Você está na página 1de 4

CARTA

DYNAMO 24 Uma publicação da DYNAMO Administração de Recursos Ltda. – 3º Trimestre de 1999

Nosso Desempenho Para Entender o


Neste 3º trimestre, as cotas do Dy- americano acontecer, a bolsa no Bra- Conselho Fiscal
namo Cougar valorizaram-se 12,1% (3,2% sil seguirá necessariamente o mesmo Conselho. Do latim consiliu. S. m.
em dólares). Este resultado elevou o acu- caminho. Embora o argumento possa 1. Parecer, juízo, opinião. 2. Adver-
mulado em 1999 para 117,9 % em reais até ser fundamentado em questões re- tência que se emite, admoestação,
(37,0% em dólares). lativas de custo de capital e oportuni- aviso. 3. Senso do que convêm, tino,
Medido por qualquer um dos prin- dades de investimento, o fato é que prudência, aviso.
cipais índices, o desempenho da Bolsa neste esta correlação não funcionou na dire- Fiscal. Do latim fiscale. S. 2g. Pes-
último trimestre foi fraco. Em dólares, o ção oposta. Nos últimos cinco anos, soa encarregada da fiscalização de
IBOVESPA caiu 7,4%, o IBX caiu 8,1% e enquanto o S&P500 subiu 177,2 %, o certos atos ou do exercício de certas
o FGV-100 caiu 4,7%. No acumulado do Ibovespa caiu 8,5% (em dólares). Já no disposições. (Novo Dicionário Au-
ano, porém, o FGV-100, ajudado pelo peso período entre 25 de agosto e 29 de rélio da Língua Portuguesa).
das empresas cíclicas exportadoras (prin- setembro deste ano, enquanto o S&P500
A estória (ou seria história?) co-
cipalmente mineração, papel e celulose e caía 8,2%, o Ibovespa, impulsionado
meça sempre na Assembléia Geral. Pu-
petroquímica), subiu 32,9%, comparado a pela divulgação do Orçamento Geral
blicada a convocação e a pauta dos as-
uma alta do IBOVESPA de 6,2% e do IBX da União e pela queda dos juros, subiu
suntos a serem “discutidos”, espera-se
de 5,9% (todos os resultados em dólares). 10,1% (em dólares). Não é um teste
que os controladores, em suas “reuni-
Um fato que chamou nossa atenção definitivo, mas mostra que é possível
ões prévias”, tomem as decisões da
neste período foi o descolamento entre as sobreviver a um eventual desastre no
bolsas no Brasil e nos E.U.A. Nos últimos mercado americano se os fundamentos maioria que serão comunicadas aos de-
anos, duas pseudo-certezas passaram a ser de nosso mercado estiverem melho- mais acionistas no dia marcado. Sem
quase unânimes entre investidores do mer- rando, como foi o caso. nenhum mistério, ou pelo menos uma
cado de ações no Brasil. A primeira é que certa imprevisibilidade para torná-las
Uma nota de otimismo mais interessantes, as Assembléias tor-
o mercado americano caminha inexoravel-
mente para um desastre à la 1929. Temos Do ponto de vista de investi- nam-se monótonas, desestimulantes.
