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PANORAMA
MACROECONÓMICO
II Trimestre de 2023
Research
ATLANTICO www.atlantico.ao
Índice
Research
ATLANTICO
Siglas e Abreviaturas
• A previsão de crescimento para 2023 do Banco total de 7,67 mil milhões de dólares no II trimestre
Mundial aponta para uma expansão do PIB de 2023, uma redução trimestral de 41,16%. O
mundial em 2,1%, uma revisão em alta de 0,4 p.p. sector petrolífero foi o principal responsável pelo
face às previsões de Janeiro último, ao beneficiar desempenho negativo, com um queda de 36,65%.
de moderação da política monetária. Por seu lado,
e de acordo com dados do Eurostat, a Zona Euro • A taxa de câmbio média do Kwanza face ao Dólar
registou uma desaceleração depois do fixou-se em USD/AOA 590,11, uma depreciação
crescimento de 1,1% assistido no I trimestre, um homóloga de 29,52%, reflexo, essencialmente, do
desempenho que está a ser explicado pelo desempenho registado a partir da segunda
crescimento moderado em França (+0,9%), quinzena do mês de Maio, altura em que a moeda
Espanha (+1,8%) e pela contração da Alemanha (- perdeu 36,38% do seu valor, ao passar de
0,1%), despois das mesmas economias terem USD/AOA 523,56 para USD/AOA 822,94.
registado no período anterior crescimento de • O montante negociado no mercado secundário de
0,9%, 4,2% e contração de 0,3%, respectivamente. dívida fixou-se em 752,90 mil milhões de kwanzas,
• Paralelamente, o Banco Mundial reviu em baixa as no II trimestre. Do montante transaccionado, a
perspectivas de crescimento da economia da maior parte, cerca de 66,11% aconteceram no
África Subsariana em -0,4 p.p. para 3,2%, um Ambiente Bilateral, e o remanescente no
desempenho pressionado pela perspectiva de Ambiente Multilateral, uma inversão em relação ao
desaceleração do consumo público em 1,7 p.p. desempenho do II trimestre de 2022, quando
para -1,0%, desaceleração do consumo privado em 74,50% do total negociado aconteceu no Mercado
0,1 p.p. para 3,0% e redução das previsões de Multilateral e 25,50% realizaram-se no Ambiente
aumento das importações em 1,0 p.. Bilateral.
• O crescimento económico de Angola poderá fixar- • O total de activos dos bancos fixou-se em 24 524
se em 3,5%, em 2023, de acordo com dados do mil milhões de Kwanzas, no II trimestre de 2023,
FMI. Por seu lado, a média de produção petrolífera um incremento homólogo de 25,09%. O valor
fixou-se em 1,110 milhões barris/dia no II trimestre reflecte o aumento da carteira de Títulos da dívida
de 2023, uma redução homóloga de 61 mil pública em 35,25%, para 7 376 mil milhões de
barris/dia, num contexto em que a cotação do kwanzas, em linha com aumento das taxas de juro
crude atingiu uma média de 75,70 USD/barril no II das novas emissões de títulos públicos realizadas
trimestre de 2023. pelo tesouro, e com a redução das alternativas de
investimentos por partes dos bancos comerciais.
• A agência de classificação de risco manteve o
nível em “B-” (grau especulativo), mas reviu no • De acordo com dados do UNCTAD, o stock IDE
mês de Junho a perspectiva de positiva para de Angola fixou-se em 14 719 milhões de dólares,
estável, em consequência da deterioração da taxa uma redução de 29,44% face ao registo do
de inflação e pela intensa depreciação do kwanza período anterior, penalizado pela tendência de
em relação ao dólar. desinvestimento que se tem vindo a registar na
indústria petrolífera e da manutenção de baixos
• O BNA, no CPM de Julho de 2023, reviu em alta as níveis de competitividade da economia não
previsões para a taxa de inflação de 9% a 11%, para petrolífera.
12% a 14%. Entretanto, o BNA reforçou que a
alteração das projecções não deverá ter impacto • De acordo com o Plano de Longo Prazo – Visão
para o alcance do objectivo de médio prazo de 2050 -, a taxa de desemprego deverá registar
uma taxa de inflação de um dígito. Por outro lado, uma redução de 30% em 2022 para 20% em 2050.
manteve a política monetária restritiva. A taxa de As perspectivas estão a ser suportadas pelas
juro básica reduziu 300 p.b., ao situar-se em 17%, projecções do crescimento médio do PIB não
sendo que a taxa de Facilidade Permanente de petrolífera em 3,3% e da alteração do modelo de
Cedência de Liquidez e a Facilidade Permanente desenvolvimento económico de Angola da
de Absorção de Liquidez passaram de 25% e 15%, indústria extractiva com orientação para as
para 17% e 13,5%, respectivamente. exportações, para a agricultura, pecuária pesca e
indústria transformadora.
• As exportações de Angola atingiram um valor
1. Contexto Internacional (1/2)
• O Banco Mundial, na actualização das previsões de Junho, reviu em alta a previsão de crescimento da
economia mundial para 2023, em 0,4 p.p. para 2,1%.
• A taxa de crescimento da economia dos EUA no II trimestre situou-se em 2,6%, acima do crescimento de
1,8% apurado no período anterior.
1
1. Contexto Internacional (2/2)
• A economia da China cresceu 6,3% no II trimestre, acima do objectivo de crescimento para o presenta ano,
de 5% e acima do crescimento do período anterior.
• A oferta de petróleo mundial no II trimestre ascendeu para 101,2 milhões barris/dia, acima da oferta de 99,82
milhões barris/dia do período homólogo.
A economia da Zona Euro cresceu 0,6% no II desemprego de 5,3% em 2023, num altura em que a
trimestre. De acordo com dados do Eurostat o bloco taxa de desemprego jovem voltou a aumentar para
registou uma desaceleração depois do crescimento 21,3%, acima dos 20,8% do período anterior. Por seu
de 1,1% do I trimestre de 2023, um desempenho lado, assistiu-se a uma estagnação na variação dos
explicado pelo crescimento moderado em França preços em Junho, depois de ter registado variação
(+0,9%), Espanha (+1,8%) e pela contracção na de 0,7% no trimestre anterior, pressionado pela
Alemanha (-0,1%), despois das mesmas economias deflação nos preços de produtos não alimentares,
terem registado, no período anterior, crescimento de com destaque para os custos com transporte que
0,9%, 4,2% e contracção de 0,3%, respectivamente. caíram de -2,9% para -6,5%.
Dos dados públicos, o melhor desempenho foi
registado na Irlanda (2,4%) e Portugal (2,3%). A nível A oferta de petróleo da OPEP fixou-se em 28,27
dos preços, a taxa de inflação situou-se em 5,5%, milhões barris/dia no II trimestre de 2023. O nível
uma desaceleração quando comparado aos 6,9% apurado representa uma redução homóloga de
apurados em Março, uma queda que está a ser 1,24%, justificada pela queda da produção da
justificada pelo agravamento da política monetária generalidades dos países que compõem a
do BCE e da redução do preço do petróleo e gás organização, com destaque para a Arábia Saudita,
natural nos mercado internacionais. Enquanto isso, a Iraque e Emirados Árabes Unidos que viram a
taxa de desemprego situou-se em 6,4%, abaixo dos produção a recuar em 2,90%, 6,55% e 3,48% para
6,7% de Junho de 2022, a beneficiar de um mercado 10,16 milhões barris/dia, 4,14 milhões barris/dia e
de trabalho muito resiliente aos desafios que a 2,94 milhões barris/dia, respectivamente. Neste
economia tem vindo a enfrentar. período, a produção mundial, de acordo com os
dados da OPEP, ascendeu para 101,2 milhões
O crescimento do PIB do Reino Unido fixou-se em barris/dia, sendo que a OPEP contribuiu com 27,9%
0,2% no I trimestre de 2023. A economia voltou a do total, abaixo dos 28,8% do período homólogo
desacelerar no I trimestre de 2023, desaceleração quando a produção mundial se situou em 99,82
que se regista desde o II trimestre de 2022, quando milhões barris/dia. Relativamente à procura, do
se fixou em 3,8%. O desempenho foi pressionado crude, até ao fecho do ano, as previsões apontam
pela contracção na actividade Mineira, incluindo a para um aumento de 2,44 milhões barris/dia, em
Extracção de petróleo e gás (-11,5%), Electricidade, linha com o aumento da procura dos países não
gás, vapor e ar (-3,2%) e o Abastecimento de água e membros da OCDE e dos países OCDE em 0,13% e
esgoto (-0,9%). Por outro lado, assistiu-se a uma 4,43% para 46,01 milhões barris/dia e 55,99 milhões
desaceleração no sector da Agricultura, Floresta e barris/dia, respectivamente.
