Jornal Valor --- Página 1 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 11/01/2021@21:44:25
www.valor.com.br
Confiança do
consumidor diminui
com emprego e
renda em baixa A6
Insegurança jurídica
ainda trava o avanço
das torres de telefonia
pelo país B5
Destaques
Hapvida e Intermédica sobem R$ 32 bi
Em dois pregões, Hapvida e NotreDame In-
termédica, que negociam uma fusão, tive-
ram valorização conjunta de R$ 32,5 bilhões
na bolsa. Com isso, a companhia combina-
da teria um valor de mercado de R$ 129,4 bi-
lhões, superior ao da Rede D’Or, avaliada em
R$ 121,6 bilhões. Só ontem as ações tiveram
altas de, respectivamente, 8,46% e 11%. B5
Farmácias ignoram a crise
Com quase 90 mil farmácias, o Brasil de-
ve viver um novo ciclo de investimentos
no setor. Apesar do ambiente de incer-
tezas, a demanda segue em crescimento
firme e as ofertas de ações na bolsa, que
aumentaram a liquidez, devem susten-
tar a nova fase de expansão. B5
Cotribá emite CRA digital inédito
O Grupo Ecoagro e a Cooperativa Agrícola
Mista General Osório (Cotribá), com sede
em Ibirubá (RS), concluíram a primeira
emissão de Certificados de Recebíveis do
Agronegócio (CRA) com lastro em Cédulas
de Produto Rural Financeiras (CPR-F) pulve-
rizadas — para mais de um beneficiário — e
100% digitais, batizado de CRA-Tech. A
emissão, de R$ 53 milhões, financiará a com-
pra de insumos por 118 cooperados. B7
Resiliência dos multimercados
Os fundos multimercados brasileiros mais
representativos entre os que compõem o ín-
dice setorial (IHFA) da Anbima mostram em
geral um bom manejo de crises. Desde 2016,
levaram 115 dias, em média, para zerar a sua
maior queda a partir do pico atingido pelas
cotas. Na média, a desvalorização até o me-
nor valor da cota chegou a 16% — 41% dos
fundos tiveram perdas entre 5% e 10%. C1
BB enxuga rede e abre PDV
O Banco do Brasil anunciou a abertura de
um programa de demissões voluntárias
com a expectativa de alcançar até 5 mil fun-
cionários. A medida é parte de um progra-
ma mais amplo de reestruturação, que pre-
vê o fechamento de 112 agências e 242 pos-
tos de atendimento. A meta é economizar
cerca de R$ 10 bilhões até 2025. C3
Morre Raymundo Magliano Filho
O ex-presidente da bolsa de valores Ray-
mundo Magliano Filho morreu ontem, em
São Paulo, em decorrência de complicações
da covid-19, aos 78 anos de idade. Uma das
principais marcas de sua administração à
frente da bolsa — entre 2001 e 2008, quando
houve a fusão com a BM&F — foi o esforço
para a popularização do mercado acionário
e a adesão das empresas a níveis diferencia-
dos de governança corporativa. C4
Saneamento terá US$ 6,4 bi da IFC
A International Finance Corporation
(IFC), braço de investimentos do Banco
Mundial no setor privado, planeja desti-
nar ao Brasil US$ 6,4 bilhões entre os anos
fiscais de 2021 e 2023. Projetos de água e
esgoto serão o foco principal da agência,
na esteira do marco regulatório aprovado
no ano passado e da pandemia. C5
Ideias
Thiago de Moraes Moreira
A defesa de um maior expansionismo
fiscal poderá ser uma das heranças da
pandemia de 2020. A14
João Quinelato
Necessidade e oportunismo se confundem
nas demandas judiciais que buscam reequi-
librar contratos em razão da pandemia. E2
Indicadores
Ibovespa 11/jan/21 -1,46 % R$ 35,6 bi
Selic (meta) 11/jan/21
Selic (taxa efetiva) 11/jan/21
Dólar comercial (BC) 11/jan/21
Dólar comercial (mercado) 11/jan/21
Dólar turismo (mercado) 11/jan/21
Euro comercial (BC) 11/jan/21
Euro comercial (mercado) 11/jan/21
Euro turismo (mercado) 11/jan/21
“2021 vai exigir
governo, e Bolsonaro
não sabe governar”,
diz o cientista
político Cesar
Zucco A16
Ford fecha no Brasil e Bahia
já busca montadora chinesa
Marli Olmos
De São Paulo
Ao anunciar, ontem, o fim da produ-
ção de veículos em Camaçari (BA) e Ho-
rizonte (CE) e de motores em Taubaté
(SP), a Ford encerrou um relacionamen-
to de 67 anos com o Brasil, que come-
çou em 1953 com a inauguração da pri-
meira fábrica, no bairro do Ipiranga, em
São Paulo. Nas décadas seguintes, inten-
sificou-se com a ampliação da produ-
ção, marcada na maior parte do tempo
por inovações, mesmo quando o merca-
do brasileiro era totalmente fechado.
Os primeiros sinais de que a Ford se pre-
parava para deixar o país surgiram há dois
anos, quando anunciou o fechamento da
Novos projetos
tornam leilão
da Fiol mais
competitivo
Taís Hirata e Ana Paula Machado
De São Paulo
A perspectiva de integração entre
projetos ferroviários que estavam para-
lisados e novos empreendimentos
atraiu mais operadores para o leilão
do primeiro lote da Ferrovia de Integra-
ção Oeste Leste (Fiol), marcado para
abril. A avaliação inicial era que o trecho
teria apenas a participação da Bahia
Mineração (Bamin). Hoje, o mercado
considera também a entrada dos gru-
pos VLI (que tem como acionistas Vale,
Mitsui, FI-FGTS, Brookfield e BNDES) e
Cosan, por meio da Rumo.
O interesse cresceu por causa da pers-
CLAUDIO BELLI/VALOR
pectiva de serem levados adiante mais dois
trechos da ferrovia, além do primeiro, en-
tre Ilhéus a Caetité (BA), bastante depen-
dente da mina da Bamin. O segundo, de
CaetitéaBarreiras(oestebaiano),trariano-
vas cargas do agronegócio e o terceiro, de
Barreiras a Figueirópolis (TO), faria a liga-
ção com a ferrovia Norte-Sul. Página B2
2,00% ao ano
1,90% ao ano
5,4960/5,4966
5,5025/5,5031
5,5659/5,7459
6,6771/6,6795
6,6933/6,6939
6,8263/7,0063
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Ano 21 | Número 5165 | R$ 5,00
fábrica de São Bernardo (SP), um dos íco-
nesdaindustrializaçãobrasileira.Aempre-
sa teve queda de produção na década de
1990, mas se recuperou e voltou a crescer
entre 2000 e 2010. Em 2015, porém, pro-
duziu 240,5 mil veículos, 112,5 mil a me-
nos do que cinco anos antes. No ano passa-
do, foram 227,2 mil, na quinta posição no
mercado, com 7,14% de participação, à
frente da de outras grandes, como Renault
e Toyota. Não é uma fatia desprezível.
Aocontráriodasconcorrentes,aFordin-
terrompeu os ciclos de investimento, cru-
ciais para essa indústria em qualquer país.
Além disso, sua estrutura fabril é conside-
radagrandeparaotamanhodaatuaçãono
Brasil. A fábrica na Argentina será mantida
porque a operação é enxuta — produz ape-
Alerta para o ‘descaminho’
Diante da disputa política sobre a vacinação
contra a covid-19 no país, o ex-governador do
Espírito Santo Paulo Hartung criticou, ao
participar ontem da “Live do Valor”, a demora do
nas um veículo e 70% da produção vem pa-
ra o Brasil. A Ford informou nos EUA que
vem tendo prejuízos na América do Sul
desde 2019. O Brasil, o principal mercado,
responde pela maior parte do resultado.
Após ser informado do fechamento
da fábrica, o governo baiano entrou
imediatamente em contato com a Em-
baixada da China, em Brasília, para son-
dar possíveis investidores com interesse
em assumir as instalações no Estado.
Estima-se que 5 mil trabalhadores serão
demitidos. “Minha impressão é que a Ford
vai reduzir ou fechar operações em vários
países e regiões para se focar nos EUA, Chi-
na e, de forma reduzida, na Europa”, disse
Jaime Ardilla, consultor e ex-presidente da
GM na América Latina. Páginas B1 e B3
governo do presidente Jair Bolsonaro em
viabilizar o início da imunização. Segundo ele, a
obsessão com a eleição presidencial de 2022
ameaça jogar o país no “descaminho”. Página A11
Justiça libera
usufruto de
pagar ITCMD
Joice Bacelo
Do Rio
Contribuintes têm conseguido na Jus-
tiça decisões que os liberam de pagar
ITCMD sobre o usufruto. Além da co-
brança do imposto sobre doações e he-
ranças, muitos Estados tributam o uso do
bem. Nessas situações, o beneficiário re-
cebe a propriedade, mas os doadores
permanecem com o direito de tomar de-
cisões e, a depender do bem, de receber
alugueis, lucros e dividendos. O tema se
tornou recorrente nos escritórios de ad-
vocacia. Com a pandemia, mais famílias
se interessaram em adotar planejamen-
tos sucessórios. As alíquotas do ITCMD
nos Estados variam de 2% a 8%. Página E1
Usinas travam
preço do açúcar
na exportação
Camila Souza Ramos
De São Paulo
A dois meses e meio do início da sa-
fra sucroalcooleira 2021/22, as usinas
já estão com uma fatia recorde das ex-
portações de açúcar previstas para o
período com preços fixados com com-
pradores em níveis mais altos que há
um ano. Tradings e consultorias esti-
mam que essa parcela esteja entre
17,2 milhões de toneladas e 21,5 mi-
lhões de toneladas, que representam
entre 69% e 80% do total a ser embar-
cado — sinal de mais um ciclo de cres-
cimento da receita com as exportações
da commodity. Página B8
Propostas sobre
PMs dividem
candidatos
Marcelo Ribeiro, Vandson Lima e
Cristian Klein
De Brasília e do Rio
Os principais candidatos à presidência
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e Baleia
Rossi (MDB-SP), deram sinalizações dife-
rentes sobre o futuro dos projetos que re-
tiram o poder dos governadores sobre as
polícias militares e civis nos Estados. O
emedebista fechou as portas às propos-
tas — defendidas por aliados do presi-
dente Bolsonaro —, enquanto o líder do
PP indicou que os textos poderiam ser
analisados se houver concordância da
maioria dos líderes da Casa. Especialistas
em segurança pública ouvidos pelo
Valor condenam os projetos. Página A12
LIVE do
Às 11 horas no www.valor.com.br
Terça, 12/01 - Luiz Fernando Figueiredo,
sócio-fundador da Mauá Capital e
ex-diretor do BC
Quarta, 13/01 -
Guilherme Benchimol, fundador
e CEO da XP Inc.
Quinta, 14/01 -
João Doria, governador do Estado
de São Paulo (PSDB)
Sexta, 15/01 - Hugo Rodrigues
CEO da WMcCann
Terça, dia 19/01 - Armando Castelar
Pinheiro, pesquisador do Ibre/FGV e
professor do Instituto de Economia da UFRJ
A2 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | A3
Jornal Valor --- Página 4 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 11/01/2021@21:31:30
A4 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Brasil
AnoNovo,velhos
dilemasparaoRio
Francisco Góes
O
ano começa para o
Rio de forma
semelhante ao que
foi 2020: cercado de
incertezas. O Estado
ainda busca saídas para a crise
econômica que enfrenta há
anos e que o levou, em 2017, a
aderir ao Regime de
Recuperação Fiscal (RRF), no
qual tenta se manter. 2021
também deve trazer de volta à
pauta a redistribuição dos
royalties de petróleo entre
Estados e municípios, tema
caro ao Rio e pendente de
solução há mais de sete anos no
Supremo Tribunal Federal
(STF). Isso tudo em um cenário
de indicadores preocupantes
na pandemia, com os
fluminenses, assim como o
Brasil de forma geral, na
expectativa do início da
vacinação contra a covid-19.
Em meio às dúvidas sobre o
futuro, há também expectativa
de avanços. O principal deles se
relaciona ao leilão de concessão
da Companhia Estadual de
Águas e Esgotos (Cedae),
previsto para 30 de abril, que
pode garantir investimentos de
R$ 30 bilhões em obras de
saneamento no Estado por 35
anos, sendo R$ 12 bilhões nos
cinco primeiros anos. As obras e
os serviços ligados à Cedae — a
principal concessão em curso
no país — têm potencial de criar
até 46 mil postos de trabalho,
entre vagas diretas e indiretas,
segundo o próprio Estado.
Estado trabalha em
novo plano fiscal de
olho no PLP 101
Fontes ligadas ao Palácio
Guanabara, sede do Executivo
fluminense, acreditam que a
concessão da Cedae pode criar as
condições para mudar o
ambiente negativo que tomou
conta do Rio nos últimos anos,
marcado pela “quebra”
financeira do Estado e por
denúncias de corrupção que
levaram à prisão ou afastamento
dos últimos cinco governadores.
2020 marcou não só o
afastamento do governador
Wilson Witzel, alvo de processo
de impeachment na Assembleia
Legislativa do Estado, como
também do então prefeito do
Rio, Marcelo Crivella, que não
conseguiu terminar o mandato.
Se a Cedae representa a
oportunidade de criar uma
agenda positiva para o Rio, ainda
há pendências nas áreas fiscal e
econômica que precisam ser
enfrentadas. Uma delas se refere
à permanência do Estado no RRF.
Na véspera do Natal, o presidente
do STF, Luiz Fux, determinou que
a União mantivesse o Rio no
regime por meio de uma “tutela
provisória”, que tem caráter
temporário. Dias antes o Estado
havia ingressado com ação no
Supremo alegando risco de
colapso nas contas por força de
um possível bloqueio, à época, de
R$ 7,4 bilhões derivado da
exclusão do Estado do RRF e da
execução de contragarantias de
uma dívida com o BNP Paribas.
Em 2017, o Estado contraiu
dívida de R$ 2,9 bilhões com o
banco francês oferecendo
contragrantias, incluindo ações
da Cedae. A decisão de Fux, em
caráter liminar, evitou a
cobrança dessa dívida pela
União, avalista do empréstimo.
No Guanabara, a interpretação
foi de que a decisão de Fux
impediria a União de executar as
garantias do contrato de
financiamento com o BNP
Paribas. No dia 2 de janeiro, o
Estado protocolou recurso de
embargo de declaração para que
Fux esclarecesse essa questão.
Ontem a Procuradoria Geral
do Estado do Rio (PGE-RJ)
divulgou nota segundo a qual o
Supremo decidiu, em caráter
liminar, que a União fica
impedida de executar as
garantias do contrato com o
BNP Paribas. Pelo contrato,
assinado pelo Estado com
União, Banco do Brasil e
Bradesco, caso o Rio não
pagasse o empréstimo, o
Tesouro poderia reter o Fundo
de Participação Especial (FPE).
O Rio acredita que a questão
do RRF vai se resolver com a
sanção do projeto de lei
complementar de socorro dos
Estados (PLP 101), aprovado
pelo Congresso. A lei estabelece
novas regras para o RRF. Diante
disso, o Estado trabalha em
proposta de novo plano, que
lhe daria segurança jurídica
para fazer o dever de casa e
abriria espaço para a retomada
da economia.
Especialista em contas
públicas considera que o PLP
101 resolve todos os problemas
do Rio no RRF, com exceção da
questão das garantias nos
contratos com o BNP Paribas.
“Falta previsão legal [no PLP
101] para que a Secretaria do
Tesouro Nacional não cobre o
Rio de Janeiro”, afirmou. Assim
o Tesouro ainda poderia tentar
bloquear transferências
federais, receitas próprias do
Estado e royalties, disse a fonte.
Na visão desse economista, o
Rio não fez a lição de casa para
revitalizar a economia e reduzir
a dependência dos royalties do
petróleo e do ICMS em uma
economia que não mostra
dinamismo e continua
patinando. “O Rio não tem
perspectiva de ganho de
arrecadação sem aumento de
carga tributária, o que não tem
espaço neste momento.”
Nesse caldeirão, entram
também os royalties. A divisão
do dinheiro arrecadado como
compensação pela exploração e
produção de petróleo opõe,
pelo menos desde 2012,
Estados onde se concentra a
produção de petróleo (Rio, São
Paulo e Espírito Santo) e outros
que não estão nesse grupo. O
embate começou em 2012
quando o Congresso aprovou
lei que alterou as regras de
distribuição de royalties e
participações especiais. A
mudança foi questionada pelo
Rio no Supremo e, em 2013, a
ministra Cármen Lúcia
concedeu liminar suspendendo
os efeitos da lei. A decisão
provisória vigora até hoje.
No ano passado, o assunto
esteve previsto para entrar em
pauta no STF em 3 de dezembro,
mas terminou retirado. O Rio
entrou com pedido para que o
processo fosse encaminhado
para a Câmara de Mediação e
Conciliação do Supremo. A
informação, segundo fontes, é
que desde que Fux retirou o caso
de pauta o tema voltou para a
ministra Cármen Lúcia, que tenta
conciliação entre os Estados. Não
há previsão de quando possa se
alcançar um acordo nem mesmo
se isso será possível ou se a
questão precisará ser resolvida
pelos ministros, no plenário.
O Espírito Santo propôs fazer
uma redistribuição dos royalties
nos contratos a partir de 2013,
aplicando-se regra de transição.
O Rio acrescentou que as novas
regras só passariam a valer a
partir da homologação do
acordo pelo Supremo. O Rio
Grande do Sul, que tem sido uma
das principais vozes dos Estados
não produtores, discorda.
Defende que todos os contratos
envolvendo royalties, anteriores
e posteriores à lei de 2012, sejam
colocados sobre a mesa. Em
dezembro, os capixabas
detalharam a proposta, que está
em estudo pelos gaúchos. O
consenso depende de que os
Estados produtores abram mão
de parte de sua receita, o que não
é fácil em meio à crise fiscal.
Francisco Góes é chefe de Redação no
Rio.
E-mail francisco.goes@valor.com.br
Governo quer usar 1 dose de vacina
para conter pandemia, diz Pazuello
Murillo Camarotto
De Brasília
O ministro da Saúde, Eduardo
Pazuello, informou ontem que o
governo quer priorizar a primei-
ra dose da vacina contra a covid-
19 para fazer a imunização em
massa da população. Somente
após essa fase é que seria iniciada
a segunda aplicação no país.
Durante evento em Manaus,
Pazuello deu essa informação
quando se referia especificamen-
te ao uso da vacina do laborató-
rio AstraZeneca, desenvolvida
em parceria com a Universidade
de Oxford e com a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
De acordo com ele, a primeira
dose da vacina proporciona uma
proteção de 71% contra a doença,
enquanto que as duas aplicações,
combinadas, levariam a imuni-
zação “para pouco mais de 90%”.
“É uma estratégia que a SVS
[Secretaria de Vigilância em Saú-
de, do ministério] vai fazer pra
reduzir a pandemia. Talvez o foco
seja não na imunidade completa,
mas na redução da contamina-
ção e aí a pandemia diminui
muito”, explicou o ministro.
Pazuello fez um novo balanço
de todas as vacinas que poderão
ser utilizadas no país e voltou a
dizer que somente a produção
SP mantém data de vacinação e pode adiar 2 a dose
Ana Conceição
De São Paulo
Em meio à espera da aprovação
da Coronavac e do vaivém de infor-
mações sobre a documentação ne-
cessária para o uso emergencial da
vacina, o governo de São Paulo
apresentou ontem a logística da
vacinação no Estado e admitiu a
possibilidade de atrasar a aplica-
ção da segunda dose do imunizan-
te para que mais pessoas recebam
a primeira. O governador João Do-
ria (PSDB) reiterou que a vacinação
começará em 25 de janeiro.
Na entrevista para divulgar o pla-
no logístico, em que cerca de 2 mi-
lhões de doses serão distribuídas
por semana, Doria cobrou celerida-
de da Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária (Anvisa) na aprovação
da vacina desenvolvida pelo Institu-
to Butantan em parceria com o labo-
ratório chinês Sinovac e detalhes do
Plano Nacional de Imunização
(PNI), do Ministério da Saúde.
“O senso de urgência amparado
Sigilo barra divulgação de eficácia da Coronavac
De São Paulo
A divulgação incompleta dos da-
dos de eficácia da vacina Coronavac,
da farmacêutica chinesa Sinovac em
parceria com o Instituto Butantan se
deveaocontratodeconfidencialida-
de entre as duas organizações. O
contrato impede o instituto paulista
de divulgar os dados gerais.
Na semana passada, o Butantan
divulgou que o produto é eficaz
em 78% dos casos leves, mas não
divulgou a eficácia geral. Reporta-
Média de mortes por covid na semana é 59% maior
De São Paulo
Com mais 477 mortes em 24 ho-
ras, o Brasil chegou a 203.617 víti-
mas fatais por covid-19, até 20h de
ontem, de acordo com o consórcio
de veículos de imprensa. A média
foi de 1.004 mortes por dia na se-
mana móvel encerrada ontem,
59% mais que na anterior.
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
ABC A6 BRK Ambiental B2
Agromatic B7 Brookfield B2
Amazon A13 BTG Pactual C1
Apple A13 CCCC B2
Archer Consulting B8 Ceres Investimentos B8
Armor Capital C2 Citi C3
AZ Quest C1 Citibank A6
B3 B7 Cosan B2
Bahia C1 Crec B2
Bahia Mineração B2 Credit Suisse B5
Bamin B2 Czarnikow B8
Banco do Brasil A6, C3 Daycoval A6
Barclays A6 Dimed B5
Bradesco A6 EcoAgro B7
BRF B7 Embasa B2
Pazuello: vacinação vai começar “‘no dia D e na hora H em todos os Estados”
doméstica possibilitará a imuni-
zação em massa de toda a popu-
lação. “Ficou difícil para as im-
portadas”, afirmou o ministro.
De acordo com Pazuello, a
análise de uso emergencial em
andamento na Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa)
corresponde às 6 milhões de do-
ses da Coronavac que foram im-
portadas da China e às outras 2
milhões de doses da vacina da
AstraZeneca trazidas da Índia.
Ainda não há pedido de uso
para as vacinas que serão produ-
pela ciência deve prevalecer”, afir-
mou Doria. Na visão do governador,
o processo da Coronavac tem sido
postergado em favor da vacina pro-
duzida pela Fiocruz/Oxford, do go-
verno federal. “Atrasar, burocratizar
para quê? Para servir qual interesse?
É hora de colocar o sentimento aci-
ma de qualquer discussão política e
partidária, ideológica.”
Segundo Doria, a data de iní-
cio do programa de vacinação
em São Paulo está mantida por-
que até agora não são conheci-
dos os detalhes do PNI, como
quantas doses e qual o critério de
distribuição para cada Estado.
Adversário do presidente Jair
Bolsonaro, o governador paulis-
ta disse que o governo federal
não firma data para início da va-
cinação por interesse eleitoral.
Na semana passada, foi assinado
um contrato de exclusividade entre
o Ministério da Saúde e o Butantan
que entrega toda a produção da Co-
ronavac ao PNI. Doria não vê isso co-
mo impedimento para o início da
gem do portal UOL publicada on-
tem indica que a eficácia da Coro-
navac ficou “abaixo dos 60%, mas
acima dos 50%” recomendados pe-
la Organização Mundial da Saúde
e exigidos pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo o Butantan, “quaisquer
informações sobre a eficácia da va-
cina contra o coronavírus que não
sejam as apresentadas pela insti-
tuição na última semana são mera-
mente especulativas”. A taxa deve
ser divulgada hoje.
Ontem foram registrados mais
29.153 contágios, elevando para
8.133.833 os infectados pela
doença no país. A média ficou em
54.182 casos por dia, 42% acima
da obtida no período anterior.
A média de mortes está em alta
em 14 Estados: PR, MG, RJ, SP, MT,
AM, AP, RO, RR, TO, CE, PB, PI e SE.
O consórcio de veículos de im-
Eurasian Resources Group B2
Exploritas Investimentos A6
Facebook A13
Ford B3
Frigo King B2
GFK B6
Goldman Sachs C2
Google A13
Grupo Mantiqueira B8
Hapvida B5
HBR Realty C1
Ibiporã B2
Ibiuna C1
iRancho B7
Itaú A6, C1
a
EUZIVALDO QUEIROZ
zidas aqui — pouco mais de 200
milhões de doses da Fiocruz e 100
milhões do Instituto Butantan.
Pazuello acredita que, se a
aplicação das 8 milhões de doses
importadas começar ainda em
janeiro, o Brasil poderá liderar
rapidamente o número de imu-
nizações do mundo, consideran-
do a capacidade instalada no Sis-
tema Único de Saúde (SUS).
O ministro informou que, na
avaliação do governo, a vacina do
laboratório Janssen-Cilag “é a me-
lhor de todas”, mas que a capacida-
vacinação no Estado e diz que o pla-
no paulista pode se acoplar depois
ao programa federal.
O secretário de Saúde, Jean Gorin-
chteyn, afirmou que o Estado vai res-
peitar o PNI, mas que, como a Coro-
navac é, por enquanto, a única vaci-
na disponível, a parcela que cabe a
São Paulo pode ser menor que a es-
perada inicialmente. Nesse sentido,
o coordenador-executivo do Centro
de Contingência do Coronavírus,
JoãoGabbardo,dissequehápossibi-
lidade de a segunda dose da vacina-
ção ser postergada. “O Centro de
Contingência não se posicionou so-
bre o tema, mas é uma possibilida-
de. Mesmo com um número menor
de vacinas, o Estado poderia manter
seu cronograma priorizando idosos
e trabalhadores da área de saúde.”
Pelo cronograma inicial haveria um
prazo de 14 a 28 dias entre a aplica-
ção da primeira e da segunda dose.
Segundo o plano logístico apre-
sentado ontem, serão distribuídas
aos municípios paulistas cerca de
2 milhões de doses da Coronavac
O contrato diz, segundo reporta-
gem da rede CNN Brasil do ano pas-
sado, que “a menos que expressa-
mente permitido por este acordo ou
com o consentimento prévio escrito
e expresso da Sinovac, o Butantan
não irá manusear, utilizar, descartar,
divulgar para, permitir que seja uti-
lizado ou compartilhar com tercei-
ros ou suas próprias filiadas (exceto
com as autoridade regulatórias) o
dossiê do produto de propriedade e
fornecido pela Sinovac”.
Mesmo assim, por insistência de
prensa é formado pelos jornais
“O Globo”, “Extra”, “Folha de
S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo”,
bem como os portais UOL e G1.
Os dados são apurados junto
às secretarias de Saúde dos Esta-
dos e do Distrito Federal. Diaria-
mente o consórcio divulga três
boletins, às 8h, 13h e 20h.
Segundo o Ministério da Saúde,
Kapitalo C1 Pague Menos B5
Kinea C1 Panvel B5
Levante Advice C8 Parler A13
LG B6 Perfin C1
Linx B5 Petrobras B8
Marfrig C1 Pinterest A13
Mediatek B6 PwC B5
Mitsui B2 QuantumAxis C1
Moody’s C3 Quinto Andar B5
Moura Dubeux B4 Rabobank A6
N.OVO B8 Randon B2
Natura C4 Rede D’Or B5
Neo C8 Renault B3
NotreDame Intermédica B5 Rumo B2
Pactual A6 Safra A6
de de entrega é de apenas 3 mi-
lhões de doses, em maio. Ele tam-
bém reclamou do preço da vacina
da Moderna (US$ 37 a dose) e das
condições exigidas pela Pfizer.
Apesar da campanha contra as
vacinas promovida abertamente
pelo presidente Jair Bolsonaro,
Pazuello reconheceu que a popu-
lação quer ser vacinada, mas vol-
tou a defender que a imunização
não seja obrigatória. “Lembran-
do que existem outros poderes
na República”, afirmou ele.
O ministro também repetiu
que a vacinação vai começar em
todo o território nacional no
mesmo dia e horário, em recado
indireto a governadores que têm
marcado suas próprias datas pa-
ra o início da imunização. “Vai
começar no dia D e na hora H em
todos os Estados do Brasil.”
Pazuello também reclamou de
supostas reivindicações de rea-
juste salarial por parte de profis-
sionais de saúde. Segundo o mi-
nistro, pedidos de melhor remu-
neração, feitos neste momento,
“ficam parecendo extorsão”.
“Precisamos reverenciar o pes-
soal que está trabalhando e tra-
zer de volta o pessoal que cansou.
O momento, agora, não é de rei-
vindicações, não é de abono sala-
rial, o momento é de salvar vi-
das”, afirmou o ministro.
por semana. O Butantan tem 10,8
milhões de doses da vacina em es-
toque e capacidade para produzir
1 milhão de doses por dia.
Segundo Eduardo Ribeiro, se-
cretário-executivo da Saúde de
São Paulo, as vacinas contra a co-
vid-19 irão do Instituto Butantan
para uma central logística e de lá
partirão semanalmente, e de for-
ma direta, para os 200 municí-
pios mais populosos (com mais
de 30 mil habitantes) do Estado.
Os 445 municípios restantes irão
se abastecer semanalmente a
partir de 25 centrais logísticas.
Cerca de 77 mil pessoas estarão
diretamente envolvidas na vacina-
ção, 25 mil policiais e 52 mil profis-
sionais de saúde em 5,2 mil salas
de vacinação, que poderão ser am-
pliadas para 10 mil. O Butantan di-
vulga hoje os dados de eficácia glo-
bal da Coronavac. Contra casos le-
ves, a eficácia é de 78%. A Indonésia
aprovou ontem o uso emergencial
da Coronavac e divulgou uma efi-
cácia global de 65,3%.
jornalistas, o diretor do Butantan,
Dimas Covas, relatou alguns dados
aproximados da fase 3 da pesqui-
sa. Segundo ele, foram 218 infec-
ções, sendo 160 no grupo placebo
e pouco menos de 60 no grupo va-
cinado. A partir desses dados, a ta-
xa de eficácia calculada seria de
cerca de 64% — acima da apurada
pelo UOL —, 14 pontos percentuais
abaixo dos 78% de prevenção de
casos leves e 14 pontos percentuais
acima dos 50% da eficácia mínima.
(Com Folhapress)
foram 25.822 novos casos em 24
horas até as 18h de ontem, elevan-
do para 8.131.612 o total de infec-
tados nos registros oficiais. As
mortes somaram 480 em 24 horas,
com 203.580 no acumulado desde
a chegada da pandemia ao país. O
ministério aponta 7.207.483 pa-
cientes recuperados da doença e
720.549 sob acompanhamento.
Samsung B6
Santander A6, C2
Simpar C1
Snap A13
Stone B5
TCL B6
TikTok A13
Twitter A13
Usimeca B2
Vale B2
Valec B2
Vamos Locação C1
Vérios Investimentos C1
VLI B2
Whirlpool B6
XP C1
Jornal Valor --- Página 5 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 11/01/2021@20:14:32

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | A5

Jornal Valor --- Página 6 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 11/01/2021@21:01:07
A6 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Brasil
Conjuntura Indicador mostra famílias menos otimistas que empresas
Confiançadoconsumidorrecua
comempregoerendaembaixa
Arícia Martins
De São Paulo
Empresários e consumidores
terminaram 2020 menos con-
fiantes, mas a piora do humor foi
mais acentuada entre as famílias,
que estão bem mais pessimistas
do que as empresas. Depois de
cair pelo terceiro mês consecuti-
vo, o Índice de Confiança do Con-
sumidor (ICC) marcou 78,5 pon-
tos em dezembro, enquanto o Ín-
dice de Confiança Empresarial
(ICE) ficou em 95,2 pontos. A dis-
tância de 16,7 pontos entre os
dois indicadores é a maior desde
fevereiro de 2010, quando o ICE
superou o ICC em 16,9 pontos.
O recrudescimento da pande-
mia, as dúvidas sobre o processo
de vacinação da população e o
elevado nível de incerteza econô-
mica afetam negativamente a
percepção do setor privado de
forma geral, apontam economis-
tas. Entre as famílias, no entanto,
esse quadro é agravado pelo fim
do auxílio emergencial, pelo de-
semprego alto e pela inflação
ainda incômoda, principalmen-
te de alimentos. Com essa con-
juntura negativa, o consumo,
que representa mais de 60% do
Produto Interno Bruto (PIB) pelo
lado da demanda, deve começar
o ano em ritmo fraco.
É normal que a confiança dos
consumidores fique em patamar
menor que a do empresariado,
mas não no nível atual, que pode
ser considerado muito baixo,
afirma Viviane Seda, coordena-
dora das Sondagens do Instituto
Brasileiro de Economia da Fun-
dação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Antes de 2010, observa Vivia-
ne, outra época de disparidade
Poupança criada na pandemia não deve ir tão cedo para consumo
De São Paulo
Considerada por muitos eco-
nomistas como fator que pode
amenizar o impacto do fim dos
estímulos do governo no nível de
atividade, a poupança formada
pelas famílias durante a pande-
mia não deve ser destinada ao
consumo tão cedo. É o que indica
questionário especial da Sonda-
gem do Consumidor realizado
em novembro.
Naquele mês, 38% dos consu-
midores afirmaram que estavam
poupando de maneira preventi-
va, devido à pandemia e a seus
efeitos na economia. Dentro des-
se grupo, 73% disseram que pre-
tendem manter os recursos guar-
Bancos pagaram menos imposto sobre renda, diz estudo
Fabio Graner
De Brasília
Os bancos brasileiros pagaram
bem menos tributos do que indi-
cariam as alíquotas de Imposto de
Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Con-
tribuição Social sobre Lucro Líqui-
do (CSLL) ao longo do período de
2010 a 2019, segundo um estudo
feito por Paulo Henrique Pêgas,
professor de contabilidade tribu-
tária do Ibmec e da Fipecafi. A Fe-
deração Brasileira de Bancos (Fe-
braban), porém, rebate duramen-
te a análise, diz que a metodologia
usada não é correta e, por isso, leva
a conclusões erradas sobre a carga
tributária dos bancos.
“O Brasil cobrou das suas princi-
pais instituições financeiras ape-
nas 14,3% de imposto de renda so-
bre o lucro que elas tiveram. Assim,
do expressivo resultado apresen-
tado, de R$ 721 bilhões, nossa le-
gislação tributária decidiu retirar
apenas R$ 103 bilhões, sobrando
um lucro líquido de R$ 618 bi-
lhões”, disse Pêgas no estudo, que
avalia as demonstrações contábeis
das instituições no período. “Deste
lucro, os acionistas das instituições
financeiras colocaram no caixa R$
289 bilhões (47%), livre de tributa-
Pessimismo maior
Empresas e consumidores terminaram 2020 com queda na confiança
Índice de Confiança Empresarial*
100 96,1
90
91,6
80
70
60
50
Dez Jan Fev Mar
2019 2020
Por setores (dez/20)
150
114,9
100
86,2
50
0
Indústria Serviços
Fonte: Ibre/FGV. *O Índice de Confiança Empresarial é a agregação dos índices dos setores de Serviços, Indústria,
Construção e Comércio, por pesos econômicos
recorde entre os dois indicado-
res foi a crise financeira de 2008:
em julho daquele ano, o ICC
chegou a ficar 20 pontos abaixo
do ICE. “Em momentos de crise,
o consumidor acaba se tornan-
do pessimista mais rápido que o
empresário, e a recuperação
também é mais lenta.”
Há três meses, nota a econo-
mista, tanto o indicador que me-
de a situação atual quanto o de
expectativas futuras dos consu-
midores vêm em baixa. Em de-
zembro, porém, os dois índices
voltaram a patamares compará-
dados nos próximos meses. Entre
os consumidores de menor po-
der aquisitivo, com renda fami-
liar até R$ 4,8 mil, esse percen-
tual chegou a 81,2%, destaca Vi-
viane Seda, coordenadora das
Sondagens do Ibre/FGV.
“Isso ajudaria a atividade, mas
esses recursos não vão ser usados
no primeiro semestre”, avalia Vi-
viane, para quem o elevado nível
de incertezas no cenário vai fazer
com que os consumidores conti-
nuem mais cautelosos em seus
gastos. “Tem a questão de saúde e
também a situação financeira fa-
miliar. As pessoas precisam se
sentir seguras sobre o que vai
acontecer para gastar”, comple-
menta ela, e este não seria o caso
ção, recebidos por meio de divi-
dendos e juros sobre capital pró-
prio [JCP]”, acrescentou.
A Febraban rebate. “Não é cabí-
vel, muito menos verdadeiro, afir-
mar que a carga tributária média
sobre o setor bancário é de 14%. As
instituições financeiras estão su-
jeitas à mesma legislação do IRPJ
aplicável aos demais contribuintes
e a alíquota sobre a renda dos ban-
cos é a maior do mundo (45%)”,
diz. “Não é possível afirmar que a
carga tributária sobre o setor é de
14% com base na construção feita
no trabalho, que se ressente, inclu-
sive, de um maior tecnicismo. Pri-
meiro, porque não se mostra nada
correto fazer uma agregação, para
um longo período de tempo, de
valores nominais sem as devidas
correções e sem considerar even-
tos societários importantes [como
fusões e aquisições]”, acrescenta.
Pêgas explica que a parcela cor-
respondente ao JCP foi o principal
redutor da carga dos bancos, em
um total de R$ 78 bilhões nas dez
instituições pesquisadas. “Essa foi
a escolha do país quando estrutu-
rou e manteve o modelo tributário
atual. E começamos 2021 sem
qualquer mudança neste proces-
so, ou seja, ele vem desde 1995
Índice de Confiança do Consumidor
58,2
55,7
Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
86 pontos
foi em quanto ficou o índice
91,7 93,9
de expectativas do
consumidor em dezembro,
nível mais pessimista do que
o índice empresarial, que
ficou em 94,3 pontos. Ambos
estão em terreno pessimista
(abaixo de 100 pontos)
Comércio Construção
veis aos do fim da recessão de
2014 a 2016, refletindo insatis-
fação com o presente e perspec-
tivas pessimistas à frente. O mo-
mento agora é de reação da ati-
vidade, mas uma série de fatores
vem diminuindo o ânimo das fa-
mílias, diz Viviane: a retirada
dos benefícios do governo, a ta-
xa de desemprego acima de 14%
e a preocupação com a evolução
da pandemia seriam os princi-
pais em sua visão.
Com queda da renda, muitos
trabalhadores voltando ao mer-
cado informal e o medo da pan-
agora, com a piora da pandemia
no país (média móvel semanal de
mortes é a maior em cinco me-
ses), o aumento da taxa de de-
semprego e o fim dos auxílios.
Em outubro, outro quesito es-
pecial da Sondagem do Consu-
midor mostrou que, para 52,6%
dos entrevistados, o principal
motivo para postergar o consu-
mo era a incerteza em relação à
pandemia, enquanto 31,2% afir-
maram que estavam poupando
recursos por precaução.
“O comportamento do consu-
midor ao longo da pandemia foi
de cautela: primeiro priorizando
compras de bens essenciais, de-
pois bens duráveis em detrimen-
to dos serviços e, por fim, com
quando foi estruturado, atraves-
sou governos de diferentes corren-
tes e partidos”, disse.
A Febraban lembra que o trata-
mento tributário dado à distribui-
ção de JCP tem limitações regula-
tórias e impacta todos os setores,
refletindo opção administrativa
do país em concentrar a tributação
nas empresas, diferente da ten-
dência mundial. “A grande maio-
ria dos países, visando o fomento
da economia, possui alíquotas cor-
porativas bem inferiores às brasi-
leiras”, ressalta a entidade.
Pêgas analisou o balanço dos se-
guintes bancos: Itaú, Banco do Bra-
sil, Bradesco, Santander, Safra, BTG
Pactual, Citibank, ABC, Daycoval e
Rabobank. Além da avaliação indi-
vidualizada dessas instituições, ele
agregou os dados e chegou à con-
clusão geral “É uma falácia dizer
que as empresas pagam muito im-
posto sobre lucro no Brasil. E os
bancos pagam menos ainda”, disse
ao Valor.
A Febraban, porém, salienta que
o cálculo da alíquota efetiva varia
conforme cada instituição devido
às regras tributárias e seria bem
mais complexo do que consta no
método do contador. “A complexi-
dade para a definição da alíquota
demia, a tendência é que a con-
fiança do consumidor siga em
queda no começo do ano, afirma
a coordenadora das sondagens
do Ibre/FGV, o que aponta para
desaceleração do nível de ativi-
95,2 dade no primeiro trimestre. “Ha-
verá perda de demanda, e prova-
velmente a taxa de desemprego
78,5
vai continuar muito alta. Com o
nível de incerteza elevado e au-
mento no número de casos, as
empresas não vão investir e con-
Nov Dez tratar neste momento.”
Economista-chefe do Barclays
para Brasil, Roberto Secemski
pondera que, com exceção do se-
tor manufatureiro, a situação das
empresas retratada pelas sonda-
gens também não é tão anima-
dora. Dentro do índice empresa-
rial, a indústria é o único seg-
mento que se manteve com con-
fiança em alta: os indicadores re-
ferentes ao comércio e aos servi-
ços vêm piorando desde outu-
bro, e o da construção começou a
recuar um mês depois. O movi-
mento coincidiu, ainda que de
forma não exata, com a redução
do auxílio, destaca Secemski.
“Os consumidores não somen-
te sentiram esta queda no auxí-
lio, mas também a aceleração da
inflação de alimentos em mais de
10% desde agosto, e enfrentam
desemprego elevado”, comenta o
economista, para quem a taxa de
desocupação deve seguir em alta,
conforme as pessoas retornem
ao mercado de trabalho à procu-
ra de uma vaga. “Esse quadro de
confiança em baixa entre os con-
sumidores deve perdurar com o
fim do auxílio, combinado com
preços altos e toda a incerteza
com relação à pandemia e à vaci-
nação”, acrescenta ele.
formação de poupança precau-
cional para minimizar riscos”,
observa a economista.
Para a coordenadora do
Ibre/FGV, a postura cautelosa de-
ve continuar no começo do ano,
o que reforça a perspectiva de
perda de fôlego da atividade no
período. “Com o fim dos benefí-
cios, parte dessa poupança será
destinada para despesas, porque
as pessoas de menor renda não
têm muita margem para conti-
nuar poupando. Já aqueles con-
sumidores com renda maior vão
continuam com essa poupança e
vão manter isso por mais tempo.
Esses recursos não vão ser utiliza-
dos agora”, reforça ela.
De acordo com o quesito espe-
efetiva no setor financeiro é ainda
maior, pois deve considerar o cres-
cimento do crédito, o impacto da
inadimplência, aquisições ocorri-
das no período, as oscilações da Se-
lic e as limitações regulatórias do
JCP. Se não analisadas de forma
profunda e apropriada, tais pre-
missas levam a distorções eleva-
das, impactando as conclusões so-
bre o tema”, diz a entidade.
Apesar de a análise de Pêgas
centrar foco no setor financeiro, o
professor destaca que essas insti-
tuições não seriam vilões no tema
tributário, cujo desenho acaba ge-
rando essa erosão na base tributá-
ria também de outros setores. “Na
verdade, a alíquota média de cem
das maiores empresas brasileiras,
incluindo os bancos, alcança 21%”,
disse. Para o contador, é preciso
corrigir esse modelo regressivo de
tributação sobre a renda e tam-
bém a complexidade do sistema,
desmontando o chamado “mani-
cômio tributário”.
O estudo analisa várias etapas
do processo tributário dos bancos.
Ele diz que as instituições apresen-
taram ao longo da década analisa-
da expressivo lucro antes do reco-
lhimento do IR. O professor desta-
ca que, após esse registro, as insti-
Viviane Seda: na crise, consumidor se torna pessimista mais rápido
Em termos de atividade, avalia
Secemski, a menor confiança do
setor de serviços, que representa
quase dois terços da economia, e
também dos consumidores re-
força a perspectiva de perda de
fôlego na abertura do ano. Nas
estimativas do banco britânico, o
Produto Interno Bruto (PIB) vai
ficar praticamente estável no pri-
meiro trimestre, com alta de 0,1%
em relação ao último trimestre
de 2019 na comparação dessazo-
nalizada. “Mas os riscos conti-
nuam sendo de baixa, com possí-
vel queda no trimestre.”
Andrei Spacov, economista-
chefe da Exploritas Investimen-
tos, espera que o PIB cresça pou-
co nos primeiros três meses,
com expansão entre zero e 0,5%,
mas vê como natural que a eco-
nomia perca um pouco de ritmo
após a retomada em “V” obser-
vada no terceiro trimestre. Ao
menos no primeiro semestre, a
confiança deve andar de lado,
principalmente dos consumido-
res, o que tende a limitar uma
cial de novembro, mais de 40%
dos consumidores de menor ren-
da acreditam que a poupança te-
rá que ser destinada para quitar
gastos correntes. “Dado que esses
consumidores são os que menos
conseguiram poupar, o impacto
no consumo será reduzido por
esse lado”, diz a economista.
Mesmo se os recursos guarda-
dos voltassem a circular na eco-
nomia em forma de consumo,
seu efeito sobre a demanda seria
limitado, aponta estimativa do
Ibre/FGV. Os recursos de poupan-
ça líquida subiram 21% entre
março e outubro, atingindo
R$ 176 bilhões no acumulado até
outubro, nota Viviane.
Já de março ao início de no-
tuições desembolsaram de
IR+CSLL de 32% (chamado por ele
de “alíquota efetiva corrente”).
Mas parte disso (18%), segundo
ele, representou mero adianta-
mento realizado para o fisco. Isso
porque, explica, os bancos coloca-
ram no ativo contábil essa parcela
adiantada, que vai sendo abatida
conforme as provisões para crédi-
tos duvidosos vão sendo baixadas
a prejuízo ou revertidas.
“Os bancos terminaram 2019
com quase R$ 200 bilhões de sal-
do no ativo devido a desses
adiantamentos. Com a pande-
mia, nos três primeiros trimes-
tres de 2020, o saldo do ativo au-
mentou pelo menos em um ter-
ço, sendo este o motivo que levou
os maiores bancos que aqui
atuam a apresentar resultado po-
sitivo na linha final durante os
nove meses iniciais do ano”, ex-
plicou, avançando a análise para
o período pandêmico.
A Febraban, por sua vez, desta-
ca que as provisões são despesas,
que reduzem os resultados e que
são feitas obrigatoriamente por
questões regulatórias e pruden-
ciais. “Em praticamente todos os
países relevantes comparáveis ao
Brasil, essa provisão é dedutível
DIVULGAÇÃO
retomada mais forte da ativida-
de, afirma Spacov.
Ao longo do ano, porém, o
economista da gestora de recur-
sos vê fatores que podem fazer
com que o crescimento surpre-
enda para cima, ficando mais
perto de 5% do que dos 3,4% esti-
mados pelo consenso de merca-
do. “Se tivermos a vacinação co-
meçando em janeiro, isso deve
mitigar um pouco o medo do
consumidor. E alguns setores já
pararam de demitir e estão vol-
tando a contratar, como o de
construção civil e o automotivo”,
afirma Spacov, o que tende a re-
verter a queda da confiança.
No cenário do Ibre/FGV, o PIB vai
aumentar 3,6% em 2021, em gran-
de parte devido ao carregamento
estatístico deixado por 2020. No
Boletim Macro de dezembro, a en-
tidade aponta que espera “signifi-
cativa desaceleração do cresci-
mento no primeiro semestre, devi-
do à piora da pandemia e ao fim
das políticas de estímulo imple-
mentadas no ano passado.
vembro, foram pagos R$ 248,3
bilhões para 67,8 milhões de bra-
sileiros pelo governo, na forma
de benefícios emergenciais. As-
sumindo que 27% dos recursos
da poupança fossem gastos nos
primeiros seis meses (percentual
de consumidores que preten-
dem gastar a poupança nesse ho-
rizonte), isso seria o equivalente
a R$ 47 bilhões, ressalta a coorde-
nadora das sondagens.
“O montante gasto nos seis
primeiros meses seria inferior ao
de um mês em média do benefí-
cio emergencial liberado às famí-
lias em 2020, o que seria insufi-
ciente para evitar a queda do
consumo no primeiro semestre
do ano”, pondera Viviane. (AM)
para fins tributários, o que não
acontece no Brasil. Esta precisa-
mente é a origem dos créditos
tributários de diferenças tempo-
rárias relativos a PDD”, diz a enti-
dade. “Considerando apenas os
cinco maiores bancos, em junho
de 2020, eles tinham em seus ati-
vos aproximadamente R$ 153 bi-
lhões em crédito tributários de
PDD, recursos que não são corri-
gidos e que na prática funcio-
nam como um espécie de impos-
to pago pelas instituições.”
Pêgas ainda ressalta que, ao
longo dos dez anos analisados,
houve expressiva distribuição de
lucros, quase metade do lucro lí-
quido do período. “Não é objeti-
vo do artigo polemizar se a tribu-
tação dos bancos está certa ou er-
rada. Contudo, as informações
apresentadas podem e devem ser
úteis para auxiliar nossos legisla-
dores na tomada de decisão em
relação a cobrança de tributos
sobre o lucro das instituições fi-
nanceiras no Brasil”, diz, em refe-
rência à reforma tributária.
A Febraban também se posicio-
na de maneira favorável à reforma
tributária, “necessária para colo-
car ordem e simplificar um siste-
ma com muitas distorções”.
Jornal Valor --- Página 7 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 11/01/2021@20:15:11

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | A7

Jornal Valor --- Página 8 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 11/01/2021@21:26:01

A8 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Brasil
Contas públicas Para governo, retomada da ajuda emergencial exige obediência a teto e fonte de financiamento

Regra fiscal é entrave para volta do auxílio

Fabio Graner, Fabio Murakawa e decretar novo estado de calamida- gunda fase, já com R$ 300 por mês, gente até o fim do ano passado. isso, acompanha o desfecho no contas fiscais”, disse.
Edna Simão de e a tendência tampouco é esten- beneficiou mais de 50 milhões. Nas últimas semanas, tem ha- Congresso sobre a renovação do De acordo com os dados do pai-
Brasília der o auxílio emergencial. Há estu- Esse é justamente o discurso que vido maior pressão de parlamen- auxílio emergencial e seu impac- nel de gastos da covid-19 divulga-
dos sendo feitos no governo para o ministro Paulo Guedes e equipe tares da oposição, reforçada ago- to no Orçamento deste ano, que do pelo Tesouro Nacional, até de-
A equipe econômica acompa- reformular o Bolsa Família, segun- têm feito nos últimos meses. Há, ra pelo deputado Baleia Rossi ainda depende de aprovação. zembro (a página não informa até
nha o movimento de alguns polí- do uma fonte. Esses estudos ainda no entanto, uma ressalva para esse (MDB-SP), pela renovação do au- Há quem defenda no Ministério que dia), o volume total pago de
ticos em torno de uma renovação são internos e não estão sendo de- cenário: caso a leitura do governo xílio, que se encerrou no dia 31 da Economia que as PECs do ajuste auxílio emergencial foi de R$ 293,1
do auxílio emergencial avalian- batidos com os líderes do governo aponte que está em curso uma se- de dezembro — embora ainda fiscal (Pacto Federativo, Emergen- bilhões, para um total de R$ 322
do que para isso ocorrer seria e partidários no Congresso. gunda onda de contaminações haja alguns bilhões remanescen- cial e dos Fundos) sejam votadas bilhões previstos. A diferença, por-
preciso seguir as principais re- Na avaliação da equipe econô- que, por sua vez, leve a um movi- tes a serem pagos para famílias antes da peça orçamentária para tanto, é o que ainda restaria para
gras fiscais: teto de gastos e meta mica, o problema na renovação do mento significativo — determina- neste e no próximo mês. O candi- abrir espaço para novos gastos entra na economia.
de resultado primário. Ou seja, auxílio emergencial é que as limi- do ou não pelos governos — de dato do governo à presidência da sem o descumprimento do teto de Considerando outras despesas
não há uma resistência a priori a tações fiscais acabam restringindo maior distanciamento social e res- Câmara, deputado Arthur Lira gastos. Outra fonte da área econô- excepcionais adotadas pelo go-
um programa mais amplo de au- muito o potencial de alcance de trição de atividades econômicas. (PP-AL), se manifestou contra re- mica considera, no entanto, pouco verno na pandemia, o total de
xílio à população em decorrência um novo auxílio. Nesse contexto, o Caso esse hipótese se concretize, novar o auxílio no curto prazo, provável aprovar a PEC fiscal antes gastos para o combate dos efei-
da pandemia, desde que outras número de pessoas potencialmen- a leitura é que uma renovação do devido à restrição fiscal. do orçamento e ainda têm dúvidas tos da covid-19 somou R$ 524 bi-
despesas sejam cortadas e haja te beneficiadas teria que ser menor auxílio fora das regras fiscais, por Técnicos da equipe econômica sobre o efeito da medida neste lhões até dezembro, para um to-
fonte de financiamento. — lembrando que no início o pa- meio de crédito extraordinário, se- ressaltam que o maior foco de ano. “Não sei se ajudaria muito pa- tal previsto de R$ 604,8 bilhões.
No Palácio do Planalto, a infor- gamento de R$ 600 chegou a mais ria considerada, mesmo que em preocupação do governo é com a ra o ano corrente, mas poderia ser
mação é que não está em discussão de 65 milhões de pessoas. Na se- bases mais restritivas do que a vi- geração de emprego e renda. Por uma sinalização estrutural para as Ler mais na página A10

Indústria reclama da redução de

GIVALDO BARBOSA/AGÊNCIA O GLOBO

medidas antidumping pelo Brasil

Assis Moreira importações. O Brasil, na outra indústria nacional, dificultando
De Genebra direção, tornou-se menos fecha- o uso de medidas antidumping
do, mas a representação da in- por quem está defendendo em-
Enquanto no mundo as medi- dústria mostra o descontenta- prego e renda no Brasil”.
das antidumping contra impor- mento com o que considera re- O governo brasileiro atualizou
tações consideradas com preços médio comercial fragilizado. regras antidumping, incluindo o
desleais aumentaram em 25% na “Na prática, quando reduz o instrumento de interesse públi-
média na última década, no Bra- número dessas medidas [anti- co. Isso ajuda a modificar ou sus-
sil elas caíram 54%, segundo le- dumping] justamente em um pender medidas antidumping
vantamento da Confederação momento em que o mundo a que forem mais prejudiciais para
Nacional da Indústria (CNI). amplia, o Brasil deixa sua indús- o conjunto da economia do que
Em recente relatório, a Organi- tria à mercê de práticas desleais benéficas para um determinado
zação Mundial do Comércio de mercado’’, reclama o diretor setor que sofre com a importação
(OMC) mostra que entre janeiro de Desenvolvimento Industrial considerada desleal.
e junho de 2020 houve aumento da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi. Com essa legislação, o país fi-
de 69% no número de investiga- Nesse cenário, a CNI defende a cou em linha com o que fazem
ções antidumping iniciadas por criação de um sistema que per- parceiros como União Europeia,
países do G-20 (que reúne gran- mita o acompanhamento em Canadá e Nova Zelândia. Mas a
des economias industrializadas e tempo real das importações bra- indústria reclama que o instru-
emergentes) comparado a julho- sileiras de bens dos principais se- mento de interesse público de-
dezembro de 2019. O Brasil abriu tores alvos de práticas considera- veria ser exceção, mas está sendo
quatro investigações, a Índia, 98, das desleais de mercado. adotado como regra e, com isso, Carlos Eduardo Abijaodi, da CNI: “Brasil deixa sua indústria à mercê de práticas desleais do mercado”
a Austrália, 15, o Canadá, 12, e a Para Abijaodi, o que acontece afetando o setor.
Argentina ,11. atualmente é que o governo bra- A indústria reclama também aplicadas aos produtos para sua mento mais favorável para a China do. Segundo a entidade, nos casos
A Índia, integrante do Brics, sileiro, nas investigações anti- que, na revisão de medidas anti- entrada no país. na aplicação de sobretaxas anti- contra a China, o Brasil exige mais
continua sendo o principal utili- dumping, “favorece a empresa dumping, o Brasil reduziu em Alega também que, em 16% dos dumping, ao considerar o país detalhes da indústria nacional do
zador dessas medidas para frear do outro país em detrimento da cerca de 40% na média as taxas casos, o Brasil concedeu um trata- asiático como economia de merca- que EUA e União Europeia.

