Transportadores de Namicopo “mandam passear” as

autoridades e definem novo preço do “chapa 100” P.03

NGANI
Moçambique falando por si!
Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
Propriedade: Info-Media - Edição Semanal 126, Ano III
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Director-Editorial: Júlio Paulino

Edifício dos registos e notariado vira

cenário de crime e violência em Nampula
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
Banco de Moçambique pagou 46 milhões de
dólares a credores nacionais
O Banco de Moçambique
pagou pelo menos 45 mi-
lhões de dólares a institui-
ções financeiras nacionais
que emprestaram dinheiro
à Proinducus, empresa que
beneficiou das chamadas
“dívidas ocultas”, disse o
governador do banco cen-
tral.
MANGAVA DOS SANTOS
“
Não vou vos escon-
der, usámos as nossas
reservas para pagar a
esses pequenos cre-
dores”, afirmou, na
quinta-feira, o gover-
nador do Banco de Moçambique,
Rogério Zandamela, durante uma
conferência de imprensa sobre os
resultados da reunião do Comité
de Política Monetária (CPMO)
do regulador financeiro moçam-
bicano.
Foram desembolsados “46 mi-
lhões de dólares ou 45 milhões
de dólares que acabámos usan-
do para isso”, “para com os nos-
sos bancos”, que incluem o BIM,
Moza Banco e BCI, prosseguiu
Zandamela.
Aquele responsável avançou
que o acordo com os bancos mo-
çambicanos que emprestaram di-
nheiro ao projecto da Proíndicus
Governador do Banco Moçambique, Rogério Zandamela
foi resultado do entendimento en-
tre o Estado e UBS, instituição que
adquiriu o Credit Suisse, também
credor do Proíndicus.
O governador do Banco de
Moçambique sustentou que os cre-
dores moçambicanos não estavam
em condições de perdoar a dívi-
da da Proíndicus, porque implica-
ria renúncia a recursos importan-
tes para o sistema financeiro mo-
çambicano. “Claramente, [o siste-
ma financeiro moçambicano] não
estava em condições de perdoar es-
sa dívida [porque], perdoar, no sis-
tema bancário, quer dizer tirar es-
sa dívida da carteira”, enfatizou.
Rogério Zandamela realçou que
a UBS perdoou uma parte da dí-
vida da Proíndicus, descrevendo
a operação como um alívio para
o Estado moçambicano, mas não
especificou as verbas envolvidas.
“O Governo fez o seu papel, fez
a sua redução e uma parte [da dí-
vida] foi perdoada, os bancos per-
deram, mas não tudo”, reforçou
Zandamela.
Moçambique pagou 142 milhões
de dólares, sobretudo com emissão
de dívida interna, a instituições fi-
nanceiras no âmbito do acordo ex-
trajudicial para terminar uma dis-
puta no Tribunal Comercial de
Londres no âmbito dos processos
das “dívidas ocultas”, de acordo
com uma informação do Fundo
Monetário Internacional (FMI)
consultada em Janeiro pela Lusa.
Na informação em que dá conta
do pagamento do aludido montan-
te, o FMI refere que “num esfor-
ço para reforçar a governação e a
transparência e resolver os litígios
onerosos relacionados com os em-
préstimos às empresas públicas”, as
P02
ECONOMIA
autoridades moçambicanas “che-
garam a um acordo extrajudicial
sobre parte da dívida do Proíndicus
em Outubro de 2023”.
“O acordo abrange cerca de 522
milhões de dólares do capital em
dívida e inclui uma componente
em dinheiro (46 milhões de dóla-
res) e a emissão de obrigações do
Tesouro nacionais (6,2 mil milhões
de meticais a seis anos, equivalen-
te a 96 milhões de dólares)”, lê-se
no relatório do FMI sobre a avalia-
ção ao programa de assistência a
Moçambique.
Moçambique anunciou anterior-
mente que pagou 130 milhões de
dólares a instituições financeiras
no âmbito do acordo extrajudicial
com o Credit Suisse para terminar
uma disputa judicial no Tribunal
Comercial de Londres sobre o caso
das “dívidas ocultas”.
Moçambique exige 3,1 mil mi-
lhões de dólares por danos, com-
pensação e indemnização ao gru-
po naval Privinvest e ao proprietá-
rio, Iskandar Safa, os quais acusa
de pagar subornos a funcionários
públicos, incluindo o antigo minis-
tro das Finanças Manuel Chang,
que assinou as garantias soberanas
sobre os empréstimos.
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SOCIEDADE

Transportadores de Namicopo “mandam passear” as

autoridades e definem novo preço do “chapa 100”
Numa altura em que
os transportadores ur-
banos de pessoas e bens
na cidade de Nampula
lutam a todo custo pa-
ra aumentar a tarifa de
“chapa 100” a nível da
urbe por causa dos cus-
tos de combustíveis e
acessórios que são ele-
vados, os operadores de
Namicopo fizeram al-
go diferente, mostrando
mais uma vez, perten-
cerem a “uma república
à parte com regras ró-
prias”. Ninguém impõe regras em Namicopo
isso, preferiram baixar o preço pa- ida, mas com o preço de chapa re- Manuel Vieira Pinto, que li-
ANTÓNIO CINTURA ra cinco meticais”, acrescentou. duzido diz ser possível fazer-se ao ga o Posto Administrativo de
Para os chapeiros, a redução dos trabalho pagando apenas dez mati- Namicopo e o centro da cidade

D
valores de 10 para cinco meticais, cais de ida e volta entre 2004/2005, a tarifa de cha-
esde a semana pas-
foi movida pela falta de clientes, “Eu vendo maçaroca cozida na pas do bairro para o mercado
sada, os chapeiros
uma vez que por dia, era normal cidade e como levo em uma grande Waresta, era de 5 meticais. Devido
que operam na ro-
fazer apenas cinco voltas no máxi- quantidade para pelo menos conse- a pressão do aumento do preço do
ta Namicopo até ao
mo e ficavam sem lucros. guir algo para comer com meus fi- combustível e do custo de manu-
centro da cidade, baixaram o pre-
“Não estamos felizes com esta lhos, não consigo carregar na cabe- tenção das viaturas, a Assembleia
ço do transporte para cinco meti-
decisão, só que foi a única alterna- ça até a cidade, para depois ir pas- Municipal, durante a gestão autár-
cais. Segundo alguns entrevista-
tiva que vimos como viável porque sear por quase todas ruas com o quica do malogrado Mahamudo
dos, a situação tem como causa a
estávamos a sofrer muito, não con- peso, por isso prefiro subir chapa”, Amurane, aprovou a tarifa de 10
disputa de passageiros que envol-
seguíamos nada para casa. Estes contou a mulher. “Antigamente meticais, com pontos intermediá-
ve os moto-taxistas e os transpor-
cinco meticais não são grande coi- gastava 20 meticais só de ida e se rios de 5 meticais.
tadores dos semicolectivos, vulgo
sa, mas vão ajudar”, disse outro não conseguir acabar, tinha que Assim, os chapas de Namicopo
“chapeiros” daquela rota.
operador. “Nós combinámos com gastar mais 20 de regresso, mas teriam como ponto intermédio, a
Para estes, durante a altura em
estes taxistas para fazerem a 20 com a redução do preço de chapa, Padaria Nampula, mas os opera-
que o “chapa” custava 10 meticais
meticais e o chapa custar 10. Por mesmo subindo o carro para ida e dores preferiram cortar a rota para
para Namicopo, foi acordado que
algum tempo convivemos com is- volta, gasto apenas 20 meticais e o Waresta visando terminar apenas
os taxistas tinham que praticar o
so em harmonia, mas nos últimos meu lucro cresce um pouco” disse na zona da Padaria Nampula. Na
preço de 20 meticais por cliente,
meses começaram a cobrar 10 me- a dona Marta. altura, houve muitas tentativas do
mas depois de um tempo, muitos
ticais e nós ficamos sem clientes”, A outra satisfação veio de Amede presidente Amurane e o seu gover-
operadores de táxi-mota passaram
disse um cobrador de chapa. Assane, trabalhador numa das lo- no para colocar os “namicopoen-
a carregar passageiros por 10 me-
jas da zona cimento, que conta que ses” na linha, mas foi sem suces-
ticais, deixando os chapeiros sem
Passageiro sai a ganhar diariamente, também era sujeito a so. e o edil perdeu a batalha
clientes.“Os taxistas de motas vi-
Com a luta instalada, o cida- gastar 40 meticais, principalmente O chapa 100 em Namicopo con-
nham em frente dos nossos carros
dão é que sai a ganhar, pois com o nos dias que não tinha dinheiro pa- tinuou a custar 5 meticais, mas só
e chamavam clientes e cobravam,
agravamento de preços dos servi- ra comprar comida preparada pa- até a Padaria Nampula, facto que
10 meticais cada, o mesmo valor
ços e produtos, ter o chapa a cinco ra o almoço, mas agora só gasta 20 aconteceu até 2023, altura em que
dos chapeiros e por causa da ra-
meticais, facilita a vida do pacato meticais, metade daquilo que era o edil Paulo Vahanle rejeitou apro-
pidez e o preço, os clientes prefe-
cidadão. antes. “Esta situação veio para sal- var a tarifa de 15 meticais propos-
riam descer do chapa e viajar de
Marta Ussene vive na zo- var as nossas vidas, pois algo está a ta pelos transportadores e os cha-
mota deixando os chapeiros sem
na do Posto Administrativo de melhorar”, comentou. peiros, entraram em greve e fica-
clientes”, disse. um transportador.
Namicopo e nos dias úteis da se- ram dias sem circular na cidade.
“A situação se alastrou por muito
mana vende maçaroca cozida na Ninguém impõe regras em
tempo e os chapeiros começaram
cidade. Antes, para levar a sua Namicopo
a perder muito, daí que para evitar
mercadoria, gastava 20 meticais de Com a asfaltagem da Rua Dom
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DESTAQUE

