Você está na página 1de 13

1

PLANEJAMENTO DO NEGÓCIO: FATOR DETERMINANTE NA CRIAÇÃO E


GESTÃO DE UM EMPREENDIMENTO

Nelijane Ricarte Barreiro e Silva


IESP - Curso de Especialização em Gestão de micro e pequena Empresa

“É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso


sonho, de observar com atenção a vida real, de
confrontar a observação com o nossas fantasias. Sonhos
acredite neles."
Vladmir Lenin
Resumo

Uma das mais eficazes ferramentas de gestão, o plano de negócio, reúne informações
preparadas de forma organizada sobre todos os aspectos do negócio. Permite ao
idealizador-empreendedor, analisar as deficiências e potencialidades de sua idéia,
além de prever os possíveis problemas e possibilitar uma visão mais ampla para
enxergar a viabilidade de sua idéia de negócio. O plano de negócio não assegura o
êxito do negócio, mas mostrará a direção a seguir, podendo ser um diferencial
competitivo prévio na hora de iniciar, expandir e gerir seu negócio, ou ainda, ao lançar
um produto e/ou serviço novo no mercado. Este artigo enfoca a importância do
planejamento como um dos fatores determinantes na criação e na gestão de um
pequeno empreendimento. Além de discutir alguns aspectos conceituais, apresenta-se
uma sugestão de roteiro para a elaboração de um plano de negócio. A partir do
levantamento bibliográfico realizado, pode-se afirmar que o planejamento,
coordenação e controle das ações, bem como a disseminação da cultura
empreendedora são fatores de suma importância para o surgimento e sobrevivência das
pequenas empresas.
2

1. Considerações iniciais

As mudanças provocadas pelos avanços tecnológicos e a globalização


das atividades socioeconômicas, juntamente com a terceirização, o crescimento no setor
de serviços e o alto índice de desemprego, impulsionaram o surgimento de novos
negócios.
As micro e pequenas empresas (MPEs) são as maiores geradoras de
emprego e renda e contribuem para o desenvolvimento das regiões menos
desenvolvidas. Dai a sua importância para o desenvolvimento econômico e social de um
país.
Abrir uma pequena empresa tem sido uma alternativa para profissionais
de diversas áreas de atuação, pessoas que têm o desejo de deixar de ser meros
empregados, sem autonomia decisória, para se tornarem "livres" e independentes
profissionalmente e financeiramente. Porém, nem sempre abrir um pequeno negócio é a
melhor solução, pois o candidato a empresário poderá enfrentar diversos problemas se
não incorporar o espírito empreendedor.
Para iniciar um empreendimento, só uma boa idéia não é suficiente. É
necessário transformar a idéia, que é abstrata, em algo concreto, de tal forma que aponte
suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, permitindo, assim, uma melhor análise
da provável oportunidade de negócio. É preciso estudar antecipadamente as ações que
serão realizadas ou postas em prática e quais os objetivos que se pretende atingir.
O presente artigo objetiva analisar a relevância do planejamento na
abertura de um empreendimento como fator crítico para a sobrevivência. Além disso,
pretende-se mostrar a importância do plano de negócio na gestão da empresa.
Considera-se o planejamento, a organização e a coordenação das ações antes da abertura
de uma empresa muito importante, como também, para auxiliar no gerenciamento e
desenvolvimento negócio.

2. As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) no Cenário Econômico Nacional

Ao estudar as MPEs (Micro e Pequenas Empresas), encontra-se


dificuldade para classificar o seu porte. Podem ser usadas duas formas de classificação:
3