Atividade econômica Atualize suas contas

Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
dez/20 nov/20 out/20 set/20 ago/20 jul/20 jun/20 mai/20 abr/20 mar/20 Em % Em R$
Indústria* Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
jun/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,4375 0,47 0,5073 0,3274 0,2466 1,81 23,54 998,00
Produção física industrial (IBGE - %)
jul/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,5160 0,57 0,4989 0,3137 0,2466 0,87 23,54 998,00
Total - 1,2 1,1 2,8 3,4 8,6 9,6 8,7 -19,5 -9,4
ago/19 0,0000 0,5000 0,3434 0,4705 0,50 0,4989 0,2798 0,2466 0,07 23,54 998,00
Indústria de transformação - 1,7 1,4 4,0 3,5 9,3 10,4 13,1 -23,3 -10,3
set/19 0,0000 0,5000 0,3434 0,4360 0,46 0,4828 0,2531 0,2466 0,11 23,54 998,00
Indústrias extrativas - -2,4 -2,9 -5,5 1,6 8,7 4,9 -5,3 -0,3 -1,7
out/19 0,0000 0,5000 0,3153 0,4189 0,48 0,4678 0,2385 0,2466 0,10 23,54 998,00
Bens de capital - 7,4 7,4 8,6 5,4 16,0 13,5 32,1 -41,7 -16,2
nov/19 0,0000 0,5000 0,2871 0,3452 0,38 0,4527 0,2239 0,2466 0,10 23,54 998,00
Bens intermediários - 0,1 -0,4 1,2 2,1 10,2 5,2 5,5 -15,0 -4,0
Bens de consumo - 2,1 0,8 4,7 2,6 10,3 16,4 15,2 -26,7 -14,9
dez/19 0,0000 0,5000 0,2871 0,3595 0,37 0,4678 0,2092 0,2466 0,01 23,54 998,00
Faturamento real (CNI - %) - - 2,2 5,1 1,9 8,0 10,7 13,8 -24,5 -3,6 jan/20 0,0000 0,5000 0,2588 0,3447 0,38 0,4284 0,1978 0,2466 0,32 23,54 1.039,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - - 1,7 3,1 3,2 4,9 8,0 7,9 -21,9 -1,9 fev/20 0,0000 0,5000 0,2588 0,2911 0,29 0,4007 0,1995 0,2466 -0,01 23,54 1.045,00
Comércio mar/20 0,0000 0,5000 0,2446 0,3322 0,34 0,4284 0,2035 0,2466 0,09 23,54 1.045,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - 2,0 1,9 3,6 5,5 8,5 11,5 -17,2 -1,0
abr/20 0,0000 0,5000 0,2162 0,2488 0,28 0,4026 0,2198 0,2466 -0,38 23,54 1.045,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - 0,9 0,5 2,9 4,6 8,6 12,2 -16,6 -2,5 mai/20 0,0000 0,5000 0,2162 0,2292 0,24 0,4161 0,2353 0,2466 0,16 23,54 1.045,00
Consultas ao usecheque (ACSP - %) (1) ** -35,8 -23,2 -28,6 -36,5 -55,8 -59,7 -61,4 -76,4 -69,0 -23,6 jun/20 0,0000 0,5000 0,1733 0,2051 0,21 0,4026 0,2507 0,2466 1,32 23,54 1.045,00
Consultas ao sistema de proteção ao crédito (ACSP - %) (1) ** 23,3 13,3 10,2 7,3 -11,3 -35,7 -48,3 -57,5 -56,5 -30,4 jul/20 0,0000 0,5000 0,1303 0,1721 0,19 0,4136 0,2296 0,2466 0,94 23,54 1.045,00
Mercado de trabalho ago/20 0,0000 0,5000 0,1303 0,1503 0,16 0,4136 0,1978 0,2466 0,61 23,54 1.045,00
set/20 0,0000 0,5000 0,1159 0,1485 0,16 0,4002 0,1709 0,2466 1,60 23,54 1.045,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) - - 14,3 14,6 14,4 13,8 13,3 12,9 12,6 12,2
out/20 0,0000 0,5000 0,1159 0,1485 0,16 0,3839 0,1668 0,2466 1,13 23,54 1.045,00
Indicador Coincidente de Desemprego - (FGV/IBRE) (3)* 3,0 3,2 0,0 0,0 -0,8 -0,2 -2,2 1,2 5,9 0,6
nov/20 0,0000 0,5000 0,1159 0,1612 0,15 0,3715 0,1823 0,2466 0,88 23,54 1.045,00
Emprego industrial (CNI - %) - - 0,3 0,6 1,3 -0,8 0,1 -0,5 -1,9 -0,3
dez/20 0,0000 0,5000 0,1159 0,1635 0,16 0,3839 0,2035 0,2466 0,48 23,54 1.045,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (3)* 1,2 -0,4 2,9 7,1 8,7 9,4 14,0 3,0 -42,9 -9,4
jan/21 0,0000 0,5000 0,1159 0,1468 0,15 0,3707 0,2084 0,2466 - 23,54 1.100,00
Balança comercial (US$ milhões)
2021 0,00 0,50 0,12 0,15 0,15 0,37 0,21 0,25 - 0,00 5,26
Exportações 18.365 17.527 17.749 18.242 17.480 19.462 17.516 17.544 17.610 18.348 Em 12 meses * 0,00 6,17 1,97 2,42 2,53 4,89 2,50 3,00 7,36 0,00 5,87
Importações 18.407 13.799 12.383 12.297 11.133 11.507 10.449 13.391 11.611 14.516 2020 0,00 6,17 2,11 2,63 2,76 4,95 2,49 3,00 7,36 0,00 4,71
Saldo -42 3.728 5.367 5.945 6.348 7.955 7.067 4.153 5.999 3.833
Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Fontes: IBGE, CNI, FGV, FIRJAN, ACSP, SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1) Na capital SP. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts. * Metodologia com ajuste sazonal. (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
** Variação em 12 meses. 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para janeiro projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 2020 (1) 2019 2018 2017 2016 2015 Dívida líquida do setor público nov/20 out/20 nov/19
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 7.367 7.407 7.004 6.585 6.269 5.996 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 1.515 1.839 1.916 2.063 1.800 1.796 dez/20 nov/20 2020 2019 12 meses dez/20 nov/20 dez/19 dez/19
Dívida líquida total 4.568,2 61,35 4.435,6 61,22 3.954,5 54,77
Taxa de Variação Real (%) -3,4 1,4 1,8 1,3 -3,3 -3,5 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização 25,9 0,35 25,3 0,35 31,5 0,44
Agropecuária 1,8 0,6 1,3 14,2 -5,2 3,3 IPCA - 0,89 3,13 4,31 4,31 - 5.486,52 5.320,25 5.320,25
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -943,7 -12,67 -1.055,6 -14,57 -585,0 -8,10
Indústria -3,5 0,4 0,7 -0,5 -4,6 -5,8 INPC - 0,95 3,93 4,48 5,20 - 5.664,02 5.449,84 5.449,84
Dívida fiscal líquida 5.486,0 73,68 5.465,9 75,44 4.508,0 62,43
Serviços -3,5 1,7 2,1 0,8 -2,2 -2,7 IPCA-15 1,06 0,81 4,23 3,91 4,23 5.427,28 5.370,35 5.207,14 5.207,14
Formação Bruta de Capital Fixo (%) -4,0 3,4 5,2 -2,6 -12,1 -13,9 IPCA-E 1,06 0,81 4,23 3,91 4,23 5.427,28 5.370,35 5.207,14 5.207,14 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 15,5 15,3 15,1 14,6 15,5 17,8 Dívida interna líquida 5.619,5 75,47 5.602,4 77,33 4.735,4 65,58
FGV
Fonte: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data. * Preços de mercado. ** Banco Central. (1) 3º trim de 2020, nos últimos Dívida externa líquida -1.051,3 -14,12 -1.166,8 -16,10 -780,9 -10,81
IGP-DI 0,76 2,64 23,08 7,70 23,08 924,50 917,54 751,12 751,12
12 meses
Núcleo do IPC-DI 0,34 0,21 2,92 3,23 2,92 - - - - Divisão entre as esferas do governo
IPA-DI 0,68 3,31 31,72 9,63 31,72 1.089,29 1.081,96 827,01 827,01 Governo Federal e Banco Central 3.554,7 47,74 3.403,6 46,98 2.984,3 41,33
IPA-Agro -4,46 6,39 46,94 17,31 46,94 1.639,49 1.716,04 1.115,73 1.115,73 Governos Estaduais 866,6 11,64 881,4 12,16 829,0 11,48
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Ind. 2,97 1,99 26,30 7,13 26,30 890,32 864,63 704,95 704,95 Governos Municipais 84,5 1,14 87,0 1,20 75,7 1,05
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPC-DI 1,07 0,94 5,17 4,11 5,17 621,34 614,74 590,78 590,78 Empresas Estatais 62,4 0,84 63,6 0,88 65,5 0,91
INCC-DI 0,70 1,28 8,81 4,15 8,81 845,27 839,38 776,84 776,84
Salário de Base de calculo Aliquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público nov/20 out/20 nov/19
IGP-M 0,96 3,28 23,14 7,30 23,14 934,76 925,89 759,11 759,11
em R$ em % IR - em R$ Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1) IPA-M 0,90 4,26 31,63 9,08 31,63 1.113,64 1.103,72 846,04 846,04
Até 1.045,00 7,50 Até 1.903,98 - - IPC-M 1,21 0,72 4,81 3,79 4,81 607,70 600,42 579,81 579,81 Total nominal 978,0 13,14 1.011,0 13,95 458,8 6,35
De 1.045,01 a 2.089,60 9,00 De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 INCC-M 0,88 1,29 8,66 4,13 8,66 842,68 835,31 775,49 775,49 Governo Federal** 997,9 13,40 991,2 13,68 421,5 5,84
De 2.089,61 até 3.134,40 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80 IGP-10 1,97 3,51 24,16 6,39 24,16 952,79 934,34 767,39 767,39 Banco Central -13,9 -0,19 24,5 0,34 -5,0 -0,07
De 3.134,41 até 6.101,06 14,00 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 IPA-10 2,27 4,59 33,05 7,70 33,05 1.145,17 1.119,78 860,74 860,74 Governo regional 2,6 0,04 3,8 0,05 39,4 0,55
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 IPC-10 1,27 0,55 4,72 3,68 4,72 608,90 601,25 581,46 581,46 Total primário 664,6 8,93 661,8 9,13 89,5 1,24
Fonte: Previdência Social. Elaboração: Valor Data *Competên- INCC-10 1,12 1,51 8,50 4,11 8,50 830,14 820,97 765,14 765,14 Governo Federal 440,2 5,91 428,2 5,91 -104,8 -1,45
Fonte: Secretaria da Receita Federal
cia dez/20. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de Elaboração: Valor Data Banco Central 0,6 0,01 0,6 0,01 0,4 0,01
FIPE
recolhimento ao INSS Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Governo regional -37,5 -0,50 -38,1 -0,53 -13,0 -0,18
IPC 0,79 1,03 5,62 4,40 5,62 555,92 551,59 526,36 526,36
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras
DIEESE
ICV - - 0,76 3,09 3,07 - - 416,34 416,34
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 3º trimestre = 0,98%, IGP-M 2ª prévia de dez/20 = 1,18% e IPC-FIPE 3ª quadrissemana dez/20 = 0,83%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE, FIPE e DIEESE. Elaboração: Valor Data Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de novembro*
Discriminação Janeiro-novembro Var. novembro Var.
Discriminação Janeiro-novembro Var. novembro Var.
2020 2019 % 2020 2019 % Imposto de Renda Pessoa Física 2020 2019 % 2020 2019 %
Receita Federal
Imposto de renda total 395,4 393,7 0,44 36,2 35,5 1,97
Pagamento das quotas - 2020 1. Receita total 1.334,5 1.478,1 -9,72 139,8 132,6 5,40
Receita Adm. Pela RFB*** 827,3 911,7 -9,26 87,1 81,6 6,73
Imposto de renda pessoa física 37,5 36,3 3,36 3,9 3,5 10,70 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 355,1 378,4 -6,16 39,8 34,0 17,06
Imposto de renda pessoa jurídica 159,7 156,2 2,26 13,5 11,7 15,45 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 152,3 188,1 -19,03 12,9 17,0 -24,30
Imposto de renda retido na fonte 198,2 201,2 -1,51 18,8 20,3 -7,31 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
2. Transferências a Estados e Municípios 239,2 260,6 -8,19 26,6 26,4 0,99
Imposto sobre produtos industrializados 52,1 52,0 0,20 7,0 5,0 40,03 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
3. Receita líquida total (1-2) 1.095,3 1.217,5 -10,04 113,1 106,2 6,49
Imposto sobre operações financeiras 19,7 36,8 -46,58 1,1 3,7 -70,22 1ª ou única 30/06/2020 - Campo 7 4. Despesa Total 1.813,1 1.301,8 39,28 131,4 123,5 6,36
Imposto de importação 41,2 39,7 3,88 5,1 3,6 41,24 2ª 31/07/2020 1,00% Benefícios Precidenciários 625,8 590,3 6,03 51,1 56,1 -8,82
Cide-combustíveis 1,4 2,5 -46,00 0,0 0,2 -83,93 3ª 31/08/2020 1,19% + Pessoal e Encargos Sociais 293,2 293,8 -0,23 28,7 28,9 -0,66
Contribuição para Finsocial (Cofins) 203,5 230,2 -11,59 26,3 21,2 24,34 4ª 30/09/2020 Valor da declaração 1,35% Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 684,1 187,9 264,00 29,5 14,6 102,79
CSLL 82,7 83,3 -0,75 6,9 6,1 13,36 5ª 30/10/2020 1,51% Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 210,0 229,7 -8,58 22,0 24,0 -8,28
PIS/Pasep 58,8 62,0 -5,11 7,2 5,7 25,74 5. Resultado Primário do Gov. Central (3-4) -717,8 -84,2 752,34 -18,2 -17,3 5,51
6ª 30/11/2020 1,67% +
Outras receitas 465,6 489,4 -4,87 50,3 44,1 13,85 Tesouro Nacional e Banco Central -447,1 127,6 - -6,9 4,8 -244,10
7ª 30/12/2020 1,82% Campo 9
Total 1.320,3 1.389,5 -4,98 140,1 125,2 11,94 Previdência Social (RGPS) -270,7 -211,8 27,81 -11,3 -22,1 -48,64
8ª 29/01/2021 1,98%
out/20 set/20 out/19 Dívida líquida do Tesouro Nacional out/20 set/20 out/19
Pagamento com atraso
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Valor % do PIB** Valor % do PIB** Valor % do PIB**
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 48,5 3,32 46,9 4,63 43,3 1,57 Dívida líquida do Tesouro Nacional 3.669,8 49,56 3.625,0 49,20 2.990,9 40,73
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
nov/20 out/20 nov/19 de julho/20 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Dívida líquida interna 3.419,2 46,18 3.380,1 45,88 2.836,8 38,63
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data. Dívida líquida externa 250,6 3,38 244,9 3,32 154,1 2,10
INSS 39,8 -4,12 41,5 24,28 32,6 -4,02 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre o mês anterior Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** PIB em valor corrente, acumulado em 12 meses *** Somando Incentivos fiscais
Jornal Valor --- Página 9 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por ccassiano às 11/01/2021@20:15:57

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | A9

Jornal Valor --- Página 10 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por VDSilva às 11/01/2021@21:28:54
A10 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Política
“Fúria de titãs” na
tela do Senado
Andrea Jubé
”N
ão tem
clima para
um nome
do MDB
[na
presidência do Senado]”,
sentenciou à coluna um
influente dirigente partidário
na última semana.
Ressalto que este cacique
atirou às cordas a maior
bancada da Casa num cenário
ainda menos adverso do que o
de hoje, quando os seis
senadores do PT se perfilaram
ao postulante do DEM, Rodrigo
Pacheco (MG) – candidato do
presidente Davi Alcolumbre
(DEM-AP).
Pacheco também é o
escolhido do presidente Jair
Bolsonaro, que está em campo
na figura do filho, Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ). O
PP do senador Ciro Nogueira
(PI) também já teria selado
apoio a Pacheco, mas ainda não
tornou pública a aliança.
É com esse enredo que, pela
primeira vez em 20 anos, o MDB
lança-se na disputa pela
presidência do Senado sem o
favoritismo histórico. Até a
surpreendente vitória de
Alcolumbre sobre Renan
Calheiros (AL) em 2019, foram 18
anos sucessivos de hegemonia do
partido na Casa.
A era emedebista teve início
em 2001, com a acachapante
vitória de Jáder Barbalho (PA)
sobre o senador Arlindo Porto
(PTB-MG), o inexpressivo
candidato improvisado pelo
todo-poderoso Antônio Carlos
Magalhães (BA), do então PFL.
A partir de Jáder, sete
emedebistas revezaram-se,
sucessivamente, na cadeira da
presidência, amparados pela
“regra da proporcionalidade”, a
tradição de que a maior bancada
elege o presidente.
“Erro do MDB é não
descer do altar da
maior bancada”
Depois do ex-governador do
Pará, vieram: Edison Lobão
(MA), Ramez Tebet (MS), José
Sarney (AP), Renan Calheiros,
Garibaldi Alves (RN), Eunício
Oliveira (CE).
Essa concentração de poder
emedebista transbordou entre
2009 e 2016, quando o partido
acumulou a presidência das
duas Casas na maior parte do
tempo. Nesses sete anos,
enquanto Sarney e Renan
alternaram-se na direção do
Senado, os emedebistas Michel
Temer (SP), Henrique Alves
(RN) e Eduardo Cunha (RJ)
deram as cartas na Câmara,
com um petista no intervalo
(Marco Maia-RS).
Em 2016, Cunha foi para o
cadafalso, Rodrigo Maia
(DEM-RJ) sentou na cadeira, e o
resto é história. Os fatos
mostram que a briga entre
PFL/DEM e MDB pelo poder no
Congresso é velha como a
invenção da roda. Sarney
ocupou a cadeira pela primeira
vez em 1995, antes que o velho
ACM ascendesse em 1997.
Uma liderança do MDB, que
fez escola no Senado, disse à
coluna que não vê toda essa
“antipatia” à legenda entre os
senadores. Reconhece,
contudo, que as circunstâncias
mudaram, e a “regra da
proporcionalidade” não se
aplica mais, automaticamente.
O que havia no passado era
um “acordo de cavalheiros”, de
que a maior bancada elegia o
presidente porque formava a
maioria a partir dessa
prerrogativa. Quando Antônio
Carlos Magalhães tentou violar
essa regra tácita em 2001,
mesmo com toda a força
política, saiu derrotado. “Hoje
essa tradição não basta”, admite
este emedebista.
Segundo ele, embora
representante do DEM, com
cinco senadores, Davi
Alcolumbre fez um bom
trabalho, construiu uma rede
de relacionamentos e laços de
confiança. Seria reconduzido
sem sustos, se o Supremo
Tribunal Federal (STF) não
tivesse feito a opção pela
Constituição Federal.
Assim, quando derrotou
Renan há dois anos,
Alcolumbre incorporou o Davi
que abateu o gigante Golias, e,
ao mesmo tempo, rompeu com
a velha tradição.
Quando Jáder derrotou o
candidato de ACM em 2001, o
MDB tinha uma bancada de 38
senadores. Nos tempos de
Jáder, Sarney e Renan, a
bancada emedebista oscilava,
em média, entre 25 e 30
senadores.
Com o “tsunami” que atingiu
o MDB nas urnas em 2018, não
se reelegeram gigantes como
Romero Jucá (RR), Eunício,
Lobão e Roberto Requião (PR).
A bancada encolheu e, mesmo
majoritária, tem 13 integrantes.
Hoje aumentará para 15
representantes, com a volta de
Rose de Freitas (ES), que
desfalca o Podemos, e o
ingresso de Veneziano do Rêgo
(PB), ex-PSB.
Em paralelo ao encolhimento
do MDB, outros partidos
inflaram. A renovação de
quadros gerou equilíbrio entre as
bancadas: o PSD encostou no
MDB com 11 integrantes. Sem
Rose, o Podemos ficará com nove.
Nessa nova conjuntura, as
demais lideranças do Senado
passaram a questionar a
hegemonia de um partido
imposta exclusivamente pelo
tamanho da bancada. Por isso,
o recado ao MDB é de que, antes
de exercer a maioria, será
necessário construí-la.
A contabilidade do grupo de
Rodrigo Pacheco indica que o
candidato de Alcolumbre e do
Planalto larga com 37 votos.
Sem abater os dissidentes, é a
soma dos votos de DEM (5), PSD
(11), Republicanos (2), PL (3),
PROS (3), PT (6), PP (7).
Pela mesma matemática, sem
excluir dissidentes, o MDB não
fica muito para trás, e larga com
31, se conseguir trazer Podemos
e PSDB. A soma seria: MDB (15),
Podemos (9), PSDB (7).
Há dissidentes notórios,
entretanto: Roberto Rocha
(MA) é tucano, mas é fechado
com Alcolumbre desde o berço.
Em 2001, a prerrogativa de
que a maior bancada deveria
eleger o presidente do Senado
foi confrontada, e prevaleceu.
Duas décadas depois, está
novamente em xeque.
Em 2001 o MDB tinha um
cacique, o então presidente da
sigla, Jáder Barbalho, contra um
oponente que era considerado
um “sparring”. Agora o MDB
vem igualmente forte: Eduardo
Braga é líder da bancada, e foi
governador do Amazonas.
Simone Tebet (MS) é presidente
da Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ), e filha de
ex-presidente da Casa.
O adversário é um senador de
primeiro mandato, mas com
uma biografia mais encorpada
que a de Arlindo Porto. Foi
presidente da CCJ na Câmara, e
entra em campo carregado nos
ombros pelos presidentes do
Senado e do Executivo.
Um outro dirigente
partidário diz que falta ao MDB
humildade para interpretar a
nova correlação de forças no
Senado. “O erro do MDB é não
descer do altar da maior
bancada”.
Se em 2019, o filme que
passou na tela da TV Senado foi
“Davi e Golias”, a programação
agora oferece outro clássico:
“Fúria de titãs”.
Andrea Jubé é repórter de Política em
Brasília. Escreve às terças-feiras
E-mail andrea.jube@valor.com.br
Pacheco reúne do bolsonarismo ao
PT e começa a isolar MDB no Senado
Renan Truffi e Vandson Lima
De Brasília
Com o apoio de cinco parti-
dos, o DEM começou a fechar
um arco de alianças que pode
dificultar a recuperação do MDB
na corrida pela presidência do
Senado. Ontem, a candidatura
de Rodrigo Pacheco (DEM-MG),
apadrinhado de Davi Alcolum-
bre (DEM-AP), recebeu apoio de
mais duas legendas: PT e PSC,
que agora se juntam a PSD, Pros
e Republicanos, siglas que já ha-
viam ingressados no bloco de-
mocrata. A movimentação vol-
tou a pressionar os emedebistas,
que devem escolher até o fim
desta semana o nome que irá
entrar na disputa pelo comando
da Casa.
Ao todo, Pacheco já tem uma
base de 28 votos para a eleição
interna. Como são necessários
41 para a vitória, o DEM precisa
agora de apenas 13 apoiamen-
tos para conseguir eleger o su-
cessor de Alcolumbre, atual co-
mandante da Casa. Caso não ha-
ja nenhuma “traição” até o iní-
cio de fevereiro, por exemplo, o
senador mineiro receberá pelo
menos os votos de 11 senadores
do PSD, seis do PT, três do Pros,
dois do Republicanos, um do
PSC, além de cinco da própria
bancada do DEM.
Principal cabo eleitoral de Pa-
checo, Alcolumbre continua à
frente de viagens e reuniões que
têm projetado um cenário favo-
rável ao DEM. Ontem, ele foi ao
Rio de Janeiro para conversar
com nomes como Romário (Po-
demos-RJ) e Carlos Portinho (PL-
RJ), que assumiu o mandato de-
pois da morte do senador Arolde
de Oliveira. O Podemos tem uma
das bancadas mais numerosas
Lira e Baleia reafirmam apoio a teto
Marcelo Ribeiro
De Brasília
A necessidade de conciliar a
criação de uma alternativa após
o fim do auxílio emergencial e o
teto de gastos voltou ontem ao
centro do debate promovido pe-
los principais candidatos a presi-
dente da Câmara dos Deputados.
Candidato apoiado pelo gover-
no, Arthur Lira (PP-AL) afirmou
que qualquer medida deve res-
peitar o teto de gastos.
“Não sou mágico, não tem co-
mo propor uma solução a curto
prazo, sem abalar o que todo
mundo preza”, afirmou Lira so-
bre risco de extrapolar o Orça-
mento da União para financiar o
programa de socorro financeiro.
“Estamos no recesso sem Orça-
mento, sem previsão de PLN
[projetos de crédito orçamentá-
rio]”, completou.
Ele disse que chegou a defen-
der, ao longo de 2020, a criação
de um novo programa social en-
quanto vigoravam os efeitos da
PEC do Orçamento de Guerra.
“Não dá pra falar vamos votar
o auxílio agora sem falar de onde
tirar recurso”, disse Lira. “Com
calma e muita firmeza, o único
Bolsonaro cobra voto de ruralistas em Arthur Lira
Fabio Murakawa
De Brasília
O presidente Jair Bolsonaro
cobrou ontem deputados da
bancada ruralista para que vo-
tem em seu candidato, Arthur Li-
ra (PP-AL), na eleição para a pre-
sidência da Câmara.
Líder do Centrão, Lira disputa o
cargo com Baleia Rossi (MDB-SP),
cuja candidatura é apadrinhada
pelo atual presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), e conta
com o apoio dos partidos de es-
querda. Bolsonaro disse ainda que
a eleição na Câmara “tem que ser
coração, não tem que ser razão”.
A fala do presidente ocorre de-
pois que o presidente da Frente
Parlamentar da Agropecuária
(FAP), Alceu Moreira (MDB-RS),
anunciar voto a Baleia, que é seu
colega de partido. O próximo pre-
sidente da frente, Sergio Souza
(MDB-PR), também já teria sinali-
Rodrigo Pacheco: senador conta com Alcolumbre como cabo eleitoral e está a 14 votos de obter a maioria absoluta
do Senado, mas ainda está dividi-
do sobre os rumos da eleição. Já o
PL tem um bancada menor, de
três senadores.
Além disso, o principal trunfo
do DEM nos próximos dias pode
ser o PP, que tem uma bancada
de sete senadores. A sigla é co-
mandada por Ciro Nogueira
(PP-PI), parlamentar que tem
proximidade com o presidente
Jair Bolsonaro. Nos bastidores, a
legenda tenta construir uma
aliança que traga algum benefí-
cio para a candidatura de Arthur
Lira (PP-AL) na Câmara dos De-
putados, onde DEM e PP estão
em lados opostos.
Do outro lado, está o MDB que
deve decidir seu candidato até o
fim desta semana. O estremeci-
mento nas relações entre a sigla e
o Palácio do Planalto, durante o
caminho é votar rapidamente o
Orçamento com a CMO [Comis-
são Mista do Orçamento] e ainda,
na primeira quinzena, o governo
possa fazer algum aceno com o
Orçamento de modo que não se
crie problemas”, acrescentou.
Foi uma resposta ao seu maior
adversário na disputa, Baleia
Rossi (MDB-SP), que, em aceno à
oposição, chegou a defender a
votação da prorrogação do auxí-
lio emergencial. O emedebista é
apoiado pelo presidente da Câ-
mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
“Minha pauta não é liberal eco-
nômica por natureza, não. Eu vo-
to as coisas que o Brasil precisa
para se desenvolver. Mas, quem
sempre defendeu teto e respon-
sabilidade fiscal não pode dar um
chute no pau do circo”, disse Lira.
Ontem, porém, Baleia Rossi
defendeu que se busque fonte
de financiamento dentro do teto
para bancar a ampliação do Bol-
sa Família ou viabilizar a conti-
nuidade do pagamento do auxí-
lio. “Toda solução, no meu en-
tendimento, tem que ser dentro
do teto de gastos, que foi uma
ação que organizou o gasto pú-
blico”, disse Baleia.
“É uma questão de reorganizar
zou apoio ao emedebista.
Questionado pelo Valor sobre
a declaração do presidente, Mo-
reira respondeu: “A eleição não é
entre Rodrigo Maia e Bolsonaro”.
Ao falar com apoiadores no Pa-
lácio da Alvorada, Bolsonaro co-
brou os deputados ligados ao
agronegócio, que estão divididos.
“O campo nunca teve um tra-
tamento justo e honesto como
teve comigo, em todos os aspec-
tos. Alguns parlamentares do
campo, em vez de apoiar o nosso
candidato, estão apoiando o ou-
tro o outro candidato”, disse Bol-
sonaro. "Não entendo essa... Nós
temos que ter unidade.”
O presidente lembrou, então,
que PT, PCdoB e Psol apoiam Ba-
leia. E afirmou que essas legen-
das "não deixaram a gente votar"
a medida provisória que obriga a
publicação de balanços de em-
presas em jornais impressos.
O fim dessa exigência está pre-
fim de semana, reduziu a escolha
do partido a dois nomes: Eduar-
do Braga (MDB-AM), atual líder
do partido, e Simone Tebet
(MDB-MS), presidente da Comis-
são de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado. Os outros dois
pré-candidatos da legenda,
Eduardo Gomes (MDB-TO) e Fer-
nando Bezerra Coelho (MDB-PE),
perderam força por serem líde-
res do governo no Legislativo.
Além disso, os emedebistas de-
vem oficializar, amanhã, a filia-
ção de mais dois senadores: Ve-
neziano Vital do Rego (ex-PSB) e
Rose de Freitas (ex-Podemos).
Desta forma, o partido terá 15 se-
nadores e se consolidará como a
maior bancada da Casa. Agora a
esperança do MDB são os votos
de Podemos (nove senadores),
PSDB (sete) e Cidadania (três), o
despesas. Governar é eleger prio-
ridades, e acho que neste mo-
mento uma das prioridades tem
que ser encontrar financiamento
para: ou reforço do Bolsa Família
ou uma alternativa ao auxílio
emergencial, enquanto não ti-
vermos a vacina”, acrescentou.
Além disso, ele defendeu a
construção de uma agenda social
no Parlamento para amparar a
população vulnerável durante a
pandemia. Durante a entrevista,
Baleia afirmou que a aprovação
da reforma tributária é “vital” pa-
ra a retomada da atividade eco-
nômica e é determinante para
gerar emprego e renda
. “Acho que nós temos que con-
tinuar nesse esforço de uma
agenda com responsabilidade
fiscal, de reformas. Eu sou autor
de uma reforma tributária que
está tramitando, que está com o
texto praticamente pronto. Além
de buscar as soluções para esse
enfrentamento da pandemia e
da vacina, que têm que ser priori-
tárias, nós precisamos também
de uma agenda que faça a econo-
mia reagir”.
O formato da votação — se ela
será necessariamente presencial
ou poderá ser feita de forma re-
visto para ocorrer em dezembro
de 2021, de acordo com lei san-
cionada por Bolsonaro em abril
de 2019. Mas o envio da MP pelo
presidente, antecipando o prazo,
foi visto como uma retaliação às
críticas que ele vinha recebendo
da imprensa. A MP perdeu a vali-
dade em dezembro daquele ano
depois que o Congresso delibera-
damente deixou de votá-la.
“Nós não podemos ter dois
anos pela frente com a esquerda
fazendo a pauta [da Câmara]. Do
lado de lá, estão o PT, o PCdoB e o
Psol, que atrapalharam a gente
por dois anos. Fizeram as pautas.
Que não deixaram a gente votar,
por exemplo, a medida provisó-
ria dos balancetes”, afirmou. “En-
tão, pelo amor de Deus, pô! O
que eu fiz para o campo? O cam-
po está bombando, o campo tem
que estar comigo, pô. Isso é o mí-
nimo de razoabilidade que eu
peço para eles para poder levar as
LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA BRASIL
que totaliza 19 votos.
A adesão dos petistas ao bloco
foi o revés do dia para o MDB. O
anúncio contrariou as súplicas
de líderes emedebistas para que
o partido aguardasse a definição
da sua candidatura. Em vez disso,
o PT divulgou um comunicado
no qual minimizou a aliança
com o DEM, do qual é um adver-
sário histórico.
“O PT tem bastante claro que a
aliança com partidos dos quais
divergimos ideologicamente [...]
se dá exclusivamente em torno
da eleição da Mesa Diretora do
Senado”, diz o trecho. Apesar da
proximidade de Alcolumbre e
Bolsonaro, o partido também ex-
plicou que apresentou “compro-
missos” junto a Pacheco para
“enfrentar a agenda de retroces-
sos da extrema-direita”.
mota — permanece provocando
divergências entre os dois gru-
pos.Após pedido de aliados de Li-
ra, o presidente da Câmara sinali-
zou que deve convocar uma reu-
nião da Mesa Diretora da Casa
até o fim da semana para tratar
do assunto. Quatro dos seis inte-
grantes titulares da mesa são
aliados do líder do PP e apoiam a
candidatura dele.
Lira quer que a disputa seja inte-
gralmente presencial. Reservada-
mente, o presidente da Câmara
considerou a possibilidade de um
formato misto, onde parlamenta-
res idosos e com comorbidades
pudessem votar à distância.
Como o regimento prevê que a
reunião da Mesa deve ser convo-
cada pelo presidente da Casa ou
por quatro membros efetivos,
Maia decidiu que promoverá o
encontro. A cúpula da Câmara
também deve fechar uma data
para a eleição. Maia já havia sina-
lizado que ocorreria em 2 de fe-
vereiro, um dia depois da eleição
da presidência do Senado. Lira,
porém, afirmou que o resultado
da disputa do Senado poderia in-
terferir na eleição da Câmara. Por
isso, ele acredita que ambas de-
vem acontecer no mesmo dia.
nossas pautas para a frente.”
Ainda cobrando os ruralistas,
Bolsonaro prosseguiu nas co-
branças citando a MP da regula-
rização fundiária, que caducou
no ano passado no Congresso,
como exemplo de medida que
poderia beneficiar o campo, atri-
buindo a Maia a caducidade.
“O mínimo que eu peço para os
parlamentares do campo, que eu
tenho profundo apreço por eles, é
que vote no nosso candidato para
a Mesa, para a gente não deixar
mais caducar medidas provisó-
rias”, disse. “E agora eu vejo o pes-
soal do agronegócio, alguns pou-
cos, apoiando um candidato que
está do lado da esquerda.”
O presidente disse não ter “na-
da pessoalmente contra” Baleia
Rossi, que ele chama de “o candi-
dato do outro lado”.
“Pessoalmente, eu gosto dele.
Agora, ele está junto com PT, PC-
doB e Psol”, afirmou.
Jornal Valor --- Página 11 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por VDSilva às 11/01/2021@20:57:36

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | A11

Política
“Live” do Valor Para Paulo Hartung, país poderá ter novo ‘voo de galinha’ se a vacinação demorar ainda mais

‘Obsessãocom2022levarápaísaodescaminho’
Cristiane Agostine
De São Paulo
Em meio à disputa política que
envolve a vacinação contra a covid-
19 no país, o ex-governador do Es-
pírito Santo Paulo Hartung (sem
partido) criticou a demora do pre-
sidente Jair Bolsonaro para viabili-
zar a imunização imediata no país
e disse que a obsessão com a dispu-
ta presidencial de 2022 poderá jo-
gar o país no “descaminho”.
Ao participar de “live” promovi-
da pelo Valor ontem, Hartung dis-
se que os nomes para sucessão pre-
sidencial serão construídos ao lon-
go de 2021. As respostas dadas pe-
los governantes neste ano para
combater a pandemia ajudarão a
definir quem terá viabilidade na
disputa pela Presidência, na ava-
liação do ex-governador.
Sem citar diretamente o presi-
dente Jair Bolsonaro, pré-candida-
to à reeleição, Hartung disse que
quem não tiver a capacidade de li-
derar a vacinação dos brasileiros,
implementar medidas para reto-
mar o crescimento econômico e o
combater ao desemprego, e orga-
nizar a retomada das aulas, por
exemplo, deverá ser penalizado na
disputa presidencial. “É esse am-
biente que vai levar a 2022”, afir-
mou. “Ficar cegamente com o olho
obcecado em eleições que vão
acontecer em 2022 — e tem uma
eternidade até 2022 — é jogar o
país para um descaminho”, disse.
“O que vai acontecer em 2022?
Vai ser produto do que acontecer
em 2021, não o que aconteceu nas
eleições municipais. As eleições
municipais foram disputadas em
ambiente artificial, com injeção de
dinheiro, bonança em plena pan-
demia, família com renda maior
do que renda normal”, afirmou, re-
ferindo-se ao auxílio emergencial,
que chegou a R$ 1,2 mil para parte
Paulo Hartung, em ‘live’ do Valor: “A sustentabilidade da retomada depende de providências e estamos atrasados”, disse ex-governador, citando imunização
das famílias brasileiras.
Próximo de Luciano Huck, o ex-
governador elogiou o envolvimen-
to do apresentador em debates na-
cionais e ressaltou a projeção polí-
tica obtida pelo líder do MTST Gui-
lherme Boulos (Psol) na disputa
pela Prefeitura de São Paulo. Har-
tung disse que a participação de
Huck é “muito importante” e des-
creveu o apresentador como “ca-
rismático e popular”. Questionado
sobre Boulos, disse ter visto com
“bons olhos” a emergência do can-
didato do Psol e destacou também
a projeção do prefeito reeleito da
capital, Bruno Covas (PSDB).
Hartung cobrou agilidade do
governo federal não só para viabi-
lizar a vacinação, mas também pa-
ra promover o crescimento econô-
mico, sob o risco de o país ter mais
um “voo de galinha” neste ano.
“No ano passado, o governo inje-
tou dinheiro significativamente
na sociedade, além das possibili-
dades do país. De certa forma, isso
permitiu que a queda de PIB fosse
menor do que a prevista no início
da pandemia”, afirmou, em refe-
rência ao auxílio emergencial.
“Mas a sustentabilidade da reto-
mada depende de providências e
estamos atrasados”, disse, citando
a falta de vacinação. “Podemos não
construir a sustentabilidade para a
retomada [econômica].” Além do
atraso na imunização, o ex-gover-
nador apontou outro grave pro-
blema do país: o desemprego de
mais de 14 milhões de brasileiros.
Com a experiência de oito man-
CLÁUDIO BELLI / VALOR
datos no Executivo e Legislativo ao
longo de sua trajetória política,
Hartung listou os temas que consi-
dera prioritários: vacinação, rees-
truturação de programas de trans-
ferência de renda — com recursos
dentro do Orçamento da União —,
retorno às aulas, combate ao de-
semprego, melhoria no ambiente
de negócios com a atração de in-
vestimentos, e a ancoragem do en-
dividamento — via PEC Emergen-
cial ou PEC do pacto federativo.
“Precisamos de mais ação das li-
deranças do país. Se não fizermos o
que precisa ser feito, vamos inter-
romper processo de retomada da
economia”, reforçou. “Se o país não
liderar, o início de retomada do fi-
nal do ano passado vai ser literal-
mente mais um voo de galinha na
história econômica do país.”
Ao avaliar o processo de suces-
são no comando da Câmara e do
Senado, Hartung afirmou que os
novos dirigentes devem fazer a de-
fesa enfática das instituições e da
democracia, além de impedir a tra-
mitação de pautas “equivocadas”.
Como exemplo, citou a proposta
de retirar o poder dos Estados so-
bre a administração das polícias ci-
vil e militar. O ex-governador co-
brou o avanço de reformas como a
fiscal e a administrativa, sob o no-
vo comando das duas Casas Legis-
lativas. A eleição na Câmara e no
Senado será em fevereiro.
Com longa carreira política,
Hartung foi governador do Espíri-
to Santo por três mandatos (2003-
2010 e 2015-2018), senador, pre-
feito de Vitória, deputado federal e
deputado estadual. Formado em
economia pela Universidade Fede-
ral do Espírito Santo (Ufes), co-
manda a Indústria Brasileira de Ár-
vores (Ibá), associação que reúne a
cadeia produtiva de árvores plan-
tadas para fins industriais.
Hartung defendeu o combate a
atividades ilegais na região ama-
zônica, como o desmatamento e o
garimpo, e disse que o Brasil preci-
sa dar indicações claras de que tem
lutado contra esses problemas, pa-
ra poder atrair investimentos.
“Não é disputa ideológica”, disse,
citando a pressão de grandes fun-
dos de investimentos e de empre-
sas e governos europeus para que
o Brasil combata práticas ilegais na
Amazônia. “O dever de casa é nos-
so e precisamos fazer para virar pá-
gina e assumir outra postura.”

Live PARTICIPANTES

O FUTURO DO
CATERING SEM
EVENTOS À VISTA Larissa Januário
Jornalista e chef
especializada em eventos
Morena Leite
Chef e sócia do Capim Santo

O PEGN Labs, apresentado por Santander e Rio

Gastronomia, inicia 2021 com uma nova série de MEDIAÇÃO
HOJE,
encontros com profissionais do setor
gastronômico, que vai levar informação e
capacitação para os empreendedores. Na
primeira live do ano, vamos falar sobre o cenário
atual, os desafios e as oportunidades do catering
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Jornal Valor --- Página 12 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por VDSilva às 11/01/2021@21:29:41
A12 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Política
Congresso Baleia afirma que propostas são sem sentido e diz que União e Estados devem cooperar entre si
Lira aceita debater projetos sobre polícias
Marcelo Ribeiro e Vandson Lima
De Brasília
Principais candidatos ao co-
mando da Câmara, os deputados
Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi
(MDB-SP) deram sinalizações di-
ferentes sobre o futuro dos proje-
tos de lei que pretendem restrin-
gir o poder político dos Estados
sobre as polícias civil e militar e
os bombeiros de todo o país.
Enquanto o emedebista fe-
chou as portas para o debate, o lí-
der do PP indicou que os textos
poderiam ser analisados se hou-
ver concordância da maioria dos
líderes da Casa. Entre os senado-
res, Major Olímpio (PSL-SP) disse
que “não há a menor possibilida-
de” de os projetos em discussão
no Congresso Nacional, que pro-
põem mudanças na estrutura
das polícias, reduzirem o poder
de comando dos governadores
sobre as polícias civil e militar.
Reportagem publicada pelo
jornal “O Estado de S. Paulo” reve-
lou que propostas que tramitam
no Poder Legislativo podem limi-
tar o controle político dos gover-
nadores sobre as polícias ao pre-
ver mandato de dois anos para os
comandantes-gerais e delega-
dos-gerais, além de impor condi-
Blindagem a PMs atende a plano de Bolsonaro
Cristian Klein
Do Rio
Especialistas em segurança
pública consultados pelo Valor
criticaram os dois projetos de lei
que buscam dar autonomia às
polícias civil e militar e são de-
fendidos por aliados do presi-
dente Jair Bolsonaro (sem parti-
do) no Congresso. Tanto o dire-
tor-presidente do Fórum Brasi-
leiro de Segurança Pública, Rena-
to Sérgio de Lima, quanto o an-
tropólogo Luiz Eduardo Soares,
ex-secretário Nacional de Segu-
rança Pública, e a cientista políti-
ca Ilona Szabó, presidente do Ins-
tituto Igarapé, consideram que
as propostas, se aprovadas, re-
presentariam uma “blindagem”
das corporações, com graves
consequências políticas, institu-
cionais, fiscais e para as eleições
presidenciais em 2022.
“Esse projeto significa a blin-
dagem definitiva e irreversível
das polícias e a declaração de sua
independência, o que correspon-
deria, sejamos francos, ao fim das
veleidades democráticas no Bra-
sil. Populações vulneráveis já são
reféns. Governadores já são re-
féns. A resistência pela democra-
cia sofreria seu revés mais grave”,
afirma Soares.
Para Renato Sérgio de Lima,
entre os pontos mais preocupan-
tes está o processo de federaliza-
ção da segurança pública brasi-
leira — cuja competência é esta-
dual segundo a Constituição de
1988 — agravado pela falta de
controle do poder político. Ele
argumenta que a reforma da Pre-
vidência, de 2019, já incluiu um
“jabuti” nesse sentido, ao atri-
Morre Alencar Furtado, ex-deputado Para OAB, titular da Justiça criminaliza e
federal do MDB cassado pela ditadura tenta intimidar trabalho da imprensa
Carolina Freitas
De São Paulo
Morreu na madrugada de on-
tem em Brasília o advogado e ex-
deputado federal José Alencar
Furtado, aos 95 anos. Alencar Fur-
tado teve o mandato parlamentar
cassado pelo governo militar, em
1977, com base no Ato Institucio-
nal nº 5 (AI-5). A justificativa da
ditadura para cassar o então líder
do MDB na Câmara foi um pro-
nunciamento de Furtado em pro-
grama de rádio e TV do partido,
em que o político homenageou
parlamentares cassados, presos e
exilados pelo regime.
“O programa do MDB defende a
inviolabilidade dos direitos da
pessoa humana para que não haja
lares em prantos. Filhos órfãos de
pais vivos – quem sabe – mortos,
talvez. Órfãos do talvez ou do
quem sabe. Para que não haja es-
posas que enviúvem com maridos
Lira: candidato a presidente da Câmara apoiado por Bolsonaro disse que não tem preconceito contra nenhuma pauta
ções para que eles sejam exonera-
dos antes do prazo. Em entrevista
coletiva, Lira repetiu ontem a fór-
mula que vem usando para res-
ponder perguntas sobre propos-
tas polêmicas. Ele disse que, se for
eleito presidente da Câmara, po-
derá pautar as propostas caso a
buir ao presidente da República,
e não aos governadores, a prerro-
gativa de legislar sobre o assunto
no que se refere à polícias. “Ou
seja, é uma coisa que vem acu-
mulando, de pouquinho em
pouquinho. Vai fechando o cerco
e, chega em 2022, está tudo do-
minado, para usar uma expres-
são popular”, diz.
Para Lima, os projetos passam
ao largo de preocupações da área,
como a eficácia do policiamento,
e se atêm a questões de prerroga-
tivas e status: “É uma peça que, de
segurança pública, não tem nada.
É de blindagem corporativista. Os
governadores passariam a ser me-
ros pagadores de folha”. Ou nem
isso, aponta. Lima afirma que a
tendência é que a União passasse
a arcar com a despesa, como já
ocorre em relação à capital fede-
ral, por meio de um fundo consti-
tucional. “A União já paga as poli-
cias do DF. O projeto não fala isso,
porque se falasse, obviamente, a
área econômica não aprovaria. É
um jabuti. Mas esse é o resultado
lógico”, afirma. O analista diz que
os gastos dos Estados com a folha
de segurança giram em torno de
R$ 70 bilhões. Mas poderiam che-
gar a R$ 150 bilhões com as reivin-
dicações de isonomia com a polí-
cia do Distrito Federal, a mais bem
remunerada.
Lima lembra que a proposta rela-
tiva à Polícia Militar é de 2001 mas
foi no governo Bolsonaro que ga-
nhou força “exatamente por esse
pacto tácito” que o presidente “tem
com os policiais”. O especialista afir-
ma que a invasão do Congresso dos
Estados Unidos por apoiadores do
presidente Donaldo Trump, na se-
mana passada, mostrou que a preo-
vivos, talvez, ou mortos, quem sa-
be? Viúvas do quem sabe e do tal-
vez”, disse, na ocasião, Furtado. A
expressão “viúvas do quem sabe e
do talvez” seria depois usada na lu-
ta pela anistia. “Órfãos do Talvez” é
título de um livro publicado por
Furtado, em 1979.
De acordo com a família, o po-
lítico morreu em casa, em decor-
rência de insuficiência renal. Ele
foi velado e sepultado ontem no
Cemitério Campo da Esperança,
na Asa Sul, na capital federal.
Deixa a mulher, Míriam Caval-
canti Alencar, que conheceu nos
anos 1950 na Faculdade de Direi-
to do Ceará, em Fortaleza. Furta-
do nasceu em Araripe (CE). Após
o casamento, o casal mudou-se
para Paranavaí (PR). Ele foi mili-
tante da Esquerda Democrática,
dissidência da UDN, e um dos
fundadores do Partido Socialista
Brasileiro (PSB) no Ceará.
Na época da cassação de Alencar
maioria dos líderes concorde.
“A gente tem que primeiro se-
parar o que o deputado Arthur
pensa do que o possível presiden-
te da Câmara vai fazer. Eu não vou
engavetar projeto que eu não
concorde e nem pautar projeto
que eu ache que é o correto. Nos-
cupação “não é um mero diletantis-
mo de alguns analistas”. O Bolsona-
ro está tentando construir por baixo
essas duas leis porque aí as polícias
teriam autonomia total para rivali-
zar com os governadores, e ele ter a
prerrogativa de poder controlar e
decidir o destino das polícias, o que
as fariam até mais poderosas que as
Forças Armadas”, diz.
Ele lembra que jornais como
“The Washington Post” e “The
Guardian” apontaram que “vários
dos manifestantes que invadiram
o Capitólio eram policiais”. “Ima-
gine agora algo nas eleições de
2022 parecido com o que aconte-
ceu com o Trump e as polícias lá na
frente digam: ‘Ah, a gente não acei-
ta, acha que teve fraude’. Quem é
que vai segurar?”, diz.
De acordo com o projeto sobre
a Polícia Militar, o comandante
da força seria escolhido por lista
tríplice enviada pela corporação
e só poderia ser demitido com o
aval da Assembleia Legislativa.
Para Ilona Szabó, além de con-
flitar com o pacto federativo bra-
sileiro, as propostas pretendem
dar uma autonomia às polícias
que são incompatíveis com o Es-
tado Democrático de Direito. Em
sua opinião, “as instituições ar-
madas do Estado, como as polí-
cias e as Forças Armadas, preci-
sam estar sob comando civil e su-
bordinadas às leis e às lideranças
eleitas democraticamente”.
Defensor da desmilitarização
das polícias, Luiz Eduardo Soa-
res classifica as propostas como
“um insulto à democracia” e
“uma ameaça da maior gravida-
de ao que nos resta do Estado
democrático de direito”. Ele ar-
gumenta que a transição políti-
Furtado, o presidente era o general
Ernesto Geisel, e o governo dizia
estar em um momento de “disten-
são lenta, gradual e segura”. O dis-
curso do líder do MDB, no entanto,
não foi tolerado. Participaram do
programa de rádio e TV o presi-
dente do partido, Ulysses Guima-
rães, o líder no Senado, Franco
Montoro (SP), e o presidente do
Instituto Pedroso Horta, deputado
Alceu Colares (RS). Os quatro criti-
caram o AI-5, o alto custo de vida e
o arrocho salarial. Eles formavam
um grupo que se denominava o
MDB “autêntico”.
Ao longo de seu mandato de de-
putado, Alencar Furtado fez 40 dis-
cursos com denúncias de torturas
e críticas à condução da economia
pelo governo federal. Após a anis-
tia, Furtado se elegeu deputado fe-
deral em 1982. Ele ocuparia o
mandato até o fim, em 1987. Há 25
anos, deixou a política e passou a
se dedicar à literatura.
PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS
so encaminhamento é não ter
preconceito com nenhuma pau-
ta”, disse Lira. “Qualquer projeto
que tenha uma maioria no colé-
gio de líderes, que tenha um pe-
dido de urgência aprovado, será
pautado e o plenário vai resolver
esse assunto”, completou.
ca no Brasil, durante a redemo-
cratização no anos 1980, em
função de sua natureza negocia-
da, permaneceu incompleta por
várias razões. “Entre as quais
porque os militares egressos da
ditadura conseguiram inserir o
artigo 144 na Constituição, por
meio do qual nos tornaram her-
deiros do modelo policial forja-
do na ditadura”, diz.
A Constituição de 1988 prevê
que o artigo 144 seja regulamen-
tado em lei, o que a bancada da
bala há duas décadas tenta apro-
var de acordo com seus interesses.
“Não se pode confundir profissio-
nalismo com autonomização sob
o risco de criarmos anomalias
graves nas instituições e resulta-
dos perigosos para a sociedade”,
afirma Ilona.
Para Soares, o artigo 144, como
herança da ditadura, teria produ-
zido um enclave institucional: em
plena democracia, as polícias pre-
servaram práticas, crenças e valo-
res racistas, classistas, refratários à
democracia, ao poder civil e à au-
toridade republicana: “Esse fenô-
meno só foi possível por conta da
cumplicidade de setores domi-
nantes do Ministério Público e do
Judiciário, e da pusilanimidade de
lideranças políticas”.
Lima lembra que no caso do
motim dos policiais militares
ocorrido no Ceará, em fevereiro
do ano passado, a condescendên-
cia do governo federal foi explíci-
ta. “Mesmo o então ministro da
Justiça Sergio Moro não conde-
nou a greve. E o próprio coman-
dante da Força Nacional [Antônio
Aginaldo de Oliveira] disse que
eles eram ‘gigantes’”, recorda Li-
ma, que também reclama da falha
André Guilherme Vieira
De São Paulo
O trabalho da imprensa está
sendo criminalizado pelo minis-
tro da Justiça, André Mendonça,
que tenta intimidá-la ao ameaçar
jornalistas de serem investiga-
dos. A opinião é da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB).
A entidade reagiu, ontem, de-
pois que o ministro da Justiça
disse, no domingo, que determi-
nará abertura de inquérito à Polí-
cia Federal (PF) — órgão que atua
subordinado ao Poder Executivo
contra os jornalistas Ruy Castro,
colunista da “Folha de S. Paulo”, e
Ricardo Noblat, da revista “Veja”,
que publicaram textos com críti-
cas ao presidente Jair Bolsonaro.
Castro, escritor e autor de di-
versas biografias, sugeriu em sua
coluna de domingo que Bolsona-
ro imitasse o presidente Donald
Trump, na hipótese de o manda-
O líder do PP é apoiado pelo pre-
sidente Jair Bolsonaro, cujos alia-
dos defendem o avanço das pro-
postas quando os trabalhos do Le-
gislativo forem retomados. Adver-
sário de Lira, Baleia demonstrou,
em nota enviada pela assessoria de
imprensa, ter mais resistência com
o avanço dos projetos. “Segurança
pública é um tema constitucional.
Por isso, não vejo sentido nessa
proposta. Devemos buscar conver-
gências. Que a União e os Estados
cooperem entre si em vez de con-
correr um com os outros. Temos de
respeitar as realidades regionais e
locais. E assim fortalecer as insti-
tuições e seus quadros”.
Coordenador da bancada de se-
gurança pública, o deputado Capi-
tão Augusto (PL-SP), que aposta
em uma candidatura avulsa para
presidir a Câmara, defendeu o pro-
jeto, mas admitiu que ainda é pre-
ciso avançar no debate interno
com as corporações. Entre os par-
lamentares da oposição, não hou-
ve boa recepção. O líder do PT na
Câmara, Ênio Verri (PR), disse ser
contrário ao avanço dos textos. “As
polícias militares tem que ser su-
bordinadas aos governadores. É
um equívoco fazer isso daí. O de-
bate é o inverso. Existe hoje exces-
siva autonomia da polícia militar e
do MP no controle externo das po-
lícias. “E aí, tanto em termos for-
mais como institucionais e políti-
cos, vamos criando uma institui-
ção total, que vai decidir no fundo
sobre o futuro do país”, alerta. O
analista afirma que a força das
duas propostas não está “no con-
teúdo delas, que é ruim, mas no
fato de que Bolsonaro está se be-
neficiando de um afastamento
dos governos estaduais e federal
dessa pauta”: “Nunca quiseram le-
var adiante uma discussão mais
estratégica”.
Luiz Eduardo Soares afirma que
“a luta dos democratas, na segu-
rança pública, sempre foi pela
mudança do artigo 144”: “ os go-
vernadores — com variações de
grau no tempo e no espaço — não
comandam, efetivamente, as polí-
cias. Eles não o admitem para não
parecerem fracos e para não rom-
perem alianças com as polícias —
das quais, na prática, são reféns”.
O antropólogo afirma que
“aliar-se a um poder insubordi-
nado significa rendição política
ilegal” e que essa insubordinação
se constata pela “autonomização
verificada na ponta, nas ações
nas favelas e periferias, mostran-
do que até mesmo hierarquia e
disciplina não existem, de fato”:
“A proposta que está sendo gesta-
da pela bancada da bala, ligada
ao governo federal, é a pá de cal
na luta de três décadas dos movi-
mentos de direitos humanos pe-
lo controle legalista da atividade
policial. É o sepultamento de
qualquer hipótese de reforma do
modelo policial — único no
mundo e sabidamente fracassa-
do. Representa fechar o cofre e
jogar a chave ao mar”.
tário americano optar pelo suicí-
dio. Noblat reproduziu no Twit-
ter o link da coluna de Castro.
“Criminalizar opiniões, parábo-
las ou críticas ao governante não é
admissível dentro do Estado de Di-
reito”, afirmou a OAB em nota assi-
nada por seu presidente, Felipe
Santa Cruz, e pelo advogado Pier-
paolo Cruz Bottini, do Observató-
rio Permanente da Liberdade de
Imprensa da OAB Nacional.
“Alguns jornalistas chegaram
ao fundo do poço. Hoje dois de-
les instigaram dois presidentes
da República a suicidar-se. Ape-
nas pessoas insensíveis com a dor
das famílias de pessoas que tira-
ram a própria vida podem fazer
isso”, afirmou Mendonça. O mi-
nistro mencionou a possibilida-
de de os jornalistas serem conde-
nados à pena de prisão.
“Por isso requisitarei a abertu-
ra de inquérito policial para
apurar ambas as condutas. As
as vezes é preciso que o governo te-
nha mais poder”. No mesmo senti-
do, o líder do PSB na Câmara, Ales-
sandro Molon (RJ), classificou as
propostas como “péssimas”. “É
uma ideia errada, no lugar errado,
na hora errada. Um ataque frontal
à federação e à democracia. A polí-
cia precisa de uma nova lei orgâni-
ca, que valorize os homens e mu-
lheres que se dedicam à nossa se-
gurança, mas o caminho escolhido
não ajuda nisso. Ao contrário”.
No Senado, Olímpio afirmou
não ver chances de os governado-
res perderem controle sobre as
corporações. “Não sei se por infeli-
cidade ou má interpretação, saiu
essa notícia como se a intenção dos
projetos fosse tirar a coleira dos
PMs. Não vai tirar coleira. Quem
paga o salário é o Estado, que con-
tinuará a ter poder de mando. Te
garanto que 90% dos conteúdos
são óbvios. É basicamente sobre
padronização de benefícios e hie-
rarquia”, disse o senador do PSL,
que relatou ter recebido ligações
de parlamentares preocupados
com as propostas. “Criou um mal
estar danado com governadores e
o Congresso. No Senado, tem 14
ex-governadores, obviamente eles
não aprovariam. Esse não é o pon-
to principal da proposta”.
Doria diz que
propostas
provocam
militarização
Ana Conceição
De São Paulo
O governador de São Paulo,
João Doria (PSDB), disse ser “ra-
dicalmente contra” os projetos
de lei discutidos no Congresso
que reduzem o poder dos gover-
nadores sobre as polícias militar
e civil. A posição, disse, foi trans-
mitida aos líderes do partido no
Congresso. Segundo ele, a pro-
posta foi inspirada pelo presi-
dente Jair Bolsonaro.
Em sua edição de ontem, o jor-
nal “O Estado de S.Paulo” informa
que o Congresso se prepara para
votar dois projetos de lei orgânica
das polícias civil e militar que res-
tringem o poder de governadores.
O modelo, apoiado por aliados de
Bolsonaro, propõe a criação de pa-
tentes e conselhos de polícia liga-
dos diretamente à União, além de
mandatos para comandantes e de-
legados-gerais.
“A proposta foi inspirada nessa
visão de quem gosta de cheiro de
pólvora, que é o presidente Jair Bol-
sonaro”. Segundo Doria, a maioria
dos governadores quer manter o
controle sobre as polícias. “No nos-
so grupo do WhatsApp dos gover-
nadores percebi que é uma posição
majoritária. A maioria é contra”,
disse. Para Doria, não há razões que
justifiquem a discussão da propos-
ta no Congresso, “exceto a militari-
zação desejada pelo presidente Jair
Bolsonaro para intimidar governa-
dores através de força policial”.
penas de até dois anos poderão
duplicadas (...), sem prejuízo da
incidência de outros crimes”,
disse Mendonça na rede social.
“É preciso defender a liberda-
de de imprensa. Não há qualquer
crime nas colunas, apenas a ex-
pressão de uma opinião. Pode-se
ou não gostar, mas certamente
isso não é caso para a polícia”,
afirmou Bottini ao Valor.
No ano passado, Mendonça
mandou a PF investigar Noblat e
o também jornalista Hélio
Schwartsman com base na Lei de
Segurança Nacional— legislação
herdada da ditadura militar.
Em junho, Noblat compartilhou
em rede social uma charge do car-
tunista Aroeira em que Bolsonaro
pintava uma suástica nazista. Já
Schwartsman publicou artigo na
“Folha de S. Paulo” intitulado “Por
que torço para que Bolsonaro
morra”, logo depois de o presiden-
te ter contraído o coronavírus.
Jornal Valor --- Página 13 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por VDSilva às 11/01/2021@21:34:24

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | A13

Internacional
EUA Processo, porém, não será votado pelo Senado antes da posse de Biden Republicanos enfrentam
Câmara dos EUA deve abrir corte de apoio de empresas
após invasão do Congresso
novo impeachment amanhã Andy Sullivan e David Shepardson
Reuters, de Washington

Natalie Andrews e Rebecca Ballhaus
Dow Jones Newswires, de Washington
Os democratas pretendem levar
o impeachment do presidente Do-
nald Trump a votação amanhã,
acusando-o de incitar apoiadores
a atacar a sede do Congresso dos
EUA, numa nova disputa no país
sobre o comportamento de Trump
nos últimos dias de seu governo.
Os democratas da Câmara dos
Deputados divulgaram ontem a
acusação formal de impeachment
e disseram que seguirão adiante
apesar do morno apoio republica-
no. Embora alguns republicanos
tenham condenado o presidente
por estimular seus apoiadores a
marchar contra a sede do Congres-
so, no momento em que os con-
gressistas votavam a ratificação da
vitória do presidente eleito Joe Bi-
den, poucos apoiaram a ideia de ti-
rá-lo do governo a essa altura.
Para iniciar o processo de im-
peachment, os democratas terão
de obter maioria simples na Câma-
ra; já para condenar o presidente,
precisarão de uma maioria de dois
terços no Senado. O líder republi-
cano no Senado, Mitch McConnell,
disse que não haveria tempo para
realizar o julgamento e a votação
no Senado antes da posse de Bi-
den, no próximo dia 20.
O Senado poderá realizar o jul-
gamento de Trump mesmo após
o término de seu mandato, o que
é visto por alguns congressistas
como justificável, tanto por con-
denar os atos de Trump quanto
por potencialmente proibi-lo de
disputar novamente o cargo.
“A questão não é se o impeach-
Os republicanos no Congresso
dades eleitorais afirmem que
não houve problemas significati-
vos com a votação.
No Senado, sete republicanos
ment pode ou não ser aprovado hoje toda a Câmara para votar uns poucos disseram que analisa- dos Estados Unidos se viram on- também votaram pela contestação
pelo Senado, disse o líder demo- uma moção que peça que o vice- riam a possibilidade de apoiar o tem diante de reações negativas dos resultados eleitorais do Arizo-
crata na Câmara, o deputado Steny presidente Mike Pence e o Gabine- afastamento. Trump será o primei- cada vez maiores das empresas, na. Entre os que se opuseram à va-
Hoyer. “A questão é que temos um te invoquem a 25 a emenda e afas- ro presidente dos EUA a sofrer dois que passaram a anunciar o corte lidação estão os dois principais re-
presidente que a maioria de nós tem Trump do cargo. Se Pence não processos de impeachment. em suas doações de campanha publicanos na Câmara, Kevin Mc-
acredita ter participado no incen- o fizer, os democratas irão adiante O segundo processo ganhou para aqueles que votaram a favor Carthy e Steve Scalise, e o senador
tivo a uma insurreição e ao ataque com a votação de abertura do im- apoio rapidamente entre os demo- das contestações à vitória do pre- Rick Scott, que como novo chefe
a este prédio e à democracia.” peachment amanhã. Não se espera cratas da Câmara, e 210 deles assi- sidente eleito, Joe Biden, na se- do Comitê Senatorial Republicano
Os planos de impeachment que Pence dê sequência a um pro- naram a resolução que acusa mana passada. Nacional chefiará os esforços para
avançam em meio ao temor cada cesso com base na 25 a emenda. Trump de incitar uma insurreição, Os anúncios da Amazon.com, reconquistar a maioria no Senado
vez maior com a segurança na ca- Desde que divulgou um comu- segundo um assessor do partido. A General Electric, Dow, AT&T, nas eleições de 2022. Todos essas
pital. A Guarda Nacional disse nicado na sexta-feira, em que criti- bancada democrata na Câmara Comcast, Verizon Communica- funções exigem grande arrecada-
que reforçará sua presença em ao cava o Twitter por banir sua conta, tem 222 deputados, e são necessá- tions, American Express, Airbnb, ção de recursos. Nenhum deles res-
menos 10 mil homens em o presidente não fez mais nenhum rios 217 votos para aprovar uma Best Buy, Mastercard e Marriott pondeu a pedidos de comentários
Washington antes da posse. comentário nem apareceu em pú- medida de impeachment, de um International, entre outros, da reportagem.
Na quarta-feira da semana pas- blico, ao contrário da enxurrada total de 433 vagas preenchidas ameaçam asfixiar os meios de ar- Mas a extensão da oposição re-
sada, manifestantes invadiram o de postagens no Twitter que costu- atualmente na Câmara. recadação de doações para os re- publicana tornará difícil para as
Capitólio, a sede do Congresso dos ma fazer nos fins de semana. Nos Mesmo que a Câmara consiga publicanos, que em breve perde- empresas simplesmente cortarem
EUA, o que ameaçou os congressis- últimos dias, ele reclamou amar- aprovar a abertura do impeach- rão o controle na Casa Branca e as doações para aqueles que vota-
tas e interrompeu uma sessão con- gamente com assessores da proibi- ment e enviá-lo ao Senado, é im- nas duas Casas do Congresso. ram contra a validação da vitória
junta do Congresso. Uma manifes- ção de usar as redes sociais, de ter provável que o presidente seja des- AT&T e Comcast, por exemplo, de Biden, segundo um estrategista
tante e um policial foram mortos, e levado a culpa pela invasão do Ca- tituído antes da posse de Biden, estão entre as empresas que mais empresarial republicano que falou
três outras pessoas morreram de- pitólio e do que considera uma marcada para 20 de janeiro. O Se- doam dinheiro para campanha sob condição de não ter seu nome
vido a emergências médicas. traição da parte de Pence, de Mc- nado deve ficar em recesso até 19 em Washington. revelado. Cerca de dois terços de
Biden disse ter falado com al- Connell, dos senadores republica- de janeiro, e começar um julga- A Hallmark Cards e a Master- todos os republicanos da Câmara,
guns membros do Senado ontem nos e de alguns colunistas conser- mento antes do dia da posse exigi- card confirmaram que tinham entre eles legisladores experientes
sobre a possibilidade de dividir os vadores, segundo uma fonte pró- ria a improvável concordância suspendido suas doações, como e partidários ferozes de Trump,
dias legislativos, entre o julgamen- xima à Casa Branca, que disse que unânime dos senadores. Para che- fora noticiado pela “Popular Infor- apoiaram a contestação.
to de impeachment e outras prio- Trump e Pence não se falam desde gar a uma condenação no Senado mation”, uma newsletter política. Segundo esse estrategista, os
ridades, como confirmar seus indi- antes do ataque ao Congresso. será necessário obter mais de uma A gigante dos cartões comemora- grupos empresariais vão acom-
cados para o ministério e aprovar Em dezembro de 2019, a Câma- dúzia de votos de republicanos. tivos Hallmark, que tem sede em panhar a situação de perto nas
um novo pacote de ajuda econô- ra aprovou o impeachment de A Câmara também pode segu- Kansas City (Missouri) e é uma próximas semanas para ver se os
mica relacionado à covid-19. Trump, com acusações baseadas rar o processo de impeachment grande empregadora, informou republicanos darão passos para
“Minha prioridade é conseguir, em suas iniciativas para pressionar de forma a permitir que o novo em um comunicado que seu comi- restabelecer um sentimento de
antes de mais nada, a aprovação de a Ucrânia a investigar Biden. Ne- Senado, que será controlado pe- tê de ação política pediu aos sena- normalidade, como comparecer
um projeto de estímulo e, em se- nhum republicano desrespeitou a los democratas, confirme os indi- dores republicanos Josh Hawley e à posse de Biden.
gundo lugar, reconstruir a econo- linha partidária naquela votação. cados de Biden e inicie a análise Roger Marshall que devolvessem “Cada uma dessas pessoas será
mia”, disse Biden ontem, após re- No julgamento no Senado, só um das propostas do novo governo, todas as contribuições de campa- analisada”, disse o estrategista.
ceber sua segunda dose de vacina republicano, Mitt Romney, foi a fa- antes de receber o processo de nha. Os dois se opuseram à valida- “Todos irão para a vala comum
contra a covid-19. Éle não disse se vor da condená-lo ao impeach- impeachment para julgamento. ção da eleição de Biden. dos ‘sem nenhuma contribui-
apoia o esforço de impeachment, ment. Trump foi absolvido. Em vez de apoiar o impeach- Segundo o comunicado, as ção’? Eu ficaria chocado se todos
mas afirmou “ter sido claro de que Vários aliados do presidente ment, alguns parlamentares re- ações dos dois senadores “não re- fossem incluídos.”
o presidente Trump não deveria es- romperam com ele após os distúr- publicanos disseram que Trump fletem os valores de nossa empre- A arrecadação de doações para
tar no exercício do cargo”. bios de quarta-feira; alguns repu- deveria renunciar em seus últi- sa”. A Hallmark também conde- os partidos está em um momento
Os democratas planejam reunir blicanos pediram a sua renúncia e mos dias no cargo. nou a invasão da sede do Congres- de calmaria pós-eleitoral em
so americano por manifestantes Washington, o que dá às empresas

Twitter x Trump: as Big Merkel critica restrições a Trump que pretendiam impedir a valida-
ção dos votos do Colégio Eleitoral.
“A transição pacífica do poder é
e associações representativas algu-
ma margem para decidir sua abor-
dagem. As associações representa-

Techs exageraram ao parte dos fundamentos de nosso

sistema democrático e abomina-
mos a violência de qualquer tipo”,
tivas, em particular, devem preci-
sar de tempo para medir a tempe-
ratura entre seus membros.

cercear o presidente? diz o comunicado da empresa.

