www.valor.com.
br
Campos Neto sonda
economista do Santander
para diretoria do BC C3
ONG Enactus conecta
empresas e universitários
para desenvolver projetos
socioambientais B4
Destaques
Cenário do milho se agrava no Sul
Desde o primeiro levantamento para a sa-
fra 2022/23, divulgado em outubro, a
Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) já reduziu em 11,2% a estimativa
para a colheita de milho no Rio Grande do
Sul, que deve perder 5,13 milhões de tone-
ladas e poderá encolher mais em razão da
estiagem. O Paraná, terceiro maior Estado
produtor, também enfrenta problemas
com a irregularidade das chuvas. B8
Ambipar reduz ritmo de aquisições
Após quase 50 aquisições desde sua oferta
inicial de ações, em 2020, a Ambipar vai de-
sacelerar a estratégia de compras de empre-
sas, segundo seu diretor financeiro, Thiago
Silva. “Em 2023, vamos olhar um pouco
mais para dentro de casa. O grupo já conse-
guiu criar um ecossistema que cresce orga-
nicamente. Estamos olhando este ano com
disciplina de capital.” Oportunidades de
aquisição seguirão em análise, porém, serão
mais pontuais, em regiões estratégicas. B2
Usinas de cana estudam ir à Justiça
As usinas de etanol já cogitam ir à Justi-
ça para tentar reverter a desoneração da
gasolina, trazida pela MP 1.157, por des-
favorecer a competitividade do etanol
hidratado, apurou o Valor. O plano é
pressionar para que o governo revogue
a desoneração de PIS/Cofins e Cide so-
bre a gasolina ou ao menos garanta o di-
ferencial tributário da gasolina ante o
etanol de R$ 0,45 por litro. B8
IPO da CTG Brasil deve ficar para abril
O ano mal começou e já é dado como
certo que a CTG Brasil, subsidiária da
China Three Gorges no país, terá que em-
purrar sua oferta inicial de ações (IPO, na
sigla em inglês) para a segunda janela do
ano, em abril, apurou o Valor. Segundo
fontes ligadas à operação, a decisão pa-
rece inevitável dada a volatilidade atual,
que deverá prosseguir durante os pri-
meiros meses do novo governo. C2
Governo vai revogar mudança na ANA
O governo vai reverter a decisão que transfe-
riu a Agência Nacional de Águas (ANA) do
Ministério do Desenvolvimento Regional
para o do Meio Ambiente. A mudança, pre-
vista em MP publicada na segunda-feira, foi
recebida com preocupação pelo setor priva-
do, porque também retira da agência parte
de suas competências em relação à área de
saneamento. Segundo o secretário-executi-
vo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípo-
lo, tratou-se de um “equívoco”. A4
Reforma trabalhista avança no STF
Em 2022, o Supremo Tribunal Federal
validou os principais pilares da reforma
trabalhista de 2017. No entanto, cinco
anos após sua entrada em vigor, ainda
tramitam na Corte 11 das 39 ações mo-
vidas contra mudanças feitas na Conso-
lidação das Leis do Trabalho. Essas 11
ações discutem sete temas, o principal
deles, segundo especialistas, trata do
contrato de trabalho intermitente. E1
Ideias
Wellington Vitorino
O acesso a bons empregos é o caminho
mais efetivo para o aumento da mobili-
dade social no longo prazo. B2
Fernando Exman
Após passar as últimas semanas cons-
truindo sua base no Congresso, agora Lula
precisa definir sua agenda legislativa. A6
Indicadores
Ibovespa 3/jan/23 -2,08 % R$ 25,9 bi
Selic (meta) 3/jan/23
Selic (taxa efetiva) 3/jan/23
Dólar comercial (BC) 3/jan/23
Dólar comercial (mercado) 3/jan/23
Dólar turismo (mercado) 3/jan/23
Euro comercial (BC) 3/jan/23
Euro comercial (mercado) 3/jan/23
Euro turismo (mercado) 3/jan/23
Energia solar supera fonte
eólica e se torna a segunda
maior na matriz elétrica,
diz Rodrigo Sauaia, da
Absolar B3
INÊS249
Juros altos mais que dobram
endividamento de varejistas
Adriana Mattos
De São Paulo
O ano passado deu pouca trégua às
varejistas e empresas de serviços, tanto
pelo lado operacional quanto pelo fi-
nanceiro. O maior receio é que a manu-
tenção de uma taxa de juros alta por
muito mais tempo e eventual fraqueza
na geração de caixa possam agravar o
quadro de alavancagem dos negócios.
Levantamento do Valor Data nos ba-
lanços de 48 empresas de comércio e ser-
viços mostra que, enquanto a dívida fi-
nanceira líquida dos grupos disparou
176% — passando de R$ 17,5 bilhões para
R$ 48,3 bilhões entre o 3 o trimestre de
2021 e o de 2022 —, a geração de caixa
Adeus ao Rei
MATIAS DELACROIX/AP PHOTO
Homenagens, cantos e emoção marcaram a passagem de mais de 230 mil pessoas pelo velório de Pelé, na Vila Belmiro, ao qual o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva também compareceu. Ontem, o corpo do rei do futebol foi sepultado após um longo cortejo pelas ruas de Santos. Pág. A2
Demanda por serviços de TI dispara em 2021/22 Caio renuncia
Lucianne Carneiro
Do Rio
A transformação digital da economia
brasileira se intensificou com a pande-
mia, mudou o comportamento de em-
presas e pessoas e disparou a busca por
serviços de tecnologia da informação
(TI). Em outubro, a demanda pelo seg-
Gestão macro
vence em ano
de perdas para
multimercados
Adriana Cotias
De São Paulo
Num ano em que os multimercados ti-
veram saques de R$ 86,8 bilhões, mais da
metade de tudo o que saiu do setor de
fundos em 2022, os portfólios com estra-
tégia macro tiveram um dos melhores
desempenhos da história, com ganhos
de até 39%, caso do Asa Hedge, seguido
por SPX Raptor, Vinland e Captstone,
13,75% ao ano com carteiras que tiveram alta superior a
13,65% ao ano
30%. Há ainda vários exemplos com valo-
5,3753/5,3759
5,4514/5,4520
rização perto dos 20%. É um conjunto
5,4735/5,6535 que supera com folga os 12,4% da Selic
5,6726/5,6743 efetiva no ano, segundo levantamento da
TradeMap, entre carteiras com patrimô-
CELSO DONI/VALOR
5,7600/5,7606
5,8060/5,9860
nio acima de R$ 100 milhões. Foi a aposta
na alta dos juros, nos EUA e em outras
economias, e na queda das bolsas que
permeou boa parte das estratégias de
gestores ouvidos pelo Valor. Página C4
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 | Ano 23 | Número 5661 | R$ 5,00
operacional subiu bem menos, amplian-
do a pressão sobre o endividamento.
No mesmo intervalo, o lucro antes de
juros, impostos, amortização e deprecia-
ção (Ebitda, na sigla em inglês) subiu
20,3%, para R$ 34,2 bilhões. Com isso, a
relação entre dívida líquida e Ebitda pas-
sou de 0,62 para 1,41 — segue inferior a
duas vezes, média considerada aceitável,
mas em aceleração rápida.
A alta no índice é perceptível ao lon-
go do ano. No fim de 2021 era 0,37 e pu-
lou para 1,02 no 1 o trimestre, quando
registrou a maior aceleração trimestral,
até atingir 1,41 em setembro.
Desdeo3 o trimestrede2021,aSelic, que
afeta ospassivosatrelados ao CDI, saltou de
6,25% para 13,75% ao ano. A rede Le Biscuit,
mento foi 73,7% maior que em fevereiro
de 2020, mês anterior à crise sanitária.
Atividades como desenvolvimento de
aplicativos e softwares, armazenamento
de dados em nuvem e segurança da in-
formação foram algumas das mais pro-
curadas para atender as necessidades do
trabalho remoto e isolamento social.
O setor de serviços como um todo es-
Expansão
Depois de investir R$ 200 milhões em aquisições no ano passado, a fabricante de produtos de limpeza
Gtex, dona de marcas como Urca e Baby Soft, supera R$ 1 bilhão em receita, diz Talita Santos. Pág. B6
por exemplo, informou em seu relatório de
resultados que houve impacto “da mudan-
ça expressiva nos patamares da taxa básica
de juros”. A empresa diz que recebeu um
aporte de sócios e repactuou dívidas.
Os maiores aumentos na alavancagem
financeira, após o terceiro trimestre de
2021, estão no varejo de bens duráveis/lo-
jas de departamento, moda e no setor de
serviços, em academias de ginástica. “Em-
presas que ainda devem registrar alavan-
cagem líquida ajustada acima ou muito
próxima dos gatilhos de rebaixamento
em 2023 são Americanas, C&A e Guarara-
pes, todas em perspectiva negativa”, es-
creveu em relatório a agência de rating
Fitch. Procuradas, as companhias citadas
não se manifestaram. Página B1
tá em nível 10,5% superior ao daquele
momento. No acumulado em 12 me-
ses, o crescimento da TI segue em dois
dígitos desde março de 2021, mas co-
meça a dar sinais de desaceleração, se-
gundo a Pesquisa Mensal de Serviços
(PMS), do IBGE. A expansão continua,
dizem economistas e companhias, mas
em um ritmo menor. Página A12
Lupi critica
Previdência e
agita pregão
Matheus Schuch e Estevão Taiar
De Brasília
Entre as 11 cerimônias de posse de no-
vos ministros na terça-feira, a de Carlos
Lupi, na Previdência, foi a de maior re-
percussão no mercado. O pedetista clas-
sificou a reforma previdenciária de 2019
como “antirreforma” e, muito aplaudido
pelos convidados, disse que a Previdên-
cia não é deficitária. “Aposentadoria é dí-
vida da União com os trabalhadores, não
é prejuízo para os cofres públicos.”
Lupi pretende formar uma comissão
quadripartite, envolvendo representan-
tes de governo, sindicatos patronais e de
trabalhadores e aposentados, para anali-
sar “com profundidade” as mudanças
nas regras do sistema previdenciário. A
exemplo do primeiro pregão do ano, o
Ibovespa recuou, em meio às altas do dó-
lar e dos juros futuros. Páginas A6 e C2
Para Haddad,
reforma deve
ser pragmática
Matheus Schuch
De Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, pretende levar ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, ainda nesta se-
mana, o “plano de voo” de sua Pasta. Se-
gundo ele, a economia está desacele-
rando e “o primeiro trimestre é vital pa-
ra a gente mudar o curso”, disse ontem.
Haddad descartou a adoção de meta
para a taxa de câmbio e afirmou que a ta-
xa de juros no país está “fora de propósi-
to”. Entre suas prioridades para o primei-
ro semestre estão o novo arcabouço fiscal
e a reforma tributária, que na opinião do
ministro precisa ser “pragmática” para
avançar no Congresso. Página A3
e espera Prates
na Petrobras
Rafael Bittencourt e Fábio Couto
De Brasília e Rio
O Ministério de Minas e Energia en-
viou ao conselho de administração da
Petrobras a indicação de Jean Paul Pra-
tes para a presidência da companhia e
para ocupar assento no colegiado. Se-
gundo fontes, o atual presidente da pe-
troleira, Caio Paes de Andrade, encami-
nhou sua carta de renúncia ao conselho
da estatal na sexta-feira e permanecerá
no cargo até a análise do tema pelo pró-
prio colegiado. Página B2
Mercado já faz
79% do crédito
às companhias
Mariana Ribeiro
De São Paulo
Estudo do Cemec-Fipe mostra que o
sistema financeiro nacional avançou
na missão de financiar as empresas,
junto com a evolução do mercado de
capitais, a revisão do papel do BNDES e
a implementação da agenda regulató-
ria do BC. Em setembro, 79% do esto-
que da dívida das companhias estavam
alocados em operações de dívida cor-
porativa ou crédito com recursos livres,
ante 61% no fim de 2016. Página C1
A2 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Brasil
Medidasimpopulares
serãoinevitáveis
Lu Aiko Otta
A
turma do “deixa
disso” já entrou
em campo, mas
a decisão de
manter zerados
os tributos federais sobre
combustíveis emitiu sinais
ruins em duas áreas centrais do
governo: economia e meio
ambiente. Primeiro, porque
suspendeu a mais contundente
iniciativa do ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, na
direção do ajuste fiscal que
pretende implementar ainda
no primeiro trimestre do ano.
Ele havia dito que a
desoneração não seria
prorrogada. Seriam R$ 52
bilhões a mais na arrecadação.
Segundo, porque essa medida
estimula o consumo de
combustíveis fósseis no
momento em que o Brasil tenta
se recolocar no mundo como
uma potência ambiental. De
bônus, o corte de tributos sobre a
gasolina é uma medida que
beneficia a classe média e desvia
dos cofres públicos recursos que
poderiam ser destinados às
emergências sociais.
A dúvida que ficou no ar é
qual o preço político que o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva está disposto a pagar pelo
ajuste das contas públicas.
A prorrogação do benefício
fiscal aos combustíveis, que
representará renúncia de R$ 25
bilhões neste ano, foi tomada
em meio a boatos de que a
Petrobras estaria preparando
um reajuste nos preços dos
combustíveis para o dia 1 o de
janeiro. Seria um bom pretexto
para críticas de bolsonaristas,
que fizeram desse tema um
mote de campanha eleitoral.
“Spending review”
precisa de liderança
política forte
Outra explicação é que a
prorrogação dará tempo para a
nova diretoria da Petrobras
tomar posse. No documento
explicativo enviado pelo
Planalto ao Congresso
Nacional, as justificativas são:
dar tempo hábil para estruturar
uma política de preços e o risco
de alta da inflação.
Qualquer que seja o motivo,
fica aparente um baixo apetite
do governo em tomar medidas
impopulares. No entanto, não
existe alternativa se a ideia é
estabelecer um horizonte
previsível para a dívida pública
e, assim, resgatar a confiança
dos agentes econômicos.
Uma das poucas pistas sobre
o ajuste que está sobre a mesa
de Haddad aponta para um
vespeiro: a dedução de despesas
médicas no Imposto de Renda
da Pessoa Física (IRPF). O
próprio Lula deu a dica, ainda
durante a transição. Falou da
“injustiça” que é uma pessoa
como ele fazer exames e
consultas na rede privada e
abater os gastos do IR, enquanto
brasileiros com renda mais
baixa não abatem porque não
podem pagar plano de saúde.
Haddad retornou ao tema
ontem, em entrevista ao site
Brasil 247. Levantou a lebre da
justiça social da dedução.
Enquanto isso, uma pessoa da
audiência pediu que o
abatimento de gastos com
saúde fosse estendido a bichos
de estimação.
O ajuste fiscal, em qualquer
horizonte de tempo,
desagradará a grupos
específicos e consumirá capital
político. A lista de “maldades” é
grande, após três décadas de
enrolação no debate sobre
melhoria nos gastos públicos e
de favorecimentos a setores.
O ministro já disse muitas
vezes que na administração da
ex-presidente Dilma Rousseff
houve exagero na concessão de
desonerações tributárias. A lista
soma R$ 456 bilhões e
contempla o Simples, a Zona
Franca de Manaus e vários
regimes setoriais especiais. É
prometido um pente-fino
nesses chamados “gastos
tributários”. Grupos que
tiveram força política para
instituí-los vão reagir a
tentativas de corte.
Outra frente do ajuste é
avaliar os gastos públicos, para
usar de forma mais eficiente o
dinheiro do contribuinte. Algo
que os especialistas chamam de
“spending reviews”. É uma
tarefa que ficará com Simone
Tebet, ministra do
Planejamento.
Estudioso do tema, o
especialista em contas públicas
Leonardo Ribeiro explica que
esse é um método de gestão
fiscal baseado em revisões
periódicas dos gastos. No Brasil,
ajudaria a abrir espaço fiscal,
trocando despesas que não dão
o retorno esperado à sociedade
por outras prioridades.
É um trabalho que se alinha
com a elaboração do novo
marco para as contas públicas
brasileiras. Deve estar em
harmonia também com a
própria elaboração do
Orçamento federal.
Novamente, é uma tarefa
politicamente espinhosa. Isso
porque cada centavo do
Orçamento federal, de R$ 5,3
trilhões neste ano, tem uma
justificativa de mérito para
estar lá. A questão é a
qualidade, a prioridade e a
lisura de cada despesa dessas.
Se um “spending review” bem
feito dá conta de enfrentar as
pressões políticas que
determinaram esse ou aquele
gasto, é uma questão. A
experiência internacional, conta
Ribeiro, mostra que esse trabalho
é capturado quando não se
superam quatro obstáculos:
avaliações incompletas ou
enviesadas, assimetria de
informações entre quem avalia e
quem executa, falta de
coordenação do processo, falta
de liderança qualificada.
Dá certo quando há apoio das
lideranças políticas e
compatibilidade da revisão de
gastos com a agenda legislativa e
o processo orçamentário,
informa.
Haddad não tem receio de
críticas, como deixou claro em
seu discurso de posse. Ele disse
aceitar o papel de patinho feio
da Esplanada, antecipando o
“fogo amigo”.
A artilharia será um pouco
diferente desta vez por causa da
Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) da
Transição, com sua licença de
gastos extras de quase R$ 200
bilhões. Ao recompor o
orçamento dos ministérios e
dirigir recursos para áreas que
são prioridade de Lula,
antecipou o atendimento a
demandas que afloram em
inícios de governo.
A retomada do programa
Minha Casa, Minha Vida é um
exemplo. O programa estava
praticamente zerado. Com a
PEC, a área de habitação
ganhou reforço de R$ 9 bilhões.
Outro exemplo é a pressão do
funcionalismo. Neste ano, após
a PEC, há R$ 11 bilhões para
acomodar aumentos salariais e
R$ 1,5 bilhão para novas
contratações.
O conto de Hans Christian
Andersen (1805-1875) nos
ensina sobre resiliência, respeito
a diferenças e importância da
autoestima. Nele, não é um ato
heroico, e sim o passar do tempo
que cria as condições objetivas
para acabar com o sofrimento
do protagonista. Na versão
brasiliense não será assim. O
desfecho feliz exigirá esforço e,
principalmente, um sólido
apoio político.
Lu Aiko Otta é repórter
E-mail lu.aiko@valor.com.br
Caminhão de Bombeiros abre o cortejo que conduziu o corpo de Pelé por quatro horas pelas ruas de Santos, entre a Vila Belmiro e o cemitério Necrópole Ecumênica
Após cortejo de quatro horas, Pelé é
sepultado sob o olhar da multidão
Memória “Mil gols, mil gols, mil gols... só
Pelé, só Pelé, que jogou no meu
Folhapress, de Santos Santos”, entoou a torcida. A mú-
sica também é cantada nos jogos
Cinco dias após sua morte, o do Santos Futebol Clube, a equi-
Brasil deu o adeus a Pelé. O corpo pe que projetou Pelé para o mun-
do Rei do futebol percorreu as ruas do e ficou conhecida internacio-
de Santos por quase quatro horas nalmente por causa do ídolo. O
antes de ser sepultado no cemité- hino oficial do Santos também
rio vertical Memorial Necrópole foi cantado, assim como outras
Ecumênica, nesta terça-feira, 3. canções alusivas ao clube.
Depois de dias de calor inten- O caminhão passou na frente
so, o que exigiu resistência e pa- da casa de Celeste Arantes, mãe
ciência das mais de 230 mil pes- de Pelé, no canal 6. Emocionada,
soas que passaram pelo estádio a irmã do Rei, Maria Lúcia, foi à
da Vila Belmiro durante o veló- varanda, acenou e se despediu do
rio, que durou 24 horas, o cortejo irmão. A mãe de Pelé não apare-
aconteceu sob chuva fina. ceu. Ela tem 100 anos de idade e
O presidente Luiz Inácio Lula da vive na casa, mas está com a saú-
Silva compareceu ao funeral. A ce- de debilitada e sob cuidados.
rimônia final foi restrita à família. Sob aplausos e gritos de “Pelé”,
Durante o cortejo, os torcedo- a multidão que se aglomerou em
res puderam se despedir pela úl- frente à casa de dona Celeste se
tima vez do maior jogador de fu- mostrava emocionada.
tebol da história. O velório na Vi- O caminhão de Bombeiros fi-
la Belmiro foi marcado por ho- cou cerca de 15 minutos parado
menagens, cantos e emoção. no local. E, cada vez que andava
O caixão foi retirado da tenda alguns metros era aplaudido.
por volta das 10h e deixou o gra- Dezenas de motociclistas fize-
mado em um carrinho. ram um buzinaço no canal 6
O corpo de Pelé foi colocado após a passagem do corpo.
no caminhão do Corpo de Bom- Em alguns trechos do trajeto
beiros, que iniciou cortejo por al- percorrido pelo cortejo, pessoas
gumas ruas de Santos. nas sacadas de suas casas e nas ja-
Integrantes de torcidas orga- nelas dos apartamentos jogaram
nizadas, com bandeiras e instru- pétalas de rosas para o Rei.
mentos musicais, lotaram a ave- A orla da praia, no bairro do
nida Bernardino de Campos, Gonzaga, ficou lotada de pessoas
próxima ao portão principal da à espera do cortejo, desde ba-
Vila Belmiro, à espera da passa- nhistas até pessoas com camisa
gem do corpo. do Santos e roupa de trabalho.
O trecho da avenida esteve Com trânsito interditado na
completamente tomado de tor- avenida Presidente Wilson em
cedores, que cantaram sem pa- frente a praia, torcedores toma-
rar, como em um jogo de futebol. ram a via com bandeiras do clube.
Demanda por combustível pode sofrer com inflação
Gabriela Ruddy tribuição, como Vibra e Ultrapar,
Do Rio dizem os analistas Fernando Valle
e Brett Gibbs no documento.
A demanda por combustíveis Eles apontam que a demanda
no Brasil pode sofrer impactos por diesel no Brasil atingiu o
em 2023 da inflação de preços maior crescimento dos últimos
aos consumidores e da política de dez anos em 2022, mas que o
aperto monetário, segundo rela- consumo de gasolina ainda não
tório da Bloomberg Intelligence ultrapassou as máximas regis-
publicado nesta terça-feira, 3. O tradas em 2014. Do mesmo mo-
cenário pode afetar principal- do, a demanda por combustível
mente empresas do setor de dis- de aviação cresceu no ano passa-
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
Absolute C4 BNDES A5 CTG Brasil C2
Accenture A12 BofA C1 DA Davidson & Co B5
Agrológica B7 Bradesco BBI C1 Dell A12
Amazon B1 BTG Pactual C1 Ecoville B6
Ambev B3 C&A B1 Eletrobras C2
Ambipar B2 Caixa A6 Enactus B4
Americanas B1 Cargill B4 Eneva C2
Apple B5 Carlezani B6 Esh Capital B3
Assaí C2 Ceitec A10 Espumil B6
Aura Minerals B1 Cela B3 Fitch B1
Banco Inter A6 Cepeda Advogados C1 Foxconn B5
Banco Master B3 Citi C1 Gafisa B3
BB Investimentos B1 Clave Capital C4 GNLink B2
Bloomberg Intelligence A2 Credit Suisse C1 Goldman Sachs C1
A aposentada Maria Letícia
Brito, 64, de Indaiatuba (SP), dei-
xou o marido tomando conta das
cadeiras do casal, que passa fé-
rias em Santos, para ir até a aveni-
da Presidente Wilson ver o corte-
jo passar.
“Quanta gente”, afirmou ela
no meio da multidão. Com o can-
to dos mil gols que só Pelé tem,
torcedores seguiam o caminhão.
Ana Rita Santos, 24, que traba-
lha em uma loja na avenida Anna
Costa, teve permissão da chefe
para ir até o canteiro central da
Presidente Wilson.
“Vai com Deus, Pelé”, gritava
ela, que se diz santista “doente”.
“Lá em casa todo mundo é”, afir-
mou emocionada e com lágri-
mas nos olhos.
Durante a passagem do corpo,
as pessoas acenavam de sacadas
de prédios e de comércios.
Os santistas eram maioria nas
ruas, mas torcedores com cami-
sas de vários clubes do Brasil
também são vistos acenando pa-
ra o cortejo.
Os corintianos Jonatas do Prado
Nascimento, 33, e Daniel José da
Costa, ambos de Peruíbe, chega-
ram cedo à esquina do cemitério
vertical onde Rei foi sepultado.
“Alguns atletas são capazes de
transcender rivalidades”, diz Jo-
natas. “O Pelé é um deles”, acres-
centa Daniel. “Na Copa, a gente
viu um pouco disso com o Messi.
Independentemente da Argenti-
na, muita gente estava torcendo
por ele. Com o Pelé, foi assim a
carreira dele toda”, diz Jonatas.
O cortejo, previsto para levar 40
minutos, foi concluído em quase
do em relação a 2021, mas ainda
está abaixo das médias dos últi-
mos dez anos.
Valle e Gibbs apontam que,
apesar do consumo de derivados
no país ter crescido em 2022, a al-
ta pode desacelerar com a pres-
são da conjuntura global sobre
os preços das commodities. “Os
elevados custos de combustíveis
são um desafio político no Brasil,
que o presidente Luiz Inácio Lula
Greener B3 Le Biscuit B1
Grupo RBA de Legacy Capital C4
Comunicação A4 LG B6
Gtex B6 Magazine Luiza B1
Guararapes, B1 McDonald’s B4
Ibiuna C4 Méliuz C1
iFood B5 Microsoft B5
Intel B6 Neogrid A12
Itaú BBA C1 Petrobras A2, A10
J.P. Morgan C1 Rappi B5
Kairós C4 Riachuelo B1
KPMG B4 Ribus C2
Lactalis B7 Santander A4, C1
LCA Consultores A12 StoneX B8
ANDRE PENNER/AP
quatro horas, em meio à multidão
que tomou as ruas de Santos. Em
uma das últimas etapas do trajeto,
torcidas organizadas e torcedores
comuns cantaram o hino do San-
tos e estouraram rojões quando o
caminhão passou por ruas próxi-
mas ao cemitério.
Assim que o caminhão de
Bombeiros parou em frente ao
cemitério, uma marcha fúnebre
foi tocada pela banda da Polícia
Militar, enquanto o corpo era re-
tirado do veículo. Já em solo, foi
carregado para o interior do es-
paço ao som do hino do Santos.
Foi tocado ainda o hino religioso
“Segura na Mão de Deus”.
Nas 24 horas que durou o veló-
rio, cerca de 230 mil passaram
pela Vila Belmiro.
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva esteve pela manhã no es-
tádio para prestar sua homena-
gem a Pelé. Ele chegou à Baixada
Santista de helicóptero, que pou-
sou no campo da Portuguesa
Santista, bem próximo ao está-
dio do Santos. Desde as primeiras
horas da madrugada, um forte
esquema de segurança foi mon-
tado em frente ao estádio.
O presidente entrou no gra-
mado às 9h12, de mãos dadas
com a primeira-dama Janja e
acompanhado de uma comitiva.
Ao se aproximar do caixão, Lula
abraçou os parentes do Rei do fu-
tebol. Pouco depois, foi iniciada
uma cerimônia religiosa. O presi-
dente ficou ao lado do padre Javier
Mateo Arana, da diocese de Santos.
Logo depois, Lula deixou o grama-
do. No caminho, parou para abra-
çar e tirar foto com populares.
da Silva prometeu enfrentar”, diz
o relatório.
Os analistas dizem, no entan-
to, que um eventual controle de
preços por meio da Petrobras
pode ajudar a fortalecer o con-
sumo de derivados, ou ao menos
reduzir o ritmo de queda. O pre-
sidente Lula tem sinalizado in-
tenção de acabar com a parida-
de dos preços da estatal em rela-
ção ao exterior.
Sumitomo Chemical B4
Syngenta B7
Terra Agronegócios B8
TikTok A9
Tknet Telecom B1
Totvs A12
Tradener B2
Uber Eats B5
UBS C1
Ultrapar A2
Unifique B1
Unilever B4
Via B1
Vibra A2
XP B3

Brasil
Conjuntura Ministro diz que trimestre será decisivo para reverter desaceleração da economia
Haddad promete levar ‘plano de
voo’ a Lula ainda esta semana
Matheus Schuch
De Brasíia
A economia está desaceleran-
do e “o primeiro trimestre é vital
para a gente mudar o curso”, dis-
se ontem o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, antes de reu-
nir pela primeira vez toda a sua
equipe. Ainda nesta semana,
Haddad pretende levar ao presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva o
“plano de voo” de seu ministério,
com medidas de curto, médio e
longo prazos.
Haddad descartou a adoção
uma meta para taxa de câmbio e
opinou que a taxa de juros no
país está “fora de propósito”. A
equipe econômica está debruça-
da em reestimativas do cenário
para apresentar a Lula.
Entre as prioridades do pri-
meiro semestre, explicou, estão o
novo arcabouço fiscal e a refor-
ma tributária, que podem cami-
nhar juntas no Legislativo.
“Temos um trimestre para
anunciar as medidas necessárias
para colocar a economia brasilei-
ra no rumo certo”, disse Haddad,
em entrevista ao portal Brasil
247. “A partir de abril, com as co-
missões formadas no Congresso,
podemos encaminhar as medi-
das estruturais de que o Brasil
precisa”, afirmou.
A reforma tributária precisa
ser “pragmática”, segundo o mi-
nistro, para vencer obstáculos
que nos últimos anos impediram
o avanço da matéria no Congres-
so. A partir de abril, o objetivo é
tratar de impostos indiretos, afir-
mou. Depois, serão discutidos
Imposto de Renda e deduções,
por exemplo.
“Sem aumentar a carga tribu-
tária, podemos recompor essa
cesta [de impostos] de maneira a
ter sistema menos regressivo. O
pobre paga mais imposto pro-
porcionalmente à renda do que o
rico, diferente dos países desen-
volvidos”, argumentou. “A situa-
ção chegou em tal nível de desor-
ganização que há compreensão
[no Congresso] de que precisa-
mos fazer alguma coisa.”
Neste sentido, as PECs 45 e
110, que já tramitam no Con-
gresso, representam avanços, se-
gundo ele. “O que temos que me-
dir é o quanto podemos avançar.
Às vezes, muita ambição inviabi-
liza a reforma, temos de ser prag-
máticos”, observou o ministro.
Haddad também justificou
que não pode fazer a correção
da tabela do Imposto de Renda
da Pessoa Física (IRPF) neste ano
Regra fiscal vai olhar gasto
e arrecadação, diz Galípolo
Larissa Garcia
De Brasília
O secretário-executivo do Mi-
nistério da Fazenda, Gabriel Ga-
lípolo, afirmou ontem que o no-
vo arcabouço fiscal deve “olhar”
para a arrecadação e para o gas-
to, mas criticou a criação de um
“gatilho” automático da dívida
em relação ao Produto Interno
Bruto (PIB).
“A questão de ter variável que
faz ajustes em relação à dívida
sempre carrega dificuldade que
é: existe um componente da dí-
vida que é a política monetária,
a taxa de juros, então se você in-
sere gatilho automático na dívi-
da, acaba contaminando a polí-
tica monetária, e tem dificulda-
de de fazer ajustes no primário
na mesma proporção por toda
estrutura que a gente tem”, justi-
ficou o secretário.
Segundo ele, o ministro da Fa-
zenda, Fernando Haddad, rece-
beu várias propostas, inclusive
uma do Tesouro Nacional, para
que dívida líquida seja observa-
da nas novas regras.
“Ela [dívida líquida] tem que
Fernando Haddad em reunião com secretários e assessores: primeiro trimestre terá definição de medidas de curto, médio e longo prazos
devido ao princípio da anualida-
de. Por essa regra, uma eventual
determinação de aumento do IR
só pode ser implementada no
ano seguinte.
Diferentemente de Lula, Had-
dad adotou em seu discurso de
posse um tom moderado, defen-
dendo equilíbrio fiscal. Isso não
foi suficiente para barrar o movi-
mento de queda da bolsa na se-
gunda-feira. Para o ministro,
contudo, o comportamento do
mercado está relacionado ao le-
gado do governo de Jair Bolsona-
ro, que agora começa a aparecer.
“É mais uma tensão em virtude
da insegurança sobre os núme-
ros que estão sendo divulgados”,
disse. “Uma grande parte do em-
presariado está torcendo para o
país dar certo, mas eles não co-
nheciam o governo que apoia-
vam”, argumentou.
O clima de que “o Brasil estava
no rumo certo” está se desfazen-
do pela apresentação do “rom-
bo” deixado por Bolsonaro, sus-
tentou. “Os juros foram de 2% pa-
ra 13,75%, este é o maior legado
do Bolsonaro.”
Conforme Haddad, é inviável
neste cenário estabelecer meta
para câmbio e juros, em razão da
ser observada, a nova regra tem
que olhar a trajetória da dívida,
mas não sei se criar um mecanis-
mo automático de corte é possí-
vel, é factível. Já sou um pouco
mais cético em relação a isso, mas
tudo isso está submetido às dis-
cussões que a gente vai fazer”,
complementou.
Além disso, ele ressaltou que
o arcabouço fiscal, do lado do
gasto, precisa oferecer “regras
claras e previsíveis” para toda a
sociedade em termos quantitati-
vos, sobre a velocidade de cresci-
mento das despesas, e qualitati-
vos, porque, segundo ele, o país
“gasta mal”.
“Medidas precisam ser revisi-
tadas de tempos em tempos para
saber se o esforço fiscal está ge-
rando o resultado esperado”,
pontuou o secretário.
Galípolo afirmou que a equi-
pe econômica vai buscar, no cur-
to prazo, reavaliar renúncias fis-
cais tomadas no período eleito-
ral e os filtros dos programas so-
ciais para tentar terminar o ano
com déficit menor que o previs-
to no Orçamento, de cerca de
R$ 230 bilhões.
volatilidade. “A questão de ter
meta para câmbio não está em
discussão, não haverá discussão
para meta do câmbio. Agora, há
um problema de volatilidade
que atrapalha. O real é uma das
moedas mais negociadas do
mundo. Se ela não é conversível,
como o dólar e o euro, por que
ela é tão negociada? É negociada
pelos especuladores em função
da sua volatilidade, que é ruim
para a moeda porque os investi-
dores não têm horizonte de pla-
nejamento”, disse.
O ministro frisou, contudo,
que a partir da gestão das contas
públicas é possível diminuir as
flutuações de mercado.
“Por isso que câmbio e juro são
duas variáveis tão importantes, é
maneira de garantir ao investi-
dor ter longo horizonte de inves-
timento, ter confiança do país
com previsibilidade. Então, você
não tem meta para estas duas va-
riáveis porque é quase impossí-
vel ter meta para coisas que res-
pondem tão avidamente para
coisas de mercado. Mas é possível
trabalhar com governança das
contas públicas no sentido de es-
tabilizar e não permitir tanta vo-
latilidade como hoje, tanto no
“Estamos discutindo a questão
dos combustíveis, a gasolina
anualizada [o impacto] é mais ou
menos de R$ 30 bilhões e o diesel
R$ 18 bilhões. Temos uma série
de renúncias que estão sendo
discutidas por todo o governo
para ver a pertinência”, afirmou.
“No caso dos combustíveis, o
Brasil tem outro problema, que é
ter uma matriz de transporte ex-
cessivamente concentrada na
matriz rodoviária, e os combustí-
veis acabam afetando toda a ca-
deia produtiva, muitas vezes pro-
dutos de primeira necessidade
para a população e isso precisa
ser considerado neste momen-
to”, destacou.
“Então existe um plano de cur-
tíssimo prazo para ver o que é
possível rever em renúncia e em
qualidade de gasto. Vários filtros
em programas sociais foram reti-
rados durante o ano passado pa-
ra se aumentar as transferências
de renda, então isso precisa ser
revisto do ponto de vista qualita-
tivo. Às vezes você perde eficiên-
cia do programa jogando mais
dinheiro de maneira equivoca-
da”, completou.
juro como no câmbio”, pontuou
o ministro da Fazenda.
Para Haddad, o Brasil vive ho-
je uma situação anômala, com
taxa de inflação baixa [compara-
do a EUA e União Europeia], mas
com a maior taxa de juros real
do planeta.
Na entrevista, Haddad tam-
UM ANO
DE INFORMAÇÃO
PARA O SEU PET
SER MAIS FELIZ!
Você sabia que cães e
gatos também sofrem com
ansiedade e estresse? Será
que cachorro pode comer
arroz e feijão? Como tirar
o RG do seu pet? O que
os astros dizem sobre os
animais? Essas são apenas
algumas das respostas que
você encontra no Vida de
Bicho, o site mais completo
sobre pets do Brasil.
Com muita informação de
credibilidade para tutores
e outros apaixonados por
esse universo, o Vida de
Bicho completa um ano e
chega a 1.2 M de usuários
únicos por mês* com um
crescimento constante
de audiência.
Venha acompanhar todas
as curiosidades do mundo
animal, entrevistas
exclusivas, novidades,
além das principais
informações sobre saúde,
nutrição, comportamento
e adestramento.
SAIBA MAIS
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
WASHINGTON COSTA/ASCOM/MF
bém anunciou que o governo
quer envolver bancos públicos e
privados no chamado “desenro-
la”, programa de renegociação
de dívidas prometido durante a
campanha eleitoral. A ideia deve
ser levada ainda em janeiro a Lu-
la e envolverá pessoas físicas e
pequenas empresas.
Se você ainda não conhece o site e não segue
o Vida de Bicho nas redes sociais, acesse:
www.vidadebicho.com.br
@sigavidadebicho
Seguimos juntos para o segundo ano!
* Fonte: Google Analytics.
| Valor | A3
Casa Civil
descarta
‘paralisia’
Andrea Jubé
De Brasília
Após a publicação de decreto,
nesta segunda-feira, 2, exoneran-
do 1.204 pessoas que ocupavam
cargos comissionados no gover-
no de Jair Bolsonaro, o ministro
da Casa Civil, Rui Costa, disse ao
Valor, por meio de sua assessoria
de imprensa, que durante toda a
semana haverá novas publica-
ções de decretos de exonerações
e substituições de cargos no go-
verno federal para reorganização
da estrutura administrativa. Ha-
verá também novas nomeações.
Ainda por meio da assessoria,
o ministro esclareceu que não há
risco de paralisação da máquina
pública. Segundo o ministério,
isso ocorre porque as exonera-
ções, neste momento, atingiram
cargos mais altos, de níveis 5 e 6,
de chefia e de coordenação. Des-
ta forma, os cargos de perfil mais
técnico foram preservados e seus
titulares assumiram funções que
eram executadas pelos servido-
res exonerados. A substituição
desses técnicos ocorrerá de for-
ma gradual.
Dados atualizados do Painel
Estatístico de Pessoal, ligado ao
Ministério do Planejamento,
mostram que existem 567,6 mil
servidores públicos em atividade
ligados ao Poder Executivo, de
provimento por meio de concur-
so público.
Em paralelo, 34,8 mil servido-
res ocupam cargos e funções co-
missionados, sem vínculo per-
manente, representando 6,14%
do total de funcionários, mostra
o Painel Estatístico.
A administração pública fede-
ral gasta atualmente R$ 11,4 bi-
lhões com pagamento da folha
salarial dos servidores.
A4 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Brasil
Gestão pública Secretário diz que ida para o Meio Ambiente foi “equívoco”
TransferênciadaANAdeveráser
revista;regulaçãoaindaédúvida
Raphael Di Cunto, Larissa Garcia,
Daniella Chiaretti, Marcelo
Ribeiro e Vandson Lima
De Brasília
O governo Lula (PT) vai retifi-
car a mudança que transferiu a
Agência Nacional de Águas
(ANA) para o Ministério do Meio
Ambiente, mas espalhou suas
atribuições de cuidar do sanea-
mento básico no país entre a pas-
ta e o Ministério das Cidades. A
alteração, que consta da medida
provisória (MP) da reforma ad-
ministrativa, causou preocupa-
ção no setor privado de que isso
fragilizasse o marco legal que es-
timulou privatizações com o ob-
jetivo de universalizar o serviço.
O secretário-executivo do Mi-
nistério da Fazenda, Gabriel Galí-
polo, disse que foi comunicado
Novo comando do IBGE tem desafios além do Censo
Lucianne Carneiro
Do Rio
Em momento delicado, provo-
cado pelo atraso do Censo Demo-
gráfico, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) pas-
sou a ser comandado de forma in-
terina por seu diretor de pesquisas,
Cimar Azeredo Pereira, após a exo-
neração do presidente Eduardo
Rios Neto pelo novo governo. Tam-
bém foram exonerados a diretora-
executiva, Marise Maria Ferreira, e a
diretora-adjunta da diretoria-exe-
cutiva, Rose Mary Rodrigues.
À espera do novo presidente, o
principal desafio é a conclusão da
operação censitária, prevista ini-
cialmente para terminar em outu-
bro, mas que deve ir até fevereiro,
segundo as previsões mais recen-
tes, e a correção de eventuais erros
nos dados, apontam especialistas.
Até agora, foram contadas 179 mi-
lhões de pessoas, cerca de 86% da
prévia do Censo 2022, que foi de
207,8 milhões de habitantes.
O Censo começou com dois
anos de atraso por causa da pande-
mia e por redução no orçamento.
O número de 207,8 milhões é con-
siderado baixo pelo demógrafo e
professor aposentado da Escola
Nacional de Ciências Estatísticas
(Ence) José Eustáquio Diniz Alves e
pode sinalizar erro de cobertura.
Os desafios, no entanto, vão
Minha Casa terá retomada urgente, promete ministro
Vandson Lima e Marcelo Ribeiro
De Brasília
Nomeado ministro das Cida-
des por indicação do MDB, o em-
presário Jader Filho prometeu
ontem, em sua cerimônia de pos-
se, a “retomada urgente” do Mi-
nha Casa, Minha Vida (MCMV).
O programa habitacional,
uma das vitrines das gestões dos
governos do PT, foi substituído
no governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) pelo Casa Verde
Amarela, que nunca chegou a ga-
nhar tração na entrega de casas à
população de baixa renda. Se-
gundo Jader, R$ 10 bilhões estão
reservados para a retomada do
programa em 2023.
Condições financeiras pioram, mostra novo indicador
Anaïs Fernandes
De São Paulo
Os primeiros efeitos restritivos
das condições financeiras no Brasil
já começaram a aparecer no tercei-
ro trimestre de 2022 e levaram a
atividade a entrar no último tri-
mestre do ano no campo negativo,
reforçando a ideia de que, daí em
diante, as perspectivas para a eco-
nomia não são animadoras. É o
que mostra um novo indicador
proprietário do Santander, elabo-
rado pelos economistas Lucas
Maynard e Ana Júlia Carvalho para
por integrantes da Casa Civil de
que a mudança publicada no
“Diário Oficial da União” foi “um
equívoco e que se deve voltar
atrás” nas alterações. “Recebi es-
sa informação de integrantes da
própria Casa Civil, que vai ser
corrigido o que saiu”, disse.
“Acho que em algum momento
alguém emitiu alguma opinião
errada ou escreveu algo errado,
foi a informação que eu recebi.”
Ainda não está claro, contudo,
qual área ficará com as atribui-
ções. A nova lei do saneamento,
de 2020, atribuiu à ANA o papel
de elaborar normas de referência
ao saneamento básico, ou seja,
diretrizes a serem seguidas por
todos os órgãos dos Estados e
municípios. A MP da reforma ad-
ministrativa retirou essa compe-
tência da agência e a repassou ao
além do Censo. O IBGE tem hoje
uma parcela elevada de trabalha-
dores temporários, após aposenta-
dorias e falta de concursos públi-
cos. Segundo o Sindicato Nacional
dos Trabalhadores do IBGE (Assib-
ge), o instituto tinha, em dezem-
bro, 4.009 servidores efetivos e
5.028 trabalhadores temporários,
ou seja 56% da força de trabalho.
Essa parcela se mantém acima dos
50% desde 2019. Uma das questões
équeelespermanecemnomáximo
três anos na instituição, sem reno-
var contrato, comprometendo a
manutenção do conhecimento.
Além disso, a restrição de recur-
sos é uma preocupação que afetou
não só o Censo, mas todo o IBGE. O
cancelamento da contagem popu-
lacional de 2015 e o Censo Agrope-
cuário de 2017 reduzido são exem-
plos, segundo a integrante da Co-
missão Consultiva do Censo Suza-
na Cavenaghi, de que a redução de
recursos é antiga, embora tenha se
intensificado nos últimos anos.
“O IBGE vem sofrendo corte de
recursos há muito tempo. É uma
tristeza ver o que aconteceu. A
contagem populacional de 2015
não aconteceu, o Censo Agrope-
cuário quase não saiu, a Pesquisa
de Orçamentos Familiares (POF)
tinha regularidade maior, a Pes-
quisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) tinha mais su-
plementos.... Isso se intensificou
“Precisamos reconstruir quase
tudo nessa pasta, a começar pelo
MCMV, que havia sido desconti-
nuado”, apontou o novo minis-
tro, “Eu e minha equipe começa-
remos hoje mesmo a trabalhar
com o MCMV.”
Jader Filho revelou que, em
conversa recente com o presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), recebeu uma orientação.
“Peço licença para citar o presi-
dente Lula. Ele fez um comentá-
rio, ‘Jader, o Minha Casa Minha
Vida precisa ter varanda.” Lula,
em sua enorme sabedoria, diz
que esse programa tem que levar
dignidade e ajudar a diminuir
desigualdades. Não é porque a
pessoa precisa do governo que
trazer um retrato mais tempestivo
e amplo da economia do país.
“Na margem, depois do forte
e generalizado crescimento do
primeiro semestre de 2022 após
o processo de consolidação da
reabertura da economia, nosso
índice aponta que os primeiros
efeitos restritivos das condições
financeiras já começaram a apa-
recer no terceiro trimestre de
2022, atingindo principalmente
os setores de bens, enquanto as
atividades de serviços mostra-
ram alguma resiliência (ainda
que com um claro ritmo de de-
Ministério das Cidades, mas
manteve parte das responsabili-
dade do setor com a ANA.
Segundo uma fonte envolvida
com as discussões no grupo de
transição, as questões relaciona-
das ao saneamento básico devem
ser todas transferidas ao Ministé-
rio das Cidades, comandado por
Jader Barbalho Filho (MDB-PA).
A ANA, nos governos anteriores
do PT, ficava sob responsabilida-
de do Ministério do Meio Am-
biente e a intenção é que volte a
ser assim. Durante o governo Jair
Bolsonaro (PL), a agência passou
a ser vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento Regional, em
meio a disputa com a bancada
ruralista para que o órgão ficasse
sob a tutela do Ministério da
Agricultura.
O Ministério do Desenvolvi-
Cimar Azeredo, presidente interino do IBGE: desafio de entregar o Censo e ajustar o órgão com poucos recursos
agora porque o Censo não teve
gordura e não permitiu uma re-
novação do IBGE como ocorreu
em Censos anteriores”, afirma.
Para Cavenaghi, é preciso repen-
sar o orçamento do IBGE para que
não fique tão dependente de par-
pode receber algo de menor qua-
lidade”, relatou.
Programas de saneamento,
habitação rural, bem como in-
vestimentos em mobilidade ur-
bana e intervenção em áreas de
risco foram estrangulados finan-
ceiramente pelo governo ante-
rior, disse Jader. “Para tudo que
seja intervenção em área de risco,
o orçamento tinha reservado
R$ 25 mil”, exemplificou. Ele lem-
brou que recursos para as áreas
foram previstos na peça orça-
mentária graças à aprovação da
PEC da Transição.
Empresário, Jader é um novato
na política. Presidia o Grupo RBA
de Comunicação, conglomerado
de mídia da família Barbalho que
saceleração)”, escreve Maynard
em relatório.
Assim, em outubro, o índice
criado por Maynard e Carvalho
chegou a -0,14 ponto, a primeira
leitura negativa desde janeiro
(-0,07 ponto), quando houve o
surto da variante ômicron do coro-
navírus. “As condições financeiras
do Brasil permanecem seriamente
restritivas e as perspectivas se-
guem desanimadoras a partir de
2022 em diante”, diz Maynard.
O índice, chamado de SAI (índi-
ce de atividade mensal do Santan-
der, na sigla em inglês), foi cons-
mento Regional foi dividido em
dois no novo governo: Cidades,
que é o mais cotado para ficar
com as questões relacionadas ao
saneamento, e Integração e De-
senvolvimento Regional, coman-
dado por Waldez Góes.
Ontem, após a cerimônia de
apresentação no cargo, Góes de-
fendeu que a ANA volte para o
ministério comandado por ele, o
que teria sido recomendado por
servidores da agência. “É um de-
bate que a gente está tendo”, afir-
mou. “Houve mudança e na tran-
sição começou a ter problemas,
deu uma certa confusão e precisa
ser organizado melhor”, disse.
Também após sua posse, Jader
disse que tudo está sendo con-
versado e não há uma decisão.
Galípolo afirmou que um pon-
to importante no papel das agên-
cerias com ministérios para pro-
dução de estatísticas. “O IBGE pre-
cisa de um orçamento dele, um di-
nheiro com garantia. Não pode de-
pender de mudança de governo
ou de ministro”, diz.
A defesa de uma estruturação
detém emissoras de rádio, televi-
são e o jornal “Diário do Pará”.
A nomeação de Jader Filho pa-
ra o Ministério das Cidades é, an-
tes de tudo, uma mostra da força
política adquirida por seu irmão,
o governador do Pará, Helder
Barbalho (MDB). Reeleito ainda
em primeiro turno, com 70% dos
votos, Helder ainda emplacou
pelo Estado 9 dos 42 deputados
federais que o MDB terá em 2023,
tornando os paraenses o maior
grupo na bancada da legenda.
Helder precedeu o irmão no
discurso. Foi ovacionado pela
plateia e, tal qual fosse ele o no-
meado para compor a Esplana-
da, fez toda a nominata do even-
to, citando governadores, minis-
truído a partir de 51 séries setoriais
disponíveis, mensais e dessazona-
lizadas, que vão de janeiro de 2011
a, por ora, outubro de 2022. As in-
formações foram agrupadas tam-
bém em cinco categorias: indús-
tria, varejo, serviços, mão de obra e
produção agrícola.
As contribuições para o índice
de atividade geral entrar no
campo negativo em outubro fo-
ram da indústria (-0,33 ponto
percentual, p.p.), comércio (-
0,04 p.p.) e agropecuária (-0,08
p.p.), que mais do que compen-
saram os efeitos positivos dos
O ministro Waldez Góes: conversas para pedir Agência de Águas de volta
cias reguladores é que a Consti-
tuição determinou “de forma
correta e bem-intencionada” que
o poder concedente dos serviços
de saneamento seja o município.
“A grande dificuldade que a gen-
GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO
do orçamento também é feita pelo
ex-presidente do órgão Roberto
Olinto. “A questão do orçamento é
um desafio imediato. As últimas
grandes pesquisas, como Censo,
Censo Agropecuário e POF, foram
adiadas, sempre ficam dependen-
tros e parlamentares presentes,
além movimentos sociais de mo-
radia. Helder exaltou ainda Si-
mone Tebet, candidata do MDB
na eleição presidencial de 2022 e
futura ministra do Planejamen-
to. “É um orgulho do nosso parti-
do e terá grande contribuição
para o êxito do governo Lula.”
No discurso, Helder colocou
certa pressão no irmão, ao dizer:
“você tem a honra de ser ministro
do maior líder político contem-
porâneo popular do mundo”, re-
ferindo-se a Lula. “Você traz a cul-
tura da gestão privada, que pau-
ta-se por metas, avaliações e ges-
tões eficientes. Com a retomada
desse ministério, vamos fazer do
MCMV novamente um impulsio-
serviços (0,23 p.p.) e da mão-de-
obra (0,08 p.p.).
“Avaliar os impactos de curto e
médio prazo na atividade do-
méstica provocados pelo forte
aperto recente das condições fi-
nanceiras é uma tarefa de pri-
meira ordem”, afirma Maynard.
Além disso, diz, acompanhar os
efeitos restritivos sobre ativida-
des cíclicas (mais sensíveis ao ci-
clo econômico) e não cíclicas
(menos sensíveis ao ciclo e mais
beneficiadas por choques positi-
vos de oferta) é importante para
entender melhor como foi a di-
REPRODUÇÃO/FB
te tem no saneamento é que a
gente depende de subsídios cru-
zados”, afirmou. O subsídio cru-
zado é quando a tarifa de regiões
mais ricas custeia os investimen-
tos nas regiões mais pobres.
tes do humor orçamentário, do
governo que está no momento.”
Num mundo cada vez mais ba-
seado em dados, também fica a
questão da modernização da legis-
lação estatística e da integração
das informações divulgadas em
todas as instâncias de governo.
Olinto, que hoje é pesquisador as-
sociado do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio
Vargas (FGV Ibre), publicou artigo
recente em que defende que falta
uma autoridade estatística nacio-
nal para regular e integrar a pro-
dução da informação oficial, sem
retirar do IBGE a responsabilidade
de organização metodológica.
“O desafio é reunir os produto-
res de estatísticas, como o Banco
Central e o Ministério do Desen-
volvimento e Indústria e Comércio
Exterior, de forma que estabeleça
padrões, bases de dados integra-
das, uma avaliação de qualidade,
os procedimentos que o produtor
de estatística tem que seguir”, diz.
Outra questão em debate é a
própria forma de escolha do no-
vo presidente. O Assibge defende
uma eleição interna, com uma
lista tríplice, modelo que é ado-
tado na Fiocruz, por exemplo.
Tradicionalmente, o cargo é indi-
cado pelo ministério ao qual está
ligado, que agora voltará a ser o
de Planejamento. (Colaborou
Alessandra Saraiva)
nador para o mercado imobiliá-
rio, de material de construção,
um importante alavancador no
combate ao desemprego no Bra-
sil”, apontou.
Além de Tebet, compareceram
à disputada posse de Jader Filho
os ministros das Comunicações,
Juscelino Filho (União), da Previ-
dência, Carlos Lupi (PDT), e dos
Transportes, Renan Filho (MDB),
além de governadores, em espe-
cial das regiões Norte e Nordeste,
do ex-presidente José Sarney, de-
zenas de deputados e senadores,
líderes do governo Lula na Câma-
ra e no Congresso, além dos pais
do ministro, o senador Jader Bar-
balho (MDB) e a deputada Elcio-
ne Barbalho (MDB).
nâmica de crescimento em 2022
e como será ao longo de 2023.
Segundo os economistas do
Santander, as perspectivas desani-
madoras para as condições finan-
ceiras impõem desafios para a pro-
dução à frente, especialmente no
que diz respeito às atividades cícli-
cas. A evolução do SAI deve forne-
cer pistas sobre se a dinâmica das
atividades não cíclicas será sufi-
ciente para compensar a esperada
desaceleração das demais.
Atualmente, o Santander pre-
vê altas para o PIB brasileiro de
3% em 2022 e de 0,8% em 2023.

