ENTREVISTA REFORMA TRIBUTÁRIA HEINEKEN TEM SEDE

Ricardo Neves, CEO da NTT Data: Vitória ampla do governo na aprovação do Cervejaria investe R$ 7 bilhões
“A multiculturalidade brasileira é Arcabouço Fiscal não garante vantagem para ampliar produção e lança
grande diferencial competitivo” para avançar em agenda de impostos marca de refrigerante premium

O PROGRAMA DA BOSCH
CONTRA A CRISE AUTOMOTIVA
Com investimento “Nossa expectativa
de € 7 bilhões é de que no longo
globalmente, prazo os softwares
representem 10%
dos quais R$ 940 de todas as fontes
milhões serão de receita”
feitos na América GASTÓN DIAZ PEREZ
Latina, a gigante CEO E PRESIDENTE DA ROBERT
alemã quer elevar BOSCH AMÉRICA LATINA

suas receitas em
até 9%. Entenda
por que o Brasil
é um mercado
estratégico
nos planos da
companhia
seus
Acesse

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Dinheirodaredação 31 de Maio de 2023. Edição 1.326
A RESISTÊNCIA AO GOVERNO
É clara, consistente e crescente a má vontade política para com
o governo Lula e ela se expressa fundamentalmente no am-
biente parlamentar, onde deputados e senadores fazem de tudo
para sabotar qualquer plano que venha do Planalto ou da Es-
planada dos Ministérios. Está acontecendo mais uma vez agora,
justamente em torno das negociações para a aprovação do
Arcabouço Fiscal que, de mais a mais, dará segurança contábil e
previsibilidade ao orçamento público para que os investidores
voltem a apostar no Brasil. Parlamentares das mais diversas
vertentes não apenas protelam a aprovação como tentam
desvirtuar a natureza e estrutura do ajuste fiscal em discussão,
aplicando emendas e travas que, no todo, podem desfigurar o
novo regime e tirar dele a sua eficácia. Já somam mais de 40
exceções e adendos a regra e devem surgir ainda mais. Na reta
final, deputados procuraram negociar uma mudança “casada”
que deixaria o Fundeb de fora do limite de gastos. O tal Fundo
da Educação mexe diretamente com interesses regionais e re-
cursos que molham a mão de aliados e atende aos seus currais
eleitorais. Mesmo partidos da dita esquerda, PT inclusive, lu-
tam pela ideia de manter um Fundeb com verba mais robusta,
sem as amarras previstas no Arcabouço. E o governo, até para
não se indispor com a base, faz vista grossa ou concede espaço
para tais pedidos. A ministra do Planejamento, Simone Tebet,
sinalizou que não há como não aceitar as demandas e ajustes
pleiteados pelos congressistas. A diplomacia, no caso, na verda-
de joga contra a esperada disciplina fiscal. As alterações na pro-
posta do Arcabouço, entretanto, são apenas uma das facetas do
jogo de forca que vem sendo travado para deter o avanço de um
projeto de gestão bem-sucedido. Com a esmagadora maioria
de opositores, Câmara e Senado articulam maneiras de gerar
seguidas derrotas ao governo. Aproveitaram o vacilo federal na
04 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: MAURO PIMENTEL/AFP | CLAUDIO GATTI | DIVULGAÇÃO
defesa de pautas anacrônicas — como a das revisões do Marco
Fiscal do Saneamento e das privatizações — para lhe aplicar
os primeiros reveses, mas seguem com um tática ainda mais
ambiciosa nesse sentido. Com oito medidas provisórias prestes
a vencer, o time de Lula está na iminência de passar vergonha
em praça pública com a perda de efeito do que foi estabelecido
em cada uma delas. Os parlamentares ainda se articulam para
esvaziar os ministérios do Desenvolvimento Agrário — pasta
sob o comando do petista Paulo Teixeira — e a do Meio Am-
biente, dirigida por Marina Silva. Não engoliram, por exemplo,
que Marina tenha saído vitoriosa junto ao Ibama para a não
exploração de petróleo em regiões da Amazônia. Os adversários
querem transferir (e pressionam nesse sentido) atribuições de
ambas as pastas para o Ministério da Agricultura, comandado
por Carlos Fávaro, que tem a simpatia da bancada ruralista.
Também está no radar a ideia de ressuscitar a antiga Fundação
Nacional da Saúde (Funasa), que virou antro de esquemas e
desvios orçamentários no passado. Extinta por Lula, ela pode
voltar com um papel de atendimento às demandas políticas
muito parecido com o que hoje acontece na Codevasf. Esses
balcões de clientelismo e fisiologismo são atualmente a maior
das armas do Centrão que assumiu um poder desmesurado nas
duas casas. O governo, para segurar em mãos alguma força, vem
negociando bilhões de reais em emendas, regateando cargos e
criando postos estratégicos para atender a tanto apetite, numa
simbólica e clara demonstração de rendição. A resistência pare-
ce bem baixa atualmente.
Carlos José Marques
Diretor editorial
Índice
CAPA
Gastón Diaz Perez, CEO
e presidente da Robert
Bosch América Latina,
fala dos planos de investi-
mento de € 7 bilhões
globalmente. Brasil é
estratégico para o cresci-
mento da gigante alemã
pág. 28

ENTREVISTA SEMANA
Marina Silva ganha queda de braço contra
Ricardo Neves,
Petrobras, mas vê número de inimigos crescer
CEO da NTT Data,
diz que empresas pág. 06
têm papel nas
soluções de
problemas do Brasil, MOEDA FORTE
mas Estado precisa Grupo Patrimar lança R$ 5 bilhões em
fazer a parte dele empreendimentos de alto padrão em SP
pág. 10 pág. 08

SUSTENTABILIDADE
NEGÓCIOS Central da Visão cresce e busca capital para
Mauricio diversificar áreas de atuação
Giamellaro,
da Heineken Brasil, pág. 14
comanda ações
que somam
R$ 7 bilhões e DINHEIRO EM BITS
lança refrigerante Pesquisa da Qualibest mostra a relação dos
premium brasileiros com apps de delivery de comida
pág. 34 pág. 52

COBIÇA
TECNOLOGIA Residencial em Miami venderá unidades a
partir de US$ 3,5 milhões
Cofundador e
gerente geral pág. 56
da Vtex Brasil,
Rafa Forte diz
que companhia
vai investir 36% ARTIGO
do faturamento O futuro do investimento em startups passa
total em P&D pela IA, por Amure Pinho
pág. 54 pág. 66

CAPA Foto: LZP Produções

Dinheiro 31/05/2023 05
Dinheironasemana POR EDSON ROSSI

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
DEJA VU AMBIENTAL Agora é ex-CEO do Google
ACENDERAM A FRIGIDEIRA DE MARINA? falando sobre riscos da IA
Na quarta-feira (24), durante pales-
tra no encontro de CEOs promovido
pelo The Wall Street Journal, em
Londres, Eric Schmidt — que
comandou o Google entre 2001 e
2011 — afirmou que a inteligência
artificial (IA) é um “risco existen-
cial” e isso pode ser definido por
“muitas, muitas e muitas pessoas
feridas ou mortas”. Não hoje, mas em
breve, disse. “Esses sistemas serão
capazes de encontrar explorações de
Dia Zero em questões cibernéticas
ou descobrir novos tipos de biolo-
gia.” Explorações de Dia Zero são
vulnerabilidades de segurança em
software e sistemas. Schmidt se
junta a outros grandes nomes
preocupados com IA, como Bill
Gates, Elon Musk e até mesmo Sam
Altman, CEO da OpenAI — empresa
que tem a Microsoft como principal
investidora e desenvolveu a platafor-
Maio não costuma dar sorte a Marina Silva. Há 15 anos, num dia 13, ela deixou ma de IA mais famosa do planeta, o
o cargo que voltou a ocupar agora, o de ministra do Meio Ambiente. No ano Chat GPT.
seguinte, em 2009, deixou o PT. Desta vez, sua frigideira parece ter sido
reacendida — mesmo com a vitória obtida por ela na terça-feira (23), após a
decisão do Ibama de negar pedido de licença da Petrobras para explorar
petróleo a 180 km da costa do Amapá e a 500 km da foz do rio Amazonas. A HACKERS
região é um dos principais focos do Plano Estratégico 2023-2027 da Guerra cibernética põe
companhia. No dia seguinte, a Petrobras afirmou por nota que atendeu a todos
os requisitos legais e exigências técnicas, disse ser capaz de responder de EUA e China em alerta
pronto a qualquer emergência ambiental e que a nova decisão pode levar a Uma reportagem investigativa de
litígios e aplicação de multas, comprometer a segurança energética da região e autoria da agência Reuters, publica-
causar instabilidade jurídica. Marina venceu, mas vem batalha pela frente. da na quarta-feira (24), revelou ao
Além da Petrobras, o Ministério de Minas e Energia e o Congresso (que mundo que hackers chineses reali-
aprovou texto preliminar de MP retirando atribuições da Pasta de Marina) zaram ataques cibernéticos contra
também estão em lados opostos ao da ministra. A novela lembra e muito a que ministérios do Quênia e outras insti-
levou a ministra a deixar o mesmo cargo em 2008. Na ocasião, ela bateu de tuições estatais, incluindo a presi-
frente com gente do governo Lula (em especial os então ministros Mangabeira dência do país africano. O objetivo
Unger e Dilma Rousseff) e com o próprio presidente — Marina nem sequer era obter informações confidenciais
pediu demissão, apenas comunicou a decisão. Lula nunca engoliu, tanto que sobre a crescente dívida daquela
seu primeiro nome para a Pasta neste terceiro reinado era o de Simone Tebet, nação com a China, adquirida por
que afirmou aceitar apenas se Marina concordasse, o que não ocorreu. meio da Iniciativa Nova Rota da
Seda. A obtenção dos dados foi feita a
partir de relatórios de pesquisa de
cibersegurança, mas não são recen-
tes. Há investidas datadas de mais de
O CONGRESSO ESTÁ DANDO AS OPORTUNIDADES quatro anos atrás, quando Beijing
começou a restringir o crédito for-
PARA O GOVERNO SE ESTRUTURAR. MAS TODOS necido a Nairóbi. O assunto rapida-
TÊM DE ENTENDER QUE O CONGRESSO mente repercutiu nos Estados
Unidos. O jornal The New York
CONQUISTOU MAIOR PROTAGONISMO” Times garantiu que uma reunião
sobre o assunto já está marcada
ARTHUR LIRA, presidente da Câmara, em entrevista na quarta-feira (24) à entre os integrantes da alta cúpula
Globo News mostrando que o ‘parlamentarismo à brasileira’ veio para ficar da Casa Branca.

06 Dinheiro 28/12/2022
31/05/2023 FOTOS: JOSÉ CRUZ/ AGÊNCIA BRASIL I ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/AGÊNCIA O GLOBO
 FUNDADOR: DOMINGO ALZUGARAY
(1932 - 2017)
EDITORA
CATIA ALZUGARAY

PROBLEMA ESTRUTURAL ESTADO NA POBREZA PRESIDENTE-EXECUTIVO

Somos 70 milhões Maranhão 58,9% CACO ALZUGARAY

Amazonas 56,7%
na pobreza Alagoas 56,2%
Levantamento feito com base
em dados do PNAD de 2022 pelo Paraíba 54,6%
Instituto Jones dos Santos Ceará 53,4%
Neves (IJSN), ligado à Pernambuco 53,2% DIRETOR EDITORIAL
Secretaria de Economia e Acre 52,9% CARLOS JOSÉ MARQUES
Planejamento do Espírito Santo, Bahia 51,6% DIRETOR DE NÚCLEO
mostra que a taxa de pobreza CELSO MASSON
Piauí 50,4%
brasileira caiu de 38% da popu- TEXTO
lação para 33% entre 2021 e Amapá 49,4% REDATOR-CHEFE: Edson Rossi
2022. Ainda assim, são 70,7 Pará 49,1% EDITORES: Hugo Cilo, Lana Pinheiro e Paula Cristina
EDITOR-ASSISTENTE: Beto Silva
milhões de brasileiros (eram Sergipe 47,9% REPORTAGEM: Angelo Verotti, Jaqueline Mendes, Lara Sant'Anna e
Victor Marques
81,2 milhões em 2021). Por causa Roraima 46,8%
da pandemia, 2021 teve a taxa de Rio Grande do Norte 46,2% ARTE
pobreza mais alta dos últimos DIRETOR DE ARTE: Jefferson Barbato
DESIGNERS: Christiane Pinho e Iara Spina
Tocantins 35,8%
11 anos. No caso de extrema ILUSTRAÇÃO: Fabio X
Rondônia 31,1% PROJETO GRÁFICO: Ricardo van Steen (colaborou Bruno Pugens)
pobreza o volume de pessoas
recuou de 20 milhões (2021) Rio de Janeiro 29,1% ISTOÉ DINHEIRO ON-LINE
para 13,7 milhões (2022), o que Minas Gerais 27,5% EDITOR EXECUTIVO: Airton Seligman
WEB DESIGNERS: Alinne Nascimento Souza
representa 6,4% da população. Espírito Santo 26,8%
Pelo Banco Mundial, a linha de Goiás 24,0%
pobreza é marcada por US$ 6,85 APOIO ADMINISTRATIVO
per capita/dia e a da extrema Mato Grosso 23,3% Gerente: Maria Amélia Scarcello
Assistente: Cláudio Monteiro
pobreza em US$ 2,15 per capita/ Mato Grosso do Sul 23,0%
dia. Convertidos pela Paridade Paraná 21,3% MERCADO LEITOR E LOGÍSTICA
Diretor: Edgardo A. Zabala
de Poder de Compra (PPC/2017), São Paulo 20,4% Gerente Geral de Venda Avulsa e Logística: Yuko Lenie Tahan
as referências mensais das Rio Grande do Sul 18,2%
linhas de pobreza e extrema Distrito Federal 17,3% Central de Atendimento ao Assinante: (11) 3618-4566 de 2a a 6a
pobreza ficam respectivamente feira 10h às 16h20, sábado 9h às 15h.
Outras Capitais: 4002-7334
em R$ 665,02 e R$ 208,73. Santa Catarina 13,9% Outras Localidades: 0800-888-2111 (exceto ligações de celulares)
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A caixa de pandora de
Michelle Bolsonaro
Anda provocando pavor o conteúdo do
aparelho celular — apreendido pela
Polícia Federal (PF) — do tenente-coro-
nel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens
de Jair Bolsonaro (PL). Mensagens
revelam como eram feitos os pedidos
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Dinheiro (ISSN 1414-7645) é uma publicação semanal da Três Editorial Ltda.
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para saques em dinheiro vivo e paga-
mentos para a então primeira-dama
Michelle Bolsonaro. Obtidas pelo UOL,
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Dinheiro não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados.
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elas mostram a rotina de duas assesso- Rua Osasco, 1086 - Guaturinho, CEP 07750-000 Cajamar - SP

ras de Michelle, Cintia Nogueira e

Giselle Carneiro, com Cid para o fluxo
do dindim. Cid foi preso dia 3 de maio
por suspeita de participar de um esque-
ma de fraude em certificados de vacina
do ex-presidente. A PF inclusive detec-
tou depósitos feitos por Mauro Cid para
a conta de Michelle.

Dinheiro 31/05/2023 07
Moedaforte POR HUGO CILO

UM PENSAMENTO
DE R$ 5 BILHÕES
Uma das mais tradicionais empresas mineiras do
mercado de construção e incorporação, o Grupo
Patrimar vai lançar mais de R$ 5 bilhões em
empreendimentos imobiliários de alto padrão no
interior de São Paulo nos próximos sete anos. No
ano em que completa 60 anos, a companhia vai
expandir no mercado paulista — onde já possui
empreendimentos em Campinas e Taubaté —
via São José dos Campos, no Vale do Paraíba. A
cidade deve gerar R$ 2 bilhões em Valor Geral de
Vendas (VGV). A companhia também já possui
um landbank (estoque de terrenos) de R$ 700
milhões no interior paulista. Segundo o CEO
do Grupo Patrimar, Alex Veiga, São José dos
Campos tem um potencial para o segmento
de imóveis de alto padrão, com o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) elevado e alta
renda per capita. “Escolhemos São José dos
Campos para iniciar o trabalho de expansão
porque é uma região que gostamos muito, é
pujante e identificamos total match do público
com a companhia", disse.

O BANCO CENTRAL EM GERAL FAZ UM BELO

A VIAGEM TRABALHO. NINGUÉM LÁ É SÁDICO. QUEM ESTÁ
SEGURA DA OMINT A SERVIÇO DOS RENTISTAS É O GOVERNO,
QUE É O MAIOR TOMADOR DE EMPRÉSTIMOS
A Omint Seguros E ASSIM PRESSIONA OS JUROS”
apresentou um
crescimento de 224% ARMÍNIO FRAGA EX-PRESIDENTE DO BC
em seguro-viagem em E FUNDADOR DA GÁVEA INVESTIMENTOS,
2022, muito acima da EM ENTREVISTA AO JORNAL VALOR
média de 166,7% do
segmento, de acordo
com a Fenaprevi. Além JBS COM A MÃO NA PIF PAF?
da plena abertura
das fronteiras, um dos MAIOR EMPRESA DE PROTEÍNA ANIMAL DO MUNDO, A
motivos dessa escalada JBS PODE ESTAR PERTO DE COMPRAR O FRIGORÍFICO RIO
é que as pessoas estão BRANCO, DONO DA MARCA PIF PAF, ESPECIALIZADA EM
mais conscientes sobre FRANGO. SEGUNDO FONTES LIGADAS À NEGOCIAÇÃO,
a importância de ter um A VENDA DEVE SER A ÚNICA SAÍDA PARA EQUACIONAR
seguro para uma viagem UMA DÍVIDA DE MAIS R$ 1 BILHÃO. A JBS DISSE QUE NÃO
ao exterior, segundo o VAI SE MANIFESTAR SOBRE O ASSUNTO.
diretor Cícero Barreto.

08 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

REMÉDIO PARA A LOGÍSTICA
A Solistica, operadora de logística
BRASILEIROS NÃO
do Grupo Femsa (principal
engarrafadora da Coca-Cola no
mundo), desembolsou mais de
QUEREM TER CHEFE
R$ 15 milhões para um megacentro
de distribuição em Extrema (MG).
ESTUDO MOSTRA QUE A MAIORIA DOS
A unidade não terá foco em JOVENS DE ATÉ 30 ANOS NÃO QUER TER
refrigerantes, mas em CARTEIRA ASSINADA, MAS COMANDAR
medicamentos. O local foi O PRÓPRIO NEGÓCIO
projetado para atender à indústria
farmacêutica. "É o que há de mais
avançado em eficiência, qualidade A CAMINHO
67%
da população
e tecnologia para logística”, adulta com até 30
disse Diogo Steola, diretor anos faz planos DE R$ 4 BILHÕES
da Solistica no Brasil. para empreender
A rede Leo Madeiras,
maior distribuidora de

12,6%
insumos para marcenaria
e indústrias de móveis
PEPSICO INVESTE PARA dos novos empresários do Brasil, prevê atingir
faturamento de R$ 4
DOBRAR DE TAMANHO investiram em
microfranquias bilhões até o final de
A PepsiCo, gigante americana de 2023, quando completa
alimentos, definiu um plano ousa- 80 anos. Em um forte
do para dobrar a operação brasi-
leira: investir R$ 1,2 bilhão no País 50%foi o
crescimento em
ciclo de expansão,
existem planos de
inaugurar mais de 40
até dezembro, no ano em que faz
70 anos no Brasil. Para celebrar, 2022 na comparação lojas nos próximos cinco
a empresa vai promover no par- com 2021 anos, sendo dez delas
que Villa Lobos, em São Paulo, ainda neste ano. Sob
uma espécie de piquenique solidá- O Brasil só perde comando da CEO Andrea
rio, o Pic70, em 4 de junho. Será para a Índia Seibel, a rede opera
em prol da Gastromotiva, que no ranking de hoje com 111 lojas em
atua com segurança alimentar. empreendedorismo ºº24 estados, além de
outras três no Paraguai.
Fontes: Global Entrepreneurship Monitor, ABF e Sebrae

ANUNCIO
Entrevista | Ricardo Neves, CEO da NTT Data

“Ser um país multicultural

é um ativo brasileiro”
O executivo que comanda a operação brasileira
da NTT Data aposta na diversidade como vetor
de crescimento para a companhia que dobrou de
tamanho no País e fatura US$ 25 bilhões no mundo
Edson ROSSI

Recifense orgulhoso, Ricardo Neves co-

manda a operação da gigante japonesa de
tecnologia NTT Data no Brasil desde abril
de 2020. Sim, ele assumiu o cargo dias
depois de o mundo se ver diante da pande-
mia de Covid-19. Para fazer a empresa mais
que dobrar de tamanho por aqui, ele revi-
sitou muitas das regras aprendidas numa
sólida carreira na PwC, em corporações
como IBM e passagens pelas consagradas
Harvard e Duke University. Tem se guiado
por valores que muitas vezes escapam dos
manuais tradicionais dos C-Levels. “Meu
pai dizia que o ‘conhecimento é das poucas
coisas que ao se dividir se multiplica’ e
aplicamos isso na NTT.” Sua experiência
como CEO rendeu o livro CEO Virtu-
al (Editora e-galáxia).
Nesta entrevista, Ne-
ves traz exemplos de
como soluções pauta-
das na autenticidade e
na diversidade fizeram a
operação brasileira crescer acima
da média global — numa corporação cujas
vendas líquidas totais saltaram 50% em
dois anos, de US$ 16,7 bilhões (2020) para
US$ 25,1 bilhões (2022).