Os critérios quantitativos (número de empregados, valor de faturamento bruto anual,


ativos fixos, capital e reservas), que são puramente econômicos e os critérios
qualitativos, (usar trabalho próprio ou de familiares, pouca ou nenhuma divisão social e
técnica do trabalho, pouca ou nenhuma incorporação do processo técnico, falta de poder
de barganha nas negociações de compra e venda.) que mostram melhor a estrutura,
organização e estilo de gestão da empresa (Leone, 1991).
Apesar dos critérios qualitativos descrever melhor o comportamento da
empresa, eles são menos utilizados do que os critérios quantitativos. Analisando esses
critérios, eles podem não ser eficazes se forem utilizados de forma unilateral.
Para Rattner (1985, p. 23-24), a passagem de uma dimensão para outra
(pequena - média - grande) implica em mudanças qualitativas na estrutura da empresa e
num aprofundamento da divisão de trabalho, técnica e social, na unidade produtiva.
Portanto, a definição do tamanho por indicadores quantitativos (faturamento, ativos
fixos, capital e reservas e, sobretudo, número de empregados) não nos fornece
informações válidas e fidedignas sobre o comportamento real da empresa, sua
articulação e posição dentro da estrutura hierárquica das unidades que concorrem no
mesmo ramo e mercado.
As MPEs são classificadas segundo o SEBRAE/NA utilizando o critério
quantitativo de empregados e a Legislação em vigor com base no faturamento bruto
anual Lei nº 9.841 de 05/10/1999, que instituiu o Estatuto das micro e Pequenas
Empresas (MPEs). Talvez seja melhor unir os dois critérios quantitativos (número de
empregados e o faturamento), como mostra a tabela a seguir:

Tabela 01: Classificação das Micro e Pequenas Empresas


PORTE
CRITÉRIOS QUANTITATIVOS
Microempresa Pequena Empresa
Setor de Atividade
Até 09 empregados De 10 a 49 empregados
Comércio e Serviços
Número de
Empregados Indústria Até 19 empregados De 20 a 99 empregados
Agropecuária De 10 a 50 hectares De 51 a 100 hectares
Acima de R$ 244.000,00 até
Faturamento Anual Até R$ 244.000,00
R$ 1.200.000,00
Fonte: Estatuto das Micro e Pequenas Empresas Lei nº 9.841 de 05/10/1999, Simples Federal Lei nº 9.317
de 05/12/1996 e SEBRAE

Para Rattner (1985, p. 23-24), Embora os dados quantitativos sejam


necessários para dimensionar e comparar certos aspectos, funções e problemas das
4

PME, existe uma necessidade premente de se obter informações complementares


qualitativas, a fim de apreender a dinâmica e as tendências do processo de acumulação,
bem como as funções diferenciais que nele desempenham, pequenas e grandes unidades
produtivas.
"Os critérios que forem adotados têm que ajudar a classificar as
empresas, segundo seu porte, do melhor modo, para que os estratos resultantes possam
ser melhor considerados tanto do ponto de vista econômico, como social e político”
(Leone, 1991, p59).
O número de pequenas empresas aumenta a cada ano, continuando a
ocupar lugar de destaque no cenário econômico dos países, especialmente na Itália. Fato
evidenciado pela competição internacional das grandes e médias empresas, mas
principalmente da infinidade de pequenas empresas que fazem da sua especialização,
flexibilidade e intuição empresarial a base de sua vantagem competitiva, ocupando
espaços disponíveis no mercado mundial que vem crescendo, graças ao aumento do
grau de personalização e flexibilidade dos produtos, dos processos e das relações, que
seguem a evolução da demanda orientada às necessidades mais sofisticadas, e á
evolução da tecnologia "em rede". ( Casarotto & Pires, 1999)
Na região italiana da Emilia Romagna, são mais de 300 mil empresas
para quatro milhões de habitantes, ou seja, uma empresas para praticamente 13
habitantes. Em alguns locais, como Cesena, chega-se a uma empresa para cada seis
habitantes. (Casarotto&Pires, 1999 p.19)
Hoje neste mundo de economia globalizada, de ambiente altamente
competitivo, há uma necessidade das empresas, principalmente a pequena, de
trabalharem em conjunto, na complementaridade, na ajuda mútua, compartilhando
recursos (financeiros, materiais, tecnológicos, humanos, etc.), informações e
conhecimento, criando redes inter-relacionais possibilitando o desenvolvimento
econômico das regiões onde são formadas.
Há vários modelos e tipologias de redes. Segundo os autores:
Para Ernst, citado por Cândido ( 2000), a formação de redes entre as
empresas é organizadas em cinco tipos diferentes, que são: redes de produtores,
fornecedores, coalizões padrão, clientes, cooperação tecnológica.
Segundo Miles & Snow, citados por Cândido(2000), propõem um
modelo de rede, no qual há uma relação de interdependência e inter-relacionamento
entre as empresas. Tendo no eixo principal empresas de ligação de uma dinâmica de
5

