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SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

1. Introdução ao Mercado Financeiro


Numa economia encontramos famílias, empresas e governos, agentes econômicos, em situação
superavitária (sobra de caixa) e agentes em situação deficitária (necessidade de caixa). O mercado financeiro surgiu
para intermediar, isto é, levar o dinheiro de quem tem para a mão de quem não tem. Quanto mais desenvolvida uma
economia, maior a importância do mercado financeiro que concilia os interesses conflitantes entre os poupadores e
os tomadores de recursos.
Os intermediários financeiros permitem a aproximação entre os vários agentes econômicos,
promovendo transferências de poupança, buscando sempre reduzir custos e riscos além de dar
liquidez ao mercado conciliando aplicações e captações financeiras de diferentes expectativas de prazo,
rentabilidade e risco.

2. Sistema Financeiro Nacional


O Sistema Financeiro é composto por um conjunto de instituições financeiras públicas e privadas que visam,
em última análise, transferir recursos de agentes econômicos (famílias, empresas, governo) superavitários para os
deficitários.
O Sistema Financeiro Nacional foi estruturado e regulado pela Lei de Reforma Bancária (1964), Lei do
Mercado de Capitais (1965) e pela Lei de Criação de Bancos Múltiplos (1988). (Leitura complementar) O Sistema
Financeiro Nacional pode ser dividido em dois grandes subsistemas: Normativo e Intermediação Financeira.

2.1. Subsistema Normativo


O subsistema normativo é responsável pelo funcionamento do mercado financeiro e de suas instituições,
fiscalizando e regulamentando suas atividades.
Compõem esse subsistema as Instituições: o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil
(Bacen), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a Secretaria
de Previdência Complementar (SPC); e as seguintes Instituições Especiais: o Banco do Brasil (BB), o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) e Conselho de
Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN).

2.1.1. Instituições do Subsistema Normativo


2.1.1.1. Conselho Monetário Nacional (CMN)
O CMN é um órgão exclusivamente normativo, responsável pela fixação das diretrizes da política monetária,
cambial e creditícia do País, de forma a compatibilizá-las com as metas econômicas do Governo Federal. Seu órgão
executor é o Banco Central. Ainda existem as comissões consultivas, subordinadas ao CMN, que tem como principal
função assessorar o conselho nos assuntos que lhe forem pertinentes. Algumas das comissões são: Mercado de
Valores Mobiliários e de Futuros, Crédito Rural e Industrial, Endividamento Público, entre outras. Atualmente, o CMN
é composto pelo presidente do Banco Central e pelos ministros da Fazenda e do Planejamento.

Principais atribuições do Conselho Monetário Nacional:


 Adaptar o volume de meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional;
 Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários ou deflacionários de
origem interna e externa;
 Regular o valor externo da moeda e equilíbrio do Balanço de Pagamentos do país, fixando diretrizes e
normas da política cambial;
 Estabelecer normas a serem seguidas pelo BC nas transações com títulos públicos;
 Determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras;
 Coordenar as políticas monetárias, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública interna e externa.
 Orientar a aplicação dos recursos das Instituições Financeiras Públicas ou Privadas, de forma a garantir
condições favoráveis ao desenvolvimento equilibrado da economia nacional;
 Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, de forma a tornar mais eficiente
o sistema de pagamento e a mobilização de recursos, zelando pela liquidez e pela solvência destas
instituições.

2.1.1.2. Banco Central do Brasil – BC ou Bacen


O Banco Central é a entidade criada para atuar com órgão executivo central do sistema financeiro.Cabe-lhe
cumprir e fazer cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as normas criadas pelo
Conselho Monetário Nacional.

Principais atribuições do Bacen:


 Executar a emissão do dinheiro e controlar a liquidez do mercado, nas condições e limites autorizados pelo
CMN;
 Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósitos voluntários das instituições
financeiras e bancárias que operam no país;
 Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
 Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de títulos públicos federais;
 Exercer o controle de crédito sob todas suas formas;
 Regular a execução de serviços de compensação de cheques e outros papéis;
 Autorizar o funcionamento, estabelecendo a dinâmica operacional, de todas as instituições financeiras;
 Exercer a fiscalização das instituições financeiras, punindo-as sempre quando necessário;
 Controlar o fluxo de capitais estrangeiros garantindo o bom funcionamento do mercado
cambial.
Desta maneira, o Banco Central pode ser considerado o Banco dos Bancos, recebe os depósitos
compulsórios e realiza operações de redesconto junto às instituições financeiras; Gestor do Sistema Financeiro
Nacional, define regras, limites condutas das instituições financeiras, intervindo nestas quando julgue necessário;
Executor da Política Monetária, controla os meios de pagamentos (liquidez do mercado) e executa o orçamento
monetário; é o Banco Emissor, responsável pela emissão e saneamento do meio circulante; é o Banqueiro do
Governo, financia o tesouro nacional via emissão de títulos públicos e administra a dívida pública interna e externa.

2.1.1.3. Comissão de Valores Mobiliários – CVM


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, que age sob
a orientação do Conselho Monetário Nacional. É administrada por um presidente e quatro membros nomeados pelo
Presidente da República. A CVM tem por finalidade básica desenvolver, disciplinar e fiscalizar o mercado de valores
mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional.
Desta maneira os objetivos fundamentais da CVM são:
 Estimular a aplicação de poupança no mercado acionário;
 Garantir o funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e instituições auxiliares que operam neste
mercado;
 Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissão irregulares e outros tipos de atos ilegais que
manipulem preços de valores mobiliários nos mercados primários e secundários de ações;
 Fiscalizar a emissão, registro, distribuição e negociação de títulos emitidos pelas sociedades anônimas de
capital aberto.