ouvido este argumento desde que o Dow mento em ativos financeiros, achamos Um belo dia, sem aviso prévio como
Jones rompeu a barreira dos 5.000 pontos que o Brasil pode estar passando por autoriza a lei, um acionista minoritário
(!). Da mesma forma que um relógio parado um momento tão singular que vamos solicita a instalação do Conselho Fis-
marca a hora certa duas vezes por dia, nos permitir uma pequena e temporá- cal, perturbando a ordem do dia e das
estes futurólogos apocalípticos acabarão ria mudança de estilo, falando um pou- coisas. Pronto, está atrasado o almoço,
acertando suas previsões, só que, este acer- co sobre macro-economia e sobre o acaba a chatice, volta o entusiasmo do
to será inútil. Notem que não estamos aqui mercado de ações como um todo. debate e, eventualmente, será necessá-
prevendo o oposto, ou seja, que a bolsa Na Carta Dynamo anterior, rio refazer o texto da ata que, para “agi-
americana continuará subindo indefinida- quando mencionamos o comportamen- lizar os procedimentos” estava pronta
mente, embora estejamos provavelmente to de vários índices e ativos financei- desde a véspera. Conselho Fiscal? Ora,
menos preocupados do que a média em ros durante os cinco anos do Plano para que obrigar a empresa, tão frugal
função da força da economia americana, Real, um dado específico saltou aos em suas despesas, a arcar com mais este
da competência do FED e dos ganhos de olhos: o CDI que, no período, rendeu custo? Há desconfiança quanto a qua-
produtividade e redução da inflação que 21% ao ano em dólares (já incluindo lidade da gestão? Isto é muito sério, pro-
resultarão do crescimento da Internet. Nos- uma desvalorização de R$ 1,00 para vavelmente intolerável. Por que não nos
so ponto diz respeito apenas à enorme di- R$ 1,77). procuraram antes para conversarmos,
ficuldade e inutilidade prática de se tentar É verdade que desde o início preferindo ir logo exercendo seus di-
prever o comportamento de ativos financei- da década de 80 as taxas de juros no reitos (com a petulância dos que acre-
ros no curto prazo. Brasil são muito altas. No entanto, an- ditam que de fato os tem)? Pensávamos
A segunda pseudo-certeza é a de tes do Plano Real, de tempos em tem- que havia um bom entrosamento entre
que se o desastre previsto para o mercado Continua... os acionistas desta companhia e agora
isto! Solicitamos conferir toda a docu-
Tabela I - Desempenho em US$ até Setembro de 99 mentação entregue pelos acionistas
para verificar se o referido pedido pode
Período Dynamo Cougar FGV-100 Ibovespa médio
Esta carta é publicada somente com o propósito de divul-
60 meses 86,64% -35,00% -8,48% gação de informações e não deve ser considerada como
36 meses 0,46% -5,86% -5,72% uma oferta de venda do Fundo Dynamo Cougar. Todas as
opiniões e estimativas aqui contidas constituem nosso
12 meses 56,40% 31,33% 6,15% julgamento até esta data e podem mudar, sem aviso pré-
6 meses 28,22% 18,73% -5,53% vio, a qualquer momento. Performance passada não é
necessariamente garantia de performance futura.
Valor da cota em 30/09/99 = 14,760950517
ser examinado por esta Assembléia. ganização. Por sua vez, o princípio de possam votar, na assembléia geral, com
Que absurdo, que precipitação, o aci- que a sociedade anônima deve ser mo- conhecimento de causa.’ Lembramos ain-
onista majoritário nem está preparado nitorada pelos acionistas é universal, da que o CF é a única instância formal
para indicar seus representantes! O pre- como o demonstram, empiricamente, o onde, atualmente, a participação do mi-
sidente da mesa dirige-se ao requeren- conseil de surveillance e os comissai- noritário é garantida por lei.