Brasil
Políticas públicas Para agência, país
é capaz de influenciar América Latina
‘Retorno’ do
Brasil ajuda
combate à
fome, vê FAO
Luísa Martins e Murillo Camarotto
De Brasília
A participação mais ativa do
Brasil nos principais fóruns de
relações internacionais, como a
Comunidade Latino-Americana
de Nações (Celac), a Cooperação
Sul-Sul e o próprio G-20, poderá
ajudar a acelerar o combate à in-
segurança alimentar na América
Latina, após anos de retrocessos
na agenda de redução da pobre-
za, da fome e do incentivo à
agricultura familiar.
A avaliação é do diretor da Or-
ganização das Nações Unidas pa-
ra Alimentação e Agricultura
(FAO) para a América Latina e Ca-
ribe, Mario Lubetkin. Em entre-
vista ao Valor, ele disse ver no al-
to escalão do novo governo uma
“grande abertura mental” para
mapear as urgências sociais e
buscar as soluções adequadas.
No Brasil pela primeira vez des-
de que tomou posse na FAO, em
agosto do ano passado, o jornalis-
Banco Mundial sugere agenda e alerta para contas públicas
Assis Moreira
De Genebra
O Banco Mundial preparou um
documento com sugestões para
entregar também ao novo gover-
no em Brasília para ajudar na ela-
boração de políticas contra o bai-
xo crescimento e limitadas opor-
tunidades de renda na maior eco-
nomia da América Latina.
Entre 2010-2019, o Brasil teve
crescimento médio anual do PIB
per capita de apenas 0,53%, bem
abaixo dos 4,03% de países de
renda média alta, 1,4% dos países
da Organização para Coopera-
ção e Desenvolvimento Econô-
mico (OCDE) e 1,39% do México,
por exemplo, segundo o banco.
Ou seja, o Brasil ficou para trás.
Nas “Notas de Políticas Públicas
para o Brasil”, o Banco Mundial
destaca que, ao olhar para o futuro
sob um novo governo, o país tem a
tarefa de garantir a recuperação de
choques passados e construir um
futuro com mais oportunidades
para toda a população.
Constata que a crise de 2014-
2016, a pandemia de covid-19 e as
consequências da guerra na Ucrâ-
nia tiveram um impacto profundo
Pequena indústria mostra pessimismo
Marcelo Osakabe
De São Paulo
O pessimismo dos empresá-
rios donos de micro ou peque-
nas indústrias com as perspecti-
vas econômicas no curto e mé-
dio prazo deu um salto no fim
do ano passado, em meio à desa-
celeração econômica e o noticiá-
rio sobre a transição para o go-
verno Lula.
De acordo com pesquisa orga-
nizada pelo Sindicato da Micro e
Pequena Indústria do Estado de
São Paulo (Simpi), a parcela dos
entrevistados que disse acreditar
que a situação para setor vai pio-
rar nos próximos três meses che-
gou a 23% em novembro, ante 6%
em setembro. Já a parcela dos res-
pondentes que disseram acredi-
tar em melhora caiu de 58% para
32% no período.
O movimento espelha a piora
da perspectiva sobre o estado da
economia brasileira. Em setem-
bro, apenas 9% dos responden-
tes disseram acreditar que ela
ta uruguaio prestigiou a posse do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
no domingo e tem aproveitado a
viagem para marcar uma série de
reuniões com ministros e autori-
dades nacionais, em áreas conside-
radas estratégicas para a FAO.
Nos últimos dois dias, Lubetkin
já se encontrou com o vice-presi-
dente Geraldo Alckmin; com os
ministros Carlos Fávaro (Agricul-
tura), Wellington Dias (Desenvol-
vimento Social) e Paulo Teixeira
(Desenvolvimento Agrário); e com
o presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e So-
cial (BNDES), Aloizio Mercadante.
“Historicamente, a FAO tinha
como referência apenas o ministro
da Agricultura, assim como a
Unesco tinha como referência o da
Educação. Mas, hoje, se queremos
enfrentar os temas da pobreza e da
insegurança alimentar, que afe-
tam diretamente a economia do
país, é impossível dispensar uma
articulação mais integradora.”
Lubetkin evita fazer um diag-
no país, reduzindo o crescimento,
aumentando o desemprego e ele-
vando a inflação. E acrescenta: “Es-
sas crises também contribuíram
para uma década que apresentou
poucos ganhos na luta contra a de-
sigualdade. As disparidades exis-
tentes se ampliaram devido ao im-
pacto desproporcional desses cho-
ques nos mais vulneráveis. Uma re-
cuperação incipiente está em an-
damento, mas frágil e está exposta
a uma incerteza maior, dada a
perspectiva sombria global e os
crescentes riscos climáticos”.
Nesse contexto, o banco apre-
senta uma “agenda priorizada”
em torno de quatro questões que
considera de maior relevância
para a recuperação e a resiliência
futura do Brasil.
A primeira é o objetivo de pro-
mover o desenvolvimento de for-
ma sustentável, considerando “o
desafio imediato de situar as
enormes necessidades de cresci-
mento, inclusão e ação climática
do país dentro de um quadro ma-
croeconômico confiável e políti-
cas fiscais eficientes e eficazes”.
Diz que, considerando a cres-
cente demanda por assistência so-
cial e necessidades de investimen-
iria piorar. Em novembro, esse
percentual chegou a 39%. Na ou-
tra ponta, os que disseram en-
tender que os três meses seguin-
tes serão melhores passaram de
48% para 30%.
Na mesma linha, 57% dos pe-
queno e micro industriais de São
Paulo disseram acreditar que a
inflação vai aumentar, contra
27% em setembro.
O maior pessimismo também
se reflete na porcentagem da-
queles que disseram enxergar
possibilidade de fecharem as
portas, que praticamente do-
brou: saiu de 9% em setembro pa-
ra 16% na pesquisa mais recente.
Duas novas perguntas foram
acrescentadas no último levanta-
mento. Em relação à perspectiva
para negócios com a posse do
novo governo federal, 37% disse-
ram acreditar que a situação irá
melhorar, e 44%, que vai piorar.
Já em relação ao cenário para
2023, 50% avaliam que o ano que
começa será melhor para seus
negócios do que o ano passado.
Mario Lubetkin, diretor da FAO: alto escalão do novo governo tem “grande abertura mental” para mapear urgências sociais e buscar as soluções adequadas
nóstico dos quatro anos de man-
dato do ex-presidente Jair Bolso-
naro. “Não é papel da FAO”, res-
ponde. No entanto, pondera que
os dados não mentem: “O cená-
rio é, sem dúvidas, negativo. Se
em 2014, o Brasil saiu do mapa
da fome e agora tem 27% da po-
pulação em situação de insegu-
rança alimentar, obviamente o
Brasil andou para trás”.
Segundo ele, a agência espera
tos em infraestrutura, o atual de-
bate em torno do futuro do teto de
gastos como a principal âncora fis-
cal era esperado. Mas chama aten-
ção para o fato de que as finanças
públicas estão realmente em uma
base frágil. O nível de endivida-
mento do Brasil é superior ao de
países comparáveis e pode “au-
mentar em espiral” se não houver
disciplina fiscal contínua. Sugere
que uma âncora confiável deve ter
regras fiscais simples e transparen-
tes para apoiar a comunicação e a
adesão ampla, com cláusulas de
escape que devem ser bem defini-
das para enfrentar choques.
Para o banco, as transferências
sociais precisam ser mais eficien-
tes e progressivas. O Brasil propor-
ciona alguma forma de comple-
mento de renda para as famílias
em todos os setores da distribui-
ção de renda. Mas o banco avalia
que esse apoio é concedido de for-
ma fragmentada e sobreposto, ou
seja, cria duplicidade em algumas
famílias e falta de cobertura em
outras. Com nova abordagem, o
banco calcula que se economizaria
cerca de R$ 144 bilhões, ou 17%
menos do custo projetado em pro-
posta eleitoral (R$ 173 bilhões).
Outros 31% dos entrevistados es-
tão pessimistas.
O tom mais negativo contras-
ta com a percepção sobre a si-
tuação corrente. O índice de sa-
tisfação das micro e pequenas
indústria em novembro chegou
a em 135 pontos, ligeiramente
acima de 132 de setembro — o
indicador vai de 0 a 200, com
números maiores que 100 deno-
tando otimismo.
Já o Índice de Contratação e
Demissão das micro e pequenas
indústrias paulistas ficou positi-
vo em 106 pontos, com mais em-
presas contratando (19%) do que
demitindo (13%).
No levantamento anterior, o
índice estava em 110 pontos,
com 20% de contratações e 10%
de demissões.
Quando questionados sobre a
situação dos negócios, 58% ava-
liaram que ela estava boa ou óti-
ma, patamar semelhante ao da
pesquisa anterior (57%). Por ou-
tro lado, 43% ainda disseram ter
capital de giro insuficiente, nú-
lançar até o fim deste ano, em par-
ceria com a Celac, um novo plano
de segurança alimentar para
substituir o de 2015, já defasado
diante dos acontecimentos mun-
diais. “Os sete últimos anos foram
dramáticos, com pandemia, guer-
ra na Ucrânia e aprofundamento
da crise econômica.”
Uma das apostas da entidade
para o combate à insegurança
alimentar é o fortalecimento
Insiste na importância de tornar
a tributação mais eficiente e pro-
gressiva no país. Isso passa por har-
monizar a tributação sobre a ren-
da nas diferentes bases fiscais, eli-
minar as isenções para dividendos
e renda de aposentadoria e tam-
bém as isenções fiscais “regressivas
e ineficientes”. No geral, as isen-
ções fiscais foram estimadas em
R$ 320 bilhões, ou 3,3% do PIB em
2022, representando um peso sig-
nificativo para as contas públicas.
Também defende controle da
remuneração e do sistema de
previdência do setor público.
Avalia que as reformas, incluin-
do administrativa, reforçariam a
sustentabilidade fiscal do siste-
ma sem aumentar a pobreza.
A segunda questão é a constru-
ção de oportunidades por um
crescimento liderado pela pro-
dutividade. Nota que, com a cres-
cente dependência dos brasilei-
ros em relação a políticas de as-
sistência social, é fundamental
retomar a visão de crescimento e
de emprego como especialmente
importantes para a dignidade e a
mobilidade da população pobre.
Entre opções de políticas públi-
cas para aumentar a produtivida-
mero estável na comparação
com setembro.
Para Joseph Couri, presidente
do Simpi, é preciso levar em con-
sideração que a pesquisa foi feita
em novembro, “ainda em am-
biente de grande polarização da
eleição, que até certo ponto con-
tinua”.
Apesar de enxergar que os da-
dos revelam um conjunto de em-
presas que se dizem melhores,
mas preocupadas com o futuro,
ele vê o início de uma guinada na
percepção do setor.
“O que temos ouvido de Brasí-
lia é que a questão do emprego e
do fortalecimento da micro e
pequena empresa será uma tô-
nica do governo. Claro que pre-
cisamos esperar para ver se o
efeito das medidas chegará à
ponta, mas é preciso lembrar
que governos de todo o mundo
costumam receber 90 dias de
prazo para começar a colocar as
coisas para andar. Esse governo
teve que governar antes mesmo
de tomar posse”, afirma.
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
constante da agricultura fami-
liar. “É na agricultura familiar
que se decide a luta entre pobre-
za e desenvolvimento, não na
grande empresa”, diz Lubetkin.
“Precisamos criar instrumen-
tos de alto nível, em uma ação
conjunta entre todos os países,
levando em conta as especifici-
dades de cada um. Uma coisa é
clara: a insegurança alimentar,
junto às crises energética, econô-
de e o crescimento , o banco sugere
ao governo intensificar a integra-
ção e a concorrência por meio do
comércio; aumentar a inovação e o
avanço tecnológico; melhorar o
ambiente de investimento; mo-
dernizar a infraestrutura. Tudo is-
so precisaria ser complementado
com reformas específicas setoriais.
A melhora do ambiente de ne-
gócios no país é também central.
O banco cita estudo do governo
de 2019, que estimou que fazer
negócios custa às empresas
R$ 1,5 trilhão a mais no Brasil do
que em economias da OCDE.
Também calcula que o déficit de
financiamento da infraestrutura
brasileira está rapidamente se
aproximando de US$ 800 bilhões.
Em terceiro lugar, o Banco
Mundial sugere ao governo au-
mentar as habilidades e a inclu-
são econômica da população po-
bre para que estes tenham maior
capacidade de captar as oportu-
nidades que surgem com o cresci-
mento. Isso inclui, por exemplo,
recuperar perdas de aprendiza-
gem, reduzir as taxas de abando-
no escolar, melhorar a qualidade
do ensino, reformular o Sistema
Nacional de Emprego (Sine).
Curta
Mais petróleo
A produção de petróleo do Bra-
sil ficou em 3,095 milhões de bar-
ris por dia (barris/dia) em novem-
bro de 2022, alta de 8,5% na com-
paração com igual mês do ano an-
terior, segundo dados do boletim
mensal da Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocom-
bustíveis (ANP), divulgado na ma-
nhã desta terça-feira, 3. A extração
de gás natural no mês foi de
140,38 milhões de metros cúbicos
por dia (m3/dia), crescimento de
2,8% em relação a novembro de
SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO
E DA PREVIDÊNCIA – SEAP
DEPARTAMENTO DE LOGISTICA PARA
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS - DECON
DEVOLUÇÃO DE PRAZO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 1327/2022 - SRP
PROTOCOLO Nº 18.752.353-2
OBJETO: Futura e eventual aquisição de FARDAMENTO – CAMISA TÁTICA, GANDOLA TÁTICA E CALÇA.
INTERESSADO: PMPR/SESP.
AUTORIZADO pelo Exmo. Sr. Secretário de Estado da Administração e da Previdência, em 08 de
novembro de 2022.
ABERTURA: 18 de janeiro de 2023 às 09:00 hrs.
LOCAL da DISPUTA e EDITAL: www.licitacoes-e.com.br
Informações Complementares: www.administracao.pr.gov.br/Compras e www.transparencia.pr.gov.br.
| Valor | A5
WENDERSON ARAUJO/VALOR
mica e climática, é um tema que
vai ficar na nossa mesa por anos.”
O diretor da FAO posiciona o
Brasil como um protagonista. Pa-
ra o bem ou para o mal, os resul-
tados brasileiros, segundo ele,
são capazes de influenciar os de
toda a América Latina, que esteve
“descolada do mundo” nos últi-
mos anos. “O Brasil é um país po-
derosíssimo, capaz de puxar to-
dos os demais para frente.”
O quarto tema é para o Brasil
concretizar o potencial como
economia verde. Isso passa por
reduzir o desmatamento ilegal
até 2028, ter indústrias e cidades
resilientes e agricultura inteli-
gente para o clima, por exemplo.
Conforme o Banco Mundial,
com o aumento da perda e degra-
dação florestal na Amazônia, esse
bioma pode em breve atingir um
ponto de inflexão, em que grandes
áreas da bacia amazônica, dentro e
fora do Brasil, não teriam chuvas
suficientes para sustentar os ecos-
sistemas nativos ou fornecer servi-
ços ecossistêmicos essenciais, com
consequências para os principais
setores de crescimento do país.
O impacto projetado de um
potencial ponto de inflexão da
Amazônia sobre o PIB acumula-
do do Brasil até 2050 foi estima-
do “de forma conservadora” em
cerca de R$ 920 bilhões.
O banco defende adoção do
sistema de comércio de emis-
sões, considerar a criação de um
imposto sobre o carbono e ini-
ciar eliminação de subsídios pa-
ra as atividades intensivas em
emissões, e apoio às famílias para
gerenciar a transição climática.
2021. Na comparação com o mês
de outubro de 2022, a produção
de petróleo caiu 4,6%, enquanto a
de gás natural teve redução de
5,6%. Segundo a ANP, a queda na
comparação mensal foi motivada
por paradas de produção progra-
madas e não programadas em pla-
taformas do pré-sal. Ao todo, a
produção da camada pré-sal em
novembro foi de 2,327 milhões de
barris/dia de petróleo e 101,35 mi-
lhões de m3/dia. A extração no
pré-sal correspondeu a 74,5% da
produção brasileira no mês.
A6 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Política
Executivo Ministro diz que formará comissão para
“analisar com profundidade” mudanças no sistema
Carlos Lupi propõe
rediscutir reforma
da Previdência
Matheus Schuch e Estevão Taiar
De Brasília
A reforma da Previdência foi
uma “antirreforma” feita apenas
para retirar direitos dos trabalha-
dores, afirmou nessa terça-feira
(3) o novo ministro da Previdên-
cia, Carlos Lupi (PDT). Lupi pre-
tende rediscutir as mudanças no
sistema previdenciário e defen-
deu em seu discurso de posse que
as regras sejam “regionalizadas”,
dadas as diferenças de expectativa
de vida entre os Estados do Brasil.
Na cerimônia que lotou o au-
ditório do ministério, Lupi tam-
bém prometeu um mutirão para
zerar a fila do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) pois dis-
se que não se conforma com a
“humilhação” contra os traba-
lhadores. Ele irá elaborar uma
proposta específica para conces-
são de bônus a servidores do ins-
tituto para que eles reforcem a
análise dos pedidos de benefício.
O ministro pretende formar
uma comissão quadripartite en-
Marinho fala em novo marco trabalhista
Guilherme Pimenta e Estevão Taiar
De Brasília
O ministro do Trabalho, Luiz
Marinho (PT), tomou posse nessa
terça-feira (3) e afirmou que o go-
verno federal não vai revogar a le-
gislação trabalhista, alterada du-
rante a gestão de Michel Temer e
frequentemente criticada por pe-
tistas, mas disse que será preciso
“mexer” em alguns pontos e “cons-
truir um novo marco no mundo
do trabalho”, com foco em prote-
ger o trabalhador e garantir direi-
tos. Marinho, que será ministro do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) pela terceira vez, afirmou que
a reforma será fatiada, deve ser en-
viada ao Congresso Nacional ain-
da este ano e prometeu que as cen-
trais sindicais terão protagonismo
durante sua gestão.
“Vamos construir a reforma
com diálogo com partes envolvi-
das, com trabalhadores e empre-
sas. Será o ministério do diálo-
go“, disse em entrevista após a ce-
rimônia de posse, na sede da pas-
ta. Durante o discurso, citou um
diálogo tripartite para “construir
uma legislação que modernize o
nosso sistema sindical e de rela-
Almeida anuncia retomada da comissão de Posses de ministros de Lula viram
mortos e desaparecidos no regime militar ‘redenção’ da ex-presidente Dilma
Caio Sartori, Cristiane Agostine e
Daniela Chiaretti
De Brasília
Críticas fortes ao ex-presidente
Jair Bolsonaro marcaram as posses
dos ministros Silvio Almeida, dos
Direitos Humanos, e Cida Gonçal-
ves, das Mulheres. Eles promete-
ram retomar o poder dos seus mi-
nistérios e acabar com o que consi-
deram um período “devastador” e
de “ódio e preconceito”. Almeida
foi enfático: declarou encerrada de
vez a era Bolsonaro. “Encerra-se
neste momento a era de um presi-
dente que outrora se disse orgu-
lhoso de defender tortura”, disse
Almeida. “O Brasil voltou.”
O ministro prometeu revisar
atos de “ódio e preconceito” e pin-
tou o cenário do ministério como
“arrasado, com vozes caladas, polí-
ticas descontinuadas”. “Não per-
mitiremos que o ministério conti-
nue sendo utilizado para reprodu-
ção de mentiras e preconceitos.”
Almeida disse que a comissão
de mortos e desaparecidos, extinta
por Bolsonaro três dias antes do
fim do governo, será recriada e re-
forçada. O colegiado sempre cau-
sou incômodo aos militares, que
tiveram com o agora ex-presidente
volvendo representantes do go-
verno, de sindicatos de emprega-
dores, de trabalhadores e de apo-
sentados para analisar “com pro-
fundidade” as mudanças que jul-
ga necessárias nas regras do siste-
ma previdenciário. Ele evitou es-
tabelecer prazo para que a pro-
posta seja apresentada, mas afir-
mou que é possível que isso seja
realizado até o fim do ano.
“É primordial um novo relacio-
namento entre Previdência e segu-
ridade social”, discursou Lupi.
“Aposentadoria é dívida da União
com trabalhadores, não é prejuízo
para os cofres públicos. Vamos tra-
balhar para resgatar a dignidade
de suas aposentadorias”.
Lupi defendeu que “toda a ar-
recadação destinada à Previdên-
cia esteja na Previdência” e ga-
rantiu que provará “com núme-
ros, dados e informações” que o
sistema não é deficitário.
“Nós queremos que toda arre-
cadação destinada constitucio-
nalmente para a Previdência es-
teja no balanço da Previdência. O
ções do trabalho e que nos apro-
xime das melhores práticas exis-
tentes no mundo nesse campo”.
Presidente do PT em São Paulo,
um dos amigos mais próximos de
Lula e fundador do partido, Mari-
nho assumiu o cargo na presença
de diversos parlamentares petis-
tas. Quem marcou presença e sen-
tou ao seu lado foi Ricardo Lewan-
dowski, ministro do Supremo Tri-
bunal Federal (STF) e seu amigo de
São Bernardo do Campo (SP), mu-
nicípio do qual Marinho foi prefei-
to por oito anos (2009-2016) e on-
de o jurista se formou em direito.
Luiz Marinho informou que o
governo enviará em breve ao Par-
lamento a “nova política para va-
lorização permanente do salário
mínimo” até maio, uma das prin-
cipais promessas de campanha
de Lula. Já a regulamentação do
trabalho por aplicativo, outra
promessa do presidente, está pre-
vista para o primeiro semestre.
Ainda a respeito dos prestado-
res para aplicativos, afirmou que
eles não desejam trabalhar com
carteira assinada nos moldes da
Consolidação das Leis do Traba-
lho (CLT), mas frisou que “neces-
sitam de proteção”. “Vamos cons-
a oportunidade de enfraquecê-la.
O ministro anunciou também a
criação de um programa de prote-
ção aos defensores de direitos hu-
manos e do meio ambiente.
Ao se dirigir às chamadas mino-
rias, elencando uma por uma para
aplausos de pé do auditório, Al-
meida sentenciou: “Vocês existem
e são valiosos para nós.” Ele citou as
mulheres, os negros, os indígenas,
os LGBTQIA+ e as pessoas com de-
ficiência.
Especialista em gênero e no en-
frentamento da violência contra a
mulher, Cida Gonçalves defendeu
mais recursos para políticas públi-
cas para as mulheres. Cida tam-
bém atacou Bolsonaro pelo des-
monte de ações voltadas à defesa
delas e o classificou como “machis-
ta, misógino e racista”.
Segundo Cida, o governo ante-
rior foi responsável por um proje-
to “desvastador” para as mulheres.
A ministra criticou o corte orça-
mentário feito por Bolsonaro. “O
projeto de lei orçamentário [para
2023] previu míseros R$ 23 mi-
lhões para o ministério, apenas
10% do Orçamento de 2015”, disse.
“Para 2023 conseguimos reverter
parcialmente essa perda. Não é su-
ficiente, mas estaremos sempre
encargo do BPC [Benefício de
Prestação Continuada] é do Or-
çamento, é do Tesouro Nacional.
Colocam esse encargo na Previ-
dência para dizer que ela é defici-
tária. Não contam o PIS, a Cofins,
as contrapartidas dos bancos, se
esquecem para levar a população
à mentira. A Previdência não é
deficitária”, bradou, sendo logo
ovacionado pela plateia.
A tese de que não há déficit
previdenciário é rebatida por es-
pecialistas. “Se considerar as re-
ceitas como PIS e Cofins no cál-
culo, que são de fato destinadas
a seguridade e fins sociais, você
precisa também incluir nas des-
pesas não só os benefícios previ-
denciários, mas os demais, como
o BPC, o Abono e o Bolsa Famí-
lia”, diz a economista-chefe do
Banco Inter, Rafaela Vitoria.
A economista afirma que, mes-
mo olhando a seguridade como
um todo, o governo não é supera-
vitário. De acordo com ela, caso
as novas receitas e os demais be-
nefícios, o déficit acumulado da
truir um processo para regular
[questões] como remuneração.”
Em seu discurso de posse, ressal-
tou que as mudanças trabalhistas
dos últimos anos foram “extensas
e profundas” e aceleradas pela
pandemia. Citou como exemplo as
mudanças causadas pelo teletra-
balho, home office e uso extensivo
de tecnologia digital.
“Tecnologia é trabalho huma-
no materializado em máquinas,
equipamentos, softwares, inteli-
gência artificial, e deve ser aliada
do trabalho e do emprego”, disse.
Ele declarou que a tecnologia po-
de “aumentar a produtividade
do trabalho” e “gerar renda e ri-
queza”. Também disse que terá “a
missão de criar um sistema de
proteção” a trabalhadores que
não têm acesso a direitos traba-
lhistas, como autônomos.
Marinho considerou que as re-
gras atuais para os microempre-
endedores individuais (MEI) fo-
ram desvirtuadas e que é neces-
sário “fortalecer e formalizar” es-
se grupo “para aumentar a remu-
neração”. Segundo ele, há con-
tratações via MEI sendo realiza-
das “de forma ilegal”.
Em novembro, em entrevista
trabalhando pelo aumento do or-
çamento para as mulheres.”
Entre as prioridades, estão a me-
lhoria no disque 180, para regis-
tros de denúncias e orientações
para vítimas de violência; o projeto
Mulher Viver Sem Violência, tam-
bém voltado para o atendimento
de vítimas da violência; e a promo-
ção de ações contra o feminicídio e
a desigualdade salarial.
A primeira-dama Rosângela da
Silva, a Janja, enviou uma carta que
foi lida durante o evento e disse
que a ministra foi escalada para
“virar o jogo contra o machismo e
a misoginia”. “Temos de novo um
ministério dedicado à política pa-
ra mulheres”, afirmou Janja. “Esta-
rei ao seu lado para contribuir pa-
ra colocar a causa das mulheres co-
mo política transversal.”
Ao falar com a imprensa, Cida
disse que o governo dará garan-
tia ao aborto nos casos previstos
em lei, mas fez ponderações so-
bre a eventual defesa de mudan-
ças na atual legislação. “Vamos
discutir a garantia de direitos. O
aborto legal é uma lei de 1944,
portanto é essa garantia que pre-
cisamos ter. Não vamos fazer
aquilo que não é possível nessa
altura do campeonato.”
Lupi: ministro afirmou que o déficit da Previdência não existe e que a reforma de 2019 foi uma “antirreforma”
Previdência até novembro de
2022 seria de R$ 216 bilhões,
contra os R$ 267 bilhões observa-
dos. “Seria um pouco menor, mas
ainda assim o sistema segue defi-
citário”, afirma.
Na avaliação de Guilherme Ti-
noco, especialista em contas pú-
blicas, “se tem alguma coisa com
consenso mínimo entre econo-
mistas sérios é a de que a Previ-
dência precisava ser reformada,
pois o déficit era grande e cres-
cente”. “Esperamos que seja so-
ao Valor, Luiz Marinho havia dito
que era contra o retorno do im-
posto sindical e confirmou agora:
“Esquece o imposto sindical, não
existirá mais no Brasil.” Ele tam-
bém disse que o governo federal
vai retirar de tramitação no Con-
gresso o projeto de lei que tratar
da Carteira Verde e Amarela, cria-
da pelo governo do ex-presidente
Jair Bolsonaro.
Entre outras prioridades da
pasta, estarão a criação de um sis-
tema “de qualificação profissio-
nal colado ao sistema produti-
vo”; a oferta de “um sistema de
intermediação de mão de obra”;
a “regulação adequada” da legis-
lação que trata da aprendizagem
profissional; a promoção da
igualdade salarial entre mulhe-
res, homens, negros e brancos.
Ele também defendeu a im-
portância do protagonismo do
Conselho Nacional do Trabalho,
dos sindicatos e da Federação
dos Trabalhadores. Ainda desta-
cou o papel que “micro e peque-
nas empresas terão” nos próxi-
mos anos e levantou a possibili-
dade de construir parcerias com
Caixa Econômica Federal e Banco
Nacional de Desenvolvimento
Cristiane Agostine, Caio Sartori,
Renan Truffi e Fabio Murakawa
De Brasília
“Se é verdade que este momento
histórico que estamos vivendo tem
um conjunto de significados e de
símbolos, um dos mais importan-
tes é a reparação histórica que o
Brasil está fazendo com a trajetória
de Dilma Rousseff". A exaltação à
ex-presidente Dilma, feita nessa
terça-feira (3) por Paulo Pimenta
ao tomar posse como ministro da
Secretaria de Comunicação Social,
ilustra o que tem sido uma cons-
tante nas transmissões de cargo do
primeiro escalão do governo Luiz
Inácio Lula da Silva. Alvo de um im-
peachment em 2016, Dilma vive
uma espécie de “redenção” nas ho-
menagens feitas pelos ministros.
A ex-presidente foi elogiada por
Alexandre Padilha (Relações Institu-
cionais), Cida Gonçalves (Mulheres),
Nísia Trindade (Saúde), Margareth
Menezes (Cultura), Paulo Pimenta
(Comunicação), Jorge Messias
(AGU) e Paulo Teixeira (Desenvolvi-
mento Agrário). Na posse de Lula, a
petista ficou na primeira fileira e foi
tietada no Planalto, em seu primeiro
retorno público ao palácio seis anos
depois do impeachment.
mente uma bravata do ministro e
não a visão do governo”, diz.
Para Manoel Pires, coordena-
dor do Observatório de Política
Fiscal do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio
Vargas (FGV Ibre), as afirmações
de Lupi são “mais discurso” polí-
tico do que uma análise sobre os
números. “Não vejo o debate ca-
minhando nessa direção de revo-
gar a reforma”, afirma.
Além de rever a reforma da
Previdência, o novo ministro re-
Marinho promete política para valorização permanente do salário mínimo
Econômico e Social (BNDES).
Também estavam presentes
em sua posse o ministro das Re-
lações Institucionais, Alexandre
Padilha; o presidente do BNDES,
Aloizio Mercadante; o anteces-
sor de Marinho na pasta, o ex-
ministro José Carlos Oliveira; o
presidente do Tribunal Superior
do Trabalho (TST), Lelio Bentes;
a presidente do PT, Gleisi Hoff-
mann, e Rita Serrano, futura pre-
Na transmissão de cargo de Pi-
menta, depois de o ministro citar
Dilma, a militância cantou o nome
da ex-presidente. “Assistimos um
país cometer uma injustiça no iní-
cio desse processo que nos levou a
mergulhar nesse ambiente que só
agora estamos superando”, disse.
O nome de Dilma foi entoado
também pela militância que lotou
ontem o auditório do CCBB para a
posse de Cida Gonçalves no Minis-
tério das Mulheres. A ministra foi
interrompida por gritos de “viva
Dilma” e “coração valente” assim
que citou o nome da petista.
Cida lembrou que Dilma foi a
única mulher eleita presidente do
Brasil e afirmou que foi alvo de ma-
chismo. “Agradeço a [ex] presiden-
ta Dilma Rousseff por sua coragem
e ousadia de enfrentar esse mesmo
ódio machista que culminou no
golpe de 2016. Sua resiliência mos-
trou a força da mulher brasileira”,
disse Cida, ex-secretária de enfren-
tamento à violência contra as mu-
lheres na gestão Dilma.
A petista foi ovacionada, cobiça-
da para fotos e aplaudida em pé na
posse do ministro das Relações
Institucionais, Alexandre Padilha,
na segunda-feira. “Sua presença
neste ato, da forma como a senho-
REPRODUÇÃO YOUTUBE
clamou em sua posse da taxa de
juros dos consignados para apo-
sentados. Se dirigindo ao presi-
dente da Federação Brasileira de
Bancos (Febraban), Isaac Sidney,
que prestigiou a posse, Lupi de-
fendeu que as instituições finan-
ceiras não podem “cobrar a taxa
de juros de 3%, 4% ao mês”.
Cercado de lideranças do PDT,
Lupi também anunciou que o lí-
der do partido na Câmara, Wol-
ney Queiroz (PE), será seu secre-
tário-executivo.
REPRODUÇÃO/TV BRASIL
sidente de Caixa.
Marinho recebeu o cargo de
José Carlos Oliveira, que foi mi-
nistro da pasta de Bolsonaro no
último ano de governo. Em dis-
curso, Oliveira elogiou seu suces-
sor. “Tenho certeza que vai fazer
muito pelo trabalhador brasilei-
ro”, afirmou. Marinho agradeceu
e disse que, em outras pastas, a
transição de governo não foi rea-
lizada da mesma forma.
ra foi recebida, é reparação históri-
ca das injustiças”, disse o ministro.
Um grupo puxou o coro de “Dilma
guerreira da pátria brasileira”.
A ex-presidente participou tam-
bém da solenidade de posse de Jor-
ge Messias na Advocacia-Geral da
União (AGU), na segunda-feira. Ao
lado de Dilma, Messias a homena-
geou. “Quero lembrar aqui da mu-
lher que simboliza também a luta
pela democracia e que jamais de-
sistiu de seu compromisso com o
povo brasileiro. Este momento his-
tórico tem a grandeza e a ousadia
daquela que esteve sempre na de-
fesa da democracia. ”
Messias atuou como subchefe
para Assuntos Jurídicos no gover-
no Dilma e ficou conhecido como
“Bessias”, depois de ter sido citado
dessa forma pela então presiden-
te em conversa telefônica com Lu-
la em 2016, durante a Operação
Lava-Jato. O diálogo foi grampea-
do pelos investigadores e foi tor-
nado público por decisão do en-
tão juiz e senador eleito Sergio
Moro (União Brasil-PR).
Dilma foi elogiada também por
Nísia Trindade, primeira mulher a
comandar a Saúde. A ministra afir-
mou que o país foi marcado pelo
retrocesso após o impeachment.

Política
Freiodearrumação
antesdaprimeiracurva
Fernando Exman
O
maquinista
prudente, ao
pressentir risco de
descarrilamento
logo à frente, puxa
o freio e faz a arrumação. Está
bem: é preciso ponderar que a
jornada do trem “Lula 3” acaba
de começar. Mas,
possivelmente, é a manobra
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva precisará fazer
para evitar que sua agenda
legislativa sofra um acidente
logo na primeira curva.
Espera-se uma definição em
relação às pautas prioritárias.
Poucas horas se passaram desde
a posse, e integrantes do
primeiro escalão já falam, sem
constrangimento, em rediscutir
as reformas trabalhista e
previdenciária, além de travar
as discussões da reforma
administrativa enviada ao
Congresso pelo governo
anterior. Existem, porém, temas
mais urgentes.
A PEC da Transição estabeleceu
o prazo de seis meses para o
Executivo apresentar uma
proposta de novo arcabouço
fiscal, em substituição ao teto de
gastos. E inexiste vivalma em
Brasília que discorde da
necessidade de aprovação de
uma reforma tributária.
O apito soa. Bifurcação à
frente: existem dois caminhos
possíveis, porém a tripulação
dá sinais divergentes aos
passageiros. Cabe ao
maquinista decidir um rumo.
Em uma rota, a reforma
tributária é a primeira parada e
só depois vem a discussão do
arcabouço fiscal. Integrantes da
equipe de transição que
acompanham essas discussões,
mas devem ser alocados em
outras áreas do governo que
não a econômica, argumentam
que seria interessante gastar
energia política neste início de
mandato para aprovar, logo de
cara, a reforma tributária. Em
primeiro lugar, porque os
debates sobre o tema estão
relativamente maduros.
Lula deve estabelecer
estratégia para a
agenda legislativa
O governo anterior perdeu a
oportunidade de aprová-la.
Impediu o avanço de uma
proposta que vinha obtendo
adesões importantes no
Congresso e nos Estados, a qual
foi concebida a partir do projeto
desenvolvido por economistas
liderados por Bernard Appy,
recentemente nomeado
secretário especial para a
reforma tributária. Sabe-se,
portanto, qual é o ponto de
partida deste vagão da agenda
legislativa e qual seria, no mundo
ideal, seu destino.
Uma ideia é simplificar o
sistema por meio da unificação
de tributos sobre o consumo,
mas mantendo a autonomia de
Estados e municípios.
Originalmente, o texto acaba
com três tributos federais (IPI, PIS
e Cofins), o ICMS (estadual) e o
ISS (municipal). No lugar, seriam
criados um imposto sobre o valor
agregado de competência dos
três entes federativos (Imposto
sobre Operações com Bens e
Serviços, o IBS) e outro sobre bens
e serviços específicos de
competência federal (Imposto
Seletivo). Haveria um período de
transição. Durante a campanha,
Lula ainda prometeu por diversas
vezes alterar as regras do Imposto
de Renda e defendeu medidas
adicionais para tornar o sistema
tributário menos regressivo.
Além disso, ponderam esses
interlocutores, facilitaria muito
o trabalho de quem precisa
desenhar o novo arcabouço
fiscal fazê-lo já tendo nitidez
quanto à nova estrutura do
sistema tributário e seus
mecanismos de arrecadação.
Ou seja, o lado das receitas. Em
tese, isso poderia resultar num
modelo mais equilibrado.
Na noite de segunda-feira,
durante o programa “Roda Viva”,
da TV Cultura, o ministro da Casa
Civil, Rui Costa, foi perguntado
sobre os riscos de o governo abrir
várias frentes de batalha no
Congresso. Em sua resposta,
afirmou que quem definirá o
momento e a hierarquia das
prioridades será única e
exclusivamente o presidente da
República. No entanto, sem citar
outras iniciativas, emendou: “O
Brasil precisa de uma reforma
tributária? Todos concordam. Se
tem uma coisa unânime neste
país, é que é preciso ter uma
reforma tributária. A diferença
está em qual reforma será feita”.
Segundo o ministro, o Brasil já
acumula muitos anos de debate
sobre o tema, com a participação
de governadores, prefeitos e
empresários. “Acho que está
maduro a gente buscar um
consenso, um projeto de lei, uma
alteração legal que tramite de
forma mais rápida, se for a
expressão da grande maioria do
povo brasileiro através de seus
diversos segmentos produtivos e
políticos”, acrescentou o
ministro. “Essa é uma medida
que precisamos aprovar neste
ano e será prioritária para o
governo. O presidente Lula já
sinalizou com justiça fiscal.”
Pelo outro caminho da
bifurcação, a receita é fazer uma
discussão conjunta das duas
matérias, arcabouço fiscal e
reforma tributária.
Integrantes da equipe
econômica estão com esse mapa
na mão. Eles advogam que há
vapor para gastar no primeiro
trimestre, quando serão
adotadas medidas voltadas a
sanear as contas públicas. Na
sequência, a partir de abril, seria
então a hora de fazer as
discussões mais estruturantes.
Como já se tem ideia da reforma
tributária que será defendida,
haveria mais tempo para a
elaboração do novo marco fiscal,
seus pilares e instrumentos.
Fontes da área econômica
defendem, por exemplo, que o
arcabouço dê previsibilidade
ao desempenho das contas
públicas, mas sem prejudicar a
dinâmica da economia. Ideias
que permanecem no horizonte:
dar mais ênfase à dívida líquida
e adotar bandas para o
superávit primário. Este último
instrumento viabilizaria, na
visão dessas fontes, a
implementação de medidas
anticíclicas em momentos de
desaquecimento da atividade.
O cronograma que coloca abril
como um mês crucial tem uma
justificativa. Ele trabalha com a
premissa segundo a qual os
parlamentares passarão as
próximas semanas debruçados
sobre as eleições das mesas
diretoras da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal,
marcadas para o início de
fevereiro. Na sequência,
deputados e senadores estariam
apenas focados na divisão dos
comandos das comissões
temáticas e na instalação desses
colegiados. Só então a agenda
ficaria livre para a discussão de
temas mais delicados.
Não se sabe ainda como essas
discussões influenciariam a
elaboração do Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias
(PLDO) do ano que vem. Ele
precisa ser enviado ao
Legislativo até 15 de abril.
Lula passou os últimos dias
construindo uma base e, ao
aprovar a PEC da Transição,
novamente comprovou sua
capacidade de articulação
política. Agora, precisará
escolher uma rota e colocar
toda a tripulação para
trabalhar na mesma direção.
Fernando Exman é chefe da redação,
em Brasília. Escreve às quartas-feiras
E-mail fernando.exman@valor.com.br
Ministra do Turismo fez campanha
ao lado de miliciano em 2018
Paula Martini
Do Rio
A ministra do Turismo, Danie-
la Carneiro, envolveu-se na pri-
meira polêmica desde que to-
mou posse, na segunda-feira. Em
fotos divulgadas pelos jornais
“Folha de S.Paulo” e “O Globo”,
ela aparece ao lado de um mili-
ciano condenado a 22 anos de
prisão por homicídio, durante a
campanha de 2018. Naquele ano,
Carneiro concorreu pela primei-
ra vez a deputada federal, cargo
para o qual foi reeleita em 2022
com a maior votação do Estado
do Rio. Por meio de nota, a minis-
tra afirmou que não compactua
com “qualquer apoiador que te-
nha cometido algum ato ilícito”.
As imagens mostram Carneiro
entregando “santinhos” ao lado
de Juracy Alves Prudêncio, o Jura,
em uma passeata na Baixada Flu-
minense e em uma festa com o
prefeito de Belford Roxo, Wagner
Carneiro, o Waguinho, marido
da ministra. O homem foi preso
em 2009 pela Operação Descarri-
lamento, da Delegacia de Repres-
são às Ações Criminosas Organi-
zadas (Draco), acusado de che-
fiar o “Bonde do Jura”, milícia in-
vestigada por homicídios na re-
gião da Baixada.
Na nota enviada pela assesso-
ria, a ministra também ressaltou
que não tem ingerência sobre
indicados para trabalhar na Pre-
feitura de Belford Roxo. Na épo-
ca da campanha, em 2018, Jura
Renan Filho celebra volta da ‘boa política’
Murillo Camarotto,
Rafael Bitencourt e Caetano Tonet
De Brasília
Sob os olhares de toda a cúpula
do MDB, o novo ministro dos
Transportes, Renan Filho, assumiu
o cargo nessa terça-feira (3) ressal-
tando o caráter multipartidário do
novo governo e o retorno da “boa
política” ao país. “Esse foi um pro-
jeto coletivo, construído por muita
gente. O presidente Lula está tra-
zendo o Brasil de volta. Todos rece-
bemos com alívio a vitória e a pos-
se do presidente Lula”, disse o mi-
nistro, eleito senador por Alagoas.
Em seu discurso de posse, ele
afirmou que “a boa política vol-
tou a ser praticada” no país, “co-
mo a melhor solução para os pro-
blemas de um país civilizado”.
Renan Filho também destacou
em sua fala o desafio de recuperar a
infraestrutura rodoviária e ferroviá-
ria do país, que segundo ele foram
Deputado do PV está
cotado para o Iphan
Luísa Martins, Raphael Di Cunto,
Marcelo Ribeiro e Renan Truffi
De Brasília
Candidato do PV ao governo
do Distrito Federal nas eleições
de 2022, o deputado distrital
Leandro Grass é um dos cotados
para assumir a presidência do
Instituto do Patrimônio Históri-
co e Artístico Nacional (Iphan)
no novo governo. A escolha seria
uma forma de prestigiar o PV,
que fez parte da aliança que ele-
geu o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, mas ainda não ganhou
cargo de relevância. Servidores
reclamam da possível indicação
política em detrimento de um
nome técnico da área.
O PV chegou a fazer uma recla-
mação formal ao PT, cobrando
“isonomia”. Outras legendas co-
mo o Avante, o Solidariedade e o
Patriota também estão irritadas
com a falta de espaço no gover-
no. A insatisfação principal é
com o fato de a distribuição dos
ministérios ter privilegiado si-
glas que não apoiaram Lula na
eleição, mas cuja representativi-
dade no Congresso Nacional é
maior, como o União Brasil, o
PSD e o MDB.
Ontem, o líder do governo na
Câmara dos Deputados, José Gui-
marães (PT-CE), disse ter se reu-
nido com o ministro-chefe Secre-
taria de Relações Institucionais
Daniela Carneiro, em foto com miliciano: ministra diz que não compactua com “apoiador que tenha cometido ato ilícito”
estava em regime semiaberto e
conseguiu autorização da Justi-
ça para trabalhar. Ele atuava co-
mo diretor do departamento de
ordem urbana da prefeitura de
Belford Roxo, comandada por
Waguinho.
“O ato é de competência exclusi-
va do Poder Executivo”, argumen-
tou a ministra de Lula em nota.
Jura foi citado no relatório fi-
nal da CPI das Milícias, presidida
pelo então deputado estadual
Marcelo Freixo. Derrotado na
disputa ao governo do Rio, Frei-
xo será subordinado a Daniela
no governo federal. Ele foi anun-
ciado pela própria ministra co-
mo presidente da Agência Brasi-
leira de Promoção Internacional
depreciadas durante os quatro anos
do governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro. “Estamos, nos últimos
anos, no menor nível de recursos pa-
raestapasta.Estima-sequearecupe-
ração da malha demandaria R$ 100
bilhões em investimentos”, disse.
Renan Filho também se com-
prometeu a se debruçar sobre os
contratos dos 15 mil quilômetros
de rodovias concedidas e a ampliar
a participação do setor privado. Ele
deve apresentar em duas semanas
um plano de ação para os primei-
ros 100 dias de sua gestão.
Questionado sobre as conces-
sões que foram devolvidas pelas
empresas, o novo ministro disse
apenas que analisará cada caso in-
dividualmente e não descartou a
possibilidade de os contratos se-
rem revistos e as concessões, reto-
madas pelas mesmas empresas.
A transmissão de cargo foi presti-
giada por toda a cúpula do MDB,
que comandará três ministérios no
da Presidência da República, Ale-
xandre Padilha (PT-SP), para de-
bater a celeuma. “Como é que faz,
né? São muitas demandas para
atender o PV e outros partidos.”
O nome de Grass para o Iphan
esbarra em uma resistência in-
terna. A avaliação dos servidores
é de que, se a escolha para a presi-
dência fizer parte de negociatas
partidárias, isso fragilizará ainda
mais a instituição, que precisa se
recuperar do esvaziamento pro-
vocado pelo governo do ex-presi-
dente Jair Bolsonaro.
Embora reconheçam que
Grass seria um avanço em rela-
ção à presidente anterior, Larissa
Peixoto (já exonerada por Lula),
o receio é de que a escolha políti-
ca sepulte de vez a tradição de
nomear pessoas com notório co-
nhecimento em patrimônio.
Uma das campanhas mais for-
tes é pela nomeação de Andrey
Schlee, que foi diretor do Iphan
entre 2011 e 2019, chegando a
ocupar a presidência em caráter
interino. O apoio a Schlee será
formalizado à ministra da Cultu-
ra, Margareth Menezes, por meio
de uma lista com mais de 260 as-
sinaturas de especialistas. Outros
nomes com respaldo são Nivaldo
Andrade, coordenador do Fórum
de Entidades em Defesa do Patri-
mônio Cultural Brasileiro, e Célia
Corsino, ex-superintendente do
Iphan em Minas Gerais.
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
do Turismo (Embratur).
Na campanha do ano passado, a
agora ministra foi acusada de inti-
midar opositores com o uso de ho-
mens armados. Em entrevista ao
Valor, publicada em novembro,
Waguinho e Carneiro negaram as
acusações: “Nós provamos perante
as instituições que estavam inves-
tigando que não fizemos isso.
Eram eles que estavam sendo
agressivos”, disse Waguinho.
Com a ida de Daniela Carneiro
para o primeiro escalão do gover-
no Lula, o União Brasil anunciou
que a vaga dela na Câmara dos
Deputados será ocupada por Ri-
cardo Abrão (União Brasil-RJ),
primeiro suplente do partido.
Abrão pertence a outra família
governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Estavam presentes o
ex-presidente José Sarney, o presi-
dentenacional do MDB, BaleiaRossi,
a ministra do Planejamento, Simone
Tebet, o ministro das Cidades, Jader
Filho, e o senador Renan Calheiros
(MDB-AL), que é pai do ministro.
Outras autoridades ligadas ao
partido, como o presidente do
Tribunal de Contas da União
(TCU), Bruno Dantas, e o vice, Vi-
tal do Rêgo, também participa-
ram, assim como lideranças do
governo no Congresso Nacional.
“O MDB definiu por ter uma
ação colaborativa com o novo
governo. Emprestamos a este go-
verno que se inicia três dos nos-
sos melhores quadros”, afirmou
Baleia, que em sua fala celebrou
algumas vezes a democracia.
Diferentemente do que acon-
teceu na maioria dos ministérios,
a transmissão do cargo nos
Transportes contou com a parti-
Pimenta promete
combate a ‘fake news’
Renan Truffi e Fabio Murakawa
De Brasília
O deputado federal Paulo Pi-
menta (PT-RS) tomou posse nessa
terça-feira (3) como ministro da
Secretaria de Comunicação Social
(Secom) da Presidência da Repú-
blica e disse que a sua gestão terá
como uma das prioridades o
combate às “fake news”. Pimenta
fez diversas críticas ao governo
do ex-presidente Jair Bolsonaro e
afirmou que a prestação de servi-
ços não será mais “contaminada”
por questões ideológicas.
Além disso, ele prometeu ini-
ciar um diálogo com servidores e
especialistas para que a Empresa
Brasileira de Comunicação (EBC)
volte a funcionar como uma em-
presa de comunicação pública.
A cerimônia aconteceu no Pa-
lácio do Planalto e teve a presen-
ça de nomes da cúpula do PT, co-
mo a presidente do partido, Glei-
si Hoffmann, e a ex-presidente
Dilma Rousseff. Parlamentares
da Câmara e do Senado também
estiverem presentes no ato, in-
cluindo nomes do PL, partido de
Bolsonaro, como o senador Wel-
lington Fagundes (PL-MT).
“No governo do presidente Lu-
la não haverá muros ou cercadi-
nhos”, disse em referência à prá-
tica que era adotada por Bolso-
naro no Palácio da Alvorada. “As-
sistimos nos últimos anos, de for-
| Valor | A7
REPRODUÇÃO
influente na Baixada Fluminense.
Ele é sobrinho de Aniz Abraão Da-
vid, o Anísio, que foi preso nos
anos 1990 juntamente com outros
integrantes da cúpula do jogo do
bicho no Rio, e é presidente de
honra da escola de samba Beija-
Flor de Nilópolis. Ricardo é filho de
Farid Abrão David, ex-deputado
estadual e ex-prefeito de Nilopólis,
município vizinho a Belford Roxo.
As denúncias representam um
primeiro desgaste na imagem de
Carneiro, escolhida de última hora
para o ministério. Ao Valor, a pró-
pria ministra reconheceu após a
posse que seu nome está mais rela-
cionado ao apoio de Waguinho a
Lula do que por sua filiação ao
União Brasil.
cipação do atual ocupante da
pasta, Marcelo Sampaio, que elo-
giou o sucessor e disse que o mi-
nistério “estará em boas mãos”.
“Estou certo que nesse novo ci-
clo, o Renan Calheiros Filho tem
todas as competências, é um ges-
tor nato e o ministério vai estar
em boas mãos”, disse Sampaio.
Renan Filho agradeceu, mas
aproveitou para criticar Bolsona-
ro. “O Marcelo (Sampaio) é um
grande servidor que passou num
concurso público e chegou ao
ápice da carreira como ministro
da Infraestrutura e deixa o cargo
de maneira digna. Enquanto ou-
tros saíram do país para não pas-
sar o cargo”, afirmou o ministro.
Bolsonaro e a maioria esmaga-
dora do seu primeiro escalão não
transmitiram os cargos aos su-
cessores. O ex-presidente viajou
para os Estados Unidos e não
cumpriu o tradicional rito e pas-
sar a faixa presidencial a Lula.
ma deliberada, essas ações que
alimentaram uma verdadeira in-
dústria e atrapalharam o comba-
te à covid. A desinformação mata
e não queremos nunca mais re-
petir isso. Faremos um combate
às ‘fake news’”, complementou.
Em seguida, Pimenta mencio-
nou a ausência de campanhas
de vacinação e prevenção de
doenças que não teriam sido fei-
tas no último governo por ques-
tões ideológicas. Segundo ele, a
prestação de serviços voltará a
ser guiada pela ciência, pela ver-
dade e por aquilo que a socieda-
de necessita.
“Não é possível que o Ministé-
rio da Saúde não tenha feito mais
campanhas de prevenção contra
HIV e Aids. Não é possível que o
governo tenha suspendido cam-
panhas de vacinação obrigatória.
A partir de hoje não permitire-
mos a contaminação dessa agen-
da. A prestação de serviços será
construída a partir da ciência e
da verdade”, afirmou.
O ministro também falou so-
bre o seu plano para a EBC. Ele
prometeu organizar uma mesa
de diálogo com setores envolvi-
dos neste tema para redesenhar a
empresa. De acordo com ele, a
ideia é que a NBR volte a funcio-
nar como um canal de comuni-
cação do governo e a TV Brasil re-
presente o segmento de comuni-
cação pública.
A8 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Política
Poderes Ex-presidente responde a 15 processos que
DIVULGAÇÃO

podem torná-lo inelegível nas eleições de 2026

TSE deve acelerar

ritmo de ações
contra Bolsonaro
Isadora Peron tou suspeitas, sem provas, sobre meios de comunicação.
De Brasília as urnas eletrônicas. O encontro aconteceu no dia
Em dezembro, o ministro já ou- 18 de julho, ainda durante a pré-
O corregedor-geral da Justiça viu a primeira testemunha sobre o campanha.
Eleitoral, ministro Benedito caso, o então ministro das Relações Na ocasião, Bolsonaro repro-
Gonçalves, dá sinais de que pre- Exteriores, Carlos França. duziu “fake news” e levantou fal-
tende adotar um ritmo célere em Até fevereiro, mesmo com o sas suspeitas em relação ao siste- Benedito Gonçalves: ministro quer encerrar em fevereiro fase de depoimento de ação sobre reunião de embaixadores
relação às ações que tramitam no recesso do Poder Judiciário, ele ma eletrônico de votação.
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pretende colher os depoimentos Ainda em agosto, o TSE deter- do e qualquer controle de práti- nando o pacote de bondades tentou transformar as celebra-
e podem levar à inelegibilidade de outras pessoas, como o ex- minou que o vídeo do encontro cas abusivas perpetradas por aprovado pelo governo em plena ções oficiais do feriado de 7 de
do ex-presidente Jair Bolsonaro ministro Ciro Nogueira (Casa Ci- fosse excluído das redes sociais. meio de atos privativos do chefe campanha, como o aumento do Setembro em comício e de fazer
(PL). Ao todo, ele enfrentará 15 vil) e o almirante Flavio Rocha, Em dezembro, a corte rejeitou de Estado, erigindo uma espécie Auxílio Brasil. campanha durante viagens ao
processos dessa natureza, as cha- que ocupava a Secretaria Espe- um recurso apresentado pela de salvo-conduto em relação a A legenda também acionou o exterior, como a ida para o fune-
madas Ações de Investigação Ju- cial de Assuntos Estratégicos da defesa de Bolsonaro, que ques- desvios eleitoreiros”. TSE para combater a suposta ral da Rainha Elizabeth II, em
dicial Eleitoral (Aijes). Presidência. tionava a competência da Justiça Das 15 ações que tramitam no existência de um “ecossistema Londres, e à Assembleia Geral da
Em pelo menos uma delas, Be- A ação foi apresentada pelo Eleitoral para julgar o caso, sob TSE contra Bolsonaro, sete foram de desinformação” criado para ONU, em Nova York.
nedito quer encerrar a fase de de- PDT, que tinha Ciro Gomes como a alegação de que o evento com apresentadas pelo PT, que teve beneficiar Bolsonaro e divulgar Depois da eleição de 2018, Bol-
poimentos até o dia 8 de feverei- candidato à Presidência. O parti- os embaixadores não teve cará- Luiz Inácio Lula da Silva como “fake news” contra Lula nas re- sonaro também teve que enfren-
ro: a que mira a reunião de Bolso- do alegou que o então presidente ter eleitoral. candidato. Após o segundo tur- des sociais. tar ações que pediam a cassação
naro com embaixadores no Palá- cometeu, na ocasião, abuso de Para Benedito, porém, se a tese no, o partido entrou com duas O ex-presidente também é al- do seu mandato, mas a maioria
cio da Alvorada em que ele levan- poder político e uso indevido dos fosse aceita, iria inviabilizar “to- novas ações, uma delas questio- vo de ações que afirmam que ele dos casos foi arquivada.

