ENTREVISTA PREVIDÊNCIA, 4 ANOS AVIANCA

José Velloso, presidente da Lado bom: corte de gastos está Companhia reestrutura rotas,
Abimaq: “Juros não caem mais acima do previsto. Lado ruim: ela já passa a operar com lucro e projeta
por picuinha do Banco Central” precisa ser revista para continuar de pé crescimento no segmento cargo

VR RADICALIZA
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NA APOSTA DIGITAL
Claudio Szajman,
presidente da VR,
lidera plano de
investimento
em tecnologia.
Estratégia da
organização,
que faturou
R$ 11 bilhões em
2022, é conquistar
mercado e também
ampliar impacto social,
especialmente
na Classe C e
nas pequenas
e médias empresas
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Dinheirodaredação 13 de Setembro de 2023. Edição 1.341
BRASIL ESTÁ CERTO AO
OLHAR PRO MUNDO
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Agendas de empresários brasileiros no exterior são o caminho.
somos um caldo miscigenado, economicamente ainda somos o
Até mesmo quando a resposta efetiva não está assegurada. Um
momento Faça-a-Coisa-Certa. É papel estratégico, é eficaz e é
eficiente. Isso porque no mundo pós-pandêmico duas quime-
ras passaram a assustar governantes e, especialmente, o setor
produtivo global. A primeira quimera é a de que as cadeias
de suprimentos são ineficientes. Se tornaram fragilizadas, ou
facilmente interrompidas. Isso tem levado a um passo atrás
no movimento de internacionalização de linhas de produção
e, consequentemente, nos fluxos de capitais via investimentos
diretos. Como consequência, países que se portavam como
vanguarda passaram a atuar numa defesa nacionalista (e mui-
tas vezes xenófoba). Ao fechar fronteiras, a balança planetária
se tornou desigual. Afinal, nações com margem para ampliar o
endividamento público sem riscos de hiperinflação, caso dos
Estados Unidos, derramam isenções e benefícios em indústrias
estratégicas, como a de microprocessadores, ou nas cadeias
da indústria de veículos elétricos, ou mesmo na vanguarda da
inteligência artificial. Em nome de não ficarem expostos na
geopolítica, arrancam dinheiro de fundos destinados ao clima
e à energia para promover o setor nacional de chips, caso da
Alemanha. Benefícios bilionários. E atira-se a cartilha dos bons
modos no lixo. Se a primeira quimera é a (re)nacionalização
produtiva, a segunda é a de que a internacionalização — ou o
nome que se queira dar com a finada globalização — foi um
erro. E chovem narrativas, desde agências de notícias até su-
postos especialistas, de que um mundo de portas abertas se tra-
taria de estupidez brutal. E muita gente passou a afirmar que a
alternativa pelo universo plural deve ser revista. A preponde-
rância desse discurso é letal ao Brasil. Porque se culturalmente
04 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: VANESSA CARVALHO | JOÃO CASTELLANO | VIVIAN KOBLINSKY | DIVULGAÇÃO
avesso. Nosso PIB é o 11º do mundo (segundo o Banco Mun-
dial). Mas no ranking per capita (Worldometers) desabamos
para o posto 83 (US$ 17,8 mil), atrás de Geórgia, Albânia e Irã,
além de outras sete dezenas e meia de países. Aí voltamos a ser
grandes — nossa população é a 7ª maior do mundo (Worldome-
ters). Volta-se para a gangorra e temos IDH mais pra cadeira
90, e no índice Gini, outra vergonha. A resposta disso tudo se
resume em nossa participação nas transações internacionais,
que beira 1%. Está evidente que só nos tornaremos uma Nação
relevante no comércio global ampliando nossos espaços e
nossas interlocuções. Assim, a inédita comitiva de mais de uma
centena de empresários, governadores, prefeitos, senadores e
deputados para um encontro full day em Washington (foto),
como o organizado pelo grupo Lide, envolvendo organismos
multilaterais do porte do BID e do Banco Mundial, são uma
longa estrada no fim do túnel. Avanços consideráveis. Mais
que isso: decisivos. A lamentar que não nasçam de políticas
de Estado, pois ainda surgem por mérito da agenda privada.
E nada de crescimento a qualquer preço. O foco em iniciativas
de infraestrutura, social e ambiental segue intrinsecamente
associado a critérios que harmonizam o binômio preservação +
crescimento. De certo há um novo País sendo forjado, inclusive
(e especialmente) aos olhos do mundo. Uma vanguarda capita-
neada pelo melhor do pensamento privado brasileiro. Aquele
que não ignora nossas mazelas sociais, e que igualmente nunca
teme abrir caminho e buscar soluções pela via do capital.
Edson Rossi
redator-chefe da DINHEIRO
Índice
CAPA
Claudio Szajman, presiden-
te da VR, lidera plano de
investimento em tecnologia.
Estratégia é conquistar
mercado e ampliar impacto
social, especialmente na
Classe C e nas pequenas
e médias empresas
pág. 30

ENTREVISTA SEMANA
CPI das Americanas: bilhões
José Velloso,
fraudados acabam em pizza
presidente da
Abimaq, diz que pág. 06
“Constituição de
1988 é muito ruim e
fez com que o Brasil MOEDA FORTE
tivesse uma carga Eurofarma cria uma nova plataforma para
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
tributária alta” conectar a empresa ao mundo digital
pág. 12 pág. 08

NEGÓCIOS SUSTENTABILIDADE
Perspectivas econômicas preocupam
Gustavo Esusy, mais que alterações climáticas
gerente comercial
da Avianca, diz que pág. 16
depois de reverter
prejuízo, companhia
faz aposta no cargo DINHEIRO EM BITS
e na remodelaçao Navegador Opera tem dez trimestres
das aeronaves seguidos de crescimento de dois dígitos
pág. 36 pág. 50

COBIÇA
NEGÓCIOS BMW traz ao Brasil novo modelo de
carro elétrico do segmento de alto luxo
Diretor de lojas
próprias da rede pág. 56
EssilorLuxottica,
Guilherme
Wadouski
prevê dobrar ARTIGO
unidades Ray-Ban O Neoliberalismo no Chile e os Chicago Boys
e Oakley no Brasil de Sebastian Edwards, por Vitoria Saddi
pág. 42 pág. 66

CAPA Foto: Casa 4 Estúdio - Aivan Moura

Dinheiro 13/09/2023 05
Dinheironasemana POR PAULA CRISTINA

PIB EM ALTA

CLUBINHO UM VOO PARA O G10

O PIB do segundo trimestre deste
ano, que apontou um crescimento de

DOS 0,9% na comparação anual e de 3,4%

ante os três primeiros meses de 2023,
é reflexo de um Brasil novo, mas com

GRANDES velhos vícios. A condução econômica

Projeção das 15 maiores
economias do mundo em 2023
(Em trilhões de US$*)
Estados Unidos
China
de Lula tem sido consistente.
Melhorou as condições macroeconô-
micas, tenta dar previsibilidade para
as contas públicas e estimulou a
renda. Não fez mais que a obrigação,
mas a gente comemora porque carre-
ga traumas dos últimos governos. De
26,85 qualquer forma, no feijão com arroz,
Lula conseguiu preparar uma refei-
19,37 ção sustância. Crescer 0,9% quando o

Japão 4,41 TRAIDOR DAmercado espera 0,3% é de se come-

morar. Crescer 3,4% com a taxa bási-
CONSTITUIÇÃO É
ca de juros em 13,75% em boa parte
Índia 3,74 do tempo é um grande mérito. A con-
TRAIDOR DA PÁTRIA.
tinuidade deste processo, no entanto,
França 2,92 é o que vai determinar se o voo de
(...) TEMOS ÓDIO À
volta ao grupinho das 10 maiores eco-
Itália 2,17 DITADURA. ÓDIO E
nomia vai se dar num voo de galinha,
ou num avião de luxo. Para o econo-
Entre
Canadá em2,09 nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
NOJO. AMALDIÇOAMOS
mista-chefe da Austin Rating, Alex
Agostini, se o Brasil continuar apro-
Brasil 2,08 A TIRANIA ONDE QUER
vando as Reformas, trabalhar pela
redução dos juros e mostrando equi-
Rússia 2,06 QUE ELA DESGRACE
líbrio institucional para atrair inves-
Coreia do Sul 1,72 HOMENS E NAÇÕES.
timento, o destino é promissor: pode
voltar para o top 10 em oitavo lugar.
Austrália 1,71 PRINCIPALMENTE NA
“Estamos em um caminho bastante
sólido [...] e, se de fato o crescimento
México 1,66 AMÉRICA LATINA”
for em um ritmo maior do que o que
projetamos [de 2,4%] e o real voltar a
Espanha 1,49 se valorizar, o Brasil pode inclusive
ULYSSES GUIMARÃES, (1916 - 1992)
chegar a ocupar a 8ª colocação em
NA PROMULGAÇÃO DA
*Em valores correntes 2023”, acrescenta Agostini, reiteran- CONSTITUIÇÃO, DANDO NOVOS
Fonte: Austin Rating e FMI do que a última vez que o País esteve CONTORNOS AO ENTENDIMENTO
nessa posição foi em 2017. ATUAL SOBRE O QUE É SER
PATRIOTA NO DIA 7 DE SETEMBRO.

CPI
Pizza à americana
Se há uma forma de definir grandes negociações envolvendo política no Brasil seria
“acabar em pizza”, um termo cunhado, lá nos anos 1960, pelo jornalista esportivo
da Gazeta Esportiva Milton Peruzzi. Depois de uma crise na Sociedade Esportiva
Palmeiras, os dirigentes fizeram uma reunião de 14 horas que terminou com a che-
gada de 18 pizzas grandes. No dia seguinte, Peruzzi cravou. “Crise do Palmeiras ter-
mina em pizza”. De lá para cá não foram poucas as oportunidades em que grandes
eventos não resultaram em nada. O mais recente deles é a CPI que investigou o caso
da Americanas, gigante do varejo que usou de uma contabilidade para lá de duvido-
sa e acabou escondendo um rombo de R$ 20 bilhões. Pois bem. A CPI durou quatro
meses. Houve muita discussão ideológica e acusações. O relator, o deputado Carlos
Chiodini (MDB-SC), afirmou que houve fraude, mas não apontou culpados.

06 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: REUTERS/UESLEI MARCELINO I LULA MARQUES/FOLHAPRESS I BRUNO SANTOS/FOLHAPRESS

 FUNDADOR: DOMINGO ALZUGARAY
(1932 - 2017)
EDITORA
CATIA ALZUGARAY

R$ 1.200.000.000
PRESIDENTE-EXECUTIVO
CACO ALZUGARAY

Foi o maior envio de PIX em uma única transação desde

que a plataforma começou a funcionar. O movimento foi DIRETOR EDITORIAL
feito em dezembro. Presentão de Natal! CARLOS JOSÉ MARQUES

DIRETOR DE NÚCLEO
CELSO MASSON

TEXTO
AUTOMOTIVO CHINA REDATOR-CHEFE: Edson Rossi
Venda de carros cai, Menos fôlego EDITORES: Hugo Cilo e Paula Cristina
EDITOR-ASSISTENTE: Beto Silva
mas produção sobe na China REPORTAGEM: Angelo Verotti, Jaqueline Mendes, Lara Sant'Anna e
Victória Ribeiro
As vendas de veículos caíram 8% no mês de Enquanto o mundo dis-
agosto, primeiro mês desde o fim do programa cute o papel da China na ARTE
do governo federal de descontos no carro zero. retomada da economia DIRETOR DE ARTE: Jefferson Barbato
DESIGNERS: Christiane Pinho e Iara Spina
Foram 208 mil unidades comercializadas, con- global, dentro do país asi- ILUSTRAÇÃO: Fabio X
tra 226 mil no mês de julho. Ainda assim, agos- ático alguns sintomas PROJETO GRÁFICO: Ricardo van Steen (colaborou Bruno Pugens)
to foi o segundo melhor mês deste ano em ven- mostram que não será ISTOÉ DINHEIRO ON-LINE
das, de acordo com os dados da Associação tarefa fácil. O PMI do EDITOR EXECUTIVO: Airton Seligman
Nacional dos Fabricantes de Veículos país, índice mensal que WEB DESIGNER: Alinne Nascimento Souza
Automotores (Anfavea), divulgados na terça- mede o nível de atividade
-feira (5). Agosto foi o primeiro mês sem efeitos dos serviços, atingiu 51,8
claros do programa de incentivos do governo pontos em agosto, o APOIO ADMINISTRATIVO

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federal. Com os descontos, a média diária de
vendas em julho chegou a 10,7 mil veículos. Em
menor patamar em oito
meses. Segundo a S&P
Gerente: Maria Amélia Scarcello
Assistente: Cláudio Monteiro

agosto, foram 9 mil vendas diárias. Já a produ-
ção cresceu 24% em agosto na comparação
com julho, com 227 mil unidades.
A pizza, que já estava a caminho
do Congresso Nacional, só não
foi entregue ainda porque o ex-
Global, a atividade
empresarial chinesa caiu
2,3 pontos ante a julho,
se aproximando dos 50
pontos, barreira que indi-
ca contração dos negó-
cios. Com o resultado,
economistas já especu-
lam que o plano chinês de
aproveitar o aumento dos
juros nos EUA para se
tornar a maior economia
do mundo será mais difí-
cil que o previsto em um
primeiro momento.
INTERNACIONAL
O nó argentino
Após ensaiar recuperação em 2022, o
Produto Interno Bruto da Argentina
MERCADO LEITOR E LOGÍSTICA
Diretor: Edgardo A. Zabala
Central de Atendimento ao Assinante: (11) 3618-4566 de 2a a 6a
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Roberto de Oliveira - Contato: publicidade@editora3.com.br
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PORTO ALEGRE – RS: Roberto Gianoni, Lucas Pontes • RR
Gianoni Comércio & Representações Ltda • Tel./fax: (51) 3388-7712/
99309-1626
Dinheiro (ISSN 1414-7645) é uma publicação semanal da Três Editorial Ltda.
Redação e administração: Rua William Speers, no 1.088, São Paulo-SP,

-CEO Miguel Gutierrez enviou
uma carta com 17 páginas
dizendo que a gestão da empre-
deve encolher 3,0% este ano e 1,6% no
próximo, prevê a Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe
CEP: 05067-900. Tel.: 11 3618 4200 •
Dinheiro não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados.
Comercialização e Distribuição: Três Comércio de Publicações Ltda.
Rua William Speers, 1212 – São Paulo-SP.

sa tenta colocar a culpa pela (Cepal), em relatório anual divulgado na

fraude na antiga diretoria para
proteger o trio de acionistas de
referência – Jorge Paulo
Lemann, Marcel Telles e Beto
Sicupira. Talvez alguém tenha
que comer pizza fria.
Impressão e acabamento: D'ARTHY Editora e Gráfica Ltda.
Rua Osasco, 1086 - Guaturinho, CEP 07750-000 Cajamar - SP
terça-feira (5). Apesar deste tombo loca-
lizado, o melhor desempenho do Brasil
fez a projeção para a América Latina sal-
tar de 1,2% para 1,7%. Para o próximo
ano, a Cepal estima um incremento
menor (1,5%) na região.

Dinheiro 13/09/2023 07
Moedaforte POR HUGO CILO

NOVA MARCA DA
EUROFARMA ESTÁ ON
A farmacêutica brasileira Eurofarma, com faturamento de
R$ 8 bilhões no ano passado, está desenvolvendo uma fórmula
para ser mais ativa no mundo digital. A companhia vai anunciar nos
próximos dias uma nova marca: a EurON. Será uma plataforma de
empreendedorismo e transformação digital voltada para inovação
na área da saúde, dividida em cinco principais frentes: EurON Six
Sigma (área para projetos internos que tragam eficiência ao
modelo de negócios), EurON Open Innovation (responsável por
atrair ecossistemas de inovação da América Latina e conexão com
startups), EurON Digital Health (unidade de negócios para receber
propostas e soluções de tecnologia digital), EurON Ventures (fundo
de investimento focado em atrair projetos de tecnologia voltados
para o setor de saúde) e EurON Data (área de inteligência de
mercado e dados que fornecerá insights para apoiar e influenciar
as decisões estratégicas da empresa). Segundo Rodrigo Pereira,
diretor-executivo da companhia, a plataforma terá como foco
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
acelerar os negócios no campo digital. “Após celebrar 50 anos de
história, estamos unificando essa transformação digital para
consolidar a posição e a importância da empresa neste
ecossistema”, afirmou o executivo. “Vamos posicionar a Eurofarma
como agente de sinergia entre pessoas, ciência e tecnologia para
mais vida e saúde, por meio do legado e DNA de inovação.”

E-COMMERCES MAIS
PES
BRASILEIRAS VITAMINAM ACE
MERCADO DE SUPLEMENTOS QUA
Levantamento da Orient Mix, pioneira em
fitoterápicos no Brasil, mostra que o brasileiro VELOZES DO BRASIL DES
CAR
está consumindo cada vez mais suplementos EM
nutricionais, impulsionado pelo comercio on-line, 95,0
segundo o co-CEO, Phillip Ji. E consomem mais
81,5 74,0
quando se aproximam dos 40 anos. O estudo
constatou que grande público consumidor de 71,5 69,0 68,5 68
suplementos alimentares são pessoas com idade
entre 35 e 44 anos (33,1%), seguido de clientes
com 45 a 54 anos (26,8%), 25 a 34 (20,1%), 55 a
64 (11,2%) e 14 a 18, com 5% do total de vendas.
Desses, 81,3% são mulheres e 18,6% homens.
Embalada por esses dados, a empresa quer
ampliar seus negócios Brasil adentro. Fundada
em 1993 no Rio de Janeiro, a Orient Mix quer Torra Mercado Mercado Amazon Pantys Tray Trind
fortalecer as vendas nas regiões Nordeste e Sul, Shops Livre Tecno
assim como em Brasília e São Paulo.
Fonte: Allomni E-Commerce Partner

08 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO


“O POBRE
Entre em nosso grupo
PESQUISA COM OS 250 SITES MAIS
ACESSADOS DO PAÍS MOSTRA
QUAIS TIVERAM O MELHOR
DESEMPENHO NA VELOCIDADE DE
CARREGAMENTO E EXPERIÊNCIA
EM AGILIDADE DE COMPRA
8,5 68,5 67,0 66,5 65,5
ay Trindade Carrefour Yapai Auto Gocase
Tecnologia Peças
O DESAPEGO
DO GRUPO MARISTA
Uma das maiores redes de educação e saúde do
País, o Grupo Marista está transformando parte
de sua receita, de R$ 1,2 bilhão no ano passado,
em bolsas de estudo e investimentos em seus
hospitais. Em um ano, a instituição destinou R$
174 milhões em bolsas de estudo para alunos da
Educação Básica e Ensino Superior e cerca de R$
80 milhões em melhorias dos hospitais que
fazem parte do Grupo, o Hospital Universitário
Cajuru (com atendimento 100% SUS) e o
Hospital São Marcelino Champagnat (referência
em alta complexidade), ambos de Curitiba.
Desde maio sob o comando de Maurício
Zanforlin, ex-diretor financeiro do Hospital Sírio
Libanês, os investimentos pretendem reforçar a
atuação da rede em práticas ESG.
noPAGA
Telegram: t.me/clubederevistas
PROPORCIONALMENTE MAIS IMPOSTO
DO QUE O RICO. QUEREMOS É QUE
TODO MUNDO CONTRIBUA PARA QUE
TODOS POSSAM ESTAR REALIZADOS”
PRESIDENTE LULA,
AO DEFENDER COBRANÇA DE IMPOSTO DE
RENDA SOBRE LUCROS, DIVIDENDOS E
HERANÇA, DURANTE SUA LIVE SEMANAL
FÉ, VIAGENS E LUCRO
DADOS DA OPÇÃO FRETAMENTO & TURISMO,
ESPECIALISTA DO GRUPO JCA EM FRETAMENTO,
MOSTRAM QUE A CONTRATAÇÃO DE EXCUR-
SÕES PARA O SEGUNDO SEMESTRE DE 2023
ESTÁ 30% MAIOR QUE UM ANO ANTES, COM AS
BUSCAS 40% SUPERIORES A 2022. O TURISMO
RELIGIOSO E O DE EVENTOS RESPONDEM POR
60% DE TODOS OS FRETAMENTOS EVENTUAIS
FECHADOS NO SEMESTRE ATÉ AGORA, DE
ACORDO COM O DIRETOR DA EMPRESA, CARLOS
LACERDA. DESTAQUE PARA AS ROMARIAS QUE
COSTUMAM SER REALIZADAS EM OUTUBRO.
BREAKEVEN NATURAL
Na contramão das startups brasileiras,
que tentam se recuperar de um período
conturbado, a foodtech Raízs acaba
de anunciar que atingiu o breakeven.
Após uma reorganização interna no
início do ano, a empresa enxergou
novas oportunidades de crescimento
nas vendas B2B, que já apresentam
60% de crescimento ao mês. Segundo
Tomás Abrahão, fundador e CEO da
empresa, o plano é aumentar em 30%
a rede de pequenos produtores parceiros,
que hoje possui mais de 1 mil agricultores.
“Com o ponto de equivalência atingido,
teremos mais autonomia e possibilidades
de expansão acelerada durante os
próximos meses”, disse Abrahão.
GENERALI
APOSTA NO
SEGURO PIX
A seguradora italiana
Generali quer surfar
na popularização do Pix para
crescer no mercado brasileiro.
A companhia acaba de criar um
produto voltado a quem teme ser
vítima de fraude, roubo, sequestro
ou outras situações de risco para as
finanças. De acordo com a diretora
Claudia Lopes, o seguro pode ser
incluído em outros contratos, como,
por exemplo, o Seguro Bolsa
Protegida ou Seguro Perda e Roubo
de Cartão, com os preços a
partir de R$ 9,99.
Dinheiro 13/09/2023 09
Chegou
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ENTREVISTA |José Velloso, presidente da Abimaq

“Reindustrializar
o País precisa ser
uma prioridade
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
do governo”
Executivo que pilota a mais
importante associação da
indústria brasileira enxerga
com desconfiança a atuação
do Banco Central na condução
dos juros, mas avalia como
positivas as primeiras
iniciativas do governo Lula
na área econômica

