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A tecnologia está mudando o perfil da região do ABC

Setores econômicos põem foco na transformação digital

Por Ivone Santana — De São Paulo


06/03/2023 05h00  Atualizado há uma semana
A criação do Parque Tecnológico Santo André, no ABC Paulista, chama a atenção para o
direcionamento que se pretende dar para o crescimento da região que ficou conhecida pela
força de sua indústria, principalmente automobilística e de autopeças, décadas atrás. Enquanto
diminuía o número de fábricas, crescia o setor de serviços e a área acadêmica, que conta hoje
com 30 universidades no conjunto de sete municípios. Não importa o setor econômico, a
tecnologia está presente em tudo.

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A região tem 11.405 empresas de base tecnológica, diz Paulo Cereda, gerente regional do
Sebrae no Grande ABC. Ele considera essa quantidade relevante, se comparada,
proporcionalmente, a Santa Catarina, por exemplo. De acordo com relatório da Associação
Catarinense de Tecnologia (Acate), o Estado abrigava mais de 17 mil empresas do em 2021.

“O ABC tem densidade grande. E isso aponta para o que vai ser a economia mundial, que é a
economia digital. Foi vanguarda de desenvolvimento na época de industrialização, agora está
promovendo outra era nas mesmas empresas”, opina Cereda. De mais de 327 mil empresas
na região, 22,7 mil são de grande porte, segundo dados do Sebrae em fevereiro de 2023. As
demais estão entre microempreendedor individual e empresas de pequeno porte, sendo que o
número de startups cresceu 134%.

Conectar empresas com startups acelera a inovação, diz Magnani. Se tem serviço ou
tecnologia que os fornecedores não queiram implementar, a startup faz. O Parque tem
aproximado os diferentes tipos de empresas e instituições.
“Quando se fala em reindustrialização, se não estivermos com universidades, empresas e
startups, e não discutirmos temas como metais leves, energia renovável, produtos
sustentáveis, tudo fica desconectado do que o mundo todo está discutindo hoje”, diz Evandro
Banzato, secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego da Prefeitura de Santo André,
à qual o Parque está vinculado.

Mesmo com o encolhimento, o setor industrial exibe vigor. Em Santo André, de 60% a 65% das
atividades são voltadas para serviços. Mas 50% do Produto Interno Bruto (PIB) vêm das
indústrias química e petroquímica - há cerca de 1.200 delas no ABC.

“[O Parque] nos possibilitou contato com empresas e universidades que normalmente não
teríamos acesso”, afirma Francisco Ruiz, gerente-executivo do Comitê de Fomento Industrial
do Polo do Grande ABC (Cofip), ao citar a Universidade Federal de Santa Maria (RS).

“Tem mais de 2 mil laboratórios no Brasil. Imagina para o empresário identificar qual vai
resolver o problema dele”, acrescenta Ricardo Magnani, diretor técnico do Parque. São 500
empresas do setor metal mecânico em Santo André e milhares no ABC. É uma área que
perdeu competitividade em um mercado de US$ 35 bilhões no mundo, e o Brasil tem menos
de 1%, diz o diretor.

Magnani diz que o Parque reuniu 16 empresas do ABC e interior de São Paulo e de outros
Estados, a Universidade Federal do ABC e unidades do Senai para desenvolver rotas de
crescimento para a indústria metal mecânica. É um projeto de R$ 2,7 milhões, sendo R$ 1,9
milhão da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), aprovado em dezembro e
prazo de 20 meses para conclusão.

PIB de R$ 128 bi e a falta de mão de obra


Santo André representa a letra ‘A’ da região do Grande ABC, no Estado de São Paulo, formada
por sete cidades - São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão
Pires e Rio Grande da Serra. Juntas, reúnem mais de 2,8 milhões de habitantes e somam um
PIB de R$ 128,3 bilhões, de acordo com dados disponíveis do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), referentes a 2020. O PIB de 2022 do Brasil chegou a R$ 9,9 trilhões. A
região, nas últimas décadas, vem passando por uma transformação, com menos indústrias e
mais empresas do setor de serviços. Agora, observa-se um aumento de negócios relacionados
a inovação e tecnologia. Mas a falta de mão de obra qualificada para trabalhar com as novas
tecnologias é uma barreira para consolidar esse movimento. No Parque Tecnológico de Santo
André, o braço CapacitaTech leva treinamento às pessoas. À frente do serviço está Jaime
Linhares, analista da Guia de TI. Ele monitora os cursos que as empresas oferecem e os reúne
num portal. São 490 categorias de cursos, cerca de 90% grátis.

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