Família de Marielle debate federalizar caso Curtas

Caio Sartori e Cristiane Agostine repensar isso”, disse a ministra. quem mandou matar a vereadora. suspeitas sobre quem teria man-
De Brasília Anielle pontuou a diferença Além dela, o motorista Anderson dado matar Marielle aparece- Zambelli 1 que “tomou conhecimento” so-
entre federalizar o caso no con- Gomes foi morto pelos disparos. ram, mas não avançaram a pon- A Polícia Federal (PF) recolheu bre a nova apreensão e criticou o
A ministra da Igualdade Ra- texto do governo Lula. Quando a Desde o início, no Rio, as apu- to de se transformarem em acu- nessa terça-feira (3) mais três ar- STF por, apesar da primeira en-
cial, Anielle Franco, afirmou nes- ideia surgiu no período Bolsona- rações do crime são marcadas por sações formais. mas da deputada federal Carla trega voluntária da pistola e de
sa terça-feira (3) ao Valor que a ro, a família foi contra porque suspeitas de interferência. Tanto Ao sugerir a federalização, o Zambelli (PL-SP), em cumprimen- sua postura colaborativa com as
família discutirá a ideia de fede- não confiava na independência que a própria entrada do MP se ministro Dino classificou como to a decisão judicial do ministro autoridades, ter determinado
ralizar as investigações da morte dos órgãos investigativos e temia deu após indícios de que a Polícia “questão de honra” solucionar o Gilmar Mendes, decano do Supre- “medida ainda mais invasiva em
de sua irmã, a vereadora carioca interferência política na Polícia Civil não estava dando conta de caso. “Eu disse à ministra Anielle mo Tribunal Federal (STF). Na se- seus endereços”.
Marielle Franco, assassinada em Federal. Atualmente o caso está investigar o caso com imparciali- e à sua mãe que é uma questão de mana passada, a corporação havia
março de 2018. Ao tomar posse sob responsabilidade da Ministé- dade. A chegada das promotoras honra do Estado brasileiro em- localizado quatro armas na casa Flávia
na segunda-feira, o ministro da rio Público do Rio de Janeiro. Simone Sibílio e Letícia Emile, preender todos os esforços possí- da parlamentar, em São Paulo, A deputada Flávia Arruda dei-
Justiça, Flávio Dino, mencionou Pelas mãos do MP fluminense, a ainda em setembro de 2018, mar- veis e cabíveis, e a Polícia Federal mas apreendeu apenas uma pisto- xou o PL, partido do ex-presi-
a possibilidade, que durante o investigação teve avanços signifi- cou um aprimoramento da inves- assim atuará, para que esse crime la, porque as demais não haviam dente Jair Bolsonaro, após per-
governo de Jair Bolsonaro (PL) cativos em dado momento e pren- tigação, que depois passou por seja desvendado definitivamente sido objeto do pedido da Procura- der a eleição para o Senado e o
foi refutada pela família. deu o acusado de executar o assas- mais trocas de comando. e nós saibamos quem matou Ma- doria-Geral da República (PGR). diretório do partido no Distrito
“Vai haver um encontro da fa- sinato, Ronnie Lessa, e o motorista Lessa e Queiroz foram presos rielle e quem mandou matar Ma- Federal será assumido pela de-
mília com o comitê [que acom- do carro usado para o crime, Elcio em março de 2019, um ano de- rielle Franco naquele dia no Rio Zambelli 2 putada reeleita Bia Kicis, bolso-
panha as investigações]. Vamos Queiroz, mas não descobriu pois das mortes. Desde então, de Janeiro”, disse. Em nota, Zambelli afirmou narista “raiz”.

Atividade econômica Atualize suas contas

Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
dez/22 nov/22 out/22 set/22 ago/22 jul/22 jun/22 mai/22 abr/22 mar/22 Em % Em R$
Indústria* Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
jun/21 0,0000 0,5000 0,2019 0,2891 0,31 0,3763 0,2839 0,2466 3,00 23,54 1.100,00
Produção física industrial (IBGE - %)
jul/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,3798 0,36 0,4111 0,2952 0,2466 0,96 23,54 1.100,00
Total - - 0,3 -0,7 -0,6 0,5 -0,4 0,3 0,1 0,6
ago/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,4248 0,43 0,4111 0,2992 0,2466 0,53 23,54 1.100,00
Indústria de transformação - - 0,0 -1,4 -0,3 0,3 -0,3 1,0 0,0 0,8
set/21 0,0000 0,5000 0,3012 0,4221 0,44 0,3978 0,3234 0,2466 0,70 23,54 1.100,00
Indústrias extrativas - - 0,6 1,8 -3,1 2,1 2,6 -5,8 0,3 0,7
out/21 0,0000 0,5000 0,3575 0,5046 0,49 0,4473 0,3483 0,2466 0,00 23,54 1.100,00
Bens de capital - - -4,1 -0,7 5,8 -3,4 -1,7 6,6 -8,8 10,1
nov/21 0,0000 0,5000 0,4412 0,5927 0,59 0,4329 0,3771 0,2466 0,24 23,54 1.100,00
Bens intermediários - - 0,7 -1,0 -1,6 1,9 -0,7 -1,0 0,6 0,8
Bens de consumo - - 0,3 -0,8 -1,1 0,9 0,1 0,3 2,6 -3,1
dez/21 0,0488 0,5490 0,4902 0,7191 0,77 0,4473 0,4026 0,2955 0,22 23,54 1.100,00
Faturamento real (CNI - %) - - 0,3 -0,5 1,3 1,2 1,5 0,8 -0,2 1,1 jan/22 0,0605 0,5608 0,5608 0,7609 0,73 0,5096 0,4146 0,3073 0,35 23,55 1.212,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - - -1,2 -1,0 2,3 -0,1 1,0 0,6 -2,3 -0,1 fev/22 0,0000 0,5000 0,5000 0,7272 0,76 0,4601 0,4249 0,2466 0,18 23,55 1.212,00
Comércio mar/22 0,0971 0,5976 0,5976 0,8678 0,93 0,5096 0,4265 0,3440 0,25 23,55 1.212,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - 0,2 0,2 -0,3 -1,5 0,4 -0,1 0,1 7,5
abr/22 0,0555 0,5558 0,5558 0,8159 0,83 0,5513 0,4416 0,3023 0,71 23,59 1.212,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - 0,4 1,2 0,2 -0,2 -1,8 0,3 0,6 1,3 mai/22 0,1663 0,6671 0,6671 0,9776 1,03 0,5697 0,4424 0,4133 4,13 23,59 1.212,00
Consultas ao usecheque (ACSP - %) (1) ** - - - 23,6 61,4 97,2 114,1 424,1 44,2 109,3 jun/22 0,1484 0,6491 0,6491 0,9496 1,02 0,5513 0,4472 0,3954 2,22 23,59 1.212,00
Consultas ao sistema de proteção ao crédito (ACSP - %) (1) ** - - - -17,0 -11,1 -5,6 7,8 127,2 -29,0 45,0 jul/22 0,1631 0,6639 0,6639 0,9844 1,03 0,5851 0,4456 0,4101 0,73 23,67 1.212,00
Mercado de trabalho ago/22 0,2409 0,7421 0,7421 1,0929 1,17 0,5851 0,4630 0,4881 -0,01 23,67 1.212,00
set/22 0,1805 0,6814 0,6814 1,0020 1,07 0,5662 0,4670 0,4276 -0,06 23,67 1.212,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) - - 8,3 8,7 8,9 9,1 9,3 9,8 10,5 11,1
out/22 0,1494 0,6501 0,6501 0,9506 1,02 0,6005 0,4702 0,3964 0,04 23,81 1.212,00
Indicador Coincidente de Desemprego - (FGV/IBRE) (3)* - - - - - - - - - -
nov/22 0,1507 0,6515 0,6515 0,9519 1,02 0,5811 0,4614 0,3977 0,15 23,81 1.212,00
Emprego industrial (CNI - %)* - - 0,3 -0,3 -0,1 0,5 0,6 0,1 -0,2 -0,3
dez/22 0,2072 0,7082 0,7082 1,0489 1,12 0,6005 0,4670 0,4543 0,17 23,81 1.212,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (3)* - -6,7 -4,0 1,5 1,2 -0,8 1,0 1,4 4,5 -0,1
jan/23 0,2081 0,7091 0,7091 1,0398 1,12 0,6142 0,4812 0,4552 - 23,93 1.320,00
Balança comercial (US$ milhões)
2023 0,21 0,71 0,71 1,04 1,12 0,61 0,48 0,46 - 0,50 8,91
Exportações 26.645 28.164 26.938 28.620 30.770 29.849 32.735 29.642 28.956 29.396 Em 12 meses * 1,78 8,06 8,06 12,02 12,83 6,99 5,58 4,83 9,12 1,61 8,91
Importações 21.866 21.493 23.441 24.932 26.668 24.486 23.851 24.684 20.742 21.811 2022 1,63 7,90 7,90 11,71 12,39 6,88 5,51 4,68 9,12 1,15 10,18
Saldo 4.779 6.672 3.497 3.688 4.102 5.362 8.884 4.958 8.213 7.586
Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Fontes: IBGE, CNI, FGV, FIRJAN, ACSP, SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1) Na capital SP. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts. * Metodologia com ajuste sazonal. (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
** Variação em 12 meses. 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para janeiro projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 3º Tri/22 2º Tri/22 2022 (1) 2021 2020 2019 Dívida líquida do setor público nov/22 out/22 nov/21
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 2.544 2.472 9.641 8.899 7.610 7.389 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 477 488 1.801 1.609 1.448 1.873 dez/22 nov/22 2022 2021 12 meses dez/22 nov/22 dez/21 dez/21
Dívida líquida total 5.578,2 57,01 5.542,5 57,01 4.905,6 55,63
Taxa de Variação Real (%) 0,4 1,0 3,0 5,0 -3,3 1,2 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização 4,8 0,05 3,6 0,04 10,7 0,12
Agropecuária -0,9 0,1 -1,3 0,3 4,2 0,4 IPCA - 0,41 5,13 10,06 5,90 - 6.434,20 6.120,04 6.120,04
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -761,7 -7,79 -725,8 -7,46 -996,3 -11,30
Indústria 0,8 1,7 0,8 4,8 -3,0 -0,7 INPC - 0,38 5,21 10,16 5,97 - 6.660,19 6.330,59 6.330,59
Dívida fiscal líquida 6.335,1 64,75 6.264,7 64,43 5.891,3 66,81
Serviços 1,1 1,3 4,4 5,2 -3,7 1,5 IPCA-15 0,52 0,53 5,90 10,42 5,90 6.346,64 6.313,81 5.992,99 5.992,99
Formação Bruta de Capital Fixo (%) 2,8 3,8 0,8 16,5 -1,7 4,0 IPCA-E 0,52 0,53 5,90 10,42 5,90 6.346,64 6.313,81 5.992,99 5.992,99 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 19,6 18,3 18,8 18,9 16,6 15,5 Dívida interna líquida 6.318,8 64,58 6.265,9 64,45 5.892,3 66,82
FGV
Fontes: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data Dívida externa líquida -740,5 -7,57 -723,4 -7,44 -986,7 -11,19
IGP-DI - -0,18 4,71 17,74 6,02 - 1.139,73 1.088,49 1.088,49
* Valores correntes. ** Banco Central. (1) 3º trim de 2022, nos últimos 12 meses
Núcleo do IPC-DI - 0,27 5,85 4,96 6,41 - - - - Divisão entre as esferas do governo
IPA-DI - -0,43 4,37 20,64 5,97 - 1.371,43 1.314,07 1.314,07 Governo Federal e Banco Central 4.677,3 47,80 4.654,7 47,87 3.986,6 45,21
IPA-Agro - -0,96 3,70 18,80 5,31 - 2.019,92 1.947,79 1.947,79 Governos Estaduais 808,2 8,26 796,9 8,20 797,1 9,04
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Ind. - -0,22 4,63 21,39 6,25 - 1.130,86 1.080,78 1.080,78 Governos Municipais 37,7 0,39 36,3 0,37 66,7 0,76
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPC-DI - 0,57 3,92 9,34 4,52 - 706,02 679,39 679,39 Empresas Estatais 55,0 0,56 54,6 0,56 55,2 0,63
INCC-DI - 0,36 9,18 13,85 9,56 - 1.050,70 962,32 962,32
Salário de Base de calculo Aliquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público nov/22 out/22 nov/21
IGP-M 0,45 -0,56 5,45 17,78 5,45 1.161,01 1.155,83 1.100,99 1.100,99
em R$ em % IR - em R$ Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1) IPA-M 0,47 -0,94 5,27 20,57 5,27 1.413,36 1.406,72 1.342,67 1.342,67
Até 1.212,00 7,50 Até 1.903,98 - - IPC-M 0,44 0,64 4,30 9,32 4,30 692,88 689,84 664,32 664,32 Total nominal 443,9 4,54 400,1 4,12 405,2 4,60
De 1.212,01 a 2.427,35 9,00 De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 INCC-M 0,27 0,14 9,40 14,03 9,40 1.051,25 1.048,43 960,89 960,89 Governo Federal** 419,4 4,29 394,8 4,06 475,2 5,39
De 2.427,36 até 3.641,03 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80 IGP-10 0,36 -0,59 6,08 17,30 6,08 1.185,56 1.181,32 1.117,64 1.117,64 Banco Central 20,9 0,21 20,4 0,21 -4,0 -0,05
De 3.641,04 até 7.087,22 14,00 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 IPA-10 0,31 -0,98 6,08 19,72 6,08 1.454,37 1.449,93 1.370,95 1.370,95 Governo regional 3,5 0,04 -15,6 -0,16 -68,5 -0,78
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 IPC-10 0,58 0,67 4,40 9,63 4,40 696,93 692,90 667,53 667,53 Total primário -137,9 -1,41 -173,1 -1,78 -12,8 -0,14
Fonte: Previdência Social. Elaboração: Valor Data *Competên- INCC-10 0,36 0,19 9,55 14,20 9,55 1.038,60 1.034,89 948,04 948,04 Governo Federal -322,9 -3,30 -337,9 -3,48 -157,0 -1,78
Fonte: Secretaria da Receita Federal
cia dez/22. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de Elaboração: Valor Data Banco Central 0,3 0,00 0,5 0,01 0,6 0,01
FIPE
recolhimento ao INSS Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Governo regional -70,7 -0,72 -86,2 -0,89 -104,6 -1,19
IPC - 0,47 6,75 9,73 7,36 - 651,16 610,00 610,00
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras.
DIEESE
ICV* - - - - 3,07 - - - -
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 4º trimestre = 1,21%, IGP-M 2ª prévia dez/22 = 0,77% e IPC-FIPE = 2ª quadrissemana dez/22 = 0,38%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE, FIPE e DIEESE. Elaboração: Valor Data *Índice em 2020 até fevereiro Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de novembro*
Discriminação Janeiro-novembro Var. novembro Var.
Discriminação Janeiro-novembro Var. novembro Var.
2022 2021 % 2022 2021 % Imposto de Renda Pessoa Física 2022 2021 % 2022 2021 %
Receita Federal
Imposto de renda total 643,4 507,8 26,72 52,1 43,0 21,03
Pagamento das quotas - 2022 Receita total 2.121,6 1.908,5 11,17 168,5 177,7 -5,22
Receita Adm. Pela RFB** 1.287,3 1.199,4 7,33 108,5 107,2 1,16
Imposto de renda pessoa física 54,0 51,9 4,04 4,3 3,9 12,02 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 471,6 441,8 6,76 42,4 42,3 0,27
Imposto de renda pessoa jurídica 297,9 231,1 28,87 20,2 16,8 20,25 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 362,8 267,5 35,63 17,5 28,2 -37,78
Imposto de renda retido na fonte 291,6 224,7 29,76 27,5 22,4 23,17 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
Transferências a Estados e Municípios 416,6 349,7 19,13 42,6 38,8 9,58
Imposto sobre produtos industrializados 59,6 67,7 -11,93 5,5 7,3 -24,88 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
Receita líquida total 1.705,1 1.558,9 9,38 125,9 138,9 -9,36
Imposto sobre operações financeiras 53,4 43,1 24,02 4,9 4,9 -1,04 1ª ou única 31/05/2022 - Campo 7 Despesa Total 1.653,1 1.613,3 2,47 140,6 134,4 4,56
Imposto de importação 54,5 56,7 -3,74 5,1 5,6 -7,79 2ª 30/06/2022 1,00% Benefícios Precidenciários 742,0 725,9 2,22 61,7 57,1 8,05
Cide-combustíveis 1,4 1,7 -17,11 0,0 0,2 -99,47 3ª 29/07/2022 2,02% + Pessoal e Encargos Sociais 305,2 326,3 -6,48 29,8 30,7 -2,98
Contribuição para Finsocial (Cofins) 270,6 257,9 4,93 10,6 25,9 -59,18 4ª 31/08/2022 Valor da declaração 3,05% Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 274,8 315,7 -12,97 23,0 18,8 22,16
CSLL 155,6 116,3 33,84 10,6 8,4 25,34 5ª 30/09/2022 4,22% Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 331,1 245,4 34,95 26,1 27,8 -6,20
PIS/Pasep 79,7 72,2 10,46 7,2 7,1 1,48 Resul. Primário do Gov. Central (1) 52,0 -54,5 - -14,7 4,4 -
6ª 31/10/2022 5,29% +
Outras receitas 689,9 561,7 22,84 76,2 54,9 38,76 Discriminação nov/22 out/22 nov/21
7ª 30/11/2022 6,31% Campo 9
Total 2.008,3 1.684,8 19,20 172,0 157,3 9,34 Valor Var. % Valor Var. % Valor Var. %
8ª 30/12/2022 7,33%
set/22 ago/22 set/21
Pagamento com atraso Ajustes metodológicos -0,1 -47,09 -0,2 -15,26 -0,4 -1,54
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Discrepância estatística -1,7 - 0,1 -84,34 -0,3 -
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 58,7 3,21 56,8 -3,78 58,6 0,94 Result. Primário do Gov. Central (2) -16,5 - 30,4 170,56 3,7 -87,96
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
out/22 set/22 out/21 de junho/22 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Juros Noniminais -42,0 27,17 -33,1 -48,66 -39,3 -35,47
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data. Result. Nominal do Gov. Central -58,6 2.076,10 -2,7 -94,94 -35,5 19,24
INSS 45,8 4,49 43,8 0,03 38,4 -2,87 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre o mês anterior Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** Somando Incentivos fiscais (1) Acima da linha. (2) Abaixo da linha

Internacional
EUA Nova geração fiel a Trump impõe derrota histórica a líder do partido
Republicanos fracassam em
eleger presidente da Câmara
Agências internacionais
O líder republicano Kevin Mc-
Carthy falhou em ser eleito presi-
dente da Câmara dos Deputados
dos EUA em três sucessivas vota-
ções, numa derrota histórica im-
posta por um pequeno grupo de
dissidentes de seu partido — o que
dá uma mostra do potencial de
turbulência que a Câmara contro-
lada pelos republicanos deve en-
frentar nos próximos dois anos.
Incapazes de eleger o presidente
da Câmara, apesar de terem a
maioria da Casa, os republicanos
pediram uma pausa para tentar se
reagrupar após a confusa inaugu-
ração do novo Congresso. O pedi-
do de adiamento foi saudado pe-
los republicanos e democratas.
A pausa mostra que não há um
caminho fácil para McCarthy, de
57 anos, cuja ambição de se tornar
presidente da Câmara esbarrou na
oposição dos conservadores.
McCarthy ganhou o apoio da
maioria dos republicanos nas três
rodadas de votação realizadas on-
tem, mas ficou aquém da maioria
simples de 218 votos da Câmara.
Dezenove membros do Partido Re-
publicano votaram contra ele nos
dois primeiros turnos e a oposição
cresceu para 20 no terceiro.
Trata-se de uma derrota política
impressionante imposta ao repu-
blicano da Califórnia, que passou
grande parte do ano passado cor-
tejando os conservadores linha-
dura na bancada republicana. Foi a
primeira vez desde 1923 que um
presidente da Câmara não foi es-
colhido na primeira votação.
McCarthy, porém, promete con-
tinuar. “Ficaremos até vencermos”,
disse ele após a segunda votação.
UE exigirá testes de covid para viajantes chineses
Laurence Norman
Dow Jones Newswires
Os países-membros da União
Europeia preparam as condições
para a adoção coordenada de
controles para viajantes que che-
gam da China — que podem in-
cluir testes obrigatórios logo an-
tes da viagem —, já que o bloco
trabalha para garantir que a re-
versão repentina da política chi-
nesa de covid-zero não prejudi-
que os esforços da região para
deixar a pandemia para trás.
As medidas da UE, que prova-
velmente serão finalizadas hoje,
levarão os países-membros a se-
guirem a decisão das autoridades
dos EUA de reforçar os controles
sobre as chegadas da China antes
de que Pequim suspenda as limi-
tações para viagens, o que deve
ocorrer nos próximos dias. Vários
países da UE, como França, Espa-
nha e Itália, já anunciaram a im-
posição de controles próprios pa-
ra viajantes vindos da China.
No mês passado, o governo chi-
nês anunciou a remoção de quase
todas as restrições de quarentenas
e testes de covid ainda em vigor pa-
Equador fecha acordo Inflação alemã desacelera
comercial com a China a 8,6% em dezembro
Associated Press, de Quito
O Equador fechou um acordo
de livre comércio com a China,
anunciou ontem o presidente
equatoriano, Guillermo Lasso.
Com o pacto, as exportações do
país para o mercado chinês deve-
rão crescer cerca de US$ 1 bilhão.
No Twitter, Lasso disse que pro-
dutos agrícolas “terão acesso pre-
ferencial ao maior mercado do
mundo”. “Nossa indústria poderá
adquirir máquinas e insumos a
custos mais baixos”, afirmou.
Por seu lado, o Ministério da
Produção, também pelo Twitter,
informou que foram estabeleci-
das exclusões e proteção aos pro-
Sob ataque da linha-dura republicana, McCarthy está no centro do maior impasse na presidência da Casa desde 1923
A Câmara não pode conduzir
nenhum matéria legislativa até
que o presidente seja eleito e conti-
nuará votando até que alguém ga-
nhe a maioria. A votação para elei-
ção do presidente da Casa será re-
tomada na tarde de hoje.
A luta pela presidência da Câ-
mara faz parte da batalha pela di-
reção do Partido Republicano en-
tre moderados — de distritos elei-
torais mais disputados — e conser-
vadores que adotaram a agenda
populista MAGA (de tornar os EUA
grandes novamente) do ex-presi-
dente Donald Trump.
Foi essa nova geração de repu-
blicanos alinhados a Trump que li-
derou a oposição a McCarthy. Eles
ra viajantes que chegavam ao país,
o que provocou uma explosão na
demanda por passagens aéreas
tanto para ir à China como para
sair dela. O anúncio se deu pouco
depois de o governo decidir rever-
ter muitas das políticas de covid-
zero dos últimos três anos.
Ontem, um grupo de especia-
listas em saúde dos países da UE
se reuniu com as autoridades de
Bruxelas pela segunda semana
consecutiva para discutir a situa-
ção. Um grupo de gestão de cri-
ses da UE se reunirá hoje para de-
finir medidas coordenadas —
embora depois caiba a cada país
decidir quais delas adotará.
Ainda na noite de ontem, o por-
ta-voz da área de saúde da Comis-
são Europeia, o órgão executivo da
UE, disse que Bruxelas recomenda-
ria a aprovação de medidas que
preveem uso de máscaras nos voos
originários da China, aumento do
monitoramento da água usada
desses voos para detecção do vírus,
vigilância genômica em aeropor-
tos para verificar se há novas va-
riantes da covid e ampliação do
acompanhamento dos viajantes.
Na semana passada, os EUA de-
dutos chineses para uma parte
do setor industrial, agrícola e
manufatureiro, o que não impe-
dirá que 99% dos produtos equa-
torianos sejam beneficiados de
preferências tarifárias.
Em 2022, as exportações totais
do Equador chegaram a US$ 5 bi-
lhões, segundo o governo — US$ 1
bilhão a mais do que em 2021.
Entre os principais produtos
equatorianos que a China conso-
me estão camarão, banana, rosas,
cacau, café, abacaxi, manga, qui-
noa e alimentos processados. Pa-
ra que o acordo entre em pleno
vigor, faltam cumprir as etapas
de tradução formal do texto e
aprovação pela Assembleia.
não o consideram conservador ou
duro o suficiente para lutar contra
os democratas e também exigem
concessões às suas prioridades.
Os democratas, por sua vez, ele-
geram Hakeem Jeffries como seu
novo líder, dando a ele 212 votos
no primeiro turno. Jeffries assume
o posto que foi de Nancy Pelosi.
Os apoiadores de McCarthy têm
a expectativa que ele vença no fi-
nal, mas a turbulência de ontem
deve encorajar os dissidentes re-
publicanos e tornar muito mais di-
fícil para ele liderar a Câmara e
unir o partido em torno das priori-
dades legislativas. Também sugere
duras batalhas no Congresso em
questões críticas, como elevar teto
cidiram exigir teste negativo para
covid-19 de todos os viajantes
que chegassem da China conti-
nental, Hong Kong e Macau.
A China tem criticado as restri-
ções de viagem para seus cidadãos,
qualificando-as de inaceitáveis e
politicamente motivadas e avisou
que pode adotar contramedidas.
A Casa Branca reagiu e disse
que Pequim não tem motivos pa-
ra retaliar contra os EUA e outras
nações que impuseram restrições
a viajantes chineses, dizendo que
as medidas se justificam pelas ra-
zões de saúde pública. “Não há ra-
zão para a China retaliar só por-
que países ao redor do mundo es-
tão adotando medidas prudentes
de saúde para proteger cidadãos.
É isso que você está vendo de nós
e de outros”, disse ontem a repór-
teres a secretária de imprensa da
Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
“Esta é uma decisão que se ba-
seia na saúde pública e na ciência”,
disse ela. “Isso vem de nossos espe-
cialistas aqui e em outros países.”
Nos últimos três anos, a China
impôs exigências rigorosas de tes-
tes e quarentenas a estrangeiros
que viajavam para o país, como
Agências internacionais
A inflação alemã se desacelerou
mais do que o esperado em de-
zembro, caindo abaixo dos 10% e
reduzindo a pressão sobre o Banco
Central Europeu, que se esforça
para controlar a alta dos preços.
O Índice de Preços ao Consu-
midor (IPC) preliminar subiu
8,6% na base anual em dezembro,
de acordo com os dados do escri-
tório de estatísticas alemão Des-
tatis. A taxa veio abaixo da proje-
ção de 8,8% feita por economistas
consultados pelo “The Wall Street
Journal”. No mês de novembro, a
inflação ao consumidor teve alta
de 10% na base anual.
ALEX BRANDON/AP
da dívida do país e manter o gover-
no funcionando ainda neste ano.
Muitos no Congresso estão pre-
parados para a possibilidade de
que o processo possa se arrastar
por dias, até que McCarthy seja ca-
paz de obter apoio suficiente ou
desistir em favor de outro nome.
Até agora, os líderes democra-
tas da Câmara rejeitaram as su-
gestões para ajudar McCarthy, ou
unir seu apoio em torno de um
candidato republicano alternati-
vo. Muitos democratas pareciam
se divertir com o drama dos re-
publicanos. O deputado Ted Lieu,
por exemplo, postou uma ima-
gem no Twitter em que aparece
segurando um saco de pipoca.
parte de sua política de covid-zero.
Com a revogação dessas medi-
das a divulgação de novos dados
sobre a disparada de casos da
doença no país praticamente se-
cou. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) informou que pediu
aos cientistas chineses que ofere-
çam mais detalhes sobre a situação
da covid no país em uma reunião
ontem a portas fechadas.
Autoridades da UE disseram on-
tem que não havia motivo para
grande preocupação, pois o conti-
nente mantém em vigor suas me-
didas de alerta precoce e de respos-
ta, ainda não identificou nenhuma
evidência de chegada de novos ti-
pos do vírus e conta com altos ní-
veis de imunidade e vacinação.
A Comissão Europeia também
confirmou ontem que sua comis-
sária de Saúde, Stella Kyriakides,
entrou em contato com as autori-
dades de Pequim para oferecer à
China vacinas gratuitas de suas re-
servas. As autoridades europeias
disseram que não tinham recebi-
do nenhuma resposta oficial.
Mais de 2 milhões morreram de
covid na Europa, que foi epicentro
dos casos no início da pandemia .
Em relação a novembro, o ín-
dice registrou queda de 0,8%, en-
quanto o consenso dos econo-
mistas consultados pelo “The
Wall Street Journal” era de uma
queda menor, de 0,7%.
A desaceleração foi parcial-
mente atribuída ao primeiro es-
tágio do freio de preço do gás do
governo, que reduziu por meio
de ajuda direta às famílias e pe-
quenas empresas as contas de
energia para alguns consumido-
res. “Desde o início da guerra na
Ucrânia, os preços da energia e
dos alimentos, em particular, au-
mentaram consideravelmente e
têm um impacto significativo na
taxa de inflação”, disse a Destatis.
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Rússia, China e Irã estão
entre os riscos globais
de 2023, aponta estudo
Roberto Lameirinhas
De São Paulo
A Rússia se tornar um Estado-
pária, mais concentração de poder
de Xi Jinping na China, ressurgi-
mento da ameaça de uso de armas
de destruição maciças e um regi-
me iraniano cada vez mais acuado
estão entre os principais riscos
geopolíticos para 2023, segundo a
consultoria Eurasia Group.
“Um pequeno grupo de indiví-
duos acumulou uma quantidade
extraordinária de poder, tomando
decisões de profundas consequên-
cias globais em ambientes opacos
e sobre as quais fornecem infor-
mações limitadas”, diz o estudo
anual da Eurasia “The Top Risks of
2023”, apresentado ontem. “Atra-
vessamos, na maior parte, os gran-
des desafios da pandemia [de co-
vid-19], que apontamos como
maior risco no ano passado. Nos-
sos principais riscos neste ano es-
tão direcionados para outros ato-
res”, disse o presidente e fundador
da Eurasia, Ian Bremmer — na en-
trevista coletiva que concedeu on-
tem ao lado do chairman da con-
sultoria, Cliff Kupchan.
“Todos os maiores desafios de
agora partem de atores interna-
cionais que enfrentam graves de-
safios estruturais e forte oposição
— interna ou externa — em alcan-
çar os objetivos que traçaram sem
supervisão, contribuições espe-
cializadas adequadas, nem freios
ou contrapesos que possam res-
tringir suas ações”, disse.
Bremmer e os analistas da Eu-
rasia argumentam que, com a
Rússia “humilhada” pelo insu-
cesso na Ucrânia, Vladimir Putin
pode transformar o país no “Es-
tado-pária mais perigoso do
mundo, representando uma sé-
ria ameaça à segurança da Euro-
pa, dos EUA e de todo o mundo.”
O conceito de Estado-pária foi
criado na virada do século pela
diplomacia dos EUA para descre-
ver, principalmente, o Irã, a Co-
reia do Norte e o Iraque de Sad-
dam Hussein. Ele descreve países
com capacidade de desenvolver
armas de destruição em massa e
disposição para usá-las.
No caso de Xi, Bremmer obser-
vou que o presidente da China tem
mais poder do que qualquer outro
líder chinês desde Mao Tsé-tung.
“Mas o que se deve levar em conta é
que hoje a China é um player glo-
bal muito mais importante do que
era quando Mao estava no coman-
do do país”, disse. “Essa combina-
ção torna a China uma força global
especialmente preocupante, prin-
cipalmente em relação à política
externa”, completou.
Além dessas ameaças, a Eurasia
inclui em sua lista de principais ris-
cos para o mundo no ano a onda
de choque da inflação global que
começou nos EUA em 2021, se
consolidou em todo o mundo em
2022, e terá poderosos efeitos eco-
nômicos e políticos em 2023. De
acordo com Bremmer, a alta de
preços será o principal motor da
recessão global, aumentará o es-
tresse financeiro e alimentará o
descontentamento social e o des-
contentamento político em todos
os lugares, a exemplo do que já foi
visto no Sri Lanka e no Paquistão.
A inflação historicamente alta
de hoje vem de várias fontes. A pri-
meira foi a pandemia de covid-19,
que levou os governos a amortecer
a queda nas receitas com estímu-
los fiscais e monetários extraordi-
nários, ao mesmo tempo em que
interrompeu a oferta global. En-
tão, no momento em que EUA e a
Europa estavam saindo da pande-
mia graças às vacinas, a China do-
brou sua aposta na política de co-
Curtas
Indústria chinesa patina
A atividade da indústria chinesa
se manteve em dezembro no cam-
po de contração pelo quinto mês
seguido, mostra o índice de geren-
tes de compras (PMI) Caixin divul-
gado ontem. A taxa caiu para 49
pontos, dos 49,4 de novembro. A
marca de 50 separa a expansão da
contração. Ondas de casos de co-
vid-19 afetaram o desempenho.
| Valor | A9
vid-zero, bloqueando os centros
de manufatura e transporte mais
importantes da economia global.
Finalmente, a invasão da Ucrânia
pela Rússia e as sanções do Ociden-
te em resposta colocaram pressão
sobre o suprimento global de
energia, alimentos e fertilizantes.
“Um efeito imediato desses
problemas econômicos será a
pressão sobre os governantes em
países com eleições este ano, co-
mo Turquia, Espanha, Argentina,
Nigéria e Polônia”, disse Brem-
mer. “Mas mesmo os países onde
as eleições não estão marcadas
terão maior risco de rotatividade
do governo”, afirma.
Para Bremmer, a pressão popu-
lar por políticas fiscalmente insus-
tentáveis em um ambiente finan-
ceiro apertado exacerbará os pro-
blemas da dívida e poderá desen-
cadear a instabilidade do mercado
— por exemplo, no Reino Unido,
Itália, Brasil, Colômbia e Hungria.
Outros riscos listados pela Eu-
rasia entre os mais importantes
para este ano estão a crise global
de energia, a interrupção do de-
senvolvimento humano global, o
aprofundamento da divisão polí-
tica nos EUA, a profusão de plata-
formas de redes sociais instantâ-
neas com as do TikTok — capazes
de reformular as políticas corpo-
rativas e públicas, colocando-as
em xeque ao toque de um botão
— e a crise hídrica global.
O estudo da Eurasia aponta para
o risco de que os atritos entre a
Opep+ [a Organização dos Países
Exportadores de Petróleo, mais a
Rússia] e os EUA aumente os custos
para famílias e empresas, amplian-
do também a carga fiscal nas eco-
nomias emergentes. “Esses atritos
causam uma nova e crescente fon-
te de tensões entre países desen-
volvidos e o mundo em desenvol-
vimento”, analisa Bremmer.
Bremmer e Kupchan também
veem retrocessos na situação de
mulheres e meninas, que estão
perdendo direitos, oportunidades
e segurança conquistados com
muito esforço. Esses retrocessos
têm sido observados em países do
Oriente Médio, mas também em
outras partes da Ásia e da América
Latina, onde mercados de trabalho
resistem a avanços igualitários.
“E há um risco contínuo de vio-
lência política nos EUA, mesmo no
momento em que Donald Trump
aparentemente perde força políti-
ca e uma responsabilização pelos
motins no Congresso em 2021 se
aproxima”, disse Bremmer. O risco
decorre do fato de que os EUA são
“uma das democracias avançadas
mais politicamente polarizadas e
disfuncionais do mundo”.
A ameaça, porém, está apenas
na oitava posição do ranking da
Eurasia, destacou Bremmer, “co-
mo uma declaração de que os
EUA não são razão para pânico
imediato”. “Mas, embora menor,
o populismo que se viu no país
ainda é um risco e se irradia para
além dos EUA”, afirmou.
“Vimos nas eleições do Brasil o
quanto o populismo provocado
pelo desenvolvimento do senti-
mento antiestablishment pode
pôr em risco à democracia, com
uma onda de desinformação e de
movimentos antissistêmicos”, dis-
se Bremmer, em resposta a uma
pergunta do Valor. “É nesse senti-
do que apontamos o risco de o po-
pulismo crescer diante de pressões
fiscais e inflacionárias.”
“Mesmo assim, se quisermos
ser um pouco otimistas, é impor-
tante notar que os piores cenários
para ameaças à democracia tanto
nos EUA quanto no Brasil em
2022 acabaram não se concreti-
zando”, concluiu Bremmer.
Boric irrita Judiciário
Comentários do líder chileno,
Gabriel Boric, sobre o indulto a
um condenado por assalto a ban-
co irritaram ontem membros do
Judiciário. Ele foi indultado junto
a outros 12 presos por delitos co-
metidos nos protestos de 2019. Pa-
ra o Judiciário, o indulto ao conde-
nado rompeu um pacto para liber-
tar os “presos da revolta”.
A10 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Opinião
RANERD POR PIXABAY

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: João Roberto Marinho
VICE-PRESIDENTES: José Roberto Marinho - Roberto Irineu Marinho

é uma publicação da Editora Globo S/A

DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar

DIRETORA DE REDAÇÃO: Maria Fernanda Delmas

Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit

Restauração do Estado avança,

com peças soltas na economia
O
s primeiros atos do novo governo importantes, além dos simbólicos.
e a posse de ministros apontam Marina Silva (Meio Ambiente) e Nísia
medidas corretas e necessárias Trindade fizeram o esperado. Marina revogou
para o país, mas também o peso legislação sobre multas ambientais de
do intervencionismo do Estado, a Ricardo Salles, que pela inação de um comitê
marca petista na economia que Lula reforçou de conciliação, as anistiava todas. Nísia
em declarações e nos discursos de posse. colocou a vacinação ampla, geral e irrestrita
Houve os primeiros desencontros, revelados no lugar central que ocupam na saúde
pela MP que prorroga a desoneração de gás de pública, negligenciada por Bolsonaro.
cozinha e diesel por um ano e o da gasolina, Os sinais preocupantes também estão vindo
provisoriamente, por dois meses. Eles deixaram logo. Lula fulminou 8 privatizações inscritas em
o sabor amargo da desconfiança sobre fator programa de desestatização. O indicado para a
imprescindível a um ministro da Fazenda: ter
peso político. Não precisou muito para a ala
presidência da Petrobras, Jean Paul Prates,
deixou claro que a política de preços e outras
Para maximizar os efeitos da PEC é preciso apresentar
política do governo convencer Lula de que não coisas mais da estatal são assunto de governo. plano de ação fiscal. Por Gilberto Borça Jr. e Manoel Pires
era o caso de eliminar já a desoneração por seus Não há dúvidas de que o preço do combustível

A Emenda Constitucional
efeitos imediatos e sensíveis na inflação, logo cairá, indicou Lula. O timing da mudança de
na estreia. Haddad pedira ao então ministro comando na Petrobras é que torna provisória a
Paulo Guedes que não emitisse MP continuidade da desoneração para a gasolina
prorrogando a medida eleitoreira de por dois meses. A ideia é que a desoneração se

da Transição e seus desafios

Bolsonaro, argumentando com decisão que torne desnecessária. A ministra de Ciência e
Lula teria tomado. Haddad pagou a conta do Tecnologia, Luciana Santos, por seu lado,
bate-cabeças, de qualquer forma, e deixou no ar revogou a liquidação da Ceitec, estatal de
impressão precoce de fragilidade, que poderá semi-condutores.

A
se confirmar ou não ao longo do mandato. Uma confusão que pode não terminar bem
Lula não quer problemas na largada de é do passeio da ANA, agência reguladora de PEC da Transição (EC 2020 pela excepcionalidade no A determinação para mudar
126/2022) foi aprova- combate à pandemia), que é de a regra fiscal sacramenta a sua
governo. Os ministros da ala política, águas e saneamento, por vários ministérios.
da no Congresso e as 19,1% e, por outro, essa expan- desconstitucionalização, como
empossados na segunda-feira, deixaram isso Ela foi alocada agora no Meio Ambiente, mas
principais mudanças são tenderá a ser atenuada pelo sugerem as boas práticas inter-
claro. Flávio Dino, da Justiça, disse que seu entre suas atribuições pode não estar mais a podem ser resumidas em: ajuste fiscal que possivelmente nacionais. Na Constituição esti-
ministério era “da paz” e que os policiais o de normatizar o setor de saneamento. ● específicas no atual teto de ocorrerá nos Estados em função pulam-se os princípios gerais e
considerassem seu, não importando em quem Ontem, o ministro da Integração e gastos, dentre as quais estão a ex- das desonerações de itens liga- a operacionalização é descrita
votaram ou em quem votarão. Rui Costa, da Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, clusão de despesas de universi- dos ao setor de energia. Nas últi- em legislação inferior, confe-
Casa Civil, fez especial deferência às relações disse que a decisão poderá ser revista. dades federais e das ICT’s custea- mas semanas, vários Estados já rindo maior flexibilidade ao ar-
com os agricultores, eleitores em massa de Outros ministros expuseram, com maior ou das com recursos próprios e doa- aprovaram elevações de ICMS, cabouço fiscal. A equipe econô-
Bolsonaro. Alexandre Padilha, da Secretaria de menor ênfase, seu desejo de girar ao contrário a ções/convênios; despesas com in- outros terão que reduzir despe- mica deverá tratar o tema com
Relações Institucionais, pregou relações roda das reformas. O ministro da Previdência, vestimentos equivalentes a 6,5% sas na saída do ciclo político. urgência, pois enquanto o novo
amistosas e profícuas com os governadores e o Carlos Lupi (PDT), disse que quer rever a da arrecadação corrente exce- Desde a aprovação da PEC Ka- sistema não for aprovado, o or-
dente à PLOA de 2021 para o ano mikaze (EC 122/2022), as expec- çamento de 2024 deverá ser ela-
Congresso e foi além, ao mencionar até que o reforma do seu setor, por discordar do limite de
de 2023 (estimada em R$ 23 bi- tativas para a trajetória da dívi- borado com o atual teto de gas-
Centrão “como conceito não existe”. As idade para a aposentadoria das mulheres. A
lhões); e despesas custeadas dos da pública apresentaram dete- tos com todos os problemas
mensagens de boa vontade ecoaram nas ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, entes da Federação para a União rioração, a despeito da melhoria que temos observado para de-
demais posses, como a do ministro da pregou a retirada da PEC da reforma para serviços de engenharia e dos indicadores fiscais de curto pois ser alterado.
Agricultura, Carlos Favero, que se colocou a administrativa do Congresso — de fato, ruim — , execução de obras. prazo. Mas a perspectiva de que Existem boas experiências a
missão de “pacificar o agronegócio”. mas por outros motivos— considera-a punitiva. ● O limite do atual teto de o aumento da despesa gerada serem absorvidas. Recentemen-
Se as intenções de concórdia eram A reforma criaria critérios objetivos para a gastos fica acrescido em R$ 145 pela emenda da transição possa te, o Tesouro da Nova Zelândia
esperadas de um governo que ganhou por demissão de servidores, anátema para o PT. bilhões no exercício de 2023. se tornar permanente fez com sugeriu ao novo governo daque-
● Reversão para a Conta Úni- que as simulações para a trajetó- le país uma regra de despesa para
pequena margem de votos a eleição, o O governo Lula começa então a duas
complemento dos “revogaços” dos decretos velocidades. Com rapidez na restauração do ca do Tesouro Nacional dos sal- ria da dívida pública se tornas- os próximos quatro anos com o
que facilitaram porte e uso de armas e ambiente democrático, das condições de dos das contas antigas (mais de sem não convergentes nos pró- objetivo de retomar o superávit
20 anos) de PIS/Pasep para finan- ximos anos. Riscos fiscais rele- fiscal no médio prazo. Nesse ca-
munições restabelece condições mínimas de operação da máquina pública e na harmonia
ciaras operações de investimen- vantes vêm se acumulando co- so, a regra é definida a cada ciclo
civilidade, assim como a varredura nos entre os Poderes. Perigosa indefinição cobre
to, as quais serão registradas co- mo, por exemplo, a bola de neve governamental tendo como base
decretos que instauraram sigilo em atos do as áreas econômicas e afins, onde a babel de mo receita primária, e não como dos precatórios. No dia em que o um cenário fiscal prospectivo de
governo anterior, restauram o imperativo da vozes começa a intranquilizar os mercados ajuste patrimonial (estimativa ministro da Economia Paulo sustentabilidade fiscal que pode
transparência nos atos do Executivo. Como sem que propósitos anunciados sejam de R$ 24 bilhões). Guedes tirou férias para não sofrer desvios para financiar pro-
primeiros atos de governo, têm efeitos confirmados como política oficial. ● Outros itens com impacto mais voltar, o Congresso Nacio- jetos de alta qualidade.
fiscal como, por exemplo: au- nal derrubou o veto à compen- O FMI recomendou, nesse últi-
mento de 1,2% para 2% da recei- sação ao ICMS tornando-a per- mo ano, aos países da União Eu-
Editor-executivo Maria Cristina Fernandes Editora de Carreiras Correspondente internacional ta corrente líquida (RCL) para manente. A arrecadação extraor- ropeia, a adoção de planos fis-
de Opinião (mcristina.fernandes@valor.com.br) Stela Campos Assis Moreira (Genebra) emendas individuais; amplia- dinária do setor extrativo tende cais de médio prazo em que a re-
José Roberto Campos Marli Olmos (stela.campos@valor.com.br) (assis.moreira@valor.com.br) ção da DRU (desvinculação das a perder fôlego com a queda dos gra fiscal é estabelecida em pe-
(jose.campos@valor.com.br) (marli.olmos@valor.com.br) Correspondentes nacionais
Editores-executivos Mônica Scaramuzzo
Editor de Cultura
Cibelle Bouças (Belo Horizonte)
receitas da União) em 1 ano para preços das commodities. ríodos de quatro ou cinco anos a
Hilton Hida
Catherine Vieira (monica.scaramuzzo@valor.com.br) (cibelle.boucas@valor.com.br) o Governo Federal; o direciona- partir de uma análise “forward
(hilton.hida@valor.com.br)
(catherine.vieira@valor.com.br) Editor de Brasil Marina Falcão (Recife) mento de R$ 9,85 bilhões para looking” de sustentabilidade fis-
Fernando Torres Eduardo Belo
Editor de Legislação
(marina.falcao@valor.com.br)
despesas discricionárias (RP2); a
Riscos fiscais cal. Assim, a âncora fiscal fica
& Tributos
(fernando.torres@valor.com.br)
Robinson Borges
(eduardo.belo@valor.com.br)
Arthur Carlos Rosa dispensa de cumprimento das relevantes vêm se atrelada ao risco fiscal. Em todos
Editor de Política
(robinson.borges@valor.com.br) César Felício (arthur.rosa@valor.com.br) VALOR INVESTE regras da LRF (Lei de Responsa- acumulando como, por esses casos recomenda-se a cria-
Editor de Arte/ Editora
Sergio Lamucci (cesar.felicio@valor.com.br)
Daniele Camba
bilidade Fiscal) quanto à am- exemplo, a bola de neve ção de cláusulas de escape para
(sergio.lamucci@valor.com.br) Editor de Internacional Fotografia
pliação do Auxílio Brasil e do lidar com riscos idiossincráticos.
Zinia Baeta Humberto Saccomandi Silas Botelho Neto
(daniele.camba@valor.com.br)
Auxílio Gás; e o encaminhamen- dos precatórios Tais desvios devem ser adequa-
(zinia.baeta@valor.com.br) (humberto.saccomandi@valor.com.br) (silas.botelho@valor.com.br)
Sucursal de Brasília Editora de Tendências Editora Valor Online PIPELINE
to de uma nova regra fiscal até damente comunicados com o
Fernando Exman & Consumo e Tecnologia Paula Cleto Editora agosto de 2023, substituindo o O impacto sobre a dívida pú- estabelecimento de períodos de
(fernando.exman@valor.com.br) Cynthia Malta
Sucursal do Rio
(paula.cleto@valor.com.br) Maria Luíza Filgueiras teto de gastos e a regra de ouro blica da Emenda Constitucional transição, regras de convergên-
(cynthia.malta@valor.com.br) Editora Valor PRO (maria.filgueiras@valor.com.br)
Francisco Góes Editor de Indústria por Lei Complementar. 126/2022 interage com a pre- cia e avaliação de impacto sobre
Roberta Costa
(francisco.goes@valor.com.br) e Infraestrutura
roberta.costa@valor.com.br
O valor final do aumento de gas- mência da mudança do regime a dívida pública.
Repórteres Especiais Ivo Ribeiro (ivo.ribeiro@valor.com.br)
Coordenador Valor Data
COLUNA DE ECONOMIA tos para 2023 ficou em R$ 168 bi- fiscal e a incerteza decorrente de As regras fiscais, ao passo em
Adriana Mattos Editor de Agronegócios E POLÍTICA
(adriana.mattos@valor.com.br) William Volpato lhões, contabilizando o acréscimo todos esses riscos. O aperto das que se tornam mais flexíveis para
Fernando Lopes Cristiano Romero
Alex Ribeiro (Brasília) (fernando.lopes@valor.com.br)
(william.volpato@valor.com.br)
(cristiano.romero@valor.com.br)
ao atual teto de gastos de R$ 145 condições financeiras decorren- lidar com as incertezas de curto
(alex.ribeiro@valor.com.br) Editora de Finanças Editores de Projetos bilhões aos R$ 23 bilhões destina- te dessas incertezas atenua o im- prazo, estão se baseando cada vez
Daniela Chiaretti Especiais
Talita Moreira dos aos investimentos. O impacto pacto da expansão fiscal que se mais em cenários prospectivos
(daniela.chiaretti@valor.com.br) (talita.moreira@valor.com.br) Célia Rosemblum VALOR INTERNATIONAL
João Rosa (joao.rosa@valor.com.br) Editor de S.A. (celia.rosemblum@valor.com.br) Editor
sobre o resultado primário será pretende fazer como forma de para reforçar seu papel como ân-
Marcos de Moura e Souza Nelson Niero Tania Nogueira Alvares Samuel Rodrigues menor, em torno de R$ 143 bi- abrandar a desaceleração previs- cora fiscal e se antecipar aos ris-
(marcos.souza@valor.com.br) (nelson.niero@valor.com.br) (tania.nogueira@valor.com.br) (samuel.rodrigues@valor.com.br) lhões, em função da adição de re- ta da economia para o próximo cos fiscais. Comunicação e trans-
Valor PRO / Diretor de Negócios Digitais Tarcísio J. Beceveli Jr. (tarcisio.junior@valor.com.br) ceita gerada pelo encerramento ano. A forma de maximizar os parência são elementos impor-
Para assinar o serviço em tempo real Valor PRO: falecom@valor.com.br ou 0800-003-1232 das antigas contas do PIS/Pasep. efeitos da PEC está em dirimir es- tantes desse paradigma para que
Filiado ao IVC (Instituto Verificador de Comunicação) e à ANJ (Associação Nacional de Jornais) A avaliação macroeconômica sas incertezas e apresentar um os agentes econômicos tenham
Valor Econômico Av. 9 de Julho, 5229 – Jardim Paulista – CEP 01407-907 – São Paulo - SP – Telefone 0 xx 11 3767 1000 da PEC de Transição requer aná- plano de ação fiscal. capacidade de compreender as
Departamentos de Publicidade Impressa e On-line SP: Telefone 0 xx 11 3767-7955, RJ 0 xx 21 3521 1414, DF 0 xx 61 3717 3333.
lise de impulso fiscal e impacto É necessário conter os riscos fis- decisões de política fiscal. No ca-
Legal SP 0 xx 3767 1323
Redação 0 xx 11 3767 1000. Endereço eletrônico www.valor.com.br sobre a trajetória da dívida pú- cais estabelecendo maior controle so do Brasil, um país com orça-
Sucursal de Brasília SCN Quadra 05 Bloco A-50 – Brasília Shopping – Torre Sul – sala 301 – 3º andar – Asa Norte – Brasília/DF - CEP 70715-900 blica. Considerando um cresci- sobre a expedição dos precatórios mento muito rígido, a combina-
Sucursal do Rio de Janeiro Rua Marques de Pombal, 25 – Nível 2 – Bairro: Cidade Nova – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20230-240 mento real do PIB de 1,5% e uma a partir de uma ação mais eficien- ção da regra fiscal com um plano
Publicidade - Outros Estados
variação do deflator implícito te e coordenada entre os vários de ação fiscal e orçamentário po-
BA/SE/PB/PE e Região Norte MG/ES - PR - SEC - Soluções RS - SC - Marcucci &
Canal Chetto Comun. e Sat Propaganda Estratégicas em HRM Representações Gondran Associados do PIB de 7%, cenário que consi- órgãos estatais. O governo pode de aumentar a credibilidade da
Representação Tel./Fax: (31) Comercialização Tel./Fax: (51) Tel./Fax: (48) deramos mais plausível, a despe- negociar junto aos Estados uma nova regra ao longo do tempo.
Tel./Fax: (71) 3043-2205 3264-5463/3264-5441 Tel./Fax: (41) 3019-3717 3231-6287/3219-6613 3333-8497/3333-8497
sa primária de 2023, como pro- solução estruturada para reduzir
Para contratação de assinatura e atendimento ao assinante, entre em contato pelos canais:
Call center: 0800 7018888, whatsapp e telegram: (21) 4002 5300. Portal do assinante: portaldoassinante.com.br
porção do PIB, deverá ser eleva- o impacto das desonerações e di- Gilberto Borça Jr. e Manoel Pires são
Para assinaturas corporativas e-mail: corporate@valor.com.br da para 18,9% do PIB, vindo de minuir suas compensações. Final- pesquisadores associados ao Ibre/FGV. As
Aviso: o assinante que quiser a suspensão da entrega de seu jornal deve fazer esse pedidoà central de atendimento com 48 horas 18,4% do PIB em 2022. Por um mente, com a queda da arrecada- opiniões expressas são de responsabilidade
de antecedência lado, esse valor de 18,9% está ção para 2023, é importante pro- exclusiva dos autores, não refletindo o
Preço de nova assinatura anual (impresso + digital) para as regiões Sul e Sudeste: R$ 1.618,80 ou R$ 134,90 mensais. abaixo da média do período gramar o fim das renúncias efe- posicionamento das instituições as quais os
Demais localidades, consultar o Atendimento ao Assinante. Tel: 0800 7018888. Carga tributária aproximada: 3,65% 2016-2022 (excluindo o ano de tuadas no último ano. autores estão vinculados.

