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Novembro 2023

N.º 52 Ano 12
CONJUNTURA ECONÓMICA

E PERSPECTIVAS DE INFLAÇÃO

Novembro 2023
Membros do Comité de Política Monetária1

Membros de Pleno Direito

Rogério Lucas Zandamela


Governador (Presidente)

Gertrudes Adolfo Tovela


Administradora

Jamal Omar
Administrador

Benedita Guimino
Administradora

Silvina de Abreu
Administradora

Maria Esperança Mateus Majimeja


Administradora

Convidados Permanentes

Umaia Mahomed
Assessor do Governador

Ingunn Valvatne
Assessora do Governador

Luísa Samuel Navele


Assessora do Governador

Paula Libombo
Directora do Gabinete do Governador

Luís Alberto Poio


Director do Departamento de Estatística e Reporte

Paulo Mandlate
Director do Departamento de Licenciamento e Controlo Cambial

Carlos João Baptista


Director do Departamento de Estudos Económicos

Pinho José Ribeiro


Director do Departamento de Mercados e Gestão de Reservas

Álvaro Loveira
Director do Departamento de Análise Macroprudencial

Dércio Mutimucuio
Director do Departamento de Supervisão Prudencial

1 Podem ainda participar nas sessões do Comité de Política Monetária convidados internos e externos, sempre que necessário, mediante
convite do Presidente do órgão.
Prefácio
O Banco de Moçambique (BM) tem como mandato primário manter a estabilidade de
preços, de modo a assegurar a protecção do poder de compra dos cidadãos. Tal pressupõe
que a inflação seja mantida baixa, em um dígito, e estável no médio prazo. O mandato para tornar
este objectivo possível é exercido pelo Comité de Política Monetária (CPMO), órgão composto
pelo Governador, Vice-Governador, Administradores do BM e convidados permanentes.
Simultaneamente, o BM tem a responsabilidade de supervisionar e manter a estabilidade do
sistema financeiro.
A estabilidade de preços favorece, também, o crescimento económico equilibrado e
sustentável. A estabilidade de preços reduz o grau de incerteza dos agentes económicos e permite
assegurar taxas de juro mais atractivas, contribuindo para um ambiente favorável à poupança e
ao investimento.
Para assegurar a estabilidade de preços, o CPMO define a taxa de juro de política,
designada por taxa do Mercado Monetário Interbancário de Moçambique (MIMO). Esta
taxa, introduzida a 17 de Abril de 2017, sinaliza a postura da política monetária e serve de âncora
para as operações no Mercado Monetário Interbancário. Espera-se que, através da influência que
exerce sobre as taxas de juro overnight formadas neste mercado, a taxa MIMO afecte a inflação
por via dos canais das expectativas, taxa de câmbio e crédito.
A decisão sobre a taxa MIMO é primariamente baseada nas projecções da inflação, sempre
ponderando os riscos e as incertezas associados a tais projecções e à conjuntura económica.
O CPMO reconhece que as suas decisões afectam a economia com um certo desfasamento
temporal, por isso adopta uma postura de política monetária baseada na avaliação das perspectivas
económico-financeiras e dos seus riscos e incertezas, num horizonte temporal de pelo menos oito
trimestres. Quando as projecções da inflação se desviam materialmente do objectivo primário de
política monetária estabelecido para o médio prazo, o CPMO toma medidas de política adequadas
para inverter tal tendência.
O CPMO reúne-se ordinariamente uma vez a cada dois meses e extraordinariamente
sempre que as condições económicas o exijam. O calendário dos encontros ordinários do
CPMO é anunciado no princípio de cada ano. Entretanto, o órgão pode reunir-se
extraordinariamente para deliberar sobre aspectos de política monetária, sempre que as
circunstâncias macroeconómicas o imponham.
O BM valoriza a transparência na comunicação da sua política monetária. As decisões de
política monetária são anunciadas publicamente, através do comunicado de imprensa do CPMO
e de conferência de imprensa, quando convocada, dirigida pelo Governador do BM, no mesmo
dia em que se realiza a reunião do Comité.
O Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI) é um veículo
adicional de comunicação das decisões do CPMO. O CEPI divulga os factores e a racionalidade
das medidas tomadas pelo órgão, alargando a compreensão do público sobre os objectivos e a
condução da política monetária.

Rogério Lucas Zandamela


Governador

3
Índice

DECISÕES DO COMITÉ DE POLÍTICA MONETÁRIA NA SESSÃO N.º 6, DE 29 DE


NOVEMBRO DE 2023 6
1. CAPÍTULO I. DESENVOLVIMENTOS RECENTES DA ECONOMIA
INTERNACIONAL E PERSPECTIVAS 7

1.1. Actividade Económica e Inflação 7

1.2. Preços das Principais Mercadorias e Dinâmica das Moedas dos Parceiros Comerciais 9

2. CAPÍTULO II. DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA ECONOMIA


DOMÉSTICA E PERSPECTIVAS DE CURTO PRAZO 12

2.1. Actividade Económica no Curto Prazo 12

2.2. Evolução Recente da Inflação e Perspectivas de Curto Prazo 17

3. CAPÍTULO III. PERSPECTIVAS DE INFLAÇÃO E ACTIVIDADE ECONÓMICA


NO MÉDIO PRAZO 18

Caixas
Caixa 1: Crise Geopolítica no Médio Oriente: possíveis impactos para a economia moçambicana 10

Caixa 2: Desenvolvimentos Monetários e Financeiros 15

Tabelas
Tabela 1-1: Projecções do PIB Global – 2023 e 2024 (%) 7

Tabela 2-1: Dinâmica do PIB Real por Sectores 12

Tabela 2-2: Balança de Pagamentos (milhões de USD) 12

Tabela 2-3: Comércio Externo (milhões de USD) 13

Tabela 2-4: Execução do Orçamento do Estado (milhões de meticais) 13

Tabela 2-5: Dívida Pública Interna (milhões de meticais) 14

Tabela 2-6: Núcleos de Inflação (%) – Índice MABENA 17

Tabela 3-1: Pressupostos Externos 17

4
Gráficos

Gráfico 1-1: Evolução do PIB (%) 7

Gráfico 1-2: Perspectivas do PIB Real (%) 7

Gráfico 1-3: Evolução da Inflação (%) 8

Gráfico 1-4: Perspectivas de Inflação (%) 8

Gráfico 1-5: Índice de Preços de Mercadorias Exportadas 8

Gráfico 1-6: Índice de Preços de Mercadorias Importadas 9

Gráfico 1-7: Perspectivas de Preço do Brent (USD) 9

Gráfico 1-8: Índice Composto do USD face às Moedas dos Principais Parceiros Comerciais 9

Gráfico 2-1: Evolução do Hiato do Produto e do ICE 13

Gráfico 2-2: Índice de Produção Industrial (PMI) 14

Gráfico 2-3: Evolução do Crédito à Economia 14

Gráfico 2-4: Componentes da Inflação Anual – Índice Três Cidades 17

Gráfico 3-1: Projecção da Inflação Anual de Moçambique (%) 18

Gráfico 3-2: Projecção do Crescimento Anual do PIB Real de Moçambique (%) 19

5
Decisões do Comité de Política Monetária na Sessão n.º 6, de 29 de Novembro de 2023

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa


de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25 %. Esta decisão é sustentada pelo
surgimento de novos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, com destaque
para o potencial impacto do actual conflito no Médio Oriente sobre os preços internacionais
de combustíveis e alimentos.

