há ausência de convocação,
apenas estámalfeita aplicando-se, nesses casos, o 58º- deliberação anulável.
O 56º/2 acrescenta três hipóteses a esta alínea:
-convocatória realizada por quem não tem competência;
-convocatória que não tenha o dia, lugar e hora
- convocatória que tem dia, hora e local, mas são diferentes daqueles em que
ocorreu a Assembleia;

Aqui há uma divisão doutrinal:

O Prof.MenezesCordeiro acrescenta a estas hipóteses, a deliberação de assunto


que não conste da convocatória, ou seja considera nula a deliberação que aprove um
assunto que não estava na convocatória. O Prof. Armando Triunfante em teoria está
de acordo com Menezes Cordeiro, masvê-se obrigado a dar razão ao o Prof. Coutinho
de Abreu que defende que essas deliberações são apenas anuláveis e o Prof.vê-se
obrigado a concordar por força da lei vigente, mais concretamente 59º/2 al.c) que
indiretamente considera que as deliberações sobre assunto que não conste da
convocatória são anuláveis e não nulas

É necessário coordenar o 56º/1 a) com o 54º:


Hip. I: pressuposto que não há convocatória e não estavam todos presentes -
deliberação obrigatoriamente nula.

Hip II: pressuposto que não há convocatória, mas todos os sócios


estavampresentes, todos concordaram em constituir a assembleia e deliberar sobre
aquele assunto temos uma Assembleia Universal a deliberação é válida não é
necessário convocatória porque se trata de uma Assembleia Universal.

37
Hip. III- não há convocatória, todos os sócios estavam presentes, mas não
chegaram a acordo em formar a assembleia ou discutir determinado assunto não é
uma Assembleia Universal, não é nula ao abrigodo art 56º, se não é nula não é válida
tem de ser anulável 58º/1 a).

56º/b):
voto tenham sido convidados a exercer esse direito, a não ser que todos eles tenham
passamos à frente porquesó se aplica à modalidade
especial de SQ (art.247º CSC) alguma incongruência para podermos utilizar esta
modalidade todos tinham de ter direito de voto, sendo assim não faz sentido esta
alínea, pois parece que está a dar a entender que temos de convidar apenas aqueles
com direito de voto, mas a realidade é que no caso de haver algum sem direito de voto
desde logo não podemos utilizar esta modalidade;

Vícios de conteúdo:

56º/1 c):
- esta alínea tem sido aplicada em duas hipóteses diferentes:
(1) quando a Assembleia Geral viola as regras de competência e delibera sobre
assuntos dos quais não têm competência (ex: em matérias em que a deliberação caiba
ao conselho de administração nas Sociedades Anónimas),
(2) quando a Assembleia Geral delibere sobre direitos extracorporativos, porque a
partir do momento em que o direito se autonomiza a sociedade não tem competência
para deliberar sobre eles;

56º/1 d): ou por atos de outros órgãos que


determine ou permita, seja ofensivo dos bons costumes ou de preceitos legais que não
possam ser derrogados, nem sequer por vontade unânime dos sócios -quanto a esta
alínea temos duas conotações diferentes:
(1) deliberações cujo o conteúdo seja ofensivo para os bons costumes (cláusula
geral);
(2) deliberações que ofendam preceitos legais que não possam ser derrogáveis nem
pela vontade dos sócios, logo nas sociedades a deliberação que viole a lei pode ser
nula ou anulável. Temos que perceber qual é o critério para distinguir: temos que
perceber qual o interesse protegido pela norma em causa que está a ser violada.

O critério de norma imperativa e norma não imperativa não funciona aqui.


Se forem interesses disponíveis por aqueles que estão a deliberar (sócios), ou seja,
se as normas única e exclusivamente protegerem interesses dos próprios, quando
aprovam a deliberação, estão a agir em causa própria, estão a prescindir da própria
proteção, logo a norma é apenas anulável.
Quando por contrário a norma protege interesses de terceiros, os sócios não
podem prescindir desses direitos/interesses, logo deve ser considerada nula.
(interesses de terceiros também incluem sócios futuros).

Exemplos:

38
deliberação de afastamento da reserva legal porque protege credores é
nula;

liberação que naquela sociedade qualquer aumento de capital não há


direito de preferência nulidade (dimensão abstrata do direito que é
irrenunciável);

deliberação de que naquele aumento de capital (art.458ºCSC) prejudica


aqueles que já são sócios na deliberação logo aqui prejudica os catuais
sócios anulabilidade.

o Deliberações anuláveis (58º):

58º/1 a):
nos t apresenta duas hipóteses
distintas:
(1) é anulável a deliberação que viole a lei quando o caso não caia na nulidade;
(2) quando a deliberação viole os estatutos do contrato (se ninguém impugnar num
espaço de 30 dias a deliberação é impugnável). No entanto se a cláusula expressar algo
que está na lei considera-se a lei violada.

58º/1 b): o propósito de um dos sócios de


conseguir, através do exercício do direito de voto, vantagens especiais para si ou para
terceiros, em prejuízo da sociedade ou de outros sócios ou simplesmente de prejudicar
aquela ou estes, a menos que se prove que as deliberações teriam sido tomadas
- Tratam-se de deliberações abusivas, esta alínea
representa a aplicação da matéria de abuso de direito às deliberações:
i) ao contrário do que acontece no direito civil, o abuso direito - 334ºCC - em que
se segue uma conceção objetivista, ou seja, não interessa saber que aquele que está a
agir em abuso de direito tem ou não consciência que está a agir em abuso, só é
necessário que o ato seja objetivamente abusivo, o legislador societário segue uma
conceção mista, mantem-se o requisito objetivo do direito civil, ou seja,só há abuso de
direito quando a deliberação seja objetivamente adequada para produzir o abuso, a
medida que foi aprovada tem de ser adequada à produção do abuso, mas isso não
chega;
ii) propósito de um dos sócios o legislador está a
mencionar o requisito subjetivo, portanto,tem que se provar que um dos sócios que
votou a favor tem a intenção de ter um comportamento abusivo.
iii)Qual é o abuso? Temos duas situações diferentes: (1)obter vantagens especiais
para si ou para terceiros em prejuízo da sociedade ou dos outros sócios (correlação),
nesta modalidade temos dois requisitos o prejuízo e o beneficio, mas temos a segunda
situação que acaba por desmentir a primeira(2) simplesmente prejudicar aquela
(sociedade) ouos outros sócios. Ora se a segunda situação defende que basta o
prejuízo para que é que serve a primeira situação? Portanto desde que o único
objetivo seja prejudicar os outros sócios já temos um comportamento abusivo (ato
emulativo modalidade do abuso de direito).