relacionamentos, cada uma delas com função bem definida. Para os autores, as redes só
funcionam adequadamente se houver divulgação das informações entre seus
componentes e se houver confiança entre eles.
Já os autores Laumann, Galaskiewics & Mardsen , citados por Cândido
(2000), a formação de redes é baseada nos princípios de competição e cooperação. Nas
redes formadas pelo modo competitivo, as empresas mesmo praticando ajuda mutua e
compartilhamento mantém sua autonomia nas suas operações, e as formadas pelo modo
cooperativo, as empresas tem seus objetivos particulares, mas sabem que o beneficio é
maior quando buscam alcança-los juntas.
O surgimento destas novas formas organizacionais, baseadas na
cooperação, na complementaridade, na formação de redes inter-relacionais, proporciona
às micro e pequenas empresas maior rentabilidade, flexibilidade e agilidade,
proporcionando a busca de uma maior competitividade.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) As
MPE’s representam 99% de um universo de 3,4 milhões de empresas formais existentes
no Brasil. (PEGN, Abril 2001).

Fonte: Revista PEGN, abril /2001 a partir dos dados colhidos pelo IBGE.

“As micro e pequenas empresas são 98% de cerca de 4,5 milhões de


empresas brasileiras. Empregam aproximadamente 60% da mão-de-obra e participam
com 43% da renda gerada nos setores industriais, comerciais e de serviço, além de
contribuir com algo em torno de 20% do produto interno bruto (PIB) do Brasil”.
(SEBRAE/NA, 1998).
Estes dados são bastante significativos, e revelam a importância das
MPE’s para o desenvolvimento econômico do Brasil. Elas representam para a sociedade
em geral um excelente agente de desenvolvimento, contribuindo para geração de
6

emprego e renda, distribuição de riquezas, criam condições de expansão e


desenvolvimento das regiões ignoradas pelas políticas governamentais.
Apesar de sua importância, as pequenas empresas enfrentam várias
dificuldades, geralmente decorrentes da falta de conhecimento de seus dirigentes sobre
como gerenciar o empreendimento, da falta de um planejamento prévio do negócio e do
desconhecimento do mercado onde atuam. Muitas empresas fecham as portas antes
mesmo de completar um ano de vida.
Uma pesquisa realizada em 12 estados pelo Sebrae Nacional e pela
Gerencia de Planejamento, Estudo e Pesquisa (Gepep) mostra que a taxa de extinção de
negócio no primeiro ano varia entre 30% e 61%; no segundo ano, vai de 40% a 60% e no
terceiro ano, de 55% a 73%. (PEGN, 01/2001).
As principais causas da mortalidade na ótica dos empresários e dos
consultores são apresentadas a seguir.

Quadro 01: Causas da Mortalidade dos pequenos empreendimentos


CAUSAS DA MORTALIDADE
SEGUNDO EMPRESÁRIOS SEGUNDO CONSULTORES
Falta de capital de giro Desconhecimento do mercado.
Carga tributária elevada Falta de capital de giro
Recessão econômica no país Concorrência + ágil e preços melhores
Maus pagadores Desconhecimento técnico
Problemas financeiros Modismo
Concorrência muito forte Saque de dinheiro para despesas pessoais
Escassez de cliente Baixo investimento em comunicação
Falta de crédito Descontrole contábeis e administrativo
Mão-de-obra sem qualificação Baixa qualificação de mão-de-obra
Ponto inadequado Nível de dívidas bancárias insustentável