Hannah Murphy e Kiran Stacey
Financial Times,
de San Francisco e Washington
A ameaça às chances de Donald
Trump de voltar à Casa Branca em
2024 pode não estar só em
Os representantes de Hawley e
Marshall não responderam a pe-
de que os democratas teriam lhe didos de comentários.
“roubado” a vitória nas eleições. Outras empresas, como a Ford, a
Foi necessário o ataque da quar- Microsoft, o Google, da Alphabet, e
ta-feira ao Congresso dos EUA por o Facebook, anunciaram que sus-
uma multidão pró-Trump — e o penderiam temporariamente as
elogio on-line de Trump aos mani- doações para os dois partidos. Isso
festantes — para convencê-las a representa uma mudança dramá-
MICHAEL KAPPELER/DPA/AP IMAGES
A Associação Nacional dos Ata-
cadistas de Cerveja avaliou que as
ações da semana passada “exigem
que todos façamos uma pausa e re-
flitamos sobre esse apoio”. No últi-
mo ciclo eleitoral, a associação do-
ou um total de US$ 768.500 para os
republicanos que votaram por
contestar a vitória de Biden, de
acordo com números compilados

Washington, onde os trâmites de
impeachment já começaram, mas
também no Vale do Silício, onde
empresas de tecnologia adotaram
um conjunto de medidas restriti-
vas sem precedentes contra a má-
quina promocional do presidente.
Trump não tem mais conta no
Twitter nem no Facebook após am-
bas as empresas terem barrado seu
acesso a suas plataformas após a
violenta invasão do Congresso
americano na semana passada,
promovida por seus apoiadores.
Já a Apple, o Google e a Amazon
tomaram medidas para restringir
o Parler, concorrente do Twitter
usado por muitos dos apoiadores
de direita mais ardentes de Trump.
As medidas acirraram ainda
mais o debate sobre o ponto de
equilíbrio entre o direito de uma
empresa de tecnologia de censurar
usuários que infringem suas polí-
ticas de conteúdo e o direito do in-
divíduo à liberdade de expressão.
Críticos de Trump aplaudiram a
sua “desplataformização”, que, pa-
ra muitos, veio tarde. Mas outros se
preocupam com o tamanho do
poder político acumulado por
umas poucas empresas privadas.
“Entendemos o desejo de sus-
pender [Trump] permanentemen-
te agora”, disse em nota Kate Rua-
ne, da ONG apartidária American
Civil Liberties Union. “Mas deveria
preocupar a todos que empresas
como Facebook e Twitter lancem
mão de um poder desmedido para
tirar pessoas das plataformas que
se tornaram indispensáveis para a
fala de bilhões de pessoas, princi-
palmente quando realidades polí-
ticas facilitam essas decisões.”
Há anos as empresas e redes so-
ciais são pressionadas a tomarem
atitudes contra Trump. Muitas pes-
soas acham que ele usou as plata-
formas para incitar a violência,
amplificar teorias da conspiração
e semear a desinformação — como
as afirmações não fundamentadas
barrá-lo completamente. tica para empresas que costumam pelo grupo de supervisão Center
De início, o Facebook disse que distribuir seu dinheiro generosa- for Responsive Politics.
suspenderia a conta do presidente mente a membros do Congresso Outros grandes doadores de
por tempo indeterminado. Depois para garantir acesso. campanha, como a Associação
o Twitter, o megafone preferido de O ataque da semana passada Nacional das Construtoras Imo-
Trump para falar a seus 88 milhões ao Congresso levou algumas a biliárias e a Associação Nacional
de seguidores, disse que proibiria reavaliarem essa abordagem. Pe- dos Corretores de Imóveis, ainda
permanentemente o acesso do A premiê alemã, Angela Merkel, mas as restrições são uma quebra lo menos cinco pessoas morre- não tomaram uma decisão, se-
presidente e que não permitiria criticou a decisão de plataformas “problemática” do “direito básico de ram na quarta-feira, quando par- gundo seus porta-vozes. Um
que ele enviasse tuítes de contas sociais de barrar contas do presidente liberdade de expressão”, que só pode tidários do presidente Donald analista disse que o boicote po-
associadas, como a da Casa Branca. Donald Trump. As plataformas devem ser limitado “de acordo com as leis e Trump invadiram o Congresso na de não ser permanente, já que as
YouTube, TikTok, Pinterest e Snap evitar que a política “seja envenenada dentro de um marco definido pelo tentativa de impedir que os par- empresas vão querer garantir
também adotaram restrições. pelo ódio, por mentiras e pelo legislador, e não por uma decisão lamentares validassem a vitória que seus telefonemas sejam
Ontem, o Facebook anunciou incitamento à violência”, disse ela, administrativa” das empresas. de Biden. Os parlamentares fo- atendidos por parlamentares
ainda que está removendo todo o ram obrigados a se esconder da dos dois partidos.
conteúdo que menciona a frase fizessem nada, seriam criticadas tivo pelo qual essa gente está fa- turba por várias horas. “A memória é curta e os ativos
“pare de roubar”, popular entre os por ficarem só olhando.” zendo isso é que os democratas es- Quando eles retomaram os empresariais duram muito tem-
apoiadores de Trump e que faz re- Trump e seus aliados mais pró- tão prestes a assumir o poder, e [as trabalhos, 139 republicanos na po”, disse Kevin Book, diretor-
ferência à afirmação do presidente ximos reagiram com fúria. A Casa empresas] encaram isso como Câmara dos Deputados votaram gerente da ClearView Energy
de que houve fraude eleitoral. Branca disse que os funcionários uma maneira de obter as boas gra- a favor da proposta de contesta- Partners. “Não tenho certeza se
Pela primeira vez, grupos tecno- do Twitter tinham “se articulado ças deles para evitar qualquer res- ção da vitória de Biden na Pensil- podemos concluir qualquer coi-
lógicos responsáveis por parte da com os democratas e com a es- trição ou a aprovação de qualquer vânia ou no Arizona, embora os sa de forma definitiva com base
articulação estrutural da internet querda radical” para silenciá-lo. tipo de lei que as prejudique”. dois Estados já tivessem formal- nas declarações e comporta-
tomaram providências para amor- Mas, para outros, as restrições Seja como for, os acontecimen- mente os resultados e as autori- mentos desta semana.”
daçar os aplicativos e foros pró- chegam com muito atraso. Robert tos da semana passada reforçam a
Trump usados para organizar o ato Reich, professor de política públi- pressão para que o governo Biden
de violência da semana passada. ca em Berkeley e ex-secretário do tome logo providências para aper-
A Amazon disse que suspenderá Trabalho no governo Clinton, dis- tar a supervisão das grandes em- Curtas
a hospedagem na internet do Par- se: “As plataformas sociais estão presas tecnológicas, as Big Techs.
ler, o que obriga, na prática, o site a com quatro anos de atraso. Deixa- Trump ficou com alternativas li-
sair do ar a menos que consiga ram as mentiras, teorias de conspi- mitadas para se comunicar com China vê alta nas infecções Cuba volta a lista de terror
achar um outro provedor. Apple e ração e o ódio de Trump lançarem seus apoiadores e o mundo. Ele A China detectou ontem 103 O secretário de Estado dos EUA,
o Google também expulsaram o profundas raízes. É um legado que aventou a possibilidade de criar novos casos de covid-19, número Mike Pompeo, anunciou ontem o
Parler de suas lojas de aplicativos. enfrentaremos por anos.” sua própria plataforma, mas essa mais alto em cinco meses. Desse retorno de Cuba à lista de países
“Como todas as plataformas so- Mas alguns acham que as em- iniciativa também enfrentaria me- total, 85 casos foram transmitidos considerados como patrocinado-
ciais, esses serviços também têm presas de tecnologia estão sim- didas restritivas da parte de prove- localmente, sendo 82 deles na pro- res do terrorismo, ao lado Irã e Sí-
seus Termos de Serviço, que proí- plesmente agindo em causa pró- doras de serviços de hospedagem. víncia de Hebei, que fica próxima ria. Pompeo justificou a medida
bem especificamente coisas como pria, na tentativa de evitar as críti- Muito dependerá de o Facebook a capital Pequim. As cidades de dizendo que Cuba continua rece-
apelos à violência e ao ódio”, disse cas dos democratas e a aprovação tornar ou não permanente a proi- Shijiazhuang, capital de Hebei, e bendo foragidos da Justiça dos
Matt Rivitz, do grupo ativista de de possíveis medidas reguladoras bição de acesso de Trump. “Se não de Xingtai, estão sob “lockdown” EUA e mantém o apoio ao regime
mídia social Sleeping Giants. “Até pelo iminente governo Biden. o proibirem e ele voltar, o Facebo- para impedir que o vírus se propa- de Nicolás Maduro na Venezuela.
agora, elas raramente fiscalizaram Biden já pediu o fim do Artigo ok se tornará o seu novo Twitter e gue para outras partes da China.
o cumprimento dessas regras.” 230, a lei que protege as empresas será seu principal veículo de posta- Malásia em lockdown
Um ex-executivo do Twitter dis- de redes sociais de serem processa- gens”, disse Angelo Carusone, dire- Burns para diretor da CIA A partir de amanhã, a maior
se que a empresa acha que foi “in- das por conteúdo postado em suas tor da ONG Media Matters. “O po- O presidente eleito dos EUA, Joe parte da Malásia estará sob algu-
crivelmente paciente” com Trump. plataformas. Seu governo planeja der político dele será afetado pois Biden, anunciou ontem que indi- ma forma de “lockdown” por um
Mas se sentiu obrigada a coibir o abrir processos antitruste contra isso limita sua capacidade de agir cará o ex-diplomata William período de duas semanas. O go-
presidente em meio a temores de Google e Facebook, enquanto con- como voz centralizada da oposi- Burns para comandar a CIA. Burns verno decidiu intensificar os esfor-
novos episódios de violência na gressistas pressionam por leis fe- ção. Isso lhe tira muito poder” . foi embaixador dos EUA na Rússia ços para conter o aumento no nú-
posse de Joe Biden, no dia 20. “Os derais de privacidade mais rígidas. entre 2005-08, durante o governo mero de infecções no país. Para
alertas do anúncio são claros... Há O senador republicano Marco Want to read more from the FT? Sign George W. Bush. Atualmente, ele não prejudicar demais a econo-
uma sensação de que haverá mais Rubio disse à Fox News no domin- up for a free corporate trial for you and preside o think tank Carnegie En- mia, indústria, construção e agri-
problemas. E, se as empresas não go: “É muito oportunismo... O mo- your team at: www.ft.com/am730. dowment for International Peace. cultura manterão suas atividades.
Jornal Valor --- Página 14 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por RCalheiros às 11/01/2021@19:27:20

A14 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Opinião
GIVALDO BARBOSA / O GLOBO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: Roberto Irineu Marinho
VICE-PRESIDENTES: João Roberto Marinho - José Roberto Marinho
PRESIDENTE EXECUTIVO
Jorge Nóbrega

é uma publicação da Editora Globo S/A

DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
DIRETORA DE REDAÇÃO: Vera Brandimarte
Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit

Reação da economia
depende da energia
A
ssim como em outros setores da A previsão é que a demanda volte a crescer
economia, a pandemia do novo neste ano, dependendo naturalmente do
coronavírus freou diversos ritmo de vacinação da população e da
aperfeiçoamentos legais e resposta da economia. As previsões otimistas
técnicos e planos de falam em aumento de 3,4% da carga. Outros
investimento que estavam em curso na esperam que somente em 2022 a carga volte
energia. Houve forte volatilidade de preços. aos índices mais próximos do padrão
Com a interrupção quase total das atividades anterior à pandemia. Os mais pessimistas
verificada de início, no período de esperam uma normalidade apenas em 2025.
isolamento social, a demanda por energia Qualquer que seja o horizonte de tempo, é
caiu e os preços mergulharam. A Câmara de preciso retomar a agenda de modernização
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) do setor elétrico e a construção do Novo
constatou uma queda ao redor de 11% da Mercado de Gás, projetos que ficaram para
demanda por energia entre o fim de março e trás com as prioridades impostas pela
meados de maio. O Preço de Liquidação das pandemia. Está no Senado o Marco Legal do FMI destaca os elevados efeitos multiplicadores dos
Diferenças (PLD), praticado no mercado livre, Setor Elétrico (PLS 232/16) que, entre outras
acabou despencando para pouco menos de coisas permite a portabilidade da conta de investimentos públicos. Por Thiago de Moraes Moreira
R$ 40 o MWh nesse momento. luz e dispõe sobre as concessões de geração

Mais um negacionismo
Com a retomada das atividades no de energia elétrica e os leilões para compra
segundo semestre, o PLD voltou a subir. O de energia elétrica.
calor acima do esperado em setembro e A Nova Lei do Gás (PL 6407/13), defendida
outubro aumentou a demanda e catapultou pelo ministro Paulo Guedes, que promete
o PLD para até R$ 300 o MWh. O presidente com ela um “choque de energia barata”, está

M
Jair Bolsonaro chegou a sugerir que a na Câmara, depois de longo tempo no uitas foram as críti- rio que derrubou as taxas de ju- mo da consolidação de um pro-
população apagasse as luzes e tomasse Senado. Até mesmo defensores da economia cas ao atual gover- ros ao redor do mundo, criando grama robusto de investimentos
banhos mais rápidos para evitar um possível verde entendem que o Brasil não pode deixar no devido a sua condições amplamente favorá- públicos. Em seu último “Fiscal
postura negacio- veis para a expansão do crédito e Monitor”, o FMI destaca os eleva-
apagão. A falta de luz durante mais de 20 dias de aproveitar o imenso potencial de gás
nista diante da pandemia e das dos mercados de capitais. No en- dos efeitos multiplicadores dos in-
no Amapá em novembro, por três dias em natural do pré-sal e da Amazônia.
necessárias medidas de preven- tanto, é a partir de ações de polí- vestimentos públicos, não apenas
Teresina (PI) e cerca de quatro horas em São O gás natural é visto como combustível para ção na ausência de uma vacina. A tica fiscal que a figura de planeja- voltados à geração de renda agre-
Luiz (MA) confirma a suposição de que há as térmicas, necessárias para contrabalançar a maior parte dos profissionais de dor central do Estado se consoli- gada e emprego, mas também co-
muitas coisas erradas na área da energia. falta de energia sazonal das fontes renováveis, saúde defendeu o fechamento de da com mais veemência e visibili- mo estimuladores dos investimen-
Volatilidade não chega a ser coisa rara na sejam usinas hidrelétricas, eólicas e solares, atividades não essenciais e o iso- dade, seja por meio dos instru- tos privados.
energia, dada a dependência de fatores que causam os picos de preço e déficits de lamento social como algumas mentos de tributação, transfe- Outra referência importante
climáticos e hidrológicos. Mas as oscilações de oferta. Por falta de infraestrutura que viabilize das principais medidas preventi- rências ou gastos públicos. que merece destaque é a do presi-
2020 surpreenderam até os especialistas. A o uso do gás natural dos campos do pré-sal, o vas, as quais foram duramente Com a deflagração da pande- dente do Fórum Econômico Mun-
CCEE esperava que o PLD ficasse ao redor de país importa metade do gás natural que atacadas pelo próprio presidente mia, o espaço para um maior ex- dial, Klaus Schwab, da mesma ins-
R$ 100. Para o fechamento do ano, a Câmara consome e compõe ao redor de 13% da matriz em várias declarações públicas. A pansionismo monetário se en- tituição que organiza o famoso
principal justificativa sempre es- controu bastante reduzido, uma evento de Davos todo início de
prevê queda de 1,5% da demanda de energia. A energética, e reinjeta o equivalente a seu
teve no campo econômico, ba- vez que as taxas nominais de ju- ano. Schwab, em coautoria com
inadimplência naturalmente aumentou, consumo diário de gás nos poços. Sua
seada no argumento de que o ros nas principais economias já Thierry Malleret, lançaram recen-
chegando a 5,22% em novembro, bem acima da utilização depende da existência de mais isolamento seria devastador pa- se encontravam próximas de ze- temente o livro intitulado de “Co-
média de 3,75% de janeiro a outubro e da média terminais para escoar o combustível até a ra o emprego e o crescimento ro ou, em alguns casos, em níveis vid-19: The Great Reset”, no qual
mensal de 1,93% de todo o ano de 2019. costa, de uma rede para a distribuição do econômico. De fato, não há dúvi- negativos. Neste contexto exi- defendem uma nova visão sobre a
As distribuidoras de energia foram as produto no interior do país e da construção das quanto aos fortes impactos giu-se uma atuação muito mais interação entre os setores público
primeiras a pedir socorro e conseguiram dos de um mercado consumidor. negativos decorrentes do fecha- proativa da política fiscal. Em pa- e o privado, muito mais comple-
bancos um empréstimo em condições Ainda estão também no Congresso a mento de atividades. ralelo à prática de um exuberan- mentar do que concorrente. Nesta
favoráveis, próximo de R$ 15 bilhões, que Alteração de Regime de Partilha (PL 3178/19), Não por acaso o PIB de todas as te expanisionismo fiscal em linha, os autores discutem a neces-
será repassado para as contas de luz, a a Lei de Concessões (PL 7063/19), o risco economias terá em 2020 seu pior 2020, é notória a mudança de sidade de substituirmos o capita-
chamada “conta covid”. Foi uma medida hidrológico (PL 3975/2019) e a polêmica desempenho das últimas déca- conteúdo em relatórios e textos lismo essencialmente “voltado aos
das. Infelizmente, trata-se de um de economistas ligados a insti- acionistas (shareholders)”, difun-
semelhante à adotada em 2014, durante privatização da Eletrobras (PL 5877/19). A
evento de rara ocorrência, que tuições de prestígio. dido por Milton Friedman na dé-
período de forte restrição hídrica no governo agenda é intensa e deve ser encarada uma vez
requer medidas drásticas que cada de 1970, por um capitalismo
da presidente Dilma Rousseff. A ajuda que a esperada recuperação da economia minimizem os potenciais danos voltado aos diferentes “públicos
daquela época causou aumento das tarifas depende da disponibilidade de energia e de sobre a vida humana. Para con-
É preciso substituir o de interesse” (stakeholders), refor-
até 2018, mas garantiu a sustentabilidade regras modernas para estimular o trabalançar tais efeitos negati- capitalismo voltado aos çando a importância das temáticas
financeira do setor. investimento no setor. vos, os governos precisaram agir. acionistas por um ambiental, social e de governança,
Muito mais do que apenas pro- voltado aos diferentes identificadas com a sigla ESG.
gramas massivos de transferên- Em síntese, da mesma forma
cia de renda, emergiu a necessi- públicos de interesse que o expansionismo monetário
Diretora Adjunta de Redação Daniel Rittner (Brasília) Editora de Tendências Editora Valor Online
Claudia Safatle (daniel.rittner@valor.com.br) & Consumo e Tecnologia Paula Cleto dade da atuação dos governos no foi um legado da crise financeira
(claudia.safatle@valor.com.br) Daniela Chiaretti Cynthia Malta (paula.cleto@valor.com.br) papel de planejadores da vida Gostaria aqui de ressaltar um de 2008, a defesa de um maior
(cynthia.malta@valor.com.br) Editora Valor PRO
Editor-executivo de Opinião (daniela.chiaretti@valor.com.br) econômica e social. No caso bra- documento que foi recentemen- expansionismo fiscal poderá ser
José Roberto Campos João Rosa Editor de Indústria Lucinda Pinto
e Infraestrutura (lucinda.pinto@valor.com.br)
sileiro, temos de reconhecer que te mencionado pelo economista uma das heranças da pandemia
(jose.campos@valor.com.br) (joao.rosa@valor.com.br)
Editores-executivos Maria Cristina Fernandes Ivo Ribeiro (ivo.ribeiro@valor.com.br) Coordenador Valor Data o governo também executou um André Lara Resende neste mes- de 2020. Ainda que as mudanças
Catherine Vieira (mcristina.fernandes@valor.com.br) Editor de Agronegócios William Volpato programa de auxílio bastante ro- mo jornal, assinado por Jason interpretativas não sejam neces-
(catherine.vieira@valor.com.br) Maria Luíza Filgueiras Fernando Lopes (william.volpato@valor.com.br) busto, ainda que as principais Furman e Lawrence Summers, sariamente compatíveis com a
(fernando.lopes@valor.com.br) Editores de Projetos Especiais
Célia de Gouvêa Franco (maria.filgueiras@valor.com.br) ações não tenham partido pro- economistas reconhecidamente Modern Monetary Theory defen-
Editora de Finanças Célia Rosemblum
(celia.franco@valor.com.br) Marli Olmos
Alessandra Bellotto (celia.rosemblum@valor.com.br)
priamente do poder Executivo. ortodoxos ligados ao mains- dida por Lara Resende, a partir da
Cristiano Romero (marli.olmos@valor.com.br)
(alessandra.bellotto@valor.com.br) Tania Nogueira Alvares Contudo, diferentemente do tream. Nele, há uma ampla defe- qual as contas públicas não so-
(cristiano.romero@valor.com.br) Mônica Scaramuzzo
Editor de S.A. (tania.nogueira@valor.com.br) Brasil, nas principais economias sa de um ativismo fiscal nos EUA freriam de nenhum tipo de res-
Pedro Cafardo (monica.scaramuzzo@valor.com.br)
(pedro.cafardo@valor.com.br) Ribamar Oliveira (Brasília)
Nelson Niero Correspondentes internacionais denota-se que a maior relevância para que o período de juros bai- trição financeira em moeda na-
(nelson.niero@valor.com.br) Assis Moreira (Genebra)
Chefe da Redação (ribamar.oliveira@valor.com.br) dada às políticas públicas não xos possa ser aproveitado para cional, estamos assistindo a uma
Editora de Carreiras (assis.moreira@valor.com.br)
em Brasília Talita Moreira
Stela Campos Correspondentes nacionais
parece se restringir a soluções alavancar o ritmo de crescimento ressignificação do gasto público
Fernando Exman (talita.moreira@valor.com.br)
(stela.campos@valor.com.br) Marcos de Moura e Souza temporárias ou emergenciais pa- econômico. Defendem que a re- pelo mainstream. Diversos eco-
(fernando.exman@valor.com.br) Editor de Brasil Editor de Cultura (Belo Horizonte) ra um período de crise. Desta vez, lação dívida/PIB não é o indica- nomistas que historicamente de-
Chefe da Redação no Rio Sergio Lamucci Robinson Borges (marcos.souza@valor.com.br) o maior uso da política fiscal vem dor mais adequado para a medi- fenderam a tese da “austeridade
Francisco Góes (sergio.lamucci@valor.com.br) (robinson.borges@valor.com.br) Marina Falcão (Recife)
(francisco.goes@valor.com.br) Editor de Política
sendo acompanhado de um am- ção da solvência fiscal, sugerindo fiscal expansionista”, hoje perce-
Editora de Legislação & Tributos (marina.falcao@valor.com.br)
Repórteres Especiais César Felício Zinia Baeta
plo movimento de reinterpreta- a utilização dos fluxos de paga- bem que a depender do tipo do
Alex Ribeiro (Brasília) (cesar.felicio@valor.com.br) (zinia.baeta@valor.com.br) VALOR INVESTE ção acerca do papel do Estado. A mento dos serviços da dívida co- gasto (ou do tipo de tributação),
(alex.ribeiro@valor.com.br) Editor de Internacional Editor de Arte/ Fotografia Editor concepção de que as economias mo proporção do PIB. Os autores uma política fiscal expansionista
Ana Paula Ragazzi Humberto Saccomandi Silas Botelho Neto Fernando Torres capitalistas apresentariam de- mostram que com juros manti- pode ser eficiente.
(ana.ragazzi@valor.com.br) (humberto.saccomandi@valor.com.br) (silas.botelho@valor.com.br) (fernando.torres@valor.com.br)
sempenhos melhores e mais efi- dos em níveis muito baixos, ain- Infelizmente, o debate econô-
cientes quanto menor a interven- da que o estoque de endivida- mico que se faz no país está cada
Diretor de TI Roberto Martins Portella Filho (roberto.portella@valor.com.br)
ção estatal está sendo cada vez mento seja elevado, o fluxo de vez mais distante dessa reinter-
mais questionada pelo mains- pagamentos financeiros com- pretação. Apesar dos bons resul-
Filiado ao IVC (Instituto Verificador de Comunicação) e à ANJ (Associação Nacional de Jornais)
Valor Econômico Av. 9 de Julho, 5229 – Jardim Paulista – CEP 01407-907 – São Paulo - SP – Telefone 0 xx 11 3767 1000
tream macroeconômico. promete uma pequena parcela tados econômicos decorrentes
Departamentos de Publicidade Impressa e On-line SP: Telefone 0 xx 11 3767-7955, RJ 0 xx 21 3521 1414, DF 0 xx 61 3717 3333. Parte importante da atuação da renda, ampliando o espaço do auxílio emergencial, o expan-
Legal SP 0 xx 3767 1323 como planejador e interventor para maiores gastos do governo, sionismo fiscal continua sendo
Redação 0 xx 11 3767 1000. Endereço eletrônico www.valor.com.br
envolve a formulação de política em particular para os investi- visto como extremamente inde-
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netária e, principalmente, a fis- O FMI é outra instituição que mica. Trata-se de um novo nega-
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easings” (QE), adotadas princi- líticas inclusivas. Neste sentido, Thiago de Moraes Moreira é consultor
palmente nos países desenvolvi- chama atenção a defesa crescente em planejamento estratégico e professor
Preço de assinatura anual nova (impresso + digital) para região Sudeste e Paraná: R$ 1.198,80 ou R$ 99,90 mensais. dos. Na prática, representou um de políticas tributárias mais pro- do Corecon/RJ e do Ibmec/RJ. Twitter:
Demais localidades, consultar o atendimento ao assinante: tel: 0800 701 8888. Carga tributária aproximada: 3,65%. grande expansionismo monetá- gressivas e redistributivas, bem co- @_thiagommoreira
Jornal Valor --- Página 15 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por RCalheiros às 11/01/2021@20:21:52
Opinião
O prefeito, o salário e a reputação
Maria Clara R.M.
do Prado
A gigantesco.”
o sancionar a lei mu-
nicipal que lhe confe-
riu um substancial au-
mento salarial na vés-
pera do Natal da pandemia, o
prefeito Bruno Covas cometeu o
que talvez seja o maior erro de
sua carreira política até aqui.
Também comprometeu a repu-
tação do seu partido, o PSDB,
fundado entre outros pelo avô,
Mário Covas, tendo como um
dos objetivos “definir, de modo
democrático, as prioridades do
gasto público e aprimorar os
mecanismos de controle de sua
aplicação pela sociedade”, se-
gundo Manifesto datado de 25
de junho de 1988.
A açodada decisão da Câmara
Municipal de São Paulo em prol de
salários mais robustos para o pre-
feito, o vice-prefeito e os secretá-
rios municipais envolveu processo
obscuro: dispensou-se a tramita-
ção do projeto nas comissões de
praxe e prescindiu-se de um estu-
do sobre o impacto financeiro da
medida e dos possíveis desdobra-
mentos sobre os salários dos de-
mais servidores públicos.
Seguidores aguardam ansiosamente as instruções do seu líder. Por J. Bradford DeLong
O que virá após a insurreição ?
Q
uando as pessoas inva-
diram a Bastilha, em
Paris, em 14 de julho de
1789, seu objetivo era
libertar os presos que julgavam
ser prisioneiros políticos da mo-
narquia. E quando as mulheres
francesas marcharam de Paris a
Versalhes naquele outubro, seu
objetivo era forçar o rei a voltar
com elas e viver entre o povo.
Que objetivo os apoiadores de
Donald Trump tinham em mente
quando invadiram o Capitólio
dos Estados Unidos em 6 de janei-
ro? Alguns vandalizaram os escri-
tórios da presidente da Câmara e
alguns destruíram memoriais do
falecido líder dos direitos civis e
congressista, John Lewis. Outros
invadiram a câmara do Senado
para tirar selfies na cadeira do
presidente. Um homem da Flóri-
da saiu levando um pódio.
Para entender por que eles es-
tavam lá em primeiro lugar, pre-
cisamos rebobinar a fita. Pouco
antes da insurreição, Trump rea-
lizou um "Comício para Salvar os
Estados Unidos" em um parque
atrás da Casa Branca, onde disse
ao seu público que:
“Todos nós aqui hoje não que-
remos ver nossa vitória eleitoral
roubada por insuflados demo-
cratas, radicais de esquerda, que
é o que eles estão fazendo e rou-
bados pela mídia mentirosa. Isso
é o que eles fizeram e o que estão
fazendo. Nós nunca iremos de-
sistir. Nunca vamos ceder, isso
não acontece. Não se concede
quando há roubo. Nosso país es-
tá farto. Não vamos mais aguen-
tar e é disso que se trata. Para usar
um termo favorito que todos vo-
cês realmente criaram, parem
com a roubalheira... Vencemos
esta eleição e a vencemos por
uma vitória esmagadora ... ”
O problema, Trump continuou
a alegar – mentirosamente – é
que sete estados enviaram conta-
gens “ilegítimas” de votos eleito-
rais ao Congresso. “Com apenas
três dos sete estados em questão,
ganhamos a presidência dos Es-
tados Unidos.”
A notícia de que os democra-
tas haviam conquistado ambas
as cadeiras do Senado da Geórgia
no segundo turno das eleições,
no dia anterior aumentou o ris-
co. A partir de 20 de janeiro, a vi-
ce-presidente Kamala Harris usa-
rá o voto de desempate no Sena-
do, e o líder da maioria, Mitch
Em três dias, a mesa diretora da
Câmara colocou em votação o
substitutivo de um projeto de lei
que nada tinha a ver com o texto
da proposta original. Simplesmen-
te pegou-se carona em um antigo
PL de número 173 que rodava pe-
las gavetas da casa desde 2018 e
cujo texto tratava de salários de
servidores do poder legislativo.
De repente, sem mais nem por
quê, a redação original foi substi-
tuída pela concessão de aumento
de 46,6% no salário do prefeito e
de 55% para os secretários. Práti-
cas daquele tipo, que de repente
transformam bananas em abaca-
xis, parecem ser comuns na Câ-
mara da cidade de São Paulo. Não
obedeceu a encaminhamento
democrático dentro da casa nem
primou pela transparência.
Sabe-se, porém, que as justifi-
cativas no sentido de repor a in-
flação nos vencimentos do alto
escalão municipal carecem de
aprofundamento.
Nos últimos dez anos, os inte-
grantes da cúpula do poder exe-
cutivo paulistano beneficia-
ram-se de aumentos descomu-
nais em seus salários. No caso do
prefeito, o vencimento mensal
pulou do valor de R$ 12.300,00
em janeiro de 2011 para o mon-
tante de R$ 35.462,00 aprovado
em dezembro do ano passado. Is-
so representa um crescimento
nominal de 188%, mais do dobro
da inflação medida pelo IPCA
que acumulou variação de
71,67% no período, até novem-
bro passado (não se conhece ain-
da o IPCA de dezembro).
Trump queria, com seu
discurso antes da
invasão, ”empurrar” os
senadores republicanos
a fazer a “coisa certa”.
Mas, no dia seguinte à
invasão do Capitólio,
eles descobriram que
não havia senadores
suficientes para
se opor à certificação
das eleições
O salto começou com as mano-
bras urdidas na gestão de Gilberto
Kassab. Em 2011, a Câmara fixou o
salário do prefeito em
R$ 20.042,33 com vigência a partir
de fevereiro daquele ano. Um rea-
juste de 63% de um mês para outro
baseado em um decreto legislativo
que vincula a remuneração do pre-
feito da cidade a 75% da remunera-
ção dos deputados estaduais
acrescida de um terço da verba re-
muneratória recebida por aqueles
deputados a título de representa-
ção. Essa benesse restringiu-se ao
prefeito, naquela ocasião.
A açodada decisão da
Câmara Municipal em
prol de salários mais
robustos envolveu
processo obscuroos
Poucos meses mais adiante, a
Câmara aprovou novo salário pa-
ra Kassab, que passou a ganhar
R$ 24.117,62 a partir de janeiro
de 2012.
Já a vice-prefeita na época teve
seu salário majorado de
R$ 10.020,00 para R$ 21.705,86,
vigente no início de 2012. Com o
patamar concedido agora, o ven-
cimento do novo vice-prefeito
passa para R$ 31.915,80. Aqui, o
reajuste nominal atinge 218,5%
entre dezembro de 2011 e no-
vembro de 2020 para um IPCA
que variou 62% no período.
Nada se compara, porém, aos
acréscimos concedidos aos privile-
giados secretários do município
McConnell, se tornará o líder da
minoria, entregando o controle
ao senador democrata Chuck
Schumer, de Nova York.
Assim, ao contrário de 2016,
“Não temos mais linha de fundo”,
alertou Trump. “A única linha que
temos é o veto ao presidente dos
Estados Unidos.” Trump ressaltou
que muitos republicanos ainda es-
tão lutando arduamente para anu-
lar as eleições. “Quero agradecer
aos mais de 140 membros da Ca-
sa… guerreiros… estudando as raí-
zes da Constituição…. Eles sabem
que temos o direito de enviar um
voto ruim que foi obtido ilegal-
mente [de volta aos estados]. ” Em
seguida, ele agradeceu aos 13 se-
nadores republicanos que tam-
bém "se destacaram", principal-
mente Josh Hawley, do Missouri, e
Ted Cruz, do Texas.
Mas Trump alertou que tam-
bém existem republicanos “fra-
cos” – “Mitch [McConnell] e sua
turma” – que “não percebem que
isso será o fim do Partido Repu-
blicano como o conhecemos”.
Mas “nunca será o fim” para o
movimento de Trump. "Deixe-
mos que os fracos saiam", acon-
selhou Trump, "Este é um mo-
mento de força."
de São Paulo. Não tem cabimento a
retórica de que os reajustes eram
necessários sob pena dos auxilia-
res desaparecerem. O salário de
um secretário municipal passou
de R$ 5.344,00 em 2011 para
R$ 19.294,00 em janeiro de 2012,
um aumento espetacular. Com o
novo salário de R$ 30.142,70, apro-
vado em dezembro, o cargo foi
contemplado com majoração de
482,50% em dez anos, ou quase oi-
to vezes a inflação do período.
Em defesa dos aumentos de
agora, os vereadores argumentam
que só entrarão em vigor em 1 o de
janeiro de 2022, como se isso fosse
um consolo para os contribuintes.
Há aí duas questões a considerar.
A pressa dos legisladores em vo-
tar a medida em 2020, dias antes
do prefeito tomar posse em seu se-
gundo mandato, pretendeu con-
tornar o princípio constitucional
da anterioridade, segundo o qual
não é possível implementar novo
nível de salário no decorrer do
mandato. Além disso, jogar a vi-
gência para 2022 teve o objetivo de
escapar das sanções previstas na
Lei Complementar n o 173 de 27 de
maio de 2020, imposta a nível fe-
deral com os procedimentos para
o enfrentamento do covid-19.
No artigo 8 o , aquela lei deixa
claro que “a União, os estados, o
distrito federal e os municípios
afetados pela calamidade pública
decorrente da pandemia da co-
vid-19 ficam proibidos, até 31 de
dezembro de 2021, de: (parágrafo
I) conceder, a qualquer título, van-
tagem, aumento, reajuste ou ade-
quação de remuneração a mem-
Trump concluiu seu discurso
com um apelo à ação: “Vamos ca-
minhar pela Avenida Pensilvânia
... dar aos nossos republicanos, os
fracos ... o tipo de orgulho e ousa-
dia de que precisam para reto-
mar nosso país”.
Suponhamos que as pessoas
acreditem que o presidente é
uma pessoa séria que diz a verda-
de (ou pelo menos não exagera
mais do que um típico político).
O que as pessoas fariam? Cerca-
do por outras pessoas de mente
semelhante, pode-se concluir
que se deveria “descer a Avenida
Pensilvânia” para enfrentar
aqueles políticos “fracos” para
que eles “venham para o seu la-
do”. De acordo com o presidente,
o vice-presidente Mike Pence,
McConnell e os outros precisa-
vam de um empurrão para "fazer
a coisa certa": interromper a con-
tagem dos votos do Colégio Elei-
toral e enviar as contagens falsas
e "ilegais" certificadas "de volta
aos estados para certificar de no-
vo”. Se isso acontecer, “nós nos
tornamos presidente e vocês se
tornarão pessoas mais felizes”.
Acreditando nisso, pode-se es-
tar disposto a empurrar as pes-
soas para fora do caminho – que-
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
bros de Poder ou de órgão, servi-
dores ou empregados públicos e
militares, exceto quando derivado
de sentença judicial transitada em
julgado ou de determinação legal
anterior à calamidade pública”.
Os vereadores da Câmara e o
prefeito da cidade acham que con-
ceder reajustes para vigência em
janeiro de 2022 está em conformi-
dade com a lei. Mas pode não estar.
O parágrafo I do artigo 8 o em ne-
nhum momento prevê a conces-
são de aumento ou reajuste de re-
muneração do serviço público ao
longo de 2020 e de 2021 mesmo
que venha a ser implementada de-
pois de 31 de dezembro de 2021.
Ademais, o parágrafo VII é explíci-
to ao dizer que os entes federativos
estão proibidos até aquela data de
“criar despesa obrigatória de cará-
ter continuado”, ressalvadas as
medidas de combate à covid-19 e
no caso em que haja “prévia com-
pensação mediante aumento de
receita ou redução de despesa”, o
que não foi contemplado no proje-
to aprovado pela Câmara e sancio-
nado pelo prefeito paulistano.
Não há justificativa plausível.
O alto escalão do município já
dispõe de acesso privilegiado à
moradia confortável, seguro saú-
de, transporte e outros itens que
afetam os bolsos dos contribuin-
tes em geral menos privilegiados.
Maria Clara R. M. do Prado , jornalista,
é sócia diretora da Cin — Comunicação
Inteligente e autora do livro “A Real
História do Real”. Escreve mensalmente
às terças-feiras. E-mail:
mclaraprado@terra.com.br
brar algumas janelas e bater em
alguns policiais – até chegar à
frente dos legisladores que preci-
sam ser mais corajosos.
Mas agora é o dia seguinte à in-
vasão do Capitólio e descobre-se
que, embora se tenha feito tudo
direito, não havia senadores sufi-
cientes, tampouco corajosos. Na
verdade, suas fileiras foram redu-
zidas à metade, com apenas seis
se mostrando “corajosos” o bas-
tante para se opor à certificação
das eleições. O que aconteceu?
Você pertence à maioria de ver-
dade e passou o bastão aos covar-
des McConnell e Pence para que
fizessem a coisa certa. Mas no fi-
nal, eles desistiram.
O que se deve fazer em seguida?
Se o passado servir de lição, será
preciso aguardar ansiosamente as
instruções do seu líder – mesmo
que sejam ordens para pular do
primeiro penhasco. (Tradução de
Anna Maria Dalle Luche)
J. Bradford DeLong , ex-Secretário
Adjunto do Tesouro dos Estados Unidos, é
professor de Economia na Universidade da
Califórnia em Berkeley e pesquisador
associado do Bureau Nacional de Pesquisa
Econômica. Project Syndicate, 2021.
www.project-syndicate.org
| Valor | A15
Frase do dia
“Opresidenteestá
ondeestáhoje,
comuma
popularidadeque
nãoéboa,nem
ruim,emfunção
deumgasto
Do cientista político e professor
da FGV, Cesar Zucco
Cartas de
Leitores
Representatividade
A matéria sobre a reclamação do
Pará e outros Estados, publicada
na edição de ontem, aborda de
maneira clara as distorções do
sistema atual de distribuição de
vagas no Congresso, que não
mais corresponde à atual situa-
ção populacional, prejudicando
a participação de alguns Estados
e dando a outros uma represen-
tação maior do que deveria ser.
É necessário corrigir essa situa-
ção, mas o ideal será antes elimi-
nar o impacto do pacote do pre-
sidente Geisel, que aumentou de
2 para 8 o número mínimo de de-
putados por Estado, reduzindo
esse mínimo aos 2 anteriores, ou
se for politicamente inviável, a 4
no máximo, pois atualmente essa
distorção da representação é
muito alta com uma presença
exagerada de eleitos por Estados
de pouca população, que são os
criados mais recentemente, em
detrimento dos demais.
Mario Ernesto Humberg
marioernesto.humberg@cl-a.com
Vacina
Esta semana de 11/01 até 17/01, é
decisiva para que a Anvisa, autori-
ze o uso das vacinas coronavac e
Oxford/Astrazeneca, para imuni-
zação da população brasileira. O
instituto Butantã, que, com o go-
verno de São Paulo, já tem estoca-
do quase 11 milhões da vacina co-
ronavac, não abre mão de iniciar a
vacinação no próximo dia 25 de
janeiro. Se possível antes. Já que, é
a única vacina disponível no país.
Porém, Jair Bolsonaro, um presi-
dente que tem se mostrado desu-
mano nesta pandemia fala em va-
cinação simultânea. Ora, esse go-
verno inapto com a gestão federal,
que desprezou essa pandemia,
não se antecipando a compra de
vacinas, seringas, agulhas, etc.
agora fala em vacinação simultâ-
nea em todo o país?
Não é racional! Não estamos
falando da vacinação anual da
gripe! Estamos em meio a uma
pandemia que já matou mais de
200 mil brasileiros.
Paulo Panossian
paulopanossian@hotmail.com
Grandes fortunas
Artigo de autoria de Ben Sterve-
man, da Bloomberg, publicado
na edição do Valor de 9/1/2021,
antecipa a preocupação dos titu-
lares de grandes fortunas ameri-
canas e dos respectivos conse-
lheiros, pelas medidas visando
aumentar a arrecadação que se-
rão adotadas pelo governo de-
mocrata que tomará posse em,
20/1/2021 e que terão de ser efe-
tivadas sob a forma de aumento
de impostos devidos a quem au-
fere mais de US$ 400.000, con-
forme anunciado por Joe Biden
em sua campanha . É claro que as
propostas terão que ser aprova-
das nas duas casas parlamenta-
res. A grande interrogação que
aflige os ricos, no entanto, está
no fato de que, pela previsão rea-
lizada pelo prestigiado escritó-
rio de advocacia Withers, envol-
vido com tais questões, as mu-
danças serão mais significativas
do que as pessoas esperavam há
somente dois meses.
Paulo Roberto Gotaç
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
Jornal Valor --- Página 16 da edição "12/01/2021 1a CAD A" ---- Impressa por VDSilva às 11/01/2021@21:15:00
A16 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Especial
Executivo Para Zucco, popularidade subiu com
auxílio emergencial, mas quadro não se repetirá
“Bolsonaro não se
reelege sem ‘mini boom’
de commodities”
Malu Delgado
De São Paulo
Há uma relação intrínseca en-
tre fatores econômicos interna-
cionais — investimentos e comér-
cio — e o desempenho dos gover-
nantes. O meticuloso trabalho
dos cientistas políticos Cesar
Zucco e Daniela Campello abriu
caminhos para desenhar proba-
bilidades de reeleição e términos
de mandato de presidentes com
base em cálculos que conside-
ram esses efeitos econômicos na
popularidade. Na visão de Zucco,
Jair Bolsonaro chegará “camba-
leante” ao final do mandato e só
será competitivo em 2022 se o
Brasil for beneficiado por um mi-
ni boom de commodities. “O pre-
sidente está onde está hoje, com
uma popularidade que não é
particularmente boa, nem parti-
cularmente ruim, em função de
um gasto gigantesco. Num ano
normal, isso não teria acontecido
e Bolsonaro não teria a populari-
dade que tem agora. Mas o que
acontece fora [do país] define,
em grande parte, o espaço de va-
riação para o doméstico”, expli-
cou, em entrevista ao Valor.
Ambos os pesquisadores, pro-
fessores da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), lançaram em no-
vembro o livro The Volatility Cur-
se: Exogenous Shocks and Repre-
sentation in Resource-Rich Demo-
cracies O título, disponível ape-
nas em inglês, poderá ser publi-
cado ainda neste ano pela Cia.
das Letras no Brasil.
Doutor pela Universidade da
Califórnia, Zucco comenta, ain-
da, sobre os efeitos da invasão do
Capitólio, no último dia 6, para a
democracia mundial. A seguir, os
principais trechos da entrevista:
Valor: Como enxergou a invasão
ao Capitólio insuflada pelo presi-
dente dos EUA, Donald Trump?
Cesar Zucco: Nas interpreta-
ções mais benignas e otimistas,
pode ter marcado um ponto de
inflexão ao forçar uma separação
entre a direita trumpista radical e
os Republicanos “democratas”.
Essa divisão poderia abrir cami-
nho para uma política mais con-
sensual. Já sabíamos que discur-
sos de ameaça às instituições ti-
nham público nos EUA. Agora sa-
bemos que ações deste tipo tam-
bém o têm. O fato de os radicais
não terem prosperado não faz a
democracia mais forte. Democra-
cia precisa de consensos básicos.
Ações deste tipo ajudam a semear
a incerteza quanto à solidez das
instituições, e essa incerteza con-
tribuiu para o enfraquecimento
institucional. “Testar” as institui-
ções não as fortalece.
Valor: Quais as consequências
disso para a democracia mundial?
Zucco: Há muitas décadas não
temos um mundo que tivesse al-
guma dúvida sobre a continuida-
de do sistema político america-
no. Podia-se criticar a democra-
cia americana em muitos aspec-
tos, particularmente em relação
às desigualdades de toda ordem
que tolera ou ignora, mas o país,
há muitas décadas, projeta esta-
bilidade institucional para o
mundo. Dúvidas sobre os siste-
ma político dos EUA servem de
alimento para toda sorte de dúvi-
da sobre a própria ideia de de-
mocracia pelo mundo afora.
Valor: Há correlação entre o
atual contexto econômico com o
episódio, ou só o “efeito Trump”?
Zucco: Sim, há, tanto em relação
a processos econômicos estrutu-
rais de longo prazo quanto em ter-
mos de conjuntura. Há diversos es-
tudos recentes mostrando a dete-
rioração da qualidade de vida e das
condições econômicas experi-
mentadas pelos brancos com bai-
xa educação, pelo menos relativa a
outros grupos como imigrantes e
minorias étnicas. Este é também o
grupo sociodemográfico mais co-
nectado ao radicalismo antidemo-
crático. É razoável supor que am-
bos fatores estejam conectados.
Antes da pandemia, Trump era fa-
vorito para reeleição. Mesmo com
um desempenho pífio em relação
à pandemia em si, Trump conti-
nuou forte nas pesquisas até mea-
dos do ano, muito em função, su-
ponho, do estímulo econômico e
da transferência direta de renda.
Trump, assim, cativou e estimulou
os radicais que fazem parte de um
grupo sociodemográfico em “cri-
se” estrutural com seu discurso an-
tidemocrático e contava com o
apoio conjuntural gerado pelo
bom desempenho econômico.
Quase deu certo. O assustador é
que se a pandemia tivesse ocorrido
três ou quatro meses mais tarde,
poderia ter dado certo.
Valor: Suas pesquisas mais re-
centes abordam como contextos
econômicos externos podem afetar
o voto. O auxílio emergencial no
Brasil não teve relação intrínseca
com a popularidade de Bolsonaro?
Zucco: A primeira coisa: econo-
mia doméstica importa, e muito.
Quando dizemos que as condi-
ções externas importam, a gente
não está dizendo que as internas
não importam. E também não es-
tamos dizendo que é um pouco
disso, um pouco daquilo. O argu-
mento é mais sutil. Em países co-
mo o Brasil, condições não só ex-
ternas, mas exógenas, importam.
Externo é o que vem de fora do
país, e o exógeno é a categoria
ampla que abarca qualquer coisa
que os nossos governantes não
controlam, como a covid-19. Es-
ses choques importam porque
afetam a economia doméstica.
No Brasil, em particular, algumas
variáveis econômicas e a maneira
como somos inseridos na econo-
mia internacional faz com que se-
jamos particularmente voláteis,
por conta de choques que nossos
presidentes não controlam. Va-
riáveis internacionais afetam for-
temente o andamento da econo-
mia brasileira. E os eleitores res-
pondem a isso. Quando o cenário
internacional está muito favorá-
vel a países como o Brasil, tem
muito mais espaço para você fa-
zer políticas de distribuição de
renda. Se as coisas internacional-
mente estão ruins, nada dá certo.
Quando se pensa no boom de com-
modities dos anos 2000, Chávez
foi bem e Uribe também. Lula, Ba-
chelet foram muito bem. Um es-
pectro diferente de governos. O
ano de 2020 foi particularmente
estranho porque, se não houvesse
a covid-19, não teríamos o auxílio
emergencial. O presidente está
onde está hoje, com uma popula-
ridade que não é particularmente
boa, nem ruim, em função de um
gasto gigantesco. Num ano nor-
mal, isso não teria acontecido e
Bolsonaro não teria a populari-
dade que tem agora. Mas o que
acontece fora [do país] define, em
grande parte, o espaço de varia-
ção para o doméstico.
“
Bolsonaro
chegará ao final
cambaleante.
Com mini boom
de commodities
não é impossível
que ele seja
competitivo”
Valor: Como comprovou essas hi-
póteses na sua pesquisa, em conjun-
to com Daniela Campello?
Zucco: Percebemos que há dois
fatores internacionais: um é o de
investimento, é a taxa de juros
americana, e o outro é o trading,
as commodities. O Brasil é um
grande produtor de commodi-
ties. Se o preço das commodities
sobe, entra muito dinheiro no
país via trading, estimula muito a
economia e atrai investimentos.
Esses dois fatores, investimentos
e comércio, não são ligados ao
que fazemos domesticamente. A
América Latina se divide em dois
modelos: um é “maquila”, que ex-
porta industrializados para os
EUA, e os outros países têm ciclos
de commodities. Nestes países, o
externo afeta muito o interno. O
presidente se reelege ou elege o
seu sucessor, desde 1980, quando
as commodities estão em alta e os
juros [americanos] baixos. Quan-
do as coisas estão mal, é baixa a
probabilidade de reeleição. Essas
coisas estando positivas os presi-
dentes são mais populares. Isso
sendo de esquerda, de direita, se
era bom governante, habilidoso,
ruim, se tinha maioria ou não. Vo-
to econômico afeta todo mundo.
Não é só o eleitor pobre, sem cog-
nição e sem informação. A con-
clusão do nosso livro é que a de-
mocracia tem seus limites porque
é quase impossível, num cenário
onde a economia depende muito
de fatores exógenos, dizer o
quanto o presidente fez ou o
quanto veio de fora. O cara pode
ser só um sortudo, no lugar certo,
na hora certa. Quando esses dois
fatores internacionais estão posi-
tivos, ou seja, commodities altas e
taxa de juros internacionais bai-
xa, também se tem maior chance
de chegar ao final do mandato.
Valor: Já analisaram as probabi-
lidades do governo Bolsonaro? Há
um cenário de previsão de melhora
de commodities, mas num quadro
atípico com covid-19.
Zucco: Temos uma situação no
Brasil, hoje, com duas imprevisi-
bilidades grandes. O GET [Good
Economic Times Index, que junta
essas duas variáveis, comércio e
investimento] está intermediá-
rio. As commodities subiram um
pouquinho, os juros mais ou me-
nos estáveis. A imprevisibilidade
é a covid-19. Há muitas divergên-
cias sobre os cenários daqui pra
frente. O que começou a circular
nas últimas três semanas, sobre
mini boom de commodities, é
uma possibilidade bastante con-
creta. O mercado está vendendo a
ideia. A China, embora tenha se
recuperado rápido, vinha aterris-
sando. O fato de que o boom de
commodities vai ser puxado pela
Índia eu acho muito duvidoso. O
cenário do rame-rame é muito
ruim para o Bolsonaro. Tem um
passivo enorme que carregamos
de 2020, vai exigir governo e já vi-
mos, pelo que foi dado, que ele
não sabe governar. Só falar não
vai funcionar para 2021. E vai ter
tensão maior entre mercado e go-
verno, e política. O mercado vai
exigir a conta do ano passado, e o
governo está acostumado a não
pagar. O problema é difícil, ainda
mais se somar as inabilidades po-
líticas. Caminhamos então para
um cenário ruim para o Bolsona-
ro, em que ele vai chegar camba-
leante ao final, se chegar. Acho
que não se elege.
Valor: Por que acha isso?
Zucco: Se a economia andar de
lado, ele vai chegar, daqui a dois
anos, com popularidade entre
25% e 30%, no máximo. Pode até
ir para o segundo turno, mas não
vai ganhar eleição. Já o cenário de
mini boom de commodities po-
de vir a encobrir a incapacidade
gerencial e geral do governo Bol-
sonaro. Se for aberto um espaço
fiscal, as coisas melhoram, o mer-
cado acredita, e o governo, mes-
mo não fazendo nada, rola isso
pra frente, consegue distribuir
não um benefício remotamente
parecido com o auxílio emergen-
cial, porque não terá condições,
mas consegue distribuir algum
programa social. A economia dá
uma leve melhorada. Não em
função do governo, mas em fun-
ção deste mini boom de commo-
dities. Aí, não é impossível que
ele chegue competitivo daqui a
dois anos. Eu acho esse um cená-
Se economia depende de fatores exógenos, diz Zucco, é impossível analisar mérito de governante: “Pode ser só sortudo”
rio difícil, mas não impossível.
Nossos dados mostram que mes-
mo presidentes ruins, se o GET
for favorável, eles são competiti-
vos. Claro que entram outras va-
riáveis políticas, presidência da
Câmara, problemas legais, etc.
Mas certamente a popularidade
respondeu aos gastos do gover-
no e os gastos do governo só fo-
ram possíveis excepcionalmente
por causa do orçamento de guer-
ra. Bolsonaro está mais popular
hoje do que as condições inter-
nacionais preveriam, porque
conseguiu essa válvula de escape.
Não terá isso em 2021. Portanto,
sem boom de commoditites,
acho que o governo está ferrado.
Valor: E sobre impeachment?
Zucco: Se a probabilidade de re-
eleição sobe, as chances de chegar
ao final do mandato também. A
probabilidade de perder a eleição
é sempre maior do que a probabi-
lidade de cair e não terminar o
mandato, um evento bem mais ra-
ro. Não fiz essas contas com os nú-
meros atuais do governo Bolsona-
ro, com base no modelo. Mas em
termos de cenários, é isso: o rame-
rame aumenta a probabilidade de
ele não terminar o mandato e de
perder a eleição. Outra questão é o
vice. O vice da Dilma, Michel Te-
mer, era tragável pelo Centrão. O
vice do Bolsonaro não é. Isso eu
não sei se foi estratégia ou sorte.
Mas é um fato relevante. Não dá
para pensar em tirar o presidente
sem pensar em quem estará no lu-
gar. Pode ser que o Centrão tenha
algum interesse em manter Bolso-
naro porque ele é mais tragável
que Mourão. Vejo o apoio do Cen-
trão a Bolsonaro como consequên-
cia dele ainda estar se segurando
ou tendo algo a oferecer. Se apare-
cer sangue na água, tubarão vem
em cima. Se a coisa piorar, o Cen-
trão não vai cair com Bolsonaro.
Dito isso, a vida de Bolsonaro fica-
ria mais fácil se ele governasse com
apoio legislativo. Mas não acho
que isso vai salvar o governo dele.
O que vai salvar o governo dele é
um mini boom de commodities.
Valor: Se o auxílio emergencial
for prorrogado, ainda assim a pro-
babilidade de reeleição é baixa?
Zucco: Não tem como fazer
dois anos de auxílio. Não cabe.
Sem o boom de commoditites, o
governo vai tentar fazer isso, e
não vai conseguir, porque o mer-
cado vai cobrar a conta. O ponto
do auxílio emergencial é que ne-
nhum de nós tínhamos, antes, a
noção do tamanho disso. Em um
mês foi gasto quase o que se gasta
em um ano de Bolsa Família. Há
um estudo comparado, de Amé-
rica Latina, que o auxílio no Brasil
não existiu em lugar nenhum.
Certamente teve efeito indireto,
difícil de medir. Mas é muito difí-
cil que isso não seja a causa de au-
mento da popularidade do Bol-
sonaro. Mas do jeito que foi feito,
não tem como se manter. Um mi-
ni boom não dá espaço para o go-
verno manter esse auxílio. Uma
reflexão importante: eu tenho
medo de um cenário de mega bo-
om. Imagine o Bolsonaro com po-
pularidade de 80%, como teve Lu-
la? Não gosto nem de imaginar o
que seria isso. Bem ou mal, cabe
mencionar que Lula teve 80% de
popularidade ao final do manda-
to, não considerou seriamente a
possibilidade de terceiro manda-
to, não teve conversa de mudar a
Suprema Corte, não teve reforma
Constituinte, não aproveitou o
momento para políticas à esquer-
da. Escolheu mal a sucessora e
achava que voltaria. Mas há que
se convir que não corremos gran-
des riscos. Agora, se Bolsonaro
gera risco com 30% e um boom de
commodities o coloca com 80%,
danou-se! Essa conversa de que
as instituições estão limitando
Bolsonaro, eu acho que, de fato,
ele está limitado é por sua pró-
pria incapacidade. Porque ele
não governa. É um sujeito muito
popular, por razões exógenas,
não por mérito dele. Seriamente,
seria um risco. Não sei se teria ins-
tituição para segurar.
“
Dúvidas sobre o
sistema político
dos EUA são
alimento para
toda sorte de
dúvidas sobre a
democracia
mundo afora”
Valor: Qual é o risco do voto eco-
nômico para as democracias con-
temporâneas, para o Brasil?
Zucco: Quando se está numa
situação [econômica] muito boa
ou muito ruim, não importa a
qualidade do governante. A de-
mocracia só passa a funcionar
quando você está numa situação
média, que por esforço vai colo-
car o governante numa situação
melhor ou pior. Mas como em
um terço do tempo estamos nu-
ma situação ou muito boa ou
muito ruim, temos eleitores res-
pondendo a fatores que os presi-
dentes não controlam. Isso faz
com que, em países como o nos-
so, o voto econômico não garan-
ta que os melhores governantes
sejam escolhidos, nem que os
bons sejam mantidos e os ruins
DIVULGAÇÃO/FGV
sejam mandados embora. Nossa
volatilidade vem muito de fato-
res não controláveis e não in-
fluenciáveis pelos presidentes.
Pode-se dizer: mas um presiden-
te pode reagir melhor. Pode. Um
presidente mais hábil ou menos
hábil, um governo mais hábil ou
menos hábil, pode reagir me-
lhor. Agora, quando a coisa está
muito boa ou muito ruim não
tem habilidade que faça a dife-
rença. O voto econômico não vai
gerar melhores governos.
Valor: Mas as peculiaridades do
sistema político brasileiro não de-
vem também ser consideradas? Te-
mos os tumulos brasileiros.
Zucco: Tumulto cada um tem o
seu. Sistema político-partidário
cada um tem o seu, e todo mundo
odeia. Ninguém diz: temos um sis-
tema partidário maravilhoso. Po-
demos discutir as várias mazelas
do nosso sistema eleitoral, mas
países muito variados na América
Latina têm ciclos parecidos. Somos
voláteis deste jeito desde que en-
tramos no mercado internacional,
há 200 anos. Ou que significa quei-
mar café? É a volatilidade horroro-
sa de um país que vende produtos
agrícolas e sua economia depende
disso. Minha hipótese é que o fato
de estarmos inseridos no mercado
internacional da forma como esta-
mos contribui para que tenhamos
instituições mais fracas. As insti-
tuições fracas seriam consequên-
cia destes ciclos de volatilidade.
Talvez eu consiga provar isso daqui
10 anos. Todo mundo, rico e pobre,
vota mais ou menos [de acordo]
com a economia na mesma inten-
sidade. O problema é que a nossa
economia varia muito mais, e mais
por fatores exógenos. O eleitor da
América do Sul não é mais suscetí-
vel ao voto econômico do que o
eleitor num país desenvolvido. O
problema é no nosso caso recom-
pesamos a sorte e, no caso deles,
recompensam o mérito, por sorte.
Valor: O governo Lula vivenciou
o boom de commoditites, com popu-
laridade altíssima. Mérito ou sorte?
Zucco: É impossível responder.
Obviamente você pode ter dinhei-
ro e não fazer nada disso. Então
não se pode tirar o mérito, a criati-
vidade e capacidade de articula-
ção. É consensual que o Bolsa Fa-
mília foi bem constituído. Tem mé-
rito, mas não dá para negar que te-
ve sorte. Se você conversa com gen-
te do PT, vão acreditar que Dilma
teve azar e Lula, mérito. Os tucanos
dizem que Lula teve sorte e Dilma
foi incompetente. O ponto do nos-
so livro é que não tem como saber.
Sergio Cabral não teria consegui-
do fazer o que fez, nem mesmo
roubar naqueles termos, sem o bo-
om de commodities.
Jornal Valor --- Página 1 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 11/01/2021@21:33:50
Empresas
VENHA SER
UNLIMITED
Destaques
Log-In cresce em Vitória
O grupo de cabotagem brasileiro
Log-In informou que o Terminal
Portuário de Vila Velha (TVV),
sob concessão da companhia até
2048, venceu processo para ex-
plorar provisoriamente a área n o
5 do Porto Organizado de Vitória
(ES). O projeto compreende a ex-
ploração transitória de uma área
de 54.086 metros quadrados pe-
lo prazo de 180 dias. Em nota, a
empresa afirmou que a nova
operação irá “reforçar” sua parti-
cipação no Porto Organizado de
Vitória e a ampliação dos servi-
ços ofertados aos atuais e poten-
ciais clientes. O processo seletivo
simplificado, que levou a escolha
do TVV, foi organizado pela
Companhia Docas do Estado do
Espírito Santo (Codesa).
VR Benefícios I
A VR Benefícios, empresa de be-
nefícios corporativos controlada
pela família Szajman, fez um
aporte na startup Pontomais,
que vende serviços de ponto ele-
trônico digital. O valor do inves-
timento não foi divulgado tam-
pouco a fatia adquirida pela
companhia de vale-refeição e va-
le-alimentação. A Pontomais é
uma HR Tech, como são chama-
das as startups do setor de recur-
sos humanos, e atualmente é res-
ponsável pelo controle de 1 mi-
lhão de pontos por dia. Com o os
recursos recebidos, a meta é de
que esse número chegue a 10 mi-
lhões ao dia nos próximos cinco
anos, segundo a VR Benefícios.
Hoje, a startup tem cerca de 13
mil clientes. O serviço de gestão
de pontos tem valor inicial de
R$ 50 ao mês, para empresas até
10 funcionários.
VR Benefícios II
A aquisição de fatia da Ponto-
mais faz parte da estratégia de
crescimento da VR Benefícios,
que se capitalizou no início de
2020 com a entrada do fundo so-
berano de Cingapura (GIC) co-
mo novo sócio da companhia. A
empresa não revela a participa-
ção do fundo, informa apenas
que se trata de uma fatia minori-
tária com direito a um assento
no conselho de administração.
Minério tem leve queda
Os preços do minério de ferro
iniciaram a semana em queda.
Segundo a publicação especiali-
zada “Fastmarkets MB”, o miné-
rio com 62% de teor de ferro re-
cuou 0,54% ontem no porto chi-
nês de Qingdao. A commodity
foi cotada a US$ 172,13 a tonela-
da. Com essa cotação, o minério
de ferro acumula alta de 7,27%
no primeiro mês do ano. Segun-
do a Fastmarkets, os preços caí-
ram seguindo os futuros. No en-
tanto, os finos de alta qualidade
tiveram um bom desempenho
devido à oferta restrita. O con-
trato futuro de minério de ferro
mais negociado para entrega
em maio na Dalian Commodity
Exchange (DCE) subiu ligeira-
mente após a abertura, mas flu-
tuou ao longo do dia, terminan-
do em queda de 2%.
Índice
Infraestrutura B2
Indústria B3 e B4
Movimento falimentar B4
Serviços&Tecnologia B5
Tendências&Consumo B6
Agronegócios B7 e B8
Montadora Há pelo menos seis anos empresa já sinalizava a perda de interesse pelo país
Após vários sinais, Ford deixa Brasil
Marli Olmos
De São Paulo
Ao interromper os ciclos de in-
vestimentos no país, há seis anos,
a direção da Ford começou a dar
os primeiros sinais de que o Bra-
sil já não a interessava tanto
quanto no passado Há dois anos,
mais um sinal: o traumático fe-
chamento da fábrica no ABC, um
dos ícones da industrialização
brasileira. Ontem, a montadora
anunciou o fim da produção de
veículos em Camaçari (BA) e Ho-
rizonte (CE) e de motores em
Taubaté (SP), o que significa que
encerrará toda a sua atividade in-
dustrial no Brasil ao longo deste
ano. Com essa decisão, a compa-
nhia americana indica que o Bra-
sil perde espaço no cenário auto-
motivo global mais rapidamente
do que muitos supunham.
A forma apática com que a
Ford conduziu seus negócios no
país nos últimos anos, em con-
traste com o que faziam os con-
correntes, não deixa dúvidas de
que a decisão de deixar de pro-
duzir aqui não é recente. A pan-
demia e outras queixas que se
ouvem nesse setor, como a desva-
lorização cambial, adicionaram
problemas a uma decisão estra-
tégica, que vem da necessidade
de enxugar as operações para
concentrar-se no que mais inte-
ressa ao mundo hoje: a fabrica-
ção de meios de transporte me-
nos nocivos ao ambiente.
A Ford fechou o ano em quinto
lugar, com 7,14% do mercado
brasileiro de carros e comerciais
leves. Não é uma fatia desprezí-
vel. Ficou à frente de outras gran-
des, como Renault e Toyota. Mas,
ao contrário das concorrentes,
interrompeu os ciclos de investi-
mentos, imprescindíveis para es-
sa indústria funcionar em qual-
quer parte do mundo. E, além
disso, tinha uma estrutura fabril
grande demais para o tamanho
da sua atuação no mercado.
Por meio de nota, a empresa dis-
se que manterá a venda de veículos
importados e que planeja acelerar
o lançamento de diversos novos
modelos eletrificados. Informou,
ainda, que manterá o centro de de-
senvolvimento de produto, na Ba-
hia e o campo de provas, em Tatuí
(SP). A montadora não informou
quantas pessoas serão demitidas.
Sindicatos estimam que 5 mil per-
derão o emprego.
“A Ford está presente há mais
de um século na América do Sul e
no Brasil e sabemos que essas são
ações muito difíceis, mas neces-
sárias, para a criação de um ne-
gócio saudável e sustentável”,
disse Jim Farley, presidente mun-
dial. “Estamos mudando para
um modelo de negócios ágil e
enxuto ao encerrar a produção
no Brasil”, completou, na nota.
O desenvolvimento das próxi-
mas gerações de veículos, elétricos
e autônomos, exige pesados inves-
timentos. E cada empresa decide,
hoje, quais operações vão sobrevi-
ver. Ganham as que já estão aptas
para a produção imediata desses
veículos e as que, com lucrativida-
de, ainda produzirão modelos a
combustão no período de transi-
ção para a eletrificação.
Para Jaime Ardila, consultor
internacional e ex-presidente da
General Motors no Brasil e Amé-
rica do Sul, a decisão da Ford não
foi surpresa. Faz parte de uma
profunda restruturação a nível
global, que inclui fechamento de
operações que não se sustentam
sozinhas. “Minha impressão e
que a Ford vai fazer anúncios de
encolhimento ou fechamento de
operações em vários países e re-
giões para se focar nos Estados
Unidos, China e, em forma redu-
zida, na Europa”, destaca. Para
Ardila, embora a montadora te-
nha decidido manter alguma
presença no Brasil e América do
Sul, “será muito pequena e a mar-
ca perderá relevância”.
A Ford deixa de produzir no Bra-
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | B1
Vendas da Moura
Dubeux crescem
no 4 o tri e somam
R$ 305 milhões, diz
Villar, presidente B4
VANER CASAES/AG. BAPRESS/FOLHAPRESS
Fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, foi inaugurada no começo dos anos 2000 e será fechada com a decisão da montadora americana de deixar o Brasil
sil, mas manterá sua fábrica na Ar- deu, em dezembro, a produção dústria de Componentes (Sindi- Com o fim da produção de veí-
gentina. Há um mês, o presidente na fábrica que compartilha com peças), que representa mais de culos no Brasil, a Ford prevê um
da Ford na América do Sul, Lyle a Volkswagen no Paraná. 500 fornecedores do setor, prefe- impacto de aproximadamente
Watters anunciou ao presidente Há pouco mais de um mês a riu não se pronunciar. “O Sindi- US$ 4,1 bilhões em despesas não
da Argentina, Alberto Fernández, Mercedes-Benz anunciou o fim peças lamenta o anúncio da Ford, recorrentes, incluindo cerca de
um novo programa de investimen- da produção de automóveis no mas não cabe à entidade comen- US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6
tos, de US$ 580 milhões, para de- Brasil. A empresa alemã explicou tar decisões empresariais”, desta- bilhão em 2021. Aproximada-
senvolver a próxima geração da pi- que a fábrica brasileira, em Irace- cou, por meio de nota. mente US$ 1,6 bilhão será rela-
cape Ranger e modernizar a fábri- mápolis (SP) não tem condições No terceiro trimestre de 2020, cionado ao impacto contábil
ca General Pacheco, na grande de produzir carros elétricos sem a Ford alcançou receita de US$ atribuído à baixa de créditos fis-
Buenos Aires. A operação argenti- um novo programa de investi- 600 milhões na América do Sul e cais, depreciação acelerada e
na é mais enxuta. Produz um único mentos. A instabilidade econô- prejuízo operacional de US$ 108 amortização de ativos fixos. (Co-
modelo, de alto valor agregado e mica e a alta do dólar desestimu- milhões, queda de 34,5% na com- laborou Ana Paula Machado)
cuja produção é quase toda expor- lariam novos planos. paração anual. O Brasil represen-
tada para o Brasil. Já o Sindicato Nacional da In- ta a maior parte da operação. Ver mais na página B3
Na ocasião, em entrevista, por
vídeo, a jornalistas da região,
Watters queixou-se da desvalori-
zação do real e do peso argentino,
que levaram a uma “situação sem
precedentes”, agravada pela pan-
demia. Naquele dia, ele deixou,
ainda, claro que a partir de então,
a estratégia da companhia ameri-
cana seria voltada à preservação
da saúde financeira.
Com a fábrica de São Bernardo
fechada, a atividade industrial da
Ford no Brasil passou a concen-
trar-se em Camaçari (BA), que pa-
recia ter ganho fôlego graças à
prorrogação do programa de in-
centivos fiscais nas regiões Norte e
Nordeste, anunciada nos últimos
dias do governo de Michel Temer.
A fábrica de motores em Tauba-
té, no interior de São Paulo, come-
çou a perder a razão de existir à
medida que a linha de modelos da
marca encolheu. No Ceará, a em-
presa tem uma fábrica de jipes,
que comprou da marca brasileira
Troller com o objetivo de ampliar o
uso de incentivos fiscais. A fábrica
da Bahia representa o símbolo do
início da descentralização indus-
trial do setor automotivo no Brasil.
Por meio de nota, a Associação
Nacional dos Fabricantes de Veí-
culos Automotores (Anfavea) dis-
se que não falaria sobre o tema
porque “ trata-se de uma decisão
estratégica global de uma das as-
sociadas”. “Respeitamos e lamen-
tamos. Mas isso corrobora o que a
entidade vem alertando há mais
de um ano sobre a ociosidade lo-
cal, global e a falta de medidas
que reduzam o custo Brasil”.
A decisão repercutiu no setor.
“Sem uma política indústria para
o setor automotivo essas notícias
vão se repetir com frequência”,
disse o dirigente de uma monta-
dora. Segundo ele, a alta carga
tributária, a burocracia e a inse-
gurança jurídica tornam o país
cada vez menos interessante pa-
ra novos investimentos do setor.
Nos bastidores, dirigentes do
setor se queixam da falta de diá-
logo com o atual governo. No iní-
cio da pandemia, as montadoras
pediram apoio federal para ob-
ter linhas de crédito. Há ainda
outras pendências. É o caso dos
créditos tributários a receber.
Há seis meses, a direção da Au-
di no Brasil disse que não tinha
mais como pedir à matriz autori-
zação para investir num país on-
de o governo lhes deve dinheiro
(créditos de IPI). Por isso, suspen-
Jornal Valor --- Página 2 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 11/01/2021@21:09:07
B2 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Empresas | Infraestrutura
Logística Antes visto como projeto de apenas um
interessado, ferrovia poderá atrair concorrência
Leilão da Fiol ganha
força com novos
projetos ferroviários
Taís Hirata e Ana Paula Machado
De São Paulo
O leilão do primeiro lote da
Ferrovia de Integração Oeste Les-
te (Fiol), marcado para abril des-
te ano, tem atraído mais interes-
se do que se esperava.
Inicialmente, a avaliação era
que o trecho interessaria apenas
a uma companhia: a Bahia Mi-
neração (Bamin), que opera na
região a Mina Pedra de Ferro. Po-
rém, o avanço de outros projetos
ferroviários passaram a dar uma
nova perspectiva de cargas para
a ferrovia e, com isso, chamar a
atenção de outros grupos.
O primeiro trecho da Fiol, de
Ilhéus a Caetité (BA), é bastante
dependente da mina da Bamin,
empresa controlada pelo Eura-
sian Resources Group, do Casa-
quistão. A companhia, que tam-
bém depende da Fiol para viabili-
zar sua produção de minério de
ferro, já declarou o plano de par-
ticipar do leilão, em consórcio.
No passado, o grupo chegou a
firmar um memorando de enten-
dimentos com a China Commu-
nication Construction Company
(CCCC) e a China Railway Group
(Crec). Porém, o acordo não an-
dou, e a empresa estuda alternati-
vas de consórcio, já que há novos
interessados, afirma o presidente
da Bamin, Eduardo Ledsham.
Bahia prepara concessões de saneamento e rodovias
De São Paulo
O governo baiano deverá co-
meçar a estruturar seus primeiros
projetos regionais de saneamen-
to em parceria com o BNDES. O
Estado firmou uma carta de in-
tenções com o banco, para a es-
truturação de concessões. A pri-
meira delas deverá ser na região
de Feira de Santana, segundo o vi-
ce-governador, João Leão (PP).
A princípio, a ideia é que a esta-
Fabricantes de implementos vivem realidades distintas
Desempenho
Carlos Prieto
De São Paulo
Os números divulgados ontem
pela Associação Nacional dos Fa-
bricantes de Implementos Rodo-
viários (Anfir) mostraram cresci-
mento de 0,77% nas vendas em
2020. Mas revelaram também que
existem três países para o setor: o
país sem crise do agronegócio,
onde atuam principalmente os fa-
bricantes de linha pesada, de re-
boques e semirreboques; o país
longe da força do campo, onde os
fabricantes de linha leve sofrem
os efeitos da pandemia de covid-
19; e um terceiro território onde
os dois se encontram e enfrentam
a falta de peças e insumos, a infla-
ção dos custos industriais e a ex-
pectativa do sucesso de uma vaci-
na contra a doença. No ano passa-
do, o agronegócio garantiu à li-
nha pesada expansão de 6,16%,
enquanto a linha leve caiu 5,19%.
Mesmo sendo um setor pulveri-
zado, que inclui de multinacionais
de faturamento bilionário a pe-
quenas empresas com receita de
dezenas de milhares de reais, o ro-
teiro de 2020 foi bem parecido. Te-
ve um bom primeiro trimestre,
passou pela parada brusca da pro-
dução entre abril e maio e engatou
a recuperação no segundo semes-
tre. Foi a velocidade dessa recupe-
ração que definiu quem terminou
o ano no azul ou no vermelho.
Segundo números da Anfir, fo-
ram emplacadas 121,9 mil unida-
des em 2020, contra 121 mil em
Ainda é cedo para a definição
dos concorrentes, mas a avaliação
do mercado é que outros grupos
podem participar do leilão, como
a VLI (empresa da Vale, Mitsui, FI-
FGTS, Brookfield e BNDES), ope-
radora da Ferrovia Centro Atlân-
tica (FCA), que cruza a Bahia. Um
possível interesse da Rumo (da
Cosan) tampouco é descartado.
Além disso, fundos de investi-
mentos voltados a infraestrutura
têm olhado o ativo, para possivel-
mente compor parcerias, diz Bru-
no Aurélio, sócio do Demarest.
A Bahia Mineração
busca parceria para
concorrer; grupos como
CCCC, VLI e Rumo vão
estudar o projeto
O interesse do mercado cres-
ceu diante da perspectiva de que
o governo irá levar adiante os de-
mais trechos da Fiol. A ferrovia es-
tá dividida em três lotes. Além do
primeiro, que irá a leilão em abril,
há um segundo trecho, de Caetité
até Barreiras (no oeste baiano),
com mais de 45% de execução físi-
ca. A ampliação traria novas car-
gas do agronegócio à via.
Já com o terceiro lote, de Bar-
reiras até Figueirópolis (TO), a
atratividade passaria a outro pa-
tal Empresa Baiana de Águas e Sa-
neamento (Embasa) se mante-
nha na produção de água, diz ele.
O modelo foi adotado nos proje-
tos de Alagoas (leiloado em se-
tembro de 2020 à BRK Ambien-
tal) e do Rio de Janeiro (com lei-
lão marcado para abril). Porém,
ainda será preciso fazer os estu-
dos para definir o formato.
O Estado também deverá ini-
ciar, com os prefeitos recém-em-
possados, conversas para uma
Carvalho, da Randon, diz que recorde em dezembro era inimaginável há seis meses
2019. “Vivemos uma montanha
russa, com descidas e subidas mui-
to fortes. No segundo semestre ti-
vemos empresas que trabalharam
dia e noite e enfrentaram falta de
matéria prima e componentes. Em
pesados, o desempenho teria sido
tamar, devido à conexão com a
ferrovia Norte-Sul (no tramo ope-
rado pela Rumo). A Valec já fez o
projeto básico para o trecho, mas
a construção não começou.
Embora seja difícil imaginar
que os próximos trechos serão li-
citados ainda neste governo, há
uma confiança de que sairão do
papel, avalia Alberto Sogayar, só-
cio do L. O. Baptista. “O edital foi
estruturando pensando nos pró-
ximos lotes. Haverá demanda.”
Outro fator recente também
elevou o interesse pela Fiol: a via-
bilização da Ferrovia de Integra-
ção Centro Oeste (Fico), que fará a
conexão entre o Mato Grosso e a
ferrovia Norte-Sul. Com isso, po-
de se formar um novo corredor
de escoamento agrícola, do Cen-
tro-Oeste até o porto em Ilhéus.
Há, inclusive, uma possibilida-
de de conexão direta entre Fico e
Fiol, segundo o Ministério de In-
fraestrutura. Porém, a viabilidade
ainda está em estudo. A ligação
exigiria uma mudança nos traça-
dos: hoje, a previsão é que a Fico
se conecte à Norte-Sul por Mara
Rosa (GO), e a Fiol, por Figueiró-
polis (TO). Uma fonte avalia que a
alteração não seria simples, e que
o corredor pode se configurar
mesmo sem uma ligação direta.
A construção da Fico, com 383
km, será realizada pela Vale. O in-
vestimento será uma contraparti-
nova concessão da região metro-
politana de Salvador. O contrato
da Embasa com a capital é consi-
derado precário. Desde ao menos
2012 o Estado vinha buscando
um contrato de programa (fir-
mado sem necessidade de licita-
ção), para formalizar a prestação
de serviços, mas sem sucesso.
Com a aprovação do novo marco
legal, em 2020, essa possibilida-
de deixa de existir. Assim, terá
que ser estruturado um leilão pa-
JEFFERSON BERNARDES/DIVULGAÇÃO
igual sem a pandemia porque o
agronegócio garantiu o ano”, diz
Norberto Fabris, presidente da An-
fir. “Já em leves estamos falando
dos pequenos comerciantes, pe-
quenos mercados, mercearias, lo-
jas de rua. Esse pessoal não conse-
Novos trilhos
Projetos podem criar novo corredor de escoamento agrícola
Fiol I (entre Ilhéus
e Caetité)
Leilão
8 de abril
Extensão
537 Km
Investimento (capex)
R$ 5,411 bilhões
Outorga mínima
R$ 30,72 milhões
à vista + 3,43% da receita
operacional bruta (do ano
6 ao ano 35 do contrato)
MT
Água Boa
Cuiabá
MS
Fontes: PPI, Valec
da à renovação antecipada de ou-
tra concessão do grupo, a Estrada
de Ferro Vitória a Minas. Dessa
forma, os recursos para a obra es-
tão garantidos e, como a constru-
ção será tocada por uma empresa
privada, tende a ser mais célere.
“A Fiol passa a ser uma via im-
portante para o agronegócio”,
afirma Fernando Paes, diretor-
executivo da Associação Nacional
dos Transportadores Ferroviários
(ANTF). Para ele, outro fator posi-
tivo é a recente experiência da
concessão da Norte-Sul, arrema-
tada pela Rumo no início de
2019, sem que a via tivesse sido
totalmente construída. “Foi con-
solidado o modelo de leiloar a
ferrovia inacabada. No caso da
Norte-Sul, deu certo, o que dá
mais segurança para que se repi-
ra o bloco de municípios.
Além dos projetos em sanea-
mento, a Bahia também faz pla-
nos de lançar ao menos duas con-
cessões de rodovias ambiciosas,
conta Leão. A primeira seria uma
duplicação de mais de 900 quilô-
metros entre a Ponte Salvador-
Itaparica e a cidade de Luis Eduar-
do Magalhães, no oeste baiano. A
segunda seria a construção uma
nova rodovia, com 550 km de du-
plicações, partindo de Itaparica
guiu voltar à normalidade e isso se
reflete na redução da distribuição
de produtos nos centros urbanos.”
Mesmo sem ter os números fe-
chados, Fabris afirma que o fatura-
mento do setor cresceu acima do
0,77% das vendas. Em 2019, a recei-
ta geral ficou em torno de R$ 5 bi-
lhões. “Mas com certeza as mar-
gens foram apertadas por conta
dos gastos extras com a pandemia
e alta do aço, alumínio e plástico.”
Na Empresas Randon, uma das
maiores fabricantes de reboques e
semirreboques do país, 2020 foi
definido como “um ano excelente”
pelo vice-presidente executivo e
COO, Sergio Carvalho. A empresa
que tem quatro unidades no Brasil
e duas no exterior (Argentina e Pe-
ru) manteve os lançamentos pre-
vistos, o investimento de R$ 37 mi-
lhões na expansão da unidade de
Araraquara (SP) e em dezembro
bateu recorde de produção.
Mas Carvalho viveu a “monta-
nha russa” citada por Fabris. No se-
gundo trimestre lançou um pro-
grama de desligamento voluntá-
rio para funcionários e logo em se-
guida iniciou uma recuperação
em “V”. “Em dezembro produzi-
mos, em média, 143 produtos por
dia”, diz. “Há seis meses, não pode-
ria imaginar isso.” Hoje a empresa
tem cerca de 3,5 mil funcionários e
200 vagas em aberto. O fatura-
mento acumulado no ano até se-
tembro foi de R$ 1,65 bilhão
Com carteira de pedidos que
permite programar a produção
para todo o primeiro semestre, fica
o desafio de encontrar o preço cor-
reto para os produtos. O descom-
Belém
Açailândia
PA
Porto Palmas
Nacional
TO
Figueirópolis
Mara Rosa
DF
GO
Goiânia
ta”, diz. O trecho da Fiol entre
Ilhéus e Caetité está com cerca de
75% de sua obra concluída.
Questionada sobre o leilão, a
chinesa CCCC afirmou que está es-
tudando sua participação. A VLI
disse que “todas as oportunidades
são avaliadas”, sem confirmar o in-
teresse. A Rumo também diz que
sempre avalia oportunidades, mas
não tem posição definida.
A viabilidade da Fiol também
depende da construção do Porto
Sul, em Ilhéus, por onde será es-
coada a carga. As obras, condu-
zidas pela Bamin em parceria
com o governo baiano, começa-
ram em 2020 e devem ficar
prontas em dois anos, diz o vice-
governador, João Leão (PP).
O Ministério de Infraestrutura
destaca que o edital da Fiol ga-
até Porto Seguro, no litoral sul.
A princípio, os projetos seriam
Parcerias Público-Privadas, afir-
ma o vice-governador. As conces-
sões, porém, ainda estão em um
estágio bastante inicial. O gover-
no planeja lançar uma licitação
para contratar as empresas que
farão os estudos de viabilidade.
No caso do trajeto entre Salva-
dor e Luis Eduardo Magalhães,
que corta todo o Estado, o gover-
no ainda precisará negociar uma
passo entre a data de fechamento
da venda e a efetiva produção e en-
trega, num cenário de reajustes de
preços das matérias primas e com-
ponentes, torna difícil definir o
melhor preço. “Não podemos cor-
rer o risco de tornar o negócio in-
viável.” A Randon trabalha com
dólar médio de R$ 5,20 para 2021.
O mesmo desafio é apontado
por César Moreira, presidente da
Usimeca. O grupo tem duas fábri-
cas no Rio, duas no exterior (Méxi-
co e Chile) e 250 funcionários. Es-
pecializado em implementos para
limpeza urbana, a empresa fechou
2020 com forte queda nas vendas e
na receita. “Qual vai ser o preço da
matéria prima quando eu tiver de
entregar um produto daqui há al-
guns meses? O aço subiu de 80% a
90% e temos notícias de novos rea-
justes no primeiro trimestre”, diz.
Em janeiro de 2020, a
Ibiporã pagava R$ 3,80
o quilo da chapa de aço.
Neste mês está
comprando a R$ 6,70
Moreira conta que vende exclu-
sivamente para o setor privado e
exporta de 30% a 35% da produção
para a América Latina, que tam-
bém caiu em 2020. Mesmo se defi-
nindo otimista para 2021, o execu-
tivo diz que a empresa dificilmen-
te conseguira voltar aos níveis de
2019. “O aço tem o maior impacto
no nosso negócio. E não sabemos
onde isso [reajustes] vai parar.”
Em janeiro de 2020, a fabricante
Norte-Sul Ferrovia de Integração
Oeste Leste (Fiol) -
Ferrovia de demais trechos - Entre
Integração Centro Caetité e Figueirópolis
Oeste (Fico, a
ser construída
Ferrovia de
pela Vale)
Integração Oeste
Leste (Fiol) I - Trecho
entre Ilhéus e Caetité
MA
BA
Barreiras
Bom Jesus da
Lapa
Salvador
Correntina
Caetité Ilhéus
Porto Sul
MG
ES
rante que o novo operador possa
construir um terminal portuário
privado no porto, em uma área já
delimitada. O vencedor do con-
trato também poderá optar por
firmar um contrato com a Ba-
min, para usar seu terminal.
Para a mineradora, é essencial
garantir a operação da ferrovia e
do porto, já que seu projeto é vol-
tado à exportação do minério de
ferro, explica o presidente. A Ba-
min começou a operar neste mês
sua planta piloto em Caetité, em
escala reduzida: a produção vai
começar em 1 milhão de tonela-
da por ano e deve chegar até 3
milhões de toneladas. A ideia é
ampliar para 18 milhões de tone-
ladas de minério por ano, mas es-
sa expansão ainda depende da
infraestrutura de escoamento.
parceria com a União, já que a ro-
dovia é federal (a BR-242).
Já o segundo projeto, entre Ita-
parica e Porto Seguro, seria “gre-
enfield”, ou seja, construído do
zero. Hoje já existe uma estrada
que percorre, pela costa, grande
parte do caminho. Porém, a via
está muito próxima a povoados, o
que inviabilizar uma duplicação.
“A nova BA-001 passaria por trás
das cidades e teria um trajeto 250
km mais curto”, diz ele. (TH)
Ibiporã pagava R$ 3,80 o quilo da
chapa de aço. Neste mês está com-
prando a R$ 6,70, alta de 76%. Da-
vid Willian Martins da Costa, dire-
tor comercial, apresenta os núme-
ros para ilustrar as pressões de cus-
tos que enfrenta. A empresa fami-
liar paranaense tem 400 funcioná-
rios e faturou R$ 220 milhões em
2020, alta de 8% sobre 2019.
Especializada em linha frigorifi-
cada, a empresa foi criada pelo avô
e pai de Costa há 28 anos como fa-
bricante de implementos leves.
Mas migraram também para a li-
nha pesada. O objetivo é fechar
2021 com 40% da produção já em
pesados. Além dos reajuste de ma-
téria prima e componentes, Costa
destaca ainda a falta recorrente de
produtos. Neste momento, faltam
pneus para seus implementos.
Falta de produtos também desa-
fiou a Frigo King, fornecedora de
equipamentos, instalada em Santa
Catarina, com 30 funcionários e fa-
turamento de R$ 30 milhões no
ano passado. “Montamos estoque
de segurança para evitar a falta de
componentes. Mas mesmo assim
tivemos problemas pontuais. Por
exemplo, caixas de papelão para
enviar o produto”, conta Marcos
Augusto Pordeus de Paula, diretor.
Em 2019 a empresa dobrou a ca-
pacidade de produção e tem con-
dições de atender a alta da deman-
da esperada para este ano, mas o
desempenho vai depender da ca-
deia de fornecedores. “Se falta um
controlador de R$ 50 meu equipa-
mento não sai da fábrica do mes-
mo modo que se faltasse um com-
pressor importado”, lembra.
Jornal Valor --- Página 3 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 11/01/2021@21:29:37

