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17/01/2022 08:51 Renegociação de dívidas volta à cena com alta da inflação | Finanças | Valor Econômico

Finanças
Renegociação de dívidas volta à cena com alta da inflação
Santander vê menos liquidez e lança campanha ampla; setor aborda clientes em aperto orçamentário

Por Álvaro Campos e Talita Moreira — De São Paulo


17/01/2022 05h02 · Atualizado há 3 horas

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17/01/2022 08:51 Renegociação de dívidas volta à cena com alta da inflação | Finanças | Valor Econômico

Vanessa Lobato, do Santander: “A gente começa a perceber mais dificuldade dos clientes de ficar em dia com seus contratos” — Foto: Claudio Belli/Valor

O Santander anunciou na noite de ontem uma ampla campanha de renegociação de dívidas. Além do
aperto típico do começo de ano, quando despesas como IPVA, IPTU e compra de material escolar
costumam pesar no bolso dos brasileiros, o banco começou a perceber que a inflação e os
desdobramentos da pandemia estão afetando a capacidade de pagamento de seus clientes.

Outras instituições financeiras também fizeram programas desse tipo. Alguns são mais abrangente, e
outros, mais direcionados aos clientes que já estão em dificuldades. Dados do Banco Central mostram que
o endividamento das famílias está na máxima histórica de 49,7% da renda e, com a previsão de que a
economia crescerá somente 0,28% neste ano (projeção da pesquisa Focus), o mercado de trabalho não
deve ter grande melhora.

Aprendizados da pandemia e novas tecnologias ajudam a antecipar


tendências de comportamento

“Um conjunto de indicadores mostra que tem menos liquidez na economia. A gente começa a perceber
mais dificuldade dos clientes de ficar em dia com seus contratos”, afirma, em entrevista ao Valor, Vanessa
Lobato, vice-presidente executiva que assumiu recentemente a área de varejo do Santander.

Sem abrir números, Lobato diz ainda não ver uma piora na inadimplência, que contrariou as expectativas e
até caiu durante a pandemia. O objetivo do banco, segundo a executiva, é mostrar ao cliente que ele terá
apoio se precisar. Batizada de “Desendivida”, a campanha do Santander é voltada a pessoas físicas e
jurídicas, em atraso ou não. A divulgação envolve mídia tradicional, redes sociais e os canais do banco. As
peças serão estreladas pelos ex-BBB Dhomini, Max Porto e Rodrigo Caubói, que não souberam administrar
bem o dinheiro que ganharam no reality show.

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Os clientes do Santander poderão acessar a renegociação por meio do internet banking, do aplicativo e
também da rede física. No próximo sábado, dia 22, haverá uma espécie de mutirão nas agências para
aqueles que preferirem o atendimento presencial. O objetivo, segundo Lobato, é que a conversa seja
individualizada.

Desde o início da crise, bancos repactuaram 18,7 milhões de contratos de


crédito, que totalizam R$ 1,1 tri

Refinanciamento de contratos, alongamento de prazos e redução no valor das prestações são algumas
possibilidades. Pular uma ou duas mensalidades também será uma opção. Mas, diferentemente do que
ocorreu nas negociações feitas durante a pandemia, desta vez não há compromisso do banco de manter as
taxas dos contratos originais. Os juros poderão ser revistos e os termos finais serão decididos caso a caso,
mas, em um momento de alta da Selic, não estão descartadas revisões de taxas para cima. De acordo com
a executiva, a intenção é dar um alívio momentâneo ou fazer com que as prestações voltem a caber no
orçamento.

“Janeiro é sempre mais pesado nas contas e a gente vem de dois anos de pandemia, não estamos em um
boom econômico e ainda tem o tema da inflação elevada. Tudo isso, combinado com um endividamento
maior das famílias brasileiras, pressiona a renda final”, afirma Lobato.

Como o Santander está no período de silêncio antes da divulgação dos resultados do quarto trimestre, ela
não dá detalhes sobre a inadimplência nem sobre o volume que a instituição espera renegociar. No
entanto, diz que tem notado uma liquidez menor dos clientes. O banco fechou o terceiro trimestre de 2021
com inadimplência (atrasos acima de 90 dias) de 2,4%, vindo de 2,2% em junho e 2,1% no fim de março. A
inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias) foi de 3,4%, vindo de 3,3% e 3,6%, respectivamente.

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O segmento de pessoa jurídica também será contemplado pela campanha. A executiva lembra que
pequenas e médias empresas (PMEs) foram as mais impactadas pela pandemia, especialmente em alguns
setores. “As pequenas empresas são mais afetadas, até mesmo pela inflação, porque muitas vezes não
conseguem repassar tudo para o consumidor. Então, elas estão remando para conquistar seu espaço”,
afirma.

Mesmo sendo possível aderir à renegociação pelos canais digitais, Lobato diz que a agência física ainda tem
um papel muito importante - por isso a decisão de abrir os pontos de atendimento no sábado. “O valor da
loja é muito claro para a gente, ela tem muita relevância para uma grande parte da população. Talvez a loja
sozinha não faça mais sentido, mas a força do banco na relação com o cliente está na combinação de
canais”, afirma.

Em 12 meses até setembro, o Santander teve uma redução líquida de 139 agências, mas a vice-presidente
explica que o banco tem aberto unidades no interior. “Abrimos 120 agências em 2021 e vamos abrir outras
120 em 2022. O Brasil ainda tem muitas áreas com baixa bancarização.”

Campanhas de renegociação de dívida sempre foram feitas pelas instituições financeiras em momentos
mais delicados. No entanto, com os aprendizados trazidos pela pandemia e novas tecnologias, essas
operações se tornaram mais sofisticadas e passaram a antecipar melhor as tendências de comportamento.