Hugo CILO

12 Dinheiro 13/09/2023 FOTO: IZILDA FRANÇA/DIVULGAÇÃO

No comando da Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), o empresário e executivo José
Velloso tem observado com atenção os
primeiros movimentos econômicos do
governo Lula III, as articulações do Mi-
nistério de Fazenda sob a gestão de Fer-
nando Haddad e o comportamento do
Banco Central na gestão dos juros e da
inflação. Sua avaliação é que, na parte do
governo, o cenário é melhor do que o
mercado pintava no ano passado, e o BC
tem praticado política ao resistir à queda
dos juros. Em entrevista à DINHEIRO,
Velloso explica os desafios e contradições
da economia brasileira.
DINHEIRO — O Brasil está perdendo in-
dústria ou a indústria está dividindo es-
paço com outros setores, como o de ser-
viços?
JOSÉ VELLOSO — Os dois. Há três ou
quatro décadas, o Brasil
tinha a indústria que era
perto de 35 % do PIB. Hoje
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
é 20%. Mas se a gente olhar
aquela que mais importa,
a indústria manufatureira,
a indústria de transforma-
ção, tirando construção
civil, produção mineral e
produção de petróleo, essas coisas, somos
11% do PIB. Já fomos 20%.
Mas a indústria ter uma fatia menor no
PIB não é uma notícia ruim, já que outros
setores cresceram proporcionalmente...
O problema é que o Brasil tem vivido um
processo precoce de desindustrialização.
Chamo precoce porque os países desen-
volvidos realmente tiveram uma dimi-
nuição da indústria no PIB ao longo do
tempo, mas alguns estão agora querendo
reverter essa situação. Os países desen-
volvidos normalmente têm a diminuição
da indústria no PIB porque quando um
país chega num certo nível de renda per
capita, e a população tem mais dinheiro
para consumir, os consumidores come-
çam a adquirir mais serviços, principal-
mente serviços de valor agregado. Menos
bens. Mas o Brasil não teve nenhum au-
mento de renda per capita. Faz 40 anos
que está andando de lado. Teve desindus-
trialização sem ganho de serviços de va-
lor agregado. O Brasil não tem serviço.
Ou é o Estado, ou é cabeleireiro, manicu-
re, lava-rápido, essas coisas. O grande
consumo de serviços que a população
tem, que é educação e saúde, que todo
mundo tem, a grande maioria da popu-
lação tem de graça do Estado, com o SUS
e com a escola pública.
Então o Brasil deveria também melhorar
o nível dos serviços?
Com certeza. Vou dar um exemplo sobre
essa questão da indústria e dos serviços.
Imagine um país que só 50% da popula-
ção possui geladeira. Então, o cara quer
ter renda para comprar uma geladeira, é
um bem industrial. Agora, num país como
os Estados Unidos, em que todo mundo
Tem um componente político. Não sou
tem geladeira, eu não vou comprar a se-
gunda, terceira, quarta geladeira. Vou
de esquerda ou de direita. Não sou verde,
A Constituição de 1988 é muito ruim.
Introduziu um monte de obrigações
para a indústria e fez com que o Brasil
tivesse uma carga tributária muito alta"
fazer turismo, vou comprar streaming,
comprar plano de saúde melhor, advoga-
do. É o que acontece, conforme aumenta
a renda per capita, inverte na economia
daquele país mais serviços de valor agre-
gado do que indústria. O Brasil não teve
ganhos de renda, perdeu a indústria. Esse
processo vem ocorrendo há muito tempo,
há muitas décadas. Por isso, na minha
avaliação, reindustrializar o País precisa
ser uma prioridade do governo.
Qual é a causa?
Principalmente o Custo-Brasil. São as
mazelas da Constituição de 1988, que é
muito ruim. Introduziu um monte de
obrigações para a indústria e fez com que
o Brasil tivesse uma carga tributária mui-
to alta. O custo de capital, a questão tribu-
tária, a questão dos encargos trabalhistas...
Prejudica o trabalhador da indústria. O
empresário gasta R$ 180. O salário é R$
100. Mas o empregado leva R$ 60 para
casa. Então, mesmo com as recentes re-
formas trabalhista e tributária, ainda pre-
cisamos combater esses índices.
Os juros altos também alimentam esses
custos?
Sim. Isso é algo conjuntural, não estru-
tural. A política apertada do Banco Cen-
tral (BC) nos últimos meses é exagerada.
A inflação realmente precisa ser comba-
tida, mas a trajetória de inflação no Bra-
sil é descendente. Está descendo a rampa.
Nos últimos meses tivemos deflação.
Chegamos perto ao centro da meta. Por
isso, é hora de flexibilizar a política mo-
netária. O corte da Selic deveria ter co-
meçado meses atrás.
Por que a Selic não caiu mais?
azul ou vermelho. Não é
isso. Mas vejo que depois
dos ataques do governo ao
Banco Central a questão
da queda dos juros virou
picuinha.
Picuinha de quem?
O presidente do Banco
Central, Roberto Campos Neto, embora
seja uma pessoa que o mercado o qualifi-
que bem, acho que ele faz algumas coisas
estranhas. Em 2021, por exemplo, quando
tivemos uma taxa de juros negativa no
Brasil, tínhamos uma taxa de juros abaixo
da inflação. Na época, achamos estranho.
Agora, é o contrário. Não que ele [Campos
Neto] tenha errado em combater a inflação
e elevado a taxa de juros. O problema é o
tempo que ficou [aplicando] o remédio.
Então, a dose do remédio está errada. Já
deveria ter diminuído a dose.
A dose e o tempo?
Não tem como não criticar a duração des-
sa taxa de juros. Pelo menos metade das
pessoas que ali estão no Comite de Políti-
ca Monetária, o Copom, são funcionários
de carreira. Mas tem uma parte que não é.
A gente sabe que são pessoas oriundas do
mercado financeiro. A gente sabe também
Dinheiro 13/09/2023 13
ENTREVISTA | José Velloso
que quando saírem do Banco Central, eles
vão para o mercado financeiro. Eu não
conheço nenhum deles pessoalmente, mas
por que eu me atrevo a fazer essa suposi-
ção? É uma suposição, uma especulação.
No ano passado, todos que saíram do Ban-
co Central e também do Ministério da
Economia ou da Fazenda, foram para o
mercado financeiro. Os que eram do últi-
mo governo estão todos no mercado fi-
nanceiro. A equipe do Henrique Meirel-
les está toda no mercado financeiro. A
equipe do governo Temer está toda no
mercado financeiro. O Paulo Guedes está
no mercado. O mercado é livre. As em-
presas contratam quem quiser. Mas faço
essa provocação porque nunca vi alguém
sair do Banco Central e trabalhar na in-
dústria. Vai trabalhar em banco, em fi-
nanceira, em fintech, em
boutique de investimentos.
E ganham muito bem com
a ajuda dos juros altos.
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
Como resolver isso?
Deveria existir uma qua-
rentena. Quem trabalhar
em uma área econômica,
no Ministério da Fazenda, do Planeja-
mento, no Banco do Brasil, na Caixa
Econômica, no BNDES, ou seja, quem
passa pela área econômica deveria ter
uma quarentena de uns cinco anos. Aí
eu queria ver se todos iam votar pela
manutenção da Selic no patamar que
está. Sabemos que há um interesse em
ganhar com renda.
Isso é ruim?
Para quem investe, não. Minha mãe tem
93 anos e tudo que ela tem está aplicado.
Ela teve um ganho nos últimos 12 meses,
o triplo da inflação. Os juros altos são bons
para o mercado financeiro. Então, a Selic
do jeito que está promove transferência
de renda. Tira do setor produtivo e trans-
fere para quem vive de renda. O Banco
Central é autônomo, é verdade, mas os
diretores do BC são todos da mesma cepa.
Todos pensam igual, todos vêm da mesma
origem e vão para o mesmo destino.
14 Dinheiro 13/09/2023
Mas não é positivo o cenário de trajetória
de queda da Selic?
É positivo, mas precisa cair mais. O Brasil
é um país que é tão disfuncional que hoje
os juros para a pessoa física estão em torno
de 300%. Os juros para a pessoa jurídica
estão em torno de 30% a 40%. Isso mexe
com toda a economia. Mexe com o câmbio.
Mexe com as expectativas. O próprio mer-
cado financeiro estava prevendo dólar a R$
5,20 algumas semanas atrás. A cotação
chegou a R$ 4,70. Agora falam em R$ 5.
Ninguém sabe mais.
Essa oscilação tem fatores políticos?
Sem dúvida. A articulação do presidente Ele trabalhava num banco importante. Era
Lula estava uma tragédia no começo do
governo. Depois ele conseguiu se arrumar ceiro, respeitada, e assumiu o Banco Cen-
com o Centrão. Ou seja, na questão política tral, e lá no Banco Central ele tem uma
A taxa de juros do jeito que está
promove transferência de renda.
Tira do setor produtivo e transfere
para quem vive de renda’’
houve uma conjuntura favorável, que se
somou aos recordes do agronegócio. O mer- do, apesar de algumas críticas, foi muito
cado não previa isso no final do ano passado. bom. É aquela velha frase: a carga se ajeita
O dólar, na sua visão, está barato ou caro?
É difícil saber. Acho que está caro porque
a cotação está abaixo do que o mercado
previa. Mas a volatilidade é o que mais
atrapalha. Sou um defensor do câmbio
livre. O problema é que o câmbio do Bra-
sil não é livre. O Banco Central deveria
agir em um ambiente livre de política,
com uma atuação bem calibrada com a
realidade da economia.
Isso não vai condenar o Brasil a ser um
mero fornecedor de matérias-primas?
Vai não, já é. Vinte anos atrás, produtos
manufaturados eram mais de 70% das
nossas exportações. Hoje, são cerca de
40%. Um navio que sai do Brasil carrega
dentro dele muito menos mão de obra,
muito menos impostos, muito menos
riqueza e muito menos salários. Sai cheio
de minério de ferro, e importa placas de
aço. Embarca celulose, importa papel. Na
hora de agregar valor, não tem como com-
petir. A indústria sem tecnologia era 25%
da produção brasileira. Hoje é 35%. A
primarização da indústria leva a uma
perda de densidade tecnológica.
Por que o mesmo mercado, que gosta de
Campos Neto, hoje aplaude Fernando
Haddad e os dois têm ideias opostas so-
bre o papel da política monetária?
Por motivos diferentes. O Campos Neto é
um cara que veio do mercado financeiro.
uma pessoa conhecida no mercado finan-
política bastante conserva-
dora. Os bancos gostam
disso. Esse é o motivo dessa
aproximação do Roberto
Campos com os bancos. A
questão do Haddad é um
pouco diferente. Acontece
que o Haddad tem mostra-
do responsabilidade nas
suas ações. O Arcabouço Fiscal apresenta-
na carroça conforme ela vai andando.
A carga está ajeitada?
O mercado percebeu que, com o apoio do
Congresso Nacional, as coisas foram se
assentando para o governo. Prova disso é
que depois da aprovação da reforma e do
Arcabouço, a bolsa subiu e o dólar caiu. O
mercado tem gostado do ministro da Fa-
zenda. O Haddad demonstra que está
buscando o superávit primário, com res-
ponsabilidade fiscal. Haddad demostra
bastante responsabilidade e um respeito
pelo orçamento da União. O medo de an-
tes, passou. Para atrair investimentos, é
preciso ter instituições sólidas e regras
do jogo bem conhecidas. Se houver isso,
com taxa de juros ajustada e, consequen-
temente, um câmbio ajustado, a economia
volta a crescer.
 CASHBACK OU
RECOMPENSAS:
SUA EMPRESA SABE
QUAL ESCOLHER?
O cashback (dinheiro de volta, em português) Além do mais, os programas de cashback
consiste em um programa de recompensa ao tornam as relações entre marca e público
consumidor, em que é possível ter de volta uma puramente transacionais, tendo um impacto
parcela do dinheiro investido em um produto relativamente baixo no reconhecimento da sua
ou serviço. organização. Por outro lado, o marketing de
Além desse retorno, muitos programas de recompensas oferece opções personalizadas
cashback contam com parceiros, permitindo ao cliente, aproximando a sua empresa dos
que você compre algo (combustível, uso em valores e necessidade de cada comprador,
aplicativos de comida, etc) com a quantidade proporcionando a eles viagens, idas ao cinema
acumulada do “dinheiro de volta”. Mas isso e até assinaturas de streaming.
também pode levar um tempo, ou seja, As recompensas instantâneas têm alguns
pode demorar para seu cliente sentir que pontos mais vantajosos, como a aproximação
“recuperou algo”. da marca com o cliente, sendo uma ótima
Para usar esses programas, é necessário se estratégia para aumentar a conversão de
cadastrar em uma plataforma específica ou leads (potenciais clientes).
fazer download de aplicativos. Depois, basta Segundo uma pesquisa realizada pela
fazer a compra do produto em um site parceiro SmarterHQ, cerca de 90% dos consumidores
e, antes de finalizar a aquisição, é só ativar a estão dispostos a oferecer seus dados de
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
opção do cashback. O retorno do dinheiro pode
variar em diferentes porcentagens.
comportamento de compra, em troca de
Outro resultado positivo do marketing de recom-
benefícios adicionais para melhorar a
pensas em comparação aos programas de
Após a finalização, a loja parceira tem um experiência de compra.
prazo para avisar o intermediário sobre a Conheça algumas ações do marketing
compra, para que o dinheiro volte ao cliente de recompensas:
ou fique disponível em forma de descontos,
vouchers e cupons. GRATIFICAÇÃO INSTANTÂNEA
É bem comum que haja confusão entre As gratificações instantâneas são brindes que
ações de cashback e estratégias de os clientes recebem na hora, após realizar
marketing de recompensas. De fato, ambas alguma ação (compra de produto, cadastro
têm semelhanças, como a oferta de uma em plataforma, etc.). Muitas empresas invest-
experiência única de compra ao cliente. Porém, o em em brindes como infoprodutos, ou seja,
marketing de recompensas trabalha com a trocam conteúdos de qualidade por dados de
oferta de algo diferenciado ao cliente no valor da comportamento do consumidor. Assim, é
compra, sem necessariamente requisitar possível realizar uma pesquisa de mercado
um cadastro. mais assertiva.
CONEXÃO EMOCIONAL
O marketing de recompensas é capaz de gerar
uma conexão emocional com os seus clientes,
pois se sentem especiais e vão lembrar da sua
marca sempre. Como efeito, além de aumentar
as taxas de conversão, você também conquista
a fidelização do público e maior índice de vendas.
MAIOR RETORNO DE VALOR
O maior retorno de valor depende fundamental-
mente de boas estratégias de marketing. Com a
oferta de recompensas instantâneas, muitos
consumidores se sentem especiais, próximos da
marca e não se importam tanto com o preço (ao
contrário, eles dão importância à experiência
de compra).
MAIOR ENGAJAMENTO DO PÚBLICO
cashback é o maior engajamento do público.
Isso porque as pessoas passam a ver a sua
marca com mais carinho e afetividade quando
recebem uma recompensa, especialmente se
ela for instantânea.
RETENÇÃO DE CLIENTES
A retenção de clientes também aparece como
uma vantagem competitiva do marketing de
recompensas em relação aos programas de
cashback. Muito disso deve-se à curiosidade
do público em relação às recompensas
instantâneas e porque o consumidor se sente
valorizado pela marca.

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Sustentabilidade POR ANGELO VEROTTI

DELOITTE 2023 CXO

SUSTAINABILITY REPORT
Mundo verde? Então, antes vamos pensar no dinheiro
(e os bancos nem são os que mais pressionam)

O QUE SUA ORGANIZAÇÃO VÊ COMO AS QUESTÕES

MAIS URGENTES FOCAR NO PRÓXIMO ANO?
Perspectivas econômicas 44%
Alterações Climáticas 42%
Inovação 36%
Competição por talentos 34%
Cadeia de suprimentos 33%
Conflitos globais 31%
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
ÅQUESTÕES MAIS URGENTES FOCAR NO PRÓXIMO ANO?
Escassez de recursos 46%
Alterar padrões/
preferências de consumo 45%
Regulamentação
de emissões 43%
Incerteza
regulatória/política 42%
Impacto de desastres
relacionados ao clima 41%
Pressão dos acionistas 41%
VOCÊ FOI PESSOALMENTE IMPACTADO POR ALGUMA ATÉ QUE PONTO SUA EMPRESA SE SENTE PRESSIONADA A AGIR SOBRE
DAS SEGUINTES SITUAÇÕES NO ÚLTIMO ANO? AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS POR PRESSÃO DE SEUS STAKEHOLDERS?
Calor extremo 49% Membros do conselho/gestão 68%
Restrições de água 32% Reguladores/governo 68%
Mais tempestades intensas 29% Consumidores/clientes 68%
Seca severa 28% Acionistas/Stakeholders 66%
Inundações graves 27% Funcionários 64%
Incêndios florestais 23% Sociedade civil 64%
Elevação do nível do mar 18% Concorrentes 59%
Bancos/credores 50%
Pesquisa com 2.016 executivos (C’Level) de 24 países do
mundo todo. Os principais setores da indústria estão representados

16 Dinheiro 13/09/2023 INFOGRÁFICO: FABIO X FOTOS: GABRIEL REIS | DIVULGAÇÃO

 A luta das negras por
representatividade

CONSTRUÇÃO LIMPA

MADEIRA, HORTA E TECNOLOGIA NO PARAÍSO

Depois de surpreender o mercado de
São Paulo ao abrir, em 2020, uma
unidade em um casarão na avenida
Paulista com diversas inovações,
como esteira para acompanhamento
do sanduíche da cozinha ao balcão,
além de espaços instagramáveis,
a rede de fast-food McDonald's
inaugurou no último dia 30 um
restaurante conceito na avenida
Bernardino de Campos,
no Paraíso, em São Paulo. Construído
de madeira e materiais reciclados, o
espaço é abastecido por energia
renovável e inspirado na Receita do
Futuro, plataforma de atuação
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
socioambiental da companhia, e alia
novas soluções e tecnologias, como
uma faixa amarela sinalizada no piso
que leva os clientes
a 12 pontos do restaurante
apresentando as iniciativas de
impacto positivo com muita
informação, por meio da interação
com QR Codes. Os resíduos
orgânicos são processados em uma
composteira, gerando material que
é utilizado para adubar a horta no
local e que dará origem a temperos e
ervas que serão doados. "A proposta Susana Arcanjo
dessa nova unidade é conectar gerente comercial da S&P Global
nosso cliente a todas as ações que
promovemos em nossa operação No Brasil, as mulheres negras
com o objetivo de cuidar do planeta enfrentam uma realidade dura:
e das pessoas", disse Sérgio pouca representatividade nos
Eleutério, Diretor de Marketing espaços de poder e o duplo pre-
do McDonald's Brasil. conceito de gênero e de raça.
A unidade funciona 24 horas. "A maioria de nós vive com renda
baixa, trabalho subestimado e
outras adversidades, o que nos

2.458
ocorrências de crimes resultantes do
preconceito de raça ou de cor foram registradas
em 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro
de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública. O montante
é 67% maior que os 1.464 de 2021.
PARCERIA ABF-JUVENTUDES POTENTES
INCLUSÃO NO MUNDO DAS FRANQUIAS
Com o objetivo de criar oportunidades de acesso ao
mercado de franquias para jovens de comunidades
vulneráveis e periféricas de São Paulo, a Associação
Brasileira de Franchising (ABF) fechou uma parceria com
a Organização Não Governamental (ONG) Juventudes
Potentes. A ABF vai oferecer apoio técnico e expertise
do setor para a ONG, além de utilizar seus canais para
fomentar a causa da inclusão de jovens, servindo de elo
entre quem procura e quem precisa de mão de obra.
“A formação e a inclusão no mercado de trabalho são
fundamentais para impulsionar as juventudes rumo ao
sucesso”, afirmou Nayara Bazzoli, gerente do Juventudes
Potentes. Já para Fabiana Estrela, diretora-executiva da
ABC, o acordo é uma oportunidade para compartilhar
conhecimento e recursos..
impede de focar na educação
e ascensão que merecemos",
afirmou Susana Arcanjo, gerente
comercial sênior da S&P Global,
companhia americana especializa-
da em informações e análises
financeiras. Segundo ela, as negras
correspondem a 28% da popula-
ção, têm um desafio pelo caminho,
mas que se for enfrentado por
todos com comprometimento
intencional, apoio socioeconômico,
psicológico e oportunidades de
trabalho, poderia causar um
impacto positivo na economia
brasileira. "A jornada é árdua,
mas cada passo que damos
é uma vitória pessoal e coletiva",
disse Susana.
Conteúdo produzido em parceria com a

Dinheiro 13/09/2023 17
ECONOMIA

Estrutura brasileira de aposentadorias,

refeita há quatros anos, ainda não
dá conta de equacionar o
envelhecimento da população
e os gastos do governo
Paula CRISTINA

