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As Micro e Pequenas Empresas no Brasil

As
Micro e
Pequenas
Empresas
no
Brasil

Rio de Janeiro, ‘2000


Confederação Nacional do Comércio
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Confederação Nacional do Comércio


As micro e pequenas empresas no Brasil/ Confederação
Nacional do Comércio, Antonio Everton Chaves Junior. – Rio de
Janeiro, 2000.
56 p.
1. Micro e pequenas empresas. 2. Brasil.
I. Chaves Júnior, Antonio Everton.
Sumário

Apresentação 7

I. Sumário Empresarial 9

II. O que são Microempresas e Empresas de Pequeno Porte 11

III. Classificação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte 15

IV. Estrutura do Setor 17

V. As Linhas de Crédito 25

VI. O Fundo de Aval às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – FAMPE 29

VII. O Programa Brasil Empreendedor 31

VIII. O SIMPLES 41

IX. O Programa de Recuperação Fiscal (REFIS) 45

X. Os Certificados da Dívida Pública (CDPs) 47

XI. O Comércio Exterior 49


Apresentação

Há décadas a Confederação Nacional do Comércio vem implementando


esforços na defesa dos interesses e do fortalecimento das micro e pequenas
empresas no Brasil, para que estas empresas possam desenvolver-se,
criando mercados para a atuação daqueles que têm vocação empresarial e
poucos recursos.

As micro e pequenas empresas apresentam grande importância no funcio-


namento da economia brasileira em virtude da capacidade de absorção de
mão-de-obra, da geração de renda, do número de estabelecimentos e do
potencial de abertura de novos negócios. No comércio, em particular, cabe-
lhes maior destaque, pois representam quase o universo do setor, vez que
participam com mais de 96% das firmas e são responsáveis por 88% do
pessoal ocupado.

Através deste trabalho, de modo bastante objetivo, a Confederação Nacio-


nal do Comércio mostra como as empresas são classificadas, apresenta
como as micro e as pequenas empresas participam no conjunto das ativi-
dades econômicas, discute linhas de crédito, comenta as vantagens ofere-
cidas pelo governo há pouco tempo na renegociação de débitos nas áreas
fiscal e previdenciária e estuda a inserção das micro e das pequenas em-
presas no comércio exterior brasileiro.

ANTONIO OLIVEIRA SANTOS


Presidente

7
I
Sumário Empresarial

Este trabalho visa a estudar a estrutura e a conjuntura das micro e peque-


nas empresas no Brasil, abordando temas ligados a elas. Começa definin-
do e apresentando a classificação de microempresa e empresa de pequeno
porte, para em seguida analisar a estrutura do setor com os dados disponí-
veis. No mais, enfatiza a importância da atividade do comércio, como a
mais representativa deste segmento de empresas, sob seguintes ângulos:
participação no universo das empresas e capacidade de geração de
empregos.

Quanto aos financiamentos, examina algumas linhas de crédito, exami-


nando as dificuldades de obtê-las por parte das microempresas e empresas
de pequeno porte, em função das exigências que lhes são feitas. Também
explica, em linhas gerais, o Fundo de Aval, criado para suplementar as
garantias reais dadas aos empréstimos.

Em virtude da importância da área creditícia, discute as principais linhas


de crédito que estão à disposição das pessoas jurídicas de micro e pequeno
porte no Programa Brasil Empreendedor, a fim de que possam desenvolver
os seus negócios. Este Programa distingue-se de todos os já experimenta-
dos até hoje, pelo fato de fornecer aos empresários do setor capacitação
profissional e consultoria técnica permanente, de sorte a garantir-lhes
melhor gerenciamento das próprias atividades e, por extensão, proporcio-
nar-lhes condições maiores de sobrevivência nestes tempos de baixo cres-
cimento macroeconômico e de muita competitividade, já que as empresas
de menor porte apresentam, normalmente, poucos anos de vida.

Atenção especial foi dada à Lei do SIMPLES pelo fato de possibilitar grande
vantagem ao micro e ao pequeno empresário, porque a consolidação de
vários impostos e contribuições federais num só pagamento torna a vida
dos empresários mais fácil. Não bastasse isso, a opção do SIMPLES reduz o
ônus de funcionamento das empresas.

Outro importante assunto de que trata é o Programa de Recuperação Fis- 9


cal, o REFIS, instituído pelo governo em outubro de 1999, com vistas a
facilitar a forma de pagamento das dívidas de todas as empresas – sejam
micro, pequenas, médias e grandes – para com o governo federal, criando
condições bastante atraentes para isso. Todavia, apesar dos benefícios que
a empresa pode gozar para pagar suas dívidas estando inscrita neste Pro-
grama, o governo criou exigência muito controversa à atuação empresa-
rial, alvo de polêmicas, muitas queixas e de ações na Justiça: a quebra do
sigilo bancário.

Quando o tema é redução de dívidas, este trabalho mostra que as empre-


sas, em geral, e as micro e pequenas empresas, em particular, que têm
dívidas com o INSS, usufruem de vantagem para o pagamento dos seus
débitos, através de descontos significativos, conseguidos por intermédio da
aquisição de títulos públicos, emitidos especificamente para isso no mer-
cado financeiro, os Certificados da Dívida Pública (CDPs). Embora, o des-
conto para amortização, liquidação ou pagamento da dívida chegue, em
alguns casos, a um patamar acima de 30%, as regras para uso destes certi-
ficados pressupõem certa liquidez por parte das empresas.

Por último, estuda a participação das micro e pequenas empresas no co-


mércio exterior, constatando que este setor é muito dependente da atuação
das grandes organizações, tanto na exportação quanto na importação; e
que as causas disso residem na baixa produtividade das micro e pequenas
empresas, na dificuldade de acesso aos financiamentos e na forma pela
qual o setor industrial apresenta-se estruturado na economia brasileira.

10
II
O que são Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte

Preâmbulo a respeito da atividade comercial na economia

O Comércio, em geral, desempenha papel de excelência nas economias. Devido à


função de aproximar do consumidor final o produto elaborado pela indústria, atua
como intermediário entre as relações de produção e de consumo final. Ao exercer
esta função, o empresário do Comércio emprega fatores e, desta forma, contribui
para a geração de renda. Nos mercados de menor porte, em particular, a relação com
o cliente chega a tornar-se pessoal, pois as empresas ocupam lugar estratégico na
vida das famílias para que estas possam materializar suas necessidades de consumo.
Desta forma, a existência de milhões de micro e pequenos estabelecimentos comer-
ciais tem como fundamentos básicos o cumprimento da função social exercida pelo
Comércio e o pleno atendimento das necessidades dos consumidores, através da
divisão social do mercado local. Neste caso, cada micro e pequena empresa comer-
cial representa uma partícula do universo da comercialização do produto total e tem
a sua participação determinada pelo tamanho do mercado consumidor a que se des-
tina atender.

A tarefa a ser cumprida pelas micro e pequenas empresas do Comércio é, assim,


limitada pelas condições impostas pelo mercado, pois o setor sempre “(...), está sujei-
to a uma série de condicionantes, que impõem a cada unidade características condu-
centes à realização de seus fins, como, por exemplo, sua dimensão, que não deve ser
maior nem menor do que apropriada ao gênero de atividades a que se propôs.”1 E o 1. Documento “A Empresa
fato da empresa apresentar menor capacidade não significa que opere no mercado e o Desenvolvimento
de forma ineficiente, porque existe para cada função de comercialização uma ampli- Comercial Interno”,
III Conferência Nacional
tude de operações que exige máxima eficiência na condução do negócio. das Classes Produtoras,
março de 1972.

No que se refere à capacidade de um empreendedor obter êxito em seu


empreendimento, é lícito supor que parte dos médios e grandes empresá-
rios de hoje começou com negócio que exigiu baixo investimento. Neste
caso, pode afirmar-se que o crescimento de suas empresas não se deveu
exclusivamente à competência administrativa do dono. Além da capaci-
dade e, sem dúvida, de alguma dose de sorte, esse empresário contou com
um aparato de leis para desenvolver a sua empresa, fazendo uso dos insti-
11
tutos jurídicos para tais fins. Vale dizer que esta base legal tem espectro
nas diversas leis que resguardam ou dão melhores condições às empresas
de menor tamanho.

Em todos os países do mundo, micro e pequenos empreendimentos en-


contram-se disseminados, constituindo-se em setor vital da sociedade, res-
ponsável por alocar contingente expressivo de pessoas, principalmente aque-
le que inicia seus próprios negócios. Em sua maioria, estas pessoas têm
relativo potencial de ganhar dinheiro, pois, diga-se de passagem, ambicio-
nam ficar ricas, demonstram talento para isso e querem tornar-se inde-
pendentes, muitas vezes largando a condição de assalariado.

No caso da sociedade brasileira, apesar de os micro e pequenos empresá-


rios reunirem essas características, o baixo nível de formação educacional
e a pouca ou nenhuma experiência administrativa são causas da ele-
vada taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas nos primei-
ros anos de vida.

No Brasil, toda pessoa pode investir na atividade empresarial porque a Lei


garante. Consta na Constituição Federal de outubro de 1988 que qualquer
um com espírito empreendedor pode ter o seu próprio negócio, pois “é
assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômi-
ca, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos
2. Conforme parágrafo casos previstos em lei”2.
único do Artigo 170.
A importância das microempresas e empresas de pequeno porte para o
crescimento e desenvolvimento da economia nacional é tão grande que a
Carta Magna estabelece como um dos fundamentos “Da Ordem Econômi-
ca e Financeira” (no Artigo 170, inciso IX) tratamento favorecido a este
grupo de empresas.

O tratamento especial a que se refere a Constituição reside na Lei n o 9.841,


sancionada pelo Presidente da República em 05 de outubro de 1999, sendo
mais conhecida como o “Estatuto da Microempresa e Empresa de Peque-
3. De acordo com o SEBRAE. no Porte”. Deste Estatuto é importante destacar3:

n A definição de microempresa e empresa de pequeno porte.


n A simplificação dos procedimentos burocráticos para registro e desen-
12
quadramento destas empresas.
n A permissão para que as microempresas e empresas de pequeno porte
possam constituir cooperativas de crédito.
n A manutenção de linhas de crédito específicas para as microempresas e
empresas de pequeno porte por parte das instituições financeiras oficiais
– leia-se BNDES, CEF, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da
Amazônia.
n A destinação de 20% dos recursos federais aplicados em pesquisa, desen-
volvimento e capacitação tecnológica para o pequeno empreendedor.
n A redução dos custos de cartório e burocracias trabalhistas.
n A autorização de constituírem Sociedade de Garantia Solidária.
n O tratamento diferenciado e favorecido para acesso a serviços de
metrologia e certificação prestados por entidades tecnológicas públicas.
n A prioridade no fornecimento de produtos e serviços nas compras gover-
namentais.
n O tratamento diferenciado e favorecido às empresas que atuam no mer-
cado internacional, exportando ou importando bens ou serviços.

