Jornal Valor --- Página 1 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por CGBarbosa às 06/05/2020@21:35:21
www.valor.com.br
Ambev vai distribuir
700 mil garrafas de
água a comunidades
carentes e hospitais
públicos B3
Pandemia acelera
mudanças no setor de
meios de pagamento C6
Destaques
Voo solo desafia a Embraer
Embora detenha a liderança no segmento
de jatos regionais, a Embraer não tem fôlego
financeiro para permanecer sozinha no
mercado global. Na última década, enquan-
to as concorrentes ganharam musculatura,
a empresa brasileira evoluiu pouco em ter-
mos de faturamento líquido e segue menor
que as rivais, diz Oscar Malvessi, FGV. B3
VW volta a pisar fundo na China
A Volkswagen informou que a demanda por
seus carros na China está quase tão alta
quanto no mesmo período de 2019, sinal
da velocidade de recuperação no mercado
mais lucrativo do mundo, disse Jürgen Sta-
ckmann, do conselho de administração da
VW. O executivo, no entanto, descartou uma
retomada tão acelerada na Europa. B4
Fábricas de Duratex voltam devagar
A Duratex retomou as operações de to-
das as suas fábricas, ainda que abaixo
do uso médio da capacidade. No pior
momento desde o início da pandemia,
todas as unidades de painéis de madeira
pararam, além de metade das unidades
da divisão Deca (louças e metais sanitá-
rios) e de revestimentos cerâmicos. B5
Burocracia dificulta prorrogar dívidas
Quase um mês após o governo federal
anunciar regras para prorrogação do venci-
mento de parcelas do crédito rural, em ra-
zão dos impactos da pandemia e da estia-
gem em alguns Estados, produtores ainda
têm dificuldades para fazer valer o benefí-
cio. Só no Rio Grande do Sul, onde os efeitos
da seca foram mais severos, as renegocia-
ções podem chegar a R$ 5 bilhões. B8
Exportação recorde de soja
As exportações brasileiras de soja em
grão, carro-chefe do agronegócio, so-
maram 14,3 milhões de toneladas em
abril, 55% mais do que no mesmo pe-
ríodo do ano passado e o maior volume
já registrado em um único mês, segun-
do dados da Anec. A responsável foi a
demanda firme da China, que lidera as
importações globais do grão. B8
STF decidirá voto de qualidade no Carf
O ministro Marco Aurélio Mello, relator de
ação do PSB pedindo a volta do voto de
qualidade nos julgamentos do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf),
decidiu não conceder liminar restabelecen-
do a regra e encaminhou a decisão do méri-
to diretamente ao plenário. Segundo o sin-
dicato dos auditores fiscais, o fim do voto
de desempate representa uma perda de ar-
recadação de R$ 60 bilhões por ano. E1
STJ relativiza ‘direito a esquecimento’
O Superior Tribunal de Justiça entendeu
que não é possível aplicar a chamada
teoria do “direito ao esquecimento” para
impedir a publicação de reportagens so-
bre crimes ou pessoas condenadas no
passado, o que significaria censura, prin-
cipalmente relativas a casos que tiveram
grande repercussão na sociedade. E1
Ideias
João Saboia
Desde janeiro o país está sem as informa-
ções mensais do Caged, ante uma crise sem
precedentes no mercado de trabalho. A11
André Rocha
As empresas da nova economia vieram
para ficar, impactando hábitos de con-
sumo e formas de produção. C6
Indicadores
Ibovespa 6/mai/20 -0,51 % R$ 21,7 bi
Selic (meta) 6/mai/20
Selic (taxa efetiva) 6/mai/20
Dólar comercial (BC) 6/mai/20
Dólar comercial (mercado) 6/mai/20
Dólar turismo (mercado) 6/mai/20
Euro comercial (BC) 6/mai/20
Euro comercial (mercado) 6/mai/20
Euro turismo (mercado) 6/mai/20
Apesar das perdas do
1 o trimestre, Werneck,
da Gerdau,
acredita que
o pior já pode
ter ficado
para trás B4
BC corta juro para 3% e já
prevê uma nova redução
Estevão Taiar e Alex Ribeiro
De Brasília
O Comitê de Política Monetária (Co-
pom) decidiu ontem reduzir de 3,75%
para 3% ao ano a taxa básica de juros
(Selic), o menor nível da história do
país. O corte foi maior que o esperado
pela maioria dos participantes do mer-
cado, que apostava em queda de no
máximo de 0,5 ponto percentual.
A surpresa poderia ter sido maior.
Embora a decisão tenha sido unâni-
me, em seu comunicado o Copom
revelou que dois diretores do colegia-
do do Banco Central (BC) defenderam
ontem redução maior da taxa Selic,
o juro de referência da economia
brasileira. Optou-se, então, pelo corte
de 0,75 ponto percentual e a indica-
ção, no comunicado, de mais uma
redução da Selic antes de se encerrar
Dino diz que
Bolsonaro quer
‘turvar águas’
Malu Delgado e Cristiane Agostine
De São Paulo
Na linha de frente da oposição a Jair
Bolsonaro, o governador do Maranhão,
Flávio Dino (PCdoB), afirma haver no
meio político a impressão generalizada
de que o presidente “deseja turvar as
águas brasileiras”, e uma das razões é
“para ocultar as suas carências adminis-
trativas escandalosas”. “Se possível, não
há dúvida de que tentará algum empre-
endimento de face golpista”, enfatizou,
ao participar, ontem, da “Live do Valor”.
Dino diz que Bolsonaro hostiliza e sabo-
ta a agenda de combate ao coronavírus.
Questões administrativas cruciais são dei-
xadas de lado, como a logística do paga-
mento do auxílio emergencial aos infor-
mais, o que gera filas nas agências da Caixa.
“Bolsonaro tem que se ocupar da sua res-
ponsabilidade.Elequersedesviar,mastem
que tratar do coronavírus.” Página A12
Trabalhador vai
de avião colher
uvas na Suíça
Assis Moreira
De Genebra
No aeroporto vazio de Genebra, um
único voo, fretado, pousou na sexta-feira.
Trazia portugueses para trabalharem na
colheita de uvas. Além da Suíça, a Alema-
nha também está transportando de
avião trabalhadores temporários estran-
geiros para a colheita. Produtores suíços
até contavam com a mão de obra local
desocupada pelo fechamento de restau-
rantes, bares e hotéis, mas optaram pelos
estrangeiros por temerem que, de repen-
te, os negócios reabram. Um trabalhador
temporário nos vinhedos ganha o equi-
valente a R$ 18,7 mil por mês. Página B8
Europeusvoltamaplanejarviagens
3,75 % ao ano
3,65 % ao ano
Dave Lee, Miles Kruppa e Alice Hancock
5,6670/5,6676
5,7024/5,7030
Financial Times, de San Francisco e Londres
5,7254/5,9054
6,1226/6,1255 O Airbnb vem registrando um salto
6,1545/6,1551 nas reservas em vários países euro-
6,2216/6,4016
peus, sinal de que muitas pessoas que
agora estão em confinamento já co-
meçam a fazer planos de viagem de-
pois de alguns governos terem alivia-
do as medidas de isolamento social.
Quinta-feira, 7 de maio de 2020 | Ano 21 | Número 4995 | R$ 5,00
a política de alívio monetário.
O mercado financeiro teme que uma
taxa de juros muito baixa provoque
forte saída de capitais do país, uma vez
que a rentabilidade das aplicações fi-
nanceiras em renda fixa ficaria muito
baixa. O efeito colateral seriam novas
rodadas de desvalorização do real fren-
te ao dólar, fato que, em tese, pressio-
naria a inflação.
A diretoria do BC deixou claro que
está mais preocupada neste momento
com o efeito devastador da pandemia
sobre a economia nacional. Apesar dos
dados até março mostrarem impactos
parciais das medidas de isolamento so-
bre a atividade, indicadores referentes
a abril apontam que o recuo na ativida-
de “será significativamente superior”
ao que foi calculado na reunião ante-
rior, diz o comunicado do Copom.
Para a autoridade monetária, a gravi-
Praça Marechal Deodoro, no centro de São Luís: capital do Maranhão cumpre o segundo dia de ‘lockdown soft’, diz o governador Flávio Dino
Senadofacilita reajuste
de servidorespúblicos
Marcelo Ribeiro, Raphael di Cunto e
Fabio Graner
De Brasília
Em um duro revés para a área econô-
mica, e com o apoio do presidente Jair
Bolsonaro, o Senado aprovou, ontem, o
texto da proposta de socorro financeiro
aos Estados e municípios, que permite
reajustes salariais para servidores das
áreas de segurança, saúde e educação.
São justamente os policiais, professores
e profissionais da saúde os que mais pe-
sam na folha de pagamentos dos Esta-
dos e das prefeituras municipais.
Na proposta original da equipe eco-
nômica, todos os salários do funciona-
lismo público, da União, Estados e
Ainda assim, a companhia estima
que sua receita mundial neste ano se-
rá apenas a metade dos US$ 4,8 bi-
lhões obtidos em 2019 e, na terça-fei-
ra, anunciou um corte de 25% no nú-
mero de funcionários.
“A recuperação está melhor do que
prevíamos há duas semanas. Mas é uma
recuperação temporária? É uma recupe-
ração permanente? Ninguém sabe”, dis-
dade da crise “prescreve estímulo mo-
netário extraordinariamente elevado”,
embora uma possível piora do quadro
fiscal possa limitar o tamanho do novo
corte de juros, pondera no comunica-
do. “A trajetória fiscal ao longo do pró-
ximo ano, assim como a percepção so-
bre sua sustentabilidade, serão decisi-
vas para determinar o prolongamento
do estímulo [monetário]”, diz o texto.
“O Copom optou por uma provisão de
estímulo mais moderada, com o benefí-
cio de acumular mais informações até
sua próxima reunião [em junho]”, acres-
centou o Copom. O comunicado diz ex-
plicitamente que o próximo corte de ju-
ros não será superior a 0,75 ponto per-
centual, o que fez muitos no mercado
apostarem em diminuição dessa magni-
tude em junho. Ao mesmo tempo, em
outro trecho, previu que o espaço para
alívio pode ser bem pequeno. Página C1
municípios, seriam congelados até
dezembro do próximo ano. Na trami-
tação da proposta no Legislativo, os
parlamentares foram abrindo exce-
ções, até que ontem, na Câmara, o que
era para ser uma economia de R$ 130
bilhões, que já havia sido reduzida a
R$ 93 bilhões no Senado, transfor-
mou-se em apenas R$ 43 bilhões.
Da forma como foi aprovada, a pro-
posta ficou flexível para os servidores e
assim irá à sanção do presidente da Re-
pública, um projeto de socorro financei-
ro a Estados e municípios sem contrapar-
tidas. A pressão das corporações evitou
que os salários do funcionalismo fossem
congelados em razão da crise causada
pela pandemia. Páginas A2 e A6
se o executivo-chefe do Airbnb, Brian
Chesky, em chamada de vídeo a partir de
San Francisco (EUA), onde mora.
O sinal de alta nas reservas, no entan-
to, ainda é apenas um fio de esperança
para uma empresa que esperava fazer
uma estreia retumbante no mercado
acionário neste ano, operação que ago-
ra parece quase impossível, segundo
grandes investidores. Página B6
Planalto vai
decidir sobre
alta da Cide
Lu Aiko Otta e Cristiano Zaia
De Brasília
Divergências na equipe de governo
colocaram na mesa do presidente Jair
Bolsonaro a decisão sobre elevar ou não
a Cide, um dos tributos federais sobre a
gasolina. Defendida pelo setor sucroal-
cooleiro, que enfrenta queda na deman-
da por causa da pandemia, a medida
tem a oposição da equipe econômica.
Mas é defendida pela ministra da Agri-
cultura, Tereza Cristina, e pelo ministro
de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
O aumento da Cide tornaria a gasoli-
na mais cara e tenderia a aumentar o
consumo de etanol. A proposta em
discussão prevê aumento do tributo
de R$ 0,10 para R$ 0,30 por litro. Outra
opção seria a redução a zero do PIS/Co-
fins sobre o etanol e a taxação de 15%
nas importações de gasolina. As discus-
sões se arrastam há 40 dias. Página A3
DOUGLAS JUNIOR/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
Presidente
já nomeia
os indicados
do Centrão
Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro
De Brasília
Com a nomeação de Fernando Mar-
condes de Araújo Leão para a direção-ge-
ral do Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas (Dnocs), o presidente Jair
Bolsonaro inaugurou ontem a nova fase
de sua relação com o Centrão e com o que
sempre acusou de ser a “velha política”. O
orçamento do órgão é de R$ 1 bilhão. A
aproximação também é parte de uma es-
tratégia para tentar eleger um aliado à
presidência da Câmara no ano que vem.
A nomeação foi intermediada pelo líder
doPPnaCâmara,ArthurLira(AL),masain-
dicação foi, na verdade, do deputado Se-
bastião Oliveira (PL-PE) — sobrinho de Ino-
cêncio Oliveira, ex-presidente da Casa, acu-
sado de usar o Dnocs para construir poços
em suas fazendas nos anos 90.
Além de incomodar deputados do PP,
que queriam o cargo, a troca desagradou o
deputado Genecias Noronha (SD-CE). “Pa-
drinho” do antigo diretor, ele se queixou a
aliados por não ter recebido sequer uma li-
gaçãoavisandosobreamudança.Sãoespe-
radas nos próximos dias nomeações no
Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), na Conab e em secreta-
rias dos ministérios do Desenvolvimento
Regional e da Agricultura. Página A8
Jornal Valor --- Página 2 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@21:27:43
A2 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Brasil
Maiorrigornocontrole
dogastocompessoal
Ribamar Oliveira
N
ão recebeu a devida
atenção uma
mudança feita na
Lei de
Responsabilidade
Fiscal (LRF) pelo projeto de lei
complementar 39/2020,
aprovado na terça-feira pela
Câmara dos Deputados e ontem
pelo Senado. O noticiário ficou
restrito ao montante e à
distribuição da ajuda
financeira da União aos Estados
e municípios, com pouca luz
sendo jogada sobre uma
alteração que terá caráter
permanente e vai melhorar o
controle sobre os gastos com a
folha salarial dos servidores.
A alteração do artigo 21 da
LRF, feita pelo PLP 39, torna
nulo o ato que resulte em
aumento da despesa com
pessoal em períodos
posteriores ao final do
mandato do titular do
Executivo, do Judiciário, do
Legislativo, do Ministério
Público e dos Tribunais
de Contas.
Ou seja, não vale mais aquela
prática, bastante difundida, de
conceder reajuste salarial em
várias parcelas a serem pagas
pelos governos seguintes.
Prática que, na esfera federal,
foi usada em governos do PT. A
ex-presidente Dilma Rousseff
foi obrigada a pagar parcelas
significativas de reajustes
salariais concedidos pelo
ex-presidente Luiz Inácio da
Silva. A nova regra valerá para
os três Poderes e órgãos da
União, dos Estados e dos
municípios.
Os aumentos concedidos
durante o governo do
ex-presidente Michel Temer
tiveram parcelas pagas a várias
categorias até o ano passado.
Mudança na LRF
terá forte efeito na
administração
Será nula também a
aprovação, a edição ou a
sanção, pelos chefes do
Executivo, pelos presidentes
das casas do Legislativo, pelos
presidentes de Tribunais do
Poder Judiciário e pelo chefe do
Ministério Público da União e
dos Estados de norma legal
contendo plano de alteração,
reajuste e reestruturação de
carreiras do setor público ou a
edição de ato para nomeação
de aprovados em concurso
público quando houver
parcelas de aumento de
despesas a serem
implementadas em período
posterior ao fim do mandato.
Como foi aprovado ontem
pelo Senado, o PLP 39 vai agora
à sanção do presidente Jair
Bolsonaro. A nova regra da LRF
terá grande importância no
controle das despesas com
pessoal e acabará com uma
prática nefasta dos
administradores deixarem
despesas de pessoal para serem
pagas por seus sucessores.
A iniciativa de alterar o artigo
21 da LRF parece ter sido do
Ministério da Economia, aceita
e incorporada ao projeto por
seu relator, o senador Davi
Alcolumbre (DEM-AP). Ela não
consta do projeto de lei
complementar 149/2020, que
trata da compensação pela
perda de receita dos Estados e
municípios, aprovado
anteriormente pela Câmara, e
nem do PLP 39/2020 original,
de autoria do senador Antonio
Anastasia (PSD-MG). Não
resultou também de emenda de
nenhum senador.
Alcolumbre disse, em seu
parecer, que a motivação da
mudança na LRF “é impedir que
os governantes e chefes de
Poder atuais criem despesas
novas para seus sucessores,
inviabilizando, dessa forma, a
futura administração”. O
presidente do Senado lembrou
aos seus colegas as práticas
política que, infelizmente,
ainda imperam no Brasil.
“Muitos aqui sabem das
dificuldades de administrar um
município ou um Estado,
especialmente quando herdam
dívidas contraídas pelo
antecessor, que, em busca de
dividendos políticos,
compromete a sanidade das
contas públicas”.
Alcolumbre entendeu que a
proibição para que não se deixe
despesa salarial a ser paga pelos
sucessores “ajuda a resolver um
problema mais estrutural, que a
LRF, em sua redação original,
não conseguiu plenamente”. A
mudança, portanto, feita em
meio a uma crise sanitária sem
paralelo neste século, ajudará,
em caráter permanente, o
equilíbrio das contas.
Até agora, a LRF considerava
nulo apenas o ato que
resultasse em aumento da
despesa com pessoal expedido
nos cento e oitenta dias
anteriores ao final do mandato
dos titulares dos três Poderes,
do Ministério Público e dos
tribunais de contas. A regra
poderia ser facilmente burlada
pois, em boa parte dos casos, os
aumentos nas despesas com
pessoal são concedidos para
vigorarem no último ano dos
mandatos, principalmente, no
caso de Estados e municípios,
com parcelas a serem pagas nos
exercícios seguintes.
O exemplo mais recente é o
caso da prefeitura do Rio de
Janeiro. No mês passado, os
vereadores do Rio aprovaram
um projeto de lei que cria uma
nova gratificação para os
servidores administrativos da
prefeitura. Como o município
está em situação de calamidade
pública por causa do novo
coronavírus, os vereadores
aprovaram uma emenda
determinando que a
gratificação só será concedida
em 2022. Ou seja, a próxima
administração, a ser eleita neste
ano, terá que pagar a conta.
C
omemorou-se
muito, dentro do
governo, a
aprovação pelo
Senado e pela
Câmara do artigo 8 o do PLP 39,
que proíbe governos estaduais e
prefeituras de darem aumento, a
qualquer título, na
remunerações dos seus
servidores. O congelamento das
despesas com pessoal até o dia
31 de dezembro de 2021 foi
apresentado como uma
contrapartida de Estados e
municípios à ajuda financeira
da União durante a pandemia.
A questão discutida na área
técnica é que o famoso artigo 8 o
do PLP 39 pode ser
inconstitucional. A nota
informativa 18, da Consultoria
de Orçamento e Fiscalização
Financeira da Câmara dos
Deputados, diz que “poderá
haver questionamentos quanto
à possibilidade de a União
legislar sobre matérias inerentes
à competência legislativa e
administrativa dos entes
subnacionais, sem ofender a
autonomia de tais entes”.
A consultoria considera que
uma emenda constitucional
seria “o instrumento mais
adequado para determinar o
congelamento da remuneração
de todo os agentes públicos das
esferas de governo atingidas
pela calamidade reconhecida
pelo Congresso Nacional”. A
questão agora é saber se alguma
entidade representativa de
servidores terá interesse em
ingressar no Supremo Tribunal
Federal, com uma ação direta de
inconstitucionalidade
questionando o artigo 8 o.
Ribamar Oliveira é repórter especial e
escreve às quintas-feiras
E-mail ribamar.oliveira@valor.com.br
Teich critica ‘fila única’ e já admite
possibilidade de adotar ‘lockdown’
numa ordem e aquilo é distribuí- nar o SUS capaz de enfrentar a realidade local. “Acho importan-
IMPACTOS DO do rapidamente. Mas o que eu vi pandemia. “O que eu acredito, e te que a gente discuta a estraté-
na oncologia, por exemplo, não vai ser trabalhado, é realmente gia de acordo com a situação de
CORONAVÍRUS foi isso. Vi a fila ser menos efi- um programa de cooperação en- cada lugar para que a gente não
ciente do que era antes”, afirmou tre o sistema público e privado. generalize em ser a favor ou con-
Rafael Bitencourt e o ministro, em entrevista no Pa- Se necessário for, que haja uma tra o ‘lockdown’”, afirmou.
Fabio Murakawa lácio do Planalto. integração dos dois no suporte Desde a chegada de Teich ao
De Brasília Teich explicou que a proposta ao sistema público. A única preo- governo, o Ministério da Saúde
que surge agora, recomendada cupação é que isso não soe como promete apresentar uma diretriz
Mesmo se valendo de tom con- pelo Conselho Nacional de Saú- uma intervenção”, disse Teich de distanciamento social para
ciliador, o ministro da Saúde, Nel- de (CNS), prevê a incorporação Sobre o “lockdown”, o ministro ajudar os gestores de saúde de
son Teich, manifestou ontem sua de leitos da rede privada à rede afirmou que a medida pode ser Estados e municípios a fazer a
discordância à adoção da “fila úni- pública. “Não é uma questão de necessária para evitar a escalada melhor escolha. A orientação,
ca” para acesso de pacientes com o fila, mas de incorporação. Aí, é de casos da covid-19 no Brasil. Po- porém, ainda não foi divulgada,
novo coronavírus aos leitos de UTI, uma situação que eu tenho que rém, tal decisão não pode ser mo- mas deverá estabelecer diferen-
da rede pública ou privada. Além ver com muito mais cuidado, tivada por disputa política. tes níveis de isolamento.
disso, ele admitiu a possibilidade porque tem implicações que vão O bloqueio da circulação de “Você vai ter desde medidas
de adotar medidas mais duras de além desse momento”, afirmou. pessoas adotado por Estados e mu- simples, como lavar as mãos, fa-
distanciamento social, como o “lo- Na visão do ministro, qualquer nicípios, impedindo a abertura de zer distanciamento pequeno, até
ckdown”, no enfrentamento da decisão precisará ser avaliada de comércio, tem sido criticada pelo o ‘lockdown’”, explicou Teich. Ele
pandemia no país. forma “clara, transparente e téc- presidente Jair Bolsonaro, o que in- reforçou que o confinamento ri-
“A fila única é um assunto bas- nica” com as operadoras de pla- clusive provocou o desgaste da re- goroso será importante especial-
tante delicado. No que eu conhe- nos de saúde, os gestores de saú- lação com o ex-ministro da Saúde mente para as cidades com alta
cia, ela tinha um conceito dife- de nos Estados e a Agência Nacio- Luiz Henrique Mandetta. incidência da doença, elevada ta-
rente que a fila única do SUS, on- nal de Saúde Suplementar (ANS). Para o atual ministro, a ques- xa de ocupação de leitos e infraes-
de você tenta criar um aumento Para ele, o governo precisa tão não precisa ser tratada de for- trutura que ainda não está prepa-
de eficiência quando se coloca buscar mais eficiência para tor- ma “radical”, mas analisando a rada para enfrentar a pandemia.
Com isolamento frágil, mortes no Brasil já chegam a 8.536
Hugo Passarelli
De São Paulo Epidemia no Brasil
Mortes mantêm crescimento de 8% com 615 casos em 24 horas
A disseminação acelerada do
novo coronavírus no Brasil é re- Casos acumulados no país Número de mortes acumuladas
sultado da combinação das deci- 140.000 9.000
sões do governo federal, medidas 125.218 8.536
de confinamento pouco rigoro- 120.000 7.500
sas e das limitações do sistema de 100.000
5.901
85.380 6.000
saúde brasileiro, segundo espe-
80.000
cialistas. Ontem, o número de
58.509
4.500 4.016
mortes registradas foi de 615, le- 60.000
40.581 2.575
vando o acumulado total a 8.536. 3.000
40.000 28.320 1.736
Com isso, o Brasil tem o sexto 19.638 1.056
11.130 1.500
maior número de óbitos do 20.000
6.834 241
486
mundo, segundo a Universidade 0 0
Johns Hopkins. Os casos da doen- 1 5 10 15 20 25 30 1 6 1 5 10 15 20 25 30 1 6
Abril Maio Abril Maio
ça já chegam a 125.218.
“Olhando a experiência inter-
nacional, a aceleração das mor- Número de mortes por dias nos últimos 36 dias
tes tem a ver com o posiciona- 700
mento do governo e com a estru- 600
615
tura e a organização do sistema
de saúde”, diz Adriano Massuda, 500
435
professor da Fundação Getulio 400
346
Vargas (FGV) e pesquisador visi-
tante no Departamento de Saúde 300
Global e Populações da Escola de 200
204
Saúde Pública de Harvard. 115 113
100
Apesar das limitações do Siste- 40 54
ma Único de Saúde (SUS), inicia- 0
tivas complementares poderiam 1
Abril
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 2 3 4 5 6
Maio
diminuir o impacto da doença.
“Mesmo não tendo uma infraes- Os Estados com mais casos da doença
trutura eficiente para oferecer
testes, poderíamos ter técnicos e Posição Estado Total de casos acumulados Total de mortes acumuladas
agentes comunitários para fazer
ações de diagnóstico precoce e
1º
2º
São Paulo
Rio de Janeiro
37.853
1.205
3.045
13.295
isolamento”, disse ontem em de-
3º Ceará 12.304 848
bate da FGV e da agência Bori.
4º Pernambuco 9.881 803
Também presente no debate, 5º Amazonas 9.243 751
Ana Maria Malik, coordenadora 6º Maranhão 291
5.028
do FGV-Saúde, afirmou que um 7º Pará 5.017 392
dos pontos mais preocupantes 8º Bahia 160
4.301
na disseminação da doença é a 9º Espírito Santo 3.568 145
grande circulação de pessoas 10º Santa Catarina 2.917 59
apesar da quarentena. “O que
precisamos mesmo é de mais iso- Fonte: Ministério da Saúde. Elaboração: Valor Data. Obs: Até as 18:50 do dia 6/mai/20
lamento social”, disse.
Uma das idealizadoras do SUS, Estudo do Núcleo de Opera- diana nos países analisados mos- levantamento, a alta oscilou em
Ana Maria lembrou que o mo- ções e Inteligência em Saúde trou aumento de 4,3% de novos torno de 7%. “Isso indica que o
mento é distanciamento do Brasil (Nois) confirma que o Brasil está casos ao dia, percentual que caiu Brasil e suas regiões ainda não
de entidades como a Organiza- entre os países mais afetados pe- para 1,6% depois de 21 dias. Nos atingiram o pico”, diz o estudo.
ção Pan-Americana da Saúde la covid-19. A análise comparou mesmos intervalos, o Brasil teve A mesma tendência ocorre en-
(Opas), braço Organização Mun- o país com outras 39 nações du- altas de 7,8% e 6,7%, mostra o es- tre os óbitos. Foram analisados
dial de Saúde (OMS). “A coopera- rante 21 dias. O marco inicial foi tudo, realizado por pesquisado- 30 países a partir da marca de 50
ção internacional até existe, te- o momento em que todos atingi- res da PUC-Rio, Instituto D’Or de falecimentos. Em todo o período,
mos conhecimento do que está ram 50 casos da doença, e o pe- Pesquisa e Ensino e Fundação o Brasil mostrou taxa de cresci-
ocorrendo em outros países. A ríodo analisado foi entre os dias Oswaldo Cruz (Fiocruz). mento de óbitos acima de 75% da
questão é que os tomadores de 33 e 53 da pandemia. São dados De 25 a 30 de março, o país li- amostra, liderando o aumento
decisão usarão o conhecimento atualizados até 4 de maio. derou a taxa de crescimento de em diversas ocasiões, como nos
para o que for mais conveniente.” No dia 33 da pandemia, a me- contaminações e, nos 21 dias do dias 16, 17 e 28 de abril.
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
ABB B1 Banco Pan C4 BRF B8 FGV B3 Einstein B3 Telefônica B7
Ace Capital C3 Bank of America C3 Bunge B8 Finance Consultoria A4 IEMI B1 Textron Aviation B3
Agrodanieli B8 BMW B4 Caixa A12 Fox B6 IHS Markit A3 TikTok B3
Airbnb B6 BNDES B3, C3 Camargo Corrêa Infra B1 GE Grid B1 LCA C3 TIM B7
Airbus B3 Boa Vista Serviços A3 CNH Industrial B8 GE Hydro B1 LCA Consultores A5 Totvs B6
Alstom B1 Boeing B3 Duratex B5 General Dynamics B3 Minuano B8 UBS B7
Ambev B3 Bombardier B3 EDP B3 Gerdau B3 Mondelez A11 Vivo B7
ARC Mercosul B8 Boticário B3 Egon Zehnder B2 Gol B6 Nicolini B8 Volkswagen B4
Notredame B6 Walt Disney B6
ARX C3 BP B8 Embraer B3 Goldman Sachs A3
Aurora B8 BR Distribuidora B3 Ernest & Young B3 GTFoods B8 Petrobras A3, B1, B3 WWF A10
Banco do Brasil B8 BR Properties B5 FCStone B8 Hospital Albert Samsung B1 Yaborã Indústria
Santander C3 Aeronáutica B3
Jornal Valor --- Página 3 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@21:18:46

Quinta-feira, 7 de maio de 2020 | Valor | A3

Brasil erevistas

Tributação Taxação maior opõe equipe econômica a Agricultura e Minas e Energia

Equipe diverge e deixa para SETOR DE TURISMO

Bolsonaro decisão sobre Cide O
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Lu Aiko Otta e Cristiano Zaia
De Brasília
Divergências na equipe de go-
verno colocaram sobre a mesa do
presidente Jair Bolsonaro a decisão
sobre elevar ou não a Cide com-
bustíveis, cobrada sobre a gasoli-
na. Defendida pelo setor sucroal-
cooleiro, que amarga forte queda
na demanda por causa da pande-
mia, a medida enfrenta oposição
da equipe econômica. Mas é defen-
dida pela ministra da Agricultura,
Tereza Cristina. O ministro de Mi-
nas e Energia, Bento Albuquerque,
também defende para o presiden-
te a adoção de medidas tributárias
de apoio ao segmento, apurou o
Valor. A área econômica, por ou-
tro lado, é contrária a medidas go-
vernamentais que atendam a um
setor específico.
Entre as opções, estão a elevação
da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide), tribu-
to cobrado na gasolina, de R$ 0,10
para R$ 0,30 por litro, a redução a
zero do PIS-Cofins do etanol e a ta-
xação de 15% nas importações de
gasolina. As discussões se arrastam
por 40 dias, mas há pressão para
que o presidente arbitre rapida-
mente e tome uma decisão.
Com a elevação, da Cide, o setor
sucroalcooleiro espera retomar ao
menos em parte a competitividade
do etanol em relação à gasolina. O
setor amarga queda de 50% na de-
manda e enfrenta problemas de
armazenagem. Há discussões em
curso entre o Ministério da Econo-
mia e o BNDES para financiar a
construção de tanques.
O principal argumento a favor
do aumento da Cide é que a medi-
da não teria impacto no preço fi-
nal. Como o preço da gasolina está
em queda, a elevação do tributo de
R$ 0,10 por litro para R$ 0,30 ape-
A ministra Tereza Cristina, da Agricultura: apoio ao setor sucroalcooleiro
nas evitaria uma queda maior na
bomba. Não teria impacto na in-
flação, nem para o consumidor.
Além disso, ajudaria a criar uma
“gordura” no preço que ajudaria a
amenizar futuras oscilações. Em
2019, a arrecadação da Cide che-
gou a R$ 2,7 bilhões.
A área econômica argumenta
que as ações tomadas desde o iní-
cio da pandemia são de caráter
transversal, ou seja, atendem às
empresas como um todo. É o ca-
so do adiamento do prazo de re-
colhimento de tributos federais e
do aumento da liquidez no siste-
ma financeiro para facilitar a
concessão de crédito.
Os técnicos da equipe econômi-
ca temem que, ao atender um setor
em particular, venha uma avalan-
che de pedidos específicos. Há su-
gestões de todo tipo em análise no
governo e as pressões são fortes.
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
A equipe é contrária também a
elevar tributos em meio à crise. O
próprio ministro da Economia, Pau-
lo Guedes, afirmou na semana pas-
sada que este não é o momento de
aumentarimpostosequediscussões
desse tipo serão travadas logo à fren-
te, na reforma tributária.
O contexto, porém, era dife-
rente. Foi durante a audiência na
comissão mista do Congresso
que discute a pandemia, na últi-
ma quinta-feira. Alguns parla-
mentares o questionaram sobre
a redução da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos
bancos que teria sido publicada
no Diário Oficial naquele dia. As
perguntas partiram de interpre-
tação equivocada de uma Instru-
ção Normativa publicada pela
Receita Federal, que tratava de
uma regra de transição para o au-
mento do tributo, tal como apro-
PEDE AJUDA PARA
SUPERAR CRISE
Conselho Empresarial
de Turismo e Hospi-
talidade (Cetur) da
sofridos pelas empresas
têm potencial de redu-
zir 295 mil empregos
Confederação Nacional formais em apenas três
vado na reforma da Previdência.
Uma política de apoio ao setor do Comércio de Bens, meses.
sucroalcooleiro é, no entanto, Serviços e Turismo “O desenvolvimento do
defendida pela ministra da Agri- (CNC) está fazendo 65 turismo é uma bandei-
cultura. Ela tem demonstrado anos em 2020. A data é ra histórica da CNC, do
frustração com a demora na de- carregada de significado, Sesc e do Senac que nós
cisão e afirmou que a bola estava principalmente se consi-
com o Ministério da Economia.
carregamos com muito
derarmos a crise do novo orgulho”, afirmou o pre-
Já o ministro de Minas e Energia,
coronavírus e os impac- sidente da Confederação,
Bento Albuquerque, defendeu a
elevação da Cide no início de mar- tos que estão sendo sen- José Roberto Tadros.
ço, como alternativa para evitar os- tidos pelo turismo não “A liderança do Sistema
cilação excessiva do preço da gaso- apenas no Brasil, mas em CNC-Sesc-Senac será,
lina. Na ocasião, foi desautorizado todo o mundo. mais do que nunca, uma
por Bolsonaro. A proposta de cria- Somente até o fim do ponte sólida para que o
ção de uma espécie de colchão tri-
mês de março, último setor possa superar o mo-
butário foi retirada da mesa, se-
gundo o Ministério de Minas e dado tabulado pela CNC, mento sem precedentes e
Energia. Essa ideia de usar a Cide o setor já havia perdido voltar a se desenvolver,
como um “colchão tributário” para mais de R$ 14 bilhões gerando empregos, ren-
darestabilidadeao preçoda gasoli- desde o início da crise da e prosperidade para os
na é, porém, uma ideia que está no Brasil. Os prejuízos brasileiros”.
presente nos meios técnicos desde
a greve dos caminhoneiros, em
2018. O atual cenário, com a gasoli-
PROPOSTAS ENVIADAS
na barata, seria um bom momento
de implementá-la, avaliam técni- AO GOVERNO DARÃO
cos. A questão é o timing político.
Essas visões diferentes foram le- FÔLEGO ÀS EMPRESAS
P
vadas a Bolsonaro que, no início de
ara que os impactos O Conselho de Turismo
fevereiro, comprou uma briga
com governadores por causa do da crise possam ser da CNC também vem
preço da gasolina. Ele afirmou que reduzidos para os coordenando os esforços
reduziria a zero os tributos fede- empresários dos setores das entidades do setor
rais sobre o combustível, se os Es- do comércio, serviços e para direcionar as pau-
tados fizessem o mesmo com o turismo, a CNC enviou tas do segmento com o
ICMS. O desafio provocou reação uma série de sugestões de governo. A MP 948 que,
dos governadores, que apontaram medidas a serem tomadas entre outros pontos, fixa
a política de preços da Petrobras regras para cancelamen-
no âmbito do Governo
como a responsável pelos altos
Federal. O documento foi tos e remarcações de ser-
preços cobrados na época.
Fabio Romão, economista da LCA entregue ao presidente da viços e eventos turísticos
Consultores, lembra que desde o iní- República, Jair Bolsona- e culturais cancelados
cio do ano a Petrobras já vinha redu- ro; ao ministro da Econo- em razão da calamidade
zindo os preços dos combustíveis, mia, Paulo Guedes; e aos pública, foi outra fren-
mas esse efeito demorou a aparecer presidentes da Câmara, te que mobilizou a CNC
na venda ao consumidor final. O Rodrigo Maia, e do Se- e o Cetur. “O momento
efeito da pandemia na demanda, agora é de nos unirmos a
nado, David Alcolumbre,
porém, acelerou esse processo. Pelas favor da saúde mundial e
estimativasdeIPCAdaLCA,doinício ainda no mês de março.
da sobrevivência das em-
de março ao fim de abril o preço da Algumas dessas pro- presas”, avalia Alexandre
gasolina na bomba caiu 9,32% e o do postas, que abrangem as
diesel, 8,16%. O etanol teve queda
Sampaio, presidente da
áreas trabalhista, tribu- Federação Brasileira de
mais acentuada, de 15,45%. (Colabo- tária, administrativa e de
rou Marta Watanabe, de São Paulo) Hospedagem e Alimen-
incentivos financeiros, tação (FBHA) e respon-

Petrobras aumenta em 12% o preço da gasolina

André Ramalho
Do Rio
Em meio à queda de braço den-
tro do governo sobre a proposta de
aumento da tributação da gasoli-
na, um pleito do setor sucroalcoo-
leiro, a Petrobras vai aumentar em
12% a partir de hoje, nas refinarias,
o preço do combustível. O reajuste
da gasolina, o primeiro desde feve-
reiro, acontece em meio a uma li-
geira recuperação do petróleo, nos
últimos dias, e tende a melhorar,
ao menos em algumas praças, a
competitividade do etanol.
Os preços da gasolina da Petro-
bras acumulam uma queda de
46,5% em 2020 e de 39% nas refina-
rias desde março, quando eclodiu
o choque de preços do petróleo.
Nas bombas, esse recuo tem sido
menor, mas o suficiente para preo-
cupar os produtores de etanol, que
nos últimos anos se acostumaram
a ver a gasolina encarecer e perder
Índices de comércio e serviços afundam em abril
Ana Conceição e Arícia Martins
De São Paulo
Depois da surpresa negativa
com o tombo de 9,1% da indústria
em março ante fevereiro, feitos os
ajustes sazonais, indicadores refe-
rentes a abril sugerem que a ativi-
dade deve ter desempenho ainda
pior no período. Na cidade de São
Paulo, o efeito das medidas de iso-
lamento social necessárias para
deter a expansão da covid-19 fez as
vendas caírem mais de 60% no
mês. Já os negócios no setor de ser-
viços do país atingiram o menor
patamar em 13 anos, de acordo
com a consultoria IHS Markit.
As demissões no setor foram as
maiores em quatro anos, segun-
do o Índice Gerentes de Compras
(PMI, na sigla em inglês). O PMI
de serviços caiu de 34,5 em mar-
ço para 27,4 em abril, menor ní-
vel desde o início da série históri-
ca do indicador, em março de
mercado. Com base nos dados da
Agência Nacional do Petróleo
(ANP), a queda acumulada dos
preços do litro da gasolina, para o
consumidor final, é de 13,8% em
2020 e de 13,3% desde março.
Mesmo com os preços baixos, as
vendas da gasolina estão em que-
da. No primeiro mês de medidas
de restrição à circulação de pes-
soas, como estratégia de enfrenta-
mento à pandemia da covid-19 no
Brasil, o consumo do derivado caiu
13,3% em março, ante igual perío-
do de 2019, para 2,697 bilhões de
litros — o volume mais baixo para
o mês desde 2010. No primeiro tri-
mestre, a queda foi de 2,7%. O eta-
nol hidratado, por sua vez, recuou
15,7% em março e 3,6% nos três pri-
meiros meses do ano.
O aumento de hoje nas refina-
rias interrompe uma sequência de
seis ajustes para baixo seguidos
feito pela Petrobras desde a crise
do petróleo, no início de março.
2007. Leituras abaixo de 50
apontam retração da atividade.
O PMI sintetiza dados mensais
de demanda, emprego e preços
coletados em 400 empresas do
setor de serviços no país. A pes-
quisa abrange o segmento finan-
ceiro, de consumo (exceto vare-
jo), transporte, tecnologia da in-
formação, comunicação, merca-
do imobiliário e de seguros.
Em meio ao fechamento das
portas em parte das firmas e à de-
terioração da demanda, a ativi-
dade do setor de serviços e a en-
trada de novos negócios caíram a
taxas recordes para a pesquisa. O
grau de pessimismo em relação
ao futuro também se intensifi-
cou e, em parte, ajuda a explicar a
forte queda no nível de emprego,
diz a Markit em relatório.
Em março, o emprego já tinha
recuado no setor e a queda se
aprofundou em abril. A taxa de
contração, não revelada pela
Nos últimos dias, o preço do petró-
leo recuperou parte do tombo re-
cente que levou o barril do tipo
Brent a ser cotado dos US$ 20, na
semana retrasada. Ontem, a com-
modity fechou o dia a US$ 29,72.
O presidente da Petrobras, Ro-
berto Castello Branco, disse na
terça-feira que a empresa “está
pronta” para elevar seus preços
sempre quando julgar necessá-
rio. “Não temos nenhuma difi-
culdade em subir preço, não há
nenhuma proibição”, afirmou.
O executivo já se posicionou ou-
tras vezes de forma contrária à me-
dida. Em abril, ele destacou que
“capitalistas inimigos do capitalis-
mo” estavam fazendo pedidos de
impostos de proteção. E alertou
que a elevação dos tributos sobre a
gasolina poderia ter consequên-
cias sérias, como desabastecimen-
to de gás liquefeito do petróleo
(GLP) — cuja produção, nas refina-
rias, está atrelada a da gasolina.
consultoria, foi a maior desde
maio de 2016, ano de recessão.
A inflação dos insumos do setor
também se reduziu. A taxa foi a
menor em cinco anos em abril. On-
de houve aumento de custos, isso
foi atribuído, em parte, à deprecia-
ção do câmbio e à alta nos custos
de equipamentos de proteção pes-
soal, como luvas descartáveis e de-
sinfetantes para as mãos.
A Markit também informou
que o PMI Composto, que agrega
serviços e indústria, caiu para
uma mínima recorde ao atingir
26,5 em abril, de 37,6 em março.
Para Alberto Ramos, chefe de
pesquisa para América Latina do
Goldman Sachs, os PMIs da in-
dústria e dos serviços vão conti-
nuar em níveis “deprimidos”, já
que a economia brasileira sofre
os efeitos de uma recessão global
e doméstica, devido aos impac-
tos do surto de covid-19.
Na capital paulista, o movi-
O setor de revenda também é
contra o aumento da tributação e
enviou carta ao presidente Jair Bol-
sonaro pedindo para que ele não
recorra à medida. Já a Associação
Brasileira de Importadores de
Combustíveis (Abicom) defende
que aumentar impostos, para pro-
teger o etanol, não é necessário, se
a Petrobras mantiver seus preços
alinhados com a paridade interna-
cional. Segundo a entidade, po-
rém, mesmo com a alta de hoje, a
petroleira continua vendendo o
derivado abaixo da paridade. A
Abicom considera, em suas contas,
as despesas para internalização do
produto até o porto e acrescenta a
D
esses valores os custos com taxas
portuárias, armazenagem e frete
até o ponto de entrega. Já a Petro-
bras alega que o preço de paridade
internacional “não é um valor ab-
soluto, único e percebido da mes-
ma maneira por todos os agentes”
e varia de agente para agente.
mento nas lojas recuou 62,8% em
abril na comparação com igual
mês de 2019, depois de ter caído
53,4% em março. A medição, com
base em dados da Boa Vista Servi-
ços, é feita pela Associação Co-
mercial de São Paulo (ACSP).
Segundo a ACSP, a quarentena
imposta para conter o avanço do
coronavírus fez as vendas a crédi-
to diminuírem 56,5% no mês pas-
sado, na relação anual, enquanto
as comercializações à vista enco-
lheram 69%. Para a entidade, as
perdas do setor no período de
isolamento social não serão recu-
peradas após o fim da pandemia.
Marcel Solimeo, economista da
ACSP,afirmaqueasvendasvarejistas
são um fluxo permanente. “O que
não se vende hoje é venda perdida. A
de amanhã será a de amanhã”, co-
mentou. Empresas menores, que
não têm canais de e-commerce, es-
tão sofrendo mais e muitas delas
não vão sobreviver à crise, avalia ele.
já foram adotadas pelo sável pelo Cetur da CNC.
Governo, como a Me- “Para evitar um colapso
dida Provisória nº 936, econômico por conta da
que viabilizou o chama- pandemia, entidades re-
do lay-off. Essa medida presentativas do setor
permitiu a suspensão do debateram e interagiram
contrato de trabalho por inúmeras vezes com as
até 60 dias e a redução autoridades ao longo das
de até 70% do salário, últimas semanas, buscan-
mas concedendo aos em- do alternativas capazes
pregados um benefício de evitar uma quebradei-
emergencial com base no ra em massa de nossas
seguro-desemprego. empresas”.
FLEXIBILIZAÇÃO DESAFIA
RETOMADA EM CENÁRIO
DE MUDANÇAS
e olho em horizon- ções de segurança/higie-
tes mais favoráveis nização, determinação
com o fim da crise de tarifas e incentivo e
atual, o setor de turismo foco no turismo domés-
já está trabalhando com tico são algumas das
o cenário pós-pandemia. medidas apontadas.
Alinhado com as diretri- A ampliação dos pa-
zes de atuação da CNC,
drões de segurança e
Alexandre Sampaio, protocolos de limpeza
responsável pelo Cetur, precisa ser pensada na
participou de reuniões reabertura, o que en-
com o Ministério do Tu- volve o treinamento dos
rismo. “Discutimos um colaboradores e a busca
breve planejamento da por certificações que ga-
retomada. A ideia, após rantam esses processos.
a pandemia, é fomentar “Há a preocupação com
o turismo interno, esti- procedimentos e proto-
mulando as viagens pelo colos para dar segurança
Brasil”, disse.
ao cliente, primeiro para
As entidades do trade já incentivar e depois para
sentem a necessidade de gerar a tranquilidade
projetar o cenário e os necessária para que ele
primeiros passos pós- possa viajar”, ressaltou
-pandemia. Certifica- Alexandre Sampaio.
TRABALHO A FAVOR DO BRASIL
Acesse o site afavordobrasil.cnc.org.br e conheça
as ações que o Sistema Comércio vem realizando
para ajudar o País a superar a crise.
Jornal Valor --- Página 4 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@21:13:02
A4 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Brasil
Conjuntura Cidade com 10 mil habitantes receberá, per capita, mais que o dobro das com 1 milhão
Ajuda federal deve ser mais
favorável a municípios menores
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Marta Watanabe
De São Paulo
Considerando a recomposição
do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) e a proposta
que tramita no Congresso de so-
corro da União aos governos re-
gionais, a ajuda aos municípios
equivale a R$ 150,67 per capita,
em média. A distribuição dos va-
lores, porém, deve beneficiar me-
nos as cidades de médio e grande
porte. Nos municípios com até
dez mil habitantes, a ajuda equi-
vale a R$ 248,25 por pessoa. Na-
queles com mais de um milhão
de habitantes, o auxílio deve ser
de R$ 117,10 per capita. A ajuda é
considerada importante por re-
presentantes das prefeituras,
mas ainda insuficiente para capi-
tais e grandes municípios.
O valor dos auxílios também
tendem a ser menos representa-
tivos nas receitas das prefeituras
de cidades maiores. Nos municí-
pios com mais de 1 milhão de ha-
bitantes, o socorro da União
equivale a 3,2% da receita corren-
te bruta anual. Nas cidades com
população de até 10 mil pessoas,
essa relação é de 5,6%. Em média,
o auxílio representa 4,4% da re-
ceita anual. Os dados conside-
ram a receita corrente bruta de
2019 em 4.991 municípios e in-
cluem o Distrito Federal. Foram
considerados os dados informa-
dos nos relatórios fiscais. O valor
total dos auxílios foi ajustado pa-
ra a representatividade popula-
cional da amostra.
Os cálculos são do economista
Kleber Castro, sócio da Finance
Consultoria. Feito a pedido da
Frente Nacional de Prefeitos (FNP),
o estudo considera o auxílio de re-
composição do FPM e as transfe-
rências de recursos aos municípios
do PLP 39/2020. O projeto de lei foi
aprovado no Senado no sábado e
votado na terça-feira na Câmara
dos Deputados. Contempla, por-
tanto, além do auxílio ao fundo de
participação, os R$ 3 bilhões desti-
nados às prefeituras especifica-
mente para o combate à pandemia
e o socorro de R$ 20 bilhões com
aplicação desvinculada.
Governo não cede a pedido de montadoras
Marli Olmos
De São Paulo
Desde o início da pandemia, a
indústria automobilística tem
tentado, sem sucesso, ajuda do
governo para facilitar a obtenção
de empréstimos bancários. O in-
terlocutor tem sido, quase sem-
pre, o ministro da Economia, Pau-
lo Guedes. Ele voltou a reunir-se
ontem com os principais repre-
sentantes dos maiores fabrican-
tes de veículos do país. Mais uma
vez, os executivos saíram frustra-
dos do encontro realizado por
meio de videoconferência, se-
gundo relataram fontes.
As montadoras têm feito con-
tatos com diversos bancos. Mas a
principal preocupação refere-se
à garantia para a liberação de re-
cursos. Uma das ideias é que o
governo interceda nas negocia-
ções aceitando oferecer, como
garantia dos empréstimos, crédi-
Guedes e Araújo discutem “Mercosul à la carte”
Lu Aiko Otta
De Brasília
A possibilidade de um “Merco-
sul à la carte” para não paralisar
as negociações de novos acordos
em função da crise Argentina foi
discutida na noite de terça-feira,
em reunião dos ministros da Eco-
nomia, Paulo Guedes, e das Rela-
ções Exteriores, Ernesto Araújo.
No encontro, foi avaliado tam-
bém que um eventual default no
país vizinho não compromete o
Kleber Castro: “Municípios de médio e grande porte foram, sem dúvida, os menores beneficiários da proposta”
Auxílios aos municípios
Por faixas de população, per capita - em R$*
Número de habitantes
Até 10 mil
Acima de 10 mil a 20 mil
Acima de 20 mil a 50 mil
Acima de 50 mil a 100 mil
Acima de 100 mil a 250 mil
Acima de 250 mil a 500 mil
Acima de 500 mil a 1 milhão
Acima de 1 milhão
Fontes: IBGE e Substitutivo Senado PLP 39/2020. *Amostra de 4.991 municípios (inclui DF). O valor total dos auxílios foi
ajustado para a representatividade populacional da amostra
“Os municípios de médio e gran-
de porte foram, sem sombra de dú-
vida, os menores beneficiários da
proposta aprovada”, diz Castro. Isso
aconteceu, em parte, porque houve
redução no quinhão das prefeituras
no total da ajuda aos governos re-
gionais. Originalmente, lembra ele,
apropostadoSenadopreviaquedos
R$ 50 bilhões em recursos desvincu-
lados totais destinados aos governos
regionais por quatro meses, metade
seria para Estados e metade dos mu-
tos de tributos federais que as
montadoras têm acumulados.
São vários bilhões de reais, se-
gundo fontes do setor, referentes,
principalmente, a Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI),
que foram se acumulando nas
transações comerciais da cadeia
que envolve a indústria automobi-
lística e fornecedores. Um dinhei-
ro, portanto, que o governo deve
ao setor. Os créditos desses impos-
tos serviriam, segundo a proposta
da indústria, para o governo entrar
como fiador desses empréstimos.
A equipe econômica parece ir-
redutível a aceitar tal proposta.
Das horas de conversa com os
executivos surgiu, até agora, ape-
nas a boa vontade do ministro
para agrupar bancos interessa-
dos em atender as montadoras.
As empresas do setor automo-
tivo tentam evitar ter de recorrer
às matrizes que, igualmente afe-
tadas pela crise provocada pela
Brasil, mas aumenta as dificulda-
des na relação regional.
A versão “à la carte” permitiria
negociar os novos acordos do blo-
co, com Canadá, Cingapura, Líba-
no e Coreia do Sul sem a Argentina.
Se, futuramente, o país vizinho de-
sejasse aderir a esses entendimen-
tos, poderia fazê-lo.
O governo de Alberto Fernán-
dez tem tido postura oscilante
em relação ao Mercosul. No dia
25 de abril, anunciou que aban-
donaria as novas negociações de
Valor
Ponto médio
248,25
188,51
167,49
150,93
144,95
136,88
133,18
117,10
nicípios. Os próprios senadores, po-
rém, alteraram o texto e destinaram
R$ 30 bilhões aos Estados, o que re-
duziu a parte dos municípios de
R$ 25 bilhões para R$ 20 bilhões. A
Câmara manteve essa divisão.
Outro fator que trouxe benefí-
cios menores às grandes cidades
foi o critério de rateio. O quinhão
dos R$ 20 bilhões para os municí-
pios de cada Estado considerou a
proporção da distribuição de re-
cursos feitas aos governos esta-
covid-19, estão menos propensas
a ajudar suas subsidiárias.
No início de abril, quando o
setor mal começara o período de
férias coletivas em suas fábricas,
o presidente da Associação Na-
cional dos Fabricantes de Veícu-
los Automotores (Anfavea), Luiz
Carlos Moraes, fez duras críticas
aos bancos, que, segundo ele, im-
punham “custos absurdos” para
conceder empréstimos ao setor.
Na ocasião, Moraes defendeu
que o Banco Central criasse um
mecanismo para tomar parte do
risco nos empréstimos bancários
e, dessa forma, ajudar o setor a
ter liquidez para honrar os paga-
mentos dos salários de seus fun-
cionários e fornecedores.
Amanhã, o presidente da An-
favea voltará a estar com a im-
prensa para divulgar resultados
do desempenho do setor em
abril. Na comparação com abril
de 2019, a venda de veículos no
acordo. Na semana seguinte, vol-
tou atrás e disse que participaria,
mas numa velocidade menor
que a dos demais sócios.
A Argentina tem problemas
mais urgentes a tratar. Além de en-
frentar a pandemia, luta para rees-
truturar sua dívida. Na segunda-
feira, três de seus principais credo-
res rejeitaram proposta de renego-
ciação do Ministério da Economia.
Sem a Argentina, os sócios do
Mercosul (Brasil, Paraguai e Uru-
guai) teriam espaço para tratar da
LEO PINHEIRO/VALOR
duais, num rateio que conside-
rou arrecadação de ICMS, popu-
lação, participação no Fundo de
Participação dos Estados (FPE) e
Lei Kandir. Dentro de cada Esta-
do, explica Castro, a distribuição
foi feita conforme a população.
A recomposição do FPM aos
níveis de 2019, já garantida ante-
riormente, também é outra me-
dida que contribuiu para um be-
nefício maior aos municípios pe-
quenos, que tendem a ser mais
dependentes dos recursos desse
fundo, acrescenta Castro.
Esse conjunto de medidas, diz o
economista, ignora o fato de que as
maiores cidades do país, principal-
mente aquelas localizadas nas re-
giões metropolitanas, são as que, de
longe, mais sofrerão com a pande-
mia do coronavírus. “Isso se dá tanto
pelo lado da saúde, com a concen-
tração do número de casos e mortes
nessas localidades, como pelo lado
da economia, com queda mais in-
tensa da atividade de serviços nos
maiores centros econômicos.”
Com os sérios indícios de que a
pandemia no Brasil ainda está
mercado interno caiu 76% no
mês passado, segundo dados di-
vulgados na segunda-feira pela
Federação Nacional da Distribui-
ção de Veículos (Fenabrave), que
representa as concessionárias.
Com lojas fechadas desde o fim
de março, a perda de vendas se re-
flete também no resultado do qua-
drimestre. De janeiro a abril, fo-
ram vendidos 613,7 mil veículos,
volume 26,88% menor que o dos
quatro primeiros meses de 2019.
No caso dos automóveis, a queda
de abril em relação ao mesmo mês
do ano passado chegou a 79%, com
o total de 39,4 mil unidades.
Os dados de produção e de ex-
portação, que serão revelados
pela Anfavea amanhã, tendem a
mostrar quedas em proporções
ainda maiores, já que pratica-
mente todas as linhas de monta-
gem passaram o mês sem funcio-
nar. Em abril, a produção de veí-
culos foi interrompida, princi-
transformação do Mercosul em
uma zona de livre comércio, em
comunhão com o projeto da atual
equipe econômica brasileira. Nes-
se formato, o Brasil poderia nego-
ciar acordos individualmente.
O Mercosul é uma união adua-
neira, o que significa que tem tari-
fas uniformes para produtos im-
portados de fora do bloco. A tarifa
externa é a principal dificuldade
para a negociação de acordos co-
merciais, pois os sócios querem
proteger diferentes setores.
longe do pico e que ainda pode-
remos passar alguns meses con-
vivendo com medidas de isola-
mento social, ainda que parcial,
há risco, diz Castro, de boa parte
das prefeituras médias e grandes
apresentarem colapso não ape-
nas nas suas redes de saúde, mas
também em suas finanças.
Firmino Filho (PSDB), prefeito
de Teresina e vice-presidente da
FNP, diz que, da parte de R$ 20 bi-
lhões em recursos desvinculados
aos municípios, a capital piauien-
se receberá ao todo R$ 89 mi-
lhões. Ou seja, média de R$ 22,25
milhões ao mês. O valor, diz, não
chega à metade dos R$ 50 mi-
lhões mensais que se prevê de
perdas de receitas durante o pe-
ríodo da pandemia. Segundo ele,
os prefeitos já articulam um novo
socorro voltado especificamente
para os grandes municípios.
O prefeito também discorda dos
critérios aplicados para a distri-
buição dos R$ 3 bilhões destinados
especificamente ao combate da
covid-19. Eles serão distribuídos
entre os municípios de acordo
com a população, lembra. A popu-
lação, defende, deve ser critério pa-
ra destinação de recursos voltados
preponderantemente para a saúde
preventiva. No momento atual,
porém, argumenta o prefeito, é
preciso considerar também a in-
fraestrutura de leitos e a demanda
de atendimento. Segundo ele, os
leitos em Teresina têm sido ocupa-
dos não somente pela população
do interior do Estado como tam-
bém de outros entes federados. Es-
sa alta demanda, diz ele, tem pres-
sionado mais as despesas da pre-
feitura, que pretende instalar 130
leitos adicionais de UTI.
Jeferson Passos, secretário de Fa-
zenda de Aracaju, diz que os recur-
sos aprovados pela Câmara são ne-
cessários e urgentes, mas avalia tam-
bém que serão insuficientes para co-
brir as perdas de arrecadação. “Ori-
ginalmente o que se discutiu foi a re-
composição de receitas dos gover-
nos regionais e é para isso que na
prática os recursos desvinculados
serão usados. Por isso, a distribuição
dos valores deve obedecer a partici-
pação na arrecadação”, defende. Na
capital sergipana, diz, a receita cor-
rente própria caiu 13,2% em abril, na
comparação com igual mês do ano
passado enquanto as transferências
estaduais recuaram 29,8%.
palmente, para adequar as fábri-
cas a novos padrões de higiene e
distanciamento social. Mas as
vendas de maio, quando uma
parte da produção será retoma-
da, não deve ser muito diferente,
segundo executivos do setor.
No mês passado, as montado-
ras também fecharam acordos
de flexibilização dos contratos
de trabalho. Parte dos operários
entrou em sistemas de redução
de jornada e outra parte em afas-
tamento temporário.
Ninguém no setor fala, ainda,
em demissões. Mas em momen-
tos de crise essa ameaça sempre
entrou nas mesas de negociação
com governos. A preservação da
força de trabalho na indústria au-
tomobilística costumava ser um
ponto determinante nas conver-
sas com alguns governos, como o
do PT. Mas a ameaça do corte de
empregos parece ter perdido for-
ça nas negociações em curso.
O principal ponto de interesse
do governo brasileiro é o acordo
do Mercosul com a União Euro-
peia. Os ministros avaliaram que,
em qualquer cenário, o que foi
acertado no passado deverá ser
mantido. Inclusive o cronogra-
ma de abertura comercial.
O acordo está em fase de tradu-
ção e revisão jurídica. Após essa
etapa, deverá ser assinado e reme-
tido aos Legislativos. O governo da
Argentina informou que assinará e
enviará o acordo ao Congresso.
Socorro não
vai evitar
atraso de
salários no RJ
Rodrigo Carro
Do Rio
Mesmo com o auxílio emer-
gencial aprovado pelo Senado
Federal, o Estado do Rio de Janei-
ro teria uma perda de receita de
R$ 8,1 bilhões este ano, o que tor-
naria praticamente impossível
quitar a folha de pagamento em
setembro. A estimativa da Fazen-
da fluminense é de que — na
comparação com 2019 — a recei-
ta do governo estadual encolha
em R$ 10,6 bilhões, enquanto a
ajuda financeira da União ao Rio
ficaria na casa dos R$ 2,5 bilhões.
“É absolutamente insuficien-
te”, afirma o secretário estadual
de Fazenda do Rio, Luiz Claudio
Rodrigues de Carvalho. A perda
de receita projetada pelo gover-
no fluminense estaria concen-
trada na arrecadação de ICMS
(-R$ 6,6 bilhões) e de royalties e
participações especiais do petró-
leo (-R$ 3,23 bilhões). A tendên-
cia é de que as dificuldades para
pagamento de fornecedores co-
mecem no fim de agosto.
Na avaliação de Carvalho, a
brecha aberta pelo presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (DEM-
AP), que numa segunda versão
do relatório do projeto de auxílio
emergencial incluiu o direito a
reajuste de salários para profes-
sores e outros profissionais de
educação, significa uma pressão
adicional sobre as finanças flu-
minenses.
A contrapartida exigida no
projeto é de que os salários do
funcionalismo fiquem congela-
dos por 18 meses. Os professores
acabaram excluídos dessa restri-
ção na segunda versão do relató-
rio de Alcolumbre. Também não
estão sujeitas ao congelamento
salarial outras categorias profis-
sionais, como militares, policiais
e peritos criminais.
Numa tentativa de mitigar a
perda de receitas, o governo flu-
minense estuda fazer uma nova
emissão de dívida lastreada na
receita futura de royalties do pe-
tróleo. A operação poderia ren-
der R$ 2,5 bilhões em dinheiro
“novo”, mas ainda está num está-
gio “embrionário”, conforme ad-
mite Carvalho.
Ao todo, o governo estadual
abriu mão de R$ 11,15 bilhões
em receitas de royalties para
honrar pagamentos assumidos
com instituições nacionais e in-
ternacionais, entre 2014 e 2018,
de acordo com dados compila-
dos pelo Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
“Ainda temos espaço livre no
fluxo de royalties. São recursos
que não estão vinculados à ne-
nhuma das operações realizadas
até agora”, frisa o titular da Fa-
zenda do Rio de Janeiro. O secre-
tário explica que estão em análi-
se três possibilidades.
A primeira seria realizar a
emissão como uma nova tranche
das operações já acordadas ante-
riormente. Outra alternativa se-
ria fazer antecipação de recursos
com base em contratos que alte-
rem algumas das cláusulas pac-
tuadas no passado. A terceira op-
ção — defendida pelo secretário
de Fazenda — é a de estruturar
uma captação em bases inteira-
mente novas.
“As condições mudaram radi-
calmente em relação a 2014
[quando foram feitas algumas
das primeiras antecipações]”, ar-
gumenta Carvalho. “Os juros in-
ternacionais e nacionais são mui-
to menores hoje”. Para dar segu-
rança jurídica à operação seria
necessário o aval da Assembleia
Legislativa, do Tribunal de Con-
tas do Estado (TCE) e do Ministé-
rio Público.
O secretário informa ainda
que está “praticamente concluí-
da” a negociação para evitar o pa-
gamento antecipado de R$ 3,4
bilhões nos próximos 12 meses a
dois fundos americanos que via-
bilizaram no passado parte das
operações de antecipação de
royalties. A queda nas cotações
internacionais do petróleo dis-
parou uma cláusula de proteção
dos credores contra a inadim-
plência, o que geraria o paga-
mento antecipado de parcelas
ainda a vencer.
Jornal Valor --- Página 5 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@20:33:13