Fonte: Revista Pequenas empresas (PEGN) janeiro/2000

Segundo Silva ( 1998, p. 24):


“ a sobrevivência de uma empresa depende de investimentos em tecnologia
e desenvolvimento de novos produtos, capacitação de recursos humanos e implantação
de uma filosofia empresarial que leva a empresa a tarefa empresarial de produzir
produtos e/ou serviços com qualidade, de acordo com padrões de conduta aceitos pela
sociedade” .
7

3. A Importância do Empreendedor para o desenvolvimento das pequenas


empresas.

Iniciar um negócio não é tarefa fácil. Cabe ao candidato a empresário


confiar em si e na sua idéia, se empenhar e se preparar para executá-la com
determinação, criatividade e agilidade, observando as tendências do mercado em tempo
hábil, para que a oportunidade não seja perdida. Enfim, é preciso ter espírito
empreendedor. "O espírito empreendedor é, portanto uma característica distinta, seja
de um individuo, ou de uma instituição. Não é um traço de personalidade."(Drucker,
1987 p.33)

Para Joseph Schumpeter, citado em Drucker (1987), um dos pioneiros no


estudo sobre a importância do empreendedorismo no desenvolvimento econômico dos
países, o empreendedor é um ser visionário, um homem de iniciativa, capaz de criar e
desenvolver coisas novas, que provoca impacto na economia.
Segundo Fillion citado por Dolabela (1999) o empreendedor "é uma
pessoa que imagina, desenvolve, e realiza visões"

Gerber (1996) afirma que o empreendedor "é o visionário dentro de nós.


O sonhador. A energia por trás de toda atividade humana. A imaginação que acende o
fogo do futuro. O caçador das mudanças (...) é a personalidade criativa; sempre
lidando melhor com o desconhecido, perscrutando o futuro, transformando
possibilidades em probabilidades, caos em harmonia."
Já para Fortin citado por Dolabela (1999) Empreendedor "é uma pessoa
capaz de transformar um sonho, um problema ou uma oportunidade de negócio em uma
empresa viável."
Para Drucker (1987), os empreendedores são inovadores, e todos aqueles
que sabem enxergar as mudanças e aproveitá-las, pessoas que identificam e agarram
oportunidades, buscam auxílio para transformar as oportunidades em negócios.
O empreendedor confia plenamente em si, faz concessões e sacrifícios
pela sua idéia para obter as recompensas no futuro, sabe agir diante das contrariedades,
é ágil nas decisões, insiste nos seus sonhos, mesmo diante dos obstáculos e dificuldades
que aparecem no caminho. Nem todos ficam ricos e conquistam fama. Muitos passam
por diversos fracassos até aprender. Outros dependem de sócios e colaboradores para
8

suprir suas deficiências, mas todos, de uma forma ou de outra, contribuem para o
desenvolvimento. Todos nós temos capacidade e potencial que podem ser
desenvolvidos para nos tornamos empreendedores bem sucedidos. (Dolabela, 1999).
Para tornar-se um empreendedor de sucesso é preciso ter imaginação,
determinação, habilidade de organizar, liderar pessoas, ter humildade de reconhecer
suas deficiências e procurar supri-las, pois o empreendedor é eixo de sustentação da
pequena empresa. Cabe a ele tomar todas as decisões; suas características influenciam
muito no andamento dos negócios.
Alguns pretensos empreendedores acham perda de tempo escrever sobre
sua idéia, que já conhece bem, ou ainda têm medo de colocá-la no papel com receio de
que seja copiada. Iniciam o negócio prematuramente sem um planejamento, investem
suas economias, achando que tudo sairá como foi imaginado. Quando os problemas
começam a aparecer, como a falta de capital de giro, problemas com funcionários, com
fornecedores e a concorrência, não sabem ou sentem muita dificuldade em resolvê-los e
acabam falindo em pouco tempo. Um planejamento não impediria que os problemas
aparecessem, mas ajudaria a resolvê-los.

