Juros altos es-

tremecem ban- FMO emm choque com governo

cos em Moçambi-
que

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Director: Ilídio Jossai* Cell: 841064952* Maputo, 23 de Janeiro de 2024* Ano VI* Edição 70000012

Jurosaltosestremecembancosnopaís
António Elegante
O Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI) aponta “bol- Em setembro de 2023, es-
sas de dificuldades” entre os sas participações caíram
bancos moçambicanos mais para 19,8% do total dos
pequenos devido às taxas de ativos.
juro “muito elevadas”, refere Dados do banco central
um relatório da instituição indicam que funcionam
“Embora os indicadores de em Moçambique 15 ban-
solidez financeira pintem cos comerciais e 12 mi-
um quadro saudável para crobancos, além de co-
o sistema financeiro agre- operativas de crédito e
gado, os dados a nível dos organizações de poupan-
bancos mostram bolsas de ça e crédito, entre outras.
vulnerabilidade, especial- O Banco de Moçambique
mente entre os bancos mais reconheceu, em dezem-
pequenos, uma vez que as bro passado, um agrava-
taxas de juro reais muito mento no crédito em in-
elevadas fazem aumentar os cumprimento (NPL) na
NPL [crédito em incumpri- “persistentemente elevadas o Governo”, observa ainda o banca moçambicana no
mento]”, lê-se no relatório aumentam a estabilidade FMI, numa alusão à política primeiro semestre, que
do FMI sobre a aprovação, financeira e riscos de finan- monetária aplicada no últi- passou de risco modera-
este mês, da terceira ava- ciamento governamental”, mo ano pelo Banco de Mo- do para alto.
liação à implementação do numa altura em que a taxa çambique. No Boletim de Estabilida-
programa de Facilidade de de juro de política monetá- Nos últimos cinco anos, as de Financeira, relativo ao
Crédito Alargado (ECF, na ria mantém-se, por decisão participações dos bancos primeiro semestre, o Ban-
sigla em inglês) em Moçam- do banco central, em 17,25% na emissão de dívida pelo co de Moçambique refere
bique. há vários meses. Governo representaram, em que, em junho, “o risco de
Acrescenta que “embora o “Ao mesmo tempo, as reser- média, 23,6% do total dos crédito permaneceu no
sistema financeiro seja re- vas mínimas próximas de ativos, lembra o FMI, e atin- nível moderado, não obs-
lativamente estável” em 40% restringem a capacida- giram “um pico de 28,3% em tante o agravamento do
Moçambique, as taxas reais de dos bancos de financiar agosto de 2018”. NPL no semestre.

“O Remate da Pérola”: O exemplo da luta!...


