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Empresas viram o jogo para jovens e
no Carf e derrubam
autuações por PLR e
bônus de contratação E1
Crediário no carnê ainda
é aposta forte em redes
do varejo F6
Destaques
Recenseadores denunciam atrasos
Atrasos de pagamentos, valores menores
que os estimados e falta de apoio dos su-
pervisores são algumas das principais quei-
xas de recenseadores contratos pelo IBGE
para a realização do Censo. Em postagens
em redes sociais e grupos de WhatsApp, os
profissionais demonstram insatisfação e
tentam organizar uma paralisação em 1 o
de setembro. O IBGE admitiu os atrasos e
informou que mais de 80% deles já foram
regularizados. Sobre a paralisação, disse
que as mobilizações são “pontuais”. A2
Impasse em reparação por barragem
Após quase dois anos e mais de 200 reu-
niões, as negociações para repactuação do
acordo de reparação aos atingidos pelo
rompimento da barragem da Samarco, em
Mariana (MG), foram encerradas sem acor-
do no Conselho Nacional de Justiça. Repre-
sentantes de órgãos públicos de Minas Ge-
rais e do Espírito Santo ameaçam ir à Justiça
contra a Samarco e suas sócias, Vale e BHP
Brasil, para exigir a reparação. B4
Fed reafirma necessidade de aperto
Durante o encontro de Jackson Hole, au-
toridades do Federal Reserve (Fed, o
banco central americano) enfatizaram a
necessidade de manter o ciclo de alta
dos juros, embora sem dar pistas sobre
o tamanho da elevação na reunião de
setembro. “Temos que aumentar as ta-
xas para desacelerar a demanda e trazer
a inflação de volta à nossa meta”, disse
Esther George, do Fed de Kansas City. C4
Pix se aproxima de R$ 1 tri/mês
Em pouco mais de um ano e meio após o
lançamento do Pix, o Brasil tornou-se o
quarto país no mundo que mais utiliza
o pagamento instantâneo. Foram mais
de R$ 10 trilhões em transferências fi-
nanceiras com a ferramenta e mais de
480 milhões de chaves cadastradas. O
volume mensal transacionado já se
aproxima de R$ 1 trilhão. “O vendedor
de água de coco no parque agora aceita
Pix”, diz Leandro Vilain, da Febraban. F2
VW aposta no aluguel de caminhões
A Volkswagen Caminhões e Ônibus lan-
çou um programa de aluguel de cami-
nhões, pioneiro entre as montadoras
do segmento, destinado a empresas e
também motoristas autônomos. O ser-
viço vai concorrer no mercado contra
grupos como a Vamos, da Simpar, e Ou-
ro Verde, da Brookfield. B5
Diversidade na propaganda
A Procter & Gamble (P&G) está lançan-
do o projeto Cria da Quebrada, que vai
formar profissionais negros para a in-
dústria criativa da propaganda, com o
objetivo de aumentar a representativi-
dade desse segmento no mercado pu-
blicitário. O projeto é desenvolvido em
parceria com a Universidade Zumbi dos
Palmares, a escola de M.AD School of
Ideas e a agência Grey Brasil. B6
Ideias
Francisco Góes
Transparência no “orçamento secreto”
defendida por Tebet (MDB) é importante
para investimento em infraestrutura. A2
Fernando Abrucio
A eleição é o ponto de partida da legitimi-
dade do governante, mas o processo demo-
crático não termina aí. EU& Fim de Semana
Indicadores
Ibovespa 25/ago/22 0,56 % R$ 23,8 bi
Selic (meta) 25/ago/22
Selic (taxa efetiva) 25/ago/22
Dólar comercial (BC) 25/ago/22
Dólar comercial (mercado) 25/ago/22
Dólar turismo (mercado) 25/ago/22
Euro comercial (BC) 25/ago/22
Euro comercial (mercado) 25/ago/22
Euro turismo (mercado) 25/ago/22
adolescentes ganham
importância nos
catálogos, diz Luiza Del
Monaco, da
Editora Nacional
EU& Fim
de Semana
Grande varejo estima perdas China aprova
US$ 146 bilhões
de R$ 7,8 bilhões com calotes em estímulos
Adriana Mattos
De São Paulo
As grandes varejistas tiveram que au-
mentar as projeções de perdas com pa-
gamentos em atraso após a deterioração
na renda e a escalada da inflação. Con-
forme levantamento feito pelo Valor
nos balanços das dez maiores redes de
capital aberto, foram R$ 7,79 bilhões em
provisões para devedores duvidosos de
janeiro a junho, alta de quase 22% frente
aos R$ 6,4 bilhões registrados no fim de
2021. O valor é 42,2% maior que o apu-
rado no primeiro semestre de 2021. O
montante em seis meses equivale ao fa-
turamento de redes como Leroy Merlin
e Riachuelo no ano passado.
Meios de Pagamento
NILANI GOETTEMS/VALOR
Três meses após estrear no supermercado St Marche, em São Paulo, o sistema de pagamento por
biometria facial da Payface já está em mais de 500 pontos de venda no país, diz Eládio Isoppo. Pág. F7
Tebet critica ‘desistência’ de 3 via
Bradesco terá
banco digital
no México
Álvaro Campos
De São Paulo
O Bradesco comprou a Ictineo Plata-
forma, instituição financeira popular
que atua com pessoas físicas no mercado
mexicano. A aquisição, cujo valor não foi
divulgado, foi feita por meio da Brades-
card México. O objetivo é focar em uma
estratégia digital. “O primeiro passo será
oferecer conta digital, empréstimo con-
signado e conta de investimentos”, disse,
em nota, o presidente da Bradescard,
Alexandre Monteiro. Página C5
Novartis vai
separar negócio
de genéricos
Donato Paolo Mancini e Oliver Telling
Financial Times, de Londres e Cingapura
13,75% ao ano A suíça Novartis pretende desmem-
13,58% ao ano
brar a Sandoz, sua unidade de genéricos,
5,1167/5,1173
5,1114/5,1120
o que criaria a maior fabricante dessa li-
nha de medicamentos na Europa. O ob-
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
5,1288/5,3088
5,0942/5,0953 jetivo da medida é orientar o foco da
5,0996/5,1002 companhia para produtos mais lucrati-
5,1322/5,3122
vos, em áreas como tratamento de câncer
e doenças raras. De acordo com analistas
do Citigroup, diante das pressões sobre
os preços dos genéricos, “uma cisão pare-
ce ser o único caminho viável”. Página B4
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Ano 23 | Número 5572 | R$ 5,00
Em relação à receita líquida total das
empresas analisadas, o peso das provisões
com crédito de liquidação duvidosa pas-
soude4%naprimeirametadede2021para
4,92% neste ano — estava em 3,9% em de-
zembro, ou seja, ainda estável até a curva
começar a subir a partir deste ano.
As provisões funcionam como um re-
dutor do ativo, porque afeta a linha de
contas a receber e tem efeito direto no flu-
xo de caixa e no resultado líquido. Segun-
do um ex-diretor financeiro de uma vare-
jista, o aumento das perdas reflete um ce-
nário de renda menor e dificuldade de re-
negociação com os clientes. “Não é uma
inadimplência que cresce por causa de
descontrole de gastos ou por um consu-
mo acelerado. Ela é reflexo da resiliência
Ricardo Mendonça, Lilian Venturini e
André Guilherme Vieira
De São Paulo
Candidata do MDB à Presidência, a se-
nadora Simone Tebet reclama da desis-
tência precoce do projeto de terceira via
por parte dos que rejeitam a polarização
entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro
(PL), ao mesmo tempo em que dá sinais
de austeridade incomuns em campa-
‘BC faz aposta arriscada’
Carlos Woelz, da Kapitalo, diz que o BC faz aposta arriscada na desaceleração da economia.
“A política monetária deveria estar batendo na atividade, mas não é o que estamos vendo”. Pág. C2
da inflação”, diz Fabio Bentes, economista
da Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O levantamento mostra, ainda, que há
maior entrada de novas perdas do que pa-
gamento de dívidas em atraso. O dado au-
menta a pressão justamente quando as re-
des precisariam elevar concessões de crédi-
to para incentivar mais as vendas — no caso
dos eletrônicos, para sair do baixo cresci-
mento, e, no das cadeias de moda, para
consolidar o processo de retomada.
Para deter o crescimento dos atrasos, as
companhias têm revisto suas políticas de
financiamento por meio de carnês e car-
tões neste ano. “É um dilema que elas en-
frentam”, diz Claudio Felisoni, do Instituto
de Executivos de Varejo (Ibevar). Página B1
Lulanãonegacorrupção
emgestãodoPTeelogia
importânciadeAlckmin
Cristiane Agostine, Bárbara Pombo, Caio
Sartori, Paula Cleto e Carolina Freitas
De São Paulo e do Rio
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va (PT) não negou que houve corrupção
nos governos petistas e criticou o institu-
to da delação premiada, criado na admi-
nistração de Dilma Rousseff e que permi-
tiu a devolução de R$ 6,2 bilhões desvia-
dos da Petrobras. “Você não pode dizer
que não houve corrupção se as pessoas
confessaram”, disse em entrevista ao “Jor-
nal Nacional”, da TV Globo, pontuando
que seu governo permitiu investigações.
Com a voz fragilizada durante a entre-
vista de 40 minutos, Lula criticou o que
chamou de rumo político da Lava-Jato e,
perguntado sobre o dinheiro devolvido
dos desvios, responsabilizou a operação
pela crise econômica enfrentada pelo Bra-
sil. A crítica, contudo, não foi direcionada
ao Ministério Público como um todo. Ele
nhas eleitorais: disse que não dará rea-
justes ao funcionalismo. “Não tem como
dar aumento nos seis primeiros meses”.
Tebet foi sabatinada ontem no ciclo de
entrevistas de presidenciáveis promovi-
do pelo Valor, “O Globo” e rádio CBN.
A senadora ainda prometeu manter o
teto de gastos. “É a única âncora fiscal que
sobrou. A gente pode até dar outro nome,
aprimorar. Mas se não fosse o teto, que
ainda existe, o orçamento secreto não se-
ria só de R$ 16 bilhões, R$ 19 bilhões”.
Stella Yifan Xie
Hong Kong, Dow Jones Newswires
Após reduzir duas importantes taxas
de juros neste mês, a China anunciou um
pacote de US$ 146 bilhões em medidas
de estímulo a sua combalida economia,
enquanto prossegue com sua rígida es-
tratégia contra a covid-19, enfrenta uma
grande queda no mercado imobiliário e
a mais grave seca em décadas, que vem
obrigando o fechamento de fábricas por
falta de energia elétrica. “Retomar o cres-
cimento estimulando a demanda inter-
na e o consumo é uma prioridade políti-
ca, mas continua sendo um desafio”, diz
Bruce Pang, economista-chefe da Jones
Lang LaSalle para a China. Página A13
afirmou que assegurará a independência
da Polícia Federal e do MP, ainda que não
tenha se comprometido a escolher um in-
tegrante da lista tríplice para indicar à Pro-
curadoria-Geral da República.
Lula tentou estabelecer uma escala de
gravidade entre o mensalão e o chama-
do “orçamento secreto”, dizendo que o
presidente Jair Bolsonaro (PL) tornou-se
um “bobo da corte” e não coordena
mais a gestão do Orçamento.
O petista ressaltou por diversas vezes a
importância de Geraldo Alckmin (PSB) co-
mo vice, assegurando que o ex-adversário o
ajudará a governar. “Eu tenho 100% de con-
fiança.” Perguntado se adotaria a política
econômica de seu primeiro mandato ou a
implementada por Dilma, evitou compro-
meter-se com o que foi feito por sua suces-
sora. “Rei morto, rei posto”, disse. Página A8
• Maria Cristina Fernandes: Petista reagiu
de maneira mais propositiva do que defensiva
a
Ela deposita esperanças de crescimen-
to no fato de ser a menos rejeitada entre
os quatro principais candidatos e a me-
nos conhecida. Também reconheceu que
errou, em 2015, ao manifestar descon-
fiança sobre as urnas eletrônicas.
Em vários trechos da entrevista, desta-
cou o fato de ser mulher, e de centro. E
negou ter sido escolhida candidata pelo
MDB para dar vazão à quota obrigatória
mínima de 30% do fundo eleitoral para
candidatas mulheres. Página A16
Inflação cai e
anima fundos
imobiliários
Sérgio Tauhata
De São Paulo
A queda recente da inflação trouxe
uma reviravolta ao mercado de fundos
imobiliários. Em menos de 30 dias, o ín-
dice do setor na B3, o Ifix, saiu do nível
de estagnação para ganho de 4,6%, pu-
xado pelos portfólios com ativos físicos,
como lajes, shoppings e galpões. A velo-
cidade com que o mercado antecipou a
recuperação surpreendeu gestores. A
reação era esperada apenas após um
fim já consolidado do ciclo de alta da
Selic, trazendo dados mais claros sobre
a perspectiva de início dos cortes de ju-
ros pelo Banco Central. Página C1
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A2 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Brasil
Oorçamentosecretoeo
investimentoparaTebet
Francisco Góes
A
candidata do MDB
à Presidência,
Simone Tebet, disse
na sabatina ao
Valor, “O Globo” e
CBN que, se eleita, vai tornar
mais transparente o gasto
público no Brasil, o que inclui o
chamado “orçamento secreto”.
O termo vem sendo usado para
designar a distribuição de
verbas, pelo relator da lei
orçamentária, entre aliados do
governo em troca de apoio
político. “É possível dar
transparência ao orçamento
secreto com uma canetada [do
presidente]”, disse Tebet.
A transparência passa pelos
investimentos do Estado na
economia e, em particular, na
infraestrutura. Cerca de um terço
dos recursos aplicados nesse
segmento no país vem do setor
público e os outros dois terços da
esfera privada. “Quando olha
para as emendas do relator [no
orçamento] e vê para onde vai o
dinheiro, conclui que é
investimento em infraestrutura
da pior qualidade, para amigos
do rei e amigos dos amigos dos
amigos”, diz Claudio Frischtak,
coordenador do programa de
infraestrutura de Tebet.
É importante seguir
atraindo capital
privado para o setor
O programa de Tebet para a
infraestrutura parte da
constatação que há mais de três
décadas não se investe o
suficiente para responder às
demandas de uma economia
competitiva: “A agenda de
modernização se alicerça na
ampliação dos investimentos
privados, com maior segurança
jurídica, previsibilidade
regulatória e estruturas
contemporâneas de
financiamento, e na melhoria da
governança dos investimentos
públicos, com melhor
planejamento e priorização, e
respeitando os limites da
responsabilidade fiscal”, diz
trecho do programa de Tebet ao
qual o Valor teve acesso.
O programa de Tebet estima
que o investimento em
infraestrutura — público e
privado — no período 2019-2022
deve ser da ordem de 1,7% do PIB,
fechando 2022 pouco abaixo
dessa média. “Esse nível é
claramente insuficiente para
impulsionar a economia e reduzir
a desigualdade, ampliando o
acesso e a qualidade dos serviços,
e garantindo maior resiliência às
mudanças climáticas”, diz o texto.
A estimativa é que seriam
necessários investimentos de
3,6% a 4,1% do PIB por ano, nas
próximas duas décadas, para
modernizar a infraestrutura.
Especialistas no setor,
entidades empresariais e
investidores avaliam que há
relação direta entre a falta de
transparência orçamentária e os
problemas de governança no
gasto público. “Governança é
olhar o Orçamento por dentro e
ver como se dá o seu processo de
Déficit na infraestrutura
Realidade e necessidade de investimentos no setor
Investimentos
realizados 2021
Em R$ bi % do PIB
Transporte/logística 30,1
Energia elétrica
67,2
Telecomunicações 33,8
Saneamento 17,1
Total 148,2
Fonte: Abdib.
constituição. É no PPA [Plano
Plurianual] que começa o
problema, é uma peça de ficção,
quando começam os interesses
particulares”, diz Frischtak.
O problema na infraestrutura,
como indica Tebet, é de priorização
e planejamento: justificar
tecnicamente a escolha de um
projeto em detrimento de outro.
Fazer um ranking que permita a
melhor alocação do dinheiro
público. O Reino Unido é citado
como referência por especialistas
em momento em que investir em
energia, transporte, saneamento e
telecomunicações é prioridade de
grandes países, caso recente dos
EUA, sob Joe Biden, e da China, há
mais tempo. O Brasil vem
patinando, embora haja, entre
investidores, quem considere que
há boa regulação para
investimento em alguns setores,
como o de transmissão de energia
elétrica.
Um dos desafios é como fazer
as empresas privadas
participarem do planejamento
junto com a administração
pública. No passado recente, o
setor público, via juros
subsidiados do BNDES, ocupou o
lugar dos privados no
financiamento às empresas. Com
o encolhimento do banco, as
companhias privadas passaram a
se financiar no mercado e o
BNDES se voltou mais para a
modelagem e a estruturação de
projetos. Entre especialistas, a
ideia é que não há uma “bala de
prata” e que, para alavancar os
investimentos, será preciso
dinheiro público e privado, o que
reforça ainda mais a necessidade
de melhoria da governança para
os gastos estatais destacada pelo
programa de Tebet.
“Independentemente de quem
vier a ganhar a eleição,
esperamos que o processo de
atração de capital privado para
infraestrutura seja continuado,
que os processos de privatização,
concessões e PPPs prossigam nos
diferentes setores”, diz José
Guilherme Souza, sócio da Vinci
Partners e chefe da área de
infraestrutura da gestora de
investimentos. Ele afirma que é
preciso olhar com atenção a
participação de investidores
institucionais, caso de fundos de
pensão e seguradoras, para
retirar entraves que essas
instituições encontram na hora
de mobilizar capital.
A Associação Brasileira da
Infraestrutura e Indústrias de Base
(Abdib) tem uma estratégia de
desenvolvimento para o setor, que
inclui agenda legislativa com
medidas para permitir aumentar
os investimentos. As medidas estão
contidas no documento “Agenda
de propostas para infraestrutura
2022”, que será formalmente
apresentado em evento na
segunda-feira e que foi levado aos
candidatos. Uma das medidas
listadas pela Abdib é aprovação do
projeto de lei 2.646/20 para
debêntures de infraestrutura
voltadas a investidores
institucionais. Venilton Tadini,
presidente-executivo da Abdib, diz
que hoje a maior parte do
investimento em infraestrutura é
privado — “e esperamos que
continue” —, mas afirma que, ao
mesmo tempo, é preciso criar
espaço no Orçamento para que o
investimento público seja maior.
“Hoje há ministérios definindo
prioridades sem articulação com
um plano de desenvolvimento, o
que piora a situação de um
orçamento já apertado”, diz.
Francisco Góes é chefe de Redação no Rio.
Hoje, excepcionalmente, a coluna de
Claudia Safatle não é publicada
E-mail: francisco.goes@valor.com.br
Investimentos
necessários
Em R$ bi % do PIB
0,35 196,2 2,26
0,77 72,9 0,84
0,39 66,0 0,76
0,20 39,1 0,45
1,71 374,1 4,31
Recenseadores relatam atrasos e
pagamentos abaixo do previsto
Lucianne Carneiro
DIVULGAÇÃO/IBGE
Do Rio
Atrasos nos pagamentos, valo-
res menores que os estimados e
falta de apoio dos supervisores são
algumas das principais reclama-
ções de recenseadores contratos
pelo IBGE, para além das dificulda-
des tradicionais com público, co-
mo recusas ou falta de educação.
Em postagens de redes sociais,
grupos de WhatsApp e conversas
nas ruas entre as visitas aos domi-
cílios, os profissionais mostram in-
satisfação com o Instituto Brasilei-
ro de Geografia e Estatística
(IBGE), o que já gerou mobilização
para uma greve geral, prevista para
o dia 1 o de setembro.
“Levei duas semanas para rece-
ber meu primeiro pagamento,
quando disseram no treinamento
que seria em até três dias úteis. E o
valor veio muito menor que o pre-
visto. Quando peguei meu setor
censitário, minha estimativa de
ganho era de R$ 1.700. E o paga- Pesquisadora do Censo conversa com moradora da ilha de Paquetá, no Rio, onde o IBGE fez a prévia da pesquisa
mento foi de R$ 900”, diz um dos
recenseadores, morador de Belo bora diga que vai continuar no tra- dos e negou que faltem recursos. O dois anos seguidos, primeiro por
Horizonte e responsável pelo per- balho por confiar no IBGE. “Che- instituto atribuiu os atrasos a “difi- causa da pandemia e depois por
fil do Instagram Recenseadores guei à metade dos meus questio- culdades operacionais e sistêmi- falta de recursos. Ele reúne, ao
IBGE (@greve_ibge_2022), que pe- nários no dia 5 e até agora não re- cas” para cadastrar os contratados mesmo tempo, um orçamento
diu para não ser identificado. cebi nada. Mas não vou largar o os- e realizar os pagamentos. Sobre a mais restrito (de R$ 2,3 bilhões, da
O mineiro é um dos organiza- so, sei que o IBGE paga”, afirma ele. convocação de uma greve geral, o mesma ordem do previsto desde
dores da mobilização do dia 1 o, Outra insatisfação é a falta de IBGE afirmou que são mobiliza- 2019, sem atualização da infla-
que já tem participações confir- apoio dos supervisores e também a ções pontuais. “O IBGE vem tratan- ção), com um tempo menor de
madas em pelo menos cinco Es- demora na liberação dos novos se- do localmente eventuais insatisfa- treinamento (foram só cinco dias,
tados, segundo ele: São Paulo, tores censitários. O trabalho dos ções, buscando atender às deman- tempo que chegava a um mês an-
Rio de Janeiro, Bahia e Rio Gran- recenseadores é remunerado por das dentro de suas possibilidades.” tes) e o fato de as mídias sociais fa-
de do Sul, além de Minas Gerais. produção. Ou seja, eles recebem o Até agora, já ocorreram 6.550 cilitarem a comunicação entre re-
Uma recenseadora do Recife pagamento à medida que con- rescisões de contratos de recensea- censeadores de todo o país.
que já trabalhou Censo Agrope- cluem cada setor censitário, que é dores, por diferentes razões. Ao to- Ex-presidente do IBGE, Roberto
cuário de 2007 e no Censo de a medida de divisão do território do, são cerca de 180 mil recensea- Olinto mostrou preocupação com
2010 descreve este como “o pior para a realização da pesquisa. Em dores em todo o país para visitar os o atraso no pagamento dos recen-
Censo que já trabalhou”. “Ainda geral, cada setor corresponde a 75 milhões de domicílios. Para dar seadores e com a reclamação de
tenho R$ 120 do meu treinamen- cerca de 300 domicílios. A remu- conta da demanda, o IBGE conti- falta de apoio dos supervisores.
to que não recebi. Estou ficando neração varia de acordo com as di- nua convocando trabalhadores. “Essa situação do Censo preocupa.
por aqui”, desabafou em um dos ficuldades de acesso ou proximi- Ontem, foi lançado mais um edital Numa hora dessa, é importante ter
muitos grupos de WhatsApp que dade dos domicílios. de contratação, agora com 6.514 apoio dos servidores, mas há falta
reúnem recenseadores. Procurado pelo Valor, o IBGE in- vagas de recenseador e 251 vagas de quadros efetivos do IBGE para
Um recenseador do Rio, tam- formou ontem que mais de 80% de agente censitário municipal e apoiar os recenseadores”, disse,
bém em seu terceiro Censo, recla- dos pagamentos atrasados de re- agente censitário supervisor. ressaltando, sua “plena confiança”
ma do atraso no pagamento, em- censeadores já foram regulariza- O Censo 2022 foi adiado por na equipe do instituto.
Governo facilita produção de barco para exportação
Lu Aiko Otta com o Ministério da Economia, é Segundo a pasta, não há prejuí- apenas vincular ao ato concessó-
De Brasília a possibilidade de uma embarca- zo aos controles hoje exercidos rio de drawback o documento
ção, tanto para o segmento naval pela Secretaria de Comércio Exte- fiscal enviado pela indústria para
O governo alterou as regras quanto para o náutico, ser pro- rior (Secex). A venda da embarca- a empresa comercial exportado-
dos regimes de drawback para a duzida utilizando o regime de ção deverá ocorrer dentro de um ra, referente à remessa da merca-
produção de embarcações, infor- drawback mesmo se o fabricante prazo previamente estabelecido doria”, informa o Ministério da
mou o Ministério da Economia não tiver um comprador defini- e a operação deverá ser compro- Economia.
nesta quinta-feira. do. Até então, era necessário vada perante órgão responsável. A portaria ainda adaptou as
Drawback é um regime adua- apresentar cópia do contrato de A alteração consta da Portaria regras do drawback à Lei do Am-
neiro especial no qual a cobrança industrialização para se enqua- 208/2022, publicada ontem no biente de Negócios (14.195/
de tributos é suspensa ou elimi- drar no drawback. “Diário Oficial da União”. 2021), que dispensou o uso de
nada quando são adquiridos in- “Os produtos poderão ser ofe- Também foram alteradas exi- navios de bandeira brasileira no
sumos para a fabricação de bens recidos no mercado praticamen- gências antes feitas a empresas transporte de mercadorias que
destinados ao mercado externo. te à pronta entrega, o que tende a comerciais exportadoras que uti- se utilizam de benefícios nos tri-
É uma forma de incentivo à ex- contribuir para o dinamismo da lizam o regime de drawback sus- butos cobrados na importação. A
portação que respondeu, no ano indústria local e dos serviços vin- pensão. Elas terão o mesmo tra- norma do drawback já previa a
passado, por vendas de mais de culados ao turismo em território tamento dispensado às trading dispensa desse requisito. Na por-
US$ 61 bilhões, segundo a pasta. nacional”, diz em nota o Ministé- companies. “Para encerrar o regi- taria editada hoje, a previsão de
Uma das alterações, de acordo rio da Economia. me, nesses casos, será necessário dispensa foi eliminada.
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
Abengoa B2 Carrefour B1 Hedge Investments C1 Meu Crediário F8 Procter & Gamble B6 Tiffany & Co. B1
ADDI F6 Casas Bahia F6 HST Card Technology F4 Microsoft F1, F8 PwC F4 Toyota B5, F8
Afinz F2 CCR F8 Hyundai F8 Mitsubishi F8 QI Tech F2 TradeMap F2
Agrotoken F1 Cielo F2, F4, F6 Ictineo C5 MobbyHub F8 Queroquitar F6 Uber F8
Ailos F4 Citigroup B4, F1 IMC B1 Mobly F6 R3 F1 UBS Evidence Lab F2
Amazon B6, F1 ClearSale F7 IRB Brasil Resseguros C1 Moss F6 Rappi C5 Ultra F8
Ame Digital F6 ClickBus F8 Itaú B2, C5, F1, F2, F7, F8 Move Mais F8 Rede F2 unico F7
Americanas F6 Colink Business Consulting F4 Itaú BBA B3 Movida B5 Renner B7, F6
Unidas F8
Aurobindo B4 ConectCar F8 Iveco B2 Muffato F7 Riachuelo B1
Bain & Company F3 ConsenSys F1 J.P. Morgan Asset Multilaser F6 Santander B2, B3, F1, F7, F8
UnitedHealth B6
Bamaq B2 Continental B2 Management C6 Netbr F7 SAS F7 Unxpose F4
UOL F2
Banco do Brasil F2, F3, F8 CVC F6 Kapitalo C2 New Holland Construction B2 Sem Parar F8
Banco Inter F8 D’ Ville F7 Karpowership Brasil B2 Next F8 Serasa Experian F2 Vedacit B3
Veloe F8
Banco Maré F6 Deezer F1 KPMG F1 Nissan F8 Sezzle F6
Banco Original F1 Devant C1 Laborsan Agro B14 Noh F4 Shell F8 Via F6
Banco Pan F8 Eletrobras B2 LCA Consultores A5 Novartis B4 Shipay F4 Vinci Partners A2
Banorte C5 Eletronorte B2 Leroy Merlin B1 NTT Data F3 Shoptime F6 Visa F1, F4, F8
banQi F6 elo F3, F6 LEV DTVM C6 Nubank C5 Sicredi F8 Vitreo C6
Basf B13 Empiricus C6 LHC Group B6 Nuvei F7 Signify Health B6 Vivo F6
BB F8 Energoatom A13 Lightcom B2 Nuvemshop F6, F8 Signifyd F7 Volkswagen B5
BHP B4 EY F1 Linx F8 Odebrecht F8 Simpar B5 Vortx F1
BNDES A2, B14 Firgun F6 Liqi F1 One Medical B6 Sony B1 VR F6
Boanerges & Cia F1 FleetCor F8 Localiza B5, F8 Ouro Verde B5 Sony Vaio F6 Vtex F6, F8
Boleto Flex F6 Ford B5 Lojas Cem F6 PagSeguro C1, F2 St Marche F7
Boticário F8 FPT Powertrain B2 LVMH B1 Parcitas Investimentos A5 State Street Global
VW F8
Wellington Management C6
Bradesco C5, F1, F2, F8 Galápa C1 M.AD School of Ideas B6 Payface F7 Advisors C6
WhatsApp F2, F4
BTG Pactual C6, F1, F8 GB Pay F6 Magazine Luiza F1 paySmart F7 Stellantis F8
C6 F7, F8 GetNet F6 Magento F6 PepsiCo B14 Stone F2 XP A4, B1, C6
Yara B13
Caixa A4, B3, C1, F3, F8 GM F8 Marca Ram F8 Pernambucanas F8 Supermercado Frade F7
Camil Alimentos B14 Gol B1 Marisa B1 Ping Identity F7 Suzuki F8 Zapay F8
Capco F6 Google B6 MasterCard F1, F4, F6 Pismo F1 Taggy F8 Zetta F3
Capitual F1 Greenpass F8 Mercado Livre F8 Porsche B2 TecBan F1, F3 Zona Sul F7
Capsur C6 Grey Brasil B6 Mercado Pago F3, F8 Porto Seguro F8 Tendências Consultoria A5 Zoop F4, F6
Carl’s Jr. B1 Hashdesk F1 Mercedes-Benz B2 Positivo F6 Thymos Energia B2 Zul Digital F8
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor A3

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A4 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Brasil
Conjuntura Renda maior do emprego e desaceleração do inflação ajudam a melhorar resultado, aponta FGV

Confiança do consumidor é a maior em 2 anos

Alessandra Saraiva
Do Rio
O Índice de Confiança do
Consumidor ICC) da Fundação
Getulio Vargas (FGV) subiu 4,1
pontos em agosto em relação a
julho, para 83,6 pontos, infor-
mou ontem a instituição. Foi a
alta mais intensa desde junho de
2021 (4,7 pontos e levou o indi-
cador a superar, pela primeira
vez, o patamar pré-pandemia,
iniciada em março de 2020. O
nível de pontuação do índice foi
o mais forte desde fevereiro de
2020 (87,8 pontos).
Melhora no curto prazo de ce-
nários de inflação e de emprego
levaram ao resultado, bem como
a demanda reprimida por consu-
mo de serviços entre famílias ri-
cas, segundo explicou Viviane
Seda, economista da FGV respon-
sável pelo indicador..
A especialista classificou o re-
sultado como positivo, mas faz
uma ressalva: não é possível di-
zer se o ICC continuará a subir.
Isso porque o segundo semestre
é de acirramento do período de
eleições, algo que traz muita ins-
tabilidade para as intenções de
consumo do brasileiro, ponde-
rou Viviane.
Mas, pelo menos em agosto, o
cenário delineado pelo indica-
dor para intenção de consumo. é
positivo, notou ela.
A economista informou que
foram notados saldos positivos
tanto nas respostas relacionadas
ao momento presente, quanto
nas focadas em expectativas, en-
tre os consumidores pesquisa-
dos pela FGV.
Nos dois sub-indicadores
componentes do ICC, o Índice
de Situação Atual (ISA) subiu 1,4
ponto em agosto em relação a
julho, para 71,7 pontos; já o Ín-
dice de Expectativas (IE) avan-
çou seis pontos, no mesmo pe-
ríodo, para 92,6 pontos.
A especialista comentou que,
neste mês, o brasileiro contou
com menor pressão inflacioná-
ria e maior renda originada de
trabalho, visto que houve me-
lhora no emprego.
“No caso da inflação, a expec-
tativa de mediana da inflação
para os próximos 12 meses caiu
de 11,4% para 10,5% de julho a
agosto, na Sondagem do Consu-
midor [pesquisa do qual o ICC é
indicador-síntese]”, acrescentou
a economista da FGV.
Outro ponto lembrado por
Viviane é que há rescaldo, no or-
Viviane Seda, da FGV: sentimentos positivos ficaram concentrados principalmente entre famílias mais ricas
çamento do brasileiro, das ações
do governo que proveram ren-
das adicionais ao consumidor.
São os casos do saque de até
R$ 1 mil no FGTS e da antecipa-
ção do 13 o salário para aposen-
tados e pensionistas — bem co-
mo da continuidade de paga-
mento do Auxílio Brasil, progra-
ma de transferência de renda do
governo, em valor mais alto, de
R$ 400 para R$ 600.
LEO PINHEIRO/VALOR
Mas a técnica ressaltou que
esses sentimentos positivos, que
acabaram por elevar intenção de
consumo, ficaram concentrados
principalmente entre famílias
mais ricas. Na evolução por fai-
xas de renda, o ICC subiu 2,2
pontos em famílias com renda
mensal até R$ 2.100; mas já nas
famílias com ganhos mensais
acima de R$ 9.600, o aumento
do ICC foi de quatro pontos, em
agosto em relação a julho.
“As classes de renda mais altas
puxaram o resultado [do indica-
dor completo em agosto]", resu-
miu a especialista.
Além disso, ao ser questionada
se o ICC pode continuar a mos-
trar aumentos, nos próximos
meses, ela foi cautelosa. A técnica
informou que, normalmente em
anos de eleição, como é o caso de
2022, a trajetória da intenção de
consumo opera de forma muito
volátil. Isso porque o desempe-
nho é afetado por turbulências
no campo político, que lançam
dúvidas em relação à condução
de política econômica futura — e
eleva cautela de consumo, em to-
das as faixas de renda.
Assim, para ela, é preciso espe-
rar pelo menos dois meses para
visualizar melhor trajetória do
indicador.
“Creio que temos que esperar
para ver mesmo se vai continuar
a subir. Não tem como precisar
hoje se vai continuar [a aumen-
tar o ICC]”, admitiu ela.

Indicador tem queda de 1,8% no varejo, aponta CNC Beneficiários do Auxílio

Do Rio

Após quatro meses de altas

consecutivas, o Índice de Con-
fiança do Empresário do Comér-
cio (Icec), da Confederação Na-
cional do Comércio de Bens, Ser-
viços e Turismo (CNC) caiu 1,8%
em agosto ante julho, para 124
pontos. Apesar da queda, o indi-
cador ainda continua 7,8% aci-
ma de agosto de 2021, informou
ontem a entidade.
A proximidade das eleições
presidenciais em outubro, que
traz dúvidas em relação à condu-
ção de política econômica em
2023, elevou cautela no empre-
sariado do varejo e conduziu à
queda, detalhou a economista da
CNC responsável pela pesquisa,
Izis Ferreira.
Como próximos resultados se-
rão de ainda maior proximidade
das eleições, a especialista não
descartou continuidade de “cau-
tela moderada” entre os comer-
desejam comprar carne
ciantes — mas com perspectiva
de melhora de humor após o tér-
mino do pleito.
Na passagem de julho para
agosto, houve quedas nos três tó-
picos usados para cálculo do Icec.
É o caso dos recuos observados
em condições atuais do empresá-
rio do comércio (-2,3%); expecta-
tivas (-2,4%) e intenções de inves-
timentos (-0,5%). No entanto, os
mesmos tópicos tiveram altas
respectivas de 16,5%; de 1,2%; e
de 9,9% ante agosto do ano pas-
sado, em agosto deste ano, infor-
mou ainda a CNC.
Ao falar sobre o comporta-
mento do Icec em agosto, a técni-
ca da confederação pontuou
que, normalmente em meses de
agosto em ano de eleição geral,
no país, as expectativas do indi-
cador mostram pontuação mais
fraca, tendo em vista incertezas
no campo político.
Em agosto de 2018, o indica-
dor de expectativas era de 144,9
pontos; e em agosto de 2014, de
142,4 pontos. No Icec de agosto
desse ano, as expectativas foram
de 153 pontos, notou ela — ou se-
ja, acima de iguais períodos em
anos de disputa presidencial.
Mas ela admitiu que, além das
eleições, outros fatores são leva-
dos em conta, em agosto deste
ano, para compor a moderação
de confiança do varejista. “Esta-
mos em ano atípico não somen-
te com eleições, mas tem riscos e
incertezas de todos os lados”, re-
conheceu Izis.
Ao falar sobre mercado inter-
no, citou inflação ainda elevada,
juros mais altos — e isso em am-
biente de endividamento maior
das famílias, o que na prática não
estimula consumo.
A especialista informou ainda
que o recuo no ICEC em agosto
seria pior, não fossem as ações do
governo de prover renda adicio-
nal ao consumidor. São os casos
do saque autorizado de FGTS, da
antecipação de 13 o a aposenta-
dos e pensionistas e da continui-
dade, em valor maior, do progra-
ma de transferência de renda Au-
xílio Brasil, enumerou ela.
No entanto, a técnica obser-
vou que, após as eleições, os co-
merciantes do país contam com
fatores que podem ajudar a ele-
var negócios — e, com isso, o re-
sultado da confiança do setor,
apurada pelo indicador da con-
federação. A especialista citou as
datas de boas vendas para o va-
rejo, como Black Friday em no-
vembro, e Natal em dezembro.
Além disso, lembrou da Copa do
Mundo em novembro, que tam-
bém ajuda a movimentar vendas
do comércio.
“Temos hoje um comerciante
mais cauteloso”, reconheceu.
“Mas para o finalzinho do ano,
passado esse capítulo das elei-
ções, podemos ter boas perspec-
tivas para o setor”, resumiu a
economista. (AS)
Folhapress, do Rio
Carne bovina e leite são os
principais produtos que benefi-
ciários do Auxílio Brasil deixaram
de comprar nos últimos meses e
pretendem voltar a consumir a
partir do aumento do benefício
para R$ 600. A conclusão é de
uma pesquisa divulgada pela As-
serj (Associação de Supermerca-
dos do Estado do Rio de Janeiro).
O levantamento foi produzido
nos últimos dois finais de sema-
na em quatro supermercados da
zona norte e da zona oeste do
Rio. Segundo a entidade, 425
consumidores aceitaram respon-
der às perguntas.
Em torno de 42% afirmaram
receber recursos de algum pro-
grama de complemento de ren-
da do governo federal. Com fol-
ga, o Auxílio Brasil foi o mais cita-
do pelo grupo (92%). Benefícios
As respostas são cumulativas. “A
leitura mostra que temos uma de-
manda reprimida”, diz Ana Paula
Rosa, diretora geral da Asserj. Ela
projeta um aquecimento das ven-
das a partir dos benefícios no se-
gundo semestre.
O governo Jair Bolsonaro (PL)
aposta em medidas como a am-
pliação do Auxílio Brasil para
atenuar os impactos da perda do
poder de compra dos brasileiros
às vésperas das eleições.
A alta no preço dos alimentos
afeta sobretudo os mais pobres,
que têm menos condições para
encarar os aumentos. As carnes,
por exemplo, subiram ao longo
da pandemia com a demanda
aquecida no mercado interna-
cional e o avanço dos custos de
produção, segundo analistas.
O leite, que passou a custar
mais do que a gasolina recente-
mente, também foi impactado

Pelo 29 o mês, trabalhador não obtém reajuste real
Marcelo Osakabe
De São Paulo
A proporção das negociações
salariais coletivas que ficaram
acima do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor (INPC) fi-
cou em 33,2% em julho. Ainda
assim, o país chegou ao 29 o mês
consecutivo sem ajuste real nos
vencimentos. É o que diz o Bole-
tim Salariômetro, produzido pe-
la Fundação Instituto de Pesqui-
sas Econômicas (Fipe).
Com base em 289 acordos e
convenções coletivas analisados
no mês passado, o Salariômetro
mostra um reajuste mediano de
11,9%, exatamente a inflação no
acumulado em 12 meses até
aquele mês medida pelo INPC,
índice que toma por base a cesta
de consumo de famílias com
renda mensal de até cinco salá-
rios mínimos. O piso mediano
em julho foi de R$ 1.523.
Em junho, a proporção de
acordos e convenções que resul-
taram em um reajuste acima da
inflação acumulada havia sido
de 41,96%. Ainda assim, os últi-
mos dois meses mostram uma
tendência de alta desse grupo,
avalia Hélio Zylberstajn, coorde-
nador do boletim.
De janeiro a julho, a propor-
ção dos acordos e convenções
que ficaram abaixo do INPC foi
de 45,3%, contra 20,7% dos que
resultaram em um reajuste real
dos salários. Os que resultaram
em um reajuste igual à inflação
foram 33,9%.
"É uma situação ainda bem as-
simétrica, mas a situação este
ano está melhor que a do ano
passado", nota Zylberstajn.
Na análise por Estados, nova-
mente nenhum teve reajuste me-
diano real. Os piores resultados
ficaram com Roraima (-4,37%),
Amapá (-2,97%) e Amazonas
(-2,16%). Rio Grande do Sul, San-
ta Catarina, São Paulo, Paraná,
Ceará, Minas Gerais e Tocantins
tiveram reajuste mediano zero.
pagos para compra de gás (31%)
e auxílios para caminhoneiros
(1%) e taxistas (3%) também fo-
ram mencionados.
De acordo com a pesquisa, a car-
ne bovina (80%) foi o item mais
lembrado entre aqueles que deixa-
ram de comprar produtos nos últi-
mos meses e pretendem retomar o
consumo a partir das transferên-
cias. Leite e derivados (57%) apare-
cem na sequência.
Carne de frango (45%), produ-
tos de limpeza (44%), pães, bolos e
biscoitos (43%) e produtos de hi-
giene pessoal (41%) também estão
entre as mercadorias assinaladas.
pela pressão de custos. O período
de entressafra, que deve se esten-
der até setembro ou outubro, é
outro fator associado à inflação
nas gôndolas.
Para Rosa, da Asserj, uma redu-
ção “mais clara” nos preços dos
alimentos ainda deve levar al-
gum tempo, porque os super-
mercados representam o elo fi-
nal da cadeia produtiva.
Nesse sentido, ela diz que as lo-
jas trabalham com estoques que
absorveram aumentos anterio-
res. “Tudo agora é uma questão
de negociação com a cadeia de
fornecedores”, afirma.

10,6 milhões não sacaram Curta

R$ 25 bi em cota do PIS/Pasep Ocupação de margens

ROAD SHOW
Guilherme Pimenta
De Brasília
CONSULTA PÚBLICA CONTRATAÇÃO NO MODELO LOCAÇÃO DE ATIVOS.
A Caixa Econômica Federal in-
Participe do Road Show que será realizado pela Embasa para formou que R$ 24,6 bilhões em co-
apresentar os projetos da 1ª Etapa do Sistema Integrado de tas do PIS/Pasep estão disponíveis
para saque por meio do app FGTS.
Abastecimento de Água (SIAA) de Praia do Forte/Mata de São Segundo o banco, tem direito a sa-
João e da implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário car quem trabalhou com carteira
(SES) de Gandu, no modelo de negócio Locação de Ativos. assinada na iniciativa privada ou
como servidor público no período
de 1971 a 1988 e que ainda não te-
DATA: 01/09/2022 | HORÁRIO: 9h nha efetuado saques das cotas do
Link de acesso: www.encurtador.com.br/firU9 PIS/Pasep — não é preciso mais ter
motivos específicos para sacar,
O comunicado da Consulta Pública, documentos e projeto de implantação da basta solicitar o saque.
1ª Etapa do SIAA de Praia do Forte encontra-se no site da Embasa, no endereço No caso de titular falecido, o sa-
embasa.ba. gov.br/index.php/siaa-praia-do-forte
que pode ser solicitado pelos be-
O comunicado da Consulta Pública, documentos e projeto de implantação do neficiários legais, desde que apre-
SES de Gandu encontra-se no site da Embasa, no endereço sentem alguns documentos, como
embasa.ba. gov.br/index.php/ses-gandu identificação e certidão de depen-
dentes emitida por órgãos oficiais.
Atualmente, segundo a Caixa,
há 10,6 milhões de trabalhadores
com saldo PIS/Pasep para saque.
Desde a migração dos valores
do PIS/Pasep para as contas do
FGTS, em 2020, o banco realizou
mais de 340 mil pagamentos, to-
talizando R$ 493 milhões.
Em média, segundo o banco,
há R$ 2,3 mil disponível por sa-
que a quem ainda tem direito.
O vice-presidente do Agente
Operador da Caixa, Edilson Car-
rogi, explicou que o saque pode
ser feito a qualquer momento, já
que a legislação não estabelece
um tempo máximo para a retira-
da dos recursos.
“Trabalhadores e trabalhado-
res com menos de 48 anos difi-
cilmente terão cotas do PIS/Pa-
sep para receber, já que, em
1988, não tinham idade para en-
trar no mercado de trabalho”,
explicou o executivo.
O procedimento por ser reali-
zado totalmente de forma on-li-
ne, por meio do aplicativo do
FGTS. O passo a passo está dispo-
nível no site da Caixa Econômica
Federal e o pagamento é realiza-
do ou em espécie, nas agências
da instituição financeira, ou
com crédito em conta.
Uma análise realizada pelo
MapBiomas com base em ima-
gens de satélite capturadas en-
tre 1985 e 2020 mostra que a
área urbanizada às margens de
rios, córregos e nascentes quase
dobrou no país em 35 anos. Es-
sas faixas são APPs (Áreas de
Preservação Permanente) e, de
acordo com o Código Florestal,
devem ter no mínimo 30 me-
tros. No caso de rios mais largos,
a APP pode chegar a 500 metros.
O levantamento apontou que as
áreas urbanizadas dentro das
APPs de rios e córregos — ou se-
ja, em que há construção e in-
fraestrutura — saltaram de 61,6
mil hectares, em 1985, para 121
mil hectares em 2020. “Este é
um dado que por si só é preocu-
pante, já que a proximidade de
construções urbanas pode com-
prometer a qualidade e aumen-
ta a vazão da água, contribuin-
do para enchentes na estação
chuvosa”, afirma Julio Cesar Pe-
drassoli, coordenador da equipe
de infraestrutura urbana do
MapBiomas.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor A5

Brasil
Conjuntura Queda de imposto em energia e gasolina
CLAUDIO BELLI/VALOR

ajudam, mas outros grupos seguem próximos de 10%

Preços administrados
puxam inflação para
menos de 7% este ano
Marta Watanabe Os preços livres, segundo as mes- plica, devem ser beneficiados por
e Marsílea Gombata mas casas, devem ficar entre 9,4% e sazonalidade de produtos in natu-
De São Paulo 10,7%. Para o IPCA do ano que vem ra e correções de preços de itens
a inflação vai de 4,5% a 5,5%. que subiram muito, como o leite.
A redução de tributos, junta- Na última quarta, ao divulgar o “A leitura geral é que grande
mente com cortes de preços de IPCA-15, prévia do indicador cheio parte da redução de inflação do
combustíveis pela Petrobras e de de agosto, o Instituto Brasileiro de ano deve vir de administrados,
tarifas de energia elétrica, deve re- Geografia e Estatística (IBGE) mas industrializados e alimenta- Tatiana Nogueira, da XP: “Industrializados e alimentação já dão sinais de desaceleração, o que é uma boa notícia”
sultar em deflação de preços admi- apontou deflação de 0,73% em re- ção já dão sinais de desaceleração,
nistrados em 2022, em contraste lação a julho. A maior influência o que é uma boa notícia e será mui-
com a evolução dos preços livres, para a variação negativa do índice to importante para o próximo Preços administrados puxam baixa
que ainda deverão fechar o ano veio da gasolina, que teve queda de ano.” A XP projeta IPCA de 6,8% ao Projeções para o IPCA cheio e por grupos, em %
com inflação ao redor de 10%, se- 16,80% no preço em agosto e res- fim do ano, com deflação de 1,1% 2022
gundo economistas ouvidos pelo pondeu por -1,07 ponto percen- em preços administrados e 9,7% Instituição IPCA Administrados Livres Alimentação Bens Serviços IPCA 2023
Valor. A combinação deve trazer tual do IPCA-15. O movimento re- em preços livres. Bens industriais, no domicílio industriais
uma variação agregada de preços flete a redução do ICMS sobre com- aponta a corretora, devem avançar Parcitas 6,5 -2,8 10 14,1 9,1 8,9 5,2
ao consumidor entre 6% e 7%, nível bustíveis, energia elétrica, comu- 9,1% e serviços, 9,5%. Para 2023, a LCA 6,7 -5,6 10,6 14,5 9,8 9,5 5,5
mais confortável que das estimati- nicações e transporte público, de- expectativa é de inflação de 5,5%. Asa 6,4 -2,1 9,5 11,3 8,8 9,2 5,3
vas próximas a 9% que o mercado finida no fim de junho. A energia Vitor Martello, economista da XP 6,8 -1,1 9,7 11,1 9,1 9,5 5,5
chegou a apontar há menos de três elétrica, foi a segunda maior in- Parcitas Investimentos, calcula que BRCG 6,3 -2,8 9,4 N/D N/D N/D 4,5
meses, ainda que bem acima dos fluência, como reflexo do ICMS o corte de impostos deve contri- Renascença 6,2 -3 9,6 13,2 8,5 8,7 5,1
5% de teto da meta do Banco Cen- mas também de revisões tarifárias buir para uma deflação de cerca de Credit Suisse 6,6 -5 10,7 15,4 10,5 8,7 5,5
tral (BC) para este ano. extraordinárias. O IPCA cheio de 20% em combustíveis e energia, o Tendências 6,6 -2,4 10,2 13,9 9,6 9 5
No início de junho o relatório julho fechou com deflação de que explica projeção da gestora de Barclays 6,5 -2,9 10 14,9 8,3 8,6 5
Focus divulgado pelo BC indicou 0,68%. Tanto o índice cheio de ju- 2,8% de queda nos preços adminis- Elaboração: Valor

mediana de 8,89% para a variação
do Índice de Preços ao Consumi-
dor Amplo (IPCA) de 2022. No últi-
mo relatório, a mediana ficou em
6,82%. Nove consultorias e institui-
ções consultadas pelo Valor indi-
cam inflação de 6,2% a 6,8% para
este ano. Ainda que haja desacele-
ração em curso em bens indus-
triais e alimentação, o comporta-
mento dos preços monitorados
dentro do índice, apontam, deve
ter um efeito determinante. A de-
flação estimada nos preços admi-
nistrados varia entre 1,1% e 5,6%.
lho quanto o IPCA-15 de agosto fo-
ram as menores taxas de suas res-
pectivas séries históricas do IBGE.
A deflação observada em julho e
a esperada para o mês de agosto
são quase que completamente
efeito do corte de tributos sobre
itens de preços administrados, diz
Tatiana Nogueira, economista da
XP Investimentos. Ela aponta, po-
rém, que já há uma desaceleração
em bens industriais e uma des-
compressão esperada para o gru-
po de alimentação para os próxi-
mos dois meses. Os alimentos, ex-
trados em 2022. Com preços livres
em alta de 10% no ano, a estimativa
para o IPCA de 2022 é de 6,5%. Ape-
sar do destaque nos preços moni-
torados, diz, o todo traz quadro de
desinflação. Os últimos dois a três
meses mostram que o índice de di-
fusão fez pico em maio e o IPCA-15
divulgado esta semana dá indícios,
aponta, de um platô em serviços.
Os bens industriais, avalia, devem
diminuir a taxa de aumento de
preços mensais de cerca de 1% do
primeiro semestre para variações
próximas a 0,5% mensais na se-
gunda metade do ano.
Marcio Milan, economista da
Tendências Consultoria, diz que
houve alívio mais intenso do que o
esperado nos administrados, em
grande parte sob influência dos
combustíveis. “Havia certa dúvida
de quanto dessa mudança de im-
postos seria repassada para o pre-
ço final. E parece que a maior parte
foi.” Nos últimos dias, aponta, sur-
giram notícias que apontam para
inflação menor no curto prazo. O
cenário, diz, é de uma inflação me-
nos pressionada no segundo se-
mestre do que foi no primeiro. Nos
alimentos, diz, a tendência de uma
inflação menos pressionada no
restante do ano deve vir pelo efeito
cambial e também pela normali-
zação de preços de commodities
nos mercados globais.
Fabio Romão, economista da
LCA, avalia que a reorganização
das cadeias produtivas deve bene-
ficiar os bens industriais, mas a de-
saceleração deve vir devagar em
razão da “fila de custos” que ainda
não foram integralmente repassa-
dos ao consumidor. A consultoria
projeta alta de 9,8% em preços de
bens industriais este ano. A fila de
custos também se aplica ao setor
de serviços, que deve ainda termi-
nar o ano pressionado, com preços
em alta de 9,5%, em razão de uma
combinação de reabertura da eco-
nomia, demanda reprimida e pou-
pança forçada em função do isola-
mento social. Há, segundo ele,
uma preferência por serviços que
pode ser mantida em 2023.

AS PESSOAS CERTAS
PARA O NEGÓCIO
Como atrair, motivar e reter equipes engajadas e diversas
Um bate-papo que vai ajudar o empreendedor a saber como encontrar
os melhores talentos, motivá-los e mantê-los na empresa. Aprenda quais
são os melhores caminhos para achar os bons profissionais; veja como
organizar as finanças na hora da contratação; descubra as melhores
maneiras de montar equipes engajadas e quais incentivos funcionam;
e saiba desenvolver lideranças com mais diversidade. Não perca!

CONVIDADOS MEDIAÇÃO

Renata Cristina
Frederico Lacerda Gabriela Augusto de Oliveira Juliana Ventura
Cofundador Fundadora Diretora Editora-executiva
e CEO da Pin People da Transcendemos de Recursos Humanos de PEGN
Consultoria do Varejo do Itaú

31 DE AGOSTO,
QUARTA-FEIRA, ÀS 15H
TRANSMISSÃO:

PATROCÍNIO REALIZAÇÃO

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A6 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Brasil
Atividade econômica Atualize suas contas
Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
jul/22 jun/22 mai/22 abr/22 mar/22 fev/22 jan/22 dez/21 nov/21 out/21 Em % Em R$
Indústria* Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
jan/21 0,0000 0,5000 0,1159 0,1468 0,15 0,3707 0,2084 0,2466 1,04 23,54 1.100,00
Produção física industrial (IBGE - %)
fev/21 0,0000 0,5000 0,1159 0,1348 0,13 0,3347 0,2076 0,2466 1,33 23,54 1.100,00
Total - -0,4 0,3 0,2 0,6 0,7 -1,9 2,7 0,1 -0,5
mar/21 0,0000 0,5000 0,1159 0,1835 0,20 0,3707 0,2060 0,2466 1,55 23,54 1.100,00
Indústria de transformação - -0,3 0,9 0,0 0,8 0,4 -1,6 2,9 -0,2 -0,2
abr/21 0,0000 0,5000 0,1590 0,2404 0,21 0,3763 0,2312 0,2466 1,41 23,54 1.100,00
Indústrias extrativas - 1,9 -5,7 0,2 0,7 5,6 -5,4 1,1 3,9 -8,9
mai/21 0,0000 0,5000 0,1590 0,2737 0,27 0,3888 0,2620 0,2466 2,23 23,54 1.100,00
Bens de capital - 1,7 7,5 -8,0 8,7 2,1 -9,2 4,6 1,1 -2,3
jun/21 0,0000 0,5000 0,2019 0,2891 0,31 0,3763 0,2839 0,2466 3,00 23,54 1.100,00
Bens intermediários - 1,3 -1,5 1,0 0,7 2,2 -1,9 1,2 0,2 -1,2
Bens de consumo - 1,0 0,3 2,7 -3,1 0,3 -1,5 4,0 0,7 -1,3
jul/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,3798 0,36 0,4111 0,2952 0,2466 0,96 23,54 1.100,00
Faturamento real (CNI - %) - 0,9 0,9 -0,2 1,0 -0,1 1,5 0,2 1,3 -1,4 ago/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,4248 0,43 0,4111 0,2992 0,2466 0,53 23,54 1.100,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - 0,0 1,7 -2,3 -0,3 1,4 0,2 1,1 1,2 -0,9 set/21 0,0000 0,5000 0,3012 0,4221 0,44 0,3978 0,3234 0,2466 0,70 23,54 1.100,00
Comércio out/21 0,0000 0,5000 0,3575 0,5046 0,49 0,4473 0,3483 0,2466 0,00 23,54 1.100,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - 0,2 0,4 1,0 7,3 2,4 2,3 0,0 1,2 0,6
nov/21 0,0000 0,5000 0,4412 0,5927 0,59 0,4329 0,3771 0,2466 0,24 23,54 1.100,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - -1,4 -0,4 0,6 1,2 1,3 2,3 -2,9 0,6 0,2 dez/21 0,0488 0,5490 0,4902 0,7191 0,77 0,4473 0,4026 0,2955 0,22 23,54 1.100,00
Consultas ao usecheque (ACSP - %) (1) ** 97,2 114,1 424,1 44,2 109,3 14,6 18,2 50,6 21,2 33,4 jan/22 0,0605 0,5608 0,5608 0,7609 0,73 0,5096 0,4146 0,3073 0,35 23,55 1.212,00
Consultas ao sistema de proteção ao crédito (ACSP - %) (1) ** -5,6 7,8 127,2 -29,0 45,0 -4,3 6,4 -13,3 -4,0 -3,1 fev/22 0,0000 0,5000 0,5000 0,7272 0,76 0,4601 0,4249 0,2466 0,18 23,55 1.212,00
Mercado de trabalho mar/22 0,0971 0,5976 0,5976 0,8678 0,93 0,5096 0,4265 0,3440 0,25 23,55 1.212,00
abr/22 0,0555 0,5558 0,5558 0,8159 0,83 0,5513 0,4416 0,3023 0,71 23,59 1.212,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) - 9,3 9,8 10,5 11,1 11,2 11,2 11,1 11,6 12,1
mai/22 0,1663 0,6671 0,6671 0,9776 1,03 0,5697 0,4424 0,4133 4,13 23,59 1.212,00
Indicador Coincidente de Desemprego - (FGV/IBRE) (3)* - - - - - - - - - -
jun/22 0,1484 0,6491 0,6491 0,9496 1,02 0,5513 0,4472 0,3954 2,22 23,59 1.212,00
Emprego industrial (CNI - %)* - 0,4 0,3 -0,1 -0,2 -0,1 0,3 0,3 0,3 0,0
jul/22 0,1631 0,6639 0,6639 0,9844 1,03 0,5851 0,4456 0,4101 0,73 23,67 1.212,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (3)* -0,8 1,0 1,4 4,5 -0,1 -1,4 -5,3 -1,2 -4,1 0,1
ago/22 0,2409 0,7421 0,7421 1,0929 1,17 0,5851 0,4630 0,4881 - 23,67 1.212,00
Balança comercial (US$ milhões)
2022 0,94 5,04 5,04 7,41 7,75 4,40 3,56 2,94 8,81 0,55 10,18
Exportações 29.955 32.675 29.722 29.018 29.435 23.517 19.798 24.357 20.473 22.602 Em 12 meses * 0,98 7,21 6,72 9,83 10,23 6,22 5,07 4,01 10,66 0,55 10,18
Importações 24.511 23.861 24.707 20.748 21.808 18.872 19.816 20.421 21.612 20.539 2021 0,05 6,22 2,99 4,40 4,42 4,87 3,50 3,05 14,00 0,00 5,26
Saldo 5.444 8.814 5.015 8.270 7.628 4.645 -18 3.936 -1.139 2.063
Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Fontes: IBGE, CNI, FGV, FIRJAN, ACSP, SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1) Na capital SP. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts. * Metodologia com ajuste sazonal. (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
** Variação em 12 meses. 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para agosto projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 1º Tri/22 4º Tri/21 2022 (1) 2021 2020 2019 Dívida líquida do setor público mai/22 abr/22 mai/21
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 2.249 2.258 8.863 8.679 7.468 7.389 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 444 404 1.677 1.609 1.448 1.873 ago/22 jul/22 2022 2021 12 meses ago/22 jul/22 dez/21 ago/21
Dívida líquida total 5.338,3 58,78 5.227,6 58,32 4.730,7 59,23
Taxa de Variação Real (%) 1,0 0,7 4,7 4,6 -3,9 1,2 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização 5,9 0,07 5,6 0,06 16,6 0,21
Agropecuária -0,9 6,0 -4,8 -0,2 3,8 0,4 IPCA - -0,68 4,77 10,06 10,07 - 6.411,95 6.120,04 5.876,05
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -685,1 -7,54 -729,4 -8,14 -922,8 -11,55
Indústria 0,1 -1,2 3,3 4,5 -3,4 -0,7 INPC - -0,60 4,98 10,16 10,12 - 6.645,74 6.330,59 6.087,84
Dívida fiscal líquida 6.017,5 66,26 5.951,5 66,39 5.636,9 70,57
Serviços 1,0 0,6 5,8 4,7 -4,3 1,5 IPCA-15 -0,73 0,13 5,02 10,42 9,60 6.293,78 6.340,06 5.992,99 5.742,67
Formação Bruta de Capital Fixo (%) -3,5 0,8 10,1 17,2 -0,5 4,0 IPCA-E - - 5,65 10,42 12,04 - - 5.992,99 5.742,67 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 18,7 19,0 18,9 19,2 16,6 15,5 Dívida interna líquida 6.038,7 66,50 5.972,2 66,62 5.697,9 71,34
FGV
Fontes: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data Dívida externa líquida -700,5 -7,71 -744,6 -8,31 -967,3 -12,11
IGP-DI - -0,38 7,44 17,74 9,13 - 1.169,43 1.088,49 1.070,15
* Valores correntes. ** Banco Central. (1) 1º trim de 2022, nos últimos 12 meses
Núcleo do IPC-DI - 0,36 4,76 4,96 7,27 - - - - Divisão entre as esferas do governo
IPA-DI - -0,32 8,41 20,64 9,11 - 1.424,53 1.314,07 1.300,06 Governo Federal e Banco Central 4.486,9 49,41 4.367,7 48,72 3.761,4 47,09
IPA-Agro - 0,17 7,20 18,80 11,08 - 2.087,94 1.947,79 1.953,54 Governos Estaduais 748,4 8,24 755,0 8,42 824,0 10,32
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Ind. - -0,52 8,90 21,39 8,35 - 1.176,94 1.080,78 1.063,30 Governos Municipais 55,9 0,62 57,9 0,65 81,9 1,03
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPC-DI - -1,19 3,20 9,34 8,00 - 701,10 679,39 653,80 Empresas Estatais 47,1 0,52 47,0 0,52 63,3 0,79
INCC-DI - 0,86 8,46 13,85 11,59 - 1.043,76 962,32 939,70
Salário de Base de calculo Aliquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público mai/22 abr/22 mai/21
IGP-M - 0,21 8,39 17,78 10,08 - 1.193,34 1.100,99 1.091,29
em R$ em % IR - em R$ Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1) IPA-M - 0,21 9,47 20,57 10,14 - 1.469,85 1.342,67 1.343,22
Até 1.212,00 7,50 Até 1.903,98 - - IPC-M - -0,28 3,98 9,32 9,02 - 690,75 664,32 638,36 Total nominal 380,6 4,19 352,0 3,93 724,3 9,07
De 1.212,01 a 2.427,35 9,00 De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 INCC-M - 1,16 8,44 14,03 11,66 - 1.042,03 960,89 938,48 Governo Federal** 502,9 5,54 469,2 5,23 823,4 10,31
De 2.427,36 até 3.641,03 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80 IGP-10 -0,69 0,60 8,43 17,30 8,82 1.211,82 1.220,20 1.117,64 1.113,60 Banco Central -42,3 -0,47 -36,5 -0,41 -65,3 -0,82
De 3.641,04 até 7.087,22 14,00 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 IPA-10 -0,65 0,57 9,67 19,72 8,85 1.503,51 1.513,31 1.370,95 1.381,23 Governo regional -77,9 -0,86 -78,2 -0,87 -35,9 -0,45
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 IPC-10 -1,56 0,42 3,07 9,63 7,32 688,05 698,93 667,53 641,14 Total primário -119,9 -1,32 -137,4 -1,53 428,6 5,37
Fonte: Previdência Social. Elaboração: Valor Data *Competên- INCC-10 0,74 1,26 8,96 14,20 11,65 1.033,03 1.025,40 948,04 925,22 Governo Federal -255,7 -2,82 -255,1 -2,85 280,9 3,52
Fonte: Secretaria da Receita Federal
cia ago/22. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de Elaboração: Valor Data Banco Central 0,6 0,01 0,5 0,01 0,3 0,00
FIPE
recolhimento ao INSS Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Governo regional -128,7 -1,42 -126,6 -1,41 -71,4 -0,89
IPC - 0,16 5,52 9,73 10,73 - 643,66 610,00 589,62
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras.
DIEESE
ICV* - - - - 3,07 - - - -
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 2º trimestre = 3,04%, IGP-M 2ª prévia ago/22 = -0,57% e IPC-FIPE = 3ª quadrissemana ago/22 = -0,05%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE, FIPE e DIEESE. Elaboração: Valor Data *Índice em 2020 até fevereiro Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de junho*
Discriminação Janeiro-maio Var. maio Var.
Discriminação Janeiro-junho Var. junho Var.
2022 2021 % 2022 2021 % Imposto de Renda Pessoa Física 2022 2021 % 2022 2021 %
Receita Federal
Imposto de renda total 293,4 235,7 24,47 54,4 46,6 16,74
Pagamento das quotas - 2022 Receita total 1.191,6 1.024,6 16,30 224,3 152,6 47,00
Receita Adm. Pela RFB** 725,5 653,3 11,05 114,4 91,9 24,49
Imposto de renda pessoa física 25,4 23,6 7,66 13,6 11,7 16,24 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 251,9 233,2 7,99 41,1 38,1 7,68
Imposto de renda pessoa jurídica 141,0 109,6 28,61 16,2 14,9 8,72 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 214,3 138,1 55,19 68,8 22,5 205,69
Imposto de renda retido na fonte 127,1 102,5 23,96 24,6 20,0 23,00 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
Transferências a Estados e Municípios 232,2 191,4 21,34 33,7 28,7 17,29
Imposto sobre produtos industrializados 27,6 29,6 -6,86 4,8 5,6 -14,29 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
Receita líquida total 959,4 833,2 15,14 190,6 123,8 53,90
Imposto sobre operações financeiras 23,4 16,5 42,06 4,8 3,9 23,08 1ª ou única 31/05/2022 - Campo 7 Despesa Total 902,8 891,9 1,23 176,1 206,0 -14,51
Imposto de importação 24,0 26,2 -8,57 4,7 5,2 -9,62 2ª 30/06/2022 1,00% Benefícios Precidenciários 423,6 412,6 2,67 83,4 99,8 -16,44
Cide-combustíveis 1,0 0,7 55,26 0,2 0,2 0,00 3ª 29/07/2022 2,02% + Pessoal e Encargos Sociais 157,5 179,3 -12,16 25,4 35,3 -28,20
Contribuição para Finsocial (Cofins) 130,0 111,1 16,98 25,3 21,5 17,67 4ª 31/08/2022 Valor da declaração 3,05% Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 148,4 177,8 -16,56 25,7 45,9 -44,10
CSLL 76,5 54,5 40,40 8,9 7,7 15,58 5ª 30/09/2022 - Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 173,4 122,2 41,93 41,7 24,9 67,10
PIS/Pasep 36,4 31,5 15,49 7,0 5,9 18,64 Resul. Primário do Gov. Central (1) 56,5 -58,7 -196,29 14,4 -82,2 -117,56
6ª 31/10/2022 - +
Outras receitas 296,2 238,9 24,00 55,2 45,5 21,32 Discriminação mai/22 abr/22 mai/21
7ª 30/11/2022 - Campo 9
Total 908,5 744,7 22,00 165,3 142,1 16,33 Valor Var. % Valor Var. % Valor Var. %
8ª 30/12/2022 -
jun/22 mai/22 jun/21
Pagamento com atraso Ajustes metodológicos -0,5 10,71 -0,4 4,68 -0,3 -19,26
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Discrepância estatística -0,2 - 1,2 - 0,3 -
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 59,4 1,21 58,7 -1,88 51,7 3,75 Result. Primário do Gov. Central (2) -40,3 - 30,0 - -23,5 -
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
jun/22 mai/22 jun/21 de junho/22 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Juros Noniminais -27,5 -62,81 -74,0 191,13 -20,8 -
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data. Result. Nominal do Gov. Central -67,8 54,07 -44,0 31,76 -44,4 -
INSS 41,1 -2,30 42,0 5,79 34,1 1,20 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre o mês anterior Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** Somando Incentivos fiscais (1) Acima da linha. (2) Abaixo da linha

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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor A7

Política
Eleições Haddad aposta em Alckmin, Lula, MEC e prefeitura; Tarcísio fala de família e Deus; Garcia se mostra como ‘raiz’

Horário eleitoral em SP nacionaliza disputa

Eleições
2022
Cristiane Agostine
De São Paulo
O início da propaganda eleitoral
em São Paulo deve ser marcado por
uma tentativa de nacionalizar a dis-
puta pelo governo paulista entre o
candidato do PT, Fernando Haddad,
e do Republicanos, Tarcísio de Frei-
tas. Além de exibirem seus padri-
nhos políticos, os dois candidatos
apostarãotambémnadivulgaçãode
suas ações no governo federal.
Haddad destacará a imagem do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e do ex-governador Ge-
raldo Alckmin (PSDB) nas primei-
ras propagandas. O petista falará
de suas ações no Ministério da Edu-
cação (2005-2012), como o Prouni,
além de sua gestão na Prefeitura de
São Paulo (2013-2016). Já Tarcísio
deve exibir o apoio do presidente
Jair Bolsonaro (PL) e da primeira-
dama, Michelle, e mostrará sua
atuação no Ministério da Infraes-
trutura e no Dnit, nos governos
Bolsonaro, Michel Temer (MDB) e
Dilma Rousseff (PT). Tarcísio refor-
çará o discurso sobre família, reli-
gião e a atuação no Exército.
O governador e candidato à ree-
leição,RodrigoGarcia(PSDB),deixa-
rá de lado as referências ao seu parti-
do, que comanda o Estado há sete
gestões consecutivas. O tucano se
apresenta como “Rodrigo”, destaca-
rá sua origem no interior paulista e
se mostrará como o “paulista raiz”.
Garcia dirá que não é nem de es-
querda nem de direita e é contra a
polarização entre Lula e Bolsonaro.
O ex-governador João Doria (PSDB),
que deixou a gestão em março para
Garcia, continuará sendo omitido.
A propaganda no rádio e na TV
começa a ser veiculada nesta sexta-
feira (26) e irá até 29 de setembro.
Serão dois blocos com 25 minutos
cada, de segunda a sábado. No rá-
dio, começa às 7h e às 12h e na TV,
às 13h e 20h30. Segundas, quartas
e sextas serão veiculadas propa-
gandas dos candidatos a governa-
dor, senador e deputado estadual.
Terças e quintas, dos candidatos à
Presidência e a deputado federal.
As inserções, com 30 ou 60 segun-
dos, serão veiculadas todos os dias.
Haddad e Tarcísio terão quase o
mesmo tempo: o petista terá
2min18s (e 226 inserções) e o ex-
ministro terá um segundo a mais
(e 228 inserções). Garcia terá
4min17s (421 inserções).
A propaganda de Haddad exibi-
rá Alckmin falando que o petista é
“administrador experiente”, “o me-
lhorministrodaEducação”dopaís”
e que foi prefeito. Ex-governador
por quatro mandatos no Estado e
vice na chapa presidencial de Lula,
Alckmin tenta driblar a resistência
do interior paulista ao PT. Lula tam-
bém falará de ações de Haddad nos
governos federal e municipal.
A campanha pretende mostrar
apoios de nomes com destaque no
plano nacional, como a ex-senado-
ra Marina Silva (Rede), candidata a
deputada.Haddadtentarátambém
se defender de críticas à sua gestão
na capital. O petista deixou a prefei-
tura com aprovação de 14%.
Tarcísio se apresentará como
“forasteiro”, nascido no Rio de Ja-
neiro mas que tem como “destino
rodar o mundo”. A estratégia é
uma vacina a críticas de que não
tem vínculos com o Estado. O can-
didato destacará a “fé em Deus”, a
família e a participação em missão
da ONU no Haiti. Defenderá ainda
concessões e privatizações.
O governador mostrará o sítio
onde nasceu em Tanabi (SP) e dirá
entrou na política para mudar a
realidade de um lugar e não para
“alterar a ideologia”. Falará que é
um “pouco de esquerda” por “se
preocupar com desigualdades so-
ciais” e “um pouco de direita” por
“defender o Estado mais enxuto”.

Castro omite Witzel em sua propaganda

LEO PINHEIRO/VALOR

Caio Sartori e Paula Martini
Do Rio
Hoje, primeiro dia de propa-
ganda eleitoral na TV, os candi-
datos a governador do Rio vão
concentrar as estratégias em se
apresentar aos eleitores. Dentro
dessa lógica, o presidenciável
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) es-
tará no material de Marcelo Frei-
xo (PSB), enquanto Jair Bolsona-
ro (PL) será escondido por Cláu-
dio Castro (PL). O atual governa-
dor é dono da maior fatia do ho-
rário eleitoral: 4min46s em cada
bloco televisivo. Freixo, seu prin-
cipal adversário, é o segundo co-
locado com 3min10s.
A campanha do candidato à ree-
leição definiu “entrega” como pa-
lavra de ordem. Ou seja, quer focar
no que considera as boas realiza-
ções de Castro nos dois anos à fren-
te do Palácio Guanabara. A primei-
ra peça na TV, à qual o Valor teve
acesso, é conduzida pela pergunta,
“Quem é esse cara?”, repetida dez
vezes enquanto o público é infor-
mado sobre projetos do governo.
Depois, o mandatário se apre-
senta. Fala da fé, da família e da ex-
periência na política. Ao abordar a
situação em que encontrou o esta-
do, com crises na política, na saúde
e na economia, não menciona que
era vice-governador de Wilson
Witzel (PSC, hoje no PMB), cassado
sob suspeita de corrupção.
“Longe ainda de estar tudo re-
solvido, mas nós já estamos me-
lhorando: no emprego, na retoma-
da do crescimento, na segurança,
na atenção a quem mais precisa”,
diz Castro no programa de estreia,
um dos oito já gravados. O gover-
nador ainda é desconhecido da
população por boa parte do eleito-
rado. “A ideia é associar o que é
bem avaliado ao criador”, afirma o
marqueteiro da campanha, Paulo
Vasconcelos.
O aliado de Bolsonaro não pre-
tende nacionalizar o pleito. A in-
tenção de Castro é focar no local,
destacando obras e projetos e
tentando se manter alheio a atri-
tos do jogo nacional. “A gente
aguarda do presidente Bolsona-
ro uma agenda ou mídia pronta
para inserção futuramente, mas
os primeiros movimentos são de
apresentação do Cláudio”, pon-
dera o marqueteiro.
Se Castro busca falar da política
local, Freixo bebe da fonte dos
quadros cariocas com verve nacio-
nalizadora, que encaram a ex-ca-
pital como símbolo da República.
Isso estará representado na TV
com imagens de Lula, cuja presen-
ça é garantida no primeiro dia de
propaganda. Um dos motes do
candidato tem sido a necessidade
de “derrotar o bolsonarismo no
Rio e no Brasil”. A campanha de
Freixo gravou 14 programas, com
ordem ainda indefinida de veicu-
lação, e faz mistério sobre o con-
teúdo exato que será exposto hoje.
Em alguns dos vídeos, o deputa-
do apresenta sua vida política e
pessoal. Entre os coordenadores
da campanha, fala-se muito na
tentativa de transformá-lo num lí-
der de esquerda de linguagem po-
pular, deixando para trás o papel
de representante de um progres-
sismo intelectualizado, de difícil
compreensão pelos mais pobres.
Para embalar a guinada, o parla-
mentar detém valores superlativos
de dinheiro partidário: o PSB colo-
cou até o momento R$ 8,8 milhões
do fundo eleitoral na campanha.
Foi, em todo o país, o candidato do
partido que mais recebeu verbas
até agora. Freixo também trabalha
pela primeira vez com um mar-
queteiro, Renato Pereira.
Terceiro colocado nas pesquisas
e desconhecido para mais de 60%
da população, Rodrigo Neves
(PDT) construiu um roteiro pareci-
do com o de Castro: o foco é se
apresentar. Em 1 minuto e 39 se-
gundos, ele abordará a gestão à
frente de Niterói, na região metro-
politana, destacando que deixou a
prefeitura com mais de 80% de
aprovação e concluindo que o Rio
precisa de um gestor testado. Cláudio Castro: campanha quer mostrar realizações do governador no cargo

Energia firme e disponível

para garantir o abastecimento
energético brasileiro

Você sabia que existe um empreendimento no Brasil pronto para gerar 560 MW de
energia, suficiente para abastecer uma cidade de 2 milhões de habitantes? O projeto
é desenvolvido no Porto de Itaguaí (RJ) pela Karpowership, empresa global focada em
liderar o caminho para a segurança energética.
A Karpowership foi uma das vencedoras do Procedimento Competitivo Simplificado
(PCS) - leilão emergencial realizado pelo Governo Federal em outubro de 2021 – que
tinha como objetivo atrair empresas que pudessem garantir o abastecimento de energia
no país, com projetos rápidos e eficentes, nos próximos anos.
Desde o resultado da licitação, a Karpowership iniciou imediatamente todos os proce-
dimentos de licenciamento e autorização, cumprindo rigorosamente toda a legis-
lação brasileira, bem como possibilitou a implantação física do projeto, tanto em terra
quanto no mar.
O projeto, que já está pronto para entrar em operação, é composto por quatro
Usinas Flutuantes (Powerships) e uma Unidade Flutuante de Armazenamento e
Regaseificação de GNL (FSRU). É um dos mais rápidos em termos de implantação e é
baseado na utilização de gás natural (GNL). O empreendimento representa ainda um dos
maiores investimentos estrangeiros diretos no Brasil e no Rio de Janeiro, com arrecada-
ção de impostos para os Municípios e os Governos Estadual e Federal.
O mundo passa por um cenário em que vários países - incluindo nações do G7 e a China
- enfrentam desafios energéticos relevantes e problemas de capacidade instalada para
geração de energia. A Europa, que está à beira do racionamento de energia, busca opor-
tunidades para infraestrutura flutuante. O Brasil tem essa oportunidade estratégica
com um projeto que pode gerar energia firme, confiável, segura, rapidamente
disponível e sustentável.
O QUE É O PROJETO DE USINAS TERMELÉTRICAS FLUTUANTES:
>> Possui tecnologia de ponta, está pronto para operar e garantir o
fornecimento de energia ao país, seguindo elevados parâmetros de
sustentabilidade, como as metas do Banco Mundial e do Acordo de Paris;
>> Duração de 44 meses - rápida mobilização e desmobilização;
>> Tem baixo impacto ambiental com a utilização de embarcações que
dispensam processo construtivo e são desenvolvidas em países com os mais
exigentes parâmetros com o meio ambiente, como Alemanha e Finlândia;

Durante a fase de instalação, a Karpowership investiu cerca de R$ 620 milhões em obras >> Utilização do gás natural, combustível mais limpo e essencial para a
e mobilizou bilhões em investimentos com seus ativos. A empresa também concluiu transição e segurança energéticas;
14,7 km de linha de transmissão para ligação às subestações de Furnas e da Light, con-
>> As embarcações de geração de energia estão localizadas em área portuária,
tratou mais de 100 empresas brasileiras e gerou mais de 1.500 empregos diretos e
adequada para receber esse tipo de empreendimento, sem interferir nas áreas
indiretos. Foram produzidos mais de 100 estudos marítimos, operacionais, ambientais e
de preservação ambiental.
de segurança para obtenção de 50 licenças de diferentes autoridades estaduais e federais.
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A8 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Política
Apolêmicadarenda
naspesquisaseleitorais
César Felício
N
a pesquisa mais
recente do Ipec, há
47% de eleitores
com renda até dois
salários mínimos
no Estado de São Paulo. No
levantamento do Datafolha,
são 41% neste recorte. A
pesquisa paulista do Ipespe
constatou 36% de eleitores na
renda mais baixa. A do Ideia,
35%. A da Quaest, 25%, mesmo
percentual usado pela
AtlasIntel. Quem está certo?
Nenhum segmento medido
nas pesquisas de opinião,
nem mesmo a
autoidentificação de gênero,
é esculpido sobre a pedra.
Tudo é variável, mas talvez
nada seja tão fluido quanto a
renda. A renda familiar é
afetada com uma separação, a
perda de um emprego, o
nascimento de um filho.
Dada a diferença de perfil
entre os eleitorados do
ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e do presidente Jair
Bolsonaro, a diferença não é
trivial. A base lulista está entre
os pobres. A menor
quantidade de pobres pode
afetar diretamente o seu
percentual em pesquisas de
intenção de voto.
A diferença existe porque os
institutos partem de premissas
diferentes. Ipec, Datafolha,
Ipespe e Ideia apuram o
percentual de renda dentro da
própria amostra. Ou seja,
fazem as entrevistas e
levantam junto aos
pesquisados de qual renda
dispõem. O resultado depois
passa por uma ponderação.
No caso do Quaest e do Atlas
a metodologia é diferente.
Estes institutos colocam como
controle amostral a cota de
renda, pré-definindo-a de
acordo com a pesquisa Pnad
contínua do IBGE de 2022. Um
artigo de Felipe Nunes, do
Quaest, publicado no jornal “O
Globo” em 8 de agosto, expôs
seus argumentos a favor deste
critério. Essencialmente, ele
diz que a Pnad contínua, com
atualização trimestral, é o
melhor dado oficial disponível
sobre o tema.
Divergência entre os
institutos não muda
tendência geral
Andrei Roman, do Atlas, vai
pela mesma linha. “Usar o
critério probabilístico
funciona pior para aferir isso.
Os hábitos associados a renda
no Brasil são diferentes e há
evidências nas pesquisas de
2020 de que a população de
baixa renda no Brasil é
superestimada”, justificou.
Foi a Pnad contínua que
constatou que em São Paulo
apenas um em cada quatro
cidadãos ganha menos de dois
salários mínimos. Em nível
nacional, este percentual sobe
para 38%. Ou seja, quase dois
terços da população eleitora
no Brasil teria renda familiar
acima deste patamar. Há quem
veja o dado do Pnad como a
pedra angular, há quem o
receba com desconfiança.
Segundo Márcia Cavallari,
do Ipec, a dificuldade de
cálculo existe mesmo nos
números oficiais. “A
mensuração precisa da renda é
bastante sensível, pois os
entrevistados tendem a
subestimar sua renda quando
ganham muito, ou tendem a
superestimar sua renda
quando ganham pouco, além
daqueles que não respondem”.
A pesquisadora diz que a
ponderação é feita com o
cruzamento de outras
variáveis, estas sim
consideradas no controle da
cota amostral, como gênero,
domicílio eleitoral e idade.
A tendência do entrevistado
em ser pouco preciso ao falar
de sua renda, mesmo no Pnad,
é reconhecida por Felipe
Nunes, da Quaest. Ele não
acredita, no entanto, na
extrema fluidez do indicador.
“Ao longo dos anos os dados
da Pnad indicam relativa
estabilidade em relação a este
recorte”, afirma.
Luciana Chong, do
Datafolha, afirma que o dado
da Pnad tem o grande
problema de ser a fotografia
de um momento, e que poucas
coisas variam tanto quanto a
renda familiar.
“As flutuações são grandes.
Em nível nacional, a faixa até
dois salários mínimos pulou
de 48% para 60% no momento
em que o pagamento do
auxílio emergencial foi
suspenso”, conta Chong.
Atualmente, com o auxílio
restabelecido, o percentual
que o Datafolha trabalha no
Brasil como um todo é de 51%,
dez pontos percentuais acima
do paulista. “Com tal nível de
oscilação, como poderemos
usar uma cota que não
mude?”, indaga.
Para Luciana Chong, a renda
da população é algo tão fluido
que a própria pesquisa Pnad
está desatualizada. Ela diz ver
com estranheza, à luz das
pesquisas que analisa, a
informação de que a pobreza
paulista é tão reduzida.
Maurício Moura, do Ideia,
diz que muita cota
pré-estabelecida enviesa
demais o processo. “Muita cota
pré-estabelecida enviesa
demais o processo. “Cada cota
que você introduz é um viés
pré-definido. O nosso mundo
ideal é uma amostra
totalmente aleatória”, afirma.
Quando olha-se o
retrospecto de 2018, não se
pode afirma categoricamente
que pesquisas sem cota de
renda definida erraram, ao se
observar os votos totais, e não
os válidos. O último Datafolha
antes do primeiro turno
daquele ano apontou
Bolsonaro com 35%,
crescimento de sete pontos
percentuais em relação à
rodada anterior. O presidente
conseguiu 33% em relação ao
total do eleitorado apto a votar,
e 42% entre os que
compareceram às urnas, sem
desconsiderar os votos em
branco ou nulo. No caso do
petista Fernando Haddad, o
Datafolha do fim do primeiro
turno assinalava 22%. Ele teve
21,3% entre os aptos a votar e
26,7% dos que foram às urnas.
A diferença entre Bolsonaro
e Haddad, de 13 pontos
percentuais na pesquisa, ficou
em 12 pontos percentuais no
total do eleitorado brasileiro,
15 pontos entre os que
efetivamente votaram e 17
pontos entre os votos válidos.
Além de todas essas variações
estarem dentro da margem de
erro, o instituto havia
detectado uma forte elevação
de Bolsonaro nos dois
levantamentos anteriores, o
que configurava uma
tendência de canalização do
eleitorado de candidaturas
menores para o então
candidato do PSL.
E respondendo à pergunta
do início da coluna sobre quem
está certo: no resultado final,
não há diferença em relação às
tendências. Em todas Lula está
estável ou em ligeiro declínio.
Em todas Bolsonaro registra
um crescimento lento e
consistente rodada após
rodada. Ao se comparar as
pesquisas de metodologias
diferentes entre elas mesmas, e
não uma com a outra, as curvas
se justapõem, polêmicas à
parte.
César Felício é editor de Política.
Escreve às sextas-feiras
E-mail cesar.felicio@valor.com.br
Lula: candidato criticou a política econômica do segundo mandato de Dilma e indicou que retomará ações na economia semelhantes ao que fez em seus mandatos
Lulanãonegacorrupçãoemseugoverno
edizqueDilmacometeuequívocos
Eleições
2022
Cristiane Agostine,
Carolina Freitas, Paula Cleto,
Barbara Pombo e Caio Sartori
De São Paulo e do Rio
Candidato à Presidência pelo PT,
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva não negou a existência de
corrupção durante governos petis-
tas, ao participar de sabatina no
“Jornal Nacional”, da TV Globo,
nesta quinta-feira (25). Lula, no
entanto, disse que os desvios só
vieram à tona porque houve fisca-
lização e investigação eficientes, e
criticou a Operação Lava-Jato por
perseguição política. “Não pode
dizer que não houve corrupção se
as pessoas confessaram”, disse Lu-
la. “E as pessoas ficaram ricas por
causa de confessar”, afirmou, em
referência a delações premiadas
na Lava-Jato. Segundo o petista,
delatores falaram só “o que que-
riam” e enriqueceram por ficarem
com “metade do que roubou”.
Durante a entrevista, ele criticou
a política econômica da ex-presi-
dente Dilma Rousseff (PT), com a
desoneração fiscal e política de pre-
ços de combustíveis, e indicou que
retomará ações na economia seme-
lhantes às de seus dois mandatos
(2003-2010). O petista mostrou seu
vice na chapa, o ex-governador Ge-
raldo Alckmin (PSB), como uma es-
pécie de fiador de suas propostas
econômicas. O petista também fez
críticas ao agronegócio “fascista e
direitista” que se opõe à preserva-
ção ambiental.
O começo da sabatina de 40 mi-
nutos foi marcado por perguntas
sobre corrupção em governos pe-
Petistajogouporempate,massaiucomsaldo
Análise
Maria Cristina Fernandes
Do Rio
Foi preciso recorrer a uma “coli-
nha” sobre a mesa, mas, no con-
fronto mais temido por sua cam-
panha, o da corrupção, o candida-
to do PT à Presidência, Luiz Inácio
Lula da Silva deixou de brigar com
a pauta. Tampouco apelou à viti-
mização. Reagiu de maneira mais
propositiva do que defensiva. Ven-
deu seu eventual terceiro mandato
como um governo de combate à
corrupção ao nominar as medidas
que adotou em seu governo: portal
da transparência, lei de acesso à in-
formação, lei anticorrupção, lei de
lavagem de dinheiro e Coaf.
“Só existe uma possibilidade
de alguém não ser investigado
no meu governo. É se não come-
ter erro”, disse à bancada do “Jor-
nal Nacional”. Preparado para
uma pergunta que não apareceu,
sobre um mea-culpa, o ex-presi-
dente soltou a frase de efeito que
parecia talhada para o momen-
tistas, com desvios na Petrobras e
as investigações da Operação Lava-
Jato. O jornalista William Bonner
lembrou que o Supremo Tribunal
Federal (STF) anulou as condena-
ções de Lula na Lava-Jato e que o
petista “não deve nada à Justiça”, e
questionou o candidato sobre o
que ele pretende fazer para evitar a
repetição dos desvios de recursos.
“Corrupção só aparece quando
você permite que seja investigada”,
disse Lula. Na sequência, o petista
citou ações de seu governo como o
Portal da Transparência, a lei anti-
corrupção, o combate ao crime or-
ganizado e a atuação do Coaf para
monitorar movimentações finan-
ceiras atípicas. O ex-presidente
destacou que em seus governos o
Ministério Público e a Polícia Fede-
ral atuaram de forma “indepen-
dente” e com “liberdade” e que isso
ajudou a jogar luz sobre os desvios.
Cobrado por não explicar como
evitar desvios, Lula reiterou que
“não há hipótese” de que uma pes-
soa cometa um crime em um even-
tual governo dele não seja investi-
gada e punida.
Em outra pergunta sobre cor-
rupção, Bonner citou que o PT reco-
nheceu o prejuízo da Petrobras
com a Lava-Jato. No fim de 2021, a
empresa informou que R$ 6,17 bi-
lhões foram devolvidos em razão
de acordos de colaboração, leniên-
cia, repatriações e renúncias.
Ao ser lembrado que o próximo
presidente deverá indicar um no-
vo procurador-geral da República
em 2023, o candidato evitou se
comprometer a nomear um dos
nomes da lista tríplice e disse que
quer deixar “eles com uma pulgui-
nha atrás da orelha”, sem especifi-
car quem seriam “eles”. “Não que-
ro um procurador leal a mim, que-
ro um procurador leal ao povo
to: “Quero ser melhor do que
fui”. Junto com a exaustiva explo-
ração do seu vice, Geraldo Alck-
min, foi a âncora da entrevista.
Entre as medidas deste enfrenta-
mento, porém, não se comprome-
teu em manter a escolha do procu-
rador-geral da República a partir
do mais votado da lista tríplice a
Associação Nacional dos Procura-
dores da República (ANPR). “Quero
que eles fiquem com a pulga atrás
da orelha”, disse. Numa frase que
vai fazer a festa dos bolsonaristas
nas redes sociais, completou: “Essa
coisa de prometer o que se vai fazer
antes de ganhar é um erro.”
Quando William Bonner disse
que mudaria para economia, Lula
levantou os braços aos céus, como
se tivesse chegado à sua praia. Co-
mo de costume, o ex-presidente fa-
lou da virada que promoveu ao as-
sumir, em 2003, para simbolizar o
que é capaz de fazer agora — “Meus
economistas diziam que o Brasil
estava tão quebrado que eu per-
guntava pra eles por que queriam
que eu ganhasse a eleição”.
Mas Bonner queria chegar no
brasileiro e à instituição”, afirmou.
Em diversos momentos, Lula
destacou a chapa composta com
Alckmin, seu antigo adversário po-
lítico. “Eu me juntei para demons-
trar que política não pode ter
ódio”, disse. “Nunca antes na histó-
ria desse país teve chapa como Lu-
la-Alckmin para garantir a credibi-
lidade”, disse.
O ex-presidente lembrou que
quando assumiu seu primeiro
mandato, em 2003, o país enfren-
tava problemas econômicos, como
a alta do desemprego e da inflação,
mas conseguiu reduzir a inflação,
gerar empregos e investir em uma
política de inclusão social. “Peguei
inflação a 12% e reduzi para 4,5%.
Vamos fazer o mesmo”, disse.
Questionado sobre o governo
Dilma, Lula elogiou sua sucessora,
mas disse que ela “cometeu equí-
voco” na política de preço da gaso-
lina e ao promover uma política de
desoneração fiscal. O petista disse
que Dilma tentou mudar a política
econômica, mas foi impedida por
uma “dupla dinâmica” no Con-
gresso e atacou o então presidente
da Câmara, Eduardo Cunha (PTB,
ex-MDB), e o ex-senador e atual de-
putado Aécio Neves (PSDB).
Lula ponderou ainda que não
teve influência sobre as ações de
Dilma. “Rei posto, rei morto”, dis-
se. “Quem ganha vai governar do
jeito que entender.”
Lula foi perguntado ainda sobre
como pretende se relacionar com
o Centrão e o que fará para evitar
um novo “mensalão” — esquema
de pagamento de recursos a parla-
mentares em troca de apoio nas
votações que veio à tona em 2005.
“Você acha que mensalão é mais
grave do que orçamento secreto?”
respondeu. O petista desconver-
sou ao dizer que vai negociar indi-
governo Dilma Rousseff. E Lula
reagiu com bom humor ao contar
que tinha encontrado a ex-presi-
dente em São Paulo no fim de se-
mana. “Ela me disse que vocês iam
me perguntar sobre o governo de-
la e me pediu pra dizer que a cha-
massem que ela ia explicar o que
fez”, disse. Reconheceu erros na
política de combustíveis e nos R$
540 bilhões de desoneração, mas
disse que quando tentou mudar
enfrentou a oposição dos presi-
dentes da Câmara e do Senado,
Eduardo Cunha e Aécio Neves.
Indagado sobre a intolerância
da militância com Alckmin, reagiu
com bom humor: “Tô até com ciú-
mes do Alckmin de tanto que ele
tem sido aplaudido no PT”. Ven-
deu a polarização entre petistas e
tucanos como um tempo em que o
Brasil era feliz e não sabia. Ressus-
citou até o “nunca na história des-
se país”. E usou a audiência do “Jor-
nal Nacional” para repetir a frase
do educador Paulo Freire que
emoldura a aliança: “É preciso es-
tar junto com os divergentes para
vencer os antagônicos”.
REPRODUÇÃO DA TV
vidualmente com cada partido do
Centrão, e voltou a atacar o orça-
mento secreto — prática adotada
na gestão do presidente da Câma-
ra, Arthur Lira (PP-AL), de indica-
ção de emendas parlamentares
sem a devida transparência.
“Não é moeda de troca, é usur-
pação do poder”, disse. “Bolsonaro
é refém do congresso nacional.
Bolsonaro sequer cuida do orça-
mento. quem cuida é o Lira. Isso
nunca aconteceu desde a procla-
mação da República”, afirmou.
“Bolsonaro parece bobo da corte,
não coordena o orçamento.”
Segundo Lula, a atuação de uma
imprensa livre ajuda a denunciar
os escândalos. “Por isso acho im-
portante imprensa livre, uma justi-
ça eficaz. Se tiver problema de cor-
rupção, tem que ser denunciado.”
O petista falou sobre o clima po-
larizado no país e disse que “feliz
era o Brasil e a democracia brasilei-
ra quando a polarização era entre
PT e PSDB”. Lula disse que tinha
uma relação civilizada com adver-
sários como o ex-presidente Fer-
nando Henrique Cardoso (PSDB) e
marcou diferença em relação ao
“discurso do ódio”, que trata o ad-
versário como inimigo.
Lula afirmou que só não há po-
larização no “partido comunista
chinês, cubano”, em uma rara críti-
ca sobretudo a Cuba, país com
quem o PT tem relações próximas.
Questionado sobre política exter-
na, disse que “cada país cuida do
seu nariz”. O petista evitou se posi-
cionar, contudo, contra regimes
ditatoriais, como a Venezuela.
Por fim, ao falar sobre o agro-
negócio, criticou o setor “fascista
e direitista” que quer ampliar o
desmatamento. “O agro sério
não quer desmatar, quer preser-
var fauna, flora”, disse.
No capítulo do agronegócio far-
tou-se em frases que facilmente po-
dem ser tiradas do contexto pelas re-
des sociais do bolsonarismo. Disse
que o agronegócio não combatia
sua candidatura por causa do MST,
que virou “o maior produtor de or-
gânicos do país”, mas pelas políticas
do PT em defesa do meio ambiente.
E só então costurou. “O agro sério,
que faz negócio com o exterior, não
quer desmatar, quer preservar. Mas
tem um monte deles que quer”.
WilliamBonnerabriu a entrevista
dizendo que o ex-presidente não de-
via nada a ninguém, numa referên-
cia à anulação de suas condenações
pelo Supremo Tribunal Federal. Os
bolsonaristas começaram a vocife-
rar. A saraivada de perguntas sobre
corrupção ainda estava por come-
çar, mas Lula pegou a deixa. Foi mais
sereno no conteúdo de suas respos-
tas do que a vermelhidão de suas fa-
ces sugeria. Para quem entrou no jo-
go por um empate, situação que sua
campanha via como vantajosa para
quem está à frente nas pesquisas de
intenção de votos, o ex-presidente
saiu com saldo de gols.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor A9
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A10 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Política
Eleições Temor é avanço de Tebet, com maior exposição no horário eleitoral Lei ‘antiganância’ pode
Campanha de Ciro tenta restringir oferta de crédito

driblar tempo curto na TV

Eleições
2022
Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto
De Brasília
Com o início da campanha
eleitoral no rádio e na televisão,
Ciro Gomes (PDT) precisará dri-
blar a desvantagem no tempo
de exposição em relação aos ad-
versários e manter os pontos a
mais que sustenta atualmente
sobre o terceiro pelotão para
garantir uma sobrevida de sua
postulação na reta final da cor-
rida presidencial.
Essa é a avaliação de aliados
do pedetista que temem que
uma eventual melhora do de-
sempenho de Simone Tebet
(MDB) nas pesquisas de inten-
ção de voto nas próximas sema-
nas tenha potencial de esvaziar a
candidatura do cearense.
Para eles, uma eventual apro-
ximação da senadora nos levan-
tamentos poderia antecipar e
acelerar uma possível migração
dos eleitores de Ciro para o voto
útil no ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), com o objetivo
de concluir a eleição nacional já
em primeiro turno.
O entorno do presidenciável
no PDT acredita que, em caso de
uma derrapada de Ciro nas pes-
quisas de intenção de voto no
curto-prazo, a campanha do pe-
tista deve ir para “o tudo ou na-
da” e tentar avançar alguns pon-
tos para encerrar a disputa já na
primeira etapa.
Reservadamente, interlocuto-
res do candidato do PDT reco-
nhecem que a questão está no ra-
dar da campanha, mas ponde-
ram não ver grandes chances de
uma melhora da emedebista.
Diferentemente dos principais
concorrentes, Ciro não fechou
alianças com outros partidos e
tem apenas o quinto tempo de
propaganda na televisão — 52s
por bloco. Líder nas pesquisas,
Lula terá 3min39s, enquanto o
tempo do presidente Jair Bolso-
naro é 2min38s.
Com o objetivo de subir nas
pesquisas e se tornar a pedra no
sapato para uma arrancada de
Ciro, Simone terá 2min20s por
bloco, tempo quase três vezes
maior que o do pedetista.
A estreia dos programas dos
presidenciáveis ocorrerá neste
sábado. Os candidatos da corrida
ao Palácio do Planalto aparece-
rão no horário eleitoral gratuito
às terças-feiras, quintas-feiras e
sábados, sempre a partir das 13h
e das 20h30. O programa terá 12
minutos de duração.
Segundo apurou o Valor, a es-
tratégia de Ciro e de sua equipe
para tentar contornar a desvan-
tagem é explorar bem as redes
sociais e ter uma agenda consis-
tente que garanta espaço na mí-
dia diariamente.
Ao Valor, o deputado Eduardo
Bismarck (PDT-CE) afirmou acre-
ditar que a exposição da agenda
e das propostas de Ciro nos tele-
jornais e nos veículos de comuni-
cação será suficiente para com-
pensar a diferença de espaço dos
candidatos no horário eleitoral.
Nos bastidores, apoiadores de-
fendem que Ciro se dedique às
Ciro: eventual crescimento do MDB pode acelerar migração para voto útil
redes sociais para ampliar a base
de sustentação a sua postulação.
Lembram até que Bolsonaro ga-
nhou muita projeção na corrida
presidencial de 2018, quando foi
eleito, por saber explorar melhor
a internet do que seu concorren-
tes. Ele destacam que o mandatá-
rio “mais do que compensou” a
falta de espaço no rádio e na tele-
visão. “Pode até repetir o formato
de Bolsonaro e explorar a inter-
net, mas a diferença é que Ciro
não recorrerá a mentiras para su-
bir nas pesquisas e ficar mais
competitivo”, avaliou um aliado
de primeira hora do pedetista.
Após aparecer 52s na tela dos
eleitores no programa de es-
treia, Ciro convocará telespecta-
dores e ouvintes a migrarem da
KEINY ANDRADE/DIVULGAÇÃO
TV e do rádio para suas redes so-
ciais e participar de uma “live”.
Apesar de sempre renovarem
prazos para uma melhora do pe-
detista, lideranças alinhadas
com Ciro entendem que os pró-
ximos 10 dias da campanha se-
rão “decisivos”.
Para integrantes da cúpula da
sigla, ainda que tenha menos
tempo, o pedetista precisa ar-
rancar dias após o início da cam-
panha na TV e no rádio para ter
alguma chance de alcançar o
primeiro pelotão e, com isso,
brigar em pé de igualdade para
tentar conquistar uma vaga no
segundo turno.
Procurada pelo Valor, a equi-
pe de Ciro não respondeu até o
fechamento da reportagem.
Análise
Talita Moreira
De São Paulo
O candidato do PDT à Presidên-
cia da República, Ciro Gomes, de-
fendeu, em entrevista ao “Jornal
Nacional” na noite de terça-feira,
a criação de uma lei “antiganân-
cia” para ajudar pessoas endivida-
das. A ideia, inspirada no Reino
Unido, prevê limitar as taxas de
juros cobradas de algumas linhas
de crédito a pessoas físicas.
O modelo britânico foi adota-
do em 2015 (e atualizado alguns
anos mais tarde) para os chama-
dos “payday loans”, linhas emer-
genciais de crédito então muito
populares no Reino Unido. Na-
quele momento, foi estabelecido
pelo regulador 1) que o montante
pago pelos tomadores em taxas
de juros e tarifas relativas à opera-
ção não poderia passar de 0,8% ao
dia; e 2) que o custo total do em-
préstimo não poderia ultrapassar
100% do valor do principal. Ou se-
ja, o montante de juros a ser pago
pelos clientes deveria ser, no má-
ximo, equivalente ao valor nomi-
nal do empréstimo tomado.
Ciro quer trazer esse mecanis-
mo ao Brasil para, segundo ele,
atacar o problema do superendi-
vidamento das famílias — que, de
fato, anda rondando patamares
históricos. De acordo com a pro-
posta, as dívidas de cartão de cré-
dito, cheque especial e crédito
pessoal serão consideradas quita-
das quando o valor pago pelo to-
mador atingir o dobro do mon-
tante original do empréstimo.
O mercado brasileiro, no entan-
to, tem grandes peculiaridades. A
começar pela taxa básica da eco-
nomia, a Selic, que está em 13,75%
ao ano — muito mais alta que a bri-
tânica. Neste mês, o Banco da In-
glaterra aumentou os juros locais
para 1,75% ao ano. De largada, isso
já faz com que o custo de funding
dos bancos brasileiros seja bem
maior que o dos britânicos.
O Brasil também tem, proporcio-
nalmente, inadimplência maior,
questões logísticas e de segurança
que, no fim do dia, ajudam a expli-
car (não totalmente) por que os
spreads bancários aqui são bem
mais altos que em outras praças.
Portanto, uma medida como es-
sa pode ser um tiro no pé porque
os bancos vão reduzir a oferta e is-
so vai acontecer principalmente
para a faixa da população em que a
disponibilidade de crédito já é me-
nor: a de baixa renda. O raciocínio
é simples. Se a instituição financei-
ra não puder cobrar uma taxa que
cubra o risco representado por um
determinado cliente, é mais fácil
não emprestar para ele.
Isso já aconteceu com o cheque
especial. No fim de 2019, o Conselho
Monetário Nacional (CMN) limitou
a 8% ao mês a taxa cobrada nessa
modalidade no país. O volume dessa
linha caiu desde então, não só por
efeito da medida, mas também pela
autorregulação adotada pelo setor.
Só que o cheque especial é uma
linha pequena no bolo total de cré-
dito do país e, no fim das contas, já
muito mais acessível para os “mais
ricos”. Continuou assim. Mexer
com cartões de crédito — alavanca
importantíssima para as vendas
do varejo — e com empréstimo
pessoal é bem mais complexo.
Pode-se argumentar que, se os
bancões não quiserem dar crédito
com teto de juros, hoje em dia estão
aí as fintechs para fazê-lo. Isso é ver-
dade. A competição é muito maior
do que já foi. No entanto, uma coisa
não compensa a outra. Primeiro
porque as fintechs ainda represen-
tam uma fração diminuta do mer-
cado de crédito. Segundo porque
não têm funding para aumentar
sensivelmente a oferta e, pior ainda,
captam recursos a um custo muito
maior do que os bancos.

