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Fundos ESG captaram ao


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Por Natalia Viri e Vanessa Adachi Apoie


29 de janeiro de 2021
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Muito se falou sobre investimentos ESG em


2020. 

Mas, a nal, o quanto da atenção do


mercado se traduziu em dinheiro
depositado nesse tipo de produto no Brasil?


Um levantamento feito pela Morningstar a
pedido do Reset mostra que os fundos ESG 
captaram ao menos R$ 2,5 bilhões em 2020


— e passaram de R$ 3,1 bilhões para R$ 6,8
bilhões ao longo do ano, já considerando a
valorização dos ativos no período. 

Embora ainda pequena diante de todo o


volume captado pela indústria de fundos
em 2020, que foi impulsionado pela busca
por retorno num mercado com juro básico a
2%, a cifra na casa dos bilhões para um
segmento que ganhou relevância no país
apenas recentemente chega a animar.

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Guilherme Benchimol, da XP: “Empresa que
inconsistentes e conversas com gestores e não for ESG vai acabar”
plataformas para quali car os números
indicam uma indústria em construção, em
que o lado da oferta anda mais rápido que o
da demanda.

Para chegar ao número, a Morningstar


ltrou todos os fundos que são registrados
em sua base como sustentáveis.

Como em todo levantamento do tipo, o


resultado obtido depende da base e dos
critérios aplicados — e, nesse caso, não
houve pretensão de fazer uma avaliação da
qualidade da integração ESG. A maioria dos
fundos é de renda variável, mas o universo
contempla produtos com estratégias de
gestão muito distintas entre si. 

Seja como for, os números captam ao


menos uma tendência com clareza: a
indústria local começou de fato a se
estruturar. Segundo a Morningstar, foram
criados 85 novos rotulados como
sustentáveis pelos gestores em 2020,
enquanto em 2019 haviam sido apenas seis.

Com 130 produtos nas prateleiras em 31 de


dezembro, a oferta continuará crescendo,
porque claramente houve uma aceleração
dos lançamentos perto do m do ano. 

Pouco mais de metade da captação, R$ 1,4


bilhão, veio de novos produtos, criados nos
últimos 12 meses. São poucos os que já
exibem uma captação vistosa. Apenas seis
deles receberam mais de R$ 100 milhões ao
longo do ano, enquanto outros quatro
tiveram um ingresso entre R$ 50 milhões e
R$ 100 milhões.
Internacionalização via ESG 
O destaque cou por conta do Manager JSS
Sustainable Equity Global, do Safra, que
captou que R$ 582 milhões em oito meses,
chegando a 3,8 mil cotistas. Trata-se de um
fundo de ações global do J. Safra Sarasin,
banco suíço controlado pelo Safra, que tem
um longo histórico de investimento
sustentável e que passou a ser oferecido
aos brasileiros em abril. 

Entre os veteranos, o destaque também


cou para produtos que capturaram a
tendência de internacionalização — e não
necessariamente têm a ver com ESG. 

O BB ESG BDR Nível I do Banco do Brasil


levantou R$ 475 milhões, in uenciado
principalmente pelo bom desempenho dos
recibos de ações internacionais negociados
no Brasil. O fundo teve uma valorização de
nada menos que 49% no ano e saiu de 4 mil
para 19 mil cotistas. 

Mas a conversão para o ESG é recente.

Lançado em 2015, o produto passou por


uma repaginação apenas em dezembro,
incluindo as três letrinhas no nome e na
política de investimentos. A carteira ainda
está em processo de adaptação e, desde o
mês passado, só são elegíveis empresas que
fazem parte dos índices MSCI USA ESG
Select e S&P 500 ESG. 

Com o sinal verde da CVM em setembro


para que investidores em geral — e não
apenas os quali cados, com mais de R$ 1
milhão investidos — comprassem BDRs
diretamente, esse tipo de fundo passou a
ser menos atrativo. 
“Nosso produto de BDR, que era talvez
antes a grande alternativa para
diversi cação internacional para o varejo,
deixou de ter essa exclusividade”, diz
Vinícius Vieira, head de gestão de fundos
ativos da BB DTVM. “Sentíamos falta de ter
algo ESG mais global para o varejo e nesse
caso casamos a demanda por
internacionalização com ESG.”

O movimento se re ete em outras casas: o


Warren Green BDR Nível I lançado no m
de 2019 chegou a 15 mil cotistas e captou
R$ 30 milhões. 

Outro destaque de captação cou por


conta do XP Trend ESG Global, que foi para
a rua em junho. O fundo, composto por
ETFs ESG mundo afora, captou R$ 127
milhões na sua versão hedgeada, com quase
11 mil cotistas. 

