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ENTREVISTA: Haroldo Ferreira - Clube de Revistas

O BRASIL NA COP28
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Com a maior delegação da história,
Calçados, a reoneração da folha de pagamentos poderá País leva a Dubai iniciativas do governo e de
fechar até 10% das vagas no setor em apenas um ano empresas para conter a crise climática

A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES

Maior empresa
de panificação
do mundo com “O Brasil é uma
faturamento de referência para
US$ 23 bilhões o grupo. Nosso
ao ano, a Bimbo projeto é de
longo prazo
vê o Brasil como e estamos
seu principal otimistas
motor de com o futuro”
crescimento. ALFONSO ARGUDÍN
O plano é triplicar CEO da Bimbo Brasil
a receita local
em menos de dez
anos a partir da
ampliação das
11 fábricas atuais
e da construção
de outras duas
plantas nas
regiões Sudeste e
Nordeste. Entenda
os motivos da
confiança no
mercado que
consagrou a
marca Pullman
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Dinheirodaredação 06 de Dezembro de 2023. Edição 1.353
O PRIVILÉGIO DA DESONERAÇÃO
Os representantes do capital — no universo das empresas, ban-
cos, comércio, serviço, o PIB em geral — integram o primeiro
bloco de ativistas em favor de uma disciplina fiscal, com menos
gastos e saúde financeira do Estado. Falam da importância de
um caixa público equilibrado. Reclamam do que consideram
despesas desnecessárias, inclusive relativas a programas sociais
e afins. Dizem que o governo faz populismo com o dinheiro do
contribuinte e se queixam de incentivos, quando esses são diri-
gidos a outras áreas de atividade e da sociedade que não as suas.
Da mesma maneira agem políticos que pleiteiam emendas se-
cretas, exigem recursos do Tesouro para distribuir nos seus cur-
rais eleitorais e pedem até mesmo cargos na esfera da máquina
estatal para acomodar e agradar seus apadrinhados e aliados.
Dessa maneira gira a roda dos interesses no quadrante de pres-
sões e lobbies de Brasília. Quando, em determinado momento,
o governo resolve colocar o pé no freio, privilegiar a disciplina
orçamentária, sair em busca de recursos possíveis para cobrir o
rombo, e tal intento resvala no butim de recursos religiosamen-
te reservados aos integrantes dessa casta, a chiadeira é grande.
Ninguém, absolutamente ninguém, que abrir mão de privilégios
e fazer graciosamente “caridade” de renúncia de incentivos em
prol do interesse comum. Não há tanto altruísmo assim capaz
de despertar a benevolência desses favorecidos por concessões,
em geral gordas. Novamente, no caso, foi possível ver como par-
te da elite econômica e até política reage diante da perspectiva
de ser afetada pelos, necessários, cortes das verbas federais. Não
gostam e não aceitam. O presidente Lula, seguindo a orienta-
ção e sugestão do seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
resolveu vetar integralmente a prorrogação da desoneração
da folha de pagamentos — decisão que fez publicar no Diário
Oficial da União despertando assim reclamações de toda a
04 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: MARCOS OLIVEIRA I GERMANO LÜDERS I CLAUDIO BELLI/VALOR I DIVULGAÇÃO
ordem. Foi um Deus nos acuda. A escolha do presidente afeta a
renovação de incentivos a 17 setores da produção e é justificada
pela necessidade, mais do que evidente, de se cortar gastos para
poder cumprir o objetivo de zerar o déficit. Mais uma vez: todos
querem e pedem isso, mas não em seu prejuízo. Até o ano pas-
sado as desonerações representaram cerca de R$ 140 bilhões.
Por ano, essa dispêndio tributário é da ordem de R$ 9,4 bilhões,
uma dinheirama que faz muita falta na conta final do Estado. O
Congresso promete rever e abolir o veto presidencial. Empresas
pressionam com a alegação de que existirá milhares de demis-
sões com o fim das desonerações. É uma ameaça indevida e,
de certa maneira, incoerente. Quando as desonerações foram
criadas lá atrás, ainda no governo Dilma, a justificativa era de
que elas trariam uma considerável ampliação de vagas — algo
que, na prática, não aconteceu. O setor produtivo deixou de
entregar o que prometeu em troca do benefício e agora duplica
a carga de pressões para assegurar uma vantagem pela qual
não deu o combinado. No cabo de força, o ministro Haddad
tenta uma saída paralela para compor um acordo e dissuadir os
insatisfeitos. Fala em apresentar uma proposta substitutiva das
desonerações até o final deste ano. Os parlamentares não que-
rem esperar e, para atender aos empresários insatisfeitos — em
plena temporada de busca de caixa para as próximas eleições —,
falam em assegurar a continuidade do programa. Vale lembrar:
o chamado Custo Brasil, segundo cálculos do próprio Ministé-
rio do Desenvolvimento, já ultrapassa a assombrosa marca de
R$ 1,7 trilhão. E não para de crescer.
Carlos José Marques
Diretor editorial
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Índice
CAPA
Sob o comando no País do
CEO Alfonso Argudín, a Bimbo —
dona da tradicional marca
Pullman — é a maior empresa
de panificação do mundo, com
faturamento de US$ 23 bilhões
ao ano, e vê o Brasil como
seu principal motor de
crescimento pág. 30

ENTREVISTA SEMANA
Javier Milei escolhe Luis Caputo para
Haroldo Ferreira,
comandar a economia na Argentina
da Abicalçados,
faz defesa de pág. 06
classe e diz que
sem desoneração
da folha MOEDA FORTE
setor fechará Grife Tommy Hilfiger prevê alta de 25% nas
20 mil vagas vendas no País, além da abertura de 12 lojas
pág. 12 pág. 08

NEGÓCIOS SUSTENTABILIDADE
Ressignificar a utilização do plástico é a
Fernando Simões, missão da empresa Fuplastic
CEO do Grupo
Simpar, anuncia pág. 16
busca por eficiência
e por redução de
dívida após receita DINHEIRO EM BITS
e Ebitda triplicarem Pesquisa mostra que número de nômades
entre 2020 e 2023 digitais mais que dobra desde a Covid
pág. 36 pág. 50

COBIÇA
INOVAÇÃO Em Courchevel, nos Alpes, um encontro entre neve,
Alcione Pereira, alta gastronomia e spa de luxo
da Connecting pág. 56
Food, trabalha
a partir de um
sistema ERP para
a gestão de doação ARTIGO
de alimentos. “A Javie Milei não é maluco, a Argentina é,
tecnologia é chave” por Edson Rossi
pág. 52 pág. 66

CAPA Foto: Germano Lüders

Dinheiro 06/12/2023 05
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Dinheironasemana POR EDSON ROSSI

CHARLES MUNGER
Morre o lado B de
Warren Buffett
Charles Munger morreu na terça-feira
(28), aos 99 anos, na Califórnia. As causas
não foram divulgadas. O advogado era
sócio havia mais de cinco décadas de
Warren Buffett na emblemática empresa
de investimentos Berkshire Hathaway. A
frágil companhia têxtil foi transformada
pelos dois num colosso, passando a ter o
controle acionário de gigantes, como a
seguradora Geico e a ferroviária
Burlington Northern Santa Fe, além de
participações relevantes na American
Express, Apple, Coca-Cola, IBM e Wells
Fargo, entre muitas outras. Um investi-
mento de US$ 1 mil feito em 1964 na
Berkshire vale hoje mais de US$ 10
milhões. Buffett descreveu seu amigo e
sócio como o criador da abordagem de
ARGENTINA investimento da Berkshire. “O plano que
CAPUTO SERÁ MINISTRO DA ECONOMIA DE MILEI ele me deu foi simples: esqueça o que você
sabe sobre comprar negócios justos a pre-
Para conduzir o tripé mágico alardeado por Javier Milei – dolari- ços maravilhosos; em vez disso, compre
zação, enfrentar o déficit fiscal (com enxugamento da máquina) e negócios maravilhosos a preços justos”,
fim do Banco Central – e consertar a economia argentina, o afirmou Buffett. “Ele era o arquiteto e eu,
homem forte do presidente eleito será Luis Caputo, ex-ministro o empreiteiro.” A melhor maneira de defi-
das Finanças do governo Mauricio Macri e ex-presidente do BC nir Munger foram suas frases. Aqui estão
(bem, ele ficou apenas 90 dias ali...). Caputo atuou em papéis de cinco delas.
liderança em instituições como JP Morgan e Deutsche Bank, e tal-
vez por isso o jornal Clarín o tenha definido mais como um ‘trader, “A inveja é um pecado realmente estúpido, porque é o
um lobo de Wall Street’, do que alguém da macroeconomia. De único com o qual você nunca poderá se divertir”
toda forma, seu nome foi bem-visto pelo mercado. Ultimamente, “Warren [dizia ele quando discordava de Buffett],
ele era sócio da consultoria econômica Anker. Sobre dolarização pense bem e você concordará comigo porque você é
ou fim do BC, ainda será cedo para arriscar. Uma coisa, porém, é inteligente e eu estou certo”
certa. Caputo vai mirar na responsabilidade fiscal. Será o princi- “É muito melhor pensarem que você é ignorante. Se
pal responsável pelos anunciados drásticos cortes de gastos públi- as pessoas não estivessem erradas com tanta frequ-
cos. Na mesma quarta-feira (29) em que anunciou o nome de ência, não seríamos tão ricos”
Caputo, Milei disse que a inflação no país vai demorar até dois “O que você precisa aprender é desistir cedo quando
anos para ceder. Os problemas de Milei, aliás, começam antes de as probabilidades estão contra você”
sua posse (no domingo, 10). Aos governadores que reclamam não
ter dinheiro para pagar os bônus peronistas ele disse: “Como “Se você tiver uma grande vantagem, aposte forte-
tenho culpa pelo caos da administração anterior? Que cortem des- mente, porque você não consegue uma grande vanta-
gem com frequência”
pesas e paguem.” Pode ter cara de louco, mas falou o óbvio.

ESTOU QUASE
NA SITUAÇÃO
DE MANÉ”
DECLARAÇÃO DO LÚMPEN EX-PRESIDENTE JAIR
BOLSONARO NA TERÇA-FEIRA (28) DURANTE O
LANÇAMENTO DO PL60+, PROJETO DO PARTIDO
LIBERAL PARA ATRAIR ELEITORES MAIS VELHOS

06 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: AGUSTIN MARCARIAN / AFP I ALAN SANTOS I CHENG JIANG I LULA MARQUES/ AGÊNCIA BRASIL
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FUNDADOR: DOMINGO ALZUGARAY
(1932 - 2017)
EDITORA
CATIA ALZUGARAY
STF PRESIDENTE-EXECUTIVO
Lula indica Flávio Dino CACO ALZUGARAY

Ocupar o supercargo de ministro do Supremo Tribunal

Federal (STF) parece ter mais peso que ser eleito o Melhor
Jogador do Mundo pela Fifa. Por esse motivo causou ondas
de manifestações, a favor e contra, a indicação feita segun-
da-feira (27) pelo presidente Lula do atual ministro da DIRETOR EDITORIAL
Justiça, Flávio Dino, para a vaga deixada por Rosa Weber, CARLOS JOSÉ MARQUES
que se aposentou compulsoriamente no começo de outu-
bro. Além dele, Lula indicou o procurador-geral eleitoral DIRETOR DE NÚCLEO
Paulo Gonet para a Procuradoria Geral da República (PGR), CELSO MASSON
cargo que era ocupado pelo nada unânime Augusto Aras.
Gonet e especialmente Dino terão a dura missão de conse- TEXTO
REDATOR-CHEFE: Edson Rossi
guir ter seus nomes aprovados no Senado, tanto na EDITORES: Hugo Cilo, Paula Cristina e Sérgio Vieira
Comissão de Constituição e Justiça quanto pelo plenário, EDITOR-ASSISTENTE: Beto Silva
onde são necessários pelo menos 41 votos. REPORTAGEM: Angelo Verotti, Jaqueline Mendes e Victoria Ribeiro

ARTE
DIRETOR DE ARTE: Jefferson Barbato
DESIGNERS: Christiane Pinho e Iara Spina
INTERNACIONAL ILUSTRAÇÃO: Fabio X
Arábia Saudita e O DERRETIMENTO DA PROJETO GRÁFICO: Ricardo van Steen (colaborou Bruno Pugens)

Embraer: parcerias AMERICANAS ISTOÉ DINHEIRO ON-LINE

EDITOR EXECUTIVO: Airton Seligman
Acordos firmados sem valores divulgados

estão mais para cartas de intenções mar-
queteiras do que avanços concretos, pelo
menos num primeiro momento. Mas não
deixa de ser alentador o pragmatismo
econômico-diplomático do novo governo,
que ignora bandeiras ideológicas regio-
nais em nome de bons negócios para o
País – como fazem todas as grandes eco-
nomias-diplomacias do mundo, a propó-
sito. Na quarta-feira (29), o governo Lula
deu mostras de como age e anunciou
acordos de cooperação da Embraer com o
governo saudita em três frentes: aviação
civil, defesa e mobilidade aérea urbana.
INTERNACIONAL
PIB da China deve
crescer 5,2% (no ano)
Segundo informações divulgadas quar-
ta-feira (29) pela OCDE, a economia dos
Estados Unidos deverá ter alta de 2,4%
(2023) e de 1,5% (2024), a despeito do
forte crescimento trimestral americano
(ver nota ‘PIB DOS EUA CRESCE
5,2%’). Em relação à China, a instituição
prevê crescimento de 5,2% (2023) e
4,7% (2024). Já as economias do G20
projetadas pela OCDE crescerão 3,1%
-91,9%
R$ 12,00
AÇÕES EM 11 DE JANEIRO, DIA
DA RENÚNCIA DE SERGIO RIAL
R$ 0,98
AÇÕES ÀS 11H00 DE QUARTA-FEIRA
(29 DE NOVEMBRO)
BRASÍLIA
Atenção, milionários!
O Senado aprovou na quarta-feira
(25) o projeto de lei que prevê a taxa-
ção das offshores (investimentos no
exterior) e dos fundos exclusivos
(fundos de investimento personaliza-
dos para pessoas de alta renda). Com
uma votação simbólica, agora o texto
segue para sanção presidencial. Pelos
cálculos do governo, as duas propos-
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Dinheiro (ISSN 1414-7645) é uma publicação semanal da Três Editorial Ltda.
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Dinheiro não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados.
Comercialização e Distribuição: Três Comércio de Publicações Ltda.

este ano, 2,8% (2024) e 3% (2025), puxa-
das principalmente por Índia e
Indonésia, com crescimentos respecti-
vos de 6,1% (2024) e 6,5% (2025) e 5,2%
(2024) e novamente 5,2% (2025). Para o
Brasil, o PIB previsto será de 1,8%
(2024) e 2,0% (2025), abaixo de México
e Turquia, por exemplo.
tas renderão uma arrecadação de R$ Rua William Speers, 1212 – São Paulo-SP.
Impressão e acabamento: D'ARTHY Editora e Gráfica Ltda.
3,5 bilhões ainda em 2023, R$ 20 Rua Osasco, 1086 - Guaturinho, CEP 07750-000 Cajamar - SP
bilhões em 2024 e R$ 7 bilhões em
2025. "As alterações feitas no projeto
reduziram muito pouco a previsão do
governo, que era de R$ 25 bi para
2024", afirmou o líder do governo,
Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Dinheiro 06/12/2023 07
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Moedaforte
CARDÁPIO DE
DESONERAÇÕES
A Federação de Hotéis,
Bares e Restaurantes do
Estado de São Paulo
(Fhoresp) quer que o
segmento de Turismo,
incluindo bares e
restaurantes, seja incluído
nos setores da economia
beneficiados pelo Projeto
de Lei (PL) 334/23.
A matéria prorroga até
31 de dezembro de 2027
a desoneração da folha
de pagamento de empresas
no País. A entidade diz
que desoneração é
fundamental para
desafogar as empresas
do setor, responsáveis por
7 milhões de empregados e
por 8,1% do (PIB). O diretor-
executivo da Fhoresp,
Edson Pinto, alega que
o teto de R$ 4,8 milhões
do Simples gera uma
concorrência desleal no
setor de gastronomia, o
que acaba estimulando a
sonegação, uma vez que
induz a fraudes contábeis.
08 Dinheiro 06/12/2023
POR HUGO CILO
TOMMY HILFIGER FICA
MUITO BEM NA VITRINE
A grife americana Tommy Hilfiger, experiência completa da marca, via
com faturamento global de US$ 4,6 lojas bem abastecidas, treinadas e
bilhões no ano passado, está motivadas divulgando nossa qualidade
empolgada com o crescimento da e proposta de marca”, afirmou o
marca no mercado brasileiro. A executivo. Entre os locais já definidos
empresa deve fechar o ano com 12 para receber as novas lojas deste ano
novas lojas e crescimento de 25% nas estão Maceió, São Luís, Sorocaba (SP)
vendas em comparação com 2022. e Uberlândia (MG). Para crescer no
Será menor do que os 35% do ano País, a marca criou uma plataforma de
passado, mas ainda assim com um multiplicação que consiste na escolha
resultado muito bom, segundo semanal do “assunto” (grupo de
Paulo Matos, que comanda a produto) que será abordado na
operação brasileira. “O resultado mais semana em suas lojas. Assim, criou
importante é a construção de uma o projeto Tommy +, que dá às lojas
distribuição sólida, levando para as uma rotatividade maior em seus
principais cidades do Brasil a produtos nas vitrines.
DADOS COMPARTILHADOS
Enquanto o Banco Central se prepara para integrar todos os serviços financeiros em um Super App,
empresas como a Nexxera, maior plataforma integrada de serviços financeiros do País, já oferecem o
recurso para transações B2B. Com os dados agregados, a companhia acaba de criar um score de
crédito próprio, o que facilita a obtenção de empréstimos e gera insights estratégicos para a gestão. O
objetivo é melhorar a experiência de mais de 1,1 milhão empresas que utilizam o agregador financeiro
da Nexxera e que, juntas, transacionam R$ 7,3 trilhões por ano dentro do seu ecossistema.
TRABALHADORES À BEIRA
ESTUDO DAS
FINTECHS
ZETRA E
63 DO COLAPSO
SALARYFITS
MOSTRA QUE %
O APERTO 58%
FINANCEIRO 44% 34%
TEM
dizem não
PREJUDICADO possuir admitem
A VIDA dinheiro estar
SOCIAL E suficiente estressados reconhecem veem como
para cobrir por causa aumento de consequência
FAMILIAR DOS suas despesas da falta de irritabilidade a menor
BRASILEIROS básicas dinheiro em casa produtividade
Fonte: 3ª Pesquisa Hábitos e Impactos da Saúde Financeira dos Trabalhadores
FOTOS: DIVULGAÇÃO
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CANNABIS QUE SÓ FAZ BEM
A indústria da cannabis está em
ascensão no Brasil e no mundo,
impulsionada pelo uso medicinal. Em
2021, o setor movimentou R$ 130 milhões
no Brasil, com aumento de 124% em
relação ao ano anterior, segundo
pesquisa realizada pela consultoria
Kaya Mind. Para Maria Klien, sócia da
CBFarma e cofundadora do Instituto
Gaia, a possível regulamentação para
usos medicinal, industrial e recreativo
pode gerar até 328 mil empregos e
R$ 26 bilhões em quatro anos.
MERCADO IMOBILIÁRIO
EM CENA
A On Brokers, empresa carioca do
setor imobiliário criada há três anos,
acaba de superar a marca de
R$ 400 milhões em vendas e mais
de 330 imóveis de alto padrão na
Zona Sul e na Barra da Tijuca.
A empresa é liderada por
Nayara Técia, que chegou ao Rio
com R$ 10 no bolso para ser atriz.
Para custear o curso de teatro, a
executiva se tornou corretora de
imóveis, fazendo do mercado
“A GENTE PODE SONHAR imobiliário o seu palco. Nayara
EM 2030 EM TER UMA também faz parte do livro
As 15 Especialistas do Mercado
BALANÇA COMERCIAL DE Imobiliário, eleita a segunda mulher
US$ 1 TRILHÃO” mais influente no mercado imobiliário
do Brasil. Ela também é fundadora
PRESIDENTE LULA do Instituto Suporte dos Sonhos,
EM ENCONTRO COM EMPRESÁRIOS fomentando o empreendedorismo
NA ARÁBIA SAUDITA das mulheres carentes em Codó
(Maranhão), sua terra natal.

PARCERIA CONTRA FRAUDES NO CELULAR

A plataforma global de comunicação em nuvem Infobip firmou parceria com as três principais operadoras
móveis do País para lançar as primeiras APIs de Verificação de Número. O objetivo é desenvolver o sistema
de combate à fraude. Segundo Yuri Fiaschi, vice-presidente da Infobip, a Verificação de Número, a
primeira dessas APIs, visa combater fraudes de identidade, certificando a posse do número de telefone
móvel do usuário final com a conexão de dados da operadora móvel. Essa colaboração é possível pelo
status de parceiro do canal Open Gateway da Infobip, que permite que marcas e desenvolvedores integrem
APIs compatíveis com a câmara por meio de um ponto de acesso, a plataforma em nuvem da Infobip. A
expectativa é que mais operadoras, provedores de nuvem e integradores se juntem ao GSMA Open Gateway.