Conhecer sua
empresa é
essencial para
os negócios

A 20ª edição da pesquisa Valor Carreira – As Melhores

na Gestão de Pessoas continua com inscrições abertas
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SUA EMPRESA ATÉ

9 DE SETEMBRO
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Política
Executivo Presidente protesta contra ação da PF contra empresários que defenderam golpe
Bolsonaro critica Moraes e diz
ver ‘escalada contra a liberdade’
Fabio Murakawa e Matheus Schuch
De São Paulo e Brasília
Ao lado do presidente Jair Bol-
sonaro (PL), o comandante do
Exército, Marco Antônio Freire
Gomes, disse nesta quinta-feira
na cerimônia do Dia do Soldado
que a força terrestre não pode ter
sua honra manchada por “notí-
cias infundadas e tendenciosas”
ou “narrativas manipuladas".
“Soldado Brasileiro! Se, em al-
gum momento, verdades transfi-
guradas, notícias infundadas e
tendenciosas ou narrativas ma-
nipuladas tentarem manchar
nossa honra, na vã esperança de
desacreditar a grandeza de nossa
nobre missão, lembrem-se de
que a calúnia jamais maculou a
glória de Caxias. O bravo Guer-
reiro demonstrou que seu cora-
ção de Pacificador era ainda
maior que a formidável têmpera
de sua espada invencível”, pon-
tuou o comandante.
A fala exaltou do início ao fim
o patrono do Exército, Duque de
Caxias. Freire Gomes não esclare-
ceu a quais notícias e narrativas
ele se referia no discurso. A decla-
ração ocorre em um momento
de especulações sobre possível
apoio das Forças Armadas a uma
eventual tentativa de ruptura de-
mocrática caso Bolsonaro perca
as eleições. O uso político dos mi-
litares pelo presidente em acusa-
ções sem provas sobre o sistema
eleitoral também gera divergên-
cias entre oficiais de alta patente.
Bolsonaro não discursou e seu
silêncio era previsto.. O protoco-
lo do evento, que ocorre anual-
mente, não prevê manifestações
AS ELEIÇÕES SE APROXIMAM, E PRECISAMOS ESTAR AINDA MAIS CONSCIENTES NA ESCOLHA DE NOSSOS
REPRESENTANTES. NA PRÓXIMA SEMANA, REALIZAREMOS SABATINAS COM TRÊS CANDIDATOS AO GOVERNO
DO ESTADO DO RIO PARA VOCÊ SE INFORMAR SOBRE AS PROPOSTAS DE CADA UM. NÃO PERCA.
do presidente da República.
Ao encerrar a fala, o coman-
dante do Exército clamou que os
militares estejam “firmes e coe-
sos” e que a legalidade, legitimi-
dade e estabilidade continuem
como valores centrais no país.
“Discípulos de Caxias! Mante-
nham a fé na missão de nossa
Força! Continuem espelhando-
se em nosso Patrono, o Marechal
e glorioso Duque, sempre firmes
e coesos, sob o sagrado manto da
Hierarquia e da Disciplina, para
que o Exército Brasileiro, perpé-
tuo defensor dos interesses na-
cionais, permaneça servindo à
Nação e seja reconhecido por seu
patriotismo vibrante, pela busca
da modernidade e pelo eficiente
e permanente estado de pronti-
dão na garantia de nossa Sobera-
nia!”, disse. “Que a Legalidade, a
Legitimidade e a Estabilidade
continuem como valores cen-
trais, sempre em respeito ao Povo
e a nossa amada Nação.”
Ainda ontem, horas depois,
em sua live semanal, Bolsonaro
criticou o ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF), pela operação contra
empresários que defenderam,
em um grupo no WhatsApp, um
golpe de Estado em caso de vitó-
ria do petista Luiz Inácio Lula da
Silva na eleição presidencial.
Bolsonaro cobrou de Moraes
uma “fundamentação” sobre a
operação, autorizada por ele a pe-
dido da Polícia Federal. E disse que
há uma “escalada contra a liberda-
de” que pode levar a “um proble-
ma grave no país” provocado, se-
gundo o presidente, por Moraes.
Bolsonaro voltou a repetir,
SA BAT I N AS
G OV E R N O D O RJ
ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS
REALIZAÇÃO:
Bolsonaro: “Não falta mais nada para que possamos ter um problema grave no Brasil provocado por uma pessoa”
sem especificar, que troca men-
sagens com dois dos empresá-
rios atingidos pela operação. E
afirmou que eles “não mere-
ciam” ter sido alvo de uma ope-
ração da Polícia Federal.
“Aguardamos agora uma briga
de gigantes com os advogados”,
afirmou o presidente. “O que eu sei
desses empresários, não mereciam
esse tipo de comportamento por
parte de uma pessoa que deveria
zelar pela Constituição”. Na troca
de mensagem no grupo de What-
TRANSMISSÃO
sApp, de acordo com notícia do
portal Metrópole, alguns empresá-
rios disseram preferir um golpe de
estado a um novo governo do ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e outros deploraram o fato de
Bolsonaro não ter dado um golpe
em 2019, assim que assumiu. Nas
mensagens divulgadas, houve in-
tegrantes também que se limita-
ram a fazer declarações de apoio a
Bolsonaro e críticas à esquerda.
Por fim, Bolsonaro repetiu a
crítica a “Carta da Democracia”,
DIAL | SITE
APRESENTAÇÃO:
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
CRISTIANO MARIZ/OGLOBO
publicada neste mês e firmada
por empresários, banqueiros, in-
telectuais e artistas, entre outros.
O documento foi idealizado
após as seguidas ameaças do pre-
sidente de não respeitar o resul-
tado das eleições em caso de der-
rota, além de questionar sem
apresentar provas a segurança
das urnas e a lisura do processo
eleitoral. Recebeu no total 1,1
milhão de assinaturas.
Ver também página A12
DO
| |
Valor A11
Curtas
Contas bloqueadas
O ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou o bloqueio das contas
bancárias e das redes sociais da mu-
lher do deputado Daniel Silveira
(PTB-RJ), Paola da Silva Daniel. A
medida atinge perfis no Twitter, Fa-
cebook e Instagram. Paola é candi-
data a deputada federal pelo PTB
do Rio de Janeiro. Para Moraes, Sil-
veira está usando as redes sociais de
Paola para “burlar” as medidas cau-
telares impostas a ele pela Corte.
Além de o deputado transferir di-
nheiro para ela, recentemente Pao-
la publicou um vídeo de Silveira fa-
zendo ataques ao ministro. Em no-
ta, a advogada Mariane Cardoso,
que representa o casal, criticou a
decisão. “A defesa vê com preocu-
pação a prolação de decisões que
não respeitam o Estado Democráti-
co de Direto e são proferidas à reve-
lia da Constituição”, disse. Para ela,
o “princípio acusatório do sistema
penal é corolário inafastável do or-
denamento jurídico brasileiro e
precisa ser respeitado”.
Damares
A Procuradoria-Geral Eleitoral
(PGE) defendeu que um vídeo em
que a ex-ministra Damares Alves
afirmou que o governo do ex-pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) distribuiu uma cartilha que
ensinava os jovens a usar crack não
é “fake news”. Para o vice-procura-
dor-geral Eleitoral, Paulo Gonet, “a
interpretação ácida ou enfatica-
mente adjetivada de fatos polêmi-
cos não se equipara objetivamente
a fato sabidamente inverídico,
nem constitui, no campo da ex-
pressão política, ofensa à honra ou
à imagem”. Segundo ele, é “incon-
troversa a existência da cartilha cri-
ticada” e, por isso, “observação pe-
jorativa sobre o documento de po-
lítica pública governamental, que
motivou controvérsia nos meios de
comunicação social, não pode as-
sumir o significado de fato sabida-
mente inverídico”.
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A12 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Política
Poderes Presidente da Câmara diz que há claro clima de virada nas pesquisas a favor da reeleição de Bolsonaro

Lira diz que dará posse ‘seja a quem for’

Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro
De Brasília
O presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL),
disse nesta quinta-feira que em
1 o de janeiro de 2023 dará posse,
“por dever constitucional”, ao
presidente eleito, “seja qual for”.
Embora tenha mais uma vez de-
fendido a reeleição do presiden-
te Jair Bolsonaro (PL), evitou crí-
ticas ao ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e disse que buscará,
dentro do teto de gastos, formas
de garantir o Auxílio Brasil em R$
600 também em 2023. “Por todas
as pesquisas dessa última sema-
na, é clara a vitória e a virada de
Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.
Lira discursou no lançamento
de seu comitê eleitoral em Ma-
ceió em que defendeu Bolsonaro,
o “orçamento secreto” e sua ges-
tão na presidência da Câmara. O
ato contou com a participação de
diversos prefeitos, entre eles o da
capital, JHC (PSB), e de seu candi-
dato ao governo de Alagoas, o se-
nador Rodrigo Cunha (União),
que não apoia Bolsonaro. A recu-
sa fez com que o PL, partido do
presidente, declarasse apoio ao
senador Fernando Collor (PTB)
para o governo de Alagoas.
O pepista afirmou que fez com-
promisso com Cunha para que ele
“não olhe quem vai se eleger lá em
cima” e que mantenha parcerias
seja qual for o presidente eleito. A
fala serviu para atacar o ex-gover-
nador Renan Filho (MDB), hoje
candidato ao Senado, que Lira acu-
sou de devolver dinheiro das
emendas federais porque foi leva-
do para o Estado por ele.
“Com a eleição do presidente
Bolsonaro, a minha reeleição e a
de um governador parceiro, que
não devolva dinheiro por picui-
nha política, esse Estado terá o
maior desenvolvimento da sua
história”, disse. Em outro trecho
da fala, afirmou que “Alagoas es-
tará bem cuidada” se Bolsonaro e
ele se reelegerem, com o envio de
muitos recursos para o Estado.
No ato de lançamento de sua
campanha, Lira evitou ataques a
Lula, líder nas pesquisas de inten-
ção de voto nacionais e no Estado,
e dirigiu suas críticas ao clã Calhei-
ros. Acusou eles e o governador
Paulo Dantas (MDB) de se escora-
rem no petista “como bengala” pa-
ra tentarem se eleger, mas terem
levado menos recursos para o Esta-
do do que a parceria entre ele e
Bolsonaro. “O senador boca gran-
de, falador, foi três ou quatro vezes
presidente do Senado. Foram tan-
tas que não lembro mais, e no go-
verno do PT. Fui a Arapiraca e per-
guntei: o que foi que ele trouxe pa-
ra cá? Algum prédio, um prego,
um tijolo? Nada”, disse.
Lira disse que trabalhará com
quem for eleito e destacou que
será ele que dará posse ao presi-
dente da República em 1 o de ja-
neiro, “seja quem for eleito”. Em
outro momento, ao falar da pos-
sibilidade de eleição de Rodrigo
Cunha, afirmou que a derrota e a
vitória são do jogo democrático.
O presidente da Câmara defen-
deu a gestão de Bolsonaro na pan-
demia, dizendo que transferiu re-
cursos aos Estados, e rebateu críti-
cas ao Orçamento secreto, em que
os parlamentares controlam a li-
beração de verbas do Orçamento.
Afirmou que reunirá todos os se-
cretários municipais de saúde de-
pois da eleição para que tornem
público o impacto que esses recur-
sos tiveram para as cidades. O afas-
tamento do prefeito de Rio Largo
(AL), Gilberto Gonçalves (PP), alia-
do dele que foi preso por supostos
desvios em verbas do Orçamento
secreto, foi ignorada no discurso.

PF faz cruzamento de dados

FELLIPE SAMPAIO/SCO/STF — 24/8/2022

de WhatsApp com inquérito

Luísa Martins
De Brasília
A Polícia Federal (PF) está fa-
zendo um amplo cruzamento
de dados entre as mensagens
trocadas por empresários bol-
sonaristas — alvos de operação
na terça-feira — e informações
já colhidas em outras investi-
gações sobre atos antidemo-
cráticos. O material contido
nos celulares apreendidos é
comparado com elementos de
prova coletados anteriormente
no âmbito do inquérito das mi-
lícias digitais. A corporação
também apura se há algum ti-
po de relação entre os empre-
sários e os ataques do 7 de se-
tembro de 2021.
Segundo fontes a par do pro-
cesso, é necessário averiguar se
os empresários, de alguma for-
ma, fizeram ou fazem parte de
um esquema orquestrado e fi-
nanciado para a propagação de
“fake news” e ataques às insti-
tuições democráticas.
Os investigadores querem
traçar o chamado “caminho do
dinheiro” do financiamento de
atos antidemocráticos e verifi-
car se algum dos empresários
exerceu papel ilegal nesse pro-
cesso. Para isso, analisam suas
mensagens, suas ligações, seus
e-mails e suas movimentações
financeiras.
Solicitada pela PF e autorizada
pelo ministro Alexandre de Mo-
raes, do Supremo Tribunal Fede-
ral (STF) e do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), a operação mirou
oito empresários ligados ao pre-
sidente Jair Bolsonaro.
As buscas foram pedidas pela
PF depois que o portal “Metrópo-
les” publicou mensagens em que
os empresários defendem um
golpe caso Bolsonaro perca a
eleição para o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Além dos mandados de busca
e apreensão, houve o bloqueio de
perfis nas redes sociais e quebras
de sigilo bancário e telemático
dos investigados. Moraes não de-
terminou nenhum pedido de
prisão preventiva.
A decisão que autorizou a ope-
ração — e que detalha os funda-
mentos jurídicos do ministro —
ainda está sob sigilo no STF. A in-
terlocutores, Moraes tem dito
que a divulgação, neste momen-
to, pode atrapalhar as diligências
atualmente em curso, como o
cruzamento de dados.
As críticas do bolsonarismo à
operação não encontram eco
dentro do próprio STF. Interna-
mente, a percepção é a de que to-
dos os ministros, mesmo os que
costumam ficar em alas opostas,
estão alinhados a Moraes, a
quem prestam total apoio.
Fontes próximas aos magistra-
dos afirmam que, com o Poder
Judiciário sob constante ataque,
os ministros estão mais unidos
do que nunca — e até mesmo su-
blimando convicções pessoais Moraes: decisão que autorizou a operação e que detalha os fundamentos jurídicos do ministro ainda está sob sigilo no STF
em nome da coesão da Corte.
A avaliação é de que, às véspe- no combate à desinformação. cações, prestigiaram o presi- pretada como uma sinalização
ras das eleições, qualquer voz Embora os alvos da operação dente do STF, ministro Luiz Fux, de que, apesar dos constantes
dissonante dentro dos tribunais sejam aliados de Bolsonaro, mi- no evento de lançamento de seu ataques de Bolsonaro à Corte,
superiores pode enfraquecer nistros do alto escalão do go- novo livro, na noite de quarta- ainda há pontes possíveis para
Moraes e, consequentemente, verno, como Paulo Guedes (Eco- feira. Nos bastidores do tribu- o diálogo institucional entre os
prejudicar todo o esforço do TSE nomia) e Fábio Faria (Comuni- nal, a presença deles foi inter- dois Poderes.

Cármen Lúcia assume vaga no TSE e

ROSINEI COUTINHO/SCO/STF

vai julgar propagandas eleitorais

De Brasília
A ministra Cármen Lúcia, do
Supremo Tribunal Federal (STF),
tomou posse nesta quinta-feira
como ministra titular do Tribu-
nal Superior Eleitoral (TSE). De-
signada pelo atual presidente da
Corte, ministro Alexandre de
Moraes, ela vai atuar como juíza
de propaganda durante a cam-
panha eleitoral.
Em um breve discurso após a
cerimônia, Cármen — que entrou
na vaga do ministro Edson Fa-
chin — afirmou que a Justiça Elei-
toral tem por dever dar o exem-
plo de “eleições limpas, transpa-
rentes e amplamente compro-
metidas em assegurar que o cida-
dão se sinta devidamente res-
guardado nos seus direitos”.
Moraes manteve a ministra
como juíza da propaganda elei-
toral, ainda que ela tenha passa-
do a integrar o quadro efetivo
de ministros. Esse é um movi-
mento pouco usual, já que, pela
tradição do tribunal, esse cargo
é exercido por um ministro
substituto. Se a praxe tivesse si-
do cumprida, a função caberia
ao ministro Nunes Marques.
A mudança no rito tem origem
no fato de que a vaga de ministro
substituto oriunda da advocacia
— e que normalmente atua na
área de propaganda — está em
aberto desde maio. O presidente
Jair Bolsonaro não gostou de ne-
nhum dos nomes da lista tríplice
montada pelo TSE e está seguran-
do a indicação.
Com isso, Fachin, então presi-
dente da Corte Eleitoral, no-
meou Cármen para o posto — à
época, ela ainda era substituta.
Com a troca de comando do TSE
e a efetivação da ministra no
quadro de magistrados titulares,
Moraes poderia substitui-la por
Nunes Marques. No entanto, de-
cidiu não fazer mudanças.
Internamente, há um entendi-
mento de que Cármen tem mais
firmeza do que Marques para pu-
nir eventuais excessos cometidos
pelos candidatos à Presidência
durante a campanha eleitoral.
Também pesou a percepção de
que Nunes Marques ainda está
muito vinculado a Bolsonaro,
que, além de ter indicado o mi-
nistro para o Supremo, vai dispu-
tar a reeleição neste ano.
Segundo fontes do tribunal,
outra questão considerada por
Moraes foi a sequência de deci-
sões assinadas por Marques, no
âmbito do STF, para derrubar
cassações impostas pela Corte
Eleitoral. Foi o que ocorreu com o
deputado estadual Fernando
Francischini (União Brasil-PR) e o
deputado federal Valdevan No-
venta (PL-SE), ambos aliados de
Bolsonaro. As liminares de Mar-
ques, que beneficiavam os dois
parlamentares, acabaram rever-
tidas em plenário. Cármen Lúcia: para ministra, a Justiça Eleitoral tem por dever dar o exemplo de “eleições limpas e transparentes”
Cármen será juíza da propa-
ganda eleitoral junto aos minis- individuais de cada um serão as eleições de 2012. Na quarta- penho para que tenhamos nas
tros substitutos Raul Araújo, imediatamente submetidas ao feira, em votação simbólica no eleições, no processo eleitoral e
Paulo Sanseverino (ambos oriun- plenário virtual do TSE, para refe- plenário do Supremo, ela foi no- na dinâmica da Justiça Eleitoral
dos do Superior Tribunal de Justi- rendo ou revogação. vamente eleita como ministra brasileira o seguimento de um
ça) e Maria Cláudia Bucchianeri, A ministra foi a primeira mu- efetiva. “Continuarei atuando exemplo que o Brasil tem dado
da cota da advocacia. As decisões lher a presidir o TSE e comandou com a mesma ética, o mesmo em- ao mundo todo”, disse. (LM)

TSE proíbe telefone celular dentro da cabine de votação

De Brasília
Preocupado com eventuais
narrativas falsas sobre as urnas
eletrônicas, o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) vai aprimorar os
mecanismos de combate ao uso
de celulares e outros aparelhos
eletrônicos na cabine de votação.
O plenário decidiu reforçar
que os celulares devem ser deixa-
dos na mesa receptora, junto aos
documentos de identificação,
para que sejam devolvidos ao
eleitor na saída da seção. Ou seja,
o cidadão não poderá mais se di-
rigir à cabine com o aparelho no
bolso, mesmo que desligado.
Atualmente, a resolução do
TSE prevê apenas que os equipa-
mentos não possam ser manu-
seados na cabine, mas não deta-
lha como isso será fiscalizado.
Um novo texto será votado pelo
plenário na próxima terça-feira.
Segundo os ministros, os me-
sários serão formalmente ins-
truídos a indagar os cidadãos so-
bre o porte de algum equipa-
mento eletrônico e adverti-los
sobre as consequências de não
entregá-los, o que inclui o acio-
namento da Polícia Militar (PM)
para as devidas providências.
Também ficou definido que
detectores de metais poderão ser
utilizados em caráter excepcio-
nal, cabendo a cada juiz local de-
cidir se a medida é necessária.
A decisão, tomada no âmbito
de uma consulta protocolada pe-
lo partido União Brasil, foi unâ-
nime. Votaram os ministros Ale-
xandre de Moraes, Ricardo
Lewandowski, Cármen Lúcia,
Sergio Banhos, Mauro Campbell,
Benedito Gonçalves e Maria
Claudia Bucchianeri.
Presidente do TSE, Moraes afir-
mou que a medida busca evitar
uma série de crimes eleitorais,
como coação do exercício do vo-
to, corrupção eleitoral ou narra-
tivas falsas sobre o sistema ele-
trônico de votação.
Ele afirmou que essas preocu-
pações foram mencionadas pe-
los comandos das PMs nos Esta-
dos e no Distrito Federal, em reu-
nião realizada na quarta-feira,
durante a qual eles pediram ao
TSE uma “regulamentação ex-
pressa” a respeito do tema.
Moraes disse que permitir ao
eleitor ficar com o celular desli-
gado no bolso não é uma medida
satisfatória, “uma vez que o me-
sário não pode adentrar a cabine
para verificar se a pessoa ligou ou
não” o aparelho.
O TSE também vai produzir
cartazes informativos para serem
distribuídos aos tribunais eleito-
rais de todo Brasil e investir em
campanhas de divulgação sobre
a nova regra. “Dessa forma, ne-
nhum eleitor será surpreendido”,
disse Moraes. (LM)
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Internacional
Pacote Para economistas, medidas não vão acelerar muito o crescimento
China aprova US$ 146 bi de
estímulo, mas efeito é incerto
Stella Yifan Xie
Dow Jones Newswires, de Hong Kong
Economistas disseram que os
US$ 146 bilhões em medidas de
estímulo que as autoridades chi-
nesas anunciaram nesta semana
para estimular a debilitada eco-
nomia local não deverão alterar
significativamente a trajetória de
crescimento do país.
Após reduzir inesperadamente
duas importantes taxas de juros na
metade de agosto, Pequim intensi-
ficou seus esforços para sustentar
o crescimento enquanto o país
prossegue com sua rígida estraté-
gia contra a covid-19, ao mesmo
tempo em que enfrenta uma gran-
de queda no mercado imobiliário
e a mais grave seca em décadas.
O Conselho de Estado, o gabine-
te ministerial do país, aprovou na
quarta-feira planos para a conces-
são de 300 bilhões de yuans, equi-
valentes a US$ 44 bilhões, em cré-
dito a bancos para o apoio a proje-
tos de infraestrutura, com os quais
Pequim normalmente conta como
um importante vetor do cresci-
mento em períodos de recessão.
Ele também anunciou uma
ajuda a governos locais, assim co-
mo para os setores de energia e
agricultura, que têm sido dura-
mente atingidos pelo calor extre-
mo e a falta de chuva. Nesse paco-
Sem energia, cidade estende fechamento de fábricas Putin ordena aumento
Nikkei Asia Review, de Chongqing
A cidade de Chongqing, na Chi-
na, estendeu por tempo indeter-
minado o fechamento das fábricas
locais em razão da seca que afeta o
país e vem minando a capacidade
de geração de energia hidrelétrica.
Diante da queda na produção
de eletricidade, regiões chinesas
vêm priorizando o uso domésti-
co em detrimento ao uso indus-
trial da energia. Chongqing é um
importante centro industrial da
China, fazendo com que o fecha-
mento das fábricas locais repre-
sentem um risco para as cadeias
de suprimentos globais.
A paralisação das fábricas, ini-
.
Negócio da cocaína prospera e já
ameaça quase toda a América Latina
Análise
Michael Stott
Financial Times
Uma explosão que arrancou a
fachada de duas casas modestas,
matando pelo menos cinco pes-
soas. Dois corpos pendentes de
uma ponte sobre uma estrada mo-
vimentada. Pelo menos 187 presos
assassinados, alguns decapitados,
em dois massacres em presídios.
Esse rastro de sangue não seria
incomum no México ou na Co-
lômbia, marcados há décadas pe-
la violência ligada às drogas. Mas
despontou, nos últimos 12 me-
ses, em Guayaquil, a maior cidade
do até então tranquilo Equador.
No Uruguai, muitas vezes des-
crito como “a Suíça da América La-
tina”, apareceram 14 corpos em 10
dias deste ano. Três tinham sido
queimados e um, esquartejado.
A lua-de-mel no Caribe do prin-
cipal procurador antidrogas do
Paraguai acabou em maio quando
um atirador o matou na praia na
frente de sua mulher, grávida.
Por trás dessa alarmante disse-
minação do crime violento nos
países latino-americanos menores
e antigamente mais pacíficos está
o surto de crescimento do tráfico
de cocaína. Cada vez mais ávidos
por se expandir, os chefes dos car-
téis estão criando novas rotas para
alcançar novos mercados.
“O que estamos vendo agora é
o auge da globalização do tráfico
de drogas”, disse Jimena Blanco,
diretora de pesquisa política para
as Américas da Verisk Maplecroft.
“É uma tendência que começou
entre cinco e dez anos atrás, mas
te estão incluídos 200 bilhões de
yuans em novas dívidas para em-
presas geradoras de energia.
No entanto, poucos analistas
creem que o pacote de estímulo,
de mais de 1 trilhão de yuans (US$
146 bilhões), será capaz de tirar a
economia chinesa do marasmo.
O mercado imobiliário conti-
nua mergulhado em uma reces-
são que já dura um ano, enquan-
to surtos frequentes de covid-19
continuam abalando a confiança
do consumidor — amortecendo o
impacto dos estímulos, afirmam
esses profissionais.
Bruce Pang, economista-chefe
da Jones Lang LaSalle para a Chi-
na, diz que as autoridades chine-
sas reconhecem que a demanda
insuficiente é um dos problemas
fundamentais da economia, mas
as soluções anunciadas ainda se
concentram muito nos gastos do
governo. “Retomar o crescimen-
to estimulando a demanda inter-
na e o consumo é uma prioridade
política, mas continua sendo um
desafio”, afirma ele.
Como parte do pacote, os go-
vernos locais — muitos já com
problemas financeiros neste ano,
em parte por causa da crise no
mercado imobiliário — recebe-
ram 500 bilhões de yuans em bô-
nus especiais de cotas que ainda
não tinham sido usadas.
do efetivo militar russo
ciada dia 15, deveria ter se encer-
rado na quarta-feira, quando se
esperava uma baixa das tempe-
ratura. Mas o calor se manteve al-
to, atingindo picos de 40° C.
A região vizinha de Sichuan,
atingida pela seca, também es-
tendeu o período de fechamento
das fábricas até amanhã.
“As previsões do tempo estão
geralmente erradas”, disse uma
autoridade de Chongqing, expli-
cando a decisão do governo da
cidade de não impor um novo li-
mite para encerrar a paralisação
das fábricas, como fez Sichuan.
“Nenhum prazo foi estabelecido
para não criar expectativas inde-
vidas para as empresas.”
se acelerou nos últimos anos.”
Em 2021, a Antuérpia apreen-
deu mais cocaína do que qualquer
outra cidade portuária europeia,
quase 90 toneladas. A alfândega
belga informou que os três princi-
pais países de origem são Equador,
Paraguai e Panamá — nenhum de-
les produtor relevante da droga.
A maior parte da cocaína desti-
nada à Europa é enviada clandesti-
namente em contêineres de trans-
porte marítimo, e “quando as taxas
de apreensão alcançam de 20% a
25%, os traficantes de drogas ten-
dem a mudar de rota”, disse Jeremy
McDermott, diretor-executivo da
InSight Crime. Juntamente com o
porto brasileiro de Santos e o de Li-
món, na Costa Rica, Guayaquil é o
que McDermott qualifica de “uma
segunda onda de portos” usada
para remessas de cocaína nos últi-
mos anos. Paraguai, Uruguai e Chi-
le são acréscimos mais recentes.
O quadro é tão sombrio que ho-
je 18 dos 21 países continentais da
América Latina são “os principais
países de origem ou de trânsito” de
cocaína, diz o Escritório sobre Dro-
gas e Crime da ONU (UNODC, na
sigla em inglês). As exceções são
Guiana, Belize e El Salvador.
Os cartéis da droga não se limi-
taram a expandir suas rotas. Tam-
bém expandiram o tamanho total
do negócio da cocaína e diversifi-
caram para empreendimentos cri-
minosos ligados à atividade.
Após 50 anos de guerra às dro-
gas capitaneada pelos EUA e de bi-
lhões de dólares gastos no comba-
te e busca dos chefes dos cartéis, o
tráfico nunca esteve maior do que
agora. A produção total de cocaína
alcançou novo recorde, de 1.982
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor A13
Ataques desconectam
usina nuclear da rede
e Ucrânia vê risco
Max Hunder e Natalia Zinets
Reuters, de Kiev
após o incidente, os sistemas de
segurança da usina estavam fun-
cionando normalmente e se-
Mas esse apoio ainda é insufi- anual de cerca de 5,5% em uma A Ucrânia disse que a usina nu- guiam os trabalhos para reconec-
ciente para tapar o rombo fiscal reunião, depois do crescimento clear de Zaporizhzhia foi desco- tar um dos blocos do reator à rede
dos governos locais, que preci- anêmico de 2,5% no primeiro se- nectada ontem de sua rede de elétrica. “As ações dos invasores
sam pagar pelas testagens em mestre do ano, que efetivamente energia pela primeira vez em sua provocaram uma separação com-
massa de covid-19, que não são tornou a meta inalcançável. história, alimentando temores de pleta da usina nuclear da rede de
financiadas pelo regime central, O Conselho de Estado também um possível acidente na maior usi- energia — a primeira na história
ao mesmo tempo em que têm re- disse na quarta-feira que as autori- na nuclear da Europa. A usina está da usina”, afirmou a Energoatom.
ceitas muito menores com as dades facilitarão as viagens de ne- sob controle de forças russas desde A Casa Branca disse, após o in-
vendas de terrenos para os incor- gócios internacionais, num sinal março, mas continua a ser operada cidente, que a Rússia deveria con-
poradores imobiliários. de maior alívio nas restrições con- por técnicos ucranianos. cordar com o estabelecimento de
Entidades do governo chinês tra a covid. A maioria dos analistas A Energoatom, estatal nuclear uma zona desmilitarizada em
poderão enfrentar um déficit de fi- acredita que a China manterá a po- da Ucrânia, disse que incêndios no torno da usina nuclear, que está
nanciamento de US$ 900 bilhões lítica de “covid zero” pelo menos depósito de cinzas de uma usina sob controle russo desde março.
este ano, segundo estimativas do até o congresso do Partido Comu- movida a carvão perto do comple- Grygoriy Plachkov, o ex-chefe da
banco de investimentos Nomura. nista no quarto trimestre. xo de Zaporizhzhia interferiram agência de segurança nuclear da
Enquanto isso, autoridades chi- Os governos locais poderão no fornecimento de energia para Ucrânia, disse que usinas nuclea-
nesas disseram que não abrirão “as ajustar as políticas imobiliárias os dois últimos reatores em fun- res precisam de eletricidade para
comportas do crédito” enquanto por conta própria, como elimi- cionamento da central nuclear, esfriar suas zonas de reatores ati-
tentam chegar ao equilíbrio entre nar o limite do número de casas desconectando-a da rede. Isso sig- vos e de irradiação de combustível,
estimular o crescimento e evitar o que os cidadãos podem comprar, nifica que nenhum dos seis reato- assim como para garantir a opera-
agravamento da carga da dívida. para estabilizar o mercado, se- res da usina está fornecendo ener- ção de sistemas de segurança.
Analistas apontam para a desa- gundo o Conselho de Estado. gia para a rede ucraniana, segundo Se a conexão de energia para es-
celeração persistente das vendas Ainda assim, muitos economis- informou a Agência Internacional ses sistemas falhar, geradores mo-
de imóveis e dos preços das mora- tas preveem que as dificuldades de Energia Atômica (AIEA). vidos a diesel entram em ação, for-
dias como um dos pontos mais fra- no mercado imobiliário poderão “Se os geradores a diesel não ti- necendo eletricidade enquanto
cos da economia e que poderão se continuar nos próximos meses. vessem sido conectados rapida- eles tiverem combustível, disse ele.
transformar em problemas maio- “A não ser que haja medidas de mente e se nossa equipe não ti- Indagado se esses geradores impe-
res. A relutância de Pequim em afrouxamento da política, acre- vesse reagido após o apagão, esta- diriam qualquer derretimento dos
abandonar sua rígida política de ditamos que o crescimento geral ríamos agora sendo forçados a reatores, Plachkov respondeu:
“covid zero”, que envolve frequen- continuará fraco no resto do superar as consequências de um “Eles deveriam [impedir um derre-
tes testagens em massa e lock- ano”, escreveram economistas do acidente radioativo”, disse o pre- timento]. Mas temos soldados na
downs direcionados, vem manten- Goldman Sachs em uma nota a sidente ucraniano, Volodymyr área da usina. Quem pode adivi-
do o consumo fraco e prejudican- clientes na quarta-feira, depois Zelensky. “A Rússia colocou a nhar suas intenções?”
do a confiança do consumidor. do anúncio do pacote. O banco Ucrânia e todos os europeus em Rússia e Ucrânia têm se acusado
No mês passado, os líderes chi- de investimentos reduziu este uma situação a um passo de um mutuamente de ter bombardeado
neses abandonaram implicita- mês sua previsão de crescimento desastre nuclear”, declarou. o local, alimentando os temores
mente a meta de crescimento anual para a China para 3%. A Energoatom esclareceu que, internacionais de um desastre.
O transporte de carga pelo rio
Yangtze também foi interrompi-
do, pois a falta de chuva reduziu
shoppings podem operar apenas
entre 16 horas e 21 horas. As auto-
ridades de Chongqing reduziram
os níveis de água. Algumas em- os serviços de metrô e monotrilho. De São Paulo O decreto não especifica se o au-
presas de logística relatam um li- Sichuan, que abriga várias usi- mento será alcançado por meio da
mite de pesos de carregamento, nas hidrelétricas, fornece cerca de A Rússia deve aumentar signifi- expansão do serviço militar obri-
o que está causando atrasos. 15% da energia usada em cativamente seu contingente mili- gatório, do recrutamento de mais
Chongqing abriga muitas fábri- Chongqing. Como as chuvas caí- tar, aparentemente para repor mi- voluntários ou de ambos. Mas ana-
cas, incluindo algumas operadas ram pela metade em relação à mé- litares perdidos em seis meses de listas militares russos preveem o
por montadoras japonesas como dia do período, Chongqing perdeu guerra na Ucrânia e preparar-se aumento dos voluntários, em ra-
Honda e Isuzu. A cidade do su- quase todo o acesso ao forneci- para um conflito mais longo. zão das preocupações do Kremlin
doeste da China serve como um mento de eletricidade de Sichuan. O presidente Vladimir Putin sobre uma possível reação nacio-
centro para fabricantes de autope- As usinas de combustíveis fós- baixou ontem um decreto que au- nal à extensão do serviço militar.
ças, bem como fábricas de monta- seis respondem por cerca de 70% menta o número de soldados do Segundo estimativas do Pentá-
gem de computadores operadas da energia de Chongqing, mas exército em 137 mil, ou 13%, para gono, da semana passada, cerca de
por empresas de Taiwan. aumentar a taxa de utilização pa- 1,15 milhão até o final do ano. 80 mil soldados russos foram mor-
A falta de energia também afeta rece difícil devido ao impacto na Com isso, o número total de mem- tos ou feridos na Ucrânia, minan-
a vida cotidiana em uma das maio- lucratividade e aos limites im- bros das forças armadas russas do a capacidade de Moscou de rea-
res metrópoles da China. Grandes postos à emissão de poluentes. chegaria a 2,04 milhões. lizar ofensivas em larga escala.
Fernández diz que procurador não se suicide
toneladas em 2020, segundo o
UNODC, mais do que o dobro do
total computado em 2014.
A cocaína nunca esteve tão
abundante nem tão barata em ter-
mos reais na Europa do que hoje, e
os traficantes desenvolvem merca-
dos lucrativos na Rússia, China e
partes da Ásia, onde a droga alcan-
ça o dobro ou triplo do preço. Nas
palavras de McDermott, “a cocaína
NATACHA PISARENKO/AP/ARQUIVO
está surgindo em todo lugar”.
Os principais cartéis avançaram
bem além do narcotráfico. Agora
fazem transporte clandestino de
refugiados, extorsão de empresas,
sequestram pessoas ricas e trafi-
cam madeira e ouro ilegal da Ama-
zônia. O crime organizado chileno O presidente argentino, Alberto “Nisman se suicidou, espero que ataque contra um centro judaico, em
se dedica à pesca clandestina, en- Fernández, foi acusado ontem pela Luciani não faça algo assim”, disse 1994. Nisman foi achado morto
quanto a mais recente atividade oposição de ter feito “ameaça velada” Fernández na véspera, em entrevista baleado na cabeça em 2015, mas
econômica das gangues mexica- ao promotor Diego Luciani, que na ao canal “Todo Noticias”. Ele se referiu investigadores põem em dúvida a tese
nas, diz Blanco da Verisk, é contra- segunda-feira pediu 12 anos de prisão a Alberto Nisman, promotor que de suicídio. Pelo que viu como ameaça,
bandear comprimidos abortivos. para a vice-presidente Cristina investigava Kirchner pela acusação de a coalizão Juntos por el Cambio pediu
O melancólica quadro das esta- Kirchner, acusada de corrupção. acobertar o envolvimento do Irã no o impeachment de Fernández.
tísticas deprimentes geradas pelo
fracasso da guerra às drogas e suas
terríveis baixas humanas fizeram
com que um crescente número de
OMC aponta queda do Curta
políticos latino-americanos defen-
desse a legalização da cocaína.
Mas, como destaca Shannon
O’Neil, vice-presidente do Conse-
volume de comércio global Taipé vai reforçar defesa
O governo de Taiwan propôs
lho de Relações Exteriores de Nova um aumento no orçamento da de-
York: “Esses deixaram de ser cartéis Agências internacionais entre maio e junho, revertendo fesa do país para 2023 em 14,9%. A
de drogas propriamente ditos. São um crescimento de 2,6% registra- proposta chega em um momento
grupos do crime organizado. Mes- O comércio global em junho do em maio, segundo dados di- de tensão na região, com a China
mo se nos livrarmos das drogas, te- registrou retração diante das vulgados ontem pelo CPB World intensificando suas atividades mi-
remos extorsão, assaltos, tráfico de quedas do volume de transações Trade Monitor, que monitora ex- litares ao redor da ilha após a visi-
pessoas, contrabando de ouro. O na China, Europa Oriental e Rei- portações e importações globais. ta da presidente da Câmara dos
foco deve ser: como impor a lei.” no Unido. A expectativa é de um No primeiro semestre de 2021, EUA, Nancy Pelosi, a Taipé, gesto
Em uma região famosa pela cor- declínio ainda maior nos próxi- o comércio global cresceu a uma visto como uma afronta à política
rupção, a fragilidade da fiscaliza- mos meses diante dos aumentos taxa anual acima de 20%. Mas o se- de “uma só China” de Pequim. A
ção do cumprimento da lei e as al- do custo de vida no mundo. tor hoje dá sinais de arrefecimen- ideia é que o dinheiro seja usado
tas taxas de mortes, essa é uma me- O volume de bens transaciona- to, com a inflação alta na maioria na compra de caças e equipamen-
ta difícil de alcançar – mas vital. dos em todo o mundo caiu 0,1% dos países afetando as famílias. tos de defesa aérea e marítima.
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A14 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Opinião
HRYM WANG POR PIXABAY

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: João Roberto Marinho
VICE-PRESIDENTES: José Roberto Marinho - Roberto Irineu Marinho

é uma publicação da Editora Globo S/A

DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar

DIRETORA DE REDAÇÃO: Maria Fernanda Delmas

Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit

Sem dólares, Argentina

tenta evitar desvalorização
A
carência de dólares segue A segunda frente em que Massa tenta resolver
estrangulando a economia problemas é igualmente árdua e a que
argentina e pode se agravar a potencialmente pode até lhe custar o cargo.
curto prazo. O governo Aperto nas importações e cerco ao dólar foram
argentino, dividido entre um armas comuns nos governos de Néstor e
presidente sem prestígio, Alberto Fernández, Cristina Kirchner. Ajuste fiscal e aumento de
e uma vice, Cristina Kirchner, a quem tarifas, porém, contam com a oposição visceral
repugnam programas de austeridade, da vice-presidente. Foi por aceitar um acordo
entregou a terrível missão de consertar os brando que pressupunha as duas coisas que
desequilíbrios econômicos a um Cristina forçou a saída do ministro que
presidenciável, o peronista Sergio Massa, costurou o acerto com o FMI, Martín Gusmán.
ministro da Economia. O Banco Central Não se sabe se Massa terá melhor sorte.
argentino tem ao redor de US$ 1 bilhão em O novo ministro fez um pacote de corte de
reservas líquidas e sua posição dos mercados US$ 1 bilhão no orçamento, em que metade das
cambiais futuros, que corresponde a uma economias recaiu sobre os ministérios da
promessa de venda de dólares, atingiu 85% Habitação, Infraestrutura e Educação. Depois
da meta acordada com o FMI, de US$ 9 congelou salários nas empresas públicas e
bilhões. (La Nacion, ontem). reduziu os subsídios, isto é, aumentou preços
Sergio Massa começou a usar a quase de luz, gás e água. Ao mesmo tempo elevou as
inexistente margem de manobra que possui taxas de juros a 96% ao ano, ante uma inflação Brasil tem de voltar a ocupar a posição de respeito e
para cumprir o acordo com o Fundo Monetário
Internacional, que joga os pagamentos dos US$
acumulada em doze meses até julho de 71%. As
taxas positivas, raras nos últimos anos, buscam
liderança que teve na região. Por Roberto Teixeira da Costa
45 bilhões de empréstimos para 2024 em dar atratividade suficiente ao peso para que ele

Relevância da política externa

diante, e impedir uma desvalorização do peso, não se desloque em busca de dólares.
que seria trágica com a inflação a caminho dos Os empresários não foram poupados. Será
100% até o fim do ano. Para economizar cobrada um imposto como antecipação de
dólares, o governo argentino retoma lucros, que envolve principalmente

O
expedientes largamente usados durante o exportadores de commodities primárias, mas
conflito na Ucrânia es- zar um diálogo possível atenden- interessa é a questão interna, onde
período de mando dos Kirchners. também indústrias que tiveram ganhos tá impactando a geo- do da melhor forma os interesses o crescimento econômico e conse-
Trinta e quatro linhas tarifárias que gozavam extraordinários em decorrência da crise com política mundial. De nacionais, políticos e financeiros. quente do emprego, políticas so-
de licenças automáticas de importação a guerra na Ucrânia. O objetivo de todas as um lado a China e do No que toca ao país hegemôni- ciais, de saúde e segurança, serão
entrarão no regime não automático, o que medidas é chegar a um déficit primário de outro os Estados Unidos, que co das Américas, os Estados Uni- fatores preponderantes na escolha
envolve de whisky a iates, de placas de memória 2,5% do PIB. O déficit corrente, estima-se, está com o apoio integral da União dos, com a derrota de Trump, e a de seus dirigentes para o Executivo
para PCs a máquinas para fazer mineração de de 0,7% a 1% do PIB acima da meta. Europeia e do Reino Unido eleição de Joe Biden, fomos um e o Congresso. Ainda assim, nossos
criptomoedas. A ideia é evitar saída de US$ 800 Massa vai ao exterior em busca de dólares. questionam, com fundamenta- dos últimos países a cumprimen- futuros governantes terão a gran-
milhões em compras do exterior até o fim do Com a China, país com o qual a Argentina têm das razões, a agressão russa a tar o presidente eleito. de responsabilidade de, sem dei-
ano. A licença não automática pressupõe prazo déficit em transações comerciais de US$ 6,5 Ucrânia e, através da Otan, forta- Nesse cenário de grande com- xar de priorizar as questões inter-
lecem sua posição na região pro- plexidade externa e desafios in- nas, dar a devida atenção ao nosso
para autorização de 60 dias que, no passado, bilhões, tenta-se ampliar o acordo de swap
piciando apoio financeiro e ar- ternos, em outubro faremos nos- contato com o resto do mundo.
nunca foi cumprido e não há razões para crer cambial, atualmente em US$ 20 bilhões. O
mamentos aos ucranianos. Se sas escolhas. Passam necessariamente por
que o será agora. As importações de serviços passo mais ousado será o pedido de mais associaram na aprovação de san- Analistas internacionais enten- uma atitude diferente de como
também serão controladas. dinheiro ao FMI em uma nova linha que deverá ções a investimentos e transa- dem que no cenário que se vislum- vemos o mundo e a relevância do
Os importadores argentinos já passam por estar disponível a partir de outubro, destinada ções comerciais com os russos, e bra o Brasil deveria posicionar-se nosso país nesse cenário de tran-
uma via crucis. Para terem acesso ao dólar a fortalecer o balanço de pagamentos de longo bloqueio de exportações do seu de modo a manter sua neutralida- sição. Teremos que vencer essa
pelo câmbio oficial, bem escasso, têm de prazo para países de baixa e média renda. A gás e do seu petróleo. Teremos de e uma posição estratégica. desconfiança interna, hoje cons-
esperar o aval do Banco Central à operação, o Argentina poderia obter até US$ 1 bilhão. também redução do crescimen- Longe de defender a agressão tatada em diferentes segmentos
que leva de 90 a 180 dias. O dólar paralelo Mas uma das condições para se qualificar ao to mundial e taxa de inflação russa à Ucrânia, é importante de nossa sociedade.
(blue) é cotado a 290 pesos, em média 120% empréstimo é que o país tenha “dívida elevada como consequência. mantermos um diálogo comercial No livro que lancei em 2021
mais que o dólar oficial. Com essa distância, sustentável e capacidade adequada de A hegemonia mundial dos Es- inalterado com os russos, pois te- pela Editora Noeses “O Brasil
tados Unidos, que se fortaleceu mos interesse em manter a impor- tem medo do mundo? Ou o
não há qualquer estímulo para pessoas pagamento”, o que a Argentina não tem. Pedir
após o fim da guerra fria, vem tação de fertilizantes e compra de mundo tem medo do Brasil?” fiz
físicas e empresas realizarem transações pelo nada custa, mas após receber o maior pacote de
sendo confrontada pelo extraor- óleo diesel que nos são vitais. uma análise desse quadro em rá-
valor oficial. A diferença cambial tende a ajuda financeira da história do FMI e não ter dinário crescimento da econo- pidas pinceladas. Na temática
aumentar a qualquer sobressalto e os dólares ainda implantado reformas sequer moderadas, mia chinesa nos últimos 10 do protecionismo apresento al-
obtidos por argentinos encontram repouso dificilmente o país conseguirá algo a curto anos. Em nossa região, os chine-
No cenário que se gumas sugestões e recomenda-
em lugares seguros, como o Uruguai. prazo, sem mostrar progressos no acordo atual. ses ocupam papel de extrema re- vislumbra, país deveria ções que poderiam mitigar esse
levância em investimentos e no manter sua distanciamento.
comércio exterior. neutralidade e uma No contexto externo, é funda-
Como essa disputa entre esses mental que o tema Amazonia se-
Diretor Adjunto
de Redação
Daniel Rittner (Brasília)
(daniel.rittner@valor.com.br)
Editor de Agronegócios
Fernando Lopes
Editores de Projetos Especiais
Célia Rosemblum dois blocos nos afetará e quais posição estratégica ja equacionado, não para aten-
Cristiano Romero Daniela Chiaretti (fernando.lopes@valor.com.br) (celia.rosemblum@valor.com.br) posições devemos tomar para der clamores estrangeiros, mas
(cristiano.romero@valor.com.br) (daniela.chiaretti@valor.com.br) Editora de Finanças Tania Nogueira Alvares
Editor-executivo João Rosa (tania.nogueira@valor.com.br)
melhor nos situar diante desse Historicamente, nossa política para demonstrar o que estamos
Talita Moreira
de Opinião (joao.rosa@valor.com.br) (talita.moreira@valor.com.br) Correspondente internacional quadro de grandes incertezas? externa sempre se caracterizou fazendo e deixarmos uma posi-
José Roberto Campos Lucinda Pinto Editor de S.A. Assis Moreira (Genebra) Tanto EUA como China estão por uma posição equilibrada, ção defensiva.
(jose.campos@valor.com.br) lucinda.pinto@valor.com.br Nelson Niero (assis.moreira@valor.com.br)
sem representantes em suas em- mesmo em momentos difíceis, Enfatizo a necessidade de mo-
Editores-executivos Maria Cristina Fernandes Correspondentes nacionais
Catherine Vieira (mcristina.fernandes@valor.com.br)
(nelson.niero@valor.com.br)
Cibelle Bouças (Belo Horizonte)
baixadas no Brasil. procurando defender nossos in- bilizar a sociedade civil, empre-
Editora de Carreiras
(catherine.vieira@valor.com.br) Marli Olmos Stela Campos
(cibelle.boucas@valor.com.br) Nesse contexto, ganha rele- teresses e buscando relevância sas, acadêmicos, ONGs e impren-
Fernando Torres (marli.olmos@valor.com.br)
(stela.campos@valor.com.br)
Marina Falcão (Recife) vância nossa política externa, nos foros multilaterais. sa para motivá-los a atuar nesse
(fernando.torres@valor.com.br) Mônica Scaramuzzo (marina.falcao@valor.com.br)
Editor de Cultura não constatada em governos re- Segundo especialistas e políti- novo mundo que se desenha e
Robinson Borges (monica.scaramuzzo@valor.com.br)
(robinson.borges@valor.com.br) Editor de Brasil
Hilton Hida centes. Dilma Rousseff não mos- cos ligados ao comércio mundial, que tenham um perfil ativo,
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Sergio Lamucci Marcos de Moura e Souza VALOR INVESTE trou interesse no tema das rela- abriu-se espaço para que o Méxi- compatível com nosso porte.
Editor de Legislação & Tributos Editor Responsável
(sergio.lamucci@valor.com.br) (marcos.souza@valor.com.br)
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ções internacionais e a política co, Colômbia e Brasil venham a Agora que entramos em efeti-
Zinia Baeta Editor de Política
(zinia.baeta@valor.com.br) César Felício
(arthur.rosa@valor.com.br) (fernando.torres@valor.com.br) de nossa chancelaria privilegiou ser considerados como aptos a re- va campanha eleitoral, quando
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Editor de Arte/ Fotografia a relação Sul-Sul. ceber investimentos para indús- possíveis nomes serão citados co-
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em Brasília Editor de Internacional O curto mandato de Michel Te- trias que aqui queiram se instalar mo ocupantes das pastas minis-
(silas.botelho@valor.com.br) PIPELINE
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mer, através do Itamaraty, bus- e substituir países com que te- teriais, gostaria de ver os candi-
(fernando.exman@valor.com.br) (humberto.saccomandi@valor.com.br)
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(francisco.goes@valor.com.br) Cynthia Malta Editora Valor PRO teresses com nossos vizinhos da 10 anos foi nosso representante que deveria estar entre os minis-
Repórteres Especiais (cynthia.malta@valor.com.br) Roberta Costa
roberta.costa@valor.com.br VALOR INTERNATIONAL
região, particularmente com o na Organização Mundial de Co- térios mais importantes na for-
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(alex.ribeiro@valor.com.br) e Infraestrutura Coordenador Valor Data Editor Mercosul, procurando consoli- mércio, lembrou que muito se mação da base do novo governo.
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(adriana.mattos@valor.com.br) (ivo.ribeiro@valor.com.br) (william.volpato@valor.com.br) (samuel.rodrigues@valor.com.br) ca latino-americana. “friend-shoring” pelo qual so- mos que somos parte majoritária
Valor PRO / Diretor de Negócios Digitais Tarcísio J. Beceveli Jr. (tarcisio.junior@valor.com.br) Bolsonaro caracterizou-se por mente haveria comércio entre da América do Sul, e temos que
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Sucursal do Rio de Janeiro Rua Marques de Pombal, 25 – Nível 2 – Bairro: Cidade Nova – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20230-240 eleição do oponente, não abrin- O fato de sermos um dos funda- região deve ser a de retornar a
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do diálogo com o presidente elei- dores do NDB (New Development ocupar a posição de respeito e li-
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Opinião
Conceitos e valores
José Eli da Veiga
E
m vários tipos de diálo-
gos, que vão de entrevis-
tas a palestras ou aulas,
continua muito fre-
quente a solicitação de que o
‘conceito de sustentabilidade’ se-
ja exposto. Situação que requer
prévio esclarecimento sobre o
que é ‘conceito’, seguido da su-
gestão de que o enunciado mais
correto da pergunta seria ‘o que é
sustentabilidade’?
Por razões que só os estudiosos
da linguagem poderão apontar,
a palavra ‘conceito’ foi demasia-
damente banalizada. Passou a
ser usada como mero sinônimo
de ‘ideia’ ou de ‘noção’. Um pro-
blema que gera sérias dificulda-
des para seu uso em termos cien-
tíficos ou filosóficos.
Nas ciências e na filosofia, os
conceitos são poucos, para não
dizer raros, pois sempre depen-
dem de lentas fermentações em
comunidades disciplinares. De-
Iniciativas climáticas voluntárias podem distrair do que é de fato necessário. Por Simon Mundy
Pegadas de carbono na direção errada
V
ocê se lembra onde
ouviu pela primeira
vez a expressão “pega-
da de carbono”? Eu
também não. Para muitos de
nós, o termo foi introduzido em
nosso subconsciente por uma
campanha publicitária veicula-
da por dois anos iniciada em
2004 e financiada pela gigante
petrolífera BP. “Mas o que é uma
pegada de carbono?”, diz um
anúncio estampado com o logo-
tipo do girassol verde e amarelo
da companhia. “Toda pessoa no
mundo tem uma”.
Alguém pode se perguntar so-
bre o propósito de uma campanha
tão cara. Civismo? Uma tentativa
direta de vender uma imagem
mais ecológica? Nenhum dos dois,
segundo o destacado cientista cli-
mático americano Michael E.
Mann, que vê os anúncios como
parte de um esforço de deflexão
“destinado a transferir a responsa-
bilidade das corporações para os
indivíduos”. Em seu livro de 2021,
“The New Climate War” (“A nova
guerra do clima”), ele acusa as
mensagens corporativas de ajudar
a estabelecer “uma fixação na ação
voluntária”, minando o esforço
por novas regulamentações e polí-
ticas de Estado duras, desde a pre-
cificação do carbono a restrições
mais duras às emissões industriais,
que poderiam fazer uma verdadei-
ra diferença.
Lembrei-me do alerta de Mann
durante um debate na BBC no mês
passado entre os candidatos a pri-
meiro-ministro do Reino Unido
Liz Truss e Rishi Sunak. O mediador
desperdiçou a oportunidade de
questioná-los sobre suas propos-
tas para enfrentar a crise climática,
preferindo perguntar a eles:
“Quais as três coisas que as pessoas
deveriam mudar em suas vidas pa-
ra ajudar a combater as mudanças
climáticas mais rapidamente?”.
Além de desviar todos do deba-
te político sério, a obsessão com as
pegadas pessoais de carbono tem
sido, segundo Mann, uma benção
para os oponentes de uma ação cli-
mática séria. Ela criou uma acusa-
ção abrangente de “hipocrisia”
que eles podem usar para desqua-
lificar qualquer argumento em fa-
vor de uma ação dessas, desde que
a pessoa que a fizer viaje de avião.
Essa lógica parece ter sido interna-
lizada também pelo movimento
ambiental. Prova disso são as críti-
cas da Baronesa Jones de Moulse-
coomb, do Partido Verde britâni-
co, sobre a “hipocrisia” de Alok
Sharma, presidente da cúpula do
clima CoP-26 no ano passado, por
suas muitas viagens de avião para
pois de adotados, tendem a ser
muito mais estáveis nas ciências
exatas, com destaque para a ma-
temática, do que nas ciências da
vida, nas humanidades e na filo-
sofia. Ainda assim, em nenhuma
destas áreas do conhecimento,
mesmo nas mais interdisciplina-
res, há proliferação de conceitos.
Por mais criativos que sejam seus
pesquisadores na invenção de
neologismos, tais crias depen-
dem de muita maturação e tria-
gem coletivas até poderem ser
considerados conceitos.
É o que confirma ensaio de
primeira linha, altamente escla-
recedor, recentemente publica-
do pela Editora Vozes: “O Uso
dos Conceitos”, do professor José
d’Assunção Barros. O mínimo
que se pode tirar de tal leitura é
que, para uma palavra se tornar
um conceito, é preciso que seu
sentido seja, ao menos, razoavel-
mente consensual nas comuni-
dades que dela se servem. Pode
haver inúmeras interpretações
teóricas divergentes sobre as
forças de ‘gravidade’, mas todos
os físicos entendem exatamente
o mesmo, quando usam o vocá-
bulo ‘gravidade’.
O extremo oposto se dá com o
substantivo ‘sustentabilidade’,
oriundo da quarentona expres-
são ‘desenvolvimento sustentá-
vel’. Quando esta veio a público,
em 1980, no subtítulo de impor-
Estamos treinando
nossos filhos para
enfrentar as
mudanças climáticas
principalmente através
de mudanças nos
hábitos pessoais de
consumo, cujo
impacto, sabem eles
instintivamente,
ficará muito aquém do
que é necessário
tante relatório estratégico da
IUCN, havia intenso debate sobre
a possibilidade de o ‘desenvolvi-
mento’ ser um conceito, tendo
por principal candidata a pro-
posta de ‘desenvolvimento como
liberdade’, do grande pensador
Amartya Sen. Controvérsia que
ficou extremamente confusa,
quando tal candidato a conceito
foi adjetivado por expressão que,
até ali, só era usual entre enge-
nheiros florestais e de pesca.
Foi em tal circunstância que o
substantivo ‘sustentabilidade’
emergiu como um novo valor, à
altura de outros, já legitimados,
como, por exemplo, os da tríade
da Revolução Francesa, Liberda-
de, Igualdade e Fraternidade.
Na contramão dos conceitos,
são bem improváveis eventuais
compreensões comuns sobre os
valores. Tome-se, por exemplo, a
ideia de felicidade. Chega a ser
unânime o entendimento dos
motivos que fazem infeliz quem
é deixado por um ente querido,
ou quem é atirado no desempre-
go. Mas isto não enseja ínfimo
acordo sobre como entender a
noção de felicidade.
É este tipo de contraste que
impossibilita o surgimento de
definições precisas para certas
ideias, algo ignorado pelas ino-
centes queixas de que falta uma
para ‘sustentabilidade’.
Não levam em conta que se
angariar apoio internacional antes
da conferência.
Devo declarar interesse nesse
debate, depois de ter sido acusa-
do de hipocrisia por alguns leito-
res do meu recente livro sobre as
mudanças climáticas, cujas pes-
quisas envolveram um grande
número de voos. Mas a preocu-
pação com as pegadas de carbo-
no pessoais, afirmo eu, está le-
vando a discussão sobre o clima
para direções estranhas e, em al-
guns casos, perturbadoras.
Isso é mais evidente entre os
jovens. Um estudo sobre a “ansie-
dade climática” entre 10.000 jo-
vens de 16 a 25 anos em dez paí-
ses, publicado pela “The Lancet”
em dezembro, constatou que
39% hesitam em ter filhos em ra-
zão das mudanças climáticas.
Isso pode refletir o medo de
trazer uma nova geração para um
mundo de inundações e incên-
dios florestais. Mas também com-
bina com a crescente popularida-
de de um argumento inquietan-
te: o de que aqueles que se preo-
cupam com o planeta deveriam
evitar a procriação — já que como
todos têm uma pegada de carbo-
no, a melhor resposta ao proble-
ma seria ter menos vida humana.
Esta é uma linha de pensamento
está diante de novíssimo valor,
que só começou a se firmar
mais de meio século após a ado-
ção, na ONU, da Declaração
Universal dos Direitos Huma-
nos, em 1948. Sem que tenha
merecido destaque, seis meses
depois da Rio-92, na conferên-
cia mundial sobre Direitos Hu-
manos de Viena. Absurdo que,
por incrível que pareça, só mu-
dou, um pouco, há exatamente
um mês, com a resolução
76/300, adotada por 161 países.
Nada impede que o
movimento na direção da
sustentabilidade exija
choques renovadores de
destruição criativa
Sustentabilidade é o primeiro
valor a dar atenção às futuras
gerações. Isto é, a evocar a res-
ponsabilidade contemporânea
pelas oportunidades, conjunto
de possibilidades e direitos, que
nossos trinetos e seus descen-
dentes terão alguma chance de
usufruir. Não há, portanto, res-
posta simples, direta e, muito
menos, definitiva, para ‘o que é
sustentabilidade’? Por isto mes-
mo, é preciso tomar muito cui-
dado com abusos vulgares, co-
metidos em seu emprego.
Contudo, também não há co-
desoladora. Levada ao seu extremo
lógico, ela poderia ser usada para
justificar o eco-suicídio, ou o plano
maluco do vilão vivido por Samuel
L Jackson no primeiro filme da sé-
rie “Kingsman”, de eliminar a
maioria da humanidade para de-
ter o aquecimento global.
Depois, há outros jovens que
estão desistindo de fazer qual-
quer contribuição significativa
para a luta climática. Cinquenta e
cinco por cento dos jovens da
pesquisa da “Lancet” disseram
que as mudanças climáticas os fa-
zem se sentir “impotentes”. Mais
ou menos a mesma proporção
concordou com a afirmação “a
humanidade está condenada”.
Não é de admirar, uma vez que
estamos treinando nossos filhos
para enfrentar as mudanças climá-
ticas principalmente através de
mudanças nos hábitos pessoais de
consumo, cujo impacto, sabem
eles instintivamente, ficará muito
aquém do que é necessário.
Também nas empresas temos
visto um foco nas iniciativas cli-
máticas voluntárias por meio de
alianças do setor e a ascensão dos
investimentos ESG (aqueles que
levam em conta as questões am-
biental, social e de governança).
Seus defensores apontam, com
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
mo interditar sua apropriação
em outras situações e, ainda me-
nos, proibir o uso figurativo que
já se consolidou: dizer que é sus-
tentável o comportamento de
uma organização, empresa ou
indivíduo, quando seguem códi-
go ético de responsabilidade so-
cioambiental. Ou que tal código
foi respeitado na produção e co-
mercialização de alguma merca-
doria ou serviço.
Nada garante que tais condu-
tas ou procedimentos sejam real-
mente sustentáveis, mas esta foi a
imagem socialmente eleita para
comunicar que se está a fazer sé-
rio esforço em tal direção.
No caso de organizações, par-
ticularmente de empresas, é
fundamental entender que a
sua durabilidade não é um re-
quisito da sustentabilidade. Ao
contrário da crença ‘ESG’, que se
generaliza, pode ocorrer até o
inverso. Nada impede que o
movimento na direção da sus-
tentabilidade exija choques re-
novadores de destruição criati-
va. Assim como nos ecossiste-
mas, o que está em risco é a resi-
liência do conjunto, não a dura-
bilidade específica de seus indi-
víduos, famílias, grupos, ou,
mesmo, espécies.
José Eli da Veiga é professor sênior do
Instituto de Estudos Avançados da USP:
www.zeeli.pro.br
razão, que as empresas estão pre-
enchendo uma lacuna deixada
pelos governos e autoridades re-
guladoras, que têm sido lamen-
tavelmente lentos em agir.
Mas os críticos afirmam que as
empresas estão usando essas ini-
ciativas voluntárias para reduzir a
pressão por ações governamentais
ambiciosas que possam ameaçar
os seus lucros no curto prazo. Entre
os críticos mais estridentes está Ta-
riq Fancy, que abandonou no ano
passado a chefia de um fundo de
investimentos sustentáveis da ges-
tora de ativos BlackRock. Ele me
disse que grandes instituições fi-
nanceiras estão usando o ESG co-
mo um “disfarce”. “A última coisa
que eles querem é lutar contra um
argumento real baseado na econo-
mia, que diz que a resposta óbvia é
a regulamentação”.
Não há nada inerentemente er-
rado com as tentativas voluntárias
de reduzir as emissões. Mas seria
horrível se essa agenda desviasse o
progresso em direção a medidas
políticas sérias que são a verdadei-
ra chave para enfrentar essa crise.
(Tradução de Mário Zamarian)
Simon Mundy é editor da newsletter
Moral Money, do Financial Times, e autor
do livro “Race for Tomorrow”.
| |
Valor A15
Frase do dia
“Não aceito o
Brasil, na maior
crise do país, ter
que escolher o
menos pior.
Isso não vai dar
certo”.
Da senadora Simone Tebet
(MDB), candidata à Presidência
da República, em sabatina de O
Globo, Valor e CBN
Cartas de
Leitores
Crescimento latino
Analisando as informações da
Cepal (Comissão Econômica pa-
ra a América Latina e Caribe)
com dados sobre o desempenho
das economias latino-america-
nas destaquei as seguintes: to-
dos sul-americanos cresceram
forte em 2021, se recuperando
do período pandêmico; para
2022 deverão crescer em média
2,6%, com destaques para Co-
lômbia e Uruguai, sendo que o
Brasil apenas 1,6%, superando
somente o Paraguai.
Por isso o discurso oficial de
que a economia está se recupe-
rando não corresponde à reali-
dade, mesmo se considerarmos
que cresceremos 2%.
Na verdade, o governo está
usando artifícios de cunho elei-
toral para incentivar o consumo
dos mais pobres e da classe mé-
dia, mas que deverão compro-
meter a situação fiscal em 2023,
ao invés de elaborar um projeto
consistente.
José Osvaldo Gonçalves Andrade
jog.andrade64@yahoo.com
Ibovespa
Estou incomodado com o com-
portamento do índice da Boves-
pa. Mesmo variando muito, tan-
to para cima como para baixo,
quando se aproxima do fecha-
mento, ele caminha para próxi-
mo do zero.
Uma curiosidade: nos últimos
100 dias, ou em 71 pregões do
Bovespa, o índice de fechamento
ficou 14 vezes próximos ao zero
(intervalos entre -0,17 e 0,17), ou
seja, 20% do total.
Já na Bolsa de Nova York (NY-
SE), foram 69 pregões nos últi-
mos 100 dias, e o índice de fecha-
mento ficou somente 5 vezes
próximos ao zero (considerando
o mesmo intervalo utilizado no
Bovespa), ou apenas 7% do total.
Jorge Longato
longatojorge@gmail.com
Eleições
Basta um segundo para que a
confiança seja perdida. No en-
tanto, sua volta ao nível anterior,
por maiores que sejam os esfor-
ços, leva um tempo infinito.
O nosso país vive hoje em
meio a uma dessas quedas re-
pentinas, evidente em todos os
setores da vida nacional. A recu-
peração a um patamar passado,
que já foi suportável, é, portan-
to, difícil.
Candidatos a cargos políticos
enfatizam que o país e as subdi-
visões estaduais e municipais cu-
jos controles buscam abocanhar,
devem ser passados a limpo.
Trata-se de bandeira esgarça-
da e gasta, mesmo porque o ras-
cunho que pretendem emendar
é tão ininteligível que não lhes
resta, se eleitos, outra alternativa
senão continuar a trabalhar a
partir dos rabiscos deixados so-
bre suas mesas, aumentando, as-
sim, o loop de desconfiança.
Nas campanhas ora iniciadas,
o eleitor está de novo sendo
bombardeado com tais promes-
sas e, mais uma vez, vai entregar
seu destino a quem não desfruta
de seu crédito.
Paulo Roberto Gotaç
pgotac@gmail.com
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
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A16 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Especial
Eleições Em ciclo de entrevistas do “Globo”, “Valor” e CBN, candidata do MDB destaca ser mulher e de centro
Para Tebet, houve desistência precoce de 3 via
Eleições
2022
Ricardo Mendonça, Lilian Venturini
e André Guilherme Vieira
De São Paulo
Candidata do MDB à Presidên-
cia, a senadora Simone Tebet recla-
ma da desistência precoce do pro-
jeto de terceira via por parte dos
que rejeitam a polarização entre o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e o presidente Jair Bolso-
naro (PL) ao mesmo tempo em que
dá uma sinalização de austeridade
incomum em campanhas: disse
que colocará um freio no ímpeto
de servidores por reajustes. “Não
tem como dar aumento nos seis
primeiros meses”, diz.
Sabatinada ontem no ciclo de
entrevistas de presidenciáveis pro-
movido pelo Valor com “O Globo”
e a CBN, Tebet destacou, em vários
trechos, o fato de ser de centro e ser
mulher. Negou ter sido escolhida
para o MDB dar vazão à quota obri-
gatória de 30% de gastos eleitorais
com candidatas mulheres.
Provocada a falar sobre expres-
sões machistas usadas por aliados
no lançamento de sua candidatu-
ra, como Tasso Jereissati, José Serra
e Roberto Freire, repetiu que “nin-
guém ama como uma mulher” e
que é disso que o Brasil precisa.
Tebet afirmou que “as pessoas
jogaram a toalha” sobre a terceira
via no fim de 2021, ao ser indagada
sobre sua posição em um segundo
turno em que não esteja presente.
Ela deposita esperança de cresci-
mento no fato de ser a menos rejei-
tada e menos conhecida entre os
principais postulantes. E admite
que errou em 2015 ao citar des-
confiança sobre a urna eletrônica.
A seguir, os principais pontos
da sabatina:
Teto de gastos
“É a única âncora fiscal que so-
brou. A gente pode até dar outro
nome, aprimorar, colocar algu-
mas condicionantes. Mas se não
fosse o teto, que ainda existe, o
orçamento secreto não seria só
de R$ 19 bilhões. Seria maior. Pa-
ra o ano que vem, é óbvio que var
ter de flexibilizar um pouco.”
Ciência e tecnologia fora do teto
“O Brasil precisa voltar a cres-
cer. E não cresce sem indústria.
Estamos indo bem no agronegó-
cio, mas muito mal na indústria.
Quais são os gargalos? De um la-
do, não tem condições de com-
petir porque o custo Brasil é mui-
to caro. Segundo, temos que in-
vestir em tecnologia e produtivi-
dade. Ciência, tecnologia e ino-
vação não é gasto, é investimen-
to. É educação. Se o Fundeb já es-
tá fora do teto, eu também devo
excluir [ciência e tecnologia].”
Orçamento secreto
“Transparência absoluta. Exi-
gir que todos os ministros colo-
quem no Portal da Transparência
de onde veio o dinheiro, para on-
de está indo, quem solicitou. Po-
demos estar diante do maior es-
Dados do eleitorado estavam incorretos
Valor
De São Paulo
A equipe do Fato ou Fake verifi-
cou algumas das principais decla-
rações da candidata do MDB à Pre-
sidência da República, Simone Te-
bet, na sabatina realizada por “O
Globo”, Valor e CBN.
Durante a entrevista, a candida-
ta deu duas informações incorretas
ao procurar sustentar a viabilidade
de sua campanha. Segundo ela,
“50% do eleitorado ainda não me
conhece ou não ligou ainda meu
nome à pessoa”. A declaração é
#FAKE. De acordo com a pesquisa
Genial/Quaest, realizada entre os
dias 11 e 14 de agosto, 73% dos en-
trevistados dizem não conhecer Si-
mone Tebet. Outros 17% dizem co-
nhecer, mas que não votariam nela,
enquanto outros 8% conhecem e
afirmam poder votar na candidata.
Tebet afirmou ainda que repre-
senta “53% da população brasilei-
ra, que são mulheres. Hoje, o elei-
torado que mais rejeita os dois que
quema de corrupção do planeta
Terra, maior que o petrolão. São
as emendas de relator que permi-
tiram o orçamento secreto. Não
existe orçamento secreto fora
dessas emendas.”
Emenda parlamentar de R$ 17 mi
“Os problemas não estão nas
emendas. Elas estão aí e conti-
nuarão. Você tem R$ 15 milhões
ou R$ 17 milhões para cada sena-
dor e deputado, de forma trans-
parente, colocar nas suas bases. O
que não pode é R$ 19 bilhões [de
orçamento secreto]. É dar trans-
parência até para acabar com a
hierarquia. Tem parlamentar que
está levando R$ 120 milhões.”
Privatizações
“Temos 45 ou 49 estatais. Entre
elas, mais de 100 subsidiárias.
Não é privatizar por privatizar.
Não é Estado mínimo nem máxi-
mo. É o Estado necessário. Regu-
lar mercado, fiscalizar e contro-
lar. Quais são as estatais deficitá-
rias e quais são as superavitárias?
Deficitárias que não são de estra-
tégia nacional, vamos privatizar.”
Petrobras
“A Petrobras gerou R$ 440 bi-
lhões de riqueza nos últimos três
ou quatro anos. Para vender, vai
valer o quê? R$ 600 bilhões. Nós
vamos entregar uma Petrobras de
R$ 600 bi que em três anos deu R$
440 bi? Então não faz sentido.”
Terceira via
“Acho que as pessoas jogaram a
toalha muito cedo em torno des-
se nome, terceira via. No desespe-
ro de achar o menos pior, de
achar que vai dar primeiro turno,
no final do ano passado já desa-
creditaram a terceira via. Nós não
podemos menosprezar o cami-
nho, que não foi fácil. Tínhamos
oito pré-candidatos. Eu era café
com leite. Mas nós fomos resistin-
do. Eu tenho coragem, tenho resi-
liência, sei o que é melhor para o
Brasil. No momento da maior cri-
se institucional, econômica, so-
cial e socioambiental, temos que
escolher o menos pior? Não vai
dar certo. Qualquer um dos dois
[Lula ou Bolsonaro] que ganhar
vai arrastar o segundo turno para
31/12/2026. Não passa reforma,
tudo vai ser difícil.”
Campanha 2022
“É uma eleição totalmente atí-
pica. Estamos com medo, votan-
do em um para não ter o outro. É
uma campanha do ódio, da se-
gregação, da polarização e do ex-
tremismo. Os dois mais rejeita-
dos despontam. É aí que nós va-
mos nos apresentar: 50% do elei-
torado ainda não me conhece.”
Quota de mulheres e negros nos
cargos de comando
“Eu represento 53% da popula-
ção, as mulheres. Negros são la-
mentavelmente subrepresenta-
dos na política. Não vou prome-
ter aquilo que não vou cumprir.
Tomara que a gente consiga colo-
car 30% de negros [em cargos de
primeiro escalão]. Sei que consi-
go colocar 50% de mulheres. Mas
estão campeões (líderes) é o eleito-
rado feminino”. Ela se referia aos
candidatos Luiz Inácio Lula da Sil-
va (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Acandidataerrouaocitaramaior
rejeição dos concorrentes que lide-
ram a disputa. No casode Bolsonaro,
a rejeição é maior entre os jovens de
16 a 24 anos, com 57%, ante 53% das
mulheres, de acordo com a última
pesquisa Datafolha. No caso do ex-
presidente Lula, a maior rejeição
ocorreentrepessoascomnívelsupe-
rior completo, com 46%, ante 40%
dos homens e 34% das mulheres.
Tebet ainda deu declarações im-
precisas ao defender não privati-
zar a Petrobras. “A Petrobras, nos
últimos anos do governo atual, ge-
rou R$ 440 bilhões (em dividen-
dos) nos últimos três ou quatro
anos. Se você avaliar para vender
hoje, ela vai valer R$ 600 bilhões”.
#NÃOÉBEMASSIM. Entre janei-
ro de 2019 até o último trimestre
de 2022, a Petrobras pagou à
União, em valores atualizados, R$
479,5 bilhões. Esse valor considera,
Simone Tebet: ”Os problemas não estão nas emendas parlamentares. Elas estão aí e continuarão. O que não pode é R$ 19 bilhões [de orçamento secreto]”
Conheça as propostas de Simone Tebet
Principais promessas da candidata do MDB registradas no TSE
Organizar, formalizar e regulamentar
um sistema nacional para o mercado
de créditos de carbono.
Acelerar o cumprimento das metas de
redução de gases de efeito-estufa,
incluindo o metano, e de
reflorestamento previstas no Acordo
de Paris e no Acordo de Redução de
FOTO: CRISTIANO MARIZ
Emissões por Desmatamento e
Degradação Florestal (REED+).
Política fiscal
Reavaliação de gastos tributários, com
metas anuais de redução.
Recriação do Ministério do
Desenvolvimento econômico
Planejamento, Orçamento e Gestão,
Defende um Programa Nacional de
com orçamento anual orientado por
Desestatização, sob coordenação do
um programa plurianual, baseado em
BNDES, sem especificar quais
metas de médio e longo prazos e
empresas seriam privatizadas ou
concedidas à iniciativa privada.
prioridades claras.
Reajuste anual do salário mínimo
Reorganização das regras fiscais para
dar maior clareza, coerência e
baseado “pelo menos” na inflação.
transparência aos indicadores das
Redução da contribuição contas públicas, com a modernização
previdenciária para a faixa de um do capítulo de Finanças Públicas da
salário mínimo para todos os Constituição Federal.
trabalhadores, como forma de
estimular a formalização. Reforma tributária
Criação de seguro de renda para os Implementação nos seis primeiros
trabalhadores informais e formais de meses de gestão com dois objetivos:
baixa renda em situações de queda simplificação e justiça social.
súbita de rendimento, sob a forma de Reforma de tributos sobre o consumo,
poupança (“Poupança Seguro com a criação do IVA. Criação de um
Família”). fundo constitucional para compensar
Estados e municípios do Norte,
Ambiente Nordeste e Centro-Oeste.
Impulsionar a expansão da agricultura
Reformar o IR para eliminar
de baixo carbono e a integração a regressividade.
lavoura-pecuária-floresta para
aproveitamento de áreas Programas sociais
hoje devastadas. Programa permanente de
Fortalecimento de órgãos como transferência de renda, que incentive o
ICMBio, Ibama e Inpe. Acelerar a emprego e a permanência dos jovens
na escola.
regularização de territórios
quilombolas. Instituição de benefício de renda
não sei se consigo 50% de negros. do servidor. A cada dois ou três
O grande problema do Brasil é o anos, ver se tem capacidade de
racismo estrutural.” continuar. Ele entra na escola de
governo e se atualiza. Se tiver con-
Reforma administrativa dições de continuar, continua. É
“O que tem de fazer é criar a ava- um equívoco dizer que temos que
liação periódica de desempenho acabar com a estabilidade. A esta-
além dos dividendos, os impostos “Em 2015, todos nós estávamos
e os royalties pagos pela explora- dizendo isso [duvidando das ur-
ção e Participação Especial. Só no nas]. Naquele momento, falhou
primeiro semestre de 2022, a pe- uma interlocução com o próprio
troleira pagou ao governo o mon- TSE. Eu sou da época analógica,
tante de R$ 147,2 bilhões aos co- não sabia naquela época sequer
fres públicos. Além disso, o valor que as urnas não estavam ligadas
de mercado da companhia é de R$ na internet, eu não sabia disso, nós
465,68 bilhões e não R$ 600 bi- não sabíamos disso, mas eu não te-
lhões, como a candidata afirmou. nho compromisso com erros. Dos
A senadora ainda deu uma infor- 81 senadores, se não me engano,
mação imprecisa ao comentar sobre 50 votaram assim”, disse Tebet.
a minirreforma eleitoral (PLC Em 2 de setembro de 2015, o Se-
75/2015). Otextosurgiu apósaselei- nado votou a proposta. Porém, 36
ções de 2014, que elegeram a ex-pre- senadores votaram a favor, e não
sidente Dilma Rousseff (PT). Alguns 50, como afirmou Tebet. A emede-
parlamentares apontaram descon- bista esteve entre os parlamenta-
fiança nas urnas eletrônicas à época res que votaram a favor. Apesar da
e criaram um novo texto, que, entre aprovação da proposta, o texto foi
outros pontos, pretendia criar uma derrubado pelo Supremo Tribunal
espécie de voto impresso. Cada voto Federal (STF), que enxergou risco
eletrônico deveria ser impresso e co- de violação do sigilo do voto.
locado em um local previamente la-
crado e o processo de votação não Veja a íntegra da checagem no endereço:
seria concluído até o eleitor confir- https://valor.globo.com/politica/eleicoes
mar a correspondência entre o teor -2022/noticia/2022/08/25/veja-o-que-
de seu voto e o registro impresso e fato-ou-fake-na-sabatina-de-simone-
exibido pela urna eletrônica. tebet-para-o-globo-valor-e-cbn.ghtml
mínima para eliminar
a pobreza extrema
Saúde
Redução das filas de espera por
consultas, exames e cirurgias,
agravadas pela pandemia, e
ampliação do acesso a medicamentos,
fórmulas nutricionais, órteses,
próteses e meios auxiliares
de locomoção.
Atendimento e reabilitação a
pacientes acometidos por sequelas
da covid-19, com especial atenção
à saúde mental.
Expansão da telemedicina
e da telessaúde.
Educação
Ampliação da educação em tempo
integral em todas as etapas de
ensino.
Priorizar a recomposição da
aprendizagem dos alunos decorrente
da pandemia.
Criação da “Poupança Mais
Educação”, para incentivar jovens de
baixa renda a concluir o ensino médio.
Ampliação do acesso às instituições
de ensino superior públicas por
meio de fontes alternativas
de financiamento.
Segurança
Recriação do Ministério da
Segurança Pública.
Estabelecimento de metas de
elucidação e redução de homicídios
em acordo com os Estados e vincular
o repasse de verbas adicionais
federais ao atingimento
dos objetivos.
Revogação de decretos do governo
Bolsonaro que fragilizaram o controle
do porte e da posse de armas.
bilidade acabou há muito tempo,
foi no governo Fernando Henrique
Cardoso [1995-2002]. O que temos
é que fazer a avaliação periódica. E
não é para mandar embora. A re-
forma não é contra o servidor, é a
favor do serviço público.”
Ciro Gomes participa hoje de
sabatina com presidenciáveis
Valor
De São Paulo
O candidato do PDT à Presi-
dência da República, Ciro Go-
mes, é o entrevistado desta sexta-
feira na sabatina dos jornais Va-
lor, “O Globo”, e da rádio CBN,
com presidenciáveis. A entrevista
começa às 10h30 e tem duração
de uma hora e meia. Será trans-
mitida ao vivo pela rádio e nos si-
tes e redes sociais dos veículos.
Foram convidados a partici-
par das sabatinas os cinco prin-
cipais candidatos na corrida
presidencial, de acordo com a
última pesquisa Datafolha, di-
vulgada na semana passada. Ve-
ra Lucia, do PSTU, abriu a série
na quarta-feira. Ontem, foi a vez
da senadora Simone Tebet, que
concorre pelo MDB. O presiden-
te Jair Bolsonaro, candidato pelo
PL, e o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, do PT, decidiram
não comparecer.
a
BRENNO CARVALHO/AGÊNCIA O GLOBO
Reajuste para servidores
“Primeiro ano [de mandato] é
primeiro ano. É de reestrutura-
ção. Eu tenho certeza que essas
categorias [que pedem aumen-
to], o que eles querem é condi-
ções de trabalho. Qualidade, au-
tonomia. O que nós temos que
discutir é isso. Eu também fui
professora, também lutei por sa-
lários. Nenhuma categoria faz
greve nos seis primeiros meses
de governo. Estamos falando de
categorias extremamente escla-
recidas. Ou seja, para ser bem ob-
jetiva, não tem como dar aumen-
to nos seis primeiros meses.”
Urna eletrônica
“Confiamos no processo elei-
toral, nas urnas eletrônicas e se-
remos as primeiras a declararem
que aceitamos os resultados. Em
2015 [quando deu uma declara-
ção de desconfiança sobre as ur-
nas], estávamos votando a minir-
reforma eleitoral. Naquele mo-
mento falhou uma interlocução
com o TSE. Eu não sabia, sequer,
que as urnas não estavam ligadas
na internet. Depois tiveram vá-
rias audiências públicas. Não te-
nho compromisso com o erro.”
Ser mulher
“Ninguém ama como uma mu-
lher. Ninguém ama como uma
mãe. E é disso que o Brasil está
precisando. De uma mãe, de uma
mulher para arrumar a casa.”
Aborto
“Estou há sete anos no Senado.
Essa é uma questão que todo ano
a gente faz. O que eu digo é que,
conhecendo o Congresso, um
projeto de legalização do aborto
não passa. Inclusive porque a
bancada feminina não aceita. Eu
sou contra o aborto, a não ser nos
casos previstos na legislação.”
Os jornais Valor, “O Globo”, e a
rádio CBN ainda realizarão saba-
tinas com os candidatos aos go-
vernos do Rio, com participação
também do jornal “Extra”, e de
Minas Gerais.
Na segunda-feira (29), Rodri-
go Neves (PDT) será o primeiro
candidato da corrida fluminen-
se, seguido na terça-feira por
Marcelo Freixo (PSB), e por Cláu-
dio Castro (PL), na quarta-feira.
No dia 5 de setembro, a entrevis-
ta será com Alexandre Kalil (PSD),
seguido de Romeu Zema (Novo),
na terça-feira, 6. Em função do Dia
da Independência, a sabatina com
Carlos Viana (PL) será na quinta-
feira, dia 8. Todos os candidatos
aos governos do Rio e de Minas
confirmaram presença.
Os três principais candidatos
ao governo de São Paulo — Fer-
nando Haddad (PT), Tarcísio de
Freitas (Republicanos) e Rodrigo
Garcia (PSDB) — foram entrevis-
tados na semana passada.
 Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais
Empresas
Destaques
Tiffany no Brasil
Em visita ao Brasil, o CEO global
da joalheria americana Tiffany &
Co., Anthony Ledru, disse que o
país já figura na lista dos dez
maiores mercados em termos de
vendas da marca no mundo. As
vendas no país estão com bom
desempenho e o executivo pla-
neja reformar as três lojas que a
marca tem em São Paulo. A grife
pertence ao grupo francês
LVMH, que lidera o mercado
mundial de luxo. Foi comprada
no ano passado por US$ 15,8 bi-
lhões. Em café da manhã com
convidados nesta quinta-feira, o
executivo disse que as linhas
Knot e Tiffany T. tiveram bom de-
sempenho no mercado brasilei-
ro. Ele aposta na recém-lançada
Tiffany Lock, com peças sem gê-
nero, para ampliar vendas. No
primeiro semestre deste ano, a
divisão de joias e relógios do
grupo LVMH, que também inclui
Bvlgari e Chaumet, cresceu 16%,
sobre um ano antes, com receita
de € 4,9 bilhões.
Projeções do comércio
Empresas associadas ao Instituto
para Desenvolvimento do Varejo
(IDV) estimam aumento nominal
das vendas de 5,5% em agosto,
6,8% em setembro e 6,4% em outu-
bro, na comparação com os mes-
mos meses do ano passado, infor-
mou nesta quinta-feira a entidade.
Segundo o relatório do IAV-IDV
(Índice Antecedente de Vendas do
IDV), ao se descontar o IPCA/IBGE,
a projeção real é de retração de
3,5% para agosto, 1,4% em setem-
bro e 1,1% em outubro. “A redução
da taxa de desemprego, as datas
sazonais — como Dia dos Pais, Bla-
ck Friday e Copa do Mundo —, o
estímulo governamental à renda e
a promoção de benefícios sociais,
bem como redução de impostos
nos combustíveis, são fatores que
favorecem as expectativas de ven-
das para o varejo até o final de
2022”, diz o comunicado da enti-
dade. Como efeitos negativos, pe-
sando de forma contrária sobre as
vendas no varejo no segundo se-
mestre, o IDV cita a inflação ainda
em patamar alto, o aumento do
custo de crédito ao consumidor,
os altos índices de inadimplência,
a depreciação do câmbio e a insta-
bilidade fiscal e política no Brasil.
Voo para Miami
A companhia aérea Gol vai ofer-
tar voos entre Manaus e Miami a
partir de dezembro. Segundo a
empresa, a nova rota — inédita
na companhia — descentraliza a
oferta de voos para os Estados
Unidos e facilita o acesso a partir
dessa região. A nova rota começa
a operar em 17 de dezembro,
com dois voos semanais diretos
de ida e volta. O voo tem 5h55 de
duração. A aérea retomou seus
voos para os Estados Unidos em
maio. Hoje, oferece saídas diá-
rias e diretas, de ida e volta, entre
o aeroporto internacional de
Brasília (BSB) e as cidades de
Miami (MIA) e Orlando (MCO).
Preço do PlayStation 5
A Sony informou que vai aumen-
tar o preço recomendado de ven-
da do PlayStation 5 em vários
mercados ao redor do mundo.
Os preços do console nos Esta-
dos Unidos não serão reajusta-
dos. O conglomerado japonês
diz que o reajuste é necessário
por conta do cenário macroeco-
nômico atual e seu impacto nos
negócios, destacando o efeito da
alta inflação e tendências de
câmbio adversas. Os preços serão
aumentados na Europa, Canadá,
México, Japão, China, Reino Uni-
do e Austrália, entre outros paí-
ses, segundo a Dow Jones.
Índice
Infraestrutura B2
Indústria B3 e B4
Movimento falimentar B4
Serviços&Tecnologia B5 e B6
Tendências&Consumo B6 e B7
Valor&Auto B12
Agronegócios B13 e B14
Varejo Dez maiores redes aumentam em 42% a provisão para devedores duvidosos neste ano
Grandes varejistas projetam
perda de R$ 7,8 bi com calotes
Adriana Mattos
De São Paulo
Com mais pagamentos em atra-
so, após a deterioração na renda e
escalada da inflação, as grandes
varejistas precisaram aumentar as
projeções para perda com calotes.
Segundo levantamento do Valor
nos balanços das dez maiores re-
des de capital aberto, foram
R$ 7,79 bilhões em provisões para
devedores duvidosos de janeiro a
junho, uma alta de quase 22% fren-
te aos R$ 6,4 bilhões registrados no
fim de 2021. Também é 42,2% aci-
ma do apurado de janeiro a junho
de 2021. O montante registrado
em seis meses equivale ao fatura-
mento de redes como Leroy Merlin
e Riachuelo em 2021.
Em relação à receita líquida to-
tal das empresas analisadas, o pe-
so das provisões com crédito de
liquidação duvidosa passou de
4% na primeira metade de 2021
para 4,92% neste ano — estava em
3,9% em dezembro (ver tabela ao
lado). Economistas dizem que
não há risco para a saúde finan-
ceira das empresas, como se viu
no varejo no fim dos anos 90, pois
a concessão de crédito está me-
lhor controlada e há caixa dispo-
nível. O impacto pode ser maior
para pequenas e médias cadeias,
fora do radar do mercado.
As provisões para perdas fun-
cionam como uma conta redutora
do ativo, porque afeta a linha de
contas a receber, e ainda tem efeito
direto no fluxo de caixa e na última
linha do balanço (lucro/prejuízo).
Contabilmente, a perda é conside-
rada despesa comercial. Quando a
rede considera que o consumidor
não vai pagar, provisiona essa per-
da, e segue critérios próprios para
isso, mas tenta receber os recursos.
Uma dívida em atraso que supera
180 dias entra no estágio de “de-
fault”, e já é considerada perda.
O levantamento mostra que há
maior entrada de novas perdas do
que pagamentos de dívidas em atra-
so sendo feitos. Trata-se de uma con-
ta “viva” na linha de ativos das em-
presas, com constantes entradas e
saídas de recursos. De janeiro a ju-
nho, as dez empresas adicionaram
provisões no valor de R$ 1,59 bilhão
ao montante que já existia, e saíram,
na forma de “reversão”, cerca de R$
1,1 bilhão no mesmo período — ou
seja, um déficit de R$ 500 milhões.
Segundo um ex-diretor finan-
ceiro de uma varejista de eletrôni-
cos, o aumento nas adições de per-
das reflete o cenário de renda real
menor e dificuldade de renegocia-
ção com o cliente. “Muitas vezes, o
.
Alexandre Santoro, da IMC: “Avançamos na simplificação do negócio”
Em dívida
Varejistas calculam mais perdas por atraso de pagamento
Provisão para devedores duvidosos das redes
de janeiro a junho versus um ano antes
Carrefour*
GPA
Assaí
Grupo Mateus
Americanas
Via**
Magazine Luiza
Renner
Riachuelo
C&A
Fontes: Balanços das empresas, Banco Central e Serasa. *Ao considerar linha de crédito ao consumidor em soluções financeiras, alta é de 42,5%.
** Inclui crediário da rede ***Índice se refere a atraso acima de 90 dias no pagamento de financiamento de veículos e outros bens pelas famílias
Consumidor enfrenta cenário muito difícil: a deterioração da renda foi muito forte e o recuo da inflação será gradual
varejista renegocia a dívida com o
cliente, e o valor acertado já é con-
tabilizado 100% como reversão de
dívida antiga. Isso dá uma aliviada
na provisão, mas é algo questioná-
vel, já que a rede ainda vai receber
os atrasados no futuro. É possível
que até essa renegociação, que aju-
da na reversão, esteja difícil”, diz.
A pressão com novas perdas au-
menta num momento em que as
redes precisariam elevar conces-
sões de crédito para incentivar
mais as vendas — no caso dos ele-
trônicos, para sair do baixo cresci-
mento e, nas cadeias de moda, pa-
ra consolidar o processo de reto-
mada. Só que, para brecar esse au-
mento nos atrasados, as compa-
nhias vêm revendo suas políticas
de concessão de linhas em carnês e
cartões próprios neste ano.
“É um dilema que elas enfren-
tam. As redes têm que oferecer
mais linhas, mesmo com esse juro
muito alto [no crediário, varia de
7% a 8% ao mês] sabendo que, ao
SILVIA ZAMBONI/VALOR
Taxa de inadimplência dos brasileiros
na aquisição de bens*** - em %
5,00
37,8%
-17,5% 4,75
100% 4,50
-15,0%
4,25
41,9%
4,00
-8,4%
3,69
53,4% 3,75
89,4% 3,50
76,6% Ago Set
97,4% 2021
mesmo tempo, estão provisionan-
do bem mais pagamentos atrasa-
dos”, diz Claudio Felisoni, presi-
dente do Ibevar, instituto dos exe-
cutivos do varejo, e professor da
FEA-USP. “Só tem uma solução pa-
ra isso, apostar em dados, em ferra-
mentas de análise de perfil para
vender mais ao bom pagador”, diz.
A varejista de moda Marisa tem
sido mais rigorosa na liberação de
crédito desde o fim de 2021, A rival
Renner, líder desse mercado, redu-
ziu limites para compras de clien-
tes de maior risco e aumentou pos-
tos de cobranças de dívida a partir
de março deste ano. “Houve um ce-
nário de crédito e inadimplência
mais desafiador que atingiu toda a
indústria e reagimos a isso. Agora
já estamos com melhor qualidade
[no portfólio]”, disse Fabio Faccio,
CEO da Renner, em teleconferên-
cia semanas atrás. A companhia
reportou R$ 821 milhões em per-
das estimadas em crédito até ju-
nho, 40% acima de dezembro.
IMC vende Carl’s Jr. no Panamá
Alimentação
De São Paulo
A International Meal Company
(IMC), que opera no país redes de
alimentação como Frango Assado,
KFC e Pizza Hut, anunciou ontem
acordo de venda da master fran-
quia da Carl’s Jr. no Panamá, in-
cluindo as nove unidades da ca-
deia (três lojas de rua e seis em
shopping centers). A transação
avaliou a empresa em US$ 2,1 mi-
lhões (valor da negociação), num
acordo fechado com a panamenha
Excelencia Y Superación S.A, disse
a empresa ao Valor.
“Ao mesmo tempo que avança-
mos na simplificação do negócio,
que era uma agenda já menciona-
da junto ao mercado, usamos os
recursos para melhorar a estrutura
de capital. Não que isso seja uma
questão, mas nos deixa mais con-
fortáveis nesse cenário ainda de in-
certezas e de aumento de custo de
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Novartis, dirigida por
Narasimhan, deve
vender Sandoz e focar
em medicamentos
mais rentáveis B4
12,5%
foi o peso
4,71
do varejo no
total das
4,22
dívidas por
3,95 segmento no
país em junho
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr
2022
ANA PAULA PAIVA/VALOR
No varejo de alimentos, histori-
camente com menos atrasos pela
necessidade de o cliente usar suas
linhas em compras de itens bási-
cos, o Carrefour apurou inadim-
plência de contas em atraso acima
de 90 dias, de 13,2% de janeiro a ju-
nho — era 8,1% um ano antes. A re-
de vem restringindo concessões de
crédito desde dezembro. “Estamos
trabalhando nisso, e apesar desse
índice ainda crescer, tivemos um
ritmo de expansão na taxa de ina-
dimplência menor após março”,
disse ao Valor, em julho, o diretor
financeiro, David Murciano.
Dados do Banco Central mos-
tram que a taxa de inadimplência
da carteira de crédito de bens pas-
sou de 3,42% em abril de 2021, pa-
ra 4% em dezembro. Quatro meses
depois, em abril, estava em 4,71%
(último dado disponível).
Outro dado relevante presente
nos balanços refere-se ao perfil dos
pagamentos em atraso. Pelo levan-
tamento, cresceu o percentual, no
capital” , disse Alexandre Santoro,
diretor-presidente da IMC.
A empresa reduziu a dívida bru-
ta em R$ 66 milhões no segundo
trimestre, com índice de alavanca-
gem em 2,7 vezes, frente a um índi-
ce de 3 vezes para os “covenants”
(indicador a ser respeitado segun-
do compromissos financeiros
acertados em emissões de dívida).
Segundo ele, a operação da
Carl’s Jr. no Panamá era menos es-
tratégica e de baixa geração de si-
nergias no modelo de marcas atual
e é “pouco escalável”, por isso esta-
va na cesta de ativos que a empresa
considerava se desfazer. Há alguns
anos, a IMC analisa vender negó-
cios, e entre ativos que estariam
sob avaliação, dizem fontes, estão
Brunella, Batata Inglesa e Olive
Garden. Entre as operações priori-
tárias estão Frango Assado, KFC, Pi-
zza Hut e Margaritaville (nos EUA).
A empresa não confirma os ativos
que poderiam ser negociados.
Segundo Santoro, o acordo com
| B1
bolo total, referente às dívidas que
venceram há menos de 90 dias. São
os novos devedores, que vinham
pagando em dia até os primeiros
meses de 2022, mas deixaram de
quitar dívidas de março para cá.
Em dezembro, esse grupo repre-
sentava, na média das dez cadeias,
53,5% do total de atrasos, e foi a
56,6% em junho. Os devedores anti-
gos, com pendências há mais de 90
dias, formam a fatia restante. Segun-
do o ex-diretor financeiro ouvido,
essa entrada de novos atrasados
ocorreu porque as companhias
“abriram a torneira de crédito” no
ano passado, para estimular a de-
manda. “Agora, elas voltam a fechar
porque sentiram os atrasos, mas é
assim mesmo, é ajuste contínuo das
políticas de concessão. Estamos fa-
lando de grandes redes com melho-
res critérios e controles, então é uma
situação passageira”, diz ele.
Como se tratam de perdas proje-
tadas, cabe a interpretação sobre a
expectativa dessa baixa por parte da
cadeia, que pode ser mais ou menos
conservadora. Nem sempre, portan-
to, as redes mexem nessa conta ao
mesmo tempo, para cima ou para
baixo, como ocorre agora. Dessa vez,
a avaliação geral é que a piora no ce-
nário econômico tornou obrigató-
rio o aumento da perda projetada.
“Não é uma inadimplência que
cresce por causa de descontrole de
gastos ou por um consumo acele-
rado, mas que reflete a resiliência
da inflação”, diz Fabio Bentes, eco-
nomista da CNC, a confederação
nacional do comércio. “Até vimos
uma deflação de preços recente,
mas a inflação ainda está num pa-
tamar elevado. Por isso, acredita-
mos que essa alta nas provisões
ainda se mantêm por um tempo,
mesmo com o aumento do Auxílio
Brasil, porque a deterioração da
renda foi muito forte e o recuo da
inflação será gradual”.
Analistas, como os da XP, espe-
ram que essa pressão maior vá se
reduzindo após o quarto trimes-
tre. Os comandos da Marisa, Ria-
chuelo e Renner acreditam que ha-
verá uma melhora na inadimplên-
cia em relação à carteira ao longo
do terceiro e quarto trimestres,
mas especialmente após setem-
bro. As redes ainda lembram que,
como houve queda de provisões
um ano atrás, a base de compara-
ção é baixa. Pelos dados de balan-
ços, as varejistas que mais eleva-
ram suas provisões foram do vare-
jo eletroeletrônico físico e digital e
as cadeias de vestuário, ambas al-
tamente dependentes da venda
parcelada. (Colaboraram Raquel
Brandão e Daniela Braun)
a Excelencia Y Superación, em US$
2,1 milhões, equivale a cerca de 7,6
vezes o valor do lucro antes de ju-
ros, impostos, amortização e de-
preciação (Ebitda, da sigla em in-
glês) de 2021. Ele não vê esse negó-
cio, porém, como sinalização de
novos acordos neste momento.
“Não é uma operação de altos
valores, mas tem importância sim-
bólica porque reforça esse foco em
centrar em negócios mais estraté-
gicos. Com a pandemia, havia mui-
ta incerteza pela alta de inflação e
dos juros que afetou todo o mun-
do. Existiu essa oportunidade ago-
ra, mas não há nada de concreto
para uma outra negociação hoje”,
disse. Ele diz que a empresa está há
cinco trimestres entregando resul-
tados acima do ano anterior.
A IMC teve prejuízo líquido de
R$ 4,8 milhões no segundo trimes-
tre de 2022, revertendo lucro de R$
21,2 milhões há um ano. A receita
líquida somou R$ 621,5 milhões,
avanço de 39,5%. (AM)
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B2 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
|
Empresas Infraestrutura
Sustentabilidade Thymos atesta que
operador usou fontes renováveis
ONS obtém
certificado
por evitar
emissões
Fábio Couto
Do Rio
O Operador Nacional do Siste-
ma Elétrico (ONS) vai receber de
presente hoje, dia de seu aniver-
sário de 24 anos, a certificação de
que evitou a emissão de 2,3 mil
toneladas de CO2, baseada na
metodologia criada pela consul-
toria e gestora Thymos Energia.
O ONS é o primeiro consumidor
a receber a certificação entre os
clientes da Thymos no mercado
livre. A empresa foi responsável,
a partir de 2018, pela migração
do ONS para o mercado livre.
As instalações e escritórios do
operador são abastecidos com
energia comprada da comerciali-
zadora Lightcom, vencedora de
leilão realizado pelo ONS em
2018. A certificação atesta o uso
de energia renovável para atendi-
Bamaq planeja investir R$ 700 milhões até 2025
Equipamentos
Cibelle Bouças
De Contagem (MG)
O grupo Bamaq, que tem negó-
cios nas áreas de equipamentos
pesados de construção, automó-
veis de luxo, financiamento, con-
sórcio e seguro de veículos, planeja
investir R$ 700 milhões até 2025
para expandir os negócios atuais e
entrar em novos serviços. O grupo
encerrou 2021 com receita de
R$ 1,6 bilhão e espera somar R$ 2,2
bilhões neste ano, um crescimento
de 37,5%. O lucro esperado para es-
te ano é de R$ 108 milhões.
O maior investimento vai ser
feito em um novo negócio, de lo-
cação de equipamentos pesados
(como retroescavadeiras e moto-
niveladoras), caminhões e veícu-
los utilitários para construção. O
grupo representa as marcas Ive-
co, New Holland Construction,
FPT Powertrain Technologies e
Continental em 14 Estados.
O grupo também investirá na
abertura de uma fintech, na ex-
pansão do novo negócio de ven-
da de pneus, na abertura de con-
cessionárias de equipamentos
pesados e de carros de luxo, na
expansão de um serviço de ge-
renciamento remoto de equipa-
mentos e na expansão dos servi-
ços de seguros e consórcios.
O CEO do grupo Bamaq e filho
do fundador, Clemente Faria Ju-
nior, disse que em 2023 será feito
investimento com recursos pró-
prios de R$ 134 milhões na estru-
turação do negócio de locação de
equipamentos pesados e cami-
nhões. “A partir do segundo ano de
operação, a intenção é buscar fi-
nanciar metade do valor a ser in-
vestido”, afirmou Faria. A previsão
Justiça nega recursos à KPS e mantém exigência de EIA/Rima
Energia
Robson Rodrigues
De São Paulo
A novela sobre o licenciamen-
to ambiental da empresa turca
Karpowership Brasil (KPS) ga-
nhou mais um capítulo. O Tribu-
nal de Justiça do Rio de Janeiro
(TJRJ) negou o agravo de instru-
mento interposto pelo Estado e
manteve a decisão da segunda
Vara da Fazenda Pública, que im-
pede a instalação e operação de
mento do consumo nos quatro
centros de operação do ONS, res-
ponsável pela operação do par-
que gerador nacional, de quase
200 gigawatts (GW) de potência e
de centenas de milhares de quilô-
metros de linhas de transmissão.
“Entendemos que o certifica-
do só vem a somar e está total-
mente aderente à estratégia de
sustentabilidade do ONS. Agi-
mos de forma pioneira e somos
motivação para que mais insti-
tuições e empresas busquem o
certificado”, disse o diretor-geral
do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.
A contratação de energia feita
pelo ONS junto à Lightcom é na
modalidade incentivada, segun-
do a qual consumidores que fir-
marem compra de usinas eóli-
cas, solares fotovoltaicas, a bio-
massa e de pequenas centrais hi-
drelétricas (PCHs) têm desconto
do executivo é fazer aportes de R$
160 milhões em 2024 e R$ 204 mi-
lhões em 2025, totalizando R$ 498
milhões em três anos. Faria disse
que boa parte dos recursos será in-
vestida na aquisição de frota para
locação.
“No passado, os clientes que-
riam adquirir os equipamentos
pesados, mas hoje há uma procura
crescente pelo uso como serviço”,
disse o CEO. Ele observou que o ne-
gócio de venda de máquinas pesa-
das conta hoje com 40 mil clientes.
E, para cada máquina pesada ad-
quirida, o mesmo cliente usa, em
média, três caminhões nas obras. E
há uma parcela dos clientes que
não tem recurso disponível para
adquirir toda a frota, mas se inte-
ressa pelo modelo de locação.
Faria disse que mesmo a deman-
da para compra de equipamentos
pesados no Brasil está aquecida,
principalmente por causa da ne-
cessidade de grandes produtores
do agronegócios localizados na re-
gião conhecida como “Matopiba”,
que engloba Maranhão, Tocantins,
Piauí e Bahia. “Cerca de 30% da
nossa venda é para o agronegócio”,
afirmou o CEO. Além de equipa-
mentos, o grupo vende autopeças,
pneus e lubrificantes, faz manu-
tenção dos equipamentos e geren-
ciamento remoto de frota.
A área de máquinas pesadas e
caminhões opera hoje com 14 uni-
dades de negócios e registrou em
2021, receita de R$ 672 milhões.
Neste ano, o grupo Bamaq prevê
abrir quadro unidades da Iveco e
da New Holland Construction,
sendo duas em Marabá (PA), uma
em Sinop (MT) e uma em Luís
Eduardo Magalhães (BA).
Outra aposta na área de máqui-
nas pesadas é a venda do Koneq,
um serviço remoto de telemetria,
quatro termelétricas flutuantes a
gás na Baía de Sepetiba (RJ).
A decisão dada pela desem-
bargadora Daniela Brandão Fer-
reira confirma o entendimento
anterior de primeira instância
sobre a obrigatoriedade de apre-
sentação de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e Relatório de
Impacto Ambiental (Rima) para
o empreendimento.
Ela se baseia na normativa do
Conselho Nacional do Meio Am-
biente (Conama), que exige a
apresentação de documento pa-
Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, afirma que economia no custo da energia comprada pelo operador em quatro anos está em torno de R$ 360 mil
que pode chegar a 100% no uso
do fio, em sistemas de transmis-
são ou de distribuição.
No caso do ONS, conta Ciocchi,
a economia no custo da energia
comprada pelo operador nestes
quatro anos está em torno de
R$ 360 mil. Entre maio de 2019 e
dezembro de 2021, o ONS evitou
a emissão de 2.291,16 toneladas
de CO2 equivalente, o que repre-
senta o plantio de 3.818 árvores,
ou a retirada de circulação de
636 carros movidos a gasolina.
Segundo o chefe de Estratégia
Clemente Faria Junior, CEO do grupo Bamaq, diz que maior aposta será na área de locação de equipamentos pesados
que permite fazer o gerenciamen-
to remoto dos equipamentos. O
serviço faz o controle de tempera-
tura do motor, sistema hidráulico,
nível de combustível, máquinas
em operação, e cerca elétrica.
Atualmente, existem 940 equipa-
mentos pesados em campo no país
monitorados por esse sistema. A
meta, segundo Faria, é chegar a 3
mil sistemas instalados em 12 me-
ses. O grupo Bamaq investiu R$ 5
milhões para desenvolver a tecno-
logia e vai aplicar mais R$ 5 mi-
ra o licenciamento de atividades
modificadoras do meio ambien-
te, o que inclui usinas acima de
10 megawatts (MW) de potência.
“Vale pontuar que no caso se
trata de empreendimento com
capacidade de geração de ener-
gia de 560 MW, ou seja, muito su-
perior ao limite mínimo acima
do qual a legislação em vigor exi-
ge a prévia elaboração de EIA/Ri-
ma”, disse a magistrada.
Em entrevista ao Valor na se-
mana passada, os executivos da
empresa Beyza Özdemir e Gil-
da Thymos Energia, Jovanio San-
tos, a certificação foi desenvolvi-
da para auxiliar os clientes da
consultoria e outras empresas a
mensurar os respectivos volumes
de emissões, pois sem dados tor-
na-se mais difícil definir como re-
duzir ou mesmo zerar emissões.
“Estruturamos esta forma de
cálculo como uma maneira de
quantificar as emissões evitadas
pelo cliente devido à contrata-
ção da energia no mercado li-
vre”, afirmou Santos.
O executivo conta que a meto-
lhões em 2023 no serviço.
Na área de automóveis de luxo,
que responde por 25% da receita
do grupo, há previsão de abertura
de uma loja da Porsche em Salva-
dor neste ano. O grupo Bamaq
também investe na expansão do
consórcio para veículos de luxo.
O grupo tem concessionárias da
Mercedes-Benz e da Porsche, sen-
do representante das marcas em
Minas Gerais. “Acabamos de ser
nomeados para representar a
Porsche na Bahia. A loja em Salva-
berto Bueno, disseram que as
embarcações não causam modi-
ficação do meio ambiente e que
a empresa fez mais de 50 estu-
dos ambientais e que para este
tipo de empreendimento e o
EIA/Rima não é exigido.
“A KPS tem dito à imprensa
que seu empreendimento esta-
ria isento da apresentação de
EIA-RIMA, mas as decisões judi-
ciais, bem como instituições de
defesa do meio ambiente, têm
mostrado o contrário”, afirmou
a diretora executiva da Arayara,
dologia para a certificação come-
çou a ser implantada há um ano e
meio e contou com contribui-
ções da academia e do mercado.
Todos esses debates foram ne-
cessários até que a metodologia
ficasse consistente e em linha
com os Objetivos do Desenvolvi-
mento Sustentável (ODS) estabe-
lecidos pela Organização das Na-
ções Unidas (ONU), especialmen-
te as metas ODS 7 (energia limpa
e acessível) e ODS 13 (ações con-
tra a mudança global do clima), e
com as estratégias do programa
MARIA TEREZA CORREIA/VALOR
dor, que deve ser inaugurada no
quarto trimestre, será a primeira
no Estado”, afirmou Faria.
O CEO do grupo Bamaq disse
que as vendas de veículos cresce-
ram 22% no acumulado de 12 me-
ses até junho. “Hoje temos 1.200
pessoas na fila de espera do Pors-
che, 400 esperando por um Merce-
des-Benz e 550 esperando a entre-
ga de equipamentos pesados”,
afirmou Faria. Segundo o executi-
vo, as indústrias enfrentam dificul-
dades para atender à demanda
Nicole de Oliveira.
Contratadas no ano passado
no leilão emergencial no Proce-
dimento Competitivo Simplifi-
cado (PCS), no contexto da crise
hídrica, as usinas deveriam ter
entrado em operação em maio,
mas tiveram data prorrogada
para 1 o de agosto. A KPS não foi
a única a descumprir o crono-
grama, outras onze de 17 usinas
perderam o prazo.
Procurada, a empresa não se
pronunciou sobre o assunto até o
fechamento desta edição.
LEO PINHEIRO/VALOR
ASG+, do próprio ONS, que fo-
ram lançadas neste ano, para di-
recionar as ações do operador em
temas da sustentabilidade.
A metodologia desenhada pela
Thymos considera o consumo de
energia renovável e o fator de
emissão de cada fonte. A variação é
mensal, segundo a composição
energética que garantiu o supri-
mento de energia no período. Di-
ferentemente de outros países,
que possuem elevada geração tér-
mica, o Brasil possui uma matriz
energética 85% renovável.
aquecida dos consumidores no
pós-pandemia, por falta de peças.
Nesse cenário, o grupo vê o
consórcio como uma alternativa
para ajudar a controlar a ansie-
dade dos clientes. Em 2021, dis-
se Faria, o negócio de consórcio
cresceu 180% em relação às co-
tas vendidas. O volume de crédi-
tos comercializados cresceu 89%
e a carteira aumentou 82%, su-
perando 20 mil clientes ativos.
Outra aposta é na área financei-
ra. O grupo deu entrada no Banco
Central a um processo para aber-
tura de uma fintech, que vai ofe-
recer produtos e serviços financei-
ros por meio digital, incluindo fi-
nanciamento de veículos e equi-
pamentos pesados, empréstimos,
emissão de cartões, aquisição de
diretos creditórios. A fintech será
composta por uma sociedade de
crédito direto (SCD) e um fundo
de investimento em direitos cre-
ditórios (FIDC). A projeção é que a
carteira no primeiro ano atinja
R$ 100 milhões, subindo para
R$ 500 milhões no segundo ano e
a R$ 1,7 bilhão em 5 anos.
A Bamaq foi fundada em 1974
por Clemente Faria, neto do ban-
queiro que criou o Banco da Lavou-
ra, em 1925, também chamado
Clemente Faria. Em 1971, os filhos
Gilberto e Aloísio Faria dividiram o
Banco da Lavoura em Banco Ban-
deirantes e Real, que mais tarde fo-
ram vendidos à Caixa Geral de De-
pósitos (atual Itaú-Unibanco), e
ABN (hoje Santander). Em 1974, o
filho do Gilberto, Clemente Faria,
fundou o grupo, que começou co-
mo concessionária Fiatallis (hoje
New Holland Construction). O gru-
po opera em 16 Estados do Nordes-
te, Norte, Centro-Oeste e Minas Ge-
rais, emprega 770 pessoas e possui
cerca de 70 mil clientes ativos.
Curta
Eletrobras encerra SPE
A Eletrobras encerrou a socieda-
de de propósito específico Cons-
trutora Integração. A construtora
foi criada em 2010 para erguer a li-
nha de transmissão de Porto Velho
a Araraquara e concluiu as ativida-
des em 2014. A Eletrobras disse
que a sociedade tinha participação
acionária de 49% da Eletronorte e
de 51% da Abengoa Concessões
Brasil Holding. A companhia in-
formou que o encerramento da so-
ciedade está no escopo da raciona-
lização prevista no Plano Diretor
de Negócios e Gestão.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor B3

Empresas Indústria |
Desempenho Associação da indústria de materiais de
DIVULGAÇÃO

construção projeta alta de 1% no faturamento para 2022

Vedacit prevê forte

alta da receita, na
contramão do setor
Ana Luiza Tieghi
De São Paulo
Marcos Bicudo, presidente da
Vedacit, admite que esperava
que o ano de 2022 fosse mais di-
fícil. Mas a fabricante de mantas
asfálticas, impermeabilizantes,
selantes e aditivos para concreto
e argamassas tem conseguido
um desempenho até acima do
seu planejamento. A empresa
projeta agora terminar o ano
com alta de 29% na receita líqui-
da, de R$ 699 milhões. O valor é
8% maior do que o esperado ini-
cialmente para o período.
No primeiro semestre, a compa-
nhia registrou crescimento de 1%
no volume de vendas e de 29% na
receita, enquanto o indicador de
faturamento geral da indústria de
materiais, feito pela FGV para a As-
sociação Brasileira da Indústria de
Materiais de Construção (Abra-
mat) registrou queda acumulada
de 8,5% no mesmo período.
A companhia ainda sente nes-
te ano o peso da inflação das ma-
térias-primas, como plástico e as-
falto, e lidou com isso na primei-
ra metade do ano por meio de
aumentos no preço dos seus pro-
dutos. No entanto, as mudanças
não seguiram o mesmo patamar,
ressalta Bicudo. Enquanto o au-
mento do custo de produção
chegou a 25%, foram feitos dois
reajustes de preço que, somados,
acumulam 10% de alta.
Novos reajustes de preço ainda
neste ano podem ser evitados se a
tendência de queda da inflação se
confirmar nos próximos meses,
afirma o presidente da compa-
nhia. Após a queda de 0,68% no
IPCA em julho, o IPCA-15 de agos-
to, divulgado na quarta-feira
(24), recuou 0,73% sobre o mês
anterior, menor taxa desde 1991.
Bicudo ressalta que ainda é ce-
do para falar em queda do custo
dos materiais, mas que há uma si-
tuação de estabilidade. “Não vis-
lumbramos mais aumentos de
insumos e matéria-prima para o
segundo semestre, mas não po-
demos afirmar que já está caindo,
é hora de muita prudência”, diz.
Três quartos das vendas da Ve-
dacit vão para o varejo, que tem
refletido a perda de poder de
compra da população. Após dois
anos de pandemia com explosão
de vendas de materiais para cons-
truir e reformar, esse tipo de com-
pra está mais contido. “A queda
projetada para o varejo está entre
5% e 8% no ano, estamos experi-
mentando isso no início do se-
gundo semestre”, diz o executivo.
O último quarto das vendas vai
para construtoras, que passam
por situação oposta, ao menos
por enquanto. Bicudo projeta
crescimento de 2% a 4% nessa co-
mercialização. “O mundo das
construtoras vem sendo alimen-
tado pelas boas vendas de imó-
veis realizadas em 2020 e 2021,
mas que atualmente demonstra
algum esgotamento, uma desa-
celeração que vai se refletir nas
vendas futuras”, analisa.
O segundo semestre pode ser
mais complicado para as vendas,
por causa das eleições e da Copa
do Mundo, mas há motivos para
acreditar em uma melhora. Além
da provável continuidade da de-
flação, que ajuda o consumidor a
recuperar poder de compra, a
queda do desemprego e o “paco-
te de bondades” do governo fe-
deral, que inclui o Auxílio Brasil
de R$ 600, podem retomar as re-
formas e construções. “Nosso
mercado é muito dependente da
renda média da população”, diz.
Marcos Bicudo, presidente da Vedacit, diz que vendas para o varejo caíram, mas demanda das construtoras cresce
A empresa passa por uma fase
de recuperar suas margens histó-
ricas, afetadas pela inflação e os
choques da pandemia, afirma o
executivo. Isso deve continuar no
próximo ano, no qual o foco esta-
rá em “eficiência e rentabilida-
de”, com perspectiva de baixo
crescimento. “Vai ser muito pare-
cido com 2022”, analisa.
A Vedacit está construindo uma
nova fábrica em Itatiba (SP), cida-
de na qual já está localizada parte
de sua produção. Bicudo conta que
a empresa adiantou o prazo da
obra, de meados de 2024 para de-
zembro do próximo ano.
O aumento do custo de produ-
ção também afetou o orçamento
da nova fábrica, elevado de
R$ 178 milhões para R$ 210 mi-
lhões. Quando estiver em opera-
ção, a unidade vai aumentar a ca-
pacidade de fabricação da Veda-
cit em 2,4 vezes, diz o executivo.
A fábrica localizada na zona Nor-
te de São Paulo será desativada.
A companhia aguarda a apro-
vação do seu selo de empresa do
Sistema B, que avalia o desempe-
nho social e ambiental dos ne-
gócios. No início do ano, a previ-
são era obter o certificado até o
fim do primeiro semestre, mas o
prazo foi ampliado.
“Ainda está em processo por-
que depende do B Lab [organiza-
ção que concede o selo]. A procu-
ra por ESG no planeta explodiu e
eles não previam demanda tão
grande, estão com dificuldade
para fazer a fila andar”, explica
Luis Guggenberger, executivo de
marketing e inovação da Vedacit.
Com a certificação, a compa-
nhia espera usar a sustentabili-
dade como um diferencial com-
petitivo. Guggenberger analisa
que construtoras que tomam
crédito para obras serão pressio-
nadas pelos bancos a olhar para
sua cadeia de fornecimento. Com
o selo, a Vedacit traria mais “cre-
dibilidade e segurança” nesse
momento. “Ajuda na competiti-
vidade com as construtoras”,
afirma o executivo.