As perspectivas da inflação mantêm-se em um dígito no médio prazo. Em Outubro de 2023,


a inflação anual aumentou para 4,8 %, depois de 4,6 % em Setembro. Esta evolução é explicada,
fundamentalmente, pelo aumento dos preços de bens alimentares e bebidas alcoólicas. A inflação
subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados, também aumentou.
Para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de uma inflação de um dígito, reflectindo,
sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo
CPMO.

Os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação continuam a agravar-se. A nível


interno, prevalecem a pressão sobre as finanças públicas e as incertezas quanto à evolução e
efeitos de eventos climáticos extremos. Na envolvente externa, para além do conflito entre a
Rússia e a Ucrânia, destacam-se as incertezas quanto ao prolongamento e alastramento do actual
conflito no Médio Oriente e os seus impactos sobre os preços internacionais do petróleo e de bens
alimentares.

Para o médio prazo, excluindo o gás natural liquefeito (GNL), perspectiva-se a manutenção
de um crescimento económico moderado. No terceiro trimestre de 2023, excluindo o GNL,
estima-se que o produto interno bruto (PIB) tenha crescido 3,3 %, depois de 3,1 % no trimestre
anterior. Incluindo o GNL, o crescimento do PIB acelerou para 5,9 %, após 4,7 %. No médio
prazo antevê-se que a actividade económica, excluindo a produção de GNL, continuará a
recuperar, não obstante as incertezas associadas aos impactos dos prováveis eventos climáticos
na produção agrícola e em infra-estruturas diversas. Entretanto, a indústria extractiva continuará
a contribuir para a aceleração do crescimento económico.

A pressão sobre o endividamento público interno continua a aumentar. O endividamento


público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora,
situa-se em 334,4 mil milhões de meticais, o que representa um aumento de 59,3 mil milhões em
relação a Dezembro de 2022.

O CPMO continuará a monitorar a evolução dos riscos e incertezas associados às projecções da


inflação, e tomará as medidas que se mostrarem adequadas ao contexto.

A próxima reunião ordinária do CPMO está marcada para o dia 31 de Janeiro de 2024.

Rogério Lucas Zandamela


Governador

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1. Capítulo I. Desenvolvimentos Recentes da Economia Internacional e
Perspectivas

Mantêm-se as perspectivas de abrandamento do crescimento económico mundial para 2023 e 2024, e


as projecções de inflação para o mesmo período continuam a indicar uma tendência para queda na
maioria dos países, a reflectir essencialmente a restritividade da política monetária. Entretanto,
geram-se acrescidas incertezas decorrentes da eclosão da nova crise geopolítica no Médio Oriente,
que, em caso de alastramento, pode deteriorar estas perspectivas de crescimento económico mundial
e de inflação.
Gráfico 1-1: Evolução do PIB (%) 1.1. Actividade Económica e Inflação
II Tri-22 III Tri-22 II Tri-23 III Tri-23

13,1 No terceiro trimestre de 2023, observou-se um


desempenho misto da actividade económica
nos principais parceiros comerciais do país.
7,8
6,3 6,2 Nas economias avançadas, os Estados Unidos da
4,2 3,9
4,9
4,1 América (EUA) registaram um crescimento
1,8 1,9 2,4
2,9 2,3 económico de 2,9 %, impulsionado pelo aumento
1,6
0,5 0,1 0,4 0,2 da despesa privada e das exportações. Por seu
EUA Zona do Euro China Índia África do Sul
turno, a Zona Euro registou uma desaceleração do
Fonte: Trading Economics PIB para 0,1 % decorrente da redução das
exportações (Gráfico 1-1).

Tabela 1-1: Projecções do PIB Global – 2023 e 2024 (%) No período em referência, a economia chinesa
Região
Observado Projecção
Diferença com
WEO de Jul/23
cresceu em 4,9 % como corolário do efeito
2022 2023 2024 2023 2024 combinado dos estímulos monetários e do
Economia Mundial 3,5 3,0 2,9 0,0 -0,1 incremento nas vendas a retalho e na produção
Avançadas 2,6 1,5 1,4 0,0 0,0
EUA 2,1 2,1 1,5 0,3 0,5 industrial.
Zona do Euro 3,3 0,7 1,2 -0,2 -0,3
Alemanha 1,8 -0,5 0,9 -0,2 -0,4
Japão 1,0 2,0 1,0 0,6 0,0 Mantêm-se as perspectivas de abrandamento
Reino Unido 4,1 0,5 0,6 0,1 -0,4 do crescimento económico mundial para 2023 e
Emergentes e em
Desenvolvimento
4,1 4,0 4,0 0,0 -0,1 2024.
China 3,0 5,0 4,2 -0,2 -0,3
Índia 7,2 6,3 6,3 0,2 0,0
Brasil 2,9 3,1 1,5 1,0 0,3
Na edição do World Economic Outlook (WEO) de
África Subsaariana 4,0 3,3 4,0 -0,2 -0,1 Outubro de 2023, o Fundo Monetário
África do Sul 1,9 0,9 1,8 0,6 0,1
Fonte: FMI, World Economic Outlook (Outubro, 2023)
Internacional manteve as perspectivas do
crescimento económico global para 2023 em 3,0
% e reviu ligeiramente em baixa as perspectivas
Gráfico 1-2: Perspectivas do PIB Real (%) para 2024, fixando-se em 2,9 %, em face da
prevalência de condições de financiamento
6,7 6,5
restritivas, de sobreendividamento nas economias
5,5
6,1 5,9 emergentes, bem como da bolha no sector
5,2 5
imobiliário na China e da fragmentação
4,3
geopolítica (Tabela 1-1).
2,2
1,9 Estas perspectivas estão em linha com as da
1,2 1
0,4
0,8 0,6 0,8 0,9 1,1 0,9 0,9 Global Projection Model Network (GPMN), que,
na sua edição de Outubro de 2023, reviu em baixa
RSA China India EUA Zona Euro
as suas previsões de crescimento global para 2024,
2023_Agosto 2023_Outubro 2024_Agosto 2024_Outubro em resultado da considerável desaceleração do
Fonte: GPMN (Outubro, 2023)

7
crescimento das economias emergentes, com
Gráfico 1-3: Evolução da Inflação (%) destaque para a Índia e a China (Gráfico 1-2).
11.0 Zona Euro EUA China Índia África do Sul Entretanto, a emergência de uma nova crise no
10.0 Médio Oriente, com consequências
9.0 macroeconómicas imprevisíveis, poderá conduzir
8.0 a um maior refreamento da economia mundial.
7.0
6.0 Em Outubro de 2023, a inflação anual
5.0 desacelerou nos principais parceiros
4.0 comerciais do país.
3.0
2.0
Nos EUA, a inflação desacelerou para 3,2 % em
1.0
Outubro de 2023, a traduzir a redução dos preços
0.0
de energia e combustíveis, enquanto na Zona Euro
-1.0
a desaceleração da inflação para 2,9 % é explicada
Apr-22

Jun-22

Jan-23

Apr-23

Jun-23
Feb-22

Oct-22

Sep-23
Oct-23
May-22

Jul-22

Sep-22

Feb-23

May-23

Jul-23
Mar-22

Aug-22

Nov-22
Dec-22

Mar-23

Aug-23
pela queda dos preços de alimentos e energia
(Gráfico 1-3).
Fonte: Trading Economics

