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A definição epistemológica tradicional de conhecimento afirma que é considerado

conhecimento uma crença verdadeira justificada. Vale ressaltar que o conhecimento a que os
epistemólogos se referem neste caso é o conhecimento propositivo de que algo é de um jeito,
não de como fazê-lo. O conhecimento sobre como fazer algo é um outro caso que deve ser
analisado separadamente.

O conhecimento propositivo pode ser suposto por uma proposição, através de uma
certa crença. Por exemplo, eu posso, por meio de uma observação, expressar verbalmente ou
mentalmente que hoje o dia está ensolarado, e isso pode vir a ser aprovado como
conhecimento por aqueles que consideram sua definição tradicional, caso atenda aos critérios
exigidos por ela.

Agora, vamos voltar aos critérios da definição tradicional do conhecimento:

● Primeiramente, a crença: Esse talvez seja um dos fatores mais intuitivos da definição
tradicional. Afinal, como podemos saber de algo sem sequer acreditar nisso? Desse
modo, a crença é o fator base do conhecimento.
● Segundamente, a verdade: Só é possível sabermos de algo verdadeiro, pois se é falso,
não sabemos realmente. Eu não posso saber que o céu é vermelho, pois ele não é. Ou
seja, para que haja o conhecimento é preciso uma crença que seja verdadeira.
Entretanto, ainda existe um outro fator necessário para o conhecimento.
● Esse terceiro fator é a justificação: Para que saibamos mesmo de algo, é necessário
uma justificação para nossa tese, caso contrário, qualquer adivinhação que, por sorte,
estiver certa, pode ser considerada conhecimento. Um exemplo disso é a loteria. Se eu
acertar os números da loteria, não necessariamente eu sabia dos números ou que eu
ganharia. A justificação é composta pelas razões que alguém tem para acreditar que
alguma crença é verdadeira. Os epistemólogos ainda não chegaram a um consenso
definitivo em relação a quais fatores indicam uma justificação válida

Quando essas três condições estão presentes na fala de alguém, esta pode ser
considerada verdadeira, segundo a análise tripartite. É importante reconhecer que esses
fatores podem estar presentes, separadamente, em uma fala falsa. Uma crença pode ser falsa e
justificada, assim como uma crença pode ser verdadeira e sem justificação, mas isso não faz
com que elas sejam consideradas conhecimento. Essas instâncias estão presentes em muitos
casos que podem ser explorados pelo campo epistemológico. Para ilustrar, a teoria de que a
Terra é o centro do universo é falsa, mas justificada. Isso porque existem motivos plausíveis
para crerem nisso, especialmente na época em que essa teoria foi mais popular. Os cientistas
da Grécia Antiga não tinham recursos para refutar essa tese, mas tinham indícios suficientes
para que acreditassem nela. Uma situação em que a crença é verdadeira sem ser justificada,
além da citada no parágrafo anterior, é a de um jogo de cartas. Se, por algum motivo, eu
tivesse a crença de que meu oponente tinha uma certa carta e essa crença estava correta, de
modo a me fazer ganhar o jogo, não podemos dizer que eu tinha conhecimento de que o outro
jogador tinha a carta, pois eu não tinha justificação para acreditar nisso.

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