Abandono Estatal: Edifício dos registos e notariado

vira cenário de crime e violência em Nampula
Um imóvel dos Registos
e Notariado de Nampula
construído em 2018, no
âmbito da expansão e pro-
visão dos serviços ao ci-
dadão, está abandonado à
própria sorte e se transfor-
mou num refúgio de crimi-
nosos, sob olhar impávido
das autoridades do sector.
AGOSTINHO MIGUEL

L
ocalizado no bairro de
Marrere, no posto ad-
ministrativo urbano de
Natikiri, arredores da
cidade de Nampula, o edifício que
seria um alívio para as comunida-
des locais e circunvizinhas, devido À espera dos melhores dias...
a procura dos serviços de registos,
justiça local. Consta que os Registos Entretanto, NGANI ouviu as lideran- Obras Públicas Habitação e Recursos
virou esconderijo de malfeitores
e Notariado de Nampula contrata- ças comunitárias, as quais, mostra- Hídricos de Nampula a fazer o levan-
que na calada da noite protagoni-
ram um guarda para a protecção do ram-se preocupadas e desapontadas tamento dos estragos para a reabilita-
zam assaltos e roubos em residên-
imóvel, mas devido a falta de paga- com o recrudescimento do fenómeno ção da imponente infraestrutura.
cias. Como uma das consequências
mento dos honorários mensais, o e exigem o sector de Justiça, Assuntos “Na altura, as obras de reabilitação
alguns moradores recorrem a con-
mesmo decidiu procurar por outro Constitucionais e Religiosos, a correc- estavam avaliadas a 1.5 milhão de me-
servatória do vizinho distrito de
emprego para sustentar a família. À ção do problema que passa necessa- ticais e nós informamos os cofres dos
Rapale que dista à 30 quilómetros
reportagem do NGANI, moradores riamente pela reabilitação do imóvel, registos e notariado e lançou-se o con-
da cidade de Nampula, para tratar
relataram que sem o guarda, o imó- o mais rápido possível, no sentido de curso no ano passado, só que quan-
os seus documentos.
vel constitui ameaça, pois começam evitar que o pior aconteça. do o empreiteiro entrou no terreno,
Dados na posse do NGANI in-
a aumentar caos de agressões e vio- Dizem ter tentado inúmeras vezes notou que as lacunas ultrapassavam
dicam que as obras para constru-
lação sexual de mulheres. combater o fenómeno através de vo- o valor anteriormente estipulado, daí
ção do imóvel, custaram cerca de
Dino Soares precisou que, por luntários que tinham a missão de fa- que pediu para se fazer uma reavalia-
6 milhões de meticais, provenien-
conta do recrudescimento de ac- zer patrulha na zona, mas sem su- ção”, esclareceu.
tes do erário público e a entrega de-
ções criminais no local, os morado- cesso, acrescentando que, os melian- Acrescentou que, depois da realiza-
veria ter acontecido nos meados de
res deixaram de circular nas noites, tes andam em grupos numerosos que ção de novos estudos, desencadeados
2020. A conservatória que poderia
porque o sítio não confere seguran- chegam atingir 15 elementos cada, su- por uma equipa multissetorial com-
descongestionar as actividades no
ça. “Este edifício é um perigo por- perando os voluntários da comunida- posta por técnicos das Obras Públicas,
edifício provincial localizado nas
que alberga marginais. No mês pas- de. Habitação e Recursos Hídricos e
imediações da praça dos continua-
sado, por exemplo, um moto-taxista Registos e Notariado, inclusive enge-
dores, com destaque para autenti-
foi espancado e perdeu a sua moto- Sector de justiça fala de imprevistos nheiros oriundos da direcção central,
cação de documentos, emissão de
rizada para os criminosos”, revelou e promete reabilitar constatou que o valor para a reabilita-
Bilhete de Identidade (BI), cédu-
a fonte. Entretanto, Cachimo Raul, direc- ção do imóvel ronda os 4 milhões de
las e certidão narrativa, entre ou-
Ricardo Silva é outro morador tor do Serviço Provincial de Justiça e meticais.
tros documentos, encontra-se em
com quem falamos e diz que, no Trabalho de Nampula, reconheceu o “É verdade que essa preocupação
ruínas, sem sinal de reabilitação a
interior do imóvel são visíveis ves- problema e diz que, o mesmo está re- não é somente dos cidadãos é também
curto prazo. Devido ao estado de
tígios de pedaços de roupas ou cal- lacionado com a não canalização do a do governo, porque construiu-se uma
abandono, os malfeitores rouba-
çados abandonados e pede a quem material de escritório por parte da di- infraestrutura moderna para que pos-
ram quase tudo desde as portas, re-
de direito para resolver o problema. recção central. Aliás, de acordo com o sa ajudar a população que reside nas
de de proteção, janelas, inclusive
“Estamos cansados com o recrudes- dirigente, a situação é do conhecimen- imediações. Depois da reabilitação,
removeram a instalação eléctrica,
cimento de criminalidade no nosso to do Ministério da Justiça, Assuntos haverá a repartição de alguns funcio-
facto que, possibilita os larápios a
bairro e isso está relacionado com Constitucionais e Religiosos, porque nários que estão na conservatória que
desenhar as suas estratégias de ac-
este edifício abandonado porque no ano passado, aquando da sua vi- se localiza nas imediações da shoprite
tuação “no sector do arrombamen-
muitos deles, vão protagonizar as- sita à província de Nampula, Helena para Marrere”, disse. “Estamos espe-
to” das casas das populações.
saltos e roubos para depois se escon- Kida, ministra do pelouro, foi comu- rançosos que, brevemente a obra vai
NGANI sabe que após a conclu-
der aqui”, revelou. nicada sobre o assunto tendo de ime- reabrir, porque existe recursos huma-
são do edifício e por questões bu-
A fonte diz que a situação forçou diato visitado o imóvel. nos e materiais. O que podemos fazer
rocráticas, o material de escritório
o encerramento de um bar que fun- Segundo Raul, a ministra da Justiça, neste momento é pressionar para que
que devia ser canalizado a nível cen-
cionava a escassos metros do imó- Assuntos constitucionais e religiosos, a intervenção aconteça o mais breve
tral, não chegou ao destino porque
vel, porque, o grosso número de ordenou o responsável de infraes- possível”, acrescentou
foi desviado ao nível do sector de
clientes era vítima dos meliantes. truturas na Direcção Provincial das
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ANÚNCIO
FICHA TÉCNICA: Rua das FPLM, n°112 – Bairro de Muahivire – Nampula – Registo 23/GABINFO/Março 2018
Email: semanariongani@gmail.com; Director-Editorial: Júlio Paulino; Redação: Agostinho Miguel, António Cintura
e Júlio Paulino Opinião: Afonso Almeida Brandão, Carlos Sousa, José Carlos Matsinhe e Juleca Paposseco. Grafismo
e fotografia: NGANI - https://ngani.co.mz/
GANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
OPINIÃO
Há muito que não está sendo dito sobre a real causa da
retirada da Força Militar da SADC de Cabo Delgado por
razões diplomáticas mas que jornalisticamente são dizíveis
Q
uando estava a estudar re-
lações internacionais e di-
plomacia, um dos ensina-
mentos que me foi impregnado pelos
melhores professores que me deram
aulas, como o Professor Doutor tan-
zaniano Ibrahimo Msaba, foi que há
problemas que são discutidos nas me-
sas diplomáticas, que para não dar a
entender que há problemas não sana-
dos entre as partes, as mesmas par-
tes optam por não as tornar públicas,
limitando-se a justificações evasivas
que não fazem nenhum sentido mes-
