Você está na página 1de 2

Introdução :

A Arezzo Indústria e Comércio S.A., fundada em 1972, inicialmente como uma marca
masculina, fez uma transição para a produção de calçados femininos na década de 90. Ao
longo dos anos, a empresa concentrou seus esforços na expansão das operações, abrindo
diversas lojas e desenvolvendo produtos inovadores no segmento de calçados femininos.
Com o tempo, também incorporou outras marcas de renome ao seu grupo.

Sob a liderança do CEO Alexandre Birman, a empresa percebeu que para ganhar maior
relevância no competitivo mercado da moda, era essencial não apenas expandir o número de
lojas, mas também fortalecer sua presença em todo o Brasil. Em 2011, a Arezzo tomou a
decisão de abrir seu capital e tornar-se uma empresa de capital aberto, listada na bolsa de
valores. Desde seu IPO, a empresa registrou um crescimento significativo de 270%, com o
valor de suas ações subindo de R$ 21 para R$79.

O ano de 2020 trouxe desafios sem precedentes devido à pandemia de coronavírus, que
impactou os negócios de forma significativa. Diante desse cenário, a Arezzo precisou adotar
uma abordagem inovadora e rápida para se adaptar às circunstâncias. A empresa direcionou
esforços para a digitalização de suas operações, e essa transição bem-sucedida se refletiu nos
resultados nos anos subsequentes.

Em 27 de janeiro de 2022, a Arezzo anunciou uma importante decisão de aumentar seu


capital social. Esse movimento pode ter sido motivado por uma variedade de fatores, como
planos de expansão contínua, investimentos em novos produtos ou mesmo fortalecimento do
balanço patrimonial da empresa.

Descrição :

No caso da Arezzo, a empresa estava em uma fase espetacular, registrando um


aumento significativo no valor de suas ações nos últimos dois anos, o que a tornou atraente
para investidores. Ao realizar um follow-on, a empresa emitiu 10.125.000 novas ações
ordinárias a um preço de 82,35 reais, o que representava um desconto de 7% em relação ao
preço de mercado. Isso resultou em um aumento do capital social, passando de 811.673.566
reais para 1.645.467.316 reais.
A empresa comunicou que os recursos obtidos com o aumento de capital seriam
direcionados para investimentos em vários setores, como desenvolvimento de marcas,
aberturas de lojas, suporte, centro de distribuição, tecnologia digital e omnicanal, além de
possíveis fusões e aquisições (M&A).

É importante ressaltar que, embora o follow-on seja uma forma de captação de


capital, ele pode levar a uma diluição dos acionistas existentes, já que novas ações são
emitidas. Para mitigar esse impacto, as empresas muitas vezes oferecem aos acionistas a
opção de comprar mais ações (direito de preferência de subscrição) antes de abrirem a oferta
para o público em geral. Caso os acionistas não aproveitem essa opção, sua participação na
empresa será diluída, nesse caso a diluição seria de 9,22%.

Além disso, como as novas ações são emitidas a um preço inferior ao preço de
mercado, é provável que haja uma pressão de baixa sobre o preço das ações existentes, o que
pode levar a uma queda temporária no valor das ações após o follow-on.

Lições aprendidas :

A estratégia de follow-on, que envolve a emissão de novas ações por uma empresa já
listada na bolsa de valores, traz consigo importantes lições e considerações. Ao possibilitar a
captação de capital para financiar projetos de expansão e investimentos de longo prazo, o
follow-on se destaca como uma eficaz fonte de recursos. No entanto, essa abordagem
também resulta em diluição dos acionistas existentes, uma vez que novas ações são emitidas.
Além disso, a emissão de ações a um preço inferior ao de mercado pode influenciar
temporariamente o valor das ações existentes. A escolha pelo follow-on como canal de
captação de recursos, em detrimento de outras opções como empréstimos bancários ou
emissão de títulos de dívida, depende de diversos fatores, incluindo a saúde financeira da
empresa, as preferências dos investidores e a visão estratégica da administração sobre as
formas mais adequadas para financiar o crescimento da empresa.

Conclusão :

A Arezzo, como uma empresa de grande porte, desfruta de maior liberdade e


flexibilidade na busca por formas de financiamento. Atualmente, apresenta uma alavancagem
de 0 vezes o EBITDA, o que significa que seu resultado operacional é suficiente para cobrir
totalmente sua dívida, se necessário. Nesse contexto, é provável que o custo associado à
emissão de equity seja relativamente vantajoso para a empresa. Estrategicamente, essa
abordagem pode ser mais coerente com os objetivos da empresa em termos de risco-retorno e
manutenção da saúde financeira. Emitir mais ações pode não apenas permitir que a Arezzo
mantenha uma posição financeira sólida, mas também pode se alinhar com suas metas de
crescimento sustentável. No entanto, a decisão de seguir essa estratégia depende de uma
análise cuidadosa, considerando a disposição dos investidores, as condições do mercado e as
implicações a longo prazo para a estrutura de capital da empresa.

Você também pode gostar