Quinta-feira, 7 de maio de 2020 | Valor | A5

Brasil
ConjunturaMedidasdeauxíliopodemaliviarquadroparaoindicadornesteano Antes da pandemia

Pobreza extrema aumenta e

Miséria seguiu crescendo no país, mas desigualdade recuou
Evolução da pobreza extrema (US$ 1,90 per capita por dia)
Em milhões de pessoas
16

atinge 13,88 milhões de pessoas

13,26 13,62 13,88
11,6 11,94
12
10,06 9,89
9,00
8

IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Bruno Villas Bôas
Do Rio
A pobreza extrema cresceu pelo
quarto ano consecutivo no país,
somando 13,88 milhões de pes-
soas no ano passado, o maior nível
em oito anos, mostram cálculos da
LCA Consultores, a partir dos mi-
Segundo o levantamento da
LCA, a pobreza extrema cresceu
1,9% no ano passado, com mais
259 mil pessoas em situação de
miséria. A linha de corte adotada
foi a mesma do Banco Mundial, de
US$ 1,90 por dia per capita (R$ 150
mensais). Há outros critérios de
pobreza extrema, como o do Bolsa
Família e da FGV Social.
Cosmo Donato, economista da
LCA e autor dos cálculos, diz que a
piora da pobreza extrema no ano
passado é reflexo da recuperação
4
cessão decorrentes da pandemia. Diretor da FGV Social, o econo-
A miséria piorou mais nas re- mista Marcelo Neri acredita que a
0
giões Norte e Nordeste, que tive- piora do indicador está direta- 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
ram incremento de 138 mil e 92 mente relacionado aos cortes no
mil pessoas vivendo com até US$ programa. “O Bolsa Família teve Índice de gini da renda per capita (todas as fontes)
1,90 por dia, respectivamente. No redução da cobertura, o que já vi- Índice varia de zero a um, sendo zero a igualdade perfeita
Sudeste, o indicador ficou estatis- nha acontecendo antes e conti- 0,550
0,545
ticamente estável (+0,2%, aumen- nuou. Além disso, o programa não 0,543
0,540
to de mil pessoas). Sul e Centro- foi reajustado em 2019, embora 0,537 0,538
0,537
Oeste têm amostra mais rarefeita, tenha tido o 13 o pagamento.” 0,533
o que dificulta avaliar a tendência. Outro cálculo realizado pela 0,526 0,524
0,525
Ao longo e 2019 o número de LCA a partir de dados do IBGE foi
novos benefícios concedidos pelo para a faixa de US$ 5,50 per capita,
programa Bolsa Família despen- considerada uma pobreza mais 0,512

crodados Pnad Contínua. A linha lenta da economia no ano passa- cou e a fila de quem busca o auxílio “branda” (R$ 436 mensais para ca-
de pobreza mais “branda”, porém, do, que não alcançou a população cresceu. Estaria em quase 500 mil da moradores do domicílio). Por 0,500

mostrou redução em 2019, assim mais pobre. O PIB cresceu apenas pessoas no início deste ano. O go- essa linha, o número de pessoas 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

como a desigualdade da renda. 1,1% em 2019 e o mercado de tra- verno federal pagou pela primeira consideradas pobres caiu de 52,7 Fonte: LCA e IBGE

Especialistas estão cautelosos
sobre o que esperar para a pobreza
extrema no país durante a pande-
mia. O Banco Mundial estima que
o número de miseráveis poderia
crescer em 5,7 milhões de pessoas
neste ano sem medidas sociais do
governo. Com a liberação do auxí-
lio emergencial de R$ 600, a misé-
ria poderia ficar estável ou até en-
colher este ano, temporariamente.
balho deu sinais frágeis de retoma-
da, com grande informalidade.
“Quando a economia cresce,
não cresce necessariamente crian-
do oportunidade iguais. E, no pós-
crise, houve uma grande limitação
de investimentos do setor público,
incluindo Estados e municípios,
para gastos sociais”, afirma Dona-
to. Ele prevê agravamento do qua-
dro com o isolamento social e a re-
vez, porém, uma décima-terceira
parcela em dezembro de 2019.
Donato diz que o corte no Bolsa
Família foi focado em redução de
fraude. “Se uma família estava
fraudando, ela provavelmente já se
declarava pobre. Então, não acho
que isso afetou. Em 2019, o paga-
mento do décimo-terceiro prova-
velmente impediu alta maior da
extrema pobreza”, acrescenta.
milhões em 2018 para 51,97 mi-
lhões em 2019, baixa de 1,4%.
A redução da pobreza nessa li-
nha está por trás da melhora da
concentração de renda no país no
ano passado. O índice de Gini da
renda domiciliar per capita passou
de 0,545 em 2018 para 0,543 em
2019 — quanto mais perto de zero,
mais bem distribuída a renda.
O Nordeste foi a única região
com aumento da concentração de
renda: o Gini avançou de 0,545 em
2018 para 0,559 em 2019, puxado
pelo todo da pirâmide social.
Estimativas do Banco Mundial
mostram que mais 5,7 milhões de
pessoas poderiam ser empurradas
para a pobreza extrema no Brasil
neste ano por causa da covid-19 sem
que houvesse medidas do governo.
Francisco Ferreira, pesquisador-sê-
nior da instituição, diz que as medi-
das anunciadas pelo governo po-
dem neutralizar o movimento.
Para Neri, a miséria pode recuar
no período de liberação do auxílio
emergencial, mas tenderia a cres-
cer novamente logo na sequência.
“É uma dose de anestesia, cujo efei-
to vai passar”, acrescenta.

País tem 6 milhões de casas sem fornecimento diário de água

Do Rio
A lavagem de mãos é uma de-
fesa básica contra o coronavírus,
sendo a forma mais eficaz de
prevenir sua propagação pela
Organização Mundial da Saúde
(OMS). Dados do Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística
(IBGE) divulgados ontem mos-
tram, porém, que falta de água e
a precariedade dos domicílios
colocam milhões de pessoas em
risco no país.
De acordo com Pesquisa Na-
cional por Amostra de Domicí-
lios Contínua (Pnad Contínua), o
país tinha cerca de 6 milhões de
domicílios ligados à rede geral
sem disponibilidade diária de
água. Esses domicílios equivalem
a 11,5% do total de habitações li-
gados à rede geral de distribui-
ção de água de suas localidades.
O abastecimento de água por
rede geral reproduz as desigualda-
des entre regiões. A região Nordes-
te (69%) apresentava a menor co-
bertura diária de abastecimento,
enquanto a Sul (97%) tinha a
maior, segundo a pesquisa. Em re-
lação a 2018, as regiões Norte e
Centro-Oeste apresentaram avan-
ço na disponibilidade diária.
Em 2019, o país tinha ainda
68,3% dos domicílios com acesso à
rede geral de esgotos, pouco me-
lhor que o registrado no ano ante-
rior (66,3%). Novamente, porém,
as diferenças são acentuadas entre
as regiões. No Norte, 27,4% dos do-
micílios tinham acesso; no Sudes-
te, a proporção alcançava 88,9%.
Segundo o IBGE, o percentual de
domicílios com coleta de lixo feita
diretamente por serviço de limpe-
za foi de 84,4% em 2019, 2,1 mi-
lhões de domicílios a mais do que
em 2018. Em 7% dos domicílios a
coleta era feita em caçamba de ser-
viço de limpeza, e em 7,4% o lixo
era queimado na propriedade.
A pesquisa também detalhou a
evolução do número de domicílios
com acesso a bens de consumo du-
ráveis seguiu crescendo no ano
passado. Dos 72,4 milhões de do-
micílios existentes no país no ano
passado, 98,1% tinham geladeira,
resultado ligeiramente acima do
medido no ano anterior (98%). Em
quase metade (49,2%) dos domicí-
lios havia automóvel, enquanto
22,2% tinham motocicleta.
A presença de máquina de lavar
atingiu nível recorde da série ini-
ciada em 2012, com posse em
66,1% dos lares. As diferenças re-
gionais, contudo, são acentuadas:
o menor percentual estava no Nor-
deste (37%) e o maior no Sul
(85,8%), segundo o IBGE. (BVB)

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Jornal Valor --- Página 6 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@21:19:35
A6 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Política
Pandemia Senado reverte regra que mudava distribuição de recursos, mas manteve brecha para reajuste salarial
Ajuda a Estados passa com concessão a servidores
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Raphael Di Cunto, Marcelo Ribeiro
e Fabio Graner
De Brasília
O Senado reverteu ontem a mu-
dança feita pelos deputados na
distribuição dos R$ 60 bilhões que
serão destinados a Estados e muni-
cípios para ajudar no combate à
covid-19 e compensar parte da
queda de arrecadação de ICMS e
ISS. A volta ao texto aprovado pe-
los senadores favorece os Estados
do Norte e Nordeste, em especial
do Amapá, do relator e presidente
da Casa, Davi Alcolumbre (DEM).
A Casa manteve parcialmente a
polêmica permissão de reajustes
salariais para os servidores públi-
cos federais, estaduais e munici-
pais até dezembro de 2021. O em-
bate, iniciado com as mudanças na
Alcolumbre torna-se o interlocutor de Guedes
Andrea Jubé, Raphael Di Cunto,
Marcelo Ribeiro e Fabio Murakawa
De Brasília
Em meio às desavenças do Palá-
cio do Planalto com Rodrigo Maia
(DEM-RJ), o presidente do Senado,
Davi Alcolumbre (DEM-AP), des-
pontou como interlocutor prefe-
rencial do governo com o Congres-
so, e como relator do projeto de so-
corro aos Estados, ainda estreitou
os laços com o ministro da Econo-
mia, Paulo Guedes.
A desenvoltura de Alcolum-
bre gerou apreensão entre os
militares devido ao projeto que
reduziu a faixa de fronteira que
depende do aval do Conselho de
Defesa Nacional para assenta-
mentos no Amapá, sua base elei-
toral, e Roraima.
O governo ensaiou tentar reti-
rar esse trecho da proposta, mas
recuou para evitar atrito com o
presidente do Senado. Agora o
Gabinete de Segurança Institu-
cional (GSI) estuda pedir o veto a
dispositivos do projeto.
No papel de relator da propos-
ta de ajuda aos Estados, Alcolum-
bre centralizou as negociações
com Guedes, com o Planalto e os
governadores. Uma estratégia
para tentar se cacifar junto ao go-
verno à reeleição ao comando do
Senado. Para isso, será preciso re-
dobrar o seu capital político para
aprovar uma proposta de emen-
da constitucional (PEC) permi-
tindo a recondução ao comando
da Casa no meio da legislatura.
Em contraponto a Rodrigo
Maia, que travou embates públicos
com Guedes, a interlocução de Al-
columbre com o ministro da Eco-
nomia foi pavimentada sem tur-
bulências. Em setembro do ano
passado, a nomeação de José Tos-
tes para a Secretaria da Receita Fe-
deral – um amapaense que fez car-
reira no Pará – contou com o estra-
tégico aval de Alcolumbre.
Um líder de bancada no Senado
evoca a máxima de que em política
não existe espaço vazio para expli-
car o movimento de Alcolumbre
de aproximação do governo. No
ano passado, o protagonismo do
presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, na reforma da Previdência
ofuscou o papel de Alcolumbre,
Concluída votação da PEC do Orçamento de guerra
De Brasília
A Câmara concluiu ontem a
aprovação da proposta de emen-
da constitucional (PEC) que se-
grega o Orçamento, também co-
nhecida como PEC do Orçamen-
to de guerra. O texto segue agora
para promulgação, o que deve
acontecer hoje em sessão do
Congresso Nacional.
Ontem, os deputados federais
rejeitaram três destaques em
uma sessão de mais de seis horas
de duração, a qual foi encerrada
a pedido de lideranças partidá-
rias. O texto base da proposta ha-
via sido aprovado mais cedo por
477 deputados, enquanto ape-
nas um deputado votou contra a
PEC — Glauber Braga (Psol-RJ).
Câmara, gerou novo desgaste na
relação do parlamento com o mi-
nistro da Economia, Paulo Guedes,
reacendendo problemas na rela-
ção da Economia com o Planalto.
O líder do governo na Câmara,
deputado Vitor Hugo (PSL-GO),
orientou a favor da maioria das ex-
ceções criadas, que incluíram, por
exemplo, os policiais legislativos
(que fazem a segurança do Con-
gresso). Diante das críticas pela de-
sidratação das contrapartidas, Hu-
go primeiro disse ter aval de Gue-
des. Mas com as fortes reclamações
da equipe econômica nos bastido-
res, ele subiu à tribuna e retificou
sua informação, dizendo que falou
antes com o presidente Jair Bolso-
naro e recebeu o aval. “A exclusão
foi uma determinação do presi-
dente, cumprida pelo líder do go-
verno na Câmara, uma vez que sou
líder do governo e não o líder de
qualquer ministério”, disse.
Com isso, Hugo abriu um novo
capítulo de atrito entre a área eco-
Alcolumbre: presidente do Senado se torna um aliado de Guedes, mas articula aprovação de proposta sobre faixa de fronteira que preocupa militares
que depois disputou com o corre-
ligionário a condução das mudan-
ças no sistema tributário.
Meses depois, enquanto Maia
foi a público defender a demo-
cracia e o respeito às instituições,
ampliando o desgaste com Bol-
sonaro, Alcolumbre no primeiro
momento optou pelo silêncio.
Somente ontem, na abertura da
sessão remota do Senado, afir-
mou que não vai tolerar ataques
às instituições ou à imprensa. “A
agressão às instituições é agres-
são à democracia”, declarou.
No entanto, foi a primeira ma-
nifestação do presidente do Se-
nado após vários atos de apoia-
dores do presidente reivindican-
do o fechamento do Congresso e
do Supremo Tribunal Federal. Na
última segunda-feira - um dia
após os novos ataques ao Con-
O projeto dá suporte às des-
pesas do governo federal du-
rante a calamidade pública de-
cretada em decorrência da
pandemia de covid-19, com a
simplificação de contratações e
permissão para descumpri-
mento de regras fiscais. A PEC
também concede poderes ex-
traordinários para o Banco
Central (BC) atuar na crise eco-
nômica neste momento.
Um acordo costurado entre
os presidentes da Câmara, Ro-
drigo Maia (DEM-RJ), e do Se-
nado, Davi Alcolumbre (DEM-
AP), determinou que, mesmo
com mudanças feitas em rela-
ção ao texto aprovado no Sena-
do, a PEC iria direto à promul-
gação, sem precisar de uma no-
nômica e o Planalto, pouco mais
de uma semana depois de Bolso-
naro ter dito que quem mandava
na economia era Guedes.
A flexibilização definida pela
Câmara terá impacto nas contas
públicas, segundo o Ministério
da Economia. A proposta inicial,
de suspender todos os aumentos,
gerava um controle de gastos do
funcionalismo de R$ 130 bilhões,
na União, Estados e municípios.
O texto aprovado pelos senado-
res no sábado reduziu para
R$ 93 bilhões, com a criação de
exceções como policiais e Forças
Armadas. E as mudanças dos de-
putados — a maior parte, apoia-
da pela base aliada — derruba-
ram para R$ 43 bilhões.
Para um integrante da equipe
econômica, as mudanças não fo-
ram razoáveis e permitirão que o
dinheiro seja “desviado” para con-
ceder aumentos ao funcionalismo
público. “Se você controla aumen-
to de funcionalismo, governado-
gresso, ao STF e aos jornalistas -
Alcolumbre e o governador de
Goiás, Ronaldo Caiado (DEM),
reuniram-se com Bolsonaro.
Na terça-feira, Alcolumbre re-
latou aos líderes do Senado que
naquela reunião, Bolsonaro teria
lhe reafirmado o compromisso
com a democracia e as institui-
ções. Alcolumbre ainda advertiu
os colegas que pretende manter
a postura de conciliador. “Não
esperem que eu vá apagar fogo
com gasolina”, alertou.
O desafio de Alcolumbre é equi-
librar os papéis de moderador e re-
presentante dos parlamentares.
Ontem ele desfez acordo com Gue-
des em relação ao congelamento
da maior parte dos salários dos
servidores públicos até dezembro
de 2021, como contrapartida ao
repasse de recursos para Estados e
va votação pelos senadores. De
acordo com esse entendimen-
to, por se tratarem de supres-
sões na redação, o texto de con-
senso pode passar a vigorar
imediatamente.
A Câmara ampliou os ativos
que o Banco Central poderá
comprar nos mercados secundá-
rios financeiros, de capitais e de
pagamentos. O Senado permitiu
essas operações durante a pan-
demia, mas restringiu a seis ti-
pos de ativos. Os deputados ex-
cluíram do texto essa lista, o
que, na prática, libera a compra
de qualquer ativo, como debên-
tures conversíveis em ações (o
que poderia tornar o Banco Cen-
tral a ser sócio de empresas).
Também está liberada a com-
res e prefeitos ficariam com mar-
gem maior para investir na pande-
mia. Isso é socialmente injustificá-
vel, inaceitável”, disse.
Ainda não havia sido divulga-
da projeção para a última ver-
são, aprovada ontem e enviada à
sanção. Inicialmente, Alcolum-
bre tentou excluir os professo-
res, tido como maior impacto
nos entes federativos, mas vários
partidos apresentaram emendas
e ele recuou, reclamando da
pressão dos servidores. “A pro-
posta era reduzir em 25% o salá-
rio dos servidores públicos por
três anos. Não fizemos isso. E eu
tenho que ouvir algumas injusti-
ças, de que estou prejudicando
servidor”, queixou-se.
Por fim, a única exceção apro-
vada pela Câmara e excluída pe-
los senadores foram os policiais
legislativos. Contudo, o Senado
retomou o trecho que impunha
uma trava e permitirá reajustes
para aqueles “diretamente envol-
municípios. Depois de apresentar
um primeiro parecer com as veda-
ções, cedeu ao apelo dos senadores
e incluiu os professores da rede pú-
blica no rol das exceções. Aprovei-
tando-se do momento favorável
na relação com o Planalto, Alco-
lumbre liderou a aprovação do
projeto que facilita a transferência
de terras da União para Amapá e
Roraima e dispensa o aval do Con-
selho de Segurança Nacional para
o assentamento em parte das áreas
de fronteira.
O projeto preocupa os militares,
em especial o GSI, que teme risco à
segurança nacional. Deixa Bolso-
naro em saia-justa, porque o presi-
dente se fia nas Forças Armadas,
mas tem em Alcolumbre hoje seu
principal aliado no Congresso.
Hoje assentamentos em áreas
de até 150 km das fronteiras só
pra e venda de títulos do Tesouro
pelo BC, mas só no mercado se-
cundário. Foi mantida a exigên-
cia de que o BC só possa comprar
ativos com “rating” BB- ou supe-
rior, conferido por pelo menos
uma das três maiores agências
internacionais de classificação
de risco, e com preço de referên-
cia publicado por entidade do
mercado financeiro.
Com a proposta, será possível a
injeção de recursos em empresas
que estejam enfrentando dificul-
dades financeiras em função da
crise do coronavírus, já que o Ban-
co Central terá a autorização para
comprar títulos das empresas e pa-
ra emprestar os ativos a estas com-
panhias sem precisar passar pelo
crivo do sistema bancário.
vidos no combate à covid-19”.
Esse aspecto também era consi-
derado importante pela equipe
econômica, pois pode ajudar a
conter o efeito fiscal negativo das
mudanças. O texto pode tornar
inócua a permissão para reajuste
dos professores, já que não estão
no enfrentamento à covid-19. Já al-
guns técnicos disseram que, como
o texto está vago, todos os profis-
sionais enquadrados nas exceções
poderão ter aumento.
Entre as categorias excepcio-
nalizadas estão os policiais, For-
ças Armadas, agentes socioedu-
cativos, profissionais de saúde,
trabalhadores do setor de limpe-
za urbana e coveiros. Todas as de-
mais carreiras do funcionalismo,
sejam federais, estaduais ou mu-
nicipais, ficarão proibidas de re-
ceber reajustes até o fim de 2021.
Liderados por Alcolumbre, os
senadores também divergiram do
modelo de distribuição dos recur-
sos aprovado pela Câmara e que
JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
podem ocorrer com aval do Con-
selho de Segurança Nacional,
composto por vários ministros e
comandado pelo presidente da
República, mas o projeto dimi-
nui essa restrição para apenas 25
km nos casos do Amapá e de Ro-
raima. As únicas exceções seriam
aquisição de terras por estran-
geiros ou para grandes latifún-
dios, com propriedades superio-
res a 15 km².
Os ministros do GSI, Augusto
Heleno, e da Secretaria de Gover-
no, Luiz Eduardo Ramos, devem
recomendar a Bolsonaro o veto a
esse ponto. Dentro do Palácio, há
até acusações de que o presiden-
te do Senado usou a força do car-
go para empurrar o projeto e vo-
tá-lo pelo plenário virtual, mes-
mo que esse tipo de votação fosse
específico para casos urgentes.
De acordo com dados do BC,
com a autorização, a institui-
ção poderá comprar até R$ 972
bilhões em ativos de empresas.
Mesmo com o argumento de
que o critério do rating preju-
dicaria pequenas empresas,
parlamentares rejeitaram na
segunda-feira emenda do par-
tido Cidadania que pretendia
retirar a exigência de classifica-
ção de risco.
Após a promulgação da PEC,
os deputados retomam os tra-
balhos na sexta-feira para ana-
lisar destaques de projeto que
facilita venda de imóveis da
União e para votar proposta
que trata da obrigatoriedade
do uso de máscaras em função
do coronavírus. (MR e RDC)
foi um dos principais embates en-
tre os deputados e o governo. Na
opinião dos deputados, Guedes
trabalhava, a mando de Bolsonaro,
para reduzir os repasses para os
governadores do Rio de Janeiro,
Wilson Witzel (PSC), e de São Pau-
lo, João Doria (PSDB), que sonham
em concorrer ao Planalto.
A Câmara primeiro aprovou
que a distribuição levaria em conta
a perda de arrecadação de ICMS e
ISS dos Estados e municípios em
relação ao ano de 2019. O custo,
caso a queda nas receitas fosse de
30%, chegaria a R$ 87 bilhões em
seis meses, mas poderia ser maior.
Alcolumbre negociou com o
Ministério da Economia e estabe-
leceu um valor fixo para os repas-
ses, de R$ 60 bilhões, que serão
distribuídos por um mix de indi-
cadores, mas que, ao fim, favore-
ceram mais os Estados menos de-
senvolvidos. Para os mais ricos, o
maior benefício foi a suspensão
de dívidas até o fim do ano.
Custo fiscal da
MP 936 pode
subir entre
48% e 71%
De Brasília
O ministério da Economia en-
caminhou para a Câmara nota
técnica com diversas simulações
sobre mudanças na possibilida-
de de auxílio do governo para os
trabalhadores que tiverem redu-
ção de salário e jornada.
O documento, obtido pelo Va-
lor, aponta que a ideia de elevar
o valor de referência, atualmen-
te definido como o teto do segu-
ro-desemprego (R$ 1,8 mil) para
a concessão do benefício emer-
gencial poderia tornar a MP 936
mais regressiva, beneficiando
trabalhadores com maior renda.
Nas contas dos técnicos do
Ministério , a elevação da refe-
rência atual, teto do seguro-de-
semprego, pode ampliar o custo
fiscal da medida, de R$ 51,2 bi-
lhões, entre 48% e 71%, a depen-
der da nova referência.
A hipótese de elevar o auxílio
está sendo considerada pelo rela-
tor da matéria, deputado Orlan-
do Silva (PCdoB-SP).
Assim, se fosse adotado o teto
de três salários mínimos como
referência, o custo do programa
iria para R$ 75,9 bilhões. O
maior crescimento proporcional
do custo fiscal seria em relação
aos empregados de empresas de
médio e grande porte.
A simulação com pior resulta-
do fiscal foi a que considera o te-
to do INSS (R$ 6,1 mil): R$ 87,6 bi-
lhões, 71% acima do custo origi-
nal da medida.
“Um exercício com o patamar
mais baixo dessas propostas
prevê aumento de mais 70% no
custo do programa para aqueles
que ganham acima de 3 salários
mínimos quando comparados
com o custo que teriam nos ter-
mos da redação original da MP
936”, diz a nota. “É pouco razoá-
vel gastar substancialmente
mais com trabalhadores que já
estão em situações mais protegi-
das pela própria empresa”.
O documento, assinado pelo
secretário-especial de Previdên-
cia e Trabalho, Bruno Bianco
Leal , salienta que “a perda sala-
rial é menor quanto menor a
renda, atestando a progressivi-
dade da política”.
Ele salienta que está relativa-
mente garantida a proteção dos
rendimentos e dos vínculos em-
pregatícios de alguns trabalha-
dores, entre eles os que ganham
abaixo de 3 salários mínimos, si-
tuação em que preserva-se de
100 a 70% do salário em qualquer
modalidade de acordo.
Anteontem, a secretaria divul-
gou nota destacando que o bene-
fício médio a ser pago para com-
pensar as perdas salariais está em
R$ 752,44 reais, acima inclusive
do auxílio emergencial, de R$
600, pagos a trabalhadores mais
vulneráveis. Nesse sentido, a vi-
são da área é que elevar o apoio
na MP 936 será ainda mais re-
gressivo. (FG)
Jornal Valor --- Página 7 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@19:24:42

