Finanças

Nord cria gestora e planeja ter a própria

corretora
Casa inicia asset com fundo que replica recomendações feitas pelo time de pesquisa

Por Adriana Cotias — De São Paulo

19/11/2021 05h01 · Atualizado há 4 horas

Breia, sócio da Nord à frente da divisão de riqueza e da asset: grade com fundos passivos pode chegar ao varejo —
Foto: Silvia Zamboni/Valor
A Nord Research, que nasceu como uma casa de análise independente fundada por
um grupo dissidente da Empiricus, dá um novo passo para mudar a sua
configuração original. Depois de criar um serviço de gestão de patrimônio em 2020,
o grupo estruturou agora sua própria gestora de recursos.

Segundo Renato Breia, sócio à frente das duas operações, o plano é replicar via
fundos de investimentos as recomendações feitas pelo time de pesquisa. Se com a
atividade de gestão de riqueza, o aconselhamento consistia em apontar a melhor
distribuição dos ativos para a carteira do investidor, com a asset, a Nord assume a
execução das estratégias.

É um passo que lembra o que a Empiricus fez com a Vitreo, que ajudou a erguer, e
neste ano vendeu o “pacote” análise, gestão e plataforma de investimentos, debaixo
da holding Universa, para o BTG Pactual. Evoluir para uma corretora de valores mais
à frente também está nos planos da Nord.

“Com a gestora, a Nord passa a ter mandato para a gestão discricionária, vai poder
oferecer serviços de carteira administrada e criar fundos que vão seguir
passivamente as recomendadas pela Nord. A gente sente por parte de nossos
clientes a dificuldade de garantir a execução ao longo do tempo.”

O primeiro portfólio a ser distribuído é o que incorpora a estratégia “anti-trader”,

liderada por Bruce Barbosa. Destinado ao perfil mais arrojado, é dinâmico na
compra e venda de ações e pode ficar “vendido” (apostando na baixa) do Ibovespa.
Ou seja, tem um operacional mais difícil para o investidor, e o objetivo é
proporcionar retornos acima do índice, diz Breia. O fundo nasce com 1% de taxa de
administração e 10% de performance.

A grade ainda vai trazer fundos de fundos, uma forma de alocar em portfólios de
gestores diversos, além dos fundos exclusivos, geralmente usados por famílias de
alto patrimônio em busca de uma melhor eficiência fiscal.

Na divisão de gestão de riqueza, Breia espera fechar o ano com cerca de R$ 2

bilhões, dobrando o volume em 2022. Na asset, deve chegar a dezembro com algo
entre R$ 150 milhões, R$ 200 milhões. Ele diz haver uma preocupação grande com a
capacidade do fundo, de não crescer rápido demais. “O mandato da gestora é
replicar a estratégia [anti-trader] com o menor ‘track error’ possível”, diz. “À medida
que for crescendo, vamos medindo, tem várias estratégias para colocar.”

Investimentos internacionais e previdência são outras áreas em que a asset

pretende avançar nos próximos meses, afirma o executivo. “O investimento em
ações como instrumento previdenciário é o que proporciona a melhor alocação de
recursos.”

A área de conteúdo, com cerca de 600 mil leitores, e que hoje representa 90% das
receitas, seguirá relevante para o grupo, que não abre o número de assinantes. Os
movimentos de consolidações recentes mostram que há reconhecimento de valor
nessas operações, diz Breia.

Neste ano, a XP Inc., que já tem entre seus negócios a Spiti, de Luciana Seabra,
comprou fatia minoritária da Levante e da OHM Research. O Modalmais trouxe para
dentro a Eleven, tornando o fundador Adeodato Volpi Netto membro do comitê
executivo e diretor responsável pelos negócios B2B.

Breia diz ver como natural a verticalização dos negócios, a fim de atender o
investidor nas suas diferentes demandas. “A evolução das plataformas permitiu [que
tivéssemos] parcerias com XP, Órama, BTG e Warren, como uma forma de ajudar o
cliente na recomendação e na execução. Já o modelo de asset permite criar
produtos de maior escala, não só para o cliente do ‘wealth’, mas depois para o
varejo.”

Isso revela ambições que repetem os passos dados pela Empiricus com a Vitreo, que
nasceu como gestora e se transformou numa DTVM, e hoje tem R$ 13 bilhões sob
custódia.

“A gente estuda, sim, a possibilidade de ter uma plataforma. Montar não é fácil, não
é do dia para noite, mas está cada vez mais fácil. Pensa em fazer com muita calma, é
um passo natural depois de um ano e meio na gestão de patrimônio e com a asset
rodando”, diz Breia. “Se mostrar que tem modelo de negócio, crescendo a um ritmo
legal e que se comprovou, vamos montar uma CTVM da vida, permitir que o cliente
abra a conta diretamente na corretora e oferecer outras coisas, consolidar
investimentos num só lugar.”
Esse é um caminho que pode evoluir ao longo do ano que vem, acrescenta Breia,
evidenciando que o mercado de investimentos passa por transformações cada vez
mais aceleradas.

Num período pujante de acordos, Breia admite que a Nord já fez conversas com
distribuidores, mas que até aqui a decisão foi manter o modelo independente. “Isso
nos permite estar em mais de uma plataforma, da maneira que os clientes
quiserem. Uma parceria estratégica faria sentido se mudasse o negócio de patamar
e a vida do cliente”, afirma. “A gente assume a posição muito humilde de não saber
muito para onde o mercado vai e valoriza o fato de ter tomado decisões muito bem
pensadas.”

Outra casa de pesquisa que já trilhou o caminho da análise para a gestão de

recursos foi a Suno, fundada em 2017 por Tiago Reis. A asset já tem fundo
imobiliário listado na B3, numa captação que movimentou R$ 166,8 milhões em
julho, tem uma carteira ativa que compra cotas de outros portfólios com ativos
imobiliários, além de dois fundos de ações. Tudo neste ano.

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