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República do Gana

República do Gana é um país africano localizado na região da África Ocidental. É


banhado pelo oceano Atlântico ao sul e faz fronteira com Burkina Faso, Costa do
Marfim e Togo. Sua capital é a cidade de Acra. Tem como língua oficial inglês e línguas
locais acã, dagbani, jeje e outros. Foi a primeira ex-colônia britânica da África e a
primeira nação subsaariana que conquistou a independência em 1957.

 Densidade demográfica: 139,5 hab./km².

 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,632.

 Moeda: cedi ganês.

 Produto Interno Bruto (PIB): US$ 76 bilhões (FMI, 2022).

 PIB per capita: US$ 2370

Sua economia

Gana é um país subdesenvolvido. Sua economia é baseada na mineração e na


agricultura, sector que abriga a maior parcela de 45% da mão de obra do país. O turismo
é um setor em crescimento no país.

O Gana tem enfrentado uma grave crise económica e financeira, com uma dívida
avaliada como insustentável. Especificamente, uma combinação de vulnerabilidades
pré-existentes e choques externos, como a pandemia de COVID-19 e a guerra da Rússia
na Ucrânia, resultaram em pressões financeiras agudas, numa depreciação do cedi, no
declínio das reservas internacionais, no abrandamento da actividade económica e numa
inflação elevada.

Assistência do FMI no Gana

Em meados de Maio de 2023, em resposta ao “pedido de socorro “ o Fundo Monetário


Internacional (FMI) aprovou finalmente um acordo de 36 meses de 3 mil milhões de
dólares com o Gana, para restaurar a estabilidade macroeconómica e a sustentabilidade
da dívida interna. Desembolsou imediatamente a primeira parcela de 600 milhões de
dólares.

Esta é a segunda vez nos últimos oito anos que o país aborda o FMI. E é a 17ª vez desde
a independência em 1957 – ou seja, aproximadamente uma vez a cada quatro anos, em
média.

Espera-se que a primeira parcela do último empréstimo seja utilizada para reforçar as
reservas de moeda estrangeira do Gana e ajudar a estabilizar o cedi, bem como para
apoio orçamental, de acordo com o Ministério das Finanças.

O Gana tem enfrentado graves desafios económicos e financeiros desde o início de


2022. Isto incluiu o incumprimento de algumas das suas dívidas internas e
internacionais. Em Dezembro de 2022, o Gana declarou uma moratória sobre a sua
dívida internacional e entrou em incumprimento técnico em Fevereiro de 2023, depois
de não pagar um cupão – a taxa de juro paga sobre uma obrigação – sobre uma das suas
dívidas após o termo de um período de carência.

Balança comercial de 2019-2023

 Em 2022 foi de US$ 1,82 bilhão , um aumento de 66,11% em relação a 2021.

 De acordo com o Comtrade, o Gana registou, em 2021, um défice de 5.567


milhões de USD, o que representa um aumento de 3.011 milhões de USD em
relação a 2020. A taxa de cobertura das importações pelas exportações situou-se
em 72,7%.

 Em 2020 foi de US$ 2,05 bilhões , um declínio de 255,7% em relação a 2019.

 Em 2019 foi de -1,32 bilhão de dólares , um aumento de 86,45% em relaca a


2018

Défice Fiscal
Défice Fiscal é a diferença negativa entre os rendimentos e as despesas públicas num
determinado período de tempo.

As despesas do governo rondam em 122.9 bilhões de cedis e as receitas de do governo


em 70.65 bilhões de cedis.

O que significa que o governo gastou com as despesas públicas mais de 52.25 bilhões
de cedis, do que arrecadou em receitas no período de 2022-2023

Condições impostas pelo FMI

O Gana deve fazer reformas na política fiscal, na administração de receitas, nas


reformas da governação e na gestão das finanças públicas.

O acordo inclui iniciativas específicas do lado das receitas. Entre elas está:

 A eliminação das isenções do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) para as


empresas, o que deverá poupar 2% do PIB;

 Eliminação progressiva das isenções e isenções fiscais sobre o rendimento das


sociedades e dos esquemas agressivos de transferência de lucros utilizados pelas
empresas para reduzir os seus pagamentos de impostos.

Existe a necessidade ressaltar que tal condição provém da necessidade de


melhorar os termos de comércio para a África cujas suas imposições e
implicações envolvem:

 Os governos do hemisfério norte devem abrir seus mercados a todos os


produtos vindos de países africanos. Eles devem definir um cronograma para
banir os subsídios à exportação e reestruturar todos os subsídios agrícolas
para se alcançar objetivos sociais e ambientais em vez de uma maior
produção.

 O uso de condições vinculadas a programas do FMI / Banco Mundial, que


força os países pobres a liberalizar seus mercados rapidamente,
independentemente do impacto sobre as pessoas que vivem na pobreza, deve
ser extinto.