4. Planejamento: fator determinante para a sobrevivência e o crescimento das


pequenas empresas.

Planejar um empreendimento é um processo dinâmico, necessariamente


flexível para incorporar as mudanças imprevistas no ambiente. Não é adivinhar o futuro,
mas tentar prevê-lo com o objetivo de minimizar as incertezas e tentar evitar supressas.
É claro que nenhuma empresa sobrevive sem um adequado gerenciamento do dia-a-dia.
Todavia, a chave do sucesso é aliar as ações presentes com uma postura voltada para o
futuro. Quem planeja estrategicamente as ações avalia as perspectivas a curto, a médio e
a longo prazo, passa a entender melhor o mercado, antecipa-se as situações
desfavoráveis e tenta estabelecer subsídios para manter um bom nível de
competitividade.
Como afirma Filion, citado em Dolabela (1999), "antes de tomar
qualquer iniciativa, isto é, antes de "por a mão na massa", o empreendedor precisa
dispor de uma estrutura de pensamentos sistêmicos e visionários".
9

O planejamento não evita os riscos, mas pode preveni-los dando


condições de enfrentá-los, possibilitando a busca de melhores soluções.
Uma forma de planejar um novo empreendimento, de fazer sua idéia
imaginária, em algo real, é elaborar um plano formal de negócio. Mas o que é plano de
negócio?
Segundo Dolabela (1999, p.127) “O plano de negócio é a validação da
idéia, a análise de sua viabilidade como negócio. Ele emula a forma de percepção e
apreensão da realidade utilizada pelo empreendedor”.
O Plano de Negócio é mais que um documento. É um processo onde o
empreendedor reúne informações sobre as característica, condições e necessidades do
futuro empreendimento, descrevendo metas e objetivos do seu negócio. Possibilita ao
empreendedor analisar a viabilidade de sua idéia de negócio. Por isso, é muito
importante elaborá-lo. Ele não garante o êxito do negócio, mas dá credibilidade e
autoridade à idéia e aponta direções a seguir.
Segundo Longenecker et al (1997), um bom Plano de Negócios pode
trazer os seguintes benefícios:
• “Reúne, em um único documento, todas as informações necessárias para
iniciar o empreendimento, procurando minimizar os erros;
• obriga o empreendedor a fazer uma avaliação do potencial do lucro e
crescimento do novo negócio, suas necessidades financeiras e operacionais;
• do ponto de vista mercadológico, contribui para a elaboração de uma
estratégia competitiva, a partir do estudo do mercado;
• Ajuda na captação de recursos, sejam através de sócios, ou de investidores
para o negócio. Atualmente, a maioria das agências de financiamento condiciona a
concessão de crédito à apresentação de um Plano de Negócios para o empreendimento.
• Ajuda na organização administrativa da empresa, sobretudo no recrutamento
e seleção dos empregados, bem como auxilia na distribuição de atribuições entre as
várias áreas funcionais da organização, servindo como um elemento norteador do
negócio. "
O processo de elaboração de um plano de negócio exige um trabalho de
pesquisa sério e detalhado por parte do empreendedor, pois ele tem que encontrar
respostas para uma série de perguntas, tais como: Será que estou disposto e preparado
para levar esta idéia à diante? Onde posso encontrar auxílio para suprir minhas
10