Destino de programa habitacional não preocupa mercado

Imóveis
De São Paulo
O destino do programa Casa
Verde e Amarela (CVA), criado
pelo governo de Jair Bolsonaro
(PL) para substituir o Minha Casa
Minha Vida (MCMV), concebido
na gestão do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), entra em
debate com a proximidade da
eleição presidencial, em outubro.
Em encontro com represen-
tantes de entidades do mercado
imobiliário, na terça-feira (23),
Lula afirmou que, se vencer o
pleito, vai relançar o Minha Casa
Minha Vida, sem dar detalhes de
como o programa seria. Mem-
bros da sua campanha já afirma-
ram nos últimos meses que o
programa deve voltar a dar mais
subsídios para as faixas de me-
nor renda da população.
José Carlos Martins, presidente
da Câmara Brasileira da Indús-
tria da Construção (Cbic), que es-
tava presente no encontro, afir-
ma que é preciso injetar mais di-
nheiro na habitação, mas ressal-
ta que o programa não pode re-
petir o que ocorreu com a faixa 1
no passado, quando obras con-
tratadas tiveram que ser paralisa-
das por falta de recursos.
Em 2021, o orçamento do CVA
foi de cerca de R$ 1 bilhão, en-
quanto já chegou a ser de R$ 21
bilhões em 2015, ano recorde.
Porém, caiu para menos da meta-
de em 2016. Segundo Martins, é
necessário ter algo no meio des-
ses indicadores, para que não se-
ja pouco dinheiro, nem uma me-
dida irresponsável. “Tem algum
número aqui no meio que traz
sustentabilidade ao longo do
tempo, para que as empresas
possam se planejar e investir em
inovação tecnológica”, diz.
Martins afirma que a faixa 1
do MCMV foi “traumática” para
o setor construtivo, mas que ela
é necessária, porque há um con-
tingente de brasileiros que não
conseguem pagar parcelas de fi-
nanciamento imobiliário e pre-
cisam de mais subsídios.
O mercado imobiliário aguar-
da a eleição para saber qual será o
nome da política habitacional
em 2023, mas há tranquilidade
sobre sua continuidade, seja qual
for o eleito. Para um analista, os
benefícios sociais e de geração de
emprego do programa são gran-
des e reconhecidos demais para
que haja risco de seu fim.
Tanto é que as mudanças re-
centes anunciadas na curva de
subsídios e o aumento da renda
máxima permitida no CVA são
formas do governo atual tentar
melhorar o desempenho do pro-
grama, afirma o analista, que
prefere ficar no anonimato. recursos da poupança, do SBPE. Em relatório, a equipe de ana- tornou um grande problema.
Uma dessas mudanças foi As unidades financiadas com listas do Itaú BBA ressaltou que A perspectiva mais positiva pa-
sancionada nesta quarta-feira dinheiro da poupança são as de os executivos percebem a de- ra os juros e a inflação no futuro
(24) pelo presidente Jair Bolso- médio e alto padrão, que passam manda ainda fraca e que há di- já impactam as ações das incor-
naro. É o prolongamento do fi- por momento complicado por vergências sobre a capacidade de poradoras, que estavam “muito
nanciamento imobiliário com causa do aumento da taxa de ju- elevar mais os preços das unida- depreciadas”, aponta Fanny
recursos do FGTS, que poderá ros, dos preços dos imóveis e da des. Há preocupação, ainda, com Oreng, head de real estate do
passar de 30 para 35 anos. A Cai- queda de poder de compra dos o aumento de imóveis em esto- banco Santander. “Agora vimos
xa já afirmou que vai adotar o consumidores, devido à inflação. que. O lado positivo, afirmam, é um rali muito forte, a curva de ju-
prazo maior de financiamento. Tudo isso apareceu nos resulta- que a pressão sobre o preço das ros começou a fechar e aí não
As alterações devem ajudar a dos das incorporadoras de capi- matérias-primas da construção adianta, esse setor voa mesmo,
aumentar o acesso de quem tal aberto que atuam nesses seg- diminuiu e a alta do custo dos porque é muito dependente de
mais precisa ao programa habi- mentos, divulgados neste mês. trabalhadores do setor não se juros”, explica. (ALT)
tacional, que teve sua participa-
ção no total de lançamentos
imobiliários reduzida de 48%
em junho de 2021 para 36% no
mesmo mês deste ano, de acor-
do com dados da Cbic. Nas ven-
das, a participação das unidades
do CVA caiu de 49% para 44% no
mesmo período.
Para o ano, a expectativa é que
os financiamentos imobiliários
com recursos do FGTS, como os
do programa habitacional, au-
mentem 31%, informou a Asso-
ciação Brasileira das Entidades
de Crédito Imobiliário e Poupan-
ça (Abecip), no início do mês. A
entidade projeta que serão utili-
zados quase R$ 250 bilhões nas
modalidades de financiamento,
queda de 4% ante 2021, mas ain-
da assim o segundo melhor ano
da história para o crédito imobi-
liário no país. Há queda prevista
de 12% nos financiamentos com
ANA PAULA PAIVA/VALOR

O presidente da Cbic, José Carlos Martins, ressalta que é preciso ter mais recursos para a faixa inicial do programa
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B4 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Empresas Indústria |
Mineração Órgãos públicos avaliam ir à Justiça contra Samarco e as controladoras Vale e BHP para cobrar reparação

Impasse ameaça acordo final sobre Mariana

Cibelle Bouças
De Belo Horizonte
Após quase dois anos e mais de
200 reuniões, as negociações pa-
ra repactuação do acordo de re-
paração aos atingidos pelo rom-
pimento da barragem da Samar-
co, em Mariana (MG), foram en-
cerradas sem acordo no Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). Repre-
sentantes de órgãos públicos de
Minas Gerais e Espírito Santo
ameaçam ir à Justiça contra a Sa-
marco e suas controladoras, Vale
e BHP Brasil, para exigir a repara-
ção. Isso só não será feito se as em-
presas melhorarem a proposta.
As ações que já estão na Justiça,
mas estavam suspensas por causa
da repactuação do acordo assina-
do em 2016, voltam a tramitar. Es-
tavam suspensas uma ação do Mi-
nistério Público Federal de R$ 155
bilhões e uma ação do Ministério
Público que pede a extinção da
Fundação Renova — criada em
2016 para fazer a gestão das inde-
nizações e ações de reparação.
O Morgan Stanley estima que a
Vale terá de fazer provisão adi-
cional de US$ 4 bilhões, caso o va-
lor da repactuação seja fechado
em R$ 100 bilhões, como foi su-
gerido pelos governos. Isso teria
impacto aproximado de R$ 4,50
por ação, ou 6% do seu valor de
mercado (“market cap”). Na vi-
são do banco, seria “bom para a
Vale virar essa página”.
O rompimento da barragem em
2015 causou a morte de 19 pessoas
e perdas ambientais e socioeconô-
micas em Minas Gerais e Espírito
Santo. Em 2016, órgãos públicos e
empresas fecharam acordo de re-
paração de R$ 24,4 bilhões. Os ter-
mos desse acordo começaram a ser
repactuados em 2020. Os gover-
nos sugeriram elevar a reparação
para R$ 100 bilhões, mas esse valor
tem mudado ao longo do tempo.
A secretária de Planejamento e
Gestão de Minas Gerais, Luísa Bar-
reto, disse que as empresas ofere-
ceram um valor equivalente a 60%
a 70% do último valor solicitado
pelas demais partes do acordo. E o
prazo de pagamento, segundo ela,
seria muito longo, com desembol-
sos mais robustos no fim do prazo
de reparação, “o que não permiti-
ria que quem viveu esse desastre
visse a reparação acontecer”.
“São sete anos que vimos as em-
presas postergarem, protelarem e
não atuarem em favor dos atingi-
dos. E agora querem trazer uma
postergação ainda maior. Não foi
para isso que nós iniciamos esse
processo de repactuação”, afirmou
Luísa. A secretária considerou a
proposta das mineradoras “um
desrespeito ao Estado e às boas
práticas sociais e de governança
ambiental”. “Vários pontos que
permanecem pendentes nós agora
buscaremos na via judicial.”
Duas semanas antes de anun-
ciar o acordo de reparação com a
Vale pelo rompimento da barra-
gem em Brumadinho, de R$ 37,7
bilhões, o poder público também
paralisou as negociações e disse
que recorreria à Justiça se a Vale
não melhorasse a proposta.
Discurso semelhante foi adota-
do pelo governador do Espírito
Santo, Renato Casagrande (PSB).
“As empresas responsáveis pelo
desastre de Mariana praticamente
descartaram acordo para reparar
os danos. Diante da insensibilida-
de com os atingidos, caberá à Justi-
ça cumprir com total rigor o seu
papel”, publicou no Twitter.
“O valor que foi sugerido pelas
mineradoras é insuficiente para fa-
zer a reparação e está longe do que
seria justo”, afirmou a defensora
pública-geral de Minas Gerais, Ra-
quel da Costa Dias. Jarbas Soares
Junior, procurador-geral de Justiça
de Minas Gerais, também afirmou
que só voltará a negociar se houver
uma nova proposta “minimamen-
te digna”. Não há data prevista pa-
ra um novo encontro das partes.
Em nota, a Samarco informou
que está aberta ao diálogo com as
autoridades competentes e que
tem “total compromisso com as
comunidades e com o processo de
reparação e compensação que
continua em andamento”.
A Vale afirmou que a negocia-
ção segue em andamento. Tam-
bém “reforça o compromisso com
a reparação dos danos causados
pelo rompimento da barragem de
Fundão e vem prestando suporte
à Fundação Renova”. A BHP Brasil
informou que segue aberta ao
diálogo “que traga soluções defi-
nitivas para os atingidos”.
A Fundação Renova informou
que até julho pagou R$ 11,16 bi-
lhões em indenizações e auxílios
financeiros a mais de 400 mil pes-
soas. Ao todo, foram desembolsa-
dos R$ 24 bilhões em ações am-
bientais e socioeconômicas.

SemSandoz,
JASON ALDEN/BLOOMBERG

Novartismudafoco
ebuscaelevarlucro
Farmacêutica cebeu nenhuma oferta formal.
Analistas do Citigroup disseram
Donato Paolo Mancini e que, em vista da separação da Al-
Oliver Telling con, da deterioração das condi-
Financial Times, de Londres e ções nos mercados financeiros e da
Cingapura intensificação das pressões sobre
os preços dos medicamentos ge-
O laboratório farmacêutico néricos, “uma cisão parece ser o
suíço Novartis pretende des- único caminho viável para separar
membrar a Sandoz, sua unidade a Sandoz há algum tempo”.
de medicamentos genéricos, Fundada pela família Sandoz, a
após ter feito uma longa análise empresa se fundiu com a Ciba-Gei-
da divisão, que desperta o inte- gy para criar a Novartis em 1996.
resse de firmas de private equity Os medicamentos fabricados pela
e é alvo até de pedidos de políti- Sandoz, que emprega cerca de 20
cos para que seja estatizada. mil pessoas e gera quase US$ 10 bi-
A cisão da Sandoz criaria a lhões em vendas anuais, são prati-
Vas Narasimhan, executivo-chefe da Novartis: “Continuo acreditando que muitas partes (investidores) externas estarão altamente interessadas nesta unidade.” maior fabricante de remédios ge- camente um artigo básico nos ar-
néricos da Europa, em vendas, se- mários de remédios das casas na
gundo informou a Novartis nesta Alemanha, Áustria e Suíça.
quinta-feira (25), ao apresentar A Novartis já havia tentado
DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO
Marfrig Global Foods S.A. um de seus planos mais significati- transferir partes da Sandoz para a
Companhia Aberta
MARCELO LO DUCA SERRANO, CPF 143.848.888-21, DECLARA, nos termos do art. 6º do
Regulamento Anexo II à Resolução nº 4.122, de 2 de agosto de 2012, sua intenção de exercer cargo
CNPJ/MF nº 03.853.896/0001-40 – NIRE 35.300.341.031 vos até hoje para passar a dedicar- indiana Aurobindo em 2020, mas
de administração no Banco Original S/A, CNPJ 92.894.922/0001-08. ESCLARECE que eventuais
Ata da Reunião do Conselho de Administração realizada em 11 de agosto de 2022 se mais a remédios de alto cresci- preocupações das autoridades re-
Data, Hora e Local: Reunião do Conselho de Administração da Marfrig Global Foods S.A. “Companhia”,
objeções à presente declaração, acompanhadas da documentação comprobatória, devem ser
localizada na Avenida Queiroz Filho, nº 1.560, Bloco 5, Torre Sabiá, 3º andar, Sala 301, Vila Hamburguesa, mento e altas margens de lucro. guladoras da concorrência nos Es-
apresentadas diretamente ao Banco Central do Brasil, por meio do Protocolo Digital, na forma
especificada abaixo, no prazo de quinze dias contados da divulgação, por aquela Autarquia, de CEP: 05319-000, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, realizada em 11 de agosto de 2022, às A medida é uma das mais ou- tados Unidos derrubaram o negó-
18h30min. Convocação e Presença: Dispensada a convocação considerando a presença, via conferência
comunicado público acerca desta, observado que os declarantes podem, na forma da legislação em
telefônica, de todos os Conselheiros da Companhia, os Srs. Marcos Antonio Molina dos Santos - Presidente do sadas já anunciadas pelo executi- cio de quase US$ 1 bilhão em 2020.
vigor, ter direito a vistas do processo respectivo. Protocolo Digital (disponível na página do Banco
Central do Brasil na internet) Selecionar, no campo “Assunto”: Autorizações e Licenciamentos para
Conselho de Administração, Alain Emile Henry Martinet, Antonio dos Santos Maciel Neto, Herculano Aníbal vo-chefe da Novartis, Vas Nara- Narasimhan disse na quinta-feira
Alves, Marcia Aparecida Pascoal Marçal dos Santos, Roberto Silva Waack e Rodrigo Marçal Filho. Mesa:
Instituições Supervisionadas e para Integrantes do SPB Selecionar, no campo “Destino”: o componente Presidente: Sr. Marcos Antonio Molina dos Santos; Secretário: Sr. Heraldo Geres. Ordem do Dia: simhan, para reorientar o foco da que o setor de genéricos é “um
do Departamento de Organização do Sistema Financeiro - Deorf mencionado abaixo. BANCO
CENTRAL DO BRASIL - Departamento de Organização do Sistema Financeiro - DEORF/GTSP1 -
1) Cancelamento de Ações em Tesouraria; 2) Lançamento do Plano de Recompra de Ações; e 3) Distribuição de
Dividendos Intercalares. Deliberações: Após exame e debates sobre os itens constantes da Ordem do Dia, os
empresa aos medicamentos mais mercado altamente atraente”.
Av. Paulista, nº 1.804 - 5º andar - São Paulo/SP. São Paulo, 25 de agosto de 2022. membros do Conselho de Administração tomaram as seguintes deliberações, por unanimidade: (1) aprovar, nos lucrativos, que incluem os volta- “Vamos avaliar, já que agora
termos do art. 19, inciso “ix” do Estatuto Social, o cancelamento de 31.369.913 (trinta e um milhões trezentas e
sessenta e nove mil novecentas e treze) ações ordinárias, sem valor nominal, de emissão da Companhia e
dos ao tratamento de câncer e de temos as contas completas dis-
mantidas em sua tesouraria nesta data, sem redução do capital social. Em função do cancelamento de ações doenças raras. Em 2019, a empre- poníveis, o que qualquer uma
deliberado, o capital social da Companhia passa a ser dividido em 660.000.000 (seiscentas e sessenta
SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL
milhões) ações ordinárias, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal. A respectiva alteração ao art. 5º
sa já havia se separado da unida- das empresas externas poderia
A COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A. torna público, que irá solicitar ao Instituto Água e Terra - IAT, a Au-
torização Ambiental para Rede de Distribuição de energia em 13,8/34,5 Kv instalada no município do Estatuto Social da Companhia para refletir o cancelamento de ações ora aprovado será deliberada em de de oftalmologia Alcon. achar da unidade”, disse. “Para
assembleia geral de acionistas a ser oportunamente convocada; (2) aprovar um plano de recompra para a
de Piên, no Estado do PR.
SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO FLORESTAL aquisição, pela Companhia, em uma única operação ou em uma série de operações, de até 31.000.000 (trinta Narasimhan disse que é “me- ser claro, continuo acreditando
A Copel Distribuição S.A, torna público que irá solicitar ao Instituto Água e Terra IAT, autorização florestal para o e um milhões) ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal, de sua própria emissão, de acordo lhor separá-las [Sandoz e Novar- que muitas partes (investidores)
corte de 25 árvores, com volume total 7,3831 m3 de lenha, no município Piên, no Estado do P com os seguintes termos e condições (“Plano de Recompra”): (i) Objetivo: O objetivo da Companhia na
execução deste Plano de Recompra é o de maximizar a geração de valor para os acionistas, por meio de uma tis] de maneira limpa e eficiente”. externas estarão altamente inte-
administração eficiente da estrutura de capital e da aplicação das reservas e recursos disponíveis na aquisição Embora as empresas de priva- ressadas nesta unidade.”
das ações em bolsa de valores, a preços de mercado, e/ou operações financeiras estruturadas, para
SÚMULA DE RECEBIMENTO DE LICENÇA AMBIENTAL SIMPLIFICADA permanência em tesouraria, cancelamento ou posterior alienação das ações no mercado ou sua destinação ao te equity tenham demonstrado A Novartis estima que a transa-
A COPEL Distribuição S.A. torna público que recebeu do Instituto Água e eventual exercício de opções de compra de ações no âmbito do Plano de Opção de Compra de Ações ou
outorga direta de ações da Companhia, respeitado o disposto no §1º do artigo 30 da Lei das S.A. e normas
interesse no negócio, ainda não ção poderia ser concluída no se-
Terra - IAT, a Licença Ambiental Simplificada nº 278163, com validade até enunciadas na Resolução da Comissão de Valores Mobiliários nº 77 de 29 de março de 2022 (“Resolução CVM foi apresentada nenhuma oferta gundo semestre do de 2023. A
22/08/2032, para a SUBESTAÇÃO 138 kV LINDÓIA, a ser instalada no 77/22”). (ii) Ações em circulação: Nos termos do art. 9º da Resolução CVM 77/22, existem, nesta data,
convincente, segundo fontes a empresa acrescentou que negó-
315.530.122 (trezentas e quinze milhões, quinhentas e trinta mil e cento e vinte e duas) ações ordinárias,
município de Londrina, no Estado do PR. nominativas, escriturais e sem valor nominal, de emissão da Companhia em circulação (“Ações em Circulação”). par assunto. Narasimhan, que cio seria “basicamente neutro em
Reduzido desse número as 428.329 ações restantes em tesouraria, o total final das ações passíveis de
recompra seria de 31.124.683 (trinta e um milhões, cento e vinte e quatro mil e seiscentas e oitenta e três) ações comanda o grupo desde 2018, termos de impostos” e exigiria a
SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL ordinárias; (iii) Quantidade de ações a serem adquiridas: Considerando o número de Ações em Circulação, ressaltou que a empresa não re- aprovação dos acionistas.
saldo de ações em tesouraria e recursos disponíveis, a Companhia poderá, a seu exclusivo critério e nos termos
A COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A. torna público que solicitará ao Instituto deste Plano de Recompra, em atendimento ao disposto no art. 9º da Resolução CVM 77/22, adquirir até
Água e Terra – IAT a Autorização Ambiental para construção de rede de 31.124.683 (trinta e um milhões, cento e vinte e quatro mil e seiscentas e oitenta e três) ações, correspondentes
a 4,72% do total de ações de emissão da Companhia e 9,86% das Ações em Circulação. Desse total disponível,
distribuição de energia elétrica em 13,8kV, na localidade de Cachoeira, no
município de Inácio Martins, Estado do PR.
a Administração propõe que o plano de recompra contemple a quantia de 31.000.000 de ações que representa
9,82% das Ações em Circulação. (iv) Preço e modo de aquisição: As operações serão realizadas na B3 S.A. -
Brasil, Bolsa, Balcão (“B3”), cabendo à Diretoria Executiva da Companhia decidir o momento e a quantidade de
Curtas
ações a serem adquiridas, seja em uma única operação ou em uma série de operações, respeitados os limites
previstos na regulamentação aplicável. (v) Duração do Plano de Recompra de Ações: O prazo máximo para
realização das aquisições, é de 18 meses, iniciando-se em 11 de agosto de 2022 e encerrando-se em 10 de
AVISO PÚBLICO fevereiro de 2024. (vi) Instituição financeira que atuará como intermediária: As aquisições das ações da BHP aposta em níquel Minério de ferro estável
Companhia no âmbito do Plano de Recompra será realizada em condições aderentes a mercado e intermediada
LEILÃO DE COMPRA DE ENERGIA ELÉTRICA pela seguinte corretora: Credit Suisse (Brasil) S.A. Corretora de Títulos e Valores Mobiliários, com sede na Rua
A gigante de mineração an- Os preços do minério de ferro
A HIDROPAN DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA S.A., “HIDROPAN ENERGIA”, inscrita no CNPJ nº 91.982.348/0001-87, Leopoldo Couto de Magalhães Jr., nº 700, 10º andar (parte) e 12º a 14º andares partes, São Paulo/SP - glo-australiana BHP está fazen- seguiram de lado no mercado à
de forma a assegurar publicidade, transparência e igualdade de acesso aos interessados, conforme legislação CEP: 04.542-000, inscrita no CNPJ/MF sob nº 42.584.318/0001-07. (vii) Recursos disponíveis: As operações
realizadas no âmbito do Plano de Recompra serão suportadas pela reserva de lucros e pela reserva de capital do um investimento maciço em vista nesta quinta-feira (25), ron-
aplicável, comunica que realizará em 28/09/2022 Leilão de Compra de Energia Elétrica. O Edital do Leilão e
toda a documentação do certame, encontra-se disponível desde 26/08/2022 conforme orientação descrita
que compõem os recursos disponíveis nos termos da Resolução CVM 77/22. (viii) Verificação dos recursos níquel, material crítico usado dando os US$ 102 por tonelada
disponíveis: A existência de recursos disponíveis para lastrear as operações de aquisição das próprias ações
no sítio eletrônico www.hidropan.com.br/leilao. Os interessados deverão ser agentes na CCEE e solicitar a deverá ser verificada com base nas demonstrações contábeis anuais, intermediárias ou trimestrais mais em baterias de veículos elétricos pelo terceiro dia seguido. No norte
documentação pelo e-mail leilao@hidropan.com.br até às 17h00 de 09/09/2022. recentes divulgadas pela Companhia anteriormente à efetiva aquisição pela Companhia das ações de sua que está alimentando a próxima da China, o minério com teor de
emissão. Fica consignado que a quantidade de ações foi calculada considerando os valores das reservas de
capital, reservas de lucro e recursos disponíveis refletidos nas Informações Financeiras relativas ao 2º trimestre geração de automóveis. O grupo 62% de ferro recuou 0,2%, para
SÚMULA DE RECEBIMENTO DE LICENÇA DE OPERAÇÃO
de 2022, em conformidade com o artigo 30 da Lei das S.A. e a Resolução CVM 77/22. (ix) Alienação das ações
no âmbito do plano de opção de compra das ações da Companhia: As ações adquiridas nos termos deste
sinalizou sua intenção no início US$ 102,25 por tonelada, segundo
• A COPEL Distribuição S.A. torna público que recebeu do Instituto Água e Terra - IAT, a Plano de Recompra poderão, a critério do Conselho de Administração, ser destinadas ao eventual exercício de deste mês ao anunciar que gasta- índice Platts, da S&P Global Com-
renovação da Licença de Operação nº 33871, com validade até 11/08/2026, para a Subes- opções de compra de ações no âmbito do plano de stock option ou outorga direta de ações da Companhia.
tação de Energia Elétrica – SE 138 kV Clevelândia, localizada no município de Clevelândia, (x) Alienação ou cancelamento do excesso de ações: A Companhia deverá cancelar ou alienar as ações que
rá 140 milhões de dólares aus- modity Insights, apagando a alta
no Estado do PR. excederem o saldo de recursos disponíveis, nos termos da Resolução CVM 77/22, no prazo de 6 (seis) meses, tralianos (US$ 96,6 milhões) ao de 0,2% da véspera. Com isso, o mi-
a contar da divulgação das demonstrações contábeis, anuais e intermediárias ou informações financeiras
• A COPEL Distribuição S.A. torna público que recebeu do Instituto Água e Terra - IAT, a
trimestrais em que se apurar o excesso. Os conselheiros consignam, finalmente, que ao aprovar o Plano de longo de dois anos para explorar nério de ferro acumula desvalori-
renovação da Licença de Operação nº 33870, com validade até 11/08/2026, para a para
a Linha de Distribuição de Alta Tensão de Energia Elétrica – LDAT 138 kV Pato Branco-
Recompra de Ações, o Conselho de Administração diligenciou, examinou e concluiu que, nesta data: (a) a jazidas de níquel em torno de zação de 10,3% em agosto. No ano,
situação financeira da companhia é compatível com a liquidação das aquisições em seu vencimento sem afetar
-Clevelândia, localizada nos municípios de Pato Branco e Clevelândia, no Estado do PR. o cumprimento das obrigações assumidas com credores nem o pagamento de dividendos obrigatórios; e (b) ao um empreendimento existente. a queda é de 14,1%. Na Bolsa de
• A COPEL Distribuição S.A. torna público que recebeu do Instituto Água e Terra - IAT, a re- longo do período restante do exercício social, não há fatos previsíveis capazes de ensejar alterações “Este ano será o maior gasto Commodity de Dalian (DCE), os
novação da Licença de Operação nº 33837, com validade até 11/08/2026, para a Linha de significativas no montante de recursos disponíveis para realização das operações no âmbito do Plano de
Distribuição de Alta Tensão de Energia Elétrica – LDAT 138 kV Pato Branco-Chopinzinho, Recompra de Ações. O Fato Relevante a ser divulgado pela Companhia, contendo as informações constantes anual para exploração em Nickel contratos mais negociados, para
localizada nos municípios de Pato Branco e Chopinzinho, no Estado do PR. do Anexo G à Resolução CVM nº 80, de 29 de março de 2022, cujos termos são ora aprovados por esse
Conselho, segue como anexo à presente ata (Anexo I); (3) aprovar, nos termos do art. 30, §3º do Estatuto
West desde 2005”, disse Jessica entrega em janeiro, encerraram o
Social, a declaração de dividendos intercalares, com base no balanço de data base de 30 de junho de 2022, Farrell, presidente de ativos da dia com queda de 0,2%, a 705,50
no montante total de R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais). Fica registrado que os dividendos
intercalares ora declarados serão distribuídos à conta do lucro líquido apurado neste exercício 2022 apurado
BHP Nickel West, em uma confe- yuan por tonelada, depois de pas-
no balanço de 30 de junho de 2022 e serão imputados ao dividendo obrigatório relativo ao exercício social a se rência do setor em 3 de agosto. sarem boa parte da sessão em alta.
encerrar em 31 de dezembro de 2022. Os dividendos corresponderão ao valor aproximado de R$ 0,757576 por
ação ordinária de emissão da Companhia (sendo tal valor por ação estimado e poderá sofrer variação em
razão de eventual alteração do número de ações em tesouraria) e serão pagos em moeda corrente nacional,
em uma única parcela, sem correção monetária ou incidência de juros, em 15/09/2022, de acordo com os
procedimentos da instituição responsável pela escrituração das ações de emissão da Companhia, tomando
como base a posição acionária de 19 de agosto de 2022. As ações da Companhia serão “ex” dividendos a partir
de 22 de agosto de 2022. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, lavrou-se a presente ata que,
Movimento Falimentar
após lida e aprovada, foi assinada por todos os Conselheiros presentes. Assinaturas: Mesa: Presidente:
Marcos Antonio Molina dos Santos; Secretário: Heraldo Geres. Membros do Conselho de Administração:
Marcos Antonio Molina dos Santos - Presidente do Conselho de Administração, Alain Emile Henry Martinet,
Nota da redação: Excepcionalmente, não publicaremos a coluna nesta data
Antonio dos Santos Maciel Neto, Herculano Aníbal Alves, Marcia Aparecida Pascoal Marçal dos Santos,
Roberto Silva Waack e Rodrigo Marçal Filho. Certifico que a presente é cópia fiel da ata lavrada em livro
próprio. São Paulo, 11 de agosto de 2022. Heraldo Geres - Secretário. JUCESP sob nº 429.239/22-1, em
22/08/2022. a) Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral. Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a Agenda tributária.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor B5

|
Empresas Serviços&Tecnologia
Locação Serviço de assinatura semelhante ao de carros
DIVULGAÇÃO

será oferecido a empresas e transportadores autônomos

Volkswagen começa
a alugar caminhão
Cristian Favaro
De São Paulo
A Volkswagen Caminhões e
Ônibus (VWCO) e a Volkswagen
Financial Services (VWFS) lança-
ram ontem um programa de assi-
naturas para locação de cami-
nhões, chamado VW Truck Rental.
O serviço, primeiro a ser oferecido
por uma montadora do segmento
no país, é destinado a empresas e
também caminhoneiros autôno-
mos e vai disputar espaço no mer-
cado de aluguel de veículos com
grupos como a Vamos, da Simpar,
e a Ouro Verde, da Brookfield.
No total, são seis modelos de
caminhões disponíveis no pro-
grama de assinaturas, que foi ini-
ciado em um estágio piloto com
100 unidades. Os valores partem
de R$ 3.679 por mês no modelo
VW Delivery Express e a comer-
cialização é feita on-line e pelas
150 lojas da rede de concessioná-
rios autorizados da Volks.
“Com a pandemia, muitas em-
presas encontraram dificuldades
para crédito, optando pela locação
de veículos. O VW Truck Rental
busca reduzir os custos operacio-
nais dos transportadores, e ainda
facilitar a gestão da frota e a con-
tratação do serviço”, disse Roberto
Cortes, presidente da Volkswagen
Caminhões e Ônibus.
O negócio também pretende
atender o caminhoneiro autôno-
mo, que tem peso importante no
setor de transporte de carga e
opera com frota mais velha. Até
31 de julho deste ano, o Brasil ti-
nha 887.271 cadastrados como
Transportador Autônomo de
Cargas (TAC). A frota correspon-
dente à categoria TAC é de
950.965 veículos, 36,5% do total
de 2,6 milhões de veículos com
capacidade de transporte de car-
gas do país. A idade média da fro-
ta TAC é de 21,44 anos, ante 14,46
anos na frota geral. Os números
são da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT).
A pandemia ajudou a mudar
a visão do brasileiro acerca da
propriedade de ativos. Antes,
empresas, e até consumidores,
optavam por ter os bens, como
carros e caminhões. Em tempos
de juros e inflação em alta, o di-
nheiro em caixa nunca foi tão
valorizado — por isso, serviços
de assinatura e terceirização ga-
nharam espaço.
Até agora, os serviços de assi-
natura eram oferecidos apenas
para veículos leves. Grupos como
Localiza, Movida e Ouro Verde
apostam firmemente nesse ne-
gócio e a adesão cresce — nenhu-
ma delas abre muitos detalhes
sobre o segmento. Também na
categoria de leves, montadoras
como a própria Volkswagen,
Ford e Toyota já criaram seus ser-
viços de assinatura.
Recentemente, a Ouro Verde
sinalizou, em entrevista ao Valor
a intenção de ampliar seu mode-
lo de assinatura de veículos leves
também para o segmento de pe-
sados. Mas a dificuldade, segun-
do a Ouro Verde, estava exata-
mente na busca por uma forma
de compartilhar o risco da garan-
tia a ser ofertada pelo caminho-
neiro. A estratégia estudada pela
Ouro Verde hoje é dividir o risco
da garantia com transportadoras
para atualizar a frota dos seus
motoristas parceiros.
“Crédito para caminhão é uma
coisa que a gente sabe fazer”, dis-
se Rodrigo Capuruço, presidente
da Volkswagen Financial Servi-
ces. Segundo o executivo, em vez
de crédito para a compra de um
caminhão de cerca de R$ 300 mil,
o cliente terá de comprovar capa-
cidade de pagar o aluguel, o que
seria muito mais prático e ágil. A
expectativa é que o novo serviço
de assinatura responda por algo
entre 10% e 20% dos negócios nos
próximos cinco anos. Roberto Cortes (à esq.) e Rodrigo Capuruço, da Volks: comprovar renda para o aluguel é mais fácil do que para compra
O programa conta com seis
modelos de caminhões disponí-
veis, de versões leves a extrape-
sadas: VW Delivery Express e
Falta de chips deve continuar em 2023
11.180; VW Constellation De São Paulo se encontrar hoje”, disse Cortes mercializados por não atender o
17.190 Robust, 24.280 e 25.460; ontem, durante o lançamento novo arcabouço regulatório.
e VW Meteor 28.460. O presidente da Volkswagen um serviço de aluguel de cami- Paralelamente, a indústria au-
O VW Truck Rental pode ser Caminhões e Ônibus, Roberto nhões por assinatura do grupo. tomobilística vem sofrendo com
contratado em um período de 36 Cortes, disse ontem que a falta de Os componentes para atender o desabastecimento de chips cau-
ou 60 meses e inclui a gestão de componentes elétricos no ano ao padrão Euro 5 — em vigor hoje - sada pela desorganização das ca-
manutenções preventivas ou cor- que vem continuará a ser um — são mais abundantes no merca- deias produtivas nas fases mais
retivas, seguro, sistema de tele- problema para a produção de ca- do. Enquanto isso, o padrão Euro 6 agudas da pandemia de covid-19.
metria RIO, gestão de multas, do- minhões da empresa. é o mesmo usado na Europa. O setor também acabou concor-
cumentação, pagamento de IPVA Segundo Cortes, embora a ca- A regra passa a vigorar em ja- rendo pelo insumo com os fabri-
e carroceria carga seca ou baú. deia produtiva de chips esteja se neiro. Ou seja, depois do dia 31 cantes de computadores, notebo-
O aluguel terá uma franquia recuperando, no ano que vem de dezembro apenas veículos no- oks e celulares, que viram a de-
de rodagem que vai de 1,5 mil passa a valer a nova regra Euro 6 vos dentro da nova regulamenta- manda subir a partir das medidas
km por mês no Delivery Express (na denominação internacional, ção podem ser vendidos. de isolamento social. O problema
para mais de 10 mil km nos mo- que aqui se equivale ao Proconve Em janeiro de 2022 ocorreu provocou falta de carros zero-
delos maiores. Simone Moras, P8), que tem o objetivo de redu- uma mudança semelhante, mas quilômetro no mercado e au-
diretora de marketing da zir emissões dos veículos a diesel. abrangendo o segmento de veí- mento de preços dos seminovos.
Volkswagen Financial Services, “A nova regra exige uma culos leves, o que provocou a saí- Fabricantes de veículos têm di-
ponderou que há espaço de ne- quantidade maior de semicon- da de linha de vários modelos no to que a produção este ano seria
gociação a um bom custo para dutores e uma geração mais mercado doméstico, uma vez maior, se o abastecimento de
quilometragem extra. atualizada, que é mais difícil de que eles não podiam mais ser co- chips estivesse normalizado (CV)

Depois do sucesso das últimas edições, o Prêmio Casa e Jardim Conheça os vencedores nas nossas
chega ao seu quarto ano. A premiação realizada por Casa e redes socias a partir de
Jardim, a maior plataforma de conteúdos sobre decoração,
arquitetura e paisagismo do país, vai homenagear os melhores
trabalhos e profissionais da área. 27 de setembro
SÃO DEZ CATEGORIAS DENTRO DOS PILARES
DESIGN DE INTERIORES / ARQUITETURA / PAISAGISMO

revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Premio-Casa-e-Jardim

PATROCÍNIO APOIO REALIZAÇÃO

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B6 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
|
Empresas Serviços&Tecnologia
Estratégia Para analistas, decisão não deve ser interpretada como uma desistência do setor de saúde
Amazon encerra serviço de telemedicina
Dave Lee
e James Fontanella-Khan
Financial Times, de San Francisco e
Londres
A Amazon fechará seu serviço
de telemedicina Amazon Care,
pondo fim ao ambicioso plano
de lançar essa plataforma pró-
pria para atender a “milhões” de
pacientes pelos Estados Unidos,
que fazia parte do objetivo, há
muito declarado, de revolucio-
nar o setor de saúde no país.
Em mensagem enviada ao pes-
soal da Amazon Care na quarta-
feira, Neil Lindsay, chefe da Ama-
zon Health Services, disse que o
serviço de telemedicina — que
prometia médicos, enfermeiros e
outros especialistas em saúde à
disposição “sob demanda” dos
clientes, 24 horas por dia — não
era a “solução de longo prazo”
certa para as empresas a que pre-
tendia vender o serviço.
“Esta decisão não foi tomada
sem reflexão e só se tornou clara
após muitos meses de cuidadosa
consideração”, escreveu Lindsay
no memorando, ao qual o “Fi-
nancial Times” teve acesso.
Anatel avalia exigir repasse de ICMS menor
Telecomunicações
Rafael Bitencourt
De Brasília
A Agência Nacional de Teleco-
municações (Anatel) poderá ex-
pedir uma medida cautelar para
obrigar as operadoras a repassa-
rem aos clientes a redução da alí-
quota do ICMS sobre os serviços
do setor. A informação foi divul-
gada ontem pelo “O Globo”.
O órgão regulador quer ga-
rantir a aplicação da Lei Com-
plementar 194/22, proposta
pelo Congresso Nacional e san-
cionada em junho, que limita
a cobrança de ICMS sobre servi-
ços essenciais a 18%. Treze Esta-
dos, pelo menos, cobram alíquo-
Empresas | Tendências&Consumo
.
P&G vai formar profissionais negros
Publicidade
Raquel Brandão
De São Paulo
Dona das marcas Oral-B, Downy
e Pantene, a fabricante de produ-
tos de limpeza e higiene pessoal
Procter & Gamble (P&G) está lan-
çando o projeto Cria da Quebrada,
que irá formar profissionais ne-
gros na área de criação de peças
publicitárias. O objetivo é aumen-
tar a representatividade de pessoas
negras no mercado de publicida-
de. O projeto tem a parceria de
Universidade Zumbi dos Palmares,
escola de M.AD School of Ideas e
agência Grey Brasil.
Mesmo com 56% da população
brasileira se declarando negra, as
campanhas de publicidade não re-
fletem essa participação. Dados
coletados ao longo de 2021 pela
pesquisa Todxs, da Organização
das Nações Unidas (ONU), apon-
tam que apenas 23% dos comer-
ciais tiveram pessoas negras como
protagonistas no país. Essa fatia é
ainda menor quando são campa-
nhas de produtos de higiene pes-
soal e beleza: menos de 20% de
protagonistas negros.
A baixa representatividade na
frente das câmeras dialoga dire-
tamente com a participação ain-
da menor de profissionais ne-
gros na área de criação. O merca-
do criativo da publicidade e pro-
paganda ainda é formado ape-
nas por 15% de pessoas negras
em cargos estratégicos de direto-
ria, mostra levantamento do Ob-
servatório de Sustentabilidade
Racial em 2021.
O Cria da Quebrada nasce den-
tro do programa Racial 360º, lan-
çado pela P&G Brasil em novem-
“Embora nossos membros
inscritos tenham adorado mui-
tos aspectos da Amazon Care, [o
serviço oferecido] não é comple-
to o suficiente para os grandes
clientes pessoa jurídica que está-
vamos almejando.”
Analistas disseram que o fe-
chamento da Amazon Care, pro-
gramado para o fim do ano, não
deve ser interpretado como um
recuo nos esforços da companhia
para se firmar no setor de saúde
dos Estados Unidos, que movi-
menta receitas de US$ 4 trilhões.
“Isso não é, de forma alguma, um
sinal de fracasso”, disse Natalie
Schibell, da empresa de análises
de mercado Forrester Research.
“É uma jogada estratégica.”
A decisão da Amazon se dá após
a companhia ter fechado acordo
para a aquisição da One Medical,
uma grande rede de prestadores
de atendimento básico de saúde,
por US$ 3,9 bilhões — seu maior
negócio até hoje no setor.
A aquisição, se aprovada pelas
autoridades reguladoras, daria à
Amazon grande parte do acesso
aos funcionários de empresas
que tentava conseguir com a
tas de 30% ou mais.
A Claro divulgou na quarta-
feira que seus clientes já come-
çaram a contar a redução do im-
posto e que, entre setembro e
novembro, receberão o valor re-
troativo referente ao período de
“ajustes nos sistemas”. A opera-
dora afirmou que houve “com-
plexidade das adaptações” para
repassar os descontos.
Já a Vivo, marca da Telefônica,
também garantiu que a redução
do ICMS será repassada, incluin-
do os valores retroativos. A ope-
radora mencionou complicações
relacionadas ao processamento
dos descontos, mas assegurou
que “até setembro aproximada-
mente 80% dos clientes já deve-
rão ser impactados”.
Curso para formar redatores e diretores de criação negros tem vagas para 25 pessoas e vai durar sete meses
bro de 2020. “Precisamos melho-
rar e criar um impacto na jorna-
da étnico-racial”, disse o presi-
dente da P&G Brasil, André Feli-
císsimo. O projeto vem em linha
com uma iniciativa da matriz
norte-americana com o projeto
“Widen the Screen” (amplie a te-
la, na tradução literal), de 2021.
Nos Estados Unidos, o primeiro
ano do projeto permitiu que
mais de 300 profissionais negros
do setor audiovisual participas-
sem de 12 produções.
É preciso uma mudança no sis-
tema, observa Marc Pritchard,
presidente global de construção
de marcas da P&G. “Falta de re-
presentatividade é um proble-
ma, o outro é a falta de uma re-
presentação acurada. Nós sabe-
mos que a publicidade afeta co-
mo nós nos vemos e vemos o
Amazon Care, segundo Christi-
na Farr, especialista em investi-
mentos em tecnologia de servi-
ços de saúde na Omers Ventures,
o que torna a plataforma inter-
na redundante. Entre as empre-
sas que oferecem o One Medical
a seus funcionários está o Goo-
gle, por exemplo.
“A One Medical já tem todos
esses [tipos de] contratos e faz
telemedicina”, disse Farr. “Fazia
sentido para a Amazon adquirir
uma rede existente. O recruta-
mento de médicos é muito difí-
cil, fazer contratos de seguro é
muito difícil, construir relacio-
namentos com empregadores é
muito difícil. Todas essas coisas
levam muito tempo e a One Me-
dical estava disponível para
compra”, acrescentou.
Com um quadro de funcioná-
rios de mais 1,5 milhão de pes-
soas, mais de 200 milhões de as-
sinantes “Prime” pelo mundo e
enorme infraestrutura de logísti-
ca e computação na nuvem, a po-
sição da Amazon há muito é con-
siderada ideal para concorrer
contra alguns dos líderes do se-
tor de saúde — cujos preços das
A Oi destacou que repassa “in-
tegralmente” a redução do ICMS
e que fez divulgação em “mais de
vinte publicações em jornais na-
cionais e regionais” e nas faturas
dos clientes desde julho.
Em nota, a TIM relatou que no-
vos planos são ofertados desde
agosto com o desconto e “benefí-
cios adicionais”, e que a redução
para os planos pós-pagos será fi-
nalizada até novembro. A tele
também argumentou que a mu-
dança “impõe adaptações sistê-
micas e operacionais”.
A Algar Telecom informou que
a nova alíquota já é aplicada des-
LEO PINHEIRO/VALOR
de a entrada em vigor, em 23 de
junho. “Todos os produtos sobre
os quais incidem ICMS tiveram
suas alíquotas reduzidas”.
mundo. Se há estereótipos, se di-
minui uma pessoa ou nem a re-
presenta, isso gera preconceito.”
A empresa não divulga quanto
está investindo na iniciativa,
mas, além de fomentar o curso,
oferecerá ajuda de custo mensal
por aluno para transporte e ali-
mentação. Ainda de acordo com
a P&G, mais de 50% dos investi-
mentos de ESG (sigla em inglês
para meio-ambiente, social e go-
vernança) no Brasil são para
equidade étnico-racial, embora
também mantenha esse mon-
tante confidencial.
O curso ministrado pela M.AD
School of Ideas para formar reda-
tores e diretores de arte tem du-
ração de 7 meses e beneficia, nes-
ta primeira etapa, 25 alunos e ex-
alunos da Universidade Zumbi
dos Palmares, instituição de ensi-
ações recuam, ainda que breve-
mente, sempre que a empresa
anuncia algum negócio na área.
As ambições da Amazon na
área da saúde vêm sendo traba-
lhadas há anos e devem se inten-
sificar sob o comando de Andy
Jassy, que substituiu Jeff Bezos
como executivo-chefe em 2021.
A Amazon também está entre
os ofertantes interessados em
comprar a Signify Health, uma
provedora de assistência médica
domiciliar, que estuda várias
propostas. A decisão de tentar a
aquisição, que seria a quarta
grande transação da Amazon na
área de saúde nos últimos anos,
mostra a determinação da em-
presa em testar a disposição das
autoridades antitruste em con-
ter sua estratégia de fusões e
aquisições. A Amazon e a Signify
Health não quiseram comentar
as informações.
“Eles aceitaram o desafio de
[Lina] Khan para ver se não é um
blefe”, disse um investidor vetera-
no, que acompanha a disputa pe-
la Signify Health, referindo-se à
presidente da Comissão Federal
de Comércio dos EUA (FTC, na si-
Liderança digital
DIVULGAÇÃO
no superior sem fins lucrativos.
A iniciativa também visa a in-
serção no mercado de trabalho.
Por isso, os estudantes poderão
apresentar seu portfólio criado
durante o curso no evento de for-
matura, que contará com a parti-
cipação de todas as agências que
atendem a P&G. A Grey Brasil tem
prioridade na contratação desses
profissionais e promoverá inter-
câmbio de até cinco alunos para
um estágio em uma das agências
da Grey pelo mundo.
Os interessados deverão se ins-
crever no site do projeto. Os for-
mulários serão analisados pela
coordenação da M.AD School of
Ideas. As aulas começam em ou-
tubro na Faculdade Zumbi dos
Palmares, no laboratório “P&G
Pela Criação”, desenvolvido para
o projeto.
gla em inglês) uma voz crítica ao
poder de mercado da Amazon.
Outro advogado disse que a
Amazon está mostrando sua dis-
posição para ir à Justiça contra os
reguladores, se necessário.
“O negócio de saúde da Ama-
zon é pequeno em relação a ou-
tros nos Estados Unidos”, disse
um advogado especialista em
concorrência, que pediu para
não ser identificado por motivos
de confidencialidade perante o
cliente. “No momento, qualquer
aquisição que não seja de um
megaparticipante no setor não
será bloqueada.”
Uma fonte que já trabalhou
com a Amazon disse que a em-
presa está preparada para lidar
com a reação política e da mídia
e que confia em uma aprovação
dos reguladores caso ela avance
na compra da Signify.
“Eles não têm problemas em ir
aos tribunais”, disse a fonte. “Eles
sabem que podem vencer, então
não estão deixando a retórica an-
titruste na capital [Washington]
demovê-los de considerar a com-
pra de um ativo.”
Um porta-voz da FTC não quis
Nos Estados Unidos, cai
a venda de vestuário
Cenário
Dow Jones Newswires, de Nova York
As varejistas de vestuário Vic-
toria’s Secret e Abercrombie &
Fitch relataram queda nas ven-
das trimestrais e reduziram as
metas de vendas para o ano.
Os gastos no varejo diminuí-
ram neste ano à medida que os
preços mais altos de combustí-
veis e alimentos prejudicaram, e
ainda afetam, os orçamentos das
famílias nos Estados Unidos. As
pessoas preferem jantar fora a
gostar com entretenimento [ou
comprar roupa]. Este cenário
deixou muitas cadeias varejistas
com estoques em excesso, levan-
do a um movimento de remarca-
ção de preços para baixo.
A Victoria’s Secret informou on-
tem que a receita trimestral caiu
6% e alertou que as vendas do ano
inteiro cairiam. Na projeção ante-
rior as vendas empatariam com as
dos ano passado ou aumentariam.
A vendedora de lingerie, proprie-
tária da marca Pink, esperava que
uma nova campanha de marca
reativasse as vendas.
Curta
Coty em alta
As ações da Coty na bolsa de
Nova York terminaram o pregão
de quinta-feira cotadas a US$ 8,16,
valorização de 10,49%. Mais cedo,
a companhia reportou resultados
do quarto trimestre fiscal. Apesar
do prejuízo ter subido 35,5% no
comentar as aquisições da Ama-
zon na área de saúde, mas citou
as declarações de Khan em um
fórum neste ano, no qual ela dis-
se que a “vida e morte” do setor
de saúde é “uma das [questões]
mais críticas” que precisam ser
examinadas por sua agência.
A tentativa de aquisição da
prestadora de serviços de saúde
domiciliar LHC Group, por US$ 5
bilhões, pela UnitedHealth, uma
grande seguradora de saúde [do-
na da Amil no Brasil], foi adiada
para que a FTC procure mais in-
formações sobre transação.
Em última análise, as fusões e
aquisições da Amazon sinalizam
que a empresa vem reunindo os
tijolos para criar um grande ser-
viço de saúde que ofereça “assis-
tência baseada em valor”, disse
Rebecca Springer, analista sênior
que cobre o setor de saúde na Pit-
chBook. O termo descreve o mo-
delo de negócios em que as em-
presas ganham receita com base
nos resultados do serviço presta-
do ao paciente — até que ponto o
paciente ficou bem — e não ape-
nas por fornecer tratamentos.
(Tradução de Sabino Ahumada)
Em julho, a Tupinambá Energia
começou a embarcar seu aplicativo
de gestão de pontos de recarga de
veículos elétricos no Peugeot e-208,
novo modelo elétrico do grupo
Stellantis. "Todos os carros
eletrificados passam a oferecer o
serviço de exibição de pontos de
recarga direto do cockpit", disse o
CEO Davi Bertoncello ao Liderança
Digital, que vai ao ar nesta
sexta-feira no site e nos canais
sociais do Valor. Um mês antes, a
empresa firmou uma aliança com a
Renault nos mesmos moldes,
incluindo a gestão de pontos de
recarga nas concessionárias da
marca. A startup investirá os
recursos de uma captação de R$ 10
bilhões, liderada em janeiro pela
empresa de energia Raízen, em
tecnologia, até meados de 2023,
informa o CEO.
Seu diretor-presidente, Martin
Waters, afirmou que a compa-
nhia espera que os consumido-
res continuem sendo pressiona-
dos pela inflação ao longo deste
ano. No segundo trimestre, o lu-
cro líquido da varejista caiu mais
de 50%, para US$ 69,9 milhões.
A Abercrombie, dona da rede
Hollister, também alertou que
espera que as vendas líquidas do
ano inteiro caiam a partir de
2021. Anteriormente, a empresa
havia previsto que as vendas de
2022 seriam estáveis ou aumen-
tariam. No segundo trimestre, as
vendas caíram 7%, para
US$ 805,1 milhões, e a empresa
teve prejuízo nos três meses en-
cerrados em 30 de julho.
O diretor-presidente da Aber-
crombie, Fran Horowitz, afirmou
que a empresa experimentou re-
sultados diferentes em suas mar-
cas durante o trimestre. A Aber-
crombie registrou suas maiores
vendas no segundo trimestre
desde 2015, enquanto as vendas
da Hollister caíram 15%. A rival
GAP também informou resulta-
dos abaixo do esperado na noite
desta quinta-feira.
comparativo trimestral, a empresa
afirmou que visualiza uma forte
demanda para os próximos tri-
mestres. E elevou a previsão de
Ebitda para o ano fiscal para a fai-
xa de US$ 955 milhões a US$ 965
milhões. As previsões anteriores
apontavam para US$ 900 milhões.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor B7

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Empresas Tendências&Consumo
Gestão Varejista assume compromissos ambientais e sociais para todas as marcas do grupo até 2030

Na moda da Renner, menos gás carbônico

Raquel Brandão
De São Paulo
O grupo Lojas Renner está ini-
ciando um novo ciclo de com-
promissos sociais e ambientais a
serem alcançados até 2030. O
plano engloba todas as marcas —
do varejo de moda e de objetos
para casa até serviços financei-
ros, incluindo fornecedores.
Entre as metas de agora estão a
redução de até 75% da emissão
de gás carbônico (CO2) das rou-
pas desenvolvidas por todas as
marcas do grupo, como Renner,
Ashua e Youcom. No ano passa-
do, conseguiu reduzir em 35,4%
as emissões corporativas absolu-
tas de CO2, em comparação com
as emissões de 2017. A meta era
diminuir em 20%.
A rastreabilidade de 100% das
peças feitas com algodão tam-
bém faz parte do plano. Um
exemplo é que neste ano Renner
e a Youcom lançaram as primei-
ras coleções de jeans femininos
rastreadas com tecnologia blo-
ckchain no Brasil em parceria
com a Associação Brasileira de
Produtores de Algodão.
Com a ampliação, há objetivos
relacionados à atuação da Repassa
(de venda de roupas usadas), da
Camicado (de produtos de decora-
ção para casa), e da Realize (braço
de serviços financeiros). Também
prevê ter 50% do total de cargos de
liderança ocupados por pessoas
negras até 2030 —18 pontos per-
centuais acima do nível atual — e
Faccio, presidente da Renner: “A sustentabilidade tem valor enorme para a gente e é um valor crescente para todos”
55% da alta liderança formada por
mulheres, hoje em 49%.
“Somos a maior varejista de
moda do país e quando trazemos
esse tema, sendo referência e fa-
zendo papel de transformação, a
gente gera escala e demanda”,
afirma o presidente Fabio Faccio
em entrevista ao Valor. “Produ-
tos não vendem mais só por se-
rem sustentáveis, mas a sustenta-
bilidade é mais um atributo im-
portante do produto, que tem
um valor enorme para a gente e
que entendemos que tem um va-
lor crescente para todos.”
“O que está no cerne é uma cul-
tura de sustentabilidade”, comple-
ta Regina Durante, diretora de
gente e sustentabilidade. “A ideia
desde o último ciclo até agora é in-
tensificar e fomentar essa cultura
DIVULGAÇÃO
de sustentabilidade em toda nossa
cadeia e nosso entorno.”
No ciclo anterior de metas, de
2018 a 2021, chegou a 100% do
consumo corporativo de energia
a partir de fontes renováveis (so-
lar, eólica, pequenas centrais hi-
drelétrica e biomassa), superan-
do a previsão inicial de 75%.
De acordo com Faccio, não há
um valor de investimento estabe-
lecido. Vão desde recursos apli-
cados em iniciativas de pesquisa
e desenvolvimento próprias até
contratos de longo prazo com
fornecedores que vão desenvol-
ver métodos ou soluções de acor-
do com os compromissos assu-
midos pela varejista.
“Sustentabilidade também é
financeira”, argumenta. “Tem
coisas que estão começando e
têm custo maior e outras que es-
tão numa fase mais avançada e
tem custo até menor do que pro-
cessos menos sustentáveis. Isso
ajuda a manter uma equação
bastante equilibrada”, diz.
No novo pacote de compro-
missos são 12 objetivos desdo-
brados basicamente em três pila-
res relacionados a temas am-
bientais; sociais e de conexões
com toda a cadeia.
Ainda na frente de sustentabi-
lidade, a companhia quer am-
pliar a fatia de roupas “menos
impactantes”, que são desenvol-
vidas com processos que depen-
dem menos de recursos naturais
ou que diminuem resíduos.
Hoje, as sobras dos cortes dos
novos jeans, por exemplo, são
desfibradas e voltam a ser usadas
na composição de outras peças.
Outro exemplo foi a coleção lan-
çada com a Insecta no ano passa-
do, que reproveitou mais de 4 mil
metros de sobras de tecidos.
Até 2021, objetivo era ter 80%
das peças à venda na Renner
atendendo aos critérios do selo
Re, de moda responsável. Mas al-
cançou 81,3%, superando a ex-
pectativa. Já para o jeans, a em-
presa criou uma metodologia de
pegada hídrica, em que para ca-
da peça é contabilizado o consu-
mo de água, individualmente.
Todos os fornecedores foram cer-
tificados e, hoje, 50% do volume
de jeans tem condições de baixo
volume de água na produção.
Uma das metas é que, agora,
todas as marcas da companhia
contem com fornecedores certi-
ficados através de critérios so-
cioambientais — um alvo 100% já
atingido para a marca Renner,
que estava no centro do primeiro
ciclo de compromissos.
Esse objetivo passa pela parce-
ria de desenvolver a cadeia de
fornecimento, o que envolve até
mesmo fazer alianças com as
concorrentes para evoluir nesse
elo da cadeia, explica Eduardo
Ferlauto, gerente geral de susten-
tabilidade da Lojas Renner. Ele
cita ações conjuntas das varejis-
tas por meio da Associação Brasi-
leira de Varejo Têxtil (Abvtex).
No caso das lojas Renner, o
processo de certificação de for-
necedores não é trivial. São cerca
de 1.800 fornecedores diretos e
indiretos. Para isso, diz Ferlauto,
o momento é sair da fase mais
reativa às questões ambientais e
adotar uma posição mais propo-
sitiva, em que se trabalha mais a
formação e as relações de longo
prazo com fornecedores. “O foco
está no desenvolvimento da ca-
deia e não só monitoramento.”

AS MAIORES
EMPRESAS DO BRASIL
SÃO DESTAQUE AQUI
E SUA MARCA
TAMBÉM PODE SER.
O Anuário Valor 1000 reconhece as melhores companhias do país
em 26 setores de atividade, através de um estudo detalhado que já
se consolidou como instrumento indispensável para consulta e
análise. Neste ano, a escolha também contará com a avaliação de
práticas ESG entre as empresas com as melhores notas nos seus
segmentos. Em setembro, realizaremos o Prêmio Valor 1000. A
cerimônia reunirá executivos e líderes empresariais para revelar e
homenagear as empresas que foram referência no mercado por
seus resultados. A premiação também contará com a cobertura no
site e redes do Valor Econômico.

PRÊMIO
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VALOR 1000 06/SET
Reserva: 25 de Agosto | Material: 26 de Agosto

PATROCÍNIO OURO:
PARCERIA: REALIZAÇÃO:
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B8 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor B9

PAULO RECEBE UM NOVO ÍCONE

OSPITALIDADE NO CORAÇÃO DO
INS, COM SERVIÇOS INSPIRADOS
MELHORES HOTÉIS DO MUNDO.

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Ltda., CNPJ 15.673.605/0001-10, CRECI/SP 24073-J; Mitre Vendas Corretagem de Imóveis Ltda., CNPJ 21.677.690/0001-98, CRECI J-26794. A responsabilidade pela prestação dos serviços relacionados será
da administradora contratada para operar o empreendimento e/ou de prestadores de serviços indicados pelo concierge. Caso haja interesse da administradora contratada, ela poderá utilizar o aplicativo Mitre
Experience para realizar os agendamentos dos serviços. *Metragem resultante de eventual junção física de duas unidades autônomas contíguas de 185m2. As unidades são independentes perante o Registro de
Imóveis e Prefeitura Municipal de São Paulo. Imagens meramente ilustrativas. Impresso em agosto de 2022.
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B10 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor B11

PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM

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B12 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Especial Valor&Auto |
O GT3 RS chega aos 100 km/h em 3,2 segundos e atinge máxima de quase 300 km/h; a gigantesca asa traseira é mais agressiva do que qualquer outro aerofólio já utilizado na linha do 911, até mesmo entre as versões desenvolvidas para competição
Porsche Esportivo tem motor 15 cv mais potente que o do GT3 “normal” e asa traseira com tecnologia de F1
911 GT3 RS é o carro mais caro da marca no país
Thais Villaça
Da Autoesporte
Depois de ter as primeiras ima-
gens vazadas nesta semana, o Pors-
che 911 GT3 RS surge agora em to-
da a sua glória. Com foco nas pis-
tas, a versão ainda mais invocada
do esportivo volta à linha depois
de quatro anos na geração 992.
Segundo a marca alemã, o
GT3 RS chega para afinar a rela-
ção entre a estrada e o carro. Pa-
ra isso, um novo pacote aerodi-
nâmico foi adicionado, além de
outras novidades que se escon-
dem sob a carroceria esculpida.
Assim como era esperado, o pro-
pulsor é o mesmo do GT3 “normal”
e do 718 Cayman GT4 RS: o 4.0 bo-
xer de seis cilindros, que foi ajusta-
do para entregar 15 cv a mais, che-
gando aos 525 cv. O torque de 47,5
kgfm continua o mesmo.
Toda essa força é entregue às ro-
das traseiras por meio do câmbio
PDK de dupla embreagem e sete
marchas, mas com relação de
transmissão um pouco mais curta
para uma aceleração mais rápida.
Dados da Porsche informam
que o GT3 RS chega aos 100
km/h em 3,2 segundos (contra
3,4 s do GT3) e atinge máxima
de quase 300 km/h — curiosa-
mente, menos que o GT3, que
pode marcar até 318 km/h, mes-
mo sendo mais leve (1.450 kg
contra 1.510 kg).
Falando em peso, esse “emagre-
cimento” se dá por conta do uso
maciço de fibra de carbono na
construção, o que inclui as portas,
aerofólios, teto e tampa do capô. A
montadora afirma que o esportivo
entrega o dobro de “downforce”
do que seu antecessor e até três ve-
zes mais que o atual 911 GT3, com
total de 860 kg a 285 km/h.
Claroqueesseresultadotemmui-
to a ver com a gigantesca asa trasei-
ra, mais agressiva do que qualquer
outro aerofólio já utilizado na linha
do 911, até mesmo entre as versões
desenvolvidas para competições.
Tanto que sua altura supera até o te-
to do carro, se tornando o ponto
mais alto do GT3 RS.
Há ainda uma parte aerodinâ-
mica ativa, ajustável hidraulica-
mente, que pode ser aberta para
fornecer um sistema de redução
de arrasto (Drag Reduction Sys-
tem) no mesmo estilo dos carros
de Fórmula 1.
Além disso, o “splitter” na ba-
se do para-choque dianteiro se
estende além da carroceria e se
junta a um par de lâminas late-
rais para canalizar o ar em torno
da frente do carro. Persianas na
parte superior dos arcos das ro-
das dianteiras ajudam a reduzir
a pressão em conjunto com as
grandes entradas de ar no capô,
que também servem para res-
friar o enorme radiador.
Por dentro, o 911 GT3 RS tem
acabamentos em couro preto,
Racetex (um tecido de microfi-
bra com partes recicladas) e fi-
bra de carbono. Para aqueles
que querem realmente levar o
modelo para as pistas, há um
pacote (sem custo) chamado
Clubsport com gaiola de prote-
ção de aço atrás dos bancos, ex-
tintor de incêndio portátil e cin-
to de segurança de seis pontos
para o motorista.
Já como opcional é possível
escolher o pacote Weissach, que
. DIVULGAÇÃO
Protótipo apresenta tecnologias inéditas e aponta como será o futuro eletrificado da marca americana
Dodge SRT, elétrico com ronco de V8
Thais Villaça
Da Autoesporte
A transição da combustão para
a eletrificação tem se mostrado de-
safiadora a indústria automotiva.
Agora, imagine como será essa
mudança de paradigma para uma
marca conhecida mundialmente
por seus “muscle cars” equipados
com potentes V8, como é a Dodge.
Aparentemente, a fabricante
vem conseguindo dar seus pulos
para fazer essa transição sem com-
prometer sua filosofia. Prova disso
é o conceito recém-apresentado
Charger Daytona SRT Concept.
O modelo foi revelado na Dodge
Speed Week, evento da marca rea-
lizado em Pontiac, em Michigan
(EUA). Segundo a empresa, o pro-
tótipo revela as novas tecnologias
que serão usadas em seus futuros
carros. Portanto, se você acha que
carros elétricos são “chatos”, pode
ser que mude de ideia.
O Charger Daytona Concept tem
três coisas que certamente vão cha-
mar a atenção dos amantes dos clás-
sicos americanos: uma asa dianteira
aerodinâmicachamadaR-Wing,um
“sistema de exaustão” que gera um
som exclusivo que imita o ronco de
um motor e a transmissão multive-
locidades. Além do estilo consagra-
do dos “muscle cars” da fabricante.
O nome foi escolhido em home-
nagem ao primeiro carro da marca
que chegou a 320 km/h em uma pis-
ta de corridas, o Charger Daytona da
Nascar, em 1970. Mas a Dodge não
divulgouosdadostécnicosdoveícu-
lo, apenas que ele terá tração inte-
tem ainda tampa frontal, teto,
partes do aerofólio traseiro e es-
trutura superior dos espelhos re-
trovisores externos de fibra de
carbono. Também são feitas com
o material as barras anti-rola-
gem dianteira e traseira e as has-
tes de acoplamento traseiras e a
gaiola de proteção.
Outro destaque desse pacote
são as alavancas de mudança
PDK com a tecnologia de imã
que tem origem no automobilis-
mo, que torna as mudanças de
marcha ainda mais dinâmicas e
precisas. Por fim, há rodas forja-
das de magnésio, que são mais
leves. No total, a redução de pe-
so com esses recursos chega a
cerca de 22 quilos.
São três modos de condução:
Normal, Sport e Track — este úl-
timo com configurações que po-
gral. Isso significa que o carro terá ao
menos dois motores elétricos e deve
passar dos 800 cv de potência.
Embora a maioria dos elétricos
tenha câmbio de apenas uma mar-
cha porque a eletricidade não pre-
cisa de relações de transmissão
(com exceção do Porsche Taycan,
que tem câmbio de duas marchas),
o Charger Daytona traz uma novi-
dade nesse aspecto: uma transmis-
são “multivelocidades” com trocas
eletromecânicas para que os ocu-
pantes sintam as passagens das
marchas. O carro terá ainda um
botão no volante chamado
“PowerShot push-to-pass”, que au-
menta a potência do motor para
dar um gás na aceleração.
A Dodge também incluiu um
sistema que emite um som de mo-
tor a gasolina por meio de seu esca-
pamento chamado Fratzonic
Chambered. São 126 decibéis, o
mesmo de um Hellcat.
E já que os dados de desempe-
nho ainda não foram revelados, o
grande apelo do carro é seu de-
sign, uma interpretação moderna
do Charger 1968. A dianteira, po-
rém, incorpora o R-Wing, uma
abertura na parte superior do ca-
pô para aumentar o “downforce”.
Há ainda entradas de fibra de car-
bono nos cantos inferiores para
criar cortinas de ar e melhorar a
aerodinâmica.
A frente traz ainda um logotipo
iluminado onde se lê Fratzog, pre-
sente nos carros da Dodge entre
1962 e 1976. Segundo a fabricante,
o emblema representa o futuro
eletrificado da marca.
DIVULGAÇÃO
dem ser ajustadas individual-
mente, como a carga de amorte-
cimento dos eixos dianteiro e
traseiro. O modo de atuação do
bloqueio do diferencial traseiro
e os estágios do controle de esta-
bilidade e tração também po-
dem ser ajustados por meio de
seletores no volante.
Fechando as características do
modelo estão os discos de freio
de compósito de cerâmica (410
mm na dianteira e 390 mm na
traseira), que são de série para o
Brasil. As rodas são de liga leve
forjadas com travamento central
calçadas com pneus esportivos
medindo 275/35 R 20 na frente e
335/30 R21 na traseira.
Interessou? O 911 GT3 RS já pode
ser encomendado no país. Mas toda
essa tecnologia tem um preço: R$
1,77 milhão, mais precisamente.
Já as laterais têm estilo mais
clean, com maçanetas embutidas.
As rodas de 21 polegadas também
trazem o logo Fratzog no centro e
revelam as pinças de freio verme-
lhas com seis pistões.
Na cabine, o Charger Daytona
tem acabamento preto como no
atual Challenger, mas recebe ilu-
minação vermelha por todo seu
contorno, se estendendo do conso-
le central até as portas. Os bancos
com inspiração nos encontrados
em carros de corrida são reforça-
dos com fibra de carbono.
Detalhes nas cores azul e prata
são encontrados nos assentos e em
outros elementos do interior. Há
ainda fibra de carbono no piso e
nas soleiras das portas, que trazem
a palavra Daytona iluminada. Um
raio no pedal do acelerador indica
que o veículo é elétrico.
O volante esportivo com o SRT
iluminado no centro e base aplana-
da tem um botão para selecionar
um dos quatro modos de condu-
ção: Auto, Sport, Track e Drag. Eles
controlam a dinâmica do carro, as
informações no painel de instru-
mentos e do head-up display, o
som e a iluminação interna.
O painel tem tela curva de 16”
para a instrumentação e outra de
12,3” para a central multimídia.
Para finalizar, há um grande teto
solar panorâmico que se abre to-
talmente. A versão de produção
do Charger Daytona SRT está pre-
vista para 2024 e deverá substituir
os atuais Charger e Challenger,
que não serão mais fabricados a
partir do fim do ano que vem.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor B13

Agronegócios
Commodities Grão subiu na bolsa de Nova York nos últimos cinco pregões Café em NY

Com clima adverso no Brasil,

Em centavos de US$/libra
Dia a dia * Mês a mês *
240 239,50 250 235,50 239,50

café já acumula alta em 2022

225
164,30
230 200

175

220 215,20 215,75 150

Paulo Santos e
Fernanda Pressinott
De São Paulo
O clima desfavorável no Brasil
continua a dominar as atenções
dos investidores no mercado in-
ternacional do café. Na sessão
mai/ jan/ ago**
2021 2022
Segundo Haroldo Bonfá, dire- de chuva, que reduziu o volume e fluência das preocupações com a
tor da Pharos Café, a projeção pa- a qualidade do grão. Por outro la- falta de chuvas em áreas produto- 210
Variações - em %
ra a colheita neste ano caiu de 62 do, o preço acima de US$ 2,2 por ras dos Estados Unidos. Os contra-
Dia 0,21
milhões para 59 milhões de sa- libra-peso estimula a produção tos da pluma para dezembro, os
No mês 12,02
cas. “A geada de junho antecipou no país, onde os custos estão mais negociados, subiram 0,04%, 200
18/jul 4/ago 25/ago No ano 5,97
a florada do café, e isso fez com maiores que no Brasil”, destacou. a US$ 1,1411 por libra-peso.
2022 12 meses 28,52
que a maturação das plantas O diretor da Pharos lembra Segundo Jack Scoville, do Price
ocorresse mais cedo que o espe- que o risco de recessão no mundo Future Group, o mercado também Fonte: Dow Jone Newswires. Elaboração: Valor Data. * Mercado futuro, segunda posição. ** No dia 25

desta quinta-feira, os contratos
do arábica para dezembro subi-
ram 0,21% na bolsa de Nova York,
para US$ 2,3950 por libra-peso.
Esse foi o quinto avanço conse-
cutivo do grão, que, antes do iní-
cio da sequência de altas, acumu-
lava queda tanto neste mês quan-
to no ano. O quadro mudou nos
últimos dias, e, agora, o arábica já
sobe 12% em agosto e quase 6%
desde o início de 2022, de acordo
com levantamento do Valor Data.
rado. Agora, os cafezais precisam
de chuvas, mas elas devem che-
gar apenas em setembro”, afir-
mou. “Isso assusta o mercado, in-
clusive para a safra 2023”.
Bonfá diz que também existe
apreensão com a oferta na Colôm-
bia, segundo maior produtor de
arábica. O país deve colher 12 mi-
lhões de sacas neste ano. A previ-
são anterior era de 14 milhões.
“Para os cafeicultores colom-
bianos, o problema é o excesso
segue no radar dos investidores.
“Com a chegada do inverno no
Hemisfério Norte, região que do-
mina o consumo global, a reces-
são econômica pode trazer uma
mudança no tipo de café que se
consome. Com menos recursos, a
população tende a comprar cafés
de menor qualidade, como o ro-
busta, o que representa um cená-
rio adverso para o arábica”, disse.
O algodão também avançou
nesta quinta-feira, ainda sob a in-
segue com receio de que uma pos-
sível recessão global e bloqueios
na China afetem a demanda.
O açúcar demerara para outu-
bro fechou em queda de 0,78%, a
17,90 centavos de dólar por libra-
peso. Os lotes de segunda posição,
para março do ano que vem, por
sua vez, recuaram 1%, a 17,78 cen-
tavos de dólar por libra-peso.
A despeito da queda no pre-
gão desta quinta, a consultoria
HedgePoint Global Markets dis-
se que alguns fatores que se de- vas dos últimos dias. Além disso,
senham para a próxima tempo- a alta dos custos de produção,
rada podem oferecer sustenta- reflexo do encarecimento do gás
ção às cotações do açúcar no e dos fertilizantes, também pode
curto prazo. A consultoria ob- influenciar os preços do açúcar,
servou que a onda de calor e se- segundo a analista Lívea Coda.
ca na Europa nos últimos meses Nas negociações do cacau, o pa-
deve afetar o desenvolvimento pel para dezembro subiu 0,79%, a
da beterraba — principal maté- US$ 2.417 por tonelada. Já o suco
ria-prima para a fabricação de de laranja concentrado e congela-
açúcar no continente — para a do (FCOJ) para novembro caiu
próxima safra, apesar das chu- 1,4%, a US$ 1,6310 por libra-peso.

valor.com.br Exportações brasileiras de milho voltam a ganhar força

Inovação Fertilizantes
Basf lidera patentes Yara volta a cortar
‘sustentáveis’ no agro produção de amônia
A Basf é a empresa que depositou
mais patentes relacionadas à
agricultura sustentável no Brasil
nos últimos dez anos, segundo
estudo do INPI que mostrou
ampla liderança de companhias
estrangeiras nessa frente.
valor.com.br/agro
Como resultado dos preços
recorde do gás natural na Europa,
a multinacional norueguesa Yara,
uma das maiores produtoras de
fertilizantes do mundo, anunciou
nesta quinta-feira nova redução
em sua produção de amônia.
valor.com.br/agro
Balança
De São Paulo
Os operadores do porto de Pa-
ranaguá, no Paraná, esperam
que os carregamentos de milho
somem 988,5 mil toneladas en-
tre julho e o fim de setembro. O
volume considera embarques já
programados nos navios, à espe-
ra no porto ou já anunciados.
No mesmo período do ano pas-
sado, não houve embarques de-
vido à quebra da safra.
Na última quarta-feira, dois na-
vios estavam programados para
carregar 63,5 mil toneladas em Pa-
ranaguá. Outras 13 embarcações
(sendo nove já no line-up) aguar-
dam e devem receber um total de
quase 731 mil toneladas. Três na-
vios também já anunciados devem
chegar para carregar um total de
194 mil toneladas de milho.
Além dessas embarcações, cu-
jos porões serão destinados ape- dia 23, os embarques de milho por
nas ao milho, outras três estão
programadas para receber carga
Paranaguá somaram 375,5 mil to-
neladas, volume 52% maior que o
mista. Alguns porões levarão mi- do mesmo período de julho.
lho, e outros, farelo de soja. Paranaguá é o segundo porto
Depois de dois anos de quebra do Brasil que mais exporta milho,
na segunda safra de milho — e, respondendo por quase 20% do
consequentemente, de redução total. Os três principais Estados de
dos volumes para exportação —, origem do cereal são Paraná, Ma-
a chegada do cereal tem anima- to Grosso e Mato Grosso do Sul. Já
do os operadores do porto para- os principais países de destinos da
naense, diz a administração. carga são Egito, Irã, Espanha, Co-
No acumulado deste mês até o reia do Sul e Portugal. (FP)

PUBLICAÇÃO DE EDITAL AVISO DE LICITAÇÃO – Republicação

Os interessados poderão acessar os editais nos sites: www.licitacoes-e.com.br e http://www.
administracao.pr.gov.br/Compras e os autos do processo.
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO Fone 41 3360 6749
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 1451/2022-SRP – SESA. A presente licitação tem por objeto o Registro
de Preços, por um período de 12 meses, para futura e eventual aquisição de MEDICAMENTOS.
ABERTURA: 13/09/2022 às 09:30 horas – VALOR MÁXIMO: R$ 3.245.211,60, Protocolo: 19.108.929-4.
Autorização do Secretário de Estado da Saúde em 22/08/2022. Identificador no www.licitacoes-e.com.
br nº 958144; identificador no http://www.administracao.pr.gov.br/Compras (GMS) nº 1451/2022.
Curitiba, 26 de agosto de 2022.
Coordenadoria de Licitações
Caetano da Rocha
EXTRATO DE AVISO, REPUBLICAÇÃO DE EDITAL DE CREDENCIAMENTO NA MODALIDADE Publicado neste jornal edição de 22/08/2022.
CHAMAMENTO PÚBLICO Nº 006/2020 – Processo Administrativo nº 000289/2020 HUOP/
UNIOESTE. Objeto: contratação de pessoa jurídica na área da saúde, para prestação de servi- Pregão Eletrônico nº 063/2022 – Processo nº 030153 – GMS PE nº 1427/2022; Objeto: Contratação
ços médicos para atuação no Hospital Universitário do Oeste do Paraná. Modificação: Criação de serviços de substituição e instalação de divisórias e portas para o Hospital Universitário
da Classe 60 – Cirurgia Vascular e Hemodinâmica, 744 horas mês. Da entrega da documenta- Regional dos Campos Gerais – HURCG. Onde se lê: “Recebimento das propostas: até 09h00min
ção: das 8:00 horas até às 17:00 horas entre os dias 26/08/2022 até 16/09/2022 de segunda de 02/09/2022. Início da Sessão Pública: às 10h00 de 02/09/2022.” Leia-se: “Recebimento das
a sexta feira.
propostas: até 09h00min de 09/09/2022. Início da Sessão Pública: às 10h00 de 09/09/2022.” O
edital e seus anexos com as especificações detalhadas dos serviços, bem como os resultados
EXTRATO DE AVISO, REPUBLICAÇÃO DE EDITAL DE CREDENCIAMENTO NA MODALIDADE
CHAMAMENTO PÚBLICO Nº 007/2020 - HUOP/UNIOESTE. Objeto: Chamamento Público nº de todas as fases desta licitação poderão ser consultados no site www.licitacoes-e.com.br (nº
da Licitação: 957517). Ponta Grossa, 25 de agosto de 2022. Faylon Luiz Camargo, Pregoeiro.
007/2020 (Processo Administrativo nº 000348/2020) - Objeto: Credenciamento de pessoa
física, na área da saúde, para prestação de serviços na função de Técnicos de Enfermagem,
para atuação no Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP. Modificação: Ampliação
no número de vagas. Da entrega da documentação: das 8:00 horas até às 17:00 horas entre
os dias 26/08/2022 até 16/09/2022 de segunda a sexta feira.
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE – SESA
EXTRATO DE AVISO, REPUBLICAÇÃO DE EDITAL DE CREDENCIAMENTO NA MODALIDADE
CHAMAMENTO PÚBLICO Nº 008/2020 - HUOP/UNIOESTE. Objeto: Chamamento Público nº
Publicação de Edital
008/2020 (Processo Administrativo nº 0232/2020) - Objeto: Credenciamento de pessoas ju-
rídicas na área da saúde para a prestação de serviços na função de Enfermeiro Assistencial e Os interessados poderão acessar o edital nos sites: http://www.licitacoese.com.br e http://www.
Enfermeiro Administrativo no Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP. Modificação: administracao.pr.gov.br/compras e os autos do processo na Comissão Permanente de Licitação
Ampliação no número de vagas. Da entrega da documentação: das 8:00 horas até às 17:00 – CPL, Avenida Prefeito Lothário Meissner, nº 350, Curitiba – Paraná, telefones (41) 3360-6743,
horas entre os dias 26/08/2022 até 16/09/2022 de segunda a sexta feira.
protocolo nº 19.239.001-0. Pregão Eletrônico nº 1476/2022. Valor máximo total: R$ 6.603.807,00.
EXTRATO DE AVISO, REPUBLICAÇÃO DE EDITAL DE CREDENCIAMENTO NA MODALIDADE Abertura: 09/09/2022, às 09h00. Objeto: Registro de Preços, pelo período de 12 meses, para
CHAMAMENTO PÚBLICO Nº 012/2020 - HUOP/UNIOESTE. Chamamento Público nº 012/2020 futura e eventual aquisição de MEDICAMENTOS. Ato de autorização: Exmo. Sr. Dr. Cesar Augusto
(Processo Administrativo nº 0751/2020) - Objeto: Credenciamento de pessoas jurídicas na
área da saúde para a prestação de serviços na função de Fisioterapeuta no Hospital Univer- Neves Luiz (Cesar Neves) - Secretário de Estado da Saúde, em 23/08/2022. Banco do Brasil http://
sitário do Oeste do Paraná – HUOP. Alteração: Ampliação de carga horaria para contratação www.licitacoes-e.com.br identificador nº 958696. Contratações Públicas http://www.administracao.
de profissionais fisioterapeutas. Da entrega da documentação: das 8:00 horas até às 17:00 pr.gov.br/compras (gms) nº 1476/2022. Karin Stopinski – Pregoeira. Curitiba, 26 de agosto de 2022.
horas entre os dias 26/08/2022 até 16/09/2022 de segunda a sexta feira.

O Edital e demais informações encontram-se à disposição dos interessados junto ao Setor de