Opinião
Pesquisa auxilia políticas públicas
Tiago Cavalcanti
N melhor”.
o mês passado partici-
pei do 44 o encontro da
Sociedade Brasileira de
Econometria, realiza-
do em Fortaleza. Nos últimos 20
anos tenho participado muitas
vezes desse congresso, que reúne
economistas acadêmicos brasi-
leiros e estrangeiros.
A qualidade do encontro com
discussões especializadas só tem
melhorado nos últimos anos. Os
trabalhos apresentados têm
qualidade semelhante aos que
fazem parte dos melhores gran-
des congressos de economia no
mundo. Há um número crescen-
te de brasileiros estudando
questões relevantes e importan-
tes para políticas públicas.
A ideia de que a pesquisa aca-
dêmica em economia não se co-
necta com a realidade fica longe
de ser verdade. É uma visão equi-
vocada de uma profissão dinâmi-
ca e criativa, que mudou bastante
nos últimos anos e, pautada por
evidências empíricas, é capaz de
contribuir para o debate econô-
mico e apoiar de forma robusta o
desenho de políticas públicas.
Levando em conta a crescente
É fundamental que a classificação do país seja de baixo risco. Por Murilo Lubambo de Melo
O Brasil diante das restrições europeias
O
Regulamento sobre
Produtos Livres de Des-
matamento (RDFP, na
sigla em inglês), que
proíbe a importação de produtos
oriundos de áreas de florestas
desmatadas, deve impactar as ex-
portações brasileiras à União Eu-
ropeia (UE). Em 21/12/2022, os
termos do regulamento acorda-
do entre o Parlamento e o Conse-
lho da UE foram divulgados e se-
guem para análise final e aprova-
ção. Cabe indagar como o novo
governo brasileiro deve se posi-
cionar diante das consequências
da implementação desse regula-
mento de modo a garantir os in-
teresses nacionais.
Estão dentro do escopo inicial
da medida soja, café, cacau, gado,
óleo de palma, madeira, borracha
e derivados. Entre 2019 e 2021, a
UE foi o principal mercado das ex-
portações brasileiras de café, se-
gundo maior destino de soja, ter-
ceiro de madeira e quarto de bor-
racha, cacau e carne bovina. Parte
relevante das importações totais
originadas do Brasil foram de pro-
dutos sujeito ao RDFP: o país se
destacou como o maior fornece-
dor europeu de soja (cerca de 36%
do total importado pela UE) e café
(cerca de 15% do total) e o nono
maior fornecedor de carne bovina
(cerca de 4% do total).
A edição do RDFP pode funcio-
nar como incentivo adicional para
combater o desmatamento ilegal e
reforçar a imagem sustentável do
agronegócio brasileiro. A expan-
são agrícola deverá ocorrer pri-
mordialmente nas dezenas de mi-
lhões de hectares de pastagens de-
gradadas a serem recuperadas. A
melhoria de prazos e taxas para a
reconversão de pastagens de baixa
produtividade em áreas de produ-
ção de grãos ou de sistemas inte-
grados é uma das iniciativas pro-
postas pelo GT de Transição da
Agricultura. Há inclusive movi-
mentos para adotar linha de finan-
ciamento especial do BNDES.
Por outro lado, deve-se acompa-
nhar a operacionalização do RDFP
para evitar que ele desemboque
em protecionismo disfarçado e
prejudique pequenos, médios e
grandes produtores que cumpri-
ram estritamente a legislação bra-
sileira. Também estão sujeitas à
proibição produtos oriundos de
áreas desmatadas legalmente e
dentro das porcentagens de pre-
disponibilidade das bases de da-
dos com informações detalhadas
sobre indivíduos, empresas, ope-
rações de crédito, transações na
bolsa de valores, preço de bens e
ativos, registros criminais, entre
outras referências, é possível inves-
tigar questões importantes, avaliar
políticas públicas e testar nexos de
causalidades e hipóteses difíceis
de serem testadas com dados agre-
gados. É factível também produzir
novos fatos e quebrar dogmas
existentes, corroborando ou não
teorias e gerando informações pa-
ra novos modelos.
Um dos trabalhos no encontro
de Fortaleza que me chamou bas-
tante atenção foi “Avaliação do
Uso de Câmeras Corporais Pela
Polícia Militar do Estado de São
Paulo”, apresentado pela pesqui-
sadora Joana Monteiro, especia-
lista em questões de violência ur-
bana e professora da FGV-RJ. O
trabalho tem coautoria com
Eduardo Fagundes, Julia Guerra e
Leandro Piquet.
A Polícia Militar do Estado de
São Paulo, com o programa Olho
Vivo, introduziu a partir de 2021
o uso de câmeras corporais com o
objetivo de reduzir o uso despro-
porcional da força policial. Políti-
ca semelhante é adotada em ou-
tros países, inclusive nos Estados
Unidos e no Reino Unido. O tra-
balho de Joana com colaborado-
res procura responder como a in-
trodução desta política pública
afetou a atividade policial e os in-
dicadores de criminalidade.
Trata-se de uma questão difícil
de responder e nem sempre fica
claro se esta política não tenha re-
Cabe ao novo governo
defender modos de
implementação do
regulamento europeu
sobre produtos livres de
desmatamento que
reconheçam os esforços
de redução do desmate
e de reconversão de
pastagens degradadas
prometidos para os
anos vindouros
sultados negativos indesejados.
Como, por exemplo, sobre a queda
nas atividades de patrulha para evi-
tar casos que possam incriminar a
corporação. Como também sobre a
proteção de policiais, que por re-
ceio de alguma acusação podem
poupar o uso da força. Tais fatos ex-
plicam, pelo menos em parte, por-
que a introdução desta política
tem forte resistência das corpora-
ções e geram polêmicas, como es-
tamos vendo neste exato momento
em São Paulo e no Rio de Janeiro.
É possível, no entanto, que a ati-
vidade policial possa melhorar sua
eficiência com a introdução desta
política pública. As câmeras aco-
pladas à farda podem inclusive au-
mentar o empoderamento da cor-
poração, já que possíveis falsas
acusações de uso desnecessário da
força caem bruscamente.
Para estimar o efeito desta polí-
tica pública em diversos indicado-
res criminais e no uso da força, os
pesquisadores exploram o fato do
emprego de câmeras acopladas à
farda pela Polícia Militar do Estado
de São Paulo ter sido introduzida
em fases distintas por diferentes
batalhões. Assim, é possível com-
parar regiões de atuação da polícia
onde as câmeras foram introduzi-
das com outras áreas de controle,
onde não houve o emprego desta
política pública.
Os resultados mostram que o
uso de câmeras acopladas à farda
de policiais reduziu as mortes de-
correntes de intervenção policial
em 57%, comparando às áreas de
atuação da polícia onde as câme-
ras não foram introduzidas. As le-
sões corporais decorrentes de in-
servação do Código Florestal a par-
tir da data de corte — ano de 2021.
O Regulamento Europeu se torna,
na prática, mais rígido do que o
Código Florestal, fruto de longo
debate democrático. Em outras
palavras, a UE estaria “regulando”
a ocupação de terras brasileiras
usadas para produtos exportáveis
de maneira desproporcional ao
equilíbrio definido pelo Congres-
so Nacional.
A técnica de condicionar aces-
so ao mercado europeu ao cum-
primento de critérios com efeitos
de extensão territorial vem de
longe: já foi usado nas regulações
europeias de emissões de aviação
e de derivativos financeiros. Tra-
ta-se de caso de “jurisdição exor-
bitante”, em que a UE se coloca
como Paladino Ambiental Glo-
bal. Em linha com o argumento
da professora de Direito Europeu,
Joanne Scott, em artigo no Ameri-
can Journal of Comparative Law,
nessa iniciativa legislativa, não
estão presentes atributos comuns
que legitimariam o exercício de
jurisdição: conduta, nacionalida-
de, presença comercial.
A conduta do desmatamento
não ocorreu em território da
União Europeia nem foi executa-
da por empresa de nacionalidade
europeia. Ainda, o produtor ou
exportador não estão necessaria-
mente estabelecidos em territó-
tervenção policial também dimi-
nuíram significativamente, com
uma queda de 63%. Ou seja, as evi-
dências mostram que as interven-
ções policiais ficaram bem menos
letais e mais seguras após a intro-
dução das câmeras às fardas.
Os pesquisadores demonstram
também que o uso da câmera pela
polícia não reduziu prisões em fla-
grante. Sem alterar assim o policia-
mento em regiões que utilizaram
as câmeras em relação às áreas de
controle. Diversos indicadores de
criminalidade também não sofre-
ram nenhum efeito negativo, co-
mo, por exemplo, o registro de ho-
micídios (não ligados as atividades
policiais), roubos e furtos.
Estudo mostra que
câmeras nas fardas da
PM tornaram as ações
policiais bem menos
letais e mais seguras
Um efeito interessante é que o
uso de câmeras pela polícia au-
mentou o registro de porte ilegal
de drogas e de armas, além de ter
elevado em mais de 100% dos ca-
sos de violência doméstica. Tais
resultados indicam que o uso das
câmeras reforça o cumprimento
de protocolos de ocorrências que
costumam ser subnotificadas,
aumentando assim a eficiência e
eficácia das ações policiais.
Portanto, a adoção das câme-
ras acopladas à farda pela polícia
de São Paulo foi eficaz para dimi-
nuir o uso excessivo da força,
com efeitos positivos no comba-
rio europeu. Por fim, os efeitos da
conduta não são diretamente
sentidos na UE, porque depen-
dem de construção causal indire-
ta associada à mudança climática
e perda da biodiversidade. A UE
busca orientar ações globais ou
de certos países para lidar com
problemas transnacionais e com
a opinião pública interna.
Especialistas ressaltam que as
adaptações necessárias ao monito-
ramento da produção já devem es-
tar no radar das empresas brasilei-
ras afetadas. Como bem observou
Marcos Jank, professor do Ins-
per-SP, o RDFP deve levar a uma
reorientação dos fluxos logísticos
brasileiros de exportação para a
Europa a partir de áreas mais anti-
gas do Sul e Sudeste, em detrimen-
to das mais novas, ao Norte. O re-
sultado seria um aumento no cus-
to de frete para a Europa e não a re-
dução do desmatamento.
Outro ponto do Regulamento é
a necessidade de se considerar as-
pectos de direitos humanos liga-
dos ao desmatamento, incluindo o
direito de consentimento prévio,
livre e informado de populações
indígenas afetadas. Nesse sentido,
é fundamental que o novo gover-
no envie ao Congresso Nacional o
chamado Acordo de Escazú, nego-
ciado na Comissão Econômica pa-
ra a América Latina e o Caribe (Ce-
pal). O Brasil ainda não ratificou
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
te à criminalidade e aumentando
os registros de outros delitos, an-
tes não notificados pela polícia.
Este trabalho demonstra tam-
bém como a pesquisa de qualida-
de em economia é uma importan-
te ferramenta para auxiliar e ava-
liar as políticas públicas. Na verda-
de, a maioria das políticas econô-
micas e sociais deveriam ser intro-
duzidas em menor escala e avalia-
das, ajustando para possíveis efei-
tos negativos antes de serem im-
plementadas em larga escala.
Entretanto, vale notar que em ou-
tras áreas temos mais restrições. Em
algumas políticas macro de ajuste
fiscal, controle da inflação e gestão
da dívida pública, existem dificulda-
des de experimentações, já que os
custos de uma crise fiscal e prêmio
de risco elevados podem minar a es-
tabilidade dos governos.
Na área de políticas macroeconô-
micas, cabe o bom senso de evitar
narrativas e ações que podem gerar
abalos de confiança desnecessários,
e às vezes contratar crises econômi-
cas, como aconteceu no Reino Uni-
do com a ex-primeira ministra Liz
Truss. O caminho neste caso é bus-
carmosancorarpositivamenteasex-
pectativas macroeconômicas, de
forma a criar as melhores condições
necessárias para os governos imple-
mentarem políticas públicas efeti-
vas. O recomendável aqui é usarmos
as referências das teorias de reco-
nhecida competência, ao lado de ex-
periências históricas nos mais diver-
sos países, inclusive no Brasil.
Tiago Cavalcanti é professor de
Economia da Universidade de Cambridge
e da FGV-SP.
esse importante tratado regional
em vigor, que garante acesso à in-
formação, participação pública e
acesso à justiça e promove a prote-
ção a defensores de direitos huma-
nos em questões ambientais.
De todo modo, deve-se garan-
tir que os critérios estabelecidos
pela UE sejam transparentes e
não mais onerosos do que o ne-
cessário, levando em conta as es-
pecificidades brasileiras. Os mi-
nistérios envolvidos na temática
devem acompanhar se tais crité-
rios implicam discriminação ou
tratamento desfavorável ao Bra-
sil ou se indicam protecionismo
velado. Caso tal quadro se confi-
gure, caberia manejar os instru-
mentos apropriados no âmbito
das regras da Organização Mun-
dial do Comércio.
Isso inclui o recurso ao Mecanis-
mo Multiparte Provisório de Arbi-
tragem de Apelação, do qual Brasil
e União Europeia fazem parte. Nes-
se contexto, é essencial também
monitorar possíveis alterações fu-
turas do Regulamento que visem
expandir o escopo de proteção pa-
ra áreas desmatadas de cerrados
(como destacado em “O Cerrado
segue Desprotegido”) e para ou-
tras culturas, como o milho e bio-
diesel. Para ilustrar, a UE foi o se-
gundo maior destino de milho
brasileiro entre 2019 e 2021 e o
Brasil foi o sexto maior fornecedor
de milho no período (cerca de 7%
do total importado pela UE). Além
disso, outros parceiros comerciais
do Brasil, como Estados Unidos e
Reino Unido, podem vir a adotar
critérios análogos.
Por fim, é fundamental o empe-
nho das autoridades brasileiras
para que a classificação do Brasil
seja de país de baixo risco, de mo-
do que as obrigações de rastrea-
mento da cadeia sejam menos
onerosas. Cabe ao novo governo
defender modos de implementa-
ção do Regulamento que reconhe-
çam os esforços de redução do des-
matamento e de reconversão de
pastagens degradadas prometidos
para os anos vindouros.
Murilo Lubambo de Melo é doutor em
Direito Econômico Internacional pela
University College London e trabalhou no
Diretório-Geral de Concorrência da
Comissão Europeia, em Bruxelas.
O artigo reflete opiniões pessoais que
não devem ser atribuídas às
instituições.
| Valor | A11
Frase do dia
“Na transição
começou a ter
problemas, deu
uma certa
confusão e
precisa ser
organizado
Do ministro da Integração, Waldez
Góes, sobre transferência da ANA
Cartas de
Leitores
Cultura
A nova ministra, Margareth Me-
nezes, ao tomar posse no Minis-
tério da Cultura, reacende a es-
perança de um Brasil que respei-
ta as diferentes manifestações
culturais nas mais diversas for-
mas. A classe cultural brasileira
espera que a gestão do novo pre-
sidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, promova políticas
culturais, já que nos passados
quatro anos de governo desuma-
no e sem cultura, o livro deu vez
às armas de fogo, o que trouxe a
discórdia e a morte de inocentes.
Portanto, a Cultura tomou
posse, a esperança reluz no pla-
nalto central brasileiro, desde
então, como diz a atriz Fernanda
Montenegro, imortal da Acade-
mia Brasileira de Letras “Um
país sem cultura é um país sem
educação”.
Matheus Nunes da Silva Brito
matheus85970919@gmail.com
G-20
O Brasil presidirá o G-20 a partir
de 1 o de dezembro do corrente
ano (Valor, A4, 3/1). É a grande
oportunidade do governo Lula
demonstrar ao país e ao mundo
sua gestão. O Brasil volta a ser
protagonista internacional, de-
pois de seu isolamento no gover-
no anterior.
É importante que o Itamaraty
prepare, desde já, a posição do
governo brasileiro sobre temas
essenciais: macroeconomia, fi-
nanças, agricultura, energia,
meio ambiente, transformação
digital, comércio, investimentos,
indústria e saúde. Mas não basta
ter posições, é preciso demons-
trar quais foram as realizações
governamentais neste primeiro
ano de governo.
O mundo estará voltado para
nós e nossa capacidade de resi-
liência ante um quadro político
caótico legado ao governo atual.
E o evento será uma excelente
oportunidade de prestação de
contas aos brasileiros e aos po-
vos do mundo.
Amadeu Garrido de Paula.
amadeugarridoadv@uol.com.br
Reflexão
Neste início de ano de 2023, dois
acontecimentos tristes estão
abalando a humanidade. Os ve-
lórios do Rei Pelé no Brasil e do
Papa emérito Bento XVI no Vati-
cano. Essas figuras históricas,
que nos deixaram nesses mo-
mentos, nos fazem refletir sobre
e transitoriedade da vida, o que
pode nos ajudar a fazer uma re-
flexão sobre o futuro que está a
nossa frente, e assim termos
mais tranquilidade, ajudando a
criar um futuro melhor.
José de Anchieta de Almeida
josenobredalmeida@gmail.com
Lula e Haddad
Já no primeiro dia de governo,
Lula desmoraliza o ministro da
Fazenda Fernando Haddad
quando decide prorrogar por
mais 60 dias a desoneração de
impostos sobre os combustíveis.
O mercado surpreso vê o dólar
de R$ 5,26 subir para R$ 5,35 e a
bolsa desabar mais de 3%
Paulo Panossian
paulopanossian@hotmail.com
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
A12 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Especial
Conjuntura Segmento cresce mais de 70% entre o início de
2020 e fim de 2022, desacelera mas cenário de alta persiste
Transformação digital
e pandemia fazem
serviços de TI disparar
Lucianne Carneiro
Do Rio
A transformação digital da eco-
nomia brasileira se intensificou
com a pandemia, que mudou o
comportamento de empresas e
pessoas, o que disparou a deman-
da por serviços ligados à tecnolo-
gia da informação (TI). O segmen-
to se encontrava, em outubro, em
patamar 73,7% acima do de feve-
reiro de 2020, antes de impacto da
crise sanitária. Atividades como
desenvolvimento de aplicativos e
softwares, armazenamento de da-
dos em nuvem e segurança da in-
formação foram algumas das
mais procuradas por companhias
que precisaram se adaptar à ne-
cessidade de trabalho remoto e de
isolamento social.
Para ter uma ideia da magnitu-
de dessa expansão, o setor de ser-
viços como um todo está em ní-
vel 10,5% superior ao daquele
momento. No resultado acumu-
lado em 12 meses, o crescimento
de TI segue em dois dígitos desde
março de 2021, mas começa a
dar sinais de desaceleração, co-
mo mostram os dados da Pesqui-
sa Mensal de Serviços (PMS), do
Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), e afirmam
executivos de grandes empresas
do setor, como Dell, Accenture,
Totvs e Neogrid. A expansão con-
tinua, dizem economistas e com-
panhias, mas com ritmo menor.
“O setor de TI já vinha crescen-
do fortemente, mas a pandemia
forçou essa adaptação mais rápi-
da. E o crescimento que vimos
junta a mudança de comporta-
mento com a recuperação da
economia observada em 2021”,
afirma o economista da LCA Con-
sultores Daniel Arruda.
Segundo seus cálculos, o seg-
mento de serviços de TI está em ní-
vel de atividade 28,4% acima da
tendência pré-pandemia, ou seja,
se fossem mantidas as taxas de
crescimento observadas em 2018 e
2019. Com a previsão de uma eco-
nomia que vai crescer pouco em
2023, Arruda vê um cenário de ex-
pansão mais lenta do segmento.
Rodolfo Eschenbach: “O que a gente vê é que não vai ter dinheiro abundante no mercado, essa é uma mudança importante”
Empresas adotam cautela e seletividade na hora de contratar
Do Rio
Depois de investimentos inten-
sos, empresas estão mais cautelo-
sas, rigorosas e seletivas em gas-
tos com tecnologia da informa-
ção (TI), apontam companhias
que prestam serviços na área. Pa-
ra o presidente da Accenture Bra-
sil e América Latina, Rodolfo Es-
chenbach, os clientes têm sido
mais cuidadosos em garantir o
resultado dos investimentos rea-
lizados na área, após uma fase de
“dinheiro abundante”.
Tecnologia da informação se destaca
Ritmo de crescimento é maior que em outros segmentos de serviços
Serviços de TI
Variação mensal (em %)
30
25
20
15 13,0
10
8,3
5
0,0
0
-1,2
-5
jan/20 dez/20
Setor de serviços como um todo
Variação mensal (em %)
15
12
9
6 continua vendo que, como se
3 1,0
0 conceito de negócio, todo mun-
-3 0,3
-6
-9
-12
jan/20
Patamar de serviços de TI está 73,7%
acima do pré-pandemia (fevereiro/2020)
e é o maior nível de toda a série histórica,
iniciada em janeiro de 2011
Fonte: IBGE
“O Produto Interno Bruto
[PIB] deve crescer em torno de
0,5% neste ano, pela projeção da
LCA. E isso deve afetar a deman-
da para o setor de TI, ainda mui-
to focada no mercado interno,
por isso acredito numa desacele-
ração. As atividades vão conti-
nuar crescendo, mas as taxas es-
tão muito altas”, diz.
Economista do Instituto Brasi-
leiro de Economia da Fundação
Getulio Vargas (FGV Ibre), Rodol-
pho Tobler defende que há uma
mudança estrutural na econo-
mia brasileira, cada vez mais de-
pendente de TI.
A digitalização ganhou outra
intensidade desde 2020, aponta
ele, até pela necessidade de so-
brevivência das empresas. Por is-
so, mesmo com uma expansão
menor da economia brasileira, vê
“Nossos clientes entendem a
necessidade de investimento,
mas estão sendo muito mais ri-
gorosos em gastos, esse é o pon-
to. O que a gente vê é que não vai
ter dinheiro abundante no mer-
cado, essa é uma mudança im-
portante”, diz.
Eschenbach afirma que há
mais preocupação com os resul-
tados que podem ser obtidos
com os investimentos realizados
em projetos de TI. Entre seus
clientes, especialmente empre-
sas de grande porte, o executivo
Variação em 12 meses (em %)
23,3
20,1
9,1
6,8
nov/21 out/22
Variação em 12 meses (em %)
13,6
9,0
1,3
-0,6
-4,3
-8,0
mar/21 mar/22 out/22
Serviços como um todo estão 10,5%
acima do pré-pandemia e 0,6%
abaixo do pico da série
(setembro/2022)
espaço para continuidade de
crescimento.
“A gente pode ter alguma osci-
lação de um mês para outro, mas
há uma mudança no padrão de
consumo. O crescimento conti-
nua. O que pode mudar é o ritmo,
talvez fique mais próximo da mé-
dia de serviços”, aponta.
A mudança no conceito dos
negócios, segundo o vice-presi-
dente de Negócios para Segmen-
tos da Totvs, Marcelo Eduardo
Cosentino, está por trás das pro-
jeções da empresa de continui-
dade da demanda, embora reco-
nheça algum impacto de um
crescimento menor da econo-
mia brasileira.
“Depois que o primeiro con-
corrente passou a ter um jeito
mais digital de operar, todo
mundo que opera naquele mer-
DIVULGAÇÃO
afirma que a exigência por resul-
tados aumentou.
“A gente não tem sentido gran-
des investimentos serem para-
dos, mas as empresas estão sendo
mais cautelosas, garantindo que
a gente tenha o ‘business case’
[caso de negócio] adequado, que
a execução seja bem feita... Está
todo mundo preocupado em cor-
rer o risco de um projeto que ‘não
vai dar em lugar nenhum’.”
O presidente da Dell Technolo-
gies no Brasil, Diego Puerta, evita
falar em cautela dos clientes para
Daniel Arruda: “Crescimento junta a mudança de comportamento com a recuperação da economia em 2021”
cado quer agir do mesmo jeito.
Com a economia andando me-
nos, em algum momento o setor
de TI vai ser afetado. Mas a gente
criou um novo paradigma de
do almeja estar naquele pata-
mar. E a TI continua sendo chave.
Nem todas as empresas conse-
guiram comprar o que precisa-
vam durante a pandemia e agora
continuam fazendo investimen-
tos”, afirma ele. Cosentino lem-
bra que o movimento se espa-
lhou para além do varejo — que
tinha começado sua digitaliza-
ção antes da pandemia — e atin-
giu indústria e educação.
Responsável pela pesquisa do
IBGE que acompanha o setor de
serviços no Brasil, Rodrigo Lobo
explica que, depois do momen-
to inicial da pandemia, a partir
de maio de 2020, há uma acele-
ração do processo de transfor-
mação digital no país, seguindo
tendência também observada
em outros países.
“Houve uma busca bastante
grande por parte das compa-
nhias em organizar plataformas
para vendas de produtos, para
vendas de serviços, já que naque-
la situação havia uma dificulda-
de de deslocamento das pessoas,
um impedimento de vendas nos
estabelecimentos considerados
não essenciais”, diz ele, que lem-
bra do impacto o trabalho remo-
to para a própria organização
das companhias. “Elas foram
Diego Puerta: “Os clientes estão mais seletivos; o cenário, mais apertado, mas vou investir no que não posso abrir mão”
investir em TI, mas admite que há
mais seletividade. “Os clientes es-
tão mais seletivos. O cenário está
mais apertado, mas eu vou inves-
tir naquilo que não posso abrir
mão. Ou seja, me proteger [segu-
rança da informação], tentar ser
mais eficiente e usar a tecnologia
para trazer benefícios para meu
negócio. O ano vai ser difícil, mas
a tecnologia vai continuar fun-
damental”, afirma.
A seletividade dos contratan-
tes de serviços de TI significa a
concentração em projetos mais
obrigadas a se modernizar, bus-
car ferramentas para ampliar a
produtividade. Isso aconteceu
também com as universidades e
escolas. Com isso, quem atua no
segmento de tecnologia da infor-
mação foi bastante solicitado
nos últimos três anos.”
São nichos de atuação como
desenvolvimento de aplicativos
e softwares, armazenamento de
dados em nuvem e segurança da
informação, entre outros. Uma
rede varejista, por exemplo,
precisa ter seu sistema conecta-
do com o de seus fornecedores.
Já o sistema de um restaurante
deve estar ligado ao dos aplicati-
vos de entrega de comida,
como iFood ou Rappi. Uma in-
dústria que antes fazia a venda
para seus distribuidores com
contatos presenciais passou a
adotar aplicativos para digitali-
zar esses pedidos.
Presidente da Dell Technolo-
gies no Brasil, Diego Puerta men-
ciona quatro ondas de investi-
mentos em tecnologia da infor-
mação. A primeira foi da aquisi-
ção de equipamentos — que fica
fora de serviços. Já a segunda foi
de serviços ligados à segurança,
diante do aumento dos riscos
por causa de uma força de traba-
lho espalhada por diferentes lo-
cais. A terceira etapa, por sua vez,
foi de montagem de infraestru-
tura, seguida pela quarta e últi-
ma, de geração de insights
[ideias] a partir dos dados.
“A tecnologia se consolidou
urgentes e com resultados mais
rápidos, sugere o CEO da Neo-
grid, Jean Klaumann.
“Em épocas de bonança, de
vento a favor, tem gente que está
preocupado com compliance,
com melhorar a formação de seu
time, que são agendas que se tor-
nam marginais nessa hora. Ago-
ra, é sobrevivência, é competitivi-
dade na veia, as empresas preci-
sam de oportunidades que per-
mitam o ganho de competitivi-
dade a curto prazo”, diz.
Entre os serviços com mais de-
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
como catalisador do desenvolvi-
mento. É o que acelera, o que am-
plia o alcance, traz produtivida-
de, abre novos mercados.... De re-
pente todo mundo se viu obriga-
do a se adaptar”, afirma Puerta.
Uma das confirmações dessa ex-
pansão do segmento de TI é o au-
mento de sua participação nos ser-
viços como um todo. Em fevereiro
de 2020, a tecnologia da informa-
ção respondia por 10,4% dos servi-
ços, segundo a Pesquisa Mensal de
Serviços (PMS) do IBGE.
Em outubro de 2022, dado
mais recente já divulgado, essa
parcela era de 15,7%. Isso ocorre
porque cada um dos segmentos
vai ganhando espaço no resulta-
do consolidado de serviços à me-
dida que cresce acima da média.
“A pandemia intensificou a
importância desse segmento nos
serviços. Foi um resultado muito
expressivo”, afirma Tobler.
A outra sinalização desse cres-
cimento foi o aumento do pes-
soal ocupado no setor, aponta
Daniel Arruda. Considerando
dados do Cadastro Geral de Em-
pregados e Desempregados (Ca-
ged) — que inclui apenas o mer-
cado formal — o número de tra-
balhadores no setor de TI era de
529,4 mil em outubro de 2022,
um crescimento de 36% frente a
outubro de 2019.
“É uma diferença de 141,5 mil
trabalhadores frente aos 387,9 mil
que eram empregados pelo setor
há três anos. São números expres-
sivos”, diz o economista da LCA.
REPRODUÇÃO
manda no momento, aponta, es-
tão o desenvolvimento de plata-
formas para garantir planejamen-
to mais assertivo da demanda e es-
toques necessários, para reduzir
custos, além de definição de pre-
ços e promoções a partir de algo-
ritmos com inteligência artificial.
“Acho que existe uma reprio-
rização de investimentos. É uma
agenda muito pragmática com
temas ligados a margem e ven-
das. Cresceu, por exemplo, a de-
manda de soluções para precifi-
cação”, afirma. (LC)

Empresas
Destaques
Empréstimo para Amazon
A Amazon pediu um empréstimo
não garantido de US$ 8 bilhões a
vários credores, informou a gigan-
te do comércio eletrônico em um
documento da Comissão de Valo-
res Mobiliários dos Estados Uni-
dos (SEC, na sigla em inglês) nesta
terça-feira. A varejista on-line com
sede em Seattle informou que os
fundos do empréstimo sem garan-
tia serão usados para fins corpora-
tivos gerais, sem fornecer mais de-
talhes. O empréstimo, organizado
pela TD Securities, vencerá em 3 de
janeiro de 2024, mas pode ser
prorrogado por mais 364 dias, dis-
se a empresa. A Amazon amplia
consideravelmente sua dívida
após um ano em que o Federal Re-
serve elevou as suas taxas no ritmo
mais rápido desde o início dos
anos 1980, para combater a infla-
ção. Nos primeiros nove meses de
2022, a empresa pagou US$ 932
milhões em juros sobre dívidas,
contra US$ 731 milhões no mes-
mo período do ano anterior. O sta-
tus da dívida de longo prazo da
empresa é de US$ 58,9 bilhões, de
acordo com seu último relatório
trimestral do período terminado
em 30 de setembro. As informa-
ções são da Dow Jones.
Hotéis cheios na virada
Os hotéis da cidade do Rio de Ja-
neiro tiveram 98% de ocupação
na virada de 31 de dezembro de
2022 para 1 a de janeiro de 2023,
segundo dados divulgados pelo
Sindicato dos Meios de Hospe-
dagem do Município do Rio de
Janeiro (HotéisRIO). Os núme-
ros, segundo a instituição, al-
cançaram o patamar pré-pande-
mia e impulsionam as expectati-
vas do setor para este verão. “Já
esperávamos um bom desempe-
nho, graças ao arrefecimento da
pandemia e ao trabalho de pro-
moção que os players do turis-
mo fizeram ao longo deste ano,
promovendo a retomada do tu-
rismo no Estado do Rio de Janei-
ro”, afirmou o presidente do Ho-
téisRIO, Alfredo Lopes. Ele desta-
cou o retorno dos turistas es-
trangeiros, principalmente ame-
ricanos e europeus.
Ações da Aura sobem 10%
As BDRs da Aura Minerals avança-
ram 10,4%, a R$ 32,88, na terça-fei-
ra (3). A alta acompanhou a dispa-
rada do preço do ouro, que encer-
rou as negociações de terça-feira
no seu maior patamar dos últimos
seis meses. Ao longo do dia, o pre-
ço dos papéis da empresa cana-
dense variou entre R$ 29,51 e R$
34,49 e movimentou um volume
financeiro de R$ 219,2 mil, acima
da média negociada de R$ 171,3
mil. A Aura Minerals é uma grande
produtora de ouro e seus resulta-
dos tendem a ser beneficiados pe-
lo preço da commodity.
Unifique compra
A Unifique Telecomunicações
anunciou que firmou acordo pa-
ra a compra da Tknet Telecom,
que fazia parte do Grupo Tknet,
atuante no mercado de provedor
de internet. A empresa foi avalia-
da em R$ 1,5 milhão.
Índice
Infraestrutura B2 e B3
Prática ESG B4
Serviços&Tecnologia B5
Tendências&Consumo B6
Agenda tributária B6
Agronegócios B7 e B8
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 | B1
Cresce número
de revendas da
Agrológica no Mato
Grosso, conta
Botelho Lima,
sócio-diretor B7
Alavancagem financeira
Dados de 48 empresas de comércio e serviços de capital aberto
Número de Dívida financeira bruta (R$ mi) Dívida financeira líquida (2) (R$ mi) Ebitda em 12 meses (R$ mi) Alavancagem financeira (1) (2) (pontos)
empresas 3º Trim./21 3º Trim./22 3º Trim./21 3º Trim./22 3º Trim./21 3º Trim./22 3º Trim./21 3º Trim./22
Academias de ginástica 3 3.119,6 3.320,5 -368,1 515,3 373,1 994,4 -0,99 0,52
Casa e decoração 3 303,9 342,5 -492,7 -179,1 158,8 37,1 -3,10 -4,82
Cashback 2 27,1 109,8 -849,2 -873,3 -30,4 -148,8 N/A N/A
Drogarias e distribuição de produtos de saúde 7 5.879,5 9.938,7 2.957,2 7.311,5 3.496,6 4.159,5 0,85 1,76
Eletrônicos/ e-commerce 5 21.595,6 31.747,6 -6.943,4 3.653,7 6.369,2 7.679,5 -1,09 0,48
Moda 13 13.572,3 15.092,3 2.274,3 6.297,6 4.696,0 6.279,8 0,48 1,00
Outros 4 2.264,8 2.162,3 1.729,5 1.659,4 656,7 694,0 2,63 2,39
Restaurantes, lazer e entretenimento 5 3.688,2 3.621,7 1.658,0 1.889,1 -154,6 875,4 N/A 2,16
Super/híper e atacarejo 6 28.814,6 39.121,5 17.572,6 28.073,9 12.859,1 13.630,5 1,37 2,06
Total 48 79.265,7 105.456,9 17.538,1 48.348,1 28.424,4 34.201,3 0,62 1,41
Fontes: CVM, Valor PRO e relatórios de resultados das empresas. Elaboração: Valor Data. Nota: em certos casos, os valores das dívidas (bruta e líquida) e do Ebitda foram ajustados. Sempre que possível, o Ebitda usado exclui os efeitos da IFRS-16. A dívida financeira bruta exclui arrendamentos (leasing) e aluguéis.
(1) Razão entre a dívida financeira líquida e o Ebitda acumulado em 12 meses. (2) O valor negativo nas rubricas dívida financeira líquida e alavancagem financeira indica situação de caixa líquido (caixa e equivalentes de caixa e aplicações financeiras superiores aos empréstimos, financiamentos e debêntures). N/A -
não aplicável (Ebitda acumulado em 12 meses negativo)
Cenário Temor é efeito da Selic alta por mais tempo, mas ajustes já feitos podem ajudar em 2023
Juro avança e alavancagem mais
que dobra em consumo e serviços
LUCAS TAVARES / AGÊNCIA O GLOBO
Adriana Mattos perspectiva negativa”, escreveu em
De São Paulo relatório, em dezembro, a equipe
de análise da Fitch liderada por Re-
O ano de 2022 exigiu esforço nato Donatti. As redes America-
maior das empresas, pelo lado nas, C&A e Guararapes não comen-
operacional e financeiro, e 2023, taram a análise da Fitch.
sem sinais de retomada na deman- Na Americanas, a relação entre
da e com manutenção dos juros al- dívida e ebitda estava em 1,7 em
tos, deve aumentar a pressão sobre 12 meses, até setembro, versus
determinados negócios. taxa negativa em uma vez um
No ano passado, varejistas e ano antes — ou seja, antes regis-
empresas de serviços trataram de trava caixa líquido.
retomar suas vendas, mas senti- Dentro desse cenário de Selic al-
ram uma deterioração relevante ta por mais tempo e crescimento
no endividamento. Para este ano, em vendas pressionado em 2023
a projeção de taxa Selic elevada por um cenário “macro” difícil, a
por mais tempo — após o novo equipe de análise do BB Investi-
governo não sinalizar claramen- mentos rebaixou, em dezembro,
te uma política fiscal responsável os preços alvos de Americanas, Via
—, e a expectativa de fraca gera- e Magazine Luiza, cadeias mais de-
ção de caixa podem complicar o pendentes de venda a prazo.
quadro de alavancagem finan- Georgia Jorge, analista do BB
ceira de certas atividades. Investimentos disse, em relatório
Levantamento realizado pelo em dezembro, que “ há elevação
Valor Data nos balanços de 48 das estimativas relacionadas às
empresas de comércio e serviços despesas financeiras [das redes],
mostra que, enquanto a dívida fi- o que implica na redução de lu-
nanceira líquida dos grupos au- cro líquido, já impactado pela
mentou 176% — passando de menor perspectiva de alavanca-
R$ 17,5 bilhões para R$ 48,3 bi- gem operacional por conta das
lhões entre o terceiro trimestre Varejistas e empresas de serviços trataram de retomar as vendas, mas sentiram deterioração no endividamento vendas em ritmo mais lento”.
de 2021 e de 2022 — a geração de Em geral, quando juros sobem,
caixa operacional subiu bem me- este ano, de forma a proteger cai- geral (de todos os segmentos) em rede fechou uma “repactuação de em vez de os resultados irem para
nos, aumentando a pressão so- xa, e manter uma agenda de mais 2021, em emissões de debêntures, suas dívidas”, e negociou acordo o bolso do acionista, ou para inves-
bre o nível de endividamento. reduções de custos e despesas. Ain- 76% estão atrelados ao CDI. para um novo aporte de capital timentos, vão para pagar credores.
No mesmo intervalo, o valor do da precisarão continuar a trocar Já em 2022, em debêntures fo- dos acionistas. Serão R$ 200 mi- A boa notícia é que, ao se analisar
lucro antes de juros, impostos, dívidas sabendo que as condições ram R$ 205 bilhões até setembro, lhões, em operação a ser concluída as companhias com boa classifica-
amortização e depreciação (ebit- não serão boas nesse ambiente”. alta de 25%, segundo a associação nos próximos meses. A rede ainda ção de risco e maior liquidez, di-
da, da sigla em inglês) avançou Sampaio lembra que, apesar de das entidades do mercado finan- diz que a alta no endividamento zem as agências de rating, grupos
num ritmo menor, em 20,3%, para a Selic ter um efeito positivo nas re- ceiro — um recorde para o período. foi pontual, e houve efeito da que- com esse perfil têm condições de
R$ 34,2 bilhões. Com isso, a relação ceitas financeiras, a linha de des- Com o mercado fechado para ofer- da de fluxo de clientes e do fatura- arcar com suas dívidas. E empresas
entre dívida líquida e ebitda mais pesas financeiras cresce mais ace- tas de ações, essas emissões vira- mento das lojas na pandemia. que buscaram renegociar condi-
que dobrou, de 0,62 vezes para leradamente que a linha da recei- ram um caminho para reforçar No varejo de moda, outra citado ções da dívida ao longo do ano e fi-
1,41 vezes — ainda está num pata- ta. “As empresas pagam, em suas li- caixa e alongar o perfil da dívida. no levantamento, a Guararapes, zeram trabalho de melhoria do
mar confortável, abaixo de duas nhas, percentuais do CDI que sem- Na pesquisa do Valor Data, en- dona da Riachuelo, teve relação dí- ebitda, focando em novas revisões
vezes, mas numa aceleração rápi- pre ficam acima do rendimento tre os maiores aumentos na ala- vida líquida e ebitda passando de de custos e rentabilidade, saem
da num prazo curto. que obtêm em suas receitas”. vancagem financeira, após o ter- 2,2 vezes em setembro de 2021, pa- mais preparadas desse processo.
É perceptível a alta desse indica- Na prática, o que as empresas ceiro trimestre de 2021, estão o va- ra 2,9 vezes um ano depois. Além disso, o processo de ajuste
dor ao longo do ano — era 0,37 ao vêm sentindo é a dose do remédio rejo de bens duráveis/lojas de de- Na visão da equipe da agência de estoques ao longo de 2022, que
fim de 2021, pulou para 1,02 no da alta de juros para combater a partamento, e em moda, e no setor de rating Fitch, a atenção central reduz consumo de caixa, também
primeiro trimestre de 2022, quan- inflação, que acelerou após 2021. de serviços, em academias de gi- no momento está no varejo discri- pode ser um aspecto positivo nessa
do se registrou a maior aceleração Se por um lado inflação menor nástica. Nesse primeiro grupo, a Le cionário (que depende de crédito) conta. “O capital de giro, que tem
trimestral, até atingir 1,41 em se- ajuda no controle dos custos dos Biscuit foi um dos destaques nega- cuja expectativa de alavancagem prejudicado o fluxo de caixa des-
tembro. Para o cálculo foi usada a grupos, por outro a Selic acelera tivos do levantamento. para 2023 está em 2,9 vezes (acima sas companhias [de varejo], deve
média ponderada, de forma que o suas despesas financeiras. Em seu relatório de resultados, a do varejo alimentar e farmacêuti- melhorar ligeiramente, à medida
valor total tem o peso das maiores Desde o terceiro trimestre de Le Biscuit diz que houve impacto co, por exemplo, em 2,6 vezes). que ajustam seus estoques para
empresas do grupo. 2021, a Selic, que afeta diretamen- “da mudança expressiva nos pata- “Individualmente, empresas um ambiente de consumo mais
Já para o valor da mediana, em te os passivos das companhias mares da taxa básica de juros”. Até que ainda devem registrar alavan- restrito”, afirma Donatti.
que todas as empresas têm o mes- atrelados ao CDI, mais que dobrou setembro, eram R$ 26,1 milhões de cagem líquida ajustada acima ou Outro dado do levantamento
mo peso, a alavacagem financeira de 6,25% para 13,75% ao ano. Dos ebitda ajustado acumulado no muito próxima dos gatilhos de re- do Valor Data mostra que, apesar
passou de 1,33 no terceiro trimes- R$ 250 bilhões de recursos capta- ano, e dívida líquida somava R$ baixamento em 2023 são America- das projeções em vendas para
tre de 2021 para 1,76 um ano de- dos pelas empresas brasileiras em 416 milhões. Nos últimos meses, a nas, C&A e Guararapes, todas em 2023 mais pessimistas, houve resi-
pois — era 1,64 no início de 2022. liência dos negócios em 2022,
Na pesquisa, a soma da dívida bru-
ta excluiu arrendamentos e alu-
guéis e para o ebitda acumulado
Equilíbrio entre juro e geração de caixa mesmo num ambiente complexo.
A receita líquida das 48 empre-
sas cresceu 19%, para quase R$ 118
foi usada a métrica ex-IFRS 16. De São Paulo res de endividamento, depois do ficado na média geral, em parte, bilhões, versus um ano atrás, sinal
“Vamos ter Selic mais alta do pico registrado em 2021. O índice pelo fato de ser um mercado alta- de que empresas colheram algu-
que se previa meses atrás pelos si- Setores de comércio e de servi- chegou a dez vezes, na relação en- mente gerador de caixa, especial- ma recuperação de demanda.
nais negativos do governo eleito, ços têm diferentes complexidades, tre dívida e lucro antes de juros, mente o atacarejo, o que reduz a Segundo a Fitch, apesar dos de-
de aumento de gastos e ainda sem por isso, os efeitos da piora do am- impostos, amortização e deprecia- pressão no indicador. Nesses ne- safios de demanda do próximo
uma âncora fiscal clara. O mercado biente econômico em 2023 e da ção (ebitda), e caiu para 2,16 vezes gócios, a taxa passou de 1,37 vezes ano, “a maioria das varejistas clas-
foi muito otimista nas suas estima- pressão dos juros diferem entre entre o final de 2021 e o terceiro para 2,06, de julho a setembro de sificadas publicamente [pela
tivas [para o novo governo], e so- eles. A exposição das empresas à trimestre de 2022. 2022 frente ao mesmo intervalo de agência] deve conseguir passar
mado a isso, com a projeção de PIB taxa Selic e a capacidade de gera- Há, portanto, um recuo, mas 2021. Seis redes participaram do 2023 sem deteriorar significativa-
crescendo menos em 2023 do que ção de caixa também as afetam de ainda é um número elevado consi- levantamento. mente os seus perfis de crédito, da-
em 2022, teremos cenário de recei- forma individual. derando o verificado em todos os O levantamento considerou do os gerenciáveis níveis de ala-
tas também fracas”, diz Joelson Levantamento do Valor Data, setores analisados — em 1,41, na 48 sociedades anônimas que pu- vancagem e os adequados perfis
Sampaio, doutor em finanças cor- com 48 empresas, mostra que res- média ponderada. Foram analisa- blicam seus dados (foram anali- de liquidez, com baixos riscos de
porativas e mercados financeiros taurantes, bares e grupos de entre- dos cinco grupos do setor. sados os balanços trimestral- refinanciamento”. O intervalo da
pela FGV, e professor da FGV/EESP. tenimento — que passaram por No negócio de supermercados, mente). A dívida bruta excluiu pesquisa considera um período
“Por conta disso, as empresas te- uma fase de renegociação de dívi- hipermercados e atacado, a ala- arrendamentos e aluguéis. Para o em que, historicamente, há menor
rão que montar planos de investi- das após o auge da pandemia — ti- vancagem não chegou a atingir o ebitda acumulado foi usada a geração de caixa, montante que
mentos mais conservadores para veram uma melhora nos indicado- mesmo ritmo de crescimento veri- métrica ex-IFRS 16. (AM) tende a subir no quarto trimestre.
B2 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Empresas | Infraestrutura
Gestão Ministério envia ofício à
petroleira, após atual CEO renunciar
MME indica
Prates para
presidir a
Petrobras
Rafael Bittencourt e Fábio Couto
De Brasília e do Rio
O Ministério de Minas e Energia
(MME) enviou na terça-feira (3) ao
conselho de administração da Pe-
trobras ofício no qual confirmou a
indicação de Jean-Paul Prates para
o cargo de presidente da compa-
nhia, bem como para um dos as-
sentos do colegiado. Foi o primeiro
ato do novo ministro de Minas e
Energia, Alexandre Silveira, à fren-
te da pasta. O caminho para que
Prates assuma o comando da prin-
cipal empresa brasileira pode ter
sido facilitado com a renúncia de
Caio Paes de Andrade à presidên-
cia da estatal, conforme apurou o
Valor com fontes a par do tema.
O executivo enviou na sexta-fei-
ra (30) carta de renúncia ao conse-
lho de administração, porém per-
manece no cargo até que seu suces-
sor seja definido. Em nota, o MME
informou que a indicação de Prates
será formalizada somente “após os
trâmites na Casa Civil da Presidên-
Ambipar pretende reduzir
ritmo de aquisições em 2023
Taís Hirata
De São Paulo
Após um ciclo intenso de qua-
se 50 aquisições desde seu IPO
(oferta pública inicial de ações),
em 2020, a Ambipar deverá de-
sacelerar a estratégia de com-
pras de empresas, segundo o di-
retor financeiro, Thiago Silva.
“Em 2023, vamos olhar um
pouco mais para dentro de casa.
O grupo já conseguiu criar um
ecossistema, que cresce organica-
mente. Estamos olhando este ano
com disciplina de capital. Já usa-
mos os recursos do IPO, usamos o
capital de terceiros [para crescer].
Agora estamos em um patamar
ainda saudável, mas vamos olhar
mais para dentro de casa", afir-
mou o executivo ao Valor.
Segundo ele, o objetivo é
manter o ritmo de expansão da
Ambipar neste ano, mas agora
por meio de crescimento orgâ-
nico, e não tanto via aquisições.
Em 2022, no acumulado até
setembro, a companhia teve um
salto de 110,5% em sua receita lí-
quida, que atingiu R$ 2,6 bi-
lhões. O Ebitda (lucro antes de
juros, impostos, depreciação e
Geração ‘nem-nem’ é assunto sério
Estratégia
Wellington Vitorino
V
ocê provavelmente
já viu o termo
“nem-nem”, usado
para se referir à
população jovem
que nem estuda, nem trabalha.
cia da República”. A Petrobras não
respondeu à reportagem até o fe-
chamento desta edição. “Na práti-
ca, são processos paralelos”, disse
uma fonte com conhecimento do
processo, na condição de anoni-
mato, em referência à renúncia de
Andrade e ao ofício do MME para
indicar o novo CEO da petroleira.
Com a renúncia de Andrade,
que também era conselheiro da
Petrobras, caso a maioria dos con-
selheiros aceite eleger Prates como
substituto, o próprio conselho
atual, também mediante maioria,
pode eleger o novo presidente da
companhia em uma reunião ex-
traordinária a ser realizada a qual-
quer momento, mas apenas de-
pois da manifestação do Comitê
de pessoas (Cope) da companhia.
É o Cope que atesta se o indicado
preenche os requisitos para o car-
go. No caso de Prates, há dúvidas se
ele atenderia obrigações previstas
na Lei das Estatais. A lei determina
que quem tiver participado de
campanha eleitoral nos últimos 36
amortização) teve a mesma alta,
para R$ 697,2 milhões. Já o lucro
líquido caiu 26,2%, para R$ 86,1
milhões, nos nove primeiros me-
ses do ano. A alavancagem pro-
forma, medida pela relação en-
tre dívida líquida e Ebitda, en-
cerrou o período em 2,8 vezes —
próxima ao teto de 3 vezes que a
empresa busca cumprir.
Silva destaca que oportunida-
des de aquisição seguirão em
análise, porém, serão mais pon-
tuais, provavelmente para acele-
rar a expansão em determinadas
regiões estratégicas — tanto na
divisão de “Response”, de solu-
ções para emergências ambien-
tais, quanto no braço de “Envi-
ronment”, que cuida da gestão e
valorização de resíduos.
“Estamos com um portfólio
bastante completo, mas vamos
olhar aquisições em termos de
expansão geográfica. Podere-
mos fazer esse movimento orga-
nicamente, o que acaba sendo
mais lento, ou buscando aquisi-
ções mais oportunísticas”, diz.
No caso da divisão de Respon-
se, a ideia é ampliar a presença na
América do Norte. Esse plano es-
tá diretamente relacionado à
Por trás da expressão singela,
quase bem-humorada, se
esconde um problema
econômico e social grave. No
Brasil, 36% das pessoas com 18 a
24 anos se encaixam nessa
categoria.
Isso faz de nós o segundo país
com mais jovens “nem-nem”
dentre os membros da OCDE
(Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). É o dobro do
índice médio registrado nos
países desenvolvidos.
A taxa elevada de
desocupação entre os jovens
brasileiros é, portanto, um
problema estrutural, não mera
contingência. Ele está
relacionado a outros desafios
sistêmicos da nossa sociedade,
Jean Paul Prates: caminho para assumir comando da Petrobras pode ter sido facilitado com renúncia de Caio Paes de Andrade à presidência da empresa
meses não pode assumir estatal.
Prates, que terminou mandato co-
mo senador, diz estar tranquilo
quanto à sua adequação ao cargo.
Antes que o conselho da Petro-
bras aprove Prates será preciso,
portanto, esperar a checagem pela
governança da empresa. Isso pode
levar cerca de 30 dias. Nesse meio
tempo, a companhia poderia indi-
car um diretor como presidente
interino. Caso a maioria dos atuais
conselheiros não aceite eleger Pra-
tes, será preciso realizar uma as-
sembleia geral extraordinária
(AGE) para destituir o colegiado e
eleger novos nomes, indicados pe-
la União. Na Petrobras, o presiden-
te-executivo também integra o
operação de listagem da subsi-
diária na Bolsa de Nova York.
Na transação, haverá uma fu-
são da empresa com o Spac HPX,
que já levantou previamente cer-
ca de US$ 253 milhões. Além dis-
so, foram garantidos ao menos
outros US$ 168 milhões de ofer-
tas vinculantes de outros investi-
dores ao novo negócio, em que a
Ambipar manterá o controle.
A expectativa é que a operação
seja concluída até meados de ja-
neiro, segundo ele. “Esse aporte é
estratégico e importante para o
grupo, uma vez que traz abertura
para um mercado enorme, que é
o norte-americano, além de uma
estrutura de capital diferenciada.
Ter uma subsidiária aberta na
bolsa de Nova York vai nos trazer
muitas oportunidades.”
Já para a divisão de Environ-
ment, que cuida da gestão e va-
lorização de resíduos, o plano é
ampliar a atuação na América
do Sul. Hoje, o Brasil representa
cerca de 80% do negócio, dife-
rentemente da divisão de Res-
ponse, me que o país responde
por aproximadamente 37%.
A empresa, que atende apenas
ao setor privado, por meio de
como a pobreza e a
desigualdade ou, na esfera
mais específica do mundo
empresarial, a baixa
produtividade, a falta de
lideranças preparadas e a
escassez de mão-de-obra
qualificada.
O cenário global tampouco
ajuda. Há uma crise
generalizada do emprego, a
qual afeta particularmente
países os latino-americanos.
Nesse contexto, que
alternativas temos para
enfrentar o crescimento do
desemprego jovem?
Tradicionalmente, atacamos
problemas de trabalho e renda
no Brasil pela via da
transferência direta de
recursos.
conselho de administração.
Após essa AGE, em que o pró-
prio Prates seria um dos conselhei-
ros eleitos, o novo conselho faria
uma reunião extraordinária para
referendar o novo presidente e os
novos diretores que eventualmen-
te estejam definidos e com a docu-
mentação finalizada, incluindo
dados das instâncias de governan-
ça BCI e BCG, bem como a manifes-
tação do Cope. BCI é o Background
Checking de integridade, procedi-
mento de checagem feito pela área
de conformidade da estatal. BCG é
o Background Checking de Gestão,
checagem feita pela área de pes-
soal da Petrobras.
A AGE só poderia ser realizada
Foco da Ambipar neste ano será disciplina de capital e crescimento orgânico, diz Thiago Silva, diretor financeiro do grupo
contratos de longo prazo com
grandes companhias, não tem
planos de entrar no mercado pú-
blico de concessões de resíduos
sólidos, afirma Silva. “Estamos
focados na indústria e assim se-
guiremos, com atuação em eco-
nomia circular e valorização dos
resíduos. O grupo vai seguir in-
vestindo em pesquisa e desenvol-
O melhor exemplo disso é o
Bolsa Família. Apesar da
eficácia do programa em
reduzir a fome e a pobreza
extrema de forma imediata,
além de promover inclusão
social, ele tem limitações.
A população brasileira
deve crescer pelo menos até a
década de 2040, quando,
projeta-se, atingiremos um
platô demográfico.
Isso significa que o
investimento de manutenção
de um programa como o Bolsa
Família deve crescer
aceleradamente por, pelo
menos, mais duas décadas.
A projeção desse quadro
exige, portanto, que
busquemos caminhos
alternativos e complementares.
30 dias após a publicação do edital
de convocação. E quem convoca a
AGE é o conselho, após cumpridas
todas as exigências legais (BCI,
BCG e Cope) de todos os nomes in-
dicados pela União. O prazo de cer-
ca de 30 dias poderia ser maior ou
menor, dependendo de dúvidas
que surjam sobre documentação e
atendimento de requisitos legais.
Existe, porém, a tendência que o
atual conselho aceite nomear Pra-
tes como substituto de Andrade, o
que poderia encurtar o tempo pa-
ra que o agora ex-senador petista
assuma o comando da maior em-
presa brasileira. Andrade aceitou,
no início de dezembro, o convite
do governador de São Paulo, Tarcí-
vimento e buscando crescimento
orgânico no setor”, diz ele.
Questionado sobre as pers-
pectivas a respeito do novo go-
verno federal no Brasil, Silva
afirma que a empresa não tinha
preferência entre os candidatos,
mas que há uma torcida para a
realização de reformas. Ele des-
taca principalmente a tributária.
De acordo com o Banco
Mundial, o acesso a bons
empregos é o caminho mais
efetivo para o aumento da
mobilidade social no longo
prazo. É o que preconiza
também a ONU (Organização
das Nações Unidas), por meio
de seus Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável
(ODS), firmados ainda em
2015.
O oitavo objetivo listado pelo
documento fala em “emprego
pleno e produtivo”
como estratégia para um
crescimento inclusivo e
sustentável.
Wellington Vitorino é diretor-executivo
do Instituto Four
E-mail wvitorino@institutofour.org
CRISTIANO MARIZ / O GLOBO
sio de Freitas (Republicanos) para
a Secretaria de gestão e governo di-
gital do Estado. O executivo foi se-
cretário especial de Desburocrati-
zação do Ministério da Economia e
presidente do Serviço Federal de
Processamento de Dados (Serpro).
Ele foi o quarto presidente da Pe-
trobras do governo de Jair Bolso-
naro, que tentou a todo custo se-
gurar os preços dos combustíveis.
Andrade foi beneficiado pela re-
dução das cotações externas do pe-
tróleo, o que ajudou na queda dos
preços dos combustíveis no Brasil.
A Petrobras adota o Preço de Pari-
dade de Importação (PPI), que ali-
nha os preços internos aos do mer-
cado internacional.
DIVULGAÇÃO
“Também acreditamos que es-
se novo governo vai trazer uma
política ambiental como uma
agenda mais forte, o que para a
gente é ótimo. Estamos otimis-
tas em relação ao tema ambien-
tal e estamos bem posicionados
para aproveitar as oportunida-
des que essa agenda trará para o
mercado”, afirma o executivo.
Curta
GNLink e Tradener no PR
A GNLink Distribuidora de Gás
Natural e a Tradener firmaram
um memorando de entendimen-
tos para implantação de projeto
de liquefação de Gás Natural no
campo de Barra Bonita, no muni-
cípio de Pitanga, no Paraná, para
suprimento de até 100 mil m3
por dia de gás natural e até 5
MWh de energia elétrica, a partir
do último trimestre de 2023. A
Tradener ficará responsável pelo
suprimento de gás natural e
energia elétrica no campo de Bar-
ra Bonita e a GNLink será respon-
sável pelo projeto, construção e
operação da liquefação, enchi-
mento, armazenamento, trans-
porte e regaseificação do GNL
nos pontos de entrega. As empre-
sas estão dando entrada no pro-
cesso de licenciamento do proje-
to nos diversos órgãos.