te: se há alguma irregularidade na em- res aux comptes na França e Bélgica, o A iniciativa de instalação do CF
presa é melhor discutí-la entre nós ao board of directors e os audit committe- em geral cabe aos minoritários, pois o
invés de expor publicamente a compa- es ingleses e norte-americanos, o Auf- controlador costuma confiar nos admi-
nhia (que, as vezes é preciso recordar, sichsrat e o Abchlussprufer na Alema- nistradores que escolheu ou em si mes-
é uma companhia aberta!). E por aí vai. nha, e o Kontrollstelle suíço. mo quando dirige pessoalmente a em-
A descrição acima reflete, ainda Waldirio Bulgarelli (“Regime Ju- presa. Os minoritários podem pedir a
que como caricatura, o que temos ob- rídico do Conselho Fiscal das S/A”, cap. instalação do Conselho em qualquer
servado em em boa parte das Assem- III) caracteriza no modelo brasileiro, que Assembléia Geral, mesmo que o assun-
bléias de empresas brasileiras quando segue a tendência internacional da mo- to não conste da pauta. Para isto é ne-
aparece o assunto do tal Conselho Fis- derna administração das companhias, cessário que representem, individual ou
cal (CF). Daí acharmos importante ex- quatro instâncias de exercício do po- coletivamente, um décimo das ações
plicar porque o consideramos um dos der nas empresas: a Assembléia Geral com direito a voto ou cinco por cento
bons instrumentos previstos na Lei das (poder soberano), o Conselho de Ad- das ações sem direito a voto. Os mino-
Sociedades Anônimas para auxiliar os ministração (fiscalização, orientação e ritários têm até o direito de solicitar à
acionistas minoritários atuantes e, mui- alguns poderes de gestão), a Diretoria companhia a convocação de uma As-
to mais ainda, para reforçar a transpa- (gestão e representação) e o Conselho sembléia Geral com o fim específico de
rência de gestão das companhias que Fiscal (fiscalização dos atos de gestão e instalar o CF. Mais ainda, se a compa-
pretendam ser respeitadas e prestigia- das contas). nhia não o fizer em 8 dias, os próprios
das pelos investidores no mercado de O CF é parte orgânica e indispen- acionistas podem convocar a Assem-
capitais. sável deste modelo, pois como afirma bléia à revelia da Administração. Uma
É cada vez mais vasta a literatu- Nelson Eizirik (“Reforma das S.A. e do das tarefas que a Dynamo vem procu-
ra econômica e política que trata da Mercado de Capitais”, pg.107): ‘a atua- rando cumprir, sistematicamente, é a
teoria de agentes e principal, ou seja, ção do Conselho Fiscal é instrumental, reunião de investidores em número su-
como um grupo de indivíduos (os agen- uma vez que visa transmitir aos acionis- ficiente para garantir a existência do CF
tes) estabelece mecanismos de contro- tas as informações de que necessitam nas empresas onde participa.
le e acompanhamento de seus repre- para exercerem o direito de fiscalizar a Os preferencialistas têm direito
sentantes (o principal) em uma dada or- gestão dos negócios sociais e para que a eleger um representante para o CF e,

Continuação... mia operar com taxas de juros significativa- round”) é factível. É possível que este
pos, o governo promovia uma mudança mente mais baixas. E, após um primeiro superavit ainda não seja suficiente para
unilateral das regras de forma a reduzir semestre de transição onde a taxa média de pagar o serviço da dívida mas, com a
a taxa de juros real da economia (e, juros ainda foi muito alta, começamos há queda dos juros internos, a situação de
consequentemente, o custo de financia- poucos meses a experimentar um período caixa melhora bastante. Além disso, a
mento de sua dívida). Neste período, a diferente dos últimos 15 anos. O próprio Brasil S.A. ainda tem um bom volume
capacidade criativa do governo não teve orçamento do governo (elogiado até pelos de ativos não essenciais (“non-core”) que
limites, e as mudanças tomaram a forma mais ferrenhos críticos) prevê uma taxa de podem ser vendidos e o desafio é redu-
de tablitas, redutores de inflação, trocas juros real de 7% ao ano para 2000. zir os gastos gerais e administrativos,
de indexadores contratuais e até blo- A probabilidade do cenário pre- i.e., o deficit previdenciário. Ainda não
queio de contas. Os resultados práticos visto no orçamento ocorrer de fato não é uma situação confortável, mas a “em-
desta política foram uma taxa de juros é baixa. O governo vem obtendo supe- presa” tornou-se viável.
