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CNPI

I- SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

1- Órgãos de Regulação e Fiscalização - Principais Atribuições

SISTEMA NORMATIVO

CMN: órgão que está no topo do Sistema Financeiro Nacional (SFN), tendo poder sobre todas
as outras instituições, controlando a política de moeda e crédito no Brasil. O CMN não
intervém diretamente, apenas divulga todas as regras do sistema financeiro.

Participam do CMN: Ministro da Economia, Presidente do Bacen e Secretário especial da


Fazenda.

CMN determina regras para funcionamento de todas as outras instituições do SF, umas de
duas principais funções é determinar a meta de inflação a serem seguidas pela BACEN, além de
fazer com que os meios de pagamento estejam de acordo com as necessidades da economia,
utilizar recursos estrangeiros de forma adequada, enviar recursos financeiros para instituições
públicas e privadas, cuidar da liquidez das IFs, autorizar emissão de papel moeda, aprovar
alterações e orçamentos solicitados pela BACEN, regulamentar operações de redesconto,
descontos, comissões e taxas de juros.

Orgãos ligados ao CMN: Bacen, CVM, Comoc, ANBIMA, Susep,

Ex de atuação: em 2018, CMN definiu que boletos acima de R$ 10 mil não pudessem mais ser
pagos em espécie, de forma a controlar a lavagem de dinheiro.

Banco Central do Brasil: autarquia federal autônoma, possui autonomia perante a outros
órgãos do poder público. Não está subordinado a nenhum outro órgão, mas opera com a
supervisão do gov federal e está ligado ao Ministério da Economia. Visa garantir a estabilidade
do poder de compra da moeda nacional (manter inflação dentro da meta) e regula o sistema
financeiro – controla instituições que podem ou não funcionar no Brasil, bem como exerce
fiscalização sobre qualquer IF em solo nacional (bancos, corretoras, etc.)

No tocante ao controle da inflação, o BCB define a taxa básica de juros da economia (SELIC),
que é um fator que possui influência sobre a quantidade de dinheiro em circulação na
economia, afetando portanto a inflação (SELIC maior > menos dinheiro em circulação > menos
inflação).

O BCB também é o responsável pela reserva nacional de moedas estrangeiras, ficando a


Reserva Internacional em dólar do Brasil ficando sob a tutela do Banco Central e sendo este
um importante instrumento que a instituição possui para utilizar como “seguro” em
momentos de especulação cambial.

O BCB também atua no mercado de câmbio conforme citado, emite a moeda nacional, além
de prestar serviços informativos para a população.

Comissão de Valores Mobiliários: entidade autárquica, vinculada ao Ministério da Economia,


que tem a finalidade de disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de valores mobiliários. É
administrada por um presidente e quatro Diretores nomeados pelo Presidente da República. O
presidente e os diretores definem políticas e estabelecem práticas a serem implantadas pelo
corpo de superintendentes, instância executiva da CVM. Esses trabalhos são orientados,
especificamente, para atividades relacionadas às empresas, aos intermediários financeiros, aos
investidores, à fiscalização externa, à normatização contábil e de auditoria, aos assuntos
jurídicos, ao desenvolvimento de mercado, à internacionalização, à informática e à
administração.

A atuação da CVM tem como objetivo:

 Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;


 Promover expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e
estimular aplicações permanentes em ações do capital social de cias de capital aberto;
 Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão;
 Proteger titulares de valores mobiliários e investidores contra emissões irregulares de
valores mobiliários, atos ilegais de administradores e acionistas das cias abertas, bem
como administradores de carteira de valores mobiliários, uso de informação relevante
não divulgada no mercado de valores mobiliários;
 Evitar e coibir fraudes e manipulação destinadas a manipular o mercado;
 Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários e as cias que
o emitiram;
 Observar no mercado as práticas comerciais equitativas e condições de utilização de
crédito adequadas.

SISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO:

Banco do Brasil: S.A de Capital Misto, controlada pela União. Principal agente financeiro do
Gov Federal. Possui três funções principais:

 Agente financeiro do Gov Federal na execução de sua política creditícia e financeira.