mo para os leigos.
Quando também estava a estudar
jornalismo, os meus melhores profes-
sores disseram-me, por sua vez, que
que os problemas que os políticos e
diplomatas discutem em portas fecha-
das, e que não chegam a contento ou
os dividem, optam por não torná-los
públicos, limitando-se a comuniques
vazios, porque acham que só assim
podem evitar criar outros problemas
para alguns deles, ou contra a coesão
dos seus povos. Mas que nós jornalis-
tas os podemos revelar publicamen-
te, salvaguardando no entanto o que
pode causar danos aos seus países ou
à comunidade local ou Mundial. Isto
é o que se chama jornalísticamente
de ‘’Diplomacia Aberta’’, em contra-
-ponto à Diplomacia Oficial, que de-
corre em portas fechadas, e que usa
os tais comunicados evasivos para en-
treter o público, como esse de que a
retirada da SAMIM se deve à falta de
dinheiro. É o que irei fazer neste ar-
tigo. Vou dizer as coisas com os seus
próprios nomes, como uma forma de
fazer uma crítica construtiva à pró-
pria SADC, por se furtar aos seus de-
veres consagrados na sua Carta Cons-
tituitiva. Para mim, a desculpa de que
está a se retirar porque não têm mais
dinheiro, é uma desculpa de mau pa-
gador, dado que foi Moçambique que
deu até o que tanto precisava para
ajudar alguns dos países da SADC a
se libertar da tirania racista a que es-
tiveram durante décadas. Será que se
os terroristas estivessem a decapitar
sul-africanos angolanos em algumas
das suas províncias, os seus governos
iriam dizer que ‘’bom, nada podemos
fazer para combatê-los, porque não
temos dinheiro para manter tropas
nessas províncias, para os combater?
Claro que não diriam isso. Iriam sim
mobilizar todos os seus recursos para
combate-los até ao ultimo soldado e
policia sul-africano e angolano. Mas
como acham que não é dever da Áfri-
ca do Sul ou de outros membros da
SADC gastarem o seu dinheiro e ar-
riscar os seus soldados a lutar contra
os terroristas que estão decapitan-
do moçambicanos, então optam por
pular de Cabo Delgado. Mas isto é
como disse já ser mau pagador. É não
retribuir em ouro o que Moçambique
deu em ouro para ajudar a libertar a
própria África do Sul e alguns outros
países da região, como o Zimbabwe,
dos então sanguinários regimes racis-
tas e do apartheid, que negavam os
direitos mais básicos à maioria negra.
Os actuais dirigentes de alguns
países que agora integram a SADC,
estão a trair ou faltar ao cumprimen-
to dum dos mais fundamentais com-
promissos da Carta que instituiu esta
organização fundada em 1980 como
SADCC, e mais tarde em 1992 com
menos um ‘’C’’. O tal compromisso
ou artigo da Carta constitutiva, reza
que ‘’uma agressão a um país mem-
bro é uma agressão a todos eles’’. As-
sim sendo, não faz sentido que dei-
xem um pais membro a lutar contra
quem está a agredir todos, com a ale-
gação de falta de dinheiro. Esta alega-
ção não cabe mesmo na cabeça duma
criança, muito menos para as crianças
do presente século XXI que já aos 8
ou 10 anos já sabem tanto quanto sa-
biam as de há 50 anos com a mesma
idade, porque as actuais aprendem
não só nas escolas como nas Tvs e
cellphones inteligentes. Por favor, de-
viam ter forjado outra desculpa e não
essa de que não têem mais dinheiro!
Como disse, eu sou versado em diplo-
macia e jornalismo e temperado com
outros saberes que jazem nos livros, e
por isso estou documentado a ponto
de saber que vão deixar Cabo Delga-
NGANI
do não por causa da falta do dinheiro,
mas porque nunca assumiram aquele
terrorismo como sendo uma agressão
aos vossos próprios países também.
Mas saibam que o terrorismo é como
um incêndio na casa do vizinho que
se o não ajudam a extinguir, atingirá
as vossas também.
O problema que não assumem que
é também vosso problema, mas ape-
nas exclusivamente de Moçambique.
Não encaram genuinamente como
vosso dever ajudar Moçambique a
combater aqueles diabólicos tal como
há 40 anos Moçambique assumiu as
lutas dos povos sul-africano, zimba-
bueano e namibiano como sua luta
também, e que por causa disso os
moçambicanos pagaram um elevado
e doloroso preço, incluindo o assas-
sinato dissimulado de acidente aéreo
do fundador e primeiro presidente do
seu país, que foi Samora Machel.
Na verdade, sei através de revela-
ções dos oficiais e soldados moçam-
bicanos que combateram e ainda
combatem os terroristas em Cabo
Delgado, que a tal missão da SADC,
SAMIM, nunca foi na medida e ac-
ção desejáveis. Foi uma presença
mais simbólica que real, porque li-
mitaram-se a mandar mais oficiais
que se mantinham nas suas bases ou
mesmo hotéis que no teatro da guerra
como os faz o contingente ruandês de
que tanto se tenta diabolizar mas que
é o que tem feito um combate digno
de se dar um bayete ou viva a alto
som e tom. Com base no que sei so-
bre a SAMIM, a sua retirada não fará
muita ou mesmo nenhuma diferen-
ça, e se fez, terá sido mais pelo medo
que terão incutido nos terroristas em
função do teorema que reza que é o
medo que guarda a seara e o guarda,
porque a SAMIM nunca foi tão com-
bativa no terreno como estão sendo
as tropas moçambicanas e ruandesas.
Sei que haverá quem dirá que estou
sendo ingrato à SAMIM, mas esta é
a verdade pura e genuína que estou
a revelar aqui em nome da verdade
jornalística que jurei fazer. Uma das
provas de que nunca assumiram este
P06
Gustavo Mavie
problema como deles também, é que
o somatório do contingente dos oito
países da SADC que contribuíram
com tropas esteve muito aquém dos
mais de 2.000 que o Ruanda sozinho
mantém em Cabo Delgado! O próprio
presidente ruandês, Paul Kagame’, já
condenou esta falta de proactividade
e prontidão combativa da UA na luta
contra os inimigos comuns da África.
É mesmo por isso que o presidente
moçambicano Filipe Nyusi, escreveu
diplomaticamente na sua página de
Facebook que “Como moçambicanos
precisamos estar preparados para esta
realidade. Não fiquemos distraídos. A
responsabilidade maior está connos-
co. Precisamos estar todos unidos e
concentrados”. Quem assim fala não
é gago, como dizia sempre o melhor
meu professor do jornalismo, o ago-
ra falecido Dr. Augusto de Carvalho.
Há indicações de que entre os oito pa-
íses, há os que não estão a favor dessa
retirada e que irão se manter a título
bilateral. Do que apurei de fontes do
governo, o Zimbabwe é um dos que já
manifestou essa intenção de continuar
a combater os terroristas. Alias, este é
um dos poucos países que tinha mais
forças na SAMIM que os restantes.
Decidi expor a falácia da retira-
da da SADC, porque é dever de nós
jornalistas expor tudo o que é ruim,
para que os seus autores mudem ou
saibam ao menos que sabemos e não
gostamos como pregou o lendário
Martin Luther King Jr. Mais não dis-
se embora haja muitas verdades ainda
em torno da SAMIM como da União
Africana (UA) que também não tem
cumprido o seu dever preconizado
igualmente pela sua Carta Constituti-
va que proclama tal como a da SADC
que ‘’uma agressão a um dos países
membros da UA é uma agressão a
todos eles’’. Era imperioso que a UA
ajudasse Moçambique a combater os
terroristas em Cabo Delgado, tanto
mais quando é um facto que este gru-
po jihadista é inimiga de toda a Áfri-
ca, de toda a SADC como é de todo o
mundo - Texto extraido no perfil do Facebook
do autor.
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024 P07