Pesca (-0,5 p.p. para +0,1%), Construção (-2,6 p.p.
para +4,2%) e “Transportes, Armazenamento e Tabela 01 – Produção de Petróleo
Comunicação (-3,8 p.p. para +1,9%)”. Neste período,
assistiu-se a manutenção da tendência de aumento Países II Trim. 22 II Trim. 23 Var.
da taxa de inflação acima da meta do Banco da
Argélia 1,013 0,98 -3,26%
Inglaterra, tendo a inflação se fixado em 7,9%,
relativamente abaixo dos 10,1% apurados em Março Angola 1,173 1,115 -4,94%
de 2023. Por seu lado, a taxa de desemprego, até Congo 0,266 0,264 -0,75%
Junho, ascendeu para 4,2%, acima dos 3,8% de Junho Guine Equatorial 0,094 0,06 -36,17%
de 2022.
Gabão 0,187 0,209 11,76%
A economia na China cresceu 6,3% no II trimestre de Irão 2,56 2,692 5,16%
2023. De acordo com dados da National Bureau of
Iraque 4,428 4,138 -6,55%
Statistics da China voltou a crescer acima dos 5%, o
target previsto para o presente ano depois de ter Kuwait 2,689 2,585 -3,87%
crescido 4,5% no I trimestre de 2023, ao beneficiar Líbia 0,743 1,162 56,39%
da expansão da Actividade de Acomodação e Nigéria 1,252 1,225 -2,16%
Catering (+17,5%), Serviços Financeiros e Leasing Arábia Saudita 10,458 10,155 -2,90%
(+14,7%), Comunicação e Tecnologias de Informação
(+14,6%). Neste período, a taxa de desemprego Emirados Árabes Unidos 3,047 2,941 -3,48%
fixou-se em 5,2%, o menor nível dos últimos cinco Venezuela 0,716 0,746 4,19%
trimestres, sendo que o Governo estima criar até 12 Total 28,626 28,272 -1,24%
milhões de novos empregos e alcançar uma taxa de
Fonte: OPEP
2
2. Economia Real
• O crescimento económico poderá registar uma trajectória de moderação no ano corrente, pressionado
pela inversão da trajectória de indicadores macroeconómicos não petrolíferos.
• O crédito por sectores de actividade registou diminuição na análise homóloga do II trimestre de 2023,
pressionado pela moderação da actividade económica.
3,5
4.809,11
2,8 4.783,67
1,1
4.648,29
4.445,67
Fonte: FMI, WEO Abril de 2023 Fonte: BNA; valores em Mil Milhões de kwanzas.
3
2.1. Sector Petrolífero
• A cotação internacional do crude deverá registar no ano corrente um nível superior à estimativa de 75
USD/barril apresentada no OGE 2023.
• O processo de diversificação económica associado à expectativa de aumento da procura por energias
renováveis, fundamenta a estratégia do Governo de moderação da produção petrolífera.
O sector petrolífero poderá registar níveis de O início do II trimestre de 2023 caracterizou-se por
produção inferiores a 500 mil barris/dia em 2050. A algumas paralisações temporárias e programadas
produção petrolífera poderá diminuir de uma média de plataformas. A necessidade de ajuste da
de 1,17 milhões barris/dia em 2022, para 950 mil eficiência operacional, a inspecção e reparação de
barris/dia em 2030 e 340 mil barris/dia em 2050. O linhas de produção, a reparação de linhas de baixa e
investimento destinado ao sector deverá apresentar alta pressão de gás, e a melhoria dos níveis de
uma trajectória decrescente, segundo projecções do segurança contribuíram para a paralisação no mês
MEP, ao variar de aproximadamente 3,7 mil milhões de Abril, do FPSO Gimboa no Bloco 4/05 e o FPSO
de dólares em 2022, para 1,5 mil milhões de dólares PAZFLOR no Bloco 17.
em 2050. A trajectória de moderação da produção A cotação internacional do crude atingiu uma média
petrolífera deverá também reflectir a diminuição da de 75,70 USD/barril no II trimestre de 2023. O
procura global por petróleo após atingir um nível registo representa uma diminuição homóloga de
máximo em 2025, e atingir cerca de metade do nível 34,55%, influenciado pela expectativa de
em 2050. moderação do crescimento económico mundial,
A produção petrolífera poderá registar diminuição diante da política monetária restritiva adoptada
gradual nos próximos anos. A produção petrolífera pelos diferentes bancos centrais. A previsão para a
poderá atingir 1,180 milhões barris/dia em 2023, cotação do fecho do ano apresenta-se em torno de
com a possibilidade de diminuir para cerca de 1,010 76,58 USD/barril. O preço do crude deverá atingir
milhões barris/dia em 2027, em consequência da 72,42 USD/barril em 2024, de acordo com dados
expectativa de maturação dos poços de exploração divulgados pela Bloomberg.
Gráfico 04 – Produção Petrolífera Gráfico 05 – Cotação Internacional do Crude (USD/barril)
130
1,173
120
1,152 1,155
110
1,115 100
90
1,084
80 74,9
1,062
70
dez/21 mar/22 jun/22 set/22 dez/22 mar/23 jun/23
IT IIT IIIT IVT
2022 2023
Fonte: OPEP, Milhões barris/dia Fonte: Bloomberg
4
2.2. Sector não-Petrolífero
• O processo de diversificação económica deverá dinamizar o desempenho do sector não petrolífero.
• O sector do comércio mantém-se como um dos principais sectores de destino do crédito, com os
montante a representarem mais de 20% do total do crédito.
O PIB do sector não petrolífero deverá atingir 275 11%, em 2021, que superou o nível médio dos países
mil milhões de dólares em 2050. O registo do PIB da África Subsariana. O sector do comércio poderá
não petrolífero deverá reflectir o investimento no registar uma contribuição de 21% do PIB em 2050,
processo de diversificação económica, com a que representa uma moderação de 1 p.p., em
possibilidade de o PIB do sector não petrolífero relação ao registo de 2022.
evoluir do registo de 84 mil milhões de dólares
referente a 2022. O sector não petrolífero deverá A produção nacional deverá registar uma trajectória
beneficiar de um investimento cumulativo de 850 crescente na cobertura do consumo. A auto-
mil milhões de dólares nos próximos 30 anos, que é suficiência da produção nacional em percentagem
inferior ao investimento total de 1 000 mil milhões do consumo interno deverá fixar-se em 113% em
de dólares referente aos 20 anos anteriores. O 2050, que representa uma melhoria em comparação
Governo perspectiva maximizar as oportunidades à contribuição de 66% referente a 2022. A
disponíveis para a atracção de investimento para o estratégia deverá ser alcançada mediante a
desenvolvimento de uma economia diversificada e optimização de cadeias de valor nacional, a criação
resiliente. de agregados no sector agrícola e a expansão de
plataformas logísticas. Adicionalmente deverá ser
O PIB per capita deverá ascender para USD 4 212 promovida a integração regional com países da
em 2050. O Estado angolano ambiciona elevar o Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
PIB per capita de USD 3 675 em 2022 para USD 4 (SADC) e da Zona de Comércio Livre Continental
215 em 2050, um nível que está a ser justificado Africana.