deficiências? Qual é o meu negócio? Quais são os meus produtos e serviços? Qual será
a aceitação dos meus produtos ou serviços no mercado? Quem são os meus clientes?
Onde me estabelecer? Quem são meus concorrentes? Quem são e onde estão meus
fornecedores? Qual será o meu investimento inicial? Como vender meu produto ou
serviço? Em quanto tempo terei retorno do meu investimento?
Essas questões ajudarão o empreendedor a definir sua idéia de negócio, a
estrutura do empreendimento, nível de demanda para seus produtos ou serviços, número
de concorrentes. Além disso, será capaz de descobrir uma vantagem competitiva e com
isso estabelecer mecanismos capazes de convencer investidores e colaboradores a
formar parcerias.
Um plano de negócio bem elaborado, além de ser uma ferramenta de
estruturação, implementação e gestão do empreendimento, proporciona o conhecimento
dos aspectos ambientais, técnicos, mercadológicos, jurídicos e organizacionais que
definirão o futuro do negócio. Com isso, a idéia torna-se atraente para investidores e
para adquirir capital junto aos agentes financeiros.
Segundo DOLABELA (1999, p.209) ao redigir um plano de negócio é
fundamental lembrar que:
• “deve ser completo, bastante claro, ter linguagem simples (evitar, sempre que
possível, termos técnicos, siglas etc.);
• o sumário executivo deve ser excelente e não ultrapassar duas páginas: ele
indicará se o plano de negócio merece ser analisado ou abandonado;
• nenhuma informação deve ser dada sem a citação da fonte;
• o tom será sempre afirmativo, não se deve usar o tempo de verbo no
condicional; jamais deixar dúvidas.”
Os tópicos para a elaboração de um plano de negócio geralmente são:
capa, sumário, resumo executivo, descrição da empresa, plano e estratégias de
marketing e o plano financeiro.
A seguir apresento um roteiro a ser seguido por qualquer indivíduo que
queira iniciar ou expandir um pequeno negócio. Esse roteiro foi criado, levando em
consideração a análise baseadas em alguns autores, Tais como: Dorabela (1999);
Ferreira (1980); Chiavenato (1995); Geber (1995), do SEBRAE.
11

5. Roteiro para elaboração de um plano de negócio

• Capa - deve conter o título do plano, a data de elaboração, o nome e endereço do


autor do plano, bem como uma boa apresentação visual.
• Sumário – deve indicar as páginas onde estão os principais tópicos, de forma clara e
objetiva.
• Resumo Executivo - deve ser elaborado por último, quando já estiver de posse de
todas as informações, de forma resumida e clara para despertar o interesse do leitor,
convencendo-o a analisar todo o plano. Deve conter os objetivos do plano; os
benefícios que oferecerá aos seus clientes e as necessidades que esses benefícios
atenderão; as competências dos responsáveis; os produtos e serviços e a tecnologia a
serem utilizadas; quais os elementos de diferenciação do negócio em relação à
concorrência; a previsão de venda e a rentabilidade.
• Descrição da Empresa - neste item devem estar o propósito e os objetivo da
empresa, sua razão de ser, como é a estrutura organizacional e legal, o que faz ou
produz, como faz ou produz, para quem faz ou produz, onde está localizada.
• Plano de Marketing - este item deve conter os produtos/serviços oferecidos pela
empresa: suas características, qualidades, área de atuação, clientela em potencial
etc.; Análise de mercado (concorrentes, fornecedores, Clientela alvo); elementos que
vão distinguir sua empresa dos concorrentes, que são capazes da atrair o cliente; a
localização; como será feita a comercialização; como será a distribuição dos
produtos/serviços; qual o preço de venda dos produtos/serviços. Como serão feitas
as propagandas e promoções.
• Plano Financeiro - este item contém todas as projeções financeiras, é através dele
que saberá se a idéia é viável, se vale à pena investir ou não. O plano financeiro
mostrará o valor inicial do investimento, custos totais, receitas e despesas totais
esperadas, direitos e obrigações fiscais, demonstração de resultados, taxa e tempo de
retorno do investimento, necessidade de capital de giro.
• Anexos - contendo relatório dos resultados das pesquisas realizadas. (com clientes,
fornecedores, concorrentes, etc.)
Apesar da estrutura do plano de negócio ser geralmente a mesma, ele
pode torna-se mais complexo ou menos complexo dependendo do porte, do tipo de
atividade a ser explorada pela empresa.
12