10 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: CLAUDIO GATTI

DINHEIRO – Os C-Levels dificilmente usam
palavras como vulnerabilidade ou similares.
Fale um pouco desses ‘espinhos solitários’
da cadeira. Como você se preparou para ela?
RICARDO NEVES — Tive uma carreira lon-
ga na PwC, uma das chamadas Big Four,
onde fui de trainee a sócio. Passei 30 anos
ali e fiz uma aposentadoria antecipada como
sócio da PwC porque tive a grande oportu-
nidade de ser CEO da NTT Data. O que eu
não esperava é que 15 dias antes de assumir
a posição o mundo pararia por causa da
pandemia. Eu me sentia uma pessoa mui-
to bem formada, não só por meu histórico,
mas também pelos cursos todos que fiz.
Mas na prática o que aconteceu foi uma
incerteza muito grande. E senti um pouco
de medo. O peso da responsabilidade.
De seu desempenho?
Não. Ficava na minha cabeça que eu era
responsável por 2,6 mil pessoas [número
de funcionários à época].
Tudo num momento de
muita incerteza. Toda noite
o que vinha na minha cabe-
ça era: ‘Você é responsável
por 2,6 mil famílias’.
E o que você fez?
Ecoar as palavras que
aprendi de meu pai: “Na incerteza se guie
pelos valores”. E o que fiz foi me guiar pe-
los valores. Ao mesmo tempo, por mais que
esse sentimento [de medo e incerteza]
existisse em mim eu não podia transpare-
cê-lo. Tinha de guiar as pessoas tanto pelo
senso de realidade quanto o de esperança.
Motivá-las?
Mas sem parecer naiv. É nesse momento
que a gente vê a fortaleza da colaboração.
Numa imersão tão intensa quanto a sua,
que regra do manual de décadas de atuação
profissional você teve de rasgar?
Foi a regra do terninho. Do padrão. E me
agarrar ao contexto da autenticidade. Eu
sou pernambucano. Gosto de pessoas, sou
comunicativo, falo com todo mundo, e aí me
vi nessa cadeira falando por uma telinha
[por causa do distanciamento social]. Foi
quando decidi aflorar essa autenticidade.
Houve um momento simbólico?
Tenho uma história internacional. Morei
nos Estados Unidos, na Europa, fiz projetos
em 11 países... Pensei na minha multicultu-
ralidade e quis marcar essa autenticidade
na primeira festa da empresa no cargo de
CEO. Era uma festa junina, o marketing
decidiu fazer on-line e me perguntou se eu
me fantasiaria de caipira. Pensei, ‘um CEO
fantasiado de caipira?’ Mas sou nordestino,
adoro festa junina, decidi me fantasiar de
caipira. Mas botei toda a diretoria junto. Isso
criou com as pessoas uma conexão fantás-
tica. Ali eu vi que minha autenticidade, mi-
nha alegria, minha forma de ser, era a forma
como eu iria me conectar. Acho que eu ras-
guei os padrões, que eram muito fechados.
Isso foi visto como?
Naturalmente. Não rasgamos os valores. ‘Ricardo, e no bottom line? Onde essa di-
A retidão, a visão, a ética. É impressionan- versidade no final das contas aparece?’ Eu
te como teve retorno das pessoas.
Empresa em que existe diversidade,
que mostra respeito pela pessoa, tem
colaboradores mais engajados. E isso
reflete no crescimento, no bottom line”
É comum pessoas em cargos como o seu
darem respostas de media training: esva-
ziadas e previsíveis, que muitas vezes pare-
cem descoladas da realidade. Como enxer-
ga essa distância entre discursos e prática?
Eu ainda vejo e sempre vi na minha carrei-
ra lideranças que ficavam lá na torre de
marfim, distantes da realidade, né? Talvez
por pressões, mas muitas vezes pelo ego. O
ego começa a inflar e parece um balão. E aí
você vai se distanciando da Terra. Porém,
o que eu tenho visto cada vez mais nos fóruns
de que participo é menos essa postura. Vejo
cada vez mais líderes autênticos, conectados
com a realidade, que entendem os proble-
mas, conhecem o que está acontecendo na
sociedade. Tenho a impressão de que, des-
de que comecei como consultor, há mais de
30 anos, olhando todos os clientes em que
passei, todas as inúmeras empresas em que
vivi, é que esse número de novas lideranças
com outros olhares está aumentando.
O que tem levado a isso?
Com as redes sociais, com tudo o que está
acontecendo, a visibilidade geral aumentou
muito. Talvez hoje o cara se sinta um pouco
mais pressionado pelo entorno. No momen-
to em que você vê 50 CEOs num evento na
Zumbi dos Palmares ouvindo a viúva do
Nelson Mandela [Graça Machel, que em
novembro participou em São Paulo do Fórum
Internacional Empresarial pela Equidade
Racial], e um olha pro outro ali, você diz:
‘Poxa, isso é importante’. Faz com que todo
mundo avance. Esse processo de peer pres-
sure (pressão dos colegas) é importante.
Mas ainda não rola aquela desconfiança
sobre o efetivo resultado financeiro disso?
Outro dia eu tive um bom papo sobre o
tema da diversidade. E me perguntaram:
falei que está diretamente ligado ao enga-
jamento das pessoas. E
quando a pessoa está numa
empresa em que sente haver
diversidade, respeito pela
individualidade de cada um,
ela está engajada, ela acre-
dita naquilo que está fazen-
do. Empresas são feitas de
pessoas, e pessoas engajadas
fazem a produtividade crescer.
Uma B2C pode estar mais sob pressão para
adotar essa agenda que uma B2B?
Realmente. Talvez o tema esteja mais pre-
sente em empresas próximas do consumidor
final ou dos clientes dos clientes, ou as que
têm de criar soluções cada vez mais aderen-
tes à diversidade da sociedade. Porque se
você não tem diversidade interna não vai
criar solução para as diversidades da socie-
dade. Porém, volto ao lema de que todo o
ecossistema é composto de pessoas. Então,
mesmo numa petroleira, numa minerado-
ra, o nível de engajamento é importante para
a produtividade.
Mas nem sempre é fácil em todo setor, não?
Há diferentes aspectos de diversidade. Não
é apenas de gênero, ou de cor. Há diversida-
de de pensamento, diversidade geográfica,
diversidade geracional....
Dinheiro 31/05/2023 11
Entrevista | Ricardo Neves
A pandemia acelerou especialmente o seg- fro), fizemos hackatons, programas para E tem funcionado sem travas ou gargalos?
mento em que a NTT Data atua. O quanto mulheres (com o projeto PrograMaria). Com Criamos um conceito de hub em que elas
isso ajudou em sua forma de agir como CEO? isso avançamos em duas frentes. A primei- precisam estar até 100 km de um desses sete
Depois de passados os primeiros meses de ra ao resolver a nossa própria necessidade. hubs espalhados pelo Brasil. Há gente boa
muita incerteza em relação ao começo da A segunda, a do mercado. Porque meus neste País inteiro. Nossa diversidade geo-
pandemia, as empresas viram que precisa- competidores sentiam a mesma necessida- gráfica, a multiculturalidade, é um ativo.
vam acelerar os investimentos em tecnolo- de. Eu uso muito uma frase que é “quando
gia para permitir que os negócios continu- a maré sobe todos os barcos navegam”.Houve efeito negativo nessas decisões?
assem operando mesmo sem o lado físico. Quando você espalha as pessoas, e elas tra-
Todo mundo foi em cima de acelerar seus E a reação foi qual? balham de casa, você perde a conexão. É o
processos, fazendo com que a demanda Fico muito orgulhoso de dizer que depois lado mais difícil. A falta de sociabilidade leva
começasse a explodir. Quando assumi, há que a gente começou vários outros compe- a um tema muito sério, o da saúde mental.
três anos, éramos 2,6 mil funcionários. Hoje, tidores entraram. E eu dei a referência para
somos mais de 5,4 mil pessoas. O fatura- eles entrarem nos processos de formação. Como vocês têm lidado com isso?
mento passou da casa dos A gente criou um progra-
R$ 2,5 bilhões e a renta- ma de socorristas men-
bilidade cresceu [propor- “Temos déficit de 100 mil vagas de TI por ano. E para tais. A meta é formar um
cionalmente] acima disso. avançar em produtividade precisamos de tecnologia” socorrista certificado
Mas a grande sacada nos- para cada 50 colaborado-
sa, que era fator crítico, res. São pessoas atentas
foi a captura de mão de aos sinais [para identifi-
obra para o crescimento. car e dar suporte a fun-
cionários com sintomas
O que vocês fizeram? de burnout, boreout, de-
Pelo jeito tradicional, pressão e ideações suici-
chamar uma turma de das]. E há todo um proto-
trainees para formar e colo de atendimento, que
contratar, não consegui- garante a privacidade.
ríamos. Decidimos for-
mas pessoas. Buscamos Uma forma de liderar que
novas soluções. Desde ultrapassa a NTT Data.
uma startup fora dessa A empresa é o que as pes-
área a parcerias. Houve soas precisam que ela
demissão em vários ou- seja. Assim tem de ser.
tros setores da economia,
pessoas inteligentes, mui- O quanto as empresas
to boas. Pensamos ‘como a gente converte Minimizaram o déficit na TI... têm de se engajar na resolução de problemas
essa gente para a tecnologia?’ A gente fala num déficit de 100 mil postos estruturais brasileiros?
de TI por ano. E não formamos no Brasil As empresas cada vez mais têm consciência
Sanaram o problema de mão de obra em TI nem 5 mil. Num país que tem gap de produ- de que não estão aqui somente pelo lucro,
formando ‘migrantes’ de outras carreiras? tividade grande como o nosso é grave. A estão aqui pelo lucro e pelo impacto positi-
Fizemos nesses três anos oito cursos dife- gente precisa da tecnologia pra melhorar vo na sociedade. Vejo mais e mais empresas
rentes, com 80 mil bolsas e 4 mil pessoas nossa produtividade. Ou seja, em vez de ficar trabalhando nisso. É o lado bom. Mas não
certificadas. Logo nos primeiros meses da sentado reclamando que não tinha gente se pode perder de vista que o Estado tem o
pandemia, foram 15 mil pessoas inscritas. no mercado a gente foi lá e fez. Essa parte poder e o dever de fazer seu papel. Na saúde,
Formamos 300, das quais contratei umas da formação nos deu, além de tudo, a fama na educação, na parte social. O que temos
40. Aí você pergunta, ‘mas de 15 mil forma- de uma marca empregadora forte. de fazer é lutar para que a atuação [do Es-
ram apenas 300?’ OK, mas outras 14,7 mil tado] seja mais efetiva e para que haja uma
deram o primeiro passinho em sua formação O que atrai diversidade cada vez mais... conexão desses dois mundos [público e
para a tecnologia. No fim das contas, tivemos Tenho hoje colaboradores em 320 cidades, privado]. A gente, como empresa e socieda-
parceria para pessoas negras (com Educa- e 80% das pessoas daqui trabalham de casa. de, tem de cobrar o Estado.

12 Dinheiro 31/05/2023 FOTO: ISTOCK

 CASHBACK OU
RECOMPENSAS:
SUA EMPRESA SABE
QUAL ESCOLHER?
O cashback (dinheiro de volta, em português)
consiste em um programa de recompensa ao
consumidor, em que é possível ter de volta uma
parcela do dinheiro investido em um produto
ou serviço.
Além desse retorno, muitos programas de
cashback contam com parceiros, permitindo
que você compre algo (combustível, uso em
aplicativos de comida, etc) com a quantidade
acumulada do “dinheiro de volta”. Mas isso
também pode levar um tempo, ou seja,
pode demorar para seu cliente sentir que
“recuperou algo”.
Para usar esses programas, é necessário se
cadastrar em uma plataforma específica ou
fazer download de aplicativos. Depois, basta
fazer a compra do produto em um site parceiro
e, antes de finalizar a aquisição, é só ativar a
opção do cashback. O retorno do dinheiro pode
variar em diferentes porcentagens.
Após a finalização, a loja parceira tem um
prazo para avisar o intermediário sobre a
compra, para que o dinheiro volte ao cliente
ou fique disponível em forma de descontos,
vouchers e cupons.
É bem comum que haja confusão entre
ações de cashback e estratégias de
marketing de recompensas. De fato, ambas
têm semelhanças, como a oferta de uma
experiência única de compra ao cliente. Porém, o
marketing de recompensas trabalha com a
oferta de algo diferenciado ao cliente no valor da
compra, sem necessariamente requisitar
um cadastro.
Além do mais, os programas de cashback
tornam as relações entre marca e público
puramente transacionais, tendo um impacto
relativamente baixo no reconhecimento da sua
organização. Por outro lado, o marketing de
recompensas oferece opções personalizadas
ao cliente, aproximando a sua empresa dos
valores e necessidade de cada comprador,
proporcionando a eles viagens, idas ao cinema
e até assinaturas de streaming.
As recompensas instantâneas têm alguns
pontos mais vantajosos, como a aproximação
da marca com o cliente, sendo uma ótima
estratégia para aumentar a conversão de
leads (potenciais clientes).
Segundo uma pesquisa realizada pela
SmarterHQ, cerca de 90% dos consumidores
estão dispostos a oferecer seus dados de
comportamento de compra, em troca de
benefícios adicionais para melhorar a
experiência de compra.
Conheça algumas ações do marketing
de recompensas:
GRATIFICAÇÃO INSTANTÂNEA
As gratificações instantâneas são brindes que
os clientes recebem na hora, após realizar
alguma ação (compra de produto, cadastro
em plataforma, etc.). Muitas empresas invest-
em em brindes como infoprodutos, ou seja,
trocam conteúdos de qualidade por dados de
comportamento do consumidor. Assim, é
possível realizar uma pesquisa de mercado
mais assertiva.
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de relacionamento do Brasil.
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EM REDES CREDENCIADAS
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COMPRA NO SITE
CONEXÃO EMOCIONAL
O marketing de recompensas é capaz de gerar
uma conexão emocional com os seus clientes,
pois se sentem especiais e vão lembrar da sua
marca sempre. Como efeito, além de aumentar
as taxas de conversão, você também conquista
a fidelização do público e maior índice de vendas.
MAIOR RETORNO DE VALOR
O maior retorno de valor depende fundamental-
mente de boas estratégias de marketing. Com a
oferta de recompensas instantâneas, muitos
consumidores se sentem especiais, próximos da
marca e não se importam tanto com o preço (ao
contrário, eles dão importância à experiência
de compra).
MAIOR ENGAJAMENTO DO PÚBLICO
Outro resultado positivo do marketing de recom-
pensas em comparação aos programas de
cashback é o maior engajamento do público.
Isso porque as pessoas passam a ver a sua
marca com mais carinho e afetividade quando
recebem uma recompensa, especialmente se
ela for instantânea.
RETENÇÃO DE CLIENTES
A retenção de clientes também aparece como
uma vantagem competitiva do marketing de
recompensas em relação aos programas de
cashback. Muito disso deve-se à curiosidade
do público em relação às recompensas
instantâneas e porque o consumidor se sente
valorizado pela marca.
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para milhões de pessoas.
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Sustentabilidade POR LANA PINHEIRO

Fundada em 2017, a Central da Visão é uma

healthtech com atuação clara: uma startup
que usa a tecnologia para facilitar a conexão de
brasileiros de renda mensal baixa que precisam
de cirurgia de visão com hospitais e clínicas
com estrutura ociosa, tudo isso por meio de
atendimento humanizado. A metodologia está
dando tão certo que, com mais de 10 mil
procedimentos cirúrgicos realizados até hoje,
receita mensal que varia de R$ 2 milhões a R$
2,5 milhões e impacto social positivo calculado
em R$ 70 milhões, a próxima etapa é a
expansão. Marta Luconi, CEO da empresa,
disse à DINHEIRO que os planos estratégicos
consideram “ampliar a atuação geográfica e
também oferecer cirurgia em outras

Central da
especialidades médicas”. Hoje, o foco é nos
procedimentos oftalmológicos com grande
especialidade em catarata. “Temos um índice
de conversão muito alto. De cada 100 pacientes
que nos procuram, 70 realizam o procedimento

Visão cresce
cirrúrgico”. Já a atuação geográfica, hoje em 13
estados e 40 cidades, deve aos poucos ganhar
mais territórios. “Nosso próximo destino é
Fortaleza e estamos com outras negociações

e busca
em andamento”, afirmou Marta. A empresa
faz a captação, atendimento, triagem dos
pacientes e os redirecionam às clínicas
parceiras. São elas que recebem o pagamento
das consultas e cirurgias e pagam uma

capital para
porcentagem à startup. De acordo com a CEO,
uma cirurgia intermediada pela empresa sai
até 50% mais barata do que a cobrada no
modelo particular com possibilidade de

diversificar
pagamento de até dez vezes. Já o tempo
do atendimento até a cirurgia é de cerca
de 30 dias, bem inferior ao do SUS.

CONSUMO CONSCIENTE

FAXINA SUSTENTÁVEL QUE GERA IMPACTO

Há pouco mais de cinco
anos, quando o consumo
consciente ainda não estava
na pauta, os sócios
Fernando Guerreiro,
Marcella Zambardino,
Alex Seibel e Rafael Seibel,
que na foto aparecem
separados pelo atual CEO,
Leandro Menezes,
iniciaram um negócio
ousado: produzir itens de
faxina ecologicamente
corretos. Assim nasceu a
Positiva.a. Hoje o portfólio
cresceu para lavanderia,
cozinha e cuidado pessoal.
Para os próximos anos, o
CEO, sócio de uma venture
capital que investiu R$ 2,9

14 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 “TEMOS QUE FAZER TUDO PARA PROTEGER A
POPULAÇÃO DA FLÓRIDA DO QUE ESTÁ
ACONTECENDO NA FRONTEIRA”
RON DESANTIS
GOVERNADOR DA FLÓRIDA, AO ANUNCIAR QUE DEVE ANUNCIAR
UM PACOTE DE MEDIDAS ANTI-IMIGRAÇÃO NO SEU ESTADO.
Papo
Responsável
ECONOMIA CIRCULAR TECNOLOGIA
Após passar pelo mercado de comu-
HAVAIANAS BUSCA SANDÁLIAS USADAS STARTUP nicação e sofrer com o racismo
Um dos grandes desafios da Havaianas para seu BRASILEIRA estrutural, Dilma Campos decidiu
programa de reciclagem, o reCICLO, ganhar escala RECONHECIDA empreender. Criou e vendeu alguns
negócios até que há dez anos criou
está na ponta final. Segundo a diretora de
Sustentabilidade Zezé De Martini, somente 10% das PELA ONU uma consultoria de ESG. A empreita-
sandálias vendidas no Brasil são coletadas no pós- Desenvolvida pela da acabou de ganhar Bazinho Ferraz,
uso. Mesmo com o desafio, o objetivo é estender o startup brasileira CEO da B&Partners, como sócio e
programa de 18 estados, a todas as capitais. Para PWTech, fundada por passar por um rebranding. Ela falou
melhorar o resultado, estratégia no forno. “Estamos Fernando Silva, o com a coluna sobre a Nossa Praia.
estudando um projeto para incentivar o consumidor PW5660, tecnologia
a retornar as sandálias que não usam mais”, disse capaz de filtrar 5.760 O problema
Zezé. Hoje, o reCICLO tem 50 cooperativas parceiras, litros de água por dia “O modelo mais comum no mercado
via TrashIn, impactando mais de 2 mil famílias. A — 4 litros por minuto quando o assunto é estratégia ESG
meta é chegar a 100 cooperativas até o fim do ano. —, foi reconhecida começa com a marca contratando
pela Organização das uma consultoria para fazer o plano;
Nações Unidas como outra, para executá-lo; uma terceira
Solução Humanitária para medir a evolução; e outra para
no acesso à água comunicação. A Nossa Praia faz esse
potável. Capaz de serviço de ponta a ponta”
transformar água
doce de qualquer Desafio
origem em potável, “Nosso objetivo é ajudar as empre-
o equipamento já foi sas a medir o nível de maturidade
enviado para países ESG em que estão. Fazemos isso
como Ucrânia, onde com a ajuda de tecnologia”
10 mil pessoas foram
atendidas, e Haiti, A tecnologia
beneficiando 150 mil “Criamos um algoritmo que reúne os
pessoas. No Brasil, melhores índices de boas práticas

127
do mundo: Pacto Global, Índice Dow
foi usado em
Jones, Conselho de Padrões de
comunidades da

milhões, planeja: 1) estar

US$ MILHÕES Ilha do Bororé, às
margens da represa
Contabilidade de Sustentabilidade
(Sasb)... De acordo com o segmento
FOI O VOLUME DE de atuação, aplicamos os questioná-
em 20% das casas até Billings, em São
INVESTIMENTOS rios e imputamos os dados no nosso
2030, com produtos Paulo, e na
EXECUTADOS PELO sistema. Aí entram os algoritmos e a
ecológicos e acessíveis; Aldeia Taracoa,
SISTEMA ONU NO inteligência artificial que analisam os
2) gerar R$ 3,5 milhões de no Amazonas.
BRASIL EM 2022. AS dados e geram uma pontuação da
renda para produtores
FRENTES QUE MAIS maturidade da empresa”
locais; 3) transformar o
RECEBERAM
portfólio em zero plástico
RECURSOS FORAM A entrega
e bioplástico; 4) destinar
DIREITOS HUMANOS “Desenhamos a matriz de materiali-
R$ 1 milhão à defesa do
(50,2%) E INICIATIVAS dade e de criticidade; elencamos as
oceano. Tudo viabilizado
DE IGUALDADE DE prioridades; fazemos um plano de
por R$ 8 milhões
GÊNERO E ação; aplicamos nosso marketing
investidos em nova
EMPODERAMENTO com ações a serem tomadas e a
fábrica em São Paulo.
DAS MULHERES comunicação. É um serviço que
(33,1%) pode ser completo ou por etapas”

Dinheiro 31/05/2023 15
Propósitoeresultado

A CULTURA DE RESPEITO À OPINIÃO É

FUNDAMENTAL PARA AS ORGANIZAÇÕES
HEVERTON
PEIXOTO

A
É ENGENHEIRO cultura de respeito à opinião é um pilar fundamen- A cultura de respeito à opinião também estimula a
CIVIL COM MBA tal para promover a inovação e o engajamento dos transparência e a confiança dentro da companhia.
EM CORPORATE
colaboradores em organizações modernas. Em um Quando os colaboradores têm a oportunidade de ex-
FINANCE NO
INSEA, CEO DO mundo empresarial cada vez mais dinâmico e competi- pressar suas opiniões livremente, sem medo de repre-
GRUPO OMNI E tivo, as companhias precisam buscar constantemente sálias ou julgamentos, a comunicação interna se torna
CONSELHEIRO maneiras de se destacar e se adaptar às mudanças do mais aberta e honesta. Isso cria um ambiente de tra-
DO INSTITUTO
mercado, entregando cada vez mais valor aos clientes e balho saudável, transparente e colaborativo, no qual
DE INOVAÇÃO
EM SEGUROS E à sociedade. Nesse contexto, a valorização, o encoraja- as ideias são debatidas de forma construtiva.
RESSEGUROS mento e a promoção do direito de expressão, com senso Outro benefício importante dessa cultura é a pro-
DA FGV de pertinência, vai ao encontro de um ambiente inclu- moção da diversidade e inclusão no ambiente corpo-
sivo e respeitoso. rativo. Quando os colaboradores se sentem encora-
A inovação é um dos principais impulsionadores do jados a expressar suas opiniões, independentemente
crescimento e sucesso de uma de suas origens, gênero, raça,
organização. Através da inova- religião ou outras caracterís-
ção, as empresas podem desen- Quando os colaboradores têm ticas, a empresa se beneficia
volver novos produtos, serviços, a oportunidade de expressar suas de uma ampla gama de pers-
processos e estratégias que as opiniões livremente, sem medo pectivas e experiências. Isso
diferenciem no mercado e aten- de represálias ou julgamentos, pode levar a uma maior com-
dam às necessidades no univer- a comunicação interna se torna mais preensão das necessidades e
so de constante evolução dos aberta e honesta. Isso cria um preferências dos clientes, bem
clientes. E a cultura de respeito ambiente de trabalho saudável, como a uma melhor tomada
à opinião desempenha um papel de decisões, que reflete a di-
transparente e colaborativo,
crucial nesse processo. Afinal, versidade do mercado e da
no qual as ideias são debatidas
sem ousadia não há inovação! sociedade.
de forma construtiva
Quando os colaboradores No entanto, é importante
se sentem à vontade para ex- ressaltar que criar uma cul-
pressar suas opiniões e ideias, independentemente de tura de respeito à opinião vai além de simplesmente
sua posição hierárquica na empresa, eles são encoraja- permitir que os colaboradores expressem suas ideias.
dos a pensar de maneira criativa, a compartilhar insights É necessário criar um ambiente onde as opiniões
valiosos e a propor soluções inovadoras. Essa abertura sejam verdadeiramente valorizadas, ouvidas e, mais
à diversidade de pensamentos e perspectivas pode levar do que isso, consideradas pela alta liderança na to-
a uma maior variedade de ideias e a geração de soluções mada de decisões.
inovadoras para os desafios enfrentados pela empresa. Os líderes desempenham um papel fundamental
Além disso, incentivar e ouvir a opinião dos colabo- nesse processo e devem não apenas dar liberdade para
radores também contribui para o engajamento e amplia o colaborador emitir a sua opinião, mas encorajá-lo
o senso de pertencimento. Quando os funcionários se a fazer. Uma liderança aberta ao diálogo, com escuta
sentem valorizados e ouvidos, eles se tornam mais mo- ativa, que respeite e dê espaço para a opinião da sua
tivados e comprometidos com o trabalho e com os ob- equipe faz toda a diferença e traz impacto direto aos
jetivos da organização. propósitos da companhia.