De certo modo, as microempresas e empresas de pequeno porte têm iden-


tidade própria, pois revelam muitas semelhanças entre si, em inúmeras
circunstâncias. Algumas dessas características merecem destaque e po-
dem ser apresentadas4 a seguir: 4. “Contextualização das
Pequenas Empresas”,
trabalho obtido no
n A estrutural organizacional é simples e nem sempre definida clara- Departamento Jurídico da
mente. CNC, sem nome do autor.
n A tomada de decisão dá-se pelo dirigente principal.
n É reduzido o número de diretores.
n Os recursos empregados na atividade são limitados.
n São difíceis ou escassas as fontes de financiamento de capital de giro ou
de inovação tecnológica.
n Absorvem significativa parcela da mão-de-obra, notadamente a não es-
pecializada.
n Não dominam o setor onde operam.
n Normalmente funcionam com alto grau de complementariedade, ou
seja, estão subordinadas às empresas de grande porte.
n Seus proprietários e a administração são interdependentes, isto é, há
estreito vínculo entre o dono e a empresa, provocando muitas vezes pro-
blemas na administração.
13
III
Classificação das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte

É interessante notar que o entendimento de microempresa e empresa de


pequeno porte depende do critério a ser adotado, o que significa a
inexistência de padrão único para isto, tendo em vista haver certa flexibi-
lidade sobre este assunto, pois existem alguns países que adotam até dois
ou mais critérios. Em geral, as empresas são classificadas pelo faturamento
5. Textos para Discussão 75,
bruto anual e pelo número de funcionários, ou pelo valor do capital reali- BNDES. Puga, Pimentel
zado, como é o caso de Taiwan5 – que, na realidade, adota quatro tipos de Fernando.
classificação para distinguir estas empresas.

Quanto aos critérios do faturamento bruto anual e do número de empre-


gados, à guisa de exemplo vale dizer que os EUA consideram grande em-
presa aquelas com mais de 500 funcionários, enquanto as que estão abai-
xo disso são micro e pequenas empresas. Já no Reino Unido e na União
Européia são usados estes dois tipos de classificação, levando-se em conta
que micro e pequenas empresas são as que faturam no ano até US$ 7,1
milhões, ou possuem em seus quadros até 50 empregados. No México,
micro e pequena empresa conceitua-se pelo número até 100 empregados;
no Canadá, as empresas com até 250 funcionários. Já na Coréia do Sul,
micro e pequenas empresas são as indústrias com até 20 empregados.

No Brasil, é usual a classificação pelo faturamento bruto anual, por causa


da capacidade de obtenção de empréstimo e da obrigação de prestar contas 6. Instituto Brasileiro de
junto à Receita Federal. O critério do número de empregados tem impor- Geografia e Estatística.
tância nos estudos e nas pesquisas elaboradas pelo IBGE6 e pelo SEBRAE7. 7. Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e
Pequenas Empresas.
No Censo Econômico de 1985, por exemplo, a divisão do porte das empre-
sas atendeu a dois critérios distintos, simultaneamente: o do número de
empregados e o do setor da atividade econômica. Naquela época,
microempresa era aquela com até 19 empregados na indústria; e no co-
mércio ou nos serviços a que tinha até nove trabalhadores. Já o en-
quadramento da pequena empresa no setor industrial referia-se à que
empregava de 20 a 99 trabalhadores; enquanto nos setores do comércio
ou de serviços à que ocupava de 10 a 49 empregados. 15
As micro e pequenas empresas definidas pelo faturamento bruto anual
respeitam as faixas de valores para fins do tratamento do Estatuto das
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Por outro lado, são também
enquadradas segundo a possibilidade de obtenção de financiamento jun-
to ao BNDES, e têm a ver com o MERCOSUL, como segue abaixo:
8. Sistema Integrado de
Pagamento de Impostos e
Contribuições.
i) Para as empresas inscritas no SIMPLES8, microempresa é a que apresenta
faturamento bruto anual até R$ 244 mil e empresa de pequeno porte a
que tem faturamento até R$ 1.200 milhão.

ii) Quanto à classificação utilizada pelo BNDES, microempresa tem recei-


ta operacional bruta anual até R$ 700 mil e pequena empresa é aquela
cujas vendas brutas anuais atingem até R$ 6.125 milhões. Esta classifi-
cação acompanha o critério adotado pelos quatro países do MERCOSUL,
visando a ampliar o acesso ao crédito. Para este bloco econômico, a
uma taxa de conversão cambial de R$ 1,75/US$1,00, microempresa
fatura anualmente até US$ 400 mil e pequena empresa, até US$ 3,500
milhões.

16
IV
Estrutura do Setor

As estatísticas acerca da estrutura do setor micro e pequenas empresas no


Brasil há muito tempo vêm sendo feitas com base na classificação pelo
número de empregados. Embora também façam referência ao faturamento
bruto anual, é importante notar que prevalecem para o IBGE e o SEBRAE a
quantificação pelo número de empregados.

Com a finalidade de estudar a estrutura das micro e pequenas empresas no


País, inicialmente serão examinados dados concernentes ao exercício de
1985, para depois confrontá-los com os de 1994 e 2000, sendo que estes
últimos referem-se tão-somente à distribuição destas empresas no segmento
do comércio varejista. Com base nas estatísticas possível será verificar tan-
to a organização dessas firmas, segundo perspectiva de tempo maior, como,
também, descobrir se houve mudanças na forma destas empresas se distri-
buírem. Não bastasse isso, os números poderão revelar a efetiva importân-
cia da participação das micro e pequenas empresas no total das empresas
brasileiras e mostrar mais especificamente a representatividade destas no
comércio.

No Censo Econômico de 1985 (ver Tabela 1), base para o primeiro exame
das micro e pequenas empresas, observa-se a predominância das empre-
sas comerciais (52,45%) na composição por setor da atividade econômica.
Naquele ano, independentemente de pertencer ao comércio, à indústria
ou ao setor de serviços, mais de 98% das empresas residentes no Brasil
eram compostas por micro e pequenas empresas. Neste caso, cabe chamar
atenção para o setor comercial, constituído quase que integralmente por
micro e pequenas empresas (99,16%).

17
Tabela 1 – Distribuição das empresas por porte e setor no Brasil (em %):
Setor Composição Número de Empresas
ME(1) PE(2) MDE(3) GE(4) Total
Indústria 15,02 81,35 13,65 4,41 0,59 100,00
Comércio 52,45 91,28 7,88 0,56 0,28 100,00
Serviços 32,53 93,64 5,43 0,48 0,44 100,00
Total 100,00 90,66 7,89 1,08 0,38 100,00
Fonte: IBGE – Censo Econômico de 1985.
1. ME (Microempresa): na indústria até 19 empregados e no comércio/serviço até nove empregados.
2. PE (Pequena Empresa): na indústria de 20 a 99 empregados e no comércio/serviço de 10 a 49 empregados.
3. MDE (Média Empresa): na indústria de 100 a 499 empregados e no comércio/serviço de 50 a 99 empregados.
4. GE (Grande Empresa): na indústria acima de 499 empregados e no comércio/serviço mais de 99 empregados.

Quanto à capacidade de geração de emprego, as micro e pequenas empre-


sas absorviam contigente significativo de trabalhadores. De fato, em 1985,
este grupo de firmas exercia papel muito importante na contratação da
mão-de-obra, pois empregava 59,46% dos trabalhadores brasileiros (ver
Tabela 2).

Vale salientar que o importante papel desempenhado pelas micro e peque-


nas empresas, neste particular, é reflexo das atividades desenvolvidas pelo
comércio, principalmente, e pelos serviços; porque no setor de transfor-
mação as empresas de menor porte empregavam menos que as médias e
grandes.

Na realidade, enquanto as médias e as grandes organizações industriais


empregavam 58,40% do total das pessoas do setor, o mesmo não acontecia
nem com o comércio nem com o setor de serviços, devido às micro e pe-
quenas empresas serem responsáveis pela ocupação de 80,27% e de 63,59%
dos empregados, de cada setor, respectivamente.

A diferença entre a estrutura dos setores comercial e de serviços e a da


indústria mostra a concentração deste último setor, em virtude do maior
peso relativo das médias e das grandes empresas, principalmente no to-
cante ao emprego do fator mão-de-obra.

18
Tabela 2 – Distribuição do pessoal ocupado segundo o porte das empresas no Brasil (em %):
Setor Composição Pessoal Ocupado
ME(1) PE(2) MDE(3) GE(4) Total
Indústria 43,99 17,90 23,70 36,61 21,79 100,00
Comércio 33 51,13 29,14 7,76 11,97 100,00
Serviços 23,01 45,48 18,11 6,00 30,41 100,00
Total 100,00 35,23 24,23 20,08 20,46 100,00
Fonte: IBGE – Censo Econômico de 1985.
1. ME (Microempresa): na indústria até 19 empregados e no comércio/serviço até nove empregados.
2. PE (Pequena Empresa): na indústria de 20 a 99 empregados e no comércio/serviço de 10 a 49 empregados.
3. MDE (Média Empresa): na indústria de 100 a 499 empregados e no comércio/serviço de 50 a 99 empregados.
4. GE (Grande Empresa): na indústria acima de 499 empregados e no comércio/serviço mais de 99 empregados.

A concentração do setor industrial pode ser observada, também, através da


aferição do valor bruto da produção/receita gerada com vendas (ver Tabe-
la 3), onde as estatísticas registram a grande participação das médias e
grandes empresas. Situação oposta à do comércio, por exemplo, na qual
72,20% da receita do setor provinham das empresas conhecidas como de
micro e de pequeno porte.

Tabela 3 – Distribuição da receita/valor bruto da produção industrial, segundo o porte da


empresa por setor no Brasil (em %):
Setor Composição Receita/Valor bruto da produção industrial
ME(1) PE(2) MDE(3) GE(4) Total
Indústria(5) 57,38 5,77 17,29 41,90 33,05 100,00
Comércio(6) 37,20 29,58 42,62 12,48 14,78 100,00
Serviços(7) 5,42 34,36 22,12 9,86 33,22 100,00
Total 100,00 16,11 26,96 29,23 26,25 100,00
Fonte: IBGE – Censo Econômico de 1985.
1. ME (Microempresa): na indústria até 19 empregados e no comércio/serviço até nove empregados.
2. PE (Pequena Empresa): na indústria de 20 a 99 empregados e no comércio/serviço de 10 a 49 empregados.
3. MDE (Média Empresa): na indústria de 100 a 499 empregados e no comércio/serviço de 50 a 99 empregados.
4. GE (Grande Empresa): na indústria acima de 499 empregados e no comércio/serviço mais de 99 empregados.
5. Não inclui empresas sem declaração de pessoal ocupado.
6. Valor bruto da produção industrial.
7. Receita.