pelo incremento médio do crescimento do PIB em
3,2%, para um PIB nominal de 286 mil milhões de O crédito concedido por sectores, excluindo a
dólares, acima do crescimento da população em Indústria Extractiva e Transformadora, registou
3,1% para 68 milhões de pessoas. O incremento aumento homólogo. O crédito concedido atingiu um
global deverá ser, largamente, explicado pelo montante de 4 785,39 mil milhões de kwanzas no II
aumento do PIB per capita não petrolífero em trimestre de 2023, o equivalente a um aumento
59,32% ao passar dos actuais USD 2 537 para USD 4 homólogo de 16,73%. Os sectores com os maiores
042, muito por conta das expectativas de montantes de crédito atribuído correspondem ao
crescimento do PIB não petrolífero. Este incremento Comércio (26,30%), Particulares (26,00%) e
deverá ser acompanhado por medidas que Construção (9,79%). No mesmo período de 2022
aumentem o rendimento das populações com caracterizaram-se como principais receptores do
rendimento mais baixo, como é o caso das crédito os mesmos sectores com contribuições
populações residentes nas zonas rurais, como forma superiores de 28,24%, 21,62% e 14,77%, em cada
de reduzir os níveis de desigualdade e assegurar caso.
uma menor assimetria regional e exploração
demográfica nas zonas urbanas. Gráfico 06 – Rácio de Auto-suficiência da Produção
Nacional (%)
O sector primário apresenta-se como uma das 113
prioridades para o desenvolvimento. Os sectores da
agricultura e pecuária familiar deverão receber
incentivos para aumentar a produtividade, seguidos
pela industrialização da economia nacional e a
exploração do sector do comércio. A contribuição 83
5
3. Finanças Públicas
• A arrecadação de receitas fiscais petrolíferas registou moderação homóloga, no II trimestre de 2023,
pressionada pela diminuição da cotação do crude e da produção petrolífera.
• O saldo orçamental superavitário poderá dissipar-se no ano corrente, pressionado pela diminuição da
arrecadação de receitas fiscais petrolíferas.
78,9
1,00
0,80
69,9
65,5
0,20
6
4. Inflação
• O II trimestre de 2023 caracterizou-se pela taxa de inflação nacional, muito por conta da depreciação
cambial assistida e da remoção parcial dos subsídios à Gasolina.
• O BNA reviu em alta as previsões sobre a taxa de inflação para o final do ano corrente, para um intervalo
entre 12% a 14%, devido o impacto da depreciação da moeda nacional.
01. Alimentação e Bebidas não Alcoólicas 58,55 2,6 2,1 2,5 2,7 2,7 2,8 2,4 1,8 0,6 0,44 0,69 0,78 1,28
02. Bebidas Alcoólicas e Tabaco 0,11 2,3 2,0 2,1 2,1 2,3 2,3 2,2 2,1 2,2 1,88 2,17 1,79 1,69
03. Vestuário e Calçado 2,80 1,1 2,0 2,1 1,7 1,7 2,0 2,1 1,9 1,9 1,99 2,38 1,93 1,64
04. Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis 6,58 0,8 0,8 1,4 1,3 0,9 0,9 1,3 1,5 1,3 0,86 0,84 0,31 0,41
05. Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção 5,51 1,4 1,8 1,8 1,5 1,6 2,2 2,1 1,4 1,3 0,69 0,59 0,72 0,56
06. Saúde 2,64 2,0 1,9 2,1 2,2 2,6 2,0 2,2 2,1 1,7 1,82 2,36 2,23 2,49
07. Transportes 5,40 1,0 1,7 2,0 1,5 2,3 1,1 2,4 2,1 0,7 0,04 0,10 0,14 0,64
08. Comunicações 3,94 0,1 0,3 0,3 1,4 1,3 1,7 1,9 1,6 1,0 1,38 0,65 0,17 0,19
09. Lazer, Recreação e Cultura 1,29 0,6 1,8 2,2 1,8 1,6 0,8 1,7 1,3 1,0 1,17 1,64 1,10 1,20
10. Educação 3,36 0,0 0,0 0,0 0,9 0,1 1,8 0,0 0,0 0,0 3,88 0,26 0,00 0,00
11. Hotéis, Cafés e Restaurantes 3,07 2,4 2,3 2,0 1,5 2,1 1,2 1,7 1,6 1,1 0,85 1,07 1,61 1,55
12. Bens e Serviços Diversos 6,74 1,7 2,6 2,1 2,1 2,0 2,2 2,2 1,9 1,6 1,12 1,66 1,78 2,04
Índice Geral 100,00 1,87 1,91 2,11 2,23 2,26 2,31 2,16 1,73 0,84 0,73 0,84 0,86 1,20
Fonte: INE
7
Inflação
O Governo decidiu retomar o processo de ajustamento dos preços dos derivados de petróleo a partir de
02 de Junho de 2023. A iniciativa de Reforma dos Subsídios aos Combustíveis, de acordo com a nota do
Governo disponibilizada no site do Ministério das Finanças, enquadra-se no conjunto de reformas,
destinadas a fortalecer as finanças públicas, com vista a assegurar a sustentabilidade das contas públicas,
melhorar o ambiente de negócios, dinamizar a produção interna e diversificar as exportações de Angola.
De acordo com comunicado oficial, espera-se que o processo de ajustamento dos preços dos
combustíveis seja gradual, tendo início em Junho de 2023 e previsão de fecho em 2025, altura em que os
preços dos quatro produtos actualmente em regime de preços vigiados e subsidiados – Gasolina,
Gasóleo, Petróleo Iluminante e Gás de Cozinha -, passem à categoria de preços livres.
Para a primeira fase o Governo ajustou o preço da Gasolina que passou de 160 Kz/litro para 300
Kz/litros. Por outro lado, o Governo decidiu manter inalterados os preços do Gasóleo (135 Kz/litro), do
Petróleo Iluminante (70 Kz/litro) e o Gás de cozinha em (100 Kz/Kg), que têm o potencial de produzir
efeitos mais desafiantes sobre a evolução dos preços e no poder de compra das famílias com
rendimentos mais baixos. Contudo, espera-se que à medida que o mercado se vai ajustando aos novos
preços, os ajustes nos preços do Gasóleo, Gás e Petróleo Iluminante, venham a ser ajustados, de forma
gradual, até 2025.
Nesta conformidade, a decisão de aumento do preço da Gasolina foi justificada pela necessidade do
mesmo estar alinhado com o preço real do mercado, que de acordo com o Instituto Regulador dos
Derivados do Petróleo, estavam fixadas acima dos 500 Kz/litro, e muito abaixo da média apurada nos
preços praticados em países da região da SADC. Por outro lado, a decisão de se avançar com o aumento
dos preços da Gasolina, foi justificada pelo facto do mesmo produzir menos pressão sobre a evolução da
inflação e ser menos penalizadora para as famílias de rendimento mais baixo, ao mesmo tempo que
poderá servir de barómetro para a definição dos ajustamentos nos preços dos outros produtos.
Para mitigar os potenciais efeitos negativos do processo de ajustamento dos preços dos combustíveis
sobre o sector produtivo e sobre os preços da corrida dos transportes públicos colectivos, o Governo,
através do Decreto Presidencial 131/23 de 1 de Junho, aprovou a atribuição de subsídios à Gasolina para a
produção agrícola, pesqueira, e para o transporte intermunicipal, inter-urbano e urbano de passageiros.
O Decreto avança igualmente que gozam do direito ao subsídio ao preço da gasolina, os agentes
económicos prestadores de serviços de transporte urbano colectivo de passageiros com veículos ligeiros,
pesados e motociclos, em todo o território nacional, nas rotas inter-municipais, urbanas e inter-urbanas.