39
iv)Mas isto não chega, depois de chegar aqui temos que ver se a deliberação supera
a prova de resistência. Exemplo: Temos uma Sociedade Anónima com 5 sócios
(A,B,C,D,E) todos iguais, A,B,C,D votaram a favor e E votou contra, a prova de
resistência consiste na necessidade de reformular as intenções de todos os sócios um
a um, se, por exemplo, chegarmos à conclusão que A e B votaram abusivamente, estes
votos não contam, deviam ser anuláveis, na medida que uma deliberação abusiva é
anulável, mas a lei considera-os nulos, mas se C e D não votaram abusivamente, a
prova de resistência consiste em ver se sem o voto com vício os restantes votos são
suficientes para a deliberação ser aprovada. (neste caso C e D votaram a favor, mas
não votaram abusivamente a deliberação é aprovada porque só E vota contra).

Se a deliberação for anulável e haja dano causado pela deliberação abusiva,


segundo o 58º/3 todos os que votam a favor tem que ressarcir o dano,
independentemente se votam abusivamente ou não o que parece um pouco
excessivo.

58º/1 c):
é anulável a deliberação que não seja fornecida de
elementos mínimos de informação. O 58º/4 esclarece alguns tipos de elementos
mínimos de informação.

o Deliberações ineficazes (55º):


Nestes casos nada se passa com a deliberação, nem com o seu conteúdo nem com a
sua forma, a deliberação está absolutamente correta, mas falta obter um requisito
externo à deliberação e enquanto não seja obtido a deliberação não pode produzir
efeitos.
Por exemplo, no caso de direitos especiais é necessário consentimento, se este não
for obtido a deliberação é ineficaz (para toda a sociedade).
Casos de ineficácia absoluta: 24º/5/6, 136º/1, 221º/7, 229º/4, 328º/3
Caso de ineficácia relativa 86º nº2;

Agora vamos à parte processual das deliberações.

o Deliberações nulas - 57º

Artigo incompleto na matéria: segundo este artigo o órgão de fiscalização tem o


dever de estar na AG e havendo uma deliberação nula,ele tem que comunicar logo na
própria assembleia ou na posterior, mal se aperceba que se trata de uma deliberação
nula, de modo a ser aprovada uma das medidas aqui expressas: (1) renovação da
deliberação ou(2) promover a respetiva declaração judicial
O Prof. Menezes Cordeiro e Coutinho de Abreu defendem uma terceira alternativa:
(3) a própria assembleia geral declarar nula a deliberação tomada anteriormente
(levanta muitas dúvidas), se for na mesma assembleia não levanta grande perigo
porque trata-sedo momento seguinte, mas pode acontecer só numa assembleia
posterior.
Se a sociedade nada fizer no prazo de dois meses estabelecido no 57º/2, o órgão de
fiscalização tem de impugnar judicialmente a deliberação, se não o fizerem incorrem
em responsabilidade civil e penal (57º/3);

40
57º/4: Há sociedades que não tem órgão de fiscalização, logo nesses casos caberá ao
gerente

Considera-se que aqui há uma lacuna na lei quanto à legitimidade para impugnar as
deliberações - aplica-se o 286º do CC - que reconhece que qualquer interessado
mesmo que não seja sócio pode impugnar uma deliberação nula a todo o tempo
enquanto houver interesse.

o Deliberações anuláveis 59º

Pode ser arguida pelo órgão de fiscalização, aplicando-se por analogia o 57º/4 e
nestes casos não pode ser invocada por qualquer interessado, mas só pelos sócios, não
é qualquer sócio, apenas o sócio que não tenha votado a favor ou que não tenha
concordado posteriormente com a decisão, ou seja, só podem os sócios que votaram
contra, os que se abstiveram, os ausentes e os que votaram a favor nas deliberações
de rejeição da proposta (quando a deliberação é rejeitada há na mesma uma proposta,
quando quem vota a favor não consegue que a deliberação seja aprovada
deliberação de rejeição pode ser impugnada).
Depois, parece que em principio o usufrutuário mesmo que não seja sócio pode
impugnar a decisão porque em principio é ele que vota, também se tem entendido
que se o sócio falece no decurso do prazo (30 dias) ou há transmissão da participação
nesse prazo, o sucessor ou adquirente também pode impugnar desde de que esteja
dentro do prazo. Se a legitimidade é no sentido do voto colocam-se problemas se o
voto é secreto, quem escolhe a modalidade de voto é o PM, nesse caso há uma
pequena aldrabice 59º/6 ninguém pode garantir que ele votou contra,

Prazo para impugnar: 30 dias 59º/2. São 30 dias a contar da data que foi
encerrada a AG(uma AG normal começa e acaba no mesmo dia, mas há situações que
isso não acontece), atenção que pode não ser a mesma data em que se toma a
decisão. A lei tem um limite para a sociedade não estar indefinitivamente à espera,
que se encontra no 59º/3.