Quinta-feira, 7 de maio de 2020 | Valor | A7

Política
Atividade Econômica Atualize suas contas
Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
abr/20 mar/20 fev/20 jan/20 dez/19 nov/19 out/19 set/19 ago/19 jul/19 Em % Em R$
Indústria Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
out/18 0,0000 0,5000 0,3715 0,5132 0,54 0,5827 0,4519 0,2466 0,15 23,54 954,00
Produção física industrial (IBGE - %) *
nov/18 0,0000 0,5000 0,3715 0,4609 0,49 0,5638 0,4416 0,2466 0,28 23,54 954,00
Total - -9,1 0,7 1,3 -1,0 -1,6 1,0 0,3 1,2 -0,2
dez/18 0,0000 0,5000 0,3715 0,4614 0,49 0,5827 0,4249 0,2466 0,08 23,54 954,00
Indústria de transformação - -9,9 -0,6 1,9 -0,9 -1,7 1,3 0,8 0,7 -0,6
jan/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,5021 0,54 0,5867 0,3947 0,2466 0,54 23,54 998,00
Bens de capital - -15,2 1,2 12,4 -11,9 -0,9 -0,4 -0,4 -0,1 0,1
fev/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,4572 0,49 0,5298 0,3691 0,2466 0,28 23,54 998,00
Bens intermediários - -3,8 0,8 0,8 0,1 -1,7 0,0 0,2 1,4 -0,2
mar/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,4380 0,47 0,5867 0,3523 0,2466 0,16 23,54 998,00
Bens de consumo - -14,5 -0,6 1,0 -2,2 -2,0 1,6 1,4 -0,6 0,8
Faturamento real dessazonalizado (CNI - %) - - 0,2 2,3 -1,5 -0,5 1,7 0,7 0,7 1,0
abr/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,4728 0,52 0,5073 0,3346 0,2466 0,22 23,54 998,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - - 0,1 0,8 -0,7 0,1 0,0 -0,2 0,6 -0,5 mai/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,5062 0,54 0,5242 0,3306 0,2466 0,06 23,54 998,00
Vendas reais (FIRJAN - %) ** - - - - -20,2 -4,5 -9,3 -15,5 -27,7 -23,6 jun/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,4375 0,47 0,5073 0,3274 0,2466 1,81 23,54 998,00
Comércio jul/19 0,0000 0,5000 0,3715 0,5160 0,57 0,4989 0,3137 0,2466 0,87 23,54 998,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - 1,0 -0,5 0,5 0,9 0,7 0,7 0,1 1,1
ago/19 0,0000 0,5000 0,3434 0,4705 0,50 0,4989 0,2798 0,2466 0,07 23,54 998,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - - 1,2 -1,4 -0,3 0,3 0,3 0,7 0,1 0,8 set/19 0,0000 0,5000 0,3434 0,4360 0,46 0,4828 0,2531 0,2466 0,11 23,54 998,00
Consultas ao usecheque (ACSP - %) (1) ** -69,0 -23,6 1,6 6,1 9,1 7,6 3,7 2,4 1,4 4,1 out/19 0,0000 0,5000 0,3153 0,4189 0,48 0,4678 0,2385 0,2466 0,10 23,54 998,00
Consultas ao sistema de proteção ao crédito (ACSP - %) (1) ** -56,5 -30,4 2,8 0,7 0,1 4,0 0,6 2,2 0,6 4,2 nov/19 0,0000 0,5000 0,2871 0,3452 0,38 0,4527 0,2239 0,2466 0,10 23,54 998,00
Mercado de trabalho dez/19 0,0000 0,5000 0,2871 0,3595 0,37 0,4678 0,2092 0,2466 0,01 23,54 998,00
jan/20 0,0000 0,5000 0,2588 0,3447 0,38 0,4284 0,1978 0,2466 0,32 23,54 1.039,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) - 12,2 11,6 11,2 11,0 11,2 11,6 11,8 11,8 11,8
fev/20 0,0000 0,5000 0,2588 0,2911 0,29 0,4007 0,1995 0,2466 -0,01 23,54 1.045,00
Indicador Coincidente de Desemprego - (FGV/IBRE) (3)* - 0,6 -0,6 -2,8 -0,8 3,1 0,1 -0,6 0,9 -2,0
mar/20 0,0000 0,5000 0,2446 0,3322 0,34 0,4284 0,2035 0,2466 0,09 23,54 1.045,00
Emprego industrial* (CNI - %) - - 0,0 0,2 -0,1 0,0 0,0 -0,1 0,1 -0,1
abr/20 0,0000 0,5000 0,2162 0,2488 0,28 0,4026 0,2198 0,2466 -0,38 23,54 1.045,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (3)* - -9,4 -0,3 2,4 1,5 2,6 -1,3 0,3 -0,2 0,4
mai/20 0,0000 0,5000 0,2162 0,2292 0,28 0,4161 0,2353 0,2466 - 23,54 1.045,00
Balança comercial (US$ milhões)
2020 0,00 2,53 1,20 1,45 1,59 2,09 1,06 1,24 0,02 0,00 4,71
Exportações 18.312 19.238 15.732 14.550 18.155 17.596 19.576 20.290 18.689 19.872 Em 12 meses * 0,00 6,17 3,57 4,52 4,92 5,59 2,94 3,00 3,17 0,00 4,71
Importações 11.611 14.525 13.257 16.176 12.555 14.169 17.029 16.496 15.569 17.759 2019 0,00 6,17 4,26 5,49 5,96 6,29 3,69 3,00 4,41 0,00 4,61
Saldo 6.702 4.713 2.475 -1.626 5.599 3.427 2.547 3.793 3.120 2.113
Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Fontes: IBGE, CNI, FGV, FIRJAN, ACSP, SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data. (1) Na capital SP. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts. * Metodologia com ajuste sazonal. (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
** Variação em 12 meses. 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para maio projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 2019 2018 2017 2016 2015 2014 Dívida líquida do setor público mar/20 fev/20 mar/19
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 7.257 6.889 6.583 6.269 5.996 5.779 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 1.838 1.885 2.063 1.800 1.796 2.455 abr/20 mar/20 2020 2019 12 meses abr/20 mar/20 dez/19 abr/19
Dívida líquida total 3.797,4 51,72 3.923,1 53,48 3.755,2 53,98
Taxa de Variação Real (%) 1,1 1,3 1,3 -3,3 -3,5 0,5 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização 28,4 0,39 28,1 0,38 27,1 0,39
Agropecuária 1,3 1,4 14,2 -5,2 3,3 2,8 IPCA - 0,07 0,53 4,31 3,30 - 5.348,49 5.320,25 5.206,98
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -887,4 -12,09 -681,7 -9,29 -470,4 -6,76
Indústria 0,5 0,5 -0,5 -4,6 -5,8 -1,5 INPC - 0,18 0,54 4,48 3,31 - 5.479,32 5.449,84 5.335,48
Dívida fiscal líquida 4.656,4 63,42 4.576,7 62,38 4.198,5 60,35
Serviços 1,3 1,5 0,8 -2,2 -2,7 1,0 IPCA-15 -0,01 0,02 0,94 3,91 2,92 5.256,17 5.256,70 5.207,14 5.106,91
Formação Bruta de Capital Fixo (%) 2,2 3,9 -2,6 -12,1 -13,9 -4,2 IPCA-E - 0,02 0,95 3,91 3,67 - 5.256,70 5.207,14 5.106,91 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 15,4 15,2 14,6 15,5 17,8 19,9 Dívida interna líquida 4.798,3 65,36 4.766,5 64,97 4.507,4 64,79
FGV
Fonte: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data. * Preços de mercado. ** Banco Central Dívida externa líquida -1.000,9 -13,63 -843,3 -11,50 -752,3 -10,81
IGP-DI - 1,64 1,75 7,70 7,01 - 764,28 751,12 720,70
Núcleo do IPC-DI - 0,31 0,92 3,23 3,44 - - - - Divisão entre as esferas do governo
IPA-DI - 2,33 2,17 9,63 8,78 - 844,96 827,01 785,25 Governo Federal e Banco Central 2.783,3 37,91 2.946,9 40,17 2.828,4 40,66
IPA-Agro - 3,96 4,99 17,31 15,56 - 1.171,37 1.115,73 1.009,48 Governos Estaduais 870,4 11,86 839,6 11,44 793,6 11,41
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Ind. - 1,75 1,17 7,13 6,47 - 713,19 704,95 680,58 Governos Municipais 82,6 1,13 78,6 1,07 72,3 1,04
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPC-DI - 0,34 0,92 4,11 3,44 - 596,22 590,78 580,03 Empresas Estatais 61,0 0,83 58,0 0,79 60,8 0,87
INCC-DI - 0,26 0,97 4,15 4,23 - 784,34 776,84 755,37
Salário de Base de calculo Aliquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público mar/20 fev/20 mar/19
IGP-M 0,80 1,24 2,50 7,30 6,68 778,10 771,91 759,11 729,35
em R$ em % IR - em R$ Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1) IPA-M 1,12 1,76 3,23 9,08 8,54 873,32 863,62 846,04 804,61
Até 1.045,00 7,50 Até 1.903,98 - - IPC-M 0,13 0,12 0,99 3,79 2,63 585,52 584,73 579,81 570,53 Total nominal 457,9 6,24 440,4 6,00 483,8 6,95
De 1.045,01 a 2.089,60 9,00 De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 INCC-M 0,18 0,38 1,16 4,13 4,02 784,52 783,15 775,49 754,20 Governo Federal** 380,4 5,18 399,7 5,45 504,5 7,25
De 2.089,61 até 3.134,40 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80 IGP-10 1,13 0,64 2,88 6,39 6,73 789,50 780,66 767,39 739,69 Banco Central 44,1 0,60 9,6 0,13 -72,7 -1,04
De 3.134,41 até 6.101,06 14,00 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 IPA-10 1,52 0,92 3,68 7,70 8,46 892,39 879,01 860,74 822,80 Governo regional 39,1 0,53 36,8 0,50 52,7 0,76
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 IPC-10 0,33 -0,03 1,24 3,68 2,86 588,70 586,74 581,46 572,34 Total primário 63,5 0,86 58,5 0,80 99,3 1,43
Fonte:PrevidênciaSocial.Elaboração:ValorData.*Competên- INCC-10 0,29 0,26 1,24 4,11 4,24 774,60 772,37 765,14 743,09 Governo Federal -128,7 -1,75 -133,5 -1,82 -84,3 -1,21
Fonte: Secretaria da Receita Federal
cia abr/20. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de Elaboração: Valor Data Banco Central 0,7 0,01 0,8 0,01 0,5 0,01
FIPE
recolhimento ao INSS. Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Governo regional -10,7 -0,15 -15,0 -0,20 -7,5 -0,11
IPC -0,30 0,10 0,19 4,40 2,61 527,36 528,97 526,36 513,92
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras
DIEESE
ICV - - 0,76 3,09 3,07 - - 416,34 408,81
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 1º trimestre = 0,95%, IGP-M 2ª prévia de abr/20 = 1,00% e IPC-FIPE 3ª quadrissemana abr/20 = -0,13%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE, FIPE e DIEESE. Elaboração: Valor Data Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de março*
Discriminação Janeiro-março Var. março Var.
Discriminação Janeiro-março Var. março Var.
2020 2019 % 2020 2019 % Imposto de Renda Pessoa Física 2020 2019 % 2020 2019 %
Receita Federal
Imposto de renda total 122,4 113,6 7,75 30,9 28,8 7,28
Pagamento das quotas - 2020 1. Receita total 401,5 405,3 -0,93 111,1 117,9 -5,76
Receita Adm. Pela RFB*** 261,4 263,1 -0,63 68,7 72,5 -5,29
Imposto de renda pessoa física 6,1 4,6 32,95 2,2 1,4 53,94 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 97,4 98,9 -1,55 31,6 32,2 -1,99
Imposto de renda pessoa jurídica 55,4 51,3 7,94 10,5 10,0 4,61 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 42,7 43,2 -1,34 10,8 13,1 -17,63
Imposto de renda retido na fonte 60,9 57,7 5,57 18,2 17,3 4,98 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
2. Transferências a Estados e Municípios 75,1 75,8 -0,92 19,4 20,3 -4,75
Imposto sobre produtos industrializados 13,4 13,9 -3,61 4,3 4,7 -8,05 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
3. Receita líquida total (1-2) 326,3 329,4 -0,94 91,7 97,5 -5,97
Imposto sobre operações financeiras 10,4 9,3 11,84 3,4 2,9 15,97 1ª ou única 30/06/2020 - Campo 7 4. Despesa Total 329,1 338,8 -2,85 112,9 119,3 -5,39
Imposto de importação 11,3 10,1 11,90 3,9 3,3 19,58 2ª 31/07/2020 1,00% Benefícios Precidenciários 150,1 152,4 -1,54 50,5 55,6 -9,11
Cide-combustíveis 0,6 0,7 -14,70 0,2 0,2 -8,70 3ª 31/08/2020 - + Pessoal e Encargos Sociais 75,8 80,2 -5,54 24,3 28,1 -13,44
Contribuição para Finsocial (Cofins) 60,0 62,6 -4,17 16,8 19,8 -15,01 4ª 30/09/2020 Valor da declaração - Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 50,4 55,2 -8,86 16,4 16,9 -3,22
CSLL 29,0 28,4 2,00 5,5 5,4 1,32 5ª 30/10/2020 - Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 52,9 50,9 3,98 21,7 18,7 15,76
PIS/Pasep 17,2 17,3 -0,44 4,9 5,5 -10,11 5. Resultado Primário do Gov. Central (3-4) -2,8 -9,4 -70,28 -21,2 -21,8 -2,81
6ª 30/11/2020 - +
Outras receitas 136,8 129,4 5,72 39,8 39,3 1,23 Tesouro Nacional e Banco Central 49,9 44,1 13,07 -2,2 1,6 -244,19
7ª 30/12/2020 - Campo 9
Total 401,1 385,3 4,10 109,7 109,9 -0,14 Previdência Social (RGPS) -52,7 -53,5 -1,53 -18,9 -23,3 -18,94
8ª 29/01/2021 -
jan/20 dez/19 jan/19 Dívida líquida do Tesouro Nacional mar/20 jan/20 mar/19
Pagamento com atraso
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Valor % do PIB** Valor % do PIB** Valor % do PIB**
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 64,2 27,06 50,5 11,83 42,9 -1,67 Dívida líquida do Tesouro Nacional 3.208,0 43,70 3.098,5 42,52 2.814,2 40,45
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
fev/20 jan/20 fev/19 de julho/20 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Dívida líquida interna 3.000,7 40,87 2.927,2 40,17 2.661,2 38,25
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data. Dívida líquida externa 207,3 2,82 171,3 2,35 153,0 2,20
INSS 32,7 -1,13 33,0 -39,25 31,7 -2,05 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data. * Sobre o mês anterior Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** PIB em valor corrente, acumulado em 12 meses *** Somando Incentivos fiscais
Jornal Valor --- Página 8 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@21:25:05
A8 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Política
Porquemdobram
oscotovelos
Maria Cristina
Fernandes
H
á 1.813 militares
infectados e sete
óbitos, num efetivo
de cerca de 390 mil
nas Forças
Armadas. A proporção de casos
(0,5%) é dez vezes maior que o
contágio do total da população
brasileira. O elevado número de
contagiados reflete a exposição
dos militares em operações de
combate à covid-19, da
desinfecção de hospitais e
higienização de áreas de
grande circulação ao transporte
de alimentos e equipamentos
hospitalares. A mortalidade
entre infectados, por outro
lado, é um milésimo daquela
observada no país, resultado,
em grande parte, do
monitoramento precoce dos
casos e atendimento nos
hospitais militares.
Alguns desses números foram
expostos no tenso encontro que,
no fim de semana, reuniu os
comandantes do Exército, da
Marinha e da Aeronáutica ao
Palácio da Alvorada com o
presidente da República e seus
ministros militares. Na véspera, o
general Edson Leal Pujol e todo o
generalato presente à cerimônia
de transmissão do Comando
Militar do Sul haviam dobrado o
cotovelo ante um presidente
surpreendido.
Com os números, ofereceu-se
uma explicação. Para continuar
a colaborar com o combate à
covid-19, que hoje mobiliza 29
mil militares em todo o país, os
militares precisam se cuidar. Os
comandantes bateram na tecla,
que vêm pautando as portarias
militares desde o início da
pandemia, de que devem se
proteger para proteger o país.
Bolsonaro irritou-se
com autopreservação
das Forças Armadas
No dia seguinte, o
comandante supremo
estamparia o divórcio. Desceu a
rampa do Palácio do Planalto
para mais um da série de
espetáculos que protagoniza
nesta pandemia. Cotovelos,
naquele domingo, só entraram
em cena para seus apoiadores
baterem em jornalistas. Sem
civismo, mas com muito
cinismo, sugeriu que as Forças
Armadas partilhariam consigo
a paciência esgotada com as
instituições e vazou a saída
Pujol do comando.
Tratava-se de um balão de
ensaio, mas tinha gás suficiente
para aumentar a insatisfação dos
oficiais da ativa com o presidente
da República. O comandante que
expunha as tropas ao risco de
contágio, visto que se trata “da
maior missão” de sua geração,
estaria, de fato, com seu cargo em
risco? Não. Tratava-se apenas de
um presidente que resolvera
regar de baciada a semente da
indisciplina nos quartéis, praga
da República brasileira da qual
ele é apenas o mais recente
representante.
É sua maneira de reagir ao
cordão de isolamento que as
instituições começam a apertar
em torno de seu pescoço. O
decano do Supremo Tribunal
Federal é o puxador desse
cordão. O depoimento do
ex-ministro Sergio Moro
frustrou muita gente mas não
ao ministro Celso de Mello, que
lhe deu publicidade bem como
a todo inquérito.
Foi além do procurador-geral
da República ao pedir a busca e
apreensão do celular do
ministro e estabelecer prazo
para a tomada de depoimentos
das testemunhas e a entrega do
vídeo da reunião em que Moro
disse ter sido tratada a
substituição da
superintendência da Polícia
Federal no Rio.
Alguns dos intimados não
gostaram da advertência do
decano de que a resistência das
testemunhas em marcar o dia, a
hora e o local para serem ouvidos
pode resultar em condução
coercitiva. Depois que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva foi tirado de sua casa de
madrugada para depor no
aeroporto de Congonhas, o
Supremo resolveu limitar o
instrumento.
Réus não lhe estão mais
sujeitos, mas o depoimento
“debaixo de vara” continua
valendo para testemunhas,
mesmo que, entre elas, estejam
três generais da reserva na
função de ministros (Augusto
Heleno, Luiz Eduardo Ramos e
Walter Braga Netto), um dos
quais, da ativa.
Advertência no mesmo tom
foi usada contra o
secretário-geral da Presidência,
Jorge Oliveira, e o secretário de
Comunicação Social da
Presidência, Fábio Wajngarten.
Além do prazo de 72 horas para
a entrega do vídeo da reunião,
eles foram lembrados de que a
eventual adulteração do
material está sujeita a
penalidades previstas na lei.
Um influente general da
reserva viu na decisão do decano
uma afronta à presunção de
inocência, mas Celso de Mello
não parece preocupado com as
reações. Não foi por decisão dele
que generais deixaram as Forças
Armadas para servirem a um
governo que tem Jair Bolsonaro
como presidente da República e
Wajngarten como chefe da
comunicação.
O decano chegou ao
Supremo no governo José
Sarney, quando a democracia
parecia consentimento de uma
ditadura insepulta. Parece
confiar no compromisso das
Forças Armadas com a defesa
da Constituição ao encurtar a
vara com a qual intimou os
servidores militares lotados no
Palácio do Planalto. A quem
serão leais, ao presidente, às
Forças Armadas ou à lei
máxima do país? A evolução do
inquérito mostrará se as três
lealdades terão como ser
conjugadas.
Nas mais de três décadas em
que os militares se ocuparam
exclusivamente de
profissionalizar as Forças
Armadas, só deveram satisfação
à justiça fardada. Foi a
militarização deste governo,
pela tese já nocauteada da
tutela, que inverteu esta
situação. Na ditadura, o
Supremo Tribunal Federal teve
acanhado desempenho, com
honrosas exceções, como o
ministro Ribeiro da Costa, que
contestou o julgamento do
governador deposto Miguel
Arraes pela justiça militar. Hoje
não há submissão possível.
No limite, o presidente da
Corte e seu ex-assessor, o atual
ministro da Defesa, movem as
peças da contemporização. Se as
Forças Armadas têm números a
mostrar de sua participação no
combate à covid-19, a Corte
também os tem. Foram 1.660
processos e 1.473 decisões em
torno da pandemia. Dias Toffoli
reabilitou a Ordem do Dia de 31
de março, Fernando Azevedo e
Silva entronizou a Constituição.
Ambos repudiaram a violência
contra jornalistas.
Não chega a ser um dueto,
mas é um diálogo que pode
manter Bolsonaro sob o cerco
da Constituição. Ontem Toffoli
definiu o Supremo como a
última trincheira. A ver como
dará cabo de um presidente
que, na definição de um
fardado, continua a ser o
pentatleta da academia militar.
Aquele que, quando a corda
arrebentar, se manterá em pé
com um pedaço dela nos dentes
e os cotovelos em riste.
Maria Cristina Fernandes é jornalista
do “Valor”. Escreve às quintas-feiras
E-mail mcristina.fernandes@valor.com.br
Centrão recebe direção do Dnocs e
se fortalece para sucessão de Maia
Raphael Di Cunto e Marcelo
Ribeiro
De Brasília
O presidente Jair Bolsonaro
inaugurou ontem a nova fase na
relação com o Centrão, com a no-
meação de Fernando Marcondes
de Araújo Leão para a direção-ge-
ral do Departamento Nacional
de Obras Contra as Secas
(Dnocs). A aproximação também
é uma estratégia para eleger um
aliado para a presidência da Câ-
mara dos Deputados em 2021.
A nomeação foi intermediada
pelo líder do PP na Câmara, Ar-
thur Lira (AL), mas a indicação é,
na verdade, do deputado Sebas-
tião Oliveira (PL-PE). O parla-
mentar é sobrinho do histórico
Inocêncio Oliveira (PL), ex-presi-
dente da Câmara que foi acusa-
do, nos anos 1990, de utilizar
sua influência no próprio Dnocs
para construir três poços subsi-
diados em suas terras.
A estratégia de redistribuição
dos cargos, contudo, tem seus re-
vezes. Além de incomodar depu-
tados do PP, que queriam o car-
go, a troca no Dnocs desagradou
o deputado Genecias Noronha
(SD-CE), que tinha indicado o an-
tigo diretor-geral e se queixou a
aliados de não ter recebido nem
uma ligação informando da mu-
dança. A troca também foi cirúr-
gica como um recado ao presi-
dente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ): apesar de Noronha ter
indicado, Maia “reforçou o pedi-
do” junto ao governo na época.
Sebastião Oliveira está rompi-
do com o PL por causa de espaço
e agora está de malas prontas
para o Avante, nanico que tem
seu irmão como presidente em
Pernambuco e no qual filiou
seus principais aliados. Leão está
entre eles. No Avante desde mar-
ço, ele ocupava atualmente a di-
PF-RJ será comandada por Tácio Muzzi
Cristian Klein
Do Rio
Epicentro da crise entre o presi-
dente Jair Bolsonaro e o ex-minis-
tro da Justiça Sergio Moro, a supe-
rintendência da Polícia Federal no
Rio de Janeiro será comandada pe-
lo delegado Tácio Muzzi Carvalho e
Carneiro. A escolha foi anunciada
ontem como uma das primeiras
medidas do novo diretor-geral da
PF, Rolando Alexandre de Souza,
que assumiu o cargo após a demis-
são de Maurício Valeixo, braço-di-
reito de Moro.
O ex-ministro, ao se exonerar,
acusou Bolsonaro de tentar interfe-
rir politicamente na PF e justificou
sua saída devido à pressão do presi-
dente para que trocasse Valeixo e o
superintendente regional do Rio,
Carlos Henrique Oliveira. Retirado
do cargo para a chegada de Muzzi,
Oliveira foi deslocado para a direto-
ria executiva da PF, em Brasília, uma
das mais importantes do órgão, po-
rém voltada para questões adminis-
trativas, sem vínculo direto com in-
vestigações.
Se, no cargo mais alto da PF, Bol-
sonaro não conseguiu emplacar
seu preferido, Alexandre Rama-
gem, mas nomeou Souza, homem
de confiança dele; na superinten-
dência do Rio, Tácio Muzzi é consi-
derado alguém independente,
sem ligação com o presidente.
Amigo da família Bolsonaro, Ra-
Militares começam a preencher cargos na Saúde
Fabio Murakawa e Matheus Schuch
De Brasília
Uma série de nomeações está
transformando o Ministério da
Saúde em uma das pastas mais mi-
litarizadas do governo Jair Bolso-
naro. Somente ontem, o “Diário
Oficial da União” (DOU) trouxe
cinco designações de egressos da
caserna para integrar a pasta, que
tem como secretário-executivo o
general Eduardo Pazuello.
Os atos refletem o desejo do
presidente Jair Bolsonaro de evi-
tar que o ministro Nelson Teich
desenvolva o mesmo tipo de pro-
tagonismo do antecessor, Luiz
Henrique Mandetta. O ex-minis-
Arthur Lira: líder do PP faz intermediação de distribuição de cargos e monta base para garantir presidência da Câmara
reção do Procon de Pernambuco
e, antes, foi secretário-executivo
da Secretaria de Transportes do
Estado, sob influência de Olivei-
ra. É ainda parente do deputado
estadual Rogério Leão, que tam-
bém acompanhará Oliveira na
migração do PL para o Avante.
Lira tem negociado o apoio ao
governo no Congresso em troca
de cargos, mas as tratativas não
envolvem apenas seu próprio
partido. Ele tem, segundo rela-
tos, procurado deputados de ou-
tras legendas para fazer essa
composição, atraindo siglas me-
nores, como Patriota, PSC e o pró-
prio Avante (que tem apenas sete
deputados, mas controlará o
Dnocs, com orçamento de R$ 1
bilhão). A intenção seria cons-
truir uma base própria para dar
suporte a eleição para presidente
da Câmara em fevereiro de 2021.
A nomeação de um nome do
Avante, mas por intermediação
magem teve a posse suspensa, na
semana passada, por decisão do
ministro do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF), Alexandre de Moraes,
que alegou possível desvio de fina-
lidade, após as acusações de Moro.
A indicação de Muzzi, por sua
vez, foi recebida ontem sem alari-
do. Desde fevereiro do ano passa-
do, ele é delegado regional executi-
vo, equivalente ao número 2 da PF
no Rio. Visto como um quadro téc-
nico, é doutor e mestre em direito
empresarial pela Universidade Fe-
deral de Minas Gerais (UFMG), on-
de também se graduou em direito,
em 1999. Foi coordenador do gru-
po de trabalho da Operação Lava-
Jato que culminou com as prisões
do ex-governador Sérgio Cabral e
do empresário Eike Batista. Sua no-
meação teria atendido a pressões
da corporação para que a situação
na PF seja apaziguada.
Muzzi entrou para a Polícia Fe-
deral em 2003 e já ocupou interi-
namente o cargo de superinten-
dente do Rio, por cinco meses,
após a saída, em agosto no ano
passado, de Ricardo Saadi, alvo das
primeiras investidas de Bolsonaro
sobre o órgão regional.
Questionado por que tem tanto
interesse na superintendência, Bol-
sonaro disse anteontem que “o Rio
é o meu Estado” e que “foi acusado
de tentar matar a Marielle” [Fran-
co], vereadora do Psol assassinada
em março de 2018, ao lado do mo-
tro tornou-se uma das estrelas do
governo e por diversas vezes ba-
teu de frente com Bolsonaro em
posições como a defesa do isola-
mento como forma de evitar a
propagação do coronavírus.
A solução encontrada foi escalar
militares para compartilhar a ges-
tão do ministério com o titular,
que é civil. Pazuello, que coorde-
nou a acolhida de refugiados da
Venezuela em Roraima e atuou nas
Olimpíadas de 2016, foi colocado
no posto como uma espécie de “tu-
tor” militar da Saúde. Ele tem ago-
ra comandado as nomeações.
Ontem, foram nomeados qua-
tro tenentes-coronéis para os
postos de diretor de Programa,
dele, é o primeiro passo nessa es-
tratégia. Também são esperadas
para os próximos dias nomea-
ções em cargos no Fundo Nacio-
nal de Desenvolvimento da Edu-
cação (FNDE), na Companhia Na-
cional de Abastecimento (Co-
nab) e em secretarias do Ministé-
rio do Desenvolvimento Regio-
nal e do Ministério da Agricultu-
ra. Esses espaços estão sendo di-
vididos com PL e Republicanos.
Entre os parlamentares, os co-
mentários são de que Bolsonaro
não deve apoiar oficialmente Li-
ra na eleição para presidente da
Câmara, pelo menos não no pri-
meiro turno, mas está dando as
condições para o líder do PP —
que é seu antigo partido — cons-
truir uma base de apoio que con-
te com 170 a 200 deputados. O
número seria suficiente para bar-
rar um impeachment e também
para coloca-lo no segundo turno
de uma eleição no Legislativo.
torista Anderson Gomes. O presi-
dente afirmou que “querem colo-
car na conta” dele e dos filhos Car-
los, vereador, e do senador Flávio
Bolsonaro, ambos filiados ao Repu-
blicanos, o crime cujo mandante
ainda não foi descoberto.
Para o deputado federal e ex-de-
legado da PF Felício Laterça (PSL-
RJ), Muzzi é “bom profissional, de-
dicado e alinhado com as diretri-
zes” da instituição. Em sua opi-
nião, com a indicação do número 2
da superintendência regional, pa-
rece não ter havido “uma guinada”
na direção do órgão no Rio, “o que
enfraquece o discurso do ex-mi-
nistro Moro”.
O parlamentar afirma que seria
normal se um presidente da Repú-
blica recebesse relatórios de inteli-
gência (Relint) da PF, para balizar
decisões, por exemplo, em casos de
motins em presídios ou de convul-
são social, embora não relatórios
de investigação sigilosos, como as
acusações de Moro sugeriram.
Para Laterça, Muzzi pode mar-
car sua gestão pelo combate à cor-
rupção, “ainda mais com esse der-
rame de dinheiro” de governos es-
taduais e municipais em contratos
para compra de equipamentos de
combate à pandemia do novo co-
ronavírus. Nesse caso, reconhece, o
novo superintendente poderia
atender Bolsonaro ao incomodar
um adversário como o governador
do Rio, Wilson Witzel, que já afas-
assessor no Departamento de Lo-
gística, coordenador-geral de
Planejamento e diretor de Ges-
tão Interfederativa e Participati-
va. Uma sargento, Emanuella Al-
meida Silva, tornou-se coordena-
dora de Pagamento de Pessoal e
Contratos Administrativos.
O Valor apurou que ao menos
outros nove militares assumirão
os postos de diretor-executivo do
Fundo Nacional de Saúde (Funa-
sa); chefe da Assessoria Parla-
mentar; coordenador de conta-
bilidade; coordenador-geral de
Inovação de Processos e de Estru-
turas; coordenador de Finanças
do Fundo Nacional da Saúde;
Subsecretaria de Planejamento e
MICHEL JESUS/CÂMARA DOS DEPUTADOS — 8/4/2020
O presidente do Republicanos
e vice-presidente da Câmara,
Marcos Pereira (SP), é outro no-
me para sucessão na Câmara que
conta com simpatia de Bolsona-
ro. Maia, por sua vez, é aliado de
Pereira e Lira, mas teria preferên-
cia pelo líder da maioria, Agui-
naldo Ribeiro (PP-PB). O líder do
MDB, Baleia Rossi (SP), é outro
próximo a ele e de olho no cargo.
Após estarem na linha de fren-
te da estratégia para enfraquece-
lo, os ministros da Casa Civil, Bra-
ga Netto, e da Secretaria de Go-
verno, Luiz Eduardo Ramos, fo-
ram à Câmara se reunir com Maia.
A intenção era manter pontes mí-
nimas. “Vieram fazer uma visitar
para trocar ideias, impressões so-
bre a pauta e conjuntura”, disse
Maia. “A gente não pode misturar
os conflitos políticos com [o diá-
logo com os] ministros que estão
organizando agenda política e
gestão pública do governo.”
tou o subsecretário executivo da
secretaria de Saúde, Gabriel Carva-
lho dos Santos, por suspeita de ir-
regularidades.
Em junho de 2018, Muzzi foi no-
meado diretor-geral do Departa-
mento Penitenciário Nacional
(Depen) e, em janeiro de 2017, di-
retor-adjunto do Departamento
de Recuperação de Ativos e Coope-
ração Jurídica Internacional (DR-
CI), ambos órgãos ligados ao Mi-
nistério da Justiça, em Brasília. En-
tre 2000 e 2003, atuou como pro-
curador na Procuradoria-Geral do
Banco Central na área de consulto-
ria de direito bancário e de dívida
pública. Na superintendência da
PF no Rio, foi chefe da Delegacia de
Repressão à Corrupção e Crimes Fi-
nanceiros e comandou diversas
operações especiais, como a Gla-
diador, que prendeu o então depu-
tado estadual e ex-chefe da Polícia
Civil do Rio Álvaro Lins, em 2008.
No depoimento de Moro, no sá-
bado, na PF de Curitiba, o ex-mi-
nistro relatou que a superinten-
dência do Rio era o principal alvo
da tentativa de interferência de
Bolsonaro. Moro disse que isso foi
explicitado numa das mensagens
que recebeu do presidente. “A
mensagem tinha, mais ou menos,
o seguinte teor: ‘Moro você tem 27
superintendências, eu quero ape-
nas uma, a do Rio de Janeiro’”, con-
tou o ex-ministro, segundo o rela-
tório do depoimento.
Orçamento; subsecretário de as-
suntos administrativos; diretor
do Departamento de Monitora-
mento e Avaliação do SUS; asses-
soria do secretário-executivo.
Ontem, o ministro Teich foi
questionado sobre as nomeações
em coletiva no Palácio do Planalto.
Em resposta, disse que “é preciso
“evitar essa polarização se é um go-
verno de militar ou não”. Teich afir-
mou ser “o líder de um grupo”
composto de vários secretários e
que cabe a Pazuello “fazer as coisas
acontecerem”. “Os militares têm
competências que são muito im-
portantes, o planejamento do tra-
balho em equipe, uma coisa orga-
nizada, isso é importantíssimo.”
Jornal Valor --- Página 9 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@21:28:36
Internacional
Pandemia Governo Trump ameaça adotar postura econômica mais agressiva
EUA estudam medidas
mais duras contra a China
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
James Politi
Financial Times, de Washington
Donald Trump estuda adotar
medidas econômicas mais agressi-
vas contra a China em meio à cres-
cente fúria sobre a forma como Pe-
quim lidou com a pandemia, colo-
cando em risco a trégua comercial
obtida há menos de quatro meses.
Com a covid-19 se espalhando
pelos EUA, matando dezenas de
milhares de pessoas e devastando
a economia, o presidente dos EUA,
Donald Trump, tem acusado a Chi-
na de ter ocultado a epidemia de
coronavírus e fracassado em impe-
dir sua disseminação pelo mundo.
Agora a Casa Branca e o Con-
gresso procuram combinar a retó-
rica anti-China com medidas para
restringir cadeias de fornecimento
e fluxos de investimento, segundo
comentários públicos de funcio-
nários do governo, assessores par-
lamentares e lobistas em Washing-
ton. Mas não está claro até que
ponto eles estão dispostos a ir, de-
vido ao temor de infligir mais da-
nos à economia dos EUA.
A deterioração das relações en-
tre os EUA e a China é especialmen-
te chocante por causa da trégua
comercial alcançada em janeiro
por Trump e o presidente da Chi-
na, Xi Jinping, que encerrou quase
dois anos de guerra tarifária entre
as maiores economias do mundo.
Embora de escopo limitado, o
acordo suscitou expectativas de
que poderia dar alguma estabili-
dade ao relacionamento econô-
mico entre os dois países até de-
pois da eleição presidencial dos
Capacete com visão térmica
ROBERTO MONALDO/LAPRESSE VIA AP
Curtas
Depoimento na Venezuela
A TV estatal venezuelana exibiu
ontem depoimento de um dos
dois americanos presos no país
após uma tentativa frustrada de
invasão por mar no fim de sema-
na. O americano, identificado pelo
governo chavista como Luke Den-
man, disse que o plano era de con-
trolar o aeroporto de Caracas e se-
questrar o presidente Nicolás Ma-
duro para depois levá-lo aos EUA.
Maduro diz que a operação foi
planejada pelo líder da oposição,
Juan Guaidó, com apoio dos EUA e
da Colômbia. Os dois países ne-
gam envolvimento no caso.
Desemprego nos EUA
O setor privado dos EUA perdeu
20,2 milhões de empregos em
abril, um número sem preceden-
tes, em virtude da paralisação da
atividade econômica para conter a
covid-19, segundo pesquisa da
companhia de processamento de
folhas de pagamentos ADP. Só o
setor de serviços perdeu 16 mi-
lhões de empregos em abril.
EUA, em novembro. Mas Trump
tem advertido a China de que
Washington pode abandonar o
acordo se Pequim não cumprir as
compras planejadas de produtos
americanos, retomando a amea-
ça de impor tarifas mais altas so-
bre importações chinesas. On-
tem, Trump disse que seu gover-
no avaliará o cumprimento do
acordo pela China nas próximas
duas semanas.
“Estamos observando atenta-
mente”, disse o presidente ameri-
cano. “Eles [os chineses] enten-
dem. Eles têm um acordo. Espero
que eles mantenham o acordo. Ve-
remos. Eles podem ou não podem
[cumprir]. Vamos descobrir.”
As exportações de bens dos EUA
para a China caíram no primeiro
trimestre deste ano, esfriando as
esperanças de que Pequim agisse
rapidamente para aumentar as
suas compras de produtos agríco-
las e industriais americanos como
resultado do acordo de janeiro.
Stephanie Segal, ex-funcioná-
ria do Tesouro americano e mem-
bro sênior do Centro de Estudos
Estratégicos e Internacionais,
disse que a crise da covid-19 “tem
funcionado como um acelera-
dor” da tensão entre EUA e Chi-
na. “Era possível prever um cená-
rio em que haveria o reconheci-
mento de que a pandemia exige
cooperação e coordenação mul-
tilaterais. Em vez disso, ele dege-
nerou para uma situação em que
cada lado culpa o outro pelo es-
tado do mundo”, disse Segal.
Para Trump, existe uma lógica
política premente a favor de uma
posição mais dura com a China:
faltam menos de seis meses para a
disputa em que tentará a reeleição,
e Joe Biden, o provável candidato
democrata, atacou-o por minimi-
Com sua pior aprovação, Polônia adia
Putin quer reabrir Rússia eleição para
apesar da forte epidemia presidente
Agências internacionais
A aprovação do presidente da
Rússia, Vladimir Putin, caiu para
níveis recordes, em meio à forte
contração econômica causado pe-
la pandemia de covid-19 e colapso
nos preços do petróleo, principal
produto de exportação do país.
O apoio a Putin caiu para 59%
em abril, de 63% no mês anterior,
segundo pesquisa divulgada on-
tem pelo independente Levada
Center, com sede em Moscou. Esta
é a pior taxa de aprovação do líder
russo desde que chegou ao poder
em 2000 e, em parte, reflete a de-
mora de Putin de adotar medidas
para conter a propagação do coro-
navírus. A pesquisa ouviu 1.608
pessoas, por telefone, entre 24 a 27
de abril e tem uma margem de er-
ro de 2,4 pontos percentuais.
“Putin está enfrentando uma si-
tuação muito difícil e sem prece-
zar a ameaça do vírus e elogiou a li-
derança de Xi nas últimas etapas
das negociações comerciais.
Ontem Trump lamentou a
agressividade do vírus. “Passa-
mos pelo pior ataque que já tive-
mos em nosso país. É realmente o
pior ataque que já tivemos. É pior
que Pearl Harbor. É pior que o do
World Trade Center”, afirmou.
A Casa Branca já tomou medi-
das econômicas que alarmarão Pe-
quim. Endureceu as restrições à
venda de semicondutores para a
China, buscou dissuadir fundos de
pensão americanos de investir em
algumas empresas chinesas e pas-
sou a limitar a importação de equi-
pamentos elétricos usados na rede
de energia elétrica dos EUA.
Com o crescente sentimento an-
ti-China no Congresso, o temor na
comunidade empresarial é que a
repressão possa tornar-se ainda
mais dura, cortando os fluxos de
comércio e investimento entre os
dois países e aprofundando as re-
cessões americana e mundial.
Funcionários do governo ame-
ricano descartaram algumas me-
didas radicais, como o cancela-
mento de pagamentos à China
relativos aos bônus do Tesouro
americano. Mas propostas po-
tencialmente disruptivas para re-
duzir a dependência dos EUA das
cadeias de fornecimento chine-
sas, em especial nos setores de
tecnologia e saúde, voltaram a
ser debatidas, junto com a possi-
bilidade de uma nova rodada de
elevação das tarifas.
“Neste ambiente politicamen-
te carregado é fácil fazer o jogo
de empurrar a culpa para os ou-
tros, mas não devemos buscar so-
luções que prejudiquem nossa
própria recuperação econômica
e num momento em que precisa-
dentes”, disse Andrei Kolesnikov,
analista do Carnegie Moscow Cen-
ter. “Esta crise econômica atingiu
muito mais rápido e de forma mais
dura do que outras no passado.”
A economia da Rússia deverá
contrair 5,5% em 2020, segundo o
Fundo Monetário Internacional.
A taxa de desemprego pode do-
brar para 10%, embora as empre-
sas tentem evitar demissões redu-
zindo salários, segundo o jornal
Rossiiskaya Gazeta, citando o vi-
ce-reitor da estatal Academia Fi-
nanceira, Alexander Safonov.
Diante da pressão econômica
e, apesar de ser o sétimo país com
o maior número de casos no
mundo, quase 166 mil, as autori-
dades russas estabeleceram um
plano em três etapas para sus-
pender gradualmente o confina-
mento imposto para conter o co-
ronavírus, mas sem especificar
nenhum cronograma.
mos que os dois governos te-
nham um relacionamento fun-
cional e pragmático”, disse My-
ron Brilliant, da Câmara de Co-
mércio dos EUA. “O desafio mais
imediato aos dois países é traba-
lhar em conjunto para combater
o vírus e restaurar o crescimento
global”, acrescentou.
No Congresso, o desejo de con-
frontar a China vem acompanha-
do pelo temor de que o país possa
emergir como um rival estratégico
e econômico ainda mais forte de-
pois da pandemia. Alguns con-
gressistas esperam que certas me-
didas possam ser incluídas na no-
va rodada de estímulo fiscal que o
Congresso está para aprovar.
“Existe um enorme desejo de
agir contra a China”, disse um as-
sessor republicano. “Muitas pes-
soas têm discutido como vamos
responsabilizar a China.”
O secretário do Tesouro dos
EUA, Steven Mnuchin, disse à Fox
Business na segunda-feira que
Trump estava “revendo todas es-
sas questões com muito cuida-
do”, ao ser indagado sobre como
restringir investimentos de fun-
dos de pensão americanos na
China, que poderiam beneficiar
empresas ligadas às forças arma-
das. No Congresso também há
uma ofensiva para garantir que
empresas chinesas listadas nas
bolsas americanas cumpram de
forma mais rígida as normas de
contabilidade dos EUA.
Mnuchin disse esperar que a
China cumpra suas obrigações
sob o acordo comercial. “Tenho
todos os motivos para esperar
que eles honrem esse acordo. E,
se não o fizerem, haverá conse-
quências muito significativas
neste relacionamento e
na economia global.”
O Reino Unido planeja começar a
flexibilizar as medidas de isolamento
social na próxima segunda-feira,
apesar do país ser o primeiro da
Europa a registrar mais de 30 mil
mortos por covid-19. Os detalhes do
plano de reabertura só serão
divulgados no domingo. Já outros
países europeus têm optado pela
cautela. Na Espanha, o Parlamento
aprovou o pedido do premiê Pedro
Sánchez de prorrogar o estado de
emergência até 23 de maio. Madri
tenta administrar a saída do país de
semanas de rígido confinamento. Na
Alemanha, a premiê Angela Merkel,
anunciou ontem a abertura do
comércio em todo o país, mas os
alemães terão que respeitar as regras
de distanciamento social por mais
tempo, até 5 de junho. Para tentar
evitar uma segunda onda de
infecções, os italianos estão usando
um capacete com visão térmica no
aeroporto de Roma (foto). Porém, há
dúvidas sobre a eficácia de se medir a
temperatura das pessoas, já que
muitos são assintomáticos.
Reuters
O governista Partido Lei e Justiça
(PiS) da Polônia e seu parceiro de
coalizão júnior chegaram a um
acordo para permitir que a eleição
presidencial programada para do-
mingo sejam realizadas em uma
data posterior, segundo comuni-
cado conjunto divulgado ontem.
A data da eleição abriu uma
crise política, com o PiS insistin-
do para que a votação fosse reali-
zada conforme o programada
apesar da pandemia de covid-19,
enquanto que a oposição acusava
o presidente Andrzej Duda e seu
partido de colocar ganhos políti-
cos à frente da saúde pública.
A polêmica também ameaçava a
coalizão governista, com o parcei-
ro júnior dizendo que votaria con-
tra o plano do PiS no Parlamento
para permitir que a votação para a
eleição presidencial fosse total-
mente feita via correio.
Quinta-feira, 7 de maio de 2020
França e Holanda querem
que UE torne seus acordos
comerciais mais “verdes”
Assis Moreira
De Genebra
França e Holanda são os primei-
ros países a aproveitar a pandemia
para pressionar a União Europeia
(UE) a modernizar seus acordos
comerciais, tornando-os mais
“verdes”. Isso incluiria a redução
de tarifa de importação para par-
ceiros que implementem acordos
ambientais. Já aos poluidores seria
aplicada uma taxa de carbono.
Certos setores na Europa argu-
mentam que, com as medidas de
confinamento em vários países, a
poluição diminuiu e o céu está
mais azul, inclusive em grandes
países poluidores, como China e
Índia. É nesse contexto que cresce
uma onda na Europa para repen-
sar a globalização no pós-pande-
mia e reforçar o lado ambiental
dos acordo comerciais. Mas não há
consenso dentro da UE. Para al-
guns analistas, não haveria impac-
to no acordo UE-Mercosul. Mas se
o acordo for reaberto, será em mão
dupla, com o Mercosul também
podendo cobrar alterações.
Em documento submetido in-
formalmente aos demais mem-
bros da UE, ao qual o Valor teve
acesso, França e Holanda notam
que os desafios para o desenvolvi-
mento sustentável, incluindo a lu-
ta contra a mudança climática,
continuarão após a pandemia.
Para esses dois países, instru-
mentos de política comercial po-
dem dar peso adicional à imple-
mentação de acordos ambientais e
padrões trabalhistas pelos parcei-
ros. Eles seguem a linha do ex-pre-
sidente da Comissão Europeia
Jean-Claude Juncker que, ao anun-
ciar acordo de livre comércio UE-
Mercosul, destacou que a “política
comercial tornou-se um instru-
mento para a política climática”.
Para esses países, a UE precisa
elevar a ambição ambiental, dian-
te do que consideram falta de pro-
gresso no respeito aos compromis-
sos assumidos por vários parceiros
anos depois dos acordos comer-
ciais terem sido concluídos.
Eles defendem que a UE pode-
ria “premiar” países parceiros
com redução de alíquotas vincu-
ladas à efetiva implementação de
acordos envolvendo desenvolvi-
mento sustentável. E dar clareza
às condições que os países têm de
UE vê ‘recessão histórica’ e
teme pelo futuro do bloco
Laurence Norman e María Martínez
Dow Jones Newswires, de Bruxelas
A economia da zona do euro so-
frerá “uma recessão de proporções
históricas neste ano” devido à pan-
demia de covid-19, segundo previ-
são da Comissão Europeia. Além
disso, a explosão das dívidas nacio-
nais consolidará a divisão econô-
mica entre os países, o que poderá
ameaçar a estabilidade do bloco.
As previsões da Comissão Euro-
peia seguem-se à divulgação de
dados que mostram uma profun-
da retração na Europa causada pe-
la pandemia. O baque é especial-
mente forte nos países do sul, cujas
economias há muito estão atrás
dos Estados mais ricos do norte,
como a Alemanha, e onde a crise
da saúde foi mais aguda.
Segundo a Comissão, a econo-
mia da zona do euro deverá en-
colher 7,7% neste ano, mas pode-
rá crescer 6,3% em 2021.
“Está bastante claro agora que a
UE entrou na mais profunda reces-
são econômica de sua história”,
disse Paolo Gentiloni, comissário
de Economia, que prevê o início da
recuperação no segundo semestre
deste ano. Ele também alertou pa-
ra a ameaça existencial à zona do
euro caso a recuperação econômi-
ca dos 19 Estados membros da zo-
na do euro seja muito desigual.
“Tal divergência representa
uma ameaça ao mercado único e
à zona do euro — mas que ainda
pode ser mitigada por meio de
uma decisiva ação conjunta eu-
ropeia”, disse Gentiloni.
Todas as economias da UE vão
contrair neste ano, mas com uma
marcada diferença entre os paí-
ses. Grécia, Espanha e Itália, por
exemplo, terão uma queda do
| Valor | A9
respeitar para obter essas redu-
ções tarifárias, como também à
possibilidade de retiradas de li-
nhas tarifárias específicas no ca-
so de violarem essas provisões.
França e Holanda pedem à Co-
missão Europeia, órgão executivo
da UE, que seja mais incisiva na
avaliação do impacto dos acordos
comerciais, e que isso esteja dispo-
nível antes da conclusões de nego-
ciações, para serem “atualizados”.
Pela proposta, a UE precisará
também assegurar uma política
coerente de conduta responsável
do setor privado . Ela defende que
a UE desenvolva, antes de 2022,
um plano de ação para a Europa
reforçar o “comércio justo” e a
“produção e gestão responsável
das cadeias de suprimento”. Suge-
rem que o plano combine medidas
obrigatórias e voluntárias.
O Acordo de Paris, de combate à
mudança climática, é apontado
por França e Holanda como ele-
mento essencial dos acordos co-
merciais da UE, que precisam in-
cluir a obrigação, pelos parceiros,
de submeter suas contribuições
ambientais nacionais. “O Acordo
de Paris precisa ser somado a dois
elementos essenciais existentes,
que são o respeito dos direitos hu-
manos e a luta contra a prolifera-
ção de armas de destruição de
massa”, diz o documento.
A UE tem lembrado, em relação
ao acordo com o Mercosul, o com-
promisso do Brasil, pelo Acordo de
Paris, de reduzir até 2025 suas
emissões líquidas de gases de efei-
to estufa em 37%, comparado aos
níveis de 2005, e ações para pôr fim
ao desmatamento ilegal.
O documento defende ainda o
mecanismo de ajuste de carbono.
A presidente da Comissão, Ursula
von der Leyen, já citou a intenção
de adotar essa “taxa de carbono”,
que colocaria mais pressão sobre
os parceiros na área ambiental. A
ideia é taxar produtos importados
cuja fabricação gere muitas emis-
sões de dióxido de carbono (CO2),
punindo indústrias poluidoras.
Para França e Holanda, a Orga-
nização Mundial do Comércio
(OMC) tem um papel especial pa-
ra tratar de desenvolvimento sus-
tentável. Acham que a OMC deve
oferecer espaço para aplicação
de “disciplinas (nas áreas) de sus-
tentabilidade”.
PIB próxima a 10% em 2020 e um
forte aumento no desemprego,
especialmente na Espanha.
A Comissão prevê que, no fim
de 2020, sete economias da zona
do euro terão dívidas superiores a
100% de seu PIB, com Grécia com
um percentual próximo de 200%
e o da Itália subindo de 135% para
159%. Para a zona do euro como
um todo a relação dívida/PIB de-
verá ser superior a 100%.
As previsões reforçam o crescen-
te consenso de que o colapso da
atividade econômica global será
seguida por uma recuperação len-
ta, intermitente e desigual.
Confinamentos radicais para
combater o vírus sufocaram es-
pecialmente a Itália — primeiro
país fora da Ásia a ser atingido
pela pandemia — e a Espanha.
Em contraposição, a Alemanha
manteve a maioria de suas fábri-
cas em funcionamento nas últi-
mas semanas e acelerou ontem
sua saída do confinamento.
Agora, num momento em que
os governos tomam providências
para retomar a atividade de suas
paralisadas economias, os países
mais ricos do norte estão em con-
dições de sair na frente, enquan-
to os do sul, duramente atingi-
dos e endividados, enfrentam di-
ficuldades para se recuperar.
O que exacerba a divergência é
a perspectiva de as restrições às
viagens serem prorrogadas até o
fim do verão (de junho a setem-
bro no hemisfério Norte), o que
potencialmente negará aos paí-
ses do Mediterrâneo o grande
fluxo anual de turistas vindos do
norte europeu, mais industriali-
zado. A Grécia e parte de Itália,
França e Espanha são profunda-
mente dependentes do turismo.
Jornal Valor --- Página 10 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por rcalheiros às 06/05/2020@19:22:14

A10 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020

Opinião
LÉO MARTINS/ AGÊNCIA O GLOBO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: Roberto Irineu Marinho
VICE-PRESIDENTES: João Roberto Marinho - José Roberto Marinho
PRESIDENTE EXECUTIVO
Jorge Nóbrega

é uma publicação da Editora Globo S/A

DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
DIRETORA DE REDAÇÃO: Vera Brandimarte
Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit

Pandemiaparalisaatividades,
menosadestruiçãodaAmazônia

E
nquanto o coronavírus promove a — o prazo era até 2008, no projeto original. A
devastação de vidas nos grandes MP é péssima para a preservação da floresta,
centros urbanos, o governo de Jair mas pode espalhar seus males. Congressistas
Bolsonaro se incumbe, também gostaram tanto dela que propuseram
silenciosamente, de acelerar a estendê-la a outras áreas públicas do país.
devastação ambiental do país. Depois de A MP é a maior ameaça no presente de uma
arrumar uma encrenca global e desmoralizar série de outras. Um decreto em gestação
o Brasil ao desmentir a existência das maiores prepara a liberação para exploração agrícola e
queimadas em muito tempo na Amazônia no especulação imobiliária de áreas protegidas da
ano passado, e demitir um renomado Mata Atlântica. A Mata encolheria algo como
cientista que a relatou, o governo continua a 110 mil km2, segundo o SOS Mata Atlântica, por
agir no varejo e no atacado para desmontar a obra da redução legal dos biomas protegidos —
capacidade de fiscalização e controle das restariam apenas as formações tipicamente
instituições de proteção. florestais. Perderiam proteção o cerrado e a
A destruição legal do arcabouço institucional vegetação nativa de ilhas costeiras, oceânicas. A Ajuda de R$ 600 eleva despesa pública sem alcançar
de proteção ao ambiente está mais avançada. A autorização para desflorestamento deixaria de
MP 910 que está no Congresso é uma obra ser do Ibama e passaria a autoridades locais. Os objetivos pretendidos. Por Thiago de Moraes Moreira
prima da desfaçatez com que se pretende limites para o desmatamento permitido

A responsabilidade da
premiar invasores de terras, grileiros, capangas, pulariam de 50 para 150 hectares e, em áreas
empresários desonestos e aproveitadores de urbanas, de 3 para 30 hectares.
todo tipo que lucram com a dizimação da Desaparecido do público desde o vexame
floresta amazônica. A legalização da posse da das queimadas na Amazônia e do seu papel

política econômica
terra é uma árdua tarefa que vem sendo tentada destrutivo na suspensão dos recursos
há décadas por vários governos e que tem externos do Fundo Amazônia, o ministro
esbarrado na incapacidade, ou no desinteresse, Ricardo Salles continua trabalhando contra o
de o Estado se fazer presente na região e ambiente. Ele demitiu dois membros da

