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MÓDULO 7- UNIDADE 1:

As transformações das primeiras décadas do século XX:

→Após a primeira guerra mundial , assistiu-se à queda dos impérios e à formação de


novos países!

→Após a guerra assistiu-se ao declínio dos EUA , que se tornaram a 1ª potência


mundial!

→A revolução de outubro instaurou o marxismo-leninismo na Rússia.

→Os efeitos da primeira guerra fizeram se sentir profundamente na economia e na


sociedade europeias.

→O mal estar provocado pela crise e a agitação social contribuíram para o descrédito
dos regimes democráticos.

→Durante os anos 20 , os regimes demoliberais foram substituidos , em varios paises


da europa , por regimes autoritarios e conservadores de direita.

→A nível cultural e das mentalidades , viveram-se os «loucos anos 20» e o «american


way of life»

→ Freud e Einstein contribuíram para a afirmação de uma nova visão do homem e do


mundo.

→As vanguardas modernistas valorizaram a subjetividade e a emotividade na criação


artística

→ a 1ª República Portuguesa foi marcada pela instabilidade política e social , a par de


uma crise econômica ( 28 de maio de 1926 → ditadura militar )

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Recuperação de conhecimentos :

Em agosto de 1914 iniciou-se o conflito militar que os contemporâneos designaram


de "Grande Guerra", pela vastidão de meios usados e pelas consequências que
persistiram para além do fim do conflito,em 11 de novembro de 1918.
Acreditava-se que a guerra seria breve,mas arrastou-se por quatro longos anos, com
custos humanos e materiais devastadores.

As causas mais profundas remontam ao final do século XIX, ao imperialismo, ao


nacionalismo exacerbado, às rivalidades económicas: entre a Alemanha e a França
(questão da Alsácia-Lorena), à rivalidade anglo-alemà (concorrência industrial e
marítima) e à tensão austro-russa (controlo dos Balcãs).

Estas rivalidades originaram duas alianças:

→ em 1882, a Tripla Aliança, constituída pelo Império Alemão, o Império


Austro-Húngaro e a Itália;

→ em 1904, a Tríplice Entente, entre a França, a Inglaterra e o Império russo;

A causa imediata que fez deflagrar a guerra ocorreu em 28 de junho de 1914: o


arquiduque Francisco Fernando (1863-1914), herdeiro do trono austro-húngaro, foi
assassinado em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzeqovina, por um estudante
nacionalista da Sérvia (país que teria apoiado o atentado).

O arquiduque visitava a Bósnia na península Balcânica, anexada em 1908, onde as


tensões nacionalistas, contra o domínio imperial austro-húngaro, eram comparadas a
um "barril de pólvora" prestes a explodir.

No entanto, o ambiente de tensão, alimentado pela militarização e pela corrida aos


armamentos, não era exclusivo daquela região.

O acontecimento em Sarajevo foi o pretexto para desencadear as hostilidades entre


as alianças rivais, com sucessivas declarações de guerra.

A guerra desenvolveu-se em várias fases:

→a guerra-relâmpago ou de movimentos (até ao fim de 1914), marcada pelo


avanço dos exércitos alemães, invadindo territórios dos países Aliados e dos países
neutros (caso da Bélgica), criando-se uma frente de guerra que ia dos Alpes ao mar
do Norte.

Seguiu-se, entre 1915-1917, a guerra de posições defendidas pelas forças


beligerantes, apoiadas em extensas linhas de trincheiras e de arame farpado.
Na última fase, desde agosto de 1918, os Aliados retomaram a guerra de
movimentos, avançando para a frente alemã, embora sem invadir a Alemanha ou
derrotar claramente o seu exército, mas levando os impérios centrais a pedir tréguas.

Com a mediação do presidente dos EUA, Woodrow Wilson,iniciou-se a negociação


das condições do Armistício e da paz.

1.1- Um novo equilíbrio Global

A 11 de novembro de 1918, o Armistício, assinado entre a França e a Alemanha, pôs


fim à I Guerra Mundial.

→ Apesar das dificuldades, a esperança nos novos tempos estava patente nas
palavras do primeiro-ministro britânico, Lloyd George (1863-1945) quando afirmou
"Espero que possamos dizer que nesta manhã decisiva todas as guerras chegaram ao
fim.

Um novo equilíbrio mundial emergiu no primeiro pós-guerra, originando novas


realidades políticas: a derrota dos Impérios centrais (Alemão, Austro-Húngaro e
Otomano)

→conduziu à reordenação do mapa político europeu;


→formaram-se novos países com base nas nacionalidades;

→redefiniram-se as fronteiras dando origem a um novo mapa político;

→a organização política dos Estados europeus assentou em princípios democráticos;

→na Rússia, as revoluções de 1917 puseram fim à monarquia e levaram à


implantação de
um regime comunista* e à retirada da Rússia da guerra;

→A Europa viu a sua importância declinar e os EUA afirmaram-se como primeira


potência mundial.

