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CVM aponta gargalos e
regulação cripto pode
voltar à estaca zero C6
Paridade entre o dólar e
a libra esterlina torna-se
uma possibilidade cada
vez mais real C2
Destaques
Tecnologia lidera operações de M&A
O mercado brasileiro registrou 1.104 opera-
ções de aquisição ou fusão (M&A na sigla em
inglês) no 1 o semestre, avanço de 26,1% em
relação a igual período de 2021, segundo a
KPMG. Empresas de internet ou de TI estive-
ram envolvidas em 590 desses negócios. A
tendência foi confirmada com a compra do
controle da Feedz pela Totvs — a sétima
aquisição da empresa no ano — e da Zetta
Health Analytics pela Semantix. B6
MP prorroga subsídio às renováveis
A decisão da Câmara dos Deputados de
estender, por 24 meses, o prazo para en-
trada em operação de projetos de fontes
renováveis de energia com descontos
nas tarifas de transmissão (Tust) e distri-
buição (Tusd) colocou em campos opos-
tos agentes do setor elétrico. A associa-
ção dos grandes consumidores estima
que a medida terá custo de R$ 8 bilhões
para os consumidores. B2
Bancada amazônica dividida
Metade (46) dos 91 deputados federais dos
nove Estados que compõem a Amazônia
Legal votou contra pautas socioambientais
no Congresso Nacional, contidas em proje-
tos que previam medidas para proteção do
meio ambiente e desenvolvimento susten-
tável da região. O dado faz parte de levanta-
mento feito pela Rede de Ação Política pela
Sustentabilidade (Raps), apresentado por
sua diretora-executiva, Mônica Sodré, en-
trevistada na “Live do Valor”. A11
Bancos exploram fronteiras do 5G
Mais do que oferecer tráfego de dados rá-
pido e estável, o 5G proporciona inúmeras
aplicações para a chamada internet das
coisas (IoT, na sigla em inglês), e executivos
da área de TI dos bancos afirmam que a
chegada da nova tecnologia pode ser com-
parada à revolução provocada pelos
smartphones no setor financeiro. Uma das
aplicações mais óbvias é a substituição de
redes físicas tradicionais, que são mais ca-
ras e exigem manutenção constante. C1
Risco de regressão no seguro rural
O Projeto de Lei Orçamentária Anual prevê
R$ 1,1 bilhão para o Programa de Subvenção
ao Prêmio do Seguro Rural em 2023. A verba
é praticamente a metade do que foi pedido
pelo Ministério da Agricultura (R$ 2 bi-
lhões) e repete os valores de 2021. Se a previ-
são for mantida, a expectativa do ministério
é que haja uma regressão no programa, de
14 milhões de hectares cobertos no ano pas-
sado para cerca de 6,5 milhões em 2023. B9
Rock in Rio aposta no digital
O retorno do Rock in Rio, que começa hoje
após ser adiado em um ano por causa da
pandemia, esgotou ingressos e gerou uma
onda de otimismo entre os patrocinadores e
parceiros do evento. Além de marcas como
Itaú, Ipiranga, Heineken e PepsiCo, presen-
tes desde 2011, o festival deste ano conta
com três novos patrocinadores: TIM, Nestlé e
TikTok. A rede social é uma das principais
apostas de visibilidade das marcas. B7
Ideias
Claudia Safatle
O ajuste fiscal necessário é grande e ou-
tro problema que se coloca é a obtenção
de maioria no Congresso a ser eleito. A2
Bradford DeLong
Inovações em tecnologia e organização tor-
naram possível expandir a economia para
que todos pudessem ter o suficiente. A19
Indicadores
Ibovespa 1/set/22 0,81 % R$ 28,6 bi
Selic (meta) 1/set/22 13,75% ao ano
Selic (taxa efetiva) 1/set/22 13,65% ao ano
Dólar comercial (BC) 1/set/22 5,2001/5,2007
Dólar comercial (mercado) 1/set/22 5,2372/5,2378
Dólar turismo (mercado) 1/set/22 5,2504/5,4304
Euro comercial (BC) 1/set/22 5,1725/5,1742
Euro comercial (mercado) 1/set/22 5,2096/5,2102
Euro turismo (mercado) 1/set/22 5,2377/5,4177
hospital em São Paulo
em parceria com
Unimed, diz Bruno
Ferrari B7
Com impulso do governo e
reabertura, PIB tem alta forte
De São Paulo, do Rio e de Brasília
A economia brasileira cresceu com
força no segundo trimestre, avançando
1,2% em relação ao trimestre anterior,
puxada pelos serviços e pela indústria,
no lado da oferta, e pelo consumo das fa-
mílias e pelo investimento, no lado da
demanda. A alta firme do PIB, que supe-
rou o 0,9% esperado pelos analistas, se
deveu à combinação do efeito da reto-
mada das atividades presenciais, com o
fim das medidas de restrição à mobilida-
de para combater a covid, e o impacto
das medidas de estímulo do governo, co-
mo a liberação de recursos do FGTS.
Com o bom desempenho na primeira
metade do ano, bancos e consultorias pro-
a Uma nova Independência
Pela 4 vez,
Petrobras
reduz preço
da gasolina
Fábio Couto e Francisco Góes
Do Rio
A um mês das eleições, a Petrobras
anunciou ontem mais um corte nos pre-
ços da gasolina nas refinarias, o quarto
desde o dia 20 de julho. A queda é de
7,08% nos preços de venda do produto
às distribuidoras. Com a medida, o re-
cuo acumulado no combustível chega a
19,22% em 40 dias. O valor do litro da
gasolina passa de R$ 3,53 para R$ 3,28,
queda de R$ 0,25 por litro a partir de
SILVIA COSTANTI/VALOR
hoje. As quatro reduções ocorreram na
gestão de Caio Paes de Andrade, à frente
da Petrobras desde 28 de junho.
No período recente também houve
duas reduções no preço do óleo diesel,
que acumularam 7,63%. Nesta semana, a
Petrobras divulgou ainda quedas nos
preços de venda do querosene de aviação
(QAV), da gasolina de aviação (GAV) e do
asfalto. Um ponto que dá base à decisão
da estatal é o preço do petróleo, em que-
da no mercado internacional. Página A8
J&FestudanovapropostapelaBraskem Datafolha traz
Stella Fontes e Mônica Scaramuzzo
De São Paulo
A J&F, holding da família Batista, dona
da JBS, avalia comprar 100% da Braskem.
Nesta semana, representantes dos ban-
cos credores da Novonor (ex-Odebre-
cht), que detêm ações da petroquímica
Gerdau e Randon
se unem em
veículos pesados
Ivo Ribeiro
De São Paulo
Dois grupos industriais gaúchos de re-
nome internacional, Gerdau e Randon,
uniram-sem em um novo negócio: a lo-
cação de veículos pesados. A joint ventu-
re, que será anunciada oficialmente nes-
ta sexta-feira — ainda sem nome definido
—, terá 50% de participação de cada uma
das sócias e contará com investimento
inicial de R$ 250 milhões. A nova empre-
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
sa também poderá receber aportes de
fundos de investimento e companhias
do setor de logística. Inicialmente, os al-
vos serão transportadoras e caminhonei-
ros autônomos. A Gerdau entra na ope-
ração por meio de sua divisão de novos
negócios, a Gerdau Next. Página B3
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Ano 23 | Número 5577 | R$ 5,00
moveram uma nova rodada de alta das
projeçõesparaocrescimentode2022e,em
menor medida, para 2023. As previsões
mais otimistas apontam para uma expan-
são de 3% ou mais neste ano; as mais caute-
losas, para um avanço na casa de 2%.
“A atividade de serviços foi particular-
mente robusta durante o primeiro se-
mestre, principalmente entre os seg-
mentos mais impactados pela pande-
mia”, destacou o economista Alberto
Ramos, do Goldman Sachs. Com peso de
70% no PIB, os serviços cresceram 1,3%
no segundo trimestre.
Para Ramos, a força da economia no
período se deveu ao estímulo da política
fiscal, a um mercado de trabalho forte,
aos preços firmes de commodities, à ex-
Depois de nove anos fechado e de uma reforma
que custou mais de R$ 200 milhões, o Museu
Paulista, mais conhecido como Museu do
Ipiranga, em São Paulo, reabre as portas ao
público na próxima semana, como parte das
comemorações pelo 200 anos da
Independência. Solange Ferraz, curadora do
como garantia, reuniram-se individual-
mente com executivos da gestora ameri-
cana Apollo, BTG Pactual e J&F para expli-
car a recusa às ofertas apresentadas.
Fontes ligadas à J&F afirmam que a
empresa deve rever sua proposta e apre-
sentar uma “oferta mais agressiva”. Joes-
ley Batista e seu sobrinho Agnaldo reu-
Sangue de arquiteto
Por trás de projetos milionários e ousados, como hotéis da rede Fasano, Thiago Bernardes demorou
a abraçar a carreira, apesar da família que inclui o lendário Sérgio Bernardes. EU& Fim de Semana
pansão do crédito, à redução da poupan-
ça acumulada do setor privado e ao im-
pacto mais brando da variante ômicron
da covid-19. A indústria, por sua vez,
cresceu 2,2% e a agropecuária, 0,5%. Pelo
lado da demanda, o consumo das famí-
lias subiu 2,6% e o investimento, 4,8%.
A expectativa é de uma perda de fôlego
da atividade na segunda metade do ano e
especialmente em 2023. O pacote de bon-
dades para tentar melhorar a popularida-
de do presidente Bolsonaro, contudo, ain-
da dará força à economia nos próximos
meses — por exemplo com o Auxílio Brasil
de R$ 600. Além disso, o bom momento do
mercado de trabalho pode ajudar, como
destacou o economista Roberto Secemski,
do Barclays. Páginas A4, A5, A6 e A20
museu e professora da Universidade de São
Paulo (USP) — a quem está ligada a instituição
— destaca que “nosso principal desafio é
trazer uma visão crítica para a história”
retratada nas obras centrais em exposição,
entre elas quadros muitas vezes reproduzidos
em livros didáticos, como o famoso
niram-se pessoalmente com os envolvi-
dos nas discussões. Além da J&F, da
Apollo, e do BTG, a Unipar também se-
gue interessada no negócio.
Os bancos não têm pressa em fechar
um acordo. A expectativa é que, após a
eleição, o mercado melhore e as ações da
petroquímica subam. Página B3
Cenário para
2023 segue
desanimador
Lucianne Carneiro e Marsílea Gombata
Do Rio e de São Paulo
O cenário para a economia em 2023
segue desanimador, ainda que algumas
projeções para o ano que vem tenham
melhorado um pouco. Para Silvia Matos,
do FGV Ibre, o PIB per capita deve voltar
ao nível anterior à pandemia ainda no
fim de 2022, mas o alívio será curto: já em
2023 ele voltará a ficar abaixo do valor de
2019 — ela trabalha com queda do PIB no
ano que vem. Para o professor Simão Sil-
ber, da FEA-USP, 2023 será uma “decep-
ção total”, com crescimento zero. “Pri-
meiro, porque todos esses estímulos [do
governo] são temporários. Segundo, por-
que se sentirá com toda a força essa subi-
da de juros.” Páginas A6 e A20
“Independência ou Morte”, de Pedro Américo.
No bicentenário da Independência,
pensadores analisam, no suplemento de
cultura do “Valor”, o que falta para
uma emancipação plena do país nos
aspectos social, econômico, político e
ambiental. Página A2 e EU& Fim de Semana
Lula com 45%
após debate e
Bolsonaro, 32%
De São Paulo, Rio e Belo Horizonte
Pesquisa Datafolha divulgada ontem
— a primeira após as entrevistas dos can-
didatos à Presidência ao “Jornal Nacio-
nal” e depois do primeiro debate entre
eles, no domingo — mostra o ex-presi-
dente Lula (PT) com 45% das intenções de
voto, dois pontos percentuais a menos
que na pesquisa anterior, mas ainda den-
tro da margem de erro. Jair Bolsonaro
(PL) manteve 32%. Ciro Gomes (PDT)
marcou 9% e Simone Tebet, 5%.
Desde maio, a distância entre os dois
líderes vem recuando e, além disso, Ciro e
Tebet cresceram, o que torna mais difícil
uma vitória de Lula no 1 o turno. Na simu-
lação de segundo turno, Lula derrotaria
Bolsonaro por 53% a 38%.
O Datafolha também divulgou pesquisas
paraaseleiçõesemSãoPaulo,RioeMinas.Em
São Paulo, Fernando Haddad (PT) tem 35%.
Tarcísio de Freitas (Republicanos) 21% e o
atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB),
15%. No Rio, o governador Cláudio Castro
(PL) tem 31% e Marcelo Freixo (PSB), 26%, tec-
nicamente empatados — a margem de erro é
de3pontospercentuaisparamaisoumenos.
Em Minas, o governador Romeu Zema (No-
vo)ampliouvantagemepodesereleitono1 o
turno. Ele tem 52% das intenções de voto e
AlexandreKalil(PSD),22%.PáginaA14
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A2 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Brasil
Economia é que vai
decidir eleição
Claudia Safatle
A
melhora da
economia ainda
pode
embaralhar a
eleição,
reduzindo a diferença entre o
ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e o presidente Jair
Bolsonaro. As perspectivas
são de chegar ao segundo
turno com uma distância bem
menor do que a atual, que já
está em queda.
‘’A economia está tendo uma
performance impressionante,
seja no aumento da
arrecadação, seja na geração de
empregos”, comentou uma alta
fonte do mercado financeiro.
A arrecadação federal vem
batendo sucessivos recordes,
chegando a R$ 1,292 trilhão no
acumulado de janeiro a julho,
cifra que representou um
aumento real de 10,44% sobre
igual período do ano passado.
O ministro da Economia, Paulo
Guedes aproveita a receita
adicional para cortar impostos,
o que é visto como medida
eleitoreira.
O mercado de trabalho
também tem surpreendido.
Dados do Novo Caged
(Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados) mostram
que o emprego formal no Brasil
tem apresentado saldo positivo.
Houve abertura líquida de
218.902 vagas com carteira
assinada em julho. Com isso, o
saldo de contratações no
acumulado em 2022 ficou
positivo em 1.560.896 postos.
Se Lula vencer, dará
aumento real para o
salário mínimo
A questão agora, é
acompanhar o comportamento
dos eleitores de Ciro Gomes,
que está em terceiro lugar nas
pesquisas, com 7% das
intenções de voto para ver se
eles vão fazer o que fizeram os
eleitores de Geraldo Alckmin
na eleição passada. Eles
migraram para os dois
candidatos que polarizavam o
pleito, Bolsonaro versus
Fernando Haddad, do PT,
deixando Alckmin com apenas
4,76% dos votos. Pelos números,
é possível quitar a eleição no
primeiro turno, mas é difícil
isso acontecer.
O cenário provável é de uma
disputa aguerrida entre Lula e
Bolsonaro, sendo que aquele
que entrar no segundo turno
como preferencial vencerá as
eleições, acredita a fonte.
“Aí entramos no problema
relevante sobre como será o
governo de quem for eleito”,
comenta. Ele entende que se for
Bolsonaro não haverá
surpresas. A agenda econômica
dele é conhecida. Vai continuar
contendo o gasto público,
privatizar e prosseguir nas
microrreformas que vão
melhorar a eficiência da
economia.
“A agenda do Lula é diferente
e começará com um aumento
real do salário mínimo, o que
vai pressionar o déficit da
Previdência”, avalia.
O ajuste fiscal necessário é
grande e outro problema que se
coloca é sobre o Congresso que
será eleito em outubro próximo
e que ferramentas o presidente
terá para ter maioria. O Ciro
disse que se ganhar vai aprovar
no Congresso o que for de
interesse comum e o que não
for vai para o plebiscito “Você
acha que o Congresso vai
autorizar plebiscitos?”,
pergunta um diretor de um
grande banco.
A experiência recente não
autoriza devaneios. “Fernando
Henrique Cardoso governou
com uma coalizão (e ficou com
a suspeita de ter comprado
votos para a aprovação da
reeleição). José Dirceu montou
o mensalão, depois veio a
cooptação e agora é a
orçamentação.” O governo de
Bolsonaro entregou parte
importante do Orçamento para
os parlamentares do Centrão
em troca de apoio político.
“O funcionamento do nosso
presidencialismo é complicado,
tem problema sério”, comenta
esse diretor. “A polarização,
aqui, ficou de um jeito ruim: eu
voto em A porque não quero B;
e voto em B porque não quero
A.” Nos Estados Unidos, por
exemplo, a polarização é entre
democratas e republicanos. Na
Inglaterra, é entre
conservadores e trabalhistas.
Se o presidente eleito der
sinais claros, poderá colher
bons frutos. O sinal básico é o
da racionalidade econômica,
que implica um governo
comprometido com o ajuste
das finanças públicas, para
permitir a queda da taxa de
juros de forma sustentável; e
deverá falar para o mundo que,
no Brasil, garantimos paz
política e social. “O país tem
condições de ter um canteiro
de obras maior do que o da
China. Basta ter paz política e
social”, indica.
O investimento virá porque a
pandemia e a guerra
mostraram o risco geopolítico
de localização das fábricas.
Além do que o Brasil não é um
país beligerante.
Outros eventos notáveis na
economia, segundo as fontes
do setor privado, são: é a
primeira vez nos últimos 40
anos que a despesa pública
como proporção do PIB cai
entre o início e o fim do
governo. E o governo,
durante quatro anos, não
concedeu reajuste geral para
o funcionalismo. É verdade
que a inflação ajudou na
economia com salários,
assim como ajudou no
aumento das receitas.
Outra questão que se coloca
se refere à redução de impostos.
As reduções do Imposto de
Importação e dos impostos
federais e do ICMS sobre
combustíveis têm sido
anunciadas como temporárias,
mas há a suspeita de que
poderão ser definitivas.
Então Paulo Guedes é um
bom ministro? Pergunta feita
às fontes consultadas: “Sob o
ponto de vista fiscal, ele é sim
um bom ministro, que está
fazendo o que é possível para
conter a despesa”. Outra
resposta: “Ele conseguiu
privatizar a Eletrobras no
último ano do governo. Isso
não é pouca coisa e outro não
teria conseguido!”.
Paulo Guedes é o grande
fiador do governo e “sua
presença em um eventual
segundo mandato de
Bolsonaro é fundamental”,
avaliam fontes da área
financeira.
Claudia Safatle é jornalista da equipe
que criou o Valor Econômico e escreve
às sextas-feiras
E-mail claudia.safatle@valor.com.br
Guedes promete que IPI será zerado
em caso de reeleição de Bolsonaro
Lu Aiko Otta
De Brasília
Com mais quatro anos, “segu-
ramente” o governo de Jair Bolso-
naro (PL) vai zerar o Imposto so-
bre Produtos Industrializados
(IPI), disse ontem o ministro da
Economia, Paulo Guedes, no Fó-
rum Desoneração da Folha de Pa-
gamento, promovido pelo Insti-
tuto Unidos Brasil.
No atual governo, as alíquotas
foram cortadas em 35%, mas a
medida é analisada no Supremo
Tribunal Federal (STF) por causa
de seu impacto sobre a Zona
Franca de Manaus. Guedes, po-
rém, sempre defendeu a extinção
do imposto, que considera um
dos responsáveis pela desindu-
trialização do país.
O ministro acrescentou que as
reformas administrativa e tribu-
tária podem ser aprovadas “ain-
da este ano”, se houver reeleição.
Questionado se seguiria defen-
Museu do Ipiranga reabre com visão crítica das obras
Marcos de Moura e Souza
De São Paulo
Depois de nove anos fechado e
depois de uma reforma que cus-
tou mais de R$ 200 milhões, o
Museu do Ipiranga, em São Paulo,
volta a receber o público na pró-
xima semana, quando o país co-
memora os 200 anos de indepen-
dência. Administrado pela Uni-
versidade de São Paulo (USP), o
museu é um dos principais de
História do Brasil e sua reabertu-
ra é marcada pelo esforço dos his-
toriadores e curadores de instigar
os visitantes a se perguntarem:
por que a História contada pelas
principais obras de seu acervo pa-
rece incompleta e enviesada?
Vânia Carvalho, historiadora e
coordenadora do programa de ex-
posições do museu, disse ontem ao
Valor que uma das missões da ins-
tituição é ajudar os visitantes a te-
rem uma visão contextualizada e
crítica das obras.
“Muitas vezes, as pessoas acre-
ditam que a representação da
chegada de Pedro Álvares Cabral
mostra como ela se deu na reali-
dade”, disse, referindo-se à obra
“Desembarque de Pedro Álvares
Cabral em Porto Seguro, 1500”,
de Oscar Pereira da Silva.
“E os livros didáticos desempe-
nharam esse papel ao usarem es-
sas obras como se fossem a apre-
sentação de um fato do passado.”
O eixo central do museu — o sa-
guão, a escadaria e salão nobre –
expressa também uma visão da
História entendida hoje como par-
cial. Uma visão com a perspectiva
paulista de uma época e que tam-
bém influenciou fortemente livros
escolares de anos atrás.
Nesse eixo central, esculturas
dos bandeirantes estão entre os
protagonistas, heróicos persona-
gens da fundação da nação. Afon-
so Taunay, que dirigiu a institui-
ção no início do século 20 — e
que, em grande medida, definiu
seu perfil — era um estudioso dos
bandeirantes. Solange Ferraz de
Lima, professora de História da
USP, lembra que o protagonismo
dos bandeirantes foi uma marca
do ponto de vista paulista, en-
quanto no Rio de Janeiro o prota-
gonismo é dado a Dom João VI e
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
4intelligence A4 Bradesco Saúde B7
Active Pharmaceutica B3 BrasilAgro B10
Advent International B3 BRCG A4, A5
Alelo B5 Brookfield B3
Aliansce Sonae B6 Capital Economics A5
Allonda B2 Ceagesp A7
ASA Investments A8 Cielo C1
AZ Quest A6 Cimed B2
Azimut A5 Claro C1
Bain & Company C1 Climatempo B10
Banco do Brasil A7, C1 Cocamar B10
Banco Inter A5 Conab A7
Bank of America A5 Conasa B2
Barclays A20 ConstruCODE B4
Baumgart B4 Construflow B4
BNP Paribas A5 Correios A7
Brasil ao Cubo B3 Cyrela B4
Bradesco C1, C4 Dana-Farber Center B7
dendo as reformas em caso de
derrota, ele afirmou que “não
trabalha com essa hipótese”.
Disse ainda que o atual gover-
no precisa de dois mandatos pa-
ra consertar o que foi feito no go-
verno “A”, que teve dois manda-
tos, e no “B”, com igualmente
dois mandatos. Por causa da le-
gislação eleitoral, ele não pode
mencionar os nomes.
Em outro evento, no Rio, Gue-
des afirmou que o resultado do
PIB do segundo trimestre faz par-
te uma “onda” de investimentos a
longo prazo, e citou as reformas
estruturais promovidas pelo go-
verno. Ele destacou, no entanto,
o “empurrão” do comércio e da
população que, segundo ele, es-
tava esperando a “vacinação em
massa” e o retorno “seguro” ao
trabalho (ver também pág. A4).
O ministro destacou que o re-
sultado poderia ter sido melhor
se a economia não estivesse com
“freio de mão” puxado pelos ju-
Museu renovado: fechado de 2013 até agora, a instituição passou por uma reforma que consumiu R$ 235 milhões
Solange de Lima, da USP: desafio é trazer ponto de vista crítico às obras
sua chegada ao Brasil, em 1808.
No museu, a caça aos índios
aparece como um feito que enalte-
ce esses personagens — algo que
provavelmente parecerá um atri-
buto estranho aos estudantes que
voltarão a visitar o espaço. Os livros
didáticos já fazem um retrato mui-
to menos romântico das bandei-
ras. “Ainda bem que os livros didá-
ticos estão mudados”, disse Solan-
ge que, assim como Solange, rece-
beram jornalistas e alguns patroci-
nadores da reforma para conhecer
Dock C6
Dommo Energia B1
Eletrobras A2, B1
Embraer B3
Embrapa A7, B9
Enauta B3
Estapar B5
Eztec B4
Feedz B6
Flash B5
Fleury B7
Galapagos Capital C2
Gallup A19
Galp Energia Brasil B3
Genoa Capital C3
Gerdau B3
GM B3
Gokei C1
ros mais altos para conter a infla-
ção. De acordo com o ministro, o
cenário deve ser outro em 2023.
“Olhando para frente, para o ano
que vem, é inflação em baixa e os
juros descendo”, afirmou Guedes
na Feira do Empreendedor.
Depois da repercussão negati-
va de uma fala sua na semana
passada em que falou em “chine-
sada”, referindo-se à concorrên-
cia com produtos industrializa-
dos importados da China, o mi-
nistro da Economia afirmou que
não utilizará mais o termo, que é
considerado ofensivo.
“Os chineses são muito bem-
vindos quando investem”, disse.
Depois, lembrou da fala do presi-
dente Jair Bolsonaro, ainda na
campanha de 2018, pela qual os
chineses poderiam comprar no
Brasil, mas não comprar o Brasil.
Para o ministro, o ideal seria que,
em vez de o país importar produ-
tos da China, fábricas chinesas se
instalassem aqui.
SILVIA COSTANTI / VALOR
o museu antes de sua inauguração.
“Nosso desafio é trazer a crítica pa-
ra essa História.” Essa contextuali-
zação crítica estará no material de
apoio aos visitantes – nos vídeos,
nos áudios e no aplicativo que es-
tará disponível ainda este mês.
Amâncio Jorge de Oliveira, vi-
ce-diretor do museu, conta que
para a reabertura, o trabalho dos
curadores teve o complemento
de visões e críticas de segmentos
variados, de movimentos sociais,
LGBT a monarquistas.
Goldman Sachs A4, A5, A18 Mercado Pago B5
Grupo Nicoli B10 Novotel B4
Grupo PareBem B5 Oi B6
Hemobras A7 Oncoclínicas B7
Hytron B10 Ouro Verde B3
IBM C1 Pátria Investimentos B5
iFood B5 Petrobras A8, A12, C2
Indigo Brasil B5 Plano&Plano B4
Itaú Unibanco A4, C1, C4 PPSA B3
J.P. Morgan A5 Prio B1
Klabin B1, B4 quantiQ B3
Kora Saúde B1 Raízen B10
LCA Consultores A4, A6 Randon B3
Levante Asset C2 Santander C4
Maersk B2 Semantix B6
MasterCard C4 Shell B3
MB Associados A5 Shell Brasil B10
Mercado Livre C1 Simpar B3
Num evento promovido por
empresas dos setores de comér-
cio e serviços, o ministro evitou
aprofundar avaliações sobre a
principal reivindicação delas: a
desoneração da folha salarial.
Encargos trabalhistas são ar-
mas de destruição de massa de
empregos, disse.
Citando o ex-presidente do Se-
brae Guilherme Afif Domingos,
Guedes afirmou que “salário é
pouco para quem ganha e muito
para quem paga.”
“O tema mais importante aqui
é desoneração da folha”, comen-
tou. “Eu vou falar nisso antes das
eleições? Esquece!”
A proposta do governo, po-
rém, já é conhecida, disse. “En-
tão, é sonhar com a verde-amare-
la”, em uma referência à reforma
que flexibiliza encargos traba-
lhistas e é prometida pelo minis-
tro desde o início do mandato de
Bolsonaro, em 2019. (Colaborou
Paula Martini, do Rio)
SILVIA COSTANTI / VALOR
O destaque do museu, a obra
que foi produzida enquanto o
museu era construído e que sem-
pre foi sua maior marca, é a mo-
numental tela de Pedro Américo,
“Independência ou Morte”.
Os visitantes terão também
um conteúdo com uma visão
mais ampla dessa obra. “A gente
aprendeu a História nos livros di-
dáticos com imagens como essa.
Hoje muitos livros probletizam
essas imagens”, disse ontem a
educadora Denise Peixoto no sa-
lão onde está a tela. Ela lembra
que essa e outras obras do acervo
não estão contando a História,
dizendo “foi assim”. “Hoje nosso
esforço é porque essas telas estão
aqui e porque essa história é con-
tada assim”.
O museu ganhou novas salas,
novas exposições, uma área ampla
para receber os visitantes, além
acessos facilitados por meio de
rampas, escadas rolantes e eleva-
dores. A reabertura começa dia 6
para autoridades e patrocinado-
res. No dia 7, será a vez de 200 estu-
dantes de escolas públicas e traba-
lhadores que participaram da
obra. E a partir do dia 8 o museu es-
tar aberto ao público. As visitas
precisarão ser agendadas pelo site
www.museudoipiranga.org.br ou
pela plataforma Sympla.
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor A3
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A4 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Brasil
Conjuntura Economia brasileira
avançou 1,2% no segundo trimestre
Comreabertura
eestímulosdo
governo,PIB
temaltaforte
De São Paulo e do Rio
A economia brasileira teve cres-
cimento expressivo no segundo
trimestre, de 1,2% em relação ao
trimestre anterior, refletindo o for-
te impacto da retomada das ativi-
dades presenciais, com o fim das
restrições adotadas na pandemia,
e das medidas de estímulo do go-
verno, como a liberação de recur-
sos do Fundo de Garantia do Tem-
po de Serviço (FGTS) e a antecipa-
ção do 13 o salário para aposenta-
dos e pensionistas. O resultado su-
perou o 0,9% do consenso dos eco-
nomistas ouvidos pelo Valor Data,
ficando ainda ligeiramente acima
do 1,1% registrado no primeiro tri-
mestre. Espalhado pelos diversos
setores da economia, a expansão
foi puxada pelo consumo das fa-
mílias e pelo investimento, pelo la-
do da demanda, e pelos serviços e
pela indústria, pelo lado da oferta.
Com o desempenho acima do
esperado e as medidas de transfe-
rência de renda previstas para o se-
gundo semestre, os analistas pro-
moveram uma rodada de revisões
para cima das projeções para o
crescimento de 2022. As novas es-
timativas apontam em geral para
um avanço do PIB na casa de 2,5%
ou mais. Os mais otimistas espe-
ram um crescimento acima de 3%;
os mais cautelosos, na casa de 2%
(ver mais na página A5).
Depois do primeiro semestre
forte, a expectativa é de uma perda
de fôlego na segunda metade do
ano e especialmente no ano que
vem. No segundo semestre, contu-
do, o pacote de bondades adotado
para tentar melhorar a populari-
dade do presidente Jair Bolsonaro
ainda dará um gás à economia,
principalmente o aumento do Au-
xílio Brasil de R$ 400 para R$ 600.
Para 2023, o quadro deverá ser
Modelos não captam mudanças na economia, diz ministério
Lu Aiko Otta
De Brasília
Criticado por analistas pela
previsão de crescimento do Pro-
duto Interno Bruto (PIB) de 2,5%
em 2023 enquanto o mercado
trabalha com taxas mais próxi-
mas de zero, o Ministério da Eco-
nomia aproveitou o bom resulta-
do das contas nacionais divulga-
do ontem para reforçar a seguin-
te mensagem: a economia brasi-
leira passou por transformações
estruturais que não estão sendo
captadas pelos modelos econo-
métricos. Por isso, o crescimento
Um bom PIB, com resultado acima do esperado
Armando Castelar
Pinheiro
O
resultado do PIB
para o segundo
trimestre de 2022
veio ainda melhor
do que o esperado:
alta de 1,2% frente aos três meses
anteriores, contra expectativa de
+0,9%, e de 3,2% contra o mesmo
período em 2021. Combinado à
expansão de 1,1% no primeiro
trimestre e ao desempenho
positivo da segunda metade de
2021, esse resultado faz com
que, se não houver crescimento
na margem no segundo
semestre, 2002 feche com uma
alta de 2,6% do PIB. Nada mau,
considerando que o ano
começou com o analista
mediano de mercado
mais complicado para a atividade.
O impacto do ciclo de alta de juros
deverá frear a economia, encare-
cendo o crédito e com consumido-
res endividados. Além disso, a in-
certeza sobre as contas públicas
tende a cobrar seu preço.
“A economia teve um desempe-
nho surpreendentemente bom du-
rante o primeiro semestre de 2022,
apesar do aperto significativo das
condições financeiras e da acelera-
ção da inflação”, disse o economis-
ta Alberto Ramos, diretor de pes-
quisa para a América Latina do
Goldman Sachs. “A atividade de
serviços foi particularmente robus-
ta durante o primeiro semestre,
principalmente entre os segmen-
tos mais impactados pela pande-
mia. A resiliência do crescimento
deveu-se, em grande medida, ao es-
tímuloda política fiscal,um merca-
do de trabalho mais forte do que o
esperado, preços firmes de com-
modities, fluxos de crédito resilien-
tes, redução da poupança acumu-
lada do setor privado e o impacto
de curta duração e mais brando do
que o esperado da ômicron.”
Os economistas da LCA Consul-
tores ressaltam o crescimento dos
serviços pelo lado da oferta. Os
destaques foram as outras ativida-
des de serviços e o segmento de
transporte e armazenagem, que
avançaram 3,3% e 3% em relação ao
trimestre anterior. Segundo a LCA,
isso ainda é reflexo “do processo de
superação dos efeitos da pande-
mia de covid-19, com a retirada
praticamente total de medidas
restritivas, o aumento da mobili-
dade e das atividades presenciais”.
No segmento de outras atividades
de serviços, estão justamente os
serviços presenciais, “que estavam
represados durante a pandemia,
como restaurantes e hotéis”, lem-
brou a coordenadora de Contas
tem surpreendido os analistas do
mercado e o próprio governo.
A estimativa oficial de cresci-
mento neste ano, de 2%, já está
“datada”, disse o chefe da Asses-
soria Especial de Estudos Econô-
micos, Rogério Boueri. O resulta-
do alcançado pelo PIB no primei-
ro semestre de 2022 já aponta
para um crescimento de 2,4%,
mesmo que não haja variação na
segunda metade do ano.
“Vamos crescer 2,5% pelo me-
nos, ou seja, vai ser mais”, disse o
ministro da Economia, Paulo Gue-
des. “Eu avisei que passariam o ano
revendo as projeções para cima.”
projetando expansão de apenas
0,3% e várias casas prevendo
contração da atividade.
A abertura do PIB em seus
principais componentes veio em
linha com as expectativas,
reforçando o diagnóstico sobre as
principais causas do crescimento
esperado para este ano: a
normalização das atividades de
serviços, com o controle da
pandemia; o fim das condições
climáticas adversas; a expansão do
crédito; o estímulo fiscal motivado
pelas eleições; e, ligada a tudo isso,
a significativa melhora do
mercado de trabalho, com a alta
do emprego e da massa salarial.
Assim, na comparação com o
primeiro trimestre, sobressaíram,
pelo lado da oferta, os setores de
outras atividades de serviços (alta
de 3,3%), eletricidade (3,1%) e
transportes (3,0%), o primeiro e o
terceiro beneficiados pelo
Melhora de cenário
Economia brasileira tem quatro trimestres de alta pela 1ª vez desde 2019
Variação do PIB nacional ante o trimestre imediatamente anterior, em %
12
8 8
4 3,2
0,9
0 0 0,5
-1,5 -0,8
-4
-8
-12
1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri. 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri
2014 2015
Componentes do PIB
Ótica da oferta
Variação em relação ao 1º tri de 2022, em %
Agropecuária
Indústria
Serviços
0 0,5
Ótica da demanda
Variação em relação ao 1º tri de 2022, em %
Consumo das famílias
Consumo do governo
Investimento
Exportações -2,5
Importações
-3
Variação do PIB no acumulado em quatro trimestres, em %
6
3
3,2
2,1
1,2
0,5
0
-0,7
-3
-6
1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri 3º tri 4º tri 1º tri 2º tri
2014 2015
Fonte: IBGE
Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
No segundo trimestre, o comércio
também foi bem, com alta de 1,7%.
A indústria também teve um de-
sempenho firme no segundo tri-
mestre, com avanço de 2,2%. Todos
os segmentos cresceram em relação
ao trimestre anterior, com expansão
firme da construção civil, de 2,7%, e
de serviços industriais de utilidade
pública (que engloba eletricidade),
de 3,1%, nota a LCA. “Apesar dos ju-
ros mais elevados, o contexto eleito-
ral favorece o setor de construção,
sobretudo por causa dos investi-
mentos dos governos regionais”, diz
a consultoria, observando ainda que
o segundo segmento se beneficiou
da melhora do regime de chuvas.
Com menos restrições nas cadeias
globais de produção e a ajuda da re-
dução do IPI, a indústria de transfor-
mação subiu 1,7%. Ainda pelo lado
Os 2,5% serão alcançados num
contexto de juros altos e “freio de
mão puxado”, acrescentou. Em
2023, os juros estarão menores.
“Então, como vamos crescer me-
nos? Vamos crescer mais, o vento
vai ser a favor.” Embora a estatís-
tica já aponte para essa taxa de
crescimento, o modelo utilizado
pelo Ministério da Economia
aponta para um avanço de 2% do
PIB deste ano. O mercado, segun-
do a pesquisa Focus, estima 2,1%.
“Os modelos têm subestimado
consistentemente o PIB realiza-
do”, afirmou Boueri. “Até a gente
tem projetado abaixo.” Ele acres-
aumento da demanda por esses
serviços, que veio com a retração
da pandemia, e o segundo pelas
fartas chuvas do verão, que
permitiram repor as águas das
hidrelétricas. O quinto setor com
maior alta, a construção (2,7%), foi
favorecido pela expansão do
crédito e pelo maior gasto público.
Pelo lado da demanda,
destacaram-se os componentes da
demanda doméstica, que teve
expansão de 2,5% frente ao
trimestre anterior, em especial a
formação bruta de capital fixo
(4,8%) e o consumo das famílias
(2,6%). Jogaram contra a queda da
demanda externa e a redução dos
estoques.
Nacomparaçãocomomesmo
trimestrede2021,destacaram-se
outravezosmesmossetores:pela
ordem,outrasatividadesde
serviços(altade13,6%),transportes
(11,7%),eletricidade(10,8%)e
1,1
0,4
-0,5 -0,2
-1,6 -0,8 -1,5
-2,4
2017 2016
0,5
1,30
1,0 1,5
2,6
-0,9
-2 -1 0 1 2 3 4 5
-1,3
-2,2 -1,9
-3,5 -3,3
-4,4 -4,5 -4,1
2017 2016
da oferta, a agropecuária teve um
desempenho mais modesto, com al-
ta de 0,5%.
Pelo lado da demanda, o consu-
mo das famílias avançou 2,6%, e o in-
vestimento, 4,8%. “Em relação ao
consumo das famílias, o avanço es-
pelha a combinação de uma melho-
ra no mercado de trabalho e os im-
pactos da liberação de saques do
FGTS e adiantamento do 13 o para
aposentados e pensionistas”, desta-
cou a consultoria 4Intelligence, para
quem esse quadro “potencializou”
os gastos dos consumidores “mes-
mo durante período marcado pela
aceleração nos preços”. Já no caso do
investimento o segmento trimestre
ficou marcado pelo avanço forte da
construção e do desenvolvimento
de softwares, disse a consultoria. O
consumo do governo recuou 0,9%.
O setor externo, por sua vez, teve
centou que, por isso, não se pode
afirmar que o governo tem sido
otimista em suas projeções.
“Todo mundo está usando
aquele modelinho, prisioneiro
da caixinha”, comentou Guedes.
“Só que está acontecendo um
tsunami fora da caixinha.”
Ele se refere, por exemplo, aos
mais de R$ 800 bilhões a serem
investidos nos próximos dez
anos, nos contratos de conces-
são. A economia tem sido puxa-
da pelo setor privado, avaliou. Se
confirmados, esses investimen-
tos podem impulsionar a econo-
mia no futuro, mas não têm rela-
construção(9,9%).Peloladoda
demanda,porsuavez,aexpansão
doPIBseexplicaessencialmente
pelafortealta,de5,3%,doconsumo
dasfamílias.Osdemaisfatores
deramumacontribuiçãolíquida
negativa,comoefeitodaforte
quedadasexportaçõesdebense
serviços(-4,8%)superandoa
expansãotrazidapeloaumentoda
formaçãobrutadecapitalfixo
(1,5%)edoconsumodogoverno
(0,7%)epelaquedadas
importações(-1,1%).Aquestãoque
secolocaéseasforçasque
causaramessebomresultadovão
continuarafazê-lodaquiparaa
frente.Aquiachoquevale
diferenciar2023dosegundo
semestredesteano.
Os impactos do controle da
pandemia e da melhoria das
condições climáticas tendem a se
enfraquecer já na segunda metade
do ano e, com mais razão ainda,
1 1,1
0,8 0,3 0,4 0,6 -0,1 0,4 0,6 0,1 0,4
-0,3
2018 2019
Variação em relação ao 2º tri de 2022, em %
-2,5
2,2
2,0 2,5 -3 -2 -1
Variação em relação ao 2º tri de 2022, em %
4,8
-4,8
7,6
6 7 8 -6 -3
1,7 1,9 2 1,8 1,6 1,5 1,3 1,2
1,3
0,1
-0,9
2018 2019
contribuição negativa para o PIB do
segundo trimestre, porque as im-
portações cresceram 7,6%, enquanto
as exportações recuaram 2,5%. Nos
cálculos de Ramos, o setor externo
“tirou” 1,34 ponto percentual da ex-
pansão do PIB de abril a junho.
Na segunda metade do ano, a ati-
vidade tende a ser mais fraca. O mer-
cado de trabalho, porém, tem mos-
trado um bom desempenho, com
queda do desemprego, num quadro
de criação expressiva de vagas, em-
bora os números do trimestre até ju-
lho tenham indicado alguma aco-
modação. Para Livio Ribeiro, sócio
da BRCG Consultoria, a atividade
poderá ter um bom desempenho
também no segundo semestre, “no
esteiodaretomadacíclicaemalguns
setores (especialmente serviços) e
dos anabolizantes de renda conce-
didos pelo governo, seja em transfe-
ção com o crescimento do segun-
do trimestre deste ano.
Pelos cálculos da Secretaria de
Política Econômica (SPE), a partir
de dados do mercado e do mode-
lo Samba, do Banco Central, o
país estaria agora no momento
de maior restrição à atividade
econômica provocado pela alta
de juros. “Vai aliviar no próximo
ano”, disse Boueri.
“Se agora, que está no pico da
restrição, estamos crescendo a
5% ao ano, quando ela parar de
remar contra, não tem por que
esperar que vá piorar a atividade
econômica”, comentou.
em 2023. Ainda há algum espaço
para a agropecuária crescer,
especialmente com os preços de
alimentos tendo subido tanto,
mas em eletricidade e serviços o
efeito tende a ser residual.
Já os estímulos fiscais devem
seguir fortes na segunda metade
de 2022, não apenas do lado dos
investimentos, mas também do
consumo das famílias, com a
concessão do Auxílio Brasil. Para
2023, ainda que o que vai ocorrer
seja um mistério, me parece que a
tendência é uma contração fiscal,
que em geral ocorre no primeiro
ano dos novos governos.
Emrelaçãoaomercadode
trabalhoeàexpansãodocrédito,
acreditoquevãocontinuar
estimulandoaeconomiana
segundametadedoano,perdendo
forçaapenasgradativamenteao
longode2023.Issopoisháum
reforçomútuoentreeles.A
1,1 1,2
0,1 0,8
-0,3
-2,4
-9
2020 2021 2022
1,9
4,5
0 1 2 3 4 5
5,3
0,7
1,5
-1,1
0 3 6
4,6 4,7
3,9
2,6
1,9
0,9
-2,1
-3,3 -3,5
-3,9
2020 2021 2022
rências (renda nominal) ou recuo
artificial da inflação (renda real)”.
Mais cauteloso, o Itaú Unibanco
manteve a visão de que a economia
permanecerá “relativamente está-
vel até o fim deste ano, com alta de
0,1% no terceiro trimestre e queda
de 0,1% no quarto. “O estímulo fis-
cal provavelmente será compensa-
do pelos efeitos da política mone-
tária contracionista e pela desace-
leração da atividade global”, dizem
os economistas do banco. A desa-
celeração mais forte da economia
deverá ficar para 2023, com os au-
mentos expressivos dos juros en-
fim batendo com mais força na ati-
vidade. Além disso, as incertezas
fiscais poderão segurar o investi-
mento. (Sergio Lamucci, Marsílea
Gombata, Marta Watanabe, Anaïs
Fernandes, Lucianne Carneiro e
Alessandra Saraiva)
Mesmo com a perspectiva de
queda da inflação em 2023, não
se vê aumento do juro real, disse.
O próprio boletim Focus, que
capta estimativas do mercado,
mostra que há queda do juro real
ao longo dos próximos 12 meses.
Os dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE)
mostram que o investimento está
em alta. A taxa de 18,7% registrada
no segundo trimestre é a maior
observada para o período desde
2014. O movimento ocorre mes-
mo com a alta de juros, comentou.
Economistas ouvidos pelo Valor
acreditam em queda do indicador.
inadimplência,apesardeter
subido,segueabaixodoperíodo
pré-pandemiae,comaaltada
rendadotrabalho,nãodeve
aumentarcomrapidez.Issovai
manterocréditofluindoe,junto
comoaumentodarenda,vai
estimularademandadoméstica.
Aos poucos, porém, a alta da
Selic vai pesar, o crédito vai ficar
mais caro e escasso, e o consumo
das famílias e o investimento vão
perder força. Isso se somará a um
cenário externo também mais
complicado em 2023, com a
redução da liquidez internacional
e o aumento da aversão ao risco,
inclusive com crises em países
emergentes. O crescimento da
economia vai, claro, sentir esses
efeitos e desacelerar bastante.
Professor da FGV Direito Rio e do
Instituto de Economia da UFRJ e
pesquisador associado do FGV Ibre
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor A5

Brasil
Conjuntura Bancos e consultorias alteram projeções para 2022 e 2023
SILVIA ZAMBONI/VALOR

Crescimento acima de 3%
neste ano já entra no radar
Marta Watanabe, Marsílea
Gombata e Marcelo Osakabe
De São Paulo
O resultado do PIB acima do
esperado levou a uma série de re-
visões para cima das projeções de
crescimento para 2022, com
apostas já superando os 3% para
o ano que vem. A mudança de ce-
nário atingiu, em menor medida,
também as previsões para 2023.
O cenário mais otimista para o
ano que vem é do Bank of America,
que revisou sua projeção para o
PIB de 2,5% para 3,25%. A previsão
supera a estimativa mais alta do
boletim Focus, do Banco Central,
divulgado na segunda-feira, que é
de avanço de 3,13% em 2022.
David Beker, chefe de economia
no Brasil e de estratégia para a Amé-
rica Latina do BofA, destacou, em re-
latório, que o desempenho melhor
que o esperado no PIB de abril a ju-
nho (alta de 1,2%) veio antes mesmo
da redução do ICMS de setores como
energia, da elevação do Auxílio Bra-
sil de R$ 400 para R$ 600 e dos cortes
nos preços dos combustíveis, que
devemterimpactopositivonoresul-
tado da segunda metade do ano.
“Aquela grande desaceleração que
esperávamos no segundo semestre
não vai acontecer. Estamos com um
‘momentum’ muito positivo”, afir-
mou Beker.
O Goldman Sachs, por sua vez,
aumentou a estimativa para a ex-
pansão da economia neste ano de
2,2% para 2,9%, dado o avanço mais
forte do PIB no segundo trimestre,
revisões para cima do resultado
dos dois trimestre anteriores, da
melhora de indicadores de con-
fiança e da perspectiva de transfe-
rências fiscais mais altas para o se-
tor privado no segundo semestre
deste ano. Para 2023, o banco ele-
vou a previsão de 0,7% para 0,9%.
A estimativa é que setores de
serviços ainda afetados pela co-
vid-19 se recuperem ainda mais
nos próximos meses e estímulos
fiscais adicionem 0,7 ponto per-
centual no PIB, afirmou, em rela-
tório enviado a clientes, Alberto
Ramos, economista-chefe para
América Latina do banco.
“No futuro, contudo, a infla-
ção elevada, o impacto defasado
do recente aperto monetário e fi-
nanceiro, condições de crédito
cada vez mais exigentes, alto ní-
vel de endividamento das famí-
lias, desaceleração contínua da
economia global (e potencial
suavização dos preços das com-
modities e dos termos de troca), e
a incerteza política pós-eleitoral,
provavelmente adicionarão ven-
tos contrários crescentes à ativi-
dade econômica”, argumentou.
Já o J.P. Morgan elevou a sua
previsão para 2022 de 1,8% para
2,6%, apostando num ‘PIB mais
forte na segunda metade do ano,
na esteira dos estímulos adicio-
nais à economia e à alta na renda
disponível, principalmente por
causa da queda do preço dos
combustíveis”, diz o banco, em
relatório. Para 2023, os econo-
mistas do J.P. Morgan esperam
agora uma contração de 0,1%, li-
geiramente melhor que a queda
de 0,2% projetada anteriormente.
A MB Associados alterou a sua
projeção para o crescimento da
economia em 2022 de alta de
1,6% para uma expansão de 2%.
Para o ano que vem, foi mantida
a estimativa de crescimento de
0,5%. Para Sergio, Vale, econo-
mista-chefe da MB, uma variação
acima de 2% neste ano depende-
rá especialmente do último tri-
mestre de 2022
Para o ano que vem, Vale consi-
dera ainda que os impactos acu-
mulados dos ajustes fiscais e mo-
netários serão relevantes no ano
que vem, mesmo com algum
efeito carregamento estatístico
maior que possa ter esse ano. Um
crescimento maior em 2023 so-
mente será possível com um go-
verno bastante forte e rápido nos
ajustes e especialmente com
uma reforma tributária mais am-
pla, que estimularia rapidamen-
te novos investimentos, diz Vale.
A consultoria Capital Economics David Beker: “A grande desaceleração que esperávamos não vai acontecer”
foioutraquetambémrevisouaspre-
visões para este ano, após a alta piorando os termos de comércio opção foi de revisão cuidadosa, con-
maior que a esperada para o PIB do do Brasil”, afirmou. Esse cenário siderando que o carregamento esta-
segundo trimestre. A estimativa pas- fez a Capital Economics revisar o tístico para o ano após a divulgação
sou de 2% para 2,5%. crescimento do PIB de 2023 de do resultado do segundo trimestre é
William Jackson, economista- 1,3% para 0,8%. calculadaem 2,6%. Isso significaque,
chefe para mercados emergentes A BRCG também modificou se o PIB ficar estável na segunda me-
da Capital Economics, argumen- suas estimativas para este ano e o tade do ano, a economia avançará
tou, contudo, que o ritmo deve próximo. A projeção para 2022 2,6% em 2022. “Não será nenhuma
diminuir no segundo semestre passou de 1,6% para 2,2%. Para surpresa se, em pouco tempo, tiver-
de 2022. “As taxas de juros altas 2023, a previsão foi revisada de mos números acima de 2,5% para
domésticas pesarão no cresci- queda de 0,1% para alta de 0,1%. 2022.” Para 2023, a herança estatísti-
mento do crédito e na demanda Como ainda não há dados do ter- ca pode ajudar, dependendo da es-
doméstica. E os preços de com- ceiro trimestre de 2022, diz o econo- trutura do segundo semestre deste
modities devem cair novamente, mista Livio Ribeiro, sócio da BRCG, a ano, diz Ribeiro.

Com presencial e emprego, serviços retomam protagonismo

Rafael Vazquez
De São Paulo
A expansão de 1,3% do setor de
serviços no segundo trimestre em
relação aos três meses imediata-
mente anteriores ficou acima da
mediana das estimativas de 0,6%
do Valor Data, mas não surpreen-
deu os economistas ouvidos pelo
Valor. Isso porque o bom desem-
penho já era esperado diante de
um mercado de trabalho que tem
sido impulsionado pela retoma-
da dos atendimentos presenciais
e por causa da ajuda de estímulos
fiscais. Em relação ao mesmo pe-
ríodo de 2021, o crescimento se-
torial foi de 4,5%.
O fato a ser celebrado, segun-
do a economista-chefe do Banco
Inter, Rafaela Vitória, é que os da-
dos dos últimos trimestres mos-
tram performances seguidamen-
te positivas, que colocaram o se-
tor 4% acima do patamar pré-
pandemia, embora ela tenha em
conta que benefícios liberados
no segundo trimestre como sa-
ques de R$ 1 mil do FGTS e anteci-
pação do 13 o salário de aposen-
tados tenham contribuído para o
crescimento de 1,7% do comér-
cio, principalmente.
“Os serviços voltaram a ser
protagonistas depois da pande-
mia como o mais importante se-
tor do PIB não só em participa-
ção, mas também em crescimen-
to”, declarou Rafaela. “Se olhar-
mos a taxa de crescimento dos
serviços nos últimos quatro tri-
mestres, ela vem ficando em tor-
no de 1%. Voltou a ser um impor-
tante motor da economia. É um
ponto positivo quando a gente
olha para o potencial do PIB”,
acrescentou.
A economista-chefe do Inter
acredita que os serviços conti-
nuarão crescendo a uma taxa
próxima de 2,5% ao ano. “Temos
muitos serviços ligados a tecno-
logia em alta e uma melhora da
massa salarial depois do impacto
da pandemia”, explica.
Já o economista-chefe da gesto- do da oferta conversa diretamen- projeta que os serviços como um que tenhamos um PIB positivo no-
ra Azimut, Gino Olivares, destaca a te com o aumento de 2,6% do todo e o comércio continuarão se vamente no terceiro trimestre”,
participação de atividades ligadas consumo das famílias pelo lado beneficiando do Auxílio Brasil ex- disse. Em uma comparação contra
aos serviços presenciais, classifica- da demanda. “Estão bem entrela- tra, que aumentou de R$ 400 para o mesmo período do ano passado
da pelo IBGE como “outras ativida- çados não só pela recuperação da R$ 600 até dezembro, e os “vou- ela projeta serviços subindo 3,5%
des de serviços”, que cresceram economia, mas também por uma chers” pagos pelo governo a cami- neste terceiro trimestre e mais 2%
3,3% entre o primeiro e segundo maior transferência de renda nhoneiros e taxistas. “Essa conjun- no quarto trimestre, compatível
trimestres do ano, a melhor taxa que aconteceu.” ção de fatores vai continuar im- com a previsão de crescimento de
desde o terceiro trimestre de 2021 Para o restante do ano, Carvalho pactando a economia e fazer com 2,5% do PIB em 2022.
(4,7%)%. “Por trás, ainda está a his-
tória da reabertura, que começou
de forma atrasada no Brasil.”
Para Olivares, as iniciativas do
governo de fazer chegar dinheiro
à população contribuem para o
consumo, mas um fator que aju-
da a explicar por que as projeções
para o PIB deste ano saíram de
perto de zero para em torno de 2%
se deve ao fato de muitos econo-
mistas terem subestimado o po-
tencial do impacto da reabertura
da economia após a chegadas das
vacinas contra a covid-19.
Na visão da economista para
Brasil do BNP Paribas, Laiz Carva-
lho, o crescimento dos serviços e,
sobretudo, do comércio pelo la-

Indústria surpreende, mas juros altos

são barreira para os próximos meses
Marsílea Gombata
De São Paulo
A indústria foi a grande surpre-
sa do lado da oferta do Produto
Interno Bruto (PIB) do segundo
trimestre. O PIB da indústria teve
expansão de 2,2%, frente ao pri-
água, esgoto e atividades de gestão
de resíduos subiu 3,1%.
Na variação interanual, a in-
dústria de transformação avan-
çou 0,5%, a extrativa caiu 4%, a
construção subiu 9,9%, e eletrici-
dade e gás, água, esgoto e gestão
de resíduos tiveram alta de 10,8%.
nin, do Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi).
“[Haverá] o repasse desse ciclo de
alta das taxas de juros, que não
ainda chegou às taxas de emprésti-
mos. Isso é importante porque
 
&
muitos bens que a indústria pro-
duz envolvem financiamento.

meiro trimestre, com ajuste sazo-
nal, segundo dados divulgados
ontem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
A mediana das estimativas apu-
Rodolfo Margato, economista
da XP, argumenta que os compo-
nentes da indústria que mais sur-
preenderam foram construção
civil e eletricidade e gás.


Bens de consumo duráveis ou de
capital depende muito do nível de
juros na economia”, afirma.
Apesar da surpresa positiva do
PIB da indústria no segundo tri-




#%



radas pelo Valor apontava para ex-
pansão de 0,9% do PIB industrial
no segundo trimestre, em relação
ao anterior. Na comparação com o
mesmo trimestre do ano passado,
o PIB industrial cresceu 1,9%. A es-
timativa era de alta de 0,4%.
No PIB, além do setor manufatu-
reiro e extrativo, a indústria englo-
ba a construção civil e a produção
de eletricidade, gás, água, esgoto e
atividades de gestão de resíduos.
A alta de 2,2% foi o segundo re-
sultado positivo consecutivo da in-
dústria, após a queda de 0,9% no
quatro trimestre do ano passado.
Trata-se da taxa mais alta para o se-
tor desde o terceiro trimestre de
2020 (14,7%), quando começava a
se recuperar dos efeitos da pande-
mia e tinha base de comparação
depreciada, segundo o IBGE.
No segundo trimestre, houve
avanço generalizado dos subseto-
res que compõem a indústria. A
construção subiu 2,7% na compa-
ração com o trimestre anterior, a
indústria extrativa cresceu 2,2%, e a
de transformação avançou 1,7%. Já
a produção de eletricidade, gás,
Ele afirma que a construção foi
puxada pelo investimento público
de governos estaduais, com forma-
ção bruta de capital fixo, e aumen-
to da massa de renda real do setor.
Houve ainda contribuição rele-
vante da produção de eletricidade.
“No ano passado, o valor adiciona-
do desse componente havia caído
bastante, por causa do acionamen-
to das usinas termelétricas. Mas
nos últimos dois trimestres houve
participação crescente das hidrelé-
tricas, com normalização das chu-
vas”, argumenta.
Para o segundo semestre, contu-
do, Margato espera desaceleração
e um cenário heterogêneo para a
indústria. “Setores mais sensíveis à
renda, como alimentos, bebidas e
vestuário, devem ter performance
superior àqueles que dependem
de crédito e investimento, como
móveis, eletrodomésticos e ele-
troeletrônicos, que podem ter de-
saceleração”, argumenta.
A indústria de transformação
deve sentir o peso do aumento da
taxa de juros a partir do segundo
semestre do ano, diz Rafael Cag-
mestre, olhando adiante, é difícil
não ver o setor enfrentando difi-
culdades, afirma Thiago Xavier,

$ )*1(,1*(**
da Tendências Consultoria.
“A principal surpresa foi a parte
de produção e distribuição de ele-
tricidade. A bandeira tarifária ver-
de nos últimos meses beneficiou a
produção”, afirma. “Na nossa vi-
são, o setor [industrial] está se be-
neficiando das novas rodadas de
  ' /
estímulo [fiscal], o que ajuda o
consumo de bens duráveis. Soma- 3     
se a isso [processo de] normaliza-
ção das cadeias de suprimentos, 3  
que têm pressionado menos.”
Mas esse cenário deve mudar. “É  *()+  *(**
difícil olhar adiante e não ver esse
setor com dificuldade. Os juros es-
tão mais altos e estímulos fiscais,
3 " 
diminuindo”, diz. “O aperto mone-
.   
tário que está para bater na econo-
mia é forte. E vai chegar na deman-
da e na oferta em algum momento.
O que depende de crédito e investi-
mento industrial será afetado.”
Dada a desaceleração da econo- !!!-0- 20-
mia global adiante, a tendência é
de queda da indústria de transfor-
mação no segundo semestre, diz.
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A6 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Brasil
Conjuntura Indicador ainda está abaixo de 2013, antes da
recessão, e voltará a cair no ano que vem, estima FGV Ibre
PIB per capita deve
crescer 1,3% e voltar
aos níveis de 2019
Lucianne Carneiro
Do Rio
O crescimento maior da econo-
mia no segundo trimestre deve
ajudar o Produto Interno Bruto
(PIB) per capita a recuperar o pata-
mar pré-pandemia ainda no fim
de 2022, estima a pesquisadora sê-
nior da Economia Aplicada do Ins-
tituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (FGV
Ibre) e coordenadora do Boletim
Macro Ibre, Silvia Matos. O alívio,
no entanto, deve ter fôlego curto,
já que o ano de 2023 será de queda
do PIB, o que significará que o ano
encerrará com PIB per capita nova-
mente abaixo de 2019.
Pelas contas de Silvia, o PIB per
capita deve fechar 2022 com cres-
cimento de 1,3% em relação a
2021, a R$ 41.210, considerando
preços de 2021. Com isso, ficará
0,3% acima do patamar que estava
Construção puxa recuperação de 4,8% do investimento
Marcelo Osakabe
De São Paulo
Ajudado em ampla medida
pela construção civil, a formação
bruta de capital fixo (FBCF) se re-
cuperou de quatro trimestres de
contração ou quase estabilidade
e cresceu 4,8% no segundo tri-
mestre deste ano, na margem, in-
formou o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
O desempenho ficou acima da
média das projeções coletadas
pelo Valor com consultorias e
instituições financeiras, que
apontava para crescimento de
2,5% dos investimentos na com-
No PIB da pandemia, país
não se destaca no G-20
Álvaro Fagundes
De São Paulo
O Brasil se saiu melhor que a
média global no segundo trimes-
tre com a alta de 1,2% do PIB, mas
está longe de ser destaque entre
as principais economias do mun-
do desde o início da pandemia.
Do primeiro trimestre de 2020
para cá, o PIB brasileiro acumula
alta de 3%, apenas o nono melhor
resultado entre os países do G-20
(grupo que reúne grandes eco-
nomias globais). Na liderança es-
tão a Turquia, com alta de 18,2%,
a China, avanço de 8,8%, e a Ará-
bia Saudita, expansão de 7,3%.
Como Austrália e Argentina
não divulgaram ainda o resulta-
do segundo trimestre, a compa-
ração levou em conta apenas os
dados até março para esses paí-
ses. Mas ambas teriam que regis-
trar contração de ao menos 1,3%
de abril a junho para serem supe-
radas pelo Brasil. A Rússia não
tem divulgados seus dados na
comparação ante o trimestre
imediatamente anterior e foi ex-
cluída do levantamento.
Na comparação restrita ao se-
gundo trimestre, o crescimento
Brasil vai crescer menos que emergentes, prevê Moody’s
Álvaro Campos
De São Paulo
A Moody’s revisou as projeções
para as economias do G-20, o
grupo que reúne 20 dos maiores
PIBs do planeta. O Brasil foi um
dos quatro países que tiveram a
perspectiva elevada, para 1,7%
este ano. Ainda assim, caso esse
número se concretize será o ter-
ceiro pior do mundo, ganhando
apenas da Rússia, que está em
guerra e deve ver a atividade en-
colher 7,0% este ano, e da Alema-
nha, com crescimento de 1,4%.
em 2019. O cálculo considera alta
de 2% do PIB este ano e crescimen-
to de 0,7% da população. Para
2023, ela estima recuo de 0,4% do
PIB brasileiro, o que significa que o
PIB per capita voltará a ficar abaixo
de 2019 (-0,8%).
Para além da dificuldade recen-
te, os números mostram que o PIB
per capita ainda está distante do
observado em 2013, antes da que-
da no triênio 2014/2015/2016 pro-
vocada pela recessão da economia
brasileira naquele momento. E,
pelas projeções até 2024, ainda
não terá recuperado este patamar.
Confirmado o cenário do FGV Ibre,
encerraria 2024 ainda 6% abaixo
de 2013. Ao fim de 2022, o PIB per
capita ficará 6,5% abaixo de 2013.
“O que se vê é um vaivém de
PIB, acelera e depois perde. O
crescimento do PIB per capita
acaba não se sustentando no ano
que vem”, afirma.
paração com o trimestre imedia-
tamente anterior.
Coordenadora de Contas Na-
cionais do IBGE, Rebeca Palis atri-
buiu a expansão no período
principalmente ao setor da cons-
trução, seguido do segmento de
desenvolvimentos de software.
“A gente teve um crescimento
dos investimentos muito puxa-
do pela construção e pelo desen-
volvimento de software de siste-
mas, que impulsionou a ativida-
de de comunicação e informa-
ção”, disse ela.
O resultado da construção sur-
preendeu porque a expectativa
era de que houvesse desacelera-
de 1,2% do PIB foi suficiente para
colocar o país como o 12 o me-
lhor desempenho no período en-
tre 50 países que já divulgaram
seu resultado de abril a junho.
Os dois países com maior cres-
cimento no período foram Islân-
dia (3,9%) e Indonésia (3,7%). Am-
bos, porém, vieram de resultado
negativo no primeiro trimestre.
Esse, no entanto, não é o cenário
para todos os países que tiveram
melhor desempenho que o Brasil
no trimestre passado. A Malásia,
por exemplo, cresceu 3,5% de maio
a junho e vem de dois trimestres de
expansão forte: 3,8% no primeiro
deste ano e 4,6% nos últimos três
meses do ano passado. A Holanda
vem de oito trimestres seguidos de
avanço e registrou alta de 2,6% no
PIB de maio a junho.
Na América Latina, onde pou-
cos países divulgaram seu resul-
tado do segundo trimestre, o me-
lhor desempenho foi o da Co-
lômbia, que cresceu 1,5% na
comparação com janeiro a mar-
ço. Os colombianos acumulam
quatro trimestres consecutivos
de expansão. Nos primeiros três
meses do ano, por exemplo, hou-
ve alta de 1,4%.
A média dos dez emergentes
do grupo este ano é de cresci-
mento de 3,3%.
Para 2023, o quadro não é
muito melhor. Com projeção de
expansão de 0,7%, o PIB brasilei-
ro deve ser o sexto pior do G-20,
ficando melhor apenas que Rús-
sia (-3%), Alemanha (-0,4%), Itália
(zero), o agregado da zona do eu-
ro (0,3%) e França (0,5%).
“Em países emergentes, in-
cluindo Índia, Brasil, Indonésia,
México e África do Sul, os setores
de serviços estão recuperando
força. Além disso, a atividade ma-
A expansão de 1,2% do PIB no se-
gundo trimestre motivou a revisão
da projeção do indicador, que é a
base para a projeção do PIB per ca-
pita, de 1,7% para 2% em 2022. A
estimativa é que o PIB per capita te-
nha crescido 1,02% no segundo tri-
mestre de 2022, segundo ela. O
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) não calcula o PIB
per capita trimestral, só anual.
O PIB per capita é calculado a
partir da divisão de uma economia
pelo tamanho da sua população. A
ideia seria relacionar o crescimen-
to de um país com a riqueza de
seus habitantes e servir como refe-
rência para padrão de vida da po-
pulação, só que tem limitações, es-
pecialmente em países com desi-
gualdade elevada, como o Brasil.
Isso porque o número representa
uma média e não contempla os ex-
tremos de renda de um país. As-
sim, o indicador acaba funcionan-
ção do segmento, que teve forte
ritmo de expansão nos últimos
anos, lembra a coordenadora de
Projetos da Construção no Insti-
tuto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (FGV
Ibre), Ana Maria Castelo.
Após a divulgação dos dados, a
economista afirma que a estima-
tiva para o segmento no ano,
atualmente em 3,5%, deve crescer
para perto de 4,5% ou até 5%.
Só o carregamento estatístico
do primeiro semestre para o ano é
de 7%, ressalta. Apesar disso, ela
pondera que a perspectiva é que,
em algum momento, a esperada
desaceleração chegue ao setor.
Desempenho global
Variação do PIB do 2º tri ante os três meses anteriores, em %
Islândia
Indonésia
Malásia
Holanda
Romênia
Turquia
Croácia
Arábia Saudita
Israel
Áustria
Colômbia
Brasil
Sérvia
Bulgária
Espanha
Itália
Hong Kong
Hungria
Dinamarca
Eslovênia
Finlândia
México
Suécia
Canadá
Malta
Fonte: agências de estatísticas dos países
Segunda maior economia da
América Latina, o México cresceu
0,9% em relação a janeiro a mar-
ço, enquanto Peru e Chile ficaram
estagnados nessa comparação.
Entre as grandes economias
globais, a China teve o pior de-
sempenho do período, com que-
nufatureira está se expandindo
em países como Índia, Indonésia,
Turquia e Brasil”, diz a Moody’s
no relatório divulgado ontem.
De acordo com a agência, ape-
sar da revisão para cima na proje-
ção para o PIB brasileiro, o cresci-
mento será relativamente fraco
como consequência da fragilida-
de da demanda, devido à alta in-
flação de energia, alimentos e
bens importados, condições mo-
netárias e financeiras já aperta-
das e efeitos colaterais do cresci-
mento mais lento nas principais
economias do mundo.
Silvia Matos: crescimento do PIB per capita previsto para 2022 não deve se sustentar no próximo ano
do principalmente para compara- ainda sofre as consequências do
ções entre países. que ela chama de “pé no acelera-
Uma das preocupações da eco- dor pós-crise de 2008” e o resul-
nomista em relação ao PIB e, por tado do bom desempenho da
consequência, ao PIB per capita é o economia brasileira no segundo
fato de que o crescimento do tri- trimestre também “vem com
mestre foi puxado pela retomada conta salgada a ser paga”. Os estí-
dos serviços presenciais e acompa- mulos ao consumo que ajuda-
nhado por alta da inflação. ram no crescimento entre abril e
“A retomada dos serviços pre- junho têm provocado efeito in-
senciais não é um fenômeno re- flacionário e, ao mesmo tempo,
corrente. Esse efeito não conti- não terão “efeitos perenes”.
nua. E o crescimento do PIB no se- “O PIB tem surpresas positivas,
gundo trimestre veio acompa- mas com conta salgada junto. No
nhado por inflação. Apesar das momento, o endividamento das
notícias de deflação no curto pra- famílias chama atenção, as em-
zo, a batalha inflacionária ainda é presas de varejo aumentando
grande e vai continuar”, diz. provisões... Há muitos sinais de
O indicador do PIB per capita que teremos consequências. Uma
“Acredito que o cenário se tor- através, principalmente, da nova
na mais desafiador. Do ponto de rodada de auxílios do governo
vista dos investimentos públi- federal, que impulsiona o consu-
cos, o fim do ciclo eleitoral e mo das famílias, mas não neces-
também as desonerações que sariamente a construção, ou
atingem os Estados devem redu- mesmo todo o setor de investi-
zir essa demanda. Já o mercado mentos como um todo.
imobiliário deve cair também, “Se isso significa uma desace-
por causa da comparação com o leração ou números negativos na
segundo semestre de 2021, que margem, ainda não dá para arris-
foi muito forte”, diz. car a dizer”, diz Nishida, que ain-
Rodrigo Nishida, economista da trabalha nas revisões para a
da LCA Consultores, pondera atividade no restante do ano.
que a melhora da expectativa pa- Em relação ao segmento de
ra a economia como um todo na serviços de informação e comu-
segunda metade do ano não ne- nicação — do qual o desenvolvi-
cessariamente afeta o segmento. mento de softwares faz parte, Pa-
Isso porque o impulso deve vir lis lembra que o segmento de de-
Aposta é que setor externo
3,9
3,7
Coreia do Sul
Noruega
0,7
0,7
vai ajudar no 2 o semestre
3,5 Tailândia 0,7
Marta Watanabe
2,6 Chipre 0,6
De São Paulo
2,1 França 0,5
2,1 Japão 0,5
Apesar da foto em que o setor
2 República Tcheca 0,5
externo contribui negativamente
1,8 Eslováquia 0,4
no resultado do PIB do segundo
1,7 Bélgica 0,2
trimestre, economistas apontam
1,5 Alemanha 0,1
para expectativa de efeito líquido
1,5 Peru 0
de exportações e importações jo-
1,2 Portugal 0
gando a favor da atividade nos
1,2 Chile 0
próximos meses e ao fim de 2022.
1,1 Filipinas -0,1
Segundo divulgação de ontem
1,1 Reino Unido -0,1
do IBGE, as exportações dentro do
1,1 EUA -0,1 PIB caíram 2,5% no segundo tri-
1 Cingapura -0,2 mestre contra os três meses ante-
1 Nigéria -0,4
riores, com ajuste sazonal enquan-
0,9 Lituânia -0,5 to as importações subiram 7,6%.
0,9 Estônia -1 Na comparação interanual houve
0,9 Tunísia -1 queda de 4,8% nas exportações e
0,9 Letônia -1,4 recuo de 1,1% nas importações.
0,9 Taiwan -1,8 Nos cálculos de Rodolfo Marga-
0,8 Polônia -2,1 to, economista da XP Investimen-
0,8 China -2,6 tos, o desempenho fez o setor ex-
terno tirar dois pontos percentuais
(pp) do PIB no segundo trimestre,
da de 2,6%. A segunda maior eco- considerando a variação na mar-
nomia do mundo sofreu ainda gem. Na comparação com o mes-
no segundo trimestre com as du- mo período de 2021 a subtração
ras restrições para conter a pan- foi de 0,7 pp. O PIB como um todo
demia de covid-19. Estados Uni- cresceu 1,2% no segundo trimestre
dos e Reino Unido também tive- ante o anterior e 3,2% em relação
ram resultados negativos — am- ao mesmo trimestre de 2021.
bos com queda de 0,1%. Os resultados bem distintos en-
tre primeiro e segundo trimestres
em 2022 reforçam a cautela neces-
sária para avaliar dados na mar-
gem tendo em vista comporta-
A Moody’s aponta que as con- mentos erráticos e aspectos rela-
dições monetárias e financeiras cionados à dessazonalização,
globais continuarão apertadas aponta Margato. As projeções da
em 2023 e cita que vários bancos XP, diz, apontam para crescimento
centrais de mercados emergen- em torno de 1% em média nos pró-
tes, incluindo os da Rússia, Brasil, ximos dois trimestres, na margem.
México e África do Sul, começa- “Há uma esperada desaceleração
ram a aumentar as taxas de juros da demanda externa, mas sem
cedo para enfrentar a inflação in- comprometer no curto prazo os
cipiente decorrente de preços embarques brasileiros.”
mais altos de commodities e ali- Na importação, considerando a
mentos, além do efeito cambial, base de comparação elevada do se-
bem como em antecipação aos gundo trimestre, a projeção é de
aumentos de taxa pelo Federal queda média ao redor de 0,5% no
Reserve (Fed, o banco central dos terceiro e quarto trimestres. A con-
Estados Unidos). tribuição líquida do setor externo,
LEO PINHEIRO/VALOR
parte da população aproveita o
momento do fim da pandemia,
mas outra sente o custo mais alto.
A renda não cresce, a inflação cor-
rói o custo de vida, especialmente
de alimentos. A inflação é mais
devastadora para os mais po-
bres”, diz a economista.
Ela defende que o “PIB bom” do
segundo trimestre esconde uma
situação “dramática” de desigual-
dade entre as famílias brasileiras.
Enquanto umas aproveitam o alí-
vio do momento de uma situação
mais tranquila da pandemia,
com retomada dos serviços pre-
senciais, outras enfrentam as difi-
culdades do emprego e do peso
da inflação, argumenta.
senvolvimento de sistemas já vi-
nha crescendo antes da pande-
mia, sofreu menos naquele pe-
ríodo e foi inclusive beneficiada
pelas necessidades do isolamen-
to social. O setor teve alta de 2,9%
no trimestre, na margem.
Apesar da expansão dos inves-
timentos no segundo trimestre,
a chamada taxa de investimen-
tos — que mede a proporção en-
tre a formação bruta de capital
fixo e o Produto Interno Bruto
(PIB) — permaneceu estável na
comparação anual. O indicador
ficou em 18,7% no segundo tri-
mestre, ante 18,6% no segundo
trimestre do ano passado.
conclui Margato, deve ser de até
0,5 pp na expansão do PIB no se-
gundo semestre deste ano. A XP es-
tima 2,2% de alta para o PIB em
2022, com “claro viés altista”.
Mirella Hirakawa, da AZ Quest,
estima que a contribuição do setor
externo será “levemente positiva”
na expansão do PIB de 2022, que
deve continuar comandada pela
absorção doméstica. A gestora re-
visou o PIB de 2022 de alta de 2,2%
para alta de 2,8%.
Para Livio Ribeiro, pesquisador
do Instituto Brasileiro de Econo-
mia da Fundação Getulio Vargas
(FGV Ibre), a contribuição positi-
va do setor externo deve ficar em
torno de um ponto percentual na
variação do PIB de 2022. A proje-
ção do Ibre é de alta de 2% no PIB
como um todo para o ano.
Considerando sempre a varia-
ção interanual, o terceiro trimestre
ainda deve fechar com contribui-
ção levemente negativa do setor
externo para a variação do PIB,
com mudança nos últimos três
meses, quando o efeito deve ser
mais positivo. “Como o resultado
do primeiro trimestre foi muito
positivo, há carregamento estatís-
tico para terreno positivo na mé-
dia do ano e não há grande mu-
dança nesse cenário.” Além disso,
destaca, houve em 2021 forte au-
mento das importações, principal-
mente no último trimestre.
Na segunda metade do ano, ava-
lia Ribeiro, os vetores de demanda
trocam um pouco de direção. “De
um lado temos o mundo que se de-
sacelera e de outro uma economia
doméstica que, sob efeito de ana-
bolizantes, tem aumentado o con-
sumo.” Com isso, diz, as importa-
ções são pressionadas e o diferen-
cial de crescimento entre os dois
vetores tende a ser mais desfavorá-
vel para o setor externo, com con-
tribuição positiva ainda no ano,
mas proporcionalmente menor
do que se esperava antes.
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor A7

Brasil
Comércio exterior Ideia é referendar compromisso entre Bolsonaro e Trump que retira proteção a alguns setores

EUAcobramBrasilmaisaberturaemcomprapública
Assis Moreira
De Genebra
O presidente dos EUA, Joe Bi-
den, cobra na Organização Mun-
dial do Comércio (OMC) que o Bra-
sil cumpra um acordo feito por Jair
Bolsonaro com o então presidente
Donald Trump — e por tabela se
comprometa em ampliar e acele-
rar a participação de empresas es-
trangeira nas compras públicas,
conforme documento ao qual o
Valor teve acesso.
Em março de 2019, em visita a
Washington, Bolsonaro anunciou
que o Brasil começaria a abrir mão
do TED (tratamento especial e di-
ferenciado) na OMC, que dá perío-
dos mais amplos para a imple-
mentação progressiva de regras
comerciais ou normas mais mode-
radas para esses países. Em contra-
partida, Trump prometeu dar
apoio para que o Brasil se torne
membro pleno da Organização
para a Cooperação e o Desenvolvi-
mento Econômico (OCDE), uma
prioridade da política externa do
atual governo.
Em 2020, o Brasil pediu sua ade-
são ao Acordo de Compras Gover-
namentais (ACG) da entidade. Isso
dará acesso a empresas estrangei-
ras em licitações de compras de
bens, serviços e obras feitas pelos
governos no mercado brasileiro,
como companhias brasileiras po-
derão tentar vender para governos
participando do ACG.
Em junho deste ano, o Brasil
apresentou sua “oferta final” de
abertura para os estrangeiros para
poder ser aceito no ACG. Nesta se-
mana, os EUA submeteram docu-
mento na OMC mostrando sua in-
satisfação com a oferta. Isso inclui
pontos como prazos mais longos
demandados por Brasília para im-
plementação dos compromissos.
Washington lembra que, “con-
dizente com seu status de líder glo-
bal, em 2019 o Brasil concordou
que começaria a renunciar a um
tratamento especial e diferenciado
nas negociações da OMC”.
Washington cobra que o Brasil
elimine referências a “offsets” e pe-
ríodos de transição. “Offset” diz
respeito à política nacional de
compensação tecnológica. Em
áreas como defesa, segurança e
saúde, o país tenta preservar o “off-
set”, para compensações e transfe-
rência de tecnologia quando com-
prar produtos estrangeiros.
A oferta brasileira na OMC pro-
cura excluir até 2037 compras que
envolvam desenvolvimento de ca-
pacidade científica e tecnológica
conduzidas pelos ministérios da
Saúde, das Minas e Energia, da
Ciência, Tecnologia e Inovação, da
Infraestrutura, do Meio Ambiente
e do Desenvolvimento Regional.
No documento à OMC, os EUA
exemplificam que uma exceção pe-
dida pelo Brasil, como está redigi-
da, resultaria na exclusão da maio-
ria das compras no setor de saúde
da cobertura do acordo, incluindo
aparelhos médicos e farmacêuti-
cos, “que são setores prioritários
para os Estados Unidos”. Washing-
ton diz que as compras brasileiras
de produtos estratégicos de saúde
para parcerias tecnológicas públi-
co-privadas frequentemente exi-
gem que as empresas transfiram
tecnologia para se qualificarem pa-
ra o contrato de compra e “que a
eliminação dessa nota é uma prio-
ridade para os Estados Unidos”.
Em 2019, ao anunciar que o
Brasil começaria a renunciar ao
uso de TED nas negociações co-
merciais, Bolsonaro atropelou
um dogma do Itamaraty. O Brasil
foi praticamente inventor do ca-
pítulo 4 do Gatt, sobre comércio
e desenvolvimento, incorporado
nos anos 1960. Porém, a visão do
governo Bolsonaro era de que o
país não necessitava do trata-
mento diferenciado nas negocia-
ções em curso na OMC.
Nas negociações para a adesão
do Brasil ao ACG, visto como o
acordo anticorrupção da OMC, os
EUA parecem os mais céticos sobre
as concessões brasileiras, segundo
fontes. No documento datado do
dia 31 de agosto, Washington vol-
tou a pedir para o Brasil incluir,
por exemplo, as compras da Agên-
cia Espacial Brasileira para partici-
pação estrangeira.
O Brasil aumentou progressiva-
mente de 6 para 11 e depois para
20, mais o Distrito Federal, o nú-
mero de Estados que permitirão a
participação estrangeira nas com-
pras públicas de bens, serviços e
obras. Agora Washington pede a
inclusão de todos os Estados, des-
de Piauí a Sergipe e Roraima.
No anexo 3 da oferta, cobrindo
as compras feitas por “outras enti-
dades” públicas, a concessão brasi-
leira já pulou de 50 para 100 em-
presas públicas. Agora, os EUA co-
bram a inclusão de mais 28, como
Ceagesp, Conab, Embrapa, Banco
do Brasil, Hemobras, Companhia
do Pré-Sal, Correios, Telebras.
Washington insiste também
para o Brasil incluir o setor finan-
ceiro na sua lista de compromis-
sos. Indagado sobre as deman-
das americanas, o Ministério da
Economia respondeu que “rece-
beu os comentários dos EUA so-
bre a oferta brasileira e está ana-
lisando o seu conteúdo”.

Saldo comercial cai com importação recorde em agosto

WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO

Marta Watanabe e Estevão Taiar
De São Paulo e Brasília
A corrente de comércio de agos-
to e no acumulado do ano atingiu
o maior valor da série histórica da
balança comercial brasileira, mas
especialistas apontam um enfra-
quecimento dos saldos comerciais
nos últimos meses. A tendência re-
sulta de importações impulsiona-
das pela demanda doméstica, em
resposta a políticas fiscais e ao pro-
cesso em curso de ajuste de abaste-
cimento de insumos industriais.
Ao mesmo tempo há tendência de
arrefecimento das exportações.
Apesar disso, as projeções ainda
consideram superávit comercial
com contribuição robusta para o
setor externo ao fim de 2022.
A balança comercial de agosto
fechou com saldo de US$ 4,2 bi-
lhões, bem abaixo dos US$ 7,7 bi-
lhões de igual mês de 2021, segun-
do divulgação de ontem da Secre-
taria de Comércio Exterior (Se-
cex/ME). O saldo no mês foi resul-
tado de exportações de US$ 30,8
bilhões e de US$ 26,7 bilhões em
importações.
O subsecretário de Inteligência e
Estatísticas de Comércio Exterior
do Ministério da Economia, Herlon
Brandão, destacou que os valores
de exportação, importação e cor-
rente de comércio (soma das duas
variáveis anteriores) atingiram ní-
vel recorde nos primeiros oito me-
ses deste ano. De janeiro a agosto,
exportações, importações e corren-
te de comércio alcançaram US$
225,1 bilhões, US$ 181 bilhões e
US$ 406,1 bilhões, respectivamen-
te. Em agosto as exportações atin-
giram recorde para o mês. Impor-
tações e corrente de comércio fo-
ram as maiores da série histórica.
Mirella Hirakawa, economista
da AZ Quest, destaca que, apesar
do recorde de corrente de comér-
cio, os dados de agosto, confir-
mam uma tendência de fraqueza
de saldos comerciais observada
desde maio e comandada princi-
palmente pelo aumento do volu-
me de importações em ritmo mais
acelerado que o das exportações.
Os números estimados pela ges-
tora, diz, apontam aumento de
quantidade de importação de
12,3% em agosto ante julho, com
ajuste sazonal. O volume de expor-
tação também aumentou, mas a
taxa menor, de 4,6% em igual crité-
rio. Já os preços tiveram queda,
mas de forma mais acentuada na
exportação. Ainda pelos números
da AZ Quest, houve queda de 3,2%
nos preços de exportação e de 2,7%
na importação, sempre em agosto,
na margem, com ajuste sazonal.
Os dados, diz Mirella, refletem o
momento atual de atividade do-
méstica, com o consumo das famí-
lias sustentando o crescimento do
PIB em 2022. “Parte do consumo
tem vazado para as importações.”
Os dados acompanhados pela
gestora também mostram que os
gargalos logísticos de insumos im-
portantes como semicondutores,
adubos e fertilizantes e combustí-
veis estão em processo de ajuste e
já não sofrem mais desabasteci-
mento. Os preços, porém, destaca,
ainda estão altos.
José Augusto de Castro, presi-
dente da Associação de Comércio Herlon Brandão: números da balança são recorde no acumulado do ano
Exterior (AEB), ressalta que os vo-
lumes crescem mais na importa- o descompasso também foi gran- avançar perto de US$ 10 bilhões
ção do que na exportação também de, com alta de 20,5% nas importa- em relação aos US$ 44,1 bilhões
na comparação interanual. Segun- ções e de 5,3% nas exportações, acumulados até agosto, chegando
do a Secex, o volume importado sempre na média diária. Para Cas- a cerca de US$ 54 bilhões ao fim de
em agosto subiu 14,9% enquanto o tro, a tendência deve se manter. Pa- 2022. A AZ Quest estima superávit
exportado cresceu 8%. Nos preços ra ele, o superávit comercial deve de US$ 66 bilhões.

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27 setores. O evento deste ano reunirá líderes empresariais e
executivos na premiação. A cerimônia contará também com o
Talk Show Cenário Econômico e Agenda BC# do presidente
do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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cobertura editorial no site e em nossas redes sociais. No dia 6 de
setembro, toda a premiação estará disponível no Youtube do Valor.

