Você está na página 1de 29

1.

Descrição e interpretação da atividade


cognoscitiva.
1.1. Análise do ato de conhecer.
1.1.1. O conhecimento como relação entre
um sujeito e um objeto
1.1.2. O conhecimento como crença
verdadeira justificada.
1.1.3. Formas de justificação do
conhecimento.
O Conhecimento e a racionalidade
científica e tecnológica
• Algumas perguntas centrais da Epistemologia são:
• O que é o conhecimento?
• Que tipos de conhecimento há?
• Será o conhecimento possível?
• Qual a origem do conhecimento?...

Nos capítulos seguintes iremos abordar estas


questões.
1.1. ANÁLISE DO ATO DE CONHECER

1.1.1. Em todo o conhecimento existe um sujeito e um objeto

O sujeito é aquele
que conhece – O objeto é aquele que é
sujeito conhecido – Objeto
cognoscente ou cognoscível ou objeto
sujeito gnosiológico
gnosiológico
CONHECIMENTO

Sujeito Objeto

Físico Átomo
CONHECIMENTO

Sujeito Objeto

Antropólogo Costumes de
cultural um povo
CONHECIMENTO

Sujeito Objeto

Significado
Psicanalista
dos sonhos
O objeto é o alvo do conhecimento. O objeto:

• Pode ser material(minerais, neurónios, por


exemplo)

• Pode ser imaterial, ideal, espiritual (números,


sonhos, por exemplo)
Por exemplo, o cientista
Pelo conhecimento o ao estudar o átomo
sujeito apreende as constrói uma imagem da
propriedades do objeto, sua estrutura – Um
construindo na mente uma núcleo, constituído por
imagem representativa protões e neutrões, e um
conjunto de eletrões
dessas propriedades. girando em torno do
núcleo.

Imagem Objeto

Sujeito
• O conhecimento envolve duas faculdades humanas fundamentais:

• Os órgãos sensoriais – permitem-nos receber informações, dados


sensíveis ou empíricos sobre a realidade.

• O pensamento, o raciocínio, a “Razão” – Permite-nos compreender,


explicar, formular problemas, elaborar teorias, imaginar
experiências, fazer previsões, etc.
Tipos de conhecimento

Todo o conhecimento envolve uma relação entre o sujeito, o objeto e o ato do

próprio conhecimento.
Contudo, como nem todos os objetos são do mesmo tipo há diferentes tipos
de conhecimento.

 Saber-fazer - conhecimento de atividades e competências – conhecimento


prático.

Por exemplo:
• - Saber tocar piano.
• -Saber andar de bicicleta
• -Saber analisar um texto
Tipos de conhecimento

• Conhecimento por contacto - conhecimento direto de


pessoas ou locais.

Por exemplo:
• - Conhecer Paris.
• - Conheço Marcelo Rebelo de Sousa.
Tipos de conhecimento

• Saber que - conhecimento de proposições.

• Praticamente todo o nosso conhecimento científico, histórico,


matemático, literário etc. é deste tipo.
Por exemplo:
• - Saber que Paris é uma cidade.

• - Saber que Aristóteles foi um filósofo.


1.1.2. O CONHECIMENTO COMO CRENÇA
VERDADEIRA JUSTIFICADA.

(DEFINIÇÃO CLÁSSICA OU TRADICIONAL DE


CONHECIMENTO, APRESENTADA POR PLATÃO NO
TEETETO)
Segundo Platão uma proposição para constituir conhecimento tem de reunir
três condições fundamentais:

• 1. Uma condição de crença (doxa)


• A crença é uma condição necessária para o conhecimento. Todo o conhecimento
envolve uma crença. Ela é a condição subjetiva do conhecimento.

• “ Sei que o sol é uma estrela, então acredito que o sol é uma estrela.”

• Não faz sentido afirmar: eu sei que Lisboa é a capital de Portugal, tenho a
convição que é uma proposição verdadeira mas não acredito nisso.
• O conhecimento envolve a crença.
• 2. Uma condição de verdade (aletheia) – Só as crenças verdadeiras
constituem conhecimento.

• Não basta acreditar que uma proposição é verdadeira (a crença não é


suficiente pois há crenças falsas), é necessário que ela seja efetivamente
verdadeira para haver conhecimento.
• De facto, podemos acreditar em coisas que não podemos saber.
• Eu posso acreditar que “Marte é uma estrela”, mas isso não é um
conhecimento porque esta proposição é falsa.
• As crenças falsas não são conhecimento. Sem verdade não há conhecimento
• (o conhecimento é factivo)

• A crença não é uma condição suficiente para o conhecimento; a crença e o


conhecimento não são equivalentes.