AD LITTERAM
Afonso Almeida Brandão

Inteligência Artificial vs Inteligência

Natural: Confronto ou Realidade?
(Com um abraço amigo ao Eng. Carlos Sousa, pelo
seu constante interesse e curiosidade pela IA)

A
IA traz consigo uma separar o trigo do joio, encontrar o obras dos Mestres antigos e modernos, que é difícil os políticos dominarem a
promessa de avanços que se procura sem ficar afogado na de Bach aos Beatles e de Giotto a Cha- matéria. Por fim, há ainda outro risco.
prodigiosos, podendo torrente de dados sem sentido? Foi gall — a IA torna-se pouco mais do que Curiosamente, para triunfar, o ser hu-
o seu impacto, diz- em 1955, precisamente o ano em que reduncante. Quando muito, pode fazer mano nunca precisou de ser o animal
-se, ser superior ao da descoberta Jorge Luis Borges ficou completa- ao “estilo de”, um pastiche que nada mais forte, nem o mais rápido, nem o
do Fogo. Mas Tecnologia também mente cego, que John McCarthy, um acrescenta à História da Arte. No fun- mais ágil. Mas foi sempre o mais inte-
acarreta riscos, e há quem tema que assistente de Matemática da Universi- do, é pouco mais do que um falsifica- ligente — e por isso foi baptizado, com
a criatura escape ao controlo do dade de Darmouth (New Hampshire, dor. Noutro plano, um carro que ande algum optimismo, “sapiens”, “sábio”.
criador. Será que Moçambique está EUA), teve a idéia de organizar um sozinho não faz nada que um ser hu- Com a sua inteligência, o homem foi
workshop de verão naquela institui- mano médio não faça. sempre desenvolvendo ferramentas
preparada para o desafio e ciente
ção com um grupo de cientistas es- E até há situações em que seria me- que expandiam as suas capacidades, e
das suas consequências?
colhidos a dedo. O objectivo era en- lhor que a AI não existisse. Quem teve para as quais ia transferindo algumas
No seu conto de 1941 «A Bilioteca
contrar uma resposta para a pergunta de falar com uma máquina, na arqui- tarefas. Para quê desenvolver uma for-
de Babel», o escritor e poeta argenti-
formulada em 1950 por Alan Turing, tectura labiríntica de uma linha de ça bruta nos músculos quando se pode
no Jorge Luis Borges imaginou uma
o matemático gay inglês que decifrou apoio, sabe que essa pode revelar-se usar uma metralhadora ou um guin-
biblioteca “total”, cujas “prateleiras
o código Enigma e ajudou os Aliados uma experiência profundamente frus- daste? Para quê treinar a corrida quan-
registam todas as combinações pos-
a derrotar os nazis: “Serão as máqui- trante. Para ser Inteligência Artificial do há motas que andam a mais de 300
síveis dos vinte e tantos símbolos or-
nas capazes de pensar?”. ainda lhe falta a inteligência... Outra km/h? Para quê exercitar a memória
tográficos”, de A a Z, “ou seja, tudo
Sabemos hoje que as máquinas, área controversa é a da tecnologia mili- quando uma biblioteca inteira cabe
o que é dado expressar: em todos os
em particular os computadores, são tar, onde poderemos ter máquinas cada num disco rígido?
idiomas”.
capazes de fazer quase tudo: escre- vez mais perfeitas na arte de perseguir, Para quê saber a tabuada quando
Continua Borges: “tudo — a histó-
ver textos (ou seja, combinar palavras identificar e massacrar humanos. há máquinas de calcular? E assim su-
ria minuciosa do Futuro, as autobio-
sem sequências que fazem sentido), Mas há outros domínios em que a cessivamente. Delegando funções nas
grafias dos arcanjos, o catálogo fiel da
conduzir automóveis (os aviões há IA pode ser realmente decisiva. Quan- respectivas ferramentas, o homem ex-
Biblioteca, milhares e milhares de ca-
muito que usam o piloto automático), do se consegue tratar quantidades gi- pandiu as suas capacidades, mas tam-
tálogos falsos, a demonstração da falá-
realizar tarefas domésticas (hoje te- gantescas de dados à velocidade da bém perdeu competências. Por outras
cia desses catálogos, a demonstração
mos robôs que aspiram ou cozinham luz, o conhecimento vai avançando e palavras: a tecnologia aumenta o nos-
da falácia do catálogo verdadeiro, o
sozinhos), jogar xadrez e até pintar vão-se desbravando novos caminhos. so alcance e poupa-nos trabalho, mas
evangelho gnóstico de Basilides, o co-
e compor música. Mas serão capa- A Medicina, claro, é um dos campos também nos torna mais preguiçosos e
mentário desse evangelho, o comentá-
zes de pensar? Tudo indica que ain- que mais podem beneficiar. Mas tam- incapazes. Recentemente, Miguel Ni-
rio do comentário desse evangelho, o
da não. O que a IA — um conceito bém há a produção de novos materiais colelis, o líder da equipa que desen-
relato verídico da tua morte, a versão
que saiu do encontro de cientistas em ou o desenvolvimento de novas formas colveu um exoesqueleto que permitiu
de cada livro em todas as línguas, as
Darmouth — traz de novo é que, se de energia limpa, com todos os benefí- a um jovem paraplégico dar o pontapé
interpolações de cada livro em todos
não pensam, estas máquinas têm pelo cios que daí resultariam para o Planeta de saída do Mundial do Qatar, alertou
os livros (...)”. Não havia que escapas-
menos a capacidade de aprender e de e para a Humanidade. para as alterações que as novas tecno-
se a esse gigantesco arquivo.
se aperfeiçoar. É assim, por exemplo, O que terá motivado a afirmação de logias estão no próprio ser humano.
Cerca de vinte anos depois de o
que as ferramentas de assistência por Sundar Pichai, o CEO da Alphabet, a “Pela primeira vez na História uma
Autor argentino escrever o seu famo-
voz ou de tradução vão adquirindo holding que detém a Google: “A IA é geração aparentemente tem um QI
so conto, a sua fantasia começava, de
novas “competências”, tornando-se uma das coisas mais profundas em que abaixo de seus pais”, revelou o neu-
certo modo, a gangar forma, quando,
cada vez mais úteis e adequadas. Na a Humanidade está a trabalhar. É ainda rocientista brasileiro. “A neurociência
no contexto da Guerra Fria, o Depar-
Medicina, a IA não apenas permi- mais profunda do que o fogo ou a elec- está mostrando que isso está afectando
tamento de Defesa dos EUA se viu na
te processar quantidades enormes de tricidade”. o cérebro, que é um grande camaleão.
necessidade de montar uma rede des-
dados de diagnóstico, como testar vir- Se o cérebro vê que a lógica do Mundo
centralizada de partilha de informa-
tualmente todas as soluções possíveis,
SERÃO OS HUMANOS em redor está mudando, se as contin-
ções. Essa rede de informação, a AR-
e determinar quais delas funcionam, DESCARTADOS? gências estão mudando, ele se adapta.”
PANET, estaria na origem da actual
o que vai permitir, em teoria, encon-Neste admirável Mundo Novo há A Ciência e os cientistas certamente
Internet, o equivalente tecnológico da
trar curas para doenças hoje incurá-
porém quem teme que o criador per- aproveitarão as vantagens trazidas pela
tal Biblioteca de Babel, onde tudo se
veis num prazo relativamente curto e
ca o controlo da criatura. Poderá a IA IA. E o comum dos mortais também.
encontra disponível.
com custos controlados. Quanto à ca-
“ganhar vida própria” e ameaçar os Graças ao telemóvel, até pode andar
pacidade de aprendizagem, equivale a
humanos? Poderemos nós acabar por com ela no bolso. Mas corremos sem
MÁQUINAS CAPAZES
“capacidade de adaptação”, ou seja,
ser descartados pela tecnologia inteli- dúvida o risco de a Inteligência Arti-
DE PENSAR
agir de acordo com as especificidades
gente? Sendo a margem de evolução ficial ser cada vez mais omnipresente,
Mas seria a biblioteca de Borges
exigidas para um caso particular. e de adaptação uma das marcas desta enquanto a Inteligência Natural se tor-
uma espécie de paraíso do conhe-
tecnologia, a pergunta é descabida, e a na cada vez mais rara. Inquestionável
cimento ou uma maldição? Como
“MAIS PROFUNDA União Europeia acaba de anunciar um — numa palavra. Deixamos, desde já,
orientarmo-nos num arquivo onde
QUE O FOGO” acordo para avançar com a regulação a promessa de voltarmos a abordar o
existe “tudo o que é dado expressar”,
Em áreas como a Música ou a da IA — um feito especialmente notá- assunto da IA em próximos artigos.
“em todas as línguas”? Como navegar
Pintura — em que temos as grandes vel, pois trata-se de algo tão complexo
nessa imensidão sem limites? Como
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024 P08

AS RODAS DO NOSSO CHÃO

Carlos Sousa
É grave continuamos a permitir em nome
profissional - desafios a riscos, perigo, altos
custos acrescidos, forçando veículos a avarias
(Conclusão)
Por teimosia e negligência de Chefias!