O
ordenar sua ocupação. chefia de fiscalização do Ibama por
Congresso Nacional com base no valor da diária de in- da, de produção estrangeira.
O presidente Jair Bolsonaro defende o reportagem apresentada no “Fantástico”
aprovou um pacote de ternação transferido aos hospi- Já a demanda gerada a partir
avanço do garimpo na floresta e nas terras sobre extração de ouro em terras indígenas. medidas emergenciais tais públicos e tempo médio do das transferências governamen-
indígenas, para as quais propõe também a No que se tornou uma tradição, o loteamento que tem como um de tratamento. tais tem um destino mais diversi-
mineração como atividade. Seu governo dos cargos da pasta por policiais militares, o seus principais itens a ajuda fi- ● R$ 3 bilhões para contrata- ficado, definido a partir do perfil
agora legaliza fraudes da ocupação novo coordenador geral da fiscalização será o nanceira de R$ 600 mensais en- ção de ao menos 10 mil novos de consumo dos beneficiários do
desenfreada e predatória da floresta. A MP, coronel da reserva Walter Magalhães Jr, da tre abril e junho aos mais vulne- profissionais de saúde. programa. Estes trabalhadores
abraçada pelos setores mais reacionários ao mesma patente de Homero Cerqueira, ráveis. Pretendo focar mais espe- ● R$ 3 bilhões na construção informais possuíam em fevereiro
agronegócio, permite que residentes em presidente do ICMBio. cificamente em um dos subgru- de quase duas centenas de hospi- renda média mensal variando
imóveis rurais na região, mesmo os que se Bolsonaro se indignou recentemente pos de vulneráveis, os trabalha- tais de campanha e ampliação de entre R$ 772 e R$ 2.065, bem
apossaram deles pela força, roubo ou quando técnicos do Ibama destruíram dores informais, que tiveram leitos, estimado com base em um abaixo da média nacional de
seus rendimentos praticamente custo médio de R$ 50 mil por lei- R$ 2.375. É razoável supor que,
falsificação, façam uma autodeclaração equipamento de madeireiros ilegais que
zerados com as necessárias me- to e uma necessidade aproxima- em ambos cenários, os recursos
declarando-se legítimos ocupantes. Há uma destruíam a floresta e disse que isso não mais
didas de restrição à circulação da de 60 mil novos leitos. se destinariam integralmente à
ressalva de peso: na declaração deve constar aconteceria. Sem respaldo do presidente ou das pessoas. Apenas estas 5 rubricas soma- aquisição de bens de consumo
que eles o fizeram de forma “mansa e do ministério, os fiscais do Ibama são os elos Com base na Pnad Contínua riam uma despesa de R$ 37,8 bi- semi e não duráveis.
pacífica”. A única checagem será feita por frágeis de uma corrente de violência que referente a fevereiro, eram quase lhões, compatíveis com uma polí- A desagregação foi feita com ba-
imagens de satélites. amplia a destruição na Amazônia. 38 milhões de empregados na tica de transferências de apenas se na última Matriz Insumo Produ-
E como o crime na Amazônia com A pandemia esvaziou as metrópoles globais. informalidade, 40% do total ocu- R$ 600 mensais e consequente bai- to (MIP), levando em conta os pe-
frequência compensa, os ocupantes de A emissão de gases estufa deverá ter queda pado. Assim, estima-se um custo xa adesão ao isolamento (Cenário sos relativos de uma pauta com-
imóveis de até 1.650 hectares pagarão apenas recorde em 2020, depois de bater picos em fiscal de cerca de R$ 67,6 bilhões 1). Em um cenário alternativo (Ce- posta por bens agropecuários, ali-
5% do valor de mercado, uma iniciativa com 2019. Mas no Brasil as emissões vão crescer. O das transferências propostas aos nário 2), assumo que o valor trans- mentos, bebidas, fumo, vestuário e
potencial para desfalcar o erário, por meio de sistema Deter do Inpe indicou aumento de 51% informais. Uma vez que o valor ferido pelo governo aos trabalha- calçado. Os impactos diretos, indi-
proposto é muito inferior ao dores informais recomporia ao retos e induzidos pela renda das
renúncia fiscal, em R$ 88 bilhões, segundo nos alertas de desflorestamento no primeiro
rendimento médio de qualquer menos os valores médios de cada transferências no cenário 2, tam-
cálculos da Ong WWF (Valor, 4 de maio). trimestre, elevação incomum para a estação de
categoria informal, na grande categoria, tornando a probabilida- bém estimados através da MIP, in-
Tampouco se trata de regularizar conflitos chuvas. Na seca virão os incêndios para limpar maioria dos casos esta renda de de controle da mobilidade mui- dicam um efeito positivo sobre o
antigos, e sim de incentivo à grilagem os terrenos — que provavelmente serão não é suficiente para manter es- to maior. Neste caso, é plausível su- PIB de R$ 229,4 bilhões, enquanto
recente. A comprovação de posse valerá para desmentidos, sem nenhuma credibilidade, tes trabalhadores em suas resi- por que o número de contamina- que no cenário 1 os efeitos soma-
ocupações ocorridas até dezembro de 2018 pelo governo. dências a fim de que se evite a dos ao final do ciclo epidemiológi- dos são de R$ 100,5 bilhões.
proliferação do vírus. Configu- co seja bem menor, próximo de Ainda no cenário 1, os recursos
ra-se então uma política pública 300 mil, com 30 mil mortes. Neste obtidos pelo governo na forma
Diretora Adjunta de Redação Daniela Chiaretti Editor de Indústria Editora Valor Online de baixíssima eficácia, combi- cenário, supõe-se que os gastos na de impostos nacionais sobre
Claudia Safatle (daniela.chiaretti@valor.com.br) e Infraestrutura Paula Cleto nando aumento da despesa pú- saúde devam ser proporcionais à bens e serviços (ICMS, IPI, etc) se-
(claudia.safatle@valor.com.br) Graziella Valenti Ivo Ribeiro (ivo.ribeiro@valor.com.br) (paula.cleto@valor.com.br) blica sem alcance dos objetivos redução de contaminados, ou seja, riam de R$ 20,8 bilhões, enquan-
Editora Valor PRO
Editor-executivo de Opinião (graziella.valenti@valor.com.br) Editor de pretendidos e resultados poten- ¼ dos valores apresentados, totali- to no cenário 2 a arrecadação
José Roberto Campos João Rosa Lucinda Pinto
Agronegócios
(lucinda.pinto@valor.com.br)
cialmente trágicos. zando R$ 9,5 bilhões e R$ 28,4 bi- com estes mesmos impostos se-
(jose.campos@valor.com.br) (joao.rosa@valor.com.br) Fernando Lopes
Maria Cristina Fernandes Coordenador Valor Data O retorno precoce das pessoas lhões a menos que no Cenário 1. ria de R$ 47,4 bilhões. Haveria
Editores-executivos (fernando.lopes@valor.com.br)
Catherine Vieira (mcristina.fernandes@valor.com.br) Editora de Finanças
William Volpato às ruas poderá provocar um cres- também um diferencial impor-
(william.volpato@valor.com.br) cimento exponencial de casos. tante nas receitas de imposto de
(catherine.vieira@valor.com.br) Maria Luíza Filgueiras
(maria.filgueiras@valor.com.br)
Alessandra Bellotto
Editores de Projetos Especiais
Com o aumento da mobilidade
Preservação da saúde renda e contribuições sociais,
Célia de Gouvêa Franco (alessandra.bellotto@valor.com.br)
(celia.franco@valor.com.br) Marli Olmos Editor de S.A.
Célia Rosemblum
decorrente da busca pela com- e da economia requer sendo no cenário 1 da ordem de
(celia.rosemblum@valor.com.br)
Cristiano Romero (marli.olmos@valor.com.br)
Ribamar Oliveira (Brasília)
Nelson Niero
Tania Nogueira Alvares plementação da renda, não seria urgentemente uma R$ 20,1 bilhões e no cenário 2, de
(cristiano.romero@valor.com.br)
(ribamar.oliveira@valor.com.br)
(nelson.niero@valor.com.br)
(tania.nogueira@valor.com.br) exagero usar a experiência espa- guinada na política R$ 45,9 bilhões, perfazendo uma
Pedro Cafardo Editora de Carreiras Correspondentes internacionais nhola como referência. Nesta hi- diferença total de arrecadação
(pedro.cafardo@valor.com.br) Editor de Brasil Stela Campos Assis Moreira (Genebra)
pótese, o Brasil atingiria 1,2 mi- econômica tributária de R$ 52,4 bilhões.
Chefe da Redação Sergio Lamucci (stela.campos@valor.com.br) (assis.moreira@valor.com.br)
em Brasília (sergio.lamucci@valor.com.br) Editor de Cultura Correspondentes nacionais
lhão de infectados (0,5% da po- Os ganhos fiscais com o au-
Fernando Exman Editor de Política Robinson Borges Marcos de Moura e Souza pulação), com cerca de 120 mil Contudo, o aumento no custo mento nas receitas tributárias e
(fernando.exman@valor.com.br) César Felício (robinson.borges@valor.com.br) (Belo Horizonte) mortes em 2020 (mortalidade de fiscal das transferências seria ain- menores gastos com saúde resul-
(cesar.felicio@valor.com.br)
Chefe da Redação no Rio Editora de Legislação (marcos.souza@valor.com.br) 10%). Assumindo que 70% são as- da muito maior, de R$ 86,8 bi- tariam em um saldo de R$ 80,8
Francisco Góes Editor de Internacional Marina Falcão (Recife)
& Tributos sintomáticos ou não necessita- lhões. No entanto, além da compa- bilhões, apenas R$ 6 bilhões a
(francisco.goes@valor.com.br) Humberto Saccomandi Zinia Baeta (marina.falcao@valor.com.br)
Repórteres Especiais (humberto.saccomandi@valor.com.br)
riam de cuidados médicos, tería- ração dos gastos estimados para a menos que o custo adicional do
(zinia.baeta@valor.com.br)
Alex Ribeiro (Brasília) Editora de Tendências Editor de Arte/ VALOR INVESTE mos 360 mil hospitalizados, sen- área da saúde, é importante com- programa em curso. Caso fossem
(alex.ribeiro@valor.com.br) & Consumo e Tecnologia Fotografia Editor do 240 mil exigindo leitos de UTI plementar a análise com a simula- incorporados outros gastos na
Daniel Rittner (Brasília) Cynthia Malta Silas Botelho Neto Fernando Torres e 120 mil requerendo apenas lei- ção de impactos econômicos. Para área da saúde ou ainda os maio-
(daniel.rittner@valor.com.br) (cynthia.malta@valor.com.br) (silas.botelho@valor.com.br) (fernando.torres@valor.com.br) tos de enfermaria. Considerando tanto, recorre-se ao detalhamento res custos fiscais decorrentes dos
que 80% dos hospitalizados se- setorial relativo às despesas e créditos subsidiados concedidos
Diretor de TI Roberto Martins Portella Filho (roberto.portella@valor.com.br)
riam tratados pelo sistema públi- transferências do governo. principalmente às micropeque-
co de saúde (SUS) e uma ocupa- Quanto aos gastos no setor de nas e médias empresas no pior
Filiado ao IVC (Instituto Verificador de Comunicação) e à ANJ (Associação Nacional de Jornais)
Valor Econômico Av. 9 de Julho, 5229 – Jardim Paulista – CEP 01407-907 – São Paulo - SP – Telefone 0 xx 11 3767 1000
ção próxima de 100% dos hospi- saúde, a elevada concentração da cenário, tal diferencial poderia
Departamentos de Publicidade Impressa e On-line SP: Telefone 0 xx 11 3767-1012, RJ 0 xx 21 3521 1414, DF 0 xx 61 3717 3333. tais públicos nas principais cida- demanda por alguns itens já vem ser inclusive revertido.
Legal SP 0 xx 3767 1323 des-foco da doença, é possível es- causando processos de estrangu- Enfim, a preservação da saúde e
Redação 0 xx 11 3767 1000. Endereço eletrônico www.valor.com.br
Sucursal de Brasília SCN Quadra 05 Bloco A-50 – Brasília Shopping – Torre Sul – sala 301 – 3º andar – Asa Norte – Brasília/DF - CEP 70715-900
timar a elevação de gastos em al- lamento na capacidade de oferta. da economia requer urgentemen-
Sucursal do Rio de Janeiro Rua Marques de Pombal, 25 – Nível 2 – Bairro: Cidade Nova – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20230-240 guns itens importantes: Além da escalada de preços, prin- te uma guinada na política econô-
● R$ 13,8 bilhões na compra cipalmente no avanço mais agudo mica. Para além da reativação da
Publicidade - Outros Estados de equipamentos de proteção in- da doença, corremos risco de desa- atividade econômica, a política
BA/SE/PB/PE e Região Norte MG/ES - PR - SEC - Soluções RS - SC - Marcucci &
Canal Chetto Comun. e Sat Propaganda Estratégicas em HRM Representações Gondran Associados dividual, estimado a partir de va- bastecimentos generalizados dos econômica precisa assumir maior
Representação Tel./Fax: (31) Comercialização Tel./Fax: (51) Tel./Fax: (48) lores de compra mais recentes do equipamentos necessários, com- responsabilidade na contenção de
Tel./Fax: (71) 3043-2205 Tel./Fax: (41) 3019-3717
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Ministério da Saúde. prometendo não apenas as vidas uma tragédia que pode ser bem
Para venda de assinaturas e atendimento ao assinante ligue: ● R$ 10,8 bilhões na compra dos doentes, como também a saú- maior do que muitos imaginam.
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assinaturas@valor.com.br - atendimento@valor.com.br. Para assinaturas corporativas e-mail: corporate@valor.com.br.
Aviso: o assinante que quiser a suspensão da entrega de seu jornal deve fazer esse pedido à central de atendimento com 48 horas de antecedência.
timado com base no custo unitá- estímulos à atividade econômica Thiago de Moraes Moreira é mestre
rio de R$ 180 mil. destes gastos são pequenos nos em Economia pela UFRJ, professor de
Preço de assinatura anual nova (impresso + digital) para regiões Sudestes, Distrito Federal e Paraná: R$ 1.114,80 ou R$ 92,90 mensais.
● R$ 7,2 bilhões de gastos dois cenários, uma vez que os itens macroeconomia do Corecon-RJ e de pós-
Demais localidades, consultar o atendimento ao assinante: tel: 0800 701 8888. Carga tributária aproximada: 3,65%. com UTI e enfermaria, calculado demandados são, em larga medi- graduação do IBMEC.
Jornal Valor --- Página 11 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por rcalheiros às 06/05/2020@19:25:18
Opinião
Política monetária sob tensão
Mario Mesquita
O não vai receber”.
choque da pandemia
da covid-19 tem apre-
sentado grandes desa-
fios aos responsáveis
pela política econômica pelo
mundo afora. Em linhas gerais,
temos assistido um forte movi-
mento de expansão fiscal e, tam-
bém, monetária. As economias
do G-20 terão déficits expressi-
vos e, assim, crescimento signifi-
cativo da dívida pública — cerca
de 15 pontos percentuais do PIB,
em média, somente em 2020.
Analogias marciais têm sido uti-
lizadas com frequência nesta crise,
e, do lado fiscal, parecem apro-
priadas: tamanho crescimento sin-
cronizado das dívidas públicas de
tantos países remonta aos confli-
tos mundiais da primeira metade
do século passado. Se existem sé-
rios desafios fiscais, as perspectivas
para a política monetária também
são pouco triviais.
À época da grande crise finan-
ceira (GCF) de 2008-9, o endivi-
damento do setor público tam-
País está sem uma das principais fontes de dados do mercado de trabalho. Por João Saboia
Cadê o Caged?
O
Cadastro Geral de Em-
pregados e Desempre-
gados (Caged) da Se-
cretaria Especial de
Previdência e Trabalho do Minis-
tério da Economia é uma das
principais fontes de dados do
mercado de trabalho do país. Até
o final do ano passado as empre-
sas do setor formal da economia
informavam mensalmente o nú-
mero de admissões e desliga-
mentos ocorridos ao longo do
mês, de forma que em meados do
mês seguinte as informações
eram divulgadas. Tais informa-
ções são de uma riqueza impres-
sionante, sendo divulgadas em
diferentes níveis geográficos, se-
toriais e de tamanho das empre-
sas, podendo ser analisadas in-
clusive ao nível municipal. Há
ainda informações dos trabalha-
dores como o salário de admis-
são, sexo e idade.
Segundo o Caged, em 2019,
houve 16.197.094 admissões e
15.553.015 desligamentos, resul-
tando em 644.099 empregos for-
mais gerados, representando um
crescimento de 1,68%. Os dados
permitem ainda que se estime o es-
toque total de empregos celetistas
do país, que atingia 39.054.507 em
dezembro do ano passado.
No início deste ano, o governo
modificou a forma de levanta-
mento dos dados do Caged, o
que resultou em dificuldades pa-
ra a obtenção das informações
mensais, resultando na parada
de sua divulgação.
Segundo nota divulgada à im-
prensa no site da Secretaria Espe-
cial de Previdência e Trabalho do
Ministério da Economia em 30 de
março deste ano: “A Secretaria ...
informa que identificou a falta de
prestação das informações sobre
admissões e demissões por parte
das empresas, o que inviabilizou a
consolidação dos dados do Cadas-
tro Geral de Empregados e Desem-
pregados (Caged), referentes aos
meses de janeiro e fevereiro”.
A razão para tais dificuldades é
informada em seguida: “Essas di-
ficuldades resultam das recentes
transformações na forma de rela-
cionamento do governo federal e
nos valores de desburocratização
e simplificação do envio de infor-
mações em um único canal. Ape-
nas no último semestre de 2019
foram substituídas quatro obri-
gações trabalhistas para simplifi-
car o processo de transmissão de
informações por parte das em-
presas: Caged, Relação Anual de
Informações Sociais (Rais), car-
bém cresceu muito: de 65% do
PIB em 2007 para 95% em 2010
nos EUA, de 42% para 75% no Rei-
no Unido, de 64% para 82% na
Alemanha, por exemplo. Com ta-
xas de juros atingindo o limite
nulo, os bancos centrais tiveram
que recorrer, também, a medidas
de expansão quantitativa que au-
mentaram consideravelmente
seus balanços. Diante desse qua-
dro, muitos analistas começaram
a alertar para o risco de elevação
da inflação, o que acabou se mos-
trando um alarme falso. Para ser
mais preciso, houve, sim, infla-
ção de preços de ativos, mas não
dos preços de bens e serviços.
As razões para a ausência de
inflação de preços de bens e ser-
viços, mesmo diante de políticas
fiscais e monetárias muito aco-
modativas, ainda são objeto de
estudo. Várias conjecturas têm si-
do levantadas. Uma é que a infla-
ção estaria sendo contida pela
ausência de choques de oferta
persistentes. Outras explicações
estão relacionadas à hipótese de
fraqueza estrutural da demanda
privada, não plenamente com-
pensada pela expansão fiscal.
Outra refere-se à própria efetivi-
dade da condução da política
monetária. Nos EUA, o cresci-
mento da produtividade do tra-
balho pode ter sido tal que com-
pensou os ganhos salariais.
Na Europa, as margens obser-
vadas em diversos setores po-
dem ter permitido que as em-
É inadmissível que uma
das principais fontes
de informação sobre o
mercado de trabalho
tenha simplesmente
desaparecido sem que
haja qualquer previsão
de quando voltará a
estar disponível e até
mesmo se será
disponibilizada em
algum momento
presas acomodassem elevações
de salários sem fazer repasses ao
preço final. Outra observação,
com a qual simpatizo, é que a in-
flação baixa tem se tornado
mais persistente por causa do
seu efeito sobre as expectativas
de inflação, em um processo que
se retroalimenta.
O mundo, especialmente o
mundo desenvolvido, teria se
deslocado para um ambiente in-
flacionário mais baixo. Nesse no-
vo contexto, a piora da trajetória
do endividamento do setor pú-
blico e o risco, longínquo, de
eventual monetização da dívida,
com as devidas consequências
inflacionárias, estariam sendo
compensados pelos fatores aci-
ma citados. A tensão entre a dete-
rioração fiscal e o ambiente ma-
croeconômico de curto prazo te-
ria sido resolvida, pelo menos
por ora, a favor do segundo.
Se esse predomínio dos fatores
macroeconômicos de curto pra-
zo e da persistência da inflação
baixa tem caracterizado o perío-
do pós-GCF nas economias ma-
duras, o mesmo ainda não pode
ser dito, de forma conclusiva, so-
bre as economias emergentes. Is-
to porque, em economias madu-
ras, com classificação de risco fa-
vorável e histórico de inflação
baixa, a deterioração fiscal tem
impacto limitado sobre outras
variáveis-chave, como a taxa de
câmbio e, assim, sobre as pers-
pectivas inflacionárias.
teira de trabalho e o livro de re-
gistros de empregados”.
Em relação ao Caged, a explica-
ção foi a substituição do sistema
original usado há anos pelo Siste-
ma de Escrituração Digital das
Obrigações Fiscais, Previdenciárias
e Trabalhistas (e-Social).
A nota é finalizada informan-
do que os dados levantados serão
disponibilizados em breve:
“Assim sendo, a divulgação dos
dados do Caged para os meses de
janeiro e fevereiro está suspensa
até a completa atualização das in-
formações por parte das empresas.
Tão logo a situação voltar à norma-
lidade e as empresas retomarem o
envio completo das informações,
ocorrerá ampla divulgação das es-
tatísticas dos meses anteriores, co-
mo sempre ocorreu”.
Embora a intenção de fazer as
mudanças para facilitar a vida das
empresas possa ter sido positiva, o
resultado não poderia ser pior.
Desde janeiro o país está sem as in-
formações mensais do Caged,
num momento em que passa por
uma crise sem precedentes com
enormes reflexos sobre o mercado
de trabalho. O problema é anterior
à crise, não podendo ser atribuído
por conta da covid-19. É, portanto,
consequência da mudança na for-
ma de levantamento dos dados
junto às empresas.
Iniciar tal mudança sem ter sido
feito um teste anterior para ver co-
mo as empresas informariam seus
No caso das economias emer-
gentes, notadamente aquelas
com histórico inflacionário
ruim, como é o caso do Brasil, é
plausível que a deterioração da
situação fiscal acabe pressionan-
do as expectativas de inflação.
Em certa classe de modelos ma-
croeconômicos, a simples piora
da trajetória fiscal esperada já
pode induzir aumento da infla-
ção (por meio da perspectiva de
monetização da dívida).
No caso do Brasil, é
plausível que a
deterioração da situação
fiscal pressione as
expectativas de inflação
Na prática, as expectativas de in-
flação no horizonte de 1 ou 2 anos
tendem a ser altamente correlacio-
nadas com a trajetória inflacioná-
ria recente. Em geral, o processo de
desancoragem de expectativas
passa por um choque, que eleva a
inflação corrente. Diante do au-
mento da inflação corrente, os
analistas e investidores têm uma
decisão a fazer: acreditam ou não
que o banco central (BC) estará
disposto e será capaz de fazer o ne-
cessário para trazer a inflação de
volta à trajetória das metas? Se
existir a visão de que o BC pode so-
frer ingerência política, então a
resposta tende a ser negativa, e as
expectativas de inflação sobem.
dados de admissões e desligamen-
tos foi um grande erro. Tal teste po-
deria ter sido feito durante um cur-
to período de tempo para verificar
os resultados e só então fazer a mu-
dança definitiva do sistema.
As reclamações em relação à fal-
ta de divulgação dos dados do Ca-
ged desde o início do ano não se
restringem apenas a especialistas
sobre o mercado de trabalho. Se-
gundo matéria publicada em O
Globo de 3/5/2020, dirigentes de
vários segmentos produtivos co-
mo a Confederação Nacional do
Comércio (CNC), a Câmara Brasi-
leira da Indústria da Construção
(CBIC) e Confederação Nacional de
Serviços (CNS) reclamaram da fal-
ta de informações do Caged para a
tomada de decisão nos diferentes
setores da economia.
Outra fonte que poderia ser
utilizada para analisar os efeitos
da crise sobre o setor formal são
os dados do seguro-desemprego.
Mas essa fonte também está ex-
perimentando dificuldades e a
própria Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho reconhe-
ce que há uma demanda reprimi-
da de cerca de 200 mil requeri-
mentos do seguro-desemprego.
Para piorar a situação, o IBGE es-
tá passando por dificuldades para
a realização da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contí-
nua (PnadC). Tal pesquisa é usual-
mente feita através de entrevistas
domiciliares e, por conta da pan-
Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Se, mesmo na ausência de tais
ingerências ou expectativa das
mesmas, que é o quadro que ge-
ralmente observamos no Brasil
(certamente no momento
atual), existirem dúvidas sobre
a sustentabilidade da dívida, o
espectro da dominância fiscal
pode levar os agentes à conclu-
são de que o BC não terá como
subir a taxa de juros sem incor-
rer no risco de desestabilizar
ainda mais a trajetória da dívi-
da pública. No limite, quando
as contas públicas estão sufi-
cientemente debilitadas, uma
alta da taxa de juros pode até,
em tese, ser contraproducente.
Em tal ambiente, independente
da intenção e compromisso an-
ti-inflacionário da autoridade
monetária, o risco de perder a
âncora das expectativas é real.
O Brasil vem experimentando,
desde 2016, um novo ambiente,
com taxas de juros em patamares
internacionais, taxa de câmbio
menos apreciada, e maior diver-
sificação dos investimentos,
além dos títulos públicos, sem
prejuízo algum do controle in-
flacionário. Tal configuração po-
de se mostrar efêmera se a expan-
são fiscal, evidentemente neces-
sária em 2020, se estender indefi-
nidamente no futuro. E a política
monetária deve levar essa possi-
bilidade em consideração.
Mario Mesquita é economista-chefe
do Itaú Unibanco
demia, está sendo realizada via li-
gações telefônicas com perda de
informação devido às dificuldades
para contatar os domicílios.
Os resultados da PnadC divul-
gados recentemente represen-
tam a situação no trimestre de ja-
neiro a março deste ano e co-
brem apenas o início da crise
atual. Segundo informações do
próprio IBGE, as dificuldades
têm sido imensas e não há garan-
tia que os dados de abril virão
com a qualidade necessária para
sua divulgação no final de maio.
Para que a atual crise possa
ser enfrentada é fundamental a
existência de informações que
possam subsidiar a tomada de
decisões tanto pelo governo
quanto pelo setor privado. É
inadmissível que uma das prin-
cipais fontes de informação so-
bre o mercado de trabalho te-
nha simplesmente desaparecido
sem que haja qualquer previsão
de quando voltará a estar dispo-
nível e até mesmo se será dispo-
nibilizada em algum momento.
Esse tipo de incerteza é inaceitá-
vel, sendo fundamental que se-
jam tomadas as providências ne-
cessárias para que o Caged volte
a ser divulgado para a sociedade
o mais rapidamente possível.
João Saboia é professor emérito do
Instituto de Economia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ).
E-mail: saboia@ie.ufrj.br
| Valor | A11
Frase do dia
“Nenhuma
empresa é só
devedora. Ela
também é
credora. Vai
deixar de pagar,
mas também
Do advogado Eduardo Munhoz sobre
PL de ‘moratória’ de pagamentos
Cartas de
Leitores
Valor 20 anos
Em meu nome, em nome do Con-
selho Empresarial Brasileiro para
o Desenvolvimento Sustentável
(Cebds) e também das nossas mais
de 60 associadas, gostaria de para-
benizá-los pela data festiva. Esta-
mos num momento tenso, bastan-
te delicado tanto na política,
quanto na economia, e especial-
mente na saúde com a pandemia
provocada pelo novo coronavírus,
mas num momento como este é
que o jornalismo se faz mais forte.
Ética, seriedade e uma equipe
de primeira linha de jornalistas es-
pecializados na área econômica.
Essa receita só poderia dar muito
certo. E quem ganha é o leitor,
com uma leitura correta, diaria-
mente, de excelentes artigos, en-
trevistas e análises aprofundadas
do dia-a-dia da política econômi-
ca no país, muitas vezes anteci-
pando o que ainda vai acontecer
no ambiente de negócios.
Parabéns aos editores, repórte-
res, articulistas, revisores e todos
os que contribuem com a constru-
ção de cada edição. Parabéns pelos
20 anos, e que venham muitas ou-
tras décadas pela frente.
Marina Grossi
Presidente da Cebds
●
Acompanhamos o Valor desde
seu surgimento, sob a competen-
te direção do jornalista Celso Pin-
to, trazendo informações dife-
renciadas e abrangentes sobre a
atividade nacional e internacio-
nal das empresas e seus negócios,
da economia, do mercado acio-
nário, ao lado de análises de alta
qualidade sobre a política e as
perspectivas gerais, complemen-
tadas por um excelente caderno
de fim de semana, com entrevis-
tas e informações sobre cultura.
O Valor continua indispensá-
vel para quem quer ter uma vi-
são do que acontece no Brasil e
no mundo. Parabéns à direção
do jornal e a cada um de seus co-
laboradores pelo sucesso alcan-
çado nesse 20 anos.
Mario Ernesto Humberg
Marioernesto.humberg@cl-a.com
●
Parabéns pelo aniversário de 20
anos do jornal. Ao longo dessas
duas décadas, vocês alcançaram
grande relevância no cenário
econômico e empresarial, com
um jornalismo de qualidade e
fundamentado, sempre trazendo
conteúdos e informações que
contribuem para a tomada de de-
cisões no dia a dia dos negócios.
Contem comigo e com a Mon-
delez Brasil para muitas outras
décadas de sucesso.
Liel Miranda
Presidente da Mondelez
Correção
Diferentemente do que afirma nota
publicada em 6 de maio, na página B1, o
rating da Ultrapar foi mantido pela
agência de classificação de risco Moo-
dy’s em Ba1. O relatório da agência
apontou mudança apenas na perspecti-
va para o rating, que passou de estável
a negativa frente aos impactos econô-
micos do coronavírus.
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
Jornal Valor --- Página 12 da edição "07/05/2020 1a CAD A" ---- Impressa por vdsilva às 06/05/2020@21:00:38
A12 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Especial
“Live” do Valor Ex-juiz, governador vê ‘acervo’ de crimes
do presidente, mas debate só ocorrerá depois da pandemia
Bolsonaro dará
um golpe se puder,
afirma Flávio Dino
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Malu Delgado e Cristiane Agostine
De São Paulo
Na linha de frente da oposição
a Jair Bolsonaro, o governador do
Maranhão, Flávio Dino (PCdoB),
afirma haver no meio político a
impressão generalizada de que o
presidente “deseja turvar as
águas brasileiras, por várias ra-
zões”, sendo a principal delas pa-
ra “ocultar as suas carências ad-
ministrativas escandalosas”. “Ele
deseja águas turvas porque, se
possível, não há dúvida que ten-
tará algum empreendimento de
face golpista”, enfatizou o mara-
nhense, ao participar, ontem, da
“Live” do Valor. “[Bolsonaro] é fi-
lho do ethos autoritário. Se pu-
der, dará um golpe.”
O governador, que antes da
pandemia vinha ocupando papel
de destaque nas costuras políticas
com lideranças de centro, diz ver
com espanto a forma com a qual
Bolsonaro hostiliza e sabota, inclu-
sive promovendo aglomerações, a
agenda do coronavírus. “Ele obje-
tiva, de fato, desviar a atenção na-
cional deste drama, drama concre-
to, de centenas, de milhares de
mortos todos os dias, sofrimentos
nos lares, dos profissionais de saú-
de.” Essa postura do presidente,
acrescenta Dino, faz com que
questões administrativas cruciais
sejam deixadas de lado, como a lo-
gística do pagamento do auxílio
emergencial à população carente e
informais, gerando filas intermi-
náveis em frente a agências da Cai-
xa Econômica Federal. “Ninguém
cuidou disso. Bolsonaro tem que
se ocupar da sua responsabilidade.
Ele quer se desviar, mas tem que
tratar do coronavírus. Ele é sócio
do coronavírus.”
Segundo o governador, que teve
uma carreira de juiz antes de en-
trar para a política, “do ponto de
vista jurídico” não há dúvida de
que há um “encontro marcado”
com o debate sobre os crimes co-
muns e de responsabilidade come-
tidos por Bolsonaro. Mas isso só se
Doria diz que
presidente tem
“conduta errática”
Cristiane Agostine e Felipe Frisch
De São Paulo
O governador de São Paulo,
João Doria (PSDB), culpou on-
tem o presidente Jair Bolsonaro
pela queda da taxa de isola-
mento social no Estado, com a
repetição de índices abaixo de
50%. Segundo Doria, o presi-
dente tem uma “conduta errá-
tica” e é um péssimo exemplo
aos brasileiros. O governador
disse que Bolsonaro, ao desres-
peitar a quarentena, tem esti-
mulado as pessoas a sair às
ruas, e afirmou que o país corre
o risco de tornar-se o novo epi-
centro mundial da pandemia
de covid-19.
“O que tem estimulado, la-
mentavelmente, o relaxamento
das pessoas é a conduta errática
do presidente da República que,
dando maus exemplos todos os
finais de semana, sai para fazer
passeios na Esplanada dos minis-
térios ou em cidades satélites de
Brasília, negando a ciência, a
orientação do isolamento e dan-
do um péssimo exemplo aos bra-
sileiros”, afirmou Doria. “Esse
sim é o contraponto que influen-
cia negativamente a opinião
dará mais adiante, reconhece. Di-
no afirmou que viu sim “provas
contundentes” apresentadas pelo
ex-ministro da Justiça Sergio Moro
contra o presidente, o que pode
complicar sua situação política.
“Achei muito contundente [o
depoimento de Moro]. O depoi-
mento, do ponto de vista jurídico,
já é uma prova, indício consisten-
te. É um ex-juiz, um ex-ministro,
apresentando uma versão gravíssi-
ma em que poderia, em tese, haver
ocorrência de vários crimes, desde
advocacia administrativa, prevari-
cação, eventualmente até obstru-
ção à justiça. Isso se extrai muito
facilmente na narrativa que o ex-
ministro Sergio Moro fez. Além
disso ele apresenta provas mate-
riais, ou seja, provas de corrobora-
ção, aquelas que confirmam, do-
cumentalmente, a sua narrativa.”
Dino considera possível o anda-
mento do inquérito no Supremo
Tribunal Federal para apurar even-
tuais crimes e abuso de poder de
Bolsonaro no caso que culminou
na saída de Moro do governo, mas
diz ser impossível que se avance,
virtualmente, um debate sobre o
impeachment. “Dada a gravidade
do que Sergio Moro disse, e dadas
as condutas que, mais do que de
indiferença, são condutas ofensi-
vas que o presidente tem adotado
em relação à pandemia do corona-
vírus, temos um conjunto bastante
expressivo que deve fazer com que,
no período de cessação da pande-
mia, haja um debate jurídico e po-
lítico diante deste acervo contun-
dente de cometimento de atos ilí-
citos por parte do presidente.”
Por decisão judicial, pronta-
mente acolhida pelo governador,
o Maranhão está em “lockdown”
em algumas regiões, com desta-
que para a capital, a ilha de São
Luís, e parte da região metropoli-
tana. O juiz que tomou a decisão
do “lockdown”, Douglas de Melo
Martins, está sendo ameaçado de
morte. “Temos, infelizmente, em
nível nacional, ainda uma tendên-
cia ascendente no que se refere à
pandemia. No Maranhão, estamos
com 5 mil casos. As semanas epide-
miológicas mais complexas estão
a se aproximar. Fizemos uma espé-
cie de ‘lockdown’ profilático”, jus-
pública brasileira”, disse, em
entrevista à imprensa ontem.
O governador havia sido ques-
tionado se o fato de sua gestão
ter anunciado em 20 de abril que
a quarentena poderia ser relaxa-
da a partir de 10 de maio teria si-
do responsável por estimular as
pessoas a saírem de casa. Doria
negou e atacou Bolsonaro.
“Quando nós avaliamos na-
quele momento, deixamos mui-
to claro que a perspectiva de
qualquer flexibilização depen-
deria do comportamento das
pessoas no isolamento, da dispo-
nibilidade de leitos nos hospitais
e do comportamento do corona-
vírus tanto na infectividade
quanto na mortandade. Isso não
favoreceu nem estimulou ne-
nhum tipo de relaxamento”, dis-
se, partindo para as críticas ao
presidente na sequência.
A quarentena teve início em
São Paulo em 20 de março, com
56% de isolamento social. Um
mês depois, até o anúncio feito
pelo governo de uma possível fle-
xibilização, em apenas três dias a
taxa de isolamento social foi me-
nor do que 50%. Depois do anún-
cio, porém, o governo tem regis-
trado uma queda na adesão às
tificou. O fechamento mais radical
da capital se estende até o dia 14, e
poderá ser reavaliado. As escolas
permanecerão fechadas pelo me-
nos até 1 o de junho no Estado.
Dino vê uma espécie de apagão
de gestão no Ministério da Saúde,
com lentidão de ações, mas não faz
acusações ao atual ministro, Nel-
son Teich, nem a seu antecessor,
Luiz Henrique Mandetta. Diz que,
com ambos, sempre foi possível
exercer o diálogo e há cordialida-
de. Falta, no entanto, eficácia do
ministério no combate ao corona-
vírus e grande parte do problema
reside, na visão do governador, nas
atitudes do “chefe”. “Nessas altu-
ras, o ministro é vítima de um con-
texto muito difícil, em que o chefe
da equipe não cuida do tema do
coronavírus. Isso faz com que o tra-
balho de qualquer ministro da
Saúde seja muito difícil. Você nota
muito claramente que ele está to-
lhido, constrangido, pressionado.
Aparentemente [Teich] tem co-
nhecimento científico e sabe que
as medidas preventivas são essen-
ciais. E o presidente da República é
visceralmente contra, não só e pa-
lavras, mas em ações.”
A seguir, os principais tópicos
da conversa de 40 minutos:
Bolsonaro bonapartista
“Bolsonaro é filho do ethos au-
toritário. Se puder, dará um gol-
pe. Ele não se conforma com o fa-
to de não exercer um poder abso-
lutista. Outro dia declarou: a
Constituição sou eu. Ele resiste a
todo tipo de decisão do Congres-
so, sobretudo do Supremo. Então
se ele puder, ele atravessa aquela
praça ali [dos Três Poderes]. Um
dos filhos disse que bastaria um
cabo e um soldado para fechar o
Supremo. Eles têm esse impulso
autoritário. Ele pensa que exerce
algum tipo de liderança bona-
partista, de perfil autoritário.”
“Lockdown”
“Pressão econômica existe e é le-
gítima, mas é preciso compatibili-
zá-la com os interesses da socieda-
de. Temos mantido atividades eco-
nômicas essenciais. Preservamos
rodovias, portos, ferrovias, para
não gerar danos de abastecimen-
João Doria: “Estudos recentes indicam que o Brasil, infelizmente, corre o risco de se tornar o novo epicentro mundial da pandemia do [novo] coronavírus”
medidas de isolamento social e
em nove dias a taxa ficou entre
46% e 48%.
O governador disse que ne-
nhuma medida de flexibilização
será adotada no Estado caso as
taxas de isolamento social não
cheguem a pelo menos 50%. “In-
felizmente não estamos alcan-
çando essa média”, disse.
O Estado tem 37.853 casos
confirmados do novo coronaví-
rus, com 3.045 mortos — acrésci-
mos de 10% e 7%, respectivamen-
te, em 24 horas —, informou o se-
Flávio Dino: “Bolsonaro quer se desviar, mas tem que tratar do coronavírus. Ele é sócio do coronavírus”
to. Temos sido cuidadosos, ponde-
rados. A presença do empresaria-
do é mais favorável do que desfa-
vorável, até porque há decisão ju-
dicial e isso favorece o convenci-
mento. A emergência sanitária le-
gitima não a eliminação, mas a res-
trição a exercícios de direitos indi-
viduais. Às vezes a luta ideológica,
o extremismo de direita faz com
que raciocínios jurídicos fiquem
distorcidos. Não tenho dúvida da
constitucionalidade da medida.”
Auxílio emergencial
“Não fizemos ‘lockdown confi-
namento’. Foi ‘lockdown soft’, que
fica num meio termo, porque
mantivemos algum núcleo de ser-
viços essenciais funcionando co-
mo os bancários. Organizamos
aquilo que a Caixa Econômica não
organizou. Contratei 200 bombei-
ros civis, mais o corpo de bombei-
ros militares e estamos organizan-
do as filas da Caixa. Depois vamos
cobrar os custos da Caixa. Sob a
ótica do Código de Defesa do Con-
sumidor, os bancos têm que cuidar
disso. Estamos com equipes garan-
tindo o fluxo da filas, segundo as
normas sanitárias, e a total conti-
nuidade do pagamento.”
Ministério da Saúde e gestão
“Saímos de 232 leitos exclusivos
para covid-19 e chegamos a 761.
Triplicamos a rede estadual de
atendimento. Nesta semana abri-
remos mais 150 leitos e a meta é
chegar ao final de maio com 1.200
leitos exclusivos na rede estadual.
Infelizmente há muita dispersão
cretário de Saúde, José Henrique
Germann. Por conta desses nú-
meros, o Estado entrará em luto
oficial a partir de hoje e deve per-
durar durante toda a pandemia,
anunciou Doria. A taxa de ocupa-
ção de UTI no Estado é de 67,2% e
de 86,6% na Grande São Paulo.
O governador alertou para a
possibilidade de o país liderar o
número de mortes no mundo pe-
la doença. “Estudos recentes in-
dicam que o Brasil, infelizmente,
corre o risco de se tornar o novo
epicentro mundial da pandemia
de energia em função de crises po-
líticas desnecessárias, causadas pe-
lo próprio presidente, que atingi-
ram o Ministério da Saúde. Tive-
mos a interrupção do trabalho. Por
mais que tenha sido uma substi-
tuição rápida [do ministro], sem-
pre é muito difícil fazer mudança
de tripulação em pleno voo. Há
realmente muita lentidão na atua-
ção concreta. O Maranhão recebeu
do ministério 20 kits de UTIs. So-
mos muito gratos, mas é uma con-
tribuição muito modesta.”
Polêmica sobre respiradores
“No Brasil não houve a reconver-
são industrial. Nos EUA, a indús-
tria automobilística está sendo
mobilizada para fabricar respira-
dores, a indústria militar da Rússia
fabricando respiradores... Esse
processo deveria ter começado em
janeiro no Brasil, e não começou.
Isso criou uma alta dependência
em relação ao internacional. Para o
caso concreto do Maranhão [com-
pra de 107 respiradores da China,
passando pela Etiópia], além de
não haver ajuda, ainda tentaram
atrapalhar, com a equivocadíssi-
ma e escandalosa operação da Re-
ceita Federal, como se estivessem
lidando com contrabandistas. Não
houve nenhuma ilegalidade.”
Impeachment para depois
“Só há uma circunstância em
que pode mudar essa análise: se
Bolsonaro for da palavra ao gesto,
ou seja, se ele antecipar o desejo de
algum tipo de ruptura institucio-
nal. Aí é óbvio que estaremos dian-
do coronavírus. Isso significa que
o vírus está se espalhando rapi-
damente para as cidades meno-
res em todo o país, e em São Pau-
lo infelizmente o vírus também
se expandiu, segundo dados do
comitê de saúde, para o interior e
litoral”, disse Doria.
Atual adversário político de
Bolsonaro, o governador tucano
reclamou de “manifestações po-
líticas inadequadas” sobre a
doença e disse que não é hora de
“misturar eleição, partidos e
ideologias, vontades políticas”.
SILVIA ZAMBONI/VALOR
te de situação inevitável de resis-
tência. Se ele continuar com essa
espécie de guerra fria, vamos cui-
dar do coronavírus, cobrar dele
que cuide do coronavírus, e aí de-
pois a gente trata desses proble-
mas institucionais agudos que o
Brasil atravessa.”
Articulação com forças de centro
“É possível e necessária. Não po-
de ter uma visão rígida em que não
compreenda que diante de cada
desafio você tem que ter uma flexi-
bilidade, uma amplitude no diálo-
go. Temos o intuito de extrema di-
reita, golpista no comando do
país. Então precisamos de frentes
de bom senso, que têm se formado
no Parlamento, de forma geral. Ti-
vemos o 1 o de maio promovido
pelas centrais sindicais, que eu tive
a honra de participar ao lado do
ex-presidente Lula, FHC, de lide-
ranças de vários campos políticos.
Esse é o certo para a conjuntura. É
claro que a pandemia interrompe
muito as conversas políticas. É nor-
mal que isso ocorra. No momento
seguinte vamos retomar isso.
Aliança eleitoral é outra questão
para 2022. Não podemos confun-
dir a atuação política conjunta
com frente política. É uma frente
do bom senso, contra a barbárie,
contra o extremismo, contra o fas-
cismo, contra o golpismo. Essa é a
nossa emergência nacional, neste
momento para proteger as insti-
tuições, defender a nossa nação e
fazer com que a gente chegue até a
eleição de 2022, que o calendário
eleitoral seja mantido.”
ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/AGÊNCIA O GLOBO
“Agora é o momento de todos
estarmos concentrados na defesa
e na proteção da vida. Não é hora
de fazer comício em cemitério”,
disse. “Quem é contra o isola-
mento social está ajudando a lo-
tar hospitais, a colapsar a saúde e
fazer a contagem dos mortos que
serão enterrados”, afirmou. “A
democracia é barulhenta, mas é
ela, a democracia que debate, ga-
rante a liberdade, a nossa exis-
tência num regime que fortalece
os princípios da cidadania, do di-
reito, do estado de direito.”
Jornal Valor --- Página 1 da edição "07/05/2020 1a CAD B" ---- Impressa por CGBarbosa às 06/05/2020@20:09:30
Empresas
Destaques
Petrobras e a covid-19
O número de casos confirmados
de covid-19 nas atividades da Pe-
trobras já supera o de 800 traba-
lhadores infectados. Além disso,
há mais de 1,6 mil casos em in-
vestigação, segundo dados do
Ministério de Minas e Energia
(MME). De acordo com o boletim
mais recente do ministério, de
terça-feira, são 1.642 suspeitos;
806 confirmados e em quarente-
na; e 231 recuperados. O MME
também atualizou os dados ope-
racionais das refinarias, em meio
à queda do consumo. Segundo o
ministério, a carga global do refi-
no vem se mantendo pratica-
mente estável nos últimos dias,
com o fator de utilização oscilan-
do entre 62 e 63%. Ainda segundo
o MME, não existe, até o momen-
to, qualquer perspectiva de para-
da total de alguma das refinarias.
Camargo Corrêa Infra
Dando sequência às mudanças na
gestão da Camargo Corrêa Infra,
empresa de construção pesada da
Mover Participações, ontem foi
anunciada a contratação de Fábio
Nossaes para o cargo de diretor de
Negócios e Operações da compa-
nhia. O executivo assumiu a posi-
ção nesta semana. Antes, a empre-
sa já havia nomeado no presiden-
te, Marcelo Cordário. Nossaes, se-
gundo comunicado, tem mais de
20 anos de experiência em gestão
de projetos e industrial e liderança
de negócios. Iniciou a carreira na
área industrial da ABB, passou por
Alstom (projetos de grandes hi-
drelétricas na América do Sul) e
por GE Hydro na China. Nos últi-
mos três anos foi responsável pela
área de operações e comercial da
GE Grid na América Latina.
Vestuário e calçados
A consultoria Iemi Inteligência de
Mercado revisou para baixo nova-
mente as projeções para os setores
de vestuário e calçados, levando
em consideração a ampliação do
prazo de quarentena em São Paulo
e no Rio de Janeiro e a adoção do
“lockdown” (bloqueio total) no
Amazonas, Pará, em Fortaleza, São
Luís e Salvador. Os dados da con-
sultoria são usados como referên-
cia por entidades como a Associa-
ção Brasileira da Indústria Têxtil e
de Confecções (Abit) e Associação
Brasileiras da Indústria de Calça-
dos (Abicalçados). O Iemi prevê
agora para o varejo de vestuário
uma queda em volume de vendas
de 15,6% em 2020, em relação ao
ano passado. Essa retração pode
variar de 13,3% a 17,4%, depen-
dendo de como se dará a recupe-
ração do mercado nos próximos
meses. Em abril, a previsão feita
pela consultoria era de uma queda
nas vendas de 9%. Para o varejo de
calçados, que no ano passado mo-
vimentou vendas de 839 milhões
de pares, o Iemi prevê agora uma
queda nas vendas de 15,4% em re-
lação a 2019, podendo oscilar en-
tre 13,4% e 17,5%. A previsão feita
em abril era de queda de 8,9%.
Eletro e eletrônicos cai 9%
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P@í.v =8..< 2 1/<.8=<3-< =@ _?83<<v
X,4?</-2 ^@/?@-2v <4 >24,38>@=2s
Índice
Carreira B2
Indústria B3, B4 e B5
Serviços&Tecnologia B6 e B7
Agenda tributária B6
Movimento falimentar B6
Agronegócios B8
Varejo Companhia atinge maior cotação em Nova York desde que abriu o capital há 13 anos
Mercado Livre acelera vendas e
entra no setor de supermercados
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Adriana Mattos
De São Paulo
O Mercado Livre, maior plata-
forma de comércio eletrônico do
país, presente em 18 países, regis-
trou em abril patamares de vendas
“bem superiores” ao registrado an-
tes da pandemia da covid-19, e no
Brasil, esse ritmo também está su-
perior neste intervalo, disse o co-
mando em entrevista ontem. Para
analistas, a empresa havia dito, em
teleconferência na terça-feira, que
a venda em abril mostrava reação,
após um fim de março fraco, o que
animou investidores. As empresas
do setor — B2W e Magazine Luiza
— lideraram as altas na B3.
Na Nasdaq, o Mercado Livre
atingiu ontem a maior cotação
(US$ 742,88) desde a sua abertura
de capital, ocorrida há 13 anos.
Via Varejo, Grupo Pão de Açú-
car e Carrefour já haviam infor-
mado uma aceleração mais rápi-
da da operação digital desde o
início da crise.
“Em março, os consumidores
ampliaram compra em supermer-
cados, em categoria que temos
uma presença menor, e sentimos
isso. Mas em abril, essa demanda
voltou e foi se espalhando para to-
das as categorias”, disse ontem ao
Valor Stelleo Tolda, vice-presiden-
te executivo para América Latina
do Mercado Livre. “No nosso caso,
esse crescimento não é uma com-
pensação de vendas de lojas fecha-
das, porque não temos lojas. Para
nós, é ganho de ‘share’ (participa-
ção de mercado) puro”.
Segundo ele, o fato de a opera-
ção no Brasil crescer menos que a
de outros países, segundo dados
do balanço do primeiro trimestre
publicado ontem, não indica uma
aceleração mais lenta comparado
a outros países. “O Brasil cresce
menos porque é um mercado mui-
to maior, naturalmente acaba ten-
do taxas um pouco menores”.
As vendas do Mercado Livre no
Brasil cresceram 55% de janeiro a
Herdeiro anuncia fim da dinastia na Samsung
Sucessão
Edward White e Kang Buseong
Financial Times, de Wellington e Seul
Le Jae-yong, que comanda de
fato o grupo Samsung, disse não
ter planos de passar a direção da
companhia para seus filhos. A
decisão sinaliza o fim do contro-
le de três gerações na empresa
sul-coreana que vem crescendo
como um polvo.
O pronunciamento, feito du-
rante um pedido público de des-
culpas, em Seul ontem, marca o
mais recente esforço do vice-pre-
sidente do conselho de adminis-
tração da Samsung, de 51 anos,
em evitar sua volta à prisão. Ele é
acusado de prática de suborno e
é há muito tempo criticado por
sua família ser pouco transpa-
rente na gestão da companhia.
“Não pretendo passar minha
função para meus filhos. Penso
nesse assunto há muito tempo,
mas tenho hesitado em manifestar
isso abertamente”, disse Lee, antes
de se curvar em cumprimento, nu-
ma rara entrevista coletiva.
“Dou minha palavra aqui hoje
de que, de agora em diante, não
haverá mais polêmica com rela-
ção à sucessão. Não haverá, abso-
lutamente, qualquer infração à
lei”, acrescentou.
Desempenho na bolsa
Dados de grandes varejistas on-line
B2W ON
Cotação intradia, em R$/ação
91,0
89,18
87,5
84,0
78,12
80,5
77,0
10h/6/Mai
Variações, em %
No dia
Em 2020
Em 12 meses
Fontes: B3, Nasdaq, Yahoo Finance e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Na Nasdaq
Stelleo Tolda, do Mercado Livre: “Em abril, essa demanda voltou e foi se espalhando para todas as categorias”
março (em moeda local), na Ar-
gentina, 123%, e no México, 81%. O
grupo opera por meio da venda de
itens de lojistas hospedados em
seu site e aplicativo (marketplace).
A companhia informou que
passou a fazer no Brasil a venda di-
reta de produtos típicos de super-
mercados. As mercadorias são
compradas e distribuídas pela em-
presa. Até então, o Mercado Livre
vendia produtos de outros lojistas
Le Jae-yong comanda o grupo há seis anos: atolado em acusações de corrupção
A Samsung, a maior fabricante
mundial de smartphones, chips de
computador e painéis eletrônicos,
foi fundada como uma mercearia
em 1938 por Lee Byung-chul, o avô
de Lee Jae-yong.
Lee Jae-yong comanda a em-
presa desde 2014, quando seu
pai, o presidente do conselho de
administração Lee Kun-hee, so-
freu um infarto.
A exemplo de muitos dos des-
Magazine Luiza ON
Cotação intradia, em R$/ação
57,0
55,15
55,5
54,0
52,5
51,0
52,22
17h 10h/6/Mai 17h
Variações, em %
19,13 No dia 9,86
41,87 Em 2020 15,69
132,54 Em 12 meses 120,87
e de marcas com lojas oficiais no si-
te. Em abril, abriu o segmento cha-
mado “supermercados” no site e
no aplicativo. Há cerca de 12 mil
itens e mais da metade são produ-
tos comprados pela empresa junto
à indústria.
“Adiantamos esse projeto, que
seria só para o segundo semestre,
por conta dos acontecimentos, pe-
la mudança no comportamento
do consumidor”, disse. A compra e
SEONGJOON CHO/BLOOMBERG
cendentes de grupos de controle
familiar, ou “chaebol”, que domi-
nam a atividade econômica sul-
coreana, o herdeiro da Samsung,
também conhecido como Jay Y,
ou JY Lee, está atolado em acusa-
ções de corrupção.
Ele enfrenta atualmente um
segundo julgamento por paga-
mento de propina ao ex-presi-
dente da Coreia do Sul, Park
Geun-hye – acusações que o leva-
A recuperação está melhor
do que o previsto há duas
semanas, mas ninguém
sabe se é permanente,
diz Brian Chesky,
da Airbnb B6
Mercado Livre*
Cotação intradia, em US$/ação
781
768
755
742,88
742
729 734,00
9h30/6/Mai
Variações, em %
No dia
Em 2020
Em 12 meses
LEONARDO RODRIGUES / VALOR
a venda direta foi estratégia toma-
da para avançar com o projeto de
forma mais rápida, sem depender
da adesão de lojistas de supermer-
cados ao “marketplace” (shopping
virtual). Perguntado se a empresa
negocia acordos com GPA e Carre-
four, para aumento na venda de
produtos na plataforma, Tolda dis-
se que ambos já vendem no Merca-
do Livre e a ampliação do portfólio
é decisão das empresas.
ram à prisão por um ano em
2017, antes de ser contemplado
com uma libertação antecipada.
O Chaebol há muito incomoda
investidores, que consideram
que os interesses familiares têm
prevalência em relação aos dos
acionistas de menor porte. Al-
guns analistas acreditam que os
laços das empresas com a políti-
ca e as intrincadas estruturas cor-
porativas engessam o crescimen-
to e levam a maciços descontos
das avaliações.
O professor Sea-jin Chang, da
Universidade Nacional de Cinga-
pura, que escreveu longamente
sobre a história da Samsung, dis-
se que a promessa de Lee parece
“pragmática”, porque o imposto
sobre as heranças na Coreia do
Sul dificulta cada vez mais que as
famílias fundadoras mantenham
o controle sobre seus impérios.
“JY Lee se esforçou muito para
evitar o imposto, de várias ma-
neiras diferentes, mas não conse-
guiu. Ele percebeu que será qua-
se impossível evitá-lo na próxima
geração”, disse Chang.
A alíquota de imposto de 50%
sobe para 65% caso o beneficiário
se torne o maior acionista da em-
presa familiar — uma das mais ele-
vadas entre os países da Organiza-
ção para a Cooperação e Desenvol-
vimento Econômico (OCDE).
Quinta-feira, 7 de maio de 2020 | B1
Amazon*
Cotação intradia, em US$/ação
2.360
2.351,26
2.345
2.329,44
2.330
2.315
16h 9h30/6/Mai 16h
Variações, em %
19,64 No dia 1,44
29,89 Em 2020 27,24
30,86 Em 12 meses 20,54
Essa primeira fase não inclui a
venda de produtos frescos ou de
itens congelados, uma venda que
poderia pesar mais na estrutura
de custos e despesas da empresa.
Magazine Luiza e B2W também
aceleraram projetos de investi-
mento no segmento específico de
supermercados neste ano. Para es-
pecialistas, por conta da pande-
mia, essa categoria deve ser o foco
da nova disputa no varejo digital
no resto do ano, ocupando o lugar
dos itens de moda.
O Mercado Livre também terá
um foco maior na venda direta de
produtos eletrônicos de consumo.
A Via Varejo havia informado dias
atrás que sentiu um desabasteci-
mento neste segmento, em mar-
ketplaces que comercializam itens
de pequenos lojistas, o que gerou
dúvidas no mercado sobre mar-
ketplaces com dificuldades de ven-
das. “Não sentimos problemas
com nossos parceiros. Já tinhamos
em mente elevar essa venda [dire-
ta] agora vira uma oportunidade
maior”, diz Tolda. A receita líquida
da empresa no primeiro trimestre
foi de US $ 652,1 milhões, um au-
mento de 37,6% em dólares e de
70,5% ao se descontar o efeito do
câmbio. A empresa teve prejuízo
de US$ 21 milhões, versus lucro lí-
quido de US$ 12 milhões no ano
anterior — a alta nas despesas pres-
sionaram o número.
Outros, no entanto, se mostra-
ram céticos. O professor de eco-
nomia Park Sang-in, da Universi-
dade Nacional de Seul, disse que
o comunicado de Lee é desprovi-
do de medidas específicas volta-
das para pôr fim às complexas
transações intergrupo que con-
tribuíram para manter o contro-
le na meio família por décadas.
“Após 20 ou 30 anos não have-
rá qualquer maneira de fiscalizar
o cumprimento da promessa de
hoje de JY...não acreditei nela de
maneira nenhuma”, disse Park.
As participações da família con-
trolam apenas cerca de 5,8% do ca-
pital da Samsung Electronics, a
joia da coroa do grupo, mas gru-
pos afiliados à Samsung – nos
quais a família mantém outras
participações – controlam outros
15,4% do capital. Lee Jae-yong tem
dois filhos em idades escolar e uni-
versitária, nenhum dos quais tem
envolvimento com a companhia.
Jisoo Lee, um advogado e defen-
sor da reforma empresarial, disse
ser necessário mais tempo para
avaliar se Lee estava sendo sincero
sobre a mudança de seu estilo de
direção. Mas descartou a perda de
controle por parte da família.
“O controle permanece na fa-
mília para sempre – até [a empre-
sa] deixar de operar.” (Tradução
de Rachel Warszawski)
Jornal Valor --- Página 2 da edição "07/05/2020 1a CAD B" ---- Impressa por rcalheiros às 06/05/2020@19:30:11
B2 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Empresas | Carreira
AvaliaçãoProfessoradoMITdizqueé
umerromedirhoraserespostasrápidas
“Temosqueser
tratadoscomo
adultosno
homeoffice”
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Stela Campos
De São Paulo
Os profissionais remotos já esta-
vam sobrecarregados muito antes
da pandemia empurrar milhares
de trabalhadores para o home offi-
ce. Isso porque, além da carga pe-
sada e da falta de limites de jorna-
da, eles são submetidos a avalia-
ções que levam mais em conta o
tempo visível de trabalho e a rapi-
dez com que respondem e-mails e
mensagens do que a qualidade da
entrega de seus resultados.
“Estamos treinando gestores
para prestar atenção nessas métri-
cas e não para se concentrarem na
qualidade do trabalho da equipe,
no quanto ele é inovador, criativo
ou no quanto as pessoas estão
atendendo as necessidades do
cliente”, disse Erin Kelly, professora
de trabalho e organizações do MIT
na Sloan School of Management,
em entrevista ao Valor.
Erin é coautora do livro “Over-
load: How Good Jobs Went Bad
and What We Can Do About it”
(“Sobrecarga: como bons empre-
gos se tornam ruins e o que pode-
mos fazer sobre isso”), lançado no
fim de março, em meio à dissemi-
nação da pandemia global. Nele,
Erin Kelly e Phyllis Moen, relatam
um experimento que fizeram ao
longo de cinco anos na implemen-
tação de trabalho flexível em uma
empresa. Elas mostram que ao dar
mais autonomia aos funcionários
e introduzir avaliações mais criati-
vas no home office, a companhia
aumentou a produtividade e dimi-
nuiu a rotatividade e o estresse.
Para a pesquisadora, o que o
mundo está experimentando hoje
com a covid-19 não é um teste jus-
to para o home office por ser tão
atípico, mas pode levar a algumas
mudanças. Um dos motivos de
maior frustração e que acaba indu-
zindo profissionais remotos ao
burnout, segundo ela, é a cultura
de comando e controle nas organi-
zações. Segundo Erin, os profissio-
nais têm que ser tratados como
adultos no home office. A seguir os
principais trechos da entrevista:
Valor: Nesse momento em que
Nãofinjaqueésimplestrabalharemcasaagora
Rumo Certo
Vicky Bloch
U
m dos grandes
desafios para os
profissionais e para
as empresas tem
sido o home office.
No início, o corre-corre girava
em torno das adaptações ao
modelo e ao que ele implica de
forma prática. Surgiram muitos
debates e artigos trazendo dicas
de uso das ferramentas de
trabalho à distância, de como se
organizar em casa, de como se
comportar em
muitas pessoas estão sobrecarrega-
das no home office, existe algo que
elas possam fazer sobre isso?
Erin: Nossa tarefa agora é reali-
zar o trabalho que podemos e nos
apoiarmos, demonstrando cui-
dado um com o outro, para que
no longo prazo o aprendizado
desse período possa ser útil. No
curto prazo, existe o risco real de
sobrecarga. Apenas tentar fazer
as coisas exatamente como fazía-
mos pode aumentar a pressão e o
desgaste, trazendo consequên-
cias para a saúde. Mas vamos ver o
que vai acontecer quando a crise
passar. Podemos refletir sobre o
estabelecimento de limites. Al-
guns podem usar o bom senso
para mudar a cultura da empresa
e pensar em políticas para apoiar
todos os tipos de funcionários.
Valor: Essa experiência remota
atual pode criar uma abertura
maior para se discutir quem pode
ou não fazer home office?
Erin: Essa é uma possibilidade
de mudança real que seria muito
positiva. Está claro que os funcio-
nários, em várias funções, podem
realizar grande parte de seu tra-
balho em casa, mas eles precisam
do suporte da cultura organiza-
cional. O que eu saliento é que o
home office não é uma proposta
de tudo ou nada. Nossa pesquisa
não sugere enviar os funcionários
para casa e nunca tê-los no local
de trabalho. Existem poucas pes-
soas que preferem isso. Algumas
equipes funcionam melhor quan-
do têm a chance de se conectar,
outras quando trabalham tran-
quilamente em casa ou nos arran-
jos que escolhem. Algumas equi-
pes decidem que às terças e quar-
tas querem estar no escritório pa-
ra fazer reuniões. Outras preferem
se encontrar apenas quando esti-
verem no momento-chave de um
projeto. Nossa pesquisa é crítica à
estratégias rígidas de teletraba-
lho. A capacidade de personalizar
é realmente importante.
Valor: O trabalho remoto que vi-
vemos agora pode ajudar a trans-
formar a maneira como os gestores
avaliam as equipes a distância?
Erin: Espero que nesse momen-
to os gestores percebam que preci-
sam ser claros sobre como estão
avaliando os resultados dos fun-
cionários. Existe um jeito antigo de
prestar atenção nas horas traba-
lhadas, observando a rapidez com
videoconferências, da
necessidade de se estabelecer
uma rotina, etc.
De uma forma ou de outra,
essa engrenagem técnica agora
está funcionando. As empresas
que não tinham tal prática foram
obrigadas a implementar, assim
como os indivíduos que não
estavam habituados foram
obrigados a se organizar.
O que vejo agora é a
necessidade de darmos um passo
à frente na conversa sobre o
home office. Além das questões
práticas, há um efeito psicológico
e emocional importante que
precisa ser mais debatido e
compreendido — ou, em breve,
teremos uma enxurrada de
surtos psicológicos. Afinal, não
há apenas um membro da
família trabalhando em casa:
estamos falando de famílias
inteiras em um mesmo ambiente
24 horas tentando agir como se
fosse possível estabelecer uma
rotina. Sem falar na tensão
extrema dos profissionais de
saúde e seus familiares. Pior, isso
Erin Kelly, do MIT, diz que sobrecarga atinge todos os profissionais, independentemente das responsabilidades familiares
que alguém responde um e-mail
ou uma mensagem de WhatsApp.
Em muitas situações o gestor está
medindo horas, o tempo visível ou
a capacidade de resposta rápida.
Eles são treinados para prestar
atenção nessas métricas e não para
se concentrar na qualidade do tra-
balho da equipe, no quanto ele é
inovador, criativo ou no quanto as
pessoas estão atendendo as neces-
sidades dos clientes.
Valor: Em muitas empresas o ho-
me office é seletivo e aqueles que
tem acesso muitas vezes são consi-
derados privilegiados, isso pode
mudar depois da covid-19?
Erin: Trabalhar em casa antes
era algo permitido ou que exigia
uma permissão especial. Nesse
modelo, os funcionários são sub-
metidos à empresa dizendo
quando e onde farão seu traba-
lho. Isso faz parte de uma cultura
organizacional. Acredito que
agora veremos uma variedade
maior de funcionários buscando
o home office. Mas os profissio-
nais apreciarão mais se puderem
trabalhar de uma maneira que
faça sentido para eles. Se forem
tratados como adultos realmen-
te será positivo. Os gestores de-
vem considerá-los comprometi-
dos, entender que eles podem ge-
renciar suas decisões diárias so-
bre como o trabalho deve ser fei-
to. Dessa forma, todos podem se
concentrar nos resultados e pro-
duzir o que esperavam.
Valor: Por que a implementação
do home office esbarra na questão
de comando e controle?
Erin: Os gestores escondem
muito de seu desconforto quan-
do enfrentam novas maneiras de
trabalhar dando mais autonomia
aos funcionários. Alguns, prova-
velmente, prefeririam manter
suas correntes em torno das equi-
pes. Eles pressupõem de uma for-
tudo diante de um cenário
extremamente arriscado do
ponto de vista de saúde, em que o
medo da morte é permanente,
em que não se pode prever a volta
à normalidade.
“Evite interferências. Não ligue
a TV se estiver trabalhando. Avise
seus familiares que está
trabalhando e peça para não ser
interrompido. Mantenha a porta
fechada para se concentrar”.
Aposto que muitas pessoas
(especialmente as que tem filhos
pequenos) riem quando leem
esse tipo de dica. “Ah, basta
dividir o horário com o parceiro
ou parceira!” Mas e as mães ou
pais que criam filhos sozinhos?
Como fazem para trabalhar,
manter a casa minimamente em
ordem, fazer comida e
acompanhar as crianças nas
atividades escolares? E casais
com problemas de
relacionamento que mal se
falam? As particularidades são
infinitas e os impactos
emocionais, idem.
Tenho ouvido diariamente a
ma ruim que se permitirem que
algumas pessoas decidam sobre o
seu trabalho, eles vão perder algo,
como o senso de colaboração, de
produtividade e o controle de sa-
ber exatamente o que está acon-
tecendo. Mas a iniciativa de rede-
senhar o trabalho que estudamos
mostra que basta prestar atenção
e ter cuidado ao fazer perguntas
como: De onde você veio? Como
você vai colaborar? Como vamos
nos manter conectados? Como
vamos criar um senso de comuni-
dade? Nosso livro fornece um
exemplo de como uma organiza-
ção pode avançar nessas mudan-
ças com confiança. Disponibiliza-
mos um treinamento gratuito so-
bre como redesenhar esse traba-
lho (https://workfamilyhealth-
network.org/star ).
Valor: O fato de todos, incluindo
os chefes, estarem experimentando
o home office pode incentivar a cria-
ção de políticas em prol do equilí-
brio entre vida pessoal e trabalho?
Erin: Seria maravilhoso se isso
acontecesse. Todas as crianças
que estão aparecendo em video-
conferências mostram que é im-
portante apoiar as pessoas nesse
momento. É essencial que seja-
mos flexíveis, criando uma at-
mosfera de confiança. Os funcio-
nários também estão trabalhan-
do para suas famílias neste mo-
mento e podem dizer se preci-
sam desacelerar ou reorganizar
as tarefas de trabalho. Isso pode
ajudar a mudar a cultura no sen-
tido que as pessoas poderão re-
conhecer suas responsabilida-
des familiares mais abertamen-
te. O problema da sobrecarga
atinge pessoas de todas as ida-
des e em todos os estágios da vi-
da, homens e mulheres. Em nos-
sa pesquisa, todos dizem que se
sentem incapazes de realizar o
melhor trabalho por conta dis-
reclamação de profissionais — de
jovens a altos executivos —
completamente esgotados. Muitos
dizem que estão trabalhando mais
do que antes. Gente fazendo tripla
jornada, voltando a trabalhar
depois que os filhos dormem.
Na semana passada, uma
cliente começou a entrar em
pânico. Tive que ajudá-la a se
organizar e convencê-la de que
era fundamental que ela
negociasse mudanças com a
chefe. Tive de fazê-la enxergar
que ela não tinha um problema
por não dar conta de tudo e que
não podia descontar em seus
subordinados a sua falta de
habilidade em lidar com a
pressão. Brasileiros, em geral,
tem dificuldade de dizer não, o
que torna as negociações difíceis.
Mas estamos vivendo uma fase
tão diferente do que já vivemos,
que não se pode exigir que as
coisas funcionem como antes.
Em meio à falta de limitação dos
espaços casa e trabalho, os papéis
precisam ser negociados.
Se seu chefe não é capaz de
DIVULGAÇÃO
so. Essa situação é insustentável
e não depende das responsabili-
dades familiares.
Valor: O home office vai ser uma
tendência após essa crise?
Erin: Estou otimista sobre isso.
Eu acho que adotamos algumas
tendências que não teríamos
imaginado há dois meses, em
empresas muito diferentes. Mas
devemos evitar tratar o que acon-
tece agora como um teste verda-
deiro e justo para o redesenho do
home office. Ele está servindo co-
mo uma oportunidade para ima-
ginar que as coisas podem ser di-
ferentes. Poderíamos manter al-
guns benefícios, como os funcio-
nários poderem opinar sobre on-
de e como querem fazer seu tra-
balho, mas vamos precisar retor-
nar a alguns benefícios dos nos-
sos locais de trabalho habituais,
como o contato pessoal e a chan-
ce de trabalharmos juntos.
Valor: O uso intensivo dos recur-
sos digitais nessa crise pode influen-
ciar a maneira como vamos encarar
o trabalho no futuro?
Erin: Eu acho que a tecnologia é
algo que nos escraviza ou que po-
demos domar e avançar em dire-
ções mais saudáveis para nós e
nossas empresas. Facetime, What-
sApp, Messenger, e-mails, todas
essas tecnologias que possibili-
tam trabalhar em casa também
tornam mais difícil escapar do
trabalho. Queremos tudo pronto
e não tiramos um tempo de folga.
Apenas porque as novas tecnolo-
gias nos permitem trabalhar de
qualquer lugar, a qualquer mo-
mento, isso não significa que é
bom trabalhar o tempo todo. Isso
traz esse sentimento de sobrecar-
ga, de exaustão e nos conduz a
um tipo de desespero. Mas pode-
mos buscar soluções criativas pa-
ra usar essas tecnologias e não ter
nossas vidas governadas por elas.
compreender que você não está
disponível 100% do tempo para
reuniões, talvez seja o momento
de repensar seus projetos
profissionais e de carreira. Se
você tem um parceiro ou parceira
e essa pessoa não é capaz de
estabelecer uma troca com você
para que ambos possam exercer
seus diferentes papéis da melhor
forma, talvez seja hora de terem
uma conversa mais aberta. E se
você é a pessoa que não está
respeitando o espaço do parceiro
ou do subordinado, reflita e
exerça a empatia.
O que tenho dito nesta fase é:
seja o que for, você tem que dizer.
É preciso ter coragem de
negociar para se proteger e não
enlouquecer— respeitando o
espaço do próximo. Outra dica é:
não veja notícias antes de dormir.
Faça isso em prol da sua
sanidade. Se puder, faça terapia
por vídeo. Pode ajudar muito.
Vicky Bloch é professora da FGV, do
MBA de recursos humanos da FIA e
fundadora da Vicky Bloch Associados
IA mostra
impacto da
crise para
funcionário
De São Paulo
Entender o que se passa com
os funcionários nesse momento
será essencial para prever como
será a volta aos escritórios e o rit-
mo de trabalho no pós-covid-19.
Com o intuito de ajudar as com-
panhias nessa tarefa, a consulto-
ria Egon Zehnder está lançando,
por meio da recém-adquirida
empresa de análise comporta-
mental Sinequanon, uma ferra-
menta de inteligência artificial
que se propõe a ajudar as compa-
nhias a medir por meio de dados
os efeitos da pandemia sobre a
sua cultura organizacional.
“É muito difícil manter o enga-
jamento a distância”, diz Luis
Giolo, líder da prática de teleco-
municações e tecnologia para
América Latina da Egon Zehnder.
Ele conta que a nova ferramenta,
chamada Odyssey Index, analisa
dados sobre a formação de hábi-
tos que podem melhorar o ge-
renciamento da crise. Ao todo, a
inteligência artificial consegue
identificar 50 micro comporta-
mentos, distribuídos em quatro
dimensões: propósito, garra,
adaptabilidade e execução.
Em um questionário semanal,
que precisa ser respondido por 5%
dos funcionários da empresa, a in-
teligência artificial recolhe infor-
mações que serão processadas,
analisadas e entregues aos gesto-
res na semana seguinte. Carlos
Eduardo Xavier, sócio e líder da
área digital para América Latina da
Egon Zehnder, explica que há tam-
bém uma pergunta em aberto pa-
ra que os respondentes possa es-
crever o que estão achando dos no-
vos processos de trabalho e quais
as práticas estão funcionando du-
rante a pandemia. “Com isso, é
possível extrair sugestões para me-
xer os ponteiros nesse momento”,
afirma Xavier.
A nova ferramenta também
pode ajudar a medir como está a
sensação de conforto, de ansie-
dade, de medo e de aprendizado
na organização. Segundo Giolo,
isso pode ajudar as empresas
nessa preparação para a retoma-
da do trabalho. “A volta pode ser
bem mais difícil do que a adap-
tação. Depois de uma mês, de
uma forma ou de outra, as coisas
se ajeitaram mas existe uma fal-
sa sensação de que tudo foi re-
solvido”, afirma.
Lançada há três semanas mun-
dialmente, a Odyssey Index já es-
tá disponível no Brasil. No pri-
meiro mês, as companhias vão
poder acessá-la gratuitamente,
na nuvem, em troca de alguma
doação para entidade que esteja
atuando no combate à covid-19.
Depois desse prazo, o custo de
manutenção será de US$ 15 mil
mensais. (SC)
Vaivém
Stela Campos
Autopass
Rodney Freitas é o novo CEO
da Autopass, empresa privada de
gestão da cadeia de bilhetagem
eletrônica. Ele substitui Rubens
Fernandes Gil Filho.
Bcredi
Frederico Miranda é o novo vi-
ce-presidente de crescimento e
gestão de produto da Bcredi, fin-
tech de crédito. O executivo tem
passagens pela Embraer, Fibria,
McKinsey e 99.
Poliedro
Andrea Corbioli é a nova dire-
tora de recursos humanos do Co-
légio Poliedro. Ela já atuou na
General Motors, Johnson & John-
son, Avon e Restoque S.A.
E-mail: vaivem@valor.com.br
valor.com.br
Acompanhe a movimentação de
executivos também no site
www.valor.com.br/carreira
Jornal Valor --- Página 3 da edição "07/05/2020 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 06/05/2020@20:04:55
Empresas | Indústria
Aviação Enquanto concorrência cresceu nos últimos
10 anos, brasileira viu seu faturamento pouco avançar
Sozinha, Embraer
perde fôlego em
competição global
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Stella Fontes
De São Paulo
Embora detenha a liderança
global no segmento de jatos regio-
nais, a Embraer não tem fôlego fi-
nanceiro para permanecer sozi-
nha na disputa do mercado de
aviação comercial. Na última déca-
da, enquanto suas concorrentes
ganharam musculatura, a compa-
nhia brasileira pouco evoluiu em
faturamento líquido e segue como
a menor entre nomes como Air-
bus, Boeing, Bombardier, Textron
Aviation e General Dynamics.
“A Embraer tem tecnologia,
mas não cacife financeiro para
evoluir em um mercado com dois
gigantes como Boeing e Airbus”,
diz o professor de Finanças da
Fundação Getulio Vargas (FGV) e
consultor em criação de valor, Os-
car Malvessi, que analisou dados
de balanço de empresas aéreas
globais desde 2010, com foco na
criação de valor ao acionista, che-
gou a esse diagnóstico.
Quando confirmou as tratativas
com a Boeing, que desistiu da ope-
ração há duas semanas, a direção
da Embraer apresentou justamen-
te a nova configuração da indús-
tria de aviação comercial no mun-
do como justificativa para o acor-
do. Malvessi vai além: antes de ten-
tar uma nova parceria, a Embraer
deve reabsorver a divisão que foi
segregada como parte do acordo
desfeito pela companhia america-
Empresas | Sociedade
.
Ambev vai doar 1,4 milhão de litros de água potável
SOLIDARIEDADE
CORONAVIRUS
Cibelle Bouças
De São Paulo
A Ambev anunciou ontem a
doação de pouco mais de 1,4 mi-
lhão de litros de água potável da
marca AMA para 140 comunida-
des de São Paulo e do Rio de Ja-
neiro. Esse volume equivale a 700
mil garrafas de 2 litros e é sufi-
ciente para atender 240 mil pes-
soas que vivem em regiões peri-
EDP distribui cestas e vale-alimentação Petrobras irá abastecer ambulâncias
De São Paulo
Cerca de 20 mil pessoas que fa-
zem parte de comunidades caren-
tes e indígenas de todo o país, vão
receber durante os próximos três
meses recursos para alimentação.
A iniciativa da EDP, que atua no se-
tor elétrico, vai doar 322 toneladas
de alimentos e vales-alimentação.
Os recursos, correspondentes a R$
1,5 milhão, serão destinados por
meio dos projetos selecionados no
edital EDP Solidária – covid 19, que
vão fazer o repasse dos cartões e
das cestas básicas às famílias.
Curtas
Aplicativo mobilizado
O aplicativo de vídeos TikTok
doou aproximadamente R$ 6
milhões em duas frentes para
ajudar no combate ao coronaví-
rus no Brasil. Em uma delas, a
empresa de origem chinesa des-
na e encolher, para se recuperar
dos gastos com a operação que
não foi consumada e dos efeitos da
pandemia de covid-19 na econo-
mia global, que têm sido devasta-
dores para o setor aéreo.
Para navegar com mais tran-
quilidade pela crise, a companhia
está costurando um plano de res-
gate junto ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), com participação
de bancos comerciais, que deve
trazer mais US$ 1 bilhão para seu
caixa, que estava em US$ 2,8 bi-
lhões no fim do ano. Em março, a
Embraer já havia levantando
US$ 600 milhões e, de acordo
com o vice-presidente financeiro
e de relações com investidores,
Antonio Carlos Garcia, identifi-
cou cerca de US$ 1 bilhão em eco-
nomias possíveis ao longo de
2020, que vão reduzir o impacto
do menor número de entregas
por causa da covid-19. Também
houve ajustes de produção e esto-
ques e renegociação com forne-
cedores. Procurada, limitou-se a
informar que “desde o término
indevido do MTA pela Boeing, e
dadas as condições atuais, esta-
mos considerando e adotando
medidas adicionais para preser-
var nossa liquidez e manter nossa
sólida posição financeira”.
Companhias aéreas em todo o
mundo reduziram voos por causa
das restrições de deslocamento
adotadas para conter a pande-
mia, e negociam com as fabrican-
tes de aeronaves a postergação de
entregas para 2021. A própria
Boeing, que já vinha fragilizada
da crise do 737 Max, acaba de lan-
féricas, com estrutura precária
de saneamento e acesso à água
potável. Parte da água também
será distribuída para 18 hospi-
tais das redes de saúde pública
municipal e estadual.
“Neste momento, muitas pes-
soas encontram grandes dificulda-
des para ter acesso a água, por con-
ta do isolamento que estamos pas-
sando, além dos efeitos covid-19
tem na sociedade. Por ser um re-
curso tão importante, vimos que
precisávamos agir de alguma for-
ma”, disse em nota Carla Crippa, vi-
ce-presidente de relações com a
sociedade da Ambev no Brasil.
Nesta primeira rodada, o edi-
tal realizado pelo Instituto EDP
aprovou 24 projetos de oferta de
alimentos, produtos de higiene e
limpeza e de atendimento de ou-
tras necessidades essenciais. Nos
próximos dias, serão anunciados
os projetos vencedores nas de-
mais categorias. O processo sele-
tivo contou com a participação
de um comitê externo, formado
por Carlo Pereira, diretor-execu-
tivo do Pacto Global no Brasil, e
Regina Esteves, diretora-presi-
dente da organização social Co-
munitas e foi auditado pela Er-
tinou R$ 2,7 milhões ao fundo
emergencial da saúde, criado pe-
lo Instituto para o Desenvolvi-
mento Social (Idis), BSocial e Mo-
vimento Bem Maior. Com esse
aporte, o fundo chega quase a R$
9 milhões.
çar um bônus de US$ 25 bilhões
para superar o momento delica-
do. Em teleconferência de resul-
tados do primeiro trimestre, o
presidente da companhia, David
Calhoun, estimou que o setor aé-
reo vai levar de dois a três anos
para voltar aos níveis de 2019.
O olhar sobre as demonstrações
financeiras da última década mos-
tra que as trajetórias de Embraer e
Boeing foram muito diferentes.
Enquanto a companhia americana
aumentou em 50% o faturamento
líquido, de US$ 64,3 bilhões em
2010 para US$ 101 bilhões em
2018, a Embraer viu suas vendas lí-
quidas declinarem de US$ 5,3 bi-
lhões para US$ 5,1 bilhões.
Em 2019, com a crise do 737
Max, o faturamento líquido da
Boeing encolheu 24%, para
US$ 76,6 bilhões, ao mesmo tempo
em que o da Embraer cresceu 8%.
Ainda assim, o tamanho da Boeing
equivalia a quase 14 vezes os
US$ 5,5 bilhões da companhia bra-
sileira. “A Embraer já vinha com
problemas e parou de crescer nos
últimos anos”, observa Malvessi.
A fabricante de aviões brasileira
também fica em desvantagem no
que se refere à margem operacio-
nal e evolução do indicador na úl-
tima década, com exceção de
2019, quando a margem operacio-
nal da Boeing ficou negativa, em
2,5%, por causa do 737 Max. No
mesmo ano, a Embraer teve mar-
gem de -1,5%, atribuída aos custos
com a separação da divisão comer-
cial, como parte do acordo com a
americana. Entre 2010 e 2018, po-
rém, enquanto a Boeing viu sua
margem avançar de 7,7% para
A Ambev vai envasar a água de
seu próprio processo produtivo, o
que a cervejaria não fazia antes. A
distribuição será feita em parceria
com a Central Única das Favelas
(Cufa) e outras organizações do ti-
po, a partir do dia 9 deste mês.
A Ambev informou que já doou
o equivalente a R$ 110 milhões em
produtos para o combate à pande-
mia, valor que inclui água, másca-
ras e recursos financeiros para hos-
pital de campanha.
A companhia usou etanol de
suas cervejarias para produzir
1,2 milhão de unidades de álcool
gel em embalagens de 237 ml. A
nest & Young. Em pouco mais de
dez dias, o edital recebeu mais de
600 projetos de todos os Estados.
“Demos prioridade ao anúncio
dos projetos selecionados que pre-
cisam ser atendidos com maior ur-
gência — aqueles que envolvem
doações de alimentos e produtos
de higiene e limpeza”, afirmou, em
nota, Luís Carlos Gouveia, diretor
do Instituto EDP. “Acreditamos
que conseguimos um recorte de
iniciativas sérias e interessantes,
que terão papel fundamental no
enfrentamento da pandemia entre
as pessoas que mais precisam.”
Acesso à higiene
O Boticário intensificou a pro-
dução e o envase de álcool em gel,
álcool líquido 70% e sabonetes pa-
ra aumentar o acesso a itens de hi-
giene à população. A meta é doar
200 toneladas de produtos.
Oscar Malvessi, consultor: Embraer tem tecnologia, mas não cacife financeiro
11,9%, o mesmo indicador da Em-
braer caiu de 7,3% para 0,6%.
Somente a Bombardier teve de-
sempenho tão baixo quanto os das
duas concorrentes no ano passa-
do, com margem operacional de
1,9%. Sem fôlego para investir, a ca-
nadense entregou o controle do
programa de jatos CSeries (hoje
A220) para a Airbus entre 2017 e
2018. E fez outros desinvestimen-
tos na sequência, incluindo o ne-
gócio de jatos regionais turbo-hé-
lice e, mais recentemente, o pro-
grama CRJ. Em 2010, quando co-
meça a série compilada por Mal-
vessi, o indicador estava em 5,7%.
Em relação à criação de valor
propriamente dita, mostra Mal-
vessi, que desenvolveu o índice
VEC (de Valor Econômico Criado),
enquanto a Embraer patinou entre
1,2 em 2010 e - 0,2 no ano passado,
com pico de 1,9 em 2013, a Boeing
saiu de 2,7 em 2010 para 6,9 em
2018, caindo a - 0,9 em 2019.
distribuição das primeiras 500
mil unidades foram feitas a hos-
pitais públicos nas áreas mais
afetadas das cidades de São Pau-
lo, Rio de Janeiro e Brasília. Ou-
tras 700 mil unidades atenderam
todos os Estados do país, soman-
do 1,2 milhão de unidades.
Em março, em parceria com a
Prefeitura de São Paulo, a Gerdau
e o Hospital Albert Einstein, a
Ambev contribuiu para ampliar
em 100 leitos o Hospital do M’boi
Mirim, em São Paulo, para o com-
bate à pandemia.
A companhia também passou
a produzir máscaras plásticas que
André Ramalho
Do Rio
A Petrobras informou que fará
a doação de cerca de 3 milhões
de litros de combustível para
abastecer ambulâncias, veículos
de transporte de médicos e hos-
pitais públicos e filantrópicos
vinculados às secretarias esta-
duais de saúde, para enfrenta-
mento à pandemia da covid-19
pelo período de até três meses. A
BR Distribuidora será responsá-
vel pela logística da entrega em
todo o Brasil.
Alimentação básica
A Ancar Ivanhoe, empresa de
shopping centers, vai doar cerca
de 7 mil cestas básicas nos Estados
em que está inserida. A ação faz
parte do programa Bem Ancar,
que investe R$ 3 milhões ao ano.
Quinta-feira, 7 de maio de 2020
REGIS FILHO/VALOR
Com base na análise no balanço
patrimonial das empresas, o espe-
cialista acredita que os gastos com
a operação fracassada tenham fi-
cado entre R$ 800 milhões e R$ 1
bilhão, e não apenas nos R$ 485,5
milhões reportados pela Embraer.
Também será dispendioso o pro-
cesso, visto como inevitável, de
reincorporação da aviação comer-
cial à estrutura da companhia.
Desde 1 o de janeiro, essa divi-
são opera como empresa inde-
pendente, a Yaborã Indústria Ae-
ronáutica, sob a governança da
Embraer. A Yaborã gera custo
mensal adicional de US$ 10 mi-
lhões a US$ 15 milhões. Na ava-
liação de Malvessi, “por precau-
ção e conservadorismo”, a Em-
braer deveria reincorporar a uni-
dade e, depois de voltar ao for-
mato original, reduzir drastica-
mente seus custos e encolher.
Com isso, ganhará fôlego e caixa
para ter valor mais à frente.
cobrem todo o rosto para doar
para profissionais de saúde do
país. A meta é produzir 3 milhões
de máscaras. A produção é feita
com PET usado nas embalagens
de Guaraná Antarctica. A empre-
sa já produziu 250 mil unidades,
que foram entregues ao Ministé-
rio da Saúde.
Com a marca Stella Artois, a em-
presa criou a plataforma
#ApoieUmRestaurante, em que os
consumidores podem comprar
um vale de R$ 100 com 50% de des-
conto, pagando apenas R$ 50, para
usar no futuro — quando seu res-
taurante favorito voltar a funcio-
Ao todo, a Petrobras destinará
R$ 30 milhões para colaborar no
combate à pandemia, incluindo
kits de testes de diagnósticos, más-
caras, materiais de higiene e segu-
rança, além dos combustíveis.
A estatal também informou
que estão sendo investidos mais
de R$ 30 milhões em ações de
saúde e prevenção para os cola-
boradores, como a realização de
testes rápidos no pré-embarque
SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO E DA PREVIDÊNCIA – SEAP
DEPARTAMENTO DE LOGISTICA PARA CONTRATAÇÕES PÚBLICAS - DECON
AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 289/202
SRP PROTOCOLO Nº 16.534.320-4
OBJETO: Registro de Preços, por um período de 12 meses, para futura e
eventual aquisição de MEDICAMENTOS HOSPITAIS 07.
INTERESSADO: SESA/CEMEPAR E DEPEN
AUTORIZADO Exmo. Sr. Reinhold Stephanes - Secretário da Administração
e da Previdência, em 30 de abril de 2020.
ABERTURA: 21 de maio de 2020 às 09:00h.
LOCAL da DISPUTA e EDITAL: www.licitacoes-e.com.br
Informações Complementares: www.comprasparana.pr.gov.br
| Valor | B3
Fabricante
tem mercado,
mas terá de
fazer parceria
Francisco Góes
Do Rio
O fim do acordo com a Boeing
na área de aviação comercial deixa
a Embraer frente a uma série de in-
certezas. A principal delas talvez
seja como a empresa, depois de se
reorganizar, vai encontrar meios
para continuar sendo competitiva
globalmente. Poderá buscar uma
nova associação, quiçá em outros
termos, ou fazer parcerias por pro-
jetos, mas hoje não está claro qual
será esse modelo, dizem especialis-
tas em indústria aeroespacial e de-
fesa, ouvidos pelo Valor.
Esses técnicos acreditam, no en-
tanto, que a Embraer tem um mer-
cado e que, momentaneamente, o
que a crise tirou da empresa foi re-
ceita, realidade que também im-
pacta outros fabricantes de aero-
naves. A resposta, frente a esse ce-
nário, é reduzir custos, preservar
caixa e contar com aporte gover-
namental, uma vez que fabrican-
tes aeronáuticas são estratégicas
em seus países. É assim nos Estados
Unidos, na Europa e no Canadá, e
também deveria ser no Brasil, di-
zem os especialistas do setor.
A curto prazo há certo consenso
na indústria que a Embraer poderá
se beneficiar, uma vez que o seg-
mento de jatos regionais, nos quais
a empresa opera, será o mais de-
mandado no momento seguinte à
retomada do transporte aéreo, as-
sim que a fase mais crítica da pan-
demia passar. A lógica é que, em
uma primeira fase, as companhias
aéreas não vão transportar tantos
passageiros como no pré-pande-
mia. Assim há duas opções: reduzir
as frequências das rotas feitas por
aviões maiores ou operar com ae-
ronaves menores,que têmcusto to-
tal de viagem mais baixo. Na práti-
ca esse movimento, com aviões
Embraer em voo, já é uma realida-
de na Europa e nos Estados Unidos,
e deve se intensificar ainda mais.
nar. A cerveja Stella Artois e a Nes-
tlé doam a outra metade do valor.
Ao todo, já foram vendidos mais
de 100 mil vales, ajudando 3.578
restaurantes mo país, segundo a
companhia.
Com a marca Bohemia, a Am-
bev criou a plataforma “Ajude
um Buteco”, na qual consumido-
res podem comprar vales de R$
25, R$ 50 ou R$ 100, para serem
usados no seu bar preferido
quando ele voltar a funcionar. A
cada compra, a Bohemia custea-
rá 20% do valor do vale. A meta é
arrecadar até R$ 3 milhões com
essa ação.
para plataformas e testes padrão
ouro para todos os que reportam
sintomas.