Empresas | Infraestrutura
Energia Com 23,9 GW de potência,
fonte só fica atrás das hidrelétricas
Geração solar
supera eólica
e torna-se a
a
2 na matriz
Robson Rodrigues
De São Paulo
Em uma década, a energia solar
saiu praticamente do zero em ca-
pacidade instalada na matriz elé-
trica brasileira para o posto de se-
gunda colocada, atrás das hidrelé-
tricas. A fonte acaba de superar as
eólicas em instalações e bateu a
marca histórica de 23,9 gigawatts
(GW) de potência, somando as
usinas de grande porte e os pe-
quenos sistemas fotovoltaicos de
geração própria em telhados, fa-
chadas e pequenos terrenos.
O montante equivale a 11,2%
da matriz elétrica do país. Desde
2012, os investimentos somaram
R$ 120,8 bilhões, segundo a As-
sociação Brasileira de Energia So-
lar (Absolar). Melhora tecnológi-
ca, evolução do mercado no Bra-
sil, redução dos custos e boa qua-
lidade de insolação no território
brasileiro criaram condições
ideais para que a fonte crescesse.
Soma-se ainda a forte política
estatal de incentivos para as ener-
gias renováveis como pilar de sus-
tentação ao crescimento, de acor-
do com o projeto Economia da
Inovação Energética e Transição do
Sistema (EEIST, na sigla em inglês).
Ao Valor, o presidente da Ab-
solar, Rodrigo Sauaia, diz que o
Brasil está entre os dez maiores
mercados do mundo neste seg-
mento, e ainda galgando espaço.
“A primeira contratação de ener-
gia solar feita pelo governo fede-
ral foi em 2014 e apenas em 2017
o Brasil conquistou o primeiro gi-
gawatt matriz. Se formos compa-
rar com o setor eólico, o primeiro
Maduro, segmento discute necessidade de subsídios
Rodrigo Sauaia, da Absolar, diz que setor perdeu uma década de desenvolvimento e agora começa a recuperar o atraso
Gafisa dispara 50% e soma alta de mais de 230% em quatro pregões
Imóveis
Felipe Laurence
De São Paulo
As ações da Gafisa fecharam a
terça-feira (3) em alta de 50%, a
maior valorização do mercado, co-
tadas em R$ 21,30, o maior preço
desde outubro. O ganho acumula-
do dos papéis é supera 230% desde
a última quarta-feira (28). O volu-
me transacionado foi de R$ 551,9
milhões, o oitavo maior do dia, su-
leilão deles foi feito uma década
antes”, diz o executivo.
O ano de 2022 foi singular nes-
ta trajetória: o setor superou os
desafios da oscilação cambial, al-
ta dos fretes, colapso das cadeias
de suprimentos da China, con-
gestionamentos em portos, infla-
ção causada pela alta demanda
global e reflexos da pandemia.
Mesmo assim, o Brasil adicionou
9 GW de potência. Só nos últimos
150 dias, o ritmo de crescimento
foi superior a 1 GW por mês.
Com isso, a energia gerada a
partir de painéis fotovoltaicos se
consolidou como o segmento
que mais cresce no setor elétri-
co, associando a crescente busca
por energia limpa e renovável
com o apelo do baixo custo.
Ao que tudo indica a energia
solar deve continuar crescendo
com fôlego. A projeção da Bloom-
berg é que, até 2050, a fonte deve
ocupar a primeira posição da ma-
triz brasileira, superando as hi-
drelétricas, que têm hoje cerca de
109,7 GW em operação, segundo
informações da Agência Nacio-
nal de Energia Elétrica (Aneel).
“Esse caminho poderá ser traça-
do de maneira mais ou menos ágil,
de acordo com as políticas públi-
cas que forem desenvolvidas, de
acordo com o uso que essas tecno-
logias vão ter em programas go-
vernamentais”, diz Sauaia.
Importante destacar que a
fonte solar é significativa na ma-
triz por conta da geração distri-
buída, modalidade de produção
de energia gerada principalmen-
te com painéis solares junto ou
próxima dos consumidores com
perando o de ações que fazem par-
te do Ibovespa, como Ambev.
O motivo para essa disparada
seria um fenômeno conhecido
no mercado como “short squee-
ze” — quando investidores que
montaram posições vendidas,
uma aposta na queda das cota-
ções, precisam recomprar os pa-
péis para evitar prejuízos.
Relatório publicado pela XP
na segunda-feira (2) mostra que
a Gafisa é a empresa com maior
porcentagem de ações negocia-
Um sol para cada um
De projetos em telhados, casas e comércios até megausinas, a fonte é a que mais cresce no setor elétrico
Incremento de capacidade - em MW
23.000
18.400
13.800
9.200
4.600
7 13
0 190
Até 2012 2013
Total 7 13
1,7%
Matriz elétrica brasileira - em 2023
Carvão mineral - 3.583 MW
4,0%
Petróleo - 8.646 MW
7,8%
Biomassa e biogás
16.673 MW
8,2%
Gás Natural
17.450 MW
11,2%
Solar - 23.854 MW
Fontes: Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Agência Nacional de Energia (Aneel) e Greener
limite de até 5 megawatts (MW).
Graças à sua versatilidade e agili-
dade, um sistema no telhado ou
um pequeno terreno fica opera-
cional em apenas 24 horas.
Solar é a fonte que
mais cresce no setor,
associando busca por
energia renovável com
o apelo do baixo custo
O presidente da Associação Bra-
sileira de Geração Distribuída
(ABGD), Guilherme Chrispim,
lembra que neste contexto históri-
co as eólicas levaram mais tempo
para alcançar o mesmo patamar.
Além do mais, o crescimento da
solar foi fundamental para o de-
senvolvimento social, econômico
e ambiental do Brasil, no momen-
to em que o consumidor passou a
ter mais poder, inclusive com a op-
ção de gerar sua própria energia.
“Quem fez a energia solar ser a
segunda maior fonte na matriz
foi a geração distribuída para pe-
SILVIA ZAMBONI/VALOR
das a descoberto (22,9%), levan-
do em conta dados da quinta-
feira (29). O setor de construção
aparece como destaque entre as
ações com posições descobertas.
“O ‘short squeeze’ é um movi-
mento de volume, quanto mais
as ações sobem, mais investido-
res com posição vendida são
pressionados a recomprar os pa-
péis, o que acaba impulsionan-
do ainda mais as cotações”, afir-
ma Jennie Li, estrategista da XP.
A Gafisa vinha sendo penalizada
21 42 91 968
2014 2015 2016 2017
21 42 91 1.158
Nuclear - 1.990 MW
205,6 MW
Eólica - 23.754 MW
quenos consumidores (...), isso
demonstra a democratização
desta fonte, sem contar que área
com sol não falta no Brasil.”
Não à toa a geração distribuída
foi a modalidade que mais adi-
cionou potência no sistema, 7,7
GW frente aos 4,6 GW de 2021 e
deve continuar sendo quem mais
vai injetar capacidade.
Para 2023, a Absolar prevê que
a fonte deve incrementar mais 10
GW de capacidade no sistema
elétrico e fechar o ano com 34
GW no total acumulado. Deste
montante, 21,6 GW serão prove-
nientes de pequenos e médios
sistemas instalados pelos consu-
midores nas residências, peque-
nos negócios, propriedades ru-
rais e prédios públicos.
O caminho ainda é longo para
o setor. O desenvolvimento tec-
nológico tem muito a se desen-
volver, já que boa parte dos pai-
néis solares instalados em resi-
dências têm baixa eficiência. As
células de silício cristalino ti-
nham 13% de eficiência há dez
anos, hoje o mercado tem célu-
De São Paulo
Desde pequenos consumidores
residenciais até grandes grupos
econômicos fazem uso da energia
solar. Com a fonte ocupando o
posto de segunda maior na ma-
triz elétrica, acende o debate so-
bre a necessidade de subsídios.
O presidente da Absolar, Rodri-
go Sauaia, diz que a fonte solar
não teve apoio na década de 2000
no Programa de Incentivo a Fon-
tes Alternativas (Proinfa), criado
para desenvolver energias renová-
veis. Segundo ele, é preciso inver-
ter a lógica voltada para fontes
fósseis, como o diesel, que recebe
altos subsídios para custear com-
bustíveis para geração de eletrici-
dade em sistemas isolados.
“O Proinfa deixou de fora a solar
por decisão de política pública e
naquele momento poderia ter si-
do incluída. Perdemos uma déca-
da de desenvolvimento e agora a
solar começa a recuperar este atra-
so (...). A fonte que menos incenti-
vo e apoio teve dos governos na
história do Brasil foi a solar”, diz.
Hoje a geração distribuída (GD)
solar encontra reação de distribui-
pelo mercado em decorrência do
momento ruim que a incorpora-
dora passava, mas a mudança no
tom do noticiário, fez com que as
ações subissem, desencadeando o
movimento, diz Henrique Blecher,
diretor-presidente da companhia.
Efeitos técnicos à parte, o exe-
cutivo afirma que a alta das ações
mostra que o investidor passou a
olhar com otimismo o processo
de reestruturação da Gafisa. “Es-
tamos avançando na desalavan-
cagem e na venda de ativos não
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Geração própria Usinas de grande porte
7.337
4.632
16.170
3.093
9.522
2.475
1.825 4.923
2.134
951
2018 2019 2020 2021 2022
2.416 4.609 8.016 14.154 23.507
0,9%
3,8%
Custo médio de um sistema solar residencial - em R$
37.000
35.000
Importação 32.000
8.170 MW
27.000
51,3%
Hídrica 26.000
109.719 MW
22.000
23.000
11,1%
17.000
2016 2017
las de até 26%. Ao passo que a
tecnologia avança, os custos
caem na proporção inversa.
“Desde 2020, a solar é a fonte
que gera energia elétrica com o
menor custo-benefício em locais
em que moram mais de 60% da
população do mundo. Mais ba-
ratas do que termelétricas a car-
vão, eólicas e fontes hídricas”,
diz Sauaia, ao se referir a gran-
des usinas. Aliás, de acordo com
a previsão da Agência Interna-
cional de Energia (AIE), a fonte
deve superar a produção energé-
tica com carvão até 2027.
Um estudo da consultoria
Greener, com empresas do setor
no Brasil, aponta que os siste-
mas solares de menor porte
também tiveram os custos redu-
zidos. O diretor da consultoria,
Marcio Takata, diz que um siste-
ma fotovoltaico residencial que
custava, em média, R$ 35 mil em
2016 atualmente pode ser ad-
quirido por R$ 19,5 mil.
Mesmo com a substancial que-
da nos preços dos equipamentos,
o sistema ainda é de difícil acesso
doras, agência reguladora, consu-
midores livres e governo sobre a
manutenção de subsídios. O orça-
mento da já inchada Conta de De-
senvolvimento Energético (CDE),
fundo setorial custeado pelos con-
sumidores, atingiu em 2022 o va-
lor de R$ 32 bilhões, que entre ou-
tras coisas beneficiam a fonte.
A sanção do marco legal da ge-
ração distribuída, pelo ex-presi-
dente Jair Bolsonaro, em janeiro de
2022, criou um senso de urgência
no desenvolvimento de novos pro-
jetos na área, fato que é tratado co-
mo “corrida pelo sol” no setor, pois
garante a gratuidade da cobrança
da tarifa de uso da rede das distri-
buidoras, a Tusd, até 2045.
A regra prevê que os empreen-
dimentos que pedirem conexão à
rede elétrica nos 12 meses seguin-
tes continuariam isentos da co-
brança da Tusd por 22 anos. Na
sexta-feira (6) acaba o prazo para
os consumidores protocolarem o
pedido de acesso da energia solar
à rede das distribuidoras. As em-
presas dizem que as concessioná-
rias estão criando dificuldades
aos consumidores que tentam
protocolar o pedido de acesso.
essenciais”, disse ao Valor.
No fim de dezembro, a Gafisa
anunciou a venda da sua participa-
ção no Fasano Itaim por R$ 330 mi-
lhões. “Foi uma transação feita a
valores atrativos que reduz nossa
alavancagem em quase 20%, vol-
tando a níveis que consideramos
saudáveis”, comenta o executivo.
A briga entre o controlador,
Nelson Tanure, e a Esh Capital, que
detém participação na empresa,
nas últimas semanas, também aju-
da a explicar a alta, diz um analista.
| Valor | B3
2,02 milhões é o número de unidades
consumidoras recebendo créditos de
sistemas de energia solar
47,3 bilhões foi o investimento em 2022
33,2 milhões de toneladas de CO2 não
emitidos na geração de eletricidade desde
2012
705,2 mil empregos gerados desde 2012
20.000 19.500 19.500
19.000
2018 2019 2020 2021 2022
para famílias de baixa renda. A di-
retora e fundadora da consultoria
Clean Energy Latin America (Cela),
Camila Ramos, frisa que mesmo
com a alta de juros no Brasil, a pro-
cura por financiamento de placas
solares têm aumentado por conta
da crescente alta na conta de luz
dos brasileiros nos últimos anos.
Segundo a executiva, as linhas
de financiamento no segmento
aumentaram no último ano. O se-
tor defende mais acesso a crédito
em programas sociais para trazer
de maneira mais democrática es-
sa tecnologia à toda sociedade.
O crescimento da fonte não se
restringe ao Brasil. O mundo todo
vem apresentando recordes de
instalações não só porque os paí-
ses estão impulsionando a expan-
são de energias renováveis, mas
também para alcançar suas metas
climáticas e de segurança energé-
tica. A China, por exemplo, tem
mais de 306 GW. Os EUA estão
com mais de 123 GW, segundo
dados de 2021. Comparado com
alguns países, o Brasil ainda dá
seus primeiros passos.
Além disso, o setor acusa a Aneel
de não regulamentar a regra.
Agora os agentes se mobilizam
no congresso, por meio do Proje-
to de Lei 2703, para prorrogar por
mais seis meses a janela regulató-
ria do desconto e alguns agentes
se valem da falsa propaganda de
que querem “taxar o sol”.
O presidente da ABGD, Guilher-
me Chrispim, rebate as críticas de
que a GD encarece a conta de luz
dos brasileiros e lembra do contex-
to da crise hídrica em que o Estado
não tinha energia suficiente e os
sistemas solares próprios reduzi-
ram a pressão sobre o sistema.
Segundo ele, a fonte está madu-
ra e está prevista uma regra de
transição para o fim gradual do be-
nefício, porém a não regulamenta-
ção da Aneel “criou um vácuo re-
gulatório, pois muitas distribuido-
ras no Brasil deixaram de fazer
concessões com o argumento de
que a agência não havia definido
os detalhes que faltavam”, explica.
Passando ou não no Congres-
so, Sauaia e Chrispim são cate-
góricos em afirmar que a GD so-
lar continuará atrativa depois
do dia 7 de janeiro. (RR)
O movimento de “short squeeze”
teria sido amplificado pela proxi-
midade da assembleia, no dia 9,
com investidores retomando posi-
ções para participar da votação da
próxima semana, causando mais
pressão altista nos papéis.
Em nota, a Esh Capital afirma
que “a alta expressiva no preço
das ações da Gafisa se deve à reali-
zação de compra do papel pelo
Banco Master, que é ligado ao em-
presário Nelson Tanure, nas últi-
mas duas sessões do mercado”.
B4 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Prática ESG
Parcerias Rede conecta mais de 30
mil universitários com empresas
Estudantes
vão a campo
para fazer a
diferença
PRÁTICA
ESG
Eliane Sobral
Para o Prática ESG, de São Paulo
Às margens da rodovia BR-
153, também conhecida como
Belém-Brasília, mais precisa-
mente na altura do quilômetro
1.700, vivem cerca de 90 famílias
cuja geração de renda depende,
exclusivamente, da extração do
açaí. Como a produção do fruto é
sazonal, a subsistência está asse-
gurada por apenas seis meses.
Além das dificuldades econômi-
cas no semestre sem trabalho, to-
do o ambiente no entorno da As-
sociação dos Extrativistas de Açaí
do KM 1700, nas proximidades
da cidade de Imperatriz, no Ma-
ranhão, era tingido de roxo, re-
sultado do descarte dos caroços
das frutas colhidas.
A situação começou a mudar
há quatro anos, com a chegada
de um time de 15 universitários
da Faculdade de Imperatriz (Fa-
cimp). São estudantes de gradua-
ções tão diversas como medicina,
engenharia, administração, en-
tre outras, ligados à rede Enactus
Brasil, uma organização não go-
vernamental americana com
presença em 35 países, incluindo
o Brasil, que conecta estudantes e
empresas para que sejam desen-
volvidos projetos baseados no
pilar ESG (ambiental, social e go-
vernança, na sigla em inglês). A
operação brasileira da Enactus
agrega mais de 30 mil estudan-
tes, de 130 universidades, envol-
Academia leva inovação às vinícolas do Sul do Brasil
Naiara Bertão
De Bento Gonçalves e Sant'Ana do
Livramento,,Rio Grande do Sul (*)
A agenda de sustentabilidade,
por trazer às empresas pautas téc-
nicas, têm exigido uma aproxima-
ção maior com a academia. No se-
tor de vinhos, esse diálogo já tem
mais tempo e ajuda a promover a
inovação do campo à fábrica.
Desde 2011 a vinícola Família
Salton trabalha em parceria com a
Universidade Federal de Santa Ma-
ria (UFSM) para experimentos no
solo do vinhedo próprio em
Sant'Ana do Livramento (RS). Uma
parte da propriedade é reservada
para as pesquisas que visam enten-
der as especificidades da produção
de uvas no bioma Pampa, incluin-
do interação entre fauna, flora, so-
lo e o clima. “Um dos estudos que
apoiamos, e que durou cerca de 10
anos, resultou em uma cartilha de
recomendação de adubação para
vinhedos da Campanha Gaúcha,
gerando maior produtividade,
qualidade e precisão. Esse estudo
foi compartilhado com produto-
res da região”, comenta Thaís Co-
lau, gerente de Inteligência do Ne-
gócio e ESG da Salton.
O professor Gustavo Brunetto,
da UFSM, quem lidera as pesquisas
com um grupo de 30 alunos da
graduação e pós-graduação no lo-
cal, conta que, até então, os produ-
tores da região, que tem caracterís-
ticas diferentes de outras regiões
vinícolas do Rio Grande do Sul,
não dispunha de dados do tipo.
A região da Campanha, como
é chamada a área do Estado pró-
xima às divisas com Uruguai e
Argentina, tem clima mais seco,
inverno mais rigoroso, verão
mais quente, alta amplitude tér-
mica e menor volume de chuvas
do que a Serra Gaúcha. Isso não
apenas determina diferenças no
solo, como também no tipo de
uva e bebida que pode ser mais
vidos em projetos de impacto só-
cio-ambiental, com o apoio de 15
patrocinadoras, entre elas KPMG,
Cargill, Sumitomo Chemical e
Unilever, entre outras.
No caso da comunidade do KM
1700, o desafio dos universitários
era duplo: melhorar o ambiente
tingido de roxo - a água inclusive -,
e ajudar os moradores a gerarem
renda o ano inteiro, e não apenas
na época da safra. “Foram muitos
erros e acertos até chegar ao resul-
tado atual”, afirma a estudante de
engenharia química, Isabella Bas-
tos Toledo que coordena o time de
estudantes da Facimp. Três proje-
tos desenvolvidos por eles deram a
resposta que a comunidade preci-
sava. E ela vem exatamente do ca-
roço de açaí, antes o grande pro-
blema ambiental.
Os universitários desenvolve-
ram mudas para reflorestamen-
to, adubos, tijolos e, talvez o mais
prosaico, o pó de açaí que faz as
vezes do tradicional pó de café,
que utilizam o caroço do açaí co-
mo matéria-prima. Cada item
tem sua marca: Adubaí, Mudaí e
o Coffí, devidamente registradas,
com embalagens especialmente
desenvolvidas pelo pessoal de
marketing do time da Facimp, e
são vendidos, por enquanto, nas
redondezas da comunidade.
De acordo com a coordenadora
do time, só do Coffí são vendidos
cerca de 1 mil pacotes por mês. “A
renda média dos produtores subiu
cerca de 42%”, afirma Isabella Bas-
tos. Mas não foi só a renda que au-
mentou e o lixo que diminuiu. A
comunidade ganhou rede de água
e esgoto, iluminação pública e
produzida a partir das uvas de lá.
Enquanto as uvas da Serra Gaú-
cha amadurecem com mais aci-
dez e são mais propícias para ela-
boração de espumantes, na Cam-
panha, são os tintos, mais aromá-
ticos, o carro-chefe. Daí, diz Bru-
netto, a importância de ter um
mapeamento específico das ca-
racterísticas locais, para explorar
o potencial regional.
Com sensores nas plantas e em
postes, são coletadas informações
sobre clima, umidade e quantida-
de de nutrientes nas videiras e no
solo. O objetivo é produzir uvas
melhores, aumentar a produtivi-
dade das plantações e reduzir cus-
tos para os produtores da região,
ao mesmo tempo em que pode
contribuir para traçar ações para
os efeitos do aquecimento global,
que deve afetar o regime de chuvas
e trazer um desafio extra ao cam-
po. “Temos que nos preparar para
nos adaptar às mudanças climáti-
cas. A valorização de pesquisas
acadêmicas e o uso de dados de-
vem ser prioridade”, comenta o
professor. Os próximos passos, diz,
é o estudo do carbono no solo.
A Salton também firmou com
grupo de professores e estudan-
tes do Instituto de Saneamento
Ambiental (ISAM) da Universida-
de de Caxias do Sul (UCS) parce-
ria para medição do inventário de
suas emissões de gases de efeito
estufa (GEE) em suas quatro uni-
dades: em Bento Gonçalves/RS,
Santana do Livramento/RS, São
Paulo/SP e Jarinu/SP. Ela conside-
rou os escopos 1 e 2, referentes à
poluição das operações próprias
e do consumo de energia.
“Quando recebem o inventário,
as empresas não podem pensar
que a troca de fornecedor resolve.
É preciso mudar processos e im-
plementar métricas para acompa-
nhar a evolução”, comenta Tiago
Panizzon, professor da UCS.
O projeto mais desafiador e ino-
Equipe da Facimp, que participa da rede Enactus Brasil, passou os últimos três anos desenvolvendo produtos como tijolo à base do caroço do açaí
acesso à internet. “Eles não apare-
ciam no mapeamento da prefeitu-
ra local. Simplesmente não exis-
tiam para o poder público”, afirma
a estudante.
De acordo com Joana Rudgier,
presidente da Enactus Brasil há
cinco anos, atualmente são 200
projetos em andamento em todo o
país, e com espectro bastante di-
versificados. Em Minas Gerais, por
exemplo, os estudantes da Univer-
sidade Federal de Viçosa (UFV), de-
senvolveram o Projeto Q, para au-
mentar a renda dos produtores de
queijo da região de Rio Paranaíba,
onde fica o campus da turma. Ma-
pearam a produção local, desco-
briram que são mais de 6 mil pro-
dutores e que a maioria trabalhava
de forma irregular — sem as licen-
ças sanitárias necessárias e sem ne-
nhum conhecimento das técnicas
de marketing para promover os
produtos. Pior, estavam nas mãos
de atravessadores, que compra-
vam os queijos por R$ 10 e os re-
vendiam a R$ 45 o quilo.
Hoje, com todas as melhorias
levadas pelos estudantes, entre
eles graduandos em agronomia,
veterinária, administração, mar-
keting e nutrição entre outras, a
renda média dos produtores de
queijo subiu cerca de 74%.
Sant'Ana do Livramento (RS): alunos e professor da UFSM fazem, há 10 anos, experimentos no solo do vinhedo da Salton
vador da UCS com a Salton hoje é a
Análise do Ciclo de Vida do produ-
to (ACV), que avalia os impactos
ambientais da cadeia produtiva da
empresa para além dos gases, e
considera uso de recursos hídricos,
solo, o envase, a geração de resí-
duos, a energia usada em todo o
processo, entre outros. “É avaliado
o impacto propriamente dito do
produto no ambiente. Enquanto o
inventário de carbono leva em tor-
no de seis meses, a ACV não é feita
em menos de 12 meses”, diz Julia-
no Rodrigues Gimenez, pesquisa-
dor da universidade. Segundo ele,
é o primeiro do tipo e deve servir
de referência para outras vinícolas
Não são apenas as comunida-
des que se beneficiam do traba-
lho dos universitários, as empre-
sas também colhem bons resul-
tados e os próprios estudantes
têm a oportunidade de conhecer
os tempos e protocolos do mun-
do corporativo. “Sempre houve
uma grande distância entre a for-
mação acadêmica e o que o mer-
cado demanda. Com essa expe-
riência, eles aprendem que cada
projeto precisa ficar dentro do
orçamento planejado, tem de ter
métricas e precisa ser sustentável
do ponto de vista econômico”,
afirma Leonardo Santos, atual-
mente conselheiro da Enactus
Brasil e que acompanhou um
projeto de redução de desperdí-
cio de alimentos quando respon-
dia pela área de sustentabilidade
do McDonald´s.
“Nem sempre é possível incor-
porar as inovações trazidas pelos
estudantes, especialmente por
questões de escala, mas elas sem-
pre contribuem para nos aproxi-
marmos dos Objetivos de Desen-
volvimento Sustentável (ODS)”,
afirma Flávia Tayama, diretora de
sustentabilidade da Cargill e pre-
sidente da Fundação Cargill, que
apoia a Enactus Brasil. Já a direto-
ra de Recursos Humanos e Gene-
da região e para o setor.
Empresa e universidade realiza-
ram ainda um estudo científico so-
bre economia circular, utilizando
os resíduos da cadeia produtiva
(vitícola e estação de tratamento
de efluentes) para geração de ca-
lor. O projeto está em fase de análi-
se de investimentos pela empresa.
Na produtora de espumantes
Chandon, a parceria com o Institu-
to Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Sul
(IFRS) ajudou a montar a estraté-
gia de redução de uso de herbici-
das e definir o grupo de plantas
que seriam mais adequadas para
ficar nas entrelinhas e nas linhas
ral Affairs para a América Latina
da Sumitomo Chemical, Andrea
de Oliveira, acredita que um dos
grandes benefícios de trazer os
estudantes para dentro da em-
presa, é despertar os colaborado-
res para a importância dos proje-
tos de impacto social. “Tivemos
mais de 150 executivos nossos
atuando como mentores dos ti-
mes, nesses dez anos de parceria
com a Enactus”, diz ela.
O objetivo da organização, diz
Joana Rudgier, é educar os jovens
para a produção de negócios de
impacto socioambiental. O fim da
estrada de cada projeto é demarca-
do quando ele cumpre o papel de
desenvolver a comunidade onde
foi desenvolvido. “Sempre o objeti-
vo é que o projeto se transforme ou
em uma política pública, ou em
negócio de impacto social ou que
possa ser tocado pelos próprios
beneficiários”, diz ela.
Foi o que aconteceu com o Cen-
tro Universitário (Facem), de Soro-
caba, em São Paulo, que reuniu 60
universitários, divididos em gru-
pos de 12 times com o objetivo de
solucionar problemas apresenta-
dos pela comunidade de cerca de
1,5 mil habitantes da Ilha do Com-
bu, no Pará. De acordo com Vitor
Belota Gomes, gerente de susten-
NAIARA BERTÃO/VALOR
das videiras. “Ao invés de usar her-
bicida, estudamos a utilização de
roçadas”, comenta Leonardo Cury,
especialista em inovação e viticul-
tura sustentável e professor do
IFRS. Ele acrescenta que ser susten-
tável exige vontade das empresas,
porque é um processo trabalhoso,
de longo prazo e custoso. “O ma-
quinário que a Chandon usa foi
importado da França e feito sob
medida para se adaptar ao relevo
do terreno e distância das linhas
[de videiras]. A empresa tem que se
interessar e ir atrás”, diz.
A aproximação com a acade-
mia, segundo Cury, traz como be-
nefício a inovação. “Por ser um de-
DIVULGAÇÃO
tabilidade da Facem, a maior de-
manda foi acesso regular à energia
e à água potável. O projeto vence-
dor, batizado de PuriFicar, além de
ter sistemas de filtragem, parecido
ao dos velhos e conhecidos filtros
de barro, ganhou sistema ultra-
violeta com ação bactericida.
Gomes calcula que cada filtro
custe cerca de R$ 2 mil , valor que
pode parecer inacessível aos ribei-
rinhos. “Mas é preciso calcular
quanto eles deixarão de gastar
com a compra de água potável,
que naquela região não sai por
menos de R$ 100 ou R$ 150 e tam-
bém com o diesel dos barcos só pa-
ra ir comprar água, numa viagem
que não demora menos que 50 mi-
nutos para ir e outros 50 para vol-
tar”, contabiliza o executivo que
espera que empresas se interessem
em patrocinar a produção em es-
cala do produto.
CONTEÚDO
PATROCÍNIO
safio, acaba contribuindo para um
melhor desempenho das opera-
ções e processos, também no de-
senvolvimento de novos produ-
tos”. Ele cita que um grupo de estu-
dantes desenvolveu uma tesoura
que se autodesenfeta e outro gru-
po alimentos nutritivos a partir de
resíduos da uva e maçã, como uma
barra de cereal sem glúten e com
probióticos, uma mistura de bolo
e chás. “Também estamos paten-
teando uma armadilha autônoma
e tecnológica, que usa técnicas de
inteligência artificial, machine
learning e rede neural para identi-
ficar e capturar a mosca da fruta,
que é um problema para a fruticul-
tura e viticultura. Dessa forma, os
produtores conseguiram diminuir
a quantidade de químicos e apli-
car só quando necessário”.
Cury e a professora do IFRS Sha-
na Sabbado Flores, especialista em
Gestão e Inovação, estão dissemi-
nando as boas práticas para agri-
cultores de diversos portes no Esta-
do. Flores, inclusive, desenvolveu
uma metodologia chamada Bac-
cus - em alusão ao deus do vinho
Baco, também conhecido como
Dionísio na mitologia greco-ro-
mana -, que contempla 100 indica-
dores para os produtores de vinho
sobre o nível de sustentabilidade
na na área agrícola e indústrial.
A tese, desenvolvida por Flores
no doutorado, se baseia em pes-
quisa de campo em produções na
França, Itália e Espanha e da obser-
vação de protocolo de vitivinicul-
tura sustentável em outros cinco
países (África do Sul, Austrália, No-
va Zelândia, Estados Unidos e Chi-
le). O objetivo é mensurar o que se
está fazendo de bom e traçar uma
estratégia de melhorias”, diz ela.
Entre os indicadores estão gestão
da água, ecoeficiência, biodiversi-
dade, práticas agrícolas, saúde e
segurança do trabalho.
(*) A jornalista viajou a convite
da Salton
 Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 | Valor | B5

Empresas | Serviços&Tecnologia
Ensino Governo revoga exigências atreladas ao Mais Médicos e retoma a moratória que congela novas vagas até abril

MEC derruba portaria de cursos medicina

Beth Koike
De São Paulo
Publicada a poucas horas do fim
do governo Bolsonaro, a portaria
regulamentando novas regras pa-
ra os cursos de medicina foi revo-
gada, ontem, pela atual gestão do
Ministério da Educação (MEC).
Com isso, caiu a exigência que
determinava a todas as institui-
ções de ensino superior — inclusi-
ve aquelas que abriram cursos de
medicina judicialmente — segui-
rem as regras do Mais Médicos. Pe-
lo programa do governo federal, as
escolas são obrigadas a reverter
10% do faturamento obtido com
mensalidades à rede pública de
saúde da cidade onde está instala-
do o curso, conceder bolsa integral
a alunos carentes e investir em pro-
gramas de residência e internato,
uma vez que elas usam a estrutura
do SUS dos municípios para capa-
citar seus estudantes.
Em seu ato normativo, o MEC
informou que volta a valer o mo-
delo anterior, cujas regras não
obrigam as faculdades que abri-
ram um curso de medicina via li-
minar a dar as contrapartidas aos
SUS, exigidas pelo Mais Médicos.
A decisão da pasta retomou ain-
da a moratória que, em 2018,
congelou a abertura de novas va-
gas, entre 2019 e abril deste ano.
Esse cenário levou a uma onda
de pedidos de liminares para aber-
tura de cursos fora do programa
do governo e da moratória. Cerca
de 800 vagas de medicina já foram
autorizadas no Judiciário e há ou-
tras 205 ações sendo analisadas. A
alegação dos advogados é que o se-
tor de ensino superior é livre à ini-
ciativa privada, não devendo se
restringir a chamamentos públi-
cos do programa Mais Médicos.
Há possibilidades de uma cor-
rida aos tribunais atrás de autori-
zação de graduação de medicina
antes da publicação de outra por-
taria, que deve ocorrer até abril,
quando vence a moratória. A le-
gislação que congelou a criação
de vagas determinou que uma
nova regulação seja publicada até
a reabertura desse mercado.
Além disso, deve haver uma
pressão desse grupo para que o
novo ato normativo venha mais
flexível, principalmente, no que
diz respeito ao repasse de fatia
do faturamento à rede pública de
saúde. Assim, que a portaria de
dezembro foi publicada, essa foi
a principal queixa daqueles que
estavam fora do Mais Médicos.
Dos 250 cursos privados, apenas
61 foram criados dentro das re-
gras do programa. O restante foi
aberto antes de 2013 (que é a
maioria) ou via liminar judicial.
Para o mercado financeiro, o
cancelamento da portaria é ruim e
traz instabilidade. “No geral, a re-
vogação é negativa. As novas re-
gras traziam mais visibilidade à
operacionalidade e qualidade ao
se criar um padrão a todos os cur-
sos, independentemente do pro-
cesso de autorização”, afirma Fred
Mendes, analista do BofA. Para
Leandro Bastos, do Citi, a medida
reduz uma pressão nas margens
de ganho porque a portaria exigia
um repasse de 10% da receita ao
SUS, mas “a volta da moratória e as
mudanças constantes nos marcos
regulatórios podem aumentar a
aversão de investidores sobre as
empresas do setor”.
Ao mesmo tempo, há expecta-
tiva de parte do setor que o MEC
faça poucas adaptações ao criar
uma nova portaria. Isso porque o
ato normativo anterior tem um
apelo social como a valorização
do Mais Médicos, idealizado pelo
PT, aumenta o repasses ao SUS e
concede bolsas a alunos caren-
tes, entre outros aspectos. Além
disso, foi feito a quatro mãos
com o Ministério da Saúde e o
Conselho Federal de Medicina.
Devido a essas características,
a revogação da portaria em tão
pouco tempo causou certa sur-
presa, mesmo considerando o
“revogaço” do governo Lula, que
já cancelou várias medidas assi-
nadas na gestão Bolsonaro. Pe-
sou mais a rivalidade política en-
tre petistas e bolsonaristas. Se-
gundo fontes, a equipe de transi-
ção pediu documentos de todos
os atos que estavam sendo traba-
lhados. O outro lado, por sua vez,
passou o que considerava viável.

Apple perde US$ 1 tri de valor de mercado Desempenho na Nasdaq

Ações da Apple (US$/ação)
190
180,96
Celular US$ 3 trilhões. As ações da compa- um forte desempenho ao longo da “significativas” na linha de monta- de infecções no país está aumen- 180

Patrick McGee
Financial Times, de San Francisco
O valor de mercado da Apple
nhia caíram mais de 3,5% nesta ter-
ça-feira, recuando para o ponto
mais baixo desde junho de 2021.
A Apple ainda teve um desem-
penho melhor que seus pares no
pandemia de covid-19. A compa-
nhia registrou 14 trimestres conse-
cutivos de crescimento e nos 12
meses até setembro, registrou uma
receita recorde de US$ 394 bilhões
gem dos iPhones de última gera-
ção, depois de um surto de covid-
19 em uma megafábrica em
Zhengzhou, na China, administra-
da pela Foxconn, sua maior mon-
tando. “A situação atual da covid-
170
19 na China é a maior incógnita
para os resultados operacionais da 160
Apple no ano calendário de 2023”,
disse Tom Forte, analista da DA Da- 150

caiu abaixo de US$ 2 trilhões nes- ano passado: ela perdeu 27% de e um lucro líquido de quase tadora. Desde então, analistas re- vidson & Co.
ta terça-feira, estendendo uma seu valor nos últimos 12 meses, em US$ 100 bilhões. duziram suas previsões de receitas A Apple foi a primeira compa- 140

queda acentuada que já elimi-
nou cerca de US$ 1 trilhão do va-
lor da companhia, em meio ao
temor dos investidores com in-
terrupções das operações de suas
fábricas na China.
A dramática queda do valor de
mercado da fabricante do iPhone
representa uma inversão total em
relação ao primeiro dia de nego-
ciação das ações em 2022, quando
a Apple se tornou a única empresa
a alcançar o valor de mercado de
comparação a uma perda de 33%
do índice Nasdaq Composite, car-
regado de ações de tecnologia.
A queda impressionante do va-
lor em dólar reflete uma cautela
maior do mercado, uma vez que os
investidores lidam com uma reces-
são iminente, a inflação persisten-
temente alta e uma reverão súbita
da política monetária global após
anos de taxas de juros em patama-
res históricos muito baixos.
Os negócios da Apple tiveram
Segundo a Counterpoint Re-
search, nos primeiros nove meses
do ano a companhia vendeu ape-
nas 14% de todos os smartphones
vendidos no mundo, mas mesmo
assim respondeu por 43% de todas
as receitas e 82% de todos os lucros
– sua maior participação nos lu-
cros desde 2015.
No entanto, os últimos meses
foram caóticos para a companhia,
que no começo de novembro disse
estar enfrentando interrupções
para o lucrativo período das festas nhia de capital aberto a alcançar o
130
de fim de ano, com a expectativa valor de mercado de US$ 1 trilhão
agora sendo a de que a Apple deve- em agosto de 2018, e a primeira a 120 125,07
rá sofrer uma interrupção na se- chegar aos US$ 2 trilhões em agos- 3/jan 3/jan
quência de crescimento das recei- to de 2020. Ela continua sendo a 2022 2023
tas no quarto trimestre de 2022. A única companhia a alcançar o va- Variações, em %
projeção para o lucro líquido é de lor de mercado de US$ 3 trilhões.
No dia -3,74
uma queda de 8%. Não há no momento nenhuma
Em 12 meses -30,89
A ameaça à produção da Apple empresa de tecnologia avaliada
aumentou nos últimos meses de- em mais de US$ 2 trilhões, mas a Valor de mercado
pois que Pequim flexibilizou sua Apple continua sendo a maior, se- US$1,99 trilhão
dura estratégia de combate à co- guida da Microsoft, avaliada em
vid-19. Agora, o número de casos US$ 1,8 trilhão. Fontes: Nasdaq e Yahoo Finance. Elaboração: Valor Data