Chamamento Público do HUOP, ou Fone: (45) 3321-5169, ou ainda na home-page http://proje-
tos.unioeste.br/huopforum/index.php, em conformidade com a Lei nº 8666/1993, Lei Estadual
nº 15.608/2007, Decreto Estadual nº 4507/2009 e Decreto Estadual nº 2452, de 07 de janeiro
de 2004. Rafael Muniz de Oliveira – Diretor Geral do Hospital Universitário do Oeste do Paraná
– Conforme Portarias nº 0109/2020 e nº 0167/2020. Cascavel/PR, 25/08/2022.
B14
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| Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Agronegócios
Estratégia Nova fábrica em Bataguassu (MS) ajudará a
ampliar fatia de produtos de valor agregado na receita
Marfrig aumenta
aposta em vendas
de hambúrgueres
José Florentino
De Bataguassu (MS)
Marcos Molina começou a cons-
truir a segunda maior empresa de
proteína animal do Brasil em Bata-
guassu, no leste de Mato Grosso do
Sul, no começo dos anos 2000. On-
tem, a planta emblemática para a
Marfrig ganhou uma vizinha.
Do outro lado de um cerca
simples está a nova e mais mo-
derna fábrica de hambúrgueres
da empresa. A unidade, que rece-
beu investimento de cerca de R$
100 milhões, foi inaugurada com
festa e deverá acrescentar 24 mil
toneladas à capacidade total de
produção de hambúrgueres da
companhia, que passará a somar
244 mil toneladas por ano, ou
cerca de 2,4 bilhões de unidades.
Com a ampliação da aposta
em hambúrgueres, a Marfrig es-
pera que a participação dos pro-
dutos de valor agregado em sua
receita na América do Sul — de
Laborsan Agro investe em nova
fábrica para ampliar operações
Sementes
Fernando Lopes
De São Paulo
Fundada há pouco mais de 25
anos, a Laborsan Agro, que de-
senvolve e comercializa tecnolo-
gias de revestimentos de semen-
tes e coloração de sementes e
agroquímicos, está investindo R$
10 milhões para ampliar suas
operações, tendo em vista a de-
manda aquecida por seus produ-
tos e as perspectivas favoráveis
sobretudo no mercado de milho.
Os aportes incluem uma nova
fábrica em Diadema, na Grande
São Paulo, que será inaugurada
nos próximos dias. Erguida em
uma área de 8 mil metros quadra-
dos, a unidade vai substituir a
planta atual, que ocupa 2,8 mil
metros quadrados no mesmo
município. Com ela, a produção
de polímeros da empresa, que
hoje chega a mil toneladas por
mês, será ampliada em 30% no
curto prazo. Novas contratações,
que reforçariam o time hoje for-
mado por cerca de 60 colabora-
dores, também estão no radar.
Segundo Francisco Albuquer-
que e Milton Ribeiro, sócios da La-
borsan, a expansão ajudará a im-
pulsionar o faturamento da com-
panhia para R$ 80 milhões neste
ano, quase o dobro dos R$ 42 mi-
lhões de 2021. Mas o salto também
considera incrementos de volu-
mes e preços já observados antes
Camil vai pagar R$ 152,8 milhões pela Mabel
Estratégia
Fernanda Pressinott
De São Paulo
ACamilAlimentosinformou,em
fato relevante, que pagará R$ 152,8
milhõespelaCipaIndustrialdePro-
dutos Alimentares e pela Cipa Nor-
deste Industrial de Produtos Ali-
mentares, empresas que fabricam
R$ 7,1 bilhões apenas no segun-
do trimestre deste ano — passe
dos atuais 15% para 20% nos
próximos anos, disse a jornalis-
tas o diretor-geral responsável
pela área na região, Rui Men-
donça, durante visita à unidade.
Desde 2018, a fatia já triplicou.
“O hambúrguer é o item cuja
demanda mais cresceu no food
service e no delivery nos últimos
anos. Dados [do Ifood] mostram
vendas de 45 milhões de hambúr-
gueres no primeiro trimestre des-
te ano. No varejo e no atacado, a
procura cresceu 30% de 2019 pa-
ra 2021”, afirmou o executivo.
O aporte da Marfrig deu origem
a uma unidade moderna, com pe-
lo menos 80% do processo mecani-
zado. Com tecnologia americana e
dinamarquesa, a planta tem como
foco o ganho de eficiência e quali-
dade, que transforma lotes de car-
ne em hambúrgueres em 40 minu-
tos. A planta suprirá os principais
nomes do food service no Brasil.
Milton Ribeiro (esq.) e Francisco Albuquerque, sócios da Laborsan: linha ecológica de polímeros deve ser lançada em 2023
da inauguração. As vendas são vol-
tadas a sementeiras e multiplica-
dores, que atuam sobretudo com
soja, milho, feijão, trigo, amen-
doim e outros grãos forrageiros.
O carro-chefe são os polímeros,
que maximizam a fixação dos de-
fensivos nas sementes, e os pós-se-
cantes, que colaboram para tor-
nar o plantio mais uniforme. “Em
2023, vamos lançar uma linha
mais ecológica, com resinas am-
os biscoitos Mabel e outras marcas
sob controle da americana PepsiCo.
O esclarecimento se deve ao ques-
tionamento da Comissão de Valores
Mobiliário (CVM) sobre matéria do
Pipeline, site de negócios do Valor,
na qual fontes disseram que o valor
do negócio envolvendo os ativos ti-
nha sido inferior a R$ 200 milhões.
O pagamento será à vista, sujeito
a ajustes previstos em contrato. A
Os 100 funcionários — que se-
rão 150 quando a fábrica estiver a
todo vapor — complementam o
trabalho de moedores, esteiras,
sensores e outros equipamentos
automatizados. Uma parte dos no-
vos colaboradores fez uma imer-
são na planta de Várzea Grande
(MT), que produz 6 mil toneladas
de hambúrgueres por ano. Os de-
mais estão recebendo treinamen-
to já na nova unidade. A empresa
acredita que o novo empreendi-
mento vai ajudar a gerar diversos
outros empregos indiretos.
A planta de hambúrgueres
nasce como cliente da “irmã mais
velha”. Aproximadamente 25%
da carne produzida de um lado
da cerca vai virar hambúrguer do
outro, o que representará metade
da demanda da nova fábrica. A
ideia é atender apenas o food ser-
vice, enquanto as outras plantas
da Marfrig se dividirão entre esse
segmento, o varejo e o atacado.
Por enquanto, as vendas da
bientalmente corretas, naturais e
que se degradam mais facilmen-
te”, afirma o CEO Albuquerque.
“E, com os biofertilizantes em al-
ta, também estamos desenvolven-
do produtos para agregar nutri-
ção às plantas por meio de polí-
meros”, adianta o Ribeiro, que é
diretor industrial da empresa
Entre as principais culturas que
carregam as tecnologias da Labor-
san, a soja atualmente é o carro-
transação ainda depende da apro-
vação do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade).
A Camil também esclareceu à
CVM trecho de matéria do Valor
em que o CEO da companhia, Lu-
ciano Quartiero, diz que é possível
dobrar a receita da Mabel no mé-
dio prazo, o que adicionaria R$ 1
bilhão ao faturamento do grupo.
“A referida informação não
Nova unidade em Bataguassu (MS) recebeu R$ 100 milhões em investimentos e produzirá 24 mil toneladas por ano
produção da nova planta deverão
ficar restritas ao mercado domés-
tico. Porém, ao originar a matéria-
prima de sua própria indústria, a
Marfrig facilita o caminho para
exportar no futuro. “A unidade da
qual compramos carne precisa es-
tar habilitada a exportar para um
possível destino”, explicou Eduar-
do Puzziello, diretor de relações
com investidores. O frigorífico de
Bataguassu está habilitado a ex-
portar para 23 unidades.
CAROL CARQUEJEIRO / VALOR
chefe. O mercado de sementes da
oleaginosa tende a continuar au-
mentando, mas é a perspectiva de
crescimento da produção brasilei-
ra de milho, puxada pela segunda
safra — plantada após a colheita de
soja —, que mais anima a empresa.
A área potencial para o cultivo da
safrinha ainda é grande no país, e o
início das exportações de milho
para a China está entre os fatores
que devem alavancar a produção.
constitui projeção ou estimativa,
mas uma constatação objetiva ob-
tida a partir do fato de que, atual-
mente, as sociedades adquiridas
utilizam apenas 50%da capacidade
de produção”, diz o documento.
As duas fábricas e o licencia-
mento da marca Toddy para a
produção de cookies represen-
tam atualmente uma receita lí-
quida anual de R$ 421 milhões.
A diretoria acompanha com
atenção o crescimento da deman-
da da China, que é o segundo
maior mercado para hambúrgue-
res do mundo, mesmo que o con-
sumo per capita ainda seja consi-
derado baixo no país. “Olhando
para essa possível demanda, de
maisde 1 bilhão de pessoas, a gente
já deveria falar em terceira ou quar-
ta fábrica”, brincou Rui Mendonça.
Questionados sobre se a estraté-
gia de hambúrgueres pode ter si-
Agricultura ainda busca
recursos para subvenção
do seguro rural em 2023
Políticas
Rafael Walendorff
De Brasília
O Ministério da Agricultura já
busca mais recursos para o Progra-
ma de Subvenção ao Prêmio do Se-
guro Rural (PSR) para o restante des-
te ano e para 2023. O receio da equi-
pe técnica da Pasta é que a política
sofra uma regressão por falta de or-
çamento e não consiga atender nem
mesmo a área coberta em 2021, de
14 milhões de hectares, que está
muito aquém da necessidade do se-
tor agrícola. Em 2022/23, o plantio
deve ocorrer em 75,6 milhões de
hectares, segundo a Companhia Na-
cional de Abastecimento (Conab).
A maior preocupação é o orça-
mento de 2023. Depois de reuniões
com a equipe econômica, o Ministé-
rio da Agricultura teme que o Proje-
to de Lei Orçamentária Anual
(PLOA) que o governo vai encami-
nhar ao Congresso Nacional na pró-
xima semana preveja, no máximo,
R$ 1 bilhão para o PSR no ano que
vem. O valor é praticamente o mes-
mo de 2021 e a metade dos R$ 2 bi-
lhões que a Pasta solicitou até agora.
O montante de R$ 1 bilhão limita-
ria a cobertura do seguro para cerca
de 6,5 milhões de hectares em 2023.
A estimativa considera as projeções
de aumento do valor de cobertura
das lavouras — puxado, por sua vez,
pela elevação dos preços das com-
moditiesedoscustosdeprodução—
e dos prêmios das apólices, em de-
corrência das perdas com o clima,
fatores que fazem as subvenções (de
20% para soja e de 40% para as de-
mais culturas) render menos. O prê-
valor.com.br
Plano Safra 2022/23
BNDES reabre lista de pedidos de linhas
O BNDES anunciou a reabertura
do protocolo de pedidos de
financiamentos rurais de
algumas linhas de investimentos
do Plano Safra 2022/23 que
JOSÉ FLORENTINO / VALOR
nergia com os negócios da BRF,
empresa sob controle da Marfrig,
os executivos dizem que nada mu-
da. As empresas manterão a rela-
ção de cliente-fornecedor, com a
companhia de Molina fornecendo
carne bovina para hambúrgueres
da Sadia e da Perdigão. É possível,
no entanto, que as empresas cola-
borem em logística e distribuição
caso seja vantajoso para ambas.
O jornalista viajou a convite da Marfrig
mio bruto da soja em 2022 já subiu
27,5%. No milho, a alta é de 20%.
“A informação que temos é a de
que não há perspectiva de suple-
mentação orçamentária para este
ano e tampouco de orçamento para
2023 que permita manter a área se-
gurada de 2021”, disse o secretário-
adjunto de Política Agrícola do Mi-
nistério da Agricultura, José Angelo
Mazzillo Júnior, ao Valor.
O PLOA poderá receber emen-
das no Congresso para aumentar
o valor do PSR. No entanto, como
o foco dos parlamentares está nas
eleições, e diferentes setores dis-
putam cada centavo do orçamen-
to, o Ministério da Agricultura
quer garantir sua fatia agora.
O ano de 2022 também não está
resolvido. O orçamento inicial, de
R$ 990 milhões, sofreu um blo-
queio de R$ 224 milhões. Atual-
mente, o PSR conta com pouco
mais de R$ 720 milhões, quase tudo
empenhado nas apólices já contra-
tadas. O dinheiro deve durar, no
máximo, até a segunda semana de
setembro. Sem novos aportes, o or-
çamento será capaz de assegurar
apenas 4,2 milhões de hectares, cal-
cula o Departamento de Gestão de
Riscos do Ministério da Agricultura.
As contratações de seguros feitas
agora só continuarão a receber sub-
venção se houver a liberação do re-
curso bloqueado e a suplementa-
ção de R$ 200 milhões prometida
em julho pela Junta de Execução
Orçamentária (JEO). As seguradoras
já foram informadas pela Pasta.
O ministério vai tentar uma outra
suplementação, de R$ 300 milhões,
na reunião da JEO de setembro. A in-
tenção ainda é chegar R$ 1,7 bilhão.
haviam sido suspensas ainda em
julho, poucos dias depois do
início das contratações.
valor.com.br/agro
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Finanças
Destaques
Microcrédito digital
O presidente Jair Bolsonaro san-
cionou ontem a Lei 14.438/22, que
instituiu o Programa de Simplifi-
cação do Microcrédito Digital pa-
ra Empreendedores (SIM Digital).
O objetivo do programa, que já es-
tava em vigor por meio de uma
Medida Provisória, é facilitar o
acesso ao crédito para empreen-
dedores excluídos do sistema fi-
nanceiro nacional, bem como in-
centivá-los a formalizar pequenos
negócios. Além disso, segundo o
governo, o SIM Digital amplia os
mecanismos de garantia para a
concessão de microcrédito produ-
tivo para empreendedores, inclu-
sive por meio do Programa Nacio-
nal de Microcrédito Produtivo
Orientado (PNMPO). Ele é destina-
do a pessoas que exerçam alguma
atividade produtiva ou de presta-
ção de serviços, urbana ou rural,
de forma individual ou coletiva, e
a microempreendedores indivi-
duais no âmbito do PNMPO. Mu-
lheres terão preferência até que se
atinja a proporção de 50% no âm-
bito do SIM Digital. A medida pre-
vê que a primeira linha de crédito
a ser concedida terá valor máximo
de R$ 1,5 mil a pessoas físicas e R$
4,5 mil para quem é MEI. O Minis-
tério do Trabalho e Previdência in-
formou ao Valor que o SIM Digital,
apesar de ter sofrido alterações no
Congresso, está em vigor desde
março e, atualmente, é operado
pela Caixa. (Guilherme Pimenta)
Índice de Renda Fixa Valor
Base = 100 em 31/dez/99
1.735
1.723
1.711
1.699
1.687
1.675
15/Jul
2022
Variações
No dia
No mês
No ano
Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Crédito para MEI
O BNDES informou que o progra-
ma de garantia para MEI, micro,
pequenas e médias empresas, rea-
berto na segunda-feira, já tem 40
instituições financeiras habilita-
das. Em comunicado, o banco in-
formou ainda que, no FGI-Peac,
que tem vigência até dezembro de
2023, com foco em operações de
R$ 1 mil a R$ 10 milhões, 11 insti-
tuições já realizaram pedidos de
garantia para operações em um
total de R$ 1,1 bilhão. O programa
tem expectativa de garantir mais
de R$ 22 bilhões em crédito até o
fim de 2023. (Alessandra Saraiva)
‘Follow-on’ do IRB
O IRB Brasil Resseguros informou
que realizará oferta pública subse-
quente de distribuição primária
de ações ordinárias, com esforços
restritos de distribuição no Brasil.
A oferta consistirá na distribuição
pública primária de, inicialmente,
597.014.925 novas ações, com es-
forços restritos de colocação, a ser
realizada no Brasil, com esforços
de colocação no exterior, em mer-
cado de balcão não organizado. A
coordenação é de Bradesco BBI e
Itaú BBA, com Santander Brasil co-
mo coordenador adicional. A
quantidade de ações poderá ser
acrescida em até 200%. Conside-
rando a cotação de fechamento
das ações ordinárias na quarta, de
R$ 2,01, o montante total da oferta
restrita seria de R$ 1,2 bilhão.
Investimentos Índice Ifix saiu de
estagnação para um ganho de 4,6%
Deflação
impulsiona
alta de fundo
imobiliário
Sérgio Tauhata
De São Paulo
A queda recente da inflação
trouxe uma reviravolta ao merca-
do de fundos imobiliários. Em
menos de 30 dias, o índice do
segmento na B3, o Ifix, saiu de
um patamar de estagnação para
um ganho de 4,6%, puxado pelos
portfólios com ativos físicos, co-
mo lajes, shoppings e galpões, os
chamados “fundos de tijolo”.
Gestores ouvidos pelo Valor se
disseram surpresos com a veloci-
dade com a qual o mercado ante-
cipou uma recuperação esperada
para o fim do ano. Nos cenários
de várias casas que perduraram
até o fim de julho, a volta dos fun-
dos de tijolo ao radar dos investi-
dores ocorreria quando o fim do
ciclo de alta da taxa básica Selic já
estivesse consolidado e os dados
trouxessem mais clareza sobre a
perspectiva do início dos cortes
de juros pelo Banco Central.
A deflação vista em julho e a
perspectiva de novo recuo do IP-
CA na leitura de agosto, no en-
tanto, funcionaram como uma
espécie de gatilho para uma
maior inclinação ao risco. “A de-
flação afetou os rendimentos dos
fundos imobiliários de CRIs [cer-
tificados de recebíveis imobiliá-
rios]”, apontou o gestor de fun-
dos imobiliários (FIIs) da Galápa-
gos, Felipe Solzki. “Os chamados
1.724,49 fundos de papel [que alocam em
CRIs], que estavam sustentando
o Ifix no território positivo até ju-
lho, passaram a se tornar uma
preocupação para alguns investi-
dores”, acrescentou.
25/Ago Segundo o gestor, a melhora
2022 do cenário e uma percepção da
possibilidade de início do ciclo
-0,11% de queda da Selic entre o segun-
1,48% do e o terceiro trimestres de 2023
5,98%
têm levado os investidores a
olhar os grandes descontos que
ainda existem nas categorias de
tijolo. Mesmo com a alta recente,
Solzki aponta para uma diferen-
ça de 15% a 25% no valor das co-
tas de FIIs negociados na bolsa
em relação ao valor patrimonial.
Levantamento da Hedge In-
vestments para o Valor mostra
que a categoria de fundos de CRIs
que fazem parte do Ifix exibia, no
agregado de valorização de cotas
e rendimentos distribuídos, uma
alta de 4,04% em 2022 até o fim de
julho. Esse ganho, praticamente,
PagSeguro tem lucro recorde e ações sobem
Mariana Ribeiro
De São Paulo
A PagSeguro registrou lucro lí-
quido ajustado recorde para o pe-
ríodo no segundo trimestre. De
acordo com a companhia, ganhos
de eficiência e o processo de re-
precificação de produtos têm aju-
dado a compensar o forte aumen-
to no custo financeiro. Na área de
crédito, a empresa afirma que se-
gue mais cautelosa na concessão,
focando em produtos com garan-
tia. Após a divulgação, as ações da
PagSeguro operavam em alta de
mais de 6% no “after market”.
A PagSeguro teve lucro líquido
ajustado de R$ 403 milhões no se-
sustentou o referencial dos FIIs
listados no terreno positivo no
período, com alta de 0,33%.
Entre janeiro e julho, o con-
junto de fundos imobiliários de
lajes corporativas e escritórios do
índice da B3 acumulou queda de
9,51%, considerando-se a combi-
nação da variação das cotas com
o rendimento distribuído.
Quando se observa apenas o va-
lor das cotas, os FIIs focados em
espaços de locação empresarial
apresentaram recuo de 14,18%.
A categoria de shoppings, por
sua vez, acumulou elevação de
2,16%, na combinação cotas e
rendimentos. Porém os FIIs com
centros de compras nas cartei-
ras apresentaram queda de
11,86% nas cotas no período.
Em agosto, tudo mudou. Os
fundos de CRIs registraram recuo
de 0,29% no mês até dia 23. En-
quanto isso, os FIIs de lajes subi-
ram 11,81%; os de shopping,
9,31%; os logísticos ganharam
6,17%, e os de renda urbana, que
investem em lojas, supermerca-
dos, escolas e outros estabeleci-
mentos, avançaram 7,08%.
A valorização dessas catego-
rias se concentrou no avanço dos
preços das cotas. Os fundos de la-
jes apresentaram variação positi-
va nesse quesito de 10,96% em 23
dias de agosto. Os de shoppings
subiram 8,52%. Os de galpões lo-
gísticos avançaram 5,37% e os de
renda urbana, 6,09%, conforme
o levantamento da Hedge.
“Há uma expectativa mais for-
te de estabilização ou queda da
inflação nos próximos trimes-
tres e, ao mesmo tempo, que os
juros, talvez, tenham subido pa-
ra um patamar muito alto”, afir-
ma o CEO da Hedge, André Frei-
tas. “Então, a recuperação e a
volta do interesse [de investido-
res] pelos fundos de tijolos ten-
dem a ser mais rápidas e fortes.”
Segundo o executivo, há in-
vestidores institucionais e quali-
ficados voltando a montar posi-
ções em FIIs, algo que não se via
há algum tempo. Com a pers-
pectiva de fim de ciclo de alta da
Selic, afirma, “agora a discussão
passa a ser quando a taxa básica
começa a cair e quanto tempo
vai ficar nesse patamar, uma vez
que as condições mostram que o
ciclo de baixa pode até começar
antes do esperado”.
Freitas observa que, conforme
gundo trimestre, alta de 17% sobre
o mesmo período do ano anterior.
O lucro líquido contábil ficou em
R$ 367 milhões, aumento de 35%.
A receita total ficou em R$ 3,9
bilhões, crescimento anual de
65%, enquanto as despesas finan-
ceiras somaram R$ 756 milhões,
crescimento de 465%, em meio a
um cenário de alta das taxas de
juros. “No que diz respeito a pes-
soal, por exemplo, a gente não
demitiu, mas reduziu o ritmo de
contratações e estamos mais efi-
cientes em marketing. Isso tem
compensado o aumento do cus-
to financeiro”, disse ao Valor o
diretor de RI e ESG, Eric Oliveira.
O volume de pagamentos pro-
Freitas, da Hedge: “Agora a discussão passa a ser quando a taxa básica começa a cair e quanto tempo vai ficar nesse patamar”
Fundos imobiliários vivem rali em agosto
Ifix, índice do segmento na B3, avança quase cinco pontos no mês
2.950
2.887
2.825
2.789
2.762
2.700
3/Jan
2022
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
os números de consenso do mer-
cado refletidos na pesquisa Focus,
do BC, indicam expectativa de in-
flação menor que 6% nos próximos
12 meses. “Ainda que sejam eleva-
dos, são números muito diferentes
do que vínhamos acompanhando
nos últimos meses [com IPCA
anualizado em dois dígitos] e as
expectativas estão baixando”, diz.
“Vamos chegar no primeiro tri-
mestre de 2023 com dados mais
suaves de inflação e um juro real
de mais de oito pontos percen-
tuais. Por mais que o BC tenha dito
que pretende manter a taxa por
um tempo mais longo, nesse pata-
mar, não sei se vai conseguir.”
Em agosto, tudo mudou.
Os fundos de CRIs
caíam 0,29% no mês
até dia 23, enquanto
os de “tijolo” subiam
O aumento da inclinação ao
risco, diante da perspectiva de
que a desvalorização dos FIIs
atingiu um piso, tem levado in-
vestidores a querer aproveitar o
potencial ganho de capital dos
fundos de tijolo, que negociam
com descontos elevados. Mesmo
com a subida recente, o sócio da
RBR, Bruno Nardo, afirma ainda
existir descontos de até 25% em
fundos imobiliários com funda-
mentos sólidos. "Os 'valuations'
estão extremamente convidati-
vos", afirma. "Vimos muitos fun-
dos que, apesar de apresentar re-
cessados (TPV) na área de adqui-
rência foi de R$ 89,2 bilhões, alta
anual de 58%. A companhia des-
taca que teve crescimento acima
da média da indústria no período
e ganhou participação de merca-
do. O “take rate” (taxa cobrada
em cada transação) líquido da
PagSeguro chegou a 2,52%, con-
tra 2,26% no mesmo período de
2021. Já em serviços financeiros
(PagBank), foram processados
R$ 85,5 bilhões, avanço de 87%.
A companhia encerrou o se-
gundo trimestre com 15,1 mi-
lhões de clientes ativos no Pag-
Bank, de 11,2 milhões um ano
antes. O total de comerciantes
ativos na adquirência era de 7,5
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Carlos Woelz,
sócio-fundador da
Kapitalo, diz que ’não
é o papel do BC
apostar’ C2
2.933
2.813
2.773
2.704
14/Mar 29/Abr/22 13/Jul 25/Ago
sultados consistentes, se desvalo-
rizaram nos últimos 12 a 18 me-
ses", acrescenta. "Há muita gente
que ainda está vendendo portfó-
lios de ativos físicos para com-
prar um dividendo mais gordo
trazido pelos fundos de papel.
Agora com perspectiva de infla-
ção mais controlada no segundo
semestre, parte desses investido-
res está migrando para o tijolo."
Na avaliação do sócio e gestor
da Devant, Christiano Moreira,
“em um cenário de arrefecimento
do IPCA e perspectiva de fim de
ciclo de aperto monetário, os fun-
dos de tijolo estão bem posicio-
nados porque têm correlação ne-
gativa com taxa de juros”. Segun-
do ele, junto com a Selic o com-
portamento do PIB é um dos
principais vetores de influência
para as cotas dos fundos imobi-
liários. “Já temos oito semanas de
melhora consecutiva nas proje-
ções para a atividade neste ano,
então acaba sendo uma notícia
importante para os FIIs de tijolo.”
Moreira chama a atenção ain-
da para outra variável que tende
a impulsionar o valor das cotas
de fundos com ativos físicos no
médio e longo prazos. Segundo o
sócio da Devant, o custo de repo-
sição, ou seja, o valor para se er-
guer um imóvel do zero, subiu
muito nos últimos meses e a ele-
vação ainda não foi totalmente
repassada pelas incorporadoras.
Para Moreira, “quando a va-
cância [taxa de desocupação dos
edifícios] começar a diminuir, o
novo estoque [de imóveis co-
milhões, ante 7,6 milhões no se-
gundo trimestre de 2021. O co-
CEO da PagSeguro Alexandre
Magnani afirmou a empresa está
mais seletiva na aquisição de no-
vos clientes, reduzindo os subsí-
dios para “maquininhas” e bus-
cando “trabalhar com clientes
que trazem um retorno maior”.
A PagSeguro fez reajustes nos
produtos no segundo trimestre e
também em julho. “Estamos ba-
lanceando os nossos preços, bus-
cando ter rentabilidade com cres-
cimento sustentado”, disse Mag-
nani. De acordo com ele, a empre-
sa teve uma “compensação im-
portante” do aumento do custo fi-
nanceiro, enquanto o “churn”
| C1
SILVIA ZAMBONI/VALOR
merciais] vai chegar com um va-
lor bem mais alto”. Nesse cená-
rio, aponta o gestor, deve ocor-
rer uma equalização para cima
no valor das cotas dos fundos.
Apesar da retomada de interes-
se pelos fundos de tijolos, Solzski,
da Galápagos, pondera haver
possibilidade de esse movimento
arrefecer ou até se reverter mo-
mentaneamente no fim deste
ano. “Houve em julho e agosto o
impacto do IPCA negativo, o que
afetou o rendimento mensal dos
fundos de CRIs, porque a maior
parte das carteiras concentra
aplicações em papéis que pagam
IPCA mais um spread. Mas essa
deflação não deve se repetir no
quarto trimestre e a tendência é
de a inflação mensal voltar ao
patamar de 0,5%. Então, muita
gente pode querer fazer o movi-
mento contrário e voltar para os
fundos de papel”, diz. Isso por-
que essa categoria paga rendi-
mento mensal maior atualmen-
te, em torno de 15% ao ano, con-
tra um “dividend yield” (rendi-
mento em relação ao valor da co-
ta) de 10% nos fundos de tijolo.
Nardo, da RBR, pondera ainda
que, no longo prazo, os fundos
de CRIs carregados de papéis que
pagam IPCA mais um spread ten-
dem a se manter uma opção mui-
to atrativa. “Os ativos desses fun-
dos têm de pagar um prêmio em
relação à NTN-B [títulos do Te-
souro atrelados à inflação que
pagam uma parcela de juro real]
e muitos estão com retornos de
IPCA mais 7,5% a 8% ao ano. É um
momento interessante para
comprar ‘inflação mais’ porque o
juro real está muito atraente.”
O gestor pondera ainda que o
ritmo de elevação dos FIIs de tijo-
lo deve diminuir nos próximos
meses. “A alta em agosto foi mui-
to intensa, entre 7% e 10% no mês,
porque havia uma distorção [de
preços] muito grande. Mas essa
velocidade não deve se manter,
não é sustentável”, afirma. O mo-
vimento deve continuar, mas de
modo mais suave. “Os ativos ain-
da têm espaço para valorização,
mas em um ritmo mais coerente
com o histórico do mercado.”
(métrica de cancelamento de con-
tratos por clientes) está estável.
Sobre crédito, a companhia diz
que, apesar de a carteira ter do-
brado em um ano, segue mais
cautelosa. Em junho, a carteira es-
tava em R$ 2,3 bilhões, alta anual
de 104%. A participação de pro-
dutos com garantia saiu de 5% no
segundo trimestre de 2021 para
23%. Mais recentemente, quase
90% das originações têm sido de
produtos colateralizados.
No ano, as ações da PagSeguro
acumulam queda de cerca de 40%.
Apesar do momento ruim para os
papéis, Oliveira afirmou que a
empresa segue entregando lu-
cro e com fundamentos sólidos.
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C2 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Finanças
Ibovespa
Em pontos
Ibovespa
113.512 113.531
fecha
pregão com
alta de
0,56%
106.471
5/ago 16/ago 25/ago
2022
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Mercados Treasuries recuam e impulsionam Wall Street e Ibovespa; taxas futuras locais têm pregão de alta
Leilões mexem com juros antes de Powell
André Mizutani, Gabriel Roca,
Matheus Prado e Victor Rezende
De São Paulo
Leilões de títulos públicos nos
Estados Unidos e no Brasil do-
minaram a atividade dos merca-
dos na sessão de ontem, en-
quanto investidores seguem à
espera do pronunciamento do
presidente do Federal Reserve
(Fed), Jerome Powell, que ocorre
hoje às 11h (horário de Brasília)
no simpósio de Jackson Hole.
O leilão de US$ 37 bilhões em T-
notes de sete anos ajuda a explicar
a queda relevante dos juros dos
Treasuries de longo prazo — a taxa
‘Banco Central fez uma
aposta arriscada’, diz Woelz
Alex Ribeiro
De São Paulo
O sócio-fundador da Kapitalo
Investimentos Carlos Woelz afir-
ma que os preços do mercado es-
tão colocando em questão a
aposta feita pelo Banco Central
(BC) de que a provável desacele-
ração das economias doméstica e
global vai derrubar a inflação. “Eu
acho que essa aposta é arriscada”,
disse em entrevista ao Valor.
“Não é o papel do BC apostar.”
Segundo ele, com os juros em
13,75% ao ano, a economia está
na direção contrária do que deve-
ria se esperar, acelerando-se, em
vez de se desacelerar. Woelz nota
que o mercado embute nos pre-
ços dos títulos públicos uma in-
flação de 6,2% nos próximos anos,
bem acima das metas, num des-
vio visto apenas na gestão de Ale-
xandre Tombini no Banco Central
e na crise da dominância fiscal. “O
mercado não tem coragem de
apostar que a inflação vai conver-
gir para a meta, mas ao mesmo
tempo bota queda de juros”, afir-
ma. “É um Frankenstein.”
Para o gestor, a alta da inflação
implícita, que é a variação do índi-
ce de preços embutida nos preços
dos títulos negociados em merca-
do, corrói um pedaço do juro real
— diluindo parte do esforço do BC
com a alta dos juros. Com isso, as
emissões de dívidas pelas empre-
sas seguem relativamente baratas,
o que mantém uma expansão ain-
da bastante vigorosa dos merca-
dos de capital e crédito bancário.
“O mercado de crédito está numa
velocidade de emissão enorme.”
Woelz argumenta que os ní-
veis de juros atuais deveriam ser
suficientes para fazer o serviço.
Mas a retórica da comunicação
adotada pelo Banco Central atua
na direção contrária, já que os
mercados entendem que a auto-
ridade monetária reluta em pa-
gar o custo necessário para de-
sinflacionar a economia. “Seria
diferente se, por exemplo, o BC
estivesse dando o recado de que
vai trabalhar até a economia de-
sacelerar, que não tem mágica
para baixar a inflação”, diz.
Valor: O Banco Central vem di-
zendo que há o risco de a desacele-
ração da economia global baixar
bem a inflação aqui no Brasil. Quais
as chances de isso acontecer?
Carlos Woelz: O contexto é um
mundo desacelerando. Nisso, a
gente concorda com o BC. Mas a
desinflação vai dar trabalho. Te-
mos muita dificuldade de ver co-
mo sair desse problema sem uma
recessão. A inflação está alta.
Valor: Então teríamos uma re-
cessão lá fora?
Bolsas internacionais
Variações no dia 25/ago/22 - em %
1,6 1,41
1,2 0,98
0,8
0,4 0,25
0,0
-0,4
Dow S&P- Euronext
Jones 500 100
de dez anos recuou de 3,106% para
3,029% na sessão. A demanda pe-
los papéis ficou bem acima da mé-
dia dos últimos seis leilões e inves-
tidores estrangeiros ficaram com
75,7% do montante ofertado.
“O mercado está ficando mais
confortável com o nível atual das
taxas, mesmo com Jackson Hole
ainda no foco”, afirma Thomas Si-
mons, economista do banco de in-
vestimentos Jefferies. Ele, inclusi-
ve, observa que a demanda estran-
geira pelos papéis foi a segunda
maior desde janeiro de 2018.
A queda das taxas deu espaço
para uma alta firme dos mercados
acionários americanos. O Dow Jo-
Woelz: Não estou dizendo que
certamente vai ter uma recessão.
Tem dois cenários possíveis. Po-
de ter um ‘soft landing’, no qual
o mercado está apostando,
olhando para os preços. A ques-
tão é que tenho muita dificulda-
de de ver quais são os passos
que levariam ao ‘soft landing’.
Porque ele me parece muito di-
fícil, olhando o mercado de tra-
balho, o setor imobiliário, as
condições microeconômicas.
Valor: Como fica o Brasil nesse
cenário?
Woelz: A recessão global tem
efeitos dúbios no Brasil. De modo
geral, traz um aumento de prêmio
de risco, uma desvalorização do
câmbio. E não é claro que a queda
dos preços de commodities leve a
desinflação. O preço de commodi-
ties em reais costuma ser mais ou
menos constante no tempo. Nor-
malmente, há dois movimentos
opostos: uma queda de nossos ter-
mos de troca e uma desvalorização
cambial. Tem, por outro lado, o
efeito da desaceleração interna-
cional sobre nossa atividade, que
ajuda a baixar nossa inflação. Mas
essa ideia de que você tem uma
enorme desinflação provocada
por uma recessão global, não sei
se é necessariamente verdadeira.
O ponto que queria chegar é que
o Banco Central está fazendo
uma aposta. Essa aposta está sen-
do percebida pelo mercado.
Valor: Que aposta é essa?
Woelz: A aposta é que esse efeito
desinflacionário vai acontecer e se-
rá muito importante. O Brasil é
uma economia fechada. E a princi-
pal aposta do Banco Central é a de-
saceleração via demanda agrega-
da doméstica [causada pelo aperto
monetário]. Eu acho que essa
aposta é arriscada, exatamente
porque as condições domésticas
não parecem mostrar isso.
Valor: Esse juro em 13,75% ao
ano não vai bater na economia?
Woelz: Depois de os juros subi-
rem para níveis bastante altos, tipi-
camente deveríamos estar vendo
os efeitos da política monetária
batendo na atividade. O Caged de-
veria estar negativo. Mas não é isso
que está acontecendo. O que esta-
mos vendo é um mercado de tra-
balho aquecido, uma atividade
surpreendendo para cima, o hiato
[do produto, uma medida da ocio-
sidade da economia] está apertan-
do. O que está acontecendo, na
margem, é que a economia brasi-
leira está se acelerando. Não está
desacelerando. Por mais que ainda
não tenhamos o efeito total da po-
lítica, a gente está na direção con-
trária do que se deveria esperar.
Valor: O que está acontecendo
que o juro não surte efeito?
Woelz: O mercado está acredi-
Juros
DI-Over futuro - % ao ano
0,97 13,74
0,58
0,39
12,10
11,70
-0,08
DAX- CAC- Nikkei- Xangai 5/ago
30 40 225 SE 2022
nes fechou com ganho de 0,98%, a
33.291,78 pontos, enquanto o S&P
500 subiu 1,41%, a 4.199,12 pon-
tos. O Nasdaq avançou 1,67%, para
12.639,26 pontos. No acumulado
semanal, os índices seguem em
terreno negativo, recuando 1,23%,
0,69% e 0,52%, respectivamente.
No mercado local, o dólar per-
maneceu praticamente estável
ante o real, cotado a R$ 5,112; o
Ibovespa acompanhou seus pares
e teve alta de 0,56%, aos 113.531
pontos, após tocar máxima intra-
diária de 114.156 pontos. O mo-
vimento foi impulsionado pela
alta de 1,94% de Vale, após o go-
verno chinês anunciar estímulo
tando que o Banco Central vai
cortar juros. Mas o mercado não
está acreditando que a estraté-
gia vai dar certo, pelos preços.
Valor: Que preços são esses, e o
que eles estão dizendo?
Woelz: A inflação implícita es-
tá nos maiores desvios em rela-
ção à meta de inflação da histó-
ria, tirando a época do Tombini
e a crise da dominância fiscal.
Mesmo assim, o mercado preci-
fica um ciclo de queda de juros.
É um Frankenstein isso. O mer-
cado não tem coragem de apos-
tar que a inflação vai convergir
para a meta, mas ao mesmo
tempo bota queda de juros.
Valor: Como saber se essa infla-
ção implícita muito alta não está
expressando apenas o risco fiscal?
Woelz: Então porque o risco da
política fiscal não bate na queda
de juros? Parece claro que o mer-
cado está julgando que o BC vai
cortar os juros, ‘no matter what’.
No final, você não consegue colo-
car o risco fiscal só num ativo, e
não no outro. Se você bota prê-
mio de risco que afeta as condi-
ções gerais do país, no final os
dois preços têm que conversar.
São dois preços a mercado, o pre-
ço da inflação e o preço de juros.
“
É um
Frankenstein.
O mercado não
tem coragem de
apostar que a
inflação vai para
a meta, mas bota
queda de juros”
Valor: Então o mercado está ven-
do um juro real menor?
Woelz: O juro real está muito
baixo. Na minha opinião, está
ajudando a economia a não de-
sacelerar. O mercado de crédito,
somando as debêntures e outros
[papéis], está numa velocidade
de emissão enorme. Pega o juro
real a partir da virada do ano,
que exclui a queda da inflação
das medidas recentes [de cortes
de impostos e baixa dos com-
bustíveis]. Dá 6,2% de inflação,
com 5,15% de juro real. O prê-
mio de inflação faz com que o
crédito fique mais barato. Um
juro real de 5,15% não desacele-
ra nada. E não está desaceleran-
do, de fato. É um efeito de muita
queda de juro [previsto para o
mercado], com inflação alta. Es-
tamos num conundrum.
Valor: Então, em vez das expecta-
tivas do Focus, o BC deveria olhar
mais a inflação implícita?
Woelz: Certamente, o Banco
Dólar comercial
Cotação de venda - R$/US$
Jan/2024 Jan/2025
13,20 5,1669
12,77
12,13
, 5,1120
16/ago 25/ago 5/ago
2022
de aproximadamente US$ 145 bi-
lhões focado em infraestrutura.
Não obstante, analistas seguem
céticos sobre a influência positiva
dos esforços chineses nos preços
das commodities. “O anúncio de
estímulos pela China é sempre po-
sitivo para países exportadores de
commodities. Mas agora que exis-
te um direcionamento para não
salvar os setores de ‘housing’ e in-
fraestrutura, que estão muito ala-
vancados, o impacto tende a ser li-
mitado”, diz Bruno Komura, ana-
lista da Ouro Preto Investimentos.
Já no mercado de juros local, as
taxas futuras terminaram a sessão
regular em alta firme ao longo de
Carlos Woelz, da Kapitalo: “A inflação implícita está nos maiores desvios em relação à meta de inflação da história”
Central deveria dar mais aten-
ção à inflação implícita. A expec-
tativa do Focus também está aci-
ma da meta, em 2024. O Focus
está com 3,4%, a meta é 3%. E o
Focus deve ser olhado com des-
confiança. O BC está alongando
o horizonte de política monetá-
ria, aparentemente pressupon-
do que a qualidade da projeção
de mercado no Focus para dois
anos à frente é parecida com a
qualidade da projeção de um
ano. Não acho que seja.
Valor: O que está de errado para
o juro real não ter subido tanto?
Woelz: É uma questão de co-
municação, na minha opinião.
Seria diferente se, por exemplo, o
BC tivesse dando o recado de que
vai trabalhar até a economia de-
sacelerar, que não tem mágica
para baixar a inflação. É uma
questão mais de postura do que
de ciclo. O BC indica que vai pa-
rar, e é inédito o BC parar com
trajetória de desancorarem das
expectativas no Focus. Não vimos
nem sinal de abertura de hiato. A
direção é de fechamento do hia-
to. Teria que zerar a direção, de-
pois mudar a direção, criar hiato.
Em 2016, o BC não deu sinais de
estar satisfeito até o hiato apare-
cer, várias vezes seguidas. Agora,
a gente está tirando hiato.
Valor: Esse estreitamento da ca-
pacidade ociosa não seria devido a
eventos temporários, como a expan-
são fiscal e a reabertura da econo-
mia? Isso não estaria escondendo o
efeito do aperto monetário?
Woelz: Tem um mega impulso
fiscal, que vai continuar para a
frente. Precisa criar hiato. O Ban-
co Central está falando que tem
hiato. Temos uma visão diferente
sobre isso, nossas contas aqui já
apontam um hiato inflacionário.
Valor: O Banco Central argu-
menta que o juro vai fazer efeito pa-
Índices de ações Valor-Coppead
Em pontos
Dólar
comercial
encerra
o dia em 152.808
5,1400
alta de
0,01%
em relação 87.746
ao real
16/ago 26/ago 5/ago
2022
toda a estrutura a termo da curva,
após outro grande leilão de títu-
los prefixados do Tesouro Nacio-
nal. A taxa do contrato de Depósi-
to Interfinanceiro (DI) para janei-
ro de 2024 subiu de 13,13% no fe-
chamento anterior para 13,185%;
e a do DI para janeiro de 2027
passou de 11,715% para 11,84%.
O Tesouro Nacional vendeu a
totalidade das 19 milhões de
LTNs para três vencimentos e de
600 mil NTN-Fs para dois venci-
mentos ofertadas em leilão tra-
dicional de títulos públicos on-
tem. O volume financeiro do lei-
lão foi de cerca de R$ 14 bilhões.
Segundo o operador de renda fi-
ra criar capacidade ociosa na eco-
nomia, é uma questão de tempo.
Woelz: A direção eu concordo,
[o juro alto] deveria fazer um
efeito. Por mais que um diga que
o efeito é um pouco menor, por-
que a [inflação] implícita está al-
ta, o efeito é restritivo. Concordo.
O BC subiu os juros bastante.
Valor: Não seria restritivo o sufi-
ciente então?
Woelz: Meu ponto é que [o hiato
do produto] precisa virar a direção
e acumular muitos pontos de vira-
da para ter um efeito significativo,
que faça a inflação convergir para
a meta. Isso pode acontecer ou
não. É uma aposta do Banco Cen-
tral que vai acontecer. Mas você
parte de uma situação inicial pior,
os dados estão ainda na direção
contrária, e uma trajetória fiscal e
prêmio de risco muito piores. O
mercado entende recados dúbios
do BC sobre a necessidade do es-
forço para desinflacionar a econo-
mia. Por exemplo, o recado de que
a Nairu [taxa mínima de desem-
prego que desacelera a inflação]
está entre 6% e 9%. Implicitamen-
te, está dizendo que consegue fa-
zer essa desinflação sem dor, que
pode seguir com a expansão no
crédito, o desemprego pode cair
ainda mais. Pode crescer forte. A
mensagem é a de que tem muito
medo de machucar a atividade.
Valor: O mercado já falou, em si-
tuações no passado, que a política
monetária não iria funcionar, mas
os efeitos vieram. Sua avaliação po-
de estar errada?
Woelz: Onde você está vendo es-
se processo acontecer? Quando a
gente vai perceber que as coisas
não estão acontecendo na veloci-
dade esperada? Não sou o senhor
da verdade, pode ser que tenha
uma desaceleração que de fato tra-
ga a inflação para a meta. Não es-
tou excluindo essa possibilidade.
Performance Mínima Variância
159.533 162.294
90.991 89.738
16/ago 25/ago
xa da Renascença, Luís Felipe Lau-
disio, o movimento do mercado
ontem foi um reflexo do resultado
do leilão, dada a volatilidade dos
mercados, principalmente no ex-
terior. “Parece que os players, mes-
mo apresentando apetite [pelos
papéis] não se prepararam com
tanta antecedência para o leilão.
Então, naturalmente teríamos
uma maior pressão sobre a curva.”
O chefe da mesa institucional
de uma corretora local aponta
que um movimento de realiza-
ção de lucros em posições que
apostavam na inclinação da cur-
va de juros também impulsio-
nou os prazos intermediários.
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
O ponto é que o BC não parece es-
tar usando os instrumentos de
uma forma adequada. Não é o pa-
pel do BC apostar. O Banco Central
deveria estar olhando a inflação
implícita, o Focus, usar os instru-
mentos que dão convergência.
Mas, quando o Banco Central alon-
ga demais o horizonte de política
monetária, usa um modelo de pro-
jeção de inflação que cada vez mais
se distância do mercado, não está
fazendo essa convergência. A pro-
jeção de inflação é o principal ins-
trumento de comunicação do BC
com a sociedade. Se quebra o ter-
mômetro, as pessoas não têm con-
fiança de que vai ter uma função
de reação adequada à frente. O
mercado olha a atuação e conclui
que o BC pode fazer basicamente o
que quiser. Fica sem mecanismo
de correção. Os graus de liberdade
do BC são muito grandes.
Valor: Se o BC estiver equivoca-
do, terá que subir juro em 2023?
Woelz: Não acho o nível nomi-
nal de juro errado. A questão é não
tirar a potência dessa enorme alta
de juros que foi feita. Acho que a
intuição de todo mundo está cor-
reta, 14% deveriam desacelerar a
economia [o juro está em 13,75%,
mas o BC sinalizou que pode subi-
lo a 14% em setembro]. O que a
gente deveria perguntar é porque
não está desacelerando. A questão
é não tirar a potência dessa enor-
me alta de juros que foi feita.
Valor: Então a retórica do Banco
Central não está ajudando?
Woelz: O BC deveria estar amar-
rando mais a mão, dizendo que,
se a inflação for mais alta, vai fazer
o que for necessário. Deveria estar
admitindo que o hiato está aper-
tado. Ele está na direção contrária,
sugeriu números de Nairu difíceis
de compreender. O BC deveria ad-
mitir que o trabalho é duro. Isso
iria potencializar o que já fez.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor C3

O VALOR
NÃO
TEM VIÉS.

TEM
VALORES.

O VA L O R
N Ã O T E M
I N T E R E S S E S .
T E M
VA L O R E S .

VALOR.COM.BR AC E S S E
 |
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C4 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Finanças
Política monetária Presidentes de regionais evitaram falar no tamanho do ajuste
Senacon vai investigar
Dirigentes do Fed defendem 23 bancos por fraudes
em cartão consignado
mais altas nas taxas de juros Álvaro Campos
De São Paulo
De acordo com a Senacon, os
bancos investigados concentram
4.575.529 cartões consignados,
Agências internacionais dois dias cheios de falas de autori- reuniões e disseram que um aumen- do Fed a partir do próximo ano. Em um momento em que a pos- 3,7% do total de cartões ativos no
dades do Fed em Jackson Hole, que to igual pode estar na mesa quando Autoridades do Fed estão debaten- sibilidade de empréstimos consig- país. A Federação Brasileira de
Autoridades do Federal Reser- serão encabeçados hoje pelo presi- se reunirem no próximo mês, de- do se devem aumentar as taxas em nados lastreados no Auxílio Emer- Bancos (Febraban) divulgou no-
ve (Fed, o banco central america- dente Jerome Powell, com um dis- pendendo dos dados. Eles terão no- setembro em 0,75 ponto percen- gencial e a elevação da margem ta afirmando que as instituições
no) enfatizaram a necessidade de curso que provavelmente reafir- vas leituras sobre preços ao consu- tual pela terceira vez consecutiva consignável para 45% no caso dos financeiras, assim que notifica-
continuar o ciclo de elevação de mará sua determinação de conti- midor e emprego até a reunião. ou desacelerar para um aumento beneficiários do INSS levantam re- das, prestarão todos os esclareci-
juros, embora tenham evitado nuar apertando a política monetá- Segundo o presidente do Fed da de meio ponto percentual. ceios sobre o superendividamen- mentos necessários às autorida-
comentar sobre o tamanho da al- ria para combater a inflação. Filadélfia, Patrick Harker, o BC de- Harker disse que esperaria pe- to, a Secretaria Nacional do Con- des. “Cabe esclarecer que, das 23
ta na reunião do mês que vem. O Fed vem aumentando juros ve continuar aumentando sua taxa los dados de inflação de agosto e sumidor (Senacon), do Ministé- instituições apontadas, apenas
A presidente do Fed de Kansas rapidamente para conter as pres- básica de juros até que esteja aci- então decidiria. Mas ele disse que rio de Justiça, decidiu investigar sete atuam neste mercado de car-
City, Esther George, em entrevista sões de preços mais fortes em 40 ma de 3,4% e depois ficar neste pa- queria que o público soubesse 23 bancos por supostas fraudes tão consignado, ou seja, 16 se-
em Jackson Hole, no Wyoming, anos. Questionada sobre até que tamar por um tempo. “Não preci- que um movimento de 0,50 pon- no cartão de crédito consignado. quer ofertam o produto”.
onde ela organiza o simpósio ponto o Fed deveria elevar o custo samos correr para cima e depois to percentual ainda é substan- Segundo denúncia, a fraude se- A Febraban afirma ainda que os
anual de política monetária do BC do dinheiro, George disse que ha- para baixo”, disse Harker, em en- cial. Desde 1983, o Fed elevou as ria praticada quando um cliente, bancos condenam qualquer tenta-
americano, disse que a autoridade via “mais espaço para subir” e re- trevista ontem à CNBC, direto do taxas 86 vezes, e 75 desses movi- ao contratar um empréstimo con- tiva de fraude na oferta de serviços
ainda não aumentou juros para ní- bateu as apostas do mercado fi- retiro em Jackson Hole. “Precisa- mentos ficaram abaixo de meio signado, também recebe um car- bancários e estão empenhados em
veis restritivos e pode ter que ele- nanceiro de que o banco central mos subir e sentar por um tempo e ponto percentual, observou ele. tão de crédito, sem ser ter a devida reduzir ao máximo as reclamações
var a taxa básica acima de 4% por começaria a cortar juros no próxi- deixar as coisas acontecerem”, Já o chefe do Federal Reserve informação de que o dinheiro re- de consumidores. Desde o início
um tempo. “É muito importante mo ano. “Acho que teremos que se- acrescentou. Quando as taxas esti- de St. Louis, James Bullard, disse cebido como empréstimo, na ver- da autorregulação do consignado,
que sejamos claros em nossa co- gurar — pode ser mais de 4%. Acho verem acima de 3,4%, começarão a em entrevista para a CNBC que dade, seria lançado como saque no em 2020, 959 empresas receberam
municação sobre para onde esta- que isso não está fora de questão”, desacelerar a economia, disse. gostaria que o Fed elevasse os ju- cartão e depositado na sua conta. punições por irregularidades na
mos indo”, afirmou. “Temos que disse ela. “Eu acho que não dá para No momento, a taxa de referên- ros para um intervalo entre Assim, conforme a Defensoria do oferta, 436 correspondentes foram
aumentar as taxas de juros para saber até que você comece a obser- cia do Fed está na faixa de 2,25% a 3,75% e 4% até o fim do ano. Uma Rio, o cliente pode facilmente ser advertidos e 483 tiveram suas ati-
desacelerar a demanda e trazer a var os sinais dos dados”, disse. 2,5%. Alguns membros do Fed dis- alta maior antecipada nos juros é levado ao superendividamento, vidades suspensas temporaria-
inflação de volta à nossa meta.” As autoridades do Fed elevaram a seram que existe um retrocesso ve- adequada, na opinião de Bullard, pois o pagamento mínimo, por mente. “Outros 40 tiveram as
Os comentários de George aju- taxa básica em 0,75 ponto percen- lado nos mercados financeiros, porque “mostra que você está sé- meio do desconto em folha, abate- suas atividades suspensas em de-
daram a preparar o terreno para tual em cada uma das duas últimas que precificaram cortes nas taxas rio no combate à inflação”. ria apenas o valor dos juros. finitivo”, reforça a Febraban.

Finanças | Indicadores
IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 25/08/22 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 25/08/22 24/08/22 23/08/22 22/08/22 19/08/22 18/08/22
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 25/08/22 24/08/22 1 semana julho 1 mês 12 meses 08/08 a 08/09 0,2078 0,7088 0,7088 1,0495 Índice 1.724,49 1.726,46 1.727,04 1.722,65 1.721,18 1.723,37
IRF-M 1* 12.844,0577360 0,04 1,01 7,16 Selic - meta ao ano 13,75 13,75 13,75 13,25 13,25 5,25 09/08 a 09/09 0,2065 0,7075 0,7075 1,0482 Var. no dia -0,11% -0,03% 0,26% 0,09% -0,13% -0,11%
IRF-M 1+** 16.297,2820360 -0,32 2,06 4,04 Selic - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,15 13,15 5,15 10/08 a 10/09 0,2065 0,7075 0,7075 1,0482 Var. no mês 1,48% 1,60% 1,63% 1,37% 1,28% 1,41%
IRF-M Total 14.866,9595430 -0,18 1,64 5,05 Selic - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,4711 1,4711 0,5979 11/08 a 11/09 0,1789 0,6798 0,6798 1,0004 Var. no ano 5,98% 6,11% 6,14% 5,87% 5,78% 5,92%
IMA-B 5*** 7.786,7390240 -0,22 0,14 6,78 Selic - taxa efetiva ao ano 13,58 13,58 13,58 13,15 13,15 5,01 12/08 a 12/09 0,1513 0,6521 0,6521 0,9525 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5+**** 9.692,7741280 -0,71 2,75 2,91 Selic - taxa efetiva ao mês 1,1694 1,1694 1,1694 1,0349 1,0349 0,4279 13/08 a 13/09 0,1518 0,6526 0,6526 0,9530
IMA-B Total 8.409,6582850 -0,48 1,31 4,79 CDI - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,15 13,15 5,15 14/08 a 14/09 0,1794 0,6803 0,6803 1,0009
IMA-S Total 5.395,1590070 0,05 0,98 7,79 CDI - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,4711 1,4711 0,5979 15/08 a 15/09 0,2072 0,7082 0,7082 1,0489
IMA-Geral Total 6.713,1001270 -0,16 1,26 6,31
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo
CDI - taxa efetiva ao ano 13,58 13,58 13,58 13,15 13,15 5,01 16/08 a 16/09
17/08 a 17/09
0,2074
0,2076
0,7084
0,7086
0,7084
0,7086
1,0491
1,0493
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 1,1694 1,1694 1,1694 1,0349 1,0349 0,4279
maior que 5 anos 18/08 a 18/09 0,1784 0,6793 0,6793 0,9999
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - 12,85 14,11 7,23
19/08 a 19/09 0,1516 0,6524 0,6524 0,9528 Em 25/08/22
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - 1,0129 1,1062 0,5833 Em US$ * Em R$ **
20/08 a 20/09 0,1516 0,6524 0,6524 0,9528
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - 10,99 12,54 5,01 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês - - - 0,8730 0,9895 0,4082
21/08 a 21/09
22/08 a 22/09
0,1792
0,2069
0,6801
0,7079
0,6801
0,7079
1,0007
1,0486 Baht (Tailândia) 35,8500 35,8800 0,14260 0,14270
Taxa de juros de referência - B3 23/08 a 23/09 0,2077 0,7087 0,7087 1,0494 Balboa (Panamá) 1,0000 1,0000 5,1167 5,1173
Taxas - em % no período TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 13,71 13,71 13,70 13,70 13,74 6,20 24/08 a 24/09 0,2077 0,7087 0,7087 1,0494 Bolívar Soberano (Venezuela) 6,9972 7,0147 0,7294000 0,7313000
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 13,74 13,74 13,72 13,79 13,93 7,28 Boliviano (Bolívia) 6,8500 7,0000 0,7310 0,7471
Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Linhas - pessoa jurídica 10/08/22 09/08/22 semana julho mês meses Taxas referenciais de Swap - B3 Colon (Costa Rica) 631,1000 631,7000 0,008100 0,008109
a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 32,26 31,79 29,76 27,34 32,11 23,01 DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 13,66 13,67 13,66 13,55 13,49 5,39 Coroa (Dinamarca) 7,4697 7,4703 0,6849 0,6851
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a. 26,93 26,65 26,80 25,96 26,47 20,47 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 13,69 13,69 13,69 13,62 13,61 5,74 Coroa (Islândia) 140,8100 141,0100 0,03629 0,03634
Conta garantida pré - a.a.
Desconto de duplicata pré - a.a.
47,77
28,20
47,71
28,24
48,13
25,26
46,97
26,06
47,49
25,65
32,98
17,93
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 13,71 13,71 13,70 13,70 13,70 6,16 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega)
Coroa (Rep. Tcheca)
9,6958
24,7700
9,7004
24,7840
0,5275
0,2065
0,5278
0,2066
DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 13,72 13,72 13,71 13,76 13,80 6,61
Vendor pré - a.a. 18,91 18,83 18,00 18,02 19,21 10,40 Coroa (Suécia) 10,5974 10,5999 0,4827 0,4829
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 21,10 21,49 20,22 20,95 23,07 13,01
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 13,76 13,74 13,72 13,82 13,93 7,23 Índices de ações em 25/08/22 Dinar (Argélia) 140,4490 141,8540 0,03607 0,03644
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 18,49 18,94 19,80 21,82 19,38 14,16 DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 13,64 13,56 13,49 13,72 14,02 8,17
No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3075 0,3080 16,6127 16,6416
Conta garantida pós - a.a. 28,32 28,11 26,77 27,06 27,01 20,08 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 4,9072 4,9295 1,0380 1,0428
ACC pós - a.a. 6,61 6,29 5,74 5,50 5,92 4,14 Direitos Especiais de Saque *** 1,3056 1,3056 6,6804 6,6811
Factoring - a.m. 3,67 3,67 3,70 3,70 3,70 3,64 Variação % em reais
Dirham (Emirados Árabes Unidos) 3,6729 3,6731 1,3930 1,3933
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Mercado futuro Ibovespa 113.531 0,56 10,05 8,31 -6,03 Dirham (Marrocos) 10,5512 10,5558 0,4847 0,4850
IBrX 48.457 0,57 10,02 8,29 -6,32 Dólar (Austrália)*** 0,6959 0,6961 3,5607 3,5622
Em 25/08/22 IBrX 50 19.089 0,67 10,64 9,06 -5,21 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 5,1167 5,1173
Juros externos PU de Taxa efetiva - Contratos Cotação - em % ao ano
IEE
SMLL
83.004
2.278
-1,02
1,05
2,15
14,09
8,78
-3,65
2,23
-22,32
Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,5166 2,5610
DI de 1 dia ajuste em % ao ano negociados Mínimo Máximo Último Dólar (Canadá) 1,2943 1,2947 3,9520 3,9537
ISE 3.647 0,26 9,94 -0,62 -10,88 Dólar (Cayman) 0,8250 0,8350 6,1278 6,2028
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em set/22 99.746,48 13,648 24.540 13,648 13,656 13,650 IMOB 741 0,13 10,67 2,34 -15,19 Dólar (Cingapura) 1,3905 1,3906 3,6795 3,6802
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Vencimento em out/22 98.687,09 13,666 198.345 13,664 13,670 13,670 IDIV 7.236 -0,14 6,84 13,95 5,84 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 5,1167 5,1173
25/08/22 24/08/22 semana julho mês meses Vencimento em nov/22 97.684,66 13,693 10.915 13,692 13,704 13,698 Dólar (Hong Kong) 7,8465 7,8468 0,6521 0,6522
IFIX 2.933 0,14 4,23 4,58 7,80
Libor - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em dez/22 96.689,89 13,715 13.895 13,710 13,720 13,715 Dólar (Nova Zelândia)*** 0,6213 0,6217 3,1790 3,1814
1 mês 2,4934 2,4549 2,3681 2,3623 2,3460 0,0879 Vencimento em jan/23 95.609,58 13,720 335.000 13,710 13,725 13,725 Variação % em dólares Dólar (Trinidad e Tobago) 6,7560 6,8260 0,7496 0,7574
3 meses 3,0431 3,0100 2,9840 2,7883 2,7929 0,1238 Vencimento em fev/23 94.535,18 13,740 3.725 13,740 13,745 13,740 Ibovespa 22.186 0,32 11,58 18,11 -3,66 Euro (Comunidade Européia)*** 0,9956 0,9957 5,0942 5,0953
6 meses 3,5269 3,4934 3,5076 3,3299 3,3464 0,1580 Vencimento em mar/23 93.667,72 13,745 24.890 13,735 13,760 13,760 IBrX 9.469 0,33 11,55 18,09 -3,95 Florim (Antilhas Holandesas) 1,7845 1,8200 2,8114 2,8676
9 meses - - - - - -
Vencimento em abr/23 92.573,14 13,745 129.590 13,725 13,755 13,750 IBrX 50 3.730 0,43 12,18 18,93 -2,82 Franco (Suíça) 0,9646 0,9650 5,3023 5,3051
1 ano 4,0973 4,0791 3,9957 3,7073 3,8070 0,2375
Vencimento em mai/23 91.729,23 13,738 455 13,750 13,760 13,750 IEE 16.220 -1,26 3,57 18,63 4,82 Guarani (Paraguai) 6850,3000 6876,4500 0,0007441 0,0007470
Euro Libor - empréstimos interbancários em euro *
Vencimento em jun/23 90.708,98 13,730 2.070 13,730 13,775 13,730 SMLL 445 0,78 15,66 5,04 -20,37 Hryvnia (Ucrânia) 36,5000 36,9340 0,1385 0,1402
1 mês - - - - - -0,5779
Vencimento em jul/23 89.754,92 13,710 210.145 13,670 13,730 13,705 ISE 713 0,01 11,48 8,37 -8,65 Iene (Japão) 136,8300 136,8400 0,03739 0,03740
3 meses - - - - - -0,5611
IMOB 145 -0,11 12,30 11,61 -13,08 Kuna (Croácia) 7,5437 7,5490 0,6778 0,6784
6 meses - - - - - -0,5470 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00
1 ano - - - - - -0,5007 IDIV 1.414 -0,38 8,32 24,27 8,51 Libra (Egito) 19,2000 19,2200 0,2662 0,2665
Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último
Euribor ** IFIX 573 -0,10 5,68 14,07 10,55 Libra (Líbano) 1505,7000 1518,7000 0,003369 0,003399
Vencimento em set/22 5.132,49 0,12 249.300 5.095,00 5.151,50 5.118,00 Libra (Síria) 2511,0000 2514,0000 0,00204 0,00204
1 mês - 0,079 -0,003 -0,071 -0,089 -0,559 Vencimento em out/22 5.172,92 - 0 0,00 0,00 0,00 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
3 meses - 0,493 0,391 0,232 0,212 -0,550 Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,1799 1,1803 6,0372 6,0399
Vencimento em nov/22 5.209,39 - 0 0,00 0,00 0,00 Naira (Nigéria) 421,3900 422,3900 0,01211 0,01214
6 meses - 0,947 0,826 0,653 0,633 -0,528
Vencimento em dez/22 5.244,76 - 0 0,00 0,00 0,00 Lira (Turquia) 18,1631 18,1731 0,2816 0,2817
1 ano -
Taxas referenciais no mercado norte-americano
1,427 1,229 0,921 1,033 -0,498
Vencimento em jan/23 5.282,01 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 30,2240 30,2540 0,16910 0,16930
Prime Rate 5,50 5,50 5,50 5,50 4,75 3,25 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00 Novo Sol (Peru) 3,8484 3,8622 1,3248 1,3297
Federal Funds 2,50 2,50 2,50 2,50 1,75 0,25 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 137,3800 137,3900 0,03724 0,03725
Taxa de Desconto 2,50 2,50 2,50 2,50 1,75 0,25 País Spread Variação - em pontos Peso (Chile) 907,9000 909,1100 0,005628 0,005636
Vencimento em set/22 5.119,24 0,17 10 5.100,00 5.126,00 5.126,00 Peso (Colômbia) 4404,2500 4408,5500 0,001161 0,001162
T-Bill (1 mês) 2,19 2,17 2,13 2,16 2,14 0,03 Vencimento em out/22 5.171,64 - 0 0,00 0,00 0,00 25/08/22 24/08/22 No dia No mês No ano
T-Bill (3 meses) 2,81 2,77 2,65 2,37 2,52 0,05 Geral 417 414 3,0 -26,0 31,0 Peso (Cuba) 24,0000 24,0000 0,2132 0,2132
Vencimento em nov/22 5.218,03 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Filipinas) 56,0450 56,0650 0,09126 0,09131
T-Bill (6 meses) 3,22 3,22 3,10 2,87 2,95 0,05 África do Sul 439 447 -8,0 -18,0 91,0
T-Note (2 anos) 3,39 3,39 3,19 2,88 3,06 0,24 Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Argentina 2.320 2.336 -16,0 -78,0 632,0 Peso (México) 19,9420 19,9525 0,2564 0,2566
T-Note (5 anos) 3,16 3,21 3,02 2,67 2,90 0,83 Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Brasil 288 288 0,0 -17,0 -38,0 Peso (Rep. Dominicana) 52,9500 53,2400 0,09611 0,09664
T-Note (10 anos) 3,03 3,05 2,89 2,65 2,81 1,34 Vencimento em out/22 115.198 0,42 113.845 114.455 115.805 115.170 Colômbia 387 388 -1,0 0,0 35,0 Peso (Uruguai) 40,4000 40,4300 0,12660 0,12670
T-Bond (30 anos) 3,24 3,32 3,14 3,00 3,03 1,95 Vencimento em dez/22 117.393 - 0 0 0 0 Filipinas 101 94 7,0 -9,0 10,0 Rande (África do Sul) 16,7934 16,8016 0,3045 0,3047
Fontes: EMMI e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa da British Bankers Association com base em informações de 16 bancos ** Taxas da México 228 226 2,0 -20,0 15,0 Rial (Arábia Saudita) 3,7560 3,7580 1,3615 1,3624
Vencimento em fev/23 119.798 - 0 0 0 0 Peru 168 165 3,0 -1,0 28,0
BBA e da Federação Bancária da União Europeia Rial (Irã) 42000,0000 42000,0000 0,0001218 0,0001218
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia 612 618 -6,0 -111,0 34,0 Ringgit (Malásia) 4,4700 4,4740 1,1437 1,1448
Venezuela 34.475 33.834 641,0 -397,0 -24.028,0 Rublo (Rússia) 59,3750 61,3750 0,08337 0,08619
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 79,9000 79,9200 0,06402 0,06405
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia) 14820,0000 14825,0000 0,0003451 0,0003453
Rúpia (Paquistão) 216,8500 217,5500 0,02352 0,02360
Rentabilidade no período em % Shekel (Israel) 3,2685 3,2725 1,5635 1,5656
Mês Acumulado Em 25/08/22 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1335,8400 1336,5000 0,003828 0,003831
Renda Fixa ago/22* jul/22 jun/22 mai/22 abr/22 mar/22 Ano* 12 meses** Variações % Yuan Renminbi (China) 6,8477 6,8508 0,7469 0,7473
Selic 0,96 1,03 1,02 1,03 0,83 0,93 7,53 9,43 Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses Zloty (Polônia) 4,7654 4,7674 1,0733 1,0738
CDI 0,96 1,03 1,02 1,03 0,83 0,93 7,53 9,43 Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 5,1167 5,1173 0,24 -1,37 -8,30 -2,46
Liquidez Internacional *, em US$ milhões
Fim de período Diário Cotações Em R$(1)
CDB (1) 0,86 1,00 0,83 0,79 0,84 0,76 6,60 8,83 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 5,1114 5,1120 0,01 -1,20 -8,30 -1,91 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Poupança (2) 0,74 0,66 0,65 0,67 0,56 0,60 5,04 6,96 Dólar Turismo (R$/US$) 5,1288 5,3088 0,07 -1,22 -8,18 -1,70 dez/21 363.704 15/08/22 344.840
Poupança (3) 0,74 0,66 0,65 0,67 0,56 0,60 5,04 6,20 Euro (BC) - (R$/€) 5,0942 5,0953 0,12 -3,75 -19,39 -17,41 Dólar Ouro 1755,09 0,01772 288,7528 288,7867
jan/22 359.898 16/08/22 344.152
IRF-M 1,64 1,15 0,37 0,58 -0,12 0,84 5,05 3,42 Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 5,0996 5,1002 0,08 -3,55 -19,23 -16,85 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IMA-B 1,31 -0,88 -0,36 0,96 0,83 3,07 4,79 3,25 Euro Turismo (R$/€) 5,1322 5,3122 0,30 -3,45 -19,07 -16,64 fev/22 358.240 17/08/22 343.118 * Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-S 0,98 1,04 1,07 1,11 0,69 0,91 7,79 9,89 Euro (BC) - (US$/€) 0,9956 0,9957 -0,12 -2,41 -12,09 -15,32 mar/22 353.669 18/08/22 343.625 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável Ouro* abr/22 345.097 19/08/22 341.910 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ibovespa 10,05 4,69 -11,50 3,22 -10,10 6,06 8,31 -15,30 mai/22 346.415 22/08/22 341.119 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
Índice Small Cap 14,09 5,16 -16,33 -1,82 -8,36 8,81 -3,65 -32,57 B3 (R$/g) ** - 284,900 0,49 -1,76 -13,67 -5,03 jun/22 341.958 23/08/22 341.692 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 10,64 4,54 -11,67 3,30 -10,51 5,42 9,06 -15,95 Nova York (US$/onça troy) - 1.757,80 0,39 -0,25 -3,85 -1,89 jul/22 346.403 24/08/22 340.802 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE 9,94 4,40 -12,35 2,01 -10,17 7,48 -0,62 -17,32 Londres (US$/onça troy) - 1.762,40 0,59 0,20 -3,17 -1,80
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IMOB 10,67 8,73 -12,13 -4,47 -6,62 5,72 2,34 -27,18 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Última cotação. ** Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IDIV 6,84 1,98 -8,38 4,26 -5,19 10,00 13,95 -0,49
IFIX 4,23 0,66 -0,88 0,26 1,19 1,42 4,58 -0,35
Dólar Ptax (BC) -1,37 -0,95 10,77 -3,87 3,83 -7,81 -8,30 1,30
Dólar Comercial (mercado) -1,20 -1,12 10,13 -3,86 3,85 -7,70 -8,30 -0,68 Índices de ações Valor-Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro (BC) (4) -3,75 -3,47 8,05 -2,12 -1,35 -9,07 -19,39 -12,89
Euro Comercial (mercado) (4) -3,55 -3,57 7,50 -2,15 -1,00 -9,33 -19,23 -14,43 Em 12 meses
Ouro B3 -1,76 -3,40 7,60 -6,69 2,40 -4,89 -13,67 -4,61 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de Variação - em % País Cidade Índice 25/08/22 24/08/22 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA - -0,68 0,67 0,47 1,06 1,62 4,77 10,07 Índice 25/08/22 24/08/22 jul/22 dez/21 dia mês Ano Américas
IGP-M - 0,21 0,59 0,52 1,41 1,74 8,39 10,08
Valor-Coppead Performance 162.294,46 162.041,86 149.019,68 134.046,86 0,16 8,91 21,07 EUA Nova York Dow Jones 33.291,78 32.969,23 0,98 1,36 -8,38 -5,97 29.888,78 36.799,65
Fontes: Anbima, BC, B3, FGV, IBGE e Valor PRO . Elaboração: Valor Data
* Rendimento até o dia 25/ago. ** Até jul/22. (1) rendimento bruto do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até Valor-Coppead Mínima Variância 89.737,88 90.220,57 86.098,64 86.927,17 -0,54 4,23 3,23 EUA Nova York Nasdaq-100 13.143,58 12.917,86 1,75 1,51 -19,46 -14,48 11.127,57 16.573,34
03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de 04/05/12; Lei nº 2.703/2012. (4) Variação sobre o Real Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 12.639,27 12.431,53 1,67 2,01 -19,21 -15,97 10.646,10 16.057,44
EUA Nova York S&P 500 4.199,12 4.140,77 1,41 1,67 -11,90 -6,61 3.666,77 4.796,56
Canadá Toronto S&P/TSX 20.172,34 20.021,38 0,75 2,43 -4,95 -2,02 18.329,06 22.087,22
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior
México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
47.724,24
1.304,36
47.449,73
1.291,98
0,58
0,96
-0,87
0,65
-10,41
-7,56
-8,83
-1,91
46.657,88
1.259,80
56.609,54
1.635,71
Venezuela Caracas IBVC 9.555,20 8.490,53 12,54 29,44 61,41 43,39 5.098,80 9.555,20
Análise diária da indústria - em 22/08/22 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 5.460,61 5.418,17 0,78 3,83 26,74 23,04 3.982,18 5.460,61
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Peru Lima S&P/BVL General 19.571,69 19.573,07 -0,01 1,44 -7,29 15,18 16.893,70 25.642,58
Data Data Valor Cupom/ Spread
líquido em em 12 em 12 Argentina Buenos Aires Merval 142.777,62 140.246,05 1,80 16,53 70,99 98,28 71.550,54 142.777,62
de do Prazo US$ Custo Retorno pontos-
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2022 meses no dia no mês no ano meses Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 2.907.428,94 -4.977,54 63.427,84 148.432,28 169.465,11 Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base **
RF Indexados (2) 152.476,78 -0,10 0,71 6,12 8,84 102,57 -1.265,34 -25.952,68 -40.458,55 Banco do Brasil (1) 11/01/22 11/01/29 84 500 4,875 - 328,7 Euro - Euronext 100 1.254,12 1.251,04 0,25 -0,08 -7,90 -3,78 3.077,84 3.620,57
RF Duração Baixa Soberano (2) 585.808,87 0,05 0,75 6,82 9,20 -2.981,72 28.792,72 55.906,69 -98.260,73 Açu Petróleo 13/01/22 13/07/35 162 600 7,5 - 598,8 Alemanha Frankfurt DAX-30 13.271,96 13.220,06 0,39 -1,57 -16,45 -16,32 12.401,20 16.271,75
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 684.048,79 0,05 0,83 7,67 10,53 -1.485,50 15.031,44 47.366,86 86.707,07 Globo Comunicação e Participações 14/01/22 14/01/32 120 400 5,5 - 402,5 França Paris CAC-40 6.381,56 6.386,76 -0,08 -1,04 -10,79 -4,42 5.794,96 7.376,37
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 87.204,37 0,05 0,05 7,57 10,37 65,66 2.522,58 6.162,82 9.982,17 Bradesco 18/01/22 18/03/27 62 500 4,375 4,375 285,5 Itália Milão FTSE MIB 22.454,43 22.431,47 0,10 0,22 -17,89 -13,84 20.554,33 28.162,67
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 154.589,65 -0,03 0,12 8,73 13,76 -277,74 141,77 46,27 -693,55 JBS 02/02/22 02/02/29 84 600 3 - 145,0 Bélgica Bruxelas BEL-20 3.732,03 3.732,37 -0,01 -1,71 -13,41 -13,69 3.647,22 4.402,32
RF Duração Livre Soberano (2) 213.951,16 0,01 0,63 7,11 10,27 201,29 3.998,96 30.616,58 35.383,18 JBS 02/02/22 02/02/52 360 900 4,375 - 220,0 Dinamarca Copenhague OMX 20 1.760,13 1.746,34 0,79 -3,01 -5,57 -3,56 1.562,68 1.900,17
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 623.367,72 0,03 0,75 7,76 10,13 659,38 8.607,63 64.198,43 71.568,85 Usina Coruripe 10/02/22 10/02/27 60 300 10 10 823,3 Espanha Madri IBEX-35 8.187,50 8.199,40 -0,15 0,38 -6,04 -8,80 7.644,60 9.182,60
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 165.718,77 0,01 1,02 7,11 9,88 -562,86 3.736,21 16.915,93 23.892,72 Grécia Atenas ASE General 896,12 892,37 0,42 5,30 0,31 -2,00 779,20 971,09
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data. * Atualizada em 25/08/22. ** Sobre o título do Tesouro americano de Holanda Amsterdã AEX 718,25 713,81 0,62 -1,53 -9,99 -8,14 635,75 827,57
Ações 512.964,69 -607,60 -4.180,59 -54.203,81 -60.262,75 mesmo prazo. (1) Social bonds
Ações Indexados (2) 9.546,00 -0,90 7,03 4,57 -7,36 -1,54 -397,22 -2.833,29 -4.030,37 Hungria Budapeste BUX 43.428,43 43.097,98 0,77 3,88 -14,38 -15,00 37.942,09 55.925,58
Ações Índice Ativo (2) 39.844,57 -0,95 6,81 3,97 -11,36 -159,89 -485,64 -10.848,15 -15.883,08 Polônia Varsóvia WIG 53.074,42 52.711,92 0,69 -3,51 -23,41 -23,88 51.418,11 74.813,24
Ações Livre 216.636,70 -1,20 4,90 -4,04 -16,81 -314,13 -1.996,44 -23.408,40 -32.346,06 Portugal Lisboa PSI-20 6.244,32 6.251,18 -0,11 1,98 12,12 16,70 5.213,55 6.349,21
Fechados de Ações 45.071,95 -0,78 4,90 0,12 -11,89 0,00 9,55 -5.120,33 -75,98 ADR - Índices Rússia Moscou RTS* 1.182,71 1.182,39 0,03 4,74 -25,88 -28,47 742,91 1.919,58
Multimercados 1.589.629,39 -1.959,38 -1.842,34 -74.533,65 -99.080,08 Suécia Estocolmo OMX 1.987,32 1.983,58 0,19 -2,22 -17,87 -16,36 1.865,54 2.456,17
Multimercados Macro 184.931,79 0,26 1,31 12,87 15,93 -235,02 -282,38 -10.257,24 -30.461,99 Em 25/08/22 Suíça Zurique SMI 11.063,88 11.012,87 0,46 -0,74 -14,07 -10,52 10.451,31 12.970,53
Multimercados Livre 557.802,42 -0,02 1,30 7,07 7,63 -1.453,98 -11.195,61 -56.183,11 -72.632,03 Turquia Istambul BIST 100 3.136,77 3.060,30 2,50 21,00 68,86 115,84 1.371,69 3.136,77
Multimercados Juros e Moedas 66.144,68 0,04 0,72 7,20 10,13 -161,61 40,86 2.822,89 6.284,96 Em Variação - em % Israel Tel Aviv TA-125 2.112,94 2.116,16 -0,15 6,48 2,74 15,68 1.818,53 2.152,16
Multimercados Invest. no Exterior (2) 695.920,35 -0,22 1,18 1,70 2,14 26,66 11.409,39 3.029,55 14.828,44 Índice 25/08/22 24/08/22 29/07/22 31/12/21 25/08/21 dia mês ano 12 meses África do Sul Joanesburgo All Share 70.340,70 69.808,71 0,76 2,04 -4,57 4,28 61.453,42 77.536,12
Cambial 8.263,27 -0,62 -0,30 -7,35 -4,19 -15,36 -189,99 757,63 1.030,99 S&P BNY 140,10 137,94 140,60 160,14 166,20 1,57 -0,35 -12,51 -15,70 Ásia e Pacífico
Previdência 1.124.815,47 254,46 2.052,89 6.532,78 11.800,90 S&P BNY Emergentes 293,67 285,13 283,08 339,00 377,24 2,99 3,74 -13,37 -22,15 Japão Tóquio Nikkei-225 28.479,01 28.313,47 0,58 2,44 -1,09 2,72 24.717,53 30.670,10
ETF 36.848,15 -37,24 1.058,68 -2.203,23 2.338,92 S&P BNY América Latina 192,45 191,10 183,52 179,82 210,23 0,71 4,87 7,02 -8,45 Austrália Sidney All Ordinaries 7.291,90 7.242,30 0,68 1,65 -6,26 -6,63 6.609,50 7.926,80
Demais Tipos 1.651.773,93 -711,64 789,28 -66.235,21 68.118,13 S&P BNY Brasil 206,28 205,47 196,15 184,87 228,25 0,39 5,16 11,58 -9,63 China Shenzhen SZSE Composite 2.155,14 2.160,38 -0,24 -1,20 -14,82 -12,93 1.752,27 2.561,91
Total Fundos de Investimentos 6.179.949,92 -7.342,66 60.326,48 24.782,00 25.293,09 S&P BNY México 242,51 240,85 235,59 279,00 283,70 0,69 2,94 -13,08 -14,52 China Xangai SSE Composite 3.246,25 3.215,20 0,97 -0,21 -10,81 -8,31 2.886,43 3.715,37
Total Fundos Estruturados (3) 1.165.253,99 411,53 18.370,81 41.367,97 51.997,79
S&P BNY Argentina 83,39 80,87 69,97 70,86 77,44 3,12 19,17 17,67 7,68 Coréia do Sul Seul KOSPI 2.477,26 2.447,45 1,22 1,05 -16,80 -21,28 2.292,01 3.207,02
Total Fundos Off Shore (4) 41.451,68 - - - -
S&P BNY Chile 192,43 186,03 182,83 134,90 155,48 3,44 5,25 42,65 23,76 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 19.968,38 19.268,74 3,63 -0,93 -14,66 -22,28 18.415,08 26.353,63
Total Geral 7.386.655,59 -6.931,13 78.697,29 66.149,97 77.290,87
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em S&P BNY Índia 2.842,81 2.846,52 2.818,62 3.190,48 3.242,28 -0,13 0,86 -10,90 -12,32 Índia Bombaim S&P BSE Sensex 58.774,72 59.085,43 -0,53 2,09 0,89 5,06 51.360,42 61.765,59
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos S&P BNY Ásia 172,11 167,39 169,01 207,32 223,24 2,82 1,83 -16,98 -22,90 Indonésia Jacarta JCI 7.174,21 7.194,71 -0,29 3,21 9,01 17,36 6.026,02 7.276,19
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de julho de 2022 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos regidos S&P BNY China 374,59 349,89 344,64 428,56 547,66 7,06 8,69 -12,59 -31,60 Tailândia Bangcoc SET 1.643,52 1.631,55 0,73 4,26 -0,85 2,69 1.533,37 1.713,20
pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da representatividade S&P BNY Rússia 173,88 173,57 175,67 319,36 337,51 0,18 -1,02 -45,55 -48,48 Taiwan Taipé TAIEX 15.200,04 15.069,19 0,87 1,33 -16,57 -10,83 13.950,62 18.526,35
da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não informaram o PL S&P BNY Turquia 13,60 13,55 10,99 16,83 22,72 0,37 23,67 -19,19 -40,17 Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Bombaim, Budapeste, Istambul, Jacarta, Joanesburgo, Lima, Madrid e Zurique. Elaboração: Valor Data
na data de emissão do relatório Fonte: S&P BNY Mellon. Elaboração: Valor Data * Índice expresso em dólares
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Finanças
Estratégia Banco já tem 3 milhões de clientes de
cartões no país e quer dobrar base em cinco anos
Bradesco aposta no
México para ampliar
atuação internacional
Álvaro Campos
De São Paulo
O Bradesco anunciou a aquisi-
ção da Ictineo Plataforma, uma
instituição financeira popular
(sofipo) que atua com pessoas
físicas no México, reforçando
aquela que é sua primeira e úni-
ca operação internacional de va-
rejo. O negócio permitirá ao
grupo criar um banco digital e
expandir sua presença no país.
O banco opera há 12 anos no
mercado mexicano, onde tem
cerca de 3 milhões de clientes, de
cartões “white label” e tradicio-
nais. Essa subsidiária, Bradescard
México, foi quem fez a aquisição.
O objetivo é pelo menos do-
brar a base de usuários e multi-
plicar a carteira de crédito por
quatro em cinco anos — o ban-
co, no entanto, não revela que
tamanho tem hoje o portfólio. O
valor da transação também não
foi divulgado pelo Bradesco.
Segundo o Bradesco, atual-
mente a Bradescard México é
uma das principais financeiras de
crédito ao consumo no segmento
de cadeias de varejo, mas não
possui licença para atuar em ou-
tras frentes de negócios. Ela opera
como uma sociedade de respon-
sabilidade limitada no México.
“A aquisição da instituição Icti-
neo Plataforma nos abrirá uma no-
va frente de negócios financeiros
de alto potencial de crescimento
no México, um país de vários pre-
dicados, como o fato de ser o se-
gundo maior PIB da América Lati-
na”, afirmou Octavio de Lazari Ju-
nior, presidente do Bradesco, em
nota. “Vamos ter a possibilidade de
ampliar nossa atuação passando a
ser similar a um banco digital com
o objetivo de ganharmos uma pre-
sença mais robusta num mercado
relevante como o mexicano.”
Lazari já havia sugerido recen-
temente que pretendia expandir
a operação no México, que tem
um mercado parecido com o
brasileiro. Ele disse inclusive que
o movimento poderia contar
com a criação de um banco di-
gital, e que a instituição pode-
ria levar uma das marcas usadas
no Brasil para lá. “Não existe
nenhum banco digital chama-
do Digio no México”, disse.
O diretor da Bradescard Méxi-
co, Alexandre Monteiro, afirmou
que o objetivo com a compra da
Ictineo é centrar o foco em uma
estratégia digital. “O primeiro
passo será oferecer a conta digi-
tal, o empréstimo consignado, e
a conta de investimentos”, disse.
“É um movimento relevante para
consolidar a Bradescard no mer-
cado financeiro mexicano.”
A Bradescard México tem pla-
nos, mais adiante, de realizar a
distribuição de outros produtos,
como financiamento de auto-
móveis e crédito imobiliário. No
segmento de cartões de crédito,
em cinco anos a Bradescard pro-
jeta estar entre os maiores emis-
sores do México, expandindo a
quantidade de acordos comer-
ciais com novos varejistas e for-
talecendo o canal de distribui-
ção digital com importantes in-
vestimentos em tecnologia.
Atualmente, a Ictineo tem
uma carteira de apenas cerca de
R$ 4 milhões e menos de 3 mil
clientes. Ou seja, o Bradesco está
basicamente comprando a licen-
ça de operação. O banco não tem
agências por lá e não pretende
ter. A ideia é reforçar a distribui-
ção nas lojas dos varejistas par-
ceiros — um dos mais importan-
tes é a rede Bodega Aurrerá (do
Walmart) — e investir pesado nos
canais digitais, o que vai incluir
uma campanha de marketing.
Por enquanto, o nome do banco
digital deve ser Bradescard, mas
uma mudança no futuro não es-
tá descartada. Poderia até haver
um acordo para utilizar por lá a
marca Digio, ou de outra inicia-
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor C5
Banco dispensou Banamex, mas tem
ambição de liderar corrida digital no país
Análise
Álvaro Campos
A Ictineo, que o Bradesco está
comprando, é basicamente uma li-
cença — tem uma base ínfima de
O único banco brasileiro com
operações substanciais fora do
país é o Itaú, com cerca de 19% da
De São Paulo clientes —, mas o que o banco vê sua carteira em outros países da
por lá é a oportunidade. Muitos América Latina. Entretanto, isso foi
Quando o Citi anunciou a inten- observadores do mercado apon- conseguido ao longo de muitos
ção de vender o Banamex, sua uni- tam que, em termos de digitaliza- anos e diversas aquisições, e a du-
dade de varejo no México, cogi- ção, oferta de serviços financeiros e ras penas. Muitas dessas unidades
tou-se que algum grande banco regulação, o México de hoje é o deram muito mais trabalho do
brasileiro poderia ter interesse em Brasil de cinco a dez anos atrás. Ou que o imaginado para integrar os
adquirir uma exposição relevante seja, se o Bradesco não liderou a sistemas e sanar os balanços e al-
naquele mercado, que guarda suas corrida digital por aqui — correu gumas não dão o retorno esperado
semelhanças com o local. Nenhum atrás depois e hoje tem next, Digio até hoje. O Nubank comprou uma
candidato do país apareceu. Ago- e Bitz — quer ter a vantagem de ser operação no México, a Akala, há
tiva digital do Bradesco, mas is- competir com Nubank, que eu ra, a decisão do Bradesco de com- um dos pioneiros no México. cerca de um ano, e o BTG adquiriu
so não está decidido. tenho a impressão que atende prar uma licença de financeira e “Temos um oceano mais azul a uma sociedade financeira de obje-
Na operação de cartões, com um público um pouco mais de montar um banco digital no Méxi- desbravar por aqui”, diz o diretor tivo múltiplo, a Darapti, na sema-
foco na baixa renda, a Brades- classe média”, afirmou o diretor. co mostra que, definitivamente, o da Bradescard México, Alexandre na passada, mas não deu detalhes
card tem uma fatia relevante de Monteiro disse que outro futuro não é ter uma rede tradi- Monteiro. Ele aponta que pesqui- sobre qual é a sua estratégia.
mercado, perto de 24%, e compe- ponto positivo trazido pela nova cional, com agências. O que o sas indicam que só 0,3% da popu- Assim, o Bradesco pode estar
te com nomes como Coppel e Az- licença é a questão do funding. banco brasileiro quer é ser cres- lação mexicana usa bancos digi- agindo mais rapidamente agora,
teca. Ao criar um banco digital, Até então, a operação de cartões cer no mercado digital e bater de tais, contra 13,2% dos brasileiros. ao tentar ser um dos líderes em
vai competir com as operações era financiada basicamente pe- frente com o Nubank, que já tem Como a Bradescard México dá bancos digitais no México, mas is-
dos grandes bancos tradicionais los lucros acumulados, agora, a uma operação relevante por lá. lucro, inicialmente a estratégia pa- so não é garantia de sucesso. Com
e também com novos entrantes, Bradescard poderá captar depó- A presença do Bradesco no Mé- ra o novo banco digital por lá é fi- um mercado grande e em movi-
como Nubank e Rappicard, uma sitos. Segundo ele, a licença de xico começou há 12 anos, quando nanciar a expansão com recursos mento de flexibilização regulató-
parceira entre o aplicativo de en- sociedade financeira popular comprou o braço financeiro da próprios. Óbvio que, se o cresci- ria, obviamente o país chama aten-
tregas Rappi e o Banorte. (Sofipo) atende todas as neces- C&A. Desde então, expandiu a mento esperado realmente vier, a ção de outros grandes players re-
“Nós temos um papel de banca- sidades do projeto e não há, pe- atuação em cartões “white label” e matriz pode aportar recursos. Isso gionais e mesmo globais. O San-
rização importante, somos o pri- lo menos por enquanto, a pre- convencionais, e agora tem 3 mi- diminui os riscos desse movimen- tander já tem uma operação de va-
meiro cartão para muitos dos visão de buscar uma licença de lhões de clientes. É quase o mesmo to estratégico, mas não os elimina. rejo bastante grande no país, as-
nossos usuários. Vamos continuar banco propriamente dita. número de clientes do Nubank no O Bradesco não tem presença sim com outro espanhol, o BBVA, e
com esse foco, mas também au- A conclusão da transação está país. Cerca de três anos após abrir grande fora do Brasil. Comprou o há ainda a competição com o local
mentar a quantidade de produtos sujeita à aprovação das autori- seu primeiro escritório por lá, a BAC, na Flórida, em 2019, mas para Banorte e outros um pouco meno-
e ter uma relação mais ampla com dades no México (Comisión fintech tinha 2,7 milhões de car- atender brasileiros endinheirados, res, todos também com suas estra-
o cliente. Vamos subir um pouco Nacional Bancária y de Valores) tões em junho e se diz o maior e por enquanto não para ter uma tégias digitais. Agora, o desafio do
a partir da base da pirâmide e e no Brasil (Banco Central). emissor de novos cartões do país. operação de varejo. Bradesco passa a ser e execução.
PRIMEIRO ADITAMENTO AO EDITAL DE OFERTA PÚBLICA VOLUNTÁRIA PARA AQUISIÇÃO DE AÇÕES ORDINÁRIAS PARA AQUISIÇÃO DO CONTROLE DA
ZAMP S.A.
(nova denominação da BK Brasil Operação e Assessoria a Restaurantes S.A.)
CNPJ/ME nº 13.574.594/0001-96 - NIRE 35.300.393.180
Código CVM 2431-7
Código ISIN das Ações Ordinárias: BRBKBRACNOR4
Código de Negociação das Ações Ordinárias na B3: BKBR3
POR CONTA E ORDEM DE
MC BRAZIL F&B PARTICIPAÇÕES S.A.
CNPJ/ME nº 42.587.182/0001-99
INTERMEDIADA POR
BANCO J.P. MORGAN S.A.
CNPJ/ME nº 33.172.537/0001-98
BANCO J.P. MORGAN S.A., instituição financeira integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários, com escritório na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, nº 3.729, 6º (parte), 10º (parte), 11º, 12º (parte), 13º (parte), 14º e 15º andares, CEP 04538-905, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 33.172.537/0001-98,
na qualidade de instituição financeira intermediária, diretamente e através de sua corretora, J.P. MORGAN CORRETORA DE CÂMBIO E VALORES MOBILIÁRIOS S.A., instituição financeira com sede na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, nº 3.729, 13º andar (parte), inscrita no CNPJ/ME sob o nº 32.588.139/0001-94
(“Instituição Intermediária”), por conta e ordem de MC BRAZIL F&B PARTICIPAÇÕES S.A., companhia fechada com sede na Cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, na Avenida Afrânio de Melo Franco, nº 290, sala 401-A, Leblon, CEP 22430-060, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 42.587.182/0001-99 (“MC” ou “Ofertante”), vem comunicar
o 1º aditamento ao Edital de Oferta Pública Voluntária para Aquisição de Ações Ordinárias para Aquisição do Controle da ZAMP S.A. (nova denominação da BK Brasil Operação e Assessoria a Restaurantes S.A.), companhia aberta com sede na Cidade de Barueri, Estado de São Paulo, na Alameda Tocantins, n° 350, 10º andar, Alphaville Industrial,
CEP 06455-020, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 13.574.594/0001-96, registrada na Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) na categoria “A” de emissores sob o nº 2431-7 (“Zamp” ou “Companhia”), divulgado em 1º de agosto de 2022 e publicado em 2 de agosto de 2022 no Valor Econômico (“Edital”), conforme os seguintes termos e condições:
1.TERMOS DEFINIDOS Adicionalmente, tabela abaixo demonstra os indicadores econômicos e financeiros da Companhia calculados pelo Ofertante, com base nas demonstrações contábeis
consolidadas históricas nas datas e períodos indicados, conforme divulgado pela Companhia:
Os termos iniciados em letra maiúscula e não expressamente definidos neste aditamento terão o significado a eles atribuído no Edital.
Índice Indicador 2020 2021 1º tri 2022 2º tri 2022
2. ALTERAÇÃO DO EDITAL Liquidez Índice de Liquidez Corrente (Ativo Circulante/Passivo Circulante) 1,98 1,07 0,96 1,29
Por meio deste aditamento, a Instituição Intermediária e a Ofertante anunciam a alteração das alíneas ‘b’; ‘e’; ‘g’; ‘h’; ‘j’; ‘k’; ‘m’; ‘o’; ‘q’; e ‘r’ do item 2.11 (iii); dos itens 2.9;
2.11.3; 4.8; 5.6; 5.10 (ii) e (iii) e 8.3 do Edital, bem como a inclusão dos subitens 2.8.1 e 2.9.1, em decorrência das exigências formuladas pela CVM por meio do Ofício
Atividade Giro do Ativo (Receita Líquida [últimos 12 meses]/Ativo Total) 0,57 0,72 0,80¹ 0,84²
nº 390/2022/CVM/SRE/GER-1. Adicionalmente, foram realizados ajustes e correções voluntárias nos itens 5.7 e 5.8. Em decorrência das alterações, os itens mencionados acima Endividamento Índice de Endividamento Geral
(Passivo Total - Patrimônio Líquido/Patrimônio Líquido)
1,14 1,42 1,43 1,67
passam a vigorar com as seguintes redações: “2.8.1. Na hipótese de redução do Preço por Ação em virtude de aumentos de capital que venham a ocorrer na Data do Leilão,
será facultado aos Acionistas Habilitados o direito de cancelar suas ofertas de venda, na forma do item 4.6 abaixo.” “2.9. Divulgação e Arredondamento: A Ofertante deverá Lucratividade Margem Líquida (Resultado Líquido do Exercício/Receita Líquida) (19,91%) (9,95%) (3,92%) (3,58%)
comunicar ao Diretor de Relações com Investidores da Companhia, tão logo tome conhecimento, a ocorrência de quaisquer das situações previstas nos itens 2.6.2, 2.7 ou
2.8 acima, informando sobre eventuais ajustes na quantidade de Ações objeto da Oferta ou no Preço por Ação, sendo certo que, caso o Preço por Ação resulte em valor com ¹ - Considera receita dos últimos 4 trimestres encerrados em 1T22. Receita Líquida de 1T21 de R$562.575 mil. ² - Considera receita dos últimos 4 trimestres encerrados em 2T22.
mais de duas casas decimais, serão desprezadas as casas decimais a partir da terceira (inclusive), sem qualquer arredondamento.” “2.9.1. A Ofertante enviará uma carta ao Receita Líquida de 2T21 de R$567.866 mil e de 1T21 de R$562.575 mil.”
Diretor de Negociação Eletrônica da B3 e ao Diretor de Relações com Investidores da Companhia, até as 12h do Dia Útil imediatamente anterior à Data do Leilão (“Data-Limite”), “5.7. Informações Históricas Sobre Negociação de Ações: A tabela a seguir indica os volumes negociados, as quantidades e os preços médios ponderados praticados nas
negociações no mercado à vista na B3 com as ações de emissão da Companhia nos 12 (doze) meses anteriores à divulgação do Edital:
informando sobre eventuais ajustes na quantidade de Ações objeto da Oferta ou no Preço por Ação, na hipótese de ocorrência de quaisquer das situações previstas nos itens
2.6.2, 2.7 ou 2.8 acima, sendo certo que, caso o Preço por Ação resulte em valor com mais de duas casas decimais, serão desprezadas as casas decimais a partir da terceira BKBR3
(inclusive), sem qualquer arredondamento. O Diretor de Relações com Investidores deverá, também, confirmar a inexistência de qualquer outro evento previsto nos itens 2.6.2,
2.7 ou 2.8 ainda não divulgado pela Companhia que possa resultar em ajustes na quantidade de Ações objeto da Oferta ou no Preço por Ação.” “2.11. Condições para Quantidade de Volume Preço médio
Revogação ou Modificação da Oferta: Após a divulgação do Edital, a Oferta será imutável e irrevogável, exceto nas seguintes hipóteses previstas nos termos do inciso IX do Mês
ações negociadas negociado (R$) por ação (R$)
artigo 4º e do artigo 6º da Resolução CVM 85, em que a modificação ou revogação da Oferta será admitida: (i) quando se tratar de modificação para aumento da quantidade
de Ações objeto da Oferta em qualquer hipótese não prevista nos itens 2.6.2, 2.7 e 2.8 acima; (ii) quando se tratar de modificação por melhoria da Oferta, ou por renúncia, Junho de 2021 49.767.400 579.827.380,00 11,65
pela Ofertante, de condição estabelecida para a efetivação da Oferta; ou (iii) se houver a ocorrência, até as 10h (horário de Brasília) da Data-Limite, de qualquer dos eventos
listados a seguir, e desde que a Ofertante não renuncie à condição, nos termos dos itens 2.11.1 e 2.11.2 abaixo (“Condições para Revogação ou Modificação”): (a) alteração
Julho de 2021 38.073.200 435.750.954,00 11,44
nos direitos e obrigações atribuíveis às ações de emissão da Companhia; (b) suspensão geral de negociação de valores mobiliários de emissão da Companhia na B3; (c) ausência Agosto de 2021 38.286.000 364.943.511,00 9,53
de publicação no Diário Oficial da União de despacho Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE (“SG-CADE”) pela aprovação sem Setembro de 2021 66.498.000 579.168.468,00 8,70
restrições da aquisição das Ações; ou habilitação de terceiro interessado no processo de análise da aquisição das Ações pela SG-CADE, nos termos do artigo 118 do Regimento
Interno do CADE; ou interposição de recurso contra a decisão da SG-CADE que determine a aprovação sem restrições da aquisição das Ações, nos termos do artigo 65, inciso
Outubro de 2021 48.777.300 361.606.885,00 7,41
Novembro de 2021 82.086.000 626.127.653,00 7,62
I, da Lei nº 12.529/2011; ou impugnação da aquisição das Ações pela SG-CADE, nos termos do artigo 57, inciso II, da Lei nº 12.529/2011; ou avocação do processo de análise
Dezembro de 2021 47.723.900 312.583.622,00 6,54
da aquisição das Ações pelo Tribunal do CADE, nos termos do artigo 65, inciso II, da Lei nº 12.529/2011; (d) não obtenção de renúncias formais dos titulares das debêntures
da Oitava e Nona Emissões de Debêntures e dos credores das Cédulas de Crédito Bancário 1035187, 101120040004700, 237/2372/8066/001 e 10227604, com relação a seus Janeiro de 2022 49.037.900 281.780.492,00 5,74
direitos de declarar o vencimento antecipado de dívidas da Zamp caso a Oferta seja bem-sucedida; (e) não obtenção de confirmação, pela Companhia, de que o sucesso da
Oferta não implicará a resilição ou qualquer alteração dos termos e condições dos contratos de franquia e dos contratos de licenciamento de marcas elencados na Seção 9.1.b Fevereiro de 2022 46.325.700 291.920.778,00 6,30
e 9.2 do Formulário de Referência de 30 de maio de 2022; (f) realização de uma ou mais operações de aumento do capital social da Companhia ou de emissão de títulos, valores Março de 2022 63.852.400 425.190.667,00 6,65
mobiliários e direitos conversíveis em ações no âmbito das quais a quantidade de ações emitidas ou a serem emitidas em virtude da conversão de títulos ou valores mobiliários Abril de 2022 29.176.000 205.262.543,00 7,03
ou do exercício de direitos seja superior a 5.507.109 (cinco milhões, quinhentas e sete mil, cento e nove) ações; (g) realização de qualquer operação de aumento do capital
social da Companhia ou de emissão de títulos, valores mobiliários e direitos conversíveis em ações no âmbito da qual o preço fixado para a emissão das novas ações seja inferior Maio de 2022 63.555.100 431.093.818,00 6,78
ao Preço por Ação da Oferta, exceto se em decorrência do exercício de opções outorgadas, até a data de divulgação deste Edital, no âmbito do Terceiro Plano de Outorga de
Opções da Companhia; (h) qualquer investigação ou condenação da Companhia, qualquer de suas afiliadas, ou qualquer de seus diretores ou membros do Conselho de
Junho de 2022 31.203.500 199.522.120,00 6,39
Julho de 2022 35.572.100 205.143.819,00 5,76
Administração, como resultado de violação da legislação aplicável relacionada à corrupção ou atos contra a administração pública, incluindo, sem limitação, a Lei nº 12.529, de
“ 5.8. Valor Patrimonial das Ações de Emissão da Companhia: Conforme as informações constantes do formulário de informações financeiras trimestrais - ITR referente ao
30 de novembro de 2011, conforme alterada, a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, conforme alterada, o Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015, o U.S. Foreign Corrupt
Practices Act of 1977 e o UK Bribery Act de 2010, conforme aplicáveis, a Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, conforme alterada, e a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, período encerrado em 30 de junho de 2022 (disponível na forma do item 5.10 abaixo), o valor do patrimônio líquido por ação de emissão da Companhia é de aproximadamente
R$ 5,39 (cinco reais e trinta e nove centavos)”. “5.10. Consulta às Demonstrações Financeiras: As informações financeiras da Companhia estão disponíveis nos seguintes
conforme alterada; (i) declaração de moratória bancária ou qualquer suspensão de pagamentos em relação aos bancos, em geral, no Brasil; (j) início de guerra ou hostilidades
armadas no Brasil; (k) alteração nas normas aplicáveis ao mercado bancário ou de capitais que impacte os procedimentos jurídicos ou operacionais relacionados à emissão de endereços eletrônicos: (ii) CVM: www.gov.br/cvm/pt-br (neste website, para consultar o formulário das demonstrações financeiras padronizadas da Companhia referentes
títulos ou valores mobiliários pela Companhia, ou criação ou aumento de alíquota em 5% (cinco por cento) ou mais de tributos incidentes sobre a Oferta; (l) expedição, aos exercícios sociais encerrados em 31 de dezembro de 2020 e 31 de dezembro de 2021 e os formulários de informações financeiras trimestrais - ITR referentes aos períodos
por qualquer autoridade governamental federal, estadual ou local do Brasil (incluindo, mas não se limitando, aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), de qualquer decreto, encerrados em 31 de março e 30 de junho de 2022, acessar nesse website o link “Central de Sistemas da CVM”, posteriormente acessar o link “Informações sobre Companhias”,
em seguida digitar “Zamp S.A.”, e depois clicar em “Zamp S.A.”, na sequência acessar o campo “exibir filtros de pesquisa” e selecionar o período da entrega desejado,
ordem, julgamento ou ato que determine o término ou a alteração nos termos e condições das licenças, autorizações ou concessões necessárias à condução dos negócios da
Companhia, da Ofertante ou de quaisquer de suas respectivas controladas diretas e indiretas; (m) expedição, por qualquer autoridade governamental federal, estadual ou local posteriormente selecionar a categoria “DFP” ou “ITR - Informações Trimestrais”, selecionar o documento aplicável, finalmente, clicar no respectivo quadro da página o link
“Visualizar o Documento”). (iii) B3: www.b3.com.br (neste website, acessar “Empresas listadas”; em seguida, no campo busca, digitar “Zamp S.A.”; depois clicar em
do Brasil (incluindo, mas não se limitando, aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), de qualquer decreto, ordem, julgamento ou ato que impeça ou limite o ingresso de
“Zamp S.A.”, posteriormente, clicar em “Relatórios Estruturados” e selecionar o documento aplicável).” “8.3. Acesso aos Documentos Relacionados à Oferta: Este Edital
recursos no País; (n) alteração na legislação ou regulamentação aplicável ou revogação de qualquer autorização governamental necessária para a implementação da Oferta ou
a expedição de qualquer ato de autoridade que impeça a Ofertante de realizar a Oferta ou imponha obrigação de comprar ou vender ações de emissão da Companhia; está à disposição de qualquer pessoa interessada nos endereços mencionados abaixo:
(o) alteração na legislação ou regulamentação aplicáveis ao setor de atuação da Companhia que acarrete uma alteração adversa substancial na sua condição econômico-financeira COMPANHIA
e em seus resultados operacionais, assim entendida uma perda, para a Companhia ou para suas controladas, em montante igual ou superior a R$ 100.000.000,00 ZAMP S.A. (nova denominação da BK Brasil Operação e Assessoria a Restaurantes S.A.) com sede na Alameda Tocantins, nº 350, 10º andar, Alphaville Industrial,
(cem milhões de reais); (p) verificação de eventos não previstos ou eventos que não tenham sido devidamente divulgados ao mercado anteriormente à data de divulgação deste
Edital, que resultem, individualmente ou em conjunto, em uma perda para a Companhia ou para suas controladas em montante igual ou superior a R$ 100.000.000,00
CEP 06455-020, Barueri - SP
website: burgerking.riweb.com.br
(cem milhões de reais); (q) a resilição ou qualquer alteração dos termos e condições dos contratos de franquia e dos contratos de licenciamento de marcas elencados na Seção
9.1.b e 9.2 do Formulário de Referência; (r) alterações no Estatuto Social da Companhia, independentemente de se tratar da inserção ou da alteração de normas; (s) uma queda, INSTITUIÇÃO INTERMEDIÁRIA
a qualquer momento, de 15% (quinze por cento) ou mais no valor acumulado do índice IBOVESPA, tomando como base a cotação do IBOVESPA verificada em 29 de julho de
2022, sendo certo que, para fins de apuração de tal percentual, serão considerados apenas valores de cotação de fechamento, não sendo consideradas quaisquer variações
Banco J.P. Morgan S.A.
Avenida Brigadeiro Faria Lima, nº 3.729, 6º (parte), 10º (parte), 11º, 12º (parte), 13º (parte), 14º e 15º andares, São Paulo - SP
intradiárias; (t) uma queda, a qualquer momento, de 15% (quinze por cento) ou mais no valor acumulado na cotação das ações de emissão da Companhia na B3, tomando website: http://www.jpmorgan.com/pages/jpmorgan/brazil/pt/business/editais/zamp
como base a cotação de fechamento verificada em 29 de julho de 2022, sendo certo que, para fins de apuração de tal percentual, serão considerados apenas valores de cotação
de fechamento, não sendo consideradas quaisquer variações intradiárias.” “2.11.3. Confirmação da Oferta: Sem prejuízo da comunicação imediata da ocorrência de qualquer COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS
Condição para Revogação ou Modificação, nos termos do item 2.11.2 acima, até as 10h (horário de Brasília) da Data-Limite, a Ofertante deverá enviar notificação ao Diretor de Comissão de Valores Mobiliários
Negociação eletrônica da B3 e ao Diretor de Relações com Investidores da Companhia (que, por sua vez, deverá divulgar fato relevante ao mercado) informando a respeito de Rua Cincinato Braga, nº 340, 2º andar, Centro, São Paulo - SP
sua decisão a respeito da realização da Oferta, considerando a verificação ou não dos eventos indicados no item 2.11 acima, subitens ‘c’, ‘d’ e ‘e’.” “4.8. Obrigação da
Ofertante: Nos termos do contrato de intermediação celebrado entre a Ofertante e a Instituição Intermediária (“Contrato de Intermediação”), as obrigações de liquidação
Rua Sete de Setembro, nº 111, 2º andar, “Centro de Consultas”, Rio de Janeiro - RJ
Website: www.gov.br/cvm/pt-br
da Ofertante estabelecidas neste Edital serão cumpridas pela Ofertante, por intermédio da Instituição Intermediária e, em qualquer caso, a Ofertante permanecerá integralmente
responsável pelo cumprimento de todas as obrigações a ela atribuídas relativas à Oferta e estabelecidas neste Edital. Não obstante, nos termos do artigo 8º, § 4º, da Resolução B3
CVM 85 e do Contrato de Intermediação, a Instituição Intermediária garantirá a liquidação financeira da Oferta independentemente da prática de qualquer ato da Ofertante.”
“5.6. Indicadores Econômicos e Financeiros da Companhia: A tabela abaixo demonstra os principais indicadores econômicos e financeiros da Companhia, com base nas
B3 S.A. - BRASIL, BOLSA, BALCÃO
Praça Antonio Prado, nº 48, 2º andar, Centro, São Paulo, SP - Diretoria de Negociação Eletrônica
demonstrações contábeis consolidadas históricas nas datas e períodos indicados, conforme divulgado pela Companhia: Website: www.b3.com.br”
Indicador 2020 2021 1º tri 2022 2º tri 2022
3. RATIFICAÇÃO
Ativo Circulante (R$ mil) 1.119.099 813.699 755.464 971.934
Ficam ratificados todos os demais termos e condições do Edital, que permanecem inalterados. A versão consolidada do Edital está à disposição de qualquer pessoa interessada
Ativo Total (R$ mil) 3.932.755 3.813.408 3.724.879 3.960.446
nos endereços mencionados no item 8.3 da versão original do Edital, divulgada pela Companhia em 1º de agosto de 2022 e publicada no jornal Valor Econômico em
Passivo Circulante (R$ mil) 564.531 761.350 785.820 754.583 2 de agosto de 2022.
Passivo Total (R$ mil) 3.932.755 3.813.408 3.724.879 3.960.446 São Paulo, 26 de agosto de 2022
Patrimônio Líquido (R$ mil) 1.838.459 1.572.720 1.534.045 1.485.254
MC BRAZIL F&B PARTICIPAÇÕES S.A.
Patrimônio Líquido por Ação ON (R$) 6,68 5,71 5,57 5,39 Ofertante
Receita Líquida (R$ mil) 2.238.127 2.753.287 801.193 883.294 BANCO J.P. MORGAN S.A.
Resultado líquido do exercício (R$ mil) (445.607) (273.841) (31.371) (31.630) Instituição Intermediária
Lucro (Prejuízo) Acumulado (R$ mil) (310.966) (584.807) (616.178) (647.808) LEIA ATENTAMENTE O EDITAL EM SUA INTEGRALIDADE ANTES DE ACEITAR A OFERTA.
Capital Social Realizado (R$ mil) 1.461.068 1.461.068 1.461.068 1.461.068
Quantidade média ponderada diluída do número de ações em circulação (líquidas de
232.563 274.133 274.133 273.929
tesouraria) (ações em milhares)
Lucro (Prejuízo) Líquido por Ação ON (R$) (1,92) (1,00) (0,11) (0,12)
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C6 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Regulação Gestores dizem que mudança diluiria estratégia ativa e ainda afetaria carteira que segue índice
Fundos contestam proposta da SEC para nomes
Dervedia Thomas
Financial Times
Empresas de gestão de recur-
sos têm contestado as mudanças
propostas na “names rule” (re-
gra de nomes) da Securities and
Exchange Commission (SEC, a
comissão de valores mobiliá-
rios dos Estados Unidos), e ges-
tores de estratégias ativas argu-
mentam que as alterações po-
deriam diluir seus processos.
Gerentes de índices também
manifestaram preocupações,
ao dizer que as mudanças pro-
postas podem tornar seus fun-
dos parecidos demais com es-
tratégias de gestão ativa.
A proposta aplica a “names
rule” atual da SEC aos investi-
mentos sugeridos na denomi-
nação de uma estratégia, e exi-
ge que 80% dos ativos de um
fundo sigam as abordagens es-
pecificadas no seu nome. A mu-
dança valeria para estratégias
como crescimento (“growth”),
valor (“value”), geografia, seto-
res ou um ou mais fatores am-
bientais, sociais e de governan-
ça (ESG, na sigla em inglês).
No formato atual, a regra dos
80% se aplica “em circunstâncias
normais” e “no momento do in-
vestimento”. Mas a consulta da
SEC avalia que essa abordagem
LEV inicia com institucional,
mas tem varejo no radar
Adriana Cotias
De São Paulo
Num momento em que uma
safra de corretoras de valores
novatas vai chegar ao mercado
sob o modelo “light”, casada
com distribuidores maiores co-
mo XP e BTG Pactual, a LEV
DTVM fez a escolha de ser um in-
termediário completo. Após ter
recebido neste mês sinal verde
do Banco Central (BC) para
atuar, a administração faz os
ajustes finos para colocar a ope-
ração rodando até o fim do ano.
Na partida, vai oferecer tudo o
que há no ambiente bolsa em
transações eletrônicas com foco
no público institucional, entre
gestoras de recursos, tesourarias
e o investidor estrangeiro, lista
Marcelo Cerize, principal executi-
vo da LEV. Ele fundou a institui-
ção ao lado do irmão Pedro, da
gestora de recursos Skopus, que
não vai ter função executiva. De-
pois que a distribuidora engre-
nar, o plano daí sim envolve a as-
set e a casa de análise INV (antiga
Inversa), na qual a dupla também
é parceira. Será a forma para che-
gar ao varejo, seguindo os passos
dos antigos sócios da Empiricus,
na dobradinha com a plataforma
de investimentos Vitreo — com-
pradas pelo BTG Pactual.
Com investimentos próprios,
que chegam a R$ 15 milhões, a
ideia de ter um braço de distribui-
Odilemadosinvestidoresdecapitalderisco
Palavra do gestor
Katia Negreiros
D
epois de startups e
fundos vivenciarem
um ano de 2021
áureo, com volumes
de investimentos
recordes no Brasil e América
Latina como um todo, o
tem alguns “problemas de inter-
pretação”. A proposta da comis-
são procura resolver isso com a
especificação das circunstân-
cias em que um fundo pode se
desviar de sua política de 80% e
a determinação de prazos exa-
tos para que volte a estar em
conformidade — até 30 dias
consecutivos para fundos que
não sejam lançamentos.
O período para apresentação
de comentários à proposta termi-
nou em 16 de agosto e a SEC rece-
beu quase 70 cartas com reações.
Em suas cartas de resposta à
consulta, Wellington Manage-
ment e J.P. Morgan Asset Manage-
ment alegaram que alguns esti-
los de investimento, como cresci-
mento e valor, são mais subjeti-
vos do que outros — estratégias
geográficas, por exemplo. Se-
gundo a Wellington, um gestor
ativo de carteira pode considerar
que determinada ação tem atri-
butos de crescimento, mas outro
pode caracterizá-la como valor.
Além disso, a Wellington, que
tem sede em Boston, argumenta
na carta que utiliza termos como
crescimento para descrever abor-
dagens de investimento ou refe-
rir-se a carteiras como um todo e,
portanto, nem todos os investi-
mentos de base teriam caracterís-
ticas de crescimento. “Nosso ob-
ção veio após sucessivas interações
via WhatsApp com o irmão no au-
ge da pandemia, vivenciando a ex-
periência ainda do outro lado do
balcão, conta Cerize. “Ficou evi-
dente que o mercado focou muito
na pessoa física e os gestores aca-
baram ficando meio de lado, e tem
muita gestora boa nascendo num
momento ruim de mercado, prin-
cipalmente para a renda variável”,
diz. “A indústria tem crescido e
tem atendimento ruim. Se não
deixar valor mínimo, um percen-
tual em tal corretora, não conse-
gue ter seu fundo distribuído na
plataforma. Ou então paga corre-
tagem alta e é mal atendido.”
A lógica é oferecer a possibili-
dade dos institucionais opera-
rem volumes menores neste pe-
ríodo de baixa exposição à renda
variável da indústria de fundos e
ter uma base de clientes cativos
quando o vento voltar soprar a fa-
vor. O projeto é para atuar como
participante pleno de negocia-
ções (PNP) na B3, o que significa
ter conexões diretamente nos ser-
vidores da B3 para acelerar as
transações, atuar como membro
de compensação e fazer liquida-
ção e serviços de custódia.
Para conquistar espaço num
mercado ocupado por grandes
nomes e em que corretoras da
antiga geração encerraram suas
atividades, Cerize aposta em al-
goritmos proprietários que vêm
sendo desenvolvidos para uma
mercado, ao contrário das
perspectivas positivas, teve que
colocar o pé no freio diante das
incertezas nas economias
globais, além de toda a tensão
geopolítica global. A inflação
em alta tem forçado a elevação
das taxas de juros, inclusive nos
Estados Unidos e Europa — essa
última com o indicador de
inflação em recorde histórico.
O mercado de ações também
deu o tom de cautela. Empresas
que fizeram IPO na bolsa de
valores brasileira no ano
passado, por exemplo, hoje
estão negociando até 80%
abaixo do seu valor de estreia.
Diante desse cenário, o
investimento de risco passou a
ser olhado como coadjuvante.
Em uma primeira análise, a
renda fixa no Brasil se tornou
jetivo ao implementar uma estra-
tégia de ‘crescimento’ é construir
de forma inteligente uma carteira
diversificada, na qual os investi-
mentos tenham características
diferentes, mas complementa-
res e, quando agregados, permi-
tam que a carteira alcance resul-
tados específicos para o cliente
[como] uma tendência de cresci-
mento”, escreveu a companhia.
A regra proposta obrigaria os
gestores a fazerem testes diários
para garantir a conformidade e
imporia obstáculos operacionais
significativos, segundo a carta da
unidade de gestão de ativos do
J.P. Morgan. “Os testes podem se
tornar um processo extrema-
mente manual de confirmar e re-
gistrar o parecer dos profissio-
nais da área de investimento em
relação a cada participação em
um fundo e de forma constante,
em particular quando critérios
subjetivos e/ou prospectivos fa-
zem parte do processo de toma-
da de decisão”, acrescentou.
Fatores ESG também são sub-
jetivos, e a unidade de gestão de
ativos do J.P. Morgan mostrou-se
preocupada com a possibilidade
de que a equipe da SEC não esteja
preparada para avaliar seus mé-
todos. “Especialmente no caso
dos fundos orientados para ESG,
essas determinações podem uti-
melhor eficiência na execução de
ordens. Ao permitir a compara-
ção com o que seria realizado no
mercado, vai cobrar uma taxa de
performance. “Se meu algoritmo
performar bem e proporcionar
um ganho relevante na execu-
ção, ele vai pagar o ‘fee’ rindo.”
Tal leitura vem de uma expe-
riência de uma década como
operador na Skopus. Ele não con-
ta o que está por trás da inteli-
gência de dados, mas exemplifi-
ca que um algoritmo muito usa-
do pelo investidor profissional é
o TWAP (“time-weighted average
price”), que manda comprar, por
exemplo, determinado lote de
ações ou de índice num certo in-
tervalo de tempo, dividindo e
apregoando de forma a obter um
preço médio ponderado naquele
período. “Quando falo em algo-
ritmo, imagino todas as situa-
ções que já passei e replicar o que
era manual, por telefone, no au-
tomatizado, em milissegundos.”
A tecnologia está sendo cons-
truída 100% na nuvem, tem um
custo operacional leve, o que
permite que a DTVM seja compe-
titiva na corretagem para os ins-
titucionais, afirma o executivo.
Embora tenha uma mesa de ope-
rações para a execução manual, o
foco estará na ordem eletrônica.
Não estava nos planos fazer a
retaguarda operacional para dis-
tribuidores credenciados como
participantes de negociações (PN)
mais atrativa e produtos
alternativos recebem menos
capital. Porém, olhando por
outro ângulo, não se pode
deixar de considerar que,
para quem tem disponibilidade
de capital, esse é um bom
momento para investir em
capital de risco. Assim como no
mercado público, o “valuation”
das empresas privadas
também tem sofrido correção
de mercado, principalmente
nas empresas mais próximas
de um momento de IPO.
Com a abundância de capital
disponível em 2021, o valor
de mercado das startups
em muitos momentos saiu
de controle. No contexto atual,
essas avaliações já começaram
a ser ajustadas e esse
movimento deve se intensificar
lizar processos complexos que
incorporam múltiplos e variados
pontos de dados, pesquisas pro-
prietárias, informações quanti-
tativas e avaliações qualitativas
por parte de analistas de pesqui-
sa e outros profissionais de inves-
timentos”, escreveu a empresa.
Para o J.P. Morgan, se os audi-
tores da SEC não forem capazes
de avaliar adequadamente esses
processos, eles podem recomen-
dar “relatórios longos, detalha-
dos e técnicos, ou até exigir alte-
rações no processo de investi-
mento de um fundo para contar
com medidas mais simples e ‘ob-
jetivas’ para a seleção de investi-
mentos, como testes de receita, o
que pode não ser a medida mais
adequada para implementar a
estratégia ESG do fundo”.
Além disso, o processo de revi-
são de relatórios para esses fun-
dos pode se tornar “indevida-
mente longo em virtude do pro-
cesso de comentários e respostas,
o que pode atrasar o lançamento
oportuno de fundos e monopoli-
zar recursos valiosos da equipe
da SEC”, acrescentou a empresa.
A Wellington alegou ainda
que, para manter a conformida-
de, alguns gestores podem limi-
tar seu universo de investimen-
tos a participações que estão cla-
ramente em conformidade com
Cerize, da LEV: “Se não deixar valor mínimo, um percentual em tal corretora, [a asset] não consegue ter seu fundo distribuído”
na B3, no chamado modelo de
corretora “light”, mas Cerize já ob-
servou demanda para esse tipo de
serviço, porque as instituições es-
tão “muito estranguladas, com o
mercado concentrado em poucos
nomes, que acabam cobrando um
valor que inviabiliza a operação
do participante que não é pleno”.
Pedro Cerize aparece nomeado
como gestor de carteira da DTVM
porque está nos planos montar
uma estrutura de gestão de recur-
sos no futuro. Será um passo para
quando a LEV estiver pronta para
atender a pessoa física, capturan-
ao longo dos próximos meses.
Muitos fundos já mostram
preocupação em obter retornos
de investimentos que entraram
com valuations mais altos e
estão adotando uma estratégia
mais cautelosa neste ano.
As empresas que precisarem
de recursos no curto prazo terão
que se adequar a esse novo
contexto mais sensível aos preços
e, certamente, com diligência
mais aprofundada. Os chamados
“down rounds” (rodadas de
investimento com valuation
abaixo da rodada anterior)
passam a ser uma realidade
cada vez mais temida pelos
empreendedores. Uma
alternativa é a busca por dívidas
ou conversíveis no mercado, mas
é importante considerar que,
com a taxa de juro atual, essa não
as abordagens previstas em seus
nomes a partir da definição de
um índice ou outro padrão de
terceiros. Mas provedores de da-
dos e agências de classificação
“podem chegar, e muitas vezes
chegam”, a conclusões diferen-
tes sobre o mesmo emissor, de
acordo com a carta da empresa,
que citou uma revisão dos índi-
ces Russell 2000 Growth and Va-
lue em que quase metade das
ações no índice de crescimento
foram encontradas também no
índice de valor no mesmo dia.
Os gestores também podem
buscar mudar seu processo de in-
vestimento na tentativa de redu-
zir os critérios subjetivos, segun-
do a Wellington. “Isso pressiona-
ria os fundos geridos ativamente
a se tornarem mais parecidos
com fundos passivos, o que dilui-
ria o valor da gestão ativa para os
acionistas do fundo e eliminaria
um elemento crítico da escolha
do investidor”, argumentou.
“De fato, se um acionista está
apenas à procura de exposição a
um determinado índice, o mais
provável é que esse acionista in-
vista em um fundo de índice.”
Enquanto a Wellington ava-
liou que a proposta tornaria as
estratégias ativas muito passi-
vas, a State Street Global Advi-
sors (SSGA) apontou seu temor
do sinergias com a casa de análise.
“Pode surgir uma parceria entre
INV e LEV para fornecer relatórios,
será interessante lá na frente quan-
do atuar no mercado de varejo, daí
tem como agregar valor, no mode-
lo que se observou com Empiricus
e Vitreo, faz todo sentido para fe-
char o ecossistema completo”, diz
Marcelo Cerize. “Mas vamos pri-
meiro engatinhar, depois andar e
correr, vai ser no passo a passo. A
gente não levantou dinheiro no
mercado, não dá para brincar.”
O executivo estima ainda um
desembolso de R$ 20 milhões, diz
é uma opção barata. As empresas
que estão em uma situação um
pouco mais confortável de
caixa estão diminuindo gastos a
fim de evitar a necessidade de
novos aportes. As recentes ondas
de demissões já denotam essa
tendência de apertar os cintos.
Será um momento mais
duro, porém importante
também para conscientizar
empreendedores de que ter uma
unidade econômica saudável
e um crescimento sustentável
são fundamentais para trazer
valor à empresa. O crescimento
a qualquer custo deixa de
ser a regra dentro do setor.
O mais importante é que as
boas oportunidades continuam
existindo, principalmente
em empresas que estejam
resolvendo problemas reais e
de que ela tornasse os fundos
de índice ativos demais.
Em sua proposta, a SEC obser-
vou que, em geral, os fundos de
índice investem mais de 80% de
seus ativos nas ações acompa-
nhadas por um índice, e o nome
do fundo costuma refletir a
abordagem adotada pelo índice.
Mas, prosseguiu, um índice po-
de investir em ações que são
“contraditórias” com seu nome
e, portanto, o nome do fundo se-
ria considerado “significativa-
mente enganoso ou falso”.
A SSGA escreveu que o objetivo
de um fundo de índice é acompa-
nhar o desempenho de seu índice
subjacente. Se a diretriz da SEC
obrigasse gestores de fundos de
índice a examinarem diariamente
cada ação em um índice e decidi-
rem se o fundo deveria ou não in-
vestir naquele componente, isso
seria “contraintuitivo para as ex-
pectativas dos investidores e tem o
potencial de erodir os benefícios
de investir em fundos de índice”.
Para a empresa, “isso pode al-
terar ainda mais o caráter da ges-
tão de fundos de índice, até tor-
ná-los uma forma de gestão ati-
va, e colocar gestores de investi-
mentos em uma posição artifi-
cial de agir como um mecanis-
mo para obrigar os provedores
de índices a cumprirem regras”.
SILVIA ZAMBONI/VALOR
que todo o plano de negócios foi
desenhado com capital próprio,
mas ele não descarta um sócio que
pudesse trazer velocidade. Cerize
espera que num intervalo entre
12 e 18 meses a operação já esteja
no equilíbrio financeiro. O refor-
ço de capital seria útil para enga-
tilhar a atividade de varejo, cujo
custo de aquisição de clientes
costuma ser bastante intensivo.
.com
Leia reportagens sobre investimentos
e finanças pessoais no site
www.valorinveste.com
que tenham indicadores
saudáveis. O melhor momento
para os investidores tende a ser
no final deste ano e início de
2023, quando boas empresas
não tiverem mais alternativas
e precisarem fazer uma
captação. Aqueles que tiverem
condições e resiliência
psicológica para investir nesse
momento certamente terão
bons resultados no futuro.
Katia Negreiros é sócia da Capsur
E-mail
katia.negreiros@capsurcapital.com
Este artigo reflete as opiniões do autor, e
não do jornal Valor Econômico. O jornal
não se responsabiliza e nem pode ser
responsabilizado pelas informações acima
ou por prejuízos de qualquer natureza em
decorrência do uso destas informações.
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Legislação
Destaques
Terça de Carnaval
A 8ª Turma do Tribunal Superior
do Trabalho (TST) isentou a
Goiaslimp Serviços Gerais, de
Goiânia (GO), de pagar em do-
bro o trabalho prestado por um
auxiliar de lavanderia na ter-
ça-feira de Carnaval. Conforme o
colegiado, a decisão que conde-
nou a empresa ao pagamento
em dobro contraria a jurispru-
dência do TST de que a data, res-
salvada previsão expressa em lei
municipal, não é feriado. O auxi-
liar de lavanderia, admitido em
novembro de 2008 e dispensado
em janeiro de 2020, trabalhava
em regime de 12 por 36. Na re-
clamação, ele alegou que a em-
presa pagava os feriados de for-
ma simples, e pleiteou o paga-
mento de adicional de 100%. O
pedido foi deferido parcialmen-
te pelo juízo da 11ª Vara do Tra-
balho de Goiânia, que condenou
a empresa ao pagamento em do-
bro dos feriados em que houve
efetiva prestação de serviços,
com base na relação apontada
na petição inicial e nos registros
dos cartões de ponto. O Tribunal
Regional do Trabalho de Goiás
(TRT-GO) manteve a sentença.
Segundo o TRT, apesar de não
haver previsão legal de que o dia
seja feriado, “os usos e costumes
são fontes de direito”, e a praxe
atribui à terça-feira de Carnaval a
natureza de feriado nacional
(RR-10116-11.2020.5.18.0011).
Descarga elétrica
A Companhia Energética de Brasí-
lia terá que pagar indenização por
danos morais, no valor de R$ 50
mil, a uma mãe cuja filha morreu
em razão de descarga elétrica em
um poste de iluminação pública.
A 8ª Turma Cível do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal (TJDF)
observou que há relação entre o
acidente e a falha na prestação do
serviço. Narra a autora que a filha,
ao se apoiar em um dos postes de
iluminação pública, recebeu des-
carga elétrica, o que a levou a óbi-
to. O fato ocorreu no dia 15 de fe-
vereiro de 2020, quando a vítima,
à época com 25 anos, caminhava
pela Quadra 21, da Avenida Para-
noá. O local, segundo a autora, é
de grande circulação de pessoas. A
mãe afirma que o laudo do Institu-
to de Criminalística apontou que
o poste não estava em conformi-
dade com as normas de seguran-
ça. Decisão da Vara Cível do Para-
noá condenou a ré a pagar indeni-
zação a título de danos morais. A
Companhia Energética recorreu
sob o argumento de que não hou-
ve relação entre a morte da filha
da autora e a sua conduta (proces-
so: 0705626-65.2020.8.07.0008).
Alimentos orgânicos
A Lei Municipal de Lajeado (RS)
que incluiu alimentos orgânicos
na merenda escolar da rede de
ensino local foi declarada incons-
titucional pelo Órgão Especial do
Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Sul (TJRS). A ação direta de in-
constitucionalidade (ADIn), que
questiona a Lei Municipal n°
10.500, de 2017, foi ajuizada pelo
prefeito de Lajeado, sustentando
que a legislação, proposta pela
Câmara Municipal, contém vício
formal de iniciativa, uma vez que
retira do prefeito sua autonomia
organizacional e entra em sua
área privativa. Também apontou a
presença de vício material, uma
vez que a lei implicaria aumento
de despesa, com o pagamento de
valores não previstos no orça-
mento municipal. A relatora da
ADIn no Órgão Especial do TJRS
foi a desembargadora Laura Lou-
zada Jaccottet. A magistrada en-
tendeu estar caracterizado o vício
de inconstitucionalidade formal,
considerando que a Câmara Mu-
nicipal não poderia ter legislado
sobre matéria de iniciativa de
processo legislativo reservada ao
Poder Executivo Municipal. “A
matéria relativa à merenda esco-
lar é nítida questão de cunho ad-
ministrativo, mais especificamen-
te vinculada à gestão da Secreta-
ria Municipal da Educação”, disse
(ADIn nº 70085503910).
& Tributos
Tributário Quatro processos foram analisados nesta semana pela 2ª Turma da Câmara Superior
Contribuintes passam a vencer no Carf
casos de PLR e bônus de contratação
Beatriz Olivon
De Brasília
As empresas viraram o jogo na
Câmara Superior do Conselho
Administrativo de Recursos Fis-
cais (Carf) e passaram a derrubar
autuações fiscais em duas impor-
tantes questões: uma trata de
programas de participação nos
lucros e resultados (PLR) e a ou-
tra de bônus de contratação (hi-
ring bônus). A maioria das vitó-
rias está sendo garantida por
meio do voto de desempate a fa-
vor dos contribuintes.
Nesta semana, quatro casos —
três de PLR e um de bônus de con-
tratação — foram julgados pela
2ª Turma da Câmara Superior.
Nos processos de PLR, foram ana-
lisadas duas teses ligeiramente
diferentes e prevaleceu o enten-
dimento a favor do contribuinte
após o empate. Nesses julgamen-
tos, as empresas contaram com o
voto do presidente do Carf, Car-
los Henrique de Oliveira, repre-
sentante da Fazenda.
Na distribuição de PLR, as em-
presas são autuadas quando a
Receita Federal considera que
não cumpriram os requisitos pa-
ra isenção previstos na Lei nº
10.101, de 2000. A tese é discuti-
da por bancos e grandes empre-
sas e há casos de valores bilioná-
rios em discussão. Algumas con-
dições foram flexibilizadas pela
Lei nº 14.020, de 2020. Mas esses
processos analisados pela 2ª Tur-
ma tratam do período anterior.
Há autuações quando o pro-
grama de PLR é instituído sem a
participação do sindicato, ho-
mologado por sindicato que não
representa a categoria, os valores
são pagos em periodicidade infe-
rior à permitida, estabelecido
sem prever metas ou critérios ob-
jetivos ou com previsão de valor
acima do salário anual.
Também há autuações por se-
rem celebrados no mesmo ano
Justiça impede venda de cópias de joias de luxo
Adriana Aguiar
De São Paulo
A designer de joias Cris Lemos,
dona da marca de luxo pernambu-
cana CiS Joias e Designers, obteve
três liminares para proibir que lo-
jas de bijouterias reproduzam e
comercializem peças semelhantes
às suas, tanto nas lojas físicas como
nas redes sociais. As decisões são
de primeira e segunda instâncias.
A legislação não exige a prote-
ção do desenho de uma joia por
meio de patente. Por isso, de acor-
do com o advogado Eduardo Ri-
beiro Augusto, sócio da área de
Propriedade Intelectual do Si-
queira Castro, que defende a em-
presa e a designer, alegou-se que
houve violação do direito autoral
de sua cliente, que produz artigos
de luxo, feitos artesanalmente.
Nos pedidos, a defesa cita o arti-
go 7º da Lei de Direitos Autorais
(nº 9.610/1998). Pelo dispositivo,
“são obras intelectuais protegidas
as criações do espírito, expressas
por qualquer meio ou fixadas em
qualquer suporte, tangível ou in-
tangível, conhecido ou que se in-
vente no futuro”. Entre os exem-
plos trazidos na lei estão obras de
desenho, pintura, arte, ilustrações,
obras literárias e musicais.
A defesa ainda argumentou que,
por meio da internet, as lojas de bi-
jouterias informam que suas mer-
cadorias seriam inspirações, mas
que, na verdade, não passariam de
reproduções dos produtos criados
e comercializados exclusivamente
pela CiS Joias, com preços e quali-
SP
de apuração dos lucros. Dois dos
três casos julgados nesta semana
tratavam dessa questão. Um de-
les é da cervejaria Kaiser, que re-
cebeu uma cobrança de contri-
buição previdenciária sobre pa-
gamentos de PLR feitos entre
março e maio de 2006. Para a Re-
ceita, seriam verbas salariais por-
que a empresa registrou prejuízo
em 2005 e firmou o acordo no úl-
timo trimestre daquele ano.
O Carf, de acordo com o advoga-
do da Kaiser, Tiago Conde, sócio do
escritório Sacha Calmon Misabel
Derzi Advogados, considerava que
o acordo deveria ter sido fechado
antes do exercício do lucro — ou se-
ja, o PLR de 2006 teria que ser assi-
nado até 31 de dezembro de 2005.
“Mas isso é inexequível a depender
do setor”, diz. “Com os grandes sin-
dicatos, na negociação de PLR a
corda é esticada até o máximo.”
Agora, na decisão da 2ª Tur-
ma, acrescenta o advogado, o
Carf permitiu que no ano do lu-
cro a empresa possa assinar o
acordo, desde que prévio ao pa-
gamento. “Isso muda a jurispru-
dência” (processo nº
13864.000030/2011-69).
Nesses casos, a Fazenda Nacio-
nal defende que o instrumento de
negociação do programa deve ser
celebrado e divulgado antes do
início do período aquisitivo a que
se refere, para que os empregados
possam conhecer as metas, resul-
tados e prazos a serem cumpridos.
O tema também foi julgado em
processo envolvendo PLR do Banco
Rural, referente ao ano de 2004. A
Receita Federal aponta no caso que a
convenção coletiva que regulou a
distribuição de lucros e resultados
do exercício financeiro de 2004 foi
realizada em 11 de novembro da-
quele ano. Por isso, o PLR deveria ser
tributado. O Carf, também pelo de-
sempate, afastou a tributação (pro-
cesso nº 15504.004615/2010-91).
“Geralmente a negociação
avança dentro do período aquisi-
dade extremamente inferiores —
custam geralmente 10% do valor
cobrado por uma joia. “Quando se
fala de joia, estamos falando de al-
go exclusivo. Essa comercialização
por preços muito inferiores vulga-
riza a peça”, diz o advogado.
Uma das liminares foi concedi-
da pelo Tribunal de Justiça de Per-
nambuco (TJPE), depois de a pri-
meira instância negar o pedido. O
relator, desembargador Antônio
Fernando Araújo Martins, aplicou
ao caso os artigos 7º e 18 da Lei nº
9.610/98. O último dispositivo afir-
ma que “a proteção aos direitos de
que trata esta lei independe de re-
gistro” (agravo de instrumento nº
0014256-94.2022. 8.17.9000).
Para ele, não seria propriamente
hipótese de desvio de clientela, por
atingirem mercados diferentes.
Ele acrescenta, na decisão, que pa-
rece ser inegável que a prática po-
pulariza um produto que é dire-
cionado ao mercado de luxo. “Ou
seja, acaba por vulgarizar uma joia
exclusiva, de modo que esse se-
gundo argumento por elas tecido
é suficiente, neste momento, para
se considerar atendido o requisito
da probabilidade do direito”, diz.
Como consequência dessa po-
pularização, conclui, “é patente o
perigo do dano em caso de não se
obstar a comercialização de tais
peças, consoante pretendido, no-
tadamente porquanto é comum
haver um sentimento de desejo e
poder em torno da aquisição de
uma joia exclusiva, o qual, macula-
do com dita comercialização de se-
melhante desenho em qualidade
Alessandro Mendes Cardoso: geralmente a negociação de PLR avança dentro do período aquisitivo
tivo”, afirma Alessandro Cardo-
so, sócio do Rolim Advogados.
Ele destaca que a mudança na le-
gislação, em 2020, passou a per-
mitir às empresas assinar os acor-
dos antes do pagamento da ante-
cipação ou 90 dias antes da par-
cela única ou parcela final.
O outro caso julgado pelos
conselheiros da Câmara Superior
tratava de PLR de diretores esta-
tutários. O Fisco entende que a
Lei nº 10.101, de 2000, dá direito
a isenção apenas para valores pa-
gos a empregados celetistas, dei-
xando de fora, por exemplo, dire-
tores estatutários.
Nesse caso, o presidente do
Carf, em seu voto, entendeu que,
cumpridos os requisitos da Lei nº
10.101, o pagamento da PLR é ex-
tensível aos contribuintes indivi-
duais. Segundo a Constituição Fe-
deral, afirmou, não há diferencia-
ção entre os trabalhadores, em-
Advogado Eduardo Ribeiro Augusto: houve violação do direito autoral
inferior àquela inerente a uma
joia, pode ocasionar prejuízos de
ordem financeira às autoras”.
As duas outras liminares foram
concedidas em primeira instân-
cia, no mês de outubro. Uma de-
las é da 5ª Vara Cível de Recife. Na
decisão, o juiz Janduhy Finizola
considerou que a comercializa-
ção do Colar Crucifixo e do Colar
Espírito Santo por outra loja de
bijouteria “resulta em uma vulga-
rização das peças das autoras, no
São Paulo | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | E1
pregados subordinados ou não. E
é proibida, pela Constituição,
acrescentou, qualquer distinção
em razão da ocupação funcional,
independentemente da denomi-
nação jurídica de rendimentos, tí-
tulos ou direitos (processo nº
16682.720290/2014-23).
Nos processos sobre a tributação
de bônus de contratação, a decisão
foi unânime. Prevaleceu o entendi-
mento de que, no caso concreto, o
bônus não era habitual nem vincu-
lado ao trabalho e está ligado à en-
trada na empresa. Por isso, não se-
ria contraprestativo (processos nº
16327.001665/2010-78 e nº 163
27.001666/2010-12). Nas autua-
ções recebidas pelo Banco Pine, fo-
ram exigidas contribuições previ-
denciárias noperíodoentrejaneiro
de 2006 e dezembro de 2008.
Para a Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN), nes-
ses processos de hiring bônus, o
DIVULGAÇÃO
sentido de popularizar desenho
antes tido como exclusivo de
marca de renome” (processo nº
0088883-51.2021.8.17.2001).
A outra liminar foi concedida
pela 8ª Vara Cível de Recife. O juiz
Rafael José de Menezes entendeu
que é possível verificar a seme-
lhança em inúmeras peças comer-
cializadas. E concedeu o pedido
por entender que o perigo decor-
rente da demora na apreciação fi-
nal da demanda poderia acarretar
DIVULGAÇÃO
julgamento unânime se deu por
características próprias do caso,
não pela tese em si. O contrato
não tinha, por exemplo, cláusula
prevendo devolução de valores
de bônus.
Sobre os outros processos, a
PGFN destaca que embargos (re-
curso cabível nessa situação) são
excepcionais em casos de julga-
mento de tese. E pretende aguar-
dar a formalização dos acórdãos.
De acordo com a advogada Diana
Piatti Lobo, sócia do Machado
Meyer, os julgamentos marcaram o
retorno das atividades da 2ª Turma
depois de um longo período de pa-
ralisação. “E foi um bom retorno. É a
primeira vez que o novo presidente
do Carf, Carlos Henrique de Oliveira,
vota na 2ª Turma e sua posição se
mostrou determinante para boa
parte das mudanças de entendi-
mento que foram vistas nos julga-
mentos de agosto”, diz.
dano irreparável à saúde financei-
ra da joalheria (processo nº
0087856-33.2021.8.17.2001).
Essas liminares, de acordo
com Eduardo Ribeiro Augusto,
são emblemáticas para demons-
trar a proteção desses artigos ex-
clusivos de luxo, como joias, pe-
ças de roupa e bolsas. Para ele, o
conhecido processo judicial con-
tra uma empresa que reproduzia
bolsa da Hermès abriu caminho
para esses questionamentos no
direito da moda (fashion law).
Em agosto de 2021, a 9ª Câmara
de Direito Privado do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo
(TJSP) confirmou sentença que
proibia a Village 284 de produzir,
importar, exportar, manter em de-
pósito ou comercializar produtos
que violem os direitos autorais das
bolsas “Birkin” e “Kelly” ou de
qualquer outro produto de titula-
ridade da Hermès (processo nº
018707-59.2010.8.26.0100).
Especialista em propriedade in-
telectual, a advogada Ivana Có Gal-
dino Crivelli, sócia do escritório Có
Crivelli Advogados, afirma que o
cerne da proteção do direito auto-
ral é a forma da expressão criativa,
aquela que demonstre presença da
personalidade criativa do ser hu-
mano, “visto que se exige apenas
uma originalidade relativa”.
Nos casos julgados pelo TJPE e
5ª Vara Cível de Recife, não há ad-
vogados indicados para a defesa
das lojas de bijouterias. O profis-
sional do processo que tramita na
8ª Vara Cível de Recife não foi loca-
lizado pelo Valor.
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E2 Valor São Paulo Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Legislação & Tributos SP |