tolerável, um nível reduzido de poupan- ravit primário com regularidade e, ape- Assim sendo, podemos finalmen-
ça e investimento, e uma taxa de cres- sar de sua fraqueza política, vem mos- te chegar ao nosso ponto: as ações de
cimento medíocre. trando uma determinação inédita no companhias brasileiras encontram-se em
Por uma necessidade criada pelo sentido de garantir esta situação. No um nível que descontam não só a pre-
seu próprio desenho, o Plano Real man- novo formato do Orçamento, o alcance cária situação política do governo numa
teve as taxas de juros extremamente altas, deste superavit tornou-se lei e, portan- economia com desempenho sofrível
só que, desta vez, sem quebras de con- to, o próprio Congresso é co-responsá- como também uma taxa de juros real
trato. Esta combinação resultou no CDI vel pelo cumprimento da lei. em linha com a dos últimos cinco anos.
de 21% ao ano em dólares durante cin- Não podemos resistir à tentação Mesmo que a situação política e econô-
co anos, nível impensável para qualquer de analisar a situação comparando o país mica permaneçam iguais (o que talvez
situação de equilíbrio macro-econômi- a uma empresa. O superavit primário sig- seja o cenário mais provável), a queda
co, embora até defensável num regime nifica que o Ebitda (geração de caixa ope- das taxas de juros reais poderá causar
de câmbio fixo, desde que por períodos racional ou Lucro antes de juros, depreci- um importante realinhamento de preços
curtos. ação amortizações e impostos) do Brasil de ativos financeiros no Brasil.
A grande vantagem do regime de S.A. tornou-se positivo, sem o qual ne- Neste cenário, a nova demanda
câmbio livre é a possibilidade da econo- nhum processo de restruturação (“turna- por ações deverá vir principalmente de
da mesma forma, os acionistas minori- gislador com relação à participação efe- órgãos da administração a serem sub-
tários com direito a voto desde que re- tiva do minoritário nesta instância de metidas à Assembléia dentro de sua al-
presentem em conjunto dez por cento poder societário. Não por outra razão, çada de atuação, balancetes e demais
ou mais dessa classe de ações com di- a Dynamo vem estudando a idéia de demonstrações financeiras. Trata-se de
reito a voto. Os controladores (a maio- propor à algumas empresas que ado- uma boa oportunidade para se escla-
ria) poderão eleger tantos representan- tem, voluntariamente, regras de com- recer pontos incompreensíveis nas
tes quanto forem os eleitos pelos de- posição do CF que permitam a presen- contas ou na gestão de uma determi-
mais (preferencialistas e/ou ordinários ça majoritária dos acionistas minoritá- nada companhia, cuja fiscalização cabe
minoritários) mais um. Dito de outra for- rios. Esta sugestão é particularmente ao CF, desde que o acionista se prepa-
ma, se apenas os preferencialistas (ou adequada para aquelas companhias re corretamente para a Assembléia. Um
os minoritários ordinários) elegerem um onde há alta qualidade e confiabilida- maior nível de exigência por parte dos
representante, o majoritário pode ele- de de gestão. Neste caso, dado o pa- acionistas torna o trabalho do CF mais
ger dois representantes. Se tanto os pre- drão ético e operacional da empresa, a dinâmico e produtivo, pois a respon-
ferencialistas quanto o minoritário ele- maior segurança para o mercado resul- sabilidade dos membros do CF por
gerem seus representantes, o majoritá- tante da existência de um CF com estas omissão no cumprimento de seus de-
rio poderá eleger três membros para o características, será para a companhia veres é solidária, mas dela se exime o
CF. Não vamos tratar aqui da literatura um benefício sem custo. membro dissidente que fizer consignar
que trata da lamentável possibilidade A competência do CF é ampla, sua divergência em ata da reunião do
de fraude por parte do controlador na como bem denotam os verbos fiscali- órgão e a comunicar aos órgãos da ad-
formação de blocos minoritários espú- zar, opinar, denunciar, convocar, ana- ministração e à Assembléia Geral. A dis-
rios para subtrair do verdadeiro mino- lisar, examinar e exercer, utilizados na sidência de representantes dos minori-
ritário o direito de indicação de repre- lei para sua definição. Para os acionis- tários no CF é uma informação muito
sentante (sobre o assunto, ver Modesto tas minoritários, alguns destes manda- valiosa para o mercado com relação à
Carvalhosa, “Comentários a Lei das So- tos são de especial interesse. qualidade de gestão de uma compa-
ciedades Anônimas, vol. 5, pg. 234). 1. Os membros do CF, ou pelo nhia.