Para impugnar temos de juntar a ata, não tem de estar assinada por todos os sócios
basta que sejam assinadas pelos sócios que votaram a favor. CONTRADIÇÂO: 59º nº5 e
63º nº3 CSC o primeiro diz que tem de ser assinada por todos que votaram a favor, o
segundo diz que basta que seja assinada pela maioria dos sócios que tomaram parte
na assembleia.

o Deliberações ineficazes 55º

Nestes casos não está prevista nenhuma ação judicial, o legislador tomou como
ponto de partida que a deliberação não pode ser executada enquanto seja ineficaz,
enquanto não for reconhecido o consentimento
Se for necessário a intervenção do tribunal para reconhecer que há uma
deliberação ineficaz tratar-se-á de uma ação simples de apreciação de eficácia da
deliberação, pois a ineficácia já existe.
Os tribunais competentes são os tribunais de comércio

Providência cautelare específica: suspensão da deliberação social (380º e ss)


- Prazo de 10 dias 380º CPP;

41
- O CPP diz que a legitimidade reside no sócio, problemas de legitimidade quer por
defeito quer por excesso:
- Quando se diz qualquer sócio, refere-se, por exemplo, no caso das
deliberações anuláveis aos sócios que têm legitimidade para propor a ação principal,
não podem ser sócios que tenham votado a favor, no caso das deliberações nulas, o
CPP só fala de sócios, mas o CSC permite a qualquer interessado pedir a nulidade das
deliberações, nestes casos qualquer interessado pode recorrer a uma providência
cautelar, mas tem de ser uma providência comum, nessa não há nenhum problema,
esta providência só pode ser pedida por sócios.

Notas quanto aos prazos:

Nota1: o prazo para propor a providência cautelar é de 10 dias e depois aplicando


as regras gerais temos 30 dias depois para propor a ação principal, se não propuser a
providência caduca. Eu não tenho 30 dias a seguir à providência para propor a ação
principal tenho 30 dias desde da assembleia, não são efetivamente 30 dias logo se
exceder este prazo a providência caduca.

Nota2: existe a figura da inversão do contencioso, nem sempre é possível, mas esta
figura permite tornar a providência na ação principal. Diz a lei que a inversão de
contencioso pode ser pedida até à audiência da providência cautelar.
Mas, por exemplotemos uma deliberação aprovada dia 1 de Janeiro e a providência
foi proposta dia 5 de Janeiro, dia 5 de Fevereiro é a audiência da providência,
imaginemos que a deliberação é anulável tínhamos, supostamente até à data da
audiência da providência ou seja tínhamos até dia 5 de Fevereiro, mas segundo o
professor não dá porque se o prazo para propor a ação principal já acabou não faz
sentido poder propor a inversão do contencioso que é um prazo adjetivo ao prazo de
propor a ação principal, logo só se pode propor a inversão do contencioso enquanto se
poder propor a ação principal.

Caso prático: Invalidade de Deliberações

1- Na situação do aviso de 28 de Dezembro: o prazo é de 30 dias; a convocatória


terá de ser publicada no site do MJ (sempre que a lei nada diga é publicada no sitio do
Ministério da Justiça
mas esse regime não é imperativa art.377º nº3 CSC. A comunicação pode ser no caso
de ações nominativas pode ser por carta registada. Neste caso não eram ações
nominativas poderia ser por carta? Não, tinha de ser publicada. Respeitaram assim o
prazo, mas não a forma anulabilidade.

2- No dia 4 de Janeiro: o prazo não é válido, mas respeita a forma a assembleia foi
convocada, não foi é bem convocada logo não podemos aplicar o 56º mas aplicamos o
58º. Sendo assim anuláveis as deliberações tomadas nessa assembleia.

4- inclusão de assuntos na ordem do dia temos de ver o art.378º e 375º nº2 CSC
os dois acionistas que interpuseram um requerimento para a colocação de novos
assuntos na ordem do dia precisariam de 5%, que têm e tem de ser 8 dias antes da AG,

42
24/11/2017
Obrigação de Entrada:
Pode haver entrada sem sócio, mas nunca haverá sócio sem entrada obrigação de
entrada.
As entradas podem ser divididas em dois tipos:
- Entradas em bens que por sua vez pode ser dividida em:
Entradas em espécie;
Entradas em dinheiro;
- Entradas em indústria (prestação de serviço/trabalho) não vamos dar atenção a este
tipo de entradas, porque nesta cadeira centramo-nos nas Sociedade por Quotas e Sociedades
Anónimas, que não permitem as entradas em indústria.

Entradas em dinheiro:
As entradas em espécie são tudo aquilo que não sejam entradas em dinheiro, portanto
temos que definir primeiro as entradas em dinheiro.
As entradas em dinheiro podem ser feitas em:
- Papel/moeda,
- Moeda metálica,
- Moeda bancária (refere-se quer à possibilidade de transferência bancária quer à
possibilidade de cheque).
No entanto, há algumas realidades a que temos que ter atenção:
Na entrada em espécie temos um controle do ROC, mas nas entradas em dinheiro não
existe essa avaliação, pois o dinheiro já tem um valor por si próprio, logo vai integrar
diretamente o capital social, ora se há uma equivalência direta entre capital e a entrada em
dinheiro e se não há alguém que avalie e faça o relatório para que esta seja admissível, tem de
ser expressa da mesma grandeza do capital social, expressa em euros. Portanto, só pode ser
qualificada entrada em dinheiro, quando a entrada for em euros, o problema levanta-se com a
entrada em dinheiro em moeda estrangeira porque estamos perante diferentes grandezas,
logo já estamos numa entrada em espécie.
A moeda que não tem curso legal tem também de estar sujeita ao regime das entradas em
espécie.

Exemplo: A quer entrar para a sociedade com uma cessão de créditos, ele é credor de
alguém numa determinada quantia, 1000 euros, cede o seu crédito a favor da sociedade não
se trata de uma entrada em dinheiro, mas sim de uma entrada em espécie. Um valor de um
crédito pode não coincidir necessariamente com o valor monetário que está em jogo, desde já
o devedor pode se tornar insolvente.

