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O que é conhecer?
-> O objetivo fundamental será o de justificar o conhecimento, dar conta dos fundamentos que o
alicerçam e mostrar a viabilidade do acesso cognitivo ao mundo real.
O problema do conhecimento pode ser considerado um dos temas centrais da Filosofia. Entende-
se a epistemologia como um discurso sobre o conhecimento, no sentido etimológico do termo.»
A epistemologia/gnosiologia é uma das disciplinas centrais da Filosofia: estuda, entre outros, os
problemas da natureza e da possibilidade do conhecimento. (continuação na pág.3)
Verdade: Para haver conhecimento, as nossas crenças têm de ser verdadeiras. A verdade é uma
condição necessária para haver conhecimento. O conhecimento é factivo, o que significa que não
podemos saber algo que é falso: saber algo implica a verdade daquilo que sabemos. Mas a
crença verdadeira não é uma condição suficiente para o conhecimento;
Exemplo: Imagina que perguntas a alguém que não te conhece quantos animais de estimação
tens e essa pessoa afirma que tens dois. Respondes, espantado, que efetivamente tens um cão e
um gato. Por isso, a crença é verdadeira. Mas terá essa pessoa conhecimento? Não terá sido uma
questão de sorte ou de acaso? O conhecimento não pode ser obtido ao acaso.
- O conhecimento é, também, em parte, determinado pelo que está no mundo exterior. Por
exemplo, eu não posso saber que o café está quente (não posso estar nesse estado mental) se
ele realmente não estiver quente. O café - essa parte do mundo exterior - constitui em parte o
meu estado mental de saber.
As fontes de justificação do conhecimento
É possível conhecer?
-> Como sabemos que não estamos a sonhar?
- A possibilidade do sonho é o ponto de partida de alguns filósofos céticos, nomeadamente de
Pirro de Elis, para duvidar que as pessoas saibam o que acham que sabem;
- Descartes começa por aceitar esse argumento dos céticos, imaginando, além disso e de forma
ainda mais radical, um deus enganador que manipula os nossos pensamentos;
-> A resposta cética
- O ceticismo é a ideia de que nenhuma fonte de justificação do conhecimento é satisfatória, quer
seja ela a razão, quer seja ela a experiência. O mais sensato é, como tal, suspendermos o juizo-
epoché em vez de supormos que sabemos seja o que for;
- Os céticos não afirmam que nada sabemos - ate porque afirmar isso seria autodestrutivo: o
cético não pode afirmar com segurança que nada sabemos, porque isso entraria em contradição
com a sua postura de dúvida -, mas desafiam a possibilidade de podermos afirmar que temos
conhecimento ao negarem que as nossas crenças estejam devidamente justificadas;
Tese- Não podemos afirmar que temos conhecimento, porque nenhuma fonte de justificação
das nossas crenças é satisfatória.
NOTA: Uma pessoa cética é uma pessoa que está sempre a duvidar de tudo;
-> Razões para a suspensão do juízo
- Uma das principais fontes de informação sobre o ceticismo são os escritos de Sexto Empírico,
nas obras Hipóteses Pirrónicas e Contra os Professores, as quais exerceram uma enorme
influência na emergência da filosofia moderna, nomeadamente em Descartes e Hume.
Epoché: Estado de neutralidade em que nada se afirma e nada se nega (dúvida)-> Suspensão do
juízo
1- Argumento da divergência de opiniões: Se fosse possível justificar as nossas crenças, não
haveria lugar para divergências de opinião.Há divergências de opinião.Logo, é impossível
justificar as nossas crenças.
2- Argumento da ilusão: Tudo o que é uma fonte de justificação segura do conhecimento não nos
engana. Os sentidos enganam-nos. Logo, os sentidos não são uma fonte de justificação segura
de conhecimento.
3- Argumento da regressão infinita da justificação: A justificação de qualquer crença é inferida de
outras crenças. Se a justificação de qualquer crença é inferida de outras crenças, então dá-se
uma regressão infinita. Se há uma regressão infinita, as nossas crenças não estão justificadas.
Logo, as nossas crenças não estão justificadas.
-> Em síntese, estes três argumentos principais dos céticos provam que nenhuma justificação é
adequada para mostrar que não estamos enganados quando julgamos conhecer alguma coisa.
Descartes e a resposta racionalizar
-> O fundacionalismo cartesiano
Descartes é um fundacionalista racionalista. Considera que o conhecimento tem um fundamento
racional e que a razão é a fonte de justificação última das nossas crenças.
O filósofo não ignorou os principais argumentos dos céticos. O seu principal objetivo era
demonstrar que os céticos estavam enganados quando negavam a possibilidade do
conhecimento. Assim, procurou demonstrar que há crenças justificadas e que o conhecimento é
possível.
Preocupava-o, sobretudo, a solidez do conhecimento: queria obter conhecimentos seguros
acerca da natureza da realidade. Considerava que o saber do seu tempo estava assente em
princípios frágeis e em conclusões diferentes e, até, opostas. Como tal, era importante remover
os velhos materiais do edifício do conhecimento, antes de iniciar a construção de um novo
sistema filosófico assente em fundamentos absolutamente seguros e inabaláveis. Precisava, para
isso, de encontrar um ponto de partida sólido, do qual ninguém fosse capaz de duvidar.