16 Dinheiro 31/05/2023
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 ECONOMIA

O PRÓXIMO NÓ
DE HADDAD
O resultado [do
Arcabouço Fiscal]
foi expressivo.
Agora vamos para a
próxima batalha, a
Reforma Tributária”
FERNANDO HADDAD
MINISTRO DA FAZENDA
VITÓRIA DO GOVERNO LULA NO ARCABOUÇO FISCAL ESTÁ LONGE DE SER DEFINITIVA —
E BATALHA QUE ENVOLVE ESTRUTURA FISCAL TERÁ TOM DE FINAL DE COPA DO MUNDO
Paula CRISTINA
N
ão que as batalhas travadas
pelo ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, tenham
sido brandas na corrida pela
aprovação do novo Arcabou-
ço Fiscal. Nem mesmo que
sua vitória no Congresso não mereça con-
gratulações. Mas quando se trata de Brasil,
o desafio adiante é sempre o mais impor-
tante. E a bola da vez agora é a Reforma
Tributária. Muito longe de um consenso,
as diretrizes que vão nortear a estrutura
fiscal brasileira ainda são um mistério.
Políticos, empresários, economistas e tri-
butaristas não conseguem chegar perto
de um coro uníssono e qualquer resultado,
invariavelmente, vai desagradar alguém.
“Queremos aprovar a Reforma Tributária
antes do recesso dos parlamentares. Vamos
continuar o diálogo amplo com a socieda-
de e com o Congresso”, disse Haddad, em
sua primeira aparição após aprovação da
âncora fiscal.
Mas o caminho do diálogo não será tão
fácil quanto parece. Na prática, cada um
dos lados envolvidos advoga em causa pró-
pria. Empresários falam de aumento de
22% dos impostos. Governadores estimam
perdas de arrecadação superiores a R$ 15
bilhões, economistas e tributaristas ga-
rantem que sem mudança o sistema atual
é insustentável e trava o País.
Tudo isso forma uma polarização re-
plicada no Congresso Nacional e que re-
flete diretamente no andamento da pauta.
Arthur Lira (presidente da Câmara) e
Rodrigo Pacheco (do Senado) possuem
posições distintas sobre qual melhor Re-
forma Tributária adotar. Se a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) 45/2019,
que tramita na Câmara, ou a PEC 115/2019,
que é avaliada no Senado. Em um mundo ideal as duas seriam
fundidas, mas esse caminho está longe de acontecer. Os dois
se aproximaram durante a votação da âncora fiscal de Haddad,
mas há uma disputa interna quando o assunto são as normas
tributárias. O governo, por sua vez, tem preferência pela PEC
45, que foi desenhada por Bernard Appy, hoje secretário extra-
ordinário da Reforma Tributária, mas não descarta desemem-
brar o texto para garantir alguma aprovação em 2023.
Em entrevista recente à DINHEIRO, Appy afirmou que
sabe dos desafios para a aprovação, mas acredita haver espaço
ao diálogo. “Precisamos olhar para as convergências. Muitas
vezes nos forçamos a olhar para o que discordamos, mas esse
tempo passou”, disse. E o termo convergência também foi
usado por Lira, que em seu balanço após a votação do Arcabou-
ço afirmou que falta pragmatismo no governo federal. “Faltou
um pouco de comunicação, buscar uma convergência e aceitar
que o Parlamento tem muito a contribuir”, afirmou.
No Executivo, o presidente Lula deixou nas mãos de Haddad
a condução da Reforma Tributária, o que é bem visto pelo
mercado, mas encarado como descaso pelos deputados e sena-
dores. Isso pode provocar alguma resistência do Centrão a
apoiar o governo na próxima pauta estruturante. O que também
versou contra as premissas do governo na semana do Arcabou-
ço foi a expectativa do Ministério da Fazenda de aumento do
déficit nas contas públicas em 2023. Haddad havia prometido
um resultado negativo em 0,5% do PIB e ele subirá para 0,58%.
Porcentualmente, parece pouco. Mas isso ocorreu em apenas
dois meses — abril (fechado) e maio (projetado). Segundo dados
da própria Pasta esse há R$ 28 bilhões em gastos extras, levan-
do o rombo para R$ 136,8 bilhões.
ESPERANÇA E RECEIO Fora de Brasília o andamento da
Reforma Tributária é visto com um misto de esperança e receio.
Há um consenso que o atual sistema é ineficaz, inadequado e
incapacitante. Mas ninguém tem a fórmula exata da solução.
Para debater este tema, o Lide-Grupo de Líderes Empresariais,
convidou governadores, prefeitos, empresários e políticos para
discussão, e a resposta foi a mais socrática possível. Há muitas
dúvidas, muitos lados, muitas ponderações e zero verdade
absoluta. “Não à toa estamos há três décadas fazendo a mesma
discussão”, disse Luiz Fernando Furlan, economista, ex-mi-
FOTOS: SERGIO LIMA/AFP Dinheiro 31/05/2023 19
ECONOMIA

estimativa é de perda de 11% da receita

com a reforma atual.”
Entre os nomes mais relacionados
com a cadeia produtiva, como o ex-mi-
nistro da Fazenda Henrique Meirelles, a
discussão precisa avançar de uma forma
ou de outra, ou o Brasil não crescerá. “Es-
tamos em um forte ritmo de desindus-
trialização que só será interrompido
SOLUÇÕES
quando o sistema tributário for mais
Geraldo Alckmin
deve promover justo”, afirmou. Luiz Cláudio Caravalho,
uma via sacra que foi secretário de Fazenda do Rio de
entre empresários, Janeiro, e atuou como fiscal de renda no
prefeitos e
estado de São Paulo por 20 anos, o pro-
governadores
para mitigar blema central reside na incerteza. Não há
riscos da Reforma no projeto nenhuma alternativa ou saída
para compensação arrecadatória. Também
não há a opção prevista no texto de o Es-
nistro e chairman do Lide. Para ajudar a avançar o tema entre tado diminuir de tamanho. “Não esclare-
os empresários, o vice-presidente da República, Geraldo Alck- ce quem será o gestor do tributo. Qual a
min, deve reforçar a agenda com a cadeia produtiva. parte ficará com cada ente federativo?
Entre os políticos, a fala de Ronaldo Caiado, governador Hoje são os três”, disse. Por fim, ele en-
de Goiás, talvez tenha sido a mais enfática. Ele afirmou que tende haver distorções que vão aprofun-
não há viabilidade em aprovar toda a reforma de uma vez, dar a distância entre gestões públicas
sendo necessário fatiar o projeto. “Do jeito que está posto maiores e menores, e isso também acon-
Goiás teria um rombo de R$ 400 milhões”, disse. Segundo o tecerá em alguma escala entre as empre-
governador isso compromete a manutenção de serviços bá- sas. “Ou todo mundo perde, ou ninguém
sicos, como o transporte público. A visão foi compartilhada perde.” Uma versão abrasileirada e con-
pelo prefeito de Ribeirão Preto (SP), Duarte Nogueira. “Minha temporânea do “só sei que nada sei”.

DÚVIDAS
Gestores públicos
acreditam que
Reforma pode tirar LONGE DE UMA SOLUÇÃO QUE AGRADE GREGOS E TROIANOS, HÁ GRANDES
subsídios para
serviços públicos CHANCES DE O GOVERNO FEDERAL OPTAR POR DESMEMBRAR A REFORMA
e empresários
temem alta
dos impostos
TRIBUTÁRIA PARA TER MAIS GARANTIAS DE APROVAÇÃO AINDA EM 2023

20 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: SUAMY BEYDOUN I FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ AGÊNCIA BRASIL I BRUNO SANTOS/ FOLHAPRESS
 2023
Vem aí o anuário AS MELHORES DA DINHEIRO, uma Edição Especial
da revista ISTOÉ DINHEIRO que em 2023 chega à 20ª edição. Um reconhecimento
aos êxitos das principais companhias que atuam no Brasil.
Cobrindo os setores mais relevantes da atividade empresarial do País,
a publicação elege a EMPRESA DO ANO e as organizações que mais se destacaram
em cinco dimensões: Governança Corporativa, Inovação, Recursos Humanos,
Responsabilidade Social e Sustentabilidade Financeira.
A edição traz ainda o ranking das Melhores Empresas em cada setor.
Os resultados são obtidos a partir das informações fornecidas por cada participante.

Para estar entre as melhores, basta acessar o site

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Inscrições abertas
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iStock
FINANÇAS

BIDEN SOB A SOMB

REITERAMOS
MAIS UMA VEZ QUE
O CALOTE ESTÁ
FORA DE QUESTÃO
E QUE A ÚNICA
MANEIRA DE
AVANÇAR É DE BOA
FÉ EM DIREÇÃO
A UM ACORDO
BIPARTIDÁRIO
JOE BIDEN,
PRESIDENTE DOS EUA

24 Dinheiro 24/05/2023
MBRA DO CALOTE
MESMO QUE SEJA IMPROVÁVEL, O RISCO DE EVENTUAL
DEFAULT NA MAIOR ECONOMIA DO MUNDO MOSTRA
QUE NÃO EXISTE LUGAR TOTALMENTE SEGURO
QUANDO AS CONTAS PÚBLICAS ESTOURAM
Jaqueline MENDES
N
a economia global, existem ce-
nários muito improváveis — ou
quase impossíveis — de se ver.
Entre eles podemos imaginar
a Argentina sem crise, o Brasil
em um forte crescimento sus-
tentável e os Estados Unidos sem dinheiro
para honrar suas dívidas. No caso de Argen-
tina e Brasil, até aqui sem novidades. Já sobre
os Estados Unidos, maior referência e con-
dutores das finanças globais, um abalo. Pela
terceira vez em quatro anos (as outras foram
em 2019 e 2021) há novamente risco de default
— quando o governo não consegue cumprir
seus compromissos. Desta vez, a data limite
da tragédia é o 1º de junho. Até lá, o democra-
ta Joe Biden precisará convencer os republi-
canos a liberar mais dinheiro para quitar os
‘boletos’ federais. A maioria dos especialistas
que acompanha o imbróglio sabe que a chan-
ce de o default se confirmar é remota. Mas o
recado é evidente: sem controle de gastos
públicos, o risco sempre estará à espreita até
para a maior das economias.
Para sair da sinuca, o Congresso precisa
aprovar o aumento do teto de gastos. O me-
canismo, que foi criado em 1917, serve para
limitar a quantidade de dívidas que o governo
pode ter em um ano fiscal, que por lá vai de
outubro a setembro. Em janeiro, o governo
americano bateu no limite legal permitido
(US$ 31,4 trilhões). E a previsão do próprio
Tesouro é que a dívida pública ultrapasse US$
32 trilhões no segundo semestre, algo próxi-
FOTOS: AP PHOTO/EVAN VUCCI
mo a 130% do PIB. “Não há chances de um
calote”, disse Biden, em meio a discussões
entre republicanos e democratas.
Nos bastidores políticos, os republicanos
exigem que um aumento no limite de emprés-
timos seja acompanhado de cortes de gastos.
Mas o presidente Biden resiste à proposta de
vincular cortes de gastos ao aumento do teto
da dívida, o que aumenta a chance de um
impasse prolongado. Nos últimos 70 anos, o
teto já foi elevado em mais de 70 vezes, tanto
em governos democratas, como o de Barack
Obama, quanto em mandatos republicanos,
como os de Donald Trump e George W. Bush.
Na segunda-feira (22), assim que retornou
do encontro do G7 no Japão, Biden e o líder
da Câmara dos Deputados, o republicano
Kevin McCarthy, debateram a portas fechas
os termos de um acordo. Sem sucesso. Os
democratas, que comandam a Casa Branca e
o Senado, e os republicanos, que têm uma
maioria apertada no Congresso, não se en-
tendem quando se trata de excessos de des-
pesas sociais do governo. Diferentemente do
que ocorre no Brasil, onde teto de gastos foi
quase uma peça de ficção, nos Estados Unidos
o Congresso tem o poder de congelar todas
as despesas do governo de forma imediata
caso o limite de gastos seja desrespeitado.
TEMORES E isso explica a tensão que tomou
conta de investidores, empresas e bancos
centrais do mundo todo na última semana.
Nos últimos dias, o dólar perdeu valor frente
Dinheiro 31/05/2023 25
FINANÇAS

às principais moedas globais e os índices das bolsas americanas

viveram um intenso sobe e desce diante da ansiedade. O problema
é que nas duas hipóteses aventadas até agora, a de um calote e a de
um acordo aos 45 minutos do segundo entre Biden e o Congresso,
haverá efeitos negativos sobre toda a economia global.
Se o que ocorrer for uma pedalada nas dívidas, os estragos
internacionais tendem a ser devastadores, segundo o economista
Laércio Donizetti Olivaes Munhoz, professor de comércio exterior
da Faculdade do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.
“A Casa Branca corre contra o tempo porque não dá nem pra pre-
ver as consequências de um calote para a economia global”, disse.
“Mas o clima hoje não é favorável a Biden. Nos últimos encontros
os republicanos até abandonaram as reuniões no meio.”
Já na possibilidade de acordo, o governo americano terá de
VISÃO
cortar gastos. Muitos gastos. Para a economista Kélen Abreu, es- Janet Yellen fala EUA resultaria em perda de empregos, ao
pecialista em investimentos e reestruturação financeira da con- em catástrofe mesmo tempo em que aumentaria os custos
sultoria LKWBrasil, não será bem assim. “Na corrida para aprovar econômica caso das famílias com hipotecas, empréstimos
o teto de gastos e permitir que a vida siga na sua normalidade, tudo os EUA não acertem para automóveis e cartões de crédito. “Pro-
o passo sobre
caminha para aprovar o teto, gastar mais e depois ver como enxu- o teto da dívida duziria uma catástrofe econômica e finan-
gar a máquina”, disse Kélen. ceira”, disse. “Os investimentos futuros se
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, tornariam substancialmente mais caros.”
alertou na terça-feira (23) que o fracasso do Congresso americano
em aumentar o teto da dívida do governo, o que resultaria em um CAUTELA Apesar da confiança dos mer-
calote, desencadearia uma “catástrofe econômica” que elevaria os cados na definição de um acordo entre de-
juros nos próximos anos. Yellen disse que o calote na dívida dos mocratas e republicanos para o impasse da
dívida americana, as indefinições aumentam
a cautela de investidores e causam volati-

TIO SAM NO APERTO

Evolução da dívida pública americana nos últimos anos
lidade. Além disso, mesmo que um aumen-
to do limite de endividamento seja alcan-
çado, o crescimento econômico americano
140 (% em relação ao PIB) 132,0 deverá ser afetado. Michael Wilson, estra-
128,4 127,0 129,0 tegista de ações do Morgan Stanley, afirmou
130 em relatório que se chegarem a um acordo
sobre o teto da dívida, haverá algumas con-
120 107,2 cessões nos gastos fiscais. “Será um impac-

102,4 105,4 105,8 31,4

US$
to imediato ou será mais tarde? Achamos
110 105,0 que há um pouco dos dois. No final das
100,3 100,2 TRILHÕES contas, não há compensação positiva”, dis-
se. Em meio ao impasse, os principais ín-
100
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023* dices americanos fecharam em queda na
terça-feira (23). O Dow Jones, o S&P 500 e
* Projeção
Fontes: FMI e Tradingeconomics.com o Nasdaq caíram 0,69%, 1,12% e 1,26%, res-
pectivamente. As ações europeias seguiram
SE HOUVER CALOTE, O QUE PODE ACONTECER NO BRASIL? o pessimismo, pressionadas ainda por per-
das em empresas de luxo. O índice europeu
Stoxx 600 fechou em queda de 0,60%, a
466,10 pontos, maior retração porcentual
Forte Queda também Alta da inflação Manutenção Desaceleração diária em três semanas. Se é assim no país
desvalorização da bolsa da Selic em da atividade mais seguro do mundo para os investidores,
do real patamares altos econômica, com o que será dos emergentes?
risco de recessão

26 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: STEFANI REYNOLDS

INTELIGÊNCIA DO BRASIL
PARA FORA

ARTIFICIAL
Depois de ter
recebido aporte de
acelradora da Vivo,
Daniel Mendes quer
exportar modelo

SABE QUEM É de financial

health check

BOM PAGADOR
Além de avaliar o passado financeiro,
plataforma Dataholics analisa desde o nível
educacional até uso de redes sociais para
criar score de crédito sem preconceitos
Celso MASSON

T
omadas de decisão por meio da inteligência artificial fazem
parte da rotina do executivo Daniel Mendes desde 2006.
Foi quando ele fundou a Dataholics, plataforma de credit
score que tem como objetivo auxiliar empresas e institui-
ções financeiras a aprimorarem suas operações de crédito por meio
do uso avançado de tecnologia. E nada melhor que números para
dar a dimensão exata das soluções que a empresa oferece. “Por meio
de big data, processamos 1 mil consultas por segundo”, disse Men-
des. “Fizemos análise de 700 mil pequenas empresas para um
cliente interessado em recuperação de crédito”.
A velocidade e o volume das operações acompanham a evolução
do mercado financeiro e das necessidades de empresas em aferir
riscos ao conceder empréstimos e financiamentos. Mas de que
forma os dados coletados se convertem em informações que ajudam,
na prática, a entender quem tende a dar calote?
Segundo Mendes, a Dataholics usa um algoritmo que permite
analisar não apenas o passado financeiro. “O que nós fazemos vai
utiliza comunicações mediadas por computador) para gerar dados
que possam ser transformados em informações relevantes. “Damos
um zoom no indivíduo per meio da IA, que aprende a entender
quem é bom pagador sem preconceitos.”
CANADÁ Em 2017, a Dataholics recebeu aporte de uma acelera-
dora da Vivo. Agora, de olho as oportunidades de portabilidade de
crédito para o mercado internacional, a empresa está en uma ro-
dada de captação junto a investidores do Canadá, para onde Men-
des pretende se mudar e viver por uns tempos até que a operação
seja estabelecida. “O aumento dos juros em escala global, a quebra
de bancos lá fora e os riscos sistêmicos da economia abrem muitas
perspectivas para o nosso negócio”, afirmou. Se tudo der certo, em
breve a Dataholics estará exportando para cooperativas e pequenas
empresas canadenses o que chama de financial health check.

1 MIL 500 45%

além de olhar os pagamentos ou não pagamentos, o nome sujo”,
afirmou. Em um cenário macroeconômico no qual o endividamen-
to e a inadimplência aumentam devido aos juros altos e ao desem-
prego, é preciso entender o que faz alguém que sempre quitou as
dívidas deixe de honrar seus compromissos. “Avaliamos os preços
praticados naquele mercado e a compatibilidade dos gastos levan- CONSULTAS PARÂMETROS FOI O QUANTO
do em conta desde o nível educacional até as atividades nas redes POR SEGUNDO PODEM SER A DATAHOLICS
sociais”, disse o fundador e CEO da Dataholics. É O QUANTO A AVALIADOS CRESCEU NO
EMPRESA PODE PARA GERAR O PRIMEIRO TRI
Para isso, a plataforma emprega profissionais de áreas como
PROCESSAR CREDIT SCORE FRENTE A 2022
sociologia e netnografia (forma especializada de etnografia que

FOTO: DIVULGAÇÃO Dinheiro 31/05/2023 27

CAPA

Nossa expectativa a
longo prazo é que os
softwares representem
10% das nossas fontes
de receita. Hoje, não
chegam a 1%”
GASTÓN DIAZ PEREZ
PRESIDENTE E CEO DA ROBERT
BOSCH AMÉRICA LATINA

28 Dinheiro 31/05/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO

A NOVA FÓRMULA

BOSCH
Gigante alemã com receita de 88 bilhões
de euros traça plano de crescimento
global com foco em software e no etanol
para o Brasil, que representa 74% do
faturamento total na América Latina
Victor MARQUES

N
a filosofia alemã, coincidências e acaso não existem. Por isso, pode ser
considerado apenas simbólico que a gigante Bosch tenha surgido em 1886,
mesmo ano em que o primeiro carro movido por motor a gasolina foi pa-
tenteado pelo também alemão Carl Benz. Ao nascer, em Stuttgart, a em-
presa fundada por August Robert Bosch era focada em produtos e serviços
de precisão mecânica e engenharia elétrica, como instalações telefônicas. Em
pouco tempo, a companhia percebeu que a invenção do automóvel estaria co-
lada a seu destino. Em 1890, Robert Bosch inventou a vela de ignição — e os
negócios decolaram. O faturamento global em 2022 foi de 88,2 bilhões de euros
(12% acima de 2021) e o lucro líquido somou 1,8 bilhão de euros.
Essa potência global é movida por um exército de 421 mil funcionários que
perseguem o mesmo objetivo: “Criar oportunidades”, como afirmou o chairman
global da companhia, Stefan Hartung, ao apresentar em março os resultados de
2022. “Aqui na Bosch trabalhamos com as mentes mais brilhantes do mundo
desenvolvendo tecnologia ‘inventada para a vida’, para que todos possamos seguir
em frente e juntos”, escreveu Hartung no relatório da empresa.