Pode receber tributos e rendas federais, realizar pgtos necessários e constantes do
orçamento da União e executar a política de preços mínimos de produtos
agropecuários;
 Banco comercial, um dos principais do Brasil;
 Banco de investimento e desenvolvimento: ao operar com créditos a médio e longo
prazos.

Caixa Econômica Federal: Instituição Financeira pública, com patrimônio próprio e autonomia
administrativa, vinculada ao Ministério da Economia.

 Receber depósitos de economias populares sob a garantia da União, incentivando os


hábitos de poupança;
 Conceder emp e fctos de natureza assistencial, visando contribuir com a solução de
problemas econômicos;
 Operar no setor habitacional com crédito imobiliário e principal agente do banco
nacional de habitação, objetivando promover a aquisição da casa própria,
especialmente para classes de menor renda;
 Explorar com, exclusividade, serviços da Loteria Federal e Esportiva nos termos da
legislação pertinente;
 Monopólio das operações sobre penhores civis;
 Realizar, no mercado financeiro, cláusulas de correção monetária (conforme
normativos do CMN), aquisição e distribuição de ações e quaisquer títulos ou valores
mobiliários e realização, e, na qualidade de agente do gov federal, realizar quaisquer
operações no mercado financeiro que lhe forem delegadas.
BNDES: Principal instrumento de execução da política de investimentos do Gov Federal, tem
como objetivo apoiar programas, projetos, obras e serviços que se relacionem com o
desenvolvimento econômico e social do país. Visa estimular a iniciativa privada, sem prejuízo a
empreendimentos de interesse nacional a cargo do setor público. Principais atribuições:

 Impulsionar o desenvolvimento econômico, diminuir desequilíbrios regionais e


promover o crescimento das exportações;
 Apoio, através de concessão, com foco no impacto socioambiental e econômico no
Brasil, incentivando a inovação, desenvolvimento regional e socioambiental;
 Oferecer condições especiais para micro, pequenas e médias empresas, assim como
linhas de crédito voltadas para investimentos sociais;
 Ter atuação anticíclica em momentos de crise;

Conselho de Recursos do SFN: Orgão colegiado de segundo grau. O CRSFN é formado por oito
conselheiros titulares, sendo dois do ministério da economia, um do BCB, um da CVM e quatro
representantes das entidades de classe dos mercados afins, por essas indicadas em lista
tríplice (possui o mesmo número de suplentes, com a mesma proporção). Entidades
representativas para indicação de membros titulares/suplentes: FEBRABAN, ANBIMA,
ANCORD, ABRASCA, OCB/CECO, ABAC, AMEC, IBRACON.

Tem como objetivo julgar, em última instância administrativa, os recursos contra as sanções
aplicadas pelo BACEN e CVM e, nos processos de lavagem de dinheiro, as sanções aplicadas
pelo COAF e demais autoridades competentes.

Bancos Comerciais: Instituições financeiras (sociedades anônimas) que trabalham


predominantemente com intermediação financeira, com operações de curto e médio prazo.
Pegam depósito à vista de agentes superavitários para a realização de operações para agentes
deficitários.

Principais atividades:

 concessões de empréstimos
 operações de crédito
 pagamentos de cheques
 transferências de recursos e ordens de pagamento.

Bancos de Investimento: Instituições financeiras de natureza privada, especializadas em


operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade
produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de
terceiros. Na sua denominação, deve constar a expressão “Banco de Investimento” e devem
ser constituídos sob a forma de SA.

Aos Bancos de Investimento é facultado, além da realização das atividades inerentes à


consecução de seus objetivos:

 Praticar operações de compra e venda, por conta própria ou de terceiros, de metais


preciosos, no mercado físico, e de quaisquer títulos e valores mobiliários, nos
mercados financeiros e de capitais;
 Operar em bolsas de mercadorias e de futuros, bem como em mercados de balcão
organizados, por conta própria e de terceiros;
 Operar em câmbio, mediante autorização específica do Banco Central do Brasil;
 Coordenar processos de reorganização e reestruturação de sociedades e
conglomerados, financeiros ou não, mediante prestação de serviços de consultoria,
participação societária e/ou concessão de financiamentos ou empréstimos;
 Realizar outras operações autorizadas pelo Banco Central do Brasil.