19
As informações analisadas até o momento, quando comparadas com as de
1994, revelam que a composição setorial das firmas praticamente não
mudou. Na realidade, tem-se ligeiro aumento da participação da indús-
tria e do comércio (ver Tabela 4), derivado do maior número de micro,
pequenas e grandes empresas, em relação às médias, simultaneamente à
queda do número de empresas do setor de serviços.

Sem pretender aprofundar os motivos dessas mudanças, pode entender-se


a nova composição como sendo a resposta dos agentes privados ao que
ocorreu na economia em nove anos; pois é importante lembrar que no
período de 1985 a 1994 a economia foi transformada num laboratório de
experiências heterodoxas, viveu ciclos de expansão e de recessão e, neste
último ano, apresentou taxa de crescimento elevada, por causa dos efeitos
positivos do início do Plano Real sobre o consumo agregado.

Tabela 4 – Distribuição das empresas industriais, comerciais e de serviços por porte e setor
Brasil – 1994 (em %):
Setor Composição Número de Empresas
ME(1) PE(2) MDE(3) GE(4) Total
Indústria 17,00 85,26 11,11 2,96 0,67 100,00
Comércio 56,00 93,16 6,04 0,48 0,32 100,00
Serviços 27,00 87,18 10,25 1,24 1,33 100,00
Total 100,00 90,17 8,06 1,12 0,65 100,00
Fonte: SEBRAE, elaborado com dados do IBGE “Estrutura Produtiva Empresarial Brasileira – 1994”.
1. ME (Microempresa): na indústria até 19 empregados e no comércio/serviço até nove empregados.
2. PE (Pequena Empresa): na indústria de 20 a 99 empregados e no comércio/serviço de 10 a 49 empregados.
3. MDE (Média Empresa): na indústria de 100 a 499 empregados e no comércio/serviço de 50 a 99 empregados.
4. GE (Grande Empresa): na indústria acima de 499 empregados e no comércio/serviço mais de 99 empregados.

As estatísticas de 1994 a respeito da distribuição do emprego assinalam


praticamente a mesma participação da indústria em relação ao total, como
em 1985, enquanto é sensível a redução do volume de trabalhadores no
comércio e o crescimento da mão-de-obra empregada nos serviços (ver
9. Deve notar-se que as Tabela 5)9. Não obstante, mais uma vez deve-se chamar atenção para o
estatísticas da Tabela 5 não papel das micro e pequenas empresas como agentes promotores de empre-
apontam para a mesma
direção da Tabela 4. go no comércio.

20
Tabela 5 – Distribuição do pessoal ocupado, segundo o porte da empresa por setor
Brasil – 1994 (em %):
Setor Composição Pessoal Ocupado
ME(1) PE(2) MDE(3) GE(4) Total
Indústria 43,80 14,87 18,56 24,8 41,77 100,00
Comércio 25,81 44,17 23,88 7,25 24,70 100,00
Serviços 30,39 18,89 17,96 7,73 55,42 100,00
Total 100,00 23,66 19,75 15,08 41,51 100,00
Fonte: SEBRAE, elaborado com dados do IBGE “Estrutura Produtiva Empresarial Brasileira – 1994”.
1. ME (Microempresa): na indústria até 19 empregados e no comércio/serviço até nove empregados.
2. PE (Pequena Empresa): na indústria de 20 a 99 empregados e no comércio/serviço de 10 a 49 empregados.
3. MDE (Média Empresa): na indústria de 100 a 499 empregados e no comércio/serviço de 50 a 99 empregados.
4. GE (Grande Empresa): na indústria acima de 499 empregados e no comércio/serviço mais de 99 empregados.

As informações da Tabela 6, adiante, são diferentes da Tabela 3, porque


mostram a distribuição das empresas pelo critério do faturamento bruto
anual, obedecendo à Lei no 9.317, de 05 de dezembro de 1996, que insti-
tuiu o SIMPLES10. Por meio desta tabela, reitera-se a prevalência dos micro e 10. Ver nota número 8.
pequenos empreendimentos dentro das fronteiras da economia nacional.
Dentre os setores da atividade econômica, novamente pode verificar-se a
participação destas firmas nos setores do comércio e dos serviços com gran-
de evidência.

Tabela 6 – Participação das micro e pequenas empresas no total de empresas industriais,


comerciais e de serviços – Brasil/1994 (em %):
Setor ME(1) PE(2) MGE(3) Total
Indústria 75,07 16,74 8,19 100,00
Comércio 85,79 10,97 3,24 100,00
Serviços 88,97 8,29 2,74 100,00
Total 84,79 11,25 3,96 100,00
Fonte: SEBRAE, elaborado com dados do IBGE “Estrutura Produtiva Empresarial Brasileira – 1994”.
Obs.: Critério de porte baseado na receita anual, conforme o conceito utilizado na Lei no 9.317 de 5 de dezembro de 1996.
(1) ME (Microempresa): receita bruta anual até R$ 120.000,00.
(2) PE (Pequena Empresa): receita bruta acima de R$ 120.000,00 até R$ 720.000,00.
(3) MGE (Média e Grande Empresa): receita bruta anual acima de R$ 720.000,00.

21
IV. 1. O comércio e as micro e pequenas empresas:

Esta subseção destina-se apenas a mostrar a participação das micro e pe-


quenas empresas intra setor comercial, através de nove faixas do pessoal
ocupado (ver Tabela 7). Além de se verificar a predominância das
microempresas (93,16%), deve salientar-se que neste segmento aproxi-
madamente 83% destas empresas empregavam até quatro pessoas; fato
que reflete uma estrutura de mercado tipo “atomizada”, semelhante à da
teoria econômica de concorrência perfeita, onde os agentes econômicos
são de pequeno porte, em grande número, e, isoladamente, cada um não
tem poder de alterar o preço de equilíbrio do mercado.

Tabela 7 – Distribuição do número de empresas comerciais por faixa de pessoal ocupado


Brasil – 1994 (em %):
Pessoal Ocupado (%)
de 0 a 4 pessoas 82,92
de 5 a 9 pessoas 10,24
de 0 a 9 pessoas (Microempresas) 93,16
de 10 a 19 pessoas 4,22
de 20 a 29 pessoas 1,08
de 30 a 49 pessoas 0,74
de 10 a 49 pessoas (Pequena Empresa) 6,04
de 50 a 99 pessoas 0,48
100 a mais pessoas 0,32
Total 100,00
Fonte: SEBRAE, elaborado com dados do IBGE “Estrutura Produtiva Empresarial Brasileira – 1994”.

Como as atividades de micro e pequeno porte dominam a participação


no comércio, sendo responsável por quase todo o universo das empre-
sas do setor, por grande parte da mão-de-obra empregada e da receita
gerada, é importante ressaltar que este tipo de estrutura tem como
base, fundamentalmente, as atividades desenvolvidas pelo comércio
11. Tendo em vista que se varejista11.
pode depreender que há
pouca representatividade
do comércio atacadista
no que concerne ao
número de empresas e
ao pessoal empregado.
22
Especificamente sobre o segmento do comércio varejista, a última pesqui-
sa mensal elaborada pelo IBGE, concernente ao mês de fevereiro de 200012, 12. Segundo a classificação
revelou que o número destes estabelecimentos totalizava 1.809.157, de- da CNAE 95 – Cadastro
Nacional de Estabeleci-
vendo salientar-se que deste total, cerca de 96,04% empregavam até nove mentos.
empregados; sendo que havia 1.283.746 estabelecimentos (70,96%) que
não tinham nem um empregado, 362.574 (20,04%) empregavam de um
a quatro trabalhadores e 91.154 (5,04%) estabelecimentos ocupavam de
cinco a nove pessoas (ver Tabela 8). No topo da estrutura do varejo, onde
ficam as grandes empresas, aquelas que empregam a partir de 100 pes-
soas, observa-se a baixíssima participação relativa do número destas
(0,12%) sobre o total do setor.

Tabela 8 – Distribuição do número de empregados por estabelecimentos:


Número de empregados (%) Número de estabelecimentos
0 empregado 70,96 1.283.746
1a4 20,04 362.574
5a9 5,04 91.154
10 a 19 2,54 45.966
20 a 49 1,05 19.072
50 a 99 0,24 4.370
100 a 249 0,1 1.881
250 a 499 0,02 394
Total 100 1.809.157
Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos.

A importância do comércio varejista na economia deve-se à capacidade de


gerar emprego e renda de modo praticamente igual em todo o País. Nota-
se, então, quase a mesma distribuição por faixa de empregados nas cinco
regiões geográficas, demonstrando que a “atomização” das empresas co-
merciais é uma característica estrutural do setor e independe do grau de
desenvolvimento ou do nível de renda da região (ver Tabela 9).

23
Tabela 9 – Micro, pequenas e médias empresas no comércio varejista por região, segundo
a classificação CNAE 95.
RegiõesEmpregados Número % % acum. Regiões Empregados Número % % acum.
Norte Sul
De 1 a 4 12.984 67,06% 67,06% De 1 a 4 95.267 74,38% 74,38%
De 5 a 9 3.613 18,66% 85,72% De 5 a 9 19.749 15,42% 89,79%
De 10 a 19 1.743 9,00% 94,72% De 10 a 19 8.653 6,76% 96,55%
De 20 a 49 760 3,93% 98,65% De 20 a 49 3.273 2,56% 99,10%
De 50 a 99 162 0,84% 99,48% De 50 a 99 754 0,59% 99,69%
De 100 a 249 84 0,43% 99,92% De 100 a 249 327 0,26% 99,95%
De 250 a 500 16 0,08% 100,00% De 250 a 500 66 0,05% 100,00%
Total 19.362 100,00% *** Total 128.089 100,00% ***
Nordeste Centro-Oeste
De 1 a 4 63.651 70,97% 70,97% De 1 a 4 30.506 69,36% 69,36%
De 5 a 9 15.398 17,17% 88,14% De 5 a 9 7.933 18,04% 87,39%
De 10 a 19 6.994 7,80% 95,94% De 10 a 19 3.751 8,53% 95,92%
De 20 a 49 2.831 3,16% 99,09% De 20 a 49 1.416 3,22% 99,14%
De 50 a 99 537 0,60% 99,69% De 50 a 99 259 0,59% 99,73%
De 100 a 249 235 0,26% 99,95% De 100 a 249 103 0,23% 99,96%
De 250 a 500 41 0,05% 100,00% De 250 a 500 16 0,04% 100,00%
Total 89.687 100,00% *** Total 43.984 100,00% ***
Sudeste Geral
De 1 a 4 240.850 70,78% 70,78% De 1 a 4 443.258 71,33% 71,33%
De 5 a 9 59.121 17,37% 88,15% De 5 a 9 105.814 17,03% 88,36%
De 10 a 19 26.568 7,80% 95,95% De 10 a 19 47.709 7,68% 96,04%
De 20 a 49 10.151 2,98% 98,93% De 20 a 49 18.431 2,97% 99,00%
De 50 a 99 2.388 0,70% 99,63% De 50 a 99 4.100 0,66% 99,66%
De 100 a 249 990 0,29% 99,92% De 100 a 249 1.739 0,28% 99,94%
De 250 a 500 223 0,06% 100,00% De 250 a 500 362 0,06% 100,00%
Total 340.291 100,00% *** Total 621.413 100,00% ***

24
V
As Linhas de Crédito

A questão do acesso ao crédito por parte das atividades de micro e pequeno


porte, no Brasil, toma vulto e toca num dos pontos vitais à possibilidade de
sobrevivência deste tipo de empresa. A questão torna-se mais séria ainda –
implicando na maioria das vezes no fechamento de empresas –, quando
se sabe da existência de uma série de normas criadas pelos bancos, como a
burocracia, o prazo para a liberação do dinheiro e as garantias reais. Isso,
sem contar, evidentemente, com o fato de a taxa de juros reais ser normal-
mente alta, tornando difícil o acesso ao crédito das micro e pequenas em-
presas.