Possíveis Soluções? O que ro estiver funcionando, o alterna-

devo fazer com a bateria descar- dor, se estiver em ordem, manterá
regada? a carga nominal 13,6 V necessária
e em conformidade.
Digamos que se trate de um Se não tiver acesso a esse dispo-
carro recente todos aquém de sitivo carregador de bolso, a opção
20 anos) dispõem de muitos ele- restante é levar a bateria “doente”
trônicos e para não correr o ris- a um posto de assistência técnica
co, gerar e multiplicar avarias, a baterias, ou oficina competente,
custos, emissões e prejuízos, há onde poderá verificar o estado e
duas ações principais a serem to- carregá-la ou substituí-la, em con-
madas. formidade com aquilo que se jus-
Conhece a disponibilidade de tificar.
um “carregador rápido” portá- Importa relembrar que por mo-
til de dimensão ao bolso, ade- tivo dos automóveis há mais de 20
quado para assistirmos diversas anos, estarem equipados com os
baterias, assegurando em simul- sistemas “catalisadores e ou Fil-
tâneo a manutenção das varias tro de Partículas” no processo de
“memórias” indispensáveis a escape, no entanto interligados
serem mantidas operativas, seja ao sistema de gestão do motor, o
no controlo, gestão, e de infor- método de forçar ao arranque do
mação, disponíveis a bordo do motor por empurrão, também é
automóvel. obviamente da prateleira do Pas- -los no presente, por respeito a tec- formação em conformidade!
Encontram-se facilmente no sado, a evitarmos danos neste nologias em constante desenvol- N.B.,
mercado, de características, ca- componente, caro e de importân- vimento, justamente, a Adequada O custo pelo cuidado (via for-
pacidades e custos, razoáveis ao cia Vital, sendo um dos facilitado- Formação em foco sustentável re- mação adequada) é sempre Muito
bolso de quem possui um veícu- res que devem minimizar e reduzir quer o envolvimento a disciplinas Menor do que o custo de qualquer
lo, um pouco mais caro que um as terríveis emissões. e procedimentos nomeadamente reparo, sem considerarmos adicio-
conjunto de bons cabos auxilia- Se ignorar e forçar nesse senti- OHSEQ e ISO 39001, por confor- nais riscos, perdas e indisponibili-
res! É recomendável ligá-lo com do, para além das consequências midades do foro profissional. dades! Estamos disponíveis como
a bateria “doente” ler os indica- já referidas, o veículo vai passar a Recomendo que haja mais Aten- Facilitadores do Conhecimento,
dores no dispositivo e por breves consumir mais e a gestão do motor to, seguimento e efectiva consta- onde as Rodas devem satisfazer as
3 minutos apenas, seguir as ins- fica prejudicada até um diagnósti- tação sobre operações realizadas necessidades do Homem e Organi-
truções desse dispositivo, até que co adequado detectar ao encontro por serviços agindo em nome pro- zações.
tenha energia suficiente para fa- da solução desse grave erro, corri- fissional, que não reúnem capa-
zer o arranque e assim que o car- gindo a pesados custos e semean- cidades técnicas adequadas, nem Carlos Sousa ( eng )
do, incertezas. Prestador de Serviços de Cons-
Não se deixe em Distracção, por- tatação - Consultor, Perito Auto,
que Todos os automóveis encon- Especialista em Segurança Rodo-
tram-se equipados com cada vez viária, Formador Mestre TOT, ao
mais sistemas electrónicos, e por Uso, Manutenção Veículos e Segu-
isso, respeitemos as conformida- rança por Gestão de Frotas & Ava-
des, os adequados procedimentos, liações Periciais !
e sobretudo a necessária Formação Acreditado por Organizações
de Aperfeiçoamento Profissional, nas Indústrias Extractivas, licen-
em satisfação ao uso, manutenção ciado para Moçambique, e Certifi-
e controlo. Entre muitos outros cado na região SADC.
factos e factores que eram comuns Sede licenciada em Maputo
no passado, não devemos aplicá- +258 85 284 0215
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024 P09

