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Empresas que atuam com concessão de crédito para diversos tipos de

clientes, como, por exemplo, instituições financeiras, redes varejistas e


concessionárias de veículos têm um grande desafio quando o assunto é
fazer a análise do perfil do futuro cliente e determinar o risco de
crédito da operação.

Risco de crédito nada mais é do que a chance do cliente – seja ele


Pessoa Física ou Jurídica -, deixar de honrar o pagamento da dívida
adquirida.

Mesmo tomando todas as precauções e seguindo políticas de gestão de


risco de crédito para minimizar as ameaças de inadimplência, vender
ou emprestar valores a prazo é sempre uma ação complexa para
qualquer tipo de negócio.

Nesses casos, o ideal é sempre controlar e buscar reduzir ao máximo


os riscos da operação, com uma análise completa dos solicitantes do
crédito.

Especialmente no Brasil, esses cuidados precisam ser levados à risca,


já que no país a inadimplência e o nível de endividamento são altos.

Vale aqui fazer uma diferenciação entre entre dívida e inadimplência.


A dívida é o compromisso que ainda não venceu, ou seja, ainda o
pagamento ainda está dentro do prazo acordado.

Já a inadimplência acontece quando esse prazo expira e a quitação do


valor (total ou parcial) não é realizada.

Tipos de risco de credito

Mas, quais os tipos de risco de crédito? De forma geral, os riscos


podem ser classificados como:

 De primeira categoria – representam um nível mais alto de


inadimplência do cliente. Por isso, é fundamental ter uma
análise mais rigorosa sobre o perfil do solicitante e suas
garantias de pagamento. Pode-se, por exemplo, requisitar um
avalista para o empréstimo.
 De segunda categoria – neste caso, existe o risco, mas ele é
considerado mais baixo. De toda a forma, uma análise criteriosa
ainda é indispensável para eliminar ou reduzir as possibilidades
de não recebimento do valor.

Se você quer entender melhor sobre esse assunto e como é possível


fazer a análise e a gestão do risco de crédito de forma eficiente, siga a
leitura.

Como funciona o risco de crédito no Brasil?

A crise financeira de 2008 estabeleceu novos parâmetros para a


gestão do risco de crédito. A “bola de neve” causada pelo crédito fácil
nos Estados Unidos atingiu negativamente toda a economia mundial.

O impacto global da crise fez com que empresas e, principalmente, os


bancos, revisassem suas regras para empréstimos e financiamentos.

Órgãos reguladores de todo o mundo passaram a exigir critérios mais


rígidos e transparência na aprovação de crédito. Especialmente as
instituições financeiras tiveram que buscar ferramentas e
metodologias mais seguras e eficientes para análise dos perfis dos
clientes.

Todo esse esforço fez com que o Acordo de Capital da Basiléia, que
nasceu para reforçar a confiabilidade e estabilidade do Sistema
Financeiro Internacional, fosse atualizado em 2010.

O Basileia III trouxe uma carga regulatória ainda mais rigorosa para
os bancos, e afetou, também, outras empresas que atuam na concessão
de crédito.

O Brasil segue as diretrizes do Basileia III, mas, por aqui, suas bases
entraram em vigor efetivamente em 2013.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de


Capitais (Anbima) tem um material completo com as principais
medidas do Acordo de Basiléia III e sua aplicação no Brasil.

Uma das formas de minimizar os riscos de fraudes na concessão de


crédito é realizar um onboarding de clientes com segurança e
eficiência.

Veja como isso é possível neste conteúdo que separamos para você:
Qual a importância da análise de risco de crédito

Toda operação de concessão de crédito ou de venda a prazo envolve


riscos, já que, apesar de todos os cuidados, nunca é possível ter
certeza de que o valor concedido será totalmente pago da forma
acordada e sem litígios.