44
Não é considerada entrada em dinheiro o gozo do próprio dinheiro esta entrada é sempre
admissível desde que disponibilize à sociedade dinheiro sem juros ou a um juro inferior ao
previsto no mercado. O valor da entrada não é determinado pelo dinheiro entregue à
sociedade, mas pelo rendimento que esse poderá gerar em favor da sociedade. Essa entrada
será considerada entrada em espécie.

Entradas em espécie:
As entradas em espécie são todos aqueles bens diferentes em dinheiro. Mas será que
qualquer bem será aceitável a título de entrada?
A doutrina tradicional afirmava que para se tratar de entradas em espécie o bem teria que
ter quatro características:
- Garantia (tem de ser suscetível de penhor, ou seja, se alguém fica a dever algum dinheiro
podemos penhorar esse bem);
- Instantaneidade (transmitido para a sociedade num único ato, ou seja, o cumprimento da
prestação tem de ser instantâneo não podendo ser continuado);
- Produtividade (tem de servir para que a sociedade possa começar a sua função, servir a
finalidade produtiva da sociedade);
- Perpetuidade (o bem tem de ter duração perpétua, ou seja são afastados os bens
temporários;

1. Garantia:
O bem tem de servir a função de garantia, isso seria útil a dois níveis:
(1) se o sócio não entrega o bem à sociedade, a sociedade poder ter a faculdade de agredir
o património do sócio para adquirir o bem, a sociedade pode mandar executar o
património do devedor, ou seja, tinha de ser um bem suscetível de penhora.
(2) se a sociedade um dia mais tarde ficar a dever a credores, os credores poderiam
executar o património da sociedade para obter o seu crédito, isso só é possível se for um
bem suscetível de penhora1.
Esta visão está claramente ultrapassada nos dias de hoje, na medida em que a 2ª Diretiva
sobre os Direitos das Sociedades, a Diretiva de 2012/30/EU (só para as SA) contraria esta
só tinha de ser suscetível de
avaliação económica , portanto a Diretiva não faz menção à penhorabilidade do bem, ou seja,
não se faz nenhuma menção ao facto do bem ter de ser um bem suscetível de penhora,
apenas estabelece que ter de ser um bem avaliável em dinheiro, mensurável em dinheiro, o
que não é coincidente com atual conceção se seguirmos a conceção da lei portuguesa alguns
bens que até têm valor económico não podem ser objeto de entrada porque não podem ser
penhoráveis 20º/a).

1 A penhora é precisamente o ato de desapossamento dos bens do devedor, que ficam na posse do
tribunal a fim de este os usar para a realização dos fins da ação executiva.

45
Os restantes países europeus como Itália e Espanha fizeram uma transposição direta da
diretiva, em Portugal transpusemos esta realidade no 20º que remete para bens suscetíveis de
penhora e não para bens avaliáveis em dinheiro, o que não é a mesma coisa porque há bens
avaliáveis em dinheiro não sujeitos a penhora.

O professor defende a perspetiva da Diretiva:


- A noção que o património social, mais concretamente o capital social é a garantia dos
credores é uma visão ultrapassada, o capital hoje quase pouco nada significa a este nível;
- Se esquecermos o CSC e formos ao CC, no que respeita às sociedades civis são admitidas
como entrada, bens que não são penhoráveis (p.e. entrada por gozo de bens). Se o CC admite
não faz sentido que o CSC proíba, o património das sociedades civis é tão garantia para estas
como o património das sociedades comerciais; A doutrina admite no 25.º/4 se se tornar
impossível a prestação o sócio deve entregar a sua entrada em dinheiro. Em que momento
estamos? O contrato já está celebrado aqui, ora, para uma entrada em espécie normal este
artigo não faz sentido porque o bem já deve ter sido entregue à sociedade. Só pode estar aqui
em causa o gozo dos bens, se for em espécie fazemos a entrega e só depois o contrato, se for
em gozo o bem continua na posse do sócio e somente transfere o gozo para a sociedade. Este
artigo só faz sentido se nas SA também admitirmos as entradas em gozo, só que se as
admitirmos estamos a contrariar a 20.º/ a).
- A ideia que os bens que os sócios transmitem para a sociedade tem de servir de garantia é
uma visão estática, as entradas servem para dar início ao arranque da vida da sociedade, se é
essa a importância, o que interessa é que o bem tenha valor económico, pois isso é que ajuda
que a sociedade comece a sua atividade e não que seja suscetível de penhora;
- Ex: A parte social num sócio numa Sociedade Em Nome Coletivo é impenhorável, mas as
ações e quotas nas SA e nas SQ são penhoráveis e parcialmente penhoráveis respetivamente.
Se eu quiser entrar numa SA com ações que tenha noutra sociedade segundo a doutrina
tradicional posso, mas se for numa SENC não posso porque esse bem é impenhorável. O que
não faz qualquer sentido, porque a sociedade pode adquirir aquela parte social
posteriormente.
- Há também determinados bens que são impenhoráveis contra a vontade do sócio, por
exemplo os bens essenciais, mas imaginemos que por absurdo ele quer dar a sua cama como
entrada, não há problema se o quer fazer voluntariamente. E no caso de contas bancárias?
Temos que ver a proveniência do dinheiro porque imaginemos que faz parte de um salário ou
de obrigações alimentares, segundo a doutrina tradicional o sócio não poderia dar como
entrada porque não são bens suscetíveis de penhora, portanto segundo esta perspetiva não
poderiam ser titulares de entradas vários bens por serem impenhoráveis, mas que têm alto
valor económico.
Só a lei portuguesa é que defende que as entradas em espécie têm de ser bens suscetíveis
de penhora.
A resposta concreta nos dias de hoje, segundo quase a unanimidade da doutrina, é
esquecer um bocado o que está na lei e seguir a diretiva, logo exigir que os bens sejam
avaliáveis em dinheiro, avaliados economicamente e segundo sim, que sejam transmissíveis
porque senão não podem passar da esfera do sócio para a sociedade.

46
A solução segundo o Prof. Armando Triunfante é que o bem tem de ser transmissível, se for
é admitido como entrada em espécie se não for não é admitido, o facto de ser penhorável ou
não, não tem relevância. O professor Engrácia Antunes discorda.