Quanto à questão das exigências bancárias, cumpre dizer que não se pre-
tende discutir se certas exigências, tipo fichas cadastrais, questionários,
garantias etc., são válidas ou não, porque fogem ao escopo deste trabalho.
Esta seção visa apenas comentar algumas linhas oficiais de crédito, dado
que maiores especificações sobre financiamentos para micro e pequenas
empresas encontram-se na Seção VI, que trata exclusivamente do Progra-
ma Brasil Empreendedor. O objetivo aqui é o de somente esboçar o tema
linhas de crédito, para depois comentá-las no Programa Brasil Empreen-
dedor.

O custo do financiamento em geral é alto; o que significa dizer que a taxa


de juros na maioria das vezes torna-se obstáculo para o empresário, vez
que onera a produção, dificulta a formação de poupança para o investi-
mento e provoca a inadimplência.

Tendo em vista que as condições para conseguir dinheiro são geralmente


difíceis e, em certos casos, até adversas, o que o micro ou pequeno empre-
sário deve fazer quando precisa tomar algum empréstimo13? 13. Por alguma razão que
não nos interessa
discutir.
Antes de executar qualquer decisão neste caminho, cabe ao empresário
ponderar quais as vantagens (financeiras) do empréstimo e as condições
para pagá-lo. Além disso, seria aconselhável fazer uma catarse moral. Quer
dizer, o empresário deveria analisar a fundo quais os verdadeiros motivos 25
que o levaram a cogitar do empréstimo, para só fazê-lo em extrema neces-
sidade, não colocando em perigo a existência da empresa.

Em geral, a necessidade de dinheiro está relacionada à falta de experiên-


cia na administração ou a problemas internos típicos com a condução do
próprio negócio, como, por exemplo, altos custos operacionais, carga fis-
cal, baixa produtividade, preço final de venda pouco competitivo, mau
planejamento, entre outros, sem contar, evidentemente, com os efeitos das
crises econômicas.

Quando o assunto é recorrer a empréstimo, antes de tudo seria interessan-


te o empresário procurar o SEBRAE, que é o órgão competente de consultoria
das micro e pequenas empresas, com a missão de fomentar este importan-
te segmento. Dentre as atribuições do SEBRAE destacam-se a orientação aos
empresários, os convênios firmados com os agentes financeiros oficiais, a
divulgação sobre estes convênios, a prestação de consultoria sobre linhas
de crédito e a viabilização de avais.

O papel do SEBRAE pode ser melhor conhecido dirigindo-se a uma das suas
Agências (ou Balcões), ou, então, acessando o site deste órgão na Internet,
no endereço eletrônico www.sebrae.com.br. Com o respaldo do SEBRAE,
seguramente o empresário não fica nem se sente órfão quando tiver de
tomar uma decisão importante que possa colocar em risco o futuro do seu
empreendimento, como é o caso de tomar dinheiro emprestado.

As linhas de crédito colocadas à disposição das micro e pequenas empresas


são, basicamente, três a saber: para investimento fixo (também considerada
simplesmente de investimento); para capital de giro e para capital de giro
associado ao investimento (também conhecida como investimento misto).

14. Conforme consta na Sobre as características gerais de cada uma dessas linhas14, a relativa ao
página do SEBRAE na investimento é aquela cujos recursos são destinados à compra de máqui-
Internet.
nas e/ou equipamentos e também servem para as obras necessárias à im-
plantação, funcionamento ou ampliação da empresa. A linha de capital
de giro refere-se ao capital voltado à compra de mercadorias, despesas
administrativas etc. E a de capital de giro associado ao investimento trata
dos recursos destinados a cobrir outras despesas com o giro dos negócios
26
que a empresa terá com investimentos.
As instituições financeiras oficiais que operam com linhas de financia-
mento para micro e pequenas empresas são o BNDES, a Caixa Econômica
Federal, o Banco do Brasil, o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste e o
Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais.

Como o objetivo nesta seção é apenas o de mostrar que existe tratamento


diferenciado na área de crédito quando o cliente é uma micro ou pequena
empresa, vale a pena citar algumas linhas do BNDES, da Caixa Econômi-
ca e do Banco do Brasil, apenas a título de exemplo.

As linhas do BNDES que atendem a demanda das micro e pequenas em-


presas são BNDES Automático, FINAME, FINAME Agrícola e as linhas destina-
das à exportação – fora os Programas Regionais que têm por objetivo ele-
var os níveis de investimentos nas áreas menos desenvolvidas do País, com
a finalidade de reduzir os desequilíbrios regionais. Em geral, todas estas
linhas visam ao investimento fixo. No caso de capital de giro, tem o pro-
grama de crédito produtivo, o BNDES Trabalhador. Como o BNDES não é
um banco com características comerciais, os recursos são repassados às
instituições financeiras oficiais, as quais ganham com o spread15 cobrado 15. Diferença entre as
do cliente. taxas de captação
e de aplicação.

Por exemplo, o BNDES Automático é uma linha destinada a projetos de


expansão e de modernização da empresa, de infra-estrutura e compra de
máquinas e equipamentos. O custo de acesso desta linha é a TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo) mais juros prefixados, cobrados inclusive no perío-
do de carência. Já a do BNDES FINAME volta-se exclusivamente à produção
e comercialização de máquinas e equipamentos nacionais novos. O custo
dessa linha está nos mesmos moldes do BNDES Automático. Em ambos
empréstimos, os valores são definidos dentro dos parâmetros do BNDES e
de acordo com o projeto apresentado pela empresa.

Objetivando atender um público-alvo de microempresários, formais ou


informais, o BNDES oferece o Programa de Crédito Produtivo Popular para
Sociedades de Crédito ao Microempreendedor e Organizações Não-gover-
namentais (ONGs), também a um custo financeiro bastante razoável, com
o capital sendo corrigido pela TJLP. A lista de entidades que participam
deste Programa bem como a Legislação da Sociedade de Crédito ao
Microempreendedor podem ser obtidas indo ao BNDES, ou acessando o
27
site desta instituição no endereço www.bndes.gov.br na Internet.
A modalidade do microcrédito vem sendo difundida no Brasil há pouco
tempo e hoje existem várias ONGs que operam neste mercado. O
microcrédito busca atingir contigente cada vez maior de trabalhadores
desejosos de montarem seus negócios, na maioria das vezes familiar. Os
financiamentos estão limitados a R$ 10.000,00 por cliente, sendo vetada a
concessão de dinheiro para consumo e para participação acionária em
outras empresas.

O Banco Central é o órgão responsável pela regulamentação deste tipo de


crédito, que já funciona em 25 países em desenvolvimento, demonstrando
ser experiência positiva e bem-sucedida para as pessoas que têm poucas
condições, mas decidem arriscar-se em atividades empresariais.

As principais linhas de crédito da Caixa Econômica Federal orientadas


às micro e pequenas empresas são a FINAME do BNDES, a PROGER – CEF,
para investimento misto, e as Caixa Giro-SEBRAE e MICROGIRO – CEF
para capital de giro.

Dessas linhas destaca-se o PROGER – Programa de Geração de Emprego e


Renda, Pessoa Jurídica, instituído pelo Ministério do Trabalho e voltado à
geração de emprego e renda utilizando recursos do FAT (Fundo de Amparo
ao Trabalhador).

Para as micro e pequenas empresas constituídas há mais de um ano, são


financiáveis investimentos fixos, capital de giro associado, investimentos
para implantação de sistemas de gestão empresarial e veículos, tudo que
esteja incluído no projeto (Plano de Negócios) da empresa requisitante.

No Banco do Brasil, as principais linhas para capital de giro que atendem


as necessidades das micro e pequenas empresas são BB Giro – PASEP, BB
Giro Rápido e 13º Salário. Enquanto para investimento fixo tem-se a FCO
– Programa de Infra-estrutura Econômica e FUNGETUR – Fundo Geral de
Turismo. De investimento misto podem ser listadas as linhas FCO – do
Programa de Desenvolvimento Industrial; FCO – Programa de Desenvol-
vimento do Turismo Regional; FINAME; MIPEM – Investimento, em convê-
nio com o SEBRAE; PRODEM – Programa BB de apoio ao desenvolvimento
Municipal e PROGER Urbano.
28
VI
O Fundo de A val às Microempresas e
Aval
Empresas de Pequeno Porte – FAMPE

Para reduzir o risco de inadimplência do setor, criando condições para que


o pequeno empresário cumpra com seus compromissos financeiros, o SEBRAE
lançou o Fundo de Aval às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte –
FAMPE, que não é uma linha de crédito nem um seguro de crédito; mas,
sim, “um instrumento financeiro e institucional do qual o SEBRAE avaliza
microempresas e empresas de pequeno porte, complementando as garan-
tias que são exigidas pelos bancos na concessão de empréstimos”16. 16. Conforme consta nas
explicações obtidas no
site do SEBRAE pela
O Aval prioriza os financiamentos de longo prazo destinados à melhoria Internet.
da produtividade, rentabilidade e competitividade da empresa. Desta for-
ma, não existe Aval para financiamento de capital de giro, admitido so-
mente quando associado a investimento, em até 50% do total financiado.

Têm prioridade na concessão do Aval financiamentos para investimentos


fixos e mistos; implantação de novos empreendimentos; aquisição/absor-
ção de tecnologia e assistência técnica; desenvolvimento e aperfeiçoamento
de produtos e processos; aquisição de equipamentos de controle de quali-
dade; aquisição de veículos utilitários; contratação de consultoria para
implantação de programas de Qualidade Total; Cobertura de custos com
processos de habilitação e certificação nas Séries de Normas ISO 9000/
NBR – 19000 e ISO 14000/NBR – 14000; produção e comercialização de
bens destinados ao mercado externo, na fase pré-embarque e outros fi-
nanciamentos que vierem a ser definidos pelo SEBRAE. Nestes casos, é im-
portante também o empresário saber que há uma série de limites e condi-
ções para que a empresa receba o Aval.