PREVIDÊNCIA:
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas

A REFORMA
ENVELHECE
[E PRECISA DE
REFORMA]
18 Dinheiro 13/09/2023 FOTO: PETER VAHLERSVIK
 A
Reforma da Previdência, primeira grande mudan-
ça na estrutura dos gastos públicos do século 21,
completa agora quatro anos. O lado bom é que a
alteração realmente diminuiu as despesas do go-
verno federal com aposentados e pensionistas. A
redução girou em torno de R$ 156,1 bilhões entre
2020 e 2022, muito acima dos R$ 87 bilhões pro-
jetados pelo governo Bolsonaro, em 2019, quando
foi promulgada. O lado ruim é que a reforma apro-
fundou algumas disparidades entre classes sociais no Brasil,
com a base da pirâmide ficando mais exposta no longo prazo,
enquanto as perdas nas classes tradicionalmente privilegiadas
são amortizadas no curtíssimo prazo. “Toda grande reforma
deveria ser com o Plano Diretor de um município. A cada cin-
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
co anos é obrigatório revisitar”, disse Nelson Ellery, doutor em
macroeconomia pública e um dos autores da PEC que alterou
a Previdência Social há quatro anos.
Ellery, que integrou a equipe econômica do
governo Michel Temer, foi o responsável pelo
cálculo de economia de R$ 1 trilhão em dez anos, NOVA PREVIDÊNCIA JÁ DEU RESULTADO:
que depois foi aventado pelo ministro da Eco- GOVERNO ECONOMIZA R$156 BILHÕES
nomia, Paulo Guedes, na gestão seguinte. Na
prática o foco do governo naquele momento era EM TRÊS ANOS, E DEVE ATINGIR A CASA
cortar gastos, ainda que esse corte não fosse
exatamente proporcional. Trata-se de algo di-
DE R$ 1 TRILHÃO EM UMA DÉCADA
fícil de resolver porque envolve múltiplos fato-
res, incluindo variáveis regionais que vão de expectativa de
vida à renda. “Em alguns estados a idade média é 77, em outros,
70. Assumimos que parte dos aposentados vai usufruir o be-
nefício por menos tempo”, disse. Essa questão demográfica,
na opinião do economista, é um dos assuntos que deveriam ser
debatidos em uma revisão periódica. “Não há grandes mudan-
ças a serem feitas. Mas há pontos a serem olhados.”
Do ponto de vista fiscal, a reforma já dá bons resultados.
Segundo estimativa de Leonardo Rolim, consultor legislativo,
ex-secretário de Previdência e ex-presidente do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), a economia proporcionada
pela Reforma da Previdência entre 2020 e 2022 fica em torno
de R$ 156,1 bilhões. Isso significa 78% mais do que o esperado
pelo Congresso (algo em torno R$ 86 bilhões). O número dá
razão às projeções de Paulo Gudes, então ministro da Economia,
que falava sobre redução de R$ 1 trilhão
em dez anos. “É preciso lembrar que, ano
a ano, a redução proporcionalmente au-
menta”, disse Rolim. Para ele, a cifra
mágica de R$ 1 trilhão tem grandes chan-
ces de acontecer.
Esse número, no entanto, não vem de
uma conta exatamente igual para todos.
Apesar de ter sido desenhada com des-
conto progressivo, ou seja, quem ganha
mais desconta mais, há um teto. Explico.
Um salário mínimo desconta 11% para o
INSS. Já um salário de R$ 6 mil ou um
salário de R$ 66 mil descontam os mes-
mos 14,69%. Um estudo da Unicamp
colocou esses valores em perspectiva. Em
dez anos as pessoas que ganham mais de
R$ 40 mil de salário representarão 0,4%
da redução dos gastos, mas custarão cer-
ca de 15% do bolo previdenciário. Nesse
topo estão incluídos, claro, militares e
servidores públicos. Uma mudança in-
cluída no final da discussão da Reforma
da Previdência, em agosto de 2019, faz
toda a diferença no longo prazo. Por ela
ficou determinado que, diferentemente
do que acontecia, o cálculo da aposenta-
doria passou a ser feito com base em todo
histórico de salário e contribuições, e não
apenas dos últimos cinco anos, como
previa a regra anterior.
Dinheiro 13/09/2023 19
ECONOMIA

MELHOR QUE
Na prática, há distorções porque a qualidade e o tempo da O ESPERADO
contribuição do grosso dos brasileiros em relação a quem está Leonardo Rolim,
no topo são muito diferentes. Segundo o estudo da Unicamp, ex-secretário de
as pessoas mais ricas, em média, levam dez anos para atingir Previdência de
Bolsonaro,
um salário 20 vezes maior do que o inicial. Já as pessoas mais comemora,
pobres muitas vezes cumprem todo o tempo de contribuição quatro anos depois,
sem bater essa marca. Um problema grave que precisa ser redução de gastos
equacionado. Com a devida urgência, porque a reforma pode ainda maior que
o estimado.
virar uma supermáquina multiplicadora da desigualdade. "Um resultado
O estudo Um Novo Olhar para a Favela 2021, encomenda- bastante robusto"
do pela Favela Rising, ONG britânica com atuação em comu-
nidades do Rio de Janeiro, mostrou que 35% das famílias em
comunidades possuem como única fonte de renda pensão
(quando o benefício deriva de um parente morto) ou aposen-
tadoria de avós. Além disso, um em cada dez recebe Benefício
de Prestação Continuada (BPC), e 5% deles, auxílio doença.
Segundo Oliver Marshall, economista britânico responsável
pelo estudo, com as reformas da Previdência e a Trabalhista, GENERALATO A Previdência do brasi-
haverá uma evasão em massa da contribuição ao INSS e gerará leiro comum não pode ser entendida sem
uma insustentabilidade inevitável para o governo. “As pessoas o componente militar da equação. O Bra-
mais velhas e mais vulneráveis dependerão cada vez mais de sil tem 175 generais na ativa. É o mesmo
programas sociais. É um ciclo complicado e que precisa ser número de generais que o Exército dos
revisto”, afirmou Marshall. Estados Unidos possui, o mais equipado
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
Ele diz que uma das saídas é criar faixas com idades dife- e poderoso do mundo. Com a diferença
rentes para condições diferentes. “A mulher, preta, de favela, que os generais brasileiros comandam
com jornada tripla em um trabalho informal precisa trabalhar aproximadamente a metade de homens
até os 62 anos, mesmo que a expectativa de vida dela seja 60 que os generais dos EUA, o que faz com
anos”, disse. Essa mulher, inclusive, também perde a pensão o nosso Exército tenha, proporcional-
do marido se própria for aposentada em caso de falecimento mente, mais generais. Em números ab-
do cônjuge. Na base da pirâmide esses efeitos já podem ser solutos, o levantamento aponta que para
sentidos. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, cada general brasileiro da ativa, há outros
o valor médio do benefício caiu de R$ 1.784,79 (2019), já con- 24 generais da reserva, além de 48 her-
siderada a inflação, para R$ 1.599,50 ( junho deste ano). deiros do generalato que recebem pensões

CRESCIMENTO ESCALONADO Evolução dos gastos, e aumento de

beneficiários, na Previdência Social. Por ano
Beneficiários (milhões de pessoas) Gasto (bilhões de R$)
10
9 Entre janeiro e junho deste ano Até junho de 2023
8 houve incremento de R$ 4,35 bilhões foram 2,58 milhões
7 no gasto com beneficiários de entrantes
6
5
4
3
2
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022

Fonte: Ministério da Previdência Social e Ipea

20 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: ROBERTO JAYME/VALOR/FOLHAPRESS I GABRIELA BILÓ/FOLHAPRESS I EDUARDO ANIZELLI/FOLHAPRESS

O BRASIL POSSUI HOJE 175
GENERAIS NA ATIVA. PARA
CADA UM EM ATIVIDADE,
O BRASIL BANCA 24 NA
RESERVA E 48 HERDEIROS
integrais. O total de generais da ativa, da
reserva e de beneficiários gira em torno
de 10 mil pessoas. É o suficiente para
consumir, por ano, a mesma quantia de
dinheiro público que os 90 mil soldados
e cabos da força recebem pelos seus ser-
viços no mesmo período. Ainda de acor-
do com o levantamento, nos últimos
quatro anos foram gastos R$ 94 bilhões
DIVERGÊNCIA
para pagar pensões a herdeiros de mili- O custo de 13 mil entrava nas Forças Armadas a partir daquele ano. No entanto,
tares — neste caso, levando em conta não generais na ativa, para aqueles que já gozavam do benefício, ele se manteve. Para
apenas o generalato, mas todas as paten- reserva ou família o Brasil parar de arcar com tais gastos, caso não haja novas
tes. Tal valor poderia bancar no mesmo pensionista mudanças na legislação, será preciso esperar a morte dos últi-
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
intervalo, por exemplo, o Bolsa Família
equivale ao soldo
de 90 mil soldados mos beneficiários. Segundo estimativas do Ministério da De-
para cerca de 3 milhões de famílias (hoje e cabos fesa feitas em 2020 a partir da expectativa média das viúvas e
há no programa 21 milhões). Tais pensões herdeiros, bancaremos os privilégios do generalato até 2096.
começaram a ser pagas para sobreviven- O Índice Global de Aposentadoria Natixis deste ano dá um
tes da Guerra do Paraguai (1864-1870) e cenário da situação brasileira. Das 44 nações avaliadas o Brasil
suas viúvas. Anos depois, os pagamentos é o penúltimo colocado no ranking global de aposentadoria,
se estenderam às filhas dos militares. ficando atrás apenas de Índia. O estudo leva em conta quatro
Em 1960 uma nova lei regulamentou pontos principais: saúde, finanças, qualidade de vida e bem-
o benefício. Até 2001, quando o governo -estar. Valeria refazer esse indicador sob a óptica militar. Em
brasileiro cortou a mamata para quem qual lugar o Brasil ficaria?

O MISTÉRIO DA FILA DESAPARECIDA

Depois de uma discrepância de números envolvendo o número de
brasileiros na fila de espera para obtenção de aposentadoria ou auxílio
doença, o Ministério da Previdência Social anunciou a criação de um grupo
de trabalho para examinar o caso. A diferença se deu porque o próprio
ministério, através de um boletim mensal de longa data, revelou haver
1,42 milhão de pessoas em espera, enquanto o Portal da Transparência da
Previdência indicava um 1,2 milhão, deixando a dúvida sobre onde estariam
os 223 mil requerimentos entre as duas amostragens.
Segundo o ministro de Previdência Social, Carlos Lupi, já foram
pedidos documentos, esclarecimentos e série histórica de todos os
processos no Brasil nos últimos anos, com o intuído de entender onde está
o ponto cego. “Trabalhamos para aprimorar a Previdência, trabalhando com
clareza e eficiência”, disse ele à DINHEIRO. Sem arriscar onde pode estar o
erro, ele se limitou a dizer que o ministério “trabalha
incansavelmente”. Outro número que tem causado
confusão envolve as perícias médicas. O Portal da
Transparência da Previdência indica 596.699 pedidos
de perícia, os dados obtidos via ministério informam quase o
dobro (1, 07 milhão). Em entrevista na sexta-feira (1), o presidente do INSS,
Alessandro Stefanutto, disse que o governo ainda não tem uma resposta
para a divergência nos números, mas desconfia que algumas tarefas anti-
gas continuam pendentes no sistema, embora o segurado não esteja mais
à espera de análise, por diferentes motivos. “Imaginamos que [possam ter
sido mantidas] tarefas que não eram necessárias ou tarefas desprezadas
de 2008, 2007, ou seja, não é uma pessoa que está esperando", afirmou.
Mas uma prova que a Previdência Social precisa rejuvenescer.

Dinheiro 13/09/2023 21
ECONOMIA
UMA ESCALA EM
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
N
Comitiva inédita de mais de 100
empresários, governadores, prefeitos,
senadores e deputados brasileiros
desembarca na capital americana para
um encontro “full day”, organizado pelo
LIDE, com organismos multilaterais de
empréstimos como BID, Banco Mundial
e IFC. Saíram de lá com a mala repleta
de projetos de financiamento
encaminhados e de estatísticas
macroeconômicas estratégicas. Há seis
anos que o Brasil não fazia nada igual
Carlos José MARQUES, de Washington
22 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: VANESSA CARVALHO
o plano das relações externas, o Brasil parece ter avan-
çado algumas casas, desta feita não por conta de qualquer
missão oficial de governo, no circuito que o presidente
Lula adotou como rotina diligente desde que assumiu
para o terceiro mandato. O tento da nova trincheira
conquistada nesse tabuleiro lá de fora foi marcado por
uma delegação empresarial com cerca de 135 big shots da pro-
dução que, ao lado de autoridades, saiu rumo a tratativas para
fechar acordos financeiros com alguns dos maiores organismos
multilaterais a operar desde Washington, capital americana.
O presidente do BID, o brasileiro Ilan Goldfajn, que assumiu a
entidade há menos de um ano, foi o principal anfitrião dentre
os bancos de fomento. Mas não só ele. Dirigentes do Banco
Mundial, do IFC, do próprio Banco Central brasileiro, Rober-
to Campos Neto, estiveram juntos ali e discutiram de questões
monetárias ( juros, inflação, quadro fiscal) à liberação propria-
mente dita de recursos para projetos de desenvolvimento. No
foco: iniciativas nas áreas de infraestrutura, social e ambiental,
seguindo critérios que harmonizassem o binômio preservação
e crescimento. A caravana foi organizada pelo Grupo de Líde-

WA S H I N G T O N
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
res Empresariais-LIDE e contou no elenco com nada menos
que 12 governadores, seis prefeitos, além de senadores e depu-
tados, que revestiram o encontro de um caráter público/pri-
vado de alta representatividade. A maior concentração por
metro quadrado de tomadores de empréstimos internacionais
que já se viu em bloco de uma só vez. Na verdade, o ineditismo
em diversos aspectos marcou os entendimentos: jamais, em
outros tempos, tantos governadores estaduais estiveram jun-
tos em Washington movidos pelo mesmo objetivo e também
em nenhuma outra ocasião as principais organizações de
crédito que investem na região latino-americana colocaram
seus representantes juntos em um salão para tal discussão. O
próprio Goldfajn tratou de pontuar que, apesar de o Brasil ser
o principal cliente do BID e com uma história muito vinculada
à entidade — criada décadas atrás justamente por inspiração
do lendário presidente brasileiro Juscelino Kubitscheck, que
conta com um busto em sua homenagem logo na entrada do
prédio-sede — nunca uma comitiva dessa envergadura passou
por ali para uma agenda tão proativa. “Vocês são demais, pro-
fissionais em tudo”, elogiou Goldfajn ao ex-governador paulis-
FÉ NO FUTURO
Ilan Goldfajnloria (na
foto ao lado),
presidente do BID,
comemora o foco e o
tamanho da comitiva
brasileira em terras do
Tio Sam. Nunca antes
um bloco tão grande, e
tão diverso, esteve em
um encontro para
ta, João Doria, que comandava o comboio.
Triste registro assinalado por muitos
presentes: nos últimos seis anos, na prá-
tica, o Brasil sequer deu as caras em ca-
ravana por lá para afinar interesses. Uma
lacuna e tanto que, certamente, contri-
buiu para a imagem ventilada (com or-
gulho por alguns agregados da gestão
passada) de pária global. Agora não. Em
seguidas apresentações, o azáfama de
dezenas de governadores, prefeitos e em-
preendedores se fez ouvir e teve resulta-
do prático. Reuniões paralelas com equi-
pes técnicas ocorreram a todo instante e
diversas parcerias foram destravadas.
Suprema ironia, a esquadra brasileira
sentou para acertos em um dos salões do
antológico Hotel Willard, mesmo local
que há mais de 100 anos, em 1861, serviu
de palco para uma “convenção de paz”
Dinheiro 13/09/2023 23
ECONOMIA

entre governadores americanos que ali

buscavam evitar a Guerra Civil. Na épo-
ca não deu certo, nem chegaram a um
acordo. Desfecho absolutamente distin-
to do ocorrido com os brasileiros desta
feita. Vale dizer: a expressão lobby, que
serve para designar articulações setoriais
junto a políticos com o intuito de aprovar
demandas de seu interesse surgiu justa-
mente no Willard por conta de um hábi-
to secular dos congressistas americanos
e parceiros de se encontrarem para um
cafezinho no lobby suntuoso do hotel,
repleto de paredes ornamentadas, aran-
delas luminosas e tapetes do mais fino
acabamento. Nada mais natural e ade-
quado, portanto, que a escolha do Brasil
de fazer a sua rentrée em grande estilo
justamente naquele ambiente. Os pre-
sentes assistiram a um dia inteiro de
painéis expositores sobre o potencial de
investimentos multilaterais, fatores para
o desenvolvimento sustentável, acesso
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
aos fundos e diversos outros temas, en-
quanto nos intervalos e bastidores acer-
tavam iniciativas e faziam relacionamen-
to. O vice-presidente do IFC para a
GRUPO DE PESO
América Latina, Caribe e Europa, Alfon- Roberto Campos Neto, sa metodologia adota o critério do im-
so Garcia Mora, disse que a baliza funda- do BC (acima); pacto no mercado como principal pa-
mental para os desembolsos da institui- Johannes Zutt, do râmetro”, apontou. Johannes Zutt,
Banco Mundial (esq.) e
ção, que atende a demandas do setor diretor do Banco Mundial, alertou para
Alfonso Garcia Mora,
privado, é o efeito multiplicador que os do IFC (dir.): encontro a aprovação de marcos legais, dentre
recursos podem gerar em cada país. “Nos- de gigantes eles a reforma tributária e o arcabouço
fiscal, como fundamento para colocar
o Brasil na dianteira e preferência de
organismos do porte do Bird. Já o bra-
sileiro Goldfajn, do BID, enalteceu prio-
ridades a considerar nos aportes: com-
bate à pobreza e à desigualdade social,
consolidação do saneamento básico, da
Educação e Saúde, além da expansão da
infraestrutura física e digital. Detalhe
a destacar no encontro foi o do extremo
bom humor que emanava do presiden-
te do Banco Central, Roberto Campos,
após a constatação dos números alvis-
ODE AO PASSADO À esquerda, busto de Juscelino sareiros que acabavam de ser divulgados
Kubitscheck, no prédio-sede do BID. Um lembrente diário de
que é preciso empreender e perseverar. À direita, Hotel Willard, sobre o crescimento do PIB. O Brasil,
em que aconteceu o encontro do Lide e onde, 100 anos antes, decerto ali, mostrava-se em alta sob
foi palco para uma ampla “convenção de paz” diversos aspectos.

24 FOTOS: VANESSA CARVALHO

INTERNACIONAL
Sauditas estendem corte de petróleo
SAIBA POR QUE ISSO
IMPACTA DESDE OS PLANOS
DE BIDEN ATÉ A PRÓXIMA
REUNIÃO DO COPOM
Da Redação, com Agências
N
a terça-feira (5), a Arábia Saudita
anunciou que vai prorrogar o corte
voluntário de produção de petróleo
bruto de 1 milhão de barris por dia
até o final do ano. Isso significa em
torno de 10% de redução. Existe a promes-
sa de que a decisão, iniciada em julho e
renovada agora, será rediscutida mês a mês.
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
Mais 1,6 milhão de barris por dia já têm sido
cortados de forma voluntária por outros
membros da Opep+. Na Rússia, por exem-
plo, o facão em setembro é de 300 mil, o
que deve continuar até o fim do ano. Com
isso haverá muitos desdobramentos no
jogo geopolítico. E na economia.
O primeiro é inevitável. Menos produ-
ção, preço maior. E petróleo mais caro sig-
nifica mais dinheiro chegando a Moscou
para alimentar seus planos de guerra na
Ucrânia. A consequência inercial frustra a
política externa (comprovadamente equi-
vocada) do presidente americano Joe Biden,
de que conseguiria convencer o planeta a
boicotar os russos. Sem adesão maciça — só
pegaram esse bonde parceiros tradicionais
e ainda irrelevantes globalmente, como a
Austrália, e os europeus — o que Washing-
ton conseguiu foi dar um indesejado em-
purrãozinho extra na Europa em direção
à uma inflação ainda mais elevada. Porque
os cortes às importações vindas de Moscou
impactaram obviamente preços de energia
e alimentos. O remédio deverá vir, em alguns
países, por meio de recessão. Um clássico
‘obrigado por nada, míster Biden’.
EFEITO
CASCATA
Em outubro passado, o presidente Biden tentou convencer o Decisão da Arábia
governo saudita — aliado-chave e quase único para os Estados Saudita coloca
Unidos no mundo árabe — a não fazer cortes da produção de pe- pressão global em
BCs do mundio todo
tróleo. O governo de Riad é quem manda na Opep, mas ignorou sobre suas políticas
os apelos de Washington. Este ano, o país reiterou que as pressões de controle de preços
americanas não seriam bem-vindas e nem teriam sucesso. Num
recado incomum, e duro, no fim de maio, o príncipe saudita Ab-
dulaziz bin Salman, que é também o ministro da Energia, disse
que “os especuladores” deveriam se preocupar. “Não preciso
mostrar minhas cartas, não sou jogador de pôquer... Mas diria para
tomarem cuidado.” Para quem apostou que se tratava de blefe, a
decisão anunciada na terça-feira mostrou que não foi. Até porque
os cortes estão fora da política oficial da Opep.
Os efeitos colaterais da decisão saudita podem respingar até
mesmo na próxima reunião do Copom, no fim do mês (dias 19 e
20), que decidirá sobre novos cortes da Selic. Preços do petróleo
pressionados alimentam políticas de juro restritivas do BC euro-
peu e, em especial, do Fed, fazendo com que as taxas sigam eleva-
das. Inevitavelmente, isso reflete na decisão de cortes aqui. Até
porque nossa inflação de agosto (0,28%) veio acima do previsto
(o mercado projetava 0,17%, ou 65% menos). Junte-se na foto uma
responsabilidade fiscal que existe somente na cabeça de Fernan-
do Haddad, e não nos gestos e atitudes do governo Lula III. Em
resumo, o petróleo sobe lá, a gente paga o pato aqui. Para quem
não acredita em Efeito Borboleta, ou nas máximas de Adam Smi-
th, a ‘real economik’ mostra suas lições diariamente.
FOTO: ATLASCOMPANY/FREEPIK Dinheiro 13/09/2023 25
FINANÇAS

FUNDOS
MENOS
APETITOSOS
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26 Dinheiro 13/09/2023 FOTO: ISTOCK

 I
PARA AUMENTAR nvestidores que engordaram suas aplicações em fundos isentos
de impostos nos últimos anos terão de passar, se depender da
A ARRECADAÇÃO vontade do governo, por uma dieta restritiva de rentabilidade.
SEM TRIBUTAR OS Isso porque o governo federal publicou dias atrás a Medida
Provisória 1.184, que equipara as regras tributárias entre fundos
MAIS POBRES, fechados e abertos. Na prática, as novas normas estabelecem aos
GOVERNO MUDA fundos fechados uma dinâmica de tributação periódica denominada
de “come-cotas”, já existente nos fundos abertos. Tradicionalmente
AS REGRAS DE utilizados para multiplicar o patrimônio de pessoas muito ricas, as
FUNDOS E DEIXA onshore, como são popularmente conhecidos estes fundos, só reco-
lhem Imposto de Renda quando são liquidados. Ou seja, a tributação
GRANDE PARTE pode levar anos para ser aplicada, já que geralmente os valores não
são resgatados e a estratégia comum é reinvestir os lucros.
DELES MENOS A MP do governo precisará ter o endosso do Congresso até de-
ATRAENTES AOS zembro para não perder a validade e voltar a ser o que era a partir de
2024. Mas, por enquanto, os fundos de investimento fechados estão
INVESTIDORES. É sujeitos à tributação periódica, pela alíquota de 15%, independente-
MELHOR DIGERIR mente da classificação do fundo prevista na legislação tributária e na
regulamentação da CVM e da composição da sua carteira. A exceção
O NOVO IMPOSTO fica por conta dos fundos de curto prazo cuja alíquota é de 20%. São
OU PARTIR PARA as mesmas regras dos fundos abertos vigentes no Brasil desde 2005.
Pelas novas regras, vai incidir recolhimento do Imposto sobre a
OUTRAS Renda Retido na Fonte (IRRF) no ato da amortização, resgate ou
Entre em
ALTERNATIVAS? nosso grupo no Telegram:
alienação t.me/clubederevistas
de cotas, ou de distribuição de rendimentos, se ocorrerem
antes da data de incidência da tributação periódica. Uma alíquota
adicional, nesse caso, será aplicada até atingir as taxas já estabelecidas
Jaqueline MENDES na legislação para investimentos financeiros, que variam de 22,5% a
15%, de acordo com o prazo da aplicação.
Segundo o novo entendimento, alguns fundos teriam manutenção
da isenção, isso porque eles são vistos como importante para a evo-
lução da economia. São eles os que atendem o agronegócio e o mer-
cado imobiliário. A diferença, no entanto, reside no porte. Até então,
fundos com mais de 50 cotistas nessas áreas não seriam tributado.
Pela nova regra a cota mínima para não pagar imposto fica em 500.
Quando anunciou o programa, o ministro Fernando Haddad
afirmou que a medida diminuiu a possibilidade de mani-
pulação do fundo, já que um número pequeno de cotas
pode abrigar, por exemplo, apenas uma família. Levan-
tamento da Economatica, empresa de informações finan-
ceiras, aponta que 76 FIIs (voltada à empreendimentos imo-
biliários) passarão a pagar impostos, já que estão na faixa entre 50
e 500 cotistas. Isso representa 17% dos 439 fundos imobiliários lis-
tados atualmente na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Em relação
aos Fiagros (voltado ao agronegócio) só três fundos serão afetados,
em um universo de 34 listados na B3, ou 9% do total. Para o levanta-
mento, a Economatica considerou apenas os fundos com um volume
mínimo de negociação.
A inciativa do governo, pelos cálculos da equipe econômica, pode
gerar uma arrecadação de R$ 3,21 bilhões ainda em 2023. Os recursos
serão utilizados para compensar a perda de receitas decorrente do

Dinheiro 13/09/2023 27
FINANÇAS

aumento do limite de isenção o IRPF, em vigor desde 1º de maio.
Em 2024, este montante tem previsão para chegar em R$ 13,28
bilhões. A expectativa é arrecadar outros R$ 3,51 bilhões em 2025
e de aproximadamente R$ 3,86 bilhões para o ano de 2026, so-
mando R$ 23,8 bilhões. Já com o Projeto de Lei que altera a co-
brança de IR nas aplicações offshore, que caducou no Congresso
em julho, mas deve ser reenviada, a estimativa é de R$ 20,9 bilhões
extras no mesmo período.
brança será de 10%. A partir de 2024, a
alíquota do imposto passa a ser de 15% a
22.5% a depender do prazo do investimen-
to, assim como funciona para os fundos
abertos.” Bom, pelo menos até dezembro
de 2023, se o Congresso fechar os olhos
para as distorções tributárias como fez,
deliberadamente, com as offshore.

