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Discussões e Argumentos

Escola Estadual Antônio Silva


Professor: Luiz
Um experimento mental - Otto e Inga visitam um museu

Otto e Inga querem visitar o Museu de Arte Moderna. Otto tem doença de Alzheimer.
Ele consulta um caderno que sempre carrega com ele. Seu caderno desempenha o
mesmo papel que a memória biológica geralmente desempenha. O caderno diz que o
museu fica na rua 53. Inga consulta sua memória biológica e forma a mesma crença.
Parece que Inga tem uma crença sobre o lugar onde o museu fica antes de
recuperá-lo de sua memória biológica. E quanto a Otto? Embora não esteja
armazenada em seu cérebro, mas em um caderno, podemos dizer que a informação
de Otto sobre a localização do museu é uma crença?
Um experimento mental - Otto e Inga visitam um museu
A relevância dessa discussão: esse conceito foi criado por Andy Clark e David Chalmers em
“The Extended Mind”. A questão trabalhada pelos autores é a seguinte: os pensamentos são
apenas coisas que acontecem em nossos cérebros, ou também no mundo? Parece, neste
caso, que o caderno de Otto funciona exatamente do mesmo modo que o cérebro de Inga.
Então, se chamarmos a memória de Inga da localização do museu de crença, devemos
chamar a de Otto também, mesmo que não esteja em seu cérebro. É possível argumentar
que a lembrança de Otto não é uma crença, porque alguém poderia manipular ou roubar
seu caderno. Mas o cérebro de Inga também pode ser afetado, por exemplo, quando ela
está embriagada.

Algumas questões de discussão:

1. Existe alguma relação entre crença e fatos quanto à localização do museu?


2. Nossas crenças precisam ser justificadas? Por quê?
3. Discussões são úteis para esclarecer e justificar nossas crenças?
Explicações e Argumentos

As explicações são diferentes dos argumentos, porque têm propósitos diferentes num diálogo.

O objetivo de uma explicação não é convencer ou persuadir uma das partes de que uma dada afirmação
é verdadeira, mas sim exprimir a afirmação investigada em termos mais familiares, ou relacioná-la de tal
modo que possam ecoar mais compreensíveis.

Já um argumento é um conjunto de afirmações de tal modo estruturadas que se pretende que uma delas
(a conclusão) seja apoiada pelas outras (as premissas).

Exemplo:

<<O aborto devia ser proibido. Nunca devemos fazer um aborto, seja qual for a circunstância. Penso que
quem faz um aborto não está a ver bem o que está a fazer, não tem consciência de que está na prática a
assassinar um ser humano.>> é uma explicação.

<<O aborto é um assassinato. Logo, o aborto devia ser proibido.>> é um argumento.


Num argumento procura-se persuadir alguém da verdade de uma conclusão, ao passo que
numa explicação procura-se explicar a alguém a razão pela qual uma dada afirmação é
verdadeira. A resposta (conclusão) de um argumento deve apresentar:

● evidências (indícios) que a sustentem.


● fundamentos sólidos, isto é, bem sustentados.
● ressalvas que tornam as evidências mais precisas.

Esquema de EXPLICAÇÃO, onde a afirmação e a evidência se sustentam:


Esquema de argumento, onde a é necessário a fundamentação para sustentar a evidência
com a afirmação:
● Para que um argumento seja bom, a conclusão não pode ser mais plausível do que as premissas.
● Um argumento é válido quando as suas premissas apoiam (inferência) a sua conclusão.

Um argumento bom leva-nos a aceitar uma ideia nova ou reestruturar nossas crenças de maneira profunda. Ao
contrário de uma explicação, num argumento é necessário fundamentar as evidências para que as pessoas se
tornem mais conscientes.
Em um argumento, as pessoas devem ser capazes das seguintes qualificações:

● Prever objeções
● Aceitar o que não pode refutar
● Impor as condições limitadoras
● Limitar o alcance das afirmações e das evidências.

Lembrando que as setas indicam relações lógicas, não uma sequência necessária de um argumento.
Vídeo: O que é um argumento?

Link: https://www.youtube.com/watch?v=SNMPMjRVMiM&t=222s
O tema do aborto é complexo por levar em consideração uma série de informações necessárias para
"abrir" as premissas, esclarecendo os prós e os contras, saber se os argumentos são válidos ou não,
articulando assim, teorias que não podem entrar em conflito com outras verdades que conhecemos.
Armadilhas Comuns

Depois de ter acumulado uma quantidade considerável de dados, é preciso começar a


pensar no que eles representam. Uma maneira de chegar a uma resposta é organizar
seus elementos de modo a descobrir neles algum padrão ou implicação e formular
uma afirmação que, a seu ver, seja possível sustentar. O elemento de sustentação
dessa afirmação, tomará a forma de um argumento. Porém, certos problemas
costumam surgir:

● A relação entre afirmações e evidências não se sustentam perante a realidade.


● As evidências não se ajustam ao fundamento.
● Os fundamentos podem ser falsos, obscuros ou inaplicáveis.
● Seu interlocutor (ou você) possui suposições arraigadas ou algum viés cognitivo
(erro sistemático de pensamento).
Humanos como máquinas de crenças ou Um jogo para os mais ousados

Uma sugestão para consertar um argumento é testar aqueles que são mais importantes dos
pontos de vista seu e do interlocutor. O truque é saber quais argumentos testar e, muitas vezes,
os que parecem mais óbvios geralmente precisam ser testados com mais cuidado.

E não existe argumentação mais difícil do que aquela em que você precisa pedir aos
interlocutores que mudem de opinião, não só quanto àquilo em que acreditam, mas por que e
como acreditam. Se você souber que tipo de evidência sustenta um fundamento, encontrará a
melhor maneira de contestá-lo.

Muitas vezes, a base de sustentação de alguns fundamentos não se resume a um simples


argumento, mas é constituída de um conjunto mais amplo e complexo de crenças e convicções.
Antes de contestar um fundamento, você precisa desmontá-lo para entender o que o sustenta.
Indagada sobre a evidência que sustenta um fundamento, a pessoa pode apontar um conjunto de
princípios morais, políticos ou religiosos.
Fontes:

BOOTH, W.C.; COLOMB, G.G. & WILLIAMS, J.M. A Arte da Pesquisa. Martins Fontes. 2005.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acesso em 08/08/21.

CRUZ, Helen de. 8 Philosophical Thought Experiments That I Illustrated To Broaden Your Mind. Disponível em
<https://www.boredpanda.com/im-a-philosopher-who-has-illustrated-a-series-of-philosophical-thought-experiments/> Acesso em 08/08/21

SALLES, Sagid (Planeta Filosofia). O que é um Argumento? Disponível em


<https://www.youtube.com/watch?v=SNMPMjRVMiM> Acesso em 08/08/21.

WALTON, Douglas. Argumentos e Explicações. Disponível em


<https://criticanarede.com/argexpl.html> Acesso em 08/08/21.

WARREN, Mary Anne. Aborto. Disponível em


<https://criticanarede.com/aborto.html> Acesso em 08/08/21.

VÁRIOS AUTORES. A Arte de Pensar 10º Ano: Volume I. Didáctica Editora. 2007.

VÁRIOS AUTORES. A Arte de Pensar 11º Ano. Didáctica Editora. 2008.

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