Já foram feitos cerca de 6,3 mil
testes para covid-19 entre em-
pregados e prestadores de servi-
ços. Segundo a companhia, mais
de 20 mil kits de testes foram ad-
quiridos e serviços de 12 labora-
tórios em 15 estados do país fo-
ram contratados para viabilizar a
realização destes exames.
Jornal Valor --- Página 4 da edição "07/05/2020 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 06/05/2020@20:03:57
B4 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Empresas | Indústria
Energia Geradora assinou acordo de compra de parque eólico e iniciou uma mesa de comercialização
AES lucra e avança com plano estratégico
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Letícia Fucuchima
De São Paulo
Menos exposta aos impactos
da crise, a AES Tietê encerrou o
primeiro trimestre com resulta-
do positivo na última linha do
balanço e com avanços em sua
estratégia de longo prazo. Du-
rante o trimestre, a companhia
assinou um acordo de compra de
um parque eólico greenfield no
Rio Grande do Norte, que adicio-
nará mais 1,1 gigawatts (GW) de
capacidade instalada à carteira
de projetos. Também aprimorou
Gerdau diz sentir retomada
nas vendas para construção
Siderurgia
Marcos de Moura e Souza
De Belo Horizonte
Apesar das perdas do primeiro
trimestre e de um cenário ainda
incerto em função da pandemia, a
direção da Gerdau começa a ava-
liar que, para os seus negócios, o
pior da crise já passou. Foi essa
mensagem que o presidente da
companhia, Gustavo Werneck, re-
petiu ontem a jornalistas e a ana-
listas do mercado financeiro du-
rante a divulgação dos resultados.
“O que a gente enxerga é que tal-
vez o momento mais difícil já te-
nha passado”, disse o executivo.
A fase mais crítica para a em-
presa aconteceu no fim de março,
quando a entrada de novos pedi-
dos caiu cerca de 60% em relação
ao que vinha sendo registrado em
janeiro e fevereiro, antes da ex-
plosão da crise da covid-19.
“Mas a partir da segunda quin-
zena de abril a gente observou
um aumento mais consistente na
entrada de pedidos, o que conti-
nua acontecendo agora nos pri-
meiros dias de maio”, afirmou o
executivo. “A gente imagina que
vamos encerrar maio com uma
queda de cerca de 25% de entra-
das de pedidos comparando com
Volkswagen comemora ritmo de recuperação na China
Veículos
Joe Miller
Financial Times, de Frankfurt
A Volkswagen informou que a
demanda por seus carros na China
está quase tão alta quanto no mes-
mo período de 2019, sinal da velo-
cidade da recuperação do merca-
do mais lucrativo da empresa.
A montadora anunciou queda
de apenas 2% nas vendas em abril,
apesar de o setor automotivo co-
mo um todo no país ter apresenta-
do declínio estimado em 7% em re-
lação ao mesmo período de 2019.
A empresa acrescentou que, em
maio, os negócios na China deve-
rão alcançar o mesmo patamar ob-
Pedidos em carteira mantêm fábricas de implementos
Carlos Prieto
De São Paulo
O bom volume de pedidos em
carteira impediu a paralisia total
dos fabricantes de implementos
rodoviários em abril, mas não foi
suficiente para reverter uma ten-
dência de queda nas entregas que
começou na segunda quinzena de
março e se aprofundou em abril.
O volume de implementos em-
placados no primeiro quadrimes-
tre caiu 13% na comparação anual.
De janeiro a abril foram entregues
30.878 unidades, contra 35.649
produtos no mesmo período de
2019. No acumulado de janeiro e
a gestão comercial do portfólio
de energia com o início das ope-
rações de uma mesa de comer-
cialização que, no futuro, pode se
tornar uma linha de negócios.
“Continuamos moldando a em-
presa para ser protagonista do fu-
turo do setor”, disse ao Valor Ítalo
de Freitas, presidente da Tietê.
Entre janeiro e março, a elétri-
ca contabilizou lucro líquido de
R$ 75 milhões, 21,5% maior que o
registrado um ano antes. No
mesmo período, o Ebitda alcan-
çou R$ 312,8 milhões, 18,3% su-
perior na comparação anual, en-
quanto a receita operacional lí-
quida somou R$ 494,4 milhões,
crescimento de 1,6%.
O resultado trimestral foi im-
pulsionado pela estratégia co-
o mês típico, que foi janeiro ou fe-
vereiro.” A expectativa, segundo
Werneck, é que em junho esse nú-
mero continue melhorando e
que a queda seja de 15% a 20% em
relação aos meses pré-pandemia.
Essa recuperação gradual da
entrada diária de pedidos permi-
tiu que a direção da Gerdau deci-
disse religar suas aciaria elétricas
no Brasil, onde faz principalmen-
te produtos para a construção. A
demanda desse setor foi menos
atingida do que por aço especial
usado no setor automotivo. Con-
tinua sinalizando perspectiva
positiva para os próximos meses.
“O setor da construção civil tem
se mostrado mais resiliente do que
outros setores da economia”, disse
Werneck. E isso vale tanto para o
Brasil quanto para os Estados Uni-
dos, onde a empresa também tem
uma forte presença. A demanda
dos fabricantes do setor de energia
eólica também se manteve em ní-
veis bastante saudáveis.
A preocupação continua sendo
com a indústria. A venda de car-
ros despencou, levando consigo a
demanda por aços especiais. A re-
tração do setor automobilístico
foi decisiva para que a Gerdau re-
duzisse de R$ 2,6 bilhões para
R$ 1,6 bilhão os investimentos
que estavam previstos para 2020.
servado no mesmo mês em 2019.
“A China está rapidamente preen-
chendo as lacunas”, disse Jürgen
Stackmann, membro do conselho
de administração da Volkswagen
encarregado da área de vendas, a
repórteres depois de o chefe da
empresa no país, Stephan Wöl-
lenstein, ter previsto que a monta-
dora poderia ver um “resultado
anual não muito distante” do pla-
no original da montadora, caso a
“retomada econômica fora de sé-
rie” da região continue.
Stackmann, no entanto, alertou
ser improvável que a chamada re-
cuperação em “V” (de rápido cres-
cimento), na China possa ser repli-
cada na Europa, onde a retomada
da economia seria mais lenta.
fevereiro, o setor apresentava alta
de 4,12% nos emplacamentos. O
desempenho de março já levou os
fabricantes a fecharem o trimestre
com redução de 0,77%. Abril levou
a queda para casa dos dois dígitos.
As medidas de restrição de ativi-
dade industrial implantadas em
diversas cidades e estados por con-
ta da pandemia da covid-19 atingi-
ram de forma diferente o setor.
Boa parte das empresas está locali-
zada em cidades de médio porte
do interior, como Caxias do Sul
(RS), Criciúma (SC), Maringá (PR) e
Votuporanga (SP). Os grandes fa-
bricantes estão nesse grupo. A
maioria das empresas, no entanto
mercial adotada para os ativos hí-
dricos, que levou ao incremento
de R$ 52 milhões da margem no
segmento, destaca Clarissa Sado-
ck, diretora financeira e de rela-
ções com investidores. Entre ja-
neiro e março, a elétrica conti-
nuou aumentando seu nível de
contratação entre 2021 e 2024 e,
para 2025, já tem cerca de 20% do
portfólio hídrico contratado.
Para tornar mais ativa a gestão
da carteira no curto e curtíssimo
prazo, a companhia iniciou as
atividades de uma mesa de co-
mercialização. “Tivemos um ga-
nho adicional de R$ 11 milhões
no trimestre com a mesa. Com
certeza é uma linha de negócios
que a AES Tietê vai investir forte-
mente para crescer”, diz Freitas.
A empresa decidiu paralisar os
dois principais investimentos nas
suas duas usinas de aços espe-
ciais, no Brasil e nos EUA. “São in-
vestimentos para acompanhar a
evolução tecnológica da indús-
tria automobilística e como cer-
tamente haverá uma queda gran-
de na venda de veículos este ano
isso nos deu um pouco mais de
tempo para implantar esses in-
vestimentos”, disse Werneck.
O executivo disse que esse
corte não deve ter impactos no
médio prazo na capacidade da
empresa de atender ao mercado.
esse ajuste também levou a em-
presa a recalcular seus planos de
investimentos entre 2019 e 2021
— dos R$ 7 bilhões previstos pa-
ra o triênio, o valor, por ora, cai
para R$ 6 bilhões.
A Gerdau encerrou o primeiro
trimestre de 2020 com lucro lí-
quido 51,3% menor comparado
ao mesmo período de 2019, so-
mando R$ 220 milhões. A queda
se deve aos menores volumes
vendidos com as paralisações de
fábricas em todo o mundo.
Entre janeiro e março, a receita
líquida somou R$ 9,23 bilhões,
uma queda de 8% frente ao mes-
mo período de 2019. O Ebitda
(lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações)
Embora a participação de
mercado da Volkswagen tenha
aumentado em todas as regiões
do mundo em 2020, a “China é
bastante peculiar, já que tem
uma demanda subjacente de
compradores [de carros] pela
primeira vez assombrosamente
forte”, disse o executivo.
“Isso não existe na Europa. To-
dos, temos carros. Então, para a
maioria dos europeus é como a
repetição de uma compra.”
Uma cautela similar à de Stack-
mann também pôde ser vista no
alerta do chefe da BMW, Oliver
Zipse, ontem, quando disse que a
China serve “apenas limitadamen-
te como termômetro para o anda-
mento em outros mercados”. “Em
está instalada em cidades de pe-
queno porte, que não adotaram
medidas restritivas rígidas.
Com 138 filiados, a Associação
Nacional dos Fabricantes de Im-
plementos Rodoviários (Anfir)
estima que 52% dos empresas es-
tá operando entre 60% e 100% da
sua capacidade. Mas a tendência
é de que esse índice caia, na me-
dida que as encomendas feitas
antes da crise sejam entregues.
O presidente da Anfir, Norber-
to Fabris, afirma que o setor vinha
em processo de recuperação até
meados de março, quando ainda
mantinha a previsão de cresci-
mento de 10% em 2020. A receita
Com relação a novos projetos,
a Tietê assinou um acordo para
aquisição de um projeto green-
field no Rio Grande de Norte, on-
de pretende instalar um novo
“cluster” eólico. Batizado de “Ca-
juína”, o complexo terá capacida-
de instalada da 1,1 GW e deve
exigir investimentos da ordem
de R$ 4 bilhões, incluindo apor-
tes para aquisição, construção e
compra de equipamentos.
O principal atrativo desse
complexo é o fato de a geração
no local ser mais forte durante o
dia — normalmente, as eólicas
produzem mais durante à noite e
na madrugada. Essa característi-
ca é especialmente importante
por causa da entrada em vigor do
preço horário em 2021.
Gustavo Werneck, presidente-executivo: “O que a gente enxerga é que, talvez, o momento mais difícil já tenha passado”
caiu 31,3% na comparação anual,
totalizando R$ 1,03 bilhão.
A produção de aço bruto dimi-
nuiu 4,6% no trimestre, compara-
do ao ano anterior, ficando em
3,19 milhões de toneladas. Já as
vendas recuaram 9,8%, totalizando
2,69 milhões de toneladas.
Embora ainda dependa da
evolução da demanda, a Gerdau
faz planos de religar um dos
seus altos-fornos — o equipa-
nossa região de vendas mais im-
portante, a Europa, o quadro é ex-
tremamente ambíguo”, disse.
“Está claro que a demanda au-
tomotiva nos países mais atingi-
dos pela pandemia, como Espa-
nha, Itália e Reino Unido, prova-
velmente continuará relativa-
mente baixa pelo resto do ano.”
Os números divulgados on-
tem mostraram que o mercado
automotivo alemão contraiu-se
61% em abril, com o registro de
apenas 121 mil novos carros de
passeio — menor número desde
a reunificação em 1990. Reino
Unido, Espanha, Itália e tiveram
quedas em torno a 97%.
Os comentários de Zipse foram
feitos depois da BMW alertar pa-
total dos fabricantes no ano pas-
sado foi pouco superior a R$ 5 bi-
lhões. O atual volume acumulado
de entregas é semelhante ao de
2015, quando o setor já vivia a cri-
se que se agravou nos dois anos
seguintes. “A retomada foi inter-
rompida e recuamos para o pata-
mar de quatro anos atrás”, disse.
Por segmento, a queda é
maior entre os pesados (rebo-
ques e semirreboques) com re-
dução de 16,27% nos quatros
meses de 2020. Foram entregues
16.348 unidades, contra 19.524
implementos no ano passado.
Esse segmento é fortemente in-
fluenciado pelo agronegócio,
O projeto Cajuína se soma à
carteira remanescente de outro
complexo eólico da Tietê, o Tuca-
no, cuja construção deve come-
çar em 2021. Com isso, a compa-
nhia passa a ter cerca de 1,4 GW
em projetos eólicos prontos para
venda. Após a finalização desses
projetos em desenvolvimento, o
portfólio da geradora somará
5 GW de capacidade instalada.
A crise gerada pela pandemia
da covid-19 não impactou, até
então, o desempenho da Tietê,
sustenta a companhia. Segundo
Freitas, potenciais clientes per-
manecem em contato para nego-
ciar projetos. Mesmo assim, a Tie-
tê reforçou sua liquidez com a
emissão de R$ 500 milhões em
notas promissórias, valor que se
mento 2 — na usina da cidade de
Ouro Branco, em Minas Gerais,
entre fim de junho e início de ju-
lho. Ele lembra que essa unidade
tem uma produção mais voltada
para exportação. E no momento
a demanda internacional conti-
nua ainda baixa.
Mesmo com a piora nos resul-
tados entre janeiro e março, a
Gerdau tem conseguido manter
seu quadro de funcionários. “A
ra a possibilidade de queda no lu-
cro para zero em sua divisão au-
tomotiva, como resultado do de-
clínio das vendas e da suspensão
de atividade em suas fábricas.
As margens de lucro da unida-
de, que inclui as marcas Rolls-Roy-
ce e Mini, provavelmente ficarão
entre 0% e 3%, segundo a empresa
de Munique. A montadora acres-
centou que agora não prevê mais
fluxo de caixa livre positivo na uni-
dade automotiva para este ano.
“As medidas para conter a
pandemia do coronavírus estão
se estendo por mais tempo em
muitos mercados e, portanto, le-
vando a um impacto negativo
maior do que era previsível em
meados de março”, destacou a
construção civil, mineração e
obras de infraestrutura.
No segmento de leves a queda
é de 9,89%, com 14.530 produtos
neste ano contra 16.125 unida-
des em 2019. Nesse caso pesa,
principalmente, a distribuição de
mercadorias nos grandes centros
consumidores, justamente os
mais afetados pelas medidas con-
tra o contágio do coronavírus.
O fraco desempenho já teve re-
flexo no nível de emprego. A Anfir
diz que houve demissões, mas não
informou o número exato. O setor
empregava, no início de março,
cerca de 45 mil pessoas. Segundo a
entidade, os fabricantes concede-
soma ao R$ 1,4 bilhão em dispo-
nibilidades de caixa registrados
no fim de março. “Essa posição
nos dá tranquilidade para fazer
frente às obrigações e pagamen-
tos da companhia no ano”, afir-
ma Clarissa. De acordo com a
executiva, não há intenção de re-
visar a previsão de investimen-
tos, ou de corte dos dividendos.
Sobre a oferta de combinação
de negócios com a Eneva, os exe-
cutivos afirmam que têm traba-
lhado para que o caso não “con-
tamine” a disposição do time e
nem a percepção dos investido-
res da Tietê. A proposta já foi reti-
rada da mesa pela Eneva, após a
história ter ganhado maiores
proporções e entrado numa dis-
cussão sobre governança na B3.
ANA PAULA PAIVA/VALOR
gente tem feito todos os esforços
e vamos continuar fazendo para
que a empresa não tenha redu-
ção de quadro”, afirmou o presi-
dente da Gerdau.
A empresa reduziu a jornada
de trabalho de 25% de seus fun-
cionários no Brasil. Isso equivale
a 4 mil trabalhadores. “Temos
utilizado intensivamente todas
as medidas disponíveis”, afir-
mou. “Não houve demissão.”
BMW em comunicado.
A montadora de carros de alto
padrão, que também anunciou o
adiamento da construção de uma
fábrica na Hungria, ressaltou que
a previsão atualizada não leva em
conta as implicações de uma pos-
sível segunda onda de infecções e
das subsequentes novas medidas
de confinamento.
Apesar dos sinais de recupera-
ção na China no fim de março e em
abril, a BMW informou que as ven-
das na Ásia, seu mercado mais lu-
crativo, caíram cerca de 25%.
Os dados oficiais de vendas de
carros na China no mês passado
serão divulgados na próxima se-
mana. (Colaborou Chris-
tian Shepherd).
ram férias coletivas e negociaram a
redução de jornada de trabalho e
salário prevista na MP 936.
Fabris espera que a situação
do setor comece a melhorar já
neste mês de maio. “Cidades de
médio e pequeno porte tendem
a voltar a vida normal antes dos
grandes centros que são focos
de maior contágio da doença. Os
negócios deverão ser recupera-
dos com operações menos con-
centradas e mais pulverizadas.”
As exportações também caem
no ano até abril. Em 2019 foram
embarcadas 766 unidades, contra
477 implementos em 2020. A que-
da é de 37,73% no quadrimestre.
Jornal Valor --- Página 5 da edição "07/05/2020 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 06/05/2020@20:12:38
Empresas | Indústria
Material de construção No pior momento da atual pandemia, unidades de painéis de madeiras ficaram paradas
Duratex volta a produzir em todas as fábricas
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Chiara Quintão
De São Paulo
A Duratex retomou as opera-
ções de todas as suas fábricas,
ainda que abaixo do uso médio
da sua capacidade. No pior mo-
mento vivido pela companhia
durante a pandemia de covid-
19, todas as fábricas de painéis
de madeira estiveram paradas,
assim como metade das unida-
des das divisões Deca — de lou-
ças e metais sanitários, além de
chuveiros — e de revestimentos
cerâmicos, devido à queda ex-
pressiva da demanda. A partir
do fim de abril, as operações pa-
BR Properties enfrenta crise com caixa reforçado
Imóveis
De São Paulo
A BR Properties chega à crise
decorrente da disseminação do
coronavírus em “posição privile-
giada”, resultante de caixa refor-
çado e endividamento baixo, se-
gundo o presidente, Martin Jaco.
Em 2019, a companhia pagou
parte relevante das dívidas e re-
duziu o custo financeiro dos pas-
sivos. No fim de março, a empresa
de propriedades comerciais ti-
nha caixa de R$ 1,357 bilhão e dí-
vida líquida de R$ 388,3 milhões.
A alavancagem medida por dí-
vida líquida sobre o valor do
portfólio era de 5% e pelo endivi-
ralisadas começaram a ser reto-
madas gradualmente.
A Deca está operando de 60%
a 70% de sua capacidade, confor-
me o presidente da Duratex, An-
tonio Joaquim de Oliveira infor-
mou ao Valor. Na divisão Madei-
ra, a fatia é de 40% e, em revesti-
mentos cerâmicos, de 50%. “O
segundo trimestre deverá ser o
mais difícil para a Duratex, as-
sim como para as demais em-
presas. Na média, as operações
devem corresponder de 50% a
70% ao que seria esperado para
o período”, diz Oliveira.
O executivo conta que a com-
panhia tinha expectativa “muito
positiva” para o ano, o que foi
confirmado até a primeira quin-
zena de março. A partir daí, po-
rém, houve expressivo volume de
cancelamento de pedidos e soli-
damento líquido em relação ao
Ebitda, de 1,5 vez no fechamento
do trimestre. “São patamares ex-
tremamente saudáveis”, afirma o
presidente da BR Properties. A
tendência é que a alavancagem
fique um pouco acima da atual a
partir da entrega das torres do
Parque da Cidade, projeto desen-
volvido na zona Sul de São Paulo,
prevista para o fim de 2020 ou
início de 2021, mas continue in-
ferior à dos últimos anos.
Em abril, a companhia fez
emissão de debêntures no valor
de R$ 250 milhões.
Nos últimos anos, a compa-
nhia vem concentrando seu port-
fólio de propriedades comerciais
em edifícios de escritórios de pa-
citações de prorrogação de paga-
mentos. Na largada da quarente-
na, a desaceleração foi sentida,
principalmente, pelas operações
da Deca, muito impactadas pelo
fechamento temporário das lojas
de materiais de construção. Ain-
da assim, o desempenho da Du-
ratex superou, ligeiramente, as
previsões no primeiro trimestre.
“Nossa expectativa era tenebro-
sa no fim de março. Imaginávamos
que o faturamento médio poderia
cair até 90%. Mas abril foi melhor
do que esperamos no início do
mês”, diz. O varejo de materiais de
construção foi reaberto — cerca de
90% das lojas do segmento estão
funcionando, segundo Oliveira —,
e as obras prosseguem. Já a deman-
da de painéis pela indústria move-
leira segue retraída, por causa do
fechamento do varejo de móveis.
drão triple A, por meio de venda
de ativos dos padrões A e B e da
aquisição de imóveis em linha
com seu foco. Jaco destaca que a
BR Properties tem empresas de
grande porte como principais in-
quilinos e que, para esse perfil de
ocupantes, o aluguel não tem pe-
so significativo nos custos.
De acordo com o executivo,
não houve devoluções de áreas
da BR Properties como conse-
quência da pandemia de covid-
19, nem pedidos de descontos
por parte dos inquilinos. O que
tem ocorrido, segundo ele, são
acordos de diferimentos de alu-
guel, com postergação do paga-
mento para o fim do ano ou iní-
cio de 2021, com clientes de seto-
O executivo diz esperar preços
estáveis dos produtos da Duratex
no segundo trimestre. “Não exis-
te espaço para movimentações de
preços”, diz. Do lado dos custos,
há pressão, porém, das matérias-
primas impactadas pelo câmbio.
De acordo com Oliveira, a Du-
ratex tem expectativa de “recu-
peração mais forte”, no terceiro
trimestre”, e de volta à normali-
dade no quarto trimestre.
Para reforçar seu caixa, a em-
presa captou cerca de R$ 1 bilhão
em abril. Houve também renego-
ciações com fornecedores. No
fim de março, a Duratex tinha
alavancagem medida por dívida
líquida sobre Ebtida dos últimos
12 meses de 2,21 vezes, ante 1,88
vez no encerramento de 2019.
A empresa reduziu entre 25% e
30% os investimentos a serem fei-
res mais afetados pela crise.
Outra consequência esperada
é a redução da velocidade de fe-
chamento de novos contratos de
locação. “Os fundamentos dos
mercados de São Paulo e do Rio
de Janeiro continuam fortes”,
afirma o executivo.
Nem em São Paulo nem no Rio,
a BR Properties tem, em 2020, vo-
lume relevante de revisionais,
mecanismo que ocorre a cada
três anos para a busca de equilí-
brio entre o preço de locação de
um imóvel comercial e o de mer-
cado. No mercado paulistano, a
concentração de revisionais dos
contratos da companhia será em
2021 e, no carioca, em 2022.
Na avaliação do presidente da
Quinta-feira, 7 de maio de 2020
tos neste ano. A companhia op-
tou por não realizar demissões
em massa nem redução de salá-
rios, se utilizando de instrumen-
tos como banco de horas e férias
coletivas. O confinamento resul-
tou em redução de custos de via-
gens. Segundo Oliveira, a direto-
ria está trabalhando com foco no
dia a dia da empresa, e parte dos
“talentos” da Duratex está dedi-
cada à avaliação de como a com-
panhia poderá ser melhor no
momento da retomada.
Em relação às operações da
Colômbia, houve início de reto-
mada das fábricas na semana
passada, após confinamento que
só permitia transporte de comi-
da e remédios. O faturamento
das operações colombianas da
Duratex caiu para 10% do inicial-
mente previsto para abril.
BR Properties, a pandemia acele-
rou tendências que já estavam
em curso, como o sistema de tra-
balho em “home office”, o que
pode resultar em demanda por
áreas de escritórios menores. Por
outro lado, ressalta, já se começa
a questionar o atual nível de
adensamento de pessoas nas
empresas, com possibilidade de
aumento dos espaços entre os
funcionários e de melhora da
qualidade da ocupação.
De janeiro a março, a BR Pro-
perties reverteu o prejuízo líqui-
do de R$ 167,9 milhões, registra-
do no primeiro trimestre de
2019, e teve lucro líquido de
R$ 14,4 milhões. A melhora re-
sultou, principalmente, da que-
| Valor | B5
No primeiro trimestre, o lucro
líquido da companhia cresceu
117,6%, na comparação anual,
para R$ 51,99 milhões. Foi regis-
trado lucro líquido recorrente de
R$ 50,56 milhões, com expansão
de 162,5%, como consequência
dos impactos positivos da apura-
ção de inventário de floresta lo-
calizada em Minas Gerais na va-
riação do ativo biológico, da me-
lhora dos resultados da divisão
Madeira e da consolidação dos
resultados da Cecrisa.
A receita líquida da Duratex
cresceu 8,3%, para R$ 1,162 bi-
lhão. Esse desempenho foi puxa-
do pela consolidação de resulta-
dos da Cecrisa. O Ebitda aumen-
tou 16,4%, para R$ 266,3 mi-
lhões. O Ebitda ajustado e recor-
rente teve expansão de 11,6%,
para R$ 200,1 milhões.
da de 89% das despesas financei-
ras líquidas, para R$ 7,3 milhões,
decorrente, por sua vez, de rene-
gociações de passivos, do pré-
pagamento de dívidas mais ca-
ras e da realização de captações
com menor custo médio.
Na comparação dos dois pe-
ríodos, a receita líquida caiu 23%,
para R$ 76 milhões. Em 2019, a
companhia vendeu 15 ativos. Se
considerada apenas a mesma ba-
se de propriedades, houve cresci-
mento de 18% da receita.
A taxa de vacância física da
companhia era de 20,1%, no fim
de março, abaixo dos 26,6% de
um ano antes, mas acima dos
17,3% do encerramento do ano
passado. (CQ)
Jornal Valor --- Página 7 da edição "07/05/2020 1a CAD B" ---- Impressa por CGBarbosa às 06/05/2020@19:47:01
Empresas | Serviços&Tecnologia
Telecomunicações Impacto já
aparece na receita das operadoras
Efeitos da
crise estão
no 1º tri de
TIM e Vivo
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Rodrigo Carro e Alexandre Melo
Do Rio e de São Paulo
Os resultados financeiros da Te-
lefônica Brasil, dona da Vivo, e da
TIM Brasil referentes ao primeiro
trimestre de 2020 tiveram como
ponto em comum os impactos
negativos decorrentes da covid-
19. Na TIM, a receita líquida de
serviços cresceu 1,7% no trimestre,
ante igual período de 2019. Sem
os efeitos da pandemia, o avanço
teria sido de 3%. O maior impacto
veio do segmento pré-pago, cujas
recargas chegaram a cair 25%. A
Telefônica, por sua vez, sentiu o
reflexo da covid-19 na venda de
aparelhos, que diminuiu 2,9% de-
vido ao fechamento das lojas da
Vivo nos shopping centers e no
comércio de rua.
Em teleconferência com analis-
tas ontem, o diretor-presidente da
TIM no país, Pietro Labriola, infor-
mou que a queda do nível de recar-
gas foi verificada nas últimas se-
manas de março, em termos
anuais. “Acho que ocorreu um cer-
to pânico que colocou as pessoas
em um estado de cautela. Logo de-
pois, essa queda [25%] diminuiu
para cerca de 20%”, disse o executi-
vo. Entre o fim de abril e o início de
maio, o percentual de retração re-
cuou para a faixa entre 10% e 20%.
O volume menor de vendas
nas lojas da Vivo foi registrado
nas duas últimas semanas de
março. A receita líquida dessa
atividade somou R$ 581 milhões
nos três meses. Ao longo do ano
passado, o crescimento dessa li-
nha da receita operacional líqui-
da variou de 38,4% a 55,1%.
Ainda assim, relatório do ban-
co UBS considerou notável que as
receitas de telefonia móvel da Te-
lefônica tenham permanecido es-
táveis frente ao ano passado, mes-
mo com 15 dias de fechamento
de lojas. O UBS destacou também
a queda de 4% na receita média
por usuário nos planos pós-pa-
gos da tele. Contudo, afirmou: “O
momento do segmento de inter-
net via fibra e a aparente estabili-
dade competitiva do cenário for-
necem evidências da resiliência
da empresa, que deve permane-
cer mesmo quando a pandemia e
seus efeitos prejudicarem ainda
mais a atividade econômica.”
Gebara, da Vivo: antecipação de pagamento a fornecedores menores
O lucro líquido da Telefônica
caiu 14,1% no primeiro trimestre,
em base anual, mas por efeito de
depreciações, e não da pandemia,
segundo a empresa. A receita
operacional líquida da subsidiá-
ria espanhola também recuou no
período, 1,4%, bem como a base
total de assinantes, uma queda de
2%. Por outro lado, a forte presen-
ça da Vivo no pós-pago lhe garan-
tiu um aumento de 6,6% nos três
primeiros meses do ano. No pré-
pago houve queda de 4,6%.
A subsidiária da Telecom Italia
informou lucro líquido de R$ 162
milhões nos primeiros três meses
de 2020, ante um ganho de R$ 152
milhões um ano antes. A receita lí-
quida de serviços da TIM aumen-
tou 1,7% nos três meses, na compa-
ração com igual período de 2019,
totalizando R$ 4,09 bilhões. Já a re-
ceita líquida total subiu 0,6% no
trimestre, para R$ 4,21 bilhões.
A base móvel de clientes da TIM
terminou março com 52,82 mi-
lhões de usuários, o que significou
uma contração de 4,1% ante o pri-
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
meiro trimestre do ano passado. O
decréscimo foi puxado justamente
pelos usuários de planos pré-pa-
gos (-9,7% em termos anuais). No
segmento pós-pago, houve expan-
são da base (+5,3%) também na
comparação anual.
Em relação aos investimentos
do trimestre, os percentuais di-
vergiram para as duas compa-
nhias. A dona da Vivo desembol-
sou R$ 1,64 bilhão, uma queda de
2,8%, refletindo a adoção da nova
norma contábil IFRS 16, que mu-
dou o tratamento sobre os con-
tratos de arrendamentos. O mon-
tante representou 15,2% da recei-
ta operacional líquida da compa-
nhia. O maior aporte foi em redes,
de R$ 1,38 bilhão, com recuo de
8,6% na variação anual. A maior
parte foi destinada à expansão e
adoção de fibra óptica até a casa
do cliente e IPTV, que é a TV por fi-
bra óptica, além da manutenção
da rede para suportar o cresci-
mento na demanda por dados.
Na TIM, os investimentos em fi-
bra óptica consumiram cerca de
Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Labriola, da TIM: pânico entre as pessoas e queda de 25% nas recargas
15% dos R$ 904 milhões aplicados
entre janeiro e março pela compa-
nhia. O valor total representa cres-
cimento de 39,1% em relação ao
primeiro trimestre de 2019.
O serviço de banda larga fixa da
TIM fechou março com 584 mil
usuários. O número representa
uma expansão de 20,2% na compa-
ração com o período de janeiro a
março de 2019. A operadora tinha
2,5 milhão de domicílios cobertos
com fibra óptica em 24 cidades no
fim de março. Com o objetivo de
acelerar e tornar mais eficiente a
expansão dos serviços de fibra até
a casa do cliente, a TIM busca par-
ceiros para a implantação de in-
fraestrutura de fibra óptica.
Futuros contratos que a TIM ve-
nha a fechar com parceiros para
acelerar a expansão de sua rede de
fibra óptica teriam um período
inicial de exclusividade, disse o di-
retor Financeiro e de Relações com
Investidores da operadora, Adrian
Calaza. “Vai ser um veículo de in-
fraestrutura que nós vamos criar e
nós vamos querer exclusividade
| Valor | B7
MAIRA VIEIRA/VALOR
inicial”, explicou Calaza em tele-
conferência com analistas de mer-
cado. “Depois desse período, isso
pode ser rediscutido e pode ser
aberto a outros operadores.”
Em uma nova ação para tentar
minimizar os efeitos da pandemia
sobre seus cerca de 900 pequenos e
médios fornecedores, a Vivo deci-
diu antecipar para esse grupo os
pagamentos de serviços que so-
mam R$ 1 bilhão. O valor é referen-
te aos meses de abril, maio e junho,
informou a companhia ao Valor.
Segundo Christian Gebara,
presidente-executivo da Telefô-
nica Brasil, a intenção é dar fôle-
go às empresas menores neste
momento complicado para a so-
ciedade. Serão elegíveis à anteci-
pação dos pagamentos os forne-
cedores em segmentos mais críti-
cos, com maior necessidade de li-
quidez e com faturas emitidas e
aprovadas no sistema de Contas
a Pagar da Vivo. A operadora não
vai cobrar taxa de antecipação
das empresas. (Colaboraram Rita
Azevedo e Allan Ravagnani)
Jornal Valor --- Página 8 da edição "07/05/2020 1a CAD B" ---- Impressa por gavenia às 06/05/2020@19:47:17
B8 | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Agronegócios
Políticas Problemas burocráticos atrapalham inclusive prejudicados pela seca no Sul do país
Produtores têm dificuldade para
prorrogar pagamento de dívidas
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Rafael Walendorff
De Brasília
Quase um mês depois de o go-
verno federal anunciar regras para
a prorrogação de parcelas de cré-
dito rural para o enfrentamento de
reflexos negativos da pandemia e
da estiagem em algumas regiões
do país nesta safra 2019/20, pro-
dutores ainda têm dificuldades
para fazer valer o benefício. Já era
esperada uma maior demora nas
agências bancárias, mas há recla-
mações sobre outros problemas,
inclusive burocráticos, que estão
travando as rolagens. Apenas no
Rio Grande do Sul, onde os efeitos
da falta de chuvas foram mais seve-
ros, as renegociações podem che-
gar a cerca de R$ 5 bilhões.
No Estado, onde a seca reduziu
quase pela metade a produção de
soja prevista para esta safra, a princi-
pal queixa é sobre o prazo de enqua-
dramento dos municípios em situa-
çãodeemergênciareconhecidapelo
governoestadual,condiçãonecessá-
ria para a prorrogação das dívidas.
Resolução do Banco Central definiu
que as prefeituras deveriam ter pu-
blicado decretos nesse sentido entre
1º de janeiro e 9 de abril, mas muitas
perderam o prazo porque as colhei-
tas ainda estavam em andamento.
No dia 9 de abril, havia 288 muni-
cípiosgaúchosemsituaçãodeemer-
gência decretada por causa da estia-
gem, segundo a Defesa Civil do Rio
Grande do Sul. Nos últimos dias, o
número de decretos subiu para 361,
dosquais219jáforamreconhecidos
pelo governo estadual. Há também
o caso de três cidades que haviam
decretado situação de emergência já
em dezembro e, assim, não foram
beneficiadas pela medida de apoio.
“A data estabelecida pelo BC foi
errada. Os produtores de muitos
municípios não tinham termina-
do de colher ainda. É lógico que
Exportação de soja em abril atingiu Alemanha
buscam, por avião,
o maior volume para um único mês mão-de-obra
a colheita agrícola
Comércio
Fernando Lopes, Fernanda
Pressinott e Naiara Albuquerque
De São Paulo
As exportações brasileiras de
soja em grão, o carro-chefe do
agronegócio do país, confirma-
ram as expectativas e permanece-
ram em elevado patamar no mês
passado, puxados pela firme de-
manda da China, que lidera as im-
portações globais da oleaginosa.
Levantamento realizado pela
Associação Nacional dos Expor-
tadores de Cereais (Anec) com
base nas cargas que efetivamente
deixaram os portos apontou que
os embarques somaram 14,3 mi-
lhões de toneladas em abril,
maior volume já registrado para
um único mês. O resultado repre-
sentou um aumento de 55% em
relação a abril de 2019.
Nas contas da Secretaria de Co-
mércio Exterior (Secex) do Minis-
tério da Economia, o volume foi
ainda maior. Segundo órgão, a
média diária das exportações de
soja em grão alcançou 815,4 mil
toneladas em abril, que teve 20
dias úteis — ou seja, no total fo-
ram 16,3 milhões de toneladas.
Ante o mesmo mês de 2019, a Se-
cex apontou avanço de 73,4%.
A secretaria informou, ainda,
tem que ter critério, mas não se po-
de deixar quem precisa de fora”,
disse ao Valor o economista-chefe
da Federação da Agricultura do
Rio Grande do Sul (Farsul), Antô-
nio da Luz. A entidade pediu que a
resolução seja alterada para in-
cluir municípios com decretos pu-
blicados entre 20 de dezembro de
2019 e 30 de junho de 2020. Calcu-
la-se que 200 mil agricultores gaú-
chos prorrogarão suas dívidas. As
reivindicações foram reforçadas
em documento entregue pela Se-
cretaria da Agricultura do Estado
ao governo federal esta semana.
Ontem, a Secretaria de Agricultura
do Rio Grande do Sul informou ter
chegado a um entendimento com
o Banco do Brasil e o Banrisul para
renegociarem as dívidas de produ-
tores de municípios sem decreto
de emergência nas mesmas condi-
ções da resolução.
Quem foi afetado por estiagem,
não só no Sul, pode prorrogar par-
celas de dívidas de operações de
custeio com vencimento em 2020
por até sete anos, e jogar as presta-
ções de operações de investimen-
tos para até um ano após o fim do
contrato. Mas essas possibilidades
não estão saindo do papel, segun-
do a Farsul. A maioria dos produ-
tores, afirmou Antônio da Luz, pe-
gou financiamentos em bancos
que operam recursos equalizados
do BNDES, que ainda não emitiu
circular para autorizar a reprogra-
mação pelas instituições. O motivo
é a falta de recursos do Tesouro pa-
ra fazer a equalização desse alon-
gamento de prazo, o que poderá
ser sanado com dinheiro de linhas
de crédito com baixa demanda.
A Confederação Nacional dos
Trabalhadores Rurais, Agricultores
e Agricultoras Familiares (Con-
tag), por sua vez, reclama de uma
“entrada” cobrada pelos bancos
para realizar as prorrogações. “Em
Estados como Espírito Santo e Rio
Grande do Sul, o Banco do Brasil
está condicionando a prorrogação
ao atendimento de normas inter-
nas que determinam o pagamento
e Suíça
para
Exportações de soja
Evolução mensal em 2020 - milhões de toneladas
20
16
13,325
14,260
12
8
6,615
4
1,610
0 no mesmo período
Jan/20 Fev Mar Abr
Fonte: Anec
que a receita diária das exporta-
ções atingiu US$ 273 milhões em
abril, o que significa quase US$
5,5 bilhões, montante 65% supe-
rior ao registrado um ano atrás.
Esse ritmo acelerado já era previs-
to pelo segmento e tem beneficiado
produtores e tradings. Desde o ano
passado, foi fechada uma grande
quantidade de vendas antecipadas
sobretudo por causa do câmbio fa-
vorável, e a colheita recorde este ano
tornatranquiloocumprimentodes-
ses contratos, firmados principal-
mente com compradores da China.
Algumas entregas previstas para
os primeiros meses do ano tiveram
que ser adiadas por medidas restri-
tivas adotadas nos portos chineses
para combater a disseminação do
O presidente da CNA, João Martins, já reclamou com a ministra Tereza Cristina de dificuldades enfrentadas nos bancos
de pelo menos 30% do valor da
parcela do custeio ou do investi-
mento”, disse a Contag, em nota.
Ao Valor, o diretor de Agronegó-
cios do BB, Antônio Chiarello, disse
que o banco faz a análise da capaci-
dade de pagamento do cliente e
avalia itens do contrato de financia-
mento — como a existência ou não
de seguro para a área afetada — pa-
ra determinar as condições da pror-
rogação. Mas o executivo não con-
firmou que esteja sendo exigida
uma “entrada” de pelo menos 30%
do valor da parcela a ser rolada.
Para Chiarello, as prorrogações
serão feitas “com muita tranquili-
dade” em todo o país. Ele destacou
que tanto as operações para agri-
cultores afetados pela estiagem
quanto para os prejudicados pela
pandemiaestãosendooperaciona-
lizadas normalmente pelo banco,
35,664 12,060
milhões de milhões
toneladas de soja de toneladas
em grão somaram de soja foram
os embarques exportadas pelo
brasileiros no porto de Santos
1º quadrimestre, (SP) no 1º
29,4% mais que quadrimestre, 21%
mais que no mesmo
de 2019 período de 2019
novo coronavírus, o que também
inflou o fluxo em março e abril.
Analistas consultados pelo Va-
lor nas últimas semanas também
notaram que a China adiantou im-
portações por temer problemas lo-
gísticosem seusprincipaisfornece-
dores de soja — Brasil, Estados Uni-
dos e Argentina —, o que se tornou
outro trampolim para os saltos das
exportações brasileiras em março,
quando o volume já havia supera-
do 13 milhões de toneladas, e abril.
Mas essa febre vai diminuir.
Consultorias como FCStone e ARC
Mercosul, por exemplo, já alerta-
ram para um provável aumento da
concorrência da soja americana
no segundo semestre, quando en-
trará no mercado a colheita da sa-
mas não revelou o número de pro-
dutores atendidos até o momento
nem os valores renegociados.
Uma possível elevação de taxas
de juros também preocupa o setor
produtivo. As resoluções do BC de-
terminam que os financiamentos
de custeio ou investimento contra-
tados com equalização de juros se-
jam reclassificados pelas institui-
ções financeiras como fontes não
equalizáveis — ou seja, com uso de
recursos próprios para terem o
prazo alongado. “Isso pode elevar
as taxas para pequenos e médios
produtores”, disse uma fonte.
A Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA) sustenta
que a regra tem inviabilizado rene-
gociações. A entidade solicitou ao
Ministério da Agricultura alteração
na resolução para que as condições
pactuadas nos contratos originais
. 46 milhões, mas caiu 23% em rela-
fra 2020/21 do país, que firmou em
janeiro com a China um armistício
que, aparentemente, arrefeceu as
disputas entre os dois gigantes.
A ARC Mercosul também mos-
trou, em relatório divulgado esta
semana, que a soja dos EUA já es-
tá mais barata que a brasileira.
Para entrega em junho, a tonela-
da do produto do Brasil vale US$
341,80 no porto de Paranaguá
(PR), enquanto no Golfo do Mé-
xico o valor é de US$ 336,20. Para
julho, os valores são US$ 346,50 e
US$ 339,30, respectivamente.
É por isso que as projeções para
as exportações ao longo de todo
este ano têm sido em geral manti-
das — e o volume previsto é mais
ou menos o mesmo de 2019. Se-
gundo a Anec, os embarques po-
derão atingir entre 73 milhões e 74
milhões de toneladas. Nos cálculos
da Associação Brasileira das Indús-
trias de Óleos Vegetais (Abiove),
serão 73,6 milhões de toneladas.
A Abiove estima que o preço
médio da tonelada exportada fi-
cará em US$ 350, abaixo dos US$
362 do ano passado, e assim pre-
vê a receita dos embarques deste
ano em US$ 25,7 bilhões, tam-
bém o mesmo nível de 2019. Em
abril, apontou a Secex, a tonela-
da de soja saiu do país por, em
média, US$ 334,8, ante US$ 351,4
no mesmo mês do ano passado.
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
sejam mantidas. “As instituições fi-
nanceiras estão se negando a fazer
essa reclassificação das operações
para fonte de recursos dos depósitos
à vista, com o objetivo de reter liqui-
dez para novas contratações”, afir-
mou o presidente da CNA, João Mar-
tins, em ofício enviado à ministra.
Outra mudança que a CNA defen-
de é o prazo para prorrogação de
quem foi atingido pela pandemia. A
resolução do BC autoriza o remane-
jamentodosvencimentosdasparce-
las de custeio e investimento para 15
de agosto, mas a entidade considera
o prazo muito curto. “Vai atender se-
tores que não estão precisando, mas
para outros, como frutas, olerícolas,
leite, borracha, não vai adiantar na-
da. Eles precisam de um ano”, afir-
mou Fernanda Schwantes, assessora
técnica da Comissão Nacional de
Política Agrícola da entidade.
Assis Moreira
De Genebra
Alemanha e Suíça estão levan-
do de avião trabalhadores tem-
porários estrangeiros para suas
colheitas agrícolas em meio à
pandemia, que provocou fecha-
mento de fronteiras na Europa.
Em Genebra, no aeroporto va-
zio, um único voo previsto na
sexta-feira passada pousou com
um grupo de cidadãos portu-
gueses. Um voo fretado estava
previsto para esta semana, pro-
veniente do Porto, também com
trabalhadores temporários.
Não está fácil contar com mão-
de-obra estrangeira. Isso porque
países como a Espanha e a Fran-
ça, por exemplo, fecharam as
fronteiras. Por isso a saída foi aé-
rea. A Alemanha fez o mesmo
com trabalhadores temporários
vindos do Leste europeu.
Produtores de vinho em Gene-
bra até contavam com a oferta de
suíços que estão tecnicamente
parados por causa de restauran-
tes, bares e hotéis fechados. Mas
preferiram trazer estrangeiros
por temerem que, de uma hora
para outra, os estabelecimentos
sejam reabertos e os suíços retor-
nem a seus trabalhos normais.
Um trabalhador temporário
nos vinhedos suíços ganha
US$ 3.300 (RS 18,7 mil) por mês.
Bunge teve
prejuízo
no primeiro
trimestre
Balanço
Camila Souza Ramos
De São Paulo
A americana Bunge, uma das
maiores companhias de agronegó-
cios do mundo, encerrou o primeiro
trimestre com prejuízo líquido de
US$ 183 milhões, ante lucro de US$
45 milhões no mesmo período do
ano passado. A receita global do
grupo diminuiu 7,7%, para US$ 9,2
bilhões. O resultado antes de juros e
impostos (Ebit) também foi negati-
vo (US$ 170 milhões), enquanto de
janeiro a março de 2019 havia sido
positivo em US$ 150 milhões.
Segundo informações divulgadas
pela empresa, o prejuízo trimestral
refletiu marcações a mercado no fe-
chamento do período de posições
de hedge que resultaram em perdas
contábeis da ordem de US$ 385 mi-
lhões. “Nossos negócios de base de-
sempenharam bem durante o tri-
mestre, e esperamos que os ajustes
de marcaçãoa mercadoque incorre-
mos sejam revertidos nos próximos
trimestres”, afirmou Greg Heckman,
CEO da multinacional, em nota.
A divisão de agronegócios da
Bunge, que inclui as operações de
grãos,registrouEbitnegativodeUS$
127 milhões de janeiro a março. Só
as perdas contábeis com a marcação
a mercado de hedges de óleos vege-
tais atingiram US$ 195 milhões.
Mas a companhia também teve
margens menores no processa-
mento de soja em todas as regiões
em que atua no mundo — exceto
na China, onde a oferta da oleagi-
nosa está menor. Já as margens de
processamento de outros grãos
cresceram diante de receios de que
a pandemia do coronavírus afetas-
se a disponibilidade dos produtos.
A companhia também registrou
Ebit negativo de US$ 50 milhões
em seu negócio de açúcar e bioe-
nergia no Brasil, tocados por meio
de joint venture com a BP. O prejuí-
zo operacional foi definido pela
entressafra canavieira no Centro-
Sul do país e por perdas de US$ 25
milhões com conversão cambial.
Já o resultado dos negócios de
óleos vegetais voltados aos consu-
midores finais foi positivo em US$
ção ao primeiro trimestre do ano
passado. O Ebit positivo refletiu
melhores performances na Améri-
ca do Norte, na Argentina e na Eu-
ropa, que compensaram resulta-
dos fracos no Brasil e na Ásia. No
negócio de moagem, o Ebit foi po-
sitivo em US$ 18 milhões, e em fer-
tilizantes, em US$ 5 milhões.
valor.com.br
Máquinas
CNH tem prejuízo
de US$ 54 milhões
A fabricante de máquinas CNH
Industrial registrou prejuízo
líquido de US$ 54 milhões no
primeiro trimestre de 2020. No
mesmo período do ano passado, a
empresa havia lucrado US$ 264
milhões. Na área agrícola, a
receita líquida do grupo caiu
10%, somando US$ 2,2 bilhões.
valor.com.br/agro
Coronavírus
MPT já fechou acordo
com seis frigoríficos
A estratégia adotada pelo MPT
para que as indústrias frigoríficas
se comprometam a adotar
medidas contra o coronavírus
está avançando. Até a última
terça-feira, o órgão já havia
firmado TACs com seis empresas:
BRF, Aurora, Minuano, GTFoods,
Agrodanieli e Frigorífico Nicolini.
valor.com.br/agro
Jornal Valor --- Página 1 da edição "07/05/2020 1a CAD C" ---- Impressa por rcalheiros às 06/05/2020@21:29:05
Finanças
Inclui Legislação & Tributos
Destaques
Perda com swaps
O BC teve perdas de R$ 8,340 bi-
lhões nas operações de swaps
cambiais em abril. No acumulado
desde o início do ano, houve per-
das de R$ 54,819 bilhões. Os swaps
não visam gerar ganhos para o BC.
Com esses contratos, a autoridade
monetária oferece proteção ao
mercado em momentos de grande
volatilidade no câmbio. No con-
trato, o BC é perdedor quando o
dólar sobe frente ao real e ganha
com a valorização da moeda na-
cional. (Estevão Taiar)
Capital da Ourinvest
O Banco Central aprovou um au-
mento do capital social da Ou-
rinvest DTVM, que passou de
R$ 10 milhões para R$ 22,669
milhões. O BTG Pactual concluiu
no mês passado a compra de
uma fatia de 80% na Ourinvest
DTVM, após aprovação do Cade e
do BC. A compra havia sido
anunciada em julho passado e o
valor não foi revelado. (AC)
Índice de Renda Fixa Valor
Base = 100 em 31/dez/99
1.610
1.588,79
1.592
1.574
1.556
1.538
1.520
23/mar
2020
Variações
No dia
No mês
No ano
Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
CONSTRUÍMOS
RESULTADOS POSITIVOS,
RESPEITANDO NOSSOS
CLIENTES E SUPERANDO,
JUNTOS, OS DESAFIOS.
*Não auditado: o ajuste consiste em retirar o excesso de despesa financeira de CDB pré-fixados, emitidos entre 2005 e 2008 (comparado com o que o PAN paga atualmente para o mesmo prazo no mercado) e excluir
do patrimônio líquido médio o excesso de crédito tributário de prejuízo fiscal, advindo das inconsistências contábeis encontradas em 2010.
As informações trimestrais consolidadas, acompanhadas do relatório da administração, das notas explicativas e do parecer dos auditores independentes, estão disponíveis no site do PAN e no site da CVM.
Conta Digital
Política monetária Dois membros defenderam corte maior, mas risco fiscal pesou mais
Copom surpreende e corta Selic
em 0,75 ponto, para 3% ao ano
Estevão Taiar e Alex Ribeiro
De Brasília e São Paulo
O Comitê de Política Monetária
(Copom) decidiu ontem fazer um
corte na taxa básica de juros maior
do que o esperado, de 0,75 ponto
percentual. Assim, a Selic caiu de
3,75% para 3% ao ano. O colegiado
do Banco Central (BC) sinalizou
que pode promover uma nova
queda da mesma magnitude na
próxima reunião, em junho. Os
membros do colegiado ficaram di-
vididos, com dois integrantes de-
fendendo um corte imediato ain-
da maior, mas prevaleceu a visão
de que seria mais apropriada uma
queda menor, em função das in-
certezas fiscais domésticas.
“Considerando o cenário bási-
co, o balanço de riscos e o amplo
conjunto de informações disponí-
veis, o Copom decidiu, por unani-
midade, reduzir a taxa básica de
juros em 0,75 ponto percentual”,
disse o colegiado em comunicado.
“Para a próxima reunião, condicio-
nal ao cenário fiscal e à conjuntura
6/mai econômica, o comitê considera
2020 um último ajuste, não maior do
que o atual, para complementar o
0,06% grau de estímulo necessário como
0,18% reação às consequências econômi-
3,45% cas da pandemia”, acrescentou.
O BC destacou, no entanto, que
Originação
de Crédito
R$ 1,8
bilhão/mês
o balanço de riscos tem atualmen-
te “uma variância maior do que a
usual”. Ou seja: as incertezas eleva-
das podem mudar o cenário para
inflação e juros. Por isso, afirmou
que “novas informações sobre os
efeitos da pandemia, assim como
uma diminuição das incertezas no
âmbito fiscal, serão essenciais para
definir seus próximos passos”.
Para a autoridade monetária, a
gravidade da crise “prescreve estí-
mulo monetário extraordinaria-
mente elevado”, embora uma pos-
sível piora do quadro fiscal possa
limitar o tamanho do novo corte.
“A trajetória fiscal ao longo do pró-
ximo ano, assim como a percepção
sobre sua sustentabilidade, serão
decisivas para determinar o pro-
longamento do estímulo”, disse.
Dois dos oito membros que
participaram da reunião disse-
ram que poderia ser oportuno
realizar os cortes da reunião de
ontem e da próxima de uma única
vez. “Mesmo com a possibilidade
de elevação da taxa de juros estru-
tural [que permite o máximo de
crescimento da atividade sem ge-
rar pressões inflacionárias], pode-
ria ser oportuno prover todo o es-
tímulo necessário de imediato,
em conjunto com a sinalização de
manutenção da taxa básica de ju-
ros pelos próximos meses.”
Lucro Líquido
(R$ MI)
96,1
1T19
Índice de
Basileia
15,7%
Pagamentos por
aproximação cresceram
durante a pandemia,
segundo a Mastercard,
de Paro Neto C6
Mas prevaleceu a avaliação de
que “o espaço remanescente para
utilização da política monetária é
incerto e pode ser pequeno”, em
função da conjuntura de elevada
incerteza doméstica. “O Copom
optou por uma provisão de estí-
mulo mais moderada, com o bene-
fício de acumular mais informa-
ção até sua próxima reunião.”
Embora o balanço de riscos
continue com argumentos para
ambas as direções, o Copom des-
tacou que uma “poupança pre-
caucional” pode exercer pressão
para baixo na trajetória de infla-
ção. Em sentido oposto, o cole-
giado mais uma vez chamou a
atenção para o risco de deterio-
ração da situação fiscal.
“O nível de ociosidade pode
produzir trajetória de inflação
abaixo do esperado”, disse, acres-
centando que ele “se intensifica
caso a pandemia provoque au-
mentos de incerteza e de pou-
pança precaucional”. Isso, por
sua vez, poderia levar a uma re-
dução da demanda mais longa e
intensa do que o esperado.
“Por outro lado, políticas fis-
cais de resposta à pandemia que
piorem a trajetória fiscal do país
de forma prolongada, ou frustra-
ções em relação à continuidade
das reformas, podem elevar os
ROE Ajustado*
(% a.a.)
170,6
21,0%
23,5%
1T20 1T19 1T20
Clientes
sob Gestão
+5,3
milhões
bancopan.com.br
prêmios de risco e gerar uma tra-
jetória para a inflação acima do
projetado”, disse.
Apesar de os dados até março
mostrarem impactos parciais da
pandemia sobre a atividade, indi-
cadores referentes a abril apontam
que o recuo na atividade “será sig-
nificativamente superior” ao que
foi calculado na reunião anterior.
O BC também mudou a avalia-
ção a respeito dos núcleos de in-
flação, mais sensíveis à atividade
e à política monetária. Antes, di-
versas dessas medidas estavam
em níveis “compatíveis” com o
cumprimento da meta de 3,75%
para 2021, considerado o hori-
zonte relevante para a autorida-
de monetária. Agora, estão “abai-
xo dos níveis compatíveis”.
Projeção condicional do Co-
pom também mostra inflação
abaixo da meta para o ano que
vem. Em um cenário híbrido,
com trajetória para a taxa de ju-
ros extraída da pesquisa Focus, a
inflação terminaria o ano que
vem em 3,4% -— abaixo, portan-
to, da meta. Essa projeção supõe
que a Selic terminará 2020 em
2,75% ao ano e 2021 em 3,75% ao
ano. Além disso, estabelece que o
preço do barril de petróleo Brent
subirá 40% até o fim de 2020.
No cenário externo, por sua vez,
BANCO PAN S.A - 59.285.411/0001-13
Índice de
Basileia
15,7%
13,8%
1T19 1T20
Patrimônio
Líquido
R$ 5,0
Quinta-feira, 7 de maio de 2020 | C1
a avaliação é de que o quadro se-
gue “desafiador”, mesmo com a
adoção de estímulos monetários e
fiscais em países desenvolvidos.
Segundo o BC, houve moderação
na volatilidade dos ativos financei-
ros, mas a saída de capitais “está
significativamente superior à de
episódios anteriores”.
O encontro não contou com a
presença do diretor de organização
do sistema financeiro e resolução do
BC, João Manoel Pinho de Mello, sus-
peito de estar infectado com a covid-
19. Todos os membros do Copom fo-
ram testados para a doença na se-
mana passada. No caso de Pinho de
Mello, um primeiro teste deu positi-
vo e um segundo, negativo.
“Considerando os resultados
díspares, a área de gestão do BC re-
comendou um terceiro exame pa-
ra contraprova”, disse a autoridade
monetária. Mas, por falta de tem-
po, ele não realizou o terceiro exa-
me e, assim, preferiu não partici-
par das sessões presenciais. “O di-
retor João Manoel Pinho de Mello
segue gozando de boa saúde, as-
sintomático, e desempenhando
normalmente suas funções de ma-
neira remota”, ressaltou o BC.
O Copom volta a se reunir nos
dias 16 e 17 de junho.
Leia mais na página C3
Carteira
de Crédito
(R$ BI)
25,0
21,8
1T19 1T20
bilhões
Jornal Valor --- Página 2 da edição "07/05/2020 1a CAD C" ---- Impressa por gavenia às 06/05/2020@21:03:04
C2 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Finanças
Ibovespa
Índice em pontos
79.918
79.063
75.330
14/abr 24/abr
2020 2020
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Mercados Em sessão volátil, Ibovespa fecha em queda de 0,51%, aos 79.063 pontos
Dólar sobe a R$ 5,70 e atinge
novo recorde de fechamento
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Lucas Hirata, Victor Rezende e
Marcelle Gutierrez
De São Paulo
Depois de uma sequência de
quatro altas seguidas, com saltos
diários de mais de 1%, o dólar co-
mercial atingiu um novo recorde
de fechamento. A moeda america-
na subiu para R$ 5,70 em um dia
de forte pressão global, que bateu
em cheio nos emergentes. Por
aqui, o movimento foi intensifica-
do pelas preocupações no merca-
do sobre a situação das contas pú-
blicas, algo que manteve o real
brasileiro entre os piores desem-
penhos da sessão em um ranking
das principais divisas do mundo.
A bolsa brasileira também foi
pressionada pelo cenário exter-
no e fiscal do Brasil. Após ajustes,
o Ibovespa fechou em baixa de
0,51%, aos 79.064 pontos. A ses-
são, entretanto, foi volátil. Da mí-
nima à máxima no dia, o índice
foi dos 78.056 (-1,78%) aos
79.996 pontos (0,66%).
SEC aumenta
valores pagos
por denúncia
de fraudes
Dow Jones Newswires
A Securities and Exchange Com-
mission (SEC, a CVM americana)
tem aumentado os prêmios que
paga aos denunciantes (“whistle-
blower), após anos de reclamações
de que a agência tem sido lenta em
recompensar os delatores pelos
riscos que eles correm para ajudar
a identificar fraudes.
Nesta semana, a SEC anunciou
seu mais recente prêmio a um de-
lator, que receberá quase US$ 2 mi-
lhões por ajudar a agência a inves-
tigar uma fraude em andamento e
recuperar o dinheiro dos investi-
dores. Isso leva a mais de US$ 64
milhões o valor pago por denún-
cias durante os primeiros sete me-
ses do ano fiscal, que começou em
outubro — mais do que a SEC con-
cedeu em qualquer ano inteiro, ex-
ceto 2018, de acordo com uma
análise dos registros da agência.
Os 16 denunciantes que rece-
beram dinheiro até agora ultra-
passam o número de qualquer
ano anterior. “A SEC está colocan-
do mais recursos do que nunca
para lidar com a carteira de pedi-
dos, e estamos começando a ver o
benefício desses recursos este
ano”, disse Jordan Thomas, presi-
dente do escritório de advocacia
Labaton Sucharow.
Em seu nono ano, o programa
de delação premiada da agência
atraiu milhares de denúncias e
produziu vários pagamentos aci-
ma de US$ 20 milhões. A SEC man-
tém em segredo as identidades dos
denunciantes e não divulga qual
caso é recompensado por ajudar.
As pessoas cujas dicas são con-
sideradas originais e valiosas para
uma das investigações civis da SEC
podem receber entre 10% e 30%
do total de multas aplicadas em
um caso. Mais de mil investiga-
ções abertas envolveram algum ti-
po de denúncia, informou a SEC
em novembro do ano passado.
Os prêmios deste ano também
incluem vários pagamentos me-
nores de menos de US$ 100 mil.
Bolsas internacionais
Variações no dia 6/mai/20 - em %
Ibovespa
fecha
pregão com
queda de
0,51% -0,91
-0,70
-0,82
-1,15
6/mai Dow S&P- Euronext DAX-
2020 Jones 500 100 30
No câmbio, a moeda america-
na terminou o dia em alta de
1,96%, aos R$ 5,7030, superando
a máxima histórica anterior, de
R$ 5,6581, em 27 de abril. Com o
novo salto da divisa americana, o
real brasileiro teve o pior desem-
penho entre as principais divisas
globais, seguido de perto pela li-
ra turca, rand sul-africano, peso
mexicano e rublo russo. Já no
acumulado do mês de maio e do
ano de 2020, a moeda local segue
na liderança isolada com perda
de 4% e 29%, respectivamente.
Em um cenário de juros baixos e
repleto de ruídos políticos, a pers-
pectiva para o real brasileiro ainda
é cercada de bastante cautela no
mercado. Além de acumular a que-
da mais intensa entre as principais
divisas do mundo, a moeda local
corre o risco de continuar com de-
sempenho bem aquém dos pares
mesmo depois da pandemia.
“Desenvolvimentos recentes
reduziram a probabilidade de
aprovação de reformas significa-
tivas este ano para quase zero. O
coronavírus jogou a agenda legis-
lativa para fora dos trilhos. Além
disso, o presidente Bolsonaro viu
seu capital político corroer en-
BCE resiste a dar
explicação à Justiça
alemã sobre bônus
Martin Arnold
Financial Times, de Frankfurt
A expectativa de vários mem-
bros do Conselho de Governo do
Banco Central Europeu (BCE) é
que a autoridade monetária re-
sista à pressão do Tribunal Cons-
titucional da Alemanha para
que justifique suas compras ma-
ciças de bônus soberanos.
Quatro membros do conselho
do BCE disseram ao “Financial
Times” ontem que estavam deci-
didos a não responder direta-
mente ao tribunal alemão, usan-
do o argumento de que fazê-lo
seria uma violação à indepen-
dência do banco central e o ex-
poria à pressão de outros tribu-
nais nacionais. Segundo esses
interlocutores, a maioria dos
membros do conselho do BCE se
opõe a dar uma resposta.
O Tribunal Constitucional,
que fica em Karlsruhe, ordenou
na terça-feira que o governo ale-
mão se certifique de que o BCE
fez uma “avaliação da propor-
cionalidade” de suas compras de
bônus do governo para garantir
que seus “efeitos na política eco-
nômica e fiscal” não suplanta-
ram outros objetivos políticos. A
corte ameaçou impedir que o
Bundesbank, o banco central da
Alemanha, faça novas compras
de ativos se o BCE não cooperar
em até três meses.
O tribunal alemão chocou ad-
vogados e juristas ao rejeitar
parcialmente a decisão de 2018
do Tribunal de Justiça da União
Europeia (TJUE) de que a com-
pra de bônus pelo BCE era legal.
Segundo juristas, esta é a pri-
meira vez que um tribunal na-
cional declara inválido um jul-
gamento do TJUE e isso pode
prejudicar a aplicação uniforme
da legislação da União Europeia,
uma das realizações mais im-
portantes do bloco.
“Os argumentos do tribunal
Juros
DI-Over futuro - % ao ano
0,63
Feriado
3,70
3,04
-1,11
CAC- Nikkei- Xangai 14/abr
40 225 SE 2020
quanto entrava em atrito com vá-
rios integrantes do poder legisla-
tivo e seu próprio governo”, afir-
ma o estrategista sênior do Stan-
dard Chartered para mercados
emergentes, Ilya Gofshteyn,
Tudo isso prejudica a entrada
de recursos no país e consequen-
temente afeta a moeda local. “O
real não tem atratividade por seus
próprios méritos em comparação
com outros pares emergentes”,
afirma Gofshteyn, que vê o dólar
acima de R$ 5 até o fim de 2021.
Dados do Banco Central mos-
tram que o país tem sofrido com
saída de recursos nos últimos nove
meses, embora o déficit em abril
tenha sido mais brando, de US$
1,378 bilhão. Considerando ape-
nas o ano de 2020 até o fim de
abril, a saída líquida já atinge US$
12,730 bilhões, valor bem diferen-
te do superávit de US$ 2,819 bi-
lhões no mesmo período de 2019.
Para Ricardo Kazan, gestor da
Novus Capital, o fluxo de saída do
país, de forma geral, é justificado
pela baixa atratividade do merca-
do local atualmente. “Não temos
juros, não temos crescimento e te-
mos uma crise política em curso”,
resume o profissional. Ele reco-
são ridículos e poderíamos res-
pondê-los facilmente em cinco
minutos, mas não devemos fazê-
lo em absoluto”, disse um mem-
bro do conselho do BCE, que
acrescentou que essa opinião
era compartilhada pelos outros
24 membros do principal órgão
decisório do banco, que partici-
param de uma teleconferência
na terça-feira à noite para discu-
tir o julgamento.
“Qual é o risco de responder-
mos?”, perguntou o membro do
conselho. “Quando chegar a hora
de aumentar as taxas de juros,
outro tribunal de um país dife-
rente nos desafiará — e aí?”, diz.
“Na minha opinião, não deve-
mos preparar nenhuma respos-
ta especial para o tribunal ale-
mão”, afirmou outro membro
do conselho do BCE.
Um terceiro integrante do
conselho do BCE disse que a de-
cisão do tribunal alemão parecia
ignorar o grande volume de
análises feitas pelo banco cen-
tral sobre o impacto de suas
compras de bônus. Ele acrescen-
tou que, durante a teleconferên-
cia de terça-feira, foi levantada a
ideia de destacar os documentos
relevantes no site do banco.
“Da forma como entendi, os
inquiridos no caso, e aqueles pa-
ra os quais o tribunal transmitiu
sua ordem, são o governo e o Par-
lamento alemães”, disse um
membro do conselho do BCE.
“Vamos continuar fazendo o que
estamos fazendo. Vocês não rece-
berão uma resposta formal do
Banco Central Europeu.”
O BCE ainda não decidiu ofi-
cialmente se vai responder ao tri-
bunal alemão, e um porta-voz re-
cusou-se a comentar o assunto.
Vários membros do conselho
do BCE sugeriram que o Bundes-
bank poderia fornecer uma ava-
liação da proporcionalidade pa-
ra seu governo nacional ou para
seu Parlamento, de acordo com
Dólar comercial
Cotação de venda - R$/US$
Jan/2021 Jan/2022
4
4,10
3,53
3,12 2,74
5,1886
24/abr 6/mai 14/abr
2020 2020 2020
nhece que o dólar parece caro nes-
te momento. E com essa desvalori-
zação do real e piora da economia,
a expectativa é de um ajuste rele-
vante na conta corrente do país.
Ontem, sobraram motivos pa-
ra a busca por proteção do dólar,
tanto no campo externo como no
doméstico. Lá fora, o Departa-
mento do Tesouro dos Estados
Unidos anunciou que aumentará
o tamanho de todos os seus lei-
lões de dívida para financiar as
medidas de estímulo fiscal que vi-
sam combater os efeitos da pan-
demia. Isso levou à firme alta dos
juros dos Treasuries de longo pra-
zo e, consequentemente, impul-
sionou o dólar em todo o mundo.
E todo esse movimento técnico
ainda foi rodeado de uma dose
reforçada de cautela no mercado
por causa da troca de farpas entre
americanos e chineses sobre a
responsabilidade de Pequim na
disseminação da doença.
Por aqui, o índice de gerentes
de compras do setor de serviços
no Brasil recuou para a mínima
histórica, de acordo com dados
de abril divulgados pela IHS Mar-
kit. O PMI caiu de 34,5 pontos em
março para 27,4 pontos em abril,
Para BCE, responder ao tribunal alemão seria uma violação à sua independência
alguns dos que participaram da
teleconferência.
“O Bundesbank pode respon-
der a isso por meio do Ministério
das Finanças, em Berlim”, disse o
primeiro membro do conselho.
Isso poria Jens Weidmann, pre-
sidente do Bundesbank e membro
do conselho da autoridade mone-
tária da zona do euro, na situação
embaraçosa de ter de justificar as
compras de € 2,2 trilhões em bô-
nus do setor público feitas pelo
BCE nos últimos cinco anos, apesar
de ter sido um dos maiores adver-
sários dessa política no conselho.
Procurado, o Bundesbank não
quis fazer comentários.
O segundo membro do conse-
lho disse que Weidmann “estava
em uma situação muito difícil,
porque foi pego entre o tribunal
constitucional de seu país e o
Conselho de Governo do BCE, do
qual é membro”. “Não me sur-
Índices de ações Valor/Coppead
Em pontos
Dólar
57 3
5,7030 comercial
5,6573
6 7
encerra
o dia em 87.385
alta de
1,96%
em relação
65.683
ao real
24/abr 6/mai 14/abr
2020 2020 2020
reforçando o cenário tenebroso
que se forma sobre a atividade.
O ambiente mais avesso a risco
piorou também após a Câmara
aprovar modificações no projeto
de socorro a Estados e municí-
pios, como a ampliação da lista
de servidores públicos que não
devem ter reajustes salariais con-
gelados, o que desidrata o impac-
to fiscal da medida. O Ministério
da Economia informou que, com
mudanças na Câmara, a econo-
mia de gasto com funcionalismo
cai de R$ 130 bilhões na proposta
original para R$ 43 bilhões.
As incertezas na área fiscal,
aliás, foram vistas com atenção
pela agência de classificação de
risco Fitch, que revisou de estável
para negativa a perspectiva do
rating “BB-” do Brasil.
O buraco fiscal do país deve ser
profundo. O economista Dev
Ashish, do Société Générale, cal-
cula que a dívida bruta deve al-
cançar 96,5% do PIB neste ano e
superar os 100% a partir de 2022.
Diante de um cenário de queda
de 7,4% do PIB em 2020, o banco
francês vê a Selic caindo a 2,5%
neste ano e sendo mantida nesse
nível até meados de 2022.
MICHAEL PROBST/AP
preenderia se [a chanceler alemã
Angela] Merkel interviesse em
algum momento para resolver
isso”, disse o interlocutor.
Vários dirigentes políticos eu-
ropeus de alto escalão se mani-
festaram em defesa da indepen-
dência do BCE e disseram que
ele só precisa prestar contas ao
Tribunal de Justiça da UE, e não
a juízes nacionais.
“Não cabe a nenhum tribunal
constitucional decidir o que o
BCE pode ou não fazer”, disse o
primeiro-ministro da Itália, Giu-
seppe Conte, ao jornal “Il Fatto
Quotidiano” ontem.
O ministro das Finanças da
França, Bruno Le Maire, disse
que o Banco Central Europeu
“toma suas decisões de forma in-
dependente e decide sobre as
condições para o exercício de
seu mandato sob o con-
trole exclusivo do TJUE”.
Coppead MV Coppead IP 20
94.139
8 4
86.646
6 418
67.418
67 4
63.382
24/abr 6/mai
2020 2020
Dados negativos
preocupam
investidor em
Wall Street
Gabriel Roca, André Mizutani e
Rafael Vazquez
De São Paulo
Os índices acionários globais
buscaram direção ao longo do
pregão de ontem, mas acabaram
encerrando com viés majorita-
riamente negativo. Em meio a
dados que indicam um colapso
da atividade econômica global,
os investidores esperam que a
reabertura gradual das econo-
mias em alguns Estados ameri-
canos e países europeus possa
ajudar a impulsionar uma recu-
peração mais rápida ainda no
segundo semestre do ano.
Na Bolsa de Valores de Nova
York (Nyse), os investidores se re-
fugiaram nas ações de tecnologia
— consideradas mais resilientes
no cenário atual de paralisação
da economia. O S&P 500 recuou
0,70%, aos 2.848,42 pontos. Den-
tre os 11 índices setoriais que
compõem o indicador amplo de
ações de Wall Street, apenas o de
tecnologia avançou (alta de
0,71%) e é o único a registrar de-
sempenho positivo no acumula-
do de 2020, com ganho de 0,42%.
O Dow Jones encerrou o pre-
gão em queda de 0,91%, aos
23.664,64 pontos, e o índice de
tecnologia Nasdaq subiu 0,51%,
para 8.854,39 pontos. No acumu-
lado anual, o Dow Jones registra
desvalorização de 17,08%, ao
passo que o Nasdaq recua so-
mente 1,32%. Na Europa, o Stoxx
Europe 600 fechou o dia em que-
da de 0,35%, aos 334,34 pontos.
De acordo com dados divulga-
dos ontem pela Automatic Data
Processing (ADP) e pela Moody’s, o
setor privado americano fechou
20,236 milhões de postos de traba-
lho em abril. “Perdas de vagas nes-
ta escala não têm precedentes. O
número total de vagas fechadas
apenas no mês de abril foi mais do
que o dobro das perdas durante a
crise de 1929”, disse Ahu Yildir-
maz, vice-presidente da ADP.
No entanto, desde o fim do mês
de março, o S&P 500 registra ga-
nhos de 27,30%. Em meio à tem-
porada de resultados corporati-
vos do primeiro trimestre e da
queda nas expectativas de lucros
futuros das empresas, analistas
alertam para o risco de as ações
estarem com preços elevados em
relação aos fundamentos.
“Embora nos sintamos enco-
rajados pela estabilização de no-
vos casos de covid-19 e pelos es-
tímulos maciços, os ‘valuations’
do mercado de ações não são
mais tão atraentes”, escreveu Jeff
Buchbinder, estrategista de
ações da LPL Financial, em uma
nota de pesquisa na quarta-fei-
ra, acrescentando que “uma cor-
reção de 10% a 15% no preço das
ações não nos surpreenderia”.
Ainda que os investidores dei-
xem de lado as previsões de ga-
nhos para 2020 e se concentrem
em 2021 — quando muitos ana-
listas acreditam que o impacto do
coronavírus terá se dissipado am-
plamente —, o cenário pode não
parecer muito mais atraente.
“Temos sérias dúvidas sobre se
a lucratividade do S&P 500 será
capaz de superar os níveis de cri-
se pré-coronavírus ainda em
2021”, escreveu Lori Calvanasi,
chefe de estratégia de ações na
RBC Capital Markets. Durante
uma conferência com analistas,
a estrategista também acrescen-
tou que “várias companhias des-
tacaram a ideia de que a recupe-
ração econômica será lenta ou
desigual. Algumas também le-
vantaram uma ideia que parece
intuitiva para nós: que levará
um tempo considerável para a
economia dos EUA voltar aos ní-
veis pré-coronavírus”.
Jornal Valor --- Página 3 da edição "07/05/2020 1a CAD C" ---- Impressa por gavenia às 06/05/2020@21:16:58
Finanças
Política monetária Para analistas, câmbio pode sofrer pressão adicional após sinalização do Copom sobre Selic
Risco fiscal definirá novo corte de juros
Sérgio Tauhata e Lucas Hirata
De São Paulo
Apesar de ter realizado um
corte mais agressivo que o espe-
rado pela maioria e indicado no-
va redução de juros mais adian-
te, o Comitê de Política Monetá-
ria (Copom) sinalizou que en-
xerga o efeito das turbulências
políticas sobre as perspectivas
fiscais como um limitador para
o afrouxamento da Selic. O co-
municado da reunião que levou
a taxa básica a 3% ao ano, após
um corte de 0,75 ponto percen-
tual, atrela o grau de ajuste de
uma nova baixa à percepção so-
bre a trajetória fiscal futura.
Para o superintendente de pes-
quisas macroeconômicas do
Santander, Mauricio Oreng, o fa-
tor fiscal tende a ser um limita-
dor para uma queda mais acen-
tuada da Selic. “É algo que causa
alguma restrição aos movimen-
tos de política monetária”, diz.
Essa percepção de trajetória e
sustentabilidade fiscal futura,
conforme assinalado pelo pró-
prio comunicado da reunião, li-
ga-se diretamente ao atual am-
biente político tumultuado.
O Copom ressaltou que “ques-
tionamentos sobre a continui-
dade das reformas e alterações
de caráter permanente no pro-
ComunicadoexpõeumadivisãoentreosmembrosdoCopom
Análise
Alex Ribeiro
De São Paulo
O comunicado do Comitê de
Política Monetária (Copom) do
Banco Central expõe a divisão
dos seus membros entre aqueles
que pesam mais o risco de a forte
recessão que atinge a economia
levar a uma inflação mais baixa e
aqueles que receiam que o qua-
dro fiscal faça o índice de preços
ficar mais alto que o esperado.
Quem privilegia um pouco
mais o risco de inflação muito
baixa — apenas dois membros
do Copom — queria uma anteci-
pação do ciclo de distensão mo-
Bancos têm US$ 5 tri de capital
acima do mínimo, diz BIS
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Assis Moreira
De Genebra
Os bancos de países desenvol-
vidos e emergentes entraram na
crise da pandemia de covid-19
com cerca de US$ 5 trilhões de ca-
pital acima dos volumes míni-
mos exigidos pelas autoridades
reguladoras para absorver per-
das, segundo o Banco de Com-
pensações Internacionais (BIS).
No entanto, o volume de em-
préstimos adicionais dependerá
de quão duramente o capital
dos bancos for atingido pela cri-
se, e de sua disposição de usar os
colchões de capital e outras polí-
ticas de apoio, afirma a institui-
ção, que é uma espécie de banco
dos bancos centrais.
O BIS constata que, desde a de-
flagração do novo coronavírus, a
emissão de dívida corporativa foi
BNDESPar vai investir até R$ 4 bi em fundo de crédito a empresa menor
Rafael Rosas
Do Rio
A BNDESPar, braço de partici-
pações do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), fará uma cha-
mada pública para selecionar
fundos de crédito para micro,
pequenas e médias empresas. O
objetivo é subscrever até R$ 4 bi-
lhões em cotas de até dez fundos
de crédito estruturados.
cesso de ajuste das contas públi-
cas podem elevar a taxa de juros
estrutural da economia”.
Se o Brasil “não tivesse resolvi-
do gerar uma crise dentro da cri-
se”, o BC poderia levar a Selic para
algo virtualmente perto de zero,
avalia o economista-chefe da Ace
Capital, Ricardo Denadai . “Agora
nesse ambiente de política ruim
e deterioração do fiscal, acredita-
mos que a sinalização de queda
da Selic a 2,25% e uma indicação
de juros baixos por mais tempo é
o mais adequado agora”.
De acordo com a economista
sênior da LCA Consultores, Thais
Marzola Zara, “o BC e o mercado
vão acompanhar de perto se me-
didas emergenciais com poten-
cial de aumentar gastos públicos
podem se tornar permanentes”.
A especialista destaca ainda que
as perspectivas sobre a continui-
dade das reformas após o coro-
navírus também são importan-
tes. “A grande preocupação é
que, se predominar a ideia de
que vai haver deterioração muito
grande do quadro fiscal, isso po-
de afetar diretamente os prêmios
de risco dos títulos mais longos.”
Após a decisão, predomina en-
tre os economistas a visão de
mais um corte de 0,75 ponto na
próxima reunião do Copom. “A
sinalização de mais corte parece
netária, defendendo provavel-
mente um movimento de baixa
de 1,5 ponto percentual na taxa
Selic, em vez do estímulo de 0,75
ponto decidido na reunião en-
cerrada ontem. Depois, o Co-
pom faria uma interrupção no
ciclo de distensão monetária.
Esses membros disseram que
esse estímulo antecipado seria
adequado para “reduzir os riscos
de não cumprimento da meta
para a inflação de 2021”.
A ala mais cautelosa, que enfa-
tiza os riscos fiscais, saiu vence-
dora nos debates do colegiado. A
decisão foi uma baixa de 0,75
ponto percentual, com uma sina-
lização de um corte adicional
dessa mesma magnitude.
prejudicada e outras formas de fi-
nanciamento externo secaram.
Muitas empresas tiveram que re-
correr aos bancos para buscar
crédito. E para pequenas e mé-
dias empresas, os financiamentos
bancários geralmente represen-
tam a única fonte de recursos.
Com a capacidade das insti-
tuições bancárias de emprestar
para a economia real tendo vol-
tado ao centro das discussões,
economistas do BIS considera-
ram dois cenários de estresse.
Pelo “cenário adverso”, os
bancos assumem perdas nos
empréstimos existentes compa-
ráveis àquelas resultantes da cri-
se de poupança e empréstimos
nos Estados Unidos. Nesse cená-
rio, os colchões de capital utili-
záveis dos bancos cairiam para
US$ 800 bilhões, o que poderia
suportar US$ 5 trilhões em em-
préstimos adicionais (6% do es-
toque total de empréstimos).
No segundo, o “cenário severa-
mente adverso”, leva-se em conta
perdas aproximadamente equi-
De acordo com o texto do edi-
tal, a BNDESPar poderá subscre-
ver cotas em Fundos de Direitos
Creditórios (FIDCs) ou em Fun-
dos de Investimento em Cotas de
Fundos de Direitos Creditórios
(FIC FIDCs). Para estarem aptos a
receber os recursos, os fundos de-
vem se enquadrar em uma das
modalidades: fundos estrutura-
dos pelos originadores ou fundos
estruturados por gestores de re-
cursos registrados na Comissão
Denadai, da Ace Capital: cenário global muito pior e doméstico também
clara”, diz Oreng, do Santander.
“Acho que o plano de voo do Co-
pom indica um último ajuste que
pode levar a taxa para 2,25%.”
Na avaliação da economista-
chefe da ARX Investimentos, So-
lange Srour, a estratégia da auto-
ridade monetária pode ser arris-
Mas será que esse corte adicio-
nal está garantido? O comunica-
do condiciona as suas próximas
decisões ao cenário fiscal. Ao
que parece, o Copom espera no-
tícias positivas para seguir cor-
tando, pois afirma que “uma di-
minuição das incertezas no âm-
bito fiscal” será essencial para
definir os próximos passos.
Talvez a ata do Copom, a ser
divulgada na semana que vem,
traga mais informações sobre
essas preocupações fiscais. Apa-
rentemente, os membros do co-
legiado analisaram estimativas
sobre a evolução da taxa neutra,
já que o comunicado diz que “o
espaço remanescente para a uti-
lização da política monetária é
.
valentes às observadas durante a
grande crise financeira global de
2009-2010. E a conclusão é a de
que uma repetição da grande cri-
se destruiria uma parte substan-
cial dos colchões das instituições
bancárias nas principais econo-
mias. E apenas US$ 270 bilhões
continuariam utilizáveis para se-
rem emprestados, apoiando cré-
dito adicional de US$ 1 trilhão
(1,3% dos empréstimos totais).
O BIS reitera ainda que fez
uma avaliação preliminar, no-
tando que o impacto econômico
da crise permanece altamente
incerto, com os riscos inclinados
para o lado negativo.
Conforme a instituição, no ge-
ral, sua análise mostra que, ape-
sar da acumulação de capital
nos últimos anos, os colchões de
capital utilizáveis por si só po-
dem não ser suficientes para re-
forçar os empréstimos se a crise
se aprofundar em uma escala
comparável à da grande crise fi-
nanceira global. E aponta um di-
fícil “trade-off”. Para sustentar
de Valores Mobiliários (CVM).
A BNDESPar só poderá subs-
crever cotas de classe sênior ou
única. Já o percentual máximo de
participação será de 80% em caso
de subscrição de cotas de classe
única e de 90% no caso de subs-
crição de cotas de classe sênior.
As propostas recebidas dos
fundos candidatos serão analisa-
das em duas etapas, de elegibili-
dade e priorização. Na etapa de
elegibilidade, será verificado se
CLAUDIO BELLI/VALOR
cada, se for levado em conta o
efeito de cortes mais agressivos
do juro sobre o câmbio. “É bem
complicado colocar tanta ênfase
no fiscal sem tomar como dado
que o estrago já está começando
a ser feito. Enfim, esse BC toma
mais risco”, afirma. Solange vê
incerto e pode ser pequeno”.
Também aparentemente hou-
ve discussões sobre quando, exa-
tamente, uma eventual elevação
da taxa neutra será um limita-
dor da política monetária. O co-
municado diz que a trajetória
fiscal no próximo ano, assim co-
mo a percepção sobre a sua sus-
tentabilidade, serão decisivas
para determinar o “prolonga-
mento do estímulo”.
Mais uma vez, o Copom pesou
mais o balanço de riscos na sua
decisão do que o cenário básico.
O cenário central é uma econo-
mia que está derretendo de for-
ma surpreendente. “A contração
da atividade econômica será sig-
nificativamente superior à pre-
os empréstimos, as autoridades
precisariam fornecer fortes in-
centivos para que os bancos ul-
trapassassem o último passo e
emprestassem para as empresas
e as famílias. O BIS considera
que isso parece particularmente
desafiador para os bancos, que
já estavam lutando com baixa
rentabilidade e queda nas suas
avaliações de mercado.
Por um lado, o BIS estima que as
autoridades precisam preservar a
capacidade de empréstimos do se-
tor bancário durante a crise. E po-
dem apoiar a liberação de “buf-
fers” e conter o aumento de pon-
derações de risco — por exemplo,
por meio de garantias de crédito.
Por outro lado, o BIS diz que são
necessárias salvaguardas para im-
pedir que os níveis de capital
caiam para patamares que possam
prejudicar a resiliência do setor.
Além disso, a política precisa forta-
lecer os incentivos para que o setor
retorne a um caminho sustentável
no médio prazo, o que inclui acele-
rar a consolidação dos balanços.
as propostas apresentam o con-
teúdo mínimo previsto no edital.
O fundo deverá ter um patri-
mônio comprometido de R$ 100
milhões; deverá possuir prazo
inicial determinado de no míni-
mo dois e no máximo seis anos; a
equipe do fundo e sua base ope-
racional deverão estar sediadas
no Brasil; os recursos deverão ser
aplicados no país; eventuais ta-
xas cobradas pela originadora ou
pela gestora deverão ser reverti-
Quinta-feira, 7 de maio de 2020
mais um corte de 0,75 ponto per-
centual da Selic, o que tende a le-
var a uma nova alta do dólar. “Me
parece que não se importa com
um ‘overshooting’ do câmbio.”
O chefe de economia e estraté-
gia do Bank of America, David
Beker, diz que ajustou suas proje-
ções para a taxa básica de juros
após o anúncio do Copom. An-
tes, o especialista esperava dois
cortes de 0,5 ponto percentual da
Selic. A leitura agora é que o pró-
ximo passo será um novo corte
de 0,75 ponto, com Selic a 2,25%.
“O mercado vinha discutindo
muito sobre o efeito dos juros
na taxa de câmbio. Acho que,
com esse comunicado, o Copom
indica que são discussões sepa-
radas: uma é a política monetá-
ria, e outra é a cambial. Não que
estejam isoladas, mas também
não estão completamente liga-
das”, diz o especialista do BofA.
“Acredito que o câmbio deve so-
frer por conta de sinalização”,
aponta Beker. “Aí vamos ter de
monitorar se vai ser mais agres-
sivo ou não na intervenção”, diz.
Conforme o analista do BofA, o
Copom “sinaliza que o momento
atual é extraordinário e requer
medidas extraordinárias e mos-
tra que a política monetária é o
instrumento a ser utilizado”.
Contudo, ele vê o cenário repleto
vista na última reunião do Co-
pom”, diz o comunicado.
A retração da economia brasi-
leira produz um ambiente de in-
flação muito baixa. Os núcleos
de inflação se encontram “abai-
xo dos níveis compatíveis com o
cumprimento da meta de infla-
ção no horizonte relevante da
política monetária”. As proje-
ções de inflação para 2021 estão
em 3,3%, ante uma meta de
3,75%, considerando uma queda
da taxa de juros para 2,75% ao
ano e uma elevação de 40% no
preço do petróleo.
Mas o Copom vê com descon-
fiança seu cenário básico para a
inflação. O comunicado volta a
dizer que o cenário inflacionário
Concessões já somam
R$ 381,5 bi, diz Febraban
Álvaro Campos
De São Paulo
A Federação Brasileira de Ban-
cos (Febraban) informou que
desde o início da pandemia as
concessões de crédito — contra-
tações, renovações e suspensão
de parcelas — já somam R$ 381,5
bilhões. São R$ 267,9 bilhões em
contratações, R$ 78,7 bilhões em
renovações e R$ 34,9 bilhões em
suspensão de parcelas. Os dados
consideram o período que vai de
16 de março a 24 de abril.
Segundo a Febraban, o setor
bancário já renegociou 6 milhões
de contratos com operações em
dia, que têm um saldo devedor to-
tal de R$ 355,2 bilhões. A soma das
parcelas suspensas das operações
repactuadas totaliza os R$ 34,9 bi-
lhões mencionados acima.
De R$ 267,9 bilhões em contra-
tações, R$ 151,3 bilhões foram pa-
ra grandes empresas, R$ 65,3 bi-
lhões a pessoas físicas, R$ 27,3 bi-
lhões a empresas médias e R$ 24
bilhões para micro e pequenas. Já
dos R$ 78,7 bilhões em renova-
ções, R$ 27,8 bilhões são de pessoa
física, R$ 19,3 bilhões, micro e pe-
das em benefício do fundo; e a
política de investimento do fun-
do deverá prever o limite máxi-
mo de receita operacional bruta
das empresas alvo no ano ime-
diatamente anterior ao apoio.
Na etapa de priorização, as
propostas consideradas elegí-
veis serão analisadas, por moda-
lidade de fundo, a partir da or-
dem resultante da aplicação dos
critérios previstos como capta-
ção comprovada, custos do fun-
| Valor | C3
de incertezas. “Tudo vai depender
do risco fiscal, do caminho da
economia e da covid-19.”
Denadai, da Ace, enxerga uma
nova postura da autoridade mone-
tária com uma tentativa de “dar
mais estímulo em um momento
em que a economia precisa deses-
peradamente”. O economista re-
corda que, na última decisão de
política monetária, o debate gira-
va em torno de PIB a zero. “Agora
discutimos uma queda entre 5% e
10%. É um cenário global muito
pior e doméstico também. Além
disso, o BC reconhece que a infla-
ção subjacente está rodando pró-
ximo do piso da meta”, acrescenta.
Com uma quarentena mais lon-
ga do que o esperado, “é provável
que tenhamos mais rodadas de re-
visão de atividade para baixo”,
pondera Thais, da LCA. O aumento
das convergências das estimativas
para uma queda acentuada da ati-
vidade tenderia a reforçar o novo
posicionamento da autoridade.
Segundo Oreng, do Santander,
“dados da GetNet [empresa de
meios de pagamento do Santan-
der] indicam que o consumo vai
ter queda forte em abril”. A equi-
pe do banco se prepara para “re-
visar nossos números do PIB com
alguma profundidade para bai-
xo e, naturalmente, a gente vai
revisar o nível de Selic terminal”.
tem muita variância. Ou seja, as
chances de a inflação superar ou
ficar acima do cenário básico
são muito grandes.
Há dois riscos relevantes. Um
deles, baixista, é uma contração
ainda mais forte do que a previs-
ta na atividade econômica, caso a
pandemia aumente ainda mais a
incerteza e provoque um aumen-
to da poupança precaucional, o
que tenderia a deprimir ainda
mais a demanda agregada. Do la-
do negativo, a resposta dada pelo
governo e pelo Congresso à crise
do coronavírus poderá levar a
uma piora na trajetória fiscal
mais prolongada. É entre esses
dois riscos que se dividem os
membros do Copom.
quenas empresas, R$ 16,3 bilhões a
médias e R$ 15,4 para grandes.
A Febraban não abre os dados
das prorrogações de parcelas, mas
diz que dos R$ 34,9 bilhões, esti-
ma-se que dois terços foram para
pessoas físicas. “Na comparação de
abril de 2019 com o período de 16
de março a 24 de abril, houve alta
significativa nas concessões a pes-
soa jurídica, de 78%, considerando
a média por dia útil para cada pe-
ríodo (R$ 9,465 bilhões este ano).
Isso ocorreu em razão do expressi-
vo aumento na demanda por cré-
dito bancário em geral, por conta
da forte incerteza do cenário eco-
nômico, redução das operações no
mercado de capitais e cancela-
mento de linhas de financiamento
externo para o Brasil”, afirma.
No início de abril a Febraban ha-
viadivulgadobalançoparecido,afir-
mando que os maiores bancos já ti-
nham processado mais de 2 milhões
de pedidos de renegociação de con-
tratos, com valores que chegavam a
R$ 200 bilhões. Na ocasião, abriu os
dados por bancos, o que não foi feito
agora. No começo do mês passado, a
Caixa liderava o ranking de renego-
ciações, com 1 milhão de pedidos.
do, política de investimentos,
compromisso de alocação na
primeira chamada de capital,
rentabilidade esperada para as
cotas a serem subscritas pela
BNDESPar e alcance (número de
clientes beneficiados).
A partir da publicação do edi-
tal, a chamada ficará aberta para
o recebimento de propostas por
20 dias. A versão eletrônica das
propostas poderá ser encami-
nhada até 3 de junho.
Jornal Valor --- Página 4 da edição "07/05/2020 1a CAD C" ---- Impressa por rcalheiros às 06/05/2020@21:31:11