Tese- O conhecimento é possível.
- A razão é a principal fonte de justificação das nossas crenças.
-> A duvida metódica
Como fomos crianças antes de sermos homens, e ora julgámos bem ora mal as coi-
sas que se apresentam aos nossos sentidos, quando ainda não tínhamos o pleno uso
da razão, vários juízos precipitados impedem-nos de alcançar o conhecimento da verdade;
Todas as nossas crenças terão de ser submetidas à dúvida e só serão aceites como justificadas
se passarem no teste da dúvida, ou seja, se não conseguirmos encontrar nelas a mais pequena
suspeita de incerteza;
Como o ponto de partida sólido a partir das quais será reconstruído todo o edifício do
conhecimento;
1- É metódica, porque é um meio para alcançar um conhecimento certo e indubitável. É um
instrumento da razão que permite evitar o erro. Obedece a regras evidencia, analise, síntese e
enumeração;
2- É provisória, porque o objetivo não é concluir que tudo é duvidoso, mas que há crenças
indubitáveis. Como tal, é abandonada, uma vez alcançado o objetivo de encontrar crenças
fundacionais. Visa ultrapassar o ceticismo em chegar a primeira certeza;
3- É universal, porque todas as crenças são submetidas à dúvida (a posteriori e a priori). Indica
não só sobre o conhecimento em geral, como também sobre os seus fundamentos e suas raizes;
4- É hiperbólica, porque é exagerada: leva a supor que é falso tudo o que possa levantar a mais
pequena dúvida. Nenhuma realidade é imune à dúvida, nem o próprio sujeito;
-> Submissão das crenças ao teste da dúvida metódica
Descartes decide analisar os princípios fundamentais de cada um dos domínios do
conhecimento, dado que a tarefa de analisar todas as nossas crenças seria interminável. Se esses
princípios se revelarem falsos, também as crenças que neles se baseiam
são rejeitadas.
Primeiro nível de duvida- Os sentidos enganem-nos:
- Se os nossos sentidos nos enganem, ainda que apenas algumas vezes e é um facto
inconstatavel que assim é, então o melhor é não confiarmos neles nunca;
- Manda a prodencia que não confiemos neles,mesmo que algumas das crenças que neles
fundamos ou mesmo que em larga medida possam ser verdadeiras;
- Os sentidos não são fundamentos infalíveis;
Segundo nível da duvida- virgilia e sob o não se podem distinguir:
- Mais uma vez, o exercício da duvida metódica parece dar razão aos céticos; Não é possível
distinguir o sono da virgilia;
- É perfeitamente possível que estejas neste momentos dormir e a sonhar, ainda que acredites
estar acordado. A hipotese de estar sonhar não pode ser rejeitada;
- Os sentidos e a experiência não são fontes verdadeiras indubitáveis;
Terceiro nível da duvida - A possibilidade de um génio maligno:
- Suponhamos propõe Descartes, que existe um ser infinitamente inteligente e poderoso pleno
de maldade, um génio maligno, cujo único propósito é enganar-nos;
- Um tal ser- caso existisse- poderia fazer-nos acreditar em falsidades, poderia divertir-se
fazendo-nos crer que temos um corpo não o tendo ou iludir-nos e relação a cálculos matemáticos
simples como a soma de 2+2:
-> Não,podemos con fiar nos nosso sentidos nem nos poderes da razão enquanto fontes de
conhecimento fiáveis;
- Descartes submete as crenças a priori ao teste da dúvida metódica.
A hipótese do génio maligno é uma experiência mental através da qual Descartes imagina que
existe uma espécie de deus enganador, que se diverte em manipular sistematicamente os nossos
pensamentos sem que nos apercebamos disso. É um génio, porque o seu poder é idêntico ao de
um deus, mas não é um deus, porque é enganador.
Através desta experiência mental, as crenças a priori não passam o teste da dúvida metódica, já
que este génio maligno conseguiria fazer-nos acreditar que são verdadeiras proposições que
podem ser falsas, como uma proposição matemática. Descartes não afirma que o génio maligno
existe mesmo, mas basta a hipótese da sua existência para duvidarmos também destas crenças.
Descartes derrubou, desta forma, todo o edifício do conhecimento do seu tempo.
-> Cogito - 1º certeza de Descartes
- O método cartesiano ( duvida) faz surgir uma primeira certeza invulnerável a duvida: a existência
do sujeito duvida;
- A duvida atua sobre todos os objetos do conhecimento, mas não pode atura sobre a existência
daquele que assim duvida;
- Duvidar é pensar e para penar é preciso existir;
- Seria racionalmente contraditório pensar a não existir;
Este princípio resulta do próprio ato de duvidar: ao duvidar, está a exercer um ato
de pensamento e, ao pensar, tem claramente de existir. A clareza e distinção do cogito
é a prova de que existe enquanto ser pensante (res cogitans)- ser pensante;
O critério de verdade consiste na clareza e distinção das ideias, na evidência.
O critério da clareza e da distinção permite distinguir as ideias verdadeiras das falsas.
NOTA: Desde que Descartes descobriu a 1º justificação/ certeza, para as suas crenças básicas o
mesmo supera o ceticismo;