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | B3

Empresas | Indústria
Montadora Decisão de fechamento das operações no
Linhas desligadas
país não foi negociada com trabalhadores e governos Montadora americana deixa de produzir no país depois de mais de 60 anos

Sindicatos dizem
Produção no Brasil - em mil
400
353,1
327,0
300

que foram pegos de

240,6
227,2
200 189,1
170,4 165,5 160,0
146,9
122,9
100

surpresa pela Ford

54,0
6,0 19,1 11,8 20,0
0

1957 1960 1965 1967* 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020**

Linha do tempo

1953 1968 1993

Ana Paula Machado e
Marina Falcão
De São Paulo e do Recife
A decisão da Ford de fechar as
unidades produtivas no Brasil
pegou os trabalhadores de sur-
presa. O presidente do Sindicato
prega, entre funcionários da
Ford e de fornecedores, 12 mil
pessoas. Contanto os indiretos,
segundo Bonfim, são mais 60
mil empregos. “São ao todo 72
mil pessoas afetadas. Ainda não
decidimos o que fazer para mi-
nimizar os impactos. Vamos ter
dezembro deste ano.
“Recebemos hoje (ontem)
uma ligação informando do fe-
chamento da fábrica. Fomos pe-
gos realmente de surpresa por-
que tínhamos um acordo de es-
tabilidade com a Ford”, disse.
Segundo Silva Júnior, a unida-
Inauguração da Fábrica do lpiranga,
no bairro de mesmo nome em São
Paulo, com 200.000 m2. Mais de
2.500 empregados foram
contratados para a produção diária
de 125 veículos
1957
Com o lançamento do Corcel, a Ford
inaugurou o segmento de carros
médios no Brasil.
1974
A nova Fábrica de Motores e Fundição
de Taubaté foi inaugurada.
Com a abertura do mercado, a Ford
lançou o Explorer, SUV importado
dos EUA
1995
Com o fim da Autolatina, a Ford
anunciou um um dos maiores
programas de investimento da sua

dos Metalúrgicos de Camaçari,
Júlio Bonfim, disse ao Valor que
a montadora convocou uma
reunião para hoje e a expectati-
va era de um anúncio de demis-
são dos funcionários que ha-
viam retornado do regime de
suspensão temporária do con-
trato de trabalho (lay off).
A fábrica de Camaçari, na Ba-
hia, era a maior operação da
companhia na América do Sul. “A
direção da montadora nunca
aventou que poderia um dia fe-
char essa fábrica”, disse Bonfim.
uma assembleia amanhã (hoje),
às 5h30, na porta da fábrica”,
afirmou o sindicalista.
Bonfim ressaltou que a fábri-
ca estava funcionando até on-
tem normalmente em dois tur-
nos de produção. No ano passa-
do, segundo ele, a Ford montou
140 mil carros, bem abaixo da
capacidade instalada da fábrica
de 250 mil unidades por ano.
Além de Camaçari, a Ford tam-
bém encerrou as atividades de
sua fábrica de motores em Tau-
baté, no interior de São Paulo. A
de produziu no ano passado 60
mil motores para os modelos
Ford Ka e o Ecosport. “Já havía-
mos programado para 2021 a
montagem de 80 mil unidades”,
ressaltou Silva Júnior. A fábrica
tem capacidade instalada para
200 mil propulsores anuais. O
sindicalista afirmou que haverá
uma assembleia hoje na fábrica
para definir as formas de contes-
tação dessa decisão.
Com a decisão da montadora
americana, o governo do Estado
da Bahia, que recebeu a notícia
O primeiro veículo Ford brasileiro, o
caminhão F-600, saiu da linha de
montagem da Fábrica do Ipiranga no
dia 26 de agosto.
Inaugurou afábrica de motores no
Ipiranga e a fundição de Osasco (SP)
produzindo ferramentas de
estamparia e peças fundidas para os
veículos da Ford e de outras marcas
1960
Lançou o primeiro trator nacional, o
Ford 8-BR Diesel
1964
1976
A nova Fábrica de Tratores foi
inaugurada em São Bernardo, com
área construída de 16.500 m2 e
capacidade de produção anual de 20
mil tratores
1980
O Corcel II a álcool, desenvolvido no
Brasil, foi o primeiro veículo da Ford
com esse combustível
1987
A Ford e a Volkswagen criaram uma
parceria e passaram a operar no Brasil
e na Argentina dentro da holding
história no Brasil, de US$2,6 bilhões
1996
inaugurou a nova Fábrica de
Transmissões em Taubaté.
2001
Inaugurar o Complexo Industrial
em Camaçari. A Fábrica de
Caminhões iniciou as operações em
São Bernardo do Campo
2019
Anuncia o fim da operação da
fábrica em São Bernardo do Campo

Segundo ele, as alegações da
direção da companhia para a
decisão foram a instabilidade
econômica do país, causada pe-
unidade, que estava para com-
pletar 53 anos de operação, em-
prega 800 funcionários entre
Ford e fornecedores, e mais 600
após uma reunião com represen-
tantes da empresa, entrou imedia-
tamente em contato com a Embai-
xada Chinesa para sondar possí-
Produção do 100.000º veículo no Autolatina, associação que durou até
Brasil, um caminhão F-600, com 1995 com o compartilhamento de
índice de nacionalização de 99% plataformas locais.
Fonte: Ford. *Começa a produção de carros. **Somente carros

lo governo federal, e a pande-
mia. “Segundo eles, o prejuízo
na região no ano passado foi de
cerca de US$ 600 milhões. Foi es-
sa a explicação para o fecha-
mento da operação brasileira.”
O complexo de Camaçari em-
indiretos. Segundo o presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos de
Taubaté e Região, Cláudio Batista
Silva Júnior, a unidade estava
operando em um turno e meio
desde outubro de 2020 e havia
um acordo de estabilidade até
veis investidores com interesse em
assumir o negócio no Estado.
Em nota, o governo do Estado
lamentou a saída da multinacio-
nal americana do Brasil e destacou
“os impactos socioeconômicos
consequentes do fechamento da
empresa, importante geradora de cutir a formação de grupo de Velloso, a decisão da Ford é um
empregos e renda no Estado”. trabalho para avaliar alternati- alerta importante para o governo
O governador Rui Costa (PT) vas ao fechamento da operação. federal iniciar as reformas estrutu-
também entrou em contato com Para o presidente da Associação rais e assim diminuir o custo Brasil.
a Federação das Indústrias do Brasileira da Indústria e Máquinas “Estão matando a galinha de ovos
Estado da Bahia (Fieb) para dis- e Equipamentos (Abimaq) José de ouro”, disse Velloso.

Governo lamenta decisão Como Mauro Salles e Henry Ford II batizaram o Corcel
“destoante” da montadora Pedro Cafardo
De São Paulo
DIVULGAÇÃO

Fabio Graner e Mariana Ribeiro
De Brasília
O Ministério da Economia la-
mentou ontem a decisão “global e
estratégica da Ford” de encerrar a
produção no Brasil e disse que ela
destoa da forte recuperação obser-
vada na maioria dos setores da in-
dústria no país. A pasta aproveitou
para reforçar que é preciso rápida
implementação das medidas de
melhoria do ambiente de negócios
e das reformas estruturais.
O tema gerou grande repercus-
são, mas não pegou exatamente de
surpresa a pasta. Uma alta fonte
destaca que esse movimento já vi-
nha sendo ensaiado pela monta-
dora desde 2018, mas ela foi con-
vencida a ficar pelo governo. Com
a pandemia, a situação mudou
drasticamente e o governo não es-
pera reverter a decisão.
Outro interlocutor comenta
que o setor automotivo é oligopo-
lizado e vive uma situação de ajus-
tes no mundo, com busca de luga-
res com mais capital e tecnologia,
além de boa demanda, que desde
2015 já não é o caso para o setor no
Brasil. Essa fonte lembra que outra
montadora, a Mercedes já havia
deixado o país, e avalia que outras
podem seguir o mesmo caminho.
Além disso, esse membro do go-
verno aponta a insegurança jurídi-
ca para usufruto dos benefícios fis-
cais como um fator que pesou. As
empresas, por conta da guerra fis-
cal, acumulam créditos de ICMS e
não conseguem utilizá-los. No ca-
so da Ford essa conta superava
R$ 1 bilhão. Isso levaria as empre-
sas a realizarem um movimento de
interrupção dessas perdas.
Outra fonte ressalta que a mon-
tadora americana cometeu muitos
erros estratégicos no país, que lhe
custaram mercado. Além disso, há
uma competição mais acirrada
com empresas coreanas e chinesas,
enquanto outras montadoras tra-
dicionais contariam com uma re-
de mais sólida no país e outras es-
tão se juntando no mundo para
competir, como a Fiat e a Peugeot.
Chamou a atenção no governo
a decisão da Ford de ampliar a
atuação na Argentina. Não deixa
de ser curioso a empresa ir para
um país que o presidente Jair Bol-
sonaro gosta de dizer que é gover-
nado pela “esquerda comunista”.
De qualquer forma, a saída da
empresa acaba sendo um teste pa-
ra os princípios liberalistas da
atual equipe econômica, que já
chegou a dizer que deixaria gran-
des empresas e montadoras fecha-
rem ou quebrar porque isso faz
parte do processo capitalista. Vá-
rias fontes apontam que o governo
não fará nada para mudar. “Quer ir
embora, vai”, disse uma fonte.
Alguns integrantes do governo
se manifestaram em redes sociais.
O secretário especial de Produti-
vidade, Emprego e Competitivi-
dade, Carlos Da Costa, disse que a
pandemia de covid-19 impediu
que as ações tomadas pelo gover-
no para melhorar a economia
surtissem efeito “a tempo”.
“Quando assumimos, a indús-
tria vinha em frangalhos, apesar
de bilhões gastos por governos
anteriores. Temos reduzido o cus-
to Brasil que herdamos, 22% do
PIB”, afirmou. “É hora de unirmos
forças para avançar ainda mais rá-
pido na redução do Custo Brasil e
recuperar nossa indústria, que
perdeu espaço no PIB em todos os
governos anteriores”, acrescentou.
A assessora especial do Ministé-
rio da Economia, Vanessa Canado,
disse ser preciso admitir “que o
modelo de incentivo à indústria
baseado em incentivos fiscais de-
correntes da guerra fiscal tinha
prazo de validade”. “Precisamos
rever os nossos modelos de desen-
volvimento regional. E, sim, um
IVA ajudaria demais!”, salientou..
O secretário de Comunicação
Social, Fabio Wajngarten, disse
que o fechamento de fábricas pela
Ford “não tem nada a ver com a si-
tuação política, econômica e jurí-
dica do Brasil”. Ele respondeu ao
presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), desafeto de Bolso-
naro. O deputado disse também
em rede social que “o fechamento
da Ford é uma demonstração da
falta de credibilidade do governo
brasileiro, de regras claras, de se-
gurança jurídica e de um sistema
tributário racional”.
O vice-presidente Hamilton
Mourão se disse surpreso com a
decisão, salientando que a em-
presa “ganhou bastante dinhei-
ro” no Brasil e que ela poderia
ter retardado a saída.
A Confederação Nacional da In-
dústria (CNI) disse que a decisão
da Ford demonstra a necessidade
de se aprovar urgentemente medi-
das para redução do custo Brasil.
“Entre elas, a reforma tributária se
apresenta como a prioritária”. (Co-
laborou Fabio Murakawa)
Entre as muitas histórias dos
67 anos em que a Ford produziu
automóveis no Brasil, uma das
mais curiosas é a que se passou
nos bastidores da decisão do no-
me do Corcel. Em fins 1967, a
Ford do Brasil se preparava para
lançar esse novo modelo com
grande investimento publicitá-
rio. Motor Renault, o Corcel viria
a ser um enorme sucesso de ven-
das no Brasil dos anos 1970.
O nome oficial do carro, Ford
Corcel, havia sido sugerido por
Mauro Salles, que na época dirigia
a Salles Interamericana, a agência
de publicidade que detinha a con-
ta da montadora no Brasil.
“Não seria melhor chamá-lo
apenas de Corcel?”, argumenta-
vam os executivos da multinacio-
nal. Eles temiam usar a marca
Ford em um carro com motor Re- Modelo Corcel foi lançado no Brasil no fim dos anos 60 e se tornou um sucesso na década seguinte usando motor Renault
nault. O Corcel tinha plataforma
francesa e meio alemã, com um nalista e fazer a Henry Ford II a um reboliço, conta o próprio Sal- Henry Ford II puxou Salles para
design brasileiro, criado por Ro- mesma pergunta que fizera aos les, hoje aposentado, aos 88 anos: fora do saguão de entrada, cami-
berto Araujo e outros estilistas. executivos de São Paulo: “Senhor “Naquela época, os walk-talks nhou sobre um gramado e indi-
Aos 35 anos, jovem e talentoso presidente, desculpe a pergunta, eram enormes, do tamanho de cou com o dedo para o alto. Salles
publicitário, Mauro Salles resolveu mas por que o nome de um carro um sapato número 42. Com esses levantou a cabeça e viu, já ilumi-
contrariar a opinião dos executi- precisa ser aprovado pelo board e ‘sapatos’ na mão, os seguranças nado naquele início de noite, o
vos brasileiros da Ford. “Bobagem, pelo dono da companhia?” corriam de um lado para o outro enorme logotipo oval escrito
não é a primeira vez que isso acon- Henry Ford II deu um sorriso dizendo palavras em código. Não “Ford Motor Headquarters”.
tece”, reagia. E despejava conheci- de satisfação, mas não disse uma estava no script essa saída de “Tá vendo, é o meu nome que
mentos adquiridos no tempo em palavra. Puxou Salles pelo braço, Henry da sala de reuniões. está lá. Para mexer com o meu
que havia sido jornalista especiali- saiu da sala, chamou o elevador e No térreo do prédio da Ford nome, só com a minha autoriza-
zado em automóveis. “A Ford fran- o levou para fora do prédio. Foi em Detroit havia um grande hall. ção”, disse Henry.
cesa já chamou de Ford Vedete um
carro desenvolvido pela Simca
com motor V6”, argumentava.
Após longas discussões, a dire-
toria da Ford do Brasil rendeu-se
aos argumentos de Mauro Salles,
mas anunciou que o nome teria de Perdemos um dos principais formadores do mercado de capitais brasileiro.
ser aprovado pelo board da Ford,
em Detroit. Mauro ficou furioso ao A bolsa de valores corria nas veias de Raymundo Magliano Filho, que viu
saber que a simples definição do seu pai fundar a primeira corretora de valores do país.
nome de um carro dependeria do
board da empresa. Mas seguiu pa-
ra Detroit, acompanhado do presi- Crescemos vendo muitas de suas iniciativas para desmistificar o investimento
dente e do diretor de Marketing da em ações. Pavimentou o caminho para o cenário que vemos hoje, com a
Ford do Brasil. De repente, viu-se
diante do poderoso Lee Yacocca, bolsa contabilizando quase três milhões de investidores pessoa física.
na época o CEO mundial da Ford, e
do próprio Henry Ford II. Colocou essa mesma energia na vida empreendedora, abraçando o novo
Numa reunião à tarde, Salles fez
explanação de sete minutos para
em sua corretora, sempre com o intuito de prestar ao cliente o melhor serviço.
justificar a escolha do nome. Foi fá- A Planner manifesta profundo pesar com sua morte e presta solidariedade
cil. A Ford tinha uma tradição de
dar nomes de eqüinos a seus carros à família neste momento de dor.
— Mustang, por exemplo, é um ca-
valo bravio das planícies america-
nas — e Corcel, em português, sig-
nifica “cavalo muito corredor”. To-
dos os diretores aprovaram o no-
me Ford Corcel sem ressalva.
Envaidecido, Salles criou cora-
gem para vestir a carapuça de jor-
Jornal Valor --- Página 4 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 11/01/2021@21:09:49
B4 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Empresas | Indústria
Construção Vendas cresceram 11% no
ano passado; para 2021, projetam 1%
Cimenteiras
pedem vacina
e as reformas
econômicas
Chiara Quintão e Ivo Ribeiro
De São Paulo
Em um ano difícil, marcado
pela pandemia de covid-19, as
vendas de cimento, no país, tive-
ram desempenho inesperado pe-
la indústria. O volume comercia-
lizado cresceu 10,9%, em 2020,
em relação ao ano anterior, para
60,8 milhões de toneladas, se-
gundo o Sindicato Nacional da
Indústria de Cimento (SNIC). “Foi
um desempenho absolutamente
surpreendente”, disse ao Valor o
presidente do SNIC, Paulo Camil-
lo Penna, ao divulgar os números
do ano passado e apontar as
perspectivas do setor para 2021.
Diante de incertezas em relação
à pandemia e macroeconômicas e
do fim do auxílio emergencial
concedido pelo governo a uma
parcela da população, o SNIC pro-
jeta expansão de 1% do volume a
ser comercializado neste ano. É
que a base é alta. Em 2020, o de-
Villar, presidente, alerta sobre alta no custo dos insumos para construção civil
sempenho do setor resultou, prin-
cipalmente, do benefício recebido
por uma parcela da população, da
autoconstrução residencial e co-
mercial e das obras imobiliárias.
“A vacina é fundamental para a
retomada da economia, seguida
pelas reformas estruturantes, com
destaque para a administrativa e a
tributária”, afirma Penna, acres-
centando que há preocupação
que a situação atual da pandemia
se agrave devido às festas de fim
de ano. As vendas de cimento se-
rão beneficiadas conforme o de-
sempenho do programa habita-
cional Casa Verde Amarela e ace-
leração das obras de saneamento
obras decorrentes do novo marco
regulatório para o setor, de acor-
do com o presidente do SNIC.
Na avaliação de Penna, os resul-
tados do primeiro trimestre serão
importantes, considerando-se que
as vendas de cimento foram muito
afetadas pelo excesso de chuvas,
nos dois primeiros meses do ano
DIVULGAÇÃO
Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC: “A vacina contra a covid-19 é fundamental para a retomada da economia, seguida pelas reformas estruturantes”
passado, e pela pandemia na se-
gunda metade de março. “Será
complicado superar os números,
em base anual, de maio em dian-
te”, afirma. Em abril, a queda al-
cançou quase 6% — o mês crítico.
No início do ano passado, a en-
tidade que representa as fabri-
cantes de cimento projetava alta
de 3% nas vendas. Em abril, após
forte queda da demanda, a esti-
mativa passou a ser de retração
de 7% a 9%. Com a retomada gra-
dual a partir de maio e a forte ex-
pansão de quase 27% em junho,
na comparação anual, a expecta-
tiva se inverteu completamente e
voltou a ser de crescimento.
Moura Dubeux acelera lançamentos e
o
vendas crescem 50% no 4 trimestre
Construção civil
Marina Falcão
Do Recife
A incorporadora pernambu-
cana Moura Dubeux acelerou o
ritmo de lançamentos no quarto
trimestre do ano passado e ven-
deu R$ 305 milhões, alta de 50%
em relação ao mesmo período
de 2019, de acordo com prévia
operacional protocolada ontem
na Comissão de Valores Mobiliá-
rios (CVM). “Seguimos confian-
tes no mercado. Com as taxas de
juros nas mínimas, mais famílias
estão enquadrando suas rendas
nos financiamentos. Além disso,
os estoques estão baixos”, disse
Diego Villar, presidente da com-
panhia, ao Valor.
Depois de ser surpreendida
pela paralisação de obras a partir
de março no Nordeste, região em
que a companhia atua, a Moura
Dubeux voltou a lançar empre-
O total de 60,8 milhões de to-
neladas comercializadas, no acu-
mulado do ano, possibilitou que
o setor cimenteiro retomasse o
patamar de vendas dos 12 meses
encerrados em junho de 2016.
Em dezembro, as vendas au-
mentaram 16,6%, ante o mesmo
mês de 2019, para 4,7 milhões de
toneladas. Por dia útil, porém,
houve redução de 13,2% da co-
mercialização do insumo, para
208,4 mil toneladas, no mês em
relação a novembro. Desde se-
tembro, o auxílio emergencial foi
reduzido pela metade. A partir
deste mês, a concessão está sus-
pensa. O benefício tinha contri-
endimentos a partir de agosto,
somando R$ 791 milhões apenas
nos últimos seis meses do ano,
sendo R$ 516 milhões no quarto
trimestre. “Em apenas seis meses,
lançamos mais que o dobro do
que em todo ao ano passado”,
afirmou Villar. No total, foram
três empreendimentos novos em
Fortaleza, três em Salvador e qua-
tro em Pernambuco.
Segundo executivo, a velocida-
de da empresa nos últimos seis
meses aponta para o que deve ser
a dinâmica neste ano. Ainda nes-
te mês, a empresa deve lançar um
residencial de médio padrão na
cidade de Natal.
A Moura Dubeux estreou na
bolsa em fevereiro do ano passa-
do com a promessa de equili-
brar o endividamento e ganhar
fôlego para uma expansão re-
gional. De lá para cá, as ações da
companhia não acompanharam
a recuperação da bolsa de valo-
res e acumulam perda de 47,32%
buído para o incremento de ven-
das, principalmente no Nordeste.
Atualmente, o setor conta com
capacidade instalada para fazer
94 milhões de toneladas de ci-
mento ao ano. Encerrou 2020
com utilização de 65% dessa ca-
pacidade — 54 fábricas integra-
das e 39 moagens. “Toda a produ-
ção é direcionada para atender ao
mercado interno”, afirma.
Segundo o presidente do SNIC,
a indústria assegura a continui-
dade do abastecimento de ci-
mento para todas as regiões do
Brasil. Ele ressalta que fornos vêm
sendo religados pelo país confor-
me a demanda, bem como unida-
desde o IPO, enquanto o Índice
Ibovespa sobe 6,8%, no mesmo
intervalo de tempo.
Com as dívidas quitadas após
a captação de recursos na bolsa,
a empresa voltou a dar lucro e
gerar caixa no terceiro trimestre.
No quarto trimestre, afirma Vil-
lar, a empresa também deve fe-
char no azul. A geração de caixa
no período foi de R$ 49 milhões,
segundo dados reportados on-
tem, totalizando R$ 114 milhões
no segundo semestre.
Villar destaca que, nos três úl-
timos meses do ano, os distratos
da incorporadora representa-
ram apenas 5% da vendas brutas,
alcançando um dos menores pa-
tamares históricos. Mesmo dian-
te de resultados acima das ex-
pectativas no fim do ano, a em-
presa está com um sinal de aler-
ta aceso em relação ao aumento
dos preços dos insumos da cons-
trução. Villar considera que, por
ora, esse é um problema circuns-
Movimento falimentar
Falências Requeridas
Requerido: Anthogyr do Brasil Importação, Ex-
portação e Comércio de Produtos Odontológicos
Ltda. - CNPJ: 10.555.154/0001-01 - Endereço: Av.
GetúlioVargas,521,Sala14,BairroViloaBaetaNeves
- Requerente: Anthogyr do Brasil Importação, Expor-
tação e Comércio de Produtos Odontológicos Ltda. -
Vara/Comarca: 5a Vara de São Bernardo do Cam-
po/SP - Observação: Pedido de auto falência.
Requerido: Nat Refeições Eireli - CNPJ:
09.722.298/0001-18 - Endereço: Rua Padre Léo
Comissari, 200, Bairro Ferrazópolis, São Bernardo
Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a Agenda tributária.
CLAUDIO BELLI/VALOR
des de moagem. “A demanda, a
partir de maio, teve crescimento
abrupto, em meio a uma crise que
envolveu todos setores do país”.
Por outro lado, o setor tem sen-
tido forte pressão de custos de pro-
dução, como os de coque (oriundo
do petróleo), sacaria e energia elé-
trica. Para tentar minimizar esses
impactos, a indústria do cimento
vem investindo, por exemplo, na
substituição de parte do coque por
combustíveis alternativos.
Para 2021, o SNIC trabalha com
expectativa que o Produto Inter-
no Bruto (PIB) cresça 3,3%, e que o
Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) tenha alta de 3,5%.
tancial, que tende a ser resolvido
com a normalização dos esto-
ques nas fábricas e o fim auxílio
emergencial, que impulsionou a
demanda por reformas pegando
a cadeia de suprimentos da
construção de surpresa.
Para o executivo, o aumento de
custos só se tornará “estruturan-
te” se houver uma expansão mo-
netária muito grande e a China
volte a consumir as commodities
com muita intensidade. No caso
da Moura Dubeux, até o momen-
to o aumento do preço dos insu-
mos tem sido mais do que com-
pensado pela redução de custos
com mão de obra, fenômeno
particularmente intenso no Nor-
deste onde o desemprego é mais
elevado. Com isso, os gastos no
canteiro de obra têm ficado um
pouco abaixo do orçado pela
companhia. Apesar disso, a in-
corporadora está fazendo com-
pras anuais para garantir preços
dos insumos, disse Villar.
do Campo/sp - Requerente: Refeições Bras Food
S/A - Vara/Comarca: 1a Vara Regional de Compe-
tência Empresarial e de Conflitos Relacionados À
Arbitragem da 1ª Raj/SP
Falências Decretadas
Empresa: Arsil Indústria e Comércio de Confec-
ções Ltda. Epp - CNPJ: 10.833.704/0001-07 - En-
dereço: Rua Maria Teodoro Pagliarini, 566, Centro,
São Sebastião da Bela Vista/mg - Administrador
Judicial: Dr. Claudinei Ferreira Moscardini Chavas-
co - Vara/Comarca: 1a Vara de Santa Rita do Sa-
pucaí/MG
Jornal Valor --- Página 5 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por cgbarbosa às 11/01/2021@21:20:42

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | B5

Empresas | Serviços&Tecnologia
Varejo Projeção é de 900 lojas a mais no ano; alta nas vendas pode repetir 2013
DIVULGAÇÃO

Farmácia escapa da crise e

inicia novo ciclo de aberturas
Adriana Mattos
De São Paulo
Com quase 90 mil farmácias no
país, o Brasil deve voltar a viver um
novo ciclo de investimentos no se-
tor após 2021. Mesmo nesse am-
biente de incertezas no mercado de
consumo, a demanda segue acele-
rada. Maior preocupação das pes-
soas com a própria saúde e as ofer-
tas recordes de ações em 2020, que
levaram a um aumento de liquidez,
devem sustentar a velocidade de
vendas em 2019 para 18% hoje.
Desempenho das farmácias Houve maior aceleração na de-
Dados de faturamento e número de lojas manda de outubro a dezembro,
em relação ao trimestre anterior,
Faturamento com vendas voltando a crescer
Redes associadas à Abrafarma, em bilhões de R$ dois dígitos, disse, sem especificar
taxas. “Temos verificado um au-
70
mento no valor dos tíquetes [gasto
60
58,1* por compra] mais forte que o nú-
53,4
50 44,4
48,1 mero de pedidos. As pessoas tem
39,5 ido menos nas lojas, mas ainda
40 35,9
28,7
32,4 têm comprado mais”.
30 25,2 A empresa fez uma oferta de Stutz, da Abrintel: “Empresas não querem construir e depois ter que ir à Justiça”
21,6
ações em julho de R$ 480 milhões.