C4 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020

Finanças
Balanços Após cancelar oferta de ações, família controladora subscreve letras financeiras Lucro do
Daycoval reforça provisões e capital Banco Pan
cresce 77%
para atravessar cenário incerto no trimestre
De São Paulo

Talita Moreira desde o ano de 2018, quando o O Banco Pan obteve lucro líqui-
De São Paulo Foco nas provisões crescimento decepcionou. Agora, do de R$ 170,6 milhões no primei-
Informações financeiras do Daycoval - R$ milhões esse volume ajudará o Daycoval a ro trimestre, um aumento de 77%
O Daycoval fez um reforço de enfrentar o que, para Gelbaum, é frente ao mesmo período do ano
R$ 154,3 milhões em suas provi- 1º tri/ 4º tri/ 1º tri/ Variações - % uma “tempestade perfeita”: a com- passado. O crescimento reflete o
2019 2019 2020 1ºtri.20/1ºtri.19 1ºtri.20/4ºtri.19
sões adicionais no primeiro tri- binação do impacto ainda incerto maior volume de operações de
mestre para navegar nas águas tur- Lucro líquido recorrente 224,3 288,1 278,1 24 -3,5 da pandemia com a volatilidade crédito e de receitas de prestação
vas trazidas pela pandemia de co- Carteira de crédito 19.907 27.360 26.178 31,5 -4,3 no mercado internacional e a volta de serviços com a implantação da
vid-19. Com baixa visibilidade so- Saldo de provisões 1.196 1.320 1.414 18,23 7,10 da crise política. “Não temos a me- estratégia digital da instituição,
bre o que será da economia daqui Captação 18.985 24.269 25.576 34,7 5,4 nor preocupação se pecarmos pelo voltada às classes C, D e E.
para a frente, o banco procurou excesso [de provisões]”, disse. O banco fechou março com
aumentar as reservas e a liquidez Fonte: Balanço
Para o executivo, é hora de o R$ 25,021 bilhões em sua carteira
para enfrentar o cenário adverso. banco — já muito conservador — de empréstimos e financiamen-
“O principal mantra agora é nanceiras perpétuas para com- zembro. Na comparação anual, o tegidas pela natureza das garan- ser mais cauteloso do que nun- tos, alta de 5% em três meses e de
reforço de capital, de provisões e plementar o capital de nível 1. As volume aumentou 31,5%. tias. A inadimplência subiu de ca, embora esta não seja uma 15% em um ano. Porém, a origina-
de liquidez”, afirmou o diretor operações, que somam R$ 290 O lucro líquido recorrente fi- 1,5% em dezembro para 1,6% no crise financeira. O Daycoval fe- ção média recuou para R$ 1,791
de relações com investidores do milhões, foram subscritas pelos cou em R$ 278,1 milhões entre fim de março. O banco tem procu- chou março com R$ 4,4 bilhões bilhão por mês no primeiro tri-
banco, Ricardo Gelbaum. acionistas, a família Dayan. janeiro e março, alta de 24% fren- rado repactuar as operações caso em caixa, equivalente a 1,5 vez o mestre de 2020, ante R$ 1,846 bi-
Com atuação voltada para o O banco já viu alguma desacele- te ao mesmo intervalo de 2019. a caso, conforme a necessidade patrimônio líquido, e a expecta- lhão no último do ano passado.
atendimento de empresas, o cré- ração na demanda por crédito nas De acordo com Gelbaum, a cri- dos clientes, disse o executivo. tiva é chegar a duas vezes o PL na Controlado por BTG Pactual e
dito consignado e o financia- últimas semanas, mas prevê que se tem um impacto imediato no Com as novas provisões, o Day- metade deste ano. Caixa, o banco registrou despesa
mento de veículos, o Daycoval es- maio e junho serão meses ainda segmento de veículos por causa coval passou a ter R$ 1,414 bilhão Segundo Gelbaum, o custo de líquida com provisão para calo-
tava prestes a fazer uma oferta mais duros. O Daycoval encerrou o das incertezas que o cenário im- em reservas contra calotes, que o funding subiu, mas os volumes tes de R$ 266 milhões nos três
pública de ações quando a crise primeiro trimestre com R$ 26,178 põe. A instituição atua no finan- deixou com índice de cobertura de não foram afetados. A base de meses encerrados em março, aci-
estourou. No lugar da captação bilhões em sua carteira de emprés- ciamento à compra de automó- 335,5%. Uma parcela de R$ 444 mi- captação cresceu 5,4% em rela- ma dos R$ 223 milhões do mes-
em bolsa, a instituição fez duas timos e financiamentos, com um veis usados. As carteiras de con- lhões se refere a provisões adicio- ção a dezembro, para R$ 25,576 mo período de 2019. A inadim-
emissões privadas de letras fi- recuo de 4,3% em relação a de- signado e empresas são mais pro- nais constituídas gradualmente bilhões no fim de março. plência era de 5,7%. (TM)

