Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O “conhecimento por contacto” envolve um conhecimento que deriva do contacto direto entre um sujeito e um objeto
, independente do juízo formulado sobre ele, pelo que não pressupõe um grande envolvimento intelectual. O “saber-
fazer”, como nadar, pressupõe aptidões práticas humanas, habilidades, elementos automáticos cujo envolvimento
intelectual também não se torna muito significativo face ao que sucede no conhecimento proposicional,
conhecimento de verdades, “saber-que”. Saber nadar, com efeito, não exige o mesmo envolvimento intelectual do
aquele que está patente no conhecimento presente numa equação de 2º grau.
Platão defende que o conhecimento parte sempre de uma crença, de uma convicção.
Uma crença é uma atitude de adesão, é acreditar em algo.
Qualquer pessoa que sabe alguma coisa tem que acreditar nessa mesma coisa.
Para Platão, não podemos ter conhecimento de algo em que não acreditamos.
A crença é, portanto, a primeira condição necessária para o conhecimento, mas não é
suficiente.
Para haver conhecimento, é necessário que uma pessoa acredite em algo e que este algo seja verdadeiro.
Segundo Platão, todavia, é necessário que ocorra uma terceira condição para que haja conhecimento.
Consideradas isoladamente, nenhuma das condições é suficiente para que haja conhecimento.
http://fil11.blogspot.pt/2008/01/plato-e-o-conhecimento-com-crena.html
O sujeito (S) está na posse do conhecimento (P). S sabe que P se e só se S tem uma crença verdadeira
justificada de P
Apesar da definição ter sido aceite ao longo de muito tempo e de, em termos atuais continuar a ser globalmente
aceite, algumas objeções/ clarificações exigidas/ observações foram avançadas
Críticas à definição tradicional de conhecimento
O filósofo e matemático britânico Bertrand Russell (1872-1970) refere um relógio muito fiável que está
numa praça. Esta manhã, olhas para ele para saber que horas são. Como resultado ficas a saber que são
9.55 (e vamos imaginar que, na realidade, o são). Tens justificações para acreditar nisso, baseado na
suposição correta de que o relógio tem sido muito fiável no passado.
Mas supõe que o relógio parou há exatamente 24 horas (ou há alguns dias), apesar de tu não o saberes.
Tens a crença verdadeira justificada de que são 9.55, mas não sabes, concretamente, que esta é a hora
correta (ao consultar o relógio noutra hora e ouvindo alguém dizer as horas perceberias que o relógio não
estava certo e duvidarias do caso anterior). Acontece que, mesmo estando parado, um relógio indica a
hora correta duas vezes por dia.
Houve apenas sorte/coincidência na ocasião anterior.
Edmund Gettier revelou também a possibilidade de termos uma crença verdadeira justificada e sem que
tal crença equivalha, na realidade, a um efetivo conhecimento . Embora alguém tenha uma justificação
razoável para acreditar que algo é verdadeiro, tal crença não é necessariamente conhecimento. Nestes
casos, a relação da justificação com a crença verdadeira não é adequada, sendo a verdade da crença
apenas o resultado de uma coincidência (ilusão).
Assim, acreditar numa verdade justificada por razões erradas (acidentalmente) não é conhecimento p.152
(a relação entre a justificação e a verdade da crença é contingente)
Há um jogo de futebol (Inglaterra – Alemanha) em que um golo da Inglaterra coincide com os aplausos a
um intérprete de karaoke. A crença de que a equipa marcou é verdadeira mas foi justificada nos aplausos
do karaoke.
Para Gettier, esta crença verdadeira justificada não constitui conhecimento (real, efetivo) porque se
justifica a crença pelas razões erradas. Para o sujeito em causa, adepto de futebol e da Inglaterra, existe
uma crença verdadeira justificada apesar de ignorar o seu erro e a sua ilusão a qual acontece fruto de
uma coincidência.
CRÍTICA DE EDMUND GETTIER (n.1927) À IDEIA DE CONHECIMENTO COMO CRENÇA VERDADEIRA JUSTIFICADA..
Para Gettier, é possível não possuir qualquer conhecimento mesmo que se tenha uma crença verdadeira justificada.
Conhecimento justificado de Smith: O homem que será promovido tem 10 moedas no bolso
O homem que será promovido tem 10 moedas no bolso= crença verdadeira (de facto )= conhecimento
A crença «o homem que conseguira a promoção tem dez moedas no bolso» estava justificada e é verdadeira
Smith não sabe “verdadeiramente”. Existe uma coincidência em ser promovido e ter, também, as 10 moedas
Isabel Moura
Vejamos um outro exemplo, semelhante aos apresentados por Gettier, que contraria a teoria platónica.
Uma noite encontrei o Rafael no supermercado a comprar dois pastéis de nata .
Ele disse-me que os pastéis eram para oferecer à Joana no dia seguinte.
Eu cheguei à aula na manhã seguinte e disse ao resto da turma que o Rafael ia oferecer dois pastéis de
nata à Joana.
E a verdade é que, logo em seguida, o Rafael entrou na sala com o embrulho e ofereceu-o à Joana.
Mas, acontece que, durante a noite, o Rafael teve fome e comeu os pastéis . Assim, os pastéis
desapareceram e ele já não podia oferecê-los.
A aula era logo à primeira hora da manhã e o Rafael veio à pressa, mas encontrou uma vendedora de
pastéis junto à porta da escola. Aproveitou e comprou dois para a Joana.
Ora, apesar de eu acertar ao dizer que aquele aluno chegaria à aula com dois pastéis para a
aluna em causa, eu não tinha efetivo conhecimento.
Conclusão:
Que têm os Contra-Exemplos em Comum?
Em todos estes casos, o sujeito tem dados para acreditar na proposição em causa que são
altamente credíveis, mas não infalíveis. O relógio está geralmente certo quanto às horas.
Mas é claro que geralmente não é sempre. As fontes da informação que os sujeitos
exploraram nestes exemplos são altamente credíveis, mas não são perfeitamente credíveis.
Todas as fontes de informação eram suscetíveis de erro, pelo menos até certo ponto.
Gettier: podemos assim ter crenças que são verdadeiras, para as quais podemos ter justificadas
razões, sem que, no entanto, possamos falar de conhecimento, mas apenas de mera
coincidência ou acaso.
Será que os exemplos refutam realmente a teoria CVJ? Depende de como entendemos a ideia de justificação . Se dados
altamente credíveis são considerados suficientes para justificar uma crença, então estes contra-exemplos podem refutar ou
questionar realmente a teoria CVJ. Mas se a justificação requerer, desde logo e inicialmente, dados perfeitamente infalíveis,
então estes exemplos não refutam a teoria dado que as justificações apresentadas podem não ser, exatamente, verdadeiras
justificações.
Gettier tem sentido quando dá conta que, na perspetiva do sujeito, a crença está efetivamente justificada (ainda que por motivos
errados que ele ignora). Pode ser criticado, todavia, se se assumir que a justificação, naqueles casos, não é verdadeiramente
sólida.
Conhecimento e Crença
A principal objeção a esta Teoria radica no facto destes conceitos aplicados ao
conhecimento poderem não serem tomados de forma absoluta, o que pode dar
origem a falsidades. A crença pode ser mais ou menos forte; a verdade
questionável; a justificação mais ou menos conclusiva.
Carlos Fontes
De outro modo, se as três condições são necessárias para o conhecimento serão, por outro
lado, suficientes?
Para Gettier, as três condições podem estar cumpridas (interligadas) não havendo, porém,
conhecimento (serão insuficientes). Terá assim de haver uma condição extra.