Você está na página 1de 8

1.

descrição e interpretação da atividade


cognitiva
↳ Conhecimento pratico: é o
Nota: _____________________________ conhecimento que consiste numa atividade.
Exs.: A Beatriz sabe tocar violino; A laura sabe
A epistemologia é a área da filosofia que
pintar a óleo; O Henrique sabe andar de bicicleta;
se dedica ao estudo dos problemas
relativos ao conhecimento.
Definição tradicional de conhecimento: ↳ Conhecimento proposicional: é quando
também designada por definição aquilo que o sujeito conhece é uma
tripartida de conhecimento, sustenta que, proposição verdadeira acerca do mundo.
em conjunto, a crença, a verdade e a Exs.: O João sabe que o Marcelo é o presidente de
justificação são condições suficientes Portugal; O Tiago sabe que nova Iorque é uma
para o conhecimento. cidade; A Helena sabe que 2+2=4; A Patrícia sabe
que a minha irmã tem o cabelo loiro.
_________________________________

↳ Uma característica importante a destacar


O que é o conhecimento? relativamente a estes três tipos de
O conhecimento pode ser entendido como conhecimento é que apenas o
conhecimento proposicional pode ser
uma relação entre um sujeito – aquele que
transmitido de pessoa para pessoa.
conhece - e um objeto – aquilo que é
conhecido.
Podemos estar errados quando julgamos A definição tripartida do
que sabemos seja o que for. Por esse
motivo é importante determinar em que conhecimento
condições podemos afirmar que, de facto, O problema da natureza do conhecimento
conhecemos/ sabemos o que quer que seja. pode ser formulado do seguinte modo:
↳ Em que condições podemos considerar
que S sabe que P?
↳ Tipos de conhecimento:
↳ Conhecimento por contacto: o sujeito
está em contacto direto, através dos seus …Existem três condições simultaneamente
sentidos, com o objeto conhecido. necessárias e suficientes para o
Exs.: Eu conheço o presidente dos estados
conhecimento…
unidos; O francisco conhece nova Iorque; A maria
↳ (1) Crença
conhece a minha irmã;
Em primeiro lugar, importa referir que a
palavra «crença» deve ser aqui entendida
como sinónimo de convicção ou de
opinião, e não como sinónimo de fé Para responder a esta pergunta presta
religiosa. Neste sentido, uma crença é atenção ao exemplo que se segue:
uma atitude proposicional (Isto é, uma Imagina que o João jogou no Euromilhões e que.
atitude adotada por um sujeito embora ainda não tenha tido a oportunidade de
relativamente a uma proposição), mais verificar qual foi a chave sorteada, acredita que o
concretamente a atitude de achar que uma seu bilhete foi premiado. Supõe que, de facto, o
dada proposição é verdadeira bilhete do João foi premiado. Nestas
circunstâncias, o João teria uma crença verdadeira,
Ora, assim sendo, não é difícil perceber por mas será que podemos dizer que sabia que lhe
que razão se pode considerar que a crença tinha saído o Euromilhões? Não, antes de ter
é uma condição necessária para o verificado que a chave sorteada correspondia á sua
aposta não se pode dizer que o João sabia que lhe
conhecimento. Naturalmente, não se pode
tinha saído o Euromilhões porque, aparentemente,
dizer que S sabe que P, a menos que S não tinha boas razões para acreditar naquilo em
acredite nessa proposição. Seria que acreditava, e foi apenas por mero acaso que a
contraditório afirmar coisas como: «Sei sua crença se veio a revelar verdadeira.
que a Terra e redonda, mas não acredito
nisso»; ou: «Não acredito que Paris seja a
capital de França, mas sei que assim é». Este exemplo mostra que a crença
verdadeira não é suficiente para o
Contudo, também não é difícil perceber
conhecimento, pois apesar de ter uma
que apesar de ser uma condição necessária
crença verdadeira, o João não tinha
para o conhecimento, a crença não é uma
verdadeiro conhecimento até ter verificado
condição suficiente para o mesmo. Isto
que a chave sorteada correspondia à sua
acontece porque podemos ter crenças
aposta. Isto significa que para termos
falsas. Uma proposição que não
conhecimento não basta termos uma crença
corresponda aos factos não constitui
que, por acaso, se vem a revelar
conhecimento, pois só as proposições
verdadeira. É necessário que essa crença se
verdadeiras ligam o sujeito á realidade de