Tribunal do Cade decide se vai

continuar investigando iFood
PEDRO TEIXEIRA / O GLOBO

Concorrência
Beatriz Olivon
De Brasília

Acusações recebidas pelo Con-

selho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) de infrações à
ordem econômica por parte do
iFood poderão continuar sendo
investigadas pelo órgão.
O conselheiro Gustavo Augusto,
em despacho, propôs que um in-
quérito administrativo retorne à
Superintendência Geral (SG) do
órgão para que seja instaurado um
procedimento administrativo, ou
seja, para que prossiga a investiga-
ção. O despacho será submetido
ao plenário do Cade na próxima
sessão, marcada para fevereiro.
O despacho impede o arquiva-
mento do caso, como havia sido
sugerido pela SG (a superinten-
dência faz a primeira análise dos
casos que chegam ao Cade). De
três potenciais infrações apresen-
tadas pela Associação Brasileira
das Empresas de Benefícios ao Tra-
balhador (ABBT), o conselheiro
manteve o arquivamento de duas.
Terá seguimento apenas a investi-
gação sobre a possibilidade de
existir discriminação de tratamen-
to dentro da plataforma iFood.
Se o tribunal confirmar o despa-
cho de Augusto, haverá a instaura-
ção do procedimento na SG com a
realização de diligências comple-
mentares. A partir dessa etapa a SG
dará novo parecer sobre o caso e o
tema poderá chegar ao tribunal
novamente, que decidirá, então, se
há ou não infração à ordem econô-
mica. Somente depois de todo esse
caminho, o Cade poderá impor al-
guma punição ao iFood, ou encer-
rar definitivamente o caso.
O inquérito administrativo foi
instaurado em abril de 2022 pela
SG a pedido da ABBT. Segundo a
denunciante, o iFood teria desen-
volvido condutas lesivas à concor-
rência em dois mercados, o de pla-
taformas digitais de “delivery” de
refeições prontas, no qual a com-
panhia é líder, e no mercado de va-
le-benefício, ao criar uma compa-
nhia que opera o vale-refeição co-
nhecido como iFood Refeição.
Foram três as acusações da
Plenário do Cade vai avalia conduta do iFood no mercado de benefícios
ABBT: uso da base de dados origi-
nada da atuação do iFood no mer-
cado de plataformas digitais de
“delivery” de refeições prontas pa-
ra prospectar seus negócios no
mercado de vale-benefício; ado-
ção de receitas auferidas no merca-
do de plataformas digitais de “deli-
very” de refeições prontas para fi-
nanciar descontos e outras vanta-
gens para clientes corporativos no
mercado de vale-benefício e a dis-
criminação de concorrentes do
iFood Benefícios como meio de pa-
gamento na plataforma do iFood.
É apenas sobre o terceiro item que
a investigação terá sequência.
Em outubro, a SG arquivou o in-
quérito administrativo, por enten-
der que não há infrações à ordem
econômica. A ABBT recorreu e o re-
curso foi negado.
O conselheiro Augusto diz, no
despacho, que se posicionou pela
sequência de investigações tendo
em vista indícios de prática de ala-
vancagem anticompetitiva, venda
casada, recusa de contratar, fecha-
mento vertical e discriminação
vertical. Augusto recomendou que
a SG realize instrução complemen-
tar para elucidar esses pontos. Ca-
berá ao tribunal do Cade decidir se
a SG deverá seguir com a análise.
Outro inquérito administrativo
no Cade já levantou questiona-
mentos sobre a conduta da iFood
com relação à livre concorrência. O
inquérito administrativo foi pro-
posto em 2020 e resultou em uma
medida preventiva proposta pela
SG em 2021. A autarquia determi-
nou que o iFood não celebrasse no-
vos contratos de exclusividade
com bares e restaurantes. Os anti-
gos foram preservados.
A Rappi, uma das empresas que
levaram o tema ao Cade na época,
chegou a alegar que, mesmo com a
medida preventiva imposta, havia
dificuldades para competir com o
iFood. A Rappi lembrou que a Uber
Eats, então segunda empresa com
maior fatia no mercado de entrega
de comida por aplicativos, encer-
rou suas atividades no Brasil.
Em nota, o iFood disse que suas
práticas e políticas comerciais es-
tão em conformidade com a legis-
lação concorrencial. Afirmou que
segue colaborando com o Cade.
Em nota, a ABBT afirmou que
recebeu “com naturalidade” a
proposta de avocação do inquéri-
to administrativo. Para a entida-
de, a questão merece uma instru-
ção aprofundada por causa da
sua complexidade.
B6 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Empresas | Tendências&Consumo
Limpeza Dona das marcas Urca e Baby Soft passa de quatro para nove fábricas
Gtex acelera aquisições e
atinge receita de R$ 1,2 bi
Ana Luiza de Carvalho
De São Paulo
A fabricante de produtos de
limpeza Gtex, dona de marcas
como Urca, Baby Soft e UFE, fe-
chou 2022 com faturamento es-
timado em R$ 1,2 bilhão — bem
acima dos R$ 780 milhões obti-
dos no ano anterior. Boa parte
desse crescimento veio dos qua-
tro negócios adquiridos, am-
pliando sua presença em merca-
dos regionais. Ao todo, a compa-
nhia investiu R$ 200 milhões em
aquisições no ano passado.
A empresa, que projeta atingir
receita anual de R$ 2 bilhões até
2024, vem registrando cresci-
mento expressivo nos últimos
anos, depois de um período de
altos e baixos. A companhia cres-
ceu aceleradamente com aquisi-
ções no início dos anos 2000, foi
vendida a um fundo inglês em
2010, voltou às mãos da família
fundadora poucos anos depois,
passou por um processo de recu-
peração judicial e entrou em no-
va fase de expansão (ver abaixo).
Com a pandemia, segundo a di-
retoria da empresa, o brasileiro in-
tensificou a limpeza doméstica, o
que impulsionou ainda mais as
vendas de produtos da categoria.
A CEO da Gtex, Talita Santos
observa que, por outro lado, o
custo de vida mais alto tirou ren-
da do consumidor. Assim, uma
das estratégias nos últimos tri-
mestres foi oferecer produtos em
embalagens menores, com preço
unitário mais baixo. “Nós temos
um portfólio amplo de produtos
para que o consumidor tenha
poder de escolha, então entrega-
mos melhores condições, reduzi-
mos volumetria das embala-
gens”, conta ela, que é filha do
fundador da companhia, José
Domingues Santos.
Também em razão da pande-
mia, os bloqueios realizados em
todo o mundo levaram a uma dis-
rupção na cadeia de suprimen-
tos, o que elevou os preços das
matérias-primas. Domingues
Santos diz que, desde o fim do
ano passado, a companhia vem
repassando parte da inflação aos
preços de seus produtos. “Com
parcerias com fornecedores con-
seguimos segurar muito o au-
Trajetória da fabricante lembra montanha-russa
De São Paulo
A fabricante de produtos de
limpeza Gtex foi fundada há 50
anos por José Domingues Santos e
sua esposa Neiva Santos em São
Paulo. A trajetória lembra uma
montanha-russa: forte crescimen-
to inicial, venda a um fundo es-
trangeiro, queda da receita, retor-
no dos fundadores, um processo
de recuperação judicial e nova on-
da de expansão, com aquisições.
Na década de 2000, a compa-
nhia iniciou uma forte agenda de
aquisições de pequenas indús-
trias regionais, que se estendeu
pelos dez anos seguintes.
O casal possuía, até então, uma
distribuidora de produtos de
limpeza no bairro da Barra Fun-
da, em São Paulo. A primeira
aquisição foi a da Rosatex, locali-
zada em Guarulhos e dona da
marca Urca. Outra marca impor-
tante do portfólio, a UFE, foi ad-
quirida em 2009.
O desempenho da companhia
chamou a atenção do fundo inglês
Actis, que propôs a compra do
controle acionário da Gtex por R$
50 milhões no fim de 2010. No pri-
meiro trimestre de 2011 a família
fundadora deixou a gestão.
De acordo com Domingues San-
tos, a transição foi realizada de for-
ma muito rápida e o fundo não ti-
nha conhecimento aprofundado
das particularidades do setor no
Brasil, o que culminou na crise fi-
nanceira da companhia. O fatura-
mento da Gtex passou de cerca de
R$ 250 milhões para R$ 180 mi-
lhões e a companhia passou a ope-
rar com prejuízo.
Três anos depois, o fundo pro-
pôs a Domingues que retomasse o
controle da empresa. A partir daí,
Talita Santos, CEO da Gtex: embalagens menores ajudaram a impulsionar as vendas em época de inflação alta
mento de preços, principalmente
em 2020 e 2021. Mas no fim de
2021, aí tivemos que repassar”,
acrescentou o empresário.
Ele afirma ainda que um dos
pilares do crescimento nos últi-
mos anos foi o fortalecimento
das marcas de maior valor agre-
gado e da oferta de produtos
com “bom custo-benefício”, co-
mo Urca e Baby Soft, além da ace-
leração da agenda de aquisições.
Em 2022, a Gtex realizou quatro
compras, avaliadas em R$ 200 mi-
lhões ao todo. Os ativos foram as
fabricantes de produtos de limpe-
za regionais Carlezani, em Ribei-
rão das Neves (MG), a Espumil, em
Feira de Santana (BA), e a fábrica
da Ecoville em Joinville. A Gtex
também adquiriu a fabricante de
sistemas de embalagens Solupack,
no Rio de Janeiro.
De acordo com a empresa, os
ativos adquiridos devem represen-
tar cerca de R$ 300 milhões do fa-
os Santos voltaram ao negócio. A
prioridade era voltar a gerar caixa
e renegociar dívidas. “Não foi uma
má gestão do fundo, mas eles ti-
nham experiência em participa-
ções minoritárias, fomos o único
investimento em que foram majo-
ritários”, diz Domingues Santos.
Procurado pelo Valor, o fundo Ac-
tis não quis se manifestar.
A renegociação de dívidas in-
cluiu um pedido de recuperação
judicial em junho de 2014, após
diálogo prévio com os fornecedo-
res e demais credores da Gtex. À
época, o nível de endividamento
anual da companhia, medido pela
razão entre a dívida líquida e o
Ebitda, estava em 26 vezes.
Os fornecedores representavam
23% do total de credores da recu-
peração judicial, que somava R$
223,3 milhões. Segundo a Gtex, as
novas compras foram realizadas à
vista, como forma de evitar maio-
res riscos para os parceiros.
A Gtex adotou a figura do cre-
dor financiador, em que o credor
que cedesse prazo de pagamento
para novas compras receberia par-
te da dívida com pagamento ante-
cipado. Para cada dez dias conce-
didos, 1% do montante da dívida
seria antecipado — com a conces-
são de 30 dias para pagamento, 3%
do valor seria pago; com 60 dias de
prazo, o percentual seria de 6%; e
assim sucessivamente.
De acordo com a Gtex, mais de
95% dos fornecedores que rece-
beram os pagamentos seguem
negociando com o grupo, e os vo-
lumes aumentaram mais de cin-
co vezes em relação ao início da
recuperação judicial.
A Gtex afirma que mais de 70%
do passivo estava com bancos. A
maior parte foi amortizada com
CES começa com
expectativa de
CELSO DONI/VALOR
recuperação
Eletroeletrônicos R$ 5,30 ou R$ 5,40 durante maior
parte do ano, a tendência é ter-
Daniela Braun mos um ano estável”, prevê. On-
De São Paulo tem, a moeda americana fechou
em alta de 1,77%, a R$ 5,4520.
A feira Consumer Electronics Na CES 2023, o executivo espera
Show (CES) abriu suas portas em ver avanços em telas dobráveis, já
Las Vegas (EUA) nesta terça-feira e apresentadas em edições anterio-
vai até o dia 8 mostrando os cami- res do evento, maior inclusão de
nhos que o mercado de tecnologia telas em eletrodomésticos e novi-
deve trilhar ao longo do ano. dades em automação, incluindo
Novidades em eletroeletrôni- avanços em microprocessadores.
cos de consumo, dispositivos pa- No primeiro dia do evento, a
ra “casa inteligente”, eletrodo- fabricante americana de micro-
mésticos mais conectados e sus- processadores Intel, anunciou a
tentáveis, carros elétricos e até 13 a geração de sua família de
metaverso devem entrar nos processadores Intel Core com 32
anúncios que começam a partir modelos diferentes direcionados
desta quarta-feira (4). a notebooks ultrafinos, que são
Em eletroeletrônicos de con- produtos geralmente mais caros.
sumo, a expectativa do setor é de A expectativa da Intel é que os fa-
recuperação em 2023 frente a bricantes de computadores lan-
um ano passado fraco em ven- cem as primeiras máquinas com
das, após um salto na demanda os novos processadores em maio,
no auge da pandemia da covid- informa Giovana Gaiolli, gerente
19, informa a empresa alemã de de marketing da Intel Brasil.
pesquisas de mercado GfK. “A gente tem um foco grande
“Os dois anos de pandemia no Brasil para um mercado mais
acabaram por beneficiar produ- premium de notebooks”, afirma
tos de informática e eletrodo- Gaiolli. Profissionais que traba-
mésticos para casa e foram anos lham de forma híbrida e buscam
atípicos, quando vimos tendên- máquinas mais leves, com me-
cias inesperadas com alto cresci- lhor capacidade de processa-
mento em vendas na área de tec- mento e maior duração da bate-
nologia", diz Rui Agapito, diretor ria, são o público-chave da em-
estratégico de contas da GfK, que presa com a nova linha de chips,
está na CES 2023 para acompa- assim como os fãs de jogos.
turamento de R$ 1,2 bilhão esti- dos pela Gtex estão entre os mais nhar as novidades do evento. O público gamer foi priorida-
mado para 2022, enquanto os R$ comprados do Brasil, segundo “Após um ano fraco, a gente espe- de no lançamento dos primeiros
900 milhões restantes são referen- pesquisa da Kantar. Com as marcas ra uma certa estabilidade, com chips de 13 a geração da Intel, a li-
tes a operações orgânicas. Baby Soft e Urca, a Gtex é vice-líder exceção de televisores que tive- nha K, em setembro, para com-
Após a conclusão das aquisi- na categoria de amaciantes, além ram ano positivo de vendas na putadores de mesa. Ontem a In-
ções, a companhia passou de qua- de ocupar a terceira posição no América Latina pela demanda da tel lançou a série H voltada a no-
tro para nove fábricas, além de três segmento de lava-roupas líquido. Copa do Mundo 2022”, diz. tebooks para games. “É literal-
centros de distribuição, localiza- Com as recentes aquisições, Entre janeiro e outubro de mente ter uma experiência de
dos no Distrito Federal, Fortaleza e um dos objetivos da companhia 2022, o mercado global de ele- desktop no notebook para que as
em São José dos Pinhais, na região é ampliar sua presença na Bahia. troeletrônicos faturou US$ 680 pessoas consigam ter mobilida-
metropolitana de Curitiba. Do total do faturamento no Nor- bilhões, uma desaceleração de de”, compara Gaiolli.
“Nós percebemos que o produ- deste, o mercado baiano tem 7,4% frente ao mesmo período do O segmento também está na
to de limpeza é um item extrema- participação de cerca de 10%. A ano anterior, informa a GfK. “É mira da sul-coreana LG, que
mente econômico, com uma maior parte da receita da região improvável que essa tendência se anunciou ontem na feira dois
margem que não é das melhores vem de Estados como Pernambu- recupere nos resultados do ano monitores, de 27 e 45 polegadas,
já que tem muita água na compo- co, Paraíba e Alagoas. inteiro de 2022, mas as previsões para computador com tecnolo-
sição, então precisamos trabalhar Para 2023, a Gtex estima receita para 2023 são mais promisso- gia OLED voltados a games. Nes-
com a expertise de estar mais pró- bruta de R$ 1,72 bilhão, conside- ras”, comenta Ines Haaga, espe- ta quarta-feira, a empresa tam-
ximo do consumidor. Quando rando as sinergias a serem regis- cialista em tecnologia de consu- bém apresenta sua nova geração
você tem uma única indústria, es- tradas. Domingues afirma que o mo e duráveis da GfK, em relató- de televisores OLED no evento.
tá usando óleo diesel para trans- próximo passo em relação às em- rio recente da empresa. Os modelos ainda não têm preço
portar água. É lógico que cons- presas compradas é integrar à Gtex O resultado positivo dos países sugerido ou previsão de lança-
truindo fábricas sua despesa não as áreas de tecnologia e os sistemas asiáticos emergentes, com alta mento no mercado brasileiro.
cai, mas você gera emprego na re- de produção dos novos ativos. O de 13% no faturamento, não A direção dos fornecedores a
gião” afirma Domingues Santos. processo deve demandar R$ 150 compensou o desenvolvimento dispositivos mais avançados, e
Os produtos de limpeza fabrica- milhões em investimentos. negativo de outros países e re- caros, é uma preocupação da GfK
giões no período de janeiro a ou- diante do poder de consumo afe-
tubro do ano passado. A China
faturou US$ 225 bilhões no pe-
ríodo, registrando queda de 10%,
tado pela inflação.
“Consumidores de todas as ca-
tegorias de renda estão se voltan-
imóveis dos sócios, ou seja, pro- mente soma R$ 31,6 milhões, o no comparativo com janeiro a do para alternativas mais baratas
priedades em nome dos Santos equivalente a 23,7% do montante outubro de 2021. A região dos dentro de seu segmento preferi-
“mostrando boa fé e vontade da total apurado durante o processo países asiáticos desenvolvidos, do, seja no nível básico ou pre-
família em recuperar o negócio”, de recuperação judicial. A Gtex es- incluindo Coreia do Sul e Japão, mium”, diz a consultoria em seu
informou a companhia. tima que o pagamento seja con- faturou US$ 72 bilhões (queda de relatório. Já as famílias de baixa
Durante a reestruturação, a em- cluído em dez anos contados a 13%), a Europa Ocidental alcan- renda estão chegando ao limite
presa promoveu a demissão de partir da homologação do plano, çou US$ 161 bilhões (queda de de seus orçamentos e, portanto,
20% dos funcionários para manter ou seja, em 2024. Para este ano, a 12%) e a América Latina, com fa- evitando fazer compras não es-
“o funcionamento das atividades e estimativa é que o nível de alavan- turamento de US$ 44 bilhões, te- senciais de eletroeletrônicos.
o emprego dos outros 80%”. A cagem fique abaixo de três vezes. ve queda de 7%, segundo a GfK. Gaiolli, da Intel, frisa que as
companhia afirma que parte dos Após o fim do processo, a com- Para o diretor de contas da novas gerações de microproces-
trabalhadores dispensados foi re- panhia também passou a atuar GfK, o resultado do mercado bra- sadores atendem também as má-
contratada posteriormente. com as consultorias Falconi e Vin- sileiro em 2023 também depen- quinas mais populares, com ver-
A partir de 2019, a Gtex reto- ci Partners, com o objetivo de es- derá da direção do real frente ao sões dos chips Intel Core i3 e Core
mou a geração de caixa operacio- truturar o relacionamento com o dólar. “Se o dólar ficar estável em i5, por exemplo.
nal e somou receita bruta de R$ sistema financeiro e desenvolver
650 milhões. Já em fevereiro de sua governança. Uma das possi-
2021, uma sentença encerrou a re- bilidades no horizonte da Gtex, a
cuperação judicial da companhia. médio prazo, é realizar uma ofer- Movimento falimentar
O saldo devedor da Gtex atual- ta pública inicial de ações. (ALC) Nota da redação: Em virtude do recesso forense, não há registros a serem publicados nesta data.
Agenda Tributária
Mês de Janeiro de 2023
Data de vencimento: data em que se encerra o prazo legal para pagamento dos tributos administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil.
Data de
Vencimento Tributos
Código
Darf*/GPS**
Período de Apuração
do Fato Gerador (FG)
Data de
Vencimento Tributos
Código
Darf*/GPS**
Período de Apuração
do Fato Gerador (FG)
Diária Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
Rendimentos do Trabalho
Reclamatória Trabalhista - CEI - pagamento exclusivo para outras
entidades (Sesc, Sesi, Senai, etc.)
2810** ”
Tributação exclusiva sobre remuneração indireta
Rendimentos de Residentes ou Domiciliados no Exterior
2063* FG ocorrido no mesmo dia Reclamatória Trabalhista - CNPJ
Reclamatória Trabalhista - CNPJ - pagamento exclusivo para outras
2909**
2917**
”
”
Royalties e Assistência Técnica - Residentes no Exterior
Renda e proventos de qualquer natureza
0422*
0473*
FG ocorrido no mesmo dia
”
entidades (Sesc, Sesi, Senai, etc.)
4 Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
Juros e Comissões em Geral - Residentes no Exterior
Obras Audiovisuais, Cinematográficas e Videofônicas (L8685/93) -
0481*
5192*
”
” Rendimentos de Capital
Títulos de renda fixa - Pessoa Física 8053* 21 a 31/dezembro/2022
Residentes no Exterior
Fretes internacionais - Residentes no Exterior 9412* ” Títulos de renda fixa - Pessoa Jurídica
Fundo de Investimento - Renda Fixa
3426*
6800*
”
”
Remuneração de direitos 9427* ”
Previdência privada e Fapi
Aluguel e arrendamento
9466*
9478*
”
”
Fundo de Investimento em Ações
Operações de swap
6813*
5273*
”
”
Outros Rendimentos
Pagamento a beneficiário não identificado 5217* FG ocorrido no mesmo dia
Day-Trade - Operações em Bolsas
Ganhos líquidos em operações em bolsas e assemelhados
8468*
5557*
”
”
Diária Imposto sobre a Exportação (IE) 0107* Exportação, cujo registro da
declaração para despacho aduaneiro
Juros remuneratórios do capital próprio (art. 9º da Lei nº 9.249/95)
Fundos de Investimento Imobiliário - Resgate de quotas
5706*
5232*
”
”
Diária Cide - Combustíveis - Importação - Lei nº 10.336/01
tenha se verificado 15 dias antes. Demais rendimentos de capital
Tributação Exclusiva - Art. 2º da Lei nº 12.431/2011
0924*
3699*
”
”
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a
importação de petróleo e seus derivados, gás natural, exceto sob a forma
9438* Importação, cujo registro da
declaração tenha se verificado no
Ganho de Capital - Integralização de Cotas com Ativos (art. 1ª da Lei nº
13.043/2014)
5029* ”
Diária
liquefeita, e seus derivados, e álcool etílico combustível.
Contribuição para o PIS/Pasep
mesmo dia. Empréstimo de Ativos - Fundos de Investimento (art. 8ª da Lei nº
13.043/2014)
5035* ”
Importação de serviços (Lei nº 10.865/04) 5434* FG ocorrido no mesmo dia Rendimentos de Residentes ou Domiciliados no Exterior
Aplicações Financeiras - Fundos/Entidades de Investimento Coletivo 5286* 21 a 31/dezembro/2022
Diária Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)
Importação de serviços (Lei nº 10.865/04) 5442* FG ocorrido no mesmo dia
Aplicações em Fundos de Conversão de Débitos
Externos/Lucros/Bonificações/Dividendos
0490* ”
Diário (até 2 dias úteis Associação Desportiva que mantém Equipe de Futebol Profissional - 2550** Data da realização do evento (2 dias
após a realização do Receita Bruta de Espetáculos Desportivos - CNPJ - Retenção e úteis anteriores ao vencimento)
Juros remuneratórios de capital próprio
Outros Rendimentos
9453* ”
evento) recolhimento efetuado por entidade promotora do espetáculo (federação Prêmios obtidos em concursos e sorteios 0916* 21 a 31/dezembro/2022
ou confederação), em seu próprio nome. Prêmios obtidos em bingos 8673* ”
Diário (até 2 dias úteis Pagamento de parcelamento de clube de futebol - CNPJ - (5% da receita 4316** Data da realização do evento (2 dias Multas e vantagens 9385* ”
após a realização do
evento)
bruta destinada ao clube de futebol) úteis anteriores ao vencimento)
4 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a
Até o 2º dia útil após a Contribuição do Plano de Seguridade Social Servidor Público (CPSS)
data do pagamento das
Títulos ou Valores Mobiliários (IOF)
Operações de Crédito - Pessoa Jurídica 1150* 21 a 31/dezembro/2022
remunerações dos
servidores públicos
Operações de Crédito - Pessoa Física
Operações de Câmbio - Entrada de moeda
7893*
4290*
”
”
Data de vencimento do
CPSS - Servidor Civil Licenciado/Afastado, sem remuneração
Reclamatória Trabalhista - NIT/PIS/Pasep
1684*
1708**
Dezembro/2022
Mês da prestação do serviço
Operações de Câmbio - Saída de moeda
Aplicações Financeiras
5220*
6854*
”
”
tributo na época da
ocorrência do fato
Factoring (art. 58 da Lei nº 9.532/97)
Seguros
6895*
3467*
”
”
Ouro, Ativo Financeiro 4028* ”
gerador (vide art. 10 do
ADE Corat nº 17, de Fonte: Secretaria da Receita Federal
2022)
Reclamatória Trabalhista - CEI 2801** ” Obs.: Em caso de feriados estaduais e municipais, os vencimentos deverão ser antecipados ou prorrogados de acordo com a legislação de regência

Agronegócios
Insumos Empresa tem como meta dobrar de tamanho até a safra 2025/26
Agrológica amplia rede de
revendas em Mato Grosso
Fernando Lopes
De São Paulo
Com sete revendas de insumos
agrícolas em Mato Grosso, a
Agrológica aposta no contínuo
crescimento da produção de
grãos no Estado para manter seu
forte ritmo de expansão e dobrar
de tamanho até a safra 2025/26.
Na temporada 2021/22, que
terminou em junho, o fatura-
mento da empresa alcançou R$
512 milhões. O valor deverá su-
perar R$ 700 milhões neste ciclo
2022/23, e a meta traçada prevê
um avanço até R$ 1 bilhão.
A rede teve sua origem em
1992, com a fundação da Zoofort,
que comercializava produtos de
nutrição animal. Os insumos agrí-
colas entraram no portfólio em
1997. Dez anos depois, a empresa
vendeu o negócio de rações e pas-
sou a se chamar Agrológica.
valor.com.br
Cenários
França tem novos casos de gripe aviária
O Ministério da Agricultura da
França confirmou ontem três
novos focos de gripe aviária no
país, o que elevou para 253 o
número de casos da doença
desde 1º de agosto do ano
passado. Com as baixas
O agrônomo Antonio Henri-
que Botelho Lima, que está na
empresa desde 1997 e é sócio-
diretor, conta que, depois do re-
posicionamento de 2007, um
importante estímulo para o
crescimento da Agrológica foi o
acordo com a Syngenta na área
de defensivos, firmado em 2015.
Hoje, diz, os produtos da multi-
nacional de origem suíça, mas
controlada por capital chinês, re-
presentam 80% das vendas de de-
fensivos nas prateleiras das lojas
da cadeia. Outra tacada que deu
impulso ao fortalecimento da
Agrológica foi a venda, em 2018,
do controle da Sementes Campeã,
que ela havia adquirido em 2014.
A empresa conta atualmente
com unidades em Primavera do
Leste, Rondonópolis e Campo
Verde, no sul mato-grossense, em
Confresa, no nordeste do Estado,
e em Nova Mutum, Lucas do Rio
temperaturas e a grande
atividade migratória de aves
silvestres, o governo francês
mantém a classificação de alto
risco de disseminação da doença.
valor.com.br/agro
Verde e Sorriso, ao longo da BR-
163, importante rota de escoa-
mento de grãos para exportação.
Com essa rede, afirma Botelho
Lima, a Agrológica cobre meta-
de de Mato Grosso. Nos próxi-
mos dois anos, adianta, pelo me-
nos mais três lojas deverão ser
inauguradas nessas mesmas re-
giões. A abertura de cada loja
demanda investimentos de
R$ 500 mil a R$ 600 mil.
Assim, a expansão, que já fez o
faturamento da empresa mais do
que dobrar entre as safras 2018/19
e 2021/22, continuará a ser puxada
pelas vendas para produtores de
soja e milho, principalmente, mas
também de algodão e sorgo.
“O mercado de vendas de insu-
mos em Mato Grosso é muito
competitivo e vem sendo alvo de
movimentos de fusões e aquisi-
ções. Mas é um mercado de gran-
des oportunidades. Estamos in-
Entregas de adubos
Queda de 18% em outubro
As entregas de adubos das misturadoras aos produtores brasileiros
totalizaram 3,8 milhões de toneladas em outubro do ano passado, o
que representou uma queda de 18% em relação a outubro de 2021,
informou a Anda, que reúne as indústrias do segmento.
valor.com.br/agro
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 | Valor | B7
DIVULGAÇÃO
vestindo para fortalecer nossa
posição”, diz Botelho Lima.
Com a tensão e a volatilidade
dos preços que marcaram o seg-
mento de insumos em 2022, so-
bretudo na área de fertilizantes,
as operações de barter (troca de
insumos por colheitas futuras)
perderam força nesta safra
2022/23 e representaram, até
agora, aproximadamente 25%
das vendas totais, que estão mais
lentas que nos últimos anos.
Mas a tendência para as próxi-
mas temporadas, a partir da
“normalização” das vendas, é que
o modelo ganhe força e volte a
responder por cerca de 60% dos
negócios a prazo, que são o prin-
cipal motor da Agrológica.
valor.com.br
Outras informações sobre revendas de
insumos estão disponíveis em
www.valor.com.br/agro Antonio Henrique Botelho Lima, sócio-diretor da Agrológica: novas lojas até 2024
Lácteos
Explosão em fábrica da Itambé em MG
Uma explosão no início da noite fazia manutenção em uma das
de segunda-feira na fábrica de salas de transporte de leite em pó
laticínios Itambé, pertencente à quando houve a explosão. As
multinacional francesa Lactalis, vítimas tiveram queimaduras.
no distrito industrial de Não houve vítimas fatais.
Uberlândia (MG), deixou cinco
funcionários feridos. Uma equipe valor.com.br/agro
PREGÃO ELETRÔNICO NACIONAL
NF 2087-22
Objeto: contratação dos serviços de odontologia em todo o território nacional,
exceto Foz do Iguaçu-PR.
Condição de Participação: empresa legalmente estabelecida no Brasil.
Caderno de Bases e Condições: disponível no site
https://compras.itaipu.gov.br.
Recebimento das Propostas: até às 9h (horário de Brasília) de 18 de janeiro
de 2023.
Daniele Tassi Simioni Gemael Samuel Valiente Claverol
Superintendente de Compras Superintendente-adjunto de Compras
B8 | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Agronegócios
Políticas Segundo o ministro Paulo Teixeira, Conab ficará
com a Pasta e os estoques de alimentos serão retomados
MDA encara missão
de erradicar a fome
Rafael Walendorff
De Brasília
O ministro do Desenvolvimen-
to Agrário e Agricultura Familiar,
Paulo Teixeira, reforçou ontem,
na cerimônia de sua posse, que
tem pela frente o desafio de erra-
dicar a fome no Brasil e dar condi-
ções de vida mais dignas para as
pessoas que moram no campo.
Muito prestigiada, a cerimônia
contou com a presença do vice-pre-
sidente da República, Geraldo Al-
ckmin, e de diversas autoridades,
num sinal evidente da importância
que a Pasta terá no novo governo.
“Nenhum país pode se conside-
rar civilizado comtamanha parcela
da população ameaçada pela fome.
Sem comida, não há democracia”,
afirmou Teixeira em seu discurso.
O ministro disse que a Compa-
nhia Nacional de Abastecimento
(Conab) ficará na estrutura da
sua Pasta, apesar da sugestão do
ministro da Agricultura, Carlos
Fávaro, de implantar na estatal
uma gestão compartilhada.
“A Conab terá um papel impor-
tante na compra de alimentos e na
formação de estoques regulado-
res”, disse. “Todos os programas da
Conab voltados à agricultura em-
presarial serão mantidos, mas é
Ministério da Pesca quer atrair recursos de fundos estrangeiros
De Brasília
O ministro da Pesca e Aquicultu-
ra, André de Paula, disse ontem, em
cerimônia que marcou sua posse,
que a Pasta estará conectada com as
pautas mais importantes do gover-
no Lula, como o combate à fome, o
respeito à natureza e a melhoria de
vida das populações tradicionais,
com o desenvolvimento econômico
integrado à sustentabilidade.
Ele reforçou que é necessário
melhorar a imagem do Brasil no
exterior para ampliar a abertura
comercial para o segmento, prin-
cipalmente na Europa, e para
que o país possa captar recursos
Problemas causados pela seca ao milho gaúcho se aprofundam
Safra 2022/23
José Florentino
De São Paulo
O mercado está menos preocu-
pado com a situação das lavouras
de milho do Rio Grande do Sul do
que deveria, e essa impressão co-
meça a ganhar força entre analis-
tas de mercado. Desde seu pri-
meiro levantamento para a safra
2022/23, divulgado em outubro,
a Companhia Nacional de Abas-
tecimento (Conab) já reduziu em
11,2% a estimativa para a colheita
no Estado, para 5,13 milhões de
toneladas — e as projeções po-
dem diminuir ainda mais.
Segundo Ênio Fernandes, da Ter-
ra Agronegócios, a aparente “cal-
maria” em relação aos problemas
nesta temporada de verão decorre
do protagonismo da segunda sa-
fra, que passou de “safrinha” a res-
ponsável por 75% da produção bra-
sileira do cereal. “Mas uma quebra
no Rio Grande do Sul pode reduzir
estoques e dificultar as coisas até a
entrada da segunda safra”, diz.
A StoneX, que em dezembro cal-
culava a produção gaúcha de verão
em 5,4 milhões de toneladas, cortou
ontem a previsão para 3,5 milhões.
“E precisa chover neste mês para que
os atuais patamares de produtivida-
de se mantenham”, afirma o analista
João Baptistini. Segundo ele, a que-
bradeveráapertarobalançodeofer-
importante que a companhia fi-
que neste ministério”, reforçou.
Sobre os estoques, contudo,
Teixeira admitiu que será preciso
buscar recursos orçamentários
para bancar a armazenagem.
“Vamos conversar com a Fazenda
e com a Agricultura para pensar
na formação de estoques regula-
dores, para não ter aumento de
preço da comida na mesa do po-
vo brasileiro ou falta de comida
na entressafra”, disse.
Com a alta dos preços das car-
nes nos últimos anos — e depois
da promessa do presidente Lula
na campanha de que o povo vol-
tará a comer picanha —, Teixeira
não sabe se conseguirá fazer es-
toques desses produtos. “Vamos
ver as condições econômicas pa-
ra isso. Mas certamente estoque
de grãos haverá”, garantiu.
A cerimônia também atraiu mo-
vimentos sociais do campo, que
entregaram cestas de alimentos de
produtores da reforma agrária ao
novo ministro e fizeram apresen-
tações de música e poesia.
O auditório da Conab, em Bra-
sília, ficou lotado de deputados,
senadores e ex-ministros. A pre-
sidente do Partido dos Trabalha-
dores (PT), Gleisi Hoffmann, e o
ministro do Superior Tribunal de
para financiar investimentos na
atividade produtiva de pescados.
Segundo André de Paula, o mi-
nistério vai atender todo o segmen-
to — as comunidades ribeirinhas,
os pescadores artesanais e a pesca e
aquicultura industrial. “É preciso
retomar o fomento, a capacitação e
os investimentos na pesca e aqui-
cultura”, disse. “Na agenda interna-
cional, vamos estar atentos à capta-
ção de recursos junto a diversos
fundos de investimentos. [A busca
por recursos estrangeiros se dá] pe-
la necessidade de recomposição
orçamentária e para dar um sinal
do compromisso brasileiro com a
agenda ambiental do mundo”.
Produção de milho no Rio Grande do Sul: Conab e consultorias continuam a reduzir estimativas de colheita no Estado
ta e demanda, mas dificilmente fal-
tará milho no país. “A safrinha de
2021/22 foi muito boa”, lembrou.
De acordo com a Conab, tem cho-
vido pouco e de maneira irregular
no Rio Grande do Sul. Neste mês, “a
condição hídrica se agravou, am-
pliando a restrição em quase todos
os cultivos de grãos”, relata boletim
de monitoramento agrícola da esta-
tal. A Emater gaúcha informou na
semana passada que a situação é
mais grave no oeste do Estado.
Na região de Ijuí, por exemplo,
65% das plantações estão em estágio
Justiça (STJ), Benedito Gonçalves,
também estavam presentes.
Paulo Teixeira avalia que, des-
de 2016, quando ocorreu o im-
peachment da ex-presidente Dil-
ma Rousseff, houve um retroces-
so nas políticas voltadas à agri-
cultura familiar e aos povos do
campo, das águas e das florestas.
“O processo regressivo iniciado
em 2016 levou ao retorno do Brasil
ao mapa da fome. Temos um terri-
tório imenso, que não foi utilizado
de forma racional nesses últimos
anos devido à inexistência de polí-
ticas públicas”, disse o ministro.
Mesmo sem ligação direta com
o agro, Teixeira fez acenos a pautas
históricas dos movimentos sociais
da agricultura familiar, como a re-
forma agrária. Novos processos de
assentamentos foram paralisados
na gestão de Jair Bolsonaro.
“Hoje, nós reiniciamos esse de-
safio de erradicar a fome e dar
condições mais dignas de vida ao
brasileiro que vive no campo.
Queremos resgatar o papel do Es-
tado brasileiro, que por meio des-
se e de outros ministérios, deve
promover o acesso à terra”, afir-
mou. “Temos milhares de famílias
vivendo em acampamentos, em
beiras de estradas, em condições
paupérrimas em um país plena-
De Paula mencionou ainda a
possibilidade de que acordos e
protocolos para a pesca brasilei-
ra sejam assinados com parcei-
ros comerciais para desenvolver
o potencial produtivo e abrir ca-
minhos para a exportação.
Entre os pontos urgentes a se-
rem resolvidos, ele também ci-
tou as emissões de autorizações
para embarcações pesqueiras e
de carteiras para a atuação dos
pescadores pelo país. O ministro
disse que o setor industrial terá
papel chave, com avanços no
processamento de pescados.
Participaram da cerimônia de
ontem os ministros da Agricultu-
de enchimento de grãos e foram se-
veramente prejudicadas pela persis-
tente falta de chuva. De acordo com
a Emater, as perdas vão de 30% a
100%. Em Santa Rosa, o baixo volu-
me de precipitações, os ventos cons-
tantes durante as noites, a alta inso-
lação e as temperaturas elevadas
também afetaram parte das lavou-
ras. Estima-se perdas de 25% a 70%.
“Apesar do retorno das chuvas,
elas são extemporâneas. As plan-
tas já ultrapassaram os estádios de
definição da produtividade, res-
tando apenas o final do enchimen-
O ministro Paulo Teixeira: vice-presidente Geraldo Alckmin prestigiou a posse
mente capaz de oferecer terra e
moradia aos seus filhos e filhas”.
Segundo o ministro, o acesso à
terra é a porta para a garantia de
outros direitos, como mobilida-
de, energia elétrica, internet e
água de qualidade. Para ele, é
preciso mostrar o impacto da
agricultura familiar sobre a pre-
servação do meio ambiente.
Teixeira afirmou que pretende
implementar um programa de re-
forma agrária com a retomada de
desapropriações e a distribuição de
terras no Brasil. Ele disse ainda que
vai manter o processo de titulação
dos assentamentos já existente.
ra, Carlos Fávaro, do Turismo, Da-
niela Carneiro, e da Ciência, Tec-
nologia e Inovação, Luciana San-
tos. Parlamentares estaduais e fe-
derais e autoridades de Pernam-
buco, Estado natal de André de
Paula, também compareceram.
O ministro disse que seu perfil
político vai ajudar nas negociações
pela ampliação do orçamento da
Pasta, hoje de R$ 200 milhões, e
nas articulações para avançar com
demandas do setor no governo e
no Congresso Nacional, como a
desoneração de PIS e Cofins para a
ração de pescados na aquicultura.
Assim que foi anunciado para o
cargo, André de Paula manteve
DIVULGAÇÃO/EMATER-RS
to de grãos e a maturação. As per-
das já estão consolidadas”, afirma
a Emater, em nota. Produtores
gaúchos já estão recorrendo ao
Proagro ou ao seguro rural para
amenizar as perdas econômicas.
Segundo a Emater, o corte de la-
vouras para produção de silagem es-
tá avançando, em alguns casos de
formaemergencialparaaproveitara
massa vegetal produzida. “Mas há
perdas na produtividade e na futura
qualidade do alimento conservado.
Na Fronteira Oeste, o prejuízo ao po-
tencial produtivo das lavouras é ex-
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
O ministro garantiu que, nesse
processo, haverá segurança jurí-
dica e que o direito à proprieda-
de será respeitado. O ministro
criticou a paralisação das ações
de distribuição de terras no go-
verno passado e quer retomar
desapropriações que já estejam
com processos julgados na Justi-
ça. Teixeira ainda não tem um le-
vantamento do tamanho da área
apta para desapropriações.
O ministro disse, por fim, que
pretende ampliar as ações de assis-
tência técnica e extensão rural em
assentamentos da reforma agrária
e para produtores familiares.
reuniões com o ex-ministro da Pes-
ca, Altemir Gregolin, que coorde-
nou o grupo técnico da transição e
apresentou um panorama do setor
a ele. O novo ministro garantiu,
por exemplo, que “a pesquisa e as
estatísticas pesqueiras serão alvo
dos cuidados” da Pasta para articu-
lar políticas de curto, médio e lon-
go prazos. A falta de estatísticas do
setor é uma reclamação constante
de representantes da cadeia.
O ministro também afirmou
que buscará simbiose e equilíbrio
entre a produção por comunida-
des pesqueiras tradicionais arte-
sanais e o desenvolvimento mais
amplo da pesca industrial. (RW)
pressivo, e as chuvas devem interfe-
rir de forma menos significativa”.
Com as perdas, o Rio Grande do
Sul deverá perder para Minas Gerais
o título de maior produtor de milho
verão — até agora, por diferença de
60 mil toneladas, projeta a Conab.
Mas vale lembrar que a previsão ain-
da é de colheita 76,8% maior que a
de 2021/22, quando a seca provocou
uma quebra bem mais severa.
O Paraná, que deve continuar co-
mo o terceiro maior produtor brasi-
leiro, com 3,39 milhões de tonela-
das, conforme a Conab, também en-
frenta problemas com a estiagem. O
Departamento de Agricultura Rural
(Deral) da Secretaria de Agricultura
doParanáalertou,emboletim,quea
irregularidade das chuvas e as altas
temperaturastêmcomprometidoas
condições das lavouras no oeste e no
centro-oeste do Estado nos últimos
dias. “Mas a previsão de precipitação
para os próximos dias deve ser favo-
rável ao desenvolvimento”, realça.
Agora, as plantações em boas
condições são 79% do total, uma
queda de três pontos percentuais
em sete dias. Outras 18% estão em si-
tuação regular (+2 p.p.) e 3% apre-
sentam qualidade ruim (+1 p.p.).
Ainda assim, a situação está melhor
do que no ano passado, quando nes-
se mesmo período apenas 35% das
lavouras estavam em boas condi-
ções. Em 2021, os paranaenses co-
lheram 2,99 milhões de toneladas
de milho na primeira safra.
Usinas já
discutem
ações contra
a MP 1157
Políticas
Camila Souza Ramos
De São Paulo
As usinas de etanol já conside-
ram apelar para a via judicial para
tentar reverter a desoneração da
gasolina, aprovada na MP dos
Combustíveis, a MP 1.157, porque a
medida desfavorece a competitivi-
dade do etanol hidratado, apurou
o Valor. O plano é pressionar para
que o governo revogue a desonera-
ção de PIS/Cofins e Cide sobre a ga-
solina ou ao menos garanta o dife-
rencial tributário da gasolina em
relação ao etanol, de R$ 0,45 o litro.
Uma das opções cogitadas é
uma Ação Direta de Inconstitu-
cionalidade (Adin), que recorre-
ria à emenda constitucional 132.
Outra ideia é mover diversas
ações nas primeiras instâncias da
Justiça Federal. Uma opção não
necessariamente exclui a outra.
Aprovada em julho como parte
da “PEC das Bondades”, a emenda
132 inseriu na Constituição a obri-
gação de as alíquotas dos impostos
sobre biocombustíveis serem me-
nores que as dos derivados fósseis
sempre que um substitua integral-
mente o outro, como é o caso do
etanol hidratado com a gasolina.
O mecanismo foi planejado no
Congresso, depois que o ex-presi-
dente Bolsonaro reduziu as alíquo-
tas de ICMS e zerou as de PIS/Cofins
e Cide sobre combustíveis de forma
linear sem considerar que, para ser
mais competitivo que a gasolina, o
etanol já tinha alíquotas menores.
A emenda obriga que os impostos,
por 20 anos, tenham um diferen-
cial igual ou maior, em termos per-
centuais, que a diferença que vigo-
rava em 15 de maio de 2022.
Ao longo do segundo semestre de
2022, a ausência do diferencial pre-
visto na emenda constitucional foi
compensada por um crédito tribu-
tário de ICMSdeR$3,8bilhões,quea
União repassou aos Estados. Já a
prorrogação da desoneração, como
estabelece a MP que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva assinou no
dia 1 o, não prevê compensação.
Nos últimos dias, representan-
tes de usinas de etanol vêm man-
tendo contatos diários com o novo
governo. A avaliação do setor pri-
vado é de que há concordância no
Ministério da Fazenda com uma
tributação parcial da gasolina,
com alíquota equivalente ao dife-
rencial de R$ 0,45 o litro, mas que a
proposta não ecoa na ala política.
O setor vem insistindo que a au-
sência de diferencial tributário
também contraria o discurso do
novo governo, de apostar na tran-
sição energética. Anteontem, o mi-
nistro de Minas e Energia, Alexan-
dre Saraiva, anunciou a criação de
uma Secretaria Nacional de Transi-
ção Energética e mencionou a re-
valorização dos biocombustíveis.
Em 2022, o fim do diferencial tri-
butário reduziu a participação do
etanol na matriz de combustíveis do
país. Dados da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombus-
tíveis (ANP) até outubro mostram
que a participação da gasolina no ci-
clo Otto subiu 3 pontos percentuais
em relação a 2021, para 63%.
valor.com.br
Cenários
Novas normas para a
atividade pesqueira
O Ministério da Agricultura
publicou ontem a Portaria 1448,
que define as modalidades de
pesca e as normas gerais para as
autorizações de pesca de
embarcações nacionais.
valor.com.br/agro

Finanças
Inclui Legislação & Tributos
Destaques
Bancos de investimento
O Itaú BBA voltou a liderar o mer-
cado brasileiro em operações de
banco de investimentos no ano
passado, segundo levantamento
da Dealogic. A instituição finan-
ceira obteve US$ 115 milhões em
receitas na área em 2022, o que
representa participação de 13,4%
do total. O BofA aparece na se-
gunda posição, com US$ 112 mi-
lhões em receita (13% do total).
Na sequência estão BTG Pactual
(com US$ 95 milhões); Citi (com
US$ 52 milhões) e J.P. Morgan
(com US$ 47 milhões). A lista das
dez maiores instituições é com-
posta ainda por UBS (com
US$ 46 milhões); Bradesco BBI
(com US$ 43 milhões); Credit
Suisse (com US$ 39 milhões);
Santander (com US$ 38 milhões)
e Goldman Sachs (com US$ 31
milhões). Ao todo, as instituições
tiveram receita de US$ 861 mi-
lhões em 2022 com as operações
no Brasil. (Mariana Ribeiro)
Comando da Susep
A Superintendência de Seguros
Privados (Susep) terá Carlos Quei-
roz como novo chefe interino até
que um nome definitivo seja esco-
lhido. O ex-superintendente Ale-
xandre Camillo foi exonerado na
segunda-feira. O executivo Carlos
de Paula é um dos cotados para as-
sumir o cargo. Paula atualmente é
Conselheiro na Fundação Movi-
mento Universitário de Desenvol-
vimento Econômico e Social (Mu-
des). Trabalhou no Banco do Brasil
por 34 anos, onde especializou-se
no segmento de seguros e previ-
dência privada. Sua experiência
no setor passa pela Previc, regula-
dor dos fundos de pensão, como
diretor e superintendente. Partici-
pou do CNSP, do CNPC e foi diretor
executivo da FenaPrevi. Procura-
do, Paula não comentou sua possí-
vel indicação. Enquanto não há
definição do novo nome, a Susep
será liderada por um servidor de
carreira. Queiroz faz parte do setor
público há quase 20 anos e está na
superintendência de seguros des-
de 2010. (Juliana Schincariol)
Índice de Renda Fixa Valor
Base = 100 em 31/dez/99
1.791
1.781
1.771
1.761
1.751
1.741
22/nov
2022
Variações
No dia
No mês
No ano
Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Acordo entre Méliuz e BV
A Méliuz precisará contornar uma
“poison pill” — “pílula de veneno”,
mecanismo de proteção para mi-
noritários que dificulta ofertas
hostis — para fechar seu acordo
com o BV, anunciado em 30 de de-
zembro. Em teleconferência com
analistas, o head de relações com
investidores da companhia, Már-
cio Penna, afirmou que uma as-
sembleia deve ser convocada até a
próxima semana e que os contro-
ladores pedirão aos acionistas um
“waiver” — uma espécie de autori-
zação para não cumprir um artigo.
“O artigo 46 do nosso estatuto tem
uma ‘poison pill’ e nós vamos pe-
dir um waiver específico para esse
deal”, afirmou. Os controladores
vão se abster de votar sobre esse
tópico do waiver. O artigo 46 do
estatuto da Méliuz diz que qual-
quer acionista que atinja 20% das
ações deverá, no prazo máximo de
60 dias, realizar uma oferta públi-
ca de aquisição de ações (OPA). O
BV vai comprar inicialmente uma
fatia de 3,85% na Méliz, com possi-
bilidade de adquirir uma partici-
pação adicional de 20,95% em até
24 meses. Apesar do waiver, Penna
ressaltou que, se o BV de fato exer-
cer essa opção de compra da fatia
adicional, se comprometeu a fazer
uma OPA para as ações remanes-
centes da Méliuz, com as mesmas
condições. (Álvaro Campos)
Crédito Evolução de captações, novo papel do BNDES e agenda do BC explicam mudança
Fontes de mercado já representam
79% do financiamento a empresas
Mariana Ribeiro
De São Paulo
O sistema financeiro brasileiro
evoluiu em sua função de finan-
ciamento das empresas nos últi-
mos anos na esteira da evolução
do mercado de capitais, da revi-
são do papel do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) e da implemen-
tação da agenda de inovação re-
gulatória do Banco Central (BC).
Em setembro de 2022, 79% do
saldo total de dívida das compa-
nhias estavam alocados em ope-
rações de dívida corporativa e
crédito com recursos livres, ante
61% no final de 2016.
As conclusões são do estudo
“Mercado de capitais, o ‘novo
BNDES’ e inovações regulatórias
do BC definem o novo padrão de
financiamento das empresas
brasileiras”, elaborado pelo Cen-
tro de Estudos de Mercado de
Capitais da Fipe (Cemec-Fipe) e
antecipado ao Valor.
Em um momento de troca de
governo e dúvidas sobre o papel
que será exercido, por exemplo,
pelos bancos públicos, o estudo
destaca que a continuidade dos
avanços institucionais e opera-
cionais verificados nos últimos
anos “deve reforçar o desempe-
nho do sistema financeiro em
sua função de otimizar a aloca-
ção de recursos de poupança fi-
nanceira, financiar a inovação e
melhorar o acesso de pequenas e
médias empresas a recursos de fi-
nanciamento”. Segundo a nota,
esses são fatores importantes pa-
ra o aumento da produtividade e
aceleração do crescimento.
Os dados também vão ao en-
contro do objetivo do BC de au-
mentar a potência da política mo-
netária — ou seja, a parcela do cré-
dito sensível às taxas de juros do
mercado, que por sua vez refletem
às movimentações da Selic.
Até 2016, o financiamento de
médio e longo prazo das empre-
1.782,51 sas estava concentrado principal-
mente no BNDES, com o mercado
de capitais atingindo parcela pe-
quena do total, observa Carlos
3/jan Antonio Rocca, coordenador do
2023 Cemec-Fipe. O crédito bancário,
por sua vez, tinha dificuldade de
-0,29% atender a demanda da pequena e
-0,44%
-0,44%
Gestoras se preparam para um ano difícil
Brooke Masters e Harriet Agnew
Financial Times, de Londres e
Nova York
Os gestores de ativos globais
enfrentarão em 2023 um acerto
de contas há muito adiado, pois
a queda dos preços nos merca-
dos os forçará a cortar custos e
tomar decisões difíceis sobre
onde investir para crescer.
Depois de um ano recorde em
2021, as receitas caíram em todo
o setor no ano passado, já que os
mercados em queda em quase
todas as classes de ativos afeta-
ram as comissões de desempe-
nho e administração. Nos Esta-
dos Unidos, os ativos totais dos
fundos mútuos e ETFs (os fun-
dos negociados em bolsas de va-
lores) caíram 17% entre o come-
ço de 2022 e o fim de outubro,
segundo mostram os números
mais recentes divulgados pelo
Investment Company Institute.
Ao mesmo tempo, a maioria
dos gestores de recursos estão
sob pressão para encontrar di-
nheiro para melhorar suas tec-
nologias e conquistar novos
clientes. Como resultado, eles
estão espremendo os custos
com pessoal via congelamento
Financiamento das empresas
Emissão de ações e captação líquida em 12 meses por diferentes estoques* – em R$ bi
Ano Mercado de Crédito
capitais - Bancário -
Títulos de dívida Recursos livres BNDES
2015 19,4
2016 23,8
2017 62,1
2018 80,7
2019 180,0
2020 12,1
2021 311,7
2022** 382,4
Fonte: Estudo “Mercado de capitais, o ‘novo BNDES’ e inovações regulatórias do BC definem o novo padrão de financiamento das empresas brasileiras”, do Cemec-Fipe. *Não estão computadas
emissões de ações e quotas de capital de empresas de capital fechado, dada a inexistência de dados. **12 meses até setembro.
média empresa, com custos ele-
vados para o segmento. De acor-
do com o pesquisador, a partir
daí, algumas mudanças começa-
ram a alterar esse cenário.
Uma delas diz respeito ao novo
posicionamento do banco de fo-
mento. De acordo com o estudo,
após 2010, a permanência de al-
tas taxas de juros de títulos públi-
cos e o forte crescimento da ofer-
ta de crédito do BNDES a taxas
subsidiadas atuaram como um
fator de inibição para o desenvol-
vimento do mercado de capitais.
Nesse período, 70% dos desem-
bolsos da instituição beneficia-
ram grandes empresas.
O novo posicionamento do BN-
DES, a partir de 2016, é caracteriza-
do pela adoção da Taxa de Longo
Prazo (TLP), que se aproxima gra-
dualmente das taxas de mercado e
substitui a TJLP. Em paralelo, foram
definidas novas prioridades: crédi-
to a pequenas e médias compa-
nhias e estruturação e promoção
do financiamento de projetos de
infraestrutura e de inovação. “Com
essa mudança, junto à queda da ta-
xa de juros, houve um aumento
muito forte da participação do
mercado de capitais no financia-
mento das empresas”, diz Rocca.
O documento mostra que, em
12 meses até setembro, os recur-
sos líquidos captados com a
emissão de títulos de dívida cor-
porativa e emissões primárias de
ações responderam por 63% do
valor total de captação líquida
das empresas brasileiras. Em
2015, essa fatia era de 27%.
Outro dado que indica o cres-
cimento do mercado é o de parti-
de contratações e cortes nas bo-
nificações, na esperança de evi-
tar demissões em massa.
Consultores também relatam
um grande aumento das solicita-
ções de aconselhamento sobre
“eficiências”. “Houve muita com-
placência. Muitos concorrentes
agora precisam colocar a casa em
ordem”, diz Markus Habbel, só-
cio da consultoria Bain, especia-
lizada no setor. “Se você não tem
escala, está ficando mais difícil.”
Embora a reação inicial às tur-
bulências do ano passado tenha
sido em grande parte medidas
genéricas de aperto de cinto e pe-
quenos cortes gerais, analistas do
setor preveem que este ano exigi-
rá mais decisões estratégicas.
“A tentação é tirar um pouco
de tudo. Mas na verdade isso não
muda as coisas”, diz Julia Hobart,
sócia da prática de gestão de ati-
vos e patrimônio da Oliver Wy-
man. “Os gestores terão que deci-
dir no que eles irão se concentrar
e no que não irão. Grandes mu-
danças estruturais terão de ser
feitas para reduzir os custos.”
Jeremy Taylor, que chefia a
operação britânica da Lazard As-
set Management, acrescenta: “O
que o gestor de ativos faz quan-
Crédito Crédito Emissões
Direcionado - Direcionado - de ações
Outros
38,9 38,1 22,4
-84,4 -81,1 4,0
-13,8 -65,5 -24,9
80,1 -42,6 -14,0
91,3 -61,7 -26,7
183,3 6,6 118,0
187,9 -15,0 12,9
186,0 5,2 24,5
cipação de empresas. O número
de companhias com emissões de
debêntures dobrou de 820 em
2015 para 1.616 em 2021. No
segmento de ações, o número de
empresas listadas na B3 aumen-
tou de 326 em meados de 2019
para 376 em setembro de 2022.
A nota também destaca a forte
mudança de composição das ori-
gens do funding de médio e longo
prazo no mercado doméstico. Em
12 meses até setembro, os recursos
captados no mercado de capitais
por meio de ações e títulos de dívi-
da com essa finalidade responde-
ram por 75% do total, sendo que,
em 2014, a fatia foi de 34%. O docu-
mento destaca ainda que a atua-
ção dos fundos de venture capital e
private equity tem cumprido “im-
portante papel no financiamento
de empresas nascentes com alto
conteúdo tecnológico”.
Apesar dos avanços, o merca-
do de capitais ainda enfrenta li-
mitações no financiamento de
médio e longo prazo para em-
presas de menor porte. Na avalia-
ção de Rocca, esse cenário reforça
a importância da atuação do BN-
DES nesse nicho. Ele explica que,
embora possam ser adotadas
medidas para aumentar o acesso
de pequenos e médios negócios
ao mercado, fica claro que o ban-
co público segue tendo um papel
muito importante nesses casos.
O estudo destaca a importân-
cia da agenda de inovação que
vem sendo conduzida pelo BC no
aumento da eficiência da oferta
de crédito bancário. “Essas inova-
ções regulatórias estão produ-
zindo impactos muito fortes, es-
do as receitas caem? Você tende
a fazer menos das coisas que não
funcionaram nos últimos três a
cinco anos e examinar mais
atentamente as coisas que não
cresceram... Você não desiste de
nenhum produto em escala.”
Na verdade, os gestores de ati-
vos mais fortes estão ansiosos pa-
ra obter ganhos, enquanto seus
concorrentes mais fracos estão
realizando cortes. “Continuamos
investindo durante o ciclo de
mercado em tendências de longo
prazo que são prioridades estra-
tégicas para nós, incluindo inves-
timentos sustentáveis, alternati-
vas, gestão ativa e fundos nego-
ciados em bolsas de valores”, diz
Patrick Thomson, presidente-
executivo da J.P. Morgan Asset
Management na Europa. “Se vo-
cê investir significativamente
nessas tendências em uma desa-
celeração, isso o colocará em
vantagem, enquanto os outros
poderão ter de realizar cortes.”
Muitos gestores estão esperan-
çosos de que os fundos de bônus,
que viram grandes quedas nos
preços e retiradas maciças com
o aumento dos juros, começa-
rão a se recuperar em 2023. “Isso
é uma faca de dois gumes para
Legacy, de Gustavo
Pessoa, ganhou em
2022 com estratégias
que previam alta de
juros global C4
Mercado Total
internacional
17,7 -0,7
5,8 46,4
23,1 -18,3
4,3 103,1
34,1 -32,2
61,9 -57,5
72,8 9,3
51,3 35,1
-250,000000
pecialmente em favor do finan-
ciamento da pequena e média
empresa, na medida em que re-
solvem problemas de assimetria
de informações, melhoram a exe-
cução de garantias e aumentam a
concorrência”, afirma Rocca.
Entre as principais medidas to-
madas pelo regulador, o pesquisa-
dor cita o cadastro positivo; a du-
plicata eletrônica; o registro cen-
tralizado de recebíveis em geral e o
open finance, além do incentivo à
entrada de fintechs e demais novas
instituições no sistema financeiro.
Embora muitas dessas inova-
ções ainda estejam em implemen-
tação, já existem indicativos de im-
pactos positivos sobre a economia,
observa o documento. A participa-
ção de bancos médios, bancos di-
gitais, fintechs e cooperativas de
crédito no saldo de crédito de pes-
soas jurídicas, por exemplo, prati-
camente dobrou, de 17,9% em se-
tembro de 2016 para 34,6% em se-
tembro de 2022, com redução do
peso dos seis maiores bancos de
82,1% para 65,4%.
A direção dessa evolução re-
cente observada no modelo de fi-
nanciamento de empresas está
muito bem ajustada e é impor-
tante seguir neste caminho, diz
Rocca. Ele explica que não vê
grandes riscos relacionados a um
novo reposicionamento no BN-
DES. Isso porque o cenário restri-
tivo para as contas públicas não
permitiria um aumento relevan-
te nos desembolsos. “O risco de
isso é acontecer é muito baixo.
Não tem dinheiro.”
André Wakimoto, sócio do Ce-
peda Advogados, acredita que, nos
os gestores porque haverá flu-
xos de saída de outras classes de
ativos de margens maiores para
a renda fixa de margens meno-
res”, diz Tom Mills, que analisa o
setor para o banco Jefferies.
Alguns gestores também pre-
veem que a desaceleração vai in-
tensificar a mudança de clientes
dos fundos mútuos tradicionais
e contas de corretagem para no-
vas formas de investimentos, co-
mo ETFs, contas gerenciadas se-
paradamente e carteiras modelo.
“Sempre que há grandes cho-
ques no mercado, as pessoas fazem
grandes mudanças em suas cartei-
ras. É quando as pessoas adiam a
manutenção”, diz Martin Small,
que comanda a operação de con-
sultoria patrimonial da BlackRock
nos EUA e está assumindo como
seu novo diretor financeiro. “Nos
mercados de varejo dos EUA está
havendo uma mudança das contas
de corretagem para a consultoria à
base de honorários, o que significa
mais carteiras modelo e ETFs.”
Os gestores de ativos passa-
ram 2021 e o começo de 2022
contratando provedores espe-
cializados em mercados priva-
dos e investimentos alternativos,
mas as negociações praticamen-
Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 | C1
135,8
-85,4
-37,2
211,6
184,8
324,5
579,6
684,6
116,666667 483,333333
próximos anos, é preciso amadu-
recer mecanismos que devem se-
guir aumentando a competição,
como a duplicata eletrônica e os
sistemas de registros de garantias.
Especificamente em relação ao
mercado de capitais, ele destaca
a importância dos fundos de in-
vestimento em direitos creditó-
rios (FIDCs) como fonte de crédi-
to, especialmente para pequenas
e médias empresas. Wakimoto
observa que, com o avanço tec-
nológico, os FIDCs têm cada vez
mais conseguido fazer conces-
sões rápidas e eficientes. “Os vo-
lumes vêm crescendo.”
Professora do Núcleo de Estu-
dos em Mercados Financeiro e de
Capitais da FGV Direito SP, Vivia-
ne Muller Prado afirma que o de-
senvolvimento futuro do merca-
do de capitais depende primeira-
mente da manutenção da credi-
bilidade. “É fundamental para
garantir um mercado robusto no
longo prazo”, afirma.
Segundo ela, é preciso conti-
nuar investindo em tecnologia
para reduzir custos e garantir
maior acesso às empresas, e man-
ter um equilíbrio adequado en-
tre critérios de acesso ao merca-
do e preocupação com a segu-
rança do investidor.
Prado lembra também que a
agenda regulatória da Comissão
de Valores Mobiliários está avan-
çando, com medidas como as no-
vas regras para ofertas públicas e
fundos de investimentos, além do
próprio “sandbox” regulatório. Pa-
ra a pesquisadora, os impactos
dessas mudanças precisarão ser
avaliados nos próximos anos.
te cessaram em meio às turbu-
lências do mercado. Os preços
das ações do setor caíram muito:
o índice S&P Composite 1500
Asset Managers tem queda de
23%. Os vendedores estão relu-
tando em aceitar esses preços e
os potenciais compradores não
estão dispostos a pagar mais.
Philipp Koch, chefe da prática
de gestão de ativos da McKinsey na
Europa, acredita que a pressão
contínua sobre os custos poderá
mudar o cálculo, especialmente no
segundo semestre de 2023. “Al-
guns concorrentes poderão con-
cluir que seus modelos de negó-
cios não são mais sustentáveis e
considerar soluções mais criativas
para consolidação e fusões e aqui-
sições”, avalia. “A maioria dos ges-
tores de ativos estava do lado da
compra. Havia pouquíssimos ven-
dedores. Mas isso poderá mudar.”
As pressões poderão ser gran-
des demais para alguns concor-
rentes de longa data. “Sempre
que há uma recessão, se for uma
recessão profunda, os jogadores
com mãos fracas são eliminados”,
afirma Cyrus Taraporevala, que
acaba de deixar o cargo de presi-
dente-executivo da State Street
Global Advisors. “Isso é normal.”
C2 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Finanças
Ibovespa
Em pontos
Ibovespa
fecha
107.551
pregão com
queda de
103.539
2,08%
104.165
13/dez 22/dez 3/jan/23
2022
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Ativos Desconforto com falas da equipe econômica faz Ibovespa cair 2%; dólar e juros futuros voltam a ter alta
Mercado segue pressionado pela cena política
Arthur Cagliari, Augusto Decker,
Gabriel Roca e Matheus Prado
De São Paulo
O mercado voltou a penalizar,
na sessão de ontem, o que trata
como ausência de sinalizações
positivas do ponto de vista fiscal
pelo novo governo. Assim, Ibo-
vespa e real voltaram a se desvalo-
rizar e os juros futuros registra-
ram altas expressivas, ultrapas-
sando a barreira dos 13% em pra-
zos mais longos. As mínimas fo-
ram registradas após o ministro
da Previdência, Carlos Lupi (PDT),
fazer críticas à reforma previden-
ciária aprovada em 2019.
No fim da sessão, a taxa do
contrato de Depósito Interfinan-
ceiro (DI) para janeiro de 2024
subiu de 13,53% do ajuste ante-
Volatilidade deve
empurrar IPO da
CTG para abril
Fernanda Guimarães
De São Paulo
O ano mal começou, mas já é
dado como certo que a CTG Bra-
sil, geradora de energia da gi-
gante estatal chinesa China Th-
ree Gorges no país, terá que em-
purrar sua oferta inicial de ações
(IPO, pela sigla em inglês) para a
segunda janela do ano, em abril,
apurou o Valor. A decisão, rela-
taram fontes próximas ao pro-
cesso, parece neste momento
inevitável, dada a volatilidade,
algo que é esperado para conti-
nuar ao menos nos primeiros
meses do ano e diante de um
teste do mercado ao longo dos
primeiros cem dias do terceiro
mandato de Lula.
A aversão ao risco joga um bal-
de de água fria numa aposta de
que haveria, logo na virada do
ano, um IPO após um hiato de
mais de um ano na bolsa brasilei-
ra. No último trimestre do ano
passado, os bancos de investi-
mento que estruturam a oferta
deram largada nas primeiras
sondagens com potenciais inves-
tidores, processo que no jargão
do mercado se chama “pilot
fishing”. É nesse momento que se
começa a ter um termômetro so-
bre o potencial sucesso da tran-
sação e se o preço almejado teria
espaço para se concretizar.
A empresa começou o proces-
so antes mesmo do início das
eleições presidenciais no Brasil,
deixando de lado a volatilidade
do mercado e tendo em vista que,
historicamente, o setor de ener-
gia é um dos mais defensivos da
bolsa. Naquele momento, a re-
ceptividade, ainda segundo fon-
tes, foi bastante positiva, o que
teria dado o sinal verde para uma
oferta entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bi-
lhões, levando a empresa a um
debute na B3 valendo de R$ 15
bilhões a R$ 20 bilhões. Por isso, o
primeiro arquivamento junto à
Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) foi feito, isso já na última
semana de novembro, ou seja,
após as eleições. Procurada, a
CTG Brasil não comentou.
No entanto, logo depois, o pa-
no de fundo mudou e a aversão
ao risco tomou conta do merca-
do. “A leitura é a de que, com essa
volatilidade e aversão ao risco, os
investidores pedirão um descon-
to maior. E se trata de uma em-
presa ótima, por isso a decisão
Bolsas internacionais
Variações no dia 3/jan/23 - em %
0,80
0,43
-0,03
-0,40
Dow S&P- Euronext DAX
Jones 500 100
rior para 13,79%; e a do DI para
janeiro de 2027 passou de
12,915% para 13,28%. O dólar fe-
chou em alta de 1,75%, cotado a
R$ 5,4520, e o Ibovespa perdeu
2,08%, para 104.165 pontos.
Ainda que o ministro da Fazen-
da, Fernando Haddad, venha bus-
cando emitir um discurso de preo-
cupação com a trajetória da dívida
pública, os investidores têm mos-
trado que aguardam medidas
mais concretas para iniciar uma
reprecificação dos ativos locais.
Em entrevista ao portal “Brasil
247”, o ministro disse que a pror-
rogação da isenção dos combus-
tíveis para 60 dias ocorreu devi-
do à burocracia na troca de co-
mando da Petrobras. “Eu imagi-
nava que o Jean Paul tomaria
posse em janeiro [na Petrobras],
deve ser de esperar”, disse uma
fonte próxima à operação.
O tom do mercado mudou
diante das preocupações em tor-
no da gestão da economia no ter-
ceiro mandato de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), especialmente em
relação à saúde fiscal do país e
com temores de uma maior inter-
venção na economia, de olho es-
pecialmente nas estatais.
Apesar de a oferta ser exclusi-
vamente primária, ou seja, com
o dinheiro captado indo direta-
mente ao caixa da empresa, par-
te dos recursos, de acordo com a
minuta do prospecto preliminar
da operação, será destinada ao
pagamento de dividendos para
os atuais acionistas, no caso a
CTG International. Outra parte
será utilizada para a construção
de projetos renováveis, um seg-
mento com grande demanda
atualmente, especialmente
diante dos desafios impostos pe-
la mudança climática.
O IPO do CTG Brasil se tratava
da única oferta inicial de ações
na fila com chances de ocorrer no
primeiro bimestre do ano. A
companhia tinha essa opção por-
que arquivou seu pedido de ofer-
ta junto à CVM a tempo de utili-
zar os dados financeiros do ter-
ceiro trimestre do ano. Agora, se
a janela de abril se mostrar mais
amena para estreias na B3, a em-
presa terá que atualizar seus nú-
meros com os dados anuais.
São coordenadores da oferta o
Citi, BTG Pactual, BofA, Itaú BBA e
Bradesco BBI.
Em 2022, a bolsa brasileira
não foi palco de nenhum IPO, al-
go que não acontecia desde
1998, apesar de ofertas de em-
presas já listadas, os chamados
“follow-ons”, terem tido espaço.
Entre elas, houve operações mul-
tibilionárias, como a privatiza-
ção da Eletrobras e as ofertas da
empresa de energia Eneva e do
atacarejo Assaí, que foi a última
transação do ano.
Apesar da volatilidade, a ex-
pectativa é que os IPOs voltem à
cena neste ano, embora com me-
nos pujança que nos anos de
2020 e 2021. A estimativa do
mercado é que IPOs e follow-ons
no Brasil girem neste ano um vo-
lume de até R$ 80 bilhões, com
um impulso dos investidores es-
trangeiros, que se mostram, até
aqui, mais otimistas em relação
ao Brasil do que os fundos locais.
Juros
DI-Over futuro - % ao ano
0,88
14,07
0,44
13,66
Feriado
CAC- Nikkei- Xangai 13/dez
40 225 SE 2022
mas virou um inferno essas no-
vas regras das estatais”, afirmou.
Haddad disse ainda que terá um
trimestre para anunciar medidas
que coloquem a economia no eixo
e descartou meta para juros e dó-
lar, reforçando que por meio da
gestão das contas públicas será
possível reduzir as flutuações.
“Não haverá discussão para meta
de câmbio. Agora há um problema
de volatilidade que atrapalha.”
E argumentou que o país tem
uma inflação “comparativamen-
te baixa e uma taxa de juros real
fora do propósito” para uma eco-
nomia que já está desacelerando.
Para o estrategista global de
câmbio do BMO Capital Markets,
Greg Anderson, o comentário de
Haddad foi um exemplo de como
o governo tem se mostrado “sur-
Wall Street começa o ano em terreno negativo
Eduardo Magossi
De São Paulo
Wall Street voltou do feriado
de fim de ano mais cautelosa e
trouxe para 2023 renovados te-
mores em relação a inflação e re-
cessão. Com isso, as bolsas ameri-
canas caíram, e o dólar foi nego-
ciado com forte alta diante do
movimento de aversão ao risco.
Já na Europa, as bolsas fecharam
em alta, animadas com uma mo-
deração da inflação alemã e da-
dos econômicos mais fortes que
o esperado no Reino Unido.
O Dow Jones terminou em
queda de 0,03%, o S&P 500 caiu
0,40% e o Nasdaq recuou 0,76%.
Recessão provável nos EUA, mas não dramática
NILANI GOETTEMS/VALOR
Ribus acelera ‘tokenização’ após consultar CVM
Toni Sciarretta
De São Paulo
A Ribus, tokenizadora e mar-
ketplace do setor imobiliário,
prevê acelerar neste ano a digita-
lização de serviços como obras e
corretagem depois de fazer uma
consulta formal à CVM (Comis-
são de Valores Mobiliários) para
certificar que seu “token” nati-
vo, chamado RIB, não se confi-
gura como um valor mobiliário.
O token RIB é utilizado como
forma de acesso de prestadores de
serviços da cadeia imobiliária e
usuários ao ecossistema da Ribus,
semelhante ao que o ether (ETH),
moeda da rede Ethereum, repre-
senta como porta de entrada para
construção e comercialização dos
Dólar comercial
Cotação de venda - R$/US$
Jan/2024 Jan/2025
13,70
13,67
5,3146
13,06
0 13,17
22/dez 3/jan/23 13/dez
2022
do” ao mercado. “O novo ministro
da Fazenda criticou a volatilidade
no mercado de câmbio. Mas no
mesmo discurso, atacou o pilar
[juro elevado] que ajudou a limitar
a volatilidade do dólar no ano pas-
sado e fez do real uma das poucas
moedas que conseguiu resistir ao
avanço da moeda americana.”
Anderson afirma ainda que o
consenso do mercado é que o BC
brasileiro estará na vanguarda dos
cortes de juros em 2023, “mas isso
só pode acontecer se o câmbio per-
manecer praticamente estável”.
Segundo ele, se a retórica e as ini-
ciativas políticas do novo governo
empurrarem o dólar para R$ 5,50
e além, a inflação se reafirmará e
os cortes serão descartados.
À tarde, Lupi defendeu que a
reforma da previdência — cha-
Dos 11 setores do S&P 500, 9 ter-
minaram em queda, sendo o de
energia o mais afetado depois
da baixa de cerca de 4% nos pre-
ços do petróleo, diante da po-
tencial queda na demanda chi-
nesa e de uma recessão global.
Uma pesquisa revelou que
dois terços dos economistas de
23 grandes instituições finan-
ceiras que fazem negócios dire-
tamente com o Federal Reserve
(Fed) estão apostando que os
EUA terão recessão já em 2023.
E dois bancos estão prevendo
uma recessão em 2024.
“Esperamos uma desacelera-
ção no crescimento do PIB glo-
bal em 2023, liderada por re-
contratos inteligentes de finanças
descentralizadas da blockchain.
Prestadores de serviços, como
construtores, arquitetos e correto-
res, poderão receber o RIB como
remuneração pelo trabalho, utili-
zá-los na plataforma para adquirir
outros produtos e serviços ou mes-
mo convertê-lo em alguma moeda
digital ou fiduciária, como o real.
Na consulta, a CVM reconheceu
no final do ano passado que o RIB é
um chamado “utility token”, que
confere aos detentores determina-
dos bens e serviços prestados no
ecossistema de blockchain. Com
isso, o token não está sob jurisdi-
ção do regulador e poderá ser lista-
do em plataformas de criptoativos
sem questionamento regulatório.
Segundo Daniel Carius, sócio da
Índices de ações Valor-Coppead
Dólar
Em pontos
comercial
5,4520
encerra
143.321
o dia em
alta de
1,75%
5,1857 em relação
76.375
ao real
22/dez 3/jan/23 13/dez
2022
mada por ele de “antirreforma”—
voltasse a ser discutida. Ele disse
também pretender provar que a
previdência não é deficitária.
“Precisamos entender o que é
retórica de posse e o que vai ser
feito de fato, mas é mais um si-
nal ruim. E o mercado está sensí-
vel aos sinais, mal humorado
com o governo. O ministro da
Fazenda até tem falado coisas
que o mercado gosta, mas é
preciso que ele demonstre for-
ça, vença algumas batalhas.
Acredito que o maior desafio
do Haddad esteja dentro do
PT”, diz Thiago Pereira, sócio e
economista-chefe da Tower Th-
ree Asset Management.
Diferentemente de parte rele-
vante de outros profissionais do
mercado, o executivo acredita em
cessões nos EUA e na zona do
euro”, escreveram economistas
do BNP Paribas nas perspectivas
de 2023 do banco, intituladas
“Em direção à recessão”.
No domingo, a presidente do
Fundo Monetário Internacional
(FMI), Kristalina Georgieva, aler-
tou que o ano de 2023 vai ser
mais duro para a economia glo-
bal que 2022. Diante desses si-
nais, os investidores ficam mais
cautelosos com a inflação resi-
liente e até que ponto os bancos
centrais estão dispostos a ir no
aperto monetário para contro-
lar a inflação. “O movimento [de
ontem] é um indicativo de que
os investidores ainda estão
Ribus, a manifestação da CVM é
um passo importante para todo o
segmento de ativos digitais, não
apenas para tokenizadoras que
atuam com imóveis. Ele conta que
enviou a tese jurídica para a CVM
há dois anos com a argumentação
sobre o funcionamento dos utili-
ties tokens, comuns nos EUA e na
Alemanha, onde são vistos como
“voucher” para acesso a serviços.
“O parecer concedido à Ribus
traz um enorme benefício para o
mercado, porque é o órgão fiscali-
zador tendo o entendimento jurí-
dico da natureza do próprio ativo.
Algumas corretoras e grandes
‘players’ estavam aguardando esse
parecer. A partir de agora, vamos
avançar muito nas negociações.”
O marketplace utiliza infraes-
Performance Mínima Variância
151.356 150.154
79.245 78.966
22/dez 3/jan/23
algum tipo de pacificação entre
governo e mercado em termos ma-
cro após “correção de discurso”
por parte do Executivo. Não espe-
ra, por outro lado, que questões
micro sejam endereçadas da for-
ma esperada pelos investidores.
“Macro tem um condutor, goste-se
ou não, que pode ajudar. O micro é
mais difícil. Por isso temos discuti-
do ficar fora de estatais”, diz. Na
sessão, Petrobras ON e PN cederam
1,41% e 2,53%, respectivamente.
Já Banco do Brasil ON recuou
1,86%, enquanto Bradesco PN per-
deu 4,98%, em meio à perspectiva
de piora na inadimplência neste
ano. Para Pereira, o setor está bara-
to, mas a inadimplência deve con-
tinuar crescendo, o que tem im-
pacto em instituições com carteira
de crédito menos qualificada.
preocupados com o crescimen-
to e com os lucros”, disse Scott
Ladner, diretor de investimen-
tos da Horizon Investments.
Na Europa, a inflação alemã
preliminar de dezembro atingiu
8,6%, desacelerando em relação
aos 10% registrados em novem-
bro e abaixo da expectativa de
8,8%, o que deixou os mercados
mais animados. Também contri-
buiu o resultado do desemprego
da Alemanha em dezembro, que
ficou em 5,5%, abaixo dos 5,6%
do mês anterior. Com isso, o índi-
ce Stoxx 600 fechou em alta de
1,27%, o índice DAX, de Frank-
furt, teve alta de 0,80%, e o FTSE
100 de Londres subiu 1,37%.
Uma recessão econômica nos
Estados Unidos está próxima devido
às medidas que o Federal Reserve
precisa adotar para esfriar a
inflação, disse o ex-presidente da
regional de Nova York do banco
central americano William Dudley.
Mas, segundo ele, provavelmente
não será uma forte desaceleração.
“Uma recessão é muito provável
apenas devido ao que o Fed tem que
fazer”, disse ontem em entrevista à
Bloomberg. “Mas o diferente desta
vez, acredito, é que, se tivermos
uma recessão, será induzida pelo
Fed, e o Fed pode acabar com a
recessão ao flexibilizar a política
monetária subsequentemente.”
O banco central americano elevou as
taxas de juros a um ritmo acelerado
no ano passado para reduzir a
inflação mais alta em quatro
décadas e afirmou que vai continuar
a apertar a política monetária até
que a tarefa esteja concluída.
trutura de blockchain da Polygon
e conta com 6 mil usuários regis-
trados. Segundo a Ribus, o RIB co-
meçou a ser listado na “exchan-
ge” FlowBTC em 18 de julho do
ano passado, e teve mais de 45
milhões de unidades vendidas.
Para Bruno Faria, COO da Ribus,
o token deve estimular novas
oportunidades de negócios para
os agentes do mercado imobiliá-
rio. “A ideia é que cada vez mais as
construtoras possam trocar servi-
ços de engenheiro, topógrafo, pe-
dreiro, pintor e outros entes da
cadeia por token RIB. Uma gran-
de dor do mercado imobiliário é
a não conectividade da cadeia do
prestador de serviço até o consu-
midor final. Agora é possível fa-
zer a ponte entre todos”, disse.
 Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 | Valor | C3