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A8 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Brasil
Preços Empresa justifica nova
redução pelo cenário internacional
Em 40 dias,
Petrobras
corta em 19%
a gasolina
Fábio Couto e Francisco Góes
Do Rio
A um mês das eleições, a Petro-
bras anunciou ontem mais um
corte nos preços da gasolina, o
quarto desde o dia 20 de julho. A
redução é de 7,08% nos preços de
venda do produto para as distri-
buidoras. Com a medida, o recuo
acumulado no combustível chega
a 19,22% em 40 dias e se aproxima
do patamar verificado antes da
guerra da Ucrânia, que teve início
há seis meses. O valor do litro da
gasolina passa de R$ 3,53 para
R$ 3,28 nas refinarias, queda de
R$ 0,25 por litro a partir de hoje.
Embora haja argumentos técni-
cos para justificar a redução, in-
cluindo a queda no preço do pe-
tróleo, a variação do dólar e o corte
de impostos, especialistas conside-
ram que os frequentes anúncios de
novos preços para a gasolina e o
diesel têm viés eleitoral. Chama a
atenção a velocidade com que se
deu a redução nos preços do óleo
diesel nas refinarias da estatal. O
produto teve dois cortes recentes,
depois de 17 meses sem alteração,
que somaram 7,63% de queda.
Nesta semana, a Petrobras di-
vulgou também reduções nos pre-
ços de venda de querosene de avia-
ção (QAV), gasolina de aviação
(GAV) e asfalto. As quedas de pre-
ços dos combustíveis têm sido se-
manais e a tendência, dizem fon-
tes, é que, no caso da gasolina, si-
gam nesse ritmo até 2 de outubro,
dia do primeiro turno das eleições.
A rodada de reduções de impos-
tos feita pelo governo contribui pa-
ra os preços menores, uma vez que
os tributos são parte importante na
composição do preço final dos
combustíveis. Houve, por exemplo,
Redução leva a revisão das projeções para a inflação
Alessandra Saraiva, Marcelo
Osakabe e Anaïs Fernandes
Do Rio e de São Paulo
A queda de 7,08% no preço da
gasolina nas refinarias pode levar
o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) men-
sal de setembro a uma taxa negati-
va e levar a uma nova rodada de re-
dução para as projeções da infla-
ção deste ano.
O recuo deve pegar o “IPCA
cheio”, diz André Braz, econo-
mista da Fundação Getulio Var-
gas (FGV). Com o corte, Braz re-
duziu estimativa de 6,6% para
6,4% para o IPCA de 2022. Em
2021, o indicador fechou o ano
com alta de 10,06%.
“A gasolina pesa 6% do orça-
mento familiar no IPCA”, disse.
redução nas alíquotas de ICMS,
com a fixação de um limite de inci-
dência pelos Estados, e o governo
zerou tributos federais (PIS/Cofins
e Cide) sobre a gasolina.
A Associação Brasileira dos Im-
portadores de Combustíveis (Abi-
com) estima que, mesmo após as
últimas reduções, a gasolina ven-
dida nas refinarias pela Petrobras
ainda estaria 7% acima dos preços
do mercado internacional, en-
quanto no diesel esse percentual
seria de 4%, na média de seis portos
no qual a entidade faz um acom-
panhamento diário de preços. Sér-
gio Araújo, presidente da Abicom,
disse que a Petrobras está pratican-
do o que está previsto no preço de
paridade de importação (PPI), po-
lítica da estatal que busca alinhar
os preços domésticos aos do mer-
cado externo. A visão é a mesma do
consultor em gerenciamento de
risco da StoneX, Pedro Shinzato,
segundo o qual os preços da gaso-
lina no mercado externo encon-
tram-se abaixo do que se verificava
antes da guerra na Ucrânia, o que
justificaria a redução atual.
Há contas diferentes. Fontes
com conhecimento dos números
da empresa dizem que os preços
praticados pela Petrobras no país
estavam ainda cerca de 20% acima
do mercado externo na gasolina e,
depois da redução de 7,08% anun-
ciada ontem, ainda haveria espaço
para cortar as cotações em 13%.
Há quatro elementos considera-
dos para definir os preços dos
combustíveis no mercado domés-
tico: preço internacional, custo de
internação e distribuição, dólar e
volatilidade do preço. Fontes di-
zem que a empresa tem desconsi-
derado o elemento volatilidade e
feito as reduções de forma mais rá-
Então, para cada um ponto per-
centual no preço da gasolina há
um decréscimo de 0,06 ponto
percentual no índice. “Na bomba
[dos postos] a queda no preço de
gasolina deve ser de 4% em se-
tembro”, afirmou.
Mesmo que não ocorra um re-
cuo de cerca de 7% na gasolina
comprada pelo brasileiro nos
postos, afirmou, o ajuste anun-
ciado pela Petrobras vai conduzir
a um decréscimo de cerca de 0,24
ponto percentual no IPCA de se-
tembro — tendo em vista o forte
peso, do produto, na formação
do resultado do indicador.
O corte tem um impacto nega-
tivo de 0,2 pontos porcentuais
(p.p) e deve ajudar o IPCA de se-
tembro apontar deflação, nas
contas da ASA Investments.
Posto de combustível no Rio: apesar dos argumentos técnicos para a redução da gasolina, especialistas veem viés eleitoral na decisão
pida como no caso do diesel. A per-
gunta é o que a Petrobras fará se
houver uma reversão de expectati-
vas e os preços do petróleo e dos
derivados (diesel e gasolina) volta-
rem a subir no mercado interna-
cional a curto prazo.
Hoje o cenário internacional fa-
vorável, com as cotações do petró-
leo em queda, dá sustentação para
a Petrobras reduzir os preços do-
mésticos. A cotação do contrato do
petróleo tipo Brent (referência glo-
bal da commodity) para novembro
fechou ontem em queda de 3,06%,
a US$ 91,32 o barril, o menor nível
desde 10 de fevereiro. O câmbio
também tem ajudado nas contas
da Petrobras. Mas analistas dizem
que não há garantias de que os pre-
ços não voltarão a subir.
Enquanto isso não acontece, o
presidente Jair Bolsonaro, candi-
dato à reeleição, tem feito o que
pode para capitalizar a queda
dos combustíveis e transformar
o tema em votos. Várias das re-
duções de preços têm sido anun-
ciadas pela Petrobras às quintas-
Com isso, a estimativa da casa
para o indicador neste mês pas-
sou de 0,24% para -0,14%. Segun-
do o economista Leonardo Costa,
a nova projeção leva em conside-
ração também um impacto ne-
gativo de 0,23 ponto percentual
da desoneração da tarifa elétrica
e um acréscimo de 0,05 ponto do
grupo alimentação no domicílio.
Para outubro, a ASA acredita em
impacto negativo adicional de
0,15 ponto percentual sobre o
IPCA, bem como outros 4 pontos
subtraídos também pelo grupo
alimentação em domicílio. A ener-
gia elétrica, por sua vez, contribui
positivamente com 7 pontos. Com
isso, a estimativa para a inflação
para o mês que vem passou de
0,54% para 0,50%. Já em novembro,
a previsão foi de 0,37% para 0,38%.
feiras, a tempo de Bolsonaro co-
mentar o assunto nas suas lives,
feitas sempre às quintas. Em 4
de agosto, quinta-feira, a Petro-
bras cortou em 3,56% o preço do
diesel vendido nas refinarias.
Em 11 de agosto, quinta-feira, a
estatal reduziu o produto em
mais 4,07%.
Ao transformar os combustí-
veis em bandeira da reeleição,
Bolsonaro passou a antecipar as
oscilações nos preços da estatal,
o que coloca em dúvida a gover-
nança da empresa, na visão de es-
pecialistas. Na terça, Bolsonaro
antecipou que haveria a redução
anunciada ontem. Ele disse, em
ato de campanha, em Curitiba
(PR): “Hoje é quarta, acho que até
sexta vai ter uma boa notícia por-
que está sendo uma prática do
novo presidente da Petrobras”.
Caio Paes de Andrade, o novo
CEO da Petrobras, assumiu o car-
go em 28 de junho com o manda-
to do presidente de trabalhar pe-
la redução de preços, dizem fon-
tes. Os quatro cortes nos preços
Somadas todas essas revisões,
a estimativa para o IPCA em 2022
passou de 6,40% para 6,0%.
O J.P. Morgan revisou sua proje-
ção de inflação de 6,7% para 6,1%
no fim do ano em razão do corte.
A redução no preço do combustí-
vel retirou 0,3 ponto percentual
da estimativa do banco, mas “os
dados de alta frequência recebi-
dos, como as pesquisas diárias de
preços e os preços no atacado, já
sugeriam riscos baixistas para
nossas projeções de inflação de
curto prazo”, escrevem os econo-
mistas Vinicius Moreira e Cassia-
na Fernandez em relatório. Por
esse último motivo, a deflação
prevista pelo banco para agosto
passou de 0,25% para 0,32%.
Principalmente devido ao corte
na gasolina, mas também conside-
da gasolina aconteceram na ges-
tão de Andrade. O executivo assu-
miu a empresa em momento em
que os preços internacionais do
barril de petróleo vêm seguindo
em trajetória de queda, o que aju-
da na sua missão.
Ontem, em comunicado, a Pe-
trobras justificou a queda de pre-
ços da gasolina pelo desenrolar
do cenário internacional: “Essa
redução acompanha a evolução
dos preços de referência e é coe-
rente com a prática de preços da
Petrobras, que busca o equilíbrio
dos seus preços com o mercado,
mas sem o repasse para os preços
internos da volatilidade conjun-
tural das cotações internacionais
e da taxa de câmbio”.
O economista-chefe da Ativa In-
vestimentos, Étore Sanchez, disse
que a Petrobras poderia ter reduzi-
do ainda mais os preços da gasoli-
na, considerando que a diferença
entre os mercados doméstico e in-
ternacional era de R$ 0,30 por litro.
Os cálculos da XP Investimentos
indicam, por sua vez, que os preços
rando os menores preços de ali-
mentos e passagens aéreas, foram
revisadas também as projeções de
setembro (de 0,24% para -0,04%) e
outubro (de 0,58% para 0,38%).
Para 2023, a projeção foi manti-
da em 5,2%. “A lei orçamentária de
ontem não incluiu a reversão do
imposto federal sobre os preços da
gasolina, como esperávamos. De-
cidimos então retirar essa hipótese
do nosso cenário de inflação, o que
impacta principalmente o IPCA de
janeiro-fevereiro”, dizem Moreira
e Fernandez. Tudo o mais constan-
te, a manutenção desse corte de
impostos retiraria 0,5 ponto per-
centual da inflação do ano que
vem, segundo eles.
André Braz comentou ainda
que os mais pobres não vão sentir
esse recuo inflacionário. Isso por-
BRENNO CARVALHO/AGÊNCIA O GLOBO
da gasolina ainda teriam um “prê-
mio” de 1,5%, o que significa que o
preço médio de venda da Petro-
bras ainda estaria acima do verifi-
cado no mercado externo.
Carla Ferreira, pesquisadora
do Instituto de Estudos Estratégi-
cos de Petróleo (Ineep), destacou
que, desta vez, o corte nos preços
foi além da paridade, ao compa-
rar o preço da empresa com da-
dos da Agência Nacional do Pe-
tróleo (ANP). Ela ressaltou a vola-
tilidade do mercado, causada
por incertezas geopolíticas e
questões como isolamento em
cidades chinesas por causa do
contágio da covid-19.
André Vidal, analista de óleo e
gás da XP Investimentos, afir-
mou: “Temos visto a Petrobras
operar com um pouco mais de
prêmio no diesel do que na gaso-
lina, talvez para garantir o supri-
mento em face dos baixos esto-
ques do derivado no mundo”. O
diesel estaria, segundo cálculos
da XP, com preços 7,3% acima dos
praticados no exterior, destacou.
que esse ajuste não tem impacto
direto na cesta inflacionária dos
que têm menor poder aquisitivo,
mais focada em alimentos, gás de
cozinha e em transporte urbano.
Segundo ele, se fosse efetuada
queda de preço em diesel, o “efei-
to indireto” desse corte beneficia-
ria mais os de renda menor. Isso
porque o diesel mais barato abri-
ria espaço para frete menos caro,
visto que produtos de alimenta-
ção são transportados, no país
em sua maioria, por caminhões
que usam diesel. Com menor cus-
to logístico abriria-se margem
para preço menor, de alimentos
por exemplo, junto ao consumi-
dor final, avaliou. Ao mesmo tem-
po, diesel mais barato também
abriria espaço para possível tarifa
de transporte público menor.
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor A9

Brasil
Atividade econômica Atualize suas contas
Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
ago/22 jul/22 jun/22 mai/22 abr/22 mar/22 fev/22 jan/22 dez/21 nov/21 Em % Em R$
Indústria* Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
fev/21 0,0000 0,5000 0,1159 0,1348 0,13 0,3347 0,2076 0,2466 1,33 23,54 1.100,00
Produção física industrial (IBGE - %)
mar/21 0,0000 0,5000 0,1159 0,1835 0,20 0,3707 0,2060 0,2466 1,55 23,54 1.100,00
Total - - -0,4 0,3 0,2 0,6 0,7 -1,9 2,7 0,1
abr/21 0,0000 0,5000 0,1590 0,2404 0,21 0,3763 0,2312 0,2466 1,41 23,54 1.100,00
Indústria de transformação - - -0,3 0,9 0,0 0,8 0,4 -1,6 2,9 -0,2
mai/21 0,0000 0,5000 0,1590 0,2737 0,27 0,3888 0,2620 0,2466 2,23 23,54 1.100,00
Indústrias extrativas - - 1,9 -5,7 0,2 0,7 5,6 -5,4 1,1 3,9
jun/21 0,0000 0,5000 0,2019 0,2891 0,31 0,3763 0,2839 0,2466 3,00 23,54 1.100,00
Bens de capital - - 1,7 7,5 -8,0 8,7 2,1 -9,2 4,6 1,1
jul/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,3798 0,36 0,4111 0,2952 0,2466 0,96 23,54 1.100,00
Bens intermediários - - 1,3 -1,5 1,0 0,7 2,2 -1,9 1,2 0,2
Bens de consumo - - 1,0 0,3 2,7 -3,1 0,3 -1,5 4,0 0,7
ago/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,4248 0,43 0,4111 0,2992 0,2466 0,53 23,54 1.100,00
Faturamento real (CNI - %) - - 0,9 0,9 -0,2 1,0 -0,1 1,5 0,2 1,3 set/21 0,0000 0,5000 0,3012 0,4221 0,44 0,3978 0,3234 0,2466 0,70 23,54 1.100,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - - 0,0 1,7 -2,3 -0,3 1,4 0,2 1,1 1,2 out/21 0,0000 0,5000 0,3575 0,5046 0,49 0,4473 0,3483 0,2466 0,00 23,54 1.100,00
Comércio nov/21 0,0000 0,5000 0,4412 0,5927 0,59 0,4329 0,3771 0,2466 0,24 23,54 1.100,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - 0,2 0,4 1,0 7,3 2,4 2,3 0,0 1,2
dez/21 0,0488 0,5490 0,4902 0,7191 0,77 0,4473 0,4026 0,2955 0,22 23,54 1.100,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - -1,4 -0,4 0,6 1,2 1,3 2,3 -2,9 0,6 jan/22 0,0605 0,5608 0,5608 0,7609 0,73 0,5096 0,4146 0,3073 0,35 23,55 1.212,00
Consultas ao usecheque (ACSP - %) (1) ** - 97,2 114,1 424,1 44,2 109,3 14,6 18,2 50,6 21,2 fev/22 0,0000 0,5000 0,5000 0,7272 0,76 0,4601 0,4249 0,2466 0,18 23,55 1.212,00
Consultas ao sistema de proteção ao crédito (ACSP - %) (1) ** - -5,6 7,8 127,2 -29,0 45,0 -4,3 6,4 -13,3 -4,0 mar/22 0,0971 0,5976 0,5976 0,8678 0,93 0,5096 0,4265 0,3440 0,25 23,55 1.212,00
Mercado de trabalho abr/22 0,0555 0,5558 0,5558 0,8159 0,83 0,5513 0,4416 0,3023 0,71 23,59 1.212,00
mai/22 0,1663 0,6671 0,6671 0,9776 1,03 0,5697 0,4424 0,4133 4,13 23,59 1.212,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) - 9,1 9,3 9,8 10,5 11,1 11,2 11,2 11,1 11,6
jun/22 0,1484 0,6491 0,6491 0,9496 1,02 0,5513 0,4472 0,3954 2,22 23,59 1.212,00
Indicador Coincidente de Desemprego - (FGV/IBRE) (3)* - - - - - - - - - -
jul/22 0,1631 0,6639 0,6639 0,9844 1,03 0,5851 0,4456 0,4101 0,73 23,67 1.212,00
Emprego industrial (CNI - %)* - - 0,4 0,3 -0,1 -0,2 -0,1 0,3 0,3 0,3
ago/22 0,2409 0,7421 0,7421 1,0929 1,17 0,5851 0,4630 0,4881 -0,01 23,67 1.212,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (3)* - -0,8 1,0 1,4 4,5 -0,1 -1,4 -5,3 -1,2 -4,1
set/22 - - - - 1,07 0,5662 0,4670 - - 23,67 1.212,00
Balança comercial (US$ milhões)
2022 0,94 5,04 5,04 7,41 8,91 5,00 4,04 2,94 8,80 0,55 10,18
Exportações 30.840 29.952 32.833 29.731 29.018 29.420 23.511 19.796 24.357 20.473 Em 12 meses * 0,98 7,21 6,72 9,83 10,93 6,40 5,22 4,01 10,06 0,55 10,18
Importações 26.675 24.514 23.891 24.695 20.765 21.807 18.873 19.816 20.421 21.612 2021 0,05 6,22 2,99 4,40 4,42 4,87 3,50 3,05 14,00 0,00 5,26
Saldo 4.165 5.438 8.942 5.036 8.253 7.614 4.638 -20 3.936 -1.139
Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Fontes: IBGE, CNI, FGV, FIRJAN, ACSP, SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1) Na capital SP. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts. * Metodologia com ajuste sazonal. (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
** Variação em 12 meses. 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para setembro projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 2º Tri/22 1º Tri/22 2022 (1) 2021 2020 2019 Dívida líquida do setor público jul/22 jun/22 jul/21
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 2.404 2.249 9.126 8.679 7.468 7.389 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 502 431 1.762 1.609 1.448 1.873 ago/22 jul/22 2022 2021 12 meses ago/22 jul/22 dez/21 ago/21
Dívida líquida total 5.331,8 57,34 5.316,6 57,82 4.893,3 59,54
Taxa de Variação Real (%) 1,2 1,1 2,6 4,6 -3,9 1,2 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização 5,9 0,06 5,7 0,06 13,4 0,16
Agropecuária 0,5 -0,9 -5,5 -0,2 3,8 0,4 IPCA - -0,68 4,77 10,06 10,07 - 6.411,95 6.120,04 5.876,05
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -797,9 -8,58 -790,4 -8,59 -887,9 -10,80
Indústria 2,2 0,6 0,1 4,5 -3,4 -0,7 INPC - -0,60 4,98 10,16 10,12 - 6.645,74 6.330,59 6.087,84
Dívida fiscal líquida 6.123,7 65,86 6.101,2 66,35 5.767,9 70,18
Serviços 1,3 1,1 4,3 4,7 -4,3 1,5 IPCA-15 -0,73 0,13 5,02 10,42 9,60 6.293,78 6.340,06 5.992,99 5.742,67
Formação Bruta de Capital Fixo (%) 4,8 -3,0 3,5 17,2 -0,5 4,0 IPCA-E - - 5,65 10,42 12,04 - - 5.992,99 5.742,67 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 18,7 18,7 18,9 19,2 16,6 15,5 Dívida interna líquida 6.153,4 66,17 6.124,1 66,60 5.807,8 70,67
FGV
Fontes: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data Dívida externa líquida -821,6 -8,84 -807,5 -8,78 -914,5 -11,13
IGP-DI - -0,38 7,44 17,74 9,13 - 1.169,43 1.088,49 1.070,15
* Valores correntes. ** Banco Central. (1) 2º trim de 2022, nos últimos 12 meses
Núcleo do IPC-DI - 0,36 4,76 4,96 7,27 - - - - Divisão entre as esferas do governo
IPA-DI - -0,32 8,41 20,64 9,11 - 1.424,53 1.314,07 1.300,06 Governo Federal e Banco Central 4.451,4 47,87 4.438,4 48,27 3.941,7 47,96
IPA-Agro - 0,17 7,20 18,80 11,08 - 2.087,94 1.947,79 1.953,54 Governos Estaduais 771,2 8,29 769,4 8,37 810,8 9,87
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Ind. - -0,52 8,90 21,39 8,35 - 1.176,94 1.080,78 1.063,30 Governos Municipais 54,9 0,59 55,6 0,60 79,5 0,97
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPC-DI - -1,19 3,20 9,34 8,00 - 701,10 679,39 653,80 Empresas Estatais 54,3 0,58 53,2 0,58 61,3 0,75
INCC-DI - 0,86 8,46 13,85 11,59 - 1.043,76 962,32 939,70
Salário de Base de calculo Aliquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público jul/22 jun/22 jul/21
IGP-M -0,70 0,21 7,63 17,78 8,59 1.185,00 1.193,34 1.100,99 1.091,29
em R$ em % IR - em R$ Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1) IPA-M -0,71 0,21 8,70 20,57 8,65 1.459,46 1.469,85 1.342,67 1.343,22
Até 1.212,00 7,50 Até 1.903,98 - - IPC-M -1,18 -0,28 2,75 9,32 6,93 682,61 690,75 664,32 638,36 Total nominal 355,9 3,83 388,8 4,23 558,2 6,79
De 1.212,01 a 2.427,35 9,00 De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 INCC-M 0,33 1,16 8,80 14,03 11,40 1.045,47 1.042,03 960,89 938,48 Governo Federal** 387,2 4,16 429,1 4,67 649,6 7,90
De 2.427,36 até 3.641,03 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80 IGP-10 -0,69 0,60 8,43 17,30 8,82 1.211,82 1.220,20 1.117,64 1.113,60 Banco Central 26,7 0,29 28,0 0,30 -55,0 -0,67
De 3.641,04 até 7.087,22 14,00 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 IPA-10 -0,65 0,57 9,67 19,72 8,85 1.503,51 1.513,31 1.370,95 1.381,23 Governo regional -57,8 -0,62 -67,7 -0,74 -39,6 -0,48
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 IPC-10 -1,56 0,42 3,07 9,63 7,32 688,05 698,93 667,53 641,14 Total primário -230,6 -2,48 -199,8 -2,17 234,7 2,86
Fonte: Previdência Social. Elaboração: Valor Data *Competên- INCC-10 0,74 1,26 8,96 14,20 11,65 1.033,03 1.025,40 948,04 925,22 Governo Federal -350,9 -3,77 -331,5 -3,60 72,9 0,89
Fonte: Secretaria da Receita Federal
cia ago/22. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de Elaboração: Valor Data Banco Central 0,5 0,01 0,4 0,00 0,5 0,01
FIPE
recolhimento ao INSS Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Governo regional -115,6 -1,24 -121,2 -1,32 -75,0 -0,91
IPC - 0,16 5,52 9,73 10,73 - 643,66 610,00 589,62
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras.
DIEESE
ICV* - - - - 3,07 - - - -
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 2º trimestre = 3,04%, IGP-M 2ª prévia ago/22 = -0,57% e IPC-FIPE = 3ª quadrissemana ago/22 = -0,05%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE, FIPE e DIEESE. Elaboração: Valor Data *Índice em 2020 até fevereiro Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de julho*
Discriminação Janeiro-julho Var. julho Var.
Discriminação Janeiro-julho Var. julho Var.
2022 2021 % 2022 2021 % Imposto de Renda Pessoa Física 2022 2021 % 2022 2021 %
Receita Federal
Imposto de renda total 422,4 329,9 28,05 64,6 51,6 25,22
Pagamento das quotas - 2022 Receita total 1.383,5 1.201,6 15,13 200,0 184,0 8,66
Receita Adm. Pela RFB** 840,4 763,2 10,12 119,9 114,4 4,81
Imposto de renda pessoa física 36,4 34,0 6,96 4,6 5,1 -9,61 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 292,9 273,2 7,22 42,7 41,5 2,90
Imposto de renda pessoa jurídica 199,3 151,7 31,36 35,4 27,2 30,08 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 250,2 165,4 51,32 37,4 28,2 32,49
Imposto de renda retido na fonte 186,8 144,2 29,56 24,6 19,3 27,57 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
Transferências a Estados e Municípios 267,7 220,9 21,17 37,2 30,9 20,51
Imposto sobre produtos industrializados 37,8 41,2 -8,16 5,3 5,8 -8,58 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
Receita líquida total 1.115,7 980,7 13,77 162,8 153,2 6,27
Imposto sobre operações financeiras 33,4 24,7 35,44 5,2 4,3 20,42 1ª ou única 31/05/2022 - Campo 7 Despesa Total 1.040,1 1.060,5 -1,92 143,5 174,7 -17,86
Imposto de importação 33,2 35,5 -6,56 4,9 4,8 2,37 2ª 30/06/2022 1,00% Benefícios Precidenciários 482,1 491,1 -1,84 61,4 81,4 -24,53
Cide-combustíveis 1,4 0,7 88,02 0,1 0,0 276,28 3ª 29/07/2022 2,02% + Pessoal e Encargos Sociais 188,9 214,0 -11,75 32,5 36,0 -9,70
Contribuição para Finsocial (Cofins) 183,0 157,4 16,27 26,3 25,0 5,22 4ª 31/08/2022 Valor da declaração 3,05% Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 167,3 211,4 -20,83 20,0 34,7 -42,43
CSLL 105,6 75,7 39,38 17,8 13,9 27,85 5ª 30/09/2022 4,22% Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 201,8 143,9 40,21 29,6 22,6 31,00
PIS/Pasep 51,2 44,3 15,53 7,3 6,7 8,29 Resul. Primário do Gov. Central (1) 75,6 -79,8 -194,77 19,3 -21,5 -189,87
6ª 31/10/2022 - +
Outras receitas 424,2 343,8 23,40 71,1 59,2 20,21 Discriminação mai/22 abr/22 mai/21
7ª 30/11/2022 - Campo 9
Total 1.292,1 1.053,2 22,69 202,6 171,3 18,27 Valor Var. % Valor Var. % Valor Var. %
8ª 30/12/2022 -
jun/22 mai/22 jun/21
Pagamento com atraso Ajustes metodológicos -0,5 10,71 -0,4 4,68 -0,3 -19,26
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Discrepância estatística -0,2 - 1,2 - 0,3 -
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 59,4 1,21 58,7 -1,88 51,7 3,75 Result. Primário do Gov. Central (2) -40,0 - 29,8 - -23,4 -
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
jun/22 mai/22 jun/21 de junho/22 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Juros Noniminais -27,5 -62,81 -74,0 191,13 -20,8 -
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data. Result. Nominal do Gov. Central -67,5 52,70 -44,2 32,53 -44,2 -
INSS 41,1 -2,30 42,0 5,79 34,1 1,20 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre o mês anterior Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** Somando Incentivos fiscais (1) Acima da linha. (2) Abaixo da linha

Depois do sucesso das últimas edições, o Prêmio Casa e Jardim Conheça os vencedores nas nossas
chega ao seu quarto ano. A premiação realizada por Casa e redes socias a partir de
Jardim, a maior plataforma de conteúdos sobre decoração,
arquitetura e paisagismo do país, vai homenagear os melhores
trabalhos e profissionais da área. 27 de setembro
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A10 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Política
Congresso Plataforma criada como condição para liberar emendas de relator tem pouca transparência
Sistema para vigiar Orçamento secreto é falho
Luísa Martins
De Brasília
Criada por determinação do
Supremo Tribunal Federal (STF)
como condição para liberar a
execução das emendas de relator
(RP-9), a plataforma virtual que
prometia esmiuçar os detalhes
do Orçamento secreto ainda tem
mecanismos insuficientes de
transparência, cinco meses de-
pois de entrar no ar.
Além de apresentar proble-
mas técnicos, como o funciona-
mento instável a depender do
navegador utilizado, o Sistema
de Indicação Orçamentária (Sin-
dorc) do Congresso Nacional
traz uma série de outras falhas —
a principal delas é a brecha
para camuflar a identidade de
Relator diz que LOA
só deve tramitar
depois da eleição
Vandson Lima e Renan Truffi
De Brasília
Relator do Projeto de Lei Orça-
mentária Anual (Ploa) de 2023,
senador Marcelo Castro (MDB-
PI), criticou duramente o gover-
no Jair Bolsonaro (PL), nesta
quinta-feira, por prometer na
campanha eleitoral a continui-
dade do pagamento do Auxílio
Brasil de R$ 600 no ano que vem,
mas não fazer qualquer previsão
neste sentido na peça orçamen-
tária enviada ao Congresso Na-
cional pela equipe econômica.
Aliado de longa data do ex-
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), adversário de Bolsona-
ro na corrida eleitoral, Castro dis-
se que não irá discutir nenhum
aspecto do Orçamento neste mo-
mento. Pelo contrário, a ideia de-
le é aguardar a definição das elei-
ções presidenciais para, então,
sentar com integrantes de um
possível novo governo.
“Bolsonaro está fazendo dis-
curso de candidato, diz que vai
manter os R$ 600 para o Auxilio
Brasil, mas não propõe isso. Bol-
sonaro é o presidente da Repú-
blica. Não cabe fazer discurso de
prometer porque ele tem o poder
de propor. Ele poderia propor so-
luções orçamentárias e jurídi-
Metade das despesas da Saúde vem de emendas de relator Guedes diz que auxílio ‘será
Estevão Taiar
De Brasília Distribuição
Mais da metade das despesas
com custeio e investimento do Mi-
nistério da Saúde previstas para o
ano que vem são de emendas de
relator. Esse instrumento, que fi-
cou conhecido como Orçamento
secreto, é criticado por diversos es-
pecialistas em contas públicas por
seu baixo grau de transparência.
De acordo com o Projeto de Lei
Orçamentária Anual (Ploa ) de
2023, divulgado na quarta-feira,
os gastos discricionários reserva-
dos para o Ministério da Saúde es-
tão em R$ 20,2 bilhões, dos quais
R$ 10,4 bilhões são de emendas
de relator, ou RP9. Dentro das
despesas discricionárias, estão os
gastos com custeio da máquina
pública e investimentos.
A Constituição exige que meta-
de das emendas parlamentares
sejam direcionadas para a área de
saúde, como lembrou o secretá-
rio especial de Tesouro e Orça-
mento, Esteves Colnago, na entre-
vista coletiva concedida na quar-
ta-feira para detalhar o Ploa.
“[Mas] buscamos também ter o
cuidado de alocar as emendas de
quem solicitou as emendas.
Em quase todas as listas de in-
dicações de emendas — disponi-
bilizadas pela Comissão Mista de
Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização (CMO) com base em
dados do Sindorc — há casos de
requerentes classificados como
“usuário externo”. No caso mais
inusitado, o autor é um mero e
genérico “assinante”.
Ao habilitar “usuários exter-
nos” a solicitar emendas, o siste-
ma abre margem para que um
deputado ou senador possa dri-
blar as regras e omitir seu nome
— basta terceirizar o momento
do cadastro para alguém sem
cargo no Poder Legislativo, que
atuaria como um “laranja”.
A plataforma também não
permite ao eleitor, por exemplo,
cas”, afirmou. Para nós, foi uma
surpresa o governo não ter pro-
posto o reajuste de R$ 200 no Au-
xílio Brasil. O Orçamento deve fi-
car parado até as eleições. Após a
eleição é que a nova equipe eco-
nômica vai sentar com o relator”,
complementou.
A contradição de Bolsonaro
em prometer um auxílio de R$
600 mensais em 2023, mas não
oferecer nenhuma solução para
isto no Orçamento vem sendo ex-
plorada, inclusive, pelo candida-
to do PT nas peças eleitorais em
rádio e televisão e também nos
debates políticos entre os candi-
datos. Na avaliação do relator,
hoje não há espaço fiscal dentro
do teto de gastos que permita a
manutenção dos R$ 600 em 2023,
se for levado em conta a LOA en-
caminhada pelo Executivo.
Uma das soluções possíveis, diz
ele, seria retirar o excedente de
aproximadamente R$ 50 bilhões,
montante que poderia viabilizar
o incremento do Auxílio Brasil,
do chamado teto de gastos. Ape-
sar disso, Marcelo Castro disse
que esse tipo de solução precisa
partir do próprio governo.
“Se não tem espaço fiscal, o go-
verno tem que propor uma solu-
ção, como tirar do teto, por exem-
plo. Com o teto, hoje não tem es-
garantido pela política’
Emendas de relator por ministério - R$ bilhões
Saúde
Economia
Desenvolvimento Regional
Cidadania
Educação
Turismo
Infraestrutura
Comunicações
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
0 2
Fonte: Ministério da Economia
relator onde elas normalmente
são usadas”, disse. “Obviamente o
Congresso terá liberdade para mo-
vimentar e aprovar o Orçamento.”
Para Adriano Massuda, pro-
fessor da Escola de Administra-
ção de Empresas de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas (FGV
Eaesp), a importância que as
emendas parlamentares ganha-
ram no financiamento da saúde
pública é algo “desastroso”. Isso
porque esses recursos são usa-
dos “de maneira absolutamente
irracional, sem seguir protoco-
los ou critérios técnicos”. Massu-
pesquisar pelo nome do parla-
mentar em quem votou, atrapa-
lhando a fiscalização do manda-
to. Outra dificuldade diz respeito
à exportação das planilhas: os
dados “picotados” dificultam a
análise global das indicações.
A maior parte desses proble-
mas já foi relatada à vice-presi-
dente do STF, ministra Rosa We-
ber. Ela foi a relatora do julga-
mento que liberou a execução
das emendas, desde que o Con-
gresso implementasse uma pla-
taforma centralizada de acesso
público” capaz de dar “ampla pu-
blicidade” às informações.
Um dos alertas foi feito pela
deputada federal Adriana Ventu-
ra (Novo-SP). Em documento en-
viado à Corte no fim de maio, a
parlamentar disse não ter indica-
Castro: emedebista diz que Bolsonaro fez promessa eleitoreira e quer discutir proposta de lei orçamentária apenas com a equipe econômica do futuro governo
paço orçamentário para propor
isso, aumento de R$ 200 no Auxi-
lio Brasil. Nós [do Congresso] já
encontramos uma solução para
garantir o pagamento de R$ 600
este ano, temos que encontrar
uma solução para o ano que vem,
mas isso tem que ser proposto pe-
los candidatos”, afirmou.
Castro apontou que trabalha-
rá por uma mudança que terá
grande impacto nas contas do
próximo governo, seja Lula, Bol-
sonaro ou outro: equiparar o
10,4
3,5
1,5
1,4
1
0,7
0,5
0,2
0,08
4 6 8 10
da relata um caso presenciado
por ele em que uma Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) rece-
beu três máquinas de raio-x por
meio de emenda. A situação é
ainda mais grave pelo fato de o
Sistema Único de Saúde (SUS)
“já estar subfinanciado”.
Já Francisco Funcia, vice-presi-
dente da Associação Brasileira de
Economia da Saúde, afirma que as
despesas com atenção básica e ca-
sos de média e alta complexidade
previstas no Ploa 2023 estão em
patamar menor do que neste ano.
“Esses recursos possivelmente
do emendas e aproveitou para
criticar o atual sistema: “As medi-
das tomadas pelo Congresso,
mesmo que importantes, não
avançaram o suficiente para a
completa transparência das
emendas de relator.”
Mais recentemente, há pouco
mais de um mês, o diretório na-
cional do Novo acionou nova-
mente o Supremo para informar
que, apesar da determinação ju-
dicial, um terço dos parlamenta-
res ainda não havia prestado es-
clarecimentos sobre a indicação
ou não de emendas entre os anos
de 2020 e 2021.
Embora essas manifestações
tenham sido oficialmente anexa-
das aos autos do processo, Rosa
não despacha no caso há mais de
cinco meses. Seu último ato foi
reajuste dos servidores do Poder
Executivo federal ao que está
sendo requisitado aos servidores
do Poder Judiciário. A proposta
de Orçamento prevê, ao custo de
R$ 11,6 bilhões, um aumento li-
near de 4,85% para todos os ser-
vidores do Executivo, enquanto
o Supremo Tribunal Federal
(STF) aprovou um reajuste sala-
rial de 18% para todos os servi-
dores e magistrados da Justiça,
dividido em quatro parcelas,
nos quais 9% ocorreriam em
foram reduzidos para abrir espaço
para emendas”, afirma. “O proble-
ma é que não há aderência entre as
emendas e o planejamento do SUS
[nacional], do SUS dos Estados e
municípios que receberão esses re-
cursos ou as diretrizes estabeleci-
das pela Conferência Nacional de
Saúde ”, diz, afirmando que “tal si-
tuação desrespeita” a Lei Comple-
mentar 141/2012, que trata do fi-
nanciamento público do setor.
Ao todo, o Orçamento do ano
que vem prevê R$ 19,4 bilhões em
12
emendas de relator. Isso porque a
Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) de 2023, espécie de prévia
do Orçamento oficial, estabeleceu
a necessidade de as emendas de re-
lator equivalerem à soma das
emendas individuais (R$ 11,7 bi-
lhões) e de bancada (R$ 7,7 bi-
lhões). O Ministério da Saúde apa-
rece com folga entre as pastas co-
mo principal destino das RP9. O se-
gundo colocado é o Ministério da
Economia, com R$ 3,5 bilhões des-
tinados ao reajuste de pessoal.
Já o total de emendas parla-
mentares previsto para o ano que
vem ficou em R$ 38,8 bilhões, um
crescimento de R$ 3,1 bilhões em
relação a 2022.
em março, quando negou um pe-
dido do Senado Federal para
prorrogar o prazo de implemen-
tação das medidas de transpa-
rência. Procurado, o STF afirmou
que a ministra não comenta pro-
cessos em andamento, nem fala
fora dos autos.
Até o momento, o presidente
do Senado Federal, Rodrigo Pa-
checo (PSD-MG), enviou ao tribu-
nal informações relativas a 360
deputados (de um total de 513) e
69 senadores (ao todo, são 81).
Os ofícios, contudo, não obede-
cem a qualquer padrão. Cada ga-
binete o elaborou da forma que
entendeu mais conveniente. O
resultado: alguns encaminha-
ram apenas a lista de indicações,
sem a soma total dos valores in-
dicados, enquanto outros apre-
2023 (duas parcelas) e outros 9%
(duas parcelas) em 2024.
Em toda a gestão do presiden-
te Jair Bolsonaro (PL), não foi
concedido reajuste à maior parte
dos servidores públicos. Segun-
do Castro, as perdas da categoria
desde 2017 já estão na casa de
30%. “O reajuste dos servidores é
o grande problema que vamos
enfrentar. Nosso objetivo é fazer
um estudo para que servidor do
Executivo tenha reajuste próxi-
mo ao do Judiciário”, apontou.
Paula Martini
Do Rio
Um dia após o envio da pro-
posta orçamentária para 2023, o
ministro da Economia, Paulo
Guedes, afirmou que o auxílio
Brasil de R$ 600 está garantido
para o ano que vem. A proposta
orçamentária apresentada nesta
quinta-feira ao Congresso prevê
um valor médio de R$ 400 para o
programa, principal aposta do
governo Jair Bolsonaro (PL) na
campanha à reeleição.
No Rio de Janeiro, Paulo Guedes
afirmou que o valor de R$ 600,
aprovado através de emenda cons-
titucional às vésperas da eleição,
não aparece no orçamento do Exe-
cutivo devido a restrições impostas
pela LeideResponsabilidadeFiscal.
Questionado pelo Valor sobre o
que, então, garantiria o pagamen-
to prometido pelo governo, o mi-
nistro respondeu que é a “política”.
“O que garante é isso que eu
estou dizendo, é a política. É a de-
cisão política”, disse.
Guedes elencou uma série de
sentaram apenas o código das
emendas. Segundo o Novo, são
“formatos inconvenientes que
obscurecem a informação”.
Para o secretário-geral da As-
sociação Contas Abertas, Gil Cas-
tello Branco, as falhas no sistema
demonstram que o “orçamento
secreto” ainda é “opaco”, além de
não resolver as discrepâncias so-
cioeconômicas. “Qualquer estu-
dante de primeiro ano de cursos
de informática seria capaz de
construir, com rapidez, um siste-
ma de melhor qualidade. A ques-
tão é que não há intenção de da-
rem transparência”, disse.
Ao Valor, Pacheco afirmou, em
nota, que “o sistema atual está
em processo de aperfeiçoamen-
to, conforme a necessidade de
obtenção de informação”.
ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO
Para Castro, há uma evidente
distorção na diferença de reajus-
te proposto entre as categorias.
“Os servidores do Judiciário terão
reajuste de 9% ano que vem, en-
quanto os do Executivo terão só a
metade disso [de acordo com a
proposta]. No mínimo, temos
que fazer uma coisa equitativa
para o servidor federal. Se fosse
para privilegiar aqui, o servidor
federal é que deveria receber rea-
juste de 9%. Cabe a nós equilibrar
isso”, apontou.
alternativas para manter o paga-
mento no patamar atual, como
decretar estado de calamidade e
taxar imposto de renda sobre lu-
cros e dividendo. Segundo o mi-
nistro, a receita oriunda de um
imposto sobre lucros e dividen-
dos, apresentado pelo governo e
aprovado pela Câmara, gerariam
cerca de R$ 69 bilhões ao ano.
“Por exemplo, tem uma solu-
ção temporária. Se a Guerra da
Ucrânia continua, você prorroga
o estado de calamidade e conti-
nua com os R$ 600, disse.
“Ah, mas acabou a guerra e nós
precisamos de solução estrutural
e permanente. Ora, a Câmara já
aprovou o imposto sobre lucros e
dividendos, isso daria R$ 69 mi-
lhões. Ou seja, dá perfeitamente
para fazer reajuste de tabela de
Imposto de Renda, de R$ 17 mi-
lhões, mais os R$ 52 milhões do
auxílio”, completou.
O ministro destacou, no entan-
to, que não trabalha com valor su-
perior aos R$ 600 prometidos para
o benefício em função da Lei de
Responsabilidade Fiscal.
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Política
Poderes Governo do Distrito Federal avalia que
ambiente está menos tenso do que no ano passado
Esplanada ficará
fechada para
caminhões no 7/9
Isadora Peron e Matheus Schuch
De Brasília
O governo do Distrito Federal
prepara um forte esquema de
segurança para garantir que as
manifestações do feriado de 7
de setembro ocorram de forma
pacífica na capital federal. Na
avaliação do secretário de Segu-
rança Pública, Júlio Danilo, o
ambiente está mais “distensio-
nado” do que no ano passado,
quando o prédio do Supremo
Tribunal Federal (STF) quase foi
invadido por apoiadores do pre-
sidente Jair Bolsonaro (PL).
Neste ano, além das manifesta-
ções a favor da reeleição do presi-
dente, também haverá o desfile
militar, que deve atrair uma série
de autoridades para as arquiban-
cadas montadas na Esplanada
dos Ministérios. Além de Bolso-
naro, o presidente do STF, Luiz
Fux, também avalia participar.
Uma das principais diferenças
em relação ao feriado de 2021 é
Caráter eleitoral deve marcar data em São Paulo
Cristiane Agostine
De São Paulo
O 7 de setembro em São Paulo,
além da comemoração do bicen-
tenário da Independência, deve
ganhar um caráter eleitoral. Os
apoiadores de Jair Bolsonaro (PL)
pretendem fazer um ato na capi-
tal em apoio ao presidente, com
a presença de políticos em carros
de som, e uma motociata.
As convocatórias dos bolsona-
ristas no WhatsApp e Telegram
explodiram nas últimas sema-
nas, de acordo com um levanta-
mento de pesquisadores da
UFMG do projeto “Eleições em
Fake”. As mensagens mais divul-
gadas trazem críticas ao Supre-
mo Tribunal Federal (STF), ata-
cam o presidente do Tribunal Su-
perior Eleitoral (TSE), Alexandre
de Moraes, classificado como
“imperador” e “xerife togado”, e
fazem um ultimato aos apoiado-
res de Bolsonaro, dizendo que é
preciso ir às ruas defendê-lo.
As mensagens trazem teorias
Deputados da Amazônia votam
contra pauta socioambiental
Mariana Ribeiro, Daniela
Chiaretti e César Felício
De São Paulo
Metade dos deputados federais
dos nove Estados da Amazônia Le-
gal votaram contra pautas so-
cioambientais no Congresso. Do
total de 91 deputados federais da
região, de 23 partidos políticos, 46
votaram contra medidas de prote-
ção ao meio ambiente e de desen-
volvimento sustentável.
Depois da janela partidária —
entre 3 de março e 1 o de abril, pe-
ríodo em que parlamentares mu-
daram de partido mirando as
eleições de 2022 —, o MDB e o PL
se tornaram os partidos com
maior representação nos Estados
da Amazônia. O MDB ficou com
14 deputados e o PL com 13.
O dado é de um levantamento
da Rede de Ação Política pela Sus-
tentabilidade (Raps), em parceria
com o movimento Uma Concerta-
ção Pela Amazônia. Os resultados
da análise foram divulgados on-
tem na “Live” do Valor com a cien-
tista política Mônica Sodré, direto-
ra executiva da Raps. “Queríamos
entender como se comporta a ban-
que caminhões não poderão
nem sequer chegar perto da Pra-
ça dos Três Poderes este ano. As
rodovias já estão sendo monito-
radas e os caminhoneiros que
quiserem participar dos atos vão
ser orientados a estacionar em
locais específicos.
Outra diferença é que a Espla-
nada será fechada a partir das
17h do dia 6 de setembro. No
ano passado, foi na noite ante-
rior ao feriado que a situação
quase saiu do controle. Faltou
pouco para os manifestantes al-
cançarem o prédio do Supremo.
Também serão montados li-
nhas de revista em vários pontos
de acesso à Esplanada. Por se tra-
tar de um evento com a presença
do presidente da República, o es-
paço aéreo será fechado, inclusive
para drones, e haverá a presença
de “snipers”, isto é, atiradores de
elite em pontos de observação.
“No ano passado, tinha muita
movimentação do lado de fora
[do STF], de gente buzinando,
da conspiração e “fake news”, co-
mo a ideia de que o PT teria um
acordo com Alexandre de Mo-
raes para impugnar a candidatu-
ra de Bolsonaro. Os pesquisado-
res Philipe Melo, Daniel Kansaon,
Vitor Mafra e Fabrício Benevenu-
to analisaram mensagens entre 2
de junho e 25 de agosto, em mais
de 1 mil grupos do WhatsApp e
de 200 grupos e canais de conver-
sa do Telegram de todo o país. A
maior quantidade de mensagens
vem de São Paulo.
Nos convites para o ato, bolso-
naristas lembram que o presi-
dente fez convocatórias para
transformar as festividades em
demonstrações de apoio popular
à sua candidatura.
Entre os organizadores em São
Paulo estão candidatos como To-
mé Abduch (Republicanos), do
Movimento Nas Ruas. O candida-
to do Republicanos ao governo
paulista, Tarcísio de Freitas, o de-
putado federal Eduardo Bolso-
naro (PL-SP), além de políticos da
“bancada da bala” e policiais que
cada da Amazônia Legal, se é que
se pode chamar de bancada, per-
cebendo que entendíamos pouco
da equação política nesses territó-
rios”, disse Mônica.
O estudo, que considerou co-
mo votaram os 91 deputados da
região, conclui que 46 deles vota-
ram contra pautas socioambien-
tais. “Considerando o cenário da
eleição presidencial, a coligação
que compõe a base de apoio ao
presidente Jair Bolsonaro tem 30
desses 91 parlamentares contra
21 do ex-presidente e candidato
Luiz Inácio Lula da Silva”. Mônica
Sodré concluiu: “O resumo dessa
conversa é que o presidente Bol-
sonaro conta com mais apoio do
que seus adversários na Amazô-
nia Legal. E esse apoio vem de
partidos que não estão compro-
metidos com a floresta em pé”.
A cientista política lembrou que
a base de apoio de Bolsonaro hoje,
no pós janela partidária, cresceu
no Congresso e chega a 40% na Câ-
mara dos Deputados. A base de
apoio ao presidente Lula, contudo,
diminuiu, e hoje é de cerca de 20%.
Para Mônica Sodré há risco de
o Congresso Nacional aprovar
querendo jogar os carros, gritan-
do ‘vamos invadir o Supremo’. Eu
acho que agora está mais disten-
sionado. Nós vamos estar prepa-
rados para garantir a segurança
dos Poderes de República, seja o
Judiciário, o Legislativo ou o Exe-
cutivo”, diz Júlio Danilo.
Apesar da avaliação mais oti-
mista, o secretário afirma que to-
do efetivo de policiais do DF esta-
rá de sobreaviso. “Na segurança
pública, você sempre tem que es-
tar preparado para o pior cená-
rio, mas a gente espera de que as
coisas saiam bem.”
Segundo Júlio Danilo, o plane-
jamento para o feriado foi traça-
do de maneira conjunta com di-
versos órgãos, como o Ministério
da Defesa e o Gabinete de Segu-
rança Institucional (GSI) da Pre-
sidência, além das áreas de segu-
rança do Congresso, STF e do Tri-
bunal Superior Eleitoral (TSE).
Após dois anos sem desfile mili-
tar por conta da pandemia, a estru-
tura que será montada na Esplana-
disputarão as eleições são espe-
rados para discursar.
A Secretaria de Segurança de
São Paulo diz que está monito-
rando a organização do ato, mas
a avaliação é que o clima é dife-
rente do que foi em 2021, quan-
do havia o temor da participação
de policiais armados. No 7 de se-
tembro de 2021, Bolsonaro este-
ve na manifestação e fez um dis-
curso com ataques ao STF e a Mo-
raes, a quem chamou de canalha.
Neste ano, não há previsão de
Bolsonaro ir a São Paulo. O presi-
dente deve ir a uma parada mili-
tar em Brasília e seguirá para o
Rio de Janeiro, a um ato em apoio
à reeleição. Nas redes sociais, po-
líticos e pastores como Silas Ma-
lafaia anunciam críticas ao STF.
Em São Paulo, candidatos à re-
eleição têm adotado um tom
cauteloso e evitado críticas ao Su-
premo e a Moraes. O deputado
estadual Major Mecca (PL) diz
que o “espírito” do evento não se-
rá de “apoio a golpe”, mas sim em
defesa de um “Brasil livre e me-
ainda este ano projetos que re-
presentam retrocessos na agen-
da socioambiental, como o de-
creto legislativo, em discussão na
Câmara, que prevê a retirada do
Brasil da Convenção 169, da OIT,
que diz que povos originários
precisam ser consultados sempre
que houver atividade em suas
terras. “Retirar o Brasil dessa con-
venção é um retrocesso e há o ris-
co de ser aprovado ainda este
ano”, diz ela. No Senado, há ainda
os projetos de regularização fun-
diária (PL 510) e o de licencia-
mento ambiental. “São três pro-
jetos que precisamos ficar de
olho”, disse a cientista política.
Ela acredita que, mesmo que
aconteça uma vitória da esquer-
da na eleição presidencial, o no-
vo Congresso tende a ser mais
conservador do que a atual legis-
latura. Será um Congresso com
força significativa de partidos co-
mo PL, PP e Republicanos, com
menos de 12 partidos efetivos
(conceito que considera as le-
gendas com peso dentro do Le-
gislativo), com mais recursos à
sua disposição e mais protago-
nista do que em anos anteriores.
Júlio Danilo: “vamos estar preparados para garantir a segurança dos Poderes, seja o Judiciário, Legislativo ou Executivo
da pelo governo será maior do que
a utilizada em edições anteriores.
Segundo o Palácio do Planalto,
também em função do bicentená-
rio da Independência, espera-se
um público maior. As arquibanca-
das terão de 28 mil e 30 mil luga-
res, o que significa entre 15% e 20%
a mais que nas últimas edições.
O público além desta capaci-
lhor”. “A democracia está conso-
lidada e o presidente foi eleito
pelo voto eletrônico. Não preci-
samos dessa conversa de golpe.”
O deputado estadual Coronel
Telhada (PP-SP) afirma que o ato
deverá ter a presença de policias,
mas que não deverão estar iden-
tificados. “Se até bandido partici-
pa, por que policial não pode?”,
diz o parlamentar, que participa-
rá da motociata. Um dos organi-
zadores de caravanas de policiais
em 2021, Coronel Tadeu (PL-SP)
diz que é “impossível” o ato “não
ter caráter eleitoral”.
A esquerda optou por não
competir pelo mesmo local da
realização do ato com os apoia-
dores de Bolsonaro em São Pau-
lo, como fez em 2021, e não fará
manifestação com caráter eleito-
ral na capital no 7 de setembro,
para evitar eventuais confrontos
com bolsonaristas e compara-
ção de público.
Movimentos populares e cen-
trais sindicais como o MST, Cen-
tral de Movimentos Populares
Mônica Sodré: “Queríamos entender como se comporta a bancada da Amazônia Legal, se é que se pode chamar de bancada”
“Nossa avaliação é que existe
uma mudança na relação de forças
entre Executivo e Legislativo nos
últimos anos”, disse, destacando o
maior poder do Congresso sobre o
Orçamento, por exemplo.
As questões socioambientais
precisam ganhar protagonismo
na corrida eleitoral, disse Mônica,
observando que as campanhas
“ainda não chegaram lá.” Para a
cientista política, temas ligados à
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
dade ficará no canteiro central
da Esplanada. Em algumas par-
tes da estrutura metálica, haverá
recuos para facilitar a visualiza-
ção dos espectadores que estive-
rem em pé. Também serão insta-
lados telões no gramado.
O Valor apurou que a TV Brasil
transmitirá o evento ao vivo, às 9h.
A emissora pública também exibi-
(CMP), CUT e Força Sindical par-
ticiparão do ato do Grito dos Ex-
cluídos e Excluídas, liderado pe-
la igreja católica e que está em
sua 28 edição. A manifestação
será pela manhã, horas antes do
evento organizado por apoiado-
res de Bolsonaro, e em local dis-
tante a cerca de 3,5 km. Não está
prevista a participação de candi-
datos ao Executivo.
“Avaliamos que não vale a pe-
na ficar fazendo embates com o
bolsonarismo”, diz Raimundo
Bonfim, da CMP. Dirigente da
Força Sindical, João Carlos Gon-
çalves, o Juruna, reforça: “Não
vamos fazer uma manifestação
no dia 7. Não queremos ficar
com a pecha de disputa de pú-
blico com eles.”
Apoiadores do candidato do
PT à Presidência, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, e do
candidato do PT ao governo
paulista, o ex-prefeito Fernando
Haddad, devem fazer um ato no
dia 10, na capital.
As comemorações dos 200
sustentabilidade ainda são vistos
como de esquerda. “É preciso su-
perar essa visão”, registrou.
O “desmonte” recente verifica-
do na política ambiental “é tam-
bém consequência do ataque à
democracia”, em sua visão. O
país, disse Mônica Sodré, vive um
momento delicado frente a uma
nova onda de autocratização.
“Essa onda é mais lenta que as
anteriores e preserva algum ar de
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Valor A11
WENDERSON ARAÚJO/VALOR
rá o ato cívico-militar previsto para
as 15h, no Forte de Copacabana,
com a presença de integrantes do
Exército, Marinha e Aeronáutica.
Bolsonaro comparecerá aos
dois eventos. Nas últimas sema-
nas, o presidente tem estimulado
a população a vestir verde e ama-
relo e ir às ruas. Ele também deve-
rá ir a um comício no Rio.
anos da Independência devem
acontecer no entorno do Museu
Paulista, conhecido como Mu-
seu do Ipiranga. Está programa-
do um desfile cívico-militar em
uma avenida próxima ao museu
e a encenação do grito de Dom
Pedro I, no Parque da Indepen-
dência, no Ipiranga.
O museu deve ser reaberto no
dia 6, um dia antes das come-
morações da Independência, pa-
ra evitar que eventuais manifes-
tações políticas prejudiquem a
reinauguração. O governo pau-
lista, comandado por Rodrigo
Garcia (PSDB), candidato à ree-
leição, diz ter a preocupação de
não politizar a entrega das obras
de restauração, reforma e am-
pliação do museu.
No dia 7, o museu será aberto
à visitação de funcionários da
obra e para parte dos alunos de
escolas públicas. A instituição
deve receber o público em geral
a partir do dia 8. O museu está
fechado há nove anos e em re-
forma desde 2019.
LEO PINHEIRO/VALOR
legalidade e normalidade en-
quanto as instituições vão sendo
corroídas, corrompidas e erodi-
das por dentro.” Seguiu: “Para
mim, o desmonte da política am-
biental é consequência do ata-
que que temos visto também à
nossa democracia”.
O programa de preparação de
candidatos da Raps alcançou 181
candidaturas no país de quase to-
dos os partidos políticos, disse ela.
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A12 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Política
Eleições Petista procura capitalizar oposição de Bolsonaro a PEC em 2012
Lula programa encontro
com domésticas no ABC
Eleições
2022
Andrea Jubé
De Brasília
O ex-presidente Luiz Inácio Lu-
la da Silva vai se encontrar com
trabalhadoras domésticas na
manhã de domingo no Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, em São
Bernardo do Campo (SP). Lula
quer capitalizar seu melhor de-
sempenho no debate da Band,
quando afirmou que a vida das
empregadas domésticas melho-
rou nos governos do PT após a le-
galização dos direitos trabalhis-
tas da categoria. Além disso, vira-
lizaram nas redes sociais vídeos
em que o presidente Jair Bolso-
naro, quando era deputado, de-
clarou-se contrário à PEC das em-
pregadas domésticas em 2012.
Ele, contudo, não votou. A PEC foi
aprovada por 359 a 2, sem regis-
tro de voto de Bolsonaro.
A agenda será apenas com tra-
balhadoras mulheres, no esforço
de ampliar a vantagem que o pe-
tista abriu sobre Bolsonaro no
segmento. Um relatório da Orga-
nização Internacional do Traba-
lho (OIT) sobre trabalho domésti-
co, divulgado no ano passado,
aponta que o Brasil tem cerca de 6
milhões de trabalhadores nessa
categoria, sendo 90% mulheres.
Nesta quinta-feira, durante uma
agenda em Belém, Lula dirigiu-se
ao público feminino. Ao fazer uma
crítica ao mercado financeiro, ele
afirmou: “Mercado que me inte-
ressa é aquele em que as mulheres
entram para comprar comida”.
Segundo uma fonte da coor-
denação lulista, o petista não
apresentará uma proposta espe-
Ciro diz que irrita
‘muita gente do
sistema financeiro’
André Guilherme Vieira
De São Paulo
O candidato a presidente Ciro
Gomes (PDT) atribuiu a ban-
queiros — sem mencionar no-
mes — uma suposta tentativa de
desviar o tema do endividamen-
to da população do foco do de-
bate eleitoral .
Ciro foi indagado no fim da
manhã desta quinta-feira (1),
durante entrevista coletiva em
agenda de campanha, em São
Paulo, sobre declaração feita no
dia anterior, em encontro na Fe-
deração das Indústrias do Rio de
Janeiro (Firjan).
Na ocasião, após apresentar
seu programa de governo a em-
presários fluminenses, o candi-
dato abriu espaço para pergun-
tas e, depois de ser elogiado pela
plateia, fez uma ponderação so-
bre a capacidade de entendi-
mento da audiência.
“Na verdade, é um comício,
né? Um comício para gente pre-
parada. Imagine explicar isso na
favela. É um serviço pesado”,
Críticas de Ramos a Lira antecipam disputa na Câmara
Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto
De Brasília
Meses após ser retirado da vi-
ce-presidência da Câmara, o de-
putado Marcelo Ramos (PSD-
AM) critica abertamente o presi-
dente da Casa, Arthur Lira (PP-
AL), antecipando uma disputa
que pode ocorrer no próximo
ano pelo comando do Legislativo
caso ambos sejam reeleitos nas
urnas. Antes aliados, os parla-
mentares estarão em lados opos-
tos na corrida nacional, o que de-
ve refletir em um antagonismo
na próxima legislatura.
Lula fala em evento em Belém: “Mercado que me interessa é aquele em que as mulheres entram para comprar comida”
cífica para a categoria, que tem
renda média de um salário míni-
mo mensal ou menos, e a princi-
pal demanda são os direitos pre-
videnciários. O aceno a essas tra-
balhadoras, no programa de go-
verno, é a retomada do reajuste
do salário mínimo acima da in-
flação e a renegociação das dívi-
das das famílias de baixa renda.
Na entrevista ao “Jornal Nacio-
nal”, em sinalização às famílias de
baixa renda e também à classe
média, Lula afirmou que quase
70% das famílias brasileiras estão
endividadas e que a grande maio-
ria é de mulheres. Segundo ele,
“22% estão endividadas porque
não podem pagar a conta de água,
afirmou. A frase gerou polêmica
e Ciro se manifestou no mesmo
dia nas redes sociais, alegando
que “a pior luta da sinceridade é
contra a hipocrisia”.
“Eu vou criar um programa de
renda mínima que vai conside-
rar por domicílio que nenhum
brasileiro viva abaixo de pobre-
za. Digo de onde vem o dinhei-
ro, quanto custa isso”, afirmou.
“E isso irrita muita gente do sis-
tema financeiro que quer guar-
dar todo o dinheiro para os ju-
ros mais imorais e criminosos da
história do mundo, que vêm
sendo praticados pelo lulo-pe-
tismo e pelo bolsonarismo
igualzinho, enquanto fazem a
conversa fiada de amigos dos
pobres”, afirmou o candidato a
presidente durante a entrevista
coletiva em São Paulo.
Em seguida, Ciro explanou so-
bre medidas necessárias para, se-
gundo ele, retirar 66,6 milhões de
brasileiros da situação de endivi-
damento, afirmando que se trata
da “única agenda de economia po-
pular disponível no Brasil”. E pros-
Considerado um dos princi-
pais apoiadores da reeleição do
presidente Jair Bolsonaro (PL), Li-
ra foi às redes nesta semana para
reforçar seu apego à democracia.
A publicação foi contestada com
ironia de Ramos.
“Neste ano de eleições, de de-
bates, de escolhas, de divergên-
cias e convergências , o impor-
tante é constatarmos que a de-
mocracia está produzindo resul-
tados concretos. E o Poder Legis-
lativo faz parte da solução”, es-
creveu Lira no Twitter. “Apesar de
você...”, rebateu Ramos.
Dias atrás, ele também criticou
a conta de luz, a conta do gás”.
No debate promovido pela TV
Bandeirantes no domingo, em
“pool” com a TV Cultura, “Folha
de S. Paulo” e portal UOL, onde
Lula teve um mau desempenho,
seus aliados avaliam que seu me-
lhor momento foi quando ele res-
pondeu a candidata a presidente
do União Brasil, Soraya Throni-
cke, que havia afirmado que o
país com economia pujante que
ele havia descrito só existiria na
“propaganda eleitoral” do PT.
Lula reagiu em um tom enérgi-
co, que até então não havia ado-
tado: “A senhora disse que não
viu esse país que eu falei aconte-
cer; o seu motorista viu, o seu jar-
Ciro: candidato do PDT afirmou que sistema financeiro reage contra suas propostas de renda mínima e reclamou que foi incompreendido em frase sobre favela
seguiu: “Mas para ela ser viabiliza-
da, tem elementos que precisam
de multiplicadores”, afirmou.
Em seguida, Ciro continuou a
explicar que sua declaração feita
na Firjan foi retirada de contexto.
“[Na quarta-feira] Ontem eu
estive em um hospital de exce-
lência que trata câncer de crian-
ças. E ouvi uma palestra sobre ci-
a condução de Lira ao tentar pro-
mover a eleição do indicado da
Casa ao Tribunal de Contas da
União (TCU). O deputado do PP
chegou a sinalizar que faria a vo-
tação nesta semana, mas voltou
atrás após ser pressionado por
parlamentares e pela avaliação
de que o quórum não seria alcan-
çado - para a disputa, a sessão te-
ria que ser presencial, por causa
da votação secreta.
Quando foi avisado da possi-
bilidade de o pleito ocorrer , Ra-
mos disse que Lira estava desres-
peitando os colegas e que era
uma manobra para manipular
MAIRA ERLICH/BLOOMBERG
dineiro viu, a sua empregada do-
méstica viu”, disse o petista. “Ela
[empregada] viu que esse país
melhorou, que ela podia almoçar
e jantar todo santo dia, que ela
podia tomar café, que o filho dela
poderia entrar numa universida-
de”, completou. “Não sei se a se-
nhora votou favorável à legaliza-
ção do emprego da empregada
doméstica, mas ela viu que me-
lhorou a vida dela”, concluiu.
Em um dos vídeos que estão
circulando nas redes, sobre o vo-
to contrário de Bolsonaro aos di-
reitos das empregadas domésti-
cas, representantes da categoria
afirmam que desconheciam essa
posição do presidente.
tologia oncológica [análise de
células presentes em secreções
orgânicas com propósito de con-
firmar ou afastar o diagnóstico
de determinadas doenças]. A se-
nhora sabe me explicar o que é
citologia oncológica?”, indagou
a uma repórter. “Nem é obrigada
a saber, percebe? E é só isso que
eu quis dizer. Quando você trata
os resultados. “É lamentável que
o presidente Arthur Lira tenha
perdido o respeito pelos colegas.
Marcar a eleição do TCU para
terça é uma covardia com os
candidatos, numa clara tentati-
va de manipular o resultado da
escolha livre dos deputados e
deputadas”.
Oficialmente, o deputado do
PSD nega que esteja fazendo
frente à Lira em busca da princi-
pal cadeira da Câmara, mas alia-
dos avaliam que a forma com que
deixou a vice-presidência da Ca-
sa e sua boa interlocução com as
bancadas o colocam como po-
PT pretende manter Lei
das Estatais e Campos
Neto, diz Padilha
Maria Cristina Fernandes
De São Paulo
Dois meses depois de a presi-
dente do partido, deputada Gleisi
Hoffmann (PR), ir à tribuna da
Câmara defender a mudança na
Lei das Estatais, o PT sinaliza infle-
xão no tema. Emissário do ex-pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva
em encontros empresariais, o de-
putado federal Alexandre Padi-
lha (SP) diz que o partido não pre-
tende mexer na Lei das Estatais.
No seu discurso, Gleisi disse
que a Lei das Estatais, tal como foi
aprovada em 2016, durante o go-
verno Michel Temer, em reação
aos escândalos na Petrobras, “cri-
minalizou a política”. A lei vetou
políticos e seus parentes em car-
gos de direção. Também passou a
exigir experiência no setor para
quem ocupar funções de coman-
do na empresa, critério que foi
desobedecido pelo presidente
Jair Bolsonaro ao indicar o ex-se-
cretário especial de desburocra-
tização, Caio Paes de Andrade,
para presidir a empresa.
Se o PT desistiu de mexer na Lei
das Estatais, pretende, sim, alterar
a política de paridade de preços da
estatal. “Nenhum produtor de pe-
tróleo adota a paridade de preços
internacional como único crité-
rio”, argumenta Padilha. A Norue-
ga, um dos produtores citados por
Padilha, de fato, não tem o PPI co-
mo único critério, mas trata-se de
um país de baixo consumo, pela
população reduzida e pelo uso in-
tensivo de carros elétricos.
Para Padilha, também está paci-
ficado, no partido, a manutenção
nãoapenasdaautonomiadoBanco
Central, tal como foi aprovada nes-
te governo, como do próprio presi-
dente da autarquia, Roberto Cam-
pos Neto, depois do fim do seu
mandato. Pela autonomia aprova-
da no Congresso, o mandato de
Campos Neto vai até 2024 — “Não
há objeção à sua permanência”, diz.
da política monetária como de-
formação da taxa de câmbio do
país, você está falando uma certa
linguagem que só pessoas que ti-
veram oportunidade de se iniciar
naquele assunto compreendem”,
justificou. “Eu tô tentando que
haja muita gente fazendo o que
eu tô fazendo: subir o morro, on-
de eu estava [terça-feira] anteon-
tencial adversário do atual presi-
dente da Câmara.
“É um erro analisar que estou
fazendo isso para concorrer com
o Arthur, porque eu sempre tive
essa posição de defesa da demo-
cracia e contra medidas que con-
trariem a Constituição e o regi-
mento”, disse Ramos ao Valor.
Interlocutores de Lira afirmam
que ele está concentrado na ree-
leição como deputado e que o
presidente da Casa sempre esteve
ao lado de Ramos - tanto com
emendas como com cargos. Re-
conhecem que o regimento fez
com que ele atendesse ao pedido
O ex-ministro da Articulação
Política no governo Lula e da Saú-
de, na gestão Dilma Rousseff, diz
que tem buscado pontes com se-
tores empresariais que hoje
apoiam a terceira via pelo com-
promisso com a agenda da inova-
ção tecnológica e das energias re-
nováveis. Na tarde de ontem, en-
controu empresários na Câmara
de Comércio Brasil-Estados Uni-
dos (Amcham), em São Paulo.
Padilha reconhece as reações
negativas às afirmações de Lula no
“Jornal Nacional” de que há “fas-
cistas e direitistas” no agronegó-
cio, mas diz que os setores mais
modernos do setor temem perder
contratos pelas políticas agressi-
vas ao meio ambiente do atual go-
verno. Há expectativas crescentes,
diz, com a conferência do clima
das Nações Unidas (COP-26) de
novembro, que pode antecipar
metas de desmatamento em re-
giões cruciais para o agronegócio
brasileiro, como o cerrado.
Padilha filia-se à corrente pe-
tista que ainda acredita numa vi-
tória em primeiro turno. Aposta
numa onda de conversão de vo-
tos nos últimos quinze dias da
campanha baseada no volume
de campanha de palanques re-
gionais que hoje estão com can-
didatos da terceira via, a atuação
de influenciadores digitais e a
adesão de empresários.
Argumenta que a recuperação
da economia não chega aos mais
pobres e que a estratégia do PT
para blindar as mulheres de bai-
xa renda ao apelo religioso do
bolsonarismo passa pela lem-
brança do comportamento do
presidente durante a pandemia e
pela crítica ao discurso arma-
mentista deste governo. A última
rodada da pesquisa Quaest mos-
trou que a percepção de que a li-
beração das armas criou mais ris-
co para as pessoas é majoritária
em todas as religiões, sexos e en-
tre eleitores de Lula e Bolsonaro.
KEINY ANDRADE/DIVULGAÇÃO
tem, explicando pedagógica e
humildemente às pessoas do que
se trata”, concluiu Ciro.
Nesta quinta-feira, o candida-
to a presidente do PDT manteve
reunião com integrantes do Mo-
vimento Agenda 227. Ciro rece-
beu um conjunto de propostas
em defesa dos direitos da infân-
cia e da adolescência.
do PL , quando retirou Ramos do
segundo principal cargo da Casa.
Reservadamente, as movimen-
tações de Ramos são vistas como
um aceno à oposição e ao ex-pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), que lidera as pesquisas de
intenção de voto. Caso o petista
seja eleito, Ramos poderia ser um
nome apoiado pelo ex-mandatá-
rio para o comando da Casa. Para
isso, porém, também teria que
conquistar as bancadas dos par-
tidos de esquerda e de lideranças
que podem voltar ao Congresso
no ano que vem, como Eunício
Oliveira (MDB-CE).
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Política
Eleições Presidente também considera decretar novo
estado de emergência para garantir valor de R$ 600
Bolsonarodizquepode
taxarlucrosem15%
paramanterauxílio
Eleições
2022
Fabio Murakawa
De Brasília
O presidente Jair Bolsonaro
disse nesta quinta-feira que pode
decretar um novo estado de
emergência ou tributar lucros e
dividendos em 15% para manter
o Auxílio Brasil de R$ 600 em
2023. O governo enviou na quar-
ta-feira o Projeto de Lei Orça-
mentária Anual (PLOA) ao Con-
gresso prevendo um pagamento
de R$ 405 para o benefício.
A promessa de manter o auxí-
lio no valor atual ocorre no mo-
mento em que adversários políti-
cos afirmam que Bolsonaro rea-
justou o por conta da eleição pre-
sidencial de outubro. A falta de
espaço no Orçamento tem ajuda-
do a reforçar essas críticas.
TSE multa
presidente por
‘fake news’
Luísa Martins
De Brasília
O Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) decidiu multar o presiden-
te Jair Bolsonaro em R$ 5 mil por
ter publicado no Twitter uma no-
tícia falsa que associava o ex-pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva à
facção Primeiro Comando da Ca-
pital (PCC). O conteúdo deverá
ser excluído das redes sociais.
O vídeo compartilhado por
Bolsonaro traz o áudio de uma
interceptação telefônica no qual
um suposto integrante do PCC
diz manter com o PT um “diálogo
cabuloso”. A ministra relatora,
Maria Cláudia Bucchianeri, foi a
única a entender que o conteúdo
deveria ser mantido.
Segundo ela, o vídeo compar-
tilhado por Bolsonaro é autênti-
co e não foi “gravemente descon-
textualizado”. Porém, todos os
demais entenderam se tratar de
propaganda eleitoral negativa,
passível de punição.
A divergência foi aberta pelo
ministro Ricardo Lewandowski,
que foi seguido pelos ministros
Mauro Campbell, Cármen Lúcia,
Benedito Gonçalves, Sergio Ba-
nhos e Alexandre de Moraes, pre-
sidente do TSE.
“Construir a narrativa de que o
candidato do PT é aliado do cri-
me organizado é uma anarquia
informacional que confunde e
desorienta os eleitores, que gra-
vemente perdem a habilidade de
distinguir a verdade da falsidade,
os fatos das versões”, afirmou
Lewandowski, no voto.
O ministro destacou, ainda,
que o cargo ocupado atualmente
por Bolsonaro, que é presidente
da República, “potencializa o al-
cance das inverdades”. Cármen
complementou: “Não é possível
que os eleitores tenham acesso a
notícia mentirosa e que isso
prospere com a anuência da Jus-
tiça Eleitoral.” A ministra tam-
A ideia de taxar lucros e divi-
dendos já vinha sendo aventada
pela ala política do governo co-
mo saída para financiar um au-
xílio mais.
“Se eu botasse agora [no Orça-
mento], eu ficaria sem espaço para
mais nada”, afirmou. “Para botar
[no Orçamento] eu tinha que
achar espaço para isso. E no mo-
mento não tem como achar espaço
para isso. Porque tem um limite.”
Segundo ele, o dinheiro para o
pagamento do auxílio pode vir
“de dois possíveis lugares”.
“Se a guerra continuar lá fora
[na Ucrânia], continuamos a emer-
gência aqui, da mesma forma se
vota no Parlamento”, disse. “A ou-
tra forma é a taxação de lucros e di-
videndos para quem ganha acima
de R$ 400 mil por mês.”
Segundo Bolsonaro, a ideia é ta-
xar lucros e dividendos em 15%.
“O certo é pagar 27% disso tu-
do, [mas] a gente não quer 27%. A
proposta da equipe econômica é
bém classificou as publicações
como “afrontosas e agressivas” e
reiterou que a liberdade de ex-
pressão não comporta discursos
de ódio e destruição.
Banhos afirmou que o TSE pre-
cisa continuamente reforçar es-
sas balizas, especialmente nas
eleições deste ano — “há um con-
texto histórico em que se busca
resgatar o espírito fraterno do
nosso DNA de brasileiros”.
O plenário também rejeitou
recurso do Twitter em outro caso
de “fake news” envolvendo Lula.
O petista acionou o TSE depois
que dezenas de perfis publica-
ram nas redes sociais montagens
associando o ex-presidente à fa-
mília de Adélio Bispo, autor da
facada contra Bolsonaro na cam-
panha eleitoral de 2018.
Maria Cláudia determinou
que os conteúdos fossem retira-
dos do ar e pediu que o Twitter
fornecesse os dados das pessoas
físicas por trás dos perfis virtuais.
A empresa recorreu, afirmando
não ser obrigada por lei a fazê-lo.
O recurso foi rejeitado por
unanimidade, sob pena de multa
diária de R$ 10 mil. Ao votar, Mo-
raes afirmou que essa questão já
havia sido examinada no âmbito
dos inquéritos que tramitam no
Supremo Tribunal Federal (STF)
sobre “fake news”, atos antide-
mocráticos e milícias digitais.
“Três anos atrás, já tivemos es-
se problema, que foi resolvido
com a aplicação de multa diária
por desobediência de ordem ju-
dicial. Depois disso, não houve
mais problema. E o que vale no
STF, vale aqui no TSE também. As
decisões devem ser cumpridas
imediatamente”, alertou.
Em outra frente, Cármen de-
terminou ontem que um verea-
dor bolsonarista de Fortaleza
(CE) exclua postagem que asso-
ciava falsamente o candidato do
PDT, Ciro Gomes, ao uso de cocaí-
na. (Colaborou Isadora Peron)
15%. Está abaixo da pessoa física,
que paga 27% [de imposto de ren-
da]”, disse. “E mais ainda. Com es-
sa taxação é possível corrigir a ta-
bela de Imposto de Renda.”
Após a “live”, Bolsonaro apare-
ceu em uma sabatina da Rede TV!.
Ali, ele reforçou a promessa de
manter o benefício em R$ 600.
“Converso diariamente com a
equipe econômica”, afirmou. “O
[ministro da Economia] Paulo
Guedes me disse que está garan-
tido o auxílio de R$ 600 a partir
do ano que vem porque nós va-
mos taxar lucros e dividendos
para quem ganha mais de R$
400 mil por mês, e essas pessoas
não pagam nenhum imposto
em cima disso.”
Ele também se defendeu das
acusações de misoginia, que ga-
nharam ainda mais peso depois
de ele ter atacado a jornalista Ve-
ra Magalhães no debate presi-
dencial da Band, no domingo.
Na ocasião, ao ser questionado
Tebet faz agendas separadas com aliados no RS
Flávio Ilha
Para o Valor, de Porto Alegre
Em sua primeira visita ao Rio
Grande do Sul como candidata a
presidente, a senadora Simone
Tebet (MDB) iniciou um processo
para pacificar os ânimos do seu
partido com o PSDB, que estão
juntos tanto na eleição nacional
quanto na disputa local. A coliga-
ção no Rio Grande do Sul foi con-
seguida depois de muita articula-
ção e não impediu dissidências.
As agendas mantiveram os dois
grupos bem distantes: pela ma-
nhã, Tebet visitou comunidades
periféricas de Porto Alegre na
companhia do prefeito Sebastião
Melo (MDB) e, depois, almoçou
com o ex-governador Pedro Simon
(MDB) num centenário restauran-
te do Mercado Público da capital.
À tarde, a candidata rumou
para a Expointer — tradicional
feira agropecuária realizada em
Esteio, a 17 quilômetros de Porto
Alegre. Lá foi recebida pelo go-
vernador Ranolfo Vieira Júnior
(PSDB) e pelo candidato tucano
ao governo estadual, ex-governa-
dor Eduardo Leite, acompanha-
TSE nega registro de candidatura de Roberto Jefferson
De Brasília
O Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) decidiu que o ex-deputado
federal Roberto Jefferson, do PTB,
não poderá disputar a Presidên-
cia da República neste ano. O pe-
dido de registro de candidatura
foi negado por unanimidade.
Todos os ministros votaram
para reconhecer a inelegibilida-
de de Jefferson, devido à sua con-
denação no caso do mensalão. O
PTB terá até dez dias para, caso
queira, indicar um substituto à
Justiça Eleitoral.
O relator do processo, minis-
tro Carlos Horbach, já havia con-
cedido liminar para suspender
os repasses dos fundos partidá-
rio e eleitoral à campanha eleito-
ral do ex-deputado, bem como
proibido a sua aparição no horá-
rio eleitoral gratuito.
Nesta quinta-feira (1), o plená-
rio do TSE confirmou que Jeffer-
Bolsonaro: adversários políticos afirmam que reajuste ocorreu por causa da eleição presidencial de outubro
sobre a queda na cobertura vaci-
nal no país. Bolsonaro disse que a
jornalista “dorme pensando” ne-
le e tem por ele “uma paixão”.
Nos bastidores, auxiliares la-
mentaram a resposta do presi-
dente, que tem encontrado gran-
des dificuldades para conquistar
os votos do eleitorado feminino.
“É uma narrativa. Como se eu
do do seu candidato a vice, o
emedebista Gabriel Souza.
Nem Melo e nem Simon estive-
ram na agenda de Tebet na Expoin-
ter, que foi acompanhada pelo ex-
governador Germano Rigotto e
pelo ex-senador José Fogaça — am-
bos do MDB. Os dois apoiam a can-
didatura de Leite, contra a posição
de uma ala partidária que gostaria
de ter um nome próprio para a dis-
puta ao Palácio Piratini.
“Eu não tenho unanimidade. E
nunca vou ter. Muitos líderes fa-
lam que estão apoiando este ou
aquele candidato mas os escon-
dem porque são muito rejeita-
dos. Essa é a democracia. O MDB
está ressurgindo depois de mui-
to tempo com uma candidatura
própria, de uma mulher. Esta-
mos prontos para unir o Brasil”,
minimizou a candidata.
No corpo a corpo que fez no
parque de exposições Assis Brasil,
que sedia a Expointer, Tebet pôde
testar sua popularidade. Ela pa-
rou algumas vezes para selfies
com apoiadores, sob um calor de
32ºC. Mas não chegou a empol-
gar. “Realmente, tem alguns no
MDB que não me apoiam. Mas es-
son, condenado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) a sete anos
e 14 dias de prisão pelo caso do
mensalão, está inelegível até de-
zembro de 2023.
Segundo os ministros, apesar de
a pena ter sido extinta em 2016,
devido ao cumprimento dos crité-
rios do indulto presidencial, o de-
creto não incide sobre os efeitos se-
cundários da punição, como a sus-
pensão dos direitos políticos.
O plenário também foi unâni-
me ao negar um pedido da defe-
sa de Jefferson para que o presi-
dente do TSE, ministro Alexan-
dre de Moraes, fosse impedido de
participar do julgamento, por
mover duas ações de danos mo-
rais contra o ex-deputado.
Entre os 12 candidatos que pe-
diram à Justiça Eleitoral para dis-
putar a presidência, este é o pri-
meiro caso de indeferimento.
Também na sessão desta quinta-
feira, foi aprovado o registro do
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
não gostasse de mulheres. Eu
trato as mulheres com carinho e
consideração por parte do go-
verno”, argumentou Bolsonaro à
Rede TV!. “Isso não passa de
uma narrativa contra mim. O
pessoal joga isso aí e tem gente
que compra.”
No programa, Bolsonaro elo-
giou o presidente da Petrobras,
ses nunca me apoiaram, sempre
estiveram com o [ex-presidente]
Lula. Então, estão sendo coeren-
tes”, afirmou.
Na entrevista que concedeu à
imprensa, na sede da Federação
da Agricultura do Rio Grande do
Sul (Farsul), a candidata voltou a
salientar que seu papel será de
pacificar o país. “Não estou preo-
cupada com os partidos, mas em
unir o Brasil. Se não pacificarmos
nosso país, não vamos voltar a
crescer. Menos Lula, menos Bol-
sonaro e mais 215 milhões de
brasileiros”, disse.
Na sede da Farsul, tradicional
reduto bolsonarista, Tebet fez
duras críticas à gestão ambiental
do governo e disse que quer
transformar o país num exporta-
dor de carbono. A candidata afir-
mou que Bolsonaro transformou
o Brasil “num pária internacio-
nal” devido ao desmonte dos
principais órgãos de fiscalização
e controle, que resultaram em re-
cordes de desmatamento.
“O agronegócio brasileiro é sus-
tentável, porque sabe que tem que
cuidar dos seus rios, das suas reser-
vas, para poder produzir. Nesse as-
candidato Ciro Gomes (PDT).
Além do pedetista, também já
estão habilitados a disputar o
cargo de presidente da Repúbli-
ca os candidatos Felipe d’Avila
(Novo), Léo Péricles (UP), Simone
Tebet (MDB), Sofia Manzano
(PCB) e Vera Lúcia (PSTU).
Os registros de Jair Bolsonaro
(PL), Pablo Marçal (Pros) e Soraya
Thronicke (União) estão previs-
tos para próxima sessão de julga-
mentos na terça-feira, véspera do
feriado de 7 de setembro.
Ainda não há data para as aná-
lises dos pedidos de Eymael (DC)
e Lula (PT). Nesta quinta-feira, a
Procuradoria-Geral do Eleitoral
(PGE) apresentou parecer favorá-
vel à candidatura do petista. Se-
gundo o documento, não se veri-
ficou a “incidência de causa de
inelegibilidade ou suspensão de
direitos políticos” do petista.
A manifestação foi assinada
pelo vice-procurador-geral elei-
| |
Valor A13
REPRODUÇÃO FACEBOOK
Caio Paes de Andrade, após a es-
tatal anunciar uma nova redução
nos preços da gasolina.
“Você vê a Petrobras, a impren-
sa diz que foi o quarto [presiden-
te da estatal no atual mandato].
Se tiver que ir para o oitavo lá, eu
vou”, disse. “Eu tenho que colo-
car uma pessoa lá que realmente
interprete a Petrobras”.
pecto, temos de fortalecer um pla-
no plurianual de safra para o agro
ter previsibilidade. Não pode ficar
esperando a cada ano para saber
com quanto vai contar, com que
juro, se vai ter crédito pra produzir
ou comprar insumos e implemen-
tos”, propôs.
A candidata propôs “trabalhar
fortemente” no setor de logística.
“Vamos rasgar este país de ferro-
vias e estradas duplicadas, feitas
com PPPs. Um olhar especial para
nosso agricultor familiar.. Tudo is-
so de forma sustentável, vendendo
uma boa imagem lá fora. Porque
infelizmente hoje a imagem do
Brasil não é positiva”, disse..
Mas a candidata evitou se
comprometer com uma revisão
da política de licenciamento e
autorização para o uso de agro-
tóxicos, que no governo Bolso-
naro bateu recordes com produ-
tos proibidos até mesmo em
seus países de origem. “Vamos
tratar desse tema com responsa-
bilidade. Para isso vamos ter um
ministro ou ministra para olhar
caso a caso, o que tem que per-
manecer e o que precisa ser cor-
tado”, disse.
toral, Paulo Gonet. Ele apontou
que o ex-presidente apresentou
todos os documentos previstos
em resolução do TSE.
“Foram atendidos os requisi-
tos legais referentes à filiação
partidária, ao domicílio eleitoral,
à quitação eleitoral e à inexistên-
cia de crimes eleitorais. Não há
anotação de inelegibilidade no
cadastro eleitoral. Da análise das
certidões criminais para fins elei-
torais acostadas aos autos, não se
verifica a incidência de causa de
inelegibilidade ou suspensão de
direitos políticos. O parecer é pe-
lo deferimento do registro.”
Em 2018, Lula teve seu registro
rejeitado pelo TSE pois, à época,
havia sido condenado no âmbito
da Operação Lava-Jato e enqua-
drado na Lei da Ficha Limpa. As
sentenças foram anuladas no
ano passado pelo STF, que consi-
derou ter havido violação ao de-
vido processo legal. (LM e IP)
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A14 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Política
Quempiscaráantesna
Ucrânia,RússiaouUE?
Humberto
Saccomandi
A
história ensina que
as guerras sempre
acabam. Umas
duram dias, outras,
várias décadas, mas
acabam. Assim, cedo ou tarde, a
guerra iniciada com a invasão
da Ucrânia pela Rússia também
acabará. Mas quando? Isso é
crucial, pois o conflito afeta todo
o mundo. Infelizmente ainda
não há as condições necessárias.
E elas não devem ocorrer antes
do final do inverno na Europa.
Por ora, os dois lados esperam
para ver quem pisca primeiro.
Guerras costumam acabar
quanto: 1. um lado derrota o
outro e impõe os termos da paz.
Foi o que ocorreu na Segunda
Guerra Mundial; 2. o invasor,
mesmo podendo prosseguir,
desiste do conflito, pelo seu custo
humano, econômico e/ou
político. Foi o caso dos EUA, na
Guerra do Vietnã; 3. em meio a
um impasse, os dois lados se
cansam de lutar e chegam a um
acordo para encerrar o conflito.
Foi assim na Guerra Irã-Iraque,
que durou quase oito anos
(1980-1988) e deixou entre 500
mil e mais de 1 milhão de mortos,
segundo diferentes estimativas.
A situação na Ucrânia não se
encaixa em nenhum desses casos,
ainda. A Rússia segue atrás de seu
objetivo militar de conquistar
todo o leste e o sul da Ucrânia, que
por sua vez diz querer retomar
território ocupado pelos russos,
inclusive a Crimeia, ocupada em
2014 e em seguida anexada.
Após o sucesso inicial das forças
russas, com avanços importantes
no sul e no leste da Ucrânia (mas
não no norte, perto de Kiev, onde
foram rechaçadas), as forças
ucranianos lançaram uma
contraofensiva no sul, viabilizada
graças ao armamento sofisticado
enviado pelo Ocidente. Mas o
resultado dessa operação ainda é
incerto. Ela é importante, pois vai
indicar se os ucranianos
conseguirão recuperar parte do
território tomado pelos russos.
Próximo inverno será
um teste para apoio
europeu à Ucrânia
Se não, a tendência é o conflito
se tornar uma guerra de atrito (ou
de exaustão), quando os rivais se
atacam a distância, sem grandes
avanços territoriais, para testar até
quando o outro lado aguenta o
esforço. Isso já está ocorrendo.
Assim, a questão passa a ser que
lado vai piscar primeiro. E a
Rússia, de Vladimir Putin, pode
ter alguma vantagem nessa
disputa com a Ucrânia/Ocidente.
As sanções impostas pelo
Ocidente estão causando um
dano menor do que o esperado à
economia russa, que está sendo
blindada pelos excepcionais
ganhos proporcionados pelo gás
e o petróleo, cujos preços subiram
com a guerra. Projeções iniciais
indicavam uma possível queda de
12% a 15% do PIB russo neste ano.
O FMI agora já prevê queda de 6%
O governo russo fala em só 3%.
Ainda assim, é um tombo
doloroso. Mas, ao contrário do
Ocidente, Putin não precisa
disputar eleições livres, controla
a mídia e reprime a oposição
interna. Quem critica a guerra
na Ucrânia está sendo preso.
O governo da Ucrânia quer
seguir os combates, até porque, se
for obrigado a uma negociação na
situação atual, possivelmente
teria de aceitar perdas territoriais
importante. Mas depende da
ajuda financeira, militar e política
dos EUA e da Europa. Esse apoio
hoje parece firme, mas não sabe
ao certo o que ocorrerá com a
chegada de um inverno que
promete ser frio (pois haverá
menos aquecimento), escuro
(pois os países estão reduzindo a
iluminação para poupar energia)
e de crise econômica na Europa.
Nesta semana a Rússia cortou
temporariamente o gás enviado
pelo gasoduto Nord Stream 1, o
principal em operação, alegando
manutenção. E definitivamente
cortou o gás para a empresa
elétrica francesa Engie, alegando
problemas contratuais.
França e Alemanha acusaram a
Rússia de usar o gás como arma. E
parece ser exatamente isso que
Moscou está fazendo na sua
guerra de exaustão. O preço da
energia disparou na Europa, que
deve entrar em recessão neste fim
de ano. Há risco de racionamento
de energia no inverno. Empresas
europeias estão suspendendo a
produção pelo custo da energia.
Putin parece apostar que a
Rússia consegue aguentar mais
tempo que a Europa Ocidental,
mais acostumada à prosperidade.
O presidente francês, Emmanuel
Macron, já alertou seu país de que
a era da opulência acabou.
Uma crescente insatisfação dos
europeus com a crise parece
justificar a aposta de Putin. Na
Itália, a oposição de direita (um
bloco de três partidos que têm
boas relações com o líder russo) é
favorita nas eleições deste mês
que escolherão o próximo
governo. Os líderes desse bloco
prometeram manter o apoio à
Ucrânia, mas há muitas dúvidas
nos parceiros europeus. A
aprovação aos principais líderes
da Europa ocidental está em
queda. No Reino Unido, começa a
ganhar força um movimento de
boicote ao pagamento das
elevadas contas de energia.
Na semana passada, o
embaixador alemão no Reino
Unido admitiu que há o risco de o
apoio à Ucrânia cair na Europa
com a crise de energia. “Acho que
esse é um desafio comum para
toda a Europa, o modo como
Putin está usando o gás como
arma e colocando pressão nas
nossas sociedades. Ele quer testar
a nossa disposição [de ajudar a
Ucrânia]. Obviamente isso vai
depender muito dos pacotes de
ajuda dos nossos governo”, disse.
Justamente temendo a reação
negativa do cidadão/eleitor à crise
econômica, os governos europeus
e a União Europeia (UE) estão se
movendo. Segundo levantamento
do Instituto Bruegel, um centro de
estudos de Bruxelas, os governos
já disponibilizaram cerca de € 280
bilhões em fundos para ajudar a
amortecer o impacto da crise de
energia para pessoas e empresas.
Além disso, a UE prepara um
plano com medidas emergenciais
e uma reformulação abrangente
do mercado de energia no bloco,
que aponta para uma intervenção
maior do Estado no controle de
preços. Os detalhes do plano
devem sair na semana que vem.
Nesta semana o premiê alemão,
Olaf Scholz, veio a público dizer
que seu país apoiará a Ucrânia
pelo tempo que for preciso. Soou
um pouco como o presidente do
clube de futebol que diz que o
técnico do time está prestigiado,
apesar da insatisfação da torcida.
Com os dois lados ainda
tentando melhorar suas posições
militares e causar o maior dano
econômico ao inimigo, não
existem por ora as condições de
fadiga necessárias para colocá-los
à mesa de negociações.
Com relação a uma eventual
negociação, um diplomata
sugere atentar para sinalizações
da Turquia. O governo turco
conseguiu negociar um acordo
para desbloquear os embarques
de grãos ucranianos e russos.
Parece ter conquistado a posição
de mediador confiável pelos dois
lados. Uma eventual negociação
poderá ser mediada por Ancara.
Seja como for, isso ainda parece
distante. É muito provável que a
guerra da Ucrânia, que acabou de
fazer seis meses, completará um
ano em 24 de fevereiro de 2023.
Até lá talvez tenhamos uma ideia
melhor de quem piscará primeiro.
Humberto Saccomandi é editor de
Internacional. Escreve mensalmente
às sextas-feiras
E-mailhumberto.saccomandi@valor.com.br
Lula perde 2 pontos no Datafolha;
Bolsonaro fica estável e Tebet cresce
Eleições
2022
Ricardo Mendonça
De São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lu-
la da Silva (PT) tem 45% das in-
tenções totais de voto para presi-
dente da República, mostra pes-
quisa Datafolha divulgada on-
tem. Em segundo lugar na simu-
lação de primeiro turno, o presi-
dente Jair Bolsonaro (PL), candi-
dato à reeleição, marca 32%.
Na sequência estão o ex-mi-
nistro Ciro Gomes (PDT), com
9%, e a senadora Simone Tebet
(MDB), com 5%. Outros candida-
tos somam 3%. Eleitores dispos-
tos a votar nulo ou em branco
são 4%. Indecisos, 2%.
Esta foi a primeira pesquisa
do Datafolha após o início da
propaganda eleitoral no rádio e
na TV, da série de entrevistas dos
candidatos no “Jornal Nacional”,
da TV Globo, e do primeiro de-
bate entre os presidenciáveis,
transmitido pela Band.
Em relação à pesquisa ante-
rior, de 18 de agosto, Lula oscilou
dois pontos para baixo (no limite
da margem de erro, que é de dois
pontos) e Bolsonaro manteve-se
no mesmo patamar. Ciro oscilou
dois pontos para cima; Simone
Tebet avançou três.
Combinadas com a oscilação
negativa de Lula, as melhores
No Rio, Castro tem 31% e Freixo, 26%
Rafael Rosas
Do Rio
O governador Cláudio Castro
(PL) aparece numericamente à
frente de Marcelo Freixo (PSB) na
pesquisa divulgada nesta quinta-
feira pelo Datafolha sobre a dispu-
ta ao governo do Estado do Rio de
Janeiro. Mas, estatisticamente, am-
bos os candidatos estão tecnica-
mente empatados. Castro regis-
trou 31% das intenções de voto, en-
quanto Freixo tem 26%. A margem
de erro é de 3 pontos percentuais
para cima ou para baixo. Essa foi a
primeira pesquisa depois do início
do horário eleitoral gratuito.
Na pesquisa anterior, a dife-
rença entre os dois era menor.
Castro tinha 26%, enquanto Frei-
xo aparecia com 23%.
A seguir, Rodrigo Neves (PDT)
passou de 5% na pesquisa ante-
rior para 7% agora, enquanto Cy-
ro Garcia (PSTU) e o ex-governa-
dor cassado Wilson Witzel passa-
ram de 4% para 3%. Eduardo Serra
(PCB) oscilou de 5% para 2%; Julie-
te Pantoja (UP) manteve-se com
2% em ambos os levantamentos; e
Paulo Ganime (Novo) subiu de 1%
para 2%. Luiz Eugênio Honorato
(PCO) não pontuou em nenhuma
das pesquisas.
Os votos em branco e nulos
passaram de 19% para 14% e os
eleitores que não sabem ou não
responderam se mantiveram em
10% nas duas pesquisas.
O Datafolha também pergun-
tou sobre o segundo turno entre
Zema pode se eleger no 1 o turno, aponta pesquisa
Cibelle Bouças
De Belo Horizonte
O governador de Minas Gerais
e candidato à reeleição, Romeu
Zema (Novo), ampliou a sua van-
tagem em relação aos demais
postulantes ao cargo e pode ser
eleito no primeiro turno. É o que
aponta a pesquisa Datafolha, en-
comendada pela TV Globo e pelo
jornal “Folha de S.Paulo”, divul-
gada na noite desta quinta-feira.
Zema tem 52% das intenções
de voto, um avanço em relação à
pesquisa divulgada no dia 18 de
agosto, quando o governador al-
cançou 47% do total. Consideran-
do a margem de erro, de três pon-
tos percentuais para mais ou me-
nos, Zema tem entre 49% e 55%.
O ex-prefeito Alexandre Kalil
(PSD), que é apoiado pelo candi-
dato à Presidência da República
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem
22% das intenções de voto, ante
Datafolha
Primeiro turno, intenção de votos estimulada - em %
50
47
40
32
30
20
7 bém que, após subir 7 pontos,
10
2
0
16-18/ago/2022
Pablo Marçal (Pros)
Felipe d'Avila (Novo)
Soraya Thronicke (União Brasil)
Vera Lúcia (PSTU)
Sofia Manzano (PCB)
Leonardo Péricles (UP)
Eymael (Democracia Cristã)
Roberto Jefferson (PTB)
Em branco/nulo/nenhum
Não sabe
Fonte: Pesquisa Datafolha presencial com 5.734 pessoas com 16 anos ou mais em 285 municípios entre 30 de agosto e 1 de
setembro. Encomendada pela "Folha de S.Paulo" e pela Globo. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para
mais ou para menos, e o nível de confiança, de 95%. Registro no TSE: BR-00433/2022
pontuações de Ciro e Tebet indi-
cam aumento da dificuldade do
petista em vencer a eleição no
primeiro turno. Na conta dos vo-
tos válidos, ele teria agora 48%,
dois pontos a menos que o míni-
mo necessário para liquidar a
disputa já na primeira rodada.
Na simulação de segundo tur-
no, Lula derrota Bolsonaro por
53% a 38%. Na pesquisa anterior
do Datafolha, a vantagem do pe-
Cláudio Castro avança e pode bater Freixo em um eventual segundo turno
Castro e Freixo. O governador os-
cilou de 38% na primeira pesqui-
sa para 44% agora, enquanto
Freixo passou de 39% para 37%.
Os votos em branco e nulos pas-
saram de 18% para 13% e os elei-
tores que não sabem ou não res-
ponderam foram de 5% para 7%.
Em relação à rejeição, Wilson
23% na medição anterior. A dife-
rença em relação a Zema, de 30
pontos percentuais, é a mais alta
apontada em pesquisas eleito-
rais até o momento.
O senador Carlos Viana (PL),
que é apoiado pelo presidente e
candidato à reeleição Jair Bolsona-
ro (PL), tem 4% das intenções de
voto, ante 5% na pesquisa anterior.
Vanessa Portugal (PSTU) regis-
tra 2% das intenções de voto, mes-
mo índice alcançado na medição
passada. Renata Regina (PCB) tem
1% das intenções, com queda de 1
ponto percentual. Marcus Pestana
(PSDB), Cabo Tristão (PMB), Lour-
des Francisco (PCO) e Lorene Fi-
gueiredo (Psol) têm cada um 1%
das intenções de voto, mesmo ín-
dice alcançado em 15 de agosto.
Votos em branco e nulos somam
8% do total e indecisos, 7%.
O Datafolha fez uma simula-
ção de segundo turno com os
principais candidatos. Romeu Ze-
45 Luiz Inácio Lula
da Silva (PT)
32 Jair Bolsonaro (PL)
9 Ciro Gomes (PDT)
5 Simone Tebet (MDB)
30/ago-1/set
16-18/ago
2022
0
0
0
0
0
0
0
0
6
2 2
tista no embate final era ligeira-
mente maior, de 54% a 37%.
Apesar da aparente estabili-
dade de desempenho dos pri-
meiros colocados, há mudanças
relevantes nos dados segmenta-
dos da pesquisa.
Na comparação com a pesqui-
sa anterior, feita antes do início
do pagamento do Auxílio Brasil
de R$ 600, Bolsonaro oscilou dois
pontos para cima no grupo dos
Witzel pulou de 50% para 52%;
Freixo foi de 26% para 25%; Cas-
tro de 21% para 18% e Rodrigo
Neves de 13% para 10%.
Os eleitores que votariam em
todos passaram de 2% para 3%; os
que não votariam em nenhum
foram de 8% para 4% e os que não
sabem oscilaram de 6% para 9%.
ma foi citado por 59% dos entre-
vistados, ante 56% na pesquisa
anterior. Alexandre Kalil teve 31%
das intenções de voto, com queda
de 2 pontos percentuais. Votos
em branco ou nulos foram 6% do
total, ante 7% na medição ante-
rior. Indecisos somaram 4%, com
aumento de 1 ponto percentual.
Outro ponto apurado foi o nível
de rejeição dos candidatos. Kalil
continua liderando em rejeição,
com 30% das citações dos eleitores,
ante 27% na pesquisa anterior. Ca-
bo Tristão tem 24% de rejeição, 1
ponto percentual abaixo da medi-
ção anterior. Viana e Zema têm ca-
da um 20% de rejeição, ante 22% e
21%, respectivamente, na pesquisa
divulgada em meados de agosto.
Renata Regina tem 19% de rejei-
ção, 3 pontos percentuais abaixo
da pesquisa anterior. Marcus Pes-
tana tem 18%, ante 23% na leitura
passada. Vanessa Portugal tam-
bém tem 18% de rejeição, com re-
eleitores que vivem em famílias
que recebem abaixo de dois salá-
rios mínimos, de 23% para 25%.
Isso sugere limitação do efeito
eleitoral do benefício. Lula conti-
nua líder isolado nesse segmento
com 54%, apenas um ponto a me-
nos que na sondagem passada.
A atual pesquisa mostra tam-
Bolsonaro parou de crescer entre
os que recebem de 2 a 5 salários
mínimos. Ele oscilou de 41% para
40% nesse grupo.
30/ago-1/set E parou de crescer também en-
2022 tre os que se dizem evangélicos.
1
Depois de subir de 40% para 49%
1
nesse grupo, recuou para 48%.
1
Bolsonaro aproximou-se de
0
Lula, porém, na região Sudeste, a
0
mais populosa. A dianteira ante-
0
rior do petista, de 44% a 32%, di-
0
minuiu para 41% a 35%.
0
Ciro Gomes avançou de 8% pa-
4
ra 15% entre os mais jovens (16 a
24 anos) e de 6% para 13% no gru-
po dos mais escolarizados.
A melhor performance de Te-
bet é explicada sobretudo pelo
avanço de seu desempenho entre
as mulheres. A senadora tinha 1%
do voto feminino na pesquisa an-
terior, passou para 6%.
O Datafolha ouviu 5.734 pes-
soas em todo o país entre os dias
30 de agosto e 1 o de setembro.
O nível de confiança do levan-
tamento é de 95%. Contratada
pela TV Globo e pelo jornal “Fo-
lha de S.Paulo”, a pesquisa foi re-
gistrada na Justiça Eleitoral com
o código BR-00433/2022.
REPRODUÇÃO INTERNET
O instituto também pergun-
tou sobre a avaliação do governo
Castro e 31% dos entrevistados
consideraram a administração
ótima ou boa; 39% a acham regu-
lar; e 22% falaram que o governo
é ruim ou péssimo. Outros 8%
não sabem ou não responderam.
Em relação à disputa pela vaga
do Rio ao Senado, o Datafolha
mostrou que Romário (PL) man-
tém a liderança. O ex-jogador
aparece com 31%, mesmo per-
centual da última pesquisa.
A seguir, Alessandro Molon
(PSB) manteve os mesmos 12%
da primeira enquete; Cabo Da-
ciolo (PDT) passou de 11% para
8%; Clarissa Garotinho (União
Brasil) foi de 4% para 8%; André
Ceciliano (PT) pulou de 3% para
6%; Daniel Silveira (PTB) oscilou
de 7% para 6%; Bárbara Sinedino
(PSTU) foi de 2% para 1%, mesmo
percentual de Raul Bittencourt
(UP), que não havia pontuado
na primeira enquete. Itagiba
(Avante), Hermano Lemme
(PCO) Hiran Roedel (PCB) não
pontuaram.
Os votos em branco e nulos pas-
saram de 19% para 13% e os eleito-
res que não sabem ou não respon-
deram se mantiveram em 10%.
A pesquisa divulgada ontem
pelo Datafolha tem índice de
confiança de 95%. O instituto en-
trevistou 1.202 pessoas no Esta-
do entre terça-feira e ontem. O le-
vantamento está registrado no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
com o número RJ-06061/2022.
dução de 2 pontos percentuais.
Lorene Figueiredo, Lourdes Fran-
cisco e Indira Xavier têm cada
uma 17%. Do total, 14% não sabem
dizer, 6% não rejeitam nenhum
candidato e 3% rejeitam todos.
O Datafolha perguntou ainda
como os eleitores avaliam a admi-
nistração do governador Zema. Do
total, 54% consideram a gestão óti-
ma ou boa. Na pesquisa do dia 15
de agosto, o índice foi 47%. Outros
33% consideram a gestão regular, 1
ponto percentual abaixo da medi-
ção anterior. E 11% consideram a
administração ruim ou péssima,
contra 15% na pesquisa passada.
Do total de entrevistados, 5% não
souberam responder, ante 4% na
pesquisa de 15 de agosto.
A pesquisa foi realizada entre
30 de agosto e 1 de setembro,
com 1.212 pessoas no Estado. A
pesquisa está registrada na Justi-
ça Eleitoral com o código MG-
03654/2022 e BR-00433/2022.
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Política
Eleições Datafolha aponta ex-prefeito com 35%, Tarcísio, 21%, e Garcia, 15%
Em SP, vantagem de Haddad
sobre concorrentes diminui
Eleições
2022
Ricardo Mendonça
De São Paulo
Pesquisa Datafolha para go-
vernador de São Paulo divulgada
ontem mostra o ex-prefeito de
São Paulo Fernando Haddad (PT)
na liderança da simulação de pri-
meiro turno com 35% das inten-
ções totais de voto, mas com re-
jeição maior e uma vantagem
mais estreita em relação aos seus
dois principais adversários.
O segundo colocado é o ex-mi-
nistro Tarcísio de Freitas (Repu-
blicanos), candidato do presi-
dente Jair Bolsonaro, que agora
marca 21%, e o terceiro é o atual
governador, Rodrigo Garcia
(PSDB), que alcança 15%.
Os demais candidatos somam
8%. Pesquisados que declaram
intenção de votar nulo ou em
branco são 12%. Indecisos, 10%.
Essa é a primeira pesquisa do
Datafolha realizada após o início
da propaganda eleitoral de rádio
e televisão. Os dados mostram
que a vantagem de Haddad so-
bre seus concorrentes diminuiu
na comparação com o levanta-
mento anterior do Datafolha,
concluído no dia 18 de agosto.
Naquela ocasião, o petista ti-
nha três pontos a mais (38%), Tar-
císio de Freitas tinha cinco pon-
tos a menos (16%). No intervalo
de duas semanas, portanto, a di-
ferença entre eles caiu oito pon-
tos percentuais, de 22 para 14.
Garcia também avançou entre
| |
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor A15
Vice de Castro no Rio é
alvo de operação da PF
Caio Sartori dúvida de que tudo será esclareci-
Do Rio do. A princípio, nada se altera, a
não ser que haja alguma alteração.
A um mês da eleição, o candi- Não por esse fato em si, porque eu
dato a vice-governador na chapa acredito 100% na inocência.”
de Cláudio Castro (PL), que tenta Reis classificou a operação como
a reeleição no Rio, foi alvo de ope- “chocante”, atrelou o mandado a
São Paulo
de agosto, 30% dos eleitores
paulistas diziam que não vota-
ração da Polícia Federal na ma-
nhã de ontem. Ex-prefeito de Du-
motivações políticas e garantiu
que está tranquilo porque é “firme”
Pesquisa Datafolha de intenção de votos - em % riam nele de jeito nenhum. Ago-
ra são 36%. A rejeição a Tarcísio
que de Caxias, na Baixada Flumi-
nense, Washington Reis (MDB) é
e “anda direito”. A PF e a CGU esti-
maram em R$ 563,5 milhões, num
40
38 35 Fernando Haddad (PT) de Freitas variou dois pontos pa- investigado sob suspeita de favo- período de pouco mais de dois
ra cima no mesmo intervalo, de recimento na contratação de anos, os valores de contratos e adi-
21 Tarcísio Gomes de Freitas
30 22% para 24%. Já Garcia passou a uma cooperativa de trabalho pe- tivos recebidos pela cooperativa.
(Republicanos)
ser menos rejeitado. Sua taxa era la Secretaria de Saúde do municí- Batizada de Operação Anáfora, a
20 15 Rodrigo Garcia (PSDB) de 20% na pesquisa anterior, pio. Ao todo, 27 mandados de incursão cumpriu 27 mandados de
16
2 Carol Vigliar agora está em 16%. busca e apreensão foram expedi- busca e apreensão no Estado, sen-
11
10
(Unidade Popular) O instituto também apurou as dos para colher provas do supos- do 18 na capital, três em Caxias e
2
2
taxas de aprovação e reprovação to esquema – que teria movimen- dois em Angra dos Reis; Niterói,
0 1 Gabriel Colombo (PCB)
16-18/8 30/8-1/9 da gestão Garcia, que se tornou tado R$ 563,5 milhões. Maricá e Mesquita tiveram um
governador após a renúncia de Quadro tradicional da política mandadocada.Iniciada em janeiro
16-18/8 30/8-1/9
João Doria (PSDB), em março. do Rio, Reis virou aliado da família deste ano, a investigação classifica
Altino Júnior (PSTU) 1 1 A imagem do governo tem do presidente Jair Bolsonaro (PL), o esquema como uma “estruturada
Elvis Cezar (PDT) 1 1 tendência de melhoria, o que com quem se encontrou diversas e complexa organização crimino-
Vinicius Poit (Novo) 1 1 ajuda a explicar o avanço do go- vezes no Rio e em Brasília nos últi- sa” que opera no Rio em um con-
Edson Dorta (PCO) 1 1 vernador no capítulo eleitoral. mos anos. A relação, no entanto, texto de “corrupção sistêmica”, es-
Antonio Jorge (DC) * 1 Em 18 de agosto, 22% dos pau- não impediu o pragmático emede- pecialmente na área de Saúde. Em-
Em branco/nulo 17 12 listas avaliavam a gestão Garcia bista de visitar Luiz Inácio Lula da presários, operadores financeiros,
Não souberam 11 11 como ótima ou boa. A taxa de Silva (PT) em março deste ano, nu- “laranjas” e supostos líderes da or-
Fonte: Pesquisa Datafolha presencial com 1.808 pessoas com 16 anos ou mais em 74 municípios entre 30 de agosto e 1 de aprovação subiu para 27%. ma das idas do petista ao Estado ganização foram atingidos.
setembro. Encomendada pela "Folha de S.Paulo" e pela Globo. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para
menos e o nível de confiança, de 95%. Registro no TSE: SP-04954/2022. *Pesquisa foi feita antes do registro de Antonio Jorge No sentido oposto, os que jul- ainda na pré-campanha. As apurações têm como base o
(Democracia Cristã)
gavam o governo como ruim ou A operação da PF com a Contro- modus operandi da Operação Fa-
péssimo eram 17%, agora são ladoria-Geral da União (CGU) se dá vorito, deflagrada em maio de
um e outro levantamento. Na pes- ex-presidente Luiz Inácio Lula da 14%. O percentual dos que o clas- em momento em que Reis teve 2020, inclusive com personagens
quisa passada, o governador que Silva (PT), e o candidato do Repu- sificam como regular (45%) não condenação por crime ambiental em comum. À época, combateu-se
tenta a reeleição marcava 11%, blicanos, apoiado pelo presiden- mudou entre as duas pesquisas. mantida pelo Supremo Tribunal a tentativa de empresários investi-
quatro pontos a menos que agora. te Jair Bolsonaro (PL), também O Datafolha ouviu 1.808 pes- Federal (STF) e pode ser trocado, gados do Estado, como Mário Pei-
Pesquisa Ipec divulgado na se- foi reduzida. Em 18 de agosto, o soas no Estado de São Paulo entre até o dia 12 de setembro, por outro xoto, de voltar a firmar contratos
mana passada já indicava ten- placar pró-Fernando Haddad era os dias 30 de agosto e 1 o de se- nome na campanha do governa- no início da pandemia. A Favorito
dência semelhante para Tarcísio de 53% a 31%. tembro, o que resulta numa mar- dor. A decisão da Corte atestou a balizou a investigação que culmi-
e Garcia. O primeiro avançava No embate direto contra Ro- gem de erro de dois pontos para inelegibilidade do ex-prefeito, ape- naria no afastamento do governa-
cinco pontos em relação ao le- drigo Garcia, Haddad também mais ou para menos. sar de a Justiça Eleitoral ainda não dor Wilson Witzel, de quem Cas-
vantamento anterior e o segun- vence, mas por uma margem ain- O nível de confiança do levan- ter decidido sobre o pedido de im- tro era vice, acusado de desvios na
do, um ponto. Em relação a Had- da mais estreita e igualmente de- tamento é de 95%. Significa que, pugnação da candidatura feito pe- pandemia. Peixoto também pas-
dad, contudo, divergiram. O Ipec clinante: 48% a 38%. Na pesquisa repetida 100 vezes com a mesma la Procuradoria Regional Eleitoral. sou por buscas ontem. Os indícios
registrou um crescimento de três anterior do Datafolha, a vanta- metodologia, as pesquisas apre- Pouco depois da confirmação de de irregularidades na contratação
pontos e o Datafolha, perda de gem do petista nessa simulação sentarão resultados dentro da que o ex-prefeito foi alvo da PF, a da cooperativa em Caxias incluem
três pontos. era de 51% a 32%. margem de erro em 95 ocasiões. equipe de Castro divulgou o cance- um suposto sobrepreço, o formato
Em simulação de segundo tur- O Datafolha também apurou Contratada pela TV Globo e lamento de duas agendas do dia. O do pregão, o descumprimento de
no, Fernando Haddad vence Tar- aumento da taxa de rejeição a pelo jornal “Folha de S.Paulo”, a governador disse, depois, que con- cláusulas e a falta de transparência
císio de Freitas por 51% a 36%. Fernando Haddad, o líder nesse pesquisa foi registrada no Tribu- fia na PF, na CGU e na inocência do na explicação dos serviços contra-
No confronto direto, a distân- quesito em todos os levanta- nal Superior Eleitoral (TSE) com vice. “Sempre digo que não comen- tados, segundo o Valor apurou so-
cia entre o petista, apoiado pelo mentos do instituto. Em meados o código SP-04954/2022. to ações da Justiça, mas não tenho bre o processo sigiloso.
5/9 15h
(HORÁRIO DE BRASÍLIA)
DIA DA AMAZÔNIA:
CAMINHOS PARA UMA ECONOMIA PRÓSPERA E INCLUSIVA NA FLORESTA
Celebrada no dia 5 de setembro, a Amazônia é um dos patrimônios naturais
mais valiosos da humanidade, essencial para o equilíbrio da vida na Terra. Em
live especial, o Um Só Planeta mostrará caminhos promissores para garantir
desenvolvimento econômico inclusivo na região respeitando um tesouro local:
a sociobiodiversidade amazônica. Vamos conhecer iniciativas e projetos que
estão colhendo prosperidade com a floresta de pé e conservação do bioma.
MEDIAÇÃO
ÁLISSON MARANHO BIANCA DARKSI SILVA ANDRÉ LUIZ VIANNA VANESSA BARBOSA
DIRETOR TÉCNICO DA ONG PESQUISADORA DO INSTITUTO DIRETOR NO INSTITUTO DE EDITORA ASSISTENTE
SOS AMAZÔNIA MAMIRAÚA E CO-FUNDADORA DA CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO UM SÓ PLANETA
REDE CONEXÕES AMAZÔNICAS SUSTENTÁVEL DO AMAZONAS
(IDESAM)
PARTICIPE!ACOMPANHEAOVIVOEM:
PARCEIROS APOIO REALIZAÇÃO
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A16 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Política
Eleições Tucano Rodrigo Garcia é
exceção entre 19 candidatos
Governadores
que buscam
reeleição têm
a dianteira
Eleições
2022
Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro
De Brasília
Aposta do PSDB para se man-
ter relevante nas próximas elei-
ções, o governador de São Paulo,
Rodrigo Garcia, é o único dos 19
governadores candidatos à ree-
leição que não lidera as pesqui-
sas de intenção de voto neste
início da campanha eleitoral,
mostra levantamento do Valor
nas pesquisas feitas pelo Ipec,
antigo Ibope, contratadas pela
“TV Globo” e afiliadas.
Garcia assumiu o cargo em
abril, após a renúncia do ex-go-
vernador João Doria (PSDB) para
disputar a Presidência (ele aca-
bou desistindo após pressão do
próprio partido). Ele tenta man-
ter a hegemonia do PSDB em São
Paulo, Estado governado pelos
tucanos há 26 anos, mas está em
terceiro na pesquisa Datafolha
divulgada ontem, com 15%, sem
vaga assegurada no segundo tur-
no, que seria disputado entre Fer-
nando Haddad (PT) e Tarcísio
Freitas (Republicanos).
O tempo curto à frente do Pa-
lácio dos Bandeirantes não é a
única explicação para esse de-
sempenho, como mostram os
governadores de Alagoas, Paulo
Dantas (MDB), e do Maranhão,
Carlos Brandão (PSB), que tam-
bém assumiram em abril após a
renúncia de aliados que chefia-
vam o Executivo, mas estão a
frente nas pesquisas. O paulista,
que possui o maior tempo de
propaganda na TV e rádio, tem
cerca de um mês de campanha
para reverter esse cenário.
Procurado, Garcia não quis co-
mentar. Aliados dele minimiza-
ram o desempenho fraco nas
pesquisas e atribuem a ele ser
desconhecido do eleitorado, o
que mudará com a campanha.
Afirmam ainda que o governa-
dor está com a agenda cheia de
viagens para o interior para re-
conquistar uma região que his-
toricamente apoiou o PSDB du-
rante as eleições e hoje está fler-
tando com Tarcísio e que há nú-
meros positivos nas pesquisas,
como baixo índice de rejeição e a
crescente aprovação do governo.
Dos dezenove governadores
que tentam um novo mandato,
quinze lideram isolados, alguns
com grande chance de vencerem
já no primeiro turno, como Romeu
Zema (Novo) em Minas Gerais,
Mauro Mendes (União) no Mato
Grosso, Ronaldo Caiado (União)
em Goiás, Gladson Cameli (PP) no
Acre e Renato Casagrande (PSB) no
Espírito Santo. Em um dos Estados,
o Pará, ainda não há pesquisa Ipec
ou Datafolha divulgada sobre as
chances de reeleição do governa-
dor Helder Barbalho (MDB) — a
primeira será na noite de hoje.
Outros dois governadores es-
tão em primeiro nas pesquisas,
mas em situação de empate téc-
nico, o coronel Marcos Rocha
(União) em Rondônia e Wilson
Lima (União) no Amazonas. Am-
bos disputam contra ex-governa-
dores com forte capital político e
EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO
a eleição iria para o segundo tur-
no, de acordo com o Ipec.
O levantamento do Valor mos-
tra a força dos incumbentes, que
tiveram os cofres recheados por
causa da alta da arrecadação e re- Caiado: atual governador de Goiás aparece com 48% das intenções de voto, segundo o Ipec, e pode ser reeleito já no dia 2 de outubro pelo União Brasil
passes de verbas federais desde a KRISTIANO SIMAS/DIVULGAÇÃO
pandemia e, com isso, consegui-
ram realizar uma séria de obras
em seus Estados ou colocar as
contas em dia. O desempenho
dos governadores contrasta com
o cenário federal, onde o presi-
dente Jair Bolsonaro (PL), assim
como Garcia, não lidera as pes-
quisas para sua reeleição.
O Valor compilou as pesquisas
divulgadas pelo Ipec para os Es-
tados nas últimas três semanas,
desde o início das campanhas
eleitorais e consolidação dos
candidatos. Os cenários repre-
sentam a situação na data de ca-
da sondagem e, claro, podem
mudar até a eleição. O primeiro
turno ocorrerá só daqui a um
mês, em 2 de outubro.
No cenário geral hoje, o re-
cém-criado União Brasil é o par-
tido com chances de vencer em
mais Estados. A sigla possui hoje
quatro governadores e lidera a
eleição em oito locais (quatro de-
les em situação de empate). Entre
os territórios que podem passar a
ser administrados pela legenda
estão Bahia, Ceará e Piauí. Carlos Brandão: atual governador do Maranhão, que tem apoio de Lula, está na liderança da pesquisa, embora tenha assumido o cargo apenas em abril
Há uma fragmentação grande,
mas outros partidos que tam-
bém despontam com chances de Domínio das máquinas públicas
administrarem maior número Chefes do Executivo largam na frente e oito podem ser reeleitos já no primeiro turno
de governos estaduais são: o
MDB (lidera em 3 e está em se- G Governador C Candidato do governador
gundo lugar em 2, sem contar o
Pará, ainda sem pesquisa Ipec di-
Centro-Oeste Sudeste Sul
vulgada); o PSB (líder em 3 Esta-
dos e disputando em outros 2); e Distrito Federal São Paulo Santa Catarina Paraná
o PSD (a frente em 3 lugares e na
segunda posição em outros 5). Ibaneis Rocha (MDB) G 41% Fernando Haddad (PT) 32% Ratinho Júnior (PSD) G 46%
Moisés (Republicanos) G 23%
PT e PL, que polarizam a dispu- Leila do Vôlei (PDT) 9% Tarcísio Freitas (Republicanos) 17% Requião (PT) 24%
Jorginho Mello (PL) 16%
ta nacional com Bolsonaro e o ex- Paulo Octávio (PSD) 9% Rodrigo Garcia (PSDB) G 10%
presidente Luiz Inácio Lula da Esperidião Amin (PP) 15% Rio Grande do Sul
Silva (PT), por enquanto tem de- Gean Loureiro (União) 8% Eduardo Leite (PSDB)* C 32%
Goiás Minas Gerais
sempenho fraco. Os petistas lide- Décio Lima (PT) 6% Onyx Lorenzoni (PL) 19%
ram em São Paulo, disputa que Ronaldo Caiado (União) G 48% Romeu Zema (Novo) G 44%
deve ir ao segundo turno, e reele- Gustavo Mendanha (Patri) 21% Alexandre Kalil (PSD) 24%
Nordeste
geriam Fátima Bezerra no Rio
Grande do Norte. Também dis- Mato Grosso Espírito Santo Paraíba Bahia
putam outros cinco Estados em
Mauro Mendes (União) G 53% Renato Casagrande (PSB) G 52% João Azevedo (PSB) G 32% ACM Neto (União) 56%
segundo lugar. Hoje a sigla go-
Marcia Pinheiro (PV) 13% Manato (PL) 10% Pedro Cunha Lima (PSDB) 16% Jerônimo Rodrigues (PT) C 13%
verno três lugares: Bahia, Rio
Grande do Norte e Piauí. Nilvan Ferreira (PL) 15%
Já o PL está a frente das pesqui- Mato Grosso do Sul Rio de Janeiro Veneziano (MDB) 14%
Pernambuco
sas em apenas dois Estados. Lide- Cláudio Castro (PL) G
André Puccinelli (MDB) 25% 26% Rio Grande do Norte
ra com Valmir de Francisquinho Marquinhos Trad (PSD) 20% Marcelo Freixo (PSB) 19% Marília Arraes (Solidariedade) 33%
em Sergipe, mas ele foi declarado Eduardo Riedel (PSDB) C 14% Rodrigo Neves (PDT) 6% Fatima Bezerra (PT) G 46% Raquel Lyra (PSDB) 12%
inelegível pelo Tribunal Superior Capitão Styvenson (Pode) 15% Anderson Ferreira (PL) 11%
Eleitoral (TSE) — e não faz cam- Norte Miguel Coelho (União) 9%
panha por Bolsonaro — e com o Piauí Danilo Cabral (PSB) C 8%
governador Cláudio Castro no Acre Amapá
Rio de Janeiro. A sigla tem tam- Silvio Mendes (União) 38%
Gladson Cameli (PP) G 51% Clécio (Solidariedade) C 41% Ceará
bém o segundo colocado em seis Rafael Fonteles (PT) C 23%
Jorge Viana (PT) 27% Jaime Nunes (PSD) 35%
lugares. O partido não tem tradi- Capitão Wagner (União) 32%
ção no Executivo, mas filiou Cas- Maranhão Roberto Cláudio (PDT) 28%
Tocantins Roraima
tro em maio do ano passado e de- Elmano de Freitas (PT) 19%
pois Bolsonaro em novembro. Carlos Brandão (PSB) G 28%
Wanderlei Barbosa (Republicanos) G 40% Antonio Denarium (PP) G 45%
Os atuais governadores que bus- Weverton Rocha (PDT) 16%
Ronaldo Dimas (PL) 17% Teresa Surita (MDB) 38%
cam eleger aliados, por outro lado, Edivaldo Holanda (PSD) 14%
Alagoas
ainda estão com dificuldades de Amazonas Rondônia Sergipe
transferirem os votos nesta reta ini- Paulo Dantas (MDB) G 24%
Wilson Lima (União) G 30% Coronel Marcos Rocha (União) G 30%
cial da campanha. Dos oito que ten- Valmir de Francisquinho (PL) 29% Rodrigo Cunha (União) 21%
Amazonino Mendes (Cidadania) 30% Ivo Cassol (PP) 29%
tamisso,sódoislideram:oex-prefei- Fábio Mitidieri (PSD) C 16% Fernando Collor (PTB) 17%
to de Macapá Clécio Luís (Solidarie- Pará: terá a pesquisa divulgada hoje à noite Rogério Carvalho (PT) 12% Rui Palmeira (PSD) 15%
dade) no Amapá e Eduardo Leite Fontes: Ipec Acre. 800 pessoas, dias 26 a 28 de agosto, margem de erro 3pp. AC-09020/2022. Ipec Alagoas. 800 pessoas, dias 29 a 31 de agosto, margem de erro 3pp. AL-00838/2022. Ipec Amapá. 800 pessoas, dias 21 a 23 de agosto, margem de erro 3pp.
(PSDB) — que, na verdade, era o go- AP01513/2022. Ipec Amazonas. 800 pessoas, dias 21 a 23 de agosto, margem de erro 3pp. AM- 06012/2022Ipec Bahia. 1008 pessoas, dias 23 a 25 de agosto, margem de erro 3pp. BA – 02873/2022Ipec Ceará. 1200 pessoas, dias 29 a 31 de agosto, margem de
erro 3pp. CE-08708/2022Ipec Distrito Federal. 1200pessoas, dias 27 a 29 de agosto, margem de erro 3pp. DF-03235/2022 Ipec Espírito Santo. 608 pessoas, dias 14 a 16 de agosto, margem de erro 4pp. ES-09385/2022 Ipec Goiás. 800 pessoas, dias 22 a 24 de
vernador até março, mas deixou o agosto, margem de erro 3pp. GO-02234/2022 Ipec Maranhão. 800 pessoas, dias 20 a 23 de agosto, margem de erro 3pp. MA-06254/2022 Ipec Mato Grosso. 800 pessoas, dias 28 a 30 de agosto, margem de erro 3pp. MT 03831-2022 Ipec Mato Grosso do Sul.
800 pessoas, dias 28 a 30 de agosto, margem de erro 3pp. MS-06162/2022 Ipec Minas Gerais. 1504 pessoas, dias 27 a 29 de agosto, margem de erro 3pp. MG-09592/2022 Ipec Pará. SAI HOJE Ipec Paraíba. 800 pessoas, dias 26 a 28 de agosto, margem de erro
cargo para seu vice com a intenção 3pp. PB-04909/2022 Ipec Paraná. 1200 pessoas, dias 19 a 21 de agosto, margem de erro 3pp. PR-07859/2022Ipec Pernambuco. 1200 pessoas, dias 27 a 29 de agosto, margem de erro 3pp. PE-09127/2022 Ipec Piauí. 800 pessoas, dias 19 a 21 de agosto, margem
de erro 3pp. PI-09637/2022 Ipec Rio de Janeiro. 1200 pessoas, dias 27 a 29 de agosto, margem de erro 3pp. RJ-06010/2022 Ipec Rio Grande do Norte. 800 pessoas, dias 19 a 21 de agosto, margem de erro 3pp. RN-09891/2022 Ipec Rio Grande do Sul. 1008
de concorrer à Presidência e, sem pessoas, dias 12 a 15 de agosto, margem de erro 3pp. RS-08381/2022 Ipec Rondônia. 800 pessoas, dias 21 a 23 de agosto, margem de erro 3pp. RO-08675/2022 Ipec Roraima. 800 pessoas, dias 26 a 28 de agosto, margem de erro 3pp. RR-07397/2022 Ipec Santa
conseguir, tenta agora retornar ao Catarina. 800 pessoas, dias 20 a 23 de agosto, margem de erro 3pp. SC-01218/2022 Ipec São Paulo. 1504 pessoas, dias 29 a 30 de agosto, margem de erro 3pp. SP-00761/2022 Ipec Sergipe. 800 pessoas, dias 22 a 24 de agosto, margem de erro 3pp. SE
03430/2022Ipec Tocantins. 800 pessoas, dias 20 a 22 de agosto, margem de erro 3pp. TO-04301/2022. * Eduardo Leite era o governador até março, mas renunciou para tentar disputar à Presidência e, preterido pelo partido, concorre com apoio do atual
Palácio do Piratini.
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Internacional
América do Sul Sem pesquisas, não está claro se proposta será aprovada
Chile vota nova Constituição
já pensando como mudá-la
Roberto Lameirinhas
De São Paulo
O Chile vai às urnas neste do-
mingo para decidir se aceita ou re-
jeita a proposta de nova Constitui-
ção, que era uma demanda de par-
te da população. Mas a nova carta
magna acabou se convertendo, se-
gundo analistas, numa fonte de in-
certezas para o país. Sua aprovação
é incerta. Enquanto isso, governo e
oposição já negociam mudanças
no texto, caso ele seja aprovado.
Se o projeto for rejeitado, segue
em vigor a Constituição de 1980,
promulgada pelo ditador Augusto
Pinochet e apontada como origem
da profunda desigualdade social
do país, que levou a protestos vio-
lentos em outubro de 2019. A Car-
ta pinochetista, dizem especialis-
tas, já não comporta emendas para
reduzir essa desigualdade e se tor-
nou, na prática, inviável para a ma-
nutenção da estabilidade política.
Como está redigido, o projeto
de nova Constituição pode trazer
entraves ao modelo econômico li-
beral que se tornou o mais bem-
sucedido da América Latina. Se
aprovada, parte de seus 388 arti-
gos e 178 páginas — que o conver-
teriam numa das mais extensas do
mundo — terão de ser revistos ou
ter seus efeitos amenizados por
meio de leis complementares.
Tomando essa última possibili-
dade como a mais provável, a base
de apoio do presidente esquerdis-
Putin se refere à Ucrânia como enclave
GAVRIIL GRIGOROV/POOL, VIA AP
AIEA vê violação de integridade em usina nuclear EUA barram venda à China a
Tom Balmforth
Reuters, de Zaporizhzhia (Ucrânia)
A Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) concluiu
ontem a primeira fase de sua ins-
peção na usina nuclear de Zapori-
zhzhia, a maior da Europa, afir-
mando que a integridade da cen-
tral foi “violada” e que vai manter
membros no local para maior
controle da situação.
A visita vinha sendo negociada
havia semanas entre agentes inter-
nacionais, a Ucrânia e a Rússia por
conta de uma aproximação cada
maior dos conflitos na região da
usina, que apesar de ser operada
por ucranianos, está sob domínio
militar russo. O argentino Rafael
Grossi, diretor-geral da AIEA, que
comanda pessoalmente a missão
de inspeção, disse que viu “as prin-
cipais coisas que eu precisava ver”.
Grossi acrescentou que sua equipe
conseguiu reunir “muita informa-
Curta
Acordo FMI- Sri Lanka
Em crise política e econômica
há vários meses, o Sri Lanka che-
gou ontem a um acordo prelimi-
nar com o Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI) para um emprésti-
mo de cerca de US$ 2,9 bilhões, in-
formou o Fundo. “Os objetivos do
novo programa apoiado pelo FMI
no Sri Lanka são restaurar a estabi-
lidade macroeconômica e a sus-
tentabilidade da dívida", disse o
ta Gabriel Boric já dá sinais de acei-
tar essas mudanças. Essa disposi-
ção ao diálogo com a oposição faz
parte também da estratégia gover-
nista para mudar a tendência das
pesquisas, que há duas semanas —
quando se encerrou o prazo legal
para sua divulgação — apontavam
uma vantagem de cerca de 10 pon-
tos percentuais da opção “Rejeito”
sobre a alternativa “Aprovo”.
“Após anos de expectativa, o cer-
to é que pelo menos metade dos
chilenos estarão frustrados no do-
mingo à noite, seja qual for o resul-
tado da votação”, afirma o analista
Aníbal Sánchez, advogado na área
empresarial de Santiago. “Estamos
tentando aprovar um marco legal
ultra-ambientalista num país de
economia extrativista, com costu-
mes liberais num país tradicional-
mente conservador, com princí-
pios de descentralização numa so-
ciedade culturalmente nacionalis-
ta, entre outras tentativas de conci-
liar conceitos antagônicos”, diz.
A Convenção Constituinte,
que redigiu o texto e o apresen-
tou em junho, acabou domina-
da, segundo analistas, por gru-
pos radicais de esquerda, o que
tornou o projeto desequilibrado.
Além de longo, o texto é vago.
Elimina, por exemplo, o Senado e
o substitui por uma instância de
representação regional e alcance
nacional, cuja instituição não de-
fine. Entre outros artigos contro-
vertidos, converte o Chile em um
ção” durante a visita.
“É óbvio que a usina e a integri-
dade física do local foram viola-
das várias vezes”, disse o diretor
em conversa com a imprensa —
depois de retornar à capital ucra-
niana, Kiev, e declarar ter verifica-
do “muitos problemas no local”.
Apesar da afirmação de Grossi
de que a AIEA visava estabelecer
uma presença permanente na
instalação, autoridades russas
não confirmaram nem desmen-
tiram oficialmente se havia um
acordo para isso — limitando-se
a informar que tinham sa disse-
ram que os inspetores acertado
que os especialistas tinham sido
autorizados a permanecer no lo-
cal por um dia. Ao mesmo tem-
po, autoridades ucraniana infor-
maram que não tinham meios de
garantir a segurança da equipe
em Zaporizhzhia.
A agência ucraniana de ener-
gia atômica e operadora da usi-
comunicado, descrevendo o acor-
do negociado por 48 meses . “O
alívio da dívida dos credores do Sri
Lanka e financiamento adicional
de parceiros multilaterais serão
necessários para ajudar a garantir
a sustentabilidade da dívida e fe-
char as lacunas de financiamen-
to", acrescentou o comunicado. O
Sri Lanka enfrenta escassez aguda
de combustível e outros bens bási-
cos há vários meses.
“Estado plurinacional” formado
também por comunidades indí-
genas com ampla autonomia —
inclusive judicial. E proíbe os
contratos de concessão sobre uso
da água, a exploração econômica
de áreas como os glaciais andinos
e impõe regras que inviabilizam a
participação privada em setores
como saúde e educação, que pas-
sam a ser universalizado, mas sob
responsabilidade do Estado.
“Os representantes foram elei-
tos em 2020, ainda sob o calor
dos tumultos de 2019, da fragili-
dade política do governo do ex-
presidente [de centro-direita] Se-
bastián Piñera e das profundas
dificuldades sociais causadas pe-
la pandemia de covid-19”, diz
Juan Cristóbal Portales, diretor
do Instituto Desafios da Demo-
cracia e assessor da consultoria
LLYC. “Há setores do governo que
defendem propostas para corri-
gir os erros e lacunas amplamen-
te reconhecidos no texto. A estra-
tégia é aprovar o texto atual e
promover no Congresso as mu-
danças necessárias por meio de
acordos entre partidos políticos,
mais flexíveis e abertos ao diálo-
go do que certos grupos indepen-
dentes que estavam na Conven-
ção Constitucional que redigiu o
texto”, explica Portales.
Para muitos chilenos, porém, o
texto apresentado para votação
deve ser simplesmente abandona-
do para que outro seja redigido a
na, Energoatom, disse no entan-
to que cinco representantes da
AIEA tinham informado que per-
maneceriam em Zaporizhzhia,
provavelmente até amanhã.
“Conseguimos algo muito im-
portante hoje e é essencial que a
AIEA permaneça aqui e deixe o
mundo saber que estamos obser-
vando o que ocorre em Zaporizh-
zhia”, disse Grossi em uma entre-
vista transmitida em vídeo pela
agência de notícias da Rússia
“RIA Novosti”. Ele disse que as ex-
plicações fornecidas à equipe de
inspetores durante a visita foram
“muito esclarecedoras”.
Grossi também elogiou o “tra-
balho dedicado” da equipe de
técnicos que estava “continuan-
do profissionalmente com seu
trabalho” em “circunstâncias
muito difíceis”.
A instalação nuclear foi ocupa-
da pelas forças da Rússia em mar-
ço, mas ainda está conectada à
Executivo russo que criticou
guerra morre ao cair de janela
Agências internacionais
O presidente da Lukoil, empresa
privada que é a segunda maior
produtora de petróleo da Rússia,
morreu ontem após cair da janela
de um hospital em Moscou. A mor-
te de Ravil Maganov, de 67 anos,
ocorre meses após o conselho da
empresa divulgar comunicado cri-
ticando a guerra na Ucrânia e pe-
dindo um fim rápido do conflito.
partir do zero. “O setor de minera-
ção responde por mais de 10% do
Produto Interno Bruto e por 30%
das exportações do Chile, mas o
projeto constitucional que a con-
venção elaborou limita drastica-
mente o setor”, diz um analista de
um sindicato empresarial que pre-
fere não se identificar. “O texto traz
restrições sobre o uso da água, es-
sencial para a atividade, não é cla-
ro sobre a delimitação de prote-
ções ambientais e, segundo nossos
estudos, elevaria os impostos e ta-
xas do setor para quase 80% dos lu-
cros — muito acima da prática in-
ternacional, que gira em torno dos
50%”, afirmou a fonte.
No exterior, o texto também é
visto com desconfiança. “O projeto
constitucional do Chile deve ser re-
jeitado e reescrito”, diz o editorial
de ontem do jornal “The Washing-
ton Post”, ressaltando as restrições
à mineração, sobretudo do lítio —
insumo básico para a eletrificação
automotiva e do qual o país é um
dos maiores produtores. Nesta se-
mana, o “Financial Times’ também
qualificou o projeto de “frágil”.
“Acreditamos que será neces-
sário impor limites às autono-
mias regionais e indígenas”, afir-
ma, em comunicado, o centro de
estudos de tendência progressis-
ta Fundação Chile 21, favorável à
aprovação do projeto. “Mas o tex-
to nos parece favorável ao forta-
lecimento do estado social e de-
mocrático de direito”, conclui.
O presidente russo, Vladimir Putin
(foto), afirmou ontem que a Ucrânia
se tornou “um enclave antirruso” e
que o que chama “operação especial”
no país vizinho visa a pôr fim à
“ameaça a Moscou”. “No atual
território da Ucrânia começaram a
criar um enclave antirrusso que traz
sérias ameaças ao nosso país”, disse,
durante uma visita a Kaliningrado, um
enclave pertencente à Rússia na costa
do mar Báltico, entre a Lituânia e a
Polônia. Ele fez a declaração em um
encontro com estudantes. Como tem
feito desde antes da invasão da
Ucrânia, em fevereiro, Putin insistiu
que a Ucrânia nunca existiu como um
Estado antes da instituição da União
Soviética. Segundo essa tese, foi o
regime comunista que criou a
República Soviética da Ucrânia, à qual
entregou vastos territórios que
seriam historicamente russos.
rede de energia da Ucrânia. A re-
gião foi alvo de repetidos bom-
bardeios nas últimas semanas,
provocando temores de um de-
sastre de radiação.
Ucrânia e Rússia se acusam mu-
tuamente de ataques na área. An-
tes do fim da inspeção pela equipe
de Grossi, Kiev afirmou que os tra-
balhos estavam “atrasados” por-
que as forças russas estavam blo-
queando a passagem da missão.
Andriy Yermak, chefe de gabi-
nete do presidente da Ucrânia,
Volodymyr Zelensky, disse que
um ataque aéreo tinha sido lan-
çado pelos russos, pouco antes
da chegada dos inspetores. “Eles
querem atrapalhar a visita da
missão da AIEA. Essas são as
ações de um estado terrorista
com medo de que o mundo saiba
a verdade”, acrescentou.
Moscou, por seu lado, diz que
Kiev usa a usina como escudo pa-
ra um depósito de armamentos.
Desde o comunicado, Maganov
é o segundo dirigente da Lukoil a
morrer. Em maio, outro executivo
sênior, Alexander Subbotin, foi en-
contrado morto no porão de uma
casa nos arredores de Moscou.
A agência de notícias estatal
Tass disse que Maganov, que se
tratava de um infarto no Hospital
Central de Moscou, teria se suici-
dado. A Lukoil lamentou a morte
e não comentou as causas.
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Com alta da covid, China
coloca a megacidade de
Chendgu de lockdown
Bloomberg
A megacidade de Chengdu, no
sudoeste da China, colocou on-
tem em lockdown seus 21, diante
de um crescente surto de novos
casos de covid-19. As novas res-
trições são as maiores desde que
Xangai ficou quase três meses
sob rígido lockdown no primeiro
semestre do ano.
Os moradores de Chengdu foi-
ram avisados do fechamento ape-
nas seis horas antes de a medida
entrar em vigor. Apenas um mo-
rador por família será autorizado
a deixar sua casa para abastecer-
se com alimentos e remédios.
Não há previsão para o levanta-
mento das restrições.
Chengdu teve mais de 900 no-
vos casos em 10 dias.
Em todos os lugares da cidade,
conhecida por seu santuário de
pandas, as prateleiras dos super-
mercados foram esvaziadas em
poucas horas enquanto motoris-
tas ansiosos enchiam as ruas ten-
tando chegar em casa. Como em
Xangai, o governo local afirmou
que haveria pelo menos três dias
de testes compulsórios em massa
entre ontem e domingo.
As incertezas em changdu res-
saltam o quanto a vida nas mega-
cidades da China — das quais há
17 com populações de 10 mi-
lhões de pessoas ou mais — deu
uma guinada drástica este ano
com a chegada de variantes mais
transmissíveis da covid-19. Em-
bora as infecções sejam muito
menores do que em muitos ou-
tros países, as autoridades se-
guem uma cartilha de bloqueios
precoces e rigorosos para cortar
as cadeias de transmissão.
Há pressão adicional para do-
mar os surtos na preparação para
o congresso do Partido Comunis-
ta Chinês no final deste ano,
quando o presidente Xi Jinping
deve garantir um terceiro man-
dato como líder e possivelmente
Pequim abrirá mão de sua rígida
estratégia de covid-zero.
Capital da província de Si-
chuan, Chengdu é a quarta me-
gacidade chinesa a ser fechada
este ano, em comparação com
apenas duas em 2021 e nenhuma
em 2020 após a crise de Wuhan
— o vírus cqausado da covid foi
detectado pela primeira vez foi
detectado — ter diminuído.
As notícias sobre o lockdown
em Chengdu foram acessadas
por quase 500 milhões de visuali-
zações a partir das 16 horas de
ontem na plataforma Weibo, se-
chips avançados da Nvidia
Agências internacionais
Os EUA proibiram a empresa
Nvidia de vender chips de última
geração para Rússia e China. Os
chips são usados para o desenvol-
vimento de sistemas de inteligên-
cia artificial, e a medida indica
um maior controle da Casa Bran-
ca para a exportação de tecnolo-
gia de ponta para países hostis.
O Ministério do Comércio da
China acusou Washington de
abusar dos controles de exporta-
ção e disse que as restrições afeta-
riam as cadeias de suprimentos e
a recuperação econômica global.
“A China se opõe firmemente a
ONU acusa Pequim de violar
direitos humanos em Xinjiang
Agências internacionais
Os abusos contra os direitos
humanos cometidos pela China
em Xinjiang podem ser conside-
rados crimes contra a humanida-
de, de acordo com um relatório
do órgão de fiscalização de direi-
tos da ONU divulgado ontem.
O documento, que vinha sendo
preparado havia três anos, foi alvo
de pressões de Pequim e de países
aliados principalmente aos EUA, e
foi liberado apenas 11 horas antes
da alta comissária de direitos hu-
manos, a chilena Michelle Bache-
let, encerrar seu mandato. O rela-
tório pede investigação indepen-
| |
Valor A17
melhante ao Twitter da China.
Muitos expressaram resignação,
como os bloqueios recorrentes,
testes contínuos e rastreamento
de contato rigoroso, que torna-
ram-se eventos cotidianos na vi-
da dos chineses.
“É tão difícil, estou deitada e
vou dormir agora”, disse Roxie
Huang, usando uma expressão
popular que se refere ao tédio en-
frentado pelos jovens. “Muito do
comportamento na era da pan-
demia realmente não tem uma
causa racional”, disse Huang.
Em Xangai e outras cidades, as
pessoas foram presas pelas auto-
ridades por incitar o pânico ao
espalhar “rumores” sobre restri-
ções iminentes — confirmados
mais tarde pelos governos locais.
Chengdu é uma cidade econo-
micamente menos importante
do que Xangai. Ela responde por
1,7% do Produto Interno Bruto
(PIB) a do país, em comparação
com os 3,8% de Xangai.
Mas abriga empresas de tecno-
logia e montadoras, incluindo
Toyota Motor Corp. e VW China.
“Não esperamos perdas como
em Xangai”, escreveu David Qu,
economista chinês da Bloomberg
Economics, em nota, ontem. “Mas
deve haver um impacto generali-
zado no sentimento de que futu-
ros danos possam causar impacto
direto na economia em outras
partes da China.” Essas paralisa-
ções põem em risco a previsão de
crescimento de 4,5% no terceiro
trimestre, escreveu ele.
Hu, um funcionário de uma
empresa estatal de 45 anos, e sua
família começaram a fazer as ma-
las logo após o anúncio das auto-
ridades, com o objetivo de deixar
seu apartamento na cidade de
Chengdu para uma residência
maior nos subúrbios para en-
frentar o que viesse.
“Temos uma casa de campo
mais espaçosa, onde minha famí-
lia e eu podemos fazer algumas
atividades ao ar livre no jardim du-
rante o bloqueio”, disse Hu, que
pediu para ser identificado pelo
sobrenome por medo de falar.
“Mas eu terei de deixar atividades
importantes aqui”, afirmou. Por
conta do lockdown, o início do no-
vo período letivo foi adiado, em-
bora o transporte público conti-
nue funcionando e os cidadãos
possam deixar a cidade sem apre-
sentar uma justificativa especial.
Medidas semelhantes deixa-
ram milhões de pessoas presas
em suas casas em Dalian, no nor-
deste do país,.
isso”, disse uma porta-voz do mi-
nistério, Shu Jueting. “Os EUA de-
vem parar imediatamente com
suas práticas errôneas, tratar as
empresas de todos os países igual-
mente, inclusive as da China, e fa-
zer mais para contribuir para a es-
tabilidade econômica mundial.”
Autoridades dos EUA disseram
à Nvidia para parar de vender para
empresas da China e da Rússia dois
de seus chips projetados para inte-
ligência artificial, segundo nota de
ontem da empresa. O governo
proibiu a exportação de produtos
que utilizem os chips A100 e os fu-
turos H100. A proibição entrou em
vigor imediatamente.
dente de supostos abusos contra
minorias étnicas de maioria mu-
çulmana no noroeste chinês.
“A extensão da detenção arbi-
trária e discriminatória de uigu-
res e membros de outros grupos
predominantemente muçulma-
nos pode constituir crimes inter-
nacionais, em particular, crimes
contra a humanidade", disse o
documento. Estima-se que mais
de um milhão de uigures e outras
minorias étnicas turcomanas te-
nham sido detidos em campos
que Pequim descreve como cen-
tros de treinamento projetados
para combater o terrorismo e ati-
vidades separatistas em Xinjiang.
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A18 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Opinião
MARCOS SANTOS/USP IMAGENS