2. Instantaneidade
De acordo com a lei portuguesa, esta característica tem efeito útil, significa que através de
um único ato consigo por a disposição da sociedade o bem. A lei exige esta característica no
26º/1.
Quando se fala em instantaneidade não falamos do cumprimento da obrigação, trata-se
sim de colocar à utilidade da sociedade a disposição do bem, bastará um ato da sociedade
para retirar a utilidade do bem.
Ex: o gozo de um bem a propriedade continua do sócio o que eu permito é o gozo do bem
durante determinado tempo. Gozo de imóvel durante 20 anos a obrigação de entrada é
cumprida na totalidade ao fim dos 20 anos, mas a instantaneidade deu-se porque entreguei o
gozo do bem à sociedade no início, tem de se tratar de um tipo de bem que através de um
único ato sem a colaboração de ninguém permite a sociedade retirar a utilidade do bem.
No caso das entradas de conteúdo negativo: uma obrigação de não concorrência, uma
obrigação de não edificação. Imaginemos que sou sócio de uma sociedade e esse hotel tem
uma vista incrível, mas à frente desse hotel tenho um terreno, a minha entrada seria a
obrigação de não construir nada no terreno isto pela primeira característica (garantia) era
possível, porque tem valor económico, mas não respeita o segundo (instantaneidade) porque
exige a colaboração do sócio para a não construção.

3. Produtividade
Com isto pretende-se que o bem tenha uma função produtiva, esta característica, tal como
a anterior é aceite doutrinalmente.
É correta a caraterística se interpretarmos que o bem só tem valor produtivo se tiver valor
o CC permite que uma prestação não
tenha valor económico, desde que seja objeto de proteção legal. No CSC o bem tem de ter
pelo menos valor económico.
Quando se diz isto, não se pretende que o bem tenha que servir o objeto da sociedade, por
exemplo devemos permitir ao sócio a entrega de um barco a título de entrada para um
restaurante em Évora? Se só permitíssemos um bem que esteja de acordo com o objeto da
sociedade este seria rejeitado, mas (1) a sociedade pode vender o bem, (2) a capacidade da
sociedade não se mede com o objeto, relaciona-se com o lucro.

Estes bens são admitidos desde que se encontre subjacente uma intenção de obtenção de
lucro.

4. Perpetuidade
Durante muito tempo defendeu-se que o bem só era admissível a título de entrada se fosse
perpétuo, ou seja, as entradas temporárias seriam afastadas:

47
- Se o bem é temporário é mais difícil de avaliar;
- Haveria vários problemas relacionados com o capital e património da sociedade pois se
todos os sócios entregaram bens temporários correm o risco de no final de algum tempo
ficarem sem bens;
- Se a entrada é a contrapartida que o sócio dá a sociedade por lhe estará a atribuir essa
qualidade, é justo que essa contraprestação seja definitiva;
Exemplo: uma sociedade tem dois sócios, a entrada deles é o usufruto de um imóvel a favor
da sociedade, o usufruto a pessoas coletivas tem limite legal de 30 anos, quando acabar esses
trinta anos os bens regressam aos sócios, o que significa que, a sociedade fica sem património
senão tiver adquirido nada, entretanto e eles continuam como sócio da sociedade.
Portanto, segundo esta perspetiva, para evitar este problema, as entradas tinham de ser
perpétuas. Esta perspetiva foi defendida durante muito tempo.
Nos dias de hoje o bem pode perfeitamente ser temporário, ou seja, o exemplo anterior é
totalmente admissível. Outro exemplo é a patente que tem 20 anos de pretensão, ou seja, é
temporária, mas tal não impede que seja uma entrada numa sociedade comercial, como
resolvo o problema de ser temporária?
O facto de ela ter de ser temporária é um fator que o ROC tem que ter em atenção na
avaliação da entrada simplesmente. Portanto não tem de ser perpétua.

26º/1: As entradas dos sócios devem ser realizadas até ao momento da celebração do no
contrato, sem prejuízo do disposto nos números seguintes - particular importância para as
entradas em espécie porque para as entradas em dinheiro temos as exceções previstas no
número 2 e 3 deste artigo.
Quando o legislador se refere a realizadas , usou este termo propositadamente, porque
para uma entrada ser considerada realizada é preciso dois requisitos:
(1) título o título jurídico que permite a passagem de direito do sócio para a sociedade
tem de estar efetivado, ou seja, temos que fazer um contrato anteriormente ao
contrato de sociedade ou ao mesmo tempo que este; se deixarmos a celebração do
contrato para depois da realização do contrato de sociedade: entramos em mora, não
cumprimos no tempo devido;
Exemplo: a entrada é uma transmissão de um imóvel tem que ser celebrado um contrato
de compra e venda, não dá um contrato promessa de compra e venda, pois este último
pode ser na mesma uma entrada em espécie, mas não é uma entrada diferente, não se
trata da transmissão de um imóvel.
Não se trata de uma entrada se o título estiver executado, mas os seus efeitos suspensos
(exemplo: se a entrada consistir na transmissão da propriedade de uma determinada cosia,
mas coloco no contrato uma cláusula de reserva de propriedade, não há realização de
entrada para efeitos deste artigo ou quero transmitir o bem, mas o contrato fica sujeito a
uma condição suspensiva, logo se a condição não se verificar não há entrada logo não há
sócio, mais uma vez a entrada não está realizada).
(2) só por si não é suficiente, a propriedade já se transmitiu por mero efeito do contrato,
mas é necessário também colocar por um único ato à disposição da sociedade a possibilidade

48
da sociedade usar o bem como entender (bens móveis e imóveis tem também de se
transmitir a posse).