apoie em boas razões, ou seja, é
forma adequada. Por exemplo, não
necessário termos uma justificação para
podemos saber que a Terra está no centro
acreditar na mesma.
do Sistema Solar, a menos que a Terra
esteja, de facto, no centro do Sistema
Solar. Assim como não podemos saber que
↳ (3) Justificação
o Pai Natal existe se, na realidade, ele não
existir. Podemos concluir que a justificação
também é uma condição necessária para
Portanto, pode dizer-se que, além da
o conhecimento.
crença, a verdade também é uma
condição necessária para o conhecimento Alem disso, se acharmos que, depois de ter
verificado que a chave sorteada
correspondia à sua aposta o João passaria a
↳ (2) Verdade saber que ganhou o Euromilhões, então
podemos igualmente concluir que a
Será que para termos conhecimento basta
crença, a verdade e a justificação são
termos crenças verdadeiras?
condições simultaneamente necessárias e
em conjunto, suficientes para o V: efetivamente, há arroz de frango para o
conhecimento. almoço.
J: eu é que o cozinhei
Isto significa que, quando alguém tem uma
crença verdadeira justificada, tem J(a): o cão comeu o tudo, mas a filha chegou e fez
conhecimento, e quem quer que tenha mais arroz de frango.
conhecimento tem, necessariamente, uma _________________________________
crença verdadeira justificada. Ou seja:
Será o conhecimento possível?
↳ A resposta cética:
S sabe que P se, e só se,
↳ Cético: é quem desafia a nossa pretensão
1. S acredita em P;
de que sabemos com certeza seja o que for
2. P é verdadeira; e pondo em causa a possibilidade do
3. S tem uma justificação para acreditar conhecimento.
em P. ↳ Os céticos antigos, de entre os quais se
destaca Pirro de Élis, consideravam que,
uma vez que as pretensões de
Nota: _____________________________ conhecimento se podem revelar
No entanto, por si só, ter uma justificação injustificadas, o melhor é fazer é
para acreditar em algo não é uma condição suspender o juízo relativamente a todo e
suficiente para que se tenha conhecimento; qualquer assunto, isto é, abster-se de
significa apenas que é racional fazê-lo e, considerar que saibam que o que quer que
em determinadas circunstâncias, pode ser seja é absolutamente verdadeiro ou falso.
racional acreditar numa falsidade.
_________________________________ ↳ Tipos de ceticismo
↳ Ceticismo radical (Pirrónico): não é
Objeções á definição tripartida possível justificar de forma absoluta
nenhuma verdade.
do conhecimento:
Ex: os terra planistas tem uma grande descrença
na ciência e buscam as próprias explicações para o
mundo, acreditando assim que a terra é plana. Eles
↳ Objeção de Gettier: são um excelente exemplo de ceticismo radical.
↳ Não é uma objeção cética. ↳ Ceticismo moderado (David Hume):
↳ É possível ter C + V + J e não ter apenas podemos conhecer o que é
conhecimento, se a justificação que alcançável pela experiência empírica (por
possuímos for diferente da que realmente meio dos sentidos).
corresponde ao facto.
Ex: ______________________________ O argumento central a favor do ceticismo
C: eu sei que “o almoço é arroz de frango” ficou conhecido como «argumento cético
da regressão infinita» e pode ser alguma, apenas revela indisponibilidade
formulado nos seguintes termos: (ou mesmo incapacidade) para prolongar a
conversa. Isto acontece porque,
----------------------------------------------------
efetivamente, é sempre possível pedir
----------
uma justificação (ou seja, perguntar
(1) As nossas crenças justificam-se com base «porquê?» para cada uma das nossas
noutras crenças. crenças. No entanto, uma vez que a
(2) Se as nossas crenças se justificam com base justificação que apresentamos consiste
noutras crenças, então quando tentamos justificar noutra crença, também ela precisará de
uma crença caímos numa regressão infinita da ser justificada, e assim sucessiva mente.
justificação.
(3) Se quando tentamos justificar uma crença
↳ Daí que, na premissa 2, o argumento
caímos numa regressão infinita da justificação, estabeleça que o facto de todas as nossas
então não temos crenças justificadas. crenças se justificarem com base noutras
crenças implica que sempre que tentamos
(4) Se as nossas crenças se justificam com base