Preferimos tratar da própria idéia de um menos um deles, deverão comparecer 2. Os órgãos da administração
CF com maioria indicada pelos majori- às Assembléias Gerais e responder aos são obrigados a colocar à disposição
tários e que se destina a acompanhar pedidos de informações formulados por dos membros em exercício do CF (em
as contas e a gestão, em última instân- qualquer acionista sobre atos dos ad- até dez dias) cópias das atas de suas
cia, de responsabilidade deste mesmo ministradores e cumprimento de seus reuniões. Isto pode ser muito impor-
majoritário. Este fato parece configurar deveres legais e estatutários, relatório tante para se conhecer os fundamen-
uma cautela excessiva por parte do le- anual da administração, propostas dos tos de operações aprovadas pelo Con-

Continuação... aporte de R$ 5,6 bilhões por conta de um O principal risco para este ce-
investidores locais, a saber: (i) dos fun- acerto atuarial. Segundo o novo presiden- nário é a inflação. Não conhecemos
dos de pensão, privados e estatais, que te, o objetivo da fundação é manter os nenhum caso em que uma desvaloriza-
vêm diminuindo sua exposição ao mer- atuais 20% do patrimônio em ações. Se os ção de mais de 60% tenha produzido
cado de ações nos últimos anos, já que recursos da Petrobrás vierem sob a forma uma inflação de menos de 10% nos doze
era possível superar, por larga margem, de caixa, que é o mais provável, só este meses subseqüentes, como é a meta do
o custo atuarial real com os retornos da fator representará uma nova demanda de IPCA. É verdade que os índices de preço
renda fixa; (ii) das seguradoras que, pelas mais de R$ 1 bilhão. Apenas como um por atacado subiram muito mais, mas
mesmas razões, nunca chegaram a in- parâmetro, os fundos de pensão dos EUA ainda assim estão muito aquém do que
vestir um percentual significativo de suas têm cerca de 60% aplicados em renda vimos em outros países em situações se-
reservas técnicas em ações; e (iii) das variável (dados do site da Pensions & In- melhantes. Portanto, ou a taxa de câm-
demais pessoas físicas e jurídicas brasi- vestments) bio deverá ceder ou a inflação deverá
leiras que, até por razões históricas e Com relação às seguradoras, de subir. Nas freqüentes conversas que te-
culturais, mantém um percentual inves- um total de R$ 13,3 bilhões em reservas mos com várias empresas, a compressão
tido em ações muito baixo. técnicas, apenas 8,6% estão em ações de margens é assunto recorrente. Qual-
É difícil quantificar esta deman- (dados da Susep de junho/99). E, de um quer melhoria da economia deverá tra-
da, mas alguns números podem dar uma total de R$ 189 bilhões em fundos de in- zer um pouco de inflação na recompo-
idéia geral. Os fundos de pensão admi- vestimentos, apenas R$ 13,7 bilhões (7,2%) sição de margens. Isto poderá atrasar a
nistram hoje cerca de R$ 93 bilhões. estão em renda variável (dados da Revista queda dos juros internos mas, desde que
Descontando a Previ, cujo patrimônio é Anbid de agosto /99). esta inflação residual não venha a ser
de R$ 24 bilhões com 54% em renda Se adicionarmos a estes fatores repassada aos salários, não deverá in-
variável, apenas 21% do patrimônio de macro uma possibilidade concreta de me- verter a direção do movimento.