Este conjunto de alterações deu lugar a uma nova distribuição de forças políticas na
Europa e no mundo.

.1-1 A GEOGRAFIA POLÍTICA APÓS A PRIMEIRA GUERRA


MUNDIAL. A SOCIEDADE DAS NAÇÕES

A Conferência de Paz iniciou-se em Paris, a partir de janeiro de 1919, com o objetivo


de regulamentar a paz e de proceder à reorganização geopolítica do primeiro
pós-guerra.

As condições prévias das negociações foram preparadas pelo presidente americano


Woodrow Wilson (1856-1924) que as apresentou ao Congresso, em janeiro de 1918,
num discurso onde enunciou os célebres Catorze Pontos.

Os Catorze Pontos apresentados por Wilson tornaram-se peça fundamental nas


negociações e deram aos EUA um papel central na nova ordem internacional.

Na verdade, o documento visava tornar o mundo seguro, garantir a paz, a justiça e a


transparência.

Os cinco primeiros pontos, do documento apresentado por Wilson, defendiam


princípios gerais, tais como:

→a diplomacia justa e transparente;


→a liberdade de navegação e a igualdade no acesso ao comércio internacional;
→a promoção do desarmamento e a regulação das reivindicações coloniais.

Os oito pontos seguintes ficavam com os problemas que ficaram pendentes para o
pós-guerra:
→a evacuação do território russo e a liberdade da Rússia em decidir o seu destino;
→a restauração da soberania da Bélgica;
→a devolução do território perdido pela França;
→a regularização das fronteiras italianas segundo o princípio das nacionalidades;
→a concessão de independência aos povos do Império Austro-Húngaro;
→a restituição da soberania das regiões turcas, com garantia de passagem para o
mar, e a criação de um Estado polaco, também com acesso ao mar.

O último ponto defendia a constituição de uma associação de nações que


defendesse a independência e a segurança, tanto dos grandes como dos pequenos
Estados.

Era com base nestes pressupostos que as negociações decorreram.


No entanto, não houve uma verdadeira negociação entre vencedores e vencidos
porque as potências vencedoras negociaram e elaboraram os tratados de paz entre
si.

Com efeito, as sessões decisivas contaram apenas com os quatro grandes


vencedores: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Itália , respectivamente
representados por Wilson, Clemenceau, Lloyd George e Orlando.

A Conferência de Paz revelou interesses divergentes quanto às imposições a fazer


à Alemanha, sobretudo entre os FUA e a França.

Entre junho de 1919 e julho de 1920, foram assinados, em localidades dos arredores
de Paris, vários tratados de paz com os vencidos, na sequência dos quais foi
redesenhado um novo mapa político da Europa e do Médio Oriente:

→ 28 de junho de 1919, o Tratado de Versalhes entre os Aliados e a Alemanha;

→Em setembro do mesmo ano, foi assinado o Tratado de St. Germain-en-Laye, com a
Áustria;

→novembro de 1919, foi a vez do Tratado de Neuilly, com a Bulgária;

→junho de 1920, foi firmado, com a Hungria, o Tratado de Trianon;

→agosto de 1920, assinou-se o Tratado de Sèvres*, com o Império Otomano.


A amplitude das mudanças no mapa da Europa e do Médio Oriente revela que a
divisão de territórios teve em conta o velho princípio das nacionalidades, herdado do
século XIX: a Europa em 1914 tinha 22 Estados e, em 1921, contava com 29.

Todos os tratados atenderam às fronteiras, à questão das minorias, às sanções


políticas e militares e às garantias de aplicação.
Os vencedores redesenharam a nova geografia europeia do pós-guerra afirmando o
Estado-Nação em detrimento dos impérios autocráticos, que se desagregaram.

Em seu lugar, nasceram novos países, fundados em constituições democráticas


liberais e em sistemas parlamentares:

→a Finlândia, a Estónia, a Letónia e a Lituânia (antes sob o domínio do Império


Russo);

→a Áustria, a Hungria e a Checoslováquia, em consequência do desmembramento


do Império Austro-Húngaro;

→a jugoslávia integrou a Sérvia e os territórios dos chamados "eslavos do sul";

→a Polónia ressurgiu como Estado independente.

Com o fim do Império Otomano', tornaram-se independentes a Turquia, a Arménia e


o Curdistão; nos casos da Síria, do Líbano, do Iraque, da Palestina e da Transjordânia,
a administração desses territórios foi confiada, através de mandato à SDV.