Finanças | Indicadores
IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 06/05/20 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 06/05/20 05/05/20 04/05/20 30/04/20 29/04/20 28/04/20
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 06/05 05/05 1 semana abril 1 mês 12 meses 20/04 a 20/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2391 Índice 1.588,79 1.587,90 1.584,24 1.585,90 1.584,76 1.583,15
IRF-M 1* 11.432,6359530 0,00 0,06 1,94 Selic - meta ao ano 3,75 3,75 3,75 3,75 3,75 6,50 21/04 a 21/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2270 Var. no dia 0,06% 0,23% -0,10% 0,07% 0,10% 1,05%
IRF-M 1+** 15.700,6834030 0,22 0,31 3,28 Selic - taxa over ao ano 3,65 3,65 3,65 3,65 3,65 6,40 22/04 a 22/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2383 Var. no mês 0,18% 0,13% -0,10% 0,95% 0,88% 0,78%
IRF-M Total 13.915,3163120 0,14 0,23 2,82 Selic - taxa over ao mês 0,4268 0,4268 0,4268 0,4268 0,4268 0,7386 23/04 a 23/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2353 Var. no ano 3,45% 3,39% 3,16% 3,26% 3,19% 3,08%
IMA-C Total 7.765,6043540 0,03 0,40 1,33 Selic - taxa efetiva ao ano 3,65 3,65 3,65 3,65 3,65 6,40 24/04 a 24/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2248 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5*** 6.460,7672430 0,03 0,17 0,08 Selic - taxa efetiva ao mês 0,2849 0,2849 0,2849 0,2849 0,2849 0,5430 25/04 a 25/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2277
IMA-B 5+**** 8.696,4216650 -0,12 -0,17 -8,97 CDI - taxa over ao ano 3,65 3,65 3,65 3,65 3,65 6,40 26/04 a 26/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2397
IMA-B Total 7.249,8052710 -0,05 -0,02 -5,09 CDI - taxa over ao mês 0,4268 0,4268 0,4268 0,4268 0,4268 0,7386 27/04 a 27/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2516
IMA-S
IMA-Geral
Total
Total
4.731,0810470
5.935,2472860
0,01
0,04
0,04
0,09
1,30
-0,05
CDI - taxa efetiva ao ano 3,65 3,65 3,65 3,65 3,65 6,40 28/04 a 28/05
29/04 a 29/05
0,0000
0,0000
0,5000
0,5000
0,2162
0,2162
0,2486
0,2429
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 0,2849 0,2849 0,2849 0,2849 0,2849 0,5430
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo 30/04 a 30/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2408
maior que 5 anos.
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - - 4,27 5,70
01/05 a 31/05 0,0000 0,5000 0,2162 0,2292 Em 06/05/20
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - - 0,3492 0,4630 Em US$ * Em R$ **
01/05 a 01/06 0,0000 0,5000 0,2162 0,2292
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - - 2,99 5,33 02/05 a 02/06 0,0000 0,5000 0,2162 0,2406 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês
Taxa de juros de referência - B3
- - - - 0,2460 0,4335 03/05 a 03/06
04/05 a 04/06
0,0000
0,0000
0,5000
0,5000
0,2162
0,2162
0,2519
0,2633
Baht (Tailândia)
Balboa (Panamá)
32,4100
1,0000
32,4400
1,0000
0,17470
5,6670
0,17490
5,6676
TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 2,85 2,88 2,92 2,96 3,38 6,42 05/05 a 05/06 0,0000 0,5000 0,2162 0,2590 Bolívar Soberano (Venezuela) 171444,8600 171874,5464 0,0000330 0,0000331
Taxas - em % no período TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 2,79 2,77 2,89 2,84 3,29 6,43 Boliviano (Bolívia) 6,8300 6,9800 0,8119 0,8298
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Taxas referenciais de Swap - B3 a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 Colon (Costa Rica) 565,5700 571,7200 0,009912 0,010020
Linhas - pessoa jurídica 17/04 16/04 semana março mês meses
DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 3,05 3,05 3,22 3,16 3,59 6,40 Coroa (Dinamarca) 6,9039 6,9040 0,8208 0,8209
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 17,60 17,14 19,17 22,18 21,68 27,19 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 2,96 2,97 3,11 3,06 3,44 6,41 Coroa (Islândia) 147,1300 147,3200 0,03847 0,03852
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a.
Conta garantida pré - a.a.
18,08
32,62
18,90
33,10
18,59
30,75
20,04
33,53
18,61
38,58
22,46
38,65
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 2,87 2,90 3,02 2,97 3,37 6,41 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega)
Coroa (Rep. Tcheca)
10,2795
25,1020
10,2835
25,1190
0,5511
0,2256
0,5513
0,2258
Desconto de duplicata pré - a.a. 22,21 22,00 21,72 25,29 23,97 32,17 DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 2,84 2,82 2,94 2,89 3,34 6,42
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 2,74 2,76 2,89 2,84 3,29 6,43 Índices de ações em 06/05/20 Coroa (Suécia) 9,8486 9,8516 0,5752 0,5755
Vendor pré - a.a. 9,92 9,61 9,99 12,13 12,70 15,03 Dinar (Argélia) 128,6927 129,3427 0,04381 0,04404
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 8,05 8,13 8,47 11,34 12,92 14,58 DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 2,85 2,87 3,02 2,94 3,38 6,50
No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3095 0,3100 18,2806 18,3121
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 9,68 9,78 10,44 11,72 11,92 13,63 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 1,4140 1,4210 3,9880 4,0082
Conta garantida pós - a.a. 12,08 11,88 11,85 16,08 16,85 20,38 Direitos Especiais de Saque *** 7,3960 7,5220 0,7534 0,7663
ACC pós - a.a. 5,22 5,39 5,33 4,98 3,72 6,02 Variação % em reais
Dirham (Emirados Árabes Unidos) 3,6729 3,6732 1,5428 1,5431
Factoring - a.m. 3,70
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
3,71 3,72 3,74 3,75 3,99 Mercado futuro Ibovespa 79.063 -0,51 -1,79 -31,63 -16,78 Dirham (Marrocos) 9,9075 9,9126 0,5717 0,5721
IBrX 33.357 -0,60 -1,91 -31,47 -15,71 Dólar (Austrália)*** 0,6414 0,6415 3,6348 3,6358
Em 06/05/20 IBrX 50 12.774 -0,45 -1,87 -32,35 -18,82 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 5,6670 5,6676
IEE 60.363 -1,37 -1,58 -21,22 2,89 Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,7872 2,8364
Juros externos DI de 1 dia
PU de
ajuste
Taxa efetiva -
em % ao ano
Contratos
negociados Mínimo
Cotação - em % ao ano
Máximo Último SMLL 1.793 -0,90 -4,26 -36,88 -7,75 Dólar (Canadá) 1,4142 1,4147 4,0058 4,0076
ISE 3.069 0,17 -0,48 -25,86 -0,85 Dólar (Cayman) 0,8200 0,8300 6,8277 6,9117
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em jun/20 99.783,21 3,085 514.010 2,980 3,105 3,075 IMOB 747 -2,43 -8,16 -46,16 -9,29 Dólar (Cingapura) 1,4203 1,4208 3,9886 3,9904
Vencimento em jul/20 99.545,83 2,985 362.215 2,955 3,001 2,975 IDIV 4.747 -1,36 -2,91 -30,73 -8,78 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 5,6670 5,6676
Há 1 No fim de Há 1 Há 12
06/05 05/05 semana abril mês meses Vencimento em ago/20 99.305,06 2,875 34.190 2,875 2,900 2,900 IFIX 2.586 -0,05 -0,66 -19,12 3,61 Dólar (Hong Kong) 7,7520 7,7523 0,7310 0,7311
Libor - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em set/20 99.081,88 2,840 6.585 2,830 2,865 2,865 Dólar (Nova Zelândia)*** 0,6017 0,6021 3,4098 3,4125
Vencimento em out/20 98.856,88 2,825 101.880 2,800 2,840 2,800 Variação % em dólares Dólar (Trinidad e Tobago) 6,6194 6,6879 0,8474 0,8562
1 mês - 0,2473 0,3701 0,3296 0,9213 2,4666
3 meses - 0,4740 0,6866 0,5561 1,3524 2,5599 Vencimento em nov/20 98.668,11 2,740 10.480 2,740 2,815 2,805 Ibovespa 13.950 -2,83 -5,96 -51,38 -41,82 Euro (Comunidade Européia)*** 1,0804 1,0808 6,1226 6,1255
6 meses - 0,7001 0,8049 0,7595 1,2383 2,6174 Vencimento em dez/20 98.461,62 2,731 2.890 2,760 2,775 2,765 IBrX 5.886 -2,92 -6,07 -51,26 -41,07 Florim (Antilhas Holandesas) 1,7925 1,7975 3,1527 3,1618
9 meses - - - - - - Vencimento em jan/21 98.221,42 2,745 329.005 2,695 2,770 2,740 IBrX 50 2.254 -2,77 -6,04 -51,89 -43,24 Franco (Suíça) 0,9744 0,9748 5,8135 5,8165
1 ano - 0,8313 0,8986 0,8646 1,0426 2,7455 Vencimento em fev/21 98.010,55 2,745 6.265 2,745 2,770 2,745 IEE 10.651 -3,67 -5,76 -43,98 -28,06 Guarani (Paraguai) 6535,7000 6550,8200 0,0008651 0,0008672
Euro Libor - empréstimos interbancários em euro * Vencimento em mar/21 97.770,84 2,810 1.780 2,760 2,800 2,760 SMLL 316 -3,20 -8,34 -55,10 -35,48 Hryvnia (Ucrânia) 26,8500 26,9000 0,2107 0,2111
1 mês - -0,4264 -0,4244 -0,4284 -0,3857 -0,4178 Vencimento em abr/21 97.515,27 2,820 59.170 2,805 2,875 2,820 ISE 541 -2,17 -4,71 -47,28 -30,67 Iene (Japão) 106,0600 106,0900 0,05342 0,05344
3 meses - -0,2049 -0,1740 -0,1850 -0,2316 -0,3444 IMOB 132 -4,76 -12,13 -61,73 -36,62 Kuna (Croácia) 7,0020 7,0067 0,8088 0,8094
Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00
6 meses - -0,0834 -0,0784 -0,0616 -0,1580 -0,3044 IDIV 838 -3,67 -7,05 -50,74 -36,23 Libra (Egito) 15,7000 15,8000 0,3587 0,3610
Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último
1 ano - -0,0531 -0,0260 -0,0216 -0,1447 -0,2085 IFIX 456 -2,37 -4,87 -42,47 -27,57 Libra (Líbano) 1505,5000 1518,5000 0,003732 0,003765
Euribor ** Vencimento em jun/20 5.688,96 1,85 230.300 5.606,00 5.731,50 5.729,00 Libra (Síria) 513,0000 516,0000 0,01098 0,01105
Vencimento em jul/20 5.696,86 1,85 3.095 5.691,00 5.709,00 5.709,00 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
1 mês - -0,469 -0,465 -0,460 -0,438 -0,365 Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,2343 1,2347 6,9948 6,9978
3 meses - -0,297 -0,261 -0,273 -0,341 -0,308 Vencimento em ago/20 5.704,16 1,82 5 5.719,00 5.719,00 5.719,00 Naira (Nigéria) 360,0000 361,0000 0,01570 0,01574
Vencimento em set/20 5.710,61 - 0 0,00 0,00 0,00 Lira (Turquia) 7,1806 7,1827 0,7890 0,7893
6 meses
1 ano
-
-
-0,165
-0,108
-0,169
-0,131
-0,170
-0,118
-0,277
-0,149
-0,230
-0,114 Vencimento em out/20 5.716,20 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 29,9710 30,0010 0,18890 0,18910
Taxas referenciais no mercado norte-americano Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00 Novo Sol (Peru) 3,4040 3,4060 1,6638 1,6650
Prime Rate 3,25 3,25 3,25 3,25 3,25 5,50 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 67,0900 67,1000 0,08446 0,08448
Federal Funds 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 2,50 País Spread Variação - em pontos Peso (Chile) 839,0400 839,3400 0,006752 0,006755
Taxa de Desconto 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 3,00 Vencimento em jun/20 6.148,85 1,39 85 6.140,00 6.170,00 6.160,00 Peso (Colômbia) 3958,8500 3962,8500 0,001430 0,001432
Vencimento em jul/20 6.161,48 - 0 0,00 0,00 0,00 06/05 05/05 No dia No mês No ano
T-Bill (1 mês) 0,08 0,10 0,09 0,09 0,08 2,43 Geral 525 528 -3,0 -11,0 227,0 Peso (Cuba) 1,0000 1,0000 5,6670 5,6676
T-Bill (3 meses) 0,13 0,12 0,11 0,11 0,15 2,43 Vencimento em ago/20 6.173,10 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Filipinas) 50,6300 50,6800 0,11180 0,11190
Argentina 3.374 3.455 -81,0 -98,0 1.630,0
T-Bill (6 meses) 0,18 0,14 0,12 0,11 0,16 2,46 Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Brasil 429 423 6,0 7,0 215,0 Peso (México) 24,2800 24,3150 0,2331 0,2334
T-Note (2 anos) 0,18 0,19 0,21 0,20 0,27 2,34 Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Colômbia 368 369 -1,0 -27,0 207,0 Peso (Rep. Dominicana) 54,5300 54,6500 0,10370 0,10390
T-Note (5 anos) 0,37 0,38 0,37 0,37 0,44 2,33 Vencimento em jun/20 79.219 -0,52 152.770 78.135 80.485 78.750 Filipinas 170 175 -5,0 -11,0 101,0 Peso (Uruguai) 42,5400 42,5700 0,13310 0,13320
T-Note (10 anos) 0,70 0,67 0,63 0,64 0,68 2,53 México 396 401 -5,0 -14,0 224,0 Rande (África do Sul) 18,7790 18,7889 0,3016 0,3018
Vencimento em ago/20 79.368 - 0 0 0 0
T-Bond (30 anos) 1,40 1,34 1,25 1,29 1,28 2,92 Peru 181 189 -8,0 -19,0 100,0 Rial (Arábia Saudita) 3,7550 3,7600 1,5072 1,5093
Fontes: EMMI e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa da British Bankers Association com base em informações de 16 bancos ** Taxas da Vencimento em out/20 79.519 - 0 0 0 0 Rússia 251 258 -7,0 -12,0 121,0 Rial (Irã) 42000,0000 42000,0000 0,0001349 0,0001349
BBA e da Federação Bancária da União Europeia Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia 699 681 18,0 22,0 296,0 Ringgit (Malásia) 4,3220 4,3270 1,3097 1,3113
Venezuela 17.543 17.486 57,0 -896,0 3.251,0 Rublo (Rússia) 74,5777 74,6144 0,07595 0,07600
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 76,0800 76,1300 0,07444 0,07450
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia)
Rúpia (Paquistão)
14980,0000
158,4000
15110,0000
159,4000
0,0003750
0,03555
0,0003783
0,03578
Shekel (Israel) 3,5101 3,5121 1,6136 1,6147
Rentabilidade no período em % Em 06/05/20 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1228,4800 1229,0400 0,004611 0,004614
Mês Acumulado Variações % Yuan Renminbi (China) 7,1031 7,1061 0,7975 0,7979
Renda Fixa mai/20* abr/20 mar/20 fev/20 jan/20 dez/19 Ano* 12 meses** Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses
Selic 0,04 0,28 0,34 0,29 0,38 0,37 1,34 5,19 Liquidez Internacional *, em US$ milhões Zloty (Polônia) 4,2144 4,2156 1,3443 1,3448
Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 5,6670 5,6676 2,39 4,43 40,61 43,03 Cotações Em R$(1)
CDI 0,04 0,28 0,34 0,29 0,38 0,37 1,34 5,19 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 5,7024 5,7030 1,96 4,84 42,23 44,11 Fim de período Diário
CDB (1) - 0,37 0,36 0,37 0,36 0,39 1,46 5,11 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Dólar Turismo (R$/US$) 5,7254 5,9054 2,23 4,53 40,98 43,48 set/19 398.628 23/04 361.771
Poupança (2) 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 2,53 6,17 Euro (BC) - (R$/€) 6,1226 6,1255 2,04 3,24 35,21 38,06 Dólar Ouro 1688,72 0,01842 307,6547 307,6873
Poupança (3) 0,22 0,22 0,24 0,26 0,26 0,29 1,20 3,73 out/19 386.259 24/04 361.823
Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 6,1545 6,1551 1,45 3,27 37,03 38,85 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IRF-M 0,23 1,15 -0,11 0,65 0,88 0,62 2,82 11,69 Euro Turismo (R$/€) 6,2216 6,4016 1,78 3,05 36,29 38,19 nov/19 379.686 27/04 361.898 * Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-B -0,02 1,31 -6,97 0,45 0,26 2,01 -5,09 8,94 Euro (BC) - (US$/€) 1,0804 1,0808 -0,34 -1,14 -3,84 -3,47 dez/19 374.626 28/04 360.062 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável jan/20 366.884 29/04 359.716 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ouro*
Ibovespa -1,79 10,25 -29,90 -8,43 -1,63 6,85 -31,63 -16,45 fev/20 372.086 30/04 360.093
Índice Small Cap -4,26 10,19 -35,07 -8,27 0,45 12,65 -36,88 -4,59 B3 (R$/g) ** - 309,000 1,81 4,60 52,48 90,17 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
mar/20 372.086 04/05 359.737 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 -1,87 10,49 -30,37 -8,66 -1,89 6,56 -32,35 -18,39 Nova York (US$/onça troy) - 1.685,50 -1,18 -0,14 11,09 31,59 abr/20 360.093 05/05 359.642 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE -0,48 12,61 -30,51 -5,75 1,01 10,44 -25,86 -1,75 Londres (US$/onça troy) - 05/05 - 1.696,30 -0,43 -1,19 11,38 33,56
IMOB -8,16 7,49 -41,27 -10,58 3,86 17,43 -46,16 -2,07 Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IDIV -2,91 3,76 -25,53 -6,18 -1,58 9,99 -30,73 -7,18 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Última cotação. ** Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IFIX -0,66 4,39 -15,85 -3,69 -3,76 10,63 -19,12 3,79
Dólar Ptax (BC) 4,43 4,39 15,56 5,37 5,92 -4,58 40,61 37,56
Dólar Comercial (mercado)
Euro (BC) (4)
4,84
3,24
4,69
3,61
15,96
15,86
4,57
4,46
6,86
4,44
-5,42
-2,76
42,23
35,21
38,73
34,24
Índices de ações Valor/Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro Comercial (mercado) (4) 3,27 4,02 15,94 4,02 5,77 -3,83 37,03 35,53 Em 12 meses
Ouro B3 4,60 11,94 15,24 5,53 7,08 -2,34 52,48 82,35 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de No fim de Var. no Var. no Var. no País Cidade Índice 06/05/20 05/05/20 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA (5) - -0,17 0,07 0,25 0,21 1,15 0,36 2,54 Índice 06/05 05/05 abr/20 dez/19 dia % mês % ano %
IGP-M - 0,80 1,24 -0,04 0,48 2,09 2,50 6,68 Américas
Fontes: Anbima, BC, B3, FGV, IBGE e Valor PRO . Elaboração: Valor Data. * Rendimento até o dia 06/mai. ** Até abr/20. (1) rendimento bruto Valor/Coppead IP 20 94.138,76 92.366,50 91.616,47 118.658,41 1,92 2,75 -20,66 EUA Nova York Dow Jones 23.664,64 23.883,09 -0,91 -2,80 -17,08 -10,49 18.591,93 29.551,42
do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até 03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de Valor/Coppead MV 67.418,35 67.766,95 68.650,10 86.657,84 -0,51 -1,79 -22,20 EUA Nova York Nasdaq-100 8.984,86 8.930,62 0,61 -0,17 2,88 15,28 6.978,02 9.718,73
04/05/12; Lei nº 2.703/2012. (4) Variação sobre o Real. (5) expectativa de -0,17% para o mês de abril Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 8.854,39 8.809,12 0,51 -0,40 -1,32 9,00 6.860,67 9.817,18
EUA Nova York S&P 500 2.848,42 2.868,44 -0,70 -2,20 -11,83 -2,87 2.237,40 3.386,15
Canadá Toronto SPTSX 14.830,74 14.811,56 0,13 0,34 -13,08 -10,08 11.228,49 17.944,06
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
36.986,20
1.090,43
36.616,06
1.099,28
1,01
-0,81
1,42
-4,52
-15,05
-34,41
-16,16
-29,61
32.964,22
894,03
45.902,68
1.676,49
Venezuela Caracas IBVC 309.885,16 303.715,69 2,03 7,11 243,46 1.948,73 13.397,89 309.885,16
Análise diária da indústria - em 30/04/20 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 3.964,94 3.922,40 1,08 -0,32 -15,09 -22,62 2.876,03 5.192,39
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Data Data Valor Cupom/ Spread Peru Lima S&P/BVL General 14.953,76 14.900,48 0,36 1,18 -27,15 -27,92 13.538,79 20.919,65
líquido em em 12 em 12 de do Prazo US$ Custo Retorno pontos- Argentina Buenos Aires Merval 34.158,89 33.546,52 1,83 4,32 -18,03 3,55 22.087,13 44.355,09
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2020 meses no dia no mês em 2020 meses Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base ** Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 2.039.112,02 -3.869,35 -58.609,63 -120.787,77 -172.892,39 Itaú Unibanco 24/01/20 24/01/25 60 500 3,25 3,25 162,4
RF Indexados (2) 160.312,76 -0,06 0,90 -0,83 8,51 -396,40 -1.499,57 -9.696,85 15.429,26 Euro - Euronext 100 875,01 882,25 -0,82 -2,76 -23,54 -18,16 2.127,88 3.250,22
Bradesco 27/01/20 27/01/23 36 800 2,85 2,85 133,0 Alemanha Frankfurt DAX-30 10.606,20 10.729,46 -1,15 -2,35 -19,95 -13,68 8.441,71 13.789,00
RF Duração Baixa Soberano (2) 411.259,70 0,01 0,21 1,01 4,24 -3.581,50 12.239,87 65.363,60 87.902,75
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 553.018,36 0,02 0,09 0,66 4,34 2.715,55 -46.086,70 -123.077,56 -173.417,11 Bradesco 27/01/20 27/01/25 60 800 3,2 3,2 162,3 França Paris CAC-40 4.433,38 4.483,13 -1,11 -3,04 -25,84 -19,15 3.754,84 6.111,24
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 74.932,11 0,03 0,14 0,47 4,14 -211,43 -6.046,39 -20.474,71 -84.147,61 Eletrobras 04/02/20 04/02/25 60 500 3,625 3,625 221,9 Itália Milão FTSE MIB 17.159,31 17.387,38 -1,31 -3,00 -27,00 -19,85 14.894,44 25.477,55
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 111.559,04 0,09 0,84 -0,45 9,62 -59,30 -312,20 1.759,91 -2.617,28 Eletrobras 04/02/20 04/02/30 120 750 4,625 4,625 303,7 Bélgica Bruxelas BEL-20 2.998,46 3.006,29 -0,26 -3,25 -24,20 -18,56 2.528,77 4.198,31
RF Duração Livre Soberano (2) 125.514,52 -0,01 0,56 0,87 6,95 -773,07 1.499,74 369,29 -9.500,81 Rede D’Or 10/02/20 22/01/30 119 350 4,400 4,400 282,8 Dinamarca Copenhague OMX 20 1.158,72 1.152,46 0,54 -0,72 2,02 16,39 939,77 1.265,84
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 416.781,48 0,02 0,30 1,09 6,09 -1.487,04 -12.006,90 -23.404,28 -23.929,30 Itaú Unibanco (1) 27/02/20 - - 700 4,625 4,625 - Espanha Madri IBEX-35 6.671,70 6.747,70 -1,13 -3,62 -30,13 -28,50 6.107,20 10.083,60
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 100.461,90 -0,02 0,10 -1,02 4,66 -317,53 -7.695,80 -14.343,59 2.830,71 Grécia Atenas ASE General 600,67 610,39 -1,59 -4,39 -34,47 -20,36 484,40 948,64
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data
Ações 391.530,67 45,42 -637,88 44.342,97 113.938,45 Holanda Amsterdã AEX 505,55 509,83 -0,84 -1,44 -16,38 -10,32 404,10 629,23
* Atualizada em 06/05/20
Ações Indexados (2) 12.413,09 -3,24 10,39 -30,57 -16,17 -149,10 -913,21 1.127,76 4.605,13 Hungria Budapeste BUX 34.557,17 34.604,44 -0,14 -1,77 -25,01 -16,82 29.464,28 46.230,22
** Sobre o título do Tesouro americano de mesmo prazo. (1) perpétuo
Ações Índice Ativo (2) 38.920,62 -3,38 11,07 -31,89 -12,67 62,63 -137,38 5.421,22 9.478,84 Polônia Varsóvia WIG 44.312,99 45.018,81 -1,57 -3,91 -23,38 -25,01 37.164,02 60.929,94
Ações Livre 162.857,89 -2,64 12,00 -25,73 -4,51 111,07 295,24 26.336,13 62.574,28 Portugal Lisboa PSI-20 4.185,10 4.222,02 -0,87 -2,31 -19,74 -21,06 3.596,08 5.435,85
Fechados de Ações 55.114,08 -3,34 3,57 -30,91 -27,14 0,00 -21,84 -2.259,51 -2.060,83 Rússia Moscou RTS* 1.111,43 1.133,16 -1,92 -1,21 -28,24 -10,77 832,26 1.646,60
Multimercados 1.189.598,60 617,96 -13.405,03 9.015,43 64.291,05 Bônus corporativo Suécia Estocolmo OMX 1.521,40 1.538,18 -1,09 -3,58 -14,13 -7,75 1.292,27 1.900,28
Multimercados Macro 168.781,75 -0,18 2,75 -2,33 5,25 -54,41 -5.995,88 -8.571,43 -6.132,94 Suíça Zurique SMI 9.571,70 9.512,17 0,63 -0,60 -9,85 -0,89 8.160,79 11.263,01
Multimercados Livre 442.002,30 -0,15 2,09 -2,12 6,36 -65,51 -6.494,22 11.886,35 36.516,73 Cotação de títulos selecionados em 06/05/20 Turquia Istambul BIST 100 98.571,46 98.737,52 -0,17 -2,51 -13,85 6,01 83.675,33 123.556,10
Multimercados Juros e Moedas 40.432,46 0,05 0,18 -1,15 3,69 -128,85 -1.666,20 -4.928,49 -6.447,33 Israel Tel Aviv TA-125 1.394,65 1.393,14 0,11 -0,89 -13,73 -3,73 1.105,95 1.684,12
Multimercados Invest. no Exterior (2) 459.830,85 -0,17 0,03 1,22 11,05 1.032,61 2.161,82 11.393,73 35.701,20 Cupom Yield Spread** África do Sul Joanesburgo All Share 49.831,99 49.184,16 1,32 -1,00 -12,70 -15,13 37.963,01 59.001,87
Cambial 6.821,79 1,40 4,93 35,50 41,14 23,50 338,46 1.373,22 877,67 Emissor Resgate Preço* % ano % ano 06/05/20 dez/19 Há 12 meses
Ásia e Pacífico
Previdência 919.967,85 -105,01 -2.752,37 325,73 32.211,65 Aegea 10/10/24 95,000 5,75 7,085 - 223,0 -
Japão Tóquio Nikkei-225 Feriado Feriado - -2,84 -17,07 -11,86 16.552,83 24.083,51
ETF 26.403,34 -248,17 -2.775,52 6.480,23 15.003,16 Banco do Brasil 15/04/49 82,089 6,250 - - - - Austrália Sidney All Ordinaries 5.464,80 5.478,10 -0,24 -2,37 -19,66 -14,21 4.564,10 7.255,20
Demais Tipos 1.206.016,23 -8,70 -2.725,32 15.994,81 90.763,06 Banco do Brasil 20/10/49 100,875 8,500 6,482 507,0 46,0 158,0 China Shenzhen SZSE Composite 1.790,28 Feriado 1,53 1,53 3,91 18,11 1.463,70 1.943,17
Total Fundos de Investimentos 4.573.434,27 -3.535,65 -77.841,98 -59.250,19 53.429,58 Bradesco 01/03/22 102,900 5,750 4,071 389,0 138,0 171,0 China Xangai SSE Composite 2.878,14 Feriado 0,63 0,63 -5,64 -0,97 2.660,17 3.115,57
Total Fundos Estruturados (3) 610.245,77 -5.068,73 -13.258,23 -10.392,89 46.251,06 BRF 24/01/30 88,400 4,875 6,504 579,0 249,0 -
Total Fundos Off Shore (4) 48.914,48 - - - - Coréia do Sul Seul KOSPI 1.928,76 Feriado 1,76 -0,97 -12,24 -12,18 1.457,64 2.267,25
Itaú 13/05/23 102,520 5,125 4,225 398,0 138,0 171,0 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 24.137,48 23.868,66 1,13 -2,05 -14,37 -17,37 21.696,13 29.363,02
Total Geral 5.232.594,53 -8.604,38 -91.100,21 -69.643,08 99.680,64 Petrobras 27/01/21 101,627 5,375 3,064 - - 107,0
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em Índia Bombaim S&P BSE Sensex 31.685,75 31.453,51 0,74 -6,03 -23,29 -17,91 25.981,24 41.952,63
Petrobras 20/05/23 97,750 4,375 5,186 494,0 156,0 184,0 Indonésia Jacarta JCI 4.608,79 4.630,13 -0,46 -2,28 -26,84 -26,33 3.937,63 6.456,54
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de março de 2020 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos regidos Petrobras 20/05/43 86,750 5,625 6,768 534,0 266,0 356,0 Tailândia Bangcoc SET Feriado 1.278,63 - -1,77 -19,07 -23,85 1.024,46 1.740,91
pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da representatividade Vale 11/09/42 104,625 5,625 5,270 386,0 192,0 261,0 Taiwan Taipé TAIEX 10.774,98 10.774,61 0,00 -1,98 -10,19 -1,12 8.681,34 12.179,81
da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não informaram o PL Fontes: MarketAxess e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Preço de compra, em centavos de dólar. ** Em pontos-base sobre o título do Tesouro Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Istambul, Lima e Madrid. Elaboração: Valor Data
na data de emissão do relatório dos EUA. Cotações às 16h30 * Índice expresso em dólares
Jornal Valor --- Página 5 da edição "07/05/2020 1a CAD C" ---- Impressa por ivsilva às 06/05/2020@20:55:42

Quinta-feira, 7 de maio de 2020 | Valor | C5

Autopass S.A. – CNPJ/MF nº 07.140.538/0001-40 – NIRE 35.300.319.826
PREFEITURA MUNICIPAL DE DRACENA Carta de Renúncia
Eu, Rubens Fernandes Gil Filho, portador do RG nº 25.667.562-4 e do CPF/ME nº 173.033.478-44, diretor da Companhia
desde 26 de setembro de 2013, com mandato válido e última eleição realizada em Assembleia Geral Extraordinária de
PREGÃO PRESENCIAL Nº 031/2020 31 de agosto de 2018, por meio da presente correspondência, venho, perante à Companhia e Diretoria, apresentar minha
renúncia como Diretor, em caráter irrevogável e irretratável, por questões de cunho particular, deixando o respectivo
PROC. 082/2020 – AVISO DE LICITAÇÃO – Edital Retificado cargo à disposição a partir desta data. Aproveito para exprimir meus agradecimentos e cumprimentos à Companhia, seus
Encontra-se disponível o Edital Retificado do Pregão Presencial acionistas e Diretoria. São Paulo/SP, 17/04/2020. Assinatura: Rubens Fernandes Gil Filho.
n.º 031/2020, cujo objeto é: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ES-
PECIALIZADA PARA GESTÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS PARA
O PAM – PRONTO ATENDIMENTO MUNICIPAL DE DRACENA,
COM REGIME DE ESCALA DE PLANTÃO PARA ATENDIMEN-
TO A URGÊNCIA E EMERGÊNCIA, CONFORME ANEXO I –
TERMO DE REFERÊNCIA. Data da sessão: 20/05/2020; horá-
rio: 09h; Local: Sala de Licitações. Edital na íntegra: http://www. AVISO DE LICITAÇÃO - PREGÃO ELETRÔNICO No 20190208
dracena.sp.gov.br. Dracena, 06 de Maio de 2.020.
A Secretaria da Casa Civil torna público o Pregão Eletrônico No 20190208 de interesse da
Companhia de Água e Esgoto do Ceará – CAGECE, cujo OBJETO é: Contratação de empresa na
prestação de serviços de mão de obra terceirizada, cujos empregados sejam regidos pela
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), para Execução de Serviços Sistemáticos e Continuados,
de Apoio Administrativo, Combate à Fraude, Manutenção e Operação dos Sistemas de
Abastecimento de Água e Coleta de Esgoto na Unidade de Negócio Bacia do Banabuiú – UNBBA,
conforme especificações contidas no Edital e seus Anexos. RECEBIMENTO DAS PROPOSTAS
VIRTUAIS: No endereço www.comprasnet.gov.br, através do No 4852020, até o dia
20/05/2020, às 14h30min (Horário de Brasília–DF). OBTENÇÃO DO EDITAL: No endereço
eletrônico acima ou no site www.seplag.ce.gov.br. Procuradoria Geral do Estado, em Fortaleza, 28
de Abril de 2020 . ALEXANDRE FONTENELE BIZERRIL - PREGOEIRO.
General Shopping e Outlets
do Brasil S.A.
Companhia Aberta – CNPJ nº 08.764.621/0001-53 – NIRE 35.300.340.833
Ata da Reunião do Conselho de Administração realizada em 27 de março de 2020
1. Data, Hora e Local: Realizada no dia 27 de março de 2020, às 09:00 horas, na sede social da General Shopping
e Outlets do Brasil S.A., localizada na Avenida Angélica, 2.466, 24º andar, conjunto 241, Cerqueira César,
CEP 01228-200, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo (“Companhia”). 2. Convocação e Presença:
Convocação enviada aos membros do Conselho de Administração nos termos do Artigo 15 do Estatuto Social
da Companhia, estando presentes a totalidade dos membros do Conselho de Administração da Companhia. Fica
consignada a participação de Conselheiros via conferência telefônica, conforme facultado no artigo 18, caput,
do Estatuto Social. 3. Mesa: Assumiu a presidência dos trabalhos o Sr. Alessandro Poli Veronezi, que convidou
o Sr. Antonio Dias Neto para secretariá-lo. 4. Ordem do Dia: Deliberar sobre (i) a apreciação das contas dos
administradores, exame, discussão e votação das Demonstrações Financeiras, do Relatório da Administração
e do Relatório dos Auditores Independentes, referentes ao exercício social findo em 31 de dezembro de 2019;
(ii) a proposta de destinação do resultado do exercício social findo em 31 de dezembro de 2019; (iii) a proposta
de fixação da remuneração global anual dos administradores da Companhia para o exercício de 2020; (iv) a
publicação dos documentos mencionados no item “(i)” acima; e (v) a aprovação da convocação dos acionistas
para se reunirem em Assembleia Geral Ordinária da Companhia. 5. Deliberações: Iniciados os trabalhos e após
a leitura dos documentos mencionados na ordem do dia, os conselheiros presentes, por unanimidade de votos e
sem quaisquer ressalvas ou restrições, deliberaram o que segue: 5.1. Aprovar, considerando, inclusive, o parecer
favorável do Conselho Fiscal, o Relatório da Administração e as Demonstrações Financeiras da Companhia,
bem como o Relatório dos Auditores Independentes, referentes ao exercício social findo em 31 de dezembro de
2019, os quais serão divulgados na forma e no prazo previstos na legislação aplicável, bem como submetidos à
apreciação dos acionistas na Assembleia Geral Ordinária da Companhia; 5.2. Aprovar a proposta de destinação do
prejuízo apurado no exercício social findo em 31 de dezembro de 2019, no valor de R$ 34.311.908,58 (trinta e quatro
milhões, trezentos e onze mil, novecentos e oito reais e cinquenta e oito centavos), à conta de prejuízos acumulados;
5.3. Aprovar a proposta de remuneração global anual da administração da Companhia para o exercício social de
2020 de até R$ 13.330.000,00 (treze milhões, trezentos e trinta mil reais); 5.4. Aprovar a publicação dos documentos
mencionados no item 5.1 acima; 5.5. Aprovar a convocação da Assembleia Geral Ordinária da Companhia, a ser
realizada em 30 de abril de 2020, às 08:00 horas, na sede social da Companhia, para examinar, discutir e deliberar
a respeito das matérias constantes nos itens 5.1 a 5.3 acima, nos termos do Edital de Convocação a ser publicado
no jornal Valor Econômico e no Diário Oficial do Estado de São Paulo e da Proposta da Administração a ser
disponibilizada oportunamente nos websites da Companhia, da Comissão de Valores Mobiliários (www.cvm.gov.br)
e da B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão (www.b3.com.br); e 5.6. Autorizar a Diretoria da Companhia a tomar todas
as demais providências necessárias para a implementação das deliberações constantes dos itens acima.
6. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião, da qual se lavrou a presente ata, que
lida e achada conforme, foi assinada pelos Conselheiros presentes. Mesa: Alessandro Poli Veronezi - Presidente;
Antonio Dias Neto - Secretário. Conselheiros Presentes: Alessandro Poli Veronezi, Alexandre Lopes Dias,
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, Antonio Dias Neto, Ricardo Castro da Silva, Luiz Augusto de Carvalho Certain,
Edgard Antonio Pereira e Augusto Marques da Cruz Filho. Confere com a original lavrada em livro próprio.
São Paulo, 27 de março de 2020.Mesa:Alessandro PoliVeronezi - Presidente;Antonio Dias Neto - Secretário.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇOIABA DA SERRA
PROCESSO ADMINISTRATIVO nº 107/2020. PREGÃO (PRESENCIAL) n° 059/2020. OBJETO:
Contratação de empresa especializada em Laboratório de Analises Clinica para prestação de serviço de
coleta e analises laboratoriais para Ambulatórios, Estratégias de Saúde da Família e no Pronto Atendimento
do Município, conforme Termo de Referência contido no Anexo I. DATA DA REALIZAÇÃO: 19/05/2020.
HORÁRIO DE INÍCIO DA SESSÃO: 09:00 hrs. LOCAL DA REALIZAÇÃO DA SESSÃO: Sala de Reu-
nião– Avenida Luane Milanda de Oliveira, nº 600– Jardim Nossa Senhora da Salete – Araçoiaba da Serra/
SP. O Edital em sua integra consta no site www.aracoiaba.sp.gov.br. Araçoiaba da Serra, 06 de abril de 2020.
Dirlei Salas Ortega – Prefeito Municipal
TRUE SECURITIZADORA S.A.
CNPJ/ME nº 12.130.744/0001-00 - NIRE 35.300.444.957
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DOS TITULARES DE CERTIFICADOS
DE RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS DA 170ª E 171ª SÉRIES DA 1ª EMISSÃO DA TRUE SECURITIZADORA S.A.
Ficam convocados os senhores Titulares de Certificados de Recebíveis Imobiliários (“CRI”) das 170ª e 171ª Série da 1ª
Emissão da True Securitizadora S.A. (“Emissora” e “Emissão”, respectivamente), em atenção à Cláusula 14.3.1, do Termo de
Securitização de Créditos Imobiliários dos CRI da Emissão (“Termo de Securitização”), a se reunirem em Assembleia Geral
Extraordinária de Titulares dos CRI (“AGT”), a ser realizada, em primeira convocação, em 27 de maio de 2020, às 11h00min,
de forma digital (conforme instruções abaixo), para deliberação sobre a seguinte Ordem do Dia: (i) aprovar ou não a alteração
da Cláusula 9.2.3, da Escritura de Emissão de Debêntures, para que as demonstrações financeiras consolidadas ou
informações trimestrais auditadas ou revisadas, conforme aplicável, da Devedora e das sociedades de propósito específico
controladas pela Devedora (“SPEs”), possam ser auditadas ou revisadas, conforme aplicável, pela Grant Thornton Auditores
Independentes e/ou BDO RCS Auditores Independentes, além das demais empresas de auditoria de primeira linha
constantes na referida cláusula; e (ii) caso aprovado o item ‘i’ acima, autorizar que a Devedora, a Emissora e o Agente
Fiduciário, às exclusivas expensas da Devedora, formalizem todos e quaisquer aditamentos necessários aos Documentos da
Operação, de modo a refletir o disposto nos itens acima. Informações Gerais: Considerando a situação de calamidade
pública causada pela pandemia do COVID-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (“OMS”) em 11 de março de
2020, e em atenção ao Decreto nº 64.881, de 22 de março de 2020, do Governo do Estado de São Paulo, ao Ofício-Circular
n° 06/2020/CVM/SIN, de 26 de março de 2020, e à Instrução CVM nº 622, de 17 de abril de 2020, com o objetivo de preservar
a saúde dos Titulares dos CRI e demais participantes, a assembleia será realizada de forma digital, por videoconferência
coordenada pela Emissora, cujo endereço eletrônico de acesso segue adiante: https://us04web.zoom.us/j/2217888546,
sendo certo que somente poderão exercer o direito de voto aqueles que encaminharem previamente à Emissora e à VÓRTX
DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS S.A., inscrita no CNPJ/ME sob o nº 22.610.500/0001-88 (“Agente
Fiduciário”), cópia digital dos documentos comprobatórios de sua representação e a indicação da quantidade de CRI de sua
titularidade, para os e-mails juridico@truesecuritizadora.com.br e agentefiduciario@vortx.com.br, respectivamente, em no
mínimo 02 (dois) dias úteis de antecedência em relação à data de realização da AGT. São Paulo, 07 de maio de 2020.
TRUE SECURITIZADORA S.A.
Autopass S.A. – CNPJ/MF nº 07.140.538/0001-40 – NIRE 35.300.319.826
Carta de Renúncia
Eu, Edison Fujiura, portador do RG nº 21.841.984-3 SSP/SP e do CPF/MF nº 151.966.198-36, diretor desta Companhia
desde 15/10/2015, com mandato válido e última eleição realizada em AGE de 29/03/2018, por meio da presente cor-
respondência, venho, perante à Companhia e Diretoria, apresentar minha renúncia como Diretor, em caráter irrevogável
e irretratável, por questões de cunho particular, deixando o respectivo cargo à disposição a partir desta data. Aproveito
para exprimir meus agradecimentos e cumprimentos à Companhia, seus acionistas e Diretoria. São Paulo/SP, 27/03/2020.
Assinatura: Edison Fujiura.
PREFEITURA MUNICIPAL DE PAULÍNIA
Departamento Executivo de Licitações
EDITAL DE PUBLICAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 52/2020
OBJETO: REGISTRO DE PREÇOS PARA AQUISIÇÃO DE CURATIVOS ESPECIAS PARA
TRATAMENTO DE LESÕES DE PELE
DATA E HORA LIMITE PARA CREDENCIAMENTO NO SITIO DA CAIXA ATÉ: 20/05/2020 ÀS 08h30
DATA E HORA LIMITE PARA RECEBIMENTO DAS PROPOSTAS ATÉ: 20/05/2020 ÀS 09h
INÍCIO DA DISPUTA DA ETAPA DE LANCES: 20/05/2020 ÀS 10h30
Obtenção do Edital: gratuito através do sítio www.paulinia.sp.gov.br/editais ou
www.licitacoes.caixa.gov.br.
Paulínia, 06 de maio de 2020.
EDNILSON CAZELLATO
PREFEITO MUNICIPAL
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇOIABA DA SERRA
TERMO DE RETIFICAÇÃO E ADITAMENTO. Pregão Presencial nº 029/2020. Processo Adminis-
trativo n.º 044/2020. OBJETO: REGISTRO DE PREÇOS PARA: Futura e Eventual Aquisição de Concre-
to para execução de reformas, pequenos reparos em prédios, vias e próprios municipais, com, quantitativos
máximos e condições mínimas contidas no Termo de Referência no Anexo I. Diante do pedido de esclare-
cimento da empresa CONCREBASE, e acolhendo o parecer da Secretaria de Obras, fica RETIFICADO o
seguinte: O Termo de Retificação encontra-se no site www.aracoiaba.sp.gov.br. Atendendo ao disposto no
artigo 21 inciso 4º da Lei Federal 8.666/93, fica reabertos os prazos do edital. DATA DA REALIZAÇÃO:
19/05/2020. HORÁRIO DE INÍCIO DA SESSÃO: 14:30 hrs. LOCAL DA REALIZAÇÃO DA SESSÃO:
Sala de Reunião – Localizada à Avenida Luane Milanda de Oliveira, nº 600, Bairro Jardim Salete, Cidade
de Araçoiaba da Serra/SP - telefone (15) 3281-7000 – sead@aracoiaba.sp.gov.br. Permanecem ratificadas
os demais itens do edital; Publique-se e comuniquem-se os interessados. Araçoiaba da Serra, 06 de maio de
2020. Dirlei Salas Ortega - Prefeito Municipal
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇOIABA DA SERRA
PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 075/2020 - TOMADA DE PREÇOS Nº 010/2020. DESTINADA
A CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ESPECIALIZADA COM RESPONSÁVEL TÉCNICO DEVIDA-
MENTE HABILITADO PARA EXECUÇÃO DE OBRA DE RECAPEAMENTO ASFÁLTICO E SINA-
LIZAÇÃO VIÁRIA DA RUA SEVERINO CARNEIRO DE CAMPOS, RUA SEIHITI SHIMATA E RUA
JOSÉ GABRIEL RACHID PIRES, LOCALIZADAS NO BAIRRO MONTE LIBANO, NO MUNICÍPIO
DE ARAÇOIABA DA SERRA/SP, CONFORME OS ANEXOS. Os envelopes “HABILITAÇÃO e PRO-
POSTA” deverão ser entregues no setor de protocolo da Prefeitura, até as 14:00 do dia 22/05/2020 sendo
que a abertura do Envelope “Habilitação” ocorrerá no mesmo dia às 14:30 horas. O edital em sua integra
consta no site www.aracoiaba.sp.gov.br. Araçoiaba da Serra, 06 de maio de 2020. Dirlei Salas Ortega –
Prefeito Municipal
MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. CNPJ/ME nº 07.816.890/0001-53 - NIRE
33.3.0027840-1. Companhia Aberta. Ata da Reunião do Conselho de Administração realizada
em 28 de março de 2020. 1. Data, hora e local: No 28º dia de março de 2020, às 16:00, na sede da
Multiplan Empreendimentos Imobiliários S.A. (“Companhia”), na Cidade e Estado do Rio de Janeiro,
na Avenida das Américas nº 4.200, bloco 2, sala 501, Barra da Tijuca. 2. Convocação e Presença:
A convocação foi realizada nos termos do Estatuto Social da Companhia, tendo sido verificada a
presença da maioria dos membros do Conselho de Administração. Ausente justificadamente,
o conselheiro Sr. José Carlos de A. S. Barata. 3. Mesa: Presidente: Sr. José Paulo Ferraz do
Amaral; Secretário: Sr. Marcelo Vianna Soares Pinho. 4. Ordem do dia: Discutir e deliberar sobre os
seguintes assuntos: (i) proposta de remuneração global anual dos administradores da Companhia
para o exercício de 2020, a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária da Companhia;
(ii) proposta de ratificação da remuneração global anual dos administradores da Companhia referente
ao exercício de 2019, a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária da Companhia;
(iii) proposta de postergação, para até 31 de dezembro de 2020, do pagamento dos juros sobre o
capital próprio declarados em 2019 e ainda não pagos, tendo em vista a modificação substancial
do cenário econômico-financeiro desde a data de sua declaração, a ser submetida à aprovação
da Assembleia Geral Extraordinária da Companhia; e (iv) convocação das Assembleias Gerais
Ordinária e Extraordinária da Companhia. 5. Deliberações: Os Srs. Conselheiros deliberaram, por
unanimidade e sem quaisquer reservas, os seguintes assuntos: 5.1. Aprovar a proposta de fixação
da remuneração global anual dos administradores da Companhia para o exercício social de 2020
no montante de R$ 40.000.000,00, conforme apresentada pela Administração da Companhia ao
Colegiado, a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária da Companhia. Os valores
ora aprovados são líquidos de encargos sociais que sejam ônus do empregador. 5.2. Aprovar a
proposta de ratificação da remuneração global anual dos administradores da Companhia referente
ao exercício social de 2019 no montante de R$ 51.263.183,99, conforme apresentada pela
Administração da Companhia ao Colegiado, a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral
Ordinária da Companhia. Os valores ora aprovados são líquidos de encargos sociais que sejam ônus
do empregador. 5.3. Aprovar postergação, até 31 de dezembro de 2020, do pagamento dos juros
sobre o capital próprio declarados no exercício de 2019 e ainda não pagos, no montante bruto total
de R$ 170.000.000,00, tendo em vista a modificação substancial do cenário econômico-financeiro
decorrente da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), conforme proposta apresentada pela
Administração da Companhia ao Colegiado, a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral
Extraordinária da Companhia. 5.3.1. O Conselho Fiscal da Companhia manifestou parecer
favorável à proposta de postergação do pagamento de juros sobre capital próprio ora deliberada.
5.4. Nos termos dos Artigos 124 e 132 da Lei 6.404/76 e do Artigo 22, alínea “e” do Estatuto Social da
Companhia, aprovar a convocação das Assembleias Gerais Ordinária e Extraordinária, previstas para
serem realizadas, cumulativamente, no dia 30 de abril de 2020, às 15:00, na sede da Companhia.
5.5. Autorizar a Diretoria da Companhia a praticar todos os atos necessários à implementação das
deliberações ora aprovadas. 6. Encerramento, Lavratura e Aprovação da Ata: Nada mais havendo
a ser tratado, foi a presente ata aprovada nos termos dos artigos 17, §2º e 19 do Estatuto Social da
Companhia e devidamente assinada pelos presentes. Os membros do Conselho de Administração
manifestaram seus votos por escrito. Rio de Janeiro, 28 de março de 2020. Marcelo Vianna Soares
Pinho - Secretário. JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Nome: MULTIPLAN
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. Certifico que o presente foi arquivado sob o nº 3871044
e data de 04/05/2020. Bernardo F. S. Berwanger - Secretário Geral.

PADTEC S/A
NIRE 35.300.191.927 - CNPJ/MF nº 03.549.807/0001-76
Extrato Ata da Assembleia Geral Ordinária
No dia 30/04/2020, às 10 horas, na sede da Companhia. Convocação: Publicados nas edições 14, 15 e
16/04/2020 do DOESP e Valor Econômico. Presença: Acionistas titulares de 99,86% das ações. Mesa: Pre-
sidente: Sr. Sebastião Sahão Junior; Secretária: Sra. Patricia Sayuri Iqueda. Deliberações: Aprovadas: 1. As
Demonstrações Financeiras exercício findo em 31/12/2019, publicados no DOEP e no Valor Econômico
em 11/03/2020. 2. A destinação dos resultados findo em 31/12/2019: (a) ausência de pagamento de divi-
dendos, em virtude dos prejuízos acumulados dos exercícios anteriores; e (b) absorção do lucro auferido de
R$ 9.500.184,91 pelo saldo de prejuízos acumulados dos exercícios anteriores (que passa a ser de R$
123.434.557,46). 3. Remuneração anual global para a Diretoria Estatutária, Conselho de Administração e para a
Diretoria Estatutária, para o exercício/2020. 4. Eleitos, pelos votos dos acionistas Fundação CPqD e Ideiasnet, com
abstenção do acionista BNDESPAR, como membros do Conselho de Administração, para um mandato até a AGO
que deliberar sobre exercício social em 31/12/2020: (a) Sr. Sebastião Sahão Júnior, CPF 077.908.148-00; (b) Sr. Al-
berto Paradisi, CPF 212.469.758-74; (c) Sr. Paulo José Pereira Curado, CPF 025.883.418-88; (d) Sr. Carlos Eduardo
Reis da Matta, CPF 758.356.307-00; e (e) Sr. Sami Amine Haddad, CPF 024.817.717-61. Eleitos, por unanimidade
de votos dos presentes, como membros do Conselho de Administração, para mandato até a AGO que deliberar
sobre exercício social a encerrar-se em 31/12/2020; (f) o Sr. Carlos Seara da Costa Pinto, CPF 702.699.397-68; e (g)
como Conselheiro Independente, o Sr. Carlos Raimar Schoeninger, CPF 556.488.439-68. 5. Reeleitos, pelos votos
dos acionistas Fundação CPqD e Ideiasnet, com abstenção do acionista BNDESPAR, como membros do Conselho
Fiscal, para mandato até a AGO que deliberar sobre exercício social a encerrar-se em 31/12/2020: (a) Sr. Antonio
Carlos de Azevedo Lobão, CPF 066.363.798-80; (b) Sr. Eduardo da Gama Godoy, CPF 395.416.650-04, (c) como
membro suplente indicado pela Fundação CPQD - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunica-
ções, o Sr. Marcos Francisco Crupe, CPF 042.271.788-60; e (d) como membro suplente indicado pela Ideiasnet,
o Sr. Vanderlei Dominguez da Rosa, CPF 422.881.180-91. Reeleito, por unanimidade de votos dos presentes,
como membro do Conselho Fiscal para mandato até a AGO que deliberar sobre exercício social a encerrar-se
em 31/12/2020 (e) o Sr. Jaime Leonardo de Souza, CPF 093.350.608-28. Aprovam, para os membros titulares
do Conselho Fiscal uma remuneração anual global para o exercício/2020. Encerramento: Nada mais. Acionistas:
Grupo A: p/p CPqD - Centro de Pesquisa e Desenvovimento em Telecomunicações - Sebastião Sahão Junior; p/p
Ideiasnet S.A.- Alexandre Gunther Steinhauser e Sami Amine Haddad; e p/p BNDESPAR- Nelson Granthon Barata.

Compar Participações S.A. NATURA &CO HOLDING S.A.