ANÚNCIO
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
Capacitação de pequenas e médias empresas
de África através da adopção de tecnologia
Para ajudar a impulsio-
nar a adopção da tecno-
logia entre as PMEs do
continente, o relatório
descreve a importância
de partilhar as melhores
práticas visando permi-
tir uma melhor tomada
de decisão e uma melhor
relação custo-eficácia
C
erca de 70% das
pequenas e médias
empresas (PMEs)
em África investi-
ram em tecnologia
nos últimos 12 meses para ajudar
a promover o crescimento e a re-
siliência – uma indicação de que
as PMEs estão a abraçar o im-
pacto positivo da tecnologia.
Existem diversas oportunidades
que libertam todo o potencial da
digitalização para estas empresas
e para o continente, o que signi-
fica lidar com barreiras, como in-
fraestruturas, conectividade e o
elevado custo de implementação
de tecnologia, e desenvolver mo-
delos de melhores práticas para
uma melhor colaboração.
Estas são as descobertas de
um novo relatório, intitula-
do “Levelling the SME Playing
Field” (Nivelando o Campo de
Jogo das PMEs), lançado em
conjunto pelo Vodacom Group,
Vodafone Group e Safaricom.
O relatório é o sexto trabalho de
investigação no âmbito da cam-
panha Africa.connected, que al-
meja impulsionar o desenvolvi-
mento sustentável para eliminar
o fosso digital nos principais sec-
tores económicos da África por
meio de parcerias estratégicas.
“Este relatório analisa os desa-
fios específicos que as PMEs en-
frentam na África e revela o que
precisa de ser feito para ajudar
estes empresários a superar estes
obstáculos. Nossas descobertas
“As soluções e ferramentas digitais abrem possibilidades para que os empreendedores e proprietários de pequenas empresas co-
nectem-se e discutam as melhores práticas para poderem aprender...”
destacam o papel significativo
que a tecnologia pode desempe-
nhar em ajudar pequenas empre-
sas a explorar novas oportunida-
des, aceder ao financiamento, au-
mentar a produtividade, reduzir
custos e aumentar a sua competi-
tividade”, disse Shameel Joosub,
CEO do Vodacom Group.
A adopção de tecnologia por
PMEs da África apresenta desa-
fios únicos. Ao ir além da infraes-
trutura inadequada e do acesso
à conectividade, as conclusões
revelam que a maior dificulda-
de das PMEs é o elevado custo
das actualizações tecnológicas e
renovações (58,3%), que podem
impedir que pequenas empresas
acompanhem os avanços tecno-
lógicos mais recentes. Quase um
terço das PMEs (32%) também
se preocupam com a falta de
competências e conhecimentos
digitais para tirar pleno partido
das soluções tecnológicas. Além
disso, a investigação aponta pa-
ra questões regulamentares e de
conformidade como obstáculos
nos esforços das PMEs para di-
gitalizarem-se.
A investigação baseia-se em
conversas com 400 PMEs em
oito países africanos (África do
Sul, Quénia, Egipto, Etiópia,
Moçambique, Tanzânia,
República Democrática do
Congo e Lesoto), variando em ta-
manho de um a 200 funcionários.
Estes levantamentos foram reali-
zados em parceria com a World
Wide Worx, uma empresa de es-
tudo de mercado sul-africana que
se foca nas tendências em tecno-
logia da informação e telecomu-
nicações.
Em África, a digitalização foi
um modificador para as PMEs,
com os entrevistados a destacar
o efeito positivo da tecnologia
na melhoria do crescimento, efi-
ciência, competitividade e aten-
dimento ao cliente. Além disso,
ao usar as plataformas de comér-
cio electrónico, redes sociais e so-
luções de pagamento digital, co-
mo o M-Pesa, as PMEs podem
expandir o seu alcance, aceder a
dados valiosos e agilizar as ope-
rações.
Para ajudar a impulsionar a
adopção da tecnologia entre as
PMEs do continente, o relatório
descreve a importância de par-
tilhar as melhores práticas pa-
ra permitir uma melhor tomada
de decisão e uma melhor rela-
ção custo-eficácia. Do ponto de
P10
ECONOMIA
vista de partilha de conhecimento,
estas normas promovem uma cul-
tura de aprendizagem, que ajudam
a identificar lacunas na compreen-
são e facilitam a implementação de
ideias inovadoras, ao mesmo tempo
que fornecem uma base de conheci-
mento interna e reduzem a perda de
know-how. Além disso, a adopção
de práticas e tecnologias comprova-
das é mais rápido e seguro do que
testar novas.
“As soluções e ferramentas digi-
tais abrem possibilidades para que
os empreendedores e proprietários
de pequenas empresas conectem-se
e discutam as melhores práticas pa-
ra poderem aprender com as expe-
riências uns dos outros, mitigar obs-
táculos comuns e maximizar o seu
potencial. Nós, na Vodacom, esta-
mos interessados em fazer parcerias
com pequenas empresas e apoiá-las
na sua jornada rumo ao sucesso.
Como uma empresa orientada pa-
ra um propósito, o nosso objectivo
é utilizar as nossas redes e as nossas
capacidades técnicas para ajudar as
PMEs a inovarem para que juntos
possamos criar um futuro mais re-
siliente, inclusivo e sustentável para
África”, disse Joosub.
REDACÇÃO
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
EDM ultrapassa cobertura de 50% de
eletricidade no final de 2023
Moçambique realizou
mais de meio milhão
de novas ligações do-
miciliárias de eletrici-
dade em 2023, elevan-
do a taxa de cobertu-
ra acima dos 50%, se-
gundo dados da execu-
ção orçamental do ano
passado.
D
e acordo com o do-
cumento governa-
mental sobre a exe-
cução de Janeiro a
Dezembro de 2023, o processo
de “expansão da rede elétrica na-
cional permitiu o estabelecimento
de 522.824 novas ligações domi-
ciliárias”. Destas, 382.403 foram
concretizadas através da Rede
Elétrica Nacional e 140.421 “atra-
vés de sistemas isolados”.
Assim, acrescenta o documen-
to, a taxa da população com aces-
so a energia elétrica passou de
47,8% em 2022 para 53,4% em
2023. Moçambique prevê atin-
gir em 2030 o acesso universal à
energia com medidas que incluem
a expansão da infraestrutura elé-
trica e soluções fora da rede, se-
gundo a Estratégia de Transição
Energética (ETS).
“A expansão da rede se-
rá fundamental para garantir o
EDM ultrapassou cobertura da metade de electricidaade em 2023
acesso universal à energia”, tan-
to eléctrica como térmica, apon-
ta o documento aprovado pe-
lo Governo, recordando que, se-
gundo a Estratégia Nacional de
Eletrificação, para atingir este ob-
jetivo em 2030, com uma percen-
tagem de 70% de soluções ligadas
à rede e 30% fora da rede, serão
necessárias “aproximadamente
2,5 milhões de novas ligações na
rede e dois milhões de ligações
fora da rede”.
Refere igualmente que serão
adicionadas ou melhoradas li-
nhas de alta tensão para fornecer
a capacidade hidroelétrica a ins-
talar após 2030, também aos paí-
ses vizinhos.
“A capacidade adicional de
transmissão nos próximos anos
dependerá do crescimento da
procura nacional e determinará a
capacidade do país para exportar
eletricidade. Este programa de
médio/longo prazo visa permi-
tir à rede elétrica garantir o equi-
líbrio entre a oferta e a procura,
bem como manter a estabilidade
da rede elétrica”, lê-se no docu-
mento, que detalha um dos pro-
gramas da ETS.
Estabelece igualmente que esta
expansão inclui a infraestrutura
elétrica doméstica básica, “mas
também a criação de novos cor-
redores industriais verdes”, no-
meadamente o de Nacala, nor-
te do país, “com capacidade pa-
ra absorver e transportar ener-
gias renováveis”. “O objectivo é
transportar energia para o sistema
centro-norte, aumentar a taxa de
acesso universal e fortalecer o de-
senvolvimento de um processo de
industrialização verde nas princi-
pais zonas industriais”, aponta.
O documento reconhece como
fundamental uma “rede interli-
gada viável” e traça o objetivo de
“expandir e reforçar” a rede na-
cional até 2030, para garantir o
fornecimento de 28 a 32 TWh
[TeraWatt-hora] de energia, “in-
cluindo o desenvolvimento de
infraestruturas nacionais e uma
quota de 15-25% de energias re-
nováveis”.
Depois de 2030, Moçambique
“expandirá ainda mais a rede”,
para suportar 55 a 65 TWh, in-
cluindo 30 a 40% de energias re-
nováveis, subindo para 65 a 75
TWh entre 2040 a 2050, metade
P11
ECONOMIA
garantido por renováveis.
O Presidente moçambicano,
Filipe Nyusi, afirmou na Cimeira
do Clima, em Dezembro passa-
do, que a ETS vai colocar o país
na “vanguarda da inovação cli-
mática”. “Esta iniciativa não
apenas coloca Moçambique na
vanguarda da inovação climá-
tica, como também o posiciona
como um destino de investimen-
to atrativo sustentável”, disse o
chefe de Estado, após intervir,
em 02 de Dezembro, num dos
painéis da Cimeira da ONU so-
bre o clima (COP28), que decor-
reu no Dubai.
O Ministério dos Recursos
Minerais e Energia de
Moçambique anunciou em 27
de Novembro investimentos de
80 mil milhões de dólares (73
mil milhões de euros) na ETS, a