FUTURO Segundo Haddad, o plano é aproximar o sistema bra-

sileiro de práticas eficientes praticadas em países desenvolvidos.
“Estamos olhando para os países da OCDE, para os nossos vizinhos
mais desenvolvidos, como é o caso do Chile e da Colômbia, pro-

QUAIS FUNDOS
curando promover justiça social”, disse. Para a economista-
-chefe do TC Economatica, Marianna Costa, a alteração da forma
de recolhimento do imposto sobre a rentabilidade dos fundos
fechados é uma boa notícia porque corrige uma distorção que
existe hoje no Brasil, onde este imposto só é recolhido quando há SERÃO
AFETADOS
o evento de resgate dos recursos do fundo. Não havendo o resgate,
o pagamento deste imposto é postergado e continua a fazer parte
dos recursos disponíveis para serem investidos pelo fundo. Na
prática isso significa que uns têm mais privilégio que outros,
76 Fundos Imobiliários (FIIs)
mesmo assumindo riscos equivalentes.
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
Para quem pensa em escapar da nova tributação, não há alter-
na faixa entre 50 e 500 cotistas
nativas, segundo ela. “Mesmo que a decisão seja encerrar um serão afetados pela regra
fundo fechado hoje, no momento da amortização, haverá a neces-
sidade de recolhimento do imposto”, afirmou a economista. “Na
medida provisória vigente, o governo concede um desconto para
quem recolher o imposto ainda neste ano, em vez de 15%, a co-

17% dos 3 fundos

ENTENDA O PERFIL DE CADA FUNDO 439 fundos

imobiliários
Fiagros serão
afetados, em
um universo
FUNDO IMOBILIÁRIO (FIIS) EXCLUSIVO listados na B3
estarão sob a 34
de
listados na
Investidores compram cotas com o objetivo Fundo em que há um único cotista. nova tributação
B3
de receber remuneração periódica. Gestores Exige investimento mínimo de R$ 10
podem aplicar em empreendimentos milhões, com custo de manutenção de
(galpões, prédios e shoppings), títulos até R$ 150 mil por ano
(recebíveis e letras de crédito) ou cotas de
outros FIIs FUNDO DO AGRONEGÓCIO (FIAGRO)
Nova
Funciona de forma semelhante aos FIIs, tirbutação
OFFSHORE pode chegar
mas com foco em investimentos da
Fundo constituído no exterior de acordo com agroindústria, como imóveis rurais, a 22% se
for mantida
a legislação de outro país. Muitas vezes, as recebíveis e participações societárias de no em
sedes são localizadas em paraísos fiscais, empresas do setor. Também prevê
que têm baixa tributação distribuição periódica dos lucros 2024
Fonte: Economatica

28 Dinheiro 13/09/2023
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CAPA

Hoje vemos uma

oportunidade de
aproveitar essa gênese
e posicionar a VR como
uma companhia social”
CLAUDIO SZAJMAN
PRESIDENTE DA VR

Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas

V
 C
laudio Szajman está à frente
de negócios da família há 35
anos, em ciclos diferentes da
economia e das empresas.
Desde 2010 mora nos Esta-
dos Unidos, mas sempre com
as rédeas do que ocorre no Brasil
nas mãos. Do mercado americano
ele extrai uma visão das grandes
tendências do mundo ocidental.
Principalmente dos movimentos
do setor de tecnologia e serviços,
como as chamadas big techs (Ama-
zon, Apple, Google e Microsoft),
em que a inovação é o carro-chefe.
Também olha o que está aconte-
cendo em venture capital e growth

VR
MULTIPLICA
capital, o mundo privado de inves-
timentos. Foi assim que teve opor-
tunidade de aportar em companhias
como a Space X, do excêntrico bi-
lionário e empresário em série Elon

NEGÓCIOS E
Musk. Claudio Szajman ainda ga-
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
nhou ao longo dos anos experiência
ímpar sobre o fluxo de desenvolvi-
mento de negócios tradicionais, a
partir da análise do comportamen-
to de companhias de capital aberto.

BENEFÍCIOS Na prática, apurou uma visão plu-

ralizada, com perspectivas diferen-
ciadas dos negócios globais e do
próprio Brasil. Uniu seu back-
ground de operador do dia a dia à
Companhia exposição de um mercado mais de
investe 12% do investidor. Virou um empresário
híbrido, como gosta de se definir.
faturamento em “Vejo uma beleza enorme nessa
tecnologia, compra adição de perspectivas”, disse à
DINHEIRO no final de agosto,
startups, oferta mais e quando esteve por algumas sema-
melhores serviços com nas no Brasil.
O executivo preside a VR, gi-
foco na Classe C e nas gante de benefícios corporativos
pequenas e médias com atuação nacional, e a VR In-
vestimentos, gestão de ativos locais
empresas para gerar e internacionais. Toca tudo dos
maior impacto social Estados Unidos. Só vem para cá
“quando necessita”. Desta vez a
necessidade bateu em sua porta
Beto SILVA para alinhar os rumos da VR, que

FOTOS: JOÃO CASTELLANO Dinheiro 13/09/2023 31

CAPA

TÁTICA
MASSIVA
Trabalhadores
da empresa de
pagamentos
por tags
Sem Parar
possuem
benefícios da VR,
que passa a focar
esforços na
atração de
pequenas e médias

está em fase de expansão, com aquisição de startups
e abertura de novas verticais de negócios digitais. São
dois principais objetivos. Um deles é ganhar mercado
e continuar o crescimento da companhia, que em 2022
registrou faturamento de R$ 11 bilhões, 30% superior
ao ano anterior. Em número de trabalhadores atendi-
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
dos com os benefícios, saltou de 3 milhões em 2021
para 4,7 milhões agora (expressivo aumento de 56,7%).
São 1,3 mil colaboradores e 85 mil empresas clientes,
entre elas gigantes do porte de Correios, Petrobras,
Sem Parar e Sicredi. Porém, o foco neste momento
tem sido as pequenas e médias, mas aprofundaremos
nesse assunto mais à frente. Nos últimos 12 meses
foram realizadas 144 milhões de transações pela com-
panhia. O outro objetivo é gerar maior impacto social,
fator que está no DNA da VR, criada em 1977 pratica-
mente junto do Programa de Alimentação do Traba-
lhador (PAT). “Hoje vemos uma oportunidade de
aproveitar essa gênese e posicionar a VR como um
ecossistema, de múltiplas formas de atuação, como
uma companhia social”, afirmou Szajman. “É o alinha-
mento entre uma empresa que vai dar lucro, mas tem
um compromisso com social”, disse, ao ressaltar a
contratação da Nint, uma das maiores consultorias
ESG do mercado, para avançar em seu impacto social
com objetivos claros, definidos, resultados e metas
mensuráveis até 2027. Projetos com a Central Única
das Favelas (Cufa), por exemplo, estão no pipeline da
VR. As iniciativas com a entidade já atenderam mais
de 40 mil famílias.

PRINCIPAIS FATOS DA HISTÓRIA

1977 1998 2005 2007 2014 2015 2017
Em São Paulo, Smart.Net 100% dos O grupo vende VR Lançamento dos Início da
Abram é criada e vales em sua base de reingressa Apps VR e parceria
Szajman funda introduz a papel são clientes para no setor de VOCÊ e VR com a
a VR Vales tecnologia substituídos a Sodexo, benefícios, Estabelecimentos Caixa
para processar de cartões por cartões mantendo tornando a Econômica
benefícios de smart com chip a Smart.Net Smart.Net Federal
alimentação. com chip, como sua como
Nasceu substituindo plataforma de plataforma canal de
com o PAT os vouchers tecnologia e de vendas
(Programa de de papel processamento tecnologia
Alimentação de benefícios
do Trabalhador) dos clientes

32 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 Para atingir os dois objetivos — rentabilidade e balcão Caixa. “É bastante relevante para distribui-
social — é fundamental um fator que está no cerne da ção, pois temos a capacidade de operar com o maior
companhia: a tecnologia. A VR nasceu com nome de balcão bancário da América Latina em termos de
seu principal produto, o vale-refeição. Por muitos varejo”, afirmou.
anos permaneceu com esse monoproduto. Mudou a
marca, abreviada para VR, e ampliou serviços, sempre NOVA FASE Passo a passo a companhia tem deixado GRANDES
com inovação embarcada. Foi a primeira empresa do de estar associada a um cartão e produtos para atuar CLIENTES
Petrobras está
setor a avançar em pontos importantes: deixar o na arena de soluções que atendam as necessidades dos
entre as grandes
voucher de papel e lançar o cartão com chip; ter a empregados e resolvam as dores do setor de RH das corporações que
própria maquininha; fazer pedidos pela internet; e empresas. A ambição é ser a carteira digital do traba- têm contrato com
oferecer crédito consignado também de forma on- lhador brasileiro. Para isso, investe 12% do faturamen- a VR. No total,
85 mil empresas
-line, antes mesmo do governo. to em TI. Tem como parceiras algumas corporações
utilizam os
Essa evolução aconteceu até 2007, quando vendeu referências no mercado tecnológico, como Docusign, benefícios
sua operação de emissor de benefícios para a Sodexo. Salesforce e Sensedia. Um processo contínuo que da companhia
Ao mesmo tempo, continuou a prestar serviço para a
própria compradora, em contrato de até seis anos para
usarem a processadora da VR, a plataforma a Smart.
Net. O acordo se estendeu até 2013. A partir de então,
a família Szajman teve a liberdade para seguir sua
caminhada. A decisão foi de, no ano seguinte, entrar
novamente no mercado de benefícios corporativos, já
que a marca VR e a processadora nunca foram vendi-
das. A operação foi recomeçada do zero. Faturamento
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
zero. Zero clientes. Quando houve a negociação com
a Sodexo, a base era de 2 milhões de beneficiários. Dez
anos após a reentrada no setor, são 4,7 milhões.
O atual momento da VR é de parcerias estraté-
gicas e forte investimento em tecnologia. A relação
com a Caixa Econômica Federal, iniciada em 2017,
foi ampliada para formar uma joint venture com o
banco e a Fleetcor. O acordo prevê a oferta de car-
tões pré-pagos com a marca VR exclusivamente no

2018 2019 2020 2021 2022 2023

Mais de Lançamento Investimento na Audaz, Pontomais e Evolução Lançamento
1 milhão do VR Pontomais. GIC Global Points começam da nova do VR
de cartões Nutrição. entra como sócio a fazer parte do marca VR. Admissão.
emitidos para São 500 mil minoritário ecossistema VR, Lançamento O Banco VR
ca trabalhadores. pontos de (fundo soberano por meio de novos do disponibiliza
Lançamento aceitação de Singapura). investimentos. ecossistema o Crédito
do VR em todo País. Lançamento do VR alcança mais VR. Fácil.
Fidelidade VR alcança VR Pague (link de 2 milhões de Lançamento Lança a
como solução 1,5 milhão de de pagamento) beneficiários. VR da VR Antecipação
pioneira no trabalhadores e da ação social Benefícios cria uma JV Multi e do Saque-
mercado de Vale por Todos com a Caixa e Fleetcor, SuperApp Aniversário
benefícios para cartões pré-pagos FGTS

Dinheiro 13/09/2023 33
CAPA

proporcionou à empresa ter um corpo tecnológico

robusto, discorre Renato Teixeira, diretor-executivo
de Plataformas da VR. “A gente autoriza em 60 milis-
segundos cada transação.”
A expansão dos serviços da companhia também
ECOSSISTEMA VR
está ancorada em M&A. Desde 2021 foram três aqui- 4,7 milhões
sições de startups, com investimento total de R$ 300 de trabalhadores
milhões. A Audaz (atual VR Mobilidade) é especializa- beneficiados
da em soluções de mobilidade. Automatiza o processo
de compra de vale-transporte e incentiva o uso de
transportes alternativos pelos trabalhadores. A plata-
85 mil
empresas clientes
forma faz a roteirização inteligente do trajeto feito pelo
colaborador, para diminuir os custos das empresas e
reduzir o tempo que o empregado passa no trânsito. R$ 11 BILHÕES
Tudo integrado à folha de pagamento e às operadoras de faturamento em 2022,
de ônibus. São 3 milhões de cartões processados em 30% superior ao ano anterior
2022 e integração com 1.350 operadoras. Já a Pontomais
(atual VR Gente) otimiza a rotina de trabalho do RH.
É líder na área de controle de ponto on-line, com 20
144 milhões
de transações nos
mil clientes espalhados pelo País. Inclui processos últimos 12 meses
automatizados de admissão, férias e folgas, escalas de
trabalho e outras funcionalidades 100% digitais, inclu-
70%
sive com batida de ponto via WhatsApp. E a Global
dos usuários são
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
Points (atual VR Shopping), de soluções como cashba-
tabalhadores da Classe C
ck, programas de fidelidade e marketplace.

ADMISSÃO No campo do lançamento de produtos,

a companhia de benefícios lançou no primeiro semes- da empresa no setor de gestão de capital humano. “A
PLANOS E
METAS ESG tre deste ano o VR Admissão, um sistema dedicado às primeira coisa que uma companhia faz em relação aos
Ações sociais, empresas que querem otimizar o processo de contra- seus trabalhadores é uma admissão. Existe no Brasil
como os projetos tação de funcionários e concluí-lo em até 15 minutos. uma certa complexidade operacional burocrática
realizados com a Gratuito, permite ao RH receber os documentos de nesse segmento.”
Cufa, estão no
pipeline da VR para forma digital, realizar contratação on-line, elaborar Todas essas funcionalidades e serviços estão em-
avançar em seu processos customizáveis de seleção e reduzir o tempo pacotados pela VR em um modelo SaaS (Software como
impacto social do fluxo admissional. Segundo Szajman, é a entrada Serviço) em três grandes plataformas: a Loja VR, com
todos os produtos na prateleira, criando uma jornada
digital; o Super App para o trabalhador; e o Super Por-
tal para o empregador. Para Adalberto Alonso, CRO da
Biti9, que arquiteta e implementa ferramentas de au-
tomação, inclusive em soluções de benefícios, a VR
emerge como uma referência com esses serviços. “De-
monstra uma visão coerente ao incorporar a automa-
ção em seus processos e oferecer soluções mais ágeis
e eficientes aos seus clientes”, disse. “Vemos empresas
como a VR não apenas como líderes de mercado, mas
como visionárias que estão moldando o futuro do setor.”
Com as soluções, a empresa mantém sua atenção
ao público da Classe C, que forma 70% de sua base, e
democratiza o acesso à tecnologia para as PMEs. Lem-
bra que voltaríamos ao tema das pequenas e médias?

34 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: THIAGO CALIL/AGIF VIA AFP | DIVULGAÇÃO


Voltamos! O Super Portal concentra os principais
serviços para o RH. Nele é possível pagar pedidos com
Pix, serviço pioneiro no mercado. E escolher o combo
que precisa, desde ponto eletrônico, vale-alimentação,
vale-refeição, VR Admissão e outros. Vários diferenciais,
segundo o presidente da VR. “A empresa menor não
precisa comprar a tecnologia, não precisa comprar
software, não precisa comprar hardware. Entregamos
a solução pronta, com menos custos e, às vezes, até de
graça.” Na avaliação de Cláudia Danienne, psicóloga
organizacional e especialista em Gente & Gestão, a VR
trilha “um ótimo caminho” com seu hub de soluções.
“Se seguir com esse mindset, criará uma grande van-
tagem competitiva, pois estará cada vez mais prepa-
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
rada para oferecer o incremental ao mercado, se dis-
tanciando dos competidores.”
DESAFIOS A VR tem pela frente ao menos dois desafios.
O primeiro é ganhar espaço em um mercado dominado
há décadas por poucas empresas. Além dele, Sodexo,
Alelo e Ticket detêm 90% do setor. Porém, muitas star-
tups com serviços especializados e segmentados estão
surgindo. Ou têm ganhado corpo ou têm sido compradas
pelas gigantes. O segundo é se adaptar ao decreto publi-
cado pelo governo federal no último dia de agosto que
estabelece mudanças no sistema do PAT. Entre as prin-
cipais alterações está a portabilidade entre operadoras
de benefícios, em que o trabalhador pode escolher com
qual vai atuar, independentemente da opção feita pela
empresa em que ele é contratado. Em nota, a Associação
Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador
(ABBT) afirma que a medida, carente de detalhes e
prazos, é positiva no contexto geral, mas pode ter efeitos
negativos para a concorrência e para o trabalhador. “É
preciso a definição de um prazo razoável e claro para a
adoção do mecanismo, o que não ocorreu no decreto.
Falta a devida regulamentação.”
Nada que a VR, em seus 46 anos de história, não tire
de letra e continue na jornada de empresas e trabalha-
dores. Para que o slogan “VR facilita a vida” seja de fato
colocado em prática.
CLAUDIO SZAJMAN
ENTREVISTA
PRESIDENTE DA VR
“Não temos de satisfazer as
casas de aposta de mercado”
Com várias verticais de negócios surgin-
do na companhia, o cartão de benefício
RELAÇÃO
ESTRATÉGICA
vai deixar de ser protagonista como um
produto?
Parceria com a
O protagonista é o trabalhador. O produto vai
CEF, iniciada em
2017, foi ampliada se adaptar às necessidades do trabalhador e
com a criação de nós temos de ter a capacidade de ter um menu
uma joint venture de serviços muito amplo e adaptável frente à
para ofertar necessidade dele. O trabalhador é que oferece
cartões pré-pagos para gente uma série de oportunidades a partir
com a bandeira VR das características do cotidiano.
Como encara as incertezas da economia?
Existem coisas que nós não controlamos e
temos que nos adaptar frente a essas condi-
ções. É difícil fazer projeções muito longas.
Hoje em dia, três a cinco anos é um período
muito longo para fazer projeções financeiras,
mas não é muito longo para o propósito.
Porque o desafio do propósito é grande, com
compromissos de desenvolvimento sustentá-
vel. E o compromisso que eu tenho de entre-
gar para os acionistas é o conjunto da obra.
Não temos que satisfazer as casas de aposta
de mercado.
Mas tem de acompanhar os indicadores
econômicos. Eles afetam a VR?
Afetam a todos nós. Temos uma economia
com juros muito alto, o segundo maior juro
real do planeta. Uma companhia de pequeno
ou médio porte começa a sentir dificuldades
financeiras, perde o acesso ao sistema finan-
ceiro tradicional e começa a agir como histo-
ricamente a gente viu agindo no Brasil: por
sobrevivência. Isso afeta todos nós, porque
vai ter menos empresas, menos trabalhado-
res formais.
Mas há expectativa de baixar os juros e
consequentemente melhorar o setor?
Sim e sim. O ponto é que não se pode esperar
isso tudo acontecer para se mobilizar frente
ao ambiente que é extremamente complexo.
Essas condições (de juros e inflação) eu con-
sidero informativas, mas elas não vão nos tirar
do eixo. Elas são fórmulas de a gente navegar
conforme o vento.
Dinheiro 13/09/2023 35
NEGÓCIOS

O NOVO RUMO
Aérea colombiana aposta em reconfiguração
de aviões, reestruturação de rotas, além de ampliação
em cargo, para manter crescimento no Brasil
e na América Latina no pós-Chapter 11
Angelo VEROTTI

Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas

ão é errado dizer que a Avianca, ou Aerovías Nacio- sultado do aumento da demanda e da