CNPJ/MF nº 05.935.402/0001-00 Companhia Aberta
Relatório da Diretoria CNPJ/ME 32.785.497/0001-97 - NIRE 35.3.0053158-2
Senhores Acionistas: Em cumprimento às disposições legais e estatutárias, submetemos à apreciação de Vossas Senhorias as Demonstrações Financeiras, relativas ao exercício
findo em 31/12/2019. Colocamo-nos à vossa disposição para quaisquer esclarecimentos porventura necessários. AVISO AOS ACIONISTAS
Balanços patrimoniais (Em MR$) Demonstrações das Atribuível aos acionistas da controladora Participação Total do COMUNICADO SOBRE AUMENTO DE CAPITAL DECORRENTE
Controladora Consolidado mutações do Capital Reserva de Reserva Retenção Lucros dos não patrimônio DE EXERCÍCIO DE PLANO DE OPÇÃO DE COMPRA DE AÇÕES
Ativo 2019 2018 2019 2018 patrimônio líquido (Em MR$) social capital (ágio) legal de lucros acumulados Total controladores líquido DE EMISSÃO DA NATURA &CO HOLDING S.A.
Circulante 3.765 7.658 190.411 194.980 Em 31 de dezembro de 2017 60.000 (27.383) 3.214 143.129 - 178.960 163.416 342.376
Lucro líquido do exercício - - - - 23.040 23.040 21.240 44.280 A Natura &Co Holding S.A. (“Companhia”), para os fins do artigo 5º, do Anexo 30-XXXII da ICVM 480,
Caixa e equivalentes Complemento de reserva legal - - 1.152 - (1.152) - - - de 7 de dezembro de 2009, vem prestar as informações em relação ao aumento de capital aprovado pelo
de caixa 99 94 112.255 155.374 Dividendos intermediários pagos - - - (34.061) - (34.061) (33.430) (67.491)
Aplicações financeiras - - 16.240 - Dividendos mínimos obrigatórios pagos - Conselho de Administração da Companhia, em reunião realizada 5 de maio de 2020, conforme segue: I.
- - - (5.472) (5.472) (5.038) (10.510)
Contas a receber Transferência para reserva DATA DA ASSEMBLEIA GERAL DE ACIONISTAS EM QUE O PLANO DE OPÇÃO FOI
de clientes - - 28.865 32.315 de retenção de lucros - - - 16.416 (16.416) - - - APROVADO: Os acionistas da Companhia aprovaram, em assembleia geral extraordinária, realizada
Partes relacionadas - - 31.068 120 Em 31 de dezembro de 2018 60.000 (27.383) 4.366 125.483 - 162.467 146.188 308.655 em 13 de dezembro de 2019, o Programa de Coinvestimento, em substituição ao programa originalmente
Tributos a recuperar 41 39 63 3.405 Lucro líquido do exercício - - - - 15.250 15.250 14.068 29.318 aprovado na assembleia geral extraordinária da Natura Cosméticos realizada em 12 de abril de 2019; e o
Dividendos a receber 3.625 5.465 - - Complemento de reserva legal - - 763 - (763) - - - Programa de Incentivo de Longo Prazo, em substituição ao programa originalmente aprovado na assembleia
Outros ativos - - 1.920 1.706 Dividendos intermediários pagos - - - (21.729) - (21.729) (18.154) (39.883)
geral extraordinária da Natura Cosméticos realizada em 12 de abril de 2019. O Conselho de Administração
Dividendosmínimosobrigatóriospropostos - - - - (3.622) (3.622) (3.341) (6.963)
Dividendos antecipados - 2.060 - 2.060 Transferência para reserva aprovou em 27 de março de 2020, o Plano de Coinvestimento 2020 - Outorga Líquida (“Plano 2020”).
Não circulante 152.224 160.281 148.896 158.020 de retenção de lucros - - - 10.865 (10.865) - - - II. VALOR DO AUMENTO DE CAPITAL E DO NOVO CAPITAL SOCIAL: O capital
Partes relacionadas - - 12.521 30.111 Em 31 de dezembro de 2019 60.000 (27.383) 5.129 114.620 - 152.366 138.761 291.127 social da Companhia, atualmente equivalente a R$4.905.118.332,99 (quatro bilhões, novecentos e cinco
I.R. e C.S. diferidos - - 3.883 - Demonstrações do Controladora Consolidado Aumento (redução) dos ativos operacionais milhões, cento e dezoito mil, trezentos e trinta e dois reais e noventa e nove centavos)), foi aumentado em
Investimentos resultado (Em MR$) 2019 2018 2019 2018 Contas a receber de clientes - - 1.631 (275) R$15.565.895,00 (quinze milhões, quinhentos e sessenta e cinco mil, oitocentos e noventa e cinco reais)
em controladas 152.224 160.281 58 56 Receitas - - 238.189 239.887 Aplicações financeiras - - (16.178) - entre 1º de abril de 2020 a 04 de maio de 2020. Dessa forma, o novo capital social da Companhia passará
Imobilizado - - 77.234 83.615 Custodosserviçosprestados - - (149.384) (139.385) Sociedades congêneres - - 1.819 1.274
a ser de R$4.920.684.228,99 (quatro bilhões, novecentos e vinte milhões, seiscentos e oitenta e quatro mil,
Bens de direito de uso - - 10.706 - Lucro bruto - - 88.805 100.502 Tributos a recuperar (2) (7) 3.338 2.314
Intangível - - 44.494 44.238 Despesasgeraiseadministrativas - - (63.850) (60.041) Partes relacionadas - - (289) (42) duzentos e vinte e oito reais e noventa e nove centavos). III. QUANTIDADE DE AÇÕES EMITIDAS
Total do ativo 155.989 167.939 339.307 353.000 Participação nos lucros de Outros ativos - - (213) 185 DE CADA ESPÉCIE E CLASSE: Foram emitidas 536.755 (quinhentas e trinta e seis mil, setecentas
Controladora Consolidado controladas 15.261 22.981 - - Aumento (redução) dos passivos operacionais e cinquenta e cinco mil) novas ações ordinárias nominativas, sem valor nominal, as quais participarão em
Outras receitas (despesas) Fornecedores - - (717) 956 igualdade de condições de todos os benefícios, inclusive dividendos e eventuais remunerações de capital
Passivo e patrimônio líquido 2019 2018 2019 2018 líquidas (18) (22) 1.917 (2.219) Salários, férias e encargos sociais - - (730) 673
Circulante 3.623 5.472 36.440 41.460 Lucro operacional 15.243 22.959 26.872 38.242 Tributos a recolher - (1) 258 234 que vierem a ser distribuídos pela Companhia. IV. PREÇO DE EMISSÃO DAS NOVAS AÇÕES:
Fornecedores - - 3.432 4.149 Receitas financeiras 8 97 9.983 11.207 Provisão para remuneração variável - - (1.392) (318) As novas ações ordinárias foram emitidas no âmbito do Plano 2020 pelo preço de emissão de R$29,00 por
Arrendamento mercantil - - 1.446 - Despesas financeiras - (5) (1.774) (749) Partes relacionadas - - 3 32 ação. V. COTAÇÃO DE CADA UMA DAS ESPÉCIES E CLASSES DE AÇÕES DO EMISSOR
Salários e encargos sociais - - 11.188 11.918 Resultado financeiro 8 92 8.209 10.458 Outros passivos - - 150 410 NOS MERCADOS EM QUE SÃO NEGOCIADAS: a) cotação mínima, média e máxima de cada ano,
Empréstimos Lucro antes do IRPJ e CSLL15.25023.051 35.081 48.700 Liquidação de processo judicial nos últimos 3 (três) anos:
e financiamentos - - 107 598 I.R. e C.S. correntes - (11) (9.746) (5.062) provisionado - - (1.393) (304) 2017 2018 2019
Dividendos a pagar 3.622 5.472 6.963 10.510 I.R. e C.S. diferidos - - 3.983 642 Caixa líquido aplicado nas (gerado Mínima R$ 11,30 R$ 13,03 R$ 20,05
Lucro líquido do exercício 15.250 23.040 29.318 44.280 pelas) atividades operacionais (13) 62 36.714 71.105
Tributos a recolher - - 4.263 4.005 Atribuivel a: IR e CS sobre lucro líquido pagos - (10) (6.954) (5.235) Média R$ 14,43 R$ 16,40 R$ 28,71
Provisão para remuneração Acionistas da Companhia - - 15.250 23.040 Pagamento juros de financiamentos - - (232) - Máxima R$ 17,73 R$ 22,50 R$ 39,85
variável - - 8.049 9.441 Participação dos não controladores - - 14.068 21.240 Caixa líquido gerado nas operações (13) 52 29.528 65.870 Dados históricos ajustados para refletir a bonificação em ações aprovada na Assembleia Geral Extraordinária de 17
Outros passivos 1 - 992 839 Lucro líquido por Fluxos de caixa das atividades de setembro de 2019, na proporção de 1 nova ação para cada 1 ação ordinária já detida na data-base de 17 de
Não circulante - - 11.740 2.885 ação em R$ mil 0,001 0,002 - - de investimento
setembro de 2019. b) cotação mínima, média e máxima de cada trimestre, nos últimos 2 (dois) anos:
Arrendamento mercantil - - 9.659 - Demonstrações dos fluxos Controladora Consolidado Valor recebido pela venda de imobilizado- - 977 482
Empréstimos e financiamentos - - 32 139 decaixa (EmMilharesdeReais) 2019 2018 2019 2018 Juros liquidos recebidos (debêntures) - - 313 576 4T17 1T18 2T18 3T18 4T18 1T19 2T19 3T19 4T19 1T20
Provisão para riscos - - 2.049 2.646 Fluxos de caixa das atividades operacionais Debêntures a receber - - (13.066) (30.111)
Mínima R$ 13,98 R$ 15,46 R$ 14,80 R$ 13,03 R$ 13,77 R$ 20,05 R$ 21,93 R$ 27,55 R$ 30,20 R$ 21,25
I.R. e C.S. diferidos - - - 100 Lucro antes do I.R. e C.S. 15.250 23.051 35.081 48.700 Aquisição de intangível - - (1.066) (318)
Total do passivo 3.623 5.472 48.180 44.345 Ajustes para reconciliar o lucro líquido Aquisição de imobilizado - - (7.483) (6.932) Média R$ 15,41 R$ 16,82 R$ 16,43 R$ 14,42 R$ 18,07 R$ 23,10 R$ 26,42 R$ 31,58 R$ 33,50 R$ 41,26
Dividendos recebidos 25.158 42.731 - - Máxima R$ 16,53 R$ 18,55 R$ 18,90 R$ 15,63 R$ 22,50 R$ 24,94 R$ 30,75 R$ 36,55 R$ 39,85 R$ 50,89
Patrimônio líquido 152.366 162.467 291.127 308.655 Provisão(reversão) para riscos - - (485) 2.638 Caixa líquido aplicado nas
Capital social 60.000 60.000 60.000 60.000 Provisão (reversão) para créditos (gerado pelas) atividades Dados históricos ajustados para refletir a bonificação em ações aprovada na Assembleia Geral Extraordinária de 17
Reserva de capital liquidação duvidosa - - (156) (116) de investimento 25.158 42.731 (20.325) (36.303) de setembro de 2019, na proporção de 1 nova ação para cada 1 ação ordinária já detida na data-base de 17 de
e de lucros 92.366 102.467 92.366 102.467 Depreciação e amortização - - 16.375 15.107 Fluxos de caixa das atividades de financiamento setembro de 2019. c) cotação mínima, média e máxima de cada mês, nos últimos 6 (seis) meses:
Participação dos não Valor residual do ativo Arrendamento Mercantil - - (2.350) -
controladores - - 138.761 146.188 imobilizado baixado - - 664 157 Dividendos pagos (25.140) (42.690)(49.374) (82.135) nov/19 dez/19 jan/20 fev/20 mar/20 abr/20
Total do passivo e do Participação nos lucros Pagamentos de empréstimos Mínima R$ 30,20 R$ 33,40 R$ 38,33 R$ 44,98 R$ 21,25 R$ 23,19
patrimônio líquido 155.989 167.939 339.307 353.000 de controladas (15.261) (22.981) - - e financiamentos - - (598) (998) Média R$ 32,16 R$ 36,42 R$ 45,01 R$ 48,13 R$ 31,91 R$ 30,97
Juros e variações monetárias Caixa líquido aplicado nas atividades Máxima R$ 34,10 R$ 39,85 R$ 49,38 R$ 50,89 R$ 44,81 R$ 36,32
A DIRETORIA de financiamento (25.140) (42.690) (52.322) (83.133)
de empréstimos e outros - - (765) (761) Aumento (redução) do saldo d) cotação média nos últimos 90 (noventa) dias: R$36,24 - período de 04 de fevereiro de 2020 a 04 de maio
JELSON FELICISSIMO - CT CRC 1SP155686/O-5 Juros e variações monetárias - de caixa e equivalentes de caixa 5 93 (43.119) (53.566) de 2020. VI. PERCENTUAL DE DILUIÇÃO POTENCIAL RESULTANTE DA EMISSÃO:
depósitos judiciais - - (130) (3) Caixa e equivalentes de caixa O percentual de diluição dos atuais acionistas da Companhia em decorrência do aumento de capital foi de
“As demonstrações completas foram auditadas pela Ajuste a valor presente - CPC 06 - - (399) - no início do exercício 94 1 155.374 208.940
Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes, 0,045151%.
Depósitos judiciais - - 242 244 Caixa e equivalentes de caixa
estando disponíveis na sede da Companhia.” (11) 70 50.427 65.966 no final do exercício 99 94 112.255 155.374 São Paulo, 05 de maio de 2020
Viviane Behar de Castro - Diretora de Relações com Investidores
Jornal Valor --- Página 6 da edição "07/05/2020 1a CAD C" ---- Impressa por gavenia às 06/05/2020@20:24:56
C6 | Valor | Quinta-feira, 7 de maio de 2020
Tecnologia Consumidor usa mais links, ‘contacless’ e carteira digital
Pandemia acelera
mudança em pagamento
IMPACTOS DO
CORONAVÍRUS
Flávia Furlan
De São Paulo
A quarentena em função da
pandemia da covid-19 trouxe
um forte impacto para o setor de
meios de pagamentos, com que-
da no volume de transações para
bandeiras, emissores e creden-
ciadoras. Entretanto, o isolamen-
to já começa a desvendar um po-
tencial para acelerar mudanças
nos hábitos dos consumidores
que aconteciam a passos lentos.
Pode-se notar crescimento de pa-
gamentos on-line, via links, por
exemplo; aumento da quantida-
de de transações sem contato,
com a tecnologia NFC (“near
field communication”); e maior
uso das carteiras digitais.
Em todo o mundo, o incentivo
às mudanças se dá no ambiente
privado, entre consumidores e
empresas, enquanto governos
resistem em acelerar esse proces-
so ao não envolver as fintechs —
disseminadoras de muitas dessas
tecnologias — na distribuição de
crédito e auxílio emergencial pa-
ra mitigar os efeitos da crise.
Mesmo com Selic a 3%, momento é de preservar liquidez
Júlia Lewgoy
De São Paulo
Com o novo corte da taxa bási-
ca de juros, a Selic, em 0,75 ponto
percentual, para 3% ao ano — no-
vamente o menor patamar da
história —, a vida do investidor fi-
ca mais difícil. Ele vai ter que con-
viver com uma rentabilidade ain-
da mais baixa na renda fixa, justo
em um momento de crise desen-
cadeada pela pandemia da co-
vid-19, que já provoca alta do de-
semprego e queda da renda.
Essa é a forma que a autoridade
monetária tem de incentivar que
empresas tenham acesso a crédi-
to mais barato e possam se capi-
talizar em meio à crise. É um jeito
de acalmar os ânimos das empre-
sas e tentar fazer a economia gi-
rar, mas tudo indica que os cortes
de juros não vão parar por aí.
Nesse cenário, se o investidor
quer ter retornos melhores, o
As‘Fang’têmserecuperadomaisrápidodoqueoS&P500
Palavra do
Estrategista
André Rocha
N
as últimas décadas,
a sociedade do
conhecimento
floresceu. Métricas
de avaliação de
empresas usadas pela
sociedade industrial já
não servem para analisar
companhias de forte
conteúdo tecnológico como
Facebook, Amazon, Google e
Netflix. Essas empresas hoje são
tão relevantes que ganharam
um acrônimo: “Fang”.
A contabilidade reflete de
forma razoável o segmento
industrial clássico. Máquinas
e equipamentos são
contabilizados como ativo
e a mão de obra é considerada
apenas mais um insumo,
como são, por exemplo, o
minério de ferro e a energia
elétrica. Mas essa forma
Um estudo feito pela consulto-
ria Bain com mais de 2 mil consu-
midores brasileiros, em meados
de abril, mostrou que 48% deles
estão dispostos a mudar a forma
de pagar após a quarentena,
usando mais cartões e celulares.
O percentual aumenta quanto
menor a renda, tendo em vista
que esses serviços já estão mais
disseminados no topo da pirâmi-
de social. Entre o grupo da alta
renda, 38% disseram que vão ele-
var o uso de cartão e celular para
pagar, fatia que sobe a 46% na
renda média e a 55% na baixa.
A Bain notou que mais consu-
midores estão experimentando
serviços digitais, ao pedir comida e
acessar entretenimento por apli-
cativos, o que está acelerando o
uso de pagamentos on-line. “Mui-
tas pessoas estão pela primeira vez
acessando esses serviços, o que não
aconteceria sem a crise”, diz Anto-
nio Cerqueiro, sócio da Bain.
A credenciadora Cielo, por
exemplo, notou aumento no uso
do link de pagamento durante a
quarentena, que chegou a crescer
mais de sete vezes em comparação
ao período pré-isolamento. O sis-
tema funciona assim: lojistas e em-
preendedores encaminham um
link via SMS, WhatsApp, e-mail ou
redes sociais aos clientes, para que
conselho óbvio seria sugerir al-
ternativas de maior risco. Mas,
durante uma crise econômica
tão grave, algo é mais importan-
te, segundo os especialistas: a re-
serva de emergência, para usar
em caso de desemprego, de per-
da de renda ou de doença.
“O mais importante agora é ter
liquidez, ter dinheiro para resga-
te imediato. Quem não tem, não
pode inventar”, diz Sigrid Gui-
marães, CEO e sócia da Alocc Ges-
tão Patrimonial. “O investidor
tem que assumir um risco com-
patível com a sua vida e, se não
tem muita liquidez, a única alter-
nativa são os títulos públicos. Ne-
nhuma remuneração compensa
a perda de liquidez em um mo-
mento de pandemia.”
A especialista diz que a reser-
va de emergência precisa durar
mais tempo agora, já que nin-
guém sabe quando o crescimen-
to econômico voltará. O que os
tradicional serve para as
Fang onde o capital intelectual
é mais importante do
que a estrutura física?
Uma métrica muito usada
para avaliar empresas é o
múltiplo P/VPA, no qual o preço
da ação é comparado ao valor
patrimonial por ação. Em tese,
quanto menor o indicador,
mais depreciada a ação está
(essa é uma visão simplista, pois
o múltiplo baixo pode estar
apenas refletindo um retorno
sobre o capital medíocre).
Mas a força das empresas de
tecnologia são a marca, a
inteligência e criatividade dos
colaboradores. Elas não são
contabilizadas como ativos.
Logo, o patrimônio líquido fica
“subavaliado”, prejudicando o
uso do P/VPA. Essa discussão
leva muitos a advogarem que os
maiores retornos sobre o ativo
ou patrimônio líquido das
empresas de serviços são
derivadas não de um retorno
extraordinário desse segmento
em comparação com o
setor industrial, mas da
subavaliação dos ativos.
Outra métrica que passa a ser
questionada é o múltiplo que
compara a cotação com o lucro
por ação (P/L). Em tese, quanto
menor o indicador, mais barata a
ação. Os lucros das companhias
tradicionais tendem a subir e
descer ao longo do tempo
paguem via cartão de crédito ou
débito, à vista ou a prazo. Grupos
como Ri Happy, O Boticário e Santa
Lolla adotaram a solução.
A tecnologia sem contato
(“contactless”) também foi disse-
minada. Dados da Mastercard
mostram que os pagamentos por
aproximação cresceram quatro
vezes em março, em comparação
com o mesmo período do ano
passado. De acordo com o presi-
dente da empresa, João Pedro Pa-
ro Neto, o Brasil tem uma base es-
timada de 10 milhões de cartões,
celulares e ‘wearables’ (relógios e
pulseiras) que podem ser usados
para pagamentos por aproxima-
ção, enquanto a quantidade total
de cartões é superior a 350 mi-
lhões de unidades, o que mostra
o potencial de avanço.
O cartão contacless começou a
ser usado recentemente e, portan-
to, ainda são poucos os clientes
com acesso à tecnologia, embora a
maior parte do parque de maqui-
ninhas esteja preparado — estima-
tivas apontam que 90% dos equi-
pamentos aceitam compras sem
contato. Na Mastercard, desde
abril de 2019, todos os cartões são
emitidos com a tecnologia NFC e,
para a base antiga, a troca é feita
conforme o vencimento do plásti-
co. Os emissores têm feito as trocas
consultores financeiros costu-
mam recomendar, uma reserva
financeira equivalente a no mí-
nimo seis meses de custo de vi-
da, pode ser pouco.
Sigrid recomenda guardar o
equivalente a três anos de custo
de vida em renda fixa, preferen-
cialmente em títulos atrelados à
Selic. A especialista diz que não
é hora de contratar nenhum
produto de risco de crédito, co-
mo um título de crédito privado
ou um CDB de um banco de
“pior qualidade”, porque o risco
de as empresas quebrarem e do
investidor perder dinheiro está
muito alto. Nem o Fundo Garan-
tidor de Crédito (FGC), que, em
tese, cobre até R$ 250 mil por
CPF, pode garantir o dinheiro de
volta, se houver uma quebradei-
ra generalizada.
Fundos simples com taxa ze-
ro, que investem somente em tí-
tulos atrelados à Selic, em plata-
Apesar da crise, ações das FANG sobem
Rentabilidade acumulada em 2020 - em %
40
20
0
-20
-40
31/dez 10/fev 23/mar
2019 2020 2020
Fonte: S&P Capital IQ
seguindo os ciclos econômicos.
Logo, pode-se comparar o P/L
atual com o múltiplo médio
histórico. Caso ele esteja abaixo,
a ação estaria barata, acima, cara.
O múltiplo corrente obedeceria
ao princípio da reversão à média.
Resultados excepcionais ou
decepcionantes seriam exceções.
Mas a partir do momento que
as companhias de tecnologia
deixam seus mercados e
avançam sobre novos, o princípio
da reversão à média permanece
válido? Vamos dar o exemplo da
Amazon. Ela começou como uma
varejista, vendendo livros e CDs
pela internet. Posteriormente,
expandiu o leque de produtos.
Depois, passou a fornecer
aos poucos, tendo em vista o custo
envolvido para distribuir milhões
de unidades pelo país afora.
O Banco do Brasil, que tem
11,5% da base de cartões prepara-
da para o NFC, teve aumento de
12% nas compras por aproxima-
ção, que evitam o contato físico
com a maquininha, entre fevereiro
e março deste ano, pré e pós-qua-
rentena. Além disso, notou au-
mento de 13% das compras com
cartões do banco em canais digi-
tais durante as primeiras semanas
da quarentena, incluídos aqui e-
commerce, mobile ou aplicativos.
O uso de carteiras digitais tam-
bém tende a crescer depois da
crise, para aquelas que têm con-
seguido maior exposição ao pú-
blico. O PicPay, controlado pelo
Banco Original, tem aumentado
substancialmente o número de
usuários: antes da crise, eram em
média 500 mil ao mês, mas de-
pois da quarentena foram adi-
cionados 3 milhões, no total. O
montante resulta de crescimento
orgânico, parcerias com gover-
nos para distribuição de benefí-
cios, como auxílio merenda do
governo de São Paulo, e até pa-
trocínio em lives de artistas.
Apesar de todos esses esforços, o
governo federal — no Brasil e em
outros países — tem deixado essas
formas de investimento como
Órama, Pi, BTG Digital e Rico
também podem ser uma boa
opção para a reserva de emer-
gência, segundo Marcelo
D’Agosto, consultor financeiro e
colunista do Valor Investe.
No entanto, ele recomenda
um cuidado: só comprar agora
fundos de renda fixa que inves-
tem em títulos atrelados à Selic,
nada mais, já que até fundos di-
tos “conservadores” andaram
tendo perdas históricas, por
combinar aumento de risco de
crédito nas carteiras e cobrança
de altas taxas de administração.
Fora os títulos pós-fixados, são
poucas as oportunidades na ren-
da fixa. Títulos atrelados à infla-
ção seguem como boa opção de
investimento para o longo prazo
porque eles acompanham o au-
mento generalizado dos preços
na economia. Mas é melhor dei-
xar a reserva de emergência lon-
31,25 Netflix
25,43 Amazon
14,57 FANG
0,89 Facebook
0,72 Google
-11,22 S&P 500
mai/
2020
serviços de tecnologia, como
armazenamento de dados em
nuvens e produtos financeiros,
como meios de pagamento.
Qual o limite para o crescimento
do seu lucro se a cada momento
ela se reinventa e desbrava
novos mercados? Um múltiplo
mais caro não reflete apenas
essa expansão do lucro?
Além disso, nos segmentos
de alta tecnologia, os
dispêndios com pesquisa e
desenvolvimento (P&D) e
captura de clientes são elevados.
Essas despesas são levadas a
resultado, reduzindo o lucro e
elevando o múltiplo P/L o
que pode dar a falsa impressão
de que a ação está cara.
Paro Neto, da Mastercard: há um ano cartões são emitidos com tecnologia NFC
carteiras digitais de fora da distri-
buição dos recursos emergenciais
e do crédito a famílias e empresas
para mitigar os efeitos do corona-
vírus. O receio é com a solidez des-
ses negócios em meio a um cenário
de menor liquidez no mundo.
“Os governos estão usando
mais o canal tradicional, os gran-
des bancos, mas as fintechs estão
provocando a discussão de como
podem ajudar”, diz Cerqueiro, da
Bain. “O que pesa contra as finte-
chs é que, com o mercado menos
aquecido, o investidor pode estar
menos disposto a colocar capital
nas fintechs.”
ge deles, já que, se resgatar antes
do prazo de vencimento, o inves-
tidor pode não conseguir contar
com esse retorno no momento
que mais precisar.
E não é hora de investir em títu-
los prefixados, segundo D’Agosto,
já que ninguém tem muita certeza
do que vai acontecer com a taxa
básica de juros, pelo menos num
prazo mais longo. Se houver uma
reviravolta no cenário e a Selic su-
bir, esses títulos perdem valor.
Para quem topa encarar a alta
volatilidade da renda variável no
curto prazo, há dois caminhos pos-
síveis, segundo D’Agosto. O pri-
meiro é apostar que o crescimento
do Brasil vai se recuperar relativa-
mente logo e aproveitar o momen-
to de baixa nos preços da bolsa pa-
ra comprar ações mais baratas.
Para quem está começando, é
melhor fazer isso por meio dos
ETFs, espécie de fundos que espe-
lham índices, como o Ibovespa.
Em setores tradicionais,
investimentos em obras civis e
compra de maquinário são
contabilizados no ativo, não
impactando o resultado em
um primeiro momento.
Mas os custos de captura de
clientes e P&D não são
também “investimentos”
que visam a elevação da
“produção” e aumento da
receita? A diferença é o local
onde esses “investimentos”
são contabilizados.
De acordo com o consenso de
mercado obtido pelo S&P Capital
IQ, o múltiplo P/L do índice de
mercado S&P 500 para 2020 é de
19,5 vezes, muito inferior ao de
Facebook, 27,8 vezes; Amazon,
116,9 vezes; Netflix, 66,2 vezes, e
Google (a empresa listada é a
controladora Alphabet), 30,4
vezes. Em uma análise simplista,
esses múltiplos estariam caros
comparados ao de outros setores
da economia. Mas você apostaria
contra essas companhias?
Com a crise do coronavírus,
o mercado apresentou forte
queda. Com as políticas de
flexibilização monetária e fiscal
implementadas por BCs e
governos dos países
desenvolvidos, as ações se
recuperaram. O S&P 500 que
chegou a ter queda acumulada
de 30,8% em 2020, está negativo
em 11,2%. As Fang tiveram
recuperação superior. Todas já
SILVIA COSTANTI / VALOR
Algumas fintechs têm tentado
driblar a situação se tornando
mais atrativas. O PagBank, banco
digital da PagSeguro, do grupo
Uol, vai depositar R$ 20 para
clientes que abrirem uma conta
gratuita e optarem por ela para
receber o auxílio emergencial de
R$ 600. Já a Ame Digital, carteira
digital das Lojas Americanas, da-
rá “cashback” de R$ 60 para
quem transferir o valor e com-
prar em seu site. “Essa iniciativa
segue em linha com o que gran-
de parcela da população precisa:
fazer o dinheiro valer mais”, diz
Thiago Barreira, diretor da Ame.
Multimercados e fundos imobi-
liários também seguem como
boas alternativas de diversifica-
ção para quem aposta que o Bra-
sil vai sair dessa no longo prazo.
Outra alternativa, uma ideia
que está crescendo entre os ana-
listas do mercado, é apostar que
países desenvolvidos vão se recu-
perar mais rapidamente da crise
que o Brasil e, assim, investir no
exterior. É possível fazer isso de
algumas formas: por meio de
fundos que investem em ações
no exterior, fundos que investem
em outros produtos lá fora (co-
mo títulos corporativos) ou fun-
dos cambiais. “O investidor só
tem que controlar o tamanho do
risco que quer correr, mesmo na
renda variável”, alerta D’Agosto.
.com
Confira a reportagem
completa no site
www.valorinveste.com
apresentam retorno positivo em
2020. Um índice hipotético Fang,
com peso idêntico de 25% para
cada companhia, teria
valorização de 14,6% no ano.
Por que isso ocorreu? Essas
empresas, por terem vendas
on-line, sofrem menos do que as
tradicionais, que tiveram suas
receitas prejudicadas pela
política de quarentena contra a
disseminação do coronavírus. E
os hábitos pós-pandemia devem
mudar, como, por exemplo, a
adoção do home office.
As empresas da nova
economia vieram para ficar,
impactando hábitos de
consumo, produtividade, formas
de produção, a disseminação
da informação e até mesmo
as manifestações políticas.
Contudo, o modelo mental
ainda permanece o da sociedade
industrial. A tecnologia avançou
muito mais rápido do
que o nosso modo de pensar.
André Rocha é mestre em economia
pela FGV/EPGE e analista certificado
pela Apimec
As opiniões contidas neste espaço
refletem a visão do analista sobre as
companhias, e não a do Valor Econômico.
O Valor e o autor não se responsabilizam
por prejuízos decorrentes do uso dessas
informações (Veja os termos de uso
completos em www.valor.com.br/valor-
investe/o-estrategista)
Jornal Valor --- Página 2 da edição "07/05/2020 1a CAD E" ---- Impressa por ivsilva às 06/05/2020@20:33:12

E2 | Valor | São Paulo | Quinta-feira, 7 de maio de 2020

Legislação & Tributos | SP

Desafios da inteligência artificial

de domínio público e esportes — é a legítima autora entretenimento, e afetam o riscos de sua adoção. As não existir uma
Opinião Jurídica identificar obras derivadas sem do conteúdo criado. posicionamento de indústrias e propostas são sucintas e regulamentação consolidada e
permissão do autor originário? Na proteção de patentes, de outras áreas do direito, possuem apenas sete artigos vinculante a todos os membros,
Tais perguntas não possuem entende-se pela Lei da como aspectos regulatórios, cada, tendo como principal tanto a Comissão Europeia
Gabriel Leonardos e uma resposta incontestável, Propriedade Industrial (Lei nº administrativos e tributários. fundamento o reconhecimento quanto Autoridades de
Larissa Martins mas casos ao redor do mundo 9.279, de 1996) que o inventor é Novas tecnologias e novos de que a tecnologia deverá Proteção de Dados vêm
começam a trazer alguns a pessoa física, discutindo-se modelos de negócio necessitam servir aos indivíduos e respeitar realizando diretrizes e consultas
exemplos que podem ser sobre a possibilidade de de uma regulamentação os princípios constitucionais da sucessivas, de forma a esclarecer
considerados essenciais para titularidade ou cotitularidade específica que garanta sua dignidade e direitos humanos, os pontos mais debatidos sobre
discussões futuras. entre a inteligência artificial e eficiência no mercado e além da proteção de dados o tema. Já nos Estados Unidos, o
A legislação autoral seu criador. Dois pedidos de segurança jurídica perante pessoais e privacidade. poder legislativo federal está
brasileira, da mesma forma que patente em nome da terceiros. As grandes empresas Consta do texto do PL nº trabalhando em uma ordem
a de outros países, determina inteligência artificial, de tecnologia, por exemplo, 5.051 que os sistemas de executiva denominada
que o autor é a pessoa física encabeçados pela Universidade vêm pressionando os governos inteligência artificial serão “Iniciativa de Inteligência
(artigo 11 da Lei nº 9.610, de de Surrey (projeto “Artificial locais de seus principais auxiliares à tomada de decisão Artificial”.

C
1998). Com isso, à máquina não Inventor Project”), foram mercados para a criação de humana. Esse artigo, Embora desafiante, a adoção
ada vez mais, poderia ser atribuída a autoria negados pelos escritórios de regras que regulamentem especificamente, não está da inteligência artificial é uma
expressões como de uma obra, recaindo sobre propriedade intelectual da minimamente sua atuação alinhado ao artigo 20 da Lei nº tendência para grande parte
algoritmos, rede seu criador, que pode ter nada União Europeia e do Reino nesse sentido. 13.709/2018 (Lei Geral de das empresas que deseja se
neural, machine ou muito pouco a ver com a Unido, o que demonstra uma Proteção de Dados - LGPD), que manter competitiva. Inclusive,
learning, big data e obra final. tendência a não permitir que a permite a revisão de processos pode ser utilizada pelo poder
outras ganham espaço no Nos Estados Unidos, União máquina seja considerada a A inteligência automatizados novamente pela público, o que demanda uma
cotidiano das organizações. Europeia e Austrália, as inventora. máquina. No mais, questões regulamentação clara e que não
Esses conceitos compõem a entidades responsáveis pelo Outro ponto importante é o
artificial demanda como responsabilidade civil engesse seu desenvolvimento
inteligência artificial (IA) e são registro de direitos autorais já estado da técnica, ou seja, que a uma regulamentação também são abordadas, de constante, de forma que a
de fundamental conhecimento se posicionaram no sentido de atividade inventiva não decorra clara e que não forma genérica, no texto. discussão sobre o tema está
para empresas que desejam que obras criadas por de maneira evidente ou óbvia Os projetos ainda estão em apenas começando.
implementar as tecnologias em inteligência artificial não para um técnico do assunto. engesse seu constante tramitação e, atualmente,
seu negócio. poderão ser registradas em Com o desenvolvimento desenvolvimento encontram-se na Comissão de Gabriel Leonardos e Larissa Martins
Por isso, as discussões sobre a nome das mesmas, pois a constante da inteligência Ciência, Tecnologia, Inovação, são, respectivamente, sócio sênior e
inteligência artificial vão além, autoria pertence à pessoa física. artificial, levanta-se discussão Comunicação e Informática. Foi advogada do Kasznar Leonardos
no Brasil e no mundo, dada a Em sentido oposto, a Corte da se o estado da técnica seria No Brasil, o Projeto de Lei (PL) aprovada realização de
divergência sobre pontos cidade de Shenzhen, na China, baseado no conhecimento da nº 5.051, de 2019, visa a audiência pública para instruir Este artigo reflete as opiniões do autor,
envolvendo as criações decidiu a favor da empresa de máquina, do programador ou estabelecer os princípios para a matéria, porém ainda não há e não do jornal Valor Econômico.
intelectuais, como patentes e tecnologia Tencent, de um especialista naquela área uso da inteligência artificial, e o data agendada. Mesmo após a O jornal não se responsabiliza e nem
direitos autorais: quem seria o considerando que a de atuação. Projeto de Lei nº 5.691, de 2019, aprovação dos projetos, pode ser responsabilizado pelas
titular da obra ou da patente? O inteligência artificial As dúvidas sobre o tema institui a Política Nacional de regulamentações mais informações acima ou por prejuízos
que caracterizaria o estado da Dreamwriter — que escreve também envolvem fashion law, Inteligência Artificial, para específicas serão necessárias. de qualquer natureza em decorrência
técnica? Como tratar questões notícias sobre finanças e direito marcário e do equilibrar as vantagens e os Na União Europeia, apesar de do uso dessas informações

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAFELÂNDIA PREFEITURA MUNICIPAL DE LINDÓIA PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRANGI

AVISO DE LICITAÇÃO. O Município de Cafelândia-SP, através de seu representante, torna público a abertura do Processo
Licitatório nº 20/2.020 - TOMADA DE PREÇOS nº 06/2.020 - EDITAL Nº 15/2.020 - MENOR PREÇO GLOBAL - OBJETO:
Contratação de empresa para Conservação, Adequação e Instalação do Sistema de Combate a Incêndio da EMEB
professor Antonio Rubi Gimenes - SESSÃO PÚBLICA: 25/05/2.020 às 09h00min. Edital: de 2ª à 6ª feira, das 8h às 14h,
na sede da Prefeitura, sito na Av.Jacob Zucchi, nº 200, Parte Alta, CEP 16500-000, em Cafelândia-SP, site http://www.
cafelandia.sp.gov.br. Informações: Telefone (14) 3556-8000. Cafelândia (SP), 06 de maio de 2.020. Luís Zampieri Ribeiro
Pauliquevis - Prefeito Municipal.
TOMADA DE PREÇOS Nº 003/2020 – EDITAL Nº 026/2020 – OBJETO: Contratação de Empresa Especializada na Pres-
tação de Serviços de Obras, visando o Recapeamento Asfáltico em Diversas Ruas do Município, com fornecimento de
materiais e mão de obra. Recebimento do Envelopes: até as 09h00 do dia 25/05/2020. O edital na íntegra, bem como
maiores informações, poderão ser obtidos na Diretoria de Administração da Prefeitura, a partir do dia 07/05/2020, si-
tuada na Avenida Rio do Peixe, nº 450, Jardim Estância Lindóia. Lindóia-SP, 06 de maio de 2020. Luiz Carlos Scarpioni
Zambolim, Prefeito Municipal.
Aviso de Edital. Órgão Licitante: Prefeitura do Município de Pirangi. Modalidade: Tomada de Preços nº 05/2020. Objeto:
REFORMA E MODERNIZAÇÃO DO GINÁSIO DE ESPORTES do Município de Pirangi/SP. Entrega e abertura dos Envelopes:
Dia 25/05/2020, às 09h00, na sede do Município, localizada na Rua Marechal Floriano Peixoto, nº 579, Centro. Maiores
informações e edital completo pelo telefone (17) 3386.9600, através do site: https://www.pmpirangi.com.br/ ou dos
e-mails engenhariapmpirangi@gmail.com ou prefeitura@pirangi.sp.gov.br.

PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇOIABA DA SERRA

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 073/2020 - TOMADA DE PREÇOS Nº 008/2020. DESTINADA
A CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ESPECIALIZADA COM RESPONSÁVEL TÉCNICO DEVIDA-
MENTE HABILITADO PARA REFORMA E AMPLIAÇÃO NO MUSEU MUNICIPAL “JOSÉ PINTO”
- ARAÇOIABA DA SERRA/SP, COM FORNECIMENTO DE MATERIAL E MÃO DE OBRA, CONFOR-
ME ANEXOS. Os envelopes “HABILITAÇÃO e PROPOSTA” deverão ser entregues no setor de protocolo
da Prefeitura, até as 10:00 do dia 22/05/2020 sendo que a abertura do Envelope “Habilitação” ocorrerá no
mesmo dia às 10:30 horas. O edital em sua integra consta no site www.aracoiaba.sp.gov.br. Araçoiaba da
Serra, 06 de maio de 2020. Dirlei Salas Ortega – Prefeito Municipal

Chapada do Piauí I Holding S.A.

Edital de Notificação
REFERENTE À COBRANÇADE CRÉDITOS INADIMPLIDOS COM RISCO
DA UNIÃO OU FUNDOS PÚBLICOS FEDERAIS, CUJA ADMINISTRAÇÃO
ESTÁ A CARGO DO BANCO DO BRASIL S.A., COMUNICANDO A ALTERAÇÃO
DE CREDOR, VENCIMENTO DE DÍVIDA E INSCRIÇÃO NO CADIN, DOS
CRÉDITOS ADQUIRIDOS OU DESONERADOS DE RISCO PELA UNIÃO, NA
FORMA DA MP 2.196-3, DE 24.08.2001.
O Banco do Brasil S.A., conforme autorização concedida por meio da
Portaria do Ministério da Fazenda Nº 202, de 21 de julho de 2004, publicada no
Diário Oficial da União, de 23.07.2004, NOTIFICA O(S) RESPONSÁVEL(IS) POR
OPERAÇÃO INADIMPLIDA DE SECURITIZAÇÃO, ABAIXO RELACIONADO(S),
que a não regularização da operação no prazo máximo de 90 (noventa) dias,
contados a partir da data da publicação deste Edital:
a) resultará no encaminhamento do crédito não quitado à Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional - PGFN, tornando o débito passível de inscrição em Dívida
Ativa da União;
b) tornará o débito passível de inscrição no Cadastro Informativo de Créditos
não quitados do Setor Público Federal - CADIN, nos termos da Lei Nº 10.522, de
19.07.2002.
Comunicamos que o crédito inadimplido, referente à operação abaixo
relacionada, foi transferido à União, em 29.06.2001, ao amparo da Medida
Provisória Nº 2.196-3, de 24 de agosto de 2001.
Para a realização dos pagamentos devidos e/ou obtenção de informações
a respeito das dívidas, o devedor deverá se dirigir a dependência do Banco
responsável pela condução da operação.
NOME CPF PARTICIPAÇÃO
ESPOLIO MANOEL V
8655952591 AVALISTA/FIADOR
DOS SANTOS
Samuel Nonato Mourão Barbosa
Gerente Geral
CNPJ/MF n 20.512.213/0001-00 - NIRE nº 35300466802
Edital de Cancelamento e Nova Convocação aos Debenturistas da
1ª Emissão de Debêntures da Chapada do Piauí I Holding S.A.
Nos termos das Cláusulas 5.4 e 8.2 do Instrumento Particular de Escritura da 1ª (Primeira) Emissão
de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações, da Espécie Quirografária com Garantia
Fidejussória, a Ser Convolada em Espécie com Garantia Real e com Garantia Adicional Fidejussória,
em Série Única, para Distribuição Pública com Esforços Restritos de Distribuição da Chapada do
Piauí I Holding S.A., sociedade anônima com sede na Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr., nº 758,
conjunto 31, parte KK, Itaim Bibi, na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04542-000,
inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda (“CNPJ/MF”) sob o nº Edital de Notificação
20.512.213/0001-00 e arquivada perante a Junta Comercial do Estado de São Paulo (“JUCESP”)
REFERENTE À COBRANÇADE CRÉDITOS INADIMPLIDOS COM RISCO
sob o nº 35300466802, conforme aditado (a “Escritura de Emissão”, “Debêntures” e a “Emissora”,
respectivamente), comunicamos aos titulares das Debêntures em circulação (“Debenturistas”) e a DA UNIÃO OU FUNDOS PÚBLICOS FEDERAIS, CUJAADMINISTRAÇÃO ESTÁ
Planner Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda., na qualidade de agente fiduciário A CARGO DO BANCO DO BRASIL S.A., COMUNICANDO A PERTINÊNCIA DO
da Emissão (“Agente Fiduciário”) acerca do cancelamento da Assembleia Geral de Debenturistas CRÉDITO À UNIÃO, VENCIMENTO DE DÍVIDA E INSCRIÇÃO NO CADIN.
(AGD), convocada para realização no dia 05 de maio de 2020, às 15:00 horas, em razão da
extensão do período de quarentena estabelecido pelo Governo do Estado de São Paulo por meio O Banco do Brasil S.A., conforme autorização concedida por meio da
do Decreto n 64.946, de 17/04/2020, que passou a vigorar até 10 de maio de 2020. Tendo em Portaria do Ministério da Fazenda Nº 202, de 21 de julho de 2004, publicada no
vista o cancelamento acima, a Emissora convoca os Debenturistas para a Assembleia Geral de Diário Oficial da União, de 23.07.2004, NOTIFICA O(S) RESPONSÁVEL(IS) POR
Debenturistas-AGD, em primeira convocação, na nova data de 19 de maio de 2020, às 15:00 horas,
a ser realizada digitalmente, com base no disposto na Cláusula 8.4.5 da Escritura de Debentures,
OPERAÇÃO INADIMPLIDA DE PESA CACAU, ABAIXO RELACIONADO(S),
que equipara as regras previstas para a realização das AGDs às normas da Lei 6.404, de 15 de que a não regularização da operação no prazo máximo de 90 (noventa) dias,
dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), por sua vez alterada nos termos da Medida contados a partir da data da publicação deste Edital.
Provisória 931, de 30 de março de 2020 e regulamentada pela Instrução Normativa DREI N 79,
de 14 de abril de 2020, para deliberar sobre: a) A declaração ou não do vencimento antecipado das a) resultará no encaminhamento do crédito não quitado à Procuradoria-Geral
obrigações decorrentes da Escritura de Emissão, pelo não atendimento do ICSD mínimo, previsto da Fazenda Nacional - PGFN, tornando o débito passível de inscrição em Dívida
na alínea “jj”, da Cláusula 5.1 da Escritura de Emissão, no exercício social de 2018, conforme Ativa da União;
deliberação já submetida pela Emissora nas Assembleias Gerais de Debenturistas realizadas em
18 de setembro de 2019, em segunda convocação, e em 19 de dezembro de 2019, em primeira b) tornará o débito passível de inscrição no Cadastro Informativo de Créditos não
convocação; b) A declaração ou não do vencimento antecipado das obrigações decorrentes da quitados do Setor Público Federal - CADIN, nos termos da Lei Nº 10.522, de 19.07.2002.
Escritura de Emissão, pelo não atendimento do ICSD mínimo, previsto na alínea “jj”, da Cláusula
O crédito inadimplido, referente à operação abaixo relacionada, foi contratado
5.1 da Escritura de Emissão, para o exercício social de 2019, conforme demonstrações financeiras
do período apresentadas pela Emissora. Informações Gerais: (i) Considerando que a Assembleia com recursos Públicos Federais, sendo crédito de conta e risco da União.
Geral de Debenturistas será realizada digitalmente, nos termos do Artigo 1º, inciso II, §2º da IN 79 do Para a realização dos pagamentos devidos e/ou obtenção de informações
DREI, a administração da Emissora encaminhará previamente ao Agente Fiduciário, para que este
a respeito das dívidas, o devedor deverá se dirigir à dependência do Banco
disponibilize aos Debenturistas, as informações contendo os procedimentos de acesso ao sistema
eletrônico do fórum de deliberação seguro (link e senha de acesso), sendo permitido ao Debenturista responsável pela condução da operação.
Nº_OPERAÇÃO participar e votar a distância. (ii) Observado o disposto no artigo 126 da Lei nº 6.404/76 (Lei das
Sociedades por Ações), os Debenturistas deverão encaminhar, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas NOME CPF PARTICIPAÇÃO Nº_OPERAÇÃO
10900478 anteriores à data da Assembleia Geral, ao Agente Fiduciário, para o e-mail: fiduciario@planner.com. ESPÓLIO DE EDGAR
08910502568 MUTUÁRIO
br, e à Emissora, para o email: juridico@contourglobal.com, cópia dos documentos comprobatórios DE SENA WALTER 490301375
de sua representação, bem como lista da(s) sociedade(s) e/ou fundo(s) que representam e suas
respectivas quantidades. Adicionalmente, os documentos relacionados à matéria constante da ordem Samuel Nonato Mourão Barbosa
do dia serão encaminhados aos Debenturistas pelo Agente Fiduciário, no prazo de 15 (quinze) dias Gerente Geral
anteriores à realização da Assembleia Geral. São Paulo, 30 de abril de 2020. CHAPADA DO PIAUÍ
I HOLDING S.A.

Sulminas Participações S.A. Pioneira Participações S.A.

CNPJ/MF nº 01.263.230/0001-06 CNPJ/MF nº 08.427.996/0001-28
Relatório da Diretoria Relatório da Diretoria
Senhores Acionistas: Em cumprimento às disposições legais e estatutárias, submetemos à apreciação de Vossas Senhorias as Demonstrações Financeiras, relativas ao exercício Senhores Acionistas: Em cumprimento às disposições legais e estatutárias, submetemos à apreciação de Vossas Senhorias as Demonstrações Financeiras, relativas ao exercício
findo em 31/12/2019. Colocamo-nos à vossa disposição para quaisquer esclarecimentos porventura necessários. A Diretoria findo em 31/12/2019. Colocamo-nos à vossa disposição para quaisquer esclarecimentos porventura necessários. A Diretoria
Balanços patrimoniais (Em MR$) Demonstrações das Atribuível aos acionistas da controladora Balanços patrimoniais (Em MR$) Demonstrações das Atribuível aos acionistas da controladora
Controladora Consolidado mutações do patrimônio Capital Reserva Retenção Lucros Total con- Participação dos Total do patri- Controladora Consolidado mutações do patrimônio Capital Reserva Retenção Lucros Total con- Participação dos Total do patri-
Ativo 2019 2018 2019 2018 líquido (Em MR$) social legal de lucros acumulados troladora não controladores mônio líquido Ativo 2019 2018 2019 2018 líquido (Em MR$) social legal de lucros acumulados troladora não controladores mônio líquido
Circulante 306 295 17.952 15.722 Em 31 de dezembro de 2017 8.000 - 4.113 - 12.113 10.977 23.090 Circulante 589 829 20.178 21.164 Em 31 de janeiro de 2017 10.000 355 7.612 - 17.967 15.214 33.181
AumentodecapitalcomreservaseAFAC 1.000 (315) - - 685 - 685
Caixa e equivalentes de caixa 93 106 10.232 10.859 Lucro líquido do exercício - - - 755 755 703 1.458 Caixa e equivalentes de caixa 93 84 14.413 15.257 Lucro líquido do exercício - - - 3.550 3.550 3.041 6.591
- 3.214 2.896 Complemento de reserva legal - 37 - (37) - - -
Contas a receber de clientes - Contas a receber de clientes - - 5.033 4.912 Dividendos obrigatórios não realizados - - 623 - 623 - 623
Dividendos mínimos
Tributos a recuperar 8 7 8 123 obrigatórios propostos - - - (179) (179) (167) (347) Partes relacionadas - - 114 14 Complemento de reserva legal - 177 - (177) - - -
Outros Ativos - - 282 235 Transferência para reserva Tributos a recuperar 23 25 38 540 Dividendos intermediários pagos - - - - - (87) (87)
Partes relacionadas - - 4.216 1.609 de retenção de lucros - - 540 (540) - - - Dividendos a receber 473 720 - - Dividendos mínimos obrigatórios - - - (843) (843) (659) (1.502)
Dividendos a receber 205 182 - - Em 31 de dezembro de 2018 8.000 37 4.653 - 12.688 11.513 24.201 Outros Ativos - - 580 441 Transferência para reserva
Não circulante 13.218 12.572 13.688 14.028 Lucro líquido do exercício - - - 852 852 789 1.641 de retenção de lucros - - 2.530 (2.530) - - -
Não circulante 23.526 21.995 31.156 26.127 Em 31 de zembro de 2018 11.000 217 10.765 - 21.982 17.508 39.490
Investimentos Complemento de reserva legal - 43 - (43) - - -
Investimentos Lucro líquido do exercício - - - 2.240 2.240 1.279 3.519
em controladas 13.218 12.572 - - Dividendos intermediários pagos - - (16) - (16) (8) (24)
em controladas 22.782 21.251 - - Complemento de reserva legal
Dividendos mínimos obrigatórios - 112 - (112) - - -
Imobilizado - - 12.575 13.909 Imobilizado 108 108 24.247 24.759 Dividendos intermediários pagos - - (107) - (107) (172) (279)
propostos - - - (202) (202) (190) (392)
Bens de direito de uso - - 991 - Transferência para reserva
Intangível 636 636 6.909 1.368 Dividendos mínimos obrigatórios - - - (532) (532) (713) (1.245)
Intangível - - 122 119 de retenção de lucros - - 607 (607) - - - Total do ativo 24.115 22.824 51.334 47.291 Transferência para reserva de
Total do ativo 13.524 12.867 31.640 29.750 Em 31 de dezembro de 2019 8.000 80 5.244 - 13.322 12.104 25.426 retenção de lucros - - 1.596 (1.596) - - -
Passivo Controladora Consolidado Demonstrações do Controladora Consolidado Em 31 de de zembro de 2019 11.000 329 12.254 - 23.583 17.902 41.485
Controladora Consolidado Aumento (redução) dos ativos operacionais Passivo e patrimônio líquido 2019 2018 2019 2018 Demonstrações do
Circulante 202 179 4.065 3.783 resultado (Em MR$) 2019 2018 2019 2018 Duplicatas a receber Controladora Consolidado Aumento (redução) dos ativos operacionais
Fornecedores - - 673 652 Receitas - - 25.550 24.753 e sociedades congêneres - - (318) 390 Circulante 532 842 8.578 6.474 resultado (Em MR$) 2019 2018 2019 2018 Duplicatas a receber
Arrendamento mercantil - - 96 - Custo dos serviços prestados - - (18.519) (17.594) Tributos a recuperar (1) (3) 115 17 Fornecedores - - 693 644 Receitas - - 41.046 38.916 e sociedades congêneres - - 381 529
Salários e encargos sociais - - 1.410 1.433 Lucro bruto - - 7.031 7.159 Partes Relacionadas - -(2.607)(1.609) Salários e encargos sociais - - 2.020 2.126 Custo dos serviços prestados - - (27.815) (24.452) Partes relacionadas - - (100) (1)
Empréstimos e financiamentos - - 184 335 Despesas gerais e administrativas - - (5.573) (5.837) Outros ativos - - (155) 2 Empréstimos e financiamentos - - 165 290 Lucro bruto - - 13.231 14.464 Tributos a recuperar 3 (1) 503 (2)
Dividendos a pagar 202 179 392 347 Outras receitas (despesas) Aumento (redução) dos passivos operacionais Dividendos a pagar 532 842 965 1.501 Despesas gerais e administrativas - - (9.133) (7.846) Outros ativos - - (110) (9)
operacionais, líquidas (16) (20) 16 (102) Fornecedores - - 21 116 Participação nos lucros Aumento (redução) dos passivos operacionais
Partes relacionadas - - 222 4 Participação nos lucros Tributos a recolher - - 613 545 de controladas 2.253 3.563 - - Fornecedores - - 49 47
Partes relacionadas - - 218 (38)
Tributos a recolher - - 404 321 de controladas 862 768 - - Salários e encargos sociais - - (23) 14 Provisão para remuneração Outras receitas (despesas) Salários e encargos sociais - - (106) 104
Provisão para Lucro operacional antes Tributos a recolher - - 83 32 variável - - 1.057 1.124 operacionais (18) (19) (190) (108) Empréstimos e financiamentos - - (125) -
remuneração variável - - 632 668 do resultado financeiro 846 748 1.474 1.220 Provisão para remuneração variável - - (36) 12 Outros passivos - - 3.065 244 Lucro operacional antes Tributos a recolher - - 68 (23)
Outros passivos - - 52 23 Resultado financeiro 6 7 519 577 Outros passivos - - 34 6 Não circulante - - 1.271 1.327 do resultado financeiro 2.235 3.544 3.908 6.510 Provisão para remuneração variável - - (67) 43
Não circulante - - 2.149 1.767 Lucro antes do IRPJ e CSLL 852 755 1.993 1.797 Caixa líquido gerado pelas Empréstimos e financiamentos - - 42 207 Resultado financeiro 5 6 707 783 Outros passivos - (715) 3.547 (545)
Arrendamento mercantil - - 934 - IR e contribuição social correntes - - (761) (186) atividades operacionais (11) (17) 2.240 3.811 Lucro antes do IRPJ e CSLL 2.240 3.550 4.615 7.293 Caixa líquido gerado pelas atividades
Provisão para riscos - - 300 296 IR e contribuição social correntes - - (1.717) (819) operacionais (10) (729) 11.759 10.747
Empréstimos e financiamentos - - 42 225 IR e contribuição social diferidos - - 408 (153) IR e CS sobre lucro líquido pagos - - (591) (178)
IR e contribuição social diferidos - - 203 824 IR e contribuição social diferidos - - 621 117 IR e CS sobre lucro líquido pagos - -(1.286) (995)
Provisão para riscos - - 108 69 Lucro líquido do exercício 852 755 1.641 1.458 Pagamento juros de financiamentos - - (18) -
Outros passivos - - 726 - Lucro líquido do exercício 2.240 3.550 3.519 6.591 Pagamento juros de financiamentos - - (17) -
Caixa líquido gerado (aplicado)
IR e contribuição social diferidos - - 1.065 1.473 Atribuivel a acionistas controladores - - 852 755
nas operações (11) (17) 1.631 3.633 Total do passivo 532 842 9.849 7.801 Atribuivel a: Caixa líquido gerado nas operações (10) (729) 10.456 9.752
Total do passivo 202 179 6.214 5.550 Participação dos não controladores - - 789 703
Fluxos de caixa das atividades de investimento Patrimônio líquido 23.583 21.982 41.485 39.490 Acionistas controladores - - 2.240 3.550 Fluxos de caixa das atividades de investimento
Patrimônio líquido 13.322 12.688 25.426 24.201 Lucro líquido por ação Valor recebido pela venda de imobilizado - - 79 24 Capital social 11.000 11.000 11.000 11.000 Participação dos não controladores - - 1.279 3.041 Aquisição de intangível - -(6.613) (23)
Capital social 8.000 8.000 8.000 8.000 em R$ mil 0,852 0,755 - - Aquisição de intangível - - (57) (14) Lucro líquido por ação em R$ mil 2,24 3,55 - - Aquisição de imobilizado - -(2.617)(4.793)
Reserva de capital e lucros 5.322 4.688 5.322 4.688 Demonstrações dos Reserva de capital e lucros 12.583 10.982 12.583 10.982
Controladora Consolidado Aquisição de imobilizado - - (1.414) (836) Demonstrações dos Controladora Consolidado Dividendos recebidos 107 825 - -
Participação dos acionistas Participação dos não 2019 2018 2019 2018 Caixa líquido aplicado
fluxos de caixa (Em MR$) 2019 2018 2019 2018 Caixa líquido aplicado nas atividades fluxos de caixa (Em MR$)
não controladores - - 12.104 11.513 Fluxos de caixa das atividades operacionais de investimento - - (1.392) (826) controladores - - 17.902 17.508 Fluxos de caixa das atividades operacionais nas atividades de investimento 107 825 (9.229) (4.816)
Passivo e Lucro antes do IR e contribuição social 852 755 1.993 1.797 Fluxos de caixa das atividades de financiamento Total do passivo Lucro antes do IR e contribuição social 2.240 3.550 4.615 7.293 Fluxos de caixa das atividades de financiamento
Patrimônio Líquido 13.524 12.867 31.640 29.750 Ajustes de reconciliação do lucro líquido Arrendamento mercantil - - (177) - e Patrimônio líquido 24.115 22.824 51.334 47.291 Ajuste para reconciliar o lucro líquido Dividendos pagos (88) (132)(1.781) (836)
Complemento de provisão para riscos - - 124 74 Pagamentos de financiamentos - - (316) (346) Complemento de provisão para riscos - - 4 77 Pagamentos de empréstimos
A DIRETORIA Provisão (reversão) para créditos Dividendos pagos - - (369) - A DIRETORIA Provisão (reversão) para e financiamentos - - (290) (340)
liquidação duvidosa - - (140) (30) Caixa líquido aplicado nas atividades créditos liquidação duvidosa - - (167) 117 Caixa líquido aplicado nas atividades
JELSON FELICISSIMO Depreciação e amortização - - 2.920 2.992 de financiamento - - (863) (346) JELSON FELICISSIMO Depreciação e amortização - - 3.042 3.188 de financiamento (88) (132) (2.071) (1.176)
CT CRC 1SP155686/O-5 Ganho na alienação do ativo imobilizado - - 40 11 Aumento (redução) do saldo de caixa (11) (17) (624) 2.461 CT CRC 1SP155686/O-5 Ganho na alienação do ativo Aumento (redução) do saldo de caixa 9 (36) (844) 3.761
Juros e variações monetárias - - (90) 26 Caixa e equivalentes de caixa imobilizado baixado - - 212 (3) Caixa e equivalentes de caixa
“As demonstrações completas foram auditadas Participação nos lucros de controladas (862) (768) 23 - no início do exercício 106 123 10.859 8.398 “As demonstrações completas foram auditadas pela Participaçãonoslucrosdecontroladas (2.253)(3.563) - - no início do exercício 84 120 15.257 11.496
pela Delloite Brasil Auditores Independentes, Ajuste a valor presente - CPC 06 - - 38 - Caixa e equivalentes de caixa Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes, Juros e variações monetárias - - 13 (68) Caixa e equivalentes de caixa
estando disponíveis na sede da Companhia.” (10) (14) 4.908 4.869 no final do exercício 93 106 10.235 10.859 estando disponíveis na sede da Companhia”. (13) (13) 7.719 10.604 no final do exercício 93 84 14.413 15.257