• Saber e acreditar são coisas distintas


• 3. Uma condição de justificação (logos)

• Para que uma proposição em que um sujeito acredita seja


conhecimento não basta ser verdadeira, mas é necessário ter uma
justificação, isto é, boas razões para acreditar que é verdadeira.

• Para haver conhecimento é necessário que essa justificação seja


adequada, que seja constituída por boas razões, pois podemos em
certas situações acreditar que uma proposição é verdadeira e ela
ser mesmo verdadeira, sendo no entanto erradas ou inadequadas
as razões que motivaram a nossa crença ( por exemplo: palpites,
os sonhos…)
• Isoladamente, estas condições são encaradas como
necessárias. Isto quer dizer que se uma proposição não
satisfizer uma dessas condições, não será um caso de
conhecimento.

• Em conjunto, são encaradas como suficientes. Isto quer


dizer que se todas forem satisfeitas, isso basta para que
uma proposição seja um caso de conhecimento.
 É neste tipo de conhecimento que iremos concentrar-nos.

A pergunta “ O que é o conhecimento?”

Deve ser aqui entendida como uma questão exclusivamente acerca


do conhecimento proposicional.

Iremos de seguida distinguir dois tipos de conhecimento


proposicional:

conhecimento a priori
conhecimento a posteriori
1.1.3.Formas de justificação das crenças:
- A posteriori
- A priori
Formas de justificação das
crenças ou proposições

- A que se faz - A que se faz recorrendo à


independentemente da experiência, à observação, para
experiência. verificar a sua verdade.
- Recorre-se apenas ao
pensamento, à análise
racional, para verificar a sua
verdade.

Conhecimento a priori Conhecimento a posteriori

Um objeto azul é colorido Hoje está a chover


Um triângulo tem três ângulos A bicicleta do João é vermelha
contraexemplos exemplos à definição tradicional de conhecimento.

Ver livro pág.144

• Serão a crença, a verdade e a justificação suficientes para que uma proposição


seja conhecimento?

• Há uma maneira de testar isso: tentar encontrar exemplos de crenças


verdadeiras justificadas mas que não nos pareça adequado considerar
conhecimento.

• E. Gettier apresentou em 1927 contraexemplos à definição tradicional de


conhecimento pondo em causa essa definição.

• Segundo Gettier as três condições, crença, verdade e justificação não são


suficientes para haver conhecimento.
O problema da possibilidade do conhecimento

• É possível o conhecimento?
• O Homem pode ter a certeza que as suas crenças são verdadeiras?

• O dogmatismo é uma perspetiva filosófica que responde afirmativamente a


estas questões.

• O ceticismo nega tal possibilidade ; é a posição segundo a qual o


conhecimento não é possível.
O problema da possibilidade do conhecimento

O Dogmatismo:

 Por um lado, é uma atitude natural e acrítica do homem


comum que acredita poder conhecer exatamente a realidade
tal como ela é.

 Por outro lado, é uma posição filosófica que acredita na


capacidade da razão humana alcançar conhecimentos
absolutamente certos sobre toda a realidade.
O problema da possibilidade do
conhecimento
O ceticismo:

 Há várias formas de ceticismo: moral, metafísico e radical.

 Os céticos radicais duvidam sistematicamente de todas as


nossas crenças, incluindo aquelas que nos parecem mais
evidentes, como a existência do mundo.
O problema da possibilidade do
conhecimento

Os céticos radicais duvidam de todas as nossas crenças,


como a existência do mundo.
Não podemos ter a certeza de nada.
As justificações das nossas crenças são sempre
insuficientes e discutíveis.
O problema da possibilidade do
conhecimento
Alguns argumentos dos céticos radicais.
Regressão infinita das
Os nossos justificações.
sentidos Divergência
podem As crenças têm de ser justificadas.
de opiniões.
enganar- O único modo de justificar uma
nos crença é recorrer a outra crença e
esta tem de ser justificada com
Podemos
outra ainda e, assim,
estar a
sucessivamente, num processo de
sonhar ou
justificação sem fim
sobre o
efeito de Não há uma crença última que seja
alguma infalível e que sustente as outras
droga todas
O problema da possibilidade do conhecimento

Argumento da regressão infinita das justificações:


 O único modo de justificar uma crença é recorrer a outra
crença.
 A crença que apresentamos como justificação precisa ela
mesma de ser justificada com outra crença, e esta com outra
ainda e, assim, o processo de justificação continua
infinitamente num processo de recuo sem fim.
 Não há uma crença última que seja infalível e que sustente
as outras todas. Logo, não há conhecimento.
O problema da origem do conhecimento

• Qual é a principal fonte de conhecimento:


a experiência (os sentidos) ou a razão?

• Empirismo – Todo o conhecimento vem da experiência(


Locke, Hume)

• Racionalismo – O verdadeiro conhecimento vem da razão


(Descartes, Leibniz)

Você também pode gostar