A inadimplência não segue um padrão e ocorre em todas as classes


sociais. Além disso, uma série de variáveis podem fazer com que o
contrato não seja cumprido em sua totalidade pelo cliente, como, por
exemplo, questões de saúde ou de trabalho.

Assim, alguém que no momento de contratar um empréstimo aparenta


ter condições financeiras, pode não ter os recursos na hora de quitar a
dívida.

Mas, esse risco pode ser minimizado se a avaliação inicial for


completa e rigorosa, permitindo que a empresa conheça melhor o
perfil daquele cliente e os meios que ele tem para realizar o
pagamento.

Dessa forma, é fundamental ter metodologias e ferramentas para


administrar o risco de crédito, mantendo-o controlado dentro dos
padrões apropriados de gestão. Assim, as empresas podem ter
segurança nas suas operações.

Quais são os critérios para análise de crédito

Para que a concessão de crédito seja feita com segurança, é importante


se considerar uma série de informações do futuro cliente relacionadas
ao seu CNPJ ou CPF) , como, por exemplo, dados financeiros e
situação socioeconômica.

São essas informações que irão ajudar a mensurar a probabilidade e a


capacidade de pagamento do indivíduo ou da empresa.

Tal avaliação (muito utilizada em análise de risco de crédito bancário)


é baseada em alguns critérios, conhecidos como os 6 C’s do crédito.

Para a tomada de decisão mais segura, convém considerar cada uma


dessas variáveis no processo de concessão de crédito.
Os 6 C’s do crédito

Caráter

Está vinculado ao histórico financeiro do cliente e sua reputação no


mercado. São analisadas, principalmente, as transações efetuadas no
passado.

Capacidade

Diz respeito à capacidade do cliente em saldar a dívida.

Capital

Corresponde ao patrimônio líquido da empresa-cliente e seus sócios.


Tudo aquilo que compõe o inventário de quem está solicitando o
crédito.

Colateral

Este outro C, usado para analisar o risco de crédito nas instituições


financeiras se refere às garantias dadas em troca do crédito. Podemos
citar como exemplo equipamentos da empresa, imóveis, ativos, entre
outros.

Condições

Leva em conta a atual situação financeira do cliente, suas perspectivas


e o seu potencial para aumentar ou diminuir ganhos.

Conglomerado

Está relacionado à situação econômica de outras empresas inseridas


no mesmo grupo corporativo daquele perfil sob análise. O
levantamento considera como essas outras organizações podem afetar
positivamente ou negativamente o pagamento da dívida.

Como fazer análise de risco de crédito [passo a passo]


De modo geral, para se conceder os valores da forma mais segura
possível, é preciso buscar e cruzar uma série de informações de CPFs
e CNPJs em bancos de dados como Junta Comercial, SPC e Receita
Federal.

Os processos também devem ser rigorosos, mas sem perder a


agilidade na análise. Isso porque uma demora exagerada no retorno
sobre a concessão (ou não) do crédito pode acabar levando o cliente
para a concorrência.

Mesmo assim, a análise do risco do crédito deve proteger as empresas


(lojas, bancos, concessionárias, etc) de prejuízos futuros, mesmo que
para isso seja necessário vetar algumas vendas/empréstimos.

Na esteira de avaliação, que é o processo completo de gestão do risco


de crédito, temos quatro etapas básicas, que vão desde a análise inicial
até uma possível recuperação da dívida.

Vamos conhecê-las na sequência.

1. Análise

Esse é o primeiro passo, seja para avaliação de clientes Pessoa Física


ou Pessoa Jurídica. Nessa etapa, além de informações sobre o
histórico e a capacidade técnica e financeira de pagamento do perfil
que solicita o crédito.

Também deve ser feita uma análise criteriosa em relação a


fraudes, prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao
terrorismo e Pessoas Expostas Politicamente (PEPs).

Destacamos aqui a importância de contar com bons procedimentos


de onboarding de clientes e diligência prévia, para o cumprimento
de normas como a Lei n. 9613 e circular n. 3978 do Banco Central.