implementar até 2050. No perío-
do 2024 a 2030, o Governo mo-
çambicano prevê adicionar 3,5
GigaWatts (GW) de nova capa-
cidade hidroelétrica através da
modernização das centrais exis-
tentes e da conclusão do projeto
hidroeléctrico Mphanda Nkuwa.
MANGAVA DOS SANTOS
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
António Muchanga defende a eliminação da
figura do Secretário de Estado na província
O deputado pela ban-
cada da Renamo na
Assembleia da República
(AR), António
Muchanga, defende a re-
visão urgente da lei nº
7/2019 de 31 de Maio
que estabelece o qua-
dro legal sobre a or-
ganização e funciona-
mento dos Órgãos de
Representação de Estado
na província, por se ve-
rificar que ainda conti-
nuam alguns “solavan-
cos” com relação a figu-
ra de representação de
Estado.
AGOSTINHO MIGUEL
P
ara António Muchanga,
a descentralização ainda
continua uma miragem
no país e segundo as suas
palavras, alguns sectores de activida-
des apenas estão a “mamar” do erá-
rio, sem no entanto, mostrarem tra-
balho para o efeito. Muchanga en-
tende que, a figura de representação
de Estado ao nível das províncias,
tem estado aumentar as despesas na
tesouraria pública, uma vez, não se
perceber sobre a sua funcionalidade
sobretudo os seus poderes executi-
vos.
“As despesas do Secretário de
Estado e do governo são iguais.
Estamos a fazer o quê? Se estamos
num país onde não há recursos.
O governo provincial tem uma as-
sembleia e o secretário de Estado
presta contas a quem? A ninguém.
Portanto, este é que é um grande
Calcanhar de Aquiles que acho ser
urgente a remoção porque a própria
Constituição da República (CRM)
é clara sobre isso. Não dá poderes
de governação a representação de
Estado”, frisou.
O deputado do partido Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo),
referiu que, Moçambique tem estado
a falhar na implementação do mode-
lo adoptado nos países cuja democra-
cia ainda continua activa, a exemplo
de Itália e Espanha, onde a figura do
Secretário de Estado, não tem estrutu-
ra paralela.
“O que nós estamos a fazer é o con-
trário ao que os outros estão a fazer. A
figura do representante de Estado está
lá, mas não interfere. O representan-
te do Estado é uma personalidade que
tem um gabinete singular com assis-
tência de uma secretária, um motoris-
ta e ADC. Infelizmente, fomos buscar
um modelo que cria paralelismo de
instituições, razão pela qual estamos
a duplicar as despesas ”, sublinhou, o
antigo porta-voz da Renamo.
Muchanga que é também, relator da
Comissão da Administração Pública
e Poder Local na apelidada “Casa do
Povo”, crítica igualmente, o funciona-
mento dos órgãos de fiscalização do
executivo provincial, por alegadamen-
te, o organismo não estar a realizar
regularmente as sessões ao nível da
província que tem em vista, fiscalizar,
viabilizar ou chumbar os projectos do
governo provincial.
“Não estamos a caminhar bem, por-
que as Assembleias Provinciais têm
pouco tempo de trabalho concreto na
Deputado António Muchanga
fiscalização das actividades das ad-
ministrações locais, do chefe do pos-
to incluindo o chefe das localidades.
As Assembleias Provinciais reúnem
pouco tempo e se for a comparar as
sessões da Assembleia Provincial
(AP) e Assembleia Municipal (AM),
vai notar que, a segunda tem mais
reuniões em relação a primeira, ten-
do em conta que, AP tem mais res-
ponsabilidades que AM”, revelou.
Por sua vez, Hermenegildo
Mulhovo, director executivo
do Instituto para Democracia
Multipartidária, (IMD) frisou a ne-
cessidade de aprimoramento do pa-
cote atinente a descentralização ten-
do em conta que a sua implementa-
ção no país ainda está na fase em-
brionária. Mulhovo reconheceu ha-
ver ainda focos de clivagens entre
as figuras de secretário de Estado e
governador provincial na tomada
de decisões e insta ambas partes pa-
ra fazerem valer os estatutos para os
quais foram incumbidos. “Tivemos
tensões no passado entre as figu-
ras de secretário de Estado e gover-
nador provincial. A exemplo disso,
reportamos clivagens nas provín-
cias de Manica, Sofala e Zambézia.
Acreditamos que é um processo que
P12
POLÍTICA
está em evolução e nos próximos dias,
poderemos colher bons resultados ”,
tranquilizou a fonte.
Para o director executivo do IMD,
urge dotar os dirigentes de conheci-
mentos sobre a separação de poderes
de modo que, a implementação dos
processos subsequentes, mormente
relacionados com a descentralização
distrital, venham a lograr êxitos.
“É necessário tomar em considera-
ção que há vários aspectos que tem
que ser clarificados sobretudo as res-
ponsabilidades de nível provincial e
de distrital. E urge a remoção dos obs-
táculos que impedem com que tenha-
mos avanços significativo neste aspec-
to ”, disse.
Para o funcionamento pleno das es-
truturas locais, no âmbito da imple-
mentação do pacote de descentraliza-
ção no país, na óptica da fonte, é ne-
cessário que seja revista igualmente, a
descentralização financeira.
Os pronunciamentos foram torna-
dos públicos na semana finda, em
Nampula, na reunião de balanço de
quatro (4) anos de implementação
do pacote atinente a descentraliza-
ção no país, tendo juntado na mes-
ma sala, governantes, académicos e
Organizações da Sociedade Civil.
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
Paulo Vahanle suspeito de vender infraestru-
turas públicas do município de Nampula
Cerca de dois meses
depois da entrega das
pastas ao novo execu-
tivo liderado por Luís
Giquira, no municí-
pio de Nampula, sur-
ggem indícios da ven-
da de infra-estruturas
públicas do Conselho
Autárquico de
Nampula, por parte do
elenco cessante lidera-
do por Paulo Vahanle,
num esquema descrito
como ilegal.
D
e acordo com infor-
mações apuradas
por NGANI, trata-
-se do histórico edi-
fício da Assembleia Municipal
onde funciona o Departamento
de Construção e Urbanização,
Balcão de Atendimento Único
Municipal, localizados no pro-
longamento da Avenida Eduardo
Mondlane, assim como o edifício
onde actualmente funciona o de-
partamento de Polícia Municipal
e Fiscalização.
Membros da Assembleia muni-
cipal do último mandato que ti-
nha a RENAMO como maioria,
informaram ao NGANI que a
venda das mencionadas infraes-
truturas nunca foi objecto de de-
bate nas sessões daquele órgão,
situação que levanta suspeitas de
que o caso esteja associado a um
esquema de corrupção e nepotis-
mo por parte de Vahanle.
“Tomamos conhecimento e de
forma surpreendente que se ven-
deram os imóveis durante a entre-
ga das pastas e nós como éramos
os membros que aprovavam as leis
e deliberações, nunca fomos in-
formados e nenhuma proposta a
propósito, o executivo apresentou
P13
POLÍTICA
Paulo Vahanle suspeito de vender innfra-estruturas municipais
ao nosso órgão”, revelou a fonte. termo de entrega dos bens do mu- adquiridos por um cidadão oriun-
Menuel Chichoci, outro mem- nicípio, que na sua página 27 arro- do da região dos grandes lagos.
bro da assembleia municipal, la todos os imóveis da edilidade. Em caso de se confirmar a ver-
lamentou a atitude do executi- “O presidente ainda está a arru- são de que o negócio foi ilegal,
vo cessante. “Acompanhamos mar a casa e aos poucos vai veri- aventa-se a hipótese de o proces-
nos bastidores e por via da im- ficando o que existe ou não. Caso so de compra e venda ser cance-
prensa sobre o projecto de cons- notarmos irregularidades, seguire- lado e os prejuízos recairão ao
trução de novas instalações da mos para os procedimentos legais. cliente. Além da suspeita da ven-
Assembleia Municipal, Polícia Como pode ver, o novo edil ainda da dos edifícios, consta que com
Camararia e Fiscalização entre não assinou o referido termo de en- a saída de Vahanle e seus acóli-
outras áreas, numa das zonas de trega. Na devida altura iremos nos tos, sumiram também dois com-
expansão, concretamente para pronunciar sobre o assunto”, ex- putadores alocados à Assembleia
quem vai à Moma e Angoche”, plicou Munhaque. NGANI apu- Municipal.
disse Chichochi. “A proposta ou rou ainda que os edifícios foram JÚLIO PAULINO
qualquer informação sobre o as-
sunto, nunca passou ao conhe-
cimento dos membros do órgão
deliberativo, ou por outra, não
se sabe se as mencionadas obras
tiveram adjudicação directa ou
por concurso público. E nem sa-
bemos dos valores envolvidos no
processo, espero que isso mereça
uma investigação séria”, acres-
centou.
Falando ao NGANI, o actual
chefe do Gabinete do Conselho
Autárquico de Nampula,
Orlando Munhaque, disse des-
conhecer o ponto de situação do
negócio, uma vez que ainda se es-
tá em processo de verificação do Conselho Municipal de Nampula que vai se tornando pequeno para albergar to-
dos os sectores para o seu pleno funcionamnto
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024 P14