Governo tem de reestruturar
dívida
O analista da Capital
Economics que segue a
economia de Moçam-
bique disse que o país
poderá ter de reestrutu-
rar a dívida se as receitas
do gás natural liquefeito
ANUNCIE AQUI (LNG) não aumenta-
rem rapidamente.
“O anúncio da TotalE-
nergies sobre o recome-
ço das obras é extrema-
mente importante para
as ambições moçambi-
canas relativamente ao
gás e às finanças públi-
cas, já que mais atrasos
seriam um desenvol-
vimento negativo por
causa do elevado nível
FICHA TÉCNICA de dívida pública do
país”, disse David Omo-
jomolo, em declarações
Propriedade: Sociedade à Lusa.
Moçambicana de “Com os pagamentos
Desportos, lda da dívida a aumentarem
a partir de 2024, uma
Direcção; Administração, reestruturação parece
Redacção: Bairro Ferroviá- inevitável se as receitas
rio, rua Principal n. 4332 do gás não aumentarem
rapidamente, e mesmo
assim os riscos de um
Director: Ilídio Jossai Incumprimento Sobe-
824359090 e 841064952 rano vão provavelmen-
Email: ilidiojossai@ te continuar elevados”,
yahoo.com.br acrescentou o analista
britânico.
Em causa está o au-
Redacção: Joscelino Sitoi, mento dos pagamentos
Colaboradores: Zito dos títulos de dívida so-
Ossumane e Hélder berana de Moçambique
Massinga a partir do próximo
ano, na sequência da
Revisor: Florêncio Machel reestruturação da dívi-
da da Ematum, que foi
Director de Marketing e convertida em dívida
Publicidade: Jaime Chiti- pública no seguimento
melane do escândalo das dívi-
das ocultas, no final da
827842780 e 849524500 década passada, e que
já sofreu uma alteração
oremate1@gmail.com nos termos, adiando o
início dos pagamentos
em troca de uma taxa
EDITORIAL
de juro maior. de Cabo Delgado.
Assim, Moçambique Dois desses projetos têm
vai ver o custo de ser- maior dimensão e pre-
vir os títulos de dívida veem canalizar o gás do
com maturidade em fundo do mar para terra,
2031 aumentarem de arrefecendo-o numa fá-
5% por ano atualmente, brica para o exportar por
no valor de cerca de 47 via marítima em estado
milhões de dólares [44 líquido.
milhões de euros], para Um é liderado pela Tota-
9% ao ano, a partir de lEnergies (consórcio da
março de 2024, repre- Área 1) e as obras avan-
sentando um custo de çaram até à suspensão
81 milhões de dólares por tempo indetermi-
(76 milhões de euros) nado, após um ataque
por ano entre 2024 e armado a Palma, em
2028, antes de aumen- março de 2021, altura em
tarem ainda mais para que a energética francesa
225 milhões de dólares declarou que só retoma-
(212 milhões de euros) ria os trabalhos quando a
anuais em amortiza- zona fosse segura.
ções entre 2028 e 2031, O outro é o investimen-
de acordo com a análi- to ainda sem anúncio
se feita pela Standard & à vista liderado pela
Poor’s na semana passa- ExxonMobil e Eni (con-
da. sórcio da Área 4).
Para a Capital Eco- Um terceiro projeto
nomics, o regresso da concluído e de menor
petrolífera francesa ao dimensão pertence
norte do país “é uma também ao consórcio
boa notícia, apesar do da Área 4 e consiste
atraso que implica que a numa plataforma flutu-
produção e exportação ante de captação e pro-
de gás natural comece cessamento de gás para
apenas em 2028”, preci- exportação, diretamen-
samente quando o cus- te no mar, que arrancou
to da dívida mais sobe. em novembro de 2022.
Isto, conclui a consul- A plataforma flutu-
tora britânica, significa ante deverá produzir
que um eventual novo 3,4 mtpa (milhões de
atraso resultará quase toneladas por ano) de
de certeza na necessi- gás natural liquefeito,
dade de reestruturar os a Área 1 aponta para
termos dos pagamentos 13,12 mtpa e o plano
da dívida aos investido- em terra da Área 4 pre-
res. vê 15 mtpa.
Moçambique tem três A província de Cabo
projetos de desenvolvi- Delgado enfrenta há
mento aprovados para cinco anos uma insur-
exploração das reservas gência armada com
de gás natural da bacia alguns ataques recla-
do Rovuma, classifica- mados pelo grupo ex-
das entre as maiores do tremista Estado Islâmi-
mundo, ao largo da costa co.
 POLITICA
142 milhões de dólares colocam em choque FMO e Governo
Ana COSSA
O Fórum de Monitoria do Orça-
mento destaca que irá continuar
a monitorar os avanços em torno
desses empréstimos ilegais que ge-
raram um impacto negativo sem
precedentes sobre a economia e
sociedade moçambicana e con-
tinuará a informar os moçambi-
canos sobre os desenvolvimentos
deste processo e as respectivas im-
plicações nas suas vidas.
Moçambique pagou aos credores
aproximadamente 142 milhões
de dólares americanos (USD),
incluindo USD 96 milhões em
obrigações em moeda local e USD
46 milhões em dinheiro, para li-
quidar o empréstimo de USD 522
milhões (referente a Proindicus)
como parte do acordo extrajudi-
cial com o Credit Suisse, banco
suíço implicado no escândalo das
dívidas ocultas.
Estas informações foram divul-
gadas pela imprensa internacional
dois meses após o Ministério da
Economia e Finanças (MEF) e a
Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca (PGR) terem divulgado (02 de
Outubro de 2023) a existência de
um acordo extrajudicial com a
companhia financeira UBS e ou-
tros membros do sindicato bancá-
rio envolvidos no financiamento
da Proindicus.
No entanto, o anúncio do acordo
extrajudicial era apenas a ″ponta
do iceberg″ porque os detalhes
cruciais sobre os custos e implica-
3
ções do acordo foram habilmente
ocultados do público.
As declarações vagas do MEF e
PGR sobre uma motivação as-
sente na necessidade de “mitigar
riscos e custos inerentes ao litígio
judicial”, na altura em USD 80 mi-
lhões, não dissiparam as preocu-
pações do FMO que desde o início
expressou muita apreensão pelo
factodeoGovernomoçambicano
ocultar detalhes cruciais do acordo
com a UBS.
Essa preocupação foi reforçada à
luz do envolvimento da empresa
LAZARD na assessoria do go-
verno moçambicano nas nego-
ciações. Há tempos que o Fórum
de Monitoria do Orçamento, que
congrega cerca de 20 ONG, vem
afirmando que o Estado moçam-
bicano não está a ser bem assesso-
rado em relação à reestruturação
das dívidas ocultas. De recordar
que o FMO também já havia aler-
tado para a possibilidade de con-
flitos de interesse decorrentes das
conexões e títulos de dívida da LA-
ZARD com a UBS.