O legislador não seguiu o termo cumprimento, porque isso iria implicar o afastamento de
determinado tipos de bens que se considerou que podiam ser desejáveis a título a entrada na
sociedade.
O bem tem de estar realizado na totalidade mesmo que não esteja totalmente cumprida a
prestação. (Exemplo do gozo do bem cedemos gozo por 10 anos, o contrato de cedência tem
de estar feito, temos de entregar o bem à sociedade, ainda que demoremos 10 anos a
cumprir). Admite que o cumprimento da entrada possa ser prolongado no tempo.

Violação 26º/1: vemo-nos obrigados a recorrer ao regime regra, o sócio entra em mora, e
entra imediatamente, não tem de ser interpelado. Só tenho que fazer a interpelação
admonitório quando se tratam de obrigações que não haja prazo certo, não há prazo certo
para a celebração do contrato, mas mesmo não tendo prazo certo, também se entra em mora
quando não se cumpre a obrigação e tem-se perfeito conhecimento que temos que cumprir a
obrigação

28º/1: entradas em bens diferentes de dinheiro devem ser objeto de um relatório


elaborado por um revisor oficial de contas sem interesses na sociedade, designado por
deliberação dos sócios na qual estão impedidos de votar os sócios que efetuam as entradas -
se há deliberação há sociedade, apesar da sociedade só ser considerada um ente jurídico com
registo, a sociedade é um processo e nesta altura já há sociedade, não para todos mas há.
Como não temos contrato de sociedade, não temos um tipo de sociedade, portanto não
podemos aplicar um regime especifico, a doutrina considera então que o voto é por cabeça e
deliberam por maioria absoluta simples. Nessa deliberação não vota o sócio cujo o bem vai ser
avaliado por aquele ROC, mas existe uma ou outra hipótese em que este impedimento pode
causar problemas:

Problema 1: imaginem que todos os sócios querem entrar com entradas em espécie como é
a votação se há um impedimento de voto?
- Segundo o Prof. Paulo Tarso vota-se por bem, portanto há varias deliberações, uma para
cada bem.

Problema 2: E se todos entrarem com o mesmo bem, ou seja, se tivermos numa situação de
compropriedade?
Este é o único caso em que a doutrina admite que o impedimento de voto ceda, podendo
todos os sócios votar.

Este artigo é obrigatório (e ao contrário do que acontece em outros países) não é possível
aos sócios afastar o ROC. Exceção: só pode fazê-lo nas SENC o sócio responde ilimitadamente

49
e subsidiariamente com a sociedade. No caso de não existir um relatório existe inversão
aquele sócio responde primeiro ilimitadamente e solidariamente com a sociedade.
No entanto, na diretiva admite-se a possibilidade de prescindir do relatório nos casos em
que o bem já foi avaliado por uma instituição fidedigna (ex: títulos cotados em bolsa, entrada
em moeda estrangeira), mas em Portugal tudo tem de ser objeto de avaliação pelo ROC.
28º/3: está explícito neste artigo o que se pretende com o relatório.
A alínea d) é essencial: o ROC tem de dizer se o valor do bem atinge a participação social
que o sócio pretende, se ficar acima ou é ágio ou tem que ficar no relatório a devolução do
dinheiro sobrante, se o valor do bem for inferior à participação social que o sócio pretende não
pode ser constituída a entrada.
28º/4: Prazos: a apreciação da entrada em bem não se pode dar em cima do contrato, logo
a lei diz que tem de estar disponível 15 dias antes da data prevista para a celebração do
contrato, se o ROC depois de entregar o declaratório tiver conhecimento de alterações do
valor do bem tem de comunicar aos sócios, por outro lado o relatório deve ser o mais atual
possível, portanto no máximo o relatório, não pode anteceder mais de 90 dias do momento de
celebração do contrato.

Caso prático Obrigação da entrada:


I
A a sua entrada é uma cessão de posição contratual, mas é obrigatório obter o
consentimento do outro contraente antes da celebração do contrato da sociedade, pode
ser ao mesmo tempo, no contrato de sociedade o terceiro intervém dado o seu
consentimento;
B- a questão a discutir é se são ou não admitidas entradas temporárias. Chegamos à
conclusão que segundo a doutrina clássica não são admissíveis, mas a doutrina que
adotamos admite bens temporários, o facto de ser temporário é só relevante para a
avaliação do valor da entrada;
C trata-se de uma entrada em espécie porque é em moeda estrangeira, logo não pode
ser diferida (26º);
D- a característica que falha é a instantaneidade, porque é sempre necessário a
colaboração do sócio, logo não é compatível com o direito das sociedades (26º). O
professor defende que se pode, mas não enquanto existir o 26º.
E o direito de uso e habitação não é transmissível, porque é um direito real especifico
que é atribuído para a satisfação de necessidades pessoais do titular a quem foi atribuído
(não é assim transmissível). E o direito real só pode ser titular de pessoas singulares (a
sociedade não tinha capacidade). Logo é proibido por lei ser considerado uma entrada,
mas não é por ser impenhorável.
F pode, apesar da doutrina tradicional o rejeitar, invocando o 26º/1, na medida em que
se trata de um bem impenhorável, mas apesar de ser impenhoráveis, o sócio pode vender à
sociedade essas mesmas participações, e a própria participação pode ser adquirida pela
sociedade posteriormente, logo não faria sentido nenhum proibir este tipo de entradas.