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: João Roberto Marinho
VICE-PRESIDENTES: José Roberto Marinho - Roberto Irineu Marinho

é uma publicação da Editora Globo S/A

DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar

DIRETORA DE REDAÇÃO: Maria Fernanda Delmas

Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit

Desempenho da economia
pode suavizar desaceleração
A
economia brasileira cresceu segundo (R$ 1,490 trilhão).
mais do que o previsto no O arsenal eleitoral do governo não se
segundo trimestre do ano (1,2%) esgotou e o Auxílio Brasil, que começou a ser
em relação ao primeiro pago em agosto, levará para a economia mais
trimestre, que teve sua taxa R$ 60 bilhões, ou cerca de R$ 40 bilhões a
revista para cima (1,1%). A remoção de mais do que os recursos que já circulariam
entraves não econômicos à expansão, o em decorrência do Bolsa Família, cujo valor
passado, explica parte da recuperação — o médio era um terço de seu substituto.
arrefecimento da pandemia e praticamente o Estimularão ainda indiretamente o consumo
fim das restrições às atividades presenciais, o a remoção federal dos impostos sobre
que liberou a energia do setor de serviços, combustíveis (R$ 52 bilhões em um ano) e a
que compõe 70% do PIB. A outra parte diz redução das alíquotas de ICMS sobre itens
respeito ao presente: o ano eleitoral e as essenciais, como transportes,
estratégias de gastos dos governantes para se telecomunicações e combustíveis (cerca de
manterem no poder. R$ 65 bilhões em um ano).
O setor de serviços, pelo lado da oferta, No bom desempenho da economia do
recuperou sua expansão e mantém um ritmo trimestre influíram ainda o aumento de 4,8% Intervenção estatal limita atividade de instituições de
de atividade já razoavelmente superior ao de do investimento (formação bruta de capital
antes da pandemia. O fim dos obstáculos à fixo), impulsionado pela expansão forte da educação superior. Por Joyl Gondim e Monique Guzzo
mobilidade fez com que a rubrica “outras construção (2,7% no trimestre, 9,9% ante o

Livre iniciativa (ou não) na

atividades de serviços”, onde entram aquelas mesmo trimestre de 2021). Eles se beneficiaram
mais diretamente dependentes de salários e dos gastos feitos por Estados e municípios,
proximidade física, se destacassem em repletos de recursos em caixa. A maior parte
crescimento por qualquer padrão de dos governadores tenta agora a reeleição.
comparação: de um trimestre contra o
anterior, ante o mesmo período do ano
passado ou o acumulado em quatro
trimestres. Sem a plena mobilidade não
A grande valorização das cotações das
commodities ajudou a movimentar a economia
e empurrar para cima a contribuição da
agricultura, prejudicada por adversidades
criação de cursos de Medicina
A
haveria esta expansão. Sem o aumento do climáticas, que ficaram para trás (o setor Constituição federal público como requisito para gas e a abertura de cursos, já que
consumo das famílias, também não. avançou 0,5% no segundo trimestre, ainda estabelece que o ensi- abrir novos cursos de medicina, violam os princípios constitucio-
O consumo das famílias deu um salto de assim, menos que os demais componentes da no é livre à iniciativa no entanto, gerou duas interpre- nais da livre iniciativa e concorrên-
2,6% no segundo trimestre e de 5,3% em oferta, como indústria e serviços). privada, desde que tações divergentes sobre a autori- cia. Até o momento, poucas insti-
relação ao mesmo período do ano passado. Maiores cotações de produtos exportados atendidas duas condições: o zação dos cursos de medicina tuições conseguiram abrir cursos
Foi nesse trimestre que o desemprego caiu pelo país e desvalorização do real não cumprimento das normas gerais ainda não resolvidas pela juris- de medicina pelo caminho judi-
com mais força (a 9,1%) e, em consequência, produziram, no entanto, um impulso do da educação nacional e a autori- prudência. A primeira é que o cial. Continuam pendentes diver-
que a massa salarial aumentou com força, setor externo à economia. As importações zação e avaliação de qualidade chamamento público seria um sas outras ações envolvendo apro-
ainda que os salários continuassem caindo. A cresceram e as exportações recuaram no pelo Poder Público. A interven- dos dois caminhos para se obter a ximadamente 20 mil vagas, que
ção estatal na abertura de novos autorização para o funcionamen- podem render até R$ 13 bilhões ao
oferta de crédito, apesar da elevação da taxa segundo trimestre. Segundo o economista
cursos de medicina e no aumen- to de cursos de medicina: trâmite ano em mensalidades.
de juros e da alta da inadimplência, seguiu Alberto Ramos, diretor de pesquisa para a
to de vagas em cursos já existen- normal e não vinculado ao pro- Esse cenário de conflito im-
aumentando em dois dígitos. América Latina do Goldman Sachs, a tes é tão significante que limitou grama; e o chamamento público pacta diretamente as operações
O calendário político deu um estímulo demanda externa reduziu o PIB em 1,34 as instituições de educação supe- no programa. A outra seria o cha- de M&A, além dos investimentos
considerável ao consumo das famílias, que em ponto percentual. Esse resultado foi rior de exercer plenamente sua mamento público ser a única for- das próprias instituições de ensi-
valores atingiu o maior ponto da série com amenizado pela expansão de 2,5% da atividade econômica, ainda que ma de se obter a autorização — es- no na ampliação e criação desses
ajuste sazonal com valores a preços de 1995 demanda final doméstica. atendidos esses requisitos. Atual- sa interpretação limita a livre ini- cursos. A legislação atual cria
(comparação até 2010). O fim do auxílio As revisões do PIB de 2022 entraram, então, mente, diversas instituições es- ciativa e concorrência, além de uma reserva de mercado para as
emergencial, criado na pandemia, reduziu o em alta, para perto dos 3%. Se não houver tão inclusive impedidas de ofere- criar uma reserva de mercado. instituições já autorizadas a ofe-
avanço do consumo no primeiro trimestre do crescimento no segundo semestre, o PIB cer esses cursos. recer cursos de medicina, mas, ao
ano em relação ao anterior, mas o governo fechará o ano em 2,6%. Não se descarta que, Diferentemente dos demais mesmo tempo, limita sua expan-
cursos de graduação e da área de
Legislação cria reserva são e crescimento.
promoveu nova liberação emergencial do FGTS com impulsos fiscais e parafiscais já dados, e de mercado para as
saúde, a abertura de cursos em Se, por um lado, essa reserva re-
(R$ 30 bilhões) e outra antecipação do 13 o outros que possam vir, a desaceleração
medicina segue regras específi- instituições autorizadas, força os elevados preços de aquisi-
salário de aposentados e pensionistas (R$ 56 esperada para o 3 o trimestre seja postergada ou cas. A partir de 2013, a Lei n o ção das instituições de ensino que
bilhões). A preços correntes, isto explica em amenizada. A queda da inflação, além disso, mas, ao mesmo tempo,
12.871, que criou o Programa oferecem cursos de medicina —
parte o aumento das despesas de consumo do pode dar novo alento ao consumo, assim como Mais Médicos, estabeleceu que a limita sua expansão visto que as operações de M&A or-
primeiro trimestre (R$ 1,406 trilhão) para o os salários, que ensaiam uma recuperação. autorização para o funciona- çam, em média, cada estudante de
mento de cursos de graduação Para agravar a situação, o MEC medicina em R$ 2 milhões —, por
em medicina por uma institui- publicou a Portaria n o 328, que outro, cria insegurança jurídica
Diretor Adjunto Daniel Rittner (Brasília) Editor de Agronegócios Editores de Projetos Especiais ção privada será precedida de suspendeu a abertura de novos nos casos em que uma liminar é
de Redação (daniel.rittner@valor.com.br) Fernando Lopes Célia Rosemblum chamamento público e cabe ao cursos de medicina e pedidos de necessária para que o curso passe a
Cristiano Romero Daniela Chiaretti (fernando.lopes@valor.com.br) (celia.rosemblum@valor.com.br) ministro da Educação indicar a aumento de vagas desses cursos existir ou amplie seu número de
(cristiano.romero@valor.com.br) (daniela.chiaretti@valor.com.br) Editora de Finanças Tania Nogueira Alvares
Editor-executivo João Rosa (tania.nogueira@valor.com.br)
pré-seleção dos municípios para por um prazo de 5 anos (até abril vagas. No primeiro caso, as insti-
Talita Moreira
de Opinião (joao.rosa@valor.com.br) (talita.moreira@valor.com.br) Correspondente internacional autorizar o funcionamento dos de 2023) nas instituições públi- tuições consolidadas que não se
José Roberto Campos Lucinda Pinto Editor de S.A. Assis Moreira (Genebra) cursos, em parceria com o Minis- cas e privadas. O objetivo alegado valeram de liminares têm uma va-
(jose.campos@valor.com.br) lucinda.pinto@valor.com.br Nelson Niero (assis.moreira@valor.com.br)
tério da Saúde. foi o de avaliar e adequar a forma- lorização excepcional. No segun-
Editores-executivos Maria Cristina Fernandes Correspondentes nacionais
Catherine Vieira (mcristina.fernandes@valor.com.br)
(nelson.niero@valor.com.br)
Cibelle Bouças (Belo Horizonte)
O aumento de vagas ou até ção médica já existente no país. do, as instituições sofrem com a
Editora de Carreiras
(catherine.vieira@valor.com.br) Marli Olmos Stela Campos
(cibelle.boucas@valor.com.br) mesmo a oferta de cursos de gra- Em maio deste ano, a Portaria dúvida sobre o destino de seus cur-
Fernando Torres (marli.olmos@valor.com.br)
(stela.campos@valor.com.br)
Marina Falcão (Recife) duação em medicina, inclusive n o 343 tentou liberar a criação de sos e vagas — porque, no caso de a
(fernando.torres@valor.com.br) Mônica Scaramuzzo (marina.falcao@valor.com.br)
Editor de Cultura em universidades e centros uni- novas vagas em cursos de medici- ação apresentada pela Anup pros-
Robinson Borges (monica.scaramuzzo@valor.com.br)
(robinson.borges@valor.com.br) Editor de Brasil
Hilton Hida versitários (com autonomia para na até o limite de mais 100 alu- perar no STF, haveria a anulação
(hilton.hida@valor.com.br)
Sergio Lamucci Marcos de Moura e Souza VALOR INVESTE criar cursos), depende de autori- nos. Mas a tentativa teve curta dos efeitos das decisões liminares.
Editor de Legislação & Tributos Editor Responsável
(sergio.lamucci@valor.com.br) (marcos.souza@valor.com.br)
Arthur Carlos Rosa Fernando Torres
zação do MEC, após manifestação duração, já que foi revogada dias Vale destacar que a legislação
Zinia Baeta Editor de Política
(zinia.baeta@valor.com.br) César Felício
(arthur.rosa@valor.com.br) (fernando.torres@valor.com.br) do Conselho Nacional de Saúde. após sua publicação. apresenta restrições às estrutura-
Chefe da Redação (cesar.felicio@valor.com.br)
Editor de Arte/ Fotografia Há diversas justificativas (e fina- O resultado desse cenário de ções das operações no setor e
Silas Botelho Neto
em Brasília Editor de Internacional lidades) para as barreiras impostas suspensão e restrições foi a proli- abrange todos os cursos. Nas
(silas.botelho@valor.com.br) PIPELINE
Fernando Exman Humberto Saccomandi
Editora Valor Online Editora
à abertura de cursos de medicina. feração de ações e batalhas judi- operações de transferência de
(fernando.exman@valor.com.br) (humberto.saccomandi@valor.com.br)
Chefe da Redação no Rio Editora de Tendências Paula Cleto Maria Luíza Filgueiras Entre elas, aprimorar a formação ciais. De um lado, instituições de CNPJ e de controle da mantene-
Francisco Góes & Consumo e Tecnologia (paula.cleto@valor.com.br) (maria.filgueiras@valor.com.br) de qualidade e tentar diminuir a ensino superior e associações do dora, por exemplo, o MEC proíbe
(francisco.goes@valor.com.br) Cynthia Malta Editora Valor PRO carência de médicos nas áreas setor buscam anular a suspensão expressamente transferir cursos
Repórteres Especiais (cynthia.malta@valor.com.br) Roberta Costa
roberta.costa@valor.com.br VALOR INTERNATIONAL
prioritárias para o SUS, o que em imposta pelo MEC e abrir cursos entre instituições de ensino.
Alex Ribeiro (Brasília) Editor de Indústria
(alex.ribeiro@valor.com.br) e Infraestrutura Coordenador Valor Data Editor tese reduziria as desigualdades re- de medicina sem passar pelo cri- Além disso, proíbe a fusão de ins-
Adriana Mattos Ivo Ribeiro William Volpato Samuel Rodrigues gionais na saúde pública. vo nem atender às contrapartidas tituições de ensino de mantene-
(adriana.mattos@valor.com.br) (ivo.ribeiro@valor.com.br) (william.volpato@valor.com.br) (samuel.rodrigues@valor.com.br) Em 2013, a relação era de 1,8 da lei do Mais Médicos. Do outro doras distintas e a divisão de cur-
Valor PRO / Diretor de Negócios Digitais Tarcísio J. Beceveli Jr. (tarcisio.junior@valor.com.br) médico para cada 1.000 habitan- lado, a Associação Nacional das sos de uma mesma mantida.
Para assinar o serviço em tempo real Valor PRO: falecom@valor.com.br ou 0800-003-1232 tes, refletindo a escassez de pro- Universidades Particulares Quando o assunto é a criação de
Filiado ao IVC (Instituto Verificador de Comunicação) e à ANJ (Associação Nacional de Jornais) fissionais em diversas regiões do (ANUP) protocolou uma ação no cursos de medicina, a legislação
Valor Econômico Av. 9 de Julho, 5229 – Jardim Paulista – CEP 01407-907 – São Paulo - SP – Telefone 0 xx 11 3767 1000 Brasil. Pará, Amapá e Acre conta- STF, pedindo que sejam invalida- restritiva impacta diretamente a li-
Departamentos de Publicidade Impressa e On-line SP: Telefone 0 xx 11 3767-7955, RJ 0 xx 21 3521 1414, DF 0 xx 61 3717 3333.
vam com menos de 1 médico por das liminares que obrigam o MEC vre iniciativa, a concorrência das
Legal SP 0 xx 3767 1323
Redação 0 xx 11 3767 1000. Endereço eletrônico www.valor.com.br 1.000 habitantes na época da a analisar a criação de vagas em instituições e as relevantes opera-
Sucursal de Brasília SCN Quadra 05 Bloco A-50 – Brasília Shopping – Torre Sul – sala 301 – 3º andar – Asa Norte – Brasília/DF - CEP 70715-900 criação do programa. cursos de medicina por institui- ções de mercado nesse setor. Inde-
Sucursal do Rio de Janeiro Rua Marques de Pombal, 25 – Nível 2 – Bairro: Cidade Nova – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20230-240 Para enfrentar esses problemas, ções privadas que não se subme- pendentemente dos motivos que
Publicidade - Outros Estados
a Lei n o 12.871 estabeleceu que a teram ao chamamento e que seja embasaram a decisão do governo,
BA/SE/PB/PE e Região Norte MG/ES - PR - SEC - Soluções RS - SC - Marcucci &
Canal Chetto Comun. e Sat Propaganda Estratégicas em HRM Representações Gondran Associados autorização para oferecer cursos declarada a constitucionalidade fato é que essa questão deverá aca-
Representação Tel./Fax: (31) Comercialização Tel./Fax: (51) Tel./Fax: (48) de medicina deve obedecer a uma do artigo 3 da lei do Mais Médi- bar no STF e demais tribunais. Mas
Tel./Fax: (71) 3043-2205 3264-5463/3264-5441 Tel./Fax: (41) 3019-3717 3231-6287/3219-6613 3333-8497/3333-8497
regulação educacional específica, cos. São 180 ações judiciais em até lá permanece em debate e gera
Para contratação de assinatura e atendimento ao assinante, entre em contato pelos canais:
Call center: 0800 7018888, whatsapp e telegram: (21) 4002 5300. Portal do assinante: portaldoassinante.com.br
com a publicação de chamamento andamento, segundo a Anup. insegurança jurídica.
Para assinaturas corporativas e-mail: corporate@valor.com.br público às instituições interessa- As instituições de ensino ale-
Aviso: o assinante que quiser a suspensão da entrega de seu jornal deve fazer esse pedidoà central de atendimento com 48 horas das em se habilitar para atuar em gam que a atual regulamentação é Joyl Gondim e Monique Guzzo são,
de antecedência regiões de vulnerabilidade social, inconstitucional, em especial o ar- respectivamente, sócio da área de Fusões
Preço de nova assinatura anual (impresso + digital) para as regiões Sul e Sudeste: R$ 1.618,80 ou R$ 134,90 mensais. conforme critérios do MEC. tigo 3 da lei e as portarias do MEC e Aquisições e advogada das áreas de
Demais localidades, consultar o Atendimento ao Assinante. Tel: 0800 7018888. Carga tributária aproximada: 3,65% A imposição do chamamento que suspendem o aumento de va- Life Science e Regulatório do Demarest.
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Opinião
A economia e a felicidade
Armando Castelar
Pinheiro
L
ilyhammer é uma de mi-
nhas séries favoritas na
TV. Ambientada na No-
ruega, ela mostra uma
cultura que conhecemos pouco,
de bastante confiança entre as
pessoas e nas instituições. Verda-
de que com muita “criminalida-
de” também, a parte engraçada
da série, e um bocado de neve:
para alguém que, como eu, não
gosta de frio, nem de dias escu-
ros, dá arrepios.
Talvez por isso, me impres-
sione tanto a liderança dos paí-
ses nórdicos no World Happi-
ness Report publicado esta se-
mana (https://worldhappi-
ness.report/). A Finlândia apa-
rece mais uma vez como o país
mais feliz dentre os 146 países
analisados, seguida pela Dina-
marca e Islândia. A Suécia e No-
ruega estão na sétima e na oita-
va posições, respectivamente.
O Brasil aparece relativamente
bem, na 38 a colocação.
Progresso tecnológico dobrou tamanho da economia global a cada geração. Por Bradford DeLong
Por que não podemos todos ser ricos?
E
m 6 de setembro, a Basic
Books estará lançando
“Slouching Towards
Utopia” (Negligencian-
do a Utopia) meu livro de histó-
ria econômica do “longo século
XX” de 1870 a 2010. Já passou da
hora, eu argumento, de mudar-
mos nossa compreensão de onde
fica o ponto de inflexão da histó-
ria econômica global.
Alguns poderiam colocá-lo em
1076, quando a Controvérsia Eu-
ropeia das Investiduras cimentou
a ideia de que a lei deve alcançar
até os mais poderosos, em vez de
ser apenas uma ferramenta à dis-
posição deles. Outro grande ano é
1450, quando a chegada da im-
prensa de tipos móveis de Guten-
berg e o Renascimento prepara-
ram o cenário para o Iluminismo. E
então, é claro, há 1770, quando a
Revolução Industrial realmente
começou a existir.
Não há como contestar a im-
portância daquilo que essas da-
tas representam. Mas escolhi
1870 porque é mais importante
ainda. Foi quando o laboratório
de pesquisa industrial, a moder-
na corporação e a globalização
total se encaixaram. Essas foram
as instituições que impulsiona-
riam o progresso tecnológico a
ponto de dobrar o tamanho da
economia global a cada geração
— que é o que costumeiramente
fizeram de 1870 a 2010.
Esse ritmo sem precedentes de
avanço tecnológico deu à huma-
nidade o poder de finalmente ba-
nir o diabo de Malthus. O cresci-
mento populacional não anularia
mais os ganhos da produtividade
para manter o mundo pobre. Ino-
vações em tecnologia, metodolo-
gia e organização tornaram possí-
vel expandir o bolo econômico
para que todos pudessem ter o su-
ficiente. Isso significava que a go-
vernança não funcionaria mais
principalmente como uma má-
quina de extração de recursos pe-
la qual a elite poderia pegar “o su-
ficiente” do bolo de tamanho in-
suficiente para si. Em vez disso, o
governo e a política poderiam fi-
nalmente ser direcionados para a
construção de um mundo verda-
deiramente humano.
A trajetória tecnológica após
1870 ultrapassou rapidamente
tudo o que a humanidade havia
imaginado que seria necessário
para alcançar a utopia. Com o
problema de preparar uma torta
econômica suficientemente
grande tendo sido resolvido, pa-
recia que a parte difícil havia ter-
minado. Tudo o que a humanida-
Nesta sua décima edição, o re-
latório busca aprofundar uma
série de questões sobre o tema da
felicidade, inclusive a permanen-
te pergunta sobre o que faz as
pessoas felizes. Dois temas mais
relacionados à economia me pa-
receram especialmente interes-
santes: a felicidade como alter-
nativa ao PIB, enquanto métrica
de progresso, e como foco das
políticas públicas, em lugar do
crescimento econômico.
Utilizei o Relatório sobre a Fe-
licidade Mundial pela primeira
vez no início de 2020, tentando
entender o porquê dos protestos
ocorridos em 2019 na América
Latina, em especial no Chile, na
Colômbia, na Bolívia e no Peru. A
explicação mais comum era en-
tão a desaceleração do cresci-
mento econômico, com o fim do
super ciclo de commodities.
Ocorre que os países que mais
contribuíram para o PIB da re-
gião crescer menos — Argentina,
Brasil e Venezuela — não eram
aqueles onde havia protestos.
De fato, os países com mais
manifestações vinham tendo de-
sempenho econômico acima da
média. Nos 20 anos anteriores, os
PIBs per capita de Bolívia, Chile,
Colômbia e Peru haviam crescido
a uma média de 2,3%, 2,5%, 2,2% e
3,4% ao ano (a.a.), respectiva-
mente, contra uma média para a
América Latina e Caribe de 1,2%
a.a. No decênio 2009-18, o con-
Nossas proezas
tecnológicas não
construíram um mundo
justo e feliz. A tarefa
das futuras gerações
será descobrir como se
tornar tão bom em
fatiar e saborear a
torta econômica
quanto as gerações
anteriores foram em
torná-la maior
traste fora ainda maior: essas ta-
xas haviam sido de 3,2%, 1,8%,
2,3% e 3,2% a.a., contra uma mé-
dia regional de 0,6% a.a.
O Chile é, talvez, o melhor
exemplo. O PIB per capita chileno
é 61% mais alto que a média da re-
gião. O país se caracterizou nas
últimas décadas pela boa gestão
macroeconômica, com inflação
(média de 2,7% a.a. em 2009-18),
taxa de desemprego (7,3%) e défi-
cits público (1,3% do PIB) e em
conta corrente (2,5% do PIB) rela-
tivamente baixos. Ainda assim, o
Chile viveu um longo período de
violentos protestos, que só dimi-
nuíram com a decisão de se votar
uma nova constituição (a ser sub-
metida neste domingo a plebisci-
to) e uma radical mudança de go-
verno. Mudanças políticas radi-
cais também ocorreram na Bolí-
via, na Colômbia e no Peru.
Caminho que as eleições
têm tomado, com muita
raiva e ódio, não ajuda a
economia e reduz o nível
de felicidade do país
A explicação que o Relatório
daria, talvez, é que as pessoas
nesses países não estão felizes. O
Chile, apesar de uma renda per
capita 65% superior à brasileira,
está seis posições atrás de nós no
ranking. A Colômbia tem PIB
de precisava fazer a seguir era
descobrir como fatiar e provar a
torta — ou seja, como converter
nossa proeza tecnológica em vi-
das felizes, saudáveis, seguras e
protegidas para todos. Esses pro-
blemas seriam resolvidos ainda
mais rápido, certo?
Na verdade, os problemas de
fatiar e provar a torta econômica
de rápido crescimento nos deixa-
ram constantemente atordoados.
Para entender por que coletiva-
mente não conseguimos acertar,
eu indicaria quatro pensadores.
O primeiro é o economista
austríaco Joseph Schumpeter,
que explicou como a tecnologia
moderna gera imensa riqueza
por meio de um processo de
“destruição criativa”. O progres-
so tecnológico e econômico exi-
ge que antigas indústrias, ocupa-
ções e padrões sociais sejam re-
gularmente destruídos para dar
lugar a novas criações. Este pro-
cesso pode, sem dúvida, ser dolo-
roso. Mas é também por isso que
houve mais mudanças tecnológi-
cas desde 1870 do que entre
6000 AC e 1869.
O segundo pensador é Friedri-
ch Engels, que elaborou o mode-
lo marxista de superestrutu-
ra-base da economia política (es-
ta é, claro, a estrutura de Marx,
mas acredito que deva mais ao
seu colaborador).
“Superestrutura” descreve to-
da a sociedade, com suas redes
pessoais, padrões sociológicos e
instituições políticas, culturais e
— crucialmente — econômicas.
per capita um pouco superior ao
nosso, mas está 28 posições
atrás. A mesma explicação talvez
se aplique também à polariza-
ção política em países ricos co-
mo os Estados Unidos, que ocu-
pa a 16 a posição no ranking,
apesar de ter PIB per capita su-
perior ao de todos os dez pri-
meiros colocados, com exceção
da Suíça e de Luxemburgo.
Medir felicidade é, claro, difí-
cil. O Relatório faz isso desde seu
início por meio de pesquisas rea-
lizadas pela Gallup com habitan-
tes de cada país; em geral, cerca
de mil entrevistas por país por
ano. Há um esforço de correla-
cionar os resultados com uma sé-
rie de variáveis, concluindo-se
pela importância da renda, do
apoio social, da saúde (expectati-
va de vida), da liberdade de fazer
escolhas, da ausência de corrup-
ção e da generosidade. Assim,
por exemplo, apesar da renda
mais alta, os EUA têm uma expec-
tativa de vida mais baixa que to-
dos os dez primeiros colocados
no ranking: na média, 7% menor
no caso de homens, 5% no de mu-
lheres. E nos EUA a expectativa
de vida está em queda (ver
https://on.ft.com/3B5vZrr), ao
contrário da renda.
Ao aceitar a felicidade como
uma métrica alternativa ao cres-
cimento econômico, chega-se a
um cardápio mais amplo de polí-
ticas públicas a serem enfatiza-
Por mais importantes que sejam
essas coisas, todas elas se ba-
seiam e precisam estar em con-
formidade com a “base” tecnoló-
gica estrutural da produção. A
cada momento desde 1870,
qualquer software sociológico
que uma sociedade estivesse exe-
cutando, inevitavelmente colidi-
ria em um período de 50 anos,
devido a mudanças no hardware
estrutural, que por sua vez se-
riam impulsionados pela des-
truição criativa schumpeteriana.
O terceiro pensador é outro eco-
nomista nascido na Áustria, Frie-
drich von Hayek. Sua magnífica vi-
são foi que a economia de merca-
do é um incomparável mecanismo
para inovação de terceirização co-
letiva e mobilização do cérebro
humano para tornar o mundo
mais rico (desde que os direitos de
propriedade sejam aplicados).
Mas Hayek advertiu que esses
benefícios cobram um preço terrí-
vel: não se pode esperar que o mer-
cado forneça qualquer forma de
justiça social. Ele acreditava pia-
mente que qualquer tentativa de
gerenciar ou ajustar o mercado
com esses objetivos em mente não
apenas falharia, mas também pre-
judicaria a capacidade do merca-
do de fazer o que faz de melhor.
Sua doutrina, portanto, equivalia
a: “O mercado dá, o mercado tira:
bendito seja o nome do mercado”.
Qualquer outra coisa nos colocaria
no “caminho da servidão”.
Finalmente, o antropólogo
econômico húngaro Karl Polanyi
viu que a visão de Hayek de uma
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
das. Esse não é, porém, o foco
central do Relatório. Mais inte-
ressante, nesse sentido, é o esfor-
ço que a OCDE tem feito com os
indicadores do Better Life
(https://www.oecdbetterlifein-
dex.org/). Na lista de indicadores
aí considerados estão alguns co-
nhecidos, como renda, habita-
ção, educação e saúde, mas tam-
bém outros menos comuns, co-
mo comunidade, engajamento
cívico, equilíbrio vida-trabalho e
satisfação com a vida.
Esse é um menu interessante
para quem está montando pro-
gramas para um eventual novo
governo. Nele, o Brasil vai em ge-
ral melhor em outros indicado-
res que não a renda per capita,
exceção à segurança pública, on-
de também estamos comparati-
vamente bem mal. Mas, claro,
comparados à média da OCDE,
ainda temos bastante espaço pa-
ra melhorar em quase todas as
áreas. Infelizmente, o caminho
que as eleições têm tomado, com
forte polarização e muita raiva e
ódio, não é um bom prenúncio.
Esse caminho não deve ajudar a
economia, mas tende a reduzir o
nível de felicidade do país.
Armando Castelar Pinheiro é
professor da FGV Direito Rio e do
Instituto de Economia da UFRJ e
pesquisador-associado do FGV Ibre e
escreve mensalmente neste espaço.
Twitter: @Acastelar.
utopia concedida pelo mercado
seria insustentável por ser desu-
mana. As pessoas querem saber
como os recursos de sua socieda-
de são usados. Elas exigirão que
suas rendas — e de outros — atin-
jam algum nível mínimo digno e
esperarão um certo grau de esta-
bilidade. As pessoas tendem a re-
sistir à ideia de que seu padrão de
vida pode ser destruído sozinho
por algum cosmopolita desen-
raizado, maximizador de lucros
a meio mundo de distância. De
qualquer maneira, é assim que as
pessoas são. Se os direitos de pro-
priedade são realmente os úni-
cos direitos que importam, a po-
lítica e a sociedade acabarão por
se desmantelar.
Esses quatro pensadores nos
permitem entender por que não
conseguimos usar nossas proezas
tecnológicas para construir um
mundo justo e feliz. Mas o diag-
nóstico é, obviamente, apenas
metade da batalha (e provavel-
mente menos que isso). A tarefa
das futuras gerações será desco-
brir como se tornar tão bom em
fatiar e saborear a torta econômi-
ca quanto as gerações anteriores
foram em torná-la maior. (Tradu-
ção de Anna Maria Dalle Luche)
J. Bradford DeLong , ex-secretário
adjunto do Tesouro dos Estados Unidos, é
professor de Economia na Universidade
da Califórnia em Berkeley e Pesquisador
Associado do Bureau Nacional de
Pesquisa Econômica. Direitos Autorais:
Project Syndicate, 2022.
www.project-syndicate.org
| |
Valor A19
Frase do dia
“Não é
impossível que
o Brasil tenha
inflação menor
e crescimento
maior do que o
G-7 inteiro”.
Do ministro da Economia, Paulo
Guedes, entusiasmado com o
desempenho da economia, que
cresceu 1,2% no 2 o trimestre
Cartas de
Leitores
Eleições
Seguindo a mesma linha dos úl-
timos 44 meses, o presidente Jair
Bolsonaro não está preocupado
com o Brasil. Bolsonaro está pas-
seando de moto e investindo pe-
sado em sua campanha eleitoral.
A reforma tributária não foi rea-
lizada, nem tampouco a admi-
nistrativa. Bolsonaro não teve a
coragem de privatizar nem de
cortar nenhuma despesa na car-
ne. Bolsonaro tem o dom de dis-
cordar de tudo e de todos, aco-
bertando os próprios erros e de
seus filhos também.
O brasileiro, que queria se li-
vrar do Lula em 2018, se enga-
nou, e fortaleceu a candidatura
do petista em 2022. Desventura-
do povo brasileiro que não con-
segue se livrar dessa maquiavéli-
ca dupla.
José Carlos Saraiva da Costa
jcsdc@uol.com.br
Rachadinhas
É muito estranho que o clã Bol-
sonaro, como o presidente, três
filhos, ex-esposas, etc, dos 107
imóveis adquiridos desde 1990,
pagaram 51 com dinheiro vivo.
Ora, se não é crime comprar imó-
veis com dinheiro vivo, essa tem
sido uma forma de ocultar ori-
gem dos recursos e fazer lava-
gem de dinheiro. E a família é in-
vestigada pelos excrescentes des-
vios de recursos públicos, através
das rachadinhas — assessores de
gabinetes legislativo, devolvem
em espécie boa parte de seus sa-
lários aos políticos que os no-
meiam, o que configura crime.
Paulo Panossian
paulopanossian@hotmail.com
Rússia
Como era previsto, a Europa foi
às cordas ante a brutalidade béli-
ca da Rússia contra a Ucrânia e a
chantagem no fornecimento de
gás, imprescindível ao momento
invernal (Valor, A15, 1 o /9). A
guerra desencadeada pela cama-
rilha insensata e emulativa que
governa a Rússia não é apenas
contra a Ucrânia, mas contra to-
do o mundo ocidental. Aliás, Pu-
tin já deixou claro esse propósito
irracional e que beira à destrui-
ção do planeta. Neste momento
parece que as sanções adotadas
pela UE e EUA contra os russos
implicou em força superior no
retorno do bumerangue. A única
solução é impor uma derrota de-
finitiva ao exército russo. Essa so-
lução parece nada humanista,
mas não é com carinho ou
meias-medidas que se afugenta
esse animal que nos atacou. Caso
contrário, a chantagem não ter-
minará.
Amadeu Garrido de Paula
amadeugarridoadv@uol.com.br
Correção
Diferentemente do informado em
texto na página C4, de 01 de setembro
de 2022, sob o título "Santander pre-
tende captar R$ 170 milhões para fun-
do da EB Capital", o prazo de reservas
para o multimercado que vai investir
num fundo de private equity da gestora
começa no dia 5 (e não 31/08) e vai até
27 de setembro.
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
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A20 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Especial
Conjuntura Inflação subjacente deve demorar a desacelerar, diz Roberto Secemski
Emprego vai definir ritmo
da atividade, indica Barclays
Anaïs Fernandes e Victor Rezende
De São Paulo
As surpresas positivas com o
mercado de trabalho brasileiro
ajudam a explicar parte impor-
tante do resultado acima das ex-
pectativas do Produto Interno
Bruto (PIB) do país no segundo
trimestre deste ano e podem tra-
zer uma tendência melhor mes-
mo para os próximos trimestres,
ainda que eles sejam de desacele-
ração. Essa é a avaliação de Ro-
berto Secemski, economista-che-
fe para Brasil do Barclays.
“Além da recuperação da econo-
mia com a reabertura, houve ou-
tros efeitos mais temporários, co-
mo a mudança na sazonalidade
dos pagamentos do 13 o salário
dos pensionistas e os saques do
FGTS. São algumas coisas que dão
uma sobrevida [para a atividade],
não necessariamente sustentabili-
dade. Mas existem sugestões de
que essa força possa ter mais sus-
tentação na medida em que ela
vem acompanhada da melhora do
mercado de trabalho”, disse ele em
entrevista ao Valor.
O PIB avançou 1,2% de abril a ju-
nho, em relação aos três meses
imediatamente anteriores, e Se-
cemski diz não esperar uma desa-
celeração tão abrupta para o ter-
ceiro trimestre. “A força do merca-
do de trabalho dá um ponto de
partida melhor”, afirmou. Aliado a
isso, há mais ação governamental.
“Se no segundo trimestre houve a
antecipação do 13 o e os saques do
FGTS, agora, no terceiro trimestre,
temos o começo do pagamento do
Auxílio Brasil de R$ 600. A desace-
leração que, em geral, é esperada
como resposta às ações de política
monetária, que começaram no
ano passado, deve ser suavizada.”
O quarto trimestre tende a ser
mais desafiador, segundo Se-
cemski, por causa da intensifica-
ção dos efeitos da política mone-
tária e também devido a incerte-
‘2023 será uma decepção total, crescimento zero’, diz Silber
Marsílea Gombata
De São Paulo
O PIB do segundo trimestre
não foi surpresa. Isso porque ha-
via indicações de que a reabertu-
ra total da economia, a acelera-
ção do consumo de serviços e es-
tímulos do governo — como an-
tecipação do 13 o salário-míni-
mo e liberação do FGTS — leva-
riam a um crescimento de 1,1%
da atividade, segundo estimati-
vas do economista Simão Silber,
professor da Faculdade de Eco-
nomia, Administração, Contabi-
lidade e Atuária da Universidade
de São Paulo (FEA/USP). No ter-
ceiro trimestre, esse curso deve
continuar e ganhar tração com
estímulos fiscais como o Auxílio
Brasil renovado, auxílios para
caminhoneiros e para taxistas e
o vale gás, prevê.
Devemos ter um segundo se-
mestre muito parecido ao pri-
meiro, na visão de Silber. “Além
dos fatores naturais, que é a pan-
demia já não deixando tanta
gente em isolamento, o governo
vai dar uns bons pontapés de aju-
da. Esses estímulos vão ser muito
mais fortes no terceiro trimestre
do que no segundo”, afirma em
entrevista ao Valor, ao prever
crescimento de 1,3% a 1,4% no
período de julho a setembro.
No ano que vem, contudo, o
cenário é desolador. “2023 será
uma decepção total, crescimento
zero. Primeiro, porque todos es-
ses estímulos são temporários.
Segundo, porque no ano que
vem se sentirá com toda a força
essa subida da taxa de juros feita
pelo Banco Central para segurar
câmbio e inflação”, afirma.
O economista prevê que a
economia brasileira passe, por-
tanto, de um crescimento entre
2,1% e 2,2% neste ano para estag-
nação em 2023.
Valor: Os dados do PIB do segun-
do trimestre surpreenderam. O que
mais chamou atenção?
zas em relação aos planos fiscais
do próximo presidente da Repú-
blica, após as eleições.
Valor: Quais os destaques do PIB
no segundo trimestre?
Roberto Secemski: No lado da
oferta, ficou claro que a força vem
de serviços, como era esperado,
mas com um impulso ainda
maior. Existem motivos para isso,
o que a gente chama de reabertu-
ra da economia, que é a retomada
de atividades presenciais. Essa é a
parte que vemos que ainda tem
espaço para continuar se recupe-
rando, até porque, na Pesquisa
Mensal de Serviços [PMS, do IB-
GE], os serviços prestados às famí-
lias ainda não voltaram aos níveis
pré-pandemia. Isso, por si só, su-
gere um espaço para a continui-
dade desse movimento.
Valor: Mas a alta de 1,3% dos ser-
viços em geral no segundo trimestre
também superou as expectativas…
Secemski: Possivelmente, por
causa da força que temos visto no
mercado de trabalho, com a cria-
ção robusta de empregos. Ainda
que os salários não tenham recu-
perado níveis anteriores, a massa
salarial tem crescido. Tem tam-
bém a questão da despoupança,
que não sabemos a que taxa está
acontecendo [o IBGE não publi-
cou essa informação] e que gera-
ria um efeito mais “one-off”
[pontual]. Além da recuperação
da economia com a reabertura,
houve outros efeitos mais tem-
porários, como a mudança na sa-
zonalidade dos pagamentos do
13 o salário dos pensionistas e os
saques do FGTS. São algumas coi-
sas que dão uma sobrevida [para
a atividade], não necessariamen-
te sustentabilidade. Mas existem
sugestões de que essa força possa
ter mais sustentação na medida
em que ela vem acompanhada
da melhora do mercado de tra-
balho. Existem algumas trocas de
marcha acontecendo, e isso vale
Simão Silber: Esse PIB do se-
gundo trimestre não foi surpre-
sa para mim. Eu tinha uma esti-
mativa de alta de 1,1%. Eu acho
até espantoso acharem que esse
resultado é tão extemporâneo. A
gente já tinha indicadores seto-
riais de que o desempenho da
economia seria bem razoável no
trimestre. E as causas são bem
conhecidas. Com o arrefecimen-
to da pandemia, o setor de servi-
ços começou a bombar. E foi ele
quem comandou a recuperação
do trimestre.
Mas precisamos separar em
duas partes: aquilo que foi volun-
tário do mercado e aquilo que foi
estimulado pelo governo. O que
foi voluntário é que, como a pan-
demia ficou bem controlada e as
pessoas voltaram a sair, então isso
estimulou muito refeição fora do
domicílio, bares. Quando você an-
da em ruas dos bairros no fim de
tarde, os bares estão bombando, às
vezes com gente esparramada no
meio da rua, que nem cabe mais
no bar. E restaurantes também.
Valor: Essa reabertura se refletiu
em outros setores?
Silber: Pegou de surpresa o se-
tor de transportes. Os aviões ha-
viam sido devolvidos. As compa-
nhias de aviação não compram
avião, alugam leasing de avião.
Como o viajante tinha desapare-
cido, eles devolveram os aviões. E
de uma hora para outra o pessoal
quis voar. E o preço de uma pas-
sagem São Paulo-Brasília ida e
volta chegou a custar R$ 6 mil
porque só havia um avião. Um
para Nova York chegou a custar
R$ 60 mil porque não tinha avião
e todos [estavam] se estapeando
porque queriam viajar. E hoje
nos aeroportos se vê que tem bas-
tante gente. Então isso foi volun-
tário, o setor de serviços.
Você pode olhar o PIB pelo la-
do da oferta, de quem produz, e o
da demanda, de quem compra. O
maior comprador de PIB é a famí-
lia. Então os CPFs aqui no Brasil
são responsáveis por dois terços
tanto para os serviços, do lado da
oferta, quanto para o consumo
privado, do lado da demanda,
que foi uma surpresa bastante
grande também [no segundo tri-
mestre]. Os investimentos tam-
bém surpreenderam, mas tenho
dúvidas ainda quanto à sustenta-
bilidade desse ciclo nesse am-
biente de uma política monetá-
ria bastante restritiva. Entre in-
vestimentos e consumo, o consu-
mo me parece melhor posiciona-
do para continuar performando
bem no terceiro trimestre, possi-
velmente no quarto, apesar do
aumento do juro.
Valor: Quais são as expectativas
para o comportamento da ativida-
de no terceiro trimestre?
Secemski: Eu espero alguma
desaceleração, mas não vejo um
“cliff” [uma desaceleração muito
abrupta]. A força do mercado de
trabalho dá um ponto de partida
melhor para o terceiro trimestre.
Aliado a isso, tem mais uma ação
governamental. Se no segundo
trimestre houve a antecipação do
13 o e os saques do FGTS, agora,
no terceiro trimestre, temos o co-
meço do pagamento do Auxílio
Brasil de R$ 600. A desaceleração
que, em geral, é esperada como
resposta às ações de política mo-
netária, que começaram no ano
passado, deve ser suavizada. Mas
acho que a parte da força do mer-
cado de trabalho é o que sugere
uma tendência subjacente me-
lhor, esse é o canal que eu vejo co-
mo o mais sustentável.
Valor: A desaceleração maior da
economia deve ser, então, no quarto
trimestre?
Secemski: O último trimestre
vai ser mais complicado, porque
será a hora da verdade em relação
às medidas fiscais que vão ser to-
madas para se entregar o que está
sendo prometido pelos dois líde-
res nas pesquisas [de intenção de
voto para a Presidência da Repú-
blica]. O Orçamento [de 2023] foi
Simão Silber, da FEA/USP: “Desindustrialização continua ao ritmo célere”
de compra do PIB. A nossa pro-
porção é muito parecida com a
dos EUA. E, como o desemprego
diminuiu, a confiança aumentou
e o brasileiro não estava se endi-
vidando por causa do crédito, te-
ve aumento não desprezível no
trimestre do crédito, então pude-
ram comprar coisas a prazo, co-
mo automóvel, televisão nova,
itens que são bens duráveis. O
gasto do governo também en-
trou positivamente, porque gas-
tou-se mais. Então, se olharmos
do ponto de vista de quem com-
pra o PIB, o Brasil teve aumento
de demanda significativo.
Valor: E do lado da oferta?
Silber: Do ponto de vista da
oferta, o que o pessoal compra é
basicamente serviços. Então, do
apresentado na quarta-feira e vai
ficar parado em um escaninho
até novembro. E a gente sabe que
os dois candidatos à frente nas
pesquisas se comprometeram
publicamente em manter os
R$ 600 de Auxílio Brasil, cujo cus-
to não caberá sob o teto de gastos.
Não sabemos ainda que ponte vai
ser feita de onde estamos para
onde se quer chegar. Há diversas
maneiras de se fazer isso, com di-
ferentes níveis de incertezas asso-
ciados. Se for uma PEC [Proposta
de Emenda à Constituição], por
exemplo, a gente sabe como ela
começa, mas não sabe como ter-
mina. Tem bastante incerteza as-
sociada a esse processo e eu acho
que isso pode ser um fator adver-
so à atividade no último trimestre
do ano, em combinação com o ju-
ro, que já está alto. O mercado de
trabalho poderia ser uma força
estabilizadora, na medida em
que essas condições continuem
sendo observadas.
Valor: Com a atividade deste ano
voltando a surpreender, a “heran-
ça” para 2023 melhora?
Secemski: Tem algumas coisas
na mesa. Tem o efeito cumulativo
da política monetária, que vai ser
cada vez mais forte, e com a ex-
pectativa de que, com a inflação
desacelerando para um mesmo
juro parado, se ele ficar assim, o
juro real aumenta. A normaliza-
ção de setores de serviços pode
não estar mais lá, o nível de pou-
pança acumulado pode não ser
mais alto como antes e tem as
discussões dessa nova âncora fis-
cal que não sabemos qual vai ser
— e que não acho que será ende-
reçada em novembro/dezembro
[deste ano]. Mas eu volto à ques-
tão da força do mercado de tra-
balho: essa desaceleração espera-
da por causa da política monetá-
ria causará aumento do desem-
prego? Se não causar, o ano tem
chance de ter uma performance
melhor do que o mercado tem
SILVIA ZAMBONI/VALOR
ponto de vista da oferta, a indús-
tria não foi nenhuma novidade,
foi mal. E está indo mal há 15
anos. A desindustrialização con-
tinua ao ritmo célere no caso bra-
sileiro. A indústria de maneira
geral inclui também energia elé-
trica e mineração, que tem de-
manda grande. A indústria de
transformação, por outro lado,
não foi tão bem. E a agricultura
tem um peso pequeno, de 8%.
Valor: E do ponto de vista do que
foi estimulado pelo governo?
Silber: No segundo trimestre,
os dois itens relevantes foram:
antecipação de 13 o de aposenta-
do. Isso é bem significativo. São
48 milhões de aposentados que
tiveram antecipação de 13 o salá-
rio. E houve também liberação
Roberto Secemski: quarto trimestre é “hora da verdade” para medidas fiscais
visto por enquanto. Fazendo um
balanço desses vetores todos, a
expectativa continua sendo de
desaceleração [do PIB em 2023],
mas o mercado de trabalho real-
mente tem surpreendido, e isso é
um fator que eu acho que pode
fazer a diferença nessa visão de
PIB para 2022 e 2023.
Valor: Isso não traz preocupação
para o quadro inflacionário, ao
mesmo tempo em que o governo
adota medidas para tentar reduzir
determinados preços?
Secemski: A gente vê uma de-
saceleração significativa no índi-
ce cheio do IPCA [para 2022], ex-
plicada por commodities e pelos
cortes de impostos, e que, nesse
primeiro momento, não vai ser
acompanhada pelo núcleo de in-
flação — em que a gente tenta
olhar essa relação mais próxima
da atividade econômica. Já cha-
mamos a atenção para a inflação
de serviços, em particular os ser-
viços intensivos em mão de obra.
Se o mercado de trabalho vai
continuar a apertar, a gente ten-
de a ver uma pressão maior nes-
ses serviços. Esse é o outro lado
da moeda da força ainda por vir
de parte do FGTS. Isso obviamen-
te ajudou na recuperação. E não
foi natural, no sentido de recupe-
ração de mercado da economia
depois de grande tombo. Teve,
então, um empurrãozinho do
governo também.
Mas o impacto maior deve
ocorrer no terceiro trimestre com
o Auxílio Brasil de R$ 600, além
de auxílios para caminhoneiros e
taxistas. E também terá o vale gás.
Isso vai ser estímulo para a de-
manda. O terceiro trimestre, que
teria desempenho mais modesto,
terá um artificialmente melhor.
Possivelmente, teremos cresci-
mento da ordem de 1,3%, 1,4% do
PIB do terceiro trimestre, em rela-
ção ao segundo trimestre.
Hoje o nível de PIB ainda está
muito próximo ao máximo de oito
anos atrás. E, se descontarmos o
crescimento da população, o PIB
per capita do brasileiro é equiva-
lente ao de uma década atrás.
Valor: Esse cenário de serviços
puxando a atividade deve conti-
nuar no segundo semestre?
Silber: Sim. Além dos fatores
naturais, que é a pandemia já
não deixando tanta gente em iso-
lamento, o governo vai dar uns
bons pontapés de ajuda. Esses es-
tímulos serão muito mais fortes
no terceiro trimestre do que no
segundo. A grande motivação
claramente é o presidente Jair
Bolsonaro querendo se reeleger.
Valor: Devemos ter um segundo
semestre parecido com o primeiro
em termos de PIB?
Silber: Será parecido, e vamos
terminar o ano com um cresci-
mento acima de 2%. Estou espe-
rando algo entre 2,1% e 2,2%.
Valor: Os juros mais altos come-
çarão a pesar neste ano?
Silber: Já estão pesando, por-
que o investimento está dimi-
nuindo. Podem pesar ainda em
crédito para pessoas físicas, para
fazer compra de bens duráveis.
Isso será visível agora no terceiro
trimestre, mas não será suficien-
te para ofuscar a expansão espe-
SILVIA ZAMBONI/VALOR
na atividade, seja pelo espaço re-
sidual de melhora em serviços
presenciais, seja pelo mercado de
trabalho mais apertado: um nú-
cleo de inflação que leva mais
tempo para desacelerar. O Orça-
mento trouxe a sinalização de
que há intenção de se manter a
desoneração dos combustíveis
em 2023. Havendo essa tentativa,
isso significa algum alívio para o
índice cheio do ano que vem
também, mas a atividade econô-
mica gera algumas perguntas so-
bre a velocidade de melhora dos
índices subjacentes de inflação.
Valor: Esse cenário não pode le-
var o Banco Central, se não a elevar
mais os juros, a pelo menos manter
por ainda mais tempo a Selic em
13,75%?
Secemski: Sim, eu concordo.
Eu acho que o risco é ver a manu-
tenção do juro por um tempo
mais longo, na medida em que
atividade demore mais para desa-
celerar, por questões passageiras
ou alguma força mais persistente
no mercado de trabalho. A minha
impressão é que, hoje, a resposta
a isso seria uma postergação no
começo do ciclo de cortes.
rada. A indústria de transforma-
ção também sofrerá por conta
disso. Pela demanda desses bens
duráveis e por conta do crédito
para bens de capital.
Valor: A eleição já está tendo um
impacto negativo na economia? Ela
é uma variável na conta do PIB ou
será mais adiante?
Silber: Não. Acho que isso já
está precificado e isso ocorreu
por uma saída de capital que
obrigou o Banco Central a vender
parte das reservas, já que o pes-
soal não queria ficar aqui. Por-
que um dos principais candida-
tos, o atual presidente, descartou
a lei do teto [de gastos] agora, já
chutou o pau da barraca. O ou-
tro, o [ex-presidente Luiz Inácio]
Lula [da Silva], diz que o governo
tem que gastar. Isso fez duas coi-
sas: uma depreciação cambial
que contribuiu para uma infla-
ção mais alta e uma subida maior
da taxa de juros para conter a in-
flação. Então, na minha avalia-
ção, isso já está precificado.
Valor: O que podemos esperar
para 2023? E 2024?
Silber: 2023 será uma decep-
ção total, crescimento zero. Pri-
meiro, porque todos esses estí-
mulos são temporários. Segun-
do, porque no ano que vem se
sentirá com toda a força essa su-
bida da taxa de juros feita pelo
Banco Central para segurar câm-
bio e inflação. A taxa de juros não
sobe mais. Eu preveria já um co-
meço de queda da taxa de juros
por uma razão muito simples: a
inflação está caindo. Se você pe-
gar o último IPCA-15, de julho,
caiu para menos de 10%, está em
pouco mais de 9%. 2024 ainda es-
tá longe, mas aí há normalização.
E o crescimento do Brasil em con-
dições normais será de entre 2% e
2,5%. Isso admitindo que o ano
que vem será de decepção total,
perto de zero, porque neste ano
se colocou o pé no breque muito
forte pela política monetária.
[Temos] a maior taxa de juros
real e nominal do planeta.
 Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | B1

Empresas
Celulose Companhia está reaproveitando potássio para adubação de suas florestas

Klabin produz insumo de fertilizante

Stella Fontes retorno, segundo Francisco Raz- era descartado. Hoje o Brasil im- tios. A unidade, por sua vez, pode De acordo com o executivo, o
De São Paulo zolini, diretor de Tecnologia In- porta cerca de 96,5% do potássio chegar a 9 mil toneladas quando investimento também tem um
dustrial, Inovação e Sustentabili- usado para adubação do solo e estiver em plena operação. viés de sustentabilidade, uma
A Klabin se tornou a primeira dade da Klabin, se dará em me- metade do volume vem de paí- A produção própria de potás- vez que possibilita o aproveita-
indústria de papel e celulose no nos de um ano. “Esse é um passo ses como Rússia e Belarus. sio também permitirá à Klabin mento de subprodutos do pro-
mundo a produzir sulfato de po- importante, porque coloca as fá- Conforme Razzolini, a fábrica reduzir o custo caixa de produ- cesso produtivo de celulose e pa-
tássio, usado na formulação de fer- bricas modernas de celulose e tem capacidade de recuperar o ção de celulose. Com a guerra na pel. A experiência poderia ser re-
tilizantes, a partir de resíduos in- papel no mesmo ‘hall’ das biorre- potássio que vem junto com a Ucrânia, a tonelada de potássio plicada em outras unidades em
dustriais. A companhia colocou finarias”, explicou o executivo. A madeira usada na produção de no mercado internacional che- que também há produção de ce-
Destaques em operação, nesta semana, uma
planta na unidade de Ortigueira
Klabin já reaproveita outros in-
sumos a partir do processo pro-
celulose tanto em Puma I, a
maior linha de fibra da compa-
gou a US$ 850 e tem elevado os
custos no agronegócio de manei-
lulose, acrescentou.
“Recuperamos nossos quími-
(PR), junto com Puma II, que per- dutivo, como a lignina. nhia, quanto em Puma II, que ho- ra geral, em todo o mundo. cos. O processo da celulose é cir-
mitirá alcançar a autossuficiência O sulfato de potássio será ob- je conta com uma máquina de Ainda não está decidido se a cular, mas alguns elementos que
Prio e Dommo juntas no insumo, substituindo importa- tido com o tratamento das cin- papel integrada à produção de Klabin usará diretamente todo vêm com a madeira não tinham
A Prio (ex-PetroRio) comunicou ções da Rússia. O potássio é usado zas geradas na caldeira de recu- celulose e terá mais uma máqui- sulfato de potássio ou se vai fir- uso como o potássio. Junto com
que assinou memorando de en- na adubação de suas florestas. peração. Essas cinzas são trata- na, de papel cartão. Por ano, a mar parceria com os misturado- fornecedores, desenvolvemos es-
tendimentos para combinação O valor do investimento na das, com a remoção do potássio, Klabin consome cerca de 8 mil res de NPK (fertilizante Nitrogê- se sistema que permite obter o
de negócios com a Dommo Ener- unidade não é divulgado, mas o e de outros elementos, que antes toneladas de potássio nos plan- nio, Fósforo e Potássio). sulfato de potássio”, contou.
gia. O acordo foi firmado com a
Prisma Capital. De acordo com a
Prio, a operação ocorrerá por in-
corporação das ações de emissão
da Dommo. Os acionistas da ad-
quirida poderão escolher entre
receber 0,05 ação ordinária da
Prio na data de conclusão do ne-
gócio, ou R$ 1,85 a ser pago em
até noventa dias após a conclu-
são. A Prisma Capital concedeu à
Prio exclusividade na operação
pelos próximos seis meses. A
Prio destaca que a Dommo tem
direito a 5% da receita do cluster
de Polvo e Tubarão Martelo, na
Bacia de Campos, operado pela
companhia. O anúncio foi feito
após um pedido de esclareci-
mento da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) e B3, em ra-
zão de nota do jornal “O Globo”.