As instituições financeiras autorizadas a operar com o Aval são as oficiais


de crédito, como o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste, o Banco da Ama-
zônia, o Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais e a Caixa
Econômica Federal. Para isso, estes bancos cobram uma taxa (TCA – Taxa
de Concessão de Aval).

O processo de obtenção do Aval é o mesmo de um pedido de empréstimo, 29


dado que a análise e aprovação da proposta ou do projeto é de responsabi-
lidade do banco que concede o financiamento e que solicitará diretamente
do SEBRAE a garantia suplementar.

30
VII
O Programa Brasil Empreendedor

O governo federal lançou no dia 05 de outubro de 1999 o Programa Brasil


Empreendedor, com o objetivo de fortalecer as micro, pequenas e médias
empresas, garantindo aos empresários destes segmentos capacitação para
o crédito e assessoramento após a obtenção do mesmo.

Com grande repercussão junto à sociedade e à “mídia”, o Programa Brasil


Empreendedor conta com o apoio dos seguintes órgãos: Secretaria-Geral
da Presidência da República, Casa Civil da Presidência da República, Mi-
nistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério do
Trabalho e Emprego, Ministério da Integração Nacional, SEBRAE, Secreta-
rias de Trabalho dos Estados e do Distrito Federal e Secretarias de Indústria
e Comércio dos Estados e Distrito Federal; e com a operação dos seguintes
bancos: BNDES, Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste
e Caixa Econômica Federal.

Sabendo da importância dos efeitos que as atividades de menor porte pro-


duzem na economia, em termos de crescimento, de geração de empregos
e renda, o Programa almeja a concessão do crédito assistido a mais de um
milhão de empreendedores, no período de 12 meses, gerando e/ou man-
tendo três milhões de postos de trabalho17. 17. Como está na cartilha
do Programa Brasil
Empreendedor.
Até agosto de 2000 o governo federal e o SEBRAE haviam capacitados pouco
mais de 950 mil pessoas em todo o País18. A expectativa destes órgãos é que 18. Caderno por Conta
Própria, Gazeta
sejam atendidas mais de um milhão de pessoas até o final de 2000, núme- Mercantil, 23 de agosto
ro bastante indicativo do sucesso deste Programa. de 2000.

Além de estar alcançando os resultados esperados, o Programa Brasil Em-


preendedor vem atendendo empreendedores em locais nunca assistidos
pelo SEBRAE, por causa da distância, como é o caso de determinadas
cidades do interior, algumas delas localizadas bem no meio da região
Amazônica.
31
O êxito do Programa pode ser medido, também, vislumbrando-se o perfil
do contingente de pessoas que já inscreveu e vem tomando aulas de
capacitação empresarial. São pessoas das mais variadas origens, conside-
rando-se, além da região, a profissão, o nível educacional e a condição de
vida. Para se ter idéia da heterogeneidade das pessoas, no Brasil Empreen-
dedor encontram-se estudando grande número de mulheres, imensa par-
ticipação de jovens, tanto homens quanto mulheres, taxistas, camelôs,
19. Caderno por Conta índios e – por mais incrível que pareça – tem até presidiários19 tomando
Própria, Gazeta aulas para montar ou desenvolver o seu negócio, já que em muitos presí-
Mercantil, 23 de agosto
de 2000.
dios alguns detentos realizam atividades produtoras.

Vale chamar atenção para o fato de que o Programa não tem prazo para
acabar. Dele podem participar micro, pequenas e médias empresas e qual-
quer pessoa física interessada em desenvolver atividade empresarial – tí-
pica daquelas pessoas que têm espírito empreendedor e não são avessas ao
risco –, em negócios industriais, agroindustriais, comerciais ou serviços,
que posteriormente venham a promover a criação de novos postos de tra-
balho e, conseqüentemente, gerar renda.

É válido chamar atenção para o Programa Brasil Empreendedor no se-


guinte aspecto: não é dirigido exclusivamente a pessoas em atividades re-
gulamentadas ou formais; o setor informal também pode obter linhas de
financiamento, desde que o projeto seja de interesse e viável.

No caso de serem oriundas do setor informal e se estiverem a fim de par-


ticipar do Brasil Empreendedor, as pessoas devem procurar o Banco do
Brasil, a CEF, o Banco do Nordeste ou a Organização Não-governamental
da sua área (que venha a estar credenciada no BNDES) para cumprirem
com todas as etapas que lhes dão acesso aos financiamentos.

Nem todas as pessoas podem se matricular no Programa. Portanto, não


20. Centralização de terão direito às vantagens do Brasil Empreendedor as empresas inscritas
Serviços dos Bancos S.A. na SERASA20 e no CADIN21 do Banco Central. Incluídas nestas condições, as
21. Cadastro Geral de empresas deverão primeiro regularizar sua situação cadastral nestes ór-
Inadimplentes.
gãos, para depois pleitearem participação.

As empresas que não estiverem inscritas no CADIN gozarão de alguns bene-


fícios, porque estarão isentas da apresentação de certidões negativas de
débito com a Receita Federal e a Previdência. Contudo, não estarão isen-
32
tas da comprovação da regularidade com o FGTS.
O Brasil Empreendedor diferencia-se de todos programas implementados
até hoje, por prestar acompanhamento e assessoria ao micro e ao peque-
no empresário, além de assegurar-lhes capacitação técnica e profissional.

Não bastasse isso, o SEBRAE cumpre papel relevante através do contato dire-
to com o empreendedor, fornecendo-lhe subsídios e suporte para que o
projeto seja implantado, ou não. Nestas condições, garante-se às
microempresas e empresas de pequeno porte, desde cedo, melhores condi-
ções operacionais e ao mesmo tempo reduz-se a taxa de mortalidade dos
primeiros anos de vida.

As regras para participar do Brasil Empreendedor são relativamente sim-


ples e dependem do perfil da pessoa. Deste modo, o tratamento é diferen-
ciado de acordo com a origem do inscrito, se ele integra o setor formal ou
se trabalha na informalidade. Contudo, em ambos os casos, independen-
temente da classificação, a pessoa vai ter que cumprir com todas etapas
estabelecidas pelo Programa.

Para o empreendedor do setor formal, são oito etapas, que se distinguem


da seguinte maneira:

1ª Etapa: Inscrição – feita junto ao SEBRAE, bancos participantes, enti-


dades credenciadas e entidades contratadas pelas Secretarias
de Trabalho das Unidades da Federação.

2ª Etapa: Palestra e Avaliação de Necessidade de Treinamento – no


SEBRAE e com os bancos participantes.

3ª Etapa: Verificação Cadastral – junto aos bancos integrantes.

4ª Etapa: Capacitação – atividade desenvolvida pelo SEBRAE, entidades


credenciadas e entidades contratadas pelas Secretarias de Tra-
balho das Unidades da Federação.

5ª Etapa: Elaboração do Plano de Negócios – atividade desenvolvida


pelo SEBRAE, escritórios de projetos privados e entidades con-
tratadas pelas Secretarias de Trabalho das Unidades da Fede-
ração ou pelos bancos participantes. 33
6ª Etapa: Análise da Viabilidade do Plano de Negócios – etapa
realizada exclusivamente pelos bancos participantes.

7ª Etapa: Contratação do Crédito – também de caráter único a ser


realizada pelos bancos participantes.

8ª Etapa: Assessoria Técnica – acompanhamento feito pelo SEBRAE,


bancos participantes, entidades credenciadas e entidades con-
tratadas pelas Secretarias de Trabalho das Unidades da Fede-
ração durante o curso do desenvolvimento do projeto.

Para o participante do setor informal o número de etapas a ser cumprido é


um pouco menor, embora os princípios praticamente sejam os mesmos. A
principal diferença deve-se à participação das ONGs e à ausência da Veri-
ficação Cadastral. As pessoas físicas ou jurídicas inclusas neste setor de-
vem passar pelas seguintes fases:

Fase 1: Inscrição – junto ao SEBRAE, bancos participantes ou às ONGs


que operam com crédito.

Fase 2: Capacitação – feita também no SEBRAE, ONGs, Banco do Nor-


deste e entidades contratadas pelas Secretarias de Trabalho das
Unidades da Federação.

Fase 3: Plano de Negócios – desenvolvida com o SEBRAE, ONGs que


operam com crédito, bancos participantes e entidades contra-
tadas pelas Secretarias de Trabalho das Unidades da Federação.

Fase 4: Crédito – realizado nos bancos participantes ou com as ONGs


que trabalham com crédito.

Fase 5: Assessoria Técnica – feita com o acompanhamento do


SEBRAE, Banco do Nordeste, ONGs que financiam, entidades cre-
denciadas e entidades contratadas pelas Secretarias de Traba-
lho das Unidades da Federação.

Os recursos do Programa Brasil Empreendedor advêm de programas já


existentes e é importante informar que os bancos participantes exigem
34
tanto avalistas quanto garantias reais.
Uma vantagem para o empresariado de menor porte está na correção do
capital, que dependendo da linha de crédito pode ser pela TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo) do BNDES, que é a mais baixa taxa da economia.
Além desta, outra vantagem é o nível de juros abaixo do praticado pelo
setor privado.

Dado que a tendência atual dos juros nominais é de estabilidade22, enten- 22. Até julho, a tendência
deu-se por bem apresentar as principais linhas de financiamento sem dos juros era de queda.
Mas, a partir de agosto
mencionar as respectivas taxas23, discriminando somente as instituições de 2000 a tendência
financeiras, como segue24: passou a ser de
estabilidade, devido ao
BNDES: repique da inflação
neste último mês.
1. Programa FINAME – para financiamento, via repasse dos agentes 23. Porque as taxas de juros
financeiros, à aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabrica- poderão mudar a
ção nacional, cadastrados no FINAME. qualquer momento.
24. De acordo com a
2. Programa BNDES Automático – para financiamento, via repas- cartilha do Programa
se dos agentes financeiros, a projetos de implantação, expansão, moderni- Brasil Empreendedor.
zação e relocalização de empreendimentos, envolvendo investimentos fi-
xos, inclusive a compra de máquinas e equipamentos novos cadastrados
na FINAME, tecnologia, treinamento e capital de giro associado.
3. Programa FINAME Leasing – para financiamento, via empresas de
leasing, de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, ca-
dastrados na FINAME, destinados ao arrendamento mercantil.
4. Programa BNDES-exim – para financiamento à produção e à
comercializaçãao de bens e serviços destinados à exportação.
5. Programa de Crédito Produtivo Popular – para financia-
mento de capital de giro e/ou investimentos fixos ao microempreendedor,
formal ou informal, por meio de organizações não-governamentais ou
outras instituições operadoras de microfinanças.