Na China, a redução dos preços de alimentos foi


determinante para a deflação de 0,2 %. Quanto à
Gráfico 1-4: Perspectivas de Inflação (%) Índia, a desaceleração da inflação para 4,9 %
derivou da queda dos preços de energia e
combustíveis, num contexto em que os preços de
6,5 alimentos se mantiveram em níveis elevados, a
5,9 6
5,7 5,6 5,6 reflectir os efeitos nefastos do El Niño.
4,8 4,9 5
4,2 4,1 4,2
Por seu turno, o agravamento dos preços de
2,6
2,9 3,1 3,1
alimentos, bebidas não alcoólicas, transporte,
determinou a aceleração da inflação na África do
1,5 1,4
Sul para 5,9 % em Outubro de 2023.
0,4 0,4

RSA China India EUA Zona Euro Importa ainda referir que, na maioria das
2023_Agosto 2023_Outubro 2024_Agosto 2024_Outubro
economias avançadas, a inflação continua acima
Fonte: GPMN (Outubro, 2023) das metas de médio prazo, tendo os principais
parceiros comerciais do país mantido as taxas de
juro de política entre os dois ciclos do CPMO.
Gráfico 1-5: Índice de Preços de Mercadorias Exportadas
No médio prazo, antevê-se que a inflação
880 mantenha a tendência para desaceleração.
780

680 As projecções de inflação do GPMN foram


Índice Jan/2016 = 100

580 revistas em baixa nas principais economias


480
avançadas e de mercados emergentes, com a
380
excepção da Índia, que poderá registar alguma
280
pressão inflacionária (Gráfico 1-4). As economias
180
avançadas continuarão a ressentir-se da
80
restritividade da política monetária.
Feb 2021

Feb 2022

Feb 2023
Jan 2021

May 2021
Jun 2021

Sep 2021
Oct 2021
Nov 2021

Jun 2022

Sep 2022

May 2023
Jun 2023

Sep 2023
Oct 2023
Dec 2021
Jan 2022

May 2022

Oct 2022
Nov 2022
Dec 2022
Jan 2023
Mar 2021

Mar 2022

Mar 2023
Apr 2021

Jul 2021
Aug 2021

Apr 2022

Jul 2022
Aug 2022

Apr 2023

Jul 2023
Aug 2023

A revisão em alta das estimativas de inflação na


Índia continua a reflectir a disrupção na cadeia de
Alumínio Carvão Gás Natural
oferta de alguns bens alimentares produzidos
Fonte: IMF Primary Commodity Index (Outubro, 2023) internamente, num contexto em que o banco

8
central indicou que não irá reagir a choques de
curto prazo nos preços de alimentos.
Gráfico 1-6: Índice de Preços de Mercadorias Importadas
Entretanto, o actual conflito no Médio Oriente
315 gera muitas incertezas no que concerne ao seu
290 impacto sobre a economia mundial, sendo que, em
265 cenário pessimista, se antevê que uma eventual
intensificação do conflito militar nesta área poderá
Índice Jan/2016 = 100

240
215 levar a um aumento mais pronunciado dos preços
190
de combustíveis e alimentos a nível global.
165
140
1.2. Preços das Principais Mercadorias e
115
90
Dinâmica das Moedas dos Parceiros
Comerciais
Dec 2021

Dec 2022
Feb 2021

Nov 2021

Feb 2022

Nov 2022

Feb 2023
Jan 2021

May 2021

Oct 2021

Jan 2022

May 2022

Jul 2022

Oct 2022

Jan 2023

May 2023

Oct 2023
Mar 2021

Jul 2021

Mar 2022

Sep 2022

Mar 2023

Jul 2023

Sep 2023
Apr 2021

Jun 2021

Sep 2021
Aug 2021

Apr 2022

Jun 2022

Aug 2022

Apr 2023

Jun 2023

Aug 2023
Os preços das principais mercadorias
Brent Arroz Trigo
transaccionadas pelo país reduziram entre os
Fonte: IMF Primary Commodity Index (Outubro, 2023)
ciclos do CPMO.

No conjunto das commodities exportadas pelo


país, destaca-se o carvão, cujo preço reduziu em
Gráfico 1-7: Perspectivas do Preço do Brent (USD) 4,2 %, comparativamente ao registado no período
95,00
de realização do CPMO de Setembro de 2023
90,00
(Gráfico 1-5). Este comportamento foi
impulsionado pelo aumento de produção na
85,00
China, associado ao levantamento das medidas de
segurança que tinham sido impostas a algumas
USD

80,00 minas de carvão daquele país, na sequência de


uma série de acidentes de trabalho.
75,00

Em relação às mercadorias de importação,


70,00 destaca-se a redução do preço do brent em 4,0 %,
Jan

Jul
Aug
Apr

Jun

Sep

Nov

Jan
Dec

Apr

Jun
Jul
Aug
Sep

Nov
Dec
Feb

Feb
Mar

May

Oct

Mar

May

Oct

quando comparado com o CPMO de Setembro de


2023 2024

Fonte: U.S. Energy Information Administration


2023, justificado pelo aumento de reservas pelos
EUA. No mesmo sentido, o preço do trigo registou
uma queda de 5,6 %, explicada pelas perspectivas
de um aumento da oferta por parte da Rússia
(Gráfico 1-6).
Gráfico 1-8: Índice Composto do USD face às Moedas dos
Principais Parceiros Comerciais Para 2024, as perspectivas apontam para
manutenção do preço do brent em níveis elevados,
126
a reflectir, sobretudo, os cortes na oferta pela
124 OPEP+ (Gráfico 1-7).
Índice Dez 2010=100

122
O Dólar norte-americano mantém-se forte
120
perante as principais moedas.

118 Do último CPMO até 16 de Novembro de 2023, o


Índice Composto do USD registou ganhos
116
acumulados em relação ao Euro, Rand, Libra e
114 Iene Japonês, tendo como factor determinante o
pronunciamento do Fed sobre a manutenção de
2/out/23
4/jul/23
21/nov/22

21/dez/22

5/jan/23

4/fev/23

6/mar/23

5/mai/23

4/jun/23

3/ago/23
6/dez/22

20/mai/23

18/ago/23

2/set/23

16/nov/23
1/nov/23
19/fev/23

21/mar/23

5/abr/23

20/abr/23

19/jul/23

17/set/23

17/out/23
20/jan/23

19/jun/23

condições monetárias restritivas (Gráfico 1-8).


Fonte: Refinitiv

9
Caixa 1: Crise Geopolítica no Médio Oriente: possíveis impactos para a economia moçambicana
1. Relevância da Região do Médio Oriente na Economia
Global Estreito de Ormuz

O mundo depara-se, desde o dia 7 de Outubro de 2023, com


um novo choque geopolítico no Médio Oriente, entre Israel
e grupos armados da Palestina (faixa de Gaza) e do Líbano.
Trata-se de um conflito que eclode em uma região
economicamente estratégica para o globo, sendo ainda
incertos os seus impactos sobre a economia mundial.