Finanças
Política monetária Salário e incertezas com o novo governo dificultam atrair nomes do mercado Ano começa
Campos sonda economista do aquecido em
emissão global
Santander para diretoria do BC Bloomberg

O mercado global de títulos

começou o ano com uma enxur-
Alex Ribeiro tros nomes do mercado financei- dato um pé de meia para manter com o ministro da Fazenda, Fer- para preencher cargos no Banco rada de ofertas de emissores co-
De São Paulo ro, mas recebeu respostas negati- o padrão de vida em Brasília. nando Haddad, da necessidade Central. Na saída dos diretores mo bancos europeus e governos
vas. Em parte, as recusas se de- Sobral indicou que, no caso de de encontrar um nome consen- Fabio Kanczuk (política econô- asiáticos, que aproveitaram cus-
O presidente do Banco Cen- vem a resistências a integrar du- uma formalização do convite, esta- sual para ocupar o cargo. mica) e João Manoel Pinho de tos de captação atraentes. Qua-
tral (BC), Roberto Campos Neto, rante quatro anos a diretoria co- ria disposto a aceitar. Procurado Campos Neto teve, na sexta- Mello (organização do sistema torze grandes emissores oferece-
sondou o economista do San- legiada do Banco Central, prazo pelo Valor, ele disse que “não hou- feira, uma reunião com o então financeiro e de resolução) tam- ram títulos na terça-feira, in-
tander Sandro Mazerino Sobral de mandato estabelecido na lei ve convites” e que não faria decla- presidente eleito, Luiz Inácio bém houve recusas iniciais. cluindo BNP Paribas e Rabobank
para ser o novo diretor de políti- que deu independência à insti- rações sobre o assunto. O Banco Lula da Silva. A presidente do O Banco Central é um caso es- na Europa, e Sumitomo Mitsui e
ca monetária da instituição a tuição, num governo petista. Central disse, por meio de sua as- PT, Gleisi Hoffmann, está envol- pecial porque os nomes são in- o governo de Hong Kong na Ásia.
partir de fevereiro, segundo fon- O próprio Campos tem manda- sessoria de imprensa, que “nin- vida nas nomeações do segun- dicados por Lula, mas quem diz Nos EUA, são previstos US$ 40
tes ouvidas pelo Valor que têm to por mais dois anos e já avisou guém foi convidado até agora”. do escalão e tem sido consulta- se aprova ou não é o Senado. Is- bilhões em vendas de dívida de
conhecimento do assunto. que não quer ser reconduzido ao A dúvida é se a ala ideológica da mesmo no caso dos ministé- so deverá forçar negociações grau de investimento esta sema-
Ainda não se trata de um con- cargo. Assim, o futuro diretor de do governo petista vai aceitar rios da área econômica. com os partidos políticos, mes- na — mais de quatro vezes o volu-
vite, mesmo porque a indicação política monetária vai conviver um nome vinculado ao mercado Alguns economistas do mer- mo fora da base de apoio do me de todo o mês de dezembro.
dependerá de um consenso com pelo menos dois anos com um financeiro — no caso, um banco cado e da academia recusaram governo no Congresso. “Acho que 2023 começará com
o governo petista, a quem cabe- presidente apontado por Lula. com capital estrangeiro — para convites da ministra do Planeja- O mandato de Serra termina tudo, com emissores ansiosos pa-
rá formalmente fazer a indica- Também há resistências em o Banco Central. De todas as po- mento, Simone Tebet, alegando em 28 de fevereiro e, se necessá- ra usar suas janelas de oportuni-
ção para aprovação do Senado. aceitar o convite em meio à in- sições no BC, a diretoria de polí- que estão no meio de estudos rio, ele poderá ficar alguns dias a dade”, disse Armin Peter, chefe
Mas é, atualmente, o nome que certeza sobre a política fiscal tica monetária é a que mais exi- acadêmicos ou questões familia- mais, até que o novo substituto global de captações do UBS, refe-
está sobre a mesa para substi- que, no entendimento de alguns ge conhecimentos do mercado, res. Alguns aceitaram, e a dificul- seja nomeado. Existe o preceden- rindo-se ao período de emissões
tuir o titular do cargo, Bruno dos sondados, poderá dificultar porque é responsável pelas me- dade tem sido passar pelo crivo te de Pinho de Mello, cujo man- antes da temporada de balanços.
Serra Fernandes, cujo mandato o trabalho do Banco Central de sas de câmbio e de juros. petista, que tem sido refratário a dato terminou em dezembro de “Os emissores não terão tempo a
se encerra em fevereiro. controlar a inflação nos próxi- A decisão sobre o novo diretor técnicos que participaram do go- 2021, mas ficou no cargo até feve- perder e seguirão com as ofertas.”
Sobral, que é head de merca- mos anos. Não ajuda o salário do BC não será tomada sozinha verno Bolsonaro ou que tenham reiro de 2022. Mas ele não pôde As vendas representam um re-
dos e trading do Santander Bra- do cargo, de R$ 12 mil, conside- por Campos. Na divulgação do uma inclinação mais liberal. esperar pela nomeação do suces- torno aos negócios após um ano
sil, não foi a primeira opção de rado baixo para os padrões da Relatório de Inflação, em de- Não é a primeira vez que sor (Renato Dias de Brito Gomes), tumultuado por aumentos agres-
Campos, que sondou vários ou- Faria Lima e que exige do candi- zembro, ele disse que tratou Campos enfrenta dificuldades que só ocorreu em abril seguinte. sivos de juros e inflação elevada.

Finanças | Indicadores
IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 03/01/23 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 03/01/23 02/01/23 29/12/22 28/12/22 27/12/22 26/12/22
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 03/01/23 02/01/23 1 semana dezembro 1 mês 12 meses 17/12 a 17/01 0,1792 0,6801 0,6801 1,0007 Índice 1.782,51 1.787,68 1.790,30 1.788,51 1.783,67 1.782,58
IRF-M 1* 13.429,1279440 -0,04 0,02 0,02 Selic - meta ao ano 13,75 13,75 13,75 13,75 13,75 9,25 18/12 a 18/01 0,2069 0,7079 0,7079 1,0486 Var. no dia -0,29% -0,15% 0,10% 0,27% 0,06% -0,05%
IRF-M 1+** 16.664,8021130 -0,51 -0,96 -0,96 Selic - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 19/12 a 19/01 0,2443 0,7455 0,7455 1,0964 Var. no mês -0,44% -0,15% 1,46% 1,35% 1,08% 1,02%
IRF-M Total 15.305,8057010 -0,33 -0,62 -0,62 Selic - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,0425 20/12 a 20/01 0,2415 0,7427 0,7427 1,0936 Var. no ano -0,44% -0,15% 10,03% 9,92% 9,62% 9,55%
IMA-B 5*** 7.972,7462280 -0,12 -0,42 -0,42 Selic - taxa efetiva ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 21/12 a 21/01 0,2410 0,7422 0,7422 1,0930 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5+**** 9.538,1844540 -0,96 -1,97 -1,97 Selic - taxa efetiva ao mês 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 0,7323 22/12 a 22/01 0,2138 0,7149 0,7149 1,0456
IMA-B Total 8.431,5557130 -0,56 -1,23 -1,23 CDI - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 23/12 a 23/01 0,1761 0,6770 0,6770 0,9975
IMA-S Total 5.648,7681870 0,05 0,11 0,11 CDI - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,0425 24/12 a 24/01 0,1773 0,6782 0,6782 0,9988
IMA-Geral Total 6.891,7236230 -0,22 -0,48 -0,48
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo
CDI - taxa efetiva ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 25/12 a 25/01
26/12 a 26/01
0,2145
0,2418
0,7156
0,7430
0,7156
0,7430
1,0463
1,0939
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 0,7323
maior que 5 anos 27/12 a 27/01 0,2406 0,7418 0,7418 1,0926
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - - 9,77 7,47
28/12 a 28/01 0,2394 0,7406 0,7406 1,0914 Em 03/01/23
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - - 0,7799 0,6023 Em US$ * Em R$ **
29/12 a 29/01 0,2123 0,7091 0,7091 1,0441
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - - 12,40 8,12 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês - - - - 0,9789 0,6530
30/12 a 30/01
31/12 a 31/01
0,1750
0,1709
0,7091
0,7091
0,7091
0,7091
0,9964
0,9923 Baht (Tailândia) 34,4000 34,4200 0,15620 0,15630
Taxa de juros de referência - B3 01/01 a 01/02 0,2081 0,7091 0,7091 1,0398 Balboa (Panamá) 1,0000 1,0000 5,3753 5,3759
Taxas - em % no período TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 13,69 13,69 13,69 13,69 13,72 10,34 02/01 a 02/02 0,2353 0,7365 0,7365 1,0873 Bolívar Soberano (Venezuela) 17,5152 17,5591 0,3061000 0,3069000
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 13,79 13,74 13,78 13,74 13,85 11,25 Boliviano (Bolívia) 6,8600 7,0100 0,7668 0,7837
Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Linhas - pessoa jurídica 20/12 19/12 semana novembro mês meses Taxas referenciais de Swap - B3 Colon (Costa Rica) 591,3600 592,0000 0,009080 0,009091
a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 32,95 33,12 32,60 33,07 29,89 26,20 DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 13,66 13,66 13,66 13,65 13,67 9,22 Coroa (Dinamarca) 7,0453 7,0459 0,7629 0,7630
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a. 26,49 26,50 24,96 24,86 26,32 24,50 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 13,68 13,68 13,67 13,67 13,68 9,86 Coroa (Islândia) 143,5800 143,9200 0,03735 0,03744
Conta garantida pré - a.a.
Desconto de duplicata pré - a.a.
44,90
26,77
45,64
26,98
49,00
25,58
48,72
27,90
45,28
27,35
35,84
21,55
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 13,69 13,69 13,69 13,69 13,72 10,35 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega) 10,0415 10,0439 0,5352 0,5354
DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 13,73 13,72 13,73 13,72 13,75 10,72 Coroa (Rep. Tcheca) 22,7890 22,7990 0,2358 0,2359
Vendor pré - a.a. 19,07 19,02 19,53 19,44 19,03 16,87 Coroa (Suécia) 10,5466 10,5496 0,5095 0,5097
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 22,22 20,92 22,77 21,10 20,37 18,38
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 13,79 13,74 13,77 13,74 13,85 11,28 Índices de ações em 03/01/23
DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 13,70 13,54 13,56 13,43 13,86 11,79 Dinar (Argélia) 137,0508 138,1685 0,03890 0,03923
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 20,55 20,78 21,30 20,66 20,58 17,91 No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3062 0,3063 17,5491 17,5568
Conta garantida pós - a.a. 28,00 27,87 29,20 28,47 27,63 23,75 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 4,7937 4,8160 1,1161 1,1215
ACC pós - a.a. 7,95 7,55 8,10 7,73 7,62 4,35
Variação % em reais Direitos Especiais de Saque *** 1,3298 1,3298 7,1481 7,1489
Factoring - a.m. 3,68 3,70 3,71 3,71 3,67 3,73
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Mercado futuro Ibovespa 104.165 -2,08 -5,07 -5,07 0,23
Dirham (Emirados Árabes Unidos)
Dirham (Marrocos)
3,6725
10,4909
3,6727
10,4959
1,4636
0,5121
1,4638
0,5124
IBrX 44.293 -2,02 -4,84 -4,84 -0,23 Dólar (Austrália)*** 0,6742 0,6744 3,6240 3,6255
Em 03/01/23 IBrX 50 17.627 -1,95 -4,74 -4,74 1,17 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 5,3753 5,3759
Juros externos PU de Taxa efetiva - Contratos Cotação - em % ao ano
IEE
SMLL
74.836
1.885
-1,92
-2,78
-4,88
-6,16
-4,88
-6,16
0,20
-17,79
Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,6438 2,6904
DI de 1 dia ajuste em % ao ano negociados Mínimo Máximo Último Dólar (Canadá) 1,3636 1,3637 3,9417 3,9424
ISE 2.971 -2,52 -5,90 -5,90 -17,45
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em fev/23 98.938,81 13,658 56.642 13,652 13,658 13,652 IMOB 627 -1,79 -4,85 -4,85 -8,48
Dólar (Cayman) 0,8250 0,8350 6,4375 6,5162
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Vencimento em mar/23 98.036,44 13,671 8.159 13,666 13,674 13,666 Dólar (Cingapura) 1,3434 1,3443 3,9986 4,0017
IDIV 6.864 -1,69 -4,04 -4,04 9,31 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 5,3753 5,3759
03/01/23 02/01/23 semana dezembro mês meses Vencimento em abr/23 96.892,38 13,691 68.604 13,684 13,706 13,706 IFIX 2.855 -0,21 -0,42 -0,42 2,37 Dólar (Hong Kong) 7,8128 7,8129 0,6880 0,6881
Libor - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em mai/23 95.999,28 13,725 6.471 13,715 13,745 13,745
1 mês 4,4013 Feriado 4,3869 4,3916 4,1849 0,1013 Variação % em dólares Dólar (Nova Zelândia)*** 0,6249 0,6253 3,3590 3,3616
Vencimento em jun/23 94.908,50 13,781 1.761 13,765 13,800 13,800
3 meses 4,7819 Feriado 4,7264 4,7673 4,7326 0,2091 Dólar (Trinidad e Tobago) 6,7415 6,8260 0,7875 0,7974
Vencimento em jul/23 93.888,44 13,792 455.410 13,745 13,850 13,845 Ibovespa 19.376 -2,67 -7,87 -7,87 4,99
6 meses 5,1361 Feriado 5,1531 5,1389 5,1491 0,3388 Euro (Comunidade Européia)*** 1,0553 1,0555 5,6726 5,6743
Vencimento em ago/23 92.866,20 13,828 1.426 13,800 13,840 13,840 IBrX 8.239 -2,60 -7,64 -7,64 4,50
9 meses - - - - - - Florim (Antilhas Holandesas) 1,7845 1,8200 2,9535 3,0126
Vencimento em set/23 91.780,75 13,817 850 13,790 13,835 13,835 IBrX 50 3.279 -2,54 -7,54 -7,54 5,97
1 ano 5,4469 Feriado 5,4439 5,4821 5,4294 0,5831 Franco (Suíça) 0,9380 0,9384 5,7282 5,7312
Vencimento em out/23 90.851,14 13,803 86.082 13,690 13,880 13,880 IEE 13.921 -2,51 -7,68 -7,68 4,95 Guarani (Paraguai) 7305,2100 7325,4000 0,0007338 0,0007359
Euro Libor - empréstimos interbancários em euro *
1 mês - - - - - - Vencimento em nov/23 89.885,31 13,791 350 13,755 13,815 13,805 SMLL 351 -3,37 -8,93 -8,93 -13,89 Hryvnia (Ucrânia) 36,5686 36,9343 0,1455 0,1470
3 meses - - - - - - Vencimento em dez/23 88.989,61 13,761 1.485 13,730 13,810 13,810 ISE 553 -3,11 -8,69 -8,69 -13,53 Iene (Japão) 130,7300 130,7600 0,04111 0,04112
6 meses - - - - - - Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00 IMOB 117 -2,31 -7,66 -7,66 -4,13 Libra (Egito) 24,7899 24,7900 0,2168 0,2169
1 ano - - - - - - Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último IDIV 1.277 -2,28 -6,86 -6,86 14,50 Libra (Líbano) 1505,7000 1518,7000 0,003539 0,003570
Euribor ** IFIX 531 -0,81 -3,35 -3,35 7,22 Libra (Síria) 2510,0000 2513,0000 0,00214 0,00214
Vencimento em fev/23 5.478,72 1,64 361.285 5.371,00 5.517,50 5.504,50
1 mês - 1,883 1,895 1,884 1,514 -0,576 Vencimento em mar/23 5.504,74 - 0 0,00 0,00 0,00 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,2007 1,2011 6,4541 6,4570
3 meses - 2,162 2,128 2,132 1,975 -0,570 Naira (Nigéria) 448,0500 449,0500 0,01197 0,01200
Vencimento em abr/23 5.540,46 - 0 0,00 0,00 0,00
6 meses - 2,732 2,703 2,693 2,406 -0,539 Lira (Turquia) 18,7262 18,7325 0,2870 0,2871
Vencimento em mai/23 5.565,10 - 0 0,00 0,00 0,00
1 ano -
Taxas referenciais no mercado norte-americano
3,316 3,265 3,291 2,811 -0,499
Vencimento em jun/23 5.600,66 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 30,7080 30,7180 0,17500 0,17510
Novo Sol (Peru) 3,7962 3,8259 1,4050 1,4161
Prime Rate 7,50 7,50 7,50 7,50 7,00 3,25 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00
Federal Funds 4,50 4,50 4,50 4,50 4,00 0,25 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 178,4500 178,4600 0,03012 0,03013
Peso (Chile) 853,8000 854,3000 0,006292 0,006296
Taxa de Desconto 4,50 4,50 4,50 4,50 4,00 0,25 Vencimento em fev/23 5.797,39 - 0 0,00 0,00 0,00 País Spread Variação - em pontos
Peso (Colômbia) 4827,4000 4836,9000 0,001111 0,001114
T-Bill (1 mês) 4,02 Feriado 3,65 3,68 3,75 0,05 Vencimento em mar/23 5.837,02 - 0 0,00 0,00 0,00 02/01/23 30/12/22 No dia No mês No ano
Peso (Cuba) 24,0000 24,0000 0,2240 0,2240
T-Bill (3 meses) 4,39 Feriado 4,42 4,41 4,30 0,08 Vencimento em abr/23 5.887,52 - 0 0,00 0,00 0,00 Geral Feriado 375 - - - Peso (Filipinas) 55,8860 55,9060 0,09615 0,09619
T-Bill (6 meses) 4,78 Feriado 4,75 4,72 4,66 0,22 África do Sul Feriado 393 - - -
Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Argentina Feriado 2.196 - - - Peso (México) 19,4272 19,4377 0,2765 0,2767
T-Note (2 anos) 4,37 Feriado 4,23 4,37 4,28 0,77
Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Brasil Feriado 256 - - - Peso (Rep. Dominicana) 55,9800 56,4600 0,09521 0,09603
T-Note (5 anos) 3,92 Feriado 3,96 3,94 3,65 1,35
T-Note (10 anos) 3,77 Feriado 3,85 3,82 3,49 1,62 Colômbia Feriado 360 - - - Peso (Uruguai) 39,8000 39,8300 0,13500 0,13510
Vencimento em fev/23 105.296 -2,22 186.990 104.900 108.045 105.000
T-Bond (30 anos) 3,87 Feriado 3,92 3,90 3,55 2,01 Filipinas Feriado 75 - - - Rande (África do Sul) 16,9866 16,9898 0,3164 0,3165
Vencimento em abr/23 107.019 - 0 0 0 0
Fontes: EMMI e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa da British Bankers Association com base em informações de 16 bancos ** Taxas da México Feriado 203 - - - Rial (Arábia Saudita) 3,7593 3,7603 1,4295 1,4300
Vencimento em jun/23 109.039 - 0 0 0 0 Peru Feriado 147 - - - Rial (Irã) 42000,0000 42005,0000 0,0001280 0,0001280
BBA e da Federação Bancária da União Europeia Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia Feriado 413 - - - Ringgit (Malásia) 4,4020 4,4100 1,2189 1,2212
Venezuela Feriado 44.920 - - - Rublo (Rússia) 71,9750 73,9750 0,07266 0,07469
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 82,8300 82,8850 0,06485 0,06490
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia) 15595,0000 15600,0000 0,0003446 0,0003447
Rúpia (Paquistão) 226,1500 227,0500 0,02367 0,02377
Rentabilidade no período em % Shekel (Israel) 3,5270 3,5330 1,5215 1,5242
Mês Acumulado Em 03/01/23 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1276,7500 1277,8400 0,004207 0,004211
Renda Fixa jan/23* dez/22 nov/22 out/22 set/22 ago/22 Ano* 12 meses** Variações % Yuan Renminbi (China) 6,9120 6,9139 0,7775 0,7778
Selic 0,10 1,12 1,02 1,02 1,07 1,17 0,10 12,39 Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses Zloty (Polônia) 4,4286 4,4302 1,2133 1,2139
CDI 0,10 1,12 1,02 1,02 1,07 1,17 0,10 12,39 Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 5,3753 5,3759 0,60 3,03 3,03 -4,53
Liquidez Internacional *, em US$ milhões
Fim de período Diário Cotações Em R$(1)
CDB (1) - 0,79 0,95 0,83 0,90 0,86 - 10,35 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 5,4514 5,4520 1,75 3,30 3,30 -3,71
Poupança (2) 0,71 0,71 0,65 0,65 0,68 0,74 0,71 7,90 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Dólar Turismo (R$/US$) 5,4735 5,6535 1,81 3,22 3,22 -3,80 mai/22 346.415 22/12/22 339.067
Poupança (3) 0,71 0,71 0,65 0,65 0,68 0,74 0,71 7,90 Euro (BC) - (R$/€) 5,6726 5,6743 -0,41 1,88 1,88 -10,77 Dólar Ouro 1833,79 0,01696 316,9399 316,9752
jun/22 341.958 23/12/22 338.523
IRF-M -0,62 1,48 -0,66 0,93 1,40 2,05 -0,62 8,82 Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 5,7600 5,7606 0,87 2,23 2,23 -9,96 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IMA-B -1,23 -0,19 -0,79 1,23 1,48 1,10 -1,23 6,37 Euro Turismo (R$/€) 5,8060 5,9860 0,71 2,06 2,06 -10,14 jul/22 346.403 26/12/22 338.659
* Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-S 0,11 1,11 1,01 1,08 1,11 1,19 0,11 12,74 Euro (BC) - (US$/€) 1,0553 1,0555 -1,01 -1,11 -1,11 -6,54 ago/22 339.664 27/12/22 338.065 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável Ouro* set/22 330.580 28/12/22 337.351 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ibovespa -5,07 -2,45 -3,06 5,45 0,47 6,16 -5,07 4,69 out/22 329.546 29/12/22 337.792 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
Índice Small Cap -6,16 -3,01 -11,23 7,30 -1,84 10,90 -6,16 -15,06 B3 (R$/g) ** - 314,500 3,80 4,14 4,14 -2,93 nov/22 335.505 30/12/22 337.703
Nova York (US$/onça troy) - 1.839,16 0,55 0,87 0,87 1,96 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 -4,74 -2,55 -2,19 5,32 0,49 6,33 -4,74 5,72 dez/22 337.703 02/01/23 337.929 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE -5,90 -4,37 -10,48 7,65 -2,54 5,97 -5,90 -13,96 Londres (US$/onça troy) - 1.835,05 1,25 1,25 1,25 0,82
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IMOB -4,85 -3,97 -16,57 2,17 12,40 7,01 -4,85 -8,95 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Última cotação. ** Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IDIV -4,04 -1,61 0,78 4,03 -1,80 4,27 -4,04 12,65
IFIX -0,42 0,00 -4,15 0,02 0,49 5,76 -0,42 2,22
Dólar Ptax (BC) 3,03 -1,44 0,71 -2,77 4,39 -0,18 3,03 -6,50
Dólar Comercial (mercado) 3,30 1,47 0,70 -4,24 3,71 0,51 3,30 -5,32 Índices de ações Valor-Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro (BC) (4) 1,88 2,14 4,91 -1,75 1,49 -1,53 1,88 -11,89
Euro Comercial (mercado) (4) 2,23 4,06 6,08 -3,43 1,16 -1,18 2,23 -10,76 Em 12 meses
Ouro B3 4,14 4,50 6,64 -5,57 0,70 -1,72 4,14 -8,48 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de Variação - em % País Cidade Índice 03/01/23 02/01/23 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA (5) - 0,46 0,41 0,59 -0,29 -0,36 - 5,62 Índice 03/01/23 02/01/23 dez/22 dez/22 dia mês Ano Américas
IGP-M - 0,45 -0,56 -0,97 -0,95 -0,70 - 5,45
Valor-Coppead Performance 150.153,58 152.675,51 154.559,59 154.559,59 -1,65 -2,85 -2,85 EUA Nova York Dow Jones 33.136,37 Feriado -0,03 -0,03 -0,03 -9,43 28.725,51 36.799,65
Fontes: Anbima, BC, B3, FGV, IBGE e Valor PRO . Elaboração: Valor Data. * Rendimento até o dia dia 3/jan. ** Até dez/22. (1) rendimento bruto
do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até 03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de Valor-Coppead Mínima Variância 78.965,72 79.667,86 80.469,68 80.469,68 -0,88 -1,87 -1,87 EUA Nova York Nasdaq-100 10.862,64 Feriado -0,70 -0,70 -0,70 -34,17 10.679,35 16.501,77
04/05/12; Lei nº 2.703/2012. (4) Variação sobre o Real. (5) expectativa de 0,46% para o mês de dezembro Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 10.386,99 Feriado -0,76 -0,76 -0,76 -34,40 10.213,29 15.832,80
EUA Nova York S&P 500 3.824,14 Feriado -0,40 -0,40 -0,40 -20,27 3.577,03 4.796,56
Canadá Toronto S&P/TSX 19.443,77 Feriado 0,30 0,30 0,30 -8,38 18.206,28 22.087,22
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior
México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
49.050,46
1.269,56
48.993,24
1.283,87
0,12
-1,11
1,21
-1,28
1,21
-1,28
-7,35
-10,28
44.626,80
1.112,84
56.609,54
1.635,71
Venezuela Caracas IBVC 20.658,15 20.907,62 -1,19 -1,38 -1,38 257,27 5.098,80 20.947,68
Análise diária da indústria - em 29/12/22 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 5.136,53 Feriado -2,38 -2,38 -2,38 19,42 4.294,64 5.779,25
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Peru Lima S&P/BVL General 21.484,90 21.377,55 0,50 0,72 0,72 1,52 17.752,60 25.642,58
Data Data Valor Cupom/ Spread
líquido em em 12 em 12 Argentina Buenos Aires Merval 198.360,49 207.054,34 -4,20 -1,84 -1,84 131,79 81.004,41 207.054,34
de do Prazo US$ Custo Retorno pontos-
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2022 meses no dia no mês no ano meses Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 2.821.300,43 -9.223,85-128.638,16 -54.282,43 -49.650,87 Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base **
RF Indexados (2) 142.920,84 0,08 0,76 8,93 9,13 49,99 -5.714,26 -39.534,23 -39.043,83 JBS 02/02/22 02/02/29 84 600 3 - 145,0 Euro - Euronext 100 1.257,36 1.252,02 0,43 2,09 2,09 -8,36 2.995,33 3.620,57
RF Duração Baixa Soberano (2) 504.905,15 0,05 1,00 11,44 11,51 -9.674,41 -57.515,89 -47.321,68 -45.989,17 JBS 02/02/22 02/02/52 360 900 4,375 - 220,0 Alemanha Frankfurt DAX 14.181,67 14.069,26 0,80 1,85 1,85 -11,48 11.975,55 16.271,75
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 699.176,06 0,05 1,09 12,78 12,86 1.777,02 -11.290,95 29.624,21 29.526,63 Usina Coruripe 10/02/22 10/02/27 60 300 10 10 823,3 França Paris CAC-40 6.623,89 6.594,57 0,44 2,32 2,32 -8,22 5.676,87 7.376,37
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 92.676,81 0,05 0,05 12,61 12,70 -3,14 -1.140,59 7.368,96 8.020,70 Itaú Unibanco 14/04/22 14/04/25 36 63 3,7 3,7 97,7 Itália Milão FTSE MIB 24.436,47 24.158,28 1,15 3,08 3,08 -11,88 20.352,98 28.162,67
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 154.277,40 0,03 0,37 10,04 10,03 47,23 -1.265,01 -2.086,95 -1.992,45 Natura 19/04/22 19/04/29 84 600 6 - 341,1 Bélgica Bruxelas BEL-20 3.789,06 3.753,22 0,95 2,37 2,37 -12,60 3.313,82 4.362,21
RF Duração Livre Soberano (2) 202.745,67 0,06 0,91 11,08 11,18 -704,74 -10.364,34 9.912,68 10.025,17 Arcos Dorados 27/04/22 27/05/29 85 350 6,125 - 317,0 Dinamarca Copenhague OMX 20 1.885,79 1.858,25 1,48 2,75 2,75 1,92 1.516,18 1.885,79
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 607.038,61 0,07 0,96 12,09 11,20 763,38 -29.087,23 23.164,91 22.108,57 Aegea 06/05/22 20/05/29 85 500 7 - 413,7 Espanha Madri IBEX-35 8.397,40 8.369,70 0,33 2,05 2,05 -4,15 7.261,10 8.933,60
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 179.548,22 0,04 0,76 10,76 10,90 731,72 -1.503,59 24.339,59 24.516,91 Grécia Atenas ASE General 943,82 936,15 0,82 1,51 1,51 5,00 779,20 971,09
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data. * Atualizada em 03/01/23. ** Sobre o título do Tesouro americano de Holanda Amsterdã AEX 707,63 701,16 0,92 2,70 2,70 -11,91 630,58 804,28
Ações 477.583,11 -265,48 -4.167,90 -70.178,46 -70.442,53 mesmo prazo
Ações Indexados (2) 9.646,93 -0,47 -2,46 3,47 4,20 19,73 126,95 -2.625,95 -2.691,06 Hungria Budapeste BUX 44.614,96 43.551,73 2,44 1,88 1,88 -14,08 37.035,79 54.405,84
Ações Índice Ativo (2) 35.687,04 -0,47 -2,80 1,56 2,49 -10,09 -271,66 -14.373,15 -14.488,80 Polônia Varsóvia WIG 58.795,62 57.694,00 1,91 2,32 2,32 -16,10 45.621,39 73.334,24
Ações Livre 200.898,05 -0,10 -3,21 -6,95 -6,17 -228,54 -2.899,05 -33.218,42 -34.962,14 Portugal Lisboa PSI-20 5.829,84 5.829,15 0,01 1,81 1,81 3,40 5.190,28 6.349,21
Fechados de Ações 48.661,90 -0,18 -6,57 -6,83 -7,32 23,69 1.366,64 -718,84 -718,64 ADR - Índices Rússia Moscou RTS* 963,08 Feriado -0,77 -0,77 -0,77 -40,65 742,91 1.622,75
Multimercados 1.625.133,95 1.469,27 -5.916,95 -86.779,51 -80.815,88 Suécia Estocolmo OMX 2.090,03 2.075,76 0,69 2,28 2,28 -14,49 1.794,39 2.456,17
Multimercados Macro 194.465,81 0,00 0,76 16,83 17,13 44,47 -1.468,63 -6.973,74 -7.026,92 Em 02/01/23 Suíça Zurique SMI 10.978,64 Feriado 2,32 2,32 2,32 -15,15 10.072,62 12.939,17
Multimercados Livre 571.087,67 0,08 0,42 9,39 9,75 1.435,23 957,89 -59.680,21 -54.311,55 Turquia Istambul BIST 100 5.626,57 5.661,10 -0,61 2,13 2,13 192,04 1.851,38 5.661,10
Multimercados Juros e Moedas 63.219,84 0,06 0,99 11,91 11,99 -99,53 -1.387,55 -2.872,22 -2.656,70 Em Variação - em % Israel Tel Aviv TA-125 1.811,93 1.807,08 0,27 -0,08 -0,08 -13,17 1.784,80 2.152,16
Multimercados Invest. no Exterior (2) 713.822,75 0,14 0,30 3,35 3,24 92,82 -2.405,56 1.434,07 1.867,78 Índice 02/01/23 30/12/22 30/12/22 30/12/22 02/01/22 dia mês ano 12 meses África do Sul Joanesburgo All Share 74.436,48 Feriado 1,90 1,90 1,90 0,97 63.263,94 77.536,12
Cambial 8.088,87 0,86 1,87 -3,41 -5,26 5,29 76,61 218,10 580,23 S&P BNY Feriado 141,56 141,56 141,56 160,14 - - - -11,60 Ásia e Pacífico
Previdência 1.177.881,84 518,78 1.023,92 12.362,10 11.937,66 S&P BNY Emergentes Feriado 271,49 271,49 271,49 339,00 - - - -19,91 Japão Tóquio Nikkei-225 Feriado Feriado - - - -9,37 24.717,53 29.332,16
ETF 38.130,03 -107,04 1.300,46 366,31 -151,22 S&P BNY América Latina Feriado 181,83 181,83 181,83 179,82 - - - 1,12 Austrália Sidney All Ordinaries 7.131,10 Feriado -1,25 -1,25 -1,25 -8,33 6.609,50 7.926,80
Demais Tipos 1.681.120,58 -1.766,14 -13.836,25 -85.317,33 -81.156,14 S&P BNY Brasil Feriado 190,33 190,33 190,33 184,87 - - - 2,95 China Shenzhen SZSE Composite 2.004,12 Feriado 1,44 1,44 1,44 -20,79 1.752,27 2.527,70
Total Fundos de Investimentos 6.148.118,23 -7.603,04-136.322,03 -198.293,89 -188.542,61 S&P BNY México Feriado 246,74 246,74 246,74 279,00 - - - -11,56 China Xangai SSE Composite 3.116,51 Feriado 0,88 0,88 0,88 -14,38 2.886,43 3.632,33
Total Fundos Estruturados (3) 1.200.046,62 -5.897,16 -10.308,36 30.219,30 29.744,69
S&P BNY Argentina Feriado 106,49 106,49 106,49 70,86 - - - 50,28 Coreia do Sul Seul KOSPI 2.218,68 2.225,67 -0,31 -0,79 -0,79 -25,77 2.155,49 2.989,24
Total Fundos Off Shore (4) 58.945,68 - - - -
S&P BNY Chile Feriado 171,62 171,62 171,62 134,90 - - - 27,22 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 20.145,29 Feriado 1,84 1,84 1,84 -13,45 14.687,02 24.965,55
Total Geral 7.407.110,53 -13.500,20-146.630,39 -168.074,59 -158.797,93
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em S&P BNY Índia Feriado 2.841,98 2.841,98 2.841,98 3.190,48 - - - -10,92 Índia Bombaim S&P BSE Sensex 61.294,20 61.167,79 0,21 0,75 0,75 3,57 51.360,42 63.284,19
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos S&P BNY Ásia Feriado 162,47 162,47 162,47 207,32 - - - -21,63 Indonésia Jacarta JCI 6.888,76 6.850,98 0,55 0,56 0,56 3,35 6.568,17 7.318,02
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de novembro de 2022 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos S&P BNY China Feriado 338,39 338,39 338,39 428,56 - - - -21,04 Tailândia Bangcoc SET 1.678,97 Feriado 0,62 0,62 0,62 1,29 1.533,37 1.713,20
regidos pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da re- S&P BNY Rússia Feriado 221,34 221,34 221,34 319,36 - - - -30,69 Taiwan Taipé TAIEX 14.224,12 Feriado 0,61 0,61 0,61 -22,15 12.666,12 18.526,35
presentatividade da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não S&P BNY Turquia Feriado 20,63 20,63 20,63 16,83 - - - 22,58 Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Bombaim, Budapeste, Istambul, Jacarta, Joanesburgo, Lima, Madrid e Zurique. Elaboração: Valor Data
informaram o PL na data de emissão do relatório Fonte: S&P BNY Mellon. Elaboração: Valor Data * Índice expresso em dólares
C4 | Valor | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Investimentos Saída de recursos vem na contramão de ano de bom desempenho para as estratégias macro
Multimercados têm saque recorde de R$ 87 bi
Adriana Cotias
De São Paulo
Num 2022 em que os multi-
mercados registraram saques re-
cordes de R$ 86,8 bilhões e inter-
romperam uma sequência de seis
anos de captação positiva (R$ 397
bilhões acumulados), conforme
dados da Anbima, os portfólios
com estratégia macro tiveram
um dos melhores desempenhos
da história recente. Há ganhos de
até 39%, caso do Asa Hedge, se-
guido por SPX Raptor, Vinland e
Capstone, com carteiras com va-
lorização acima de 30%. Há ainda
uma série de exemplos com valo-
rização perto dos 20%.
É um conjunto que supera com
folga os 12,4% da Selic efetiva no
ano e os 13,6% do índice de hedge
funds (IHF) da Anbima, que reúne
carteiras dos mais diversos estilos.
Essa foto parte de uma amostra
feita por Einar Rivero, da Trade-
Map, com carteiras com patrimô-
nio acima de R$ 100 milhões.
Foi o combo pró-alta de juros
nos Estados Unidos e em outras
economias e de queda das bolsas
que permeou boa parte das estra-
tégias de gestores ouvidos pelo Va-
lor. Para 2023, o comportamento
da inflação e o ciclo de aperto mo-
netário americano são ingredien-
tes que vão ser depurados para
buscar retornos acima do CDI, o
chamado alfa. No Brasil, em meio à
transição de governo e dúvidas so-
bre o quadro fiscal, as posições es-
tão por ora mais contidas.
No Asa Hedge, o time de gestão
vinha privilegiando posições fora
do Brasil, nos Estados Unidos, na
Europa e no segmento de com-
modities, onde as oportunidades
pareciam mais claras, diz o gestor
Filippe Santa Fé Cunha. O melhor
cavalo, diz, é ficar “vendido”
(apostando na baixa) nas bolsas lá
fora. O fundo virou o ano mais le-
ve em risco, e não há pressa para
comprar ou vender até ter mais
convicção de que a relação ris-
co/retorno faz sentido. “O ano de
2023 tende a ser difícil para ativos
em geral e, potencialmente, para
as bolsas. Isso faz parte da evolu-
ção normal do ciclo econômico.”
Em 2022, a posição que refletia
a percepção de alta dos juros ame-
ricanos frutificou, principalmen-
te no primeiro semestre, e foi
mantido um colchão em renda
variável porque as estimativas de
crescimento de lucros apontavam
para uma queda de ações que não
seria disseminada. “Agora chegou
a fase do ciclo em que a economia
precisa desacelerar de fato, apesar
de nos EUA a velocidade se mos-
trar menor do que o banco central
gostaria para controlar a infla-
ção”, diz Santa Fé. “Quando se
olha para alguns setores, não dá
para dizer que a política monetá-
ria está fazendo o seu trabalho.”
Com dados ambíguos, a gestão
do Asa segue com pé atrás com a
inflação e pensa em como moneti-
zar o portfólio. “Uma hora o tranco
vem. A posição tomada [em juros]
Em 2022, gestores macro provaram sua versatilidade
De São Paulo
O ano de 2022 serviu para des-
construir a tese de que os multi-
mercados com estratégia macro
só ganham dinheiro em ciclos de
queda de juros. Depois de uma
montanha de dinheiro ter saído
dessas carteiras, os fundos exibem
retornos atraentes, a despeito de a
Selic só ter subido, diz Tiago
Sant’Anna, CEO da Absolute. “É
importante performar bem num
momento de destruição de valor
na bolsa”, afirma. “Teve esse cacoe-
te dos investidores resgatarem
sob o pretexto de reduzir o risco,
mas a gente passou a maior parte
do ano vendido (apostando na
baixa) na bolsa e tomado (preven-
do alta) em juros, é uma exposi-
ção de investimento balanceada.”
Fabiano Godoi, sócio e CIO da
Kairós, considera que 2023 tende
a ser um outro ano de bom de-
sempenho para os multimerca-
dos, que se apropriam tanto dos
cenários positivos quanto negati-
vos, com produtos que se encai-
xam desde o perfil ultraconserva-
dor até o mais agressivo. “O ano
de 2022 deve ter sido o de maior
Pessoa, da Legacy: ganhos com estratégias que previam que todos os ativos perderiam valor, com alta de juros pelos BCs
funcionaria num cenário só, se de
fato a inflação surpreender e o Fed
[Federal Reserve, o BC americano]
comunicar a intenção de subir ju-
ros, mas ficando vendido em bolsa
a gente ganha também em outros
cenários.” Já no Brasil, o gestor diz
que o pano de fundo não inspira
confiança. O principal problema é
o fiscal, com dúvidas sobre qual se-
rá a nova âncora do novo governo
para substituir o teto de gastos.
Em 2022, quando viu os BCs ace-
lerarem a alta de juros, a Legacy
montou posições prevendo que
todos os ativos perderiam valor,
com exceção das commodities, diz
Gustavo Pessoa, sócio da gestora.
Isso se refletiu em estratégias ven-
didas em juros e em bolsa. Na pon-
ta comprada, a escolha foi ter uma
alocação maior em petróleo, sob a
leitura de que a demanda seguiria
alta, em meio à guerra entre Rússia
e Ucrânia e pressões por investi-
mentos em energia renovável.
Olhando para 2023, há a expec-
tativa de altas de juros residuais,
com o Fed encerrando o ajuste
com a taxa pouco acima de 5% e o
Banco Central Europeu (BCE) em
3,25%. Com a economia perdendo
ritmo e a avaliação de que o pico
inflacionário passou, a avaliação
dentro da Legacy é que a política
monetária e fiscal mais apertadas
vêm surtindo efeito, diz Pessoa. No
primeiro trimestre, o time da Lega-
cy já espera que a Europa esteja nu-
ma recessão formal e que, à frente,
venha uma desaceleração mais
forte nos EUA. “Só que, diferente-
mente de outros momentos, a in-
flação ainda vai estar muito alta, os
BCs não vão cortar juros tão rápido
divergência entre ‘overperfor-
mance’ [retorno acima do CDI]
versus o resgate em relação ao es-
toque de recursos.” A classe, que
representa quase 22% do seg-
mento de fundos como um todo,
fechou 2022 com um patrimônio
de R$ 1,62 trilhão, e no ano obser-
vou saques de R$ 86,8 bilhões, se-
gundo dados da Anbima.
Em 2022, os fundos mistos en-
frentaram especialmente a con-
corrência dos títulos de crédito
corporativo isentos de imposto
de renda vendidos no varejo, diz
Gustavo Pessoa, sócio da Legacy
Capital. “Quando a Selic é muito
alta e tem instrumentos de renda
fixa incentivados, o multimerca-
do acaba não atraindo tanto in-
teresse, mas o ambiente está
muito volátil, há incertezas no
Brasil e no mundo você precisa
ter liberdade e ser ágil para ficar
comprado e vendido em qual-
quer ativo. O único meio que o
investidor tem para fazer isso é
nos multimercados”, afirma. “A
classe provou que nesse tipo de
ambiente consegue se destacar.”
Nesse período mais recente de
estresse global, o investidor, na
e a recessão pode se aprofundar.”
Com o freio econômico, a posi-
ção em que a Legacy mais confia
hoje é a vendida em bolsa por-
que, com a manutenção de juros
elevados, a expectativa é que haja
revisão do lucro das empresas, al-
go ainda não plenamente incor-
porado aos preços das ações.
A China, por sua vez, ensaia ir na
contramão de Europa e EUA, com
o seu viés de reabrir a economia e
incentivar o consumo após as polí-
ticas de isolamento social com a
meta de covid zero durante 2022.
“Isso vai fazer com que a demanda
por commodities siga elevada, in-
cluindo combustíveis, bens semi-
duráveis, mas também serviços”,
diz Pessoa. “É uma carteira que ho-
je reflete a desaceleração [do mun-
do], com um asterisco em China.”
No Brasil, o gestor diz que a foto
é boa, considerando-se dados co-
mo crescimento, inflação e dívi-
da/PIB, mas adiante ele vê uma de-
saceleração cíclica por conta da al-
ta de juros que levou a Selic a
13,75%. Na contramão vem uma
expansão fiscal contratada que di-
ficulta o investimento privado. “É
esperar para ver a ordem de gran-
deza das novas políticas que o no-
vo governo vai implementar e em
que velocidade”, afirma Pessoa.
A expectativa do time da Lega-
cy é que também venha algum
elemento parafiscal, com taxas
subsidiadas de crédito via BNDES
e outros bancos públicos, o que
faz com que a potência da políti-
ca monetária seja reduzida e a in-
flação demore para ceder. “Se [o
IPCA] não converge para a meta,
o juro fica alto por muito tempo,
média, teve perdas relevantes no
mercado internacional e passou a
avaliar o que faz sentido para sua
disposição à tomada de risco, afir-
ma Rubens Henriques, CEO da Cla-
ve Capital. “Os multimercados, es-
pecificamente, se provaram como
um produto versátil. Os alocado-
res têm o papel de explicar ao
cliente que o multimercado é
CDI+, não tem a obrigação de ter
posição em mercado nenhum e
parte do CDI gordo também.”
Fabiano Rios, sócio e CIO da Ab-
solute, diz não estar na ponta mais
pessimista em relação ao cresci-
mento econômico e não espera
que os juros de referência nos Esta-
dos Unidos subam além do que os
investidores já incorporaram nos
preços. Mas ele acha que as taxas
demoram a cair e isso não está re-
fletido nos títulos longos. Na bol-
sa, valeria se expor a companhias
mais tradicionais, geradoras de
caixa. “O ‘stock picking’ global vai
ser importante em 2023.”
Ele avalia, por exemplo, que o
índice Dow Jones terá desempe-
nho melhor do que o Nasdaq,
que reúne empresas de tecnolo-
gia, e que alguns emergentes
SILVIA COSTANTI/VALOR
esse é o nosso cenário base”, des-
taca Pessoa. “Ficou difícil saber se
o próximo movimento de juros é
para cima ou para baixo, depen-
de muito das expectativas de in-
flação e do comportamento do
real.” Com essa combinação, o
gestor diz que a bolsa é o pior ati-
vo no Brasil, enquanto em juros a
casa já tem rodado mais leve.
Se o Brasil não tivesse questões
de política econômica a serem
definidas, seria um dos mercados
elegíveis entre os emergentes pa-
ra se construir posições pró-corte
de juros, diz Caio Santos, sócio
responsável pela área de relações
com investidores da Ibiuna.
“Considerando-se só o nível de
juros em relação às perspectivas
inflacionárias, teria algum prê-
mio dentro do grupo [de países]
que a gente está virando a mão.”
No México, ele diz que a gestora já
está aplicada (apostando na bai-
xa das taxas) há alguns meses, no
Chile há posição menor nessa di-
reção, e Brasil e Coreia seriam op-
ções na mesma ponta.
Com a avaliação de que as eco-
nomias desenvolvidas ainda estão
terminando seus ajustes de juros, a
exposição tem sido menor. A Ibiu-
na considera que o mercado ainda
vai colocar nos preços elevações de
taxas na Europa e algumas corre-
ções nos EUA. Ao longo do ano, a
gestão espera compor a carteira
com outros mercados que estão
em vias de relaxar a política mone-
tária. “A gente está num momento
do portfólio como se fosse um
‘long/short’ [comprado e vendi-
do], as posições não foram pensa-
das dessa forma, mas não há uma
também vão exibir performance
acima das bolsas de economias
desenvolvidas, porque são mais
concentrados em casos de valor.
A Absolute está zerada em Bra-
sil e o gestor aguarda o cenário
clarear para tomar posições oti-
mistas, caso o ambiente permita.
Por ora, Rios diz não haver indica-
ções de que o novo governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va fará concessões a pautas pró-
mercado. “Acho que, pelas de-
monstrações da equipe colocada,
pode desperdiçar uma grande
oportunidade. É difícil dizer, mas
mais gasto se reflete em investi-
mento ineficiente, juros mais al-
tos no longo prazo e menor inves-
timento privado. Espero estar er-
rado, mas essa é a fórmula do fra-
casso.” Para 2023, a casa não espe-
ra nenhum corte da Selic.
O Brasil é apenas uma peque-
na peça na engrenagem mundial
e o ambiente enseja um cenário
difícil para 2023, diz Godoi, da
Kairós Capital. “A doença global é
a inflação e o remédio do aumen-
to de juros e de restrição de liqui-
dez leva tempo para ser resolvi-
do. É preciso que os mecanismos
O tom das estratégias macro
Desempenho de fundos selecionados
Fundo
Absolute Vertex II Fc FI Mult
Asa Hedge Fc FI Mult
Bahia Am Marau Fc de FI Mult
Capstone Macro FICFI Mult
Clave Alpha Macro P Fc FI Mult
Gap Absoluto Fc FI Mult
Gavea Estrategia Macro Fc FI Mult
Genoa Capital Radar FIC FIM*
Ibiuna Hedge Sth Fc de FI Mult
JGP Strategy FIC FIM*
Kairos Macro Fc FI Mult
Kapitalo K10 Fc FI Mult
Kapitalo Zeta A Fc FI Mult
Legacy Capital Fc FI Mult
SPX Nimitz Feeder FIC Mult
SPX Raptor Feeder IE FIC FIM*
Truxt I Macro FICFI Mult
Verde FICFI Mult
Vinland Macro Fc FI Mult
Vinland Macro Plus Fc Mult
Xp Macro FI Mult
Xp Macro Plus Fc FI Mult
Fonte: TradeMap/ *Mais Retorno
direção só”, afirma Santos.
Por ora, a gestão do multimer-
cado macro da casa, liderada pe-
la dupla de ex-BCs Mario Torós e
Rodrigo Azevedo, está fora de
Brasil e espera definições do no-
vo governo para se expor tatica-
mente. “A relação risco/retorno
atual é ruim. Juros podem ser as
principais posições à frente, e is-
so pode se traduzir também em
exposição em moedas, mas não
neste momento. E o mesmo vale-
ria para a bolsa”, diz Santos.
A Ibiuna passou boa parte de
2022 tomada em juros america-
nos, depois extraiu retorno de es-
tratégias na Europa e, por fim,
migrou para os emergentes, cap-
turando, por exemplo, todo o ci-
clo em Israel. Nos EUA, Santos diz
que, se pudesse fazer uma única
pergunta para alguém do futuro,
seria qual o nível da inflação em
dezembro de 2023, a fim de de-
prender qual o número que o Fed
vai buscar com a sua política de
aperto das condições financeiras.
“Essa é uma pergunta difícil, a
gente não vai acertar a resposta,
está mirando na tendência.”
O multimercado da Clave Ca-
pital teve ganhos em juros, moe-
das e bolsas tanto no Brasil quan-
to no exterior, além de commo-
dities, não “foi uma única taca-
da”, resume Rubens Henriques,
sócio-fundador e CEO da asset.
A partir do quarto trimestre, a
carteira mudou pelo entendi-
mento que os juros futuros nos
EUA estariam próximos de atin-
gir o seu pico e, consequente-
mente o dólar também. Em con-
junto com a recuperação da Chi-
na, a avaliação é que isso pode se
traduzir numa reaceleração cícli-
ca, diz o sócio-gestor responsável
pelo multimercado macro da
Clave, Rodrigo Carvalho. A ges-
tão passou a ficar aplicada em ju-
ros em países mais avançados no
de política tradicionais desacele-
rem a atividade para que tire
pressão sobre os preços. Enquan-
to não houver desaceleração fir-
me e forte, é difícil imaginar que
os BCs tenham espaço para cor-
tar juros novamente.”
O gestor diz que o risco é os
BCs produzirem uma recessão
quase sincronizada nas econo-
mias desenvolvidas, trazendo os
preços dos ativos ainda mais pa-
ra baixo em 2023. E ele não conta
com o motor chinês para equili-
brar o crescimento global, por-
que o país ainda está às voltas
com os dilemas da flexibilização
da política zero covid e entende
que as perdas do setor imobiliá-
rio não foram totalmente digeri-
das. “Isso torna as coisas mais di-
fíceis para os emergentes, ainda
mais para os países que estão dis-
tantes de fazer o dever de casa.”
Godoi esperava que, depois de
uma eleição disputada em que
Lula ganhou com pequena mar-
gem de vantagem, o novo gover-
no “não gastasse capital político
a zero de jogo com estripulia fis-
cal” para aprovar a PEC da Transi-
ção. Independentemente de
PL (R$ MM) Rentabilidade (%)
3.969.197 22,90
2.041.843 39,16
715.671 19,25
1.081.580 30,84
1.730.860 19,39
700.100 17,16
1.555.078 18,74
410.210 21,40
5.262.439 19,37
961.220 17,20
145.660 24,80
2.997.175 21,49
4.810.052 19,62
664.221 23,03
901.359 21,69
2.620.000 31,90
297.266 17,83
1.297.465 15,71
756.975 20,20
579.891 30,54
1.926.861 18,96
1.703.491 27,19
0 10 20 30 40 50
ciclo monetário ou em econo-
mias consideradas mais vulnerá-
veis, como a canadense. O portfó-
lio virou 2023 vendido em dólar
e com operações de taxas de ju-
ros em mercados selecionados.
O gestor diz que não comprou
bolsa, preferindo expressar a sua
visão em juros e moedas. Carva-
lho considera que a revisão de lu-
cro das empresas está atrasada
em relação aos demais ativos.
No Brasil, a Clave chegou à
eleição comprada em bolsa e no
real, sob a leitura de que o tercei-
ro mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva seria guiado
pelo pragmatismo econômico,
descreve Carvalho. “O que acon-
teceu com o portfólio aqui é que
a tese se provou errada”, afirma
Carvalho. Mas, nos primeiros
dias de ativos para cima após o
segundo turno, o gestor zerou as
posições direcionais e manteve o
hedge que havia montado pre-
vendo alta das taxas de juros fu-
turas. Atualmente, o portfólio es-
tá levemente negativo.
Apesar de considerar os ativos
baratos, Carvalho diz estar preo-
cupado com a consolidação fis-
cal e espera ver os atos do novo
governo antes de construir posi-
ções direcionais no mercado lo-
cal. “Na realidade, há uma domi-
nância da renda fixa, com os ju-
ros em quase 14%, e a NTN-B em
6,5%. Outros ativos, como bolsa e
câmbio, se a renda fixa não tiver
valor nesse preço, o resto tam-
bém não tem. Qualquer ‘valua-
tion’ que se faça em bolsa com
6,5% de juro real, na perpetuida-
de nada tem valor”, diz. “O país
está num ponto do ciclo econô-
mico em que se espera desinfla-
ção, mas sem dúvida há questões
que podem atrapalhar a política
monetária. A magnitude [dos ju-
ros] pode mudar se a resposta da
política fiscal não for boa.”
quem ganhasse, ele cita que seria
esperado alguma emenda à
Constituição para furar o teto de
gastos neste ano e acomodar o
aumento do já rebatizado Bolsa
Família. “Mas uma coisa é estou-
rar R$ 50 bilhões a R$ 70 bilhões,
talvez o mínimo necessário para
pagar [o benefício], outra coisa é
prever quase R$ 200 bilhões fora
do teto. A impressão é que o go-
verno está explorando os limites
do que a política fiscal possa per-
mitir, é muito preocupante.”
O gestor entende que o momen-
to é de ter posições que se apro-
priem de um cenário pior. O multi-
mercado está vendido em ações
globais, segue levemente tomado
na curva de juros, nos EUA e na Eu-
ropa, e em determinadas classes de
ativos, como o dólar, já expressa o
risco de recessão. Cerca de 90% do
risco está alocado fora do Brasil,
com o que tem aqui pendendo pa-
ra o lado pessimista, comprado na
moeda americana ante o real. (AC)
.com
Leia reportagens sobre investimentos
e finanças pessoais no site
www.valorinveste.com

