Você está na página 1de 1

Baixe o app da Folha de

BAIXAR
S.Paulo de graça

Fure a Bolha: R$ 1,90 no 1º


ASSINE A FOLHA
mês

PUBLICIDADE

NOVA ECONOMIA MUDANÇA CLIMÁTICA


SUSTENTABILIDADE

Mercado de carbono enfrenta


entraves técnicos e políticos no
Brasil
País precisa superar barreiras regulatórias e
econômicas para consolidar setor e aumentar
participação global

28.nov.2022 às 20h00

EDIÇÃO IMPRESSA

Ouvir o texto

Andrey Ribeiro
Gabrielly Dering

CURITIBA A geração de créditos de carbono no


Brasil atingiu 12% das emissões mundiais em
2021, bem mais que os 3% registrados em 2019,
de acordo com relatório da Câmara de Comércio
Internacional (ICC Brasil) em parceria com a Way
Carbon. A projeção de receitas subiu de US$ 100
bilhões (R$ 531 bilhões) para US$ 120 bi (R$ 637
bi) em 2022.

Apesar do cenário promissor, o estudo aponta


que esse mercado enfrenta barreiras técnicas,
políticas, regulatórias e econômicas para se
consolidar no país.

O mercado de carbono foi criado em 1992,


durante a Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), e
estabelecido em 1997, a partir do Protocolo de
Kyoto, para que os países se comprometessem a
reduzir emissões de gases do efeito estufa. Cada
nação tem metas a cumprir. Em 2015, o Acordo
de Paris atualizou essas políticas.

Terra Verde: imagem criada por inteligência artificial a partir


dos termos ‘planeta terra azul mas feito de árvores’ e
‘fotorrealista’ - Carlos Xavier

Acordos e regulamentações locais também atuam


no funcionamento desse mercado. A lógica
vigente estabelece que as reduções nas emissões
dos gases do efeito estufa gerem créditos que,
por sua vez, têm valor econômico.

Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2 ) vale


um crédito de carbono, que pode ser negociado e
vendido. Os países com emissões permitidas
sobrando podem vender seus créditos para os
que estão acima do limite.

PUBLICIDADE

Também é possível firmar acordos de cooperação


e converter a redução de outros gases do efeito
estufa, não apenas o dióxido de carbono, em
créditos. Empresas podem participar desse
mercado.

Ainda que a receita esteja em alta, o Brasil está


atrasado em relação a outros países da América
Latina. O Chile, por exemplo, taxa em US$ 5 (R$
26,60), desde 2014, a tonelada de carbono
emitida. Junto com México e Colômbia, tornou-se
um protagonista da precificação de carbono,
segundo o Instituto Ecológica.

União Europeia, Canadá, Japão e China têm


mercados de carbono regulados, amparados por
políticas governamentais, e cumprem acordos
internacionais.

Entenda o que são Cbios

"Se bem regulado e utilizado, o mercado de


créditos de carbono pode ter impacto relevante
na busca por economia mais sustentável,
sociedade mais justa e meio ambiente mais
equilibrado e saudável", diz

Ricardo Esparta, especialista da UNFCCC e


diretor da EQAO, assessoria focada em mercado
de carbono.
De acordo com ele, o meio ambiente e a
sustentabilidade são temas que vão muito além
da mudança do clima e precisam ser
considerados com mais seriedade pelo governo
federal.

Esparta afirma que alguns fatores, como o


aumento das emissões e do desmatamento ilegal
e o baixo esforço na regulamentação, explicam as
dificuldades do Brasil no tema. A expectativa é
que o governo eleito, comandado por Lula (PT),
recoloque o assunto como prioridade.

Responsável pela CT Clima, Energia e Finanças


Sustentáveis do CEBDS (Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável),
Viviane Romeiro diz que um mercado de carbono
regulado é estratégico para o setor produtivo
brasileiro.

"O risco é ficar para trás. Qualquer ação em


direção oposta a essa significa perda de
competitividade, represálias comerciais e
prejuízos ao mercado nacional, afetando
emprego e renda", afirma.

Romeiro diz que, para o país ter um mercado de


carbono efetivo, é preciso haver previsibilidade
nos investimentos e segurança jurídica na
comercialização dos direitos de emissão, com
contratos bem elaborados, além de arranjos de
governança robustos.

Em maio, um decreto federal estabeleceu bases


para regulamentação e expansão do mercado
nacional, mas a efetivação na prática ainda deve
levar um tempo.

Marcelo Schmid, mestre em economia e política


florestal e CSO do grupo Index, diz que o Brasil
tem condições de ser a maior potência ambiental
do mundo. "Podemos vender qualidade
ambiental para países que não têm tais
condições, seja por créditos de carbono ou outro
tipo de serviço ambiental", afirma.

"O agronegócio, em especial o setor florestal,


pode criar fonte adicional de renda ao país ao se
engajar com os problemas ambientais",
completa.

Na opinião do economista Rodolfo Coelho Prates,


um mercado regulado é bom para a economia,
uma vez que estimula a negociação, cria
ambientes propícios para a inovação, incentiva a
competitividade e não gera um aumento na carga
tributária.

O especialista afirma, no entanto, que o setor


precisa de ações práticas por parte do governo,
que incluam, por exemplo, o incentivo a
iniciativas sustentáveis e eficientes.