2.1.1.4. Superintendência de Seguros Privados – SUSEP


A Susep é o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada
aberta, capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda foi criada pelo Decreto-lei nº 73, de
21 de novembro de 1996, que também instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados – CNSP, o IRB Brasil
Resseguros S.A – IRB Brasil Re, as sociedades autorizadas a operar em seguros privados e capitalização, as
entidades de previdência privada aberta e os corretores habilitados.
São atribuições da SUSEP:
 Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras de
Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da
política traçada pelo CNSP;
 Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de
seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro;
 Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados;
 Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles
vinculados, com vistas à maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema Nacional de
Capitalização;
 Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o funcionamento
das entidades que neles operem;
 Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado;
 Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens
garantidores de provisões técnicas;
 Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades que por este forem delegadas;
 Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP.
2.1.1.5. Secretaria de Previdência Complementar – SPC
Órgão do Ministério da Previdência Social responsável por fiscalizar as atividades das Entidades Fechadas
de Previdência Complementar (fundos de pensão). Também compete a SPC estimular a criação de planos de
previdência complementar e a adesão de novos participantes aos fundos de pensão, em uma visão de inclusão
social, contribuindo para o desenvolvimento econômico e financeiro do país.
São atribuições da SPC, segundo o Decreto nº 4.818, de 26 de agosto de 2003:
 Propor as diretrizes básicas para o Sistema de Previdência Complementar;
 Harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar com as políticas de
desenvolvimento social e econômico-financeiro do Governo;
 Fiscalizar, supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades relacionadas com a previdência
complementar fechada;
 Analisar e aprovar os pedidos de autorização para constituição, funcionamento, fusão, incorporação,
grupamento, transferência de controle das entidades fechadas de previdência complementar, bem como
examinar e aprovar os estatutos das referidas entidades, os regulamentos dos planos de benefícios e suas
alterações;
 Examinar e aprovar os convêncios de adesão celebrados por patrocinadores e por
instituidores, bem como autorizar a retirada de patrocínio;
 Decretar a administração especial em planos de benefícios operados pelas entidades
fechadas de previdência complementar, bem como propor ao Ministro a decretação de intervenção ou liquidação das
referidas entidades.

2.1.2. Instituições Especiais do Subsistema Normativo


2.1.2.1. Banco do Brasil – BB
O Banco do Brasil é uma sociedade anônima de capital misto, cujo controle acionário é exercido pela união.
O BB tem um papel semelhante ao de um banco múltiplo tradicional. Mas apesar disso, o BB atua algumas vezes
como Agente Financeiro do Governo Federal e Banco de Investimento e Desenvolvimento. Até 1986, a instituição era
considerada uma autoridade
monetária, mas por uma decisão do Conselho Monetário Nacional, esse privilégio foi revogado,
conservando a função de parceiro do Governo Federal na prestação de serviços bancários, sendo ainda o executor
da política de crédito rural e de preços mínimos agropecuários do governo.
Principais atribuições do Banco do Brasil:
 Administrar a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis;
 Efetuar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União;
 Receber, a crédito do Tesouro Nacional, das importâncias provenientes da arrecadação de tributos ou rendas
federais;
 Receber de forma voluntária os depósitos compulsórios de outros bancos;
 Financiar os bens de exportação e ser o agente pagador e recebedor no exterior;
 Executar a política de concessão de crédito rural;
 Executar a política de preços mínimos de produtos agropecuários.

2.1.2.2. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES
É a Instituição que cuida dos investimentos de longo prazo do Brasil, ou seja, é o BNDES quem tenta
impulsionar projetos para o desenvolvimento no país. O objetivo principal do BNDES é o de reequipar e fomentar, por
meio de varias linhas de crédito voltadas para os setores industrial e social, as empresas consideradas de interesse
ao desenvolvimento do país. Após o Plano Collor, o BNDES ainda ficou encarregado de gerir todo o processo de
privatização das empresas estatais.
Principais atribuições do BNDES:
 Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país;
 Fortalecer o setor empresarial do país;
 Atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos pólos de produção;
 Promover o crescimento e a diversificação das exportações.

2.1.2.3. Caixa Econômica Federal - CEF
Tanto a Caixa Econômica Federal como as demais caixas econômicas são instituições financeiras públicas
que atuam de forma autônoma e apresentam um objetivo claramente social. São classificadas como órgãos
auxiliares do Governo Federal na execução de sua política creditícia, sendo ainda o principal agente do Sistema
Financeiro de Habitação.
A Caixa Econômica Federal constituiu-se no principal agente do Sistema Financeiro de Habitação, atuando
no financiamento da casa própria, principalmente no segmento de baixa renda. A CEF ainda administra as loterias
federais, fundos e programas entre os quais destaca-se o FGTS (Fundo de Compensação de Variações Salariais) e o
PIS (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social), além de deter o monopólio das operações de penhor.
A CEF executa, ainda, atividades características de bancos comerciais e múltiplos como recebimento de depósitos a
vista e a prazo, cadernetas de poupança, concessões de empréstimos a financiamentos em consonância com as
políticas governamentais e arrendamento mercantil.

2.1.2.4. Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional – CRSFN


O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional é um órgão integrante do Ministério da Fazenda
que julga em segunda e última instância administrativa os recursos interpostos das decisões relativas às penalidades
administrativas aplicadas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pela Secretaria de
Comércio Exterior. É integrado por oito conselheiros, sendo um representante do Ministério da Fazenda, um
representante do Banco Central, um representante da Caixa Econômica Federal, um representante da Comissão de
Valores Mobiliários e quatro representantes de entidades de classe do mercado financeiro e decapitais.

2.2. Sistema de Intermediação Financeira ou Operativo


Esse subsistema, também denominado de Subsistema Operativo, é composto das instituições (financeiras e
auxiliares) que atuam em operações de intermediação financeira. O subsistema foi estruturado, em cinco grandes
grupos de instituições: Instituições Financeiras Bancárias, Instituições Financeiras Não Bancárias, Instituições
Auxiliares do Mercado Financeiro, Instituições Não Financeiras, e Outros Órgãos e Sistemas.
2.2.1. Definição de Instituição Financeira
“Pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória,
cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação,
intermediação ou administração de valores mobiliários. Equipara-se à instituição financeira a
pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou
recursos de terceiros e a pessoa natural que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de
forma eventual”. (Lei nº. 7.492, de 16/06/86, artigo 1º).

2.2.2 Instituição Financeira Bancária


As instituições financeiras bancárias são aquelas que podem criar moeda por meio do recebimento de
depósitos à vista.
Estas instituições operam basicamente com ativos financeiros monetários que representam os meios de
pagamento da economia (dinheiro poder do publico mais depósitos a vista em bancos). As Instituições Bancárias são
representadas pelos bancos comerciais e múltiplos, caixas econômicas, cooperativas de crédito, bancos
cooperativos.