Fórum de Monitoria do Orçamento insta o governo a explicar sobre o pagamento de dívi-
da de 142 milhões de dólares
FMO aperta governo sobre o pagamento de dívida de 142 milhões de dólares
O Fór um de Monitor i a do
Orç amento (FMO) ins-
t a o G over no a divu lgar
integ ra lmente os ter mos
do acordo e a explic ar
aos mo ç ambic anos, de
for ma det a l had a, a ra -
zão do p agamento de 142
mi l hõ es de dól ares numa
dív id a considerad a i lega l
e as cons e quênci as p ara
o p ovo mo ç ambic ano.
Numa not a de indig naç ão,
o FMO inst a igu a lmente
o G over no a es cl are cer a
or igem dos f undos ut i li-
zados p ara o p agamento
ao g r up o f inanceiro UBS,
s obretudo considerando o
ac tu a l contexto de es c as-
s e z de re c urs os p ara f i-
nanci ar a desp es a públic a,
prejudic ando os s e c tores
s o ci ais, que têm imp ac to
dire c to na qu a lid ade de
v id a dos mo ç ambic anos.
O Fór um de Monitor i a do
Orç amento dest ac a que irá
cont inu ar a monitorar os
avanços em tor no dess es
Nacional
emprést imos i legais que ge-
raram um imp ac to negat ivo
s em pre ce dentes s obre a e co-
nomi a e s o cie d ade mo ç ambi-
c ana e cont inu ará a infor-
mar os mo ç ambic anos s obre
os des envolv imentos deste
pro cess o e as resp e c t ivas
implic açõ es nas su as v id as.
Mo ç ambique p agou aos cre-
dores aproximad amente 142
mi l hõ es de dól ares amer ic a-
nos (USD), incluindo USD
96 mi l hõ es em obr igaçõ es
em mo e d a lo c a l e USD 46
mi l hõ es em din heiro, p ara
liquid ar o emprést imo de
USD 522 mi l hõ es (referen-
te a Proindic us) como p ar-
te do acordo ext rajudici a l
com o Cre dit Suiss e, b anco
suíço implic ado no es c ân-
d a lo d as dív id as o c u lt as.
E st as infor maçõ es foram di-
vu lgad as p el a imprens a in-
ter naciona l dois mes es ap ós
o Ministér io d a E conomi a e
Finanç as (MEF) e a Pro c u-
rador i a-G era l d a R epúbli-
c a (PGR) terem divu lgado
4
(02 de O utubro de 2023) mento da empres a L A-
a existênci a de um acordo ZARD na assessoria do
ext rajudici a l com a comp a- governo moçambicano
n hi a f inanceira UBS e ou- nas negociações. Há
t ros membros do sindic ato tempos que o Fórum de
b anc ár io envolv idos no f i- Monitoria do Orçamen-
nanci amento d a Proindic us. to, que congrega cerca
No ent anto, o anúncio do de 20 ONG, vem afir-
acordo ext rajudici a l era mando que o Estado mo-
ap enas a ″p ont a do iceb erg″ çambicano não está a
p orque os det a l hes cr uci ais ser bem assessorado em
s obre os c ustos e implic a- relação à reestrutura-
çõ es do acordo foram habi l- ção das dívidas ocultas.
mente o c u lt ados do público. De recordar que o FMO
As declarações vagas do também já havia alerta-
MEF e PGR sobre uma mo- do para a possibilidade
tivação assente na neces- de conflitos de interes-
sidade de “mitigar riscos se decorrentes das cone-
e custos inerentes ao li- xões e títulos de dívida
t í g i o j u d i c i a l ”, n a a l t u r a da LAZARD com a UBS.
em USD 80 milhões, não Na sequência deste de-
dissiparam as preocupa- senvolvimento, o FMO
ções do FMO que desde expressa surpresa, pre-
o início expressou muita ocupação e indignação
apreensão pelo facto de face à liquidação da dí-
o Governo moçambicano vida através do acordo
ocultar detalhes cruciais extrajudicial na base
do acordo com a UBS. de um pagamento de
Essa preocupação foi re- 142 milhões de dólares.
forçada à luz do envolvi-