Bancos Múltiplos: Sociedade anônima que visa também promover o encontro entre agentes
superavitários e deficitários. Devem possuir no mínimo duas carteiras, sendo uma delas,
obrigatoriamente, comercial ou de investimento.

Carteiras: comercial, de investimento e/ou desenvolvimento, de crédito imobiliário, de


arrendamento mercantil, e de crédito, financiamento e investimento. Deve ser constituído um
CNPJ para cada carteira, podendo as instituições publicarem um único balanço.

Principais operações:

 Financiamento de capital de giro e capital fixo;


 Subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários;
 Depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos;
 Podem manter contas correntes, desde que estas não sejam remuneradas e não
movimentáveis por cheques (atribuições de banco comercial);
 Administração de fundos de investimento;
 Captação de recursos através de CDB/RDB ou vendas de cotas de fundos;

Bancos de Desenvolvimento: Instituição financeira controlada pelos governos


estaduais, tendo como objetivo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos
recursos necessários ao financiamento, a médio e longo prazos, de programas e
projetos que visem a promover o desenvolvimento econômico e social do respectivo
estado.
Fontes de recursos: Depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso de
cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e de títulos de
desenvolvimento econômico.
Realiza predominantemente empréstimos e financiamentos, dirigidos prioritariamente
ao setor privado.
Devem ser constituídos na forma de sociedade anônima, com sede na capital do
estado que exerce o controle acionário, devendo adotar, obrigatória e privativamente,
em sua denominação social, a expressão “Banco de Desenvolvimento”, seguida do
nome do estado em que tenha sede.
Cooperativas de Crédito: Instituições Financeiras que se dividem em singulares,
centrais e confederações de cooperativas centrais. Atuam tanto no setor rural quanto
no urbano e os eventuais lucros auferidos são repartidos entre os associados, que
devem ser no mínimo 20. As regras prudenciais são mais restritas para cooperativas de
livre admissão.
Sociedade de Crédito Imobiliário: Tipo de instituição financeira especializada no
financiamento habitacional, integrante do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
O foco dessas instituições consiste no financiamento para construções de habitações,
abertura de crédito para compra ou construção de casa própria e no financiamento de
capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de
construção. Atualmente, as SCIs têm atuado em operações mais específicas, como o
programa “Minha casa, minha vida”.
São instituições constituídas na forma de sociedade anônima e supervisionadas pelo
BCB. Deve constar na sua denominação social a expressão “crédito imobiliário”.
Companhias Hipotecárias: Tem como objetivo a concessão de financiamentos
residenciais ou comerciais, empréstimos garantidos por hipotecas ou alienação
fiduciária de imóveis, repasses de recursos relacionados a programas imobiliários,
administração de fundos de investimento imobiliário. Faz parte do Sistema Financeiro
de Habitação e foi criada para fomentar o financiamento imobiliário além dos limites
do SFH. Não recebe depósitos de poupança e seus recursos provêm de letras
hipotecárias, debêntures, empréstimos, financiamentos no país e exterior e LCI. É
considerada IF e autorizada e supervisionada pelo BCB, regulada tanto por esta
autarquia quanto pelo CMN.
Corretoras e Distribuidoras de Valores Mobiliários: Atuam no mercado financeiro e
de capitais, bem como no de câmbio, intermediando a negociação de títulos e valores
mobiliários entre investidores e tomadores de recursos.
Corretoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas
de responsabilidade limitada , devendo constar na sua denominação social a expressão
“Corretora de Títulos e Valores Mobiliários”.
Corretoras oferecem os seguintes serviços:

 Home broker (plataforma de investimento pela internet);


 Consultoria financeira;
 Clubes de investimentos;
 Financiamento para compra de ações;
 Administração e custódia de títulos e valores mobiliários dos clientes;
 Intermediação de operações de câmbio;
 Administração de fundos e clubes de investimento;
 Corretoras podem atuar também por conta própria;
 Na remuneração pelos serviços, podem cobrar comissões e taxas.