2.2.2.1. Bancos Comerciais


Os Bancos Comerciais são intermediários financeiros que recebem depósitos a vista e os repassam sob a
forma de empréstimos as pessoas físicas e jurídicas. Para isso, podem descontar títulos; realizar operações de
concessão de crédito simples ou em conta corrente (contas garantidas); realizar operações especiais; captar
depósitos à vista; obter recursos externos para repasse; efetuar a prestação de serviços, inclusive em convênio com
outras instituições.

2.2.2.2. Bancos Múltiplos


É o nome dado as instituições que englobam vários bancos, cada um com operações específicas. Essas
operações são divididas com base na carteira de quatro instituições: banco comercial, banco de investimento e
desenvolvimento, sociedade de crédito e sociedade de crédito imobiliário.
Para que uma instituição seja configurada como um banco múltiplo, ela deve operar no mínimo em duas das
carteiras acima, sendo uma delas necessariamente a de Banco Comercial ou de Investimento.

2.2.2.3. Cooperativas de Crédito


As cooperativas de crédito nascem da associação de funcionários de uma determinada empresa e suas
operações ficam restritas aos cooperados. Basicamente, elas oferecem possibilidades de crédito aos funcionários a
partir de uma pequena contribuição mensal. Uma outra forma de captação autorizada pelo BC às cooperativas é a de
operar contas com depósitos à vista e a prazo. Assim elas também podem oferecer produtos como conta corrente,
cheque especial, recebimento de contas de serviços públicos e o processamento da folha de pagamentos dos
funcionários da empresa.

2.2.2.4. Bancos Cooperativos – Bco


O Banco Central, através da resolução 2.193, deu a autorização para que as cooperativas de crédito
abrissem seus próprios bancos comerciais, podendo fazer tudo o que qualquer outro banco comercial já faz: emitir
talão de crédito, emitir cartão de crédito, fazer diretamente a compensação de documentos e, principalmente, passar
a administrar a carteira de crédito antes sob responsabilidade exclusiva das cooperativas.

2.2.2.5. Caixas Econômicas


As caixas econômicas são instituições de cunho eminentemente social, concedendo empréstimos e
financiamentos a programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, entre outras.
As CEFS equiparam-se em certo sentido, aos bancos comerciais, pois podem captar depósitos à vista,
realizar operações ativas e efetuar prestação de serviços, embora basicamente dirigidas a pessoas físicas. A grande
fonte de recursos são os depósitos da caderneta de poupança, além disso sua atuação está dirigida à centralização
do recolhimento e à posterior aplicação de todos os recursos oriundos do FGTS, administração das loterias e executa
ainda operações de penhor.
Pelo Decreto-Lei 759, as vinte e três Caixas Econômicas existentes até então, foram unificadas em apenas
uma, a Caixa Econômica Federal.

2.2.3. Instituições Financeiras Não Bancárias


As Instituições Financeiras Não Bancárias não estão legalmente autorizadas a receber depósitos à vista, ou
seja, não têm a capacidade de criar moeda.
Essas instituições trabalham basicamente com ativos não monetários, tais como ações, letras de câmbio,
certificados de depósitos bancários, debêntures, entre outros. São constituídas por praticamente todas as instituições
financeiras que operam no mercado financeiro, exceto bancos comerciais e múltiplos.
As Instituições Financeiras Não Bancárias são representadas pelos Bancos de Investimento , Bancos de
Desenvolvimento, Financeiras, Sociedades de Crédito ao Microempreendedor, Companhias Hipotecárias,
Sociedades de Crédito Imobiliário, Sociedades de Arrendamento Mercantil (Leasing) e Associação de Poupança e
Empréstimo.

2.2.3.1. Bancos de Investimentos – BI


Canalizam recursos de médio e longo prazo para suprimento de capital fixo ou de giro das empresas. Visam
aumentar o prazo das operações de empréstimos e financiamento para
aumentar o processo de capitalização das empresas. Orientam a aplicação desse capital nas
empresas e visam ampliar o capital social e a produtividade delas. Ou seja, os Bancos de Investimento apóiam a
estrutura capitalista privada.
As operações que esses bancos podem realizar são:
 Empréstimos a prazo mínimo de um ano para financiamento de capital fixo;
 Empréstimo a prazo mínimo de um ano para financiamento de capital de giro;
 Aquisição de Ações, Obrigações ou qualquer outro título ou Valor Mobiliário para investimento ou revenda no
Mercado de Capitais;
 Repasses de empréstimos obtidos no exterior;
 Repasses de recursos obtidos no país;
 Prestação de garantia de empréstimos no país ou provenientes do exterior.

2.2.3.2. Bancos de Desenvolvimento


São as instituições públicas de âmbito estadual, que visam promover o desenvolvimento econômico da região
onde atuam. Diante, desse objetivo, os bancos de desenvolvimento apóiam formalmente o setor privado da economia
através de operações empréstimos e financiamentos, arrendamento mercantil, garantia, entre outras.
Como já visto anteriormente, o BNDES é o principal agente do Governo para financiamento de médio e longo
prazo aos setores primário, secundário e terciário.

2.2.3.3. Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento – Financeiras


Sua função é financiar bens de consumo duráveis por meio do popularmente conhecido “crediário” ou crédito
direto ao consumidor. As financeiras não podem manter contas correntes, e os seus instrumentos de captação
restringem-se à colocação de letras de câmbio (LC, que são títulos de crédito sacados pelos financiados e aceitos
pelas financeiras para colocação junto ao público).
As sociedades financeiras podem atuar sem nenhum vínculo com outras instituições do mercado financeiro,
ou vinculadas a conglomerados financeiros, grandes estabelecimentos comerciais e grandes grupos industriais.

2.2.3.4 Sociedade de Crédito ao Microempreendedor – SCM


As Sociedades de Crédito ao Microempreendedor foram criadas com o objetivo de viabilizar
empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial, de pequeno porte, e as pessoas jurídicas
classificadas como microempresas.
As SCM podem obter repasses e empréstimos que tenham como origem recursos de instituições nacionais e
estrangeiras, de fundos oficiais, ou de entidades nacionais e estrangeiras voltadas para ações de fomento e
desenvolvimento; aplicar as disponibilidades de caixa no mercado financeiro e ceder créditos, inclusive às
companhias securitizadoras.
As SCM são proibidas de captar recursos junto ao público, emitir títulos e valores mobiliários, conceder
empréstimos para fins de consumo e contratar depósitos interfinanceiros (DI).