Conheça os impactos da circular Bacen n. 3978 no mercado


financeiro.

2. Operação
Na esteira de aprovação do crédito, o segundo passo a ser dado pelas
instituições após a validação positiva do perfil é averiguar critérios
mais específicos da operação.

Nesse sentido, são considerados aspectos como:

 Características e estrutura do financiamento/empréstimo;


 Adequação da operação solicitada às necessidades do cliente;
 Argumentação da operação de acordo com ratings internacionais
e com a classificação de riscos conforme a escala do Banco
Central.

3. Acompanhamento

Após a análise do perfil e da avaliação do risco de crédito, outro passo


fundamental é seguir com um monitoramento contínuo dos clientes
e das operações, até que todo o processo seja concluído (quitação total
do crédito).

Nesse aspecto, a instituição precisa criar processos de


acompanhamento periódico para avaliar com frequência o status do
cliente a partir de varreduras constantes que consideram pontos como:

 Situação financeira atualizada do cliente, incluindo informações


qualitativas e quantitativas;
 Movimentações financeiras fora do padrão;
 Outras operações de crédito ou dívidas existentes;
 Evolução da economia e do setor de atuação do cliente;
 Monitoramento de outros grupos de interesse  ligados aos
clientes analisados, especialmente os de Pessoa Jurídica, como
seus sócios e parentes;
 Inclusão em processos judiciais.

4. Recuperação

Apesar de as instituições trabalharem para não ser necessário chegar a


essa etapa, a recuperação do crédito em caso de inadimplência deve
ser considerada e planejada antes que se torne um litígio judicial.

Com base em uma análise, é preciso atualizar o perfil do devedor, os


meios que ele tem para pagar a dívida e buscar seus contatos e
endereços atualizados.
Outra necessidade é estabelecer processos e fluxos claros de cobrança.
Entre eles, destacamos:

 Buscar ativos (tangíveis e intangíveis) dos devedores;


 Definir o Valor Estimado de Recuperação (VER) de cada cliente
inadimplente;
 Segmentar contatos a serem cobrados, priorizando aqueles com
melhor propensão a efetuar o pagamento;
 Ter a localização e o contato de devedores atualizados, o que
possibilita a formalização da cobrança e as formas de
negociação.

Como mitigar o risco de crédito?

Para fazer uma gestão de riscos de crédito eficiente, é preciso reunir


informações do maior número possível de fontes relevantes.

Além disso, elas devem estar acessíveis em tempo integral, serem


constantemente atualizadas e facilmente compreendidas por todos os
envolvidos no processo, o que significa que devem estar bem
estruturadas.

Se tais procedimentos não forem otimizados, há um impacto negativo


na produtividade da análise, o que irá gerar atrasos e aumento de
riscos na concessão do crédito.

Veja mais sobre como mitigar riscos no artigo “Plano de mitigação:


7 práticas para reduzir riscos corporativos”.

Como analisar risco de crédito para Pessoa Jurídica?

Para analisar o risco de crédito relacionado a Pessoas Jurídicas, é


preciso realizar uma verificação completa no CNPJ.

Devem ser consultados, por exemplo, o número de ativos, passivos e


capital próprio da empresa, as dívidas trabalhistas ou com a União,
processos judiciais, certidões negativas, etc.
Esse procedimento difere das consultas realizadas em CPFs, em que a
busca é por bens, participação societária, renda estimada, vínculos
empregatícios, dívida ativa, etc.

Por meio dessas pesquisas pode-se saber se a negociação será


efetivada com um ‘bom’ pagador com condições de quitar a dívida
adquirida.

Entenda quais são as boas práticas para fazer a gestão de risco de


crédito

Determinar e classificar os perfis de risco

Clientes com perfis “desfavoráveis” dentro dos critérios já citados


anteriormente devem ser classificados com perfil de risco. A
instituição, nesse caso, deve avaliar se quer ou não assumir o risco de
um empréstimo.