Dinheiro 31/05/2023 29
CAPA

CARROS DO
FUTURO
A aposta da Bosch
para os veículos está
não somente na
eletrificação, mas
em encontrar as
soluções mais
sustentáveis para
cada mercado,
assim como focar no
etanol como
principal solução
para o Brasil

Hoje, a Bosch se estrutura a partir de
quatro grandes verticais: soluções para
casa; indústria & comércio; soluções cus-
tomizadas de mercado; e mobilidade, que
sempre esteve vinculada a seu DNA. A
empresa, consolidada no mercado auto-
motivo mundial, tem em softwares o
plano para continuar a crescer. CEO e
presidente da Robert Bosch América La-
tina, Gastón Diaz Perez disse à DINHEI-
RO que “a expectativa a longo prazo é que
os softwares representem 10% das nossas
fontes de receita”.
Para Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, o foco em
software está correto e a resposta é clara: “Os carros hoje são
praticamente computadores em cima de rodas”. Em veículos de
ponta, é possível encontrar de 300 a 1,5 mil chips, além de mais
de 100 milhões de linhas de código que comandam diversas
funções — para efeito de comparação, um avião Boeing 787
Dreamliner tem aproximadamente 14 milhões. “Focar em sof-
tware não é um plano bom só para contornar a crise automotiva
no Brasil, mas atende a uma demanda gigantesca que só tende
a crescer no mercado mundial”, afirmou Pagliarini.
Mesmo agora, quando as demandas de software não chegam
a 1% das receitas da companhia, a Bosch já tem contratados 44
mil engenheiros de software no mundo, mais que a metade dos

1993
BOSCH NO BRASIL 1960 A Robert Bosch do Lançamento
Brasil participa do do Motronic
Io Salão do Automóvel
em São Paulo
1954 16 Novembro:
Fundação da
Robert Bosch do
Brasil Indústria e 1988 Lançamento do 2007 Lan
Comércio de primeiro sistema lin
Acessórios para de injeção pro
Motores e Chassis eletrônica no (8ª
Ltda., na cidade mercado brasileiro: Fá
de São Paulo-SP Le-Jetronic Bosch Ca

30 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: ISTOCK | DIVULGAÇÃO

 HÍBRIDO-FLEX
Para o brasileiro,
85 mil funcionários de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento). Aprendizagem Industrial (Senai), um um carro híbrido,
Diaz Perez afirma que há cinco anos esse número ficava entre programa que tem como principal obje- movido a etanol e
eletricidade é uma
5% e 10%. “Já há algum tempo, a Bosch também se vê como tivo treinar jovens em uma variedade de
solução mais
uma empresa de software de mobilidade.” No ano passado, os habilidades digitais como programação, próxima de
investimentos em inovação do grupo alemão somaram 7,2 bi- robótica, automação inteligente, inteli- funcionar no
lhões de euros, o equivalente a 8% das receitas globais e 1,1 gência artificial (IA) e realidade virtual, mercado nacional,
pelo fato do etanol
bilhão de euros acima de 2021. entre outros. O acordo desenvolvido no
já ser uma fonte de
Brasil ajuda a contornar diretamente um energia limpa com
SENAI A busca por inovação e formação é uma obsessão na dos maiores problemas do setor da tec- baixas emissões
empresa, que cada vez mais aposta na geração de seus próprios nologia, a falta de talentos qualificados.
talentos. Nessa estratégia, a companhia criou a Digital Talent É esperado que até 800 mil novas opor-
Academy (DTA, Academia de Talentos Digitais, em português), tunidades sejam criadas em cinco anos
que em 2021, costurou no Brasil com o Serviço Nacional de na área de TI, contudo, apenas 268 mil

2009 Pioneirismo – Bosch lança

ferramenta a bateria com
tecnologia wireless
2019
2021 Conclusão das obras de
construção das pistas do CTVI
20 anos da tecnologia Flex Fuel
20 anos do Centro de Memória
Bosch

007 Lançamento da
Produção de 10
milhões de módulos do 2023
linha de Sistema Antibloqueio
produção do ABS de Frenagem (ABS) e
(8ª geração) na do Programa Eletrônico
Fábrica Lançamento do de Estabilidade (ESP®)
Campinas II Sistema Flex Start no Brasil

Dinheiro 31/05/2023 31
CAPA

A FÁBRICA DE 10 mil 170

TALENTOS
Inscrições no selecionados
processo seletivo

CAMPINEIRA DA 300 alunos 1000 alunos

BOSCH até o fim de 2024 formados ao longo
dos próximos 5 anos

*Saldo do DTA desde o início do projeto

REDUÇÃO
DO DÉFICIT
Os alunos do DTA
são todos
contratados após o
fim do período de
aprendizagem
e incorcoporados
nas áreas
de negócio
ou até enviados
para outras
sedes da Bosch

dessas vagas serão ocupadas, segundo a
Associação das Empresas de Tecnologia
da Informação e Comunicação e de Tec-
nologias Digitais (Brasscom).
O DTA tem foco em jovens de 16 a 19
anos da região de Campinas (SP), onde
fica uma das operações no País. Os par-
ticipantes recebem salário e atuam den-
tro da unidade em projetos reais. Depois
do período estabelecido de aprendizado,
todos são contratados, podendo ser ex-
patriados como talentos para outras se-
des da companhia no mundo. O programa
selecionou neste ano apenas 36 jovens
de um total de 2,4 mil aplicações. Segun-
do a empresa, a iniciativa — que deve ser estendida a outros
pontos da empresa no Brasil — chegará ao final de 2023 com
200 alunos e, no próximo ano, a 300. A projeção é formar cer-
ca de 1 mil em cinco anos. Uma espécie de ‘crias da base’ (termo
usado na formação de jogadores de futebol) da Bosch.
Como parte dos investimentos em tecnologia digital, a
empresa inaugurou no início deste ano o DigiHub América
Latina, em Campinas, focado em conectar projetos, negócios,
pessoas para inovação. No local também está a plataforma The
Connectory Brasil, criada para impulsionar o desenvolvimen-
to de soluções inovadoras e novos modelos de negócio por meio
de parcerias com startups, universidades, institutos de pesqui-
sa com foco em AIoT (união entre IA e internet das coisas). É
uma rede global presente no Brasil, Chicago (EUA), Guadala-
jara (MEX), Stuttgart (ALE) e Xangai (CHI).

32 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: THEO MARQUES | GIANCARLO GIANNELLI

 “Com iniciativas como a DTA, buscamos posicionar a Bos-
ch América Latina como provedora de soluções digitais para o
Grupo Bosch mundial”, afirmou Diaz Perez. Na América Lati-
na, a empresa passou dos R$ 10 bilhões em vendas em 2022,
aumento de 11,5% na comparação com 2021 e em linha com a
performance global. O Brasil contribuiu com 74% (R$ 7,8 bilhões,
sendo 23% gerados a partir das exportações). A expectativa
para 2023 é investir R$ 940 milhões na América Latina, com
R$ 290 milhões para ampliar eficiência e competitividade de
suas unidades fabris. Mesmo que o País seja decisivo na ope-
ração latino-americana do grupo, a dependência do mercado
nacional precisa diminuir. A empresa está presente na região
desde 1924 (chegou ao Brasil em 1954) e atualmente tem cerca
de 11,5 mil funcionários, 86% deles nas unidades brasileiras,
com mais de 10 mil colaboradores. “Em 2010, sem considerar
o Brasil, os demais países da América Latina eram responsáveis
por cerca de 6% do faturamento da Bosch na região”, disse Diaz
Perez. “Hoje esse núme-
ro passou para 26% e o
desafio é elevar a partici-
pação para 30% nos pró-
ximos anos.”
COM O DTA, BUSCAMOS
POSICIONAR A BOSCH COMO
AFASTANDO A CRISE PROVEDORA DE SOLUÇÕES DIGITAIS
Os esforços em equilibrar
a presença regional so- PARA O GRUPO BOSCH MUNDIAL
mados à capacitação de
talentos miram um mer-
cado que parece atraves-
sar o susto vivido desde a pandemia. De acordo com Diaz Perez,
o ponto que mais afetou a companhia alemã durante a crise foi
a falta de alguns insumos críticos. “Apesar da redução nos vo-
lumes de produção, a Bosch manteve crescimento no setor da
mobilidade, além de ampliar sua participação de mercado.”
O cenário de desabastecimento vai se tornando página vira-
da. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), depois de um primeiro quadrimestre
ainda muito difícil em razão da falta de semicondutores, o setor
acelerou o ritmo e conseguiu atender parte da demanda repri-
mida nos mercados interno e externo. A entidade projeta alta de
3% nos licenciamentos e de 2,2% na produção em 2023. Com
essa possibilidade de retomada, mesmo que não acelerada, a
Bosch está entre os que mais ganham, já que está na ponta das
maiores fabricantes dos principais componentes a qualquer
automóvel, como baterias, filtros, motores diversos, freios, vál-
vulas de injeção… A divisão de mobilidade da companhia desen-
volve tecnologias para eletrificação, híbrido-flex (com etanol),
conectividade, automação e redução de emissões.
Outro grande foco é o incentivo da utilização do etanol no
Brasil. Fábio Ferreira, diretor de Produtos da divisão de Po-
wertrain Solutions da Bosch, disse que o
caminho de sustentabilidade para mobi-
lidade na empresa segue as duas verten-
tes: a do veículo elétrico e a do motor a
combustível. “O etanol é um elemento
fundamental na história da sustentabi-
lidade do Brasil, por isso adaptamos as
tecnologias especificamente para cada
mercado”, afirmou. Mesmo que a malha
energética do País, que é composta ma-
joritariamente de energia limpa, benefi-
cie o modal elétrico, o etanol é ainda
economicamente uma opção mais viável
para o ecossistema brasileiro.
Para o especialista Cassio Pagliarini,
é a melhor saída de baixo custo para a
mobilidade sustentável no País. “No Bra-
sil, um veículo a combustão comum ro-
dando com etanol emite menos gás car-
bônico do que um carro elétrico rodando,
por exemplo, em um país como a Polônia.”
Isso porque a geração de energia do país
é feita em sua maioria a partir de com-
bustíveis fósseis. “É a melhor solução para
os mercados que ainda não conseguem
massificar a compra de veículos a bateria,
porque eles ainda são muito caros.”
Mesmo numa companhia centenária,
dona de 486 empresas regionais e subsi-
diárias espalhadas por seis dezenas de
países, são peculiaridades como essas que
fazem o Brasil continuar peça fundamen-
tal na estratégia da Bosch. E espera fazer
parte relevante do crescimento em vendas
entre 6% e 9% previstos para a operação
total em 2023. Seguindo em frente e jun-
tos, como prega o chairman Stefan Har-
tung. Sem acaso ou coincidências.
Dinheiro 31/05/2023 33
NEGÓCIOS

Em seis anos, R$ 7 bilhões foram

alocados pela Heineken no Brasil para
construir fábrica, ampliar produção e lançar
produtos, inclusive refrigerante

ÁGUA, MALTE, LÚPULO E... IN V

Beto SILVA

esnecessário detalhar quão visionário é Bill Gates, o bilionário

D americano fundador da Microsoft. Invariavelmente está no Top

10 da lista das pessoas mais ricas do mundo, com fortuna avalia-
da em US$ 113 bilhões, segundo a Forbes. Apenas esse dado já
diz muito sobre o homem que revolucionou o uso de computa-
dores. E por que essa mente brilhante estaria investindo em um merca-
do tradicionalíssimo como o de cerveja, ao comprar 3,76% de participa-
ção da holandesa Heineken? Bem, os números podem embasar essa
resposta, que tem o Brasil como protagonista. Primeiro, vamos aos dados.
Gates desembolsou R$ 4,9 bilhões, em fevereiro, para adquirir 10,8 mi-
lhões de ações da Heineken. A cervejaria fechou 2022 com 28,7 bilhões
DE DÓLARES? de faturamento, 30,9% superior ao ano anterior. No
primeiro trimestre deste ano, receita de 7,6 bilhões de euros, 9,2% maior
do que no mesmo período do ano passado. E onde o Brasil entra nessa
história? Vamos recorrer mais uma vez aos números. Segundo relatório
da companhia referente ao resultado de janeiro a março, a receita líqui-
da no País cresceu em torno de 20% “impulsionada por preços, premiu-
nização e crescimento de volume”, à frente do mercado.
Esse destaque do Brasil no informe se justifica pela importância do
mercado nacional nas vendas globais da empresa e pelos investimentos
feitos aqui nos últimos seis anos. Desde 2017, foram quase R$ 7 bilhões, que
fizeram da operação brasileira a maior do mundo para a organização holan-
desa, que tem a cerveja mais internacionalizada do planeta e completa 150
anos de história neste ano. Quando a operação dela começou em território

34 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: CLAUDIO GATTI | DIVULGAÇÃO

N VESTIMENTO GOLE DE
FELICIDADE
Presidente da
Heineken Brasil,
Mauricio
Giamellaro
tupiniquim, em 2010, era só o 17º maior
mercado global da companhia, calcado
basicamente por importações e vendas de
parceiros. “Estamos vivendo um bom mo-
mento. Temos nos divertido e celebrado
comanda projeto essa história de mais de dez anos de Brasil
de expansão da
com muito sucesso”, disse à DINHEIRO
produção no País,
que se tornou a Mauricio Giamellaro, presidente do Grupo
principal operação Heineken no Brasil.
da companhia Nessa trajetória, o executivo cita algumas
no mundo
“transformações” que a Heineken promoveu
no mercado interno. Uma delas é a partici-
pação da cerveja premium, que ganhou o
PRINCIPAIS paladar do brasileiro. No início da década
de 2010, quando chegou ao Brasil, esse seg-
APORTES mento era responsável por 3% das vendas
totais de cerveja. Hoje, corresponde a 30%
R$ 2,2 BILHÕES dos 15,4 bilhões de litros de cerveja produ-
para compra da Brasil Kirin zidos no País em 2022, 7,7% a mais do que
2021, segundo levantamento da Euromo-
R$ 865 MILHÕES nitor International, a pedido do Sindicato
na ampliação da unidade
Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv).
de Ponta Grossa (PR)
Isso representa uma média de 74 litros de
R$ 1,8 BILHÃO cerveja por habitante. Em números totais,
para construção da nova é o terceiro maior produtor do mundo, atrás
cervejaria em Passos (MG) apenas de China (46 bilhões de litros) e dos
Estados Unidos (22,1 bilhões de litros). Es-
R$ 320 MILHÕES pecificamente no segmento de maior valor
para expansão e ampliação
as unidades de Jacareí (SP) agregado, a marca de origem holandesa
e Araraquara (SP) impera. “De cada dez cervejas premium
vendidas no Brasil, seis são Heineken”, dis-
R$ 1,5 BILHÃO se Giamellaro. O que fez a Ambev, líder do
nas cervejarias de Igarassu
(PE) e Alagoinhas (BA)
Dinheiro 31/05/2023 35
NEGÓCIOS
mercado interno geral — por causa de marcas mainstream –, mo-
vimentar-se. A concorrente ampliou ações para alavancar a belga
Stella Artois e trouxe ao seu portfólio a alemã Spaten, ambas mais
amargas e de rótulo e garrafa verdes. Qualquer semelhança com a
Heineken não é mera coincidência.
Outra transformação que a companhia holandesa estabeleceu
por aqui é a qualidade. “Alavancamos o conceito puro malte, inclu-
sive dos concorrentes. Atualmente tomamos uma cerveja que é
incomparável às de seis ou sete anos atrás”, afirmou o presidente
da Heineken Brasil. Ele refere-se não apenas à Heineken, mas
também aos rótulos convencionais da companhia, como Amstel,
Devassa e Tiger. A liderança desse segmento é das marcas Skol,
Brahma, Antarctica (da Ambev), Itaipava (da Cervejaria Petrópolis),
Schin e Kaiser (estas duas também do grupo Heineken). O mantra
da empresa holandesa é justamente ser “a melhor cervejaria, não
a maior”, de acordo com Giamellaro. Mas com os investimentos e
crescimento registrados, não dá para fugir disso. Ganhou 5 pontos
percentuais de share entre 2017 e 2021, segundo análise do Bra-
desco BBI. Consolidou-se como a segunda maior cervejaria do
Brasil (21% do mercado) e diminuiu a ainda longa distância da líder
Ambev (cerca de 60%).
VENDAS E PRODUÇÃO Faturamento (em bilhões de euros)
2018 22,5 36,7 2019 23,9
2,4
36 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
Um plano de avanço sóbrio, como propõe
sua cerveja zero álcool, personagem da ter-
ceira transformação citada pelo executivo.
Até 2018, esse segmento vinha de ressaca –
com o perdão do trocadilho inverso – e in-
clusive era motivo de piada pelos mais tra-
dicionalistas e fãs de uma ‘gelada’. O sabor
de uma cerveja considerada sem álcool ou
com baixo teor alcoólico pouco tinha a ver
com a bebida em sua receita convencional.
De 2019 para cá, esse nicho quase triplicou,
segundo dados do Sindicerv, passando de 140
milhões de litros ao ano para 390 milhões de
litros em 2022. E, de acordo com projeção
da Euromonitor, deverá alcançar 480 milhões
de litros neste ano, alta de 24%. “E hoje a
PORTFÓLIO Heineken 0,0% é a mais vendida do Brasil”,
DIVERSO disse Giamellaro. “Com ela mudamos a oca-
Além de produção sião de cerveja. As pessoas estão tomando
de cerveja em
cerveja na hora do almoço.”
várias categorias,
Heineken lança Essas transformações fazem parte da visão
refrigerante da empresa de construir conexões diretas com
premium, com os clientes (varejos, bares e restaurantes) e
ingredientes
consumidores. No relatório anual de 2022, a
naturais
Heineken aponta o fortalecimento de inicia-
tivas “que expressam nossa personalidade
como a marca mais mente aberta do mundo”.
O objetivo é ser até 2030 a principal marca de
cerveja de escolha para a Geração Z (nascidos
entre a metade dos anos 90 e a primeira déca-
da dos anos 2000). De acordo com a pesquisa
global Kantar BrandZ 2022, a Heineken foi a
que mais cresceu em valor entre as principais
marcas de álcool, impulsionada por “inovações
e criatividade”. Para Marco Quintarelli, con-
sultor de varejo da Azo Negócios, a companhia
lidera a premiunização, dentro dos valores que
jovens querem. “É referência de produto de
Lucro Líquido (em bilhões de euros)
41,8 2020 19,7 41,8 20
1,1
2,5