Mocimboa da Praia volta a viver terror
Cerca de três anos depois de
relativa segurança e tranqui-
lidade, Mocímboa da Praia
voltou, desde Dezembro úl-
timo, a ser alvo de ataques
terroristas e, até ao momen-
to, há registo de dezenas de
mortos, centenas de casas
incendiadas e várias aldeias
parcialmente abandonadas.
Além de medo e terror, essa
nova onda de ataques pro-
vocou um novo drama hu-
manitário e, actualmente, as
poucas famílias que regressa-
ram às suas aldeias, logo após
a retirada do grupo armado,
vivem numa situação desu-
mana, com falta de quase
tudo, desde abrigo, comida,
até vestuário.
“Eles queimaram a minha
casa com todos os bens lá
dentro. Perdi cama, motori-
zada e toda comida que tí-
Fundação Salimo Abdula sempre
na luta de causas sociais
Nacional
nhamos. Agora, a família vive
numa barraca que construí-
mos no quintal, e sobrevive-
mos graças à boa vontade dos
familiares, amigos e pessoas
de boa vontade que, às vezes,
quando têm, partilham con-
nosco”, contou Sebastião Nti-
mauke, um dos habitantes de
Chibanga, uma aldeia que fica
a cerca de 10 quilómetros da
vila de Mocímboa da Praia.
Durante o ataque a Chibanga,
segundo revelaram as autori-
dades comunitárias da aldeia,
o grupo armado queimou vá-
rios bens da população e rou-
bou produtos alimentares nos
estabelecimentos comerciais.
“Quando chegaram aqui, ma-
taram três pessoas e queima-
ram 26 casas, em seis delas só
queimaram camas e roupas. E
depois passaram das barracas
e levaram todos os bens de
que precisavam, e o que ficou
queimaram junto às barracas”,
confirmou José Saide, líder co-
munitário da aldeia Chibanga.
Além de Chibanga, o grupo
armado assaltou a aldeia Nto-
twe, que fica a 18 quilómetros
da vila-sede do distrito de
Mocímboa da Praia. Segundo
relatam alguns sobreviventes,
o ataque ocorreu em plena luz
do dia.
Em Ntotwe, outra aldeia de
Mocímboa da Praia, que fica
a cerca de 10 quilómetros de
Chibanga, também foi alvo de
ataques terroristas e, segundo
relatam alguns sobreviventes,
o grupo armado roubou vá-
rios bens e deixou rastros de
destruição.
Aqui, atacaram no dia 03 (de
Janeiro de 2024). Os dispa-
ros começaram por volta das
dezasseis horas sem parar e
5
prolongaram-se até à noite.
Foi aí que vimos que a situ-
ação era mesmo grave e não
tínhamos alternativa senão
pernoitar nas matas. De ma-
nhã, quando eles se foram
embora, nós voltamos para
a aldeia e encontrei a minha
casa e a barraca destruídas e
vazias. Levaram arroz, óleo
sabão e outros produtos bási-
cos que eu vendia e, quando
saíram, atearam fogo com
tudo o que havia restado”,
descreveu Lucas Damásio,
um dos habitantes da aldeia
Ntotwe que sobreviveu pela
terceira vez a um ataque ter-
rorista.
No ataque terrorista a Nto-
twe, segundo as autoridades
locais, perderam a vida três
pessoas e foram incendiadas
quarenta e cinco casas, além
de pilhagem de outros bens