Dividendos da Eletrobras
A Eletrobras comunicou ao mer-
cado que pagará, em 9 de setem- ULO RECEBE UM NOVO
bro, os dividendos relativos ao
exercício de 2021. Terão direito
os acionistas posicionados em
DE HOSPITALIDADE
22 de abril deste ano. Os valores
foram atualizados pela taxa Se- RAÇÃO DO JARDINS.
lic. O montante valor por ação
ordinária passará de R$ 0,72 pa- MENTOS COM SERVIÇOS
ra R$ 0,77, enquanto as ações
preferenciais classe “A” tiveram o DOS NOS MELHORES
provento atualizado de R$ 1,99
para R$ 2,15. O valor para os pa-
péis preferenciais classe “B” pas- DO MUNDO.
sou de R$ 1,49 para R$ 1,61.

Kora conclui aquisição

A Kora Saúde comunicou ao
mercado ontem que concluiu a
aquisição do Centro de Cardio-
logia e Radiologia Intervencio-
nista (CCRI), controlador do
Hospital Encore, em Aparecida
de Goiânia (GO). A operação,
anunciada em julho, foi realiza-
da por meio da controlada Ilha
do Boi. A companhia destaca
que o Hospital Encore é referên-
cia em cardiologia no Estado e
possui 50 leitos, dos quais 44%
são de Unidade de Terapia In-
tensiva (UTI), além de pronto so-
corro e salas cirúrgicas.

CVA cresce em agosto

A vice-presidente de habitação
da Caixa, Henriete Bernabé, afir-
mou nesta quinta-feira (1), em
evento virtual da Câmara Brasi-
leira da Indústria da Construção C O N C I E RG E | G OV E R N A N Ç A
(Cbic), que a contratação de fi- M O R D O M I A | S PA
nanciamentos pelo programa
Casa Verde e Amarela (CVA)
cresceu 40% em agosto, na com-
paração com julho. “É um nú-
mero surpreendente”, disse. A
executiva não citou os dados ab-
solutos e informou que eles ain-
PERSPECTIVA ILUSTRADA DA FACHADA
da estão sendo fechados. Em ju-
lho, todas as contratações de
crédito habitacional feitas pela
Caixa, o que inclui também os
financiamentos com recursos da
L U X U R Y R E S I D E N C E S D E 1 8 5 M ² A 3 7 0 M ² *.
poupança, somaram o valor re-
corde de R$ 16,3 bilhões, 38,8%
maior do que no mesmo mês do
ano passado. A G E N D E S E U AT E N D I M E N TO: P RO J E TO D E A RQ U I T E T U R A E I N T E R I O R E S: U M P RO J E TO A S S I N A D O P O R:

ACESSE E RUA HADDOCK LOBO, 885

S A I B A M A I S: ESQUINA COM A ALAMEDA ITU HADDOCK885@MITREREALTY.COM.BR
JARDINS - SÃO PAULO
Índice (11) 95903-3312

Haddock 885: Incorporação registrada sob o nº R.3 da matrícula nº 105.501 do 13° Oficial de Registro de Imóveis de São Paulo, em 10 de junho de 2022. Intermediação: LPS
Infraestrutura B2 São Paulo – Consultoria de Imóveis Ltda., CNPJ 15.673.605/0001-10, CRECI/SP 24073-J; Mitre Vendas Corretagem de Imóveis Ltda., CNPJ 21.677.690/0001-98, Creci J-26794.
Movimento falimentar B2 A responsabilidade pela prestação dos serviços relacionados será da administradora contratada para operar o empreendimento e/ou de prestadores de serviços indicados
Indústria B3 e B4 pelo concierge. Caso haja interesse da administradora contratada, ela poderá utilizar o aplicativo Mitre Experience para realizar os agendamentos dos serviços. *Metragem
resultante de eventual junção física de duas unidades autônomas contíguas de 185 m2. As unidades são independentes perante o Registro de Imóveis e a Prefeitura Municipal
Serviços&Tecnologia B5, B6 e B7 de São Paulo. Imagens meramente ilustrativas.
Tendências&Consumo B7
Valor&Auto B8
Agronegócios B9 e B10
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B2 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Empresas Infraestrutura|
Energia Novo prazo foi incluído em
MP sobre impostos de combustíveis
Prorrogação
de subsídios
divide setor
elétrico
Robson Rodrigues
De São Paulo
A decisão da Câmara dos De-
putados de estender, por 24 me-
ses, o prazo para entrada em ope-
ração de projetos de fontes reno-
váveis com descontos nas tarifas
de transmissão (Tust) e distribui-
ção (Tusd) colocou em campos
opostos agentes do setor elétrico.
Os que são contra argumen-
tam que a MP tramita há meses
no Congresso e trata de questões
relativas a impostos sobre com-
bustíveis, mas, em menos de 24
horas, o deputado Danilo Forte
(União Brasil-CE) incluiu pontos
para alterar regras do setor elé-
trico. Por se tratar de um item
estranho ao texto original da
Medida Provisória n o 1.118, a
manobra foi classificada pelos
agentes como “jabuti”.
Nos cálculos da Associação
Brasileira dos Grandes Consumi-
dores de Energia e Consumido-
res Livres (Abrace), os subsídios
podem custar cerca de R$ 8 bi-
lhões a serem pagos pelo consu-
midor brasileiro na conta de luz.
“Aumentaram em dois anos o
prazo que o gerador tem para
concluir sua obra. Estimamos
que eles conseguirão trazer mais
10 mil megawatts (MW) de pro-
jetos subsidiados para o sistema
e o custo adicional ao sistema se-
Curtas
Maersk em Suape
Vencedora no leilão de parte
dos ativos Estaleiro Atlântico
(EAS), a dinamarquesa Maersk
pretende instalar o segundo
maior terminal de contêineres do
país no local — o maior é o de Pa-
ranaguá (PR). Com investimento
de R$ 2,6 bilhões, as obras devem
começar no início do próximo
ano. Diretores da multinacional
Movimento falimentar
Falências Requeridas
Requerido: Casa de Carnes, Hortifruti e Ro-
tisseria Jardins Ltda. - CNPJ:
09.661.940/0001-04-Endereço:RuaPamplo-
na, 1735, Mezanino 02, Bairro Jardim Paulista -
Requerente: Rpm Securitizadora S/A - Va-
ra/Comarca: 1a Vara de Falências e Recupera-
ções Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: G. M. Costa Transportes Ltda. -
CNPJ: 23.654.551/0002-55 - Endereço: Rua
Samuel Lucas, S/nº, Lote 04, Quadra 07, Bairro
VilaSabrina-Requerente:PostoToninhoIi-Va-
ra/Comarca: 1a Vara de Falências e Recupera-
ções Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Mhl Investimentos e Empreendi-
mentos Imobiliários Ltda. - CNPJ:
31.027.439/0001-31 - Endereço: Rua Antonio de
Gouveia Giudice, 1014, Bairro Alto de Pinheiros -
Requerente: Wct 2010 Materiais Elétricos Ltda.
- Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recupe-
rações Judiciais de São Paulo/SP
rá de R$ 8 bilhões por ano, o que
dobra o subsídio que já existe ho-
je (...). Os consumidores brasilei-
ros também passaram por uma
crise global enorme. E não de-
vem pagar pela proteção de seto-
res econômicos sujeitos ao risco
do mercado”, disse o presidente
da Abrace, Paulo Pedrosa.
O presidente do Instituto
Acende Brasil, Claudio Sales, ava-
lia que o Congresso perde credi-
bilidade ao assumir medidas de
cunho não técnico e sem discus-
são. Segundo ele, apresentar,
propor e aprovar artigos de lei
em cerca de 24 horas significa
abandonar de vez o princípio da
boa governança legislativa
“Fica demonstrada a levianda-
de de como o tema é tratado. A
boa governança das questões le-
gislativas está de lado. Em uma
canetada de um PL passa a ser de-
finido como lei (...). O Congresso
se torna palco de favorecimento
de grupos de pressão”, diz Sales.
Já os defensores da extensão
dos prazos avaliam que o recente
contexto de pandemia, guerra e
volatilidade dos preços atrapa-
lhou os empreendimentos em
andamento, por isso seria razoá-
vel uma readequação dos prazos.
No entendimento da Abeeólica e
Absolar, associações que represen-
tam os setores de energia eólica e
solar, respectivamente, a medida
apresentaram na quinta-feira (1)
detalhes do projeto, em encontro
com a imprensa no Porto de Sua-
pe. O terminal terá capacidade
inicial para movimentar 400 mil
TEUS e pode ultrapassar a marca
de 1,3 milhão de TEUS. Suape, lí-
der regional nesse tipo de carga,
movimentou 518 mil TEUS (uni-
dade equivalente a um contêiner
de 20 pés) no ano passado. O ter-
Requerido: Mpc Construção e Engenharia
Ltda. - CNPJ: 00.928.991/0001-77 - Endereço:
Av. Agami, 40, Sala 06, Bairro Indianópolis -
Requerente: Auto Posto Dona Gertrudes Ltda. -
Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e Recu-
perações Judiciais de São Paulo/SP
Requerido: Norpal Comercial e Construtora
Ltda. - CNPJ: 50.976.729/0001-76 - Endereço:
Rua Iaiá, 150, Cjto. 72, Bairro Itaim Bibi - Re-
querente: One Fundo de Investimento em Direi-
tos Creditórios Não Padronizados - Vara/Co-
marca: 1a Vara de Falências e Recuperações Ju-
diciais de São Paulo/SP
Requerido: Rep Jeans do Brasil Ltda. - CNPJ:
26.527.609/0001-07 - Endereço: Av. Tamboré,
1043, Sala 02, Bairro Tamboré - Requerente:
Ralm Indústria e Comércio de Malhas Ltda. -
Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recupe-
rações Judiciais de São Paulo/SP - Observação:
Pedido redistribuído.
Requerido: Rossi Residencial S/A - CNPJ:
61.065.751/0001-80 - Endereço: Rua Henri
Claudio Sales, do Instituto Acende Brasil, avalia que o congresso ocupa um espaço institucional que não é dele em medidas de cunho não técnico e sem discussão
equilibra o desarranjo conjuntural.
“Pegamos uma crise global
enorme, com a retomada pós-
pandemia com pressão de pre-
ços e custos das principais com-
modities subindo. Isso trouxe
um problema sério na entrega
da cadeia produtiva. Muitos pro-
jetos já faziam jus ao desconto e
só estão postergando o prazo
para a entrega porque já têm a
outorga e a garantia paga”, afir-
ma a presidente-executiva da
Abeeólica, Elbia Gannoum.
Parte dos temas estão
inseridos no PL 414 que
já tramita no Congresso,
sem, no entanto, ser
pautada sua votação
O presidente-executivo da Ab-
solar, Rodrigo Sauaia, discorda dos
números da Abrace. Segundo ele,
não se deve banalizar a palavra “ja-
buti”, pois o legislativo está “arru-
mando a casa” e é algo diferente do
minal vai ocupar 49,2 hectares e
será o maior investimento APM
Terminals, subsidiária da Maersk,
na América Latina.
Águas do Sertão
O consórcio “Águas do Sertão”,
formado pela Conasa Infraestru-
tura e pela Allonda Ambiental,
iniciou na quinta-feira (1) a con-
cessão de água e esgoto em 34
Dunant, 173, Cjtos. 601 e 605, Bairro Santo
Amaro - Requerente: Pablo Rodrigues Lopes
Carrion - Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e
Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
Falências Decretadas
Empresa: Artflex Franca Indústria de Cal-
çados Eireli Epp - CNPJ: 07.842.185/0001-
20 - Endereço: Rua Arnold Faria Junqueira,
1160, Bairro Jardim Paulistano - Administra-
dor Judicial: A Ser Nomeado - Vara/Comarca:
2a Vara de Franca/SP
Empresa: R. M. Nor do Brasil Indústria e Co-
mércio Ltda. - CNPJ: 02.637.612/0001-15 - En-
dereço: Rua Manoel Monteiro Filho, 480, Bairro
Passagem de Areia, Parnamirim/rn - Administra-
dor Judicial: A Ser Nomeado - Vara/Comarca:
22a Vara de Natal/RN - Observação: Recupera-
ção judicial convolada em falência.
Processos de Falência Extintos
Requerido: Colégio Pinheirinhos Ltda. ME -
que aconteceu com a MP da Eletro-
bras. Ele acrescenta ainda que
quanto mais eólicas e solares en-
trarem na matriz, mais os reserva-
tórios das hidrelétricas serão pou-
pados e menor será a necessidade
de despacho termelétrico.
“É difícil dizer que isso vai enca-
recer a conta de luz do consumidor
quando a gente não tem a visibili-
dade de um outro modelo que será
implementado para valorar o atri-
buto ambiental e que vai represen-
tar um valor financeiro a ser arca-
do no âmbito do setor”, diz. “A ex-
pansão de quais fontes ajudariam
o Brasil a reduzir custos, se não a
solar e eólica, que são as mais bara-
tas”, indaga Sauaia.
A Abradee, associação que re-
presenta as distribuidoras de ener-
gia elétrica, disse ter sido surpre-
endida pela inclusão na MP de te-
mas relacionados ao setor elétrico
sem que tenha existido uma dis-
cussão com todos os interessados e
classificou como “retrocesso”.
“A maior parte desses temas es-
tão inseridos no PL 414 que já tra-
municípios de Alagoas. O grupo
venceu o leilão pelo Bloco B, nas
regiões Agreste e Sertão do Esta-
do, em dezembro do ano passado.
O contrato foi firmado em março
e, agora, se inicia a operação de
forma integral, após um período
de transição. Ao todo, a concessão
prevê investimentos de aproxima-
damente R$ 1,9 bilhão, ao longo
dos 35 anos de contrato. Para o
CNPJ: 09.505.021/0001-33 - Requerente: Co-
légio Pinheirinhos Ltda. ME - Vara/Comarca:
24a Vara de Natal/RN - Observação: Falta de
interesse de agir.
Recuperação Judicial Requerida
Empresa: Castor Alimentos Ltda. - CNPJ:
69.314.870/0001-31 - Endereço: Av. Dr. Gas-
tão Vidigal, 1946, Pav Ami B, Boxes 48 e 49,
Bairro Vila Leopoldina - Vara/Comarca: 2a
Vara de Falências e Recuperações Judiciais de
São Paulo/SP
Empresa: Castor Log Transportes Ltda. -
CNPJ: 28.403.330/0001-47 - Endereço: Av. Dr.
Gastão Vidigal, 1946, Bairro Vila Leopoldina -
Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recupe-
rações Judiciais de São Paulo/SP
Empresa: Hortifruti Castor Ltda. - CNPJ:
17.726.254/0001-94 - Endereço: Av. Dr. Gas-
tão Vidigal, 1946, Pav Ami Bo, Bairro Vila Leo-
poldina - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e
Recuperações Judiciais de São Paulo/SP
mita há algum tempo no Con-
gresso, sem, no entanto, ser pau-
tada sua votação, e este instru-
mento sim tem sido objeto de
discussões e consensos entre os
diversos segmentos impactados”,
informou em nota a entidade.
O presidente da Engie Brasil
Energia, Eduardo Sattamini, diz
temer por mudanças significati-
vas no teor do texto original da
Medida Provisória 1.118/22. Para
ele, a interferência política em te-
mas regulatórios pode gerar con-
siderável insegurança jurídica e
elevar o risco do setor elétrico.
“Apesar de alguns ‘jabutis’ te-
rem caído antes da votação, os
que permaneceram têm relevan-
te impacto, criando ainda mais
subsídios e nova ingerência no
setor elétrico. O texto aprovado
altera o racional das tarifas de
transmissão, rasgando a lógica
econômica e de uso do sistema —
definidos há décadas. Como efei-
to do artigo terceiro, teremos
uma conta ainda mais alta para o
consumidor de energia. Além
abastecimento de água, estima-se
aporte de R$ 883,4 milhões, en-
quanto, para a coleta e tratamen-
to de esgoto, o valor previsto é de
R$ 1,014 bilhão.
Cimed bate recorde
A Cimed, uma das maiores far-
macêuticas brasileiras, encerrou o
primeiro semestre com fatura-
mento de R$ 1,2 bilhão, alta de
Empresa: Vip Alimentos da Terra Ltda. - En-
dereço: Não Consta - Vara/Comarca: 2a Vara
de Falências e Recuperações Judiciais de São
Paulo/SP
Recuperação Extrajudicial
Requerida
Empresa: Metais Comercial Ltda. - CNPJ:
68.075.613/0001-21 - Endereço: Rua União,
681, Bairro Vila Jundiainópolis - Vara/Comar-
ca: 9a Vara de Campinas/SP
Cumprimento de Recuperação
Judicial
Empresa: Ribas & Companhia Ltda. Epp, No-
me Fantasia Ribas Materiais de Construção
- CNPJ: 05.905.456/0001-14 - Endereço: Rua
Celso Rosa Lima, 233 N, Centro - Vara/Comar-
ca: 1a Vara de Tangará da Serra/MT - Obser-
Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a Agenda tributária.
DIVULGAÇÃO
disso, alonga subsídios por mais
alguns anos em detrimento da
competitividade da indústria e
dos consumidores”, analisa.
Outro ponto foi a mudança na
metodologia de aplicação do si-
nal locacional. O tema compete à
agência reguladora do setor, a
Aneel, e está em processo de ter-
ceira fase de consulta pública n o
39/2021. O entendimento de
fontes ouvidas pela reportagem é
que a medida atropela um rito
técnico do órgão competente.
O Valor noticiou que a Abeeóli-
ca entrou na Justiça com uma limi-
nar para barrar a mudança de me-
todologia do cálculo por discordar
da decisão da Aneel que pede a nu-
lidade do item que trata da estabi-
lização para algumas usinas, já que
isso afeta diretamente a geração
eólica no Nordeste, que terá de pa-
gar mais para servir o consumo no
Sudeste caso a regra mude.
Após o aval dos deputados, a
MP segue para apreciação do Se-
nado, o que deve ocorrer no fim
do mês de setembro.
22% na comparação anual, com
venda recorde. Conforme a com-
panhia, o desempenho nos seis
primeiros meses do ano foi impul-
sionado pelo maior volume de
vendas nas grandes redes de far-
mácia. Para o segundo semestre, a
Cimed prevê receitas de R$ 1,5 bi-
lhão, encerramento o ano com fa-
turamento de R$ 2,5 bilhões, o
maior em 40 anos de história.
vação:Faceaocumprimentodoplanoaprovado
pela assembleia geral de credores.
Empresa: Ribas Comércio de Materiais Para
Construção Ltda. ME - CNPJ:
13.087.546/0001-73 - Endereço: Av. Antonio
André Maggi, 930, Centro, Sapezal/mt - Va-
ra/Comarca: 1a Vara de Tangará da Serra/MT -
Observação: Face ao cumprimento do plano
aprovado pela assembleia geral de credores.
Recuperações Judiciais Concedidas
Empresa: Montreal Logística e Transpor-
tes Rodoviários Ltda. Epp - CNPJ:
05.888.017/0001-40 - Endereço: Rodovia Br
163, S/nº, Gleba Jurigue, Parque Industrial
Vetorasso - Vara/Comarca: 4a Vara de Ron-
donópolis/MT - Observação: Face à homolo-
gação do plano aprovado pela assembleia ge-
ral de credores.
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Empresas Indústria |
Aquisição Credores pediram nesta semana ao grupo, Apollo e BTG melhoras nas ofertas; Unipar e Ultra correm por fora
J&F avalia nova proposta pela Braskem
Stella Fontes e
Mônica Scaramuzzo
De São Paulo
A J&F, holding de investimen-
tos da família Batista, dona da
JBS, está avaliando fazer uma
proposta para a compra de 100%
da Braskem, apurou o Valor. Nes-
ta semana, representantes do
sindicato de bancos credores da
Novonor (ex-Odebrecht), que
detêm ações da petroquímica co-
mo garantia, se reuniram indivi-
dualmente com executivos da
gestora americana Apollo, BTG
Pactual e J&F para dar um retor-
no sobre a recusa pelas propostas
apresentadas por eles.
BTG e J&F estavam dispostos a
comprar a dívida dos bancos cre-
dores, que hoje soma cerca de R$
15 bilhões, mas pediram pesados
descontos. Já a Apollo fez uma
oferta de R$ 45 por ação e estaria
disposta a comprar 100% da com-
Gerdau e Randon
entram na locação
de veículo pesado
Diversificação
Ivo Ribeiro
De São Paulo
Dois grupos industriais gaúchos
de renome internacional, Gerdau e
Randon se unem para entrar em
um novo negócio — locação de veí-
culos pesados. Bem diferente do
que fazem hoje. A parceria de uma
joint venture será lançada hoje, dia
02. A operação tem investimento
de partida de R$ 250 milhões, mas
o objetivo é ter a liderança de um
mercado, segundo as duas sócias,
ainda pouco explorado no país.
A nova empresa, que terá 50%
de participação de cada grupo,
só depende do aval do Cade, ór-
gão antitruste brasileiro, para co-
meça a atividade. A sede ficará
em São Paulo, com diretoria pró-
pria, e a companhia — ainda sem
nome — estará aberta para rece-
ber aportes de capital de fundos
de investimentos e financeiros
bem como de empresas com ex-
pertise no campo da logística.
O objetivo é ampliar o portfó-
lio de produtos — de caminhões e
semirreboques, no começo da
operação, para máquinas das li-
nhas amarela (construção) e ver-
de (usadas no agronegócio).
Inicialmente, o foco são com-
panhias transportadoras bem co-
mo caminhoneiros autônomos
que, em geral, dispõem de menos
capital para compra direta. Se-
gundo números da Gerdau, o país
tem uma frota de 2,6 milhões de
caminhões e mais de 1,2 milhão
têm idade acima de 15 anos. Ou
Curtas
Caldic compra Active
A GTM Caldic, grupo que atua
em distribuição de especialida-
des químicas e formulações con-
trolado pela Advent Internatio-
nal, concluiu a compra da Active
Pharmaceutica, que distribui far-
macêuticos manipulados. O va-
lor do negócio não foi divulga-
do. Com a aquisição, o grupo, do
qual faz parte a quantiQ, refe-
rência em distribuição química
no Brasil, amplia presença no
segmento farmacêutico brasilei-
ro, reforçando a estratégia de
crescimento nos mercados de
ciências da vida. “Juntos, poten-
cializaremos nossa posição no
mercado farmacêutico brasilei-
ro, somando nossa capilaridade
e infraestrutura logística à ex-
pertise técnica e conhecimento
de mercado da Active”, diz em
nota o presidente da GTM Caldic,
Rodrigo Gutierrez. Com atuação
em onze países da América Lati-
na, o grupo tem cerca de 1,2 mil
funcionários.
panhia, mas colocou como condi-
cionante a saída da Petrobras para
concretizar a operação. Os bancos
não estão dispostos a conceder
descontos no valor total das dívi-
das. No caso da Apollo, entendem
que o valor de R$ 45 por ação e as
condições impostas pela gestora
também apresentam riscos.
A Unipar e grupo o Ultra, em
parceria com a gestora Lumina, de
Daniel Goldberg, correm por fora
e fizeram proposta para a Novonor
em um outro formato. Enquanto a
Unipar chegou a oferecer R$ 10 bi-
lhões pelos ativos da Braskem em
São Paulo, o consórcio entre Ultra e
Lumina propôs, há três meses, fa-
zer um aporte de R$ 1,3 bilhão na
companhia, entrando no bloco de
controle junto com Novonor e Pe-
trobras. Pela proposta, o consórcio
chegaria a 51% de participação em
cerca de três anos.
Fontes ligadas aos credores ve-
em a proposta de Unipar e Ultra
seja, apta para renovação. “Está aí
um mercado com enorme poten-
cial para a empresa no mercado
de locação”, disse Gustavo Werne-
ck, CEO da Gerdau, ao Valor.
Sérgio Carvalho, presidente
executivo das Empresas Randon,
informou que nos Estados Uni-
dos 95% dos semirreboques para
contêineres são adquiridos via
leasing; em carga geral, 30%. “O
Brasil começa a aparecer, mas
com percentual pequeno. Por is-
so, vemos um espaço relevante
nesse segmento”, disse, lembran-
do que a Randon vinha estudan-
do entrar nessa área há anos.
Para a Gerdau, a formação da
joint venture é mais um avanço
na ampliação da Gerdau Next,
nova divisão de negócios que
busca outras fontes de receita pa-
ra o grupo. Foi criada em 2021,
herdando alguns negócios, e vem
investindo em outros — desde lo-
gística via plataforma digital à
produção de grafeno. A locação
de veículos pesados e futuramen-
te também de máquinas pesadas,
é mais uma caixinha no portfólio.
Werneck destaca que Gerdau
e Randon têm uma grande his-
tória juntas. “Nosso relaciona-
mento é de mais de 50 anos e te-
mos culturas de negócios muito
parecidas”, diz. Carvalho ressalta
a longa história de parceria co-
mercial dos dois grupos e a tra-
dição de parcerias da Randon
em negócios: 36 anos nos EUA
com empresa local e 27 anos na
Alemanha. “Estou muito con-
fiante no sucesso dessa joint
venture”, afirmou ao Valor.
Vale pune assédio sexual
A Vale desligou este ano 12 pes-
soas — funcionários ou parceiros
— devido a casos comprovados de
assédio sexual. A mineradora, que
lançou na quinta-feira (1) em seu
site um canal de combate ao assé-
dio, tinha demitido onze pessoas
por assédio no ano passado. “Isto
demonstra que os nossos esforços
de comunicação e treinamento,
bem como canais mais acolhedo-
res, estão ajudando na construção
de um ambiente de segurança psi-
cológica das vítimas, que estão
reagindo e denunciando”, afirma
Marina Quental, vice-presidente
de Pessoas da Vale. Segundo ela, o
processo de conscientização que
já acontece na empresa traz au-
mento natural nos casos de de-
núncias, o que não significa neces-
sariamente aumento na prática do
assédio. “As mulheres se sentem
mais seguras e empoderadas para
denunciar, o que vemos como um
movimento positivo que leva ao
combate ao assédio.”
como “complexa” e afirmam que Fontes ligadas à J&F disseram ao
não têm interesse de levá-las Valor que a holding deverá rever a
adiante neste momento. O Valor proposta e está disposta a comprar
apurou que, em agosto, Goldberg 100% da companhia. Aguinaldo Fi-
e Lutz estiveram no Banco Nacio- lho e Joesley Batista se reuniram
nal de Desenvolvimento Econômi- pessoalmente com os envolvidos
co e Social (BNDES) para explica- nas discussões com os bancos e es-
rem melhor a oferta que fizeram tão empenhados em apresentar
há três meses e que teriam um pla- “uma oferta mais agressiva”.
no estratégico para o grupo, mas Fontes a par do assuntos afir-
que já tinha sido recusada. Por ora, mam que a Novonor ainda resis-
Ultra e Lumina não estão dispostos te em vender toda sua participa-
a rever a proposta. ção no negócio e demonstrou in-
Os bancos credores (Banco do teresse de ficar como acionista
Brasil, BNDES, Bradesco, Itaú e minoritária na petroquímica.
Santander ) não têm pressa para Neste momento, não há nenhu-
fechar o negócio — e não descar- ma negociação avançada com os
tam dar novo “waiver” (perdão) potenciais interessados, embora
para a Novonor para discutirem parte dos grupos, como Apollo e
a melhor maneira de se fechar a J&F, tenha pedido exclusividade
venda da Braskem nos próximos nas conversas, que foi negada.
meses, afirmou uma fonte a par O Valor apurou que o BNDES e o
do assunto. A expectativa é de Itaú teriam ficado interessados na
que, após as eleições, o mercado proposta da Apollo, uma vez que a
volte a melhorar e as ações da pe- gestora não precisaria se financiar
troquímica se recuperem. para bancar a oferta. No entanto, os
DIVULGAÇÃO
Gustavo Werneck, da Gerdau: “Pretendemos ser a líder no mercado de locação”
As tratativas entre Gerdau e com a logística da G2L com gran-
Randon começaram em setem- des transportadores do país e
bro de 2021, avaliando as siner- também com seus clientes.
gias de ambas. O desenho da par- O negócio de locação de veícu-
ceria ganhou velocidade nos últi- los, afirmam as duas empresas, é
mos cinco meses, após estudos atrativo em termos de rentabili-
em 28 cidades de sete Estados e dade. Segundo informações do
entrevistas com grupos transpor- mercado, a margem de lucro ope-
tadores e com os autônomos. racional (Ebitda) varia de 70% a
85% sobre a receita. “Juntos com a
Randon dispomos de capacidade
Segundo informações, o de executar rapidamente o negó-
país tem uma frota de 2,6 cio para capturar esse valor”, afir-
milhões de caminhões; mou o presidente da Gerdau.
mais de 1,2 milhão têm Atualmente, esse mercado vêm
atraindo novos grupos. A Vamos,
idade acima de 15 anos empresa da Simpar (grupo Júlio Si-
mões), é uma das que atuam há al-
Nas sinergias, Randon traz o fa- guns anos, além da Ouro Verde
to de ser a grande fabricante de (fundo Brookfield). Semana passa-
semirreboques do país e de dis- da a Volkswagen Caminhões e
por de mais de 80 pontos na sua Ônibus e a Volkswagen Financial
rede de distribuição de imple- Services lançaram um programa
mentos. Já o grupo Gerdau, conta de assinaturas para locação de ca-
Recall da GM Enauta busca tecnologia
A Cruise, unidade de veículos A petroleira Enauta iniciou
autônomos da General Motors processo competitivo em busca
(GM), anunciou um recall relacio- de novas tecnologias que viabili-
nado com o software de alguns zem o desenvolvimento do cam-
dos seus robotaxis, depois de um po de Oliva, localizado na Bacia
acidente no início deste ano ter de Santos. O objetivo da compa-
resultado em ferimentos leves pa- nhia é identificar no mercado
ra um passageiro. A divisão disse soluções inovadoras para viabi-
que a campanha de recall abran- lizar o desenvolvimento do cam-
ge 80 veículos com software mais po, informou o presidente da
antigo que permite que sejam empresa, Décio Oddone, em co-
operados sem motorista ao volan- municado divulgado na quin-
te. Quando esses veículos fazem ta-feira (1). O campo é adjacente
uma curva à esquerda desprotegi- ao de Atlanta, que também per-
da, em algumas circunstâncias, o tence à Enauta, possui volume
software pode não ter previsto estimado de 370 milhões de
corretamente a direção dos veícu- barris de óleo equivalente, e seu
los que se aproximam, segundo reservatório principal está loca-
um documento publicado pela lizado a 2.500 metros de profun-
Administração Nacional de Segu- didade. As empresas interessa-
rança do Tráfego Rodoviário. O das em participar do processo
software que está sendo recolhido terão até o dia 30 de setembro
foi usado em 80 carros da empre- para manifestar interesse e assi-
sa operados pela Cruise num ser- nar o termo de confidencialida-
viço de robotaxi em São Francisco de, segundo a empresa. As pro-
e não foram disponibilizados pa- postas preliminares devem ser
ra venda, disse a empresa. apresentadas até o fim do ano.
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
outros bancos credores argumen-
tam que ficariam amarrados por
até 18 meses, até que o acordo, que
envolve minoritários, fosse concluí-
do, e corriam o risco de o negócio
não ser levado adiante por desis-
tência do comprador, como ocor-
reu com a LyondellBasell em 2019.
No caso específico da J&F, os
bancos públicos não estariam
muito receptivos a fechar negócio
com a família Batista, por conta da
crise gerada no país, com os escân-
dalos do “Joesley Day”, segundo
fontes. No mercado financeiro,
fontes acreditam que o grupo tem
fôlego para voltar com uma pro-
posta melhorada. O litígio da hol-
ding na Eldorado, com a sócia Pa-
per Excellence, também é conside-
rado um ponto sensível.
No caso do BTG, além de pedir
pesado desconto, o banco teria
pedido para financiar a compra
pelos próximos sete anos. Apesar
de o preço oferecido pela Unipar
Sérgio Carvalho, da Randon: “Estou muito confiante no sucesso da joint venture”
minhões, primeiro a ser oferecido
por uma montadora do segmento
no país. “Pretendemos ser a líder
desse mercado”, disse Werneck.
O grupo Gerdau está se prepa-
rando para tornar a Gerdau Next
em uma unidade independente
de negócios, como as quatro de
aço existentes (Brasil, EUA, Amé-
rica do Sul e Especiais), com ba-
lanço financeiro próprio. A divi-
são, que absorveu alguns negó-
cios criados no desde 2018, tem
como principal empresa a G2L,
de transporte logístico, que estão
migrado da logística tradicional
para a mobilidade. A estimativa é
faturar R$ 1,4 bilhão neste ano.
As demais são G2Base (funda-
ções de obras imobiliárias), Jun-
tos Somos + (de varejo da cons-
trução, com 27,5% das ações),
Gerdau Graphene (produção de
materiais à base de grafeno), Bra-
Galp e PPSA
A Galp Energia Brasil venceu
processo de venda direta realiza-
do pela Pré-Sal Petróleo para co-
mercializar a produção de Sépia.
Segundo a PPSA, a negociação en-
volve a primeira carga de petróleo
da União oriunda do contrato de
partilha de produção de Sépia, de
500 mil barris, que estarão dispo-
níveis para carregamento no últi-
mo trimestre. Segundo a PPSA,
dez empresas com operação no
pré-sal foram convidadas e três
delas — Petrobras, Galp e Total —
enviaram propostas. A vencedora
da licitação seria a empresa que
oferecesse o maior preço, a partir
do valor de referencia estabeleci-
do pela Agência Nacional de Pe-
tróleo, Gás Natural e Biocombus-
tíveis (ANP) para o campo de Sé-
pia. O regime de partilha prevê
que as empresas vencedoras de
leilões são as que ofertarem ao Es-
tado brasileiro a maior parcela de
petróleo e gás natural, a partir de
percentual mínimo fixado.
| |
Valor B3
embutir prêmio considerável em
relação ao valor de mercado da
Braskem, a venda fatiada é a que
menos interessa neste momento.
Os bancos credores pediram
para que todos os interessados
voltem com um proposta me-
lhor, caso ainda estejam interes-
sados no negócio. A expectativa é
de que esses interessados retor-
nem nas próximas semanas. “Tu-
do ainda está nebuloso, muito
longe de um acordo”, disse uma
pessoa ligada aos credores.
Ontem, as ações da petroquími-
ca encerraram o dia a R$ 30,43 —
menos 0,07%. No ano, contudo, a
desvalorização é de 45%. O valor de
mercado é de R$ 26,4 bilhões, de
acordo com o Valor Data.
Procurados, Bradesco, BB, BTG,
Santander, Unipar, Ultra, J&F e Pe-
trobras não vão comentar o assun-
to. Apollo e BNDES não retorna-
ram os pedidos de entrevista até o
fechamento desta edição.
DIVULGAÇÃO
sil ao Cubo (construção indus-
trializada modular), com 33%, e
uma joint venture com a Shell
Brasil em energia solar para er-
guer um parque na região norte
de Minas até fim de 2023. A Ger-
dau Next Ventures é voltada para
acelerar empresas startups.
Líder nos setores de semirrebo-
ques, vagões ferroviários, autope-
ças e serviços, a Randon opera 29
unidades industriais e tem pre-
sença em 120 país. No primeiro
semestre de 2022, a empresa ge-
rou receita líquida consolidada
de R$ 5,25 bilhões. O grupo Ger-
dau, maior fabricante de aço do
país de capital nacional, e um dos
maiores de aços longos nas Amé-
ricas e de aços especiais do mun-
do, tem operações siderúrgicas
em nove países. De janeiro a ju-
nho, a companhia registrou re-
ceita líquida de R$ 43,3 bilhões.
Embraer em Portugal
A Embraer anunciou na quin-
ta-feira (1) que avançou nos testes
da primeira aeronave militar
KC-390 que será entregue à Força
Aérea Portuguesa (FAP). As ativida-
des são ensaios em voo realizados
na unidade da companhia em Ga-
vião Peixoto (SP). Essa fase, que an-
tecede a ida da aeronave para a
Portugal, tem o objetivo atender
requisitos do governo português,
com certificação pela Agência Na-
cional de Aviação Civil (Anac) e
Instituto de Fomento e Coordena-
ção Industrial (IFI). As primeiras
entregas para a FAP estão progra-
madas para 2023. Os KC-390 serão
integrados aos equipamentos pa-
drão da Otan e certificados pelas
autoridades portuguesas. Portugal
é o maior parceiro internacional
no programa de desenvolvimento
do KC-390, com a aeronave cum-
prindo requisitos pedidos do país,
sendo capaz de realizar diversas
missões civis, além de transporte e
lançamento de cargas e tropas.
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B4 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Empresas Indústria |
Construção Companhia de software do mesmo
DIVULGAÇÃO

grupo da Vedacit investe R$ 2,6 milhões em negócio

Trutec passa a ser

controladora de
startup para obra
Ana Luiza Tieghi de aceleração por vez, e ele se re- que já foi mais do que triplicada
De São Paulo pete até três vezes ao ano. A neste ano, informa Quinze.
Construflow participou da quar- Levando isso em conta, a Tru-
A empresa de software para ta rodada de aceleração, que se tec espera atingir R$ 17 milhões
construção Trutec investiu R$ 2,6 encerrou no fim de 2021. de faturamento em 2022, au-
milhões na startup Construflow, É a segunda vez que a compa- mento de mais de 100% ante o
que tem um sistema para coor- nhia do grupo Baumgart se torna ano passado. “Acreditamos que
denar projetos de obra, e se tor- controladora de uma startup que dá para manter esse ritmo de
nou a controladora do negócio. participou do seu programa de crescimento no ano que vem,
A Trutec nasceu na fabricante aceleração. A primeira foi a Cons- porque a construção civil é um
de materiais Vedacit, em 2020, e trucode, após investimento de oceano azul em termos de opor-
começou a funcionar como um R$ 4,2 milhões realizado em tunidades”, diz o presidente.
negócio independente neste 2020. A startup é uma platafor- Ele analisa que o setor constru-
ano. Ainda é parte do grupo ma que digitaliza documentos tivo é carente de inovação, apesar
Baumgart, que, além da Vedacit, das obras, como mapas e plantas, de ser considerado uma atividade
também inclui o shopping e o es- e os tornam acessíveis por QR Co- tradicional e avessa a mudanças.
paço de eventos Center Norte, o de. Assim, podem ser atualizados Novidades tecnológicas po-
shopping de decoração Lar Cen- e acessados via celular, o que faci- dem ajudar a reduzir erros de Alexandre Quinze, presidente da Trutec, empresa de software para construção que investe em startups do setor
ter, o hotel Novotel Center Norte lita seu manejo nos canteiros. projeto e execução, e o conse-
e fazendas em Goiás. Segundo Quinze, a empresa quente desperdício de tempo, qual o sistema é disponibilizado aceleração, se quiserem. “Duran- terminaram o quarto ciclo de
Como explica Alexandre também faz investimentos me- mão de obra e insumos, tornan- pela internet, por assinatura, pa- te o processo de aceleração, já fa- aceleração agora e estamos mon-
Quinze, presidente da Trutec, a nores em outras startups que fo- do o setor mais eficiente. “Essa ra construtoras, incorporadoras e zemos testes com empresas tando planos de negócio”, diz.
companhia faz uma curadoria ram aceleradas por ela. “Esse é o margem que foi perdida com o outras empresas do setor cons- reais”, explica o executivo. Para o futuro, a companhia
de inovações do setor. A empre- 21 o investimento que fizemos, aumento dos materiais de cons- trutivo. Entre as companhias que Os próximos investimentos da também olha para soluções que
sa tem um programa de acelera- temos de 5% a 53% de participa- trução, nós conseguimos trazer utilizam os serviços estão Cyrela, Trutec em startups devem ocor- entram no pós-obra, envolvendo
ção de startups que trabalham ção nas empresas”, afirma. de volta na obra, evitando des- Eztec, Tecnisa e Plano&Plano. rer nas áreas de inteligência arti- manutenção e garantia dos pro-
com áreas da construção civil. Durante os quatro meses de perdício”, afirma Quinze. Os clientes também podem ficial e realidade aumentada pa- jetos. “Vemos a dificuldade que
Em média, cinco negócios ini- aceleração, a Construflow conse- O modelo de atuação da Trutec testar os serviços das startups ra incorporação, afirma o presi- as incorporadoras têm para a
ciantes participam do programa guiu mais de cem clientes, base é de software as service (SaaS), no que participam do programa de dente. “Temos três empresas que gestão da garantia”, adianta.

Na Klabin, projeto Puma II avança dentro do esperado

SILVIA ZAMBONI/VALOR

Papel A MP 27 está dedicada à pro- dável de caixas de papelão no

Stella Fontes
De São Paulo
A primeira máquina de papel
do projeto Puma II, da Klabin,
rodou levemente acima do espe-
rado nos 12 primeiros meses de
sua operação. A meta da empre-
sa era atingir 70% da capacidade
nominal de 450 mil toneladas e,
na terça-feira (30), quando com-
pletou um ano de funcionamen-
to, o índice chegou a 74%.
“Ficamos um pouco acima do
planejado. A máquina cumpriu o
volume prometido”, afirma o dire-
tor de Papéis da companhia, Flávio
Deganutti. Com 100% da produ-
ção já vendida, a MP 27, instalada
em Ortigueira (PR), já proporcio-
nou vendas de 330 mil toneladas
de um tipo especial de papel, usa-
Flávio Deganutti, diretor da Klabin: “Ficamos um pouco acima do planejado. A máquina cumpriu o volume prometido” do em embalagens de papelão.
dução do Eukaliner, o primeiro
papel kraftliner do mundo feito
exclusivamente com celulose de
eucalipto — o que garante um ga-
nho de leveza da ordem de 10%.
Conforme Deganutti, a aceita-
ção do Eukaliner nos clientes foi
mais rápida do que o esperado.
Hoje, cerca de 50% do papel pro-
duzido é usado nas caixas de pa-
pelão da própria Klabin e o res-
tante, vendido a clientes na
América do Sul, sobretudo os ex-
portadores de frutas, legumes,
verduras e proteínas, nos Esta-
dos Unidos e na Europa.
Para o segundo ano de opera-
ção, a meta para a MP 27 é alcan-
çar 95% da capacidade instalada,
chegando a 100% no terceiro ano.
Conforme o executivo, com os
sinais de melhora da economia
brasileira e queda da inflação, a
expectativa é de demanda sau-
mercado doméstico neste se-
gundo semestre. Já no mercado
externo, a acomodação das
grandes economias já se refletiu
em leve queda do consumo e,
consequentemente, alguma cor-
reção de preços.
Por possibilitar mais leveza à
embalagem, o Eukaliner é comer-
cializado com prêmio sobre o kraf-
tliner comum. “O pedaço mais visí-
vel é a leveza no transporte, mas há
também uma pegada de sustenta-
bilidade, já que sua produção re-
quer menor área florestal e, nas
máquinas de conversão, menos
energia térmica”, explica.
A Klabin está investindo
R$ 12,9 bilhões no projeto Puma
II, que contempla ainda uma
máquina de cartões. A MP 28 já
superou 50% de construção e de-
ve entrar em operação no segun-
do semestre de 2023.

Consumo aparente de produtos

SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL
A COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A. torna público, que irá solicitar ao Instituto Água e Terra - IAT, a Autorização Am-
biental para Rede de Distribuição de energia em 13,8 kV instalada no município de Japira, no Estado do PR.

SUMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO FLORESTAL

químicos industrial sobe em julho

A Copel Distribuição S.A, torna público que irá solicitar ao Instituto Água e Terra IAT, autorização florestal para o
corte de 3 árvores, com volume total 0,9624 m3 de lenha, no município de Japira para atendimento a Sanepar.

SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL

A COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A. torna público, que irá solicitar ao Instituto
Água e Terra - IAT, a Autorização Ambiental para Rede de Distribuição de
energia em 13,8/34,5 kV instalada no Parque do Monge no município da Desempenho mento de 5,8% da demanda inter- No acumulado do ano até julho, ma Giovanna Coviello Ferreira, diz
Lapa, no Estado do PR. na de químicos. Na produção, a al- a demanda interna recuou 1,4%, que a revisão para cima das proje-
De São Paulo ta foi de 2,98%. Já as vendas inter- enquanto produção e vendas in- ções para o Produto Interno Bruto
nas subiram 0,99%, com elevação ternas cresceram 0,05% e 1,03%, (PIB) melhora também as estimati-
O consumo aparente nacional da taxa de utilização da capacida- respectivamente, com queda de vas para a indústria química.
SÚMULAS DE RECEBIMENTO DE LICENÇA DE OPERAÇÃO (CAN) de produtos químicos de de para 68%, dois pontos percen- 4,8% nos volumes exportados. “A se confirmar esse cenário e le-
• A COPEL Distribuição S.A. torna público que recebeu do Instituto Água e Terra - IAT, a renova-
uso industrial avançou 0,4% em tuais acima de junho. As importa- “Como resultado, a participação vando em conta a elasticidade his-
ção da Licença de Operação nº 276672-R1, com validade até 05/08/2032, para a SUBESTAÇÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA 138 kV Francisco Beltrão, localizada no município de Francisco Beltrão, julho, na comparação anual, pu- ções, por sua vez, subiram 8,4%. do produto importado alcançou tórica da química em relação ao
no Estado do PR. xado pelo aumento de 5,1% das Conforme a Abiquim, os preços 42% do mercado interno no acu- PIB, bem como o uso de produtos
• A COPEL Distribuição S.A. torna público que recebeu do Instituto Água e Terra - IAT, a renova- importações em volume. praticados no mercado doméstico, mulado de janeiro a julho de 2022, do segmento em praticamente to-
ção da Licença de Operação nº 276578-R1, com validade até 04/08/2032, para a SUBESTAÇÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA 138 kV Realeza, localizada no município de Realeza, no Estado do PR. Por outro lado, frente a junho, o medidos pelo IGP Abiquim-FIPE, contra 45% em igual período do das as demais cadeias, espera-se
• A COPEL Distribuição S.A. torna público que recebeu do Instituto Água e Terra - IAT, a renova- desempenho de produção e ven- subiram 0,26% em julho, em ter- ano passado”, destaca a Abiquim. crescimento da demanda por quí-
ção da Licença de Operação nº 276581-R1, com validade até 04/08/2032, para a SUBESTAÇÃO das internas foram positivos e mos nominais, depois do leve Em nota, a diretora de econo- micos pelo menos 50% superior ao
DE ENERGIA ELÉTRICA 138 kV Dois Vizinhos, localizada no município de Dois Vizinhos, no
Estado do PR. também contribuíram para o au- avanço de 0,04% em junho. mia e estatística da entidade, Fáti- do PIB para este ano”, diz. (SF)
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor B5

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Empresas Serviços&Tecnologia
Alimentação Medida provisória muda regras para benefícios concedidos pelas empresas
Bolsonaro deve liberar escolha
do vale-refeição e vetar saque
Fabio Murakawa e
Raphael Di Cunto
De Brasília
O presidente Jair Bolsonaro
(PL) deve sancionar nesta sexta-
feira a autorização para que o
funcionário escolha a gestora do
seu cartão de vale-refeição ou
vale-alimentação, poder hoje
concentrado nas mãos do em-
pregador, mas vetará a possibili-
dade de saque em dinheiro do
saldo não utilizado após 60 dias,
segundo fontes do governo e do
setor. A portabilidade, junto
com o arranjo aberto de paga-
mentos, tem potencial para re-
desenhar o mercado de benefí-
cios, que movimenta R$ 150 bi-
lhões por ano e é liderado por
Alelo, Ticket e Sodexo.
Essas novidades foram aprova-
da pelo Congresso na medida pro-
visória (MP) 1108 e viraram alvo de
disputa entre as empresas tradi-
cionais do setor, novas entrantes,
como iFood e Mercado Pago (do
Mercado Livre), e startups especia-
lizadas, como Flash e Swile. Essas
empresas passaram os últimos
dias em reuniões com represen-
tantes do governo, em especial da
Casa Civil, para defender a sanção
ou veto aos dispositivos do texto
aprovado pelos parlamentares.
A possibilidade de saque em
dinheiro foi criticada por todo o
setor de benefícios e pela Asso-
ciação Brasileira de Bares e Res-
taurantes (Abrasel) porque, na
percepção deles, cria inseguran-
ça jurídica e desvirtua o objetivo
do Programa de Alimentação do
Trabalhador (PAT), que permite à
empresa deduzir do Imposto de
Renda parte dos gastos com ali-
mentação dos funcionários.
Essa inovação foi aprovada pe-
los parlamentares após o relator
da MP, deputado Paulinho da
Força (Solidariedade-SP), tentar
autorizar o saque automático do
dinheiro no cartão dizendo que
isso beneficiaria os funcionários.
Os aliados do governo na Câma-
ra não aceitaram essa autoriza-
ção mais ampla, mas cederam
para aprovar a MP e concorda-
ram com a liberação se o dinhei-
ro ficasse parado por 60 dias.
O setor de bares argumenta que
isso deixará o beneficiário refém
de agiotas, facilitando a venda do
cartão para terceiros, e tirará clien-
tes dos restaurantes — o vale-refei-
ção representa 20% do faturamen-
to desses estabelecimentos, em
média. Além disso, a Receita Fede-
ral vê risco de fraude, com as em-
presas passando a elevar o valor do
vale-refeição, sobre o qual não in-
cidem encargos trabalhistas, em
vez de aumentarem os salários, so-
bre os quais o patrão precisa pagar
20% para a Previdência Social e
FGTS. Esse “salário disfarçado” po-
deria se tornar um grande conten-
cioso judicial no futuro.
Por esses fatores, segundo fon-
tes do governo e do mercado, a
decisão de vetar o saque do vale-
refeição em dinheiro já está to-
mada. Também já está 100% cer-
to que será vetada autorização
para que o governo repasse às
centrais sindicais valores que es-
tão em disputa desde o fim do
imposto sindical — um “jabuti”
incluído pelo relator, ligado à
Força Sindical. O Congresso, po-
rém, pode derrubar esses vetos,
MP prevê que portabilidade do cartão de alimentação entre em vigor em maio de 2023; novidade depende de regulação
votação que deve ocorrer até de-
zembro e dependerá de várias
negociações após a eleição. É pre-
ciso o voto contrário de 257 dos
513 deputados e 41 dos 81 sena-
dores para derrubar um veto.
O prazo para o presidente san-
cionar a MP termina nesta sexta-
feira e, segundo fontes do gover-
no, não devem ser vetados outros
dois pontos mais polêmicos da
medida provisória e que levaram
a romaria à Brasília: a liberdade
para o usuário trocar a gestora do
seu cartão de benefícios e a possi-
bilidade de utilizar o cartão em
qualquer maquininha da rede
terceirizada (arranjo aberto de
pagamentos). As novas regras va-
lerão a partir de maio de 2023 e
ainda dependem de regulamen-
tação do Executivo, que pode im-
por alguma restrição posterior.
A portabilidade foi defendida
por iFood e Mercado Pago, que
lançaram produtos nessa área
ano passado. Diretor de políticas
públicas do iFood, João Sabino,
disse ao Valor em agosto que a
MP trará maior concorrência e
melhores serviços para os traba-
lhadores. “O PAT foi desvirtuado
há tempos e capturado pelas em-
presas. Era impossível entrar nes-
GABRIEL DE PAIVA/ AGÊNCIA O GLOBO
se mercado. As novas regras vão
colocar o trabalhador de volta no
centro dessa política” afirmou.
Por outro lado, as empresas tra-
dicionais do setor, parte das star-
tups e os bares e restaurantes di-
zem que há risco de o mercado vi-
rar uma “guerra de cashbacks” e
dificultar a gestão pelos emprega-
dores. “Se cada empregado esco-
lher uma fornecedora diferente, is-
so causará grande dificuldade pa-
ra os departamentos de recursos
humanos”, afirmou em nota o di-
retor do conselho da Associação
Brasileira de Benefícios ao Traba-
lhador (ABBT), Alaor Aguirre.
Fusão de
Indigo e
PareBem é
aprovada
Estacionamentos
Cristian Favaro
De São Paulo
As operadoras de estaciona-
mento Indigo Brasil e Grupo Pa-
reBem, controlado pelo Pátria In-
vestimentos, conseguiram o aval
do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) para o
seu processo de fusão. A entidade
combinada será controlada pelo
Grupo Indigo, com 55% de parti-
cipação, sendo o restante de pro-
priedade de um fundo adminis-
trado pelo Pátria.
A transação formará uma com-
panhia com cerca de 350 estacio-
namentos no país e com um fatu-
ramento anual próximo de R$ 1,2
bilhão. As empresas, que seguirão
sob a bandeira Indigo, iniciam
agora o processo de integração.
Em nota, a Indigo informou
que a transição ocorrerá de for-
ma planejada, nos escritórios ad-
ministrativos e nas operações, a
partir. “A combinação entre as
empresas permite expansão da
presença no território nacional,
passando a atuar em 92 cidades,
de 24 estados, além do Distrito
Federal. Serão ao todo, mais de
350 operações em diversos seg-
mentos, como shopping centers,
aeroportos, estádios, parques,
universidades e hospitais, totali-
zando a administração e a gestão
de cerca de 330 mil vagas on e
off-street”, afirmou.
A líder de mercado Estapar fe-
chou o segundo trimestre deste
ano com 441.488 vagas, alta de
13,2% na comparação com igual
trimestre do ano passado.

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9 DE SETEMBRO
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B6 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
|
Empresas Serviços&Tecnologia
Telecomunicações AGU deu desconto de 30% no valor devido para Ancine
Oi fecha acordo para pagar
dívida de R$ 360 milhões
Luísa Martins
De Brasília
A operadora de telefonia Oi
firmou um acordo com a Advo-
cacia-Geral da União (AGU) para
pagar R$ 360 milhões aos cofres
da Agência Nacional do Cinema
(Ancine), a título de dívidas tri-
butárias e multas administrati-
vas. Conforme antecipado pelo
Valor PRO, serviço de informa-
ções em tempo real do Valor, o
desconto concedido foi de 29,9%
em relação ao valor original, que
era de R$ 514 milhões.
Do total do montante, 99% di-
zem respeito a tributos que inci-
dem sobre a distribuição de con-
teúdos audiovisuais com fins co-
merciais — a chamada Contribui-
ção para o Desenvolvimento da
Indústria Cinematográfica Na-
cional (Condecine), com a qual a
Oi estava inadimplente.
O imposto está previsto em
uma medida provisória de 2001
e em uma lei de 2011 que abriu o
serviço de TV por assinatura às
operadoras de telefonia. O acor-
do também inclui os débitos da
Oi com multas aplicadas pela
agência reguladora.
A repactuação foi ancorada na
lei que permite aos contribuintes
em recuperação judicial nego-
ciar suas dívidas em até 132 me-
ses, com descontos que podem
chegar a 70%, caso a administra-
ção pública federal classifique os
créditos como “irrecuperáveis ou
de difícil recuperação”.
Anatel coleta dados sobre acordo entre Vivo e Winity
Rafael Bitencourt
e Ivone Santana
De Brasília e São Paulo
Três semanas após ser anuncia-
do, o acordo de “compartilhamen-
to recíproco” de infraestrutura fir-
mado entre a Winity, do Pátria In-
vestimentos, e a Telefônica Brasil,
dona da marca Vivo, segue em
análise na Agência Nacional de Te-
lecomunicações (Anatel). A atual
fase é de coleta de informações e
justificativas das partes envolvi-
das, com reuniões semanais.
O caso envolve a maneira como
uma prestadora novata na telefo-
nia móvel, a Winity, planeja renta-
bilizar sua rede de 700 megahertz
(MHz), cuja frequência adquiriu
no leilão de quinta geração (5G)
para levar 4G onde a cobertura
dessa tecnologia ainda não chega.
Primeira parceira da Winity, a Tele-
fônica, dona da Vivo, já possui rede
equivalente na mesma frequência.
A Anatel analisa o acordo em
três áreas simultaneamente, as su-
perintendências de Competição;
Planejamento e Regulamentação;
e Outorga e Recursos à Prestação.
Parte dos especialistas na agência
tem a visão de que o acordo entre
as duas empresas “não é favorável
à competição”, apurou o Valor. Se
o parecer técnico mantiver essa li-
nha, sua conclusão deve sugerir re-
jeição do acordo ou aprovação
com restrições. O relatório técnico,
que pode levar um mês para ficar
pronto, serve de subsídio para a
análise final do conselho diretor
da Anatel.
Procurada pelo Valor, a Winity
respondeu, em nota, que o acordo
com a Telefônica respeita todos os
trâmites normais de um processo
de anuência prévia. Afirmou ainda
que tem prestado todos os esclare-
cimentos necessários à agência e
“está segura de que o seu modelo
A Oi repactuou débito relativo à Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional
No caso da Oi, o acordo prevê
uma entrada de R$ 2,7 milhões já
no início deste mês, mais 132
parcelas mensais de igual valor e
com correção pela taxa Selic. A
negociação supera tratativas de
parcelamento que a operadora
havia realizado anteriormente
junto à própria Ancine.
No fim de maio, a Oi já havia
firmado outro acordo com a
AGU, referente a pendências com
a Agência Nacional de Telecomu-
tem total aderência às regras do
edital e à regulamentação vigen-
te”. A Winity, continua a nota, res-
salta “o caráter pró-competitivo do
seu projeto e modelo de negócio,
ao viabilizar cobertura e serviço
para todo o país e fomentar o de-
senvolvimento do mercado de te-
lecomunicações.”
A companhia reafirmou seu
plano de investir R$ 3,2 bilhões pa-
ra levar a cobertura de rede a 35
mil km de rodovias e 625 localida-
des, tornando o serviço de conexão
disponível a 6,2 milhões de pes-
soas e 7,8 milhões de veículos que
trafegam diariamente por esses
trechos de estrada. A Telefônica,
por sua vez, não quis comentar.
A licença adquirida pela
Winity apoia uma das
estratégias da Anatel
para estimular a
competição no setor
A licença adquirida pela Winity
apoia uma das estratégias da Ana-
tel para estimular a competição no
setor após a saída do quarto gran-
de competidor na telefonia móvel
— a Oi, em recuperação judicial.
No edital do 5G, a agência impôs
restrição à compra da licença na-
cional em 700 MHz à Claro, à TIM e
à Vivo, que já haviam adquirido
uma licença equivalente no leilão
de rede 4G, em 2014. Na ocasião, a
Oi não quis arrematar a licença.
Sobraram esses blocos, levados no
fim de 2021 pela Winity.
Embora as obrigações da Winity
com a faixa de 700 MHz sejam com
4G, pelos próximos anos, isso não
impede que a empresa ambicione
fazer futuramente um “refarming”
da frequência para prestar 5G. Isso
significa trocar os equipamentos
de rede, atualizar a central de co-
nicações (Anatel). Na ocasião, fi-
cou acertada a quitação de mais
de R$ 9,1 bilhões, relativos a dé-
bitos não tributáveis — princi-
palmente multas por descumpri-
mento de metas de universaliza-
ção de serviços e reclamações.
Na ocasião, o desconto obtido
pela empresa — cuja dívida ori-
ginal era de R$ 14 bilhões em
2020 e subiu para R$ 20,3 bi-
lhões neste ano — foi de 54,99%.
O acerto foi firmado com base
mando, fazer configuração em
campo e irradiar o sinal de 5G. Mas
como a banda adquirida pela em-
presa é estreita, não poderia man-
ter as duas tecnologias, 4G e 5G.
Assim, teria de negociar com seus
clientes de atacado para uma mi-
gração 100% para a nova geração.
A ideia amadurecida pelos téc-
nicos da Anatel, ainda na fase de
preparação do edital de 5G, previa
a abertura do mercado para um
novo competidor nacional, que
passaria a atuar como um “opera-
dor neutro”. Dessa forma, presta-
ria serviços no atacado a todo o
mercado. A expectativa era de que
a Winity atuasse em parceria com
os provedores regionais que tam-
bém compraram licenças no leilão
— Cloud2U, Unifique e Copel Tele-
com, depois renomeada Ligga.
Mas se a Winity tem pressa de
firmar acordos, as demais presta-
doras podem não estar tão afoitas.
Os prazos para cobertura nas áreas
de obrigação começam em 2022 e
vão até 2029 — caso de lotes nacio-
nais e regionais da frequência de
3,5 GHz. Nesse ínterim, o mais pro-
vável é que as entrantes façam son-
dagens e testes de rede.
Um dos caminhos para a Winity
driblar esse cronograma é buscar a
parceria com empresas cujos com-
promissos começam a vencer em
2023, como é o seu caso, ou então
outras aliadas que podem desen-
volver redes privadas independen-
temente de amarras regulatórias
envolvendo prazos. A Winity co-
meçou sua operação e construção
de infraestrutura em 2020. Possui
500 sites — locais com torres, ante-
nas e equipamentos de rede —, po-
rém fora de suas áreas de obriga-
ção, e atende seis operadoras e
uma concessionária de rodovia.
Ao anunciar o acordo, em 8 de
agosto, a Telefônica informou que
assumiria a metade da capacidade
DIVULGAÇÃO
na Lei de Falências e prevê ape-
nas para abril de 2033 o venci-
mento da última parcela de pa-
gamentos.
A Oi informou ao Valor que “a
negociação com a Procuradoria-
Geral Federal e a Ancine permiti-
rá o alongamento considerável
do prazo para pagamento da dí-
vida, cujos valores já estavam
contabilizados no passivo da
companhia desde as datas dos
vencimentos dos tributos”.
da rede da Winity em 1,1 mil mu-
nicípios por 20 anos, entre outras
trocas envolvendo a infraestrutura
passiva e compartilhamento de
frequência, o “RAN Sharing”.
Sergio Bekeierman, diretor-pre-
sidente da Winity, disse, em repor-
tagem publicada no Valor em 15
de agosto, que o acordo prevê a
construção de 3,5 mil sites para a
Telefônica em áreas sem cobertura.
A Winity terá acesso, por meio de
roaming, aos sites que a Telefônica
possui em rodovias, para não so-
brepor a rede. E, por fim, a Winity
cederá em aluguel, para uso secun-
dário, 50% dos seus dois blocos de
10+10 MHz (ou seja, 5+5 MHz) nas
1,1 mil localidades.
A Anatel vê as cidades indicadas
no acordo como estratégicas para
os provedores regionais. E parte
dos especialistas da agência consi-
dera que a redução da oferta pela
metade inviabilizaria o negócio
dos novos competidores.
Mas o modelo de negócio não
envolveria exclusividade nas loca-
lidades, segundo fonte que acom-
panha o processo envolvendo as
duas operadoras e a Anatel. A in-
fraestrutura será aberta ao merca-
do no atacado. Bekeierman havia
afirmado ao Valor, em meados de
agosto, que 50% do espectro está
disponível para negociar com em-
presas interessadas em todas as lo-
calidades acertadas com a Telefô-
nica e que, no resto do país, os dois
blocos de 10+10 MHz estão livres.
Fontes informaram que a Wi-
nity segue em negociação com os
provedores que compraram fre-
quências de 5G, operadoras in-
cumbentes nacionais e empresas
que possam construir redes pri-
vadas para indústrias e setor do
agronegócios ao redor das rodo-
vias onde haverá cobertura de
700 MHz. Alguns desses projetos
estariam em análise.
Mercado de TI e
internet lideram
aquisições no ano
Cenário
Felipe Laurence
De São Paulo
As fusões e aquisições no mer-
cado brasileiro aumentaram
26,1% no primeiro semestre des-
te ano, a 1.104 operações, na
comparação com os primeiros
seis meses de 2021. Empresas de
internet e de tecnologia da infor-
mação somaram 590 negócios,
segundo pesquisa da KMPG.
A tendência de consolidação no
mercado de tecnologia, que já vem
de longa data, se mantém. Nesta
quinta-feira, a Totvs anunciou sua
sétima aquisição no ano, ao com-
prar uma participação de 60% na
Feedz, que atua no desenvolvi-
mento de softwares de gestão de
recursos humanos, por R$ 66 mi-
lhões. O acordo ainda possui cláu-
sula para compra dos 40% restan-
tes até 2025. As sete aquisições da
Totvs somam R$ 233,1 milhões.
A Semantix, empresa de tecno-
logia brasileira que tem ações ne-
gociadas na Nasdaq, em Nova
York, também anunciou um negó-
cio nesta quinta-feira, ao comprar
a startup Zetta Health Analytics. O
valor da operação não foi divulga-
do. A companhia oferece serviços
de consultoria de dados para o se-
tor de saúde e complementa a pla-
taforma de “big data” que a Se-
mantix oferece aos clientes.
De acordo com a empresa, a
Zetta já processou mais de R$
42,1 bilhões em sinistros e cruza
dados de mais de 764 bases de
dados diferentes, possuindo ho-
je mais de 640 clientes. A Se-
mantix afirma que a aquisição
fortalece seu portfólio de “big
data”, agregando serviços para
atender a indústria farmacêuti-
ca, seguradoras, hospitais e ou-
tras empresas do setor.
Segundo o levantamento da
KPMG, durante os três primeiros
meses do ano foram informadas
553 operações de fusões e aquisi-
ções, uma alta de 47,4% na com-
paração anual. Já no segundo tri-
mestre, foram 461 transações,
Consolidação
Dados de fusões e aquisições no Brasil
Total de operações
Em 2021
700
525
375
429
350
175
0 2.556 operações foram
1º tri. 2º tri.
Total
1º sem. 804
Fonte: KPMG
Curta
Aliansce Sonae vende
A Aliansce Sonae aprovou a ven-
da de suas participações nos shop-
pings Boulevard Londrina e Boule-
vard Vila Velha. A operação está
avaliada em R$ 176,7 milhões, se-
gundo comunicado enviado on-
tem pela empresa à Comissão de
Valores Mobiliários (CVM). De
acordo com a companhia de shop-
pings, o comprador também assi-
nou opções de compra de 5,5% de
participação no Shopping da Ba-
hia, de 17,5% no Plaza Sul Shop-
aumento de 7,45% em um ano.
Entre o primeiro e segundo
trimestre há queda de 16,6%.
“Apesar da boa perspectiva para
este ano, se mantida essa ten-
dência de desaceleração [no ter-
ceiro trimestre], estaremos um
pouco mais longe de ultrapassar
o recorde registrado em 2021”,
disse Luís Motta, sócio da KPMG
e responsável pelo levantamen-
to. No ano passado como um to-
do foram contabilizadas 1.963
operações de fusões e aquisi-
ções, superando o recorde ante-
rior de 2019.
Apesar do câmbio favorável
para companhias estrangeiras,
cerca de dois terços das opera-
ções (64%, o correspondente a
646 negócios) aconteceram en-
tre companhias brasileiras no
primeiro semestre. A presença de
capital estrangeiro, seja na ponta
compradora ou na vendedora re-
presentou 36% das fusões e aqui-
sições do semestre.
Os segmentos de internet e
tecnologia da informação foram
os que registraram mais fusões e
aquisições durante o primeiro
semestre deste ano, com 410 e
180 transações, respectivamente.
Motta explica que as compa-
nhias dessas áreas se mantêm ati-
vas no mercado mesmo em situa-
ções de incerteza macroeconô-
mica, uma vez que a captação de
investimentos faz parte do seu ci-
clo de crescimento.
Ele lembra que o setor de in-
ternet e tecnologia sofreu um
crescimento robusto na pande-
mia, aumentando o número de
empresas que se movimentam
no mercado.
As empresas de tecnologia
acabam sendo especialmente
afetadas pela alta nos juros em
decorrência dos seus modelos de
negócios. Os muitos investimen-
tos para ganhar escala as tornam
empresas alavancadas com recei-
tas alocadas no futuro, o que aca-
ba reduzindo fluxo de caixa em
decorrência dos maiores juros, e
torna a aquisição por grupos
maiores uma alternativa.
410 operações, do total
de fusões e aquisições do
Em 2022 primeiro semestre,
envolveram companhias de
553 internet. O segmento
liderou o levantamento
461
180 fusões e
aquisições foram do
segmento de TI
1º tri. 2º tri. realizadas com companhias
de internet em 20 anos e
1.014 2.210, com empresas de TI
ping, e de 27,5% no Passeio das
Águas Shopping. A Aliansce Sonae
informou ainda que as opções,
que somam R$ 288,5 milhões, de-
vem ser exercidas até 15 de de-
zembro. A companhia destaca que
a taxa de capitalização das unida-
des Boulevard é de 8,7%, conside-
rando a receita operacional líqui-
da estimada para 2022. Conside-
rando remuneração variável a par-
tir do desempenho do shopping
de Londrina em 2023, a taxa de ca-
pitalização é de 8,1%.
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Empresas Serviços&Tecnologia
Saúde Projeto prevê um hospital para tratamento multidisciplinar do câncer
Oncoclínicas e Unimed
investem R$ 300 milhões
Beth Koike
De São Paulo
A Oncoclínicas e a Unimed Na-
cional (ex-CNU) fecharam uma
joint venture para abrir um hospi-
tal para tratamento multidiscipli-
nar do câncer, na cidade de São
Paulo. O projeto demandará um
investimento de R$ 300 milhões.
O hospital, ou “cancer center”,
terá 350 leitos, 20 centros cirúrgi-
cos e poderá tratar diversos tipos
de câncer e seus efeitos colaterais
— se o paciente tiver um proble-
ma dermatológico derivado do
câncer, não precisará recorrer a
um especialista externo. O hospi-
tal deve ficar pronto até 2025.
Nesta parceria, a Oncoclínicas
detém 75% do empreendimento
e a outra fatia de 25% será da ope-
radora de planos de saúde. Tanto
o investimento quanto a receita
serão distribuídos na mesma
proporção societária.
É o terceiro projeto da Oncoclí-
Empresas | Tendências&Consumo
.
Marketing Patrocinadores investem
mais e buscam ‘engajar’ público
Rock in Rio
aposta em
experiências
digitais
Paula Martini
Do Rio
O Rock in Rio, que começa nesta
sexta-feira após ser adiado em um
ano por causa da pandemia, esgo-
tou ingressos e criou uma onda de
otimismo entre os patrocinadores
e parceiros do evento. Além de
marcas como Itaú, patrocinador
master, Ipiranga, Heineken e Pe-
psiCo, presentes desde 2011, o fes-
tival deste ano conta com três no-
vos patrocinadores: TIM, Nestlé e
TikTok. A rede social, que se popu-
larizou no Brasil nos últimos anos,
é uma das principais apostas das
marcas para ganhar visibilidade.
As empresas preparam conteúdos
e ações interativas de olho no en-
gajamento do público.
A organização do evento esti-
ma que 700 mil pessoas devem
passar pela Cidade do Rock nos
sete dias de festival. Mas o adven-
to das lives musicais e transmis-
sões durante a pandemia expan-
diu a capacidade de comunicação
Cigarro eletrônico na mira da Justiça Publicidade cresce 12,5%
Tabagismo
Folhapress, de Brasília
O Ministério da Justiça mandou
33 empresas suspenderem a venda
de cigarros eletrônicos. A pasta de-
terminou que os estabelecimentos
deixem de comercializar o produ-
to em 48 horas sob pena de multa
de R$ 5 mil por dia.
A decisão da Secretaria Nacio-
nal do Consumidor, que é vincu-
lada ao ministério, foi publicada
no Diário Oficial desta quinta-
feira. O órgão afirma que a “co-
mercialização, importação e pro-
paganda” dos cigarros eletrôni-
cos são proibidas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
nicas com cooperativas médicas. O
grupo tem outros dois centros
multidisciplinares de câncer em
sociedade com a Unimed BH e a
Unimed Rio, nas respectivas pra-
ças. Esse modelo é vantajoso pois o
hospital já abre as portas com re-
ceita garantida, uma vez que a
operadora centraliza os atendi-
mentos oncológicos de seus usuá-
rios no hospital — que também é
aberto a outros planos de saúde.
A Unimed Nacional possui
630 mil clientes no Estado de São
Paulo. A companhia também
tem parceria com os hospitais
Santa Izabel, em Salvador, e Casa
de Saúde São José, no Rio, cujos
pacientes oncológicos são enca-
minhados para os hospitais er-
guidos em sociedade.
No total, a Oncoclínicas tem sete
hospitais desse tipo e cerca de 120
consultórios. Cerca de 90% do tra-
tamento do câncer é feito em uni-
dades ambulatoriais e 10% em hos-
pitais. Porém, metade dos gastos
do Rock in Rio. Além da transmis-
são na TV, novas experiências em
5G, NFT e metaverso, esta desen-
volvida com a Coca-Cola, fazem
parte das estratégias deste ano.
Rodolfo Medina, vice-presi-
dente de parcerias do Rock in Rio,
disse que a pandemia ajudou a
criar novas audiências. “Vai ser a
Cidade do Rock mais interativa
de todos os tempos”, afirma. Ao
mesmo tempo, o brasileiro se
mostra ávido pela volta das apre-
sentações presenciais.
O evento do Brasil é o maior da
marca Rock in Rio, que desde 2004
também está presente em Lisboa,
Portugal. A edição na Europa foi
realizada em junho, depois de dois
adiamentos por causa da crise sa-
nitária. “Em Lisboa, o projeto teve
mais procura que os outros anos.
Isso só aumentou nossa expectati-
va para a edição brasileira”, diz o
vice-presidente do Rock in Rio.
A retomada dos festivais após
dois anos de pandemia foi aponta-
da pelo empresário como um dos
(Anvisa) desde 2009.
De acordo com a secretaria, a
venda de cigarro eletrônico é
“proibida pela legislação sanitária
e não atende às certificações dos
órgãos competentes de segurança
para serem comercializadas”. A or-
dem é dada a empresas que vão
desde tabacarias a grandes sites de
compra e venda na internet.
A secretaria cita a “venda de pro-
dutos em lojas regulares, com apa-
rência de legalidade” e menciona o
“aumento exponencial da comer-
cialização e consumo dos produ-
tos pelo público jovem”.
Em julho deste ano, a Anvisa
manteve a proibição de comer-
cialização do produto no Brasil.
Na ocasião, a agência afirmou
vem dos procedimentos realiza-
dos em ambiente hospitalar. Nas
praças em que a companhia não
tem um “cancer center”, os pacien-
tes que precisam realizar algum
procedimento mais complexo são
encaminhados a hospitais concor-
rentes, e a Onclínicas perde essa re-
ceita. Hoje, os “cancer center” re-
presentam apenas 10% do fatura-
mento do grupo e expectativa é tri-
plicar entre três e quatro anos.
“Vamos priorizar esse modelo
de parceria. Nossa meta é chegar
em 2023 com 10 ou 11 ‘cancer
center’ no país”, disse Bruno Fer-
rari, fundador e CEO da Oncoclí-
nicas. Uma das vantagens de ter
um hospital próprio é que o pa-
ciente atendido nas clínicas do
grupo segue com a mesma linha
de tratamento no cancer center.
“Com uma linha de cuidado in-
tegrado, os tratamentos tendem a
ser mais bem-sucedidos e também
há menos repetição de procedi-
mentos e, consequentemente, te-
Festival foi adiado em um ano pela pandemia e deve receber 700 mil pessoas nos 7 dias de shows, que terão nomes como Justin Bieber, Coldplay e Dua Lipa
fatores responsáveis pelo aumento
de investimentos no Rock in Rio.
Sem abrir números, ele diz que o
valor bruto cresceu 20% em relação
à última edição, em 2019.
Criado em 1985 e realizado
em edições espaçadas nos anos
de 1991 e 2001, o Rock in Rio
voltou a fazer parte do calendá-
rio de eventos em 2011. Desde
então, o festival é realizado a ca-
da dois anos, com grande suces-
so de público, e só foi adiado em
2021 por causa da pandemia.
Com sete dias de duração, dois
palcos principais e atrações na-
cionais e internacionais, o festi-
que o relatório técnico aprovado
indica a necessidade de se man-
ter a proibição dos dispositivos
eletrônicos para fumar, o que in-
clui todos os tipos cigarros ele-
trônicos, e a adoção de medidas
adicionais para coibir o comér-
cio irregular destes produtos,
tais como o aumento das ações
de fiscalização e a realização de
campanhas educativas.
Mesmo proibidos, estes disposi-
tivos são facilmente encontrados
no comércio popular ou podem
ser comprados pela internet.
Relatório da Organização Pana-
mericana de Saúde apontou que,
de 18 países na América Latina, 9 já
registram a prevalência do cigarro
eletrônico sobre o tradicional.
remos redução de custos. A onco-
logia é uma das áreas de maior gas-
to, que é crescente”, disse Luiz Pau-
lo Tostes Coimbra, presidente da
Unimed Nacional. Desde 2019, a
cooperativa médica tem uma so-
ciedade com a Oncoclínicas em
três consultórios que atendem ex-
clusivamente seus usuários. O sis-
tema Unimed vem buscando for-
mas alternativas de gerar receita,
além dos planos de saúde.
O setor de saúde vem investindo
fortemente em oncologia. Recente-
mente, a BP - Beneficência Portu-
guesa anunciou uma joint venture
com o Fleury e Bradesco Saúde para
a criação de uma empresa especia-
lizada em tratamento de câncer,
com aporte de quase R$ 700 mi-
lhões. Além disso, outros grupos
como a Rede D’Or, Sírio-Libanês,
Albert Einstein também vêm inves-
tindo fortemente nessa área. Ferra-
ri diz que seu diferencial é a parce-
ria com o “cancer center” Dana-Far-
ber Center, referência nos EUA.
val de música é encarado como
um dos principais investimentos
em marketing pelos patrocina-
dores ouvidos pelo Valor.
“Nosso aporte cresceu 15% [em
relação à última edição]. É um in-
vestimento pesado que não fica só
no festival. Tem inovação e estraté-
gia com influenciadores para am-
plificar o conteúdo de forma que
ele chegue até o consumidor que
não participou presencialmente”,
diz Cecília Dias, vice-presidente de
marketing da PepsiCo Brasil, que
programou o lançamento de um
novo sabor de Doritos para a es-
treia do Rock in Rio.
Cenário
Ricardo Lessa
Para o Valor, de São Paulo
Os investimentos em publici-
dade no primeiro semestre deste
ano cresceram 12,5% em relação
ao mesmo período de 2019. Pas-
saram de R$ 7,3 bilhões para
R$ 8,3 bilhões, em números arre-
dondados.
Mais uma vez os anúncios em
meios digitais avançaram, de
28,1% para 31% do total de gas-
tos em publicidade, no período.
Subiram de R$ 2 bilhões para
R$ 2,5 bilhões neste ano. Os nú-
meros são do Cenp-Meios, fó-
rum de autorregulação do mer-
cado publicitário.
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Ferrari, CEO da Oncoclínicas: “Meta é ter, em 2023, 10 ou 11 ‘cancer center’ no país”
Também sem citar números,
marcas como Heineken e Ipiran-
ga planejam, para este ano, a
maior operação desde 2011. A
cervejaria oficial do evento inves-
tiu R$ 5 milhões no abastecimen-
to de chope e prevê a venda de
1,3 milhão de litros da bebida
durante os sete dias de festival.
Além do fomento de vendas
diretas durante o evento, os pa-
trocinadores também trabalham
para fortalecer os valores das
marcas e até rejuvenescer o pú-
blico alvo, caso do Banco Itaú.
“O Rock in Rio é o principal
evento patrocinado pelo banco no
Se dolarizados, os investimen-
tos totais em publicidade ainda
não superaram os valores pré-
pandemia: US$ 2,1 bilhões no
primeiro semestre de 2019. No
mesmo período deste ano fica-
ram em US$ 1,9 bilhão, aumento
de US$ 300 milhões em relação
aos seis primeiros meses do ano
passado.
No primeiro semestre deste
ano a TV aberta ficou com 46,1%
do bolo, pouco mais de R$ 3 bi-
lhões. O levantamento feito pelo
Cenp-Meios contabiliza as tran-
sações efetivamente realizadas
por 309 empresas localizadas
nas cinco regiões do território
nacional. O Cenp reúne 1.288
agências certificadas no país e
474 veículos associados.
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Valor B7
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
país. Nesta edição, temos mais de
40 criadores e influenciadores tra-
balhando na estratégia de pensar
o festival como uma plataforma
capaz de gerar conteúdo o ano in-
teiro”, diz Eduardo Tracanella, di-
retor de marketing do Banco Itaú.
O Rock in Rio começa hoje, na
Cidade do Rock, zona oeste da ca-
pital fluminense, e se estende entre
2, 3 e 4 de setembro. Após dois dias
de pausa, os shows voltam nos dias
8 , 9, 10 e 11. Os ingressos para to-
dos os dias estão esgotados desde
abril. Entre as atrações confirma-
das estão Justin Bieber, Coldplay,
Dua Lipa e Ivete Sangalo.
Curta
Comando da Starbucks
A Starbucks nomeou Laxman
Narasimhan como seu novo dire-
tor-presidente, meses após
Howard Schultz assumir tempo-
rariamente a liderança da rede
global de cafeterias. O dire-
tor-presidente Kevin Johnson,
que esteve à frente da companhia
por cinco anos, se aposentou em
abril. O novo executivo tem expe-
riência em companhias como Ly-
sol e Enfamil e, nos últimos três
anos, esteve à frente da Reckitt
Benckiser, dona das marcas Veja
e Vanish. Howard Schuilts per-
manecerá como presidente inte-
rino até abril de 2023, auxiliando
na transição de Narasimhan, que
assumirá o cargo e ingressará no
conselho em 1 o de abril.
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B8 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Especial Valor&Auto |
A grandalhona — 5,81 metros de comprimento, 3,57 m de entre-eixos, 2,01 m de largura e 1,97 m de altura — traz a mesma motorização nas duas versões: o V8 5.7 Hemi de 400 cv e 56,7 kgfm; o câmbio é sempre automático de oito marchas
Picapes As duas versões da 1500, Laramie e Laramie Night Edition, chegam ao Brasil a partir de setembro
Ram Classic desafia concorrentes médias
André Schaun
Da Autoesporte
No Brasil, 2022 é o ano das pica-
pes, com vários lançamentos iné-
ditos, como a Ford Maverick e Jeep
Gladiator, por exemplo, e opções
de caminhonetes da Ram como
você jamais viu: 2500, 3500, 1500
Rebel e agora a “velha” 1500 Clas-
sic, em duas versões, Laramie e La-
ramie Night Edition.
Mas... por que “velha”? Eu já
explico.
O preço da dupla ainda é um
mistério, porém a competição se-
rá entre as médias, como Hilux,
Amarok, Ranger e companhia. A
Ram pretende tirar vendas das
tradicionais picapes médias e
atrair um novo público mais ur-
bano, digamos assim. O que sei é:
um dos engenheiros da marca ga-
rantiu que os modelos não custa-
Jaguar F-Pace 2023 tem
versão híbrida ‘plug-in’
Emily Nery
Da Autoesporte
A Jaguar caminha para se tor-
nar uma marca exclusiva de car-
ros elétricos até 2025. Enquanto
a data não chega, alguns de seus
veículos a combustão passam a
emitir menos poluentes com a
ajuda de um motor elétrico. É o
caso do novo F-Pace PHEV, versão
híbrida plug-in do SUV de luxo
que chega Brasil por R$ 604.250.
A proposta da nova configu-
ração é bem diferente da SVR,
versão esportiva do SUV de 550
cv, e foca na baixa emissão de
CO2. Tanto é que a cada 100 km
rodados o carro bebe apenas 2,4
litros de gasolina, de acordo
com o ciclo NEDC2.
De qualquer forma, a motori-
zação é ainda mais potente do
que a versão híbrida leve do
F-Pace, que gera 380 cv. O con-
junto é formado pelo motor 2.0
turbo a gasolina de 256 cv asso-
A versão perua do badalado sedã esportivo sai por R$ 1,98 milhão
rão mais de R$ 400 mil no Brasil.
Mas voltemos ao “velha”. A
Ram 1500 Classic, chamada de
Ram Classic no Brasil, é a quarta e
penúltima geração da picape que
estreou em 2010 e foi recebendo
atualizações desde então. Convi-
ve com a atual geração, lançada
em 2019 e vendida no México, na
Argentina, no Canadá e, agora, no
Brasil. Ela é a típica picape “raiz”,
ou “roots”, para não fugir de suas
raízes norte-americanas.
As duas versões da Classic che-
gam ao país com a mesma moto-
rização: V8 5.7 Hemi de 400 cv e
56,7 kgfm. O câmbio é sempre au-
tomático de oito marchas. Quan-
to aos modos de tração, a caixa de
transferência tem as opções 4x2,
4x4 High e 4x4 Low (reduzida).
Nas dimensões, elas são gigan-
tescas: 5,81 metros de compri-
mento, 3,57 m de entre-eixos,
ciado a outro elétrico de 141 cv.
Juntos, produzem 404 cv de po-
tência combinada e 65,2 kgfm
de torque. O câmbio é automáti-
co de oito marchas e a tração é
integral.
Esse trem de força permite que
o Jaguar de 2,1 toneladas atinja
os 100 km/h em 5,3 segundos —
1,3 segundo mais lento do que a
versão SVR — e tenha velocidade
máxima de 240 km/h (controla-
da eletronicamente).
O híbrido prioriza o uso do
motor elétrico e consegue rodar
até 59 km sem gastar uma gota
de combustível, graças ao paco-
te de baterias de 17,1 kWh. Na
hora de carregá-las, bastam 30
minutos plugado em uma fonte
de recarga rápida DC que elas
recuperam até 80% da energia.
Em um carregador doméstico
Wallbox de 7 kW — incluso na
compra do veículo — é necessá-
rio esperar cerca de 1h40 para
completar a recarga.
DIVULGAÇÃO
2,01 m de largura e 1,97 m de al-
tura. Portanto, bem maior do que
as rivais já citadas.
A caçamba tem 1.424 litros de
capacidade volumétrica e aguen-
ta apenas 531 kg de carga, o que
não é nada chamativo para uma
picape desse porte e certamente
é seu ponto fraco. Uma Hilux tem
capacidade para até 1.010 kg e
uma Amarok leva 1.026 kg, por
exemplo. Entretanto, a Classic
tem capacidade de reboque de
3.534 kg, que é maior do que a
das duas rivais citadas.
Apesar de a quarta geração ter
mais de dez anos, a Classic rece-
beu boas atualizações em 2019,
para não ficar ultrapassada, e
consegue mesclar muito bem to-
ques de modernidade com seu
estilo mais retrô.
Entre os principais itens de sé-
rie, os destaques vão para: ar-con-
Assim como as demais versões
do F-Pace, a versão PHEV recebe
o sistema operacional Pivi Pro,
que promete simplificar o uso
da central multimídia de 11,4
polegadas. De acordo com a
fabricante, 90% das funções
podem ser executadas com dois
toques ou menos na tela (ou pe-
lo controle de voz). O painel de
instrumentos, igualmente digi-
tal, é de 12,3".
O pacote de equipamentos de
segurança inclui assistente de
ponto cego, câmera traseira, con-
trole de cruzeiro adaptativo, fre-
nagem de emergência, monitor
de fadiga, assistente de manu-
tenção de faixa, sensores de esta-
cionamento, indicador de des-
gaste das pastilhas de freio, indi-
cador de mudança de faixa e mo-
nitor de tráfego a ré.
Em comparação com o elétri-
co Jaguar I-Pace, a versão híbrida
plug-in custa apenas R$ 24.700 a
menos. O SUV movido apenas a
Importadora traz BMW M3 Touring ao país
Raphael Panaro
Da Autoesporte
A BMW M3 Touring, versão pe-
rua do badalado sedã esportivo,
causou comoção quando foi apre-
sentada há dois meses. Porém,
mesmo com todo o apelo, a BMW
descartou vender o carro oficial-
mente no Brasil. Mas ainda há es-
perança em ver a station wagon ro-
dando pelas ruas brasileiras. A Di-
rect Imports, empresa que impor-
ta veículos de forma independen-
te, oferece a M3 Competition Tou-
ring por R$ 1,98 milhão. Isso mes-
mo: quase R$ 2 milhões.
dicionado digital de duas zonas,
seis airbags, câmera de ré, bancos
dianteiros com ajustes elétricos,
central multimídia com tela de
8,4” sensível ao toque e com co-
nectividade para Android Auto e
Apple CarPlay via cabo, partida
por botão, assistente de partida
em rampa, controles de tração e
estabilidade e de mitigação de ro-
lagem da carroceria.
Visualmente, o estilo da dian-
teira é uma homenagem à segun-
da geração das picapes Ram, de
1993. Apelidado de “big rig” em
referência às enormes carretas
que cruzam as estradas norte-
americanas, o design da Classic
chama a atenção pela enorme
grade — cromada na Laramie e
preta na Laramie Night Edition
—, que faz os faróis de LED pare-
cerem até pequenos.
As entradas de ar no capô e os
Nova linha do SUV de luxo mantém opções híbrida-leve, de 380 cv, e esportiva, de 550 cv, com preços a partir de R$ 604 mil
energia elétrica é equipado com
motor de 400 cv e 70 kgfm. As-
sociado a ele, as baterias de 90
kWh garantem autonomia de
470 km, segundo o padrão
WLTP. Ele é vendido em duas
versões: Black, por R$ 624.950 e
SE, que custa R$ 678.950.
A Jaguar também anuncia a che-
É a primeira vez que o M3 tem
uma versão perua — apesar de a
montadora ter fabricado o concei-
to E46 M3 Touring em 2000. Além
do design afiado da nova geração, a
M3 Touring traz um poderoso mo-
tor 3.0 biturbo de seis cilindros em
linha de 510 cv de potência e 66,3
kgfm de torque para justificar a
quantia. O câmbio é automático de
oito marchas e a tração, integral.
Segundo a BMW, a perua ace-
lera de 0 a 100 km/h em 3,6 se-
gundos — apenas 0,1 s atrás do
M3 Competition — e atinge 250
km/h de máxima. Mas a velocida-
de final pode chegar a 280 km/h
traços musculosos por todos os
lados tornam a Ram Classic um
monstro perto de qualquer pica-
pe média.
O breve contato com a Ram
Classic ocorreu no Circuito Pana-
mericano, interior de São Paulo.
Foram apenas três voltas. Senta-
do no banco do motorista, a sen-
sação é de estar dentro de um ca-
minhão, pela altura.
Já o barulho do motor na cabi-
ne não é alto e a aceleração não é
instantânea como a de outros
motores V8, obviamente, pois
são 2.553 kg. Ainda assim, a agili-
dade causa espanto: a marca de
zero a 100 km/h é feita em bons
7,7 segundos.
A sensação de leveza, a pouca
rolagem da carroceria e a estabili-
dade nas curvas impressionam pa-
ra uma picape tão grande. Mesmo
com o controle de tração desliga-
gada das versões MHEV
(R$ 590.950) e SVR (R$ 605.950) na
linha 2023 do SUV. A primeira, hí-
brida-leve, combina o motor 3.0
de 340 cv e 48,9 kgfm a um alterna-
dor. A segunda, versão de topo, uti-
liza o motor V8 Supercharger de
550 cv e 71,4 kgfm.
A partir da nova linha, todas as
com o pacote opcional M Driver.
Em relação à Série 3 Touring (ver-
são convencional da perua vendida
no exterior), as diferenças estão na
gigantesca grade com frisos verti-
cais, arcos de rodas alargados, difu-
sor traseiro maior, saída de escapa-
mento quádrupla e um “bodykit”
que deixa o carro bem agressivo.
Há diversos opcionais para
deixar o modelo mais leve, como
peças de fibra de carbono e rodas
de alumínio forjado de 19 pole-
gadas na frente e 20” atrás. Tam-
bém opcionais são os discos de
carbono-cerâmica, mas a sus-
pensão adaptativa M é de série.
DIVULGAÇÃO
do, a grandalhona não sai do con-
trole do motorista. No entanto,
também não se empolgue muito.
O maior desafio é acertar o
momento certo de frear. A aten-
ção deve ser total, porque é preci-
so antecipar o momento da fre-
nagem em frações de segundos
para não passar do ponto. Qual-
quer pisada ou dosagem do pé
fora de tempo vai dar um friozi-
nho na barriga.
A Ram 1500 Classic é diferen-
te das picapes médias do merca-
do, mesmo que com uma dinâ-
mica semelhante, na medida do
possível. Porém, é uma belíssima
picape para você se sentir o típi-
co cidadão texano no Brasil. Pro-
duzida em Saltillo, no México,
ela chega ao mercado em 15 de
setembro, primeiro na versão
Laramie e, depois, na Laramie
Night Edition.
DIVULGAÇÃO
versões do F-Pace passam a ser
equipadas com o sistema InCon-
trol Telematics, que fornece da-
dos do carro ao motorista pelo
aplicativo Jaguar InControl e o
permite comandar algumas fun-
ções à distância. O F-Pace já pode
ser encomendado on-line ou nas
concessionárias da Jaguar.
No interior, a M3 Touring recebe
as novidades, como a tela curva
que une o painel de instrumentos
de 12,3” à central multimídia com
14,9”. O espaço no porta-malas é o
mesmo da versão “civil”: são 500 li-
tros, capacidade que chega a 1.510
l com os bancos rebatidos. Os as-
sentos esportivos M são de série,
mas bancos concha são oferecidos
como opcional. Há ainda revesti-
mentos de couro para o interior
com quatro opções de cores.
Na Europa, a BMW M3 Touring
sai por cerca de 100 mil euros.
Por aqui, a versão sedã não é ven-
dida por menos de R$ 793 mil.
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor B9