 Deve ser dado apoio a uma nova instituição internacional de commodities


para se combater a crise dos preços de commodities através da promoção da
diversificação e gerenciamento da super-oferta de produtos.

Sua posição de divida externa

Para além dos esforços para reduzir o défice orçamental, que foram considerados
insuficientes para garantir a sustentabilidade da dívida, e após o choque económico da
pandemia, as consequências da guerra na Ucrânia nas contas públicas desferiram um
golpe mortal na confiança dos investidores. No final de 2022, os credores externos
detinham cerca de 60% do stock da dívida pública. Dessa parcela, os detentores de
títulos detêm 45% e os multilaterais 30%. Como resultado, estes últimos, bem como os
credores nacionais (bancos, companhias de seguros e fundos de pensões) retiraram
massivamente os seus fundos da economia ganense, causando o colapso do cedi. Ao
longo de um ano, a moeda do Gana perdeu cerca de 50% do seu valor em relação ao
dólar e aumentou a dívida externa. Para impulsionar a moeda e limitar a inflação, o
banco central aumentou a sua taxa directora de 14,5% em Janeiro de 2022 para 28% um
ano depois, em paralelo com a inflação que ultrapassou os 30% ao longo do ano, mas à
custa de um aumento dos juros sobre a dívida interna. As reservas cambiais do banco
central derreteram rapidamente, de 9,7 mil milhões de dólares no final de 2021 para 6,6
mil milhões de dólares em Setembro de 2022 (menos de 3 meses de importações), e não
aproveitou os mercados. No final, o governo foi forçado a recorrer ao FMI para resolver
o seu problema de financiamento (serviço da dívida estimado em 3 mil milhões de
dólares em 2023) e aplacar os mercados. Um acordo preliminar para garantir uma linha
de crédito de 3 mil milhões de dólares foi alcançado em Dezembro de 2022. Para obter
a confirmação, Acra iniciou um esforço de reestruturação dos seus passivos pendentes,
enquanto o Gana não cumpriu parcialmente o pagamento da sua dívida externa. Um
programa de troca de dívida com detentores nacionais foi realizado no primeiro
trimestre de 2023, com um corte de cabelo para reduzir a dívida pública interna de 35%
para 25% do PIB. Entretanto, os credores privados externos reuniram-se para formar
uma comissão de negociação. Globalmente, o governo do Gana espera que a
reestruturação reduza o stock total da dívida de cerca de 90% para 60% do PIB. Em
termos de consolidação fiscal, o governo deverá melhorar a arrecadação de impostos
(11% do PIB em receitas, metade da qual é absorvida por juros, em comparação com
18,5% em despesas previstas para Janeiro-Setembro de 2022), o controlo das despesas,
a gestão de empresas públicas e acelerar a reestruturação dos sectores da energia e do
cacau. O governo já tomou medidas introduzindo um imposto sobre as transacções
móveis (taxa electrónica) na Primavera de 2022, um aumento do IVA de 2,5%, uma
faixa adicional de imposto sobre o rendimento de 35% e um congelamento das despesas
salariais. Há anos que o desequilíbrio nas finanças públicas eliminou o endividamento
externo e afectou a balança de pagamentos através da conta financeira (desembolsos e
reembolsos ligados a empréstimos) e da conta corrente (juros da dívida).
Consequentemente, a redução do défice público em 2023 será essencial, com a ajuda da
reestruturação da dívida.

Em 2022, o custo crescente das importações de alimentos (cereais, açúcar, etc.) pesou
sobre o excedente comercial, mas foi, ainda assim, ligeiramente compensado pelos
preços elevados do petróleo e especialmente do ouro. Tal como no passado, o défice da
balança corrente foi largamente alimentado pelo défice de rendimentos, sujeito ao
aumento do serviço da dívida externa e à repatriação de lucros por investidores
estrangeiros, bem como pelo défice de serviços, ainda que reduzido pela recuperação do
turismo. Este último défice é dominado pelas compras de serviços relacionados com a
exploração petrolífera, bem como pelos transportes, e acentuado pela crescente
utilização das telecomunicações. O défice da balança corrente deverá diminuir em 2023,
principalmente devido à diminuição das importações decorrente do enfraquecimento da
procura interna e do preço dos produtos importados. Para resolver a escassez de moeda
estrangeira, o governo do Gana está a tentar lançar trocas “em espécie” de ouro por
combustível. O primeiro acordo deste tipo foi alcançado com uma empresa dos
Emirados para entrega em Janeiro de 2023. Devido ao abrandamento económico
esperado nas economias avançadas (países anfitriões da diáspora), as remessas de
expatriados (5,8% do PIB em 2021) não conseguirão compensar estes déficits.
Referências bibliográficas

https://www.worldbank.org/en/country/ghana/overview

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/gana.htm

Relatório da Oxfam, A África na Encruzilhada Tempo de agir

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