A redefinição do novo mapa político possibilitou aos países vencedores ampliar o seu
território: a Alsácia-Lorena foi devolvida à França;
a Itália recebeu territórios com populações italianas sob domínio austríaco e
otomano, mas as compensações italianas ficaram longe do que era esperado*.

Outros países que receberam compensações foram a Bélgica*, a Dinamarca®; a


Roménia" e a Grécia®.

Os vencidos viram as respetivas fronteiras recuar: a Bulgária ficou sem acesso ao mar
Egeu e alguns dos seus territórios foram integrados na Roménia, na Jugoslávia e na
Grécia;
a Alemanha perdeu 1/7 do território dividido pelo corredor de Danzig (cidade livre,
sob proteção da Sociedade das Nações) que separava a Prússia Oriental do resto da
Alemanha, bem como o território do Sarre (administrado pela Sociedade das
Nações);
perdeu a Silésia para a Polónia, bem como o território da região dos Sudetas
integrado na Checoslováquia; perdeu também as colónias em África e no Pacífico.

O Tratado de Versalhes foi extremamente penalizador para a Alemanha, não só pelas


perdas territoriais, mas também por responsabilizar a Alemanha pela guerra.
Assim, pelo artigo 231.°, ficava obrigada ao pagamento de reparações pelos danos
causados aos países invadidos.
Além do mais, o Tratado de Versalhes definiu outras cláusulas destinadas a limitar o
poderio económico alemão (artigos 306.°-311.9: era obrigada a fornecer à França, à
Bélgica, ao Luxemburgo e à Itália carvão; perdeu a maior parte da marinha mercante
e de guerra e os investimentos no estrangeiro, no valor de 7000 milhões de dólares,
foram confiscados, bem como algumas patentes'.

Foi reduzida a sua força militar, em número de efetivos;


foi impedida de ter aviões, submarinos , tanques e artilharia pesada;
foi extinto o Estado-Maior alemão; determinou-se a ocupação temporária da margem
esquerda do Reno.

De acordo com os artigos 227.° e 228.°, os responsáveis alemães foram considerados


culpados por crimes de guerra, devendo, por isso, ser julgados.
Estas imposições infligiram um rude golpe no orgulho alemão, deixando adivinhar
futuras tensões.

→Por tudo isto, o Tratado de Versalhes foi encarado como um Diktat ou seja, uma
imposição, que pôs em causa o sucesso da República alemã de Weimar, criada em 9
de novembro de 1918, abalada por extremismos políticos nos anos seguintes. A
eficácia do Tratado de Versalhes ficou comprometida devido à recusa dos EUA em
ratificá-lo, quando Wilson o apresentou ao Congresso e ao Senado.

A Sociedade das Nações

A Sociedade das Nações* Foi fundada em junho de 1919, com sede em Genebra
(Suíça), com a adesão de 32 países europeus e não-europeus.
A sua criação ficou a dever-se a Woodrow Wilson que defendeu a existência de uma
organização internacional permanente, para defender a paz, promover a diplomacia
e garantir a prosperidade. A SDN tinha como objetivos:

→manter as relações internacionais abertas e francas;


→promover a redução dos armamentos;
→fazer respeitar o direito internacional e os tratados estabelecidos;
→garantir o respeito pelas minorias nacionais;
→arbitrar os conflitos entre os Estados;
→promover a cooperação internacional;
→impor sanções aos países que desrespeitarem os seus princípios.

Apesar dos objetivos da SDN perspetivar uma paz duradoura, na realidade, a nova
ordem saída do pós-guerra acabou por revelar muitas fragilidades.

Foram vários os motivos que contribuíram para pôr em risco o papel da SDN na
manutenção da paz mundial:

→assumiu-se como uma organização dos países vencedores; era dominantemente


europeia; os vencidos não integraram a SDN (a Alemanha só aderiu em 1926 e a
Rússia em 1934);

→os FUA não aderiram à SDN e não ratificaram o Tratado de Versalhes; alguns dos
países vencedores ficaram insatisfeitos com as compensações;

→ o funcionamento da SDN passava pela regra da unanimidade; a política de sanções


não estava claramente definida;

→os recursos humanos e materiais eram insuficientes para prevenir a guerra, manter
a paz e a integridade territorial dos países.

→Outro dos motivos para a pouca eficácia da SDN foi o facto de os novos países
dependerem da sua atuação, pois careciam de experiência diplomática internacional.

→ Finalmente, o novo arranjo territorial do pós-guerra acabou por ser causa de


tensões, devido a problemas de nacionalidades e de minorias étnicas (DOC. 9).

→A ação da SDN, enquanto garante da paz, ficou condicionada pelos interesses dos
grandes Estados e pela conjuntura desfavorável do fim dos anos 20, como
estudaremos mais à frente.

