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Resumos de Filosofia

Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva

A Epistemologia é a parte da filosofia que estuda o conhecimento. Por isso, podemos


também chamar-lhe Filosofia do conhecimento, teoria do conhecimento ou
gnosiologia. A mesma estuda três problemas epistemológicos:
 O que é o conhecimento?
 O conhecimento é possível?
 Qual é a origem do conhecimento?

O que é o conhecimento?
O conhecimento é o resultado da relação entre um sujeito cognoscente e um objeto
designado por conhecido, esse conhecimento consiste na construção por parte do
sujeito de uma representação mental, com base nas características que apreendeu no
objeto.

 Conhecimento prático – o objeto de conhecimento é uma certa aptidão ou


capacidade: o sujeito sabe realizar uma determinada ação ou atividade.
Objeto: ações ou atividades.
Exemplos: saber cozinhar, conduzir, dançar, consertar calçado e tratar de uma
horta.

 Conhecimento proposicional (ou factual) – o objeto de conhecimento são


proposições verdadeiras. Uma proposição é o pensamento expresso por uma
frase declarativa. Conhecer proposicionalmente é, portanto, conhecer ideias,
verdades e pensamentos verdadeiros.
Objeto: proposições verdadeiras.
Exemplos: saber que “2+2=4”, que “Augusto foi um imperador romano” e que
“os ovos têm proteínas”.
Nota: o conhecimento factual, é expresso com outras locuções, com “sei onde”
(“sei onde está o livro”), “sei quando” (“sei quando aconteceu a Revolução
Francesa”), “sei quem” (“sei quem escreveu Os Maias”).

 Conhecimento por contacto – o sujeito conhece diretamente algo,


nomeadamente através dos sentidos externos. O objeto de conhecimento são
coisas como lugares, animais, plantas, pessoas, objetos físicos, estados mentais,
etc., com as quais o sujeito tem contacto direto através da visão, da audição, do
tato, etc.
Objeto: realidades concretas.
Exemplos: conhecer pessoalmente a Taylor Swift, conhecer Madrid, no sentido
de ter visitado esta cidade e conhecer uma dor por tê-la experimentado.

Todas as pessoas têm conhecimentos (umas mais do que outras) e usam-nos em


inúmeras situações da vida. Por isso, é fácil dar exemplos de conhecimentos: saber o
caminho de casa, saber o nome dos avós, saber coser um botão, conhecer os vizinhos e
saber quem foram os reis da primeira dinastia. Isto parece ser consensual e evidente,
mas, os céticos radicais discordam disto. “Conhecer” e “saber” têm um significado
semelhante.

O sujeito é quem conhece e o objeto é aquilo que é conhecido. Sendo assim, podemos
dizer que o conhecimento é uma determinada relação entre um sujeito e um objeto.
Por vezes, o sujeito e o objeto coincidem. Isso acontece nos casos de
autoconhecimento, ou seja, quando alguém tenta conhecer a si próprio.

O que é uma proposição?


Uma proposição é um pensamento expresso por uma frase declarativa, que afirma ou
nega algo, e que tem valor de verdade, quer dizer, pode ser verdadeira ou falsa.

O que é o conhecimento proposicional?


Existe uma definição, que remonta a Platão, esta consiste numa crença verdadeira
justificada. Trata-se de uma definição tripartida, pois indica três condições necessárias
para haver conhecimento, a crença, verdade e justificação. Ou seja, um sujeito tem
conhecimento proposicional de P se acreditar em P, se P for de facto verdadeira e se
tiver uma justificação adequada para acreditar em P.

DEF. TRADICIONAL DE CONHECIMENTO


 Crença
 Verdade
 Justificação

Ter uma crença


 é acreditar numa proposição
 é acreditar que uma proposição é verdadeira
Se não se acredita que uma ideia é verdadeira não se pode conhecê-la.

Ter uma crença envolve graus de convicção variados:


 uma ideia é provavelmente verdadeira;
 é absolutamente certo que uma proposição é verdadeira;

A crença é necessária para o conhecimento, porém, não é suficiente.