50
Trabalho: 10 páginas (doutrina e jurisprudência)

15/12/2017
25º/3: avaliação das entradas em espécie pelo ROC consequência para os casos em que o
ROC se engane na avaliação.
Este artigo não é correto, pois só estabelece a hipótese de responsabilidade do erro.
Se o valor for por defeito, não há problema, é favorável para a sociedade trata-se de uma
reserva oculta e este artigo não se refere a essa hipótese. O erro do 25º/3 refere-se à hipótese
oposta quando a avaliação dá um determinado valor, e o valor do bem é inferior a esse.
Requisitos:
- 28º - a entrada tem de ser um bem suscetível de avaliação por parte do ROC;
- erro do revisor (não qualquer erro, só o erro que sobrevaloriza o bem sujeito de entrada);
- para a aplicação não é necessária culpa, nem do ROC, e muito menos da culpa do sócio;
Havendo o erro, o 25º/3 diz que o sócio é responsável pela diferença que porventura exista
ao contrário de outros ordenamentos em que a responsabilidade recaí sobre o ROC, no
ordenamento jurídico português recai exclusivamente sobre o sócio.
A Lei tem um limite responsável para a responsabilidade do sócio, o sócio é responsável até
ao valor nominal da sua participação
Ex: Um sócio entrou para a sociedade com 100.000, recebe ações cujo o valor nominal de
90.000 euros. Os 10 000 euros são alocados para o ágio, vão para a reserva legal.
Agora foi reavaliado e chegou-se à conclusão que vale 70.000, o sócio tem que repor
20.000. Para o Prof. não faz sentido porque a entrada dele foi 100.000. Se ponderarmos todo o
sistema do direito das sociedades, esta solução não faz sentido.
197º- os sócios são responsabilizados solidariamente no valor das entradas de todos os
sócios. Logo são os outros sócios a pagar os 10.000 euros que faltam, logo por maioria de
razão ele também teria de ser responsável.
Segundo o professor, o sócio não deve ser responsabilizado até ao valor nominal da sua
participação, mas sim até ao valor da entrada.
O sócio, nos termos do 25º/3, não parece o único responsável, o ROC também parece ter
que ser responsabilizado. O ROC tinha um contrato com a sociedade, logo a própria sociedade
pode responsabilizar o ROC perante o incumprimento contratual.
O próprio sócio ou os credores podem responsabilizar o ROC?
Segundo o Prof. pode, não com base no incumprimento contratual, pois não há nenhum
contrato celebrado, mas com base no contrato com eficácia de proteção para os terceiros
(muitas vezes invocada no arrendamento - ex: o senhorio tem que fazer obras de manutenção
no telhado, não o fez, o telhado cai em cima da empregada doméstica do arrendatário, esta
não tem contrato com o senhorio, mas está tão próxima dos riscos de má execução do
contrato, o que significa que ela pode recorrer à responsabilidade extracontratual, mas pode
recorrer à responsabilidade contratual ao abrigo do contrato a com eficácia de proteção para
terceiros)

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Contrato com eficácia de proteção para os terceiros - terceiros abrangidos pela esfera de
proteção do contrato, o que implica o ónus da prova.
25º/4: aumenta a perceção que a obrigação de entrada é uma obrigação do resultado e do
ponto de vista do legislador só interessa que esse resultado seja verificado.
Este artigo aplica o regime para outro tipo de problemas.
1ª situação: entrada em espécie, mas verificou-se depois da entrega do bem, que existem
terceiros que tem direito sobre o bem
2ª situação: impossibilidade da prestação.
Há um tipo de entradas que claramente se aplica este artigo, entradas duradouras a meio
do prazo, o bem é destruído, sem culpa de ninguém, a prestação tornou-se impossível.
Quando é que a entrada em espécie tem que estar realizada? Até à celebração do contrato.
Recorrendo aos ensinamentos do direito civil, celebro um contrato de compra e venda, se o
bem desaparecer antes da celebração do contrato há uma impossibilidade originária, o
negócio é nulo, mas se o bem desaparece depois da celebração do contrato, a impossibilidade
é superveniente e temos que resolver o problema através das regras do risco, logo caberá ao
vendedor.
Se interpretarmos o artigo parece que a prestação ainda não foi feita.
Acontece que não faz sentido, tendo as entradas em espécie ter que ser entregues à
celebração do contrato, nunca uma entrada em espécie pode se tornar impossível, porque eu
já tinha que ter entregue. Logo refere-se a um momento anterior à celebração do contrato, o
valor é fixo no relatório do ROC
Ex: a entrada é um carro, se o carro desapareceu antes do relatório, ele devia saber, mas se
não se apercebeu que tinha desaparecido, celebrou-se o contrato aplicamos o 25º/3. Mas
vamos supor que quando avaliou o carro existia, mas entre a avaliação e o contrato o carro
arde, não vou poder entregar o carro, mas vou ter que pagar o valor à sociedade.
Isto difere no direito civil, porque o carro se desaparecesse antes do contrato seria nulo,
haveria uma impossibilidade originária, nos casos do direito comercial, ao abrigo do 25ª/4 o
sócio vai ter que pagar a entrada da outra maneira.
Tudo a favor da sociedade em detrimento do sócio.
3ª situação: ineficácia da estipulação relativa a uma entrada em espécie nos termos 9ª/2.
Vamos aplicar este segmento de modo extensivo, de maneira a que, quando a entrada não
respeite os requisitos legais a propósito dessa obrigação e não só os requisitos do 9º/2.
Ex: Numa SA, foi combinada uma entrada em industria e o ROC não se apercebeu.

- Consequência: deve o sócio realizar em dinheiro o valor da sua entrada.


29º- Resulta da segunda diretiva do Direito das Sociedades mas esta fala só de acionistas
o que o legislador português transpôs para o nosso ordenamento, logo o 29º aplica-se
exclusivamente as SA contragosto do legislador na transposição da diretiva.
No caso das SQ, não existe solução, sendo impossível aplicar analogicamente o regime das
SA, porque para tal era necessário, estarmos perante uma lacuna, o que tal não se verifica.