Informações mais detalhadas sobre as características destas linhas podem


ser obtidas facilmente no endereço eletrônico do BNDES www.bndes.gov.br
na Internet.

Banco do Brasil:
1. PROGER Microempresas e Empresas de Pequeno Porte –
financiamento de investimento e capital de giro associado até 50% do va-
lor financiado, voltado a firmas individuais e pessoas jurídicas de direito
privado. 35
2. PROGER Profissional Liberal: financiamento destinado a profissio-
nais liberais e recém-formados, para investimento fixo e capital de giro
associado até 50% do valor financiado.
3. PROGER Setor Informal: financiamento orientado para atender as
pessoas deste setor para aquisição de bens, serviços e insumos e capital de
giro associado, limitado a 50% do valor financiado.
4. MPEM Investimento: financiamento a projetos de investimento
com capital de giro associado, mediante abertura de crédito fixo, com prio-
ridade para investimento em tecnologia, sistema de gestão empresarial e
infra-estrutura.
5. BNDES Automático: financiamento a projetos de investimento nos
setores industrial, infra-estrutura, comércio e serviços, tecnologia e trei-
namento, financiamento, inclusive, a compra de equipamentos nacionais,
quando associados aos investimentos fixos e à importação de equipamen-
tos de diversas origens.
6. FINAME: financiamento para compra de máquinas e equipamentos
novos, sem limite de valor, fabricados no Brasil por empresas cadastradas
na FINAME.
7. FCO Empresarial: financiamento a projetos de investimento para
implantação, ampliação, modernização e racionalização de empreendi-
mentos industriais, agroindustriais, de infra-estrutura e turísticos na re-
gião Centro-oeste.
8. MIPEM Investimento: Programa de Qualidade e Certificação ISO:
financiamento para implantação de Programa de Qualidade ou obtenção
de Certificação da Série ISO, mediante abertura de crédito fixo.
9. BB Giro Rápido: para suprimento de capital de giro de forma au-
tomatizada, composto das modalidades de crédito rotativo e de crédito fixo.

Além de procurar uma agência do BB, estas informações e outras também


podem ser encontradas rapidamente no site deste banco na Internet, no
endereço www.bancobrasil.com.br.

Caixa Econômica Federal:


1. GiroCaixa: destinado ao crédito para capital de giro, com prazo de
até 24 meses para pagar.
2. GiroCaixa Instantâneo: para crédito rotativo com limite flutuante
proporcional ao volume de cheques pré-datados e recebíveis, em geral
36
recebíveis em custódia.
3. PROGER Microempresas e Empresas de Pequeno Porte:
para investimento e capital de giro associado limitado a 50% do valor total
financiado.
4. PROGER Recém-Formado: linha para investimento e capital de giro
associado limitado a 50% do valor do total do financiamento, para profis-
sionais recém-formados, com até cinco anos de conclusão do curso supe-
rior de graduação ou pós-graduação, na data da solicitação do crédito.
5. PROGER Autônomo: linha de crédito vinculada a investimento e ca-
pital de giro associado limitado a 50% do valor total do financiamento,
destinada a pessoas físicas que atuam no setor informal da economia e
profissionais autônomos devidamente comprovados.
6. PROGER Profissional Liberal: para investimento e capital de giro
associado limitado a 50% do valor total financiado, para profissionais libe-
rais, com curso superior, com mais de cinco anos de atuação dentro da sua
área de formação.
7. MICROCRÉDITO Produtivo: para empréstimos com objetivo de
gerar ocupação e renda no setor informal da economia.
8. BNDES Automático: para financiamentos de projetos de implan-
tação, modernização ou ampliação de empreendimentos nos setores da
indústria.
9. Poupança de Crédito Imobiliário: para aquisição de imóveis
comerciais com formação de poupança prévia de 12 meses.

O endereço eletrônico da Caixa Econômica Federal na Internet é


www.caixa.gov.br e pode ser acessado para se obter maior detalhamento
destas linhas de financiamento.

Banco da Amazônia:
Esta instituição financeira está na Internet no endereço www.basa.com.br
e nele estão as informações mais específicas a respeito das linhas de crédi-
to de desenvolvimento da Região Norte, as quais serão apresentadas a se-
guir:

1. FNO Exportação – Programa de Apoio à Exportação: esta


linha tem como objetivo apoiar as exportações da Região Norte, mediante
financiamento à indústria e agroindústria, para a produção de bens ma-
nufaturados e semimanufaturados, destinados exclusivamente à exporta-
ção, para financiar investimentos fixo e misto (investimento fixo associa- 37
do ao capital de giro), capital de giro rotativo e financiamento isolado de
máquinas e equipamentos.
2. Giro Puro: para financiamento de capital de giro, lastreado em ga-
rantias reais, com o fim de constituir reforço de caixa às empresas.
3. BNDES/FINAME: para financiamento de máquinas e equipamentos e
veículos acima de 4,5 toneladas.
4. Amazônia Fácil (microcrédito): para financiar máquinas, equi-
pamentos e capital de giro.
5. PRODETUR – Programa de Desenvolvimento do Turismo Re-
gional: para o financiamento de investimento fixo ou misto e capital de
giro.
6. PRODESIN – Programa de Desenvolvimento Industrial: para
o investimento fixo ou misto e capital de giro isoladamente.
7. PROAGRIN – Programa de Apoio ao Desenvolvimento da
Agroindústria: com a finalidade de financiar o investimento fixo ou
misto e capital de giro isolado.
8. BNDES – Automático: orientada para o investimento fixo ou
misto.
9. PROMICRO – Programa de Apoio às Microempresas: com
a finalidade de financiar o investimento fixo ou misto e capital de
giro isolado.

Banco do Nordeste:
Esta instituição financeira pode ser encontrada na Internet no endereço
eletrônico www.banconordeste.gov.br. Maiores informações sobre as li-
nhas que serão apresentadas a seguir também podem ser adquiridas pelo
serviço gratuito do 0800-78030.

1. Programa de Apoio ao Setor Industrial do Nordeste (IN-


DUSTRIAL): além do financiamento tradicional para investimentos fi-
xos e capital de giro associado, esta linha serve para a compra isolada de
matérias-primas/insumos.
2. PMPE – Programa de Apoio às Micro e Pequenas Em-
presas: para financiamento de investimentos fixos e capital de giro
associado.
3. FINAME e BNDES Automático: com a finalidade de financiar in-
38
vestimentos fixos e capital de giro associado.
4. PROTRABALHO – FAT: esta linha objetiva o financiamento de investi-
mentos fixos e capital de giro associado até 50%.
5. PROGER com recursos do FAT: além dos investimentos fixos e
semifixos e de capital de giro associado (limitado a 50% do investimento),
esta linha financia compras isoladas de matéria-prima e insumos.
6. PROGER com recursos do FNE: também para investimentos fixos
e semifixos, para capital de giro associado e compras isoladas de matéria-
prima e insumos.
7. PROGER Setor Informal: também para investimentos fixos e semi-
fixos, para capital de giro associado e compras isoladas de matéria-prima
e insumos.
8. Programa de Financiamento à Conservação do Meio
Ambiente (FNE): para investimentos fixos e semifixos e capital de giro
associado.
9. Microcredito (Crediamigo): para capital de giro, em valor médio
de R$ 500,00 e R$ 3.000,00.
10. Programa Jovem Empreendedor da Região Nordeste:
para investimentos fixos e semifixos e capital de giro associado.
11. PROATUR – Programa de Apoio ao Turismo Regional: tam-
bém para investimentos fixos e semifixos e capital de giro associado.
12. PRODETEC – Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico: também para investimentos fixos e semifixos e capital de
giro associado.

39
VIII
O S IMPLES

Desde o dia primeiro de janeiro de 1997, as microempresas e empresas de


pequeno porte vêm sendo beneficiadas por lei de âmbito federal (Lei n o
9.317, de 05 de dezembro de 1996) que simplifica e integra impostos e
contribuições num único pagamento. Para que estas empresas possam
gozar desta simplificação e aproveitar a redução tributária proveniente
desta regra, é necessário que Estados e Municípios adiram à Lei do SIMPLES.

O SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições)


consiste na consolidação do pagamento do IRPJ, PIS, COFINS, CSL e INSS-
Patronal numa guia exclusiva intitulada DARF-SIMPLES, a ser recolhida
mensalmente. Se a empresa for contribuinte do IPI, este imposto também
passa a ser incluído no pagamento.

No que respeita às vantagens das microempresas e empresas de pequeno


porte com este único imposto, vale reproduzir alguns comentários feitos
no livro SIMPLES25, de Osmar R. Azevedo, sobre a diminuição do peso da 25. Reis Azevedo, Osmar,
carga tributária da microempresa “ (...) a carga tributária do SIMPLES resu- “SIMPLES”, IOB.
me-se no pagamento em torno de 3% a 5% sobre o faturamento mensal,
enquanto na Empresa de Pequeno Porte em média de 5,4% a 7% sobre o
faturamento mensal. Quando for contribuinte do IPI, acrescente-se mais
0,5% nesses percentuais.”

Ainda segundo Azevedo26, “a empresa que não adota o SIMPLES contribui 26. Op cit.
mensalmente para o INSS em média em torno de 26,8% (conforme a ati-
vidade) sobre a folha de pagamento, 15% sobre o pró-labore e 15% sobre as
remunerações dos autônomos. Ao adotar o novo sistema, a empresa fica
dispensada desse pagamento do INSS (patronal) incidente sobre a folha de
pagamento, rendimentos do pró-labore e remunerações dos autônomos.
Essa vantagem alcança principalmente as empresas que apresentam um
gasto médio com a sua folha de pagamento”.

Na sua análise, Azevedo prossegue dizendo “A redução da carga tributária


41
no SIMPLES é estimulante e animadora, porém é necessário em determina-
das situações compararmos com os percentuais previstos na forma de pa-
gamento pelo Lucro Presumido ou Lucro Real Estimado, para verificar
27. Op cit. numericamente qual o sistema mais vantajoso” 27.

Sabe-se hoje que a maioria ou quase todas as microempresas e as empre-


sas de pequeno porte aderiram ao SIMPLES, pelo motivo de reduzir-se o cus-
to de funcionamento com a isenção do pagamento das contribuições siste-
ma “S”, com SENAI, SESI, SENAC, SESC, SEBRAE e Salário-educação.

A Lei do SIMPLES menciona uma série de situações que impedem as pessoas


jurídicas de optarem por este regime de pagamento de impostos, em fun-
ção da atividade praticada, de participações societárias, operações, dívi-
das, entre outros motivos. A exclusão de algumas atividades e das empre-
sas enquadradas em certas situações do SIMPLES têm sido alvo de tentativas
políticas, bem como judiciais, para revogação deste critério.