Oferta e demanda
Gestores de fundos que conversaram com o
Reset disseram sentir que a demanda de
investidores ainda não está tão aquecida
quanto o zum-zum-zum em torno do tema
poderia sugerir. 

Ao menos dois grandes gestores


independentes que preferiram não ser
identi cados relataram que sua captação
positiva esteve mais relacionada ao retorno
alcançado do que efetivamente à busca do
investidor pelo alinhamento do portfólio a
critérios ESG.

Para Guilherme Bragança, sócio da área de


relações com investidores da JGP, uma das
casas pioneiras na integração ESG no país, o
lado da oferta de produtos está andando
mais rapidamente que o da demanda.
“Isso é natural. O mercado nanceiro
costuma se antecipar a movimentos
que identi ca e está fazendo isso agora
em relação à tendência clara de
aceleração da captação de produtos
ESG no mundo. A aceleração da
demanda vai ser exponencial”,
completa ele, que já vê sinais de que em
2021 a captação será bastante superior
à do ano passado.

Bragança diz que dentro do mercado, entre


plataformas de investimento, bancos de
varejo e alocadores de recursos, o tema já
está muito disseminado. “O esforço dos
canais de distribuição para reforçar a oferta
é grande. Nos últimos meses, criamos
muitos feeders e fundos espelho do nosso
produto ESG.” 

Atualmente, a gestora tem produtos em


mais de dez plataformas e conversa com os
principais bancos para entrar em seus
canais de varejo. 

Seis meses após os primeiros grandes


lançamentos nessa seara, a XP fechou o
ano com 15 produtos ESG na sua
plataforma, que somam ao todo 20 mil
investidores. 

“Ainda é pouco quando a gente olha o


que pode ser, mas deixou de ser uma
ideia, um barulho, para ser uma
realidade”, diz Gustavo Pires, diretor
responsável por fundos de
investimento na XP. “2020 foi um
período de consolidação, tanto do
ponto de vista da oferta de produtos
quanto de novos investidores, e é uma
tendência que vai acelerar neste ano.” 
Pesquisas encomendadas pela corretora no
ano passado mostram que de 70% a 80%
dos clientes têm intenção de ter portfólios
mais alinhados a fatores ambientais, sociais
e de governança. 

“O varejo teve uma ótima reação, muito


melhor que a gente esperava dada a
novidade do tema e o ineditismo”, diz Marta
Pinheiro, head de ESG da XP. 

A educação do mercado ainda é um fator


relevante: a corretora está trabalhando
tanto em cursos para os próprios gestores
quanto para os agentes autônomos, de
forma a tentar desenvolver e so sticar
oferta e demanda. 

Luzia Hirata, analista ESG do Santander,


que tem um dos fundos de ações ESG mais
antigos do Brasil, o Ethical, também vê um
apetite maior por parte do investidor de
varejo. 

“A gente sempre foi procurado por


investidores institucionais para conversas,
mas essa demanda não era tão signi cativa
e no passado isso mudou um pouco”,
aponta. “Mas o que mais observei foi o
crescimento signi cativo do interesse do
investidor pessoa física.”

Mercado doméstico 
Para além dos produtos passivos e que
replicam estratégias de casas
internacionais, a oferta de produtos ativos
e de estratégia dedicada no Brasil ainda é
mais tímida. 

Os fundos dedicados a ESG da


Constellation e da JGP foram destaque no
levantamento da Morningstar, com
captação superior a R$ 100 milhões e R$ 50
milhões, respectivamente. 

O Selection FIC FIA, da XP, um fundo de


fundo que reúne estratégias ESG locais,
tinha cerca de R$ 40 milhões de patrimônio
ao m do ano e 812 cotistas. A maior parte
dos recursos vem dos R$ 100 milhões de
capital semente que a gestora separou para
fomentar novas estratégias ESG. 

Nesse caso, os produtos mais jovens têm


uma certa desvantagem. Com uma oferta
ainda recente, a amostra dos fundos é curta
para conseguir comparar a rentabilidade
ante o mercado em geral. 

E, com empresas de commodities puxando


a recuperação da bolsa no m do ano, boa
parte dos fundos ativos, e de estratégia ESG
— que normalmente fogem de Petrobras e
Vale —, caram atrás do benchmark nos
meses que se seguiram ao lançamento.

Além do crivo da rentabilidade, a própria


estratégia ESG deve passar por um pente
no.  

“Com o assunto em alta, muitos gestores


enxergam oportunidades de lançar
produtos especí cos. Mas lançar o produto
é relativamente fácil”, diz Hirata, do
Santander. “O movimento agora vai além
disso: a gente vai ter um escrutínio muito
maior em relação a processos,
metodologias e critérios para seleção de
papéis, o que ainda é uma grande caixa
preta.” 
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