Agronegócios
Políticas Braço executivo da UE exigiu mudanças em proposta agrícola antes de liberar € 45 bilhões ao país

Por subsídio, França agora tem plano ‘verde’

Assis Moreira
De Genebra
A França, conhecida por dar
lições ambientais a outros paí-
ses, teve que “esverdear” seu pla-
no agrícola para assegurar €
45,2 bilhões em subsídios pela
Política Agrícola Comum (PAC)
europeia no período entre 2023
e 2027. Com orçamento de € 387
bilhões, ou um terço do orça-
mento plurianual da União Eu-
ropeia, a nova PAC valerá a par-
tir de janeiro do ano que vem.
Em seus quatro anos de vigên-
cia, o programa vai alcançar 7
milhões de beneficiários e dará
ênfase à agricultura biológica, à
rotação de culturas e à preserva-
ção de solos ricos em carbono.
Isso significa que os subsídios da
nova PAC vão estimular agricul-
tores que tenham programas
ambientais mais amplos, que
utilizem técnicas mais ecológi-
cas ou contribuam para a me-
lhoria do bem-estar animal.
Cada país transmitiu à Comis-
são Europeia, o braço executivo
da UE, seu plano estratégico para
receber os subsídios. As propos-
tas baseiam-se em seu grau de
conformidade, por exemplo,
com a estratégia alimentar “Da
Fazenda ao Prato”, que prevê re-
dução de 50% no uso de pestici-
das até 2030 e reserva de 25% das
terras à agricultura biológica.
França, Dinamarca, Espanha,
Finlândia, Irlanda, Polônia e Portu-
gal foram os sete primeiros países
a receber o sinal verde, dado nesta
semana. Mas, no caso francês, a
surpresa foi a revelação, publicada
pelo jornal “Le Monde”, de que, an-
tes do aval, a Comissão Europeia ti-
nha mandado o governo de Em-
manuel Macron rever seu plano
por considerar que a proposta só
“permitia acompanhar parcial-
mente a transição ecológica dos
setores agrícola e florestal”.
Foi só com a revisão que a
França obteve garantia de que
vai receber seus vultosos subsí-
dios. Paris precisou aumentar a
remuneração da agricultura bio-
lógica. Agora, os agricultores
com práticas favoráveis ao clima
e biodiversidade vão receber €
30 por hectare a mais que os
agricultores com a certificação
de “alto valor ambiental”, que é
considerado menos exigente.
Um produtor que se dedica à
CRAIG RUTTLE/AP
agricultura biológica vai receber
€ 110 por hectare de subsídio.
Analistas acreditam que a cifra é
insuficiente para a França dobrar
sua produção agrícola biológica,
para 18% do total, até 2027.
A Comissão Europeia também
pressionou a França para exigir
que o país adotasse a rotação das
culturas, que ocorrerá em 35% da
área de cultivo. O cronograma
prevê que 65% da superfície agrí-
cola poderá continuar com mo-
nocultura nos próximos dois
anos. A partir de 2025, haverá ro-
tação em duas culturas diferen-
tes, em um total de quatro.
Bruxelas exigiu outras modifi-
cações no plano francês. O que
não muda é a prática francesa de
querer continuar a dar lições am-
bientais ao resto do mundo. O francês Emmanuel Macron: críticas a políticas ambientais de outros países

Governo prevê aumento de gasto com equalização de juros do crédito rural

Cenários
Rafael Walendorff
De Brasília
O governo prevê um aumento
nos gastos do Tesouro com a
equalização de juros do crédito
rural em 2023. O Projeto de Lei
Orçamentária Anual (PLOA) en-
viado ao Congresso Nacional alo-
cou R$ 13,5 bilhões para custear
as operações oficiais de crédito
voltadas à agropecuária, que in-
cluem as subvenções para Pronaf,
custeio, investimento e comercia-
lização e alongamento de dívidas.
Em 2021, o valor empenhado no
orçamento foi de R$ 8,7 bilhões. Em
2022, a lei previu R$ 9,4 bilhões, mas
houve suplementações por causa do
aumento dos juros, que consumiu
os recursos reservados para a sub-
venção mais rapidamente. Segundo
o Relatório de Avaliação de Receitas
e Despesas Primárias do terceiro bi-
mestre, o valor já cresceu R$ 6,6 bi-
lhões, para R$ 16 bilhões, com apor-
tes extras de R$ 2,8 bilhões no Pro-
naf, R$ 1,1 bilhão no custeio e R$ 2,6
bilhões nos investimentos.
Os recursos previstos para 2023
não vão pagar apenas as equaliza-
ções do Plano Safra vigente
(2022/23). Eles também serão usa-
dos para saldar planos anteriores
— como sempre ocorre —, já que
bancam operações mais longas,
como investimentos. Dos R$ 13,5
bilhões reservados, R$ 6,5 bilhões
serão para apoiar operações do
Programa Nacional de Fortaleci-
mento da Agricultura Familiar
(Pronaf). Serão alocados R$ 3,7 bi-
lhões para investimento rural e
agroindustrial, R$ 2,2 bilhões para
custeio e R$ 15,7 milhões para sub-
sidiar operações de comercializa-
ção de produtos agropecuários.
Para o Fundo de Defesa da Econo-
mia Cafeeira (Funcafé), a previsão é
de R$ 6,3 bilhões. O Ministério da
Agricultura também terá R$ 972 mi-
lhões para a subvenção de opera-
ções de garantia e sustentação de
preços, como aquisições para for-
mação de estoques reguladores (R$
342 milhões) e comercialização de
produtos (R$ 580 milhões).
O Poder Executivo reservou ou-
tros R$ 3,4 bilhões de orçamento pa-
ra a Embrapa, pouco mais que os R$
3,3 bilhões de 2022, mas reduziu a
verba para pesquisa e inovação, que
foi de R$ 191,8 milhões neste ano e
será de R$ 156,2 milhões em 2023.
O Instituto Nacional de Coloniza-
ção e Reforma Agrária (Incra) tam-
bém aparece com orçamento bem
menor que o atual. O PLOA 2023
prevê R$ 2,3 bilhões para o órgão;
neste ano, a verba foi de R$ 3,4 bi-
lhões. A Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), por fim, te-
rá orçamento de R$ 1,5 bilhão.
Seguro rural deverá contar com R$ 1,1 bi
De Brasília
O Projeto de Lei Orçamentária
Anual (PLOA) prevê R$ 1,1 bilhão
para o Programa de Subvenção
ao Prêmio do Seguro Rural (PSR)
em 2023. A verba é praticamente
a metade do que a que o Ministé-
rio da Agricultura (R$ 2 bilhões)
pediu e repete os valores de 2021.
Se a previsão se mantiver, o pro-
grama deve encolher, passando de
14 milhões de hectares cobertos no
ano passado para cerca de 6,5 mi-
lhões em 2023. A Pasta de Marcos
Montes tentará buscar emendas
parlamentares para elevar o valor.
Na peça orçamentária enviada
ao Congresso, o Poder Executivo
diz que o montante de R$ 1,1 bi-
lhão será capaz de beneficiar 79 mil
produtores rurais no PSR. Em 2021,
foram atendidos mais de 120 mil
agricultores, com 213,8 mil apóli-
ces contratadas com subvenção.
Parte da equipe do Ministério da
Agricultura está na bronca por cau-
sa dos gastos que o governo tem
com o Programa de Garantia da
Atividade Agropecuária (Proagro).
Gerido pelo Banco Central e de
aplicação obrigatória, o instrumen-
to indeniza produtores rurais de
menor porte por perdas com pro-
blemas climáticos e pragas. Só em
2022, já foram mais de R$ 5 bilhões,
em grande parte em razão da seca
no Sul do país. O PLOA 2023 prevê
R$ 2,7 bilhões para o Proagro, mais
que o dobro do que para o PSR.
O secretário-adjunto de Política
Agrícola do Ministério da Agricul-
tura, José Angelo Mazzillo Júnior,
reconhece que os produtos são di-
ferentes e que o Proagro tem fun-
ções que o seguro não possui, mas
diz que é preciso buscar um con-
senso na Esplanada dos Ministé-
rios sobre a convergência entre os
programas de gestão de risco
agropecuário do governo federal.
Para este ano, o orçamento ini-
cial foi menor, de R$ 990 milhões, e
houve contingenciamento. A Pasta
ainda aguarda as suplementações
já solicitadas. O objetivo é chegar a
R$ 1,7 bilhão. Até o momento, o
Atlas do Seguro Rural mostra que
foram atendidos 64,7 mil produ-
tores, com 98 mil apólices em 5,6
milhões de hectares. (RW)
valor.com.br
Mais informações sobre o seguro
rural disponíveis em
valor.com.br/agro
B10
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| Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Agronegócios
Balanço Puxado por venda de propriedades e avanço na área de grãos, lucro líquido cresceu 64% em 2021/22
Resultados da BrasilAgro batem recorde
Fernando Lopes
De São Paulo
Com resultados firmes no quar-
to trimestre, a BrasilAgro, cujo fo-
co está na compra e venda de pro-
priedades rurais e na produção de
grãos, fibras e bionergia, colecio-
nou novos recordes no exercício
2022, encerrado em junho, e traça
um cenário também positivo para
2023, em boa medida sustentado
por preços ainda elevados das
commodities que comercializa.
Entre abril e junho, a empresa
registrou lucro líquido de R$ 31,1
milhões, 76% menos que em igual
intervalo do ano-fiscal anterior, lu-
cro antes de juros, impostos, de-
preciação e amortização (Ebitda)
ajustado de R$ 56,6 milhões, que-
da de 61%, e receita líquida de R$
420,1 milhões, 1% maior. Apesar
da influência negativa do aumen-
to de custos, a direção da compa-
nhia minimizou as quedas, já que
a empresa vendeu uma proprieda-
de no quarto trimestre de 2021,
por cerca de R$ 70 milhões, que
“distorceu” as comparações.
Unidade da Cocamar em Maringá (PR): quebra da safra de soja limitará a alta da receita, inicialmente prevista em R$ 11,7 bi
Frigorífico Redentor mantém expectativa para retomar vendas à China
Estratégia
Rafael Walendorff
De Brasília
Quem atua em frigoríficos de
carne bovina no Brasil sabe o pe-
so que a China tem para os ne-
gócios. O mercado é um com os
chineses e outro completamente
diferente sem eles. Conseguir
habilitar uma planta para ven-
der ao país é uma “iguaria”.
O diferencial competitivo vale
também para os pecuaristas. Com
a arroba em queda de quase 15% e
os custos mais altos do que em
2021, o “boi China”, que atende os
padrões de qualidade que o país
exige, é o único que “faz sentido”
de negociar em algumas regiões.
Neste ano, o empresário Magno
Gaia, CEO da Ramax, experimen-
tou os dois lados da moeda em um
intervalo de pouco tempo. Em fe-
vereiro, ele assumiu as operações
no Frigorífico Redentor, em Gua-
rantã do Norte (MT), planta que
pertence ao Grupo Bihl, atualmen-
te em recuperação judicial. Até ju-
lho, os abates cresceram de manei-
ra acelerada, e a unidade atingiu
sua capacidade máxima, de 600
animais desossados e congelados
por dia. Todo o volume seguiu para
ANNA CAROLINA NEGRI/VALOR
a China, gerando receita próxima a
R$ 100 milhões por mês.
No fim de julho, o Ministério da
Agricultura suspendeu a habilita-
ção da planta para vendas à China
até que houvesse melhorias nas li-
“No lado operacional, foram
períodos parecidos, inclusive do
ponto de vista de preços”, afir-
mou Gustavo Javier Lopez, dire-
tor financeiro e de relações com
investidores da BrasilAgro. No
exercício 2022 como um todo, os
avanços foram expressivos, e nes-
te caso com as vendas de proprie-
dades jogando a favor. O lucro lí-
quido cresceu 64%, para R$ 520,1
milhões, o Ebitda ajustado au-
mentou 105%, para R$ 748,1 mi-
lhões, e a receita foi 98% superior,
da ordem de R$ 1,5 bilhão.
Na temporada, a companhia
vendeu duas áreas — 3.723 hecta-
res da fazenda Alto Taquari, em Ma-
to Grosso (R$ 589 milhões), e 4.573
hectares de uma propriedade na
Bahia (R$ 130,1 milhões). No caso
da área mato-grossense, R$ 329,7
milhões foram contabilizados no
exercício 2022 e o restante será in-
cluído neste ano-fiscal 2023.
Após as recentes transações, e
com novos arrendamentos fecha-
dos no último exercício, o portfólio
de terras da BrasilAgro passou a so-
mar 275,4 mil hectares, distribui-
nhas de abate. A empresa montou
uma força-tarefa com 80 pessoas
para fazer as adequações e recebeu
o aval de Brasília em 18 de agosto.
A retomada dos embarques,
aguardada ansiosamente, só de-
pende da sinalização dos chineses.
Durante o mês de agosto, os
abates foram totalmente parali-
sados. “A planta estava liberada
para abater, apenas não teria os
certificados para embarcar para
a China. As operações não fazem
sentido se não tiver China”, afir-
mou Gaia ao Valor. Com o frigo-
Perspectivas positivas
BrasilAgro
Principais resultados (R$ milhões)
4º trimestre
Receita líquida Ebitda ajustado
400 400
350,7
308,1
300 300
200 200
146,7
100 100
56,5
0 0
2021 2022 2021 2022
Fonte: Empresa
dos por seis Estados do país, Para-
guai e Bolívia. Segundo avaliação
interna, o valor de mercado das fa-
zendas, que cultivam sobretudo so-
ja, milho, algodão e cana, chegava a
R$ 3,3 bilhões em 30 de junho. O
montante representa uma taxa de
crescimento anual composta (CA-
GR) de 23% no valor em reais por
hectare nos últimos cinco anos.
Mas nem só de compra e venda
de propriedades vive a BrasilA-
gro, e os resultados da empresa
DIVULGAÇÃO
rífico a pleno vapor, a unidade
deverá embarcar 2,7 mil tonela-
das de carne bovina aos chineses.
Uma pequena parcela da pro-
dução fica no mercado interno e
cerca de 5% vai para outros desti-
nos, como cortes de filé mignon
para a Palestina. O restante segue
para a China — e a preços bem me-
lhores que os pagos no Brasil. O
quilo do músculo, por exemplo, é
vendido a R$ 17 do lado do frigorí-
fico e sai a R$ 43 para os chineses.
Os asiáticos também conso-
mem bastante os miúdos, como o
Exercício
Lucro líquido Receita líquida
400 1.800
1.484,3
300 1.350
200 900 748,7
127,9
100 450
31,1
0 0
2021 2022 2021 2022
com grãos também evoluíram
em 2022. Em boa medida, por
causa de uma mudança na estra-
tégia de vendas de soja, o carro-
chefe nessa frente. Acostumada a
carregar volumes consideráveis
do grão originado para o segun-
do semestre, a companhia deci-
diu acelerar a comercialização no
primeiro semestre para diluir
custos e aproveitar o efeito do au-
mento dos juros em aplicações fi-
nanceiras. Ao mesmo tempo, e
FaturamentodaCocamardeve
avançar15%,paraR$11bilhões
Cooperativas
De São Paulo
A paranaense Cocamar, uma
das maiores cooperativas do
agro brasileiro, informou que
deverá encerrar 2022 com fatu-
ramento de R$ 11 bilhões, mon-
tante um pouco menor do que a
previsão inicial (R$ 11,7 bi-
lhões), mas 14,6% superior ao do
ano passado (R$ 9,6 bilhões).
A pequena frustração de receita
se deve aos reflexos da seca sobre
as lavouras de soja na safra
2021/22. Por causa do problema, a
produtividade média das lavouras
cultivadas com o grão nas regiões
de atuação do grupo (Paraná, São
pênis do boi, vendido a R$ 70 por
quilo. O preço é maior que o do fi-
lé mignon. “Uma planta aprova-
da para a China hoje é uma igua-
ria hoje, é uma exceção”.
O Frigorífico Redentor tem ha-
bilitação para vender aos chine-
ses desde 2019. Em 2021, ele tam-
bém ficou um mês e meio suspen-
so, procedimento que ocorre “de
maneira mais regular do que se
imagina”, disse Gaia, que coman-
da os abates há sete meses.
De fato, unidades de Frialto,
JBS e Marfrig em Mato Grosso
As perspectivas para a produção
pecuária nacional seguem positivas,
segundo avaliação do Banco Central
(BC) publicada em estudo nesta
quinta-feira. De acordo com a
autoridade monetária, devem puxar o
desempenho do segmento nos
próximos meses o avanço das
exportações e a retomada gradual do
mercado doméstico, "beneficiado por
atividade econômica mais robusta". A
pesquisa apresentou resultados da
pecuária de corte em 2021 e no
primeiro semestre de 2022, a partir
da evolução de abates, vendas
externas, custos dos principais
insumos e também dos preços.
(Larissa Garcia, de Brasília)
valor.com.br
A matéria completa sobre o estudo
do Banco Central está disponível em
valor.com.br/agro
Ebitda ajustado Lucro líquido
1.800 1.800
1.350 1.350
900
748,1 900
450 365,7 450 317,6
0 0
2021 2022 2021
também por causa da alta de ju-
ros, a empresa reduziu sua dívida
bruta que era de R$ 650 milhões
ao término do exercício 2021 e
passou a cerca de R$ 450 milhões.
“Normalmente, vendemos 60%
dos volumes de soja até 30 de ju-
nho. Neste ano, o percentual che-
gou a 85%”, disse Lopez. Somados
os estoques, as vendas do grão che-
garam a 236 mil toneladas no
exercício passado; elas foram de
137 mil em 2021. André Guillau-
Paulo e Mato Grosso do Sul) foi
40% menor que em 2020/21.
Em comunicado, a Cocamar,
cuja sede é em Maringá, realça
que o crescimento previsto para
2022 é sustentado principal-
mente por ganhos de participa-
ção de mercado com a maior fi-
delização dos cooperados. São,
ao todo, mais de 16,5 mil, que se
dedicam à produção de soja, mi-
lho, trigo, laranja e café e con-
tam com o suporte de uma rede
com mais de 100 unidades que
lhes prestam atendimento.
Em consequência dessa maior
fidelização, o grupo espera fe-
char o ano com faturamento
proveniente das vendas de insu-
mos agrícolas de cerca de R$ 3
também foram suspensas e
reautorizadas logo depois. O
embargo gera transtornos. A
planta tem 1,2 mil toneladas de
produto pronto para embarque.
“Carne em estoque é dinheiro
parado”, afirma o executivo.
O retorno dos embarques é
fundamental para os planos da
Ramax, que exporta carne de ou-
tros 30 frigoríficos no Brasil. Em
2022, as exportações deverão so-
mar 50 mil toneladas. O Reden-
tor, no entanto, é o único que
produz exclusivamente para a
trading, que tenta acordos seme-
lhantes com outras duas plantas.
A empresa de Gaia também tem
um confinamento de 36 mil ca-
beças de gado em Juara (MT).
A Ramax projeta faturar R$ 1,2
bilhão neste ano, desempenho
que poderia ser melhor sem a sus-
pensão. Em 2023, com operações
normais durante os 12 meses em
Guarantã do Norte, a trading es-
pera faturar R$ 1,2 bilhão apenas
com o Redentor. Ao todo, a recei-
ta pularia para R$ 1,8 bilhão.
Os planos de Magno Gaia in-
cluem conseguir habilitação pa-
ra exportar carne bovina do Re-
dentor para os Estados Unidos
até o fim deste ano. A Ramax já
tem operações nos EUA, como
uma joint venture com o maior
importador de carnes america-
no. A nova aposta é uma opera-
ção para distribuição para o food
service na Flórida, como cortes
nobres para supermercados.
mon, CEO da empresa, também
destacou que a safra 2021/22 foi a
primeira de cultivo de algodão no
Paraguai, em 800 hectares. Com os
bons resultados obtidos, a área vai
aumentar para 1,5 mil hectares
nesta temporada 2022/23.
A empresa já negociou 50% da
soja que será colhida em 2022/23.
No algodão que será plantado na
primeira e na segunda safras, o
520,1
percentual chega a 48%, e no mi-
lho (verão e inverno), a pouco
mais de 20%. Na cana, a preocupa-
2022
ção é maior, em virtude dos refle-
xos do clima seco nos canaviais.
Embalada pelos resultados
positivos, preços das commodi-
ties — e, consequentemente, pela
capitalização dos produtores —,
a BrasilAgro pretende investir R$
120 milhões neste ano-fiscal. Boa
parte vai para a cobertura, com
internet 4G, de 100% de fazendas
no Maranhão e na Bahia. O mon-
tante inclui ainda ampliação de
área, com destaque para arren-
damentos. A empresa prevê ter
aptos para cultivo mais 30 mil
hectares na safra 2023/24.
bilhões, 30% mais que em 2021.
As vendas de produtos indus-
trializados ao varejo deverão
passar de R$ 1 bilhão para R$ 1,4
bilhão na mesma comparação.
A Cocamar destacou, por fim,
que continua investindo em me-
lhorias e ampliação de sua rede
de unidades, com novas estrutu-
ras operacionais em Palmital
(SP), Cambé (PR) e Itaquiraí (MS),
e que neste segundo semestre vai
inaugurar unidades de atendi-
mento aos cooperados nos mu-
nicípios paulistas de Salto Gran-
de, Santa Cruz do Rio Pardo e Itaí.
Uma unidade do gênero acaba
de ser aberta em Pérola (PR) e ou-
tra ainda será instalada em Cha-
padão do Sul (MS). (FL)
valor.com.br
Grãos
Credores aprovam
RJ do Grupo Nicoli
Em assembleia geral realizada
nesta semana, os credores do
Grupo Nicoli aprovaram o plano de
recuperação judicial da empresa,
que produz soja, milho e arroz nos
municípios mato-grossenses de
Cláudia, Itaúba, Santa Carmen e
Nova Canaã do Norte.
valor.com.br/agro
Ambiente
Hidrogênio verde une
USP e grandes grupos
A USP firmou parceria com Shell
Brasil, Raízen, Hytron e com o
braço de inovação em
biossintéticos e fibras do Senai
(CETIQT) para desenvolver uma
tecnologia capaz de transformar
etanol em hidrogênio verde.
valor.com.br/agro
Clima
Setembro com frente
fria no Centro-Sul
Setembro começa com nova
frente fria no Centro-Sul. A
previsão da Climatempo é que
voltará a chover e esfriar no Sul,
em parte do Centro-Oeste e
também do Sudeste. Os ventos
devem se intensificar.
valor.com.br/agro
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor B11
 |
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B12 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
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Finanças
Destaques
Receita das seguradoras
A arrecadação total das segurado-
ras no Brasil alcançou R$ 295,4 bi-
lhões no primeiro semestre, com
crescimento de 11,2 % em relação
ao mesmo período do ano passa-
do, segundo a Confederação Na-
cional das Seguradoras (CNSeg). O
ranking da entidade, que conside-
ra seguros de danos e responsabi-
lidades, de pessoas, previdência
privada, saúde suplementar e ca-
pitalização, mostra o grupo Bra-
desco Seguros na liderança, com
captação total de R$ 45,7 bilhões.
A instituição também lidera o seg-
mento de saúde suplementar, com
R$ 16,8 bilhões, seguros de pes-
soas, com arrecadação de R$ 5,4
bilhões, e capitalização, em que te-
ve receita de R$ 3,2 bilhões. Os da-
dos levam em conta levantamento
da Susep e da ANS. O grupo BB Se-
guridade aparece na segunda co-
locação geral, com receita total de
R$ 33,9 bilhões. O BB é líder em
planos de previdência privada.
com receitas de R$ 24,6 bilhões. A
Caixa Seguridade vem na terceira
colocação geral, com R$ 19,9 bi-
lhões. A SulAmérica (R$ 12,2 bi) e a
Zurich (R$ 11,8 bilhões) comple-
tam a lista dos cinco maiores em
arrecadação. A Porto está na sexta
posição no setor, com R$ 10,5 bi-
lhões, mas é líder em seguros ge-
rais, com prêmios de R$ 7,7 bi-
lhões. (Sérgio Tauhata)
Índice de Renda Fixa Valor
Base = 100 em 31/dez/99
1.740
1.727
1.714
1.701
1.688
1.675
22/Jul
2022
Variações
No dia
No mês
No ano
Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
CRI do Mercado Livre
O Mercado Livre captou R$ 1 bi-
lhão na sua primeira emissão de
certificados de recebíveis imobi-
liários (CRIs). A oferta pública
restrita, conforme prevê a instru-
ção 476 da CVM, foi realizada em
duas séries e os recursos serão in-
vestidos na expansão, revitaliza-
ção e modernização da sua estru-
tura logística no Brasil. Coorde-
nada pelos bancos Itaú BBA, que
liderou a oferta, Bradesco BBI e
Safra, a operação conta com uma
série de cinco anos, com remune-
ração correspondente a CDI mais
0,88% ao ano, e outra de sete
anos, com remuneração atrelada
à inflação de NTN-B mais 0,63%.
(Álvaro Campos)
Debêntures da Cielo
O conselho de administração da
Cielo aprovou na quarta-feira a
realização da sua sexta emissão
de debêntures, no valor total de
R$ 3 bilhões. Serão 3 milhões de
debêntures, com valor de R$ 1
mil cada. Conforme o fato rele-
vante, as debêntures serão sim-
ples, não conversíveis em ações,
da espécia quirografária, sem
qualquer garantia ou preferên-
cia. Os títulos terão prazo de três
anos e serão emitidos em série
única. Além disso, serão objeto
de oferta pública de distribuição
com esforços restritos, e conta-
rão com garantia firme de colo-
cação. Sobre o valor nominal
unitário dos títulos incidirão ju-
ros remuneratórios correspon-
dentes à variação acumulada de
100% das taxas médias diárias
dos DI, acrescida de um spread
de até 1,20%. (Eulina Oliveira)
Assistência da Porto
A Porto Seguro informou ter
concluído a constituição da Por-
to Assistência, anunciada em
maio. A nova empresa reúne o
braço de serviços da seguradora ,
que realiza mais de 4,5 milhões
de assistências por ano, e a ope-
ração da CDF, fundada em 2007
e que tem uma base de 9 milhões
de clientes. (ST)
Inovação Pagamentos e serviços com
realidade aumentada estão no radar
5G deve trazer
revolução aos
bancos, que
testam usos
Álvaro Campos
De São Paulo
Fazer uma visita virtual a um
imóvel que se pretende financiar,
pagar uma compra sem passar
pelo caixa, ter transações finan-
ceiras executadas automatica-
mente em seu nome. Esses são al-
guns dos possíveis usos do 5G no
setor financeiro, em que a nova
tecnologia para redes móveis de-
ve provocar uma revolução.
Mais do que oferecer tráfego
de dados rápido e estável, o 5G
proporciona inúmeras aplica-
ções para a chamada internet das
coisas (IoT, na sigla em inglês).
Sua chegada é comparável à mu-
dança proporcionada quando se
passou do telefone analógico pa-
1.735,68 ra o celular. Além de possibilitar
um barateamento de custos para
os bancos, as possibilidades para
o desenvolvimento de produtos
e serviços são as mais diversas.
Um dos primeiros e mais ób-
1/Set vios usos do 5G é a substituição de
2022 redes físicas tradicionais, que são
mais caras e exigem manutenção
0,26% constante. Como por enquanto a
0,26% nova tecnologia está disponível
6,67%
em poucas capitais — e muito pro-
vavelmente ainda será preciso
manter algum tipo de redundân-
cia com o link físico por certo tem-
po — os bancos ainda não têm as
contas de quanto será possível
economizar, mas todos os gran-
des concordam que é um porcen-
tual substancial. Outra possibili-
dade é o chamado “edge compu-
ting”, criando uma espécie de mi-
ni data center mais perto do local
de uso, o que pode diminuir ainda
mais o tempo de resposta das ope-
rações e elevar a chance de ofere-
cer ofertas bastante assertivas.
No campo dos possíveis usos
para os clientes, as iniciativa ain-
da são experimentais, mas al-
guns projetos interessantes têm
surgido. O Bradesco, por exem-
plo, testa o uso de realidade au-
mentada para ajudar no finan-
ciamento imobiliário, para aju-
Tecnologia vai impulsionar IA e internet das coisas
De São Paulo
Diferentemente do “open ban-
king” ou do Pix, que exigiram um
enorme esforço das equipes de
tecnologia dos bancos, a chega-
da do 5G já estava prevista há
muito tempo e, nesse caso, a in-
fraestrutura depende da Anatel e
das operadoras de telefonia. Isso
significa que às instituições fi-
nanceiras cabe o trabalho de tes-
tar novos casos de aplicação des-
sa tecnologia, algo que ainda não
está bem estabelecido em ne-
nhuma parte do mundo, mas cu-
jo potencial é enorme.
No Bradesco, Fernando Freitas,
superintendente executivo de ino-
vação, conta que há um ano foi
criada uma célula de trabalho reu-
nindo várias áreas, para estudar os
possíveis usos. Até o momento, já
foram realizados dois experimen-
tos pilotos. O primeiro é usar a rea-
lidade aumentada para avaliar co-
mo a experiência imersiva aumen-
ta o engajamento e a satisfação do
usuário. Em parceria com a área de
crédito imobiliário, eles criaram
um sistema que permite ao corre-
tor subir a planta de um imóvel em
dar o cliente a escolher uma casa.
O Itaú tem um programa piloto
com o Hospital das Clínicas, em
São Paulo, que utiliza uma rede
própria, sem necessidade de uma
operadora de telefonia. Já o Ban-
co do Brasil trabalha no desen-
volvimento de soluções para as
áreas de agronegócio, cidades in-
teligentes e agências inteligen-
tes, mas não detalha os projetos.
Alberto Silva, sócio da Bain &
Company, diz que a transição tra-
zida pelo 5G será gradual e que o
caso mais emblemático de uso
muito provavelmente ainda não
foi criado. O mais provável, no en-
tanto, é que tenha um componen-
te de realidade virtual, com uso,
por exemplo, de óculos de realida-
de aumentada. Coreia do Sul e EUA
são os países mais adiantados nes-
sa tecnologia, não só no setor ban-
cário. Os asiáticos, por exemplo, já
possibilitaram que, usando um ca-
pacete desse tipo, um torcedor de
beisebol possa “sentar-se” em di-
versos lugares de um estádio vir-
tual, vendo o jogo pelo ângulo que
achar melhor. “Transportando isso
para o mundo de serviços financei-
ros, acho que a lógica seria tentar
substituir o atendimento via tele-
comunicações, chatbot, por um
modelo que começa a utilizar as
soluções possibilitadas pelo 5G
para oferecer ao consumidor final
uma experiência mais agradável
de atendimento”, diz.
Infraestrutura também
pode ser utilizada para
substituir parte das
conexões físicas e gerar
economia de custos
Os americanos também testa-
ram, em um evento das 500 mi-
lhas de Indianápolis, o uso do 5G
para facilitar pagamentos, o que
pode ser aplicado em lojas com
checkout automático. Com auto-
rização prévia do usuário e um
acordo com a operadora do car-
tempo real para o sistema. Assim, o
consumidor, ao passar por um pré-
dio e ver uma placa de “vende-se”,
pode apontar seu aplicativo e obter
instantaneamente todas as infor-
mações, e a partir daí navegar de
forma virtual pelo apartamento.
Um segundo experimento visa a
questão da segurança. Em parceria
com a IBM e a Claro, o Bradesco es-
tá testando colocar inteligência
dentro das câmeras de segurança
das agências, que seriam capazes
de identificar movimentos suspei-
tos no perímetro da unidade e ra-
pidamente acionar um alarme pa-
ra a central. “É o uso do 5G para
processamento na borda, tem
muita inteligência artificial por
baixo, treinamento de ‘machine
learning’, para poder entender o
que deveria ser considerado um
movimento suspeito”, conta.
O banco também levou uma
agência de Brasília totalmente
para o 5G, e os resultados iniciais
têm mostrado ganhos. Uma pros-
pecção de financiamento imobi-
liário, por exemplo, que antes era
enviada para a central e levava
cerca de 40 segundos para passar
por uma série de processos, teve
Para Codogno, da Genoa
Capital, o real começa a
entrar em um cenário
que não se mostra
mais tão favorável C3
Napoli, do Itaú: 5G facilita aplicações transacionais, mais sensíveis ao tempo, mas utilização ainda é incipiente
tão, é possível acessar dados do
celular ou smartwatch do cliente
para identificar os produtos que
ele pegou e cobrá-los automati-
camente na saída, sem que ele
precise clicar no dispositivo. “A
infraestrutura avançou além dos
casos de uso, então estamos em
um momento de experimenta-
ção mesmo. Por isso que o ecos-
sistema de desenvolvedores é tão
importante. Não é algo que os
bancos conseguirão fazer sozi-
nhos. É matéria-prima para os
inovadores, a turma da disrupção
pensar como transformar a expe-
riência do usuário”, diz Silva.
Flávio Antônio da Costa Filho,
consultor de tecnologia e que
presta serviços para a Gokei, uma
Provedora de Serviços de Tecnolo-
gia da Informação (PSTI) homolo-
gada pelo Banco Central para fa-
zer o processamento de dados pa-
ra instituições financeiras, explica
que o 5G deve contribuir para
uma revolução muito grande no
sistema financeiro nos próximos
cinco a dez anos. “Dá para compa-
rar o lançamento do 5G ao que foi
o celular, ele muda a forma de se
relacionar. O Banco Central está
muito antenado em tudo isso, in-
centiva novas formas de paga-
mento, apoia as fintechs. Quando
se criam novos ambientes, se
constroem novos produtos, isso
muda muito o mercado financei-
ro. Não só com o celular, mas com
outros aparelhos que hoje a gente
nem imagina, mas que com certe-
za vão começar a estar presentes,
como óculos, relógios, lentes.”
Diego Perez, presidente da AB-
esse tempo reduzido para cinco
segundos. O Bradesco tem a pre-
visão de expandir o 5G em pelo
menos 100 agências neste ano.
No Itaú, Fábio Napoli, diretor de
tecnologia, conta que foi feito um
acordo com o Hospital das Clíni-
cas, em São Paulo, para usar o con-
ceito de “open ran”, ou seja, mon-
tando uma rede de 5G proprietá-
ria, sem a necessidade de contratar
esse serviço de uma operadora de
telefonia. “Estamos explorando es-
sa tecnologia com o hospital por-
que era uma coisa que eles precisa-
vam e, para o banco, se comprovar-
mos que o 5G consegue hoje entre-
gar esse nível de serviço que a área
da saúde necessita, passa a ser um
tipo de tecnologia de rede privada
que começa a fazer sentido para a
gente”, explica o executivo.
Ele lembra que o 5G precisa de
muito pouca energia para funcio-
nar, diferentemente do 4G, o que
significa que é possível usar um
chip bem pequeno e colocá-lo em
praticamente qualquer dispositi-
vo que se imaginar. Isso abre espa-
ço para levar a internet das coisas
(IoT) para outro patamar. Ela po-
deria ser utilizada, por exemplo,
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Fintechs, comenta que o 5G per-
mite que esses dispositivos co-
mecem a fazer transações em no-
me dos donos, o que deixa as em-
presas que trabalham na infraes-
trutura do sistema financeiro
“com a faca e o queijo na mão”
para desenvolver novas soluções.
“Em outras partes do mundo, as
empresas de telecomunicação
são responsáveis pela distribui-
ção de boa parte dos produtos
financeiros. É possível que isso
ganhe força aqui.” Para Fábio
Napoli, diretor de Tecnologia do
Itaú Unibanco, o 5G facilita toda
aplicação sensível a tempo, tran-
sacional. “Mas ainda é incipien-
te, estamos no começo.”
Silva, da Bain, e executivos dos
bancos afirmam que o 5G, por de-
sign, já tem padrões de ciberse-
gurança melhores e que o fato de
trafegar um volume muito maior
de dados não eleva os riscos. “O
aumento no tráfego de dados não
altera as características de possí-
veis ataques, e as linhas de defesa
continuam as mesmas”, diz Paulo
André Rocha Alves, gerente geral
de tecnologia do Banco do Brasil.
“Olhando a tecnologia que o 5G
nos oferece, temos condições de
oferecer até uma segurança
maior, com a hipótese do uso de
inteligência artificial”, acrescenta
Wilson Yoshio Okamoto, supe-
rintendente executivo de infraes-
trutura de TI do Bradesco.
O 5G também pode colaborar
para acelerar a adoção de outras
tecnologias, como “open ban-
king” e mesmo o Pix, mas nesse
caso sua influência não deve ser
em aparelhos que fariam a gestão
de uma série de processos nas
agências, como controle de fluxo
de clientes, do sistema de ar-condi-
cionado e do consumo de energia
elétrica com um todo. “Isso au-
menta muito o ‘range’ de gerencia-
mento de monitoração, usando a
comunicação com ‘n’ elementos
que existem”, explica. O banco já
está testando o 5G em cinco agên-
cias, com operadoras diferentes.
No Banco do Brasil, Paulo An-
dré Rocha Alves, gerente geral de
tecnologia, afirma que o 5G vai
permitir colocar a inteligência
artificial para analisar uma gama
gigantesca de dados, possibili-
tando fazer aos clientes ofertas
muito mais personalizadas e as-
sertivas. O banco, que tem um La-
boratório de Experimentação e
Novas Tecnologias (Lentes), vem
trabalhando em projetos para o
agronegócio, cidades inteligen-
tes e agências inteligentes, sem-
pre com objetivo de ganho de efi-
ciência. “Não posso dar muitos
detalhes, mas no agro, por exem-
plo, o objetivo é colaborar para o
sucesso dos nossos clientes, não
necessariamente em uma ativi-
| C1
DIVULGAÇÃO
transformacional, porque são
sistemas que não dependem ne-
cessariamente de uma internet
mais rápida e estável e já eram
viáveis no padrão 4G. O mesmo
vale para a computação em nu-
vem (“cloud”), que já vinha sen-
do adotada de forma cada vez
mais acelerada pelos bancos.
Costa Filho lembra que o siste-
ma financeiro brasileiro é uma
“colcha de retalhos”, formada pela
fusão de centenas de instituições,
com sistemas legados de décadas.
Assim, será preciso modernizar to-
da essa infraestrutura para fazer
proveito de todo o potencial do
5G. “Já existem movimentos no
mercado financeiro de renovação,
até mesmo em função do open fi-
nance. Porque os sistemas hoje são
um remendo. Se formos olhar o
background, é um grande Fran-
kenstein, com sistemas pesados,
caros.” O consultor diz que, para as
instituições menores, até mesmo
se conectar à Rede do Sistema Fi-
nanceiro Nacional (RSFN) é caro
hoje em dia. Com o 5G e o uso
maior de APIs (conjunto de pa-
drões que fazem parte de uma in-
terface e permitem comunicação
mais simples entre instituições)
trazidos pelo open banking, pode
haver forte redução de custos.
Para Silva, da Bain, um fator que
podem impedir um uso mais
abrangente do 5G, no curto prazo,
é que hoje a faixa de frequência
utilizada faz com que as ondas te-
nham extensão curta, o que exigi-
ria a implementação de muitas an-
tenas para cobrir grandes áreas
mais isoladas das metrópoles.
dade do banco. Queremos entre-
gar valor dentro da cadeia, como
no uso de georreferenciamento,
imagens de satélites, previsões,
utilização de defensivos”, relata.
Ele diz que o BB já mapeou mais
de 100 projetos em que o 5G po-
deria ser utilizado com outras tec-
nologias para agregar valor. “Te-
mos parcerias com operadoras de
telecomunicação, grande empre-
sas de tecnologia, e aqui dentro
do nosso próprio conglomerado,
com o ramo de seguros, previdên-
cia, todas elas participam dessas
jornadas.” Alves diz que o BB, co-
mo tem presença em 97% dos mu-
nicípios brasileiros, também está
atento a como entregar essa tec-
nologia em todas as localidades.
Freitas, do Bradesco, diz que
uma tecnologia geralmente é con-
siderada popularizada quando su-
pera 40% da população com uso
massificado. Ele lembra que a che-
gada do 4G possibilitou uma série
de serviços, o que também deve
acontecer com o 5G. “Ainda não sa-
bemos todos os negócios possí-
veis, a estrada está sendo pavimen-
tada, a adoção mais ampla ainda
deve levar dois, três anos.” (AC)
 | |
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C2 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Finanças
Ibovespa
Em pontos
112.857
112.764 110.405
12/ago 23/ago
2022
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Ativos Commodities e corte no preço da gasolina derrubam os juros e pesam no câmbio
Taxas caem e sustentam Ibovespa
Gabriel Roca, Matheus Prado e
Igor Sodré
De São Paulo
O anúncio de um novo corte nos
preços da gasolina feito pela Petro-
bras se somou ao recuo relevante
das commodities no mercado in-
ternacional e derrubou os juros fu-
turos no pregão de ontem. A queda
relevante das taxas deu apoio ao
Ibovespa, que se favoreceu, ainda,
do crescimento mais forte que o es-
perado da economia brasileira no
segundo trimestre e de expectati-
vas que apontam para um avanço
do PIB em torno de 3% neste ano.
“Os ativos locais se aproveita-
ram de uma leitura consideravel-
mente acima do consenso do PIB
local, que corrobora uma semana
positiva para os dados internos,
com desemprego recuando e que-
da no preço da gasolina, o que in-
. .
Más notícias afetam ativos britânicos, com títulos e a moeda em posição delicada
Paridade da libra
com o dólar vira
uma possibilidade
Simon White
Bloomberg
A perspectiva de a libra atingir
a paridade com o dólar se torna
cada vez menos improvável. A
ameaça iminente de uma reces-
são, a dependência aguda do ca-
pital estrangeiro, a disparada nos
custos da dívida e a crescente
probabilidade de a independên-
cia do Banco da Inglaterra ser
cerceada são más notícias para os
ativos do Reino Unido e deixam
os títulos e a moeda em uma po-
sição cada vez mais precária.
Criticar o Reino Unido se tor-
nou uma espécie de passatempo
nacional, mas mesmo em uma
análise imparcial dos dados, é di-
fícil chegar a uma perspectiva
otimista. Não há porque medir as
palavras: a situação é terrível.
O Reino Unido enfrenta os
mesmos desafios que outros paí-
ses, mas eles são agravados por
um conjunto único de proble-
mas próprios. O crescimento
econômico deve desacelerar
muito mais nos próximos meses,
com base na mensagem inequí-
voca do colapso dos principais
indicadores, e não vai demorar
muito para que a economia este-
ja flertando com uma recessão.
Os problemas do Reino Unido
são exacerbados por um rombo
crescente na conta corrente. O
déficit de bens piora mais do que
Bolsas internacionais
Variações no dia 1/set/22 - em %
0,8
Ibovespa 0,46 0,30
fecha
0,1
pregão com
alta de
-0,6
0,81%
-1,3
-1,65
-1,60
-2,0
1/set Dow S&P- Euronext DAX-
Jones 500 100 30
dica um cenário inflacionário mais
benigno”, diz Fernando Martin,
chefe de análise da Levante Asset.
Ele aponta, ainda, que a apro-
ximação recente entre os dois
principais candidatos nas pes-
quisas de intenção de voto “tam-
bém pode estar ajudando os ati-
vos de risco”. O Ibovespa encer-
rou o pregão em alta de 0,81%,
cotado a 110.405 pontos.
O câmbio, porém, destoou dos
outros mercados e se manteve
atento ao exterior, onde a escala-
da dos rendimentos dos Treasu-
ries, mais uma vez, predominou.
O processo de reprecificação dos
juros americanos após os sinais
mais duros emitidos pelo Federal
Reserve (Fed) teve continuidade.
Na medida em que a atividade
econômica americana dá cada
vez mais sinais de resiliência, o
dólar global volta a exibir fôlego
JASON ALDEN/BLOOMBERG
a melhora na conta de serviços.
Além disso, a capacidade do Rei-
no Unido de cobrar um prêmio
sobre o que recebe de ativos no
exterior contra o que paga em
ativos mantidos no exterior eva-
porou. Culpe o Brexit ou não,
mas os dados não mentem.
O déficit fiscal também é gran-
de, e estrangeiros detêm cerca de
25% dos títulos públicos. Além
disso, o Reino Unido enfrenta um
desafio semelhante a outros paí-
ses europeus com custos de ener-
gia em disparada que provavel-
mente terão que ser subsidiados
de alguma forma pelo Tesouro. O
Reino Unido não tem exposição
direta ao gás russo, mas continua
exposto a efeitos indiretos devido
à sua dependência energética de
outros países em cerca de 35%.
Juntos, os déficits fiscal e de
transações correntes chegam a
11,1% do PIB, exigindo um ocea-
no de capital estrangeiro para
manter as engrenagens girando.
A taxa de câmbio entre a libra
esterlina e o dólar é a mais anti-
ga do mundo, com 250 anos. A
probabilidade implícita de ela
atingir a mínima histórica de
1,05 até o final do ano é agora
de 1 em 7. Mesmo a chance de
quebrar o limiar da paridade, o
que pareceria uma fantasia no
início deste ano, agora parece
uma aposta razoável, com uma
probabilidade de 1 em 32.
Juros
DI-Over futuro - % ao ano
12,84
-0,54
11,79
-1,48 -1,53
CAC- Nikkei- Xangai 12/ago
40 225 SE 2022
para dar prosseguimento ao rali.
Assim, a moeda americana encer-
rou o pregão de ontem negociada
a R$ 5,2378, em alta de 0,71%.
Participantes do mercado, po-
rém, têm alertado que a redução
no diferencial de juros pode já ter
algum efeito no câmbio domésti-
co, na medida em que a pressão
nos juros globais de mercado
continua significativa, enquanto
as taxas futuras no Brasil têm
mostrado alívio relevante. Ontem,
a taxa do DI para janeiro de 2024
recuou de 13,005% para 12,850%;
e a do DI para janeiro de 2027
caiu de 11,805% para 11,530%.
“Apesar da depreciação da moe-
da, os juros estão super bem com-
portados, ‘fechando’ [caindo] con-
sideravelmente. Creio que temos
perda por conta do diferencial de
juros e dos termos de troca, o que
desfavorece a nossa moeda. Por ou-
PIB mais forte deve levar BC a
rever estimativa de ociosidade
Análise
Alex Ribeiro
De São Paulo
Os dados das contas nacionais
divulgados na manhã de ontem
pelo IBGE devem levar o Banco
Central (BC) a rever a sua esti-
mativa para o nível de ociosida-
de da economia, de acordo com
economistas ouvidos pelo Valor.
Mas não há consenso se o Ban-
co Central deveria ou está dispos-
to a prolongar o ciclo de aperto
monetário em reunião neste
mês, entregando uma última al-
ta da Selic, para 14% ao ano.
A taxa de expansão do Produto
Interno Bruto (PIB) no segundo tri-
mestre ficou em 1,2%, superando o
consenso de mercado, de 0,9%, se-
gundo a pesquisa do Valor Data. O
PIB do primeiro trimestre também
foi revisto, de 1% para 1,1%.
Tudo mais constante, significa
que o grau de ociosidade do PIB,
que no final das contas é o que
faz o trabalho de desinflacionar a
economia, está menor do que o
esperado. A expectativa é que, no
Relatório de Inflação deste mês,
os dados sejam revistos pelo Ban-
Comefdeixazeradaexigência
decapitaladicionaldebancos
Larissa Garcia
De Brasília
O Comitê de Estabilidade Fi-
nanceira (Comef) do Banco Cen-
tral decidiu ontem manter em
zero o valor do adicional de capi-
tal principal contracíclico (ACCP
Brasil) dos bancos brasileiros.
“O comitê considera que o sis-
tema financeiro está preparado
para enfrentar a materialização
de eventuais riscos. A carteira de
crédito segue com bom desem-
penho — a despeito de um au-
mento na proporção de ativos
problemáticos em linhas de
maior risco concedidas a pes-
soas físicas e microempresas —,
e as provisões para perdas de
crédito e os níveis de liquidez e
de capital dos bancos estão ade-
quados”, disse o BC em nota.
O ACCP é uma parcela extra
Dólar comercial
Cotação de venda - R$/US$
Jan/2024 Jan/2025
13,08
12,88
1 9
11,89
5,0990
11,76 5,0725
23/ago 1/set 12/ago
2022
tro lado, o nosso diferencial de in-
flação em relação a outros países
coloca o Brasil com um retorno real
extremamente favorável. Fato é
que a volatilidade deve continuar”,
observa um gestor de moedas.
A queda significativa das taxas
futuras no pregão de ontem vem
na esteira de uma nova redução
nos preços da gasolina e do tom-
bo das commodities no exterior.
Essa percepção fez com que os
agentes do mercado passassem a
embutir nos preços uma inflação
mais baixa à frente, o que se refle-
tiu na inflação “implícita”.
Dados da Renascença apon-
tam que, no fim do dia, a inflação
embutida na NTN-B para maio
de 2023 sofreu queda relevante,
ao passar de 5,06% para 4,76%;
enquanto a inflação precificada
pela NTN-B para maio de 2025
recuou de 5,48% para 5,39%.
co Central, indicando uma eco-
nomia com menos margem.
Pelos cálculos mais recentes di-
vulgados pelo BC, em junho, o
grau de ociosidade estava em 1,3%.
O BC teve, na ocasião, de refazer
as contas, porque inicialmente
calculava a ociosidade em 2%.
Economistas experientes ouvi-
dos pelo Valor, alguns com passa-
gem pelo Banco Central, dizem
que a autoridade monetária deve-
ria estar refletindo, neste momen-
to, se a economia de fato está ope-
rando com capacidade ociosa —
ainda mais diante da expansão
fiscal provocada pelo pagamento
do auxílio emergencial e pelo cor-
te de tributos nos combustíveis.
Há uma corrente de analistas,
porém, que acha que o Banco
Central poderá manter, no Relató-
rio de Inflação, a avaliação e que
tem alguma capacidade ociosa.
Em discursos recentes, o presi-
dente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, levantou a tese de
que o dinamismo da economia se
deve não apenas à expansão fiscal,
mas também a reformas feitas des-
de o governo Temer — numa indi-
cação de que a autoridade mone-
tária poderia estar revendo as suas
de capital que os bancos devem
reservar em momentos de ex-
pansão do ciclo de crédito. O
mecanismo pode ser usado se o
BC entender que os emprésti-
mos do sistema financeiro cres-
cem em níveis não sustentáveis.
“Diante da reduzida exposição
cambial e da pequena depen-
dência de funding externo, a ex-
posição do SFN [Sistema Finan-
ceiro Nacional] a flutuações fi-
nanceiras originadas no exterior
é baixa”, complementou. O cál-
culo do adicional é feito com ba-
se no cenário econômico, na ro-
bustez das instituições financei-
ras e na qualidade dos ativos.
Segundo o Comef, o crédito
continua crescendo nas diversas
modalidades e os preços dos ati-
vos têm se comportado em linha
com os fundamentos econômi-
cos. “Diante dos riscos relaciona-
Índices de ações Valor-Coppead
Em pontos
Dólar
5,2378 comercial
encerra 160.357
o dia em
alta de
0,71%
91.053
em relação
ao real
23/ago 1/set 12/ago
2022
Para Fábio Guarda, sócio e gestor
da Galapagos Capital, o estágio
mais avançado do ciclo de aperto
monetário no Brasil, além das ex-
pectativas de que nenhum dos dois
principais candidatos à presidên-
cia da República promova grandes
desarranjos nas contas públicas do
país, trazem maior conforto para
apostas na queda das taxas.
De acordo com ele, a queda da
inflação, até o momento, foi pu-
xada pelos preços administra-
dos, mas deve começar a apare-
cer em itens mais sensíveis à polí-
tica monetária, o que pode abrir
mais espaço para cortes de juros.
“Eu estou otimista com os juros e
acho que a melhor estratégia é
vender inflação implícita [apos-
tar na queda]. Gostamos de apli-
car o DI para janeiro/2027 e ficar
vendido na DAP [futuro de cu-
pom de IPCA]”, afirma o gestor.
estimativas sobre o PIB potencial,
ou seja, a velocidade máxima que
a economia pode crescer sem ge-
rar pressões inflacionárias.
De qualquer forma, o PIB aci-
ma das expectativas não deixa de
ser mais um fator preocupante
para a o combate à inflação. O
ponto de partida é menos favorá-
vel, ainda que o BC aposte que a
alta dos juros básicos vai fazer o
trabalho para desacelerar a eco-
nomia daqui por diante. Na se-
mana passada, o IBGE divulgou a
prévia da inflação de agosto, o IP-
CA-15, que veio pior que o espe-
rado, tanto no dado cheio quan-
to na avaliação qualitativa.
Campos reagiu aos números,
afirmando na última sexta-feira
que o BC “acha que não pode
baixar a guarda” e que a autori-
dade monetária deve se manter
“vigilante”. Esse tom um pouco
mais conservador, na leitura de
especialistas, pode significar
tanto uma alta de 0,25 ponto
percentual na reunião do Comi-
tê de Política Monetária (Co-
pom) deste mês quanto uma
tentativa de segurar as apostas
do mercado sobre a queda dos
juros básicos em 2023.
dos à atividade econômica e à
redução da renda disponível pa-
ra o pagamento de dívidas das
famílias, é importante que os
bancos sigam preservando a
qualidade das concessões.”
O comitê frisou que os bancos
em geral mantêm voluntariamen-
te capital e liquidez em níveis su-
periores aos requerimentos pru-
denciais. “A suficiência do capital e
liquidez é atestada por análises e
testes de estresse. Os testes são ava-
liados nas reuniões do Comef e di-
vulgados em sua Ata e no Relatório
de Estabilidade Financeira (REF).”
“O comitê está atento à evolução
do cenário internacional e segue
preparado para atuar, minimizan-
do eventual contaminação des-
proporcional sobre os preços dos
ativos locais.” Em 2021, o estoque
de crédito cresceu 16,5%, segundo
ano de avanço em dois dígitos.
Performance Mínima Variância
160.420 161.649
90.642 89.431
23/ago 1/set
Ações têm
alta nos
EUA apesar
de dados
André Mizutani e Daniel Gateno
De São Paulo
Os temores relacionados ao
ritmo de aperto monetário do
Federal Reserve (Fed) seguiram
pesando sobre o humor dos in-
vestidores ontem, após a divul-
gação de mais uma série de da-
dos econômicos melhores do
que o esperado nos EUA. Mas as
bolsas de Nova York interrompe-
ram uma sequência de perdas,
ensaiando uma recuperação
após as fortes baixas sofridas
desde a sexta-feira passada.
O S&P 500 acumulou perdas de
mais de 6% entre a sexta-feira pas-
sada e o fechamento de quarta-fei-
ra, depois que o presidente do Fed,
Jerome Powell, reiterou que a prio-
ridade para o BC americano neste
momento é controlar a inflação,
mesmo que para isso seja necessá-
rio prejudicar o crescimento eco-
nômico americano. Desde então,
comentários de outros integrantes
do BC americano reforçaram os te-
mores de altas agressivas de juros
pelo Fed. E a divulgação de dados
econômicos melhores que o espe-
rado vem alimentando os temores
de que o BC pode ter mais espaço
para continuar elevando os juros
de maneira agressiva sem jogar a
economia americana em recessão.
Apesar do reforço dos temores
sobre o rumo da política monetá-
ria, o Dow Jones e o S&P 500 se re-
cuperaram na última hora de ne-
gociações da sessão de ontem, in-
terrompendo uma sequência de
quatro pregões consecutivas no
vermelho — em parte recebendo
suporte de investidores buscan-
do aproveitar barganhas após as
fortes perdas acumuladas desde a
última sexta-feira. O Dow Jones
fechou com ganhos de 0,46%, aos
31.656,42 pontos, enquanto o
S&P 500 subiu 0,30%, a 3.966,85
pontos. Já o Nasdaq recuou
0,26%, a 11.785 pontos, na con-
tramão dos pares em Wall Street.
O índice de gerentes de compras
(PMI, na sigla em inglês) do setor
industrial do Instituto para Gestão
de Oferta (ISM) ficou em 52,8 em
agosto, permanecendo estável em
relação à leitura anterior e contra-
riando a expectativa de consenso,
que era de queda a 51,8 no perío-
do. Ontem mais cedo, o relatório
semanal de seguro-desemprego
indicou que o número de novos
pedidos de auxílio caiu para 232
mil, de 237 mil da semana ante-
rior, ficando bem abaixo da expec-
tativa de consenso, que era de 245
mil. O mercado de trabalho ameri-
cano tem demonstrado bastante
resiliência em meio à desacelera-
ção econômica e é frequentemen-
te apontado por integrantes do
Fed como um indicador de que os
EUA ainda não estão em recessão.
Outras classes de ativos segui-
ram refletindo os temores com a
alta dos juros nos EUA, no entanto.
O dólar, que normalmente se be-
neficia de uma política monetária
mais apertada nos EUA, anotou
fortes ganhos, com o índice dólar
DXY fechando o dia em alta de
0,88%, a 109,661 pontos, depois de
tocar brevemente os 109,977 pon-
tos na máxima intradiária, alcan-
çando o seu maior nível desde
2002. Na renda fixa, o rendimento
do título do Tesouro americano de
dez anos subiu de 3,194% do fecha-
mento anterior para 3,264%, en-
quanto o do papel de dois anos
avançou de 3,483% para 3,516%.
A atenção dos investidores se
volta agora para o “payroll” ameri-
cano de agosto, que será divulgado
hoje. O dado pode trazer mais si-
nais de que a economia americana
segue saudável, o que reforçaria os
temores sobre os juros do Fed.
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Finanças
Entrevista Para Emerson Codogno, volatilidade
da moeda tende a aumentar após o fim da eleição
Efeito do diferencial
de juros para o real
se esgotou, diz Genoa
Lucinda Pinto e Victor Rezende
De São Paulo
Embora ainda sustente um
desempenho amplamente posi-
tivo neste ano, o real começa a
entrar em um cenário que não
se mostra mais tão favorável. A
moeda brasileira ainda é um dos
destaques do ano e exibe ga-
nhos ante o dólar. No entanto,
vetores que proporcionaram um
desempenho positivo da moeda
perderam espaço, observa Emer-
son Codogno, sócio-fundador e
gestor da Genoa Capital. A casa,
inclusive, não tem mais posições
que apostavam em um desem-
penho superior do real à frente.
“O efeito do diferencial de juros
se esgotou”, afirma o gestor, ao
lembrar que outros bancos cen-
trais têm elevado os juros tanto em
mercados desenvolvidos quanto
nos emergentes. Além disso, Co-
dogno avalia que houve uma piora
nos termos de troca e diz esperar
uma redução no fluxo cambial.
Em entrevista ao Valor, Codog-
no aponta, ainda, que a dinâmica
do câmbio, mais recentemente,
tem refletido de forma muito
mais clara os fatores externos, e
não os locais, como a incerteza
política e os riscos fiscais. Tanto é
que o real ainda segue entre as
moedas de melhor desempenho
do ano, observa o gestor. Ele, po-
rém, acredita que a volatilidade
da moeda brasileira tende a vol-
tar a aumentar após o resultado
da eleição, quando o próximo go-
verno irá definir o novo arcabou-
ço fiscal e a equipe econômica.
Valor: Qual a sua expectativa pa-
ra a política monetária nos EUA?
Emerson Codogno: O mercado
ainda está dividido entre uma alta
de 0,5 ponto e 0,75 ponto na próxi-
ma reunião. No fim, o [Jerome]
Powell quis deixar em aberto, indi-
cando que tem o desejo de reduzir
o ‘pace’ em algum momento, mas
que não sabe se poderá fazer isso já
na próxima reunião. E ele fez al-
gum comentário a respeito de
manter a taxa no nível restritivo
por mais tempo. Só que isso, se for
olhar na prática, não provocou um
grande movimento no mercado
de juros americano. Vemos os ju-
ros entre 3,5% e 4% nos EUA.
Valor: Esse nível de juros é sufi-
ciente para controlar a inflação ou
os EUA vão conviver com índices de
preços mais altos por mais tempo?
Codogno: Dado que o mercado
de trabalho parece muito aqueci-
do, com duas vagas de emprego
para cada trabalhador disponí-
vel, e a poupança das famílias e a
desalavancagem das empresas
estão em um nível muito confor-
tável, nós acreditamos que pode
ser necessário juros mais altos pa-
ra conseguir trazer a inflação pa-
ra perto da meta de 2%. Nós já ti-
vemos posições mais relevantes
em relação a isso, tomadas em ju-
ros americanos [aposta na alta da
taxa], quando a taxa lá era mais
baixa. Agora o risco-retorno não
é tão bom quanto foi no passado.
Valor: O nível atual da taxa de
câmbio no Brasil já contempla os ju-
ros americanos em 4% ou o merca-
do ainda terá que fazer ajustes?
Codogno: O Brasil saiu muito na
frente na questão dos juros, e o real
foi o destaque durante bastante
tempo. A moeda brasileira tem va-
lorização de quase 10% no ano,
sendo que vários emergentes estão
desvalorizados contra o dólar. Na
comparação com uma cesta de
moedas emergentes e de exporta-
dores de commodities, pondera-
das pela volatilidade, o real ganha
15%. Mas agora essa diferença está
diminuindo. Basicamente, outros
países estão se aproximando do
nosso nível de juros — óbvio que,
por sermos um país emergente e
por termos uma volatilidade mais
alta, sempre vamos ter um juro
maior. Então, essa vantagem toda
que o real teve, esse prêmio que ele
teve em relação à taxa de juros,
agora está desaparecendo. Essa foi
uma das principais posições que
tivemos ao longo do ano passado e
do primeiro semestre: real contra
dólar e real contra emergentes.
Mas, hoje, não temos mais, por-
que eu acho que esse efeito do di-
ferencial de juros se esgotou.
“
O Brasil saiu
muito na frente
na questão dos
juros, e o real
foi o destaque
durante
bastante
tempo”
Valor: O que mais influencia essa
aposta no câmbio?
Codogno: Os termos de troca es-
tão no pior nível dos últimos dois
anos. Tivemos a desvalorização das
commodities, alguma pressão nos
preços de importação e isso acaba
gerando uma revisão da projeção
de balança comercial e da conta
corrente. Só para ter uma ideia, a
gente chegou a ter uma expectati-
va de 1% de déficit de conta corren-
te neste ano, e hoje projetamos 2%.
E vemos o fluxo cambial, que está
positivo em R$ 20 bilhões, ficando
no zero a zero até o fim do ano. A
gordura no diferencial de juros di-
minuiu; a expectativa de fluxo pio-
rou por causa dos termos de troca;
e a moeda já se valorizou bastante.
Por isso, ficamos mais neutros e
deixamos de apostar na valoriza-
ção do real daqui para a frente,
mas ainda não entramos em um
terreno preocupante. Só acho que
não é uma aposta fácil de fazer,
que é ficar vendido em dólar.
Valor: O fluxo cambial, que está
muito positivo neste ano, tem sido
apoiado, principalmente, pelo lado
comercial. Por quê?
Codogno: O fluxo comercial for-
te é derivado de uma situação que
aconteceu no passado e que cha-
mou a atenção de muita gente, que
era o fato de que nós tivemos uma
melhora nos termos de troca mui-
to grande, que não tinha sido
acompanhada por uma valoriza-
ção da moeda. Essa situação à fren-
te gera bons fluxos de balança co-
mercial e foi isso que nós colhemos
ao longo deste ano: a moeda estava
desvalorizada e os preços das com-
modities estavam mais altos. Isso
gera um fluxo de balança comer-
cial. Mas, agora, o cenário mudou.
Os termos de troca caíram e a moe-
da se valorizou. Esse prêmio que a
gente via para apostar no real di-
minuiu muito. É a razão de nós es-
tarmos mais neutros agora.
Valor: Em compensação, o fluxo
financeiro tem mostrado saída rele-
vante neste ano...
Codogno: Eu realmente acredito
que o cenário externo mais volátil
não ajudou na parte de fluxo de
portfólio, mesmo com o juro alto,
porque, no fim, nós tivemos esse
movimento de juros subindo mui-
to rapidamente lá fora. Isso gera
um questionamento sobre se é o
momento de se tomar risco em
mercados emergentes. Algumas
das histórias que nós tivemos ao
longo do ano foram preocupantes.
Não sabemos que nível de juros vai
ser preciso para levar a inflação
para baixo nos EUA; tivemos uma
desaceleração muito forte na
China... Isso também não gera
um ambiente muito favorável a
risco. Acho que o fator externo é
o principal para explicar esse flu-
xo financeiro não tão forte.
Valor: As questões internas tam-
bém têm influência nessa história?
Codogno: Acho que bem me-
nos. Elas têm sido menos relevan-
tes, tanto é que o real é um dos
destaques entre as moedas. Não
dá a impressão, do meu ponto de
vista, que as nossas questões te-
nham sido um fator relevante
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor C3
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
tanto para os locais quanto para
os investidores estrangeiros.
Valor: Estamos mais próximos
da eleição. Alguma volatilidade é
esperada e vocês estão montando
alguma posição para se proteger? Emerson Codogno, da Genoa Capital: ‘Não sabemos que nível de juros vai ser preciso para levar a inflação para baixo nos EUA’
Codogno: Nós acompanhamos
bastante as pesquisas e os progra- [licença] para o próximo ano e Valor: E na Europa? eu não sou muito otimista com o
mas de governo dos candidatos, com uma correção das despesas do Codogno: Nos últimos dias, os ju- euro, apesar da recuperação em
mas eu não tenho visto o mercado teto um pouco acima da inflação. ros na Europa têm aberto [subido] termos de diferencial de juros.
oscilar muito em função disso. Acho que isso já está — ou deveria de maneira relevante. Tinha aquela Além disso, a taxa de juros no fim
Acredito que nós poderemos ter estar — no preço do mercado. Se discussão sobre se o BCE deveria do ciclo vai continuar abaixo da
um pouco mais de volatilidade de- tem um momento em que pode- reagir menos porque a inflação por americana. Vemos os juros euro-
pois da eleição — principalmente ríamos ver alguma notícia diferen- lá é de oferta, mas os diretores do peus entre 2% e 2,5%. Mas, inclusi-
se houver mudança de governo —, te, acho que vai ser mais à frente. BCE têm se posicionado no sentido ve, nós achamos que essa abertura
quando tivermos divulgação da Valor: O cenário-base da Genoa de que precisam reagir porquea in- dos juros europeus foi o que im-
equipe e mais detalhes sobre o que contempla um ‘soft landing’ ou uma flação está em um nível muito alto. pulsionou a taxa dos Treasuries.
vai ficar no lugar do teto de gastos, recessão nos EUA? Houve uma reprecificação grande, Valor: E como esse movimento
já que é consenso de que o teto não Codogno: Pode acontecer o uma alta de mais de 100 pontos- dos juros europeus tem impacto no
vai estar aí nos próximos anos. Até ‘hard landing’, mas para isso será base no mês. Um movimento pa- mercado doméstico?
porque, se for mantido o Auxílio preciso ter uma taxa de juros mais recido com o que aconteceu com Codogno: No caso do real, não
Brasil na faixa de R$ 600, que é o alta. Nossa impressão é a de que, os juros nos EUA meses atrás. afetou na margem, mas acho que
que a maioria dos candidatos está talvez, isso não seja para agora. Valor: Isso dá apoio ao euro? faz parte desse movimento de os
dizendo, ele já não cabe no teto. Vai Uma das razões de termos reduzi- Codogno: Não somos muito oti- países desenvolvidos terem juros
precisar existir uma nova âncora do a posição “tomada” em juros mistas com o euro. Apesar de ter mais altos. Nessa questão do nível
fiscal olhando para frente, mas a era justamente por ter havido um havido esse ‘catch up’ em termos em que os juros dos emergentes
maioria dos candidatos não quer aperto das condições financeiras de taxa de juros, pelo lado do cres- vão se equilibrar e até no diferen-
dar detalhes a respeito disso agora. muito forte. Sabíamos que isso cimento a Europa vai deixar a de- cial de juros impactando as moe-
Valor: O que está no preço do iria impactar alguns dados da sejar. Essa divergência de cresci- das, pode haver um movimento de
mercado hoje? economia americana. Nesse am- mento entre EUA e Europa, e até aversão a risco. Os juros de países
Codogno: O mercado já tem co- biente de dúvida em relação ao mesmo China, vai continuar. A desenvolvidos subindo de ma-
mo base algo pior que o teto de crescimento, talvez não seja tão economia americana tem se mos- neira relevante podem gerar esse
gastos. Provavelmente, um ‘waiver’ bom ficar ‘tomado’ em juros. trado resiliente. Em função disso, aperto das condições financeiras.
ALIANSCE SONAE SHOPPING CENTERS S.A.
CNPJ/ME nº 05.878.397/0001-32 - NIRE 33.3.003.325-11
ATA DE REUNIÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO REALIZADA EM 26 DE AGOSTO DE 2022
1. Data, Hora e Local: Realizada no dia 26 de agosto de 2022, às 11 horas, na sede social da Aliansce (b) da Remuneração das Debêntures calculada pro rata temporis desde a Data de Início da
Sonae Shopping Centers S.A., localizada na Cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, na Rentabilidade, ou a data do pagamento da Remuneração das Debêntures anterior, conforme o caso,
Rua Dias Ferreira, nº 190, 3º andar, sala 301 (parte), Leblon, CEP 22431-050 (“Companhia”). até a data da efetiva Amortização Extraordinária Parcial das Debêntures, incidente sobre o Valor
2. Convocação e Presença: Dispensada a convocação em virtude da presença a totalidade dos Nominal Unitário ou saldo do Valor Nominal Unitário das Debêntures e demais encargos devidos e não
membros do Conselho de Administração da Companhia. 3. Mesa: Assumiu a presidência dos trabalhos pagos até a data da Amortização Extraordinária Parcial das Debêntures e (c) de prêmio equivalente a
o Sr. Renato Feitosa Rique, que convidou o Sra. Érica Cristina da Fonseca Martins para secretariá-lo 0,35% (trinta e cinco centésimos por cento) ao ano, pro rata temporis, base 252 (duzentos e cinquenta
4. Ordem do Dia: Deliberar sobre (i) a realização, pela Companhia, da 6ª (sexta) emissão de debêntures e dois) Dias Úteis, considerando a quantidade de Dias Úteis a transcorrer entre a data da efetiva
simples, não conversíveis em ações, em série única, da espécie quirografária, para distribuição pública, Amortização Extraordinária Parcial das Debêntures e a Data de Vencimento das Debêntures, calculado
com esforções restritos de distribuição, no valor de R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais) (“Emissão” conforme fórmula prevista na Escritura de Emissão. A realização da Amortização Extraordinária Parcial
e “Debêntures”, respectivamente) as quais serão objeto de distribuição pública com esforços restritos das Debêntures deverá abranger, todas as Debêntures, e deverá obedecer ao limite de amortização de
de distribuição, nos termos da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, conforme alterada (“Oferta 98% (noventa e oito por cento) do Valor Nominal Unitário das Debêntures; (s) Repactuação: Não haverá
Restrita”), da Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) nº 476, de 16 de janeiro de 2009, repactuação das Debêntures; (t) Resgate Antecipado Facultativo Total das Debêntures: A Companhia
conforme alterada (“Instrução CVM 476”), e das demais disposições legais e regulamentares aplicáveis; poderá, a seu exclusivo critério, a partir do 25º (vigésimo quinto) mês (inclusive) contado da Data de
(ii) a autorização à Diretoria da Companhia e/ou aos seus procuradores para: (a) negociar os demais Emissão, realizar o resgate antecipado facultativo total das Debêntures (“Resgate Antecipado
termos e condições das Debêntures, observados os limites aprovados nesta assembleia; (b) adotar Facultativo Total”). Por ocasião do Resgate Antecipado Facultativo Total das Debêntures, o valor devido
todos e quaisquer atos e a assinar todos e quaisquer documentos necessários à implementação e pela Companhia será equivalente ao (a) Valor Nominal Unitário das Debêntures (ou saldo do Valor
formalização das deliberações tomadas nesta assembleia, incluindo, mas não se limitando a, a Nominal Unitário das Debêntures, conforme o caso) a serem resgatadas, acrescido (b) da Remuneração
celebração de todos os documentos necessários à efetivação da Oferta Restrita e da Emissão, inclusive das Debêntures, calculada pro rata temporis desde a Data de Início da Rentabilidade das Debêntures,
o “Instrumento Particular de Escritura da 6ª (Sexta) Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis ou a Data de Pagamento da Remuneração das Debêntures anterior, conforme o caso, até a data do
em Ações, em Série Única, da Espécie Quirografária, para Distribuição Pública, Com Esforços Restritos efetivo Resgate Antecipado Facultativo Total das Debêntures, e demais encargos devidos e não pagos
de Distribuição, da Aliansce Sonae Shopping Centers S.A.” (“Escritura de Emissão”), o Contrato de até a data do Resgate Antecipado Facultativo Total das Debêntures e (c) de prêmio equivalente a 0,35%
Distribuição (conforme definido abaixo) e os demais contratos, declarações, requerimentos, formulários (trinta e cinco centésimos por cento) ao ano multiplicado pelo prazo remanescente, considerando a
e outros tipos de instrumentos necessários e/ou convenientes para a realização da Emissão e/ou da quantidade de Dias Úteis a transcorrer entre a data do efetivo Resgate Antecipado Facultativo Total das
Oferta Restrita, sem prejuízo de outros eventuais aditamentos a referidos instrumentos; (c) a Debêntures e a Data de Vencimento das Debêntures, a ser calculado de acordo com a fórmula prevista
contratação das instituições financeiras integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários na Escritura de Emissão; (u) Oferta de Resgate Antecipado: A Companhia poderá, a seu exclusivo
para intermediarem a Oferta Restrita (“Coordenadores”) e os demais prestadores de serviços critério, a qualquer momento, realizar oferta de resgate antecipado das Debêntures, endereçada a
necessários para a Emissão e a Oferta Restrita (tais como agente fiduciário, escriturador, banco todos os Debenturistas, sendo assegurado a todos os Debenturistas igualdade de condições para
liquidante, assessores jurídicos, agência de classificação de risco e demais instituições que, aceitar o resgate das Debêntures por eles detidas (“Oferta de Resgate Antecipado”), observados os
eventualmente, sejam necessárias para a realização da Emissão e da Oferta Restrita), fixando-lhes os procedimentos previstos na Escritura de Emissão. O valor a ser pago em relação a cada uma das
respectivos honorários; e (d) ratificar todos os atos já praticados pela diretoria com relação às Debêntures será equivalente ao Valor Nominal Unitário ou ao saldo Valor Nominal Unitário das
deliberações acima. 5. Deliberações: Instalada a reunião e após a discussão das matérias da ordem Debêntures, conforme o caso, acrescido (a) da Remuneração devida até a data do efetivo resgate
de dia, os conselheiros presentes aprovaram, por unanimidade de votos e sem quaisquer ressalvas ou antecipado, calculada pro rata temporis, a partir da Data de Início da Rentabilidade, ou a data do
restrições, o que segue: 5.1. A realização da Emissão, com as seguintes características e condições pagamento da Remuneração anterior, conforme o caso, até a data do efetivo resgate das Debêntures
principais, as quais serão detalhadas e reguladas por meio da celebração da Escritura de Emissão: objeto da Oferta de Resgate Antecipado, e (b) se for o caso, do prêmio de resgate indicado na
(a) Número da Emissão: 6ª (sexta) emissão de debêntures da Companhia; (b) Data de Emissão: Para comunicação de Oferta de Resgate Antecipado, que não poderá ser negativo; (v) Aquisição Facultativa:
todos os fins e efeitos legais, a data de emissão das Debêntures será aquela definida na Escritura de A Companhia poderá, a qualquer tempo, adquirir Debêntures em Circulação, observado o disposto no
Emissão (“Data de Emissão”); (c) Data de Início da Rentabilidade: Para todos os fins e efeitos legais, a artigo 55, parágrafo 3º, da Lei das Sociedades por Ações e os termos da Resolução da CVM nº 77, de
data de início da rentabilidade será a Data da Primeira Integralização (conforme definido abaixo) das 29 de março de 2022, além de eventuais novas regras expedidas pela CVM, devendo tal fato, se assim
Debêntures (“Data de Início da Rentabilidade”); (d) Valor Total da Emissão: O valor total da Emissão exigido pelas disposições legais e regulamentares aplicáveis, constar do relatório da administração e
será de R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais) na Data de Emissão (“Valor Total da Emissão”); das demonstrações financeiras da Companhia (“Aquisição Facultativa”). As Debêntures adquiridas pela
(e) Quantidade de Debêntures Emitidas: Serão emitidas 1.000.000 (um milhão) de Debêntures; Companhia de acordo com este item poderão, a critério da Companhia, ser canceladas, permanecer
(f) Número de séries: A Emissão será realizada em série única; (g) Colocação e Procedimento de na tesouraria da Companhia, ou ser novamente colocadas no mercado, observadas as restrições
Distribuição: A Oferta será realizada nos termos da Instrução CVM 476, sob o regime de garantia firme impostas pela Instrução CVM 476. As Debêntures adquiridas pela Companhia para permanência em
de colocação para o Valor Total da Emissão, com a intermediação dos Coordenadores nos termos do tesouraria, nos termos deste item, se e quando recolocadas no mercado, farão jus à mesma
“Contrato de Coordenação, Colocação e Distribuição Pública, sob o Regime de Garantia Firme de Remuneração aplicável às demais Debêntures; (w) Distribuição, Negociação e Custódia Eletrônica: As
Colocação, de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações, da Espécie Quirografária, em Série Debêntures serão depositadas para (i) distribuição primária através do MDA - Módulo de Distribuição
Única, da 6ª (Sexta) Emissão da Aliansce Sonae Shopping Centers S.A.” (“Contrato de Distribuição”) a de Ativos (“MDA”), administrado e operacionalizado pela B3, sendo a distribuição liquidada
ser celebrado entre a Companhia e os Coordenadores; (h) Forma, Tipo e Comprovação de Titularidade financeiramente por meio da B3; e (ii) negociação e custódia eletrônica no mercado secundário por
das Debêntures: As Debêntures serão emitidas sob a forma nominativa e escritural, sem emissão de meio do CETIP21 - Títulos e Valores Mobiliários (“CETIP21”), sendo as negociações liquidadas
cautelas ou certificados, sendo que, para todos os fins de direito, a titularidade das Debêntures será financeiramente e as Debêntures custodiadas eletronicamente na B3; (x) Vencimento Antecipado
comprovada pelo extrato emitido pelo Escriturador e, adicionalmente, com relação às Debêntures que Automático: O agente fiduciário deverá, automaticamente, independentemente de aviso, notificação ou
estiverem custodiadas eletronicamente na B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão - Balcão B3 (“B3”), conforme interpelação judicial ou extrajudicial à Companhia, considerar, em até 1 (um) Dia Útil contado da ciência
o caso, será expedido por esta(s) extrato em nome do Debenturista, que servirá como comprovante de da ocorrência das hipóteses descritas na Escritura de Emissão, antecipadamente vencidas e
titularidade de tais Debêntures; (i) Conversibilidade: As Debêntures serão simples, ou seja, não imediatamente exigíveis todas as obrigações da Companhia referentes às Debêntures, sempre
conversíveis em ações de emissão da Companhia; (j) Espécie: As Debêntures serão da espécie respeitados os prazos de cura específicos, e exigir da Companhia o pagamento em até 2 (dois) Dias
quirografária, não gozando os Debenturistas de preferência em relação aos demais credores Úteis, contado do recebimento da notificação acima referida pela Companhia, do Valor Nominal Unitário
quirografários da Companhia, nos termos do artigo 58, caput, da Lei das Sociedades por Ações; ou saldo do Valor Nominal Unitário, conforme o caso, acrescido da respectiva Remuneração das
(k) Prazo e Data de Vencimento: Ressalvadas as hipóteses de liquidação antecipada das Debêntures Debêntures, calculada pro rata temporis, desde a Data de Início da Rentabilidade, ou Data de
em razão de seu vencimento antecipado, Aquisição Facultativa (conforme abaixo definido) para Pagamento da Remuneração das Debêntures imediatamente anterior (inclusive) devida até a data do
cancelamento da totalidade das Debêntures e/ou do Resgate Antecipado Facultativo Total (conforme efetivo pagamento, dos Encargos Moratórios, se houver, e de quaisquer outros valores eventualmente
abaixo definido), conforme aplicável, nos termos previstos na Escritura de Emissão, o prazo de devidos pela Companhia nos termos da Escritura de Emissão (cada hipótese, um “Evento de
vencimento das Debêntures será de 5 (cinco) anos, contados da Data de Emissão (“Data de Vencimento Vencimento Antecipado Automático”); (y) Vencimento Antecipado Não Automático: O agente fiduciário
das Debêntures”). Na ocasião do vencimento, a Companhia obriga-se a proceder ao pagamento das deverá convocar a AGD, a se realizar no prazo mínimo previsto em lei, e comunicar a Companhia, em
Debêntures pelo Valor Nominal Unitário ou pelo saldo do Valor Nominal Unitário, conforme o caso, até 2 (dois) Dias Úteis após tomar ciência de quaisquer dos eventos listados na Escritura de Emissão,
acrescido da Remuneração, calculada na forma prevista na Escritura de Emissão; (l) Valor Nominal para deliberar (i) a respeito da eventual não declaração do vencimento antecipado de todas as
Unitário: O valor nominal unitário das Debêntures será de R$1.000,00 (um mil reais), na Data de obrigações da Companhia referentes às Debêntures, ou (ii) tomar quaisquer outras providências
Emissão (“Valor Nominal Unitário”); (m) Preço de Subscrição e Forma de Integralização: As Debêntures necessárias, na ciência da ocorrência das hipóteses previstas na Escritura de Emissão (cada hipótese,
serão subscritas e integralizadas à vista, em moeda corrente nacional, no ato da subscrição, pelo seu um “Evento de Vencimento Antecipado Não Automático” e, quando em conjunto com o Evento de
Valor Nominal Unitário na Data da Primeira Integralização. Caso qualquer Debênture venha ser Vencimento Antecipado Automático, “Evento de Vencimento Antecipado”); (z) Encargos Moratórios:
integralizada em data diversa e posterior à Data da Primeira Integralização (conforme definido abaixo) Ocorrendo impontualidade no pagamento pela Companhia de quaisquer obrigações pecuniárias
das Debêntures, a integralização deverá considerar o seu Valor Nominal Unitário acrescido da relativas às Debêntures, os débitos vencidos e não pagos ficarão sujeitos, sem prejuízo do pagamento
Remuneração, calculada pro rata temporis desde a Data de Início da Rentabilidade até a data de sua da Remuneração, a (i) multa moratória convencional, irredutível e de natureza não compensatória, de
efetiva integralização, de acordo com as normas de liquidação aplicáveis à B3. Para fins desta ata e da 2% (dois inteiros por cento) sobre o valor devido e não pago; e (ii) juros de mora calculados pro rata
Escritura de Emissão, considera-se “Data da Primeira Integralização” a data da primeira subscrição e temporis desde a data do inadimplemento até a data do efetivo pagamento dos débitos em atraso, à
integralização das Debêntures. As Debêntures poderão ser subscritas com ágio ou deságio, a ser taxa de 1% (um inteiro por cento) ao mês sobre o montante devido e não pago, independentemente de
definido pelos Coordenadores, se for o caso, no ato de subscrição das Debêntures; (n) Atualização aviso, notificação ou interpelação judicial ou extrajudicial (“Encargos Moratórios”); (aa) Destinação de
Monetária das Debêntures: O Valor Nominal Unitário ou saldo do Valor Nominal Unitário das Debêntures Recursos: Os Recursos Líquidos captados pela Companhia por meio das Debêntures serão
não será atualizado monetariamente; (o) Remuneração das Debêntures: Sobre o Valor Nominal integralmente utilizados para reforço de caixa da Companhia. Para fins do disposto acima, entende-se
Unitário ou saldo do Valor Nominal Unitário, conforme o caso, a partir da Primeira Data de Integralização, por “Recursos Líquidos” os recursos captados pela Companhia, por meio da integralização das
incidirão juros remuneratórios correspondentes à variação acumulada de 100% (cem por cento) das Debêntures, excluídos os custos incorridos para pagamento de despesas decorrentes da Oferta;
taxas médias diárias do DI - Depósito Interfinanceiro de um dia, “over extra-grupo”, expressas na forma (bb) Demais Características: As demais características e condições da Emissão e das Debêntures
percentual ao ano, base 252 (duzentos e cinquenta e dois) Dias Úteis, calculadas e divulgadas estão previstas na Escritura de Emissão. 5.2. Autorizar os diretores da Companhia e/ou seus
diariamente pela B3 (“Taxa DI”), acrescida de spread (sobretaxa) de 1,35% (um inteiro e trinta e cinco procuradores a (a) negociar os demais termos e condições das Debêntures não definidos nesta data,
centésimos por cento) ao ano, base 252 (duzentos e cinquenta e dois) Dias Úteis (“Remuneração”). observados os limites aprovados nesta assembleia; (b) adotar todos e quaisquer atos necessários à
A Remuneração das Debêntures será calculada de forma exponencial e cumulativa pro rata temporis implementação e formalização das deliberações tomadas nesta assembleia, incluindo mas não se
por Dias Úteis decorridos, incidentes sobre o Valor Nominal Unitário (ou sobre o saldo do Valor Nominal limitando ao registro da Oferta Restrita perante a B3 e demais órgãos competentes, à contratação de
Unitário), desde a Data de Início da Rentabilidade, ou Data de Pagamento da Remuneração instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários para a realização da Oferta
imediatamente anterior (inclusive) até a data de pagamento da Remuneração das Debêntures em Restrita e de prestadores de serviços da Oferta Restrita e a assinar todos e quaisquer documentos
questão, data de pagamento por vencimento antecipado em decorrência de um Evento de Vencimento necessários à implementação e formalização das deliberações tomadas nesta assembleia, incluindo,
Antecipado (conforme abaixo definido) ou na data de um eventual Resgate Antecipado Facultativo Total mas não se limitando à celebração de todos os documentos necessários à efetivação da Oferta Restrita
(conforme abaixo definido), o que ocorrer primeiro. A Remuneração das Debêntures será calculada de e da Emissão, inclusive a Escritura de Emissão, o Contrato de Distribuição e os demais contratos,
acordo com a fórmula prevista na Escritura de Emissão; (p) Pagamento da Remuneração: Ressalvadas declarações, requerimentos, formulários e outros tipos de instrumentos necessários e/ou convenientes
as hipóteses de resgate antecipado das Debêntures, Aquisição Facultativa com cancelamento da para a realização da Emissão e/ou da Oferta Restrita, sem prejuízo de outros eventuais aditamentos e
totalidade das Debêntures e/ou de vencimento antecipado das obrigações decorrentes das Debêntures, todos os demais instrumentos que se façam necessários à Emissão e/ou à Oferta Restrita; (c) aprovar
nos termos previstos na Escritura de Emissão, a Remuneração será paga semestralmente, a partir da a contratação dos Coordenadores e dos demais prestadores de serviços necessários para a Emissão
Data de Emissão, até a Data de Vencimento das Debêntures, observado o cronograma a ser descrito e a Oferta Restrita (tais como agente fiduciário, escriturador, banco liquidante, assessores jurídicos,
na Escritura de Emissão (cada uma dessas datas, uma “Data de Pagamento da Remuneração”); (q) agência de classificação de risco e demais instituições que, eventualmente, sejam necessárias para a
Amortização do saldo do Valor Nominal Unitário: Ressalvadas as hipóteses de resgate antecipado das realização da Emissão e da Oferta Restrita, incluindo eventuais substituições), fixando-lhes os
Debêntures, Aquisição Facultativa com cancelamento da totalidade das Debêntures e/ou de vencimento respectivos honorários; e (d) ratificar todos os atos já praticados pela diretoria com relação às
antecipado das obrigações decorrentes das Debêntures, nos termos previstos na Escritura de Emissão, deliberações acima. 6. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião, da
o saldo do Valor Nominal Unitário das Debêntures será amortizado em 2 (duas) parcelas anuais qual se lavrou a presente ata que, lida e achada conforme, foi assinada por todos os presentes. Rio de
consecutivas, devidas nas datas indicadas e percentuais previstos na Escritura de Emissão (cada uma, Janeiro, 26 de agosto de 2022. Mesa: Sr. Renato Feitosa Rique - Presidente; Sra. Érica Cristina da
uma “Data de Amortização das Debêntures”); (r) Amortização Extraordinária Parcial das Debêntures: A Fonseca Martins - Secretária. Conselheiros Presentes: Renato Feitosa Rique, Volker Kraft, Peter
Companhia poderá, a seu exclusivo critério, a partir do 25º (vigésimo quinto) mês (inclusive) contado da Ballon, Marcela Dutra Drigo, Fernando Maria G. M. Antunes de Oliveira, Luiz Alves Paes de Barros e
Data de Emissão, realizar a amortização extraordinária parcial facultativa das Debêntures (“Amortização Alexandre Silveira Dias. Confere com a original lavrada em livro próprio. Rio de Janeiro, 26 de agosto
Extraordinária Parcial”). Por ocasião da Amortização Extraordinária Parcial das Debêntures, o valor de 2022. Mesa: Érica Cristina da Fonseca Martins - Secretária. Junta Comercial do Estado do Rio de
devido pela Companhia será equivalente a (a) parcela do Valor Nominal Unitário das Debêntures Janeiro - Certifico o arquivamento sob o nº 00005069770 em 30/08/2022. Protocolo 00-2022/678646-3
(ou saldo do Valor Nominal Unitário das Debêntures, conforme o caso) a serem amortizadas, acrescido em 29/08/2022. Jorge Paulo Magdaleno Filho - Secretário Geral.
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C4 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Finanças
Estratégia Santander e BB têm iniciativas para data relacionada ao público e Itaú testa ambiente específico

Bancos reforçam relacionamento com ‘gamer’

Álvaro Campos nidade gamer. Ao notar que 90% cina eventos como a BGS e o Cam- de transformação social e segui- com a Mastercard, permitindo Um ponto que o Santander per-
De São Paulo das roupas virtuais (“skins”) ad- peonato Brasileiro de Counter- mos procurando formas de somar, aos consumidores que adquirem cebeu é a necessidade de ajustar os
quiridas no “Free Fire” não conce- Strike (CBCS), apresenta campeo- estando próximos dos gamers, o produto ganhar moedas do jo- produtos a cada público. No Free
Se nos últimos anos os bancos dem nenhum poder especial ao natos como Valorant Ultimate Ig- construindo em conjunto soluções go para usar em upgrades de seus Fire, mais jogado por pessoas de
descobriram o mundo dos “ga- jogador, o banco viu que se trata- nition Series e, neste ano, promo- de produtos e serviços, mantendo personagens. “Atualmente temos baixa renda, a oferta se concentrou
mes”, até em função da pandemia, va de moda, algo que colabora pa- veu a troca de experiências entre nossa escuta ativa e nos envolven- mais de 1,5 milhão de solicita- em consórcios — já foram vendi-
que elevou o número de jogadores, ra uma sensação de pertencimen- gamers e amantes dos eSports com do em projetos que ajudem a evo- ções do produto do Player’s Bank das quase 10 mil cotas. Já no Lea-
agora as instituições começam a re- to. Assim, fez um acordo com uma a Game Talks BB. “Por meio dos eS- luir a comunidade. Temos algumas e um roadmap estruturado para gue of Legends, que exige um com-
forçar e ajustar suas estratégias pa- equipe de estilistas e trouxe ao ports, o BB diversifica suas estraté- novidades para apresentar ao mer- co-criar soluções e produtos/ser- putador mais potente e, assim,
ra se integrar ainda mais a esse uni- mundo off-line modelos que até gias de transformação digital”, diz cado ainda este ano”, diz Ricardo viços ainda mais eficientes para acaba sendo jogado por pessoas de
verso e seus consumidores. Nesta então só existiam no virtual — e o banco em nota enviada ao Valor. Scussel, diretor de Produtos Digi- nossa comunidade”, diz Scussel. maior poder aquisitivo, a ideia é
semana, o Dia do “Gamer”, celebra- promoveu um desfile dessas rou- Segundo o BB, para celebrar a tais e Parcerias do Itaú. No Bradesco, a interação com o oferecer cartão de crédito. Na se-
do globalmente em 29 de agosto, pas na São Paulo Fashion Week. semana gamer, os clientes contam universo gamer ocorre principal- mana do gamer, foi oferecido ain-
foi o gatilho de uma série de ações. “Fizemos uma transmissão on- com opções de lojas parceiras com mente por meio do seu banco digi- da um “limite adicional” para
Um dos pioneiros nesse seg- line desse desfile que atingiu 150 “cashback” em suas compras ou de
Santander fez parceria tal, o next, que recentemente lan- compra de produtos ligados ao te-
mento, o Santander se tornou no mil pessoas. É um público que nor- compra de “gift cards” disponíveis com estilistas e trouxe çou o projeto “Ela Faz o Game”, que ma em varejistas parceiros, que
ano passado patrocinador da Liga malmente não tem acesso ao mun- no app do banco. Até esta sexta- para o mundo real busca impulsionar a inclusão de não é abatido do limite tradicional
Brasileira de Free Fire (LBFF) e cau- do da moda e que de repente se viu feira, algumas categorias de pro- modelos de roupas mulheres no cenário profissional, do cartão, para até 7 mil clientes,
sou um alvoroço na comunidade representado no maior desfile da dutos contam com cashback de 6% investindo em atividades de su- além de outros benefícios espe-
gamer com um prêmio de mais de América Latina. Dali em diante, ga- nas compras feitas na Ama-
utilizadas no ‘Free Fire’ porte e fomento, dando mais espa- ciais, com isenção de anuidade e
1 milhão de “dimas”, a moeda utili- nhamos uma legitimidade enor- zon.com.br. O banco foi o primei- ço para grandes nomes da comu- desconto na taxa do consórcio.
zada no jogo. Este ano, patrocinou me com essa comunidade. Como ro a oferecer o consórcio gamer, O banco transformou o Dia do nidade e proporcionando o surgi- O Santander também está lan-
o campeonato de “League of Le- os bancos muitas vezes são vistos que permite ao usuário aplicar os Gamer no Mês Gamer no Player’s mento de novos talentos. No ban- çando um produto de assistência
gends”, mas com a condição de ser como ‘oportunistas’, antes do des- recursos para montar seu console. Bank, com descontos exclusivos co tradicional, a Unibrad (Univer- que, além de ajudar em caso de
criada uma liga feminina, que se file tínhamos de 10% a 12% de co- No Itaú, o grupo começou a tes- para compras em empresas par- sidade Corporativa Bradesco), em defeito do console e realizar a ins-
tornou a primeira do mundo. mentários negativos nas redes so- tar em março deste ano o banco di- ceiras, campeonatos especiais pa- parceria com o Inovabra, está de- talação, oferece até um especialis-
Em 2022, o banco não fez gran- ciais, e depois caiu para menos de gital Player’s Bank. “O setor de ga- ra a comunidade no Discord, com senvolvendo um hackathon desta- ta que auxilia o cliente a “passar
des premiações e deixou de patro- 1%”, conta Igor Puga, diretor de mes é muito dinâmico, por isso es- premiações de até R$ 30 mil, além cando o tema metaverso. A ideia é de fase”. Segundo Puga, contratar
cinar uma equipe de esportes ele- marketing e marca do Santander. tamos sempre fazendo ajustes de de workshops e ações de relacio- convidar gamers para participar esses especialistas foi fácil. “A
trônicos. Entretanto, em uma ini- O Banco do Brasil começou a rota sem perder o foco no que im- namento. No Player’s Bank, tam- como mentores e construtores de questão é que é preciso agendar e
ciativa diferente, conseguiu ga- apoiar o segmento de jogos eletrô- porta, a comunidade. Nós acredita- bém foi criado um cartão exclusi- soluções. A previsão é que isso estamos com uma fila de espera,
nhar legitimidade entre a comu- nicos em 2018. Desde então, patro- mos que esse mercado é um vetor vo de LOL esports, em parceria aconteça em outubro, diz o banco. dada a enorme demanda”, conta.