Repasse de créditos pode prejudicar o setor elétrico

recuperação de créditos suportado a repercussão dos para lidar com esse tema. extraordinárias estariam é, não foi criado qualquer tipo
Opinião Jurídica tributários recolhidos tributos nas tarifas de energia Dentre essas várias questões, previstas na formação da tarifa, de incentivo ou indenização
indevidamente e a necessidade elétrica pagas nos últimos anos. destacamos neste artigo bem como de todos os demais àquela empresa que agiu de
de repasse do benefício Nesse contexto sobreveio a especificamente a falta de custos e despesas adicionais forma diligente, em prol do
Andréa Mascitto e financeiro obtido aos Lei nº 14.385/22, cujo objetivo dispositivo legal prevendo no incorridos, como a tributação interesse público. Destacamos
Guilherme G. Torres consumidores de energia foi solucionar a disputa jurídica mínimo a retenção do suficiente dos créditos tributários, as esse aspecto na oportunidade
elétrica é alvo de disputa no existente em favor dos para reembolso dos custos e despesas com advogados e da consulta pública. Se por um
Poder Judiciário. Diversas consumidores e garantir a despesas incorridos pelas auditores, as custas processuais, lado não há estímulo, por outro
foram as ações propostas por redução das tarifas de energia. distribuidoras para recuperação dentre outros. tampouco há punição às
consumidores individuais, Conforme indicado acima, essa dos créditos tributários do valor Considerando que os custos e concessionárias que não forem
associações e pelo Ministério norma obriga as distribuidoras a ser repassado aos despesas necessários para que diligentes no questionamento
Público pleiteando o a repassar integralmente aos consumidores. A inexistência de seja alcançado o melhor de exigências tributárias.
ressarcimento de tributos consumidores os créditos previsão legal nesse sentido é tratamento tributário possível Desse modo, a nosso ver,
recolhidos indevidamente e tributários recuperados em extremamente prejudicial ao não serão ressarcidos, mostra-se extremamente
repassados aos consumidores razão de recolhimentos a mercado de energia elétrica pois questionamos qual seria o relevante eventual ajuste na

O
nas contas de energia elétrica. maior. A legislação inclusive incentiva uma postura inerte, ou incentivo das empresas do setor legislação ou a inclusão de
presidente Jair Após o julgamento do RE autoriza a Receita Federal a conformista, por parte das de energia elétrica em disputar dispositivo na regulamentação
Bolsonaro 574.706, no qual o Supremo realizar o ressarcimento distribuidoras. judicial ou administrativamente da Aneel que está porvir
sancionou a Lei nº Tribunal Federal (STF) definiu antecipado dos créditos eventuais cobranças tidas como tratando expressamente sobre o
14.385/22, que que é inconstitucional a tributários para que o repasse ilegais ou inconstitucionais. O ressarcimento ou compensação
obriga as inclusão do ICMS na base de tenha máxima efetividade. Essa medida, que as estimulará ou obrigará a desses custos e despesas
distribuidoras de energia cálculo do PIS/Cofins, esse tipo Esses procedimentos, no adotar uma série de ações, litigar incorridos pelas empresas do
elétrica a devolverem aos de disputa em torno dos entanto, ainda não estão claros
embora positiva sob por muitos anos, incorrer em setor na eventual recuperação e
consumidores créditos créditos a serem ressarcidos e, nos termos da referida lei, a perspectiva dos custos extraordinários para, ao repasse de créditos tributários
tributários (exceto de IRPJ e pelas concessionárias de deverão ser regulamentados consumidores, pode final, repassar a totalidade dos aos consumidores de energia
CSLL) decorrentes de serviços públicos se pela Aneel. Além disso, chama ganhos aos consumidores? E no elétrica.
recolhimentos a maior em intensificou ainda mais pelas atenção o fato de o processo gerar prejuízo às caso de insucesso? Em temas
razão de alterações normativas, cifras envolvidas. Estima-se que legislativo que culminou na Lei distribuidoras complexos, não há como Andréa Mascitto e Guilherme Gregori
decisões administrativas ou as ações judiciais propostas nº 14.385/22 ter ignorado garantir determinado resultado Torres são, respectivamente, sócia e
judiciais. Essa medida, embora pelas concessionárias envolvam diversas questões controversas em uma disputa jurídica. associado da Área Tributária de Pinheiro
positiva sob a perspectiva dos montante que supera o R$ 50 sobre o ressarcimento e repasse Nem se diga que os custos e as Assim, do ponto de vista Neto Advogados
consumidores, pode gerar bilhões. de créditos tributários pelas despesas incorridas por essas financeiro e gerencial,
prejuízo às distribuidoras pois A própria Agência Nacional concessionárias de serviço empresas com as referidas ações potencialmente será mais Este artigo reflete as opiniões do autor,
não considera os custos de Energia Elétrica (Aneel) se público, amplamente judiciais estariam contabilizados interessante às empresas do e não do jornal Valor Econômico.
incorridos por essas posicionou sobre o assunto, endereçadas pelos no cálculo tarifário vigente, setor de energia se manterem O jornal não se responsabiliza e nem
concessionárias de serviço defendendo que o benefício participantes do mercado de conforme defendido pela área inertes do que incorrerem em pode ser responsabilizado pelas
público para recuperação de econômico deveria ser energia no âmbito da técnica da Aneel. Isso porque não custos e despesas que não serão informações acima ou por prejuízos
indébitos. repassado aos consumidores, Consulta Pública nº 5/2021, há clareza se despesas com ações recuperados no futuro ainda de qualquer natureza em decorrência
A legitimidade para na medida em que eles teriam aberta pela Aneel exatamente judiciais discricionárias que haja êxito na demanda. Isto do uso dessas informações

CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPINAS DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO Bradesco Capitalização S.A.

Estado de São Paulo
www.campinas.sp.leg.br
AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 31/2022
Acha-se aberto na Câmara Municipal de Campinas o Pregão nº 31/2022 - Eletrônico - Processo
CMC-ADM-2022/00176 - Objeto: Contratação de empresa para fornecimento de solução
especializada Oracle Database Appliance, conforme especificações descritas no Anexo I –
Termo de Referência.
Recebimento das Propostas: a partir das 08h do dia 26/08/2022;
Início da Disputa de Preços: a partir das 14h do dia 09/09/2022;
Disponibilidade do Edital: 26/08/2022, no portal eletrônico
www.comprasgovernamentais.gov.br. Esclarecimentos adicionais através dos e-mails:
licitacoes@campinas.sp.leg.br / compras.camara.campinas@gmail.com.
Campinas, 25 de agosto de 2022.
Luiz Carlos Petroni
Diretor de Materiais e Patrimônio
EMBRAPORT – Empresa Brasileira
de Terminais Portuários S.A.
CNPJ/MF N.º 02.805.610/0001-98 - NIRE 35.300.157.109
Extrato da Ata de Reunião do Conselho de Administração realizada em 29.06.2022
Data, Hora, Local: 29.06.2022, às 16h00min, no Terminal DP World Santos, Estrada Particular da CODESP, s/n, Ilha
Barnabé, Prédio Administrativo, 2º andar, Sala Barnabé, Santos/SP, sendo permitida a participação dos Srs. Conselheiros
via videoconferência ou conferência telefônica, observadas as informações para acesso e conexão encaminhadas.
Convocação: Convocada por escrito, via e-mail, em 17.06.2022. Presença: Membros efetivos do Conselho de
Administração em exercício em 29.06.2022, a saber: Srs. Marcelo Schuetz Jardim (Presidente), Matthew Wells Leech
(Vice-Presidente), Raj Jit Singh Wallia, Marcelo Felberg, Henrik Kristensen e Fabio Medrano Siccherino. Ainda,
compareceram na condição de “convidados”, os Srs. Fernando de Gouveia Tortorello, Marcos Eduardo de Santis e
Wilson Mario Fadel Lozano. Mesa: Presidente: Fábio Medrano Siccherino e Secretário: Marcos Eduardo de Santis.
Deliberação Aprovadas: Eleger, Sr. Wilson Mário Fadel Lozano, brasileiro, casado, RG nº 26.272.645-2, CPF/
ME nº 272.057.918-12, com endereço em Santos/SP, como Diretor sem designação específica, com mandato até
29.02.2024, e declara que não está impedido de exercer atividades mercantis. Resta consignada a consolidação do
quadro de diretores da Companhia, composto pelos Srs. Fabio Medrano Siccherino, na condição de Diretor Presidente,
Fernando de Gouveia Tortorello, na condição de Diretor Financeiro, e Wilson Mario Fadel Lozano, na condição de Diretor
sem designação específica, todos com mandato unificado até 29.02.2024. Outros Assuntos: 1) restou consignada a
retificação do item “1”, das “Matérias para Informação e Deliberação”, cuja deliberação foi formalizada na ata de
Reunião do Conselho de Administração da DPWS datada de 22.03.2022, em razão de erro de digitação pontual: onde
lê-se “09.12.2022” deve-se ler, em verdade, “09.12.2021”; 2) Houve formalização dos documentos societários. Nesta
ocasião, ficou estabelecida a formalização da presente ata de Reunião do Conselho de Administração, restando
consignado, por fim, que o material apresentado permanecerá arquivado na sede da Companhia. Encerramento:
Nada mais. Santos/SP, 29.06.2022. Fábio Medrano Siccherino - Presidente; Marcos Eduardo de Santis -
Secretário. JUCESP nº 394.493/22-9 em 04.08.2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
Asa Branca V Energias Renováveis S.A.
CNPJ/ME Nº 11.681.458/0001-70 - NIRE 35.300.390.652
Ata de Assembleia Geral Extraordinária realizada em 23 de agosto de 2022
I. Data, Hora e Local: Em 23 de agosto de 2022, às 10h30, na sede social da Companhia, situada na
Rua James Joule, nº. 65 - 16º andar, Sala 161, Parte H, Bairro Cidade Monções, São Paulo - SP, CEP.:
04.576-080 (“Companhia”). II. Mesa: Sr. Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sra. Sandra
López Gorbe - Secretária. III. Presença: Presente a única acionista representando a totalidade do
capital social da Companhia, conforme assinatura constante do “Livro de Presença de Acionistas”,
arquivado na sede da Companhia, a saber Asa Branca Holding S.A. IV. Convocação: Dispensada a
publicação do edital de convocação, em razão do comparecimento da única acionista, detentora da
totalidade do capital social, nos termos do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº. 6.404/76 (“Lei das S.A.”).
V. Ordem do Dia: Deliberar sobre (i) a redução de capital social da Companhia, em decorrência de
excesso de capital atualmente estabelecido para o desenvolvimento do objeto social da Companhia; e
(ii) a autorização para que a administração da Companhia pratique todos os atos, tome todas as
providências e adote todas as medidas necessárias à formalização, efetivação e administração das
deliberações desta Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”). VI. Deliberações: Após análise dos itens
constantes da Ordem do Dia, a única acionista deliberou e aprovou, sem quaisquer ressalvas: (i) a
aprovação da redução do capital social da Companhia, atualmente no valor de R$ 86.360.125,00,
dividido em 86.360.125 ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal, o qual se encontra
totalmente subscrito e integralizado, por ser considerado excessivo para o desenvolvimento de seu
objeto social, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 173 e 174 da Lei das S.A., sendo
essa redução no montante de R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reais), mediante o correspondente
cancelamento de 15.000.000 (quinze milhões) de ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal,
restituindo-se o valor correspondente para a única acionista da Companhia. A redução de capital
aprovada se efetiva mediante cumprimento dos requisitos legais, notadamente nos termos do artigo
174 da Lei das S.A. (ii) a autorização aos administradores da Companhia a praticarem todos os atos
necessários para futura implementação da redução de capital ora aprovada, inclusive a publicação
desta ata para os fins legais. VII. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, o Presidente da
Mesa encerrou os trabalhos da presente Assembleia Geral Extraordinária, tendo sido lavrada esta ata
na forma de sumário, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 130 da Lei das Sociedades por Ações,
que, lida e achada conforme, foi assinada por todos os presentes. Mesa: Daniel Henrique Pastro -
Presidente da Mesa; Sandra López Gorbe - Secretária. Única Acionista: Asa Branca Holding S.A. A
presente ata é cópia fiel da via lavrada em livro próprio. São Paulo - SP, 23 de agosto de 2022. Mesa:
Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa, Sandra López Gorbe - Secretária. Única Acionista:
Asa Branca Holding S.A.
Hypera S.A.
Companhia Aberta
CNPJ/MF nº 02.932.074/0001-91 - NIRE nº 35.300.353.251 - Código CVM nº 21.431
Ata da Reunião do Conselho de Administração Realizada em 28 de Julho de 2022
1. Data, Horário e Local: Realizada em 28 de julho de 2022, às 14:00 horas, no escritório administrativo
da Hypera S.A. (“Companhia”), localizado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na
Avenida Magalhães de Castro, nº 4.800, 24º andar, cj. 241, Edifício Continental Tower, Cidade Jardim, CEP
05676-120. 2. Convocação e Presença: Dispensadas as formalidades de convocação em virtude da
presença da totalidade dos membros do Conselho de Administração da Companhia, presencialmente,
os Srs. Alvaro Stainfeld Link, Bernardo Malpica Hernandez, Breno Toledo Pires de Oliveira, David Coury
Neto, Esteban Malpica Fomperosa, Flair José Carrilho, Hugo Barreto Sodré Leal e as Sras. Maria Carolina
Ferreira Lacerda e Luciana Cavalheiro Fleischner Alves de Queiroz. 3. Mesa: O Sr. Alvaro Stainfeld Link
assumiu a presidência dos trabalhos, que convidou a mim, Juliana Aguinaga Damião Salem, para
secretariá-lo. 4. Ordem do Dia: Analisar, discutir e deliberar sobre: (a) os resultados das operações da
Companhia referentes ao segundo trimestre de 2022; e (b) a autorização aos Administradores da
Companhia para praticarem todos os atos necessários à efetivação da deliberação acima, caso aprovada.
5. Deliberações: Instalada a reunião, após discussão das matérias constantes da Ordem do Dia, os
Conselheiros deliberaram, por unanimidade de votos e sem quaisquer ressalvas e/ou restrições, o quanto
segue: (a) Resultados das operações da Companhia referentes ao segundo trimestre de 2022.
(a.i) Aprovar os resultados das operações da Companhia referentes ao segundo trimestre de 2022.
(b) Autorização aos Administradores. (b.i) Os Diretores da Companhia ficam, desde já, autorizados, por
si ou por seus procuradores por eles designados, nos termos do Estatuto Social, a assinar todos os
documentos e praticar quaisquer atos necessários à efetivação das deliberações previstas acima.
6. Encerramento: Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião, da qual se lavrou a presente ata que,
lida e achada conforme, foi assinada pelos conselheiros presentes. Mesa: Alvaro Stainfeld Link (Presidente)
e Juliana Aguinaga Damião Salem (Secretária). Conselheiros Presentes: Srs. Alvaro Stainfeld Link, Bernardo
Malpica Hernandez, Breno Toledo Pires de Oliveira, David Coury Neto, Esteban Malpica Fomperosa,
Flair José Carrilho, Hugo Barreto Sodré Leal e as Sras. Luciana Cavalheiro Fleischner Alves de Queiroz e
Maria Carolina Ferreira Lacerda. São Paulo, 28 de julho de 2022. Certidão. Confere com a original lavrada
no livro próprio. Juliana Aguinaga Damião Salem - Secretária.
Luis Carlos Pauli, cadastrado no CPF/ME sob o n° 056.712.149-63. DECLARA, nos termos do art. 6º do Regulamento
Anexo II à Resolução nº 4.122, de 2 de agosto de 2012, sua intenção de exercer cargo de administração na Renascença
Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários LTDA, inscrita no CNPJ sob o nº 62.287.735/0001-03. ESCLARECE que
eventuais objeções à presente declaração, acompanhadas da documentação comprobatória, devem ser apresentadas
diretamente ao Banco Central do Brasil, por meio do Protocolo Digital, na forma especificada abaixo, no prazo de quinze
dias contados da divulgação, por aquela Autarquia, de comunicado público acerca desta, observado que os declarantes
podem, na forma da legislação em vigor, ter direito a vistas do processo respectivo. Protocolo Digital (disponível na página
do Banco Central do Brasil na internet). Selecionar, no campo “Assunto”: Autorizações e Licenciamentos para Instituições
Supervisionadas e para Integrantes do SPB. Selecionar, no campo “Destino”: o componente do Departamento de
Organização do Sistema Financeiro – Deorf mencionado abaixo. BANCO CENTRAL DO BRASIL - Departamento de
Organização do Sistema Financeiro – DEORF Gerência Técnica do Rio de Janeiro, RJ. São Paulo, 24 de agosto de 2022.
INFRAESTRUTURA
URBANA E OBRAS
AVISO DE LICITAÇÃO
PROCESSO: 6022.2021/0002031-9
CONCORRÊNCIA Nº 007/22/SIURB
TIPO DE LICITAÇÃO: MENOR PREÇO
A PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO pela SECRETARIA
MUNICIPAL DE INFRAESTRUTURA URBANA E OBRAS - SIURB, torna pública
a abertura de licitação, na modalidade de CONCORRÊNCIA - MENOR PREÇO,
cujo o objeto trata-se de CONTRATAÇÃO DE EMPRESA DE ENGENHARIA
ESPECIALIZADA PARA EXECUÇÃO DE OBRAS DE DRENAGEM NA REGIÃO
DO PARQUE IBIRAPUERA - SÃO PAULO - SP. O Edital e seus Anexos estarão
à disposição para consulta e poderão ser obtidos mediante “download” na página
http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br ou pessoalmente na Rua XV
de Novembro, 165 - 4º andar - Sala da Comissão Permanente de Licitação,
Centro, SÃO PAULO - SP, em dias úteis das 10h30 às 13h30 e das 15h às 16h30
por gravação em mídia digital - PEN DRIVE virgem, a partir de 25/08/2022.
A entrega dos envelopes será realizada em 29/09/2022 das 10h às 11h, sendo
que a sessão de abertura dos envelopes contendo as propostas iniciar-se-á
às 11h do mesmo dia, no mesmo endereço.
Asa Branca VII Energias Renováveis S.A.
CNPJ/ME Nº 11.694.618/0001-15 - NIRE 35.300.388.429
Ata de Assembleia Geral Extraordinária realizada em 23 de agosto de 2022
I. Data, Hora e Local: Em 23 de agosto de 2022, às 11h00, na sede social da Companhia, situada na
Rua James Joule, nº. 65 - 16º andar, Sala 161, Parte J, Bairro Cidade Monções, São Paulo - SP, CEP.:
04.576-080 (“Companhia”). II. Mesa: Sr. Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sra. Sandra
López Gorbe - Secretária. III. Presença: Presente a única acionista representando a totalidade do
capital social da Companhia, conforme assinatura constante do “Livro de Presença de Acionistas”,
arquivado na sede da Companhia, a saber Asa Branca Holding S.A. IV. Convocação: Dispensada a
publicação do edital de convocação, em razão do comparecimento da única acionista, detentora da
totalidade do capital social, nos termos do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº. 6.404/76 (“Lei das S.A.”).
V. Ordem do Dia: Deliberar sobre (i) a redução de capital social da Companhia, em decorrência de
excesso de capital atualmente estabelecido para o desenvolvimento do objeto social da Companhia; e
(ii) a autorização para que a administração da Companhia pratique todos os atos, tome todas as
providências e adote todas as medidas necessárias à formalização, efetivação e administração das
deliberações desta Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”). VI. Deliberações: Após análise dos itens
constantes da Ordem do Dia, a única acionista deliberou e aprovou, sem quaisquer ressalvas: (i) a
aprovação da redução do capital social da Companhia, atualmente no valor de R$ 86.385.473,00,
dividido em 86.385.473 ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal, o qual se encontra
totalmente subscrito e integralizado, por ser considerado excessivo para o desenvolvimento de seu
objeto social, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 173 e 174 da Lei das S.A., sendo
essa redução no montante de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), mediante o correspondente
cancelamento de 30.000.000 (trinta milhões) de ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal,
restituindo-se o valor correspondente para a única acionista da Companhia. A redução de capital
aprovada se efetiva mediante cumprimento dos requisitos legais, notadamente nos termos do artigo
174 da Lei das S.A. (ii) a autorização aos administradores da Companhia a praticarem todos os atos
necessários para futura implementação da redução de capital ora aprovada, inclusive a publicação
desta ata para os fins legais. VII. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, o Presidente da
Mesa encerrou os trabalhos da presente Assembleia Geral Extraordinária, tendo sido lavrada esta ata
na forma de sumário, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 130 da Lei das Sociedades por Ações,
que, lida e achada conforme, foi assinada por todos os presentes. Mesa: Daniel Henrique Pastro -
Presidente da Mesa; Sandra López Gorbe - Secretária. Única Acionista: Asa Branca Holding S.A. A
presente ata é cópia fiel da via lavrada em livro próprio. São Paulo - SP, 23 de agosto de 2022. Mesa:
Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa, Sandra López Gorbe - Secretária. Única Acionista:
Asa Branca Holding S.A.
Asa Branca VIII Energias Renováveis S.A.
CNPJ/ME Nº 11.694.621/0001-39 - NIRE 35.300.388.411
Ata de Assembleia Geral Extraordinária realizada em 23 de agosto de 2022
I. Data, Hora e Local: Em 23 de agosto de 2022, às 11h30, na sede social da Companhia, situada na
Rua James Joule, nº. 65 - 16º andar, Sala 161, Parte K, Bairro Cidade Monções, São Paulo - SP, CEP.:
04.576-080 (“Companhia”). II. Mesa: Sr. Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sra. Sandra
López Gorbe - Secretária. III. Presença: Presente a única acionista representando a totalidade do
capital social da Companhia, conforme assinatura constante do “Livro de Presença de Acionistas”,
arquivado na sede da Companhia, a saber Asa Branca Holding S.A. IV. Convocação: Dispensada a
publicação do edital de convocação, em razão do comparecimento da única acionista, detentora da
totalidade do capital social, nos termos do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº. 6.404/76 (“Lei das S.A.”).
V. Ordem do Dia: Deliberar sobre (i) a redução de capital social da Companhia, em decorrência de
excesso de capital atualmente estabelecido para o desenvolvimento do objeto social da Companhia; e
(ii) a autorização para que a administração da Companhia pratique todos os atos, tome todas as
providências e adote todas as medidas necessárias à formalização, efetivação e administração das
deliberações desta Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”). VI. Deliberações: Após análise dos itens
constantes da Ordem do Dia, a única acionista deliberou e aprovou, sem quaisquer ressalvas: (i) a
aprovação da redução do capital social da Companhia, atualmente no valor de R$ 82.867.404,00,
dividido em 82.867.404 ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal, o qual se encontra
totalmente subscrito e integralizado, por ser considerado excessivo para o desenvolvimento de seu
objeto social, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 173 e 174 da Lei das S.A., sendo
essa redução no montante de R$ 16.600.000,00 (dezesseis milhões e seiscentos mil reais), mediante
o correspondente cancelamento de 16.600.000 (dezesseis milhões e seiscentas mil) ações ordinárias,
nominativas, sem valor nominal, restituindo-se o valor correspondente para a única acionista da
Companhia. A redução de capital aprovada se efetiva mediante cumprimento dos requisitos legais,
notadamente nos termos do artigo 174 da Lei das S.A. (ii) a autorização aos administradores da
Companhia a praticarem todos os atos necessários para futura implementação da redução de capital
ora aprovada, inclusive a publicação desta ata para os fins legais. VII. Encerramento: Nada mais
havendo a ser tratado, o Presidente da Mesa encerrou os trabalhos da presente Assembleia Geral
Extraordinária, tendo sido lavrada esta ata na forma de sumário, nos termos do parágrafo primeiro do
artigo 130 da Lei das Sociedades por Ações, que, lida e achada conforme, foi assinada por todos os
presentes. Mesa: Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sandra López Gorbe - Secretária.
Única Acionista: Asa Branca Holding S.A. A presente ata é cópia fiel da via lavrada em livro próprio.
São Paulo - SP, 23 de agosto de 2022. Mesa: Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa, Sandra
López Gorbe - Secretária. Única Acionista: Asa Branca Holding S.A.
Grupo Bradesco Seguros
CNPJ no 33.010.851/0001-74 – NIRE 35.300.331.354
Ata da Reunião da Diretoria realizada em 31.3.2022
Aos 31 dias do mês de março de 2022, às 9h45, por videoconferência, reuniram-se, os membros
da Diretoria da Sociedade sob a presidência do senhor Jorge Pohlmann Nasser. Durante a
reunião, os Diretores registraram os pedidos de renúncia formulados pelos senhores: Jair de
Almeida Lacerda Junior - Diretor Gerente; e Pedro Bosquiero Junior - Diretor, em cartas desta
data (31.3.2022), cujas transcrições foram dispensadas, as quais ficarão arquivadas na sede
da Sociedade para todos os fins de direito. Nada mais foi tratado, encerrando-se a reunião e
lavrando-se esta Ata que aprovada por todos os Diretores participantes, será encaminhada para
que assinem eletronicamente. aa) Jorge Pohlmann Nasser, Américo Pinto Gomes, Haydewaldo
Roberto Chamberlain da Costa, Gedson Oliveira Santos e Valdirene Soares Secato. Declaração:
Declaramos para os devidos fins que a presente é cópia da Ata lavrada no livro próprio e que
são autênticas, no mesmo livro, as assinaturas nele apostas. Bradesco Capitalização S.A.
aa) Américo Pinto Gomes e Vinicius Marinho da Cruz. Certidão - Secretaria de Desenvolvimento
Econômico - JUCESP - Certifico o registro sob o número 383.927/22-5, em 29.7.2022. a) Gisela
Simiema Ceschin - Secretária Geral.
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CNPJ/ME Nº 11.681.456/0001-80 - NIRE 35.300.388.437
Ata de Assembleia Geral Extraordinária realizada em 23 de agosto de 2022
I. Data, Hora e Local: Em 23 de agosto de 2022, às 10h00, na sede social da Companhia, situada na
Rua James Joule, nº. 65 - 16º andar, Sala 161, Parte G, Bairro Cidade Monções, São Paulo - SP, CEP.:
04.576-080 (“Companhia”). II. Mesa: Sr. Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sra. Sandra
López Gorbe - Secretária. III. Presença: Presente a única acionista representando a totalidade do
capital social da Companhia, conforme assinatura constante do “Livro de Presença de Acionistas”,
arquivado na sede da Companhia, a saber Asa Branca Holding S.A. IV. Convocação: Dispensada a
publicação do edital de convocação, em razão do comparecimento da única acionista, detentora da
totalidade do capital social, nos termos do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº. 6.404/76 (“Lei das S.A.”).
V. Ordem do Dia: Deliberar sobre (i) a redução de capital social da Companhia, em decorrência de
excesso de capital atualmente estabelecido para o desenvolvimento do objeto social da Companhia; e
(ii) a autorização para que a administração da Companhia pratique todos os atos, tome todas as
providências e adote todas as medidas necessárias à formalização, efetivação e administração das
deliberações desta Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”). VI. Deliberações: Após análise dos itens
constantes da Ordem do Dia, a única acionista deliberou e aprovou, sem quaisquer ressalvas: (i) a
aprovação da redução do capital social da Companhia, atualmente no valor de R$ 79.682.256,00,
dividido em 79.682.256 ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal, o qual se encontra
totalmente subscrito e integralizado, por ser considerado excessivo para o desenvolvimento de seu
objeto social, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 173 e 174 da Lei das S.A., sendo
essa redução no montante de R$ 16.000.000,00 (dezesseis milhões de reais), mediante o
correspondente cancelamento de 16.000.000 (dezesseis milhões) de ações ordinárias, nominativas,
sem valor nominal, restituindo-se o valor correspondente para a única acionista da Companhia. A
redução de capital aprovada se efetiva mediante cumprimento dos requisitos legais, notadamente nos
termos do artigo 174 da Lei das S.A. (ii) a autorização aos administradores da Companhia a praticarem
todos os atos necessários para futura implementação da redução de capital ora aprovada, inclusive a
publicação desta ata para os fins legais. VII. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, o
Presidente da Mesa encerrou os trabalhos da presente Assembleia Geral Extraordinária, tendo sido
lavrada esta ata na forma de sumário, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 130 da Lei das
Sociedades por Ações, que, lida e achada conforme, foi assinada por todos os presentes. Mesa: Daniel
Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sandra López Gorbe - Secretária. Única Acionista: Asa Branca
Holding S.A. A presente ata é cópia fiel da via lavrada em livro próprio. São Paulo - SP, 23 de agosto de
2022. Mesa: Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa, Sandra López Gorbe - Secretária. Única
Acionista: Asa Branca Holding S.A.
Asa Branca VI Energias Renováveis S.A.
CNPJ/ME Nº 11.694.617/0001-70 - NIRE 35.300.389.395
Ata de Assembleia Geral Extraordinária realizada em 23 de agosto de 2022
I. Data, Hora e Local: Em 23 de agosto de 2022, às 12h00, na sede social da Companhia, situada na
Rua James Joule, nº. 65 - 16º andar, Sala 161, Parte I, Bairro Cidade Monções, São Paulo - SP, CEP.:
04.576-080 (“Companhia”). II. Mesa: Sr. Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sra. Sandra
López Gorbe - Secretária. III. Presença: Presente a única acionista representando a totalidade do
capital social da Companhia, conforme assinatura constante do “Livro de Presença de Acionistas”,
arquivado na sede da Companhia, a saber Asa Branca Holding S.A. IV. Convocação: Dispensada a
publicação do edital de convocação, em razão do comparecimento da única acionista, detentora da
totalidade do capital social, nos termos do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº. 6.404/76 (“Lei das S.A.”).
V. Ordem do Dia: Deliberar sobre (i) a redução de capital social da Companhia, em decorrência de
excesso de capital atualmente estabelecido para o desenvolvimento do objeto social da Companhia; e
(ii) a autorização para que a administração da Companhia pratique todos os atos, tome todas as
providências e adote todas as medidas necessárias à formalização, efetivação e administração das
deliberações desta Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”). VI. Deliberações: Após análise dos itens
constantes da Ordem do Dia, a única acionista deliberou e aprovou, sem quaisquer ressalvas: (i) a
aprovação da redução do capital social da Companhia, atualmente no valor de R$ 80.047.715,00,
dividido em 80.047.715 ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal, o qual se encontra
totalmente subscrito e integralizado, por ser considerado excessivo para o desenvolvimento de seu
objeto social, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 173 e 174 da Lei das S.A., sendo
essa redução no montante de R$ 22.800.000,00 (vinte e dois milhões e oitocentos mil reais), mediante
o correspondente cancelamento de 22.800.000 (vinte e dois milhões e oitocentas mil) ações ordinárias,
nominativas, sem valor nominal, restituindo-se o valor correspondente para a única acionista da
Companhia. A redução de capital aprovada se efetiva mediante cumprimento dos requisitos legais,
notadamente nos termos do artigo 174 da Lei das S.A. (ii) a autorização aos administradores da
Companhia a praticarem todos os atos necessários para futura implementação da redução de capital
ora aprovada, inclusive a publicação desta ata para os fins legais. VII. Encerramento: Nada mais
havendo a ser tratado, o Presidente da Mesa encerrou os trabalhos da presente Assembleia Geral
Extraordinária, tendo sido lavrada esta ata na forma de sumário, nos termos do parágrafo primeiro do
artigo 130 da Lei das Sociedades por Ações, que, lida e achada conforme, foi assinada por todos os
presentes. Mesa: Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa; Sandra López Gorbe - Secretária.
Única Acionista: Asa Branca Holding S.A. A presente ata é cópia fiel da via lavrada em livro próprio.
São Paulo - SP, 23 de agosto de 2022. Mesa: Daniel Henrique Pastro - Presidente da Mesa, Sandra
López Gorbe - Secretária. Única Acionista: Asa Branca Holding S.A.
 Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais São Paulo | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | E3

BANCO B3
Banco B3 S.A.
CNPJ n° 00.997.185/0001-50

f.lopes
RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO
Cumprindo as disposições legais e estatutárias, temos o prazer de submeter a V.Sas. as demonstrações financeiras Banco B3 atua com mecanismos de incentivo e monitoramento, com o objetivo de assegurar o alinhamento dos B3, de modo a subsidiar os gestores na administração dos respectivos riscos incorridos. Informações e Adequação do
referentes aos semestres findos em 30 de junho de 2022 e 2021, que apresentaram os seguintes resultados: a) Foi processos com os interesses estratégicos da instituição. Suas políticas apoiam o gerenciamento de riscos apoiadas em Patrimônio de Referência: O Banco B3 possui patrimônio líquido superior ao mínimo necessário ao acesso ao Sistema
apurado um lucro líquido no semestre de R$23.297 mil contra R$13.752 mil em 2021; b) O Patrimônio Líquido passou decisões colegiadas de comitês específicos, abrangendo desde a Alta Administração até as diversas áreas de negócios, Financeiro Nacional, de acordo com a Resolução do Conselho Monetário Nacional nº 2.099, de 17 de agosto de 1994.
de R$126.600 em 30 de junho de 2021 para R$161.322 mil em 30 de junho de 2022; O Banco B3 S.A. é uma sociedade operacionais, produtos e serviços. Gerenciamento de Riscos: Em atendimento ao disposto na Resolução Conselho Os valores das parcelas referentes às exposições de risco de crédito (RWACPAD), de mercado (RWAMPAD) e operacional
anônima fechada, na condição de banco comercial singular com carteira de câmbio, controlada integralmente pela B3 Monetário Nacional nº 4.557, de 23 de junho de 2017, estrutura de gerenciamento integrado de riscos (operacional, (RWAOPAD) são calculados em conformidade com o determinado em normativos divulgados pelo Banco Central do Brasil.
S.A. BRASIL, BOLSA, BALCÃO e concebido para ser o importante instrumento de suporte operacional aos participantes mercado, liquidez e crédito - as operações sujeitas ao risco de crédito referem-se àquelas de contraparte em operações As informações relativas à gestão de riscos, apuração do montante de ativos ponderados pelo risco - RWA, de que trata
dos mercados por ela administrados. Autorizada pelo Banco Central do Brasil em maio de 2004, a instituição compromissadas - e gerenciamento de capital) e controles internos do Banco B3 é constituída em uma unidade sob a a Resolução CMN nº 4.958, de 21 de outubro de 2021, e à adequação do Patrimônio de Referência (PR), de que trata
desempenha desde então funções de liquidante e custodiante central para os agentes econômicos responsáveis por responsabilidade do Diretor de Riscos, que responde diretamente ao Diretor Presidente do Banco. A Diretoria de Riscos a Resolução CMN nº 4.955, de 21 de outubro de 2021, estão disponibilizadas na página do Banco B3 na rede mundial
operações realizadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros. O Banco B3 não capta recursos junto ao público, não do Banco B3 é responsável pela supervisão dos procedimentos operacionais com vistas a certificar o cumprimento dos de computadores. Gerenciamento de Capital: Em atendimento ao disposto na Resolução Conselho Monetário
realiza operações que requeiram oferta de garantias, aval ou fiança em favor de quaisquer terceiros, além de não limites, alçadas e diretrizes definidas em sua Política de Investimentos e Liquidação, que contém os critérios para a Nacional nº 4.557, de 23 de junho de 2017, a estrutura de gerenciamento integrado de riscos do Banco B3 elabora,
conceder crédito, prover liquidez ou fazer prestação de quaisquer outros serviços a entidades administradoras de aplicação do capital próprio em títulos públicos federais e para os limites de operações compromissadas (por contraparte) anualmente, ou sempre que necessário, estudos que visam analisar as necessidades de capital, através de simulações de
sistemas de negociação ou de registro de operações que não sejam administrados pela sua controladora. O Conselho e exposição cambial. A Política de Investimentos e Liquidação é aprovada pela Alta Administração e, tem o seu teor eventos severos com a finalidade de identificar potenciais restrições de capital. Estes cenários de estresse são aprovados
Monetário Nacional em sessão realizada no dia 29 de janeiro de 2004 e divulgada através da Resolução nº 3165/2004, revisado anualmente na busca de manter a compatibilidade entre os objetivos do Banco B3 e às condições de mercado. pelo Comitê de Riscos e seus impactos no capital são considerados na definição de estratégia e posicionamento de
permitiu ao então Banco BM&F operar exclusivamente como liquidante das operações cursadas em Bolsas de O Banco B3 conta com equipe de especialistas em análises de risco, que aplica ferramentas de controle de limites e negócios. Os resultados obtidos são apresentados em relatório anual apresentado à Alta Administração do Banco B3.
Mercadoras e Futuros. Com a fusão das instituições BM&F e BOVESPA em 8 de maio de 2008 nasceu a BM&FBOVESPA monitoramento diário em consonância com os parâmetros das Normas Internas de Riscos. Esse monitoramento é Agradecemos ao acionista e aos colaboradores pelo empenho, pela confiança e pela dedicação a nós reservados.
S.A. e o Banco BM&FBOVESPA, que passou a atuar também no segmento BOVESPA como liquidante e custodiante, realizado com base em análises diárias de estresse, de controle de liquidez, de limites financeiros operacionais e de VaR São Paulo, 22 de agosto de 2022.
conforme dispõe a Resolução 4.073 de 26 de abril de 2012. Governança Corporativa: A Governança Corporativa do (Value at Risk). Um painel com os resultados é publicado, atualizado diariamente, com acesso para as áreas do Banco A Diretoria
Balanços Patrimoniais em 30 de junho de 2022 e dezembro de 2021 Demonstrações do Resultado
(Em milhares de Reais) Semestres findos em 30 de junho de 2022 e 2021
Ativo Notas 30/06/2022 31/12/2021 Passivo Notas 30/06/2022 31/12/2021 (Em milhares de Reais, exceto o lucro líquido dos períodos por ação)
Circulante 825.179 851.277 Circulante 807.426 852.050 Notas 30/06/2022 30/06/2021
Disponibilidades 4 2.825 13.285 Instrumentos financeiros Receitas da intermediação financeira 51.685 15.491
Instrumentos financeiros Depósitos à vista 7(a) 41.747 38.661 Resultado de operações com títulos e valores mobiliários 5(d) 50.306 14.852
Aplicações interfinanceiras de liquidez 5(a) 777.881 797.884 Outros depósitos 7(b) 350.434 329.145 Resultado de operações de câmbio 1.379 639
Títulos e valores mobiliários 5(c) 30.927 20.613 Captações no mercado aberto 8 384.240 430.764 Despesas da intermediação financeira (20.149) (6.903)
Relações interfinanceiras 790 703 Relações interdependências - Recursos em trânsito de terceiros 9 2.250 10.534 Operações de captação no mercado (20.149) (6.903)
Despesas antecipadas 658 34 Relações interfinanceiras 5 - Resultado bruto da intermediação financeira 31.536 8.588
Outros créditos 6 12.098 18.758 Outras obrigações 10 28.750 42.946 Outras receitas e despesas operacionais 10.870 16.467
Não-Circulante 144.633 141.978 Exigível a Longo Prazo 1.064 647 Receitas de prestação de serviços 16(b) 1.236 1.165
Realizável a Longo Prazo 142.660 139.845 Outras obrigações 10 e 15 461 361 Rendas de tarifas bancárias 16(b) 31.932 31.462
Instrumentos financeiros Passivo fiscal diferido 13(a) 603 286 Outras despesas administrativas 16(c) (17.452) (12.613)
Títulos e valores mobiliários 5(c) 141.585 139.103 Patrimônio Líquido 11 161.322 140.558 Despesas tributárias 14 (4.583) (3.473)
Ativo fiscal diferido 13(a) 1.075 742 Capital social de domiciliados no País 100.000 100.000 Outras receitas operacionais 1 126
Imobilizado 466 512 Reserva de lucros 61.231 40.675 Outras despesas operacionais (264) (200)
Custo 547 547 Outros resultados abrangentes 91 (117) Resultado operacional 42.406 25.055
Depreciação acumulada (81) (35) Resultado antes da tributação sobre o lucro 42.406 25.055
Intangível 1.507 1.621 Imposto de renda e contribuição social 13(c) (19.109) (11.303)
Custo 2.259 2.259 Corrente (19.294) (11.413)
Amortização acumulada (752) (638) Diferido 185 110
Total do ativo 969.812 993.255 Total do passivo e patrimônio líquido 969.812 993.255 Lucro líquido dos semestres 23.297 13.752
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras. Quantidade de ações 11(a) 24.000 24.000
Lucro líquido dos semestres por ação - em R$ 970,71 573,00
Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
Semestres findos em 30 de junho de 2022 e 2021 (Em milhares de Reais)
Reserva de lucros Demonstrações do Resultado Abrangente
Capital Reserva Reserva Outros resultados Lucros Semestres findos em 30 de junho de 2022 e 2021
Notas realizado legal especial de lucros abrangentes Acumulados Total
(Em milhares de Reais, exceto o lucro líquido dos períodos por ação)
Saldos em 31 de dezembro de 2020 60.000 6.688 46.536 (346) - 112.878 30/06/2022 30/06/2021
Outros resultados abrangentes - - - (30) - (30) Lucro líquido dos períodos 23.297 13.752
Lucro líquido do exercício - - - - 13.752 13.752 Outros resultados abrangentes a serem reclassificados
Destinação: para o resultado em períodos subsequentes
Reserva legal do semestre 11(c) - 688 - - (688) - Instrumentos financeiros mensurados a valor justo
Reserva especial de lucros 11(c) - - 13.064 - (13.064) - por meio do resultado abrangente 208 (30)
Saldos em 30 de junho de 2021 60.000 7.376 59.600 (376) - 126.600 Marcação a mercado de outros ativos financeiros, líquido de impostos 271 (14)
Saldos em 31 de dezembro de 2021 100.000 8.337 32.338 (117) - 140.558 Variação cambial de outros ativos financeiros, líquido de impostos (63) (16)
Outros resultados abrangentes - - - 208 - 208 Total do resultado abrangente dos semestres 23.505 13.722
Lucro líquido do exercício - - - - 23.297 23.297 Atribuído aos: 23.505 13.722
Destinação: Acionista do Banco B3 23.505 13.722
Reserva legal do semestre 11(c) - 1.165 - - (1.165) - As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
Reserva especial de lucros 11(c) - - 22.132 - (22.132) -
Dividendos - - (2.741) - - (2.741)
Saldos em 30 de junho de 2022 100.000 9.502 51.729 91 - 161.322 Demonstrações dos Fluxos de Caixa
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras. Semestres findos em 30 de junho de 2022 e 2021 (Em milhares de Reais)
2022 2021
Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras Notas 1º Semestre 1º Semestre
Semestres findos em 30 de junho de 2022 e 2021 (Em milhares de reais) não capta recursos junto ao público, não realiza operações que requeiram oferta de garantias, aval ou fiança em favor Fluxo de caixa das atividades operacionais
de quaisquer terceiros e não concede crédito. Risco de Taxa de Juros: Esse risco está relacionado com a possibilidade de Lucro líquido dos semestres 23.297 13.752
1 - Contexto operacional Ajustes ao lucro líquido: 75 90
O Banco B3 S.A. (Banco) é uma sociedade anônima fechada, na condição de banco comercial singular com carteira de o Banco sofrer perdas em decorrência de flutuações das taxas de juros afetando seus ativos, acarretando efeitos sobre Provisão e atualização para contingências fiscais 15 100 79
câmbio, com sede na cidade de São Paulo, controlada integralmente pela B3 S.A - BRASIL, BOLSA, BALCÃO, (B3). o seu resultado financeiro. • Posição Pós-fixada: Conforme política de aplicações financeiras, com o objetivo de ter o Depreciação de ativo imobilizado de uso 46 8
Concebido para ser o principal instrumento de suporte operacional aos participantes dos mercados administrados pela menor impacto possível das flutuações das taxas de juros, a carteira própria do Banco é composta exclusivamente por Amortização de ativos intangíveis 114 113
B3. Desde a autorização do Banco Central do Brasil para seu funcionamento, em maio de 2004, o Banco desempenha títulos públicos federais (TPF’s), mantendo a proporção de, no mínimo, 90% em TPF’s pós-fixados SELIC, especificamente Impostos diferidos 13(a) (185) (110)
letras financeiras do tesouro (LFT’s). O quadro a seguir apresenta uma análise de sensibilidade sobre os possíveis Lucro líquido ajustado 23.372 13.842
funções exclusivas de liquidante e custodiante para os agentes econômicos responsáveis pelas operações realizadas na (Aumento) redução em ativos operacionais 16.853 (206.869)
B3. O Banco não capta recursos junto ao público, não realiza operações que requeiram oferta de garantias, aval ou impactos nos ativos em decorrência de uma variação de 25% e 50% sobre o cenário provável da taxa Selic, para os
Aplicações interfinanceiras de liquidez 20.004 (204.380)
fiança em favor de quaisquer terceiros, além de não conceder crédito, prover liquidez ou fazer prestação de quaisquer próximos três meses, obtidos por meio da Bloomberg. Aumento de títulos e valores mobiliários (12.588) (7.885)
outros serviços a entidades administradoras de sistemas de negociação ou de registro de operações que não sejam Impacto Relações interfinanceiras (87) (46)
Cenário Outros créditos 10.148 5.520
administrados pela sua controladora.
Fator de risco -50% -25% Neutro +25% +50% Despesas antecipadas (624) (78)
2 - Elaboração e apresentação das demonstrações financeiras
Selic 2.821 4.182 5.511 6.812 8.085 Aumento (redução) em passivos operacionais (11.431) 206.583
As presentes demonstrações financeiras foram aprovadas pela Administração do Banco em 22 de agosto de 2022. As Depósitos à vista e outros depósitos 24.375 186.043
Taxa Selic 6,74% 10,11% 13,48% 16,85% 20,22%
demonstrações financeiras do Banco foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis Captações no Mercado Aberto (46.524) 13.171
às instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil (BACEN), incluindo a Resolução nº 4.818/20 do 6 - Outros Créditos Relações interfinanceiras 5 15
Conselho Monetário Nacional (CMN) e a Resolução nº 2/20 do BACEN e normas expedidas por este, consubstanciadas 30/06/2022 31/12/2021 Outras obrigações 10.713 7.354
no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF). Circulante Caixa proveniente nas atividades operacionais 28.794 13.556
Carteira de Câmbio: (*) Pagamento de imposto de renda e contribuição social (22.732) (9.403)
3 - Principais práticas contábeis
Câmbio comprado a liquidar 3.278 3.629 Caixa líquido proveniente (aplicado) nas atividades operacionais 6.062 4.153
a. Receitas e despesas: As receitas e despesas estão registradas segundo o regime de competência. b. Estimativas Fluxo de caixa nas atividades de investimento
Direitos sobre vendas de câmbio 2.480 5.054
contábeis: A elaboração de demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil requer Aquisição de Imobilizado de uso - (286)
5.758 8.683
que a Administração use de julgamento na determinação e registro de estimativas contábeis. Ativos e passivos Rendas a Receber: Desenvolvimento de software - (182)
significativos sujeitos a essas estimativas e premissas incluem a valorização a mercado de títulos e valores mobiliários. A Serviços prestados a receber 2.918 4.404 Caixa líquido proveniente nas atividades de investimento - (468)
liquidação das transações envolvendo essas estimativas poderá resultar em valores diferentes dos estimados, devido a Fluxo de caixa nas atividades de financiamento
2.918 4.404 Dividendos pagos 11(b) (2.741) -
imprecisões inerentes ao processo de sua determinação. O Banco revisa as estimativas e premissas periodicamente. c. Diversos: Juros sobre o capital próprio pagos 11(b) (5.497) (3.990)
Caixa e equivalentes de caixa: Os saldos de caixa e equivalentes de caixa para fins de demonstração dos fluxos de Impostos e contribuições a compensar 3.422 5.671 Caixa líquido aplicado nas atividades de financiamento (8.238) (3.990)
caixa incluem os saldos de reservas livres junto ao BACEN e depósitos em moeda estrangeira. Os valores restritos 3.422 5.671 Aumento (Redução) líquido em caixa e equivalentes de caixa (2.176) (305)
vinculados a ordens em moeda estrangeira não são considerados para fins da demonstração de fluxo de caixa. d. Total 12.098 18.758 Caixa e equivalentes de caixa no início dos semestres 4 2.751 1.809
Operações de Câmbio: As operações de câmbio são registradas pelas taxas contratuais e são atualizadas pela taxa de (*) Os saldos referem-se a operações de câmbio financeiro (remessa e ingresso) relativos a aplicações de investidores não Caixa e equivalentes de caixa no final dos semestres 4 575 1.504
compra ou de venda da moeda estrangeira, na data do balanço. e. Ativos circulantes: Os ativos circulantes são residentes. O prazo médio de vencimento das operações é de 2 dias úteis. As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
demonstrados pelos valores de realização, incluindo, quando aplicável, os rendimentos e as variações monetárias 7 - Depósitos
auferidas. f. Títulos e valores mobiliários e instrumentos financeiros derivativos: Os títulos e valores mobiliários b. Período estimado de realização
a) Depósitos à vista: Referem-se a depósitos à vista mantidos por: Diferenças Provisão para Impostos
estão compostos por títulos públicos federais, os quais estão contabilizados pelo valor de aquisição, acrescidos dos 30/06/2022 31/12/2021
rendimentos calculados em razão da fluência dos prazos, e ajustados a valor de mercado. Os títulos públicos federais temporárias e Contribuições Diferidos Total de Ativo Fiscal Diferido
B3 (Nota 12) 41.463 38.152 2022 587 (489) 98
estão classificados como disponíveis para venda, visto que o Banco não possui o propósito de negociá-los de forma ativa Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (Nota 12) 69 66 2023 - 4 4
e frequente. A classificação em disponíveis para venda prevê a contabilização a valor de mercado, sendo os seus Instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN (*) 215 443 2024 - 5 5
rendimentos intrínsecos reconhecidos na demonstração de resultado e os ganhos e as perdas decorrentes das variações Total 41.747 38.661 2026 - 54 54
do valor de mercado, ainda não realizados, reconhecidos em conta específica do patrimônio líquido, líquido dos (*) Composto basicamente por saldos mantidos por corretoras. 2027 - (97) (97)
correspondentes efeitos tributários, sob o título de “Ajuste a valor de mercado (TVM)”. Os ganhos e as perdas, quando Outros depósitos: Referem-se, basicamente, a depósitos mantidos por pessoa jurídica com finalidade exclusiva para 2028 - (3) (3)
realizados, são reconhecidos mediante a identificação específica na data de negociação na demonstração do resultado, liquidação de ajustes e posições de operações realizadas no âmbito da B3 e do SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Acima de 2028 488 (77) 411
em contrapartida de conta específica do patrimônio líquido, líquido dos correspondentes efeitos tributários. O Banco Custódia, nos termos da Carta Circular do Banco Central do Brasil nº 3.196 de 21 de julho de 2005, mantidos por: Total 1.075 (603) 472
tem como política não realizar operações próprias no mercado de derivativos, aplicando suas disponibilidades em títulos 30/06/2022 31/12/2021 c. Reconciliação da despesa do imposto de renda e da contribuição social
e valores mobiliários e aplicações interfinanceiras de liquidez. g. Ativo imobilizado de uso: Os bens do imobilizado são
2022 2021
avaliados pelo valor do custo de aquisição, formação ou construção, deduzido da depreciação acumulada. As Outras pessoas jurídicas (1) 346.114 318.675 1º Semestre 1º Semestre
depreciações são calculadas pelo método linear e levam em consideração o tempo de vida útil econômica estimada dos Instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN (2) 3.553 10.401 Resultado antes do imposto de renda e contribuição social 42.406 25.055
bens e o seu valor residual. Os valores residuais e a vida útil dos ativos são revisados e ajustados, se apropriado, no fim Outros depósitos 767 69 Imposto de renda e contribuição social antes das adições e exclusões,
de cada exercício. h. Ativos intangíveis: Os ativos intangíveis são compostos por aquisição e desenvolvimento de Total 350.434 329.145 calculados à taxa nominal de 45% (19.083) (11.275)
software pelo custo de aquisição ou formação. Os ativos são amortizados usando-se o método linear ao longo de suas (1) Saldos mantidos por investidores não residentes. (2) Composto basicamente por saldos mantidos por corretoras. Adições: (38) (36)
vidas úteis. i. Passivos circulantes: Os passivos circulantes incluem os passivos conhecidos e calculáveis, acrescido dos 8 - Captações no mercado aberto Despesas não dedutíveis - permanentes (38) (36)
encargos e das variações monetárias, quando aplicável. É reconhecido no balanço o passivo decorrente de uma As captações no mercado aberto são compostas por compromissos de recompra para 1 de julho de 2022, com lastro Outros 12 8
obrigação legal ou constituída como resultado de um evento passado, onde seja provável que um recurso econômico em Letras Financeiras do Tesouro - (LFT), Letras do Tesouro Nacional - (LTN) e Notas do Tesouro Nacional série B - (NTN-B). Adicional imposto de renda 12 12
seja requerido para saldar a obrigação. Esses passivos são registrados tendo como base as melhores estimativas do risco (2021 - compostas por compromissos de recompra para 1 de julho de 2021, com lastro em Letras Financeiras do Tesouro Outros - (4)
envolvido. j. Provisão para imposto de renda e contribuição social: A provisão para imposto de renda foi calculada - (LFT), Letras do Tesouro Nacional - (LTN) e Notas do Tesouro Nacional série B - (NTN-B)). Imposto de renda e contribuição social corrente e diferido do período (19.109) (11.303)
sobre o “Lucro Real”, que corresponde ao lucro contábil, ajustado pelas adições e exclusões, à alíquota de 15%, 9 - Relações interdependências 14 - Despesas Tributárias
acrescida do adicional de 10% sobre o lucro excedente à R$20 por mês. A provisão para contribuição social para o Referem-se a recursos em trânsito de terceiros correspondentes às ordens de pagamentos em moedas estrangeiras, a As despesas tributárias estão assim compostas:
período compreendido de 1º de janeiro de 2020 foi constituída com base na alíquota de 20%, ajustado pelas exclusões serem creditados para os clientes durante o mês de julho de 2022, por ocasião da liquidação de contratos futuros de 30/06/2022 30/06/2021
ou adições previstas na legislação, a partir de 01 de março de 2020, alterado pela LEI Nº 14.183, de 14 de julho de 2021, câmbio. ISSQN (1.621) (1.596)
passando a ser de 25% de 01 de julho até 31 de dezembro de 2021 e 20% (vinte por cento) a partir de 1º de janeiro 10 - Outras obrigações Cofins (2.524) (1.585)
de 2022. k. Lucro por ação: O lucro por ação é calculado mediante a divisão do lucro atribuível ao acionista da 30/06/2022 31/12/2021 PIS (410) (258)
sociedade, pela quantidade de ações em circulação ao final do período. l. Contingências e Obrigações Legais: O Circulante Outros (28) (34)
reconhecimento, a mensuração e a divulgação dos ativos e passivos contingentes e das obrigações legais são efetuadas Cobrança e Arrecadação de Tributos e Assemelhados: Total (4.583) (3.473)
de acordo com os critérios definidos no Pronunciamento Técnico CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos IOF sobre câmbio a recolher 91 116 15 - Contingências e obrigações legais
Contingentes, aprovados pela Resolução CMN nº 3.823/2009. 91 116 Obrigações legais: Representado pelo processo iniciado em 2017, no qual o Banco postula a exclusão do ISS da base
4 - Disponibilidades Carteira de câmbio de cálculo do PIS/COFINS, pois esse não se enquadra no conceito de faturamento e de receita bruta, conforme
30/06/2022 31/12/2021 Câmbio vendido a liquidar 2.475 5.010 entendimento do STF quando do julgamento do RE 574.706.
Reservas Livres - BACEN 303 465 Obrigações por compras de câmbio 3.279 3.640 Obrigações Legais
Recursos em moeda estrangeira no exterior 272 2.286 5.754 8.650 Saldos em 31 de dezembro de 2020 200
Caixa e equivalentes de caixa 575 2.751 Sociais e Estatutárias Provisões 75
Recursos em trânsito de terceiros (1) 2.250 10.534 Juros sobre o capital proprio a pagar (Nota 11(b)) - 4.672 Atualizações 4
Total de disponibilidades 2.825 13.285 - 4.672 Saldos em 30 de junho de 2021 279
(1) Recursos em trânsito de terceiros, trata-se dos depósitos em moeda estrangeira de clientes usados exclusivamente Fiscais e previdenciárias:
Saldos em 31 de dezembro de 2021 361
para liquidação das operações. Provisão para impostos e contribuições sobre o lucro 19.294 24.942
Provisões 80
5 - Instrumentos financeiros Impostos e contribuições a recolher 808 1.727
Atualizações 20
a. Aplicações interfinanceiras de liquidez: As aplicações interfinanceiras de liquidez são compostas por aplicações 20.102 26.669
Saldos em 30 de junho de 2022 461
no mercado aberto com compromisso de revenda para 1 de julho de 2022, com lastro em Letras Financeiras do Tesouro Diversas:
Provisão para pagamentos a efetuar 1.158 785 Perdas possíveis: Os processos enquadrados na categoria de perda possível são assim classificados em decorrência de
- (LFT), Letras do Tesouro Nacional - (LTN) e Notas do Tesouro Nacional série B - (NTN-B). (2021 - As aplicações incertezas geradas quanto a seu desfecho. São ações judiciais ou procedimentos administrativos para cujo objeto ainda
interfinanceiras de liquidez são compostas por aplicações no mercado aberto com compromisso de revenda para 1 de B3 (Nota 12) 1.645 2.054
2.803 2.839 não foi estabelecida jurisprudência ou que dependem de verificação e análise dos fatos ou, ainda, que apresentam
julho de 2021, com lastro em Letras Financeiras do Tesouro - (LFT), Letras do Tesouro Nacional - (LTN) e Notas do Tesouro aspectos específicos que reduzem a probabilidade de perda. O Banco não possui contingências passivas envolvendo
Total 28.750 42.946
Nacional série B - (NTN-B)). b. Classificação da carteira: Os títulos e valores mobiliários estão assim demonstrados: questões trabalhistas, tributárias ou cíveis, classificadas como perdas possíveis.
Não-Circulante
30/06/2022 31/12/2021 Diversas: 16 - Outras informações
Valor de Valor de Valor de Valor de Provisões para contingências (Nota 15) 461 361 a. De acordo com a Resolução do Conselho Monetário Nacional nº 4.958, de 21 de outubro 2021, é exigida a
Disponíveis para venda curva mercado curva mercado Total 461 361 manutenção de requerimentos mínimos de patrimônio de referência (PR), suficientes para cobertura da “Apuração do
Carteira própria:
Títulos Públicos Federais 11 - Patrimônio líquido Valor dos Ativos Ponderados pelo Risco” (RWA - Risk Weighted Assets), que corresponde a soma das parcelas referentes
Letras Financeiras do Tesouro 139.560 139.650 128.784 128.580 a. Capital social: O Capital Social é representado por 24.000 ações ordinárias nominativas, sem valor nominal, às exposições a risco de crédito (RWACPAD), de mercado (RWAMPAD) e operacional (RWAOPAD). A tabela a seguir demonstra
Notas do Tesouro Nacional 2 2 2 1 totalmente subscritas e integralizadas por domiciliados no País. b. Dividendos e juros sobre o capital próprio: O o cálculo do índice de Basiléia do Banco B3:
139.562 139.652 128.786 128.581 acionista tem o direito ao dividendo mínimo de 25% do lucro líquido anual ajustado na forma da lei, podendo, 2021
Vinculados à prestação de garantias: alternativamente, ser distribuído na forma de juros sobre o capital próprio. Em janeiro 2022, foi liquidado o montante 30/06/2022 Exercício
Títulos Públicos Federais de R$5.497 a título de juros sobre capital próprio deliberados em dezembro 2021 (em janeiro 2021, foi liquidado o Patrimônio de Referência (R$ mil) 159.815 138.936
Letras Financeiras do Tesouro 31.949 31.942 30.307 30.275 montante de R$3.990 a título de juros sobre capital próprio deliberados em dezembro 2020). Em abril 2022, na Nível I 159.815 138.936
31.949 31.942 30.307 30.275 Assembleia Geral Extraordinária, foi deliberada a distribuição de dividendos no montante de R$2.741 (R$114,21 por Capital Principal 159.815 138.936
Títulos de Renda Variável: ação - valor expresso em reais) referentes ao exercício findo em 2021, sendo liquidado no mês de maio de 2022. Capital Social 100.000 100.000
Ações de Companhias Fechadas c. Reservas de lucros: As reservas de lucros são representadas pela reserva legal e pela reserva especial de lucros. Reserva de Lucros 61.231 40.674
Ações Swift 746 918 860 860 Do resultado do semestre foi constituída reserva legal a razão de 5% do lucro líquido no montante de R$1.165 (R$688 Ganhos não Realizados 91 -
746 918 860 860 em 2021) e o restante, foi destinado à constituição de reserva especial de lucros R$22.132 (R$13.064 em 2021). Deduções de Capital - (117)
Total 172.257 172.512 159.953 159.716 Ajustes Prudenciais (1.507) (1.621)
A destinação a reserva especial de lucros será deliberada na Assembleia Geral Ordinária (AGO), que ocorrerá em abril
Nível II - -
c. Diversificação por prazo de 2023.
Ativos Ponderados pelo Risco - Parcela RWA (R$ mil) 136.109 120.000
Disponíveis para venda 30/06/2022 31/12/2021 12 - Transações com partes relacionadas
RWACPAD 10.225 15.343
Carteira própria: 30/06/2022 31/12/2021 RWAMPAD 3.487 2.664
Vencimento até 3 meses 14.349 6.424 Passivo: RWAOPAD 122.397 101.993
Vencimento de 3 meses a 1 ano 6.191 13.329 Depósitos (Nota 7(a)) 41.532 38.218
Vencimento de 1 a 3 anos 27.706 18.995 Outras obrigações - diversas (Nota 10) (*) 1.645 2.054 Índice de Basiléia (IB) 117,42% 115,78%
Vencimento de 3 a 5 anos 68.389 63.113 Outras obrigações - sociais e estatutárias (Nota 10) - 4.672 b. As receitas de prestação de serviços estão assim compostas:
Vencimento de 5 a 15 anos 23.017 26.720 Despesas: 2022 2021 30/06/2022 30/06/2021
Total da carteira própria 139.652 128.581 1º Semestre 1º Semestre Receitas de prestação de serviços:
Outras despesas administrativas (*) (Nota 16 (c)) (10.411) (7.957) Taxa de administração de Fundos de Investimento 90 186
Vinculados à prestação de garantias: Despesas com taxas (54) (50) Taxa de administração de Fundo de Investimento FILCB (Nota 12) 1.145 978
Vencimento de 3 meses a 1 ano 9.469 - Despesas com taxas (Clearing Câmbio B3) (33) (23) Rendas de outros serviços 1 1
Vencimento de 1 a 3 anos 17.757 25.812 (10.498) (8.030) Total 1.236 1.165
Vencimento de 3 a 5 anos 4.716 4.463 Receitas: 2022 2021 Rendas de tarifas bancárias:
Total dos vinculados à prestação de garantias 31.942 30.275 1º Semestre 1º Semestre Tarifa de transferência de numerário 504 835
Taxa de administração de Fundos de Investimento - FILCB (Nota 16(b)) 1.145 978 Tarifa de custódia e distribuição de Fundo de Investimento - FILCB (Nota 12) 265 245
Títulos de Renda Variável: Tarifa de custódia e distribuição de Fundo de Investimento - FILCB (Nota 16(b)) 265 245 Tarifa de custódia, registro e liquidação 31.163 30.382
Sem vencimento 918 860 1.410 1.223 Total 31.932 31.462
918 860 c. Outras despesas administrativas estão assim compostas:
Total 172.512 159.716 (*) Refere-se a reembolso de custos operacionais da estrutura disponibilizada pela B3, conforme contrato firmado entre
as partes. A remuneração do pessoal-chave da administração é paga pela B3 na qual os profissionais estão alocados. 30/06/2022 30/06/2021
O valor de mercado dos títulos públicos é apurado de acordo com a cotação de preço de mercado na data do balanço, 13 - Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro Processamento de dados (2.623) (1.642)
utilizando-se das cotações divulgadas pela ANBIMA. A marcação a mercado, não realizada, líquida dos correspondentes a. Imposto de renda e contribuição social diferidos Serviços do sistema financeiro (3.635) (2.393)
efeitos tributários, totalizaram em 30 de junho de 2022 R$91 positivo e em 30 de junho de 2021 R$376 negativo. Débito(crédito) na Débito(crédito) no Serviços técnicos especializados (300) (271)
Os títulos públicos estão custodiados junto ao Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic. Os títulos disponíveis demonstração resultado Serviços de terceiros (37) (90)
para venda possuem liquidez imediata, independente do prazo de vencimento, exceto pelos títulos vinculados à 31/12/2021 do resultado abrangente 30/06/2022 Reembolso à B3 - custos operacionais (Nota 12) (10.411) (7.957)
prestação de garantias. Os títulos vinculados à prestação de garantias referem-se a títulos depositados em garantia como Ativo Diferido Despesas de aluguéis (248) (175)
exigência operacional em seus serviços de liquidante na Clearing de Câmbio da B3. As ações da Swift adquiridas por Contingências tributárias, cíveis Demais despesas (198) (85)
meio do convênio com a Cia, são classificadas como disponível para venda e sem vencimento, a participação do Banco e trabalhistas 162 45 - 207 Total (17.452) (12.613)
B3 será reavaliada a cada três anos verificando a necessidade de nova aquisição de ações ou venda delas. Não ocorreram Provisão Outros 209 139 - 348 d. O Banco administra o Fundo B3 Margem Garantia Referenciado DI Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de
reclassificações de títulos durante o exercício. Variação Cambial não Realizada 264 214 - 478 Investimento, que possui um patrimônio líquido de R$85.671 em 30 de junho de 2022 (R$101.099 em 30 de junho de
d. Resultado de operações com títulos e valores mobiliários MTM - PL 107 - (107) - 2021), o Fundo B3 DI Fundo de investimento Renda Fixa Referenciado com patrimônio de R$85.676 em 30 de junho de
2022 2021 Variação Cambial - PL - - 42 42 2022 (R$ 101.129 em 30 de junho de 2021) e o Fundo de Investimento Liquidez Câmara B3 Multimercado - FILCB que
1º Semestre 1º Semestre Total do ativo diferido 742 398 (65) 1.075 em 30 de junho de 2022 possui um patrimônio líquido de R$2.752.675 (R$2.541.656 em 30 de junho de 2021). e. Na
Rendas de aplicações interfinanceiras de liquidez 41.728 13.216 Passivo Diferido atividade de custodiante, o Banco é responsável pela custódia de títulos de investidores não residentes que, em 30 de
Rendas de títulos de renda fixa 8.578 1.636 Variação Cambial não Realizada (275) (213) - (488) junho de 2022, totalizam R$340.169 (R$468.068 em 30 de junho de 2021). f. Para o serviço de emissão de Brazilian
Total 50.306 14.852 Variação Cambial - PL (11) - 11 - Depositary Receipts (BDR), o Banco possui o montante de R$15.050.292 correspondente às ações que lastreiam os BDRs
e. Análise de sensibilidade: O Banco é integralmente controlado pela B3 e seu funcionamento autorizado pelo Banco MTM - PL - - (115) (115) emitidos no Brasil. A custódia do lastro é feita por instituição financeira no exterior. g. No exercício, não houve impacto
Central do Brasil em janeiro de 2004. Desde a sua autorização é um instrumento de suporte operacional para a B3 e Total do passivo diferido (286) (213) (104) (603) relevante nas operações devido à pandemia de COVID-19. h. Para o exercício apresentado não há incidência de
seus participantes, atuando de maneira integrada com seus clientes para atender suas estratégias de negócios. O Banco Diferido líquido 456 185 (169) 472 resultados não recorrentes.