Em conjunto, os países da região do Médio Oriente


produzem cerca de 30 milhões de barris de petróleo por dia,
o que corresponde a 33 % da produção global. Cinco dos dez
maiores produtores mundiais de petróleo (Arábia Saudita,
Iraque, Emirados Árabes Unidos, Irão e Kuwait) estão
localizados nesta região. O Médio Oriente é, também,
guardião de 48,3 % das reservas de petróleo, a nível mundial.

Portanto, uma possível evolução deste conflito para níveis Fonte: National Aeronautics and Space Administration

mais gravosos, e com a participação de outros intervenientes


(com destaque para o Irão), pode ter um impacto directo O Estreito de Ormuz, localizado no Médio Oriente (Irão,
sobre a oferta de petróleo e comercialização de alimentos no Emirados Árabes Unidos e Omã) entre o Golfo de Omã e o Golfo
mercado global, reduzindo a sua disponibilidade e gerando Pérsico, faz parte de uma das rotas marítimas mais importantes a
pressões inflacionárias. A importância económica desta nível mundial, particularmente no escoamento do petróleo.
região é também evidenciada pelo Estreito de Ormuz, que é
responsável pelo escoamento de 17 % do petróleo líquido
mundial/dia, 33 % do gás natural liquefeito mundial/dia e
20% do comércio mundial.

2. Exposição de Moçambique ao Médio Oriente

A exposição económica de Moçambique ao Médio Oriente é mais significativa do lado das importações. Dados referentes a
2022 indicam que o Médio Oriente representa cerca de 12 % do total do comércio de Moçambique com o mundo, sendo que as
exportações para aquela região possuem um peso de 3,2 % do total das exportações do país, enquanto as importações oriundas do
Médio Oriente representam 19,8 % do total de importações (Tabelas 1 e 2)2.

Tabela 1: Importações de Moçambique oriundas do Médio Oriente Tabela 2: Exportações de Moçambique para o Médio Oriente

Médio-Oriente (M/O) Total da BoP Peso do M/O na Médio-Oriente (M/O) Total da BoP Peso do M/O na
Produtos Produtos
(milhões USD) (milhões USD) BoP (%) (milhões USD) (milhões USD) BoP (%)
Combustíveis 1530,9 2065,3 74% Carvão 115,9 2852,2 4%
Adubos 69,9 163,1 43% Fios de Alúmínio 37,8 155,7 24%
Cimentos 23,0 49,5 47% Minérios de titânio 24,1 406,8 6%
Fonte: INE e BM Fonte: INE e BM

Nas importações, os combustíveis são o produto mais exposto. Cerca de 74 % dos combustíveis que o país importa é proveniente
do Médio Oriente. Outros produtos importantes são os adubos e o cimento, cujas importações oriundas daquela região representam
cerca de metade do total das importações destas mercadorias. No entanto, para o caso do adubo, o potencial efeito da crise
geopolítica no Médio Oriente pode ser parcialmente amortecido pela produção doméstica, visto que Moçambique exporta volumes
de adubos equivalentes a 1,4 vezes o volume de importações provenientes do Médio Oriente (Tabela 1).

Do lado das exportações, a maior exposição reside nos fios de alumínio. Entre as principais mercadorias exportadas pelo país
ao Médio Oriente, apenas os fios de alumínio têm um peso (na BOP) de 24 %. Contudo, depreende-se que o Médio Oriente não é
um dos principais mercados de exportação das mercadorias do país e, portanto, a crise geopolítica nesta região tem um potencial
impacto directo diminuto nas receitas de exportação (Tabela 2).

2
Valores excluindo a importação da plataforma de Gás Natural Liquefeito.

10
3. Potencial Impacto para a Inflação de Moçambique

As consequências macroeconómicas, para Moçambique, da crise geopolítica no Médio Oriente são ainda difíceis de estimar.
No entanto, da análise das relações comerciais do país com aquela região, pode-se deduzir que a magnitude dos efeitos desta crise
para a economia moçambicana dependerá do grau do alastramento do conflito, podendo-se antever dois principais cenários3:

• Cenário 1: manutenção do conflito circunscrito apenas aos actuais actores envolvidos: neste cenário, perspectiva-se
que o escoamento de mercadorias pelo Estreito de Ormuz poderá continuar a ocorrer com alguns constrangimentos,
originando um aumento dos custos de transacção, podendo-se por esta via gerar uma pressão inflacionária da qual
Moçambique não estaria isento, devido ao considerável volume de combustíveis que o país importa daquela região e
atendendo ao seu expressivo peso no IPC (8,2 %).

• Cenário 2: alastramento do conflito, particularmente com a participação directa do Irão: por sua vez, uma eventual
entrada do Irão no conflito poderia resultar no encerramento do Estreito de Ormuz. Neste caso, haveria menor
disponibilidade de combustíveis, podendo-se gerar uma subida dos preços desta mercadoria no mercado internacional, em
resultado do aumento do custo de frete. Assim, os custos de importação, para Moçambique, seriam altíssimos, resultando
em maior pressão inflacionária doméstica. Há que considerar, também, os potenciais efeitos indirectos que advêm do uso
de combustíveis como matéria-prima em todos os sectores de actividade, com destaque para os transportes, com um peso
de 4,0 % no cabaz do IPC.

3
Bloomberg e Banco Mundial.

11
2. Capítulo II. Desenvolvimentos Recentes na Economia Doméstica e
Perspectivas de Curto Prazo

No terceiro trimestre de 2023, o PIB real registou um crescimento anual de 5,9 %, depois de 4,7
% no segundo trimestre. A aceleração do crescimento da economia nacional continua a reflectir
o aumento de produção de GNL, num contexto em que também se realça a recuperação da
indústria transformadora. Excluindo a produção de GNL, as perspectivas de curto prazo
continuam a indicar um crescimento moderado do PIB, determinado pela agricultura e pelos
serviços.

Em Outubro de 2023 a inflação anual acelerou, revertendo a tendência para abrandamento que
se verificou nos últimos sete meses do ano, a traduzir o aumento dos preços de bens alimentares.
Para o curto prazo, as perspectivas apontam para uma ligeira aceleração da inflação, a reflectir
o fim da época fresca e o aumento dos preços de bens alimentares na África do Sul. Ademais, os
riscos e incertezas associados à projecção da inflação mantêm-se elevados, com destaque para a
evolução dos preços de combustíveis no mercado internacional, bem como do efeito do El Niño
e da época ciclónica sobre a produção doméstica.
Tabela 2-1: Dinâmica do PIB Real por Sectores 2.1. Actividade Económica no Curto Prazo
Variação anual (%)
2022 2023
Sectores de Actividade
T3 T1 T2 T3
Contr./T3 A economia nacional registou um crescimento
Sector Primário 5,6 8,2 9,0 12,5
(pp)
4,0
assinalável no terceiro trimestre de 2023.
Agricultura 5,0 3,8 3,1 3,5 0,8 Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE)
Pesca
Indústria extractiva
5,5
7,3
-4,0
32,6
-9,2
42,7
2,7
43,2
0,0
3,1
indicam que, em termos anuais, o PIB real
Sector Secundário -2,6 -4,7 -6,5 0,8 0,1 cresceu 5,9 % no terceiro trimestre de 2023,
Electricidade e Água
Indústria Transformadora
-1,9
-3,2
4,1
-7,0
-0,2
-7,7
1,4
1,1
0,0
0,1
depois de 4,7 % no trimestre precedente (Tabela
Construção -1,8 -8,0 -10,4 -1,4 0,0 2-1).
Sector Terciário 3,6 3,5 4,2 3,1 1,4
Comércio e Serv. 0,8 -3,4 3,0 2,3 0,2
Hotelária e Restaurantes 11,2 11,2 5,5 3,0 0,0 O crescimento do PIB continua a reflectir o
Transportes e Comunicações 6,7 7,5 6,8 2,6 0,3
Serviços Financeiros 3,7 6,3 3,5 4,1 0,2
aumento da produção de GNL registado no
Adm. Pública, Educação e Saúde 2,7 4,0 3,6 3,0 0,5 período em referência, num contexto em que
Outros Sectores 1,2 3,2 3,7 4,0 0,2
PIB a custo de factores 3,5 3,9 4,6 6,3 5,5 também se realça a recuperação da indústria
Impostos sobre produtos 4,3 5,6 5,2 3,6 0,5 transformadora (após quatro trimestres de
PIB 3,6 4,2 4,7 5,9 5,9
Fonte: INE sucessivas contracções), justificada,
essencialmente, pela melhoria no acesso à
matéria-prima por parte da indústria alimentar.