Finanças | Indicadores
IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 01/09/22 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 01/09/22 31/08/22 30/08/22 29/08/22 26/08/22 25/08/22
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 01/09/22 31/08/22 1 semana agosto 1 mês 12 meses 15/08 a 15/09 0,2072 0,7082 0,7082 1,0489 Índice 1.735,68 1.731,20 1.728,17 1.726,46 1.727,78 1.724,49
IRF-M 1* 12.881,5723940 0,07 0,07 7,47 Selic - meta ao ano 13,75 13,75 13,75 13,75 13,25 5,25 16/08 a 16/09 0,2074 0,7084 0,7084 1,0491 Var. no dia 0,26% 0,18% 0,10% -0,08% 0,19% -0,11%
IRF-M 1+** 16.456,0098300 0,44 0,44 5,05 Selic - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,15 5,15 17/08 a 17/09 0,2076 0,7086 0,7086 1,0493 Var. no mês 0,26% 1,87% 1,70% 1,60% 1,67% 1,48%
IRF-M Total 14.971,5030070 0,29 0,29 5,79 Selic - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,4711 0,5979 18/08 a 18/09 0,1784 0,6793 0,6793 0,9999 Var. no ano 6,67% 6,40% 6,21% 6,11% 6,19% 5,98%
IMA-B 5*** 7.788,3886860 0,17 0,17 6,80 Selic - taxa efetiva ao ano 13,65 13,58 13,58 13,58 13,15 5,15 19/08 a 19/09 0,1516 0,6524 0,6524 0,9528 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5+**** 9.775,1205030 1,11 1,11 3,78 Selic - taxa efetiva ao mês 1,0720 1,1694 1,1694 1,1694 1,1340 0,4194 20/08 a 20/09 0,1516 0,6524 0,6524 0,9528
IMA-B Total 8.448,8892870 0,67 0,67 5,28 CDI - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,15 5,15 21/08 a 21/09 0,1792 0,6801 0,6801 1,0007
IMA-S Total 5.409,2078660 0,05 0,05 8,07 CDI - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,4711 0,5979 22/08 a 22/09 0,2069 0,7079 0,7079 1,0486
IMA-Geral Total 6.742,0515240 0,30 0,30 6,76
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo
CDI - taxa efetiva ao ano 13,65 13,58 13,58 13,58 13,15 5,15 23/08 a 23/09
24/08 a 24/09
0,2077
0,2077
0,7087
0,7087
0,7087
0,7087
1,0494
1,0494
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 1,0720 1,1694 1,1694 1,1694 1,1340 0,4194
maior que 5 anos 25/08 a 25/09 0,1800 0,6809 0,6809 1,0015
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - - 10,88 6,23
26/08 a 26/09 0,1519 0,6527 0,6527 0,9531 Em 01/09/22
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - - 0,8645 0,5052 Em US$ * Em R$ **
27/08 a 27/09 0,1423 0,6430 0,6430 0,9535
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - - 10,80 5,09 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês - - - - 0,8582 0,4145
28/08 a 28/09
29/08 a 29/09
0,1799
0,2077
0,6808
-
0,6808
-
1,0014
1,0494 Baht (Tailândia) 36,8100 36,8400 0,14120 0,14130
Taxa de juros de referência - B3 30/08 a 30/09 0,2082 - - 1,0499 Balboa (Panamá) 1,0000 1,0000 5,2001 5,2007
Taxas - em % no período TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 13,71 13,73 13,71 13,73 13,72 6,36 31/08 a 01/10 0,2082 - - 1,0499 Bolívar Soberano (Venezuela) 7,8725 7,8922 0,6589000 0,6606000
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 13,73 13,74 13,74 13,74 13,79 7,36 Boliviano (Bolívia) 6,8500 7,0000 0,7429 0,7592
Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Linhas - pessoa jurídica 18/08/22 17/08/22 semana julho mês meses Taxas referenciais de Swap - B3 Colon (Costa Rica) 651,6700 657,8200 0,007905 0,007981
a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 31,17 31,58 30,95 27,34 31,77 27,66 DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 13,68 13,68 13,67 13,68 13,60 5,45 Coroa (Dinamarca) 7,4757 7,4766 0,6955 0,6957
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a. 25,51 26,51 26,28 25,96 27,36 18,92 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 13,69 13,70 13,69 13,70 13,65 5,89 Coroa (Islândia) 142,0700 142,4000 0,03652 0,03661
Conta garantida pré - a.a.
Desconto de duplicata pré - a.a.
50,75
27,52
51,04
27,39
48,47
27,44
46,97
26,06
46,28
26,72
34,31
18,06
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 13,71 13,73 13,71 13,73 13,73 6,34 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega)
Coroa (Rep. Tcheca)
10,0504
24,6120
10,0553
24,6250
0,5172
0,2112
0,5175
0,2113
DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 13,72 13,74 13,72 13,74 13,77 6,78
Vendor pré - a.a. 19,44 18,91 19,14 18,02 18,06 12,16 Coroa (Suécia) 10,8015 10,8055 0,4812 0,4815
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 19,89 19,38 19,75 20,95 19,06 12,90
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 13,73 13,75 13,74 13,75 13,81 7,37 Índices de ações em 01/09/22 Dinar (Argélia) 140,4800 141,1500 0,03684 0,03702
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 19,06 18,95 19,38 21,82 19,88 15,49 DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 13,35 13,44 13,60 13,44 13,69 8,26
No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3081 0,3087 16,8452 16,8799
Conta garantida pós - a.a. 27,62 27,21 27,88 27,06 27,26 20,03 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 4,9189 4,9412 1,0524 1,0573
ACC pós - a.a. 6,61 6,54 6,65 5,50 6,20 4,11 Direitos Especiais de Saque *** 1,3019 1,3019 6,7700 6,7708
Factoring - a.m. 3,70 3,69 3,68 3,70 3,69 3,67 Variação % em reais
Dirham (Emirados Árabes Unidos) 3,6729 3,6731 1,4157 1,4160
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Mercado futuro Ibovespa 110.405 0,81 0,81 5,33 -7,53 Dirham (Marrocos) 10,6112 10,6162 0,4898 0,4901
IBrX 47.104 0,75 0,75 5,26 -7,92 Dólar (Austrália)*** 0,6777 0,6778 3,5241 3,5250
Em 01/09/22 IBrX 50 18.484 0,76 0,76 5,60 -7,14 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 5,2001 5,2007
Juros externos PU de Taxa efetiva - Contratos Cotação - em % ao ano
IEE
SMLL
83.294
2.242
1,27
1,22
1,27
1,22
9,16
-5,20
1,71
-21,20
Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,5576 2,6027
DI de 1 dia ajuste em % ao ano negociados Mínimo Máximo Último Dólar (Canadá) 1,3160 1,3161 3,9511 3,9519
ISE 3.536 0,59 0,59 -3,64 -12,66 Dólar (Cayman) 0,8250 0,8350 6,2277 6,3039
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em out/22 98.937,50 13,676 486.705 13,674 13,680 13,678 IMOB 737 2,85 2,85 1,77 -11,57 Dólar (Cingapura) 1,4020 1,4025 3,7077 3,7095
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Vencimento em nov/22 97.933,29 13,696 8.525 13,684 13,700 13,690 IDIV 7.131 0,98 0,98 12,30 4,24 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 5,2001 5,2007
01/09/22 31/08/22 semana agosto mês meses Vencimento em dez/22 96.938,22 13,708 3.500 13,706 13,714 13,708 Dólar (Hong Kong) 7,8482 7,8483 0,6626 0,6627
IFIX 2.968 -0,24 -0,24 5,85 7,93
Libor - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em jan/23 95.853,79 13,720 412.090 13,715 13,735 13,715 Dólar (Nova Zelândia)*** 0,6066 0,6067 3,1544 3,1553
1 mês 2,6333 2,5534 2,4934 2,5534 2,3573 0,0833 Vencimento em fev/23 94.780,44 13,730 1.185 13,730 13,740 13,740 Variação % em dólares Dólar (Trinidad e Tobago) 6,7323 6,8260 0,7618 0,7725
3 meses 3,1441 3,0997 3,0431 3,0997 2,8070 0,1189 Vencimento em mar/23 93.913,42 13,730 12.935 13,705 13,735 13,705 Ibovespa 21.229 0,39 0,39 13,02 -8,30 Euro (Comunidade Européia)*** 0,9947 0,9949 5,1725 5,1742
6 meses 3,7017 3,6606 3,5269 3,6606 3,3134 0,1519 Vencimento em abr/23 92.831,28 13,700 152.885 13,685 13,735 13,690 IBrX 9.057 0,33 0,33 12,95 -8,68 Florim (Antilhas Holandesas) 1,7845 1,8200 2,8572 2,9144
9 meses - - - - - -
Vencimento em mai/23 91.973,29 13,720 10.085 13,680 13,700 13,690 IBrX 50 3.554 0,34 0,34 13,32 -7,91 Franco (Suíça) 0,9835 0,9839 5,2852 5,2880
1 ano 4,2094 4,2231 4,0973 4,2231 3,7077 0,2276
Vencimento em jun/23 90.934,93 13,740 3.295 13,645 13,740 13,645 IEE 16.016 0,85 0,85 17,13 0,87 Guarani (Paraguai) 6909,3800 6914,3800 0,0007521 0,0007527
Euro Libor - empréstimos interbancários em euro *
Vencimento em jul/23 90.084,90 13,555 215.848 13,540 13,620 13,550 SMLL 431 0,80 0,80 1,72 -21,85 Hryvnia (Ucrânia) 36,5000 36,9340 0,1408 0,1425
1 mês - - - - - -0,5841
Vencimento em ago/23 89.192,51 13,475 400 13,505 13,505 13,505 ISE 680 0,15 0,15 3,38 -13,39 Iene (Japão) 139,9200 139,9400 0,03716 0,03717
3 meses - - - - - -0,5654
IMOB 142 2,50 2,50 9,23 -12,26 Kuna (Croácia) 7,5565 7,5631 0,6876 0,6882
6 meses - - - - - -0,5407 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00
1 ano - - - - - -0,4954 IDIV 1.371 0,56 0,56 20,50 3,38 Libra (Egito) 19,2000 19,2600 0,2700 0,2709
Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último
Euribor ** IFIX 571 -0,68 -0,68 13,58 7,03 Libra (Líbano) 1505,5000 1518,5000 0,003425 0,003455
Vencimento em out/22 5.272,96 0,49 381.700 5.185,00 5.295,50 5.280,00 Libra (Síria) 2511,0000 2514,0000 0,00207 0,00207
1 mês - 0,230 0,085 0,230 -0,048 -0,554 Vencimento em nov/22 5.310,01 0,49 5 5.315,00 5.315,00 5.315,00 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
3 meses - 0,654 0,518 0,654 0,260 -0,550 Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,1536 1,1541 5,9988 6,0021
Vencimento em dez/22 5.345,70 - 0 0,00 0,00 0,00 Naira (Nigéria) 422,4600 423,4600 0,01228 0,01231
6 meses - 1,203 0,984 1,203 0,652 -0,521
Vencimento em jan/23 5.383,41 - 0 0,00 0,00 0,00 Lira (Turquia) 18,2017 18,2087 0,2856 0,2857
1 ano -
Taxas referenciais no mercado norte-americano
1,778 1,483 1,778 0,926 -0,496
Vencimento em fev/23 5.421,15 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 30,5970 30,6070 0,16990 0,17000
Prime Rate 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 3,25 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00 Novo Sol (Peru) 3,8506 3,8796 1,3404 1,3506
Federal Funds 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 0,25 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 139,0000 139,0100 0,03741 0,03742
Taxa de Desconto 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 0,25 País Spread Variação - em pontos Peso (Chile) 892,0000 892,6000 0,005826 0,005830
Vencimento em out/22 5.257,64 -0,50 80 5.205,00 5.261,50 5.246,00 Peso (Colômbia) 4475,9000 4490,0000 0,001158 0,001162
T-Bill (1 mês) 2,16 2,17 2,19 2,17 2,18 0,04 Vencimento em nov/22 5.304,07 - 0 0,00 0,00 0,00 01/09/22 31/08/22 No dia No mês No ano
T-Bill (3 meses) 2,94 2,93 2,81 2,93 2,49 0,04 Geral 441 433 8,0 8,0 55,0 Peso (Cuba) 24,0000 24,0000 0,2167 0,2167
Vencimento em dez/22 5.348,91 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Filipinas) 56,7040 56,7240 0,09167 0,09172
T-Bill (6 meses) 3,39 3,36 3,22 3,36 2,98 0,05 África do Sul 496 478 18,0 18,0 148,0
T-Note (2 anos) 3,52 3,50 3,37 3,50 3,04 0,21 Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Argentina 2.396 2.385 11,0 11,0 708,0 Peso (México) 20,2236 20,2341 0,2570 0,2572
T-Note (5 anos) 3,40 3,35 3,16 3,35 2,85 0,77 Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Brasil 281 285 -4,0 -4,0 -45,0 Peso (Rep. Dominicana) 52,8700 53,1600 0,09782 0,09837
T-Note (10 anos) 3,26 3,19 3,03 3,19 2,75 1,30 Vencimento em out/22 111.912 0,66 214.570 109.620 112.115 111.890 Colômbia 408 406 2,0 2,0 56,0 Peso (Uruguai) 40,9600 40,9900 0,12690 0,12700
T-Bond (30 anos) 3,37 3,29 3,24 3,29 3,01 1,92 Vencimento em dez/22 114.042 - 0 0 0 0 Filipinas 108 97 11,0 11,0 17,0 Rande (África do Sul) 17,2891 17,2948 0,3007 0,3008
Fontes: EMMI e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa da British Bankers Association com base em informações de 16 bancos ** Taxas da México 241 236 5,0 5,0 28,0 Rial (Arábia Saudita) 3,7565 3,7585 1,3836 1,3845
Vencimento em fev/23 116.372 - 0 0 0 0 Peru 179 177 2,0 2,0 39,0
BBA e da Federação Bancária da União Europeia Rial (Irã) 42000,0000 42000,0000 0,0001238 0,0001238
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia 643 633 10,0 10,0 65,0 Ringgit (Malásia) 4,4790 4,4830 1,1600 1,1611
Venezuela 36.067 35.128 939,0 939,0 -22.436,0 Rublo (Rússia) 59,0000 61,2500 0,08490 0,08815
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 79,6530 79,6680 0,06527 0,06529
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia) 14880,0000 14885,0000 0,0003494 0,0003495
Rúpia (Paquistão) 218,2500 219,2000 0,02372 0,02383
Rentabilidade no período em % Shekel (Israel) 3,3938 3,3970 1,5308 1,5324
Mês Acumulado Em 01/09/22 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1357,5700 1358,5900 0,003828 0,003831
Renda Fixa set/22* ago/22 jul/22 jun/22 mai/22 abr/22 Ano* 12 meses** Variações % Yuan Renminbi (China) 6,9066 6,9074 0,7528 0,7530
Selic 1,17 1,17 1,03 1,02 1,03 0,83 9,01 10,23 Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses Zloty (Polônia) 4,7437 4,7482 1,0952 1,0963
CDI 0,05 1,17 1,03 1,02 1,03 0,83 7,81 10,23 Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 5,2001 5,2007 0,42 0,42 -6,81 0,84
Liquidez Internacional *, em US$ milhões
Fim de período Diário Cotações Em R$(1)
CDB (1) - 0,86 1,00 0,83 0,79 0,84 6,60 9,17 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 5,2372 5,2378 0,71 0,71 -6,05 1,02 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Poupança (2) - 0,74 0,66 0,65 0,67 0,56 5,04 7,21 Dólar Turismo (R$/US$) 5,2504 5,4304 0,63 0,63 -6,08 1,12 jan/22 359.898 22/08/22 341.119
Poupança (3) - 0,74 0,66 0,65 0,67 0,56 5,04 6,72 Euro (BC) - (R$/€) 5,1725 5,1742 -0,74 -0,74 -18,14 -15,35 Dólar Ouro 1694,77 0,01835 283,3842 283,4169
fev/22 358.240 23/08/22 341.692
IRF-M 0,29 2,05 1,15 0,37 0,58 -0,12 5,79 6,17 Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 5,2096 5,2102 -0,30 -0,30 -17,48 -15,11 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IMA-B 0,67 1,10 -0,88 -0,36 0,96 0,83 5,28 5,54 Euro Turismo (R$/€) 5,2377 5,4177 -0,36 -0,36 -17,47 -15,03 mar/22 353.669 24/08/22 340.802 * Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-S 0,05 1,19 1,04 1,07 1,11 0,69 8,07 10,70 Euro (BC) - (US$/€) 0,9947 0,9949 -1,15 -1,15 -12,17 -16,06 abr/22 345.097 25/08/22 341.247 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável Ouro* mai/22 346.415 26/08/22 340.976 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ibovespa 0,81 6,16 4,69 -11,50 3,22 -10,10 5,33 -7,80 jun/22 341.958 29/08/22 340.199 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
Índice Small Cap 1,22 10,90 5,16 -16,33 -1,82 -8,36 -5,20 -22,25 B3 (R$/g) ** - 281,500 -1,23 -1,23 -14,70 -5,54 jul/22 346.403 30/08/22 339.552 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 0,76 6,33 4,54 -11,67 3,30 -10,51 5,60 -7,38 Nova York (US$/onça troy) - 1.696,30 -0,73 -0,73 -7,21 -6,62 ago/22 339.664 31/08/22 339.664 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE 0,59 5,97 4,40 -12,35 2,01 -10,17 -3,64 -12,47 Londres (US$/onça troy) - 1.706,00 -0,37 -0,37 -6,27 -5,95
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IMOB 2,85 7,01 8,73 -12,13 -4,47 -6,62 1,77 -14,96 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Última cotação. ** Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IDIV 0,98 4,27 1,98 -8,38 4,26 -5,19 12,30 4,28
IFIX -0,24 5,76 0,66 -0,88 0,26 1,19 5,85 8,23
Dólar Ptax (BC) 0,42 -0,18 -0,95 10,77 -3,87 3,83 -6,81 0,69
Dólar Comercial (mercado) 0,71 0,51 -1,12 10,13 -3,86 3,85 -6,05 0,60 Índices de ações Valor-Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro (BC) (4) -0,74 -1,53 -3,47 8,05 -2,12 -1,35 -18,14 -14,12
Euro Comercial (mercado) (4) -0,30 -1,18 -3,57 7,50 -2,15 -1,00 -17,48 -14,39 Em 12 meses
Ouro B3 -1,23 -1,72 -3,40 7,60 -6,69 2,40 -14,70 -4,52 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de Variação - em % País Cidade Índice 01/09/22 31/08/22 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA (5) - -0,31 -0,68 0,67 0,47 1,06 4,44 8,78 Índice 01/09/22 31/08/22 ago/22 dez/21 dia mês Ano Américas
IGP-M - -0,70 0,21 0,59 0,52 1,41 7,63 8,59
Valor-Coppead Performance 161.649,00 160.594,58 160.594,58 134.046,86 0,66 0,66 20,59 EUA Nova York Dow Jones 31.656,42 31.510,43 0,46 0,46 -12,88 -10,35 29.888,78 36.799,65
Fontes: Anbima, BC, B3, FGV, IBGE e Valor PRO . Elaboração: Valor Data. * Rendimento até o dia 1º/set. ** Até ago/22. (1) rendimento bruto
do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até 03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de Valor-Coppead Mínima Variância 89.431,06 88.633,50 88.633,50 86.927,17 0,90 0,90 2,88 EUA Nova York Nasdaq-100 12.274,63 12.272,03 0,02 0,02 -24,79 -21,37 11.127,57 16.573,34
04/05/12; Lei nº 2.703/2012. (4) Variação sobre o Real. (5) expectativa de -0,31% para o mês de agosto Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 11.785,13 11.816,20 -0,26 -0,26 -24,67 -23,02 10.646,10 16.057,44
EUA Nova York S&P 500 3.966,85 3.955,00 0,30 0,30 -16,77 -12,32 3.666,77 4.796,56
Canadá Toronto S&P/TSX 19.142,72 19.330,81 -0,97 -0,97 -9,80 -7,48 18.329,06 22.087,22
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior
México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
45.383,85
1.224,00
44.919,22
1.228,33
1,03
-0,35
1,03
-0,35
-14,81
-13,25
-13,08
-7,36
44.919,22
1.224,00
56.609,54
1.635,71
Venezuela Caracas IBVC 9.294,51 9.319,51 -0,27 -0,27 57,01 40,08 5.098,80 9.701,14
Análise diária da indústria - em 29/08/22 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 5.408,05 5.441,26 -0,61 -0,61 25,52 21,50 3.982,18 5.536,39
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Peru Lima S&P/BVL General 18.445,53 18.853,05 -2,16 -2,16 -12,63 4,97 17.410,17 25.642,58
Data Data Valor Cupom/ Spread
líquido em em 12 em 12 Argentina Buenos Aires Merval 136.302,13 136.240,97 0,04 0,04 63,24 81,17 73.635,15 143.805,16
de do Prazo US$ Custo Retorno pontos-
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2022 meses no dia no mês no ano meses Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 2.915.696,42 -4.944,36 66.352,89 151.411,07 174.678,11 Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base **
RF Indexados (2) 151.434,05 -0,17 0,50 5,90 7,83 -194,68 -1.962,02 -26.649,36 -39.741,01 Banco do Brasil (1) 11/01/22 11/01/29 84 500 4,875 - 328,7 Euro - Euronext 100 1.176,57 1.196,28 -1,65 -1,65 -13,59 -11,04 3.077,84 3.620,57
RF Duração Baixa Soberano (2) 592.166,33 0,05 1,00 7,08 9,37 1.136,85 33.568,57 60.682,54 -77.782,21 Açu Petróleo 13/01/22 13/07/35 162 600 7,5 - 598,8 Alemanha Frankfurt DAX-30 12.630,23 12.834,96 -1,60 -1,60 -20,49 -20,18 12.401,20 16.271,75
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 686.877,98 0,05 1,09 7,95 10,68 -1.644,19 16.060,61 48.396,02 75.453,52 Globo Comunicação e Participações 14/01/22 14/01/32 120 400 5,5 - 402,5 França Paris CAC-40 6.034,31 6.125,10 -1,48 -1,48 -15,64 -10,72 5.794,96 7.376,37
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 87.400,28 0,05 0,05 7,85 10,51 -22,85 2.488,94 6.129,17 10.828,75 Bradesco 18/01/22 18/03/27 62 500 4,375 4,375 285,5 Itália Milão FTSE MIB 21.302,16 21.559,32 -1,19 -1,19 -22,10 -18,64 20.554,33 28.162,67
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 154.522,10 -0,07 0,08 8,69 12,84 -127,89 120,22 24,72 -792,99 JBS 02/02/22 02/02/29 84 600 3 - 145,0 Bélgica Bruxelas BEL-20 3.533,13 3.585,84 -1,47 -1,47 -18,03 -18,26 3.533,13 4.402,32
RF Duração Livre Soberano (2) 210.592,80 0,00 0,77 7,25 10,02 -662,98 330,15 26.947,76 31.053,85 JBS 02/02/22 02/02/52 360 900 4,375 - 220,0 Dinamarca Copenhague OMX 20 1.641,14 1.690,99 -2,95 -2,95 -11,96 -9,36 1.562,68 1.900,17
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 625.536,80 0,03 0,95 7,97 10,05 -2.733,80 9.625,43 65.215,88 69.011,96 Usina Coruripe 10/02/22 10/02/27 60 300 10 10 823,3 Espanha Madri IBEX-35 7.806,00 7.886,10 -1,02 -1,02 -10,42 -13,18 7.644,60 9.182,60
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 167.171,74 -0,11 1,09 7,19 9,32 120,89 5.099,89 18.282,71 24.758,57 Grécia Atenas ASE General 843,17 856,36 -1,54 -1,54 -5,62 -8,16 779,20 971,09
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data. * Atualizada em 01/09/22. ** Sobre o título do Tesouro americano de Holanda Amsterdã AEX 666,94 680,31 -1,97 -1,97 -16,42 -15,58 635,75 827,57
Ações 518.987,22 -548,14 -5.131,87 -54.341,12 -60.401,99 mesmo prazo. (1) Social bonds
Ações Indexados (2) 9.601,90 0,03 8,83 6,33 -7,77 -97,51 -502,67 -2.938,74 -4.283,55 Hungria Budapeste BUX 41.447,57 41.877,22 -1,03 -1,03 -18,28 -20,21 37.942,09 55.925,58
Ações Índice Ativo (2) 40.508,87 0,22 8,98 6,07 -11,30 -36,70 -635,20 -10.997,46 -15.693,49 Polônia Varsóvia WIG 48.479,34 50.174,09 -3,38 -3,38 -30,04 -31,72 48.479,34 74.813,24
Ações Livre 219.697,55 0,10 6,78 -2,33 -16,46 -320,61 -2.684,34 -24.084,97 -33.555,26 Portugal Lisboa PSI-20 5.961,93 5.995,24 -0,56 -0,56 7,05 8,94 5.213,55 6.349,21
Fechados de Ações 46.201,58 -0,24 6,26 1,32 -11,77 7,00 147,01 -4.452,53 591,23 ADR - Índices Rússia Moscou RTS* 1.279,45 1.258,45 1,67 1,67 -19,82 -25,40 742,91 1.919,58
Multimercados 1.590.413,52 -1.357,43 -4.982,31 -77.212,91 -101.339,84 Suécia Estocolmo OMX 1.875,49 1.920,23 -2,33 -2,33 -22,49 -20,82 1.865,54 2.456,17
Multimercados Macro 186.334,53 0,17 1,87 13,49 15,81 -196,81 -182,62 -10.097,58 -29.353,14 Em 01/09/22 Suíça Zurique SMI 10.663,44 10.855,03 -1,76 -1,76 -17,18 -14,23 10.451,31 12.970,53
Multimercados Livre 559.104,40 0,01 1,66 7,47 7,46 -843,66 -11.673,40 -56.655,62 -71.038,07 Turquia Istambul BIST 100 3.142,74 3.171,21 -0,90 -0,90 69,18 113,19 1.371,69 3.171,21
Multimercados Juros e Moedas 65.172,64 0,03 0,97 7,47 10,21 -35,79 -1.104,20 1.677,83 5.092,79 Em Variação - em % Israel Tel Aviv TA-125 2.056,78 2.072,30 -0,75 -0,75 0,01 12,56 1.823,91 2.152,16
Multimercados Invest. no Exterior (2) 694.727,94 -0,25 0,96 1,47 2,30 -314,24 9.807,83 1.630,79 11.144,61 Índice 01/09/22 31/08/22 31/08/22 31/12/21 01/09/21 dia mês ano 12 meses África do Sul Joanesburgo All Share 66.021,71 67.257,14 -1,84 -1,84 -10,43 -1,42 61.453,42 77.536,12
Cambial 8.210,71 -0,83 -2,87 -9,74 -3,14 66,09 -41,09 915,61 1.030,87 S&P BNY 132,02 134,03 134,03 160,14 168,47 -1,50 -1,50 -17,56 -21,64 Ásia e Pacífico
Previdência 1.128.489,17 -81,88 2.637,47 7.130,12 13.079,53 S&P BNY Emergentes 279,94 282,83 282,83 339,00 387,60 -1,02 -1,02 -17,42 -27,78 Japão Tóquio Nikkei-225 27.661,47 28.091,53 -1,53 -1,53 -3,93 -2,78 24.717,53 30.670,10
ETF 37.545,29 -101,69 1.343,82 -1.918,08 2.018,38 S&P BNY América Latina 181,68 182,26 182,26 179,82 210,18 -0,32 -0,32 1,03 -13,56 Austrália Sidney All Ordinaries 7.079,90 7.226,10 -2,02 -2,02 -8,99 -9,38 6.609,50 7.926,80
Demais Tipos 1.656.534,83 -964,83 371,98 -66.124,00 70.320,25 S&P BNY Brasil 195,25 195,96 195,96 184,87 226,99 -0,36 -0,36 5,61 -13,98 China Shenzhen SZSE Composite 2.080,60 2.096,07 -0,74 -0,74 -17,77 -13,95 1.752,27 2.561,91
Total Fundos de Investimentos 6.199.342,33 -6.967,41 60.178,92 25.984,68 29.065,06 S&P BNY México 226,54 225,87 225,87 279,00 285,35 0,29 0,29 -18,80 -20,61 China Xangai SSE Composite 3.184,98 3.202,14 -0,54 -0,54 -12,50 -10,71 2.886,43 3.715,37
Total Fundos Estruturados (3) 1.188.794,06 2.539,93 30.132,08 53.616,83 78.583,44
S&P BNY Argentina 79,80 78,52 78,52 70,86 80,26 1,62 1,62 12,60 -0,57 Coréia do Sul Seul KOSPI 2.415,61 2.472,05 -2,28 -2,28 -18,88 -24,68 2.292,01 3.207,02
Total Fundos Off Shore (4) 41.451,68 - - - -
S&P BNY Chile 184,09 186,54 186,54 134,90 158,63 -1,31 -1,31 36,46 16,05 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 19.597,31 19.954,39 -1,79 -1,79 -16,24 -24,71 18.415,08 26.353,63
Total Geral 7.429.588,07 -4.427,48 90.311,00 79.601,51 107.648,50
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em S&P BNY Índia 2.791,51 2.767,83 2.767,83 3.190,48 3.276,95 0,86 0,86 -12,50 -14,81 Índia Bombaim S&P BSE Sensex 58.766,59 Feriado -1,29 -1,29 0,88 2,49 51.360,42 61.765,59
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos S&P BNY Ásia 162,68 165,54 165,54 207,32 229,04 -1,73 -1,73 -21,53 -28,97 Indonésia Jacarta JCI 7.153,10 7.178,59 -0,36 -0,36 8,69 17,44 6.026,02 7.276,19
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de julho de 2022 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos regidos S&P BNY China 361,76 366,56 366,56 428,56 572,34 -1,31 -1,31 -15,59 -36,79 Tailândia Bangcoc SET 1.621,95 1.638,93 -1,04 -1,04 -2,15 -0,77 1.533,37 1.713,20
pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da representatividade S&P BNY Rússia 169,58 171,05 171,05 319,36 362,29 -0,86 -0,86 -46,90 -53,19 Taiwan Taipé TAIEX 14.801,86 15.095,44 -1,94 -1,94 -18,76 -15,29 13.950,62 18.526,35
da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não informaram o PL S&P BNY Turquia 13,40 13,62 13,62 16,83 23,58 -1,62 -1,62 -20,38 -43,17 Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Bombaim, Budapeste, Istambul, Jacarta, Joanesburgo, Lima, Madrid e Zurique. Elaboração: Valor Data
na data de emissão do relatório Fonte: S&P BNY Mellon. Elaboração: Valor Data * Índice expresso em dólares
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HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE LONDRINA
RETIFICAÇÃO/REPUBLICAÇÃO CHAMAMENTO PÚBLICO
CREDENCIAMENTO DE FISIOTERAPEUTAS
EDITAL Nº 005/2021–HU
O Hospital Universitário de Londrina – (HU-UEL), em atendimento a Lei Estadual
15.608/2007, torna público aos interessados que permanecem abertas na Secretaria da
Divisão de Material as inscrições para Credenciamento de Profissionais Fisioterapeutas,
por pessoas físicas ou jurídicas, para atender às demandas do Hospital Universitário de
Londrina (HU-UEL), para os próximos 12 (doze) meses.
Informamos a inclusão de novas áreas de atuação dos profissionais no Hospital Univer-
sitário, com alterações no texto do Objeto Item 1.1, e Cláusula Primeira, cujo teor pode
ser consultado no link abaixo.
Os interessados poderão se inscrever, mediante o envio “VIA SEDEX”, de envelope con-
tendo a documentação, à Secretaria da Divisão de Material do Hospital Universitário de
Londrina, Avenida Robert Koch, 60 - V. Operária – Londrina – PR - CEP: 86038-350. Vistas
ao Edital e demais esclarecimentos serão obtidos diariamente das 8h00 às 12h00 e das
13h00 às 17h00 na Divisão de Material do Hospital Universitário, pelo Telefone: 43 3371-
2307, e no site https://sistemas.uel.br/sicor/public/licitacao/consultaLicitacoes. Londrina,
01 de setembro de 2022. Enfª Drª Vivian Biazon El Redá Feijó - Diretora Superintendente.
AVISO DE LICITAÇÃO
Pregão Eletrônico n.º 089/2022 – Processo n.º 030556 – GMS PE nº 1538/2022: Objeto:
Aquisição de epi’s e mangueiras de incêndio para o Hospital Universitário Regional dos Campos
Gerais. Valor Máximo de R$ 53.158,01. Recebimento das propostas: até 09h00min de 19/09/2022.
Início da Sessão Pública: às 10h00 de 19/09/2022 (ID: 960086). O edital e seus anexos com as
especificações detalhadas dos produtos, bem como os resultados de todas as fases desta licitação
poderão ser consultados nos sites www.licitacoes-e.com.br e www.gms.pr.gov.br. Ponta Grossa,
01 de setembro de 2022. Faylon Luiz Camargo – Pregoeiro.
MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. CNPJ/ME nº 07.816.890/0001-53 -
NIRE 33.3.0027840-1. Companhia Aberta. Ata da Reunião do Conselho de Administração
realizada em 11 de agosto de 2022. CERTIDÃO. JUNTA COMERCIAL DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO. Nome: MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A.
Certifico que o presente foi arquivado sob o nº 5067674 e data de 29/08/2022.
Jorge Paulo Magdaleno Filho - Secretário Geral.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAGUAÍ
AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO PARA REGISTRO DE PREÇOS Nº 144/2022 (P.A. 13399/2022)
Objeto resumido: O objeto do presente Pregão Eletrônico é a CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ES-
PECIALIZADA PARA FORNECIMENTO PARCELADO E CONTÍNUO DE PULSEIRAS PARA
IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DE PACIENTES DE ACORDO COM O
PROTOCOLO MANCHESTER, PARA ATENDER AS NECESSIDADES DO HOSPITAL MUNI-
CIPAL SÃO FRANCISCO XAVIER, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, por um período de 12
(doze) meses, conforme especificado no edital e seus anexos.
Condições e local para a retirada do edital: trazer 2 (duas) resmas de papel A4 e o carimbo da empresa,
junto à SELIC, nas dependências da P. M. I., com sede na Rua General Bocaiúva, n° 636, Centro - Ita-
guaí - RJ, de segunda a sexta de 10 às 16 horas ou no site da Prefeitura (http://www.itaguai.rj.gov.br).
Data e hora da realização: dia 16 de setembro de 2022, às 10:00 horas.
Local: A sessão pública realizar-se-á no endereço eletrônico www.licitacoes-e.com.br
Licitação nº 959370
(a) Samuel Moreira da Silva – Secretário Municipal de Licitações e Contratos / Autoridade Com-
petente.
AVISO DE ADIAMENTO E REMARCAÇÃO DE LICITAÇÃO
CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 001/2022 (P.A.9524/2022)
Objeto resumido: O objeto da presente Concorrência Pública é a CONTRATAÇÃO DE EMPRESA
PARA REALIZAÇÃO DE SERVIÇOS CONTÍNUOS DE TAPA BURACO, com execução de tapa
buraco, regularização e conformidade de greide de vias urbanas e rurais. Os serviços serão executados em
todas as vias e logradouros do Município de Itaguaí conforme as demandas e necessidades, para atender as
demandas da Secretaria de Obras e Urbanismo, por um período de 12 (doze) meses, conforme especificado
no edital e seus anexos.
Condições e local para a retirada do edital: trazer 2 (duas) resmas de papel A4 e o carimbo da empresa,
junto à SELIC, nas dependências da P. M. I., com sede na Rua General Bocaiúva, n° 636, Centro - Ita-
guaí - RJ, de segunda a sexta de 10 às 16 horas ou no site da Prefeitura (http://www.itaguai.rj.gov.br).
Data e hora da realização: Adiado do dia 12 de setembro de 2022, às 10:00 horas, para o dia 04 de
outubro de 2022, às 10:00 horas.
Motivo: alterações no termo de referência.
Local: A sessão realizar-se-á no endereço supramencionado, no auditório da Secretaria Municipal de
Licitações e Contratos.
(a) Samuel Moreira da Silva – Secretário Municipal de Licitações e Contratos /Autoridade Com-
petente.
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 Valor C5
PREGÃO ELETRÔNICO BINACIONAL
EF 1381-22
Objeto: aquisição de telefonia IP, câmera de vídeo, roteadores e licenças
para a ITAIPU, em Foz do Iguaçu-PR.
Condição de participação: empresa legalmente estabelecida no Brasil
ou no Paraguai.
Caderno de bases e condições: disponível nos sites
https://compras.itaipu.gov.br e https://compras.itaipu.gov.py.
Recebimento das propostas: até as 9h (horário de Brasília) de 19 de
setembro de 2022.
Daniele Tassi Simioni Gemael Samuel Valiente Claverol
Superintendente de Compras Superintendente-adjunto de Compras
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR - CBM/SC
FUNDO DE MELHORIA DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
AVISO DE LICITAÇÃO
Pregão Eletrônico nº 0128/2022 - menor preço por Item. Objeto: AQUISIÇÃO DE VEÍCULO ES-
PECIAL DENOMINADO AUTO ESCADA MECÂNICA - AEM, 6X4, PARA O CORPO DE BOMBEI-
ROS MILITAR DE SANTA CATARINA. Início da entrega de propostas: às 08:30 horas do dia
03/09/2022. Fim da entrega de propostas: às 08:30 horas do dia 19/09/2022. Abertura da ses-
são: a partir das 08:30 horas do dia 19/09/2022. Início da disputa: a partir das 09:00 horas do dia
19/09/2022. O Edital e seus anexos estão disponíveis no site www.portaldecompras.sc.gov.br.
Informações sobre o edital serão prestadas através do e-mail licitacao@cbm.sc.gov.br
Processo SGP-e: CBMSC 00018454/2022. GGG: 2022AS014243.
E-Sfinge: 2EDAFA1B7F81460C3F977A277B819B7971EB5B10
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE LONDRINA
RETIFICAÇÃO CHAMAMENTO PÚBLICO
CREDENCIAMENTO DE TÉCNICO EM LABORATÓRIO
EDITAL Nº 001/2021–HU
O Hospital Universitário de Londrina – (HU-UEL), em atendimento a Lei Estadual
15.608/2007, torna público aos interessados que permanecem abertas na Secretaria da
Divisão de Material as inscrições para Credenciamento de Técnicos em Laboratório, por
pessoa física ou jurídica, para atender às demandas do Hospital Universitário de Londrina
(HU-UEL).
Informamos que ocorreram alterações no texto dos Itens 1.4 - 1.4.1 e Cláusula Quarta,
cujo inteiro teor pode ser consultado no link abaixo.
Vistas ao Edital e demais esclarecimentos serão obtidos diariamente das 8h00 às 12h00
e das 13h00 às 17h00 na Divisão de Material do Hospital Universitário, pelo Telefone: 43
3371-2307, e no site https://sistemas.uel.br/sicor/public/licitacao/consultaLicitacoes. Os
interessados poderão se inscrever, mediante o envio “VIA SEDEX”, de envelope contendo
a documentação, à Secretaria da Divisão de Material do Hospital Universitário de Londrina,
Avenida Robert Koch, 60 - V. Operária – Londrina – PR - CEP: 86038-350. Londrina, 01 de
setembro de 2022. Enfª. Dra. Vivian Biazon El Redá Feijó - Diretora Superintendente.
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C6 Valor Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Carteira Valor Assaí estreia e já é o papel mais indicado pelas instituições
Ações de commodities perdem
espaço nas recomendações
Júlia Lewgoy
De São Paulo
Após um agosto marcado pela
alta da bolsa brasileira em ano de
volatilidade, uma nova ação lide-
ra a lista das mais indicadas pelos
analistas para comprar em se-
tembro. É a do Assaí, com sete re-
comendações na Carteira Valor.
Os papéis do segmento finan-
ceiro continuam entre os mais
indicados. Contudo, já não dá
mais para afirmar o mesmo so-
bre as ações ligadas às commodi-
ties, que perderam destaque en-
tre as recomendações. O Banco
do Brasil avançou do quinto para
o segundo lugar, de cinco para
seis indicações. Além do banco,
do setor financeiro Itaú Uniban-
co continuou na lista — Bradesco
foi substituído por Itaúsa.
Já a Vale caiu da primeira para
a sétima posição, de dez para
três recomendações. Além da
mineradora, entre as produtoras
de matérias-primas a Petrobras
segue, em terceiro lugar, mas
com menos indicações. Gerdau e
Petro Rio deixaram o ranking.
Além disso, ganharam espaço as
ações de companhias de serviços
de utilidade pública, como energia
e água. Vibra e Sabesp entraram e
Equatorial saiu. A lista ainda inclui
Lojas Renner, figura carimbada, e
Ambev em vez de Rede D’Or.
Os analistas aconselham papéis
mais defensivos para setembro,
em geral, porque acreditam que o
mês deve ser marcado por corre-
ções. Eles dizem que a campanha
eleitoral pode causar volatilidade
no mercado e que a aversão ao ris-
co global deve continuar, com a
expectativa de alta de juros no ex-
terior para controlar a inflação.
A Carteira Valor reúne as dez
ações mais indicadas pelas corre-
toras participantes. Ao todo, são
20 casas que escolhem, mensal-
mente, cinco papéis que elas acre-
ditam que vão se valorizar no mês.
O ano de 2022 trouxe duas novida-
des: Toro Investimentos e Warren.
Atualmente, compõem a Carteira
Valor: Ativa, Ágora, BB Investimen-
tos, Banco Inter, CM Capital, Elite,
Genial, Guide, Mirae, Modalmais,
MyCap, Nova Futura, Órama, Plan-
ner, Safra, Santander, Terra, Toro,
Warren e XP Investimentos.
Em agosto, a Carteira Valor
avançou 6,92%, enquanto o Ibo-
vespa ganhou 6,16%. No ano, a Car-
teira Valor valorizou 7,74% e o
principal índice da bolsa subiu
4,48%. Em 12 meses, até agosto, a
Carteira Valor acumula alta de
0,83% e o Ibovespa, baixa de 7,80%.
O Banco do Brasil passou a ga-
nhar mais destaque nas indica-
ções porque analistas acham que
Opróximopassodainclusãofinanceira
Palavra do gestor
Antonio Soares
E
u sou do tempo em
que propagandas de
cigarro (com cenas
de esporte!) eram
transmitidas em
horário nobre. As de cerveja
exploravam a imagem de
garotas seminuas e as de
carro exibiam crianças
viajando no “chiqueirinho”.
Dá para imaginar isso hoje?
Que bom que a resposta mais
óbvia é não. A sociedade mudou,
agregou novos valores e, com
isso, a indústria do tabaco, da
alimentação e tantas outras
tiveram que abandonar seus
Carteira Valor
Rentabilidade em agosto para as ações indicadas em setembro
25
20
17,89
16,03
15
10
5 4,67
0
-5
-10
Assai ON Banco do Brasil Petrobras PN
(ASAI3) ON (BBAS3)
7 6
Desempenho em agosto de 2022, em %
Vale ON (VALE3)
Petrobras PN (PETR4)
Itaú Unibanco PN (ITUB4)
Banco do Brasil ON (BBAS3)
Gerdau PN (GGBR4)
Bradesco PN (BBDC4)
PetroRio ON (PRIO3)
Lojas Renner ON (LREN3)
Equatorial ON (EQTL3)
Rede D'Or ON (RDOR3)
Carteira Valor,
rentablidade
6,92 Média no mês
7,74 Acumulada no ano**
0,83 Acumulada em 12 meses**
Fontes: Bancos, Corretoras e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Volume médio em R$ milhões no período de 90 últimos dias úteis em bolsa encerrado em 31/agol/22. ** Até agosto Rentabilidade
das carteiras sugeridas mês a mês. Proventos anunciados são acrescentados à rentabilidade histórica da(s)carteira(s)que possuíam o ativo no exercício a que se refere o benefício. A Carteira Valor
é formada pela média simples da oscilação dos 10 papeis mais indicados pelas instituições financeiras, entre as cinco ações apontadas por cada instituição. Em caso de empate, prevalecem as ações
com volume médio maior, no período de 90 últimos dias úteis em bolsa encerrado em 31/ago/22. A Carteira Valor não é e não pode ser interpretada como indicação ou recomendação de
investimento do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza por decisões de investimento tomadas com base nessas informações. Quaisquer referências a rentabilidades passadas não
significam de qualquer forma a garantia ou previsibilidade de rentabilidades futuras. As indicações de cada corretora não consideram diferentes pesos para cada papel. Para maiores informações,
consulte as corretoras
os resultados do banco foram
impulsionados pelo avanço da
margem financeira, diminuição
do custo de risco e melhora de
eficiência, o que deve continuar
no próximo ano. Eles esperam
que o lucro da instituição finan-
ceira acelere e que as despesas
contabilizadas aumentem ape-
nas modestamente neste ano.
“O Banco do Brasil sempre foi
uma estatal bem gerida e especial-
mente neste ano tem feito um bom
trabalho. A ação está mais barata
que a do Bradesco e do Itaú, a car-
teira de crédito está mais saudável
que a do Bradesco e a carteira pa-
ra o agronegócio está indo bem”,
afirma Pedro Serra, chefe de pes-
quisas da Ativa Investimentos.
Em terceiro lugar entre os indi-
tempos de marketing ostensivo e
ausência de questionamentos
e passar a reconhecer e abraçar
sua parcela de responsabilidade
nos desafios coletivos.
No campo individual, o
consumidor tem rejeitado
produtos nocivos, complexos e
difíceis de decifrar. Ele quer
compreender, comparar e
qualificar e desconfia da
ausência de informação e
autonomia. Tais tendências,
já estabelecidas na indústria
de bens de consumo,
começaram a bater à porta
dos serviços financeiros.
Temos claros exemplos no
setor de que avanços que
promovem transparência e
inclusão são bem recebidos pelos
consumidores e já estão ditando
o futuro. Por exemplo, desde que
lançaram o primeiro cartão de
crédito com relacionamento
totalmente digital, todas as
instituições tiveram que se
transformar para oferecer essa
nova experiência. O poder está
cada vez mais na mão do
consumidor e é ele que vai
determinar o futuro dos
negócios — não as empresas.
19,24
10,4
10,27
Lojas Renner Vibra Energia Itaú Unibanco
(PETR4) (LREN3) ON (VBBR3) PN (ITUB4)
Indicações
5 5 5 4
Variação % Volume*
-3,06 2.290,6
19,24 2.422,2
10,40 801,2
17,89 568,7
-1,96 352,9
8,88 641,3
12,76 432,1
4,67 305,5
-2,54 203,8
2,90 151,4
Ibovespa,
rentablidade
6,16 No mês
4,48 No ano**
-7,80 Em 12 meses**
cados, a Petrobras antecipou o pa-
gamento de dividendos e tem boa
capacidade de geração de caixa, na
avaliação de analistas. Eles afir-
mam que a petrolífera deve apre-
sentar resultados robustos devido
aos seus fundamentos sólidos,
apesar dos ruídos de interferência
política que cercam a estatal.
“Fiquei em dúvida porque a
ação já andou bastante, foi um
dos papéis que impulsionaram o
Ibovespa em agosto, mas acho
que ainda tem espaço para avan-
çar”, diz Serra, da Ativa. “A de-
manda por petróleo deve cair
com a alta de juros no exterior e a
desaceleração da economia da
China, mas não tanto assim.”
Novo na carteira, o Assaí vive um
momento único, segundo analis-
Ao mesmo tempo, se
perguntarmos para um cidadão
que eventualmente decidiu
pagar somente o mínimo da
fatura em quanto vai estar sua
dívida no próximo mês, é
provável que ele não saiba
responder. O país tem um dos
piores índices de educação
financeira entre os avaliados pela
OCDE. Cerca de 29% das famílias
brasileiras têm contas em atraso
e 88% destas dívidas são com
cartão de crédito, de acordo
com dados da Confederação
Nacional do Comércio (CNC).
Não estou sentenciando o
cartão de crédito, pelo contrário,
trata-se de um excelente meio de
pagamento com inúmeros
benefícios. O que quero é
evidenciar a presença de um
novo consumidor, que deseja
visualizar um leque mais amplo
de opções e poder avaliar qual
se encaixa melhor em seus
hábitos, sonhos e valores em
cada momento. Quando ele
encontrar a oferta certa para suas
necessidades com um bom
custo-benefício, certamente
vai abraçar e difundir a ideia,
como fez com o cartão digital.
CVM aponta gargalos e
regulação ‘cripto’ pode
voltar a estaca zero
Ricardo Bomfim e Toni Sciarretta
Do Rio e de São Paulo
Antes avessa a assumir um papel
protagonista na regulação dos
criptoativos no país, a CVM (Co-
missão de Valores Mobiliários)
mudou de postura e agora pressio-
na por mudanças significativas no
arcabouço legal, que podem invia-
10,03
bilizar a aprovação do projeto em
tramitação no Congresso e fazer as
6,59
discussões voltarem à estaca zero.
2,28 O principal ponto de desacordo
diz respeito ao parágrafo único do
-3,06 artigo 1 o do texto, que descarta
qualquer mudança no escopo da
CVM e que restringe a nova regula-
Vale ON Ambev ON Itaúsa PN Sabesp ON ção a ativos fora da área de compe-
(VALE3) (ABEV3) (ITSA4) (SBSP3)
tência da autarquia — o que exclui
“tokens” que representem investi-
3 3 3 3 mentos e valores mobiliários.
Ocorre que, com exceção de
Instituições financeiras NFTs (tokens não fungíveis) de arte
Desempenho em agosto de 2022- em % digital e do bitcoin, reconhecido
internacionalmente como um ati-
Média Acum. no vo não mobiliário, a maioria dos
mês ano ***
demais tokens estão em uma zona
Ágora Investimentos 4,52 -4,64 cinzenta com discussões acalora-
Ativa Investimentos 9,98 5,99 das sobre se são ou não valores
BB Investimentos 5,89 -15,66 mobiliários. Para ser considerado
CM Capital Corretora 4,59 0,44 um valor mobiliário, os especialis-
Elite Investimentos 4,24 -17,77 tas questionam se: 1) há captação
Genial Investimentos 4,62 -16,53 de recursos; 2) o investimento é
um empreendimento coletivo que
Guide Investimentos 9,10 10,81
promete remuneração pelo risco
Inter 0,74 -4,10
compartilhado; 3) houve oferta
Mirae Corretora 4,28 -8,71
pública; e 4) algum intermediário
Modalmais 3,12 -22,93
liderou esforços de distribuição.
MyCAP Investimentos 7,58 4,49
Na definição do que é um ativo
Nova Futura Investimentos 7,10 -4,30 virtual objeto da regulação, o últi-
Órama 5,28 -10,82 mo inciso do artigo 3 o do projeto
Planner Corretora 6,25 4,79 desconsidera tudo “cuja emissão,
Safra Corretora 8,34 32,83 escrituração, negociação ou liqui-
Santander Corretora 8,89 1,97 dação esteja prevista em lei ou re-
Terra Investimentos 3,52 -8,45 gulamento”. Essa redação pode,
Toro Investimentos 3,80 -32,64 em tese, excluir qualquer tipo de
Warren 18,86 -5,27 produto ou serviço financeiro que
possa ser digitalizado. Ou seja, o
XP Investimentos 0,64 6,84
texto como está permite a estra-
nha situação em que fundos imo-
biliários tokenizados, créditos de
carbono, precatórios, recebíveis e
outros tokens poderiam ser pro-
dutos estruturados dentro das blo-
ckchains, porém não seriam consi-
tas. A companhia está abrindo gra- derados ativos digitais pela lei.
dualmente lojas convertidas da re- Como a proposta começou a
de de hipermercados Extra, adqui- tramitar na Câmara, foi para o Se-
rida pela empresa no ano passado. nado e agora voltou para uma úl-
Ao todo, 70 pontos foram compra- tima revisão da Câmara, o projeto
dos pelo Assaí por cerca de R$ 4 bi- de lei não teria como abarcar as
lhões. “A ação está barata e a com- mudanças discutidas. O deputado
panhia entregando um crescimen- Expedito Netto (PSD-RO), relator
to muito interessante”, diz Serra. do projeto, disse desconhecer as
Já a Vale desabou à sétima po- demandas da CVM e afirmou que
sição da Carteira Valor devido não é possível mais acrescentar
aos sinais de piora da economia nenhum dispositivo no texto.
da China, em meio às altas tem- Uma possibilidade para não
peraturas e às restrições contra a perder os vários anos de tramita-
covid-19, afirmam analistas. ção no Congresso, seria a Presidên-
cia da República vetar esses dois
.com trechos que trazem insegurança
Confira as recomendações de cada jurídica. Nesse caso, a Presidência
corretora para a Carteira Valor poderia definir por decreto as res-
valor.globo.com/valor-data/ pectivas competências do Banco
carteira-valor/ Central na supervisão dos inter-
A demanda por um novo consumidores que mais sofrem
paradigma de crédito na com a desigualdade,
América Latina é latente e criando oportunidades não
iminente. Vejo um terreno apenas para indivíduos, mas
fértil não só para as fintechs para economias inteiras.
que olharem para essa dor, Vislumbro dois caminhos
mas para todos os elos do convergentes. Um é o
mercado de crédito — aliás, se desenvolvimento de
tem alguém com experiência infraestruturas que viabilizem
em dar crédito no Brasil, processos mais flexíveis e com
são os grandes bancos. menos intermediação e a criação
Sendo assim, o que imagino de produtos de crédito mais
como caminho para esse transparentes e menos nocivos,
objetivo é o estabelecimento com ciclos mais curtos, taxas de
de um ambiente de simples compreensão e menos
“coopetição” — cooperativo e limitações. Outro é o empenho
competitivo — com potencial na criação de alternativas para
para acelerar a evolução de pessoas recentemente incluídas
todo o ecossistema, criando digitalmente (16,6 milhões de
uma nova dinâmica no sistema brasileiros bancarizados na
financeiro e impulsionando pandemia, segundo dados do
o próximo passo para a Banco Central) que ainda
democratização do crédito. não encontraram meios de
Não falo sobre bondade acessar crédito, seja pelo
ou filantropia, falo sobre nos baixo poder de compra ou
anteciparmos a uma inevitável por falta de garantias formais.
tendência e também sobre uma Na minha perspectiva de
real possibilidade de negócio. empresário, vejo o cenário com
Fomentar a equidade para olhar de oportunidade. Essa
que mais pessoas participem nova lógica do crédito
do mercado de crédito estimula aumentará a atratividade para
a inovação, o investimento consumidores conscientes cada
e a inclusão das regiões e vez mais exigentes e interessados
mediários e infraestrutura de mer-
cado e da CVM, na emissão de valo-
res mobiliários digitais, captação
de recursos e formas de acesso a di-
ferentes classes de investidores.
Para o senador Carlos Portinho
(PL-RJ), envolvido nas discussões
durante a tramitação no Senado, a
melhor opção seria começar tudo
de novo. “O próprio setor reviu al-
guns conceitos, então preferia sen-
tar e começar de novo. Temos que
exercitar a democracia participati-
va. Projetos assim precisam ser de-
batidos para chegar a um texto
mais atual e com mais segurança
jurídica. Se for aprovado como está
atualmente, agradará a poucos.”
O parlamentar, que batalhou
pela inclusão do dispositivo que
tratava da segregação do patri-
mônio entre corretoras e clien-
tes, diz que o Banco Central tam-
bém ofereceu resistência à ideia.
“É um exercício de aprendizado
para o BC, que está acostumado
com o sistema dos bancos tradi-
cionais. O BC estava contra a se-
gregação e principalmente con-
tra a emenda do NFT”, afirmou.
Fora das esferas governamen-
tais, a discussão do projeto foi
marcada por uma oposição entre
corretoras nacionais e internacio-
nais. Enquanto as locais apoiaram
o texto do Senado justamente pela
inclusão da segregação patrimo-
nial e da exigência de CNPJ para
operar nacionalmente, as interna-
cionais criticaram os dois dispo-
sitivos e comemoraram quando
eles foram retirados na Câmara.
Já a CVM surpreendeu pela
mudança de posição enquanto a
proposta tramitava no Congres-
so. Nos bastidores, parlamenta-
res apontam que a antiga gestão
da CVM queria ficar de fora da
discussão por não ter equipe
nem recursos para assumir mais
essa tarefa. A nova gestão, no en-
tanto, teria se atentado para a
relevância do tema e para as
oportunidades que surgem com
a nova tecnologia de mercado.
Procurada pelo Valor, a CVM
admite que o texto precisa de
aperfeiçoamentos pontuais e
que o tema está sendo conduzi-
do pelo diretor João Accioly, ex-
assessor do ministro Paulo Gue-
des que ajudou a escrever a MP
da Liberdade Econômica.
“O diretor da CVM João Accioly
acredita que o referido projeto
de lei é passível de aperfeiçoa-
mentos pontuais, tais como o
dispositivo que trata da defini-
ção de ativo virtual, a exigência
de autorizações prévias, a apro-
vação de combinação de negó-
cios em redundância ao papel do
Cade, a insegurança jurídica da
previsão genérica ao Código de
Defesa do Consumidor e a neces-
sidade de previsão da segregação
patrimonial”, informou em nota.
em saber os impactos daquilo
que consomem e a real
necessidade de produtos e
serviços. Com isso, temos a
chance de empregar nossa
expertise para ajudar a diminuir
índices negativos, como o
recorde de inadimplência
que atinge 66,6 milhões de
brasileiros, segundo dados
recentes divulgados pela Serasa.
Nosso papel como empresas
desse setor é promover um ciclo
que atenda a essas demandas,
que sabemos ser justas. É usar a
nossa capacidade técnica,
tecnológica, inovadora e de
influência para irmos além do
que já foi feito e, se preciso,
revermos nossas convicções e
evoluirmos consideravelmente
o que fizemos até aqui.
Antonio Soares é CEO da fintech Dock
E-mail dock@dock.tech
Este artigo reflete as opiniões do autor, e
não do jornal Valor Econômico. O jornal
não se responsabiliza e nem pode ser
responsabilizado pelas informações
acima ou por prejuízos de qualquer
natureza em decorrência do uso destas
informações.
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Legislação
Destaques
Honorários advocatícios
A 4ª Turma do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) aplicou o enten-
dimento de que os créditos re-
sultantes de honorários advoca-
tícios, mesmo os de sucumbên-
cia e ainda que sejam titulariza-
dos por sociedade de advogados,
equiparam-se aos trabalhistas
para efeito de habilitação em fa-
lência ou recuperação judicial. O
colegiado julgou recursos espe-
ciais de um grupo de empresas
do ramo de energia contra acór-
dão do Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJSP). Ao aplicar tese fixa-
da no REsp 1.152.218 (Tema 637
dos recursos repetitivos), a Corte
paulista classificou como de na-
tureza alimentar e equiparados a
créditos trabalhistas, para fins de
habilitação em recuperação ju-
dicial, os valores devidos a uma
banca de advogados. As empre-
sas, que estão em processo de re-
cuperação, alegaram que a situa-
ção seria diferente daquela jul-
gada pelo STJ no repetitivo. Isso
porque o que se debate hoje é a
habilitação, em recuperação ju-
dicial, de honorários devidos a
uma sociedade — o que desca-
racterizaria a natureza alimentar
do crédito. O relator, ministro
Raul Araújo, lembrou que a Cor-
te Especial, ao julgar o REsp
1.152.218, definiu que os hono-
rários advocatícios ostentam os
mesmos privilégios legais dados
aos créditos trabalhistas, especi-
ficamente os previstos na Lei nº
11.101/2005. O relator também
observou que se decidiu que os
créditos serem de sociedade de
advogados não afasta a natureza
alimentar (REsp 1.785.467).
Professor sem vacina
Os magistrados da 6ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho de
São Paulo (TRT-SP), por unanimi-
dade de votos, confirmaram a
dispensa por justa causa aplicada
a um professor que não se vaci-
nou contra a covid-19. A decisão
de 2º grau reforma a sentença,
que havia anulado a falta grave
do empregado por interpretar a
medida como desproporcional e
anti-isonômica. Ele foi dispensa-
do por justa causa em setembro
de 2021, por não apresentar
comprovante de vacinação da co-
vid-19 nem justificativa plausível
para tal atitude. No acórdão, o
juiz-relator Fernando Cesar Tei-
xeira Franca declara que a Consti-
tuição Federal traz em destaque a
preocupação com um ambiente
saudável e equilibrado como di-
reito fundamental de todo traba-
lhador (Com informações do TRT).
Folga e sobreaviso
A 6ª Turma do Tribunal Superior
do Trabalho rejeitou o exame do
recurso da Missão Evangélica
Caiuá, com sede em Dourados
(MS), contra a condenação ao
pagamento de horas extras a
uma enfermeira pelo trabalho
aos domingos e feriados numa
aldeia indígena local. A enfer-
meira foi contratada para traba-
lhar na vila de Porto Rolim, em
escala de 20 por 10 dias. Disse
que, nos 20 dias em que traba-
lhava consecutivamente, tinha
de ficar à disposição da missão e
prestar assistência 24 horas no
posto de saúde da vila, atenden-
do brancos e indígenas. Embora
o horário combinado fosse das
8h às 18h, sustentou que, três ve-
zes na semana, iniciava a jorna-
da às 7h e ficava durante todo o
tempo à disposição ou de so-
breaviso, pois era chamada vá-
rias vezes à noite ou mesmo de
madrugada. Testemunhas foram
ouvidas no processo. O Tribunal
Regional do Trabalho do Mato
Grosso do Sul (TRT-MS) concluiu
serem devidos horas extras, ho-
ras de prontidão e adicional de
100% relativo aos domingos e fe-
riados trabalhados. No TST, o re-
lator do recurso de revista da
missão, ministro Augusto César,
assinalou que, a pretensão recur-
sal está frontalmente contrária
às afirmações do TRT sobre o te-
ma. A decisão foi unânime
(RR-460-53.2017.5.14.0041).
& Tributos
Trabalhista Para julgadores, seriam contratos normais, que não seguem as regras da reforma
Tribunais apontam fraude e anulam
contratos de trabalho intermitente
Adriana Aguiar
De São Paulo
A Justiça tem anulado contra-
tos de trabalho intermitente por
não seguirem os requisitos pre-
vistos na Lei da Reforma Traba-
lhista (Lei nº 13.467, de 2017) —
que instituiu a modalidade. As
decisões consideram que haveria,
nesses casos, um contrato de tra-
balho normal (com prazo inde-
terminado) e estabelecem o pa-
gamento integral das verbas res-
cisórias, e não só sobre os perío-
dos efetivamente trabalhados.
A legislação só autoriza o contra-
to intermitente para serviços espo-
rádicos, com alternância de perío-
dos de prestação de serviço e de ina-
tividade. E o funcionário só recebe
pelo período que efetivamente tra-
balha, quando convocado pelo em-
pregador — que pode ser mais de
um. Direitos trabalhistas, como fé-
rias e 13º salário, são pagos de forma
proporcional, assim como o FGTS.
De novembro de 2017 até ago-
ra, foram contratados 842,7 mil
trabalhadores por meio de con-
tratos intermitentes, segundo
dados do Cadastro Geral de Em-
pregados e Desempregados (Ca-
ged). Somente neste ano, foram
criados 31.483 postos, resultado
de 121.585 admissões e 90.102
desligamentos (dados de junho).
A vantagem do trabalho intermi-
tente é que a empresa não precisa
pagar por períodos inativos. Duran-
te recesso escolar ou de fim de ano,
por exemplo, ou quando há redu-
ção de vendas em razão de crise ou
paralisação das atividades, como na
pandemia. Contudo, segundo espe-
cialistas, não pode-se usar a moda-
lidade para empregados em traba-
lhos contínuos, para se eximir de
fazer esses pagamentos.
Uma das decisões foi proferida
pela4ªCâmaradoTribunalRegional
do Trabalho de Santa Catarina (TRT-
SC), que considerou inválido o con-
trato de trabalho intermitente pac-
Justiça deve manter decisões de ITBI favoráveis a contribuintes
Joice Bacelo
Do Rio
O movimento do Supremo Tribu-
nal Federal (STF) de cancelar a deci-
são que estabelecia como regra para
pagamento do ITBI o registro do
imóvel em cartório não representa
uma derrota imediata para os con-
tribuintes. Até os ministros reexami-
narem o tema e firmarem nova posi-
ção, continua valendo a jurispru-
dência anterior, que já era favorável.
Há entendimento consolidado
no Superior Tribunal de Justiça
(STJ), desde a década de 1990, de
que incide ITBI quando o bem é re-
gistrado em cartório e não em mo-
mento anterior, como o da assina-
tura do termo de compromisso de
compra e venda — prevista em boa
parte das leis municipais.
No STF existem decisões de turma
nesse mesmo sentido. Por isso, é
pouco provável, segundo advoga-
dos, que o cancelamento da tese te-
nha impacto sobre as ações em an-
damento. Eles dizem que juízes e de-
sembargadores não precisam rever
assuasdecisõeseapostamnamanu-
tenção da jurisprudência.
Selánafrente,aoreexaminarote-
ma, o STF decidir de forma diferente,
aí sim aqueles compradores de imó-
veis autorizados a não pagar o im-
posto terão as suas decisões reverti-
das e serão obrigados a recolher os
valores em um prazo de até 30 dias.
“Se não houver qualquer tipo de
modulação, os contribuintes deve-
rão pagar com juros, ainda que te-
nham confiado em uma decisão
de plenário em repercussão geral”,
diz Eduardo Maneira, sócio do Ma-
SP
Antonio Pereira Neto: modalidade pode ser vantajosa para serviços esporádicos
tuado entre uma empresa de servi-
ços terceirizados de Xanxerê (SC) e
uma merendeira escolar. Ao longo
de um ano e meio, de acordo com o
processo, ela trabalhou durante to-
dos os dias do período escolar na
mesma unidade de ensino.
Em seu voto, o relator, desembar-
gador Garibaldi Ferreira, destaca
que o trabalho contínuo contraria a
alternância de períodos exigida pelo
parágrafo 3º do artigo 443 da CLT.
Paraomagistrado,nocasonãohavia
imprevisibilidade apta a determinar
a aplicação do modelo.
“A jornada estava previamente
definida e era de conhecimento das
partes, sem possibilidade de recusa
pela trabalhadora”, diz o relator. “A
prestação de serviços era contínua
ao longo de todo o ano e a inativida-
Eduardo Maneira: se mudar entendimento, contribuintes deverão pagar com juros
neira Advogados, acrescentando
que “a depender da legislação mu-
nicipal, também poderá ser exigi-
da multa moratória”.
A tese cancelada pelo STF havia si-
do fixada em fevereiro de 2021. Os
ministros analisaram o tema por
meio de um processo envolvendo o
município de São Paulo (ARE
1294969). Mas por ter sido julgado
em repercussão geral, com efeito
vinculante para todo o Judiciário,
afetou todos os municípios do país.
Muitas prefeituras, no entan-
to, mantiveram as suas legisla-
DIVULGAÇÃO
de ocorria apenas em período fixa-
do, de recesso escolar, não havendo
falar em imprevisibilidade ou em al-
ternância da prestação de serviços.”
Com a mudança, o afastamen-
to da trabalhadora foi enquadra-
do como dispensa sem justa cau-
sa e a empresa foi condenada a
pagar R$ 6 mil em verbas rescisó-
rias — aviso-prévio, férias propor-
cionais e 13º salário (processo nº
0001415-84.2020.5.12.0025).
Na Paraíba, um empregado con-
tratado para trabalhar no setor de
carga e descarga de caminhões em
uma grande empresa também teve
seu contrato de trabalho intermi-
tente convertido em contrato de tra-
balho por tempo indeterminado. A
decisão é da 1ª Turma do TRT-PB.
Em seu voto, a relatora, desem-
DIVULGAÇÃO
ções e continuaram cobrando IT-
BI antes do registro — dentre elas,
São Paulo. A cobrança varia de 2%
a 3% do valor do imóvel.
O argumento para continuar
com a cobrança em momento di-
ferente ao estabelecido era de que
o caso ainda não estava encerrado.
Havia recurso (embargos de decla-
ração) pendente de julgamento.
Compradores de imóveis conti-
nuaram, então, recorrendo à Justiça
e usando, de fevereiro de 2021 para
cá, a decisão vinculante do STF a seu
favor. Obtiveram decisões preventi-
São Paulo | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | E1
bargadora Margarida Alves de Araú-
jo Silva, afirma que os diversos docu-
mentos do processo comprovam a
fraude contratual, “que mostra o pa-
gamento de um salário mínimo
mensal, sem referência a valores de-
vidos a título de dias ou horas de tra-
balho quando da convocação do
obreiro nos termos da espécie con-
tratual intermitente” (processo nº
0000881-15.2021.5.13.0014).
Um contrato intermitente acer-
tado com um jardineiro que traba-
lhava diariamente em uma grande
empresa também foi anulado. A
decisão é da 2ª Turma do TRT do
Amazonas. Ele foi convertido em
contrato por tempo indetermina-
do com o pagamento de todas as
verbas rescisórias levando em con-
sideração todo o período trabalha-
do e à disposição do empregador.
Segundo decisão da relatora,
desembargadora Eleonora de Sou-
za Saunier, o contrato intermiten-
te corresponde à modalidade de
contrato de trabalho cuja caracte-
rística principal e diferenciadora
dos demais tipos de contratos de
trabalho é a alternância entre pe-
ríodos de atividade (trabalho) e
inatividade, e, consequentemente,
sua imprevisibilidade (processo nº
00003897720215110014).
“Verificada nos autos a presta-
ção de serviços contínua pelo
empregado e a inexistência de
pausas entre as convocações, fica
descaracterizado o contrato in-
termitente, porque lhe retira ca-
racterística que é de sua essência
e condição de validade (artigo
443, parágrafo 3º, da CLT)”, diz.
Antonio Pereira Neto, do escritó-
rio Tercioti Andrade Gomes Donato
Advogados, afirma que a modalida-
de intermitente pode ser vantajosa
para as empresas que precisam da
prestação de serviços esporádicos.
Mas, acrescenta, as empresas preci-
sam ter em mente que só deve ser
adotada quando a prestação não se-
rá contínua e haverá alternância en-
tre trabalho e dias de pausa.
vas, autorizando o pagamento ape-
nas no registro do imóvel, e também
conseguiram anular multas aplica-
dasporprefeituraspeloatrasodore-
colhimento do imposto — que po-
dem chegar a 60% sobre o valor a ser
recolhido, mais juros e correção.
Os ministros voltaram atrás — um
ano e meio depois de fixar a tese —
por uma “confusão” processual. Per-
ceberam que o caso em discussão
não tratava exatamente da matéria
que haviam deliberado.
Quando analisaram, eles enten-
deram que o processo discutia a co-
brança de ITBI sobre compromisso
de compra e venda de imóvel. Mas,
na verdade, o caso envolve a cessão
de direitos relativos ao compromis-
so de compra e venda.
A Corte havia decidido, inicial-
mente, por “reafirmar a jurispru-
dência”, com base em decisões mo-
nocráticas e de turmas que estabele-
ceram o pagamento do ITBI no mo-
mento em que há a efetiva transfe-
rência de propriedade — quando o
imóvel é registrado em cartório.
Ao julgar recurso do municí-
pio de São Paulo, na sexta-feira,
no entanto, perceberam que ha-
viam cometido um equívoco. Daí
a decisão de reexaminar o tema e
firmar uma nova tese.
Apesar de estar claro, agora, que o
caso envolve cessão de direitos, os
ministros podem ampliar o julga-
mento e abordar, também, as situa-
ções de compra e venda — que são o
grosso das transações imobiliárias.
“O plenário nunca julgou esse te-
ma sob o prisma da Constituição.
Julgou antes de 1988 e em sentido
contrário ao do STJ”, diz Ricardo Al-
“Se não, esse contrato será desca-
racterizado pela Justiça”, diz o advo-
gado, que não descarta a possibili-
dade de empresas que reincidirem
na prática de contratar trabalhado-
res fixos por meio do contrato inter-
mitente serem multadas por fraude
e até sofrerem ações coletivas do Mi-
nistério Público do Trabalho (MPT).
Pelo risco de ser caracterizado co-
mo fraude, a advogada Juliana Bra-
cks afirma que tem indicado essa
modalidade em pouquíssimos ca-
sos.“Amaioriaeuvejoqueseriafrau-
de porque, em geral, são contratos
perenes e habituais, só que em me-
nos dias da semana. Mas fixo. E isso
não é intermitente, mas um contra-
to de tempo parcial.”
A modalidade do contrato inter-
mitente também está sendo ques-
tionada no Supremo Tribunal Fede-
ral (STF), por meio de três ações dire-
tas de inconstitucionalidade (5826,
5829 e 6154). Por enquanto, há dois
votos favoráveis por sua constitucio-
nalidade e um contra.
Entidades que assessoram traba-
lhadores alegam, nos processos,
que, embora o trabalho intermiten-
te tenha sido criado sob o pretexto
de ampliar vagas, leva a salários me-
nores e impede a subsistência de tra-
balhadores. Violaria os princípios
constitucionais da dignidade da
pessoa humana e da isonomia.
A professora da PUC-SP e advoga-
da trabalhista Fabíola Marques, do
Abud Marques Sociedade de Advo-
gadas, concorda que, por meio do
contrato intermitente, não há ga-
rantia mínima de salário ou quanti-
dade de horas trabalhadas por mês.
Ela afirma que, em geral, tem sido
usada por restaurantes e hotéis.
Já o advogado Antonio Pereira
Neto entende que não há supres-
são de direitos, mas sim flexibiliza-
ção das leis trabalhistas, gerando
possibilidade de mais emprego e
facultando ao trabalhador a possi-
bilidade de se ativar para mais de
um empregador, podendo, ainda,
acatar ou não ao chamado.
meida, assessor jurídico da Associa-
ção Brasileira das Secretarias de Fi-
nanças das Capitais (Abrasf).
Ele defende que a incidência do
ITBI deve ocorrer no momento de
comprovação da capacidade de pa-
gamento do contribuinte. “Quando
fazaescrituraepaga.Levararegistro
é uma formalidade”, frisa.
Sobre a cessão de direitos, afir-
ma Almeida, está prevista expres-
samente na Constituição como
hipótese de incidência do ITBI.
“Aqui não faz nem sentido o fato
gerador ocorrer só no registro
porque sequer exige registro.”
Entre advogados que atuam para
proprietários de imóveis, no entan-
to, as opiniões se dividem. Alguns
entendem que os ministros sinaliza-
ram — com o cancelamento da tese
— que poderão validar as leis muni-
cipais, estabelecendo a cobrança
mesmo sem o registro. Para outros,
sem o registro não poderia haver co-
brança do ITBI.
Para Kelly Durazzo, do escritório
Durazzo & Medeiros Advogados,
não se pode cobrar já na largada, na
hora da cessão. “O momento de le-
var a registro no cartório de imóveis
é o momento certo. Teria que cobrar
dois ITBIs porque existiram duas
transmissões”, diz.
É unânime entre os especialistas,
porém, que aqueles contribuintes
que já têm decisões finais (transita-
da em julgado) tanto em relação às
operações de compra e venda como
nas cessões de direito não poderão
ser atingidos por decisão futura do
STF. “O único risco seria o município
ajuizar ação rescisória”, afirma Bru-
no Sigaud, do Sigaud Advogados.
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E2 Valor São Paulo Sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Legislação & Tributos SP |

Inconstitucionalidade da interdependência comercial

empresa participa do capital da produção, da qualidade técnica e Para o Fisco, o fato de uma distorções e fariam sentido. compra de produtos
Opinião Jurídica outra ou uma mesma pessoa da atratividade do preço de cada empresa, por exemplo, adquirir Inexistente a artificialidade, individualizados, viola a
exerce poder de mando em um. Normalmente desenvolvem com exclusividade o produto elas são injustas. livre concorrência.
ambas) e a comercial (em que a fórmula e demais manufaturado ou importado por Ao travestir de evasão Ao devastar a margem de lucro
José Rubens Scharlack uma vende à outra em volume características proprietárias de outra torna-as interdependentes, tributária uma prática dos agentes, desrespeita-lhes a
e Andreia A. M. Silva acima de certos patamares, é a seus produtos em conjunto com ainda que a exclusividade se mercadológica legítima e capacidade contributiva.
única adquirente de um ou esses fornecedores, que, de um refira a padronagem, marca ou penalizá-la com sobrecarga de A interdependência comercial
mais produtos da outra ou lhe lado, asseguram a venda de tipo do produto. Segundo a tributos, a interdependência não se justificaria mesmo se
vende mediante contrato de volumes mínimos de sua Receita Federal, há exclusividade comercial desestimula a razões tributárias motivassem o
comissão ou similar). Este produção e, de outro, quando os bens adquiridos pelo contratação de indústrias e comerciante. O sistema
artigo explora a comprometem-se a não ente comercial possuem aspectos empobrece a oferta ao tributário não proíbe que o
inconstitucionalidade da comerciar bens similares a que os diferenciem daqueles que consumidor final, pois, na particular busque, por vias
interdependência comercial. terceiros. Trata-se de modelo o industrial destina a outrem. Se prática, empurra os legítimas, a economia mediante
Se uma pessoa tem o poder econômico legítimo, alicerçado o item detém qualidades únicas, comerciantes para dois o desempenho de suas atividades
de controlar o preço de em contratos fortemente caracteriza-se a caminhos indesejados: fabricar de forma fiscalmente menos

M
transação entre dois agentes negociados, em que o fornecedor interdependência. sozinhos os itens que desejam onerosa. A busca lícita pela
otivada por um econômicos, estes são industrial fabrica o bem com a oferecer ou vender apenas menor carga tributária não viola
planejamento interdependentes e a lei marca e as especificações do produtos “de prateleira”, sem o Direito e não pode ser inibida,
tributário tributária pode desconsiderar cliente comercial, vende-lhe em A interdependência propriedades que os destaquem como, aliás, já decidiu o Supremo
antigo, em que esse preço ou o trocar por algo volumes pré-acordados, dos já existentes no mercado. Tribunal Federal (STF).
o contribuinte que originalmente seria a base geralmente altos, e está proibido
comercial não se Para quem insiste em Não havendo artificialidade a
desmembrava suas atividades de cálculo do tributo. Se duas de vender o mesmo item a justificaria mesmo permanecer nesse modelo desfazer, a interdependência
entre duas empresas suas — empresas se enquadram na outrem. De sua vez, o cliente se razões tributárias econômico, a regra aumenta em comercial revela-se
uma industrial e uma comercial interdependência societária, é comercial obtém, a preço de cascata o preço dos bens, reduz as uma inconstitucional, injusta e
— e fazia a industrial vender o provável que alguém, em mercado, produto com as motivassem o margens dos agentes envolvidos abusiva intervenção
produto a um preço uma delas, possa controlar os características técnicas e comerciante e, em muitos casos, inviabiliza a na economia e merece ser
artificialmente baixo para a preços entre elas. A mesma comerciais desejadas, apto a operação. Ou renunciam a um contestada pelos
comercial, assim reduzindo conclusão não se alcança a diferenciá-lo de seus produto diferenciado e perdem contribuintes que afeta.
parte de sua carga tributária, a partir das normas de concorrentes, sem precisar A interdependência majora competitividade, ou veem sua
Lei Federal nº 4.502/1964 interdependência comercial. investir em uma estrutura fabril. as bases do IPI e do ICMS-ST. A margem abocanhada pela José Rubens Scharlack e Andreia A.
majorou a base de cálculo do IPI Várias empresas despossuem a A lei, no entanto, joga esses base do IPI normalmente passa sobrecarga fiscal. Moraes Silva são sócios do Scharlack
sempre que presente a estrutura física, o expertise atores no rol das empresas a ser o preço corrente no Ocorre que, ao assim espremer Advogados
interdependência entre firmas. técnico ou mesmo o apetite interdependentes e lhes exige mercado atacadista da praça do as empresas, a interdependência
Normas estaduais depois negocial para manufaturar seus valores superiores de IPI e remetente. O Estado de São comercial viola os princípios Este artigo reflete as opiniões do autor,
incorporaram o mesmo próprios itens. Muitas ICMS-ST, sem que, como na Paulo eleva para 177% a constitucionais da livre iniciativa, e não do jornal Valor Econômico.
conceito para aumentar a base transnacionais trazem para o interdependência societária, margem de valor agregado, da livre concorrência e da O jornal não se responsabiliza e nem
do ICMS-ST. Brasil operações estritamente haja alguém orquestrando a componente da base do capacidade contributiva. Ao pode ser responsabilizado pelas
A lei trouxe duas hipóteses comerciais. Selecionam seus relação e mascarando a real ICMS-ST. Houvesse artificial inibir uma legítima demanda de informações acima ou por prejuízos
gerais de interdependência: a geralmente poucos fornecedores ocorrência do fato gerador manipulação dos preços, as mercado, a regra afronta a livre de qualquer natureza em decorrência
societária (em que uma locais a partir da capacidade de desses tributos. majorações corrigiriam essas iniciativa. Ao desestimular a do uso dessas informações

CCR S.A.
CNPJ/MF Nº. 02.846.056/0001-97 NIRE Nº. 35300158334 COMPANHIA ABERTA
ATA DE REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
REALIZADA EM 16 DE AGOSTO DE 2022
1. DATA, HORÁRIO E LOCAL: Realizada em 16 de agosto de 2022, às 17:00hs., na sede social da CCR S.A. (“Com-
panhia” ou “CCR”), localizada na Avenida Chedid Jafet, nº 222, Bloco B, 5º andar, São Paulo/SP. 2. PRESENÇA:
Presente a totalidade dos membros do Conselho de Administração da Companhia. 3. MESA: Assumiu a presidência
dos trabalhos a Sra. Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna, indicando o Sr. Roberto Penna Chaves Neto como se-
cretário. 4. ORDEM DO DIA: Sucessão do Diretor Presidente da Companhia. 5. DELIBERAÇÕES: Iniciada a reu-
nião, os Srs. Conselheiros tomaram ciência acerca do pedido formal de renúncia apresentado pelo Sr. Marco Anto-
nio Souza Cauduro ao cargo de Diretor Presidente da Companhia, nos termos da carta enviada ao Conselho de
Administração nesta data. Conforme a carta, a renúncia produzirá efeitos a partir de 30 de outubro de 2022, sendo
certo que o Sr. Marco Cauduro permanecerá no cargo até tal data, cooperando com a Companhia no seu processo
de sucessão, sob a coordenação do Conselho de Administração. Os Srs. Conselheiros registraram seu agradecimento
ao Sr. Marco Cauduro pelos serviços prestados ao Grupo CCR nos últimos anos, período em que a Companhia passou
por transformações relevantes sob a sua gestão. 6. ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a
reunião e lavrada a presente ata, que, lida e achada conforme, foi assinada por todos os presentes. A certidão desta
ata será assinada digitalmente, de acordo com previsto no parágrafo 1º do artigo 10 da MP 2.200-2/2001 e na alínea
“c”, do §1º do artigo 5º, da Lei nº 14.063/2020, e levada a registro perante a Junta Comercial competente. São
Paulo, 16 de agosto de 2022. Assinaturas: Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna, Presidente da Mesa, e Roberto
Penna Chaves Neto, Secretário. Conselheiros: Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna, Renato Torres de Faria,
Aluisio de Assis Buzaid Junior, Eduardo Bunker Gentil, Eliane Aleixo Lustosa de Andrade, Flávio Mendes Aidar, José
Guimarães Monforte, José Henrique Braga Polido Lopes, Luis Claudio Rapparini Soares, Luiz Alberto Colonna Ros-
man, Luiz Carlos Cavalcanti Dutra Júnior, Paulo Márcio de Oliveira Monteiro e Wilson Nélio Brumer. Certifico que a
presente é cópia fiel do original lavrado em livro próprio. Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna - Presidente da
Mesa - Assinado com Certificado Digital ICP Brasil; Roberto Penna Chaves Neto - Secretário - Assinado com Certifi-
cado Digital ICP Brasil. JUCESP nº 443.835/22-6 em 30.08.2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
Tegma Gestão Logística S.A.
CNPJ/ME nº 02.351.144/0001-18 - NIRE 35.300.340.931
Extrato da Ata de Reunião do Conselho de Administração
Data, Hora, Local: 02.08.2022, às 9 horas, na sede, Avenida Nicola Demarchi, nº 2.000, São Bernardo do Campo/SP.
Convocação: por meio eletrônico. Presença: totalidade dos membros em exercício. Mesa: Presidente: Murilo Cesar
Lemos dos Santos Passos - Secretário: Fernando Luiz Schettino Moreira. Deliberações Aprovadas: 1. a reeleição dos
seguintes membros para compor o Comitê não estatutário denominado Comitê de Gestão, Gente e Governança (“Co-
mitê GGG”): Mário Bardella Júnior, brasileiro, casado, administrador de empresas, RG 3.658.478-2 SSP/SP, CPF/ME
034.674.068-15; Décio Carbonari de Almeida, brasileiro, casado, administrador de empresas, RG 5.518.572-1 SSP/
SP, CPF/ME 878.449.238-49; e eleger o Sr. Nivaldo Tuba, brasileiro, viúvo, administrador de empresas, RG 7.649.313-
1, CPF/ME 988.257.478-53. O mandato dos membros do Comitê GGG vigerá por 1 ano, até 02.08.2023. Terminado o
prazo do mandato, os membros do Comitê GGG permanecerão nos seus cargos até a eleição dos sucessores. Encer-
ramento: Nada mais. São Bernardo do Campo, 02.08.2022. Membros: Murilo Cesar Lemos dos Santos Passos; Evan-
dro Luiz Coser; Fernando Luiz Schettino Moreira; Orlando Machado Júnior; Mário Sérgio Moreira Franco; e Décio Car-
bonari de Almeida. JUCESP nº 440.512/22-0 em 26.08.2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL
A COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A. torna público, que irá solicitar ao Instituto Água e Terra - IAT, a Autorização Am-
biental para Rede de Distribuição de energia em 13,8 kV instalada no município de Japira, no Estado do PR.
SUMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO FLORESTAL
A Copel Distribuição S.A, torna público que irá solicitar ao Instituto Água e Terra IAT, autorização florestal para o
corte de 3 árvores, com volume total 0,9624 m3 de lenha, no município de Japira para atendimento a Sanepar.
PREFEITURA MUNICIPAL DE SOBRAL
EXTRATO DE LICITAÇÃO
ESTADO DO CEARÁ - PREFEITURA MUNICIPAL DE SOBRAL – PROCESSO
SPU Nº P214167/2022. EDITAL DE CONCORRÊNCIA PÚBLICA
INTERNACIONAL Nº CP22017 – SEINFRA. Aviso de Licitação – Comissão
Permanente de Licitação. Data de Abertura: 05/10/2022 às 09:00h (Horário de
Brasília). OBJETO: Contratação de empresa especializada para execução da
construção de Estação Elevatória de Esgoto - Bacia 21 – do bairro Cohab I, no
município de Sobral - CE. Valor do Edital: Gratuito. INFORMAÇÕES: Site:
http://licitacoes.sobral.ce.gov.br e à Rua Viriato de Medeiros, 1.250, 4º andar.
Fone: (88) 3677-1146, Sobral – CE. 01/09/2022. A COMISSÃO – Karmelina
Marjorie Nogueira Barroso – Presidente.