Dinheiro 06/12/2023 09
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ENTREVISTA | Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados

“A reoneração
da folha
de pagamentos
vai causar
muito
desemprego”
Líder da Associação
Brasileira da Indústria de
Calçados estima que
apenas no primeiro ano
sem a desoneração que
vigora desde 2011 o setor
fechará 20 mil vagas, quase
10% da mão de obra total
na indústria calçadista

Hugo CILO

12 Dinheiro 06/12/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO

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O gaúcho Haroldo Ferreira, presidente
da maior associação do setor calçadista
do País, a Abicalçados, teve uma agenda
intensa nas últimas semanas. O executi-
vo capitaneou a principal feira do setor,
a Brazilian Footwear Show (BFShow),
em Porto Alegre, e viajou a Brasília para
lutar contra o veto do presidente Lula à
permanência da desoneração da folha de
pagamentos, que beneficia seu setor e
que vigora desde 2011. Só na indústria
calçadista, o impacto deve ser de R$ 720
milhões por ano. “O fim da política deve
gerar uma onda de desemprego na ativi-
dade, que já não teve um ano fácil. Esti-
mamos que, logo no primeiro ano de uma
possível reoneração, perderemos mais
de 20 mil empregos, quase 10% da mão
de obra total na indústria calçadista”,
afirmou Ferreira. A desoneração da folha
de pagamentos nasceu como uma políti-
ca que visa preservar empregos nas ati-
vidades que mais empre-
gam no Brasil, mas o
governo alega que não
houve aumento das con-
tratações. O mecanismo
permite a substituição da
contribuição previdenci-
ária patronal de 20%, in-
cidente sobre a folha de
salários, por alíquotas que
variam entre 1% e 4,5% sobre a receita
bruta. No caso da indústria calçadista, a
alíquota é de 1,5%. Confira, a seguir, sua
entrevista:
governo, os pedidos das lojas para a in- dólares no país. O dólar vai subir. Vai
dústria começaram a ser segurados. As piorar a questão de consumo e isso, na-
fábricas tiveram de reduzir a produção turalmente, reflete nas nossas exporta-
de calçados. Isso foi sentido em setembro. ções. Mas, por enquanto, são apenas
conjecturas. Eleição é uma coisa, quando
Alguns polos de produção devem começar senta na cadeira de presidente é outra
a parar nesse início de dezembro. coisa. Quando ele fala na questão de rom-
Demissões ou férias coletivas? pimento com o Brasil, rompimento com
Férias coletivas, por enquanto. As fábri- a China, sair do Mercosul, vejo como
cas estão adiantando em 15 dias a parada discurso de candidato. A Argentina de-
coletiva. Não lay-off. Nosso setor não pende do Brasil nessa questão, tanto co-
utiliza o lay-off como montadoras e outros mercialmente para exportar pra cá mui-
segmentos. A indústria calçadista tenta tos produtos, como para abastecer o seu
segurar ao máximo o trabalhador, mas, próprio mercado.
em algum momento, acaba tendo que
reduzir os postos de trabalho. Mas o setor trabalha com a hipótese real
de a Argentina sair do Mercosul?
Mas só a isenção das plataformas está Seria uma lástima se realmente acon-
causando esse estrago? tecesse isso. O Mercosul não tem evo-
Tem o impacto da isenção, mas tem tam- luído muito nesses anos, mas estamos
bém a queda da exportação. As vendas ao prestes a conseguir fechar o nosso gran-
exterior reduziram bastante. A gente deve de acordo entre o Mercosul e a União
Europeia. Por isso, não
acredito que isso vá acon-
A isenção de impostos em até US$ 50 tecer. Acho que ele não
teria base no Congresso.
para as plataformas estrangeiras afeta
Não é tão simples quanto
muito o nosso varejo. Assim que ela foi no discurso. Mas se isso
confirmada pelo governo, as fábricas acontecer, nosso imposto
tiveram de reduzir a produção’’ passaria de zero para 35%.
Isso é muito ruim para o
povo argentino. Se ele é
fechar o ano com 12,4% de queda na ex- um liberal extremo, pode até sair do
portação. Diminuiu porque a Europa e Mercosul e não taxar as importações.
os Estados Unidos, alguns dos principais Não dá para saber ainda. Temos que
compradores, estão em desaceleração. aguardar os próximos dias.

DINHEIRO — Como foi 2023 para a indús-
tria calçadista?
HAROLDO FERREIRA — Infelizmente,
tivemos uma mudança de cenário. Está-
vamos muito bem até setembro, quando
houve uma queda de 14% no mês. Nossa
expectativa era fechar o ano com alta de
1% e 1 ,5%. Mas agora vamos fechar 2023
com retração de 1,1%.
Por quê?
Parte disso é resultado da isenção de im-
postos para as plataformas estrangeiras
em até US$ 50. Isso está prejudicando
bastante. Afeta muito o nosso varejo.
Assim que a isenção foi confirmada pelo
E a Argentina?
Curiosamente, a Argentina está crescen-
do. Neste ano, o país vizinho se tornou o
principal destino das exportações de
calçados brasileiros. De janeiro a setem-
bro, houve queda de 36,4% em valor para
o mercado americano, com US$ 192 mi-
lhões. Já para a Argentina as exportações
subiram 28,7%, com US$ 203 milhões.
Uma inversão de posições.
Como o cenário político na Argentina,
com a vitória de Javier Milei, pode afetar
esse desempeno nos próximos meses?
A tendência é que a inflação suba no cur-
to prazo porque tem uma corrida por
A dolarização da economia argentina
ajuda ou atrapalha?
A população da argentina sempre se las-
treou com o dólar. Então, sempre foi as-
sim. Isso não é da noite para o dia. O
impacto dessa incerteza afeta o Brasil.
Mas o fato é que a Argentina precisa mais
do Brasil do que nós deles. Imagine o
setor automotivo. Vai faltar peça para
tudo quanto é lado.
Como estão os empresários do setor so-
bre isso?
Os empresários do nosso setor estão
também apreensivos. Eles nos fazem
essa consulta, como é que vai ser. A cri-

Dinheiro 06/12/2023 13
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
ENTREVISTA | Haroldo Ferreira
se da Argentina nos últimos anos já vem
atrapalhando. A questão do prazo de
pagamento é um problema. Eles pagam
em 180 dias depois que conseguem a
autorização de exportação. Ficam segu-
rando porque não têm reservas para
pagar a exportação. E o pior, muitas ve-
zes, o importador tem dinheiro. Mesmo
se o importador argentino tem reservas
para pagar, não consegue fazer o paga-
mento. O governo argentino impõe essas
restrições.
O Brasil tem como redirecionar as expor-
tações?
Não de imediato. Tenho que ser sincero.
Seria muito difícil. Mas temos como
trabalhar iniciativas para buscar novos
países. Mas não estamos contando com
queda nas exportações para a Argentina.
Seria um baque na nossa indústria. Isso
não está previsto. Não estamos colocan-
do isso na nossa previsão
de produção para o pró-
ximo ano. Em 2024 vamos
crescer 2,2%.
Qual será a reação do setor
de calçados contra a isen-
ção das plataformas es-
trangeiras?
A Abicalçados e a Assinte-
cal [outra entidade que representa o se-
tor] já entraram com uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade, uma Adin, no STF.
Essa é uma linha para tentar derrubar
essa isenção. Dias atrás conversei com o
vice-presidente e ministro Geraldo Al-
ckmin, que está dizendo que vai voltar a
ter o imposto de importação, eliminando
essa isenção dos US$ 50. Essa isenção
não faz nenhum sentido. Não faz nenhum
sentido. Estamos confiantes de que isso
vai cair a partir de janeiro.
Por que ainda não caiu?
Pelo fator político. Agora tem Natal. Não
querem mexer nisso. Mas o próprio mi-
nistro Fernando Haddad, desde o início,
diz que não concorda. Está prejudicando
muito a produção nacional, no nosso setor,
14 Dinheiro 06/12/2023
setor do vestuário, setor de brinquedos,
pega muita gente. Esse é um problema. É
uma concorrência desleal ao extremo. Se
for manter a isenção, que isente também
a indústria nacional até R$ 250.
Sem isso, o setor não cresce?
Com o fim da isenção, o setor calçadista
cresce. A indústria calçadista é muito
sensível. Mas há outro fator essencial:
a desoneração da folha de pagamentos.
Estamos apostando que vamos continu-
ar com a desoneração da folha. Tem que
continuar. Desde 2011 temos isso. Não
dá para tirar agora. Todos os calçados
que estão sendo vendidos aqui não estão
precificados com um aumento de carga
tributária. Não tem motivos para voltar.
O veto tem que cair. O veto vai ser der-
rubado no Congresso. Afinal, o governo
não está perdendo nada. Como nada está regulamentado, hoje é
muito difícil fazer projeção. Não temos
Prejudicar os segmentos que mais
empregam não pode ser uma opção.
Vai causar efeito contrário. Apoiamos
que todos os setores tenham a
desoneração da folha’’
Mas o governo precisa arrecadar mais
para atingir a meta de déficit zero em
2024...
Precisa cortar gastos. É o que fazemos
na nossa vida particular, na nossa em-
presa. Alguma escolha o governo vai ter
que fazer. Prejudicar os segmentos que
mais empregam não pode ser uma opção.
Vai causar efeito contrário. Se voltar, a
reoneração da folha de pagamentos vai
causar muito desemprego. Só no setor
calçadista, pela nossa estimativa, mais
de 20 mil postos de trabalho serão fe-
chados em dois anos, cerca de 10% da
força de trabalho.
Qual sua avaliação da Reforma Tributária?
A espinha dorsal que foi aprovada é boa,
mas é na regulamentação que mora o
perigo. O princípio da reforma, com o fim
das benesses a alguns setores, é impor-
tante para simplificar e dar mais previ-
sibilidade para os empresários na questão
burocrática.
Mas a desoneração da folha que você
defende, e que beneficia só 17 setores,
não é uma dessas benesses que gera dis-
torções na economia?
É por isso que apoiamos que todos os
setores tenham a desoneração da folha.
Desonerar quem contrata será um sinal
positivo. Agora, aumentar a tributação
sobre quem mais gera emprego vai na
contramão da história. Se houver reone-
ração, vai crescer a informalidade.
E qual a estimativa do impacto da Refor-
ma Tributária sobre o setor?
nenhum estudo sobre isso
ainda. Tem muita coisa para
acontecer. Mas, reforço,
não fazer a Reforma Tribu-
tária seria um retrocesso.
O grande desafio será com-
pensar as regiões que são
menos competitivas.
Quais regiões?
Se a reforma vai acabar com a guerra
fiscal e equalizar a tributação em todo o
País, por que as empresas vão investir em
locais distantes dos grandes centros de
consumo? Quando houve a migração da
indústria calçadista para o Nordeste, há
30 anos, havia uma vantagem de custo
salarial. Hoje não tem mais diferença.
Produzir um sapato no interior de São
Paulo, no Rio Grande do Sul, em Santa
Catarina ou no Ceará tem o mesmo cus-
to. Então, por que as empresas vão para
o interior do Ceará? Por isso surgiram os
incentivos fiscais, que perduram até hoje.
Uma Reforma Tributária que acaba com
essa competitividade pode gerar proble-
mas. Por essa razão, a reforma precisa
prever um fundo de compensação, pen-
sado e criado para esses locais.
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CASHBACK OU
RECOMPENSAS:
SUA EMPRESA SABE
QUAL ESCOLHER?
O cashback (dinheiro de volta, em português)
consiste em um programa de recompensa ao
consumidor, em que é possível ter de volta uma
parcela do dinheiro investido em um produto
ou serviço.
Além desse retorno, muitos programas de
cashback contam com parceiros, permitindo
que você compre algo (combustível, uso em
aplicativos de comida, etc) com a quantidade
acumulada do “dinheiro de volta”. Mas isso
também pode levar um tempo, ou seja,
pode demorar para seu cliente sentir que
“recuperou algo”.
Para usar esses programas, é necessário se
cadastrar em uma plataforma específica ou
fazer download de aplicativos. Depois, basta
fazer a compra do produto em um site parceiro
e, antes de finalizar a aquisição, é só ativar a
opção do cashback. O retorno do dinheiro pode
variar em diferentes porcentagens.
Após a finalização, a loja parceira tem um
prazo para avisar o intermediário sobre a
compra, para que o dinheiro volte ao cliente
ou fique disponível em forma de descontos,
vouchers e cupons.
É bem comum que haja confusão entre
ações de cashback e estratégias de
marketing de recompensas. De fato, ambas
têm semelhanças, como a oferta de uma
experiência única de compra ao cliente. Porém, o
marketing de recompensas trabalha com a
oferta de algo diferenciado ao cliente no valor da
compra, sem necessariamente requisitar
um cadastro.
Além do mais, os programas de cashback
tornam as relações entre marca e público
puramente transacionais, tendo um impacto
relativamente baixo no reconhecimento da sua
organização. Por outro lado, o marketing de
recompensas oferece opções personalizadas
ao cliente, aproximando a sua empresa dos
valores e necessidade de cada comprador,
proporcionando a eles viagens, idas ao cinema
e até assinaturas de streaming.
As recompensas instantâneas têm alguns
pontos mais vantajosos, como a aproximação
da marca com o cliente, sendo uma ótima
estratégia para aumentar a conversão de
leads (potenciais clientes).
Segundo uma pesquisa realizada pela
SmarterHQ, cerca de 90% dos consumidores
estão dispostos a oferecer seus dados de
comportamento de compra, em troca de
benefícios adicionais para melhorar a
experiência de compra.
Conheça algumas ações do marketing
de recompensas:
GRATIFICAÇÃO INSTANTÂNEA
As gratificações instantâneas são brindes que
os clientes recebem na hora, após realizar
alguma ação (compra de produto, cadastro
em plataforma, etc.). Muitas empresas invest-
em em brindes como infoprodutos, ou seja,
trocam conteúdos de qualidade por dados de
comportamento do consumidor. Assim, é
possível realizar uma pesquisa de mercado
mais assertiva.
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CRÉDITOS PARA
COMPRA NO SITE
CONEXÃO EMOCIONAL
O marketing de recompensas é capaz de gerar
uma conexão emocional com os seus clientes,
pois se sentem especiais e vão lembrar da sua
marca sempre. Como efeito, além de aumentar
as taxas de conversão, você também conquista
a fidelização do público e maior índice de vendas.
MAIOR RETORNO DE VALOR
O maior retorno de valor depende fundamental-
mente de boas estratégias de marketing. Com a
oferta de recompensas instantâneas, muitos
consumidores se sentem especiais, próximos da
marca e não se importam tanto com o preço (ao
contrário, eles dão importância à experiência
de compra).
MAIOR ENGAJAMENTO DO PÚBLICO
Outro resultado positivo do marketing de recom-
pensas em comparação aos programas de
cashback é o maior engajamento do público.
Isso porque as pessoas passam a ver a sua
marca com mais carinho e afetividade quando
recebem uma recompensa, especialmente se
ela for instantânea.
RETENÇÃO DE CLIENTES
A retenção de clientes também aparece como
uma vantagem competitiva do marketing de
recompensas em relação aos programas de
cashback. Muito disso deve-se à curiosidade
do público em relação às recompensas
instantâneas e porque o consumidor se sente
valorizado pela marca.
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Sustentabilidade POR SÉRGIO VIEIRA

Ressignificar a utilização do plástico.

Essa tem sido a missão da empresa
Fuplastic, indústria brasileira que
atua com soluções inteligentes e
sustentáveis para a construção civil.
O objetivo da empresa é garantir em
2024 a utilização de 6 milhões de
quilos de plástico com seu modelo
de tijolo a partir da reciclagem do
polipropileno. Com cada bloco
produzido, é retirado meio quilo de
plástico do meio ambiente. Os blocos
modulares da empresa acabaram de
chegar a Berlim, na Alemanha, por
meio de parceria com a rede de óculos
Chilli Beans, de Caito Maia. Eco Chilli,
que é chamado o novo ponto de
venda da rede, é um container
de 15 m² montado com 1,3 mil blocos
sustentáveis, que representam
700 quilos de resíduos retirados
da natureza. A Fuplastic também
pretende ampliar a presença
internacional, com planos de
implementar a loja em Portugal e

O tijolo de
no Peru no ano que vem. “Temos no
plástico uma oportunidade incrível
de auxiliar em um problema sério de
descarte irregular de resíduos e de
preservação do meio ambiente, com

plástico na loja
soluções inovadoras e revolucionárias”,
disse à DINHEIRO Bruno Abramo,
CEO da Fuplastic. ”E poder levar nossa
expertise para outros países é o
reconhecimento da qualidade dos

da Chilli Beans
nossos produtos e soluções quando
o assunto é ressignificação.”

ECONOMIA E EFICIÊNCIA

MENOS PAPEL GASTO NO CAIXA ELETRÔNICO

Em tempos de cada vez mais
utilização de aplicativos e de
redução na pegada de carbono,
a empresa TecBan tem
investido para reduzir o uso de
papel em suas operações e,
consequentemente, minimizar
os danos causados à natureza.
Entre 2022 e 2023, a empresa
implementou uma nova bobina
térmica para impressão de
comprovantes, que conseguiu
diminuir o consumo de papel
em 13%. Isso significa que, ao
fim deste ano, a TecBan
conseguirá chegar à marca de
37 toneladas de matéria-prima
economizadas. “O segredo está
na redução da gramatura do
papel que é utilizado para a

16 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: JOYCE CURY | PRODUTORA TECBAN | LEOPOLDO SILVA/AG. SENADO | DIVULGAÇÃO
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MENTORIA E ESPAÇO DE TRABALHO

APOIO AO EMPREENDEDORISMO NEGRO

A WeWork, líder global em
espaços flexíveis de trabalho,
está com inscrições abertas, até
15 de dezembro, para o BlackLab,
programa de incentivo ao
empreendedorismo negro. As
empresas selecionadas terão
acesso ao espaço, mentorias com
áreas específicas e com a CEO
da WeWork na América Latina,
Claudia Woods. A inscrição é
gratuita. “O compromisso
fundamental é com a construção
de comunidades, que é o nosso
core. Nossa contribuição para o
empreendedorismo negro está
em nosso ativo mais valioso, que
são os espaços de trabalho
flexíveis, colaborativos e criativos”,
disse Raissa Mendes, head de
People da WeWork no Brasil. Na
primeira fase, todos os inscritos
serão avaliados por um comitê
formado por lideranças negras
e convidados. Entre os critérios,
a empresa precisa ter no quadro
societário ao menos uma pessoa
autodeclarada preta ou parda,
ter até dez colaboradores, utilizar
tecnologia como base de sua
solução e capacidade de
impactar positivamente a
sociedade brasileira por meio
dessa solução. Dez empresas irão
para a segunda fase, no dia 10 de
janeiro de 2024, e os selecionados
serão anunciados em 31
de janeiro de 2024.

FÁBRICA DE PROFISSIONAIS
EMPRESA FORMA LÍDERES NO BRASIL E NO MUNDO
Treinar líderes tem sido um
dos principais desafios
corporativos da última
década, no Brasil e no mundo.
Visando esse cenário, a
Crescimentum, do fundador e
ex-C-level do setor bancário
Arthur Diniz, tem
encabeçado o programa
Líder do Futuro, que em 20
anos de atuação
já treinou 130 mil líderes por
Brasil, EUA, França e Portugal.
Com uma previsão de
faturamento para 2023 de R$
70 milhões, o foco deste ano
será na nova configuração do
programa, que terá três
pilares: o Líder do Futuro
Fundamentos, Líder
Comercial do Futuro e Líder
do Futuro Executivo. “É tudo
voltado para preparar as
lideranças para atingirem os
melhores resultados por meio
da gestão eficaz, consciente
e humana de pessoas”, disse
Diniz. Somente na área de
Desenvolvimento de Líderes e
de Gestão de Cultura
Organizacional, já são mais de
200 turmas, formando mais
de 10 mil lideranças que
impactam diretamente
milhares de pessoas no
mundo.

MUDANÇA POLÊMICA
emissão dos comprovantes que
saem dos caixas eletrônicos. SENADO APROVA PL DOS AGROTÓXICOS
Dessa forma, cerca de 15
Mais um embate entre ambientalistas e ruralistas. O Senado
hectares de árvores serão
aprovou, na terça-feira (28) o Projeto de Lei dos Agrotóxicos, após
preservados anualmente, o
anos de polêmicas e de tramitação. A proposta muda as regras de
equivalente a 15 campos de
aprovação e comercialização dos produtos usados no setor
futebol”, disse Mayr Camazano,
agrícola. O relator foi o senador Fabiano Contarato (PT-ES), que
superintendente de Engenharia
tentou costurar um meio-termo entre os dois setores. Com isso, será
da TecBan. Com a nova
revogado a Lei dos Agrotóxicos, de 1989. O Ministério da Agricultura será
tecnologia, a empresa, que utiliza
responsável pelo registro de agrotóxicos e da fiscalização, o Meio Ambiente fará o
128 mil bobinas anualmente,
registro de produtos de controle ambiental. A medida chegou a ser chamada de ‘PL
evitará o desperdício de
do Veneno’ por ativistas, que entendem que a ação poderá liberar entrada de
mais de 4 milhões de litros
agrotóxicos com níveis graves de risco para a saúde humana e para o meio ambiente.
de água por ano.
Para virar lei, agora a medida precisa ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Tudo isso em plena semana em que começa a COP28, em Dubai.

Dinheiro 06/12/2023 17
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Responsabilidadehumanística

UMA ONDA CHAMADA ESG

I
nteressante observar a dimensão polêmica que a dá em detrimento da natureza — seja do planeta, seja
DANTE discussão sobre ESG assumiu nos últimos meses. do ser humano. O que se vem planteando nos últimos
GALLIAN
É DOUTOR EM
O que há bem pouco tempo parecia uma “onda do tempos, numa perspectiva “consciente”, é como man-
HISTÓRIA PELA USP, bem” que envolveria todas as empresas do planeta, ter esse mesmo objetivo diminuindo ao máximo seus
COORDENADOR DO gerando uma verdadeira revolução verde (pelo lado efeitos deletérios. Dessa forma, a proposta da pauta
LABORATÓRIO DE do environment) e colorida (no âmbito do social), ESG deve ser compreendida como um conjunto de
LEITURA DA
ESCOLA PAULISTA
parece ter causado uma violenta “ressaca” em diver- medidas paliativas. Interpretá-la como um recurso
DE MEDICINA E sos setores do mercado, da sociedade e da própria curativo é elevá-la à categoria de panaceia. Apresen-
AUTOR DE intelligentsia. Recentemente, em vários estados dos tar a pauta ESG como caminho para salvar o planeta
RESPONSABILIDADE EUA foram aprovadas medidas antiESG, e não pou- só reforça a estupidez dos negacionistas, que afirmam
HUMANÍSTICA —
UMA PROPOSTA
cas figuras referenciais do mercado financeiro se que o planeta está muito bem, obrigado, e que, por-
PARA A AGENDA posicionaram contra o movimento. Apontaram crí- tanto, não precisa ser salvo.
ESG (POLIGRAFIA ticas severas e recomendaram cautela. O segundo ponto que considero importante para
EDITORA) Seria fácil interpretar tais o debate é que vejo a pauta
posicionamentos como uma ESG como um fenômeno mui-
natural reação das forças con- Num contexto em que a to positivo, não tanto pelo que
servadoras e reacionárias do polarização é tônica de todos ela promete realizar, mas pelo
capitalismo diante do avanço os debates na sociedade que tem permitido repensar.
das linhas progressistas e contemporânea, cobrar um Sua principal virtude, me pa-
conscientes que se veem im- rece, é a de explicitar questões
buídas do grande propósito de
posicionamento extremo de cunho ambiental, social e
salvar o planeta. Tal leitura,
em relação à pauta ESG levará, político que antes estavam à
entretanto, me parece não desastrosamente, ao seu margem do universo corpo-
apenas simplista, mas também esvaziamento crítico, rativo, como se não tivessem
extremamente perigosa. Num com as consequências que já relação com o mercado, in-
contexto em que a polarização se pode imaginar troduzindo-as no core das
é tônica de todos os debates empresas. Assim, temas que
na sociedade contemporânea, há menos de duas décadas
cobrar um posicionamento extremo em relação à estavam restritos ao ambiente universitário ou par-
pauta ESG levará, desastrosamente, ao seu esvazia- lamentar passaram a estar presentes no âmbito da
mento crítico, com as consequências que já se pode gestão, da governança e das relações de trabalho nas
imaginar. Nesse sentido, alguns pontos essenciais companhias. Isso, por si só, já é algo que justifica e
precisam ser explicitados. avaliza toda a “onda” ESG. Entretanto, no momento
O primeiro deles é lembrar que o propósito do em que toma corpo, é preciso cuidar para que a “onda”
capitalismo nunca foi e nunca será o de salvar o pla- seja adequada, para que a surfemos e conquistemos
neta. Não é preciso resgatar Karl Marx e nem mesmo importantes avanços, evitando que se transforme
Stuart Mill para relembrar que o compromisso do num verdadeiro tsunami que, ainda que cheio de
capitalismo sempre foi e sempre será a acumulação boas intenções, destrua tudo pelo caminho a acabe
de riqueza ou do próprio capital, e que tal objetivo se por morrer na praia.