excelente qualidade, que gera status, e in-
veste para pegar a nova geração, que tem
esse conceito”, disse o especialista.
PRODUÇÃO Os investimentos maciços
da Heineken no Brasil foram intensificados
a partir de 2017, quando foram aplicados R$
2,2 bilhões para a aquisição da Brasil Kirin.
Essa compra tornou a companhia holande-
sa a segunda maior cervejaria do Brasil.
Depois vieram mais R$ 865 milhões para
ampliação da unidade fabril de Ponta Gros-
sa (PR) e R$ 320 milhões para expansão e
ampliação as plantas de Jacareí (SP) e Ara-
raquara (SP). Outros R$ 1,8 bilhão foram
anunciados para construção de uma nova
cervejaria que, a princípio, seria em São
Leopoldo (MG). Mas, para preservação am-
biental e arqueológica da região, o projeto
foi transferido para a cidade também mi-
neira de Passos. Depois de análise técnica,
licenciamentos e trabalho social e ambien-
tal junto à comunidade local, as obras co-
meçaram há dois meses. A fase é de terra-
planagem. A expectativa é que até meados
de 2025 os consumidores bebam as primei-
ras cervejas Heineken oriundas da nova
planta, que será a 15ª da empresa no País
— das 14 unidades produtivas atuais, há 12
cervejarias e duas microcervejarias.
Já o investimento mais recente, anun-
ciado no início de maio, é de R$ 1,5 bilhão
para as cervejarias de Igarassu (PE) e Ala-
goinhas (BA). A aplicação feita em territó-
rio pernambucano vai triplicar a capacida-
de produtiva das marcas Amstel e Devassa,
além de incrementar em 45% a operação
de linhas de embalagens retornáveis. E os
Volume (em milhões de hectalitros)
48,8
2021 21,9
2,0
recursos enviados à cervejaria do municí-
pio baiano serão para ampliar em 60% a
produção da marca Heineken no País.
Aliado à ampliação da capacidade pro-
dutiva está o incremento do portfólio. E
uma das novidades da Heineken para avan-
çar no mercado e, de quebra, desenvolver
melhor a retornabilidade e a reciclagem de
vidro é a longe neck retornável. Inicial-
mente, a garrafinha está disponível em
bares e restaurantes do sul do País. A ten-
dência é espalhar a novidade para outras
regiões no segundo semestre. Além das
cervejas — são da Heineken as marcas Ams-
tel, Amstel Ultra, Baden Baden, Bavaria,
Blue Moon, Devassa, Eisenbahn, Glacial,
Kaiser, Lagunistas, Schin e Tiger —, a com-
panhia holandesa possui ainda uma linha
de não alcoólicos que incluem o refrige-
rante FYS, a Itubaína, a Água Schin, a Schin
Tônica, a Viva Schin e o suco Skinka. Em
abril, inaugurou uma categoria no merca-
do brasileiro com o Clash’d, primeiro re-
frigerante com ingredientes naturais feito
pelo processo de fermentação brewing,
comum na produção cervejeira, para obter
uma bebida maltada com sabor e aroma
mais marcantes e sofisticados. O objetivo
é desenvolver e liderar o segmento de re-
frigerantes premium no Brasil. A bebida é
uma marca global com desenvolvimento e
lançamento em primeira mão no País, pro-
duzida na cervejaria de Itu (SP). Chega aos
principais pontos de venda de São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná na
versão lata de 269 ml. Agora deu para en-
tender melhor por que Bill Gates colocou
seu dinheiro na Heineken?
28,7
54,9
2022
2,8
ENTREVISTA
MAURICIO GIAMELLARO
PRESIDENTE DA HEINEKEN BRASIL
“INVESTIMOS EM UM
AMBIENTE AGRESSIVO”
Qual o atual momento da companhia
no País?
Estamos vivendo um bom momento. É
muito bom trabalhar numa categoria em
que a celebração faz parte do nosso valor.
Temos nos divertido e celebrado essa his-
tória de dez anos de Brasil com muito
sucesso. Temos orgulho de ver que trans-
formamos o mercado de cerveja no País.
Eu trabalhei com produtos de limpeza,
suco, queijo, no setor farmacêutico, e
posso afirmar que são poucas categorias
em que o vice-líder muda o segmento.
Fizemos o líder vir atrás da gente, princi-
palmente quando falamos da melhoria da
qualidade da cerveja.
Qual o diferencial?
Mais do ‘o que a gente faz’, é ‘como a
gente faz’. Fazemos com respeito a nos-
sos parceiros. A gente nunca entra como
competidor dos nossos parceiros, como
fazem outros players, pois são eles que
vendem. E a gente respeita o consumidor
ao oferecer um produto de qualidade.
Como trabalha o propósito de cada
marca?
Começamos uma jornada de felicidade.
Gente feliz brinda mais. A Lagunitas tem
a causa de proteção dos animais.
Devassa, inclusão racial, cultura local do
Nordeste. Amstel, diversidade, de ser o
que quiser. Heineken é energia verde.
O mercado está estável para novas
aquisições ou pode haver movimen-
tação até por problemas de outras
cervejarias (o Grupo Petrópolis
entrou em Recuperação Judicial)?
Não comentamos crescimento inorgânico.
Mas nossa estratégia é crescer organica-
mente. Estamos avançando em capacida-
de reprimida. Investimos em um ambiente
competitivo, que não é dos mais saudá-
veis no Brasil e, sendo elegante, o ambien-
te é agressivo.
Dinheiro 31/05/2023 37
NEGÓCIOS
Ambientalistas no
calcanhar da Shell
relação entre multinacionais petrolíferas e ambientalistas
A
Hugo CILO
nunca foi das melhores, mas os atritos entre a anglo-holan-
desa Shell e ONGs de proteção do meio ambiente ganharam
escalas cinematográficas na semana passada. Durante as-
sembleia de acionistas na terça-feira (23), ativistas do clima
invadiram o centro de convenções da companhia, em Londres, e
forçaram a suspensão da reunião. A revolta começou depois que
20% dos acionistas votaram contra a estratégia de descarbonização
e transição energética da Shell para fontes limpas.
38 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: REUTERS/TOBY MELVILLE | DIVULGAÇÃO
Gigante do petróleo é alvo
de protestos de ativistas
por descumprir o plano de
transição energética e
negligência climática
Segundo reportagem do jornal britâni-
co Financial Times, dez segundos depois de
o presidente do conselho, Andrew Macken-
zie, iniciar seus comentários, ele foi inter-
rompido pelo primeiro manifestante, que
foi retirado do local da assembleia. A cada
vez que um manifestante era retirado, outro
se levantava. Depois de quase uma hora de
interrupções consecutivas, de acordo com
 a reportagem, dois ativistas tentaram invadir o palco, onde os in-
tegrantes do conselho estavam sentados. A equipe de segurança da
Shell se esforçou para impedi-los, formando um escudo humano
ao redor do presidente-executivo, o libanês Wael Sawan, e dos
outros membros do conselho da empresa.
A assembleia de acionistas, palco dos embates, foi a primeira
sob o comando de Sawan, que assumiu o cargo em janeiro. Ele
encarou a missão sob um intenso tiroteio entre os acionistas, que
divergiam sobre a viabilidade de a companhia conseguir reduzir
suas emissões e diminuir a dependência do petróleo. O plano,
apresentado em 2021, previa corte acima de 30% até 2030, um
objetivo ousado para uma empresa de petróleo.
A Shell, em nota enviada à reportagem, afirmou respeitar “o
direito das pessoas de expressar seu ponto de vista” e agradecer
“qualquer envolvimento construtivo em nossa estratégia e na
transição energética”. “No entanto, mais uma vez, os manifestantes
mostraram que não estão interessados em um engajamento cons-
trutivo”, complementou a organização no comunicado.
O presidente-executivo disse ainda que a Shell continua “com-
prometida com sua estratégia de transição energética anunciada
em 2021 e que está cumprindo as metas do plano”. No entanto,
também enfatizou, como já havia feito antes, que a companhia vai
continuar com os investimentos em petróleo e gás natural, enquan-
to aumenta os gastos com formas de energia de baixo carbono.
SEM APOIO O Conselho de Pensões da Igreja da Inglaterra disse
que havia apoiado a empresa quando a Shell foi a pioneira no setor
de petróleo e gás natural, em 2021, ao lançar uma estratégia de
transição energética que incluía o compromisso de reduzir as
UM GRITO
PELO CLIMA emissões. “Hoje, lamento dizer que vemos um caminho diferente
Os manifestantes sendo tomado”, disse Laura Hillis, diretora de investimento res-
se revoltaram
quando 20% dos
acionistas da Shell
se posicionaram
contra plano de
transição
energética
ponsável do fundo, apontando para comen-
tários de Sawan de que a empresa pode
considerar investir na produção de petróleo
e gás natural por mais tempo.
Apesar das críticas feitas pelos acionis-
tas presentes na sala, Sawan observou que
80% dos acionistas, incluindo os maiores
investidores institucionais da Shell, voltaram
a apoiar os planos de transição da empresa.
“Acho que a maioria silenciosa foi muito
clara conosco quanto às suas expectativas,
e suas expectativas são ‘por favor, encontrem
uma transição equilibrada’, que é o que es-
tamos tentando fazer”, disse Sawan, falan-
do após o encerramento da assembleia.
No Brasil, as petrolíferas — incluindo a
Shell — também estão no alvo de ambien-
talistas em organizações como Greenpeace,
com mais intensidade desde o ano passado.
Isso porque o governo concedeu, em abril
de 2022, 59 áreas para exploração de petró-
leo no País, em leilão que arrecadou R$ 422,4
milhões. Do total arrecadado, 98% foram
oferecidos por Shell, Ecopetrol e Total pela
concessão de oito áreas na Bacia de Santos.
O leilão teve protestos de organizações
ambientalistas contra a oferta de áreas pró-
ximas a comunidades quilombolas e pes-
queiras e em um cenário de alertas sobre a
necessidade de medidas para reduzir as
emissões de gases do efeito estufa.
POÇO DE
PROBLEMA
Desde o ano
passado, quando o
governo fez o leilão
de 59 novas áreas
de exploração de
petróleo no Brasil,
empresas como a
Shell passaram a ser
alvo de organizações
de defesa do meio
ambiente
Dinheiro 31/05/2023 39
NEGÓCIOS

O GIRO
BILIONÁRIO
DA IOCHPE-
MAXION
Maior fabricante de rodas do
mundo tem faturamento recorde
de R$ 16,9 bilhões em 2022 e mira
expandir mercado asiático,
segmento elétrico e novos produtos
Angelo VEROTTI

J
uros nas alturas. Inflação acumulada elevada. Câmbio os-
cilante. O mundo dos negócios gira no embalo da economia
global. A multinacional brasileira Iochpe-Maxion não quer
perder o ritmo e tem rodado o portfólio de produtos de
acordo com o movimento dos mercados onde atua, nos
cinco continentes. O objetivo da maior fabricante de rodas do
planeta está definido: ampliar a participação em determinadas
regiões e segmentos. Uma forma de contribuir para a manutenção
da trajetória ascendente que resultou em um faturamento de R$
16,9 bilhões em 2022, 23,8% maior na comparação anual. “A nossa
receita cresceu de um patamar de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões em
2015 para quase R$ 17 bilhões no ano passado”, afirmou Marcos
Oliveira, CEO da Iochpe-Maxion. “É um crescimento contínuo
médio de 13,8% nesse período.”

40 Dinheiro 31/05/2023 FOTO: GABRIEL REIS

 A Maxion produz aproximadamente 50 milhões de rodas

23%
por ano para veículos leves e comerciais. O segmento repre-
senta 73% da receita líquida. “Somos o maior fabricante de
rodas automotivas do mundo”, disse o executivo. Uma trajetó-
ria e tanto para a companhia fundada em 1972, no Rio Grande
do Sul, e que é responsável também pela fabricação de compo-
FOI O AUMENTO nentes estruturais (longarinas, travessas e chassis), com forte
DA RECEITA presença nas Américas do Norte e do Sul. O setor responde por
GLOBAL DA
27% do faturamento líquido. Em comum às duas divisões o fato
EMPRESA NO
ANO PASSADO, de os produtos oferecidos no portfólio estarem presentes em
PARA R$ 16,9 veículos com motores de combustão interna e elétricos.
BILHÕES,EM A proposta principal é clara: suprir a demanda dos merca-
COMPARAÇÃO dos mundiais. E potencial industrial não falta à companhia.
AOS R$ 13,6 BI São 32 fábricas em 14 países e mais de 17 mil funcionários. Uma
DE 2021 capacidade interna muito sólida, de acordo com Oliveira, para
fazer o lançamento de produtos de expansão e de capacidade
contínua. “Lançamos rodas ou componentes estruturais todos
os anos globalmente. E não é um ou dois, são centenas de pro-
dutos”, disse ele. A presença internacional, com fabricação
local, é vista como fundamental e ajuda a empresa a mitigar a
volatilidade. “Quando o mercado brasileiro está caindo, por
exemplo, o europeu está subindo. Isso nos permite atenuar as
variações negativas que possam surgir em alguma região.”
É a situação vivida na atualidade pela Iochpe-Maxion no
País. Apesar de a América do Sul, em especial o Brasil, res-
ponder por 30,5% da receita global de 2022, a empresa sente
o reflexo das paradas nas montadoras diante da queda na
demanda por veículos. Aproximadamente 5 mil trabalhadores
da unidade de Cruzeiro, no interior paulista, enfrentam di-
minuição de jornada e de salário como reflexo da redução de
35% na produção de pesados no ano. A empresa fornece rodas
para ônibus e caminhões, além de chassis para estes últimos.
O CEO estimou que os negócios no segmento vão melhorar
no segundo semestre, uma vez que as montadoras ainda têm
veículos em estoque devido à transição do Euro 5 para o Euro
6 (controle de emissões). “Temos trabalhado para administrar
esse primeiro semestre, o mais desafiador sob o ponto de
Lançamos rodas ou vista de demanda e de produção. Acreditamos que o segundo
componentes será mais positivo.”
estruturais todos os Apesar dos percalços, a empresa se diz preparada para
anos globalmente. São atender às necessidades das montadoras pelo mundo. “Nossos
grandes centros de produção são Brasil, México, Turquia,
centenas de produtos” República Checa e Índia, mas temos presença também nos
MARCOS OLIVEIRA Estados Unidos, Argentina, Espanha, Itália, Alemanha, Tailân-
CEO DA IOCHPE-MAXION
dia, África do Sul e China”, disse. No ano passado, a Europa
respondeu por 31% do faturamento da companhia; a América
do Norte, por 29%; e a Ásia, por 9%. A empresa prevê cresci-
mento de volumes globais de 5% este ano.
Uma das metas da multinacional é ampliar a presença no

Dinheiro 31/05/2023 41
NEGÓCIOS

continente asiático, especialmente na

Índia, onde a elevação chegou a 23% no
ano passado. “Índia e China são os mer-
cados que mais devem crescer nos pró-
ximos anos. A Índia tem população pa-
recida com a da China, mas produziu 5
milhões de veículos contra 22 milhões
dos chineses. Então há um potencial
muito importante”, afirmou o CEO. Ou-
tro caminho para o incremento dos ne-
gócios no continente tem sido acordos
comerciais, como a joint venture com a
montadora chinesa DongFeng para for-
necer produtos para a bandeira e par-
ceiras dela, casos de Nissan, Honda,
Hyundai e Kia.

SUSTENTABILIDADE A eletrificação
é tema recorrente na empresa. Diante de
projeções que apontam a produção de
DO BRASIL
até 46% de veículos elétricos ou híbridos AO MUNDO A companhia assinou recentemente contrato para produzir
plug-in em 2029, saindo de menos de 5 Fábrica em conjuntos de peças para veículos elétricos de entregas com a
milhões de veículos em 2021 para quase Cruzeiro, no interior Rivian, startup fabricante de vans elétricas nos Estados Unidos.
40 milhões no final da década, a Iochpe- paulista, é uma das A multinacional brasileira será assim a responsável pela fabri-
principais da
-Maxion investe em novas linhas — como companhia, que cação dos conjuntos de eixos traseiros das 100 mil vans pedidas
a Bionic (conceito de roda de tamanho possui outras pela Amazon, gigante do comércio eletrônico global. As inicia-
grande na América do Norte) — e parce- 31 distribuídas tivas da Iochpe-Maxion incluem ainda a expansão da capaci-
rias, como a anunciada em abril com a pelo planeta dade fabril pelo mundo. A empresa deu prosseguimento à
Forsee Power, líder francesa especializa- construção de uma fábrica de rodas de alumínio na China, além
da em sistemas de baterias inteligentes. de ter iniciado as obras de uma nova planta de rodas de alumí-
A intenção é oferecer a integração de nio forjado para veículos comerciais na Europa. A Iochpe-
sistemas de bateria para veículos elétri- -Maxion se mostra disposta a participar de todo o ecossistema
cos, principalmente em chassis de cami- da mobilidade. E, assim, evitar que a roda pare de girar.
nhões, ônibus e veículos fora de estrada.
A parceria abrange os grandes mer- 16,9
cados automotivos mundiais, com estudos bilhões
em andamento principalmente na região
das Américas. Segundo Oliveira, a eletri-
ficação não impacta negativamente a em- BALANÇO EM 2022
(em R$)
presa. “O oposto. Abre oportunidades”,
disse. É o que a Iochpe-Maxion tem bus-
2,7
cado. “Temos focado no desenvolvimento 1,7 1,7 592 bilhões
de soluções que proporcionem aos clien-
23,8% bilhão 6,1% bilhão - 5,7% milhões 22,2% 170%
tes a oportunidade de aumentar sua par-
Receita líquida Lucro bruto Ebitda Investimentos Liquidez
ticipação nos segmentos de mobilidade e
eletrificação rumo à descarbonização.” A Europa América do Norte
empresa tem uma jornada de sustentabi- RECEITA
lidade para reduzir em 30% a emissão de POR
REGIÃO
31 América do Sul Ásia e outros 29,5
CO2 até 2030, além de buscar a neutrali-
dade em carbono até 2040.
(em %) 30,5 9,0
Fonte: Iochpe-Maxion

42 Dinheiro 31/05/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO

Empresasediversidade

A BRIGA CONTRA O RACISMO

DEVE SER COMPRADA POR TODOS
RAPHAEL
VICENTE

C
omentando mais um lamentável caso de racismo geral, o que explica a completa paralisia das insti- É DIRETOR
na liga espanhola contra o jogador brasileiro Vi- tuições do Estado espanhol senão a negação do ra- GERAL DA
INICIATIVA
nícius Jr., o jornalista Mílton Jung, âncora da rádio cismo sofrido pelo jogador? Em um primeiro mo-
EMPRESARIAL
CBN, afirmou na segunda-feira (22) que não bastam mento, nenhuma autoridade com o dever legal de PELA IGUALDADE
as famosas campanhas de internet, comunicados, nota agir pareceu ter visto a gravidade do que aconteceu. RACIAL.
disso ou daquilo e hashtags. É preciso que mais pes- Ministério Público, judiciário, polícia, ninguém per- ADVOGADO,
MESTRE E
soas comprem a briga com e por Vinícius Jr.. Milton cebe o que acontece de forma recorrente contra
DOUTOR EM
tem toda razão. Vinícius Jr. e tantos outros jogadores? É verdade CIÊNCIAS
Atletas do Real Madrid, da Seleção Brasileira, de que nos dias seguintes houve várias manifestação e SOCIAIS PELA
outros clubes, dirigentes, a liga espanhola, a Fifa, os inclusive algumas pessoas foram presas. PUC-SP,
PROFESSOR E
treinadores, a imprensa, todos deveriam comprar a E no Brasil? As autoridades do Estado brasileiro
DIRETOR-
briga contra o racismo. Mas a não sabem o que acontece nas GERAL DA
pergunta que me ocorreu ime- empresas que atuam no País? UNIVERSIDADE
diatamente foi a segunte: e o O combate à discriminação, Discriminação, mitigação nas ZUMBI DOS
ao preconceito e, PALMARES E
papel do Estado em tudo isso? oportunidades de acesso e pos-
COLUNISTA DA
A manutenção dos Direitos consequentemente, ao racismo sibilidade de ascensão, comple- DINHEIRO
Humanos ou, mais especifica- é uma ação de política ta ausência de mulheres negras,
mente, a Dignidade da Pessoa pública, complementada de pessoas LGBTQIA+ negras,
Humana, é uma atribuição fun- pela iniciativa privada, racismo institucionalizado, en-
damental do Estado. O racismo e não o contrário. Basta tre outros aspectos, todos esses
é uma constante tentativa de observarmos o sucesso das muitas vezes documentados e
desumanização, um esforço per- ações afirmativas relatados inclusive por órgãos
manente de retirar da vítima a oficiais do governo.
sua condição de ser humano. Olhando para a Espanha,
Basta ver os xingamentos contra Vinícius Jr., que foi talvez fique até um pouco mais fácil compreender
chamado de macaco. as nossas contradições. O racismo não é um proble-
A sociedade não é um organismo autorregulado, ma das pessoas negras e sim da sociedade, seja ela
autogerido, muito menos um organismo que respon- espanhola ou brasileira, uma vez que a sociedade
de efetivamente às pressões das redes sociais. O ra- como um todo acaba distorcida, ainda mais desigual
cismo provoca resultados catastróficos na sociedade e fragmentada.
e já sabemos disso. Imaginem se fossem insultos re- O combate à discriminação, ao preconceito e,
metendo a slogans nazistas, de supremacismo. O re- consequentemente, ao racismo, é uma ação de polí-
púdio seria imediato. Duas formas de racismo, mas tica pública, complementada pela iniciativa privada,
certamente dois resultados diferentes. e não o contrário. Basta observarmos o sucesso das
Ocorre que nós compreendemos razoavelmente ações afirmativas.
a tragédia que o nazismo causou ao propagar o ra- O que está faltando é o Estado exercer o seu papel
cismo, mas não compreendemos a tragédia que a fundamental e comprar uma briga que faz parte de seus
escravização causou. Obviamente há profundas di- deveres, ou seja, promover a todo custo a dignidade da
ferenças entre Brasil e Espanha, mas de um modo pessoa humana sem permitir atos racistas.