Supervisão das corretoras é responsabilidade do Bacen, exercício de suas atividades depende


de autorização da CVM. Estão sujeitas a fiscalização da Bolsa de Valores, Bacen e CVM.

Lei 6.385/76 define que a competência da CVM em relação a CTVMs e DTVMs está limitada às
operações com títulos específicos, tais como ações, debêntures e derivativos, não incluindo
títulos públicos por exemplo, sendo estes fiscalizados pelo BCB.

Distribuidoras de Valores Mobiliários – DTVM são sociedades S/A ou por quotas de


responsabilidade limitada supervisionadas pelo BCB. Dentre suas atribuições, estão:

 Intermediação de oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no


mercado;
 Administração e custódia de carteiras de títulos e valores mobiliários;
 Instituição, organização e administração de fundos e clubes de investimento;
 Operação no mercado acionário, comprando, vendendo e distribuindo títulos e valores
mobiliários, inclusive ouro financeiro, por conta de terceiros;
 Intermediação com bolsas de valores e de mercadorias;
 Lançamentos públicos de ações;
 Operação no mercado aberto e intermediação de operações de câmbio.
Sociedades de arrendamento mercantil (leasing): Sociedades constituídas sob a forma de
sociedade anônima, devendo constar obrigatoriamente em sua denominação a expressão
“Arrendamento Mercantil”. Realizam o arrendamento de bens móveis e imóveis adquiridos
por ela, segundo especificações do arrendatário (cliente), para fins de uso próprio desta.
Assim, os contratantes usufruem do bem sem serem proprietários dele. Não são consideradas
IFs e sim entidades equiparadas a IFs, ainda que sejam fiscalizadas pelo BCB.

Operações de arrendamento mercantil podem ser divididas em duas: leasing financeiro e


leasing operacional. A diferença básica é que no leasing financeiro o prazo é normalmente
maior e o arrendatário tem a possibilidade de adquirir o bem por um valor pré-estabelecido.
Ao final do contrato, o arrendatário tem as opções de efetivar a aquisição do bem arrendado
ou devolvê-lo. Ao final do leasing financeiro, em geral o cliente já terá pago a maior parte do
valor do bem, não sendo a devolução financeiramente vantajosa.

 Sociedades autorizadas a realizar leasing operacional: Banco Múltiplo com carteira de


arrendamento mercantil e Sociedades de arrendamento mercantil.
 Sociedades autorizadas a realizar Leasing Financeiro: Banco múltiplo com carteira de
investimento, banco de investimento, banco de desenvolvimento, caixas econômicas e
sociedades de crédito imobiliário.

Demais IFs: Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (financeiras), agências de


fomento, Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI), Associações de Poupança e Empréstimo,
Companhias Hipotecárias, Bancos de Câmbio, Sociedades de Fomento Mercantil,
Administradoras de Cartões.

Clearings: Realizam o registro, aceitação, compensação, liquidação e gerenciamento do risco


de contraparte de operações do mercado de derivativos, commodities, renda variável, ouro,
renda variável e fixa privada, realizadas em mercado de bolsa e em mercado de balcão
organizado, bem como de operações de empréstimo de ativos. A clearing garante que a parte
vendedora receberá o valor referente a venda e a parte compradora receberá o ativo
acordado na operação. Exemplos de clearings no BR: B3 (ações/demais operações no mercado
de bolsa + títulos privados, renda fixa, valores mobiliários, cotas de fundos), SELIC (títulos
públicos federais), COMPE (cheques), CIP (câmara interbancária de pgtos.).