18 Dinheiro 06/12/2023
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NEGÓCIOS

O PA P E L D O B R A S
a imagem oficial que ilustra a participação dos países
PAÍS TERÁ SUA MAIOR DELEGAÇÃO DA

N
na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança

HISTÓRIA NA CONFERÊNCIA DO CLIMA, do Clima (COP27), realizada no Egito, em novembro

do ano passado, não há representante brasileiro.
EM DUBAI, COM PARTICIPAÇÃO ATIVA Como fez em toda sua gestão, Jair Bolsonaro ignorou
a importância da discussão global sobre as mudanças
DO GOVERNO E DA INICIATIVA climáticas. Então eleito para o terceiro mandato, Luiz Inácio Lula
da Silva foi convidado para o evento com status de estrela, mas
PRIVADA. EVENTO É OPORTUNIDADE não podia falar pelo Estado brasileiro. Coube a ele apresentar
promessas para seu futuro governo. Um ano depois, o cenário é
PARA MOSTRAR OS AVANÇOS NO completamente diferente. Com a maior delegação da história
(cerca de 2,5 mil representantes), entre nomes do governo, do
CAMINHO DA DESCARBONIZAÇÃO Legislativo, iniciativa privada e sociedade civil, o País já leva solu-
ções para a COP28, em Dubai, que começou na quinta-feira (30)
e vai até 12 de dezembro, nas áreas econômica, ambiental e ener-
Jaqueline MENDES e Sérgio VIEIRA
gética. Em tempos de busca de saídas para a descarbonização, o
mundo está interessado em saber o que o Brasil tem a mostrar às

20 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: AMR ALFIKY/REUTERS | BRUSINI AURELIEN/AFP

 Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
A SIL NO CLIMA
demais nações e como pretende chegar na COP30, em 2025, que
será em Belém (PA), em plena Amazônia.
Ao todo, são esperados 14 ministros na COP28, entre eles
Fernando Haddad, da Fazenda, e Marina Silva, do Meio Ambien-
te e Mudança do Clima. Um ativo importante que o governo fe-
deral levará ao fórum refere-se à queda do desmatamento na
Amazônia neste ano. Segundo dados do sistema Deter, do Insti-
tuto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a redução de derru-
bada no bioma foi de 49,7% entre janeiro e outubro, em relação
ao mesmo período de 2022. Por outro lado, o Cerrado registrou
alta de 3% nos mesmos meses sobre o ano passado, em uma área
equivalente ao tamanho da cidade de Manaus.
Na conferência global, Haddad irá apresentar o Plano de
Transformação Ecológica (PTE), que pretende guiar a transição
econômica do País com a promoção do desenvolvimento susten-
tável. A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana
Santos, anunciou a abertura de cinco editais do programa Mais
O BARRIL E
A FLORESTA
Fórum global,
que vai até 12 de
dezembro, ocorre
em um dos países
com a maior
produção de
Inovação Brasil para financiar projetos nas petróleo; Brasil vai
áreas de transição energética, bioeconomia, apresentar dados
sobre a redução do
infraestrutura e mobilidade. O total de desmatamento na
recursos investidos chega a R$ 20,85 bi- Amazônia em 2023
lhões. Grandes companhias brasileiras,
inclusive as que atuam em setores muitos
ligados a emissões de gases de efeito estu-
fa, estarão com seus principais C-levels na
conferência, com anúncios importantes de
ações ambientais e de soluções energéticas.
“Esse papel não é só do governo. As
companhias estão cada vez mais presentes
em eventos paralelos e querem mostrar
que são benchmark em relação a emissões,
também muito em função da pressão do
mercado investidor”, disse Rodolfo Sirol,
diretor de Meio Ambiente e de Sustenta-
Dinheiro 06/12/2023 21
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
NEGÓCIOS
DE VOLTA AO
CENÁRIO
Na foto oficial da
COP27, no Egito, em
2022, não há a
participação de
representante
brasileiro; em 2019,
Brasil não quis
sediar evento
bilidade do grupo CPFL Energia e ex-char-
main do Pacto Global da ONU no Brasil.
“No campo da energia, por exemplo, a gen-
te vem avançando muito com biodiesel, na
inserção de álcool e na eletrificação de
frota, com a vantagem de uma matriz enér-
gica limpa. Isso já está no planejamento
estratégico das organizações.”
Para Danilo Maeda, head da consulto-
ria Beon ESG, a COP28 será uma platafor-
ma para discutir questões emergentes,
como a conservação da biodiversidade e a
importância da restauração dos ecossiste-
mas para enfrentar as mudanças climáticas.
“É fundamental que a conferência seja um
momento de ação decisiva para conseguir-
mos cumprir os parâmetros climáticos
previstos no Acordo de Paris”, disse.
Fato é que o Brasil poderia ter sido pro-
O Brasil precisa tagonista desta discussão climática bem
estar unido e antes. A edição da COP25, em 2019, estava
mostrar seu papel inicialmente marcada para ocorrer em solo
na diplomacia nacional, mas Bolsonaro disse não. O Chi-
mundial durante le, então, se ofereceu para organizar o even-
a COP28. Não dá to da ONU, mas a capital Santiago enfren-
para a gente se tou uma onda de protestos civis. Ao fim, o
mostrar dividido” fórum global acabou sendo realizado em
PATRICIA ELLEN
Madrid, na Espanha. “O que o Brasil perdeu
SÓCIA DA AYA EARTH nesse período é que a gente só conseguiu
22 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: SEAN GALLUP/AFP | AFP
se posicionar no mundo como celeiro de alimentos e não como
matriz de valor agregado. A complexidade de nossa matriz eco-
nômica piorou muito nos últimos anos. Poderíamos estar em
melhores condições”, disse Patricia Ellen, ex-secretária de De-
senvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e sócia da AYA
Earth Partners. Mas o consenso é que é hora de olhar para a
frente. “O Brasil precisa estar unido e mostrar seu papel na diplo-
macia mundial. Não dá para a gente se mostrar dividido.”
OUTRA LÍNGUA Mas a ativista climática e fundadora da Cre-
ators Academy, Kamila Camilo, enxerga de outra forma. Para ela,
ainda que fisicamente o Brasil esteja junto no espaço da COP, ao
contrário de edições anteriores, em que o governo tinha seu pró-
prio pavilhão, há um grande caminho para que haja consonância
das ações. “Os atores brasileiros desse tema não falam a mesma
língua”, disse. “O governo atual, no entanto, chega com uma ação
mais ambiciosa no avanço à redução das emissões e com uma
delegação mais diversa, com indígenas e jovens também.”
O diretor de Sustentabilidade da Ambipar, Rafael Tello, en-
tende que o País deverá ser protagonista no fórum global, a exem-
plo do que ocorreu durante a Semana do Clima, em setembro, em
Nova York. “Serão anunciados resultados importantes durante
todo o evento. O Brasil chega para passar um recado importante
ao mundo de que há ações sendo feitas. A missão agora é conseguir
ser percebido como protagonista, para integrar iniciativa privada
e sociedade civil com os outros países.”
A ausência do presidente americano Joe Biden e da vice
Kamala Harris na COP deste ano (o enviado dos Estados Uni-
dos será John Kerry, emissário da Casa Branca para questões
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
climáticas) é um ponto fora da curva do evento, mas pode re-
presentar ainda mais oportunidades para as empresas brasi-
leiras. “Deixa esse espaço aberto ao Brasil. Esperamos que seja
ocupado e a aposta para isso é o Plano de Transformação
Ecológica”, afirmou Patricia Ellen.
O irônico da história, e que causou muita controvérsia nos
meses anteriores ao evento, foi a definição de realizar a COP nos
Emirados Árabes Unidos, um dos principais produtores de pe-
tróleo do mundo. “Olhando pelo copo meio cheio, seria uma
oportunidade sincera para negociar um processo de transição
dos combustíveis fósseis de uma maneira justa. Mas a tendência
é que haja também uma intenção para aumentar as negociações
de petróleo”, afirmou Kamila.
“O Brasil, com seu potencial em energia solar e eólica, pode
apresentar avanços significativos nesse sentido, reduzindo a
dependência de combustíveis fósseis”, afirmou Fatih Birol, di-
retor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE). “A
indústria de óleo e gás vai se confrontar com a hora da verdade
na COP28 em Dubai.” Para o ano que vem, o palco da COP29 está
indefinido. A expectativa é que ele seja realizado num país do
Leste Europeu, mas a partir da guerra da Ucrânia o cenário ficou
incerto. Até por conta disso, há uma grande tendência que o foco,
ao fim do evento deste ano, já recaia sobre o Brasil, para a COP
de 2025, principalmente com a presença em Dubai do Consórcio
MUDANÇA
ENERGÉTICA
Uma das missões
da COP28 é
apresentar
soluções para
reduzir emissões
de carbono
Amazônia Legal e do governador do Pará,
Helder Barbalho.
A advogada Tatiana Cymbalista, sócia
da Manesco, Ramires, Perez, Azevedo
Marques Sociedade de Advogados, acre-
dita que o Brasil terá a chance de mostrar,
agora em Dubai e em 2025 em Belém, seu
efetivo protagonismo mundial, posição já
ocupada em outros momentos. “É um
símbolo de que estamos de volta. O Brasil As empresas estão
sempre foi um gigante ambiental, que cada vez mais
sediou a histórica Eco-92. É uma oportu- presentes na COP
nidade para o País mostrar que irá cumprir e querem mostrar
suas metas estabelecidas. E não é absurdo que são benchmark
acreditar”, disse. em relação a
O recado dado pelo secretário-geral da emissão de gases
ONU, António Guterres, durante pronun- de efeito estufa”
ciamento no início deste ano traduz o sen-
timento da urgência nas ações para mitigar RODOLFO SIROL
DIRETOR DA CPFL
os impactos das mudanças climáticas:
“2023 é o ano do ajuste de contas”. A clara
mensagem é que o momento de promessas
já passou. Agora é hora da prática. A opor-
tunidade está posta em Dubai.
Dinheiro 06/12/2023 23
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ECONOMIA

CIDADES
EM ALERTA
LULA VETA REDUÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA DE PEQUENOS MUNICÍPIOS E JOGA LUZ
A UMA QUESTÃO QUE UM DIA TERÁ DE SER ENCARADA:
SERÁ QUE PRECISAMOS MESMO DE TANTAS CIDADES?

Paula CRISTINA

18 Dinheiro 06/12/2023
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O
lhar para as contas públicas dos municípios é um exercício
de controle de ansiedade. Mais de 55% viraram outubro
sem condições de arcar com as contas, e o número deve
encostar em 80% até o final do ano. Oito a cada dez cidades
gastam 91% de suas receitas com custeio da máquina e
folha de pagamento, tornando praticamente inviável qual-
quer obra que não seja custeada pelo estado, ou pela União.
E isso, com uma eleição batendo à porta, tem causado um reboliço,
principalmente depois que o presidente Lula vetou o PL 334/23
que tratava da desoneração da folha de pagamento. Junto dele
havia algo mais: a contribuição previdenciária de municípios com
até 156,2 mil habitantes cairia de 20% para 8%, mas o governo fe-
deral decidiu manter o índice maior. Pelos cálculos da Confedera-
ção Nacional dos Municípios (CMN), a decisão representa R$ 11
bilhões ao ano a menos no caixa dessas prefeituras.
Mas será que esse é o principal problemas das cidades de até
156,2 mil habitantes? Nesse perfil de município, nove a cada dez
prefeitos estão com as contas no vermelho, e a recuperação finan-
ceira não se trata apenas de uma gestão mais eficiente, ou mais
repasses federais, mas uma revisão se a existência deste perfil de
cidade ainda faz sentido para as contas públicas da União. Em um
universo com 5.570 executivos municipais, o custo da máquina
pública nos pequenos é praticamente o dobro por habitante de uma
cidade com mais de 300 mil moradores, segundo dados do Ipea. E
as coisas não vão ficar mais fáceis. Com a Reforma Tributária e o
imposto sendo pago ao longo da cadeia, e não apenas na origem,
muitas cidades sentirão o baque. O governo federal, por sua vez,
fala em compensação e abre a torneira de recursos, mesmo saben-
do que será uma despesa ad eternum.
O Brasil tem hoje 1.252 municípios com menos de 5 mil habi-
tantes. Desse total, 1.193 tiveram arrecadações de impostos muni-
cipais abaixo de 10% das receitas totais em todos os anos de 2015
até 2021. Um elefante branco (e caro) na sala das despesas federais.
Em 2019, o governo Bolsonaro chegou a propor a PEC do Pacto
Federativo, que usava indicadores de arrecadação para unir cidades
menores. O texto, no entanto, não avançou no Congresso e não foi
revisitado pelo governo Lula. Para Esther Caramante, doutora em
gestão de Políticas Públicas e que fez parte do governo de transição
de Lula junto à pasta de Cidades, o assunto não avança por falta de
interesse político, já que os próprios moradores e empresários
mostraram alguma simpatia ao tema. “Para os moradores haverá
um aumento substancial de recursos destinados à população, e para
os empresários a unificação de cidades torna mais fácil a contabi-
lidade”, disse ela, se referindo ao plano de fundir cidades vizinhas.
“O problema é que diminuir o número de cidades significa ter
menos vereadores, prefeitos, cabos eleitorais e licitações.”
Enquanto a discussão sobre mudar a forma como entendemos
os municípios no Brasil não sai do zero, os prefeitos precisam agir
para garantir algum recurso. Paulo Ziulkoski, presidente da CNM
esteve em Brasília para pedir apoio de deputados e senadores pela
derrubada do veto. “Isso será fundamental
11
para garantir que as prefeituras tenham
mais condições fiscal e financeira na Previ-
R$ BI
É A CIFRA QUE
dência Social, um dos principais gargalos da
administração municipal”, disse. De acordo
com a Confederação, atualmente, a dívida
OS MUNICIPIOS dos municípios com o Regime Geral de Pre-
DEIXARIAM DE vidência Social alcança quase R$ 200 bilhões.
PAGAR COM A O governo, por sua vez, argumenta que a
REDUÇÃO DO redução se trata de uma proposição incons-
IMPOSTO PARA titucional já que “cria renúncia sem apre-
PREVIDÊNCIA. sentar demonstrativo de impacto orçamen-
INICIATIVA tário-financeiro para o ano corrente e os
FOI VETADA dois seguintes, e sem indicar as medidas de
POR LULA compensação”.
UNIÃO Lula, que está nos Emirados Árabes
Unidos, para participar a COP28, defendeu
90%
o veto, e disse haver outras formas de com-
pensação que beneficiem o município. A
artilharia pesada, no entanto, caiu no colo
do vice-presidente Geraldo Alckmin, que
participou na terça-feira (28), representan-
DAS CIDADES do Lula, na abertura da 85ª Reunião Geral
DE ATÉ 152 MIL da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Para
HABITANTES mediar o conflito ele afirmou que a União
ESTÃO COM repassará na quinta-feira (30) R$ 8,7 bilhões
AS CONTAS
ao Fundo de Participação dos Municípios
NO VERMELHO.
NUMERO DEVE (FPM) para cobrir perdas de arrecadação
SUBIR APÓS do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
A REFORMA e Serviços (ICMS). E que outros R$ 3,3 bi-
TRIBUTÁRIA lhões serão depositado nos cofres municipais
para compensar a redução nas transferên-
cias ao FPM, em 2023.
Ele afirmou ainda que os municípios
95%
serão amparados pelas oportunidades tra-
zidas pelo PAC. Para entrar no programa,
no entanto, o prefeito precisa inscrever o
projeto, apresentar estudos de viabilidade,
fazer projeções financeiras e apresentar
DAS CIDADES laudos de conformidade climática. E, adivi-
COM ATÉ 5 MIL nha? Segundo dados do Ipea, entre 2009 e
HABITANTES 2014, período em que o PAC mais aplicou
ARRECADAM dinheiro em obras, 75% das cidades de até
MENOS DE 120 mil habitantes não conseguiram justi-
10% DO QUE
PRECISAM ficar seus projetos e 35% dos que consegui-
PARA MANTER ram não tiveram a obra concluída por pro-
A MÁQUINA blemas na execução. Um problema crônico
PÚBLICA EM PÉ com a cura nas mãos de quem rentabiliza
em cima de tal fragilidade.
FOTO: ISTOCK Dinheiro 06/12/2023 25
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ECONOMIA

O CÁLCULO DO C
om 15 viagens internacionais em
11 meses, o presidente Lula tem se
mantido obstinado em duas agen-
das. Uma pessoal, e uma como
chefe de Estado. A primeira, mais
questionável, envolve tornar o me-
talúrgico que chegou à presidência

RISCO BRASIL
do Brasil um baluarte da paz mun-
dial, com o petista tentando mediar confli-
tos que atravessam os séculos. O segundo,
mais palpável, é tornar o Brasil um porto
seguro para investimento estrangeiro. E
para isso Lula não tem poupado esforços.
Segundo a agenda presidencial, desde o
Maior confiabilidade na economia nacional abre início do mandato, Lula já fez 205 encontros
para tratar sobre o papel do Brasil na reto-
portas para o presidente Lula, mas manutenção do mada da economia global. De fato é um
bom momento vai exigir efeitos mais palpáveis feito. A título de comparação, o ex-presi-
dente Jair Bolsonaro fez 198 encontros
Paula CRISTINA oficiais em quatro anos de governo.