Antena de celular
20

aberturas de pontos e elevar a taxa 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Antes disso, abria cerca de 40 a 45
de crescimento das vendas. lojas ao ano. Para 2021, a projeção
Número de lojas
A projeção é de um saldo final é de 65 inaugurações, metade no
positivo, entre inaugurações e fe- Em mil Rio Grande do Sul e o restante nos

chamentos, de cerca de 900 unida-
des no país neste ano, maior volu-
me desde 2018, segundo a Abra-
farma, entidade que reúne as
maiores cadeias. É mais que o do-
bro do ano passado — em 2020, o
saldo foi de 400 pontos.
O total passaria de 8,3 mil lojas
das redes associadas para 9,2 mil
entre 2020 e 2021. A associação
responde por quase metade das
vendas em drogarias no país.
O ritmo de expansão em 2021
deve superar 2020, com aceleração
mais forte em dois a três anos,
quando as unidades abertas de-
vem alcançar a maturidade. Em
2020, a expansão no faturamento
foi de 8,8%, segundo a entidade.
Segundo a Abrafarma, com a
demanda gerada com as 900 lojas
abertas, as vendas terão expansão
em torno de 10% após a maturação
completa das unidades. Há regiões
em que o amadurecimento ocorre
entre ano e meio e dois anos.
Pelo cálculo de Barreto, conside-
rando que uma loja madura faz ao
mês, em média, R$ 7 milhões em
vendas, com as 900 farmácias che-
gando nesse nível serão pouco
mais de R$ 6 bilhões ao longo de
12 meses. Esse montante equivale
10
8 6,8
6
4,3 4,7 4,9
4 fora do Rio Grande do Sul, com a
2 empresa explorando mais os ou-
0
2011 2012 2013
Fonte: Abrafarma *Previsão
a uma alta de 10% na receita do se-
tor: “Isso é venda a mais apenas
com as aberturas, ainda temos o
crescimento natural do mercado”.
Para 2021, o executivo deixa al-
gumas projeções em aberto. Diz
que se for repetido esse índice de
quase 9% de alta, e as novas lojas
entregarem a metade de seu po-
tencial de crescimento, então o se-
tor alcançaria aumento de 14% no
faturamento no ano.
Esse índice está no mesmo pata-
mar de 2013, quando as associa-
das cresceram 13,8% — o segundo
melhor ano da década no setor.
Para Edison Tamascia, presiden-
te da Febrafar, que reúne redes as-
sociativas e independentes, houve
explosão de vendas em março e
abril no setor, seguida por acomo-
dação por causa do isolamento so-
7,9
7,6
6,9
5,9
5,5
2014 2015 2016 2017 2018 2019
cial. Mas a aceleração ganhou for-
ça após o terceiro trimestre. “Cres-
cemos 24,4% em 2020, acima do
mercado e de 2019 [alta de 17%].
Mas dificilmente vamos repetir es-
ses 24% em 2021”, afirma.
“Atendemos à demanda de
bairro que subiu com o ‘home of-
fice’ e isso não deve manter o
mesmo ritmo. E na periferia, o
auxílio emergencial ajuda, e ele
não foi renovado”, diz.
De acordo com o presidente do
Grupo Dimed, controlador da rede
gaúcha Panvel, Julio Mottin Neto,
houve um aumento de vendas na
segunda metade de 2020, de medi-
camentos que tiveram mais de-
manda com o retorno das cirurgias
e consultas. Isso ocorreu nas lojas
sem queda nas vendas no on-line.
O braço digital passou de 10% das
Estados do Paraná, de Santa Catari-
8,3 na e São Paulo. O grupo tem 475
pontos. “A partir de 2022, mais da
metade [das aberturas] deve ficar
tros Estados”, afirma ele.
2020
Na avaliação de Luiz Novais, di-
retor vice-presidente financeiro da
Pague Menos, mesmo com o re-
cente aumento do desemprego, e
projeções de que essa taxa demore
a ceder, o setor é mais resiliente
que outros, por ser considerado es-
sencial. “Não abrimos lojas em
2020, mas estamos retomando is-
so neste ano. Como informamos
no nosso IPO [oferta pública de
ações, em agosto], 63% dos recur-
sos vão para abertura”, disse, sem
informar projeção de inaugura-
ções. A empresa levantou cerca de
R$ 750 milhões na oferta.
“Projetamos receita bruta cres-
cendo 9,5% em 2021, com expan-
são não só na venda de produtos,
mas de serviços, como vacinação
e exames. Vemos uma manuten-
ção da preocupação das pessoas
com saúde”, afirma. Em 2020, a
empresa fez 260 mil testes de co-
vid nas lojas. Cerca de 70% das
vendas é de medicamentos.
ainda é barrada
Telecomunicações
Ivone Santana
De São Paulo
As empresas gestoras e deten-
toras de infraestrutura de teleco-
municações ainda não consegui-
ram eliminar o impasse com as
prefeituras de quase todo o país
para instalação de torres e ante-
nas de celular.
A Lei Geral de Antenas
(13.116/15) foi regulamentada
por meio de decreto presidencial
assinado no dia 1º de setembro
de 2020. Junto passou a vigorar
um dispositivo (silêncio positi-
vo) que permite fazer a instala-
ção dos equipamentos caso os
municípios não respondam aos
pedidos das empresas em 60
dias. Mas, a insegurança jurídica
tem freado os investimentos.
Ocorre que essa permissão é
precária, a instalação tem que se-
guir determinados padrões. De-
pois do prazo estabelecido, se
discordarem dos projetos execu-
tados, as prefeituras podem exi-
gir adaptação ou até remoção
para atualizar as normas tramita
desde 2013 na Câmara Municipal,
ainda sem solução.
Procurada pelo Valor, a Câma-
ra Municipal respondeu, em no-
ta, por meio da assessoria de im-
prensa da Presidência, que “a Ca-
sa apresentou embargos de de-
claração referentes à decisão do
STF sobre a Lei Municipal
13.756/2004 ... O recurso, que
ainda está pendente de aprecia-
ção, pleiteia a nulidade do julga-
mento, pois a Câmara não tinha
sido devidamente intimada”.
O setor torce pela aprovação na
Câmara de Deputados do projeto
de lei 8.518/2017, que altera a Lei
nº 13.116, disciplinando o licen-
ciamento temporário para a insta-
lação de infraestruturas em áreas
urbanas. De autoria dos deputa-
dos Vitor Lippi (PSDB-SP) e Odori-
co Monteiro (PSB/CE), o projeto
determina que o órgão regulador,
que pode ser a prefeitura, conceda
autorização para instalar o equi-
pamento após os 60 dias, desde
que atenda aos padrões locais.
O projeto agora aguarda desig-
nação de relator na Comissão de

Hapvida e Intermédica ganham R$ 32,5 bi dos equipamentos.

Saúde
Beth Koike
De São Paulo
Em apenas dois pregões, Hapvi-
da e NotreDame Intermédica (GN-
DI), que negociam uma fusão, va-
lorizaram R$ 32,5 bilhões na B3.
Com isso, a companhia combina-
da chegou ontem a um valor de
mercado de R$ 129,4 bilhões, su-
perando a Rede D’Or, que é avalia-
da em R$ 121,6 bilhões.
As ações da Intermédica fecha-
ram ontem em alta de 11% e Hap-
vida, 8,46%, mesmo após os for-
tes de ganhos de sexta-feira,
quando a negociação foi confir-
mada pelas operadoras de pla-
nos de saúde. Na sexta-feira, a va-
lorização dos papéis da Intermé-
dica foi de 26,59% e de 17,68% na
Hapvida — o que foi visto como
uma demonstração de que o
mercado acredita no potencial
da fusão. Com base no preço
atual dos papéis e múltiplos das
operadoras, a projeção de inves-
tidores é que a fusão pode gerar
um incremento de R$ 1,2 bilhão
na linha de lucro antes de juros,
Compra e fusão de companhias bateram recorde em 2020
Estratégia
Raquel Brandão
De São Paulo
O número de fusões e aquisições
no Brasil bateu novo recorde de ja-
neiro a novembro de 2020, che-
gando a 909 transações, mostra le-
vantamento da consultoria PwC
Brasil. No período, a quantidade
de negócios fechados foi 42% supe-
rior à média do mesmo período
dos últimos cinco anos (638 tran-
sações), com aumento de 14% em
relação a igual intervalo do ano an-
terior (798 transações).
Somente em novembro foram
107 fusões e aquisições, 19% a mais
Desempenho na bolsa
Cotação dia a dia - R$/ação
Notredame Intermédica ON
110
100
90
77,26
80
72,20
70
4/jan 7/jan
2021 2021
Variações, em %
Dia 11,00
7 dias 31,31
12 meses 48,01
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
impostos, depreciação e amorti-
zação (Ebitda), por ano.
Questionado se a forte valori-
zação do GNDI poderia levar a
uma revisão do prêmio de 10%
apresentado na proposta, Jorge
Pinheiro, presidente da Hapvida,
disse que essa alta do concorrente
não dilui seu acionista e que não
tem planos de mudar a oferta.
do que no mesmo período de 2019.
A PwC afirma que o avanço no nú-
mero de transações reforça a ten-
dência de recuperação acelerada do
mercado de fusões e aquisições, que
foi fortemente afetado nos em abril
e junho pela pandemia da covid-19.
Com demanda especialmente
aquecida pela crise sanitária e tra-
jetória anterior já ascendente, o se-
tor de tecnologia da informação
(TI) foi o líder em fusões e aquisi-
ções, com 394 operações no acu-
mulado até novembro. Exemplos
nesse setor foram a aquisição da
plataforma de serviços condomi-
niais Sindiconet pela startup de
aluguéis Quinto Andar e a disputa-
da compra da Linx pela Stone.
Uma nova frente planejada pela
Hapvida é a oferta de planos indi-
viduais nas praças de atuação da
Intermédica, ou seja, São Paulo,
Hapvida ON Rio de Janeiro, Minas Gerais e San-
20 ta Catarina. A capital paulista, em
101,45
18,20
especial, carece do produto volta-
18
do à pessoa física. “Temos expe-
riência de mais de 30 anos com
plano individual, temos metodo-
16 15,02 14,09
logia, protocolos e tecnologia”,
disse o presidente da Hapvida.
14
11/jan 4/jan 6/jan 11/jan
Segundo o Credit Suisse, a ofer-
2021 2021 2021 2021 ta de planos individuais do GNDI
pode chegar a 15% de sua base até
Variações, em % 2029. Já na Hapvida, 26% de sua
Valor de Valor de
mercado Dia 8,46 mercado carteira é formada por essa mo-
R$ 61,9 7 dias 21,19 R$ 67,6 dalidade de convênio médico.
bilhões 12 meses 47,16 bilhões A companhia combinada tem
13,6 milhões de usuários de pla-
nos de saúde e dental, o que coloca
esse novo grupo como a maior
Segundo Pinheiro, os maiores operadora verticalizada de planos
ganhos de sinergia podem vir de de saúde do mundo. Consideran-
redução de taxa de sinistralidade do o mercado brasileiro de convê-
e redução de despesas gerais, nio médico, a fatia dessa nova em-
mas não revelou valores. O Credit presa seria de 17,6%. Segundo ana-
Suisse estima uma diminuição listas, a transação não deve sofrer
de R$ 500 milhões nas despesas problemas concorrenciais porque
gerais, o que representa 50% dos quase não há sobreposiçoes nas ci-
gastos nessa linha pela NotreDa- dades, sendo que a única dúvida é
me Intermédica. em relação a Joinville (SC).
Na sequência, vieram os setores dos de private equity — também se
de serviços auxiliares e de saúde. O tornaram mais frequentes nessas
setor de serviços públicos foi o transações, com alta de 29% no nú-
quarto em número de transações, mero de operações quando compa-
seguido pelo financeiro. rado ao mesmo período de 2019,
Outro fator de destaque do perío- chegando a 260 negócios de janeiro
do foi o aumento do interesse do in- a novembro de 2020. Ainda assim,
vestidor nacional, cujo número de os investidores financeiros nacio-
aquisições e compras minoritárias naisforammaioria.Seobservadoso-
ao longo desses 11 meses chegou a mente novembro, eles foram res-
668 transações, 31% a mais do que ponsáveis por 65% das transações.
de janeiro a novembro de 2019. Nos O único recuo observado pelo
negócios anunciados, os investido- levantamento da PwC foi em priva-
res locais representaram 76% do to- tizações e concessões. Essas opera-
tal. Em 46% das transações que en- ções caíram pela metade em com-
volviam investidor estrangeiro, a paração a janeiro a novembro de
origem era de apenas três países: Es- 2019, representando apenas 20
tados Unidos, Canadá e França. das transações ocorridas nesses 11
Osinvestidoresfinanceiros—fun- meses de 2020.
“Não é tão firme construir e de-
pois de 60 dias esperar para ver o
que vai acontecer. As empresas
não querem construir e depois ter
que ir à Justiça”, diz Luciano Stutz,
presidente da Associação Brasilei-
ra de Infraestrutura para Teleco-
municações (Abrintel). A entidade
representa oito associadas que de-
têm 70% das torres de telefonia no
Brasil. O silêncio positivo, da for-
ma como está, não tem formaliza-
ção. A construção é um risco exclu-
sivo do investidor, segundo Stutz.
Em setembro do ano passado, a
Conexis Brasil Digital, que reúne as
grandes operadoras de telecomu-
nicações, informou que havia cer-
ca de 4 mil pedidos de instalação
no país, equivalentes a R$ 3 bilhões
em investimentos, aguardando
autorizações municipais. Os nú-
meros ainda não foram atualiza-
dos, mas as instalações seguem em
ritmo lento, diz Marcos Ferrari,
presidente-executivo da Conexis.
Para Stutz, da Abrintel, os pedi-
dos acumulados já estão próxi-
mos de 5 mil. Ele estima que os in-
vestimentos alcancem R$ 5 bi-
lhões, de 2019 a 2023, conside-
rando a implantação das redes de
quinta geração de serviços mó-
veis (5G), que vão demandar até
nove vezes mais ERBs do que 4G.
Agora, a esperança dos gestores
é a aprovação de novos projetos de
lei. “Tem um arcabouço de diversas
iniciativas legislativas que dimi-
nuem o risco de quem quer insta-
lar antenas com urgência”, diz João
Moura, presidente da Associação
Brasileira das Prestadoras de Servi-
ços de Telecomunicações Compe-
titivas (TelComp). Ele destaca que
muitos municípios ainda não es-
tão atualizando suas leis.
“O fato é que quando consegui-
mos uma vitoria acachapante no
STF para derrubar a lei do Estado
de São Paulo, formamos entendi-
mento jurídico para derrubar as lei
municipais que extrapolam sua
competência, inclusive a lei muni-
cipal de São Paulo”, diz Ferrari.
Em dezembro, o Supremo Tri-
bunal Federal considerou incons-
titucional a “Lei das Antenas” da ci-
dade de São Paulo, por dificultar a
instalação de novas torres. Projeto
Ciência e Tecnologia, Comunica-
ção e Informática. Também deverá
ser recebido pela Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidada-
nia. Depois, poderá ir a plenário.
“Não é permanente e não há
garantia, mas dá uma obrigação
à prefeitura de conceder a autori-
zação e dá segurança jurídica”,
diz Stutz, da Abrintel, referindo-
se ao PL 8.518/2017.
Stutz diz que apenas meia dúzia
de municípios regulamentou a
instalação de infraestrutura até
agora. Santo André, na região do
ABC paulista, lançou um sistema
on-line em dezembro e o alvará sai
por uma plataforma digital. O ob-
jetivo do prefeito Paulo Serra é que
as antenas capacitem a cidade a re-
ceber 5G rapidamente, atraindo o
investimento de empresas.
Em Porto Alegre (RS), desde ju-
nho do ano passado o licencia-
mento de antenas é 100% digital.
Uberlândia (MG), São José dos
Campos (SP) e Brasília também já
regulamentaram o serviço, en-
quanto em Londrina (PR) a previ-
são é para este ano.
O pior caso para conseguir au-
torização para instalar os equipa-
mentos é o da capital paulista,
com 2 mil protocolos pendentes
para avaliação, segundo Stutz. Al-
guns foram implantados mesmo
assim, mas as empresas estão sen-
do multadas, destaca o executivo.
Durante a Comissão Parla-
mentar de Inquérito sobre ante-
nas na câmara paulista, encerra-
da em 2020, a prefeitura infor-
mou, em maio, que as empresas
de telecomunicações deviam R$
R$ 43,5 milhões em multas apli-
cadas por irregularidades no ser-
viço. Procurada pelo Valor, a pre-
feitura diz que segue em conver-
sas com as empresas do setor.
Já o Estado do Rio de Janeiro
sancionou a lei 9.151/20, que insti-
tui o Programa de Estímulo à Im-
plantação das Tecnologias de Co-
nectividade Móvel, publicado no
“Diário Oficial do Executivo” em
22 de dezembro, também prepa-
rando o terreno para 5G. A lei im-
põe que os 92 municípios do Esta-
do procurem se alinhar às normas.
No Mato Grosso, o sistema
também já é on-line.
Jornal Valor --- Página 6 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por cgbarbosa às 11/01/2021@21:30:20
B6 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Empresas | Tendências&Consumo
Eletroeletrônicos Fatia de TV de 49 polegadas cresce de 48% para 60% das vendas totais do ano passado
Brasileiro busca tela de TV cada vez maior
Daniela Braun
De São Paulo
A televisão ganhou ainda mais
destaque como a central de entre-
tenimento durante a pandemia e o
brasileiro busca telas cada vez
maiores, não importa o tamanho
da sala. Segundo a consultoria GfK,
a participação de TVs de 49 polega-
das ou maiores nas vendas cresceu
de 48% para 60% das vendas totais
do setor no ano passado.
Na Consumer Electronics
Show (CES), evento que dita ten-
dências de tecnologia, este ano,
em versão digital, as fabricantes
mostram mais melhorias do que
grandes revoluções tecnológicas.
A resolução permanece entre 4K
e 8. E a tendência é a miniaturiza-
ção dos pontos de luz (LED) na
base dos aparelhos. Com isso, há
telas maiores, de 110 polegadas,
até 50% mais finas, e até modula-
res — uma TV quadrada ou “su-
per wide”, de acordo com o dese-
jo do cliente.
“A busca por produtos pre-
mium com tela mais fina, avanços
em contraste e iluminação, é uma
tendência que continua forte no
mercado brasileiro. Outra é o au-
mento do número de televisores
por lar”, diz Fernando Baialuna,
diretor da consultoria GfK.
Grandes fabricantes como
Samsung, LG e TCL apostam tan-
to em aprimorar recursos visuais
e de aplicações nos novos mode-
los, que começam a chegar ao
Brasil no segundo semestre.
A “smart TV” fica mais inteligen-
te ao ponto de acompanhar a meia
luz de um filme “noir” e reduzir a
emissão de luz azul para trazer
conforto aos olhos. Como centro
de diversão da casa também vai
absorvendo outras funções como
controlar as luzes ou câmeras da
casa, como os assistentes inteli-
‘Efeito covid’ faz linha branca ficar mais higiênica e mais econômica
De São Paulo
Higienização, redução do con-
sumo de energia e praticidade se
destacam entre os lançamentos de
linha branca apresentados pelas
na feira virtual de produtos ele-
troeletrônicos CES. Este ano, além
do lado ‘high-tech’ e do design, os
fabricantes se concentraram no
consumidor que passou a usar
mais os eletrodomésticos nas tare-
fas diárias durante a pandemia.
“Isso gerou no consumidor uma
necessidade de conhecer os pro-
dutos”, diz Marcel Souza, executivo
Marks & Spencer volta às compras
Moda
Jonathan Eley
Financial Times
A varejista inglesa Marks &
Spencer dá os últimos passos pa-
ra comprar a marca de roupas fe-
mininas de luxo Jaeger e tirá-la
da concordata, no que será sua
primeira aquisição no setor de
moda em quase duas décadas.
“Compramos a marca Jaeger e
estamos nos estágios finais de
acertar a compra do produto e
seus ativos de marketing comple-
mentares dos gestores da concor-
data da Jaeger Retail”, disse nesta
segunda-feira Richard Price, que
entrou na M&S no ano passado co-
mo chefe da área de vestuário e ar-
tigos para casa, vindo da Tesco.
A tradicional rede de lojas tam-
bém está no processo de adquirir a
propriedade intelectual da empre-
sa de um veículo separado, que
tem sede em Dubai e é controlado
pelo proprietário anterior da Jae-
ger Retail, Philip Day.
A Jaeger é a primeira marca de
moda que a M&S adquire desde
que comprou a Per Una do desig-
ner George Davies em 2004, por
125 milhões de libras. A M&S ain-
da é dona da Per Una, embora te-
nha se separado de Davies em
2008. Sua relutância em fazer
aquisições tornou ainda mais sig-
nificativa a compra de metade dos
negócios de varejo da Ocado em
2019, por 750 milhões de libras, a
TV da Samsung, com micro Led, tem tela 50% mais fina e de até 110 polegadas
gentes de voz fazem.
“As pessoas vêm passando mais
tempo em casa, o que cria a neces-
sidade de um uso melhor e com te-
la maior”, diz Gustavo Assunção,
vice-presidente de marketing e
vendas de eletrônicos da Samsung.
“Essa é uma tendência do ano pas-
sado e vai continuar estimulado
esse ano”. TVs com telas a partir de
65 polegadas, segundo ele, foram
as mais vendidas no ano passado.
Igor Krauniski, gerente de produ-
tos de TV da LG, diz que houve bus-
ca maior por TVs de 75 e 82 polega-
das na Black Friday. “O brasileiro,
que é fanático por TV, quer uma te-
la cinematográfica em casa.”
Para aumentar a tela e seguir
avançando em qualidade de ima-
gem, o caminho é reduzir o tama-
nho de cada ponto de luz de LED
na base do equipamento. A Sam-
de vendas de linha branca e ar-
condicionado da LG. Segundo ele,
as vendas de eletrodomésticos não
superaram as de eletrônicos, como
TVs e computadores, mas houve
muita procura por refrigeradores,
condicionadores de ar e lavadoras
de roupa do tipo “lava e seca”.
De janeiro a setembro de 2020,
o faturamento do setor caiu 7% na
comparação com o mesmo perío-
do do ano passado, segundo a As-
sociação Nacional de Fabricantes
de Produtos Eletroeletrônicos
(Eletro). A projeção para 2021 é
ao menos retomar os volumes de
A tradicional varejista inglesa deve comprar a marca de moda de luxo Jaeger
última transação do grupo.
Seu alvo mais recente é um pei-
xe bem menor – o preço não foi re-
velado, mas não é grande o sufi-
ciente para exigir que a M&S faça
um anúncio forma. As últimas
vendas registradas pela Jaeger fo-
ram de 17,8 milhões de libras para
o semestre até março de 2019.
Embora continue a ser predo-
minantemente uma varejista de
marca própria, a M&S embarcou
em 2020 em uma estratégia de tra-
balhar junto com marcas de tercei-
ros com o objetivo de diversificar
DIVULGAÇÃO
sung está produzindo a linha Neo
Q LED, com micro LEDs da espes-
sura de um fio de cabelo. Assunção
diz que o consumidor deixa de ser
“espectador” e cria uma relação bi-
lateral com a TV. “Não há mais bri-
ga entre telas porque você pode
colocar sua conversa de vídeo do
celular na TV ou fazer aulas e reu-
niões no televisor”. Os novos apa-
relhos incluem ainda recursos de
tela “ultra wide” (ultralarga) para
jogos eletrônicos.
Quem se empolga com as no-
vidades precisa preparar o bolso.
Os lançamentos da CES ainda
não têm preços sugeridos para o
Brasil, mas costumam ser inaces-
síveis à maioria dos brasileiros
por um bom tempo.
João Rezende, diretor de marke-
ting de produtos da Semp TCL
(joint-venture da TCL com a Semp
vendas de 2019.
Para atrair o consumidor, a nova
geração de eletrodomésticos da LG
traz recursos de limpeza por raios
ultra-violeta — está na “lava e seca”
e no filtro de água do refrigerador.
A empresa também aposta em
uma nova linha de tratamento de
ar, que chega no segundo trimes-
tre, incluindo um esterilizador
portátil, que cabe na bolsa.
Mas antes de chegar nos raios
UV, os fabricantes têm um desa-
fio: 90% do mercado de lavadoras
é de tampa superior, segundo
Souza. “São produtos que gastam
MILAN JAROS/BLOOMBERG
sua oferta de moda na internet.
Ela já tem colaborações com as
marcas de moda Nobody’s Child e
Ghost e vende brinquedos infantis
do Early Learning Center, embora
não seja dona de nenhuma dessas
marcas. A compra da Jaeger, que
deve ser concluída no fim deste
mês, não inclui as 67 lojas restan-
tes da varejista, que provavelmen-
te serão fechadas. A Jaeger é uma
das quatro empresas controladas
por Day que entraram em concor-
data em novembro, depois que a
pandemia do coronavírus prejudi-
Casa equipada
Dados de vendas e variação de preços de produtos eletroeletrônicos
TV de tela fina abre espaço na sala do brasileiro
Faturamento em 2020 (bilhões de R$)
30,0
22,5 19,8
15,0
7,5
0,0
TV tela fina
Comparação
13,6%
com 2019
Variações mês a mês, em %
5
4
3 0,89
2 0,51
1 total das vendas do
0 0,72
0,08
-1
-2
-3 -1,82
-4
nov/19 dez/19 jan/20
Fontes: GfK e IBGE. Elaboração: Valor Data
no Brasil), reconhece que os preços
dos modelos topo de linha são al-
tos. Mas lembra, por exemplo, que
uma TV 4K de 85 polegadas [hoje
em torno de R$ 16 mil] custava o
dobro no lançamento do 4K, em
2014. “Hoje você encontra uma TV
4K por R$ 5.500. Não é acessível à
maioria da população, mas a curva
de queda será rápida”, prevê.
A LG aposta na evolução da tec-
nologia OLED e na atualização do
sistema operacional WebOS. A li-
nha Evo traz, por exemplo, suges-
tões de conteúdos de acordo com
o perfil de cada pessoa da casa,
adaptação à iluminação ambiente
e redução de emissão de luz azul —
assim ,diz Krauniski, o consumi-
dor tem conforto ocular para ficar
mais tempo em frente à TV.
O controle remoto também foi
atualizado contando com o recur-
muita água e energia”, afirma.
Para ganhar mercado, a LG eleva
a capacidade da lavadora de rou-
pa que tem a tampa frontal de 11
kg — modelo concentra 70% do
segmento — para 13 kg. Chega
neste semestre ao Brasil.
Já Whirlpool optou por um
modelo de 10 kg ao incluir uma
“lava e seca” frontal em seu port-
fólio. Esta máquina, da Bras-
temp, foi lançada no ano passa-
do e é fabricada em Joinville (SC).
Gustavo Assunção, vice-presi-
dente de Eletrônicos de Consu-
mo da Samsung Brasil, diz que o
cou suas vendas e lucros.
Também foram feitas, e acei-
tas, ofertas para a Edinburgh
Woolen Mill e a rede de utilida-
des domésticas Ponden, mas a
gestora FRP Advisory não revelou
a identidade dos compradores.
A expectativa de muitos obser-
vadores do setor era de que Day ti-
rasse as empresas da concordata
ele mesmo – como fez no ano pas-
sado com a Bonmarché, outra rede
de moda –, mas ele já disse a seus
associados que não tem essa inten-
ção. Ainda assim, Day indicou que
apoiaria qualquer iniciativa de ter-
ceiros para salvar as marcas e sua
filha Lauren continua como dire-
tora da Ponden e da Edinburgh
Woolen Mill, assim como Stephen
Simpson, seu parceiro de negócios
de longa data.
Day também mantém a capaci-
dade de influenciar o resultado fi-
nal da concordata porque o grupo
EWM, a holding que controla as
quatro empresas, é um credor com
dívida garantida.
De acordo com os documentos
da gestora, a Edinburgh Woolen
Mill deve 140 milhões de libras à
sua controladora, com um em-
préstimo garantido por outras
empresas do grupo. O grupo
EWM, que é de propriedade inte-
gral de Day e tem sede na Suíça,
não está em concordata.
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Consumidor investe em eletrodomésticos
Faturamento em 2020 (bilhões de R$)
11,8
TV acima de 49 polegadas
Comparação
41,%6
com 2019
Índice geral Eletrodoméstico (linha branca)
4,12
1,98
-0,38
fev/20 mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20
so de transmissão de dados por
proximidade (NFC). Basta encos-
tar o smartphone no controle para
espelhar o conteúdo na TV.
A chinesa TCL está produzindo
TVs que não têm espaço entre a ca-
mada de mini LEDs e o painel da
TV. A tecnologia de display óptico
sem espaços, chamada OD Zero,
permite reduzir pela metade a es-
pessura dos televisores, que che-
gam ao país este ano. Outra novi-
dade é a expansão de todo o port-
fólio para ‘‘Google TVs”. “Os apare-
lhos passam a contar com o Goo-
gle Chromecast embutido e intera-
ção com todos os dispositivos Goo-
gle Assistant da casa”, diz Rezende.
Mas além da iluminação há ou-
tro componente essencial para
que os novos televisores fiquem
mais inteligentes: o microproces-
sador. “O papel do microprocessa-
trabalho das empresas já ajudou
a aumentar a participação de la-
vadoras frontais no Brasil, que
era de 5% há dois anos. Hoje, uma
“lava e seca” custa, em média, a
partir de R$ 3.500, enquanto
uma lavadora de tampa superior,
sem secagem, custa R$ 1.300.
Na CES, a empresa apresentou
lavadoras e secadoras Smart Dial,
de carregamento frontal, empilha-
das. Um sistema inteligente detec-
ta o tecido e define sozinho o ciclo
de lavagem ou secagem. As lavado-
ras da Samsung e da LG não têm
data de lançamento no país.
Permira pode fazer IPO
da fabricante de botas
Patricia Nilsson, Kaye Wiggins e
Oliver Ralph
Financial Times
A Dr. Martens, a clássica marca
britânica de botas, pretende abrir
o capital na Bolsa de Valores de
Londres no que poderia ser uma
das primeiras grandes ofertas pú-
blicas iniciais de ações do ano.
A empresa, que vende acima de
11 milhões de pares de calçados
por ano em mais de 60 países, foi
comprada em 2013 pelo grupo de
investimentos em participações
Permira, em transação de 300 mi-
lhões de libras esterlinas
(US$ 407,3 milhões). Agora, o gru-
po de private equity pretende ven-
der sua participação como parte
dessa oferta inicial.
O executivo-chefe da fabricante
de botas, Kenny Wilson, disse que o
plano de abrir o capital é reflexo dos
“grandes feitos da equipe e da marca
Dr. Martens nos últimos sete anos”.
A Dr. Martens contabilizou ven-
das de 672 milhões de libras no
ano encerrado em março de 2020 e
lucro, antes dos impostos, de 101
milhões de libras. O grupo tem 130
lojas no mundo, mas a maior parte
de sua receita vem da venda de cal-
çados via outros varejistas.
Sua loja on-line, que é aposta da
empresa para ser “o principal mo-
tor de crescimento nos próximos
anos”, representou 20% das vendas
em 2020. As operações digitais
ajudaram a sustentar a marca du-
12
9,8
9
6
3,8 3,8
3
1,2
0
Refrigerador Ar Lava e seca Fogão
condicionado
26% 25% 23,5% 21%
Televisor
60%
É a fatia das TVs
de 49 polegadas no
segmento em
2020. Fatia em
-0,95
2019 era de 48%
ago/20 set/20 out/20 nov/20
dor na TV é basicamente o mesmo
que ele tem no smartphone ou
computador”, diz Samir Vani, CEO
da fabricante de microprocessa-
dores Mediatek. Segundo ele, a
empresa fornece chips para 70%
do mercado global de televisores,
com recursos de inteligência artifi-
cial embutidos. “O processador dá
o suporte aos sistemas operacio-
nais mais complexos para trazer,
por exemplo, simplicidade no
controle do aparelho”, afirma.
Para colocar os avanços na sala
do consumidor, entretanto, o mer-
cado ainda enfrenta entraves na
cadeia de suprimentos. Vani lem-
bra que o problema vai além dos
chips, incluindo telas, memórias,
plástico e papelão para embala-
gens. “Nossa previsão é voltar à
normalidade no segundo semes-
tre”, afirma.
Em fevereiro, a Samsung tam-
bém traz ao Brasil um refrigera-
dor duplex bi-volt, o primeiro do
mercado com essa característica.
O refrigerador topo de linha
da LG chega a partir de outubro
ao país com um visor maior do
interior da geladeira para dimi-
nuir o ‘abre e fecha’ que consome
energia. No próximo verão, a em-
presa também lança condiciona-
dores de ar com ‘inverter’, pro-
metendo reduzir em até 70% o
consumo de energia. “O ar-con-
dicionado deixa de ser o vilão da
conta de luz”, diz Souza. (DB)
rante a crise, quando a maioria de
suas lojas ficou fechada por meses.
A Dr. Martens divulgou que ven-
deu mais de 700 mil botas no se-
mestre até o fim de setembro, 14%
a mais do que nos mesmos seis me-
ses do ano fiscal anterior. Durante
esse período, quando maior parte
de suas lojas esteve fechada, a re-
ceita on-line aumentou 74%.
A marca foi levada à primeira di-
visão do mundo britânico do co-
mércio varejista nos anos 60 pela
família Griggs, que adquiriu a li-
cença das hoje emblemáticas bo-
tas “1460 eitgh-eylet”, do tipo co-
turno, na crença de que a robustez
do modelo o tornaria um ótimo
calçado para trabalhar.
Em vez disso, o modelo criado
por um doutor alemão chamado
Klaus Märtens, que havia criado a
sola acolchoada para ajudar a ali-
viar dores nas costas, foi adotado
por “skinheads” e “punks”, consoli-
dando o calçado como símbolo da
cultura jovem rebelde.
A família Griggs deixou a em-
presa em 2013, quando vendeu
sua participação de 91,5% para a
Permira. A empresa estudou se
venderia ou abriria o capital da fa-
bricante de calçados, um negócio
que a empresa de private equity es-
pera que se torne um dos mais
bem-sucedidos de sua história.
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Jornal Valor --- Página 7 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por cgbarbosa às 11/01/2021@20:26:55

Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | B7

Agro 4.0
Financiamentos Fundada há 110 anos, cooperativa é a mais antiga do país
CLAUDIO BELLI/VALOR

Cotribá e Ecoagro emitem

‘CRA digital’ inédito no RS
Rafael Walendorff
De Brasília
Em tempos em que a pandemia
exige distanciamento social, au-
menta a preocupação com custos
nas atividades produtivas e testa a
criatividade das diferentes cadeias
para sair do aperto econômico e fis-
cal, o agronegócio do país acaba de
lançar mão de uma modalidade iné-
dita de financiamento da produção,
toda feita em ambiente digital — e
quem está na operação é a coopera-
tiva agrícola mais antiga do país.
O Grupo Ecoagro e a Cooperativa
Agrícola Mista General Osório (Co-
tribá), com sede em Ibirubá (RS),
concluíram a primeira emissão de
um Certificado de Recebíveis do
Agronegócio (CRA) com lastro em
Cédulas de Produto Rural Financei-
ras (CPR-F) pulverizadas — para
mais de um beneficiário — e 100%
digitais, batizado de CRA-Tech.
A emissão, feita sem qualquer
contato pessoal, é mais barata
que a operação tradicional. Ela
vai garantir R$ 53 milhões para fi-
nanciar, neste ano, as compras de
insumos de 118 agricultores coo-
perados da Cotribá para a produ-
ção de soja, milho, trigo e cevada.
Prejudicada pela estiagem no Sul
e sem acesso a linhas especiais do
governo ou alongamento de dívi-
das, a cooperativa — que está pres-
tes a completar 110 anos de funda-
ção — apostou na operação para
custear a nova safra e aliviar as des-
pesas dos produtores. “Fomos bus-
car uma alternativa para trazer fôle-
go e alento para produtores que fo-
ram castigados pela estiagem”, afir-
ma Ana Marlize, gerente adminis-
trativa e financeira da Cotribá.
A cooperativa tem mais de 8 mil
associados, muitos dos quais micro
e pequenos, atua em 24 municípios
gaúchos e faturou cerca de R$ 1,5
bilhão em 2020, segundo cálculos
preliminares. Os recursos da emis-
são estão em caixa desde o fim de
dezembro, mas a Cotribá já costura
as próximas operações. “Foi a pri-
meira de muitas”, adianta Marlize.
A emissão só foi possível gra-
ças às mudanças da chamada Lei
do Agro, que flexibilizou as ope-
rações de crédito do agronegócio
para estimular novas fontes de fi-
nanciamento. A legislação per-
mitiu que a CPR seja emitida de
forma eletrônica, sem uso de pa-
pel, e que as assinaturas, antes de
próprio punho dos devedores,
também possam ser digitais.
Outra inovação foi o fim da ne-
cessidade de registro em cartório, o
que diminuiu custos e burocracias
na operação. O processo de origi-
nação, emissão e registro dos títu-
los foi concluído em pouco mais de
30 dias, de acordo com Moacir Tei-
xeira, sócio-fundador da Ecoagro.
O processo começou com a origi-
nação de 118 CPRs-F, uma para cada
produtor, na Plataforma Digital
Agromatic. Elas já foram registradas
na B3 e, posteriormente, empacota-
das em forma de CRA pela Ecoagro
para captação dos recursos.
“Os lastros dessa operação foram
todos formalizados digitalmente
com apenas um comando, utilizan-
do da integração via API dos siste-
mas Agromatic elevados a registro
na B3”, disse Laerte Alves Junior, co-
fundador e CEO da agtech Agroma-
tic. “O grande diferencial foi a pul-
verização, já que a emissão envol-
veu mais de 100 agricultores, e a
concentração de todo o processo
em uma só plataforma”.
Cristian Fumagalli, sócio e diretor
derelaçãocominvestidoresdaEcoa-
gro, realçou o uso da tecnologia na
emissão dos títulos. Segundo ele, na
mesma linha de atuação das finte-
chs, essa operação pode ser chama-
da de CRA-Tech. “Isso mostra que o
CRA também pode ser uma ferra-
menta de captação de recursos que
utiliza plataforma eletrônica dentro
do seu processo de securitização”.
Para Moacir Teixeira, o principal
benefício da tecnologia é permitir
o acesso ao mercado de capitais
aos pequenos produtores. “É a de-
mocratização do crédito. Muita
gente no mercado duvidava, mas
isso chegou ao micro e ao pequeno
produtor por meio de um movi-
mento organizado, que é a coope-
rativa, e com o uso da tecnologia. É
um grande avanço”, comemorou.
A garantia para a operação é o
penhor de soja, mas a amortização
do CRA será feita em quatro parce-
las anuais até 2025, data de venci-
mento do título, com incidência
de juros. “Os produtores vão finan-
ciar a safra e diluir as obrigações
em quatro anos, é um bom alívio
nesse momento complicado”, res-
saltou Ana Marlize, da Cotribá. Os
R$ 53 milhões foram captados via
investidores em cotas sênior e me-
zanino mais a cota subordinada,
integralizada pela cooperativa.
O registro das CPRs passou a ser
obrigatório a partir deste ano para
algumas modalidades (acima de
R$ 1 milhão), mas já existem mais
de R$ 50 bilhões registrados na B3.
“Será possível mapear o volume
e a concentração dessas operações
pelo país. A consequência disso
pode ser um barateamento do
custo do crédito para os produto-
res rurais, o que pode ajudar a fo-
mentar o setor”, afirmou Fabio Ze-
naro, diretor de Produtos de Bal-
cão e Novos Negócios da B3. Moacir Teixeira, da Ecoagro: tecnologia democratiza o crédito no campo

Chegar a pequeno e médio produtor é o desafio, diz ministério

De Brasília
O início de operações digitais fi-
nanceiras por parte de agriculto-
res de pequeno e médio portes en-
tusiasmou o Ministério da Agricul-
tura, mas expõe o atraso do campo
brasileiro nessa frente em relação a
outros países e a outros setores.
Mesmo assim, a expectativa é que
as CPRs eletrônicas ajudem a cap-
tar dezenas de bilhões de reais pa-
ra esse público nos próximos anos.
“Atingir pequenos e médios pro-
dutores é o grande objetivo, pois
permite um tratamento massificado
de esforço operacional, barateia os
custos e diversifica os riscos”, disse
José Angelo Mazzillo Júnior, secretá-
rio-adjunto de Política Agrícola do
Ministério da Agricultura, ao Valor.
A demanda por finanças es-
truturadas e operações eletrôni-
cas vai crescer, o que dá vanta-
gem e quem se organizar pri-
meiro, raciocina ele. “O crédito
vai chegar com mais qualidade e
os produtores têm as cooperati-
vas, as associações e as revendas
como polos de concentração pa-
ra acessar esse dinheiro. Quem
se organizar primeiro ganhará
mais mercado”, acrescentou.
Em 2021, o secretário quer “en-
trar mais firme no mundo da digita-
lização” para buscar financiadores
para o agro com a proposta de cria-
çãodaCéduladeCréditodoAgrone-
gócio (CCA). Novas fontes serão es-
senciais, mas o governo manterá o
papel central no crédito por en-
quanto, disse Mazzillo Júnior.
“Para o próximo Plano Safra,
não trabalhamos, em hipótese al-
guma, com qualquer ideia de orça-
mento menor e que não seja até
um pouco maior do que foi ano
passado”, afirmou. “A produção
cresce de forma acelerada, bate re-
corde e traz divisa e arrecadação.
Não tem como o apoio ser menor.
É uma troca que deve ser feita em
benefício do próprio país”.
Nesta safra 2020/21, são quase
R$ 15 bilhões em subvenções, en-
tre equalização de juros e pro-
gramas de comercialização e ges-
tão de riscos. Em dezembro, o
subsecretário de Política Agríco-
la e Meio Ambiente do Ministério
da Economia, Rogério Boueri,
afirmou ao Valor que os recursos
ficarão “cada vez mais difíceis,
disputados e complicados” no
cenário de déficit primário e dívi-
da pública nas alturas. (RW)

iRancho recebe aporte da BR Angels

DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

Pecuária
Fernando Lopes
De São Paulo
Fundada em novembro de 2016
em Goiás por Thiago Parente e Na-
talino Cavalli, a iRancho, agtech es-
pecializada na gestão de proprieda-
des dedicadas à pecuária bovina,
acaba de receber um aporte de R$
1,5 milhão da BR Angels Smart
Network, associação de investimen-
tos-anjo formada por executivos de
diferentes setores da economia.
Com o aporte, a BR Angels assu-
miu uma participação minoritária
na iRancho, não revelada. Os recur-
sos servirão para impulsionar os ne-
gócios da agtech, que atualmente
tem mais de 300 clientes no Brasil e
conta com assinantes também no
Paraguai, na Bolívia e na Inglaterra.
No total, a empresa tem cerca de 1
milhãodecabeçasdebovinoscadas-
tradas em seu banco de dados.
A partir de uma assinatura men-
sal, os clientes da iRancho têm aces-
so a uma ferramenta que permite o
acompanhamento de todas as eta-
pas e processos da produção. É pos-
sível, por exemplo, contar em tempo
real com dados sobre consumo de
rações ou aplicação de medicamen-
tos de cada animal, bem como com
informações sobre fluxo de caixa e
outros parâmetros financeiros.
Thiago Parente — filho do ex-mi-
nistro Pedro Parente, que há alguns
anos é presidente do conselho da
BRF — explica que a iRancho nas-
ceu de necessidades que ele próprio
observou quando decidiu investir
em uma fazenda de pecuária em
Inhumas (GO), em 2011. Então exe-
cutivo do setor de tecnologia, Thia-
go começou a perceber ali que ha-
via espaço para investir em soluções
específicas para a atividade.
“O curral é uma linha de produ-
ção. Automatizamos a cadeia de in-
formações de cada animal, de forma
a proporcionar ganhos de tempo e
de produtividade. A ferramenta
também torna viável a rastreabilida-
de completa do boi, uma demanda
cada vez maior de frigoríficos e con-
sumidores, sobretudo por causa de
preocupações ambientais”, afirma
Thiago, que tem 41 anos de idade.
Segundo ele, como o custo é bai-
xo, o sistema “democratiza” a ras-
treabilidade. Para pecuaristas com
até 500 cabeças de gado, a assinatu-
ra mensal custa R$ 149. De 5 mil a 10
mil cabeças, o preço sobe para R$
849. O acesso pode ser porcomputa-
dor, tablet ou smarphone, por meio
de um aplicativo. A iRancho conta
hoje com clientes que têm de 40 a 70
mil animais em suas propriedades.
Com soluções baseadas em blo-
ckchain, a rastreabilidade amplia o
potencial de avanço da agtech, que
recentemente fez uma parceria com Thiago Parente, da iRancho: solução facilita rastreabilidade Orlando Cintra, da BR Angels: bom potencial de crescimento
a Federação da Agricultura e Pecuá-
ria de Goiás (Faeg) para disponibili- neste e nos próximos anos para gels avaliou mais de 2,5 mil star- mais de 100 investidores associa-
zar a ferramenta a criadores atendi- atender às exigências do mercado tups, dos mais variados setores. O dos. A iRancho foi sua sexta inves-
dos por outros serviços da entidade. consumidor. Essa expectativa já ha- empreendedor faz muita diferença tida — os aportes totais já somam
Como observa Thiago, estima-se via atraído recursos da AgroVen, clu- nas nossas escolhas, e a tecnologia R$ 8,5 milhões. Como grupo de
que menos de 10% dos pecuaristas be de investimentos com foco na da iRancho nos interessou muito”, investimentos-anjo, é uma asso-
do país tenham sistemas de gestão transformação digital do agronegó- diz Orlando Cintra, de 44 anos. ciação sem fins lucrativos, embora
ou de rastreabilidade, mas o percen- cio, e agora também da BR Angels. Em operação desde setembro seus associados aportem recursos
tual obrigatoriamente vai aumentar “Desde que foi criada, a BR An- de 2019, a BR Angels tem hoje de olho no retorno estimado.