Sistema de Pgto Brasileiro (SPB): Compreende as entidades e os procedimentos relacionados


com o processamento e a liquidação de operações de transferência de fundos, operações com
moeda estrangeira ou com ativos financeiros e valores mobiliários (Infraestruturas do Mercado
Financeiro – IMF). Além das IMFs, o SPB compreende o processamento e liquidação de
cheques, arranjos de pagamentos e pagamentos instantâneos.

II- MERCADO DE CAPITAIS

1- Conceitos Básicos de Finanças Corporativas:

Risco: grau de incerteza que pode levar uma pessoa ou empresa a perder capital, seja através
de transações financeiras ou investimentos. Riscos sempre existirão em qualquer operação
que envolva dinheiro, cabe ao investidor reconhece-los e minimizá-los. Os riscos financeiros
são divididos em riscos de crédito, liquidez e de mercado. Sobre o risco de mercado (risco
sistemático), que é inerente a todos os ativos de determinado mercado e, portanto, não é
diminuído através da diversificação (exemplos: alta do dólar, variação da Selic, crises diversas,
etc.). O risco específico (não sistemático), é o risco inerente a determinado ativo, como por
exemplo uma crise em determinado setor, ciclos de baixa em setores cíclicos, dentre outras
questões específicas de um segmento. Para este risco específico, o investidor pode se proteger
através da diversificação, formando uma carteira com um bom número de ativos e diminuindo
o risco específico de sua carteira.

Retorno: diz respeito à rentabilidade que uma pessoa tem expectativa de obter através de
seus investimentos. Assim como o risco, o retorno varia bastante de um ativo para outro,
sendo elevados para alguns ativos e praticamente nulo para outros. Para um investidor que
deseje obter resultados satisfatórios, é essencial saber balancear a relação risco x retorno.
Para ter uma rentabilidade maior, você também deverá correr mais riscos, via de regra. No
entanto, a diversificação, tanto em classe de ativos quanto em segmentos setoriais, se mostra
eficaz na diluição do risco de uma carteira de investimentos.

Teoria do Portólio: Teoria desenvolvida por Harry Markowitz que trata da diversificação de
ativos e mostra porque diversificar é fundamental para minimizar riscos. Para formular a
teoria, foram considerados os conceitos de retorno esperado, risco e correlação. O retorno é a
rentabilidade esperada pelo investidor ao realizar determinada alocação, o risco é o desvio
padrão de um ativo da carteira em relação ao seu retorno médio, sendo os ativos mais
arriscados aqueles que variam mais em relação à média. Por fim, a correlação mede como os
ativos se movem de forma conjunta, podendo variar de -1 até 1. Uma correlação de -1 indica
que os dois ativos têm comportamentos opostos (enquanto um se desvaloriza, outro se
valoriza), enquanto uma correlação de 1 indica que os ativos se movem conjuntamente. Se o
valor for próximo de 0, não existe correlação entre os ativos. A grande contribuição da teoria
de Markowitz foi mostrar, via modelos matemáticos, que o retorno de um portfólio não
depende apenas dos riscos e resultados individuais de cada componente da carteira, mas
também da correlação que eles possuem entre si. Ou seja, a forma como os ativos se
comportam em conjunto é tão importante quanto seus riscos e resultados individuais. Sendo
assim, um investidor que fizer uma alocação em dois ativos de correlação negativa como o
BOVA11 e o Dólar por exemplo, estará maximizando sua relação risco x retorno, estando
melhor protegido em momentos de crise, uma vez que enquanto um ativo estará caindo,
normalmente o outro irá subir.

Beta: O Índice Beta, ou Coeficiente Beta, é uma medida utilizada em finanças que relaciona a
sensibilidade de um ativo dentro de uma carteira de investimentos. Além de correlacionar o
investimento dentro de uma carteira, o beta também permite identificar a direção que a
rentabilidade do ativo varia, frente à alterações de um índice do mercado, como o Índice
Bovespa, por exemplo.
CAPM: Capital Asset Pricing Model, ou Modelo de Precificação de Ativos Financeiros, é um
método que procura analisar a relação entre o risco e retorno esperado de um investimento.
Este modelo busca calcular um equilíbrio entre o risco e a rentabilidade e, com isso, atribuir
uma precificação aos ativos com risco de uma carteira de investimentos.
Como taxa livre de risco é utilizada a taxa de um investimento com o menor risco possível,
como um título público. O beta utilizado deve ser o do ativo avaliado, enquanto a
remuneração do mercado é a rentabilidade histórica de determinado benchmark, como o
Ibovespa.

