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PLMJ Colab Angola – RVA Advogados PLMJ Advogados

ABR 22 ANGOLA

Concessão de crédito ao sector real


NEWS

da economia
Com o intuito de proceder à actualização do âmbito de aplicação do Aviso n.º 10/20, de 3 de Abril, sobre
a concessão de crédito ao sector real da economia, foi recentemente publicado o Aviso n.º 10/22, de
6 de Abril, do Banco Nacional de Angola (doravante “BNA”), que vem, assim, estabelecer (i) os termos
e condições aplicáveis aos referidos créditos, (ii) os requisitos mínimos em termos de número e valor
total e (iii) o seu tratamento no cálculo das reservas obrigatórias.

A lista exemplificativa de bens essenciais a que se aplica o Aviso sofreu ligeiras alterações, tendo pas-
sado a incluir bens de apicultura, pastelaria e panificação, cultura e derivados de trigo e fertilizantes
e materiais de correcção de solos e deixou de referir cimento, clínquer, mel e tinta para construção.

O Aviso prevê as seguintes modalidades de crédito: (i) crédito de médio longo prazo para o investimento,
incluindo para aquisição de máquinas e equipamento, que deve ter como prazo máximo o período
de retorno (payback) do investimento e pode incluir financiamento com garantias reais e locação
financeira; (ii) crédito de curto prazo para a compra de matéria-prima e outros insumos a fornecedores
locais no mercado nacional, que deve ser concedido pelo prazo máximo estimado entre a sua aquisição
e a venda ou o pagamento pelo comprador do produto acabado; e (iii) crédito concedido na modalidade
de factoring.

O acesso ao crédito passou a estar limitado aos clientes bancários que cumpram os seguintes
requisitos: (i) ser uma sociedade constituída nos termos da lei; (ii) ter contabilidade organizada
e contas certificadas por um contabilista ou perito contabilista registado na OCPCA; (iii) ter a situação
fiscal regular; e (iv) ter experiência comprovada na actividade que exerce e para a qual solicita o crédito.

Uma das principais alterações introduzidas pelo Aviso diz respeito ao custo total do crédito (que
abrange a taxa de juro e as comissões), que passou a variar consoante a modalidade de crédito, con-
forme segue: nos créditos para o investimento, não pode exceder 7,5% por ano e, nos créditos para
a aquisição de matéria-prima, insumos e factoring, não pode exceder 10% por ano.

Renata Valenti
José Luquinda
PLMJ Colab Angola
O novo Aviso vem estabelecer (i) os termos e condições
- RVA Advogados aplicáveis aos referidos créditos, (ii) os requisitos mínimos
Gonçalo dos Reis em termos de número e valor total e (iii) o seu tratamento
Martins
Joana Marques
no cálculo das reservas obrigatórias.
dos Reis
PLMJ Advogados

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NEWS Concessão de crédito ao sector
real da economia
ABR. 22

ANGOLA

Outras das principais alterações do Aviso foi no âmbito dos requisitos mínimos do número de créditos
a conceder por cada Instituição Financeira Bancária (doravante “Banco Comercial”), que passaram
a ser os seguintes: (i) Bancos Comerciais com um activo líquido a 31 de Dezembro do ano anterior igual
ou superior a Kz. 400.000.000.000,00: 25 créditos; (ii) Bancos Comerciais com um activo líquido a 31
de Dezembro do ano anterior igual ou superior a Kz. 200.000.000.000,00: 20 créditos; (iii) Bancos
Comerciais com um activo líquido a 31 de Dezembro do ano anterior superior a Kz. 50.000.000.000,00:
15 créditos; e (iv) Bancos Comerciais com um activo líquido a 31 de Dezembro do ano anterior até Kz.
50.000.000.000,00: 5 créditos. Para efeitos de cumprimento destes requisitos, não são elegíveis os
créditos concedidos na modalidade de factoring e as renovações de crédito de curto prazo, no ano da
sua concessão, e as renovações em anos subsequentes, para além da primeira, em cada ano civil.

O Aviso altera, ainda, os montantes deduzíveis do valor das reservas obrigatórias, que passam a ser os
seguintes: (i) 100% do capital vincendo e vencido há menos de 90 dias, nos casos de crédito de médio
e longo prazo para o investimento; (ii) 50% do capital vincendo e vencido há menos de 90 dias nos casos
de crédito de curto prazo; e (iii) 25% do capital dos créditos vencidos há mais de 90 dias e dos créditos
reestruturados por dificuldades financeiras do cliente. O BNA poderá, excepcionalmente, permitir
a dedução de valores referentes a créditos reestruturados, concedidos a projectos considerados
relevantes no contexto nacional, que não cumpram os requisitos previstos na alínea (ii) anterior,
determinando ponderadores específicos aplicáveis a esses casos. O Aviso vem, ainda, estabelecer
a informação que os Bancos Comerciais devem remeter ao BNA para solicitação das deduções, assim
como o dever de informação a que os Bancos Comerciais se encontram adstritos sempre que um crédito
se tornar vencido há mais de 90 dias ou for reestruturado por dificuldades financeiras do cliente.

No âmbito dos deveres de avaliação e gestão do risco de crédito, o Aviso determina que os Bancos Co-
merciais devem avaliar a possibilidade de ser concedida uma garantia ou seguro de crédito agrícola de
forma a mitigar o risco de crédito e devem assegurar o acompanhamento regular dos seus clientes, de
forma a detectar atempadamente dificuldades financeiras ou outras circunstâncias que possam au-
mentar o risco de incumprimento e tomas as medidas adequadas para prevenir ou resolver a situação.
Por seu turno, no âmbito dos deveres de informação, compete os Bancos Comerciais manter no seu
sítio na internet informação sobre os requisitos de acesso ao crédito, incluindo uma lista actualizada
dos documentos e informações que devem ser apresentadas pelos clientes.

O Aviso vem estabelecer a obrigação dos Bancos


Comerciais apresentarem ao BNA, até 28 de Fevereiro
de cada ano.

O Aviso vem estabelecer a obrigação dos Bancos Comerciais apresentarem ao BNA, até 28 de Feverei-
ro de cada ano, as razões justificativas do não cumprimento das metas anuais estabelecidas no Aviso,
sendo que a decisão do BNA relativamente às medidas/sanções a aplicar deverá ser aprovada até 31 de
Março de cada ano.

O Aviso entra em vigor no dia 7 de Abril de 2022.

ANGOLA — CHINA/MACAU — GUINÉ-BISSAU — MOÇAMBIQUE — PORTUGAL — SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE — TIMOR-LESTE

O presente documento destina-se a ser distribuído entre clientes e colegas e a informação nele contida é prestada de forma geral e abstrata, não devendo
servir de base para qualquer tomada de decisão sem assistência profissional qualificada e dirigida ao caso concreto. O seu conteúdo não pode ser reproduzido,
no seu todo ou em parte, sem a expressa autorização do(s) editor(es). Caso deseje obter esclarecimentos adicionais sobre este tema contacte Renata Valenti
(renata.valenti@rvaangola.com), Gonçalo dos Reis Martins (goncalo.reismartins@plmj.pt), Joana Marques dos Reis (joana.marquesreis@plmj.pt) ou José
Luquinda (jose.luquinda@rvaangola.com).

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