Para famílias de rendimento baixo, o Governo decidiu alargar a permanências das mesmas no programa
Kwenda, de 12 para 24 meses, ao mesmo tempo que deverá alargar o número de famílias beneficiárias
para 1,2 milhões de famílias e incrementar a transferência mensal dos subsídios dos actuais 8.500
Kz/família para 11.000 Kz/família, entre 2023 e 2025.
Nesta conformidade, excluindo as empresas e operadores do sector dos transportes de serviço de táxi, a
generalidade da população deverá adquirir o litro da gasolina ao preço dos 300 Kz/litro. Este nível, como
sublinhado acima, ainda se mantém abaixo do preço de mercado e da média da região, devendo o
mesmo ser ajustado, nos próximos tempos, até ao valor real até 2025.
A retirada dos subsídios poderá exercer impacto sobre o aumento do nível geral de preços, tendo-se em
consideração a inclusão das expectativas dos comerciantes, sobre a evolução dos preços, na definição
dos preços actuais para comercialização de bens e serviços, que poderá unir-se ao impacto da
depreciação cambial que se tem verificado no ano corrente, com efeitos sobre o encarecimento das
importações, e ao aumento do preço dos bens nos mercados internacionais.
O objectivo de controlo dos impactos sobre a inflação poderá contribuir para que se intensifiquem os
desafios para o alcance da meta de inflação próxima de um dígito no ano corrente, com o Banco Central
a poder intervir com a inversão da trajectória descendente das taxas de juro de referência e aumento das
estratégias para a absorção de liquidez da economia.
8
5. Mercado Monetário (1/2)
• A política monetária manteve-se restritiva, não obstante a moderação das taxas de juro de referência, por
parte do BNA.
• O Sector Privado manteve-se como principal depositário no mercado, sendo responsável por 90,15% do
total de depósitos, no II trimestre de 2022.
9
5. Mercado Monetário (2/2)
• Os bancos comerciais intensificaram as trocas de liquidez entre si, o que poderá reflectir uma maior
facilidade na transacções de liquidez.
• Os bancos comerciais mais que duplicaram as operações de transacção de liquidez entre si, ao longo do II
trimestre de 2023.
O nível de liquidez, por via das Operações de As negociações de liquidez entre os bancos
Mercado Aberto, reduziu 23,95%. O BNA, por via comerciais mais que duplicaram no II trimestre. Os
das Operações de Mercado Aberto, reduziu o nível bancos comerciais trocaram entre si liquidez
de absorção de liquidez, em 23,95%, no II trimestre avaliada em 2 836,10 mil milhões de kwanzas no II
de 2023, face ao mesmo período de 2022, ao trimestre de 2023, mais que o dobro regista em
situar-se em 1 838,11 mil milhões de kwanzas. igual período de 2022, quando atingiu 1 033,89 mil
Inversamente, a nível das operações de cedência, milhões de kwanzas. O incremento das
por via do mesmo instrumento, assistiu-se um negociações de liquidez no mercado monetário
incremento das operações em 18,69%, para 162,01 interbancário poderá reflectir por um lado a
mil milhões de kwanzas. Em termos líquidos, o restritividade da política monetária por parte do
BNA absorveu 1 676,10 mil milhões de kwanzas, no BNA, e por outro, a maior necessidade de liquidez
período em análise, o que compara com os 2 para canalização no mercado cambial, em linha
280,64 mil milhões de kwanzas, em resultado da com a depreciação cambial, que se traduz na
política monetária restritiva, com o intuito de necessidade de mais kwanzas para comprar as
conter a evolução dos preços na economia. A nível mesmas unidades de moeda estrangeira. Importa
das taxas praticadas registaram uma redução ressaltar que o nível mais expressivo verificou-se
média homóloga de 1,62 p.p., ao variarem entre no mês de Maio, quando a liquidez negociada
4,25% e 11,18%, com maturidades entre Overnight a representou 43,11% do total transaccionado no II
364 dias. trimestre, altura em que se iniciou o processo de
aceleração da depreciação cambial.
As operações de Facilidade de Cedência de
Liquidez registaram aumento significativo. Ao Os custos de transacção destas operações
longo do II trimestre as operações de Facilidade de mantiveram tendência ascendente no II trimestre.
Cedência de Liquidez totalizaram 4 291,65 mil As taxas de juro apuradas nas trocas de liquidez
milhões de kwanzas, um aumento significativo face entre os bancos comerciais registaram aumento
aos 88,92 mil milhões de kwanzas registados no médio de 1,54 p.p. no II trimestre de 2023, uma
período homólogo. O incremento ocorreu num aceleração em relação ao crescimento médio de
contexto em que o custo destas operações reduziu 0,29 p.p. registados no período homólogo. As
de 25% para 21%. A nível das operações de taxas de juro variaram entre 16,59% e 20,69%,
Facilidade de Absorção de Liquidez, destaca-se sendo referentes a Luibor Overnight e a Luibor 12
que durante o período em análise registou-se meses e correspondem ao maior nível trimestral
operações apenas com maturidade de 182 dias, registado desde o último trimestre de 2021,
num total de 27,50 mil milhões de kwanzas, sendo quando variou entre 18,68% e 24,66%.
que no II trimestre de 2022 não se verificou
operações na referida maturidade.
2.836,10 26%
19%
5%
mar/22 jun/22 set/22 dez/22 mar/23 jun/23
2021 2022 2023
OVERNIGHT 3 MESES 6 MESES 12 MESES
10
6. Sector Externo
• As exportações de mercadorias permitiram o encaixe de 7,67 mil milhões de dólares no II trimestre de
2023, segundo dados da AGT.
• Portugal continua a liderar o ranking dos principais destinos das remessas enviadas por trabalhadores
residentes em Angola.
11
7. Mercado Cambial
• O II trimestre de 2023 caracterizou-se pela aceleração significativa da depreciação cambial, em linha com
a moderação da oferta e manutenção da procura.
• O Banco Nacional de Angola disponibilizou instrumentos financeiros de mitigação do risco cambial, num
contexto de aperto da oferta de moeda estrangeira.
A taxa de câmbio média do Kwanza face ao Dólar O BNA disponibilizou instrumentos financeiros de
depreciou de forma significativa no II trimestre. Os mitigação do risco cambial. O Comité de Política
dados referentes ao II trimestre de 2023 revelam Monetária decidiu na reunião dos dias 18 e 19 de
que a taxa de câmbio média do Kwanza face ao Maio de 2023 colocar no mercado Obrigações do
Dólar fixou-se em USD/AOA 590,11, o que Tesouro Nacional da carteira do BNA, em moeda
representa uma depreciação de 29,52% face a média estrangeira, no montante de 350 milhões de dólares.
de USD/AOA 415,92 apurada no período homólogo. A decisão resultou das alterações no mercado
A depreciação compara com o desempenho cambial, que segundo a óptica do BNA deveriam
apurado no I trimestre de 2023, quando atingiu prevalecer no curto prazo. A disponibilização deste
12,82% e reflecte, essencialmente o desempenho instrumento visa a mitigação do risco cambial,
registado a partir da segunda quinzena do mês de sendo que até o dia 24 de Junho de 2023, a
Maio, altura em que a moeda perdeu 36,38% do seu disponibilização havia sido esgotada e resultou num
valor, ao passar de USD/AOA 523,56 para montante total transaccionado de 321,3 milhões de
USD/AOA 822,94. A ausência do Tesouro Nacional dólares e absorção de moeda nacional num
enquanto ofertante, durante o período em análise montante de 198,9 mil milhões de kwanzas.
contribuiu para a depreciação da moeda.