2- Bolsas e Mercado de Balcão Organizado

B3 – Ativos negociados: Ações, minicontratos, mercado futuro, opções, fundos de


investimentos, etc.

Operações em bolsa: liquidação financeira pela CBLC em D+3 após o pregão. Prazo para os
ativos entrarem em custódia também é D+3, ;

margem de garantia (percentual do valor cheio do ativo negociado, depósito de garantia para
operar alavancado);

taxa de alavancagem: taxa de “juros” cobrada pela corretora pelo empréstimo de curto prazo
ao investidor para operações de alavancagem;
taxas de corretagem: taxas cobradas pelas corretoras quando realizadas operações em bolsa;

taxa de negociação, liquidação e registro: taxas cobradas pela B3 quando realizadas operações
em bolsa;

Tipos de operação: Day trade: compra e venda de valores mobiliários no mesmo dia. IR na
fonte de 1% em caso de resultado positivo (imposto “dedo duro”). Necessário declarar ganhos
e prejuízos e tributação de 20% sobre qualquer ganho;

Swing trade: compra e venda em dias diferentes. Isenção de imposto de vendas até R$ 20
mil/mês, mas necessário declarar as posições;

Índices: Ibovespa: principal índice do mercado brasileiro, é resultado de uma carteira teórica
de ativos. É composto pelas ações e units de companhias listadas na B3 que atendem aos
critérios descritos na sua metodologia, correspondendo a cerca de 80% do número de
negócios e do volume financeiro do nosso mercado de capitais.

IBRX 100: índice que é composto pelas 100 maiores ações do mercado brasileiro em
negociabilidade e representatividade, buscando ser o indicador médio do desempenho destas
ações.

FGV-100: Índice composto pelas 100 ações mais negociadas, excluindo as estatais e bancos. Ou
seja, a carteira teórica é composta apenas por ações de empresas privadas, levando se em
consideração os critérios de qualidade da empresa e de liquidez ou volume financeiro
negociados em Bolsas de Valores. Critérios de qualidade são apurados de acordo com métricas
abaixo:
3- Ações - Conceitos e Operacionalidade

Classes de ações: Ações ordinárias (ON): classe que dá direito a voto em assembleias,
terminam com 3. Ação dos controladores da empresa. Possuem tag along de pelo menos 80%,
conforme definido pela Lei das SA. O direito a voto pode ser definido para as ações PN, se
assim estiver definido no estatuto da empresa.

Ações preferenciais (PN): classe que dá o direito a preferência no pagamento de dividendos e


no reembolso de capital no caso de liquidação da empresa. Não dá o direito a voto em
assembleia por padrão e nem a tag along, mas esses fatores dependem do estatuto da
empresa.

Controle e acordo de acionistas: O acordo de acionistas é um negócio jurídico formado pelo


concurso de vontades de duas ou mais partes. Apenas os acionistas podem ser parte no
acordo, e seu objeto pode apenas ser o exercício do direito de voto. Este contrato somente
cria vínculos entre as partes e não para terceiros. Por meio do acordo de acionistas, os
minoritários podem formar um bloco para obter um maior número de ações da companhia.

Os principais pontos importantes a serem considerados para o acordo de acionistas são:

 Governança: divisão da responsabilidade social empresarial ou da sociedade;


 Transferência de ações: como um acionista faz para vender suas ações e preferência
nas aquisições;
 Solução de impasse: solucionar casos de divergências entre as partes.

Recibo de Carteira de Ações – RCA: O Recibo de Carteira de Ações (RCA) é um produto


desenhado e normatizado pela Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, com o objetivo de oferecer
a investidores de variados portes um instrumento simples e diversificado de aplicar em ações.
É um recibo representativo de uma carteira de ações depositadas na CLC - Câmara de
Liquidação e Custódia S/A, que é responsável pela emissão e controle dos certificados.