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Jornal Valor --- Página 8 da edição "12/01/2021 1a CAD B" ---- Impressa por cgbarbosa às 11/01/2021@21:00:18
B8 | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Agronegócios
Balança Já foram acertadas exportações de até 20 milhões de toneladas
Usinas travam preço de 70% do
embarque de açúcar de 2021/22
Camila Souza Ramos
De São Paulo
A dois meses e meio do início da
safra sucroalcooleira 2021/22, em
abril, as usinas brasileiras já estão
com uma fatia recorde da exporta-
ção de açúcar estimada para a tem-
porada com preços fixados no mer-
cado futuro. E os preços médios es-
tão em níveis mais elevados do que
um ano atrás, o que favorece mais
um ciclo de crescimento da receita
com os embarques da commodity.
Conforme levantamento da Ar-
cher Consulting, até 31 de dezem-
bro, 17,25 milhões de toneladas de
açúcar estavam com preço de expor-
tação fixadas para embarques de
abril de 2021 a março de 2022. Um
anoatrás,ovolumedasafraseguinte
comvalorfechadoeramenosdame-
tade, 6,8 milhões de toneladas. As fi-
xações de preço são feitas pelas usi-
nas no mercado futuro de açúcar e
decâmbiopormeiodetradings,não
com compradores finais.
Considerando a estimativa de ex-
portação da consultoria para
2020/21, o Brasil já tem 69% dos
embarques da próxima temporada
acertados, enquanto um ano atrás
o volume fixado antecipadamente
representava 35% — dentro da mé-
dia das safras anteriores. A fatia das
exportações da próxima safra que
já estão com preço garantido é a
Ceres Investimentos lança modelo Argentina retoma o
embarque de milho
próprio de revendas para o campo
Estratégia
Marina Salles
De São Paulo
A consultoria mineira Ceres
Investimentos — que tem R$ 700
milhões sob sua tutela e cami-
nha para se tornar uma gestora,
após passar pelo crivo da Comis-
são de Valores Mobiliários (CVM)
— está lançando um modelo pró-
prio de revendas para o agrone-
gócio com a marca Agromais.
Duas lojas foram abertas no
fim do ano passado em Minas Ge-
rais, uma em Uberaba e outra em
Conceição das Alagoas, com in-
vestimentos de cerca de R$ 2 mi-
lhões. Outras seis unidades deve-
rão ser inauguradas em 2021 no
mesmo Estado, sendo quatro a
partir de uma fusão. O objetivo é
alcançar, com oito lojas, um fatu-
ramento de R$ 250 milhões no
primeiro ano de operação.
Com a Agromais, o engenheiro
químico Guilherme Rodrigues da
Cunha, ex-JBS, e seu sócio na Ceres, o
engenheiro agrônomo Fabrício Si-
mões, CEO da Ubyfol, de fertilizan-
tes, querem estabelecer uma rede de
distribuição de insumos de valor
agregado, como defensivos biológi-
cos, adubos foliares e sementes de
alto desempenho, a serem financia-
dos pelo mercado de capitais.
Cunha explica que os recursos
virão de Fundos de Investimentos
em Direitos Creditórios (FIDC) ad-
valor.com.br
Biocombustíveis
Retirada de biodiesel aquém do mínimo
Em dezembro de 2020, as
distribuidoras retiraram 489
milhões de litros de biodiesel nas
unidades produtoras, o que
representa cerca de 87% do total
previsto para o mês. O percentual
ficou abaixo dos 95% mínimos
maior da série histórica da consul-
toria, que começou em 2012/13.
Por sua vez, a trading inglesa
Czarnikow estima que o volume de
açúcar com preço definido para a
próxima safra seja até maior, entre
20 milhões e 21,5 milhões de tone-
ladas, o que corresponde a 75% a
80% de sua estimativa de exporta-
ção. Esses volumes estão próximos
de patamares totais de embarque
do Brasil em períodos recentes. Na
safra 2019/20, por exemplo, o país
exportou 19 milhões de toneladas.
No ano civil de 2020, a expor-
tação de açúcar até novembro
rendeu ao país US$ 7,9 bilhões, o
que correspondeu a 4% de todos
os embarques brasileiros no ano.
Em 2019, a fatia foi de 2%.
E o ritmo de comprometimen-
to do açúcar com exportações pa-
ra 2021/22 só não está mais forte
porque muitas usinas têm segura-
do as operações para verificar se
as chuvas do verão ajudam a recu-
perar os danos que a seca do ano
passado causou aos canaviais.
Segundo um executivo de uma
companhia de capital estrangeiro,
será preciso esperar até março ou
abril para verificar se as chuvas se
normalizam e recuperam o poten-
cial produtivo da cana. Além disso,
afirma, esse reequilíbrio das lavou-
ras pode amenizar os efeitos que
contribuem para a alta das cotações.
Guilherme Rodrigues da Cunha: distribuição de insumos de valor agregado
ministrados pela Ceres Investi-
mentos: o Ura Agro, Ceres CPR (ca-
da um com R$ 75 milhões capta-
dos) e Ecoagro Insumos (R$ 50 mi-
lhões). O dinheiro será ofertado
pelo Agrobank, braço de emprésti-
mos da Ceres Investimentos.
exigidos nos contratos, como
reclamou o setor produtivo há
alguns dias. O volume estimado
era de 561,3 milhões de litros,
arrematados no Leilão 76.
valor.com.br/agro
De fato, nos últimos dois meses,
as fixações perderam ritmo mesmo
com o aumento da remuneração
em reais, diz Henrique Akamine,
gerente de mercado da Czarnikow.
Com a recente alta do dólar, o açú-
car para entrega em março já está
em R$ 1.920 a tonelada, enquanto
os valores para entregas durante a
safra do Centro-Sul estão entre R$
1.730 a R$ 1.740 a tonelada.
A antecipação recorde dos pre-
ços de exportação nesta época do
ano é resultado de operações que
começaram há cerca de um ano.
Em março de 2020, as usinas já ha-
viam fixado preços de 2 milhões a 3
milhões de toneladas para embar-
que na safra 2021/22, de acordo
com dados da Archer Consulting.
Segundo Akamine, as operações
deslancharam entre julho e agosto
de 2020, quando o preço do açúcar
em reais rompeu o patamar de R$
1.500 a tonelada e começou a ofere-
cer margens operacionais que, em
alguns casos, foram de 35% e 40%.
Em 2020, as empresas antecipa-
ram o hedge da próxima safra ao
mesmo tempo em que estavam fi-
xando os preços da temporada ain-
da corrente, aproveitando a desva-
lorização do real, que melhorou a
remuneração do açúcar e a compe-
titividade do produto nacional.
Nos últimos meses do ano, en-
quanto o real reduzia, em parte, sua
DIVULGAÇÃO
“Nossa estratégia será pagar os
fornecedores à vista com os re-
cursos captados via FIDC, o que
trará uma vantagem competitiva
para as negociações com os pro-
dutores, reduzindo o juro médio
cobrado pela indústria de 1,5% a
Alimentos
Brasileira se destaca por inovação vegetal
Amanda Pinto, de 29 anos,
idealizadora e fundadora da
N.OVO, foodtech do Grupo
Mantiqueira dedicada a
alimentos plant-based, entrou na
lista “Forbes Under 30”, que
destaca empreendedores,
desvalorização, o preço internacio-
nal do adoçante começou a subir
diante das estimativas de déficit glo-
bal, mas muitas usinas estão aguar-
dando novidades do clima.
Nas contas da Archer Consulting,
até o último dia 31, o preço médio
dos embarques fixados era de 12,89
centavos de dólar a libra-peso — on-
tem, o contrato mais negociado na
bolsa de Nova York, para março, fe-
chou a 15,67 centavos de dólar.
Embora os preços de fixação es-
tejam abaixo dos patamares atuais
no mercado, os valores estão histo-
ricamente elevados. O preço médio
da tonelada do açúcar em reais está
em R$ 1.589 por tonelada (coloca-
da no porto de Santos). Em relação
ao preço que as usinas tinham fixa-
do a safra atual (2020/21) um ano
atrás, o valor está 27% mais elevado.
Segundo a Archer, a remuneração
do produto em reais para o próxi-
mo ciclo já é a maior em dez anos.
Uma parte considerável das usi-
nas também já avançou na fixação
dasexportaçõesdesafrasfuturas.Se-
gundo a Archer Consulting, até o úl-
timo dia 31, a precificação já havia
alcançado 23% do volume de açúcar
queseesperaquesejaembarcadona
safra 2022/23, que só começa em
abril do ano que vem. E, em alguns
casos, já há usinas acertando opera-
ções para a temporada 2023/24, afir-
ma o gerente da Czarnikow.
1,8% por mês para algo entre
0,9% e 1% com o financiamento
via Agrobank”, afirma Cunha.
Pelo fluxo, já em funcionamen-
to nas duas lojas abertas, a Agro-
mais faz as vendas de insumos
com “prazo safra” para o produ-
tor rural em operações de barter
com emissão da Cédula de Produ-
to Rural (CPR), repassa o título aos
fundos da Ceres Investimentos e
tem a compra quitada à vista com
a indústria fornecedora.
Cunha afirma que os recursos
dos fundos também permitirão
fazer concessões de crédito adi-
cional aos produtores — de até
30% sobre o valor das suas com-
pras de insumos —, ao estilo do
financiamento “soja verde” pra-
ticado pelas tradings no passado,
cuja moeda de troca são também
os grão no fim da safra.
Para estruturar a área dos títu-
los de dívida da Agromais, Cunha
e Simões levaram para a equipe
da Ceres Investimentos, atual-
mente com 42 pessoas, o executi-
vo Alexandre Bibiano. Com pas-
sagens pelos bancos Itaú e Safra,
nos cargos de gerente e superin-
tendente, ele assumiu uma parti-
cipação de 10% na consultoria.
A Agromais — controlada pelo
fundo Agrohub, da Ceres Investi-
mentos — tem hoje 23 funcioná-
rios. No Agrobank, que tem uma
agência em Uberaba (MG) e se
prepara para abrir mais duas em
2021, o time é de sete pessoas.
criadores e inovadores dessa
faixa etária. No Brasil, informou a
N.OVO, a edição especial de
dezembro de 2020/janeiro de
2021 teve 90 destaques.
valor.com.br/agro
Exportações de açúcar
Embarques brasileiros nas últimas safras
Volume (milhões de toneladas)
40
30 28,3 27,8
24,7
20 19,7 19,0
10
0
2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20
Receita (US$ bilhões)
15
11,1 10,6
10
7,5
5,8 5,5
5
0
2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20
Até novembro, as exportações brasileiras de açúcar da safra 2020/21 somaram
23,7 milhões de toneladas e renderam US$ 6,7 bilhões
Fonte: Ministério da Agricultura.
Etanol em alta no país
Os preços do etanol hidratado ter ocorrido já há um mês. Já os preços
(usado diretamente nos tanques) do etanol hidratado vendido pelas
subiram em 17 Estados do país e caíram usinas paulistas, medido pelo indicador
em oito Estados e no Distrito Federal na Cepea/Esalq, têm registrado altas há
semana encerrada no dia 9 janeiro, de três semanas. Ao mesmo tempo, o
acordo com levantamento da ANP. O indicador do Cepea para o etanol anidro
movimento ocorreu paralelamente à (misturado à gasolina, em proporção de
alta da gasolina, que subiu em 22 27%) em São Paulo acumulou queda
Estados e no DF e só caiu em três nas últimas duas semanas. Com as altas
unidades federativas no período. A alta do etanol nas bombas na última
da gasolina nos postos do país vem semana, o biocombustível continuou
ocorrendo nas últimas quatro semanas, economicamente vantajoso do que a
apesar de o último aumento de preço da gasolina apenas nos Estados de Goias e
gasolina A pela Petrobras nas refinarias Mato Grosso. (CSR)
Políticas testo, entidades como a Socieda-
de Rural Argentina e a Federação
Patrick Cruz Agrária Argentina anunciaram
De São Paulo na semana passada a interrupção
completa das vendas do grão por
O governo argentino anunciou um período de 72 horas.
ontem a retomada parcial das ex- A paralisação começou ontem,
portações de milho do país. A de- mas até o fechamento desta edi-
cisão foi tomada após negocia- ção os líderes do protesto não ha-
ções com representantes do Con- viam informado se ela seguirá de
selho Agroindustrial Argentino. fato até esta quarta-feira.
Conforme comunicado divulga- A Argentina é um dos três
do pelo Ministério da Agricultura maiores exportadores de milho
do país, a retomada vai acontecer do mundo. Segundo estimativas
por haver garantia de oferta de mi- do Departamento de Agricultura
lho para abastecer o mercado inter- dos Estados Unidos (USDA), nes-
no. Os embarques ficarão restritos a ta safra 2020/21 o país deverá em-
30 mil toneladas diárias, valendo barcar 34 milhões de toneladas,
tanto para novos acordos de venda atrás apenas dos EUA (67,3 mi-
ao exterior quanto para negócios lhões) e do Brasil (39 milhões).
fechados antes da suspensão.
Anunciada no dia 30 de de- valor.com.br
zembro, a suspensão das exporta- Outras informações sobre o mercado
ções estava prevista para se esten- de grãos estão disponíveis em
der até o início de março. Em pro- www.valor.com.br/agro
Exportações de milho
Principais países (milhões de toneladas)
EUA
80
67,31
60
45,17
40
20
0
2019/20 2020/21
Brasil
80
60
40 35,00 39,00
20
0
2019/20 2020/21
Argentina
80
60
40 37,00 34,00
20
0
2019/20 2020/21
Total
250
200 171,26 185,97
150
100
50
0
2019/20 2020/21
Fonte:
F t USDA
Jornal Valor --- Página 1 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@20:16:50
Finanças
Destaques
Bônus do Itaú
O Itaú Unibanco pretende refor-
çar em 0,26% seu capital de nível
2 com a emissão de bônus subor-
dinados. A informação consta do
material divulgado pelo banco a
investidores, obtido pelo Valor.
No cálculo, o Itaú leva em conta
uma captação de US$ 500 mi-
lhões. Os novos bônus terão ven-
cimento em abril de 2031 (10
anos e três meses) e ajudarão o
banco a ficar com 1,83% de capi-
tal de nível 2, recompondo o pa-
tamar desejado pela instituição
financeira. O Itaú Unibanco ter-
minou setembro de 2020 com
índice de Basileia de 13,7%. Desse
total, 12,4% correspondiam ao
capital de nível 1 e 1,4%, ao capi-
tal de nível 2. Com a necessidade
de fazer grandes provisionamen-
tos para enfrentar a crise, ambos
ficaram abaixo das metas com
as quais a instituição trabalha —
de 13,5% em nível 1 e 1,5% em ní-
vel 2. (Talita Moreira)
Índice de Renda Fixa Valor
Base = 100 em 31/dez/99
1636
1629
1622
1.625,05
1615
1608
25/Nov
2020
Variações
No dia
No mês
No ano
Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Ofertas da HBR e Vamos
Após desistiram de ofertas amplas
de ações, via instrução CVM 400,
HBR Realty e Vamos Locação mu-
daram de estratégia e decidiram
realizar seus IPOs via oferta restrita
(instrução CVM 476). Em uma
oferta restrita, a procura de inves-
tidores institucionais está limita-
da a, no máximo 75, sendo que a
subscrição em si é limitada a 50 in-
vestidores. No caso da Vamos, a
potencial oferta primária e secun-
dária de ações será coordenada
pelo BTG Pactual, XP Investimen-
tos, Itaú BBA e Bradesco BBI. Já no
caso da HBR, a oferta restrita, to-
talmente primária, já foi lançada.
A faixa indicativa vai de R$ 23,85 a
R$ 29,85. A operação pode movi-
mentar R$ 1,025 bilhão. Há ainda
possibilidade de lote adicional de
9,550 milhões de ações e suple-
mentar de 3,820 milhões de ações.
A precificação ocorrerá no dia 21.
A primeira desistência de um
IPO em 2021 vem da Companhia
de Água e Esgoto do Ceará (Cage-
ce). (Álvaro Campos)
Bônus de Simpar e Marfrig
Simpar e Marfrig iniciaram road
show para emissões de dívida no
mercado internacional, ao mesmo
tempo em que anunciaram ofertas
para recompra de papéis que já es-
tão no mercado. A Simpar vai emi-
tir “sustainability-linked bonds”. A
expectativa é que a operação vá a
mercado dia 14. Estão mandata-
dos na operação da Simpar, BTG,
J.P. Morgan, Morgan Stanley, San-
tander e UBS. (Ana Paula Ragazzi)
Cartões em 2021
A Abecs, associação que represen-
ta as empresas do setor de meios
eletrônicos de pagamento, prevê
que as compras com cartões de
crédito, débito e pré-pagos devem
superar R$ 2,3 trilhões em 2021, o
que representa crescimento entre
18% e 20% em comparação com
2020. O setor espera uma alta en-
tre 19% e 21% apenas no uso do
cartão de crédito, enquanto o
crescimento projetado para o car-
tão de débito está entre 13% e
15%, e para o cartão pré-pago, en-
tre 90% e 110%. Para 2020, apesar
dos impactos econômicos da pan-
demia, a Abecs projeta um cresci-
mento de 8% para os pagamentos
com cartões, em comparação com
o resultado de 2019. O valor total
transacionado deve chegar à mar-
ca inédita de R$ 2 trilhões entre
janeiro e dezembro do ano passa-
do. (Fernanda Bompan)
Investimentos Há, porém, quase 30
carteiras que não se recuperaram
Fundo misto
no Brasil tem
boa reação
a crises
Adriana Cotias
De São Paulo
Os multimercados brasileiros
mais representativos entre os
que compõem o índice setorial
(IHFA) da Anbima mostram em
geral um bom manejo de crises.
Levaram, em média, 115 dias pa-
ra zerar a sua maior queda histó-
rica desde 2016, a partir do pico
atingido pelas cotas — o chama-
do “maxdrawdown” — nesse pe-
ríodo. Na média, a desvaloriza-
ção até o menor valor da cota
chegou a 16%. Uma fatia de 41%
11/Jan dos fundos teve perdas entre 5%
2021 e 10% entre o topo e o piso.
Os dados são de um levanta-
-0,20% mento feito pela Vérios Investi-
-0,60% mentos, a partir da base da Quan-
-0,60%
tumAxis, para o Valor. A análise
considerou fundos criados até
2016 com o filtro em carteiras com
mais de 100 cotistas que integram
o IHFA. A amostra resultante foi de
95 portfólios que totalizavam
R$ 86,8 bilhões até o fim de 2020.
Uma parcela de 27,5% dos fun-
dos levou, em média, de 50 a 100
dias para anular a desvalorização
e 71,4% deles se recuperaram do
maior tombo. “É do jogo. Consi-
derando-se a volatilidade das
carteiras, três meses é um perío-
do razoável para um hedge fund
zerar as suas perdas”, diz Pedro
Lula Mota, gestor da Vérios.
O histórico dos fundos durante
crises pode ser um bom guia para
o investidor pensar sobre o
“downside risk”, o risco estimado
de um investimento sofrer perdas
quando as condições de mercado
se alteram, diz Mota. “Quando to-
do mundo está ganhando, é mais
fácil seguir a tendência. É no mer-
cado de queda que você vê a habi-
lidade do gestor em proteger o
patrimônio e de se recuperar com
o mercado”, diz Mota.
Vale ressaltar que a dispersão de
resultados da amostra extraída do
IHFA é grande porque a carteira
teórica reúne estratégias muito di-
ferentes, não comparáveis entre si.
Há quase de três dezenas de
portfólios que fecharam 2020 ain-
da no prejuízo em relação ao seu
ponto mais alto. A média de tem-
po decorrido era de 321 dias para
a reação. No conjunto e período
avaliados, a maioria (64%) regis-
trou a pior performance em al-
gum intervalo em 2020, fruto da
turbulência trazida pela pande-
mia de covid-19. Uma fatia de 16%
teve seus dias inglórios em 2018.
Dentre os que ainda não tinham
se recuperado há fundos de gesto-
ras conhecidas, como Kapitalo, Ba-
hia, CSHG Verde, Ibiuna, AZ Quest
e Kinea, além de fundos sob gestão
de nomes que também são gran-
des distribuidores como Itaú, XP e
BTG Pactual.
Com um histórico de nove
anos, o Total Return da AZ Quest
teve em 2020 a sua pior janela
de performance (-7,2%), depois
de ter um único ano abaixo do
CDI, em 2015. Entre março e no-
vembro, as perdas até a cota mí-
nima foram de 10,7%, ainda as-
sim abaixo da média dos fundos
extraídos do IHFA.
Segundo Alexandre Silvério,
CIO da gestora, em todos os
mandatos de renda variável, a
casa expressava um cenário mui-
to otimista no início do ano,
com exposição a setores que po-
deriam se beneficiar da retoma-
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | C1
IFC, de Carlos Leiria
Pinto, tem US$ 6,4 bi
em investimentos
planejados no Brasil
até 2023 C5
No balanço das crises
Ciclo de desvalorização até o menor valor da cota
Data do menor Drawdown Dias de
valor da cota (%) recuperação
Exploritas Alpha América Latina Fic Multimercado 03/04/2020 -49,06% 531
Alaska Range Fi Multimercado 07/06/2018 -20,60% 419
Logos Total Return Fic Multimercado 03/04/2020 -66,28% 364
Polo Macro Fi Multimercado 23/03/2020 -38,71% 356
Kapitalo Zeta A Fic Multimercado 12/03/2020 -24,64% 346
Kapitalo Zeta Fic Multimercado 12/03/2020 -24,64% 346
Safari Ii Fic Multimercado 23/03/2020 -48,85% 343
Pacifico Lb Fic Multimercado 23/03/2020 -46,70% 184
Bahia Am Long Biased Fic Multimercado 23/03/2020 -44,13% 343
Caixa Estratégico Fic Multimercado Lp 23/03/2020 -11,57% 343
Kinea Atlas Fi Multimercado 23/03/2020 -11,44% 184
Kinea Chronos Fi Multimercado 23/03/2020 -6,91% 176
Rps Equity Hedge D30 Fic Multimercado 03/04/2020 -8,32% 176
Xp Long Biased 30 Fic Multimercado 23/03/2020 -57,34% 316
Ibiuna Long Biased Fic Multimercado 23/03/2020 -44,59% 316
Cshg Verde Am Beta 14 Fic Multimercado 23/03/2020 -44,39% 316
Oceana Long Biased Fic Multimercado 23/03/2020 -33,99% 316
Perfin Equity Hedge Fic Multimercado 23/03/2020 -30,72% 316
Apex Equity Hedge Fi Multimercado 18/03/2020 -12,31% 316
da doméstica. Em fevereiro, pou-
Btg Pactual Discovery Fi Multimercado 19/03/2020 -9,45% 316
co antes do pico da crise, com a
Xp Long Short 60 Fic Multimercado 23/03/2020 -6,67% 316
covid-19 se espalhando pela
Claritas Long Short Fic Multimercado 23/03/2020 -5,64% 316
Europa, fez alguns hedges.
Itaú Long And Short 30 Fic Multimercado 15/05/2020 -7,07% 316
“Conseguimos proteger um pe-
Itaú Equity Hedge Fic Multimercado I 15/05/2020 -7,07% 316
daço da carteira, mas os segu-
Sulamérica Evolution Fi Multimercado 07/10/2020 -4,52% 315
ros não foram capazes de evitar,
Ibiuna Long Short Stls Fic Multimercado 18/03/2020 -10,93% 314
diante da crise sem preceden-
tes, o movimento violento de Az Quest Total Return Fic Multimercado 09/12/2020 -10,66% 302
março, trazendo uma perda sig- Fonte: QuantumAxis/Anbima/ Elaboração Vérios.
nificativa”, afirma. A maior par-
te do segundo trimestre foi com gestão, atua com muita disciplina nidades e pegar a volta dos ativos. funcionou e daí se realoca de novo
posições menores, abaixo da nos mecanismos de “stop loss” — Historicamente, a gestão faz aloca- olhando para frente. O segundo
média histórica. “Quando a bol- com a zeragem de posições quan- ção de risco maior que a média do semestre já foi excepcional. O mais
sa teve uma recuperação muito do a oscilação bate determinado mercado, explica Woelz, mas num importante é se manter consisten-
forte, a gente estava focando na limite —, diz Carlos Woelz, sócio- tamanho que considera adequado te à política de investimentos, à fi-
preservação do capital e o fun- fundador da casa. Com o rali do que tem sido bem modulado com losofia que deu resultado durante
do não acompanhou.” fim do ano, faltou um triz para ze- acertos no médio e longo prazos. dez anos.” No longo prazo, o Zeta é
Silvério diz ter agora uma cartei- rar as perdas, fechando 2020 com “A gente começou o ano com um dos multimercados mais bem-
ra que julga adequada para um ce- desvalorização de 0,44%. uma visão muito positiva do mer- sucedidos do mercado brasileiro,
nário com mais de visibilidade. Com meta de volatilidade de cado global por causa do realinha- com valorização de 319% desde o
Empresas cíclicas globais e algu- 12% no fundo, o gestor diz que mento do crescimento, então pe- início, em setembro de 2010.
mas operações de varejo domésti- após a zeragem ficou sem orça- gou a crise com posições grandes”,
co e serviços financeiros compõem mento para aproveitar as oportu- diz Woelz. “O sistema [de risco] Leia mais na página C8
o mix. “Isso nos habilita a recupe-
rar ao longo dos próximos meses
um ano tão difícil. O fundo teve
uma janela muito diferente, mas
segue com histórico vencedor.”
Também com perfil de renda A VINCI PARTNERS TEM O PRAZER DE ANUNCIAR
variável, mas com flexibilidade O ENCERRAMENTO DA
para calibrar a alocação, o Equity
Hedge da Perfin teve entre 19 de
fevereiro e 23 de março a sua 2ª EMISSÃO DO VINCI ENERGIA FUNDO DE
maior perda (30,7%). Com os pri-
meiros casos de covid-19 no Bra-
INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES EM
sil, a reação foi aumentar a expo-
sição em empresas consideradas
INFRAESTRUTURA – FIP-IE
mais preparadas e que estavam a (VIGT11)
bons preços convidativos, saindo
de setores mais críticos, conta a
sócia Carolina Rocha.
“Quando veio a segunda onda
tsunami, em março, a gente aca-
bou sofrendo até atingir o ponto
mais baixo, mas o fundo conti-
nuou comprado naquilo que era
mais resiliente”, diz. “Como in-
vestidores de ações de empresas,
a gente tende a achar valor
R$ 404.286.344,15
quando as coisas caem.”
Por ser um portfólio comprado
em ações, o intervalo de recupera-
ção pode ser mais lento, cita Caro-
lina. “A volatilidade se mantém e
não tem outros ativos para fazer
proteções ou para, de alguma ma-
neira, resgatar parte do valor que
não seja no mercado de ações.”
O JGP Equity teve a sua maior
perda histórica entre meados de
fevereiro e de março (-42,4%),
mas zerou-a em 145 dias. Como
o mandato é mais flexível do
que num fundo de ações puro
sangue, conseguiu calibrar a ex-
posição, diz Mauricio Werneck,
sócio da gestora. Foi a rotação
da carteira que possibilitou ter
retornos muito acima do Iboves-
pa entre abril e julho, fechando
2020 entre os destaques de valo-
rização, com 17%.
“A gente entrou o ano [de
2020] com exposição a consumo,
energia, utilities e materiais bási-
cos e, a partir de fevereiro e março
com a covid, diminuiu ao míni-
mo de 70%, e depois começamos
a aumentar”, lembra Werneck.
As companhias mais depen-
dentes do fluxo de pessoas e Coordenador Líder Administrador
aquelas com maior alavancagem
financeira saíram da carteira,
dando lugar a empresas de me-
lhor qualidade. A carteira ficou
muito mais pulverizada.
Entre os fundos com estratégia
macro que estão no IHFA, o Kapita-
lo Zeta teve o seu pior ciclo de des-
valorização entre janeiro e março,
de 25%. Por ser um portfólio mul-
tiestratégia, com várias caixas de
Jornal Valor --- Página 2 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@20:24:43
C2 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Finanças
Ibovespa
Índice em pontos
123.255
119.409
117.857
16/Dez 29/Dez 11/Jan
2020 2020 2021
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Câmbio Moeda brasileira inicia ano entre os ativos de pior desempenho
‘Onda azul’ e cenário local
mantêm real sob pressão
Marcelo Osakabe
De São Paulo
A expectativa por mais estímu-
los fiscais nos EUA tem impulsio-
nado uma recuperação do dólar
em todo o globo nos últimos dias.
Esse cenário, no entanto, deve se
mostrar transitório, avaliam gesto-
res e economistas consultados pe-
lo Valor. Eles alertam que questões
locais continuam prejudicando o
desempenho da moeda brasileira.
Ontem, dia negativo no exterior,
o dólar fechou em alta de 1,69%, aos
R$ 5,5031. A moeda brasileira já acu-
mula uma desvalorização de 5,74%
em 2021. Juntamente com o rand
sul-africano (-5,68%), o real é a divisa
com pior desempenho no ano, mui-
to à frente do terceiro colocado, o
peso colombiano (-2,21%).
Desde a semana passada, a vitó-
ria democrata na Geórgia fez in-
vestidores voltarem a reconsiderar
um crescimento mais forte do PIB e
da inflação nos EUA e, possivel-
mente, uma antecipação da alta de
juros por lá. Todos esses fatores jo-
gam na direção contrária de uma
das principais teses de investimen-
to na virada de 2020, a de que o dó-
lar continuaria a se enfraquecer.
A surpresa com o câmbio já le-
vou algumas casas a ajustarem
suas apostas. “Havíamos concen-
Fed foi da esperança com o Brasil ao medo de
uma grande crise global no governo ‘Dilma 2’
Alex Ribeiro
De São Paulo
Os técnicos e membros do Fe-
deral Reserve (Fed, o banco cen-
tral americano) viram com boas
esperanças o começo do segun-
do mandato da presidente Dilma
Rousseff, em 2015. Mas nos me-
ses seguintes passaram a se preo-
cupar com os riscos da “bagunça”
criada pela queda de preços de
commodities, desarranjo ma-
croeconômico e crise política.
É o que revelam as transcrições
das reuniões do comitê de políti-
ca monetária do Fed, que são di-
vulgadas cinco anos depois de se-
rem realizadas. “A escolha, pela
presidente reeleita Dilma Rous-
seff, de um nova equipe econô-
mica ‘market friendly’ é encora-
jadora, mas a região enfrenta de-
safios críticos”, disse na reunião
de janeiro de 2015 o economista
do Fed Steven Kamin, ao traçar
Membro do BoE defende juro negativo
DIVULGAÇÃO
Bolsas internacionais
Variações no dia 11/Jan/21 - em %
Ibovespa
fecha -0,29
pregão com
queda de -0,66 -0,69
1,46% -0,80
Dow S&P- Euronext DAX-
Jones 500 100 30
trado nossa posição em moedas no
real. Perdemos algum dinheiro e
decidimos distribuir as apostas
contra o dólar em outros emergen-
tes. Mas a nossa convicção sobre o
cenário permanece”, diz diz Daniel
Tatsumi, gestor de moedas da ACE.
Segundo o profissional, não
apenas o exterior se revelou mais
desafiador, mas o doméstico tam-
bém tem pesado. De um lado, es-
tão a segunda onda da covid-19 no
país e as dúvidas sobre o plano de
vacinação. De outro, está a eleição
para a presidência da Câmara, que
fez retornar a discussão sobre a ex-
tensão do auxílio emergencial.
Além disso, diz Tatsumi, a virada
lá fora pegou o mercado domésti-
co com uma posição técnica ruim,
fortemente vendida (apostando
na queda). “Apenas os investidores
institucionais venderam US$ 15 bi-
lhões no fim de ano”, lembra.
Outra gestora que iniciou 2021
otimista com real foi a GAP. Apesar
da turbulência inicial, a casa enten-
de que o quadro é passageiro. “Con-
tinuamos com visão positiva para os
emergentes. A maioria democrata
no Congresso é tímida. Além disso,
as commodities continuarão bem”,
diz o sócio e estrategista da Gap As-
set, Bernard Tamler. “Isso beneficia
nossa balança comercial e é questão
de tempo até afetar o câmbio. Acre-
um quadro da economia global.
O Brasil entrou em recessão em
fins de 2014, ano em que Dilma
foi reeleita, e registrou uma con-
tração do Produto Interno Bruto
(PIB) de cerca de 7% nos dois anos
seguintes. A crise foi uma combi-
nação de fatores: desaceleração da
China, queda de preços de com-
modities, impactos da Lava-Jato
em alguns empresas, aperto mo-
netário, crise de energia elétrica e
desarranjo das contas fiscais.
Membro do Fed, Stanley Fischer
alertou que a desaceleração chine-
sa poderia ter um efeito mais forte.
“Se você repassa a lista de países
que produzem metais e outras
commodities — Brasil, Chile e ou-
tros — encontrará todos afetados
pela desaceleração da China.”
Na reunião seguinte do Fed, em
março de 2015, um ponto novo
de debate foi a desvalorização de
moedas de países emergentes,
com destaque para o Brasil. Nesse
Juros
DI-Over futuro - % ao ano
Feriado
5,93
-0,78
2,98
-1,08
CAC- Nikkei- Xangai 16/Dez
40 225 SE 2020
ditamos que ele possa cair abaixo de
R$ 5,00 nos próximos meses.”
De fato, embora a recuperação
global do dólar tenha supreendi-
do até aqui, poucos se arriscam a
colocar em xeque seu enfraqueci-
mento. “Não vemos motivo sufi-
ciente para mudar nossa posição”,
diz o Goldman Sachs em relatório.
“Primeiro, porque os mercados de
moeda são influenciados mais pe-
los juros de curto prazo e estes con-
tinuam firmemente fixados ao
chão pelo novo arcabouço para
metas de inflação do Federal Re-
serve. Segundo, porque o Fed ain-
da parece bastante distante de ini-
ciar uma redução do programa de
compras. Terceiro, por um dado
empírico: o dólar costuma se de-
preciar contra uma cesta de moe-
das dos principais parceiros co-
merciais sempre que a curva de ju-
ros nos EUA inclina.”
No Brasil, o ambiente externo
também não fez mexer as esti-
mativas de mercado. Segundo a
pesquisa Focus, a mediana das
projeções para o fim do ano se
manteve em R$ 5,00, enquanto a
do Top 5 se manteve em R$ 5,05.
“Podemos não ter um dólar se
desvalorizando ininterruptamen-
te, mas este também não é o fim da
tendência”, diz Jankiel Santos, eco-
nomista do Santander. Mesmo
período, o BC brasileiro havia dei-
xado a moeda se desvalorizar, de-
pois de vender maciçamente
swaps cambiais no ano anterior.
A cotação do dólar passou de
R$ 2,70 para R$ 3,90 em 2015.
O membro do Fed Daniel Tarul-
lo chamou a atenção para o efeito
das turbulências no Brasil. “Den-
tro das condições de um dólar se
fortalecendo, aqueles no exterior
que têm títulos denominados em
dólares às vezes vão ter mais difi-
culdades para rolar essas dívidas,”
disse Tarullo. “Dessa forma, eles
são obrigados a comprar dólares e
vender recursos domésticos, o
que, é claro, fortalece o dólar.”
James Bullard questionou os
técnicos do Fed, em setembro, se a
forte desvalorização das moedas
emergentes — entre as quais o Bra-
sil era um destaque — estaria ape-
nas relacionada a commodities ou
se refletia uma política deliberada
de desvalorização. “Uma interpre-
Dólar comercial
Cotação de venda - R$/US$
Jan/2022 Jan/2025
6,51
5 7
5,67
2,88
3,22
5,0778
29/Dez 11/Jan 17/Dez
2020 2021 2020
após os eventos da semana passa-
da, o banco manteve a projeção de
dólar a R$ 4,60 para dezembro.
“A formação do câmbio no Brasil
tem um forte componente domésti-
co. Depende de questões como o ris-
co fiscal, o andamento das reformas
e dúvidas sobre a retomada”, diz. Em
seucenárioalternativo,emqueessas
questões não são encaminhadas, o
Santander prevê um dólar a R$ 6,70.
Quem está ligeiramente mais
pessimista que a média é a Armor
Capital. No entanto, ela atribui isso
a fatores técnicos. Um deles é o fato
de que as empresas exportadoras
continuam mantendo recursos lá
fora. Enquanto o saldo comercial
físico em 2020 foi de US$ 51 bi-
lhões, o câmbio contratado foi de
apenas US$ 23,3 bilhões.
“Todo mundo calcula usando a
balança física, mas quem mexe no
câmbio é o fluxo contratado”, nota o
executivo-chefe da Armor, Alfredo
Menezes. “Com uma Selic ainda bai-
xa, é provável que esse cenário conti-
nue em 2021. Somado aos US$ 10 bi-
lhõesemdívidaqueaPetrobrasdeve
antecipar o pagamento e a necessi-
dade dos bancos comprarem mais
US$ 15 bilhões por causa do
overhedge, acredito que teremos
mais um ano com saídas de dólares
do Brasil. Não tem entrada em port-
fólio para suprir esse buraco.”
tação (…) é que todo mundo de-
preciou contra o dólar”, disse. “Tal-
vez não seja tanto relacionado a
commodities — simplesmente to-
dos depreciaram contra o dólar.”
No fim daquele ano, os mem-
bros do Fed se referiam ao Brasil
com poucas esperanças. Charles
Evans, por exemplo, disse ter ou-
vido de empresários que o Brasil
estava “uma bagunça” e “caindo
do abismo”. Fischer constatou
que o país estava “encrencado”.
Nesse período, o Fed se prepara-
va para retirar estímulos monetá-
rios, e o Brasil e a Rússia eram fonte
de preocupação. “Como a saída de
capitais de mercados emergentes
aumentou recentemente e alguns
países importantes estão já em
uma situação econômica precária,
como Brasil e Rússia, o risco de
uma crise mais ampla claramente
aumentou”, disse o atual presiden-
te do Fed, Jerome Powell, então
apenas um membro do colegiado.
Taxas de juros negativas podem
fornecer estímulos significativos à
economia, disse Silvana Tenreyro,
membro do conselho de política
monetária do Banco da Inglaterra
(BoE), em meio a especulações de que
o banco central do Reino Unido pode
mover as taxas para níveis inferiores a
zero já em fevereiro. Tenreyro, que
tem direito a voto nas decisões de
política monetária, rejeitou muitos
dos argumentos contra as taxas
negativas enquanto elogiava seus
benefícios ao estudar a experiência de
Dinamarca, zona do euro, Suíça,
Suécia e Japão. Embora o repasse às
famílias possa ser limitado, as taxas
negativas parecem ser repassadas na
forma de taxas de depósito
corporativo, o que pode estimular os
gastos das empresas, disse a
executiva. Tenreyro acrescentou
que também há condições de
empréstimos bancários mais flexíveis.
Índices de ações Valor/Coppead
Em pontos
Dólar
5 5 31
5,5031
comercial
encerra o dia
em alta de
139.072
1,69%
5,1878
1 7 em relação 86.234
ao real
29/Dez 11/Jan 16/Dez
2020 2021 2020
Juros futuros disparam e
bolsa sofre perdas com
risco fiscal e cena externa
Victor Rezende e Lucas Hirata
De São Paulo
A desconfiança quanto à traje-
tória da dívida pública adicio-
nou pressão nos mercados locais
em um dia já negativo para ati-
vos de risco no mundo. Evidência
da preocupação com o risco fis-
cal, as taxas dos juros futuros dis-
pararam no início da tarde e fe-
charam em firme alta, em um
processo bastante expressivo de
recomposição de prêmio de ris-
co. Já o Ibovespa interrompeu a
sequência de recordes e termi-
nou o pregão em queda, em um
movimento mais intenso que as
perdas em Nova York.
No mercado de ações, o Iboves-
pa recuou 1,46%, aos 123.255 pon-
tos, enquanto os investidores em-
bolsaram ganhos após o índice ba-
ter a inédita marca de 125 mil pon-
tos na última sexta-feira. O giro fi-
nanceiro foi de R$ 26 bilhões,
aquém do volume registrado du-
rante a disparada recente na bolsa
— nos últimos três dias, os negó-
cios superaram R$ 30 bilhões.
Já no mercado de juros futu-
ros, a taxa do contrato de Depósi-
to Interfinanceiro (DI) para ja-
neiro de 2027 saltou de 7,01% pa-
ra 7,21%. Durante o pregão, o
avanço foi ainda mais intenso e a
distância chegou a 0,4 ponto per-
centual, ou 40 pontos-base. Em
um dos bons termômetros do
prêmio no mercado, o spread en-
tre as taxas dos DIs para janeiro
de 2027 e 2022, uma medida de
inclinação da curva, passava de
3,875 pontos percentuais para
4,015 pontos no fim da tarde.
“Os motivos para o estresse no
mercado são os mesmos. Risco fis-
cal, falta de previsibilidade e dire-
triz do governo, no sentido de dei-
xar claro o que quer, e a saída de
Rodrigo Maia do comando da Câ-
mara, o que traz um quê de incer-
teza no sentido de rigor fiscal que
deixa o mercado um pouco mais
defensivo”, avalia o profissional de
uma importante gestora de recur-
sos. Para ele, o equilíbrio parece es-
tar “bem mais instável e com um
viés mais populista, com um presi-
dente que se posiciona pouco”.
Em um momento de alta das
Após recordes, NY inicia
semana no vermelho
Gabriel Roca, André Mizutani e
Rafael Vazquez
De São Paulo
As ações em Nova York fecha-
ram o pregão de ontem em queda
e se afastaram de seus recordes
registrados na sexta. Diante de
desafios de curto prazo, como as
tensões políticas em Washington
e uma alta contínua nos rendi-
mentos dos Treasuries, os investi-
dores demonstraram cautela e
aproveitaram para realizar lucros
após os fortes ganhos recentes.
O Dow Jones encerrou o dia em
queda de 0,29%, aos 31.008,69
pontos, enquanto o S&P 500 fe-
chou aos 3.799,61 pontos, em bai-
xa de 0,66%. O Nasdaq recuou
1,25%, a 13.036,43 pontos. Na Eu-
ropa, o Stoxx 600 caiu 0,67%. O ju-
ro da T-note subiu a 1,144%, de
1,120% do pregão anterior.
Uma onda de turbulência polí-
tica atingiu Washington na se-
mana passada, quando apoiado-
res de Donald Trump protagoni-
zaram cenas de violência no Ca-
pitólio, episódio que deixou cin-
co mortos. A presidente da Câ-
mara, Nancy Pelosi, disse em co-
municado divulgado ontem que
Coppead MV Coppead IP 20
143.479
4 7 147.904
87.049 87 0
87.203
29/Dez 11/Jan
2020 2021
taxas dos títulos americanos, o
mercado de juros no Brasil tam-
bém tem sofrido nos últimos dias
diante de dúvidas dos agentes
quanto à sustentabilidade das
contas públicas. Os comandos da
Câmara dos Deputados e do Se-
nado, que devem ser definido no
início de fevereiro, são o mais no-
vo ponto de atenção dos investi-
dores. Ao menos por enquanto os
deputados Baleia Rossi (MDB-SP)
e Arthur Lira (PP-AL), que dispu-
tam o comando da Câmara, têm
se mostrado fiscalmente respon-
sáveis e favoráveis a medidas den-
tro do teto de gastos.
Os estrategistas do Citi, porém,
notam que o maior número de ca-
sos de covid-19 no Brasil tem au-
mentado as preocupações com as
contas públicas. “Há duas implica-
ções imediatas prováveis após a
elevação dos casos. Em primeiro
lugar, devemos ver mais restrições
de mobilidade nos próximos dias
em algumas regiões. Em segundo
lugar, a pressão para dar apoio a
pessoas e empresas vulneráveis de-
ve se intensificar, esquentando o
debate sobre a extensão do auxílio
emergencial, que expirou no fim
do ano passado, e sobre o seu im-
pacto fiscal”, dizem os profissio-
nais do banco americano.
Ontem, na bolsa, as ações do
setor de shopping figuraram en-
tre as maiores quedas do índice,
diante da preocupação com no-
vas medidas de distanciamento
social e o aumento de casos de
covid-19. A cidade de Belo Hori-
zonte, por exemplo, entrou em
“lockdown” na segunda. Com is-
so, Multiplan ON recuou 4,29% e
Iguatemi ON cedeu 4,34%
“O mercado local acaba sofren-
do mais por causa do lockdown
de BH, demora no processo de va-
cinação contra covid-19 e preocu-
pação fiscal, com Baleia Rossi
apoiando continuidade do auxílio
emergencial”, alerta Tiago Sam-
paio Cunha, gestor da Grou Capi-
tal. Ele apontou, entretanto, que o
dia foi de correção nas bolsas glo-
bais e a tendência favorável ainda
continua para as ações locais.
Entre os ajustes, após ganhos re-
centes, estavam ações de bancos,
Petrobras, Vale e siderúrgicas.
dará sequência ao processo de
impeachment de Trump caso ele
não renuncie ao cargo ou se o vi-
ce-presidente do país, Mike Pen-
ce, não o afastar do poder invo-
cando a 25 a emenda da Consti-
tuição. Democratas da Câmara já
possuiriam votos suficientes pa-
ra aprovar o impeachment.
Em outro desdobramento rela-
cionado à invasão ao Congresso na
semana passada, contas do presi-
dente americano foram suspensas
por companhias de redes sociais
em suas plataformas. O fato elevou
os receios de agentes financeiros
em relação à possibilidade de uma
nova onda regulatória para as gi-
gantes da internet no país, o que
pressionou as ações das empresas.
As ações do Twitter recuaram
6,43%, enquanto os papéis do Fa-
cebook caíram 4,01%. “As plata-
formas de mídia social assumi-
ram algumas posições fortes
após os distúrbios no Capitólio e
isso está aumentando expectati-
vas de que, quando a poeira bai-
xar, os esforços do Congresso pa-
ra regulamentar as empresas de
tecnologia se tornarão priorida-
de”, afirmou o analista de merca-
dos da Oanda, Edward Moya.
Jornal Valor --- Página 3 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@20:47:20
Finanças
Estratégia Medidas anunciadas ontem e outras já
em curso podem levar a economia de R$ 10 bilhões
BB reformula rede
e promove PDV em
busca de eficiência
Talita Moreira e Álvaro Campos
De São Paulo
O Banco do Brasil (BB) deu
ontem novos passos em um pro-
grama de eficiência com o qual
espera economizar cerca de
R$ 10 bilhões até 2025. As medi-
das contemplam desligamentos
voluntários que podem envolver
5 mil pessoas e uma ampla re-
formulação da rede de agências
em meio à migração dos clientes
para os canais digitais.
“O transacional vai caminhan-
do cada vez mais para o autos-
serviço, enquanto o canal físico
se volta mais para a geração de
negócios”, afirmou ao Valor o vi-
ce-presidente corporativo do BB,
Mauro Ribeiro Neto.
Diante dessa mudança de
comportamento, a instituição
planeja enxugar e simplificar sua
rede. O banco vai desativar 112
agências, 242 postos de atendi-
mento e sete escritórios. Outras
243 agências serão convertidas
em postos e 145 unidades de ne-
gócios serão transformadas em
lojas, estruturas mais simples e
sem caixa. Em paralelo, serão
criadas oito novas agências e 28
unidades de negócios, das quais
14 voltadas ao agronegócio e 14,
ao atendimento digital.
O movimento envolverá, no to-
tal, 870 pontos de atendimento e a
projeção do BB é obter R$ 2,7 bi-
lhões em redução de custos admi-
nistrativos com a reestruturação
em cinco anos. No fim de setem-
bro, o banco tinha 4.370 agências e
1.795 postos de atendimento,
além de 6.288 postos eletrônicos.
A reformulação está em linha
com o que vêm fazendo os pares
privados: substituir agências tra-
dicionais, cuja frequência caiu
mais de 70% na pandemia, por
estruturas mais leves e voltadas
ao relacionamento comercial.
No BB, esse processo tem sido
acompanhado da migração de
pessoal das áreas de apoio — o
chamado “back-office” — para
funções de negócios. A meta era
transferir 2,5 mil funcionários
até o fim deste ano, mas 2,2 mil já
foram realocados, o que significa
que o número de 2021 pode ser
maior. Parte da equipe vai refor-
çar o relacionamento com o
agronegócio, segmento em que o
banco viu a concorrência avan-
çar nos últimos anos e que o novo
presidente da instituição, André
Brandão, pretende resgatar. A
medida fará com que 71 mil
clientes do setor passem a ter
atendimento dedicado.
De acordo com Neto, o ganho
de eficiência decorrente da ado-
ção de inteligência artificial e ou-
tras ferramentas de robotização
tem sido maior que o esperado.
É aí que entra a redução do
quadro de funcionários, formado
por 92.106 pessoas no fim de se-
tembro — dado mais recente dis-
ponível. Para acomodar a equipe
diante das mudanças, o BB anun-
ciou o Programa de Adequação
de Quadros (PAQ), voltado a cola-
boradores que não forem reaco-
modados, e o Programa de Desli-
gamento Extraordinário (PDE),
que faz mais sentido para quem
tem mais idade e tempo de casa.
A expectativa do banco é que os
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | C3
DENIO SIMÕES/VALOR
dois programas atraiam em torno
de 5 mil funcionários. Caso essa
projeção se confirme, afirmou Ne-
to, os desligamentos podem gerar
uma economia de R$ 2,8 bilhões a
R$ 3,2 bilhões até 2025.
A essas medidas, somam-se
mudanças já em curso que de-
vem levar à redução de outros
R$ 3,3 bilhões em despesas. Elas
incluem uma nova forma de re-
muneração dos funcionários,
um programa de venda e devo-
lução de imóveis e um plano de
eficiência energética. Essas ini-
ciativas, anunciadas no ano pas-
sado, e as de agora representam
uma economia pretendida de
quase R$ 10 bilhões até 2025.
“Com simplificação e roboti-
zação de processos, o BB deve ter
um ROE [retorno sobre o patri-
mônio líquido, uma medida de
rentabilidade] compatível com o
dos bancos privados”, disse Neto. Mauro Ribeiro Neto, vice-presidente do BB: “O canal físico se volta mais para a geração de negócios”
O BB gerou ROE de 12% nos nove
primeiros meses do ano passado, Banco do Brasil precisa promover resultados dos desligamentos. do a reestruturação e afirmando
quando o impacto da pandemia para se manter competitivo”, dis- “Isso é positivo para o BB, dada a que ela transmite uma “percep-
pressionou os resultados de todo o se em nota Alexandre Albuquer- profundidade da reorganização ção de ‘cortina de fumaça’ para
setor. A instituição ficou aquém do que, vice-presidente da agência. e os benefícios estimados, que encobrir as intenções privatistas
patamar dos concorrentes. Em relatório, analistas do Citi devem impulsionar a melhoria em torno do BB”.
Para a agência de classificação afirmaram que as medidas mos- no ROE que o banco já vinha No Congresso, a Frente Parla-
de riscos Moody’s, o anúncio é tram a preparação do BB para promovendo”, escreveram. mentar Mista em Defesa dos Ban-
positivo para a rentabilidade do um novo cenário competitivo. As mudanças, por outro lado, cos Públicos já se articula para
banco, pois a queda nas receitas e Para o banco americano, a rees- despertaram a reação de bancá- convocar Brandão para dar expli-
os elevados custos de crédito, na truturação pode gerar uma me- rios. A Associação Nacional dos cações sobre o plano na Câmara.
esteira da pandemia, podem con- lhoria de 42 pontos-base no ín- Funcionários do BB (AnaBB) As ações do BB caíram 1,63%
tinuar pressionando o resultado. dice de eficiência por ano, mas o mandou carta ao presidente do ontem, para R$ 39,14, na B3. O
“A reestruturação também per- cálculo não considera ainda os banco, André Brandão, critican- Ibovespa recuou 1,46%.
mite que o banco adapte as agên-
cias bancárias às novas deman-
das dos clientes, enquanto os ga-
nhos com redução de custos po-
dem ser investidos em novas tec-
nologias e em melhorias que o
NOTA DE PESAR
RAYMUNDO MAGLIANO FILHO
Perdemos ontem um dos nossos fundadores. Raymundo Magliano Filho
foi um dos pioneiros do mercado de capitais e uma das pessoas que
mais incansavelmente nos ajudou a transformar, inovar e nunca
perder o espírito de quem aprende.
Líder inspirador, carismático e agregador, foi sob sua liderança que
a então Bovespa abriu seu capital e depois se fundiu à BM&F para a
criação da companhia que hoje é a B3. Com sua crença inabalável
na democratização e popularização do mercado de capitais, seu
Raymundo, como era carinhosamente chamado, foi, sem dúvida, um
dos responsáveis pela chegada de quase 3 milhões de investidores
à Bolsa do Brasil.
Neste momento de tristeza, nossos sentimentos à família e aos amigos
e nossa admiração e agradecimento, mais uma vez, pelo exemplo
de vida e trabalho incansável de Magliano Filho para o avanço
do nosso País.
Jornal Valor --- Página 4 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@20:05:12

C4 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Finanças
Memória Ex-presidente da antiga Bovespa, executivo morreu aos 78 anos em decorrência da covid-19

Magliano queria popularizar a bolsa

SERGIO ZACCHI / VALOR
De São Paulo do interior e de outros Estados e na bolsa, de 20% para 30% do vo- empresas integrantes do Novo
empresas explicando o que é a lume negociado no mercado. Mercado, que possuem apenas
O ex-presidente da bolsa Ray- bolsa de valores e divulgando o Atualmente a bolsa conta com ações com direito a voto.
mundo Magliano Filho, morto on- investimento em ações como al- mais de 3,2 milhões de contas, Em sua gestão, Magliano tam-
tem em São Paulo em decorrência ternativa de formação de pou- sendo mais de 2 milhões de inves- bém empreendeu esforços para
de complicações da covid-19, foi pança de longo prazo. A seguir tidores pessoa física diferentes. aproximar a bolsa do Congresso,
um dos maiores incentivadores da vieram programas para públicos Magliano Filho sempre teve um conseguindo inclusive o fim da in-
popularização do investimento específicos como o Bovespa Vai à sonho de ver a bolsa chegar a 5 cidência da CPMF nas operações
em ações no país. Ele assumiu anti- Fábrica, em parceria com a Força milhões de CPFs. Em janeiro do em bolsa, aprovado em 2002.
ga Bovespa em janeiro de 2001, se- Sindical, e o Mulheres em Ação. ano passado, ele contou ao Valor Nos últimos anos Magliano es-
guindo os passos de seu pai, que Nascido em São Paulo em 12 de que algumas pessoas chegavam a tava afastado do dia a dia da cor-
foi presidente do conselho de ad- junho de 1942, Magliano conhe- dizer que ele era “maluco”, em retora. A empresa da família, que
ministração da bolsa. O executivo ceu cedo o mercado de capitais, função dos projetos de populari- era tocada por seu filho, Ray-
se destacou pelo apoio dado ao en- trabalhando na corretora do seu zação do mercado acionário. mundo Magliano Neto, foi ven-
tão candidato Luiz Inácio Lula da pai, a Magliano S.A Corretora de Durante a gestão de Magliano, dida em julho do ano passado
Silva, do PT, ainda no início da Câmbio e Valores Mobiliários, a o mercado acionário assistiu ao para a fintech Neon Pagamentos.
campanha presidencial, em 2002, primeira inscrita na Bovespa, fun- retorno das emissões e aberturas Em 2018, a corretora já havia
integrando depois o Conselho de dada em 1927. Formado em admi- de capital de empresas, paralisa- transferido sua carteira de clien-
Desenvolvimento Econômico e So- nistração de empresas pela Funda- das desde os anos 80. A venda de tes de varejo para a Guide.
cial (CDES), o Conselhão, criado ção Getúlio Vargas de São Paulo, ações da Natura marcou a reto- Na ocasião da venda para a Neon,
pelo governo Lula em 2003. foi um estudioso de temas huma- mada, que contou ainda com Gol, Magliano Filho disse que a família
Uma das principais marcas de nísticos relacionados à filosofia, Magliano criou programa de popularização em busca de 5 milhões de CPFs na bolsa Suzano, Weg, Braskem, Diagnós- seguiria por outros caminhos. “Nes-
sua administração na bolsa — en- antropologia e ciência política. ticos da América, entre outras. sa pandemia, em que ninguém sabe
tre 2001 e 2008, quando houve a Magliano sempre tentou usar va o pensador italiano e sua teo- entre corretoras e investidores. Houve ainda uma valorização da odiadeamanhã,vamosdarumapa-
fusão com a BM&F — foi o esforço esse conhecimento humanístico ria segundo a qual uma socieda- Mas a menina-dos-olhos de governança corporativa, o que rada para pensar em como devere-
de popularização do mercado em sua gestão na Bovespa, volta- de democrática se apoia nos pila- Magliano foi o projeto de popula- aumentou o número de empre- mos atuar daqui para a frente”, disse.
acionário. Durante seus manda- da para a popularização do mer- res da visibilidade, transparência rização da bolsa, iniciada em sas oferecendo o mesmo direito Ele afirmou que o contato com os
tos, foi criado o Bovespa Vai Até cado de capitais e a adesão das e acesso. A aplicação desse prin- meados de 2002. Juntamente (tag along) de dividir o prêmio novosnegóciosnomercadopermite
Você, um programa em que um empresas a níveis diferenciados cípio rendeu, por exemplo, a com a melhora do mercado acio- em caso de venda de controle da- um aprendizado mútuo. “Eles têm a
carro da bolsa, apelidado de Bov- de governança corporativa. criação do cargo de ombudsman nário ao longo de 2003 e 2004, o do aos minoritários de ações ON tecnologia e nós temos a tradição de
Móvel, percorria praias, clubes, Admirador da obra de Norber- da Bovespa, um mediador inde- programa permitiu o crescimen- para as ações sem direito a voto termos trabalhado tantos anos no
shopping centers, metrô, cidades to Bobbio, Magliano sempre cita- pendente de eventuais conflitos to dos negócios de pessoas físicas (PN), além de um aumento das mercado. Ambos têm grande valia.”

Finanças | Indicadores
IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 08/01/21 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 11/01/21 08/01/21 07/01/21 06/01/21 05/01/21 04/01/21
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 11/01 08/01 1 semana dezembro 1 mês 12 meses 23/12 a 23/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1549 Índice 1.625,05 1.628,34 1.629,47 1.632,55 1.633,98 1.635,53
IRF-M 1* 11.641,3426340 -0,03 -0,04 -0,04 Selic - meta ao ano 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 4,50 24/12 a 24/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1531 Var. no dia -0,20% -0,07% -0,19% -0,09% -0,09% 0,04%
IRF-M 1+** 16.250,0494140 -0,16 -1,44 -1,44 Selic - taxa over ao ano 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 4,40 25/12 a 25/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1412 Var. no mês -0,60% -0,40% -0,33% -0,15% -0,06% 0,04%
IRF-M Total 14.314,8160140 -0,11 -0,86 -0,86 Selic - taxa over ao mês 0,2241 0,2241 0,2241 0,2241 0,2241 0,5127 26/12 a 26/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1486 Var. no ano -0,60% -0,40% -0,33% -0,15% -0,06% 0,04%
IMA-C Total 9.375,0287500 0,25 0,22 0,22 Selic - taxa efetiva ao ano 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 4,40 27/12 a 27/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1561 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5*** 6.965,0331010 -0,03 -0,13 -0,13 Selic - taxa efetiva ao mês 0,1495 0,1495 0,1495 0,1645 0,1645 0,3766 28/12 a 28/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1636
IMA-B 5+**** 9.918,4622150 0,05 -1,59 -1,59 CDI - taxa over ao ano 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 4,40 29/12 a 29/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1640
IMA-B Total 8.054,0646610 0,01 -0,91 -0,91 CDI - taxa over ao mês 0,2241 0,2241 0,2241 0,2241 0,2241 0,5127 30/12 a 30/01 0,0000 0,5000 0,1159 0,1637
IMA-S
IMA-Geral
Total
Total
4.785,8029850
6.223,1681190
0,02
-0,02
0,08
-0,51
0,08
-0,51
CDI - taxa efetiva ao ano 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 4,40 31/12 a 31/01
01/01 a 01/02
0,0000
0,0000
0,5000
0,5000
0,1159
0,1159
0,1563
0,1468
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 0,1495 0,1495 0,1495 0,1645 0,1645 0,3766
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo 02/01 a 02/02 0,0000 0,5000 0,1159 0,1542
maior que 5 anos. Obs.: Até o fechamento dessa edição não recebemos os dados de ontem
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - - 4,38 4,35
03/01 a 03/02 0,0000 0,5000 0,1159 0,1616 Em 11/01/21
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - - 0,3576 0,3555 Em US$ * Em R$ **
04/01 a 04/02 0,0000 0,5000 0,1159 0,1689
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - - 1,93 4,27 05/01 a 05/02 0,0000 0,5000 0,1159 0,1685 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês
Taxa de juros de referência - B3
- - - - 0,1597 0,3492 06/01 a 06/02
07/01 a 07/02
0,0000
0,0000
0,5000
0,5000
0,1159
0,1159
0,1688
0,1619
Baht (Tailândia)
Balboa (Panamá)
30,1500
1,0000
30,1700
1,0000
0,18220
5,4960
0,18230
5,4966
TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 1,99 1,99 1,95 1,95 1,97 4,31 08/01 a 08/02 0,0000 0,5000 0,1159 0,1546 Bolívar Soberano (Venezuela) 1464570,5500 1468241,1500 0,0000037 0,0000038
Taxas - em % no período TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 2,30 2,23 2,11 2,11 2,20 4,31 Boliviano (Bolívia) 6,8100 6,9600 0,7897 0,8071
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Taxas referenciais de Swap - B3 a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 Colon (Costa Rica) 613,0000 616,9100 0,008909 0,008967
Linhas - pessoa jurídica 23/12 22/12 semana novembro mês meses
DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 1,92 1,92 1,92 1,92 1,92 4,38 Coroa (Dinamarca) 6,1201 6,1212 0,8979 0,8981
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 15,42 14,30 14,86 15,21 14,86 14,86 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 1,94 1,93 1,93 1,92 1,94 4,34 Coroa (Islândia) 128,6600 128,9400 0,04262 0,04272
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a.
Conta garantida pré - a.a.
13,71
30,00
13,14
32,29
13,00
32,45
14,18
31,39
13,00
32,45
13,00
32,45
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 1,98 1,98 1,94 1,96 1,98 4,31 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega)
Coroa (Rep. Tcheca)
8,5413
21,5670
8,5453
21,5850
0,6432
0,2546
0,6435
0,2549
Desconto de duplicata pré - a.a. 12,88 14,13 13,53 12,32 13,53 13,53 DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 2,06 2,05 1,98 1,99 2,02 4,29
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 2,30 2,23 2,10 2,10 2,19 4,30 Índices de ações em 11/01/21 Coroa (Suécia) 8,2914 8,2954 0,6625 0,6629
Vendor pré - a.a. 7,58 7,36 7,33 7,99 7,33 7,33 Dinar (Argélia) 132,0000 132,4000 0,04151 0,04164
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 6,76 7,06 7,67 7,45 7,67 7,67 DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 3,25 3,13 2,83 2,83 2,91 4,47
No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3033 0,3039 18,0849 18,1227
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 9,93 10,48 10,60 10,73 10,60 10,60 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 4,4282 4,4352 1,2392 1,2413
Conta garantida pós - a.a. 9,98 10,09 10,42 13,15 10,42 10,42 Direitos Especiais de Saque *** 14,0180 14,2900 0,3846 0,3921
ACC pós - a.a. 5,02 4,27 3,84 3,94 3,84 3,84 Variação % em reais
Dirham (Emirados Árabes Unidos) 3,6728 3,6735 1,4961 1,4966
Factoring - a.m. 3,64
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
3,64 3,64 3,66 3,64 3,64 Mercado futuro Ibovespa 123.255 -1,46 3,56 3,56 6,71 Dirham (Marrocos) 8,8166 8,8306 0,6224 0,6234
IBrX 52.607 -1,30 4,42 4,42 7,85 Dólar (Austrália)*** 0,7690 0,7695 4,2264 4,2296
Em 11/01/21 IBrX 50 20.610 -1,31 5,34 5,34 9,51 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 5,4960 5,4966
IEE 80.759 -1,96 -2,52 -2,52 2,75 Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,7031 2,7508
Juros externos DI de 1 dia
PU de
ajuste
Taxa efetiva -
em % ao ano
Contratos
negociados Mínimo
Cotação - em % ao ano
Máximo Último SMLL 2.781 -1,13 -1,45 -1,45 -4,20 Dólar (Canadá) 1,2803 1,2804 4,2924 4,2932
ISE 4.196 -2,10 1,05 1,05 0,73 Dólar (Cayman) 0,8250 0,8350 6,5820 6,6625
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em fev/21 99.887,45 1,910 144.760 1,900 1,918 1,910 IMOB 976 -3,41 -7,13 -7,13 -32,19 Dólar (Cingapura) 1,3307 1,3310 4,1292 4,1306
Vencimento em mar/21 99.751,26 1,920 1.510 1,920 1,940 1,920 IDIV 6.810 -1,82 0,37 0,37 0,25 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 5,4960 5,4966
Há 1 No fim de Há 1 Há 12
11/01 08/01 semana dezembro mês meses Vencimento em abr/21 99.570,89 1,954 110.985 1,946 1,990 1,952 IFIX 2.863 -0,13 -0,22 -0,22 -9,80 Dólar (Hong Kong) 7,7555 7,7557 0,7086 0,7087
Libor - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em mai/21 99.398,68 2,020 8.755 2,020 2,060 2,020 Dólar (Nova Zelândia)*** 0,7168 0,7170 3,9395 3,9411
Vencimento em jun/21 99.190,14 2,135 5.015 2,130 2,160 2,135 Variação % em dólares Dólar (Trinidad e Tobago) 6,7707 6,8260 0,8052 0,8118
1 mês - 0,1264 0,1398 0,1439 0,1586 1,6766
3 meses - 0,2244 0,2373 0,2384 0,2165 1,8378 Vencimento em jul/21 98.963,52 2,250 513.170 2,225 2,280 2,230 Ibovespa 22.424 -3,76 -2,09 -2,09 -20,90 Euro (Comunidade Européia)*** 1,2149 1,2152 6,6771 6,6795
6 meses - 0,2465 0,2559 0,2576 0,2488 1,8721 Vencimento em ago/21 98.706,05 2,372 1.650 2,380 2,410 2,395 IBrX 9.571 -3,61 -1,27 -1,27 -20,05 Florim (Antilhas Holandesas) 1,7700 1,8200 3,0198 3,1054
9 meses - - - - - - Vencimento em set/21 98.382,58 2,569 275 2,510 2,510 2,510 IBrX 50 3.750 -3,62 -0,41 -0,41 -18,82 Franco (Suíça) 0,8912 0,8916 6,1642 6,1676
1 ano - 0,3296 0,3406 0,3419 0,3359 1,9666 Vencimento em out/21 98.056,15 2,740 176.345 2,690 2,780 2,715 IEE 14.693 -4,25 -7,84 -7,84 -23,83 Guarani (Paraguai) 6895,8000 6912,5700 0,0007951 0,0007971
Euro Libor - empréstimos interbancários em euro * Vencimento em nov/21 97.728,03 2,894 835 2,880 2,880 2,880 SMLL 506 -3,45 -6,83 -6,83 -28,99 Hryvnia (Ucrânia) 28,1190 28,1610 0,1952 0,1955
1 mês - -0,5954 -0,5896 -0,5859 -0,5820 -0,5031 Vencimento em dez/21 97.375,53 3,051 700 3,030 3,070 3,030 ISE 763 -4,39 -4,48 -4,48 -25,34 Iene (Japão) 104,2700 104,3000 0,05269 0,05272
3 meses - -0,5709 -0,5626 -0,5663 -0,5723 -0,4233 IMOB 178 -5,72 -12,20 -12,20 -49,76 Kuna (Croácia) 6,2362 6,2404 0,8807 0,8814
Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00
6 meses - -0,5360 -0,5351 -0,5330 -0,5356 -0,3601 IDIV 1.239 -4,12 -5,11 -5,11 -25,69 Libra (Egito) 15,6000 15,7000 0,3501 0,3523
Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último
1 ano - -0,4949 -0,4939 -0,4899 -0,4966 -0,2734 IFIX 521 -2,47 -5,69 -5,69 -33,14 Libra (Líbano) 1505,5000 1518,5000 0,003619 0,003651
Euribor ** Vencimento em fev/21 5.482,53 0,98 292.600 5.454,00 5.520,00 5.491,00 Libra (Síria) 1256,0000 1259,0000 0,00437 0,00438
Vencimento em mar/21 5.485,87 - 0 0,00 0,00 0,00 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
1 mês - -0,555 -0,570 -0,554 -0,554 -0,463 Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,3484 1,3488 7,4108 7,4138
3 meses - -0,550 -0,546 -0,545 -0,543 -0,395 Vencimento em abr/21 5.490,51 0,97 5 5.490,00 5.490,00 5.490,00 Naira (Nigéria) 380,7000 381,7000 0,01440 0,01444
Vencimento em mai/21 5.495,18 - 0 0,00 0,00 0,00 Lira (Turquia) 7,4728 7,4828 0,7345 0,7355
6 meses
1 ano
-
-
-0,530
-0,510
-0,532
-0,502
-0,526
-0,499
-0,520
-0,499
-0,334
-0,253 Vencimento em jun/21 5.501,82 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 28,0110 28,0210 0,19610 0,19620
Taxas referenciais no mercado norte-americano Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00 Novo Sol (Peru) 3,6180 3,6210 1,5178 1,5192
Prime Rate 3,25 3,25 3,25 3,25 3,25 4,75 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 85,3700 85,3800 0,06437 0,06439
Federal Funds 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 1,75 País Spread Variação - em pontos Peso (Chile) 720,1400 720,4400 0,007629 0,007633
Taxa de Desconto 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 2,25 Vencimento em fev/21 6.672,69 0,73 40 6.677,00 6.697,00 6.677,00 Peso (Colômbia) 3517,2000 3521,2000 0,001561 0,001563
Vencimento em mar/21 6.680,68 - 0 0,00 0,00 0,00 08/01 07/01 No dia No mês No ano
T-Bill (1 mês) 0,09 0,09 0,09 0,05 0,07 1,52 Geral 337 339 -2,0 -1,0 -1,0 Peso (Cuba) 24,0000 24,0000 0,2290 0,2290
T-Bill (3 meses) 0,09 0,09 0,10 0,09 0,08 1,54 Vencimento em abr/21 6.691,21 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Filipinas) 48,0900 48,1100 0,11420 0,11430
Argentina 1.384 1.374 10,0 16,0 16,0
T-Bill (6 meses) 0,09 0,09 0,10 0,09 0,08 1,55 Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Brasil 265 268 -3,0 5,0 5,0 Peso (México) 20,1180 20,1300 0,2730 0,2732
T-Note (2 anos) 0,15 0,14 0,11 0,13 0,12 1,57 Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Colômbia 210 214 -4,0 1,0 1,0 Peso (Rep. Dominicana) 58,2500 58,3700 0,09416 0,09436
T-Note (5 anos) 0,50 0,48 0,36 0,37 0,37 1,63 Vencimento em fev/21 123.120 -1,60 164.145 122.465 124.910 123.475 Filipinas 101 101 0,0 -7,0 -7,0 Peso (Uruguai) 42,4500 42,4900 0,12930 0,12950
T-Note (10 anos) 1,14 1,12 0,94 0,93 0,90 1,82 México 196 198 -2,0 -3,0 -3,0 Rande (África do Sul) 15,5155 15,5306 0,3539 0,3543
Vencimento em abr/21 123.433 - 0 0 0 0
T-Bond (30 anos) 1,88 1,88 1,69 1,66 1,63 2,28 Peru 102 105 -3,0 -7,0 -7,0 Rial (Arábia Saudita) 3,7515 3,7521 1,4648 1,4652
Fontes: EMMI e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa da British Bankers Association com base em informações de 16 bancos ** Taxas da Vencimento em jun/21 123.878 - 0 0 0 0 Rússia 153 158 -5,0 -6,0 -6,0 Rial (Irã) 42000,0000 42000,0000 0,0001309 0,0001309
BBA e da Federação Bancária da União Europeia Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia 437 438 -1,0 -6,0 -6,0 Ringgit (Malásia) 4,0500 4,0540 1,3557 1,3572
Venezuela 19.398 19.321 77,0 33,0 33,0 Rublo (Rússia) 74,6227 74,6478 0,07363 0,07366
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 73,4670 73,4800 0,07480 0,07482
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia)
Rúpia (Paquistão)
14080,0000
160,0000
14170,0000
161,0000
0,0003879
0,03414
0,0003904
0,03435
Shekel (Israel) 3,1753 3,1798 1,7284 1,7310
Rentabilidade no período em % Em 11/01/21 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1097,6000 1098,0200 0,005005 0,005008
Mês Acumulado Variações % Yuan Renminbi (China) 6,4795 6,4820 0,8479 0,8483
Renda Fixa jan/21* dez/20 nov/20 out/20 set/20 ago/20 Ano* 12 meses** Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses
Selic 0,04 0,16 0,15 0,16 0,16 0,16 0,04 2,76 Liquidez Internacional *, em US$ milhões Zloty (Polônia) 3,7191 3,7217 1,4767 1,4779
Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 5,4960 5,4966 2,39 5,77 5,77 34,90 Cotações Em R$(1)
CDI 0,04 0,16 0,15 0,16 0,16 0,16 0,04 2,76 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 5,5025 5,5031 1,69 6,09 6,09 34,47 Fim de período Diário
CDB (1) - 0,30 0,30 0,58 0,20 0,22 - 4,19 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Dólar Turismo (R$/US$) 5,5659 5,7459 1,79 6,71 6,71 34,39 mai/20 360.491 29/12 362.237
Poupança (2) 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 6,17 Euro (BC) - (R$/€) 6,6771 6,6795 1,50 4,73 4,73 47,49 Dólar Ouro 1849,26 0,01682 326,7539 326,7895
Poupança (3) 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,13 0,12 2,11 jun/20 360.618 30/12 361.917
Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 6,6933 6,6939 1,27 4,99 4,99 47,06 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IRF-M - 1,95 0,36 -0,33 -0,56 -0,75 - 6,69 Euro Turismo (R$/€) 6,8263 7,0063 1,24 5,36 5,36 47,20 jul/20 363.864 31/12 362.020 * Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-B - 4,85 2,00 0,21 -1,51 -1,80 - 6,41 Euro (BC) - (US$/€) 1,2149 1,2152 -0,86 -0,99 -0,99 9,33 ago/20 363.292 04/01 362.160 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável set/20 361.406 05/01 362.247 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ouro*
Ibovespa 3,56 9,30 15,90 -0,69 -4,80 -3,44 3,56 2,92 out/20 359.346 06/01 361.915
Índice Small Cap -1,45 7,52 16,64 -2,28 -5,44 -1,23 -1,45 -0,65 B3 (R$/g) ** - 326,500 1,40 3,32 3,32 53,29 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
nov/20 360.404 07/01 361.837 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 5,34 9,42 16,20 -0,54 -4,62 -3,41 5,34 3,62 Nova York (US$/onça troy) - 1.842,90 -0,23 -2,90 -2,90 17,98 dez/20 362.020 08/01 361.644 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE 1,05 7,01 9,04 -0,99 -5,42 -3,94 1,05 0,32 Londres (US$/onça troy) - 08/01 - 1.891,30 -1,03 0,01 0,01 22,11
IMOB -7,13 4,56 16,47 -2,48 -8,01 -7,91 -7,13 -24,27 Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IDIV 0,37 8,94 14,40 0,65 -4,63 -4,83 0,37 -1,00 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Última cotação. ** Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IFIX -0,22 2,19 1,51 -1,01 0,46 1,79 -0,22 -10,24
Dólar Ptax (BC) 5,77 -2,53 -7,63 2,32 3,10 5,15 5,77 28,93
Dólar Comercial (mercado)
Euro (BC) (4)
6,09
4,73
-2,98
-0,03
-6,82
-5,12
2,13
1,68
2,50
1,13
5,06
6,30
6,09
4,73
29,36
40,78
Índices de ações Valor/Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro Comercial (mercado) (4) 4,99 -0,18 -4,41 1,45 0,68 6,45 4,99 41,95 Em 12 meses
Ouro B3 3,32 4,46 -12,32 2,37 -1,61 4,42 3,32 55,93 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de No fim de Var. no Var. no Var. no País Cidade Índice 11/01/21 08/01/21 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA (5) - 1,21 0,89 0,86 0,64 0,24 - 4,37 Índice 11/01 08/01 dez/20 dez/20 dia % mês % ano %
IGP-M - 0,96 3,28 3,23 4,34 2,74 - 23,14 Américas
Fontes: Anbima, BC, B3, FGV, IBGE e Valor PRO . Elaboração: Valor Data. * Rendimento até o dia 11/jan. ** Até dez/20. (1) rendimento bruto Valor/Coppead IP 20 147.903,89 149.985,31 143.163,15 143.163,15 -1,39 3,31 3,31 EUA Nova York Dow Jones 31.008,69 31.097,97 -0,29 1,31 1,31 7,58 18.591,93 31.097,97
do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até 03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de Valor/Coppead MV 87.202,55 87.719,03 86.808,54 86.808,54 -0,59 0,45 0,45 EUA Nova York Nasdaq-100 12.902,49 13.105,20 -1,55 0,11 0,11 43,89 6.994,29 13.105,20
04/05/12; Lei nº 2.703/2012. (4) Variação sobre o Real. (5) expectativa de 1,21% para o mês de dezembro Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 13.036,43 13.201,98 -1,25 1,15 1,15 42,03 6.860,67 13.201,98
EUA Nova York S&P 500 3.799,61 3.824,68 -0,66 1,16 1,16 16,36 2.237,40 3.824,68
Canadá Toronto S&P/TSX 17.934,45 18.042,07 -0,60 2,87 2,87 4,06 11.228,49 18.042,07
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
46.395,32
Feriado
46.729,30
1.453,12
-0,71
-
5,28
1,06
5,28
1,06
3,88
-12,19
32.964,22
894,03
46.729,30
1.676,29
Venezuela Caracas IBVC Feriado 1.905.696,00 - 43,06 43,06 1.498,16 88.548,06 1.905.696,00
Análise diária da indústria - em 06/01/21 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 4.552,52 4.560,02 -0,16 8,98 8,98 -8,88 2.876,03 4.996,19
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Data Data Valor Cupom/ Spread Peru Lima S&P/BVL General 21.654,59 21.625,37 0,14 4,00 4,00 5,90 13.538,79 21.693,55
líquido em em 12 em 12 de do Prazo US$ Custo Retorno pontos- Argentina Buenos Aires Merval 50.967,48 51.673,77 -1,37 -0,51 -0,51 19,25 22.087,13 55.427,26
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2021 meses no dia no mês em 2021 meses Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base ** Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 2.204.026,57 1.226,22 9.194,32 9.194,32 -33.501,04 Suzano Papel e Celulose (1) 19/11/20 15/01/31 122 500 3,75 3,1 219,9
RF Indexados (2) 208.231,90 -0,11 -0,14 -0,14 6,07-13.258,75 -11.828,30 -11.828,30 26.689,02 Euro - Euronext 100 1.124,29 1.132,10 -0,69 1,88 1,88 -2,85 2.127,88 3.250,22
B2W 24/11/20 20/12/30 121 500 4,375 4,375 350,5 Alemanha Frankfurt DAX-30 13.936,66 14.049,53 -0,80 1,59 1,59 3,36 8.441,71 14.049,53
RF Duração Baixa Soberano (2) 485.320,08 0,01 0,02 0,02 1,96 1.555,24 4.664,04 4.664,04 137.797,38
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 503.135,27 0,00 0,02 0,02 2,16 -257,26 1.149,63 1.149,63 -188.426,02 BTG Pactual 30/11/20 30/11/25 60 50 3,3 3,3 292,6 França Paris CAC-40 5.662,43 5.706,88 -0,78 2,00 2,00 -6,21 3.754,84 6.111,24
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 70.303,62 0,00 0,01 0,01 2,09 -1.239,79 -844,29 -844,29 -25.996,81 República Federativa do Brasil (1) 08/12/20 06/06/25 54 500 2,875 2,2 177,9 Itália Milão FTSE MIB 22.722,01 22.793,94 -0,32 2,20 2,20 -5,41 14.894,44 25.477,55
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 124.296,26 -0,01 0,08 0,08 9,94 6,45 62,28 62,28 3.084,25 República Federativa do Brasil (1) 08/12/20 12/06/30 114 1.250 3,875 3,45 250,1 Bélgica Bruxelas BEL-20 3.710,28 3.761,88 -1,37 2,46 2,46 -7,47 2.528,77 4.198,31
RF Duração Livre Soberano (2) 150.614,79 -0,04 -0,02 -0,02 5,59 15.275,45 18.596,51 18.596,51 14.629,13 República Federativa do Brasil (1) 08/12/20 14/01/50 349 750 4,75 4,5 279,2 Dinamarca Copenhague OMX 20 1.476,62 1.485,15 -0,57 0,78 0,78 29,67 939,77 1.487,58
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 449.362,11 -0,01 0,01 0,01 4,64 -923,47 -2.642,71 -2.642,71 -9.115,98 Klabin (2) 06/01/21 06/01/31 120 500 3,2 3,2 216,0 Espanha Madri IBEX-35 8.357,50 8.407,70 -0,60 3,52 3,52 -12,70 6.107,20 10.083,60
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 113.030,41 -0,08 -0,09 -0,09 3,87 17,66 -716,93 -716,93 -9.354,78 Grécia Atenas ASE General 800,56 819,27 -2,28 -1,04 -1,04 -13,32 484,40 948,64
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data.
Ações 597.717,71 -1.317,65 -2.151,98 -2.151,98 67.272,76 Holanda Amsterdã AEX 642,42 645,60 -0,49 2,85 2,85 5,24 404,10 645,60
* Atualizada em 11/01/21.
Ações Indexados (2) 14.969,49 -0,29 0,07 0,07 1,27 9,93 -175,54 -175,54 -1.684,73 Hungria Budapeste BUX 44.715,79 44.393,21 0,73 6,19 6,19 -1,43 29.464,28 46.182,09
** Sobre o título do Tesouro americano de mesmo prazo. (1) Reabertura de operação. (2) Sustainability-linked bond
Ações Índice Ativo (2) 57.210,49 -1,15 -1,42 -1,42 -1,98 -136,12 -134,25 -134,25 5.213,08 Polônia Varsóvia WIG 59.772,63 59.843,23 -0,12 4,82 4,82 1,77 37.164,02 59.843,23
Ações Livre 254.603,80 -1,77 -2,05 -2,05 2,53 -984,38 -1.805,54 -1.805,54 45.008,04 Portugal Lisboa PSI-20 5.137,93 5.245,52 -2,05 4,89 4,89 -2,28 3.596,08 5.435,85
Fechados de Ações 92.160,91 -0,69 -0,15 -0,15 10,11 0,00 0,00 0,00 35,46 Rússia Moscou RTS* 1.466,56 1.466,50 0,00 5,70 5,70 -9,17 832,26 1.646,60
Multimercados 1.400.340,88 -1.259,72 -744,21 -744,21 97.060,10 Bônus corporativo Suécia Estocolmo OMX 1.941,49 1.949,37 -0,40 3,56 3,56 8,77 1.292,27 1.949,37
Multimercados Macro 179.096,03 -0,23 -0,29 -0,29 5,81 14,08 -554,01 -554,01 -17.306,84 Suíça Zurique SMI 10.790,33 10.797,99 -0,07 0,81 0,81 1,42 8.160,79 11.263,01
Multimercados Livre 534.537,36 -0,29 -0,26 -0,26 6,99 -541,96 131,12 131,12 65.640,08 Cotação de títulos selecionados em 11/01/21 Turquia Istambul BIST 100 1.536,19 1.540,61 -0,29 4,03 4,03 29,46 842,46 1.540,61
Multimercados Juros e Moedas 51.457,47 0,00 0,04 0,04 3,35 75,09 265,62 265,62 4.791,99 Israel Tel Aviv TA-125 1.620,35 - 1,43 3,33 3,33 -0,20 1.105,95 1.684,12
Multimercados Invest. no Exterior (2) 545.948,79 -0,35 -0,02 -0,02 11,77 -846,31 -600,45 -600,45 41.829,08 Cupom Yield Spread** África do Sul Joanesburgo All Share 63.759,93 63.519,18 0,38 7,32 7,32 10,92 37.963,01 63.759,93
Cambial 6.612,84 -0,11 1,63 1,63 30,17 -79,22 -158,73 -158,73 1.159,11 Emissor Resgate Preço* % ano % ano 11/01/21 dez/20 Há 12 meses
Ásia e Pacífico
Previdência 999.701,26 -113,39 -520,32 -520,32 31.810,04 Aegea 10/10/24 103,500 5,75 4,378 416,0 252,0 -
Japão Tóquio Nikkei-225 Feriado 28.139,03 - 2,53 2,53 17,98 16.552,83 28.139,03
ETF 32.906,48 -286,58 -657,43 -657,43 1.556,36 Banco do Brasil 15/04/49 102,240 6,250 - - - - Austrália Sidney All Ordinaries 6.959,50 7.024,20 -0,92 1,59 1,59 -1,17 4.564,10 7.255,20
Demais Tipos 1.367.507,64 -230,40 210,64 210,64 69.809,51 Banco do Brasil 20/10/49 - 8,500 - - - -27,0 China Shenzhen SZSE Composite 2.375,86 2.419,50 -1,80 2,00 2,00 32,15 1.609,00 2.426,66
Total Fundos de Investimentos 5.241.305,75 -1.830,34 4.961,66 4.961,66 165.357,32 Bradesco 01/03/22 104,670 5,750 1,574 143,0 214,0 136,0 China Xangai SSE Composite 3.531,50 3.570,11 -1,08 1,68 1,68 14,20 2.660,17 3.576,20
Total Fundos Estruturados (3) 718.906,59 8.769,46 9.809,23 9.809,23 6.122,33 BRF 24/01/30 108,920 4,875 3,677 255,0 291,0 244,0
Total Fundos Off Shore (4) 55.574,43 - - - - Coréia do Sul Seul KOSPI 3.148,45 3.152,18 -0,12 9,57 9,57 42,70 1.457,64 3.152,18
Itaú 13/05/23 106,600 5,125 2,206 206,0 214,0 136,0 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 27.908,22 27.878,22 0,11 2,49 2,49 -2,55 21.696,13 29.056,42
Total Geral 6.015.786,76 6.939,12 14.770,89 14.770,89 171.479,65 Petrobras 27/01/21 - 5,375 - - - -
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em Índia Bombaim S&P BSE Sensex 49.269,32 48.782,51 1,00 3,18 3,18 18,44 25.981,24 49.269,32
Petrobras 20/05/23 106,000 4,375 1,760 161,0 145,0 126,0 Indonésia Jacarta JCI 6.382,94 6.257,84 2,00 6,75 6,75 1,72 3.937,63 6.382,94
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de novembro de 2020 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos Petrobras 20/05/43 109,400 5,625 4,926 304,0 287,0 253,0 Tailândia Bangcoc SET 1.536,49 1.536,44 0,00 6,01 6,01 -2,79 1.024,46 1.600,48
regidos pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da re- Vale 11/09/42 133,750 5,625 3,409 152,0 181,0 193,0 Taiwan Taipé TAIEX 15.557,30 15.463,95 0,60 5,60 5,60 29,38 8.681,34 15.557,30
presentatividade da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não Fontes: MarketAxess e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Preço de compra, em centavos de dólar. ** Em pontos-base sobre o título do Tesouro Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Istambul, Lima e Madrid. Elaboração: Valor Data
informaram o PL na data de emissão do relatório dos EUA. Cotações às 16h30 * Índice expresso em dólares
Jornal Valor --- Página 5 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@20:45:23
Finanças
Estratégia Braço do Banco Mundial para o setor privado
coloca projetos de água e esgoto como prioridades
Com saneamento, IFC
prevê alocar US$ 6,4 bi
no Brasil até 2023
Talita Moreira
De São Paulo
A International Finance Cor-
poration (IFC), braço de investi-
mentos do Banco Mundial no se-
tor privado, planeja destinar ao
Brasil US$ 6,4 bilhões nos anos
fiscais de 2021 a 2023. Projetos
de água e esgoto serão o foco
principal da agência, na esteira
do marco regulatório aprovado
no ano passado e da pandemia.
“É a prioridade das priorida-
des”, afirma Carlos Leiria Pinto,
que assumiu o comando do es-
critório brasileiro em maio e
concedeu ao Valor sua primeira
entrevista desde então. “Vamos
alocar mais recursos [no setor].”
Saneamento já era um dos alvos
da IFC, mas ainda não era a aposta
número um no planejamento an-
terior — quando o governo Bolso-
naro estava começando, havia, no
mercado, a expectativa de que in-
vestimentos em infraestrutura te-
riam forte impulso. Agora, a leitu-
ra da agência é a de que projetos de
água e esgoto devem ganhar fôle-
go com as oportunidades trazidas
pelas novas regras. Estimativas do
Ministério da Economia apontam
em cerca de R$ 700 bilhões o po-
tencial de atração de recursos do
setor a partir da mudança na legis-
lação. Ao mesmo tempo, a covid-
19 — que tem a higiene como prin-
cipal medida de prevenção — tam-
bém contribuiu para escancarar as
deficiências do Brasil nessa área.
“Os objetivos [do marco regu-
latório] são difíceis, mas são im-
possíveis sem a participação do
setor privado”, afirma.
De acordo com Pinto, a IFC já
mantém conversas com um ban-
co estadual de desenvolvimento
para atuar em um projeto de sa-
neamento e também está na fase
final de negociação com uma
empresa privada que atua no se-
tor. São operações na faixa de
US$ 100 milhões cada. Os nomes,
contudo, ainda não são públicos.
No total, a IFC viabilizou inves-
timentos de US$ 2,2 bilhões no
ano fiscal de 2020, que se encer-
rou em 30 de junho, e outros
US$ 842 milhões na primeira me-
tade do exercício fiscal de 2021.
O número deste ano deve ficar
parecido com o do anterior.
A pandemia provocou mu-
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | C5
DIVULGAÇÃO
danças na estratégia da agência.
Habitualmente focada em inves-
timentos de longo prazo, a IFC
se viu financiando capital de gi-
ro de empresas para evitar uma
quebradeira maior. Também re-
forçou as linhas para bancos vol-
tadas à concessão de créditos a
pequenas e médias companhias,
as mais afetadas pela crise. “O
objetivo era não deixar as em-
presas fecharem as portas, não
esperar para ver”, afirmou.
Outro investimento feito no pe-
ríodo foi um empréstimo de
US$ 80 milhões para a Jive, gesto-
ra de recursos especializada em
“ativos estressados”. Segundo Pin-
to, esse foi outro caminho encon-
trado pela IFC para ajudar a dar
sobrevida a pequenos negócios.
Pinto, que fez carreira em ban- Carlos Leiria Pinto, da IFC: “O mercado está sinalizando que é importante manter a disciplina fiscal”
cos como Santander, BNP Paribas e
Commerzbank, foi o responsável O executivo também planeja Em paralelo aos financiamen- novo chefe da IFC afirma que o
pela IFC na região andina antes de dar maior enfoque à sustentabi- tos, a IFC também vem atuando governo precisa transmitir con-
assumir o comando da operação lidade. Neste ano, a IFC vai trazer no assessoramento de conces- fiança aos investidores para que
brasileira. Por enquanto, o executi- para o Brasil uma certificação de sões. São os casos do edital das li- o país tire proveito da ampla li-
vo ainda mora em Lisboa, já que o construções sustentáveis e os nhas 8 e 9 da CPTM e das parcerias quidez nos mercados. “Os agen-
escritório local está fechado por bancos que trabalharem com ela público-privadas de iluminação tes estão conscientes, dando suas
causa da pandemia, mas deve se poderão financiar, com juros pública promovidas pela Caixa. sinalizações”, diz. “O mercado es-
mudar para o Brasil quando as mais baixos, incorporadoras que Embora veja grandes oportu- tá sinalizando que é importante
condições melhorarem. seguirem as práticas. nidades no mercado brasileiro, o manter a disciplina fiscal.”
Jornal Valor --- Página 6 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@20:01:00