Continua
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E4 Valor São Paulo Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Continuação
Diretoria
Gilson Finkelsztain - Diretor Presidente Viviane El Banate Basso - Diretora Vice-Presidente
Eduardo Lopes Farias - Diretor de Riscos
Relatório do Auditor Independente sobre as Demonstrações Financeiras
Aos Diretores e Acionista do
Banco B3 S.A.
São Paulo - SP
Opinião: Examinamos as demonstrações financeiras do Banco B3 S.A. (“Banco”) que compreendem o balanço
patrimonial em 30 de junho de 2022 e as respectivas demonstrações do resultado, do resultado abrangente, das
mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o semestre findo nessa data, bem como as correspondentes
notas explicativas, incluindo o resumo das principais políticas contábeis. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras
acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira do
Banco B3 S.A. em 30 de junho de 2022, o desempenho de suas operações e os seus respectivos fluxos de caixa para o
semestre findo nessa data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições autorizadas
a funcionar pelo Banco Central do Brasil, (BACEN). Base para opinião: Nossa auditoria foi conduzida de acordo com
as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Nossas responsabilidades, em conformidade com tais normas, estão
descritas na seção a seguir intitulada “Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações financeiras”.
Somos independentes em relação ao Banco, de acordo com os princípios éticos relevantes previstos no Código de Ética
Profissional do Contador e nas normas profissionais emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, e cumprimos com
as demais responsabilidades éticas de acordo com essas normas. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é
suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião. Outras informações que acompanham as demonstrações
contábeis e o relatório do auditor: A administração do Banco é responsável por essas outras informações que
compreendem o Relatório da administração. Nossa opinião sobre as demonstrações contábeis não abrange o Relatório
da administração e não expressamos qualquer forma de conclusão de auditoria sobre esse relatório. Em conexão com a
auditoria das demonstrações financeiras, nossa responsabilidade é a de ler o Relatório da administração e, ao fazê-lo,
considerar se esse relatório está, de forma relevante, inconsistente com as demonstrações financeiras ou com nosso
conhecimento obtido na auditoria ou, de outra forma, aparenta estar distorcido de forma relevante. Se, com base no
BANCO ABC BRASIL S.A.
COMPANHIA ABERTA
CNPJ/ME nº 28.195.667/0001-06 - NIRE 35.300.138.023
ATA DA REUNIÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
REALIZADA EM 06 DE MAIO DE 2022
1 - DATA, HORA E LOCAL: Aos 06 dias de maio de 2022, às 9h, na sede social do Banco ABC Brasil
S.A. (Companhia), na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar - São Paulo, Capital. 2 - PRESENÇA: Maioria
dos membros, com a participação de Conselheiros na forma prevista pelo art. 20, § 1º do Estatuto
Social. 3 - ORDEM DO DIA: Eleição dos Diretores da Companhia. 4 - DELIBERAÇÕES: O Conselho
de Administração, por unanimidade dos presentes, deliberou: 4.1. Eleger para a Diretoria da
Companhia, com mandato de 2 (dois) anos, até a primeira Reunião do Conselho de Administração a
se realizar após a assembleia geral ordinária de 2024, o Sr. SERGIO LULIA JACOB, brasileiro,
casado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na
Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. nº 13.598.469, expedida pela
SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob nº 106.178.428-25 para Diretor Presidente; os Srs. ANTONIO
JOSÉ NICOLINI, brasileiro, divorciado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade
R.G. n 18.613.174, expedida pela SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob n 155.990.838-61; ANTONIO
SANCHEZ JUNIOR, brasileiro, divorciado, economista, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado
de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G.
n 07495959-4 expedida pelo IFP/RJ e inscrito no CPF/ME sob n 004.281.067-14; JOSÉ EDUARDO
CINTRA LALONI, brasileiro, divorciado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade
R.G. n 11.748.574, expedida pela SSP/SP, e inscrito no CPF/ME sob n 077.856.518-17; MARCO
ANTONIO ASCOLI MASTROENI, brasileiro, casado, economista, domiciliado na Cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade
R.G. n 17.509.191 expedida pela SSP/SP, inscrito no CPF/ME sob n 062.198.128-16; RENATO
PASQUALIN SOBRINHO, brasileiro, casado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de
São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de
Identidade RG nº 7.539.418-2, expedida pela SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob nº 030.127.578-56 e
SERGIO RICARDO BOREJO, brasileiro, casado, economista, domiciliado na Cidade de São Paulo,
Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G.
n 14.987.454-6, expedida pela SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob n 116.871.248-33, para Diretores
Vice-Presidentes; os Srs. ADRIANA FERNANDES PERES, brasileira, solteira, administradora de
empresas, domiciliada na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803,
2º andar, portadora da Cédula de Identidade R.G. n 20037438 expedida pela SSP/SP, inscrita no
CPF/ME sob n 249.330.458-60; ALEXANDRE YOSHIAKI SINZATO, brasileiro, divorciado,
engenheiro, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803,
2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 25.505.315-0, expedida pela SSP/SP e inscrito no
CPF/ME sob n 259.915.358-17; CARLOS AUGUSTO DEL MONACO DE PAULA SANTOS E SILVA,
brasileiro, casado, engenheiro, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na
Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 32358598 expedida pela
SSP/SP, e inscrito no CPF/ME sob n 224.573.158-16; CÉSAR VALDEZ MINDOF, brasileiro, casado,
bancário, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803,
2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 7029375271, expedida pela SSP/PC RS e inscrito
no CPF/ME sob n 931.357.500-00; DANIEL CREDIDIO BRANDÃO BARBOSA DE OLIVEIRA,
brasileiro, casado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São
Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 27247763,
expedida pela SSP/SP, e inscrito no CPF/ME sob n 165.794.528-62; EDGARD DE SOUZA TOLEDO
NETO, brasileiro, casado, engenheiro, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na
Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 32737406, expedida pela
SSP/SP, e inscrito no CPF/ME sob n 291.372.868-54; EVERTHON NOVAES VIEIRA, brasileiro,
divorciado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na
Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 27.828.352-4 expedida
pela SSP/SP, e inscrito no CPF/ME sob n 286.940.418-20; FELIPE SENE TAMBURUS, brasileiro,
solteiro em união estável, advogado, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na
Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 28001877 expedida pela
SSP/SP, inscrito no CPF/ME sob n 218.389.888-74; FERNANDO VAZQUEZ FERNANDEZ, brasileiro,
casado, economista, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim,
803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 19.145.697-4, expedida pela SSP/SP, e
inscrito no CPF/ME sob n 086.347.098-09; GUSTAVO HENRIQUE TAVARES SILVA BELLON,
brasileiro, casado, bancário, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade
Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 6.672.658-4, expedida pelo SSP/PR
e inscrito no CPF/ME sob n 962.811.389-53; GUSTAVO MACHADO VIEIRA DE ALMEIDA, brasileiro,
casado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na
Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 132491390 expedida pela
IFPRJ, inscrito no CPF/ME sob n 514.868.651-00; LEILA MARIA DE CARVALHO ROCHA, brasileira,
casada, contadora, domiciliada na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, Av. Cidade Jardim, 803,
2º andar, portadora da Cédula de Identidade R.G. n 18.084.359-x expedida pela SSP/SP e inscrita no
CPF/ME sob n 042.173.408-69; LIVIA SOUSA SANT’ANA, brasileira, solteira, psicóloga, domiciliada
na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portadora
da Cédula de Identidade R.G. n 2.507.695 expedida pela SSP/MG, inscrita no CPF/ME sob n
479.386.176-87; PAULO ROMAGNOLI, brasileiro, solteiro, engenheiro, domiciliado na Cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade
R.G. n 7.306.717, expedida pela SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob n 041.568.808-69; RICARDO
GENTILE ROCHA, brasileiro, divorciado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade
R.G. n 15.884.638-2, expedida pela SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob n 168.067.328-95; RICARDO
MIGUEL DE MOURA, brasileiro, casado, engenheiro, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de
São Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 20.513.059-8
expedida pela SSP/SP, inscrito no CPF/ME sob n 259.792.428-99; RODRIGO ANDREOS
CORDEIRO, brasileiro, casado, engenheiro, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São
Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 30.403.217-7
expedida pela SSP/SP, inscrito no CPF/ME sob n 325.754.378-65; RODRIGO MONTEMOR,
brasileiro, casado, administrador de empresas, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São
Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 32.636.485-7,
expedida pela SSP/SP e inscrito no CPF/ME sob n 319.724.178-94; RODRIGO RIBEIRO, brasileiro,
divorciado, bacharel em sistemas de informação, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São
Paulo, na Av. Cidade Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 5065143901
expedida pela SJS/DI RS, inscrito no CPF/ME sob n 989.798.920-04 e RODRIGO SOTERO GALVÃO,
brasileiro, casado, bancário, domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Av. Cidade
Jardim, 803, 2º andar, portador da Cédula de Identidade R.G. n 099339244, expedida pela IFP/RJ e
inscrito no CPF/ME sob n 074.672.557-48, para Diretores. 4.1.1. Registram os presentes que à
exceção da Diretora ora eleita, Sra. ADRIANA FERNANDES PERES, todos os demais Diretores
qualificados acima estão sendo reeleitos neste ato, posto que já exerciam mandato na Diretoria da
Companhia. Os Diretores eleitos declararam, sob as penas da lei, inexistir quaisquer impedimentos ao
exercício dos cargos. Os Conselheiros presentes declaram que os eleitos preenchem as condições
previstas no art. 2º do Regulamento Anexo II à Resolução do Conselho Monetário Nacional nº 4.122,
de 2 de agosto de 2012, sendo que cópias das referidas declarações encontram-se arquivadas na
Companhia. 4.1.2. O Diretor Vice-Presidente Sr. SERGIO RICARDO BOREJO é designado como
Diretor de Relações com Investidores. 4.1.3. Em consequência, a Diretoria da Companhia terá a
seguinte composição: Diretor-Presidente: Sr. SERGIO LULIA JACOB; Diretores Vice-Presidentes:
Srs. ANTONIO JOSÉ NICOLINI, ANTONIO SANCHEZ JUNIOR, JOSÉ EDUARDO CINTRA LALONI,
MARCO ANTONIO ASCOLI MASTROENI, RENATO PASQUALIN SOBRINHO e SERGIO RICARDO
BOREJO; Diretores: ADRIANA FERNANDES PERES, ALEXANDRE YOSHIAKI SINZATO, CARLOS
AUGUSTO DEL MONACO DE PAULA SANTOS E SILVA, CÉSAR VALDEZ MINDOF, DANIEL
CREDIDIO BRANDÃO BARBOSA DE OLIVEIRA, EDGARD DE SOUZA TOLEDO NETO, EVERTHON
NOVAES VIEIRA, FELIPE SENE TAMBURUS, FERNANDO VAZQUEZ FERNANDEZ, GUSTAVO
HENRIQUE TAVARES SILVA BELLON, GUSTAVO MACHADO VIEIRA DE ALMEIDA, LEILA MARIA
DE CARVALHO ROCHA, LIVIA SOUSA SANT’ANA, PAULO ROMAGNOLI, RICARDO GENTILE
ROCHA, RICARDO MIGUEL DE MOURA, RODRIGO ANDREOS CORDEIRO, RODRIGO
MONTEMOR, RODRIGO RIBEIRO E RODRIGO SOTERO GALVÃO. 4.1.4. O Diretor Presidente e os
Diretores Vice-Presidentes formarão o Comitê Executivo, com as atribuições estabelecidas no Estatuto
Social da Companhia. 4.1.5. A distribuição da remuneração aos Diretores eleitos, fixada em montante
global na Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária realizada em 29 de abril de 2022, será objeto
de deliberação nos termos do Estatuto Social da Companhia. 5 - ENCERRAMENTO: Nada mais
havendo a tratar, foi encerrada a Reunião, da qual se lavrou a presente ata a qual, após ter sido lida e
achada conforme, foi assinada pelos presentes. São Paulo, 06 de maio de 2022. Ass.: Felipe
Sene Tamburus, Secretário. Membros do Conselho: ANWAR ALI AL MUDHAF, ANIS CHACUR
NETO, BRENDON HOPKINS, ROBERTO PEDOTE e VERNON HANDLEY. Confere com original
lavrado em livro próprio. Felipe Sene Tamburus - Secretário. Visto: Regina Tkatch - OAB/SP nº 250.703.
JUCESP nº 429.436/22-1 em 22/08/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
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CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE nº 3530013990-9
Extrato da 415ª Reunião Extraordinária do Conselho de Administração Realizada em 19/082021
Em 19/08/2021, às 18h30, na Sede. Presença: A reunião foi realizada de forma virtual e os membros do
Conselho de Administração proferiram seus votos por meio eletrônico, sob a presidência do Sr. Fausto de
Andrade Ribeiro, e Daniela Ramos Scarin, como Secretária. Deliberações: 1) Eleição de Membro para
Conselho de Administração: Foi eleito para o cargo de Membro Titular do Conselho de Administração,
na condição de representante do Acionista BB Seguros Participações S.A. o Sr. Flávio Augusto Viana
Rocha, CI militar nº 374.638 - Marinha, CPF nº 730.456.247-15, até a 1ª Assembleia Geral de Acionistas
que vier a ocorrer, nos termos da previsão contida no Estatuto Social. Nada mais. Daniela Ramos Scarin
- Secretária. JUCESP nº 407.313/22-9 em 11/08/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
BANCO B3 S.A. - CNPJ nº 00.997.185/0001-50
Roberto da Silva Júnior - Diretor de Operações Financeiras Gustavo Peres de Carvalho - Diretor Operacional
Paulo Giovanni Claver - Diretor de Assuntos Contábeis
trabalho realizado, concluirmos que há distorção relevante no Relatório da administração, somos requeridos a comunicar
esse fato. Não temos nada a relatar a este respeito. Responsabilidades da administração e da governança pelas
demonstrações financeiras: A administração é responsável pela elaboração e adequada apresentação das
demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições autorizadas
a funcionar pelo Banco Central do Brasil e pelos controles internos que ela determinou como necessários para permitir
a elaboração de demonstrações contábeis livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou
erro. Na elaboração das demonstrações financeiras, a administração é responsável pela avaliação da capacidade de o
Banco continuar operando, divulgando, quando aplicável, os assuntos relacionados com a sua continuidade operacional
e o uso dessa base contábil na elaboração das demonstrações financeiras, a não ser que a administração pretenda
liquidar o Banco ou cessar suas operações, ou não tenha nenhuma alternativa realista para evitar o encerramento das
operações. Os responsáveis pela governança do Banco são aqueles com responsabilidade pela supervisão do processo
de elaboração das demonstrações financeiras. Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações
financeiras: Nossos objetivos são obter segurança razoável de que as demonstrações financeiras, tomadas em
conjunto, estão livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro, e emitir relatório de
auditoria contendo nossa opinião. Segurança razoável é um alto nível de segurança, mas não uma garantia de que a
auditoria realizada de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria sempre detecta as eventuais
distorções relevantes existentes. As distorções podem ser decorrentes de fraude ou erro e são consideradas relevantes
quando, individualmente ou em conjunto, possam influenciar, dentro de uma perspectiva razoável, as decisões
econômicas dos usuários tomadas com base nas referidas demonstrações financeiras. Como parte da auditoria realizada
de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria, exercemos julgamento profissional e mantemos
ceticismo profissional ao longo da auditoria. Além disso: • Identificamos e avaliamos os riscos de distorção relevante nas
demonstrações financeiras, independentemente se causada por fraude ou erro, planejamos e executamos procedimentos
de auditoria em resposta a tais riscos, bem como obtivemos evidência de auditoria apropriada e suficiente para
fundamentar nossa opinião. O risco de não detecção de distorção relevante resultante de fraude é maior do que o
OPEA SECURITIZADORA S.A.
Companhia Aberta - CNPJ nº 02.773.542/0001-22
EDITAL DE CONVOCAÇÃO - ASSEMBLEIA DE TITULARES DOS CERTIFICADOS DE RECEBÍVEIS IMOBILIÁ-
RIOS DA 171ª SÉRIE DA 1ª EMISSÃO (IF 17K0227338) DA OPEA SECURITIZADORA S.A. (“EMISSORA”)
Ficam convocados os Srs. titulares dos Certificados de Recebíveis Imobiliários da 171ª Série da 1ª Emissão da Emisso-
ra (“Titulares dos CRI” e “CRI”, respectivamente), nos termos do Termo de Securitização, celebrado em 19 de dezem-
bro de 2017 (“Termo de Securitização”). a reunirem-se em Assembleia de Titulares dos CRI (“Assembleia”), a realizar-
-se no dia 14 de setembro de 2022, às 11:00 horas, de forma exclusivamente digital, por meio da plataforma Microsoft
Teams, sendo o acesso disponibilizado pela Emissora individualmente para os Titulares dos CRI devidamente habilita-
dos, nos termos deste Edital de Convocação, conforme a Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) nº
60, de 23 de dezembro de 2021 (“Resolução CVM 60”), a fim de deliberar sobre as seguintes matérias da Ordem do
Dia: (i) Considerando o fato relevante divulgado, em 16 de agosto de 2022, pela ALPHAVILLE S.A., controladora da De-
vedora (“AVLL”), acerca da celebração de um Contrato de Investimento e Compra e Venda de Ações e Outras Avenças
com a BPS Capital Participações Societárias S.A. (“BPS Capital”) para a alienação, a um fundo afiliado à BPS Capital,
de 33 (trinta e três) sociedades detidas direta e indiretamente pela AVLL contendo determinados passivos operacionais
decorrentes de seus lançamentos anteriores a 2019 (legado) (“Reorganização Societária”), deliberar sobre o consen-
timento prévio para realização e conclusão da Reorganização Societária, nos termos da apresentação constante como
Anexo II à Proposta de Administração, divulgada nesta, em vista do disposto na Cláusula 7.1 do Termo de Securitiza-
ção e da Cláusula 6.1 (iv) da Escritura de Emissão; (ii) Caso a matéria constante da ordem do dia (A) acima seja apro-
vada, deliberação pelos Titulares de CRI a respeito da inclusão da AVLL na condição de garantidora e/ou coobrigada da
Devedora nas obrigações previstas na Escritura de Emissão, conforme aplicável; (iii) Caso as matérias constantes da
ordem do dia (A) e/ou (B) acima sejam aprovadas, deliberação pelos Titulares de CRI das adequações necessárias na
estrutura da Escritura de Emissão, do Termo de Securitização e dos contratos que regem as Garantias das Debêntures
(conforme definidas na Escritura de Emissão) para refletir os ajustes que se fizerem necessários à adequação dos do-
cumentos em decorrência da Reorganização Societária, bem como em decorrência das Ordens do Dia (A) e (B) acima
(“Contratos de Garantia”), conforme aplicável; (iv) Caso as matérias constantes nas Ordens do Dia de (A) e/ou (B) aci-
ma sejam aprovadas, autorização para a celebração do (i) “Sexto Aditamento ao Instrumento Particular de Escritura da
4ª Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações, da Espécie Quirografária, a ser Convolada em Garan-
tia Real, em 2 (duas) Séries, para Colocação Privada, da Alphaville Urbanismo S.A.” (“Sexto Aditamento à Escritura de
Emissão”); (ii) “Terceiro Aditamento ao Termo de Securitização de Créditos Imobiliários da 171ª Série da 1ª Emissão de
Certificados de Recebíveis Imobiliários da Opea Securitizadora S.A.” (“Terceiro Aditamento ao Termo de Securitiza-
ção”); e (iii) dos eventuais aditamentos aos Contratos de Garantia, conforme aplicável (“Aditamentos Contratos de Ga-
rantia”), para refletir os ajustes que se fizerem necessários à adequação dos documentos em decorrência da Reorga-
nização Societária, bem como em decorrência das Ordens do Dia (A), (B) e/ou (C) acima; e (v) A autorização para a
Emissora, em conjunto com o Agente Fiduciário, realizarem todos os atos e celebrarem todos e quaisquer documentos
necessários para a implementação das deliberações da assembleia, incluindo, mas não se limitando, à celebração de
aditamentos aos Documentos da Operação. As matérias acima indicadas deverão ser consideradas pelos Titulares dos
CRI de forma independente no âmbito da Assembleia, de modo que a não deliberação ou a não aprovação a respeito
de qualquer uma delas, não implicará automaticamente a não deliberação ou não aprovação de qualquer das demais
matérias constantes da ordem do dia. A Assembleia será realizada de forma exclusivamente digital, por meio da plata-
forma Microsoft Teams, sendo o acesso disponibilizado pela Emissora individualmente para os Titulares dos CRI que
enviarem à Emissora e ao Agente Fiduciário, por correio eletrônico para ri@opeacapital.com e corporate@vortx.com.
br, os Documentos de Representação (conforme abaixo definidos) até 2 (dois) dias antes da realização da Assembleia.
Para os fins da Assembleia, considera-se “Documentos de Representação”: a) participante pessoa física: cópia
digitalizada de documento de identidade do Titular dos CRI; caso representado por procurador, também deverá ser
enviada cópia digitalizada da respectiva procuração com firma reconhecida ou assinatura eletrônica com certificado
digital, com poderes específicos para sua representação na Assembleia e outorgada há menos de 1 (um) ano, acom-
panhada do documento de identidade do procurador; e b) demais participantes: cópia digitalizada do estatuto/
contrato social (ou documento equivalente), acompanhado de documento societário que comprove a representação
legal do Titular dos CRI (i.e. ata de eleição da diretoria) e cópia digitalizada de documento de identidade do repre-
sentante legal; caso representado por procurador, também deverá ser enviada cópia digitalizada da respectiva pro-
curação com firma reconhecida ou assinatura eletrônica com certificado digital, com poderes específicos para sua re-
presentação na Assembleia e outorgada há menos de 1 (um) ano, acompanhada do documento de identidade do
procurador. Os Titulares dos CRI poderão enviar seu voto de forma eletrônica à Emissora e ao Agente Fiduciário nos
correios eletrônicos ri@opeacapital.com e corporate@vortx.com.br, respectivamente, conforme modelo de Instrução
de Voto anexo à Proposta da Administração, disponibilizada pela Emissora na mesma data de divulgação deste Edi-
tal de Convocação em seu website (www.opeacapital.com) e no website da CVM. Os votos recebidos até o início da
Assembleia por meio da Instrução de Voto serão computados como presença para fins de apuração de quórum e as
deliberações serão tomadas pelos votos dos presentes na plataforma digital, observados os quóruns previstos no Ter-
mo de Securitização. Os termos ora utilizados iniciados em letras maiúsculas que não estiverem aqui definidos têm
o significado que lhes foi atribuído nos Documentos da Operação. São Paulo, 25 de agosto de 2022.
OPEA SECURITIZADORA S.A.
Nome: Flávia Palacios Mendonça Bailune, Cargo: Diretora de Relações com Investidores
EDUCAÇÃO
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO
Audiência Pública nº 001/SME/2022 - PROCESSO ELETRÔNICO nº
6016.2022/0056224-2 - Contratação de empresa para prestação de serviços de
administração condominial com o fornecimento de mão de obra, material e
insumos nas atividades de bombeiro civil, conservação de jardinagem, recepção,
telefonista, copeiragem e serviços comuns - manutenção predial para as unidades
administrativas centrais da secretaria municipal de educação - SME.
A minuta inicial do edital do pregão está disponível para consulta no seguinte
endereço eletrônico: www.e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br
A partir da publicação deste aviso até 02 de setembro de 2022, quaisquer
interessados poderão remeter manifestações, sugestões ou comentários, por
escrito, para o seguinte endereço: smelicitacao@sme.prefeitura.sp.gov.br.
Sem prejuízo do recebimento das manifestações, sugestões ou comentários
acima, será realizada, no dia 05 de setembro de 2022, às 14h00, no Auditório,
localizado à Rua Dr. Diogo de Farias, nº 1.247 - Vila Clementino - São Paulo/SP,
audiência pública presencial para debater as minutas de editais, durante a qual os
interessados presentes poderão também apresentar manifestações por escrito,
com a identificação, o e-mail e o telefone do interessado.
CAPRICÓRNIO TÊXTIL S.A.
CNPJ/MF nº 60.745.411/0001-38 - NIRE 35.300.014.499
Extrato da Ata da Assembleia Geral Extraordinária de 01 de Agosto de 2022
Data, hora, local: 01.08.2022, 11hs, na sede social, Avenida Angélica, n° 2578, 10º andar, conjunto 102, São Paulo/
SP. Presença: Acionista Holding G2 Participações Ltda., CNPJ/MF 46.027.740/0001-12, por Gustavo Manfredini,
brasileiro, casado, RG 26.118.003-4 SSP/SP, CPF/MF 299.161.138-31, representando a totalidade do capital social.
Mesa: Presidente: Gustavo Manfredini, Secretário: João Henrique Manfredini Bordignon. Deliberações apro-
vadas: (i) Alteração do endereço da sede social para São Paulo/SP, Avenida Angélica, nº 2.248, conjuntos 91 e 92 -
CEP:01228-200. (ii) Alteração aprovada no item “i”, a cláusula 4º do Estatuto Social passa a vigorar com a seguinte
nova redação: “Art. 4º - A Sociedade tem sede e foro no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida An-
gélica, nº 2.248, conjuntos 91 e 92 - CEP:01228-200 e terá como objeto social: Escritório Administrativo, Importação,
Exportação e Representação Comercial por conta própria e de terceiros dos seguintes produtos e/ou mercadorias
constantes das letras ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do Art. 2º do Estatuto Social, podendo instalar, a critério e por deliberação da Direto-
ria, agências, sucursais, filiais, depósitos, escritórios ou qualquer outro tipo de estabelecimento no território nacional
ou fora dele. § 1º. São filiais Fabris da sociedade os estabelecimentos localizados em: • Bragança Paulista,
no Estado de São Paulo, na Avenida Minas Gerais, nº 1.240, bairro: Penha, CEP 12.900-000, CNPJ nº 60.745.411/0006-
42 e NIRE nº 35.901.625.182; • São Carlos, no Estado de São Paulo, na Avenida Faber, nº 600, Distrito Industrial Mi-
guel Abdelnur, CEP 13.571-370, CNPJ nº 60.745.411/0012-90 e NIRE nº 35.9.02940791; todas com objeto social des-
crito no Art. 2º deste Estatuto; § 2º. São filiais Atacadistas da sociedade os estabelecimentos localizados em:
• Itajaí, no Estado de Santa Catarina, na Rodovia Antonio Heil, nº 1001, Km 01, Loteamento São Pedro, Bairro Itaipa-
va, CEP 88316-001, CNPJ nº 60.745.411/0013-71 e NIRE nº 42.9.00750400; Todas as filiais com objeto social: “ex-
ploração do Comércio Atacadista, Importação e Exportação, Compra e Venda, Representação Comercial por conta pró-
pria e de terceiros, dos produtos e ou mercadorias constantes da letra ‘a’ e ‘b’ do Art. 2º do Estatuto Social, exceto a
Filial Itajaí, que além dos objetos acima descritos, também realizará a atividade de confecção de peças e vestuários.”.
Encerramento: Nada mais. Acionista: Holding G2 Participações Ltda. Assinaturas: Presidente: Gustavo Man-
fredini e Secretário: João Henrique Manfredini Bordignon. Acionista: Holding G2 Participações Ltda..
JUCESP nº 414.251/22-2 em 11.08.2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
Brasilprev Seguros e Previdência S.A.
CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE nº 3530013990-9
Extrato da Ata de Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 10/08/2021
Aos 10/08/2021, às 18h, na Sede Social com a totalidade do capital social. Mesa: Sr. Ullisses Christian Silva
Assis, Presidente da Assembleia; e Srta. Daniela Ramos Scarin, Secretária. Deliberações Unânimes:
1. Destituição de Membro Titular do Conselho Fiscal: Foi destituído do cargo de membro titular do
Conselho Fiscal o Senhor Gustavo Leipnitz Ene, eleito na AGO ocorrida em 31/03/2021. Os acionistas
reconheceram a dedicação e o desempenho, bem como o agradeceram pelo período em que esteve à frente
do Conselho Fiscal da Companhia. 2. Eleição de MembroTitular do Conselho Fiscal: Por unanimidade dos
Acionistas presentes, sem ressalvas, foi eleito para compor o Conselho Fiscal da Brasilprev e cumprir o
mandato, com a mesma remuneração fixada na Assembleia Geral Ordinária ocorrida em 31/03/2021, até a
realização da AGO que vier a aprovar as contas do exercício de 2021, o seguinte membro: 2.1. Membros
Titulares: a) representante do Acionista BB Seguros Participações S.A., Sr. Rodrigo Santos Nogueira, CI
nº 3.090.314 SSP/MG e CPF nº 550.546.336-34. 3. Ratificações das Eleições de Membros do Conselho
de Administração: Por unanimidade dos acionistas presentes, sem ressalvas, ficam ratificadas e
homologadas as eleições, inclusive quanto aos atos anteriormente praticados vigentes desde as respectivas
indicações pelo Conselho de Administração, dos seguintes administradores: 3.1. Relacionada à Ata da 407ª
Reunião Extraordinária, realizada em 01/01/2021, quanto à eleição do Sr. Fausto de Andrade Ribeiro, CI nº
942.190 - SSP/DF, CPF nº 343.530.971-72, para o cargo de Membro Titular do Conselho de Administração,
na condição de representante do Acionista BB Seguros Participações S.A. O conselheiro ora eleito terá o
prazo de seu mandato unificado aos demais conselheiros, portanto, até a data de realização da Assembleia
Geral Ordinária da Companhia que vier a aprovar as contas do exercício de 2023. 3.2. Relacionada à Ata da
412ª Reunião Extraordinária, realizada em 21/07/2021, quanto à eleição do Sr. Ullisses Christian Silva
Assis, CI nº 4.230.875 SSP/DF e CPF nº 821.549.101-49, para o cargo de Membro Titular do Conselho de
Administração, na condição de representante do Acionista BB Seguros Participações S.A.. O conselheiro ora
eleito terá o prazo de seu mandato unificado aos demais conselheiros, portanto, até a data de realização da
Assembleia Geral Ordinária da Companhia que vier a aprovar as contas do exercício de 2023. 3.3.
Relacionada à Ata da 413ª Reunião Extraordinária, realizada em 23/07/2021, quanto à eleição do Sr. Carlos
Hamilton Vasconcelos Araujo, CI nº 200.003.110.473-9 - SSP/CE, CPF nº 223.794.793-72, para o cargo
de Membro Titular do Conselho de Administração, na condição de representante do Acionista BB Seguros
Participações S.A.. O conselheiro ora eleito terá o prazo de seu mandato unificado aos demais conselheiros,
portanto, até a data de realização da AGO da Companhia que vier a aprovar as contas do exercício de 2023.
Nada mais Ullisses Christian Silva Assis - Presidente; Daniela Ramos Scarin - Secretária. JUCESP nº
407.312/22-5 em 11/08/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
João Paulo Gonzaga Pereira - Contador - CRC 1SP 248648/O-7
proveniente de erro, já que a fraude pode envolver o ato de burlar os controles internos, conluio, falsificação, omissão
ou representações falsas intencionais. • Obtivemos entendimento dos controles internos relevantes para a auditoria para
planejarmos procedimentos de auditoria apropriados às circunstâncias, mas, não, com o objetivo de expressarmos
opinião sobre a eficácia dos controles internos do Banco. • Avaliamos a adequação das políticas contábeis utilizadas e a
razoabilidade das estimativas contábeis e respectivas divulgações feitas pela administração. • Concluímos sobre a
adequação do uso, pela administração, da base contábil de continuidade operacional e, com base nas evidências de
auditoria obtidas, se existe uma incerteza relevante em relação a eventos ou condições que possam levantar dúvida
significativa em relação à capacidade de continuidade operacional do Banco. Se concluirmos que existe uma incerteza
relevante, devemos chamar atenção em nosso relatório de auditoria para as respectivas divulgações nas demonstrações
financeiras ou incluir modificação em nossa opinião, se as divulgações forem inadequadas. Nossas conclusões estão
fundamentadas nas evidências de auditoria obtidas até a data de nosso relatório. Todavia, eventos ou condições futuras
podem levar o Banco a não mais se manter em continuidade operacional. • Avaliamos a apresentação geral, a estrutura
e o conteúdo das demonstrações financeiras, inclusive as divulgações e se as demonstrações financeiras representam as
correspondentes transações e os eventos de maneira compatível com o objetivo de apresentação adequada.
Comunicamo-nos com os responsáveis pela governança a respeito, entre outros aspectos, do alcance e da época dos
trabalhos de auditoria planejados e das constatações significativas de auditoria, inclusive as deficiências significativas nos
controles internos que eventualmente tenham sido identificados durante nossos trabalhos.
São Paulo, 22 de agosto de 2022.
ERNST & YOUNG Flávio Serpejante Peppe
Auditores Independentes S.S. Contador
CRC-2SP034519/O-0 CRC-1SP172167/O-6
BANCO HONDA S.A.
CNPJ/ME nº 03.634.220/0001-65 - NIRE 35.300.176.227
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DE 12 DE JULHO DE 2022
DATA, HORÁRIO E LOCAL: 12 (doze) de julho de 2022, às 10:00 (dez) horas, na sede social, na cidade de São Pau-
lo, estado de São Paulo, na Rua Doutor José Áureo Bustamante, 377, 3º andar, Bairro Santo Amaro, CEP 04710-090.
COMPARECIMENTO: (i) Acionista detentora da totalidade do capital social, HONDA SOUTH AMERICA LTDA.,
neste ato representada por seu Diretor Presidente, Sr. Atsushi Fujimoto; (ii) o Diretor Presidente da Companhia, Sr.
Marcos Zaven Fermanian; e (iii) a advogada Fernanda Julio Platero, OAB/SP 190.208. CONVOCAÇÃO: Dispensadas
as formalidades de convocação, conforme autorizado pelo artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº 6.404/76. COMPOSI-
ÇÃO DA MESA: Presidente: Sr. Marcos Zaven Fermanian; e Secretária: Sra. Fernanda Julio Platero. ORDEM
DO DIA: Eleger membro para compor a Diretoria da Companhia. DELIBERAÇÃO: Iniciados os trabalhos, o Sr. Pre-
sidente da Mesa determinou a lavratura da presente Ata na forma de sumário. Na sequência foi aprovada pela única
acionista a seguinte matéria, constante da Ordem do Dia: A eleição do Sr. Rodrigo de Oliveira Nunes Sobral, bra-
sileiro, casado, analista de sistemas, portador da Cédula de Identidade RG nº 28.116.616-X, inscrito no CPF/ME sob
o nº 271.393.138-06, residente na cidade de São Paulo, estado de São Paulo, com endereço profissional na Rua Dou-
tor José Áureo Bustamante, 377, 3º andar, Bairro Santo Amaro, CEP 04710-090, na cidade de São Paulo, estado de
São Paulo, para ocupar o cargo de Diretor, cujo mandato vigorará até a Assembleia Geral Ordinária da Companhia de
2023, que deliberar sobre as contas do exercício social encerrado em 31/12/2022. DECLARAÇÃO DE DESIMPEDI-
MENTO: O eleito declara, sob as penas da lei, não estar impedido, por lei especial, de exercer a administração da so-
ciedade, nem condenado ou sob efeitos de condenação a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a car-
gos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita, suborno, concussão, peculato ou contra a economia po-
pular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de con-
sumo, a fé pública ou a propriedade, consignando que a respectiva declaração de desimpedimento encontra-se arqui-
vada na sede da Companhia. ENCERRAMENTO: Nada mais sendo tratado, lavrou-se a Ata, a qual, depois de lida,
foi aprovada pelos acionistas e assinada pelos membros da Mesa. ASSINATURAS: Marcos Zaven Fermanian - Pre-
sidente da Mesa; e Fernanda Julio Platero - Secretária da Mesa. Acionista: Honda South America Ltda. - representada
pelo Sr. Atsushi Fujimoto - Diretor Presidente. São Paulo (SP), 12 de julho de 2022. HONDA SOUTH AMERICA LTDA.
por Atsushi Fujimoto - Diretor Presidente, Marcos Zaven Fermanian - Presidente da Mesa, Fernanda Julio Pla-
tero - Secretária da Mesa e BANCO HONDA S.A. por Marcos Zaven Fermanian - Diretor Presidente. JUCESP nº
428.625/22-8 em 19.08.2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE PRESIDENTE EPITÁCIO
PROC. 131/2022 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 090/2022 - AVISO DE LICITAÇÃO
Encontra-se aberto o Pregão eletrônico n.º 090/2022, cujo objeto é o Registro de Preços para
Futura e Fracionada aquisição de fraldas geriátricas Plenitud, Leite Zero Lactose em Pó e
cloreto de Magnésio, para atender a mandados judiciais. O pregão eletrônico ocorrerá no dia
22/09/2022 ás 08:30 hrs, no site: https://www.portaldecompraspublicas.com.br. O Edital na
íntegra será fornecido aos interessados, pela Prefeitura Municipal, em horário normal de
expediente e disponível também por meio do site: http://www.presidenteepitacio.sp.gov.br e https://
www.portaldecompraspublicas.com.br. O telefone para contato é (0**18) 3281-9777. Pres.
Epitácio, 25 de agosto de 2.022. Cassia Regina Z. Furlan - Prefeita Municipal - José Carlos Botelho
Tedesco - Secretário de Saúde.
PROC. 112/2022 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 075/2022 - AVISO DE LICITAÇÃO - 2ª EDIÇÃO
Encontra-se aberto o Pregão eletrônico n.º 075/2022, cujo objeto é o Registro de Preços para Futura
e Fracionada contratação de empresa para prestação de serviços de recarga de extintores de
incêndio, para atender a demanda da Secretaria de Saúde e demais que necessitarem. O pregão
eletrônico ocorrerá no dia 23/09/2022 ás 08:30 hrs, no site: https://www.portaldecompraspublicas.
com.br. O Edital na íntegra será fornecido aos interessados, pela Prefeitura Municipal, em horário
normal de expediente e disponível também por meio do site: http://www.presidenteepitacio.sp.gov.br
e https://www.portaldecompraspublicas.com.br. O telefone para contato é (0**18) 3281-9777.
Pres. Epitácio, 25 de agosto de 2.022. Cassia Regina Z. Furlan - Prefeita Municipal - José Carlos
Botelho Tedesco - Secretário de Saúde.
PROC. 056/2022 - TOMADA DE PREÇOS Nº 011/2022 - AVISO DE LICITAÇÃO - 2ª EDIÇÃO
Encontra-se aberto a Tomada de Preços n.º 011/2022, cujo objeto é a Abertura de Processo
Licitatório para Contratação de empresa para Execução de Obras de Recapeamento Asfáltico
na Ruas Maceió, João Pepino e Manaus, conforme Programa de Planejamento Urbano, Proposta
Caixa nº 1065.066-37/2019, SICONV 884803/2019. O recebimento dos envelopes se dará até o dia
26/09/2022 as 08:30 hrs, que deverão ser entregues a sala da Divisão de Licitações no Paço Municipal
Ernesto Coser, situado a Praça Almirante Tamandaré nº 16-19, Vila Santa Rosa, Presidente Epitácio-
SP, CEP - 19470-000. O Edital na íntegra será fornecido aos interessados, pela Prefeitura Municipal,
em horário normal de expediente e disponível também por meio do site: http://www.presidenteepitacio.
sp.gov.br. O telefone para contato é (0**18) 3281-9777. Pres. Epitácio, 25 de agosto de 2.022. Cassia
Regina Z. Furlan - Prefeita Municipal - Hevair Luiz Rodrigues da Silva - Secretaria de Obras e
Sérgio Antônio Maroto - Secretário de Planejamento.
PROC. 076/2022 - TOMADA DE PREÇOS Nº 012/2022 - AVISO DE LICITAÇÃO - 2ª EDIÇÃO
Encontra-se aberto a Tomada de Preços n.º 012/2022, cujo objeto é a Abertura de Processo
Licitatório para Contratação sob o regime de empreitada global, para execução de obra de
Construção da Casa da Mulher, conforme convênio nº 100384/2022, celebrado entre o município
de Presidente Epitácio e a Secretaria de Desenvolvimento Regional. O recebimento dos envelopes
se dará até o dia 27/09/2022 as 08:30 hrs, que deverão ser entregues a sala da Divisão de Licitações
no Paço Municipal Ernesto Coser, situado a Praça Almirante Tamandaré nº 16-19, Vila Santa Rosa,
Presidente Epitácio-SP, CEP - 19470-000. O Edital na íntegra será fornecido aos interessados,
pela Prefeitura Municipal, em horário normal de expediente e disponível também por meio do site:
http://www.presidenteepitacio.sp.gov.br. O telefone para contato é (0**18) 3281-9777. Pres. Epitácio,
25 de agosto de 2.022. Cassia Regina Z. Furlan - Prefeita Municipal - Dulce Mara Rizzatto Menezes
- Secretaria de Assistência Social e Sérgio Antônio Maroto - Secretário de Planejamento.
PROC. 044/2022 - TOMADA DE PREÇOS Nº 006/2022 - AVISO DE LICITAÇÃO - 3ª EDIÇÃO
Encontra-se aberto a Tomada de Preços n.º 006/2022, cujo objeto é a Abertura de Processo
Licitatório para Contratação sob o regime de empreitada global, para execução de obra no
Parque da Orla para construção da Estrutura para imagem de Nossa Senhora dos Navegantes,
através de recursos oriundos do Termo de convênio nº 000065/2021, firmado com a Secretaria
de Turismo e Viagens. O recebimento dos envelopes se dará até o dia 28/09/2022 as 08:30 hrs,
que deverão ser entregues a sala da Divisão de Licitações no Paço Municipal , Ernesto Coser, situado
a Praça Almirante Tamandaré nº 16-19, Vila Santa Rosa, Presidente Epitácio-SP, CEP - 19470-000.
O Edital na íntegra será fornecido aos interessados, pela Prefeitura Municipal, em horário normal de
expediente e disponível também por meio do site: http://www.presidenteepitacio.sp.gov.br. O telefone
para contato é (0**18) 3281-9777. Pres. Epitácio, 25 de agosto de 2.022. Cassia Regina Z. Furlan -
Prefeita Municipal - Wantuyr Barbosa Taratari - Secretaria de Turismo e Sérgio Antônio Maroto
- Secretário de Planejamento.
Brasilprev Seguros e Previdência S.A.
CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE nº 3530013990-9
Extrato da Ata da Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 13/12/2021
Aos 13/12/2021, às 15h, na Sede Social com a totalidade do capital social. Mesa: Sr. Ullisses Christian
Silva Assis, Presidente da Assembleia; e Srta. Daniela Ramos Scarin, Secretária. Deliberações
Unânimes: (a) Aprovar as alterações realizadas no Regime Interno do Conselho de Administração. O
novo texto do referido regimento se encontra arquivado na sede da Companhia. (b) Aprovar as alterações
no Artigo 12 do Estatuto Social referente à composição do Conselho de Administração, (i) que passa a ser
de até 8 Conselheiros efetivos, dentre os quais um será o Presidente, todos para mandatos unificados de
3 anos, sendo que o mandato da presidência do Conselho é de 1 ano; e (ii) para inclusão da previsão da
indicação de Conselheiro(s) Independente(s) pelos acionistas, entre outras disposições, tal como
alteração no artigo 17 que trata da indisponibilidade temporária ou vacância do cargo de membro do
Conselho de Administração. (c) Aprovar as alterações no Artigo 13 do Estatuto Social referente às
competências do Conselho de Administração, para prever a aprovação da nomeação e destituição do
Diretor de Controles Internos, dos gestores responsáveis pelos controles internos, gestão de riscos,
conformidade/Compliance e Auditoria Interna, bem como outros ajustes nas matérias de competência do
Conselho de Administração; (d) Aprovar a alteração do Artigo 15 do Estatuto Social para consignar que
as reuniões do Conselho de Administração serão instaladas com a presença de, pelo menos, 75% dos
membros e que quando, em decorrência da observância do referido percentual resultar número
fracionário, proceder-se-á ao arredondamento para o número inteiro imediatamente superior. (e) Aprovar
a alteração no Artigo 16 do Estatuto Social para consignar que as decisões do Conselho de Administração
dependerão do voto favorável de 75% de seus membros, exceto para a destituição de qualquer dos
Diretores, a qual dependerá do voto de 50% dos membros; (f) Aprovar a alteração do Artigo 18 do
Estatuto Social para prever que a Diretoria passa a ser composta por 7 diretores, acionistas ou não, eleitos
e destituíveis a qualquer tempo pelo Conselho de Administração, com a inclusão da posição do Diretor de
Controles Internos; (g) Aprovar as alterações dos artigos do Estatuto Social referentes à Diretoria, dentre
eles o Artigo 20, que trata da representação da Companhia, o Artigo 27, que trata da substituição de
Diretores, e os Artigos 22, 23 e 25 que tratam das reuniões e deliberações da Diretoria, bem como a
inclusão de novos parágrafos que tratam das competências e atribuições do Diretor de Controles Internos,
promovendo demais ajustes necessários no Estatuto Social, nos termos da Resolução CNSP nº
416/2021; (h) Aprovar a alteração do prazo de mandato dos membros do Comitê de Auditoria para 30
meses, renovável a critério do Conselho de Administração, por igual período, até o limite de 5 anos, com
a consequente alteração do §1º do Artigo 29 do Estatuto Social, bem como aprovar alterações do artigo
30 referente as atribuições do Comitê de Auditoria. (i) (a) Aprovar a inclusão de disposições relacionadas
ao Comitê de Riscos no Estatuto Social, assim como sua subordinação direta ao Conselho de
Administração, nos termos do Capítulo IX do Estatuto Social consolidado, incluindo suas atribuições,
funções, composição, tempo de mandato, remuneração e funcionamento, bem como promovendo os
demais ajustes necessários no Estatuto Social, e (b) consignar que os membros do Comitê de Riscos
serão eleitos oportunamente, em cumprimento da Resolução CNSP nº 416/2021 e demais normas
regulatórias; (j) Aprovar a alteração das disposições do Estatuto Social quanto ao Comitê Financeiro para
consignar que as atribuições, competência, composição, tempo de mandato e regras de funcionamento
do Comitê Financeiro serão estabelecidos em seu Regimento Interno, o qual deverá ser aprovado pelo
Conselho de Administração, conforme o Capítulo X do Estatuto Social consolidado; (k) Aprovar as
alterações no Estatuto Social quanto ao Comitê Consultivo e demais Comitês de Assessoramento para
consignar que as atribuições, competência, composição, tempo de mandato e regras de funcionamento
do Comitê Consultivo e demais Comitês de Assessoramento serão estabelecidos em seus respectivos
regimentos internos, que deverão ser aprovados pelo órgão assessorado, conforme o Capítulo XI do
Estatuto Social consolidado; (l) Aprovar a alteração do § único do Artigo 36 do atual Estatuto Social para
consignar que a soma das reservas referidas nos incisos “a” e “e” do caput do artigo não poderá
ultrapassar o capital social; (m) Em vista das deliberações acima, aprovar a reforma e a consolidação do
Estatuto Social da Companhia, cuja nova redação, reformada e consolidada, passa a vigorar nos termos
do Documento I da presente Ata, autenticado pela Mesa e que será arquivado na sede da Companhia.
(n) Aprovar eleição na qualidade de representante do Acionista BB Seguros, com mandato até a
Assembleia Geral Ordinária que aprovar as contas do exercício de 2021, a Sra. Saba Cordeiro de
Monteiro Chagas Filha de Oliveira, RG nº 894708 - SSP/DF , CPF nº 512.292.931-91, como Conselheira
Fiscal Titular em substituição ao Sr. Antonio José Barreto de Araújo Junior, que apresentou pedido de
renúncia. Os Acionistas reconheceram a dedicação e o desempenho, bem como o agradeceu pelo
período em que esteve no Conselho Fiscal da Companhia. (o) Aprovar, ratificar e homologar, inclusive
quanto aos atos anteriormente praticados vigentes desde a respectiva indicação pelo Conselho de
Administração, relacionados à Ata da 415ª Reunião Extraordinária, realizada em 19/08/2021, quanto à
eleição do Sr. Flávio Augusto Viana Rocha, CI militar nº 374.638 - Marinha, CPF nº 730.456.247-15,
para o cargo de Membro Titular do Conselho de Administração, na condição de representante do
Acionista BB Seguros Participações S.A., em decorrência da renúncia do Sr. Gustavo de Souza Fosse,
com o mesmo mandato outorgado a todos os Conselheiros na AGOE de 31 de março de 2021, nos
termos da previsão contida no Estatuto Social. Nada mais. Ullisses Christian Silva Assis - Presidente;
Daniela Ramos Scarin - Secretária. JUCESP nº 407.317/22-3 em 11/08/2022. Gisela Simiema Ceschin
- Secretária Geral.
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Brasilprev Seguros e Previdência S.A.
CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE nº 3530013990-9
Extrato da 418ª Reunião Extraordinária do Conselho de Administração Realizada em 18/10/2021
Em 18/10/2021, às 14h, na Sede. Presença: A reunião foi realizada de forma virtual e os membros
do Conselho de Administração proferiram seus votos por meio eletrônico, sob a presidência do Sr.
Fausto de Andrade Ribeiro, e Daniela Ramos Scarin, como Secretária. Deliberações: Eleição do
Diretor Comercial e de Marketing, Sr. Camilo Buzzi. Em decorrência da vacância do cargo de Diretor
Comercial e de Marketing, o Conselho de Administração elegeu nesta data, como Diretor Comercial e
de Marketing, Sr. Camilo Buzzi, CI nº 18.205.939-X SSP/SP e CPF nº 051.569.178-01, com mandato
até 29/03/2024, nos termos do Estatuto Social. Designação de Diretores, em Cumprimento ao Art.
11 Anexo II da Resolução CNSP 330/2015 e à Carta Circular nº 1/2016/Susep/CGRAT. Ficam
designados como responsáveis para efeitos da legislação vigente, os seguintes Diretores: 1) Sra. Ângela
Beatriz de Assis, Diretora Presidente, como: (i) Diretora Responsável pelos Controles Internos
(Circular SUSEP 249/2004, alterada pela Circular SUSEP 363/2008). 2) Sr. Camilo Buzzi, Diretor
Comercial e de Marketing, como: (i) Diretor Responsável pelos Controles Internos Específicos para
Prevenção de Fraude (Circular SUSEP nº 344/2007). 3) Sr. Jorge Marino Ricca, Diretor Financeiro,
como: (i) Diretor Responsável Administrativo e Financeiro (Circular SUSEP nº 234/2003, alterada pela
Circular SUSEP nº 292/2005); e (ii) Diretor de Relações com a SUSEP (Circular SUSEP nº 234/2003,
alterada pela Circular SUSEP nº 292/2005). 4) Sr. Nelson Ignacio Katz, Diretor de Planejamento
e Controle, como: (i) Diretor Responsável pelo Acompanhamento, Supervisão e Cumprimento das
Normas e Procedimentos de Contabilidade (Resolução CNSP nº 321/2015, alterada pela Resolução
CNSP nº 343/2016); (ii) Diretor Responsável Técnico (Resolução CNSP nº 321/2015, alterada pela
Resolução CNSP nº 343/2016 e Circular SUSEP nº 234/2003, alterada pela Circular SUSEP 292/2005);
e (iii) Diretor Responsável dos registros das operações de seguros, previdência complementar
aberta, capitalização e resseguros (Resolução CNSP n 383/2020). 5) Sr. Luis Felipe Osorio
Cepeda, Diretor de Produtos e Operação, como: (i) Diretor Responsável pelo Cumprimento da Lei
9.613/98 (Circulares SUSEP nº 234/2003, alterada pelas Circulares SUSEP nº 292/2005 e 445/2012).
(ii) Diretor Responsável pela política institucional de conduta. (Resolução CNSP nº 382/2020). 6) Sr.
Carlos Manuel de Oliveira Madureira, Diretor de Tecnologia, como: (i) Diretor Responsável pelo
prazo da portabilidade (Circulares SUSEP nº 338 e 339/2007). Nada mais. Daniela Ramos Scarin
- Secretária. JUCESP nº 407.315/22-6 em 11/08/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
AVISO DE ADIAMENTO
PG 10.47.089 – Licitação nº 089/2022 – Contratação de empresa para construção de
unidades habitacionais de interesse social, infraestrutura urbana e demais obras
complementares, exceto demolição, para a implantação do Conjunto Habitacional multifamiliar
denominado SP-Campo Belo “AB”, composto de 590 unidades habitacionais, incluindo a
elaboração de projetos básicos, executivos, de aprovação e serviços necessários para o
licenciamento, incorporação imobiliária e averbação do empreendimento, no município de São
Paulo/SP.
A CDHU comunica o adiamento da data de recebimento e abertura dos envelopes para
14/09/2022 às 10 horas, na Rua Boa Vista, 175, Edifício CIDADE II – Térreo – Auditório da
CDHU, Centro, São Paulo/SP.
Pedido de esclarecimentos até 06/09/2022.
Bradesco Capitalização S.A.
Grupo Bradesco Seguros
CNPJ no 33.010.851/0001-74 – NIRE 35.300.331.354
Ata Sumária da Assembleia Geral Ordinária realizada em 29.3.2022
Data, Hora e Local: Em 29.3.2022, às 10h, de modo exclusivamente digital. Mesa: Presidente:
Jorge Pohlmann Nasser; Secretário: Haydewaldo Roberto Chamberlain da Costa. Quórum
de Instalação: Totalidade do capital social. Presença Legal: Administrador da Sociedade e
representante da empresa KPMG Auditores Independentes. Publicações Prévias: Os documentos
de que trata o artigo 133 da Lei no 6.404/76, quais sejam: os Relatórios da Administração e dos
Auditores Independentes, o Parecer dos Atuários Auditores Independentes e as Demonstrações
Contábeis relativos ao exercício social findo em 31.12.2021, foram publicados em 25.2.2022 no
jornal “Valor Econômico”. Edital de Convocação: Dispensada a publicação, de conformidade
com o disposto no parágrafo 4o do artigo 124 da Lei no 6.404/76. Deliberações: 1) tomaram as
contas dos Administradores e aprovaram integralmente as Demonstrações Contábeis relativas
ao exercício social findo em 31.12.2021; 2) aprovaram a proposta da Diretoria, registrada na
Reunião daquele Órgão, de 22.2.2022, dispensada sua transcrição, por tratar-se de documento
lavrado em livro próprio, para destinação do lucro líquido do exercício encerrado em 31.12.2021
no valor de R$510.272.299,08 da seguinte forma: R$25.513.614,95 para a conta “Reserva
de Lucros - Reserva Legal”; R$305.758.684,13 para a conta “Reserva de Lucros - Estatutária”;
e R$179.000.000,00 para distribuição à Bradesco Seguros S.A., sendo que: R$150.000.000,00
como dividendos, os quais já foram declarados e pagos em 3.8.2021; e R$29.000.000,00 como
juros sobre o capital próprio, os quais já foram declarados e pagos em 27.12.2021. 3) ratificaram,
perante à Superintendência de Seguros Privados - SUSEP, as seguintes designações: Jair de
Almeida Lacerda Júnior - pelo atendimento à Política de Conduta no Relacionamento com os
Clientes (Resolução CNSP no 382, de 4.3.2020); e pelo registro das operações de Capitalização
(Resolução CNSP no 383, de 20.3.2020); Gedson Oliveira Santos - pelo cumprimento do disposto
na Lei no 9.613, de 3.3.1998, que trata dos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e
valores; pelos controles internos específicos para a prevenção contra fraude; e pela implementação
de controles internos das atividades da Sociedade; Vinicius Marinho da Cruz - pela Área Técnica
de Seguros; pelo acompanhamento, supervisão e cumprimento das normas e procedimentos de
contabilidade; como responsável administrativo-financeiro; e Diretor de Relações com a SUSEP;
Pedro Bosquiero Junior - pelo compartilhamento de que trata o artigo 31 da Resolução CNSP
no 415, de 20.7.2021, a qual dispõe sobre a implementação do Sistema de Seguros Aberto (Open
Insurance). Aprovação e Assinatura da Ata: Nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente
esclareceu que, para as deliberações tomadas o Conselho Fiscal da Companhia não foi ouvido
por não se encontrar instalado, e encerrou os trabalhos, lavrando-se a presente Ata que aprovada
por todos os presentes, inclusive pelo representante da empresa KPMG Auditores Independentes,
inscrição CRC 1SP212059/O-0, senhor Cláudio Rogélio Sertório, será encaminhada para que
assinem eletronicamente. aa) Presidente: Jorge Pohlmann Nasser; Secretário: Haydewaldo Roberto
Chamberlain da Costa; Administrador: Vinicius Marinho da Cruz; Acionista: Bradesco Seguros S.A.,
representada por seus procuradores, senhores Antonio Campanha Junior e Ismael Ferraz; Auditor:
Cláudio Rogélio Sertório. Declaração: Declaramos para os devidos fins que a presente é cópia fiel
da Ata original lavrada no livro próprio e que são autênticas, no mesmo livro, as assinaturas nele
apostas. aa) Presidente: Jorge Pohlmann Nasser e Secretário: Haydewaldo Roberto Chamberlain
da Costa. Certidão - Secretaria de Desenvolvimento Econômico - JUCESP - Certifico o registro sob
o número 383.926/22-1, em 29.7.2022. a) Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
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Extrato da 421ª Reunião Extraordinária do Conselho de Administração Realizada em 13/12/2021
Aos 13/12/2021, às 14h, na Sede Social. Presença: A reunião foi realizada de forma virtual e os membros
do Conselho de Administração proferiram seus votos por meio eletrônico, sob a presidência do Sr. Fausto de
Andrade Ribeiro, que convidou a mim, Daniela Ramos Scarin, como Secretária do Conselho. Deliberações
Unânimes: (a) Aprovar as alterações realizadas no Regime Interno do Conselho de Administração. O novo
texto do referido regimento se encontra arquivado na sede da Companhia. (b) Aprovar as alterações no
Artigo 12 do Estatuto Social referente à composição do Conselho de Administração, (i) que passa a ser de
até 8 Conselheiros efetivos, dentre os quais um será o Presidente, todos para mandatos unificados de 3
anos, sendo que o mandato da presidência do Conselho é de 1 ano; e (ii) para inclusão da previsão da
indicação de Conselheiro(s) Independente(s) pelos acionistas, entre outras disposições, tal como alteração
no artigo 17 que trata da indisponibilidade temporária ou vacância do cargo de membro do Conselho de
Administração. (c) Aprovar as alterações no Artigo 13 do Estatuto Social referente às competências do
Conselho de Administração, para prever a aprovação da nomeação e destituição do Diretor de Controles
Internos, dos gestores responsáveis pelos controles internos, gestão de riscos, conformidade/Compliance e
Auditoria Interna, bem como outros ajustes nas matérias de competência do Conselho de Administração;
(d) Aprovar a alteração do Artigo 15 do Estatuto Social para consignar que as reuniões do Conselho de
Administração serão instaladas com a presença de, pelo menos, 75% dos membros e que quando, em
decorrência da observância do referido percentual resultar número fracionário, proceder-se-á ao
arredondamento para o número inteiro imediatamente superior. (e) Aprovar a alteração no Artigo 16 do
Estatuto Social para consignar que as decisões do Conselho de Administração dependerão do voto
favorável de 75% de seus membros, exceto para a destituição de qualquer dos Diretores, a qual dependerá
do voto de 50% dos membros; (f) Aprovar a alteração do Artigo 18 do Estatuto Social para prever que a
Diretoria passa a ser composta por 7 diretores, acionistas ou não, eleitos e destituíveis a qualquer tempo
pelo Conselho de Administração, com a inclusão da posição do Diretor de Controles Internos;
(g) Aprovar as alterações dos artigos do Estatuto Social referentes à Diretoria, dentre eles o Artigo 20, que
trata da representação da Companhia, o Artigo 27, que trata da substituição de Diretores, e os Artigos 22,
23 e 25 que tratam das reuniões e deliberações da Diretoria, bem como a inclusão de novos parágrafos que
tratam das competências e atribuições do Diretor de Controles Internos, promovendo demais ajustes
necessários no Estatuto Social, nos termos da Resolução CNSP nº 416/2021; (h) Aprovar a alteração do
prazo de mandato dos membros do Comitê de Auditoria para 30 meses, renovável a critério do Conselho de
Administração, por igual período, até o limite de 5 anos, com a consequente alteração do parágrafo primeiro
do Artigo 29 do Estatuto Social, bem como aprovar alterações do artigo 30 referente as atribuições do
Comitê de Auditoria. (i) (a) Aprovar a inclusão de disposições relacionadas ao Comitê de Riscos no Estatuto
Social, assim como sua subordinação direta ao Conselho de Administração, nos termos do Capítulo IX do
Estatuto Social consolidado, incluindo suas atribuições, funções, composição, tempo de mandato,
remuneração e funcionamento, bem como promovendo os demais ajustes necessários no Estatuto Social,
e (b) consignar que os membros do Comitê de Riscos serão eleitos oportunamente, em cumprimento da
Resolução CNSP nº 416/2021 e demais normas regulatórias; (j) Aprovar a alteração das disposições do
Estatuto Social quanto ao Comitê Financeiro para consignar que as atribuições, competência, composição,
tempo de mandato e regras de funcionamento do Comitê Financeiro serão estabelecidos em seu Regimento
Interno, o qual deverá ser aprovado pelo Conselho de Administração, conforme o Capítulo X do Estatuto
Social consolidado; (k) Aprovar as alterações no Estatuto Social quanto ao Comitê Consultivo e demais
Comitês de Assessoramento para consignar que as atribuições, competência, composição, tempo de
mandato e regras de funcionamento do Comitê Consultivo e demais Comitês de Assessoramento serão
estabelecidos em seus respectivos regimentos internos, que deverão ser aprovados pelo órgão assessorado,
conforme o Capítulo XI do Estatuto Social consolidado; (l) Aprovar a alteração do parágrafo único do Artigo
36 do atual Estatuto Social para consignar que a soma das reservas referidas nos incisos “a” e “e” do caput
do artigo não poderá ultrapassar o capital social; (m) Em vista das deliberações acima, aprovar a reforma e
a consolidação do Estatuto Social da Companhia, cuja nova redação, reformada e consolidada, passa a
vigorar nos termos do Documento I da presente Ata, autenticado pela Mesa e que será arquivado na sede
da Companhia. Nada mais. Daniela Ramos Scarin - Secretária. JUCESP nº 407.316/22-0 em 11/08/2022.
Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
State Street Brasil S.A. - Banco Comercial
CNPJ 09.274.232/0001-02 - NIRE 35.300.351.045
Ata de Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária Realizada em 29 de Abril de 2022
Data, Horário e Local: 29 de abril de 2022, às 10h00, na sede social do State Street Brasil S.A. - Banco
Comercial, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Paulista, 283/287, Edifício Santa
Catarina, 12º andar, Bela Vista, CEP 01311-000 (“Companhia”). Presença: Acionistas representando
a totalidade do capital social da Companhia, conforme assinaturas constantes no Livro de Presença de
Acionistas anexo à presente como Anexo I. Aviso de Convocação: Dispensada comprovação de aviso
de convocação em consonância com o disposto no artigo 124, parágrafo 4º da Lei nº 6404 de 15 de
dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei das Sociedades por Ações”). Mesa: Praxitelis
Theodoropoulos, Presidente; João Luiz Macedo, Secretário. Ordem do Dia: Discutir e deliberar sobre
as seguintes matérias: (A) em sede de assembleia geral ordinária, deliberar sobre (i) a análise,
discussão e votação do relatório anual da Diretoria, do balanço patrimonial e demais demonstrações
financeiras da Companhia relativas ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2021, em
conjunto com o relatório do escritório de contabilidade; (ii) destinação do lucro líquido do exercício
social encerrado em 31 de dezembro de 2021 e absorção de prejuízos acumulados e distribuição de
dividendos; (iii) a remuneração global anual que será destinada à Diretoria da Companhia durante o
exercício social a ser encerrado em 31 de dezembro de 2022; e, (B) em sede de assembleia geral
extraordinária, deliberar sobre (i) a reeleição dos atuais membros da Diretoria da Companhia;
e (ii) recondução dos atuais membros da Diretoria da Companhia. Deliberações Adotadas pela
Unanimidade dos Votos: Após sua discussão e votação, foram aprovadas pelos acionistas, por
unanimidade, sem qualquer ressalva ou recomendação, os seguintes documentos e matérias: (A) Em
sede de Assembleia Geral Ordinária, (i) o relatório anual da Diretoria, o balanço patrimonial, as
demonstrações financeiras e contábeis da Companhia, juntamente com o relatório do escritório de
contabilidade, relativos ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2021. Os documentos
foram publicados na edição de 8 de março de 2022 do jornal “Valor Econômico”, páginas E3 e E4
conforme evidenciado no Anexo II; (ii) (a) a destinação de R$ 6.145.939,03 (seis milhões, cento e
quarenta e cinco mil, novecentos e trinta e nove reais e três centavos), correspondentes ao lucro líquido
do exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2021, conforme segue: (a.1) R$ 307.296,95
(trezentos e sete mil, duzentos e noventa e seis reais e noventa e cinco centavos) para constituição da
Reserva Legal, (a.2) R$ 4.899.000,00 (quatro milhões, oitocentos e noventa e nove mil reais) para
pagamento de juros sobre capital próprio, and (a.3) R$ 939.642,08 (novecentos e trinta e nove mil,
seiscentos e quarenta e dois reais e oito centavos) para a conta de Reserva de Lucro Líquido - Outros;
(b) a alocação subsequente de: (b.1) R$ 4.164.150,00 (quatro milhões, cento e sessenta e quatro mil e
cento e cinquenta reais) referente a juros sobre capital próprio para a conta de Reserva de Lucro
Líquido - Outros, (b.2) a absorção de R$ 103.087,50 (cento e três mil, oitenta e sete reais e cinquenta
centavos) referente aos prejuízos acumulados para a conta de Reserva de Lucro Líquido - Outros e,
além das destinações acima, o valor de R$ 939.642,08 (novecentos e trinta e nove mil, seiscentos e
quarenta e dois reais e oito centavos) resultando na destinação total de R$ 5.000.704,58 (cinco
milhões, setecentos e quatro reais e cinquenta e oito centavos) para a conta de Reserva do Lucro
Líquido - Outros. Nos termos do artigo 17 do Estatuto Social, os acionistas concordaram em renunciar
à distribuição do dividendo mínimo obrigatório no percentual de 25% (vinte e cinco por cento) do Lucro
Líquido de 2021 e acordaram que o total do Lucro Líquido de 2021 será destinado à conta de Reserva
de Lucro Líquido - Outros após a dedução da Reserva Legal; e (iii) a remuneração global anual que
será destinada à Diretoria da Companhia durante o exercício social a ser encerrado em 31 de dezembro
de 2022, no valor de até R$ 13.050.000,00 (treze milhões e cinquenta mil reais), sendo que a Diretoria
deverá, em reunião extraordinária, fixar o valor a ser destinado a cada um de seus membros. (B) Em
sede de Assembleia Geral Extraordinária, (i) a reeleição dos atuais membros da Diretoria da
Companhia, cujo mandato se estenderá até a posse dos eleitos na Assembleia Geral Ordinária de
2025: (a) Sr. Praxitelis Theodoropoulos, canadense, casado, administrador, residente e domiciliado
na Cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo, com endereço comercial na Avenida Paulista,
nº 283/287, Edifício Santa Catarina, 12º andar, Bela Vista, CEP 01311-000, portador do documento de
identidade Registro Nacional Migratório (RNM) nº F0534768 - DELEMIG/DREX/SR/PF/SP e inscrito no
Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Economia (“CPF”) sob o nº 241.633.598-77, ao cargo de
Diretor Presidente; (b) Sr. João Luiz Macedo, brasileiro, divorciado, bancário, residente e domiciliado
na Cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo, com endereço comercial na Avenida Paulista,
nº 283/287, Edifício Santa Catarina, 12º andar, Bela Vista, CEP 01311-000, portador do documento de
identidade RG nº 13.951.417-X SSP/SP e inscrito no CPF sob o nº 055.181.958-85, ao cargo de Diretor
Executivo; and (c) Sra. Jeanne Koo Pohli, brasileira, casada, advogada, residente e domiciliado na
Cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo, com endereço comercial na Avenida Paulista,
nº 283/287, Edifício Santa Catarina, 12º andar, Bela Vista, CEP 01311-000, portadora do documento de
identidade RG nº 27.121.336-X SSP/SP e inscrita no CPF sob o nº 265.954.858-77, ao cargo de
Diretora. Os Diretores ora reeleitos permanecerão em seus cargos após a aprovação de seus nomes
pelo Banco Central do Brasil, nos termos da Resolução nº 4.122, emitida pelo Conselho Monetário
Nacional em 02 de agosto de 2012 (“Resolução nº 4.122/12”). Os Diretores ora reeleitos atendem aos
requisitos de exigibilidade estabelecidos pela Resolução nº 4.122/12 e declaram (1) não estarem
incursos em nenhum dos crimes previstos em lei, para impedi-los de exercer atividade comercial,
(2) terem pleno conhecimento das disposições do artigo 147 da Lei das Sociedades por Ações,
e (3) serem impedidos de exercer a administração da Companhia: por lei especial; em virtude de
condenação criminal, ou por estarem sob seus efeitos; em virtude de pena que impeça, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por falência, prevaricação, corrupção ativa ou passiva,
concussão, peculato, ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as
regras de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade. Após
a aprovação de seus nomes pelo Banco Central do Brasil, os Diretores da Companhia continuarão
autorizados a firmar todos os documentos e praticar todos os atos necessários à implementação das
deliberações ora aprovadas; e (ii) a recondução dos Diretores da Companhia, Srs. Praxitelis
Theodoropoulos e João Luiz Macedo, ambos acima qualificados, como membros do Comitê Executivo
da Companhia, pelo mesmo período de seus novos mandatos como Diretores. Mesa: Praxitelis
Theodoropoulos, Presidente; João Luiz Macedo, Secretário. Acionistas Presentes: State Street
International Holdings, p.p. Sr. Praxitelis Theodoropoulos; e State Street International Holdings
Switzerland, p.p. Sr. Praxitelis Theodoropoulos. Certifico que a presente é cópia fiel da ata lavrada
em livro próprio. São Paulo, 29 de abril de 2022. Mesa: Praxitelis Theodoropoulos - Presidente;
João Luiz Macedo - Secretário. Acionistas: State Street International Holdings - Pp.: Praxitelis
Theodoropoulos; State Street International Holdings Switzerland - Pp.: Praxitelis Theodoropoulos.
Diretores Reeleitos: Praxitelis Theodoropoulos - Diretor Presidente; João Luiz Macedo - Diretor
Executivo; Jeanne Koo Pohli - Diretora. JUCESP nº 417.745/22-9 em 16/08/2022. Gisela Simiema
Ceschin - Secretária Geral.
Brasilprev Seguros e Previdência S.A.
CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE nº 3530013990-9
Extrato da 422ª Reunião Extraordinária do Conselho de Administração Realizada em 13/12/2021
Em 13/12/2021, às 20h, na Sede. Presença: A reunião foi realizada de forma virtual e os membros do
Conselho de Administração proferiram seus votos por meio eletrônico, sob a presidência do Sr. Fausto de
Andrade Ribeiro, e Daniela Ramos Scarin, como Secretária. Deliberações Unânimes: Eleição do Diretor de
Controles Internos, Sr. Ronaldo Simon Ferreira: Em decorrência da criação do novo cargo de Diretor de
Controles Internos, o Conselho de Administração elegeu nesta data, como Diretor de Controles Internos,
Sr.Ronaldo Simon Ferreira, CI nº 19.803.715 SSP/SP e CPF nº 117.685.018-07, com mandato até 29/03/2024.
Substituição da Nomeação de Gestor de Riscos, em Cumprimento ao Art. 108-E, Parágrafo 3º da
Circular SUSEP nº 517 de 30/07/2015: No uso das atribuições estabelecidas ao disposto no artigo 13, alínea
“xxxvi” do Estatuto Social, o Conselho de Administração, aprova a substituição do Sr. Paulo Yoshihiro Ouki,
RG nº 18.385.455-X - SSP/SP, CPF/ME nº 134.534.048-66, pelo Sr. Ronaldo Simon Ferreira, CI nº 19.803.715
SSP/SP e CPF nº 117.685.018-07, como Gestor de Riscos da Companhia, nos termos da Circular SUSEP
n.º 590, de 29/07/2019. Designação de Diretores, em Cumprimento ao Art. 11 Anexo II da Resolução
CNSP 330/2015 e à Carta Circular nº 1/2016/SUSEP/CGRAT: Ficam designados como responsáveis para
efeitos da legislação vigente, os seguintes Diretores: 1) Sra. Ângela Beatriz de Assis, Diretora Presidente,
como: (i) Diretora Responsável pelos Controles Internos (Circular SUSEP 249/2004, alterada pela Circular
SUSEP 363/2008). 2) Sr. Camilo Buzzi, Diretor Comercial e de Marketing, como: (i) Diretor Responsável
pelos Controles Internos Específicos para Prevenção de Fraude (Circular SUSEP nº 344/2007). 3) Sr. Jorge
Marino Ricca, Diretor Financeiro, como: (i) Diretor Responsável Administrativo e Financeiro (Circular
SUSEP nº 234/2003, alterada pela Circular SUSEP nº 292/2005); e (ii) Diretor de Relações com a SUSEP
(Circular SUSEP nº 234/2003, alterada pela Circular SUSEP nº 292/2005). 4) Sr. Nelson Ignacio Katz, Diretor
de Planejamento e Controle, como: (i) Diretor Responsável pelo Acompanhamento, Supervisão e
Cumprimento das Normas e Procedimentos de Contabilidade (Resolução CNSP nº 321/2015, alterada pela
Resolução CNSP nº 343/2016); (ii) Diretor Responsável Técnico (Resolução CNSP nº 321/2015, alterada pela
Resolução CNSP nº 343/2016 e Circular SUSEP nº 234/2003, alterada pela Circular SUSEP 292/2005); e (iii)
Diretor Responsável dos registros das operações de seguros, previdência complementar aberta, capitalização
e resseguros. (Resolução CNSP n 383/2020). 5) Sr. Luis Felipe Osorio Cepeda, Diretor de Produtos e
Operação, como: (i) Diretor Responsável pelo Cumprimento da Lei 9.613/98 (Circulares SUSEP nº 234/2003,
alterada pelas Circulares SUSEP nº 292/2005 e 445/2012); e (ii) Diretor Responsável pela política institucional
de conduta (Resolução CNSP nº 382/2020). 6) Sr. Carlos Manuel de Oliveira Madureira, Diretor de
Tecnologia, como: (i) Diretor Responsável pelo prazo da portabilidade (Circulares SUSEP nº 338 e 339/2007).
7) Sr. Ronaldo Simon Ferreira, Diretor de Controles Interno, como: (i) Diretor Responsável de Gestão de
Riscos (Circular SUSEP nº 590 de 29/07/2019) 1.4. Aprovação do DAD nº 144/2021 Inclusão do Banco do
Brasil como contraparte elegível de swaps pactuados. O Conselho de Administração aprovou a proposta
apresentada; 1.5. Aprovação do DAD nº 165/2021 Renovação do Convênio de Disponibilidade de empregados.
O Conselho de Administração aprovou a proposta apresentada.Nada mais.Daniela Ramos Scarin - Secretária.
JUCESP nº 407.318/22-7 em 11/08/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
São Paulo | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
State Street Brasil S.A. - Banco Comercial
| Valor | E5
CNPJ/ME nº 09.274.232/0001-02 - NIRE 35.300.351.045
Ata da Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 18 de Abril de 2022
Data, Horário e Local: 18 de abril de 2022, às 10h00, na sede social do State Street Brasil S.A. - Banco
Comercial, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Paulista, 283/287, Edifício Santa
Catarina, 12º andar, Bela Vista, CEP 01311-000 (“Companhia”). Presença: Acionistas representando a
totalidade do capital social da Companhia, conforme assinaturas constantes no Livro de Presença de
Acionistas. Aviso de Convocação: Dispensada comprovação de aviso de convocação em consonância
com o disposto no artigo 124, parágrafo 4º da Lei nº 6404 de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada
(“Lei das Sociedades por Ações”). Mesa: Praxitelis Theodoropoulos, Presidente; João Luiz Macedo,
Secretário. Ordem do Dia: Discutir e deliberar sobre as seguintes matérias: (i) a criação de um Comitê
Executivo na Companhia; (ii) a nomeação de certos Diretores da Companhia para o Comitê Executivo; e (iii)
a ratificação e consolidação do Estatuto Social da Companhia para refletir os assuntos deliberados.
Deliberações Adotadas pela Unanimidade dos Votos: Após sua discussão e votação, foram aprovadas
pelos acionistas, por unanimidade, sem qualquer ressalva ou recomendação, as seguintes matérias: (i) a
criação de um Comitê Executivo na Companhia, que servirá como órgão executivo de instância máxima na
Companhia e ao qual competirá deliberar sobre assuntos relacionados à administração dos negócios,
recursos humanos, projetos relevantes nas áreas de tecnologia, infraestrutura e serviços da Companhia,
alocação de capital e outras atribuições conforme vier a ser estabelecido pela Assembleia Geral, de tempos
em tempos; (ii) a nomeação dos Diretores da Companhia, Srs. Praxitelis Theodoropoulos e João Luiz
Macedo, para comporem o Comitê Executivo pela mesma duração de seu mandato como Diretores; e (iii) a
reforma e consolidação do Estatuto Social da Companhia para refletir as deliberações tomadas acima, que
passará a vigorar conforme a redação constante do Anexo I a esta ata. Encerramento e Lavratura da Ata:
Nada mais havendo a ser tratado, foi oferecida a palavra a quem dela quisesse fazer uso e, como ninguém
se manifestou, foram encerrados os trabalhos pelo tempo necessário à lavratura da presente ata, a qual,
após a reabertura da sessão, foi lida, achada conforme, aprovada e por todos assinada. Mesa: Praxitelis
Theodoropoulos, Presidente; João Luiz Macedo, Secretário. Acionistas Presentes: State Street
International Holdings, p.p. Sr. Praxitelis Theodoropoulos; e State Street International Holdings Switzerland,
p.p. Sr. Praxitelis Theodoropoulos. Certifico que a presente é cópia fiel da ata lavrada em livro próprio.
São Paulo, 18 de abril de 2022 Mesa: Praxitelis Theodoropoulos - Presidente; João Luiz Macedo -
Secretário. Acionistas: State Street International Holdings - p.p. Praxitelis Theodoropoulos; State Street
International Holdings Switzerland - p.p. Praxitelis Theodoropoulos. JUCESP nº 414.418/22-0 em
12/08/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral. Anexo I - Consolidação do Estatuto Social da
Companhia: State Street Brasil S.A. - Banco Comercial - CNPJ/ME nº 09.274.232/0001-02 - NIRE
nº 35300351045 - Estatuto Social - Título I - Da Denominação, Sede, Foro, Domicílio e Objeto Social -
Artigo 1º: O State Street Brasil S.A. - Banco Comercial, pessoa jurídica de direito privado, é uma sociedade
anônima de capital fechado que se rege por este Estatuto e pela legislação que lhe for aplicável
(“Companhia”). Artigo 2º: A Companhia tem sede, foro e domicílio na cidade de São Paulo, Estado de São
Paulo, na Avenida Paulista, 283/287, Edifício Santa Catarina, 12º andar, Bairro Bela Vista, CEP 01311-000.
Parágrafo Único: A Companhia poderá, por deliberação dos acionistas que representem ao menos 50% do
capital social, instalar ou suprimir dependências em qualquer parte do País ou do exterior, observadas as
normas legais pertinentes. Artigo 3º: O prazo de duração da Companhia é indeterminado. Artigo 4º:
A Companhia tem por objetivo social a prática de operações ativas, passivas e acessórias, inerentes a um
banco comercial, bem como operações de Câmbio, além de quaisquer outras operações que venham a ser
permitidas às Companhias da espécie, de acordo com as disposições legais e regulamentares, podendo
participar do capital de outras Companhias, como sócia ou acionista. Título II - Do Capital e Das Ações -
Artigo 5º: O capital social é de R$394.265.609,21 (trezentos e noventa e quatro milhões, duzentos e
sessenta e cinco mil, seiscentos e nove reais e vinte e um centavos), representado por 387.163.458
(trezentos e oitenta e sete milhões, cento e sessenta e três mil, quatrocentas e cinquenta e oito) ações
ordinárias, todas nominativas e sem valor nominal. § 1º: Cada ação ordinária dará direito a um voto nas
Assembleias Gerais. § 2º: As ações poderão ser mantidas em contas de depósito, em nome de seus
titulares, no próprio Banco, sem emissão de certificado. Título III - Da Assembleia Geral: Artigo 6º:
A Assembleia Geral realizar-se-á ordinariamente até o dia 30 de abril de cada ano, e, extraordinariamente,
sempre que os interesses sociais o exigirem, e será convocada e instalada na forma da Lei e deste Estatuto.
§ 1º: O acionista poderá ser representado na Assembleia Geral por procurador constituído há menos de 1
(um) ano, que seja acionista, administrador da Companhia ou advogado, na forma da Lei, podendo ser
exigido o depósito prévio do respectivo instrumento de mandato na sede da Sociedade, dentro do prazo
estabelecido nos anúncios de convocação. § 2º: A Assembleia Geral fixará, anualmente, o montante global
da remuneração dos administradores. § 3º: A Assembleia Geral será instalada e presidida por qualquer um
dos membros do Comitê Executivo da Companhia, que escolherá um dos presentes para secretariar os
trabalhos. Título IV - Da Organização Administrativa: Artigo 7º: A Companhia será administrada por uma
Diretoria composta de, no mínimo, 2 (dois) e, no máximo, 07 (sete) Diretores, dentre os quais 1 (um) será
obrigatoriamente designado como Diretor Presidente. Os Diretores serão eleitos e destituíveis a qualquer
tempo pela Assembleia Geral entre pessoas de ilibada reputação e reconhecida competência profissional.
§ 1º: O prazo de mandato dos Diretores será de 3 (três) anos, podendo ser reeleitos e suas atribuições serão
fixadas de conformidade com as disposições legais e deste Estatuto, ficando dispensados de prestar
caução. § 2º: A Assembleia Geral definirá, além do Diretor Presidente, os membros da Diretoria que irão
compor o Comitê Executivo, órgão executivo de instância máxima na Companhia, ao qual competirá
deliberar sobre assuntos relacionados à administração dos negócios, recursos humanos, projetos relevantes
nas áreas de tecnologia, infraestrutura e serviços da Companhia, alocação de capital e outras atribuições
conforme vier a ser estabelecido pela Assembleia Geral, de tempos em tempos. O Comitê Executivo
estabelecerá em Regimento Interno as regras operacionais para seu funcionamento, bem como o
detalhamento das competências estabelecidas neste artigo. § 3º: Todos os Diretores são investidos em seus
cargos mediante a assinatura dos respectivos termos de posse, devendo permanecer no cargo até a
investidura de seus sucessores. Artigo 8º: Ocorrendo vaga em qualquer um dos cargos de Diretor, o Comitê
Executivo indicará um substituto para exercer provisoriamente o cargo até a realização da primeira
Assembleia Geral. Artigo 9º: Observadas a forma e exceções previstas neste Estatuto, os Diretores que
forem membros do Comitê Executivo têm amplos poderes de administração e gestão de negócios e para a
prática de todos os atos e a realização de todas as operações que se relacionarem com os objetivos da
Companhia, inclusive os de (i) transigir, celebrar contratos, convênios e acordos operacionais, contrair e
conceder empréstimos, renunciar direitos, estabelecer a política geral de negócios da Companhia, confessar
dívidas, admitir e demitir empregados, nomear e destituir procuradores e auditores independentes; e (ii)
prestar aval, caução, fiança ou quaisquer garantias, adquirir, permutar, alienar e onerar, por qualquer forma,
bens e direitos da Companhia, inclusive imóveis ou participações societárias de caráter permanente. Artigo
10: Observados os poderes definidos neste Estatuto, a Companhia considerar-se-á obrigada, ou exonerará
terceiros de responsabilidade para com ela, mediante: I - a assinatura conjunta de quaisquer 2 (dois)
Diretores, sendo que ao menos 1 (um) Diretor seja o Diretor Presidente; II - pela assinatura de 1 (um) Diretor
membro do Comitê Executivo com 1 (um) Procurador, quando assim expressamente autorizado no
instrumento de mandato; e III - pela assinatura conjunta de 2 (dois) procuradores, cujos poderes deverão
estar especificados no instrumento de mandato. § 1º: Os instrumentos de mandato “ad negotia” da
Companhia serão assinados conjuntamente por 2 (dois) Diretores, sendo que ao menos 1 (um) dos
Diretores seja o Diretor Presidente, devendo ser especificados no respectivo instrumento os poderes do
mandatário e o prazo do mandato. § 2º: Os instrumentos de mandato “ad judicia”, ou para representação em
processos de natureza administrativa, poderão ser assinados por um único Diretor membro do Comitê
Executivo, não lhes sendo aplicáveis as demais formalidades aludidas no § 1º acima. Artigo 11: Excetuam-
se das disposições do artigo anterior, o simples endosso de títulos para cobrança e os endossos de cheques
para depósito em conta da própria Companhia, quando bastará, para a validade de tais atos, a assinatura
de 1 (um) procurador ou de 1 (um) empregado expressamente autorizado pelo Diretor Presidente. Artigo
12: A Companhia poderá ser representada por qualquer Diretor, ou por um único procurador, perante
empresas e repartições públicas, empresas de certificação e assinatura digital, autarquias, Companhias de
economia mista ou concessionárias de serviços públicos, bem como em Assembleias Gerais de outras
Companhias ou empresas nas quais a Companhia detenha participação societária. Título V - Conselho
Fiscal: Artigo 13: A Companhia terá um Conselho Fiscal, cujo funcionamento não será permanente,
composto de, no mínimo, 3 (três) e no máximo 5 (cinco) membros e igual número de suplentes, acionistas
ou não, cuja eleição, se ocorrer, será feita pela Assembleia Geral, podendo ser reeleitos. § 1º: Somente
poderão ser eleitas para o Conselho Fiscal pessoas naturais, residentes no País, que atendam os requisitos
legais. § 2º: Os membros do Conselho Fiscal, efetivos ou suplentes, tomarão posse mediante assinatura de
termo em livro próprio. Artigo 14: O Conselho Fiscal terá as atribuições e poderes que lhe são conferidos
por lei. Título VI - Das Demonstrações Financeiras, Reservas e Dividendos: Artigo 15: O exercício
social coincidirá com o ano civil, encerrando-se em 31 de dezembro de cada ano, quando serão levantados
o Balanço Patrimonial e as demais demonstrações financeiras, atendidos os prazos estabelecidos na Lei
nº 6.404/76, e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil.
Artigo 16: Na forma da legislação em vigor, a Companhia levantará Balanços semestrais, em junho e em
dezembro de cada exercício social, observando-se, quanto à distribuição de resultados, as regras a seguir.
Artigo 17: O lucro líquido apurado, após as deduções e provisões legais, terá a seguinte destinação: I - 5%
(cinco por cento) para a constituição da reserva legal, até que a mesma atinja a 20% (vinte por cento) do
capital social; II - cota para distribuição de dividendo mínimo obrigatório no percentual de 25% (vinte e cinco
por cento); III - constituição de reservas compulsórias exigidas pelo Banco Central do Brasil, além de
reservas para contingências, e reservas de lucros a realizar, obedecidas as prescrições legais; IV - o saldo
será destinado observando-se as disposições legais atinentes à matéria. § 1º: Poderá a Diretoria, após
autorização prévia do Comitê Executivo, autorizar a distribuição de lucros aos acionistas a título de juros
sobre o capital próprio, nos termos da legislação específica. § 2º: Os juros eventualmente pagos a acionistas
serão imputados, líquidos do imposto de renda na fonte, ao valor do dividendo mínimo obrigatório do
exercício (25%). § 3º: Para efeito do cálculo do dividendo obrigatório de 25% (vinte e cinco por cento) do
lucro líquido, este será ajustado nos termos do artigo 202 da Lei nº 6.404/76. Artigo 18: O pagamento de
dividendos deverá ser efetuado até o final do exercício em que houve a deliberação e aprovação pela
Assembleia Geral. Parágrafo Único: Os dividendos não reclamados dentro de 3 (três) anos, a contar da
data em que forem postos à disposição do Acionista, prescreverão em favor da Companhia. Artigo 19:
A Companhia terá suas contas examinadas por Auditores Independentes, de acordo com a Lei e normas
aplicáveis às instituições financeiras. Artigo 20: A Assembleia Geral poderá criar, quando julgar conveniente,
outras reservas de acordo com a Lei. Título VII - Da Liquidação, Dissolução e Transformação: Artigo 21:
A Companhia liquidar-se-á nos casos e na forma prevista em Lei. Artigo 22: A eventual dissolução ou
transformação da Companhia depende de aprovação de acionistas que representem, no mínimo, 51%
(cinquenta e um por cento) das ações. Título VIII - Das Disposições Gerais: Artigo 23: Nos casos omissos
neste Estatuto, recorrer-se-á aos princípios de Direito e às leis, decretos, resoluções e demais atos baixados
pelas autoridades competentes.
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E6 Valor São Paulo Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
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Especial
Meios de pagamento
Moeda
abstrata?
O dinheiro do futuro será mais digital e diverso e poderá
cruzar fronteiras com a facilidade e velocidade das redes
sociais. Por Martha Funke , para o Valor, de São Paulo
O
dinheiro do futuro será
múltiplo, mais abstrato,
com bases diversificadas,
digitais e sem fronteiras. Papel
moeda, cartões e suas represen-
tações não desaparecerão do dia
para a noite, mas pagamentos
poderão ser feitos por presença
física ou virtual (via um avatar,
por exemplo), com suporte de
inteligência artificial para trans-
ferir valores mediante um con-
texto ou comportamento, como
entrar em um ambiente ou abrir
uma latinha de cerveja.
Mesmo pagamentos eletrôni-
cos por cartões de crédito, débi-
to ou Pix verão pela frente car-
teiras digitais com respaldo au-
tomático do saldo em conta-
corrente, perfil de crédito e ati-
vos como parcela de uma safra
de grãos, pedacinhos de debên-
tures, moedas digitais ou alu-
guel recebido por contrato inte-
ligente, entre outras possibili-
dades que o mundo digital já
desenha para ancorar trocas.
“O dinheiro será mais acessí-
vel, barato e instantâneo”, diz
Armando Castelar, do FGV-IBRE.
Um exemplo é o Pix, fluido e
sem burocracia. Sistemas deste
tipo ainda são limitados por
fronteiras, mas poderiam ultra-
passá-las com políticas econô-
micas e acordos de governança
monetária mundial. “Nossa vida
digital já é global e instantânea,
a financeira, não”, compara An-
dré Portilho, do BTG Pactual.
Do escambo à moeda virtual
Momentos da história do dinheiro e das moedas
Escambo
(10000 –
3000 AC)
Forma primária
de troca de itens
diferentes com
valor acordado
entre as partes
Fonte: informações extraídas do livro How Money Works: the facts visually explained (DK)
Com novas tecnologias, real digital começa a ganhar forma
Erivelto Tadeu
Para o Valor, de São Paulo
A partir do ano que vem, o real
digital deve começar a ganhar for-
ma. É quando terão início os pri-
meiros testes piloto das aplicações
práticas envolvendo a versão brasi-
leira de uma Central Bank Digital
Currency (CBDC), que são as moe-
das digitais emitidas por bancos
centrais de países. O Banco Central
escolheu nove projetos de institui-
ções do sistema financeiro para
testar potenciais do real digital.
Chamado Lift Challenge Real
Digital, os testes vão avaliar os ca-
sos de uso em ambiente on-line de
aplicações de entrega contra paga-
mento (DvP), pagamento contra
A base tecnológica já existe.
Nasceu com a criptomoeda,
com rede segura, inalterável e
criptografada, como uma enor-
me planilha com as transações
realizadas. Por ser descentrali-
zada, ganhou o nome de tecno-
logia de registro distribuído
(DLT, em inglês) ou cadeia de
blocos (blockchain). A repre-
sentação digital do ativo inscri-
to nestas redes, o token, é supor-
tada por contratos inteligentes
(smart contracts), regras para
executar transações automati-
camente sem intermediação,
como pagamento e confirma-
ção de recebimento de um valor
para entrega de um bem. No
mundo analógico, um exemplo
são máquinas de refrigerantes,
programadas para receber valo-
res e dispensar produtos e troco.
O pacote de tecnologias digi-
tais gerou moedas privadas, com
valor baseado em oferta e procu-
ra e alta volatilidade, como o bit-
coin, ou relacionadas a ativos do
mundo real mais estáveis, como
uma empresa (stablecoins).
Também suporta moedas digi-
tais de bancos centrais (CBDCs,
em inglês) e poderia gerar ou-
tras, com fronteiras mais amplas
ou dispersas, com validade entre
nações parceiras — similar ao eu-
ro, mas com mais granularidade
—, em comunidades de interes-
ses comuns, como um videoga-
me, ou um metaverso.
Como reserva de valor, o di-
Papel
Evidência Cunhagem
moeda (bank
de registros (600 – 1100
notes) (1100
(7000 AC) AC)
– 2000)
Representação Uso por Estados
pictórica de itens mercadores de começam a
usados para pesos definidos empregar papel
registrar trocas de metais moeda, emitindo
comerciais, cuja preciosos, mais comprovantes
complexidade tarde de dívidas
aumenta na formalizados trocados e
medida do como moedas e conversíveis
estabelecimento emitidos por como moedas a
de valores e estados qualquer tempo
documentação
pagamento (PvP), internet das coi-
sas (IoT), finanças descentraliza-
das (DeFi) e soluções de pagamen-
to (quando ambos, pagador e rece-
bedor, estejam sem acesso à inter-
net). Todas usam os chamados
smart contracts, contratos digitais
armazenados em blockchain que
fazem a liberação automática do
pagamento mediante registro ou
entrega do produto ou serviço.
Um dos projetos selecionados
foi o da Tecban, empresa responsá-
vel pela rede de caixas automáti-
cos, que participa do piloto em
conjunto com o criptobanco Capi-
tual. A solução envolve a liberação
de produtos comprados no co-
mércio eletrônico utilizando lo-
ckers conectados por meio de tec-
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | F1
Débito facilita
gestão financeira
do consumidor,
diz Ana Zucato,
CEO da Noh F4
SILVIA ZAMBONI/VALOR
Roberto Campos, presidente do BC, tem apresentado o plano para criar o real digital, modelo considerado ambicioso
nheiro também se transforma. A disse durante a Febraban Tech, para investimento no aplicativo ces. O interessado poderá co-
tradução de operações estrutura- em São Paulo, o presidente do Íon, diz o superintendente das nectar onde quiser sua carteira
das em fragmentos digitais, a par- Bradesco, Octavio de Lazari. arquiteturas enterprise e de so- digital com chave criptográfica,
tir de um único contrato codifica- Os rearranjos produtivos po- luções e tecnologias emergentes concreta ou virtual, para usar
do, viabilizará a oferta de investi- dem se refletir em acordos com do Itaú, Eduardo Crivelli. seu dinheiro programável, com
mentos qualificados a qualquer novas referências monetárias. O BTG Pactual lançou a plata- saldo de várias fontes e maior
mortal, com custos de gestão e Como mais de 90% dos BCs no forma Mynt, para investimentos eficiência. “A tecnologia substi-
compliance substituídos pela tec- globo já estudam CBDCs (as em criptomoedas. A Visa criou tuirá senhas ou intermediários
nologia. A fragmentação trará li- moedas digitais), a interopera- um cartão de crédito para pro- garantidores”, diz Thamilla Te-
quidez a ativos como imóveis, en- bilidade de redes com o mesmo dutores rurais pago com tokens larico, da EY.
tre outros, com venda de peque- DNA tecnológico facilitaria a de colheita de grãos, em parceria Outros avanços exigem regu-
nos direitos sobre eles. movimentação do dinheiro en- com a Agrotoken, na Argentina. lação. Rentabilizar imóveis com
Todo este cenário está anco- tre fronteiras e reduziria o custo Transações em contexto se tra- venda de pequenos direitos so-
rado na aceleração das trans- das operações. “As trocas globais duzem na parceria entre Maga- bre eles depende de novos for-
formações digitais e do mundo são caras”, observa Boanerges zine Luiza e Deezer para compra matos de escrituração. Tecnolo-
real. Uma delas é o estremeci- Ramos Freire, presidente da do instrumento tocado em uma gicamente, é possível usar uma
mento da globalização, cuja Boanerges & Cia Consultoria. música. O supermercado St. fração de um automóvel, casa
fragilidade foi exposta pela Fragmentos deste futuro já Marché adotou pagamento no ou galpão de uma empresa para
pandemia e pela guerra na Eu- existem. Tokens de ativos digi- checkout por biometria facial levantar financiamento.
ropa. A concentração, seja da tais, como obras de arte ou per- com a Mastercard. Lojas Amazon Enquanto isso, o BC prepara o
produção de processadores, in- sonagens de vídeo game (NFT, Go foram além: basta entrar, pe- real digital, a CBDC brasileira. Se-
sumos de vacinas ou reservas em inglês), já estão à venda. gar os produtos e sair, com reco- gundo o presidente, Roberto
do dinheiro, foi colocada em Criptomoedas e produtos finan- nhecimento corporal e vincula- Campos, o plano é criar uma ca-
xeque com a quebra de cadeias ceiros digitais antes restritos a ção ao aplicativo da marca. mada de DLT (que funcionaria co-
de suprimentos e o uso em vo- empresas desreguladas já che- A evolução dos contratos inteli- mo um banco de dados digitais)
lume sem precedente de san- gam às instituições tradicionais. gentes refinará a promessa do para gerar tokens corresponden-
ções econômicas como arma. A Suécia eliminou o uso do pa- open finance, o uso dos dados do tes à moeda depositada na casa. A
Se antes o uso da moeda co- pel moeda. “O processo é gra- cliente para oferecer serviços me- ideia é inédita e deve estimular a
mo instrumento de conflito pe- dual”, observa Ricardo Josuá, da lhores e mais personalizados. Ho- tokenização da economia. “O mo-
nalizou economias menores, fintech Pismo. je, se o limite de crédito a ser for- delo brasileiro é ambicioso”, diz
como Iraque ou Venezuela, o Itaú, BTG Pactual e Visa estão necido a um cliente no momento Thiago Rolli, da KPMG.
congelamento de dois terços entre as que dão passo rumo à de uma compra for R$ 15, os cus- “A infraestrutura traz eficiên-
das reservas do BC russo sacu- economia tokenizada. O Itaú in- tos da formatação do produto po- cia para a indústria financeira”,
diu um gigante global, gerou vestiu na startup de tokenização dem impedir a oferta. A tecnolo- diz Raul Moreira, do Banco Ori-
pagamento de exportações em Liqi, usou a especialista Hash- gia elimina essa barreira. ginal. Para testar as inovações, o
rublos dentro do país e acen- desk para emissão de um fundo A disseminação da inteligên- BC criou o Laboratório de Inova-
deu um alerta na China. “O atrelado a ETF de criptomoedas, cia artificial e do 5G ajudará a ções Financeiras Tecnológicas
questionamento das cadeias fez parceria com a Vortx para substituir aplicativos de paga- (Lift), com diferentes projetos, e
globais passa pela tendência de emissão de debêntures tokeni- mento por sites responsivos, a ideia é usar as iniciativas para
trabalhar com países próximos zadas e testou token para rece- para interação em redes sociais apoiar a construção do real digi-
ou com afinidades naturais”, bíveis. Em breve deve ter token ou ecossistemas de marketpla- tal, que deve surgir em 2024.
Nascimento Padrão Cartões de Dinheiro CBDCs e
Euro Bitcoin
das ações ouro crédito digital stablecoins
(1999) (2008)
(1553) (1844) (1970) (1990) (2021)
Mercadores A libra britânica Permitiram ao A facilidade de Doze países da Forma de A China se torna
ingleses foi relacionada a consumidor transferência de União Europeia dinheiro o primeiro país a
começaram a uma quantidade acessar crédito fundos e a se unem para eletrônico testar a emissão
formar empresas definida de ouro de curto prazo conveniência de substituir suas existente só de moeda digital
nas quais e o padrão foi para compras pagamentos moedas como código por seu Banco
investidores adotado por de baixo valor eletrônicos se nacionais pelo criptografado, Central.
podiam comprar outros países populariza com a euro, emitido com primeira Organizações
pedaços (ações) internet; três anos depois transação privadas criam
e dividir os o dinheiro passa dinheiro
realizada em
ganhos a existir eletrônico
2009
“virtualmente” lastreado em
ativos reais
nologia de internet das coisas e o seu projeto de entrega versus pa- automóvel é difícil sincronizar o por meio de contratos inteligen-
real digital como meio de paga- gamento (DvP) de debêntures momento em que o dinheiro é tes, em uma rede blockchain per-
mento. O smart contract libera o também escolhido pelo BC. A Fe- transferido para o vendedor, missionada”, explica Chataque.
pagamento para o comerciante braban fez acordo com a britânica com o instante em que o docu- Ciente do potencial do real di-
apenas após a retirada do produto R3, especializada em blockchain, e mento de propriedade do veícu- gital para a expansão das finan-
do locker, resolvendo um poten- criou grupos de trabalho com Bra- lo é transferido para o compra- ças descentralizadas (DeFi) no
cial conflito de confiança entre es- desco, Citi e Itaú Unibanco. O obje- dor”, detalha Jayme Chataque, Brasil, o BC selecionou o projeto
tabelecimento e consumidor. O tivo, diz Vilain, é mais segurança superintendente executivo de da Visa, que busca uma solução,
gerente de plataformas digitais da nas transações com debêntures — open finance do Santander. em parceria com a ConsenSys e a
TecBan, Luiz Fernando Lopes, ex- títulos que empresas emitem para Segundo ele, a proposta é criar Microsoft, para financiamento
plica que a solução está operando captar recursos — utilizando blo- uma solução para que a transfe- de pequenas e médias empresas.
na rede blockchain Ethereum, mas ckchain para a liquidação. rência do valor e do ativo ocorra A ideia é que por meio da sua in-
pode migrar para qualquer rede. É justamente para acabar com instantaneamente. O veículo ga- fraestrutura, a Visa seja uma inte-
A interoperabilidade da moeda a insegurança nas transações de nha uma representação digital, gradora de transações de crédito
digital brasileira é fundamental, bens que o Santander está parti- por meio de um token, e, após a envolvendo CBDCs do mundo “A
inclusive, para a realização de tran- cipando do desenvolvimento de negociação, o comprador recebe proposta da nossa solução é via-
sações transfronteiriças, enfatiza uma solução de conversão de a titularidade do token represen- bilizar o acesso global a financia-
Leandro Vilain, diretor executivo DvP para o formato digital do di- tativo de posse do bem, median- mento às PMEs”, diz Cristiane Ta-
de inovação, produtos e serviços reito de propriedade de veículos te o pagamento com real digital. neze, diretora executiva de ino-
bancários da Febraban, que teve e imóveis. “Na compra e venda de “Essas transações são executadas vação da Visa do Brasil.
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F2 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
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Especial Meios de pagamento
Serviços Usados pelas empresas, TED e DOC ainda
representam 46% e 22% dos valores transferidos
Pix substitui dinheiro
e valor se aproxima de
R$ 1 trilhão por mês
Roseli Loturco
Para o Valor, de São Paulo
Em pouco mais de um ano e
meio o Brasil se colocou no
quarto lugar mundial em uso de
pagamento instantâneo. Foram
mais de R$ 10 trilhões em trans-
ferências financeiras feitas pelo
Pix e mais de 480 milhões de
chaves cadastradas. O volume
mensal transacionado também
aumentou e saiu de R$ 156,6 bi-
lhões, em janeiro de 2021, para
R$ 933,5 bilhões em julho de
2022, segundo dados do Banco
Central (BC). Esses números
mostram a rápida consolidação
de um serviço que podia ou não
cair na graça do consumidor. E
caiu. Para os especialistas, isso
ocorreu porque há muito di-
nheiro ainda em circulação.
Pesquisa da Associação Brasilei-
ra das Empresas de Cartões de Cré-
dito e Serviços (Abecs) mostrava
que, antes do lançamento do Pix,
em novembro de 2020, 40% das
transações eram feitas em dinhei-
ro. “Era muito alto o percentual.
Em Portugal, por exemplo, elas são
18%. Quando chega o Pix, com pa-
gamento instantâneo, ele encon-
tra terreno fértil. O autônomo, o
motorista de táxi, não tinha inclu-
são financeira e foi incluído”, ob-
serva Leandro Vilain, diretor exe-
cutivo de inovação, produtos e ser-
viços bancários da Federação Bra-
sileira de Bancos (Febraban).
O executivo diz que a quantida-
de de transações de DOC e TED
caiu, em média, 24 milhões só no
mês de julho em comparação a ju-
lho de 2021. “E no boleto caíram
15 milhões de transações. Do ou-
tro lado, houve 2 bilhões de transa-
ções em Pix que devem ter caniba-
lizado as transações em dinheiro.
Exemplo: o vendedor de coco no
[parque do] Ibirapuera, em São
Nas ruas, ganhos e perdas com o Pix Aumento dos golpes é
desafio para modalidade
Carin Petti
Para o Valor, de São Paulo
São Paulo, quinta-feira à tarde,
dez graus. De casaco leve no corpo
e três limões na mão, Carlos, 17
anos, faz malabarismo com as fru-
tas entre os carros em frente ao
shopping Bourbon, na Pompeia,
zona oeste de São Paulo. Termina o
número sem nenhum deslize. Mas
nem sempre foi assim. “Quando
comecei, há três anos eu mais der-
rubava do que conseguia deixar as
bolinhas no ar”, conta. Mesmo
com menos coordenação motora,
os ganhos eram maiores. “Dava pa-
ra tirar entre R$ 100 e R$ 150 em
seis horas. Hoje são uns R$ 50, que
uso para ajudar em casa, comprar
umas coisas para mim e, não vou
mentir, também sair com as meni-
nas.” Para ele, a popularização do
Pix é em parte responsável pela si-
tuação. “Ninguém mais anda com
dinheiro no carro para pagar as
coisas.” Ainda assim, ele descarta o
uso da nova forma de pagamento
para elevar os ganhos. “Não daria
certo porque meus celulares vivem
quebrando”, justifica.
Logo ao lado, seu amigo, G., 14
anos, tem uma estratégia um pou-
co diferente. “Se perguntam se
aceito Pix, dou o da minha mãe,
mas eu não escrevo o número na
caixinha do dinheiro como outros
meninos fazem.” E por que não di-
vulgar a forma de pagamento? “É
que quero sair logo do farol para
virar aprendiz”, diz o garoto, que,
diferentemente de Carlos, está na
escola e quer conciliar as aulas do
nono ano com um programa para
ingresso no mercado de trabalho.
Dois dias depois e três quilôme-
tro adiante, o motorista José dos
Santos, de 49, faz seu bico semanal
em um lava-rápido na avenida
Pompeia para, segundo ele, pagar
contas como o curso de inglês do
filho. “Já trabalhei metade do dia e
até agora recebi seis reais de caixi-
Paulo, antes vendia em dinheiro e
agora aceita Pix”, afirma Vilain.
Pesquisa do BC, no entanto,
mostra que embora as transferên-
cias por TED e DOC tenham dimi-
nuído em quantidade, ainda re-
presentam o maior volume finan-
ceiro, com 46% e 22%, respectiva-
mente, pois os valores costumam
ser maiores e feitos por empresas
que ainda não migraram para o
Pix. Mas os bancos acreditam que é
questão de tempo para as compa-
nhias também fazerem essa mi-
gração e adaptarem seus sistemas.
No Itaú, nos últimos 12 meses
até 18 de agosto, 56% das transa-
ções migraram de DOC e TED para
Pix, totalizando hoje 20% das
transferências efetuadas. O banco
registrou aumento de 32% no ca-
dastro de chaves Pix no mesmo pe-
ríodo. “Vejo o Pix como um suces-
so. Com níveis de aceitação altíssi-
mos e com diversas funcionalida-
des. É um produto novo e em de-
senvolvimento. TED e DOC estão
sendo afetados, mas também o di-
nheiro e o cheque”, conta Marcos
Cavagnoli, diretor de digital cash
management e open finance do
Itaú Unibanco. Para ele, é natural
que isso ocorra pois o Pix agrega
valor e rapidez às operações e serve
como instrumento de inserção so-
cial ao sistema financeiro. O banco
também nota o crescimento da
adoção do Pix pelas empresas, mas
em ritmo menor. “Isso porque a
pessoa jurídica tem estrutura mais
complexa e está migrando aos
poucos”, diz Cavagnoli.
O Banco do Brasil (BB) informa
que, de janeiro a julho, 30,9% de
todas as transações de Pix do
mercado passaram pelo banco, o
que representa nada menos que
R$ 1,3 trilhão. O BB atribui esse
valor à maior inserção de pessoas
ao sistema digital e instantâneo
de pagamentos, mas lembra que
Edson Coelho, pipoqueiro: “Hoje mais da metade dos clientes paga com Pix”
nha”, diz. “E olha que hoje está sol.
Quando chove é pior”. Nas suas
contas, quando começou, há cinco
anos, a média diária ficava entre R$
40 e R$ 50. “Em dia bom dava até
para tirar uns R$ 80 ou R$ 90, mas
agora o pessoal fala que não tem
dinheiro na carteira”, conta.
Nem todos, porém, têm do que
reclamar. “Hoje mais da metade
dos clientes paga com Pix”, conta o
pipoqueiro Edson Coelho, 39
anos, dono de um carrinho parado
em frente à PUC-SP, no bairro de
Perdizes. Desde que começou a
aceitar o método de pagamento,
em março, ele calcula vender dia-
riamente cerca de 40 saquinhos de
pipoca e batata frita, por preços
entre R$ 8 e R$ 20, dobro do volu-
me diário anterior à pandemia.
O método de pagamento é
as transações de TED e DOC exis-
tem há 20 anos e são consolida-
das entre as empresas. “A TED não
é 24 horas e não funciona nos fi-
nais de semana, mas funciona
nos horários comerciais. Ou seja,
atende as necessidades das em-
presas”, observa Rodrigo Felippe
Afonso, diretor de meios de paga-
mento do Banco do Brasil. Não há
limite de valor para as operações
com Pix no horário comercial.
Já o Bradesco atribui a rápida
adesão ao Pix ao fato de os bancos
terem trabalhado em conjunto
com o BC na promoção do serviço.
O banco diz que em novembro de
2020 já tinha 7 milhões de chaves
cadastradas. “Hoje temos mais de
50 milhões de chaves de usuários
ativos. Dos meus clientes digitais
que usam mobile (celular) e inter-
net banking, mais de 90% têm cha-
ves cadastradas e usam Pix. É uma
penetração absurda”, diz José Hen-
rique Simões Camargo, superin-
tendente executivo de comerciali-
zação de produtos e serviços.
Agora, o mercado se prepara
para a evolução do Pix com novas
funcionalidades. O Pix Saque e o
Pix Troco, que tiveram as primei-
ras transações realizadas em de-
zembro de 2021, saltaram de R$
468 milhões para R$ 37, 4 bilhões
em operações em julho deste
ano. Já o Pix Parcelado e o Pix Ga-
rantido ainda aguardam regula-
mentação por parte do BC, mas
alguns bancos já desenvolvem
seus projetos piloto.
“O BB está trabalhando as no-
vas funcionalidades além do que
o BC normatizou. O Pix parcela-
do deve entrar em operação já no
mês de setembro e será mais uma
alternativa de financiamento ao
cliente. Para o Pix garantido ain-
da não há normatização e não
tem como dar opinião”, afirma
Felippe Afonso, do BB.
SILVIA ZAMBONI/VALOR
anunciado numa folha sulfite co-
lada no carrinho. Para facilitar a vi-
da do cliente, ele colou também o
QR code da sua conta. O carrinho
vizinho, de milho verde, também é
adepto do sistema. “Aqui só não
aceito cheque sem fundo. De resto,
vale tudo, até passe escolar no tem-
po que não tinha bilhete único”,
conta o proprietário, João dos San-
tos, 34 anos. Ele desconversa sobre
o volume de vendas, mas lista ou-
tra vantagem: “O serviço fica mais
rápido, pois não preciso parar de
preparar o milho para receber”.
Ao que tudo indica, o sistema
veio para ficar. “Por ser um meca-
nismo mais barato, a tendência é
que cada vez mais substitua o pa-
pel moeda e cartão de débito”, diz
José Carlos de Souza Santos, pro-
fessor de economia da FEA-USP.
Leandro Vilain, da Febraban: vendedores de rua trocaram dinheiro pelo Pix
Firme & forte
Evolução do volume financeiro das transações Pix, em R$ bilhões
1.000
Em julho de 2022, o Pix
800
0 811,8
movimentou R$ 993 bilhões
0
600
400
200
0 e 11 milhões de maquininhas. Es-
Nov Jan Abr
2020 2021
Natureza das transações em jul/22
Em % do total
13%
Empresa
para pessoa
(B2P)
37%
Empresa para
empresa (B2B)
** inclui Pessoa para governo (P2G) e empresa para
governo (E2G)
Fonte: Banco Central. * Dados mensais referentes às transações liquidadas no Sistema de Pagamentos
Instantâneos (SPI) e às informações enviadas por participantes
De São Paulo
O crescimento do número de
fraudes e golpes foi uma das pe-
dras no sapato do Pix. Embora em
sua maioria decorrentes de enge-
nharia social, a facilidade do ins-
trumento seduziu malfeitores e
começou a dificultar a modalida-
de de pagamento no país, com
abundância de casos criativos. O
Banco Central (BC) não divulga
dados oficiais sobre fraudes, mas
os bancos tipificam os casos, fa-
zem campanha massiva de cons-
cientização do público e agem em
parceria com a Polícia Federal pa-
ra desbaratar quadrilhas que ten-
tam burlar o sistema.
A última foi no dia 2 deste mês.
Por meio da operação ‘Não Seja
um Laranja!’, a PF atuou em 13 Es-
tados e no Distrito Federal. Com
mandados de busca, apreende-
ram, em todas as regiões, bens de
pessoas que cederam contas pes-
soais para receber recursos desvia-
dos de golpes e fraudes contra
clientes bancários. É a primeira vez
que foi feita uma operação de cará-
ter nacional para coibir esse tipo
de crime e a Federação Brasileira
de Bancos (Febraban) diz que terá
continuidade. “A boa notícia é que
todas as transações eletrônicas são
rastreáveis e atuamos com as dele-
gacias nos Estados. Todas as contas
de destino são enviadas para a Po-
lícia Federal, que estoura essas
operações”, afirma Leandro Vilain,
diretor executivo de inovação, pro-
dutos e serviços bancários da Fe-
braban. O executivo lembra que dá
para usar o georreferenciamento
do aplicativo do celular e também
identificar se a operação está fora
do padrão daquele cliente.
O golpe mais famoso é o do
Whatsapp pedindo transferência.
O criminoso escolhe uma vítima,
Total*
583,6
417,7
502
361,3
Jun Ago Out Jan
2022
Pix saque e troco
Em R$ milhões
10%
40
Pessoa para
empresa (P2B)
1%
30
Outros**
21,9
20 19,2
13,2
9,8
10
39%
Pessoa para
pessoa (P2P) 0,5
0 Pix, multiplataformas e antecipa-
Dez/21
pega sua foto em redes sociais e, de
alguma forma, consegue desco-
brir números de celulares de con-
tatos da pessoa. Com um novo nú-
mero, manda mensagem para
contatos da vítima. “A partir daí,
pede uma transferência via Pix, di-
zendo estar em alguma situação
de emergência”, diz Vilain. Nesta
fraude, o bandido não precisa clo-
nar o Whatsapp da pessoa, e usa a
estratégia de pegar dados pessoais
da vítima e de seus contatos.
Os golpes envolvendo o Pix se
aproveitam de estruturas muito
parecidas, e até mesmo antigas, de
engenharia social e os bancos aler-
tam que as tecnologias mais segu-
ras não são suficientes para impe-
dir um golpista de conseguir infor-
mações sigilosas, dadas pelo pró-
prio cliente. “O Banco Central re-
gistrou 739 mil indícios de crimes
envolvendo o Pix de janeiro a ju-
nho deste ano, contra 25 mil no
mesmo período de 2021. O Pix ho-
je, segundo dados da Serasa Expe-
rian, tem sido o responsável por
mais de 70% das fraudes no Brasil”,
observa Rafael Giovanella, gerente
geral de cyber e prevenção a frau-
des do Banco do Brasil.
Também tem ocorrido o envio
de faturas falsas, como conta de
luz, de água, de internet, com um
QR Code que direciona o Pix para
a conta do fraudador. Há ainda o
sequestro relâmpago no qual se
obriga a vítima a fazer um Pix. “A
engenharia social pode ser feita
de forma totalmente on-line, por
meio de e-mails fraudulentos e
perfis falsos em redes sociais ou
até mesmo usando junção de in-
teração humana e uso de malwa-
res, como as ligações telefônicas
ou via WhatsApp”, diz Gabriel
Schwening, cofundador da QI Te-
ch, especializada em tecnologia
antifraude. (RL)
DIVULGAÇÃO
Maquininhas
retomam o
fôlego após
queda de taxas
Mônica Magnavita
Para o Valor, do Rio
O mercado das maquininhas,
formalmente chamado de ad-
quirência, ganhou fôlego em
2022, após um período de retra-
ção, acentuado pela pandemia e
pelo aumento da concorrência,
que resultou em acirrada guerra
de preços nos últimos anos. Nos
balanços do semestre passado, os
números já mostram recupera-
ção, trazendo perspectivas de
boas oportunidades a explorar.
O desempenho, entretanto, ocor-
reu em paralelo a batalhas trava-
das no território de preços, moti-
vadas pela conquista de novos
usuários, com aumento de des-
contos no aluguel dos equipa-
mentos, como demonstra pes-
quisa do UBS Evidence Lab. Os
preços das maquininhas, em
abril deste ano, ficaram 23% infe-
riores aos de abril de 2021.
E apesar de comprimidas, as ta-
Só SPI*
xas cobradas dos lojistas sobre as
933,5 operações realizadas (MDR) co-
meçam a se recuperar, com im-
pacto positivo sobre o lucro das
adquirentes. Como as principais
fontes de receita são o aluguel ou
venda das maquininhas e o MDR,
quanto mais operações realiza-
das, maior a receita. O Brasil con-
ta com mais de 20 credenciadoras
Abr Jul timativas da Abecs, associação
das empresas de cartão, apontam
para operações de débito ou cré-
dito em 60% das vendas do varejo
em 2022 (R$ 3,2 trilhões), alta de
21% em relação a 2021.
Ainda assim, o futuro do setor
37,4
depende da capacidade de am-
31,3 pliação da oferta de serviços. “As
margens tendem a ser cada vez
26 mais comprimidas. A precificação
dos produtos é muito importante,
mas se ficarem só gerando receita
por meio dos volumes processa-
dos, por mais que cresçam, o futu-
ro é pessimista”, diz Jader Lazarini,
analista da TradeMap. A ampliação
já vem ocorrendo, com a adesão ao
Jul/22 ção de recebíveis. A Afinz, platafor-
ma financeira que opera com ma-
quininhas, investiu no nicho e vai
antecipar R$ 1 bilhão este ano, se-
gundo o CEO, Claudio Yamaguti.
A Cielo (Bradesco e Banco do
Brasil) é uma das empresas que ini-
ciaram o processo de reprecifica-
ção de produtos. “Houve mudança
de ambiente macroeconômico,
que levou o mercado a fazer repo-
sicionamento de preço. A Cielo já
fez uma onda mais forte ao longo
do segundo e terceiro trimestres,
mas se houver mudanças vamos
avaliar”, disse o diretor executivo
de Finanças (CFO) da Cielo, Filipe
Oliveira, na apresentação do resul-
tado semestral, período em que a
empresa gerou lucro recorrente de
R$ 383 milhões, alta de 112,5% em
relação a igual período de 2021.
Boa parte veio do crescimento de
receitas e do controle de gastos.
Outra pesquisa do UBS Evidence
Lab, em dezembro de 2021 com
477 varejistas, capturou mudanças
de marketshare no setor, efeito da
competição. A Cielo permaneceu
na liderança, apesar da acentuada
perda de participação — saiu de
46% em 2019 para 31% em outubro
de 2021; a Rede (Itaú) caiu da se-
gunda para a terceira posição, re-
duzindo sua fatia de 33% para 24%
no período: e o PagSeguro, contro-
lado pelo UOL, assumiu o segundo
lugar no ranking, com 25% do
mercado pesquisado.
A Stone dobrou sua participa-
ção entre 2019 e 2021, quando
atingiu 20%. Agora enfrenta de-
safios. “A Stone vem retomando
sua rentabilidade. Conseguiu re-
precificar tarifas e o volume total
de pagamentos cresceu 50% no
segundo trimestre, chegando a
R$ 91 bilhões”, diz Lazarini.
O PagSeguro é outro que tem
expandido os negócios. Passou de
uma receita de R$ 7,4 bilhões em
2020 para R$ 11,8 bilhões nos últi-
mos 12 meses; aumentou o núme-
ro de funcionários de 2,5 mil em
2019 para 7 mil este ano. A marca
inovou ao lançar a primeira ma-
quininha sem aluguel e a oferecer
conta digital grátis para seus clien-
tes e hoje conta com 8 milhões de
comerciantes ativos.
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|
Especial Meios de pagamento
Mercado Pix é apenas uma parte da massificação do uso de tecnologias nas operações financeiras e no comércio
Pandemia acelerou digitalização do dinheiro
Martha Funke
Para o Valor, de São Pa Rio
A digitalização financeira ini-
ciada na década passada acele-
Quem paga a conta? rou na pandemia com a massifi-
Principais tipos de transações e valores de cada uma, por trimestre cação de meios eletrônicos e tec-
nologias como pagamento ins-
Pix Cartão de Crédito Cartão de Débito Boleto + Convênio tantâneo, por aproximação ou
Débito Direto Saques TED Transferencias Intrabancarias em comércio eletrônico. O Pix é a
melhor tradução. Em menos de
dois anos, movimentou R$ 10 tri-
Pix ganha espaço no número de transações (em milhões)...
lhões, com 478 milhões de cha-
5.000 4.273 ves cadastradas. “É o melhor
exemplo da desmaterialização
3.700 do dinheiro”, diz Bruno Magrani,
4.000
presidente da Zetta, associação
3.591
que congrega empresas de servi-
3.000 ços financeiros digitais.
2.062 Simplicidade e gratuidade do
uso foram chaves do sucesso.
2.000 1.644 Outro empurrão foi a inserção
de 38 milhões de pessoas no
816
1.000
mercado financeiro com o auxí-
247 lio emergencial pelo aplicativo
216 Caixa Tem. O sistema de cartão
0 de débito virtual desenvolvido
2019-T1 2020-T3 2022-T1
com base em QR code, em parce-
ria com a Elo, permitiu pagar
contas e compras sem contato,
...mas perde para o TED no valor dos pagamentos (em R$ bilhões)
custo do plástico ou necessidade
10.000
9.435
de celulares sofisticados, diz Lu-
ciana Bassani, superintendente
nacional de estratégia cartões da
8.000
4.632 Caixa.
O Mercado Pago emprega QR
6.000
2.722 code desde 2018 para compra-
dores com conta digital da marca
2.069 pagarem vendedores que usam o
4.000 sistema em ambiente digital ou
1.347
físico. A carteira digital já incluía
578 opções como parcelamento do
2.000
valor com oferta de crédito no
456
momento do pagamento (buy
0 230 now, pay later) e o fluxo permitiu
2019-T1 2020-T3 2022-T1
avançar nas agendas Pix e open
finance. Com o Pix, as opções fo-
Fonte: Banco Central
ram estendidas para qualquer
comércio, via chave Pix, link ou
QR code. A diferença, segundo o
head de pagamentos Daniel Da-
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
vanço, é que a integração da solu-
ção de QR code a softwares de
gestão facilita a conciliação, ain-
da complicada no Pix.
A empresa é iniciadora de pa-
gamentos e em breve vai lançar
saque para usuários em lojistas
(Pix saque) e parcelamento com
juros assumidos pelo lojista (Pix
parcelado), também com apoio
de QR code — a agenda do Pix do
BC inclui desde débito automáti-
co e cobrança até internacionali-
zação e pagamento off-line.
Inserção de 38 milhões
de pessoas no mercado
financeiro com o auxílio
emergencial por app
teve forte impacto
Com o open banking, o aplica-
tivo Mercado Pago permite aces-
so a contas de diferentes institui-
ções na hora do pagamento e ser-
viços como marketplace, central
de benefícios, gestão de vida fi-
nanceira, compra e venda de
criptomoedas, contratação de
CDB, Pix e acesso a crédito. “QR
code, link de pagamentos, telefo-
ne como aparelho de aceitação
sem maquininha e transações
por biometria devem evoluir”,
explica Antônio Cerqueira, sócio
da Bain & Company.
As iniciativas têm apoio. A Cel-
coin, desenvolvedora e fornece-
dora de APIs como serviço, entre-
ga soluções de QR code e Pix.
“Vendedores podem iniciar pa-
gamentos sem recorrer ao site de
banco ou cartão”, diz o sócio fun-
dador Marcelo França. A Tecban
incluiu saque via QR code ou to-
ken no Banco 24 horas, além de
recargas, depósitos, validação
biométrica, liberação de cartões
e conversão de criptomoedas, en-
| |
Valor F3
tre outros, e testa solução de
moeda digital com o BC. O What-
sapp é usado pelo Banco do Bra-
sil para todas transações de seu
aplicativo, inclusive por voz.
Dados levantados pela Asso-
ciação Brasileira das Empresas de
Cartões de Crédito e Serviços
(Abecs) mostram o avanço da
tecnologia sem contato. No pri-
meiro semestre alcançaram 34%
do total dos pagamentos no
mundo físico, 344% mais que no
mesmo período de 2021. Os pa-
gamentos eletrônicos respon-
dem por 100 milhões de transa-
ções diárias e estão chegando
perto de 60% do consumo total
das famílias — mais que o dobro
dos 28,2% registrados nos seis
primeiros meses de 2017 —, com
R$ 1,6 trilhão no período.
O cartão de crédito responde
pelo maior volume, R$ 1 trilhão,
42,4% maior que em 2021, en-
quanto o pré-pago subiu 137%,
para R$ 99,4 bilhões. A digitaliza-
ção da economia se reflete no
crescimento de 32,7% em com-
pras não presentes, total de R$
338,5 bilhões, diz Nuno Lopes, vi-
ce-presidente da Abecs e country
manager da Visa.
A pesquisa Significado do Di-
nheiro para o Brasileiro, da NTT
DATA, mostrou as preferências
locais. Entre os 1004 entrevista-
dos, 55% afirmam que o Pix foi a
melhor forma de pagamento já
inventada. As formas preferidas
são aplicativos bancários (43%),
cartões com chip (35%) e com
aproximação (31%). O dinheiro
(24%) ainda supera as carteiras
digitais (22%). “Os pagamentos
instantâneos crescem rapida-
mente e o BNPL é uma das ten-
dências mais próximas”, diz José
Ignacio Núñez, sócio da NTT DA-
TA Brasil e head de meios de pa-
gamentos.
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F4 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
|
Especial Meios de pagamento
Mercado Empresas estudam como ampliar presença de crédito em segmentos como educação e imobiliário
Cartões buscam novos nichos de atuação
Suzana Liskauskas
Para o Valor, do Rio
A indústria de cartões de crédito
não enxerga como uma ameaça o
avanço do Pix, que alcançou 478
milhões de chaves em julho. A vi-
são da Associação Brasileira das
Empresas de Cartões de Crédito e
Serviços (Abecs) é que há espaço
para o crescimento de todas as for-
mas de pagamento em meios ele-
trônicos e digitais. Uma das novas
apostas é o uso de cartões em seg-
mentos pouco explorados, como
educação e imobiliário.
“Como indústria, nosso grande
inimigo é o pagamento em dinhei-
ro, em espécie, por questões de se-
gurança e rastreamento. Quanto
mais meios eletrônicos a gente ti-
ver, mais a gente acaba contribuin-
do para formalização da econo-
mia, para diminuir uma série de
custos do manuseio e transporte
do numerário”, afirma Rogério
Panca, presidente da Abecs. Na
comparação entre o primeiro se-
mestre de 2022 e o mesmo período
de 2021, o uso do cartão de crédito
cresceu 42,2%. E pela primeira vez,
segundo a Abecs, o país registrou
Apesar do Pix, pagamentos
com débito aumentam
De São Paulo
Apesar da queda de 20,8% no
valor das compras remotas com
cartão de débito registradas no
primeiro semestre deste ano, em
comparação às transações feitas
no mesmo período de 2021, a
modalidade segue viva na cartei-
ra dos brasileiros. Os números da
Associação Brasileira das Empre-
sas de Cartões de Crédito e Servi-
ços (Abecs) apontam que o valor
transacionado por cartões de dé-
bito cresceu 16,6% no total e
306,3% nos pagamentos por
aproximação na comparação do
primeiro semestre de 2022 com
igual período de 2021.
No primeiro semestre de
2022, as transações por aproxi-
mação movimentaram R$ 235,5
bilhões e os cartões de débito fo-
ram responsáveis por R$ 63,9 bi-
lhões. Os números mostram que
o débito não perdeu fôlego no
tabuleiro dos meios de paga-
mento, mesmo diante da forte
adesão ao Pix. Ana Scarlato, vice
presidente de produtos da Mas-
tercard Brasil, atribui o cresci-
mento do débito aos requisitos
de segurança e à modernização
do meio de pagamento. “A pos-
sibilidade de fazer transações
por aproximação cresceu enor-
memente na pandemia”, diz ela.
Fernando Amaral, vice-presi-
dente de produtos e inovação da
Pagamentos sem contato
Valor e operações no 1º semestre de 2022
Pa
Pagamento por aproximação - NF
FC
NFC
4,6 milhões de transações
R$ 235,5 bilhões
33,4% das transações pr
presenciais
Em 2022, 46% dos brasileiros com
smartphone são usuários ativos
mensais de pagamento por QR Code
P agamentoss por
Pagamentos p PIX 100%
100
10 0%
9,74 b
bilhões
ililhões de transações
transaç
tr ações
R$ 4 ,64 trilhões
4,64 trililhõ
hõess
10
00% sem
100% m co
ontatoo
contato
Fonte: Desk
e: De
D esk research
search Strategy&
rese Strat
ategy&
cerca de R$ 1 trilhão em pagamen-
tos com cartão de crédito em um
período de seis meses.
Entre os serviços, o setor de edu-
cação apresentou crescimento de
54,2% no uso de cartões (incluindo
crédito, débito e pré-pago), na
comparação entre o primeiro se-
mestre de 2022 e o primeiro se-
mestre de 2021. Foi o quarto seg-
mento com maior crescimento.
Educação ficou atrás de turismo e
entretenimento (106,4%), pedá-
gios e estacionamentos (64,2%),
bares e restaurantes (61,5%).
Panca diz que a Abecs está de-
senvolvendo um estudo para bus-
car oportunidades de expansão no
uso de cartões, nas modalidades
crédito e débito, em segmentos
ainda pouco explorados na indús-
tria, como educação e setor imobi-
liário. Segundo o presidente da
Abecs, já está em curso a etapa do
estudo destinada a ouvir consumi-
dores e estabelecimentos comer-
ciais, além da indústria de cartões,
que reúne emissores, adquirentes
e as bandeiras. A meta é desenvol-
ver produtos que funcionem para
os segmentos analisados.
“Uma das dores que aparece
Visa do Brasil, observa que o cresci-
mento do cartão de débito está re-
lacionado ao movimento de ban-
carização e de digitalização de pa-
gamentos no país. Segundo ele,
quando a adoção é segura e sim-
ples, há muito espaço para crescer.
“O débito no mundo digital,
seja no Whatsapp pay ou no e-
commerce, vem avançando e ga-
nhando bastante espaço. Colo-
camos uma série de camadas de
segurança para fazer transações
com todos nossos parceiros, se-
jam adquirentes ou emissores”,
explica Amaral.
Ana Zucato, cofundadora e
CEO da Noh, aplicativo que ofere-
ce serviço de carteira comparti-
lhada, diz que o débito ainda tem
muita adesão por favorecer a ges-
tão financeira. “Não é à toa que o
débito está roubando a cena. Tem
benefícios para o estabelecimen-
to porque é mais barato. Para o
consumidor, oferece mais con-
trole financeiro”, detalha Zucato.
O cartão da Noh foi desenvolvi-
do para ser compartilhado por
duas pessoas ou mais. Em agosto, o
aplicativo permitirá grupos com
até dez pessoas. “Nosso cartão é
uma mistura de débito com crédi-
to. É um cartão compartilhado,
pré-pago. Passa como crédito, mas
debitamos o valor que há no saldo
em conta. O cliente não recebe
uma fatura. Dois meses após o lan-
çamento, registamos R$ 1,5 mi-
Durante todo o ano de
2021 os pagmentos
por aproximação-NFC
somaram
R$ 198,9 bilhões
62,8% dos
pagamentos em
pedágios foram
automáticos em
junho de 2022
Cartões sem recesso
Valor transacionado, em R$ milhões
0
300.000
240.000
0
Nos últimos 12 meses (jun/22),
R$ 3 trilhões foram transacionados
em cartões, alta de 32% sobre o
180.000
0 período anterior
120.000
60.000
0
Jan Jun Jan Jun
2016 2017
Fonte: Abecs
muito forte na educação é a ques-
tão dos limites. A maioria dos estu-
dantes e consumidores gostaria de
ter limites de crédito específicos
para pagar escola e faculdade, des-
pesas com educação”, diz Panca.
Luiz Coimbra, presidente e fun-
dador da Shipay, observa que o Pix
vai gerar um desconforto no car-
tão de crédito, e a indústria terá
que buscar evoluções e novos ni-
chos. Coimbra aponta os gamers
como um segmento de usuários de
cartões de crédito que vem cres-
cendo. “Os jovens gamers repre-
Ana Zucato, da Noh: controle para o consumidor e custo menor para a loja
lhão em transações”, diz Zucato.
Na disputa entre débito e cré-
dito, entram em campo a como-
didade e a facilidade da expe-
riência. Alessandro Raposo, líder
de Pagamentos da Zoop, observa
que não é a indústria quem de-
termina o fim do plástico. Essa
‘Aproximação’ cresce rapidamente
Ana Luiza Mahlmeister
Para o Valor, de São Paulo
Um dos efeitos do fim da pan-
demia é que as pessoas passaram
a usar mais o celular ou o cartão
para pagamentos sem contato,
modalidade que já representa
um terço nas compras presen-
ciais. Segundo a Associação Brasi-
leira de Empresas de Cartão de
Crédito e Serviços (Abecs), a ex-
pectativa é que metade das tran-
sações sejam pagas por aproxi-
mação até o final de 2022. A mo-
dalidade registrou alta de 344,5%
no primeiro semestre de 2022 so-
bre igual período de 2021, movi-
mentando R$ 235,5 bilhões. No
período, foram mais de 4,6 bi-
lhões de pagamentos por aproxi-
mação. Em junho, 33,4% de todas
as compras presenciais com car-
tões foram feitas dessa forma
usando a tecnologia Near Field
Communication (NFC). O paga-
mento por aproximação com cre-
denciais Visa cresceu 700% entre
dezembro de 2020 e dezembro
de 2021 no Brasil, segundo dados
da Visa Consulting & Analytics.
As formas de pagamento sem
contato mais comuns, além do
cartão, são o Pix, QR code e o bi-
lhete único de transporte. Se-
gundo a PwC, 46% dos brasilei-
ros com smartphone são usuá-
Jan Jun Jan Jun Jan
2018 2019 2020
sentam um segmento pouco ex-
plorado ainda. O processo evoluti-
vo é saudável, porque traz inova-
ção e eficiência para bancos, varejo
e clientes”, diz Coimbra.
Por suas dimensões continen-
tais, o Brasil ainda oferece oportu-
nidades de expansão para o uso de
cartões fora das capitais. Segundo
dados divulgados pela Abecs, a
participação no valor transaciona-
do por cartões de crédito apresen-
tou um aumento maior no interior
do país (44,6%) na comparação
com as capitais (40,9%). No total
DIVULGAÇÃO
tendência está nas mãos do con-
sumidor. “Sendo conveniente,
sendo competitivo, não me sur-
preende o crescimento do débi-
to e do crédito. Nossa economia
está mais dinamizada, com mais
inclusão e espaço para inova-
ção”, afirma Raposo. (SL)
rios ativos mensais de pagamen-
to por QR code. “Em um futuro
próximo a biometria e dispositi-
vos no conceito de internet das
coisas vão ganhar mais relevân-
cia”, afirma Willer Marcondes,
sócio da PwC. A China é o país
que mais se destaca nessa frente,
com o uso de biometria em uni-
versidades para a identificação
do estudante e para o consumo
de produtos no campus. “É o
chamado ‘smile and pay’ (sorria
e pague), com a pessoa olhando
para a câmera e autorizando o
pagamento, que pode ocorrer
com o uso da impressão digital
ou da voz para iniciar a transa-
ção. O sistema mantém armaze-
nado esse reconhecimento”, ex-
plica Marcondes.
Além da biometria, dispositi-
vos conectados fazem transações
automáticas, como, por exem-
plo, uma geladeira que envia or-
dens de compras de acordo com
o estoque registrado, ou apare-
lhos que recebem a conta de luz,
fazem a confirmação com leitor
de consumo e autorizam o paga-
mento, além de televisões conec-
tadas que permitem a compra de
produtos enquanto se acompa-
nha um programa, um filme ou
uma transmissão esportiva.
“Queremos converter US$ 18
trilhões dos gastos de consumi-
Crédito Débito Pré-Pago
Jun Jan Jun Jan
2021 2022
transacionado com cartões, cida-
des do interior representam 60%.
Marlon Martins, gerente da área
de cartões do Ailos, observa que o
Brasil tem um contingente muito
grande de desbancarizados, o que
representa uma oportunidade pa-
ra o crescimento do cartão de cré-
dito. Com atuação no Sul do país, o
Ailos, sistema de cooperativas de
crédito com mais de 1,4 milhão de
cooperados, tem registrado au-
mento no volume transacionado
com cartões acima da média do
mercado, segundo Martins.
Cliente pode usar redes para
mandar dinheiro ao exterior
De São Paulo
A quebra de paradigmas nos
meios de pagamento acelerou a
inovação entre os participantes
dessa indústria. Nas bandeiras,
uma das apostas é o uso das res-
pectivas infraestruturas de rede
para facilitar a transferência de va-
lores entre pessoas globalmente.
Conhecidas como ‘cross border’,
elas usam os trilhos dos cartões de
débito e crédito para enviar e rece-
ber valores em tempo real.
A transferência de valores pelo
WhatsApp Pay é um exemplo do
uso dessa tecnologia. No Brasil,
apesar de a tecnologia já estar dis-
ponível, algumas fases da opera-
ção dependem de autorização do
Banco Central. É o caso das transa-
ções que envolvem a transferência
de fundos entre pessoas físicas que
moram no Brasil para usuários de
cartão que estão em outros países.
Na Visa, o sistema que habilita
a transferência de valores pelo
WhatsApp Pay é o Visa Direct,
que usa a infraestrutura de rede
global da bandeira. Fernando
Amaral, vice-presidente de pro-
dutos e inovação da Visa do Bra-
sil, diz que está trabalhando com
o Banco Central para colocar em
operação o Visa Direct Interna-
cional, que vai possibilitar a
transferência de dinheiro para
pessoas fora do Brasil, com a con-
versão inteligente de moedas.
De acordo com Amaral, ainda
dores de transações físicas em
pagamentos digitais”, afirma
Hugo Costa, diretor executivo de
soluções da Visa. A tecnologia Vi-
sa Secure Access Module (VSA)
por aproximação foi adotada em
diferentes modalidades de trans-
portes com a instalação de um
chip nas catracas. “No Rio de Ja-
neiro está presente no metrô,
ônibus, trem, barcas e pedágios,
sendo que o número de transa-
ções quintuplicou na compara-
ção dos primeiros três meses de
2022 com os primeiros meses de
2021”, afirma Costa.
Os pagamentos por aproxima-
ção representavam 8,6% de todos
os valores capturados pela Cielo
em junho de 2021, e em junho de
2022 alcançaram 19,6% das re-
ceitas, ou seja, mais que dobra-
ram no intervalo de um ano, des-
taca Walter Rinaldo, diretor de
produtos da Cielo.
Dados da Visa apontam que os
índices de fraude em transações
com a tecnologia por aproxima-
ção caíram 37% no primeiro tri-
mestre de 2022 comparado ao
mesmo período do ano passado.
Par aumentar a segurança, as
bandeiras de cartões trabalham
com plataformas de tokenização,
isto é, a substituição dos dados
reais por outros equivalentes,
com o mesmo formato, e prote-
Fator de atenção constante para
a indústria de cartões, a taxa de
inadimplência está em 6,3%. Panca
considera um patamar ainda con-
trolado, mas observa que emisso-
res de cartão estão mais criteriosos
para conceder crédito. “Vamos tra-
balhar para discriminar melhor o
risco do cliente e não incentivar o
superendividamento das pessoas,
principalmente aquelas que já têm
uma condição de dívida mais deli-
cada”, diz Panca.
Com a combinação de taxas de
juros em patamares mais altos e a
escalada da inflação, Coimbra
também observa que a concessão
de crédito por emissores de car-
tões está bem mais criteriosa. Essa
condição, diz , torna-se mais laten-
te no caso de fintechs.
Para o gerente da área de cartões
do Ailos, a inflação muito alta e ta-
xa Selic recorde trazem um desafio
para o controle da inadimplência.
“É um ano mais desafiador para a
concessão de crédito. Nossa cartei-
ra de cartão de crédito está nos ní-
veis de riscos esperados, operação
em linha com as expectativas de
inadimplência, mas o mercado es-
tá desafiando”, afirma Martins.
não é possível indicar um prazo
para o lançamento comercial da
solução no Brasil. “A solução Visa
Direct cresce de 30% a 40% mun-
dialmente. Operamos com 180
moedas e cerca de 3,9 bilhões de
cartões no mundo”, diz Amaral.
Na América Latina, Amaral diz
que as transações com o Visa Di-
rect registradas no terceiro tri-
mestre de 2022 quadruplicaram
em relação ao ano passado.
Ana Scarlato, vice presidente
de produtos da Mastercard Bra-
sil, ressalta que a digitalização
dos meios de pagamento, inde-
pendentemente de como aconte-
ce, beneficia os trilhos de cartão
de crédito e débito de uma forma
geral. Em operação no Brasil des-
de maio de 2021, o Mastercard
Senda torna possível a movimen-
tação de recursos no âmbito da
rede global da bandeira em tem-
po real, como transferências por
meio de cartões de débito ou pré-
pago. Transações transfronteiri-
ças com cartões de crédito estão
sob análise no Banco Central.
“As bandeiras olham para
concorrência do pix e entendem
que há uma ameaça. Tentam,
dentro de seus respectivos tri-
lhos, criar a mesma experiência.
São tentativas de não deixar o
concorrente ocupar o espaço de
um só vez, até que surja uma so-
lução melhor”, afirma Edson
Santos, sócio e fundador da Co-
link Business Consulting. (SL)
gidos por uma chave de cripto-
grafia já integrada nas transa-
ções sem contato. Uma loja on-li-
ne, por exemplo, armazena to-
kens que nada mais são que car-
tões adicionais associados ao
cartão do cliente, mas que ser-
vem somente para aquela com-
pra. “A vantagem dessa tecnolo-
gia é que mesmo que sejam ex-
traviados não podem ser usados
em outras lojas, diminuindo a
responsabilidade dos comer-
ciantes”, explica Eduardo Cunha,
CEO da HST Card Technology.
Carteiras digitais no celular, co-
mo a Apple Pay ou Samsung Pay,
armazenam os quatro últimos dí-
gitos do cartão físico e dígitos pró-
prios, cujo token só funciona na-
quele dispositivo. “Nos pagamen-
tos por aproximação com carteira
digital o cliente faz a autenticação
por biometria ou digitando a se-
nha, diminuindo a possibilidade
de fraude”, diz Cunha.
O perigo dos pagamentos
com QR code é o direcionamen-
to do consumidor a um site falso
do banco. “Para se prevenir é im-
portante escanear apenas códi-
gos de lugares confiáveis e redo-
brar os cuidados ao checar as in-
formações sobre o link que será
aberto para confirmar a transa-
ção”, alerta Josemando Sobral,
diretor geral da Unxpose.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 Valor F5