Tabela 2-2: Balança de Pagamentos (milhões de USD) Em termos de componentes da procura


III Trimestre 2022 III Trimestre 2023 Variação agregada, contribuíram para o crescimento
Conta Corrente -5.778 -1.144 4.634 do PIB:
Saldo de Bens -4.778 -634 4.143
Exportações 6.108 5.936 -172
i) A melhoria do saldo da conta corrente,
Importações 6.685 6.570 -4.315
Saldo de Serviços -1.138 -571 567
resultante da redução das importações. No
Saldo de Rend. Primários -402 -623 -221 período em referência, as importações reduziram
Saldo de Rend. Secundários 539 684 145 em USD 4.315 milhões, o que é explicado
Conta Capital 245 199 -46 essencialmente pelo efeito estatístico base,
Conta Financeira 4.562 1.295 -3.266 fortemente influenciado pelo valor expressivo da
dos quais
plataforma flutuante do projecto Coral Sul
IDE 1.321 1.522 200
Outro Investimento 3.253 -250 -3.503
(cerca de USD 4.200 milhões), registado no
Fonte: BM primeiro semestre de 2022. No mesmo sentido,
o valor das exportações de bens reduziu em USD
172 milhões comparativamente ao período

12
homólogo de 2022, a traduzir a queda dos preços
Tabela 2-3: Comércio Externo (milhões de USD) das principais mercadorias no mercado
Exportações III Trim 22 III Trim 23 Variação internacional (Tabela 2-2).
Carvão Mineral 2.182 1.619 -564
Gás Natural 316 1.177 861 De entre os principais produtos de exportação,
Barras de Alumínio 1.323 853 -470 apenas o gás e a energia eléctrica registaram
Energia Elétrica 435 474 40 incrementos, a reflectir o aumento da produção,
Areias Pesadas 365 361 -3 tendo-se os restantes ressentido da queda dos
Importações III Trim 22 III Trim 23 Variação preços no mercado internacional (Tabela 2-3) 4.
Maquinaria 5.121 1.140 -3.981 Perspectiva-se que, no curto prazo, o volume das
Combustíveis 1.441 1.020 -420 exportações aumente, favorecido pela melhoria
Material de Construção 486 575 89 do desempenho dos grandes projectos, com
Automóveis 263 314 51 destaque para o gás natural.
Aluminio bruto 383 289 -94
Fonte: BM
ii) O aumento da despesa pública em cerca de
17 %, comparativamente a igual período de
2022. Esta execução fiscal reflecte a contínua
Tabela 2-4: Execução do Orçamento do Estado (milhões de pressão sobre as operações financeiras e
meticais) despesas de funcionamento do Estado, com
III Trim 2022 Orç. 2023 III Trim 2023 Var. Anual
destaque para as despesas com pessoal e
Receitas do Estado 215.698 357.064 232.547 7,8%
encargos da dívida pública, num contexto em
Despesa Total 270.748 472.122 316.495 16,9%
que o investimento público se manteve
Despesa Corrente 200.637 316.919 237.414 18,3%
condicionado à limitada capacidade financeira
Despesa de Investimento 35.876 93.331 30.193 -15,8%
Operações Financeiras 34.235 61.873 48.888 42,8%
do Estado (Tabela 2-4). Para o curto prazo,
Defice (antes de donativos) -55.050 -115.059 -83.948 52,5% perspectiva-se que a pressão fiscal se mantenha
Créditos Internos 33.605 36.648 30.271 -9,9% elevada, tendo em conta os encargos com o
Saldos Transitados 5.300 serviço da dívida pública (interna e externa), a
Financiamento Externo 24.920 78.411 24.380 -2,2% eventual necessidade de recursos adicionais para
Variação de Stock 8.276 6.511 fazer face ao fenómeno El Niño e à época
Fonte: MEF chuvosa, bem como às despesas associadas ao
processo eleitoral (presidenciais e legislativas de
2024), não obstante as expectativas de relativa
melhoria das receitas do Estado, decorrente das
Gráfico 2-1: Evolução do Hiato do Produto e do ICE medidas associadas à implementação do Pacote
130 .100 de Aceleração Económica.
120 PIB ≈ potencial PIB > potencial PIB < potencial .075
.050 A actividade económica tende a consolidar a
110 trajectória de recuperação. A dinâmica
.025
recente da economia consolida as perspectivas
100 .000 de uma recuperação gradual da actividade
-.025 económica, não obstante os possíveis efeitos
90
-.050
adversos dos choques climáticos. Com efeito, o
80 crescimento do PIB real tende a aproximar-se do
-.075
seu potencial, reduzindo o hiato do produto
70 -.100 (Gráfico 2-1).
2005Q3
2006Q2
2007Q1
2007Q4
2008Q3
2009Q2
2010Q1
2010Q4
2011Q3
2012Q2
2013Q1
2013Q4
2014Q3
2015Q2
2016Q1
2016Q4
2017Q3
2018Q2
2019Q1
2019Q4
2020Q3
2021Q2
2022Q1
2022Q4
2023Q3

As perspectivas de curto prazo continuam a


indicar um crescimento moderado do PIB,
Indice de Clima Económico HIATO DO PRODUTO - direita
Fonte: BM e INE
excluindo a produção de GNL. Com efeito,
prevê-se que o desempenho dos sectores
4
Em termos cumulativos, de Dezembro/22 a Outubro/23, os preços do carvão mineral (28 % do total de exportações),
alumínio (17 %) e gás (18 %) observaram uma queda de cerca de 55,3 %, 8,5 % e 56,1 %, respectivamente.