2.2.3.5. Sociedades de Crédito Imobiliário – SCI


As Sociedades de Crédito Imobiliário são instituições financeiras especializadas em operações de
financiamento imobiliário e, constituídas sob a forma de sociedades anônima. Prestam apoio financeiro também a
outras operações do setor imobiliário, como vendas de loteamentos, incorporações de prédios, entre outros. Essas
instituições costumam levantar os recursos necessários por meio de letras imobiliárias e caderneta de poupança.

2.2.3.6. Companhias Hipotecárias – CH


As Companhias Hipotecárias tem o objetivo de conceder financiamentos destinados a produção, reforma ou
comercialização de imóveis residenciais ou comerciais e lotes urbanos; comprar, vender e refinanciar créditos
hipotecários próprios ou de terceiros; administrar fundos de investimentos imobiliários (desde que autorizado pela
CVM). É facultado as CH emitir letras
hipotecárias e debêntures, e obter empréstimos e financiamentos no país e exterior.

2.2.3.7. Associação de Poupança e Empréstimo – APE


As associações de poupança e empréstimos (APEs) são instituições financeiras que atuam na área
habitacional, por meio de financiamentos imobiliários. Essas associações fazem parte do Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE) e costumam atuar de forma restrita a determinada região. São constituídas sob a
forma de sociedades civis sem fins lucrativos, sendo de propriedade comum de seus associados. A principal
alternativa de captação financeira é a caderneta de poupança, cujos depositantes são somente pessoas físicas.

2.2.3.8. Sociedade de Arrendamento Mercantil (Leasing)


É a instituição que pratica operações de arrendamento mercantil de bens móveis, de produção nacional ou
estrangeira, e bens imóveis adquiridos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio da arrendatária. Em linhas
gerais, a operação de leasing se assemelha a uma locação, tendo o cliente, ao final do contrato, as opções de
renová-la, de adquirir o equipamento ou imóvel pelo valor residual fixado em contrato ou devolvê-lo à empresa. As
empresas de leasing normalmente captam recursos de longo prazo, como, por exemplo, através da emissão de
debêntures, títulos que têm como cobertura o patrimônio da empresa que os emitiu.

2.2.4. Instituições Auxiliares do Mercado Financeiro


2.2.4.1. Definição Valores Mobiliários
Definiram-se os valores mobiliários sujeitos ao regime da nova Lei 10.303, como sendo:
As ações, debêntures e bônus subscrição;
Os cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos aos
valores mobiliários;
Os certificados de depósitos de valores mobiliários;
As cédulas de debêntures;
As cotas de fundos em valores mobiliários ou clubes de investimentos em quaisquer ativos;
As notas comerciais;
Os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores
mobiliários.

2.2.4.2. Bolsa de Valores


As bolsas de valores são associações civis, sem fins lucrativos e com funções de interesse público. Possuem
autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas estão sujeitas à supervisão da CVM - Comissão de Valores
Mobiliários e obedecem as diretrizes e políticas emanadas do CMN - Conselho Monetário Nacional. Além de seu
papel básico de oferecer um mercado para a cotação dos títulos e valores mobiliários nelas registrados, orientar e
fiscalizar os serviços prestados por seus membros, facilitar a divulgação constante de informações sobre as
empresas e sobre os negócios que se realizam sob seu controle, as bolsas de valores propiciam liquidez às
aplicações de curto e longo prazos, por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários.
É por meio das bolsas de valores que se pode viabilizar um importante objetivo de capitalismo moderno: o estímulo à
poupança do grande público e ao investimento em empresas em expansão, que, diante deste apoio, poderão
assegurar as condições para seu desenvolvimento.

2.2.4.3. Sociedades Corretoras


As sociedades corretoras são instituições financeiras membros das bolsas de valores,
devidamente credenciadas pelo Banco Central do Brasil, pela CVM e pelas próprias bolsas, e
estão habilitadas a negociar valores mobiliários em pregão. As corretoras podem ser definidas
como intermediárias especializadas na execução de ordens e de compra e venda por conta
própria e determinadas por seus clientes.
Entre outros direitos que lhes competem, as sociedades corretoras podem:
Promover ou participar de lançamento público de ações;
Administrar e custodiar carteiras de títulos e valores mobiliários;
Organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
Operar em bolsas de mercadorias e futuros, por conta própria e de terceiros;
Efetuar operações de compra e venda de metais preciosos e moedas estrangeiras, por conta
própria e de terceiros;
Prestar serviços de assessoria técnica em operações inerentes ao mercado financeiro.

2.2.4.4. Sociedades Distribuidoras


São também instituições intermediadoras de títulos e valores mobiliários, cujos objetivos básicos se
assemelham bastante aos das corretoras. Entretanto, suas atividades têm uma faixa operacional mais restrita do que
a das corretoras, já que elas não têm acesso direto aos pregões das bolsas de valores.
Entre as operações típicas dessas instituições, destacam-se:
Aplicações por conta própria ou de terceiros em títulos e valores mobiliários de renda fixa e
variável;
Operações no mercado aberto;
Subscrição isolada ou em consorcio de emissão de títulos e valores mobiliários para revenda.

2.2.4.5. Agentes Autônomos


São pessoas físicas credenciadas pelas instituições financeiras intermediadoras (corretoras, distribuidoras,
bancos e financeiras) para atuarem na colocação de títulos, valores e serviços financeiros junto ao público. Esses
profissionais são fiscalizados pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários.