N
nales de Colombia, foi do céu ao solo durante a pan- redução dos custos operacionais, de 11%,
demia. Sem capacidade de sustentação, a companhia para US$ 989 milhões.
aérea apelou ao Chapter 11 (Capítulo 11, equivalente O desempenho da Avianca acompanha
americano à recuperação judicial brasileira), em maio um movimento do setor aéreo no geral.
de 2020, para se proteger de dívidas estimadas em Segundo a Associação Internacional de
US$ 10 bilhões. Com o fim da fase de turbulência em dezembro Transporte Aéreo (Iata), o lucro líquido
de 2021, a empresa mostra ganhar estabilidade ao anunciar re- das empresas globais deve alcançar US$
configuração de aviões, reestruturação de rotas, expansão no 9,8 bilhões este ano, mais que o dobro da
segmento cargo e indicadores econômicos em crescimento no previsão anterior, de US$ 4,7 bilhões,
segundo trimestre. A receita de passageiros, por exemplo, chegou anunciada em dezembro de 2022. A es-
a US$ 862,8 milhões, alta de 19,5% na comparação anual. Já a O crescimento da timativa da Iata é de que 4,35 bilhões de
receita operacional total atingiu US$ 1,1 bilhão, aumento de 8,9% nossa rede, pessoas viajem em 2023, volume que se
na comparação anual. “Acreditamos que 2023 será um ano extre- somado à aproxima dos 4,54 bilhões que voaram
mamente positivo, como já temos visto”, afirmou Gustavo Esusy, disciplina de nossa em 2019, antes da pandemia. A associação
gerente comercial da Avianca para o Brasil. operação no Brasil, prevê ainda que os volumes de carga
O executivo revelou que um dos fatores determinantes para demonstra que a transportada pelas aéreas pelo mundo
o crescimento da Avianca entre abril e junho foi a otimização da transformação de alcancem 57,8 milhões de toneladas du-
eficiência operacional, que levou à redução de custos. A compa- nosso modelo de rante este ano, montante ainda abaixo
nhia atingiu US$ 271,3 milhões de Ebitdar (lucro antes de juros, negócio está das 61,5 milhões de toneladas transpor-
impostos, depreciação, amortização e custos de reestruturação funcionando” tadas em 2019.
ou de arrendamento), superando as projeções de US$ 88,7 mi- Na Avianca as receitas de carga e fide-
GUSTAVO ESUSY
lhões. O lucro líquido foi de US$ 15,4 milhões no período, rever- GERENTE COMERCIAL lidade atingiram US$ 251,9 milhões no
tendo prejuízo de US$ 214,3 milhões na comparação anual, re- DA AVIANCA BRASIL último trimestre. A aérea se diz líder na

36 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO | NICOLAS ECONOMOU / NURPHOTO VIA AFP | CHANDAN KHANNA / AFP
DA AV I A N C A
AO ALTO E
AVANTE
Avianca teve lucro de
US$ 15,4 milhões no
segundo trimestre,
revertendo prejuízo de
US$ 214,3 milhões na
comparação anual.
Empresa ampliou
rota no Brasil no
segmento cargo
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
região em movimentação de carga com mais de 50 destinos
atendidos e uma frota de aeronaves cargueiras Airbus 330, além
da operação nos porões das mais de 100 aeronaves de passagei-
ros da Avianca. No primeiro semestre, a unidade de carga da
Avianca movimentou 21,7 mil toneladas de mercadorias de e
para o País. De olho neste segmento, a empresa expandiu as
operações com a criação de uma quinta rota ao Brasil para o
transporte de produtos. Vitória (ES) irá se juntar a Campinas
(SP), Manaus (AM), São Paulo (SP) e Curitiba (PR). “O Brasil é
um de nossos mercados mais relevantes em termos de impor-
tação e exportação”, afirmou Diogo Elias, vice-presidente de
Desenvolvimento Corporativo da Avianca Cargo.

NA CABINE A empresa relatou um aumento de 70%, para 270

mil, no número de passageiros transportados de e para o Brasil
nos primeiros seis meses de 2023 — foram 14,5 milhões em toda
a operação. Houve também um incremento de 40% nos voos
operados no início do ano (102 mil no total), com mais de 1,7 mil
operações entre as quatro rotas que conectam São Paulo, Rio de
Janeiro, Manaus e Belo Horizonte a Bogotá. “O crescimento de
nossa rede, somado à disciplina de nossa operação no Brasil,
demonstra que a transformação de nosso modelo de negócios
está funcionando e, acima de tudo, está permitindo que mais
pessoas voem de avião”, disse Esusy.

Dinheiro 13/09/2023 37
NEGÓCIOS

PARCERIA Na visão de Fenelon, a formação do Grupo

ESTRATÉGICA Abra vai permitir às companhias negociarem
Gol e Avianca têm
com fornecedores, seja fabricante de aeronaves
maior poder de
negociação com a e de peças, seja fornecedor de sistema. “Quando
criação do Grupo você negocia numa escala é maior, os descontos
Abra, holding que são maiores e, com isso, as aéreas reduzem
controla as duas
custos”, afirmou o ex-diretor da Anac.
companhias aéreas
De acordo com Fenelon, um grupo forte cria
inúmeras possibilidades de as empresas ofere-
cerem voos e rotas diferentes em parceria, com
uma podendo comercializar voo da outra e, às
vezes, compartilhando os custos dos voos. “Esse
movimento de consolidação do setor aéreo é
tende a aumentar, e a formação do Grupo Abra
ESTRATÉGIA Além da reestruturação das frequências de passa- é importante tanto para a Avianca como para a
geiros para o Brasil e da ampliação de rotas em cargo, o plano Gol numa região cada vez mais competitiva,
pós-Chapter 11 traçado pela Avianca envolveu também a simplifi- com novas empresas low cost surgindo”, disse
cação da frota, escolhendo os Airbus A320 e os Boeing 787 Drea- ele. “E as duas têm mais capacidade de enfren-
mliner. A empresa reduziu de 171 aeronaves, em 2019, para 122, em tar estando juntas.” Sem dúvida, um novo rumo
2023, com diminuição de quatro para apenas dois modelos. A com vários destinos para a Avianca e Gol.
Avianca promoveu também a reconfiguração de seus aviões A320
para oferecer 20% mais capacidade, além de tarifas até 25% mais

NA t.me/clubederevistas
competitivas no caso do Brasil. Isso tudo em meio a um ambiente
Entre em nosso grupo no Telegram:
desafiador para a aviação devido a variáveis como o aumento do
preço do combustível (40%), a taxa de câmbio (26,6%) e a inflação
(9,28% em 2022). A companhia pretende chegar a 130 aviões ope-
rando em mais de 200 rotas até 2025. São atualmente 144 para 24
países, número que se aproxima do período pré-Covid, de 167.
CABINE
A mudança do modelo de negócio feita pela Avianca é vista
de forma positiva pelo ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Fundação 1919 No Brasil (2022)
Civil (Anac) Ricardo Fenelon. Segundo ele, o setor é muito com-
petitivo na América Latina, e a empresa aproveitou o Chapter Liderança Colômbia, Equador
11 na pandemia para reduzir os custos e ampliar as receitas. “Ela e América Central
focou menos em conforto e mais num produto muito parecido
com o das companhias low cost, como ter mais assentos por Rotas atendidas 144 Voos
avião, uma [classe] executiva mais enxuta nos voos mais curtos
e mais completa nos voos de longo alcance”, disse o especialista. Voos 187 mil 1,7 mil
Rotas
“E a redução dos modelos de aviões garante menos custo de
Voos semanais 4,2 mil
manutenção. Tudo foi feito no sentido de reduzir custos, aumen-
4Frequência semanal
tar receitas e ficar mais eficiente.”
Gustavo Esusy disse que todos os aportes acionários da
Passageiros 24,6 milhões
Avianca e da Gol na Abra, holding que controla as duas compa-
Frota 120 aeronaves 35
nhias, já foram realizados, o que garantiu o financiamento para Passageiros
sua operação. O grupo tem potencial de receita anual de US$ 7
bilhões e 300 aviões. “O que vem a seguir é cada empresa alcan-
Destinos 71 em 24 países
da América e Europa 269,8 mil
çar seu melhor resultado individualmente e, ao mesmo tempo, Cargo
avançar nas diferentes áreas em que vemos sinergias potenciais”, Cargo 450 mil toneladas 5Paulo,bases (São
afirmou o diretor. Com essa parceria, a Gol e a Avianca já comer-
cializam em seus canais de venda as rotas que as companhias Colaboradores 12 mil Campinas,
Curitiba, Manaus e
operam em conjunto. Vitória)

38 Dinheiro 13/09/2023 FOTO: VANESSA CARVALHO / BRAZIL PHOTO PRESS VIA AFP
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 NEGÓCIOS

OSKLEN
E A FORÇA DA
NATUREZA
MARCA SE DIFERENCIA COM
O DESENVOLVIMENTO DE
TECIDOS E FIBRAS NA BUSCA POR
UMA MODA
Entre em nosso grupo no Telegram: MAIS SUSTENTÁVEL
t.me/clubederevistas
Lara SANT’ANNA

D
esde que foi vendida pela Alpargatas em 2022 e passou
a integrar o Grupo Dass, a Osklen tem resgatado sua
cultura e valores, de acordo com o fundador da marca,
Oskar Metsavaht, e gerado bons resultados, com cres-
cimento de 40% no faturamento acumulado dos últimos
dois anos. A nova fase da empresa garante uma gestão compar-
tilhada do criador com o grupo, e aprofunda a visão da Osklen
de ser uma marca com propósito. Mais do que vender roupas, a
grife se projeta como um laboratório cultural, criativo e de
inovação e sustentabilidade. Desde a primeira peça com uso de
algodão orgânico, em 1998, até a última coleção com couro de
pirarucu, a companhia se fortalece como pioneira em processos
produtivos e insumos, na missão de tornar a moda mais limpa.
“Existe no mundo espaço para uma marca que tenha originali-
dade, que tenha valores culturais que expressem o Brasil, que
tenha standard de qualidade de luxo, e que seja de origem sus-
DA AMAZÔNIA
À INGLATERRA tentável”, disse Metsavaht. A produção da Osklen não é verti-
Bolsa feita com calizada, mas na busca por novas fibras e formas de fabricar suas
couro de pirarucu peças, a empresa passou a ter conhecimento sobre toda a cadeia,
rendeu à marca
o que abriu um horizonte de pesquisa e inovação. “Percebemos
um lugar no
acervo do museu que não existem instituições ou empresas dedicadas a um trade
Victoria & Albert de materiais sustentáveis para indústria da moda, e a gente está

40 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 PERCEBEMOS QUE NÃO EXISTEM EMPRESAS DEDICADAS A
UM TRADE DE MATERIAIS SUSTENTÁVEIS PARA A INDÚSTRIA
DA MODA E ISSO PODE SE TRANSFORMAR EM NEGÓCIO
OSKAR METSAVAHT, FUNDADOR DA OSKLEN

vendo que isso pode se transformar numa grande oportunida-

de de negócio”, disse o executivo
Umas das ações da Osklen nessa jornada sustentável é
encontrar novas matérias-primas para tecido e processos
produtivos que reduzam o consumo de água, a pegada de car-
bono ou o uso de novos materiais, além de impactar positiva-
mente toda a cadeia. Esse trabalho é realizado em conjunto
com o Instituto E, uma Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público (Oscip), também criado por Metsavaht em
2006. Entre as iniciativas, algumas se destacam: as bermudas
feitas com tecido de garrafa pet, chamado de Aquaone. Para a
produção de uma peça, o equivalente a quatro unidades de 500
ml são utilizadas. Entre 2017 e 2022, cerca de 450 mil garrafas
pet de 500 ml foram retiradas do meio ambiente e recicladas
com esse propósito. O solado dos tênis, que são 100% feitos
com materiais sustentáveis, seja com a reutilização de aparas
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
de borracha, resíduos de palha de arroz ou cortiça, ou com látex
da Amazônia e EVA de cana-de-açúcar. A empresa também
possui uma linha de jeans produzidos a partir de algodão reci-
clado, além de peças feitas com juta da Amazônia, uma fibra
vegetal produzida na beira dos rios e que, quando descartada,
se decompõe em menos de um ano.
A mais famosa das inovações, porém, é o couro de pirarucu.
O peixe tem grande importância na subsistência da região
amazônica, mas as escamas não costumavam ser aproveitadas.
Foi então que a empresa viu a oportunidade de usar o couro
na indústria da moda. A iniciativa ajudou na geração de renda
na região, rendeu prêmios, além de fazer a Osklen chegar ao
museu, com uma bolsa com o couro sendo parte do acervo do
museu inglês Victoria & Albert, um dos principais sobre arqui-
tetura, design, moda e fotografia do mundo.
cadeia, inclusive o consumidor, esteja
totalmente engajado, seja com a dimi-
nuição do consumo, ou fazendo-o de
forma mais consciente.
Oskar Metsavaht nasceu predesti-
nado à sustentabilidade. Seu sobrenome,
com origem na Estônia, significa guar-
dião da floresta, e desde pequeno, por
influência da família, ele convive com as
questões ambientais. Com o espírito de
artista, mesmo sendo médico, encontrou
na moda sua forma de expressão. Todas
as iniciativas da Osklen integram o que
AGENTES DE o executivo acredita ser o futuro da moda
MUDANÇAS e o “novo luxo”, tendo como base a eco-
Estímulo ao uso de nomia verde. Com essa visão, o Brasil,
itens sustentáveis
com todos seus recursos e cultura, se
deve partir das
empresas, mas torna local ideal para protagonizar essa
todos os elos da transformação. Segundo ele, 96% dos
cadeia (inclusive o fornecedores da empresa são nacionais
consumidor)
e toda a cadeia de fornecimento da Osk-
precisam
acompanhar a len emprega mais de 11 mil pessoas de
tendência forma indireta. “Acredito que o Brasil
pode ser o grande protagonista da eco-
nomia verde do século XXI”, disse.

TRANSFORMAÇÃO Apesar dos muitos anos na jornada

sustentável, Metsavaht entende que existe um tempo para a
transição na economia e que a pressa e a cobrança colocadas
nas empresas para realizar as mudanças nem sempre são be-
néficas. “Temos que ser tolerantes e estimular as que sejam
transparentes, que estejam transformando”, disse ele. “Porque
se a sociedade não colaborar, você fica quieto e mantém o
status quo do desenvolvimento econômico de hoje em dia”.
Em sua jornada ambientalista, o empresário vê as empre-
sas como grandes agentes de mudança e entende que a trans-
formação sustentável só vai acontecer uma vez que toda a

Dinheiro 13/09/2023 41
NEGÓCIOS

Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas

UMA VISÃO DIFERENTE PAR

D
Gigante da indústria de óculos de sol, e um lado está a tradição, ancorada em marcas cente-
nárias como Essilor (de 1849), Salmoiraghi & Viganò
armações e lentes de contato, (1865), Persol (1917), Ray-Ban (1937), Luxottica (1961),
GrandVision (1891) e mais recentemente Giorgio Fedon
EssilorLuxottica expande as & Figli SpA (1919). Do outro está a modernidade, com
um modelo de negócio contemporâneo e produtos arrojados,
marcas Ray-Ban e Oakley no cheios de tecnologia. A união de história, experiência, know-how
e inovação é a fórmula de crescimento da companhia EssilorLu-
Brasil. Faturamento global é xottica – criada em 2018 a partir da união da francesa Essilor e da
italiana Luxottica. Líder global em desing, manufatura e distri-
de 24,5 bilhões de euros buição de lentes oftalmológicas, armações e óculos de sol, a em-
presa registrou faturamento de 24,5 bilhões de euros em 2022,
Beto SILVA 23% maior do que do ano anterior, na casa dos 19,8 bilhões de

42 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 ESTRATÉGIA
Abertura de lojas
Oakley e Ray-Ban, uma

Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas ao lado da outra nos

shoppings, tem sido
aprovada pelos
clientes e surtido
resultados financeiros

ARA O BRASIL Brasil é um desafio

e ao mesmo tempo
uma grande
oportunidade para
euros, e 70% superior ao de 2020, na ordem de 14,4 bilhões, quan-
a companhia, pois
do o grupo viu as vendas despencarem por causa da pandemia que
observamos que
ocasionou o fechamento de lojas no mundo inteiro. Agora os
ainda há muito
tempos são outros e a visão da multinacional está mais clara. O
espaço para crescer”
desempenho deste ano tem sido ainda melhor que o do ano pas-
sado. No primeiro semestre de 2023 foram 12,8 bilhões de euros, GUILHERME
ante 11,9 bilhões do mesmo período de 2022. Na América Latina, WADOUSKI
DIRETOR DE LOJAS
onde o Brasil é o mercado mais representativo, a receita de janei- PRÓPRIAS DA
ro a junho deste ano foi de 727 milhões de euros, aumento de 11,8% ESSILORLUXOTTICA
em relação ao mesmo intervalo anterior.
Para avançar ainda mais na região e no País, a EssilorLuxot-
tica coloca em prática um plano de expansão com modelo de
negócio diferenciado. A previsão é de abrir no Brasil, até o fim do

Dinheiro 13/09/2023 43
NEGÓCIOS
ano, nove lojas das marcas Ray-Ban e Oak-
ley, duas das cinco marcas do grupo pre-
sentes em território nacional, além das
Sunglass Hut, Grand Vision e Óticas Carol
— são 150 marcas no portfólio mundial da
companhia. As novas unidades representam
um aumento de 25% do grupo, que visa
encerrar 2023 com 15 lojas Ray-Ban e 25
Oakley. A meta é dobrar a rede em dois
anos. As aberturas se concentram majori-
tariamente em São Paulo, mas também
estarão presentes em praças do Centro-
-Oeste e do Nordeste. O planejamento
começou a sair do papel dia 31 de agosto,
com a inauguração de duas lojas, uma da
Oakley e outra da Ray-Ban, no Shopping
Eldorado, na zona oeste da capital paulista.
“A operação do Brasil é um desafio e ao
mesmo tempo uma grande oportunidade
para a companhia, pois observamos que
ainda há muito espaço para crescer”, disse
Guilherme Wadouski, diretor de lojas pró-
prias da EssilorLuxottica no Brasil.
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
O executivo que está há pouco mais
de dois anos na posição carrega em sua
bagagem passagens por Aramis, Calvin
Klein, Loungerie e Renner. Sua missão
na companhia ítalo-francesa é atuar na
integração das bandeiras, em alinhamen-
to com o movimento global da organiza-
ção. Obviamente, com rentabilidade. A
abertura das lojas da Ray-Ban e da Oakley
uma ao lado da outra no shopping de São
Paulo é um exemplo. A estratégia gera
resultados. A negociação com os shop-
pings pelos espaços é facilitada e, assim,
consegue balancear o custo ao consumi-
dor, fazendo uma precificação dos produ-
tos mais adequada e melhor administra-
ção de descontos. A gestão de pessoal
também é maximizada. Um gerente cui-
da das duas lojas. E apesar das marcas
serem consideradas concorrentes, Wa-
douski aponta que os públicos-alvo são
complementares. “Ray-Ban que tem his-
tória, cultura, o lado vintage desde o mo-
delo Aviador da década de 1930, e Oakley
com sua característica life style em outros
casos de uso, inclusive de esportes de alta
performance como o ciclismo”, disse. São
44 Dinheiro 13/09/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO
FOCO NA 1.032 SKUs em exposição por loja da Oakley — incluindo pro-
AMPLIAÇÃO dutos de vestuário — e 300 em cada unidade da Ray-Ban.
Uma das maiores
redes do País,
adquirida pelo OPERAÇÃO COMPLETA Além das vendas diretas, as lojas
grupo em 2017, a próprias têm a função de fortalecer a imagem das marcas. As
Óticas Carol deve novas ópticas melhoraram a experiência do consumidor e os co-
fechar o ano com
necta à história e valores das bandeiras. E o trabalho para atender
1,5 mil unidades
e favorecer as revendedoras multimarcas também é importante.
As marcas estão presentes na maior parte das 25 mil óticas do País.
Para atender a essa cadeia de vendas, a empresa possui a rede
completa de design, fabricação, distribuição e vendas totalmente
nacional. O Brasil é um dos poucos países do mundo que possuem
essas quatro linhas internas. Em julho de 2021 a companhia deu
um passo importante na operação brasileira ao investir em um
centro de distribuição próprio, na cidade de Sumaré (SP), onde
também está a fábrica. Antes era um espaço alugado, com um
prestador logístico local. O investimento possibilitou ter autono-
mia nos processos e avançar em um sistema de armazenagem.
No quesito marketing, a EssilorLuxottica tem apostado em
campanhas com influenciadores. Em Ray-Ban, nomes como
12,8
Marcos Mion, Giovanna Ewbank e Mano Brown estão entre as
estrelas principais. O squad conta ainda com o ator João Gui-
lherme, os cantores Urias e Thiago Pantaleão e os influenciado-
res Léo Picon e Julia Rodrigues. Já a Oakley tem entre seus
embaixadores o produtor artístico KondZilla e Igão e Mítico, do
BILHÕES DE Podpah, um dos podcasts com maior audiência do País.
EUROS FOI A
RECEITA
GLOBAL DA ÓTICAS E a Óticas Carol? Uma das maiores redes do territó-
EMPRESA rio nacional, adquirida pelo grupo em 2017, vai bem. São 1.450
NO PRIMEIRO unidades e deve chegar a 1,5 mil até o fim do ano. E algumas
SEMESTRE, delas com um novo conceito de smart shop, uma vitrine digital
MANTENDO em que o cliente consegue dentro da loja física fazer pedidos
RITMO DE de modelos que não estão em exposição. É um projeto piloto
CRESCIMENTO que vai expandir para outras marcas se a avaliação for positiva.
Essa é a visão da EssilorLuxottica para o Brasil, que tem refle-
tido em alguns bilhões de dólares em receita.
 DiretodeWall Street

