Você está na página 1de 3

ARGUMENTO DO REGRESSO

Na unidade passada aprendemos sobre a análise tripartite, onde entendemos que


conhecimento é uma crença verdadeira e justificada. Passando mais
detalhadamente sobre as condições percebemos que verdade é algo metafísico
que descreve o mundo como ele é, e crença seria a confiança que algo é verdade,
mas quando paramos para pensar sobre justificação minuciosamente ela pode ser
definida como uma boa razão para crê em algo, e o que seria essa boa razão se
não mais uma crença do sujeito, já que ele acredita que a justificação é valida
para apoiar sua crença, então tendo a justificação como uma crença ela
novamente precisará ser justificada e será novamente com outra crença.
Quando nos deparamos com essa situação entramos então no conceito de
justificação inferencial que diz que para que uma crença justifique outra ela
precisa também ser justificada. Isso representa um problema de epistemologia já
que o argumento do regresso afirma que qualquer justificação requer outra
justificação para ser validada. Isso significa que qualquer proposição ou
conhecimento pode ser infinitamente questionado, dessa forma nunca
chegaríamos a um conhecimento de fato, por exemplo:

• P é uma crença verdadeira e justificada


• O que justifica P é a afirmação P1
• Mas se P1 justifica P então o sujeito alvo de conhecimento deve conhecer
P1
• Para ser conhecido P1 também tem que ser uma crença verdadeira e
justificada
• A justificação de P1 é outra afirmação, a afirmação P2
• P2 para que justifique P1 P2 precisa ser um conhecimento válido
• Ou seja P2 é uma crença verdadeira e justificada
• a justificação de P2 é a afirmação P3. E assim por diante…

Sendo assim temos quatro linhas de pensamento que se propõe a resolver esse
problema epistemológico:

O fundacionismo fala que uma crença base na cadeia finita e linear de


justificações valida todas as outras crenças anteriores . O Fundacionalismo tenta
resolver o argumento da regressão afirmando que existem algumas crenças para
as quais é impróprio pedir uma justificação, esta seria uma afirmação de que
algumas coisas (crenças básicas) são verdadeiras por si próprias, as famosas
verdades absolutas.
O coerentismo acredita que a coerência
entre as crenças é o que dá justificação as
mesmas, se formando assim uma rede de
crenças, finitas e sem crenças base como
justificativa. O chamado conhecimento
circular onde a fonte da justificação é a
própria relação entre as crenças . O
coerentismo pode ser questionado se
pensarmos que algumas sentenças podem
fazer sentido entre si, mas não
necessariamente implicam verdade e consequentemente não geram
conhecimento. E parece até um pouco irresponsável epistemologicamente
pensar que em última instância uma crença justifica a si mesmo, além do mais
pensar na construção do conhecimento como um grande emaranhado de crenças
exclui outras formas de adquirir conhecimento se não a correlação e evolução de
crenças já existentes.

O infinitismo argumenta que


a cadeia de crenças é linear e
infinita, onde toda e qualquer
crença pode ser inferida de
uma crença anterior sem um
fim para isso. O infinitismo pode ser questionado ao pensarmos que se nenhuma
crença se justifica por si só, toda essa corrente mesmo que infinita de crenças,
não tem uma fonte de justificação.

Por fim o ceticismo rejeita as três primeiras teses apresentadas e afirma que
crenças simplesmente não podem ser justificada e que não podemos dizer que
possuímos conhecimento, embora
seja um ceticismo muito radical e
que se contradiz (pois se eu não
posso crê em nada, como sei que
não tenho conhecimento?)
Precisamos também ver a
importância dessa linha de raciocínio pois não se acomoda com os conceitos já
existentes e incentiva a continuidade da investigação epistemológica.
A respeito da corrente de pensamento que mais me agrada, embora eu goste
muito da ideia correntista, vejo nela algumas falhas que não consigo encontrar,
por exemplo, no fundacionismo que em primeira instância parece muito simples,
mas é justamente por essa simplicidade no conceito que não abre brechas para
desvios, quando pensamos, por exemplo, em suas bases que refutam todas as
outras linhas de pensamento.
1. Um ciclo de crenças não tem fonte de justificação (podendo ser coerente mas
não verdadeiro)
2. Somos seres finitos portanto não conseguimos acompanhar uma corrente
infinita de crenças e nem absorver todo o conhecimento existente para alimentar
essa corrente
3. Ceticismo é absurdo pois refuta a si mesmo.
E pensando sobre os problemas apontados no fundacionismo como a não
existência de uma verdade absoluta ele pode ser facilmente rebatido se
pensarmos que o que implica verdade se não o simples fato de ser? Não assumir
essa posição implica dizer que existem “verdades relativas” e isso é
epistemologicamente incoerente. Por isso assumo a postura fundacionista nesse
assunto.

Discente : Matheus Moura Amorim Andrade


Matricula: 20210057720

Você também pode gostar