POLÍTICA
EXTERNA
Presidente Lula
caminha com o emir
do Qatar, Tamim Bin
Hamad Al Thani, e faz
rodada de negócios
com empresários

26 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: QATAR NEWS AGENCY/HANDOUT VIA REUTERS I PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
Mas qual o peso de tantas viagens na
percepção do mundo sobre o Brasil? Para
Lula, imenso. “Atuamos em duas frentes de
modo simultâneo. Lá do Brasil, temos uma
agenda que coloca o Brasil no futuro. Daqui
[de fora] eu mostro para o mundo que esta-
mos prontos”, disse o presidente em um
encontro com empresários em Dubai, nos
Emirados Árabes, terça-feira (28).
Essa confluência de fatores, que envol-
ve mais estabilidade política e econômica
no Brasil, e o mercado brasileiro aparente-
mente mais aberto, tem se revertido em
números. O CDS (Credit Default Swap),
também conhecido como Risco Brasil, bateu
o menor patamar desde 2020, atingindo
146,12 pontos na segunda-feira (27), o nível
mais baixo desde 31 de dezembro de 2020
(141,6 pontos). O CDS é uma espécie de
derivativo do mercado de crédito e, por meio
dele, as partes interessadas em negociar um
contrato conseguem mensurar o risco de
crédito de algum ativo. Quando o risco do
Brasil cai, a atratividade aumenta. Simples
assim. Há exatos 12 meses, o termômetro
estava em 257,3 pontos, uma queda consi-
derável no período.
OUTRO LADO Para Juscelino Ferreira
Paes, diplomata aposentado e professor de
relações internacionais da Unicamp, o po-
sicionamento do Brasil funcionará por um
tempo, mas Lula não poderá viver de pro-
messas. “Parte da estabilidade de Lula são
méritos de outros governos. As Reformas
Trabalhista e Previdenciária ajudam a di-
minuir o risco Brasil e formam uma tríade
importante com a Tributária, mas não po-
demos parar por aí”, disse. No entendimen-
to do diplomata, a conversão de diálogos em
negócios precisa de premissas mais claras.
“Ainda não há Arcabouço Fiscal e resta al-
guma incerteza sobre as contas públicas. A
lição de casa não está totalmente feita.”
No encontro com empresários dos Emi-
rados Árabes, Lula chegou a comentar sobre
a trajetória de queda do déficit público e a
projeção de zerar essa conta ano que vem.
Também falou sobre a redução da Selic e
como isso pode destravar crédito para in-
BOLSONARO E GUEDES ATINGIRAM O MENOR RISCO-PAÍS
EM DEZ ANOS, MAS ENTREGARAM O GOVERNO NO MAIOR
NIVEL HISTÓRICO. MELHOR CIFRA SE DEU COM LULA II
vestimentos. Por lá, ele buscou encontrar o tom para conversar com
empresários do ramo de energia limpa, indústria da transformação e,
claro, agronegócio. Com a cartilha do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) no bolso, Lula tratou de apresentar oportunidades
de cooperação entre as nações. Segundo estimativas do Ministério da
Fazenda, os negócios envolvendo os dois países, hoje em US$ 8 bilhões,
poderia ser ampliado para US$ 20 bilhões.
Em sua última visita aos Estados Unidos, o presidente Lula chegou
a profetizar que o risco Brasil continuaria em queda, acompanhando
a tendência apontada pela agência de classificação de risco Fitch, que
em julho elevou o rating soberano do Brasil de BB-, para BB, um sinal
de melhora no ambiente de negócios. “O risco do Brasil tem caído
gradativamente, um sinal claro de que investir no Brasil, hoje, é um
bom negócio”, afirmou Lula, no dia 23 de setembro, ao lado de Joe
Biden, presidente dos Estados Unidos.
Mesmo com o otimismo de Lula, ainda há muito para caminhar.
Em novembro de 2019, no governo Bolsonaro, o risco Brasil estava em
99 pontos — e olha que o Messias nunca foi muito dado aos eventos
externos. O motivo do risco menor, segundo o JP Morgan, era o fiador
Paulo Guedes, então ministro da Economia. O número obtido pelo
combo Bolso/Guedes foi o menor desde 2009, quando Lula estava
prestes a terminar seu segundo mandato. Para bater a própria meta,
Lula precisaria fazer o indicador chegar a 96 pontos, atingido em 25 de
outubro de 2009. Para chegar lá, o professor de macroeconomia da
Universidade de Brasília (UnB) Cesar Solto afirma que Lula terá de
desapegar da agenda pessoal e focar em resultados no Brasil. “Esse
delírio coletivo de que Lula é o Mandela do século 21 não se sustenta.
Lula pode, sim, ser o presidente que colocará o Brasil de volta ao G7.
Mas precisa focar nisso.” A última vez que estivemos no clubinho dos
oito maiores, inclusive, foi em 2009.
Dinheiro 06/12/2023 27
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FINANÇAS

M I N H A C A S A, M I
O CRESCIMENTO DO HOME
EQUITY, MODALIDADE DE CRÉDITO
COM GARANTIA DE IMÓVEL,
DISPARA COM O RECÉM-
SANCIONADO MARCO LEGAL
DAS GARANTIAS. BANCOS COMO
C6 BANK, ITAÚ E SANTANDER
APOSTAM NA MULTIPLICAÇÃO
DESSES FINANCIAMENTOS

Jaqueline MENDES

E
m terra de juros altos, quem tem
imóvel quitado é rei. Ao menos para
os bancos. Modalidade muito po-
pular nos Estados Unidos, mas es-
canteada pela grande maioria no
Brasil durante anos, o home equity, cré-
dito com imóvel como garantia, vem ga-
nhando espaço por aqui. A principal razão
é a possibilidade de obter juros menores
e com prazos mais alongados. Ao utilizar
um imóvel como garantia do empréstimo,
os bancos abatem do spread parte dos 4.676/2018, o home equity, ou Crédito com Garantia de Imóvel
riscos de inadimplência. Tanto é que o (CGI), ganhou impulso com a entrada em vigor neste ano do
montante de crédito concedido por meio Marco das Garantias de Empréstimos (PL 4.188/2021). A nova
do home equity ultrapassou R$ 6 bilhões lei reformula as normas que regulamentam tais contratos com
neste ano, distante dos R$ 255 bilhões o objetivo de diminuir o risco de inadimplência do devedor e,
em crédito imobiliário, mas uma alta de assim, reduzir o custo do crédito. A regulamentação da desju-
250% em quatro anos, segundo a Asso- dicialização era o principal núcleo do projeto. Antes, os credo-
ciação Brasileira das Entidades de Cré- res precisavam ir à Justiça para cobrar os bens dados como
dito Imobiliário e Poupança (Abecip). garantia em caso de inadimplência.
Embora exista deste 2007, quando a Por isso, em alguns bancos o crescimento da modalidade
modalidade foi incluída no Sistema de tem sido exponencial. É o caso do C6 Bank. Segundo Artur
Financiamento Imobiliário pelo Banco Azevedo, chefe de Home Equity do banco, de janeiro a outubro
Central, por meio da resolução Bacen nº deste ano houve alta de 207% nos contratos, passando de uma

28 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: ISTOCK I WANEZZA SOARES

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NHA GARANTIA
NOSSA META É
EXPANDIR A
CARTEIRA DE
CRÉDITO DE HOME
EQUITY PARA R$ 1
BILHÃO EM ATÉ DOIS
ANOS, COM JUROS
ATRATIVOS E SEM
BUROCRACIA ”
ARTUR AZEVEDO
CHEFE DE HOME
EQUITY NO C6 BANK
carteira de R$ 75 milhões para mais de
R$ 230 milhões no período. Detalhe: toda
a operação é totalmente digital, com pos-
sibilidade de negociação pelo WhatsApp,
uso de assinatura eletrônica e mais re-
centemente o registro em cartório 100%
digital. “A expectativa do C6 Bank é estar
entre os líderes de mercado nessa moda-
lidade”, disse Azevedo. “Nossa meta é
expandir a carteira de crédito de home
equity para R$ 1 bilhão em até dois anos,
com juros atrativos e sem burocracia”,
afirmou. As principais vantagens, segun-
do ele, são os juros mais baixos e os prazos maiores de paga-
mento. O crédito com garantia de imóveis pode ser pago em
até 240 meses com taxas que chegam a ser mais vantajosas que
a do crédito consignado, a depender do perfil do cliente. Com
prazo mais longo que outras modalidades de empréstimo, o
cliente pode negociar parcelas. O limite do empréstimo também
é uma vantagem. No C6 Bank é de até 60% do valor do imóvel.
BANCÕES No Itaú, o volume emprestado da modalidade
cresceu 20% nos últimos 12 meses, muito acima das demais
modalidades de crédito do sistema financeiro, com avanço de
8%, segundo Thales Ferreira Silva, diretor de Crédito Imobi-
liário, Consórcio e Veículos. “Nossa missão é fazer com que
esse produto seja cada vez mais compreendido pelas pessoas”,
disse o executivo. “Queremos ressignificar o imóvel como uma
alternativa vantajosa para os brasileiros e uma opção relevan-
te para alcançarem seus sonhos e se reestruturarem financei-
ramente, substituindo dívidas mais caras pelo crédito com
garantia de imóvel.” Até setembro deste ano, o banco concedeu
R$ 1,2 bilhão em crédito por meio dessa modalidade, o que
representa um avanço de 37% sobre o mesmo período de 2022.
Já no Santander, onde modalidade é chamada de UseCasa,
o home equity atingiu no terceiro trimestre deste ano uma
carteira de R$ 4,3 bilhões, volume 12% maior se comparado a
igual período de 2023. O banco atingiu 21% de market share
em agosto, segundo a Abecip, no embalo dos empréstimos da
modalidade UseImóvel, voltado à Pessoa Jurídica, que apre-
sentou crescimento de 116% na carteira de crédito em 12 meses.
Para Douglas Duek, CEO da Quist Investimentos e espe-
cialista em estruturação de empresas e mercado financeiro, o
tomador do empréstimo precisa colocar na balança das vanta-
gens e desvantagens da modalidade. “Os juros são atrativos,
com taxas mais baixas do que cartões de crédito ou empréstimos
pessoais, e os prazos são mais longos. Isso permite que os pro-
prietários acessem recursos significativos”, disse. Outro fator
a ser considerado, na avaliação do economista Ricardo Igarashi,
professor da Faculdade do Comércio, é o custo da operação.
Além dos riscos de perder parte do patrimônio, em caso de
dificuldade no pagamento das parcelas, os custos associados a
esses empréstimos costumam ser mais elevados. “Como o
banco tem custos para fazer análise do imóvel, há gastos com
a operação que outros empréstimos não têm. É preciso fazer
as contas para saber se vale a pena.”
Dinheiro 06/12/2023 29
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CAPA

COMO A BIMBO MULTIPLI

Brasil é o motor de
crescimento para os
negócios do grupo,
uma referência.
Nosso projeto é
de longo prazo”
ALFONSO ARGUDÍN
CEO DA BIMBO BRASIL

30 Dinheiro 06/12/2023 FOTO: GERMANO LÜDERS

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LICA OS PÃES NO BRASIL Maior panificadora do mundo,

com receita de US$ 23 bilhões,
empresa mexicana dona das
marcas Pullman e Nutrella tem
plano de triplicar o faturamento
da operação brasileira em
menos de dez anos
Beto SILVA

E
mbrulhar um pão em celofane para levá-lo mais fresco ao
consumidor não é uma inovação nos dias de hoje. Mas 78
anos atrás era uma novidade. O pão fatiado para sanduíches
produzido em uma pequena fábrica então recém-inaugura-
da, em 1945, no bairro conhecido como Santa María Insur-
gentes, na Cidade do México, ganhou o paladar dos mexica-
nos. E a embalagem foi tão bem aceita quanto o produto. As
fornadas da padaria Bimbo, com pães embalados por uma
fina película transparente, ficaram famosas no país. Décadas
mais tarde, começaram a ser comercializadas mundo afora.
Atualmente a operação está em 34 países, com 204 fábricas
e 3,3 milhões de pontos de venda. Dos 34 funcionários que
iniciaram as atividades há quase oito décadas, a Bimbo che-
gou a 139 mil, espalhados pelo planeta.
De uma máquina de fazer pães, o negócio virou um
instrumento de fazer dinheiro. O faturamento global da
companhia bateu US$ 23,2 bilhões ano passado. O Grupo
Bimbo está inserido em um mercado que movimenta US$
561 bilhões no mundo, segundo estudo da GlobalData (de
2021). A empresa detém 4% desse montante. O setor é
bastante pulverizado, com 36,8% de share para as padarias
artesanais — dado que se traduz em uma enorme oportu-
nidade de crescimento. Para o Grupo Bimbo, isso tem se
traduzido em mais receita nos últimos cinco anos, como
afirmou à DINHEIRO o sócio da consultoria Valor Inves-

Dinheiro 06/12/2023 31
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
CAPA
ENTREGA
EFICIENTE
Cadeia logística timentos, Gabriel Meira. “Nesse período, as ações re-
da Bimbo trabalha gistraram variação positiva de 120%”. Para ele, alimen-
para que o pão tação é essencial e não sofre com sazonalidades.
chegue ao
Os principais mercados da Bimbo são Estados Uni-
consumidor em
até trës dias dos e Canadá, responsáveis por 49,3% da receita, segui-
após a fabricação dos por México (31,4%), Europa, Ásia e África (9,9%).
Na América Latina estão 9,5% das vendas, a maior par-
te delas no Brasil, onde o Grupo Bimbo ligou seu forno
em 2001, ao adquirir a Plus Vita e a Pullman. Em 2008,
comprou a Nutrella. Aqui ainda detém as marcas Rap10,
Ana Maria e Crocantíssimo. O País está no Top 5 da
companhia e tem o maior potencial de desenvolvimen-
to. “É o motor de crescimento para os negócios do gru-
po, uma referência. Nosso projeto é de longo prazo e
estamos otimistas com o futuro”, disse à DINHEIRO o
mexicano Alfonso Argudín, CEO da Bimbo Brasil.
A preparação para o futuro começou quatro anos
atrás, quando Argudín assumiu o comando da operação
brasileira após dez anos como executivo de alto escalão
das áreas comercial e de marketing. Na reformulação
do plano de atuação no País, o destaque foi uma gestão
mais descentralizada, com empoderamento dos cola-
boradores. “Tivemos mais de 1 mil iniciativas sugeridas.
Tornamos a administração mais democrática”, disse
o CEO. A partir da ideia dos funcionários foram lança-
dos produtos e até a maneira de vender foi alterada.
Antes, o modelo de negócio era de venda pré-pronta,
em que os caminhões saíam das fábricas para abastecer
as gôndolas conforme a necessidade. Agora, o modelo
é de pré-venda, com os pedidos tirados antes. Com
aplicação de tecnologia, os processos estão mais rápi-
dos e eficazes para encarar o desafio da logística de
entrega no País. “É uma cadeia complexa e cara para
32 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
entregarmos um pão fresquinho ao
consumidor em até três dias após a
produção”, afirmou Argudín.
O planejamento do Grupo Bimbo
para o Brasil prevê a constante amplia-
ção e modernização das atuais 11 fábri-
cas, espalhadas por cinco estados (Mi-
nas Gerais, Pernambuco, Rio Grande
do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) e
Distrito Federal. Para atender à cres-
cente demanda do mercado nacional,
estão previstas duas novas plantas nas
regiões Sudeste e Nordeste. As possi-
bilidades de locais estão sendo estuda-
das. A expectativa é de que as obras
sejam iniciadas no primeiro trimestre
de 2024, com produção dos pães entre
o fim do ano e começo de 2025.
REGIÃO AQUECIDA Esses investi-
mentos estão no bojo do US$ 1,5 bilhão
que a empresa aplica anualmente em
todo o mundo. O trabalho de Argudín
junto ao conselho de administração é
puxar o pão do Brasil para assar e cres-
cer nos aportes da Bimbo. Seu principal
ingrediente, ou melhor, argumento, é
a performance da América Latina, pu-
xada pelas vendas em território tupi-
niquim. A região foi a que mais cresceu
em receita em 2022, com avanço de
36,4% em relação a 2021. A média glo-
bal foi de 17%. “A gente acredita no
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas

OS INGREDIENTES GLOBAIS DA BIMBO

Vendas da companhia mexicana praticamente dobraram desde 2015, com Brasil protagonista na América Latina

OPERAÇÃO PELO MUNDO EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO

(em US$ bilhões*)
25 23,2

34 36,4%
22 19,3 20,3
3,3 milhões 16,8 17,0
países possuem de crescimento nas 19
operação da vendas na América
companhia de pontos de vendas Latina em 2022 14,7 15,5
16
12,8
13
10
204
plantas e padarias
139 mil
colaboradores
US$ 1,5 BILHÃO
investido em 2022
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
*conversão feita de peso mexicano para dólar na cotação de 28 de novembro

FATIAS DA RECEITA

49,3% 31,4% 9,9% 9,5%

América do Norte México Europa, Ásia e África América Latina

potencial do mercado brasileiro. Em menos de dez anos
nossos negócios vão triplicar no Brasil”, disse.
Os bons resultados por aqui são citados em pratica-
mente todos os relatórios trimestrais assinados pelo
CEO global do Grupo Bimbo, Daniel Servitje, filho de
Lorenzo Servitje e sobrinho de Roberto Servitje, funda-
dores da empresa. A expansão é destacada “principal-
mente devido ao forte desempenho de vendas em todas
as organizações, um mix aprimorado de produtos, ganhos
de produtividade em toda a cadeia de fornecimento e
fortes resultados no Brasil e na Argentina”, disse Daniel
Servitje no relatório anual de 2022. O chairman aponta
ainda o aumento das vendas no País “beneficiado pela
inorgânica contribuição da aquisição da Aryzta”.
A compra da companhia ocorreu em outubro de
2021. O ano passado foi o primeiro completo da Bim-
bo na gestão da Aryzta, empresa que atua na produção,
distribuição e comercialização de produtos de pani-

Dinheiro 06/12/2023 33
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
CAPA

EXEMPLO Marcos Pazzini, pesquisador especializado em

CEO global e consumo e responsável pelo IPC Maps (Índice de
chairman do
grupo, Daniel
Potencial de Consumo), aponta a Bimbo como um
Servitje tem citado player de peso, com marcas consagradas e bem acei-
nos relatórios da tas pela população. Ele cita os desafios da empresa
companhia a diante do desempenho geral do varejo alimentício,
evolução dos
negócios no Brasil
que teve crescimento nominal de 15,2% entre 2019
(antes da pandemia) e 2023. Alimentação fora do
domicílio puxou esse crescimento, com variação de
57% no período. Já despesas com alimentação no
domicílio ainda não atingiram os valores de 2019, fi-
cando 1% abaixo em 2023. Em 2019, o tamanho do
mercado de alimentação no domicílio foi de R$ 580,4
bilhões. Em 2023 será de R$ 574,3 bilhões. Já o mer-
cado de alimentação fora do domicílio movimentou
R$ 226,4 bilhões em 2019 e, em 2023, chegará a R$
355,2 bilhões. “O desempenho negativo do segmento
de alimentação no domicílio evidencia oportunidades
para os grandes players, que podem oferecer o que
essa população ainda não encontrou no mercado”,
disse Pazzini.
ficação e confeitaria voltados principalmente para o
setor de restaurantes quick service. Entre os principais PORTFÓLIO O Grupo Bimbo aplica um plano agres-
clientes estão as redes de fast food Burger King e sivo de novidades no Brasil desde 2020. Nesses três
FOCO NO
LANCHE McDonald’s. Além disso, essa divisão da Bimbo estrei- anos, apresentou 15 lançamentos. Entre os destaques
Grupo Bimbo ta a relação com hamburguerias e eventos gastronô- está a chegada da linha Artesano, marca líder e pio-
possui uma micos para ganhar penetração. A companhia foi uma neira no segmento de pães artesanais que entrou no
divisão exclusiva
das parceiras do Fest Burger, maior festival nacional mercado brasileiro a partir das tendências e expec-
de produção,
distribuição e do setor, realizado no mês de novembro. Argudín tativas do consumidor. A versão Pão na Chapa, por
comercialização explica a estratégia. “Queremos nos aproximar dos exemplo, teve origem na sugestão de colaboradores.
de produtos estabelecimentos ao mesmo tempo em que levamos A marca Nutrella, pioneira e única do segmento clean
voltados a redes
essa experiência para dentro das casas das pessoas”, label — livre de aditivos químicos e conservantes
de fast food
como Burger King disse. Com a pandemia, o consumo de pão de ham- artificiais —, lançou a assinatura Todo Natural, com
e McDonald’s búrguer cresceu nos lares. E permanece alto. cobertura de grãos em toda a fatia.

34 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
Globalmente, a empresa investe por ano
cerca de US$ 1,5 bilhão em Capex, boa parte
desses recursos aplicados na ampliação
e modernização da operação brasileira
Mais recentemente, neste ano, a novidade ficou
por conta de Artesano na versão pão australiano, que
também está em bisnagas e pães de hambúrguer. Com
isso, a marca acompanha a rotina dos consumidores
desde o café da manhã, passando pelo almoço, lanche
e jantar. “O brasileiro está muito disposto a experi-
mentar produtos novos. Isso nos incentiva a inovar”,
afirmou Argudín. Sobre itens que são comercializados
em outros países, como o bolo de banana da bandeira
Artesano, que é sucesso na Costa Rica, o executivo
mexicano afirma que nos próximos meses entrarão
mais novidades nas gôndolas dos mercados nacionais.
“Pretendemos ampliar a marca Artesano, que ganhou
o paladar do brasileiro. Ela está presente mais em
produtos salgados atualmente. Mas temos planos”,
disse o CEO da Bimbo Brasil. “Somos uma empresa
global, então conseguimos trazer produtos exitosos
em outros países. Esse é um movimento orgânico
fundamental para termos vantagem competitiva.”
Segundo o consultor especializado em varejo e
transformação digital Alberto Serrentino, fundador
da Varese Retail, a Bimbo é uma potência, com um
portfólio de marcas importante. “Desenvolveram
muito a categoria de pães industrializados e estão
sintonizados com as tendências de varejo. Entram
em linhas funcionais, sem glúten e em tudo o que é
tendência de consumo na busca por saúde e bem-
-estar nutricional”, afirmou. “Tem liderança conso-
lidada e robusta no mercado brasileiro.”
SAÚDE E PLANETA No cardápio do Grupo Bimbo,
98% dos produtos estão livres de cores e sabores ar-
tificiais. Na categoria de itens de consumo diário, a
meta para 2025 é que os produtos não tenham mais
do que dez ingredientes, todos reconhecidos pelos
consumidores, e que os produtos de consumo ocasio-
nal estejam livres de ingredientes artificiais até 2030.
Em relação à preservação do planeta, a companhia
acelera na eletrificação da frota.
No México, inclusive, é a própria Bimbo que fa-
brica os veículos. Sim, produz pão e carro. Com as 1
mil unidades que entrarão em circulação em breve
nas ruas mexicanas, serão 2,4 mil automóveis com
emissão zero de carbono. É possível esse projeto vir
para o Brasil? Estudos estão sendo realizados, mas é
improvável que seja construída uma linha de monta-
gem de veículos por aqui, como ocorre no México.
Sem deixar as questões de saúde e meio ambiente de
lado, o Grupo Bimbo está focado em multiplicar os
pães — e os resultados.
Dinheiro 06/12/2023 35
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
NEGÓCIOS

MAIS
EFICIÊNCIA,
MENOS
DÍVIDA
Simpar, holding das bandeiras Movida
e JSL, define estratégias até 2026
após, em três anos, a receita saltar
de R$ 10 bi para R$ 34 bi e o Ebitda,
de R$ 2,3 bi para R$ 8,2 bi
Angelo VEROTTI

