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CRÉDITO

“Via verde” para renegociar créditos não salvaguarda


“marcação” de clientes
Comissão de amortização parcial de créditos associados às Euribor foi eliminada temporiamente. Também nestes créditos, é proibida a
subida de taxa de juro e cobrança de comissões.

Rosa Soares e
Maria Lopes
4 de Novembro de 2022, 6:30

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Para já, as instituições de crédito têm de fazer o diagnóstico, no prazo de 45 dias, na sua carteira de crédito à habitação, NUNO FERREIRA SANTOS

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O tão aguardado diploma para apoiar famílias com dificuldades em suportar o recente aumento das taxas de juro no crédito à
habitação foi aprovado esta quinta-feira, mas será preciso esperar pela publicação do diploma para perceber o alcance de
algumas alterações face ao quadro legislativo em vigor. Como já se antecipava, não há um apoio directo às famílias, como pedia a
Deco, pelo que a redução das prestações terá de resultar da renegociação das condições dos contratos, mas a “via verde” agora
criada poderá implicar a “marcação” dos clientes no seu mapa de responsabilidade de crédito, podendo dificultar ou encarecer
eventuais empréstimos no futuro.

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Sobre este aspecto negativo da renegociação - o “estigma” (https://www.publico.pt/pesquisa?query=BCP) dos clientes, segundo as
palavras do presidente do BCP -, o secretário de Estado do Tesouro, na conferência que se seguiu ao Conselho de Ministros, foi
parco em comentários, referindo, no entanto, que “o Governo faz o que lhe compete e espera que os bancos tenham o sentido de
responsabilidade num momento ímpar e tenham sensibilidade para enfrentar a realidade das coisas”.

Na prática, o Governo deixa para os bancos a responsabilidade de encontrar as melhores soluções, sendo que a marcação de
créditos, decorrente da necessidade de comunicar à Central de Responsabilidade de Crédito eventuais dificuldades dos
particulares em cumprir as condições contratualizadas, é negativa para os clientes e para eles próprios (ao nível do seu reflexo
nos capitais próprios).

Mas em muitas situações, os bancos e clientes não terão como fugir à marcação. O responsável fez questão de destacar que “se
alguém sente dificuldades tem de ter via aberta para renegociar com o banco” e, por isso, o Governo está “a assinalar um
determinado caminho”. “Mas depois temos de assumir as consequências da situação em que estamos”, assinalou.

O diploma do Governo, apresentado muito sumariamente por João Nuno Mendes, aplicar-se-á apenas aos créditos com taxa
variável, ou seja, associados às Euribor, destinados a habitação própria permanente e com capital em dívida até 300 mil euros.
Também só para os créditos associados às Taxas Euribor, e para quem tem poupanças
(https://www.publico.pt/2022/05/29/economia/noticia/euribor-subir-depositos-zero-vale-pena-amortizar-credito-casa-2007985)
que possa movimentar, foi eliminada a comissão de 0,5% para estimular as amortizações parciais ou totais de crédito. Neste caso,
não há qualquer limite ao montante do empréstimo, porque a medida pretende facilitar a transferência de créditos, aumentando
a concorrência.

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Já as famílias com crédito a taxas fixas, mesmo que sintam actualmente dificuldades em suportar as prestações da casa, por perda
de poder de compra devido à inflação (https://www.publico.pt/2022/10/27/economia/noticia/lagarde-responde-governos-
2025642), ficam excluídas destas medidas, sendo que, no caso de amortizações antecipadas, a comissão é bem mais elevada, de
2%.

Uma das vantagens para os consumidores é que nas renegociações de crédito previstas no diploma, os bancos não podem subir a
taxa de juro (nomeadamente o spread ou margem comercial), nem cobrar quaisquer comissões, garantiu o governante.

Taxa de esforço de 36%


As medidas, que estarão em vigor apenas até ao final de 2023, vêm introduzir algumas alterações ao plano de acção para o risco
de incumprimento (PARI), já existente, clarificando as situações em que os bancos terão de agir, e outras em que os clientes
poderão tomar a iniciativa de solicitar a renegociação.

Para já, as instituições de crédito têm de fazer o diagnóstico, no prazo de 45 dias, na sua carteira de crédito à habitação, de qual é
a taxa de esforço dos clientes, uma avaliação que, de certa forma, já estavam obrigados a fazer para identificar eventuais sinais de
risco, numa lógica de prevenção.

Depois, e aqui também não há grande avanço, os clientes que apresentem uma taxa de esforço superior a 50% do rendimento, ou
seja, quando mais metade do seu rendimento líquido de impostos e contribuições é afecto a pagar encargos com empréstimos (à
habitação, mas também ao consumo), devem merecer uma análise especial, no sentido de avaliar o risco de incumprimento. Se
existirem sinais nesse sentido, o banco terá de apresentar uma proposta com vista a reduzir os encargos com juros.

Mas também são definidos outros patamares de alerta. Assim, os clientes poderão pedir a renegociação dos créditos a partir do
momento em que a taxa de esforço com todos os créditos ultrapasse os 36% do rendimento líquido do agregado familiar.
Contudo, o limite dos 36% da taxa de esforço só é “uma justificação válida” se se verificar uma de duas situações: a primeira,

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consiste num agravamento para esse valor dos encargos totais face ao rendimento disponível em cinco pontos percentuais,
explicado pela subida das taxas de juro, isto é, por comparação ao que pagavam uma ano antes; a segunda, se a soma de três
pontos percentuais à taxa de juro inicial do contrato à habitação resultar uma taxa de esforço acima de 36%.

Ou seja, um cliente com uma taxa de esforço actual de 37%, se tiver um agravamento da prestação em três pontos, poderá não
ser considerado elegível para uma renegociação. E o mesmo acontece se a soma de três pontos base a uma taxa inicial de 2%
corresponder a uma taxa de esforço abaixo de 36%.

Não ficou claro das declarações do governante se os bancos ficam obrigados a aceitar essa renegociação, e se esta abrangerá
somente o crédito à habitação e outros créditos existentes na mesma instituição, ou créditos ao consumo dispersos por outras
entidades.

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As medidas para a renegociação são as existentes: o alargamento do prazo do contrato do crédito à habitação (podendo regressar
ao prazo original durante os próximos cinco anos, uma opção introduzida agora), a criação de períodos de carência ou
diferimento de capital, o refinanciamento ou a consolidação de crédito, a redução da taxa de juro durante um prazo negociado
com o banco, ou a mudança de banco.

Qual é a minha taxa de esforço?

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Muitas famílias podem estar a sentir dificuldade em acomodar o aumento das taxas de juro, ou os aumentos que aí vêm, mas
desconhecer qual é a sua taxa de esforço, até porque, como se referiu, o seu cálculo reveste-se de alguma complexidade. Para
isso, ajudará o levantamento a fazer pelos bancos e os clientes poderão solicitar essa informação.

O novo diploma do Governo foi preparado em colaboração com o regulador [Banco de Portugal] e foram feitas consultas à
Associação Portuguesa de Bancos, referiu o governante, que fez questão de deixar um apelo insistente ao sector bancário no
sentido da “proactividade”, para que os bancos reajam “de forma enérgica e rápida para ajudarem os clientes”. “O Banco de
Portugal terá a função de fiscalização do diploma”, acrescentou. O decreto segue agora para o Presidente da República.

Para além do PARI, que tem um carácter preventivo, existe um outro programa, o PERSI - procedimento extrajudicial de
regularização de situações de incumprimento, para as situações em que as famílias deixaram de pagar regularmente os seus
créditos.

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