O mercado cambial registou 9 processos de
A perspectiva de depreciação deverá manter-se até infracções durante o II trimestre de 2023. O BNA, no
o final do ano. A Fitch, aquando da revisão das âmbito do exercício da averiguação e acção
perspectivas de Angola, revela que a redução da sancionatória, efectuou a conclusão de 9 processos
oferta cambial deverá impactar a moeda nacional, sancionatórios ligados ao mercado cambial, dos
com a taxa de câmbio no final de 2023 a poder quais 6 infracções das Instituições Financeiras
situar-se em USD/AOA 760, face aos USD/AOA 504 Bancárias e 3 infracções das Instituições Financeiras
registados em 2022. A instituição revela que a Não Bancárias. A nível das instituições bancárias, as
estimativa de depreciação de 33,68% poderá ser matérias tiveram ligadas ao; i) Incumprimento das
agravada, caso a oferta interna se mantenha normas sobre Operações cambiais (2); ii)
limitada, sendo que em Abril e Maio de 2023, o Transgressões cambiais (2), sendo que nas
Tesouro Nacional não realizou vendas, o que instituições não bancárias, os processos tiveram
representa uma redução na oferta de uma média associados ao Incumprimento do dever de reporte
mensal de 438 milhões de dólares, entre o primeiro de operações cambiais (3).
trimestre de 2022 e 2023.
USD/AOA EUR/AOA
Fonte: BNA
12
Mercado Cambial
A taxa de câmbio do Kwanza face às principais contrapartes tem vindo a depreciar de forma moderada, em
torno médio de 0,18% mensal, nos primeiros quatro meses do presente ano. Entretanto, os primeiros dias do
mês de Maio, têm demonstrado uma tendência inversa, com a moeda a depreciar 3,54%, para USD/AOA
526,009, na última Sexta-Feira, 12 de Maio de 2023.
A depreciação assistida, quando comparada à depreciação média assistida entre 2018 e 2020, é uma clara
indicação de uma maior estabilidade do mercado. Contudo, parece-nos ser uma estabilidade “instável”, se
comparada com as taxas de câmbio apuradas no mercado secundário e os níveis de forwards cambiais na
maturidade de 12 meses, previstos pela Bloomberg.
O comportamento, parece-nos, está a ser justificado por, pelo menos, cinco factores. O primeiro, a redução
do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais. O Brent, que serve de referência às
exportações de Angola, registou perdas de 13,47%, até a última Sexta-Feira, ao fixar-se em 74,98
USD/barril. Em segundo, o aumento da procura por divisas no mercado, justificado pela necessidade de
liquidação da dívida pública, e pela manutenção das necessidades de importação de bens e serviços, sendo
que não há indicações de haver uma correspondência à nível da oferta.
O terceiro factor, o aumento da liquidez em moeda nacional, justificado pelo ajuste em baixa da
restritividade da política monetária, estando a contribuir para um posicionamento mais agressivo dos
bancos comerciais, no lado da procura. Uma quarta razão, prende-se com a redução da oferta de divisas,
fundamentalmente, da parte do Tesouro Nacional, muito por conta dos desafios que o Tesouro Nacional
teve no I trimestre do presente ano. E por último, que é subjectiva, poderá estar associada à percepção do
mercado da alteração da taxa de câmbio de equilíbrio no mercado para além dos actuais níveis.
De acordo com as contribuições das taxas de câmbio dos 21 bancos comerciais, referentes ao dia 11 de Maio
no site do BNA, as taxas de câmbio de venda apresentam diferenças significativas, em torno da média. A
diferença entre a taxa de câmbio de venda mais elevada e a mais baixa foi de 6,56%, o que sugere que há
bancos que estejam a conseguir fazer negócios com margens mais apertadas, sem receios de estar a
incorrer em perdas, para si e para os clientes, na expectativa de que a taxa de câmbio futura corrija o valor
para as novas taxas de equilíbrio.
E a diferença apurada poderá continuar a aumentar, se a actual tendência de queda do preço do petróleo
se manter, as perspectivas de redução da participação do Tesouro Nacional, do lado da oferta, se manter e
se os riscos de desaceleração da economia mundial se manter, mesmo que, por exemplo, o BNA reverter o
ajuste da política monetária. E é precisamente neste particular que a actual estabilidade se apresenta
potencialmente instável. Pois, para além de estar excessivamente exposta aos riscos externos, não nos
parece que haja mecanismos internos que a possam moderar.
A actual depreciação cambial poderá produzir desafios à economia, com realce para a penalização da
capacidade de importação do País, vindo a traduzir-se em menos oferta e no aumento dos custos dos
produtos. A combinação dos dois efeitos, acima referenciados, tem o potencial de acelerar a inflação e
justificar a moderação dos cortes nas taxas de juro de referência, o que por arrasto, poderá penalizar a
procura interna.
Outro importante desafio com a depreciação cambial, está no aumento do serviço da dívida em moeda
nacional e no aumento do stock da dívida pública. Esta possibilidade tem o potencial de elevar os riscos de
incumprimento, reposicionar o papel neutro das finanças públicas sobre a liquidez disponível e justificar a
revisão da classificação de risco, por parte das agências de notação de risco, com todos os efeitos sobre a
capacidade de realização de resultados para a banca comercial.
Para concluir, importa destacar que para o fecho do ano, as previsões apontam para uma depreciação
acima dos 10%, com o The Economist a apontar para uma taxa de câmbio de USD/AOA 522,71, uma
depreciação de 11,89%, enquanto o Fundo Monetário Internacional e a Unidade de Gestão da Dívida,
apontam para uma taxa de câmbio USD/AOA 528,03 e USD/AOA 510, uma depreciação de 14,21% e 10,31%,
respectivamente
13
Mercado Cambial
ATÉ ONDE VAI A TAXA DE CÂMBIO?
A questão do texto é baseada no desempenho recente da taxa de câmbio do kwanza face ao dólar norte-
americano. Em 30 dias, a taxa de câmbio depreciou 23,17% do seu valor e corrigiu o ganho de 36,97%, em
termos médios, registado em 2022. Se por um lado os analistas concordam que se está a assistir apenas a
uma correcção do valor do Kwanza, depois da forte apreciação assistida ao longo do ano de 2022, por outro
lado, os analistas estão pouco certos sobre a evolução futura do Kwanza, e com a possível ultrapassagem da
barreira psicológica dos USD/AOA 700, por três razões:
A primeira baseia-se no facto do Kwanza estar a depreciar no contexto em que o preço do petróleo está a
ser negociado acima do preço médio previsto no OGE de 2023. A segunda preocupação prende-se com o
facto do nível de Reservas Internacionais manter-se acima dos 6 meses de importação. A terceira razão está
relacionada com a manutenção do baixo nível de liquidez em moeda nacional.
Neste cenário, a depreciação do Kwanza deve estar muito relacionada a manutenção da procura interna por
divisas para, primeiro, repatriar lucros e dividendos das empresas. Segundo, para o pagamento do serviço da
dívida pública. E terceiro, pelo aumento da atractividade do investimento em moeda estrangeira nos
mercados internacionais. E é importante que se diga, que não se fizeram as reformas necessárias para se
alterar a estrutura das importações de modo a acomodar choques negativos à variação das exportações.
O foco nestes últimos cinco anos esteve na alteração da estrutura de país dependente principalmente de
uma commodity (petróleo). Em detrimento do facto de as importações têm sido o principal determinante na
administração da taxa de câmbio em Angola. É inegável a existência de despesas muito rígidas nas contas
externas – Serviço da Dívida Pública, importações de combustíveis e alimentos -, contudo outros serviços –
consultoria, construção e Investimento Directo no Estrangeiro – que já poderiam ter encontrado mercado
interno e libertar importantes recursos financeiros das contas externas e, por arrasto, reduzir pressão sobre a
taxa de câmbio.
Neste contexto, a questão se “o câmbio poderá manter a tendência de depreciação que se tem assistido”,
depende muito da manutenção das variáveis referenciadas – aquecimento da economia, taxas de juro
internacionais competitivas -, facto que não nos parece que venha acontecer, a olhar para as perspectivas
que se fazem sobre a moderação das taxas de juros nos mercados internacionais, na expectativa de
moderação do crescimento das economias desenvolvidas prevista para o fecho do ano.