Brazilian Depositary Receipt - BDR: O BDR (Brazilian Depositary Receipt), ou certificado de


depósito de valores mobiliários, é um valor mobiliário emitido no Brasil que representa outro
valor mobiliário emitido por companhias abertas, ou assemelhadas, com sede no exterior. A
instituição que emite no Brasil o BDR é chamada de instituição depositária.

American Depositary Receipt - ADR: ADR se refere a American Depositary Receipt, que
significa recibo de depósito americano. Ele é emitido nos Estados Unidos, mas lastreado em
empresas ao redor do mundo. Se um investidor estadunidense quiser investir na Volkswagen,
por exemplo, é possível recorrer aos ADRs. Eles são recibos lastreados nas Ações da
companhia, permitindo investir nela de modo indireto.

Dividendos: Parte do lucro realizado por uma empresa ou fundo imobiliário que é dividido aos
seus acionistas ou cotistas, e este será isento de imposto de renda.

Juros s/ capital próprio: Também é uma parte do lucro da empresa distribuído aos seus
acionistas. Mas, diferentemente dos dividendos o JCP é tributado na fonte a alíquota de 15%.
Sendo assim, o valor que você recebe é líquido de imposto de renda. No entanto, existe um
limite contábil no pagamento de JSCP por parte da empresa.

Bonificação: Quando a empresa decide liberar um percentual de ações ou dinheiro, tendo


como base as cotas que você já possui em carteira desta instituição. A bonificação nada mais é
do que uma transferência da reserva de lucros para o capital social da empresa mediante a
distribuição gratuita de novas ações aos acionistas.

Recompra de ações: Buyback, ou recompra de ações, é uma operação na qual uma empresa
compra de volta suas próprias ações, reduzindo o número de papéis que estão em negociação
no mercado secundário, custodiando os papéis em tesouraria ou os cancelando/tirando de
circulação do mercado. A companhia adquire suas ações na Bolsa de Valores enviando as suas
ordens de compra e venda como qualquer outro investidor. A recompra resulta em uma maior
participação dos acionistas que possuíam os papéis em relação ao período anterior à
recompra.

Direito de retirada: O direito de recesso ou de retirada consiste na faculdade assegurada aos


acionistas minoritários de, caso discordem de certas deliberações da Assembleia Geral, nas
hipóteses expressamente previstas em Lei, retirar-se da companhia, recebendo o valor das
ações de sua propriedade (art. 137, caput, da Lei das S.A.).

Diretos dos minoritários: Os sócios minoritários que possuem ações ordinárias (ON) possuem
o direito a um voto por cada ação ON que possuem. Já os minoritários detentores de ações
preferenciais (PN) não possuem o direito a voto, mas têm a preferência no recebimento de
dividendos e juros sobre capital próprio. Ainda que os minoritários detentores de ações ON
possuam direito a voto, este pode ser suprimido pelo voto dos majoritários.

Os sócios minoritários têm também o direito ao recebimento dos lucros das empresas, onde o
valor mínimo de distribuição deve estar previsto em estatuto e, caso não esteja, é estabelecido
o montante de 25% do lucro líquido da companhia.
Tributação em Operações com Ações - PF: No caso de operações de swing trade, é devida a
alíquota de 15% sobre o ganho de capital líquido obtido, admitindo deduções relativas ao
custo e despesas de vendas e compras, considerando o custo médio de compra e o valor da
venda. Na modalidade Day trade a alíquota de recolhimento do imposto de renda é de 20%
sobre os ganhos líquidos, admitidas as mesmas deduções.

No caso de ganho de capital na modalidade de swing trade, é isento o ganho líquido para
pessoa física até o limite de vendas de R$ 20 mil em ações no mês, exceto em ETFs, fundos ou
clubes de investimentos, FIIs ou BDRs.