SOFT LANDING
Q
uantas vezes você já escutou a frase “desta vez vai caminho. Essa lição, bastante dura, segue muito clara
ser diferente”? Buscamos racionalizar qualquer na cabeça dos banqueiros centrais americanos de hoje. NORBERTO
ZAIET
distúrbio no status quo colocando-o no contexto O FED atual segue os passos de Volcker. Sua missão É ECONOMISTA,
presente e evidenciando condições de contorno atuais mais relevante é o combate à inflação em uma economia EX-CEO DO
que tornam o problema diferente dos mesmos tipos aquecida pelos estímulos fiscais desde a pandemia. BANCO PINE E
de problema que já foram enfrentados no passado. Nos Sim, a situação é diferente da enfrentada no final dos FUNDADOR DA
PICEA VALUE
dias de hoje, em que ser disruptivo parece ser condição anos 70, mas o remédio é o mesmo e, por consequência, INVESTORS,
necessária para a sobrevivência, estamos anestesiados os efeitos colaterais também. EM NOVA YORK
em pensar que é natural que o que nunca aconteceu Os economistas voltam a falar em soft landing por-
antes vai acontecer agora. que os efeitos do aperto monetário aplicado pelo FED
O tão almejado pouso suave da economia, o soft ainda não foram sentidos. O desemprego segue em pa-
landing que os economistas tanto discutem, é algo tamares historicamente baixos, as vendas no varejo
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
que nunca foi alcançado antes na seguem robustas e há projeções
história. Todas as vezes em que indicando que o PIB americano está
uma economia enfrentou uma Como a classe política crescendo muito além do PIB po-
guerra contra a inflação usando é incontrolável em tencial. Os mercados começaram a
como arma e munição a política qualquer país, acreditar que desta vez vai ser dife-
monetária, ou seja, juros altos e o trabalho sujo fica rente. Se Nixon estivesse vivo, diria
redução de liquidez, o resultado na mão da política que estamos enfrentando o maior
subsequente é uma recessão. teste da nossa habilidade em com-
monetária sem qualquer
O exemplo mais recente aqui bater a inflação sem causar desem-
nos Estados Unidos foi o combate
ajuda do lado fiscal prego e, a seu estilo, diria que esta-
à inflação entre as décadas de 1970 mos passando com nota 10.
e 1980. Em fevereiro de 1971, em uma prestação de Os ciclos econômicos são muito claros. Eles fun-
contas ao Congresso americano, Richard Nixon escre- cionam como pêndulos. Afrouxamentos monetário e
veu: “Estamos enfrentando o maior teste econômico fiscal, como os que tivemos durante a pandemia, causam
do pós-guerra. É um teste da nossa habilidade em inflação que é combatida com apertos monetário e,
eliminar a inflação sem colocar a nossa economia de idealmente, fiscal. Como a classe política é incontro-
mercado na estagflação do desemprego”. Em 1971 a lável em qualquer país, o trabalho sujo fica na mão da
inflação americana estava na casa dos 5,5%, e Nixon política monetária sem qualquer ajuda do lado fiscal.
buscava, em seu estilo rebuscado na escrita, o soft Apertos monetários rápidos e agressivos, como os re-
landing. Como sabemos, Nixon falhou. centes, causam recessão e quebram coisas pelo caminho.
Políticas gradualistas de combate à inflação acabam É inevitável. Para consertar o estrago, o FED afrouxa
dando o resultado inverso ao desejado. Essa foi a lição a política monetária e baixa juros, e começa tudo de
dos anos 70, e somente quando Paul Volcker assumiu o novo. O sistema é imperfeito, mas é o melhor conside-
comando do FED, em 1979, o jogo começou a virar. rando-se as alternativas.
Volcker levou a taxa de juros americana a 12%, e a man- Ah, mas a geração atual é especial e disruptiva e
teve em patamares elevados por vários anos causando desta vez vai, de fato, ser diferente. Em seu tempo,
uma forte recessão e quebrando bastante coisa pelo Nixon achava o mesmo. Tomara.

Dinheiro 13/09/2023 45
NEGÓCIOS

IDEA!ZARVOS
INOVA
Com novo conceito no ramo de imóveis,
incorporadora expõe em galeria nos Jardins
projetos de empreendimentos, além de
criar formato exclusivo de vendas

Entre em nossoAngelo
grupo
NO ESTANDE
no Telegram: t.me/clubederevistas
VEROTTI

C
om quase 20 anos de atuação no mercado de alto luxo da constru-
ção civil paulista, a incorporadora Idea!Zarvos inovou a maneira REFLEXO DA
PANDEMIA
de fazer negócio. A empresa fundada em 2004 por Otavio Zarvos
Sócio-fundador
inaugurou uma galeria nos Jardins onde potenciais clientes têm Otavio Zarvos
a oportunidade de contemplar exposições e, simultaneamente, afirma que o
visitar os estandes dos empreendimentos de alto padrão que VGV triplicou
desde 2019
compõem o seu portfólio. Além disso, criou uma parceria com
quatro imobiliárias boutiques, especializadas no segmento, para
comercializar os seus produtos, com Valor Geral de Vendas (VGV)
de RS 1,3 bilhão e previsão de vendas de R$ 650 milhões este ano.
“E tem um VGV de mais ou menos R$ 2,3 bilhões de imóveis co-
merciais que a gente produz e aluga”, afirmou o empresário.
“Triplicamos nosso VGV desde 2019, impulsionados pelo cresci-
mento dos negócios na pandemia.”
O projeto da galeria foi pensado, segundo Zarvos, para que o
público possa experimentar uma imersão na história da incorpo-
radora por meio de fotos e maquetes, além da forma original de
apresentar os lançamentos. No local também são realizadas pa-
lestras e debates sobre temas de arquitetura e cidade. “O nosso
posicionamento de produto é nichado, com imóveis de arquite-
tura autoral”, disse ele. “Somos uma empresa que está construin-
do uma marca no segmento e, para isso, achamos importante ter
uma comunicação institucional forte, para podermos carimbar
os nossos prédios, ter uma sinergia na parte de visibilidade.”

46 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO


Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
O investimento no espaço de 4 mil m² nos Jardins foi de R$ 12
milhões. Na opinião do fundador, a galeria unifica planejamento,
transporte e materiais dos lançamentos, o que “garante maior
produtividade em comparação à construção de um estande para
cada empreendimento, além de custos menores com operação e
atendimento”. Os seis empreendimentos em destaque são o Tuca,
com 70 unidades e VGV de R$ 83 milhões, em Perdizes; Iperó 111
(145 imóveis e R$ 189 milhões), na Vila Madalena; Damata (193 e
R$ 500 milhões), no Itaim; Terra Céu (112 e R$ 202 milhões) e
Oscar 2525 (181 e R$ 255 milhões), em Pinheiros; e Melo Alves
121 (45 e R$ 120 milhões), nos Jardins. “Existem apartamentos
que custam até R$ 28 milhões”, disse Zarvos, ao destacar que os
produtos serão os únicos lançados este ano. “E no ano que vem
devem ocorrer três [lançamentos] residenciais.” O volume de
comerciais não está definido. A empresa diz ter R$ 3 bilhões de
VGV em landbank para lançamentos nos próximos dois anos.
O portfólio da companhia na capital revela outros empre-
endimentos em negociação. São os casos, por exemplo, do
Capote 210, com 46 unidades e VGV de R$ 341 milhões, no
Jardim Paulista, e do Floresta, com 162 imóveis e R$ 124 milhões
de VGV, no Vila Ipojuca. No geral, os projetos de alto luxo da
incorporadora têm preços entre R$ 21 mil e R$ 50 mil o metro
quadrado e estão situados em bairros mais privilegiados, como
Pinheiros, Jardins, Itaim e Vila Madalena. “Temos na empresa
IMÓVEIS Galeria Idea!Zarvos reúne projetos
dos empreendimentos, além de ser palco
E ARTE de palestras e exposições nos Jardins
hoje três empreendimentos que estão numa faixa de R$ 12 mil
a R$ 14 mil o m² porque são mais antigos e nos adequamos ao
programa HMP [Habitação de Mercado Popular], uma faixa
que oferece benefícios urbanísticos em troca de você vender
para um público que ganha até dez salários mínimos.”
BOUTIQUE Com o objetivo de fortalecer os negócios a
Idea!Zarvos fechou uma parceria exclusiva com quatro imobi-
liárias especializadas no mercado de alto luxo paulista. A incor-
poradora identificou uma oportunidade de agregar parceiros
com a mesma sinergia. Com isso, Agulha no Celeiro, Axpe,
Graziella dos Imóveis e Jardins & Co. assumiram a gestão de
vendas dos empreendimentos. “Nos últimos três anos, nossa
produção aumentou exponencialmente de forma que sentimos
a necessidade de capilarizar as vendas e trazer parceiros com-
petentes e com atuação engajada para ativar o relacionamento
com os possíveis clientes”, afirmou o empresário. “São imobili-
árias pequenas, boutiques de São Paulo, que têm feito ótimo
trabalho e achamos que é um aprendizado para ambos os lados.”
Segundo Zarvos, historicamente metade da produção da
companhia é direcionada para venda como residencial e metade
para aluguel como comercial. “Hoje em dia, estamos construindo
uma parte do residencial para aluguel, então essa divisão cresceu”,
afirmou. “Disponibilizamos apartamentos que já vêm mobiliados.
Trabalhamos com isso há mais ou menos dois anos e, agora, esta-
mos produzindo uns 150 apartamentos para esse fim.” A incorpo-
radora tem 14 obras em andamento em São Paulo entre residen-
ciais e comerciais e mostra que arte e construção andam lado a
lado no mercado imobiliário paulista.
Dinheiro 13/09/2023 47
NEGÓCIOS

BOURBON
QUER MAIS
FAMÍLIA
Conhecida pelo foco no setor
corporativo e de eventos, rede
hoteleira investe R$ 51 milhões
em Entre
estruturaem nosso
voltada ao grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
público de lazer
Lara SANT’ANNA

econhecida no mercado pela estrutura para realização ESPACO PARA ganhará novo espaço da Turma da Mônica com

R de eventos e atividades corporativas, os endereços da

rede Bourbon estão se reinventando. Com mais via-
jantes de lazer nos empreendimentos, o grupo viu
oportunidade de equilibrar um pouco mais as fontes de recei-
ta. Se antes da pandemia, eventos eram responsáveis por 65%
MAIS LAZER
Investimentos da
Rede Bourbon nos
resorts tem como
foco as piscina
como área de lazer
da demanda dos resorts, como o Bourbon Cataratas do Iguaçu
Thermas Eco Resort, no Paraná, e Bourbon Atibaia Resort, no
interior de São Paulo, hoje esse percentual fica próximo dos
55%. Com mais famílias buscando os empreendimentos, a
rede irá investir R$ 51 milhões na melhoria da estrutura de
lazer. “A gente percebeu que tinha um potencial maior neste
segmento de lazer”, disse Edilson Aparecido Rodrigues, dire-
tor financeiro da empresa.
Desse montante, R$ 24 milhões (47%) serão investidos
no Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort. O
empreendimento ganhará novo parque de piscinas, chamado
de dream pool, que será integrado com o espaço de mata
preservada, inclusive com águas termais. Além disso, o resort
400 m2. A empresa tem parceria de mais de 15
anos com a Maurício de Souza. Também há
ampliação do bar do lobby, e um novo bar para
a piscina. Esses espaços ficam prontos ainda
em setembro. Já o complexo aquático tem pre-
visão de sete meses de obra e o início está con-
dicionado ao momento de baixa temporada no
turismo. “É um complemento para nossa es-
trutura com esse foco de aumentar a capacida-
de de atendimento para o segmento de lazer,
com atenção para as famílias”, disse Rodrigues.
Os outros R$ 27 milhões (53%) serão in-
vestidos no Bourbon Atibaia Resort. Esse é um
dos principais produtos da rede e, de acordo
com Rodrigues, a demanda de lazer muitas
vezes é mais alta que a capacidade dos equipa-
mentos, o que motivou as novidades. “Às vezes
a gente tem disponibilidade de quarto, mas a

48 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 Às vezes a gente tem
disponibilidade de
quarto, mas a gente
limita por pessoa para
não ter desconforto
tanto nos restaurantes
como na área de lazer”
EDILSON APARECIDO
RODRIGUES
DIRETOR FINANCEIRO
DO BOURBON

Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas

gente limita por pessoa para não ter desconforto tanto nos
restaurantes como na área de lazer”, disse. Em julho, foi
inaugurado o Acqua Kids, miniparque aquático para crian-
Essas unidades são menores e tiveram
uma recuperação pós-pandemia mais
lenta. Mas isso não impede a expansão. A
rede pretende explorar o mapa além das
fronteiras sul-americanas. O país não foi
especificado, mas leva em consideração a
popularidade com o público brasileiro e
a própria comunidade nacional no local,
o que restringe a localizações a apostas

ças. Ano que vem será feito o Bourbon Beach, que consiste
em um conjunto de piscinas com praia artificial e ondas.
Segundo Mariana Aldrigui, especialista em turismo e
professora da USP, a estratégia da rede é acertada e vai ao
encontro de tendências no setor. Com o preço das passagens
aéreas, principalmente internacionais, elevado, o turismo
doméstico cresce, em especial o de curta distância, que
podem ser realizadas sem a necessidade de comprar pas-
sagens aéreas. Além disso, o aquecimento da economia
motiva mais eventos corporativos. Então, empreendimen-
tos como o de Atibaia saem fortalecidos, uma vez que
“atendem ao corporativo durante a semana e às famílias
no final de semana”, disse Mariana.
INTERNACIONALIZAÇÃO Dos 24 hotéis do grupo, três
estão no exterior. Um na Argentina e dois no Paraguai.
45%
como a Flórida, no sul dos Estados Unidos,
e Portugal, lugares em que há forte pre-
sença de brasileiros.
“Estamos tendo o cuidado de buscar
locais onde teremos maior facilidade de
mostrar nossa marca”, disse Rodrigues. “E DEMANDA
também pensar um pouco em hotéis atre- MÉDIA DO
lados à experiência”, o que considera gas- PÚBLICO DE
tronomia e serviços, em uma tentativa de LAZER NOS
diferenciação como a oferecida por grandes RESORTS DA
e onipresentes redes internacionais mun- REDE BOURBON
EM ATIBAIA
do afora. No plano de expansão, o Bourbon
(SP) E FOZ DO
também considera novas aberturas no IGUAÇU (PR)
Brasil. A previsão é que entre 2024 e 2025
chegue a aproximadamente 30 unidades
operando mundialmente.

Dinheiro 13/09/2023 49
Dinheiroembits POR VICTORIA RIBEIRO E EDSON ROSSI

OPERA: DEZ Browser lançado em 1995,

três anos antes do Google,
vive seu melhor momento com
TRIMESTRES SEGUIDOS receitas ano a ano crescentes e
sempre acima de dois dígitos,
DE CRESCIMENTO ALTO e os lucros seguindo a vibe

RECEITA TRI-BACANA LUCRO TRI-LEGAL % sobre

Volume (US$ milhões) Volume (US$ milhões) tri anterior

100 1tri/20 -20,8 -

90 2tri/20 17,1 -
80 3tri/20 154,4 -
70 4tri/20 28,5 -
1tri/21 0,6 3.566,7
60
2tri/21 44,3 159,1
50
3tri/21 23,5 (-84,8)
40
4tri/21 -84,2 (-395,4)
30
1tri/22 -9,4 (-1.666,7)
20 Variação sobre tri anterior (%) 2tri/22 -5,8 (-113,1)
Entre
- - em
10 - - 28,nosso
4 86,9 57,1 44,3grupo no
38,7 29,2 28,1 32,6 21,5 Telegram:
21,0 t.me/clubederevistas 3tri/22 9,4 (-60,0)
0 4tri/22 20,5 118,6
1tri/20 3tri/20 1tri/21 3tri/21 1tri/22 3tri/22 1tri/23 1tri/23 15,5 264,9
2tri/20 4tri/20 2tri/21 4tri/21 2tri/22 4tri/22 2tri/23 2tri/23 13,5 332,8

57% Davêmreceita total

de publicidade

316 milhões Usuários

ativos mensais

“LANÇAMOS UMA GERAÇÃO

INTEIRAMENTE NOVA DE NOSSO
PRINCIPAL NAVEGADOR PARA DESKTOP,
O OPERA ONE, E APRESENTAMOS O
ARIA, NOSSO BOT COM IA”
LIN SONG, COCEO

50 Dinheiro 13/09/2023 INFOGRÁFICO: FABIO X | FOTOS: ANDREA PIACQUADIO/PIXELS | UNSPLASH | PEXELS

BMW E AMAZON:
RECEITA PARA
DIREÇÃO AUTÔNOMA
Na terça-feira (5), a BMW anunciou que
usará tecnologia de nuvem da Amazon
para construir seus recursos de direção
autônoma. O sistema avançado de
assistência ao motorista de próxima
geração da montadora alemã, ou Adas,
fará parte de sua linha Neue Klasse
de carros elétricos e deve ser lançada
em 2025. O Adas, sistema de software
que pode oferecer assistência aos
motoristas em ações como mudança
de faixa ou estacionamento,
exige grandes quantidades de
processamento de dados, pois o
software depende de conjuntos
de hardware, incluindo câmeras e
semicondutores. Os processos de
inteligência artificial são fundamentais.
O anúncio da fabricante alemã ocorre
no momento em que as montadoras
tradicionais buscam impulsionar a
tecnologia em seus carros para
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
competir com a Tesla, que já possui um
modelo equivalente chamado Autopilot.
CHINA: FUNDO
PARA CHIPS
A China planeja lançar
um fundo estatal de cerca
de US$ 40 bilhões para
impulsionar sua indústria de
chips. O governo tem como
meta alcançar a independência
na produção dos dispositivos
e de semicondutores menores
e mais rápidos, necessários
para a produção de
computadores, smartphones,
eletrodomésticos e outras
tecnologias. Ainda não há
detalhes sobre quando a
iniciativa será lançada.
ÁUDIO E VÍDEOS:
NOVAS APOSTAS
DE MUSK
Em meio ao consumo cada vez
mais intenso de conteúdos em
vídeo, a plataforma X, antigo
Twitter, planeja lançar chamadas
de vídeo e áudio enquanto o
proprietário Elon Musk corre
para construir um “aplicativo
com tudo” para se manter à
frente da concorrência, em
especial da rede social Threads,
de propriedade da Meta
Platforms. Os usuários não
precisarão de um número de
telefone para os recursos que
estarão disponíveis no iOS da
Apple, no Android do Google e
nos computadores pessoais,
disse Musk em postagem.

“EM ALGUM LUGAR, ALGUMA COISA INCRÍVEL

ESTÁ ESPERANDO PARA SER DESCOBERTA”
CARL SAGAN (1934-1996), CIENTISTA AMERICANO

GOOGLE: MARCA D’AGUA CONTRA

DESINFORMAÇÃO
O Google está testando uma marca d’água digital para detectar imagens feitas
por inteligência artificial em uma tentativa de combater a desinformação.
Desenvolvido pela DeepMind, braço de IA do Google, o SynthID vai identificar
imagens geradas por máquinas. Ele funciona incorporando alterações em
pixels individuais nas imagens, de modo que as marcas d'água sejam invisíveis
ao olho humano, mas detectáveis pelos computadores. A Microsoft e a
Amazon estão entre as grandes empresas de tecnologia que, como o Google,
se comprometeram a colocar marcas d’água em alguns conteúdos gerados por
IA. Além das imagens, a Meta publicou artigo de pesquisa para seu gerador de
vídeo Make-A-Video, que afirma que marcas d'água serão adicionadas aos
vídeos gerados para garantir a transparência em trabalhos gerados por IA.

Dinheiro 13/09/2023 51
TECNOLOGIA

CHINA E COREIA
DEMORARAM CERCA DE
DOIS ANOS PARA TER
BASE DE 20% DE
USUÁRIOS DA
TECNOLOGIA DE QUINTA
GERAÇÃO. BRASIL SEGUE
O CAMINHO E JÁ
CONSEGUIU 11% EM
APENAS UM ANO

HUAWEI
ACELERA
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas

O 5G Victória RIBEIRO

ocê acorda, aciona a Alexa e possibilitado pela tecnologia 5G – parecia distante. No caso do

V
pede para que as cortinas do
seu quarto sejam abertas. Em
seguida, a assistente virtual
coloca uma playlist de músi-
cas para embalar as tarefas matutinas
que antecedem sua saída de casa. Junto
disso, sua cafeteira automaticamente
prepara o café, enquanto uma série de
notificações e lembretes tomam a tela do
seu celular que, posteriormente, é usado
para chamar o Uber que o levará até o
trabalho. Há um tempo, esse cenário – só
Brasil, foi até mesmo colocado em xeque por causa de conflitos
políticos e ideológicos. Agora, completando um ano desde que
sua chegada foi permitida no País, a tecnologia de quinta gera-
ção tem vivido uma expansão rápida. É o que afirma Carlos
Roseiro, diretor de soluções da Huawei, líder global no desen-
volvimento da tecnologia 5G na América Latina. Pelo crono-
grama da Anatel, a tecnologia deveria estar disponível apenas
nas 27 capitais estaduais e distrital, porém, já é uma realidade
em 462 cidades, segundo dados disponibilizados pela própria
agência. Ao todo, são 14.944 estações licenciadas na faixa de
3,5 GHz. “China e Coreia, países que investiram muito nessa
tecnologia, demoraram cerca de dois anos para atingir uma

52 Dinheiro 13/09/2023 FOTO: RAXPIXEL.COM/FREEPIK

 Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
base de 20% de usuários. No caso do Brasil, estamos na faixa
dos 11% apenas em um ano”, afirmou Roseiro.
Além do investimento em marketing pelas operadoras,
Roseiro associa a boa performance do 5G no Brasil às últimas
atualizações no valor de aquisição de smartphones pelas
varejistas. “Um dos fatores importantes para o início da mas-
sificação é que os aparelhos fossem vendidos abaixo da refe-
rência de 300 dólares [R$ 1,5 mil]”, disse Roseiro. Essa queda
no preço foi percebida com maior intensidade no primeiro
semestre deste ano. “No terceiro trimestre do ano passado,
7% dos aparelhos vendidos no Brasil estavam abaixo de R$
1,5 mil. Hoje, cerca de 50% dos aparelhos estão abaixo desse
valor.” Apesar dos bons resultados compartilhados pelo di-
retor dae soluções da Huawei no Brasil,
dados divulgados pela Anatel apontam
que há um grande caminho pela frente.
Enquanto o 5G representa 7,31% das
estações espalhadas pelo País, o 4G li-
dera (37,67% das estações), seguida pela
terceira geração (31,40%) e as da segun-
da geração (23,61%).
Roseiro diz que um dos grandes de-
safios frente à ampliação do 5G é a aces-
sibilidade, tanto para os que consomem
quanto para os que realizam a venda.
Independentemente da quantidade de
Dinheiro 13/09/2023 53
 TECNOLOGIA

antenas de 5G, é preciso que as pessoas
tenham aparelhos compatíveis com a
tecnologia. E aí entra em cena um clás-
sico agravante da economia nacional. “A
questão dos impostos é sempre perti-
nente. Afinal, as taxas cobradas sobre a
tecnologia costumam ser altas.” Como
ressalta Roseiro, isso é um impacto tan-
to para consumidores quanto para os
varejistas. Além da variedade de produ-
tos, escolha de aparelhos e a dinâmica
concorrencial, o desafio também está
atrelado à mudança de hábitos de con-
sumo e ao surgimento de novos tipos de
Investir em serviços. “Algo interessante é o que a
tecnologias gente chama de ecossistema, que é a
recentes, como as existência de aplicativos e serviços novos
de quinta geração, é que levam as pessoas a usá-los cada vez
o mesmo que mais”, afirmou. Na era TikTok e do mer-
investir em cado de influência, os serviços de vídeo
transformação em alta resolução são considerados pelo
digital” diretor da Huawei como a principal mu-
CARLOS ROSEIRO dança de comportamento digital com
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
DIRETOR HUAWEI BRASIL impacto na realidade 5G. “A gente ob-
serva que mesmo nas redes sociais, 70% do tráfego é vídeo.”
E aí vai imperar a qualidade da experiência. “Com a tecnolo-
gia de quinta geração, é muito melhor”, afirmou.
Entre os avanços e os desafios, na opinião de Roseiro, o
investimento em tecnologias recentes para redes móveis e
banda larga – como é o caso do 5G – é sinônimo de transfor-
mação digital. Mencionando o setor empresarial, ele afirma
que uma grande sacada é a utilização do 5G no âmbito priva-
do. “Estamos falando do uso além das redes públicas. São
empresas colocando as redes 5G para o uso delas mesmas,
gerando melhoras na eficiência.” Nessa perspectiva, o diretor
nos encaminha diretamente para os galpões da Amazon, que
recentemente anunciou seus robôs autônomos. “O 5G pode
colaborar com a logística desses armazéns, através de robôs
que transportam mercadorias de ponto a ponto e exigem um
tempo de resposta muito baixo”, afirmou o diretor.
Partindo para a manufatura nas indústrias, Roseiro nos
leva a imaginar o seguinte cenário: uma série de produtos
saindo de linha de montagem e sendo verificados manual-
mente, um a um, por uma pessoa. A cena nos encaminha para
o óbvio: a questão do tempo. “Agora, imagine esses produtos
sendo analisados em tempo real por uma câmera que, através
do algoritmo de inteligência artificial, verifica se existe um
defeito ou não.” É desse mundo que se trata o 5G.