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29º/1: quando falamos em aquisição de bens parece que tem que estar aqui em causa um
negócio oneroso, se for uma negociação gratuita trata-se de um plus para a sociedade.
Aquisição de bens não há entendimento unânime, mas parece não estar em causa só a
aquisição de coisas, mas também serviços, portanto mesmo sendo uma SA, não basta a
decisão do CA, mas também de uma deliberação do sócio, que pode ser antes ou depois do
negócio.
a.) Está aqui um impedimento de fraude entre a sociedade e o sócio, ou seja, aplica-se ao
sócio fundador, ou que não seja sócio fundador, mas tenha entrado num prazo de 2
anos. Pode ser o sócio diretamente ou por interposta pessoa.
Há um problema que a lei não dá resposta, se o sócio deixar de ser sócio não afasta a
aplicação do regime, porque mais uma vez ele sendo sócio podia ter usado aquele bem
como entrada em espécie e seria fácil o sócio fugir assim à aplicação do regime, logo se
estiver no período suspeito de dois anos, continua-se a aplicar o regime.
b.) Além disso não vale qualquer aquisição. Temos duas hipóteses: se o capital for igual ou
superior a 50.000 contam todas as aquisições que excedam os dois por cento desse
valor, se o capital for inferior só estarem sujeitas a este regime as aquisições a sócios
que representarem pelo menos 10% do capital social.
No entanto, o capital mínimo das SA é 50.000 euros só podendo baixar caso haja uma
redução de capital que só poderá existir durante dois meses.
No entanto ao mesmo socio posso fazer varias aquisições, este valor de 2% é para cada
aquisição ou para todas, tem se entendido que se os diferentes bens fazem uma
unidade económica, tem ligação económica, tratamo-lo como uma só aquisição.
O momento para ser avaliado, não é o momento de pagamento, mas sim quando seja
celebrado o contrato.
c.) Aplica-se este regime quando a aquisição seja realizada antes da celebração ou nos dois
anos seguintes ao aumento de capital
Mais uma vez o legislador devia ter sido mais longe, quanto ao aumento de capital só é
aplicado aos dois anos seguintes ao aumento de capital, o regime devia ser aplicado
antes de aumento de capital e durante o aumento, aplicando o mesmo critério que se
utiliza com a celebração do contrato.

Nos casos em que avaliação esta feita por definição, p.ex. se a aquisição está avaliada
em bolsa não se aplica o 29º.
1º tem de haver uma deliberação da AG

29º/3:
Antes da deliberação da AG tem de haver uma avaliação do bem que está sujeito a aquisição
pelo ROC, feito nos termos do 28º. Na deliberação não vota o sócio a quem a aquisição está a
ser feita. Em bom rigor, não vota na deliberação da aprovação da aquisição e na deliberação
de nomeação do ROC.
Além da deliberação, o contrato em si tem de ser reduzido a escrito, mas se o negócio exigir
maior forma tem de ser respeitado.
Se não for reduzido é nulo, se faltar outros requisitos parece que o negócio é ineficaz.

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27º/1: é nulo qualquer ato da administração ou eventual deliberação de AG que libere
os sócios de obrigação de entrada.
Ex: os sócios tem entradas diferidas, passado 3 anps, a sociedade esta muito bem e há
uma AG que perdoa a obrigação de entrada de um socio que estava em falta

Caso Prático Obrigação da Entrada


II
a.) A- É necessário a autorização da sociedade a nosso ser que seja de conjugues,
ascendentes, descendentes ou outros sócios. Ou seja, quando A entra com este
bem tem de estar junto a ata da deliberação da SQ que da o consentimento da
cessão. Se admitirmos esta entrada, passamos a ter uma SA que é socio das SQ,
porque é titular de uma quota numa SQ. 11º - há dois requisitos cumulativos: as
duas sociedades têm que ter o mesmo objeto, e tem de ser responsabilidade
limitada. Se não tiverem o mesmo objeto e o contrato da sociedade anonima tem
de dizer que é possível participar em sociedades com o objeto diferente. Estes
requisitos têm de estar cumpridos antes da celebração do contrato, porque se não
o sócio entra em mora de cumprimento da entrada
B 27º/5 é proibida a compensação relativa a realização de entrada, durante
muito tempo com base neste artigo, muitos autores não aceitavam esta entrada
Se a sociedade ainda não foi constituída como é que o socio tem um credito sobre
sociedade? A sociedade sô passa a existir com o registo que ocorre depois do
contrato e aqui estamos antes de contrato, mas há sociedade as entradas devem
ser ate ao contrato, logo podem ser entregues antes, então são entregues a quem?
À sociedade. A avaliação da entrada em espécie é feita pelo ROC, sendo a sua
nomeação por deliberação do sócios logo há já sociedade. É PREFEITAMENTE
VIAVEL QUE HAJA em aumentos de capital, mas também na constituição da
sociedade.
Não há, em bom rigor, uma compensação, o credito extinguese por confusão, eu
faço uma cessão de créditos da sociedade e a sociedade que era devedorsa passa a
ser credora, logo o credito extingue-se por confusão.
C- admissível é um bem transmissível e avaliado economicamente, MAS É
NECESSARIO o consentimento do contraente cedido, esse consentimento tem de
ser dado ate a celebração docontrato da sociedade, sob pena da entrada não estar
realizada.
D não há transmissão da propriedade, é necessário título e entrega. Ele não quer
transmitir a propriedade, mas a posição de promitente comprador, há valor
económico, a mais valia que a sociedade de adquirir agora.
E- não é possível, tinha de ser numa sociedade por quotas.

b.) Não é possível porque as entradas em espécie não podem ser diferidas, tem que
ser entregues até celebração do contrato, estando o sócio em mora. Sendo que o
único socio com entrada em dinheiro passa a realizar uma entrada em espécie,
haverá varias deliberações isoladas para nomear o ROC para a avaliação de cada
bem.
c.) No direito civil é possível, mas aqui não se pode aplicar as soluções do direito civil,
porque isto implicaria a violação de27º/1. O sócio teria as ações e o contrato.

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Além disso isto era uma liberalidade, a capacidade da sociedade afasta a
liberalidade.
d.) No direito civil chama se ação do pagamento o ato de A, não se aplica o artigo, mas
o prof. defende a aplicação também. A prestação da sociedade já foi feita portanto
temos um negocio oneroso, logo estamos dentro do âmbito de aplicação do artigo
29º. Quanto ao B, trata-se de um sócio, estamos dentro do período, mas a
sociedade não esta a pagar nada neste momento, mas o momento que conta é o
momento da celebração do contrato.
e.) Não vamos resolver porque não demos

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