Dinheiro 31/05/2023 43
NEGÓCIOS

VIVEO
ARRUMA
A CASA
Com faturamento de
R$ 2,8 bilhões no
primeiro trimestre,
grupo que atua na
área médica foca deoFeu feugiam dolesti
esforços em integrar onsenim vercilisi tat vulputa
Or inci tinPRÓXIMA
ver sum quat
aquisições recentes ETAPA
incilismodApós
doluptatio
adquirir core
para se tornar uma del ullaortdois
incilissisit
anos, empresa lor
19 empresas em

one stop shop da saúde summodigna faccum vel in

comandada por
Leonardo Byrro planeja
utpat lore tis dolestie tet lum
crescimento orgânico

Lara SANT’ANNA
volore modipisim

44 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 os últimos seis anos, a Viveo, uma
N
das líderes do setor de distribui-
ção de produtos hospitalares,
mudou quase tudo. Inclusive o
nome. Antes chamada de Mafra,
foi rebatizada, fez abertura de capital na
B3, promoveu 19 aquisições nos últimos
24 meses e multiplicou seu quadro de
funcionários de 800 para 7 mil desde 2017.
Tudo isso, segundo o CEO Leonardo Byr-
ro, foi mais do que necessário para ace-
lerar o crescimento. “A gente quer ser o
lugar de destino que as pessoas vão bus-
car tudo que elas precisam para operar
um negócio no dia a dia”, disse o execu-
tivo, que hoje estima crescimento de 15%
ao ano organicamente.
A atuação da empresa pode ser divi-
dida em quatro grandes unidades de ne-
gócios. A Mafra, que herdou o nome ori-
ginal, é a maior e cuida da distribuição a
hospitais e clínicas oncológicas. A Pre-
vena é responsável pelo atendimento de
laboratórios, com a disponibilização de
materiais descartáveis, reagentes e vaci-
nas, mercado no qual a Viveo tem 63%
de participação nas vendas para a rede
particular. A terceira unidade é a do va-
rejo, com venda em farmácia de produtos
descartáveis para o consumidor final de
marcas como Cremer e Topz. Os produ-
tos incluem gazes, algodão, esparadrapo,
álcool em gel, sabonetes líquidos. Por fim,
entra a unidade de serviços, com integra-
ção de sistema para a gestão do estoque
e logística para hospitais; programas de
suporte ao paciente, com a gestão do des-
conto da indústria farmacêutica; e, por
fim, a manipulação de bolsas de remédios
por infusão para os hospitais. O objetivo
é conseguir integrar todas essas frentes
e se posicionar como um solucionador
de problemas. “Quero entender as dores
e problemas dos clientes para usar todo
o ecossistema da Viveo e propor uma
solução”, disse Byrro.
Segundo o economista e especialista
no setor farmacêutico, Pedro Bernardo,
o crescimento da empresa se deu pelo
conceito de economia de escopo, na qual,
MAIS
ESTRUTURA
Nos últimos
anos, empresa
multiplicou número
de funcionários,
de centros de
distribuição e
incorporou fábricas
por lidar com grandes volumes e diversas marcas da indústria,
a Viveo consegue negócios mais vantajosos, mais clientes e com
isso, segue o ritmo ascendente. “A Viveo surfou nessa onda de
crescer muito para distribuir coisas que ela consegue obter
maior vantagem e desconto, pelo seu tamanho.”
POR ASSINATURA Com o crescimento, a empresa passou a ter
DENTRO uma frente de atendimento direto ao consumidor com a Far.
me. A aquisição foi concluída em fevereiro deste ano, após
DA
investimento inicial ainda em 2020. A startup oferece assina-
tura de medicamentos para os consumidores e tem como foco
aquelas pessoas com doenças crônicas que fazem uso contínuo
VIVEO de remédios. É como se a Viveo pegasse a experiência em lo-
gística e administração de estoque de hospitais e transportas-
se para uma única pessoa. Já são mais de 4 mil assinantes entre
19 aquisições
desde 2021
São Paulo e Belo Horizonte.
Na lógica de integração de seus serviços, a Far.me abre es-
paço para que a Viveo atue junto a outras empresas do univer-
so de saúde. Isso porque, além de garantir a entrega de remédios,
7 mil funcionários a iniciativa promete um sistema de apoio ao paciente para tirar
dúvidas. Em conjunto com a disponibilidade, segundo Byrro,
tem potencial para diminuir as chances de abandono de trata-
6 fábricas mento e consequente retorno aos hospitais e aumento da si-
nistralidade dos planos. “Queremos criar um modelo no qual
a gente diminua o custo de saúde como um todo por meio de
uma adesão maior ao tratamento”, disse.
20 centros de
distribuição O primeiro trimestre de 2023 foi o primeiro sem a avalanche
de aquisições, e abriu o espaço de organização que o grupo pre-
cisava. Como resultado, a Viveo reportou faturamento de R$ 2,8
230 veículos na
frota própria bilhões no período, 47,4% a mais que no ano passado. Para en-
frentar as próximas etapas com sua saúde forte e integrada.
Dinheiro 31/05/2023 45
NEGÓCIOS
BEM-ESTAR MONETIZADO
Uma pesquisa global feita
a pedido do Gympass ouviu
mais de 2 mil profissionais
de RH e líderes C-Level para
medir o retorno do
investimento em
programas de qualidade
de vida. Os resultados
confirmam que a saúde
se tornou central
nas empresas
Celso MASSON
46 Dinheiro 31/05/2023
P
ara uma companhia que se autodefine
como “maior hub de bem-estar corpo-
rativo do mundo”, nada mais apropria-
do que divulgar dados que comprovem
a eficácia dos produtos e serviços que
ela mesma oferece no mercado. Essa
foi a premissa do Gympass ao lançar estudo ROI
do Bem-Estar. Sigla para Return on Investment,
o ROI é um indicador de quanto uma empresa
ganha ou perde com cada investimento que
realiza. Para confirmar a tese de que cada cen-
tavo destinado ao bem-estar traz retorno ao
negócio, uma pesquisa on-line foi encomenda-
da pelo Gympass à agência QuestionPro. Entre
os dias 26 e 30 de janeiro deste ano foram ouvi-
FOTO: DIVULGAÇÃO
dos 2.078 gerentes, diretores e vice-presidentes
de recursos humanos, além de líderes do C-
-Level em nove países: Alemanha, Argentina,
Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, Itália,
México e Reino Unido. O estudo confirmou algo
que parece óbvio, mas cuja importância vem
crescendo desde a pandemia de Covid-19: as
organizações não podem mais separar o desem-
penho de seus negócios do bem-estar de suas
equipes. Para Priscila Siqueira, líder do Gympass
no Brasil, os resultados deixam claro que “para
administrar negócios e equipes de alta perfor-
mance é preciso cuidar das pessoas”.
Alguns números da pesquisa são particular-
mente interessantes. Entre os líderes de RH
 ouvidos globalmente, 85% afirmaram que os programas de bem-
-estar diminuem o custo de atração e retenção de talentos e aumen-
tam o engajamento das equipes. Para 78%, há redução também nas
despesas com saúde. Se isso é verdade para o mundo, no Brasil os
líderes de RH são ainda mais otimistas com os impactos dos pro-
gramas de bem-estar nos resultados das organizações. Para 99%
As empresas dos executivos C-Level essas iniciativas são importantes para a
precisam satisfação dos colaboradores, sendo que 90% consideram haver
entender redução de custos e 85% disseram que ter foco em bem-estar cria
vantagem competitiva. “As empresas que tiverem essa percepção
que os terão sucesso no longo prazo e as que ignorarem essa realidade
investimentos inevitavelmente ficarão para trás”, afirmou Priscila Siqueira.
em saúde,
qualidade de PROGRAMAS E BENEFÍCIOS Vice-Presidente de Pessoas do
vida e bem- Gympass, Renato Basso vai além. “Nós descobrimos que para a
maioria dos funcionários o bem-estar é tão importante quanto o
estar são salário”. Segundo ele, o estudo forneceu não apenas dados que
investimentos mostram como as empresas enxergam o tema e como também e
diretos nos insights para orientar suas ações práticas para a promoção do bem-
negócios” -estar — e até como monetizá-lo. “Empresas que priorizam a saúde
e a felicidade dos colaboradores permitem que eles tenham a
PRISCILA SIQUEIRA
LÍDER DO GYMPASS
energia e o engajamento para se envolverem profundamente em
NO BRASIL suas atividades e entregarem melhores resultados”, disse Basso.
A metodologia do estudo dividiu as percepções em dois grupos:
programas e benefícios. Fazem parte do primeiro desde o apoio à
saúde mental até o horário de trabalho flexível, passando por aulas
de ioga e meditação. Entre os benefícios estão assistência médica
e odontológica, seguro de vida, previdência privada e folgas remu-
neradas. Segundo Priscila Siqueira, a pesquisa foi realizada no
âmbito da estratégia de crescimento do Gympass para os próximos
anos. Fundada em 2012, a plataforma funciona por meio de assina-
turas mensais para oferecer acesso a uma rede global de cerca de
50 mil academias, incluindo aulas, instrutores e aplicativos como
A VISÃO DO C-LEVEL BRASILEIRO
MyFitnessPal, Thrive Global e Headspace.
“Nossa meta é saltar dos 250 milhões de
check-ins realizados até agora para 1 bilhão
nos próximos três anos”, disse Priscila.
Como o desafio é grande, ele exigirá da
empresa argumentos que transcendam o
senso comum de que promover o bem-estar
é importante. Métricas que comprovam a
eficácia do investimento ajudam. Dados
coletados diretamente junto às empresas
que oferecem o Gympass revelam taxas de
retenção de talentos 43% melhores e até
25% menos custos com saúde por ano.
Desde o início da pandemia, além da
preocupação com a saúde física, ganhou
destaque também a saúde mental, com quei-
xas crescentes de sobrecarga de trabalho,
estresse e burnout. “Já não separamos os
cuidados com a saúde física da saúde men-
tal. Ambas devem fazer parte de qualquer
estratégia de prevenção e de melhoria do
desempenho das equipes.”
ROI DO
BEM-
ESTAR
GLOBAL
90% das empresas que mensuram os
resultados dos programas de
bem-estar veem um retorno
positivo dos investimentos em
bem-estar

99 dos
% executivos em 96% deles dizem
que são 97 dos líderes de
% RH no País 82 das empresas
% observam 85% dos líderes de RH avaliam que os
programas de bem-estar
diminuem o custo de atração e
cargo de importantes dizem que redução nos retenção de talentos e aumentam
direção para a programas de custos de plano o engajamento das equipes
afirmam que aquisição e bem-estar são de saúde e
os benefícios para a muito ou 88% atribuem
de bem-estar
são
retenção de
talentos
extremamente
importantes
aos programas
de bem-estar
85% dos líderes de RH observam
redução de afastamentos e
licenças médicas como resultado
importantes para a uma queda no de benefícios abrangentes de
para a satisfação dos número de bem-estar
satisfação dos colaboradores faltas no
colaboradores trabalho por
78% programas
dos líderes de RH relatam que seus
questões de bem-estar reduzem
médicas os custos com despesas de saúde

Dinheiro 31/05/2023 47
10
PERGUNTAS PARA

PAULO
TEIXEIRA
SUPERINTENDENTE
EXECUTIVO
DA ABIPLAST

“PLÁSTICO
EM ATERRO É
MATÉRIA-PRIMA
JOGADA FORA”
Lana PINHEIRO

N
o fim de semana de 28 e 29 de maio, autoridades públicas e A convite da ONU, autoridades e
representantes de diversas entidades mundiais se reuniram em entidades globais estão discutindo o
Paris para avançar no texto final do Tratado do Plástico. Previsto Tratado do Plástico. O que se pretende
para ser concluído em 2024, o documento servirá como um acordo com a iniciativa?
global com diretrizes gerais para a redução da poluição plástica em terra, rios O Tratado do Plástico é um documento
e oceanos. Algo que, pela ambição, deve ser similar ao que foi o Acordo de que trará diretrizes gerais a serem
Paris de 2015 para o controle do aumento de temperatura global por meio da desmembradas por países para
redução dos Gases de Efeito Estufa (GEE). Poucos dias antes de embarcar para resolver a poluição plástica no planeta.
a reunião, Paulo Teixeira, superintendente executivo da Associação Brasileira Para resolvermos o problema temos
da Indústria do Plástico (Abiplast), falou à DINHEIRO sobre os desafios do setor alguns caminhos. Um deles é reduzir as
no Brasil e sobre as expectativas para a reunião orquestrada pela Organização embalagens de uso único, como as sacolas
das Nações Unidas (ONU). Segundo ele, o objetivo é encontrar caminhos para plásticas, copos e embalagens sem
uma indústria e um planeta mais sustentáveis. “Alternativas eficientes existem, refil. Isso se dá por meio da fomentação
precisamos colocá-las em prática.” do modelo de consumo baseado no

48 Dinheiro 31/05/2023 FOTO: MARCO ANKOSQUI

reuso. Outro, é a reciclagem. Nesse caso,
estendemos o ciclo de vida do material
usando práticas da logística reversa e da
economia circular. Mas, para isso, é preciso
melhorar a gestão de resíduos com o
desenvolvimento da cadeia de reciclagem.
Hoje pagamos para produzir o plástico e
depois pagamos para aterrá-lo. Plástico em
aterro é matéria-prima jogada fora.
Ainda há a poluição visual no ambiente.
Como isso prejudica os negócios?
A poluição é a coisa certa no lugar errado.
Se o plástico está na natureza, há algum
equívoco no processo. Um exemplo é
o erro de design. O produto é tão mal
desenhado que não tem o que fazer com
ele. Não é possível reciclar e nem reutilizar.
Esse é o caso de uma embalagem que
mistura materiais diversos como papel,
plásticos diferentes, vidro. A separação é
tão complexa que inviabiliza a reciclagem.
Preocupar-se com o design é um
redirecionamento de negócio que tem
impacto em todo o setor.
Quando falamos de Brasil, qual o volume
de resíduos plásticos gerado?
O Brasil produz cerca de 7 milhões de
toneladas de plástico por ano. Uma parte é
o que a gente chama de plástico de média
e longa vida. Celulares, carros e tubulações,
por exemplo. Não temos ideia de quando
esses plásticos vão parar na natureza. Na
outra ponta, temos os plásticos de vida
curta. Desse grupo — embalagens comuns,
pratinhos, copinhos —, 40% entram na
natureza no mesmo ano em que saem da
indústria. Aqui está o problema mais crítico.
Dessa parcela, somente 23% são recolhidos
e seguem para a reciclagem mecânica.
Nessa etapa, mais uma complexidade: não
dá para misturar tudo e fazer um processo
só, tem que separar o material por tipo e
outros critérios como presença de outros
materiais, de tinta…
Quantos tipos de plásticos são
produzidos?
Entre os básicos temos o PVC, o
polipropileno (PP), o polietileno de alta e o
de baixa densidade e o PET. Depois temos
alguns outros como o ABS (acrilonitrila
butadieno estireno), o bioplástico, os
biodegradáveis — que no Brasil tem
presença marginal. Lembrando que não
dá para misturar tudo em um processo de
reciclagem. O consumidor descarta tudo
junto, a separação é feita na cooperativa
que hoje é responsável por mais de 90% da
coleta ou nas empresas de reciclagem.
No alumínio temos um benchmarking
com mais de 95% de reciclagem. Como
é o processo de coleta e de remuneração
do catador no caso do plástico?
Veja o caso de São Paulo. É certo dizer
que a cidade tem o processo de coleta
seletiva incluindo o plástico? É, mas só
para uma parte da população. E aí entra o
problema da maturidade da cadeia, que
inclui a remuneração do catador. Para
o PET já temos um sistema de logística
reversa mais organizado, por isso tende
a remunerar melhor o catador. Outros
plásticos remuneram menos. A diferença
de preço entre materiais, na comparação
com o alumínio, vem do custo para acessar
a matéria-prima virgem ou reciclada. Extrair
bauxita, para a produção das latas, é muito
mais caro do que pagar um catador. Além
disso, o uso de energia na reciclagem é bem
menor. No caso do plástico há um problema
adicional, quando o preço da resina virgem
cai, o preço da reciclada também cai. Isso
acontece porque ambos são considerados
commodities. O mercado não vê valor
agregado no material reciclado, diferente do
que aconteceu com o alumínio e o papel.
Falta à indústria entender o papel social
do plástico reciclado?
Não dá para tratar a reciclagem só como
uma questão social. Claro que no Brasil
esse é um impacto importante. Mas não
é sustentável o pensamento do ‘ajuda
lá’. É preciso tratar o processo como
negócio, com a valorização do resíduo
por todos. Nossa legislação, por exemplo,
determina que a responsabilidade pela
logística reversa é de toda a cadeia, mas
não determina um percentual mínimo de
material reciclado nas embalagens. Do jeito
que está hoje, se o cliente falar que tanto faz
um material virgem ou reciclado, a indústria
vai pelo preço. Agora, se a demanda for
pelo reciclado porque o mercado vê valor
adicionado ou porque a legislação manda,
as especificações serão cumpridas.
Sobre a corresponsabilidade prevista
na legislação, como é essa divisão entre
os agentes?
Pela legislação são corresponsáveis
a indústria, as marcas, o varejo, as
cooperativas e o consumidor. Em
resumo, todos da cadeia. Mas não há
definições sobre os papéis e intensidade
da responsabilidade de cada um. Para
cobrir esse gap, há um acordo setorial
feito por algumas associações para
cumprir a Política Nacional dos Resíduos
Sólidos (PNRS). Ali determinamos que
aumentaremos para 22% o índice de
reciclagem de embalagens incluindo todos
os materiais. Nessa organização privada, a
indústria tem a responsabilidade de reciclar
e colaborar no financiamento das ações
de educação e de comunicação; o dono da
marca que usa a embalagem investe mais; e
o varejo, sumiu.
Como fica o papel do consumidor?
Essa é outra vertente, onde temos mais
perguntas do que resposta para entender o
impacto no negócio. O consumo vai diminuir
na busca de ser mais sustentável? O
consumidor percebe práticas sustentáveis
como valor? É valor adicionado? O que ele
entenderá como consumo consciente?
Ele substituirá alguns produtos? Claro que
tem uma parcela da população bastante
alinhada à agenda. Mas tem outra parte que
só quer comer. Ele não está preocupado se
a embalagem é reciclada ou se o produto
emitiu gases de efeito estufa. Temos,
então, que pensar como o tema chega
nessa grande massa. Toda essa discussão
também será contemplada no Tratado.
E a responsabilidade do governo?
Também está dada. Temos um arcabouço
institucional muito bom no Brasil.
Tem a PNRS, a Lei Ambiental, tem a
obrigatoriedade dos municípios fazerem
gestão de resíduos. Isso está montado.
O que não existe são formas de controle
e penalização. Essa parte fica na mão do
Ministério Público e aí é óbvio que numa lista
de prioridade que eles precisam resolver,
essa não é tão grave. Infelizmente somos
um País onde algumas leis pegam e outras
não. A de corresponsabilidade não pegou.
O senhor disse que o plástico jogado no
aterro é dinheiro jogado fora. Por que
os governos locais não fazem disso uma
linha de receita?
Por opção. Como o ex-ministro da Fazenda
Pedro Malan disse: “não ter uma política
industrial, é ter uma política industrial.”
Dinheiro 31/05/2023 49
Olhardolíder

“PENSO, LOGO EXISTO!”

AINDA É VÁLIDO APÓS O CHAT GPT ?
CÉSAR
SOUZA

A
É PRESIDENTE possibilidade de terceirizar aquilo que sempre No exercício da liderança, o ChatGPT poderá acar-
DO GRUPO acreditamos ser nosso diferencial único e intrans- retar inevitável valorização das chamadas soft skills
EMPREENDA. FOI ferível — nossa capacidade de pensar — exige pro- — habilidades e atitudes que tenderão a ser ainda mais
NOMEADO PELO
WORLD funda reflexão. Repensar o pensamento. Esse é o enig- relevantes que o conhecimento técnico tradicional.
ECONOMIC ma que vai muito nos afligir antes de ser decifrado. Mais do que nunca, precisamos estar atentos ao
FORUM, EM Já não causa espanto o fato de os avanços tecno- risco de perdermos relevância se ficarmos reféns das
DAVOS, SUÍÇA, lógicos que produziram o Big Data, a computação na nossas competências atuais. Deveremos nos equipar
COMO UM DOS
“200 GLOBAL nuvem, a disruptiva inteligência artificial e a sua mais com um conjunto de novos saberes que ainda nem
LEADERS FOR recente derivada, o ChatGPT, estarem viabilizando a compreendemos quais serão os de fato valorizados.
TOMORROW” possibilidade de automatização do pensamento atra- Aprender a desaprender e a reaprender não só a
vés de sofisticados algorit- partir dos nossos pensa-
mos. Se o ato de pensar mentos mas também a
pode ser mecanizado, de partir dos nossos senti-
forma muito mais rápida No exercício da liderança, o mentos será o diferencial
e acurada do que somos ChatGPT poderá acarretar inevitável dos sobreviventes daqui-
capazes de fazer, o que valorização das chamadas soft skills lo que, se usado de forma
restará ao ser humano? — habilidades e atitudes que indevida, poderá ter efei-
Qual o impacto que essa tenderão a ser ainda mais tos devastadores para
tecnologia inacreditavel- relevantes que o conhecimento parcelas da sociedade.
mente viral e perturbado- técnico tradicional. Precisamos Teremos de sabiamente
ra poderá causar nos nos- estar atentos ao risco de perdermos enfrentar o desafio ético
sos comportamentos, no relevância se ficarmos reféns das da IA e de seus artefatos
mercado de trabalho e na nossas competências atuais para que, sem utopias,
nossa forma de viver, criem benefícios de fato
aprender e até amar? para a espécie humana.
O ChatGPT ainda está A filosófica frase “Pen-
engatinhando, mas já tem protagonizado façanhas so, logo existo!”, formulada pelo matemático francês
impensáveis como produzir em fração de segundos René Descartes, em 1637, em O Discurso do Método,
textos literários, livros e até mesmo poemas e mú- funcionou como uma espécie de certidão de identi-
sicas de razoável qualidade. À medida que evolui e dade do ser humano. Mas se as máquinas e o arsenal
se torna uma realidade acessível, já causa profundo tecnológico vierem de fato clonar nossa forma de
impacto no mercado de trabalho, tanto ao criar no- pensar, nosso diferencial precisa ser enriquecido com
vas oportunidades quanto ao perturbar profissões o poder das emoções, algo que os algoritmos ainda
tradicionais, do Direito à Arquitetura, passando pela não podem substituir.
Contabilidade e por tantas outras, caso as mesmas Talvez o tempo me faça mudar de ideia, pois nem
não se reinventem. o Bug do Milênio e nem o metaverso causaram as
A ferramenta também já afeta o processo de edu- temidas mudanças anunciadas, mas acredito que já
cação, ressignificando a relação professor-aluno mui- seja apropriado reformular a proposta de Descartes
to além da sala de aula. para “Penso e sinto, logo existo!”

50 Dinheiro 31/05/2023
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Pesquisa da Qualibest investiga a relação dos
brasileiros com os aplicativos de delivery

CLASSES ECONÔMICAS Tíquete Médio

A1
R$ 59
B1
10% 11%
B2

26% C1

22%
C2
D/E
20% 11%

ROTEIRISTAS EM
GREVE CONTRA A IA
Escritores de cinema e televisão nos
EUA estão em greve desde o início
deste mês contra a substituição da
profissão pela inteligência artificial
(IA). Por meio da paralisação, esses
profissionais buscam expressar
suas preocupações sobre a
crescente influência da inteligência
artificial na criação de conteúdo.
Teme-se que programas de
computador possam assumir
funções tradicionalmente
desempenhadas por roteiristas,
levando à perda de empregos e à
descaracterização da criatividade
humana. A greve e as discussões
em torno do papel da IA nessa
indústria lançam luz sobre os
desafios enfrentados pelos
profissionais no mundo digital
e destacam a necessidade
de equilibrar a automação
com o talento humano.
G7
TRAÇA
PADRÕES
PARA IA
NOVA CEO DO TWITTER
ALIVIA ANUNCIANTES
Um dos maiores grupos de publicidade do mundo, a
GroupM, declarou que o Twitter não é mais uma
plataforma de alto risco após a nomeação da nova
CEO, Linda Yaccarino. Após a saída de Elon Musk da
cadeira de comandante, a empresa recebeu
elogios por tomar medidas para combater a
disseminação de informações enganosas
e conteúdo prejudicial. A mudança na
chefia da rede social traz esperança de
que a empresa recupere a confiança
dos anunciantes e reverta a tendência
de queda nas receitas publicitárias.

52 Dinheiro 31/05/2023 INFOGRÁFICO: FABIO X | FOTOS: ISTOCK | DIVULGAÇÃO

 MEIOS DE PAGAMENTO
(por menção)*
PA P O D IGITAL
59%
Cartão de crédito/débito na máquina O GitHub é uma plataforma
que ajuda os
desenvolvedores a
54%
Dinheiro
armazenar e
gerenciar seu
53%
PIX código, assim como
rastrear e controlar
Cartão de crédito cadastrado no site/app
38% alterações nele.
Adquirida em 2018
Cupom de desconto do aplicativo pela Microsoft,
28% lançou no ano
passado o GitHub
Cartão de crédito em serviço de pagamento (Paypal, PagSeguro, Mercado Pago etc)
22% Copilot, para auxiliar os
programadores na produção
Vale refeição e alimentação
16% de códigos. Confira as percepções de
Thomas Dohmke, CEO Global da empresa,
Dados coletados por meio de questões em que é possível marcar múltiplas respostas. sobre os planos para o Brasil:
Quanto maior o Índice, mais respondentes marcaram mais de uma opção.