Outro elemento fundamental para a moderação da depreciação cambial, começa a sentir-se no aumento das
taxas de juro no mercado monetário interbancário nacional. Este aumento, poderá absorver liquidez na
economia, reduzir o crédito às empresas e às famílias e, por arrasto, diminuir as expectativas de crescimento
da economia em 2023.
Contudo, a se materializarem as expectativas acima referenciadas, poderão moderar a depreciação que está
a ser assistida, mas não deverão reduzir os desequilíbrios no mercado cambial e, por consequência, os
estrangulamentos nas contas externas. O ideal, mais uma vez, passa pela reforma na estrutura da balança de
pagamentos, fundamentalmente, com a alteração da estrutura das importações, na melhoria do ambiente de
negócios que acomode o investimento privado interno e a reestruturação do serviço da dívida pública. É um
desafio que se estende além do curto prazo. No entanto, é um caminho a ser trilhado para se evitar que o
Kwanza se mantenha instável e escale para valores inimagináveis.
14
8. Mercado de Capitais
• A participação do BNA na Bolsa de Valores Mobiliários de Angola contribuiu para o aumento da
transacionalidade no mercado secundário de dívida.
• As obrigações do Tesouro não Reajustáveis e em Moeda Estrangeira corresponderam a mais de 50% do
total de negócios realizados durante o II trimestre de 2023.
15
Mercado de Capitais
Porém com o objectivo de se garantir uma transferência dos serviços e actividades de forma a permitir a
continuidade e o funcionamento regular do Mercado de Valores Mobiliários e Instrumentos Derivados, o
Conselho de Supervisores do Sistema Financeiro (CSSF) decidiu prorrogar o prazo para até 31 de
Dezembro, com diferentes etapas.
No presente texto faremos menção apenas das três últimas etapas, que decorrem de 01 de Abril até 31 de
Dezembro de 2023. De 01 de Abril a 30 de Junho de 2023 deverá realizar-se a transferência da totalidade
dos valores mobiliários de natureza corporativa (acções e obrigações) registados e depositados nas IFB,
registadas como agentes de intermediação, para as SCVM/SDVM, mantendo apenas a custódia dos títulos
de dívida pública e dos valores mobiliários de natureza corporativa adquiridos em operações de tomada
firme, no âmbito das ofertas públicas.
Nesta senda, os bancos têm a presente semana para a conclusão da transferência das acções e
obrigações que detêm para as SCVM/SDVM. Destaca-se que até a presente data, a CMC conta com 19 IFB
como agentes de intermediação, dos quais 8 possuem acções sob custodia, num montante total de 1 645
388 768 756 kwanzas, segundo o dashboard dos Mercados Bodiva a 26 de Junho. Paralelamente, no
mesmo período, a CMC tem licenciadas e em operações efectivas seis (6) SCVM e duas (2) SDVM.
A partir do II Semestre de 2023 (01 de Julho) os bancos comerciais deixam de estabelecer novos
contratos de intermediação financeira e de receber, transmitir e executar novas ordens relativas a valores
mobiliários de natureza corporativa, com excepção dos permitidos no âmbito das ofertas públicas.
Adicionalmente, até ao dia 31 de Dezembro deverá efectivar-se a transferência da totalidade de títulos de
dívida pública, quer da carteira de clientes como da carteira própria, com excepção dos títulos da carteira
própria que sejam mantidos até à maturidade.
A CMC sugere que as IFB devem ao longo deste período garantir que: i) Os investidores tenham
conhecimento do novo modelo de funcionamento do Mercado de Valores Mobiliários e Instrumentos
Derivados; ii) Haja uma comunicação tempestiva aos investidores das novas SDVM E SCVM habilitadas a
prestar serviços e actividades de investimento em valores mobiliários e instrumentos derivados; iii) A
transferência dos valores mobiliários seja efectuada após indicação expressa dos investidores e dentro
dos prazos estabelecidos; e, iv) Não haja cobrança de comissões no processo de transferência das contas
de custódia.
16
9. Sector Bancário
• O Banco Nacional de Angola, no âmbito do procedimento de averiguação e acção sancionatória, concluiu
um total de 84 processos sancionatórios.
• Os depósitos do sector privado representaram cerca de 71,11% dos depósitos do sector bancário, no II
trimestre de 2023.
17
10. Indicadores Sociais
• A taxa de desemprego poderá fixar-se em 20% em 2050, de acordo com as projecções do Governo
vertidas na Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo – Visão 2050.
• O grau de execução das despesas sociais no OGE no I trimestre fixou-se em 12,37%.
A taxa de desemprego poderá fixar-se em 20% em cumprimento das obrigações com os credores, o
2050. De acordo com o Plano de Longo Prazo – que limitou o espaço fiscal para a execução de
Visão 2050 -, a taxa de desemprego deverá registar programas mais ambiciosos de combate à pobreza.
uma redução de 30% em 2022 para 20% em 2050. Para os próximos 25 anos, o Estado prevê reduzir a
As perspectivas estão a ser suportadas pelas taxa de 31% para 18%, um esforço que está a ser
projecções do crescimento médio do PIB não justificado pelas expectativas de crescimento da
petrolífera em 3,3% e da alteração do modelo de economia, reposicionamento das despesas públicas
desenvolvimento económico de Angola da indústria e investimento na transição da economia informal
extractiva com orientação para as exportações, para para formal, com particular destaque para o sector
a Agricultura, pecuária, pesca e indústria da agricultura, pecuária e pesca, através do
transformadora. Por outro lado, a visão aponta a aumento da produtividade dos trabalhadores,
necessidade dos empregos criados serem melhor valorização da produção nacional e melhoria do
remunerados, facto que deverá exigir a manutenção escoamentos dos produtos para os principais
de programas de formalização da actividade centros de consumo.
informal que actualmente detém níveis de
produtividade 10 vezes mais baixas que a O grau de execução das despesas sociais no OGE
produtividade do sector formal, um desafio que 2023 fixou-se em 12,37% no I trimestre. As despesas
deverá exigir o aumento no nível de capacitação da do sector social foram estimadas em 4,82 biliões de
força-de-trabalho, ajustes nos programas de kwanzas, sendo que ao longo do I trimestre foram
formação nas instituições de ensino, formação executadas 596,70 mil milhões de kwanzas, um
técnica profissional. incremento homólogo de 6,79%, ao beneficiar do
aumento das despesas com “Protecção Social”,
A expectativa média de vida em Angola poderá “Educação” e “Recreação Cultural e Religião” em
ascender para os 68 anos em 2050. Para alcançar a 139,24%, 13,67% e 2,39% para 149,13 mil milhões de
meta de um aumento de mais 6 anos a esperança kwanzas, 209,04 mil milhões de kwanzas e 9,39 mil
média de vida, as previsões apontam para um milhões de kwanzas, respectivamente. A registar
aperfeiçoamento do Sistema Nacional da Saúde, o tendência contrária, estão as despesas com “Saúde”
incremento dos gastos com saúde de 3% para 7%, o e “Habitação e Serviços Comunitários” que
incremento do número de médicos por mil recuaram em 33,55% e 3,35% para 140,49 mil
habitantes de 0,2 para 1 médico, o aumento do milhões kwanzas e 88,66 mil milhões de kwanzas,
número de hospitais de 0,8 para 0,9 por 100 mil respectivamente. Em termos de grau de execução,
habitantes. Outra importante iniciativa estará ligada os dados apontam para um nível de execução de
à prevenção de doenças infantis (tais como a 12,37%.
diarreia e a pneumonia), e no acesso abrangente a
serviços de planeamento familiar, garantindo um
Tabela 03 – Execução das Despesas Sociais
crescimento sustentável da população, que
actualmente tem a sexta maior taxa de fecundidade
do mundo, com uma média de 5,4 crianças por Rubricas OGE 2023 I Trim. 23 Execução
mulher e, perspectiva-se passar para 3,2 em 2050.