2.2.5. Instituições Não Financeiras


2.2.5.1. Sociedades de Fomento Comercial - Factoring
As Sociedades de Fomento Comercial ou Mercantil são empresas destinadas a dar apoio às pequenas
empresas, através da prestação de serviços administrativos e compra de seus créditos, gerados pelas vendas a
prazo. A operação de factoring não é um empréstimo e sim uma operação mercantil (compra e venda), onde ocorre a
transferência, mediante contrato, dos direitos de crédito, passando os riscos do recebimento dos títulos a serem de
responsabilidade da empresa de factoring, desde que não constatada a fraude na formação do crédito. A relação
jurídica da operação de factoring ocorre entre duas empresas, quando uma delas entrega à outra um título de crédito,
recebendo como contraprestação, o valor constante do título, do qual se desconta certa quantia, considerada a
remuneração pela transação.
IMPORTANTE: O factoring não é considerada uma operação financeira de crédito, e sim uma
transferência (cessão) plena dos créditos da empresa produtora para o factor, isto é, uma aquisição definitiva dos
valores recebíveis, inclusive o risco inerente ao pagamento desses valores.

2.2.5.2. Companhias Seguradoras


São constituídas sob a forma de SA, caracterizam-se pelo recebimento de uma taxa de prêmio, assumindo
em troca a obrigação de pagar uma determinada indenização se ocorrer perda ou dano do que foi assegurado. As
companhias seguradoras estão consideradas no sistema financeiro nacional por terem a obrigação de aplicar parte
de suas reservas técnicas no mercado de capitais.

2.3. Outros Órgãos e Sistemas


2.3.1. Associação Nacional Das Instituições do Mercado Financeiro – ANDIMA
É uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne cerca de 230 instituições financeiras, incluindo bancos
comerciais, múltiplos e de investimento; corretoras e distribuidoras de valores; e administradores de recursos. Mais
do que um instrumento de representação do setor, a Associação se destaca como importante prestadora de serviços,
oferecendo suporte técnico e operacional às instituições, fomentando novos mercados e trabalhando pelo
desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional. Criada em 1971, a ANDIMA atuou sempre em conjunto com os
protagonistas do mercado financeiro brasileiro. De um lado, as autoridades da área econômica, representadas pelo
Banco Central; de outro, as instituições e demais associações da área financeira.
Parcerias A primeira parceria resultou, em 1979, em uma iniciativa pioneira: o SELIC - Sistema Especial de
Liquidação e Custódia, um dos mais modernos e sofisticados sistemas eletrônicos de negociação de títulos públicos
do mundo.
Em 1986, a segunda parceria deu origem, em 1986, à CETIP - Câmara de Custódia e Liquidação, entidade
de padrão internacional voltada à negociação de títulos privados. Iniciativas A Associação deu importantes passos
em 1999, ao reformular o seu CE - Código de Ética, elaborado em 1991, e lançar o COM - Código Operacional do
Mercado, que reúne práticas e procedimentos a serem observados pelos participantes do setor. Outra iniciativa
importante foi o Programa de Certificação, criado em 2003 para atender às exigências do Banco Central e que está
certificando profissionais do setor financeiro em todo o País.

2.3.2. Associação Nacional de Bancos de Investimentos – ANBID


Outra entidade que, embora não fazendo parte do SFN, também atua na regulação e fiscalização do mercado
é a ANBID. A ANBID é uma entidade de representação das instituições financeiras que operam no segmento do
mercado de capitais, atuando no âmbito da auto-regulação. Isto significa que os agentes privados estabelecem níveis
de responsabilidade, normas e procedimentos que devem ser observados na realização dos seus negócios. O
escopo da autoregulação de mercado trata, na realidade, de substituir, a partir de certo nível mínimo de
regulamentação, a ação do poder governamental pela iniciativa dos participantes do mercado. A auto-regulação da
ANBID é complementar e, portanto, atua em auxílio à ação governamental, como instituição reguladora e
fiscalizadora. A auto-regulação promovida pela ANBID possui códigos de conduta a serem observados por seus
associados e por instituições que aderiram a estes códigos.
 Código de auto-regulação da ANBID para as Ofertas Públicas de Títulos e Valores Mobiliários.
 Código de auto-regulação do Programa de Certificação Continuada da ANBID.
 Código de auto-regulação da ANBID para a indústria de Fundos de Investimento.

3. Sistema Brasileiro de Pagamentos


3.1. Objetivos
A função básica de um sistema de pagamentos é transferir recursos, bem como processar e liquidar
pagamentos para pessoas, empresas, governo, Banco Central e instituições financeiras, ou seja, praticamente todos
os segmentos atuantes em nossa economia. O Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB é um sistema integrado que
permite a transferência de fundos e a liquidação de obrigações.
Os principais objetivos do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro são:
 Reduzir o risco sistêmico, modernizando o processo das transferências e dos recursos entre as instituições.
 Garantia em tempo real para transferências entre o pagador e o recebedor;
 Administrar de uma maneira mais ágil as reservas, para uma interação mais eficaz entre as instituições
financeiras sem a interferência e os empréstimos do Banco Central;
 Competência e segurança para agregar credibilidade junto aos investidores estrangeiros, eliminar a
inadimplência e gerar um novo conceito nas instituições, utilizando os processos que movimentam a
economia mundial;
 Monitorar com rigor, o saldo da conta de reservas bancárias. O saldo negativo não será admitido.
3.2. Papel do Banco Central
O Banco Central do Brasil deve atuar no sentido de promover a solidez, o normal funcionamento e o contínuo
aperfeiçoamento do sistema de pagamentos. Para funcionamento, os sistemas de liquidação estão sujeitos à
autorização e à supervisão do Banco Central do Brasil, inclusive aqueles que liquidam operações com títulos, valores
mobiliários, moeda estrangeira e derivativos financeiros.
O Banco Central do Brasil, além de responsável pela regulamentação e pela supervisão dos sistemas de
liquidação, é também provedor de serviços de transferência de fundos e de liquidação de obrigações. Nessa
qualidade, opera o Sistema de Transferência de Reservas - STR e o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia -
Selic, que liquidam obrigações em tempo real, operação por operação.