noutras crenças, então não temos crenças justificar uma crença acabamos
justificadas. forçosamente por cair numa regressão
infinita da justificação, isto é, acabamos
(5) Não temos crenças justificadas.
por retroceder de crença em crença
(6) Se não temos crenças justificadas, então não procurando justificar cada uma delas com
temos conhecimento. base na seguinte, sem nunca encontrar uma
(7) Logo, não temos conhecimento. crença que possa por um ponto final neste
------------------------------------------------------------- processo. O que, por sua vez, implica que
- não temos crenças justificadas, que é
precisamente aquilo que é afirmado na
premissa 3.
↳ A premissa 1 estabelece que todas as
↳ Se conjugarmos este facto com a ideia
nossas crenças se justificam com base
afirmada na premissa 1 de que efetiva
noutras crenças. Esta ideia deve ser
mente todas as nossas crenças se justificam
familiar para todos aqueles que já
com base noutras crenças, somos
contactaram com uma criança na idade dos
validamente conduzidos à ideia de que não
porquês. Os pais dizem: «Come a sopa!», e
temos crenças justificadas. Ora, uma vez
a criança pergunta: «Porquê?». Os pais
que, por muito polémica que seja a
respondem: «Porque isso é importante para
definição tripartida de conhecimento, a
ti.», e a criança contra-argumenta:
justificação é uma condição necessária
«Porquê?». «Porque te torna mais
para o conhecimento (premissa 6),
saudável.», insistem os pais. «Porquê?»,
podemos concluir validamente que não
indaga novamente a criança. E a conversa
temos conhecimento, o que corresponde,
pode prolongar-se indefinidamente ou até
de certa forma, ã tese central do ceticismo.
que um dos dois desista. Normalmente, é o
adulto o primeiro a dar-se por vencido,
afirmando num tom impaciente: «Porque ↳ Contudo, por muito plausíveis que
sim!». No entanto, não é difícil perceber sejam, as premissas deste argumento
que «Porque sim!» não justifica coisa conduzem validamente a uma conclusão
muito difícil de digerir, pelo que vários -------------------------------------------------------------
autores se empenham arduamente na -
tentativa de mostrar a sua falsidade. (1) qualquer argumento contra qualquer crença
Estaremos condenados ao ceticismo? Ou tem de se apoiar noutra crença qualquer.
haverá alguma forma de mostrar que pelo (2) se qualquer argumento contra qualquer crença
menos uma destas premissas é falsa? tem de se apoiar noutra crença qualquer, então os
céticos não podem argumentar a favor da
suspensão global dos juízos relativamente a todas
as nossas crenças, a menis que se apoiem noutra
Objeções ao ceticismo crença qualquer.
↳ O ceticismo é autorrefutante (3), mas, visto que suspendem o juízo em relação
a todas as nossas crenças em simultâneo, os
Uma perspetiva é autorrefutante quando céticos não se podem apoiar em crença alguma.
se refuta a si mesma, isto é, quando
(4) logo, o cético não tem forma de argumentar a
demostra a sua própria falsidade. Em
favor da suspensão global do juízo relativamente a
que medida se pode considerar que o todas as nossas crenças.
ceticismo incorre neste tipo de erro? Bem,
-------------------------------------------------------------
a resposta salta á vista: é simplesmente
-
contraditório afirmar-se que se sabe que
o conhecimento não é possível. Afinal de ↳ Este argumento é valido e constitui uma
contas, se o conhecimento fosse forma bastante mais promissora de mostrar
verdadeiramente impossível nem isso se que não temos razão nenhuma para adotar
poderia saber. Mas será que isto constitui uma forma extrema de ceticismo.
uma ameaça seria para o ceticismo?
O ceticismo pode facilmente eliminar o ↳ David Hume, considera o ceticismo
caracter aparentemente contraditório da insustentável devido às suas implicações
sua perspetiva afirmando que não se praticas no nosso dia a dia. Se puséssemos
compromete com uma a firmação permanentemente em causa ideias que no
substantiva como esta, limitando-se apenas dia a dia assumimos como garantidamente
a suspender o juízo relativamente a todos verdadeiras, poderíamos acabar por nos
os assuntos. sentir incapazes de tomar qualquer
decisão ou fazer fosse que fosse.