Em linhas gerais, encontram-se impedidas de optar pelo SIMPLES as mi-


croempresas e empresas de pequeno porte que:
a. forem constituídas sob a forma de sociedade por ações;
b. tenham atividade de instituição financeira e equiparadas;
c. se dediquem à compra e à venda, ao loteamento, à incorporação ou à
construção de imóveis;
d. tenham como sócio estrangeiro residente no exterior, entidade da ad-
ministração pública direta ou indireta, federal, estadual ou munici-
pal e outra pessoa jurídica;
e. cujo sócio ou titular participe com mais de 10% do capital de outra
empresa, mas desde que a receita bruta global ultrapasse o limite
relativo à classificação de empresa de pequeno porte;
f. sejam filiais, sucursais, agência ou representação no País de pessoa
jurídica com sede no exterior;
g. cuja receita decorrente da venda de bens importados seja superior a
50% de sua receita bruta total;
h. com operações relativas à importação de produtos estrangeiros;
i. com operações relativas à locação de imóveis ou administração de
imóveis;
j. com operações relativas a armazenamento e depósito de produtos de
42
terceiros;
k. com operações relativas a propaganda e publicidade, excluídos os veí-
culos de comunicação;
l. com operações relativas a factoring;
m. com operações de prestação de serviços de vigilância, limpeza e con-
servação e locação de mão-de-obra;
n. participe do capital de outra pessoa jurídica;
o. tenha débito inscrito na dívida ativa da União ou junto ao INSS, cuja
exigibilidade não esteja suspensa;
p. cujo titular ou sócio que participe do seu capital com mais de 10%
esteja inscrito na dívida ativa da União ou do INSS, cuja exigibilidade
não esteja suspensa;
q. seja resultante de cisão ou de qualquer outra forma de desmembra-
mento da pessoa jurídica, salvo em relação a eventos ocorridos antes
de 06 de novembro de 1996;
r. cujo titular ou sócio com participação em seu capital superior a 10%
adquira bens ou realize gastos em valor incompatível com os rendi-
mentos declarados;
s. e que preste os seguintes serviços profissionais: administrador, advo-
gado, analista de sistema, arquiteto, ator, auditor, cantor, consultor,
contador, corretor, dançarino, dentista, despachante, diretor de espe-
táculos, economista, empresário, enfermeiro, engenheiro, estatístico,
físico, fisicultor, jornalista, médico, músico, produtor de espetáculo,
professor, programador, psicólogo, publicitário, químico, representante
comercial, veterinário, os assemelhados a esses 11 serviços, e qual-
quer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissio-
nal legalmente exigida.

43
IX
O Programa de Recuperação Fiscal
(R EFIS)

Conjuntura

Nos momentos de crise externa, a política econômica de estabilização de contenção


da demanda causou sérios problemas para o desenvolvimento das atividades empre-
sariais no mercado interno; sendo que os efeitos da política monetária ativa, de juros
altos, mostraram-se, fortemente, em dois sentidos: através da queda da demanda e
do aumento dos passivos das empresas, situação que redundou no incremento dos
custos empresariais. Não bastasse esta situação adversa ao lucro empresarial e ao
investimento produtivo, ampliou-se a onda de inadimplência, que somada às dificul-
dades de obtenção de crédito e de pagamento das dívidas tornaram o cenário econô-
mico o mais crítico possível, principalmente para os agentes econômicos de menor
capacidade financeira, como é o caso das micro e pequenas empresas. Pois bem,
estas condições levaram o governo a anunciar, na época do lançamento do Estatuto
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, o REFIS (Programa de Recuperação
Fiscal), objetivando dar liquidez a todas as empresas endividadas com a União, facili-
tando o pagamento das dívidas com a Receita Federal e o INSS e as obrigando a
acertar suas contas com o FGTS.

Quanto às projeções dos débitos financeiros das micro e pequenas empresas, as esti-
mativas a respeito são preocupantes. Para se ter noção da magnitude dos números,
o Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (SIMPI) calculava que
naquela época cerca de 86% do total das empresas do País estavam incluídas no
Cadastro Geral de Inadimplentes do governo federal, sendo que deste percentual
acreditava-se que 94% eram relativos às micro e pequenas empresas.

Considerando inclusive as empresas de médio porte, outro órgão especialista no as-


sunto das micro e pequenas empresas, o SEBRAE, estimou que a dívida deste segmento
junto ao governo federal chegava a R$ 50 bilhões, importe mais do que suficiente
para justificar a onda de insolvência das empresas.

Como foi dito antes, no começo de outubro de 1999, o governo editou o


REFIS, cujo programa elencava um grupo de medidas que seria favorável
às empresas de uma maneira em geral. Dentre as medidas, salienta-se a
queda do IOF de 1,5% para 0,5% incidente sobre os novos financiamentos
45
até R$ 30 mil; a autorização para a obtenção de novos créditos das empre-
sas constantes no CADIN com dívidas até R$ 5 mil; redução de 40% das
multas devidas; a eliminação do prazo para o pagamento e o estabeleci-
mento de prestações variáveis, de modo a adequar, com a renegociação, o
28. As microempresas pagamento destas com o caixa da empresa, posto que estas prestações de-
comprometerão 0,3% verão comprometer até 2% do faturamento28; e a diminuição dos juros,
do faturamento; as
parcelas sobem para
fixados a partir daquela data pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) do
0,6% quando o regime BNDES – taxa de juros mais baixa existente no mercado financeiro.
de tributação for com
base no lucro
presumido e vai a 1,5%
Todas as empresas inscritas no REFIS deverão submeter-se a uma gama de
para as grandes exigências por parte do setor público, dentre as quais uma vem gerando
companhias. enorme polêmica, em virtude do descontentamento que causa na classe
empresarial, que é a abertura do sigilo bancário.

A exigência da abertura das contas financeiras da empresa tem induzido


os empresários a entrarem com liminares judiciais contra isso, situação
que pode ter atrapalhado a maior adesão a este programa. Na prática o
REFIS dispõe-se a socorrer e facilitar a vida das empresas; entretanto, ao
mesmo tempo em que presta auxílio, acompanha e avalia o desempenho
das mesmas com critérios mais restritivos à sonegação.

Até final de agosto de 2000, cerca de 87,4 mil empresas (micro, pequenas,
29. “O Estado de São médias e grandes) haviam se inscrito no REFIS. Vale ressaltar que desse
Paulo”, de 31 de agosto
de 2000, página B-6.
total, 27.086 têm dívidas com o INSS, no valor de R$ 30,144 bilhões29.

A inscrição no REFIS vem beneficiando muitas empresas, inclusive aquelas


em fase de concordata. Talvez a maior das vantagens seja a empresa poder
sair desta situação comprometendo parte relativamente pequena do
faturamento com o pagamento da dívida. Para a coordenadora-geral do
INSS este benefício dá-se porque “O REFIS acaba funcionando como uma
30. “O Estado de São moratória que dá tempo para as empresas encontrarem novamente o equi-
Paulo”, de 31 de agosto líbrio financeiro de suas contas”30.
de 2000, página B-6.

46
X
Os Certificados da Dívida Pública
(CDPs)

Os Certificados da Dívida Pública (CDPs) são emitidos pelo Tesouro Nacio-


nal com fim de facilitar amortização ou quitação de dívida(s) das pessoas
jurídicas, contraída(s) junto ao INSS, com o benefício do desconto. Estes
títulos só podem ser obtidos no mercado financeiro, através de um banco
ou corretora, que cumpre a função de intermediador da operação de pa-
gamento.

A aquisição dos CDPs é vantajosa para as empresas, porque, dependendo


do agente financeiro, o desconto pode chegar até 36% do principal, ao
passo que, em média, tem ficado em torno de 27%.

Outra vantagem dos CPDs é admitir que possam ser comprados com títu-
los securitizados, que são papéis não pagos pelo governo, mas, aceitos e
negociados no mercado financeiro com deságio e transacionados pelo va-
lor de face.

A engenharia financeira de redução deste tipo de dívida pode parecer num


primeiro momento meio complicada, principalmente para os micro e os
pequenos empresários que não dispõem de departamento técnico para
assessorá-los. A rigor, estes empresários não têm com que se preocupar,
pois a instituição financeira responsável pela operação se encarregará de
tudo, inclusive de checar junto ao INSS a posição da dívida da empresa
antes e depois do pagamento.

O mecanismo financeiro com o uso dos CDPs pode ser melhor descrito
aproveitando-se do exemplo apresentado pelo INSS31, ensinando que “ os 31. Como consta no site
CDPs têm um valor de face de R$ 1.000,00 e são geralmente comprados do INSS na Internet.
pelas empresas com deságio e pagos com créditos securitizados, que tam-
bém representam outra fonte de desconto. O INSS, por sua vez, ao receber
o CDP na quitação ou amortização da dívida o faz pelo valor de face”.

“Por exemplo, se a empresa compra o CDP com um deságio de 20% e


utiliza para pagamento de créditos securitizados, que foram comprados 47
por R$ 700,00 e valem R$ 800,00 para efeito de pagamento junto ao Te-
souro, o desconto total da empresa será de 30%. Isso ocorre porque o valor
do CDP com deságio é de R$ 800,00 e a empresa utiliza para pagamento
créditos securitizados adquiridos por R$ 700,00. Logo, consegue-se quitar
R$ 1.000,00 em dívidas com o INSS, gastando-se apenas R$ 700,00.”

“Após a compra do CDP, este é transferido ao INSS com o objetivo de dar


quitação ou amortização da dívida da empresa. O INSS finaliza o processo
com a emissão de certificado comprovando o pagamento do débito.”

O mecanismo contábil-financeiro do desconto dá-se por intermédio dos


leilões de CDPs que acontecem uma vez por mês na Central de Custódia e
Liquidação Financeira (CETIP), com o INSS aceitando estes certificados
pelo valor de face. Lembrando que o mesmo ocorre com o uso dos créditos
securitizados negociados no mercado. Antes da realização desses leilões, o
governo informa quais os títulos securitizados a serem aceitos.

Em se tratando de micro e pequena empresa, a principal distinção a fazer


refere-se às dívidas até R$ 500 mil, situação em que deve se encontrar a
maioria das empresas. Neste caso, a que for liquidar ou amortizar seu
passivo não precisa participar dos leilões dos CDPs na CETIP, porque apro-
veita o deságio do leilão anterior. Mas, não se pode esquecer que, de qual-
quer maneira, é necessário recorrer a um banco ou corretora para partici-
par da compra dos CDPs.

Deve-se notar que com a opção da compra dos CDPs pressupõe-se relativa
capacidade de pagamento por parte da firma, tendo em vista subentender-
se haver dinheiro em caixa para isso.

Para saber mais a respeito dos CDPs e do benefício do desconto, pode re-
correr-se a um posto do INSS, ligar para este Instituto nos telefones
0800-780-191, (61) 313-4605 e (61) 313-4873, acessar o site da Previdên-
cia na Internet, no endereço eletrônico www.mpas. gov.br, ou ir a uma
instituição financeira ou a uma corretora.