3.3. Participantes do SPB


Participam do SPB, além do Banco Central e da Secretaria do Tesouro Nacional, as instituições a titulares de
conta Reservas Bancárias e as entidades prestadoras de serviços de compensação e de liquidação de títulos,
derivativos e câmbio (BM&F Câmbio, BM&F Derivativos, CBL, Cetip, Selic) e de transferências de fundos (Cip,
Compe, STR e Tecban).
As principais câmaras e prestadores de serviços de compensação e de liquidação atuam como contraparte
central e, ressalvado o risco de emissor, asseguram a liquidação de todas as operações cursadas. Para isso, as
entidades que adotam a liquidação diferida líquida (LDL) devem adotar adequados mecanismos de proteção, tais
como, dependendo do tipo de sistema e da natureza das operações cursadas, depósitos de garantias, fundos de
liquidação, seguros de liquidação e regras de compartilhamento de perdas. O princípio da entrega contra pagamento
é observado em todos os sistemas de compensação e de liquidação de operações com títulos e valores mobiliários.

3.4. Garantias e Risco para os Participantes


O novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) irá transferir o risco sistêmico, que atualmente está com o
Banco Central, para o setor privado. De acordo com cálculos da autoridade monetária, esse risco está nas
transações (cheques e Doc’s) com valores superiores a R$ 5 mil. Para esses documentos haverá um incentivo para
que eles ocorram através do SPB, ou seja, transações eletrônicas em tempo real.

3.5. Registro e Liquidação das operações


A Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR) é a forma de liquidação das operações que
acontecem no mesmo dia (D+0), nas contas de reservas bancárias. Com elas, o Banco Central
elimina os riscos das operações, visto que a autoridade monetária poderá controlar as liquidações todo o tempo e
garantir que as trocas financeiras aconteçam apenas no momento em que houver a certeza dos recursos financeiros.
É por meio desse tipo de liquidação que um pagamento poderá ser efetivado se existirem recursos
suficientes em conta corrente e, no caso de existir capital disponível, o favorecido terá creditado em sua conta o valor
no exato momento que for feito o pagamento.
O cliente poderá transferir dinheiro via TED se os recursos estiverem efetivamente disponíveis em sua conta
corrente. Para os clientes que possuem cheque especial ou conta garantida será
possível efetuar transferências nos limites e condições contratadas com o banco. Os recursos
provenientes de depósitos em cheques e DOCs em sua conta poderão ser utilizados somente
depois da compensação desses documentos. Os bancos continuarão processando cheques de
valor igual ou superior a R$ 5.000,00, mas serão obrigados a recolher parte expressiva dos seus valores no Banco
Central. Isso vai elevar o custo desse serviço para a instituição, que poderá aumentar seu preço para o cliente. Por
isso, os bancos recomendam aos clientes que desejam economizar com tarifas que dêem preferência a TED, nas
transferências acima de R$ 5.000,00.

3.6. Compensação de Cheques no SPB


A Centralizadora de Compensação de Cheques e Outros Papéis- Compe liquida as obrigações
interbancárias relacionadas principalmente com cheques, documentos de crédito (ordem de transferência de fundos
por intermédio da qual o cliente emitente, correntista ou não de determinado banco, transfere recursos para a conta
do cliente beneficiário em outro banco,
podendo o cliente emitente e o cliente emissário serem a mesma pessoa) e bloquetos de cobrança (documento
representativo de dívida originada na compra de bens e serviços, liquidado na rede bancária em espécie ou por
intermédio de cheque).
Participam da Compe as instituições bancárias, nomeadamente os Bancos Comerciais, os Bancos Múltiplos
com carteira comercial, as Caixas Econômicas, as Cooperativas de Crédito e os Bancos Cooperativos. A participação
é condicionada à prévia constituição de depósito prévio no Banco Central do Brasil até 9h30 de cada dia.
A cada dia são realizadas duas sessões de compensação, apurando-se, em cada sessão, um resultado
multilateral único, de âmbito nacional, para cada participante. Tomando-se como base a data de acolhimento do
documento que dá origem à obrigação, a liquidação interbancária na Compe é feita, por intermédio do Sistema de
Transferência de Reservas - STR, nas contas Reservas Bancárias mantidas no Banco Central do Brasil, em D+1.
Cobrindo todo o território nacional, o sistema é composto, para fins de troca física dos documentos, por uma câmara
nacional, quinze câmaras regionais e dez câmaras locais. Em uma câmara local são trocados os cheques sacados
contra as agências localizadas na praça por ela atendida. Na câmara regional, são trocados os cheques sacados
contra agências bancárias localizadas nas praças por ela atendidas, vinculadas a uma praça centralizadora, sempre
uma capital de Estado. Os cheques sacados contra bancos sem presença nas câmaras locais e regionais são
trocados na câmara nacional, localizada em São Paulo, da qual todos os bancos obrigatoriamente participam,
diretamente ou por intermédio de representação.

3.7. Compensação de outros Títulos no SPB


No segmento de títulos e valores mobiliários, o SPB apresenta certa segmentação. O Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia - Selic, operado pelo Banco Central do Brasil, liquida operações com títulos públicos
federais segundo o modelo 1 de entrega contra pagamento, ou seja, a liquidação final da ponta financeira e da ponta
do título ocorre ao longo do dia, de forma simultânea, operação por operação.
A BM&FBovespa opera dois sistemas de liquidação, um para operações com derivativos e outro para
operações de câmbio interbancário. Os dois sistemas utilizam compensação multilateral de obrigações, sendo a
liquidação em D+1 no caso de operações com derivativos e, normalmente, D+2 no caso de operações de câmbio.
As operações com ações, normalmente realizadas na Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa, são
liquidadas por intermédio da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia - CBLC, entidade que também atua
como depositária central desse valor mobiliário, respondendo a Central de Custódia e Liquidação Financeira de
Títulos - Cetip pela liquidação, principalmente, de títulos privados (títulos de dívida corporativa). Os sistemas de
liquidação operados por essas entidades fazem compensação multilateral de obrigações, sendo que a Cetip faz
também liquidação bruta em tempo real, no caso de operações do mercado secundário, e compensação bilateral, nas
operações de swap. Quando diferida, a liquidação é geralmente feita em D+1, exceto no caso de ações, que é D+3.