As perdas incorridas nas operações com mercado à vista, fundos de índices, opções, mercados
futuros e mercados a termo poderão ser compensadas com os ganhos líquidos no próprio mês
os nos meses subsequentes, inclusive em anos seguintes.

As perdas em operações de day trade somente serão compensadas com os ganhos obtidos
nesta mesma modalidade.

Nas operações de venda, tem-se a incidência do imposto de renda retido na fonte apelidado
de “dedo duro” devido ao seu baixo percentual de incidência, sendo 0,005% do valor da venda
em swing trade e 1% sobre o valor para day trade. Basicamente, o imposto serve para apontar
para a Receita Federal que ocorreu uma venda. O valor do imposto retido na fonte deve ser
descontado do imposto efetivamente devido, nas alíquotas de 20% para DT e 15% para ST.

Tributação em Operações com Ações - PJ: Empresas enquadradas no Simples Nacional não
podem participar do capital de outras companhias. Para empresas do Lucro Presumido, o
ganho com ações entra como Receita Financeira, somando-se a base de cálculo sobre o
faturamento. A tributação final será de 15% de IRPJ e 9% de CSLL sobre o ganho com ações,
podendo ainda sofrer um adicional de 10% caso ultrapasse o lucro de 60.000 no trimestre.
Empresas do Lucro Real seguem a mesma regra do Lucro Presumido, com a diferença que o
imposto é apurado mensalmente e o adicional incide sobre o excedente de R$ 20.000/mês,
portanto.

Debêntures e Notas promissórias: As debêntures e as notas promissórias são títulos para


captação de recursos para financiamento de empresas, não podendo ser emitidos por bancos.
Debêntures são títulos de dívida de médio e longo prazo emitidos por sociedades anônimas,
que conferem ao detentor um direito de crédito contra a mesma, de acordo com as
características que constam na escritura de emissão, tais com prazo, remuneração, garantias,
periodicidade do pgto de juros, etc. As debêntures não possuem padrão, tendo um prazo de
vencimento mínimo de 360 dias e diversas formas de amortização e remuneração.
Normalmente, os recursos captados com a emissão de debêntures são utilizados no
financiamento de projetos, reestruturação de passivos ou no aumento do capital de giro da
companhia. As debêntures são classificadas como títulos de renda fixa, apesar de terem
algumas caraterísticas típicas de renda variável, tais como prêmios, participação no lucro e
conversibilidade em ações da companhia.

As notas promissórias, também conhecidas como commercial papers, são títulos de curto
prazo emitidos por empresas e sociedades anônimas para captar recursos de capital de giro.
Podem ser emitidas por sociedades anônimas de capital fechado, pelo prazo máximo de 180
dias e pelas de capital aberto, pelo prazo de até 360 dias. As notas promissórias são mais
padronizadas, tendo prazo mínimo de 30 dias e máximo de 180 para SAs de capital fechado e
360 dias para SAs de capital aberto, além de possuir data certa de vencimento e oferecer
rentabilidade pré ou pós fixada. Tal título também pode ser resgatado antecipadamente,
cumprido o prazo mínimo de 30 dias e com o aval do investidor.

As notas promissórias não possuem garantia real. Por outro lado, as debêntures podem ter
garantia real; flutuante, que não impede a negociação dos bens da empresa, mas tem
privilegio frente aos demais credores após as garantias reais, impostos e valores trabalhistas; e
subordinada aos demais credores da empresa, sendo esta com preferência somente frente ao
crédito dos acionistas ou sem preferência, que não oferece privilégio algum em caso de
liquidação da empresa.

Existem dois tipos de debêntures: as conversíveis e as não conversíveis. As debêntures não


conversíveis são a modalidade mais comum no mercado, onde não existe a possibilidade de
transformar o investimento em uma ação daquela empresa. Por outro lado, as debêntures
conversíveis dão a opção ao investidor de receber o valor aplicado ao final do vencimento ou
converter o valor em ações da companhia. Tudo isso observando as regras definidas no
regulamento de emissão das debêntures. Normalmente, os acionistas das companhias têm
preferência na oferta de debêntures.

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