todos os outros fundos estão em ações lhoria em nossa Lei das Sociedades Anô- Por todas as razões acima, esta-
(dados da Abrapp de março/99). Um au- nimas (sobre a qual pretendemos falar em mos confiantes de que os próximos cin-
mento de 1% nessa carteira consolidada detalhes em uma próxima edição), tere- co anos serão melhores para investi-
de ações equivale a R$ 700 milhões. mos pela primeira vez em muitos anos mentos em ações no Brasil do que foram
Outro dado interessante é a situação da uma situação onde os fundamentos esta- os últimos cinco, mesmo que os próxi-
Petros, cuja patrocinadora aprovou um rão em favor da renda variável no Brasil. mos seis meses sejam difíceis.
selho de Administração ou pela Direto- tões a serem respondidas por perito e conferidas pela lei ou pelo estatuto para
ria. De especial interesse são os regis- solicitar à diretoria que indique, para lograr os fins e o interesse da compa-
tros de operações que envolvem con- esse fim, três peritos entre os quais o nhia. Havendo conflito de interesses
flitos de interesses com o controlador CF escolherá um (os honorários deste entre os da companhia e os do grupo
como, por exemplo, a venda ou aqui- perito são pagos pela companhia). Este de acionistas que o elegeu, é dever do
sição de ativos com partes relaciona- item poderia ser de extrema relevân- conselheiro fiscal atender aos interes-
das, acordos de mútuos, planos de in- cia, não fosse sua redação conserva- ses da companhia, mesmo que sacrifi-
vestimento e modificação do capital so- dora, que praticamente o anula uma cando os de seus eleitores.
cial. Além destas reivindicações espe- vez que cabe consecutivamente ao Em segundo lugar, e talvez de
cíficas, o CF, a pedido de qualquer um controlador (a) determinar a necessida- forma mais sutil, deseja-se sublinhar a
de seus membros, pode solicitar aos de do serviço do perito (por ser majo- responsabilidade dos acionistas quan-
órgão da administração, a qualquer ritário no CF, que por sua vez decide do participam ou determinam a esco-
momento, esclarecimentos ou informa- as matérias de sua competência por lha de seu representante no CF. Esta
ções, bem como a elaboração de de- maioria), (b) indicar os três peritos (por escolha não pode pautar-se pela von-
monstrações financeiras ou contábeis indicar a diretoria da empresa, que por tade de homenagear o indicado ou pelo
especiais. sua vez deve formular uma lista tríplice reconhecimento de serviços que even-
3. Também a qualquer tempo, e submetê-la ao CF) e, por fim, (c) es- tualmente tenha prestado com brilho a
acionistas que representem no mínimo colher um dos indicados (de novo estes mesmos acionistas em outra esfe-
cinco por cento do capital social po- como majoritário no CF, que faz a es- ra. Deve considerar, isto sim, a compe-
dem solicitar ao CF maiores esclareci- colha). tência específica que tenha seu repre-
mentos sobre matérias de sua compe- Observando-se as atribuições e sentante para lidar com as questões
tência. Esta é uma faculdade da lei que alçadas do CF e através delas as possi- pertinentes às atividades do CF.
precisa ser mais valorizada pelos acio- bilidades de atuação dos minoritários Acreditamos que uma maior
nistas minoritários. Tanto para se pre- no exercício de governance de seus in- profissionalização e uma postura mais
parar para as Assembléias como para vestimentos, explica-se porque na lei ativa dos conselheiros fiscais em em-
fundamentar a atividade de governan- das sociedades anônimas há uma pre- presas abertas no Brasil podem ajudar
ce, em casos onde o controlador ou os ocupação óbvia com a qualificação e a diminuir o hiato de regulação e puni-
diretores não se mostrem sensíveis às remuneração dos Conselheiros. ção que existe no país quando compa-
demandas do minoritário, este disposi- Em primeiro lugar, deseja-se evi- rado aos mercados mais desenvolvidos.