6. Considerações finais

No mundo de economia globalizada e de rápidas mudanças tecnológicas,


o acirramento da concorrência no mercado de trabalho aumenta a cada dia, e isso tem
despertado interesse, nos mais diversos profissionais, para trabalharem por conta
própria impulsionando o surgimento de novos negócios. Mas é sabido que a velocidade
das mudanças, a concorrência, e a falta de planejamento têm deixado os pequenos
empresários com sérias dificuldades, muitas vezes ocasionando a morte prematura de
suas empresas.
A partir do estudo realizado, percebeu-se que as pequenas empresas têm
uma grande importância socioeconômica para o país; verificou-se ainda a importância
de fazer um questionamento profundo sobre o futuro e aptidões dos candidatos a
empresários, ressaltando a necessidade de planejar estrategicamente as ações, organizá-
las e coordená-las antes de iniciar, como também para gerenciar um empreendimento.
O plano de negócio é uma ferramenta de planejamento eficiente e muito
importante na implantação de um empreendimento, possibilitando uma avaliação
melhor do negócio. Existem vários modelos de plano de negocio. Basicamente, eles
têm a mesma estrutura, e cabe ao empreendedor escolher o que melhor se adequa ao
tipo de negócio.
Diante do que foi discutido no presente artigo, pode-se afirmar que o
planejamento é um fator indispensável para um bom gerenciamento e êxito de qualquer
negócio. Cabe ao empreendedor se conscientizar da sua importância e utiliza-lo como
um mecanismo de apoio na criação e na gestão do seu empreendimento.

Nelijane Ricarte é concluinte do curso de Especialização em Gestão de Micro e Pequena


Empresa - IESP
13

5. Referências Bibliográficas

CASAROTTO FILHO, Nelson, PIRES, Luis Henrique, Redes de Pequenas e Médias


Empresas e Desenvolvimento Local. Editora Atlas, São Paulo, 1999.

DEGEN, Ronald Jean, O Empreendedor: Fundamentos da iniciativa Empresarial,


Mcgraw-Hiel, São Paulo 1989.

DOLABELA, Fernando, O Segredo de Luiza, Cultura Editores Associados, São Paulo


1999.

DOLABELA, Fernando, Oficina do Empreendedor, Cultura Editores Associados, São


Paulo 1999.

DRUCKER, Peter F., Inovação e Espirito Empreendedor, Prática e Princípios,


5ªedição, Pioneira, São Paulo, 1987.

FERREIRA, F. Whitaker. Planejamento: Sim e Não. Rio de Janeiro, Paz & Terra 1980

GERBER, Michel E. O mito do Empreendedor revisado: como fazer de seu


empreendimento um negócio bem sucedido. São Paulo: Saraiva, 1995

LEI 9.841 de 05/10/1999, Estatuto das micro e pequenas empresas

LEONE, Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra. A Dimensão Física das Pequenas e
Médias Empresas.A procura de um critério homogeneizador. Revista de administração
de empresas. São Paulo: v.31,n02p.53-59, abr/jun.,1991.

LONGENECKER, J. G., MOORE, C. W., PETRY, J. W. Administração de pequenas


empresas. São Paulo: Makron Books, 1997.

SEBRAE, Como abrir seu próprio negócio, Brasília/ DF 1992.

SEBRAE, O Perfil Empreendedor, Brasília/ DF.

SEBRAE, Como planejar sua empresa, Roteiro para o Plano de Negócio, volume 2,
Brasília 1994.

SILVA, Anielson Barbosa da, A Pequena empresa na busca da excelência. João


Pessoa. UFPB/Editora universitária, 1998.

Notas de Texto:

1. CÂNDIDO, Gesinaldo Athaide., Competitividade e inovação organizacional, IESP,


João Pessoa, 2000.
2. SEBRAE/NA, A Questão Ambiental e as Empresas. Meio Ambiente e a Pequena
Empresas, Brasilia/1998.

Você também pode gostar