As crenças podem ser verdadeiras ou falsas

porém, só uma crença


as verdadeiras falsa não é
podem constituir conhecimento
conhecimento

Por vezes, temos crenças falsas. Vivemos na ilusão de que são verdadeiras e de que
temos conhecimento.
Essa ilusão pode:
 durar apenas algum tempo; durar a vida toda.
A verdade é necessária para o conhecimento, mas não é suficiente. Acertar na verdade
por acaso não é conhecimento.
Ex: ter um palpite certeiro e dar uma resposta correta, apesar de não compreender o
assunto em causa, não é conhecimento.
A justificação:
 consiste em boas razões para acreditar que uma proposição é verdadeira;
 essas razões fazem com que a convicção não se deva ao acaso.

Ex: ouvir o vento- justifica a afirmação de que está vento lá fora


ter sonhado com o vento- não justifica a afirmação de que está vento lá fora
Condições do conhecimento S sabe que P se, e só se,
1ª- Crença S acredita que P.
2ª- Verdade P é verdadeira.
3ª- Justificação S dispõe de justificação ou provas para
acreditar que P.

Basta não satisfazer uma destas condições para não haver conhecimento. Mas se as
reunirmos e tivermos uma crença verdadeira justificada teremos conhecimento, ou
seja, em conjunto são uma condição suficiente do conhecimento.

Esta ideia do conhecimento proposicional como crença verdadeira justificada não é


consensual e encontra-se sujeita a algumas objeções.

Duas modalidades de conhecimento proposicional

Conhecimento a
Pensamento
Fontes do priori
conhecimento
proposicional Conhecimento a
Experiência
posteriori

Conhecimento a posteriori (depois da ação, não são evidentes)


 só pode ser adquirido através da experiência;
 também se pode designar conhecimento empírico (de empírea, palavra grega
para experiência).

Para saber que:


 a Suíça é um país europeu;
 as baleias são mamíferos
é preciso observar o mundo.
Por mais que pensasse, nenhuma pessoa obteria esses conhecimentos sem dados
empíricos.

Conhecimento a priori (antes da ação, autoevidentes – ideias inatas)


 pode ser adquirido pensando e sem recorrer à experiência (no entanto, a
experiência, também permite a aquisição desse conhecimento).
Para saber que:
 o dobro de 30 é metade de 120
não precisamos de observar o mundo.
Basta pensar, raciocinar ou calcular.
(algumas pessoas poderão precisar de contar pelos dedos ou de usar uma calculadora
para o saber. Portanto, a experiência também permite adquirir esse conhecimento).

Será o conhecimento possível?


O ceticismo afirma que o conhecimento não é possível.

Ceticismo radical Ceticismo moderado


Duvida da possibilidade Duvida da possibilidade
de todo e qualquer de conhecimento em
conhecimento algumas áreas, mas não
noutras

Exemplo:
O ceticismo radical Um cético moderado
Não existe conhecimento. pode pensar que haja
Aquilo a que chamamos de conhecimento não passa conhecimento na Ética,
de uma ilusão. mas não na Física

Crenças que consideramos verdadeiras podem ser falsas. Assim, não serão
conhecimentos.

Mesmo que algumas das nossas crenças sejam verdadeiras, não estão justificadas.
Também não serão conhecimentos.

Por vezes, chama-se ceticismo pirrónico ao ceticismo radical.


O nome vem de Pirro, filósofo grego que defendeu que não podemos ter a certeza de
nada.

Devemos suspender a crença na ideia em causa:


 não acreditar;
 nem deixar de acreditar.

A posição do ceticismo radical pode ser expressa através deste argumento:


1. Se as nossas crenças não estão justificadas, então não temos conhecimento.
2. As nossas crenças não estão justificadas.
3. Logo, não temos conhecimento.