Deve destacar-se que a Malária continua a ser a Educação 1 581 647 209 037 13,22%
principal causa de mortes em Angola, e as
Saúde 1 341 592 140 489 10,47%
perspectivas apontam para a sua eliminação até
2050. Protecção Social 689 070 149 127 21,64%
18
11. Ambiente de Negócios
• O FMI deu nota positiva à evolução da economia angolana, em linha com as perspectivas de evolução do
indicadores monetários, fiscais e externos do País.
• O Índice de Confiança dos Consumidores voltou a registar redução no I trimestre de 2023.
O Governo de Angola apresentou a Estratégia de registado em 2010, altura em que o stock ascendeu
Longo Prazo até 2050. O Plano que está alicerçado para 32 458 milhões de dólares, e representou mais
em três pilares fundamentais, i) Desenvolvimento do de 5,21% do stock total captado pelos países
Capital Humano; ii) Melhoria do Ambiente de africanos no período em referência. As perspectivas
Negócios; e, iii) Desenvolvimento das infra- apontam para a manutenção da tendência de queda
estruturas, deverá ser executada até 2050, e prevê do indicador, muito por conta da fraca
elevar o PIB nominal de 122 mil milhões de dólares competitividade da indústria petrolífera, com dados
para 286 mil milhões de dólares, sustentado por do Governo a apontarem para custos operacionais
uma taxa de crescimento real do PIB global de 2,4% por barril de petróleo próximos dos 41,6 dólares e
e uma taxa de crescimento do sector não petrolífero redução das reservas provadas e comercialmente
de 3,3%. Relativamente ao PIB per capita, o plano viáveis no País e, por outro lado, pela manutenção
ambiciona alcançar o nível de USD 4 215 mil por de constrangimentos no ambiente de negócios, com
pessoas, acima dos actuais USD 3 675 por pessoas, destaque para a instabilidade cambial e os desafios
um nível que deverá ser pressionado pelo aumento de repatriamento de capitais.
da dimensão populacional que deverá ascender
para 68 milhões de pessoas e pela manutenção de O Índice de Confiança dos Consumidores voltou a
baixos níveis de produtividade do sector informal da registar redução no I trimestre de 2023. O inquérito
economia. A iniciativa prevê alterar o modelo de à conjuntura das famílias, realizado pelo INE
desenvolvimento do país, actualmente centrado na referente ao I trimestre de 2023, fixou-se em -5
actividade petrolífera, para o sector dos recursos pontos, uma melhoria quando comparada aos -7
geológicos, do incremento da produção nacional e pontos apurados no período homólogo, contudo um
aumento da capacidade de consumo das famílias. agravamento quando comparado ao período
anterior, reflexo do aumento dos níveis de
O Governo estima captar 948 mil milhões de dólares desemprego na economia, da deterioração das
de investimento até 2050. As necessidades de condições financeiras das famílias e da reduzida
investimento da Estratégia de Investimento de expectativa de evolução da economia nos próximos
Longo Prazo do Governo foi fixada em 948 mil 12 meses. As confiança das famílias foi igualmente
milhões de dólares. A ambição passa por atrair IDE pressionada pelo incremento do nível de preços e
para o sector não petrolífero em torno dos 12% do pela moderação nas expectativas de realização de
PIB não petrolífero, acima dos actuais menos de 1%. poupanças e de aquisição de bens duráveis,
Para tal, o desafio deverá passar por melhorar o proximamente. O melhor desempenho do indicador
ambiente de negócios, redução dos níveis de foi apurado no III trimestre de 2022, altura em que
corrupção, melhoria da qualidade da infra-estrutura, ascendeu para -2 pontos.
melhoria no acesso ao crédito, e aumento do nível
de competitividade dos factores de produção será Gráfico 16 – Fluxo de IDE em Angola, Milhões USD
determinante para o alcance dos objectivos
previstos, sendo que a ambição passa por estar
classificada entre as 80 economias no índice de 32 458
Competitividade Global do World Economic Forum,
acima da actual posição de 136. O foco deverá
centralizar-se na dinamização das instituições
através do registo de propriedade, com a melhoria 20 861
dos prazos, procedimentos e taxas para o registo e
transmissão de propriedades e a simplificação das 14 719
regras de registo de imóveis integrando todas as
entidades intervenientes no processo de registo de
7 977
propriedade no Guiché do Imóvel.
19
12. Outras Economias Africanas
• A taxa de crescimento da economia para África Subsariana, prevista pelo Banco Mundial, foi revista em
baixa em 0,4 p.p. para 3,2%.
• O IDE em África registou redução de 79 583 milhões de dólares em 2021 para 44 929 milhões de dólares
em 2022, de acordo com dados da UNCTAD.
A taxa de crescimento económico para a África UNCTAD apontam para um volume de negativo de -
Subsariana foi revista em baixa. O Banco Mundial 187 milhões de dólares, abaixo da captação de 3 313
reviu em baixa as perspectivas de crescimento da milhões de dólares de 2021.
economia em -0,4 p.p. para 3,2%, um desempenho
pressionado pela perspectiva de desaceleração do A taxa de crescimento da África do Sul fixou-se em
consumo público em 1,7 p.p. para -1,0%, 0,2% no I trimestre de 2023. O desempenho fixou-se
desaceleração do consumo privado em 0,1 p.p. para abaixo do crescimento de 0,8% registado no
3,0% e redução das previsões de aumento das período anterior, pressionado pela contracção no
importações em 1,0 p. para 6,2%. Excluindo o sector da Agricultura, Floresta e Pesca (-5,4%),
desempenho das três maiores economias da região Minerais (-3,9%), Indústria Transformadora (-3,6%),
- Nigéria (+2,8%), África do Sul (+0,3%) e Angola Electricidade, Gás e Água (-6,3%), Comércio e
(+2,6%) -, o crescimento da região poderá fixar-se Acomodação (-1,5%) e Serviços do Governo (-1,1%),
em 4,6%, abaixo do crescimento de 4,7% registado enquanto assistiu-se ao crescimento no sector dos
em 2022, sendo que dos 47 países da região, 45 Transportes, Armazenamento e Comunicação
deverão registar crescimento positivo, com o (7,8%), Construção (4,2%) e Finanças, Imobiliário e
melhor desempenho a ser assistido na República Serviços Financeiros (2,3%). Para o fecho do ano, as
Democrática do Congo (+7,7%), Níger (+6,9%), perspectivas apontam para a manutenção da
Ruanda (+6,2%) e Costa do Marfim (+6,2%). desaceleração da economia, com dados do Banco
Mundial a apontarem para um crescimento de 0,3%,
O IDE em África registou contracção em 2022. Os abaixo do registo de 2,0% apurado em 2022. Dar
dados da UNCTAD, referentes ao investimento destaque que em 2022, a entrada de IDE caiu de
mundial de 2022, apontam que IDE em África forma expressiva de 40 948 milhões de dólares em
registou redução de 79 583 milhões de dólares em 2021 para 9 051 milhões de dólares em 2022.