3.8. Movimentação de Reservas Bancárias no SPB


Para operacionalização de algumas de suas atribuições, o Banco Central do Brasil ofereces instituições
bancárias e aos bancos de investimento contas denominadas Reservas Bancárias, sendo que no caso das
instituições bancárias a titularidade de uma conta da espécie tem caráter obrigatório. Cada instituição é titular de uma
única conta, centralizada, identificada por um código numérico. No Brasil, por disposição legal, uma instituição
bancária não pode manter conta em outra instituição bancária. Por isso, exceto aqueles efetuados em espécie e
aqueles que se completam no ambiente de um único banco, todos os pagamentos têm liquidação final nas contas
Reservas Bancárias.
Para assegurar o suave funcionamento do sistema de pagamentos no ambiente de liquidação de obrigações
em tempo real, o Banco Central do Brasil concede crédito intradia aos participantes do STR titulares de contas
Reservas Bancárias, na forma de operações compromissadas com títulos públicos federais, sem custos financeiros.

3.9. Aplicações em Investimentos


As aplicações em fundos de investimentos feitas mediante saldo disponível em conta corrente e/ou através
de TED renderão a partir do dia da sua realização. Os bancos, a seu critério, poderão agendar aplicações de
recursos bloqueados na conta corrente (depósitos em cheques ou DOCs) para datas futuras. Já as aplicações em
depósitos a prazo (CDB e RDB) poderão ser acolhidas independentemente da condição do recurso na conta
corrente, porém, sob remuneração diferenciada, a critério de cada banco.

3.10. Câmera Interbancária de Pagamentos-CIP


A Câmera Interbancária de Pagamentos-CIP opera o Sistema de Transferências de Fundos Sitraf, que utiliza
compensação contínua de obrigações. Salvo na situação de agendamento, as ordens de transferência de fundos são
emitidas para liquidação no mesmo dia (D), por assim dizer, "quase em tempo real". É um sistema híbrido de
liquidação no sentido de que reúne características dos sistemas de liquidação diferida com compensação de
obrigações (LDL) e dos sistemas de liquidação bruta em tempo real (LBTR). O sistema entrou em funcionamento em
06 de dezembro de 2002.
O Sitraf funciona com base em ordens de crédito, isto é, somente o titular da conta a ser debitada pode emitir
a ordem de transferência de fundos, a qual pode ser feita em nome próprio do participante ou por conta de terceiros,
a favor do participante destinatário ou de cliente do participante destinatário.
A liquidação é efetuada com base em recursos mantidos pelos participantes no Banco Central do Brasil, seja
no que diz respeito aos pré-depósitos efetuados no início de cada dia e às suas eventuais complementações, seja no
que diz respeito às transferências de fundos efetuadas para atendimento das ordens de transferência de fundos no
denominado ciclo complementar. A participação direta no Sitraf é restrita às instituições titulares de conta Reservas
Bancárias, isto é, bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial, caixas econômicas e bancos de
investimento.

3.11. Sistema de Transferência de Reserva- STR


O STR é um sistema de transferência de fundos com liquidação bruta em tempo real (LBTR), operado pelo
Banco Central do Brasil, que funciona com base em ordens de crédito, isto é, somente o titular da conta a ser
debitada pode emitir a ordem de transferência de fundos. O sistema é de importância fundamental principalmente
para liquidação de operações interbancárias realizadas nos mercados monetário, cambial e de capitais, inclusive no
que diz respeito à liquidação de resultados líquidos apurados em sistemas de compensação e liquidação operados
por terceiros.
As ordens de transferência de fundos podem ser emitidas pelos participantes em nome próprio ou por conta
de terceiros, a favor do participante destinatário ou de cliente do participante destinatário, sendo que, por acordo
entre os participantes, atualmente está sendo observado o limite mínimo de R$5 mil por transferência.
A transferência de fundos é considerada final, isto é irrevogável e incondicional, no momento em que feitos os
correspondentes lançamentos nas contas de liquidação (contas Reservas Bancárias, Conta Única do Tesouro
Nacional e contas mantidas no Banco Central do Brasil por entidades operadoras de sistemas de compensação e de
liquidação). O participante destinatário é informado da transferência de fundos apenas no momento em que ocorre
sua liquidação.

4. Clearings e Sistemas
4.1. O Conceito de “Clearing”
As câmaras de registro, compensação e liquidação, ou clearings garantem o perfeito
funcionamento dos mercados financeiro e de capitais, garantindo a seus participantes que seus
ganhos serão recebidos e de que suas operações de compra e venda serão liquidadas nas
condições e no prazo estabelecidos. Esta garantia é proporcionada mediante um sistema de compensação que
chama para si a responsabilidade pela liquidação dos negócios com estruturas adequadas ao gerenciamento de risco
de todos os participantes.

4.2. Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC


No SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Custódia estão custodiados todos os títulos públicos emitidos
pela União, pelos Estados e Municípios.
O Selic é gerido pelo Banco Central do Brasil e é por ele operado em parceria com a Associação Nacional
das Instituições do Mercado Aberto – Andima.
A liquidação da ponta financeira de cada operação é realizada por intermédio do Sistema de Transferência de
Reservas - STR, ao qual o Selic é interligado.
Visa, principalmente:
 evitar a emissão física dos títulos e conseqüentemente a sua falsificação;
 efetuar a liquidação financeira dos negócios realizados exclusivamente através da
movimentação de reservas (saldos em conta corrente), sem emissão e compensação de cheques;
 evitar a captação de recursos sem lastro, tendo em vista que o dinheiro obtido deve ser igual ao valor de
mercado dos títulos custodiados.
Atualmente são custodiados e liquidados no SELIC, os seguintes Títulos Públicos Federais, de
emissão exclusiva do Tesouro Nacional:
 Letra Tesouro Nacional (LTN);
 Letra Financeira do Tesouro (LFT);
 Nota do Tesouro Nacional (NTN).
Todos os títulos são escriturais, isto é, emitidos exclusivamente na forma eletrônica.
Podem participar do sistema, na qualidade de titulares de contas de registros de títulos, as
seguintes instituições:
 Banco Central do Brasil
 Tesouro Nacional
 Bancos comerciais
 Bancos múltiplos
 Bancos de investimento
 Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários
 Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários
 Pessoas jurídicas não financeiras e fundos mútuos de investimento.
Tratando-se de um sistema de liquidação em tempo real, a liquidação de operações é sempre condicionada à
disponibilidade do título negociado na conta de custódia do vendedor e à disponibilidade de recursos por parte do
comprador.
A operação só é encaminhada ao STR para liquidação da ponta financeira após o bloqueio dos títulos
negociados, sendo que a não liquidação por insuficiência de fundos implica sua rejeição pelo STR e, em seguida,
pelo Selic. Se a conta de custódia do vendedor não apresentar saldo suficiente de títulos, a operação é mantida em
pendência pelo prazo máximo de 30 minutos ou até 12h, o que ocorrer primeiro (não se enquadram nessa restrição
as operações de venda de títulos adquiridos em leilão primário realizado no dia).
As instituições habilitadas estão distintas em dois níveis:
1º) CUSTODIANTES - Instituições Com Reservas no BANCO CENTRAL (Ex: Bancos Comerciais e Bancos Múltiplos
que recebam depósitos à vista, isto é, aqueles que têm um número na câmara de Compensação de Cheques e
Outros Papéis); e
2º) SUBCUSTODIANTES - Instituições Sem Reservas no BANCO CENTRAL (Ex: Distribuidoras e Corretoras de
Valores e os Bancos de Investimentos).
As pessoas físicas podem investir em ativos do Selic, como clientes de instituições financeiras em contas segregadas
identificadas como conta de clientes. As instituições são as titulares e responsáveis pelo controle das contas.