13
Gráfico 2-2: Índice de Produção Industrial (PMI) primário (agricultura e produção do carvão) e
PMI Corrigido de sazonalidade, >50 = melhoria em relação ao mês anterior terciário (serviços de transportes e comunicação,
Índice de PMI e hotelaria e restauração) continue a sustentar o
54.0
crescimento do PIB, num contexto em que o
52.0 desempenho do sector secundário continuará
50.0 condicionado e os preços das principais
48.0 commodities de exportação continuarão a limitar
46.0 a expansão da actividade económica. As
44.0
perspectivas de curto prazo estão em linha com
42.0
a evolução do Índice de Produção Industrial
(PMI), o qual, apesar do abrandamento, ainda se
40.0
mantém no nível de referência de melhoria
38.0
(Gráfico 2-2).
36.0

Aug 23
Apr 20

Aug 20

Feb 21
Apr 21

Aug 21

Apr 22

Aug 22

Apr 23
Feb 20

Jun 20

Jun 21

Feb 22

Jun 22

Feb 23

Jun 23
Dec 19

Oct 20
Dec 20

Oct 21
Dec 21

Oct 22
Dec 22

Oct 23
O crédito à economia continua retraído. A
dinâmica do consumo e do investimento
Fonte: HIS, Markit privado, caracterizada pela desaceleração anual
do crédito à economia concedido pelo sistema
Gráfico 2-3: Evolução do Crédito à Economia
bancário, em Setembro de 2023, é explicada
essencialmente pela prevalência de condições
18.0% Contribuição do CE MN Contribuição do CE ME Var. Anual do CE monetárias restritivas (Gráfico 2-3).
15.0%

12.0% O endividamento público interno continua a


aumentar. O montante cumulativo de créditos
9.0%
internos contratados entre Dezembro de 2022 e
6.0% Novembro de 2023 incrementou em cerca de
3.0% 59.327 milhões de meticais, perfazendo um
stock total da dívida interna de cerca de 334.440
0.0%
milhões de meticais. De entre os principais
-3.0% instrumentos utilizados para financiar o défice
-6.0% de tesouraria, destacam-se as obrigações do
Tesouro e adiantamentos no BM (Tabela 2-5).
mai/21

mai/22
jan/20
mar/20
mai/20

jan/21
mar/21

jan/22
mar/22

jan/23
mar/23
mai/23
jul/20
set/20

jul/21
set/21
nov/21

jul/22
set/22

jul/23
set/23
nov/20

nov/22

No curto prazo, perspectiva-se a manutenção


Fonte: INE/BM deste cenário, tendo em conta a limitada
arrecadação de receitas fiscais e fraco
desembolso de recursos externos.
Tabela 2-5: Dívida Pública Interna (milhões de meticais)
Endividamento Interno do Estado - OT, BT, e Adiantamentos no BM (mio de MT) As reservas internacionais do país mantêm-se
Utilização de
BT
Obrigações
do Tesouro
No BM Dívida Total
Dívida em %
do PIB
em níveis satisfatórios. A posição externa do
Dez - 2019 29.671 61.817 48.067 139.555 14,5% país, medida pelas reservas internacionais
Dez - 2020 39.889 61.817 54.267 155.973 14,0%
Dez - 2021 34.672 66.317 54.267 155.256 13,9% brutas, mantém-se satisfatória, tendo registado
Set – 2022
Dez – 2022
68.370
69.872
124.990
142.056
65.118
63.186
258.478
275.114
22,2%
23,6%
um saldo acumulado de cerca de USD 3.143
Jan – 2023 79.872 142.056 67.485 289.413 21,9% milhões até ao dia 15 de Novembro de 2023, o
Fev – 2023
Mar – 2023
76.872
74.260
142.067
146.882
68.117
80.815
287.056
301.956
21,7%
22,9%
suficiente para garantir a cobertura de cerca de 4
Abr – 2023 73.428 147.620 80.815 301.862 22,9% meses de importações de bens e serviços,
Mai – 2023 72.424 148.921 82.190 303.535 23,0%
Jun – 2023 72.424 150.371 82.741 305.536 23,1% excluindo os grandes projectos.
Jul – 2023 72.425 154.271 83.440 310.136 23,5%
Ago – 2023 69.746 155.227 84.137 309.110 23,4%
Set – 2023 81.380 157.136 91.813 330.328 25,0%
Out – 2023 87.414 157.136 91.813 336.363 25,0%
Nov – 2023 85.492 157.136 91.813 334.440 25,3%
Fluxo (Dez/22 -
15.620 15.080 28.627 59.327
Nov/23)
Fonte: BM e BVM

14
Caixa 2: Desenvolvimentos Monetários e Financeiros

I. Evolução das Taxas de Juro

a) Taxas de Juro do Mercado Monetário Gráfico 1: Curva de rendimentos do mercado monetário


CPMO Setembro-23 CPMO Novembro-23
18.25%
Entre Setembro e Novembro de 2023 (intervalo
entre as duas sessões do CPMO), a curva de 18.00%

rendimentos do mercado monetário registou uma


17.75%
ligeira ascendência. Efectivamente, com a excepção
das maturidades overnight e de 7 dias, as taxas de juro 17.50%

dos restantes prazos de referência incrementaram


17.25%
numa banda que varia entre 3 e 19 pb (Gráfico 1).
17.00%
O/N 7 days 28 days 63 dias 91 days 182 days 364 days
As taxas de juro de intervenção do BM para o
curtíssimo prazo tiveram um comportamento Fonte: BM, 2023
misto. A taxa de juro das vendas de títulos com
acordo de recompra (reverse repo) para a maturidade Gráfico 2: Evolução das taxas de juro de MMI
de 7 dias manteve-se inalterada, enquanto a de 28 dias 17.75% MIMO Permutas O/N RR 7 dias RR 28 dias RR 63 dias
aumentou em 3 pb, ao passar de 17,40 % para 17,43
% (Gráfico 2).
17.50%

No período entre as duas sessões do CPMO, as


taxas de juro de bilhetes do Tesouro (BT) 17.25%
aumentaram. Com efeito, as taxas de juro de BT
transitaram para 18,16 %, 18,20 % e 18,24 %, 17.00%
28-11-22
14-12-22
30-12-22
15-01-23
31-01-23
16-02-23
04-03-23
20-03-23
05-04-23
21-04-23
07-05-23
23-05-23
08-06-23
24-06-23
10-07-23
26-07-23
11-08-23
27-08-23
12-09-23
28-09-23
14-10-23
30-10-23
15-11-23
respectivamente, para os três prazos de referência (91,
182 e 364 dias), representando aumentos de 9 a 19 pb.
A taxa de juro de BT para o prazo de 1 ano (364 dias) Fonte: BM, 2023
se situou 99 pb acima da taxa de juro de política
monetária (a taxa MIMO) (Gráfico 3). Gráfico 3: Evolução das taxas de juro de BT
91 dias 182 dias 364 dias

b) Taxas de juro de obrigações do Tesouro 18.25%

18.15%

18.05%
No período em análise, o Estado não realizou 17.95%
emissões de obrigações do Tesouro (OT). Com 17.85%

efeito, a última emissão de OT ocorreu a 19 de 17.75%

Setembro de 2023 para a maturidade de 5 anos e a 17.65%

taxa de juro média ponderada (TMP) foi 17,81 % 17.55%


02-11-22
16-11-22
30-11-22
14-12-22
28-12-22
11-01-23
25-01-23
08-02-23
22-02-23
08-03-23
22-03-23
05-04-23
19-04-23
03-05-23
17-05-23
31-05-23
14-06-23
28-06-23
12-07-23
26-07-23
09-08-23
23-08-23
06-09-23
20-09-23
04-10-23
18-10-23
01-11-23
15-11-23
(Gráfico 4).