Mega-Projecto de gás no sul injectou 250 milhões de USD
Um dos mais relevantes
mega-projectos de Mo-
çambique nos últimos
anos com uma significa-
tiva contribuição para a
monetização do gás no
país, o Acordo de Partilha
de Produção, comumen-
te referido como Projecto
PSA (Production Sharing
Agreement Project), im-
plementado pela Sasol
e Governo está a seguir
para a sua fase de pico dos
trabalhos de construção
civil, com vista a sua con-
clusão em 2024. Até fim
de 2023, o projecto injec-
tou na economia moçam-
bicana pouco mais de 250
milhões de USD na aqui-
sição de serviços e bens a
empresas locais
Informações publicadas
recentemente pela Sasol
indicam que as obras do
Projecto se encontram
em cerca de 61%.
Actualmente, o Projecto
conta com 2.6 mil traba-
lhadores moçambicanos
e 537 estrangeiros. A pe-
troquímica sul-africana
espera que com a conclu-
são das obras de maior
intensidade laboral, o nú-
Nacional
mero comece a reduzir-se
a partir de Maio de 2024.
“No que diz respeito à
adjudicação de contratos
a empresas nacionais, a
Sasol alcançou e superou
as suas metas de Conteú-
do Local no Projecto. Até
Setembro de 2023, o total
de adjudicações ascendia
a 257.6 milhões de USD,
dos quais 82% para em-
presas nacionais e 18%
para empresas estrangei-
ras”, lê-se na publicação
anual da Sasol.
O Projecto PSA inclui a
construção de infra-estru-
turas que garantirão a pro-
dução de dois milhões de
Gigajoules de gás natural
por ano, que deverão ali-
mentar a Central Térmica
de Temane (CTT), para a
produção de 450 MW de
electricidade, assim como
a fábrica de GPL (gás de
cozinha), que produzirá
30 mil toneladas por ano,
75% da demanda nacio-
nal e também petróleo
leve e gás excedente para a
exportação.
Numa estratégia de opti-
mização de implementa-
ção do Projecto de Gás de
Temane, enquanto decor-
rem os trabalhos de cons-
trução, a infra-estrutura
de Gás Inicial (Inicial Gas
Facility) foi concluída em
Agosto de 2023.
Mesmo assim, enquanto
o Projecto PSA segue com
os trabalhos de constru-
ção, já se pode assegurar o
fornecimento de gás para
a produção dos 450 MW
de electricidade, logo que
a Central Térmica de Te-
mane estiver pronta.
Com a entrada em fun-
cionamento em 2024, da
CTT movida pelo gás de
Pande e Temane, elevar-
-se-á para o dobro (900
MW) a quantidade de
energia a ser produzida
com gás fornecida pela
Sasol.
Os trabalhos de imple-
mentação do Projecto
PSA estão subdividi-
dos tecnicamente em
Outside Battery Limits
(OBL), correspondente
à rede de tubagem que
conecta a rede de fu-
ros de extracção de gás
à Central Integrada de
Processamento e, Inside
Battery (IBL), que desig-
6
na a Fábrica de Proces-
samento de Gás extra-
ído da bacia licenciada
ao PSA.
A viabilização da imple-
mentação do Projecto
contempla ainda a cons-
trução de uma vila de re-
assentamento, cuja pri-
meira pedra foi lançada
em Agosto.
O reassentamento é
composto por 45 casas
para as famílias afecta-
das pela construção de
gasodutos que levarão o
gás do PSA de diversos
poços à fábrica de pro-
cessamento em Temane.
Para além das habita-
ções, faz parte da vila
de reassentamento a
requalificação da Es-
cola Primária Joaquim
Marra, actualmente
a funcionar em salas
precárias e de baixo de
árvores, a qual passará
a contar com 12 salas
convencionais, um blo-
co administrativo, sani-
tários, dois campos de
desportos, um sistema
de abastecimento de
água, e oito casas para
professores.