Tegma Gestão Logística S.A.

N.I.R.E. 35.300.340.931 - CNPJ/ME nº 02.351.144/0001-18
Extrato da Ata de Reunião do Conselho de Administração
Data, Hora, Local: 03.08.2022, às 10hs, na sede, Avenida Nicola Demarchi, nº 2.000, Bairro Demarchi, São Bernardo
do Campo/SP. Convocação: por meio eletrônico no dia 28.07.2022. Presença: Membros em exercício, os Srs. Muri-
lo Cesar Lemos dos Santos Passos, Fernando Luiz Schettino Moreira e Décio Carbonari de Almeida, que participaram da
reunião por meio de vídeo conferência, nos termos do § 4º do artigo 22 do Estatuto Social; os Srs. Evandro Luiz Coser,
Orlando Machado Júnior e Mário Sérgio Moreira Franco enviaram seus votos por escrito. Mesa: Presidente: Murilo Ce- FURNAS - CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.
sar Lemos dos Santos Passos; Secretário: Fernando Luiz Schettino Moreira. Deliberações Aprovadas: (i) Foi feita CNPJ Nº 23.274.194/0001-19
apresentação acerca das Informações Trimestrais referentes ao período encerrado em 30.06.2022. Após análise e dis- NIRE Nº 3330009092-4
cussão, por unanimidade, manifestaram-se favoravelmente à divulgação das Informações Trimestrais referentes ao tri-
mestre findo em 30.06.2022. (ii) Proposta de pagamento de proventos, no valor total de R$24.589.334,12, como se- ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
gue: (a) distribuição de dividendos intercalares, no valor de R$18.442.000,59 sendo que o valor dos dividendos inter-
calares por ação será de R$0,2796879547; (b) juros sobre o capital próprio no valor de R$6.147.333,53, que corres-
Edital de Convocação
ponde a R$0,0932293182 por ação; sobre o valor dos juros sobre capital próprio incidirá Imposto de Renda à alíquota Ficam convocados os senhores acionistas de FURNAS - CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. a
de 15%, exceto para os acionistas comprovadamente isentos ou imunes; os juros sobre o capital próprio serão impu- comparecerem à Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 09 de setembro
tados aos dividendos obrigatórios relativos ao exercício social de 2022, conforme artigo 9º, parágrafo 7º, da Lei nº de 2022, às 10h30, exclusivamente por meio digital, por videoconferência, nos termos
9.249/95. Os dividendos intercalares e os juros sobre o capital próprio serão pagos aos acionistas em 18.08.2022, be- do artigo 121, parágrafo único da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e conforme
neficiando os acionistas que constem da posição acionária da Companhia no dia 8.08.2022 (“Data de Corte”). As procedimento abaixo descrito, para deliberarem sobre a seguinte ORDEM DO DIA:
ações da Companhia serão negociadas “ex-dividendos” e “ex-juros sobre o capital próprio” a partir de 09.08.2022, in-
clusive. Encerramento: Nada mais. São Bernardo do Campo, 03.08.2022. Membros: Murilo Cesar Lemos dos Santos (i) Aprovar a proposta de rerratificação da destinação do lucro do exercício de 2021,
Passos; Evandro Luiz Coser; Fernando Luiz Schettino Moreira; Orlando Machado Júnior; Mário Sérgio Moreira Franco; conforme a seguir: Reserva Legal: R$ 204.114.117,69; Dividendos a Pagar: R$
Décio Carbonari de Almeida. JUCESP nº 440.513/22-4 em 26.08.2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral. 632.265.000,00; Reserva Especial Dividendos não Distribuídos: R$ 337.277.069,11;
Reserva de Lucros: R$ 2.908.626.246,15; Participação estatutária dos empregados
no resultado do exercício de 2021: R$ 85.443.366,58;
(ii) Aprovar a proposta de integralização da totalidade do Adiantamento para Futuro
Aumento de Capital – AFAC concedido a Furnas com recursos ordinários da
Eletrobras, no valor de R$ 8.908.218.681,83, acrescido de atualização monetária,
para o pagamento do bônus de outorga dos novos contratos de concessão de
geração de energia elétrica, celebrados em 17/06/2022;
DERSA DESENVOLVIMENTO RODOVIÁRIO S.A. “EM LIQUIDAÇÃO” (iii) Aprovar a proposta de subscrição das novas ações pelo valor patrimonial das ações
– VPA, considerando o último trimestre auditado (1º trimestre de 2022), no valor de
C.N.P.J. Nº 62.464.904/0001-25
R$ 0,410297222 por ação;
EDITAL DE CITAÇÃO - PRAZO DE 20 DIAS. PROCESSO Nº 0132413-71.2007.8.26.0053 (iv) Aprovar a alteração do caput do Art. 7° do Estatuto Social, que passará a vigorar
O(A) MM. Juiz(a) de Direito da 11ª Vara de Fazenda Pública, do Foro Central - Fazenda
com a seguinte redação: “Art. 7º. O capital social é de R$ 15.439.373.047,37 (quinze
bilhões, quatrocentos e trinta e nove milhões, trezentos e setenta e três mil, quarenta
Pública/Acidentes, Estado de São Paulo, Dr(a). RENATO AUGUSTO PEREIRA MAIA, na forma da e sete reais e trinta e sete centavos), dividido em 69.676.704.073 (sessenta e nove
Lei, etc. FAZ SABER a(o) Espólio de Mikhael, William Mollouk, Espólio de Gloria Maria Bodenmuller bilhões, seiscentos e setenta e seis milhões, setecentos e quatro mil e setenta e três)
Mallouk, Karen Mallouk, William Malouk Neto e Cristiane Malouk que lhes foi proposta uma ação de ações ordinárias, com direito a voto, e 19.638.630.045 (dezenove bilhões, seiscentos
Desapropriação por parte de Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S/A na qual objetiva o imóvel
e trinta e oito milhões, seiscentos e trinta mil e quarenta e cinco) ações preferenciais,
sem direito de voto, perfazendo um total de 89.315.334.118 (oitenta e nove bilhões,
situado à Rua 9, Estrada do Payol Velho 5, Jardim Araguava – Palhereiros. Alega que foi autorizada trezentos e quinze milhões, trezentos e trinta e quatro mil e cento e dezoito) ações,
a expropriar as áreas de terra necessárias para construção do trecho sul do Rodoanel Metropolitano todas nominativas e sem valor nominal.”;
de São Paulo, nos termos do Decreto Estadual n° 50.581, de 06 de Março de 2006. Encontrando-se (v) Aprovar a proposta de devolução à Eletrobras do valor de R$ 69,804 milhões
(base 30/06/2022), a ser corrigido pela SELIC até a data do seu efetivo pagamento,
o réu em lugar incerto e não sabido, foi determinada a sua CITAÇÃO, por EDITAL, para os atos e
referente a Adiantamento para Futuro Aumento de Capital – AFAC concedido no
termos da ação proposta e para que, no prazo de 20 dias, que fluirá após o decurso do prazo do âmbito do contrato ECF-2977/2011;
presente edital, apresente resposta. Não sendo contestada a ação, o réu será considerado revel,
(vi) Aprovar a proposta de ratificação da celebração do Contrato de Adiantamento por
caso em que será nomeado curador especial. Será o presente edital, por extrato, afixado e publicado Conta de Futuro Aumento de Capital entre FURNAS e Eletrobras, referente ao
na forma da lei. NADA MAIS. Dado e passado nesta cidade de São Paulo, aos 04 de abril de 2022. pagamento do bônus de outorga dos novos contratos de concessão de geração de
energia elétrica.
Para atender ao disposto no § 3º, do artigo 135, da Lei nº 6.404/76, comunicamos aos
senhores acionistas que a documentação pertinente às matérias a serem debatidas
na Assembleia Geral encontra-se à disposição na Empresa, na Av. Graça Aranha, 26,
19º andar, Centro, nesta Capital do Estado do Rio de Janeiro, podendo, também, ser
solicitada por mensagem a ser enviada ao endereço eletrônico sg@furnas.com.br,
AVISO DE LICITAÇÕES acompanhada da documentação que comprove sua condição: Acionista - RG e CPF;
Representante do acionista, de acordo com o § 1º do art. 126, da Lei nº 6.404/76 -
A CDHU comunica às empresas interessadas as aberturas das seguintes Procuração de poderes, RG e CPF.
licitações: A participação na Assembleia, dar-se-á de forma remota, por meio de plataforma de
reuniões online. Para tanto, o acionista deverá solicitar seu credenciamento, por e-mail,
PG 10.47.130 – Licitação nº 130/2022 – Contratação de empresa para execução até às 15h (quinze horas) do dia 06 de setembro de 2022, por mensagem a ser enviada ao
de obras e serviços de engenharia para realização de empreendimento composto endereço eletrônico sg@furnas.com.br, acompanhada da documentação que comprove
sua condição:Acionista - RG e CPF; Representante do acionista, de acordo com o § 1º do
de 61 unidades habitacionais e demais serviços, denominado Santa Clara art. 126, da Lei nº 6.404/76 - Procuração de poderes, RG e CPF.
D’Oeste “C”, no município de Santa Clara D’Oeste/SP. O edital completo estará
Uma vez recebida a documentação, a Secretaria de Governança Corporativa
disponível para download no site www.cdhu.sp.gov.br a partir das 00h00min do encaminhará ao acionista resposta ao e-mail, com a confirmação do credenciamento, e
dia 05/09/2022 – Esclarecimentos até 20/09/2022 – Abertura: 27/09/2022 às 10h, instruções para a participação online, sendo de inteira responsabilidade do acionista as
na Rua Boa Vista, 175, CIDADE II – Térreo – Auditório da CDHU, Centro, São providências referentes à estrutura necessária à sua participação.
Paulo/SP. Em nenhuma hipótese, Furnas poderá ser responsabilizada por problemas
decorrentes dos equipamentos de informática ou da conexão à rede mundial de
PG 10.47.131 – Licitação nº 131/2022 – Contratação de empresa para execução computadores dos acionistas.
de obras e serviços de engenharia para realização de loteamento composto de 58 Excepcionalmente, será admitido envio de voto eletrônico, a ser enviado, com até 2 (duas)
lotes no empreendimento Echapor㠓G”, no município de Echaporã/SP. O edital horas de antecedência à realização da Assembleia, por e-mail, ao endereço eletrônico
completo estará disponível para download no site www.cdhu.sp.gov.br a partir sg@furnas.com.br, acompanhada da documentação que comprove sua condição de
das 00h00min do dia 05/09/2022 – Esclarecimentos até 21/09/2022 – Abertura: acionista, caso o acionista votante ainda não tenha realizado o seu credenciamento. Cabe
28/09/2022 às 10h, na Rua Boa Vista, 170, Edifício CIDADE I – 2º Subsolo – ao acionista se certificar do recebimento de seu voto eletrônico. O envio de voto eletrônico
a distância não impede o acionista, sócio ou associado de se fazer presente à assembleia
Auditório, Centro, São Paulo/SP. digital e exercer seu direito de participação e votação durante o conclave, caso em que o
voto eletrônico enviado será desconsiderado.
Eventuais dúvidas dos acionistas poderão ser esclarecidas através dos telefones (21)
2528-5442 ou (21) 2528-3799.
Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2022
Presidente do Conselho de Administração
Luiz Augusto Pereira de Andrade Figueira
 Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais ESTADO DE MATO GROSSO
São Paulo | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | E3

SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

AVISO DE LICITAÇÃO PR
O IA
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PREGÃO ELETRÔNICO Nº 016/2022/SEPLAG R

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PROCESSO Nº 232.1820/2020/SEPLAG (SEPLAG-PRO-2022/08012)

A Superintendência de Licitações e Registro de Preço /SEPLAG torna público que
realizará licitação, tendo por objeto o Registro de Preços para futura e eventual
Companhia de Processamento de Dados
aquisição de Condicionadores de Ar (Tipo HI WALL) incluindo instalação, para do Estado de São Paulo - PRODESP
atender os Órgãos/Entidades do Poder Executivo do Estado de Mato Grosso, CNPJ 62.577.929/0001-35
conforme especificações e condições técnicas constantes no Edital e em seus AVISO DE LICITAÇÃO
anexos. Pregão Eletrônico nº 102/2022 - OC nº 513101510852022OC00147 - Prestação de
LANÇAMENTO E ENVIO DA(S) PROPOSTA(S) NO SIAG: entre os dias 05/09/2022 Serviços de Vigilância Eletrônica compreendendo o Monitoramento Local de Imagens
a 16/09/2022, período integral, exceto quanto ao dia da abertura da sessão, quando de Circuito Fechado de Televisão (CFTV) das áreas que integram o escopo desta
o horário máximo de aceitação será até as 08h 45min - Horário local (Cuiabá/MT). contratação, por meio do fornecimento de postos de Operador de Monitoramento,
ABERTURA DAS PROPOSTAS E INÍCIO DA SESSÃO: no dia 16/09/2022 às que atuarão em centrais de monitoramento instaladas nas dependências da
09h00min - Horário local (Cuiabá/MT), através do endereço: PRODESP Sede e PRODESP Mooca, incluindo o acompanhamento permanente de
violações, intrusões e outras ocorrências, conforme especificações constantes do
http://aquisicoes.seplag.mt.gov.br.
Termo de Referência que integra este edital como Anexo I. A sessão pública de
EDITAL E ADENDOS DISPONIBILIZADOS NO: Portal de Aquisições:
processamento do Pregão Eletrônico será realizada no endereço eletrônico
http://aquisicoes.seplag.mt.gov.br - dúvidas pelo Sistema SIAG e pelo e-mail: www.bec.sp.gov.br às 9h do dia 16/09/2022. O edital poderá ser consultado e cópias
pregao@seplag.mt.gov.br – tel. 0XX-65-3613-3674. obtidas nos endereços eletrônicos www.bec.sp.gov.br - opção “pregão eletrônico”,
Cuiabá-MT, 01 de setembro de 2022. www.prodesp.sp.gov.br - opção “fornecedores - editais de licitação” e
Katiene Cetsumi Miyakawa Pinheiro www.imesp.com.br - opção “enegociospublicos”.
Secretária Adjunta de Aquisições Governamentais/SEPLAG
(original assinado nos autos)
ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO Secretaria de Governo

AVISO DE SUSPENSÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 014/2022/SEPLAG
PROCESSO Nº 375.580/2021/SEPLAG (SEPLAG-PRO-2022/07457)
A Superintendência de Licitações e Registro de Preços/SEPLAG vem a público
informar que o Pregão Eletrônico nº. 014/2022/SEPLAG, marcado para ser realizado
no dia 05/09/2022 às 09h00min – Horário local (Cuiabá/MT), cujo objeto é o
Registro de preço para futura e eventual contratação de empresa especializada
em telecomunicações, que possuam outorga da ANATEL – Agência Nacional de
Telecomunicações, para prestação de serviços de Telefonia Móvel Pessoal
(SMP - Serviço Móvel Pessoal), na modalidade Local, Serviço Telefônico
Comutado de Longa Distância Nacional - LDN e Longa Distância Internacional
– LDI, originados de terminais móveis e conexão remota, com fornecimento de
aparelhos digitais e mini modems portáteis em regime de comodato, para
atender aos Órgãos/Entidades do Poder Executivo em todo território do Estado
de Mato Grosso, conforme especificações e condições técnicas constantes no
Edital e em seus anexos, está SUSPENSO por motivo de conveniência e
oportunidade da Administração Pública.
Cuiabá-MT, 01 de setembro de 2022.
Katiene Cetsumi Miyakawa Pinheiro
Secretária Adjunta de Aquisições Governamentais/SEPLAG
(original assinado nos autos)
COMUNICADO
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde, a licitação na modalidade Pregão
Eletrônico para Registro de Preços nº 196/2022 - 090201000012022OC00205, referente
ao processo nº 2022/49627, objetivando a CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO
DE PREÇOS PARA COMPRA DE DIETA, a ser realizada por intermédio do Sistema
Eletrônico de Contratações denominado “Bolsa Eletrônica de Compras do Governo do
Estado de São Paulo”, cuja abertura está marcada para o dia 16/09/2022, a partir das
09h30 horas.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 05/09/2022, o site
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de
acesso ao sistema e credenciamento de seus representantes.
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br,
ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP.
EDITAL
PROCESSO Nº 0155638-03.2012.8.26.0100
O MM. Juiz de Direito da 6º Vara Cível, do Foro Central Cível, Estado de São Paulo, Dr. Fabio Coimbra Junqueira,
na forma da Lei, etc.FAZ SABER a NOVA CURUCÁ MATERIAIS HIDRAULICOS LTDA, CNPJ nº 08.665.430/0001-
34, que a Construtora Tenda S/A moveu contra ela ação declaratória de nulidade de títulos e cancelamento de
protesto, na forma de procedimento comum, alegando que a ré sacou oito duplicatas (001935-1, 001935-2,
001935-3, 001935-4, 001935-5, 001935-8, 001035-9, 001935-10), referentes a uma nota fiscal que havia sido
emitida indevidamente e cancelada pela própria ré, tendo a autora ingressado com a ação cautelar de sustação
de protesto distribuída sob nº 0144650-20.2012.8.26.0100, à ação de procedimento comum, deu-se o valor de
R$ 27.200,00 (junho de 2012). Estando a requerida em lugar ignorado, expede-se EDITAL para que, no prazo de
15 dias úteis, após o prazo supra, CONTESTE a ação, sob pena de serem aceitos verdadeiros os fatos narrados
pela autora, nomeando-se curador especial em caso de revelia. Será o edital, afixado e publicado na forma da Lei.
CIELO S.A.
CNPJ/MF nº 01.027.058/0001-91 - NIRE 35.300.144.112
6ª (sexta) Emissão de Debêntures
A CIELO S.A. (“Cielo” ou “Companhia”) (B3: CIEL3/OTC: CIOXY), em cumprimento ao
disposto no §4º do art. 157 da Lei 6.404/76 e na Resolução CVM 44/21, informa que seu
Conselho de Administração, reunido em 31/08/2022, aprovou a realização da 6ª (sexta)
emissão de debêntures da Companhia, no valor total de R$3.000.000.000,00 (três bilhões de
reais) e prazo de 3 (três) anos (“Emissão”).
A Emissão se dará em série única, a qual será objeto de oferta pública de distribuição, com
esforços restritos de distribuição, nos termos da Lei nº 6.385/76 e da Instrução CVM 476/09,
e contará com regime de garantia firme de colocação. As debêntures serão simples, não
conversíveis em ações, da espécie quirografária, nos termos do artigo 58, caput, da Lei
6.404/76, sem qualquer garantia ou preferência (“Debêntures”). Mais informações acerca da
Emissão estão disponíveis na ata da reunião do Conselho de Administração, também
divulgada nesta data.
Este Fato Relevante tem caráter exclusivamente informativo, nos termos da legislação em
vigor, e não deve ser interpretado como um material publicitário da Emissão ou de venda das
Debêntures.
Barueri, 01 de setembro de 2022.
Filipe Augusto dos Santos Oliveira
Diretor Executivo de Finanças e Diretor de Relações com Investidores
DEPARTAMENTO ESTADUAL
DE TRÂNSITO
AVISO DE LICITAÇÃO
TOMADA DE PREÇOS Nº 03/2022/DETRAN/MT
O DETRAN-MT, por meio da Comissão Permanente de Licitação, nomeada pela Portaria
nº 615/2021/GP/DETRAN/MT de 24 de setembro de 2021, com publicação no Diário
Oficial em 27 de setembro de 2021, torna público para conhecimento dos interessados a
Tomada de Preços nº 03/2022/DETRAN/MT. OBJETO: Contratação de empresa
especializada para reforma da 47ª Ciretran de Vila Rica - MT. Recebimento dos
envelopes: de 02/09/2022 até 19/09/2022 (HORÁRIO DE EXPEDIENTE). Data e
horário para credenciamento: 20/09/2022 das 08h30min às 09h00min (HORÁRIO
LOCAL). Sessão de Abertura: 20/09/2022 a partir de 09h01min (HORÁRIO LOCAL).
Local da sessão pública de disputas: Sala da Coordenadoria de Aquisições e
Contratos do DETRAN/MT, situado à Av. Dr. Hélio Ribeiro, nº 1.000, Centro Político
Administrativo, Cuiabá/MT, CEP 78.048-910 (atrás do antigo restaurante). Retirada do
Edital: O Edital e o Projeto Básico completo estarão à disposição dos interessados
mediante solicitação pelo e-mail abaixo, no Portal Transparência do DETRAN/MT:
https://www.detran.mt.gov.br/web/detran-transparencia/tomada-de-precos, no
Portal da SEPLAG: http://aquisicoes.seplag.mt.gov.br/ ou ainda por solicitação
realizada diretamente a esta Coordenadoria de Aquisições e Contratos do DETRAN/MT.
Transmissão: As sessões públicas desta licitação serão transmitidas ao vivo, na internet,
no endereço: https://www.youtube.com/channel/UCwqBNP_ce2ivbkyBttq_P6A.
Informações: Telefone: (65) 3615-4757/4791, e-mail: licitacoes@detran.mt.gov.br.
Cuiabá/MT, 01 de setembro 2022.
MAX DE MORAES LUCIDOS
Presidente da Comissão Permanente de Licitação
DETRAN/MT
CCR S.A.
CNPJ/MF Nº. 02.846.056/0001-97 - NIRE Nº. 35300158334 - COMPANHIA ABERTA
CARTA DE RENÚNCIA
São Paulo/SP, 16 de agosto de 2022. Aos Srs. Membros do Conselho de Administração da CCR S.A. Avenida Chedid Ja-
fet, nº. 222, Bloco B, 5º Andar, CEP 04551-062, São Paulo/SP. Ref.: Pedido de Renúncia. Prezados Senhores: Eu, MARCO
ANTONIO SOUZA CAUDURO, brasileiro, casado, economista, portador da Cédula de Identidade RG nº 22638757-4
SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob o nº 272.647.628-74, abaixo assinado, sirvo-me da presente para formalizar a minha
renúncia ao cargo de Diretor Presidente da CCR S.A., para o qual fui reeleito na reunião do Conselho de Administração
realizada em 28 de abril de 2022, com efeitos a partir do dia 30 de outubro de 2022. Cordialmente, MARCO ANTONIO
SOUZA CAUDURO. ANA MARIA MARCONDES PENIDO SANT’ANNA - Presidente do Conselho de Administração
da Companhia. Ciente: 16/08/2022. JUCESP nº 443.990/22-0 em 30.08.2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
Zurich Santander Brasil
Seguros e Previdência S.A.
CNPJ/ME nº 87.376.109/0001-06
Edital de Convocação – Assembleia Geral Extraordinária
Ficam os acionistas desta Companhia, convocados a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária
(“AGE”), que será realizada no dia 12.09.2022, com início às 15:00 horas, por meio de videoconferência;
por questões de segurança, pedimos que envie um e-mail a caixa departamental govcorporativo@
zurich-santander.com.br, solicitando o link de acesso até o dia 09.09.2022 às 12:00h, em primeira
chamada, para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: (I) Destituir membro efetivo do Conselho
de Administração; (II) Eleger membro efetivo do Conselho de Administração; (III) Reeleger membro
suplente do Conselho de Administração; e (IV) Ratificar a composição dos membros do Conselho de
Administração. Encontram-se à disposição dos acionistas na sede social da Companhia, cópias dos
documentos referentes às matérias a serem deliberadas na AGE ora convocada. São Paulo, 01/09/2022.
Raul Nicolas Vargas – Presidente do Conselho de Administração. (02, 03 e 06/09/2022)

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E4 Valor São Paulo Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 - Ano 23 - Nº 1123

EU&
FIM DE SEMANA

A In(ter)dependência do Brasil
No Bicentenário, pensadores analisam o que falta para uma emancipação
plena nos aspectos sociais, econômicos, políticos e ambientais
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AVANT-PREMIÈRE
Hábitos rompidos Início do século
RONNY SANTOS/FOLHAPRESS

A maioria dos brasileiros ainda não O Carnaval do Recife, a procissão do

retomou o mesmo nível de atividades
culturais de que desfrutava antes da
pandemia. Produzido pelo Datafolha
em conjunto com o Itaú Cultural, o es-
tudo Hábitos Culturais revela que 62%
dos entrevistados estão frequentando
menos salas de cinemas, museus,
shows, apresentações de dança e tea-
tro adulto e infantil. Apenas 26% dos
brasileiros declararam ter ido ao cine-
ma nos últimos 12 meses. Feita em ju-
nho, a pesquisa ouviu mais de 2 mil
pessoas, de 16 a 65 anos, de todas as
regiões do país. Os jogos eletrônicos e
a audição de música foram as únicas
atividades culturais que mantiveram
estabilidade. E houve aumento no
consumo de podcasts, que passou a
figurar nos hábitos de 42% dos entre-
vistados pela pesquisa.
● Depois de uma série dedicada a
Diretor do Itaú Cultural, Eduardo
Saron diz acreditar que ainda serão
retomados os patamares de consu-
mo de atividades culturais anterio-
res à pandemia. “O público diz que-
rer vivenciar o cenário cultural pre-
sencialmente”, afirma. No entanto,
em sua análise, o retorno dependerá
de alguns fatores, como a melhora
do poder aquisitivo. “As pessoas es-
tão sem dinheiro, endividadas, o que
mostra que precisamos de políticas
públicas de estímulo à cultura e
mais projetos que mirem a gratuida-
de ou preços populares.”
Shows em alta
No primeiro semestre de 2022, o
valor de arrecadação de direitos au-
torais pelo segmento de shows já
atingiu o patamar do primeiro se-
mestre de 2019, anterior à pande-
mia. É o que afirma e comemora Isa-
bel Amorim, superintendente exe-
cutiva do Escritório Central de Ar-
recadação e Distribuição (Ecad). A
recuperação ocorre após o ano de
2021, que tinha registrado uma
queda de 75% em relação a 2019. De
janeiro a junho deste ano foram
distribuídos R$ 509 milhões a 210
mil titulares de direitos musicais,
um crescimento de 27% em compa-
ração ao ano passado, quando, no
mesmo período, foram distribuí-
dos R$ 399 milhões.
Círio de Nazaré, o Rio de Janeiro notur-
no, os mascates das praças paulistanas,
o frescor e a capacidade de registro da
produção fotográfica brasileira do iní-
cio do século XX. Esse é o mote da ex-
posição gratuita “Moderna pelo Aves-
so: Fotografia e Cidade, Brasil,
1890-1930”, que será inaugurada pelo
IMS Paulista no próximo dia 13. A sele-
ção reúne 311 itens de 29 coleções,
produzidos em São Paulo, Porto Ale-
gre, Rio, Belém, Recife e Belo Horizon-
te. “Surgiam, naquele período, fotó-
grafos que iam para a rua registrar essa
população das grandes cidades, sob
um olhar bem diferente da fotografia
oficial existente até então”, afirma He-
loisa Espada, curadora da exposição.
Do conflito à cura
conflitos sociais, o artista Pedro Car-
neiro investiga a cor rosa, entre ima-
gens de corpos negros, como um pos-
sível caminho para a cura coletiva por
meio do carinho. Quinze obras de sua
trajetória estarão expostas em sua pri-
meira individual, “Cartas ao Afeto”, na
Galeria Movimento, no Rio de Janeiro,
a partir de terça-feira (6). Neste mês, o
artista terá ainda obras expostas na
13 a Bienal do Mercosul, na Arte Pará
2022 e na coletiva “Um Defeito de
Cor”, no Museu de Arte do Rio.
João Bernardo Caldeira, para o Valor ■

EU&Destaques
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
Coluna Social A estranha vinda
do coração de Dom Pedro I. Por
José de Souza Martins. Pág. 4
GPS Livro mostra que as
ameaças às eleições vêm do
século XIX. Por Maria Cristina
Fernandes. Pág. 6
Reportagem de capa Celebração
do Bicentenário é oportunidade de
rever a herança das deficiências
estruturais do Brasil. Textos de
Amália Safatle, Maria da Paz
Trefaut, Marcus Lopes e Eduardo
À Mesa com o Valor O repórter Daniel Salles entrevista Thiago Magossi. Concepção visual da
Mendonça (dir.), o mais jovem de uma linhagem de arquitetos. Pág. 18 capa de Beto Nejme. Pág. 8
Vinho As inesperadas
similaridades entre pianos e
vinhos. Por Jorge Lucki. Pág. 23
Literatura Por que os cineastas e
escritores não resistem à saga de
“O senhor dos anéis”. Pág. 24
TV “A Casa do Dragão” — a série
derivada de “Game of Thrones” —
e a cinebiografia do lutador Mike
Tyson. Pág. 27
Livros Resenhas de “Paixão
segundo Mateus”, “Colchão de
pedra”, “Somos todos canibais” e
“Emocional - A nova neurociência
do afeto”. Págs. 28 a 30
Janela crítica A sátira
assustadora de “Não! Não Olhe!”,
de Jordan Peele. Pág. 31
Cinema Documentário no
Festival de Veneza revisita a vida
e a obra de Sergio Leone, o rei do
“western spaghetti”. Pág. 32
É Tudo Verdade Bicentenário da
Independência é pouco lembrado
no cinema, ao contrário das
efemérides de 1922 e 1972. Por
Amir Labaki. Pág. 33
Outros Escritos Sonhos, morte e
festa no Sete de Setembro. Por
Michel Laub. Pág. 34

2 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022

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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 3

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O coração
do rei
É curioso o empenho
político em trazer ao
Brasil, em macabra
procissão aérea, o órgão
do imperador. Por José
de Souza Martins
José de Souza Martins foi professor ti-
tular de sociologia na Faculdade de Filo-
sofia da USP. Professor da Cátedra Si-
món Bolivar, da Universidade de Cam-
bridge, e fellow de Trinity Hall (1993-94).
Pesquisador Emérito do CNPq. Membro
da Academia Paulista de Letras. Entre ou-
tros livros, é autor de "Sociologia do des-
conhecimento – Ensaios sobre a incerteza
do instante" (Editora Unesp, 2021).
4 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Foi Dom Pedro IV, de Portugal, quem
doou o próprio coração, em
testamento, à Irmandade de Nossa
Senhora da Lapa, da cidade do Porto.
Não foi Dom Pedro I, do Brasil. Embora
os dois reis, do ponto de vista vulgar,
sejam a mesma pessoa biológica, não
são, sociologicamente, a mesma
pessoa política e histórica. Cada qual
personificou um mandato e um
destino. Dom Pedro IV foi um rei de
Portugal e dos portugueses. Dom
Pedro I fora um monarca do Brasil e
dos brasileiros.
Os reis nunca são eles mesmos nem o
que achamos que são. A rainha Elizabeth
II é rainha da Inglaterra e da Escócia. São
dois tronos e dois reinos distintos. Na
Inglaterra, ela é anglicana e cabeça da
Igreja Anglicana. Na Escócia, ela é
presbiteriana, cabeça simbólica da Igreja
Escocesa, cuja origem vem de John Knox,
braço direito de Calvino e fundador do
presbiterianismo.
Quando na Inglaterra, nas
celebrações religiosas, ela segue o rito
anglicano. Quando na Escócia, nessas
celebrações, segue o rito do
protestantismo escocês. Na Escócia,
formalmente, está ligada a uma igreja
de estrutura e de espírito republicanos.
As circunstâncias históricas e
políticas dizem o que são e podem ser
os reis nos diferentes momentos e
épocas de sua vida. O pai de Dom
Pedro, o rei Dom João VI, que foi rei do
Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarve, a partir de 1815, quando o
CARVALL
criou, foi um desses casos. Pagou com a
vida o fato histórico de que a unidade
dinástica sobre dois territórios,
Portugal e Brasil, pressuposta nessa
decisão, antecipava uma possibilidade
política em dois países politicamente
atrasados. Homem de grande lucidez
política, do estadista que era, ele
acabou assassinado por
envenenamento em 1826.
Dom Pedro IV quis, ao legar seu
coração à cidade do Porto, expressar a
ela seu reconhecimento e sua gratidão
pelo apoio que dela recebera na
Revolução Liberal para vencer seu
irmão Dom Miguel. O qual, em nome
do absolutismo, usurpara o trono de
sua sobrinha, Dona Maria II. Dom
Pedro subirá ao trono de Portugal por
uma semana, para restituí-lo à filha.
O lugar do coração de Dom Pedro é
na capela-mor da Igreja da Lapa, onde
sempre esteve, à qual ele ia
diariamente, a pé, quando morou no
Porto. Ele era catolicíssimo, compositor
de talento reconhecido, compôs
solenes e belas músicas religiosas,
como o “Credo”. Fora aluno de música
de Marcos Portugal e, aqui no Brasil,
também do padre José Maurício,
mulato de grande cultura musical.
Curioso o empenho em trazer ao
Brasil, em macabra procissão aérea, o
coração do imperador. Curiosa porque
o corpo do imperador, e os corpos das
duas imperatrizes, Leopoldina e
Amélia, estão há muito sepultados na
cripta do Monumento à
Independência, ao pé da colina do
Ipiranga. Onde foi proclamado o
segundo ato da independência do
Brasil em relação a Portugal.
O primeiro ato fora proclamado
duas horas antes à margem do antigo
rio Tamanduateí, atual rio dos
Meninos, na divisa de São Caetano
com São Bernardo. Foi quando o
padre Belchior, confidente do
príncipe regente, que com ele estava,
leu-lhe as primeiras cartas trazidas
pelo segundo emissário enviado pela
princesa e por José Bonifácio
comunicando-lhe a ordem vinda das
cortes de Lisboa para que retornasse
ao reino. As informações secretas a ele
enviadas na mesma ocasião pelo
cônsul inglês no Rio, Chamberlain,
que as recebera de sua embaixada em
Portugal, alertavam-no para a
conspiração contra ele no Reino, cujo
intuito era o de destituí-lo do direito
de sucessão ao trono.
O coração real, desabrigado do
nicho sagrado da igreja do Porto,
ficará exposto nos recintos profanos
do Palácio do Planalto e, depois, do
Ministério das Relações Exteriores à
curiosidade mórbida das multidões
pós-modernas.
Num momento em que o país está
mergulhado no vale-tudo de uma
campanha eleitoral cheia de incertezas
quanto ao futuro do Brasil,
disseminadas pelo próprio anfitrião, é
pouco provável que o governo possa
garantir a todos os cidadãos que não se
trata de um recurso para converter o
antigo imperador em cabo eleitoral do
presidente-candidato.
O fato de que a esdrúxula ideia da
trazida do coração do rei, justo nesta
hora, tenha partido de uma candidata
paulista a deputada federal pela
mesma frente partidária do
governante e que tenha sido ela autora
dos primeiros contatos e providências
para que o ato fúnebre fosse
concretizado, sugere falta de decoro
quanto a intenções outras por trás do
traslado. Uma violência simbólica
contra o desejo de Dom Pedro IV e
contra o alto significado do gesto do
príncipe regente que naquela tarde de
sábado, 7 de setembro de 1822, com
sua proclamação, fundou a pátria
brasileira para servi-la e não para
servir-se dela. ■
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SOCIEDADE
Atrasos poderiam ser mais suportáveis
Medidas simples adotadas por companhias aéreas e de trens trariam alívio. Por Tim Harford, do Financial Times
C
omecei a imaginar esta colu-
na três horas e meia antes de
digitar estas palavras, en-
quanto estava com minha
mulher e filhos em uma fila insupor-
tavelmente longa do Eurostar, que se
estendia por toda a Gare du Nord em
um calor de 35 graus. O problema não
era a demora, mas o desconforto, a
ansiedade e a incerteza. Era impossí-
vel ler ou mesmo pensar porque a fila
se movia e as pessoas se aglomera-
vam; ela era bloqueada e redireciona-
da em pontos imprevisíveis por ra-
zões desconhecidas. Quase aconteceu
um acidente desagradável quando
uma escada rolante jogou as pessoas
em um espaço já lotado.
Não foi o maior atraso que já sofri,
nem de longe. Uma vez, graças a um
vulcão islandês de nome impronun-
ciável, cheguei cinco dias atrasado pa-
ra o aniversário de minha mulher. Mas
a experiência do Eurostar de alguma
forma comprimiu uma temporada in-
teira de estresse em poucas horas.
Foi um desfecho apropriado para
uma tentativa nada tranquila de fazer
um tour de trem pelos pontos turísti-
cos da Europa. Nosso trem de Garmis-
ch-Partenkirchen para Innsbruck foi
substituído por duas viagens de ôni-
bus. O trem de Innsbruck para Verona
atrasou e, apesar de termos feito as re-
servas havia meses, não recebemos os
assentos reservados.
Perdemos uma hora em uma sala de
espera em Verona, em um calor de 40
graus, vendo como nosso trem para Mi-
lão era adiado repetidamente. Apenas
mais 15 minutos, o quadro de embar-
que prometia de novo e de novo e de
novo. E uma conexão cancelada pôs em
risco a viagem de Milão a Paris e nos deu
algumas horas de aflição, sem saber se
teríamos autorização para embarcar
em um trem que partiria mais tarde.
Adoro a ideia de viajar de trem, mas a
realidade às vezes decepciona.
O curioso é que, quando estávamos
de fato viajando, tudo era um prazer.
Mesmo a substituição por um ônibus
não é tão ruim quando você está no
Filas, às vezes, são inevitáveis, mas poderiam ser menos estressantes se as companhias se preocupassem em dar informações
meio dos Alpes. Embora tenhamos
gasto um tempo absurdo em tentati-
vas fracassadas de confirmar reservas
de assentos, raramente tivemos pro-
blemas para consegui-los.
O problema, em essência, não era a
viagem; eram as filas e a espera e, mais
do que tudo, a angústia de nunca sa-
ber o que acontecia. Isso não se aplica
apenas a viagens de férias, mas tam-
bém ao “le train-train quotidien” (até
mesmo “rotina diária” soa legal em
francês). Um famoso estudo de Daniel
Kahneman e do falecido Alan Krueger
concluiu que uma das partes menos
agradáveis do dia de qualquer pessoa
era o trajeto da manhã até o trabalho,
com a volta à noite não muito atrás.
O motivo pode ser que a viagem pa-
ra ir ou voltar do trabalho não é só de-
sagradável, mas tensa o suficiente pa-
ra que ninguém consiga se acostumar
com ela. Os viajantes não podem se
dar ao luxo de serem complacentes;
eles precisam ficar sempre atentos às
dificuldades de sua jornada para que
ela não se torne ainda mais penosa.
Nada disso seria novidade para Pete
Dyson e Rory Sutherland, os autores de
um livro delicioso, chamado “Transport
for Humans” (Transporte para seres hu-
manos, sem edição no Brasil). Eles citam
vários estudos para respaldar algumas
ideias óbvias, mas menosprezadas.
Por exemplo, o tempo voa quando
você está viajando, mas se arrasta
quando você está à espera (subjetiva-
mente, 1 minuto de espera parece du-
rar o mesmo que 3 minutos de via-
gem). Um estudo holandês verificou
que viagens em trens limpos parecem
cerca de 20% mais curtas. Não tenho
nada contra trens mais rápidos, mas
operar trens limpos é mais barato e
podemos começar a fazê-lo amanhã.
Dyson e Sutherland argumentam
que os provedores de transporte pre-
cisam tratar da tarefa negligenciada
de explicar o que acontece e tranquili-
zar as pessoas. Quão longa é a fila?
Quanto o trem está atrasado? Se eu
perder esse trem, o que acontece?
Se o Eurostar tivesse dito “desculpe,
você terá de fazer fila por algumas ho-
ras e chegará a Londres com duas ou
três horas de atraso, mas prometemos
colocá-lo em um trem hoje à noite”, o
tempo perdido na fila teria sido mais
fácil de suportar. Em vez disso, nos ex-
plicaram por que a interrupção acon-
teceu, mas não falaram nada sobre as
implicações dela para nós como via-
jantes e, portanto, não tínhamos ideia
do que esperar ou do que fazer.
Pedi uma entrevista ao Eurostar para
discutir por que parecia tão difícil para
os provedores de transporte fornece-
rem informações aos passageiros, mas
EDILSON DANTA/AGÊNCIA O GLOBO
ninguém pôde ser disponibilizado para
responder às minhas perguntas. Pelo
menos eles são consistentes.
Viajantes acham úteis as explicações
mesmo quando não há atrasos. É fácil
eliminar alguns “achismos” nas viagens
com relógios grandes, painéis de em-
barque que mostram contagens regres-
sivas ou simplesmente com informa-
ções sobre de que direção vem o trem.
Também existe a questão do que for-
necer aos passageiros enquanto espe-
ram na estação. Assentos limpos, mesas,
talvez até uma tomada: algumas poucas
coisas desse tipo podem fazer muita di-
ferença. Sem dúvida o espaço nas esta-
ções mais antigas é escasso e caro, mas
seria benéfico se uma pequena fração
do orçamento e da atenção dedicados
às conexões ferroviárias de alta veloci-
dade fosse redirecionada para salas de
espera relaxantes e produtivas.
Enquanto escrevo esta conclusão já se
passaram quatro horas desde que chega-
mos à Gare du Nord e duas horas e meia
do horário em que devíamos ter saído.
Ainda estou à espera, mas estou em um
trem parado. Tenho ar-condicionado (es-
poradicamente), um assento confortável,
eletricidadeeumamesaparameulaptop.
Como resultado, meu humor melhorou
muitíssimo. Parece que há muito mais na
arte de viajar do que simplesmente se
mover.(Tradução de Lilian Carmona) ■
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 5
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No
“G
rupos armados,
capitaneados por
agentes policiais
bicentenário
disfarçados, que
expeliam as mesas legalmente
organizadas, quebravam urnas,
rasgavam cédulas e espancavam
das urnas, paz votantes.” Corria o ano de 1840, o
último ano da Regência, período
durante o qual, desde a
foi exceção Independência, a nação mais esteve
ameaçada. O autor do relato é João
Manuel Pereira da Silva, um filho de
comerciantes de Nova Iguaçu (RJ) que
Ao resgatar os estudara direito em Paris e acumularia
protagonistas da 11 mandatos como deputado.
Nos resgates de seu livro de
engenharia institucional memórias, Pereira da Silva mostrou
do voto, livro mostra que, que, se as rebeliões foram a face mais
visível dessa ameaça, as eleições do
173 anos antes da peleja período demonstraram como a disputa
do presidente do TSE, pelo voto foi a tradução institucional
dessa guerra. Não é por outra razão
Alexandre de Moraes, já que, 200 anos depois, o governo que
se tentava desarmar os mais atacou os alicerces da nação
brasileira tenha escolhido as urnas
eleitores. Por Maria eletrônicas por alvo.
Cristina Fernandes, de O nome dado à disputa de 1840, que
acabaria cancelada pelo imperador, é
São Paulo autoexplicativo, “eleições do cacete”. E
foram assim definidas por Pereira da
Silva: “Empregados públicos são
colocados na dura colisão de optar
entre o sacrifício de sua consciência e o
pão de seus filhos; operários de
repartições públicas, soldados,
marinheiros de embarcações de guerra,
são constrangidos a levar à carga
cerrada, em listas que lhe são impostas,
um voto de que não têm consciência”.
Pereira da Silva é recuperado em
“Eles e o voto” (Távola Editorial, 2022),
do ex-professor da UNB e ex-ministro
do TSE Walter Costa Porto. O livro
poderia ter suas 627 páginas reduzidas
pela metade com o expurgo das
repetições, mas vale pelo resgate dos
personagens da política nacional mais
enfronhados nas tentativas de fazer do
voto o filtro mais fidedigno das
escolhas nacionais.
O primeiro deles é Honório Hermeto
Carneiro Leão, o marquês de Paraná,
contemporâneo de quem Pereira da
Silva diria ser “o homem público que
Maria Cristina Fernandes, jornalista do maior influência havia exercido no
Valor, escreve neste espaço quinzenalmente cenário político desde o ano de 1831”.
Nascido em Jacuí (MG), graduado em
E-mail: mcristina.fernandes@valor.com.br direito em Coimbra, foi juiz antes de
6 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
conquistar seu primeiro mandato de
deputado em 1830. Não tinha domínio
da tribuna, mas era, na definição de
Joaquim Nabuco, “dotado de raro tino
político, de uma disposição prática e
positiva que o fazia observar friamente
os homens, a acumular as pequenas
observações de cada dia, de preferência
a procurar ideias gerais, princípios
sintéticos de política”.
Das observações acumuladas
sobressaíram-se as fraudes e, dos
princípios sintéticos, saiu o sistema
eleitoral, sintetizado na “Lei dos
Círculos”. Em sua experiência como
presidente da província de
Pernambuco, no ano seguinte à Revolta
Praieira (1848), percebera como a
repressão às rebeliões do império
excluía votantes ao bel-prazer dos
governantes de plantão.
Numa circular aos agentes policiais,
173 anos antes da peleja do presidente
do TSE, Alexandre de Moraes, para
proibir o porte de armas para a
categoria de Caçadores, Atiradores e
Colecionadores (CACs), Paraná
ordenou que se desarmassem aqueles
que comparecessem para votar. E
também que se pusessem em liberdade
aqueles que haviam sido recrutados
como votantes. Foi uma medida
precursora da proibição, consignada inclusivo ou infenso a fraudes. Em
no código eleitoral de 1965, da prisão 1880, o deputado baiano José
nos cinco dias que antecedem a disputa Antonio Saraiva, que também
e nas 48 horas que a sucedem. presidiria o Conselho de Ministros,
De volta à política nacional, como excluiu o voto dos analfabetos. A
presidente do Conselho de Ministros, eleição de 1882 seria a primeira em
o marquês de Paraná seria o que os analfabetos ficariam de fora. A
principal formulador da exclusão duraria mais de 100 anos e
implantação dos distritos eleitorais. acabaria com a Constituinte de 1988.
A circunscrição deixaria de ser toda a A alfabetização, na verdade, foi um
província e a disputa eleitoral se critério de exclusão muito mais
daria em “círculos”. severo do que a exigência de renda.
A ideia era aproximar o eleitor de Saraiva manteve a exigência, mas sob
seu representante para equilibrar o um patamar tão reduzido que
mandonismo provincial, mas o Raymundo Faoro avalia que apenas
sistema acabaria sendo visto como os “quase mendigos” estavam
um veneno para a sobrevivência das excluídos. Ele calcula que, em 1872,
minorias. Tampouco coibiu a apenas 10% da população era de
corrupção. “Criou a política de aldeia, votantes, visto que 18,7% eram
a dependência dos deputados dos escravos, 27% eram menores de 25
interesses locais”, diz Costa Porto. anos e 30%, eram mulheres. Dos 25%
Os círculos de Paraná regeram as restantes, excluam-se ainda os que
disputas eleitorais no país por 77 não podiam se alistar como eleitores,
anos, devidamente ignorados pelos como os criados, e tem-se aí um a
que hoje o advogam como panaceia. cada dez brasileiros como eleitores.
Foi seguido por outros reformistas O voto censitário e a exclusão das
sem que o modelo se tornasse mais mulheres só cairia em 1932, com a
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adoção do código eleitoral. Outros
reformistas, como José de Alencar, os
ignoraram, apesar da dedicação à causa
do voto no Brasil. Sua conterrânea e
também escritora Raquel de Queiroz
alerta aos incautos sobre a inclusão de
seu nome entre os estadistas do voto: “A
política é que era seu país, a sua nação
de nascimento. Da política é que ele
teve que fugir e desgarrar-se, para
poder-se entregar à literatura”.
O vezo reformista de José de Alencar
se voltou contra o modelo majoritário.
Sua militância pelo voto proporcional
o levaria, décadas mais tarde, a ser
definido por Wanderley Guilherme dos
Santos, patrono da moderna ciência
política, como “um dos mais
sofisticados teóricos da democracia,
escrevendo no século XIX”.
Ao longo do império, só Machado
de Assis, único dos perfilados do
livro a não exercer mandato,
denunciaria a exclusão das mulheres
das eleições. “Venha, venha o voto
feminino; eu o desejo, não somente
porque é ideia de publicitas notáveis,
mas porque é um elemento estético
nas eleições onde não há estética”.
Sexista? Com certeza, mas 100 anos
atrás parecia mais aceitável do que no
lançamento da chapa Simone Tebet e
Mara Gabrilli, quando o senador Tasso
Jereissati disse que “só o amor e a
docilidade da mulher podem unir o
país”, o presidente do Cidadania,
Roberto Freire, disse que uma chapa de
duas mulheres vai propor que o Brasil
“volte a ter amor” e o senador José Serra
afirmou ter prestado atenção como a
dupla “havia se produzido”.
Numa eleição, como a de 2022, tão
marcada pela religião, Machado de
Assis cai como um visionário. Saraiva
havia proibido a realização de eleições
nas igrejas, salvo na inexistência de
outro prédio público, mas foi Machado
quem denunciou o conluio entre fé e
voto: “Que as procissões saiam às ruas
não há inconveniência palpável; mas
que os comícios sejam convocados para
a igreja, eis o que é arriscado, e em todo
o caso ocioso. Na igreja reza-se,
prega-se, medita-se, conversa a alma
NELSON PROVAZI
com seu criador; as paixões devem ficar
à porta, com todo o seu cortejo de
causas e fins, e os interesses também,
por mais legítimos que sejam”.
Se Machado nunca se aventurou na
caça a votos, Joaquim Nabuco, outro
denunciante das mazelas eleitorais do
Império, o fez com sofreguidão. Sua
militância abolicionista causou-lhe
agruras nas urnas. Na segunda vez em
que tentou se eleger deputado, o
“Diário de Pernambuco”, na seção
“Publicações a pedido”, registrou: “Não
poderia ser reconhecido como
deputado um anarquista do quilate do
sr. Nabuco, depois de uma campanha
eleitoral como esta em que, depois de
expender as mais perniciosas
doutrinas, tais como o aniquilamento
da propriedade escrava e territorial e o
conselho aos comerciantes para
passarem esponjas nos débitos dos
agricultores e abrirem contas, foi
repelido das urnas pela mais patente
derrota que dar se pode”.
A contestação não ficou restrita às
páginas de jornais. Sua filha, Carolina
Nabuco, resgataria os relatos dessa
eleição: “À porta da Matriz de S. José, onde
se havia contado como certo o triunfo de
Nabuco, estava afixado o resultado da
eleição, Portela, 94, Nabuco, 76 (...)
quando se ouvia chegar a onda popular,
lançando vivas a Nabuco. Não havia
polícia. O primeiro movimento dos
mesários foi trancar as portas contra
aqueles que vinham em número tão
superior que nada se poderia fazer para
garantir as urnas (...), Os assaltantes, a
princípio desprevenidos, subiram afinal
armados de facas, cacetes e até
paralelepípedos. O fiscal, major Esteves,
vulgo Bodé, que com seu irmão e um
sobrinho continuava a defender o
recinto, foi mortalmente ferido e o
sobrinho, morto instantaneamente. Os
livros e papeis foram destruídos”.
A investida mais concreta contra esse
estado de coisas só viria mesmo com o
código eleitoral de 1932, por iniciativa de
Getúlio Vargas. Sua ascensão ao poder,
dois anos antes, se deu depois uma
carreira política calcada nas infrações
eleitorais que sobreviveram à mudança
do Império para a República.
Com o código, formulado pelo
deputado Assis Brasil, também gaúcho,
não apenas as mulheres ascenderiam à
condição de eleitoras, como as mesas
eleitorais seriam entregues a magistrados
capazes de assegurar o voto secreto e
inviolável. Vargas estendia para o voto o
conjunto de mudanças que,
conjuntamente com a nova legislação
trabalhista, alcançaria o eleitorado
urbano e daria sustentação política à sua
longevidade no poder.
O código também começaria a pôr
fim ao sistema distrital e instituiria o
voto proporcional para a Câmara dos
Deputados, a ser consolidado com a
Constituição de 1934. Mas a mudança
não era a panaceia. Em discurso de
1935, resgatado por Walter Costa
Porto, o deputado Dorval Melchiades
queixava-se: “....agora, nove meses
depois das eleições de 14 de outubro,
ainda não são conhecidos os
resultados das eleições no Rio de
Janeiro”. Demoraria 87 anos para o
plenário do Tribunal Superior Eleitoral
aplaudir de pé a constatação de que o
país havia se transformado na única
democracia do mundo a apurar e
divulgar os resultados eleitorais no
mesmo dia.
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 7
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REPORTAGEM DE CAPA

A independência
Comemoração do
Bicentenário traz a
oportunidade de
revisar relações
sociais, políticas e
econômicas,
segundo
pensadores. Por
Amália Safatle, para
o Valor, de São Paulo

“Preservação ou
Morte” (2020), do
grafiteiro e ativista
Mundano, em que foi
usada lama de
Brumadinho e tem
como base
“Independência ou
Morte!” (1888), de
Pedro Américo

8 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022

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a que ainda falta

E
DIVULGAÇÃO DE “O SEQUESTRO DA INDEPENDÊNCIA” (COMPANHIA DAS LETRAS)
m seu bicentenário de formação
como nação soberana, que inde-
pendência falta ao Brasil fazer? A
agenda é extensa, mas há poucos
elementos que são determinantes dos de-
mais. Tais elementos criaram traços da
identidade nacional e por isso exigem
imenso esforço para serem alterados, na
avaliação de historiadores e estudiosos do
tema ouvidos pelo Valor.
O Brasil independente nasceu como uma
monarquia escravocrata, calcada nas desi-
gualdades, no patriarcado, no profundo de-
sequilíbrio de forças e na busca de manu-
tenção de privilégios a qualquer custo. Essas
características vieram a definir comporta-
mentos que duram até hoje nas relações so-
ciais, econômicas, políticas e ambientais —
embora 200 anos fossem tempo suficiente
para mudá-los, segundo especialistas. Co-
memorar, palavra de origem latina que sig-
nifica “lembrar juntos”, traz a oportunidade
de revisão, de fazer novas escolhas e corrigir
a rota para os próximos anos.
Nessa revisão, o diplomata Rubens Ricu-
pero, que foi ministro da Fazenda e do Meio
Ambiente no governo Itamar Franco, alerta
para o perigo de se olhar a “fotografia” do
momento em vez do “filme”. “O Bicentená-
rio cai, talvez, no momento mais negativo
possível, em meio a uma crise do processo ci-
vilizatório brasileiro”, diz. “Sou historiador e
não me lembro de outro momento da histó-
ria do Brasil em que tenha havido uma baixa
tão grande de autoestima.” Por isso, ele reco-
menda resistir à tentação de um julgamento
totalizador que seja a síntese de tudo, por se
tratar de um país tão complexo.
No livro “1822” (Globo Livros), o jorna-
lista Laurentino Gomes mostrou como o
país, “que tinha tudo para dar errado, deu
certo por uma notável combinação de aca-
so e improvisação, mas também sabedoria
de alguns responsáveis pela condução dos
destinos nacionais” Ao Valor, ele explica
que esse “deu certo” refere-se às perspecti-
vas da época, não às de hoje.
“De cada três brasileiros, um vivia em re-
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 9
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gime de cativeiro”, diz Gomes. “O medo de
uma rebelião dos escravos tirava o sono da
minoria branca.” Para o jornalista, o isola-
mento e as rivalidades entre as províncias
prenunciavam uma guerra civil, que pode-
ria resultar na fragmentação territorial.
Além disso, o rei Dom João VI havia raspa-
do os cofres públicos ao voltar para Portu-
gal, em 1821, fazendo com que o novo
país nascesse falido.
Hoje, na visão de Gomes, o país está mais
marcado por fracassos do que conquistas,
ao desperdiçar oportunidades de reformas
que poderiam ter sido feitas ao longo des-
ses 200 anos. “O Brasil como nação inde-
pendente falhou em tornar o Estado mais
eficiente, menos burocrático e corporati-
vista.” Faltou garantir educação para todos,
oferecer boas oportunidades à população,
em especial os descendentes de africanos
escravizados, em reduzir a pobreza e em
formar cidadãos capazes de conduzir os
seus próprios destinos em um ambiente de
democracia. Gomes avalia que, apesar de
sua dimensão territorial e seus incontáveis
recursos naturais, o Brasil de 2022 é pobre
e desigual. “A herança da escravidão nunca
foi devidamente enfrentada.”
Tal quadro não resulta de um projeto
fracassado ou incompleto de independên-
cia, na visão da historiadora e cientista po-
lítica Heloisa Starling. “Foi vitorioso o pro-
jeto que esteve na matriz do estado nacio-
nal, voltado a garantir a monarquia e a
manter o latifúndio e a escravidão”, afirma
a professora da Universidade Federal de
Minas Gerais. “Em torno desse projeto de
independência, floresceu uma sociedade
autoritária, hierárquica e racista.”
Starling relata que, já no século XIX, o
abolicionista Joaquim Nabuco criticava a
forma pela qual o Brasil lidava com essa es-
trutura. Nas palavras do jornalista, diplo-
mata e jurista, criou-se uma espécie de
“epiderme civilizatória” que funcionou co-
mo uma “ficção engenhosa de nação”. Por sorte. Sem contar que, antes de negra e afri- transformou todo o território nacional no
não ter enfrentado o tema espinhoso da es- cana, a escravidão brasileira foi indígena. maior agregado político escravista ameri-
cravidão, volta e meia a epiderme se rom- “Em pouco mais de três séculos, os colo- cano”, diz o historiador e cientista político
pe, expondo os traços de violência. nizadores europeus e seus descendentes Luiz Felipe de Alencastro. A extensão da
Não se passaria incólume por quase 400 exterminaram cerca de 3 milhões de indí- diáspora dos africanos não se ateve ao
anos de regime escravista, o perverso co- genas brasileiros, vítimas de doenças, guer- meio rural. Em 1849, no meio urbano, 42%
mércio de almas que supõe a posse de uma ras e invasões de seus territórios”, diz Go- da população do Rio de Janeiro era com-
pessoa por outra. O Brasil, como lembra mes. “Ainda hoje, os indígenas continuam posta por escravizados.
Laurentino Gomes, recebeu ao longo de três sob ataque na Amazônia”, afirma o escri- Quando há escravismo não só no campo,
séculos entre 4,5 milhões e 5 milhões de es- tor, autor da trilogia “Escravidão”. diz Alencastro, a sociedade a todo tempo é
cravos, cerca de 40% do total traficado da Embora não circunscrito ao Brasil, o es- testemunha da truculência. O código crimi-
África para o continente americano. Foi cravismo aqui assumiu características que nal brasileiro transformava em açoite todas
também o país do hemisfério Ocidental que distinguem o país do restante do mundo e as penas de prisão dos escravizados. “Isso
mais resistiu a acabar com o tráfico negrei- moldam a sociedade até hoje. “O Brasil foi significa que a tortura foi legal no Brasil até
ro e o último a abolir a própria escravidão — a única nação independente que praticou 1888, e isso veio dar nessa violência intrín-
abolição que deixou os libertos à própria maciçamente o tráfico de escravizados e seca até os dias de hoje.”
10 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
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O projeto vitorioso de independência ao
qual Starling se refere deu-se à custa de
uma violenta repressão dos movimentos
que vinham da base da sociedade, na leitu-
ra do cientista político Sérgio Abranches.
Ele destaca que a formação do Estado na-
cional foi feita por uma coalizão de forças
dominantes que tinha vínculos importan-
tes com Portugal. Esse processo, além de
ter sido negociado, sem ruptura do relacio-
namento direto com a Coroa Imperial, não
alcançou toda a sociedade. “Já havia no
Brasil colônia uma série de movimentos,
não só em busca da independência, mas
também da República e da democratiza-
ção. Nada disso foi considerado”, afirma.
DIVULGAÇÃO DE “O SEQUESTRO DA INDEPENDÊNCIA” (COMPANHIA DAS LETRAS)
Para Abranches, a repressão política deu
a tônica da história do Brasil toda vez que as
classes populares se mostraram ativas, por
exemplo, na busca do sufrágio feminino, da
abolição, e da ampliação da democracia
brasileira na Primeira República, na Segun-
da, na Terceira (de 1988), até os dias de hoje.
“Sempre há no país um movimento para
tornar passiva aquela parte do povo que es-
tá se tornando ativa e buscando a entrada
no mundo, digamos, institucional.” Segun-
do ele, enquanto o racismo é um modo de
tornar passivo o povo negro, o assédio e o
feminicídio são formas de manter a mulher
em um lugar de subordinação.
“Será impossível dizer que os brasileiros
são totalmente independentes enquanto
houver essas amarras do racismo, da domi-
nância masculina sobre a mulher e da desi-
gualdade, fome e miséria”, diz o cientista
político. “Uma pessoa que precisa lutar a
cada momento do dia para manter-se viva
é completamente prisioneira de um siste-
ma muito duro.” Como resultado, desde a
Independência aos dias de hoje, grande
parcela do povo brasileiro ainda não foi in-
corporada à cidadania plena, impedida
por forças do atraso. Isso se deu por causa
das “meias rupturas” ocorridas ao longo da
história, a começar pela “meia indepen-
dência” acordada com Portugal.
“A rigor, os laços entre brasileiros e por-
tugueses permaneceram estreitos ao longo
de todo o século XIX”, diz Laurentino Go-
mes. Dom Pedro I procurou equilibrar-se
precariamente entre os interesses brasilei-
ros e portugueses, dando a estes uma nova
Constituição que era praticamente uma
cópia da brasileira, outorgada pelo impe-
rador dois anos antes.
Em um país continuamente marcado
por “acordões”, Abranches afirma que todo
movimento voltado a romper com o status
quo termina em um compromisso que ab-
sorve parte dos interesses dominantes. Isso
lembra a frase “Tudo deve mudar para que
tudo fique como está”, do romance “O leo-
pardo”, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa,
à qual a historiadora e antropóloga Lilia M.
Schwarcz remete em seu mais recente livro,
“O sequestro da Independência – Uma his-
tória da construção do mito do Sete de Se- Montagem sobre a
tembro” (Companhia das Letras, 2022), es- tela de Pedro Américo
crito em coautoria com Carlos Lima Junior e a representação do
e Lúcia Klück Stumpf. Congresso Nacional,
Segundo os autores, “a ideia de ter um feita para a
monarca como líder e símbolo da emanci- comemoração do
pação foi ensejada pelas elites agrárias, que Sesquicentenário da
reagiam ao fantasma do desmembramento Independência,
das províncias, à desmontagem da escravi- em 1972
dão e ao surgimento de líderes republica-
nos contrários à simples preservação e ma-
nutenção do status quo”.
Esse passado revestido de presente per-
siste na metáfora do quartinho de empre-
gada e do elevador social, segundo
Schwarcz. “Na construção de um edifício, a
parte mais cara é o elevador, e mesmo as-
sim nos damos ao luxo de ter um elevador
de serviço”, diz. “A arquitetura até hoje re-
produz a casa-grande, com espaço social
amplo e o lugar de serviço sempre com es-
paços diminutos e prejudicados, o que efe-
tiva a lógica da subordinação”, diz, lem-
brando quão recente é a PEC das Domésti-
cas, que só em 2013 reconheceu os direitos
trabalhistas dos empregados domésticos.
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 11
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Para Laurentino Gomes, o Brasil de hoje
é consequência do seu peculiar processo
de construção herdado dos portugueses
ainda no período colonial e perpetuado
após a Independência, em 1822. “Herda-
mos dos portugueses um Estado excessiva-
mente burocrático e cartorial, cujo funcio-
namento é ainda hoje caracterizado por re-
lações de clientelismo e nepotismo.”
“É possível dizer que herdamos de Portu-
gal um sistema escravocrata estruturado e
uma máquina burocrática muito pesada,
com características que mais recentemente
chamaríamos de patrimonialismo, ou seja,
a mistura entre a esfera pública e a esfera
privada”, diz Schwarcz. Mas, ao mesmo tem-
po em que reconhece características da má-
quina colonial presentes até hoje na estru-
tura brasileira, a historiadora refuta o deter-
minismo histórico e a ideia de legado.
“É preciso dizer que o Brasil implemen-
tou um racismo estrutural e institucional
nesses 200 anos de autonomia. Então não é
possível jogar essa conta só nas costas de
Portugal. E a ideia de herança me incomoda
um pouco porque implica certa passividade
da nossa parte”, diz, como se o país não ti-
vesse responsabilidade sobre seus rumos.
Alencastro argumenta que o Brasil inde-
pendente desenvolveu ao menos três carac-
terísticas próprias e distintas de Portugal,
não se podendo “culpar o colonizador”. A
primeira é o escravismo, que difere da escra-
vidão — um sistema ou uma circunstância
em que a propriedade dos escravos é permi-
tida. É o que havia em Portugal, incluindo
africanos, mouros do Norte da África e po-
vos berberes muçulmanos.
Mas nunca em Portugal houve escravismo,
que precisa ser entendido como modo social e
econômico dominante. Mesmo quando se es- A terceira característica que diferencia o pública pelos interesses privados não é algo
tá plantando batata no fundo do quintal, por Brasil, diz, é o federalismo. Enquanto Por- exclusivo da América Latina ou característico
exemplo, o preço da batata está sendo baliza- tugal é um Estado unitário altamente cen- do Brasil. “O que talvez seja característico nos-
do por aquela produzida pelos escravizados. tralizado, o Brasil pratica e preza a autono- so, ao longo do século XX, é um claro desequi-
No Brasil e nas outras regiões escravistas, co- mia dos estados. “Foi a iniciativa dos esta- líbrio entre as partes que disputam o controle
mo Cuba e EUA, tudo dependia do trabalho dos que nos permitiu ter vacinas [contra a da esfera pública”, diz Garcez. “Existe uma
escravizado. “A renda do Estado brasileiro de- pandemia]”, diz Alencastro. concentração de poder muito grande em um
pois da Independência vem do trabalho es- “A apropriação de interesses, recursos, es- segmento muito pequeno da sociedade.”
cravizado. Portugal tinha escravos, mas conti- truturas, instituições por certos grupos De acordo com o historiador, a esfera
nuou produzindo o que existia lá desde o Im- acontece em todas as experiências históri- pública perdeu a capacidade de transfor-
pério Romano. Não virou uma economia es- cas”, diz o historiador Paulo César Garcez mar a sociedade como um todo, deixando
cravista, era uma economia camponesa, de Marins. “A questão é quando essa disputa se de ser caminho de negociação para se tor-
trabalhadores mais ou menos livres.” torna extremamente desigual e sem freios, nar um caminho de autoritarismo. “Temos
A segunda diferenciação, segundo Alen- como no Brasil”, afirma o curador do Museu no Brasil um empobrecimento da esfera
castro, é que Portugal instaurou uma laici- do Ipiranga, que será reaberto na quar- pública e de debates, o que fica muito claro
dade radical. “A implantação da República ta-feira, dia 6 de setembro, depois de dez na nossa experiência parlamentar e na per-
Portuguesa em 1910 confiscou os bens da anos fechado — a antecipação para um dia da de personalidade política dos partidos”,
Igreja e criou uma escola pública laica. A se- antes do Bicentenário foi uma decisão do afirma. “A ideia de partido como clientelis-
paração entre Igreja e Estado foi radical”, governo paulista, de modo a se precaver mo esvazia a República.”
diz. “Se um político brasileiro disser que contra o uso político da celebração. A questão da educação, para Garcez, está
não acredita em Deus, está acabado.” Segundo ele, a contaminação da história na matriz das desigualdades e do desequi-
12 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
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líbrio de forças. “O Brasil colônia nunca te-
ve autorização para abrigar uma universi-
dade, e as elites naquele período estuda-
vam fora”, diz o historiador. Ele explica que
a coroa portuguesa era muito centraliza-
dora, em parte porque Portugal não era
efetivamente muito poderoso e dependia
dos pactos coloniais para que mantivesse o
controle dos territórios. Uma das maneiras
de realizar esse controle era diminuir a cir-
culação de conhecimento.
Em comparação, a Argentina, especial-
mente a partir de 1890, inspirada nos prin-
cípios da Terceira República Francesa, colo-
cou a educação em primeiro patamar de
necessidade de investimento público. “Por
meio de uma decisão das elites, a Argenti-
na erradicou o analfabetismo já logo no
início do século XX. Isso nunca aconteceu
no Brasil”, diz Garcez.
Ao mesmo tempo, o mito da natureza
DIVULGAÇÃO DE “O SEQUESTRO DA INDEPENDÊNCIA” (COMPANHIA DAS LETRAS)
inesgotável moldava a ocupação do territó-
rio. As elites enriqueciam sem grande letra-
mento, sem trabalho árduo, e com a explo-
ração descuidada e predatória dos recursos
naturais. Segundo o historiador ambiental
José Augusto Pádua, professor na Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro, uma das ca-
racterísticas próprias do colonialismo no
Brasil foi contar com um vasto território na-
tural pouquíssimo povoado. Mesmo nas
manchas de maior ocupação, como as exis-
tentes na Mata Atlântica, em 1900 ainda ha-
via cerca de 85% a 90% de matas intactas. Era
um oceano de florestas, mas já com semen-
tes de destruição depositadas.
A primeira delas, segundo Pádua, era a
ideia de fronteira aberta. O Brasil se formou
com um território imenso precocemente já
estabelecido, pois tanto o império espanhol
como o português não tinham condição de
tomar o território um do outro. Nesse am-
“Grito do Ipiranga”
(1976), óleo sobre
tela do artista José
Antônio da Silva
“O Bicentenário cai
no momento mais
negativo possível, em
meio a uma crise do
processo civilizatório
brasileiro”, diz
Rubens Ricupero
plo território brasileiro formado por matas,
campos e cerrados, a natureza parecia infin-
dável. “Documentos da época diziam que
em algum momento tudo aquilo seria civi-
lizado. O progresso chegará nesses lugares
ermos e então vamos conseguir civilizar os
índios e destruir essa natureza excessiva,
que não está sendo útil”, conta Pádua.
As demais sementes de destruição, se-
gundo o historiador, foram o desprezo pe-
los ecossistemas, a desvalorização do traba-
lho humano pelo escravismo e o parasitis-
mo das classes dominantes. “Não havia um
sentimento de nação, de cuidado com a ca-
sa, que é o território. Havia uma ideia de
que, faça-se o que quiser com a natureza, ela
se regenera e dá o que você precisa”, diz. Pa-
ra ele, embora tais características tenham se
originado no colonialismo, o Brasil teve
oportunidades suficientes nesses 200 anos
de se libertar desse tipo de visão.
No Brasil contemporâneo, persiste o
grande dilema: como lidar com um país tão
vasto, heterogêneo e desigual? “Este é o es-
forço da Constituição de 1988”, afirma
Creomar De Souza, cientista político e fun-
dador da consultoria Dharma Political Risk
and Strategy. Para ele, está em jogo neste
momento uma bifurcação.
“Um caminho é o Brasil lidar com essas
características por meio de mecanismos de
centralização para o combate às desigual-
dades”, afirma De Souza. “Outro é dar po-
der aos grupos locais, deixando que os par-
lamentares tenham diálogo direto e a par-
tir dali se construam regras próprias, sem
transparência”, diz, em referência ao cha-
mado orçamento secreto. Ele pondera que
essa é uma disputa que não começa agora,
dado que essas forças estiveram dormentes
ao longo da história.
“A Constituição de 88 é sempre o alvo”,
afirma Luiz Felipe de Alencastro, para
quem a independência que falta ao Brasil
fazer é a defesa da cidadania e das institui-
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 13
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“Foi Portugal
ções, prevista na Carta Magna. “É bom re-
capitular que a Constituinte foi feita no
momento em que o setor mais conserva-

que se tornou
dor estava desorganizado. Foi logo depois
da ditadura, e não houve ali uma transição
bem organizada por parte da direita. Por

independente”
isso a Constituição está na mira de todo o
setor reacionário do país”, diz.
Garcez lembra que historicamente os di-
reitos no Brasil estão associados a uma di-
mensão de privilégio, depois que a popula-
ção ficou dividida por quase 400 anos en- Maria da Paz Trefaut
tre livres e cativos. “Em muitos segmentos Para o Valor, de São Paulo
da sociedade que se estruturaram logo

após a abolição, havia uma sensação de
que a ampliação de cidadania significava
uma perda de poder”, afirma.
Essa é uma questão mal resolvida, e por
isso com tantos reflexos no Brasil de hoje.
Sérgio Abranches defende uma coalizão de
forças que deseje de fato passar a limpo a
história do Brasil e construir um futuro de
maior convívio social. Para Heloisa Starling,
“a história não é destino, e escolhas podem
e precisam ser feitas agora”. Rubens Ricupe-
ro diz que “nosso destino será moldado por
nós mesmos. Escolhas como a das eleições
de 2022 serão decisivas”.
O Palácio do Planalto foi procurado para
comentar pontos desta reportagem, mas
não respondeu até o fechamento da edição.
No Brasil de hoje,
persiste o dilema de
como lidar com um
país tão heterogêneo e
desigual: "Este é o
esforço da
Constituição de 1988",
diz o cientista político
Creomar De Souza
REPRODUÇÃO DO YOUTUBE
B
rasil e Portugal viveram de manei-
ras diferentes o processo de sepa-
ração. Duzentos anos depois da In-
dependência, é o caso de pergun-
tar que projeto de país estava desenhado ou
idealizado em 1822 e o que disso se reali-
zou. Para refletir sobre o tema, o Valor en-
trevistou um historiador de cada país: a bra-
sileira Miriam Dolhnikoff, professora da
Universidade de São Paulo e pesquisadora
do Centro Brasileiro de Análise e Planeja-
mento (Cebrap), e o português Nuno Gon-
çalo Monteiro, professor da Universidade
de Lisboa que já deu aulas na USP . A ideia de
que é hora de os brasileiros assumirem suas
escolhas na construção do país nos últimos
dois séculos, sem imputar automaticamen-
te seus fracassos ao processo de coloniza-
ção, aproxima os dois estudiosos.

Separação
Miriam Dolhnikoff: Ao contrário do
que se pensa, a Independência não foi um
movimento tipicamente nacionalista, mas
fruto de divergências políticas entre a elite
portuguesa e a luso-brasileira. As princi-
pais lideranças, como José Bonifácio de An-
drada e Silva, até o último momento tenta-
ram impedi-la porque se viam como parte
do império português.
Nuno Gonçalo Monteiro: Podemos fa-
zer um exercício provocatório: o que se pas-
sou em 1822 foi de alguma maneira um
processo de independência de Portugal
com relação ao Brasil. Diríamos que o movi-
mento liberal em Portugal se organiza no
rescaldo da ida da corte para o Brasil em
1808 e das invasões francesas. Então 1822
começa em 1820, com o movimento liberal
e a Revolução do Porto. Inicia-se aí a Inde-
pendência, e a revolta é contra uma monar-
quia centrada na figura de Dom João VI no
Rio de Janeiro. Em 1815 muitos do protago-
nistas da Independência não a concebiam
ainda como um horizonte provável.
Independência na prática
14 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Dolhnikoff: Com a vinda da família real
em 1808, aos poucos o Brasil deixou na prá-
tica de ser colônia. Integrava o império, mas
tinha status igual ao de Portugal. Um dos pi-
lares da relação colonial — o monopólio da
metrópole sobre a colônia — deixou de exis-
tir. A famosa abertura dos portos de 1808
foi isso. Até 1820, quando aconteceu a Revo-
lução Liberal do Porto e a corte voltou para
Portugal, o Rio de Janeiro era a sede do im-
pério português, o que tirava um pouco a
necessidade de proclamar a independência.
A ruptura significou a existência do Brasil.
Que país seria esse é algo que estava em
aberto e houve grandes disputas na elite: se
ia ser monarquia ou república e se a escravi-
dão continuaria.
Monteiro: A relação de Portugal com o
Brasil no século XIX é muito complexa. Por-
que na autorrepresentação que os portu-
gueses faziam de si como os conquistadores
do mundo, algo fundamental para compor
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o imaginário colonial, o Brasil foi riscado do
mapa por ter se tornado independente.
Elite
Dolhnikoff: Que país iríamos construir
se parte da população era escravizada e a
outra vivia da exploração violenta? A elite
branca era incapaz de um exercício de cida-
dania. Houve a decisão de preservar a escra-
vidão, o que não foi fácil de sustentar por-
que a Inglaterra pressionava pelo fim do
tráfico negreiro. A elite brasileira resistiu.
Foi uma escolha ativa e de mobilização para
enfrentar uma potência da época.
Monteiro: Tendemos a ser muito críticos
com o pensamento do século XIX, entre outras
coisas porque coexistiu com a desigualdade
social, em particular com a escravidão. Mas de-
vemos nos relacionar com o passado tendo em
conta o contexto em que os atores se situaram.
Escravidão
BRUNO LEÃO/ESTÚDIO EM OBRA/DIVULGAÇÃO
Monteiro: Há uma tendência dos portu-
gueses em não reconhecer a relevância que a
monarquia portuguesa teve na escravidão,
ainda que os súditos do rei de Portugal a prati-
cassem. Nós, historiadores, tentamos nos últi-
mos anos, repetidamente, falar da importân-
cia do tráfico escravo na história portuguesa.
Identidade
Dolhnikoff: Construir um país ou um Esta-
do é criar uma espécie de ficção: a identidade
nacional. Ela é uma construção porque pres-
supõe uma homogeneidade que não existe
em lugar nenhum. O Brasil se construiu, teve
passado, tem presente e futuro. Só não é o que
a gente quer. É uma ficção imaginar que existe
uma identidade que o unifique como um to-
do. Isso se aplica a qualquer país, e temos que
aprender a lidar com isso.
Monteiro: Há 200 anos o Brasil começou a
se ver como um espaço político. Hoje não faz
sentido pensar o país em função de sua relação
com Portugal. São duas histórias com muitas
conexões, mas autônomas. As conexões se
mantiveram durante muito tempo e sofreram
grandes alterações com os fluxos migratórios
de alemães, italianos, libaneses, japoneses.
Herança
Dolhnikoff: Tenho certa resistência a expli-
car o Brasil de hoje pela escravidão ou por ter
sido colônia ou latifúndio. Claro que tudo isso
marcou e marca a história, e o fato de ter sido
um país escravista é absolutamente determi-
nante até hoje. Mas precisamos olhar o que fo-
ram esses 200 anos, e ancorar-se nesses argu-
mentos tira a responsabilidade dos atores. O
que as elites fizeram nesse período? Não era
obrigatório que a escravidão fosse como foi e
marcasse o país dessa forma.
Monteiro: Os grandes intelectuais brasilei-
ros do século XX pensam muito sobre a ascen-
dência portuguesa, imputando à herança
uma espécie de força maléfica. Essa dimensão
existe aliada a uma visão sempre negativa do
catolicismo em comparação com as culturas
protestantes. A escola da USP e de São Paulo é
formada nesse tipo de ideologia. No Brasil há
uma espécie de estigmatização perpétua da
colonização portuguesa, que em muitos as-
pectos pode ser verdadeira e em outros não.
Atribuir tudo o que se passa no Brasil atual a
uma herança remota da colonização é, no li-
mite, um discurso de desresponsabilização e
de culpabilização de terceiros. Não estou a
desvincular a colonização portuguesa da
questão da escravidão e de outras mazelas,
mas há uma enorme simplificação.
Hoje
Dolhnikoff: Entender o Brasil de hoje é en-
“Independência e tender o passado escravista e a independência
Morte” (2022), de da forma como foi feita, mas é também olhar as
Jaime Lauriano, que escolhas ao longo dos anos. No momento da in-
está no 37 o dependência, a escravidão já era objeto de críti-
Panorama da Arte ca acirrada no mundo ocidental. Havia uma opi-
Brasileira, no MAM nião pública na Inglaterra e nos Estados Unido
de São Paulo que se mobilizava e se manifestava ativamente
pelo fim da escravidão por entender que era
uma violência inaceitável. Aqui também. José
Bonifácio escreveu muitos textos com projetos
de lei contra. Dizia que a escravidão tinha que
acabar e que era obstáculo para a construção de
um país e de um estado nacional.
Monteiro: Há cerca de 60 ou 70 anos havia
no Brasil e em Portugal uma população agrá-
ria em sua esmagadora maioria. É bastante ób-
vio que esse fenômeno de urbanização no Bra-
sil teve um resultado catastrófico. A violência
que há hoje nas cidades e também no campo é
consequência disso. A história remota pesa em
muitas coisas, mas não explica nem justifica
tudo o que se passou nos últimos 200 anos.
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 15
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Livros produzem
olhares críticos
sobre a história
Marcus Lopes
Para o Valor, de São Paulo
O
Laurentino Gomes s 200 anos da Independência mo-
lança versão tivaram recentemente os lança-
ampliada de “1822” e mentos de diversos livros que,
Lilia M. Schwarcz é com olhar crítico, jogam novas lu-
uma das autoras de zes sobre a história do Brasil. “O passado
“O sequestro da nos permite entender como chegamos até
independência” aqui, o que somos hoje e quais desafios nos
aguardam no futuro”, afirma Laurentino
Gomes, que lançar uma edição comemora-
tiva e ampliada de “1822” (Globo Livros,
400 págs., R$ 89,90). O livro mostra como
foi o processo de independência em um
país conturbado e que tinha tudo para dar
errado, mas se consolidou como nação.
A nova edição inclui um ensaio da historia-
dora Heloisa Murgel Starling sobre os desa-
fios para o estabelecimento da democracia no
país. “Buscar as raízes históricas, políticas e
culturais a fim de encontrar a rota para um fu-
turo mais democrático no Brasil pode ser o ca-
minho para criar instituições e práticas mais
resilientes e eficazes”, diz trecho do texto de
Starling incorporado ao livro de Gomes.
Professora titular da Universidade Federal
de Minas Gerais, a historiadora também está
lançando, com a roteirista Antonia Pellegrino,
“Independência do Brasil - As mulheres que es-
tavam lá” (Bazar do Tempo, 224 págs., R$
62,90). Foram reunidos textos sobre mulheres
que se destacaram em sua época, como Hipóli-
ta Jacinta Teixeira de Melo, que foi a única mu-
lher a participar de maneira efetiva da Inconfi-
dência Mineira, e Maria Felipa de Oliveira, mu-
lher negra que liderou um grupo de 40 mulhe-
res na Bahia para defender as praias dos solda-
dos da coroa portuguesa, entre 1822 e 1823.
Os novos livros também mostram que a
Independência não foi um gesto isolado de
Dom Pedro I e menos ainda um processo pa-
cífico. “Foi um movimento em gestação que
começou com a Inconfidência Mineira, pas-
sou pela Conjuração Carioca, teve seu mo-
mento emblemático em São Paulo e sangrou
na guerra da Bahia e nas revoltas no Nordes-
te”, diz a historiadora Mary Del Priore, que
destaca o grande número de mortos e feri-
dos nos confrontos, a participação dos ne-
gros escravizados e a falta de estratégia nos
grupos participantes das lutas.
16 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
EDILSON DANTAS/O GLOBO
Novos livros também
mostram que a
Independência não
foi um gesto isolado
de Dom Pedro I e
menos ainda um
processo pacífico
Segundo Del Priore, “não se lutava pela inde-
pendência; lutava-se por liberdade, palavra que
era música aos ouvidos dos cativos, dos comer-
ciantes interessados em transações diretas com
a Europa, dos senhores de terra endividados e
dos adeptos do liberalismo inglês”, diz a autora
de “A viajante inglesa” (Editora Vestígio, 224 pá-
ginas, R$ 59,80). O livro conta a história de dois
ingleses, Maria Graham e Thomas Cochrane,
que estavam no Brasil na época dos aconteci-
mentos que cercaram a Independência — ela co-
mo funcionária do Palácio de São Cristóvão, on-
de presenciou o sofrimento da imperatriz Leo-
poldina, e ele um oficial da Marinha britânica.
“São vozes que presenciaram os acontecimentos
ao vivo, em contraposição a documentos que
noscontamposteriormentecomoosfatossede-
senrolaram”, diz Del Priore.
As crises políticas derivadas de crises eco-
nômicas, fenômeno comum em diversos
países até hoje, são abordadas em “Adeus,
senhor Portugal” (Companhia das Letras,
416 págs., R$ 99,90). “Só fomos capazes de
relacionar uma severa crise fiscal à Indepen-
dência do Brasil porque somos pesquisado-
CLAUDIO BELLI/VALOR
res do início do século XXI, com a vantagem,
digamos, da experiência: conhecemos o im-
pacto de sucessivas crises fiscais ao longo do
século XX”, diz Rafael Cariello, autor do livro
ao lado de Thales Zamberlan Pereira.
Já em “O sequestro da independência”
(Companhia das Letras, 378 págs., R$ 99,90) há
uma reflexão sobre como fatos e imagens his-
tóricas, entre elas a tela de Pedro Américo que
retrata o grito da Independência dado por
Dom Pedro I, reforçam o personalismo dos go-
vernantes, em detrimento do papel exercido
pelo povo nos diversos momentos históricos
do país. “É o protagonismo do imperador em
detrimento do protagonismo da própria na-
ção”, diz uma das autoras, Lilia M. Schwarcz.
“Houve luta, batalhas, participação de mu-
lheres, negros e indígenas nesse processo de
independência. Mas a história era escrita pela
elite, que não se interessava em dar visibilida-
de aos invisíveis”, afirma o pesquisador Paulo
Rezzutti, que está lançando “Independência: a
história não contada” (LeYa Brasil, 320 págs.,
R$ 65). O livro parte de um episódio pouco co-
nhecido que ilustra o descaso com a nossa
memória: a coroa de Dom Pedro I, tida como
perdida por décadas, quase foi derretida pela
Casa da Moeda, em 1943, em meio a outras
peças de ouro sem valor histórico. “Quem co-
nhece o seu passado está menos propenso a
repeti-lo”, diz Rezzutti, que também lança um
box com edições ampliadas de “D. Pedro” e “D.
Leopoldina” (LeYa Brasil, 960 páginas, R$
220). “O brasileiro precisa conhecer melhor a
sua história para entender os seus problemas
endêmicos e resolvê-los.”
A pesquisa de Rezzutti traz um detalhe im-
portante, alvo de antiga controvérsia. Com
base em documentos, ele afasta a hipótese de
que Dom Pedro I tenha morrido de sífilis — o
monarca morreu de turberculose.
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Minissérie resgata personagens apagados
Eduardo Magossi
De São Paulo
A
história de uma nação é construí-
da por meio de representações
de fatos históricos selecionados
por um viés econômico e político
que decide o que deve ser lembrado e o
que deve ser cancelado. O que realmente
aconteceu nunca foi prioridade. No Brasil,
não foi diferente. E são essas veredas apa-
gadas de nossa história que o diretor Luiz
Fernando Carvalho pretende resgatar com
“Independências”, minissérie que estreia
no dia 7 de setembro, na TV Cultura.
Carvalho — responsável por marcos da TV
brasileira como as séries “Hoje É Dia de Maria”
e “A Pedra do Reino” — pretende, com a série,
dar voz a personagens e eventos esquecidos
pela história hegemônica europeia e a revisão
já a partir do título, no plural. “É uma falácia
falar em independência a partir de um único e
oficial Grito do Ipiranga. Foram muitos os he-
róis e heroínas que lutaram por um projeto de
nação mais livre e igualitário”, disse o diretor
ao Valor, enquanto terminava a edição dos 16
episódios que serão transmitidos semanal-
mente até dezembro.
Carvalho vê um espelhamento trágico do
século XIX com o Brasil de hoje. Para o diretor,
o que a série apresenta não é uma reconstitui-
ção do período. Ela vai na contramão radical,
mostrando, por meio de fragmentos, o que
nós podemos ser como potência e força se
reunirmos todos esses saberes e culturas que
foram postos à margem em função de um mo-
delo civilizatório europeu e colonialista. “No
lugar desse entrelaçamento de culturas e po-
tências, foi construído no Brasil um imenso
apagamento de possibilidades, privilegiando
a cultura hegemônica da civilização branca
europeia”, diz. “É um país que se desperdiça.”
O objetivo de Carvalho é propor com a série
uma reflexão sobre a falência do projeto hege-
mônico e, ao mesmo tempo, afirmar a possi-
bilidade real e vívida de acessarmos as diver-
sas potencialidades que o país nos apresenta
diariamente. “Nós não estamos diante de uma
ruína, como dizem muitos”, afirma Carvalho.
“Nossa tragédia é não conseguirmos enxergar
as diversas possibilidades e não reconhecer a
importância dos povos originários e da cultu-
ra africana. Não os aceitamos inseridos em
uma concepção de país, da qual sempre fo-
ram e serão os verdadeiros protagonistas.”
Estrelada por Walderez de Barros, como D.
Maria I, Antonio Fagundes (Dom João VI), Da-
niel de Oliveira (Dom Pedro I) e Maria Fernanda
Cândido (Maria Graham), a série segue a família
real portuguesa desde sua chegada ao Brasil em
1808atéamortedeDomPedroI,em1834.Escri-
ta por Luis Alberto de Abreu e com texto final e
direção de Carvalho, a obra contou com vários
consultores, como a historiadora Ynaê Lopes
dos Santos (autora do livro “Racismo no Brasil:
umahistóriadaformaçãodopaís”),osescritores
Kaká Werá Jecupé e Cidinha da Silva, o filósofo e
músico Tiganá Santana e o professor de quim-
bundu Niyi Monanzambi.
“No meu modo de ver, a série é um trabalho
atual, não de época”, diz Carvalho. “Nosso pre-
sente está repleto de passado. Me parece fun-
damental fazermos essa ponte entre nossas
fundações e os desdobramentos que ocorre-
ram nos séculos seguintes.” Para Carvalho, o
século XIX deu início a avanços e tragédias que
perduram até hoje. Segundo ele, a história do
Brasil sempre foi contada de forma romantiza-
da, quando, na verdade, é marcada por golpes
e genocídios que precisam ser iluminados.
“Nunca aprendi tanto sobre o país”, afirma.
Carvalho explica que, para contar essa histó-
ria, foi feita uma escavação em busca do passa-
do,reencontrando fantasmasnas salas do impé-
rio: colonialismo, violência social, autoritarismo
e escravidão. “Fantasmas que, infelizmente, ain-
da se manifestam no presente como prática ar-
raigada”, ressalta. “Sem a reflexão sobre a cons-
tante atualização do colonialismo histórico e
suas estruturas de poder, vejo como uma falácia
pensarmos a ideia de um futuro”, diz o cineasta.
“Dom Pedro era herói mesmo?”, questiona.
Ao tentar responder essa questão surgem ou-
tros personagens, saberes, levantes, gestos. “E o
painel de país vai sendo construído pelas histó-
rias de Maria Felipa, Chaguinhas, Leopoldina, os
irmãos Bonifácio, Gonçalves Ledo, Maria Quité-
ria, Frei Caneca, entre tantos outros heróis”. Para
contar todas essas histórias, Carvalho optou por
uma cenografia minimalista, onde todos os per-
sonagens ocupam o mesmo espaço físico. “Há
uma negação do cenário descritivo, da hierar-
quiadeclassesedareconstituiçãohistórica,que,
em si, já traz no seu bojo uma quantidade enor-
me de clichês.” A série foi gravada em um espaço
circular, chamado de Cosmograma, construído
sobre o tablado onde os atores ensaiaram du-
rante quatro meses. “É uma estética da urgência,
em que o importante é a mensagem e a imagi-
nação. É a partir delas que se dá a reflexão.”
Embora a série estreie no dia do Bicentenário
da Independência, Carvalho não vê motivos pa-
ra comemorar. “A ideia de independência e até
mesmo de nação me parece incompleta”, diz.
“Por todas as regiões do país, milhares de brasi-
leiros lutaram e morreram, como os rebeldes da
Revolução Pernambucana, os heróis comuns as-
sassinados da Batalha do Jenipapo e os revolu-
cionários da independência da Bahia”, relata,
destacando alguns movimentos apagados da
história do país. O diretor também pretende ilu-
minar a participação fundamental da impera-
trizLeopoldinanoprocessodaIndependência,e
a ligação da família real com traficantes de es-
cravos. “A construção política baseada no jogo
de interesses que ainda hoje determina os cami-
nhos do país já estavam presentes nas relações
entre a família real e a elite da época, a começar
pelo palácio da Quinta da Boa Vista, que foi doa-
do a Dom João por um dos maiores traficantes
de escravizados do início do século XIX.” ■
DIVULGAÇÃO
‘Foram muitos os
heróis e heroínas que
lutaram por um
projeto de nação mais
livre e igualitário’, diz
Luiz Fernando
Carvalho, de
‘Independências’
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 17
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À MESA COM O VALOR - THIAGO BERNARDES
Portrásdeprojetosousadosemilionários,comohotéisdoFasano,ele
demorouaabraçaracarreira,apesardafamíliaqueincluiolendário
SérgioBernardes.PorDanielSalles,paraoValor,deSãoPaulo
Sangue de
arquiteto
“V
ocê está achando que vai ga-
nhar o prêmio Pritzker com o
meu dinheiro?”, perguntou o
cliente, aos berros, quando
entendeu o projeto que o arquiteto Thiago
Bernardes lhe estava propondo. “Com o
meu dinheiro não vai não, isso aqui é para
eu viver.” Teatral, o tal cliente estava brin-
cando ao mencionar o “Oscar da arquitetu-
ra” — daí a gargalhada que sua fala provo-
cou em Bernardes —, mas também deixan-
do bem claro que não queria uma casa tão
fora do comum.
A proposta era de um imóvel parecido
com um disco voador, que daria a impres-
são de flutuar sobre o terreno, bem inclina-
do. Tudo para deixar a paisagem o mais in-
tocada possível — estamos falando do lito-
ral da Bahia. “De vez em quando fazemos
propostas meio malucas”, conta o arquite-
to no início deste “À Mesa com o Valor”.
“Mas poucos clientes topam.”
O cliente que encomendou a casa na Ba-
hia queria algo mais convencional, en-
quanto o dono de um terreno na Cidade
Jardim, em São Paulo, queria o oposto. E
chegou com um pedido inesperado: uma
casa que não fosse parecida com as demais
18 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
obras do arquiteto. “As pessoas costumam
entrar nos seus projetos e já concluir de
quem é a autoria”, justificou o cliente.
Bernardes entendeu como elogio. “Adoro
quando pedem algo novo”, afirma. “É música
para os meus ouvidos.” Para esse outro cliente,
projetou uma casa triangular assentada sobre
duas duplas de paredes. Foi aprovada logo de
cara. Privilegia o concreto aparente, solução
que Bernardes geralmente não usa, e quase
não se vale de madeira, material que costuma
abundar nos projetos do arquiteto.
“A maioria dos clientes chega com ideias
preconcebidas”, observa. “E alguns chegam e
dizem que já sabem como vai ser o projeto.
Não respondo dessa forma para eles, mas co-
mo podem saber se ainda nem eu sei? A boa
arquitetura parte da discussão e não da impo-
sição. Às vezes o que faz mais sentido é o opos-
to do que está sendo pedido, embora eu tam-
bém possa ser convencido de que a ideia do
cliente realmente é a melhor.”
Para Bernardes, os melhores projetos cos-
tumam ser aqueles que encontram mais di-
ficuldades pelo caminho. “Em geral, termi-
nam sendo os mais interessantes”, afirma.
“E as dificuldades podem ser impostas tan-
to pela geografia do terreno como pelo ta-
manho dele, a orientação do sol ou o sonho
dos clientes.” Se um deles pede um banhei-
ro todo de mármore de Carrara, por exem-
plo, o arquiteto não costuma criar caso.
“Mesmo que usar esse tipo de pedra não fa-
ça o menor sentido no Brasil.”
Bernardes conta que cabe a um de seus
sócios, Nuno Costa Nunes, a chefia de três
departamentos do escritório — administra-
tivo, financeiro e comercial. “Essa vontade
de criar novas soluções o deixa louco, por-
que cabe a ele equilibrar o tempo da equipe
com os desafios assumidos”, entrega Ber-
nardes. “O Nuno costuma dizer: ‘Pô, não dá
para fazer nada igual?’ Mas a verdade é que,
na maioria das vezes, não dá para ‘tirar uma
ideia da prateleira’”. Algumas soluções, no
entanto, costumam ser replicadas. “Mas fico
aflito quando elas se repetem demais.”
Nunes é a primeira pessoa com quem con-
versam os interessados em contratar Bernar-
des. “Na maioria das vezes, basta um papo pa-
ra descobrir se eles realmente estão atrás de
boa arquitetura ou se só estão de olho no no-
me do escritório”, diz. Ele pede para Nunes fil-
trar a turma que chega com o segundo objeti-
vo. “Porque muitos de nossos projetos estão
sendo vendidos por preços inimagináveis.”
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Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 19