c) Taxas de juro a retalho Fonte: BM, 2023

As taxas de juro dos empréstimos e depósitos no Gráfico 4: Evolução das taxas de juro de OT
mercado a retalho, para a maturidade de 1 ano, OT 2 anos OT 3 anos OT 4 anos OT 5 anos
OT 6 anos OT 8 anos OT 10 anos
observaram uma redução. Efectivamente, 24.0%
informação reportada a Setembro de 2023 indica que 23.0%
22.0%
as taxas de juro médias dos empréstimos e depósitos 21.0%
diminuíram em 25 pb e 55 pb, passando para 22,97 % 20.0%
e 9,92 %, respectivamente, com reflexo no aumento 19.0%
18.0%
do spread entre as duas taxas activas e passivas 17.0%
(Gráfico 5). 16.0%
15.0%
14.0%
23-08-22
06-09-22
20-09-22
04-10-22
18-10-22
01-11-22
15-11-22
29-11-22
13-12-22
27-12-22
10-01-23
24-01-23
07-02-23
21-02-23
07-03-23
21-03-23
04-04-23
18-04-23
02-05-23
16-05-23
30-05-23
13-06-23
27-06-23
11-07-23
25-07-23
08-08-23
22-08-23
05-09-23
19-09-23

Fonte: BVM, 2023

15
II. Evolução da taxa de câmbio Gráfico 5: Evolução das taxas de juro a retalho e da prime
rate
a) Taxa de câmbio do Metical face ao Dólar 31.0%
Emprestimo (1 Ano) Deposito (1 Ano) Prime rate

norte-americano 28.0%

25.0%

Manutenção da estabilidade do Metical (MZN) em 22.0%


relação ao Dólar norte-americano (USD). De 19.0%
16.0%
Setembro a Novembro do corrente ano, a taxa de 13.0%
câmbio de referência do MZN face ao USD manteve- 10.0%
se em 63,89 MZN/USD e a taxa de câmbio efectiva 7.0%
resultante das operações entre os bancos comerciais e 4.0%

Mar-18

Mar-23
Jan-18

Jul-18
May-18

Sep-18

Mar-19

Sep-19

Mar-20

Jul-20
Sep-20

Mar-21

Mar-22

Jul-22
Nov-18
Jan-19

May-19
Jul-19

Nov-19
Jan-20

May-20

Nov-20
Jan-21

May-21
Jul-21
Sep-21
Nov-21
Jan-22

May-22

Sep-22
Nov-22
Jan-23

May-23
Jul-23
Sep-23
o público transitou de 63,94 MZN/USD, em
Setembro, para 63,98 MZN/USD. Por seu turno, no Fonte: BM, 2023
segmento das casas de câmbio, a taxa de câmbio do
Metical passou de 65,74 MZN/USD para 65,83 Gráfico 6: Evolução da taxa de câmbio do Metical face ao
MZN/USD no mesmo período (Gráfico 6). USD
Taxa Média Referência
Taxa Média das Operações Entre Bancos e o Público

b) Taxa de câmbio do Metical em relação ao Taxa de Câmbio Média das Operações das Casas de Câmbio ao Público

Rand 67.50
67.00
66.50

Estabilidade do Metical (MZN) face ao Rand 66.00


65.50

(ZAR). A taxa de câmbio de referência do MZN em 65.00


64.50
relação ao ZAR transitou de 3,37 MZN/ZAR para 64.00

3,48 MZN/ZAR no período em referência. As taxas 63.50


63.00

dos restantes segmentos de mercado registaram igual 62.50


62.00
cenário (Gráfico 7).
21-dez-21
16-set-21
10-out-21

14-mai-22

16-dez-22
3-nov-21
27-nov-21

14-jan-22

7-jun-22
1-jul-22
25-jul-22
18-ago-22
11-set-22
5-out-22
29-out-22
22-nov-22

9-jan-23

9-mai-23

26-jun-23
15-abr-23

2-jun-23

20-jul-23
13-ago-23
6-set-23
30-set-23
24-out-23
17-nov-23
7-fev-22
3-mar-22
27-mar-22
20-abr-22

2-fev-23
26-fev-23
22-mar-23
Fonte: BM, 2023

Gráfico 7: Evolução da taxa de câmbio do Metical em


relação ao ZAR
Taxa Média das Operações Entre Bancos e o Público ZAR
Taxa de Câmbio Média das Operações das Casas de Câmbio ao Público em ZAR
Taxa Média Cruzada de Referência em ZAR

5.20
5.00
4.80
4.60
MZN/ZAR

4.40
4.20
4.00
3.80
3.60
3.40
3.20
16-set-21

21-dez-21

14-mai-22

9-mai-23
10-out-21
3-nov-21
27-nov-21

14-jan-22

27-mar-22
20-abr-22

7-jun-22
1-jul-22
25-jul-22
18-ago-22
11-set-22
5-out-22
29-out-22
22-nov-22
16-dez-22
9-jan-23

22-mar-23
15-abr-23

2-jun-23
26-jun-23
20-jul-23
13-ago-23
6-set-23
30-set-23
24-out-23
17-nov-23
7-fev-22
3-mar-22

2-fev-23
26-fev-23

Fonte: BM, 2023

16
2.2. Evolução Recente da Inflação e
Gráfico 2-4: Componentes da Inflação Anual – Índice Três Perspectivas de Curto Prazo
Cidades
IPC Excl. F&V e Administrados IPC Produtos Administrados
IPC Frutas e Vegetais Inflação Anual
Em Outubro, a inflação anual acelerou,
13 Inflação Média Anual revertendo a tendência para abrandamento
observada nos últimos sete meses do ano, a
11
reflectir o aumento dos preços de produtos
9
alimentares importados. Ainda assim, no curto
Variação (%)

7
prazo, mantêm-se as perspectivas de uma
5 inflação de um dígito.
3

1 A inflação anual, medida pela variação do Índice


-1 de Preços no Consumidor (IPC) de Moçambique5,
passou de 4,63 %, em Setembro, para 4,75 %, em
fev/22
out/21