A difícil recuperação económica da Europa e a


dependência em relação aos Estados Unidos:

Após a I Guerra Mundial, a Europa apresentava um cenário de destruição.


→As estruturas produtivas e infra estruturas (vias férreas, estradas, pontes)
desapareceram;
→o elevado número de mortos e de estropiados reduziu a mão de obra disponível, o
que afetou as várias economias.

A reconversão da economia de guerra, na Europa, suscitou diversos desafios:


→a necessidade de reconstrução de infraestruturas, de adaptação e modernização
das indústrias à economia de paz e ao aumento de consumo;

→a urgência do relançamento da atividade agrícola;

→ o crescente endividamento dos Estados com empréstimos estrangeiros para


poderem relançar a sua economia;

→a inflação;

→o flagelo do desemprego;

→a forte especulação com os capitais emprestados;

→a implementação de medidas protecionistas (aumento das taxas aduaneiras) e o


problema cambial afetaram, de forma diferente, os vários países europeus.

→Os mais atingidos foram os países vencidos.

→O velho continente perdeu a sua supremacia económica e financeira.

A reconversão da economia europeia dependeu tanto dos capitais americanos, como


do pagamento de reparações de guerra pela Alemanha aos Aliados.

Assim, os países europeus podiam pagar aos EUA os empréstimos contraídos.


Na prática, o não pagamento das reparações de guerra, a dificuldade dos países
vencedores em reorganizar a sua economia e a diminuição, a partir de 1919, dos
empréstimos americanos* levaram à emissão de mais papel-moeda, sem que
houvesse uma correspondência com o aumento da produção e da criação de riqueza.

A multiplicação de notas em circulação, o aumento da procura, a falta de mercadorias


e a desvalorização da moeda fizeram crescer a inflação, ou seja, multiplicou os preços
3, 4, 5 vezes conforme os países.

A produção abrandou, os salários reduziram e aumentou o desemprego.


A forte desvalorização monetária conduziu a uma hiperinflação, entre 1922 e 1923,
em especial na Europa central.

Eram necessárias grandes quantidades de notas para adquirir bens de primeira


necessidade, cujo preço aumentava continuamente.
A Alemanha foi o país mais afetado e, para tentar travar a inflação e esta, para
viabilizar a moeda, implementou uma reforma monetária, em 1923, colocando em
circulação uma nova moeda, o rentenmark, sem convertibilidade em ouro e sem
cotação externa.

Na procura da estabilização monetária europeia, realizou-se, entre abril e maio de


1922, a Conferência de Génova (os EUA não participaram), que tinha por objetivo
instituir o Gold Ex-change Standard*, isto é, as moedas nacionais passavam a ter uma
relação fixa entre si, tendo o ouro como referência.

O regresso ao padrão ouro era, no entanto, parcial, uma vez que o Gold Exchange
Standard não permitia a conversão do papel-moeda em ouro.

A convertibilidade das moedas passava a ser feita em libras ou em dólares, que se


afirmavam como moedas de referência nas trocas internacionais.

A Europa tornou-se dependente dos EUA.

Durante a guerra, forneceram aos países beligerantes material bélico, mantimentos e


capitais, o que lhes proporcionou lucros elevados.

Depois da guerra, os EUA emprestaram capitais para a reconstrução de alguns países


europeus.

As exportações americanas para o velho continente (produtos industriais e agrícolas)


aumentaram. Por tudo isto, de devedores, em 1914, os EUA passaram, a partir de
1919, a credores da Europa*.

As suas reservas de ouro aumentaram significativamente.

Assistiu-se, então, à ascensão dos EUA que consolidaram a sua posição como
primeira potência mundial, tanto a nível económico como financeiro.

A partir de 1924, e até 1929, a prosperidade marcou a vida económica, tanto nos EUA
como na Europa.
Na Europa, a produção cresceu 17% e nos EUA cerca de 5%, voltando-se a confiar
nas vantagens do capitalismo.
Vários foram os fatores que contribuíram para a prosperidade americana, mas
também europeia:

→a aposta na racionalização do trabalho

→a consolidação do taylorismo e da estandardização nas indústrias mais


inovadoras;a subida dos salários;

→o crescimento do setor terciário; a concentração industrial e financeira;

→a produção em massa, apoiada pela maior disponibilidade de recursos energéticos


(eletricidade, petróleo), bem como de capitais.

→→Afirmou-se a sociedade de consumo.

Viveu-se o período dos «loucos anos 20! " em que o modelo americano de consumo
e de vida conquistou a Europa.

Generalizaram-se os bens de consumo, desde automóveis, fonógrafos e rádios, a


eletrodomésticos variados, adquiridos com recurso facilitado ao crédito.

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