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GALERIA O endereço do almoço é a Taberna 474, no
DIVULGAÇÃO Jardim Paulistano, em São Paulo. Praticamen-
te lotada na hora que o encontro começa —
13h de uma quarta-feira gelada de agosto —,
ela pertence a um cliente de Bernardes, o Ipe
Moraes. Tanto a filial carioca da rede do res-
taurateur, a Adega Santiago, quanto a unida-
de que está prestes a abrir, no CJ Shops, em São
Paulo, foram projetadas pelo escritório do en-
trevistado, o Bernardes Arquitetura.
Já a Taberna 474 leva a assinatura do ar-
quiteto e designer Carlos Motta, de quem
Bernardes agora é inquilino. Explica-se:
desde 8 de agosto, a sede do Bernardes Ar-
quitetura funciona em um imóvel de tijoli-
nhos, na Vila Madalena, que foi projetado
Thiago; seu avô, Sérgio; e seu pai, Cláudio, todos arquitetos por Motta e pertence a ele. A construção,
DIVULGAÇÃO que o entrevistado leva a reportagem para
conhecer assim que o almoço acaba, foi in-
teiramente reformada por dentro.
Colada ao Beco do Batman, praticamente
não tem divisórias, tirando as que delimi-
tam as salas de reunião, por exemplo. “Eu
chego lá e fico emocionado de ver todo
mundo trabalhando junto, depois de tan-
tos meses de pandemia”, afirma. “Parte dos
funcionários eu só conhecia virtualmente.”
A sede antiga funcionava num imóvel no
Jardim Europa projetado pelo ucraniano Gre-
gori Warchavchik (1896-1972), o “pai” da ar-
Entre os sócios da Bernardes Arquitetura quitetura moderna no Brasil. Com a nova sede
DIVULGAÇÃO pronta, suspendeu-se o aval para o trabalho
remoto, que vigorava até há pouco. “Alguma
flexibilidade vai voltar a existir, mas está na
hora de trabalhar todo mundo juntos.”
Assim como outros escritórios de arqui-
tetura incensados, o de Bernardes nunca te-
ve tanto trabalho como na pandemia. De
2020 para cá, cresceu perto de 40% em fatu-
ramento e contratou cerca de 50 funcioná-
rios — hoje a equipe soma por volta de 130
pessoas. A maioria delas dá expediente na
sede paulistana, e o restante se divide entre
o escritório carioca, no Jardim Botânico, e o
de Lisboa, nos arredores do Bairro Alto.
Edifício Pascoal Vita, da parceria com a incorporadora Idea!Zarvos Pessoalmente, Bernardes é favorável ao
ANA BRANCO/AGÊNCIA O GLOBO trabalho remoto. “As chamadas de vídeo fa-
cilitaram muito o dia a dia do escritório”, ar-
gumenta. “Antes da pandemia, ninguém sa-
bia usar ferramentas como o Skype, contra
o qual os clientes tinham o maior precon-
ceito. Agora, graças ao Zoom e companhia,
me reúno com eles a distância e não preciso
viajar tanto. Vivi mais de 20 anos na ponte
aérea Rio-SP, viajando toda semana.”
Com Daniel Gorin, Na prática, ele mora em São Paulo — ho-
proprietário, e je num apartamento nos Jardins — desde
Roberta Sudbrack, 2012, quando fundou o Bernardes Arquite-
chef do hotel tura. Mantém também uma base no Rio de
Arpoador Janeiro, onde nasceu há 47 anos, e uma ca-
bana, projetada por ele, no Saco do Ma-
20 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
manguá, em Paraty. A cada 10 ou 15 dias,
costuma se isolar nesse último endereço,
onde só se chega de barco.
“Não deveria falar isso, mas meu sonho é
virar um eremita”, afirma ele, pai de um
menino de 12 anos e outro de 10. “Queria
ser alguém cujo rosto as pessoas nem sa-
bem como é. Continuaria trabalhando,
mas sem ter muita relação com os clientes.
Sempre fui meio bicho do mato”.
De tênis branco, calça preta larga, camise-
ta da mesma cor e suéter cinza, o arquiteto
veio desacompanhado. Habitué da Taberna
474, ele propõe, assim que lhe entregam um
cardápio, o ceviche da casa como entrada
compartilhada — o prato mescla salmão e
peixe branco, cebola-roxa, batata doce em
cubos, coentro e leite de tigre. A proposta é
aceita, assim como a da porção de queijo
manchego acompanhada de torradas.
Quando é instado a escolher o prato
principal, diz que vai pedir um bacalhau.
Mas acaba batendo o martelo no polvo do
chef, guarnecido de espinafre, batata, to-
mate-cereja e aspargos. Tudo que bebe é
uma água com gás, que chega na mesma
hora que o couvert, composto de azeitonas
temperadas e amêndoas torradas. Quando
o garçom aparece com o cardápio de so-
bremesas, comenta que todas elas “são
boas demais”. Mas não pede nenhuma.
“Vou querer só um café.”
Antes de a conversa engrenar, ele quer
saber quem já foi entrevistado no “À Mesa
com o Valor”. Com um dos mais recentes,
Constantino Bittencourt, sócio-diretor do
grupo Fasano, o arquiteto tem enorme in-
timidade. São primos de segundo grau e
parceiros de surfe, quando as atribuladas
agendas permitem.
Dos nove hotéis Fasano em atividade, dois
levam a assinatura de Bernardes. O mais re-
cente deles é o de Belo Horizonte, cuja torre,
revestida com chapas de alumínio vazadas,
contrasta com os tijolinhos aparentes da base
e da construção anexa. O primeiro hotel, o de
Angra dos Reis, foi projetado quando Bernar-
des era sócio do arquiteto carioca Paulo Jacob-
sen, mais conhecido como Cecedo.
Desfeito em 2012, o escritório da dupla
funcionou por dez anos. Foi lá que nasceu
uma das construções mais arrojadas do Rio
de Janeiro, o Museu de Arte do Rio (MAR),
que integra o palacete Dom João VI, tomba-
do, e o edifício vizinho, de estilo modernis-
ta, originalmente um terminal rodoviário
— uma enorme laje ondulada, suspensa por
pilotis, une as duas construções.
“A parceria com o Jacobsen foi maravilhosa
durante muito tempo”, diz Bernardes. “Mas a
partir de um momento eu não quis mais ficar
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preso a uma única parceria criativa, e é por is-
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR

so que eu tenho oito sócios hoje em dia.” Ele

afirma que a antiga sociedade chegou ao fim
amigavelmente e que tanto sua carreira como
a de Cecedo deslancharam após o desenlace.
“Foi legal para os dois”, resume.
A união teve início após a morte do pai do
entrevistado, o arquiteto Cláudio Bernardes
— que era sócio de Jacobsen e filho de um
dos maiores nomes da arquitetura brasilei-
ra, Sérgio Bernardes, que morreu em 2002,
aos 84 anos. Cláudio partiu um ano antes,
em um acidente rodoviário, aos 52. “Quan-
do meu pai morreu, muitos clientes dele me
procuraram”, relembra o arquiteto. “E daí
eu e o Cecedo resolvemos nos unir.”
Responsável por edificações célebres, co-
mo a Feira de São Cristóvão, no Rio de Janei-
ro, e o hotel Tambaú, que parece ter sido en-
terrado em uma praia de João Pessoa, Sérgio
Bernardes era tão conhecido nos anos 1950
como o amigo Oscar Niemeyer (1907-2012).
“A estrutura do Niemeyer é linda, mas o viver
e o conforto têm mais a ver com o Sérgio Ber-
nardes”, diz Ivo Pitanguy (1923-2016) no
documentário “Bernardes”, de 2014. O cirur-
gião plástico morou em uma casa projetada
por Sérgio por mais de meio século. atuação de profissionais como ele estava ma. Justifica o desfecho de sua passagem por “Hoje eu enxergo as
No documentário, dirigido por Gustavo praticamente limitada à arquitetura de in- uma delas com a seguinte frase: “Tinha um vantagens de ser
Gama Rodrigues e Paulo de Barros, Thiago se teriores. “Ninguém contratava muito na- botequim maravilhoso na frente”. filho e neto de
debruça sobre a trajetória do avô. “O filme me quela época”, lembra Thiago, o filho do Com um portfólio que também inclui o arquitetos, mas no
ajudou a entender quem ele foi como arquite- meio (ele tem duas irmãs, e a mais nova é só- projeto do hotel Arpoador, entre vários ou- começo eu só via
to e um pouco mais da relação dele com o cia dele). Dificuldades à parte, o pai con- tros, ele voltou para a Santa Úrsula há uns desvantagens”, diz
meu pai”, diz o neto, que assina o argumento quistou clientes ilustres e endinheirados, cinco anos. E por insistência de um amigo, Thiago Bernardes
da obra. A artista plástica Mana Bernardes, como José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o diretor da universidade em Botafogo. “Ele
prima dele, expõe na obra um hábito do avô Boni, e o empresário Jorge Paulo Lemann. pediu meu histórico universitário e disse
que hoje em dia provavelmente lhe traria pro- Um de seus projetos iniciais foi de sua pri- que ou eu concluía o curso naquela altura
blemas. “Ele só contratava estagiário que fi- meira casa própria, em Angra dos Reis. Só ti- ou não ia dar mais, pois o currículo ia mu-
zesse cafuné nele”, afirma. Outro marco da nha 36 m2 e cortina de miçangas separando dar”, recorda. “Daí fiz um exercício de hu-
carreira de Sérgio é a casa que projetou, em o banheiro do resto da casa. mildade e voltei para a faculdade por quase
Petrópolis, para a arquiteta francesa Lota de Thiago Bernardes cresceu em meio a ma- um ano e meio, embora não todo dia. Mor-
Macedo Soares (1910-1967). quetes, pranchetas e mapas, mas não se entre- ria de medo da maneira como seria tratado,
Afável e sedutor são dois adjetivos usa- gou à arquitetura logo de cara. Antes de abra- mas foi uma experiência maravilhosa.”
dos com frequência para descrever o avô çar a profissão, trabalhou por um ano como Bernardes fala baixinho, o que o burburi-
do entrevistado. Reza a lenda que certa vez assistente do fotógrafo Luiz Garrido. “Tentei nho das mesas ao lado deixa mais evidente,
Sérgio teve a casa assaltada e, na base da fugir da arquitetura, mas, no fim, acabaria e tem o hábito de divagar ao longo de uma
conversa, convenceu o bandido a só levar desperdiçando a cultura que eu tive”, afirma. resposta ou outra. “Não juntei lé com cré
as peças que adoraria ver bem longe. “Ra- Demorou, no entanto, para se sentir à vontade nessa resposta, não é?”, diz, depois de dis-
paz, leva essa escultura aqui que eu acho com o próprio sobrenome, que omitia no iní- correr longamente sobre a rápida e intensa
horrorosa, embora os parentes da minha cio de carreira. “Hoje eu enxergo as vantagens verticalização que está redesenhando vá-
esposa gostem muito”, teria dito. de ser filho e neto de arquitetos, mas no come- rios bairros da capital paulistana — a per-
No fim dos anos 1960, Sérgio aceitou tra- ço eu só via desvantagens”, afirma. “Me sentia gunta era sobre como as incorporadoras
balhar para o governo militar, que enco- criticado e julgado o tempo todo.” podem melhorar ou piorar as cidades.
mendou a ele, por exemplo, o mastro da Com aproximadamente 30 anos de carrei- “Se sairmos lá fora agora, veremos na di-
Praça dos Três Poderes, inaugurado em ra, ele só se formou em arquitetura há uns reção de Pinheiros uns 12 prédios gigan-
1972. “Quando os militares concluíram que quatro anos. Iniciada na juventude, sua for- tescos em construção”, começa a respon-
a intenção dele ia além da arquitetura, can- mação na área começou na Universidade Fe- der. Depois conta que o Bernardes Arquite-
celaram todos os contratos, e ele acabou fa- deral do Rio de Janeiro (UFRJ), abandonada tura assina o layout de dois andares do no-
lindo por isso”, diz o neto. em virtude de greves recorrentes, e depois vo espigão do largo da Batata. Serão ocu-
Já o pai de Thiago, Cláudio Bernardes des- continuou na Estácio de Sá e na Santa Úrsula, pados por um escritório de advocacia que
pontou no fim dos anos 1980, quando a das quais ele também não saiu com o diplo- solicitou ambientes que estimulem os fun-
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 21
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cionários a dar adeus ao home office. “Esse
projeto tem uma atmosfera parecida com a
de uma casa”, explica, para enaltecer, em
seguida, o clima de trabalho da nova sede
de seu escritório em São Paulo.
Bernardes conclui sua fala dizendo que os
prédios de uso misto e as fachadas ativas,
aquelas que preveem unidades comerciais
no nível da rua, como farmácias e cafeterias,
contribuem para o dia a dia das cidades, pois
favorecem a circulação a pé. “As veias de São
Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo, estão
completamente entupidas”, afirma, referin-
do-se ao excesso de carros nas ruas.
Hoje em dia, parte considerável da equipe
do arquiteto desenvolve exclusivamente pré-
dios. “Nunca quis que o escritório ficasse asso-
ciado só a projetos de casas ou a uma única es-
tética”, diz. “Queria mostrar que temos capaci-
dade para atuar em várias escalas.” As enco-
mendas maiores — que brotaram na esteira
da inauguração do Museu de Arte do Rio —
vieram acompanhadas de novos desafios, diz.
“O escritório precisou ganhar expertise em le-
gislação de prédios e aprender a trabalhar nu-
ma outra velocidade, pois nesse segmento tu-
do acontece muito rápido.”
Acertar-se com as construtoras e incor-
poradoras é outra questão. “Para muitas
dessas empresas, arquitetura é só uma pla-
nilha de Excel que precisa ser cumprida”,
reclama ele, que diz ter desistido de erguer
vários prédios por causa disso. “Já apresen-
tei projetos para incorporadores que se-
quer olharam o que eu estava propondo.
Só queriam saber dos custos. Alguns gas-
tos, no entanto, podem se traduzir em ga-
nhos enormes, inclusive financeiros, que
essas planilhas não apontam.”
Bernardes vê com bons olhos iniciativas co-
mo a da incorporadora Idea!Zarvos, controla-
da pelo empresário Otavio Zarvos, que só re-
corre a arquitetos badalados — de Isay Wein-
feld a Marcio Kogan. “Ela abriu um novo cami-
nho para a arquitetura de grande escala no
Brasil”, diz. Os incorporadores do Rio de Janei-
ro que estão apostando agora em prédios
mais arrojados, acredita, inspiraram-se na tra-
jetória da Idea!Zarvos, fundada em 2005.
Dos mais de 30 edifícios da empresa de
Zarvos que estão na fase de projeto ou em
obras, três levam a assinatura de Bernar-
des. O mais adiantado, já inteiramente
vendido, situa-se na rua Pascoal Vita, no Al-
to de Pinheiros, a poucos metros da praça
do Pôr do Sol. São apenas 12 apartamen-
tos, os menores com 319 m2 e os maiores,
com 443 m2 — estes saíram por mais de R$
12 milhões. Destaca-se pela estrutura me-
tálica que organiza a fachada e pelas florei-
ras, com direito a sistema automático de ir-
22 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
Em menos de uma semana, apartamentos de até R$ 10 mi no Rio foram todos vendidos, diz Bernardes
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
rigação, que contornam praticamente to-
do o perímetro de cada andar.
Um dos últimos projetos de Bernardes
no Rio de Janeiro, o Atlântico Bait, está sen-
do erguido no último terreno vago da ave-
nida Atlântica, que margeia a orla de Co-
pacabana — no passado, anunciou-se que
o espaço ganharia um empreendimento
assinado pela arquiteta iraquiana Zaha Ha-
did. O residencial projetado pelo entrevis-
tado terá 50 apartamentos. “Tudo foi ven-
dido em menos de uma semana”, diz. As
Cardápio
unidades, que variam de 60 m2 a 305 m2, Taberna 474
foram oferecidas por até R$ 10 milhões.
Quando o almoço se encaminha para o Couvert (azeitonas 2 27,80
fim, Bernardes diz que a boa arquitetura não temperadas e amêndoas
torradas)
é sinônimo, necessariamente, de somas vul-
Bacalhau desfiado com 1 98,00
tosas. “Não depende apenas de materiais ca- creme de leite, parmesão,
ros”, diz. Em defesa da tese, ele tirou do pa- farinha de rosca e batata
pel, em parceria com a construtora Laer En- gratinada
Ceviche de peixe branco e 2 112,00
genharia e um casal de empresários, a Casa
salmão (com cebola-roxa,
Pipa. Entregue em 2018, está localizada na batata doce em cubos,
Fazenda Boa Vista, no interior de São Paulo. coentro e leite de tigre)
Trata-se de uma casa de 500 m2 formada Polvo do chef (preparado na 2 256,00
chapa, chega à mesa com
por módulos, mantidos alguns centímetros espinafre, tomate-cereja,
acima do solo. Tudo para aumentar a vida aspargos e batata)
útil da estrutura, de madeira — laminado de Porção de queijo manchego 2 117,00
eucalipto, para ser exato. “Optamos por um com torradinhas
material contra o qual ainda há muito pre- Café expresso 2 18,00
conceito no Brasil, mas que faz com que a Água com gás 3 27,00
obra leve apenas quatro meses e torna o Subtotal - R$ 655,80
processo construtivo limpo.” A meta é cons- Serviço - R$ 81,86
truir outras casas do tipo e vendê-las em se- Total R$ 737,66
guida. É uma das poucas ideias que Bernar-
des quer “tirar da prateleira”. ■
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Semelhanças
DIVULGAÇÃO
braço, é mais ainda quando se está viajan-
do para fora do país. Embora não se possa
ignorar o atrativo de comprar garrafas por

entre pianos
um preço inferior (em média um terço) às
mesmas disponíveis no Brasil — a carga tri-
butária média incidente sobre uma garrafa

e vinhos
A experiência de comprar
o instrumento e a bebida
depende de alguma
sensibilidade e muita
vontade de desenvolvê-la.
Por Jorge Lucki
Jorge Lucki escreve neste
espaço semanalmente
E-mail:
Colaborador-jorge.lucki@valor.com.br
A brasileira Marina Giuberti conseguiu sucesso com suas duas lojas em Paris
Poucos livros me remeteram às me-
lhores imagens sobre vinho como “A loja
de pianos da Rive Gauche” (Editora Re-
cord, 2001), um livro cujo tema central
nada tem a ver com vinhos. Ao me dar o
presente, meu especial amigo comentou
que se tratava de uma história de amor
ao piano e à música, e que o autor fazia
algumas comparações com vinho. Dado
por quem deu, o livro tinha de ter muito
mais do que algumas alusões à bebida. É
o relato sensível e detalhado de situações
vividas pelo autor, o americano T. E.
Carhart, em Paris, resgatando sua paixão
pelo instrumento quando descobre uma
lojinha de restauro e venda de pianos no
bairro onde estava morando. Nesse ca-
minho, Carhart conta com um guru, o
carismático responsável pelo local, que
sabe tudo sobre o assunto.
As primeiras páginas se dedicam a dar
um caráter mágico e enigmático à loja,
como convém a todo santuário. O autor
descreve as inúmeras vezes em que lá es-
teve até deixar de ser confundido com
um mero curioso e aí conseguir ter aces-
so à sala das preciosidades e poder con-
versar e aprender com seu guia. É o dono
da loja que lhe mostra as diferenças en-
tre as diversas marcas, o requinte dos
mais antigos e detalhes de sua produção.
São, enfim, particularidades que cada
piano esconde atrás do teclado e que são
responsáveis pelas incríveis diferenças de
sonoridade existentes entre eles. Com tan-
ta dedicação e apego aos instrumentos,
muitos deles raros e valiosos, não é surpre-
sa que só fossem vendidos se o comprador
se mostrasse merecedor de possuí-lo, ten-
do como objetivo tocá-lo e não apenas uti-
lizá-lo como peça de ostentação.
Não altera a essência do livro trocar pia-
no por vinho, mesmo levando em conta
que, para experimentar e comparar os ins-
trumentos, basta sentar e tocar, enquanto
que com a bebida é preciso comprá-la. Em
todo caso, para quem é realmente apaixo-
nado por um tema, o verdadeiro e definiti-
vo prazer se consuma com a posse.
Cada garrafa, antiga ou nova, tem uma
história, um projeto e uma origem por trás,
que a distingue. Assim como Carhart narra
no livro que ele gostava de piano e foi me-
lhorando sua capacidade de percepção
com o tempo e ajuda externa, no vinho
também tudo começa com um mínimo de
sensibilidade e muita vontade para desen-
volvê-la. Para isso é preciso ter boca ávida e
curiosa, mas também mente e ouvidos
bem abertos. A palavra compartilhar, no
vinho, serve tanto na hora de beber quanto
na de trocar informações sobre ele.
A enorme oferta de vinhos no mercado e
a quantidade de novos e bons rótulos que
se produz pelo mundo incita a busca por
informações seguras sobre determinadas
garrafas e a procura por um conselho ho-
nesto, tornando evidente a relevância que
tem o contato pessoal entre quem compra
e quem vende, assim como a solidificação
dessa relação. Ainda que não vá à loja, o
cliente procurará por telefone quem o
atende habitualmente. A compra pela in-
ternet é opção para quem já tem certeza do
que vai adquirir ou por quem, por questões
de distância, não têm outra alternativa.
Se já é um prazer ir a uma dessas casas e
sair de lá com algumas garrafas debaixo do
de vinho importado passa de 65% — , o
mais interessante é trazer rótulos diferen-
ciados, aqueles que lojas especializadas
descolam e podem oferecer ao lado de
exemplares mais conhecidos.
Servem como exemplo a Chambers
Street Wines, em Nova York, que tem gama
variada de borgonhas e barolos, inclusive
de safras mais antigas, e ótimo atendimen-
to; a Fracchia & Berchialla, em Alba, no Pie-
monte; e, em se tratando de rótulos espa-
nhóis (e mesmo fora da Espanha), a imper-
dível Vila Viniteca, em Barcelona.
É na França, contudo, que o segmento
das lojas de vinho — os “cavistas”— está
mais bem caracterizado. Números recen-
tes apontam que o país conta com cerca
de 6 mil cavistas, dos quais a grande
maioria é independente. Isso significa ser
responsável pelas suas escolhas, ser um
apaixonado e rigoroso garimpeiro de
bons rótulos para surpreender o cliente e
partilhar com ele os prazeres do vinho.
Aproximar as pessoas dessa experiência
vai muitas vezes além de uma boa conver-
sa: muitos oferecem cursos de vinho, de-
gustações e encontros com produtores. Foi
com essa estratégia e sua característica de-
terminação que a brasileira Marina Giu-
berti conseguiu sucesso com suas duas lo-
jas em Paris, a Divvino, a primeira na Basti-
lha, inaugurada em 2013, e depois a do
Marais, em 2016, que conta com subsolo
charmoso onde funciona um wine-bar
com uma seleção de 20 vinhos em taça.
Depois de um par de anos na Itália e se
mudar para a França, em 2008, para traba-
lhar em restaurantes e obter o brevê de
sommelier reconhecido pelo governo, Ma-
rina passou cinco anos dirigindo uma co-
nhecida loja de vinhos na capital francesa
até ganhar experiência e abrir seu negócio.
Tem boa seleção de vinhos, sobretudo da
Borgonha, Jura e Champagne, além de ró-
tulos italianos. É possível para fazer uma
lista prévia do que interessa e pedir para
entregar no hotel — www.divvino.com (em
qualquer lugar da Europa), mas, para
quem está em Paris, nada substitui ir à loja.
Outros cavistas altamente recomendá-
veis em Paris são a Les Papilles, Caves Le-
grand (alguns dos melhores produtores
franceses) e a Caves Augé. ■

Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 23

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LITERATURA

Ofascínio
duradouro
dasaga
dosanéis
Por que cineastas e escritores se deixam
cativar pelo mundo fantástico de Tolkien,
que inspira nova série no streaming. Por
Stephen Bush, do Financial Times
24 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
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“O
DIVULGAÇÃO
senhor dos anéis” não é ape-
nas a história de anões, orcs,
elfos, balrogs, magos ou hob-
bits. É a história de disputas
judiciais, adaptações problemáticas e aquisi-
ções multimilionárias. Seus atores principais
são advogados, fãs vociferantes, designers de
videogames, escritores, jogadores de RPG de
mesa e produtores de filmes.
Desde a publicação de “O retorno do rei” —
o último volume da trilogia — em 1955, adap-
tações da série têm, de uma forma ou de outra,
estado em várias fases de desenvolvimento
para rádio, teatro, televisão, cinema ou jogos.
Embora a primeira versão de rádio, feita pela
BBC no mesmo ano, tenha sido um aconteci-
mento relativamente tranquilo para os pa-
drões das iniciativas futuras, adaptar “O se-
nhor dos anéis” para outras mídias é uma em-
preitada difícil faz muito tempo.
Foram feitas tantas tentativas de levar para
as telas uma história que o diretor Stanley
Kubrick considerou “infilmável”, que a ques-
tão de quem exatamente detém os direitos
de fazê-lo tem sido disputada ferozmente
nos tribunais. Assim como no universo fic-
cional de “O senhor dos anéis”, em que todos
os outros personagens que entram em con-
tato com o “Um Anel” pagam um preço terrí-
vel, aqueles que aspiram a adaptar os livros
para o cinema correm o risco de pagar custos
judiciais vultosos. A série de filmes de
2001-2003 foi objeto de processos do produ-
tor Saul Zaentz, dos irmãos Weinstein, do di-
retor dos filmes, Peter Jackson, e do espólio
do próprio autor da saga, J.R.R. Tolkien.
Adaptar o mundo de Tolkien frustrou, de
várias maneiras, George Lucas, Walt Disney e
os Beatles, que se aproximaram de Tolkien
mas foram rejeitados. No entanto, nem estú-
dios de cinema nem cineastas parecem ser ca-
pazes de resistir à franquia. A mais recente a
fazer uma tentativa é a Amazon, cuja série de
TV “The Rings of Power” (“O Senhor dos Anéis:
Os Anéis de Poder” no Brasil) — uma adapta-
ção dos apêndices dos livros, que detalham a
ascensão de Sauron na Terra Média — começa-
rá a ser exibida hoje, 2 de setembro. A Amazon
pagou US$ 250 milhões pelos direitos para a
TV — quase tanto quanto Jackson gastou para
levar a trilogia às telas dos cinemas.
Por que tanto dinheiro foi gasto e há
tantas disputas? O que “O Senhor dos
Anéis” tem de tão especial?
Para os poucos que conseguiram realizar
suas adaptações, o sucesso estava praticamen-
te garantido. Como a revista de entretenimen-
to “Variety” observou em 1969, quando a Uni-
ted Artists começou a trabalhar no que se tor-
naria a versão em desenho animado de Ralph
Bakshi, de 1978, “aparentemente, com a pos-
sível exceção de ‘O apanhador no campo de
centeio’, de J.D. Salinger, o escritor que mais
cativou estudantes universitários e até do en-
sino médio na última década é J.R.R. Tolkien”.
Tolkien escreveu “O senhor dos anéis” en-
quanto trabalhava como professor na Univer-
sidade de Oxford: um de seus alunos foi Philip
Larkin, um dos grandes poetas ingleses do sé-
culo XX. Pelo menos no que diz respeito a Lar-
kin, Tolkien não era um grande professor ou
acadêmico: o poeta reclama amargamente de
suas aulas em sua correspondência com o es-
critor Kingsley Amis, outro aluno que não fi-
cou nada impressionado com o professor.
O crítico Adam Gopnik, em artigo para a re-
vista “New Yorker”, descreve a “fórmula Tol-
kien” de modo bastante desdenhoso, como
“um mundo vagamente medieval povoado
por anões, elfos, trolls; um mestre do mal de-
dicado a escravizar as boas criaturas; e, quase
sempre, uma coisa esquisita e mágica que lhe
permitirá fazer isso se o herói não a encontrar
ou destruir primeiro”. Gopnik acrescenta que,
“de todas as coisas improváveis da literatura
contemporânea, esta é uma das mais bizarras:
que as crianças tenham um gosto desmesura-
do por livros muito longos, tortuosos e estra-
nhos sobre lugares que não existem e comba-
tes que nunca aconteceram, tudo ambientado
em uma espécie de cenário medieval.
Ao contrário de outros escritores de fanta-
sia, como Michael Moorcock ou Ursula K. Le
Guin, o trabalho de Tolkien oferece pouco
em termos de comentário histórico e políti-
co. Os leitores também não encontrarão per-
sonagens nos quais enxerguem a si mesmos
ou às próprias experiências, como alunos fa-
zem com os livros de Harry Potter. Nem, na
verdade, muita coisa em termos de constru-
ção aprofundada do caráter de personagens:
na maior parte, dúvidas existenciais, comple-
xidades morais, desejo sexual e relaciona-
mentos interpessoais ambíguos são escassos
em “O senhor dos anéis”.
Mas o conceito de um “escolhido” que via-
ja por um mundo “vagamente medieval”,
auxiliado e incentivado por criaturas fantás-
ticas, em busca de alguma bugiganga cós-
mica, é anterior a Tolkien. A “fórmula Tol-
kien” pode ser encontrada em várias versões
da história do Santo Graal. O ponto em que
Tolkien se desvia dessa história é a introdu-
ção do senhor das trevas Sauron. Mas, dado
que nunca ouvimos Sauron falar, que ele Os personagens
não se envolve diretamente com os heróis e Galadriel e Thondir
suas motivações, e que em essência faz coi- em “Os Anéis de
sas más porque é mau, ele sozinho dificil- Poder”: a “fórmula
mente pode ser visto como grande inovação Tolkien” pode ser
com relação à história do Santo Graal. encontrada em várias
O que é, então, a grande realização de Tol- versões da história
kien? O que é importante entender é que ele do Santo Graal
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 25
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não pretendia fazer literatura. Como formula
J.A. Bayona, o diretor dos dois episódios ini-
ciais de “Os Anéis de Poder”, Tolkien “queria
criar algo que os britânicos não tinham”, uma
mitologia “como a dos gregos”. A grande rea-
lização de Tolkien é como construtor de mun-
dos e criador de mitos. Ele chegou até o ponto
de criar não apenas uma história detalhada
para a Terra Média, como também uma língua
completa para seus elfos e um conjunto de
histórias e arquétipos compartilhados por to-
da uma gama de criaturas fantásticas.
O legado duradouro de Tolkien não está em
suas técnicas de enredo ou seus cenários. Está
nos tropos que criou, na sua codificação das
regras básicas sobre o que exatamente é um
elfo, um orc ou um anão. Elfos são seres com
grande poder mágico e sabedoria que são
imortais, salvo acidentes. Anões são artesãos e
metalúrgicos que vivem debaixo da terra, orcs
são maldosos e brutos (mas não especialmen-
te baixos). Se esses elfos vivem em florestas
medievais na bem-sucedida franquia de vi-
deogame “Dragon Age” ou se estão no espaço
sideral no jogo de mesa “Warhammer
40.000”, é possível encontrar neles algo do
eterno e mágico elfo de Tolkien.
Às vezes, a homenagem é explícita. To-
me-se outro jogo RPG de mesa, “Dungeons &
Dragons”, ele mesmo tema de uma adapta-
ção multimilionária para o cinema que será
lançada em 2023. Sua dívida com o mundo
de Tolkien foi, inevitavelmente, assunto de
um processo judicial, cuja principal conse-
quência é que a palavra “hobbit” foi abando-
nada em favor de “halfling”. Mas pegue uma
cópia do “Manual dos monstros” do “D&D” e
você encontrará elfos graciosos, orcs violen-
tos e anões que são artesãos habilidosos: o
mundo que os jogadores de “D&D” habitam
é o mundo que Tolkien criou.
Mas às vezes a marca de Tolkien é mais sutil.
A série inacabada de livros de George R.R. Mar-
tin, “As crônicas de gelo e fogo”— que se tornou
a brilhante adaptação do HBO “Game of Thro-
nes” e agora tem uma prequela, “A Casa do
Dragão”— deriva parte de seu poder da subver-
são das expectativas criadas pela mitologia de
Tolkien. Enquanto o rei de Tolkien, Aragorn,
marcado para a grandeza devido a seu sangue
real puro, é sábio, forte e misericordioso, os
Targaryens de Martin são igualmente puros de
sangue — mas como resultado têm problemas
de consanguinidade e são propensos à loucu-
ra, à violência e ao desgoverno.
Tolkien nos ensina a esperar que os filhos
vinguem seus pais assassinados, não que
também sejam assassinados e traídos junto
com a maioria de sua família. Com exceção
do bastante insatisfatório Rei da Noite, não
há mocinhos e vilões evidentes em Weste-
26 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Os atores Benjamin ros, a terra de “Game of Thrones”, e uma
Walker, Morfydd prova do poder de criar mitos de Tolkien é
Clark e Robert que, quando os responsáveis pela série fica-
Aramayo: “Os Anéis ram sem livros para adaptar, voltaram para
de Poder” detalha a seu modelo de bem contra o mal.
ascensão de Sauron Ironicamente, embora os momentos mais
na Terra Média fracos de “As crônicas de gelo e fogo” venham
com a introdução do Rei da Noite, um perso-
nagem um tanto tolkienesco, a maior dificul-
dade de Martin para concluir os livros é a au-
sência de uma construção de mundo ao estilo
da de Tolkien. Foi necessário todo o decorrer
do primeiro livro para que Ned Stark, o princi-
pal participante dos jogos de poder de Weste-
ros, concluísse sua fatídica viagem para o sul,
rumo à capital. Na época do terceiro livro, às
vezes a impressão que se tem é de que o trem
de alta velocidade chegou a Westeros, uma
vez que os personagens cruzam o mapa em
disparada, aparentemente à vontade. Outras
vezes, Westeros é inalcançavelmente grande.
Um livro sobre a realidade da guerra foi derro-
tado por aquele clássico obstáculo militar, as
dificuldades das linhas de suprimentos, uma
vez que Martin enfrenta dificuldades para pôr
todos os seus personagens no lugar, contra o
empecilho de enormes distâncias.
“As crônicas de Nárnia”, criação de C.S.
Lewis, amigo e colega de Tolkien, mantém um
domínio mais frouxo sobre seu tamanho e
geografia e até sua história. O objetivo de
Lewis é explorar a ética. Sua obra originou nu-
merosas adaptações de outros escritores des-
de então, dos quais Philip Pullman foi o mais
bem-sucedido com “Serpentine” (no original
“His Dark Materials: Serpentine”), que se ins-
pirou na — ou reagiu à — obra de Lewis.
O segredo da façanha de Tolkien está no fa-
to de ele ter sido um aficionado de “O senhor
dos anéis” antes de “O senhor dos anéis” ter si-
do escrito. A exemplo de tantos outros aficio-
nados, ele se preocupa com questões sobre a
história e as regras de seu mundo, muito mais
DIVULGAÇÃO
do que com os personagens e o subtexto. “Co-
mecei, inteligentemente, com um mapa, e fiz
com que a história se adequasse a ele”, escre-
veu o autor certa vez. “Do contrário, a pessoa
aterrissa em confusões e impossibilidades.”
É por isso que sua obra se revelou tão
atraente para crianças e adolescentes. Bem na
idade em que os jovens leitores começam a fa-
zer perguntas difíceis, como “Quantos anda-
res Hogwarts tem, exatamente?”, nos defron-
tamos com Tolkien, que tem resposta para
quase todas as perguntas. Ele não é um escri-
tor do nível de Lewis, mas o desejo obsessivo
de tornar seu mundo perfeito é a razão pela
qual ele tem o legado maior.
Esse mundo detalhado é um dos moti-
vos, também, pelos quais Tolkien se reve-
lou tão atraente para tantos criadores. “Ele
dá muitas possibilidades a um cineasta”,
diz Bayona. E quando se pensa não apenas
em “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Po-
der” como também nos inúmeros filmes,
videogames e programas de TV que não
são adaptações oficiais de “O senhor dos
anéis”, mas são tributários da obra, po-
de-se constatar que ele tem razão.
A aposta de US$ 250 milhões feita pela
Amazon — é bem verdade que, em vista do
porte da Amazon, não é tão grande quanto
parece — se baseia na ideia de que é mais
compensador contar uma história que se
passa no amplo mundo de Tolkien do que
criar novas história usando os arquétipos
codificados por Tolkien; que há, no fim, algo
maior a ser encontrado nos apêndices de
Tolkien do que na obra de todos os autores
que o seguiram. Quer essa aposta valha a pe-
na ou não, o triunfo de Tolkien é que qual-
quer pessoa que lê um romance, joga um jo-
go ou assiste a um filme que transcorre num
mundo fantástico estará, de certa forma, se
deleitando com Tolkien. (Tradução de Lilian
Carmona e Rachel Warszawski) ■
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Sóparafãsde“GameofThrones”
“A Casa do Dragão” tem estreia morna. Por Luciano Buarque de Holanda, para o Valor
A Casa do Dragão
EUA - 2022
Criadores: Ryan Condal, George R. R.
Martin
Onde: HBO Max BB+
Uma das estreias mais aguardadas
do ano, “A Casa do Dragão” (“House
of the Dragon” no original) parece
concebida como um prêmio de
consolação aos fãs do universo
“Game of Thrones”, frustrados com o
modo como a série terminou em
2019. A saga de Westeros fechou com
sua heroína Daenerys Targaryen
(Emilia Clarke) subitamente vertida
em tirana sanguinária, espalhando
terror e destruição por Porto Real. Os
mais sensíveis foram às lágrimas, não
por comoção, mas pela revolta. Para
esses, George R. R. Martin e o time de
roteiristas de GoT revelaram-se uns
traidores. Aquele não era o final pelo
qual eles tanto torceram.
A verdade é que nenhuma série
deveria se moldar às expectativas dos
fãs, sob o risco de cair na
previsibilidade. O final de “Game of
Thrones” teve problemas, sim, mas
foram mais estruturais do que
qualquer outra coisa. Não se pode
culpar os autores de incoerência, nem
privá-los da mesma liberdade criativa,
que, afinal, havia conduzido a série
muito bem até ali.
Mas, claro, muitos não pensam dessa
forma — e os realizadores de “A Casa do
Dragão” sabem disso. Pelas redes
sociais, os fãs expressam a emoção de
ver Westeros finalmente sob o domínio
dos Targaryens, com uma nova
protagonista de cabelos platinados,
como se GoT tivesse acabado
exatamente do jeito que sonharam.
O spin-off é uma “prequela”,
ambientada 200 anos antes do
nascimento de Daenerys Targaryen e
dos eventos narrados em “Game of
Thrones”. A dinastia Targaryen, então,
encontra-se no ápice, com dez
dragões adultos em seu poder. Em
Dragonstone, nova sede do Trono de
Ferro, engendra-se uma crise pela
AAA Excepcional AA+ Alta qualidade BBB Acima da média BB+ Moderado CCC Baixa qualidade C Alto risco
Matt Smith e Emma D'Arcy em “A Casa do Dragão”: visual não surpreende
sucessão do rei Viserys I (Paddy
Considine, de “Peaky Blinders”).
Sem herdeiros do sexo masculino, ele
deposita todas as suas esperanças num
simples sonho, em que teria visto a
esposa, a rainha Aemma Arryn (Sian
Brooke, de “Sherlock”), dando luz a um
menino. Aemma, por sua vez, vem de
sucessivos partos prematuros e gestações
interrompidas, motivo pelo qual a atual
gravidez será sua última tentativa.
Na linha direta de sucessão, há o
príncipe Daemon Targaryen (Matt
Smith, de “The Crown”), irmão caçula
de Viserys — mas, deste, todo o
Conselho de Dragonstone prefere
manter distância. Daemon é notório
pelo caráter temperamental, pela
ambição e seus impulsos violentos.
Dado a hábitos hedonistas,
recentemente promoveu um
massacre aleatório na periferia de
Dragonstone, sob o pretexto de
restabelecer a ordem na cidade.
Outra aspirante legítima ao trono
é a prima mais velha de Viserys, a
princesa e montadora de dragão
Rhaenys Velaryon (Eve Best, de
“Nurse Jackie”), conhecida na corte
como “a rainha que nunca foi”.
Parece mais provável, entretanto,
que a sucessão vá para a primogênita
DIVULGAÇÃO
do rei, a princesa Rhaenyra
Targaryen, que ocupa maior
protagonismo em “A Casa do
Dragão”. Ela é vivida pela atriz não
binária Emma D’Arcy (“Truth
Seekers”), que não aparece no
episódio de abertura — em seu
lugar, Milly Alcock interpreta a
Rhaenyra adolescente.
Há um nítido acento feminista e uma
maior preocupação com a diversidade
que torna este “A Casa dos Dragões”
necessariamente mais especial. Pouca
coisa acontece no primeiro episódio,
que nunca decola de fato e apresenta
um intriga burocrática, meio óbvia. Os
personagens carecem de carisma e o
visual, embora ainda deslumbrante, já
não surpreende como antes. Na melhor
das hipóteses, a série empolga na
mesma proporção de um episódio
morno de “Game of Thrones”. Pelo
menos até aqui: ainda é cedo para tirar
qualquer conclusão, considerando os
rumos do livro original.
“A Casa do Dragão” é adaptada do
épico de George R.R. Martin “Fogo e
Sangue”, o primeiro volume de uma
série paralela das “Crônicas de Gelo e
Fogo”, inaugurada em 2018. A
segunda temporada já foi
confirmada pelo HBO.
Mike: Além de Tyson
EUA, 2022.
Criadores: Steven Rogers e Karin Gist
Onde: Star+ AA+
Assim como o conto vence por
nocaute e o romance vence por
pontos, segundo o escritor argentino
Julio Cortázar em sua célebre
analogia com o boxe, a minissérie
“Mike: Além de Tyson” (Star+) narra a
história não autorizada do
ex-campeão mundial de forma
rápida e direta, diferentemente de
outras produções a seu respeito. A
plataforma disponibilizará novos
episódios (oito no total) sempre às
quintas-feiras, até 15 de setembro.
Com ótimas atuações — como a de
Trevante Rhodes (de “Moonlight”) no
papel-título e Russell Hornsby como
Don King —, a série mostra a
convivência difícil do lutador com a
mãe, o abandono da família pelo pai,
as agressões domésticas, a
desistência da escola por causa do
bullying, as brigas nas ruas, a
participação em roubos de casas, a
violência no bairro em sua infância e
a trajetória até o título mundial.
Tyson achava que morreria aos 20
anos. Contudo, no reformatório,
descobriu o boxe e depois foi
apresentado a Cus D’Amato (Harvey
Keitel), ex-treinador de dois ex-campeões
mundiais. Da infância sofrida, das
relações de mestre/discípulo e, depois da
adoção do treinador, de pai/filho, nasceu
o estilo brutal, impetuoso e empolgante
do menino que não sofreria mais
bullying após nocautear, aos 14 anos, o
primeiro adversário. Foi esse estilo que o
tornou imortal. (Gílson Yoshioka, para o
Valor, de São Paulo) ■
DIVULGAÇÃO
Trevante Rhodes faz Mike Tyson
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 27
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Cony se despede com escrita em trânsito

Protagonista de livro póstumo é um padre sem vocação. Por José Castello, para o Valor, de Curitiba
ANA BRANCO/AGÊNCIA O GLOBO
Paixão segundo Mateus
Carlos Heitor Cony
Nova Fronteira
184 págs., R$ 49,90

Romances nunca
estão prontos.
Terminar um
romance, dar-lhe
um fecho, é, de
alguma forma,
decretar
arbitrariamente seu
fim. Pensando dessa maneira, fica
não só mais fácil, mas também mais
fascinante ler “Paixão segundo
Mateus”, romance póstumo de Carlos
Heitor Cony (1926-2018), lançado
agora pela Nova Fronteira.
Uma síntese dessa incompletude,
que caracteriza não só toda criação
humana, mas o próprio humano, se
incorpora no Padre Mateus, principal
personagem do livro. Um homem
contraditório, incompreensível,
tomado por dúvidas e indecisões, como
o relato que temos nas mãos. Enquanto
trabalhava em seu romance de
despedida — que definiu, certa vez,
como uma “biografia espiritual” — , o
próprio Cony lutava contra uma
doença. Lutava para manter-se inteiro.
Desde que sofreu uma queda
durante a Feira do Livro de Frankfurt,
em 2013, sua saúde já não era a
mesma. A lembrança dessa
circunstância acentua o caráter de
legado e despedida que o livro
carrega. Trabalhava com o título
transitório de “Messa ao Padre
Marcelo”, que agora nomeia a terceira
parte do romance. Um relato cheio de
rombos e de fraturas, sôfrego e
imperfeito, mas que, justamente por
isso, estampa, em cores fortes, a
precariedade da literatura.
Padre Mateus, o protagonista, é
epiléptico. “Trazia a doença em si, seu
sangue era podre, o vírus do inferno
circulava em suas veias.” Contrariando
os desejos de seu superior, o Padre
Lucas, ele sente uma atração irrefreável
pela leitura. “Ao iniciar os estudos de
28 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Enquanto trabalhava em seu romance de despedida, que definiu como uma ‘biografia espiritual’, Cony lutava contra uma doença
filosofia, descobriu, sem agrado, que
nunca tivera fé.” Mas agora é tarde
demais, já é um padre. E precisa viver
esse destino, mesmo com o rombo que
carrega no peito.
Padre mundano, com hábitos
profanos e imperfeitos, um glutão que
jamais seria um asceta. Alguém que ao
mal-humorado Padre Lucas resta
apenas suportar. O superior planeja
secretamente pedir sua transferência. A
simples presença de Padre Mateus o
perturba. Desorganiza sua fé.
Há um fundo descosturado no
romance póstumo de Cony, rachaduras
que, no entanto, lhe conferem
inigualável frescor. Estamos diante de
um romance em processo — e qual
romance não é, sempre, um rascunho
interminável? Aqui, contudo, já não
existem disfarces. É como se
assistíssemos a uma ópera não
acomodados na plateia, mas
escondidos nos bastidores do teatro.
Ali onde uma carpintaria viva se expõe
e a arte, enfim, pulsa.
Quando o recebe na paróquia,
Padre Lucas precisa de ajuda. Trinta
anos antes, começou a construir sua
igreja, obra sempre incompleta e
precária. Começou a erguê-la do
nada — e eis que um temporal, e
mais tarde um incêndio, a destroem.
Durante 30 anos, viveu em estado de
construção. Também Padre Mateus é
um padre a construir. “Além de
inútil, um sujeito complicado, cheio
de problemas e de angústias”, seu
superior o define. Alguém que não se
adapta ao papel que desempenha.
Que não se encaixa.
Pois é das angústias e do estado
contínuo de dúvida que Padre Mateus
tira sua força espiritual. Tal inquietação
se consolida no dia em que procura o
superior para comunicar: “acabei de
descobrir que não sei o que é amar deus
sobre todas as coisas”. A incerteza e a
desordem interior o definem. A fé não
lhe surge como um dogma, mas como
uma pergunta.
Enquanto acumula leituras,
acumula também dívidas com os
livreiros. Não consegue pagar o que
deve. “O miserável queria consumir
livros e livros, para quê?” — Padre
Lucas se pergunta. Nenhum desses
livros responde às perguntas
essenciais que sustentam, mas
também solapam, sua relação com a
igreja. O tormento — que na
literatura de Cony vem desde
“Informação ao crucificado”,
romance de 1961 — nunca termina.
Por isso mesmo, “Paixão segundo
Mateus” não chega a ser um romance
de formação. É mais, talvez, um
romance de deformação, já que
nunca chegamos ao que planejamos
ser. Diante desse impasse, Cony nos
traz o consolo do personagem
sagrado de José, um homem de
meia-idade, viúvo, “que aceita o
mistério, o mistério que desabou
sobre ele, sobre sua carne, sobre seu
orgulho de macho”. José nos ensina
que, mais que entender, devemos
aceitar. E que isso deve bastar.
O romance de Cony carrega, ele
também, uma série de pequenos
mistérios, mundanos e em
fragmentos. Lendo-o, é como se
estivéssemos quietos, invisíveis, às
costas do escritor, observando-o em
seu trabalho, vigiando — perplexos,
sem entender, mas fascinados — sua
habilidosa arte de escrever.
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Terror e crime nos contos de Atwood
Livro é repleto de personagens formados na cultura literária. Por José Godoy, para o Valor, do Rio
Colchão de pedra - Nove contos
perversos Margaret Atwood
Trad.: Maira Parula
Rocco, 304 págs., R$ 64,90
Nos contos de
“Colchão de pedra
– Nove contos
perversos”,
coletânea que
chega ao Brasil,
Margaret Atwood
coloca seu foco em
gêneros literários que por muito
tempo foram desvalorizados pela
crítica. São histórias de terror,
fantasia e crime que, em décadas
recentes, vêm conquistando espaço
como elementos constitutivos da
cultura contemporânea.
Ora articulando tradições, como as
monstruosidades do gótico no terror
“Lusus Naturae”, ora manipulando as
engrenagens de uma história de
crime perfeito, como a que batiza o
volume, em que detalha a vingança
empreendida pela protagonista,
Verna, a bordo de um cruzeiro no
Ártico, Atwood mobiliza esses
gêneros dos modos mais diversos,
expondo uma ampla gama de
recursos estilísticos.
O melhor resultado pode ser
encontrado nas histórias em que a
autora retorna a um procedimento já
utilizado com esmero em livros como
“O assassino cego”: o jogo ficcional
entre a história contada pelo autor e os
livros dentro do livro criados por seus
personagens-escritores.
Nessas pequenas bonecas russas
ficcionais, Atwood pode recorrer a
alguns de seus antigos personagens,
como o grupo de amigas que
protagoniza “Sonhei com Zenia com
dentes bem vermelhos” — continuação
do romance “A noiva ladra”, por sua vez
inspirado num conto dos irmãos
Grimm; ou inventa novos
protagonistas, como Jack Dace, de “A
mão do morto te ama”, que narra a
história do autor de um best-seller de
terror, escrito durante a juventude,
JEAN MALEK/DIVULGAÇÃO
quando firmaria um contrato nada
vantajoso com seus colegas de moradia
que o atormentaria por toda vida.
Alternando a história da convivência
de Dace com seus antigos
companheiros transformados em
sócios e a escritura de seu romance
macabro, Atwood explora tanto a lenta
decantação do trabalho literário na
mente de um autor quanto urde uma
trama de revanches, conflitos afetivos e
acertos de contas com a juventude.
Esse pêndulo se tornará ainda
mais intenso no conjunto de três
histórias que abre a coletânea, sobre
as quais paira Alphinland, o mundo
ficcional construído por Constance
Starr, escritora de uma série de livros
de fantasia, à feição de “As crônicas
de Nárnia”, que se tornaria um
sucesso planetário.
Se nos anos 1960 Constance ainda
escreve à margem do mainstream
acadêmico e literário, eclipsada por seu
namorado, o poeta Gavin Putnam, e
valendo-se de um pseudônimo
ambíguo (C.W. Starr) que remete a
diversos autores do gênero, com o
passar do tempo a mudança cultural
que vem reconfigurando distinções
hierárquicas entre gêneros — quer Margaret Atwood cria bonecas russas ficcionais e recorre a antigos personagens
literários, quer biológicos — desloca sua
obra para o centro do debate cultural. escritores, eruditos —, “Colchão de Trajando máscaras com rostos de
É o que o surgimento da jovem pedra” trata sobretudo de uma das bebês, os manifestantes protestam e
Naveena, uma estudante de últimas gerações para a qual acabam por invadir a instituição para
pós-graduação que procura um a literatura era o cerne da idosos afluentes onde residem Tobias
Putnam já idoso para uma entrevista própria existência. e Wilma. Praticamente cega pela
a respeito de sua relação com Starr, Revendo de modo mordaz a degeneração macular e sofrendo de
parece demonstrar. própria vida e a de seus uma síndrome que gera alucinações
Debatendo com a erudição do contemporâneos, em meio a visuais em que vê pequenos seres,
poeta pedante, cujos versos emulam obituários e velórios, esses Wilma parece resumir com acuidade
o romantismo inglês de Keats e personagens reafirmam diante da a fricção entre um mundo de valores
Byron, dando chance a Atwood visita cruel do tempo valores de um que se apagam e a rancorosa
explorar com sarcasmo seu talento mundo cercado pela violenta violência das novas gerações.
poético, Naveena, de origem indiana, velocidade da fragmentação digital e Tal como Constance e sua
dá a ver um mundo multicultural, de suas consequências imprevisíveis. Alphinland, Wilma e as criaturinhas
ocupado em pé de igualdade por Um cerco que não é apenas com quem convive parecem apontar
mulheres que estudam mulheres e simbólico, como deixa claro “Fogo na para a potência da imaginação como
no qual obras lidas com sarcasmo no poeira”, narrativa que fecha a edição, o último refúgio de sanidade em
passado passam a ganhar destaque na qual um lar para idosos é cercado épocas como a atual; seus pequenos
nas universidades. por integrantes de um movimento personagens dançam, cantam,
Repleto de personagens formados internacional que acusa os mais fantasiam, enquanto tudo
na cultura literária — poetas, velhos pela hecatombe ambiental. queima ao redor.
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 29
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Por que somos todos canibais
Livro reúne artigos de Lévi-Strauss para jornal. Por Bruno Yutaka Saito, de São Paulo
Somos todos canibais
Claude Lévi-Strauss
Trad.: Marília Scalzo
Editora 34, 176 págs., R$ 62
No futuro, nós,
seres humanos da
atualidade, seremos
vistos com a mesma
repulsa que viajantes
dos séculos XVI e
XVII dedicavam a
povos “selvagens”
das Américas, Oceania e África que
praticavam o canibalismo. O motivo?
Segundo Claude Lévi-Strauss
(1908-2009), comemos carnes de
animais e não temos vergonha de
expô-las em vitrines de supermercados.
Ainda que hoje pareça uma afirmação
banal, dado o avanço de mentalidades
em direção ao vegetarianismo, a
percepção do então octogenário
antropólogo em 1996 desafiava o senso
comum sobre assuntos que nos
escapam por estarem tão próximos.
Lévi-Strauss revelava pontos cegos e
estruturas de nossa sociedade.
Em “Somos todos canibais” estão
reunidos 16 artigos que o autor de
“Tristes trópicos” escreveu para o jornal
italiano “La Repubblica” entre 1989 e
2000, além do texto “O suplício do
Papai Noel” (1952), em que analisava a
então recente e polêmica introdução
do personagem na cultura francesa.
Ao escrever sobre assuntos quentes do
dia a dia, Lévi-Strauss não apenas dava
demonstrações dos anos dedicados à
etnografia e pesquisas sobre povos
“primitivos”, inclusive os indígenas do
Brasil — primitivos entre aspas porque,
como demonstrou, não há povo em
estágio anterior ao progresso, mas uma
visão etnocêntrica que tenta descartar o
poder dos mitos.
Nestes escritos de fácil compreensão,
mas densos e de interesse literário,
Lévi-Strauss exerce a rara arte de unir
diferentes áreas do conhecimento. A
reflexão premonitória sobre hábitos
carnívoros que perpassa “A sábia lição das
vacas loucas” e o texto que dá título ao
30 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Lévi-Strauss analisa temas como a doença da vaca louca e a morte da princesa Diana
volume, por exemplo, surge a partir da
correlação que o autor estabelece entre a
epidemia que matava animais, uma
doença observada em 1932 em um povo
do interior da Nova Guiné adepto do
canibalismo e momentos em que nossa
sociedade se aproxima dessa prática.
Outra previsão, em “Existe apenas um
tipo de desenvolvimento?” (1990),
parece ter sido escrita em plena
pandemia de covid-19. Ao dissertar sobre
o surgimento da agricultura e a sua
relação com a humanidade, Lévi-Strauss
alerta para os perigos decorrentes dos
abusos contra o meio ambiente.
O autor relembra uma contradição
que nos atormenta desde Montaigne
(1533-1592): o embate entre o
Iluminismo, que “acalenta a utopia de
uma sociedade racional”, e o relativismo,
que “rejeita todo critério absoluto que
uma cultura possa invocar a fim de julgar
culturas diferentes”. São questões que,
passados quase 30 anos, estão longe de
serem resolvidas e seguem dividindo a
humanidade, como mostram os artigos
sobre o pensamento mítico vs. ciência e a
controvérsia sobre a prática da excisão do
clitóris em africanas em solo francês.
Lévi-Strauss, um involuntário polemista,
coloca a prática da tradição de alguns
povos africanos em contexto: a
DIVULGAÇÃO
circuncisão, entre judeus, seria “uma
agressão do mesmo tipo”.
Mas, diferentemente do que ocorre
hoje, as argumentações têm base sólida,
pesquisa, referências históricas, e nunca
feitas em tom irônico ou agressivo.
Quando comenta a morte da princesa
Diana, em 1997, Lévi-Strauss se detém
sobre algo que passou um tanto
despercebido, mas que revela como
mitos e tradições antigas se mantêm
vivos na nossa sociedade. “A volta do tio
materno” cita o conde Spencer, irmão de
Diana, que criticou a família real e dizia
que tinha o dever de proteger seus
sobrinhos. O antropólogo, então,
relembra a importância crucial que é
dada ao tio materno em diferentes
sociedades ao longo da história.
Uma leitura pouco atenta ou
tendenciosa de “Somos todos canibais”,
no entanto, pode colocar Lévi-Strauss em
maus lençóis. Não foram poucas as
tentativas de desvirtuar o pensamento do
antropólogo por uma suposta associação
a ideias machistas, patriarcais ou
xenófobas. Do mesmo modo, os vários
negacionismos em voga hoje (vacinas,
aquecimento global etc.) poderiam tirar
do contexto sua defesa do mito — o
simbólico vivido de uma forma intensa —
e do pensamento “selvagem”.
Emocional - A nova neurociência dos
afetos Leonard Mlodinow
Trad. Claudio Carina
Zahar, 328 págs., R$ 74,90
O militar soviético
que teve de tomar
sozinho a decisão de
apertar ou não o
botão que iniciaria a
Terceira Guerra
Mundial; uma
espécie de pato cujos
machos perdem o pênis após a cópula,
um artista francês que comia bicicletas.
Os fascinantes exemplos que o físico
americano Leonard Mlodinow fornece
em “Emocional” renderiam boas
tramas de ficção, mas seu interesse aqui
é compartilhar com os leitores, de
forma didática e divertida, as
descobertas da neurociência afetiva,
um novo campo da psicologia. Ou,
mais simplesmente, ele tenta desfazer a
noção de que as emoções são
contraproducentes e devem ser
deixadas de lado em favor da razão.
É uma proposta ousada, uma vez que
o Ocidente, desde ao menos Platão, Freud
ou mais recentemente Daniel Goleman
(psicólogo célebre pelos livros sobre
“inteligência emocional”), costuma
separar as forças instintivas das lógicas.
Ao também incluir o drama pessoal
dos pais, sobreviventes do Holocausto,
para defender sua tese, o autor se mune
das próprias emoções. Quando conta a
história do pai, que não foi morto pelos
nazistas devido a uma decisão tomada
em microssegundos, Mlodinow explica
o fascinante conceito de “afeto central”,
uma espécie de sexto sentido que nos
fornece elementos para nossa
sobrevivência. (Bruno Yutaka Saito) ■
RALPH ADOLPHS/ DIVULGAÇÃO
O físico americano Leonard Mlodinow
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Asátiraassustadorade‘Não!NãoOlhe!’
Filme Jordan Peele une extraterrestres e referências à história do cinema. Por Pedro Butcher, para o Valor, do Rio
DIVULGAÇÃO
Não! Não Olhe!
EUA, 2022. Dir.: Jordan Peele.
Distribuição: Universal. Em cartaz AA+

São muitas as
abordagens possíveis
a partir de “Não! Não
Olhe!”. Arrisco
começar por aquela
que talvez seja a
menos evidente. Os
filmes de Jordan
Peele sempre trazem traços de humor
— afinal, sua origem é a comédia (ele
atuou em várias séries humorísticas,
como por exemplo “Key and Peele”, que
durou de 2012 a 2015).
Mas, neste novo longa-metragem
como diretor, o terceiro depois de
“Corra!” (2017) e “Nós” (2019), além de
seguir pelo caminho do horror e do
cinema fantástico presente nos dois
primeiros filmes, Peele exercita com
mais ênfase as potencialidades da sátira.
O objeto central dessa sátira é o Daniel Kaluuya, Keke Palmer e Brandon Perea em ‘Não! Não Olhe!’: mais do que narrar, filme mobiliza sentidos do espectador
próprio cinema. Não por acaso, Peele
cria um vínculo sanguíneo entre seus perderam na história. gravar um vídeo para viralizar nas Ele vai do susto ao alívio/riso com uma
protagonistas e um personagem que Está aí a primeira correlação irônica: redes sociais. Contam com a ajuda de desenvoltura invejável.
estaria envolvido nos experimentos aqueles que permanecem invisíveis, Angel Torres (Brandon Perea), Os elementos satíricos se
fotográficos originários da tecnologia como o jóquei desconhecido, e os vendedor da loja de eletrônicos. desdobram, valorizando os elementos
da imagem em movimento. objetivos do próprio experimento: Segundo ponto de ironia: quando do horror e da ficção científica. O
O.J. Haywood (Daniel Kaluuya) e desconstruir o movimento para tornar o objeto não identificado se clímax do horror está no passado, um
sua irmã Emerald Haywood (Keke visível aquilo que o olho humano é aproxima, os aparelhos eletrônicos episódio macabro que envolveu,
Palmer) seriam tataranetos do jóquei incapaz de perceber. (O cinema sendo, deixam de funcionar. Eles precisam, justamente, o uso de animais em
que montou o cavalo fotografado por portanto, resultado de um processo então, se voltar para tecnologias filmagens. O clímax da ficção
Eadweard Muybridge (1830-1904) fotográfico de desconstrução e “obsoletas”, a câmera analógica e o científica está no presente e, claro,
em sua busca pela comprovação de reconstrução do movimento). filme em película. Entra em cena o envolve o objeto não identificado
que o animal, enquanto galopa, O.J. e Emerald tentam manter o personagem que materializa de (uma máquina ou um corpo vivo,
ficaria por alguns segundos com as negócio da família, um rancho na forma mais evidente o aspecto orgânico?) que assombra o rancho.
quatro patas fora do chão. Califórnia onde treinam cavalos satírico do filme: Antlers Holst “Não! Não Olhe!” já tem seu lugar
Os experimentos de Muybridge de alugados para filmes e comerciais. Logo (Michael Wincott), cineasta “à moda entre os filmes do ano. É um filme
fato aconteceram. Ele foi contratado no começo, o pai deles morre atingido antiga”, referência explícita a um tipo enxuto, com poucos personagens,
pelo milionário criador de cavalos por peças metálicas que despencaram como o de Clint Eastwood. cheio de invenção, que está mais
Leland Stanford para tirar a prova do céu. Teriam caído de um monomotor Mas a sátira está também na própria preocupado em mobilizar o espectador
dos nove de uma aposta entre em pleno voo, conclui a polícia. Mas maneira como Peele conduz o filme e sensorialmente do que narrar. Uma
amigos: o cavalo em galope flutuaria, logo O.J. e Emerald percebem que o céu organiza determinadas sequências. No dica importante: caso você ainda não
ainda que por segundos? sobre o rancho abriga um objeto campo do horror/fantástico, o diretor tenha visto “Não! Não Olhe!” (o título
Para chegar lá, desenvolveu e voador não identificado. arranca os sustos mais convincentes de em português, aliás, é uma excelente
testou técnicas para tirar fotografias A partir daí, os dois abraçam a sua carreira, sempre brincando de saída, dentro da proposta irônica do
rápidas e sucessivas. A identidade do missão de gerar uma prova da forma inteligente com clichês. A filme), tente fazê-lo numa sala com a
jóquei no filme, porém, é fictícia. O existência desse objeto — ou seja, primeira suposta aparição dos maior tela e o melhor som. O filme
homem que montou o cavalo precisam capturar sua imagem. O extraterrestres/fantasmas, no estaleiro merece essa experiência. Você merece
permanece anônimo, os registros se objetivo é bem contemporâneo: do rancho, é absolutamente brilhante. essa experiência. ■
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 31
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CINEMA
Quando o faroeste ganhou acento italiano
Documentário sobre
Sergio Leone traz
depoimentos de Spielberg,
Tarantino, Robert De Niro e
Clint Eastwood. Por Elaine
Guerini, para o Valor, de
Veneza
O
ator nova-iorquino Eli Wal-
lach não sabia o que era
“spaghetti western” ao ser
convidado para filmar “Três
Homens em Conflito” (1966), a tercei-
ra parte da Trilogia dos Dólares, de
Sergio Leone. Embora reconhecesse o
potencial cômico de seu personagem,
o bandido Tuco Ramirez, ele quase re-
cusou contracenar com o pistoleiro
sem nome de Clint Eastwood por não
confiar em “italiano rodando faroes-
te”. “O ‘spaghetti western’ é um gêne-
ro? Nunca ouvi falar. Soa como pizza
havaiana”, disse o ator, na época.
Mas bastou Leone mostrar os crédi-
tos dos dois filmes anteriores da trinca,
“Por um Punhado de Dólares” (1964) e
“Por Alguns Dólares a Mais” (1965), pa-
ra convencer Wallach. “Assim que vi as
letras do nome de Sergio Leone caindo
nos créditos, como se fossem abatidas
por tiros, já aceitei fazer o terceiro fil-
me”, lembra. “‘Aonde você quer que eu
vá?’, perguntei imediatamente.”
O “spaghetti western” foi justamente
isso, uma resposta irreverente ao faroes-
te tradicional de Hollywood, brincando
com os clichês do gênero e dando uma
abordagem operística ao universo dos
caubóis. Os duelos de pistoleiros, por
exemplo, ganhavam um tom cerimo-
nioso, embalados por trombeta ou gui-
tarras espanholas. “O ‘spaghetti wes-
tern’ é a marca revolucionária por exce-
lência que Leone deixou”, afirma o ita-
liano Francesco Zippel, diretor do docu-
mentário “Sergio Leone - L’Italiano che
Inventò l’America”.
O longa-metragem foi selecionado
para a Venezia Classici, a mostra dedi-
cada a filmes restaurados e a docu-
mentários sobre cinema e seus nomes
mais expressivos da 79 a edição do Fes-
32 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Filme sobre o diretor Sergio Leone tem estreia mundial no Festival de Veneza
tival de Veneza. Sua première mun-
dial está marcada para terça, dia 6, no
evento que segue até dia 10 no Lido de
Veneza. “Graças às cores, às paisagens,
aos close-ups, ao som, à música e ao si-
lêncio, o cinema nunca mais foi o
mesmo após ‘Um Punhado de Dóla-
res’, como Quentin Tarantino conta
no documentário”, diz Zippel.
Diretor de “Friedkin Uncut” (2018),
sobre o diretor William Friedkin (de “O
Exorcista”), Zippel conta com muitos
testemunhos que o ajudam a examinar
a herança que Leone deixou. Tarantino
e outros nomes de peso, como Steven
Spielberg, Clint Eastwood, Martin Scor-
sese e Robert De Niro, foram ouvidos
pelo documentarista. Além disso, há os
depoimentos de arquivo de Eli Wallach,
que morreu em 2014, e do próprio Leo-
ne, falecido em 1989, aos 60 anos.
“Meu filme é uma carta de amor ao
homem que me fez cair de amores pe-
lo cinema”, afirma Zippel. “É também
uma homenagem ao diretor italiano
mais internacional e um dos mais in-
fluentes de todos os tempos.” Zippel
foi escolhido pela família Leone para
realizar o documentário. A ideia par-
tiu da filha, Raffaella Leone assim que
ela viu “Friedkin Uncut”, também sele-
cionado para o Festival de Veneza.
Como o título adianta, ao chamar
Leone de “italiano que inventou a
América”, o documentário analisa co-
DIVULGAÇÃO
mo o cineasta fez o povo americano
ver com outros olhos tanto os Estados
Unidos quanto Hollywood. “Nos fa-
roestes de John Ford (1894-1973),
quando um ator abre a janela, é sem-
pre para olhar o imenso futuro à fren-
te. Nos meus filmes, ao fazer o mesmo,
ele sente o terror e o medo de levar um
tiro entre os olhos”, diz Leone, em tes-
temunho resgatado por Zippel.
O documentarista encara o seu traba-
lho no filme como uma espécie de diá-
logo com Leone, enquanto estuda seus
filmes mais emblemáticos. “Acho que a
conversa com Leone começou em Ro-
ma, nossa cidade natal”, conta Zippel.
“Não se consegue realmente entender a
poética de seu cinema, seus persona-
gens e suas referências históricas sem
olhar para Roma e todo o seu espírito.
Por exemplo, Leone deu a Clint Eastwo-
od um sabor romano”, afirma o docu-
mentarista, referindo-se principalmen-
te à sagacidade e à destreza do persona-
gem, em contraste com a aspereza do
caubói americano.
“Também acredito que filmes como
‘Quando Explode a Vingança’ (1971)
e ‘Era Uma Vez na América’ (1984)
pertencem a categorias próprias”,
afirma Zippel. O primeiro título traz
uma visão cínica da revolução (a par-
tir da Revolução Mexicana iniciada
em 1910), enquanto o segundo envol-
ve o espectador com a saga de amigos
mafiosos que passa longe da idealiza-
ção, expondo com crueza a criminali-
dade e a violência. “Era Uma Vez na
América” acaba funcionando como
uma visão melancólica do sonho
americano, como um conceito que
não cumpre o que promete.
“É o seu melhor filme”, opina Spiel-
berg sobre “Era Uma Vez na América.
“É a obra mais pensada em termos de
tempo e de envelhecimento de perso-
nagens, um quadro vasto, a pintura
mais ambiciosa que Leone pintou”,
diz o cineasta. “Há uma tristeza sobre
o tempo passar tão rápido.”
O documentário costura os depoi-
mentos com material de arquivo da fa-
mília e imagens cedidas pela Cineteca
di Bologna, com trechos de filmes de
Vincenzo Leone (1879-1959), o pai de
Sergio, que assinava suas produções co-
mo Roberto Roberti. “Eu nasci com a
frustração do meu pai por não poder ter
feito o que queria: respirar cinema de
manhã até a noite”, afirma Leone, em
entrevista em áudio, lembrando que o
pai era perseguido politicamente. Por
ser antifascista, era forçado a passar
longos períodos sem filmar.
“Na adolescência, tive inicialmente
aversão total pelo ofício de meu pai”,
conta Leone. “Quando ele decidiu se
aposentar, no entanto, senti estranha-
mente uma grande vontade de dar con-
tinuidade ao que ele fazia. Foi quase
uma obrigação”, afirma Leone.
Como mostra “L’Italiano che Inventò
l’America”, o legado de Leone é vasto,
não se limitando ao cinema. “Está em to-
do lugar. Nas histórias em quadrinhos,
na moda, nas artes visuais e na música.
São muitos os músicos e as bandas,
incluindo Metallica, Jack White e
Bruce Springsteen, que se inspiraram
na parceria entre Leone e o composi-
tor Ennio Morricone (1928-2020) nas
trilhas sonoras”, diz Zippel, referin-
do-se às trilhas inesquecíveis dos fil-
mes assinados pela dupla. Sobretudo
as da trilogia dos dólares, compostas
com uivo de coiotes, assobios, golpes
de chicote, sinos, bigornas e outros
elementos originais. “Até hoje Leone
consegue ser contemporâneo. E ain-
da será por muitos anos” ■
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É TUDO VERDADE
1922,
DIVULGAÇÃO
títulos apresentados se encontravam
“Os Bandeirantes de Hoje”, “Compa-
nhia Fabril de Cubatão” e “Sociedade

1972,
Anônima Fábrica Votorantim”, da
paulista Independência Omnia Filme;
“Exposição Nacional do Centenário da

2022
Presença do cinema nas
comemorações do
Bicentenário da
Independência é exígua
em comparação à
efeméride de cem anos
atrás. Por Amir Labaki
Amir Labaki é diretor-fundador do
É Tudo Verdade — Festival Internacional
de Documentários.
E-mail: labaki@etudoverdade.com.br
Site do festival:
www.etudoverdade.com.br
Em 1972, “Independência ou Morte”, foi visto por quase 3 milhões de espectadores
A Exposição Internacional do Cente-
nário da Independência do Brasil, no Rio
de Janeiro, foi o grande símbolo da cele-
bração nacional de 1922. A Taça Inde-
pendência de seleções nacionais de fute-
bol e o sepultamento no Museu do Ipi-
ranga, em São Paulo, dos restos mortais
de Dom Pedro I (1798-1834) distin-
guem-se na comemoração do Sesquicen-
tenário pela ditadura militar em 1972.
A recepção, por empréstimo junto a
Portugal, do coração do primeiro im-
perador do país, dois desfiles com ares
de comício pró-reeleição presidencial,
agendados para o dia 7 em Brasília e
no Rio de Janeiro, e a reabertura, no dia
6, do mais tradicional museu histórico
paulistano, após quase uma década de
melancólico fechamento, espelham a
mediocridade reinante no Brasil do Bi-
centenário da Independência.
O encolhimento da presença do ci-
nema nessas efemérides reflete, de um
lado, a presente entropia nacional e,
por outro, a redução do prestígio pú-
blico da atividade. Menos de três déca-
das depois de sua invenção como
evento público pelos irmãos Lumière,
os filmes marcaram num turbilhão de
imagens (pois apenas ainda silencio-
sos) as festanças de 1922 como símbo-
los da modernidade.
Em 1972, essa aura havia muito já se
dissipara, com presença pontual, mas
ainda com alguma visibilidade (“Inde-
pendência ou Morte”, de Carlos Coim-
bra, visto por quase 3 milhões de es-
pectadores). Neste ano, o cinema prati-
camente sumiu, ressalvada a solitária
estreia nesta semana de “A Viagem de
Pedro”, de Laís Bodanzky.
Num artigo histórico publicado em
2006, o professor da ECA-USP Eduardo
Morettin discutiu a marcante presença
cinematográfica na Exposição de
1922, a primeira desde o encerramen-
to da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). “O novo grande espetá-
culo visual apoiado em alta tecnolo-
gia”, contextualizou Moretti, “se proje-
tou nas telas para assumir a dimensão
de monumento, espécie de alegoria
nacional, antes mesmo de se conside-
rar o conteúdo de experiência humana
focalizado por suas representações”.
Na feira internacional do Rio de
1922, Argentina e EUA formam entre
os países que montaram salas de exi-
bição cinematográfica, assim como o
estado de São Paulo ergueu uma pró-
pria e construiu-se outra no parque de
diversões. Assim, a cinematografia
brasileira de então, “mais precária”
comparativamente aos grandes cen-
tros, não se furtou a participar da fes-
ta, principalmente com documentá-
rios curtos e filmes institucionais — e
uma imensa exceção.
Paulo Emílio Salles Gomes desta-
cou, num estudo célebre, que “não
houve cinegrafista do Rio, de São Pau-
lo ou de qualquer outra cidade que
não tivesse recebido encomendas de
trabalho neste ano de 1922”. Entre os
Independência de 1922”, da carioca
Brasília Film, sobre o pavilhão das in-
dústrias dos EUA; e, também rodado
no calor da hora, “A Exposição no Dia
Memorável Consagrado à Itália”, da
também paulista Botelho Filme.
A maior parte dos filmes exibidos
infelizmente se perdeu. Mas a obra
principal preservou-se: o documentá-
rio de longa-metragem “No País
das Amazonas”, de Silvino Santos e
Agesilau de Araújo.
Realizado por encomenda do co-
mendador Joaquim Gonçalves de
Araújo, “No País das Amazonas” (dis-
ponível em DVD) é a obra máxima do
português radicado na Amazônia Sil-
vino Santos (1886-1970), diretor de
quase cem filmes. Como bem definiu
o escritor Márcio Souza, o documentá-
rio “era uma exposição sistemática,
minuciosa e precisa de todos os
meios de produção do Estado.
Cada sequência estruturava um tipo
de exploração da natureza”.
Estreado em 18 de junho de 1923, já
no período de prorrogação da exposi-
ção inaugurada pelo presidente Epitá-
cio Pessoa (1865-1942) em 7 de setem-
bro do ano anterior, “No País das Ama-
zonas” foi distinguido com a medalha
de ouro do júri do evento. Absoluta-
mente contemporâneo de “Nanook, o
Esquimó” de Robert Flaherty
(1884-1951), marco pioneiro da histó-
ria do documentário, o mosaico ama-
zônico de Santos ainda está a merecer o
devido reconhecimento internacional.
Durante sua passagem pelo Rio para
o lançamento, Silvino Santos rodou
uma variação nacional das sinfonias
da metrópole então em voga, “Terra
Encantada” (1923), do qual nos chega-
ram apenas fragmentos. A partir deste
material, Roberto Kahané e Domingos
Demasi editaram em 1970 o curta
“1922: A Exposição da Independência”
(disponível no YouTube).
Assisti-lo é adentrar um túnel do
tempo para a monumentalidade do
evento central daquela celebração, vi-
sitado diariamente por 70 mil pessoas.
Onde foi parar aquele país? ■
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 33
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Corpos de
F
rancisco Alvim em
“Argumento” (2000): “Mas se
todos fazem”.

delito
Carolina Maria de Jesus em
“Quarto de Despejo” (entrada do
diário em 20/5/1955): “Tem época
que é o sol que predomina. Tem época
que é a chuva. Tem época que é o
Sonhos, morte e festa no vento. Agora é a vez do frio.”
Sete de Setembro. Por Padre Vieira em “Sermão da quinta
quarta-feira da quaresma” (1649):
Michel Laub “Os cegos que nós havemos de ver,
sendo as suas cegueiras muitas, não as
padecem, antes as gozam e amam:
delas vivem, delas se alimentam, por
elas morrem e com elas.”
Cecília Meireles em “Cenário”
(1953): “Amado pó que finge
eternidade,/ lavra imagens de santos e
profetas/ cuja voz silenciosa nos
persuade.// E recompunha coisas
incompletas:/ figuras inocentes, vis,
atrozes/ vigários, coronéis, ministros,
poetas.”
Hilda Hilst em “Poemas aos homens
do nosso tempo” (1974): “Ouro, gente que saiu do céu.” Soberba, senhoril,/ Um grito que
conquista, lucro, logro/ E os nossos ossos/ Ana Maria Gonçalves em “Um soluça aflito, vivo,/ O retinir dos ferros
E o sangue das gentes/ E a vida dos defeito de cor” (2006): “Sentada na do cativo,/ Um som discorde e vil?”
homens/ Entre os vossos dentes.” areia, fiquei olhando o mar e Conde de Avelar sobre a morte de
Euclides da Cunha em “Os Sertões” chorando todas aquelas mortes que Zumbi (1696): “Enviando-se-lhe a
(1902): “Vibrara o alarma em todos os pareciam estar dentro de mim, cabeça (...) determinava que se
corpos. Instintivamente, sem direção ocupando tanto espaço que não me pusesse em um pau no lugar mais
fixa e sem ordem de comando, três mil deixavam sentir mais nada. Os olhos público daquela praça, a satisfazerem
espingardas dispararam a um só tempo ardiam com as lágrimas salgadas, os ofendidos, e justamente
dirigidas aos morros. Estes fatos como se fossem mar também, e senti queixosos, e atemorizar os negros
passaram em minutos e em minutos, uma solidão do tamanho dele, do que supersticiosamente julgavam
na área comprimida em que se agitava, tamanho da viagem da África até o este imortal.”
inútil, a expedição, viu-se a mais Brasil, do tamanho do sorriso da Raimundo de Penaforte sobre o
lastimável desordem.” minha mãe quando estava enforcamento de Tiradentes
Mário de Andrade em dançando.” (1792): “A armação foi a mais rica e
“Macunaíma” (1928): “Terminada a Narcisa Amália em “O Africano e mais bem ordenada que tem havido
cerimônia o diabo foi conduzido pra o Poeta” (1872): “Roubaram-me (...). Finalmente a pena não pode
tripeça, principiando a adoração. Os feros/ A fervidos braços;/ Em rígidos pintar o contentamento, a alegria e o
ladrões os senadores os jecas os laços/ Sulquei vasto mar;/ Mas este prazer que se divisavam no rosto de
negros as senhoras os futebóleres (...) queixume/ Do triste mendigo,/ Sem todos, e a voz comum que por muitos
beijavam todo o corpo do uamoti. A pai, sem abrigo,/ Quem quer dias se ouviu dizia: ‘Nunca se viu
polaca vermelha tremendo rija (...) escutar?...” tanta clemência’”
gemia uns roncos regougados meio Cruz e Souza em “Escravocratas” Ferreira Gullar em “Agosto 1964”
choro meio gozo e não era polaca (década de 1850): “Oh! Trânsfugas (1975): “O ônibus sacoleja. Adeus,
mais, era Exu”. do bem que sob o manto régio/ Rimbaud,/ relógio de lilases,
Davi Kopenawa em “A Queda do Manhosos, agachados — bem como concretismo,/ neoconcretismo,
Céu” (2015): “Viraram outros e foram um crocodilo,/ Viveis sensualmente à ficções da juventude, adeus,/ que a
levados pelas águas, ou foram luz de um privilégio/ Na pose bestial vida/ eu a compro à vista dos donos
queimados quando a floresta toda se dum cágado tranquilo.” do mundo./ Ao peso dos impostos, o
Michel Laub, jornalista e autor dos ro- incendiou, há muito tempo (...). Castro Alves em “Ao Romper verso sufoca,/ a poesia agora
mances "Diário da Queda" (2011) e "Solu- Viemos à existência depois deles, e foi D’Alva” (1883): “Oh! Deus! Não responde a inquérito policial militar.”
ção de Dois Estados" (2020), escreve nossa vez de existir e aumentar. De ouves dentre a imensa orquestra/ Que Laura Liuzzi em “Ressaca de 17 de
neste espaço quinzenalmente modo que somos os fantasmas da a natureza virgem manda em festa/ abril de 2016” (2016): “acordar e
34 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
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LANÇAMENTOS
constatar/ que as ilhas não
afundaram/ que estão fixas as raízes
das árvores/ que o sol, apesar de
escuro nas almas, voltara./ constatar
que ainda sei andar/ que minhas
pernas ainda estão encaixadas”.
Adelaide Ivánova em “O Urubu”
(2017): “corpo de delito é/ a
expressão usada/ para os casos de/
infração em que há/ no local marcas
do evento/ infracional/ fazendo do
corpo/ um lugar e de delito/ um
adjetivo o exame/ consiste em ver e
ser/ visto (festas também/ consistem
disso)”
Bruna Beber em “Barragem”
(2009): “deve ser perigoso/ este gosto
recorrente/ de incêndio na boca// mas
não há saliva pra apagar/ e não há
saliva que apague/ por isso falo
pouco// não sei o que de fato queima/
fecho a boca e o fogo sai/ pelo nariz//
respiro mal, meu ar é qualquer
fumaça/ queria um gosto bom, queria
pernas/ pra sair correndo.”
Angélica Freitas em
“Micro-ondas” (2016): “mora na
filosofia. Imagina!/ num país tropical.
Péssimo!/ não rio mais. Trágico!/
piores que gafanhotos/ suas
maravilhas hidrelétricas/ serão vistas,
em chamas, de sirius:/ ‘o meu país era
uma pamonha/ que um alienígena
CRIS BIERRENBACH
esfomeado/ pôs no micro-ondas’.”
Roberto Piva em “Poema
Porrada” (1963): “vi criancinhas
vomitando nos radiadores/ vi canetas
dementes hortas tampas de privada/
abro os olhos as nuvens tornam-se
mais duras/ trago o mundo na orelha
como um brinco imenso/ a loucura é
um espelho na manhã de pássaros
sem/ Fôlego”.
Lima Barreto em “O Pavilhão e a
Pinel” (1920): “O hospício é bem
construído e, pelo tempo que o
edificaram, com bem acentuados
cuidados higiênicos. As salas são
claras, os quartos amplos, de acordo
com sua capacidade e destino, tudo
bem arejado, com o ar azul (...) que
nos consola na sua (...) beleza,
quando (...) amanhecemos
lembrando que não sabemos sonhar
mais...”
Machado de Assis em “Memorial
de Aires” (1908): “Também troçavam
com a pessoa que consultava o
Destino. Todos riam; alguns criam
deveras; em todo caso passavam-se as
horas até chegar o sono (...). Agora,
meu sono amigo, só tu virás daqui a
uma hora ou duas, sem livros de
sortes nem dados. Quando muito
trarás sonhos, e já não serão os
mesmos de outro tempo.” ■
A jornada de nossos genes Johannes
Krauze, Thomas Trappe. Trad.: Maurício
Costa, Vanessa Rabel. Sextante R$ 54,90
Este livro
apresenta
descobertas de um
novo campo de
conhecimento, a
arqueogenética,
capaz de mostrar,
pelo sequenciamento
de DNA de ossos humanos, a origem de
nossos antepassados. A investigação
permitiu a Krauze e outros cientistas
traçarem a rota das ondas migratórias
que povoaram o mundo. Em um dos
capítulos, Krauze e Trappe reescrevem o
povoamento da Europa e explicam
costumes culturais no período
pré-histórico — como o de enterrar
mortos com joias de ouro. São refutadas
ideias como a noção de que indígenas
das Américas do Norte e do Sul têm
origem asiática, além das “raças puras”,
uma vez que nossa espécie resulta do
compartilhamento de componentes
genéticos entre vários povos.
O passageiro
Ulrich Alexander Boschwitz
Trad.: Gisele Eberspächer. DBA, R$ 59,90
A saga de um
jovem negociante
judeu de aparência
ariana que viaja de
cidade em cidade na
Alemanha, às
vésperas da Segunda
Guerra Mundial, é
narrada em ritmo de thriller neste
romance escrito em 1938, mas só
publicado em 2017, depois da
descoberta dos originais.
O personagem carrega todos os
pertences em uma mala e transita
pelo país tentando preservar um
mínimo de dignidade e fé no ser
humano. O próprio autor
testemunhou a Noite dos Cristais, o
massacre de judeus por milícias
nazistas ocorrido em novembro de
1938, revelando a barbárie por trás da
fachada da civilização europeia. A
publicação do livro chamou a atenção
de centenas de milhares de leitores
em diversos países da Europa.
Do começo ao fim
Marcelo Rubens Paiva
Alfaguara R$ 59,90
No ano em que se
completam quatro
décadas de seu
primeiro romance,
o grande sucesso
“Feliz ano velho”,
Paiva publica este
romance
semiautobiográfio. O personagem é
um escritor na casa dos 50 anos que
obteve muita repercussão com o
primeiro livro e se tornou colunista
na imprensa. Ele rememora a história
de seu primeiro amor, Lívia. Ela era de
família rica e morava com a família.
Ele vivia numa república de
estudantes e tinha vida desregrada.
A relação era assombrada por medos
e inexperiência. Ela provoca a
separação, e ele nunca esquece a
relação. Agora recebe dela uma
carta, informando a morte da
mãe, professora da Unicamp.
E isso pode mudar tudo.
O poder da personalidade Florence
Littauer. Trad.: Anne Marina Hicks.
Fundamento, R$ 49,30
Com mais de 1
milhão de exemplares
vendidos, “O poder da
personalidade”
pretende ajudar
líderes em suas
habilidades de
comunicação, o que
permitiria identificar e apreciar a própria
personalidade. Littauer utiliza humor ao
apresentar vários tipos de personalidade,
para que o leitor entenda mais de si
mesmo, reconheça seus pontos fortes e
fracos e saiba lidar com quem está ao
redor — e ganhar mais confiança e
tranquilidade, tanto na vida profissional
como na pessoal.
Estão no livro frases como: “Sou
organizado e guardo cada coisa em
seu lugar” e “Fico irritado quando
meus funcionários não seguem
minhas regras”. Nascida nos EUA,
Littauer (1928-2020) foi autora cristã
de autoajuda e ensinou habilidades
de comunicação por 30 anos. ■
Sexta-feira, 2 de setembro de 2022 | Valor | 35
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sescsp.org.br
INGRESSOS À VENDA
setembro NO SITE E NAS
2022 UNIDADES DO SESC.

FESTIVAL IBERO- 13 PAÍSES | 36 ESPETÁCULOS

AMERICANO E ATIVIDADES FORMATIVAS
DE ARTES DA AMÉRICA LATINA, ESPANHA
CÊNICAS E PORTUGAL (PAÍS HOMENAGEADO) Santos

EXPOSIÇÃO MÚSICA TEATRO SESCTV

Flávio de Carvalho Josyara Tudo Documentário

Experimental Lançamento do álbum
Mostra traz algumas das incur- “ÀdeusdarÁ”.
sões realizadas pelo artista nos 02/09. Sexta, 21h30.
campos da arquitetura, moda, Pompeia
pintura, teatro e sua relação com Pedro Luís e Yuri Queiroga
os meios de comunicação. Show “Terral”.
Até 29/01. Participação de Dai Ojeda (ARG).
Terça a domingo. 02/09. Sexta, 20h.
Pompeia 24 de Maio
Xilograffiti Orquestra Sinfônica
As relações entre cordel, Heliópolis
xilogravura e arte urbana. Em um convida Tulipa Ruiz
ateliê gráfico, o público pode 03 e 04/09.
ter contato com máquinas e Sábado, 21h. Domingo, 18h.
ferramentas de diversas técnicas Vila Mariana
de impressão. Tiê
Curadoria: Baixo Ribeiro. Show “Saudade é Amor”.
Até 04/09. 03/09. Sábado, 20h.
Sexta a domingo. Santo André
Consolação
Heloísa Lucas
Show “Mundo Cão”.
04/09. Domingo, 18h.
ESPORTE ATIVIDADE FÍSICA Belenzinho
Pedalada Noturna
Inscrições abertas em MEIO AMBIENTE
sescsp.org.br/inscricoes oficina
Percurso de 21 Km, Primavera e as abelhas
com largada e chegada no Biodiversidade e a importância
Sesc Pinheiros. das abelhas nativas.
10/09. 03 e 04/09.
Sábado, 21h. Sábado e domingo, 15h.
Pinheiros Guarulhos
PARQUES
Visite as unidades parque
Itaquera e Interlagos.
Aproveite as áreas verdes
e desfrute dos espaços
ao ar livre!
Quarta a domingo,
9h às 17h.
Na foto, o Sesc Itaquera
Consulte a Classificação Indicativa das atividades em sescsp.org.br
Dir.: Guilherme Weber
Com Julia Lemmertz,
Vladimir Brichta, Dani Barros,
Claudio Mendes e Márcio Vito.
02/09 a 09/10.
Quinta a sábado, 20h.
Domingo, 18h.
Bom Retiro
Guerra em Iperoig
Com mundana companhia
Texto: André Sant’Anna
Até 04/09. Sexta e sábado, 21h30.
Domingo, 18h30.
Belenzinho
Sarau para Lorca
Com a Cia do Tijolo.
Dir.: Rodrigo Mercadante
e Karen Menatti.
02/09. Sexta, 20h.
São Caetano
Fausto
Dir.: José Celso Martinez Corrêa
Co-Direção.: Fernando Carvalho
Com Ricardo Bittencourt,
Leona Cavalli, Marcelo Drummond
e Gui Calzavara.
Até 11/09. Sexta e sábado, 20h.
Domingo, 18h.
Pinheiros
O Bem Amado
De Dias Gomes.
Dir. Ricardo Grasson
Até 11/09. Sextas, 21h
Sábados, 20h. Domingos, 18h.
Santana
Améfrica: Em Três Atos
Direção: Eugênio Lima
Com Coletivo Legítima Defesa
Até 18/09.
Quinta a sábado, 20h.
Domingo, 18h.
Pompeia
Paulo Autran
O Senhor dos Palcos
Uma homenagem através
de depoimentos de artistas,
memórias fotográficas, e
lembranças de sua trajetória nos
palcos e nas telas de TV.
Direção: Marco Abujamra.
02/09. Sexta, 23h.
Disponível sob demanda em
sesctv.org.br/documentarios
CINEMA
31 de agosto a 7 de setembro
Caixa de Memórias
Dir.: Joana Hadijthomas e Khalil
Joreige|LBN-QAT-CAN-FRA|2021
03/09. Sábado, 18h.
O Estrangeiro
Dir.: Ameer Fakher Eldin |
SYR - DEU - PSE - QAT | 2021
03/09. Sábado, 20h30
O Salão de Huda
Dir.: Hany Abu-Assad |
PSE - EGY - NLD - QAT | 2021
04/09. Domingo, 20h30
CineSesc
Doe agasalhos, gorros,
meias e cobertores para
adultos e crianças.
NAS UNIDADES DO SESC DA
CAPITAL E DA GRANDE SP
Saiba mais em
www.sescsp.org.br

36 | Valor | Sexta-feira, 2 de setembro de 2022