Governo colocou 52,6 ME em dívida
Governo colocou o equiva-
lente a 52,6 milhões de euros
na segunda emissão de Obri-
gações do Tesouro de 2024,
com a taxa de juro a subir para
19,5%,segundodadosdabolsa
devalores.
Trata-se também da segunda
emissão no espaço de uma
semana e, segundo a Bolsa
de Valores de Moçambique
(BVM), que conduziu a ope-
ração, realizada na quarta-feira,
aspropostasapresentadaspelos
OperadoresEspecializadosem
Obrigações do Tesouro repre-
sentaram uma procura global
de 4.152 milhões de meticais
(59,8milhõesdeeuros),“tendo
a relação procura e oferta sido
de 102,8%”, com a taxa míni-
ma de juro de 19,5% e a máxi-
ma de 23%, para uma maturi-
dadedecincoanos.
“De acordo com a taxa de cor-
Nacional
te” definida para a operação, o
valor desta emissão de Obriga-
çõesdoTesouro2024–2.ªSérie,
cuja taxa de juro subiu, face às
anteriores, para 19,5%, foi de
3.652 milhões de meticais (52,6
milhões de euros), para um
montante inicialmente requeri-
dode4.039milhõesdemeticais
(58,2milhõesdeeuros).
Na primeira emissão de Obri-
gações do Tesouro do ano,
através da BVM e concretizada
no dia 10 de janeiro, o Estado
moçambicano colocou, com
maturidade a cinco anos, 2.065
milhões de meticais (29,5 mi-
lhões de euros), para um mon-
tante inicialmente requerido de
2.198 milhões de meticais (31,5
milhões de euros), pagando ju-
ros de 18%, que também subi-
ramfaceàsanteriores,mascom
umaprocurade123,61%.
O Governo moçambicano
prevê em 2024 um défice equi-
valente a 2.340 milhões de eu-
ros, 10,4% do Produto Interno
Bruto (PIB), um agravamento
de quase 40% face ao esperado
para este ano, que será financia-
docomnovoendividamento.
De acordo com os documen-
tos de suporte ao Plano Eco-
nómico e Social e Orçamento
do Estado (PESOE) para 2024,
o Governo prevê arrecadar
em receitas mais de 383.537
milhões de meticais (5.627 mi-
lhõesdeeuros),correspondente
a 25% do PIB estimado e um
aumento de 7,5% face ao orça-
mentadopara2023.
DoladodadespesadoEstado,a
previsãoorçamentalparaopró-
ximo ano é de mais de 542.695
milhões de meticais (7.959 mi-
lhões de euros), equivalente a
35,3% do PIB e um aumento
de 15% face ao orçamentado
7
para2023.
O défice orçamental previsto
pelo Governo para este ano é
superior a 159.488 milhões de
meticais (2.340 milhões de eu-
ros), aumentando 38,6% face
ao estimado para 2023, em
que o valor previsto é superior
a 115.058 milhões de meticais
(1.688 milhões de euros). Em
2022, o défice orçamental foi
de142.059milhõesdemeticais
(2.084milhõesdeeuros).
Para o financiamento do dé-
fice, o Governo prevê recorrer
a donativos externos, de mais
de 83.342 milhões de meticais
(1.223 milhões de euros), ao
endividamento externo, na or-
demde29.482milhõesdeme-
ticais (432 milhões de euros), e
ao crédito interno, neste caso
no montante de 46.333 mi-
lhões de meticais (680 milhões
deeuros).
 8