5.5G SERÁ 10X MAIS RÁPIDO QUE 5G

Apesar de ser considerada uma tecnologia
nova, lançada globalmente há quatro anos
e no Brasil há apenas um ano, o 5G deve
ganhar uma atualização em breve. Com
um investimento de 25% de seu fatura-
mento em Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D), somando, nos últimos dez anos,
mais de US$ 132 bilhões, a gigante chinesa
Huawei divulgou que pretende impulsionar
inovações rumo ao 5.5G. Segundo Carlos
Roseiro, diretor de soluções da companhia
no Brasil, o 5.5G será dez vezes mais veloz
que o 5G, atingindo até 10Gbps.
Com lançamento previsto para 2024
ou 2025, Roseiro afirma que ainda é cedo
para revelar os impactos que o salto
tecnológico poderá proporcionar. Porém,
espera-se que o campo da internet das
coisas (IoT) seja uma das impactadas
pela atualização. “Vamos ser capazes de
identificar objetos pela sua forma. Uma
espécie de sonar”, afirmou Roseiro. Diva-
gando sobre possibilidades, ele afirmou
que as operadoras poderão expandir os
serviços oferecidos. Além da comunicação
e telecomunicação, também será possível
dispor de serviços de natureza sensorial.
“Conseguiremos detectar intrusos em
um determinado perímetro se configu-
rarmos a rede. Ou até mesmo detectar
um acidente na estrada. Tudo sob uma
perspectiva sonar.”
Em uma era onde 82% do conteúdo
consumido se dá por vídeo, de acordo
com levantamento de 2022, da Cisco, as
possibilidades sensoriais que giram em
torno da atualização devem aprofundar
ainda mais a relação com os produtos
que oferecem experiências visuais.
“Vídeos imersivos e games cada vez mais
interativos e realistas representam nossa
principal expectativa para os consumido-
res finais”, disse Roseiro.
Comum em roteiros de ficção, a ima-
gem tridimensional pode vir a se tornar
realidade e sair, literalmente, das telas. O
executivo da Huawei diz que o salto tec-
nológico levará ao conceito de holograma
em vídeo. “É possível que até o final da
década nós tenhamos um serviço desse
tipo”, disse. Enquanto o 5.5G vem sendo
desenvolvido e a data para sua chegada
no Brasil ainda não é prevista, a Huawei
tem como foco principal levar a tecnolo-
gia 5G para as operadoras e ampliar sua
cobertura. “Nossa preocupação, nesse
momento, é proporcionar tecnologias
cada vez melhores para que as operadoras
possam oferecer um sinal de 5G mais
abrangente e com ae melhor experiência”.

54 Dinheiro 13/09/2023
 Caminhosdainovação

LIDERANÇA, APRENDIZADO E IA:

SUPERANDO O EFEITO DUNNING-KRUGER
O
valor gerado pelas organizações depende em larga liderança pode dar o exemplo compartilhando sua pró-
medida do seu estoque de conhecimento, que pria jornada de aquisição de conhecimento e incenti- LUÍS GUEDES
PROFESSOR
normalmente está disperso na força de trabalho e vando decisões que considerem um conjunto amplo de DA FIA BUSINESS
declarado nos processos organizacionais e nos sistemas variáveis e que pondere as consequências sobre todas SCHOOL
de gestão. As organizações reconhecem e remuneram as partes interessadas. Adiar o julgamento e tomar de-
melhor os profissionais com mais experiência, na ex- cisões melhor informadas é estratégico em um mundo
pectativa que conduzam suas atribuições tomando que tem pressa para tudo.
decisões equilibradas, habilitadas por dados, livres de Tive a honra de orientar e participar de mais de uma
vieses e assentadas sobre erros e acertos do passado. A centena de trabalhos acadêmicos e vejo quão importan-
espiral do conhecimento, no entanto, não tem fim - te podem ser o feedback construtivo e o apoio intelec-
quanto mais aprendemos, mais percebemos o quanto tual e metodológico para quem trabalha na fronteira do
temos a aprender. seu próprio conhecimento. Os gestores devem estimu-
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
Ocorre que, a despeito de lar a formulação e teste de hi-
nossa experiência, podemos póteses e criar um ambiente de
estar cegos para distorções na segurança psicológica para que
A IA pode nos ajudar a
nossa compreensão sobre de- erros honestos possam servir
terminado tema. Esse viés cog-
localizar padrões pouco de guia para o aprendizado co-
nitivo foi estudado por dois evidentes nos dados de letivo.
psicólogos e leva o nome de vendas e relacionamento com Em outra frente, podemos
ambos: efeito Dunning-Kruger. clientes e parceiros, por nos aliar à IA para elaborar uma
O tal efeito descreve a tendência exemplo, facilitando uma visão mais abrangente sobre o
que indivíduos com conheci- reflexão profunda sobre nosso setor, considerando nu-
mento limitado em determina- o nosso mercado ances e complexidades, anteci-
do assunto têm de superestimar pando mudanças no compor-
as próprias capacidades nesse tamentos dos clientes e
tema. Alcança também os experts, que tendem a subes- aprimorando a nossa comunicação. A IA também pode
timar seu conhecimento, pois aparentemente reconhe- nos ajudar a localizar padrões pouco evidentes nos dados
cem a vastidão do que ainda não sabem. Apesar de pa- de vendas e relacionamento com clientes e parceiros,
radoxal, sugerem os pesquisadores, quanto maior a por exemplo, facilitando uma reflexão profunda sobre
ignorância, maior a certeza... Apesar de parecer trivial, nosso mercado. Esse modo de operação, entrelaçado
o efeito Dunning-Kruger representa um desafio inte- com a mentalidade de aprendizado, pode induzir uma
lectual significativo. revisão das nossas convicções e fazer avançar a inovação.
É possível que alguns ajustes no nosso modelo men- Certamente há outras práticas para nos proteger-
tal e o apoio da inteligência artificial possam nos ajudar... mos desse viés, mas a jornada começa por reconhecer-
Comecemos pela óbvia constatação sobre o universo de mos nossa própria ignorância, como guia de nosso
coisas que não sabemos. A humildade intelectual é o aprendizado.
fundamento da cultura de aprendizado, na qual o co-
nhecimento compartilhado é valorizado, a interdisci- Essa coluna foi inspirada por uma conversa com
plinaridade uma regra, a diversidade uma constante. A o Dr. Edilbert Pellegrini

Dinheiro 13/09/2023 55
Cobiça
POR RAPHAELCALLES

BMW TRAZ AO BRASIL

NOVO CARRO ELÉTRICO
DE ALTO LUXO
A BMW acaba de anunciar o novíssimo
modelo i7 no mercado brasileiro.
Totalmente elétrico, o carro tem uma
autonomia de até 479 km, de acordo com
o ciclo de testes do Inmetro. Dotado de
cinco telas: duas nas portas traseiras
permitem o controle de diversas funções,
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
duas na parte frontal integram o Live
Cockpit – painel de instrumentos e central
multimídia –, e uma traseira com 31
polegadas e 8k de definição atua em
conjunto com o sistema de som Bowers &
Wilkins de 2.000 watts de potência para é garantida. Com 544 cv (400 kW) de potência e torque
uma experiência de cinema. O banco imediato de 745 Nm i7 vai de 0 a 100 km/h em apenas 4,7
traseiro possui ainda um sistema de segundos. Uma série de funcionalidades auxilia na
reclino e apoio para as pernas que se condução, como controle adaptativo de velocidade em
assemelha às melhores classes executivas viagem, sistema de controle de faixas e sistema de
do mundo. A emoção na direção também estacionamento autônomo. R$ 1.282.950,00.

NO AR
ALTA TEMPORADA SEM STRESS
A VP Premium, divisão de luxo da operadora Viagens
Promo, anunciou pacotes para o Nordeste com o
fretamento de uma aeronave com configuração de Classe
Executiva. No lugar dos 140 passageiros nos formatos
padrão, o Boeing 737-500 oferecerá apenas 52 assentos
com experiências gastronômicas a bordo, além das
facilidades de check-in praticamente sem filas, embarque
rápido e franquia de 20 quilos de bagagem por passageiro.
A aeronave ficará à disposição durante a temporada de
verão 2023/24 com pacotes para os hotéis Transamérica
Resort Comandatuba, em Una, sul da Bahia, e para o
Nannai Muro Alto, em Ipojuca, Pernambuco. Serão, ao
todo, nove saídas operadas a partir do aeroporto de
Guarulhos, em São Paulo. Pacotes a partir de R$ 12.600
por pessoa para a Bahia e R$ 14.000 para Pernambuco.

Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DANIEL KRAUS I DIVULGAÇÃO

 RELÓGIO
RETORNO TRIUNFAL
Após um hiato de 11 anos, a relojoaria suíça Tudor, marca-irmã
caçula da Rolex, acaba de voltar ao Brasil. A marca é
conhecida por sua pegada mais jovem e ousada. Não por
acaso, o lema de sua campanha é Born To Dare (nascido para
ousar) e um de seus embaixadores é o britânico David
Beckham. Tudor ainda tem preços mais convidativos que sua
irmã mais velha: até 50% mais baratos, com peças que
custam a partir de R$ 18 mil. Os modelos já começaram a ser
vendidos por meio de cinco joalherias parceiras em São Paulo,
Porto Alegre, Brasília e Rio de Janeiro.

MÓVEIS AUTORAIS
PROMESSA DO DESIGN NACIONAL
Crystian Freiberger, CEO do grupo Bell’Arte, fabricante
catarinense de móveis de altíssimo padrão, anuncia o
lançamento de sua marca homônima, onde trabalhará
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
e apresentará exclusivamente produtos autorais.
Designer autodidata e engenheiro de produção,
Freiberger foi premiado no A’ Design Award este ano
pela criação da poltrona Wave. Ele também é
responsável por uma diversidade de produtos que
integram a linha de móveis da companhia. A marca já
começa com sete produtos integralmente desenhados
por ele: quatro camas e três poltronas. Inicialmente, os
itens serão distribuídos nos pontos de venda da
Quorum Home Design, marca também pertencente ao
grupo, em 34 representantes pelo Brasil.

Dinheiro 13/09/2023 59
ESTILO

Com foco em uma geração

conectada, plataforma
tecnológica V3rso, do Grupo
Emiliano, pretende
revolucionar a experiência de
hotelaria de alto padrão
Raphael CALLES

Um novo formato
de hospedagem
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60 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

M
uitas foram as mudanças e também os desafios do mer-
cado de hotelaria nos últimos anos. Dados divulgados
pela Hotelinvest, no relatório Panorama da Hotelaria
Brasileira 2023, mostram que apesar da drástica queda
na taxa média de ocupação que acometeu o mercado
entre 2020 e 2021, o ano de 2022 fechou com números muito
próximos ao período pré-pandemia. O levantamento também
indica que, para 2023, a recuperação econômica, a perspectiva
de crescimento do PIB e o controle da inflação deixam o mer-
cado ainda mais otimista.
A última década também foi palco de pequenas revoluções
no mercado hoteleiro. Teve disseminação de hospedagens de
temporada por meio do Airbnb, práticas de imersão cultural
provocadas por outros perfis de hotelaria, e até mesmo os recém-
-apresentados Glampings (campings de luxo) mundo afora. No
entanto, nenhum dos perfis de hospedagem, especialmente os
que se encaixam no mercado de luxo, se propôs a revolucionar
a relação entre hotel, hóspede e staff.
A nova plataforma V3rso é criada com foco em uma nova
geração de consumidores, os millenials. Esta geração deve
representar 50% dos viajantes globais já em 2025, de acordo
com o levantamento The Millennial Moment, do Financial
Times. V3rso é um braço de empreendimento tecnológico do
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grupo Emiliano, proprietário de dois hotéis de alto luxo, um
em São Paulo e outro no Rio de Janeiro, que visa atender aos
anseios de um novo perfil de viajante que nenhuma plataforma
se propôs a suprir até então.“Surge a oportunidade para um
modelo inteligente de hospitalidade que use a tecnologia como
aliada e viabilize a melhor experiência, com o mínimo de fric-
ção possível e maior flexibilidade”, afirmou Gustavo Filgueiras,
CEO do V3rso e dos hotéis Emiliano. A empresa entra em cena
em empreendimentos imobiliários que mesclarão unidades
residenciais e hoteleiras. “Faremos a gestão de condomínio e
prestação de serviços para apartamentos residenciais, e gestão
hoteleira em empreendimentos mistos. No fundo a percepção
do cliente é a mesma, mas são estruturas jurídicas diferentes.”
Com três unidades já em desenvolvimento, São Paulo,
Goiânia e Porto Alegre, o empreendimento visa unir flexibili-
dade e inteligência artificial para entregar uma experiência
completa de hospedagem. Por meio da plataforma de reservas,
que estará disponível no segundo semestre de 2024, o hóspede
poderá selecionar horário de check-in e check-out. “Dessa
forma, ele foge das amarras tradicionais dos hotéis. Também
poderemos oferecer horas adicionais de hospedagem com
preços que variam de acordo com oferta e demanda”, disse
Gustavo Filgueiras. Além da experiência de horário de acesso
diferenciado, a plataforma visa adequar o ambiente para o
hóspede de acordo com seus costumes, por meio de inteligên-
cia artificial. Sistemas de automação residencial serão integra-
dos ao aplicativo de gerenciamento no dispositivo móvel do
hóspede, que aprenderá seus costumes
e passará a reproduzir suas ações auto-
maticamente ao longo da hospedagem
atual e futura. “Independentemente de
onde ele fique hospedado, se for um em-
preendimento V3rso, ele terá essa faci-
lidade”, afirmou.
TUDO NO MESMO LUGAR Com in-
vestimento de cerca de R$ 15 milhões,
sendo aproximadamente R$ 11 milhões
em tecnologia, V3rso elimina a necessi-
dade de processos burocráticos, como
check-in e check-out e até mesmo o uso
de chaves físicas. Além disso, a automação
de processos e redução de equipe mini-
miza o custo total da operação em até 70%,
o que permitirá repasse menor no valor
médio da diária, previsto em cerca de R$
650, valor cerca de 2,5 vezes mais acessí-
vel do que hotéis de luxo tradicionais.No
momento das vendas dos empreendi-
mentos, as incorporadoras registraram
um incremento de 30% no valor do metro
quadrado dos imóveis. O início das ope-
rações deve começar em dezembro de
2024, em São Paulo. O grupo prevê po-
tencial de expansão para mais de 100
unidades nos próximos dez anos.
“Surge a
oportunidade
para um modelo
inteligente de
hospitalidade
que use a
tecnologia como
aliada”
GUSTAVO
FILGUEIRAS,
CEO DO V3RSO
E DOS HOTÉIS
EMILIANO
Dinheiro 13/09/2023 61
ESTILO
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GRUPO SIERRA CHEGA
AO VELHO MUNDO
Moveleira de Gramado (RS)
acelera plano de expansão
internacional com loja em
Lisboa, a primeira na Europa
Lara SANT'ANNA
60 Dinheiro 13/09/2023
U
ma das principais frases creditadas
ao icônico arquiteto e designer
americano Charles Eames, criador
da cadeira Eiffel e da poltrona que
ganha seu nome é: “Detalhes não
são detalhes. Eles fazem o design”. E é
seguindo essa lógica que o Grupo Sierra
FOTOS: DIVULGAÇÃO
quer ganhar o mundo. Criada em Grama-
do (RS), em 1990, a moveleira tem nos
últimos anos levado suas criações e pro-
duções autorais para além do solo brasi-
leiro. A expansão começou pela América
Latina até chegar aos Estados Unidos,
com uma loja na Flórida. E, agora em
outubro, a empresa pretende conquistar
o velho mundo com a chegada a Lisboa,
em Portugal. A escolha geográfica leva
em consideração o reconhecimento de
marca e a proximidade com o público
brasileiro. “O crescimento para América
Latina e EUA reforçam isso ainda mais.
Agora, começando por Portugal, a Euro-
pa irá se tornar um destino para a Sierra
também”, disse o presidente do Grupo
Sierra, André Tissot.
As criações da Sierra seguem o design
contemporâneo, com muito uso de formas
orgânicas, madeira maciça, pedras, cou-
ros e tecidos nobres. Em tempos de ten-
dências imediatas, a empresa busca unir
a atemporalidade com aquilo que está em
alta no gosto dos consumidores. “Os pro-
dutos tendem a ser atemporais, altamen-
te customizáveis e com certa influência
das tendências, obviamente, mas que
possam ser usados por muito tempo, não
sendo peças específicas para uma tem-
Entre em nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas
porada”, afirmou Tissot. A maioria das
peças comercializadas é assinada pelo
Studio Sierra, e tem o presidente também
à frente do design.
No mercado externo, a marca está
presente em 11 países, com lojas exclusi-
vas no Chile, Uruguai, Argentina, Panamá,
Paraguai, Peru, Colômbia, República
DESIGN E GOSTO
Criações têm estilo Dominicana, Bolívia e Estados Unidos. As exportações repre-
contemporâneo, com sentam 20% da produção do grupo, feita inteiramente na fá-
muito uso de formas brica de Gramado. O espaço possui 80 mil m² e gera mais de
orgânicas, madeira 450 empregos diretos. A unidade recebeu investimento de R$
maciça, couros e
tecidos nobres 4 milhões para compra de maquinário de última geração para
metalurgia e para usinagem de pedras e mármores. A cidade
também é a casa de uma loja conceito da marca com mais de
3,2 mil m². São mais de 700 produtos expostos em 25 ambien-
tes, organizados para jantar, living, dormitórios e garden. A loja
possui assessoria para projetos de interiores, tanto para o
consumidor, como para profissionais.
Até o final deste ano, com a abertura das lojas estrangeiras
planejadas, a previsão é que as exportações representem de
28% a 30% do faturamento, aproximadamente, além de ajudar
no crescimento de 20% da empresa. Em 2022, o grupo reportou
faturamento de R$ 400 milhões. Essas vendas internacionais
da Sierra Móveis completam um cenário milionário do comér-
cio exterior brasileiro. Até julho deste ano, o País já exportou
US$ 494,13 milhões, 12,6% a menos que no mesmo período do
ano passado, em móveis e colchões, de acordo com dados do
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Os
Estados Unidos são o principal mercado de destino desses
produtos, seguido da Argentina.
Começando por NOVA MARCA Em seu plano de expansão, o Grupo Sierra
Lisboa, em também lança a Áltimo Mobili, voltada para atender as multi-
Portugal, a marcas, canal de venda não suportado pela Sierra. A nova
Europa irá se marca terá no portfólio peças de mobiliário que vão do clássi-
tornar também co ao contemporâneo, e, claro, levará em consideração na
um destino para criação as tendências de design. A expectativa é que a Áltimo
os produtos Mobili também chegue ao mercado internacional. Com inspi-
da Sierra” ração italiana para o nome, segundo Tissot, “‘Alti’ remete ao
alto nível de detalhes”, enquanto “‘mobili’, lembra movimento,
ANDRÉ TISSOT
PRESIDENTE DO a inquietude para lançar a cada nova coleção peças do mobili-
GRUPO SIERRA ário contemporâneo.”
Dinheiro 13/09/2023 61
Dinheiroemação POR PAULA CRISTINA

TECNOLOGIA

CAMPOS NETO À FRENTE

DO SEU TEMPO
Responsável pela implementação do
Pix no Brasil e elogiado amplamente
pelo feito, o presidente do Banco
Central, Roberto Campos Neto, disse
querer ir além. "As pessoas ainda estão
falando em moeda única quando
podemos fazer um pagamento digital
transfronteiriço. Qual motivo de abrir
mão da nossa política monetária se avançou pouco no pagamento mundo da intermediação financeira
podemos desenvolver uma alternativa transfronteiriço, nós ainda podemos seja mais rápido é fundamental", disse.
mais tecnológica?", disse ele em um caminhar bastante." Ele defendeu Para Campos Neto a produtividade não
evento do J.P Morgan, em São Paulo, também o uso da inteligência artificial aumentou tanto quanto era esperado
no dia 4 de setembro. no setor financeiro para otimizar os com o boom tecnológico. "Será que
Segundo o chefe do BC, as conversas serviços. "Temos agora o tema de com a inteligência artificial podemos
sobre moeda digital que o presidente inteligência artificial para treinar o melhorar a produtividade?", questiona.
Lula vem defendendo poderia dar computador para algumas tarefas. Essa é pergunta que empresários e
espaço para uma tecnologia ainda Mesmo que neste momento ainda seja desenvolvedores dos quatro cantos da
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mais nova e eficiente. “A gente limitado, penso que fazer com que o Terra tentam responder.