O QUE É E COMO FUNCIONA O MERCADO DE


CARBONO
Veja o que dizem o ICC e o Way Carbon

• Criação
Em 1992 na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
a Mudança Climática (UNFCCC). Foi estabelecido em
1997 pelo Protocolo de Kyoto e colocado em prática a
partir de 2004

• Objetivo
Reduzir e compensar as emissões de gases do efeito
estufa (GEE) dos países por meio de metas e limites
nacionais, que são regulamentados por acordos
internacionais e governos locais

• Quem pode comprar


Governos e empresas podem adquirir créditos por meio
de intermediários ou de forma direta, sendo que o
processo precisa ser certificado por entidades
independentes ou vinculadas à ONU

• Quanto custa
Uma tonelada de dióxido de carbono (CO²) equivale a um
crédito de carbono. O preço de uma unidade de crédito
de carbono no mundo varia atualmente de US$ 1,20 (R$
6,38) a US$ 19 (R$ 101,08)

• Benefícios
Reduz o efeito estufa e colabora para diminuição do
aquecimento global. Do ponto de vista econômico,
movimenta a economia verde, gera receita adicional e
aumenta a demanda de profissionais e tecnologias
capacitadas na área

• Obstáculos no Brasil
São vários: complexidade dos projetos; falta de garantia
de qualidade, de transparência, de maturidade e de mão
de obra; metodologias adequadas ao clima e solo;
capacidade de coordenação; credibilidade e
representatividade política; insegurança jurídica;
complexidade regulatória e legislativa; incertezas sobre a
demanda; efeitos não esperados de mecanismos de
ajuste de fronteira; dificuldade em acessar
financiamentos

Esta reportagem foi produzida a partir de aulas e conteúdos


debatidos no curso Nova Economia, promovido
pelo FolhaLab+ iFood

tópicos
LEIA TUDO SOBRE O TEMA E SIGA:

meio ambiente mudança climática

sustentabilidade

sua assinatura vale muito


Mais de 180 reportagens e análises
publicadas a cada dia. Um time com mais de
200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo
profissional que fiscaliza o poder público,
veicula notícias proveitosas e inspiradoras,
faz contraponto à intolerância das redes
sociais e traça uma linha clara entre verdade
e mentira. Quanto custa ajudar a produzir
esse conteúdo?

ASSINE POR R$ 1,90 NO 1º MÊS

ENVIE SUA NOTÍCIA

ERRAMOS?

comentários

COMENTE

Comentar é exclusividade para assinantes.


Assine a Folha por R$ 1,90 no 1º mês

newsletter folhamercado
De 2ª a 6ª pela manhã, receba o boletim gratuito com
notícias e análises de economia

Digite seu e-mail

Recomendadas para você

COLUNAS E BLOGS
Mônica Bergamo: Luciana Gimenez seguirá internada e
cancela gravação do SuperPop

Patrocinado

(AIR FRYER)
Loja faz reinauguração e air fryer 4 em 1 é vendida por
apenas ! 189,90

relacionadas
Casas pré-fabricadas reduzem custo e tempo de obras

'Vai cair a Bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência', diz


Lula ao defender furar teto de gastos para
'responsabilidade social'

Equipe de transição em energia tem perfil técnico, mas


mercado espera ministro político

Loja faz reinauguração e air fryer 4


em 1 é vendida por apenas R$
189,90
Air Fryer | Patrocinado

por taboola

PUBLICIDADE

veja também

TEC

Leia notícias sobre internet, segurança de dados,


aplicativos e gadgets

SEU BOLSO

Como investir meu dinheiro para ganhar da inflação?


Confira dicas de especialistas

PUBLICIDADE

a Curitiba é a cidade mais 7 jeito


da sustentável da América Latina argen

PARAR

PUBLICIDADE

mais lidas VER TODAS


em mercado

1 MERCADO
Após novos números, fraude na Americanas beira
os R$ 50 bi

2 FOLHAINVEST
CEO da Americanas diz haver indício de
participação de PwC e KPMG em fraude

3 MERCADO
Quem são os diretores da Americanas acusados
de fraude bilionária

4 MERCADO
Americanas assume fraude em resultados

5 FOLHAINVEST
Ações da Americanas fecham em alta de 6% após
relatório sobre fraude em resultados

principais do dia

FOLHAINVEST

CEO da Americanas diz haver indício de


participação de PwC e KPMG em fraude
Em apresentação, varejista afirma que instituições
financeiras 'alteraram as redações de suas cartas de
circularização' a pedido da diretoria antiga

13.jun.2023 às 17h35

COMO É QUE É?

Por que junho é o mês do orgulho


LGBTQIA+?
Isabella Faria conversa com Dani Avelar nesta terça (13)

13.jun.2023 às 7h00

PARTIDO REPUBLICANO

Trump vira réu pela 2ª vez e alega


inocência em caso de documentos
sigilosos
Autoridades prepararam esquema de segurança especial,
mas não houve protestos violentos

13.jun.2023 às 14h47

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

ASSINE TOPO

CANAIS DA FOLHA

Fale com a Redação


Mapa do site
Atendimento ao Assinante
Ombudsman
Política de Privacidade

NEWSLETTER

Digite seu e-mail

A Folha integra o
FURE A BOLHA. ASSINE A FOLHA.
Oferta especial com acesso ilimitado
O jornal Folha de S.Paulo é publicado pela Empresa Folha da
Manhã S.A. CNPJ: 60.579.703/0001-48
Apenas R$ 1,90 no 1º mês
+ 6 meses de R$ 9,90/mês
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a
reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação,
eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
ASSINE A FOLHA

cancele quando quiser

Você também pode gostar