48
XI
O Comércio Exterior

O comércio exterior pode ser visto como via de mão dupla do fluxo de compra e
venda de mercadorias entre as nações. As exportações correspondem às vendas ex-
ternas dos produtos feitos na economia, enquanto as importações são a aquisição de
bens elaborados pelo resto do mundo. De um lado, as exportações estimulam o cres-
cimento econômico e se constituem alternativa para a classe empresarial em épocas
recessivas; de outro, as importações decorrem do nível de consumo e promovem
efeitos positivos do crescimento fora do País. Enquanto as exportações favorecem as
atividades produtoras, as importações destinam-se a atender a demanda. Esta via de
sentido duplo, então, existe fundamentalmente para melhorar a qualidade de vida
das pessoas e prosperar as nações.

Dado o imenso número de empresas de micro e pequeno porte espalhadas


pelo Brasil, seria razoável admitir-se desempenhassem papel ponderável
nas relações comerciais externas do País. Todavia, isto não ocorre, porque
as trocas de mercadorias do Brasil com o resto do mundo concentram-se
em reduzido número de grandes empresas, tanto na exportação (ver Apên-
dice I), quanto na importação (ver Apêndice II).

Desde que não existem números a respeito do desempenho das empresas 32. Classificação válida
no comércio exterior por faturamento e/ou por número de empregados, para o MERCOSUL.
classifica-se micro e pequena empresa as que exportaram e importaram 33. Especificamente até
US$ 3,5 milhões não é
até US$ 400.000/ano32 e US$ 3,5 milhões33, respectivamente. Deve notar-se possível quantificar o
que até o último valor pode haver, inclusive, transações feitas por médias número de pequenas
e grandes empresas, mas em caráter eventual ou esporádico. empresas na
exportação e na
importação. Neste caso,
No âmbito das exportações, as estatísticas mostram que, apesar dos esfor- ler observação dos
ços do governo no sentido de criar melhores condições para alavancar o Apêndices I e II.
34. Informativo de
setor, ainda é muito restrito o acesso das empresas em geral aos merca- Comércio Exterior
dos estrangeiros, porque “ (...) dos 3,5 milhões de empresas existentes no AEB, número 03, abril/
Brasil, pouco mais de 15 mil – menos de 0,5% – vendem seus produtos no maio de 2000.
exterior.”34
49
As informações relativas ao exercício de 1990 revelam que apenas 8.537
firmas venderam produtos para fora do País; enquanto em 1999 o número
das empresas exportadoras totalizava 15.370 – crescimento de 80%. Nesse
intervalo de tempo, houve aumento das empresas em todas as faixas de
valores exportados, cabendo chamar atenção para o incremento nas fai-
xas até US$ 400.000 e até US$ 20.000.000.

Entre 1990 e 1999, pode constatar-se o aumento de microempresas expor-


tadoras, que praticamente dobrou, passando de 5.625 para 11.221 firmas,
correspondendo a 73% do total em 1999. Sendo que estas firmas tiveram
baixa participação nas receitas auferidas pelo País, porque responderam
por apenas 1,64% do valor total. Em outro sentido, é possível observar a
forte concentração do setor, com quase metade das exportações sendo rea-
lizada por menos de 0,60% das firmas, aquelas com faturamento acima de
US$ 100 milhões, tanto em 1990, quanto em 1999.

Na realidade, não é tão fácil quanto se imagina para as micro e pequenas


empresas conquistar espaço no mercado internacional, uma vez que exis-
tem inúmeros obstáculos a serem superados. Sobre este assunto, a Associa-
35. Castro, José Augusto de, ção de Comércio Exterior-AEB manifestou-se dizendo35 que os problemas
“Exportação de Produtos
das pequenas e médias empresas na exportação basicamente são os se-
Brasileiros pelas
Pequenas Empresas”, guintes:
16 de junho de 1999.
n Insuficiência, ou mesmo ausência, de financiamentos destinados à
produção e comercialização.
n Elevados custos burocráticos internos para exportar.
n Carência ou falta de informações sobre mercados externos, importa-
dores e dados estatísticos para definir políticas de exportação.
n Desconhecimento da legislação e de normas operacionais que regu-
lamentam as exportações brasileiras.
n Falta de pessoal especializado e qualificado, muitas vezes, com uma
única pessoa acumulando diferentes atividades, sem tempo para ab-
sorver e desenvolver conhecimentos específicos à exportação.
n Impossibilidade de oferecer garantias a financiamentos à exportação
nos níveis exigidos pelos bancos, inviabilizando a operação fi-
nanceira e, provavelmente, impedindo a própria concretização
50
da exportação.
Em sentido oposto aos problemas enfrentados pelas empresas, vale a pena
reproduzir as seguintes sugestões36 feitas pela referida entidade represen- 36. Op.cit.
tativa do comércio exterior brasileiro, com o fito de viabilizar o aumento
da participação das exportações das pequenas e médias empresas na ba-
lança comercial:

n Criar cartão de identificação, emitido por processo eletrônico, carac-


terizando que a empresa se enquadra nas categorias de pequena ou
média, informando também o montante exportado o ano anterior,
com base em dados fornecidos pelo SISCOMEX.
n Conceder linhas de crédito rotativas, exclusivas para pequenas e mé-
dias empresas, equivalentes a 25% das exportações realizadas pela
empresa no ano anterior, mas com a obrigação de exportar, pelo me-
nos, montante idêntico no ano seguinte.
n Fixar custos burocráticos diferenciados e reduzidos para as pequenas
e médias empresas detentoras de cartão de identificação e enquadra-
das nessa categoria.

Ainda de acordo com a AEB, se estas propostas fossem atendidas as expor-


tações das pequenas e médias empresas sofreriam grande impulso. Se a
obtenção de créditos fosse mais fácil, menos restritivo, no prazo de apenas
um ano as vendas externas poderiam dobrar ou até mesmo triplicar, o que
produziria reflexos importantíssimos sobre o nível de emprego, porque “para
cada US$ 1 bilhão de exportação são gerados entre 50.000 e 70.000 postos
de trabalho, variável conforme o setor industrial”37. 37. Op.cit.

Pelo visto, então, as probabilidades de a economia brasileira ingressar em


fase de crescimento impulsionada pelo setor exportador não dependeria
somente da performance das grandes firmas. Dever-se-ia considerar, in-
clusive, o fortalecimento das pequenas e médias empresas, acompanhado
de políticas que favorecessem o desenvolvimento das mesmas no âmbito
doméstico.

Quanto às importações, no período entre 1990 e 1999, o número de em-


presas cresceu relativamente menos (66%) do que o de exportadoras. A
despeito disso, o contingente de empresas que comprou bens do resto do
mundo é bem maior (+79%). Assim como ocorre com a estrutura do setor 51
exportador, a importação apresenta-se também concentrada. Em 1999, por
exemplo, somente 62 companhias (0,23%) detinham 40,10% do valor glo-
bal das compras externas realizadas pelo Brasil.

Quanto às microempresas, apesar de somarem 21.354 firmas em 1999,


pouco mais de 77% do total, foram responsáveis por somente 3,30% do
montante das importações.

No que diz respeito às perspectivas de crescimento das importações


alavancadas pela expansão das operações das empresas de menor porte, é
importante relembrar a ausência de incentivo legal para isso, dado que
elas ficam impedidas de usufruir das vantagens tributárias do SIMPLES.

Como pode diagnosticar-se, então, a importância das micro e pequenas


empresas na corrente do comércio exterior brasileiro (importações e ex-
portações) tem maior peso no número de empresas do que sua participa-
ção no valor total.

A concentração do comércio externo brasileiro, principalmente das expor-


tações, deve-se muito mais à estrutura oligopolizada do setor industrial
do que à participação do comércio. Desta forma, é possível entender a re-
duzida importância das micro e pequenas empresas inseridas neste
mercado.

52
Apêndices
54

APÊNDICE I

Exportações Brasileiras – Concentração das Empresas por Faixa de Valores

Janeiro-dezembro US$ FOB


1999 1990
Discriminação no. firmas % s/total valor (em mil) % s/total no. firmas % s/total valor (em mil) % s/total
TOTAL GERAL 15.370 100,00 48.011.444 100,00 8.537 100,00 31.413.756 100,00

Até US$ 400.000 11.221 73,00 786.064 1,64 5.625 65,89 449.540 1,43

US$ 400.001 a 20.000.000 3.775 24,56 11.449.079 23,86 2.627 30,77 8.713.001 27,73

US$ 20.000.001 a 40.000.000 164 1,07 4.667.205 9,72 130 1,52 3.653.118 11,63

De 40.000.001 a 100.000.000 123 0,80 7.386.800 15,37 105 1,23 6.292.981 20,04

Acima de US$ 100.000.000 87 0,57 23.722.296 49,41 50 0,59 12.305.116 39,17


Fonte: SECEX
Observação: No exercício de 1990, as exportações na faixa entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões foram realizadas por 495 empresas (5,80% delas), totalizando pouco
mais de US$ 1,4 bilhão, cerca de 4,5% do valor global. Em 1999, o número de empresas exportadoras nesta mesma faixa subiu para 632 (+27,7%), sendo que estas
empresas representavam 4,11% e foram responsáveis pela receita de US$ 1,792 bilhão (+27,86%), o correspondente a 3,73% do montante.
APÊNDICE II

Importações Brasileiras – Concentração das Empresas por Faixa de Valores

Janeiro-dezembro US$ FOB


1999 1990
Discriminação no. firmas % s/total valor (em mil) % s/total n o. firmas % s/total valor (em mil) % s/total

TOTAL GERAL 27.535100,00 49.210.314 100,00 16.628 100,00 20.661.362 100,00

Até US$ 400.000 21.354 77,55 1.624.287 3,30 13.284 79,89 1.032.471 5,00

US$ 400.001 a 20.000.000 5.838 21,21 15.091.982 30,66 3.211 19,31 7.526.094 36,42

US$ 20.000.001 a 40.000.000 150 0,54 4.243.502 8,62 82 0,49 2.334.943 11,30

De 40.000.001 a 100.000.000 131 0,47 8.519.421 17,32 34 0,21 1.997.758 9,66

Acima de US$ 100.000.000 62 0,23 19.731.122 40,10 17 0,10 7.770.096 37,62


Fonte: SECEX
Observação: Em 1990, exatamente 462 firmas (2,78% do total) fizeram importações entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões, totalizando US$ 1,288 bilhão (6,23% do
montante). Em 1999, o número de empresas nesta faixa aumentou para 947 (+140,98%), correspondia a 3,44% das firmas e o valor das importações alcançou
US$ 2,653 bilhões, cerca de 5,39% do volume total.
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