↳ O ceticismo é insustentável
Russell, faz notar-se que, embora Objeção fundacionalista
possamos ter razões para suspender a
↳ O fundacionalismo é uma das mais
crença em relação a este ou aquele assunto,
antigas respostas ao problema do
é implausível pensarmos que temos
ceticismo. Os fundacionalistas rejeitam a
razões para colocar em suspenso todas
primeira premissa do argumento cético da
as nossas crenças em simultâneo. Ou
regressão infinita. Para estes autores, nem
seja, o ceticismo extremo é uma posição
todas as nossas crenças se justificam
insustentável de um ponto de vista
com base noutras crenças, pois existem
racional.
crenças que são de tal modo evidentes que
podemos considerar que se justificam a si sejam necessárias justificações adicionais.
mesmas. Por exemplo, não parecem ser Mas que tipo de crenças pode satisfazer
necessárias razões adicionais para este requisito?
acreditares que: a) existes; b) estas a ter a
Alguns fundacionalistas são chamados
experiência de ler; e c) 2+2=4. Isto
«racionalistas», pois defendem que este
acontece porque:
tipo de crenças provém da razão, são
1. Para que possas acreditar seja no crenças que podemos saber que são
q7ue for, tens obviamente de existir; verdadeiras através do pensamento apenas;
portanto, o facto de acreditares em diz-se. por isso, que são conhecidas o
a) garante, por si só, a veracidade priori. Outros são chamados de
dessa proposição. «empiristas» pois consideram que a
2. O facto de estares neste momento a crença básica acerca do mundo provém da
ter a experiência de ler um livro experiência sensível, isto e, são crenças
parece ser a única justificação de que só podemos saber se são verdadeiras
que precisas para acreditar em b), através dos nossos sentidos; diz-se, por
pois, mesmo que tudo não passe de isso, que são conhecidas a posteriori.
um sonho ou de uma ilusão, a
verdade é que estás a ter essa
experiência. Conhecimento a priori e
3. Basta compreender os significados
conhecimento a posteriori
de “2” de “adição”, de “4” e de
“identidade” para perceber que Pode distinguir se dois tipos de
2+2=4, pelo que não necessitamos conhecimento:
de qualquer justificação adicional
para acreditar em c) (a negação de ↳ Conhecimento a priori:
“2+2=4” implicaria uma contradição conhecimento que pode ser adquirido
nos termos). apenas pelo pensamento,
independentemente da experiência
Assim, para os fundacionalistas existem
dois tipos de crenças: ↳ Conhecimento a posteriori: ao
conhecimento que não pode ser adquirido
↳ As crenças básicas são autoevidentes, apenas pelo pensamento, uma vez que é
isto e, não podem ser seriamente postas em alcançado através da experiência sensível.
causa, pois são de tal modo evidentes que
não precisam de ser justifica das por outras A resposta fundacionalista
crenças: justificam-se a si mesmas.
↳ As crenças não básicas, pelo contrário,
não são autoevidentes, são inferidas a ↳ O fundacionalismo cartesiano
partir de outras crenças: justificam-se com Os fundacionalistas sustentam que a
base noutras crenças. existência de crenças básicas,
Assim, segundo o fundacionalismo visto autoevidentes, põe um travão na regressão
que crenças básicas não carecem de outra das cadeias de justificações, tornando
justificação, elas (crenças básicas) podem possível a existência de crenças
justificar as crenças não básicas sem que justificadas, por conseguinte, do
conhecimento. O fundacionalismo ou um método para alcançar um
apresenta-nos assim, uma imagem do conhecimento certo e indubitável. Além
conhecimento como um enorme edifício disso, enquanto os céticos sustentavam
sustentado por alicerces inabaláveis: apenas que devemos suspender o juízo em
crenças básicas ou fundacionais. relação à verdade ou falsidade de toda e
qualquer proposição, Descartes decide
rejeitar como falsas todas as proposições
↳ René Descartes é um dos mais famosos que não fossem absoluta mente certas e
racionalistas de todos os tempos. indubitáveis. Isto faz com que muitos
Descartes não estava disposto a aceitar a considerem que a dúvida cartesiana é ainda
impossibilidade do conhecimento sem mais extrema do que a dúvida cética, sendo
tentar, pelo menos uma vez na vida, por vezes chamada «hiperbólica» (ou
escapar a esta conclusão aparentemente exagerada). Assim, pode dizer-se que
inevitável. Com esse objetivo em mente. contrariamente ã dúvida cética, a dúvida
Descartes decide levar o ceticismo ao cartesiana era:
extremo e vencê-lo no seu próprio jogo, ou
seja, decide recorrer ao próprio ceticismo  Metódica: pois era apenas um
como método para provar a método para encontrar um
impossibilidade do ceticismo. conhecimento seguro;
 Provisória: pois subsistia apenas
↳ Descartes pensou que se duvidasse de até que se encontrasse algo
tudo, talvez pudesse encontrar algo de absolutamente certo e indubitável;
absolutamente indubitável, ou seja, uma
 Hiperbólica: pois não se limitava a
crença básica que fosse de tal modo
pôr tudo em dúvida, mas rejeitava
autoevidente que nem a mais extrema das
como falso tudo o que fosse
dúvidas a pusesse em causa. Uma crença
meramente duvidoso.
com estas características constituiria uma
 Radical: atinge a raiz dos
base sólida sobre a qual poderia edificar
com segurança o conhecimento. conhecimentos.