C6 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021

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Jornal Valor --- Página 7 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@20:00:33
AVISO DE LICITAÇÃO - PREGÃO ELETRÔNICO No 20200294
A Secretaria da Casa Civil torna público o Pregão Eletrônico No 20200294 de interesse da
Companhia de Água e Esgoto do Ceará – CAGECE, cujo OBJETO é: Registro de Preço para
futuras e eventuais aquisições de Tubo PRFV, conforme especificações contidas no Edital e seus
Anexos. RECEBIMENTO DAS PROPOSTAS VIRTUAIS: No endereço www.comprasnet.gov.br,
através do No 17622020, até o dia 29/01/2021, às 9h.(Horário de Brasília-DF). OBTENÇÃO
DO EDITAL: No endereço eletrônico acima ou no site www.seplag.ce.gov.br. Procuradoria Geral
do Estado, em Fortaleza, 06 de Janeiro de 2021. ISABEL MARIA SILVA BRAGA - PREGOEIRA
NORTE ENERGIA S.A.
CNPJ/MF Nº 12.300.288/0001-07 - NIRE 53.30001164-8
Companhia de Capital Aberto
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
67ª ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
Ficam os Senhores Acionistas da Norte Energia S.A. (“Companhia”) convocados, na forma do
artigo 124 da Lei nº 6.404/1976, para se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária - AGE, a
se realizar no dia 28 de janeiro de 2021, às 11 horas, de forma híbrida, comportando participação
presencial, na sede da Companhia, localizada na Cidade de Brasília, Distrito Federal, no
Setor Comercial Norte, Quadra 4, nº 100, Bloco B, sala 1004, Centro Empresarial Varig, CEP
70714-900, e digital, via plataforma Webex, nos termos do artigo 21-C da Instrução CVM nº
481/2009, conforme alterada pela Instrução CVM nº 622/2020, a fim de discutir e deliberar
sobre a seguinte ordem do dia: 1) Alterar o Artigo 2º do Estatuto Social da Companhia, em
decorrência da alteração do endereço da sede da Norte Energia, que passará a adotar a seguinte
redação: “Artigo 2º - A Companhia tem sede e foro na Cidade de Brasília, Distrito Federal, no
Setor de Edifícios Públicos Sul SEPS Quadra 702/902, Conjunto B, Bloco B, 3º Andar, Edifício
General Alencastro, Asa Sul, CEP: 70390-025, podendo, por deliberação do Conselho de
Administração constituir filiais em qualquer praça do País”. A Convocação desta AGE foi aprovada
pelo Conselho de Administração da Companhia na 204ª Reunião do Conselho de Administração
de 19.11.2020, em atendimento ao parágrafo 3º do Artigo 8º do Estatuto Social; 2) Aprovar a
assinatura do Contrato SCM nº 013/2020 / DAF-S-091-2020, a ser celebrado com as Centrais
Elétricas do Norte do Brasil S.A. Eletronorte, visando a prestação de serviços de comunicação
multimídia, para transporte de dados em rede de fibra ótica, entre os Data Centers de Brasília
e Belo Monte, tendo em vista envolver parte relacionada à Companhia, nos termos do inciso
XXII do Artigo 12 do Estatuto Social. A Convocação desta AGE foi aprovada pelo Conselho de
Administração da Companhia na 205ª Reunião do Conselho de Administração de 15.12.2020,
em atendimento ao parágrafo 3º do Artigo 8º do Estatuto Social; e 3) Aprovar a renovação das
licenças de uso de módulo executável dos programas computacionais NEWAVE e DECOMP,
constantes no Contrato DRC-S-213/2019, com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
- CEPEL, tendo em vista envolver partes relacionadas à Companhia, nos termos do inciso
XXII do Artigo 12 do Estatuto Social. A Convocação desta AGE foi aprovada pelo Conselho de
Administração da Companhia na 205ª Reunião do Conselho de Administração de 15.12.2020,
em atendimento ao parágrafo 3º do Artigo 8º do Estatuto Social; 4) Aprovar a renovação da
licença de uso de módulo executável do programa computacional DESSEM, constante no
Contrato DRC-S-011/2017, com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - CEPEL, tendo
em vista envolver partes relacionadas à Companhia, nos termos do inciso XXII do Artigo 12
do Estatuto Social. A Convocação desta AGE foi aprovada pelo Conselho de Administração da
Companhia na 205ª Reunião do Conselho de Administração de 15.12.2020, em atendimento
ao parágrafo 3º do Artigo 8º do Estatuto Social; 5) Aprovar Renovação da Licença de uso dos
módulos executáveis dos programas computacionais SUISHI, GEVAZP e PREVIVAZ, constantes
do Contrato DRC-S-008/2017, com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - CEPEL, tendo
em vista envolver partes relacionadas à Companhia, nos termos do inciso XXII do Artigo 12
do Estatuto Social. A Convocação desta AGE foi aprovada pelo Conselho de Administração da
Companhia na 205ª Reunião do Conselho de Administração de 15.12.2020, em atendimento
ao parágrafo 3º do Artigo 8º do Estatuto Social. Registra-se que dadas as características das
licenças acima mencionadas, o Conselho de Administração propõe à assembleia geral de
acionistas aprovar que as próximas renovações não necessitem ser aprovadas pela AGE, ficando
já definida uma delegação para o Conselho realizar tais aprovações. E 6) Eleição de Conselheiro
Suplente para compor o Conselho de Administração da Norte Energia. O indicado, uma vez
eleito, deverá cumprir o prazo remanescente do mandato, qual seja, até a Assembleia Geral
Ordinária a ser realizada em 2022. A Convocação desta AGE foi aprovada pelo Conselho de
Administração da Companhia na 205ª Reunião do Conselho de Administração de 15.12.2020,
em atendimento ao parágrafo 3º do Artigo 8º do Estatuto Social. Conforme detalhado no Manual
de Participação em Assembleia da Norte Energia, para sua participação, seja pessoal ou por
procurador, o Acionista deverá apresentar comprovante de titularidade de ações de emissão
da Norte Energia expedido na data do credenciamento para participação, pela instituição
responsável, bem como documento de identidade válido com foto do representante legal e dos
documentos comprobatórios de representação, incluindo o instrumento de mandato e cópia do
último estatuto ou contrato social consolidado e os documentos societários que comprovem a
representação legal do Acionista. Caso tais documentos estejam em língua estrangeira, deverão
ser vertidos para o português por tradutor juramentado, não sendo necessária a notarização
e a consularização dos mesmos. A Companhia exige o reconhecimento de firma e tradução
juramentada dos documentos de representação dos Acionistas. Os Acionistas podem também
ser representados por procurador que seja Acionista, administrador ou advogado, constituído
há menos de 1 (um) ano, nos termos do artigo 126, parágrafo 1º da Lei nº 6.404/76 e do artigo
9º do Estatuto Social da Companhia, exibindo, além da documentação pertinente, a procuração
com firma reconhecida ou com assinatura digital. Quando o Acionista se fizer representar por
procurador, a regularidade da procuração será examinada antes do início da Assembleia, bem
como a titularidade das ações. Participação por meio de plataforma digital: Os Acionistas que
tiverem interesse em participar da assembleia de forma digital deverão manifestar tal interesse
e enviar os documentos e comprovantes aplicáveis, até o dia 26 de janeiro de 2021 (dois dias
antes da realização da assembleia), nos termos do artigo 5º, § 3º, da Instrução CVM nº 481/2009,
conforme alterada pela Instrução CVM nº 622/2020, mediante envio de e-mail para o seguinte
endereço eletrônico: governanca@norteenergiasa.com.br. Os Acionistas que não manifestarem
o interesse na participação na assembleia digital e/ou não apresentarem os documentos de
participação necessários não estarão aptos à participação na assembleia pela via digital.
O Manual de Participação em Assembleia da Norte Energia responsável por detalhar as regras
e os procedimentos a serem seguidos para que os Acionistas possam participar e exercer seu
direito de voto, incluindo informações para acesso e utilização da plataforma digital está disponível
no seguinte endereço eletrônico: www.norteenergiasa.com.br/pt-br/ri. Por fim, em cumprimento
ao disposto no artigo 6º e seguintes da ICVM 481, estão disponíveis aos acionistas na internet,
na página da Comissão de Valores Mobiliários (www.cvm.gov.br) e na página da Companhia
(www.norteenergiasa.com.br/pt-br/ri), cópia de todos os documentos e informações necessários
para a compreensão das matérias a serem discutidas, incluindo a participação e exercício do
voto na AGE híbrida, conforme previstos no artigo 133 da Lei nº 6.404/76. Brasília, 08 de janeiro
de 2021. Pedro Luiz de Oliveira Jatobá - Presidente do Conselho de Administração.
Live
BUILD BACK BETTER
RECUPERAÇÃO,
REABILITAÇÃO E
RECONSTRUÇÃO
ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS
CONSTROEM UM FUTURO MELHOR
Quando um desastre afeta uma região ou o mundo, é
preciso a força de diversos agentes para contribuir na
recuperação do meio ambiente, da economia e da
sociedade. Na segunda live da nossa série de debates,
especialistas vão discutir as exigências que muitas
empresas estão adotando na implementação de
práticas sustentáveis, seguindo o discurso de Larry Fink,
da BlackRock, em Davos. Participe.
15 09 H
SAVE
THE
DATE
Transmissão
J A N
Patrocínio Realização
Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | C7
MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. CNPJ/ME nº 07.816.890/0001-53 - NIRE
33.3.0027840-1. Companhia Aberta. Ata da Reunião do Conselho de Administração realizada em
11 de dezembro de 2020. 1. Data, hora e local: No 11º dia de dezembro de 2020, às 17:00 horas,
na sede da Multiplan Empreendimentos Imobiliários S.A. (“Companhia”), na Cidade e Estado do Rio
de Janeiro, na Avenida das Américas nº 4.200, bloco 2, sala 501, Barra da Tijuca. 2. Convocação
MINISTÉRIO DA e Presença: Dispensada a convocação e verificada a presença da totalidade dos membros do
ECONOMIA Conselho de Administração, nos termos do Estatuto Social da Companhia. 3. Mesa: Presidente:
Sr. José Paulo Ferraz do Amaral; Secretário: Sr. Marcelo Vianna Soares Pinho. 4. Ordem do dia:
Discutir e deliberar sobre a proposta de pagamento de bônus ao Diretor Presidente referente aos
exercícios de 2019 e 2020. 5. Deliberações: Os Srs. Conselheiros deliberaram, por unanimidade e
sem quaisquer reservas, com abstenção dos legalmente impedidos, o seguinte: 5.1. No âmbito da
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES bonificação concedida aos colaboradores da Companhia, aprovar, especificamente, o pagamento
de bônus ao Diretor Presidente referente aos exercícios sociais de 2019 e 2020, conforme proposta
AVISO DE LICITAÇÃO apresentada pela Administração da Companhia ao Colegiado. 6. Encerramento, Lavratura e
Aprovação da Ata: Nada mais havendo a ser tratado, foi a presente ata aprovada nos termos dos
Pregão Eletrônico nº 02/2021 - BNDES artigos 17, §2º e 19 do Estatuto Social da Companhia e devidamente assinada pelos membros
do Conselho de Administração presentes. Os membros do Conselho de Administração, Srs. John
OBJETO: Contratação Serviço de subscrição de Solução de software para Michael Sullivan, Duncan George Osborne e Gustavo Henrique de Barroso Franco enviaram voto por
suporte ao processo de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento escrito. Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2020. Marcelo Vianna Soares Pinho - Secretário. JUNTA
COMERCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Nome: MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS
do terrorismo (PLDFT) do Sistema BNDES (“doravante BNDES”), em
IMOBILIÁRIOS S.A. Certifico que o presente foi arquivado sob o nº 3992893 e data de 04/01/2021.
conjunto com os serviços de implantação, de treinamento, de suporte técnico Bernardo F. S. Berwanger - Secretário Geral.
e atualização e de manutenção evolutiva, conforme as especificações do
Edital e de seus Anexos.
EDITAL: Disponível a partir de 12/01/2021 nos portais
www.gov.br/compras/pt-br e www.bndes.gov.br.
ENTREGA DAS PROPOSTAS: A partir de 12/01/2021, às 10h, no portal MINISTÉRIO DE
MINAS E ENERGIA
www.gov.br/compras/pt-br.
ABERTURA DAS PROPOSTAS: 01/02/2021, às 11h00min, no portal
www.gov.br/compras/pt-br.
CNPJ (MF) 42.540.211/0001-67
Rio de Janeiro, 08 de janeiro de 2021. Mariana Terk Campos. Gerente
da Gerência de Licitações e Contratos 4 do AJ1/JULIC. NIRE N.º 33300158006
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Assembleia Geral Extraordinária
Ficam convidados os Senhores Acionistas da Eletrobras Termonuclear S.A. -
ELETRONUCLEAR a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária - AGE,
no dia 21 de janeiro de 2021, às 14 horas, na sede da Empresa, na Rua da
Candelária n.º 65, 10º andar, Rio de Janeiro - RJ, para deliberarem sobre a
seguinte Ordem do Dia:
1.Eleição de membro do Conselho de Administração da Eletronuclear indicado
pelo Ministério da Economia.
Rio de Janeiro, 04 de janeiro de 2021
Luiz Augusto P. de Andrade Figueira
Presidente do Conselho de Administração da Eletronuclear
INTELBRAS S.A. INDÚSTRIA DE TELECOMUNICAÇÃO ELETRÔNICA BRASILEIRA - CNPJ/ME 82.901.000/0001-27 - NIRE 42300004278 - ATA DE ASSEMBLEIA
GERAL EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM 08 DE JANEIRO DE 2021 - 1. DATA, HORA e LOCAL: Aos 08 dias do mês de janeiro de 2021, às 7:00 horas, na sede
social da Intelbras S.A. Indústria de Telecomunicação Eletrônica Brasileira (“Companhia” ou “Intelbras”), localizada na cidade de São José, Estado de Santa Catarina, na Rodovia
BR 101, Km 210, Área Industrial, CEP 88104-800. 2. CONVOCAÇÃO E PRESENÇA: Dispensada a convocação, tendo em vista a presença de todos os acionistas da Companhia,
nos termos do artigo 124, parágrafo 4º da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei das S.A.”), conforme assinaturas apostas no Livro de Presença dos
Acionistas. 3. MESA: Os trabalhos foram presididos pelo Sr. Jorge Luiz Savi de Freitas (“Presidente”) e secretariados pela Sra. Jane Savi de Freitas (“Secretária”). 4. ORDEM
DO DIA: Deliberar sobre as matérias constantes da seguinte ordem do dia: (i) a alteração do Plano de Incentivo de Longo Prazo da Companhia; (ii) o desdobramento da totalidade
das ações ordinárias de emissão da Companhia, na proporção de 1 (uma) ação para formar 10 (dez) ações, sem alteração do valor do capital social e a consequente alteração do
artigo 5º do Estatuto Social da Companhia; e (iii) a alteração e a consolidação do Estatuto Social da Companhia. 5. DELIBERAÇÕES: Lidos, tratados e discutidos os assuntos
constantes da ordem do dia, os acionistas da Companhia aprovaram, por unanimidade de votos, sem quaisquer ressalvas ou restrições: 5.1. Aprovar a alteração do Plano de Incentivo
de Longo Prazo da Companhia, conforme Anexo I à presente ata. 5.2. O desdobramento da totalidade das ações ordinárias de emissão da Companhia, na proporção de 1 (uma)
ação para formar 10 (dez) ações, sem alteração do valor do capital social. 5.1.1 Consequentemente, fica aprovada a alteração do artigo 5º do Estatuto Social da Companhia para
refletir essa deliberação, que passará a vigorar com a redação constante do Anexo II da presente ata. 5.1.2 Não obstante, a diretoria da Companhia fica autorizada a praticar todos
os atos necessários à operacionalização e efetivação do desdobramento das ações de emissão da Companhia. 5.3. Alterar e consolidar o Estatuto Social da Companhia, para refletir
as deliberações aprovadas no item 5.1 acima e em razão de exigências realizadas pela B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão (“B3”) e pela Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”)
no âmbito dos processos de registro de companhia aberta na categoria “A” da Companhia e de listagem da Companhia na B3 e admissão à negociação das ações ordinárias
de emissão da Companhia no segmento especial de governança corporativa da B3 denominado Novo Mercado, o qual passará a ter a redação do Anexo II da presente ata. 6.
ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a ser tratado, e inexistindo qualquer outra manifestação, foi encerrada a presente assembleia, da qual se lavrou a presente ata que foi
lida e aprovada por todos. 7. ASSINATURAS: Mesa - Presidente: Jorge Luiz Savi de Freitas; Secretária: Jane Savi de Freitas. Acionistas - Jorge Luiz Savi de Freitas; Jane Savi
de Freitas; Jadna Savi de Freitas; Janete Savi de Freitas; Pedro Horn de Freitas; Joanna Horn de Freitas; Antônio de Freitas Aiquel; Eduardo de Freitas Teixeira; Maria Augusta de
Freitas Francalacci; Antonia de Freitas Tonin; Altair Ângelo Silvestri; Rafael Boeing; Dahua Europe B.V. São José, 08 de janeiro de 2021. Atesto que a presente é cópia fiel da ata
original lavrada em livro próprio. Mesa: Jorge Luiz Savi de Freitas – Presidente. Jane Savi de Freitas – Secretária.
INTELBRAS S.A. INDÚSTRIA DE TELECOMUNICAÇÃO ELETRÔNICA BRASILEIRA - CNPJ/ME 82.901.000/0001-27 - NIRE 42300004278 - ATA DE REUNIÃO
DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO REALIZADA EM 08 DE JANEIRO DE 2021 - 1. DATA, HORA e LOCAL: Aos 08 dias do mês de janeiro de 2021, às 10:30 horas,
na sede social da Intelbras S.A. Indústria de Telecomunicação Eletrônica Brasileira (“Companhia” ou “Intelbras”), localizada na cidade de São José, Estado de Santa Catarina, na
Rodovia BR 101, Km 210, Área Industrial, CEP 88104-800. 2. CONVOCAÇÃO E PRESENÇA: Dispensada a convocação, em virtude da presença da totalidade dos membros
do Conselho de Administração, nos termos do artigo 17, Parágrafo Quinto do Estatuto Social da Companhia (“Estatuto Social”). 3. MESA: Presidida por membro escolhido pela
maioria dos membros presentes, o Sr. Jorge Luiz Savi de Freitas (“Presidente”) que convidou a Sra. Jane Savi de Freitas para secretariar os trabalhos (“Secretária”), nos termos do
artigo 17, Parágrafo Terceiro do Estatuto Social da Companhia. Constituída a mesa, o Presidente declarou instalada a reunião. 1. ORDEM DO DIA: Discutir e deliberar sobre as
seguintes matérias: (i) a alteração da Política de Transações com Partes Relacionadas da Companhia; (ii) a alteração do Regimento Interno do Comitê de Auditoria da Companhia;
(iii) a alteração do Regimento Interno do Conselho de Administração da Companhia; (iv) a alteração da Política de Gerenciamento de Riscos da Companhia; (v) a alteração da
Política de Negociação de Valores Mobiliários da Companhia; (vi) a alteração da Política de Indicação dos Membros do Conselho de Administração, da Diretoria, do Conselho
Fiscal e dos Comitês de Assessoramento da Companhia; (vii) a alteração do Código de Ética, Conduta e Conformidade da Companhia; (viii) a aprovação da Política de Divulgação
de Atos ou Fatos Relevantes da Companhia; e (ix) a aprovação da distribuição de proventos no montante de R$ 83.474.472,38 (oitenta e três milhões, quatrocentos e setenta e
quatro mil, quatrocentos e setenta e dois reais e trinta e oito centavos), a título de (a) dividendos intermediários, com base na Reserva de Lucros registrada nas demonstrações
financeiras da Companhia de 30 de junho de 2020, nos termos do artigo 204, §2º da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei das Sociedades por Ações”); e
(b) juros sobre capital próprio, nos termos do Artigo 18, (ix) do Estatuto Social da Companhia, apurados com base nas demonstrações financeiras da Companhia de 30 de junho de
2020. 4. DELIBERAÇÕES: Lidos, tratados e discutidos os assuntos constantes da ordem do dia, os membros do Conselho de Administração da Companhia deliberaram: 5. Tendo
em vista a necessidade de adaptações de determinadas políticas da Companhia, em razão de exigências realizadas pela B3 no âmbito dos processos de listagem e de admissão
das ações ordinárias de emissão da Companhia no segmento especial de governança corporativa da B3 denominado Novo Mercado, os membros do Conselho de Administração
da Companhia, por unanimidade de votos e sem quaisquer restrições, decidem: 5.1. Aprovar a alteração da Política de Transações com Partes Relacionadas da Companhia,
conforme Anexo I à presente ata; 5.2. Aprovar a alteração do Regimento Interno do Comitê de Auditoria da Companhia, conforme Anexo II à presente ata; 5.3. Aprovar a
alteração do Regimento Interno do Conselho de Administração da Companhia, conforme Anexo III à presente ata; 5.4. Aprovar a alteração da Política de Gerenciamento de
Riscos da Companhia, da Companhia, conforme Anexo IV, à presente ata; 5.5. Aprovar a alteração da Política de Negociação de Valores Mobiliários da Companhia, conforme
Anexo V à presente ata; 5.6. Aprovar a alteração da Política de Indicação dos Membros do Conselho de Administração, Diretoria Estatutária e Membros dos Comitês de
Assessoramento da Companhia, conforme Anexo VI à presente ata; 5.7. Aprovar a alteração do Código de Ética, Conduta e Conformidade da Companhia, conforme Anexo VII
à presente ata; e 5.8. Aprovar a alteração da Política de Divulgação de Atos ou Fatos Relevantes da Companhia, conforme Anexo VIII à presente ata. 6. Aprovar a distribuição
de proventos no montante de R$ 83.474.472,38 (oitenta e três milhões, quatrocentos e setenta e quatro mil, quatrocentos e setenta e dois reais e trinta e oito centavos), dos quais, (a)
R$ 49.904.014,03 (quarenta e nove milhões, novecentos e quatro mil, quatorze reais e três centavos) serão distribuídos a título de dividendos intermediários, com base na Reserva
de Lucros registrada nas Demonstrações Financeiras da Companhia de 30 de junho de 2020, nos termos do artigo 204, §2º da Lei das Sociedades por Ações; e (b) R$ 33.570.458,35
(trinta e três milhões, quinhentos e setenta mil, quatrocentos e cinquenta e oito reais e trinta e cinco centavos) serão distribuídos e calculados a título de juros sobre capital próprio
(para os quais a Companhia possui o intuito de utilizar os benefícios tributários de redução das bases de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição
Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL)), nos termos do Artigo 18, (ix) do Estatuto Social da Companhia. Fica consignado que: (i) terão direito ao recebimento dos proventos as pessoas
que forem acionistas da Companhia na presente data; (ii) sobre o valor de R$ 33.570.458,35 (trinta e três milhões, quinhentos e setenta mil, quatrocentos e cinquenta e oito reais e
trinta e cinco centavos) a serem pagos a título de juros sobre o capital próprio incidiram imposto de renda para os acionistas no montante total de R$ 5.035.568,67 (cinco milhões,
trinta e cinco mil, quinhentos e sessenta e oito reais e sessenta e sete centavos), montante este que será retido pela Companhia, nos termos da legislação aplicável; (iii) o montante
líquido de R$ 28.534.889,68 (vinte e oito milhões, quinhentos e trinta e quatro mil, oitocentos e oitenta e nove reais e sessenta e oito centavos) poderá ser imputado ao dividendo
mínimo obrigatório referente ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2020, nos termos da legislação aplicável; e (iv) o efetivo pagamento dos proventos ora aprovados
deverá ocorrer no prazo de 60 dias contados da presente data, nos termos do artigo 205, §3º da Lei das Sociedades por Ações. 7. ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a ser tratado,
e inexistindo qualquer outra manifestação, foi encerrada a presente Reunião, da qual se lavrou a presente ata que foi lida e aprovada por todos os conselheiros presentes. Mesa -
Presidente: Jorge Luiz Savi de Freitas; Secretária: Jane Savi de Freitas. Conselheiros – Jorge Luiz Savi de Freitas, Jane Savi de Freitas; Antônio de Freitas Aiquel; Pedro Horn de
Freitas; Lin Xiong; Gilberto Heinzelmann; Yoshio Kawakami. São José, 08 de janeiro de 2021. Atesto que a presente é cópia fiel da ata original lavrada em livro próprio. Mesa:
Jorge Luiz Savi de Freitas – Presidente. Jane Savi de Freitas – Secretária.
PRÓXIMA LIVE
IMPACTOS NO
COMÉRCIO EXTERIOR
29 09 H
J A N
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Jornal Valor --- Página 8 da edição "12/01/2021 1a CAD C" ---- Impressa por GAvenia às 11/01/2021@19:59:59
C8 | Valor | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Investimentos Criptomoeda teve forte alta nos últimos meses ajudada pelo maior interesse de empresas e fundos
Bitcoin ganha novo impulso com institucionais
Rafael Gregorio
De São Paulo
Se fosse preciso resumir o que
foi 2020 para o bitcoin em uma
só palavra, a melhor escolha se-
ria: “institucionais”. Sim, a valo-
rização de 321%, que levou o
preço de US$ 7 mil para US$ 30
mil (recorde já batido em 2021),
foi marcante. E o caminho até
aqui, emocionante. Em março,
no pico da queda causada pela
pandemia, a cotação despencou
a US$ 5 mil e alarmou entusias-
tas, antes de voltar a subir.
Mas, no futuro, 2020 será lem-
brado principalmente como o
ano em que empresas, fundos e
super-ricos passaram a investir
na mais popular entre as cripto-
moedas ou planejaram fazê-lo.
Na prática, mais investidores
institucionais significa mais credi-
bilidade e liquidez, além de volu-
me extra de capital para investi-
mentos e fusões e aquisições que
permitam expansão ainda maior
rumo ao público de varejo — em-
bora siga valendo o alerta de que é
preciso ponderar qual parcela do
patrimônio (especialistas sugerem
não mais que 5%) aplicar neste ati-
vo que, não raro, sofre fortes desva-
lorizações em curto tempo.
Fundos se destacam por
velocidade de recuperação
Adriana Cotias
De São Paulo
Num ano tão atípico como
2020, há casos entre os multi-
mercados brasileiros mais repre-
sentativos do IHFA, da Anbima,
que chamam a atenção pelas per-
das bastante limitadas e pela ve-
locidade da recuperação. O fun-
do multiestratégia da Neo, por
exemplo, levou apenas dois dias
para zerar aquilo que foi a sua
maior perda histórica, de 3,85%,
entre 17 e 23 de março, enquanto
o Gap Multiportfólio e o Gap Ab-
soluto precisaram de 17 dias.
O fato de operar com estratégias
de valor relativo na maior parte da
carteira amorteceu as perdas da
Neo, diz o gestor Mario Schalc. No
baque de março, 70% das posições
estavam voltadas para o cenário de
curto prazo. O maior prejuízo veio
dos 30% fora desse bloco, em ope-
rações ligadas a taxas de juros.
“Mesmo passando por um even-
to completamente inesperado — a
gente não tinha condição de ante-
ver a pandemia —, e perdendo um
Alocaçãodeativosparaopós-pandemia
Palavra do gestor
Fernando B. do Amaral
A
cada novo ano,
quando, além de
resoluções e metas,
paramos para
redefinir a
alocação de ativos de nossos
portfólios, costumamos
recorrer a David Swensen, CIO
do endowment da
Universidade de Yale, o mais
reconhecido gestor de recursos
institucionais do mundo. Nesse
início de 2021, em que a
incerteza atinge níveis
elevadíssimos, suas lições
podem ser ainda mais valiosas.
Sua abordagem para “asset
allocation” reúne: (i) um viés
para ações (tanto no mercado
“Há muito falamos que o bit-
coin talvez seja o ativo mais demo-
crático de toda a história financei-
ra, pois os primeiros investidores
foram pessoas físicas, nerds, cien-
tistas da computação; os pequenos
entraram na frente”, pondera
Glauco Cavalcanti, sócio e gestor
da BLP, dona de um pioneiro fun-
do de bitcoin. “E este foi o ano em
que investidores profissionais en-
traram nessa classe de ativos.”
O flerte já se insinuava antes do
“halving” (a redução pré-progra-
mada da disponibilidade de novos
bitcoins) em maio. Mas ganhou
força em agosto, quando a MicroS-
trategy, fornecedora americana de
soluções em softwares com ações
listadas na Nasdaq, comprou
US$ 200 milhões no criptoativo.
Desde então, após mais aquisições,
o valor investido pela empresa em
bitcoins chega a US$ 1,1 bilhão.
Outra companhia na Nasdaq, a
Square, presidida por Jack Dor-
sey, fundador do Twitter, investiu
US$ 300 milhões em bitcoins em
agosto. Depois, aplicou mais
US$ 50 milhões em um projeto de
mineração com menos poluição.
Na prática, além da chancela
moral, os investimentos dessas
empresas fizeram com que seus
milhares de acionistas também
dinheiro importante em algum
momento, não houve a necessida-
de de mexer nas posições para se
adaptar ao novo cenário”, afirma
Schalc. Os ajustes feitos para man-
ter o portfólio enquadrado aos li-
mites de risco foram marginais em
relação ao resultado total.
As métricas de risco ajudaram a
atravessar pela tempestade. Schalc
explica que o sistema monitora o
pior resultado da carteira atual em
janelas de 21 dias, olhando pelo
retrovisor. “No nosso sistema ain-
da existia a influência da greve dos
caminhoneiros, em maio de 2018,
e os movimentos referentes ao pe-
ríodo eleitoral.”
Os multimercados da Gap ini-
ciaram seu período mais crítico
em janeiro, antes de a pandemia
chegar ao mundo ocidental, com
o fundo do poço em 20 de março,
numa queda restrita a 8,9%. Co-
mo as posições de hedge funcio-
naram e o “drawdown” ficou den-
tro das especificações do sistema
de risco, não foi necessário liqui-
dar nenhuma posição, afirma o
sócio-gestor Renato Junqueira.
público quanto no privado); e
(ii) ampla diversificação.
Do ponto de vista
conjuntural, a vitória
democrata nas eleições
americanas, assim como o
agravamento da pandemia ao
redor do mundo, vai na direção
de se promover mais estímulos
fiscais e monetários nos
próximos meses. Esses, além de
darem suporte às empresas e
aos trabalhadores dos setores
mais afetados pelo vírus,
vêm promovendo, para quem
está empregado, um aumento
de renda e poupança.
E, com o início da vacinação
da população contra a covid-19,
a perspectiva de recuperação
econômica se acentua e
podemos passar de uma
situação de incerteza, medo e
pessimismo para uma de
esperança, confiança e
animação. Esse sentimento vem
se refletindo nos mercados
acionários e no juro do título do
Tesouro americano de dez anos,
que saiu do patamar de 0,6%
para em torno de 1,1% ao ano.
De um ponto de vista mais
estrutural, vários anos de
políticas monetárias
estimulativas, como juros
Square, de Jack Dorsey, foi uma das empresas que passaram a investir em bitcoin
passassem a ter exposição à moeda
virtual, ainda que indiretamente.
“Foi um ano importante na ins-
titucionalização do bitcoin. Tal-
vez tenha sido um ponto de infle-
xão, mas o movimento de empre-
sas e de grandes fortunas ainda é
pequeno”, afirma Fabrício Tota,
diretor do Mercado Bitcoin.
Outro marco de 2020 foi o
anúncio do PayPal, gigante de pa-
gamentos digitais, de que passaria
.
Ele conta que a casa começou
2020 muito otimista com renda
variável no Brasil e tinha posição
vendida na bolsa americana, o
que acabou atrapalhando a per-
formance dos fundos.
Quando caiu a ficha de que a co-
vid-19 seria um fenômeno global,
a decisão foi encurtar o horizonte
de investimento. A parcela em
ações locais foi trocada por ativos
nos EUA, enquanto nas estratégias
de juros passou a buscar países on-
de havia espaço para afrouxar a
política monetária. “A gente conse-
guiu explorar bem Brasil, México e
Chile, que foram responsáveis por
boa parte do resultado do primei-
ro semestre”, diz Junqueira.
Quem sabe o que fazer nas crises
acaba se destacando no mundo
dos multimercados, diz Felipe Be-
vilacqua, diretor de investimentos
da Levante Advice. “O ano de 2020
foi bom para provar muita coisa e
mostrou que a gestão de um multi-
mercado é muito mais complicada
do que a de um fundo de ações. Se
antes, se fazia um fundo macro
com duas ou três pessoas, para
próximos de zero ou negativos
e “quantitative easing” (QE), já
vinham, ao longo dos últimos
tempos, elevando os preços dos
ativos financeiros e reduzindo
suas expectativas de retorno
futuro. Como sabemos, a
pandemia promoveu uma forte
aceleração de tendências que já
se desenhavam. Esse foi mais
um dos movimentos que a
covid intensificou, ao levar as
políticas de afrouxamento
monetário para um novo nível,
com medidas de QE ainda mais
agressivas e forward guidance
sinalizando que as taxas de
juros devem se manter muito
baixas por um prazo mais
longo. Uma consequência
direta é a inflação de preço de
ativos e a consequente queda
na expectativa de seus
rendimentos futuros.
O retorno esperado para as
ações americanas, que no início
da década passada era de 8% a 9%,
se encontra hoje entre 5% e 6% ao
ano, enquanto o de bônus
corporativos veio de 3% a 4% para
de 1% a 2%. A projeção de retorno
anualizado para o portfólio
balanceado tradicional de
investidores americanos, o
chamado “portfólio 60/40” (60%
MICHAEL REYNOLDS/BLOOMBERG
o projeto de sua “stable coin”, a li-
bra, impulsionou o bom momen-
to ao informar que pretende lan-
çar sua novidade em janeiro.
“A entrada de grandes ‘players’,
como Fidelity [que passou a pro-
ver serviços de custódia] e PayPal,
contribuiu para que os institucio-
nais se sentissem mais confortá-
veis. Ainda mais em um momen-
to em que as taxas de juros estão
baixas, o que força a tomar risco”,
diz Marcelo Sampaio, presidente
da Hashdex, gestora especializa-
da em fundos de criptoativos.
Em paralelo com o movimento
das empresas, bilionários e ges-
tores de grandes fundos também
mudaram o tom — em alguns ca-
sos, passaram a alardear que já
estavam investindo em bitcoin
ou que planejavam fazer isso em
breve. Foi assim com Ray Dalio,
a aceitar bitcoins em sua platafor- do fundo Bridgewater. Em 2017,
ma. Isso fez com que seus mais de ele afirmou que o bitcoin não era
340 milhões de clientes se tornas- uma reserva de valor eficiente e,
sem da noite para o dia potenciais em novembro, disse que a cripto
investidores na criptomoeda. ainda não estava “pronta para o
A Visa, que vinha estampando sucesso”. Mas, um mês depois, al-
sua bandeira em cartões que terou o discurso: “O bitcoin se es-
transacionam bitcoins, também tabeleceu como opção ao ouro,
anunciou integrações de criptos com semelhanças com ativos de
em sua infraestrutura. E o Facebo- oferta limitada”.
ok, que já havia animado o mer- Os renovados recordes conquis-
cado em 2019, quando anunciou tados pelo bitcoin nas últimas se-
Volta rápida
Fundos que se recuperaram em até 50 dias
Ibiuna Hedge Sth Fic Multimercado
Data do menor
valor da cota
18/05/2017
Drawdown
(%)
Absolute Vertex Cshg Fic Multimercado 18/05/2017
Absolute Vertex Ii Fic Multimercado 18/05/2017
Solana Long And Short Fic Multimercado 19/03/2020
Vinci Valorem Fi Multimercado 23/03/2020
Moat Capital Equity Hedge Fic Multimercado 19/03/2020
Quantitas Mallorca Fic Multimercado 12/03/2020
Pacifico Macro Fic Multimercado 18/05/2017
Porto Seguro Macro Fic Multimercado 18/03/2020
Ibiuna Hedge Fic Multimercado 18/05/2017
Versa Long Biased Fi Multimercado 03/02/2016
Btg Pactual Top Fi Multimercado 03/11/2020
Gap Absoluto Fic Multimercado 20/03/2020
Gap Multiportfólio Fic Multimercado 20/03/2020
Sharp Long Short 2x Feeder Fic Multimercado 03/03/2016
Neo Multi Estratégia 30 Feeder Fic Multimercado 23/03/2020
Fonte: QuantumAxis/Anbima/Elaboração: Vérios Investimentos
operar fechamento de curva de ju- cionais, melhor estruturados.”
ros no Brasil e ótimo, agora não dá Quando a Selic estava na casa
mais para ser assim”, diz. Com o ci- dos 14% ao ano, a escolha do
clo de corte de juros locais se acen- fundo aguentava um pouco
tuando entre 2018 e 2020, mais di- mais de desaforo. Agora, com a
fícil ficou para um fundo macro taxa básica em 2%, o investidor
ganhar dinheiro, acrescenta. já começa o ano “devendo” a ta-
Ele cita que muita casa sofreu xa de administração para o ges-
porque não tinha time de ações e tor, afirma Bevilacqua.
que fazer a gestão integrada a Bruno Benassi, analista de fun-
um multimercado não é algo tri- dos da Levante Advice , sugere
vial. “A gente viu melhor desem- olhar o histórico de desempenho
penho dos fundos grandes tradi- dos fundos em janelas superiores a
em ações e 40% em bônus), era (por meio de hedge funds), de
em 2009 de 7,5%. De lá até o longo prazo (como private equity e
início do ano passado, havia sido venture capital) e de ativos reais
reduzida para 5,4% e, com os (como imobiliário e commodities).
ajustes citados acima, caiu para Com a diversificação em ativos
4,2% (segundo os cálculos do descorrelacionados das classes
J.P. Morgan Asset Management). tradicionais, agrega-se proteção e,
A estratégia de balancear o no caso desses, se adiciona retorno.
risco de ações direcionais com Nas carteiras locais, a questão
bônus soberanos e corporativos é como aproveitar o clima
foi bastante bem sucedida ao externo favorável e se proteger
longo dos últimos anos, tendo do risco interno, decorrente das
entregado um ótimo resultado incertezas fiscais. Uma resposta
com relativamente pouca está na internacionalização
volatilidade. O outro lado da dos portfólios, mais uma
moeda é que ficaram caros. tendência que se acelerou com
Sobretudo a renda fixa, que a pandemia, com a alocação
costumava trazer proteção e em ativos desvinculados do
rendimento para a carteira, e risco Brasil. Os fundos
agora provê somente proteção. multimercados já vêm, ao
Ou nem isso, de acordo com longo dos últimos anos, se
Ray Dalio. Diante do patamar capacitando para tal e
atual dos spreads de crédito, da aumentando a exposição e
possibilidade de continuidade risco em ativos globais.
de elevação dos juros longos Mais recentemente, temos
e do risco de inflação, o gestor visto a expansão da oferta de
da Bridgewater eliminou instrumentos que investem no
inteiramente a classe de seu exterior, como os BDRs da B3 e os
portfólio All Weather. diversos veículos locais que
A alocação de portfólio nos permitem acessar fundos de
próximos anos, para que o ações, bônus e mesmo hedge
resultado compense o risco funds internacionais. (Ainda que
incorrido, deverá considerar a o real depreciado desincentive
introdução ou o aumento de esse tipo de movimento, vale
estratégias de retorno absoluto lembrar que dificilmente um
manas vêm chamando a atenção
até de investidores que não costu-
mavam olhar para o mercado de
criptomoedas. Mas não é só a “pri-
mogênita” desse setor que está
com os preços em disparada.
O ethereum, a segunda cripto-
moeda mais conhecida e nego-
ciada, acumula ganhos de 667%
do início de 2020 para cá, na cota-
ção em dólar, e a expectativa de
especialistas é de que ela dê conti-
nuidade à sua valorização, com
algumas correções pelo caminho.
Ontem mesmo, seu valor chegou
a cair 24%, num sinal claro de co-
mo esse mercado é volátil.
“É muito provável que o ethe-
reum suba, como o bitcoin. Gos-
to de usar a metáfora de que o
ethereum é como um sistema
Android descentralizado. É natu-
ralmente um código aberto, e já
vimos que aplicativos descentra-
lizados [DApps] e os protocolos
criados no ethereum foram os
mais usados em 2020. E isso con-
tinuará aumentando”, diz Beibei
Liu, presidente da NovaDAX. (Co-
laborou Weruska Goeking)
.com
Leia a reportagem
completa no site
www.valorinveste.com
-12,06%
Dias de
recuperação
49
-8,86% 49
-8,78% 49
-5,31% 48
-3,65% 45
-9,47% 44
-6,69% 44
-5,98% 42
-6,34% 42
-6,06% 40
-48,20% 23
-6,68 21
-8,85% 17
-8,84% 17
-2,74% 11
-3,85% 2
12 meses, e também nos momen-
tos de crise para avaliar se uma
eventual boa performance coinci-
diu com períodos de mercado pa-
ra cima. Esse é um conselho útil
principalmente num momento
em que novas gestoras são criadas
a um ritmo acelerado. “Tem muita
gente saindo de banco grande e
montando a sua própria asset. Já
vimos muitos casos que foram pa-
ra a gestão independente e não
conseguiram performar.”
fortalecimento da moeda
ocorrerá sem que os demais
ativos brasileiros performem
bem, com o restante da carteira
compensando eventuais perdas
com a variação cambial na
parcela exposta ao dólar.)
Swensen acredita que a gestão
de portfólios requer uma mistura
de arte com ciência. Seus
preceitos, citados no primeiro
parágrafo, parecem
particularmente reforçados
nesse momento, com, no curto
prazo, um movimento de
aumento de risco (“risk on”) e,
no longo, a necessidade de
diversificação. Essa última, de
acordo com o economista Harry
Markowitz, ao reduzir o risco do
portfólio sem sacrificar o retorno
esperado, proporciona aos
investidores o que há de mais
próximo de um “almoço grátis”.
Fernando Barrozo do Amaral é CEO
da GGP Family Office
E-mail: fbamaral@ggp-fo.com
Este artigo reflete as opiniões do autor, e
não do jornal Valor Econômico. O jornal não
se responsabiliza e nem pode ser
responsabilizado pelas informações acima
ou por prejuízos de qualquer natureza em
decorrência do uso destas informações.
Jornal Valor --- Página 1 da edição "12/01/2021 1a CAD E" ---- Impressa por ivsilva às 11/01/2021@20:18:10
Legislação
Destaques
Estabilidade de gestante
O Tribunal Superior do Trabalho
(TST) reconheceu a nulidade da
dispensa de uma caixa da Lotéri-
ca Xis Platina, de Belo Horizonte
(MG), por ter recebido aviso-pré-
vio durante a licença-maternida-
de, ou seja, no período de estabi-
lidade no trabalho. Com isso, a
empresa deverá pagar indeniza-
ção correspondente aos salários e
demais vantagens devidas no pe-
ríodo entre a dispensa e o fim do
prazo da estabilidade assegurada
à empregada gestante (RR-107
58-69.2018.5.03.0011). Nos ter-
mos do artigo 10, inciso II, alínea
“b”, do Ato das Disposições Cons-
titucionais Transitórias (ADCT)
da Constituição da República, a
gestante tem a garantia no em-
prego desde a confirmação da
gravidez até cinco meses após o
parto. Na reclamação trabalhista,
a caixa alegou que a lotérica ha-
via entregue o aviso-prévio da
rescisão em 1º de fevereiro de
2017, enquanto teria direito à es-
tabilidade até 18/2/2017. O juízo
de primeiro grau e o Tribunal Re-
gional do Trabalho (TRT) de Mi-
nas Gerais indeferiram o pedido
de nulidade da dispensa e de in-
denização sobre o período de es-
tabilidade. Segundo o TRT, a res-
cisão efetiva do contrato, ao fim
do aviso-prévio, ocorreu em 12
de março de 2017, após o térmi-
no da garantia no emprego.
ITCMD na partilha
A 1ª Seção do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) vai decidir por meio
de recursos repetitivos (REsp
1896526 e REsp 1895486), a “ne-
cessidade de se comprovar, no ar-
rolamento sumário, o pagamento
do Imposto de Transmissão Causa
Mortis e Doação (ITCMD) como
condição para a homologação da
partilha ou expedição da carta de
adjudicação, à luz dos artigos 192
do CTN e 659, parágrafo 2º, do
CPC/2015”. Até a definição da tese,
o colegiado determinou a suspen-
são, em todo o território nacional,
dos processos individuais ou cole-
tivos que versem sobre a questão
delimitada. No acórdão de afeta-
ção dos processos, a relatora, mi-
nistra Regina Helena Costa, desta-
cou que a 1ª e a 2ª Turmas do STJ
têm o entendimento pacífico de
que, no procedimento de arrola-
mento sumário, é desnecessária a
comprovação da quitação do
ITCMD como requisito para ho-
mologar a partilha ou expedir a
carta de adjudicação. No entanto,
um levantamento na base de juris-
prudência do tribunal revela a
existência de 11 acórdãos sobre a
matéria e mais de uma centena de
decisões monocráticas a respeito.
“Embora uniforme o entendimen-
to no âmbito das turmas de direito
público, tal circunstância tem-se
mostrado insuficiente para impe-
dir a distribuição de inúmeros re-
cursos a esta corte veiculando o te-
ma”, observou a relatora.
Lesão na coluna
O Tribunal Superior do Trabalho
(TST) rejeitou o recurso de um
auxiliar de produção da Sankyu,
de São Francisco do Sul (SC), que
pretendia receber indenização
decorrente de lesões na coluna
lombar. A decisão é da 3ª Turma
(RR-497-51.2017.5.12.0004). De
acordo com o laudo técnico pe-
ricial, única prova reconhecida
no processo, não há nexo de
causalidade entre as atividades
realizadas por ele e a doença ad-
quirida, que tem natureza dege-
nerativa. O auxiliar foi contrata-
do pela Sankyu para prestar ser-
viços na linha de produção da
siderúrgica Arcelormittal Brasil
e, em 2016, foi diagnosticada
patologia na região lombar. Na
reclamação trabalhista, ele disse
que a empresa não acatou a re-
comendação do médico para
que fosse mudado de função
por 120 dias, a fim de permitir a
recuperação e o reforço muscu-
lar. Segundo ele, a doença se de-
senvolvera em razão das condi-
ções ergonômicas inadequadas.
Em primeira e segunda instân-
cias, pedido havia sido negado.
& Tributos
Tributário Há decisões favoráveis aos contribuintes nos Estados de São Paulo e Minas Gerais
Justiça impede cobrança de
ITCMD sobre usufruto de bem
Joice Bacelo
Do Rio
A maioria dos Estados cobra
ITCMD, o imposto que incide sobre
doaçõeseheranças,sobreousufruto
do bem. Mas, no Judiciário, os con-
tribuintes têm conseguido escapar
da tributação. Há decisões em pelo
menos dois dos principais tribunais
dopaís—SãoPauloeMinasGerais—
paraliberarasfamíliasdopagamen-
to tanto no momento de instituição,
com a doação do bem, como no da
extinção do usufruto.
Esse tema se tornou recorrente
nos escritórios de advocacia. Espe-
cialmente no último ano. Os profis-
sionais perceberam que, em meio à
pandemia, houve um aumento de
famílias interessadas em implemen-
tar planejamentos sucessórios. O
medo de contaminação pelo novo
coronavírus—maisde200milbrasi-
leirosmorreram,atéagora,decovid-
19 — teria sido um dos motivos.
Pesou, além disso, a possibilidade
dealteraçãonasalíquotasdo impos-
to. “Se discutiu muito a revisão das
leis estaduais. Foi um tema quente
no ano de 2020”, diz Hermano Bar-
bosa, sócio do BMA Advogados. Em
São Paulo, por exemplo, foi apresen-
tado um projeto de lei (PL nº 250)
para aumentar a alíquota dos atuais
4% para, progressivamente, chegar a
8% — o teto nacional. O projeto está
na Comissão de Constituição e Justi-
ça da Assembleia desde junho.
Tramita no Senado, além disso,
uma resolução para elevar os per-
centuais do ITCMD, que poderão os-
cilar entre 8% a 20%. A Constituição
Federal determina que o Legislativo
é quem tem alçada para definir esses
parâmetros. Os que vigoram hoje,
entre 2% e 8%, datam de 1992.
Dentro desse contexto, dizem os
advogados, as discussões sobre a tri-
butação do usufruto se tornaram ain-
da mais corriqueiras. Esse é um insti-
tuto muito usado nos planejamentos
sucessórios. O beneficiário recebe o
que se chama de nua-propriedade do
bem. Ele tem a propriedade, mas não
pode usufruir. Os doadores permane-
cem com o direito de tomar decisões,
e, dependendo do bem, receber alu-
gueis, lucros e dividendos.
O Estado de Minas Gerais, por
meio da Lei nº 14.941, de 2003,
prevê, nessas situações, duas co-
branças. Uma é referente à doa-
Aumento de alíquota não
eleva arrecadação no Rio
Do Rio
Aumento de tributo não signi-
fica, necessariamente, maior arre-
cadação. O Rio de Janeiro, por
exemplo, é o único entre os Esta-
dos do Sudeste que saiu da alí-
quota padrão de 4% do ITCMD, o
imposto sobre doações e heran-
ças, para uma cobrança progressi-
va, que varia conforme o valor do
bem e pode chegar a 8% — o teto
nacional. Nos últimos anos, no
entanto, teve queda de receita.
O advogado Hermano Barbosa,
sócio do escritório BMA, fez um le-
vantamento do que ocorreu no Es-
tado nos anos de 2017, 2018 e
2019. O primeiro aumento de
ITCMD se deu em 2016. A alíquota
subiu de 4% para a variável de 4,5%
a 5%. Depois, em 2018, houve mais
uma mudança: o Estado recuou
para 4%, mas estendeu a alíquota
progressiva para até 8%.
A arrecadação, no entanto, não
acompanhou a escalada da alí-
quota. Em 2016, quando ainda
eram cobrados 4%, o Estado arre-
cadou R$ 1,39 bilhão. No ano de
2017, com as novas alíquotas em
vigor, R$ 1,19 bilhão. Já em 2018,
contabilizou R$ 1,12 bilhão e em
SP
Tancredo Aguiar: no usufruto não há nenhum tipo de transmissão e, portanto, não há fato gerador de ITCMD
ção, de 5% sobre o valor do bem,
que não se discute nos processos.
A outra pelo usufruto, outros 5%
sobre um terço do valor do bem.
Os contribuintes vêm conseguin-
do reverter essas cobranças no Judi-
ciário. Uma família do município de
Juiz de Fora obteve autorização da
Vara de Fazenda Pública, no fim do
ano passado, para não recolher a
parcela referente ao usufruto. Esse
caso envolve a doação de um imóvel
de pais para filhos.
O advogado Tancredo Aguiar, só-
cio do Binato Junqueira Pestana
Aguiar e Frattini Advocacia, atuou
no caso. Ele diz que essa é a primeira
decisão que se tem notícia no Estado
para impedir a cobrança. “O contri-
buinte já é proprietário do imóvel,
possuidor e, portanto, usufrutuário.
Quandodoaparaosfilhoseficacom
o usufruto não há nenhum tipo de
transmissão e, portanto, não há fato
gerador de ITCMD”, afirma.
No Tribunal do Estado (TJ-MG) há
decisãocontraacobrançadoimpos-
to, mas refere-se ao momento em
que o usufruto é extinto — por desis-
tência do doador ou em razão de sua
2019, R$ 1,04 bilhão.
O peso do ITCMD na receita cor-
rente líquida do Estado também
vem diminuindo. Em 2016 repre-
sentou 3% de toda a arrecadação do
Estado. No ano de 2017, caiu para
2,38%. Em 2018 ficou ainda menor,
representando 1,92%, e no ano de
2019 significou 1,78%.
“Não estamos dizendo que a arre-
cadação diminuiu por causa do au-
mento da alíquota. Há uma série de
fatores que podem ter influenciado.
O Estado enfrenta crise financeira e
também política. Mas não estamos
fazendo tese econômica. O que esta-
mos constatando é que, apesar de a
alíquota ter subido, a arrecadação
não aumentou”, diz Barbosa.
Esse resultado, para o advoga-
do, serve como alerta de que “solu-
ções simplistas”, como aumento
de imposto, nem sempre têm o
efeito esperado. “O ano de 2020 foi
complicado, de crise para os Esta-
dos, e muito se falou em subir as
alíquotas para aumentar a arreca-
dação. Mas é preciso ter cuidado.
Esse estudo mostra o inverso.”
O levantamento realizado por
HermanoBarbosatambémmostraa
situação dos demais Estados do Su-
deste: São Paulo, Espírito Santo e Mi-
morte. Essa situação foi considerada
inconstitucional pelo Órgão Espe-
cial no ano de 2017 (incidente de ar-
guição de inconstitucionalidade nº
10024130325160004).
Ocorrequealeimineira,noinciso
IV do artigo 1º, prevê duas possibili-
dades de cobrança: no momento da
extinção ou no da instituição do
usufruto. O advogado Tancredo
Aguiar diz que como o momento da
doação não foi objeto do julgamen-
to, o Estado continuou a exigir que o
contribuinte pagasse o imposto.
A família representada pelo ad-
vogado obteve liminar para não
pagar o ITCMD. O juiz Marcelo Ca-
valcanti Piragibe Magalhães, da
Comarca de Juiz de Fora, afirma, na
decisão, que o imposto só pode in-
cidir “quando há acréscimo patri-
monial advindo da transmissão de
bens ou direitos decorrentes da
morte ou da doação”.
“No caso da escritura de doação
com reserva de usufruto incide im-
posto de transmissão somente so-
bre a doação da nua-propriedade e
não sobre o usufruto”, frisa o ma-
gistrado (processo nº 5024270-
nas Gerais. Nenhum deles aumen-
tou a alíquota de ITCMD nos últimos
anos e, ao contrário do que ocorreu
no Rio, não vem sendo registrada
uma queda contínua na receita.
São Paulo, que cobra 4% de im-
posto, arrecadou R$ 2,71 bilhões
no ano de 2017. Em 2018 registrou
uma leve queda, contabilizando
R$ 2,61 bilhões, mas no ano se-
guinte, em 2019, a arrecadação au-
mentou para R$ 3,39 bilhões.
No ano passado foi apresentado
umprojetodelei(PLnº250)preven-
do aumento da alíquota do ITCMD
no Estado, mas, até agora, não foi
aprovado na Assembleia Legislativa.
Os deputados, no entanto, vetaram
um outro, o PL nº 529, de autoria do
Executivo, que também previa a ma-
joração do imposto.
No Espírito Santo, que também
tem alíquota de 4%, a arrecadação
com o ITCMD aumentou ao longo
dos anos. Foram R$ 65,3 milhões em
2017, R$ 74,3 milhões no ano de
2018 e R$ 80,2 milhões em 2019.
Minas Gerais tem alíquota mais
alta, de 5%, mas foi fixada no ano de
2008, ou seja, há mais de década não
há alteração. Em 2017 foram arreca-
dados R$ 837 milhões com o ITCMD.
No ano de 2018 recuou para R$ 831
São Paulo | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | E1
DIVULGAÇÃO
21.2020.8.13.0145).
Em São Paulo, a cobrança do
ITCMD ocorre de forma diferente de
MinasGerais.OEstadoestabelece4%
de imposto sobre dois terços do va-
lor do bem no momento em que a
doaçãoérealizada.Aparceladousu-
frutodeveserpagaquandoocorrera
extinção. São cobrados 4% sobre um
terço do valor do bem.
Mas, assim como em Minas, tam-
bém há o veto do Judiciário. A 13ª
Câmara de Direito Público do Tribu-
naldeJustiçadeSãoPaulo(TJ-SP)de-
cidiu, recentemente, a favor de um
contribuinte. Os desembargadores
afirmam que a Lei nº 10.705, de
2000, que regulamenta o ITCMD,
não prevê a cobrança no momento
da extinção do usufruto.
Essa cobrança, eles dizem, está
prevista em um Decreto, o de nº
46.655, do ano 2000, e uma deci-
são normativa, a CAT/SP nº 3, de
2010. “Tal previsão acaba por criar
exigência de recolhimento do im-
posto em discordância com a lei
estadual, não podendo ser aplica-
da”, afirma, na decisão, a relatora
do caso, desembargadora Flora
Hermano Barbosa: soluções simplista nem sempre têm o efeito esperado
milhões e no ano seguinte, em 2019,
aumentou para R$ 914 milhões.
Em nota, a Secretaria de Fazenda
do Rio de Janeiro informa que “um
dosprincipaisobjetivosdoaumento
da alíquota foi melhorar a gestão de
crédito tributário do ITCMD, além
de estabelecer justiça fiscal”. E acres-
centa: “Em 2016, o Estado do Rio es-
tava com a alíquota desatualizada
em relação aos demais Estados e ha-
Maria Nesi Tossi Silva.
A magistrada diz ainda que a ex-
tinção do usufruto não figura entre
as hipóteses de incidência do
ITCMD previstas em lei porque
“não se trata de transmissão de
bem ‘causa mortis’, sequer doação”,
sendo, na verdade, “consolidação
da propriedade plena na pessoa do
nu-proprietário”. O entendimento
foi unânime na turma (processo nº
1046966-50.2019.8.26.0224).
Há decisões nesse mesmo senti-
do também na 1ª e na 3ª Câmaras
de Direito Público do TJ-SP (proces-
sos nº 1039002-68.2018.8.26.0053
e nº 1019676-59.2017.8.26.0053,
respectivamente).
“Se olharmos as decisões de Mi-
nas e de São Paulo verificamos que a
cobrançadeITCMDsobreousufruto
não é admitida em nenhuma hipó-
tese. E isso ocorre porque, no usufru-
to, não se tem transmissão de pro-
priedade”, pondera Fabio Nieves, do
escritório Viseu.
O tributarista Igor Mauler Santia-
go,sóciodoMaulerAdvogados,con-
corda que só pode haver tributação
sobre a nua-propriedade, não sobre
o usufruto. A situação de Minas Ge-
rais, diz, merece atenção especial. Is-
so porque se somar a cobrança refe-
rente à doação e a correspondente
pelo usufruto, o imposto recai sobre
quatro terços do valor do bem, o
que, na visão do advogado, “não se
justifica a nenhum título”.
Para Minas Gerais é como se esti-
vessem ocorrendo duas operações
diferentes, contextualiza Camila
Mazzer de Aquino, do WZ Advoga-
dos. “Entendem como se o bem esti-
vessesendodoadoedepoisobenefi-
ciário estivesse instituindo o usufru-
todevoltaparaodoador.Sóquenão
é isso. O doador está transmitindo a
propriedade,masmantendoodirei-
to de usufruir desse bem”, diz.
Em nota, a Advocacia-Geral do Es-
tado de Minas Gerais afirma que
apresentou recurso contra a decisão
da comarca de Juiz de Fora e só irá se
manifestar nos autos do processo.
Já a Procuradoria Geral do Esta-
do de São Paulo diz, em nota, de-
fender “a legalidade do imposto
nos termos da Lei nº 10.705/10 e
dos dispositivos regulamentares”.
“Note-se que no processo citado o
próprio magistrado reconhece a
validade dos termos da Portaria
CAT/SP nº 3, de 2010”, afirma.
DIVULGAÇÃO
via muitas dúvidas de contribuintes
quanto ao valor do imposto devido.”
Sobre a queda na arrecadação, a
secretaria afirma que o recolhi-
mento do ITCMD “está intrinseca-
mente associado a atos que inde-
pendem da ação direta do Estado,
como por exemplo doação, cessão,
usufruto, herança por processo ju-
dicial, herança por escritura públi-
ca, entre outros”. (JB)
Jornal Valor --- Página 2 da edição "12/01/2021 1a CAD E" ---- Impressa por ivsilva às 11/01/2021@20:08:15