INDICADORES ECONÔMICOS
PIB CRESCIMENTO (FONTE: BANCO CENTRAL) 2'° TRI/23 1'° TRI/23 4'° TRI/22 3° TRI/22 2022 JUL/23 A JUN/23 A MAI/23 A ABR/23 A MAR/23 A
CONTAS PÚBLICAS (% PIB)* (A) AGO/22 JUL/22 JUN/22 MAI/22 ABR/22
PIB (DESSAZ.) 0,9% 1,8% 0,1% 0,4% 2,9%
PIB EM US$ BILHÕES * 2.002,4 1.969,7 1.919,9 1.837,3 1.919,9 RESULTADO NOMINAL 6,96% 6,42% 6,39% 5,90% 6,09%
RESULTADO PRIMÁRIO 0,78% 0,24% -0,38% -0,55% -0,74%
ATIVIDADE ** JUL/23 JUN/23 MAI/23 ABR/23 NO ANO
-1,1% 0,2% 1,9% -2,7% -0,4% JUL/23 JUN/23 MAI/23 2022 2021
PRODUÇÃO INDUSTRIAL (IBGE)
DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL 74,09% 73,56% 73,62% 72,87% 78,29%
VOLUME DE VENDAS NO VAREJO RESTRITO (IBGE) - 1,3% -1,1% 0,5% 1,3%
DÍVIDA BRUTA INTERNA 65,55% 64,78% 64,74% 63,74% 67,41%
TAXA DE DESEMPREGO -
PNAD CONTÍNUA (IBGE) 7,9% 8,0% 8,3% 8,5% - DÍVIDA BRUTA EXTERNA 8,54% 8,78% 8,88% 9,13% 10,88%

UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA CONTAS EXTERNAS (US$ MILHÕES) AGO/23 JUL/23 JUN/23 MAI/23 NO ANO
78,2% 78,5% 78,8% 78,8% -
(CNI) - DESSAZ. INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO - 4.244 1.879 5.434 33.609
MÉDIA EXPORTAÇÕES 31.211 28.920 29.656 32.657 225.414
JUL/23 JUN/23 MAI/23 ABR/23 EM 2023
INADIMPLÊNCIA *** IMPORTAÇÕES 21.444 20.030 19.510 21.695 162.091
PESSOA FÍSICA ATÉ 90 DIAS 4,3% 4,3% 4,6% 4,5% 4,5% SALDO COMERCIAL 9.767 8.890 10.146 10.963 63.322
PESSOA F. ACIMA DE 90 DIAS 6,2% 6,3% 6,3% 6,2% 6,2% SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES - -3.605 -1.268 198 -18.174
PESSOA JURÍDICA ATÉ 90 DIAS 2,8% 2,3% 2,4% 2,5% 2,5% RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS - 345.476 343.620 343.489 345.476
PESSOA J. ACIMA DE 90 DIAS 3,3% 3,1% 3,0% 2,8% 2,8% DÍVIDA EXTERNA TOTAL - 335.245 332.073 328.432 335.245

* Acumulado nos últimos 12 meses; ** Em relação ao mesmo período do ano anterior, exceto utilização de capacidade instalada e taxa de desemprego; *** Em proporção do volume de crédito concedido. - Recursos Livres (a) Superávit = (-) e Déficit = (+), conforme notas econômicas do BACEN

DESEMPENHO MELHOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES PIOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES

Seguros e Previdência 1,10 113,76 Saúde -9,55 -8,79
DAS EMPRESAS Imobiliário -5,62 30,17 Varejo -8,61 -16,04
POR SETOR Educação -8,74 27,24 Químico -1,51 -19,92
DE ATIVIDADE Industrial -7,00 18,61 Construção -7,03 -30,99
Celulose 0,91 17,42 Alimentos -8,17 -33,53
Fonte: Austin Rating de 04/set/23

62 Dinheiro 13/09/2023 FOTOS: FUTURA PRESS/FOLHAPRESS | DIVULGAÇÃO

PRINCIPAIS ÍNDICES JUROS FUTUROS 04/09/2023 PIB (IBGE)
INFLAÇÃO AGO/23 JUL/23 JUN/23 NO ANO 12 MESES
% ao ano Crescimento Real no trimestre sobre um ano antes
IPC - FIPE -0,20% -0,14% -0,03% 1,71% 3,33%
13,50 2,00
IGP-M (FGV) -0,14% -0,72% -1,93% -5,28% -7,20%
IGP-DI (FGV) - -0,40% -1,45% -5,35% -7,47%
IPCA (IBGE) - 0,12% -0,08% 2,99% 3,99% 12,83
IPCA - NÚCLEO MM SUAVIZADO - 0,22% 0,11% 2,68% 5,13% 1,00
JUROS/APLICAÇÃO AGO/23 JUL/23 JUN/23 NO ANO 12 MESES 11,16
CDI 1,14% 1,07% 1,07% 8,86% 13,49%
TLP 0,43% 0,45% 0,46% 3,83% 5,73%
POUPANÇA 0,72% 0,66% 0,68% 5,52% 8,39% 11,50 0,00
TJLP 0,57% 0,57% 0,59% 4,77% 7,21%
Out/23 Dez/23 Fev/24 Abr/24 4º Trim/22 1º Trim/23 2º Trim/23
CDB/RDB - TAXA PREFIXADA MÉDIA 1,05% 0,99% 0,99% 6,94% 12,39%
CÂMBIO/PETRÓLEO 04/09/2023 NO MÊS NO ANO 12 MESES
RISCO-PAÍS FBCF (IBGE)
REAIS/US$ (COMERCIAL VENDA) 4,918 0,09% 6,10% 5,10%
US$/EURO 1,080 -0,36% 1,19% 8,77% Taxa de Investimento sobre o PIB
EMBI + BR (fim de mês)
IENE/US$ 146,46 -0,52% -9,97% -4,06%
PETRÓLEO À VISTA BRENT (US$/BARRIL) 89,00 2,46% 3,60% -7,04% 305.0 19,00
MERCADOS FUTUROS 04/09/2023 OUT/23 DEZ/23 FEV/24 ABR/24
CÂMBIO (R$/US$) 4,953 4,992 5,026 5,052
270.0
OUT/23 DEZ/23 FEV/24 ABR/24 18,00
DI DE 1 DIA (% A.A.) 12,96 12,57 12,20 11,86 235.0
OUT/23 DEZ/23 FEV/24 ABR/24
IBOVESPA (PONTOS) 119.414 121.308 123.269 125.267 200.0
SET/23 DEZ/23 MAR/24 MAI/24 17,00
set/22
out/22
nov/22
dez/22
jan/23
fev/23
mar/23
abr/23
mai/23
jun/22
jul/22
ago/22
01/set/22
CAFÉ ARÁBICA (60KG - ICF) 187,70 184,80 184,90 184,40
4º Trim/22 1º Trim/23 2º Trim/23
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RENTABILIDADE DOS TÍTULOS PÚBLICOS (%) *24/jul/23 (inclui JS = Juros Semestrais)

TÍTULO VENC. INDEXADOR Últim. 30 dias ano * 12 MESES

Tesouro Selic 2024 01/09/2024 Selic 1,08% 9,08% 13,65%
Tesouro Prefixado (JS) 2025 01/01/2025 Prefixado 0,60% 10,95% 13,14%
Tesouro IPCA+ (JS) 2024 15/08/2024 IPCA 0,95% 8,32% 11,19%
Tesouro IGPM+ (JS) 2031 01/01/2031 IGP-M 1,02% 1,29% -1,17%
Tesouro Prefixado 2024 01/07/2024 Prefixado 0,85% 10,21% 12,97%

MAIORES ALTAS DA SEMANA* TERMÔMETRO DO MERCADO

Ação Setor % O IBOVESPA EM UM ANO * PONTOS

DESTAQUE DA SEMANA Com projeção de fazer aquisições, e após CRISTAL Petroquímico 27,58 Ibovespa 117.892
melhorar o resultado no segundo trimestre, Le Lis Blanc vê ações subirem RECRUSUL Industrial 23,44 Mínima 95.267
LE LIS BLANC Varejo 17,86 Máxima 122.560
PETTENATI Varejo 16,10
BOLSAS NO MUNDO Fonte: B3* Até 01/09/2023

24/07/2023 COTAÇÃO (MOEDA LOCAL) VARIAÇÃO (US$) BAHEMA Varejo 15,11

Mercado Índice Pontos % mês % ano % 12 m. % mês % ano
Brasil Ibovespa 117.777 1,76% 7,33% 7,54% 1,85% 13,88%
MAIORES BAIXAS DA SEMANA* IBOVESPA em milhares de pontos
Brasil IBrX 100 49.566 1,78% 6,49% 6,01% 1,87% 12,98%
EUA Dow Jones 34.717 -0,01% 4,74% 10,18% -0,01% 4,74%
Ação Setor % 135.0
EUA Nasdaq 14.049 0,10% 34,23% 18,89% 0,10% 34,23% VIA VAREJO Varejo -11,89
Japão Nikkei 225 32.939 0,98% 26,23% 17,26% 0,46% 13,65% DASA Saúde -12,60 115.0
China Shanghai 3.177 1,83% 2,84% -0,78% 1,63% -2,45% TC TRADERS Serv. Especializados -13,99
Alemanha DAX 30 15.825 -0,77% 13,65% 23,29% -1,12% 15,01% TELEBRAS Telecom. -14,85
França CAC 40 7.280 -0,51% 12,45% 18,85% -0,87% 13,78% 95.0
FER HERINGER Petroquímico -21,98
Reino Unido FTSE 100 7.453 0,18% 0,01% 2,31% 0,46% 4,94% Set 22 Mar 22 Set 23*
Fonte: Austin Rating Fonte: Austin Rating *17/07 a 11/07 *Até 01/09/2023

Dinheiro 13/09/2023 63
Dinheiroemfoco POR PAULA CRISTINA

“FICA DIFÍCIL EXPLICAR

PARA UM ECONOMISTA
ESTRANGEIRO COMO A
ECONOMIA CRESCE 3% COM
+ 2,56% É a previsão de crescimento do
PIB em 2023, segundo
projeções do mercado. O
A TAXA DE JURO REAL DE
resultado ficou acima dos
10%. NÃO TEM LIVRO DE 2,31% projetados antes do
ECONOMIA QUE EXPLIQUE O resultado do PIB do segundo
QUE ACONTECE COM A trimestre, que apresentou
ECONOMIA BRASILEIRA” um incremento de
0,9% e surpreendeu as
expectativas do mercado.
FERNANDO HADDAD, Ministro da Fazenda, após anúncio
de crescimento forte do PIB no segundo trimestre

676,1 milhões Foi o valor retirado por

- 428 mil
Entre eminvestidores
nosso grupo no Telegram: t.me/clubederevistas

R$
estrangeiros no segmento
secundário da B3 (ações já listadas)
na quinta-feira (31 de agosto), quando
o Ibovespa caiu 1,53%. Assim, a
categoria fechou o oitavo mês do ano
com déficit de R$ 13,21 bilhões. A saída
líquida observada em agosto é a maior Foi o número de empresas que o
desde março de 2020. Brasil perdeu no 1º semestre
deste ano, excluindo as MEIs. O
8,4 bilhões Foi o valor renegociado levantamento foi feito pela

R$
pelo Banco do Brasil no bojo do plataforma Contabilizei com
programa Desenrola, do governo base em registros de CNPJ, da
federal, que começou em 17 de julho. Receita Federal, mas foi
Ao todo, mais de 440 mil clientes contestado pelo governo, que
foram atendidos. A empresa registrou saldo positivo de
também renegociou R$ 2,2 bilhões 212.654 empresas no período.
em dívidas de pequenas empresas
no período.

O FBI, em parceria com agências de inteligência do Reino Unido, liberou um alerta para o universo das
criptomoedas. Segundo os investigadores, há relatos de um malware russo que está mirando carteiras

CRIPTOS
de criptomoedas e outros aplicativos de navegação, mensageiros e de corretoras. A lista revela
vulnerabilidade nos navegadores Chrome, Mozilla, Brave e Opera, e de mensagens como WhatsApp,
Telegram, Discord e Skype. “O malware verifica periodicamente o dispositivo em busca de informações
e arquivos de interesse, correspondendo a um conjunto predefinido de extensões de arquivo”, apontam
as agências de inteligência. “Ele também contém funcionalidade para verificar periodicamente a rede
local, coletando informações sobre hosts ativos, portas abertas e banners.” Fique esperto!

64 Dinheiro 13/09/2023 FOTO: ROCHA/AGÊNCIA ENQUADRAR/FOLHAPRESS

 capitalaberto

COM MENOS IPOS, O CAMINHO É

PARTICIPAR DO MERCADO PRIVADO
O
ano passado foi o primeiro sem uma oferta públi- investimentos privados, impulsionado pelo Venture
ca de ações na bolsa — o IPO — desde 1998. A seca Capital e Private Equity. Esses investimentos são, em CAMILA
NASSER
de IPOs, que já leva dois anos, é consequência essência, em negócios mais incertos — e que dependem É COFUNDADORA
clara do momento econômico que estamos atraves- menos do humor público. O risco dos investimentos E CEO DO KRIA,
sando, mas que parece estar chegando ao fim, com o é maior, assim como o seu upside de retorno, que QUE É UMA
início do ciclo de cortes de juros e avanços em pautas historicamente supera os retornos do mercado pú- PLATAFORMA DE
INVESTIMENTOS
econômicas e políticas que levaram a Fitch a elevar o blico. Nos EUA, onde o mercado público de capitais EM STARTUPS
rating do País. Segundo Gilson Finkelsztain, CEO da é bem mais desenvolvido e 60% dos americanos detêm
B3, poderemos ver o retorno dos IPOs no final ações (o maior nível desde 2008), os investimentos
do ano ou início de 2024, combinado a uma melhora privados renderam três vezes mais do que a bolsa
no cenário macro, e maior clareza de rumos de cres- americana (S&P 500) nos últimos 20 anos.
cimento no país. Para o executivo, IPO não combina Portanto, faz muito sentido para o investidor a
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com incerteza. construção de uma carteira
A nova janela de oportuni- diversificada, com alocação em
dades que se abrirá deve trazer, O futuro do mercado empresas do mercado privado.
inicialmente, os IPOs de gran- de capitais está em Além dos investimentos via
de porte, em operações de ne- fundos institucionais, que de-
gócios mais consolidados: o
oportunidades de mandam aportes altos de in-
mercado brasileiro comprovou
investimento em ativos como vestidores qualificados, recen-
que ainda nos falta maturidade startups, outras PMEs, tokens tes avanços regulatórios estão
para impulsionarmos a bolsa e até nas SAFs, as Sociedades facilitando o acesso de inves-
com empresas menores ou em Anônimas de Futebol tidores do varejo a essa classe
seus primeiros anos. de ativos. A Resolução 88 da
Para fins de comparação, CVM, que foi publicada há pou-
em 1999, o tempo médio que uma empresa levava para co mais de um ano como uma atualização da então
abrir o seu capital na bolsa de valores americana era Instrução CVM 588, permite que empresas com fa-
de quatro anos. Era essa a idade da Apple quando se turamento de até R$ 40 milhões acessem o mercado
tornou pública em 1980 — e se você tivesse investido de capitais através de plataformas autorizadas a in-
US$ 1 mil na Maçã há 37 anos, você teria US$ 2,2 termediar ofertas públicas de até R$ 15 milhões.
milhões hoje. E a Apple não é a única empresa que O fato é que o futuro do mercado de capitais está
ofereceu retornos estratosféricos a seus investidores justamente nas oportunidades de investimentos em
da bolsa: até o final da década de 1990, era possível ao ativos como startups, outras PMEs, tokens e
investidor do mercado público capturar grande parte até nas recentes SAFs, as Sociedades Anônimas de
do valor das empresas após o seu IPO. Futebol. Ativos historicamente inacessíveis a
Mas isso não acontece mais, e se as empresas estão investidores comuns, e que se tornaram uma possi-
levando mais tempo para se tornarem públicas, as bilidade para o investidor que entende que, para
implicações são de que grande parte do valor gerado participar dos maiores retornos do mercado, preci-
por elas estará no mercado privado. sa acessar os investimentos que não estão (ou ainda
Consolidou-se então um vibrante ecossistema de não chegaram) na bolsa.

Dinheiro 13/09/2023 65
ARTIGO
POR VITORIA SADDI*
O NEOLIBERALISMO NO CHILE E OS
CHICAGO BOYS DE SEBASTIAN EDWARDS
O
dia 11 de setembro ficou marcado no mundo por diversas
razões. Em 2001 tivemos as torres gêmeas em Nova York
e a mudança de postura dos Estados Unidos em relação
ao Oriente Médio. No entanto, para os chilenos, o 11 de setembro
de 1973 marca a data do golpe militar de Augusto Pinochet que
conseguiu depor o então presidente Salvador Allende e inaugurou
uma das ditaduras mais sanguinárias, que durou até 1990. O Chile
era (e é) diferente de Brasil e Argentina no sentido de ser o país com
a democracia mais duradoura da América Latina. Interrompê-la
não foi algo simples. Na Argentina e no Brasil há indícios e suspei-
tas da interferência dos Estados Unidos. No Chile há provas, evi-
dências, depoimentos. É nesse contexto que abordo o excepcional
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livro de Sebastian Edwards: The Chile Project: The Story of the
Chicago Boys and the Downfall of Neoliberalism, Princeton Univer-
sity Press (maio 2023).
Um dos capítulos mais trágicos da história moderna da Amé-
rica Latina deu origem, sem dúvida, à sua experiência econômica
mais bem sucedida. Essa difícil verdade é o tema central do livro.
Como o título sugere, Edwards tenta não só considerar o legado do
golpe de Augusto Pinochet de 1973, mas também ligá-lo aos deba-
tes políticos que ainda hoje ocorrem no Chile e, na verdade, em
todo o mundo ocidental. É uma tarefa carregada de emoção e difí-
cil, na qual o livro é admiravelmente bem-sucedido.
Os Chicago Boys eram um grupo de jovens economistas chile-
nos, muitos (embora não todos) dos quais se formaram na Univer-
sidade de Chicago e eram discípulos do maior expoente do livre
mercado, Milton Friedman. Professor de Chicago e autor dos
maiores tratados sobre a moeda, Friedman é referência obrigatória
nos livros de macroeconomia até hoje. A visita dele a Santiago em
1975 parece ter convencido Pinochet de forma decisiva a colocar
os “meninos” no comando da economia. É fascinante e revelador
sobre a atual política no Chile que nenhum dos Chicago Boys que
Edwards entrevistou para o seu livro se identifique hoje como um
“neoliberal”, descrevendo seus projetos como mais socialmente
orientado do que os críticos acreditavam. Mas, deixando de lado a
terminologia, não há dúvida de que a agenda de privatizações,
cortes tarifários, desregulamentação e adoção geral de um modelo
favorável às empresas e de comércio livre era diferente de tudo o
que alguma vez tinha sido tentado na América Latina antes.
66 Dinheiro 13/09/2023
O fato de terem feito isto durante uma época em que os dissi-
dentes chilenos ainda eram metralhados e atirados de helicópteros
ao mar é uma mancha que continua a assombrar o capitalismo la-
tino-americano. No início do livro, Edwards reconhece o óbvio:
“Dado o momento histórico”, escreve ele, “uma revolução neolibe-
ral dessa magnitude não teria sido possível sob um regime demo-
crático”. Setores nacionalistas das Forças Armadas resistiram
fortemente, suspeitando que cediam a riqueza do país a interesses
estrangeiros. Mas não há dúvida de que a repressão de Pinochet
permitiu uma “terapia de choque”, mesmo quando o desemprego
ultrapassou os 25%. O Chile de hoje tem renda per capita que é o
dobro do Equador e 40% superior à da Costa Rica; os três países
eram pares na década de 1980. Longe de ser “apenas” uma história
de crescimento do PIB, ou apenas de os ricos ficarem mais ricos, o
Chile também tem os índices de desenvolvimento humano mais
elevados da América Latina e a segunda menor taxa de pobreza,
atrás do Uruguai. Grande parte do progresso aconteceu depois do
regresso da democracia, em 1990, mas poucos discordam de que as
políticas dos Chicago Boys lançaram as bases.
O livro de Edwards surge num momento que tal legado está
sendo questionado; ele é louvavelmente direto e honesto sobre as
falhas do modelo chileno, sobretudo sobre a grave desigualdade
social, que levou aos protestos de 2019 e às suas (incertas) conse-
quências. Por tal motivo é um tanto decepcionante que Edwards
demore até o final do capítulo sobre os anos Pinochet para pergun-
tar: “Os Chicago Boys sabiam das violações dos direitos humanos?”
e depois dedica apenas três páginas à resposta, concluindo de forma
pouco convincente: “Nunca saberemos com certeza”. Isso não é
apenas questão de registo histórico; a questão de saber se e como
as economias da América Latina podem ser efetivamente reforma-
das sob a democracia é tão relevante como sempre no contexto
atual de estagnação e agitação social. O livro de Edwards sugere,
tanto no seu brilhantismo como nas suas deficiências que a respos-
ta permanece tristemente evasiva.
*Vitoria Saddi é PhD em Economia pela University of Southern California
e estrategista da SM Futures. Foi economista-chefe do Roubini Global
Economics, Citibank, Salomon Brothers e Queluz Asset, em Londres, Nova
York e São Paulo. É colunista da DINHEIRO.
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