36 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
D
epois de um ciclo de expansão que mais do que
triplicou a receita e o Ebitda nos últimos três anos,
a Simpar está com novo foco para o próximo triênio.
Uma fase que deve ser marcada por menor cresci-
mento e, simultaneamente, por ganhos de eficiên-
cia e desalavancagem. Essa foi a principal mensagem
passada pelo grupo que controla JSL, Movida e Vamos, além
de outras quatro empresas, em seu Simpar Day, evento voltado
a investidores, na quarta-feira (22), em São Paulo. “Uma das
missões neste período será reduzir a dívida da holding”, afirmou
Fernando Simões, CEO da Simpar. “Vamos ter um foco muito
grande na eficiência, com a máxima captura de valor dos ativos
e melhoria contínua do resultado, tendo possível crescimento
como consequência.”
Apesar da postura mais comedida, a organização tem muito
a celebrar. Desde 2020, o faturamento bruto saltou de R$ 10
bilhões para R$ 34 bilhões e o Ebitda, de R$ 2,3 bilhões para R$
8,2 bilhões, números referentes até o terceiro trimestre deste
ano. Ao mesmo tempo, a alavancagem financeira atingiu 3,7
vezes. A dívida líquida somou R$ 3,8 bilhões entre julho e setem-
bro, sendo que o endividamento consolidado alcançou R$ 31
bilhões. De acordo com o executivo, o endividamento foi decor-
rente dos investimentos realizados pelas companhias em busca
de crescimento. “A dívida foi feita de forma planejada, em ativos
de alta liquidez, para robustecer as marcas do grupo”, disse.
Parte da estratégia para a redução da dívida inclui movi-
mentos estratégicos na holding, como associação ou fusão com
ativos não-listados, ou até a abertura de capital das empresas
do grupo. Simões destacou que as companhias da holding vivem
momentos distintos e, por isso, terão estratégias diferentes.
Na Movida (bandeira de aluguel de carros) e na Vamos (de
caminhões) “o momento é de extrair valor do que já foi cons-
truído”, disse o CEO. “Já na JSL [logística] e na Automob [rede
de concessionárias de veículos leves] há oportunidades de
consolidação de mercado, seja organicamente ou por aquisição.”
Em seu discurso, o CEO da JSL, Ramon Alcaraz, afirmou que
a empresa está aberta a aquisições, mas desde que as companhias
em vista tenham atividades complementares. “E precisa ter um
alinhamento de cultura, uma gestão experiente e com cultura
de alta performance”, disse. A empresa de logística alcançou nos
NOVAS ESTRATÉGIAS
Locadora Movida busca melhora em condições de
compras nas montadoras, taxa de ocupação dos
carros e ciclo de vida dos ativos
últimos 12 meses uma receita de R$ 8,4
bilhões. Numa rápida projeção, ele afirmou
que o resultado subiria para R$ 9,6 bilhões
se acrescidas as duas últimas aquisições
— a IC Transportes e a FSJ. Mais ainda,
apontou que se a JSL pegasse o mesmo
crescimento orgânico dos últimos três
anos e jogasse para os próximos três, teria
R$ 16 bilhões de receita em 2026. “Se in-
cluirmos também a mesma média de aqui-
sições realizadas, seríamos uma compa-
nhia com R$ 21 bilhões de receita.”
O faturamento líquido da JSL no ter-
ceiro trimestre chegou a R$ 2 bilhões,
contra R$ 1,62 bilhão do mesmo período
do ano passado, incremento de 9,3%. O
Ebitda foi de R$ 393 milhões, alta de 31,5%
frente aos R$ 299 milhões de igual época
de 2022. O lucro líquido alcançou R$ 46,8
milhões, um aumento de 25,2% frente aos
R$ 37,4 milhões na comparação anual.
Já na Vamos, empresa com foco prin-
cipalmente no aluguel e na venda
de caminhões, a receita líquida chegou a
R$ 1,48 bilhão, aumento de 7,5% em rela-
ção ao mesmo trimestre do ano passado,
e o Ebitda atingiu R$ 682,7 milhões, cres-
cimento anual de 23,2% (R$ 554,3 mi-
lhões). Já o lucro líquido apresentou que-
da de 22,8%, de R$ 150 milhões para R$
115,8 milhões. Segundo a companhia, o re-
sultado foi afetado, principalmente, pelo
Dinheiro 06/12/2023 37
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
NEGÓCIOS

efeito de maior despesa financeira decor-

rente do aumento de estoque temporário
(não recorrente).
A empresa alcançou o ponto mais alto
de alavancagem em meados deste ano em
decorrência da compra de modelos Euro
5, segundo o CEO Gustavo Couto. Os in-
vestimentos na aquisição de novos cami-
nhões para aluguel imediato ou para lo-
cação de caminhões em estoque para os
clientes variam de R$ 400 milhões a R$
500 milhões por mês. “Se a Vamos repetir
esse número em 2024 e tiver um pequeno
crescimento no ano seguinte, conseguirá
mais do que dobrar o Ebitda de locação
em dois anos”, disse o executivo.
CAMINHOS
PREJUÍZO Na locadora de veículos Movi- DEFINIDOS
da a receita anual cresceu 5,1% na compa- A empresa de
ração entre o terceiro trimestre deste ano logística JSL
e o do ano passado — de R$ 2,47 bilhões para admite aquisições
de companhias
R$ 2,66 bilhões. Já o Ebitda teve redução de com atividades
6,2%, de R$ 925,3 milhões para R$ 867,9 complementares.
milhões. E a companhia teve prejuízo de R$ Na Vamos,
65,2 milhões, revertendo lucro de R$ 93,7 alavancagem
chegou ao topo
milhões de igual período do ano anterior. O com a compra de
resultado foi impactado, de acordo com a caminhões Euro5
companhia, pelo aumento das despesas fi-
nanceiras em decorrência também da ele-
vação das taxas de juros.
O CEO Gustavo Moscatelli tem busca-
do melhorar o retorno sobre capital inves- vende melhor.” A companhia tem atualmente 215 mil carros à
tido (Roic). Para isso, anunciou três inicia- disposição dos consumidores.
tivas: melhores condições de compra das Na Automob, braço de concessionárias de veículos da Simpar
montadoras, já em níveis pré-pandemia, e não-listada, a expansão ocorreu principalmente nos últimos

34
melhor taxa de ocupação dos carros — de
77% para 82% no período —, além de me-
lhora no ciclo de vida dos ativos. O execu-
tivo também pretende melhorar o Roic com
um ajuste no mix de produtos, o que vai
significar diminuição do preço médio da
frota de R$ 85 mil para R$ 77 mil nos pró-
ximos trimestres. “Isso vai nos permitir
cobrar a mesma tarifa em um carro de me-
nor valor”, afirmou Moscatelli. Para Fer-
nando Simões, CEO da Simpar, o mix da
frota não melhora o resultado, mas reduz
o custo da manutenção. “E também contri-
bui para daqui a 12 ou 24 meses com a ven-
da do seminovo, porque é o carro que você
18 meses, período em que comercializou 118 mil carros. A em-
presa realizou sete aquisições no intervalo: UAB Motors e Sa-
gamar, em 2021; Autostar e Grupo Green, no ano passado; e três
aquisições nesta temporada — Nova Quality, Grupo Alta e Best
Points. As sete empresas somam mais de R$ 1,6 bilhão, conside-
BILHÕES DE rando o valor dos ativos divulgado à época das transações. A
REAIS FOI A Simpar fez um aporte de R$ 500 milhões para que a controlada
RECEITA deflagrasse seu processo de consolidação.
DO GRUPO A Automob trabalha com 27 marcas e tem 108 lojas em cinco
SIMPAR estados. E pelas projeções do CFO Antonio Cavalcanti pode alcan-
NO ÚLTIMO
çar uma receita de R$ 18,3 bilhões em 2026 - agora está em R$ 9,6
TRIMESTRE.
EBITDA bilhões -, além de um Ebitda de R$ 1,3 bilhão. “As bases para alcan-
CHEGOU A çar esses objetivos já estão instaladas na Automob”, disse o execu-
R$ 8,2 BI tivo. “Ainda temos 21 estados e o Distrito Federal para explorar.”
Os adversários da Automob e da Simpar que se cuidem.

38 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

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NEGÓCIOS

Q U AT R O D É C A D A S ‘ P O R

Norvy CODREY

40 AÇÕES SUSTENTÁVEIS
NA HISTÓRIA DO FESTIVAL
1. Formação da equipe em sustentabilidade
2. Projetos de voluntariado 9. Festival 100R, garantindo
reciclagem do lixo produzido
3. Campanhas de gestão de risco 10. Amazônia Live
4. Campanha ‘Eu vou sem drogas’ 11. Sala de música em escolas no Rio de Janeiro
5. Prêmio Atitude Sustentável 12. Doação de mais de 50 mil 15. Potencialização da economia local
6. Rock in Rio Escola Solar refeições em Lisboa e Las Vegas 16. Compensação da pegada de carbono
7. Certificação ISO 20121 13. Doação de ingressos para pessoas carentes 17. Projetos de acessibilidade
8. Compromisso Verde (Lisboa 2020) 14. Inclusão de jovens com deficiência na equipe 18. Planos de mobilidade sustentável

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00 Dinheiro 00/00/2023
06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
NONONONONOONONO | ONONONONO
 Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
R UM MUNDO MELHOR’
19. Salas sensoriais para jovens
com deficiências motora e mental
20. Gestão de resíduos e separação
por catadores de cooperativas
21. Redução de 62% no consumo de combustível
22. Cenografia do Palco Mundo 100% reciclável
23. Bebedouros com água potável gratuita
Rock in Rio celebra 40 anos na edição de
2024 com iniciativas sustentáveis e ações
socias para impactar a vida das pessoas
Sérgio VIEIRA
N
No filme Bohemian Rhapsody, que conta a história do astro
britânico Freddie Mercury, uma das cenas mais marcantes
é justamente o momento em que a multidão canta, hipto-
nizada, a música ‘Love of My Life’, em janeiro de 1985, no
Rio de Janeiro. Eram cerca de 300 mil pessoas conectadas
com a energia dos integrantes da banda Queen. Aquela era
uma reprodução de um dos momentos mais icônicos do Rock in
Rio, festival de música criado por Roberto Medina, hoje conside-
rado um dos maiores eventos do mundo e que celebra 40 anos na
edição de 2024 (o planejamento do festival começou em 1984).
Nesse período, o Rock in Rio inovou com iniciativas sustentáveis e
ações sociais que viraram referência no País.
A DINHEIRO reuniu 40 ações sustentáveis realizadas ao longo
da história do festival (veja em detalhes na arte abaixo), com inicia-
tivas que dialogam com a agenda ESG. Algumas das ações tiveram
caráter de vanguarda. “Quando a gente começou a entrar na histó-
ria da pegada de carbono, em 2006, isso só era feito na Copa do
Mundo. Parecia algo sem nexo. Hoje todo mundo sabe a importân-
24. Distribuição de água
para fãs que ficam na grade
25. Livro ‘Uma só voz, uma canção’
26. Formação de alunos no programa Rock U
27. Projetos financiados por meio da Unesco
28. Construção de centro de Saúde no Maranhão 30. Leilão Fans for Change
29. Gincana Rock in Rio em escolas 31. Alimentação sustentável
Dinheiro 00/00/2023
06/12/2023 00
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
NEGÓCIOS

cia disso”, disse à DINHEIRO Roberta Medina, vice-presidente da

Rock World (dona da marca Rock in Rio e The Town) e filha de
Roberto Medina. Foram 22 edições do Rock in Rio: nove no Brasil
(1985, 1991, 2001, 2011, 2013, 2015, 2017, 2019 e 2022), nove em
Lisboa (2004, 2006, 2008, 2010, 2012, 2014, 2016, 2018 e 2022),
MULTIDÃO
três em Madrid (2008, 2010 e 2012) e uma em Las Vegas (2015).
E EMOÇÃO
Tão importante do que os que estiveram no palco ao longo Banda Queen, de
dessas quatro décadas, é quem teve a oportunidade de pisar no solo Freddie Mercury,
da Cidade do Rock, hoje no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. E fez em 1985 um
dos show mais
desde que Ney Matogrosso começou a cantar ‘América do Sul’, o
marcantes da
primeiro a soltar a voz na história do festival, artistas do pop e do história do festival
rock, de novatos a superestrelas, não escondem a importância de
participar de um evento da magnitude do Rock in Rio.
E, para o público, estar no festival é se sentir um pouco no uni- foram plantadas. Também são superlativos
verso Woodstock. Isso tudo desde o período em que a lembrança os números que envolvem o impacto eco-
de um dia emocionante ficava no rolo da máquina fotográfica e na nômico do festival. Em 2022, foram movi-
memória, e não nas redes sociais. “Show é muito parecido. Você mentados R$ 2,2 bilhões nos dias do Rock
encontra um monte deles no YouTube. Mas o diferente são as in Rio, acima dos R$ 1,7 bilhão projetados
histórias de quem esteve no Rock in Rio”, disse Medina. inicialmente. Desde 2013, o festival tem a
A edição de 2024 terá um caráter nostálgico, já que, muito certificação ISO 20121 — Eventos Susten-
provavelmente, será a chance de várias gerações estarem juntas no táveis, selo que nem as Olimpíadas de 2016,
gramado. Tanto é que hitmaker Lulu Santos, que tem suas músicas também no Rio, conseguiram.
na ponta da língua de adolescentes e de adultos, é uma das atrações Uma das novidades para a próxima edi-
confirmadas para o ano que vem. Também estarão por lá Imagine ção é levar para o Rio de Janeiro uma im-
Dragons, Ed Sheeran, Ne-Yo, Joss Stone e Ludmilla, artistas já Por um Mundo portante ação que foi desenvolvida no ano
contratados. E há muita gente envolvida para colocar de pé o festi- passado em São Paulo, no The Town, que é
val, incluindo pessoas das comunidades, que têm oportunidades
Melhor representa a parceria com a Gerando Falcões no pro-
de qualificação profissional. Desde 1985, o festival já gerou 265 mil nossa consciência jeto Favela 3D, com ações na comunidade
empregos diretos e indiretos. Durante todo esse tempo, mais de de entender que a na Zona Sul paulista. “Conversamos com o
11,2 milhões de pessoas passaram pela Cidade do Rock, que assis- gente faz parte de Edu Lyra [fundador e CEO do instituto] e
tiram a 3.816 artistas em 130 dias de música. um projeto único teremos algo parecido no Rio, que é trans-
Ao longo dos anos, os organizadores já investiram R$ 110 milhões formar a vida de uma favela. Ainda estamos
em diferentes projetos, passando por temas como sustentabilidade,
que se chama analisando em qual lugar iremos desenvol-
educação e música. Somente na Amazônia, 73 milhões de árvores planeta” ver o projeto”, afirmou a executiva.
ROBERTA MEDINA É por tudo isso que o Rock in Rio segue,
VICE-PRESIDENTE
DA ROCK WORLD 40 anos depois, com o slogan ‘Por um Mun-
do Melhor’. “A expressão representa nossa
consciência, responsabilidade e compro-
misso de entender que a gente faz parte de
um projeto único que se chama planeta. E
a ação de cada um impacta no outro”, disse
Medina, fã confessa de Bruno Mars. “Temos
a missão de impactar positivamente as pes-
soas.” E ao som de muita música.
32. Festival de conversas e conexões Humanorama
33. Combate ao desperdício alimentar
34. Escola na Tanzânia 37. Saúde, segurança e bem-estar do público
35. Autodescrição e intérpretes de Libras 38. Copos reutilizáveis
nos palcos 39. Espaço Favela
36. Valorização da pluralidade 40. Favela 3D, em parceria com a Gerando Falcões

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00 Dinheiro 00/00/2023
06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
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Mercadodeideias

MEDIA FOR EQUITY: AS CELEBRIDADES

NO MUNDO DO VENTURE CAPITAL
M
edia for equity é uma operação de investimento gação que serão utilizados, a alocação de custos (que
realizada por celebridades com base em uma tese podem ser extremamente relevantes quando envolvem BRUNO
TANUS
de venture capital. Em síntese, a empresa que hospedagem em hotéis cinco estrelas e transporte em FUNDADOR DO
provavelmente captaria recursos no mercado para jato executivo para todo o staff ), além dos deveres da TDV ADVOGADOS,
contratar campanhas de marketing abre essa possi- celebridade alvo e sua eventual participação em co- É DOUTOR EM
bilidade de relacionamento direto com a celebridade mitês de marketing da sociedade investida. DIREITO PELA
UNIVERSIDADE DE
alvo que, por sua vez, aporta determinados direitos e Com relação à opção de subscrição de participação SALAMANCA
se compromete a realizar ações de mídia em troca de na sociedade investida, é importante que estejam pre- (ESPANHA) E
participação societária na empresa investida, com a vistos não só o prazo para exercício como os gatilhos DOUTOR EM
perspectiva de valorização agressiva do seu ativo. (geralmente eventos de liquidez da sociedade investi- ESTUDOS
JURÍDICOS
Segundo o estudo The State of Global Media for da), o percentual de participação societária a ser con- COMPARADOS E
Gowth Funding, empresas financiadas por operações ferido decorrente do exercício da opção, assim como EUROPEUS PELA
de media for equity consegui- os eventuais direitos que a UNIVERSIDADE DE
ram levantar três vezes mais celebridade alvo deverá deter TRENTO (ITÁLIA).
Empresas financiadas por
recursos que outras sociedades na qualidade de futura sócia
operações de media for equity
e fazer o IPO em média 32 me- da empresa.
ses mais rápido que as finan-
conseguiram levantar três Sem entrar nas filigranas
ciadas unicamente pelos in- vezes mais recursos que outras jurídicas, os documentos que
vestimentos tradicionais de sociedades e fazer o IPO em regulam as operações de midia
venture capital. média 32 meses mais rápido for equity têm as suas parti-
Apesar do aparente ganha- em relação às que recebem cularidades e exigem cuidado
-ganha, operações de media investimentos tradicionais de todas as partes envolvidas.
for equity exigem cautela. A Ter familiaridade com as exi-
sociedade investida precisa escolher cuidadosamen- gências das celebridades e entender as dinâmicas
te a personalidade à qual pretende associar sua mar- societárias e contratuais típicas das operações de
ca, considerando elementos reputacionais e objetivos venture capital juntamente com uma boa dose de
a serem alcançados. Já a celebridade alvo deve se habilidade de negociação fazem toda a diferença para
vincular a negócios que estejam alinhados fortemen- o sucesso desse tipo de operação.
te com seus princípios e que tenham um plano de Ainda que os investimentos via media for equity
negócio promissor. estejam cada vez mais presentes na cena brasileira e,
Do ponto de vista jurídico, as operações de media principalmente, nos segmentos de tecnologia e negó-
for equity podem ser estruturadas por meio de diver- cios inovadores, os proventos devem ser sempre des-
sos arranjos. No Brasil, o mais comum são as licenças tinados ao seu propósito específico de marketing e
de uso de imagem, nome, nomes artísticos/apelido, publicidade e não devem, portanto, ser considerados
dados biográficos, interpretação e voz da celebridade como primários para o financiamento das atividades
alvo acumuladas com uma opção de subscrição de da sociedade investida. Quando bem estruturada, essa
participação societária. Com relação à licença de uso modalidade de investimento vem se mostrando ser
de direitos da celebridade alvo, os principais aspectos uma grande geradora de valor tanto para o investidor
são a definição da atuação, as mídias e meios de divul- quando para a empresa investida.

Dinheiro 06/12/2023 43
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
NEGÓCIOS

CHERY
AMPLIA
PRESENÇA
NO PAÍS como a própria China, Europa e Estados
Unidos. De acordo com a corporação, a
Omoda deve chegar em mais de 30 países
OS MAIS
COTADOS
Omoda C5 chegará
ao País para
Marcas Omoda e Jaecco, pertencentes até o final de 2024. Já a Jaecoo vai estrear
em mais de dez.
concorrer com o
Honda HR-V e o
ao grupo chinês, confirmam importação Omoda e Jaecco atuarão de forma con- Jeep Renegade.
Jaecco J7 terá pela
junta para disponibilizar três modelos aos
de três modelos a partir de 2024 clientes. Os carros que virão ao Brasil ain-
frente o Jeep
Compass e o
da não foram confirmados, mas o plane- Toyota Corolla
Cross
jamento é trazer três SUVs. Seriam um
Angelo VEROTTI
modelo da Omoda — provavelmente o C5,
que chegaria para concorrer com Honda
mercado brasileiro de veículos eletrificados bate HR-V e Jeep Renegade — e dois da Jaecoo

O
recordes consecutivos. Em outubro, por exemplo, — J7 (com tamanho de Jeep Compass e
o segmento atingiu a venda mensal recorde de 9,5 Toyota Corolla Cross) e J8 (Chery Tiggo
mil unidades leves, alta de 114% na comparação 8). Os veículos devem ter versões híbrida
anual (4,4 mil). Já no acumulado de 2023 foram (leve e plug-in), e 100% elétrica.
comercializadas 67 mil, aumento de 73% em rela- Segundo a empresa, os modelos da
ção aos primeiros dez meses do ano passado (38,6 Omoda, que significa moderno, oferecem
mil) e de 36% sobre o volume total da temporada experiência de condução confortável para
(49,2 mil). E os negócios devem crescer ainda mais no ano que motoristas e passageiros com seus recur-
vem com a chegada de outras duas marcas chinesas ao Brasil: sos tecnológicos, como o sistema de fre-
Omoda e Jaecco, pertencentes ao grupo Chery. “Estamos muito nagem inteligente, sistema avançado de
felizes por anunciar oficialmente nossa chegada ao mercado assistência ao motorista, assistente de
brasileiro, e este é apenas o começo”, afirmou Shawn Xu, CEO permanência em faixa, além de outros
da Omoda-Jaecoo e vice-presidente da Chery International. “O atributos. A Jaecoo é uma nova marca
Brasil é um parceiro estratégico para a nossa operação global e off-road que pretende liderar uma nova
sabemos do seu potencial.” tendência off-road urbana. Com requintes
As duas montadoras estão executando um grande plano de de luxo, os designs dos veículos foram
expansão global e já estabeleceram suas bases em mercados projetados em parceria com os times do

44 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: ELIE BEKHAZI/GIMSQAT | DIVULGAÇÃO

Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
Reino Unido, Alemanha e outros países,
estabelecendo um novo padrão para SUVs
urbanos todo terreno.
Nem mesmo a retomada da cobrança
do imposto de importação sobre carros
elétricos, a partir de janeiro do ano que
vem e já publicada no Diário Oficial da
União, mudou os planos das montadoras.
Omoda e Jaecoo disseram que a medida
“não impacta a chegada das marcas ao
País”. Com a aceleração da globalização
das bandeiras e a confirmação de veículos
para o mercado brasileiro em 2024, a ope-
ração conjunta já investe no País com a
formação da equipe.
ESTRUTURA O plano conjunto das ban-
deiras inclui a abertura de 40 concessio-
nárias no Brasil, que iniciarão a operação
no ano que vem e terão o logotipo das duas
marcas. O passo seguinte será a produção
nacional, para que vire um hub para aten-
der toda a América Latina. A intenção é
substituir modelos comercializados em
mercados como Argentina e Chile que são
importados da China.
A Chery pretende produzir veículos
no Brasil em 2025 e a meta é usar a fábri-
ca em Jacareí (SP), que foi inaugurada em
2014 e pertence igualmente à bandeira e
à Caoa, representante dos chineses no
Brasil. O projeto inclui negociação com a
sócia, com quem vive uma relação estre-
mecida, para voltar a operar o complexo,
hoje fechado. A planta no interior paulis-
ta foi a primeira do grupo fora da China.
Caso não haja um acordo, a Chery não
descarta construir uma planta no País.
O advento de Omoda e Jaecco ao Bra-
sil reforça a aceitação aos carros chineses
pelo consumidor brasileiro nos últimos
anos. Diferentemente de algumas bandei-
ras que naufragaram no mercado nacional,
como Geely e Lifan, outras já apresentam
desempenho satisfatório. Considerando
apenas as que vendem no Brasil, Caoa
Chery, GWM, BYD e JAC comercializaram
entre janeiro e outubro 40 mil unidades,
quase 25% a mais em comparação ao mes-
mo intervalo do ano passado, antes da
O BRASIL É UM estreia da GWC no País, ocorrida este ano,
e com a BYD ainda em início do processo
PARCEIRO ESTRATÉGICO de importação de veículo — a marca ad-
quiriu a fábrica da Ford em Camaçari, na
À NOSSA OPERAÇÃO Bahia, em outubro deste ano e começará
GLOBAL E SABEMOS a produção em 2025. Já a GWM comprou
a planta da Mercedes em Iracemápolis
DO SEU POTENCIAL ” (SP) e iniciará a fabricação de modelos no
SHAWN XU, ano que vem. Ao que tudo indica, o fôlego
CEO DA OMODA-JAECOO asiático está apenas no início.
Dinheiro 06/12/2023 45
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NEGÓCIOS