Ter regras atualizadas e monitorá-las

Além de contar com uma política de crédito que possibilite ações


seguras e eficientes, os processos precisam ser constantemente
monitorados e reavaliados para manter a atualização e eficácia.

Definir limites para o crédito

Para evitar prejuízos com a inadimplência, o ideal é sempre definir um


limite seguro de crédito a ser concedido para cada perfil analisado.
Aqui, o ponto fundamental é avaliar a capacidade de pagamento.

Automatizar a análise de risco de crédito

Uma das maneiras mais simples para tornar a operação de análise de


risco de crédito eficiente, rápida e segura, é utilizar tecnologias já
disponíveis, especialmente a Inteligência Artificial e o Big Data.

Com esses sistemas, os processos, além de automatizados, se tornam


mais precisos e seguros ao contar com a revisão – tanto inicial quanto
contínua -, de inúmeras informações relevantes. Falaremos na
sequência sobre o funcionamento desse tipo de ferramenta.
Como Big Data Analytics pode ser usado na análise de risco de
crédito?

Uma das maneiras mais simples para tornar a operação de análise de


risco de crédito eficiente, rápida e segura, é utilizar tecnologias já
disponíveis, especialmente a Inteligência Artificial e o Big Data.

Plataformas baseadas em Big Data Analytics e machine learning,


como a Plataforma Neoway Risk & Compliance, permitem reunir em
um só sistema dados estruturados e atualizados de diferentes fontes, e
possibilitam o cruzamento rápido destas informações.

Assim, é possível ter uma visão mais ampla e em tempo real dos
riscos relacionados a cada perfil de cliente e realizar análises
preditivas para a tomada precisa de decisão.

O uso da tecnologia aprofunda os processos de análise de dados e


informações, permitindo às empresas lidar com diferentes fontes de
análise.

Entre elas destacamos o histórico de transações financeiras, bancos de


dados externos como Receita Federal, Banco Central, Serasa, SPC e
tribunais de justiça, além de consultas cadastrais em outros órgãos
públicos.

Independentemente dos critérios e políticas adotadas pela empresa


para classificar seus clientes e validar um risco de crédito, as soluções
de Big Data Analytics aumentam a eficácia dos processos e reduzem
as perdas em função de uma análise equivocada do perfil.

Isso porque esse tipo de ferramenta pode ser ajustada de acordo com
os modelos e variáveis relevantes e pode combinar diferentes critérios
de busca para cada companhia, gerando, assim, apenas as métricas e
filtros de análise que fazem sentido para cada negócio.

Por meio do Big Data Analytics, a análise do risco de crédito se torna


mais inteligente e responsável.

As instituições que investirem nesse tipo de ferramenta para gestão de


riscos conseguem evitar perdas financeiras e estão um passo à frente
da concorrência.
Conclusão

Um dos pontos primordiais para a operação de análise de risco de


crédito é ter agilidade para buscar e analisar as informações dos
clientes.

É preciso saber com rapidez se tal potencial cliente terá como pagar
pelo empréstimo, para não sucumbir à concorrência, por exemplo.

No entanto, também é necessário ter segurança em toda a esteira de


operação. Uma gestão de risco de crédito eficiente, precisa contar com
um bom número de fontes de informações e com a atualização dos
dados analisados. Isso é fundamental para evitar prejuízos.

Vimos que plataformas de Big Data Analytics e machine learning


conseguem reunir em um único sistema de análise fontes importantes,
além de manter um alto grau de atualização dos dados verificados.

Mas, o mais importante é a capacidade de varredura em poucos


minutos e a possibilidade de estabelecer padrões para análises
preditivas.

Continue acompanhando as atualizações do blog da Neoway e fique


por dentro das novidades sobre Risk & Compliance.

Se tiver alguma dúvida ou quiser conhecer melhor nossas soluções


para análise e gestão de riscos, entre em contato e solicite uma
demonstração.

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