Desde o início da crise trazida pelo coronavírus, os bancos brasileiros renegociaram 18,7 milhões de
contratos, que totalizam R$ 1,1 trilhão em saldo devedor, segundo a Federação Brasileira de Bancos
(Febraban). Em novembro do ano passado, um mutirão realizado em parceria com a Secretaria Nacional do
Consumidor (Senacon), o Banco Central e o Procon repactuou 1,7 milhão de operações. Já o Feirão Limpa
Nome, da Serasa, teve de ser prorrogado em função da grande procura. Finalizado em 20 de dezembro,
resultou na renegociação de quase 4 milhões de contratos, com mais de R$ 10 bilhões concedidos em
descontos de multas e juros.

Nos últimos meses do ano passado, outros grandes bancos adotaram a estratégia de promover
campanhas de renegociação de dívida. A Caixa lançou o programa “Você no Azul”. A iniciativa terminou em
30 de dezembro e ainda não há um balanço definitivo, mas em um dado parcial o banco disse que atingiu
um recorde de 400 mil contratos, relativos a mais de 300 mil clientes, com R$ 3 bilhões em dívidas
liquidadas.

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O Banco do Brasil (BB) também realizou um mutirão de renegociação de dívidas em dezembro, em que foi
possível abordar a situação financeira de mais de 285 mil clientes. “É importante destacar que o BB sempre
está disponível para encontrar uma solução para os clientes com dívidas em atraso”, afirma o banco em
nota.

O Itaú, que criou uma diretoria de crédito e cobrança na pandemia, diz que trabalha com condições
especiais de renegociação via canais digitais, incluindo ofertas e descontos personalizados para pessoas
físicas com dívidas no banco ou relacionadas aos cartões de parceiros. Há ainda um canal de atendimento
pelo WhatsApp, exclusivamente criado para clientes que desejam renegociar dívidas e antecipar parcelas de
empréstimos.

Alexandre Borin, diretor de recuperação do varejo, enfatiza que não se trata de um canal de cobrança. O
objetivo é oferecer opções sob medida para cada cliente, de maneira remota. “Queremos facilitar o acesso
às melhores ofertas para a reorganização financeira de nossos clientes, criando uma agenda viável de
pagamentos para cada caso. Para tanto, analisamos e entendemos a situação do cliente e buscamos as
soluções customizadas mais adequadas. A ideia é incentivar a renegociação inclusive entre os adimplentes,
antes de sua situação financeira se tornar crítica e gerar restrições que dificultem o acesso a novos
créditos.”

Mesmo as instituições financeiras que não lançaram campanhas estão agindo proativamente. No Bradesco,
por enquanto não há planos de criação de um programa amplo, com publicidade, mas o banco tem usado
ferramentas de dados para oferecer soluções aos clientes quando detecta sinais de alerta. Segundo fonte
próxima à instituição, dependendo da inflação e da evolução dos indicadores de emprego e da covid-19, a
situação pode ficar mais crítica a partir da segunda metade do ano. Procurado, o banco disse apenas que
“está sempre aberto à renegociação com seus clientes e realiza análise caso a caso com o objetivo de
encontrar a alternativa mais adequada para que o cliente continue adimplente”.

Flávio Calife, economista-chefe da Boa Vista, lembra que a inadimplência caiu na pandemia, com as
postergações oferecidas pelos bancos e o auxílio emergencial, mas voltou a subir de maneira gradual na
segunda metade de 2021 - e o cenário para este ano não é dos mais animadores. “O auxílio diminuiu e tem
um público bem menor, temos um aumento no endividamento das famílias e a inflação compromete ainda
mais a renda disponível, então o cenário não é muito favorável.” Ele aponta que, nesse contexto, o emprego

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se torna uma das variáveis mais importantes, e que atualmente a tendência é de melhora bem lenta, mas é
difícil prever o que vai acontecer ao longo do ano.

O número de registros de inadimplentes subiu 4,1% na comparação mensal dos dados dessazonalizados
entre os meses de outubro e novembro, de acordo com informações da Boa Vista. Enquanto isso, o
indicador de recuperação de crédito recuou 2,9%. “A tendência de elevação na taxa de inadimplência das
famílias com recursos livres pode seguir com seu ritmo de aumento gradual nas próximas aferições”, diz a
companhia. Diferentemente dos dados do BC, que medem a inadimplência no sistema financeiro, o
indicador da Boa Vista é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não
pagas informados pelas empresas credoras.

Matheus Moura, gerente da Serasa Experian, lembra que todo começo de ano é difícil e o ideal seria o
cliente usar o 13º salário para pagar IPTU, IPVA, escola dos filhos e outros gastos típicos dessa época. “Este
ano especificamente tem dois fatores que estão preocupando bastante: a inflação e a pandemia. Mesmo
que estejamos em um estágio diferente, com indícios que a ômicron seja mais leve, há um medo do que
vem por aí, se teremos novos lockdowns, se as pessoas vão perder suas fontes de renda. Então 2022 sem
dúvida está mais desafiador”, afirma.

Moura diz que o primeiro passo para quem está endividado é fazer um diagnóstico dos débitos, depois
avaliar sua renda para saber quanto cabe no orçamento. Na sequência, deve procurar renegociar suas
dívidas, já que, logo que paga a primeira parcela do novo acordo, seu nome deixa de ficar negativado e,
assim, ele inclusive tem acesso a crédito. “Sempre vemos no começo do ano um movimento maior no
mercado de crédito, de pessoas que precisam de dinheiro para compor a renda e arcar com os gastos
desse período.”

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