JORNADA DE
RESILIÊNCIA
PARA UM
FUTURO
SUSTENTÁVEL
ECOPOWER COMPLETA DEZ ANOS E CHEGA A MEIO BILHÃO
DE REAIS EM FATURAMENTO APÓS INVESTIR EM ENERGIA
SOLAR PARA TODAS AS REGIÕES DO PAÍS
Letícia FRANCO

N
um mundo em constante e acelerada transformação, o termo
resiliência ganhou status de skill indispensável. No universo
corporativo, resiliência não significa apenas seguir em frente,
mas principalmente ajustar as estratégias e prosperar. Por isso
não há palavra que defina melhor a jornada da EcoPower,
franqueadora de energia solar que espera fechar este ano com
faturamento de R$ 500 milhões e lucro esperado de R$ 20
milhões. Um número improvável até pouco tempo atrás. Isso
porque a jovem empresa fundada em 2013 viveu uma ‘primei-
ra infância’ de risco, situação comum a boa parte do empreen-

46 Dinheiro 06/12/2023 FOTO: LOS MUERTOS CREW / PEXELS

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dedorismo brasileiro, no qual uma a cada quatro iniciativas não

sobrevive após os primeiros cinco anos, segundo o Sebrae.
“Nossa ‘estratégia’ entre 2013 e 2017 era não falir. O negócio
apenas sobrevivia”, disse à DINHEIRO Anderson Oliveira, o
CEO da companhia.
De lá para cá, a EcoPower saiu da situação equivalente à de
‘insegurança alimentar’ para se tornar uma das maiores fran-
queadoras de instalações de sistemas de geração de energia
solar para residências, empresas e agronegócio. Uma guinada
que exigiu desafios de gestão e até mudanças significativas no
modelo de negócios. E parte do sucesso na virada ocorreu após
mudar de rota, em 2018, e investir em regiões brasileiras nas
quais o mercado de energia solar não era competitivo e tão
presente. Hoje, a empresa atua nos 26 Estados e no Distrito
Federal, com 350 franquias e cerca de 40 mil instalações.
O case EcoPower é resultado de uma trajetória muito comum
a empreendedores brasileiros. Anderson e a esposa, Nachila
Oliveira, começaram a empresa em uma sala comercial de 57
m2 na cidade de Barretos (SP), atuando apenas com serviços
de instalações elétricas mais econômicas e a venda de materiais,
como lâmpadas e acessórios de automação. O objetivo já era
trabalhar diretamente com energia solar, porém o casal optou
pela comercialização de soluções elétricas e de materiais pelo
baixo poder de investimento que tinham na época — os R$ 60
mil de um acordo de demissão. Anderson e Nachila haviam
decidido deixar seus empregos em uma indústria da região para
realizar o sonho de empreender. “O setor de energia solar
ainda dava os primeiros passos no País e demandava investi-
mento maior”, afirmou Anderson. “Mas sempre deixamos
claro para os clientes que nossos serviços eram uma primeira
fase do projeto.”

REGULAÇÃO Como também costuma ser decisivo em traje-

tórias semelhantes, uma regulação mais modernizada é indis-
pensável no destino do empreendedorismo brasileiro. No caso
da EcoPower, foi decisiva a resolução 482 da Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel), em 2012. Ela estabeleceu os parâ-
metros para a chamada microgeração e minigeração distribu-
ídas de energia no País. Por meio da resolução, ficou estabele-
cido que “o consumidor brasileiro pode gerar sua própria
energia elétrica a partir de fontes renováveis ou cogeração
qualificada, podendo até mesmo fornecer o excedente para a
rede de distribuição de sua localidade”. Isso permitiu a criação
de um sistema de compensação de créditos aos consumidores.
O mercado era promissor, mas ainda incipiente. Até que a
resolução pudesse gerar um ecossistema favorável levaria
tempo. Mesmo assim, já no ano seguinte a EcoPower iniciou
sua caminhada. O setor crescia aos poucos, mas a empresa de
Anderson e Nachila não. Em apenas 12 meses acumularam uma
dívida de R$ 400 mil. “Tanto a energia solar quanto o empre-

Dinheiro 06/12/2023 47
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NEGÓCIOS

endedorismo eram totalmente novos para nós”, afirmou o CEO.

“Quase quebramos, principalmente por causa de vendas não

15,8%
DA MATRIZ
documentadas.” Os problemas iam de diversos casos de inadim-
plência dos clientes até a cortes de energia na loja. Nesse mo-
mento, a saída é a de sempre. Eles venderam terrenos, o carro
e a casa para pagar as dívidas e seguir com o empreendimento.
ELÉTRICA É Um ponto chave para atravessar esse momento foi a transpa-
SOLAR, ATRÁS rência com fornecedores. “Ninguém gosta de dever, é conside-
APENAS DA rado vergonhoso, ainda mais em uma cidade do interior como
ENERGIA a nossa [Barretos]”, disse Anderson. “Escolhemos seguir o
HÍDRICA caminho da transparência e tivemos parceiros compreensivos.”
(49,9%), Para escapar do fundo do poço, outra política moderniza-
SEGUNDO dora foi decisiva. Em 2018 foi instituído o Pronasolar (nome
A ABSOLAR pela qual ficou conhecida a Lei de Política Nacional de Energia
Solar Fotovoltaica), que garantiu linhas de crédito facilitadas
para energia solar e condições de juros e pagamentos acessíveis.
Um pouco como foi feito para que o agronegócio brasileiro
ganhasse a consistência competitiva que conseguiu. O País deu

1 um salto. Hoje, de acordo com dados da Associação Brasileira

de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o segmento responde
por 15,8% da matriz elétrica nacional, atrás apenas da energia
hídrica (49,9%). O ciclo virtuoso tomou impulso. Segundo a

MILHÃO entidade, os preços estão em queda, a geração é recorde, mais

de 1 milhão de empregos foram gerados, os investimentos so-
maram R$ 170 bilhões e os tributos arrecadados pelo setor
AGORA, A ESTRATÉGIA
É TRANSFORMAR CADA
EMPREGOS outros R$ 47 bilhões.
GERADOS PARTE DA RESIDÊNCIA
NO SETOR REFERÊNCIA Foi nessa onda de calor que a EcoPower se OU DA EMPRESA A
tornou uma franqueadora e expandiu a atuação do interior
paulista para Norte e Nordeste, regiões brasileiras com menos PARTIR DE PRODUTOS
instalações desse tipo de energia até então. “Dessa forma, foi SUSTENTÁVEIS”
possível crescer rapidamente e ser vista como uma marca re-

R$ 170
ferência em energia solar”, afirmou Anderson. O novo modelo ANDERSON OLIVEIRA
(COM A ESPOSA, NACHILA)
de negócio consistia em, de fato, trabalhar energia solar. As CEO E COFUNDADOR DA ECOPOWER
franquias concentram as vendas de instalação de painéis foto-
voltaicos em locais pouco explorados pelo mercado e quase

BILHÕES sem concorrência, e a operação matriz é responsável pelo

operacional. No primeiro semestre de 2018, a empresa registrou
aumento de R$ 90 mil para R$ 800 mil no faturamento, com
INVESTIMENTOS lucro de R$ 100 mil. “Foi o primeiro ano em que não pagamos
TOTALIZADOS apenas as contas”, disse Anderson. Em cinco anos, os saltos
PELAS foram sempre em dois dígitos altos, até o meio bilhão de reais
EMPRESAS em receitas previstas para este ano.
DO SEGMENTO
A companhia também atua cada vez mais em projetos de
expressão, como a implementação de uma usina no Barretos
Park Hotel, onde acontece a Festa do Peão (instalada em uma
área de 10,5 mil m2, deve gerar redução de 100 toneladas de
CO2 por ano), além de parcerias com o grupo CPFL Energia
(que levou por exemplo à instalação de placas fotovoltaicas no
Hospital de Clínicas da Unicamp, na cidade paulista de Cam-
pinas), além de outras instalações seme-
lhantes em hospitais de Barra Bonita,
Matão e Nova Odessa, todas cidades do
interior paulista. De acordo com o CEO,
a empresa deve implementar um marke-
tplace de produtos que utilizam energia
solar já no início de 2024. “Agora, nossa
estratégia é investir em tecnologia e trans-
formar cada parte da residência ou em-
presa a partir de produtos sustentáveis,
muito além da placa fotovoltaica.” An-
derson e Nachila reconstruíram a jorna-
da. E agora, depois da resiliência, o futu-
ro é sustentável.

48 Dinheiro 06/12/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO

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Propósitoeresultado

É PERMITIDO SENTIR!

A
té pouco tempo atrás, o mundo corporativo era uma compreensão mais profunda da natureza humana
marcado por um modelo de gestão que valorizava e do papel fundamental das relações interpessoais no HEVERTON
PEIXOTO
líderes por sua força, coragem e imagem de refe- ambiente de trabalho. A capacidade de compartilhar a ENGENHEIRO
rência em conhecimento. Pouco se falava sobre inte- visão da empresa, ao mesmo tempo em que reconhece CIVIL COM MBA
ligência emocional, mas associava-se a isso, quando a complexidade e a presença de variáveis desconhecidas, EM CORPORATE
o gestor mantinha a compostura inabalável diante contribui para a construção de uma cultura organiza- FINANCE NO
INSEAD, CEO DO
das adversidades e as celebrações que, muitas vezes, cional baseada na confiança e na colaboração. GRUPO OMNI E
eram realizadas de forma contida. Nesse contexto, No contexto das ações ESG, é fundamental entender CONSELHEIRO
permanecer inalterável perante os desafios significa- que essas práticas vão além de simples promessas e DO INSTITUTO
va não demonstrar vulnerabilidade e nem fraqueza. exigem a implementação efetiva de medidas tangíveis. DE INOVAÇÃO
EM SEGUROS E
Com o passar dos anos, a compreensão de liderança As empresas que conseguem tirar do papel suas pro- RESSEGUROS
evoluiu. As empresas passaram a entender que a verda- messas e traduzi-las em ações concretas, estão mais bem DA FGV
deira inteligência emocional não significa ocultar as posicionadas para enfrentar os desafios do ambiente de
emoções, mas ter a habilidade negócios contemporâneo.
de assimilar e gerenciar de for- Dessa forma, ter um líder
ma eficaz os sentimentos pró-
Admitir que há variáveis que compreende e incorpora
prios e, claro, os da equipe.
fora do controle do líder é um esses princípios é crucial. A
Agora, os gestores são cada vez sinal de humildade e respeito transparência e a responsabi-
mais avaliados por sua capaci- pela diversidade de talentos e lidade social demonstram sen-
dade de conduzir negócios de habilidades no time sibilidade com questões sociais
maneira ética e sustentável. e ambientais e fortalece a posi-
Dessa forma, as transformações passaram a refletir ção da companhia perante a comunidade, ingredientes
a importância de os líderes reconhecerem vulnerabili- fundamentais para manter o alinhamento com as de-
dades e celebrar conquistas para construir equipes re- mandas do mundo corporativo moderno e contribuir
silientes e motivadas. Atualmente o mercado valoriza para o desenvolvimento sustentável da empresa.
gestores autênticos, capazes de se adaptar às mudanças Além disso, a prática de lidar com a incerteza e ad-
e criar ambientes de trabalho mais inclusivos e colabo- mitir que há variáveis fora do controle do líder é um
rativos. Um líder seguro reconhece a importância da sinal de humildade e respeito pela diversidade de talen-
empatia e da comunicação aberta, capazes de inspirar tos e habilidades no time. Ao criar um ambiente que
confiança entre os colaboradores e criar um ambiente acolhe essa compreensão, as empresas estabelecem as
propício ao diálogo. bases para o desenvolvimento conjunto de soluções
Um líder que é corajoso e aspiracional, também re- inovadoras e a adaptação ágil às mudanças no cenário
conhece seus temores e questionamentos e os compar- empresarial.
tilha de maneira espontânea, estabelecendo uma conexão A verdadeira liderança está em reconhecer que,
mais genuína com o seu time. O resultado é um ambien- mesmo com planejamento meticuloso, há aspectos
te onde a confiança deve prosperar, pois os membros da imprevisíveis nos negócios, e é a capacidade de enfren-
equipe se sentem compreendidos e valorizados. tar essas incertezas com resiliência que impulsiona o
Essa transição no conceito de liderança reflete não progresso e o sucesso sustentável. E o mundo moderno
apenas a evolução das práticas de gestão, mas também precisa desse líder!

Dinheiro 06/12/2023 49
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DinheiroembitssPOR VICTORIA RIBEIRO

‘NÃO DEMITA STEVE JOBS’

Foi a história do ano no mundo da tecnologia.
De forma surpreendente, Sam Altman (na foto
à direita) foi demitido na sexta-feira (17) do cargo
de CEO da OpenAI. De forma surpreedente, ele
foi readmitido ao cargo cinco dias depois. Para
dar o devido peso aos nomes, ele é o cara que
popularizou a chamada inteligência artificial
generativa por meio do ChatGPT. Foi chutado
da cadeira pelo Conselho de Administração
da companhia que criou, hoje controlada pela
Microsoft. O motivo da demissão, segundo
funcionários que se pronunciaram de forma
anônima, foi a presença de tensões entre ele — que
é a favor de impulsionar o desenvolvimento da IA de
forma mais agressiva — e os membros do Conselho da
OpenAI — que queriam agir com mais cautela. A gota
d’água teria sido a descoberta de uma IA superinteligente,
chamado de Q*, considerada um marco dentro da startup
americana. A OpenAI afirma abertamente que busca
desenvolver a chamada “inteligência artificial geral” (AGI, na sigla
em inglês), que seria capaz de realizar as mesmas tarefas que um
cérebro humano. Após imensa pressão de funcionários e investidores
sobre o Conselho de Administração, Altman voltou ao posto na quarta-
feira (22). Na terça-feira (28), ninguém menos que Eric Schmidt,
ex-presidente do Google, entrou no tema. Elogiou muito o CEO da OpenAI.
“Não demita um Steve Jobs”, afirmou. “Aqui está um cara, um jovem que trabalhou
muito duro para construir essa indústria”, disse Schmidt sobre Altman. “Sam Altman é um
herói meu”, escreveu Schmidt na plataforma X (ex-Twitter). “Ele construiu uma empresa do nada até chegar ao valor
de US$ 90 bilhões e mudou nosso mundo coletivo para sempre. Mal posso esperar para ver o que ele fará a seguir.”

BRASILEIRA ASSUME MUSK, O MAIS

NVIDIA CONTA OS BILHÕES
COM IA GENERATIVA
A fabricante de placas de vídeo Nvidia
registrou lucro líquido de US$ 9,24
bilhões no terceiro trimestre fiscal de
2024, um crescimento 12 vezes maior
que aquele registrado no ano anterior.
Diluído por ação, o lucro ficou em
US$ 3,71 (contra US$ 0,27 do mesmo
período do ano anterior). “Nosso forte
crescimento reflete a ampla transição
de plataforma da indústria, de
computação de uso geral para
computação acelerada e inteligência
artificial (IA) generativa”, disse Jensen
Huang, fundador e CEO da Nvidia.
COMO CEO DO BUMBLE RICO DO MUNDO
A cofundadora do Bumble Whitney
Wolfe Herd está deixando o cargo
(ATÉ NOVEMBRO)
de CEO da empresa do app de
namoro. Em janeiro de 2024, Herd
vai assumir como presidente do
conselho da companhia que
fundou em 2014, deixando em seu
lugar a brasileira Lidiane Jones, que
hoje é CEO do Slack, serviço de
mensagens de trabalho. Nascida
na Zona Leste de São Paulo,
Lidiane tem bacharelado em
Ciência da Computação pela
Universidade de Michigan e passou
por empresas como Ford, Microsoft
e SalesForce. A saída de Wolfe
Herd do cargo executivo principal
ocorre após um período de
expansão e posicionamento
estratégico da Bumble. No segundo
trimestre, a empresa superou as
expectativas dos analistas com
aumento de receita anual de 19%,
atingindo US$ 259,7 milhões.
A um mês de acabar o ano, a mais
disputada corrida do planeta — a da
pessoa mais rica do mundo — fechou
com o dono do X (antigo Twitter),
da Tesla e da SpaceX, Elon Musk,
na ponta, com fortuna de US$ 246,5
bilhões, segundo a lista da Forbes. Ele
é seguido pelo bilionário francês do
setor de luxo Bernard Arnault, com
patrimônio de cerca de US$ 190,1
bilhões. Em terceiro lugar está Jeff
Bezos (Amazon), com US$
168,3 bilhões, em quarto
está Larry Allison (Oracle),
com US$ 146,5 bilhões, e
em quinto o investidor
Warren
Buffett,
dono de
US$
119,3
bilhões.

50 Dinheiro 06/12/2023 INFOGRÁFICO: FABIO X | FOTOS: ISTOCK | COTTONBRO STUDIO/PEXELS

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Estudo realizado pela MBO Partners,
plataforma que conecta profissionais

NÔMADES
a proprietários de microempresas,
diz que o “nomadismo digital”,
estilo de vida que permite

DIGITAIS
conciliar trabalho com viagens,
mais que duplicou em relação a 2019,
ano anterior à pandemia de Covid-19.

EVOLUÇÃO ANO A ANO (milhões de pessoas)

7,3 10,9 15,5 16,9 17,3

2019 2020 2021 2022 2023

MILLENNIALS, OS PRINCIPAIS NÔMADES (em 2023)

21% 37% 27% 15%

Geração Z Millennials Gen X Boomers
(1996-2010) (1980-1995) (1965-1979) (1946-1964)

PRINCIPAIS PROFISSÕES POR GÊNERO

Tecnologia da informação Homens Mulheres Não-Binários
19% 56% 43% 1%
Serviços criativos
14%
Educação
9%
Vendas/Marketing
9%
Finanças
8%
Consultoria/Coaching/Pesquisa
7%
NÍVEL DE SATISFAÇÃO
COM OS RENDIMENTOS
Muito Satisfeitos
47%
Satisfeitos
35%
Não Satisfeitos
18%

Dinheiro 06/12/2023 51
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TECNOLOGIA

CONNECTING
FOOD UNE
ALIMENTOS
DESCARTADOS A
ORGANIZAÇÕES
SOCIAIS
Victória RIBEIRO

TECH
BATE
NO
DESPERDÍCIO
cializada em conectar os alimentos que
seriam descartados por empresas, mas
ainda bons para o consumo, às organizações
sociais que atendem pessoas em situação
de vulnerabilidade social. “A Connecting
Food não é uma ONG, é um negócio de
impacto social. Ela também desmistifica a

D
epois de 15 anos de carreira vividos no ambiente corporativo,
impulsionados pela formação em engenharia de alimentos, Al-
cione Pereira decidiu trilhar um caminho que une a tecnologia a
um problema persistente no Brasil: o desperdício de alimentos.
No país marcado pelos contrastes, dados levantados este ano pela
Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que por aqui 21
milhões de pessoas não têm o que comer diariamente e 70,3 milhões
estão em insegurança alimentar, enquanto, paralelamente, o
desperdício atinge 27 milhões de toneladas de alimentos. Movida
por essa conta que não fecha, Alcione buscou um laboratório de
empreendedorismo focado em impacto social, o Social Good
Brasil, fez conexões com organizações da sociedade civil e, dali,
viu nascer a Connecting Food, pioneira foodtech brasileira espe-
ideia de que trabalho social e lucro não
podem caminhar juntos”, afirmou Alcione.
Conforme a CEO da foodtech explica,
os alimentos redirecionados são aqueles
considerados sem valor comercial por ques-
tão estética, mas perfeitos para consumo,
como é o caso das bananas fora do cacho
ou mais maduras. No caso das indústrias,
de acordo com ela, alimentos que às vezes
têm erros na embalagem ou estão relacio-
nados a um pedido cancelado ganham novo
destino. Através desse fluxo, a Connecting
Food atende hoje 535 organizações, em 273

52 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: MARCELO S. CAMARGO | ISTOCK