4.3. Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos – CETIP


Na Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos – CETIP, estão custodiados quase a totalidade
dos títulos e valores mobiliários privados de renda fixa, além de derivativos, dos títulos emitidos por Estados e
Municípios e de emissão do Tesouro Nacional.
Os títulos são, na maioria das vezes, emitidos escrituralmente, isto é, existem apenas sob a forma de
registros eletrônicos (os títulos emitidos em papel são fisicamente custodiados por bancos autorizados).Visa,
principalmente:
Evitar a emissão física dos títulos e conseqüentemente a sua falsificação;
Efetuar a liquidação financeira dos negócios realizados mediante a emissão e compensação de cheques;
Evitar a captação de recursos sem lastro, que resultou, no passado, na decretação da
liquidação extrajudicial de alguns bancos e financeiras.
Atualmente são custodiados e liquidados na CETIP, os seguintes Títulos e derivativos:
Produtos de Captação
Certificados de Depósito Bancário – CDB;
Recibos de Depósito Bancários - RDB;
Depósitos Interfinanceiros - DI;
Letras de Câmbio - LC;
Letras Hipotecárias - LH.
Títulos do Setor Produtivo
Debêntures;
Commercial Papers.
Títulos do Setor Público
Títulos públicos estaduais e municipais;
Títulos representativos de dívidas de responsabilidade do Tesouro Nacional
Certificado Financeiro do Tesouro (CFT)
Certificado do Tesouro Nacional (CTN)
Certificado de Dívida Pública / INSS (CDP)
Derivativos
Contratos de Swap;
_____Contrato a Termo de Moeda sem Entrega Física.
Lista completa: www.cetip.com.br

Podem participar do sistema, na qualidade de titulares de contas de registros de títulos, as seguintes


instituições:
Central de Custodia e de Liquidação financeira de Títulos (CETIP);
Bancos Comerciais;
Bancos Múltiplos;
Bancos de Investimento;
Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários;
Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
Pessoas jurídicas não financeiras e fundos mútuos de investimento.
As pessoas físicas podem investir em ativos “cetipados”, como clientes de instituições financeiras em contas
segregadas identificadas como conta de clientes. As instituições são as titulares e responsáveis pelo controle das
contas. Conforme o tipo de operação e o horário em que realizada, a liquidação é em D0 (Dia da Operação) ou D+1.
A entrega do ativo e o correspondente pagamento são mutuamente condicionados e ocorrem no mesmo momento.
Se algum banco liquidante não confirmar o pagamento ou se houver inadimplência a operação é imediatamente
cancelada, sendo que no segundo caso (inadimplência), a instituição devedora deve indicar um novo banco
liquidante para liquidação de suas operações. A liquidação financeira final é realizada via Sistema de Transferência
de Reservas - STR em contas de liquidação mantidas no Banco Central do Brasil.

4.4. Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia da Bovespa - CBLC


A Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia da Bovespa- CBLC, liquida operações realizadas no
âmbito da Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa, da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro - BVRJ e da Sociedade
Operadora do Mercado de Ativos - Soma. A CBLC atua também como custodiante central de ações e de títulos de
dívida corporativa, além de operar programa de empréstimo sobre esses títulos. Como instituição depositária, a
CBLC mantém contas individualizadas, o que permite a identificação do investidor final das operações realizadas. Na
Bovespa são realizadas operações com títulos de renda variável (mercados à vista e de derivativos - opções, termo e
futuro) e com títulos privados de renda fixa (mercado à vista, operações definitivas e, no futuro, compromissadas).
Principais atribuições:
Liquida as obrigações financeiras relacionadas ao contratos à vista, a termo, de futuros, de opções e de swaps
negociadas na BM&F. Os principais contratos são referenciados a taxas de juros, taxas de câmbio, índices de preços
e índices do mercado acionário.
É um sistema com compensação multilateral de obrigações, sendo que a liquidação das posições líquidas
diariamente apuradas é feita em D+1, por intermédio do Sistema de
Transferência de Reservas - STR, em contas mantidas no Banco Central do Brasil.
Participantes Diretos:
Membros de Compensação;
Bancos Liquidantes;
Corretoras que atuam na BM&F.
Participantes Indiretos (comitentes):
Clientes finais;
Corretoras (operando para carteira própria).
Os Membros de Compensação têm papel de destaque na linha de responsabilidades do sistema, são
responsáveis pelo registro, pela compensação e pela liquidação de todos os negócios realizados.
Ocorrendo inadimplência, configurada pelo não atendimento à chamada de garantia ou pelo não pagamento
de ajuste diário requerido pela BM&F, as posições do participante são encerradas. Se, depois de compensados os
contratos, for apurado resultado líquido negativo, a BM&F realiza as garantias constituídas pelo participante.
Para garantias que se mostrarem insuficientes, responderam pela parcela restante, sucessivamente:
a corretora que intermediou a operação;
o membro de compensação ao qual a corretora está ligada;
o Fundo Especial dos Membros de Compensação;
o Fundo de Liquidez dos Membros de Compensação;
o Fundo de Garantias da BM&F; e
a própria BM&F.

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