abr/22

out/22

fev/23

abr/23

out/23
dez/21

ago/22

dez/22

ago/23
jun/22

jun/23
Outubro. No mesmo sentido, os dados recolhidos
Fonte: INE/BM nas cidades de Maputo, Beira e Nampula indicam
que a inflação anual passou de 3,91 % para 4,16
%, em igual período. A evolução do nível geral de
Tabela 2-6: Núcleos de Inflação (%) – Índice MABENA preços em Outubro é explicada pelo incremento
set/22 out/22 nov/22 dez/22 mar/23 jun/23 set/23 out/23 dos preços de bens alimentares importados, num
IPC Moçambique (8 cidades) 12,71 11,83 11,25 10,91 10,82 6,81 4,63 4,75 contexto em que a oferta de frutas e vegetais
IPC (Maputo, Beira e Nampula) 12,01 11,08 10,62 10,29 9,33 5,84 3,91 4,16 reduziu, em face do fim da época fresca (Gráfico
Alimentares 17,38 15,89 17,15 16,86 15,21 9,02 4,65 5,34
2-4 e Tabela 2-6).
Cereais e Derivados 19,81 20,83 21,67 22,06 21,44 3,66 4,45 4,03
Frutas e Vegetais 35,20 29,65 32,02 33,00 27,86 22,26 5,67 8,18
A inflação subjacente acelerou. Excluindo os
Administrados 22,93 21,63 19,04 18,83 17,67 6,85 2,67 2,51
Combustíveis Líquidos 41,55 36,75 28,78 28,78 21,51 5,54 -0,14 -0,14
subgrupos das frutas e vegetais e dos produtos
administrados, a inflação subjacente passou de
IPC x Frut.Veg 9,96 9,40 8,66 8,08 7,30 4,12 3,71 3,71 4,05 %, em Setembro, para 4,16 %, em Outubro
IPC x Adm. 9,22 8,37 8,42 8,11 7,19 5,57 4,26 4,63 (Tabela 2-6 e Gráfico 2-4). Este comportamento
IPCxComb. 10,13 9,39 9,41 9,13 8,58 5,95 4,30 4,58 reflecte o efeito estatístico base.
IPCxFrut.Veg e Adm. 6,21 5,85 5,58 4,94 4,22 3,24 4,05 4,11
Fonte: INE As perspectivas de curto prazo apontam para
uma ligeira aceleração da inflação no quarto
trimestre de 2023. Estas previsões decorrem da
menor oferta de produtos agrícolas produzidos no
Gráfico 2-5: Expectativas de Inflação Anual (%) país, do início da quadra festiva e do incremento
10,00
8,82
dos preços de bens alimentares na África do Sul,
9,00
8,00 7,54
num contexto em que prevalecem como riscos (i)
7,00 6,39
os efeitos do El Niño, (ii) a aproximação da época
6,00
5,88 5,70 ciclónica e (iii) o possível ajustamento em alta dos
5,00 4,61 preços dos combustíveis.
4,00
3,00
2,00
Os agentes económicos reviram em baixa as
1,00 suas perspectivas de inflação para Dezembro.
0,00 Em Novembro, as expectativas dos agentes
económicos indicam que, no final do ano a
Fonte: BM inflação anual poderá situar-se em 4,61 %, depois
de 5,70 % revelado no inquérito precedente
(Gráfico 2-5).

5
Com início no mês de Outubro de 2022, o INE passou a divulgar a nova publicação do IPC agregado nacional, compilado a
partir de 8 cidades.

17
3. Capítulo III. Perspectivas de Inflação e Actividade Económica no Médio
Prazo

Para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de inflação de um dígito, reflectindo,


sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo
CPMO. Perspectiva-se ainda que o crescimento do PIB acelere, impulsionado pelo
desempenho esperado da indústria extractiva. Excluindo os projectos energéticos, a
actividade económica continuará a recuperar gradualmente, estimulada pelo desempenho
dos sectores primário (agricultura e carvão mineral) e terciário (serviços), não obstante os
prováveis eventos climáticos severos e seus impactos na produção agrícola e em infra-
estruturas diversas.

Perante este quadro macroeconómico e ponderados os riscos e incertezas subjacentes às


projecções de inflação, o CPMO decidiu manter a taxa MIMO em 17,25 %.

Tabela 3-1: Pressupostos Externos 3.1.Pressupostos para as Projecções de Médio


2022 2023 2024 2025 Prazo
PIB real dos EUA (%) 2.0 2.2 1.1 1.9
CPMO de Setembro/2023 2.1 1.9 0.9 2.2 As projecções macroeconómicas para o médio
PIB real da RAS (%) 1.9 0.8 0.8 1.1 prazo (2024-2025) assentam sobre os pressupostos
CPMO de Setembro/2023 1.9 0.4 0.6 1.0 referidos abaixo.
Inflação dos EUA (%) 8.0 4.2 2.9 2.1
CPMO de Setembro/2023 8.0 4.1 2.7 2.2 a) Pressupostos sobre a envolvente
Inflação na RAS (%) 6.9 5.8 4.9 4.5 macroeconómica externa
CPMO de Setembro/2023 6.9 5.9 4.8 4.4
Preço do Brent (USD) 98.9 84.6 89.3 87.1 • Ligeira pressão sobre os preços do brent e de
CPMO de Setembro/2023 98.9 82.3 83.6 85.1 alimentos no mercado internacional (Tabela
Preço dos Alimentos (%) 14.7 -13.0 0.6 3.6 3-1). Esta pressão reflecte, fundamentalmente:
CPMO de Setembro/2023 14.7 -11.3 -0.5 2.1 (i) o surgimento de novo risco geopolítico no
Médio Oriente, cujo impacto económico, no
entanto, ainda é incerto; (ii) cortes na produção
Fonte: GPMN
de petróleo pela OPEP+, cujo efeito se prevê
Gráfico 3-1: Projecção da Inflação Anual de que se dissipe até Dezembro do ano corrente;
Moçambique (%) (iii) restrições nas exportações de arroz na
Índia; e (iv) efeitos de choques climáticos.

b) Pressupostos sobre a dinâmica de


indicadores macroeconómicos domésticos

• Manutenção da pressão sobre o orçamento


do Estado, devido, sobretudo, à necessidade de
o Estado fazer face às despesas relativas (i) ao
ciclo eleitoral agendado para 2024 e (ii) à
implementação da Tabela Salarial Única.

• Manutenção da estabilidade da taxa de


câmbio do Metical face ao Dólar norte-
americano, em linha com o início da
exportação de gás natural na bacia do Rovuma,
num contexto de manutenção de taxas de juro
reais positivas.

18
Gráfico 3-2: Projecção do Crescimento Anual do PIB Real
(Excluindo Gás) de Moçambique (%)
• Manutenção da instabilidade militar na
região norte do país, sobretudo na província de
Cabo Delgado; e

• Fenómeno El Niño (previsão de chuvas acima


do normal para o Centro e Norte, e abaixo do
normal para o Sul do país).

3.2.Projecções de Inflação para o Médio Prazo e


Riscos Associados

Em face dos pressupostos acima, perspectiva-se


a manutenção da inflação em um dígito no
médio prazo (Gráfico 3-1), a reflectir,
essencialmente, a estabilidade do Metical e o
impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo
CPMO.

Adicionalmente, excluindo a produção de GNL, as


projecções para o médio prazo apontam para a
manutenção de um crescimento económico
moderado (Gráfico 3-2), a reflectir, sobretudo, o
desempenho dos sectores primário (agricultura e
carvão mineral) e terciário (serviços), não obstante
a provável ocorrência de eventos climáticos
severos e seus impactos na produção agrícola e em
infra-estruturas diversas.

Os riscos e incertezas associados às projecções


de inflação continuam elevados. A nível interno,
destacam-se as incertezas em relação aos impactos
dos choques climáticos sobre os preços de bens,
assim como a manutenção da elevada pressão sobre
a despesa pública. No contexto externo, destacam-
se as incertezas em relação ao prolongamento do
conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a evolução
recente da crise no Médio Oriente, com possíveis
efeitos sobre a dinâmica do preço do petróleo e de
alimentos.

19
3.3.Decisão de Política Monetária

O CPMO do Banco de Moçambique decidiu


manter a taxa MIMO em 17,25 %.

Esta decisão é sustentada pelo surgimento de novos


riscos e incertezas associados às projecções da
inflação, com destaque para o potencial impacto do
actual conflito no Médio Oriente sobre os preços
internacionais de combustíveis e alimentos.

Nesta sessão, o CPMO decidiu ainda:

• Manter a taxa de juro da Facilidade


Permanente de Cedência de Liquidez (FPC)
em 20,25 %;

• Manter a taxa de juro da Facilidade


Permanente de Depósitos (FPD) em 14,25
%; e

• Manter os coeficientes de Reservas


Obrigatórias para os passivos em moeda
nacional em 39 %, e em moeda estrangeira
em 39,50 %.

20

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