2021 para 44 929 milhões de dólares em 2022,
justificada pela redução dos investimentos na A taxa de crescimento do Botswana no I trimestre
Região Austral de 42 206 milhões de dólares para 6 fixou-se em 5,4%. A economia registou
704 milhões de dólares e da queda do investimento desaceleração na sua dinâmica de crescimento,
na África Ocidental de 12 947 milhões de dólares depois de ter crescido 5,9% no IV trimestre de 2022,
para 8 454 milhões de dólares. Por outro lado, um desempenho justificado pela desaceleração na
assistiu-se comportamento inverso na entrada de actividade de Comercialização de Diamantes (de
IDE para os países da África do Norte que aumentou 24,4% para 0,4%), Água e Electricidade (74,1% para
de 9 509 milhões de dólares para 15 038 milhões de 19,3%) e Indústria Transformadora (5,6% para 2,3%),
dólares. Em termos desagregados, o IDE recuou enquanto se assistiu uma recuperação na actividade
44%, enquanto os Greendfield Project e da Agricultura, Floresta e Pesca (de 0,6% para
Internacional Project Finance registaram aumento 2,3%), Acomodação, Alimentação e Serviços (3,3%
de 39% e 15%, respectivamente. para 5,4%) e Educação (3,0% para 5,6%). Para o
fecho do ano, o Banco Mundial manteve as
A taxa de crescimento da Nigéria referente ao I perspectivas de crescimento em 4%, o que
trimestre fixou-se em 2,31%. A economia registou representa uma desaceleração face aos 6,5% de
desaceleração de 1,21 p.p., quando comparado ao 2022, num altura em que dados da UNCTAD
período anterior, pressionado pela contracção de apontam que a país acolheu perto de 216 milhões de
0,90% no sector da Agricultura, depois de ter dólares em IDE, depois de ter registado um défice
crescido em 2,05% no período anterior. Por seu de 319 milhões de dólares no ano anterior.
lado, o sector da indústria e dos serviços registaram,
Gráfico 17 – Taxa de crescimento
crescimento de 0,31% e 4,35% uma aceleração e
desaceleração face ao registo de contracção e 4,4
crescimento de -0,94% e 5,69% do período anterior,
respectivamente. Neste período, o sector não
petrolífero registou crescimento de 2,77%, abaixo 3,9
3,7
dos crescimento de 4,44% do período anterior,
enquanto o sector do petróleo voltou a contrair em
4,21% depois de ter contraído em 13,38% no período 3,2
anterior. Para o fecho do ano, o Banco Mundial
prevê uma taxa de crescimento de 2,8%, uma 2021 2022 2023 2024
revisão em baixa quando comparada ao
crescimento de 2,9% previsto em Janeiro de 2023.
Fonte: GEP, Banco Mundial, Junho 2023
Relativamente ao IDE captado em 2022, dados da
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Outras Economias Africanas
As perspectivas de crescimento económico para a África Subsariana, em 2023, foram fixadas em 3,1%,
segundo o relatório Africa´s Pulse do Banco Mundial, de Abril de 2023, um desempenho abaixo do
estimado para 2022 de 3,6%. Apesar disto, as perspectivas apontam para o fim do período de baixo
crescimento em 2024 e 2025, onde se espera que o crescimento aumente para 3,7% e 3,9%,
respectivamente.
De acordo com a mesma instituição, o desempenho deverá ser pressionado pelo crescimento mais lento da
economia mundial, pela taxa de inflação mais alta, pelas condições financeiras globais e internas mais
desafiantes. Por conseguinte, o consumo privado e o investimento bruto deverão assistir uma redução,
reflexo do impacto negativo da manutenção do ritmo de aumento das taxas de juro pelos bancos centrais.
O crescimento, que se espera para os 45 países da região, não deverá ser uniforme. Em termos gerais, mais
da metade dos países da região estão a crescer abaixo da taxa de crescimento médio de longo prazo, entre
as dez (10) maiores economias - que representam mais de 75% do PIB da região -, oito estão a crescer
abaixo da taxa média de crescimento de longo prazo, países como Sudão, Nigéria, Angola e Etiópia estão
entre os países com fraco desempenho neste critério.
Para as economias ricas em recursos, o crescimento médio permanecerá moderado em 2,4%, em 2023,
antes de recuperar para 2,9% e 3% em 2024 e 2025, respectivamente, sendo o desempenho para o ano
corrente penalizado pela perspectiva de redução nos preços das commodities. Por seu lado, os países não
ricos em recursos deverão registar um crescimento mais forte, 4,2%, impulsionado pela redução do valor
das importações e uma expansão dos serviços.
Em termos regionais, destaca-se que o crescimento previsto para a África Oriental e Austral poderá situar-
se em 3,0%, abaixo de 3,5% estimado para 2022. A contribuir para a desaceleração prevista, estão a
desaceleração da África do Sul e Angola. Na África do Sul a actividade económica poderá enfraquecer,
muito por conta de problemas estruturais, a crise energética e os ventos negativos da pandemia, a par do
aumento do desemprego e inflação, sendo que espera-se uma desaceleração da economia sul-africana em
0,5 p.p., para 1,5%.
Para Angola, prevê-se um crescimento de 2,6% em 2023, uma desaceleração face aos 3,5% de 2022,
justificado pela redução esperada na cotação do petróleo. O país deverá assistir a uma recuperação no
investimento em capital fixo, de 1,2% para em 2,7% em 2023, o consumo privado deverá abrandar, de 4,1%,
para 2,6%..
Excluindo a África do Sul e Angola, a taxa de crescimento da sub-região poderá fixar-se em 4,4% em 2023,
o que representa um crescimento de 1,3 p.p., impulsionado pelo crescimento do Quénia, Etiópia e Zâmbia
em 5%, 6% e 4,2%, respectivamente, com o crescimento do primeiro país a resultar do crescimento na
actividade de todos sectores, enquanto no segundo deverá ser impulsionado pelo sector agrícola e pelo
acordo de paz entre o governo e a Frente de Libertação do Povo de Tigray, já para o terceiro país será o
sector de serviços o principal impulsionador.
Relativamente ao crescimento da África Ocidental e Central, poderá fixar-se em 3,4%, abaixo dos 3,7%
estimados em 2022, pressionado pela desaceleração da Nigéria (-0,5 p.p. para 2,8%). A performance da
principal economia da sub-região continuará a ser impulsionada pelo sector de serviços, comércio,
construção, manufactura e agricultura.
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15. Anexos
Anexo 1 – Evolução das Importações da Cesta Básica
2022 2023 2022 2023 2022 2023 2022 2023 2022 2023 2022 2023
ANGOLA 3,5 3,7 23,4 21,5 1,6 -0,2 67,1 63,3 11,0 6,2 21,4 11,7
ÁFRICA DO SUL 2,0 0,10 27,7 27,5 -4,5 -5,9 71,0 72,3 -0,5 -2,3 6,9 5,7
BOTSWANA 6,4 3,7 29,8 30,8 -2,0 -2,7 19,9 20,6 3,1 3,3 12,2 6,5
CAMARÕES 3,4 4,3 16,1 14,5 -1,8 -0,8 46,4 42,7 -1,6 -2,8 5,3 5,9
CONGO 2,8 4,1 31,3 29,9 2,0 11,3 99,6 96,5 21,2 4,8 3,5 3,3
REP. DEM. CONGO 6,6 6,3 17,2 16,8 0,0 -3,3 14,6 11,0 -2,2 -3,9 8,9 10,8
GANA 3,2 1,6 15,6 17,2 -9,9 -7,3 88,8 98,7 -2,3 -2,9 31,9 45,4
ILHAS MAURÍCIAS 8,3 4,6 23,8 23,9 -3,4 -4,2 80,9 78,1 -13,5 -8,2 10,8 9,5
MOÇAMBIQUE 4,1 5,0 29,2 28,6 -5,2 -4,8 104,5 102,8 -33,9 -13,3 9,7 7,4
NAMÍBIA 3,8 2,7 30,1 32,4 -7,3 -4,1 71,3 68,5 13,5 5,3 6,1 5,0
NIGÉRIA 3,4 3,2 8,8 8,9 -5,5 -5,3 38,0 38,8 -0,7 -0,6 18,8 20,1
TANZÂNIA 4,7 5,2 14,9 15,3 -3,3 -2,9 41,6 40,1 -4,6 -4,0 4,4 4,9
QUÉNIA 5,4 5,3 17,4 17,6 -6,0 -5,2 67,9 66,6 -4,7 -5,3 7,6 7,8
ZÂMBIA 3,4 3,9 20,8 22,0 -7,9 -6,3 - - 2,4 3,8 10,9 8,9
ZIMBABWE 3,0 2,5 15,9 15,6 -2,1 -3,0 92,8 102,3 0,8 0,4 193,4 172,2
Fonte: FMI
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Outras
Publicações
www.atlantico.ao/pt/institucional/research/pages/home.aspx
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Contactos
Anta Bandola
Research Analyst
anta.bandola@atlantico.ao
Ivan Santareno
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Wilson Chimoco
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