CULTURA

Fernanda Ribeiro vence Prémio de Revelação

Literária UCCLA-CMLisboa
A obra vencedora da
9.ª edição do Prémio
Revelação Literária
UCCLA-CMLisboa
– Novos Talentos,
Novas Obras em Língua
Portuguesa foi atri-
buída ao romance
“Cantagalo” da autoria
de Fernanda Teixeira
Ribeiro, de 40 anos, de nacionali-
dade brasileira e residente em São
Paulo, Brasil.

O
júri decidiu, igual-
mente, atribuir
duas menções hon-
rosas:
– Poesia “Chão
de Saibro” de Frederico da Cruz
Vieira de Sousa, brasileiro, de 42
anos, residente Belo Horizonte,
Minas Gerais, Brasil;
– Romance “A Sintaxe da Guerra”
de Joaquim Njungo Jeremias, ango-
lano, de 29 anos, natural de Luena,
província de Moxico, Angola.
De acordo com o júri, “Cantagalo”
é “um romance de família, com
Praxedes, nome obtuso, como cen-
tro da ficção. História de peripécias
rápidas, diálogos vivos, o que atra-
vessa este livro como rio subterrâ-
neo é não só a condição feminina e
a questão da escrita, mas a própria
condição do Livro como possibili-
dade de escapar a uma vida vazia,
concreta, feita de cenas sem sentido
nesse lugar – Cantagalo – que é ale-
goria de todo o Brasil. Tudo numa
dicção autêntica, um modo de pôr
as personagens a falar que lembra,
de facto, um outro mundo.”
Relativamente às menções hon-
rosas, o júri refere que “Chão de
Saibro” “reconduz-nos às experiên-
cias gráficas da poesia visual, da
experimentação icónica do texto,
transformando em verdadeiro tex-
to-trama-tecido de palavras. Trata-
se de um livro constituído por poe-
mas onde o som e seus jogos se so-
brepõem ao significado.”
No romance “A Sintaxe da
Guerra” “África canta a sua dor”,
onde os protagonistas “são alego-
rias de todos os que enfrentaram a
guerra colonial. Trata-se de desco-
brir neste livro de prosa descritiva,
de diálogos intensos, de fotogra-
fias aos interiores de vários infer-
nos…, um modo de narrar que ar-
ticula o performativo… com o ro-
mance social onde a mensagem da
anti-guerra é só o nível mais óbvio
desta voz comprometida.”
9.ª Edição do prémio:
Esta edição foi lançada a 7 de
maio de 2023 e encerrada a 3 de-
zembro de 2023. Recebemos 168
candidaturas nesta edição oriun-
das de 15 países: Ásia (Timor-
Leste), África (Países de Língua
Portuguesa e Senegal), América
(Brasil), Europa (Alemanha,
Polónia, Holanda, Reino Unido,
Suíça), e Médio Oriente (Israel).
De referir que o Brasil tem sido o
país com o maior número de can-
didaturas. Infografia desta edição
– https://www.uccla.pt/sites/de-
fault/files/infografia_premio_lite-
rario_uccla2023_24.pdf
Júri desta edição: Domício
Proença, Brasil; Germano
Almeida, Cabo Verde; Hélder
Fernanda Teixeira
Simbad, Angola; Inocência
Mata, São Tomé e Príncipe; Pires
Laranjeira, Portugal; Luís Carlos
Patraquim, Moçambique; Luís
Costa, Timor-Leste; Tony Tcheka,
Guiné-Bissau; Yao Jing Ming,
Macau; pelo Movimento 800
anos da Língua Portuguesa – João
Pinto Sousa; pela UCCLA – Rui
Lourido.
Vencedores das edições anterio-
res:
– 2023:
Primeiro prémio em ex aequo:
“Breviário de Medo e Malícia”
de Leonel Araújo Barbosa, de 38
anos, de nacionalidade portugue-
sa, residente em Lisboa;
“Sentido Litoral” de André
Bazzoni Bueno, de 44 anos, de na-
cionalidade brasileira, residente
em Santa Cruz Cabrália, Bhaia;
Menções honrosas em ex aequo:
“Os Poemas Figurativos” de
Paulo Jorge Monteiro Marques, de
52 anos, de nacionalidade portu-
guesa, residente em Lisboa;
“Sete Contos Insensatos” de
Emanuel Vasconcelos Barbosa, de
56 anos, com dupla nacionalida-
de Portugal/Cabo Verde, residente
no Estoril, Portugal.
– 2022:
1.º Prémio – “Caligrafia” de
Alexandre Siloto Assine, brasileiro;
Menção Honrosa – “Três Dias
em Fevereiro” de Ricardo Ferreira
de Almeida, português;
– 2021:
“O Sonho de Amadeu” de
Leonardo Costa Oliveira, brasilei-
ro;
– 2020:
“O Heterónimo de Pedra” de
Henrique Reinaldo Castanheira,
português;
– 2019:
“Praças” de António Pedro
Serrano de Sousa Correia, portu-
guês, natural de Angola;
– 2018:
“Equilíbrio Distante” de Óscar
Maldonado, de nacionalidade pa-
raguaia, a residir em São Paulo, no
Brasil;
– 2017:
“Diário de Cão” de Thiago
Rodrigues Braga, de nacionalida-
de brasileira, natural de Corumbá,
Goiás, Brasil;
– 2016:
“Era uma vez um Homem” de
João Nuno Azambuja, de naciona-
lidade portuguesa.
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
Casimiro Nhussi repõe “a dança da poligamia”
na província de Inhambane
“A Dança da
Poligamia” é títu-
lo de um bailado que
estreia no próximo
dia 19 de Abril, às 17
horas, no Instituto
Industrial e Comercial
Eduardo Mondlane de
Inhambane. O espe-
táculo produzido pela
VINA Produções en-
quadra-se nas celebra-
ções do Dia Mundial
da Dança, que se assi-
nala anualmente a 29
de Abril.
“A Dança da Poligamia”, que
estreou em 2023 na cidade de
Maputo, é da autoria e direcção
artística de Casimiro Nhussi, que
procura explorar a riqueza das ar-
tes cénicas nos domínios do tea-
tro, poesia, música e sobretudo a
dança.
Através do corpo, da represen-
tação e oralidade, “A Dança da
P15
CULTURA
Poligamia” propõe uma conversa
sobre um fenómeno cultural de
matriz africana que continua pre-
sente na sociedade contemporâ-
nea. O bailado será apresentado
numa noite de gala que promete
convergir no mesmo palco a visão
e perspectivas dos artistas sobre a
Poligamia; a partir do seu contex-
to histórico e os dias de hoje.
De acordo com Casimiro
Nhussi, “A Dança da Poligamia
é uma chuva dos movimentos
melódicos, dos sentimentos pro-
fundos que carregam as emoções
estrambóticas dos maridos e mu-
lheres. A Dança da Poligamia é
um canto e é um poema amoroso
encurralado na teia das emoções
de um ser humano. Canta as can-
ções religiosas e culturais das tra-
dições de um povo, pode ser dan-
çada emocionalmente ou intelec-
tualmente”.
O bailado procura igualmente
influenciar uma compreensão so-
bre os impactos da Poligamia na
promoção dos direitos fundamen-
tais da humanidade, olhar os pos-
síveis conflitos entre a tradição,
lei e género, bem como reflectir
sobre o lugar da tradição na so-
ciedade actual em Moçambique.
NGANI
NGANI - Segunda-feira, 01 de Abril de 2024
A ignorância do pseudo-intelectual
Felisberto Botão (1)
H
oje vamos falar
do Colonialismo
e suas variantes.
Onde nasceu e de
onde provêm as
suas raízes, a sua evolução através
dos Tempos, os seus aspectos histó-
ricos e suas consequências. Isto, pa-
ra tentarmos explicar ao psudo-in-
telectual (e “articulista” da treta),
de nome FELISBERTO BOTÃO,
alguns aspectos que ele desconhe-
ce e por isso mesmo somos levados
a dizer que estamos fartos de ler as
suas “babuseiras”, amiúde, na ru-
bríca que assina no Semanaário
EVIDÊNCIAS, de há uns meses
a esta data. E que já cheiram mal
francamente. E o pior é que deixa
o Jornal em questão numa situa-
ção pouco simpática por acolher e
dar guarida a “estes nacos” de pro-
sa gratuíta e grosseira, sem qual-
quer base de Verdade, Seriedade e
Fundamento. Vamos por parte.
O acto de colonizar um determi-
nado território teve lugar desde os
primórdios da Humanidade, tendo
sido por essa via que a espécie hu-
mana se espalhou por todo o globo.
A origem desses movimentos po-
pulacionais resultou concretamen-
te dos problemas de subsistência
(económicos), do excesso demográ-
fico (sociais), bem como das guer-
ras (políticos). A colonização pode
efectuar-se sobre um território desa-
bitado ou já habitado por outro po-
vo. De forma geral, os colonizado-
res apoderam-se das riquezas natu-
rais desse território e impõem o seu
sistema político, a sua língua, reli-
gião e outros aspectos da civilização
material. Os povos indígenas aca-
bam por tudo absorver dos povos
colonizadores, bastando para ilus-
trar essa constatação o exemplo dos
nossos antepassados lusitanos face
aos poderosos romanos.
Algo bem distinto da coloniza-
ção é aquilo que se designa por co-
lonialismo, termo que exprime uma
OS ÓCULOS DO DIABO
ideologia que justifica a coloniza-
ção como a extensão da sobera-
nia de um Estado sobre territórios
situados além das suas fronteiras
nacionais. Ora, o colonialista afi-
gura-se assim como um indivíduo
que não é necessariamente coloni-
zador, mas nutre interesses econó-
micos ou políticos em relação aos
territórios ou povos colonizados.
A hegemonia do pensamento
Marxista no seio da historiogra-
fia teve como efeito prático o esta-
belecimento de um lugar-comum
que visa definir o ideal colonia-
lista como tendo sido gerado por
uma originalmente «rapace e racis-
ta» direita política. É esta narrati-
va ficcionada que iremos abordar e
desconstruir, demonstrando que o
Colonialismo teve a sua génese pre-
cisamente no seio do pensamento
esquerdista. Ou seja: este senhor
não tem feito outra coisa senão en-
ganar os Leitores com as suas “pa-
taquadas” inaceitáveis através das
“croniquetas” que vem publicando.
Uma Esquerda
racista e colonialista
De acordo com o linguista Alain
Rey, os vocábulos colonialismo e
colonizador surgiram em França,
no início do século XX, mais pre-
cisamente pela mão do escritor
Charles Péguy. Militante socialista,
libertário e anticlerical, Péguy en-
contrava-se na esteira ideológica de
outros homens das letras e políti-
cos franceses, como Victor Hugo, o
qual, no ano de 1879, proferiu num
banquete celebrativo da abolição
da escravatura estas palavras: “Esta
África feroz não possui senão dois
aspectos: quando povoada, é a bar-
bárie; quando deserta, é a selvaja-
ria! Vamos, cidadãos, apoderai-vos
dessa terra. Tomai-a! A quem? A
ninguém! Deus ofereceu África à
Europa!”.
A 28 de Julho de 1885, em ple-
na tribuna da Assembleia Nacional
AFONSO ALMEIDA BRANDÃO
FELISBERTO BOTÃO: um exemplo
condenável de Racismo inaceitável
por tudo que é Branco e Europeu...
francesa, Jules Ferry, franco-ma-
çon e político de esquerda que che-
gou a ser ministro e Presidente do
Conselho, afirmava: “Repito que
existe para as raças superiores um
direito, porque existe um dever para
elas. Elas têm o dever de civilizar as
raças inferiores”. À semelhança dos
actuais esquerdistas que promovem
a exportação a todos os povos da
ideia dos direitos humanos ou o di-
reito de ingerência humanitária nos
países que eles, desde a sua altivez
intelectual, consideram mal geri-
dos, Ferry imaginava que os povos
colonizados deveriam mostrar gra-
tidão para com os seus benfeitores
que lhes levavam as maravilhas da
civilização e do progresso, a saúde,
a felicidade e paz.
Por seu turno, o republicano e
socialista Jean Jaurès considerava
que “a civilização que representa a
França em África é certamente su-
perior ao presente estado dos indí-
genas”. Em 1925, o ícone socialis-
ta Léon Blum expressava-se diante
dos deputados: “Reconhecemos o
direito e até o dever das raças supe-
riores de atrair a si aqueles que não
atingiram o mesmo nível da cultura
e de os chamar ao progresso alcan-
çado graças aos esforços da ciên-
cia e da indústria”. O Colonialismo
P16
afirmou-se assim como o mito mo-
bilizador da esquerda francesa, um
autêntico programa político que
fez com que personalidades como
Victor Schoelcher, um famoso abo-
licionista, se tornasse Secretário de
Estado das Colónias ou que a igual-
mente anti-esclavagista Sociedade
dos Amigos dos Negros fosse rebap-
tizada Sociedade dos Amigos dos
Negros e das Colónias.
Prosseguindo o que vinhamos
analisando da edição anterioir, re-
cordamos que este movimento de
expansão colonialista fazia-se notar
ainda em 1945, conforme se pode ler
no livro “Historiquement Correct
/ Pour En Finir Avec Le Passe
Unique” (Perrin, 2003), da autoria
de Jean Sévillia. Segundo este his-
toriador gaulês, o jornal do Partido
Comunista Francês, «L’Humanité»,
referia-se nos seguintes termos às
províncias ultramarinas francesas:
“As colónias são incapazes de exis-
tir economicamente, e por conse-
guinte politicamente, como nações
independentes”. Tal arrogância e
desprezo para com os povos africa-
nos deveriam envergonhar a esquer-
da actual, a qual olvida totalmente
(ou prefere manter no olvido) esta
página do seu passado histórico.
A Esquerda Portuguesa
E a Questão Colonial
Também em Portugal os mais
destacados promotores das ideias
socialistas revelaram-se absoluta-
mente absorvidos pelo contexto co-
lonial, porquanto este representava
“um espaço a domesticar, através da
acção da educação e do ensino do
trabalho ao indígena que o habita-
va, onde o colonizado simbolizava a
tradição, um espaço pretérito à civi-
lização” (Maria Paula G. Meneses,
“O Indígena” africano e o colono
“Europeu”: A construção da dife-
rença por processos legais”, Centro
de Estudos Sociais, Universidade de
Coimbra, sem data).
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