Quais são os planos da empresa para

USUÁRIOS o Brasil?
O País é o quarto maior mercado da
Masculino companhia. Temos EUA, China, Índia e depois
Feminino Idade média Brasil, em ordem. Estamos animados com as

53% 47% 34,1 anos

oportunidades de negócios e parcerias com
outras empresas aqui.

Durante sua última reunião em Tóquio,
o G7 iniciou discussões sobre o
desenvolvimento de padrões técnicos
globais para a inteligência artificial
(IA), reconhecendo a importância de
estabelecer diretrizes comuns para a
utilização ética e segura em diversas
áreas, como saúde, transporte e
segurança. O objetivo é garantir que
os benefícios dessa tecnologia sejam
aproveitados de forma responsável,
protegendo os direitos humanos e
evitando a fragmentação das
regulamentações. A iniciativa destaca
a necessidade de cooperação
internacional e da construção de
consensos para lidar com os desafios
e oportunidades apresentados pela IA.
Quais oportunidades?
Queremos ajudar as empresas brasileiras a
tirar mais proveito do GitHub Copilot para
produtividade.
Como você vê a crise de talentos
na tecnologia?
Acredito que na maioria dos países ainda não
há educação suficiente para ciência da
computação, assim como não há pessoal
suficiente com interesse pelo assunto.

Como o Copilot pode ajudar?

META MULTADA EM US$ 1,3 BI Os profissionais conseguem desenvolver
A União Europeia (UE) impôs multa recorde de códigos 55% mais rápido, tornando-os mais
bilhões de dólares à Meta (dona de Face-Insta- produtivos. Também vai ajudar uma próxima
Whats) por violações das regras de proteção de geração de desenvolvedores, aprendendo a
dados da UE. A questão gira em torno da maneira codificar desde a escola até a vida profissional.
como o Facebook lidou com os dados dos usuários
europeus. De acordo com a Comissão de Proteção Esse copiloto pode virar um piloto
de Dados da Irlanda, a transferência de dados de automático?
a usuários do Facebook da Europa para os EUA foi
O sistema de software é capaz de decompor
s uma violação do Regulamento Geral de Proteção
o grande problema em pequenos blocos de
de Dados da Europa (RGPD). A empresa será
construção, mas vamos precisar de alguém
penalizada não apenas por não ter cumprido
para sintetizar isso como uma resposta única
adequadamente as regras de privacidade, mas
e criar uma solução real.
também por coletar informações pessoais sem o
consentimento dos usuários.

Dinheiro 31/05/2023 53
TECNOLOGIA

O ANO DE CONSOLIDAÇÃO D
S
egundo o relatório Webshoppers da NIQ Ebit,
EMPRESA BRASILEIRA o e-commerce brasileiro movimentou R$ 262,7
ESPECIALIZADA bilhões em 2022, crescimento de apenas 1,6%
em relação a 2021 depois do salto anual de 29,8%
EM COMÉRCIO na comparação com 2020. No resumo, é aquela
DIGITAL ESTÁ história de sempre: com todos em casa, o consumo,
principalmente on-line, aumentou. Foi nessa onda
AVALIADA EM que surfou a Vtex, empresa brasileira especializada
US$ 740 MILHÕES em comércio digital cujo faturamento saiu de
US$ 125,8 milhões (2021) para US$ 157,6 milhões
E TEM RECEITA DE (2022), alta de 25,3%. A margem bruta foi positiva,
US$ 157 MILHÕES mas o resultado final líquido ainda ficou negativo
(-US$ 7,6 milhões). O que não impede que o mercado
veja o potencial da empresa. Em seis meses, as ações
Victor MARQUES
— negociadas na Bolsa de Nova York — subiram 15%
e o valor de mercado bateu em
US$ 740 milhões (dados de quarta-
-feira, 24). “Focamos em poucos
produtos, o que nos torna mais
especializados”, disse à DINHEIRO
Rafa Forte, cofundador e gerente
geral da Vtex Brasil. “Acredito ser-
mos os únicos do mercado com um
único sistema capaz de ser e-com-
merce, de ter um OMS [sistema de
gerenciamento de pedidos] e ca-
pacidades de marketplace.”
Fundada no Brasil na virada do
milênio, em 2007 abraçou o proje-
to da plataforma de e-commerce

54 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: ISTOCK | DIVULGAÇÃO


DA VTEX
para o Walmart no País. A partir daí,
a escalada para buscar o pódio entre
as maiores do segmento começou.
Em 2019, captou US$ 140 milhões
em investimentos de Softbank, Gá-
vea, Constellation e, no ano seguin-
te, recebeu novo aporte, de R$ 1,25
bilhão. Em 2021, abriu o capital,
tornando-se empresa listada na
NYSE — uma das maiores platafor-
mas para comércio digital no mun-
do, com mais de 2,6 mil clientes
(incluindo gigantes como Black &
Decker, Coca-Cola, Nestlé Sony,
Walmart e Whirlpool), atendidos
O cliente pode gerir um negócio B2B, B2C, B2B2C, D2C, seja o
que for, com uma solução mais limpa, pragmática e eficiente”
RAFA FORTE
EM NÚMEROS
COFUNDADOR E GERENTE GERAL DA VTEX BRASIL
US$ 775 MILHÕES
em valor de mercado
US$ 157 MILHÕES (+25%)
de faturamento em 2022
Expectativa de crescimento entre
15% e 19%
US$ 57,2 MILHÕES
investidos em P&D em 2022
3.400
lojas online ativas
38 países
por mais de 1,3 mil funcionários em todo o mundo.
Segundo Forte, o nível de especialização da Vtex per- 1300 funcionários
mite que os clientes tenham uma gestão unificada da
operação, de varejo, ou de indústria, em um único lugar,
habilitando também a gestão de diversos modelos de
negócios. “O cliente pode gerir um negócio B2B, B2C, plataformas], permitindo um Saas
B2B2C, D2C, seja o que for, com uma solução mais [software como serviço] altamen-
limpa, pragmática e eficiente.” te customizável.”
Novidades que serão suportadas
CONSOLIDAÇÃO Para 2023, a expectativa é cres- pelo time de pesquisa e desenvol-
cimento da receita entre 15% e 19%, e isso se dará por vimento da instituição, composto
meio de um plano robusto focado em lucratividade. por 438 funcionários, com uma
Durante a pandemia, o varejo precisou se adaptar à verba de US$ 57,2 milhões no ano
venda no mundo digital. Agora a companhia se pre- passado, correspondente a pouco
para para implementar soluções inovadoras e eficazes mais de 36% do faturamento total
para o negócio do cliente, abrangendo vendas assis- da companhia. De acordo com o
tidas, uma plataforma infinita, dark stores e o live comandante da empresa no Brasil,
commerce, que cresce cada vez mais no Brasil. “Vamos a porcentagem investida do fatura-
trazer muitas novidades neste ano”, afirmou Forte. mento deve se manter, de forma
“Estamos também analisando de como vamos aplicar aproximada, para este ano. “Vemos
tecnologias como a inteligência artificial (IA).” A investimentos como algo constan-
estratégia é implementar a IA diretamente no sof- te e consistente, algo que, não ne-
tware proprietário da companhia, mas também será cessariamente, vai gerar resultados
mantida a possibilidade de integração de soluções de agora”, disse. “Há investimentos
ferramentas tecnológicas já existentes no mercado. que estamos fazendo hoje para uma
“Nossa plataforma facilita a integração de APIs [con- solução que vai entrar no mercado
junto de normas que possibilita a comunicação entre daqui um ou dois anos.”
Dinheiro 31/05/2023 55
Cobiça
POR CELSO MASSON

TORRES
GÊMEAS
Parte dos 154
apartamentos
do residencial
terá vista para a
baía de Biscayne

COM ENTREGA PARA 2026,

UNIDADES DO SAINT REGIS
RESIDENCES MIAMI PARTEM
DE US$ 3,5 MILHÕES
Especializada em alto padrão, a Bossa Nova
Sotheby’s International Realty foi a assessoria
imobiliária responsável para apresentar aos
clientes brasileiros o Saint Regis Residences
Miami, empreendimento à beira-mar com
154 unidades, de dois a seis dormitorios.
Com entrega prevista para daqui a três
anos e preço a partir de US$ 3,5 milhões, o
residencial oferece 5 mil m2 de lazer, incluindo
marina privativa com restaurante exclusivo
sob o comando do estrelado chef italiano
Fabio Trabocchi. O projeto prevê skylounge,
uma quadra de pickleball (fusão do tênis de
mesa e de quadra), spa e piscinas com vista
panorâmica para a baía de Biscayne. Para Renata
Victorino, sócia-diretora de vendas da Bossa Nova
Sotheby’s, trata-se de um lançamento totalmente
alinhado com o que a imobiliária representa no Brasil e
no mundo. “O Saint Regis Residences Miami está em
total sinergia com nossos clientes, por isso recebemos
a Related Group em clima de festa para celebrarmos
essa parceria”, afirmou a executiva, referindo-se à visita
ao Brasil de Allison Goldberg e Nick Pérez. Ambos
integram o time responsável pela companhia criada em
1979 e que tem no portfólio alguns dos mais incríveis
empreendimentos imobiliários de Miami. As vendas
totais do Related Group já superam US$ 50 bilhões — e
o Saint Regis já tem ao menos um comprador brasileiro.

ACESSÓRIO

NA PEGADA DO GRAFENO
Depois de apresentar o primeiro tênis com placa de grafeno do mundo,
a Olympikus lança a segunda geração do modelo projetado para corrida
de alta performance e que recebeu melhorias significativas na matéria-
prima, além de refinamento no design. A entressola externa foi
desenvolvida com a tecnologia Eleva Pro, que com EVA leve e de baixa
densidade que garante menor deformação. Internamente, a placa de
grafeno ficou mais rígida, o que proporciona maior retorno de energia,
intensificando a responsividade nas passadas. O preço sugerido é de
R$ 799,99 nas lojas especializadas.

56 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 MODA

ÉTICA E BELEZA
A TIRACOLO
Criada em Balneário Camboriú
(SC), a grife Ka Figueiredo
se diferencia pelas peças
únicas feitas à mão, em
pouquíssimas unidades, e que
permitem a inclusão social
por meio da renda gerada
por cooperativas de artesãs
dedicadas à preservação de
técnicas tradicionais, além de
utilizar materiais de origem
ética. Para as bolsas da
coleção Trancoso foram
usados cachepôs produzidos
pelo povo indígena warao, do
Pará, e os forros do Projeto
Tecer, que trabalha com
mulheres em situação de
vulnerabilidade, em Santa
Catarina. As peças partem de
R$ 1.080 e chegam a R$ 3 mil
no e-commerce da marca:
CRUZEIRO
kafigueiredo.com.
CARIBE EM GRANDE ESTILO
Emerald Azzurra, Sakara e Scenic
Eclipse são os nomes dos três iates do
CARRO Grupo Scenic que estarão disponíveis
LAND ROVER REVISITA UM CLÁSSICO para cruzeiros de alto padrão pelo
Caribe na próxima temporada. São
A primeira edição especial temática em homenagem embarcações para no máximo 228
à marca Defender celebra a história de um dos passageiros, que permitem navegar
fundadores da Land Rover, Spencer Wilks, e a Ilha de pelas ilhas e conhecer as praias
Islay, na Escócia, onde o nome Land Rover nasceu, em caribenhas com luxo e exclusividade.
1947. O Defender Works V8 Islay Edition é alimentado Os ambientes intimistas são perfeitos
por um motor V8 a gasolina de 5.0 litros de 405 cv, e sua para casais em lua de mel ou grupos
produção será limitada a 30 exemplares: 17 unidades na de amigos que buscam uma viagem
opção 90, com uma distância entre eixos mais curta, personalizada. Há opções de refeição ao
e 13 disponíveis na versão 110, de sete lugares. Os preços ar livre, fitness center, spa, piscina com
de lançamento, no Reino Unido, são de 230 mil libras borda infinita e plataforma de esportes
(versão 90) e 245 mil libras para o modelo 110. Em reais, aquáticos. Informações e reservas
isso equivale a 1,48 milhão e 1,51 milhão, nessa ordem. apenas pelo e-mail info@velle.tur.br.
Mas não há previsão de que cheguem ao Brasil.

Dinheiro 31/05/2023 57
ESTILO

Após adquirir fábrica

TANIA BULHÕES QUER histórica de porcelana

em Limoges, na
França, e expandir

CONQUISTAR O MUNDO
atuação além dos
produtos para casa,
grife criada em
Uberaba planeja
abrir restaurante
Lara SANT'ANNA

U
m dos detalhes do requin-
te é a mesa posta. A ver-
dade é que um bom con-
junto de porcelana,
talheres e copos faz até a
comida do dia a dia ficar especial.
A brasileira Tania Bulhões atua
nesse segmento há 34 anos, des-
de que criou em Uberaba (MG),
a grife que leva seu nome. Refe-
rência nacional no segmento de
luxo, a empresa é hoje coman-
dada pelo filho de Tania, Virgílio
Castro Cunha, enquanto a fun-
dadora segue na presidência do
conselho. Em momento de for-
te expansão, a empresa anunciou
neste mês a compra da fábrica
de porcelanas Royal Limoges,
na França. Com 225 anos de
atividade, a unidade francesa já
era responsável pela produção
de parte dos itens vendidos pela
rede Tania Bulhões no Brasil. A
ÍCONE compra se insere na estratégia
Tania na Royal de ampliar capacidade produti-
Limoges, fábrica va, de aumento de portfólio e do
que funciona há
número de lojas físicas. Atual-
225 anos na
cidade francesa mente são 33 endereços no Bra-
sinônimo de sil e a ideia é abrir em breve um
porcelana. ponto de vendas no exterior.
Aquisição acelera
A expansão começou a to-
plano de
internacionalizar mar forma quando Virgílio Cas-
a marca tro Cunha assumiu o posto de

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Dinheiro 28/12/2022
31/05/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
CEO da empresa. “Eu vim para o cargo por uma inquietação
nossa com relação ao potencial que a marca tinha”, afirmou. Tania
Bulhões se consagrou com a oferta de produtos de luxo para casa,
com destaque para a porcelana. Com o tempo, a marca passou a
ir além, estendendo sua atuação dentro do conceito de lifestyle,
o que abriu o leque de possibilidades. Em uma derivação das
fragrâncias para aromatizar ambientes, a marca passou a produ-
zir também perfumes corporais. O passo seguinte foram os pro-
dutos para a pele, como hidratantes, sabonetes e óleos. Segundo
a professora do hub de moda e luxo da Escola Superior de Propa-
ganda e Marketing, (ESPM) Cristina Proença, a diversificação faz
todo sentido. “Quando a empresa faz a expansão de uma maneira
coerente, ela vai trazer a força da marca que já estava presente em
outra categoria para a nova”, afirmou.
A expansão iniciada pelo atual CEO, contudo, não se limita
à oferta de mais categorias de produto. Ela vem acompanhada
de um aumento expressivo no número de pontos de venda.
Apenas nos últimos cinco anos a grife inaugurou 28 unidades e
hoje oferece maior diversidade de formatos para contemplar
diferentes experiências ao consumidor. Enquanto as flagships
(lojas conceito) expõem e vendem praticamente todos os itens ALÉM DA MESA
do catálogo, os gazebos (ou quiosques) se concentram nos pro- Depois das
fragrâncias para
dutos de perfumaria, que não exigem tanto espaço quanto as
a casa, portfólio
porcelanas. No meio termo entre um formato e outro estão as ganhou itens para
boutiques, aposta mais recente da marca para oferecer um bom o corpo, como
sortimento sem ocupar áreas tão grandes. cremes, sabonetes
e perfumes

VERTICALIZAÇÃO Com os bons resultados obtidos por meio

do crescimento de portfólio e de pontos de venda, a empresa
passou a vislumbrar sua presença no mercado internacional. A
compra da francesa Royal Limoges faz parte desse movimento.
Além de levar o nome de uma cidade mundialmente reconheci-
da pela qualidade de sua porcelana, a fábrica é um patrimônio
histórico. A relação das duas marcas já existe há 25 anos. Atual-
mente, a rede brasileira é responsável por 50% do volume de
produção da Royal Limoges. Nos planos de Cunha está dobrar
a capacidade produtiva da planta nos próximos dois anos para
suportar o crescimento da marca. Além disso, o know-how será
transmitido para o Brasil, já que a ideia é verticalizar toda a
operação, com a criação de uma fábrica nacional, em Uberaba,
com inauguração prevista para até 2025.
O plano de ser uma marca global não se limita à aquisição da
fábrica francesa. Um e-commerce voltado para o mercado inter-
nacional será lançado agora em junho e a direção da empresa já está
em busca de um espaço para a construção da primeira loja fora do
Brasil. Segundo o CEO, estão em estudo pontos em Miami e Nova
York. Um dos objetivos é marcar presença entre as marcas de luxo
que hoje oferecem produtos para casa. Cunha diz que grifes consa-
gradas no segmento de moda, como Hermès, Tiffany e Dior, têm se
posicionado como marcas também de decoração. “A pandemia
trouxe uma mudança comportamental no
público, das pessoas respeitarem mais o
tempo que passam em casa”, disse Cunha.
Na visão da professora da ESPM Cristina
Proença, a internacionalização poderá se
beneficiar de uma característica: a brasili-
dade, com referências à natureza e cores.
“Quando o Brasil trabalha bem isso, ganha É natural a gente
uma atratividade grande lá fora.” querer mostrar os
Nos planos futuros da marca Tania nossos produtos
Bulhões ainda há espaço para um restau- em uso e
rante, que será inaugurado dentro de uma tangibilizar a
loja no próximo ano. Cunha vislumbra experiência da
ainda a possibilidade de entrar no ramo marca”
de hotelaria. “É natural a gente querer
VIRGÍLIO CASTRO
mostrar os nossos produtos em uso e tan- CUNHA
gibilizar a experiência da marca”. CEO, TANIA BULHÕES

Dinheiro 31/05/2023 59
ESTILO

ADAPTADA PARA
RECEBER CASAIS
E FAMÍLIAS
COM TODO O
CONFORTO,
A CENTENÁRIA
FAZENDA SANTA
VITÓRIA, EM
QUELUZ (SP),
COMBINA A
EXUBERÂNCIA
DA PAISAGEM
AO REQUINTE DA
HOSPITALIDADE
DE ALTO PADRÃO
Celso MASSON

PASSADO E

UM REFÚGIO DE LUXO EM
PRESENTE
Acima, a sede da
Fazenda Santa
Vitória, que
data de 1923.
Na página ao lado,
o requinte de uma

MEIO À PAISAGEM RURAL

das suítes
da Casa da
Montanha; a
cascata da
Fazenda São
Francisco, cujas
ruínas foram

S
er dona de pousada jamais foi um
sonho da empresária goiana Fabia
Raquel Ferreira. Administrar uma
propriedade rural, então, nem pas-
sava por sua cabeça até poucos anos
atrás, quando ela vivia no Rio de Janeiro e
atuava profissionalmente no setor de tec-
nologia. Pois hoje, quem se hospeda na
Fazenda Santa Vitória, em Queluz (SP), no
Vale do Paraíba, sai com a certeza de que
Fabia nasceu tanto para a vida no campo
quanto para ser uma referência na arte da
hospitalidade de alto padrão.
Provas disso estão por toda parte na
imensa propriedade que ela e o sócio Luiz
Eduardo Monteiro da Costa adquiriram e
vêm transformando em um refúgio de luxo
encravado entre a Serra da Mantiqueira e a da Bocaina, bem na di- incorporadas ao
visa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A dupla anexou novo restaurante;
quatro fazendas centenárias que formam uma área total produtiva e o Espaço Ybyrá,
com piscina
de 4 mil hectares, equivalente a 4 mil campos de futebol. aquecida. Abaixo,
Formadas originalmente durante o ciclo do café, no início do dois dos queijos
século passado, tornaram-se áreas de pastagem e de reflorestamen- de marca própria
to décadas atrás. “Compramos a terra com o propósito de investir
na preservação dessa área tão bem localizada”, disse Fabia. De início,
o potencial para o turismo ainda não havia sido nem sequer cogita-
do. Porém, como a sede da Santa Vitória estava muito bem conser-
vada, a ideia de adaptar os aposentos para receber visitantes foi ra-
pidamente ganhando forma. No começo eram apenas oito suítes
para receber hóspedes. “Logo percebemos que para atender aos
padrões que desejávamos oferecer essa conta não fechava”, afirmou.
Isso levou à construção de novos aposentos de forma a tornar a
atividade como hotel fazenda sustentável financeiramente. “Desde
então, as obras nunca pararam”.