Nacional

ReduzirdrasticamenteidailegaldemoçambicanosnaRAS

O governo sul-africano mental. Já foram tomadas com seis países, entre os Ele disse que este será um
lançou, na última quinta- medidas para integrar na quais, Moçambique. novo modelo de integra-
-feira (05), a Autoridade Autoridade de Gestão das “A BMA irá interagir ção de funções, papéis
de Gestão das Fronteiras Fronteiras várias funções com a esquadra de polí- e responsabilidades no
(BMA), como solução relevantes dos departa- cia mais próxima no que ambiente mais amplo de
sustentável para conter a mentos de Assuntos In- diz respeito à ocorrência aplicação da lei.
migração ilegal, o contra- ternos, Agricultura, Saú- de um crime num porto “Espera-se que a Au-
bando e o tráfico de seres de e Pescas, Florestas e de entrada”, disse o Presi- toridade de Gestão de
humanos. Ambiente. dente. Fronteiras enfrente os
Fundamentalmente, um Para viabilizar o seu tra- BMA importante ferra- desafios do congestiona-
dos maiores desafios da balho, o Presidente Cyril menta para desenvolver a mento, dos atrasos pro-
BMA, a mais recente Ramaphosa disse que a região cessuais, dos longos tem-
componente do sector Autoridade de Gestão de O Presidente Ramapho- pos de trânsito, da falta
de segurança do governo Fronteiras assinou proto- sa visitou na quinta-feira de previsibilidade e dos
sul-africano, é o aumento colos de implementação o Posto Fronteiriço de elevados custos logísticos
do número de estrangei- com a Autoridade Tribu- Beit Bridge com o seu enfrentados em qualquer
ros que entram na África tária, a Polícia e a Força homólogo do Zimbabwe, dos portos de entrada,
do Sul sem documentos, de Defesa da África do Emmerson Mnanga- incluindo portos de al-
entre os quais moçambi- Sul. gwa, e concordaram que tos volumes, como Beit
canos, o que exacerbou “Embora a BMA desem- a criação da Autoridade bridge com o Zimbabwe
muitos dos problemas penhe funções de aplica- de Gestão das Fronteiras e Lebombo com Moçam-
sociais e económicos do ção da lei nas fronteiras, será uma ferramenta im- bique.
país. incluindo o controlo de portante para o desenvol- “Quando os portos de
A Autoridade de Gestão acesso, a Força de Defe- vimento da região. entrada e as fronteiras
de Fronteiras é agora o sa Nacional Sul-Africana “Fará parte da integração do nosso país estão bem
terceiro serviço armado continua responsável pela das actividades de gestão protegidos e bem geri-
na África do Sul, depois protecção e salvaguarda de fronteiras na região dos, somos capazes de
da Força de Defesa Na- das fronteiras. da SADC à medida que prevenir a importação e
cional Sul-Africana e da As unidades regulares e implementamos a Zona saída ilegal de mercado-
Polícia. Está mandatada de reserva do exército são de Comércio Livre Con- rias. Vemos a Autorida-
para desempenhar fun- a espinha dorsal do ac- tinental Africana. Pode- de de Gestão de Fron-
ções de gestão de fron- tual destacamento de 15 remos trabalhar para er- teiras como um elo vital
teiras nos portos de en- companhias no âmbito radicar diversas formas nos nossos esforços para
trada, bem como na área da operação Corona ao de burocracia que dificul- aproveitar os benefícios
de aplicação da lei e está longo dos mais de 4860 tam o comércio, o inves- da Zona de Comércio Li-
a ser criada através de quilómetros de fronteira timento e a circulação de vre Continental Africa-
uma abordagem incre- terrestre da África do Sul pessoas”, afirmou. na”, disse ele.
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Mundo

OMS venera socorro de de 7,9 mil milhões de dólares

gração como uma for-
ça de prosperidade e
progresso]. Podemos e
devemos fazer melhor”,
insistiu Amy Pope, a
primeira mulher a diri-
gir a organização, des-
de Outubro de 2023.
Segundo a OIM, as ro-
tas para uma migração
regular e os sistemas de
protecção são limita-
dos, o que deixa as pes-
soas mais vulneráveis
à violência, à explora-
ção e a outros perigos.
O Projecto Migran-
tes Desaparecidos, co-
ordenado pela OIM,
aponta que pelo menos
A Organização Inter- financiamento para o confrontos políticos, 60.000 pessoas morre-
nacional para as Mi- ano em curso num con- num momento em que ram ou desapareceram
grações (OIM) lançou texto financeiro difícil mundo está em conta- em rotas migratórias
hoje o primeiro apelo para todas as organiza- gem decrescente para irregulares e perigosas
global de financiamen- ções humanitárias, que eleições importantes, nos últimos nove anos.
to para 2024, no valor enfrentam uma mul- por exemplo na Europa As consequências de
de 7,9 mil milhões de tiplicidade de crises e nos Estados Unidos. uma assistência inade-
dólares, para enfrentar humanitárias graves. O financiamento agora quadamente financiada
os desafios impostos “As provas são esmaga- pedido irá permitir à ou fragmentada con-
por múltiplas crises. doras e mostram que a OIM apoiar quase 140 duzem a custos mais
“A migração irregu- migração, quando bem milhões de pessoas, in- elevados, não só eco-
lar e forçada atingiu gerida, contribui forte- cluindo pessoas deslo- nómicos, mas também
níveis sem preceden- mente para a prosperi- cadas internamente e humanos, uma vez que
tes e os desafios que dade e o progresso em as comunidades locais colocam em perigo os
enfrentamos são cada todo o mundo”, afir- que as acolhem, afir- migrantes, que recor-
vez mais complexos”, mou a responsável da mou a agência da ONU rem a meios e a rotas
afirmou a directora- OIM, agência que inte- num comunicado. irregulares de migra-
-geral da OIM, Amy gra o sistema da ONU, “Estamos a enfrentar ção ou correm o risco
Pope, no lançamen- relembrando, porém, num momento críti- de serem vítimas de
to do Apelo Global que frequentemente é co e avançamos com redes de tráfico hu-
Anual para 2024, em encarada como uma este apelo para ajudar mano, sublinhou ain-
Genebra (Suíça), jus- ameaça em muitos paí- a cumprir essa promes- da a agência da ONU.
tificando o pedido de ses e está no centro de sa [de promover a mi-