tivo pode ser um substituto eficiente. tar o que os comentadores jurídicos Para a Dynamo, o CF tem se mostrado
Além disso, a formação de blocos de denominam de atuação ad terrorem ou um instrumento de crescente importân-
acionistas para garantir a marca dos cin- de abuso do direito, onde o conselhei- cia na sua atividade de governance.
co por cento fixada na lei, como sem- ro busca, ao invés do interesse da com- Quando funcionam perfeitamente, os
pre perseguimos na Dynamo, já é em panhia, adquirir benefícios para si em CFs servem para a boa companhia
si uma ação coletiva positiva para a conseqüência do posto que ocupa. O como garantia de qualidade da gestão,
companhia, pois este ativismo resultará conselheiro chantagista é um predador de aperfeiçoamento administrativo e de
certamente em uma melhor compreen- da reputação do CF, razão pela qual acesso à informação para os minoritá-
são do funcionamento da companhia esta espécie, se ainda persiste, deve ser rios. Tudo isso traz óbvios resultados
no mercado. rapidamente extinta. Vale lembrar que para a imagem da empresa no merca-
4. Finalmente, para apurar fato a lei das S.A. determina expressamente do, benefício que se transfere para o
cujo esclarecimento seja necessário ao (artigo 154) que todos os administra- preço e a liquidez de suas ações, redu-
desempenho de suas funções, o CF po- dores (aí incluídos os conselheiros fis- zindo seu custo de capital.
derá formular, com justificativa, ques- cais) devem exercer as suas atribuições Rio de Janeiro, 09/11/99
Dynamo Cougar x Ibovespa x FGV-100
(Percentual de Rentabilidade em US$ comercial)
DYNAMO COUGAR* FGV-100** IBOVESPA***
Período No No Desde No No Desde No No Desde
Trimestre Ano 01/09/93 Trimestre Ano 01/09/93 Trimestre Ano 01/09/93
1993 - 38,78 38,78 - 9,07 9,07 - 11,12 11,12
1994 - 245,55 379,54 - 165,25 189,30 - 58,59 76,22
1995 - -3,62 362,20 - -35,06 87,87 - -13,48 52,47
1996 - 53,56 609,75 - 6,62 100,30 - 53,19 133,57
1997 - -6,20 565,50 - -4,10 92,00 - 34,40 213,80
1º Trim/98 16,55 16,55 675,66 18,15 18,15 126,83 15,07 15,07 261,14
2º Trim/98 -8,70 6,40 608,30 -19,40 -4,80 82,80 -19,60 -7,50 190,30
3º Trim/98 -33,50 -29,20 371,20 -27,20 -30,70 33,10 -33,40 -38,40 93,50
4º Trim/98 14,20 -19,10 438,10 -1,20 -31,50 31,50 -0,10 -38,40 93,30
1º Trim/99 6,81 6,81 474,80 11,91 11,91 47,20 12,47 12,47 117,36
2º Trim/99 24,28 32,75 614,36 24,60 39,44 83,41 2,02 14,74 121,76
3º Trim/99 3,17 36,96 637,01 -4,71 32,87 74,77 -7,41 6,24 105,34
(*) O Fundo Dynamo Cougar é auditado pela KPMG Peat Marwick e sua rentabilidade é apresentada líquida das taxas de performance e administração, ficando sujeita apenas a ajuste de taxa de performance, se
houver. (**) Índice que inclui 100 companhias, mas nenhuma instituição financeira ou empresa estatal (***) Ibovespa Médio (não o fechamento).

DYNAMO ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS LTDA.


Av. Ataulfo de Paiva, 1351 / 7º andar – Leblon – 22440-031 – Rio de Janeiro – RJ – Tel.: (021) 512-9394 – Fax: (021) 512-5720 - e-mail dynamo@dynamo.com.br

Você também pode gostar