Legislação
Destaques
Processo de falência
Nos processos de falência, mesmo
com a nomeação de depositário, o
administrador judicial continua
responsável solidariamente no ca-
so de desaparecimento de bens.
Contudo, essa responsabilidade,
decorrente de dolo ou culpa do
depositário, deve ser apurada em
ação própria, com garantia de
contraditório e ampla defesa. O
entendimento foi estabelecido pe-
la 3ª Turma do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) ao reformar acór-
dão do Tribunal de Justiça do Para-
ná (TJPR) que, em razão da não lo-
calização de bens arrecadados da
massa falida para a realização de
leilão, determinou que o adminis-
trador judicial depositasse os valo-
res correspondentes aos bens per-
didos. Para o TJPR, não seria neces-
sário a ação autônoma de respon-
sabilização do gestor, garantin-
do-se a ele, entretanto, o direito de
regresso contra o depositário. Re-
lator do recurso, o ministro Moura
Ribeiro explicou que, quando o
administrador judicial escolhe di-
retamente o depositário dos bens
e eles desaparecem, a princípio, é
cabível a sua responsabilidade so-
lidária. O ministro, porém, cha-
mou a atenção para a necessidade
de cautela nessa responsabiliza-
ção, com a previsão de ampla defe-
sa e contraditório em processo le-
gal específico (REsp 1841021).
Depósito recursal
A 6ª Turma do Tribunal Superior
do Trabalho (TST) manteve deci-
são que havia rejeitado a apresen-
tação de comprovante de agenda-
mento como prova do recolhi-
mento do depósito recursal pela
Baby Blue Confecções e Acessó-
rios, empresa de pequeno porte
de Porto Alegre (RS). Segundo o
colegiado, o documento não é su-
ficiente para provar o efetivo pa-
gamento dentro do prazo legal,
um dos requisitos para que o re-
curso seja apreciado. Em reclama-
ção trabalhista ajuizada por uma
costureira, a empresa havia sido
condenada a pagar cerca de R$ 13
mil e recorreu ao Tribunal Regio-
nal do Trabalho do Rio Grande do
Sul (TRT-RS). Contudo, o regional
entendeu ter havido deserção (si-
tuação em que a parte não cum-
pre o prazo para recolhimento do
depósito recursal ou o faz de for-
ma insuficiente), ao constatar que
tinha sido juntado ao processo
apenas um comprovante de agen-
damento desse pagamento. A Ba-
by Blue Confecções chegou a en-
caminhar o comprovante de pa-
gamento ao opor embargos de
declaração, mas o TRT entendeu
que o prazo para essa providência
já havia se encerrado com a apre-
sentação do recurso ordinário
(RR-20084-81.2017.5.04.0004).
Acidente e fuga
O juiz titular do Juizado Especial
de Brazlândia (DF) condenou um
motorista a pagar indenização por
danos morais e materiais por ter
causado um acidente ao furar o si-
nal vermelho e bater em uma mo-
to. O motociclista narrou que o
réu dirigia uma caminhonete per-
to da rodoviária de Brazlândia,
quando avançou o semáforo e ba-
teu em sua moto. Contou que,
após causar o acidente, o réu fugiu
do local sem prestar socorro ao
autor que teve que ser hospitaliza-
do em razão dos ferimentos. Dian-
te do ocorrido, requereu na Justiça
que o réu fosse condenado a lhe
indenizar pelos danos causados. O
réu se defendeu sob a alegação de
que o motivo principal do aciden-
te teria sido a alta velocidade com
que trafegava o autor. Ao decidir,
o magistrado explicou que as pro-
vas, bem como a dinâmica dos fa-
tos demonstram que o réu foi o
culpado pelo acidente. Também
esclareceu que houve danos mo-
rais, pois o réu não prestou socor-
ro e o autor teve que ser internado,
por fratura no antebraço. Assim,
condenou o réu a ressarcir ao au-
tor o valor de R$ 2.545,98, pelos
danos materiais, além de pagar
uma indenização no valor de R$ 2
mil, pelos danos morais (processo
nº 0701447-72.2021.8.07.0002).
& Tributos
Trabalhista Entre as questões mais polêmicas que
ficaram para 2023 está o contrato intermitente
STF julgará sete pontos
da reforma trabalhista
Adriana Aguiar
De São Paulo
Cinco anos após a entrada em
vigor da Lei da Reforma Traba-
lhista (nº 13.467, de 2017), ainda
tramitam no Supremo Tribunal
Federal (STF) 11 das 39 ações mo-
vidas contra mudanças realiza-
das na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). O levantamento
foi feito pelo escritório Advoca-
cia Maciel a pedido do Valor.
Essas 11 ações discutem sete te-
mas. O principal, segundo especia-
listas, é o que trata do contrato de
trabalho intermitente. A legisla-
ção só autoriza essa modalidade
para serviços esporádicos, com al-
ternância de períodos de presta-
ção de serviço e de inatividade.
O funcionário só recebe pelo
período efetivamente trabalha-
do, quando convocado pelo em-
pregador — que pode ser mais de
um. Direitos trabalhistas, como
férias e 13º salário, são pagos de
forma proporcional, assim como
o FGTS. Em 2022, 276,5 mil traba-
lhadores foram contratados por
meio dessa modalidade, segun-
do o Cadastro Geral de Emprega-
dos e Desempregados (Caged).
O tema começou a ser julga-
do, em dezembro de 2020, no
plenário físico. Em novembro de
2022, foi transferido ao virtual e
agora deve voltar ao físico, após
pedido de destaque do ministro
André Mendonça.
Entidades que assessoram traba-
lhadores alegam, nos processos,
que, embora o trabalho intermiten-
te tenha sido criado sob o pretexto
de ampliar vagas, leva a salários me-
nores e impede a subsistência de tra-
balhadores. Violaria os princípios
constitucionais da dignidade da
pessoa humana e da isonomia.
Nesse vaivém, quatro ministros
se manifestaram. O relator, minis-
tro Edson Fachin, votou pela in-
constitucionalidade do trabalho
intermitente. Rosa Weber, no Ple-
nário Virtual, acompanhou o en-
tendimento com ressalvas, sem
destacar quais seriam. Antes, Nu-
nes Marques e Alexandre de Mo-
raes haviam votado, no plenário fí-
sico, pela constitucionalidade.
Ministros validaram principais pilares da lei em 2022
De São Paulo
O Supremo Tribunal Federal
(STF) validou, em 2022, os princi-
pais pilares da Lei da Reforma Tra-
balhista (nº 13.467, de 2017). Os
ministros acabaram com a chama-
da ultratividade, que mantinha em
vigor cláusulas coletivas até nova
negociação, consideraram que de-
ve predominar o negociado sobre
o legislado e definiram que demis-
sões coletivas devem ser negocia-
das com sindicatos, mas podem
ocorrer se não houver acordo.
Esses dois últimos pontos fo-
ram tratados em casos anteriores
à reforma trabalhista. Mas, se-
gundo especialistas, esses julga-
mentos acabaram validando as
previsões incluídas pela lei.
Para advogados de empresas, não
daria para dizer que esses posiciona-
mentos as favorecem. Já para os ad-
vogados de trabalhadores, está se
fortalecendo a liberdade econômica
e o poder de decisão do emprega-
dor, que pode, decerta forma,impor
sua vontade na negociação.
Em junho, o Pleno tratou da
prevalência do negociado sobre
o legislado. Como o processo foi
julgado em repercussão geral,
deve ser aplicado por toda a Jus-
tiça (ARE 1121633).
O caso analisado pelos minis-
tros tratava das chamadas “horas
in itinere” (horas de deslocamen-
to). Uma cláusula acordada entre
SP
O que ainda falta julgar
Ações em tramitação no STF que discutem a reforma
Trabalho intermitente (ADIs 5826, 6154 e 5829)
Teto para reparação de dano extrapatrimonial (ADIs 6050, 6069 e 6082)
Adoção de jornada de 12x36 por meio de acordo individual (ADI 5994)
Negociação de demissões coletivas com sindicatos (ADI 6142)
Regras para estabelecimento e alteração de súmulas e enunciados (ADI 6188)
Indicação do valor de pedidos em reclamação trabalhista (ADI 6002)
Justiça gratuita nos tribunais trabalhistas (ADC 80)
Fonte: Maciel Advocacia
Para Fachin, o contrato de traba-
lho intermitente não protege “sufi-
cientemente” os direitos fundamen-
tais sociais trabalhistas, uma vez que
não há fixação de horas mínimas de
trabalho e de rendimentos mínimos
— e, mesmo que estimados, deixam
o trabalhador vulnerável.
Nunes Marques, por sua vez,
defendeu que o STF deve olhar
para a realidade do mercado de
trabalho para não prejudicar o
próprio trabalhador, ao desejar
protegê-lo de forma exagerada.
Moraes o acompanhou e disse
que não houve retrocessos aos
direitos dos trabalhadores.
De acordo com o advogado Pedro
Maciel, sócio da Advocacia Maciel,
essa é realmente uma discussão
complicada. “A ideia era fazer uma
forma de legalizar o bico, aquele tra-
balho esporádico, mas é difícil por-
que se mal utilizado pode deixar o
trabalhador desprotegido”, diz.
Para que o trabalho intermitente
não seja descaracterizado, lembra o
advogado, não se pode trabalhar to-
das as semanas para o mesmo em-
pregador. Com isso, acrescenta, o
trabalhador é obrigado a ter várias
atividades para conseguir renda. “Is-
so acaba sendo complicado.”
Cleber Venditti, sócio da área
trabalhista do Mattos Filho, enten-
de que, a depender da decisão, po-
de haver um retrocesso, já que essa
modalidade tem sido usada por
varejistas, hotéis, bares e restau-
rantes. “O trabalho intermitente
trouxe para a formalidade ativida-
des que antes eram exercidas na
informalidade. É bom para a em-
empresa e sindicato previa o for-
necimento de transporte para o
deslocamento dos empregados
até o local de trabalho, mas su-
primiu o pagamento referente
ao tempo de percurso. O placar
fechou em sete a dois para vali-
dar a cláusula e fixar a tese que
reforça as negociações coletivas.
Com a edição da reforma tra-
balhista e a alteração da Consoli-
dação das Leis do Trabalho (CLT),
há cinco anos, passou-se a prever
expressamente que convenções e
acordos coletivos de trabalho
têm prevalência sobre a lei em
determinadas situações.
Agora há um rol taxativo do
que não pode ser negociado no
artigo 611-B da CLT — pratica-
mente o que está garantido na
Constituição. Já no artigo 611-A
existem exemplos do que pode
ser negociado: planos de cargos e
salários, regras de teletrabalho,
sobreaviso e trabalho intermi-
tente, além de banco de horas e
compensação de feriados.
No mesmo mês de junho, os
ministros concluíram o julga-
mento que tratou da obrigato-
riedade de negociação com sin-
dicato para demissões coletivas.
O STF decidiu que as empresas
estão obrigadas a negociar. Con-
tudo, caso não haja acordo, esta-
rão liberadas para fazer as dis-
pensas (RE 999435).
O processo analisado anterior
presa e é bom também para o em-
pregado porque dá algum tipo de
proteção social”, diz.
Outro julgamento importante
que está pendente de decisão trata
do tabelamento de indenizações
por danos morais — que, com a re-
forma, passou a ser tratado na CLT
como extrapatrimoniais. Por en-
quanto, há apenas o voto do relator,
ministro Gilmar Mendes, que man-
teveosparâmetrosestabelecidospe-
la Lei nº 13.467, de 2017, que vincu-
lam o valor de indenizações à remu-
neração das vítimas.
Em seu voto, ele fez, no entan-
to, uma ressalva. Para ele, o juiz
pode ultrapassar os tetos estabe-
lecidos pela norma. Na sequên-
cia, o julgamento foi interrompi-
do por pedido de vista do minis-
tro Nunes Marques.
Para Pedro Maciel, essa previ-
são também é questionável por-
que estabelece indenizações
maiores a quem tem salários
mais altos, “o que não faz senti-
do”. Ele afirma que foi importan-
te a ressalva feita pelo ministro
Gilmar Mendes.
Outro julgamento relevante, já
iniciado, trata da possibilidade da
jornada de 12 por 36 — 12 horas de
trabalho por 36 de descanso — ser
pactuada por acordo individual. Es-
se tipo de jornada é aplicada em se-
tores específicos, que precisam de
atividade durante o dia e a noite —
como o hospitalar e o de segurança.
Antes da reforma, essa jornada
teria que ser pactuada em acordo
com o sindicato. Por isso, a Con-
federação Nacional dos Traba-
à reforma trabalhista, que equi-
para a demissão coletiva à indivi-
dual, dispensando a negociação.
Mas, segundo advogados, já de-
monstra o posicionamento do
tribunal sobre a questão.
Em maio, o STF decidiu que
são inconstitucionais as decisões
judiciais e a Súmula 277 do TST,
que aplicam o princípio da ul-
tratividade a acordos e conven-
ções coletivas no âmbito traba-
lhista (ADPF 323).
O que prevaleceu nesses julga-
mentos, segundo o advogado
trabalhista Pedro Maciel, sócio
da Advocacia Maciel, foi a flexibi-
lidade e a liberdade de negocia-
ção trazidas com a reforma tra-
balhista. “A negociação entre as
partes deve valer mais do que es-
tá previsto em lei”, diz.
O advogado Cleber Venditti,
do sócio da área trabalhista do
Mattos Filho, considera que, nes-
ses casos, não há vitória das em-
presas ou empregados, mas da
negociação. “No fim do dia, não
existe acordo coletivo caso os
empregados digam não”, afirma.
O prejuízo, contudo, acrescen-
ta, foi tirar a fonte de custeio de
sindicatos com a reforma, ao tor-
nar a contribuição sindical facul-
tativa. Para ele, o que o Supremo
fez, nesses julgamentos de 2022,
foi emponderar as partes para a
negociação.
Já na opinião do advogado que
São Paulo | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 | E1
Pedro Maciel: discussão sobre trabalho intermitente é complicada
lhadores na Saúde (CNTS) foi a
STF com a alegação de que essa
previsão viola o artigo 7º, incisos
XIII e XXII, da Constituição.
O inciso XIII trata da duração do
trabalho não superior a oito horas
diárias e 44 semanais e o XXII fala
em redução dos riscos inerentes ao
trabalho por meio de normas de
saúde, higiene e segurança.
O relator, ministro Marco Auré-
lio, votou pela inconstitucionali-
dade, ou seja que essa modalidade
de trabalho não poderia ser previs-
ta em acordo individual. Em segui-
da, Gilmar Mendes pediu vista.
O Supremo ainda deve analisar
uma ação que trata da dispensa
dos sindicatos nas demissões imo-
tivadas individuais ou coletivas e
na homologação de acordos judi-
ciais de trabalho. O caso está com o
relator, ministro Edson Fachin, e
não foi iniciado ainda.
Pedro Maciel lembra que, no ano
passado, por meio de um outro
processo (RE 999435), o STF já deci-
diu que as empresas estão obriga-
das a negociar com o sindicato dos
trabalhadores antes de efetivarem
demissões em massa. Contudo, ca-
so não haja acordo, estarão libera-
das para fazer as dispensas.
O processo analisado, porém, era
anterior à reforma trabalhista, que
equipara a demissão coletiva à indi-
vidual, dispensando a negociação.
Por isso, os ministros não trataram
do teor dessa previsão. O caso anali-
sado pelo STF envolveu a demissão
coletiva de cerca de 4 mil funcioná-
rios da Embraer, em 2009.
Segundo Maciel, a tendência do
assessora trabalhadores José Ey-
mard Loguercio, do LBS Advogados,
houve uma clara composição majo-
ritáriaafavordaliberdadeeconômi-
ca. “Se o Supremo compreende que
o empresário é livre para escolher o
seu modelo de negócio, essa escolha
tem consequências”, diz.
Sobre a prevalência do nego-
ciado, Loguercio afirma que o
STF estabeleceu limites e algu-
mas diretrizes para exame de ca-
sos específicos. Mas se examina-
da essa questão e a da ultrativida-
de de forma conjunta haveria um
contexto de “adequação” setorial
que precisa ser justificada. “O se-
tor patronal não pode, simples-
mente, impor negociação coleti-
va abaixo do piso legal.”
Para Loguercio, o Supremo
ainda deverá revisitar a discussão
sobre a exigência ou não de con-
trapartidas na negociação, uma
vez que a decisão apenas con-
templa uma justificativa formal:
a ausência de contrapartida ex-
plícita, por si só, não anula uma
cláusula. “No entanto, não signi-
fica dizer que não há necessidade
de contrapartidas”, diz.
Em relação a demissões coleti-
vas, Loguercio afirma que o STF co-
meça a compreender melhor a ne-
cessidade de reforçar a negociação
coletiva e da presença sindical pa-
ra a proteção dos direitos dos tra-
balhadores. “É certo que o STF fi-
xou uma premissa de obrigação
DIVULGAÇÃO
Supremo agora, com a vigência da
lei da reforma, é confirmar esse posi-
cionamento, mas o julgamento ain-
da deve avançar ao decidir sobre a
necessidade ou não de homologa-
ção de demissões pelos sindicatos.
“O fato de o sindicato não homolo-
gar pode fazer com que o trabalha-
dor perca essa proteção”, diz.
Os ministros também precisam
analisar a alterações trazidas pela
reforma para a edição ou mudança
de súmulas trabalhistas — entre
elas, o quórum mínimo. Apenas o
relator, ministro Ricardo Lewan-
dowski, votou, e pela inconstitu-
cionalidade dos novos critérios.
Atéaentradaemvigordanovalei,
as súmulas eram aprovadas por
maioria absoluta no TST. O pleno é
composto por 27 ministros, ou seja,
eram necessários 14 votos. Agora,
valem os votos de dois terços dos mi-
nistros — ou seja, de 18 deles.
Para o advogado Cleber Ven-
ditti, essa discussão também é
muito relevante porque os mi-
nistros esperam esse julgamento
para anular súmulas contrárias a
previsões da reforma.
Ainda existe uma ação questio-
nando os novos requisitos para as
ações trabalhistas, como a exigên-
cia de a inicial já contemplar a li-
quidação do débito por meio de
um valor determinado. O julga-
mento ainda não foi iniciado.
Essa exigência, segundo Pedro
Maciel, traz uma dificuldade prática.
“É difícil pensar que um trabalhador
consiga calcular os valores de forma
certa de todos os pedidos. Seria ne-
cessário um contador.”
prévia de intervenção sindical, fa-
zendo uma distinção entre as dis-
pensas individuais e as coletivas.”
Outros temas importantes da re-
forma também já foram definidos
ao longo desses cinco anos. No fim
de 2020, o STF estabeleceu a Selic pa-
ra corrigir dívidas trabalhistas. Ape-
sar de declarar inconstitucional o
usodaTaxaReferencial(TR),prevista
na reforma, que traria uma correção
menordoqueaSelic,nãoconfirmou
o modelo adotado pela Justiça do
Trabalho (IPCA-E, mais juros de 12%
ao ano), que encareceria ainda mais
os processos (ADC 58 e ADC 59).
Já os trabalhadores saíram vence-
dores em julgamento realizado em
outubro de 2021, no qual os minis-
tros decidiram que quem tem direi-
to à justiça gratuita não deve pagar
honorários sobre os valores de pedi-
dos que foram negados pelos juízes
— a chamada sucumbência.
O artigo 791-B determinava que
esse trabalhador, mesmo beneficiá-
rio da Justiça gratuita, estaria sujeito
a ter que desembolsar de 5% a 15%
sobre tais verbas. Antes da reforma,
o trabalhador não pagava honorá-
rios de sucumbência ao advogado
da empresa (ADI 5766).
Os ministros também já ti-
nham derrubado, em outro jul-
gamento (ADI 5938), o dispositi-
vo que permitia o trabalho de
gestantes e lactantes em áreas in-
salubres, desde que autorizado
por atestado médico. (AA)
E2 | Valor | São Paulo | Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Legislação & Tributos | SP

Subvenções de investimento e corações sujos

Considerando a competência
Opinião Jurídica estadual e distrital do ICMS,
insculpida na Constituição da
República de 1988, é natural a
Caio Cesar Nader utilização de tal autonomia
Quintella tributária pelos entes
federativos para atrair, por
meio de desonerações e
incentivos fiscais,
investimentos e garantir a
permanência de atores da
iniciativa privada em seus
territórios — muitas vezes de
forma unilateral, sem a estrita
observância dos mecanismos
para investimento, destinadas
ao “estímulo à implantação ou
expansão de empreendimentos
econômicos” eram
contabilmente alocadas em
contas patrimoniais, restando
excluídas do cômputo do lucro
real auferido e desoneradas de
contribuições. Mesmo com a
adoção do IFRS — novo marco
contábil — no Brasil, foram
criados mecanismos para que
tal separação jurídica
permanecesse inalterada.
Em torno desse fundamental
— e com efeitos imediatos nos
processos em curso, retroativos
em relação aos fatos geradores.
Depois de algum tempo, a
primeira resposta consistente
veio do Carf, como se observa nos
acórdãos proferidos pelas turmas
da sua Câmara Superior desde o
final de 2020, entendendo que,
quando aplicáveis as disposições
da nova lei complementar,
bastaria a demonstração do
devido tratamento contábil e
destinação fiscal adequada de
tais valores para, então,
da “intenção” do Estado Renmei), passando a hostilizar
concedente. Negou-se e compatriotas que continuaram a
rejeitou-se a resposta do Carf. viver aceitando a submissão do
Agravando, em outubro de Eixo, rotulando-os de “corações
2022, o STJ, no julgamento dos sujos” pela sua leniência. Nesse
EDcl no REsp 1968755/PR, sentido, a prevalência de tal
concordou integralmente com o posição da Receita Federal, que
Carf e registrou que “quando a vincula a atividade de todos seus
Lei Complementar nº 160/2017 agentes, faz com que as empresas
equiparou todos os incentivos e beneficiadas, mesmo sob o
benefícios fiscais ou manto decisório do Carf e do STJ,
financeiro-fiscais de ICMS ainda sejam autuadas —
(típicas subvenções de custeio ou insistindo em conflito já cessado.
recomposições de custos) a Diante isso, dentro do
subvenções para investimento o compromisso de redução do

D
legais nessas concessões. maniqueísmo tributário das considerá-los uma subvenção de fez justamente para afastar a contencioso tributário e,
uas coisas são certas Eis aqui, de maneira muito modalidades de subvenções, investimento. Não mais caberia necessidade de se comprovar que principalmente, da lealdade da
sobre o Brasil: sua resumida e despretensiosa, o durante quase 40 anos foi erigido dissecar as normas estaduais, o foram estabelecidos como administração tributária (com os
dimensão palco da chamada guerra fiscal um imenso contencioso entre tentando extrair a sua “intenção” estímulo à implantação ou contribuintes e não só com
continental e as entre os Estados. Fazenda Nacional e empresas, na concessão do benefício. expansão de empreendimentos arrecadação e sua convicção), é
diferenças Ocorre que tal batalha de com pretensões antagônicas na Ambas as figuras de auxílio, de econômicos”. conveniente e benéfico para toda
socioeconômicas regionais. benesses do ICMS classificação dos incentivos custeio e de investimento, a sociedade a revisão da posição
Sendo país situado no novo (tecnicamente, as subvenções) estaduais como subvenções de estavam equiparadas e sujeitas institucional daquela solução de
mundo, formado por processo tem um capítulo à parte, um investimento — e a sua aos mesmos requisitos para a sua É conveniente e consulta Cosit – que pode ser
de colonização e, por séculos, verdadeiro dano colateral em correspondente desoneração desoneração. retomada, no caso de mudança
submetido a diversos esfera federal verificado nas fiscal federal. E tudo partia da Mesmo diante desse cenário
benéfico para toda a do cenário jurisprudencial.
movimentos de imigração e aos relações entre os contribuintes análise finalística da “intenção” jurisprudencial do tribunal do sociedade a revisão da
mais diferentes modelos de beneficiados e a União, em do Estado na concessão do Ministério da Economia, a posição institucional Caio Cesar Nader Quintella é sócio do
exploração econômica, não torno da incidência e a benefício — se para custear ou Receita Federal proferiu a Ogawa, Lazzerotti & Baraldi Advogados,
causa estranheza o arrecadação do IRPJ, da CSLL, para financiar, implantação ou Solução de Consulta Cosit nº da Solução de Consulta parecerista e professor, mestre em
desenvolvimento heterogêneo do PIS e da Cofins. expansão, da atividade. 15/2022, em que afirma com Cosit nº 15/2022 Direito Tributário pela PUC-SP e
dos seus cantões. Ainda no final dos anos 1970, Como verdadeiro armistício convicção que para a ex-vice-presidente da 1ª Seção do Carf
Assim, verifica-se esforços a legislação instaurou um claro veio a Lei Complementar nº classificação de uma subvenção
políticos — e jurídicos — discrímen jurídico-tributário 160/17, consolidando e como de investimento prevalece Tal circunstância lembra o Este artigo reflete as opiniões do autor,
visando à redução das no tratamento das subvenções: limitando, objetivamente, a ainda “a necessidade de que pequeno grupo de imigrantes e não do jornal Valor Econômico.
desigualdades regionais, tendo 1) as subvenções para custeio definição de subvenções de tenham sido concedidos como japoneses vivendo no Brasil, que O jornal não se responsabiliza e nem
tais empreitas públicas se integram a receita bruta investimento, para fins de estímulo à implantação ou após a rendição do imperador pode ser responsabilizado pelas
valido de expressivas renúncias operacional das empresas, tributação federal, aos requisitos expansão de empreendimentos em 1945, recusou-se a informações acima ou por prejuízos
fiscais como (mais) importante inclusive compondo o cálculo contábeis e utilizações previstas econômicos”, reforçando a ideia reconhecer o resultado da de qualquer natureza em decorrência
ferramenta. do lucro real; 2) as subvenções no artigo 30 da Lei nº 12.973/14 de investigação e interpretação segunda grande guerra (Shindo do uso dessas informações

ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
SUPERINTENDÊNCIA DE LICITAÇÕES E REGISTRO DE PREÇOS
AVISO DE REABERTURA E INCLUSÃO DE 1º TERMO DE RETIFICAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 022/2022/SEPLAG
PROCESSO Nº SEPLAG-PRO-2022/05849
A Superintendência de Licitações e Registro de Preços/SEPLAG vem a público informar que foi
feita a INCLUSÃO do 1º Termo de Retificação do Edital do Pregão Eletrônico nº
022/2022/SEPLAG, marcado para ser realizado no dia 16/12/2022 às 09h00m e que se encontra
SUSPENSO, cujo objeto é Registro de Preços para futura e eventual contratação de empresa
especializada na prestação de serviços de Desinsetização, Dedetização, Descupinização e
Desratização com fornecimento de mão de obra qualificada, equipamentos, ferramentas e todos os
materiais necessários para a execução dos serviços, a serem executados nos prédios e
instalações dos Órgãos e Entidades do Poder Executivo Estadual, conforme especificações e
condições técnicas constantes no Edital e em seus anexos. O pregão será REABERTO conforme
os parâmetros abaixo:
LANÇAMENTO E ENVIO DA(S) PROPOSTA(S) NO SIAG: entre os dias 05/01/2023 a 17/01/2023,
período integral, exceto quanto ao dia da abertura da sessão, quando o horário máximo de
aceitação será até as 08h45min - Horário local (Cuiabá/MT).
ABERTURA DAS PROPOSTAS E INÍCIO DA SESSÃO: no dia 17/01/2023 às 09h00min - Horário
local (Cuiabá/MT), através do endereço: http://aquisicoes.seplag.mt.gov.br
EDITAL E ADENDOS DISPONIBILIZADOS NO: Portal de Aquisições:
http://aquisicoes.seplag.mt.gov.br - duvidas pelo sistema SIAG – tel. 0XX-65-3613-3718 ou
3613-3716.
AVISO DE LICITAÇÃO
ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO A CDHU comunica às empresas interessadas a abertura da seguinte licitação:
AVISO DE LICITAÇÃO PG 10.47.184 – Licitação nº 184/2022 – Contratação de empresa especializada
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 001/2023/SEPLAG para elaboração dos projetos (básicos, executivos e de aprovação) de edificações
PROCESSO Nº SEPLAG-PRO-2022/04119 habitacionais de interesse social, infraestrutura condominial e pública, bem como
A Superintendência de Licitações e Registro de Preços/SEPLAG torna público que realizará execução das obras e serviços de engenharia necessárias para a construção do
licitação, tendo por objeto o Registro de Preços para futura e eventual contratação de empresa Conjunto Habitacional Multifamiliar denominado São Bernardo do Campo “AB –
especializada na prestação de serviços de agenciamento e fornecimento de passagens aéreas Monte Sião”, composto por 236 unidades habitacionais, no município de São
nacionais e internacionais por meio de ferramenta on-line de autoagendamento (self-booking), para Bernardo do Campo/SP. O edital completo estará disponível para download no
atender aos Órgãos/Entidades do Poder Executivo Estadual, conforme especificações e condições site www.cdhu.sp.gov.br a partir das 00h00min do dia 05/01/2023 –
técnicas constantes no Edital e em seus anexos. Esclarecimentos até 08/03/2023 – Abertura: 15/03/2023 às 10h, na Rua Boa
LANÇAMENTO E ENVIO DA(S) PROPOSTA(S) NO SIAG: entre os dias 05/01/2023 a 17/01/2023,
Vista, 170, Edifício CIDADE I – 2º Subsolo – Auditório, Centro, São Paulo/SP.
período integral, exceto quanto ao dia da abertura da sessão, quando o horário máximo de
aceitação será até as 08h 45min - Horário local (Cuiabá/MT).
ABERTURA DAS PROPOSTAS E INÍCIO DA SESSÃO: no dia 17/01/2023 às 09h00min - Horário
local (Cuiabá/MT), através do endereço: http://aquisicoes.seplag.mt.gov.br.
EDITAL E ADENDOS DISPONIBILIZADOS NO: Portal de Aquisições:
http://aquisicoes.seplag.mt.gov.br - dúvidas pelo Sistema SIAG – tel. 0XX-65-3613-3718 ou
3613-3716.
Banco Rabobank
International Brasil S.A.
XI
XI

Cuiabá-MT, 03 de janeiro de 2023.

X

II
IX

III

Cuiabá-MT, 03 de janeiro de 2023.

VIII

VII VI
V

Katiene Cetsumi Miyakawa Pinheiro
Secretária Adjunta de Aquisições Governamentais/SEPLAG
(original assinado nos autos)
Log & Print Gráfica, Dados Variáveis
e Logística S.A.
CNPJ/ME nº 66.079.609/0001-06 – NIRE 35.300.357.787
Edital de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária
Nos termos do artigo 124 da Lei nº 6.404/76 (“Lei das S.A.”), ficam convidados os Senhores Acio-
nistas da Log & Print Gráfica, Dados Variáveis e Logística S.A., sociedade anônima com sede na
Cidade de Vinhedo, Estado de São Paulo, na Rua Joana Foresto Storani, nº 676, CEP 13280-000,
inscrita no CNPJ/ME sob o nº 66.079.609/0001-06 (“Companhia”), para se reunirem em Assembleia
Geral Extraordinária da Companhia (“AGE”), a ser realizada, em primeira convocação, em 12 de
janeiro de 2023, às 09:00 horas, na modalidade assembleia digital, por meio da plataforma “Google
Meetings”, nos termos do Artigo 124, § 2º-A, da Lei das S.A., para deliberar sobre a seguinte ordem
do dia: (i) apreciar e deliberar acerca da contratação de operação de crédito pela Companhia. A
fim de viabilizar o acesso à plataforma, os acionistas e/ou seus representantes deverão enviar
solicitação à Companhia pelo e-mail alderano.fileni@grupoprintlaser.com.br, com antecedência
mínima de 30 minutos do horário marcado para a realização da AGE no dia 12 de janeiro de 2023
(ou seja, até às 08:30 horas), com a documentação comprobatória da sua qualidade de acionista
e/ou representante, na forma da lei. A Companhia enviará as respectivas instruções para o acesso
ao sistema eletrônico de participação na AGE aos acionistas e/ou seus representantes que tenham
apresentado sua solicitação no prazo e nas condições acima. Vinhedo/SP, 04 de janeiro de 2023.
Alderano Américo Fileni – Diretor Presidente
(04, 05 e 06/01/2023)
Katiene Cetsumi Miyakawa Pinheiro
Secretária Adjunta de Aquisições Governamentais/SEPLAG
(Original assinado nos autos)
BANCO GM S.A.
CNPJ Nº 59.274.605/0001-13 - NIRE 35300017978
E-141 - Centesima Quadragésima Primeira Assembleia
Geral Extraordinária dos Acionistas do Banco GM S.A.
Aos 16/12/2022, às 10:00 h., na sede social, com a totalidade. Mesa diretora: Presidente: Marcio
Santos Frazão; Secretária: Adriana Lavacca. Presença: (a) General Motors Investment Participações
Ltda., CNPJ/MF n.º 18.956.886/0001-07, neste ato representada por seu representante legal Sr. Marcio
Santos Frazão, RG nº 34.727.581 SSP-SP e CPF nº 274.354.888-60 e (b) GM Financial Holdings LLC,
CNPJ/MF n.º 27.659.955/0001-01, neste ato representada por sua procuradora, Sra. Adriana Lavacca,
RG n.º 22.161.638-X (SSP/SP), CPF/MF n.º 140.059.078-73; acionistas representando a totalidade
do Capital Social do Banco GM S.A. Deliberações Unânimes: Aprovar com as abstenções legais a
distribuição de juros sobre capital próprio no valor bruto de R$ 69.253.147,14, sendo R$ 69.252.889,09
à acionista General Motors Investment Participações Ltda. e R$ 258,05 à acionista GM Financial
Holdings LLC. O valor de R$ 58.864.955,73, já deduzido o imposto de renda na fonte, no valor de R$
10.387.933,36 será creditado a favor da acionista General Motors Investment Participações Ltda. e o
valor de R$ 219,34, já deduzido o imposto de renda na fonte, no valor de R$ 38,71, serão creditados
em favor da acionista GM Financial Holdings LLC. A administração da sociedade foi autorizada a tomar
todas as providências necessárias para o pagamento dos valores atribuídos aos acionistas. Nada mais.
Íntegra da Ata encontra-se disponível no site: www.valor.globo.com e https://valor.globo.com/valor-ri/
São Paulo, 16/12/2022. Jucesp nº 1.005.533/22-2 em 29/12/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secre-
tária Geral.
CNPJ/ME 01.023.570/0001-60 - NIRE 35.300.144.473
Ata da Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 30 de Novembro de 2022
1. Data, Hora e Local da Assembleia: Realizada em 30 de novembro de 2022, às 09:00 horas, na sede
social do Banco Rabobank International Brasil S.A. (“Companhia”), localizada na capital do estado de São
Paulo, na Avenida das Nações Unidas, 12.995, 7º andar. 2. Convocação e Presenças: Dispensada a
publicação de editais de convocação, conforme o disposto no artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº 6.404, de
15.12.1976, tendo-se em vista a presença da totalidade dos acionistas da Companhia, conforme assinaturas
constantes desta Ata. 3. Mesa: Os trabalhos foram presididos pelo Sr. Maikel Van Zaanen e secretariados
pelo Sr. Pauleandro Miranda Duarte. 4. Ordem do Dia: (a) tomaram conhecimento sobre a renúncia do
Diretor Executivo, Ronald Edwin Van Ballegooijen; (b) ratificar a composição da Diretoria em razão da
renúncia do Diretor Executivo ao referido órgão societário. 5. Deliberações: Os acionistas deliberaram, por
unanimidade de votos, e sem quaisquer ressalvas ou restrições, o quanto segue: 5.I. Tomaram conhecimento
sobre a renúncia do Diretor Executivo, Ronald Edwin Van Ballegooijen, holandês, casado, bancário,
portador do RNE nº V297412-X e inscrito no CPF/MF sob o nº 225.144.598-69, ao cargo de Diretor
Executivo da Companhia, para o qual foi eleito na Assembleia Geral Ordinária da Companhia, realizada em
30 de abril de 2021, conforme termo de renúncia, datado de 31 de maio de 2022, que ficou arquivada
na sede da Companhia. 5.II. Os acionistas manifestaram os mais sinceros votos de agradecimento ao
Sr. Ronald Edwin Van Ballegooijen, por toda a valiosa contribuição à Companhia. 5.III. Fica ratificada a
seguinte composição da Diretoria da Companhia: Sr. Mark Henri Wiessing, como Diretor Presidente; e os
Srs. Fabiana Purri Ferreira Alves; Leonardo Vale Veras; Pollyana Borges Saraiva; Vivian Guimarães
Pascoalino Carrara; Leandro Falsarella de Carvalho e Maikel Van Zaanen, como Diretores Executivos.
Permanecem vagos demais cargos da Diretoria para futuro preenchimento. Encerramento: Nada mais
havendo a ser tratado, foi encerrada a Assembleia, da qual se lavrou a presente Ata que, lida e achada
conforme, confere com a original lavrada em livro próprio e foi por todos os presentes assinada. Mesa:
Sr. Maikel Van Zaanen, presidente; e Sr. Pauleandro Miranda Duarte, secretário. Acionistas Presentes:
Rabobank International Holding B.V.; e Green I. B.V. São Paulo, 30 de novembro de 2022. Mesa: Maikel
Van Zaanen - Presidente da Mesa, Pauleandro Miranda Duarte - Secretário da Mesa. Acionistas:
Rabobank International Holding B.V. - Maikel Van Zaanen, Pauleandro Miranda Duarte; Green I B.V. -
Maikel Van Zaanen, Pauleandro Miranda Duarte. JUCESP nº 699.326/22-9 em 26/12/2022. Gisela
Simiema Ceschin - Secretária Geral.