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Dinheiro 28/12/2022
31/05/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
 A produção de leite (hoje são 7 mil litros por dia) foi mantida.
O iogurte servido no café da manhã fez tanto sucesso que os pro-
prietários investiram em uma queijaria, atendendo a pedidos dos
hóspedes. O esmero com os produtos é tamanho que dois itens
desenvolvidos ali receberam medalhas no primeiro concurso em
que foram inscritos. Esse reconhecimento reforça a atenção pe-
culiar que Fabia e Luiz Eduardo dedicam à Fazenda Santa Vitória.
Com 55 funcionários para atender até 64 pessoas em nove cate-
gorias de acomodação, o que não falta ali são mimos. Toda a mão
de obra é local e constantemente treinada para cumprir uma das
missões do empreendimento: receber cada hóspede como um
amigo e fazer “com que toda a jornada seja leve e especial”.
Cada detalhe parece ter sido cuidadosamente pensado para
cumprir essa premissa. Enxovais e amenities foram escolhidos para
proporcionar o maior conforto possível. Tanto nos quartos como
nas áreas comuns a decoração é de extremo bom gosto, assim como
a arquitetura dos módulos construídos no processo de expansão.
As alas mais recentes foram inauguradas em setembro e os donos
já planejam outras três vilas. As diárias partem de R$ 2,2 mil e O novo restaurante se soma a outros três. O da sede, o da cacho-
chegam a R$ 3,8 mil por casal, com pensão completa. eira e o do haras, com rodízio de pizzas aos sábados. Sem a preten-
são de oferecer uma gastronomia estrelada, a cozinha dialoga com
PRIVACIDADE Uma vez que espaço não falta, algumas acomo- o ciclo das estações e se baseia em técnicas tradicionais da região.
dações ficam bem distantes do núcleo central, de forma a garan- O tempero se vale das ervas aromáticas cultivadas na horta. Não
tir a privacidade de quem busca se desconectar durante a estadia. por acaso, alecrim e tomilho entram na receita de dois dos queijos
“Há quem prefira o isolamento e há quem prefira interagir com a da Fazenda Santa Vitória, que podem ser encontrados em super-
família ou com outros hóspedes, por isso oferecemos opções mercados gourmets da capital paulista, como o Santa Luzia.
distintas”, disse Fabia. Quem quer ficar afastado pode escolher as Há ainda sauna seca com ducha natural (a área é cortada por 12
Casas da Montanha, com vista espetacular das montanhas, ou a quilômetros de riachos), piscinas com água mineral, quadra de
Casa da Cascata, a 6 quilômetros da sede. Ali, um novo restauran- tênis, cavalos, bicicletas, lago para pescaria e o belo Espaço Ybyrá,
te foi inaugurado no início de maio para garantir maior comodi- onde aulas de ioga são oferecidas sem custo. As massagens são
dade. Sua arquitetura aproveita as ruínas de uma construção da cobradas à parte. Como desejam os donos, a jornada ali é pura le-
Fazenda São Francisco da Cascata. veza. E quem se hospeda sai de lá pensando em retornar.

Dinheiro 31/05/2023 61
Dinheiroemação POR PAULA CRISTINA

OFFSHORE

GOVERNO VAI
REGULAMENTAR
APLICAÇÕES NO EXTERIOR
Desde a campanha eleitoral o presidente
Lula bradou sobre o que chamou de
“vida mansa” dos brasileiros com
aplicações financeiras no exterior. O
tema, bastante caro ao PT, esfriou no
começo do governo, mas volta ao radar
do Ministério da Fazenda, que trabalha
para avançar com a regulamentação. Ministério da Fazenda, Daniel Lora, disse exterior do que aplicar no Brasil.
A Medida Provisória 1.171/2023 seria que o objetivo é criar uma legislação A regulamentação das offshore já
o primeiro passo para a Reforma do específica para um setor à margem rondou os governos de Bolsonaro, Temer
Imposto de Renda, e serviria para do sistema tributário. “Quando um e Dilma, mas o tema sempre se perdeu
colocar no radar do fisco investidores investidor opta pelo exterior, ele precisa no Congresso, geralmente no momento
que hoje operam nas dobras de um puxadinho tributário, porque não em que os parlamentares se perguntam
burocráticas do mercado. À DINHEIRO, há legislação própria.” Assim, diz, os se o único motivo de os investidores
o diretor de programa da Secretaria investidores mais ricos têm mais brasileiros colocarem dinheiro em
Extraordinária de Reforma Tributária do incentivos para enviar recursos ao offshore é o incentivo fiscal.

INDICADORES ECONÔMICOS
PIB CRESCIMENTO (FONTE: BANCO CENTRAL) 4'° TRI/22 3° TRI/22 2° TRI/22 1° TRI/22 2021 MAR/23 A FEV/23 A JAN/23 A DEZ/22 A NOV/22 A
CONTAS PÚBLICAS (% PIB)* (A) ABR/22 MAR/22 FEV/22 JAN/22 DEZ/21
PIB (DESSAZ.) -0,3% 0,2% 0,8% 1,4% 5,0%
PIB EM US$ BILHÕES * 1.919,9 1.837,3 1.783,7 1.698,9 1.648,8 RESULTADO NOMINAL 6,11% 5,62% 4,97% 4,64% 4,52%
RESULTADO PRIMÁRIO -0,74% -0,93% -1,23% -1,27% -1,40%
ATIVIDADE ** MAR/23 FEV/23 JAN/23 DEZ/22 NO ANO
1,1% -0,2% -0,3% 0,0% -0,4% MAR/23 FEV/23 JAN/23 2022 2021
PRODUÇÃO INDUSTRIAL (IBGE)
DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL 73,05% 72,98% 72,51% 72,87% 78,29%
VOLUME DE VENDAS NO VAREJO RESTRITO (IBGE) - -0,1% 3,8% -2,8% 1,8%
DÍVIDA BRUTA INTERNA 64,14% 63,94% 63,55% 63,74% 67,41%
TAXA DE DESEMPREGO -
PNAD CONTÍNUA (IBGE) 8,8% 8,6% 8,4% 7,9% 8,8% DÍVIDA BRUTA EXTERNA 8,90% 9,03% 8,95% 9,13% 10,88%

UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA CONTAS EXTERNAS (US$ MILHÕES) ABR/23 MAR/23 FEV/23 JAN/23 NO ANO
79,2% 78,9% 79,5% 79,6% 79,2%
(CNI) - DESSAZ. INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO - 7.673 6.451 6.877 14.124
MÉDIA EXPORTAÇÕES 27.365 33.060 20.560 23.030 104.015
MAR/23 FEV/23 JAN/23 DEZ/22 EM 2023
INADIMPLÊNCIA *** IMPORTAÇÕES 19.140 22.104 17.723 20.420 79.388
PESSOA FÍSICA ATÉ 90 DIAS 5,0% 4,5% 4,5% 4,2% 4,6% SALDO COMERCIAL 8.225 10.956 2.837 2.610 24.627
PESSOA F. ACIMA DE 90 DIAS 6,2% 6,1% 6,1% 5,9% 6,1% SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES - 286 -3.030 -9.076 -2.744
PESSOA JURÍDICA ATÉ 90 DIAS 2,5% 2,5% 2,4% 1,9% 2,5% RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS - 341.196 328.098 331.122 341.196
PESSOA J. ACIMA DE 90 DIAS 2,5% 2,4% 2,3% 2,1% 2,4% DÍVIDA EXTERNA TOTAL - 319.093 316.644 321.568 319.093

* Acumulado nos últimos 12 meses; ** Em relação ao mesmo período do ano anterior, exceto utilização de capacidade instalada e taxa de desemprego; *** Em proporção do volume de crédito concedido. - Recursos Livres (a) Superávit = (-) e Déficit = (+), conforme notas econômicas do BACEN

DESEMPENHO MELHOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES PIOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES

Industrial 4,75 38,87
DAS EMPRESAS Seguros e Previdência -5,38 19,50
Petróleo e Gás -1,13 -18,14
Açúcar e Álcool 10,14 -20,62
POR SETOR Transporte 11,84 16,25 Alimentos 15,97 -23,73
DE ATIVIDADE Serviço Financeiro 11,18 14,42 Construção 3,50 -32,99
Saneamento 7,14 11,46 Químico 19,95 -33,79
Fonte: Austin Rating de 22/mai/23

62 Dinheiro 31/05/2023 FOTO: ISTOCK I PAVEL KOUBEK/ICON PHOTOGRAPHY

PRINCIPAIS ÍNDICES JUROS FUTUROS 22/05/2023 VOL. VENDAS VAR. REST. (PMC) (IBGE)
INFLAÇÃO ABR/23 MAR/23 FEV/23 NO ANO 12 MESES % ao ano Acumulado no Ano
IPC - FIPE 0,43% 0,39% 0,43% 1,89% 4,53% 13,70 3,00
IGP-M (FGV) -0,95% 0,05% -0,06% -0,75% -2,17%
IGP-DI (FGV) -1,01% -0,34% 0,04% -1,26% -2,57%
IPCA (IBGE) 0,61% 0,71% 0,84% 2,72% 4,18% 13,60
IPCA - NÚCLEO MM SUAVIZADO 0,50% 0,36% 0,48% 1,84% 6,97% 1,00
JUROS/APLICAÇÃO ABR/23 MAR/23 FEV/23 NO ANO 12 MESES 13,50
CDI 0,92% 1,17% 0,92% 4,20% 13,32%
TLP 0,49% 0,50% 0,49% 1,98% 5,77%
13,40 -1,00
POUPANÇA 0,58% 0,74% 0,58% 2,64% 8,33%
TJLP 0,59% 0,59% 0,59% 2,39% 7,14% Jun/23 Ago/23 Out/23 Dez/23 Jan-Mar/21 Jan-Mar/22 Jan-Mar/23
CDB/RDB - TAXA PREFIXADA MÉDIA 0,85% 1,12% 0,80% 3,86% 12,45%
CÂMBIO/PETRÓLEO 22/05/2023 NO MÊS NO ANO 12 MESES
RISCO-PAÍS CONTRATO COPOM JUN/23 (B3)
REAIS/US$ (COMERCIAL VENDA) 4,968 -0,65% -4,79% 3,56%
US$/EURO 1,081 -2,11% 1,25% 1,29% EMBI + BR (fim de mês) Possibilidade de Manutenção da Selic
IENE/US$ 138,68 1,96% 5,17% 8,49%
390.0 80,0
PETRÓLEO À VISTA BRENT (US$/BARRIL) 75,99 -4,46% -11,55% -33,00%
MERCADOS FUTUROS 22/05/2023 JUN/23 AGO/23 OUT/23 DEZ/23 340.0
CÂMBIO (R$/US$) 4,970 5,023 5,078 5,126
JUN/23 AGO/23 OUT/23 DEZ/23 42,5
290.0
DI DE 1 DIA (% A.A.) 13,65 13,64 13,59 13,43
JUN/23 AGO/23 OUT/23 DEZ/23
240.0
IBOVESPA (PONTOS) 110.977 113.224 115.380 117.238
5,0
mai/22
jun/22
jul/22
ago/22
set/22
out/22
nov/22
dez/22
jan/23
fev/23
mar/23
abr/23
12/mai/23
MAI/23 JUL/23 SET/23 DEZ/23
CAFÉ ARÁBICA (60KG - ICF) 229,35 228,45 225,80 225,15 17/Mar 28/Abr 22/Mai

RENTABILIDADE DOS TÍTULOS PÚBLICOS (%) *22/mai/23 (inclui JS = Juros Semestrais)

TÍTULO VENC. INDEXADOR Últim. 30 dias ano * 12 MESES

Tesouro Selic 2024 01/09/2024 Selic 1,02% 5,03% 13,72%
Tesouro Prefixado (JS) 2025 01/01/2025 Prefixado 1,30% 6,12% 13,34%
Tesouro IPCA+ (JS) 2024 15/08/2024 IPCA -0,14% 4,96% 7,55%
Tesouro IGPM+ (JS) 2031 01/01/2031 IGP-M -3,76% -0,85% -2,29%
Tesouro Prefixado 2024 01/07/2024 Prefixado 0,98% 5,51% 12,82%

MAIORES ALTAS DA SEMANA* TERMÔMETRO DO MERCADO

Ação Setor % O IBOVESPA EM UM ANO * PONTOS

DESTAQUE DA SEMANA: Com capital aberto em 2021, Infracommerce INFRACOMM Serviço Especializ. 29,17 Ibovespa 104.239
mostra recuperação do papel após desvalorização de 70% no ano passado ALLIED Varejo 27,82 Mínima 95.267
ESTAPAR Serviço Especializ. 27,09 Máxima 120.752
BRB BANCO Financeiro 25,00
BOLSAS NO MUNDO Fonte: B3* Até 23/05/2023

22/05/2023 COTAÇÃO (MOEDA LOCAL) VARIAÇÃO (US$) CEDRO Têxtil 20,37

Mercado Índice Pontos % mês % ano % 12 m. % mês % ano
Brasil Ibovespa 110.213 5,54% 0,44% -0,12% 4,85% -4,37%
MAIORES BAIXAS DA SEMANA* IBOVESPA em milhares de pontos
Brasil IBrX 100 46.370 5,40% -0,38% -1,86% 4,71% -5,15%
EUA Dow Jones 33.287 -2,38% 0,42% 4,41% -2,38% 0,42%
Ação Setor % 135.0
EUA Nasdaq 12.721 4,04% 21,54% 10,28% 4,04% 21,54% TELEBRAS Telecom -7,92
Japão Nikkei 225 31.087 7,73% 19,13% 15,13% 9,84% 25,29% ALPHAVILLE Imobiliário -10,53 115.0
China Shanghai 3.296 -0,81% 6,71% 4,75% 0,96% 8,82% TELEBRAS Telecom -10,80
Alemanha DAX 30 16.224 1,89% 16,52% 14,45% -0,26% 17,97% REDE ENERGIA Energia Elétrica -14,35
França CAC 40 7.478 -0,18% 15,51% 17,60% -2,28% 16,95% 95.0
ESTRELA Transporte -16,67
Reino Unido FTSE 100 7.771 -1,27% 4,28% 3,43% -2,50% 7,68% Mai 22 Nov 22 Mai 23*
Fonte: Austin Rating Fonte: Austin Rating *22/05 a 17/05 *Até 23/05/2023

Dinheiro 31/05/2023 63
Dinheiroemfoco POR FAGUNDES SCHANDERT

Sobre a adaptação dos consumidores,

ao menos do ponto de vista tecnológico,
O CEO afirmou que a transformação será
mais rápida e intensa que as revoluções
causadas pela web e os smartphones nos
últimos 30 anos. Ele lembrou que as fa-
mílias demoraram uma década para terem
cabos de conexão para a internet de ban-
da larga em casa, e depois disso entre
quatro e cinco anos para a popularização
dos smartphones. “Para IA, não precisa
de nada disso. É mais software que har-
dware. Todo mundo já está conectado,
será mais rápido do que a gente imagina.”

TODO MUNDO ATENTO Outros bancos

já utilizavam robôs de conversação es-
crita para atender ao público, mas as
respostas são técnicas. A expectativa é

O NOVO PASSO
que a IA possibilite respostas mais pre-
cisas e relativamente mais humanizadas,
como pretende o Nubank. Entre os fatos
recentes de utilização de IA por institui-

DO NUBANK
ções financeiras chamou a atenção no
final de abril o anúncio do J.P. Morgan
Chase de uso de um modelo semelhante
ao ChatGPT para analisar declarações e
discursos do Federal Reserve (FED) dos
Banco vai investir em soluções para melhorar a últimos 25 anos para cruzar os dados com
relação com o cliente por meio de inteligência artificial o comportamento dos mercados.
No Brasil, a Recovery, do Itaú, traba-
lha com a Universidade Federal de Goiás
Fagundes SCHANDERT
(UFG) numa solução de IA para renego-
ciação de dívidas. E no dia 18 de maio, o
ilho da era das soluções disruptivas, o Nubank tem a Departamento de Pesquisas e Estudos

F aura de um banco novo, mas já não é assim tão inician-

te. No dia 18 de maio a empresa brasileira completou
sua primeira década de existência. E não foi um perío-
do fácil, já que desde 2013 o Brasil enfrentou turbulên-
cias econômicas, sociais e políticas, uma pandemia e uma crise
mundial. Tudo isso e o Nubank seguia ali, se consolidando como
a alternativa aos bancões. Reduzida a turbulência no horizon-
Econômicos (Depec) do Bradesco infor-
mou que tem testado um modelo de IA
generativa para acompanhar comunica-
dos e atas do Comitê de Política Mone-
tária (Copom) do Banco Central. Ou seja,
a IA entrou no radar nos bancos como
ponto de partida para a próxima revolu-
te, o fundador e CEO David Vélez quer unir a experiência que ção da humanidade.
o tempo trouxe com a inovação que está no DNA da companhia.
“Estamos desenhando o Nubank da próxima década”, disse.
O plano é investir pesadamente em inteligência artificial TODO MUNDO JÁ ESTÁ
(IA), com foco em ultrapassar a marca dos 80 milhões de
clientes espalhados por Brasil, Colômbia e México. “Todos os
CONECTADO, A MUDANÇA SERÁ
clientes vão experimentar a plataforma de um jeito fácil, por MAIS RÁPIDA DO QUE SE IMAGINA”
meio da fala, que é a forma mais democrática de todas”, afirmou. DAVID VÉLEZ, CEO DO NUBANK

64 Dinheiro 31/05/2023 FOTOS: KAI PFAFFENBACH/POOL/AFP | DIVULGAÇÃO

 OS JUROS CONTINUARÃO
RESTRITIVOS NA ZONA DO
EURO PELO TEMPO QUE FOR
+ 1,20%
É a nova estimativa de crescimento do
PIB brasileiro neste ano, ante 2022,
NECESSÁRIO. ATÉ QUE A segundo o Relatório Focus, do Banco
PRESSÃO DOS PREÇOS DEIXE Central divulgado dia 22 de maio. Um
DE SER UMA AMEAÇA mês antes, a estimativa era de um
crescimento de 0,96%. Mais otimista
que o BC só mesmo o Ministério da
CHRISTINE LAGARDE Fazenda, que elevou a expectativa de
presidente do Banco Central Europeu 1,6% para 1,9% em 2023
após subir 0,25 ponto porcentual (para 3,5%)
a taxa básica de juros na região

- 0,70%
15,7 bilhões é o investimento previsto

US$
do J.P. Morgan em 2023, alta de 15%,
sobre um ano antes. Em seu Investidor
Day, que ocorreu na segunda-feira (22),
Marianne Lake, codiretora da divisão
de consumo e comunidade do banco,
afirmou que a cifra é “incomparável”
e será destinada para contratações, Foi a queda média nos principais
ampliações, marketing e tecnologia índices de Wall Street no dia 24 de
maio, quando o parlamento
americano decidia sobre o futuro

R$
1,3 trilhão foi a dívida bruta de 296
do endividamento do país.
companhias listadas na B3 no primeiro
Dez dos 11 setores do S&P 500
trimestre, 37,1% mais que um ano antes,
segundo o TradeMap. No período, o lucro
terminaram em território negativo,
líquido delas atingiu R$ 33 bilhões, 18%
com o setor imobiliário registrando a
menos que um ano antes. O TradeMap maior queda. O mercado de energia
excluiu bancos e empresas com foi o único a fechar no azul
resultados impulsionados pelo mercado
externo, como Petrobras e Vale.

O cerco que o governo Chinês promoveu contra a negociação de criptomoedas em 2021,

quando vetou negociações do tipo no país, começou a afrouxar. Na terça-feira (23) a

CRIPTOS
Comissão de Valores Mobiliários e Futuros de Hong Kong (SFC, na sigla em inglês) permitiu
que os investidores de varejo negociem bitcoin e ethereum a partir de 1º de junho. Para
evitar que isso desequilibre o mercado financeiro, o governo de Xi Jinping age em duas
frentes: exige transparências das emissoras da moeda e trava investimentos massivos dos
negociadores. A solução, se der certo, pode traçar uma nova métrica para de negociação de
criptomoeda no mundo.

Dinheiro 31/05/2023 65
ARTIGO
POR AMURE PINHO*
O FUTURO DO INVESTIMENTO
EM STARTUPS PASSA PELA IA
Os aportes de riscos buscam antever o que será uma tendência. Mesmo que
o mercado esteja andando de lado, a inteligência artificial é protagonista.
Entre as 50 empresas top do setor no País, pelo menos 20 utilizam o recurso
M
esmo observando que o mercado de investimentos
e startups tenha encolhido neste primeiro semestre,
precisamos lembrar que investimento em startups
são muitas vezes cíclicos e acompanham o macromercado.
Questões como juros e incertezas, que já são de conhecimento
popular, comumente contribuem para que os investidores
tradicionais e microinvestidores optem
por áreas mais conservadoras, onde os
juros garantem retorno e, sobretudo,
mais segurança na gestão do capital.
Os investimentos de riscos buscam
antever o que será uma tendência, e
por mais que tenhamos visto uma di-
minuição nas aplicações, tudo o que
está sendo mostrado é um caminho do
futuro, inevitável sob a óptica do in-
vestidor, que continua vivo e atraindo
capital mesmo que o mercado esteja
andando de lado. Inclusive, vemos essa
situação com a inteligência artificial
(IA), por exemplo.
No mesmo ano em que há certa retração com investimento,
o segmento de IA é protagonista. Segundo a lista da CNBC
sobre as startups mais promissoras do ano, observamos que
ocupando o primeiro lugar está o Open AI e, em segundo, a
Brex, fundada por brasileiros. Já no ranking top 50, pelo menos
20 startups utilizam IA. Mas aí que vem o grande pulo do gato.
As startups que estão chamando atenção dos investidores
enxergaram uma revolução tão grande na IA que muitas, senão
a grande maioria, não estão necessariamente criando sua pró-
pria tecnologia, mas sim implementando pequenos módulos
da IA para torná-las mais inteligentes.
É o que vemos nas ferramentas que usamos no dia a dia,
como o Google, que lançou recentemente o Google IO e o in-
tegrou em todas as frentes da empresa. Não à toa, outras star-
66 Dinheiro 31/05/2023 FOTO: ISTOCK
tups estão fazendo a mesma corrida. Afinal, servindo para todos
os setores, a IA está puxando o mercado de startups para cima,
fazendo com que vejam a oportunidade de anexar módulos da
tecnologia em suas soluções para aproveitar o hype sexy, além
da produtividade percebida pelo usuário final. Isso acontece
pelo fato de a IA reunir informações por meio dos dados que
as startups vêm coletando nos últimos
anos, além de correlacionamentos,
levando-os para novos segmentos.
A tecnologia está sendo amplamen-
te utilizada no ecossistema e agora no
Brasil, em que começamos a ver star-
tups adotando e entendendo que não
é só uma questão de posicionamento,
mas de trazer diferencial competitivo
de uma solução. Neste momento, exis-
te uma busca por eficiência, por subs-
tituir microfunções. A IA tem sido uma
possibilidade para os consumidores
em geral, que estão demandando essas
novas iniciativas das startups, ao mesmo tempo que traz um
grande desafio para os empreendedores brasileiros, diante da
falta de especialistas disponíveis no mercado e por questões
regulatórias e éticas relacionadas ao uso dos dados.
Em que momento essa realidade será pacificada e as star-
tups poderão falar o que possuem, usam e oferecem? Será que
o ChatGPT e a Open AI serão uma realidade que todos terão
de aceitar? Dificilmente veremos um cenário fácil e aberto
para esse mercado. Mas a inovação é irreversível! Esse é o
futuro e motivo pelo qual os investidores estão mais propen-
sos a analisar, investir e, obviamente, incentivar as startups
a adotarem essa tecnologia.
*Amure Pinho é empreendedor, investidor-anjo em mais de 45 startups e
fundador do Investidores.vc. Presidiu a Associação Brasileira de Startups