Paulo Oliveira ergue bandeira moçambicana no Rally Dakar 2024
Terminou, na última sexta-feira, a
46ª edição do Rally Dakar, a mais
prestigiada competição do des-
porto motorizado a nível mun-
dial. Moçambique cumpriu a sua
terceira presença consecutiva na
prova, representado pelo renoma-
do piloto moçambicano Paulo
Oliveira e por Arcélio Couto (co-
-piloto).Aprova,quedecorreupelo
quintoanoconsecutivonaArábia
Saudita, teve lugar de 5 a 19 de Ja-
neiroemcurso.
A dupla moçambicana concluiu
comsucessotodasasetapasdaca-
tegoria de carros clássicos do Rally
Dakar 2024, apesar do incidente
ocorridonasuaviatura.PauloOli-
veira,oúnicopilotodaÁfricalusó-
fona na competição, foi o melhor
africano no prólogo, que contou
com78participantes.
Terminou o paraído
Mambas no CAN
Desporto
PauloeArcélioocuparama41ªpo-
sição da prova, conhecida pelo seu
elevadíssimograudedificuldade.
“Entrámos com objectivos bem
definidos e confiantes para termi-
nar etapas, elevar a nossa bandeira
etrazeralegriaaosmoçambicanos,
que sempre acreditaram em nós.
As provas são desafiantes, exigem
resiliência e superação, mas a res-
ponsabilidade de carregar toda
uma nação supera quaisquer difi-
culdades,daíonossograndeorgu-
lho em participar nas emocionan-
tes provas do Rally Dakar e trazer
a medalha para casa”, disse Paulo
Oliveira, momentos após desem-
barcarnoAeroportodeMaputo.
Ao todo, foram 15 dias de prova,
tendo Paulo Oliveira e Arcélio
Coutopercorridoumtotalde7.891
km, dos quais 4.727 cronometra-
dos.
A dupla moçambicana participou
na prova de todo-o-terreno ao vo-
lantedeumcarroUMMALTER
4x4,modeloclássico.
Paulo Oliveira é o primeiro piloto
moçambicano a participar no
Rally Dakar e já contabiliza três
competições. Na sua estreia no
Rally Dakar 2022, Oliveira pilotou
uma moto, sendo que na edição
seguinte,a45ª,aventurou-seaovo-
lante de uma viatura SSV (Side by
Side Vehicle), com a qual alcançou
o feito inédito de concluir as 14 eta-
pas da prova, tendo ficado entre os
100primeiroslugaresdaprova.
Falando em representação dos
patrocinadores que garantiram a
presença moçambicana no Rally
Dakar, o empresário Salimo Ab-
10
dula disse: “Fiquei impressionado
com a capacidade de Paulo Oli-
veira, um piloto capaz de muitas
superações e que dignifica a nossa
bandeira,seocarronãotivessetido
problemas mecânicos, acredito
que Paulo Oliveira teria consegui-
do estar entre os três primeiros
lugares, mas mesmo assim, ele
conseguiusermedalhado”.
A participação da dupla Oliveira
e Couto contou com o apoio da
Secretaria de Estado do Desporto;
Ministério da Cultura e Turismo;
bemcomoopatrocíniodoAccess
Bank; Cine Group; Agência de
Viagens Cotur; Grupo Salvador
Caetano; Intelec Holdings; Txilar;
Sir Motors; Mozago; Palma Se-
guros; Dream Media; Ferpinta e
Montebelo
dos