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cidades de todos os estados do País. “São
organizações com diversos tipos de fragi-
lidade, que acolhem pessoas em situação
de rua, vítimas de violência doméstica,
crianças no contraturno escolar e pessoas
LGBTQIA+”, disse a executiva.
ACOMPANHAMENTO DE METAS Para
todo o processo acontecer, segundo Alcio-
ne, a tecnologia é essencial. É através dela
que os dados sobre a quantidade de ali-
mentos são coletados e as doações são
monitoradas para posteriormente servir
de base para gerar relatórios que permitem
acompanhar as metas de cada uma das
empresas-clientes. “Nós trabalhamos a
partir de um sistema ERP, que é tipo um
SAP, só que para a gestão de doação de
alimentos. A tecnologia é a chave do pro-
cesso”, afirmou a CEO.
Além do tech, o processo exige critério
do ponto de vista jurídico, sanitário e legal.
Apesar de recente, promulgada pelas taxas
elevadas de fome durante a pandemia de
Covid-19 em, a Lei nº14.016 colaborou para
sanar inseguranças relacionadas à respon-
sabilidade civil e legal da doação. “Existem
bancos de alimentos e programas de do-
ações há mais de 30 anos, porém não havia
uma lei. Isso deixava espaço para dúvidas
e questionamentos do tipo ‘se não permi-
tem, é proibido?’”. A existência da lei,
contudo, não alivia a limitação do arca-
bouço legal que regula as doações. “Hoje,
a gente compete com o descarte. Só para
se ter ideia, quando você faz uma doação,
muitas vezes você está sujeito a pagar im-
postos, algo que não acontece quando você
descarta como resíduo”, disse Alcione.
Parece loucura. É.
Trabalhamos a partir de
um sistema ERP, que é
tipo um SAP, só que para
a gestão de doação de
alimentos. A tecnologia
é a chave do processo”
ALCIONE PEREIRA
CONNECTING FOOD
“Estamos fazendo vários roadshows
em Brasília, levando, por exemplo, a pauta
do arcabouço legal das doações”, afirmou
a executiva. A importância da iniciativa, de
acordo com Alcione, está atrelada à força
da cultura do desperdício no Brasil, muito
associada ao “melhor sobrar do que faltar”.
A CEO disse que no Brasil o alimento é
símbolo de status. “Você oferecer mais,
significa que tem mais. Isso está comple-
tamente associado aos índices de desper-
dício.” Como destaca, é uma pauta que
precisa ganhar notoriedade.
Quando se trata das dificuldades, a prin-
cipal tem sido driblar o paradigma de que
trabalho social e empresa lucrativa não
andam juntos. O crescimento da Connec-
ting Food segue. A empresa teve alta de
50% em faturamento entre 2022 e 2023 e
espera o mesmo em 2024. “O ESG foi aval
para o processo de formação desse merca-
do”, disse ela. E junto vem a inteligência
artificial . “A ideia é escalar para mais de 10
mil pontos de monitoramento e a IA com
certeza vai tornar isso possível.”
Dinheiro 06/12/2023 53
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TECNOLOGIA
VERIFICAÇÃO
ALÉM DAS SELFI E
PROVE IDENTITY, GRUPO GLOBAL QUE CHECA IDENTIDADE PELO NÚMERO
DE CELULAR, FIRMA PARCERIA COM EMPRESA BRASILEIRA DE CARTÕES
Victoria RIBEIRO
D
epois de receber aporte de US$40 milhões liderado pela Mass-
Mutual Ventures e Capital One Ventures, a mais recente novi-
dade da Prove Identity, empresa de verificação de identidade
com sede em Nova York, é a expansão para a América Latina por
meio de parceria com a Elo – empresa brasileira de cartões que
atua no mercado desde 2011 e possui mais de 43 milhões de
cartões ativos. Agora, a Elo passa por reposicionamento de
marca e quer ser reconhecida pelo público como uma empresa
genuinamente brasileira. Além da nova imagem, a empresa
também embarcou no uso de soluções da Prove, apoiada em um
dado alarmante do Banco Central: são 2,8 mil tentativas de
fraudes financeiras em canais eletrônicos por minuto no Brasil.
“Para uma transformação digital ser bem-sucedida, a verificação
de identidade é fundamental”, afirmou Paulo Nascimento, dire-
tor sênior de Vendas da Prove para a América Latina.
A parceria entre a americana e a brasileira envolve o Trust
Score, solução que, através do número de celular, avalia a reputa-
ção e o risco associado a uma identidade. Por meio de parcerias
mundiais com provedores de dados e da tecnologia machine le-
arning a plataforma analisa sinais comportamentais centrais no
smartphone que está realizando a transação financeira. “A gente
consegue saber, por exemplo, se o SIM Card (chip) associado ao
celular que está fazendo a transação foi ativado recentemente, o
que é um indicativo de perfil fraudulento”, disse Nascimento. A
solução, de acordo com ele, é um meio de minimizar a proliferação
de contas atreladas a ‘laranjas’ no Brasil, usadas para movimentar
54 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: ANDREA RUFINO | ISTOCK
dinheiro de origem ilícita sem chamar
atenção das autoridades. O executivo ex-
plica que, quando se trata desse tipo de
fraude — responsáveis por prejuízos ao
sistema financeiro que chegam a R$2,5
bilhões — os criminosos usam as fotos dos
verdadeiros donos das contas bancárias
para reproduzir documentos de identida-
de, que posteriormente são validados
através de bancos digitais, na maioria das
vezes associadas a um número de celular
específico. “É possível que esse tipo de
fraude se torne cada vez mais estratégica
e comum”, disse Nascimento.
EXPERIÊNCIA MELHORADA Além da
mitigação de fraudes, outra grande van-
tagem da solução, segundo o executivo,
é a melhoria da experiência do cliente.
Isso porque, de acordo com ele, o Trust
Score diminui a necessidade de envolvi-
mento do usuário, que muitas vezes pre-
cisa fazer fotos de rosto para realizar
transações ou aquela famosa selfie segu-
rando a carteira de identidade ao lado
para abrir contas. “Soluções convencio-
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I ES

nais exigem muita fricção. Você tem que tirar a foto, que tem MERCADO
que estar centralizada e em boa resolução. Tudo isso colabora EM RISCO
No Brasil,
com uma taxa de 30% de desistência do usuário”, disse Nasci-
apenas no primeiro
mento, afirmando que a acessibilidade também é outro ponto trimestre deste
a se considerar. “Nem todo mundo tem um celular com uma ano, houve 2,8 mil
boa câmera, para garantir uma foto com a qualidade necessária tentativas de
fraudes financeiras
para a prova de vida por meio da biometria facial. A partir do
em canais
momento que a análise se baseia no comportamento do smar- eletrônicos a cada
tphone, esse problema é mitigado”, afirmou o Nascimento. 60 segundos
Com operação por Estados Unidos, Reino Unido e Índia,
além do Brasil, o executivo diz que temos peculiaridades não
necessariamente positivas em relação aos demais mercados em
que a empresa atua: a sofisticação dos crimes digitais. “Estamos
falando de um país enorme, com diversidade cultural e diferen-
tes habilidades para usar tecnologia”, disse Nascimento. “Cri-
minosos analisam instituições, identificam problemas, hábitos
do consumidor e vão direto na vulnerabilidade.” Esse cenário,
Para a transformação segundo ele, reflete nas expectativas e resultados. No Brasil, a
Prove (que antes da Elo já possuía clientes locais como Vsoft,
digital ser bem-
TargetData e Oakmont) deve encerrar 2023 com o segundo maior
sucedida, verificação mercado da empresa, atrás apenas dos EUA. Agora, quando se
de identidade é trata do ano que vem, a ideia é montar uma equipe de vendas
fundamental” local, para atender verticais de setores brasileiros específicos,
como os de saúde e e-commerce. “O plano é realmente aumen-
PAULO NASCIMENTO
DIRETOR SÊNIOR tar a subsidiária, crescer em recursos e atingir um nível de pe-
PROVE IDENTITY netração cada vez maior no mercado brasileiro.”

Dinheiro 06/12/2023 55
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Cobiça
POR CELSO MASSON

NEVE E ÁGUA QUENTE

O hotel nos Alpes da França combina
acomodações de luxo e uma área de bem-
estar com piscina coberta de 14 metros

NEVE, ALTA GASTRONOMIA E UM SPA DE LUXO EM COURCHEVEL

A chegada do inverno e da neve nas montanhas da
França este ano será marcada por novidades em um
dos mais icônicos resorts de esqui da luxuosa
Courchevel. De 8 de dezembro até 7 de abril, os
hóspedes do Aman Le Mélézin poderão viver as
melhores experiências dos Alpes em período de cinco
noites que inclui uma jornada gastronômica (com
café da manhã, almoço e jantar), além de um passeio
de teleférico para Les Trois Vallées e tratamentos no
spa. Sucesso na última temporada, os passeios pela
trilha First Tracks retornam neste inverno, com um
instrutor de esqui conduzindo os praticantes do
esporte a incríveis vistas do Mont Blanc.
A atração se soma a uma novidade: poder passear
pelas paisagens cobertas de neve ao anoitecer em
um trenó ou carruagem puxada por cavalos até Les
Prés de la Croix, onde um jantar tradicional da região
de Sabóia, com fondue de queijo, é servido junto à
lareira num chalé na montanha. Além de oferecer o
que há de melhor para quem gosta de esquiar e
comer bem, o Aman é famoso por seu spa holístico,
com uma vasta gama de tratamentos terapêuticos
que combinam medicina taoísta e extensas áreas de
hidroterapia, incluindo uma piscina interna de 14
metros. Informações e reservas: aman.com/resorts/
aman-le-melezin.

MODA
A NOVA COLEÇÃO DOS AMIGOS DA FENDI
Depois do sucesso de collabs com outras grifes famosas, como Versace e
Marc Jacobs, a linha Friends of Fendi chega agora com Stefano Pilati, que já foi
head designer das maisons Yves Saint Laurent e Ermenegildo Zegna. A nova
coleção explora o lado tradicional da Fendi, com uma releitura da moda das
décadas de 1920 e de 2020. Para isso, Pilati evoca uma garota esbelta, com
cabelo curto e estilo masculino — algo que era visto como um símbolo de
ousadia e liberdade para a mulher e passou a ser uma estética comum a
ambos os gêneros. Segundo o estilista, essas mudanças culturais e estéticas
fazem com que a tradição do vestuário se una a uma ideia de subversão. Além
de bolsas como Baguette (foto) e Peekaboo, a coleção inclui vestidos, calças,
camisas e blazers. À venda nas boutiques e e-commerce da marca.

56 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: DANIEL HERENDI I ALEX MOLING I DIVULGAÇÃO

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COZINHA
SEJA UM CHEF
PROFISSIONAL COM
A THERMOMIX
Imagine uma máquina que
substitui 12 aparelhos e mais de
24 utensílios de cozinha. Assim é
a Thermomix, importada no
Brasil pela empresa TMH. Além
de misturar, cozinhar, pesar,
moer, mexer, emulsionar, ferver,
amassar e picar, a Thermomix
faz a pré-limpeza dos
ingredientes. Mas não é só pela
praticidade e pelo design
moderno que o aparelho tem
feito sucesso. Ele reúne funções
como slow cooking para manter
as carnes suculentas e sous vide
para cozinhar legumes e peixes
sem que percam os seus
nutrientes. E o melhor de tudo é
que a temperatura e os tempos
de preparo são definidos
automaticamente, sem risco de
queimar nada. Custa R$ 13 mil
no site brasil.thermomix.com.
ARQUITETURA
VISTA PARA O CARIBE
E SEM FURACÃO
Com assinatura do escritório carioca
Mareines Arquitetura, a Casa Punta
Cana foi projetada para questionar
os conceitos de dentro e fora,
combinando a vista do Mar do
Caribe a uma estrutura à prova de
furacões. Toda a residência, de 700
m², é serpenteada longitudinalmente
por uma grande varanda. São seis
suítes independentes, cada uma
com vista e paisagismo próprios,
além de um cilindro de vidro que
parece flutuar em meio aos jardins
aquáticos. A iluminação é
predominantemente natural e o
paisagismo se assemelha a uma
tapeçaria viva. Embora fique na
República Domicana e os arquitetos
sejam brasileiros, os proprietários
são dos Estados Unidos.
BEBIDA
A LARANJA MECÂNICA DE MAÇANITA
O winemaker português António Maçanita tem se
destacado pela ousadia em suas escolhas. E a mais
recente prova disso é o FitaPreta A Laranja Mecânica.
A começar pela referência ao filme dirigido por Stanley
Kubrick em 1971. Para o produtor, a relação entre
ambos está no processo de produção: um vinho
laranja fermentado com as cascas das uvas que
são prensadas duas vezes. Segundo o enólogo,
“é desconcertante, indisciplinado, disruptivo,
perturbador... de uma maneira muito deliciosa!”. Foram
produzidas apenas 14.870 garrafas. Importadas pela
Grand Cru, chegam ao Brasil custando R$ 372,90.
Dinheiro 06/12/2023 57
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ESTILO

UMA BRASILEIRA QUE VESTE

ESTRELAS DE HOLLYWOOD
Martha Medeiros, a estilista que levou a renda do sertão brasileiro para o tapete vermelho,
lança biografia que destaca sua autoconfiança, fé e trabalho de inclusão social
Celso MASSON

O
s infinitos tons azuis do céu e do mar no litoral alagoano, as nordestino com as quais ela vem construin- UMA MARCA
folhas dos coqueiros, a areia e as falésias da Praia do Gunga, do um admirável trabalho de inclusão social REGISTRADA
A estilista com uma
em Maceió, forneceram a paleta de cores que até hoje ins- a estrelas que desfilam suas peças no tape- das modelos que
piram a estilista Martha Medeiros em suas criações. Mas te vermelho do Oscar. Não por acaso, o tí- desfilaram suas peças
foram as palavras ditas pela avó durante um passeio à beira-mar tulo de sua biografia, escrita pela jornalis- em 2017, no Palácio
que despertaram na então adolescente de 15 anos o desejo de ta Eliane Trindade, é justamente Do Sertão Tangará, em São Paulo,
quando a grife já era
empreender. Em uma carreira marcada pelas tintas da autocon- a Hollywood. O livro será lançado nesta um sucesso mundial
fiança (às vezes com certo estardalhaço) e pelo talento para fazer terça-feira (5), em São Paulo. com suas rendas e
e vender roupas de luxo que empregam elementos do artesanato “Martha Medeiros tinha duas certezas: transparências
brasileiro, a estilista criou um universo próprio no disputado iria se casar cedo e seria uma estilista famo-
mundo da moda. Suas admiradoras vão das rendeiras do sertão sa”, afirmou Trindade na frase que abre o

58 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Capítulo 2. Ambas certezas se tornaram realidade. Sobre o casa-

mento, aos 19 anos, grávida, com o então estudante de engenharia
Gélio Medeiros (seu companheiro de vida por mais de quatro dé-
cadas desde então), a autora foi bastante detalhista. O livro é também
rico em minúcias sobre tudo que teve papel fundamental no pro-
cesso de construção da carreira de estilista, desde sua repentina
mudança para São Paulo com a determinação de estudar moda no
Senac até os esforços para se tornar conhecida na mídia. Mesmo
assim, faltou ali compartilhar com o leitor (e a leitora) as motivações
para a escolha da carreira que a tornaria conhecida no Brasil e no
exterior. E a principal influência foi familiar. “Minha avó era muito
elegante, sonhava em conhecer Paris justamente por causa da alta
costura e chegou a ganhar uma viagem para a Europa como prêmio
em um concurso, mas o marido não deixou que ela fosse”, disse EM HOLLYWOOD encomendar a ela seu vestido de casamen-
Martha. Apesar da frustração por não realizar o sonho, aquela A atriz colombiana to. O segundo prefácio é de Luiza Trajano,
mulher de personalidade forte incutiu na neta um certo encanta- Sofía Vergara, que empresária que se tornou símbolo de suces-
escolheu Martha
mento pelo glamour relacionado à confecção de roupas. Nascia Medeiros para
so no varejo brasileiro à frente da rede Ma-
assim o desejo de criar moda, “mesmo sem saber desenhar muito confeccionar seu gazine Luiza e por seu engajamento em
bem”, como ela reconhece. vestido de casamento causas sociais. Assim como a biografada faz
Antes da estilista, porém, veio a empreendedora. Ou melhor: e assina um dos com as rendeiras que fornecem parte do que
prefácios da biografia
primeiro veio a garota que queria estudar História; depois a estu- da estilista brasileira
ela aplica em suas coleções.
dante de Direito; e aí a funcionária concursada do Banco do Brasil.
Enquanto trabalhava no banco, ela montou uma boutique e uma PAPA FRANCISCO Uma das passagens
confecção, comprando com um cheque pré-datado para dali a 45 mais reveladoras do livro é a que narra os
dias o equipamento necessário para produzir roupas em escala. bastidores do lançamento da grife Martha
“Era um valor muito maior do que eu poderia arcar na época e Medeiros Casa, em uma ação que envolveu
mesmo assim consegui juntar a quantia dois dias antes do previsto”, o papa Francisco. O enxoval usado por ele
afirmou a empresária, que encheu de equipamentos de costura a na primeira visita ao Brasil como Sumo
garagem do prédio em que morava. “Todo dia o condomínio queria Pontífice foi assinado por Martha Medeiros,
nos expulsar de lá”. que costuma dizer que Deus é seu sócio. Não
A costura da estilista com a empreendedora se materializou na NO SERTÃO por acaso ela vive em uma cidade que se
Foto de ensaio usado
forma de renda – palavra que serve a Martha Medeiros nas duas chama São Miguel dos Milagres. É lá que
na capa do livro
acepções. Ao mesmo tempo em que colocou a renda (o produto mostra uma modelo desde 2020 funciona a Casa Martha Medei-
artesanal) na moda brasileira, ela levou renda (como fonte de sus- vestindo uma peça de ros, um ateliê, centro cultural e showroom
tento) para artesãs que não seriam capazes de agregar valor ao que alta costura junto a de artesanato brasileiro. A ideia é fazer dali
artesãs que fornecem
produzem em pequena escala. Por isso faz todo sentido que a bio- um santuário de experiências e imersões na
a matéria-prima de
grafia de Martha Medeiros tenha dois prefácios. O primeiro é assi- muitas criações de cultura popular brasileira que Martha Me-
nado pela atriz colombiana Sofía Vergara, fã da estilista a ponto de Medeiros deiros transformou em artigo de luxo.

Dinheiro 06/12/2023 61
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ESTILO

MARCAS DE F1
Com motor de quatro litros
associado a um propulsor
elétrico, o Panamera Turbo
E-Hybrid vai de zero a 100 km/h
em apenas 3,2 segundos

UM PORSCHE AINDA
Sem previsão de lançamento
no Brasil, a terceira geração
do sedã Panamera agrega
maior conforto às

MAIS CONFORTÁVEL
características esportivas de
direção que a montadora
alemã tanto preza
Celso MASSON

É
possível melhorar o que já nasceu perfeito? Quando esse tipo
de pergunta é dirigido a fabricantes de carros superesportivos
como a Porsche, a resposta é uma só. Sim. E isso vale para
todos os modelos da marca alemã, que tem conseguido se
superar a cada atualização de seus veículos. Na terceira gera-
ção do sedã de luxo Panamera, que terá pré-venda no Brasil somen-
te em 2024 e em data ainda não definida, um nível maior de con-
forto foi adicionado. Isso aparece na ampla gama de sistemas de
assistência ao motorista e no interior totalmente redesenhado para
aprimorar a experiência de condução.
A principal novidade é o sistema de suspensão ativa e a ar de
dois estágios que separa as fases de distensão e compressão do
controle do amortecedor. Segundo a Porsche, esse sistema supera
outros conceitos de suspensão em todos os parâmetros relevantes.
A base para isso está nos amortecedores ativos recentemente de-
senvolvidos (também com tecnologia de dois estágios), cada um
conectado a uma bomba hidráulica operada eletricamente. A
vantagem é gerar um fluxo de volume no amortecedor conforme a

60 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

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demanda, criando forças entre a carroceria
e as rodas de maneira rápida, precisa e di-
recionada, para compensar os impactos
contra o piso. Com isso, o sistema absorve
impactos transversais e danos na estrada
enquanto garante maior estabilidade. O
chassi mantém a carroceria do Panamera
plana o tempo todo, mesmo durante mano-
bras bruscas de frenagem e aceleração ou
em curvas acentuadas — neste caso, entra
em ação o eixo traseiro esterçante, que ajus-
ta o ângulo de ataque das rodas.
315 KM/H Como não é só de uma boa sus-
pensão que vivem os apaixonados por carros
esportivos, o novo Porsche tem muita força
sob o capô. São quatro powertrains híbridos
criados para oferecer maior desempenho,
autonomia e eficiência. O top é o Panamera
Turbo E-Hybrid, que vem equipado com
um motor V8 de quatro litros integralmen-
te revisado. Ele se soma ao propulsor elétri-
co 190 cavalos para oferecer uma potência
somada de 500 kW (equivalente a 680 cv).
Medições em pista mostraram que o mode-
lo acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3,2
segundos e atinge máxima de 315 km/h.
Marcas dignas de um carro de Fórmula 1.
Diferentemente de um bólido de com-
petição, porém, o cockpit equilibra elemen-
tos de controle digitais e analógicos com
elegância e ergonomia. E o prazer de pilotar
não se limita ao motorista. Um display op-
cional para o passageiro permite que ele se
integre à experiência de condução. A tela de
10,9 polegadas exibe dados de desempenho
do veículo com direto à customização dos
dados. Também permite a operação do sis-
tema de infotainment e suporta streaming
de vídeo enquanto o carro está em movi-
mento. Para evitar distrações de quem está
ao volante, o display do passageiro não pode
ser visto do banco do motorista. A Porsche
também equipou o Panamera com um sis-
tema de iluminação HD Matrix LED de alta
resolução, que tem mais de 32.000 pixels
por farol (disponível como opcional). O al-
cance de iluminação é de até 600 metros. A
Porsche não divulgou o preço do Panamera
2024, que é fabricado em Leipzig.
ALMA CLÁSSICA, RECURSOS ATUAIS
Paixão por modelos históricos leva especialistas a integrar
avanços tecnológicos ao charme vintage Celso MASSON
A
customização de automóveis clássi- seja concluído. O resultado, porém, é uma
cos nunca foi tão vibrante. No Brasil, obra-prima do retrofit automotivo.
a tendência de atualizar veículos Os carros restaurados pela Singer são
vintage ganhou fôlego renovado com altamente personalizados, com os clien-
a Toys for Boys, fundada por Fábio Amaja tes escolhendo desde a cor da pintura e
em 2013 como importadora de aeronaves, tipos de tecido do interior até opções de
barcos e carros esportivos. Com o tempo, motor e transmissão, tornando cada ve-
o foco no universo automotivo dominou ículo único. Sem contar as modificações
as operações, fazendo da empresa uma que aprimoram o desempenho e a diri-
referência no mercado brasileiro de su- gibilidade. Não por acaso, o criador da
percarros. Agora, o portfólio que reúne as Singer, Rob Dickinson, ficou mundial-
marcas mais cobiçadas acaba de ganhar mente famoso pela atenção meticulosa
um reforço: a californiana Singer Vehicle aos detalhes e uso de materiais de alta
Design, especializada na restauração e qualidade. “Cada carro é desmontado e
personalização de um clássico entre os reconstruído do zero, com cada compo-
clássicos: o Porsche 911. A Toys for Boys nente sendo restaurado ou atualizado”,
trará o primeiro Singer para o Brasil. afirmou Amaja, que manterá uma pop-up
Voltado para puristas e colecionadores, store da Toys for Boys no Shopping JK
não é um investimento pequeno. O preço Iguatemi, em São Paulo, funcionando
da customização de um Porsche 911 na diariamente até 31 de dezembro.
Singer varia de US$ 835 mil até USS 1,1
milhão. Isso sem contar o carro base, cha-
mado pelos especialistas de donor vehicle
(literalmente, veículo doador). O alto cus-
to se justifica pela complexidade do traba-
lho artesanal feito pela empresa. E não
basta apenas ter dinheiro. É preciso ser
paciente. Segundo Amaja, para adquirir
um modelo Singer é preciso aguardar dois
anos de fila de espera e de um a dois anos
para que todo o processo de restauração
BRINQUEDO PARA POUCOS
Fábio Amaja, dono da Toys for Boys, e um 911 da
Singer: customização chega a US$ 1,1 milhão
Dinheiro 06/12/2023 61
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Dinheiroemação POR PAULA CRISTINA

CONGRESSO NACIONAL

GOVERNO PROPÕE NOVAS

REGRAS PARA O BNDES
Chegou ao Congresso Nacional, na
terça-feira (28), o projeto de lei (PL
5.719/2023) de autoria do governo
que autoriza o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) a voltar a financiar atividades
produtivas de empresas brasileiras no
exterior e que possa constituir
subsidiárias integrais ou controladas. A meta, segundo o governo, é ter para os maus pagadores e limite de
Segundo o texto, o plano é “permitir a crédito em modalidades que os bancos oferta por CNPJ — regulamentação que
retomada do apoio público a esta tradicionais não têm. “A carteira de segue as orientações do OMC. O projeto,
modalidade de exportação realizada crédito à exportação de projetos de no entanto, não terá vida fácil no
pelas empresas brasileiras, nos moldes grande porte e que requerem prazos Congresso, já que por lá corre uma PEC
das melhores práticas internacionais”. O longos de pagamento tendem a para sujeitar à autorização do Poder
texto é assinado pelo presidente em apresentar riscos concentrados.” Para Legislativo operações de crédito
exercício, Geraldo Alckmin, e pela evitar os problemas passados, o plano é pactuadas por instituições financeiras
ministra da Gestão e da Inovação em ter mais autonomia para execuções controladas pela União em operações
Serviços Públicos, Esther Dweck. judiciais para evitar inadimplência, veto que forem executadas fora do País.