1- Esta premissa é bastante plausível. Apresenta a ideia de que sem justificação não há
conhecimento.
2- Será esta premissa verdadeira?
Os filósofos pirrónicos usaram vários argumentos para a defender, por exemplo:
 Arg. da regressão infinita da justificação
 Arg. dos enganos sensoriais

Argumento da regressão infinita da justificação


Os filósofos pirrónicos dizem:
Cada crença precisa de uma justificação.
Cada justificação precisa de uma justificação.
É uma regressão sem fim.
Não permite justificações adequadas e sem valor epistémico.

Argumento dos enganos sensoriais


1- Por vezes, somos enganados pelos sentidos.
2- Se por vezes somos enganados pelos sentidos, então pode suceder que sejamos
sempre enganados pelos sentidos.
3- Se podemos ser sempre enganados pelos sentidos, então as nossas crenças não
estão justificadas.
4- Logo, as nossas crenças não estão justificadas.

Se os sentidos são enganadores, as justificações que proporcionam são inadequadas e


sem valor epistémico.

Objeção ao ceticismo radical


Uma crítica habitual ao ceticismo radical: é contraditório.
Ao considerar que o conhecimento não é possível, o ceticismo radical pretende ter um
conhecimento: o conhecimento de que o conhecimento não é possível.
Sendo contraditório, o ceticismo autorrefuta-se.

Argumento: da
Objeção: é
Tese: o conhecimento não é regressão infinita da
contraditório
possível justificação e dos
(autorrefutante)
enganos sensoriais

René Descartes (1596-1650)


Racionalista

Método cartesiano
São os princípios de Descartes

Regra da evidência: tomar por falso tudo aquilo que não me pareça evidente.
Regra da análise: dividir tudo em partes mais simples.
Regra da síntese: junção das teses (tese e antítese); um todo.
Regra da enumeração: evitar dogmas, enumerar tudo o resto e fazer uma revisão de
tudo o que fizemos.

Dúvida cartesiana- o objetivo dele era encontrar algo que resista à dúvida.
Dúvida Metódica
Capacidade de Descartes de duvidar de tudo aquilo que tem, aplicando-se o método
cartesiano.
 Purificadora (libertar o espírito de falsos enganos);
 Metódica/provisória (a partir do método cartesiano chegar à verdade);
 Teórica/económica (faz sentido usá-la, quando se “procura a verdade”, menos
na vida prática);
 Hiperbólico (permite duvidar de tudo, de todos os fundamentos);
 Universal (abrange todo o conhecimento humano).

Duvidar dos sentidos


Argumento cético dos enganos sensoriais crenças a posteriori (depois da ação)
Argumento do sonho

Argumento do génio maligno crenças a posteriori (depois da ação)


crenças a priori (antes da ação)

O cogito
Eu duvido – tenho certeza que duvido.
Eu duvido, eu penso.
Eu penso, (logo) eu (ser pensante) existo.
1º princípio da filosofia

O que distingue o ceticismo radical da dúvida cartesiana?


A dúvida cartesiana é diferente do ceticismo radical, pois os céticos acreditam que o
conhecimento é impossível, logo a sua dúvida é sistematicamente radical. A dúvida é o
ponto de partida do método porque Descartes duvida até encontrar algo indubitável e
evidente.

Qual é o 1º princípio da filosofia de Descartes?


O “cogito” (penso) é uma relação do eu consigo mesmo, um princípio que tem como
ponto de partida problematizar qualquer outra realidade e que ao mesmo tempo
permite justificá-la. É este o princípio inabalável de Descartes, sobre o qual não se
pode duvidar mais.

O que é a “regra da evidência”?


Consiste em não aceitar nada por verdadeiro que não seja reconhecido como tal pela
sua evidência, isto é, uma coisa somente pode ser aceita como verdadeira quando se
apresenta tão clara e distintamente ao nosso espírito que não permita nenhuma
dúvida.

Caracterize ser pensante.


Segundo, René Descartes, ser pensante, é algo ou alguém que pensa. Trata-se de uma
ideia caracterizada por uma enorme “clareza e distinção”, ou seja, total evidência.

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