E2 | Valor | São Paulo | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Legislação & Tributos | SP

Desequilíbrio e oportunismo nos contratos

jurídica que deixava suposta igualdade intocável de conteúdo revisado. Afinal, se as dispositivos que, em síntese, demandas judiciais que
Opinião Jurídica contratantes minimamente forças entre os contratantes. O partes pudessem prever os determinam a revisão dos chegaram e que vão chegar ao
tranquilos de que os pactos contrato deveria ser efeitos catastróficos, talvez pactos em tempos de Judiciário.
seriam cumpridos. Locadores, instrumento de distribuição da sequer celebrassem o contrato. extraordinariedade. E Ainda que se reconheça a
João Quinelato prestadores de serviço, lojistas, justiça social, promoção de Os franceses, chegaram os tempos gravidade da covid-19 para a
escolas, creches, hospitais e riquezas, emprego e ferramenta tradicionalmente contrários à extraordinários. economia, no campo dos
tantos outros agentes de solidariedade social. A revisão dos contratos, também contratos a lei não abriga o
econômicos buscaram a justiça autonomia contratual se renderam à necessidade de descumprimento geral a
contratual nos contratos. O ilimitada, que propunha revisar pactos. No último ano A lei não abriga pretexto de um hipotético
desafio foi e será, nos próximos poder-se celebrar qualquer tipo da 1ª Guerra Mundial desequilíbrio contratual. A
anos, saber quando de contrato, com quem se promulga-se a Lei Failliot,
o descumprimento revisão é, como pensam os
desequilíbrio não se confunde pretendesse e sobre qualquer consagrando no direito privado geral a pretexto de franceses, remédio excepcional.
com oportunismo. objeto, perdia protagonismo mundial o direito à revisão dos um hipotético Em nome da segurança
A possibilidade de revisar para o dirigismo contratual, contratos. Estabelecia a lei que jurídica, o momento é de
contratos desequilibrados, que aos poucos permitia a os contratos celebrados antes desequilíbrio analisar cada relação contratual
contratual

O
inclusive por catástrofes, ocupa revisão do conteúdo contratual. de 1º de agosto de 1914, cuja com olhos de lince e, no caso
ano que se os estudiosos do direito civil há Daí podermos, hoje, na execução se prolongasse no concreto, investigar o
encerrou parece séculos. Até aqui nenhuma pandemia, admitir a revisão do tempo (pós guerra), poderiam desequilíbrio e renegociar.
dar sinais de fim só novidade. Há 2.500 anos, o conteúdo contratual, ser extintos se, em virtude da No retrovisor, desenham-se Solidariedade, cooperação e
nos calendários. Código de Hamurábi (século desafiando a suposição de que guerra, o cumprimento das numerosos processos pelos fraternidade (e não
Para o direito XVIII a.C.) determinava que o contrato faz lei intocável obrigações causasse prejuízos quais buscam as partes a oportunismo) são valores que a
privado, 2021 representa caso uma grande tragédia entre as partes. ao contratante em valor que resposta para um contrato história de revisão dos
somente o início dos desafios afetasse a colheita, o devedor A recessão da 1ª Guerra excedesse muito a previsão que supostamente desequilibrado contratos em cenários de
que se lançarão sobre os de um empréstimo estaria a Mundial (1914-1918) impôs razoavelmente pudesse ser feita pela pandemia. Não há dúvidas guerra nos ensina para tempos
contratos e que provavelmente salvo do pagamento dos juros: reavivar-se a cláusula rebus sic na celebração. A pandemia da que o lojista que não pôde de coronavírus.
ocuparão os tribunais por “se alguém tem um débito a stantibus na teoria dos covid-19 para a teoria funcionar durante meses tem
muitos anos. Revisitar o tema, juros, e uma tempestade contratos. Cuida-se de um contratual, portanto, é vinho razoáveis argumentos jurídicos João Quinelato é professor de Direito
portanto, parece não ser um devasta o seu campo (...), ele princípio abstrato segundo o novo para odres velhos. para requerer judicialmente a Civil do Ibmec, mestre e doutorando em
exercício de retrospectiva mas, não deverá (...) pagar juros por qual se acontecimentos No Brasil, a Constituição de revisão do aluguel. Nem tão Direito Civil pela UERJ.
sim, de olhar para o presente e esse ano”. Santo Agostinho, extraordinários modificam 1988 impôs que todo negócio razoável, assim, seria a revisão
futuro. mais tarde, pregaria que não radicalmente as condições nas jurídico deva estar a serviço da do contrato de prestação de Este artigo reflete as opiniões do autor,
Revisar ou terminar os seria infiel o descumpridor de quais o contrato foi formado e dignidade da pessoa humana — serviços escolares de uma e não do jornal Valor Econômico.
vínculos contratuais uma promessa se sobreviessem seu cumprimento torna-se fundamento da República — e escola que seguiu suas O jornal não se responsabiliza e nem
supostamente desequilibrados condições abruptas que excessivamente oneroso, o da solidariedade social. O atividades on-line, por pode ser responsabilizado pelas
pela pandemia foi tarefa que alterassem as circunstâncias vínculo contratual pode ser Código Civil brasileiro não exemplo. Necessidade e informações acima ou por prejuízos
ocupou juízes e advogados, originais. terminado ou, ficou de fora: importou a teoria malandragem podem se de qualquer natureza em decorrência
desafiando-se a segurança O século XX impôs desafios à preferencialmente, seu da imprevisão em diversos confundir na miríade de do uso dessas informações

COMUNICADO COMUNICADO COMUNICADO

Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde, a licitação na modalidade Pregão
Eletrônico para Registro de Preços nº 158/2020 - 090201000012021OC00002, referente
ao processo nº 2020/46028, objetivando a CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO
DE PREÇOS PARA COMPRA DE MEDICAMENTOS, a ser realizado por intermédio do
Sistema Eletrônico de Contratações denominado “Bolsa Eletrônica de Compras do Governo
do Estado de São Paulo”, cuja abertura está marcada para o dia 27/01/2021, a partir das
11:00 horas.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 14/01/2021, o site
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de acesso
ao sistema e credenciamento de seus representantes.
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br,
ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP.
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde, a licitação na modalidade Pregão
Eletrônico para Registro de Preços nº 100/2020 - 090201000012020OC00397, referente
ao processo nº 2020/26204, objetivando a CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO
DE PREÇOS PARA COMPRA DE MEDICAMENTOS, a ser realizado por intermédio do
Sistema Eletrônico de Contratações denominado “Bolsa Eletrônica de Compras do Governo
do Estado de São Paulo”, cuja abertura está marcada para o dia 26/01/2021, a partir das
11:00 horas.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 13/01/2021, o site
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de acesso
ao sistema e credenciamento de seus representantes.
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br,
ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP.
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde, a licitação na modalidade Pregão
Eletrônico para Registro de Preços nº 109/2020 - 090201000012020OC00200, referente
ao processo nº 2020/29831, objetivando a CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO
DE PREÇOS PARA COMPRA DE MEDICAMENTOS, a ser realizado por intermédio do
Sistema Eletrônico de Contratações denominado “Bolsa Eletrônica de Compras do Governo
do Estado de São Paulo”, cuja abertura está marcada para o dia 27/01/2021, a partir das
09:30 horas.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 14/01/2021, o site
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de acesso
ao sistema e credenciamento de seus representantes.
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br,
ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP.

BRK Ambiental Participações S.A.

CNPJ/ME nº 24.396.489/0001-20 – NIRE 35.300.489.748 – Companhia Aberta – Categoria B
Ata da Reunião do Conselho de Administração
realizada em 09 de dezembro de 2020, às 15:00 horas
Data, Hora e Local: Em 09/12/2020, às 15:00 horas, na sede da Companhia, localizada na Avenida das Nações Unidas,
nº 14.261, 13º andar, Ala B, Vila Gertrudes, São Paulo-SP. Presença: Os membros do Conselho de Administração (“CA”)
da BRK Ambiental Participações S.A. (“Companhia”), os Srs. Luiz Ildefonso Simões Lopes, Luiz Ricardo de Bittencourt
Souza Renha, Henrique Carsalade Martins, Ana Lucia Poças Zambelli, David Charles Aiken, Marco Antônio da Silva Barros
e Gabriel Dutra Cardozo Vieira de Góes. Mesa: Luiz Ildefonso Simões Lopes, Presidente; e Paula Godinho da Silva Lacava.
Ordem do Dia: I) Matérias para Deliberação: O Conselho de Administração deliberou, por unanimidade de votos e sem
quaisquer restrições, aprovar a definição dos seguintes limites de delegação à Diretoria da Companhia, para o exercício
de 2021, nos termos da PD.CA-BRK 22/20: (a) Concessão de Garantias da Companhia às suas controladas, sob qualquer
modalidade, inclusive, mas não limitado a, penhor de ações, alienação fiduciária de ações, aval e fiança, e contrato de
suporte dos acionistas (“Equity Support Agreement” – “ESA”) contendo obrigações de aporte e/ou concessão de mútuos
(Artigo 19, alínea “l” do Estatuto Social da Companhia): limite por operação de R$ 200 milhões e global anual de R$ 550
milhões, desde que não solidárias com obrigações de outros sócios; (b) Contratação de Empréstimos e Financiamentos
(Artigo 19, alínea “n” do Estatuto Social da Companhia) – para operações realizadas pela Companhia: limite por operação
de R$ 200 milhões e limite global anual de R$ 550 milhões; (c) investimentos em expansão de capacidade e equipamentos
de grande porte para a prestação de serviços (Artigo 19, alínea “s” do Estatuto Social da Companhia) – limite por operação
de R$ 20 milhões e limite global anual de R$ 60 milhões. Fica definido que os gastos classificados contabilmente como
intangível e imobilizado atrelados à infraestrutura, bem como aqueles que compõem os direitos a faturar dos ativos finan-
ceiros com a mesma natureza, mas realizados dentro do curso normal das operações da Companhia, estão delegados à
gestão e aprovação da Diretoria. Conforme artigo 19, alínea “h” do Estatuto Social, ficam excluídas deste limite, e devem
ter aprovação específica do Conselho de Administração da Companhia, independentemente do montante, a aquisição de
participações societárias em outras sociedades; (d) para alienação de ativos, a exemplo de equipamentos, terrenos e
edificações (Artigo 19, alínea “t” do Estatuto Social da Companhia) – limite de R$ 20 milhões por operação, com limite
global anual de R$ 60 milhões. Conforme artigo 19, alínea “i” do Estatuto Social ficam excluídas deste limite, e devem
ter aprovação específica do Conselho de Administração da Companhia, independentemente do montante, a alienação
de participações em outras sociedades; e (e) Contratação de Empréstimos com Instituições não Financeiras (Artigo 36,
alínea “a” do Estatuto Social da Companhia) – a Diretoria fica autorizada a contrair empréstimos com a Finep – Inovação
e Pesquisa para fins de financiamento de projetos relacionados ao desenvolvimento tecnológico e inovação e com as
demais instituições de fomento que não sejam bancos que integrem a rede oficial de instituições financeiras, até o limite
anual global de R$ 100 milhões. II) Encerramento da Ata: Nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente ata, a qual
lida, discutida e achada conforme, foi assinada por todos os Conselheiros presentes, pelo Presidente e pela Secretária
da Reunião. São Paulo/SP, 09/12/2020. Mesa: Luiz Ildefonso Simões Lopes, Presidente; e Paula Godinho da Silva Lacava,
Secretária. Conselheiros: Luiz Ildefonso Simões Lopes, Luiz Ricardo de Bittencourt Souza Renha, Henrique Carsalade
Martins, Ana Lucia Poças Zambelli, David Charles Aiken, Marco Antônio da Silva Barros e Gabriel Dutra Cardozo Vieira de
Góes. Certifico que as deliberações aqui transcritas são fiéis às originais da Ata lavrada no Livro de Atas de Reunião do
Conselho de Administração da Companhia. Assinatura: Paula Godinho da Silva Lacava – Secretária. JUCESP – Registrado
sob o nº 1.788/21-8 em 07/01/2021. Gisela Simiema Ceschin – Secretária Geral.

ERRATA DE EDITAL E DO AVISO PUBLICADO EM 11/11/2020

PG 10.45.027 – Licitação nº 027/2020 –Venda de 1 (um) lote, contendo 6 (seis)
áreas remanescentes do Conjunto Habitacional Guarulhos “A”, de titularidade da
CDHU, localizado no Município de Guarulhos/SP.
EDITAL / 7. DO PROCEDIMENTO GERAL- SUBITEM 7.1 / ANEXO III -MODELO
DE CARTA PROPOSTA COMERCIAL–LOTE/ ANEXO IV -MODELO DE CARTA
PROPOSTA COMERCIAL – ÁREA /ANEXO XI -MODELO DE OPÇÃO PARA
PAGAMENTO PARCELADO
ONDE SE LÊ:
... Rua Boa Vista, 170 – 11º andar – Bloco 03, Centro, São Paulo/SP...
LEIA-SE:
... Rua Boa Vista, 170 – Auditório 2º Subsolo, Centro, São Paulo/SP......
EDITAL / 16. DAS SANÇÕES - SUBITEM 16.5.
ONDE SE LÊ:
Ocorrendo a aplicação das sanções pecuniárias previstas nos subitens 16.2 e
16.3, a CDHU utilizará o cheque correspondente à caução para seu pagamento,
bem como dos demais encargos, independentemente de qualquer outra
formalidade, sendo a diferença, se houver, cobrada judicialmente.
LEIA-SE:
Ocorrendo a aplicação das sanções pecuniárias previstas nos subitens 16.2 e
16.3, a CDHU utilizará o valor correspondente à caução para seu pagamento,
bem como dos demais encargos, independentemente de qualquer outra
formalidade, sendo a diferença, se houver, cobrada judicialmente.
Os demais termos do edital permanecem inalterados.

Secretaria de Habitação
Jornal Valor --- Página 3 da edição "12/01/2021 1a CAD E" ---- Impressa por MPamplona às 11/01/2021@19:35:42

São Paulo | Terça-feira, 12 de janeiro de 2021 | Valor | E3

DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO
Alexandre Luiz Zimath, inscrito no CPF sob o nº 017.727.589-81, DECLARA, nos termos do art. 6º
do Regulamento Anexo II à Resolução nº 4.122, de 2 de agosto de 2012, sua intenção de exercer cargo de
administração no Banco Votorantim S.A. (CNPJ/ME: 59.588.111/0001-03), no BANCO BV S.A. (CNPJ/ME:
01.858.774/0001-10) e na VOTORANTIM ASSET MANAGEMENT DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES
MOBILIÁRIOS LTDA. (CNPJ/ME: 03.384.738/0001-98). ESCLARECE que eventuais objeções à presente declaração,
acompanhadas da documentação comprobatória, devem ser apresentadas diretamente ao Banco Central do
Brasil, por meio do Protocolo Digital, na forma especificada abaixo, no prazo de quinze dias contados da
divulgação, por aquela Autarquia, de comunicado público acerca desta, observado que o declarante pode, na
forma da legislação em vigor, ter direito a vistas do processo respectivo. Protocolo Digital (disponível na página
do Banco Central do Brasil na internet). Selecionar, no campo “Assunto”: Autorizações e Licenciamentos para
Instituições Supervisionadas e para Integrantes do SPB. Selecionar, no campo “Destino”: o componente do
Departamento de Organização do Sistema Financeiro – Deorf mencionado abaixo. BANCO CENTRAL DO BRASIL
- Departamento de Organização do Sistema Financeiro – Deorf - GTSP2 - Avenida Paulista, 1.804, 5º andar -
01310-922, São Paulo – SP - São Paulo (SP), 08 de janeiro de 2021. ALEXANDRE LUIZ ZIMATH
MERCEDES-BENZ LEASING DO BRASIL
ARRENDAMENTO MERCANTIL S.A.
CNPJ/MF nº 00.162.760/0001-03 - NIRE 35.300.139.691
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM 09 DE OUTUBRO DE 2020
DATA, HORA E LOCAL: Realizada aos 09 (nove) dias do mês de outubro de 2020, às 15:00 horas, na
sede social à Alameda Rio Negro, 585, 2º andar, salas 27 e 28, Edifício Jaçari, Alphaville, Barueri (SP),
CEP 06454-000. PRESENÇA: Acionista da sociedade representando a totalidade do capital social,
conforme assinatura constante no “Livro de Presença de Acionistas”. CONVOCAÇÃO: Dispensada a
publicação do Edital de Convocação na forma do § 4º, do artigo 124, da Lei nº 6.404, com alterações
posteriores. MESA: Presidente: Christian Hendrik Schueler e Secretária: Mychèlle Fortunato.
ORDEM DO DIA: (a) Lavrar a ata na forma sumária; e (b) Indicar membro da Diretoria. QUORUM DAS
DELIBERAÇÕES: as deliberações foram tomadas por unanimidade de votos da acionista presente.
DELIBERAÇÕES: (a) Foi aprovada a lavratura da presente ata na forma sumária, nos termos do
§1º, do artigo 130, da Lei nº 6.404, com alterações posteriores; e (b) Foi aprovada a indicação da Sra.
HILKE JANSSEN, alemã, casada, diretora presidente, portadora do Passaporte nº C4K5WWKZT,
emitido em 12.10.2015, para o cargo de Diretora Presidente, ficando estabelecido que a investidura
da mesma na posse efetiva de seu cargo está condicionada à obtenção da autorização de Trabalho
Estrangeiro no país e à eleição definitiva. LAVRATURA E LEITURA DA ATA: Nada mais havendo a
ser tratado, foi oferecida a palavra a quem dela quisesse fazer uso e, como ninguém a pedisse, foram
suspensos os trabalhos pelo tempo necessário à lavratura desta ata, a qual, reaberta a sessão, foi lida,
aprovada e por todos os presentes assinada. Barueri (SP), 09 de outubro de 2020. ASSINATURAS:
Presidente da Mesa: Christian Hendrik Schueler e Secretária da Mesa: Mychèlle Fortunato; Acionista:
Banco Mercedes-Benz do Brasil S.A. representada por seus diretores, Srs. Christian Hendrik
Schueler e Mychèlle Fortunato. Certificamos que a presente é cópia fiel da ata lavrada no livro
próprio. Christian Hendrik Schueler - Presidente da Mesa; Mychèlle Fortunato - Secretária da
Mesa. JUCESP nº 537.265/20-0 em 16/12/2020. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
BANCO MERCEDES-BENZ DO BRASIL S.A.
CNPJ/MF nº 60.814.191/0001-57 - NIRE 35.300.010.752
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM 09 DE OUTUBRO DE 2020
DATA, HORA E LOCAL: Realizada aos 09 (nove) dias do mês de outubro de 2020, às 11:00 horas, na
sede social localizada na Avenida do Café, 277, 5º e 6º andares, conjuntos 502, 601 e 602, Torre A,
Vila Guarani, São Paulo (SP), CEP 04311-900. PRESENÇA: Acionista da sociedade representando
a totalidade do capital social, conforme assinatura constante no “Livro de Presença de Acionistas”.
CONVOCAÇÃO: Dispensada a publicação do Edital de Convocação na forma do § 4º, do artigo 124,
da Lei nº 6.404, com alterações posteriores. MESA: Presidente: Christian Hendrik Schueler e
Secretária: Mychèlle Fortunato. ORDEM DO DIA: (a) Lavrar a ata na forma sumária; e (b) Indicar
membro da Diretoria. QUORUM DAS DELIBERAÇÕES: As deliberações foram tomadas por
unanimidade de votos da acionista presente. DELIBERAÇÕES: (a) Foi aprovada a lavratura da
presente ata na forma sumária, nos termos do §1º, do artigo 130, da Lei nº 6.404, com alterações
posteriores; e (b) Foi aprovada a indicação da Sra. HILKE JANSSEN, alemã, casada, diretora
presidente, portadora do Passaporte nº C4K5WWKZT, emitido em 12.10.2015, para o cargo de
Diretora Presidente, ficando estabelecido que a investidura da mesma na posse efetiva de seu cargo
está condicionada à obtenção da autorização de Trabalho Estrangeiro no país e à eleição definitiva.
LAVRATURA E LEITURA DA ATA: Nada mais havendo a ser tratado, foi oferecida a palavra a quem
dela quisesse fazer uso e, como ninguém a pedisse, foram suspensos os trabalhos pelo tempo
necessário à lavratura desta ata, a qual, reaberta a sessão, foi lida, aprovada e por todos os presentes
assinada. São Paulo (SP), 09 de outubro de 2020. ASSINATURAS: Presidente da Mesa: Christian
Hendrik Schueler e Secretária da Mesa: Mychèlle Fortunato; Acionista: Daimler Mobility Brasil Holding
S.A., representada por seus Procuradores, Srs. Christian Hendrik Schueler e Mychèlle Fortunato.
Certificamos que a presente é cópia fiel da ata lavrada no livro próprio. Christian Hendrik Schueler -
Presidente da Mesa; Mychèlle Fortunato - Secretária da Mesa. JUCESP nº 537.432/20-3 em
17/12/2020. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
AVISO DE LICITAÇÃO
O Serviço Social do Comércio – Administração Regional no Estado de São Paulo, nos
termos da Resolução nº 1.252/2012, de 06 de junho de 2012, publicada na Seção III do
Diário Oficial da União – Edição nº 144 de 26/07/2012, bem como o que dispõe o art.
2º da Resolução nº 1438/2020, prorrogada pela Resolução Conjunta nº 1456/2020,
torna pública a abertura das seguintes licitações:
MODALIDADE: Pregão Eletrônico
Objetos:
PE C 001/2021 - Fornecimento futuro e eventual de arroz e feijão para diversas
Unidades. Abertura: 28/01/2021 às 10h30.
PE S 003/2021 - Serviços especializados de coleta, transporte e destinação final de
resíduos não recicláveis, gerados pelas Unidades Bom Retiro, Campo Limpo e Santo
Amaro. Abertura: 29/01/2021 às 10h30.
PE S 004/2021 – Fornecimento e instalação de condicionadores de ar para a Unidade
Avenida Paulista. Abertura: 21/01/2021 às 10h30.
PE S 005/2021 – Serviços civis, instalações elétricas, hidráulicas e complementares
necessários à adequação do imóvel para ocupação provisória da Unidade Osasco.
Abertura: 21/01/2021 às 10h30.
A consulta e aquisição dos editais estão disponíveis no endereço eletrônico
sescsp.org.br mediante breve inscrição para obtenção de senha de acesso.
OURINVEST SECURITIZADORA S.A. - Companhia Aberta - CNPJ/ME nº 12.320.349/0001-90
Primeira Assembleia Geral Extraordinária dos Titulares de Certificados de Recebíveis Imobiliários
da 29ª Série da 1ª Emissão da Ourinvest Securitizadora S.A. - Edital de Convocação
Os senhores Titulares de Certificados de Recebíveis Imobiliários da 29ª Série da 1ª Emissão da Ourinvest Securitizado-
ra S.A. (respectivamente “Investidores”, “CRI” e “Emissora”), a H. Commcor Distribuidora de Títulos e Valores Mobi-
liários Ltda. (“Agente Fiduciário”), estão convocados a se reunirem à Primeira Assembleia Geral Extraordinária dos Ti-
tulares dos CRI (“1ª AGT”), a ser realizada, em primeira convocação, no dia 2 de fevereiro de 2021, às 10:00 ho-
ras, de modo exclusivamente digital, inclusive para fins de voto, por meio de sistema eletrônico pela plataforma Teams,
sendo certo que o link de acesso à reunião será disponibilizado por correio eletrônico aos Titulares de CRI àqueles que
enviarem solicitação para priscila.salomao@ourinvest-re.com.br, administrado pela Emissora, conforme Instrução Nor-
mativa CVM nº 625, de 14 de maio de 2020 (“IN CVM 625”), sendo que, haverá a possibilidade de participação a dis-
tância, por meio do preenchimento da instrução de voto, conforme instruções disponíveis no site do Agente Fiduciário
a todos os Investidores, no seu website: https://www.commcor.com.br/investimentos-ativos/?tipo=CRI. Os Titulares
dos CRI que fizerem o envio da instrução de voto até o início da 1ª AGT, e esta for considerada válida, não precisarão
acessar o link para participação digital da 1ª AGT, sendo sua participação e voto computados de forma automática. Or-
dem do Dia: A 1ª AGT tem como objetivo deliberar sobre: (i) conforme solicitação da Devedora e diante do adianta-
mento das obras, alterar o Cronograma de Obras de desenvolvimento do Empreendimento, constante no Anexo IV da
CCB e consequentemente antecipar o início das liberações de recursos do Fundo de Obras à Devedora, considerando
que a primeira liberação será referente ao adiantamento de obra previsto para o mês de fevereiro de 2021; e (ii) au-
torização para que a Securitizadora, em conjunto com o Agente Fiduciário, realize todos os atos necessários para a im-
plementação das deliberações desta 1ª AGT, incluindo, mas não se limitando, a celebração de aditamentos aos docu-
mentos da emissão dos CRI. Os termos iniciados por letras maiúsculas não definidos nesta convocação terão os signi-
ficados a eles atribuídos no Termo de Securitização. Os Titulares dos CRI devem encaminhar os documentos comproba-
tórios de sua representação, em até 02 (dois) dias úteis antecedentes a realização da 1ª AGT, ora convocada, para os
e-mails priscila.salomao@ourinvest-re.com.br e/ou jose.freitas@ourinvest-re.com.br, com cópia para fiduciario@
commcor.com.br, bem como demais documentos necessários para a comprovação de titularidade devidamente assina-
dos e com firma reconhecida ou com certificação digital de assinaturas.
São Paulo, 09 de fevereiro de 2021. RB Capital Companhia de Securitização
Diretor de Relação com Investidores Companhia Aberta - CNPJ/ME 02.773.542/0001-22 - NIRE 35.300.157.648
Edital de Convocação para Assembleia Geral de Titulares dos Certificados
de Recebíveis Imobiliários da 242ª Série da 1ª Emissão
RB Capital Companhia de Securitização (“Emissora”), na qualidade de Emissora dos Certificados de Recebíveis Imobi-
liários da 242ª série da 1ª Emissão da Emissora (“CRI” e “Emissão”, respectivamente), em atendimento ao Termo de Securiti-
zação de Créditos Imobiliários Para Emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários da 242ª série da 1ª Emissão da RB Ca-
pital Companhia de Securitização, firmado entre a Emissora e Pentágono S.A. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários em
18.11.2019, conforme aditado (“Agente Fiduciário” e “Termo de Securitização”, respectivamente), convoca todos os titulares
dos CRI (“Titulares de CRI”) a se reunirem emAssembleia Geral deTitulares de CRI, que será realizada, em 1ª convocação, no
dia 01.02.2021, às 10:00 horas, de forma exclusivamente remota e eletrônica (“Assembleia”) através da plataforma
Microsoft Teams, sendo o acesso disponibilizado individualmente para os Titulares de CRI devidamente habilitados nos termos
deste Edital, conforme a Instrução CVM nº 625, de 14.05.2020, (“ICVM 625”) observado que o voto à distância poderá ser pro-
ferido por meio de participação na Assembleia digital, através da plataforma, sem prejuízo da possibilidade de voto através de
instrução de voto à distância a ser enviado previamente à realização da Assembleia, nos termos das instruções abaixo, a fim de
COMUNICADO deliberar sobre as seguintes matérias: (i) aprovar a prorrogação do prazo para recomposição do Montante Mínimo do Fundo de
Reserva, definido na cláusula 6.1 do Contrato de Cessão, conforme deliberado na Assembleia Geral de Titulares dos CRI realiza-
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde, a licitação na modalidade Pregão da em 15.05.2020 (“AGCRI 15/05/2020”) de, a partir de janeiro de 2021 para, a partir de 30/06/2021, de modo que o valor a ser
Eletrônico para Registro de Preços nº 123/2020 - 090201000012020OC00241, referente recomposto seja pago em 12 parcelas, a partir de julho de 2021; (ii) aprovar a prorrogação do pagamento das parcelas de amor-
tização doValor de Principal vincendas de 02/01/2021 (inclusive) até 02/06/2021 (inclusive) da CCB, conforme previsto noAnexo
ao processo nº 2020/35427, objetivando a CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO I da CCB, e das parcelas de amortização do Valor de Principal dos CRI vincendas de 25/01/2021 (inclusive) até 25/06/2021 (inclu-
DE PREÇOS PARA COMPRA DE MEDICAMENTOS, a ser realizado por intermédio do sive), conforme previsto no e Anexo I do Termo de Securitização (“Parcelas Vincendas”), com a consequente diluição e incorpo-
ração das parcelas, nas parcelas de amortização do Valor de Principal vincendas a partir de 02/07/2021 (inclusive) até a Data de
Sistema Eletrônico de Contratações denominado “Bolsa Eletrônica de Compras do Governo Vencimento da CCB, para a CCB, e, de 25/07/2021 (inclusive) até a Data de Vencimento Final dos CRI, para o CRI, conforme flu-
do Estado de São Paulo”, cuja abertura está marcada para o dia 26/01/2021, a partir das xo apresentado na Proposta da Administração divulgada na data da convocação. O valor das Parcelas Vincendas eventualmen-
te prorrogadas será atualizado conforme previsto na CCB e no CRI, respectivamente, sendo certo que os Juros Remuneratórios
09:00 horas. da CCB e dos CRI serão pagos sem qualquer alteração; e (iii) autorização para a Emissora e o Agente Fiduciário praticarem to-
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 13/01/2021, o site dos os atos necessários para a efetivação dos itens acima, incluindo, mas não se limitando, ao aditamento à CCB e ao Termo de
Securitização. Os termos ora utilizados em letras maiúsculas e aqui não definidos terão os significados a eles atribuídos no Ter-
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de acesso mo de Securitização e nos demais documentos da Emissão.A Assembleia será realizada por meio de plataforma eletrônica, nos
ao sistema e credenciamento de seus representantes. termos da ICVM 625, cujo acesso será disponibilizado pela Emissora àqueles que enviarem por correio eletrônico para ri@rb-
sec.com e assembleias@pentagonotrustee.com.br, os documentos de representação até o horário da Assembleia. Por documen-
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br, to de representação, consideramos o recebimento de cópia dos documentos de identidade do titular de CRI e, caso aplicável, os
ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP. documentos que comprovem os poderes daqueles que participarão em representação ao titular de CRI. Para os fins acima, se-
rão aceitos como documentos de representação: a) participante pessoa física - cópia digitalizada de documento de identi-
dade do titular do CRI; ou, caso representado por procurador, cópia digitalizada da respectiva procuração (i) com firma reconhe-
cida, abono bancário ou assinatura eletrônica, ou (ii) acompanhada de cópia digitalizada do documento de identidade do titu-
lar do CRI; e b) demais participantes - cópia digitalizada do estatuto ou contrato social (ou documento equivalente), acom-
panhado de documento societário que comprove a representação legal do titular do CRI, e cópia digitalizada de documento de
identidade do representante legal; ou, caso representado por procurador, cópia digitalizada da respectiva procuração (i) com fir-
ma reconhecida, abono bancário ou assinatura eletrônica, ou (ii) acompanhada de cópia digitalizada dos documentos do titular
PREFEITURA MUNICIPAL DE PENÁPOLIS do CRI. Os Titulares de CRI poderão enviar seu voto de forma eletrônica à Emissora e ao Agente Fiduciário nos correios eletrôni-
TERMO DE ALTERAÇÃO do CHAMAMENTO PÚBLICO Nº 05/2020 - PROCESSO Nº 248/2020 – Edital nº 2.157/2020. Objeto da licitação: Aquisição de cos ri@rbsec.com e assembleias@pentagonotrustee.com.br, respectivamente, conforme modelo de Instrução de Voto disponibi-
gêneros alimentícios da Agricultura Familiar e do Empreendedor Familiar Rural conforme Lei Federal n.º 11.947/2009 e Resolução FNDE n.º 26/2013 e lizado na mesma data da publicação deste Edital de Convocação pela Emissora em seu website rbsec.com.A Proposta de Admi-
suas alterações. O Prefeito Municipal de Penápolis, usando das atribuições que lhe são conferidas, TORNA PÚBLICO que houve alteração do item 5 “DO nistração será divulgada nesta data no website da CVM, bem como no site da Emissora. Na data da Assembleia, os votos rece-
JULGAMENTO/CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS”, do edital supramencionado. A data da sessão pública de recebimento dos envelopes, que bidos por meio da Instrução de Voto serão computados como presença para fins de apuração de quórum e as deliberações se-
seria realizada às 09h00 do dia 14/01/2021, ALTERA-SE para 03/02/2021 às 09 horas. As demais especificações do edital permanecem inalteradas.
rão tomadas pelos votos dos presentes na plataforma digital e pelos votos encaminhados via Instrução de Voto até a data infor-
O Termo de Alteração completo está disponível no site: www.penapolis.sp.gov.br em editais = editais de licitação = Chamamento Público 05/2020. mada acima, observados os quóruns previstos no Termo de Securitização. São Paulo, 08.01.2021.
Penápolis, 11 de janeiro de 2021. Carlos Henrique Rossi Catalani – Prefeito Municipal. RB Capital Companhia de Securitização
BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
Companhia Aberta de Capital Autorizado
CNPJ/MF nº 90.400.888/0001-42 - NIRE 35.300.332.067
Ata da Reunião do Conselho de Administração em 26/10/2020
Data, Hora e Local: Em 26/10/2020, às 15h, por teleconferência, reuniu-se o Conselho de Administração
do Banco Santander (Brasil) S.A. (“Companhia” ou “Santander”), com a presença da totalidade de seus
membros. Convocação e Presença: Dispensada a convocação, tendo em vista a presença da totalidade
dos membros do Conselho de Administração. Mesa: Álvaro Antônio Cardoso de Souza, Presidente
da Mesa. Daniel Pareto, Secretária da Mesa. Ordem do Dia: Aprovar a proposta de declaração e
pagamento de Juros sobre o Capital Próprio, conforme proposta da Diretoria Executiva da Companhia.
Deliberações: Iniciada a reunião foi apresentada aos conselheiros a proposta da Diretoria Executiva da
Companhia, conforme reunião realizada nesta data, ad referendum da Assembleia Geral Ordinária a
ser realizada até o dia 30/04/2021, para a declaração e o pagamento de Juros sobre o Capital Próprio,
nos termos dos artigos 17, inciso XVIII e 37, § 2º do Estatuto Social da Companhia, no montante bruto
de R$ 1.000.000.000,00, equivalentes a R$ 0,12776360834 por ação ordinária, R$ 0,14053996918
por ação preferencial e R$ 0,26830357752 por Unit, que após deduzido o valor relativo ao Imposto
de Renda Retido na Fonte (“IRRF”), na forma da legislação em vigor, importam o montante líquido de
R$ 850.000.000,00, equivalentes a R$ 0,10859906709 por ação ordinária, R$ 0,11945897381 por ação
preferencial e R$ 0,22805804089 por Unit, com exceção dos acionistas imunes e/ou isentos. Discutida
a matéria, foi a mesma aprovada pela unanimidade dos Conselheiros presentes. Restou consignado que
(i) os acionistas que se encontrarem inscritos nos registros da Companhia no final do dia 04/11/2020
(inclusive) farão jus aos Juros sobre o Capital Próprio ora aprovados. Dessa forma, a partir de 05/11/2020
(inclusive), as ações da Companhia serão negociadas “Ex-Juros sobre o Capital Próprio”; (ii) os Juros
sobre o Capital Próprio ora aprovados (a) serão imputados integralmente aos dividendos obrigatórios
a serem distribuídos pela Companhia referentes ao exercício de 2020; e (b) serão pagos a partir do dia
23/12/2020, sem nenhuma remuneração a título de atualização monetária; (iii) o valor dos Juros sobre o
Capital Próprio proposto no ano-base atende os limites estabelecidos na legislação fiscal; (iv) o Conselho
de Administração autorizou a Diretoria Executiva a adotar as providências necessárias para a publicação
do competente “Aviso aos Acionistas”, para divulgação ao mercado da deliberação ora tomada; (v)
os documentos de suporte dos referidos proventos ficarão arquivados na sede social da Companhia;
e (vi) a deliberação está em conformidade com as disposições da Resolução CMN n° 4.820/2020.
Encerramento: Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião, lavrando-se a presente ata que,
após lida e aprovada, vai por todos assinada. Mesa: Álvaro Antônio Cardoso de Souza - Presidente da
Mesa. Daniel Pareto - Secretário da Mesa. Conselheiros: Álvaro Antônio Cardoso de Souza - Presidente;
Sr. Sergio Agapito Lires Rial - Vice-Presidente; Srs. Deborah Stern Vieitas, Deborah Patricia Wright, José
Antonio Alvarez Alvarez, José de Paiva Ferreira, José Maria Nus Badía, Marília Artimonte Rocca e Pedro
Augusto de Melo - Conselheiros. São Paulo, 26/10/2020. A presente é cópia fiel da ata lavrada em livro
próprio. Daniel Pareto - Secretário. JUCESP nº 538.452/20-1 em 17/12/2020. Gisela Simiema Ceschin
- Secretária Geral.

CRT4 – Central de Registro

de Títulos e Ativos S.A.
CNPJ Nº 31.836.472/0001-02 - NIRE 35300526937
Edital de Convocação de
Assembleia Geral Extraordinária
Convidamos os senhores acionistas desta Sociedade a re-
unirem-se em Assembleia Geral Extraordinária a ser reali-
zada no próximo dia 20 janeiro de 2021, às 11:30 horas,
por meio digital, em link a ser encaminhado previamente
aos acionistas, para discutirem e deliberarem sobre a se-
guinte Ordem do Dia: I – Ordem do dia: Examinar e dis-
cutir a alteração do Artigo 6º do Estatuto Social, para ele-
var o Capital Autorizado da Companhia de R$
30.000.000,00 (trinta milhões de reais) para R$
70.000.000,00 (setenta milhões de reais). II - Participa-
ção e Realização da Assembleia: Nos moldes da DREI
Instrução Normativa nº 79, de 14 de abril de 2020, do De-
partamento Nacional de Registro Empresarial e Integra-
ção. São Paulo, 7 de janeiro de 2021. Jorge Lauriano Nico-
lai Sant’Anna - Presidente do Conselho de Administração
PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA
AVISO DE LICITAÇÃO
Edital nº: 002/2021-MP/PGJ. Modalidade: PREGÃO ELETRÔNICO Tipo: MENOR PREÇO. Data e horário da
Sessão: 22 de janeiro de 2021, as 09h30min. (HORÁRIO DE BRASÍLIA). Objeto da Licitação: REGISTRO DE
PREÇO PARA FUTURA E EVENTUAL CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS DE
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) PARA IMPLANTAÇÃO, OPERAÇÃO E GESTÃO
CONTINUADA DE CENTRAL DE SERVIÇOS (SERVICE DESK), CONTEMPLANDO ATENDIMENTOS DE 1º
NÍVEL REMOTO, DE 2º E 3º NÍVEIS PRESENCIAIS E REMOTOS, GESTÃO DA QUALIDADE E SUPERVISÃO
DE SERVICE DESK VOLTADOS PARA A DISPONIBILIDADE DOS SERVIÇOS, VISANDO ATENDER ÀS
NECESSIDADES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, DE ACORDO COM AS
QUANTIDADES E ESPECIFICAÇÕES CONTIDAS NO TERMO DE REFERÊNCIA – ANEXO I DO EDITAL.
LOCAL DA SESSÃO PÚBLICA DE DISPUTAS: A presente licitação será realizada no portal:
https://www.comprasgovernamentais.gov.br. AQUISIÇÃO DO EDITAL: O edital encontra-se disponível nos
sites https://www.comprasgovernamentais.gov.br e www.mpmt.mp.br (link Licitações), podendo também ser
obtido pelo e-mail licitacoes@mpmt.mp.br. Maiores informações pelo telefone (65) 3613-1635.
Cuiabá/MT, 11 de janeiro de 2021
Milton do Prado Gunthen Junior
Gerente de Licitações

Locaweb Serviços de Internet S.A.

CNPJ nº 02.351.877/0001-52 - NIRE nº 35.300.349.482
Edital de Convocação para Assembleia Geral Extraordinária
Ficam convocados os SenhoresAcionistas da Locaweb Serviços de Internet S.A. (“Companhia”) AGE dentro deste prazo não participarão da AGE. Recebida a solicitação e verificados os docu-
para a Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”), a ser realizada às 10:00 horas do dia 26 de ja- mentos de identificação e representação apresentados pelos Acionistas Credenciados, a Com-
neiro de 2021, presencialmente, na sede social da Companhia, na Rua Itapaiúna, nº 2.434, Bair- panhia enviará convites individuais para admissão e participação na AGE aos endereços de
ro da Vila Andrade, CEP 05.707-001, Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, e digitalmente, e-mail que enviarem a solicitação de participação e os documentos na forma referida acima
por meio da plataforma eletrônica Zoom, com base na Instrução da CVM n° 481, de 17 de de- (sendo remetido apenas um convite individual por Acionista). Somente serão admitidos, pelos
zembro de 2009, conforme alterada (“Instrução CVM 481”), para deliberarem sobre as seguin- convites individuais, os Acionistas Credenciados e seus representantes ou procuradores (nos
tes matérias constantes da ordem do dia: (i) desdobramento da totalidade das ações ordinárias termos da Lei das Sociedades por Ações). As credenciais de acesso recebidas pelos Acionistas
de emissão da Companhia, na proporção de 01 (uma) ação ordinária para 4 (quatro) ações or- Credenciados ou seus procuradores e representantes serão pessoais e intransferíveis. Caso um
dinárias, sem qualquer alteração no valor do capital social, conforme deliberação em reunião Acionista Credenciado não receba o convite individual para participação na Assembleia com
do Conselho de Administração realizada no dia 08 de janeiro de 2021; (ii) aumento do valor do até 4 (quatro) horas de antecedência em relação ao horário de início da AGE, deverá entrar em
capital social autorizado para R$ 5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais); (iii) alteração dos contato com o departamento de Relações com Investidores da Companhia pelo telefone +55
caputs dos artigos 5º e 6º do Estatuto Social da Companhia e aprovação de sua consolidação, 11 3544-0479 com no mínimo 2 (duas) horas de antecedência em relação ao horário de iní-
para refletir: (a) o novo número de ações ordinárias representativas do capital social da Com- cio da AGE para que seja prestado o suporte adequado e, conforme o caso, o acesso do acio-
panhia em razão do desdobramento mencionado no item (i) da ordem do dia; e (b) o novo va- nista seja liberado mediante o envio de novo convite individual. Para evitar eventuais proble-
lor do capital autorizado da Companhia mencionado no item (ii) da ordem do dia. Essa oportu- mas operacionais, a Companhia recomenda que os Acionistas Credenciados acessem, com an-
nidade de alteração ao caput do artigo 5º do Estatuto Social da Companhia será aproveitada, tecedência de 30 (trinta) minutos antes da realização das Assembleias, a plataforma virtual a
ainda, para atualizar o valor do capital social da Companhia resultante dos aumentos de capi- ser disponibilizada oportunamente no site ri.locaweb.com.br.A Companhia informa, ainda, que
tal deliberados pelo Conselho de Administração após a última consolidação do Estatuto Social disponibilizará telefone para suporte técnico a fim de assessorar os Acionistas que tiverem pro-
da Companhia. Desta forma, a nova redação do caput do artigo 5º do Estatuto Social da Com- blemas operacionais. Em cumprimento ao artigo 21-C, §1º, II, da Instrução CVM nº 481/09, a
panhia contemplará o valor atualizado do capital social da Companhia, e o número de ações Companhia informa que gravará a AGE, sendo, no entanto, proibida a sua gravação ou trans-
ordinárias a serem desdobradas contemplará todas as ações emitidas pela Companhia até a missão, no todo ou em parte, por Acionistas Credenciados que acessem a plataforma Zoom
presente data; e (iv) autorização aos Diretores da Companhia para praticarem todos os atos ne- para participar e, conforme o caso, votar na AGE. A Companhia não se responsabiliza por pro-
cessários à implementação das deliberações mencionadas nos itens (i), (ii) e (iii) da ordem do blemas operacionais ou de conexão que os Acionistas Credenciados venham a enfrentar, ou
dia. 1. Documentos à disposição dos Acionistas:Todos os documentos e informações re- quaisquer outras situações que não estejam sob o controle da Companhia (e.g., instabilidade
lacionados às matérias referidas acima encontram-se à disposição dos Acionistas na sede e no na conexão do acionista com a internet ou incompatibilidade do Zoom com equipamento do
website da Companhia (“ri.locaweb.com.br”), bem como nos websites da Comissão de Valo- acionista) que dificultem ou impossibilitem a participação de um Acionista Credenciado na
res Mobiliários (“CVM”) (“www.cvm.gov.br”) e da B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão (“www. AGE. Os Acionistas Credenciados que participarem da AGE via Zoom, de acordo com as instru-
b3.com.br”), nos termos previstos na Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alte- ções acima, serão considerados presentes à AGE e subscritores da respectiva ata e do livro de
rada (“Lei das Sociedades por Ações”), e na Instrução da CVM n° 481, de 17 de dezembro de presença, nos termos do artigo 21-V, III, da Instrução CVM nº 481/09. Em decorrência das me-
2009, conforme alterada (“Instrução CVM 481”). 2. Participação dos Acionistas na AGE: didas para enfrentamento e contenção da pandemia do Coronavírus (COVID-19) e em linha
Poderão participar da AGE ora convocada os Acionistas titulares de ações emitidas pela Com- com as orientações oficiais, adicionalmente à disponibilização para participação virtual naAGE,
panhia, por si, seus representantes legais ou procuradores, sendo que as orientações detalha- a Companhia informa as seguintes medidas que decidiu adotar, em caráter excepcional, para
das acerca da documentação exigida constam do item 12.2 do vigente Formulário de Referên- facilitar a participação de seus Acionistas na AGE. Desta forma, excepcionalmente para essa
cia da Companhia e do capítulo IV do vigente Estatuto Social da Companhia. Os Acionistas que AGE, a Companhia: (i) dispensará o cumprimento das formalidades de reconhecimento de fir-
optarem por participar presencialmente ou por procurador devidamente constituído deverão ma, autenticação, notarização, consularização e apostilamento dos documentos listados no
comparecer à AGE munidos dos seguintes documentos: (i) um documento de identidade com edital de convocação referentes à participação e votação na AGE; e (ii) permitirá a apresenta-
foto, caso o Acionista seja pessoa física; (ii) o último estatuto ou contrato social consolidado e ção de procurações assinadas por meio eletrônico em caso de constituição de procuradores
a documentação societária outorgando poderes de representação (ata de eleição dos diretores para participação na AGE, nos termos do artigo 126, §1°, da Lei 6.404 de 15 de dezembro de
e/ou procuração), bem como documento de identificação com foto do(s) representante(s) 1976, conforme alterada.A Companhia está comprometida com a adoção de medidas de com-
legal(is), caso o Acionista seja pessoa jurídica; (iii) o último regulamento consolidado do fundo bate à pandemia da COVID-19 e com a segurança de seus Acionistas, colaboradores e comuni-
de investimento, o estatuto ou contrato social do seu administrador ou gestor, conforme o caso, dades onde atua. Aos Acionistas que optarem por participar da AGE presencialmente, a Com-
além da documentação societária outorgando poderes de representação (ata de eleição dos di- panhia informa que intensificou medidas de proteção e higienização de seus ambientes para
retores e/ou procuração), bem como documento de identificação com foto do(s) recebê-los. 3. Apresentação dos Documentos para Participação na AGE: Com o obje-
representante(s) legal(is), caso oAcionista seja fundo de investimento; (iv) comprovante de par- tivo de dar celeridade ao processo e facilitar os trabalhos da AGE, solicita-se aos Acionistas da
ticipação acionária na Companhia, emitido pela instituição depositária, com data máxima de 5 Companhia que forem participar presencialmente da AGE o depósito dos documentos relacio-
(cinco) dias anteriores à AGE, nos termos do artigo 126 da Lei das Sociedades por Ações; e, se nados acima na sede social da Companhia, na Rua Itapaiúna, nº 2.434, Bairro da Vila Andrade,
for o caso, (v) instrumento de mandato e/ou documentos que comprovem poderes do represen- CEP 05.707-001, Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, aos cuidados da Diretoria de Rela-
tante legal do Acionista, outorgada nos termos do parágrafo primeiro do artigo 126 da Lei das ções com Investidores, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas a contar da
Sociedades por Ações. Os Acionistas que optarem por participar virtualmente da AGE deverão hora marcada para a realização da AGE. Não obstante o disposto acima, os Acionistas que
enviar e-mail ao Diretor de Relações com Investidores da Companhia (ri@locaweb.com.br) até comparecerem à AGE munidos de tais documentos até o momento de abertura dos trabalhos,
2 (dois) dias antes da realização da AGE, para: (i) apresentar os documentos de repre- poderão participar e votar, ainda que tenham deixado de depositá-los previamente, conforme
sentação necessários (especificando o nome da pessoa natural que estará presente pela plata- artigo 33, parágrafo único, do vigente Estatuto Social da Companhia. O livro de “Presença dos
forma digital Zoom) indicados neste Edital de Convocação, em formato PDF; e (ii) receber as Acionistas” será encerrado pelo presidente da mesa logo após a instalação da AGE e os Acio-
credenciais de acesso e instruções para sua identificação durante o uso da plataforma. O aces- nistas que comparecerem após o encerramento do referido livro poderão participar da AGE,
so via Zoom estará restrito a Acionistas da Companhia que se credenciarem dentro do referido mas não terão o direito de votar em qualquer deliberação social, conforme artigo 32, parágra-
prazo e conforme os procedimentos acima (“Acionistas Credenciados”). Os Acionistas que não fos 1º e 2º, do vigente Estatuto social da Companhia. São Paulo, SP, 11 de janeiro de 2021. Gil-
se cadastrarem ou não enviarem a documentação obrigatória para sua participação virtual na berto Mautner – “Presidente do Conselho de Administração da Companhia”
Jornal Valor --- Página 4 da edição "12/01/2021 1a CAD E" ---- Impressa por MPamplona às 11/01/2021@19:32:05

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