INDICADORES ECONÔMICOS
PIB CRESCIMENTO (FONTE: BANCO CENTRAL) 1° TRI/23 4° TRI/22 3° TRI/22 2° TRI/22 2022 SET/23 A AGO/23 A JUL/23 A JUN/23 A MAI/23 A
CONTAS PÚBLICAS (% PIB)* (A) OUT/22 SET/22 AGO/22 JUL/22 JUN/22
PIB (DESSAZ.) 0,9% 1,8% 0,1% 0,4% 2,9%
PIB EM US$ BILHÕES * 2.002,4 1.969,7 1.919,9 1.837,3 1.919,9 RESULTADO NOMINAL 7,62% 7,29% 6,95% 6,41% 6,39%
RESULTADO PRIMÁRIO 0,97% 0,70% 0,77% 0,23% -0,38%
ATIVIDADE ** SET/23 AGO/23 JUL/23 JUN/23 NO ANO
0,6% 0,5% -1,2% 0,2% -0,2% SET/23 AGO/23 JUL/23 2022 2021
PRODUÇÃO INDUSTRIAL (IBGE)
DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL 74,36% 74,32% 73,96% 72,87% 78,29%
VOLUME DE VENDAS NO VAREJO RESTRITO (IBGE) 3,3% 2,4% 2,4% 1,4% 1,8%
DÍVIDA BRUTA INTERNA 65,43% 65,61% 65,44% 63,74% 67,41%
TAXA DE DESEMPREGO -
PNAD CONTÍNUA (IBGE) 7,7% 7,8% 7,9% 8,0% - DÍVIDA BRUTA EXTERNA 8,93% 8,72% 8,52% 9,13% 10,88%

UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA CONTAS EXTERNAS (US$ MILHÕES) OUT/23 SET/23 AGO/23 JUL/23 NO ANO
78,1% 78,4% 78,4% 78,6% -
(CNI) - DESSAZ. INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO - 3.752 4.270 4.244 41.631
MÉDIA EXPORTAÇÕES 29.484 28.431 31.059 28.306 282.471
SET/23 AGO/23 JUL/23 JUN/23 EM 2023
INADIMPLÊNCIA *** IMPORTAÇÕES 20.525 19.527 21.473 20.093 202.258
PESSOA FÍSICA ATÉ 90 DIAS 4,1% 4,2% 4,3% 4,3% 4,4% SALDO COMERCIAL 8.959 8.904 9.586 8.213 80.212
PESSOA F. ACIMA DE 90 DIAS 6,0% 6,1% 6,2% 6,3% 6,1% SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES - -1.375 -740 -4.096 -20.895
PESSOA JURÍDICA ATÉ 90 DIAS 1,9% 2,1% 2,3% 2,2% 2,3% RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS - 340.324 344.177 345.476 340.324
PESSOA J. ACIMA DE 90 DIAS 3,4% 3,3% 3,2% 3,0% 2,8% DÍVIDA EXTERNA TOTAL - 325.530 328.877 329.356 325.530

* Acumulado nos últimos 12 meses; ** Em relação ao mesmo período do ano anterior, exceto utilização de capacidade instalada e taxa de desemprego; *** Em proporção do volume de crédito concedido. - Recursos Livres (a) Superávit = (-) e Déficit = (+), conforme notas econômicas do BACEN

DESEMPENHO MELHOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES PIOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES

Seguros e Previdência 4,61 208,97
DAS EMPRESAS Têxtil 7,44 84,64
Serviço de Locação 15,17 -0,94
Construção 29,29 -6,29
POR SETOR Educação 21,78 51,75 Agronegócio 0,84 -8,16
DE ATIVIDADE Telecom 14,99 33,74 Varejo 15,07 -11,10
Petróleo e Gás -1,19 33,30 Químico 11,00 -20,12
Fonte: Austin Rating de 27/nov/23

62 Dinheiro 06/12/2023 FOTOS: WIRESTOCK | CLÉO VELLEDA/FOLHAPRESS

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PRINCIPAIS ÍNDICES JUROS FUTUROS 27/11/2023 ICC - ÍND. CONF. CONSUMIDOR (FGV)
INFLAÇÃO OUT/23 SET/23 AGO/23 NO ANO 12 MESES
% ao ano Em pontos
IPC - FIPE 0,30% 0,29% -0,20% 2,31% 3,35%
12,20 95,00
IGP-M (FGV) 0,50% 0,37% -0,14% -4,46% -4,57%
IGP-DI (FGV) 0,51% 0,45% 0,05% -4,40% -4,27%
IPCA (IBGE) 0,24% 0,26% 0,23% 3,75% 4,82% 11,83
IPCA - NÚCLEO MM SUAVIZADO 0,31% 0,30% 0,33% 3,65% 4,55% 82,50
JUROS/APLICAÇÃO OUT/23 SET/23 AGO/23 NO ANO 12 MESES 11,46
CDI 1,00% 0,97% 1,14% 11,02% 13,36%
TLP 0,42% 0,42% 0,43% 4,68% 5,63%
POUPANÇA 0,61% 0,61% 0,72% 6,81% 8,26% 11,10 70,00
TJLP 0,53% 0,57% 0,57% 5,92% 7,16%
Dez/23 Fev/24 Abr/24 Jun/24 Nov/21 Nov/22 Nov/23
CDB/RDB - TAXA PREFIXADA MÉDIA 0,93% 0,85% 1,02% 9,73% 11,90%
CÂMBIO/PETRÓLEO 27/11/2023 NO MÊS NO ANO 12 MESES
RISCO-PAÍS ICC - ÍND. CONF. INDÚSTRIA(FGV)
REAIS/US$ (COMERCIAL VENDA) 4,895 3,32% 6,59% 9,90%
US$/EURO 1,094 3,46% 2,45% 5,16% Em pontos
EMBI + BR (fim de mês)
IENE/US$ 148,94 1,70% -11,47% -6,81%
PETRÓLEO À VISTA BRENT (US$/BARRIL) 79,98 -8,50% -6,90% -3,86% 290.0 102,0
MERCADOS FUTUROS 27/11/2023 DEZ/23 FEV/24 ABR/24 JUN/24
CÂMBIO (R$/US$) 4,904 4,939 4,967 4,996
256.6
DEZ/23 FEV/24 ABR/24 JUN/24 97,0
DI DE 1 DIA (% A.A.) 12,15 11,78 11,47 11,14 223.3
DEZ/23 FEV/24 ABR/24 JUN/24
IBOVESPA (PONTOS) 126.399 128.437 130.525 132.248 190.0
DEZ/23 MAR/24 MAI/24 SET/24 92,0
nov/22
dez/22
jan/23
fev/23
mar/23
abr/23
mai/23
jun/23
jul/23
ago/23
set/23
out/23
27/nov/23
CAFÉ ARÁBICA (60KG - ICF) 209,25 205,45 204,45 200,15
Nov/21 Nov/22 Nov/23

RENTABILIDADE DOS TÍTULOS PÚBLICOS (%) *24/jul/23 (inclui JS = Juros Semestrais)

TÍTULO VENC. INDEXADOR Últim. 30 dias ano * 12 MESES

Tesouro Selic 2024 01/09/2024 Selic 0,91% 12,00% 13,34%
Tesouro Prefixado (JS) 2025 01/01/2025 Prefixado 1,12% 13,77% 16,69%
Tesouro IPCA+ (JS) 2024 15/08/2024 IPCA 0,86% 10,73% 12,14%
Tesouro IGPM+ (JS) 2031 01/01/2031 IGP-M 1,12% 2,80% 3,98%
Tesouro Prefixado 2024 01/07/2024 Prefixado 0,99% 13,11% 15,83%

MAIORES ALTAS DA SEMANA* TERMÔMETRO DO MERCADO

Ação Setor % O IBOVESPA EM UM ANO * PONTOS

DESTAQUE DA SEMANA Gafisa apresenta bons resultados no terceiro METALFRIO Industrial 56,25 Ibovespa 125.731
trimestre e é destaque entre as empresas da construção em novembro JOSAPAR Varejo 14,29 Mínima 95.267
BRB BANCO Financeiro 13,53 Máxima 125.957
GAFISA Construção 12,59
BOLSAS NO MUNDO Fonte: B3* Até 28/nov/23

24/07/2023 COTAÇÃO (MOEDA LOCAL) VARIAÇÃO (US$) VESTE Varejo 10,84

Mercado Índice Pontos % mês % ano % 12 m. % mês % ano
Brasil Ibovespa 125.731 11,12% 14,58% 15,58% 14,81% 22,13%
MAIORES BAIXAS DA SEMANA* IBOVESPA em milhares de pontos
Brasil IBrX 100 52.844 10,97% 13,53% 14,39% 14,65% 21,01%
EUA Dow Jones 35.333 6,90% 6,60% 4,38% 6,90% 6,60%
Ação Setor % 135.0
EUA Nasdaq 14.241 10,81% 36,06% 28,88% 10,81% 36,06% BRADESPAR Financeiro -10,89
Japão Nikkei 225 33.448 8,39% 28,18% 18,77% 10,23% 13,48% ESPAÇOLASER Serviços -11,35 115.0
China Shanghai 3.032 0,43% -1,86% -1,52% 2,74% -5,34% KARSTEN Têxtil -12,15
Alemanha DAX 30 15.966 7,81% 14,67% 11,01% 11,54% 17,48% RECRUSUL Industrial -12,73
95.0
França CAC 40 7.265 5,52% 12,23% 9,01% 9,17% 14,97%
CEMIG Energia -15,51
Reino Unido FTSE 100 7.461 1,90% 0,12% -0,18% 5,87% 4,90% Nov 22 Mai 22 Nov 23*
Fonte: Austin Rating Fonte: Austin Rating *27/11 a 21/11 *Até 27/11/2023

Dinheiro 06 /12/2023 63
Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
Dinheiroemfoco POR PAULA CRISTINA

“NÃO ADIANTA
FAZER GREVE: VAMOS
CONTINUAR ESTUDANDO
PRIVATIZAÇÕES EM SÃO
+ 18% Foi a alta na geração de
empregos em outubro, na
comparação anual, segundo
PAULO. A OPERAÇÃO DA o Ministério do Trabalho.
SABESP VAI ACONTECER Foram abertas no mês 190,4
ANO QUE VEM E VAI SER mil postos com carteira
UM GRANDE SUCESSO” assinada, resultado de 1,94
milhão de contratações e
1,75 milhão de demissões.
TARCÍSIO DE FREITAS
governador de São Paulo, sobre as paralisações
nas linhas de trem e metrô na capital paulista

1,907 trilhão. Foi o valor total da

R$ - 0,3%
arrecadação federal no acumulado
entre janeiro e outubro de 2023, alta de
3,88% em termos nominais e retração
de 0,68% em termos reais. Em outubro
a arrecadação somou R$ 215,602
bilhões, 4,93% mais na comparação
anual em termos nominais e 0,10%
Foi a queda no número de
superior em termos reais.
bovinos confinados no Brasil
em 2023, para 7,03 milhões,

US$
934,2 bilhões. Foi o valor investido, primeira redução em seis anos.
entre 2013 e 2022, em fusões, aquisições, Apesar de tímida, a retração
participações minoritárias, investimentos reflete a queda nos preços
privados e ofertas públicas em da carne exportada e
inteligência artificial (IA), segundo da arroba no mercado
dados da Universidade Stanford. doméstico, segundo o censo
As empresas de tecnologia foram as confinamento DSM-Firmenich.
que mais investiram (39%), seguidas
pelas indústrias tradicionais (23%).

O jogador Cristiano Ronaldo, do clube Al-Nassr, da Arábia Saudita, foi processado nos Estados
Unidos por promover a exchange Binance no país. Os autores da ação, com valor de causa

CRIPTOS
superior a US$ 1 bilhão, alegam que adquiriram criptomoedas e produtos considerados títulos
não registrados após propagandas feitas pelo atleta. O jogador tinha parceria com a corretora,
que é alvo de processo e investigação nos EUA desde 2022. “As promoções do senhor Ronaldo
solicitaram ou ajudaram a Binance a solicitar investimentos em títulos não registrados,
incentivando seus milhões de pessoas a investirem com a plataforma Binance.”

64 Dinheiro 06/12/2023 FOTO: FUTURA PRESS/FOLHAPRESS

Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
INVESTIDOR

mas semanas porque o mercado

passou a apostar que o Federal Re-
serve não aumentará mais os juros
no atual ciclo de aperto, e que o
corte das taxas pode começar antes
do previsto. Este mês os dados de
inflação, mercado de trabalho e
produção industrial nos EUA vie-
ram piores do que as estimativas de
consenso do mercado.

OPORTUNIDADE No caso do
Brasil, o bom desempenho de al-
guns indicadores econômicos,
como inflação, desemprego e apro-
vação de reformas, ajudou a con-
vencer os investidores a retornar.
Isso fez com que as ações de em-
presas importantes tivessem altas
significativas, segundo Rodney
Ribeiro, economista e assessor de

E ST R A N G E I R O S E STÃO
investimentos na WIT Invest. “Os
setores que apresentaram melho-
res resultados são os de consumo
cíclico, ligados ao agronegócio,
moda, alimentos processados, avia-

D E VO LTA À B O L SA ção, construção civil e transportes.”

Os papéis que mais subiram no
mês, até a terça-feira 28, foram
Metalfrio (76,49%), BRF (39,18%)
A combinação da acomodação do juro de longo nos EUA e e Azul (38,20%).
A continuidade desse bom mo-
estabilidade nos indicadores brasileiros encoraja investidores mento, no entanto, ainda será de-
globais a retornar ao mercado de ações Jaqueline MENDES finida pelo humor do mercado
americano. Se os juros americanos
apontarem para uma queda, o Ibo-

E
les saíram, mas retornaram. Depois de três meses consecutivos de vespa ainda pode subir entre 10%
saques, os investidores estrangeiros voltaram a apostar na bolsa e 15% até o fim deste ano, na avalia-
brasileira em novembro. Pelos números mais recentes da B3, até o ção da estrategista Natália Costa,
dia 21 de novembro, os gringos fizeram aportes líquidos de R$ 13,04 da consultoria First Advisors. “Por
bilhões em ações no País. Mesmo sem ter o balanço fechado do mês, o enquanto, todos os indicadores
montante é maior do que os aportes contabilizados em qualquer outro apontam para um crescimento
de 2023. Até então, o melhor mês do ano havia sido janeiro, com saldo constante da bolsa brasileira, já que
positivo de R$ 12,55 bilhões. o ambiente no exterior está favorá-
O fluxo de capital estrangeiro na bolsa se justifica na curva de juros vel a busca por ativos de maior ris-
nos EUA. Os papéis americanos são vistos como investimento mais segu- co em mercados emergentes está-
ro do mundo. Por isso, a rentabilidade de todas as outras aplicações é veis, como o Brasil.” Em novembro
comparada com o dos Treasuries. Assim, quando os juros longos nos EUA a B3 atingiu a maior marca dos úl-
apresentam acomodação, como indicou o FED, outros ativos costumam timos 12 meses, superando os 126
receber mais recursos. Esses juros longos americanos esfriaram nas últi- mil pontos no dia 28.

FOTO: ISTOCK Dinheiro 06/12/2023 65

Distribuição 100%Gratuita - Clube de Revistas
ARTIGO
POR EDSON ROSSI*

JAVIER MILEI NÃO É MALUCO —

A ARGENTINA É
Adotar a versão midiática de que o presidente eleito se trata de um fanfarrão e
irresponsável à Bolsonaro é simplista (e talvez bem longe da verdade)

F
azer uma aposta no sucesso do governo de Javier Milei
à frente dos argentinos é algo tão temerário que nem
mesmo a bíblia liberal The Economist arriscou. Preferiu
afirmar que o futuro reservado para a Argentina sob seu novo e
excêntrico líder “é incerto”. Também vou trabalhar nesse cam-
po, e dizer que não dá para saber o que será o governo Milei. Mas
não endossarei a versão simplista do Louco Anarcopitalista
construída pela maioria absoluta de nossa imprensa e de nossos
analistas. Para mim, seu sucesso terá menos a ver com o que
disse em campanha. Terá mais a ver com o que conseguirá colo-
car em prática sobre o que pensa. Em re-
sumo, tem muito mais a ver com o deca-
dente modelo político-parlamentar de A loucura de nossos
nossos vizinhos, não muito distante do que vizinhos não está em
praticamos em Brasília.
O primeiro ponto a destacar é que Mi- Milei. Está em ser um
lei não é Bolsonaro. Nosso lúmpen-ex- país amarrado no
-presidente nunca de aproximou uma
vírgula sequer do que o mundo civilizado atraso. Como nós
chama de liberalismo. Apenas no Brasil o
Partido Liberal ama tanto as tetas estatais quanto nosso PL. O
próprio JB é um eterno servidor público. Nunca colocou o des-
pertador para o batente do mundo real. Seu LinkedIn o limita a
ter sido militar e político. Hoje, encrencado e chorão. No campo
econômico, fez Paulo Guedes de bobo — o que conseguiu sem
muito esforço, vale dizer. No campo dos costumes, fez o País
conviver com mentes rasas do tamanho (sic) da senadora e ex-
-ministra Damares, a religiosa binária do menino-veste-azul e
menina-veste-rosa. Na pauta ambiental bancou o passa-boi-
-passa-boiada. Na Justiça, o despossuído do adjetivo de justo
Sergio Moro. Na estratégia, a turma milica. A mesma que era boa
na gestão de joias e protogolpes, mas não de vacinas. Ou alguém
se esquece da lambança de Eduardo Pazuello, que mandou a
Macapá vacinas contra a Covid-19 que deveriam seguir para
Manaus, num erro de 1 mil quilômetros? Caso Dudu comandas-
se o desembarque na Normandia, decisivo na vitória aliada na
Segunda Guerra Mundial, as forças parariam em Hamburgo e o
desfecho do conflito estaria incerto.
Não. Milei não tem nada a ver com isso. Ouvir conselhos de
seu cachorro morto está muito mais próximo da sanidade do que
aquilo que o Brasil experimentou por quatro anos. O fato de ter
recebido telefonema de Bolsonaro diz mais sobre dar umas
(merecidas) caneladas em Lula, que queimou mais um pouco da
diplomacia brasileira ao se meter além do que deveria na cam-
panha peronista de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, que
tinha Sergio Massa como candidato. Milei diz coisas como “go-
vernantes, gastem menos”, porque quem paga a conta dessa
diarreia fiscal são os pobres. Está certo. E diz que as estatais
argentinas são ruins. Está certo. Diz que
as castas políticas se entranharam no po-
der como se aquilo fosse uma bodega pri-
vada e familiar. E também nisso está certo.
E diz que a fanfarronice populista-pero-
nista vivida na Argentina neste milênio,
com um breve hiato não muito consisten-
te de Mauricio Macri, jogou o país no fun-
do do poço. Está certo.
Nem mesmo se posicionar como um
antipolítico o aproxima de Bolsonaro — só mal-intencionados
ou ignorantes enxergavam no nosso JB um não político. Ao es-
colher Luis Caputo como ministro da Economia, Milei dá seus
primeiros recados. E eles parecem muito coerentes. Caputo fez
carreira no mundo das grandes instituições financeiras (JP
Morgan e Deutsche Bank) antes de entrar para a política, no
governo Macri. Nesse sentido, está mais para um Paulo Guedes,
com a diferença de que tem em seu chefe Milei alguém que sabe
o que é liberalismo. Se Milei vai se autoboicotar, é pouco prová-
vel. O mais provável é que as forças políticas tacanhas e atrasa-
das da Argentina (mas poderíamos igualmente escrever Brasil)
boicotem sua tentativa de refundar o Estado. Na verdade, a
loucura de nossos vizinhos não está na escolha por Milei. Está
em ser um país amarrado no atraso político-institucional. Um
mal bem parecido com o que vivemos.
*Edson Rossi é redator-chefe da DINHEIRO.

66 Dinheiro 06/12/2023
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