↳ Em suma, o seu objetivo era estabelecer


um conhecimento seguro e indubitável O Nota: --------------------------------------------
seu método era a dúvida metódica, que ----------
consistia em duvidar de tudo o que se
possa imaginar e averiguar se algo resistia O cérebro numa cuba
a esse processo. Imagine que um ser humano foi submetido
a uma cirurgia por um cientista do mal. O
cérebro da pessoa foi retirado do corpo e
A dúvida metódica colocado numa cuba com nutrientes que o
mantêm vivo. As terminações nervosas
↳ Ao contrário da dúvida cética que era foram conectadas a um supercomputador
permanente, pois era a conclusão a que os científico que faz com que a pessoa tenha a
céticos haviam chegado a partir da sua ilusão de que tudo está perfeitamente
argumentação, a dúvida cartesiana era normal. Parecem existir pessoas, objetos, o
provisória, pois era apenas uma estratégia céu etc.; mas, na verdade, tudo o que a
pessoa experimenta é resultado de
impulsos eletrônicos que viajam do
computador para as terminações nervosas.
Um cenário de pesadelo, de ficção
científica? Talvez, mas claro que é
exatamente isso que você diria se fosse um
cérebro dentro de uma cuba! O seu cérebro
pode estar numa cuba, e não dentro de um
crânio, mas tudo que você sente é
exatamente igual ao que sentiria se
estivesse vivendo num corpo de verdade
no mundo real. O mundo à sua volta – sua
cadeira, o livro em suas mãos, as suas
próprias mãos –, todo ele é parte de uma
ilusão, pensamentos e sensações
introduzidos no seu cérebro sem corpo
pelo computador superpoderoso do
cientista.
É provável que você não acredite que o seu
cérebro está flutuando em uma cuba. A
maioria dos filósofos talvez não acredite
que são cérebros em cubas. Mas não é
preciso acreditar nisso; você só precisa
admitir que não tem certeza de que não é
um cérebro numa cuba. A questão é que, se
for um cérebro dentro de uma cuba (você
não pode descartar essa possibilidade),
tudo o que você sabe sobre o mundo seria
falso. E, se isso é possível, então você não
sabe nada de nada. Essa mera possibilidade
parece enfraquecer nossas afirmações de
que conhecemos o mundo externo. Será
que existe um modo de escapar da cuba?
----------------------------------------------------
----------

Você também pode gostar