CONTEÚDO PATROCINADO POR

Inovação ‘as a service’ é aposta

dos grandes bancos para crescer
Banco BV aumenta presença entre fintechs com soluções de BaaS e CaaS

O Pix já é o principal Financiamento Solar, que

FOTOS: GETTY IMAGES

meio de pagamento oferece financiamento para

dos brasileiros, respon- projetos de energia solar.
dendo por 22,9% das tran- “Com as soluções, nós
sações realizadas no país criamos uma conexão
nos primeiros três meses no coração da operação
deste ano, à frente dos dos nossos clientes, uma
19,8% de uso do cartão de conexão umbilical, que
crédito e de outros instru- nos permite gerar ainda
mentos, segundo números mais negócios com eles,
do Banco Central. Apenas explorando outros produ-
em julho, foram R$ 933 tos e serviços do banco,
bilhões movimentados fortificando nosso apoio
pelo sistema em mais de em sua jornada de cresci-
dois trilhões de transações mento. Permitimos que o
no país. nosso cliente corporativo
Os dados confirmam a possa gastar tempo no seu
avidez do mercado domés- core, enquanto cuidamos
tico pela digitalização dos serviços financeiros,
dos serviços financeiros dando opções para que
e aceleram a procura, do ele possa diversificar suas
outro lado do balcão, por fontes de receitas e fideli-
soluções e infraestrutura zar seus usuários”, afirma
tecnológica para atender Hermano Neto, gerente
à crescente demanda de Executivo Comercial do
startups e fintechs, que banco.
buscam incluir facilidade O ecossistema de solu-
e agilidade na relação dos ções as a ser vice tem
brasileiros com as suas impulsionado fintechs e
O ecossistema criado pelo
finanças. Banco BV tem impulsionado auxiliado na bancariza-
Ocrescimentodasfintechs fintechs e auxiliado na ção e acesso de milhares
tem há alguns anos impul- bancarização e acesso de de brasileiros aos serviços
sionado players do sistema milhares de brasileiros aos financeiros. Apenas no
serviços financeiros
financeiro nacional, mas, modelo BaaS, por exemplo,
enquanto algumas das o BV tem quase 22 milhões
principais instituições de contas de pagamento
do país correm contra o d isponíveis na nossa INOVAÇÃO ‘AS A SERVICE’ A iniciativa foi a porta de próximos anos inclui o cadastradas.
relógio para acompanhar plataforma. Conseguimos A aposta no modelo BaaS entrada do BV na oferta de lançamento de modalida-
as transformações de entregar serviços financei- veio em 2018, quando a tecnologiaseback-officepara des como o Pix interna- DIVERSIFICAÇÃO
mercado, outras crescem ros para empresas que não parceria com uma fintech startups de serviços finan- cional, mudança que deve DE NEGÓCIOS
com parcerias e oferta de desejam arcar com todos que operava seu banco ceiros e encurtou a trajetória modernizar o sistema de Para acompanhar as rápi-
soluções em plataformas os custos e governanças digital necessitou de uma do banco para a integração câmbio nacional e otimi- das transformações de
de Banking as a Service exigidos pelos órgãos nova instituição financeira do Pix ao guarda-chuva de zar a rotina de empresas e mercado e fazer frente
(BaaS), como é o caso parceira levou o banco a soluções em tempo real. pessoas físicas que reali- aos desafios do cenário
do banco BV. Apenas no migrar toda a sua esteira de “Sabemos que o Pix ganhará zam remessas para outros macroeconômico, o BV
primeiro semestre deste “Comasnossassolu- serviçosbancáriosparasolu- cada vez mais espaço hoje tem apostado na diversifi-
ano, mais de 213 milhões de ções,nóscriamosuma ções baseadas em nuvem ocupado pelos cartões de cação do seu portfólio de
transações foram realiza- conexãonocoraçãoda e APIs (sigla em inglês de crédito, débito e muitas “A nossa capacidade negócios. O banco encer-
das na plataforma BaaS do operação dos nossos Interface de Programação das transações bancárias e, de processamento rou o primeiro semestre
banco, um crescimento de clientes, isso nos de Aplicações), tecnologia como antes disso, tivemos é consistente, com com lucro líquido recor-
186% na comparação com permite gerar ainda que permite a integração que deixar todo o portfólio um grande volume rente de R$ 800 milhões,
o mesmo período do ano mais negócios em de protocolos e softwares deCashemAPI,foimaisfácil de transações 100% avanço de 7,3% na compa-
anterior. produtoseserviços.” abertos. trazer o Pix. A gente passou em nuvem.” ração com os primeiros
“O BaaS é hoje uma verti- HERMANO NETO “Essa parceria mudou por essa transição com mais IRENE ROMÃO seis meses de 2021.
cal estratégica para o nosso Gerente Executivo Comercial o nosso mindset em rela- robustez e tranquilidade”, Gerente de Produtos Além das soluções as a
negócio, porque consegui- do BV ção à inovação, trazendo afirmaIrene. de Cash do BV service, a instituição tem
mos oferecer uma plata- modernização não só para Em julho, o número de apostado em negócios
forma escalável para que os a nossa esteira de tecnolo- chaves cadastradas no Pix, como o financiamento de
nossos parceiros possam gia, mas também de opera- no mercado como um todo, placas solares e no Crédito
oferecer uma ampla gama reguladores através da ções. A gente ‘atacarejou’ superava a população do países. Neste ano, a autori- com Veículo em Garantia
de serviços financeiros para parceria BV e S3 BANK. No um pouco as nossas solu- país, com 457 milhões de dade monetária anunciou (CVG), que cresceram 137%
os seus clientes”, afirma BV existem muitas oportu- ções, combinando volumes chaves registradas, ante soluções como o Pix troco e 65%, respectivamente, no
Rogerio Monori, diretor nidades de negócios, e nós pequenos que tínhamos 20 milhões de cadastros e o Pix saque, combinando segundo trimestre deste
executivo de Atacado do facilitamos esse trabalho, no corporativo, para volu- para pessoas jurídicas, transações digitais com ano frente ao mesmo perí-
banco BV. de forma leve, como um dos mes altíssimos no mundo de acordo com o Banco papel moeda em peque- odo de 2021. Já o banco
Em 2021, o volume de pilares do banco”, explica do varejo”, explica Irene Central. nos comércios país afora, digital registrou cresci-
transações na plataforma Rafael Lisboa, gerente de Romão, gerente executiva O roadmap, inicial, do alternativas que seguem mento de 171% na base de
BaaS do banco chegou a Produtos Cash do BV. de Produtos Cash do BV. Banco Central para os impulsionando ainda mais clientes na comparação
208 milhões, aumento a relação digital dos brasi- com o mesmo período do
de 334% na comparação leiros com o dinheiro. ano passado.
anual. O crescimento da estre deste O Banking as a Service “O banco anunciou nas
vertical levou o BV a anun- milhões de (BaaS) é apenas uma das últimas semanas o investi-
n
ciar em janeiro deste ano soluções oferecidas pelo mento na Parcelex, fintech
o investimento na fintech banco BV, oferecendo que atua no segmento “buy
S3 BANK, permitindo a ainda funcionalidades now, pay later” e permite o
oferta de soluções BaaS de como o Credit as a Service pagamento parcelado por
ponta a ponta e garantindo (CaaS) e, em breve, deve meio de boletos bancários.
ao banco a infraestrutura também disponibilizar Em seguros, o BV liderou
necessária para escalar produtos de investimentos em julho a última rodada de
ainda mais os serviços na solução Investment as a investimentos da Darwin
oferecidos para varejistas, Service (IaaS). Seguros, a insurtech que
fintechs, startups e empre- Além do Pix, o banco usará, entre outras variá-
sas de tecnologia bancária. oferece aos clientes corpo- veis, dados gerados pelos
“Somos um dos maio- rativos criação de novas celulares para determinar
res bancos privados do funcionalidades financei- o preço e produto mais
país e, do ponto de vista ras com agilidade e segu- adequados para o perfil e
de prestação de serviços, rança, como a oferta de risco de cada usuário em
oferecemos uma estrutura crédito ao consumidor final seu seguro veicular. Hoje
completa. Temos wallet em um site ou aplicativo, temos aproximadamente
digital, abertura de contas contando com toda a infra- 30 empresas inovadoras
digitais individualizadas, estrutura de compliance no portfólio”, disse José
ofertas de crédito, além bancária. Entre as empresas Roberto Salvini, dire-
de toda solução de paga- conectadas às soluções tor executivo de Novos
mentos e transferências do BV está a startup Meu Negócios do banco BV.

PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM

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F6 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
|
Especial Meios de pagamento
Crédito Pagamento de contas só nas lojas físicas é estratégia de fidelização nas Lojas Cem
Crediário via carnê ainda é aposta
forte em grandes redes do varejo
Mônica Magnavita
Para o Valor, do Rio
Em plena era digital, na qual o
Pix é sucesso absoluto e pagamen-
to em dinheiro é coisa do passado
para uma parcela de consumido-
res, grandes redes de varejo apos-
tam em um dos modelos mais tra-
dicionais de acerto de contas: o
crediário por meio de carnês. Nas
Lojas Cem, por exemplo, 70% das
vendas são realizadas dessa forma,
20% com cartão de crédito e 10%
com pagamento à vista. Todos os
boletos devem ser pagos, exclusi-
vamente, nas lojas físicas da em-
presa. “Isso é histórico e quem
compra, volta. Nossa fidelização é
de 90%”, diz José Domingos, supe-
rintendente-geral da Lojas Cem. O
prazo vai de três a dez meses, e o
plano médio atualmente é de oito
meses, com juros de 3,7% ao mês.
Nem a pandemia foi capaz de
levar o grupo a recorrer ao uni-
verso digital. Em 2020, as portas
das 297 lojas permaneceram fe-
chadas por 70 dias e, em 2021,
por mais 50 dias, por conta do lo-
ckdown. Nada foi vendido, nem
recebido, pela internet. A empre-
sa suspendeu pagamentos por
todo o período, sem cobrança de
juros ou multa. “O cartão de cré-
dito não consegue fazer isso”, diz
Domingos.
O popular Pix, que no início de
agosto atingiu recorde de transa-
ções ao realizar em um só dia qua-
se 90 milhões de operações, equi-
valente a cerca de R$ 53 bilhões,
tampouco conquistou espaço nas
vendas das Lojas Cem. “Não senti-
mos essa demanda por parte do
Plataformas promovem inclusão e
facilitam renegociação de dívidas
Jacilio Saraiva
Para o Valor, de São Paulo
Cerca de um terço dos adultos
em todo o mundo, ou 1,7 bilhão de
pessoas, não tem conta corrente,
de acordo com estudo da consul-
toria global Capco. No Brasil, a par-
cela de usuários fora do setor ban-
cário caiu de 30%, em 2017, para
16% em 2021. Para acelerar esse rit-
mo, segundo a análise, as fintechs
podem funcionar como portas de
entrada no sistema financeiro.
“A digitalização [dos serviços] é
fator chave para a inclusão finan-
ceira no Brasil, principalmente por
conta da extensão territorial, que
limita a quantidade de agências
bancárias para atendimento”, diz
Aline Lemos, consultora da Capco
Brasil. “Ao mesmo tempo, temos
em média dois celulares para cada
brasileiro e os bancos digitais já al-
cançaram boa parte do público.”
O ano de 2021 terminou com
18.302 agências no país, 2.351 a
menos do que o registrado no iní-
cio de 2020, conforme dados do
Banco Central. Números da Agên-
cia Nacional de Telecomunicações
(Anatel) de junho de 2022 mos-
tram que o Brasil acumula 259 mi-
lhões de celulares, uma densidade
de 120,6 aparelhos por cem habi-
tantes. “Essa estrutura digital tam-
bém torna o serviço financeiro
mais barato”, lembra.
Na opinião de Alexander Albu-
querque, fundador do Banco Ma-
ré, criado em 2017 para atender
moradores de comunidades ca-
rentes, estabelecer parcerias tanto
com fintechs como com atores tra-
dicionais do sistema financeiro
pode azeitar o acesso a serviços pa-
ra quem mais precisa. Recente-
mente, o Maré fechou dois contra-
tos para ampliar operações: com a
Mastercard, na distribuição de car-
tões; e com a GB Pay, fintech que
viabiliza pagamentos de boletos
em até 12 vezes.
Fundada no Complexo da Maré,
da zona norte do Rio de Janeiro, a
instituição acumula 27 mil clien-
tes, ante 23 mil em julho de 2021,
em cinco Estados. Uma das ferra-
mentas de inclusão usadas é o mi-
crocrédito baseado na avaliação
do “score social”. “O ‘score’ é um al-
goritmo que criamos para definir
o grau de vulnerabilidade social
nosso consumidor, mas estamos
preparados, se vier”, diz.
O crediário também chegou
com força nas Casas Bahia, que de-
cidiu fortalecer essa modalidade
no fim de 2020, ampliando sua
abrangência e atuação a partir do
acesso por meio digital. Deu certo.
O crediário nas lojas físicas já res-
ponde por 35% das vendas, volume
considerável diante dos 13% ante-
riores à adoção do crediário.
No segundo trimestre deste
ano, a carteira cresceu 18%, atin-
gindo R$ 1 bilhão em 18 meses.
Com o crediário digital, a empre-
sa vende em mais de 3,7 mil mu-
nicípios sem lojas físicas. O nú-
mero de clientes novos chegou a
2,5 milhões desde 2021.
“Crescemos a participação, sem
alta de inadimplência e com ótima
rentabilidade. Fizemos melhorias
nas nossas estratégias, com machi-
ne learning e algoritmos para defi-
nir o crédito”, diz André Calabró,
diretor executivo da Plataforma de
Soluções Financeiras da Via (Casas
Bahia) e CEO do banQi, a conta di-
gital da empresa.
No fim de 2020, o grupo identi-
ficou que apenas cerca de 60%
dos consumidores que demanda-
vam compras no varejo on-line
via cartão recebiam aprovação da
bandeira. Os demais esbarravam
na falta de limite ou no bloqueio
por atraso no pagamento da fatu-
ra. Sem outra opção de aquisição
do produto de forma parcelada, a
venda não era realizada.
“Percebemos que só era possí-
vel expandir as transações on-li-
ne se tivéssemos produto de cré-
dito, além do cartão, dando aces-
Fora do sistema
30% da população brasileira não têm conta em banco
Desbancarizados no mundo - em %
54
46
Mulheres
Homens
Principais motivos para não ter uma conta bancária, no mundo - em %
Falta de dinheiro/em países de baixa renda
Necessidade de manter saldos mínimos
Falta de dinheiro/em países em desenvolvimento
Falta de confiança no sistema financeiro
Proporção de desbancarizados
País População - em milhões
México
Nigéria
Brasil
Rússia
Índia
Fonte: Pesquisa Inclusão financeira-Evolução e avanço digital, Capco, 2022.
do usuário”, explica. “Ter acesso ao
crédito com uma análise mais hu-
mana faz toda a diferença para o
nosso público.” Noventa por cento
dos clientes do Maré moram em
comunidades e 67% ganham até
R$ 2 mil mensais. De acordo com
Albuquerque, pelo menos 8% da
base de cadastros obtiveram crédi-
to pela primeira vez.
Na QueroQuitar, que funciona
como um marketplace de negocia-
ção de dívidas, o interesse é ofere-
cer as melhores condições finan-
ceiras para saldar contas em atra-
so. No mercado desde 2015, reúne
40 grupos credores, como a opera-
dora Vivo e a varejista Renner, e
acumula 57 milhões de devedores
— eram 30 empresas e 44 milhões
de pagantes em 2021, segundo o
CEO e fundador Marc Lahoud.
Mesmo com o auxílio emergen-
cial do governo federal, 74% dos
usuários não utilizaram essa renda
para negociar notas vencidas, diz
Lahoud, que atua com o sócio-fun-
dador Artur Zular. Pesquisa reali-
zada pela startup com 850 pessoas
que ajustaram dívidas nos dois úl-
timos anos sinaliza que 24,8% so-
freram com a perda total de renda
durante o pico da pandemia.
André Calabró, diretor da Via e CEO da banQi: soluções de crediário para consumidores com pouco acesso a crédito
so aos 40% dos consumidores
que não conseguiam efetivar a
compra. É aí que entra o nosso
crediário”, diz Calabró. A ferra-
menta é ágil. No momento em
que a bandeira nega a operação,
as Casas Bahia entram oferecen-
do crédito, com base no banco de
dados da empresa. O prazo vai
até 24 vezes e os juros variam 1%
1,7 bilhão é a população
global sem conta em banco
25% foi a queda no total
de desbancarizados na AL
por conta de benefícios sociais
criados na pandemia
50
28
27
0 20 40 60
Sem conta - em %
129
206
213 30
146 24
1.380 20
0 20 40 60
Sobre os tipos de encargos mais
negociados, o levantamento apon-
ta que são os débitos de cartão de
crédito, citados por 63,8%; antes de
empréstimos bancários (28,1%) e
faturas de cartões de lojas (22,7%).
No passado, o devedor era pro-
curado ostensivamente pelos co-
bradores, analisa Lahoud. “Surgi-
mos para mudar isso, com o usuá-
rio podendo analisar uma dívida
com calma, olhando as melhores
ofertas, em qualquer hora do dia,
em um processo 100% digital.”
Na Firgun, fintech que facilita
operações de microcrédito para
empreendedores de grupos mino-
rizados, principalmente mulheres,
negros e a população de baixa ren-
da, o número de beneficiários
avançou de 350 para 550, entre ju-
lho de 2021 e julho de 2022.
No modelo adotado, o objetivo
é oferecer o microcrédito como
serviço (MaaS, na sigla em inglês).
“Empresas nos contratam para de-
senvolver linhas de crédito para
moradores de uma região específi-
ca, de forma a colaborar com me-
tas de sustentabilidade”, explica o
CEO Fábio Hideki. O plano é alcan-
çar um volume de empréstimos de
até R$ 1 milhão até o final do ano.
a 7%. No Brasil, segundo o execu-
tivo, as vendas on-line do comér-
cio varejista representavam 10%
do total realizado. Hoje, chegam
a 14%, alta estimulada por op-
ções adequadas de crédito.
A estratégia bem-sucedida
das duas empresas visa chegar
aos quase 40% da população
brasileira, cerca de 60 milhões
‘Compre agora, pague
depois’ é opção ao cartão
Erivelto Tadeu
Para o Valor, de São Paulo
Uma nova modalidade de paga-
mento parcelado sem juros ou
com a chamada taxa zero, designa-
da pela sigla BNPL (do termo em
inglês “buy now, pay later”, ou
compre agora, pague depois), vem
ganhando espaço no país. É uma
espécie de crediário digital que se
popularizou no exterior e surge no
mercado brasileiro como alterna-
tiva ao crediário tradicional e ao
60 parcelamento no cartão de crédi-
to, além de ser opção para o consu-
midor sem conta em banco.
Várias fintechs se lançaram nes-
80 100
se mercado recentemente com o
intuito de atrair não só consumi-
dores, mas também lojistas, espe-
cialmente pequenos e médios, que
63 passam a ter mais uma modalida-
60 de de pagamentos para oferecer
aos clientes. Hoje, a maior oferta
de crédito está no e-commerce,
mas há muita demanda também
80 100 no mundo físico, observa Pedro
Noll, sócio e diretor de marketing
da Boleto Flex.
A principal vantagem do BNPL
para o lojista, apontada por ele, es-
tá na geração de vendas de forma
incremental. “Ele atrai tanto o con-
sumidor que ultrapassou o limite
do cartão de crédito e precisa par-
celar a compra quanto aquele que
não tem cartão. Para muitos con-
sumidores não é o preço que inte-
ressa, mas a forma de pagamento”,
afirma Noll. Segundo ele, a Boleto
Flex oferece parcelamento em até
24 vezes, com prazo médio de dez
vezes. A empresa está presente em
grandes lojas do varejo on-line, co-
mo Mobly, Ame Digital, das Ame-
ricanas, Multilaser, Positivo, Shop-
time, CVC, Sony Vaio e outras.
Outro benefício, do ponto de
vista do varejista, é que os riscos de
chargeback — conhecido como re-
versão de pagamentos —, inadim-
plência e fraude ficam com a finte-
ch, que também é responsável pela
avaliação de crédito do consumi-
dor. “Esses são aspectos muito im-
portantes porque possibilitam
que o varejista concentre o foco
nas vendas e no crescimento do
negócio”, diz Daniel Vallejo, cofun-
dador da Addi, fintech colombia-
na de pagamentos que está atuan-
do há um ano com BNPL no Brasil.
DIVULGAÇÃO
de pessoas, classificados como
desbancarizados ou precaria-
mente bancarizados. A opção de
parte dos consumidores pelo
crediário também tem origem
na facilidade de pagamento e
nos custos inferiores aos do car-
tão. Em caso de atraso, os juros
incidem sobre o valor da parcela
e não sobre toda a fatura.
O potencial do mercado brasi-
leiro para crediário digital tem
atraído outras empresas estrangei-
ras, a exemplo da Addi. Esse é o ca-
so da Sezzle, fintech americana de
pagamento digital para e-com-
merces e varejistas, que acaba de
chegar. Fundada em Minneapolis,
em 2016, ela tem o objetivo de ace-
lerar as vendas de pequenos e mé-
dios lojistas e ser referência em
“buy now, pay later” no Brasil.
O CEO da Sezzle Brasil, João Pe-
dro Teles, observa que o “buy now,
pay later” funciona de forma mais
flexível que o cartão de crédito, já
que não está ligado a uma opera-
dora. Para usar o BNPL, o consumi-
dor não precisa ter um cartão nem
ser cliente de uma instituição fi-
nanceira. Além disso, o pagamen-
to das parcelas pode ser feito via
transferência bancária, Pix, débito
automático, pelo período estabe-
lecido pelo lojista. “Mesmo nos
países onde o parcelamento de
compras não é uma realidade, pos-
suir um cartão sempre foi algo
mais difícil, pois depende de com-
provação de renda, da avaliação do
histórico e do escore de crédito, o
que exclui do acesso ao crédito
parte importante da população.”
A operação de BNPL da Sezzle
passou por um teste piloto com
quatro lojas e duas plataformas.
“Agora estamos finalizando a inte-
gração com NuvemShop, VTex e
Magento, que são grandes plata-
formas, e já contatamos 400 lojas
on-line para o lançamento em lar-
ga escala em dois meses”, diz Teles.
A Zoop, que desenvolve solu-
ções e fornece infraestrutura para
custodiar contas digitais para que
qualquer empresa possa oferecer
serviços financeiros, é outra que
pretende explorar o BNPL. A finte-
ch, que em janeiro passou a atuar
em crédito, está realizando um pi-
loto com produtos para empresas,
como capital de giro e crédito fu-
maça (que possui uma garantia de
pagamento) e está em processo de
desenvolvimento do BNPL.
Rafael Panelli, head de banking
e crédito da Zoop, explica que a
empresa não faz gestão direta da
oferta de crédito. “A precificação,
aprovação, concessão, etc., são fei-
tas por parceiros, mas só trazemos
ofertas dentro da capacidade de
pagamento dos clientes.”
Setor recicla
equipamentos
para reduzir
emissões
Jiane Carvalho
Para o Valor, de São Paulo
Empresas do setor de meios de
pagamento estão avançando na
adoção de iniciativas ESG — de
práticas socioambientais e de go-
vernança — , boa parte delas fo-
cada no apoio a comunidades de
entorno, e também com ações
que buscam compensar a emis-
são de carbono.
A Getnet lançou máquinas de
pagamento produzidas a partir de
resíduos de equipamentos descar-
tados, projeto iniciado na pande-
mia quando houve falta de com-
ponentes eletrônicos. “Vimos a
oportunidade de desenvolver um
projeto de reciclagem dos compo-
nentes dos POS. Hoje, 50% do equi-
pamento pode ser reciclado”, diz
Luciano Ferrari, vice-presidente
em RI e responsável por assuntos
em ESG da Getnet, referindo-se à
sigla de ponto de venda em inglês.
No primeiro trimestre, a empre-
sa reaproveitou mais de 235 mil
máquinas de pagamentos, evitan-
do o descarte de dez toneladas de
materiais eletrônicos. “A Política
Nacional de Resíduos Sólidos defi-
ne obrigações para alguns setores,
mas o de meio de pagamentos não
tem meta. Mas nos sentimos res-
ponsáveis por estimular a econo-
mia circular.” Até o fim deste ano,
100% das novas maquininhas ven-
didas pela Getnet passam a sair
com algum componente recicla-
do. “Vamos caminhar na direção
da economia circular e fechar este
ciclo, talvez em 2024 com todos os
equipamentos no mercado com
parte reciclada”, afirma Ferrari.
Na Cielo, uma iniciativa para es-
timular negócios de mulheres ne-
gras da periferia acaba de ter sua
primeira edição concluída. No
programa “Impulsiona Aí”, do uni-
verso de 150 empreendedoras que
participaram da primeira etapa,
com aulas on-line, 40 foram sele-
cionadas para a segunda fase, pre-
sencial, e dez chegaram até a etapa
de mentoria e construção de pitch,
apresentação sobre o negócio para
clientes e investidores.
O programa vai acompanhar
por seis meses a jornada das em-
preendedoras e terá, a partir de
2023, duas edições por ano. “Ao
apoiar esses empreendedores
também fortalecemos nosso negó-
cio”, afirma Daniel Poli, head de
sustentabilidade e diversidade da
Cielo. A empresa também adota
iniciativas voltadas ao meio am-
biente, com a neutralização de
100% das emissões de Escopo 1 e 2
— próprias e de parceiros — por
meio de créditos de carbono.
Em parceria com a MOSS, uma
“climate tech”, startup focada em
negócios ligados ao clima, a Elo
alcançou a meta de compensar
todas as emissões de carbono
desde sua fundação, em 2011. “As
métricas para atingir os denomi-
nadores da emissão de carbono
foram mapeadas, incluindo-se
desde o padrão de gastos e emis-
sões de carbono dos colaborado-
res no deslocamento para o tra-
balho, por exemplo, a outros liga-
dos a tecnologia”, explica Rafael
Pesce, vice-presidente da Elo.
Para compensar as emissões, a
Elo adquiriu 1.608 tokens de crédi-
to de carbono. A empresa,já está
rodando a nova fase de compensa-
ção do carbono emitido no ano
passado, adaptando indicadores
para a nova realidade de home of-
fice e de prioridade de investimen-
tos em componentes tecnológicos
ecoeficientes. Na questão de gêne-
ro, a Elo fechou 2021 com mulhe-
res ocupando 45% das posições es-
tratégicas da companhia.
A VR, que já nasceu num contex-
to de auxílio social — o Programa
de Alimentação do Trabalhador
(PAT) —, foca em iniciativas de
atendimento à comunidade. O
principal é o #ValePorTodos, que
contempla diversas ações, algu-
mas em parceria com a Central
Única das Favelas (Cufa), como o
‘Mães da Favela’, que distribui car-
tões vale-alimentação de R$ 100, e
o de inclusão digital de mulheres
líderes de família. As iniciativas da
VR, destaca João Altman, diretor-
executivo de pessoas, marca e cul-
tura, também são voltadas para a
diversidade interna das equipes.
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|
Especial Meios de pagamento
Segurança Transações digitais permitem coletar dados e entender padrões
Cresce uso de biometria facial
e geolocalização contra fraude
Fatima Fonseca
Para o Valor, de São Paulo
Com o aumento de pagamen-
tos por meios eletrônicos, as ins-
tituições financeiras buscam so-
luções de segurança para miti-
gar fraudes potenciais, entre
elas a biometria facial e o uso do
celular como alternativa para
efetivar transações, por oferecer
recursos adicionais, como a lo-
calização do usuário.
As transações digitais permi-
tem uma captura maior de dados
e isso ajuda a separar transações
boas das fraudulentas. Daniel
Oliveira, CEO da paySmart, finte-
ch que processa pagamentos pa-
ra empresas, destaca que ele-
mentos como a geolocalização,
que comprova se usuário está ou
não no local da compra, refor-
çam a biometria comportamen-
tal, que analisa como o cliente
usa o telefone (velocidade na di-
gitação, por exemplo).
“O que a gente está fazendo é
cada vez mais coletar informa-
ções para entender como cada
um usa seu dispositivo”, informa
Oliveira. Ele observa que o uso de
biometria comportamental, im-
pressão digital, íris, câmera para
reconhecimento de face não só
adicionam níveis de segurança
na validação, mas também são
usados de forma mais natural pe-
lo usuário. Os pagamentos por
meio do celular usam um código
Eládio Isoppo, CEO e fundador da Payface, desenvolvedora da tecnologia de biometria facial: “Hoje já estamos em 500 pontos de venda em seis Estados”
Na boca do caixa, sorriso já paga compras
sem celular ou cartão em seis Estados
De São Paulo
Quando faz uma compra, o
consumidor não quer enfrentar
filas e nem burocracias que to-
mam tempo. Foi pensando em
solucionar essas questões que a
startup Payface trouxe para o
mercado uma nova modalidade
de pagamento no varejo, que
simplifica as operações.
A solução utiliza a tecnologia
de biometria facial e conecta to-
do o ecossistema de meios de pa-
gamento — de cartões de crédito,
private labels (cartões de varejis-
tas), wallets (carteiras virtuais),
adquirentes e subadquirentes.
Sem que o usuário necessite utili-
zar um dispositivo ou o próprio
cartão, um olhar para o dispositi-
vo instalado no caixa faz o reco-
nhecimento de face e o paga-
mento é aprovado.
O primeiro cliente da Payface foi
o supermercado St Marche, em São
Paulo, que adotou a inovação há
três meses e teve grande adesão.
“Hoje já estamos em 500 pontos de
venda em seis Estados”, informa
de segurança dinâmico, que mu-
da a cada transação, como acon-
tece com os cartões virtuais.
“O sistema financeiro está mi-
grando de forma rápida para a
biometria facial”, afirma Adriano
Volpini, diretor do comitê de pre-
venção a fraudes da Febraban. As
duas principais aplicações são no
processo de aquisição de cliente,
seja na abertura de conta ou na
transação de crédito, e na auten-
ticação da transação. Segundo
ele, a biometria facial já está em
uso pelo Itaú, Santander e bancos
digitais como o C6, mas quase to-
dos os bancos estão migrando
para essa tecnologia.
Volpini destaca que no uso da
senha, os dados são estáticos e as
pessoas podem ser convencidas
pela engenharia social a repassar
essas informações. Na biometria
facial, a camada de segurança é
maior e mais resiliente na hora
de autenticar a transação.
A capacidade computacional
como estratégia de uso dos da-
dos é chave para as instituições
tomarem decisões em tempo
real. Para isso, investem em ciên-
cia de dados, utilizando diferen-
tes técnicas, entre elas inteligên-
cia artificial e modelos em gra-
fos. “Hoje a grande fronteira está
na forma de uso dos dados — te-
mos muitos dados e a capacida-
de de tratar esses dados para
que tragam respostas melhores
para identificar situações de ris-
Eládio Isoppo, CEO e cofundador
da fintech. Entre os clientes, além
do St. Marche, estão os supermer-
cados Zona Sul, no Rio de Janeiro, a
rede D’ Ville, de Uberlândia (MG),
Supermercado Frade, em Ilhabela
(interior de SP), e o Muffato, no Pa-
raná. A solução está em uso tam-
bém em Santa Catarina e Bahia.
A boa aceitação está na opera-
ção de forma instantânea, sem a
necessidade de máquinas, cartões
ou intermediários. “O consumidor
pode sair para caminhar e parar no
supermercado para fazer compras,
sem precisar apresentar qualquer
documento, cartão ou celular”, ob-
serva Isoppo. O próximo movi-
mento da Payface é expandir para
redes de farmácia e estabeleci-
mentos de menor porte. Para isso,
busca parceria com bancos emis-
sores e adquirentes para chegar no
pequeno e médio varejista.
A segurança da nova modalida-
de de pagamento está na tecnolo-
gia por trás da solução, explica
Isoppo. A Payface tem o certificado
de PCI Compliance, que atesta que
a empresa segue as regras de segu-
co é o maior investimento, razão
pela qual os bancos investem
muito em equipes com perfis li-
gados a ciência de dados”, conta
o diretor da Febraban.
O especialista de prevenção a
riscos financeiros da SAS, Mauro
Souza, atesta que a utilização da
modelagem analítica é uma das
maneiras mais eficazes para ava-
liar a probabilidade de cartões
estarem em risco de fraude, se-
jam nas transações com cartões
de crédito, débito ou uso do Pix.
Desafio atual é usar os
dados para que eles
possam ajudar a
identificar situações de
risco para os clientes
A análise se baseia nos dados
das transações financeiras — des-
de a abertura de conta até a efeti-
vação de uma transação —, que
alimentam o aprendizado da má-
quina, ajudando o sistema a iden-
tificar se é o próprio cliente com-
prando, ou uma possível fraude
(neste caso, os dados são passa-
dos para um analista humano in-
vestigar e, com base na análise,
aceitar ou negar a compra). “Es-
sas análises também indicam
probabilidade de comprometi-
mento de uma máquina adqui-
rente”, acrescenta Souza. Por
exemplo: se uma máquina adul-
rança necessárias no processa-
mento de dados de cartão. O ca-
dastro do consumidor na platafor-
ma da Payface reúne dados como
CPF, meio de pagamento e biome-
tria facial, e é integrado com o
software instalado na rede varejis-
ta. A inserção do meio de paga-
mento usa a tokenização (proces-
so de substituição dos dados reais
por outros equivalentes, com mes-
mo formato e protegidos por uma
chave de criptografia).
Operação financeira
ou compra de
mercadorias sem senha
já é realidade para
77% das instituições
O desenvolvimento de tecnolo-
gias para reduzir a dependência de
senhas e melhorar a experiência
eliminando atrito na validação de
dados tem avançado. O processo,
chamado de passwordless, ou seja,
sem exigir dos clientes a digitação
de uma senha, também está sendo
terada está clonando cartão, o
cliente não reconhece a compra,
com base no histórico de transa-
ções, é possível identificar a frau-
de. Usando o modelo de machine
learning, é possível indicar a por-
centagem daquela máquina estar
fraudando cartões.
Na opinião de Souza, a tendên-
cia é que o celular seja a ferra-
menta do próximo milênio, e
não apenas para pagamentos,
mas também para documentos,
como CNH e veículo, já usuais.
O open finance, ou sistema fi-
nanceiro aberto, está impulsio-
nando a adoção de novos pa-
drões de segurança. De acordo
com André Facciolli, CEO da Net-
br, o Brasil avançou muito em
adoção dos padrões de acesso de
autenticação e autorização, ao
sair de um ambiente proprietá-
rio e aderir a novos padrões co-
mo os da Client Initiated Back-
channel Authentication (Ciba),
que possui diversas formas de
identificar o usuário “destino”,
como tokens, email, telefone, nú-
mero de conta etc.
Pesquisa da Netbr com geren-
tes e diretores de 27 entre os
maiores bancos, meios de paga-
mento e instituições de crédito
no Brasil, indicou que 10% das
instituições já adotaram plata-
formas de Customer Identity and
Access Management (Ciam) e
82% estão com projetos ou im-
plantações em andamento.
NILANI GOETTEMS/VALOR
adotado pelo sistema financeiro.
Pesquisa da consultoria Netbr,
realizada com apoio de sua parcei-
ra global Ping Identity, mostrou
que 77% das instituições já reali-
zam (ou estão em vias de realizar)
algum tipo de operação eletrônica
passwordless. “Estamos falando
dos mesmos padrões usados pelas
big techs, agora sendo adotados
pelo setor financeiro”, observa An-
dré Facciolli, CEO da Netbr. Segun-
do ele, quatro dos seis maiores
bancos brasileiros, já usam a tec-
nologia em processos de autenti-
cação e autorização.
Outro avanço foi no uso de be-
nefícios para funcionários, como
vale alimentação e refeição. O apli-
cativo da Bee Vale, com múltiplas
carteiras, permite pagamentos por
aproximação do celular. Daniel
Oliveira, CEO da paySmart, fintech
que processa pagamentos para
empresas, e tem a Bee Vale como
cliente, comenta que a tecnologia
de troca de dados por aproxima-
ção (NFC) está presente na maioria
dos celulares e é uma opção para
pagamentos eletrônicos.(FF)
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Golpe digital
39% dos usuários foram vítimas de roubo de dados de cartão de crédito
Dispositivo mais utilizado para
comprar em sites, em %
1 80
Tablet
19
Computador
5 maiores desvantagens de comprar on-line, em %
Não poder experimentar produtos
Custo do frete
Risco de golpes e fraudes
Medo de ter os dados roubados
Atrasos na entrega
Impressões sobre a validação da identidade na hora do pagamento, em %
72
É importante para a
minha segurança
5 razões que fariam o usuário deixar de comprar em uma loja on-line, em %
Usarem a conta pessoal da loja para um golpe e
o estabelecimento não fazer nada para evitar
Usarem o cartão de crédito para uma compra e
a loja não fazer nada para evitar
Atraso na entrega do produto
Muitos passos para criar um cadastro
Recusarem a compra sem dizer a razão
Fonte: Pesquisa Signifyd, com 648 pessoas, março/2022
Pesquisa mostra que
criminosos preferem
agir de madrugada
Jacílio Saraiva
Para o Valor, de São Paulo
O primeiro semestre de 2022
chegou ao fim com um cresci-
mento na quantidade e nos valo-
res das tentativas de fraude em
pagamentos on-line que usam
cartão de crédito no Brasil. É o
que revela pesquisa da ClearSale,
multinacional de soluções de
proteção para serviços financei-
ros. Baseado em 165 milhões de
pedidos de compras realizados
entre janeiro e junho de 2022, o
relatório indica que o número de
investidas subiu de 2,8 milhões
para 2,9 milhões, aumento de
3,5% ante igual período de 2021,
enquanto a quantia envolvida
nos golpes avançou de R$ 2,6 bi-
lhões para R$ 2,9 bilhões (11,5%).
Os produtos mais visados pelos
golpistas são eletrônicos (9% do
total), celulares (7,9%) e games
(5,6%). Já o horário mais usado
pelos criminosos é durante a ma-
drugada, com um pico de con-
centração das ações às 3 horas.
Atentas à escalada das amea-
ças, plataformas de proteção an-
tifraude prometem novidades
para os varejistas que prepara-
ram os estoques para duas das da-
tas mais importantes do ano, em
vendas: a Black Friday, na última
semana de novembro, e o Natal.
Na Signifyd, empresa global de
proteção antifraude fundada por
ex-executivos da gigante de paga-
mentos Paypal, a estratégia é com-
binar recursos de inteligência arti-
ficial, big data e machine learning
(aprendizado de máquina) para
fazer um corte automático entre
demandas legítimas e fraudulen-
tas. “Essas soluções têm nos levado
a promover um aumento médio
de 5% a 10% nas taxas de aprovação
de compras”, diz Gabriel Vecchia,
diretor comercial da Signifyd no
Brasil, que atende marcas como
Lacoste e Lenovo.
Vecchia, ex-head de vendas da
Uber Eats, explica que realizar a
peneira dos bons pagadores só é
possível por conta de informações
da rede de varejistas que a Signifyd
acumula em sua base de dados. Na
prática, 98% das compras on-line
globais são feitas por usuários já
vistos antes nos arquivos da plata-
forma, explica. “E utilizamos esse
conhecimento para proteger os
comerciantes dos fraudadores.”
No ano passado, segundo o exe-
cutivo, a velocidade para “liberar”
as vendas remotas ganhou emba-
lo. “Mais de 99% das transações
analisadas apresentaram uma de-
cisão em um segundo e meio.” So-
mente em 2021, a companhia rea-
lizou a triagem de mais de US$ 300
bilhões em operações de e-com-
merce, em todo o mundo.
Na visão do executivo, decisões
| |
Valor F7
Foi vítima de roubo de dados de
cartão de crédito para compras
não autorizadas, em %
1 39
Não, Sim
nem
Celular
conheço 48
quem Não, mas
tenha sido conheço
quem foi
61
61
60
49
25
0 20 40 60 80 100
1
Desisto da compra,
é muita burocracia
21 6
Reclamo, mas sei Não gosto, quero só
que é necessário finalizar a compra
64
61
47
36
33
0 20 40 60 80 100
de vendas em tempo real geram
uma melhor experiência de com-
pra. “Não é incomum que lojas on-
line percam clientes por conta de
uma compra recusada, mesmo
quando o consumidor apresenta
saldo e informações corretas.”
De acordo com sondagem rea-
lizada pela Signifyd com 648
consumidores digitais no Brasil,
três a cada dez (28%) ficam com a
relação comercial permanente-
mente comprometida com a loja
se a fatura do cartão indicar uma
compra não identificada. Do to-
tal, 57% até comprariam no mes-
mo site de novo, mas apenas se
recuperassem de forma integral
o valor cobrado indevidamente.
Já 28% nunca mais voltariam ao
estabelecimento.
Na visão de Guilherme Bacellar,
pesquisador de segurança ciber-
nética e fraude da Unico, do setor
de proteção de identidade digital,
a invasão de contas (account ta-
keover ou ATO, na sigla em inglês)
é um dos ataques com que os usuá-
rios mais se preocupam hoje.
“Diferentemente do que acon-
tece nos casos de roubo de iden-
tidade, que visam mais pessoas
físicas, a ATO costuma vitimar
também empresas.” Nesse tipo
de crime, o golpista invade uma
conta digital e modifica dados
de login, se apropriando daque-
le registro. Enquanto isso, o
usuário legítimo fica sem acesso
às próprias contas — de e-mail,
de lojas e bancárias.
Uma das soluções da Unico,
com clientes como Ambev e C6
Bank, é uma tecnologia que ma-
peia pontos biométricos faciais a
partir de uma foto e registra o
número do CPF. Depois, produz
uma série numérica exclusiva
que, confrontada com um banco
de dados, gera um índice de pro-
babilidade do pagador ser o titu-
lar do documento. É possível au-
tenticar a identidade com 99% de
assertividade em até dois segun-
dos, garante o especialista.
Juan Franco, vice-presidente
para a América Latina da Nuvei,
plataforma global que oferece
mais de 570 opções de meios de
pagamento, diz que além da
ATO, os ilícitos mais frequentes
são a fraude de engenharia so-
cial, em que o infrator não rou-
ba dados, mas manipula a víti-
ma para obter registros confi-
denciais; e a “autofraude”, quan-
do o golpista usa suas próprias
informações financeiras para
efetuar uma transação legítima
e depois solicita um estorno, ale-
gando que não autorizou o pa-
gamento. “Na indústria de jogos
on-line, em que o comprador re-
cebe o produto de forma ime-
diata, a ‘autofraude’ é a mais
proeminente”, destaca.
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F8 Valor Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
|
Especial Meios de pagamento
Parcerias Mecanismo deixou de ser exclusivo de
pedágios e é aceito em restaurantes e marketplaces
Tags transformam
automóveis em
carteira eletrônica
Carmen Nery
Para o Valor, do Rio
As cinco marcas autorizadas
pela Agência Nacional de Trans-
portes Terrestres (ANTT) a operar
como administradoras de meios
de pagamento para arrecadação
de pedágio (Amap) diversifica-
ram suas operações, transfor-
mando o automóvel numa ver-
dadeira carteira eletrônica. Sem
Parar, ConectCar, Veloe, Move
Mais e Greenpass — que nasce-
ram para pagamento sem conta-
to de pedágios — hoje podem ser
utilizadas em estacionamentos,
postos de gasolina, restaurantes,
drive-thru e até marketplaces.
Elas criaram, em dezembro, a
Associação Brasileira de Empresas
de Pagamento Automático Para
Mobilidade (Abepam), mas não há
números oficiais do setor. Estima-
se que, da frota de 111 milhões de
veículos do país, 56% se encaixem
nas categorias de automóveis e ca-
minhões de acordo com o Dena-
tran. Mas, atualmente, só 9 mi-
lhões de veículos utilizam tags,
vendidas sem e com assinatura,
que varia de R$ 14,90 a R$ 40.
O mercado potencial é grande.
Segundo dados do Ministério da
Bancos, seguradoras e lojas se tornam parceiros do negócio
Rodnei Bernardino de Souza, do Itaú Unibanco: visão sobre a Conectar mudou
Barreiras entre lojas físicas e sites é coisa do passado
Katia Simões
Para o Valor, de São Paulo
Uma empresa multimarca e
multicanal. É assim que Renato Pe-
digoni, diretor de tecnologia do
grupo Boticário, define a compa-
nhia. São sete marcas próprias dis-
tribuídas em cerca de 4 mil lojas fí-
sicas, e-commerce, marketplace e
pelo canal de venda direta. “Para
garantir uma jornada de compra
fluida dentro de um ecossistema
complexo como o nosso, além da
diversificação dos meios de paga-
mento, investimos na simplifica-
ção do processo de check out”, re-
lata. “Em nossas lojas, os clientes
podem pagar por cartão, aproxi-
mação e Pix, diretamente com os
consultores de venda, com pratici-
dade e agilidade.” No e-commerce,
há opção de cartão, boleto e Pix.
O executivo observa que os e-
commerces do grupo operam sob
uma plataforma tecnológica pró-
pria, o que possibilita uma expe-
riência integrada entre todos os
canais. “A integração das opera-
ções física e on-line por si só é um
grande desafio, uma vez que o
Infraestrutura, o país conta com
75.553 mil quilômetros de rodo-
vias (87% pavimentadas), mas 53%
do tráfego nos pedágios ainda é
manual. Um dos objetivos da Abe-
pam é aproveitar as oportunida-
des do free-flow, sistema de livre
passagem que dispensa praças de
pedágio devido à identificação au-
tomática dos usuários por meio de
pórticos. O sistema será adotado
nas novas concessões — estimadas
em 30 contratos até 2025 —, e a ex-
pectativa é que o mercado cresça
de 9 milhões para 25 milhões de
tags, pois elas terão descontos.
A Abepam defende que o novo
conceito seja iniciado com intero-
perabilidade das praças de pedá-
gio alegando que as atuais empre-
sas respondem por metade da ar-
recadação de pedágios do país. A
entidade também recomenda que
a regulamentação não imponha
pagamentos por quilômetro roda-
do porque a tecnologia evolui rá-
pido e isso pode atrasar o uso de
inovações como o 5G e soluções
embarcadas em veículos (V2X).
André Turquetto, vice-presiden-
te da Abepam e diretor geral da Ve-
loe, explica que, entre os benefí-
cios do free-flow, está a possibili-
dade de redução progressiva na ta-
DIVULGAÇÃO
cliente pode comprar no site e reti-
rar na loja em até 24 horas ou fazer
a compra pelo WhatsApp e retirar
na loja ou receber em casa”, diz Pe-
digoni. “Para cada uma das moda-
lidades, a jornada de pagamento
deve ser ampla, segura, transpa-
rente e garantir que o produto seja
entregue ou retirado no prazo in-
dicado”. Com um faturamento de
R$ 18,1 bilhões no ano passado,
14,7% maior que em 2020, o grupo
Boticário registrou crescimento de
33% nas vendas digitais em 2021.
Pedigoni está certo quando diz
que a jornada de pagamento pre-
cisa ser diversificada, simples e se-
gura. Pesquisa realizada pela Nu-
vemshop, especializada em e-com-
merce, revela que grande parte dos
consumidores não conclui a com-
pra por conta do pagamento. Cer-
ca de 80% dos entrevistados afir-
mam que já abandonaram seus
carrinhos por não poderem pagar
do jeito que gostariam e 41% ale-
garam que não saber qual empre-
sa processa os pagamentos é um
impeditivo para a transação.
Segundo Tiago Mello, CPO da
Linx, especializada em tecnologia
rifa de acordo com a frequência de
uso. A empresa soma mais de 2 mi-
lhões de tags para pedágios e esta-
cionamentos e é uma sociedade de
Bradesco e Banco do Brasil, que
iniciaram essa operação em 2018,
após o Itaú comprar a ConnectCar
em 2015. “A Veloe é aceita em 18
aeroportos e em todas as rodovias
pedagiadas. Já em relação ao drive-
thru, estamos negociando para ga-
rantir esse novo uso aos clientes no
próximo ano”, sinaliza.
Gabriel Porto, chief marketing
officer (CMO) do Sem Parar, infor-
ma que a empresa foi criada em
2000 pela CCR e, mais tarde, incor-
porada por um grupo de conces-
sionárias. Desde 2016, integra o
grupo Fleetcor, somando mais de
6 milhões de veículos e presença
em toda a malha pedagiada de 13
Estados e o Distrito Federal. O sis-
tema opera com assinatura de até
R$ 36,90 e modalidade pré-paga e
planos flex de R$ 19,90. Os meios
de pagamento incluem a tag vir-
tual Sem Parar Pay no celular. “O
sistema evoluiu para estaciona-
mentos, e casos de uso urbano co-
mo drive-thrus, lava-rápidos, con-
domínios e mais de 1,300 mil pos-
tos de combustível com hardware
próprio e programa de fidelidade
Do Rio
Operadoras que também atuam
no modelo white label — operar o
sistema para que um parceiro co-
mercialize a solução com a própria
marca — têm proporcionado uma
rápida expansão das ofertas de
tags. André Turquetto, diretor-ge-
ral da Veloe, diz que, entre as mais
de 50 empresas usando sua in-
fraestrutura, quatro são nesse mo-
delo: C6, Zul Digital, BTG+ e Uni-
das. O restante funciona em co-
branded, como Pernambucanas,
Banco Pan e Next.
A Greenpass atende 22 parcei-
ros no modelo white label. João
Cumerlato, cofundador da empre-
sa, cita a parceria com a ClickBus
para venda de bilhetes de ônibus
no hub de serviços de mobilidade
MobbyHub. O hub é um market-
place com serviços de abasteci-
mento (Shell), transporte por apli-
cativo (Uber), parcelamento de
multas e débitos veiculares (Za-
pay), além da Taggy, tag de pedá-
gio administrada pela Greenpass.
A Sem Parar tem diversos tipos
Mello: desafio é dar ao pequeno varejo as mesmas condições dos grandes
de varejo, a integração das opera-
ções físicas e digitais deixou de ser
tendência e passou a ser pendên-
cia. “Apenas no primeiro semestre
deste ano, as vendas realizadas pe-
las mais de 100 mil lojas que utili-
zaram nossa solução omnichannel
cresceram 20% em relação ao mes-
mo período de 2021, com cerca de
Gabriel Porto, CMO do Sem Parar: até o final do ano serão mais de 2 mil postos e mais de 1 milhão de transações
e cash back. Até o final do ano se-
rão mais de 2 mil postos e mais de
1 milhão de transações”, diz Porto.
Criada em 2012, numa parceria
entre a Odebrecht e o Grupo Ultra,
a ConectCar foi a primeira empre-
sa a entrar no segmento após a
quebra da exclusividade da Sem
Parar. Em 2015, o Itaú comprou os
50% pertencentes à Odebrecht, e,
no ano passado, a Porto Seguro ad-
quiriu a parte do grupo Ultra.
“Desde o início, procurarmos
ser uma alternativa mais democrá-
tica com preço mais em conta e
jornada digital mobile first. Agora
desenhamos uma solução digital
para pagamento de combustíveis.
Esse era um business que vivia de
mensalidade. A partir de 2019,
com o modelo B2B — temos parce-
de parceiros: de uso (drive thru, es-
tacionamentos e postos ); de novos
produtos com o marketplace Sem
Parar Shop; e os que aumentam o
alcance e distribuição, como mon-
tadoras (Nissan, VW, Mitsubishi
/Suzuki, Hyundai, Toyota e GM) e
bancos (Caixa e Santander).
Já os bancos têm sido parceiros
não apenas nas operadoras em
que detêm participação como
Itaú/ConectCar, Bradesco e BB/Ve-
loe. A Veloe é adotada também por
BTG e C6, e diversos bancos digitais
são parceiros da Greenpass. As
marcas se associam às empresas de
tag pelo engajamento, melhoria
da experiência dos clientes e pelo
potencial econômico do negócio.
Maxnaun Gutierrez, head de
produtos e pessoa física do C6
Bank, diz que a tag com a marca do
banco (soluções da Greenpass e
Veloe) atingiu 13% de participação
em dois anos. A empresa inaugu-
rou o modelo de tag gratuita com
os serviços descontados direta-
mente da conta corrente, sem ne-
cessidade de cartão, e funcionan-
do como um cartão de débito do
DIVULGAÇÃO
2 milhões de compras na modali-
dade pick-up — compra pela inter-
net e retira na loja física”, afirma.
“O grande desafio é dar ao peque-
no varejo as mesmas condições de
operação dos grandes players,
com diversidade de meios de pa-
gamento, segurança e fluidez”.
Para Denis Labre, head de crédi-
rias com Localiza, Itaú, Porto e Stel-
lantis —, o cliente tem muita opção
de não pagar assinatura”, diz
Newton Ferrer, diretor comercial
da ConectCar.
A Greenpass foi criada em 2018
por João Cumerlato e Carlo Andrey
Gonçalves, ex-funcionários da
Odebrecht, que desenvolveram a
ConectCar para a empreiteira.
Após a quarentena, criaram a Gre-
enpass com foco no mercado whi-
te label. Hoje operam na nuvem da
Microsoft Azure com modelo mul-
tisserviços, para atender os bancos
digitais, fintechs e varejo, que não
poderiam arcar com os altos inves-
timentos dos três grandes bancos.
“Isso democratizou o produto e
nos deu flexibilidade de criar uma
solução de fácil implementação
carro, eliminando recargas.
Rodnei Bernardino de Souza, di-
retor do Itaú Unibanco, diz que a
tag Itaú, desenvolvida em parceria
com a ConectCar, visa a aumentar
o relacionamento com os clientes.
“Toda vez que incluímos algum pa-
gamento recorrente num cartão
de crédito ou conta corrente, au-
menta a fidelidade do cliente com
o banco. A tag Itaú é um benefício
que oferecemos ao cliente, que
não paga mensalidade. De 2 mi-
lhões de tags da ConectCar, 800
mil são do Itaú”, diz Souza.
Para ele, o carro cada vez mais
conectado será um device como o
celular e vai ser um meio de paga-
mento para vários serviços. Como
instituição de serviços financeiros,
o banco tem de estar dentro desse
universo de 45 milhões de veícu-
los. “No passado, cobrávamos
mensalidade e enxergávamos a
ConectCar com um centro rentabi-
lização de negócio, mas hoje ve-
mos com um instrumento de gera-
ção de valor para os clientes’, dis-
tingue o diretor do Itaú.
Marcos Loução, CEO da Porto
to do Mercado Pago, é necessário
disponibilizar ao cliente o máxi-
mo de meios de pagamento, mas
também é essencial garantir, total
transparência, além da segurança.
“É importante deixar claro o que a
pessoa está usando e em que con-
dições”, diz. “O varejo tem de assu-
mir o papel de educador financei-
ro, a fim de evitar o endividamento
de seus clientes”. Segundo ele, o
principal motivo de bloqueio de
uma transação nas plataformas do
marketplace é falta de limite.
Criado em 2004 como meio de
pagamento, o Mercado Pago
transformou-se em um banco di-
gital. Recentemente disponibili-
zou uma linha de crédito de con-
sumo que permite ao usuário fazer
compras no Mercado Livre e pagar
em até 12 vezes, além de fazer tran-
sações via Pix, inclusive em com-
pras parceladas em lojas físicas.
O parcelamento da compra é
uma instituição do mercado brasi-
leiro que começa a crescer tam-
bém nas operações virtuais. A star-
tup Meu Crediário nasceu com o
propósito de ajudar o lojista a re-
solver a concessão de crédito de
DIVULGAÇÃO
para outras marcas — Banco Inter,
Sicredi, C6, num total de 22 clien-
tes — operarem a parte BtoC. Cres-
cemos 97% no primeiro semestre e
estamos conversamos com monta-
doras e locadoras de veículos, mas
a grande dificuldade é o fato de
eles não terem a carteira digital”,
diz Cumerlato.
Mesmo sem operar com tags, a
Visa implementou a tecnologia de
pagamento por aproximação em
praças de pedágio com pagamen-
to via cartões, celulares, relógios e
pulseiras com tecnologia NFC. “No
Rio de Janeiro, o pagamento por
aproximação já está disponível no
pedágio da Linha Amarela, em me-
trô, ônibus e trem”, diz Odir Spada
Jr, diretor de soluções de paga-
mentos digitais da Visa.
Seguro Bank, diz que a empresa
tem uma frota de 6 milhões de car-
ros segurados, e tudo que envolve
mobilidade interessa. O banco di-
gital Porto Seguro Bank tem cartão
e benefícios atrelados como des-
conto em combustíveis. “Era natu-
ral que integrasse os veículos com
nossos meios de pagamentos. A
tag Porto Seguro Bank, white label
da ConectCar integrada ao nosso
app, dá acesso a pedágios e esta-
cionamentos”, diz Loução.
Breno Kamei, vice-presidente da
Marca Ram e programas e planeja-
mento de produtos da Stellantis
para a América do Sul, diz que a
empresa é parceira da ConectCar,
que integra o ecossistema de ofer-
tas de serviços do Cart, plataforma
digital de e-commerce da monta-
dora. “O carro é um ponto de con-
vergência do consumidor com ou-
tras marcas. Ele solicita um adesi-
vo, que, uma vez habilitado direta-
mente no aplicativo Cart, dá acesso
a todos os serviços ConectCar com
benefícios exclusivos, como a isen-
ção de mensalidades ao longo do
primeiro ano”, diz Kamei. (CN)
maneira rápida e segura, fidelizan-
do o cliente. “Em um ano de opera-
ção, contamos com 500 lojas par-
ceiras e mais de 50 mil usuários,
que transacionaram R$ 30 milhões
em recebimento de vendas a pra-
zo”, afirma Jeison Schneider. “A
meta é fechar 2022 com R$ 100 mi-
lhões e 2.000 lojas”. Na visão do
executivo, o principal gargalo da
jornada de pagamento para vare-
jos omnichannel ainda é a fraude.
Rafa Forte, CEO da VTex, que ofe-
rece mais de 200 soluções de paga-
mento integradas no Brasil, quan-
to mais assertiva for a aprovação
do crédito e do pagamento, mas
rápida será a liberação da compra
e da logística de entrega. “Isso tem
um peso grande para o consumi-
dor, que hoje já se dispõe a pagar
mais pela agilidade no recebimen-
to”, afirma. “O meio de pagamento
deve ser praticado em diversos ca-
nais com o mínimo de fricção, mas
com o máximo de segurança”. Se-
gundo ele, comprar pelo What-
sApp e receber em casa é uma jor-
nada, pagar na loja física na mão
do vendedor é outra. Para o consu-
midor não deve haver diferença.
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 - Ano 23 - Nº 1122

EU&
FIM DE SEMANA

Novos expedientes
CEOs e pesquisas mostram o surgimento de uma
outra mentalidade a partir da alternância de
trabalho entre o home office e o presencial
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AVANT-PREMIÈRE
Ney, em detalhes Goya e Rembrandt
CARVALL

O cantor Ney Matogrosso está acom-
panhando pessoalmente os detalhes
do processo de encenação do musical
que levará sua vida e trajetória aos pal-
cos. O estouro com o grupo Secos &
Molhados, a passagem pelo Exército, a
difícil relação com o pai, seus amores e
a carreira até os dias de hoje são alguns
dos momentos marcantes de “Ney Ma-
togrosso - Homem com H”, que es-
treia no dia 9 de setembro na cobertu-
ra do Teatro Santander, no Complexo
JK Iguatemi, São Paulo. “Consultamos
o Ney mil vezes para tirar os mínimos
detalhes”, diz Fernanda Chamma, dire-
tora e coreógrafa do espetáculo.
Cancelamento
Grande atração do Theatro Municipal
do Rio no dia 5 de setembro e da Sala São
Paulo três dias depois, a pianista ucra-
niana Valentina Lisitsa não concorda
com os cancelamentos ocorridos desde o
início da guerra entre russos e ucrania-
nos. A sua tristeza é a tentativa de retirar
o compositor russo Tchaikovsky do no-
me honorário do Conservatório de Kiev,
terra natal da pianista. “Alguns ‘ativistas’
buscam assinaturas para apagar do no-
me da escola o grande compositor, que
aliás possui profundas raízes familiares
na Ucrânia, enquanto outros tentam
proteger a tradição”, afirma. “Devíamos
concordar que a arte, como os esportes e
a ciência, deveriam ficar acima da políti-
ca, mas não é o que vemos, como nas ten-
tativas de cancelar Rachmaninov.” No
programa que apresentará, estão Wag-
ner, Chopin, Liszt e Rachmaninov.
● música clássica, meu vizinho, e tentava
Uma das primeiras artistas da músi-
ca clássica a estourar no YouTube, com
um canal de mais de 500 mil assinantes
e 140 milhões de acessos, Lisitsa conta
que atualmente mora na Rússia, em
Moscou, depois de um difícil período
na Itália. “Acho que fui a pessoa mais
azarada do mundo ao encontrar o úni-
co italiano que odiava profundamente
me reeducar colocando sua terrível cai-
xa de som na cerca de nossas casas to-
cando rap”, relembra. “Hoje, moro nu-
ma antiga e vibrante Moscou, num es-
túdio com quatro pianos de concerto,
toco de 10 a 13 horas por dia, meus vizi-
nhos estão felizes e eu também.”
Uma seleção de 154 obras do Museu
Albertina, de Viena, um dos principais
de gravuras do mundo, será exposta a
partir da próxima semana, no Instituto
Tomie Ohtake, em São Paulo. “A cole-
ção do Albertina tem uma amplitude
notável, então buscamos cobrir um ar-
co de artistas de referência na história
da gravura, como Dürer, Rembrandt,
Goya, Käthe Köllwitz, Toulouse-Lautrec
e Warhol”, diz o curador Paulo Miyada.
“É uma rara oportunidade de percor-
rer capítulos importantes da história
da arte europeia, que dizem muito so-
bre a história da modernidade, como o
rinoceronte de Dürer, os caprichos de
Goya e as cadeiras elétricas de Warhol.”
RioFilme aperta o reset
Com prazo previsto de seis meses, a
RioFilme passará por um processo de
reestruturação a fim de redefinir seus
planejamentos estratégicos. Por meio
de uma parceria com a Firjan, uma
empresa está sendo contratada para
realizar um diagnóstico das vocações
e necessidades do órgão de cinema da
Prefeitura do Rio. “Desde que assumi,
percebi que a RioFilme precisa se re-
posicionar e estar mais próxima do
mercado”, afirma Eduardo Figueira,
presidente do órgão desde o início do
ano passado. “Onde queremos estar
dentro de dez anos é uma das ques-
tões que pretendemos aprofundar.”
João Bernardo Caldeira, para o Valor ■

EU&Destaques
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
Coluna Social A perda das
estratégias de sobrevivência entre
os brasileiros mais pobres. Por
José de Souza Martins. Pág. 4
Res Publica As novas cartas que
o Brasil deve assinar e cumprir
para ter um futuro melhor. Por
Fernando Abrucio. Pág. 6
Reportagem de capa Adotado
durante o período mais
desafiador da pandemia, o
modelo híbrido transforma o
regime de trabalho. Texto de
À Mesa com o Valor A chef Paola Carosella (dir.) conta a Maria da Paz Jacílio Saraiva. Concepção visual
Trefaut sobre planos de expansão de rede e sua paixão por vídeos. Pág. 14 da capa de Beto Nejme. Pág. 8
Vinho “Cavistas” de Paris são
cada vez mais raros. Por Jorge
Lucki. Pág. 13
Visuais O mercado de arte
brasileiro abraça a diversidade?
Uma nova feira pretende mostrar
que sim. Pág. 20
Cinema Filme de Laís Bodanzky
estrelado por Cauã Reymond
recusa os estereótipos sobre D.
Pedro I. Pág. 22
Audiovisual Mudanças no “star
system” geram ganhos
milionários para atores do cinema
americano. Pág. 24
TV Série “Cinco Dias no Hospital
Memorial” relembra o caos depois
da passagem do furacão Katrina
por Nova Orleans. Pág. 27
Mercado editorial Pandemia,
redes sociais e vontade de fazer
parte de grupo impulsionam
segmento jovem. Pág. 28
É Tudo Verdade “Santa Evita”
aborda a morte e a vida da
primeira-dama argentina. Por
Amir Labaki. Pág. 33
Outros Escritos Vozes díspares
sobre o Brasil atual. Por Tatiana
Salem Levy. Pág. 34

2 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 3

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COLUNAnosso
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A perda da
CARVALL
tempo e a demora desse
reajustamento, quase sempre, no
mínimo, o de uma geração inteira

capacidade
sacrificada antes do tempo e de
concluir seu ciclo de vida.
A desvalorização do trabalho decorre

de ser quem
sobretudo da substituição de trabalho
por tecnologia, o que é fatal quando o
progresso técnico é mais rápido do que
o crescimento demográfico. Nessa

somos situação, sempre haverá e tem havido

Os pobres mais pobres
estão perdendo suas
estratégias de
sobrevivência. Por José
de Souza Martins
José de Souza Martins foi professor ti-
tular de sociologia na Faculdade de Filo-
sofia da USP. Professor da Cátedra Si-
món Bolivar, da Universidade de Cam-
bridge, e fellow de Trinity Hall (1993-94).
Pesquisador Emérito do CNPq. Membro
da Academia Paulista de Letras. Entre ou-
tros livros, é autor de "Sociologia do des-
conhecimento – Ensaios sobre a incerteza
do instante" (Editora Unesp, 2021).
4 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Em entrevista a Marcelo Osakabe, do
Valor, Ricardo Paes de Barros,
destacado estudioso da pobreza no
Brasil, chama atenção para o fato de
que os pobres mais pobres estão
perdendo suas estratégias de
sobrevivência. Isto é, a de busca e uso
dos recursos e expedientes de
economia marginal que lhes permita
sobreviver com as sobras, resíduos e
desperdícios do sistema econômico. O
mercado marginal da economia
dominante e propriamente capitalista.
Nessa importante constatação para
compreender a crise econômica e social
atual, o economista desenvolve e sugere
uma reflexão paralelamente sociológica
sobre a economia da pobreza. Perder
estratégias de sobrevivência significa
que, nos diferentes grupos e categorias
sociais, mesmo entre os desvalidos, a
sociedade que inventava soluções de
emergência para suas adversidades
perde sua capacidade de fazê-lo.
Os seres humanos, qualquer que seja
sua condição, reinventam a sociedade
continuamente, à medida que normas e
valores que dão sentido ao seu modo de
viver são corroídos e invalidados por
transformações econômicas, políticas e
sociais que independem de sua vontade.
Isso se torna claramente visível no
que pode ser definido como
sociabilidade do desemprego, quando
a sociedade cria uma estrutura social
paralela com base na invenção de
regras de vida social anômala para
ajustamento de emergência de suas
vítimas às condições disponíveis.
Embora a análise de Paes de Barros
esteja limitada ao que é propriamente
o econômico da pobreza, ela pode ser
compreendida, também, do ponto de
vista social e sociológico. Nesse caso
sua constatação indica a conveniência
de estender a reflexão para outros
aspectos da realidade social para
termos uma compreensão abrangente
do drama social da pobreza e de suas
repercussões na própria sobrevivência
da ordem econômica.
Ressalto dois aspectos desse drama
numa sociedade como esta, hoje
marcada pela reestruturação produtiva,
pela desindustrialização, pelo
desemprego, pela desvalorização do
trabalho mesmo quando emprego há.
Restringida ao propriamente
econômico e à perspectiva do
economista, a pobreza, entre nós,
ainda não dispõe de todo o elenco de
conceitos que podem defini-la e
permitir diagnósticos que possam
fundamentar políticas de sua
superação responsável.
Estados gravíssimos de pobreza,
como a nossa, que chega à enormidade
de 33 milhões de famintos, têm sua
presumível e não comprovada solução
limitada à concepção da economia
neoliberal de que o crescimento
econômico e as transformações dele
decorrentes criarão automaticamente
o reajustamento da sociedade à nova
realidade. Os teóricos dessa linha de
interpretação não levam em conta o
crescente excedente de pessoas sem
lugar, à margem das possibilidades de
ocupação produtiva nesse modelo de
economia. O de cada vez mais
trabalhadores em busca de trabalho do
que de trabalho à procura de
trabalhadores.
Essas interrupções no ciclo de
reinserção no trabalho dessocializam
o trabalhador, invalidam nele o
conhecimento que até então o
mantinha no processo produtivo,
descartam o capital social contido na
formação profissional de quem
trabalha. No limite, desestruturam sua
personalidade e o marginalizam,
socialmente excluído. São os casos de
efetiva exclusão com a morte social,
comuns entre moradores de rua.
Há um segundo problema
decorrente desse processo. Há algum
tempo, começaram a surgir sinais de
que a cultura que assegura a eficácia
dos expedientes do imaginário de
sobrevivência das populações em
estado de penúria estava se esgotando.
O mais significativo dos sinais foi o
da perda de competência imaginativa
dos pobres que chegaram ao limite na
manipulação das impressões que os
outros tinham a seu respeito. Ou seja, a
perda de capacidade de construir sua
imagem social. Na sociedade
moderna, cada um só está integrado se
tiver como definir-se para ser
socialmente aceito e valorizado.
Mesmo em situação de grande
pobreza, muitos ainda conseguem
imaginar-se para serem reconhecidos
e imaginados. É o outro o mediador do
nosso renascimento social cotidiano.
Isso é a sociedade moderna. O
carecimento dessa competência
criativa indica não só que a sociedade
está se tornando radicalmente pobre,
mas que está morrendo. A morte social
das minorias excluídas é a morte da
sociedade inteira. ■
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COMPORTAMENTO
Por que não faz sentido esnobar as séries de TV
Alta qualidade de algumas produções desafia a suposta superioridade dos livros. Por Emma Jacobs, do Financial Times
O
utro dia li um livro, “Vladi-
mir” (sem edição em portu-
guês), de Julia May Jonas.
Foi intrigante e desconcer-
tante, mas essa não é questão. O caso
é que consegui terminar um roman-
ce, algo que vinha tendo dificuldade
em fazer nos últimos dois anos. Meu
Kindle e minha mesa de cabeceira
são agora memoriais ao romance
tombado. Minha dificuldade é decor-
rência da pandemia. Depois de ab-
sorver tantas informações sobre o
novo vírus, a última coisa que eu
queria fazer à noite era ler mais pala-
vras. Voltei-me à televisão.
Primeiro, “High Maintenance” (HBO
Max), a série antológica sobre um trafi-
cante de maconha que entra e sai tran-
24–28 agosto 2022
ARCA, São Paulo
Patrocínio Master
quilamente das casas dos nova-iorqui-
nos, um repositório de leveza em con-
traste com a nauseante claustrofobia da
época atual. Depois, “Party Down” (in-
disponível no Brasil), uma comédia so-
bre escritores e atores desempregados
trabalhando como garçons em eventos
de Hollywood, um lembrete sobre as
alegrias dos relacionamentos casuais.
A recente adaptação do romance
“Persuasão”, de Jane Austen, pela Netflix
tem sido criticada, mas algumas séries
de TV aperfeiçoam os livros. Será que me
atrevo a mencionar “Normal People”
(Starzplay), baseado no livro de Sally Ro-
oney, que criou tal frisson entre fãs que
até a corrente de prata do protagonista
masculino se tornou uma atração?
Os livros de ficção encorajam a “em-
Rotas rasileirra
A ova feira q bra a
riq eza e a diversidade
art brasileira
patia” e o “pensamento crítico”, argu-
menta um artigo da “Harvard Business
Review”. Mas o mesmo acontece com as
séries dramáticas de TV. A adaptação de
Barry Jenkins (Amazon Prime Video)
para “The Underground Railroad: Os
caminhos para a Liberdade”, livro de
Colson Whitehead, transporta os espec-
tadores de modo vívido para o mundo
brutal da escravidão.
Um estudo de 2021 concluiu que “entre
adultos de meia-idade, assistir mais à tele-
visão entre o início e o meio da idade adul-
ta” está “associado a um menor volume de
massa cinzenta”. No entanto, o estudo não
diferenciou os programas. É justo mistu-
rar um canal de compras com a contun-
dente comédia “Atlanta” (Netflix, Star+)?
Em seu livro “I Like to Watch” (sem
Garanta seu ingresso online
em bilheteria.sp-arte.com
@sp_arte
Realização
edição no país), Emily Nussbaum, re-
datora da “New Yorker” e ex-crítica de
TV, observa que, em seus primeiros
dias, a TV de prestígio era comparada a
romances, numa hierarquia que retra-
tava a literatura como arte superior e a
televisão como burra. Às vezes, contu-
do, a comparação literária parece ade-
quada. O trecho final de “I May Destroy
You” (HBO Max), drama de Michaela
Coel sobre consentimento sexual, brin-
ca com a estrutura tão habilmente
quanto um romancista experimental .
Palavras elegantemente trabalhadas
são peças de pura beleza. Mas a maio-
ria dos romances não é arte superior. E
às vezes a TV pode ser mais séria, agra-
dável ou transcendente. (Tradução de
Sabino Ahumada) ■
A exposição, o site e t das as atividades da SP–Arte possuem medidas de acessibilidade
de acesso e de conte do para pessoas com deficiências física, auditiva e visual.
Pronac 193601 – SP–Foto 2020
sp-arte.com
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 5
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RES PUBLICA
Cartas para
A
organização da sociedade
civil brasileira foi
fundamental para evitar
um futuro
qualquer tipo de golpe
contra as eleições presidenciais de
2022. O primeiro round pela
melhor
democracia foi vencido, graças à
utilização de um modelo de cartas de
princípios que firmam
compromissos entre os grupos mais
diversos, como UNE, Febraban,
Modelo do documento centrais sindicais, intelectuais,
em defesa do Estado advogados, Fiesp e outros, a fim de
definir o que é prioritário para o
Democrático de Direito futuro do país. Esse modelo deve ser
precisa ser expandido expandido para outros temas porque
salvar o regime democrático é apenas
para outros temas. Por o ponto inicial a partir do qual
Fernando Luiz Abrucio juntaremos as peças necessárias ao
desenvolvimento do Brasil.
A “Carta às Brasileiras e aos
Brasileiros em Defesa do Estado
Democrático de Direito”,
documento-síntese da mobilização
contra o golpismo, somou-se à
pressão internacional
(principalmente dos EUA),
permitindo que o presidente do
Tribunal Superior Eleitoral,
Alexandre de Moraes, ganhasse o
apoio necessário para que a Justiça
não ficasse mais sozinha na luta
contra os autoritários. Ainda há riscos
democráticos caso Bolsonaro vença e
tente o plano Orbán de expandir os
poderes presidenciais e aumentar o
número de ministros do Supremo
Tribunal Federal. Será preciso criar
instrumentos de monitoramento,
com suporte social amplo e diverso,
para acompanhar e evitar que a
democracia se quebre sem que haja
um golpe de Estado clássico.
Mantida a institucionalidade
democrático-liberal, serão
necessários outros passos para
reconstruir políticas públicas
destruídas nos últimos anos e colocar
o país nos trilhos do século XXI. Esse
processo exigirá diagnósticos
técnicos sólidos sobre os principais
temas nacionais, pois o custo do
amadorismo e do negacionismo
Fernando Abrucio, doutor em ciência polí- científico já foi muito alto e tende a se
tica pela USP e professor da Fundação intensificar com a competição
Getulio Vargas, escreve neste espaço internacional e com a
quinzenalmente complexificação dos problemas em
todo o mundo. Nessa linha de
E-mail: fabrucio@gmail.com solução, documentos vindos de
6 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
diversas áreas e com grande
qualidade apareceram nos últimos
meses. Eles deveriam ser lidos e
discutidos obrigatoriamente por
todos os candidatos e pelas pessoas
preocupadas em melhorar o país.
Um exemplo disso é o “Educação
Já”, documento preparado pelo Todos
Pela Educação. Nele há um
diagnóstico sistêmico da política
educacional, mostrando que não há
uma bala de prata para resolver as
mazelas do ensino brasileiro e que, ao
contrário, é preciso atuar em várias
frentes. Essa proposta não se baseia
apenas em estudos e evidências
empíricas robustas. Ela se alimentou
da experiência prática de um
conjunto seleto de gestores que
conhecem as enormes dificuldades
para fazer reformas e construir
políticas públicas efetivas. Assim, não
basta saber o que fazer; é essencial
saber como fazer.
O “Educação Já” está sendo
apresentado para candidatos em
todo o país e também será discutido
com diversos setores sociais. O
debate educacional é urgente
porque os estudos revelam o desastre
recente do país nessa área, com um
retrocesso gigantesco durante a
pandemia. O fato é que o governo
Bolsonaro não apenas escolheu mal
os seus diversos e inexpressivos a ideia de expandir o modelo das
ministros da Educação. O MEC, como recentes cartas em defesa da
estrutura de gestão, esteve trancado democracia para alguns temas e
nos últimos anos e deixou o país à ações centrais que nenhum governo
deriva. O resultado disso é condenar pode abandonar.
uma geração a ter menos A primeira característica dessa
oportunidades de vida, forma de mobilização social é dizer
particularmente os mais pobres, e o um “não” rotundo a certas práticas e
país a ter menos produtividade e ideias. São coisas que devem ser feitas
pior cidadania no futuro. obrigatoriamente e, se não forem, a
Iniciativas como a do Todos Pela sociedade vai às ruas, juntando da
Educação têm pipocado noutros Febraban à UNE, da CUT à Fiesp. Claro
setores e estão sendo apresentadas à que isso leva a ter um acordo básico
sociedade e aos políticos. Com em relação a menos pontos que os
certeza, é um processo essencial para documentos de especialistas, que são
que o Brasil adote um caminho mais detalhados e profundos. Mas, se
condizente com os desafios de nosso houver o compromisso sobre o
tempo. Porém, o alcance dessas básico, mais chances haverá de as
excelentes propostas pode ser bem propostas mais sistêmicas e bem
menor, ou nem se efetivar, se não elaboradas serem adotadas em
houver uma mobilização ampla da algum grau, provavelmente por um
sociedade em torno delas, gritando a modelo incremental de mudanças.
todos, em praça pública e com O básico é definir que não se pode
cobertura maciça da mídia, quais são escolher um ministro da Educação sem
as prioridades inadiáveis. E aqui entra experiência efetiva em políticas
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educacionais e que não defenda a
escola pública, pois é preciso defender
as crianças e jovens em situação mais
vulnerável. Os últimos comandantes do
MEC tinham horror à população mais
pobre. Outro exemplo: se o ministro do
Meio Ambiente não tiver um
compromisso contra o desmatamento
e pela proteção dos principais biomas,
bem como pela defesa do Ibama, é
preciso ler uma carta contrária a ele por
vários dias até que seja demitido. Essa
leitura deve ocorrer diariamente nos
mais variados locais: no Congresso
Nacional, nas praias mais lotadas do
país, na Bolsa de Valores, no início de
cada jogo do futebol brasileiro e nas
universidades antes de qualquer aula.
No fundo, só é possível fazer uma
mobilização social constante sobre
poucos pontos. Eles devem ser
acordados de forma bem ampla, para
serem defendidos por políticos de
diversos partidos e por muita gente
com diferentes lugares na escala
social. O espaço público, presencial
ou virtual, será mais ocupado pelo
grito contra qualquer barbaridade se
não deixarmos que o essencial se
torne banal.
Expandir o modelo de cartas
mobilizadoras da sociedade tem um
outro ganho: mostrar que as eleições
são o ponto de partida da
legitimidade política dos
governantes, mas o processo
democrático não pode parar aí. É
preciso ter alarmes de incêndio que
acendam mais rápido a cada decisão
que fuja do mínimo indispensável
para o país ser mais justo e civilizado.
Não é aceitável ter um presidente da
Fundação Palmares que
cotidianamente coloque em questão
a defesa dos direitos dos negros,
fazendo troça da enorme
desigualdade racial que há no país,
como se ele fosse um senhor de
engenho do século XIX. Não é
possível ter um comandante da
DANIEL CABALLERO
política cultural que transforme seu
ofício numa forma de desmoralizar a
classe artística. É inconcebível que a
política ambiental seja liderada por
quem quer acelerar o desmatamento
e não acredita na mudança climática.
É o fim do mundo ter um ministro do
MEC que diga que nem todos podem
ter o direito ao ensino superior,
condenando assim os mais pobres a
demorarem mais gerações para
terem uma vida mais digna.
Em suma, não se pode ter gente no
comando do país que não acredite nos
consensos básicos das políticas
públicas. Isso é o caminho para a
barbárie, para a ridicularização do
Brasil nos fóruns internacionais e para
o retrocesso para a realidade
pré-Constituição de 1988, quando
efetivamente se garantiu que os
brasileiros eram iguais entre si. Assim,
todos deveriam se importar com a
democracia e a economia, mas não
podem deixar de lado o restante da
ação governamental que é essencial
para o desenvolvimento mais amplo do
país. O futuro de nossos filhos e netos
será melhor se tivermos refeições para
todos, empregos e direito a voto, só que
as pessoas querem mais do que isso.
Como diria a icônica música dos Titãs:
“a gente não quer só comida, a gente
quer comida, diversão e arte”.
A escolha pelos temas dessas Cartas
mobilizadoras cabe à sociedade, a
partir de um amplo debate e
aproveitando o momento eleitoral. O
cardápio de problemas é grande, mas
é possível pensar em três questões
essenciais para que o país tenha o
mínimo indispensável ao
desenvolvimento justo e sustentável.
O primeiro é o combate a todas as
formas de desigualdade (de renda,
regional, racial e de gênero),
principal empecilho para sermos
uma nação minimamente decente,
utilizando-se de políticas sociais bem
geridas e voltadas a aumentar a
equidade entre as pessoas e as
famílias. O segundo é a defesa da
questão ambiental como o principal
ativo do Brasil para se produzir um
novo ciclo de desenvolvimento,
beneficiando as próximas gerações e
melhorando a posição geopolítica
brasileira. E, por fim, deve-se reforçar
a tolerância e a diversidade como
qualidades culturais e políticas que
permitam o respeito mútuo e façam
com que convivamos com nossas
divergências sem perder o sentido
comum de sermos brasileiros.
Os consensos básicos não apagam
o fato de que há mais de uma maneira
de combater a desigualdade ou
alcançar a responsabilidade fiscal.
Ademais, nem sempre sabemos de
todas as soluções para os problemas
públicos, de maneira que só com
avaliações, debates e aprendizado
com os erros nos tornamos mais
capazes de avançar nas políticas
públicas. De todo modo, cartas
mobilizadoras da sociedade que
partam do mais prioritário podem
evitar que adotemos um caminho
sem volta que nos afaste da resolução
dos desafios do século XXI. Defender
as eleições foi o primeiro passo; agora
urge montar uma agenda mínima
para gritarmos e evitarmos a criação
de um país sem futuro. ■
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 7
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SOCIEDADE

Anovajornada

ARTUR WIDAK/NURPHOTO VIA AP

8 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

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dotrabalho
CEOs discutem os
formatos dos
expedientes
surgidos na
pandemia, em que
pesam a cultura
empresarial e
questões
geracionais. Por
Jacílio Saraiva,
para o Valor, de
São Paulo
D
esde que a pandemia de covid-19
exigiu que parte da população ati-
va fosse para o home office, surgiu
um novo debate no mundo do tra-
balho. A discussão hoje se dá em torno do
desejo de parte dos trabalhadores de atuar
de qualquer lugar quando possível — mesmo
em situações menos adversas — e da visão de
alguns gestores, que sentem a necessidade
de sustentar as relações interpessoais, com
troca de ideias, nas jornadas presenciais.
Segundo CEOs de grandes organizações e
especialistas em recursos humanos entrevis-
tados pelo Valor, o que está em jogo agora,
mais de dois anos depois que novos tipos de
expedientes nasceram, é uma trinca de ati-
vos de que nenhuma firma quer abrir mão: a
cultura corporativa — que faz os funcioná-
rios vestirem a camisa da empresa —, a capa-
cidade de atrair currículos qualificados e a
curva de produtividade ao fim do mês.
“Todos os CEOs com quem converso sa-
bem da importância da adaptação ao mo-
delo híbrido”, afirma Ricardo Basaglia,
CEO do PageGroup Brasil, multinacional
britânica da área de recrutamento. “Mas o
mercado está mudando, exige adaptação e
tem questões geracionais.”
Na opinião do headhunter, que neste ano
lançou o livro “Lugar de potência – Lições de
carreira e liderança de mais de 10 mil entre-
vistas, cafés e reuniões” (Alta Books), o am-
biente de trabalho que boa parte dos gesto-
res de empresas conhecem — e onde foram
“criados” — era presencial “puro-sangue”.
“Naturalmente, há uma preocupação dian-
te de um novo modelo de produção, ainda
não totalmente validado, que requer expe-
rimentação e escuta ativa”, afirma. “À medi-
da que avançamos na flexibilidade [dos ex-
pedientes], será muito difícil voltar atrás.”
Uma evidência desse fenômeno aparece
nos números da pesquisa “Modelos de tra-
balho pós-pandemia”, do PageGroup, PwC
Brasil e com apoio técnico do professor de
estratégia e liderança Paul Ferreira, da Fun-
dação Getulio Vargas (FGV). Realizado em
janeiro de 2022 com 922 profissionais,
sendo 289 em cargos de liderança, o estu-
do revela que 67% dos funcionários prefe-
rem o regime integral de home office ou a
opção híbrida, com uma ou duas idas ao
escritório na semana. Entre as chefias do
C-level, essa preferência cai para 58%.
Já a parcela de profissionais que gostariam
de ir três ou mais vezes ao escritório ou esco-
lhem uma alternativa totalmente presencial
chega aos 23%. Nas diretorias, esse percentual
sobe 12 pontos, para 35%. O relatório também
revela o grupo menos afeito aos regimes re-
motos: a geração “baby boomer”, com nasci-
dos entre os anos de 1943 a 1960.
“A maioria dos CEOs tem a necessidade de
ter os empregados à vista não por causa do pa-
drão de trabalho, mas por um passo anterior
[à pandemia], de como lidam com a questão
da confiança”, explica Basaglia. “Ainda há vi-
sões antigas de gestão, como olhar a hora em
que o funcionário chega ou sai da mesa.”
Para o consultor, o cenário que hoje abri-
ga a expectativa dos líderes sobre uma possí-
vel perda de produtividade, com departa-
mentos inteiros em home office, e a visão
dos profissionais parcialmente remotos,
que entendem que tudo está funcionando,
ainda vai perdurar por muito tempo. “O de-
safio é saber que parâmetros utilizar para
avaliar o que será mais eficiente para a em-
presa e como isso deve funcionar, em termos
de maleabilidade, para a força de trabalho.”
Na XP Inc., com 6,3 mil empregados, tu-
do indica que o caminho do híbrido não
terá volta. Do conjunto, cerca de 90% traba-
lham em um sistema que a companhia
chama de “XPdeQualquerLugar” — ou sem
a obrigatoriedade de estar no escritório.
“Atualmente, 50% dos funcionários moram
fora da Grande São Paulo [sede do grupo]”,
diz o CEO Thiago Maffra.
O executivo percebe que, mesmo assim,
as equipes estão cada vez mais integradas e
eficientes. Uma pesquisa trimestral finali-
zada em junho, com 80% de adesão do qua-
dro, sobre a liberdade de definir o tipo de
jornada, com escolha de horários e local de
trabalho, atingiu uma nota de 8,9, sendo 10
a máxima. “O melhor é que agora temos
equipes mais diversas e não há fronteiras
para contratar”, diz. Sete por cento da folha
da XP estão nas regiões Norte e Nordeste. “É
claro que são necessários ajustes. E temos
feito isso, inclusive a partir de observações
diárias sobre o que vai bem ou não.”
Maffra diz que a área de RH da empresa
tem estudado alternativas para a produção
remota. “Estamos rodando um piloto de três
meses a fim de avaliar o interesse dos times
em frequentar coworkings fora do estado de
São Paulo”, afirma. “Se for bem-sucedido, de-
vemos oferecer como um benefício.”
Segundo o CEO, de forma geral, mesmo
operando remotamente desde o início da Escritório de
pandemia, a produtividade não caiu. “En- advocacia em Dublin,
tregamos o maior resultado da nossa his- Irlanda: novos
tória”, diz. O grupo encerrou 2021 com um modelos de rotina de
lucro líquido ajustado de R$ 4 bilhões, 76% trabalho variam
maior do que o verificado em 2020 e quase segundo geração e
quatro vezes o montante registrado em cultura empresarial,
2019, ano do IPO da companhia, quando entre outros fatores
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 9
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atingiu um lucro de R$ 1,1 bilhão.
“Trabalhar a partir de qualquer lugar
nos deixou mais próximos do que quando
íamos todos os dias para o mesmo ponto”,
afirma. Para isso continuar acontecendo, a
corporação investe em “encontros” remo-
tos mensais, com todo o quadro, além de
reuniões a distância com os líderes, convi-
dados por Maffra ou pelo fundador da XP,
Guilherme Benchimol.
Por outro lado, Eduardo Lucena, CEO da
THB Brasil, corretora global de seguros com
300 funcionários no país e mais de mil em
todo o mundo, vai quatro dias por semana
ao escritório, mesma rotina praticada por
todo o contingente. “Prefiro estar 100% do
tempo na companhia”, ressalta o executivo.
“Há ganhos de agilidade nas entregas e no
engajamento com o time.”
Mesmo cético em relação aos benefícios
do home office, Lucena observa que, depois
dos impactos da crise sanitária, algumas
das vantagens do hábito remoto são incon-
testáveis. “O período causou uma acelera-
ção na transformação digital dos negócios,
e vimos que respeitar as características de
cada funcionário gera aumento de perfor-
mance”, afirma o CEO, baseado em São Pau-
lo, mas com subordinados diretos no Rio de
Janeiro e Ceará, em departamentos como
jurídico e financeiro. A THB Brasil, que teve
aumento da receita em 24% no primeiro se-
mestre de 2022 ante o período anterior, de-
ve contratar 80 pessoas ainda em 2022, sen-
do 27% para cadeiras de comando.
Para Larissa Diniz, gerente-geral da pro-
dutora de chocolates Hershey na América
Latina, que coordena as operações da fabri-
cante em 20 países, acompanhar equipes a
distância nunca foi um problema. “Desde
2015, faço a gestão de times internacionais
com plataformas virtuais”, diz a executiva,
que cumpre jornadas presenciais duas ve-
zes por semana. “A ida ao escritório ganhou
um novo propósito, de criatividade e cocria-
ção. Já o trabalho em casa favorece ativida-
des que pedem mais concentração ou uma
agenda de reuniões virtuais, sem perder
tempo com deslocamentos.”
Diniz explica que mesmo com a “oficiali-
zação” da cartilha híbrida, neste ano, na
Hershey, com mais de 650 empregados no
Brasil, a direção não indica os dias em que
os executivos precisam estar “fisicamente”
no batente. “Eles vão quando entendem
que há necessidade.”
Desde junho, como sinal de que o destino
híbrido ganha tração, o escritório central da
fornecedora no país passou a funcionar em
uma unidade da WeWork, rede global de
espaços de trabalho, no bairro paulistano
10 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
ANA PAULA PAIVA/VALOR
Segundo o CEO da XP da Vila Madalena. “Acredito na liberdade de
Inc., Thiago Maffra, escolha dos funcionários”, diz.
mesmo operando O trabalho remoto tem proporcionado
remotamente desde uma mentalidade diferente, de como
o início da pandemia, “olhar” para as pessoas, avalia Arthur Diniz,
a produtividade não CEO e fundador da consultoria Crescimen-
caiu: “Entregamos o tum, especializada em programas de lide-
maior resultado da rança, cultura organizacional e coaching.
nossa história” “Não existe mais a cobrança de ‘eu preciso
ver o seu trabalho e saber o que você está fa-
zendo’”, afirma. “A conversa agora é falar so-
bre como os resultados serão atingidos e de
que maneira os líderes podem ajudar as
equipes a alcançar o seu melhor.”
Marco Stefanini, fundador e CEO global
do Grupo Stefanini, multinacional brasilei-
ra de soluções digitais presente em 41 paí-
ses, também tem aplicado o “livre arbítrio”
no organograma. “Vimos que pode dar cer-
to”, diz. Até a pandemia, apenas 120 funcio-
nários da companhia, com 17 mil emprega-
dos no Brasil e cerca de 30 mil no exterior,
atuavam em home office. Hoje, mais de 90%
estão no híbrido, sendo que até 70% dessa
fatia operam predominantemente de casa.
“Com o confinamento obrigatório, coloca-
mos em prática um projeto que estava sendo
pensado e foi acelerado”, diz. “A ideia é incen-
tivar a contratação de talentos em qualquer
lugar, mesmo que não haja um escritório nos-
so na cidade do candidato.” Stefanini explica
que a facilidade ajuda a atrair currículos, es-
pecialmente entre as novas gerações. O traba-
lho híbrido atende a uma demanda da gera-
ção Z (nascidos a partir de 2001), diz.
“Mas os encontros presenciais, uma ou
duas vezes por semana, são importantes”,
afirma. “Não há nada que substitua um en-
contro que, muitas vezes, não acontece
com a mesma fluidez de uma reunião vir-
tual. Gosto muito do ‘olho no olho’.”
Jorge Kraljevic, sócio da Signium, con-
sultoria de recrutamento para o alto esca-
lão, alerta que mostrar opções múltiplas de
“endereços” de trabalho já virou cartada
decisiva para fisgar um profissional quali-
ficado. “Grande parte dos executivos que
avaliamos para projetos no C-level, do fim
do ano passado até agora, trabalhava no
regime híbrido ou em home office. Perma-
necer assim tornou-se uma premissa para
que aceitem concorrer a uma vaga”, afirma.
“Além de não estarem integralmente dis-
poníveis para projetos 100% presenciais,
todos queriam entender qual seria a perio-
dicidade dos dias no escritório — se duas,
três ou quatro vezes na semana.”
Segundo o consultor, ainda que os profis-
sionais tenham se mostrado eficientes no mo-
do a distância, é fato que quando se juntam
nas sedes, a produtividade escala. “É no papo
do corredor que é possível resolver dúvidas
que surgem na discussão de um projeto”, afir-
ma. “Os profissionais entenderam que existe a
necessidade de se encontrarem em um local,
porém não mais como antes, por cinco dias.”
A troca de ideias, na hora do almoço ou no
café, permite ir além dos assuntos profissio-
nais e estabelece uma conexão pessoal im-
portante, concorda Edson Franco, CEO da
seguradora Zurich, com 1,4 mil funcioná-
rios no Brasil. “Trata-se de construir um capi-
tal social que só existe com a interação”, afir-
ma. “A qualidade dos resultados corporati-
vos tem uma alta relação com os relaciona-
mentos que somos capazes de desenvolver.”
Franco, que procura bater ponto no es-
critório, no bairro do Brooklin Novo, em
São Paulo, pelo menos três ou quatro vezes
na semana, acredita que o momento é de
observação, aprendizagem e ajustes. Desde
abril, a maior parte da companhia ou 71%
do quadro adota a regra híbrida, com ape-
nas dois dias no presencial.
“As relações profissionais se transforma-
ram, e para continuar a atrair e reter talen-
tos, precisamos promover mudanças tam-
bém.” Nessa linha, o “híbrido” da Zurich
funciona com mais dois padrões, além da
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Percepção por cargo e modelo de trabalho, em % Produtividade no remoto, Profissionais que procuram por
Preferem regime integral de home Preferem ir 3 ou mais vezes ao em % trabalhos que ofereçam
office ou modelo híbrido com 1 ou 2 escritório ou um regime flexibilidade, em %
idas ao escritório, por semana totalmente presencial
85
67 68
58 71

40
35
23

Funcionários Gestores C-level Funcionários Gestores C-level Funcionários que afirmam Gestores C-level que No Brasil No mundo
que são mais produtivos ou acreditam que não há
muito mais produtivos diferença nas entregas

Vai ao escritório hoje?

Maioria dos brasileiros prefere trabalhar no
“presencial” até duas vezes na semana

Percepção por gênero, em % Percepção por gerações, em %

Preferem home office integral Podem realizar todas ou quase Preferem regimes totalmente remotos
ou híbrido com 1 ou 2 idas ao todas as tarefas no home office
escritório, na semana
78
73

61 64
59

28
22 20

Geração Z/nascidos Geração Y Geração X Baby

Mulher Homem Mulher Homem a partir de 2001 1982-2000 1961-1981 boomers/1943
-1960

Fonte: “Modelos de trabalho pós-pandemia”/PwC Brasil, PageGroup e professor Paul Ferreira, da FGV, com 922 pessoas, sendo 289 lideranças, em janeiro e fevereiro de 2022; “Randstad Workmonitor”/Randstad, com 30 mil pessoas, abril de 2022.

Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 11

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opção de dois dias na empresa: totalmente
presencial para equipes de 27 unidades co-
merciais do Brasil, que abrangem 12% dos
funcionários, e 100% remoto para os ope-
radores do call center, que não é terceiriza-
do, e somam 17% do quadro.
“De modo geral, tem dado muito certo,
mas com a necessidade de adequações, co-
mo observar se as equipes se reúnem pre-
sencialmente pelo menos uma vez ao mês,
e garantir que, quando os funcionários es-
tão juntos, que incluam também os cole-
gas remotos”, diz Franco. “São ações que
proporcionam engajamento e fortalecem a
cultura da empresa.”
Pesquisa realizada pela Zurich entre ja-
neiro e fevereiro de 2022 com 232 funcioná-
rios (25% do total) elegíveis ao trabalho hí-
brido, sinaliza que somente 4% escolheriam
a norma presencial, ante 96% que se identifi-
cam com a opção mista. Sobre os aspectos
fortes e fracos do expediente remoto, 83%
mencionaram a economia de tempo, por
conta do fim dos trajetos no trânsito, como o
maior destaque, e 52% apontaram a falta de
contato físico como a principal fraqueza.
No mundo pós-pandemia, o antigo prin-
cípio de “comando e controle” dos funcioná-
“Trata-se de construir
um capital social que
só existe com a
interação”, diz Edson
Franco, CEO da Zurich;
para Larissa Diniz, da
Hershey, acompanhar
equipes a distância
nunca foi um problema
12 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
rios perde espaço e prevalece a confiança en-
tre líderes e liderados, afirma Franco. “Dar
autonomia é fundamental.” Entre 2020 e
2021, no pico da crise da pandemia de co-
vid-19, a Zurich acusou um incremento de
17,9% em prêmios emitidos via corretores.
Em março deste ano, fechou parceria com o
Banco Carrefour para ampliar as vendas.
“Praticamente todas as negociações aconte-
ceram por videoconferência”, diz.
Na avaliação de Luiz Valente, CEO da
holding de recrutamento e seleção de exe-
cutivos Talenses Group, está claro para a
maioria das diretorias que a produtividade
e os níveis de satisfação dos clientes cresce-
ram na pandemia. “Sob a ótica da perfor-
mance financeira, há pouco espaço para
questionar a eficiência do home office ou
do híbrido”, pondera. “Acontece que as cor-
porações não são construídas mirando
apenas um curto período ou o resultado
do ano fiscal. Companhias longevas tra-
çam planos de longo alcance.”
Para isso, de acordo com Valente, fatores
como rituais de gestão, entre eles reuniões
de acompanhamento de projetos, e o trei-
namento dos executivos precisam ser traba-
lhados diariamente. “É nesse contexto que a
CLAUDIO BELLI/VALOR
discussão ‘remoto-presencial-híbrido’ vai
ganhar corpo e visões diferentes.”
O especialista afirma que a maior parte dos
líderes com quem debate o tema compreende
que há uma transformação profunda e, possi-
velmente, irreversível, na forma como as pes-
soas estão se relacionando com o trabalho.
Também já sabemos que o distanciamento fí-
sico completo do empregador promove, a
médio prazo, perdas críticas, de engajamento
ou na sinergia das equipes, ressalta.
“O que estamos observando é um ‘ajuste
do pêndulo’: nem o expediente sempre re-
moto, nem aquele totalmente presencial”,
diz. “A jornada híbrida, com um plano de
ação que oferece momentos de integração
e mentorias, parece ser a mais equilibrada
e eficiente para os dias atuais.”
Para Kraljevic, da consultoria Signium, não
há uma fórmula pronta ou a receita ideal de
montar expedientes. “Cada empresa constrói,
de forma colaborativa, um padrão para tocar
o dia a dia, implementar estratégias e dissemi-
nar a sua cultura”, avalia. “O híbrido de alguns
anos atrás é diferente de hoje, que vai ser di-
verso do que teremos nos próximos anos. O
que não dá mais é simplesmente exigir o ‘pre-
sencial’ como era antes.” ■
GERMANO LÜDERS/DIVULGAÇÃO
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O charme
MARLENE AWAAD/BLOOMBERG
ra o Grupo Castel, então um grande ne-
gociante de Bordeaux e hoje o maior con-
glomerado de bebidas da França.

dos ‘cavistas’
Ainda que em menor número, os cavis-
tas independentes desempenham seu
papel, tendo como diferencial a possibili-

parisienses
Pequenos comerciantes
eram garantia de boa
conversa e bons
conselhos que permitiam
descobertas. Por Jorge
Lucki
Jorge Lucki escreve neste
espaço semanalmente
E-mail:
Colaborador-jorge.lucki@valor.com.br
Supermercados respondem por cerca de 80% dos vinhos consumidos em casa, na França
É inevitável que a necessidade de
adaptação à atual conjuntura socioeco-
nômica e às novas tecnologias de co-
municação tire grande parte do ro-
mantismo das grandes cidades. Paris
não escapa desse destino. O Sena e a
Pont Neuf continuam lá, assim como
tantos outros lugares que fazem a festa
de qualquer fotógrafo amador e de ca-
sais em lua de mel. A diferença está na
mudança de hábitos dos parisienses e
pode ser notada na preferência cada
vez mais acentuada por compras em
grandes cadeias de supermercados, em
detrimento do pequeno comércio. Se o
pão, pelas suas peculiaridades, conti-
nua sendo comprado nas “boulange-
ries”, o mesmo não ocorre com o vinho:
são cada vez mais raros os pequenos e
confiáveis “cavistas” de bairro.
O conselho amigo e especializado, que,
junto com uma boa conversa, permitia
novas descobertas e compras seguras, foi
substituído por uma relação impessoal
entre um comprador indiferente e uma
insípida garrafa exposta numa prateleira
bem iluminada. Não há fidelidade a mar-
cas ou regiões e a atenção está voltada pa-
ra rótulos em promoção. Os supermerca-
dos respondem por cerca de 80% dos vi-
nhos consumidos em casa, na França.
A entrada dos poderosos afetou tam-
bém as redes de lojas especializadas,
que, por sua vez, já haviam invadido o
espaço dos cavistas de bairro. Embora
não tenham o mesmo charme, não há
como desprezar sua importância. A Ni-
colas, principal rede francesa, com
mais de 500 lojas no país e outras fora,
tem história e méritos.
O primeiro “magasin” Nicolas foi inau-
gurado em 1822, oferecendo ao longo do
tempo um serviço honesto e inovador —
entre tantos, foram os primeiros a vender
vinhos em garrafas e a propor entrega a
domicílio. Se não tinham a mesma quali-
dade de contato pessoal com os clientes,
compensavam a deficiência com publica-
ções educativas e artigos bem elaborados.
Nos anos 1980, o catálogo com os pre-
ços dos vinhos propostos vinha encarta-
do no “Monseigneur le Vin”, o “Jornal do
Nicolas”. Diante da impossibilidade de
trabalhar com vinhos personalizados, de
pequena produção, ofereciam em con-
trapartida uma seleção de grandes bor-
deaux a preços atraentes, fruto dos fortes
laços que desde sempre mantinham na
região. De fato, até 1966, quando os gran-
des châteaux não eram obrigados a en-
garrafar seus vinhos na origem, boa parte
dos Grand Cru Classés vinha com o ca-
rimbo Nicolas no rótulo. O vinho era en-
viado para Paris e engarrafado em adegas
subterrâneas. A coleção era impressio-
nante, com uma quantidade imensa dos
melhores vinhos de safras raras.
Ao lado de rótulos famosos, para clien-
tes especiais, a Maison Nicolas se susten-
tava com vendas de grandes quantidades
de vinho de mesa. A queda no consumo
desses vinhos, a concorrência das “gran-
des surfaces” e problemas administrati-
vos resultaram na venda da rede para o
grupo Remy Martin, em 1985; apenas três
anos depois nova mudança de mãos, pa-
dade de oferecer vinhos de pequenos
produtores que não têm quantidade,
nem vontade, para estar em grandes ca-
deias. Exatamente por isso, as lojinhas
são fonte segura para se descobrir um ró-
tulo que alie prazer do paladar a agradá-
vel surpresa. Desapareceram, no entanto,
todos aqueles personagens pitorescos,
com história para contar, aparentemente
perdidos no meio de tantas garrafas.
Lembro, particularmente, do baixi-
nho Jean-Baptiste Besse com sua inde-
fectível “casquette” e aquele brilho no
olhar, próprio de quem trabalha com
paixão. A lojinha, situada no coração do
Quartier Latin, aberta lá pelos anos
1930, teve clientes fiéis, como Ernest
Hemingway e Jacques Brel. Eles, assim
como a grande maioria dos que o co-
nheciam, não vinham com uma garrafa
em mente; saíam, depois de muita pro-
sa, com uma recomendação certeira. O
local permaneceu fechado por um bom
tempo, depois que monsieur Besse fale-
ceu em meados da década de 1990, vol-
tando sob outro comando. Passei em
frente algum tempo depois, mas não
entrei. Aparentemente tinha bons vi-
nhos, mas faltava aquela aconchegante
bagunça — o estoque devia estar guar-
dado na memória de um computador.
Organização não significava, necessa-
riamente, falta de alma no que se refere a
lojas de vinho da época. Não se poderia
esperar algo diferente na Caves de la Ma-
deleine, tendo como proprietário al-
guém tão “british” como Steven Spurrier,
um dos personagens mais emblemáticos
do cenário vinícola internacional dos úl-
timos tempos. Ao lado, ele também tinha
aberto a Academie du Vin de Paris, onde
cheguei a fazer vários cursos entre 1978 e
1979. Desanimado com uma série de
problemas nos negócios, Spurrier voltou
para a Inglaterra em 1990, desligando-se
de qualquer contato comercial com vi-
nho. Sem ele, a casa não foi em frente.
Por meio de Spurrier conheci a histó-
rica Caves Legrand, a primeira butique
de vinhos da França, fundada no século
XIX. A Legrand e outros cavistas impor-
tantes da atualidade em Paris serão as-
sunto da coluna da semana que vem. ■

Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 13

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À MESA COM O VALOR - PAOLA CAROSELLA
Mais do que celebridade com milhões de seguidores e algumas
polêmicas, chef é empresária versátil com planos de expansão de
rede. Por Maria da Paz Trefaut , para o Valor, de São Paulo
A tradutora
de sabores
F
az tempo que Paola Carosella pensa
em português e tem alguma dificul-
dade para falar espanhol perfeita-
mente. Agora a chef de cozinha ar-
gentina é brasileira. Após 21 anos de resi-
dência no país, com uma filha brasileira de
10 anos, o principal motivo da naturalização
foi a obtenção dos direitos políticos para po-
der votar. “Era importante ter todos os direi-
tos e as obrigações também”, diz. “Tenho
uma lembrança muito forte de quando eu ti-
nha 11 anos, em 1983, e minha mãe votou
depois de vários anos de ditadura militar na
Argentina. Guardo a imagem do momento
em que ela se agachou ao meu lado, chorou e
explicou que votar era a maior responsabili-
dade de qualquer ser humano.”
Por outro lado, ela não tem coragem de
dizer que se sente brasileira. Qual brasilei-
ra? Paulistana? “A definição da mulher bra-
sileira é gigante, e eu não tenho os compo-
nentes. Mas também não sou argentina
14 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
nem italiana. Eu estou aqui, faço muito es-
forço para me sentir parte. Todos os meus
mergulhos são na cultura brasileira.”
Para celebrar a nova nacionalidade —
além da argentina, também possui a italia-
na —, Paola escolheu o Tordesilhas, em São
Paulo, para este “À Mesa com o Valor”. Mara
Salles, chef-proprietária do restaurante,
pesquisadora e espécie de mestra da cozi-
nha brasileira de raiz, vem recebê-la quan-
do ela chega acompanhada pelo sócio Ben-
ny Goldenberg e por seu assessor. Alta e ma-
gra, com os cabelos presos num rabo de ca-
valo, ela usa óculos, veste calças compridas
e o clássico trench coat da marca inglesa
Burberry sobre um suéter bege.
Pouco depois, já sentada, explica a esco-
lha do lugar. “Eu não faço comida brasileira,
mas amo”, diz. “A Mara, além de ser uma sa-
cerdotisa, tem uma coisa rara de se ver hoje
em dia: é uma chef que fica dentro da cozi-
nha todo santo dia. Gosto tanto da comida
dela que este é o restaurante onde comemo-
ramos todos os aniversários da família.”
Mais do que uma chef-celebridade, Paola
Carosella se converteu em empresária. O res-
taurante Arturito, aberto em 2008 no bairro
de Pinheiros, em São Paulo, atualmente repre-
senta apenas 11,5% do faturamento de seus
negócios, que incluem 32 unidades próprias
da cadeia de empanadas La Guapa. Fundada
em 2014 e com 400 funcionários, a rede tem a
previsão de chegar a 40 unidades até o fim do
ano. Com o aumento da capacidade de produ-
ção, serão mais de 500 mil empanadas por
mês — todas feitas à mão — que sairão da fá-
brica de 2,5 mil m2 na Vila Leopoldina.
Após passar anos fechada na cozinha de
restaurantes, Paola despertou para a vida
pública. Primeiro na televisão, em 2014, co-
mo jurada na primeira temporada do “Mas-
terChef Brasil”, na Band, onde atuou ao lado
do francês Erick Jacquin e de Henrique Fo-
gaça no programa comandado pela jorna-
Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais LULA

Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 15

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GALERIA lista Ana Paula Padrão. Concomitantemen-
CAROL GHERARDI/DIVULGAÇÃO te a isso, se tornou uma referência nas redes
sociais. Quando começou a atuar na TV, ti-
nha mais ou menos 200 seguidores no Twit-
ter e 4 mil no Instagram. Hoje são 5,2 mi-
lhões no Instagram e 1,7 milhão no Twitter,
onde entra com pouca frequência.
Entre seus seguidores há um pouco de tu-
do. Especialmente uma leva de mulheres jo-
vens que a consideram uma fonte de inspira-
ção. Nas redes, ela recebe declarações de
amor, pedidos de casamento, relatos de his-
tórias pessoais, elogios. E também críticas e
declarações de ódio. “No primeiro ano havia
um misto de comentários amorosos e um ní-
vel de agressão um tanto desproporcional, a
Com Henrique Fogaça, Ana Paula Padrão e Erick Jacquin no ‘MasterChef’ meu ver, para aquilo que eu provocava.”
ACERVO PESSOAL Ela exemplifica com os momentos em que
algum participante querido era eliminado do
“MasterChef”. “A pessoa mandava mensagens
muito fortes, do tipo: ‘Morre! Vai embora, sua
vaca! Quem você acha que é?” Paola era o alvo
dos comentário mais agressivos. “Jacquin
também é estrangeiro, mas um francês tem
outro prestígio do que uma argentina. Não
que Jacquin e Fogaça não sofressem... mas eu
também falo e me manifesto mais.”
À medida que os seguidores começaram a
crescer, ela perdeu o controle e já não sabia
muito bem quem a observava nesse universo.
Em 2009 no Arturito, que hoje representa 11,5% de seus faturamentos Com o aumento do ódio político no Brasil,
ARQUIVO PESSOAL houve um direcionamento. “Com o tempo,
passei a ter participação ativa nas redes sociais
falando de outras coisas além da cozinha.” A
primeira grande agressão foi quando disse
que Sergio Moro não era um juiz imparcial.
“Foi uma grande bomba com repercussão em
jornais, comentários na rádio Jovem Pan,
agressões no Twitter, criações de perfis falsos.”
A mais recente polêmica foi consequên-
cia de uma fala dela, em maio, num podcast,
quando disse, ao responder a uma pergun-
ta, que não se relacionava com bolsonaris-
tas porque não havia nenhum próximo de-
la. O relacionamento com eles, explicou, só
Aula de cozinha em Guaianases, em ação contra o trabalho infantil se dá nas redes sociais. Novamente foi dis-
ARQUIVO PESSOAL parada uma onda contra a chef.
Entre vídeos que buscavam desqualificar
Paola, dizendo que ela estava falida, vendendo
empadas na rua, surgiu uma fala real da chef
numa entrevista de 2019 à jornalista Ana Pau-
la Padrão. Na conversa, ela admite que, após
um tempo de sociedade com argentinos no
Arturito, deixou o negócio “abandonado” pa-
ra derrubar o faturamento e “baixar” o valor da
participação de seus sócios. O objetivo era pro-
por a compra da parte deles por um preço me-
nor. Ao resumir a história, a jornalista afirmou:
“Então, você matou o próprio filho!”. Paola
Com a filha, Fran: “Vivemos um momento de quebra de paradigma” concordou. “Quando falei que ‘matei meu pró-
prio filho’, eu quis dizer que era muito difícil
16 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
ver o negócio morrer e não ter liberdade ou re-
cursos para salvá-lo.” Segundo Paola, “o vídeo
original tem vários cortes, o que é absoluta-
mente normal num programa de TV”.
Na época, a chef era proprietária apenas
do Arturito, sua única fonte de renda. A Lei
Antifumo e o endurecimento do controle de
teor alcoólico dos motoristas levaram a uma
queda grande na receita. O restaurante abria
apenas à noite, e o faturamento despencou.
“Foi aí que eu levantei a bandeira de que pre-
cisávamos mudar algumas coisas e abrir no
almoço, mas meus sócios não tinham inte-
resse em investir, o que fez o faturamento
cair ainda mais. Precisei pegar um segundo
emprego para poder me sustentar.”
Com a anuência dos sócios, passou a tra-
balhar de dia como diretora de operações
no Rubaiyat e à noite no Arturito. “Só tive
capacidade para encarar o desafio quando
criei coragem para comprar a parte dos de-
mais sócios no restaurante. Fiz um emprés-
timo sozinha num banco e demorei três
anos para quitar”, conta.
Chega à mesa a primeira entrada: caldi-
nho de peixe com beiju de mandioca. “Este
beiju é divino, eu sei fazer”, diz, ao experi-
mentar. Paola começou a cozinhar profis-
sionalmente aos 18 anos e até os 26 perma-
neceu na Argentina. Chegou a São Paulo
depois de viver em Paris, Londres e Nova
York. Ela diz que se estabilizou no Brasil.
Deixou de ser nômade. “Construí uma fa-
mília: tenho uma filha de 10 anos, sócios,
negócios e amigos. Foi ficando cada vez
mais claro que meu lugar era aqui.”
Até o “MasterChef”, ela era uma cozinheira
cult. Veio ao Brasil para ser subchef do Figuei-
ra Rubaiyat a convite do argentino Francis
Mallmann, com quem havia trabalhado em
Mendoza e Punta del Este. Depois de seu pri-
meiro voo solo no Julia Cocina, veio o Arturito.
O nascimento de Francesca, a estreia na televi-
são e o novo sócio, com quem está até hoje em
todos os negócios, mudaram sua vida.
“No ‘Master’ éramos três sem nenhuma
experiência na TV”, lembra. “Foi como ir
andando no escuro num espaço totalmen-
te diferente do que estava acostumada.”
Paola conheceu Ana Paula Padrão no dia
em que posou para as fotos de divulgação
do programa. “Não sabia quem ela era.
Imagina meu grau de alienação por passar
o dia inteiro num restaurante.”
No primeiro ano o impacto foi em parte
negativo: era difícil o público aceitar uma
mulher argentina julgando cozinheiros. “A
ironia e o cinismo não são tons muito popu-
lares, pelo menos nos programas do horário
nobre na TV. A gente foi muito criticado.” A
partir do segundo ano, Paola ganhou uma
 “
Acesse nosso canal no Telegram @BrasilJornais CAROL CARQUEJEIRO/VALOR

Como você
traduz comida em
palavras? (...)
Vi que era possível
adjetivar a comida
para que as pessoas

”
em casa tivessem a
percepção

base de seguidores mais carinhosos. “Fui

descobrindo o meu lugar”, diz.
Para ela, ficou claro para que tinha esco-
lhido ser uma espécie de tradutora de sabo-
res para o público. “Como você traduz comi-
da em palavras? ‘Gostei ou não gostei’ é
muito subjetivo, mas vi que era possível ad-
jetivar a comida para que as pessoas em ca-
sa tivessem a percepção.” Paola compara
sua atuação como a de uma professora.
“Gosto de explicar os porquês”, conta.
Outra mudança foi no visual. No início ela
se sentiu “um pouco impostora” no estúdio de
gravação por ter de usar maquiagem e salto
alto. Essas coisas não lhe eram habituais. Diz
que sempre foi “muito cozinheira”. Trabalha-
va de cabelo preso sem pintar as unhas ou
usar maquiagem. “Mas a experiência na TV
me ensinou que ser mais produzida, mais fe-
minina, não me tirava outros talentos.”
A televisão abriu várias janelas “para a be-
leza e para muitos Brasis, para a sociedade
com seus preconceitos e desigualdades” e
também para a comida brasileira, que co-
nhecia pouco. “Até ali eu estava sempre fo-
cada na cozinha, sem tempo para ter ami-
gos, porque o restaurante é um ambiente
um pouco hostil nesse sentido.”
Mara Salles traz pasteis de camarão e de car-
ne e explica qual pimenta usar com cada um.
O Tordesilhas tem as próprias pimentas. Em
seguida, chega a casquinha de siri e é feita a es-
colha dos pratos. Paola nem olha o cardápio e
pede moqueca de peixe e camarão feita à mo-
da capixaba, sem azeite de dendê.
Prestes a completar 50 anos, ela se conside-
ra uma cozinheira cada vez mais clássica, da-
quelas que executam bem pratos que já exis-
tem. “Não sou criativa, nunca fui de inventar”,
afirma. Cresceu numa família com cozinha
italiana e trabalhou durante sete anos com
Mallmann, que comandava uma cozinha com
forte sotaque italiano. “Com a maturidade a
gente vai abrindo mão de alguns preconcei-
tos. Antes eu ficava me preocupando com a
ideia de que as pessoas esperavam de mim
uma comida de chef, mais contemporânea. O
que eu amo fazer é massa, nhoque.”
A chegada de Goldenberg como sócio arru-
mou a administração e a governança. Ele era
dono do restaurante Manjare, fechado no ano
passado, e começou a ajudá-la informalmen-
te. Hoje, partilham tudo nos negócios. No La
Guapa, 51% são do fundo de private equity
Concept Investimentos; o restante os sócios
dividem. Nesse compartilhamento estão in-
cluídos os negócios de gastronomia, o canal
Paola Carosella no YouTube e a nova produto-
ra de televisão, a Humita.
“Amo gravar meu canal no YouTube”, diz.
“Além de cozinhar, cada vez mais gosto de
O canal de Paola
chega a ter 100 mil
visualizações por dia:
“Tenho um
encantamento pela
comunicação”
pensar, produzir, imaginar.” O canal tem 1,8
milhão de inscritos e visualizações que che-
gam a 100 mil num dia. É patrocinado por Ba-
rilla e Eisenbahn. A maior parte dos especta-
dores tem entre 18 e 34 anos. Agora foi lança-
do um novo programa no canal, “Nosso Bra-
sil”, cujo primeiro episódio teve gravação no
Recôncavo Baiano, no Quilombo do Dendê,
com mulheres que fazem siri catado, mariscos
do mangue, farinha de mandioca e beijus.
“Tenho um encantamento pela comunica-
ção. Pelas telas. A TV me conquistou.” Paola
diz que está num momento bom e intenso.
“Mas me pergunto onde focar para não des-
perdiçar energia. Não tenho mais 25 anos, e
a vida é uma só.” O que ocupa mais sua cabe-
ça? Ela ri. “Minha cabeça é um caos. Estou em
todos os lugares ao mesmo tempo.”
O canal, gravado na cozinha de sua casa, é
o que toma mais tempo: cerca de três dias
por semana. Ao Arturito vai uma vez por se-
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 17
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mana, e o chef-executivo vai à sua casa a cada
15 dias para revisar o cardápio e testar novas
receitas. No La Guapa, faz desenvolvimento
de produtos — empanadas, doces — e parti-
cipa da decoração das lojas. “Gostaria de ter
mais tempo para estar mais nas lojas, mas as
interrupções das pessoas para tirarem fotos
dificultam”, diz. “Não é ruim, é maravilhoso,
mas tira o rendimento de meu dia de traba-
lho. Comecei a me esconder mais.”
O La Guapa foi criado já para ser reproduzi-
do e com uma preocupação com o futuro. O
objetivo era ser um modelo de negócio lucra-
tivo, que não precisasse de um chef presente.
A inflação é, atualmente, o maior complica-
dor do ramo alimentar. “Saímos muito ma-
chucados da pandemia, e a inflação está bom-
bando.” As casas não fecharam, nem mesmo
durante o lockdown, em 2020. No próprio Ar-
turito, o delivery foi inventado no dia seguin-
te, e assim conseguiram se sustentar.
Em casa, Paola faz especialmente sobre-
mesas. “A Fran adora e dá notas.” Fora isso, a
filha gosta de hambúrguer de delivery, con-
fessa em voz baixa. Ao falar da experiência
de ser mãe, conta como a diferença geracio-
nal é interessante. “Vivemos um momento
de quebra de paradigma, muitas coisas que
minha geração aprendeu já não existem
mais, nem para o bem nem para o mal. Mi-
nha filha me surpreende constantemente.”
Um dos aspectos que cita são as mudanças
decorrentes das discussões sobre gênero: há
um conhecido da família que fez a transição.
Paola diz que, para a filha, a questão é algo
natural. “A gente cresceu com conceito do
gênero, e muitas das coisas que aprendemos
se apoiam nesse conceito.”
“
A chef se declara feminista e vê imensas
mudanças no papel da mulher nos últimos
Ficava me
preocupando com a
ideia de que as pessoas
esperavam de mim uma
comida de chef, mais
contemporânea. O que
eu amo fazer é massa,
nhoque
18 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
Arturito representa 11,5% do faturamento de Paola, que planeja ainda 40 unidades do La Guapa
100 anos. “Hoje a gente fala de coisas que
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
quando entrei na cozinha tinha que engo-
lir. Se alguém passasse a mão em mim,
imagina se eu ia falar. A culpa era minha!
Agora há cada vez mais denúncias.”
Depois de separada do pai de sua filha,
também argentino, casou-se com um fotó-
grafo irlandês, de quem se separou no ano
passado. Solteira? Ela balança a cabeça:
“Mais ou menos”. A separação é o melhor re-
médio para emagrecer, acredita. “É sempre
doloroso, mas, quando passa e você enten-
de por que se separou, é ótimo.” Cardápio
Constantemente de olho na balança, ela Tordesilhas, São Paulo
malha três vezes por semana. Faz treinamen-
Casquinha de siri 5 170
to funcional e anda de vez em quando. Tenta
Caldo de peixe 6 210
comer pouco; quando exagera, no dia se- Meia porção de pastel 1/2 29
guinte dá uma maneirada. No tempo livre Pastel misto 1 41
gosta de cinema, de ler e de assistir a séries. Bobó de camarão 2 190
Uma de suas escritoras favoritas é a america-
na Mary Frances Fisher (1908-1992), autora
Moqueca de peixe e camarão
Prato nosso de cada dia
2
1
210
89
de “Como cozinhar um lobo” (1942), sobre a
Creme anglaise de pequi 5 145
alimentação em tempos de escassez. Água com gás 8 88
“Ela fala da comida sem nenhuma restri- Água 2 24
ção, e eu, como comunicadora com tantos Subtotal
Serviço
-
-
1.196
119,60
seguidores, havia começado a me restrin-
gir um pouco”, conta. As leituras a fizeram Total - R$ 1.315,60
retomar o lugar que a comida sempre ocu-
pou para ela, o prazer. “Aí falei: quer saber,
vou falar desse lugar, porque também é dezembro de 2020 com receio de entrar
uma forma de resistência”, diz. “Falar de num ciclo repetitivo, Paola ainda almeja
carne, de uma galinha ensopada, de man- voltar para a televisão. Talvez para um espa-
teiga, de açúcar, por favor não me tirem es- ço fora da cozinha. Sabe que gostaria de ex-
se direito. Os seguidores me perguntam plorar outros lugares, mas não tem um pro-
por que não faço uma versão vegana do jeto claro. “Gosto de viver intensamente e de
brownie. Porque não sou vegana…” me colocar em situações novas. A nômade
Depois de ter deixado o “MasterChef” em continua dentro de mim.” ■
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Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 19

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VISUAIS
A arte da
diversidade
Háinclusãorealnointeressedomercadoporsetoresque
eramnegligenciados?Umanovafeirabuscamostrarum
Brasilmaisplural.PorBrunoYutakaSaito,deSãoPaulo
O
mercado de arte pode ser implacá-
vel. Quem assistiu à recente minis-
série documental “Diários de Andy
Warhol” (Netflix) acompanhou a
ascensão e queda em ritmo vertiginoso de
um artista muito querido não apenas do rei
da pop art, mas dos colecionadores milioná-
rios. Naquela Nova York decadente da virada
dos anos 70 para os 80, Jean-Michel Basquiat
se tornou a face mais visível da efervescente
cena do grafite ao misturar referências afri-
canas, latinas e americanas e levar um gosti-
nho da vida dura das ruas para as galerias da
elite. Negro, com um visual “cool” e dreadlo-
cks, Basquiat logo se tornou um nome incri-
velmente inflacionado e foi taxado de “sel-
vagem” e “artista de estimação de Warhol”
por críticos em uma época sem o politica-
mente correto. Entre a euforia, a depressão e
o vício em heroína, Basquiat morreu aos 27
anos. Em 2017, uma tela sem título de 1982
do artista atingiu em um leilão seu valor re-
corde, US$ 110,5 milhões.
A busca por uma certa noção de originali-
dade “primitiva”, que há alguns anos volta,
com novos personagens, a marcar forte pre-
sença no mercado, no entanto, permeia a pró-
pria concepção da arte moderna. Os pionei-
ros, como Picasso, já se apropriavam de ele-
mentos da “exótica” arte africana nos primór-
20 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
dios do cubismo. Ao mesmo tempo em que
oferecem reconhecimento tardio e necessário
a criadores com pouca visibilidade (como ar-
tistas indígenas ou afrodescendentes), as ins-
tituições culturais e o mercado também po-
dem apenas criar modismos desprovidos de
inclusão real. Como equilibrar essa equação?
A SP-Arte, uma das principais feiras de arte
da América Latina, por exemplo, criou a nova
Rotas Brasileiras para ampliar o tradicional
escopo paulista/carioca, em busca da varieda-
de da produção das cinco regiões do Brasil. “O
interesse é da sociedade como um todo”, diz
Fernanda Feitosa, diretora da feira. “Museus e
instituições, sem dúvida, mas também edito-
ras, empresas, universidades e a própria im-
prensa. Existe um movimento conjunto, me
parece, de dar voz a quem historicamente foi
silenciado, incluindo-se aí artistas mulheres.”
Nova versão da SP-Foto (setor que continua
bem representado por estrelas como Sebas-
tião Salgado e Mario Cravo Neto), Rotas Brasi-
leiras reúne 70 expositores até o dia 28 na Ar-
ca, um galpão de 9 mil m2 na Vila Leopoldina.
Segundo a divulgação da feira, os participan-
tes “se interessam em falar sobre os diferentes
fazeres artísticos brasileiros, desfazendo fron-
teiras entre o erudito e o popular, o centro e a
periferia, o comercial e o institucional e tra-
zendo a cosmovisão de diferentes Brasis”.
Feitosa conta que a feira prestigia galeristas
que já são referências em suas cidades, como
Paulo Darzé e Roberto Alban em Salvador; Karla
Osorio em Brasília; Karandash em Maceió, entre
outros. Mas projetos não comerciais também
participam, como o Arte Pará, de Belém; os Ban-
cos Indígenas do Xingu, do Mato Grosso; e o
Preamar do Maranhão. “Nossa ideia é que o pú-
blico e os próprios galeristas entrem em contato
com artistas que ainda não conhecem ou que re-
descubram veteranos brasileiros com produções
que nem sempre temos a oportunidade de ver.”
Como exemplo, estão a galeria Marco Zero, de
Recife, que vai apresentar uma seleção de jovens
artistas nordestinos (Rayane Rayo, Bozó Baca-
marte, entre outros) e nomes de gerações ante-
riorescomoMirianInêzdaSilva(1939-1996)eos
mais conhecidos Francisco Brennand
(1927-2019) e Gilvan Samico (1928-2013).
Entre os segmentos que foram muitas vezes
silenciados, Feitosa diz que o Rotas Brasileiras
faz uma aposta forte em jovens mulheres, como
Panmela Castro, Brisa Noronha e Tatiana Cha-
lhoub. Outra tendência do circuito de arte que
pode ser vista na feira é a recuperação de artistas
que não andam tão em alta, mas reafirmam sua
atualidade, como o pintor goiano Siron Franco,
de 75 anos, e Hélio Melo (1926-2001).
Para o curador-chefe do Instituto Tomie
Ohtake, Paulo Miyada, a necessidade de trans-
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formações estruturais dentro do campo da ar-
te está se tornando muito tangível, uma vez
que as ideias que moldaram as instituições, li-
gadas a um grupo social homogêneo (“majo-
ritariamente branco, patriarcal, muitas vezes
misógino, com um repertório cultural de ex-
tração europeia e liderança econômica e béli-
ca norte-americana”), são cada vez mais ques-
tionadas por diferentes atores sociais. “É uma
estrutura que reflete a hegemonia do poder”,
disse o curador na Live do Valor.
Miyada foi um dos curadores-adjuntos da
34 a Bienal de São Paulo, realizada no ano pas-
sado, que ficou conhecida como a “Bienal dos
Índios” devido à participação recorde de artis-
tas indígenas na mostra: foram nove nomes
de povos originários de diferentes partes do
globo (cerca de 10% do total da exposição).
O apelido surgiu na voz de Jaider Esbell, artis-
ta da etnia Makuxi que foi um dos maiores des-
taques da mostra, com obras como “Entidades”,
as exuberantes serpentes infláveis de 24 metros
de comprimento instaladas no lago do parque
Ibirapuera. Morto no ano passado, aos 42 anos,
o artista nascido em Normandia (Roraima) vi-
nha numa escalada fulgurante.
Miyada, que também é curador-adjunto do
francês Centro Georges Pompidou, uma das
mais renomadas instituições de arte moderna e
contemporânea do mundo, tem entre suas atri-
DIVULGAÇÃO
buições indicar obras de artistas locais (América
Latina, neste caso) para seremincorporadas àco-
leção do museu. As primeiras aquisições foram
justamente duas obras de Esbell, a pintura “Na
Terra Sem Males” (2021) e “Carta ao Velho Mun-
do” (2018-2019) — em que o artista questiona a
história da arte com “h” maiúsculo ensinada em
escolas e universidades há séculos e que usa pe-
ríodos simples, como pré-histórica, arte egípcia,
antiguidade grega e romana, Renascimento e
barroco, basicamente uma história europeia.
Omomentoatual,segundoFeitosa,tem“uma
amplitude e uma consistência muito diferentes”
daquele momento dos anos 1980 em que atuou
Basquiat — “que ia ao MoMA (Museu de Arte
Moderna de Nova York) e não via nenhum artis-
ta negro na parede”. Para a diretora da SP-Arte,
“existe justamente uma preocupação em colo-
caressesartistasnoradardeummercadoprofis-
sionalemqueavalorizaçãoamédioelongopra-
zo dos artistas e de suas produções se sobrepõe a
essa lógica mais imediatista”.
Exemplar nesse sentido é Maxwell Andrade,
nascido em 1990 na favela da Rocinha, no Rio.
De família de origem evangélica, trabalhou co-
mo patinador profissional até graduar-se em
design na PUC do Rio. A partir daí, teve também
uma ascensão rápida, chegando a ganhar expo-
sições individuais em instituições como o Mu-
seu de Arte Contemporânea de Lyon, na França,
e o Museu de Arte do Rio (MAR), em 2019. A assi-
milaçãopelosistema,noentanto,nãoésemper-
calços, como ele conta em entrevista ao cura-
dor-celebridade suíço Hans Ulrich Obrist no li-
vro “Entrevistas brasileiras vol. 2” (ed. Cobogó).
“Estou fazendo a minha vida, abrindo espa-
ços de poder, de prestígio, ganhando dinhei-
ro com isso, mas isso não é um valor, porque
não faz parte dos valores daqui. Quando eu
abrir uma exposição no museu, a comunida-
de não vai. Quem entrega essa experiência do
sublime e do transcendente para a comunida-
de são as igrejas neopentecostais”, conta An-
drade, morador da travessa Mesopotâmia, na
Rocinha. Ligado também ao universo da mú-
sica, Andrade apresentou uma performan-
ce/show na abertura da exposição “Pardo É Pa-
pel” no MAR, com os rappers Baco Exu do
Blues e Bk’. Segundo ele, “normalmente, os lu-
gares onde a arte está são lugares hostis”.
Andrade conta que teve noção de seu papel
estratégico de “chamar a atenção da comuni-
dade preta e periférica para os museus”: “Ana Claudia Lemos
“Quando a galera ficou sabendo que ia ter essa Pacheco” (2022),
performance, o museu ficou completamente óleo sobre tela de
lotado”. Sua preocupação, diz, era sempre es- Panmela Castro, da
ta: “Eu, enquanto artista preto, ter uma vernis- Galeria Luisa Strina
sagem onde a audiência é branca e os pretos (SP), um dos
vão estar sempre naquele lugar de subserviên- destaques da feira
cia, servindo o coquetel ou limpando o chão”. Rotas Brasileiras
Para Miyada, há diferentes etapas nesses pro-
cessos de assimilação e trocas com as antes cha-
madas “minorias”. A primeira é com “agentes
sociais representando a si mesmos e suas histó-
rias, criando imagens que não existiam, porque
as imagens que lhes concerniam eram sempre
feitas por um outro, com uma perspectiva dis-
tinta”. Essa fase se dá de forma muito rápida, de-
vido à multiplicidade de recursos tecnológicos.
Outro estágio, diz, é a “produção de conhe-
cimento, do encontro entre culturas e saberes,
entre negociações do que é traduzível e do
que não é”. Segundo Miyada, não apenas o
mercado de arte (as galerias, os colecionado-
res), mas o mercado imagético de forma geral
(como a circulação das imagens nas redes so-
ciais, a mídia, a propaganda etc.) absorve as
imagens e as representações. “Se o processo
parar aí, realmente a probabilidade maior é
de que seja um processo exclusivamente pre-
datório, de assimilação, silenciamento, de in-
clusão exclusiva”, afirma. Há muitos tropeços,
erros e desencontros na atual mudança de
olhares na arte, afirma o curador, e ainda é ce-
do para dizer se de fato mudanças estruturais
estão ocorrendo. “Se outros agentes vão parti-
cipar ativamente do jogo, eles também vão
começar a apontar os pontos fracos dessa es-
trutura, seus pontos cegos, seu caráter vicioso,
e aí começa efetivamente a mudança da polí-
tica do fazer e do compartilhar arte.” ■
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 21
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CINEMA

Afacehumana
de D. Pedro I
Filme de Laís A pintura de Pedro Américo de Figueire-
do e Melo (1843-1905) é uma idealização
para sua cinebiografia. Uma equipe de pes-
quisadores foi contratada para atuar no Brasil

Bodanzky
pomposa, com intuito de exaltar a bravura e
a imponência de D. Pedro I. Concluída em
1888, 66 anos após a independência do Bra-
desmitifica o sil ter sido declarada, a tela é praticamente
uma cópia da obra francesa “Batalha de
e em Portugal em busca de documentos, prin-
cipalmente sobre aquela viagem.
Mas nada foi encontrado. Ou quase na-
da. “Descobrimos a existência de um diário
de bordo que D. Pedro I escreveu durante a

ex-imperador e Friedland” (1875), do francês Ernest Meis-

sonier. “D. Pedro I provavelmente não esta-
travessia. Mas ele está guardado a sete cha-
ves no Museu Imperial em Petrópolis (RJ).

mostra va montado em cavalo, e sim em burrinho, a

melhor forma de locomoção na época. Mas
Insistimos, mas não tivemos acesso.”
Como ninguém sabe o que está registra-

autoritarismo,
uma mula não pegaria bem para a imagem
do herói”, diz a cineasta Laís Bodanzky.
Seu último trabalho, “A Viagem de Pedro”,
grosseria e estrelado por Cauã Reymond, procura desmi-
tificar o personagem, sem esconder seu auto-
do no diário, a diretora aproveitou a lacuna
histórica para imaginar o que poderia ter
acontecido, apresentando uma espécie de
delírio de D. Pedro I. “Com o protagonista
carregado de frustrações e culpas por ter si-

selvageria no trato ritarismo, sua grosseria, sua selvageria no tra-

to com as mulheres e até suas fragilidades físi-
do um grande opressor, a trama se conecta
com as questões contemporâneas levanta-

com as mulheres. cas e emocionais — um pouco a exemplo do

que Octávio Tarquínio de Sousa fez na litera-
das pelos movimentos Me Too e Black Lives
Matter”, afirma a cineasta.

Por Elaine Guerini ,

tura. “Os livros já estavam escritos, mas parece
que ninguém prestava muita atenção neles”,
conta a diretora, na recém-encerrada 50 a edi-
para o Valor, de ção do Festival de Cinema de Gramado, onde
o filme foi apresentado fora de competição.
A historiadora Isabel Lustosa conta que o
meio acadêmico e intelectual já apontava os
aspectos sombrios de D. Pedro I desde os anos
1920 e 1930. “Historiadores respeitados, co-
mo Tobias Monteiro (1866-1952) e Oliveira Li-

Gramado Com estreia em 1 o de setembro nos cine-

mas, “A Viagem de Pedro” coincide com as
comemorações do bicentenário da inde-
pendência do Brasil. Não é propriamente o
ma (1867-1928), já tinham uma visão crítica
sobre quem foi aquele homem. E nos anos 50,
Octávio Tarquínio de Sousa e Hélio Viana
(1908-1972) fizeram as obras mais importan-

“N
em anjo nem demônio.” As-
sim o historiador Octávio Tar-
quínio de Sousa (1889-1959)
definia o seu biografado em
“A vida de D. Pedro I” (1952), numa tentativa
de desconstruir a imagem gloriosa do im-
perador. No imaginário do povo, no entan-
to, a figura do herói foi a mais perpetuada,
graças principalmente ao quadro “Inde-
pendência ou Morte!”, também conhecido
como “O Grito do Ipiranga”, embora a re-
presentação não seja fiel ao episódio.
22 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
momento do grito que Bodanzky reconsti-
tui. “Mas as características de D. Pedro I não
foram inventadas”, diz a diretora e roteirista
da produção ambientada durante a traves-
sia do Atlântico, realizada em 1831, após o
primeiro imperador do Brasil ser forçado a
abdicar do trono e voltar para Portugal.
“Quando entrou naquela embarcação, D.
Pedro I estava doente e angustiado com a crise
política. Tinha ataques epilépticos e ainda so-
fria de impotência’’, afirma Bodanzky, que
preferiu não se basear em um livro específico
tes no sentido de humanizá-lo, o que contras-
tava com a história oficial ensinada nas esco-
las, que é superficial”, diz Lustosa.
Ela é autora do livro “D. Pedro I - Um herói
sem nenhum caráter”, publicado em 2006 e
que agora ganha a quinta reimpressão pela
Companhia das Letras, com uma abordagem
mais crua do biografado. “Desde o século XIX,
havia a imagem construída pelos institutos de
educação para engrandecer a história do Bra-
sil e não deixar nenhuma mácula atingir o
fundador da nação. Eles evitavam o lado obs-
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FABIO BRAGA/DIVULGAÇÃO
curo e valorizavam apenas o heroico. As duas
narrativas, a oficial e a dos acadêmicos, convi-
veram até o século XX”, afirma Bodanzky.
Mas hoje isso mudou, com a necessidade
de uma visão mais analítica divulgada nas
escolas, muitas vezes baseada em biografias
de historiadores da atualidade. “Uma das ra-
zões pelas quais D. Pedro I deixou de ser que-
rido pela população brasileira, além do seu
autoritarismo, foi a sua virilidade. Depois da
Revolução Francesa (1789-1799), o rei que
se dobrava às exigências da carne passou a
ser considerado um fraco”, conta a historia-
dora Mary Del Priore, autora de “A carne e o
sangue”, lançado pela Rocco em 2012.
A obra descreve a relação tumultuada que
D. Pedro I teve com suas mulheres, destacan-
do sobretudo o triângulo amoroso formado
com a imperatriz Maria Leopoldina
(1797-1826) e Domitila de Castro
(1797-1867). Além de traída e obrigada a
conviver com a amante do marido, a esposa
sofria violência física. Leopoldina foi espan-
cada até mesmo quando estava grávida, con-
forme testemunhos dos próprios filhos. E es-
“D. Pedro I se dizia
sa agressividade de D. Pedro I é repassada no
liberal, mas, quando
filme, em flashbacks, como se os maus-tra-
ficava inseguro, era
tos estivessem atormentando o ex-impera-
um grande ditador”,
dor, ainda mais com Leopoldina já morta.
diz Cauã Reymond,
“Foi um horror a maneira como ele tratou
que interpreta o
aquela austríaca culta e preparada, que trou-
personagem após
xe para o país os primeiros pesquisadores. O
abdicar do trono e
que ele fez ainda ilustra uma ligação entre po-
voltar a Portugal
der e adultério que existe no Brasil”, diz o an-
tropólogo Roberto DaMatta, vencedor do Prê-
mio Machado de Assis de 2022. “É importante
revisitar não só D. Pedro I, como figura plasti-
ficada, mas o Brasil inteiro”, completa DaMat-
ta, que recebeu a honraria da Academia Brasi-
leira de Letras pela sua obra, com mais de dez
livros publicados, para “entender o Brasil”.
É isso que “A Viagem de Pedro” também
procura fazer. “Graças ao olhar contemporâ-
neo de Bodanzky, o filme trata do racismo es-
trutural e da masculinidade tóxica, até por-
que a mulher era vista como uma posse para
D. Pedro I. Ele se dizia liberal, mas, quando fi-
cava inseguro, era um grande ditador”, afirma
o ator Cauã Reymond, de quem partiu a ideia
de desconstruir o personagem histórico.
O último filme sobre o monarca foi “Inde-
pendência ou Morte”, dirigido por Carlos
Coimbra em 1972. “Vivido por Tarcísio Mei-
ra, vemos o machão brasileiro, uma imagem
que tínhamos até hoje de D. Pedro I nas te-
las”, diz o pesquisador Paulo Rezzutti, res-
ponsável por uma visão mais realista em “D.
Pedro - A história não contada”, lançado pela
LeYa em 2015. “O curioso é que no cinema
tudo passa pelo objeto fálico, talvez para
chamar a atenção”, diz Rezzutti. ■
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 23
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AUDIOVISUAL
A nova
constelação
de Hollywood
Pilar dos grandes de Tom Cruise como um astro global capaz de
atrair multidões às salas, com uma obra que
estúdios por
não é uma aventura de super-herói. Na ampla
cobertura de lançamento, com direito a tape-
te vermelho e homenagem no Festival de Can-
décadas, ‘star nes, Cruise foi celebrado como uma das últi-
mas “grandes estrelas de cinema”.
system’ ganha novas Em um levantamento publicado pela revis-
ta “Variety” em julho, Cruise encabeçou a lista
configurações com dos maiores salários de Hollywood. Por “Top
Gun: Maverick” — em que ele revisita o piloto
astros bancados pelo
do cultuado filme de 1986, dirigido por Tony
Scott —, Cruise deve receber algo em torno de
US$ 100 milhões, somados o salário fixo e as
streaming e à mercê participações nas receitas nas salas de cinema,
vídeo por demanda e streaming. Para o oitavo
do poder dos fãs. Por filme da franquia “Missão: Impossível”, atual-
mente em filmagem, com estreia prevista pa-
Pedro Butcher, para ra 2024, o salário fixo do ator é estimado entre
US$ 12 milhões e US$ 14 milhões, fora percen-
o Valor, do Rio
tuais das receitas. A “Variety” afirma que os
contratos de Cruise são vestígios de um tempo
anterior ao “sequestro das bilheterias de cine-
ma pela Marvel”, quando “estrelas, e não su-
A
estrondosa bilheteria de “Top Gun: per-heróis, levavam multidões a fazer fila nos
Maverick” desde sua estreia em cinemas para assistir a um novo lançamento”.
maio — mais de US$ 1,3 bilhão arre- Um contrato como o de Tom Cruise, hoje, é
cadado ao redor do mundo — não exceção. A maior parte dos astros dos estúdios
trouxe apenas um certo alívio às cadeias mul- Marvel/Disney recebem salários robustos, mas
tiplex, apontando para uma possível recupe- os percentuais sobre as arrecadações só come-
ração dos grandes lançamentos de cinema çam a valer quando os custos são recuperados —
após a crise provocada pela pandemia de co- o que pode ser uma meta distante, consideran-
vid-19. O sucesso do filme reafirmou a força do os orçamentos de hoje, na casa dos US$ 200
24 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
milhões. Estrelas de cinema dos
anos 1980 com perfil semelhante
ao de Cruise, como Kevin Cost-
ner e Sylvester Stallone, estão
hoje com projetos para a te-
levisão/streaming — Costner
é o astro da série “Yellows-
tone” e Stallone está em
“Kansas City” (previamen-
te conhecido como “Tulsa
King”), ambos produzidos
pelo conglomerado Para-
mount e com salários em
torno de US$ 1 milhão por
episódio — o topo das remune-
rações na TV.
Nos primeiros anos da imagem em movi-
mento, os filmes, mesmo os de ficção, não tra-
ziam créditos além do título e da companhia de
produção. Nos EUA, produtores de equipamen-
tos e de fitas, organizados em um cartel liderado
por Thomas Edison, temiam que as pessoas vis-
tas na tela se tornassem conhecidas do público
— o que poderia lhes dar munição, justamente,
para reivindicar salários maiores.
Mas aquelas figuras anônimas e recorrentes
começaram a ser reconhecidas e admiradas na
mesma medida em que o cinema se tornava um
fenômeno econômico, cultural e social de gran-
des proporções. Um empresário excluído do
“trust” de Edison percebeu isso e apostou que
DIVULGAÇÃO
capitalizar a popularidade daquelas figuras po-
deria ser compensador.
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Imigrante da Bavária que fez fortuna abrindo
dezenas de “nickelodeons” (espaços improvisa-
dos e baratos dedicados à projeção de filmes),
Carl Laemmle (1867-1939) começou a produzir
filmes ao fundar a Independent Moving Pictures
(IMP) — o “independent” vinha mesmo para fri-
sar que estava fora do “trust” de Edison.
Responsável por várias inovações, o empre-
sário apostou, por exemplo, na produção
de narrativas seriadas bem-sucedidas,
como o policial “A Rapariga Miste-
riosa” (“Lucille Love, Girl of Myste-
ry”, 1914/1915). Mas, antes disso,
em 1909, quebrou o tabu do ano-
nimato de atores e atrizes ao anun-
ciar, com planejamento publicitá-
rio, a contratação da “garota da Bio-
graph” — assim conhecida por apa-
recerconstantementenos filmesdes-
sa produtora. Agora contratada pela
IMP, Florence Lawrence passou a
ganhar destaque no co-
meço das projeções e
nas marquises
dos cinemas. Nascia uma estrela, a cultura dos
fãs e um dos eixos da organização da indústria
do cinema hollywoodiano — que se desdobrou
para toda a cadeia audiovisual.
Com a contratação de Lawrence, Laemmle,
que pouco depois fundaria a gigante Universal
Pictures, semeou condições para o florescimen-
to do “star system” — ou, simplesmente, “estre-
lismo”. Durante décadas, o “star system” foi um
dos pilares das práticas comerciais conhecidas
como “studio system” (sistema de estúdios), que
incluíam também a verticalização do negócio (o
controle das etapas de produção, distribuição e
exibição, por meio das salas mais rentáveis).
Esse modelo, somado ao domínio de vários
mercadosinternacionais(inclusiveobrasileiro),
garantiu a sustentação do poderio de Hollywo-
od e das marcas que dominaram o comércio ci-
nematográfico em boa parte do mundo por dé-
cadas (Universal, Paramount, Warner, Fox, Co-
lumbia, MGM e Disney).
No modelo do “star system”, atores e atrizes
passaram a fazer parte do corpo de funcioná-
rios dos estúdios com contratos de exclusivi-
dade de cláusulas rigorosas, incluindo a obri-
gação de ações publicitárias e, no caso das es-
trelas mais populares, a criação de uma “per-
sona pública” muitas vezes distante da vida
desses atores e atrizes.
O galã Rock Hudson, que vivia mocinhos con-
quistadoresdeheroínasingênuas,frequentavapá-
ginas de revistas como um galã heterossexual
“navidareal”(elesóassumiuahomossexuali-
dade nos últimos anos de sua vida). Os ca-
sos de abuso também não foram poucos.
Judy Garland foi submetida a um regi-
me de trabalho exasperante, rigo-
rosamente controlado pelo
executivo da MGM, Louis B.
Mayer, que ainda estimulou o uso
de comprimidos para combater o
cansaço e controle do peso, o que
custouanosdevidadaatriz,mor-
ta aos 47 anos de uma overdose
debarbitúricos.
Tom Cruise é “uma estrela à
moda antiga” por ter um con-
trole rigoroso sobre sua ima-
gem e carreira. Mas é ele mes-
mo quem administra esse
controle, mantendo também
poder de decisão em questões cria-
tivas e assinando a coprodução de
seus filmes. Cruise desfruta dessa au-
tonomia porque algumas es-
trelas, no passado, enfrenta-
ram o controle dos estúdios
sobre suas carreiras e vidas.
Nos anos 1940, o “star sys-
tem” sofreu seu primeiro aba-
lo quando Olivia de Havilland
contestou na justiça as condições de seu contra-
to com a Warner. Parceira de Errol Flynn em
aventuras de grande popularidade como “O Ca-
pitão Blood” (1935) e “As Aventuras de Robin
Hood” (1938), ambos de Michael Curtiz, De Ha-
villand estava insatisfeita com os rumos de sua
carreira. Seus melhores papéis vieram quando
elahaviasidoemprestadaaproduçõesdeoutras
companhias, como foi o caso da Melanie de “E o
Vento Levou” (1939), que lhe rendeu uma indi-
cação ao Oscar de atriz coadjuvante.
Fortalecida pelo prestígio, a atriz passou a re-
cusar os papéis oferecidos pela Warner que ela
consideravaindignos,eporcontadissofoisuces-
sivamente suspensa, sem remuneração. Uma se-
gunda indicação ao Oscar, agora como melhor
atriz por “A Porta de Ouro”, de Mitchell Leisen
(1941), foi novamente graças a um “emprésti-
mo” para outro estúdio (a Paramount).
O contrato da atriz, que se estendia ao máxi-
mo permitido no estatuto trabalhista da época
(sete anos), terminaria em meados de 1943.
Quando ela achou que finalmente estaria livre,
descobriu que precisaria compensar os meses
de suspensão não remunerada pela recusa de
papéis. Resolveu, então, abrir um processo judi-
cial. O resultado, favorável à atriz, abriu um pre-
cedente importante que garantiu mais liberda-
de às estrelas.
Litígios se tornaram comuns. O que causou
mais alvoroço, recentemente, foi o processo mo-
vido por Scarlett Johansson contra a Disney. O
contexto foi causado pela crise do fechamento
das salas de cinema na pandemia, quando Dis-
ney resolveu lançar “Viúva Negra”, estrelado por
Johansson, simultaneamente nas salas de cine-
ma e na plataforma Disney + via “premier ac-
cess” (aluguel pelo valor de US$ 30).
Johansson argumentou que a estreia simultâ-
nea no streaming canibalizou a receita nos cine-
mas e, consequentemente, boa parte de sua pos-
sibilidade de remuneração prevista em contra-
to. Pediu US$ 50 milhões em compensações. A
Disney respondeu com agressividade, acusando
a atriz de um “desrespeito insensível pelos efei-
tos terríveis e prolongados da pandemia de co-
vid-19”. No começo deste ano, as partes chega-
ram a um acordo (de valor não divulgado) antes
queoprocessofosseajulgamento.Recentemen-
te a Disney revelou que “Viúva Negra” arrecadou
US$125milhõesemstreaming,alémdeUS$367
milhões nas bilheterias nos cinemas.
Scarlett Johansson faz parte do seleto clube do Por “Top Gun:
multiverso Marvel — hoje uma condição essencial Maverick”, Tom
para ser considerada uma estrela. Mas, na verdade, Cruise deve receber
os membros desse clube não são necessariamente em torno de US$ 100
as“estrelas”dosfilmes,quetêmcomoforçamotriz milhões: vestígio de
a marca de seus personagens com superpoderes. um tempo anterior ao
Um caso interessante e destoante nesse universo é predomínio dos
o de Joaquin Phoenix. Ator associado a realizado- filmes de
res de prestígio como James Gray (“Amantes”, de super-heróis
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 25
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2008);PaulThomasAnderson(“VícioInerente”,de
MICHAEL KOVAC/GETTY IMAGES FOR NETFLIX

2014) e Spike Jonze (“Ela”, de 2013), Phoenix en-

trou para a confraria dos super-heróis pela porta
dos vilões da DC, protagonizando “Coringa”
(2019),deToddPhillips.
Uma das raras obras recentes originadas
dos quadrinhos que recebeu classificação “R”
(de “Restricted”, inadequada para menores de
18 anos), “Coringa” surfou bem nos espaços
de prestígio (ganhou o Leão de Ouro do Festi-
val de Veneza e deu a Phoenix o Oscar de me-
lhor ator) e, feito raríssimo, também lotou sa-
las multiplex mundo afora, com faturamento
superior a US$ 1 bilhão. Phoenix recebeu US$
4,5 milhões pelo primeiro filme e conseguiu
negociar uma remuneração quase cinco vezes
maior — US$ 20 milhões para a continuação.
O novo filme, também dirigido por Phillips,
será um musical estrelado por Coringa e pela
vilã Arlequina, que será vivida por Lady Gaga.
Boa parte das “estrelas à moda antiga” vem
sendo bancada, agora, pelos serviços de strea-
ming. Leonardo DiCaprio receberá US$ 30 mi-
lhões da Apple para estrelar o drama histórico
“Killers of the Flower Moon”, nova colaboração
com Martin Scorsese. A mesma companhia vai
desembolsar US$ 30 milhões para Brad Pitt es-
trelarumdramadeaçãopassadono universoda
Fórmula 1, com direção de Joseph Kosinski (o
mesmo de “Top Gun: Maverick”). A Netflix, por
sua vez, pagará US$ 20 milhões para Chris
Hemsworth e US$ 10 milhões para Millie Bobby
Brown estrelarem, respectivamente, as sequên-
cias de “Extraction” e “Enola Holmes”. Mas os
contratos dos serviços de streaming estão longe
de oferecer as mesmas benesses. A Apple incluiu
cláusulas que só garantem bônus se não houver
estouro de orçamento e dos prazos previstos. E
os sinais de retração do streaming (ou talvez de
acomodação depois da euforia) podem signifi-
car que os valores e contratos serão mais come-
didos nos próximos anos.
Por mais que o negócio se transforme, as es-
trelas continuam tendo seu apelo junto às Ana de Armas, de 34 anos, é uma das atrizes da nova geração recorrente em novos projetos
plateias. Com as novas tecnologias de conver-
gência, os fãs ganharam um poder inédito, Os maiores salários
muitas vezes cooptado pelos departamentos
de marketing dos estúdios ou mesmo pelos
próprios atores. ● Tom Cruise ("Top Gun: Maverick"): US$ 100 milhões ● Steve Carell ("Minions: A Origem de Gru")/ Ryan
Agora, um novo conjunto de estrelas está em ● Will Smith ("Emancipation"): US$ 35 milhões Gosling ("Barbie")/ Margot Robbie ("Barbie"): US$
visível ascensão — não por acaso, são figuras que ● Leonardo DiCaprio ("Killers of the Flower Moon")/ 12,5 milhões
também marcam presença nas redes sociais, ou- Brad Pitt (drama sobre Formula 1): US$ 30 milhões ● Millie Bobby Brown ("Enola Holmes 2"): US$ 10

tro quesito cada vez mais importante para defi- ● Dwayne Johnson ("Black Adam"): US$ 22,5 milhões milhões
nir uma “estrela” na era da convergência das mí- ● Will Ferrell ("Spirited")/ Chris Hemsworth ● Timothée Chalamet ("Wonka"): US$ 9 milhões

dias. Ana de Armas, Anya Taylor-Joy, Timothée ("Resgate 2")/ Vin Diesel ("Fast X")/ Tom Hardy ● Matt Damon ("Oppenheimer")/ Robert Downey

Chalamet, Mahershala Ali, Daniel Kaluuya e Ste- ("Venom 3")/ Joaquin Phoenix ("Coringa 2")/ Ryan Jr ("Oppenheimer")/ Emily Blunt ("Oppenheimer")/
ven Yeun estão entre os nomes constantemente Reynolds ("Spirited")/ Denzel Washington ("O Daniel Kaluuya ("Oppenheimer"): US$ 4 milhões
associados a novos projetos, que refletem tam- Protetor 3"): US$ 20 milhões ● Jamie Lee Curtis ("Halloween Ends"): US$ 3,5

bém o esforço, ainda insuficiente, de tornar a ● Jason Momoa ("Aquaman e o Reino Perdido")/ milhões
constelação hollywoodiana cada vez mais diver- Eddie Murphy ("Um Tira da Pesada 4"): US$ 15 milhões ● Anya Taylor-Joy ("Furiosa"): US$ 1,8 milhão ■

sificada e representativa. ■ ● Chris Pine (sequência de "Star Trek"): US$ 13 milhões Fonte: Variety

26 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022

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Sérierelembraocaospós-Katrina
Vera Farmiga estrela produção. Por Luciano Buarque de Holanda, para o Valor
Cinco Dias no Hospital Memorial
(EUA, 2022). Criadores: John Ridley,
Carlton Cuse. Onde: Apple TV+ AA+
Um dos maiores desastres naturais
da história dos EUA, o furacão Katrina
deixou um rastro de destruição por
onde passou em 2005, sobretudo em
torno da região de Nova Orleans, onde
somou mais de mil mortos e cerca de 1
milhão de desabrigados. Apesar do
estrago, as previsões eram ainda piores
à época. Especialistas temiam que a
tempestade alcançasse a categoria 4 ou
5 na escala Saffir-Simpson, algo
especialmente alarmante para uma
cidade situada 4 metros abaixo do nível
do mar. O Katrina enfraqueceu em terra
firme, entretanto. Quando os ventos
finalmente se dissiparam, o povo
amanheceu otimista. O pior ainda viria.
Com o rompimento de múltiplos
diques, a água começou a subir, em
vez de escoar. Em pouco tempo, 80%
da cidade estava submersa. Saques e
violência completavam o cenário de
caos que começava a repercutir
mundo afora. No estádio do
Superdome, a lei da selva se instituiu,
com relatos de estupros e suicídio
entre os 20 mil sobreviventes que lá se
aglomeraram sob péssimas condições
sanitárias. A situação não era muito
melhor no Memorial Medical Center,
o hospital ilhado onde centenas
aguardavam o resgate da Guarda
Nacional. Um processo lento e
extenuante para todos os envolvidos.
Posteriormente, seria instaurado um
inquérito para apurar a morte dos 45
corpos encontrados no local. Índices
anormais de morfina e outros opioides
foram detectados em parte das vítimas,
o que levantou a muito discutida
hipótese de eutanásia. “Cinco Dias no
Hospital Memorial” repassa esse caso
específico, relembrando o drama dos
médicos que tiveram de improvisar
dentro de circunstâncias
completamente adversas. Entre eles, a
Dra. Anna Pou, vivida por Vera Farmiga
(“Bates Motel”, “Invocação do Mal”),
principal nome do elenco.
AAA Excepcional AA+ Alta qualidade BBB Acima da média BB+ Moderado CCC Baixa qualidade C Alto risco
Vera Farmiga interpreta a Dra. Anna Pou, em “Cinco Dias no Hospital Memorial”
Uma vez inundado o subsolo, todos
os geradores do hospital pararam de
funcionar, junto a equipamentos vitais
aos pacientes — e todo o sistema de
refrigeração local. O calor tornou-se
insustentável, sobretudo para os
doentes mais críticos. Trabalhando no
limite, privado de suprimentos dos
mais básicos, o “staff” logo viu-se
perdido, brigando entre si para definir
suas prioridades. Longe de criminalizar
a equipe ou sua controversa triagem de
evacuação, a minissérie prefere
enfatizar o caráter emergencial de sua
conduta — o “inevitável”, nas palavras
dos próprios médicos, que falam às
câmeras como num documentário.
“Cinco Dias no Hospital Memorial”
toma o cuidado de culpar apenas as
grandes instituições: o governo
George W. Bush, a Prefeitura de Nova
Orleans e companhias de seguro
DIVULGAÇÃO
inescrupulosas. Se há maçãs podres,
como o personagem de Robert Pine
(“CHIPs”), um cirurgião-chefe que
anda armado e abusa de privilégios,
elas se aplicam a um contexto menor,
dentro dos limites do hospital.
Imagens de arquivo reais fundem-se
à narrativa, emprestando à minissérie
um tom quase documental, ainda que
certas cenas recorram a um mínimo de
melodrama. Dividida em oito
episódios, “Cinco Dias no Hospital
Memorial” é baseada no livro “Five Days
at Memorial: Life and Death in a
Storm-Ravaged Hospital”, de Sheri
Fink, cujos direitos chegaram a ser
adquiridos por Ryan Murphy
(“American Crime Story”), antes do
realizador passar o projeto adiante. O
elenco inclui ainda Cornelius Smith Jr.
(“Scandal”) e a veterana Cherry Jones
(“The Handmaid’s Tale”).
Dentro da Mente de um Gato EUA,
2022. Dir.: Andy Mitchell BBB
Sonho de Mil Gatos/Calíope
(Sandman). EUA, 2022. Netflix AA+
A temporada é dos felinos. Como
mostra o documentário “Dentro da
Mente de um Gato”, as redes sociais
registram uma espécie de nova era de
ouro para esses bichos, como
comprovam os milhões de visualizações
de memes e vídeos. Os motivos dessa
popularidade digital são os mesmos
que fazem tantas pessoas mundo afora
— em especial em países como Japão e
Turquia — dedicarem uma devoção
quase religiosa aos gatos: com tanta
fofura natural, fazem travessuras que
melhoram o humor de tutores e tocam
no nosso inconsciente. Especialistas
explicam, por exemplo, que o ronronar
dos gatos trabalha em frequências
parecidas com os choros dos bebês,
estimulando nossos instintos de
cuidado. Com teorias e dados históricos
(como a adoração dos gatos no Egito
Antigo, a sua relação com as “bruxas” na
Idade Média e a peste negra), este filme
evita áreas cinzentas (solidão urbana,
gastos que poderiam ir a humanos
necessitados etc.) e busca responder a
dúvida narcísica de muitos tutores: será
que meu gato me ama?
Já o episódio bônus da série
“Sandman” traz duas histórias, uma
delas publicada em 1990, que fez a HQ
de Neil Gaiman virar uma favorita
também entre os aficionados em gatos.
Em forma de animação, “Sonho de Mil
Gatos” evoca um mundo bem diferente
deste onde os felinos são domesticados
e dá asas à imaginação sobre o que eles
sonham — talvez os planos de uma
revolução. (Bruno Yutaka Saito) ■
DIVULGAÇÃO
Cena de “Dentro da Mente de um Gato”
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 27
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MERCADO EDITORIAL
Pandemia, redes sociais e vontade de fazer parte de grupo
impulsionam leitura, enquanto editoras se ajustam para o
segmento. Por Célia de Gouvêa Franco, para o Valor, de São Paulo
Opoderjovem
nos livros
A
dolescente não lê livros.
Lê, sim.
Jovem não lê livros.
Lê, sim.
Tanto eles leem que livros dirigidos para
o público entre 14 ou 15 anos até os 20 e
poucos e no máximo 30 anos dominam as
listas de best-sellers de obras de ficção no
Brasil e em outros países e se tornaram
uma fonte importante de receita, às vezes
até a principal, para editoras, inclusive al-
gumas das mais tradicionais. A renovação
do público leitor, desta forma, cria espe-
ranças de que eles continuem comprando
livros também na maturidade.
Por qualquer ranking que se tome, a ven-
da de obras literárias para essa faixa etária
ganhou muita força recentemente, fenôme-
no causado em parte pela oportunidade de
esses leitores se sentirem parte de uma co-
munidade ao comentarem o que leram nas
redes sociais, em parte por funcionar como
válvula de escape durante a fase mais aguda
da pandemia de covid-19 — um hábito que
não diminuiu mesmo com o fim dos longos
períodos de quarentena.
O sucesso desse nicho de mercado colo-
cou em evidência autores que têm se mos-
28 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
trado muito produtivos, lançando livros
com grande frequência, algumas vezes até
como resultado dos pedidos dos leitores
que, nas redes sociais — especialmente no
TikTok —, os incentivam a escrever mais. E
essa é outra peculiaridade do público teen e
de jovens adultos: constante comunicação
com os autores e as editoras de livros.
As publicações para o público entre 14 e
15 anos tomaram de assalto as listas de
best-sellers, como se vê, por exemplo, na
compilação feita pelo PublishNews a partir
das vendas em livrarias mais Lojas America-
nas, Magazine Luiza e Submarino. No pri-
meiro semestre deste ano, entre os 20 títu-
los de ficção mais populares, 13 eram livros
para adolescentes ou jovens adultos — dois
deles, os campeões, ultrapassando inclusive
“Torto arado” (ed. Todavia), de Itamar Vieira
Júnior, que liderou as vendas durante todo
o ano passado e o início de 2022.
Com essa tendência, livros para esse seg-
mento de leitores passaram a representar
uma fonte de receita financeira importante
para as editoras. Na quase centenária Edito-
ra Nacional, que começou a investir em
obras para adolescentes e jovens adultos há
dois anos, 30% dos lançamentos são volta-
dos para esse público desde então. A partici-
pação no faturamento total é, porém, des-
proporcionalmente muito maior — 60%, diz
Luiza Del Monaco, gerente editorial da em-
presa. O cenário é parecido na editora Re-
cord, que criou uma área específica para o
público jovem, o Galera, que há três anos
era o quarto selo que mais vendia livros, se-
gundo Rafaella Machado. Hoje, o Galera é o
campeão de vendas.
Mauro Palermo, diretor da Globo Livros,
dá um exemplo do interesse dos leitores
jovens — 75% das vendas da editora na Bie-
nal do Livro, realizada recentemente em
São Paulo, foram do selo Alt, que passou a
existir em 2014, voltado para livros de en-
tretenimento dos jovens.
Os bons resultados das vendas na Bienal
foram de tal ordem que fazem Sônia Ma-
chado Jardim, presidente do Grupo Edito-
rial Record, se entusiasmar: “A gente brinca
que, quando alguém um dia estiver depri-
mido, o melhor é ir à Bienal do Livro. A
gente vê aquela multidão avassaladora de
jovens; está ali o futuro do mercado edito-
rial. É um espetáculo essa paixão, determi-
nados atores tratados como astros de rock.
Você se sente no Rock in Rio!”, disse, du-
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rante sua participação na Sabatina Pu-
blishNews no mês passado.
Como se explica o interesse de adolescen-
tes pelos livros se há tantas outras formas de
diversão num mundo tão digitalizado co-
mo o nosso? Para Rafaella Machado, da Re-
cord, o isolamento imposto pela pandemia
fez com que muitas pessoas, inclusive os jo-
vens, descobrissem o prazer de ler, que não
diminuiu com a volta à rotina mais “nor-
mal” dos últimos tempos. Livros passaram a
ser vistos, por esses recém-convertidos em
leitores, como uma forma de sentir engaja-
dos numa comunidade — nas redes sociais
ou fora delas — para tratar de questões que
normalmente fazem adolescentes sofre-
rem, como o papel das mulheres na socie-
dade, protagonismo negro, temas ligados à
sexualidade e aos grupos LGBTQ+. Todos es-
ses assuntos são largamente abordados por
livros que procuram falar com o público de
mais de 15 e menos de 25 ou 30 anos.
Havia, até recentemente, um certo “abis-
mo” entre o público infantil, consumidor
de livros, e o adulto, afirma Samuel Seibel,
dono da Livraria da Vila. Nos anos entre es-
sas duas faixas de idades, os adolescentes
paravam de ler livros até como uma forma
de rebeldia. Essa situação começou a mudar
há alguns anos, com o enorme sucesso da
série “Harry Potter”, da escritora inglesa J. K.
Rowling, que incentivou milhares de crian-
ças e depois adolescentes a ler livros. Com
naturalidade, eles continuaram com o hábi-
to da leitura, numa tendência que não é, cla-
ro, percebida só no Brasil, mas em dezenas
de outros países. Para Seibel, há indícios de
que ler livros é mais do que apenas “uma
moda” entre os teens, que vai passar.
Luiza Del Monaco, da Nacional, defende
que o sucesso de um livro para essa faixa
de público está ligado frequentemente à
defesa de uma “tese”. Mais do que apenas
contar uma história, o adolescente ou jo-
vem adulto quer se sentir engajado numa
causa. Paula Drummond, editora da Alt,
lembra ainda que muitos pais não gostam
de gastar muito com videogames, mas
aprovam que seus filhos teens comprem li-
vros. E, curiosamente, apesar de ser um pú-
blico que vive mergulhado no mundo digi-
tal, adolescentes e jovens leem preferen-
cialmente livros em papel.
Mantida essa tendência, o interesse deles
pela leitura pode ajudar não apenas o mer-
cado, mas o país, diz Palermo, da Globo Li-
ANA PAULA PAIVA/VALOR
Mais do que apenas
contar uma história,
o adolescente ou
jovem adulto quer se
sentir engajado numa
causa, segundo Luiza
Del Monaco, da
Editora Nacional
vros. Os livros podem ser uma plataforma
de mudança da sociedade, com maior acei-
tação da diversidade. Hoje, os adolescentes
e jovens leem basicamente ficção, mas o
hábito da leitura pode levá-los a experi-
mentar outros gêneros.
Para atender a esse público, exigente e
que acompanha os lançamentos interna-
cionais e se interessa por detalhes nas ca-
pas dos livros, as editoras passaram a pu-
blicar com muito maior frequência roman-
ces, livros de aventuras e fantasia. Também
aumentaram as tiragens. E incrementaram
as equipes que cuidam das redes sociais
para manter a comunicação constante com
os leitores. Fazem mais promoções, com
enorme êxito. Rafaella Machado conta que
ao anunciar uma edição especial de “Corte
de espinhos e rosas”, livro de fantasia de
Sarah J. Maas, a Galera Record vendeu 25
mil exemplares em dez minutos. Paula
Drummond, da Globo Livros, informa, por
sua vez, que neste segmento os leitores têm
duas “manias” — ler livros e comprar livros.
Se uma editora faz um lançamento de um
best-seller com uma capa diferente da ver-
são original, por exemplo, é muito prová-
vel que milhares de adolescentes queiram
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 29
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Segundo Mauro
Palermo, da Globo
Livros, 75% das
vendas da editora na
Bienal do Livro foram
do selo Alt, dedicado
ao segmento jovem
comprá-lo mesmo que já tenham um
exemplar, lido e discutido.
O exemplo mais ilustrativo do êxito das
obras para o segmento dos 15 aos 25 (ou
um pouco mais) é o da escritora americana
Colleen Hoover. Na semana passada, a lista
dos 15 livros impressos e eletrônicos de fic-
ção mais vendidos nos Estados Unidos
compilada pelo “The New York Times” in-
cluía seis obras dela, sendo que o seu mais
vendido — “É assim que acaba”, na edição Cerca de 1,2 milhão de livros da americana Colleen Hoover já foram vendidos no Brasil
brasileira — está na listagem há mais de DIVULGAÇÃO
um ano: 61 semanas precisamente. No ran-
king de 150 obras do “USA Today” da pri-
meira semana de agosto, que engloba
qualquer gênero e livros voltados para
qualquer faixa etária no mercado america-
no, constam 15 das 22 obras escritas por
Hoover — um número muito maior do que
de qualquer outra pessoa.
No Brasil, ela é publicada pelo selo Gale-
ra, da Record, com sucesso parecido ao re-
gistrado nos Estados Unidos. Cerca de 1,2
milhão de exemplares dos seus livros foram
vendidos no Brasil, informa a editora-exe-
cutiva da Galera, Rafaella Machado. No le-
vantamento da Amazon, os livros de Hoo-
ver ocupam 6 dos 15 mais vendidos no mer-
cado americano e 3 no Brasil.
Pode se considerar que Colleen Hoover,
uma ex-assistente social que bancou a pu-
blicação dos seus primeiros títulos por não
encontrar editor interessado, radicaliza na
criação dos personagens das suas novelas. Edição especial de livro de fantasia de Sarah J. Maas vendeu 25 mil exemplares em dez minutos
Em “Reminders of Him” (“Uma segunda
chance”, na versão brasileira, lançada em partilhar uma história com sua avó, que ti- Hoover, como outros autores, foi extre-
maio), a protagonista não apenas perde o nha acabado de comprar um Kindle, como mamente beneficiada pelo crescimento da
amor da sua vida — ela o mata, por acidente, contou numa entrevista recente ao “The audiência do TikTok. Ela já fazia sucesso
e dá à luz a uma filha, na prisão. Washington Post”. Um ano depois do pri- antes da explosão na audiência da rede so-
Como se pode imaginar, com todo esse meiro lançamento, ela já tinha dinheiro su- cial, mas foi muito ajudada pela divulga-
sucesso de vendas, a vida de Hoover teve re- ficiente para largar o emprego e passou a es- ção dos seus livros e pela formação de gru-
viravoltas semelhantes às que ela retrata crever livros em tempo integral. Ganhou pos de leitores que discutem os enredos
nas suas novelas. Ela morava num trailer, tanto que, por meio da entidade beneméri- das suas obras, as capas, as próximas publi-
numa cidade no Texas, quando publicou o ta que fundou, Bookworm Box, Hoover já cações e comparam as traduções com os
primeiro livro, em 2012 — ela queria com- doou mais de US$ 1 milhão. textos originais. ■
30 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
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MachadoeAlencarforadeépoca
Autor ironiza o politicamente correto. Por Dirceu Alves Jr., para o Valor, de São Paulo
A vida futura
Sérgio Rodrigues
Companhia das Letras
168 págs., R$ 64,90
No céu dos
escritores, um boato
tira a paz de dois
ilustres moradores,
Machado de Assis
(1839-1908) e José de
Alencar (1829-1877).
A professora Stella
McGuffin Vieira, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, em pleno século XXI,
toma a frente do projeto “Luta de
Clássicos”. Financiado por verba pública,
o trabalho pretende reescrever os
principais títulos de Machado e Alencar.
Com isso, justifica-se, os livros se tornarão
acessíveis a um público maior e serão
corrigidos o vocabulário rebuscado e os
posicionamentos questionáveis
publicados entre a segunda metade do
século XIX e os primeiros anos do XX.
O romance “A vida futura”, de Sérgio
Rodrigues, por meio desse instigante
ponto de partida, critica e satiriza as
intenções de interferências nas obras
literárias e como as tentativas de
adequações ao politicamente correto
podem se originar de interesses parciais
e pouco coletivos. Revoltado, Jota, como
Alencar é chamado por Machado,
decide descer ao Rio para assustar a
professora, puxando-lhe os pés no meio
da noite. O colega, sabendo que a
cidade não ostenta a ingenuidade dos
tempos de capital do Império e da
República, decide acompanhá-lo.
Rodrigues, em um atrevimento
autoral, toma a identidade de
Machado e o coloca como narrador de
sua ficção. Vale-se, até como
homenagem, de um recurso usado
pelo próprio em “Memórias póstumas
de Brás Cubas”, quando a voz foi
assumida pelo defunto-protagonista.
Mais aberto e disposto a entender o
cotidiano carioca, Machado
reconhece que quase nada do seu
tempo prevaleceu — as lojas da rua do
Ouvidor, símbolo da elegância da
Em “A vida futura”, Sérgio Rodrigues critica intenções de interferências em livros
região central, agora vivem às moscas
— e procura descobrir qual é a desse
novo Rio: “Desembarquei naquele
lugar para ser aluno, não mestre”.
Crianças dormem em frente às
construções próximas à Cinelândia, e
Stella é uma alpinista social que, sob o
verniz de intelectual, persegue a
ascensão que for possível. O seu
namorado, João Pinto, muito bem
relacionado, circula com políticos,
policiais, traficantes e milicianos. A
cruzada de Machado e Jota confirma
que mesmo os ficcionistas mais
criativos não imaginariam o que o
futuro reservaria à Cidade Maravilhosa.
Para reforçar essa realidade, o autor
usa uma personagem, Mariana, que
estabelece a ligação entre o Machado
clássico e o fantasma dos dias atuais.
Trata-se de uma jovem universitária
negra, moradora da favela da Rocinha,
que flerta com Stella e adota o nome de
Mar — “não binário”, segundo ela. O
criador de “Dom Casmurro”,
apaixonado, logo se vê diante de uma
nova e misteriosa Capitu e, no encalço
dela, descobre que sua biografia passa
longe da unanimidade entre os
professores e críticos literários.
O velho Machado é detonado por
renegar a ancestralidade negra e pela
RENATO PARADA/DIVULGAÇÃO
literatura que enfocou hábitos de uma
sociedade branca. Ao levantar esse
questionamento, Rodrigues constrói
umas das mais interessantes provocações
do livro. Se Machado fugiu de bandeiras,
nos dias de hoje ele seria obrigado a
justificar por que ignorou seu “lugar de
fala”. Perante seus detratores, ele diz que,
se já foi difícil ser aceito no meio literário
como um “mulato”, imaginem se
reforçasse a identidade de negro em
pleno regime escravocrata.
Diante do confronto de Machado
com a própria raça, Rodrigues aponta
uma intelectualidade incapaz de
compreender que obras de arte são
produtos de seu tempo e devem ser
analisadas pelo contexto histórico.
Em sua crítica à definição de
conceitos imediatistas, o escritor
ataca o meio acadêmico.
Muitos podem até considerar “A vida
futura” um livro cômico. Outros
leitores, mais radicais, talvez se tomem
de raiva pela fina ironia em torno das
pautas identitárias. No entanto,
Rodrigues, apoiado na figura de dois
clássicos, Alencar e Machado, aborda
uma corrente de pensamento que pode
ser criticada aos sussurros, mas, devido
às suas imposições, ainda precisa ser
alvo de discussões mais consistentes.
A nação precisa acordar
Mary E. Jones Parrish
Trad.: Carlos Alberto Medeiros
Fósforo, R$ 59,90, 152 págs.
Em 1921, o distrito
Greenwood, em
Tulsa (Oklahoma),
era tão próspero que
tinha o apelido de
Wall Street Negra. A
escravidão havia sido
abolida nos EUA em
1865, mas não na mentalidade de
muitos brancos. O ódio recalcado
explodiu da pior forma possível.
Entre 31 de maio e 1 o de junho de
1921, um massacre que contou com a
ajuda das autoridades levou a vida de
cerca de 300 pessoas. Milhares de
negros ficaram desabrigados, uma vez
que tiveram suas casas, comércios e
empresas saqueadas e incendiadas.
O estopim foi uma série de equívocos.
Um jornal sensacionalista estampou na
manchete que um jovem negro havia
estuprado uma ascensorista branca — ele
apenas pisara sem querer no pé da moça.
Levado à prisão, corria o risco de ser
linchado por brancos. Negros foram em
peso à delegacia para defendê-lo. No
meio da confusão, alguém disparou um
tiro para o ar — e tudo desandou de vez.
Mary Elizabeth Jones Parrish
(1892-1972), em “A nação precisa
acordar”, dá seu testemunho da chacina
e transcreve relatos. Este livro serve
como alerta contra o esquecimento
desse episódio que até hoje é colocado
embaixo do tapete da história dos EUA
e segue reverberando em assassinatos
de negros por brancos e na importância
de movimentos como o Black Lives
Matter. (Bruno Yutaka Saito)
DIVULGAÇÃO
Mary E. Jones Parrish, de ‘A nação...’
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 31
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Tramas e mistérios da história do livro
Autora espanhola vai da Biblioteca de Alexandria ao universo digital. Por Marinete Veloso, para o Valor, de São Paulo
O infinito em um junco - A invenção
dos livros no mundo antigo Irene
Vallejo. Trad.: Ari Roitman e Paulina
Wacht, Intrínseca, 496 páginas, R$ 99,90
O título pode soar
enigmático e o
subtítulo, voltado
para uma época
distante. Mas em sua
obra “O infinito em
um junco - A
invenção dos livros
no mundo antigo”, a escritora
espanhola Irene Vallejo conduz o leitor
pelos complexos meandros da escrita e
dos livros, sem hiatos entre
Antiguidade e atualidade.
Estas duas pontas distanciadas pelo
tempo se unem por meio de uma
narrativa rica de informações culturais
e históricas, que caminha em paralelo a
analogias de dezenas de filmes,
diretores de cinema, citações de
escritores dos mais variados estilos ou
em incursões pelo universo digital.
Juntos, esses elementos desvendam
tramas e mistérios de um passado
longínquo, sem descolar o leitor das
inovações deste século.
No princípio da empreitada, a autora
diz que só tinha perguntas: “Quando
surgiram os livros? Qual é a história
secreta dos esforços para multiplicá-los
ou aniquilá-los? O que se perdeu no
caminho e o que se salvou? Por que
alguns se tornaram clássicos?”. Eram
esses seus questionamentos quando se
propôs a escrever o que nomeou de “sua
viagem”, para finalmente constatar: “A
invenção dos livros foi talvez o maior
triunfo na nossa luta tenaz contra a
destruição. Tiveram muitos formatos,
mas o sucesso avassalador desse achado
é incontestável”.
O mergulho de Vallejo nessas
reflexões resultou para o leitor em
uma viagem extraordinária que se
inicia em 332 a.C., em Alexandria,
cidade localizada no delta do rio
Nilo com o mar Mediterrâneo, no
Egito, fundada pelo rei Alexandre
Magno, que a batizou com seu nome.
32 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
DIVULGAÇÃO
Coube a seu sucessor, o rei
Ptolomeu I, no século III a.C.,
concretizar o que Alexandre, morto
aos 32 anos de idade, sonhara: a
construção de um espaço majestoso
que abrigasse livros de todos os
lugares da Terra e representasse “a
memória do mundo”. Construção
concluída, o local se transformou na
mítica Biblioteca de Alexandria, que,
em sua época áurea, abrigou mais de
500 mil rolos de papiro.
“O junco de papiro afunda suas
raízes nas águas do Nilo”, descreve a
autora, explicando que no terceiro
milênio antes de Cristo, os egípcios
descobriram que, com aqueles
juncos, podiam fabricar folhas para
escrever utilizando cálamo e tinta.
“Durante séculos, os hebreus, os
gregos e depois os romanos
escreveram sua literatura em rolos de
papiro, um avanço fantástico na
história do livro”, escreve Vallejo, que
também conta a história da
Biblioteca de Pérgamo, principal
concorrente de Alexandria, bem
como de outras tantas bibliotecas
menores que surgiram quando os
livros se tornaram objetos de cobiça e
de status. Caçadores de livros, diz
Vallejo, se espalharam por todos os
cantos, enfrentando inúmeras “O infinito em um junco”, de Irene Vallejo, já vendeu mais de 400 mil exemplares
batalhas e até mesmo confiscando os
livros dos povos vencidos. ilustradores, bibliotecários, até o disquete de alguns anos atrás, a
A autora relata os conflitos surgimento do papel e, sobretudo, da menos que tenhamos conservado no
políticos em Pérgamo (atual fundamental descoberta da tradução: quarto de despejo todos os
Turquia), que fizeram surgir a “Nosso hábito de traduzir construiu sucessivos computadores e aparelhos
Biblioteca de Pérgamo, onde seria pontes e deu início a uma conversa de reprodução que já tivemos, como
criado um material inovador para a polifônica infinita” que desembocou um museu da caducidade”.
época e que levaria o nome da cidade no cosmopolitismo e na globalização. Para ela, “o livro continuará sendo
— pergaminho —, “um achado que Vallejo não se exime de discorrer o suporte essencial para a leitura,
até muitos séculos depois mudaria a sobre o futuro dos livros e pondera: algo muito parecido com o que
fisionomia e o futuro dos livros”. “Todos nós sentimos falta das coisas nunca deixou de ser, mesmo antes da
A narrativa de Vallejo é pontuada por que perdemos — fotos, arquivos, invenção da imprensa”.
curiosas histórias reveladoras das recordações — devido à velocidade Irene Vallejo nasceu em Zaragoza,
intrigas do mundo antigo, aventuras de com que os produtos tecnológicos Espanha, em 1979 e estudou filologia
imperadores, de Cleópatra e Napoleão, envelhecem e ficam obsoletos. O clássica, com doutorado nas
até a queda do Império Romano e a mais curioso é que ainda podemos universidades de Zaragoza e Florença.
destruição da Biblioteca de Alexandria. ler um manuscrito pacientemente Tem outras obras publicadas,
Ela traça um panorama da evolução copiado há mais de dez séculos, inclusive livros infantis. “O infinito em
do livro em seus múltiplos ângulos porém não conseguimos mais um junco” já vendeu mais de 400 mil
como o trabalho dos copistas, acessar uma fita de vídeo ou um exemplares no exterior. ■
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É TUDO VERDADE
Fato e ficção
DIVULGAÇÃO
escritor explicou num artigo de jornal
que estavam confundindo literatura e
história. Foi rechaçado por adoradores

em “Santa
de Evita como um herege que atentava
contra o legado da protetora dos
despossuídos. Até hoje aquelas

Evita”
Série apresenta, numa
narrativa pretensamente
jornalística, a história da
morte e da vida da
carismática
primeira-dama argentina.
Por Amir Labaki
Amir Labaki é diretor-fundador do
É Tudo Verdade — Festival Internacional
de Documentários.
E-mail: labaki@etudoverdade.com.br
Site do festival:
www.etudoverdade.com.br
Natalia Oreiro faz Evita Perón em “Santa Evita” (Star+), baseada em livro de 1995
Há 70 anos, completados no final de
julho, morria María Eva Duarte de Perón
(1919-1952) e se inflamava o mito Evita.
A plataforma de streaming Star+
certeiramente lembrou a data com o
lançamento da série ficcional “Santa
Evita”, baseada no romance homônimo
publicado em 1995 por Tomás Eloy
Martínez (1934-2010), lançado no Brasil
pela Companhia das Letras e um dos
maiores best-sellers do autor. Fato e
ficção já se embaralhavam com talento
no livro de Martínez, como o fizera em
“O romance de Perón” (1985). A série
torna essas fronteiras ainda mais fluidas,
num estilo narrativo mais convencional.
Numa deliciosa entrevista em 2007 ao
programa da RTP “Por Outro Lado”, da
jornalista portuguesa Ana Sousa Dias,
Martínez explicou didaticamente a origem
e a estratégia narrativa de seu livro. Após a
publicação de “O romance de Perón”, em
que combinava revelações em raras
entrevistas com o protagonista e invenção
literária para narrar a saga do caudilho
argentino, Martínez foi convidado para
um encontro por um telefonema de
desconhecidos numa noite em Buenos
Aires. Três personagens o chamavam para
corrigir a história de Evita, que ele recriara
com a liberdade de ficcionista em seu
primeiro grande sucesso literário.
Os depoimentos e documentos
apresentados lhe serviram de base
para a escrita de “Santa Evita”.
Martínez optou por escrever o livro,
conta a Dias, invertendo os
fundamentos da escola do “novo
jornalismo” desenvolvida a partir dos
anos 1960 nos EUA por Gay Talese,
Lillian Ross, Tom Wolfe e Truman
Capote, entre outros. Eles inovaram ao
aplicar técnicas da narração ficcional
para o desenvolvimento de escritos
não ficcionais, sendo “A sangue frio”
(1966), de Capote, talvez o grande
marco do gênero.
Em “Santa Evita”, Martínez aplicou-se
no oposto: apresentar numa narrativa
pretensamente jornalística um romance
sobre a morte e a vida da carismática
segunda mulher do presidente
argentino Juan Domingo Perón
(1895-1974). A partir da até então
inédita história do sequestro do cadáver
embalsamado de Evita por militares
argentinos quando do golpe de Estado
que derrubou Perón em 1955, sendo o
corpo secretamente enterrado num
cemitério de Milão até sua devolução ao
ex-presidente em 1971, o escritor
turbinou a saga, inventando cópias do
corpo como estratégia de despistamento
dos sequestradores.
Como prova de seu talento literário,
Martínez criou ainda frases poderosas
para Evita que se cristalizaram no
mundo real como se fossem declarações
históricas de sua personagem. Para
seduzir Perón, o escritor a faz dizer:
“Obrigada por existir”. “Voltarei e serei
milhões” é outro mote popular jamais
falado por ela.
Ao ver suas palavras ficcionais
serem assumidas como declarações
factuais após o lançamento do livro, o
frases se inscrevem nos altares de
adoração a Eva Perón.
Dirigida por Rodrigo García, a série
insere uma nova dimensão à espiral
ficcional do livro. Em vez de mimetizar o
estilo de ficção jornalística do original,
assumiu-se uma narrativa audiovisual
entre o thriller e o melodrama e
adicionou-se um eixo temporal que
ficcionaliza a pesquisa jornalística de
Martínez para o preparo do romance.
Surge assim o repórter Mariano
Vásquez (Diego Velázquez), alter ego
do escritor, mas também com
pinceladas de outro jornalista e autor
argentino, Rodolfo Walsh (1927-1977),
que no início dos anos 1960 pesquisou
e escreveu sobre o sumiço do cadáver
no conto “Esa Mujer” (1966).
Os sete episódios da série se alternam
sobretudo entre três períodos:
1944-1952, do encontro entre Evita
(Natalia Oreiro) e Perón (Dario
Grandinetti) à ascensão ao poder e à
morte precoce da protagonista; 1955,
quando da derrubada do presidente e do
roubo do corpo embalsamado; e 1971,
com a busca por Vásquez do principal
responsável pelo desaparecimento, o
lunático coronel Moori Koenig (Ernesto
Alterio). Cenas documentais sucedem-se
nos créditos iniciais do primeiro
episódio e pontuam momentos centrais
de cada capítulo; para tornar os limites
ainda mais turvos, encena-se um
importante “home movie”.
Um alentado dossiê no site da Star+
detalha os bastidores da produção e
distingue o que é fato do que é ficção.
O espectador desavisado talvez
atravesse a série, contudo, assumindo
que é tudo verdade.
Se o cinéfilo Tomás Eloy Martínez
ainda estivesse conosco, imagino que
gostaria que houvesse na série ao menos
uma piscadela de alerta, na linha da frase
do editor ao fim de “O Homem que
Matou o Facínora” (1962), de John Ford.
“Quando a lenda se torna história,
imprima-se a lenda”, explicita ele sua
linha editorial para o veterano senador
interpretado por James Stewart. “Santa
Evita” filma a lenda, sem “disclaimer”. ■
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 33
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OUTROSnosso
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Vozes
S
e um E.T. aterrissasse hoje no
Brasil e quisesse entender
como funciona a estrutura da
díspares
nossa vida social, eu poderia
lhe emprestar dois romances
contemporâneos: “Solitária”, de Eliana
sobre o
Alves Cruz, e “Os coadjuvantes”, de
Clara Drummond (ambos publicados
pela Companhia das Letras). Nem
precisava ser um E.T. Podia ser um
Brasil atual norueguês, um chinês, um russo, um
australiano. A experiência de ler os dois
romances em paralelo é interessante,
Protagonistas de livros de porque mostra não só o que o Brasil é,
Eliana Alvez Cruz e Clara mas também o que o Brasil foi — e
também aquilo que está sendo, a sua
Drummond desvendam força de transformação, que pulsa,
estruturas de nossa vida resiste e cria rachaduras mesmo nas
barreiras que se pretendem mais
social. Por Tatiana rígidas, como as impostas por este
Salem Levy governo atual.
Os títulos já têm algo de curioso:
um se chama “Solitária”; o outro, “Os
coadjuvantes”. Solitária é a
empregada doméstica que trabalha
na casa da madame; solitária é a filha
da empregada; solitária é o quarto
dos fundos, na área de serviço, onde
dormem as funcionárias das casas
dos ricos brasileiros; solitária é, ainda,
o nome de uma prisão/tortura, onde
não se pode ver a luz do dia, nem mais
ninguém. Os coadjuvantes, por sua
vez, são aqueles que, em realidade, se
creem os protagonistas da história do
Brasil, os que ocupam todo o
território da casa, menos a cozinha,
menos a área de serviço, menos a
solitária. No livro de Clara
Drummond, eles são personagens
abastadas, mas se consideram de
classe média, porque, afinal, não têm
jato privado nem ilha em Angra dos
Reis (embora o tio da narradora
tenha uma).
Os coadjuvantes e as solitárias
poderiam viver no mesmo prédio, se
o livro fosse um só. Mas suas histórias
são muito distintas, quase o avesso
uma da outra. E, como as histórias,
também são as vozes. Mabel, uma das
narradoras de “Solitária”, é uma
jovem forte, decidida, que, desde
Tatiana Salem Levy, escritora e pesquisa- criança, teve que lutar contra o que a
dora da Universidade Nova de Lisboa, es- sociedade lhe destinava para se
creve neste espaço quinzenalmente tornar o que é. Vivian, a curadora de
arte de 30 e poucos anos que narra
E-mail: tatianalevy@gmail.com “Os coadjuvantes”, é uma menina rica
34 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022
e mimada, que optou por se
distinguir da sua família de origem,
que ela esculhamba com seu cinismo,
mas com a qual nunca corta
radicalmente. São vozes díspares.
E se há uma garantia de que a
literatura brasileira já não é a mesma
que há dez anos atrás é o fato de que
hoje lemos as duas, publicadas pela
mesma editora, expostas na mesma
prateleira, nas mesmas livrarias.
Mas é claro que isso não seria
possível sem uma legião de Mabéis e
Eunices. Mabel começa a narrativa
dizendo à mãe que ela precisa se
livrar dessas pessoas — seus patrões,
os coadjuvantes, de Clara —, a quem
não deve nada. “A mulher para quem
minha mãe trabalhara por mais de 20
anos acabava de ser indiciada por um
crime terrível”, relata Mabel. O crime
é inspirado num crime real: o do
menino Miguel Otávio, que caiu do
nono andar, enquanto a patroa de
sua mãe tomava conta dele. Eunice é a
única testemunha que pode dizer a
verdade à polícia, mas um passado
que mistura trabalho, exploração e
afeto a perturba.
O romance é a narrativa desse
passado. Primeiro, com a voz e o olhar
de Mabel. Em seguida, com os da
própria Eunice. Num terceiro
momento, quem fala são as paredes
dos quartos menores: o quarto de
empregada, o quarto de porteiro, o
quarto de hotel e o quarto de
descanso. O romance é todo pautado
pela geografia do prédio, porque nela
toda uma estrutura social está
contida: quem, quando e como pode
usar o salão de festas; quem anda no
elevador social e quem usa o de cama estreita daquele quarto ainda
serviço; quem sai pela porta da não tem nome”, diz ela.
cozinha e quem sai pela porta da sala São muitos os conflitos que surgem
de estar; quem nada na piscina e no livro. De um lado, temos o porteiro
quem a observa do lado de fora. Jura e seus filhos, Cacau e João Pedro,
Num único condomínio, o Brasil que ele cria sozinho, Eunice e Mabel e
inteiro. Nele, acontecem festas, Dadá, a empregada da síndica que
perambulam crianças, jovens, aparece misteriosamente em
generais aposentados, pessoas com momentos-chave. Do outro lado, d.
muito dinheiro. Mabel é uma criança Lúcia e seu Tiago, os patrões e pais de
quando é levada pela mãe para Camila, a menina mimada, por quem
aquele que passará a ser também o Eunice nutre um grande afeto. Suas
seu quarto, durante uma festa histórias vão se misturando e se
marcada por uma tragédia. “Não era afastando. E se afastam, sobretudo, com
solidão nem medo do escuro. Era Mabel e Cacau, que, ao mesmo tempo
algo maior. O que senti sentada na que admiram seus antepassados,
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LANÇAMENTOS
CRIS BIERRENBACH
rompem com o ciclo vicioso que os
prendia às solitárias do país.
O conflito entre mãe e filha, o
rompimento com aquilo que não
considera certo e a explosão
existencial também são marcas de
Vivian, a narradora de “Os
coadjuvantes”. Um acontecimento
inicial — o espancamento que Vivian
presencia, provavelmente de Darlene,
a vendedora com quem ela comprava
cerveja na sua rua, embaixo do seu
prédio — faz com que ela coloque em
perspectiva não só o que ela já havia
colocado — a riqueza e o modo de
vida de sua família, com os quais
havia cortado para morar num
apartamento simples em Botafogo,
um bairro menos nobre da zona sul
carioca —, mas também a si própria.
Será que ela tinha de fato rompido
com a bolha, saído da estrutura? Será
que era tão transgressora assim?
Da mesma forma que a família de
Mabel vivia em solitárias havia
gerações, a família de Vivian transmite
dinheiro há gerações. Nisso, estão a sua
garantia e o seu conforto. Vivian nasce
desconfortável. Um bebê estranho,
com problemas demais para essa
família “sem problemas”. E segue
assim, vida afora. Adolescente mais
esquisita do que as do seu meio,
sofredora além da conta, é logo
medicada, tratada como uma anomalia
— afinal, como pode ser tão
desajustada uma menina nascida em
tão bom berço?
Desse desajuste vem tudo o que a
literatura precisa: um olhar atento,
meio dentro, meio fora; uma
sensibilidade que angustia, mas a
torna crítica e, bastante cedo, dona de
um humor ácido que não poupa
ninguém. Primeiro é a família; em
seguida, os artistas, os intelectuais,
aqueles que fazem parte do círculo
que escolheu para si, até
entendermos que ela própria é alvo
da sua acidez. Vivian, afinal, não é
diferente daqueles que ela critica.
“Só é ser humano quem eu
conheço”, diz ela ao pensar em
Darlene, a vendedora de cervejas, “ou
então as celebridades, as pessoas,
públicas, porque se elas morrem eu
fico triste, mesmo que rápido, às
vezes eu até choro. (...) Os moralistas
vão dizer que quem não é um ser
humano sou eu, que digo essas coisas,
que sou cruel, mas estão errados, eu
sou um ser humano, da mesma
espécie que está aí faz milênios, não
sou uma santa, uma figura divina, sou
terrena, sou isso que está aí.” A
grande diferença entre ela e Mabel
talvez seja o fato de que a sua
narrativa, desencadeada pelo
provável espancamento de Darlene,
revela a descoberta, para si, de que
não há salvação possível, nem pelo
sexo — super bem descrito no
romance —, nem pelo rompimento
com a família, nem pela literatura. ■
O livro que mudou a minha vida
José Roberto de Castro Neves (org.)
Nova Fronteira R$ 49,90
Intelectuais e
artistas como o
jornalista e
compositor Nelson
Motta e o ministro
do Supremo
Tribunal Federal Luís
Roberto Barroso, o
humorista Marcelo Madureira e o
jornalista Merval Pereira revisitam as
grandes obras literárias que
marcaram suas vidas neste livro de
entrevistas conduzidas pelo
advogado e professor José Roberto de
Castro Neves, autor também de
“Como os advogados salvaram o
mundo”. Os capítulos trazem
memórias dos entrevistados,
permitindo que venham à tona
sentimentos e emoções. Um dos
objetivos da obra é fornecer
contrapontos a uma época em que a
tecnologia digital pode contribuir
para a perda do prazer da leitura.
Quatro diálogos
Platão. Trad.: André Malta
Editora 34, R$ 69,00
Reunião bilíngue
de quatro diálogos
de Platão —
“Alcibíades
Segundo”, “Teages”,
“Dois homens
apaixonados” e
“Clitofonte” — pouco
divulgados por terem sido
considerados, nos últimos dois séculos,
como de autoria duvidosa. O tradutor
André Malta, da área de Letras da
Universidade de São Paulo, observa,
contudo, que os critérios de verificação
de autenticidade são discutíveis. Os
quatro textos do volume se
desenvolvem em torno da figura de
Sócrates, como a maioria dos diálogos
platônicos, e tratam de ignorância,
sabedoria e da própria filosofia. Malta é
autor das notas, da introdução e de um
posfácio no qual defende que aspectos
formais negligenciados por estudiosos
são um elemento constitutivo da
mensagem filosófica.
O pequeno livro do grande terremoto
Rui Tavares
Tinta da China R$ 69,90
O terremoto de
1755 em Lisboa é
considerado a
primeira grande
catástrofe natural
da era moderna,
com
desdobramentos
em todas as áreas da atividade
humana, da política à filosofia. A
destruição quase completa da capital
do reino português permitiu ao
Marquês de Pombal a oportunidade
de reconstruir a cidade em
conformidade com as exigências da
administração “racional” ao gosto
dos déspotas esclarecidos do
Iluminismo. Além da reconstituição
minuciosa do terremoto e do
trabalho de reconstrução de Lisboa,
o historiador português Rui Tavares
relaciona o sismo a tragédias
naturais recentes como o tsunami no
sul da Ásia em 2004.
Fim de verão
Paulo Henriques Britto
Companhia das Letras, R$ 59,00
Oitavo livro de
poemas do autor,
em que a
mordacidade e o
ceticismo dão o
tom. Britto fala dos
dias atuais,
dominados pela fé
cega e pelo desprezo à racionalidade.
Segundo o também poeta Fabrício
Corsaletti, o livro é “um espetáculo
extraordinário de precisão e
inventividade” em que “nada sobra, e
tudo surpreende”. Corsaletti
compara a obra de Britto às de João
Cabral de Melo Neto e do americano
Wallace Stevens. Paulo Henriques
Britto é também escritor, professor e
tradutor. Recebeu os prêmios
Portugal Telecom, APCA, Alphonsus
de Guimaraens (duas vezes), Alceu
Amoroso Lima, Bravo! Prime de
Literatura e Jabuti. Entre suas obras
anteriores destacam-se “Trovar claro”
(1997) e “Macau” (2003). ■
Sexta-feira, 26 de agosto de 2022 | Valor | 35
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setembro NO SITE E NAS
2022 UNIDADES DO SESC.

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Marte Um Fausto Do Improvável Bia Ferreira

Dir.: Gabriel Martins | Brasil | 2022 Dir.: José Celso Martinez Corrêa
| 115 min | Ficção Co-Direção.: Fernando Carvalho
26 a 31/08. Com Ricardo Bittencourt,
Sexta a domingo, 17h30 e 20h. Leona Cavalli, Marcelo Drummond
Segunda a quarta, 17h30. e Gui Calzavara.
sessão 35mm Até 11/09. Sexta e sábado, 20h.
Medianeras Domingo, 18h.
Dir.: Gustavo Taretto | Argentina | Pinheiros
2011 | 95 min | Ficção
Cartas da Prisão
29/08. Segunda, 20h.
Com Chica Portugal
CineSesc Direção: Bruno Kottÿ
Até 27/08. Sextas e sábados, 20h.
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Até 28/08. Sexta e sábado, 21h.
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Domingo, 18h.
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C m A Cia. Farnel Améfrica: Em Três Atos
A é 04/09. Direção: Eugênio Lima
D mingo, 11h. Com Coletivo Legítima Defesa
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Domingo, 18h.
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26/08. Sexta, 20h.
Bom Retiro
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Lançamento do álbum “Oriki”
27 e 28/08.
Sábado, 20h. Domingo, 18h.
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Até 16/10. Terça a domingo.
Direção: Fernando Portari
Bom Retiro
28/08. Domingo, 18h.
ESPECIAL Ipiranga
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Série sobre o funcionamento do
sistema respiratório humano e as
diferentes formas de mantê-lo
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Episódio 4: A Inspiração
Atividades gratuitas. A limpeza das vias respiratórias e
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Literatura, Cinema, Artes passagem do ar.
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36 | Valor | Sexta-feira, 26 de agosto de 2022